polímero afeta a levedura durante o processo fermentativo polymer
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polímero afeta a levedura durante o processo fermentativo polymer
I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP POLÍMERO AFETA A LEVEDURA DURANTE O PROCESSO FERMENTATIVO POLYMER AFFECTS THE YEAST DURING THE FERMENTATIVE PROCESS Lucas Conegundes Nogueira(1) Richelly Caroline (2) Gustavo Henrique Gravatim Costa(3) Resumo O objetivo deste trabalho foi estudar os reflexos de diferentes doses de polímero no mosto, sobre a fisiologia da levedura em fermentação. O experimento foi realizado no Laboratório de Biomassa e Bioenergia da Universidade do Sagrado Coração, Bauru-SP, na safra 2015/2016. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de polímero (Kemira AX3L) no mosto: 0, 1, 5, 10 e 15mg/L. O mosto foi preparado a 16˚Brix, utilizando açúcar cristal orgânico diluído em água destilada. Inoculou-se em 175mL mosto, fermento biológico prensado na proporção de 108 UFC/mL. Após 1 hora, adicionou-se em cada recipiente de fermentação, 175mL de mosto, totalizando 350mL. Após 40 minutos da segunda alimentação (início da fermentação) e no final do processo fermentativo, foram retiradas alíquotas para determinação da viabilidade celular, índice de brotamentos e viabilidade de brotos. Os resultados foram submetidos a análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas segundo teste de Tukey (5%). Observou-se que a dose de 15mg/L de polímero reduziu o índice de brotamentos no início e a viabilidade de brotos ao final do processo fermentativo, além de aumentar a viscosidade e promover a floculação da levedura. Conclui-se que durante o processo fermentativo, a levedura é afetada quando o mosto apresenta resíduos de polímero superiores a 15mg/L. Palavras-chave: Bioenergia. Polieletrólito sintético. Saccharomyces cerevisiae. Fisiologia da levedura. Fermentação alcoólica 1 Graduando em Engenharia Química pela Universidade do Sagrado Coração. Endereço eletrônico: [email protected]. Graduanda em Engenharia Agronômica pela Universidade do Sagrado Coração. Endereço eletrônico: [email protected] 3 Doutor em Microbiologia Agropecuária pela FCAV/UNESP. Docente da Universidade do Sagrado Coração. Endereço eletrônico: [email protected] 2 Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436). I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP Abstract The aim of this study was evaluate the consequences of different polymer doses in the must, on yeast physiology in fermentation. The experiment was conducted in the Laboratory of Biomass and Bioenergy in the Universidade do Sagrado Coração, Bauru-SP, in the season 2015/2016. The experimental design was completely randomized with 5 treatments and 3 repetitions. The treatments consisted of different polymer doses (Kemira AX3L) in the must: 0, 1, 5, 10 and 15mg/L. The must was prepared at 16˚Brix using organic crystal sugar diluted in distilled water. It was inoculated in 175ml must, yeast compressed at a ratio of 108CFU/mL. After 1 hour, were added to each vessel fermentation, more 175ml must, totaling 350mL. After 40 minutes the second feed (start of fermentation) and the end of the fermentation, aliquots were removed to determine the cell viability, index buds and buds viability. The results were submitted to analysis of variance by F test, and the averages compared by Tukey test (5%). It was observed that the dose of 15mg/L polymer reduced the budding index at the beginning and the bud viability at the end of the fermentation process, and increase the viscosity and promote the yeast flocculation. It is concluded that during the fermentation process, the yeast is affected when the must has polymer residues in excess of 15mg/L. Keywords: Bioenergy. Synthetic polyelectrolyte. Saccharomyces cerevisiae. Yeast physiology. Alcoholic fermentation 1 Introdução Atualmente o setor sucroenergético apresenta significativa importância na economia do Brasil, sendo responsável pela produção de açúcar, etanol e energia elétrica, originados do processamento agroindustrial da cana-de-açúcar. Considerando-se o bioetanol, observa-se que na safra 2014/15 foram produzidos 28,66 bilhões e, estima-se que, para a safra 2015/2016, sejam produzidos aproximadamente 29,21 bilhões de litros, um aumento de 554,75 milhões de litros, ou 1,9% (CONAB, 2015). Nesta cadeia de produção, a cana-de-açúcar após descarregada na fábrica, é preparada e submetida a processo de extração do caldo por moendas ou difusores. O bagaço residual é destinado a caldeiras, onde é queimado para a geração de vapor e energia elétrica. O caldo extraído, por apresentar em sua constituição sólidos solúveis (açúcares e não açúcares) e Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436). I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP insolúveis (terra, bagacilhos, entre outros), deve ser submetido a prévia clarificação, antes de ser inoculado pela levedura. O tratamento do caldo, consiste primeiramente na separação de bagacilhos através de peneiras rotativas, seguido de adição de leite de cal até elevação do pH para 6,0, aquecimento a 100-105˚C e posterior decantação, para remoção de ácidos, fenóis, proteínas, entre outros (STEINDL, 2010). Deve-se considerar ainda que no decantador é adicionado um polímero aniônico ou catiônico, que reagem com os coágulos formados pela reação entre o cálcio adicionado e os fosfatos presentes no caldo (fosfatos de cálcio), formando flocos de peso e tamanho maiores, que precipitam rapidamente, diminuindo o tempo de retenção no decantador (ALBUQUERQUE, 2011). Após tempo de retenção, o caldo clarificado é padronizado quanto ao Brix, pH, temperatura e nutrientes, originando o mosto. A seguir, este é inoculado por leveduras do gênero Saccharomyces cerevisiae, que metabolizam os açúcares, produzindo energia para a célula, dióxido de carbono e etanol (BASSO et al., 2011). Entretanto, no processo fermentativo alguns compostos podem afetar negativamente a levedura, como por exemplo o cálcio que promove a floculação e o alumínio que resulta em morte celular, diminuindo a eficiência fermentativa (STEINDL, 2010). Neste sentido, deve-se considerar que os mostos podem apresentar resíduos de polímero utilizado no processo de clarificação. Embora sabe-se que estes resíduos ocorrem, não há informações se o polímero afeta a levedura e quantos miligramas são suficientes para que este efeito ocorra. Desta maneira, o objetivo deste trabalho foi estudar os reflexos de diferentes doses de polímero no mosto, sobre a fisiologia da levedura em fermentação. 2 Material e Métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Biomassa e Bioenergia da Universidade do Sagrado Coração, Bauru-SP, na safra 2015/2016. Utilizou-se polímero comercial Kemira AX3L, preparado adicionando-se 1g deste insumo em 1000mL de água destilada. Os mostos foram preparados diluindo-se 56g de açúcar cristal orgânico em 350mL de água destilada, obtendo-se concentração final de 16˚Brix. Adicionou-se aos mostos as doses de 0, 1, 5, 10 e 15mg/L de polímero. A seguir inoculou-se em 175mL mosto, fermento biológico prensado (levedura S. cerevisiae) na proporção de 108 Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por mililitro, que apresentava viabilidade Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436). I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP celular superior a 85%. Após 1 hora, adicionou-se em cada recipiente de fermentação, 175mL de mosto. A fermentação foi considerada encerrada, quando o Brix foi inferior a 1%. Após 40 minutos da segunda alimentação (início da fermentação) e no final do processo fermentativo, foram retiradas alíquotas para determinação da viabilidade celular, índice de brotamentos e viabilidade de brotos (LEE et al., 1981). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos foram constituídos por diferentes doses de polímero no mosto. Os resultados foram submetidos a análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas segundo teste de Tukey (5%) (BARBOSA; MALDONADO, 2015). 3 Resultados e Discussão Na tabela 1 estão apresentados os valores médios obtidos para viabilidade celular, índice de brotamento e viabilidade de brotos no início do processo fermentativo. Tabela 1 – Valores médios obtidos para viabilidade celular, índice de brotamentos e viabilidade de brotos no início do processo fermentativo de mostos com diferentes doses de polímero. Viabilidade de Doses Viabilidade Celular Brotamento Brotos mg/L % 0 87,47A 19,41AB 84,99A 1 82,16A 14,15B 82,96A 5 86,90A 26,67A 85,41A 10 89,00A 29,12A 86,43A 15 83,80A 16,17B 74,24A Teste F 0,26ns 9,09** 1,99ns DMS 25,22 10,09 16,35 CV 10,92 17,77 7,34 Letras diferentes diferem entre si segundo teste de Tukey (5%). **significativo ao nível de 1% de probabilidade. ns – não significativo. DMS – Desvio Mínimo Significativo. CV – Coeficiente de Variação. Avaliando-se a quantidade de células vivas, observou-se que os diferentes tratamentos apresentaram valores similares e superiores a 82%. Deve-se destacar que o processo fermentativo industrial deve apresentar viabilidade celular superior a 80% para que se possa obter elevados rendimentos industriais, caracterizados pelo alto teor alcoólico do vinho e tempo de fermentação entre 8 e 10 horas (AMORIM, 2005). Considerando-se o índice de brotamentos, verificou-se que o tratamento que apresentava 15mg/L de polímero no mosto, resultou nos menores valores. Neste sentido, Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436). I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP determinou-se ainda que a viabilidade de brotos também foi afetada por esta dose de polímero. Nestas condições, pode-se observar elevada viscosidade do mosto durante o processo fermentativo, assim como significativa floculação da levedura (Figura 1). Este comportamento é indesejado no processo, uma vez que materiais viscosos afetam o desempenho de bombas e centrífugas, assim como a floculação da levedura resulta em elevados tempos de processo e fermentações incompletas (BASSO et al., 2011). Figura 1 – Processo fermentativo de mostos contendo 0 e 15mg/L de polímero. Deve-se destacar que a formação de novas células é essencial para processo fermentativo industrial, uma vez que estas serão reutilizadas em novos ciclos fermentativos durante toda a safra (BASSO et al., 2011). Tabela 2 – Valores médios obtidos para viabilidade celular, índice de brotamentos e viabilidade de brotos no final do processo fermentativo de mostos com diferentes doses de polímero. Viabilidade de Doses Viabilidade Celular Brotamento Brotos mg/L % 0 76,02A 14,20A 67,63C 1 84,61A 16,09A 89,55AB 5 78,21A 12,25A 95,00A 10 82,63A 10,84A 78,00BC 15 76,00A 11,19A 72,00C Teste F 2,15ns 2,03ns 13,76** DMS 12,43 7,20 14,54 CV 5,81 20,75 6,72 Letras diferentes diferem entre si segundo teste de Tukey (5%). **significativo ao nível de 1% de probabilidade. ns – não significativo. DMS – Desvio Mínimo Significativo. CV – Coeficiente de Variação. Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436). I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) 09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP, Câmpus de Jaboticabal, SP 4 Conclusões Durante o processo fermentativo, a levedura é afetada quando o mosto apresenta resíduos de polímero superiores a 15mg/L. Referências ALBUQUERQUE, L. M. Processo de Fabricação de Açúcar. 2. Ed. UFPE: Recife, 2011. BARBOSA, J.C.; MALDONADO JUNIOR, W. Experimentação Agronômica & AgroEstat – Sistema para Análises Estatísticas de Ensaios Agronômicos. FUNEP: Jaboticabal, 2015. BASSO, L. C.; BASSO, T. O.; ROCHA, S. N. Ethanol Production in Brazil: The Industrial Process and Its Impact on Yeast Fermentation. In: BERNARDES, M. A. S. Biofuel Production: Recent Development and Prospects. São Paulo: INTECH e-book, 2011. p. 85-100. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira 3 Levantamento da safra de cana-de-açúcar 2015. Disponível em: <http://conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_12_17_09_03_29_boletim_cana_portug ues_-_3o_lev_-_15-16.pdf>. Acesso em: 29/03/2016. LEE, S.S.; ROBINSON, F.M.; WONG, H.Y. Rapid determination of yeast viability. Biotechnology Bioengineering Symposium, n.11, 1981. STEINDL, R. J. Clarification of cane juice for fermentation. Proceedings of the South African Sugar Technologists' Association. Australia, v. 27, p. 1-10, 2010. Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436).