A água é um direito humano: uma iniciativa de
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A água é um direito humano: uma iniciativa de
ISSN 1830-6365 Outubro de 2013 / 08 PT CESE info EDITORIAL Caros leitores, A UE tem agora, mais do que nunca, consciência da importância de escutar e representar adequadamente as reivindicações, as esperanças e as expectativas dos seus cidadãos. É aqui que o CESE encontra a sua justificação. A nossa capacidade ímpar de alcançar o consenso entre os interesses sociais e económicos em toda a Europa e de criar um fluxo de informações nos dois sentidos, entre Bruxelas e cada país, posicionam adequadamente o CESE para ser a força motriz da agenda dos cidadãos no coração da Europa – le moteur citoyen (a força dos cidadãos). Mas, para tal ser possível, é necessário que tanto os membros como os funcionários do CESE participem a todos os níveis, políticos e operacionais, como embaixadores não só do CESE mas da UE no seu conjunto, neste período crítico da história do projeto europeu. Para isso acontecer, as atividades de comunicação do CESE têm de ser uma prioridade máxima no processo de reforma que está em curso. Todas as atividades devem ter por objetivo reforçar a influência do Comité junto dos decisores da UE em Bruxelas, de modo a potenciar o impacto do Comité como porta-voz da sociedade civil organizada de cada país e plataforma da democracia participativa a nível da UE. Atividades de comunicação bem planeadas, bem coordenadas e bem orientadas proporcionam oportunidades significativas de o CESE melhorar a sua reputação, visibilidade e influência. “ A nossa capacidade ímpar de alcançar o consenso entre os interesses sociais e económicos em toda a Europa e de criar um fluxo de informações nos dois sentidos, entre Bruxelas e cada país, posicionam adequadamente o CESE para ser a força motriz da agenda dos cidadãos no coração da Europa – le moteur citoyen. ” São estas as conclusões da revisão e atualização da estratégia de comunicação do CESE, realizadas ao longo dos últimos seis meses pelo Grupo da Comunicação e pelo Departamento de Comunicação e Informação. Tendo obtido mais de 20 recomendações, o objetivo é criar uma verdadeira «cultura da comunicação» nesta casa, a fim de que o valor do nosso trabalho tenha maior reconhecimento, mais importância e maior influência onde é preciso – nos corredores do poder em Bruxelas e entre as organizações que estão na nossa base, em cada país. A consulta e a avaliação estão concluídas. Agora é preciso transformar as palavras em ação! Jane Morrice Vice-presidente do CESE responsável pela Comunicação AGENDA NESTA EDIÇÃO 29 a 31 de outubro de 2013 2 Quarto pacote ferroviário: uma vez mais o CESE lidera o debate 4 Um orçamento para o crescimento e a solidariedade, entrevista a Janusz Lewandowski, comissário europeu responsável pela Programação Financeira e Orçamento Barcelona, Espanha: Cimeira Euromed dos Conselhos Económicos e Sociais e Instituições Similares 14 de novembro de 2013 Atenas, Grécia: Reunião anual dos presidentes e secretáriosgerais do CESE e dos CES nacionais da UE 10 e 11 de outubro de 2013 CESE, Bruxelas: Reunião plenária 4 5 Despesa da UE: mitos recorrentes 6 A Europa é como uma aventura, entrevista de Béatrice Ouin, nova editora do boletim eletrónico CESE Info Representantes das mulheres do mediterrâneo reunidas com o CESE Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada A água é um direito humano: uma iniciativa de cidadania europeia coroada de êxito As instituições europeias e os Estados-Membros devem assegurar que todos os cidadãos têm direito a água e saneamento. O abastecimento de água e a gestão dos recursos hídricos não devem ser submetidos à liberalização e às regras do mercado interno. Foi esta a principal mensagem do relatório de informação sobre a iniciativa de cidadania europeia relativa à água e ao saneamento, apresentada na última reunião plenária do Comité Económico e Social Europeu. A oradora convidada, Carola Fischbach-Pyttel, secretária-geral da Federação dos Sindicatos Europeus do Serviço Público (EPSU), falou de um sucesso retumbante, com a recolha de quase 1,9 milhões de assinaturas de cidadãos em 13 Estados-Membros até ao encerramento da votação, em 10 de setembro, alcançando assim quase o dobro do número mínimo necessário. europeus, com políticas específicas, quando o processo de validação das assinaturas estiver concluído e os resultados tiverem sido apresentados oficialmente. A iniciativa de cidadania europeia relativa ao acesso água e ao saneamento enquanto direito humano é vista como uma das que maior êxito tem tido desde a entrada em vigor da Iniciativa de Cidadania Europeia, em 1 de abril de 2012. Uma iniciativa de cidadania, que é um convite à UE para legislar em domínios da sua competência, tem de ser apoiada, no mínimo, por um milhão de cidadãos da UE de, pelo menos, sete dos 28 Estados-Membros. A Rede Europeia Antipobreza, líder no apoio à iniciativa, estava representada na reunião plenária do Comité Económico e Social Europeu (CESE) por Barbara Helfferich, que considera crucial o êxito desta iniciativa, em particular para inverter a tendência da privatização na Europa. o abastecimento de água e o saneamento sejam excluídos da liberalização e do âmbito de aplicação da diretiva relativa aos contratos de concessão. O que importa realmente neste momento, concluiu Carola Fischbach-Pyttel, é a forma como a Comissão Europeia responderá à voz dos cidadãos O CESE pronunciou-se sobre a questão do direito à água em vários dos seus pareceres mais recentes, que recomendam que o abastecimento de água e a gestão dos recursos hídricos não estejam sujeitos unicamente às regras do mercado único e que os serviços relacionados com O CESE tem sido um fervoroso defensor da Iniciativa de Cidadania Europeia desde a sua conceção e está a trabalhar “ O abastecimento de água e a gestão dos recursos hídricos não estejam sujeitos unicamente às regras do mercado único e que os serviços relacionados com o abastecimento de água e o saneamento sejam excluídos da liberalização. ” Carola Fischbach-Pyttel, secretária-geral da EPSU Barbara Helfferich, diretora da Rede Europeia Antipobreza para promover todas as iniciativas de cidadania europeia em curso, apresentando uma iniciativa em todas as reuniões plenárias a fim de divulgar a sua existência e aumentar a visibilidade das causas por elas defendidas, num esforço contínuo para colmatar o fosso que separa os cidadãos europeus dos decisores políticos da UE.(ak) www.eesc.europa.eu 1 © bellena BREVES incluindo os gestores da infraestrutura. No entanto, esta cooperação poderá ter certos limites devido à própria natureza da concorrência que a CE deseja promover. Não é, portanto, muito claro como será possível aliar concorrência e cooperação produzindo algo que tenha sentido mas não seja contraditório. André Mordant, membro e relator do CESE, apresentou sucintamente o parecer do CESE sobre o «Quarto pacote ferroviário», recentemente adotado na reunião plenária de julho de 2013. O CESE apoia energicamente o espaço ferroviário único e a supressão dos «efeitos transfronteiriços», mas não perfilha do otimismo da Comissão quanto à «desagregação» e à abertura dos mercados nacionais à livre concorrência. Ao invés, dever-se-á conceder O CESE e a CCFE reuniram Isabelle Durant (Grupo dos Verdes/ALE), vice-presidente do Parlamento Isabelle Durant, vice-presidente do Parlamento Europeu, Mathieu Grosch Europeu, e André Mordant, membro do CESE (PPE), deputado europeu, André Mordant, membro do CESE, Libor Lochman, diretor executivo aos Estados-Membros mais margem de da CCFE, Pascal Mangino, membro do manobra nestas questões. Comité das Regiões, e Eddy Liégeois, chefe da unidade «Questões jurídicas Ao longo da reunião foi várias vezes e infrações» da DG MOVE. referido que não é possível aplicar uma solução universal, assinalando-se que Isabelle Durant, deputada europeia, as autoridades precisam de alguma dirigiu-se aos participantes num discurso flexibilidade na atribuição de contrade apresentação, sublinhando a necestos de serviço público. Não obstante, sidade de cooperação entre operadores, a Comissão insistiu que as adjudicações “ ” por ajuste direto só deveriam ser autorizadas a título excecional. Foi também interessante observar que a maioria dos intervenientes concordou que para atingir os objetivos do Livro Branco sobre os transportes há que reforçar significativamente o nível de investimento em infraestruturas ferroviárias. De facto, este parece ser o fator fundamental para uma mudança radical na qualidade dos serviços ferroviários. Não obstante, este aspeto apenas foi tratado de forma indireta no «Quarto pacote ferroviário». Poderá, pois, considerar-se que ainda falta à UE uma estratégia consagrada a esta dimensão essencial. A crise económica – Um desafio e uma oportunidade para melhorar a competitividade das PME Economia digital e educação Nas suas observações de abertura, Stéphane Buffetaut (Grupo dos Empregadores, França), presidente da Secção Especializada de Transportes, Energia, Infraestruturas e Sociedade da Informação, afirmou que a Internet pode contribuir bastante para promover o crescimento e reduzir o desemprego. Esta opinião foi partilhada por Edward Zammit-Lewis, secretário de Estado maltês da Competitividade e do Crescimento Económico. Segundo este, a Europa só poderá aproveitar ao 2 Josef Zbořil (Grupo dos Empregadores, República Checa), relator de um parecer do CESE em elaboração sobre a política internacional em matéria de alterações climáticas, concluiu que a UE terá de definir cuidadosamente o seu papel num contexto mundial em transformação e em que as negociações internacionais relativas às alterações climáticas serão maioritariamente lideradas pelas principais potências económicas: o compromisso europeu deverá ser «proativo, ambicioso e realista quanto ao que pode ser realizado e adaptável às alterações no ambiente mundial».(av) A importância deste pacote ferroviário é, todavia, inquestionável e o CESE espera que, apesar da sua complexidade intrínseca, os dois colegisladores consigam definir um caminho pragmático em 2014. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, transmitiu uma mensagem semelhante no seu discurso sobre o Estado da União, ao apontar o mercado interno do transporte ferroviário como uma das iniciativas prioritárias para o próximo ano. (nq) AGIR A NÍVEL LOCAL Para tirar partido das oportunidades consideráveis que a Internet oferece, a Europa tem de se concentrar muito mais na educação e nas competências digitais. Foi esta a principal mensagem da conferência sobre «O potencial da Internet para o crescimento: emprego e empreendedorismo», organizada pelo Comité Económico e Social Europeu e pela Comissão Europeia, em Malta. No evento, mais de 90 participantes de instituições europeias, ONG, associações empresariais e grupos de reflexão debateram com membros do CESE o futuro da política internacional em matéria de alterações climáticas. Kaveh Guilanpour, conselheiro da Comissão Europeia, apresentou os resultados de uma consulta recente da Comissão às partes interessadas, indicando que existe um amplo apoio para um acordo global em 2015, com caráter vinculativo, que abranja as principais economias mundiais. Ficou claro que será crucial uma intensa participação da sociedade civil, além das fronteiras nacionais, para que os compromissos que os governos vieram a assumir até agora se concretizem nas medidas urgentes necessárias para mitigar o aquecimento global. Frank Biermann, presidente de um projeto de investigação internacional relativo a um sistema de governação da Terra, apresentou novos modelos de participação da sociedade civil na governação mundial. máximo o potencial oferecido pela Internet se os cidadãos europeus melhorarem as suas competências informáticas. «Hoje em dia, a Internet tornou-se mais do que uma ferramenta e apresenta-se como um novo ambiente de trabalho para a inovação», declarou. Na mesma linha de pensamento, Thomas McDonogh (Grupo dos Empregadores, Irlanda) alertou para o facto de que, a manter-se a tendência, a UE contará com 700 000 vagas de emprego no domínio das TIC por preencher até 2015. Se não for colmatada, a escassez das competências informáticas necessárias poderá impedir o crescimento da economia digital na Europa. Robert Madelin, diretor-geral da DG Connect da Comissão Europeia responsável pela Agenda Digital, deixou bem claro que a Europa precisa de mais empresas novas de alta tecnologia e que, para tal, é necessário desenvolver rapidamente as competências digitais e informáticas. Acrescentou que as autoridades locais devem ajudar as PME a marcar presença na Internet e a aproveitar as oportunidades que esta oferece. Na sessão de encerramento, Laure Batut (Grupo dos Trabalhadores, França), membro do CESE, manifestou-se desapontada com a redução do orçamento do Mecanismo Interligar a Europa (telecomunicações) de 9200 milhões de euros para mil milhões. Concluiu o seu discurso, afirmando que é necessário dar um novo ímpeto à Agenda Digital, uma das sete iniciativas emblemáticas da Estratégia Europa 2020, já que esta tem um potencial enorme para promover a inovação, o crescimento económico Declarações iniciais por Anna Maria Darmanin, membro do CESE e o progresso. (lvg) János Vértes, membro do CESE, Jerzy Buzek, deputado europeu e antigo presidente do PE, Antonio Tajani, vice-presidente da Comissão Europeia, Janusz Piechociński, vice-primeiroministro da Polónia, e Nadezhda Neynsky, deputada europeia Cerca de 3700 participantes de 35 países (incluindo 11 membros do CESE) participaram no Terceiro Congresso Europeu das PME, em Katowice, na Polónia. Durante três dias, empresários, peritos e políticos debateram os perigos e as oportunidades gerados pela atual crise económica. O papel fundamental das PME para a criação de novos postos de trabalho e para a promoção do crescimento foi realçado. Foram enumeradas as necessidades mais urgentes para as PME neste momento: melhor regulamentação e acesso mais fácil ao financiamento e aos mercados, uma vez que a UE continua fragmentada. Também foi referido que promover a inovação e a investigação era crucial para superar a crise e criar emprego estável. A educação e a formação deveriam ser mais bem adaptadas às necessidades das PME. O empreendedorismo das mulheres também foi um tema importante de debate. Dois membros do Grupo dos Empregadores do CESE, Madi Sharma e Anna Nietyksza, foram nomeadas embaixadoras honorárias do empreendedorismo das mulheres. (lj) CESE info — Outubro de 2013 / 08 ©Pilszak Janusz Fotograficzne Studio Promocji Mim Pil-Fot Na sequência do sucesso de um evento realizado em abril, o CESE decidiu unir forças com a Comunidade dos Caminhos-de-Ferro Europeus (CCFE) para organizar o evento intitulado «Serviços públicos e caminhos-de-ferro: Como pode a concorrência ser benéfica para os passageiros?» Para se perceber a importância desta questão há que saber que mais de 80% de todos os serviços ferroviários de passageiros, que respondem às necessidades da maioria dos passageiros, relevam de uma obrigação de serviço público (OSP). O Quarto pacote ferroviário – uma iniciativa importante da Comissão Europeia para atingir os objetivos do Livro Branco sobre os transportes, entre os quais transferir 50% do tráfego interurbano de passageiros e mercadorias de médio curso do transporte rodoviário para o ferroviário ou aquático – deverá incluir a revisão do Regulamento (CE) n.º 1370/2007, que é o principal ato legislativo sobre a OSP. O CESE apoia energicamente o espaço ferroviário único e a supressão dos «efeitos transfronteiriços», mas não perfilha do otimismo da Comissão quanto à «desagregação» e à abertura dos mercados nacionais à livre concorrência. «Se queremos limitar o aquecimento global a 2º C até 2050, precisamos de um novo quadro global que promova a transição das economias mundiais para uma economia hipocarbónica», afirmou Lutz Ribbe (Grupo dos Interesses Diversos, Alemanha), presidente do Observatório do Desenvolvimento Sustentável (ODS) do CESE, numa audição pública do ODS sobre políticas internacionais em matéria de alterações climáticas, em 4 de setembro. © Meryll Quarto pacote ferroviário: uma vez mais o CESE lidera o debate Rumo a um protocolo mundial sobre alterações climáticas em 2015 l ro i a e ci anc ) e p Fin 020 s e o -2 o adr 014 ã ç Qu l (2 i Ed o do nua ã ria s i v lu Re P CESE info EDITORIAL, Caros leitores, Comecemos pelo mais importante, ou seja, a atual política de austeridade não pode pôr em causa a capacidade de enfrentar desafios importantes. O crescimento sustentável, a criação de emprego, os investimentos e a inovação precisam de um orçamento estável para o período de 2014-2020. Mas a realidade é completamente diferente. Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada Quadro financeiro plurianual 2014-2020 – Uma oportunidade a não desperdiçar Nos próximos sete anos, a UE assumirá compromissos financeiros de no máximo 960 mil milhões e gastará, de facto, 908 mil milhões. Em termos de desempenho económico, nunca antes se gastou tão pouco na Europa. por Jacek Krawczyk, presidente do Grupo dos Empregadores do CESE e correlator do parecer do CESE sobre o Orçamento 2014-2020 A Alemanha, os Países Baixos, a Suécia e o Reino Unido transferem para a UE um montante reduzido proveniente do imposto sobre o valor acrescentado. A Áustria e a Dinamarca beneficiam de abatimentos fixos, para não falar das disposições especiais aplicáveis de Leipzig à Madeira. Ao cabo de um processo de negociação difícil, conseguimos! Houve tensões, debates noite dentro e jogos políticos, mas o quadro financeiro Se não se consegue aumentar as verbas, há que gastá-las melhor! Uma vez que o orçamento foi debatido num contexto de crise e que nenhuma das partes interessadas estava disposta a gastar mais, o montante final não é satisfatório – como previsto e subli- Por todos estes motivos, somos também a favor de um novo sistema de financiamento do orçamento da UE através de recursos próprios. Para que as contas batam certo, são efetuados cortes, por exemplo, no Fundo de Globalização destinado a auxiliar os trabalhadores que perderam o emprego devido a mutações estruturais ocorridas na economia mundial. Chega de medidas como estas! José Manuel Durão Barroso tinha razão ao afirmar no seu discurso sobre o estado da União proferido no Parlamento Europeu que os próximos oito meses até às eleições europeias são para endireitar a «casa» Europa. E para tal é necessário um plano financeiro a médio prazo que defina as verdadeiras prioridades: mais financiamento para o desenvolvimento sustentável e para reforçar a dimensão social e, acima de tudo, mais fundos para combater o desemprego entre os jovens. Como Jacek Krawczyk tão acertadamente afirmou na audição do CESE sobre o quadro financeiro para 2014-2020, a nossa mensagem é de que precisamos de mais e não de menos Europa para concretizar o projeto político europeu. Hans-Joachim Wilms Vice-presidente do CESE responsável pela Comunicação “ Um euro gasto a nível da UE tem mais impacto do que um euro gasto a nível nacional. Devemos ir um passo mais além e concentrarmo-nos mais nos verdadeiros projetos europeus a nível inter-regional e internacional. ” e o emprego, em vez de simplesmente cobrir as despesas correntes e «consumir» os fundos. O valor acrescentado europeu é um facto corroborado pela experiência dos quadros financeiros plurianuais precedentes. Um euro gasto a nível da UE tem mais impacto do que um euro gasto a nível nacional. Devemos ir um passo mais além e concentrarmo-nos mais nos verdadeiros projetos europeus a nível inter-regional e internacional. Infelizmente, a redução drástica imposta ao Mecanismo Interligar a Europa na versão final do quadro financeiro plurianual levanta dúvidas quanto ao pleno empenho dos decisores políticos da UE nesta visão mais abrangente. O novo quadro financeiro plurianual – Um desafio para os empresários e os órgãos de poder local Jacek Krawczyk, presidente do Grupo dos Empregadores plurianual para 2014-2020 é agora uma realidade. Não é o orçamento ideal, mas é aquele com que teremos de trabalhar nos próximos sete anos. A tarefa é de monta, pelo que nos devemos concentrar nela desde já. nhado pelo CESE no parecer adotado no ano passado. Não obstante, uma vez que o acordo está concluído, devemos agora concentrar-nos numa utilização tão eficiente quanto possível destes recursos para dinamizar o crescimento O investimento em infraestruturas essenciais, sem as quais não é possível um desenvolvimento sustentável, continua a ser crucial para os países e regiões menos desenvolvidos. A par disto, os fundos de coesão deverão orientar-se mais para a investigação e o desenvolvimento, o que representará uma oportunidade >>> p. 4 Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020: acordo tíbio gora expectativas da União face aos desafios europeus O compromisso final entre as instituições europeias teve o resultado que o Comité Económico e Social Europeu (CESE) temera, tal como expresso no seu parecer publicado em 24 de maio de 2013. Foi um compromisso entre duas exigências: limitar a utilização dos recursos públicos dos Estados-Membros, como consequência da crise económica e financeira, e garantir um montante adequado de recursos financeiros, de modo a permitir à União Europeia enfrentar os desafios impostos pela crise, pelo novo Tratado de Lisboa e pela Estratégia Europa 2020. O extenuante braço de ferro tripartido entre a Comissão Europeia, o Conselho e o Parlamento Europeu resultou num compromisso tíbio que gora possíveis soluções para os grandes desafios da UE nos próximos sete anos. Tal como o Parlamento Europeu e o Comité das Regiões, também o CESE defendera que CESE info — Outubro de 2013 / 08 para a retoma do crescimento económico e do emprego na UE não só desejável, mas também necessário». Na delicada conjuntura atual (em termos económicos, sociais e políticos), o CESE havia solicitado às instituições europeias que transmitissem uma mensagem forte e clara aos cidadãos da UE: em tempos difíceis como os que vivemos, devemos ter mais Europa, e não menos Europa. O CESE solicitou que a «mais Europa» fosse concretizada de forma responsável, salientando a importância de as despesas europeias serem autorizadas com base em padrões adequados de eficiência e eficácia, evitando assim desperdícios inúteis. © Sebastian Duda por Stefano Palmieri (presidente do Comité de Pilotagem para a Estratégia Europa 2020) e relator do parecer do CESE sobre o Orçamento 2014-2020 “ Parece-nos que se perdeu uma boa oportunidade para melhorar o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2014-2020. ” o nível dos desafios ambiciosos impostos à UE tornava «um aumento da dimensão do orçamento comunitário Dominado por uma abordagem intergovernamental que, no decurso das negociações do Conselho, chegou a roçar o ridículo, o compromisso, além de reduzir as dotações inicialmente propostas pela Comissão, parece pender para uma manutenção estéril do status quo, em termos de estrutura do orçamento. Assiste-se assim a um preocupante desfasamento entre a dimensão e a natureza dos novos desafios impostos à União Europeia, por um lado, e os recursos disponíveis para os enfrentar, por outro. Por outras palavras, há um desequilíbrio evidente entre as ambições da UE e os meios para as concretizar. Parece-nos que se perdeu uma boa oportunidade para melhorar o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 20142020. Não se teve em conta o elemento inovador importante constituído pela proposta da Comissão Europeia de instituir um novo sistema de recursos próprios através da criação de um novo imposto sobre o valor acrescentado e de um imposto sobre as transações financeiras. Ambos poderiam contribuir para reforçar a harmonização dos diferentes regimes nacionais, eliminando um sistema diferenciado com Stefano Palmieri, presidente do Comité de Pilotagem para a Estratégia Europa 2020 isenções e derrogações. A adoção desta proposta teria permitido à UE alcançar uma verdadeira autonomia financeira, abandonando definitivamente o incompreensível e inoportuno princípio da «justa contrapartida». Até à data, o compromisso alcançado é, em essência, insuficiente. Espera-se que, em 2016, ao abrigo da cláusula que prevê a revisão intercalar do QFP 2014-2020, a Comissão Europeia tenha a capacidade e a autoridade para reabrir o dossiê e propor alterações reais que melhorem qualitativa e quantitativamente o orçamento europeu. 3 Um orçamento para o crescimento e a solidariedade O que pensa das afirmações do presidente do CESE, Henri Malosse, segundo as quais o orçamento continua a pôr uma tónica excessiva na PAC? Apesar dos compromissos e de alguns cortes, um orçamento europeu mais assestado ajudará milhões de europeus, afirma Janusz Lewandowski, comissário responsável pela Programação Financeira e Orçamento. Na nossa proposta inicial, centrávamo-nos mais ainda nas políticas em prol do crescimento, pelo que a dotação dos fundos destinados à agricultura teria sido ainda menor do que é agora. Ao mesmo tempo, importa não esquecer que a agricultura é a primeira (e única) política exclusiva da UE e, no entanto, a sua quota-parte no orçamento europeu tem vindo constantemente a diminuir. CESE Info: Até que ponto está satisfeito com o resultado final do orçamento para 2014-2020? a Europa. Também me apraz que tenhamos conseguido tornar o próximo orçamento mais flexível. Pensa que o orçamento pode promover a inovação e o crescimento na Europa? Janusz Lewandowski, comissário responsável pela Programação Financeira e Orçamento Janusz Lewandowski: Este não é, evidentemente, o orçamento que eu tinha desejado. Acredito mais do nunca que a proposta da Comissão era o que a Europa precisava para os próximos sete anos, mas o compromisso é a regra do jogo. Ainda assim, o próximo quadro financeiro não deixará de permitir que a UE ajude milhões de europeus. Quais são, em seu entender, os seus aspetos mais importantes? Há um enfoque maior em instrumentos de estímulo ao crescimento económico e de combate ao desemprego, como sejam a Iniciativa para o Emprego dos Jovens e o Mecanismo Interligar Muitas famílias europeias estão a enfrentar dificuldades nesta época de crise e de elevados níveis de desemprego. Durante as negociações, insisti, por isso, na necessidade vital de aumentar os fundos da UE que geram crescimento e inovação, não obstante os cortes globais. Estou contente por termos sido bem sucedidos a esse nível. “ Quase 90% do atual orçamento da UE provém, na verdade, dos orçamentos nacionais dos Estados-Membros. Nunca foi este o desígnio dos fundadores do projeto europeu. ” Rumo a um orçamento da UE mais flexível Ivailo Kalfin, deputado europeu búlgaro e membro do Grupo dos Socialistas e Democratas, foi um dos relatores da resolução do Parlamento Europeu de julho que aprovou o difícil compromisso político relativo ao quadro financeiro plurianual para 2014-2020 entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão Europeia. embora a UE esteja a fazer o que os orçamentos nacionais não conseguem. Estamos a pressionar para que seja feita uma reforma de todo o sistema e, até ao final do ano, será constituído um grupo de trabalho para avaliar as diferentes opções. As contribuições baseadas no Rendimento Nacional Bruto deverão baixar para os 40% até 2020. CESE Info: Qual é a sua opinião sobre o acordo final relativo ao quadro financeiro plurianual? O que espera da revisão do orçamento em 2016? Fonte: PE É muito difícil fazer um orçamento para sete anos Ivailo Kalfin: As negonum contexto de austericiações foram difíceis, mas dade. É, inclusivamente, a boa notícia é que, ainda impossível efetuar preque tenhamos mantido os visões a nível nacional. limites financeiros proposUma revisão intercalar tos pelo Conselho, consedo quadro financeiro guimos que fossem adotadas plurianual permitirá reformas estruturais à próxima Comissão profundas. O mais Europeia e ao próximo importante é a flexiParlamento adaptabilidade, para que rem o orçamento o dinheiro que não se necessário – caso Ivailo Kalfin, deputado europeu é gasto ao longo de contrário teriam de um exercício seja cono aceitar tal como servado nas margens globais e possa ser está. Por princípio democráticos, ambos utilizado mais tarde. No último exercício deverão ter uma palavra a dizer. orçamental perderam-se financiamentos no valor de 60 mil milhões de euros. O parecer do CESE sobre Também concordámos com a antecipação dos pagamentos relativos a políticas importantes, como o emprego para os jovens, os programas de aprendizagem Erasmus e a I&D, de forma que não sofram um corte brutal de financiamento. Deveria a UE ter recursos próprios? O espírito do Tratado requereria que a UE tivesse os seus recursos próprios. Presentemente, 80% dos recursos provêm dos Estados-Membros e as medidas de austeridade fizeram com que os governos se tornassem extremamente sensíveis, o que é compreensível, 4 o orçamento da EU, adotado em maio de 2012, foi útil aos deputados ao Parlamento Europeu? No decorrer das negociações o Parlamento consultou ativamente outras partes interessadas, sendo que o CESE e o Comité das Regiões desempenharam um papel muito importante. O orçamento da UE é um instrumento de investimento e, como tal, é vital para as empresas e para as relações laborais em toda a UE. Apesar de não termos conseguido um aumento, o acordo está, na sua globalidade, em linha com o parecer do CESE. O parecer ajudou-nos a exercer mais pressão sobre os Estados-Membros. Considera que se reformou suficientemente o quadro financeiro plurianual? Quais são os domínios que estão ainda por reformar? Antes de mais, estou contente por termos conseguido simplificá-lo. Além disso, quase 90% do atual orçamento da UE provém, na verdade, dos orçamentos nacionais dos Estados-Membros. Nunca foi este o desígnio dos fundadores do projeto europeu. Foi por isso que a Comissão propôs novas fontes de receita, como o imposto sobre as transações financeiras. Em vez de aumentar o orçamento da UE, pretende-se antes diminuir os contributos dos Estados-Membros. Também precisamos de simplificar o sistema de descontos – tornou-se tão bizantino que, na realidade, muito pouca gente o consegue compreender completamente. Conti n uaç ão da p. 3[1] Q u a d r o f i n a n c e i r o p l u r i a n u a l 2014 -2020 – Um a oportunidade a não desperdiçar extraordinária para as empresas. O investimento em investigação, que vai ao encontro da Estratégia Europa 2020, é um elemento essencial para o reforço da competitividade nos mercados globais. O célebre autor espanhol de Dom Quixote, Miguel de Cervantes, afirmou que «é rico não aquele que tem, mas aquele que gasta, não como quer, mas sabendo como». Apesar desta frase ter mais de 400 anos continua a aplicar-se nos dias de hoje. Melhor governação, mais transparência Que um orçamento tem de ser bem gerido e transparente é uma evidência, mas o facto de o Tribunal de Contas ter rejeitado as contas da UE durante 18 anos consecutivos demonstra claramente que a UE tem de melhorar a sua forma de gastar as verbas. A simplificação da estrutura do orçamento constituiu um primeiro passo na direção certa. Agora há que simplificar e clarificar os procedimentos para os beneficiários. Encontro-me frequentemente com colegas empresários que se queixam da forma como os fundos europeus são atribuídos. Em vez de se concentrarem nos seus negócios, estes empresários têm de lidar com muita burocracia. Muitos deles estão de tal maneira desapontados com os procedimentos que decidiram não se candidatar a fundos da Despesa da UE: mitos recorrentes Os orçamentos da UE são avultadíssimos, estão constantemente a aumentar e são utilizados para apoiar explorações agrícolas ineficazes. Estes são alguns dos mitos e exageros muitas vezes repetidos a respeito do quadro financeiro plurianual da União. O novo quadro financeiro plurianual deverá entrar em vigor em breve, por isso esta é uma boa altura para esclarecer alguns factos. Este programa de longa duração atribui financiamento para implementar as políticas da UE para o período 2014-2020, desde a agricultura e a investigação ao apoio às regiões mais pobres ou às relações externas. Ao contrário do que muitas vezes se julga, o orçamento da UE não é determinado por eurocratas. A Comissão Europeia apresenta uma proposta inicial, mas, em seguida, as negociações sobre o quadro financeiro são realizadas por políticos democraticamente eleitos no Parlamento Europeu e no Conselho, de acordo com procedimentos claros e transparentes. Nenhum acordo é firmado sem o consentimento de ambas as partes. Todos os cidadãos da UE têm acesso à documentação pertinente e podem acompanhar os debates em linha. Quanto ao mito sobre o volume do orçamento, o total da despesa dos governos dos 27 Estados-Membros é quase 50 vezes superior ao orçamento da UE! Em 2010, cada cidadão pagou apenas, em média, 67 cêntimos por dia para financiar o orçamento anual, o que, segundo a Comissão, «não se pode considerar uma despesa avultada, dadas as enormes vantagens que a UE traz aos cidadãos». Além disso, ao contrário do que se diz, o quadro financeiro plurianual não está a aumentar de forma descontrolada. Entre 2000 e 2010, os orçamentos nacionais na UE aumentaram 62%, ao passo que o orçamento da União cresceu apenas 37% no mesmo período. O próximo orçamento representa apenas cerca de 1% do produto interno bruto da União mas produz resultados concretos, em casos em que o financiamento a nível europeu gera um maior retorno sobre o investimento. Também não é verdade que o dinheiro é desperdiçado em salários exagerados para o pessoal da “ As negociações sobre o quadro financeiro são realizadas por políticos democraticamente eleitos no Parlamento Europeu e no Conselho, de acordo com procedimentos claros e transparentes. ” “ Encontro-me frequentemente com colegas empresários que se queixam da forma como os fundos europeus são atribuídos. Em vez de se concentrarem nos seus negócios, estes empresários têm de lidar com muita burocracia. Isto tem de mudar! ” UE no futuro. Isto tem de mudar! Estes recursos dever-se-iam destinar a estimular o crescimento, não a forçar os empresários a digladiarem-se com papeladas complicadas e inúteis. O quadro financeiro plurianual para 2014-2020 deve tornar-se credível aos olhos da sociedade europeia. A melhor forma de o conseguir é, não com as palavras dos políticos, mas com resultados palpáveis: projetos que acrescentem valor à economia e gerem emprego. A análise dos recursos despendidos não se deve limitar à contabilidade. Esta deverá ser uma lição para o futuro, uma vez que o próximo quadro financeiro plurianual é um desafio sobre o qual devemos começar a refletir desde já. “ Ao contrário do que muitas vezes se julga, o orçamento da UE não é determinado por eurocratas. ” UE, ou em toneladas de produção agrícola excedentária. Mais de 94% do orçamento é aplicado nos Estados-Membros, para apoiar os cidadãos, reforçar o crescimento e o emprego e enfrentar a criminalidade transfronteiriça e outros desafios que nos afetam a todos. Para contrariar a ameaça de cortes a programas vitais da UE, o Parlamento exigiu, para o próximo período financeiro, uma concentração de fundos logo no início do período, em 2014 e 2015, para promover o emprego dos jovens, o programa Erasmus (com destaque para os estágios), a investigação e inovação e as PME. A Comissão nunca sugeriu a ideia de criar um imposto direto da UE para custear o quadro financeiro plurianual. A tributação continua a ser decidida pelos Estados-Membros. «A Comissão não se vai tornar numa cobradora de impostos», afiançam os responsáveis políticos num sítio Web que criaram para desfazer os vários mitos sobre o orçamento. CESE info — Outubro de 2013 / 08 Esther Fouchier, presidente do Fórum das Mulheres do Mediterrâneo «Tanto o reconhecimento de jure da igualdade dos direitos das mulheres como a sua independência económica de facto são essenciais, pois constituem os dois pilares em que assenta a liberdade das mulheres. Há que tomar medidas para garantir o respeito dos direitos internacionais das mulheres, criar centros para mulheres vítimas de abuso, fomentar a participação das mulheres no processo decisório e assegurar às mulheres acesso ao crédito para facilitar a sua participação na vida económica.» Tem havido uma deterioração patente dos direitos das mulheres, como atestam desenvolvimentos recentes em vários países, como o Egito, a Tunísia e a Síria. Esta tendência é tanto mais paradoxal quando se considera que as mulheres estiveram na linha da frente da Primavera Árabe. Qualquer violação dos direitos das mulheres é um atentado aos direitos humanos. Enquanto voz da sociedade civil europeia, o CESE sente-se compelido a abordar a situação urgente na região, que constitui um motivo de preocupação não só para as mulheres mas para a sociedade civil no seu conjunto. Jamal Hermes Ghibril, presidente do Conselho de Mulheres do Líbano, Esther Fouchier, presidente do Fórum das Mulheres do Mediterrâneo e Salwa Kennou Sebei, presidente da Associação das Mulheres Tunisinas para a Investigação sobre Desenvolvimento (AFTURD), participaram no debate, durante o qual tiveram oportunidade para dar a sua perspetiva e trocar pontos de vista com os membros do CESE. Com base no debate, o CESE dará um contributo político concreto, do ponto de vista da sociedade civil, sobre a forma de promover estes direitos. No último ano, o CESE denunciou repetidamente desigualdades flagrantes entre homens e mulheres na região do Mediterrâneo, assim como a violação dos seus direitos básicos (ou seja, violência contra as mulheres, dissuasão da sua participação na vida pública, desigualdades ao nível da remuneração e da qualidade do emprego, etc.). Segundo o CESE, há um risco preocupante de ocorrer uma rápida inversão dos direitos das mulheres e da sua situação global na região. (ail) Jamal Hermes Ghibril, presidente do Conselho de Mulheres do Líbano «Há muito tempo que as mulheres são vítimas de marginalização e discriminação na nossa parte do mundo. Pouco se conseguiu após a Primavera Árabe. Neste momento, todos os países estão num caos e as mulheres são quem está a pagar o preço mais elevado. Violência de género, abusos, intimidação das mulheres na vida pública... Não era este o resultado final que o Ocidente esperava ver, mas isto significa que as suas políticas falharam por completo ou não ajudaram. As partes interessadas a nível nacional e a UE têm de trabalhar em conjunto para conseguir mudar as coisas. Já temos sonhos não concretizados, ossos partidos e corações despedaçados que cheguem. Está na hora de a comunidade internacional falar connosco e não por nós.» Liderança exemplar: o setor cervejeiro da Europa cumpre os objetivos da Estratégia Europa 2020 Numa reunião em Praga no mês passado, os conselheiros da CCMI e as partes interessadas apelaram ao apoio às quatro mil produtoras de cerveja na Europa, para que o setor possa realizar todo o seu potencial de crescimento. A UE é uma das principais regiões mundiais na produção de cerveja, mas o setor não escapou à contração económica e depara-se com uma redução substancial do consumo. As características do setor cervejeiro refletem os objetivos da UE para uma economia inteligente, sustentável e inclusiva. Os produtores de cerveja estão presentes em todos os países da UE e apoiam dois milhões de postos de trabalho em toda a cadeia de valor. É essencial dispor de um ambiente regulamentar e fiscal equilibrado para que o setor © Toniflap Em 18 de setembro, após a Conferência Ministerial da União para o Mediterrâneo consagrada à Mulher (Paris, 12 de setembro), o Comité Económico e Social Europeu (CESE) organizou um debate no âmbito da reunião plenária com representantes das mulheres da Tunísia, Líbano e outros países mediterrânicos sobre a situação económica e social das mulheres na região euro-mediterrânica. BREVES continue capaz de atrair as gerações mais jovens para o emprego, de potenciar a investigação e a inovação e de continuar a liderar na promoção de comportamentos de consumo responsáveis. (pl) Departamento da Comunicação lança nova série de vídeos As novas ferramentas informáticas criam novas possibilidades de comunicação para o CESE e para as atividades que desenvolve. Durante a plenária de setembro, o departamento de Comunicação lançou um projeto-piloto inovador baseado na Internet para promover os pareceres do CESE através de vídeos de um minuto. Qual é o próximo passo? Os vídeos estarão de regresso na plenária de outubro. Logo após a votação, foram colocados no sítio Web do CESE dois vídeos sobre os temas «Revisão da Diretiva Segurança Nuclear» e «Ação coordenada a nível europeu para prevenir e combater a pobreza energética». Os relatores e correlatores tiveram a oportunidade de falar ao público e apresentar uma explicação breve e pessoal do texto jurídico que apresentaram à plenária. ©wellphoto Representantes das mulheres do mediterrâneo reunidas com o CESE A REUNIÃO PLENÁRIA EM POUCAS PALAVRAS O CESE analisa o debate sobre alimentos vs. combustíveis Mais de 50 milhões de pessoas na Europa sofrem de pobreza energética. O preço da eletricidade, do gás, do petróleo e de outros combustíveis tem aumentado consideravelmente, havendo um número crescente de pessoas com dificuldades em pagar as suas faturas energéticas ou com acesso limitado à energia em razão dos seus baixos rendimentos. A crise económica agravou a situação. «Perante este enorme desafio político, o CESE defende um compromisso europeu para com a segurança e solidariedade energéticas», afirma Bernardo Hernández Bataller (Grupo dos Interesses Bernardo Hernández Bataller, Diversos, Espanha), correlator membro do CESE do parecer «Ação coordenada a nível europeu para prevenir e combater a pobreza energética». O objetivo último seria a criação de uma política europeia que garanta um acesso universal à energia. O CESE considera que o acesso à energia é essencial ao bem comum. Como sublinhou Pierre-Jean Coulon (Grupo dos Trabalhadores, França), relator Pierre-Jean Coulon, membro deste mesmo parecer, a privação do CESE energética é uma receita para o desastre. «A pobreza energética mata física e socialmente». O CESE apela a que se adotem indicadores europeus e estatísticas de pobreza energética para que se possa apreender o problema de forma mais eficaz a nível europeu. Os indicadores constituiriam os parâmetros com base nos quais os Estados-Membros definiriam a pobreza energética, a fim de se poder ter realmente em conta as suas características nacionais. (nr) No seu parecer de iniciativa sobre segurança alimentar e bioenergia, elaborado por Franco Chiriaco (Grupo dos Trabalhadores, Itália) e adotado na reunião plenária de setembro, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) afirmou que a segurança alimentar devia ser colocada no centro das políticas da União Europeia como pré-condição para uma estratégia de segurança global. No debate sobre a concorrência entre alimentos e combustíveis («Food vs Fuel»), o CESE defendeu que se desse prioridade à segurança alimentar, à defesa territorial e à competitividade da agricultura europeia. CESE info — Outubro de 2013 / 08 Resíduos de plástico ©Gts O CESE apela à adoção de indicadores europeus de pobreza energética O Comité afirmou que a produção de biocombustíveis deve ser sujeita a estudos de impacto ambiental em que participem as comunidades locais e que tenham verdadeiramente em conta a questão do direito à alimentação. Por esta razão, sugeriu a criação de indicadores a nível europeu que permitam aos Estados-Membros avaliarem o impacto dos projetos bioenergéticos na segurança dos alimentos a nível nacional. Embora o CESE apoie a proposta da Comissão de desenvolver combustíveis «avançados», adverte para o facto de a produção de biocombustíveis de segunda geração que utilizam madeira e palha poder levar a um aumento dos níveis de CO2. (nr) Os resíduos de plástico são um problema global que afeta a Terra e, em particular, o seu meio marinho. Num parecer recentemente adotado sobre este tema, o CESE apelou a uma estratégia da UE sustentável e economicamente viável ao longo de todo o ciclo de vida dos plásticos, com o objetivo de reduzir, tratar e reciclar os resíduos plásticos. «Não é o plástico em si que é o problema, mas sim a forma como nos livramos dele. Depositá-lo em aterros é a pior solução. A legislação europeia vigente em matéria de eliminação sustentável de resíduos tem de ser aplicada mais eficazmente em toda a Europa», afirmou Josef Zbořil (Grupo dos Empregadores, República Checa), membro do CESE e relator de um parecer sobre os resíduos de plástico. A variedade de tipos de plástico existente hoje em dia dificulta grandemente a sua triagem e reciclagem. Alguns tipos de plástico podem ser incinerados, ao passo que outros, como o PVC, podem libertar substâncias tóxicas. Num esforço para reduzir o peso dos recipientes de plástico, os fabricantes começaram a combinar diferentes tipos de plástico com outros materiais, tornando praticamente impossível reciclá-los. Segundo o CESE, o conceito de «conceção para reciclagem» deve prevalecer sobre a questão do peso, ao mesmo tempo que valeria a pena investir em novas tecnologias de triagem. (ail) Josef Zbořil, membro do CESE 5 A Europa é como uma aventura Béatrice Ouin, conselheira francesa do Grupo dos Trabalhadores, é a nova editora do boletim eletrónico CESE Info, onde representará os conselheiros e aconselhará a equipa de redação sobre o conteúdo, o formato e a estrutura do boletim. Por ocasião da primeira edição sob a responsabilidade de Béatrice, Jane Morrice, vice-presidente do CESE para a Comunicação, entrevistou-a para descobrir os seus principais interesses. Jane Morrice: Assumiu a posição de coeditora do CESE Info num momento difícil da história do projeto europeu. Quais são, na sua opinião, os principais desafios que a UE enfrentará no futuro? Béatrice Ouin: Béatrice Ouin: É verdade, são tempos difíceis para o projeto europeu. Mas não nos lamentemos, procuremos antes resolver os problemas a longo prazo. A nossa geração está a viver mudanças extraordinárias. Segundo um filósofo francês, Michel Serres, a humanidade passou por três mudanças marcantes: a passagem da linguagem oral para a linguagem escrita, da linguagem escrita para a impressão e, agora, para a Internet, que transformou por completo a relação entre os jovens e os idosos, entre os cidadãos e os seus representantes políticos, entre os meios de comunicação e os seus utilizadores, mas que disponibiliza o conhecimento a todos e proporciona o acesso em linha às mentes mais poderosas. Está mesmo à nossa frente e ainda não sabemos o que daí advirá! E esta evolução importante não é a única que nos afeta. Foram precisos 40 000 anos para contarmos com uma população de mil milhões e apenas 150 anos para atingirmos os 8 mil milhões atuais! A terceira grande mudança é que, pela primeira vez, o planeta está a ser explorado e os seus recursos são limitados. A estes três elementos marcantes, Internet, demografia, recursos, cabe acrescentar, claro, a globalização e as alterações climáticas, de que todos falam. E a Europa no meio de tudo isto? Para mim, a Europa é como uma aventura. Neste mundo em que nada mais há a explorar, os aventureiros modernos são os que querem construir esta união entre países milenários que combateram entre si durante tanto tempo. É um desafio que requer paixão, mas também muita paciência! E muitas explicações. Considera que o CESE está em posição de responder a esses desafios? Na minha opinião, o CESE reflete a ideia que a Europa tem da democracia. Uma democracia na qual o cidadão não existe apenas pelo seu boletim de voto partidário, mas porque ele se O mandato do Comité de Acompanhamento para o Euromed do CESE foi renovado em abril e, desde então, os seus membros têm trabalhado com afinco para reforçar as relações com uma União para o Mediterrâneo (UM) revitalizada. À medida que se preparam ou realizam projetos e reuniões de ministros da UM, têm surgido perguntas sobre o papel que a sociedade civil poderá assumir nesta nova forma de cooperação na área euro-mediterrânica, até porque, no fim de contas, a sociedade civil esteve na linha da frente das revoltas da Primavera Árabe. Os membros do Comité de Acompanhamento para o Euromed procuram respostas a estas perguntas e esperam encontrá-las na cimeira deste ano dos CES do Euromed, que se realizará em Barcelona, em 11 e 12 de novembro, em cooperação com o secretariado da UM. O CESE e os seus parceiros procurarão formas de integrar a sociedade civil nos trabalhos da UM e de alargar o leque de participantes a um maior grupo de interessados. O objetivo é reforçar a legitimidade da cooperação com a UM que, até ao momento, se tem processado essencialmente a nível intergovernamental. (gh) Alejandro Izquierdo Lopez (ail) Andreas Versmann (av) Angeliki Karampourouni (ak) Guy Harrison (gh) Leszek Jarosz (lj) Luca Venerando Giuffrida (lvg) Nele Rissmann (nr) Nuno Quental (nq) Pol Liemans (pl) Béatrice Ouin, nova representante dos membros do CESE no Comité Editorial Talvez vos surpreenda, mas o que mais me interessa são os conselheiros, a sua diversidade, o que contam dos seus países, das suas tradições, da sua cultura e dos seus percursos profissionais. O Comité é também um lugar onde pude partilhar ideias que para mim são importantes: como comunicar melhor a Europa, a profissionalização dos trabalhadores domésticos e a relação entre a igualdade de género e o crescimento. Estes pareceres e tantos outros em que trabalhei ajudaram-me a melhorar a forma de comunicar estas ideias para que sejam mais bem compreendidas, tendo em conta Marzena Mendza Drozd Foi com profunda tristeza que recebemos a notícia do súbito e prematuro falecimento de Marzena Mendza-Drozd. Marzena Mendza-Drozd foi nomeada membro do Comité Dušan Barčik era membro Económico e Social do CESE desde setembro de Europeu em 2004, 2010. Distinguiu-se por ser aquando da adesão da extremamente ativo, zeloso Polónia à União Euroe empenhado nas atividades peia. Ativista incansável do Comité. Na Eslováquia, e intrépida, lutou incesDušan Barčik foi presidente santemente para refordo Sindicato Eslovaco (IOZ) çar e fazer ouvir a voz da Os membros do CESE fizeram um momento e membro do conselho de sociedade civil na esfera de silêncio, para assinalar o falecimento dos administração da Confedepública. Na Polónia, seus colegas ração de Sindicatos da Repúintegrou uma série de blica Eslovaca (KOZ SR). organizações não governamentais, onde defenGuardaremos para sempre na memória tudo deu ativamente uma legislação que permitisse o que Dušan Barčik alcançou ao longo da sua à sociedade civil exercer plenamente a sua funvida. Só o tempo nos ajudará a superar a perda ção primordial: responsabilizar as autoridades. de uma pessoa que estava sempre preparada para lutar pelos outros, sobretudo pelos mais Perdemos uma cidadã europeia empenhada desfavorecidos. e uma acérrima defensora da sociedade civil. Coordenação geral: Agata Berdys Endereço: Enquanto membro do Grupo dos Trabalhadores, da Secção Emprego, Assuntos Sociais e Cidadania, da Secção de Relações Externas e do Grupo da Comunicação, tem sido extremamente ativa no CESE desde que aqui chegou, em 2006. Qual é o aspeto mais recompensador do seu trabalho? «In Memoriam» Foi com grande pesar que tomámos conhecimento da triste notícia do prematuro falecimento do nosso muito estimado colega Dušan Barčik. A toda a família e amigos deixamos aqui expressos as nossas mais sentidas condolências. CESE info Contribuíram para esta edição: ” os membros deveriam passar metade do tempo nos seus países a explicar o que fazem em Bruxelas e os resultados que estão alcançar através dos seus esforços em comunicar os pontos de vista das suas organizações à Comissão, ao Conselho e ao Parlamento. Dušan Barčik Cimeira dos CES do Euromed de 2013: Oportunidade para reforçar o papel da sociedade civil na União para o Mediterrâneo Béatrice Ouin – representante dos membros do CESE no Comité Editorial (Grupo dos Trabalhadores, FR) Maciej Bury (mb) “ O CESE reflete a ideia que a Europa tem da democracia. Uma democracia na qual o cidadão não existe apenas pelo seu boletim de voto partidário, mas porque ele se empenha em defender os seus interesses ou os seus pontos de vista numa organização da sociedade civil. «In Memoriam» BREVEMENTE NO CESE Editora: empenha em defender os seus interesses ou os seus pontos de vista numa organização da sociedade civil, num sindicato, numa organização de empregadores ou numa associação de consumidores ou de defesa do ambiente. Promover o Comité significa explicar aos cidadãos nos nossos países que as pessoas que trabalham para melhorar as suas condições de vida, de trabalho, etc., estão representadas e são consultadas e escutadas. Por isso, considero que Comité Económico e Social Europeu Bâtiment Jacques Delors, 99 Rue Belliard, 1040 Bruxelas, Bélgica Tél. (+32 2) 546.94.76 Fax (+32 2) 546.97.64 Adresse électronique: [email protected] Página Internet: http://www.eesc.europa.eu/ a diversidade de abordagens. Ser membro do Comité é realmente uma grande oportunidade! E agora percebo melhor como funciona a Europa e os seus processos de decisão e tenho mesmo vontade de partilhar esse conhecimento. Em 2011, recebeu a Legião de Honra – a distinção mais alta que pode ser concedida a um cidadão francês. Nos seus tempos de adolescente, nas ruas de Paris em maio de 1968, alguma vez imaginou que um dia iria receber tal reconhecimento? Claro que não! A vida é mesmo assim. Mas ter saído à rua em 68 e depois (continuo a fazê-lo) ensinou-me a não levar essas honras demasiado a sério. Agradeço-as, mas tenho a perfeita consciência de que há um importante elemento de sorte quando se decide distinguir uma pessoa em vez de outra, que também o merece. Nicolas Alexopoulos nomeado secretário-geral em exercício do CESE Nicolas Alexopoulos foi nomeado secretário-geral em exercício do Comité, na sequência do final do mandato do antigo secretário-geral, Martin Westlake. Nicolas Alexopoulos está a exercer as funções de secretário-geral em exercício desde 1 de outubro, de acordo com decisão da Mesa, o órgão responsável pela coordenação das atividades do Comité. Nicolas Alexopoulos, que exercia a função de secretário-geral adjunto, assumirá o cargo até à nomeação de um novo secretário-geral. O processo de seleção está em curso. (mb) CESE info em 23 línguas: http://www.eesc.europa.eu/activities/press/eescinfo/index_en.asp O CESE Info é publicado nove vezes por ano, por ocasião das reuniões plenárias do CESE. As versões impressas do CESE Info em alemão, inglês e francês podem ser obtidas gratuitamente junto do Serviço de Imprensa do Comité Económico e Social Europeu. Além disso, o CESE Info encontra-se disponível em 23 línguas, em formato PDF, no sítio Web do Comité: URL: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-info O CESE Info não pode ser considerado como o relato oficial dos trabalhos do CESE, que se encontra no Jornal Oficial da União Europeia e noutras publicações do Comité. A reprodução, com menção do CESE Info como fonte, é autorizada (mediante envio de cópia ao editor). Tiragem: 12 310 exemplares. O próximo número será publicado em dezembro de 2013. IMPRESSO EM PAPEL 100% RECICLADO Outubro de 2013 / 08 QE-AA-13-008-PT-N ENTREVISTAS ENTRE PARES