DISSERTACAO AMANDA final corrigida
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DISSERTACAO AMANDA final corrigida
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Ecofisiologia da Germinação de Sementes de Espécies Ombrófilas e Heliófilas da Floresta Tropical Atlântica Amanda Silva da Rosa Carvalho 2009 ii Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Ecofisiologia da Germinação de Sementes de Espécies Ombrófilas e Heliófilas da Floresta Tropical Atlântica Amanda Silva da Rosa Carvalho Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientador: Dr. Antônio Carlos Silva de Andrade Rio de Janeiro 2009 iii Ecofisiologia da Germinação de Sementes de Espécies Ombrófilas e Heliófilas da Floresta Tropical Atlântica Amanda Silva da Rosa Carvalho Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof. Dr. Antônio Carlos Silva de Andrade (Orientador) ____________________________________________________________ Profª. Drª. Alice Sato (UNIRIO) ________________________________________________________ Profª. Drª. Norma Albarello (UERJ) ____________________________________________________________ em ____/____/______. Rio de Janeiro 2009 iv C331e Carvalho, Amanda Silva da Rosa. Ecofisiologia da germinação de sementes de espécies ombrófilas e heliófilas da Floresta Tropical Atlântica / Amanda Silva da Rosa Carvalho. – Rio de Janeiro, 2009. x, 72f. : il. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2009. Orientador: Antônio Carlos Silva de Andrade. Bibliografia. 1. Germinação. 2. Semente. 3.Ecofisiologia. 4. Cecropiaceae. 5. Melastomataceae. 6. Begoniaceae. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 582.05 v A meus pais, Ricardo e Ligia, meus grandes mestres, por todo o amor, dedicação e amizade. vi AGRADECIMENTOS Este trabalho não teria sido possível sem a preciosa e fundamental colaboração de muitas pessoas. A todas elas, o meu Muito Obrigado! Ao meu orientador Antônio, por seus valiosos ensinamentos, seu apoio constante, sua boa vontade infinita (ou quase!) e sua amizade sincera. Sua orientação foi inigualável e fundamental para a realização deste trabalho. Ao Dr. José Fernando Baumgratz, por toda a sua gentileza e boa vontade na identificação de um número quase infinito de melastomatáceas (!) e à doutoranda Berenice Chiavegatto, pelas preciosas informações sobre o gênero Meriania. À Drª Eliane Jacques e seu aluno de graduação Arthur Couto, pela inestimável ajuda na identificação das begônias. Novamente ao Arthur, agradeço a ajuda no campo e as belas fotos. Ao Dr. Vidal Mansano, por ter me apresentado ao meu orientador. Onde eu estaria hoje, se não fosse esta idéia, há longínquos seis anos? Às amigas do Laboratório de Sementes, Alba Pereira (Drª Alba!) e Letícia Andrade, o meu agradecimento especial. Sem sua ajuda em incontáveis coletas, experimentos e análises, além de sua importantíssima amizade, este trabalho não teria sido finalizado. Aos antigos alunos e estagiários do Laboratório de Sementes, Bruno Lemos, Luciana Espíndola, Luiza Martins e Vanessa Azevedo, agradeço pelos momentos de companheirismo e descontração ao longo desses anos. Às técnicas do Laboratório de Sementes, Paula Cruz, pela amizade e bom humor, e Marina Fernandes, pela valiosa ajuda com compras e questões burocráticas. Aos funcionários Charles Rogers, Marli Barbosa e Nilza Urbano, agradeço o auxílio em várias pequenas tarefas do dia-a-dia no laboratório. Ao coletor de sementes Ricardo Matheus e o mateiro Fabiano da Silva, pela indispensável ajuda no campo. Ao motorista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Manuel, e o motorista da REDUC, Horácio, pelo auxílio durante as coletas. À Refinaria de Duque de Caxias – REDUC, pelo apoio financeiro e por permitir a realização de coletas em área de sua propriedade. Ao funcionário do Horto Florestal, Raul de Figueiredo Filho, por ser uma “ponte” tão eficiente entre o JBRJ e a REDUC. Aos docentes da ENBT, pelas disciplinas oferecidas com dedicação e qualidade, em especial à Drª Tânia Pereira, certamente responsável pelas melhores disciplinas da Escola! vii Agradeço ainda aos colegas da pós-graduação, com quem dividi momentos de descontração e trabalho árduo. Aos grandes amigos que encontrei na graduação, Acácia Reiche, Aquiles Mação Junior, Frederico Lopes, Jacqueline McAllan, Rommulo Barreiro e Tatiane Torgano, agradeço pelos incentivos em muitos momentos de angústia e pela compreensão nos aniversários e eventos em que eu estive ausente! Às amigas de infância, Mônica Ramos e Daniela Machado, pelas palavras de estímulo, pela amizade duradoura e incondicional e pela reconfortante compreensão que sempre me dedicaram! À minha mãe Ligia e meus irmãos Ricardo Filho e Henrique, por todo o carinho e apoio emocional, pelo incentivo fundamental para que eu seguisse sempre em frente, pelos fins de semana gastos comigo no laboratório. Ao meu pai, Ricardo, in memorian, pelos ensinamentos e por proporcionar a vida que temos hoje. Ainda que eu tivesse tudo, sem o apoio de vocês, eu não teria nada! Aos meus tios Regina, Marize, Felippe, Lucia, Gilberto, Luiz e Mira e primos Cecília, Fábio, Gabriel, Aline, Letícia e Bruna, por sua torcida, seu companheirismo e seu carinho. Em especial, agradeço à minha avó Yolanda, por seu carinho, suas fervorosas orações e sua sincera hospitalidade ao me receber como “hóspede”! Aos amigos do Grupo Espírita Auta de Souza, por compreenderem meu afastamento e por me ajudarem com suas preces e boas vibrações. E a Deus, por me conceder saúde para executar este trabalho, resistência para suportar as muitas dificuldades e perseverança para fazer sempre o melhor. viii RESUMO Os aspectos ecofisiológicos da germinação de sementes foram investigados para oito espécies florestais tropicais, típicas de ambientes de sub-bosque (Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa e Meriania glabra), borda (Clidemia biserrata e Ossaea confertiflora) e área aberta (Cecropia pachystachya e Miconia albicans). Os efeitos da temperatura foram avaliados para temperaturas constantes de 10 a 40°C (com intervalos de 5°C) e alternada de 30-20°C, sob fotoperíodo de 8 horas de luz (77,43 µmol·m-²·s-¹; razão V:VE de 6,11). Os efeitos do fotoperíodo, razão entre os comprimentos de onda vermelho e vermelho-extremo (V:VE) e intensidade de luz foram estudados. As sementes foram expostas à luz diariamente durante 0, 5, 15, 30, 60, 120, 240, 360 e 480 minutos. A qualidade e intensidade da luz foram avaliadas utilizando filtros plásticos que reduzem a razão V:VE e a densidade de fluxo de fótons (DFF) em diferentes proporções. Oito gradientes de razão V:VE foram testados, reproduzindo altas e baixas razões V:VE encontradas normalmente no sub-dossel, clareiras e áreas abertas. Uma combinação de tratamentos de diferentes filtros foi utilizada para testar se a germinação pode ser estimulada independentemente da intensidade de luz, quando a razão V:VE foi suficientemente alta ou baixa. Todos os experimentos de luz foram realizados na temperatura ótima para cada espécie. Os resultados mostraram que, em todas as espécies, não foi observada dormência primária e a germinação ocorreu preferencialmente entre 25 e 30°C e em 30-20°C, estando ausente no escuro em qualquer das temperaturas testadas, exceto para C. pachystachya. As sementes de todas as espécies exigem longos períodos de luz para iniciar a germinação, a exceção de M. albicans. Apesar do aumento da razão V:VE resultar no aumento da porcentagem final de germinação em temperaturas constantes, as espécies diferiram nos valores de razão V:VE para 50% da máxima germinação (V:VE 50% G max). As espécies de sub-bosque obtiveram as menores V:VE 50% G max (0,14-0,19), enquanto as espécies de área aberta e borda apresentaram valores mais altos (0,31-0,44), exceto M. albicans (0,15). C. pachystachya (espécie com as maiores sementes) apresentou uma resposta de geminação positiva para a alternância de temperatura. Na maior parte dos casos, a germinação não foi influenciada pela DFF, independente da razão V:VE testada, sugerindo que a qualidade de luz é o fator mais importante para a germinação das sementes. É possível concluir que espécies de sub-bosque e área aberta apresentam estratégias distintas para a germinação de sementes na luz, em resposta às variações ambientais em florestas. Essas diferenças podem ajudar a explicar a co-existência destas espécies. Palavras-chave: Begoniaceae, Cecropiaceae, fitocromo, fotoperíodo, intensidade de luz, Melastomataceae, razão v:ve, temperatura. ix ABSTRACT Ecophysiological aspects of seed germination were investigated in eight neotropical forest species typically of understory (Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa and Meriania glabra), edge (Clidemia biserrata and Ossaea confertiflora) and open area (Cecropia pachystachya and Miconia albicans) environments. The effects of temperature were analyzed by isothermic incubations in the range of 10 to 40°C (5°C intervals) and alternating temperature of 30-20°C under photoperiod of 8 hours of white light (77.43 µmol·m-²·s-¹; r:fr 6.11). The effects of photoperiod, ratio of red:far-red irradiance (r:fr) and light intensity were investigated. The seeds were exposed daily to light during 0, 5 min, 15 min, 30 min, 60 min, 120 min, 240 min, 360 min and 480 min. Light quality (r:fr) and intensity were investigated by using plastic filters that reduced the r:fr and photon flux density (PFD) in different magnitudes. Eight gradients of red:far red ratio were tested reproducing high and low ratios commonly found in understory, forest gaps and open areas. A combination of filter treatments was also used to test whether germination would be stimulated regardless of irradiance if the r:fr was sufficiently high or low. All light treatments were performed at the best temperature for each species. The results showed that in all species, no primary dormancy was revealed, and germination occurred mainly between constant 25ºC and 30ºC and at 30-20°C, and did not occur at any temperature under darkness, except for C. pachystachya. Seeds of all species need long periods of light to start germination, except M. albicans. Although increasing the r:fr resulted in a higher final germination percentage at a constant temperature, the species differed in the r:fr at 50% of maximum germination (r:fr 50% G max). Understory species had the lowest r:fr 50% G max (0.14-0.19) while the light-demanding species possessed higher values (0.31–0.44), except M. albicans (0.15). C. pachystachya (the largest-seeded species) showed a positive germination response to alternating temperature. In almost cases, germination was not correlated with PFD, independent of the light quality (r:fr) tested, which suggests that light quality is the most important light signal for seed germination. In conclusion, understory and light-demanding species show different light strategies for seed germination in response to the environmental variation in forest environments, and these differences may help explain the coexistence of these species. Key-words: Begoniaceae, Cecropiaceae, phytocrome, photoperiod, light intensity, Melastomataceae, r:fr ratio, temperature. x SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................viii ABSTRACT...........................................................................................................................ix 1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................................1 2 – REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................2 3 – OBJETIVOS....................................................................................................................11 4 – MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................12 4.1 – Áreas de Estudo................................................................................................12 4.2 – Espécies Estudadas...........................................................................................13 4.3 – Caracterização Microclimática.........................................................................22 4.4 – Coleta, Beneficiamento, Armazenamento e Caracterização Física..........................................................................................................................22 4.5 – Testes de Germinação.......................................................................................23 4.6 – Temperatura para a Germinação.......................................................................24 4.7 – Efeito da Alternância de Temperatura na Germinação no Escuro...................24 4.8 – Luz na Germinação...........................................................................................25 4.8.1 – Fotoperíodo Necessário à Máxima Germinação................................25 4.8.2 – Efeito da Qualidade de Luz (Razão V:VE) na Germinação.............25 4.8.3 – Efeito da Intensidade de Luz na Germinação...................................26 4.9 – Análise Matemática e Estatística......................................................................27 5 – RESULTADOS..............................................................................................................28 6 – DISCUSSÃO..................................................................................................................44 7 – CONCLUSÕES..............................................................................................................58 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................59 ANEXO I..............................................................................................................................69 1 1 – INTRODUÇÃO A Floresta Tropical Atlântica abrange os remanescentes de uma ampla cobertura florestal, praticamente contínua, que se estende ao longo da costa leste da América do Sul, sendo caracterizada por sua alta diversidade de espécies e elevadas taxas de endemismo (Pessoa & Oliveira, 2006). Destaca-se o corpo florestal que reveste as serras e as planícies que margeiam a costa atlântica brasileira, denominada popularmente de Mata Atlântica, cuja cobertura remanescente restringe-se a aproximadamente 6% de sua área original, sendo que somente 1-2% tem chances efetivas de ser conservada (Lima & Guedes-Bruni, 1997). As áreas florestadas remanescentes da Mata Atlântica continuam sofrendo freqüentes ações predatórias, sobretudo no estado do Rio de Janeiro (Tanizaki-Fonseca & Moulton, 2000). Estas ações de degradação sempre tiveram íntima relação com a própria história de formação e desenvolvimento do País, especialmente pela expansão das atividades econômicas dos últimos dois séculos (Vieira et al., 1997). Identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies do mundo, a Floresta Atlântica contém espécies arbóreas que compõem o patrimônio ecológico do País, desempenhando múltiplas funções neste importante ecossistema. Entretanto, sua cobertura vegetal é constituída, em sua maioria, por remanescentes de florestas secundárias em diferentes estágios de regeneração (Fundação S.O.S. Mata Atlântica, 2002). Somente nas últimas décadas, efetivos esforços começaram a ser empreendidos para preservar os remanescentes florestais e restaurar as áreas impactadas. Esses esforços buscam diminuir a pressão exercida pelas áreas de entorno sobre os fragmentos de Mata Atlântica, sendo por isso indispensáveis estudos ecofisiológicos que expliquem o funcionamento dos mecanismos de controle dos processos de estabelecimento, sucessão e regeneração. 2 De acordo com Barbosa (2000a, b), apesar da implementação de diversos programas e de propostas de recuperação florestal de áreas degradadas, tanto por parte de órgãos governamentais como pela iniciativa privada, é possível verificar que muitos projetos de reflorestamento heterogêneos, utilizando espécies nativas, não apresentaram o sucesso desejado. Isto ocorre devido à falta de conhecimento sobre a biologia das espécies utilizadas, a falta de critérios técnicos, fundamentados em investigações científicas, relacionados ao conhecimento da dinâmica de florestas tropicais, a ecofisiologia de espécies pertencentes a diferentes grupos ecológicos e a produção de mudas. Diante do conhecido estágio de degradação da Floresta Tropical Atlântica no Brasil e em especial no estado do Rio de Janeiro, uma forte justificativa para o desenvolvimento de estudos referentes à ecofisiologia de germinação de sementes tem relação com os processos de regeneração que ocorrem em florestas tropicais úmidas no mundo: quase toda a regeneração de árvores nestes ambientes ocorre a partir de sementes (Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1996a). O estudo dos fatores que promovem, previnem ou controlam a germinação de sementes em diferentes ambientes encontrados em florestas tropicais, é fundamental para a compreensão de como e por que uma dada espécie ocorre ou não ocorre, em determinados locais na floresta. 2 – REVISÃO DE LITERATURA Apesar da grande heterogeneidade de fatores ambientais existentes nas florestas tropicais (Ceccon et al., 2006), a luz é considerada como o fator abiótico mais importante para os mecanismos de regeneração e crescimento de florestas tropicais, diante de sua importância tanto para a germinação de sementes como para o crescimento de plântulas e plantas jovens (Wirth et al., 2001; Montgomery & Chazdon, 2002). Os valores de 3 intensidade (irradiância) de luz encontrados em florestas tropicais são bastante heterogêneos e as espécies geralmente estão adaptadas a responder de “forma ótima”, aos ambientes com diferentes níveis de luz, no interior das florestas (Chazdon et al., 1996). O significado biológico das respostas de sementes e plântulas a diferentes intensidades de luz apresenta estreita relação com os processos de formação de clareiras, hipótese inicialmente desenvolvida para ajudar a explicar a alta diversidade de espécies em florestas tropicais. Este processo de formação e “preenchimento” posterior das clareiras é considerado o mecanismo determinante da composição, estrutura e dinâmica de uma comunidade florestal, já que dá a ela a conformação de um mosaico de diferentes estágios ou ciclos de crescimento e proporciona grande heterogeneidade ambiental, interferindo diretamente na vida dos organismos (Whitmore, 1989). As diferenças mais marcantes entre ambientes sombreados, no interior de florestas e as clareiras, estariam relacionadas ao significativo aumento na duração e na intensidade de luz solar que alcança o estrato inferior destes dois ambientes. Além da intensidade de luz, o micro-clima das clareiras é geralmente diferenciado por menores valores de umidade relativa do ar e temperaturas mais altas que em locais adjacentes, no sub-dossel (Chadzon et al, 1996; Everham III et al., 1996; Takaki, 2004; Ceccon et al., 2006). Tais características podem influenciar, positiva ou negativamente, a germinação de sementes e o estabelecimento de plântulas da maioria das espécies florestais, de acordo com o microambiente onde cada espécie se estabelece preferencialmente. As espécies arbóreas de florestas tropicais podem ser classificadas, em função de suas exigências e estratégias de regeneração, em dois grupos ecológicos funcionais distintos: espécies pouco tolerantes ao sombreamento ou “pioneiras” e espécies tolerantes ao sombreamento ou “clímax” (Swaine & Whitmore, 1988). O grupo das espécies pioneiras, cujas plântulas não são encontradas sob dossel fechado, surge após a formação 4 de clareiras em florestas tropicais, exigindo níveis elevados de radiação solar, cuja composição espectral é mais rica no comprimento de onda do vermelho que do comprimento de onda do vermelho-extremo (maior razão vermelho/vermelho-extremo), para o estabelecimento e crescimento de suas plântulas. Muitas destas espécies apresentam baixos níveis de germinação sob dossel fechado (Kennedy & Swaine, 1992). As espécies classificadas como “climáxicas” podem germinar, sobreviver e se desenvolver sob dossel fechado, sob quantidades reduzidas de radiação solar. Entre elas, algumas apresentam altas taxas de sobrevivência na sombra, com crescimento nulo ou muito baixo, por longo tempo, até que haja um aumento na disponibilidade de luz pela abertura no dossel da floresta (Whitmore, 1990; Brown & Whitmore, 1992). Apesar da classificação ecológica das espécies em apenas dois grupos resultar em elevado grau de simplificação, demonstrando-se insuficiente para descrever toda a diversidade de respostas biológicas existentes (Whitmore, 1996), a mesma mostra-se útil, devido a simplicidade e relevância dos critérios usados, facilitando predições em processos florestais e possibilitando a geração de modelos genéricos para florestas tropicais (Swaine & Whitmore, 1988). Todavia, estes dois grupos seriam os extremos de um “continuum”, dentre as espécies arbóreas de florestas tropicais úmidas (Denslow, 1980, 1987; Clark & Clark, 1992). Dados sobre a ecologia de sementes e plântulas de espécies que não se enquadram nas categorias “pioneiras” e “clímax” são escassos. Habitualmente, essas categorias têm sido usadas apenas para árvores emergentes ou componentes do dossel e, conseqüentemente, não contemplam a diversidade de plantas que compõem uma floresta tropical. Além disso, espécies de subdossel de porte herbáceo e arbustivo têm presença marcante em florestas tropicais e, no entanto, raramente têm sido estudadas (Ellison, 1993). 5 Verifica-se ainda, que as características utilizadas na distinção entre os dois grupos ecológicos precisam ser testadas experimentalmente, diante dos poucos estudos realizados sobre o assunto, especialmente para as espécies nativas. Além disso, foram encontradas divergências em alguns estudos, onde as respostas esperadas não corresponderam às típicas características de distinção entre os grupos ecológicos (revisão sobre o tema em VázquezYanes & Orozco-Segovia, 1993). A germinação de sementes e o estabelecimento de plântulas são freqüentemente limitados pelas condições micro-ambientais desfavoráveis (Fenner & Thompson, 2005). O requerimento para germinação das sementes é espécie-específico (Schütz, 1998), sendo que o sucesso germinativo e o estabelecimento das plântulas dependem da habilidade das sementes em evitar períodos e locais onde os riscos de mortalidade sejam comparativamente elevados ou de minimizar os estresses ambientais. Esta estratégia de “evitação” depende da capacidade das sementes de “sentir e reagir” apropriadamente aos sinais ambientais, que reduzem a probabilidade de encontrar condições inadequadas ao crescimento após a germinação (Kitajima & Fenner, 2000; Vandvik & Vange, 2003). Diversos estudos demonstraram que sementes de muitas espécies são capazes de identificar condições satisfatórias para o recrutamento de plântulas em micro-ambientes favoráveis e com baixa competição (Baskin & Baskin, 2001; Grime, 2001; Pearson et al., 2002). As diferentes respostas ecológicas entre as espécies podem indicar possíveis adaptações aos ambientes que colonizam (Van Assche et al., 2002). Considerando a importância do dossel na germinação de sementes florestais, duas propriedades fisiológicas distintas têm sido sugeridas como mecanismos efetivos para detectar a presença de uma densa cobertura vegetal e evitar o início da germinação em condições desfavoráveis: (1) respostas de germinação a flutuações diárias de temperatura e (2) inibição da germinação pela luz transmitida pelas folhas do dossel (Fenner & 6 Thompson, 2005). A presença do dossel reduz a amplitude térmica do solo, prevenindo a germinação de espécies cujas sementes exigem flutuações de temperatura para a quebra de sua dormência. Além disso, a presença do dossel também reduz a irradiância e produz alterações espectrais na luz ambiente, devido à intensa absorção da luz pela clorofila na faixa fotossintética do espectro (400-700 nm) (Smith, 1994; Pons, 2000). O estudo da ecofisiologia da germinação de sementes permite compreender os mecanismos que regulam a superação da dormência, a germinação e o estabelecimento das plantas sob condições naturais. Este aspecto da biologia vegetal é de grande interesse para o estudo de todas as espécies e particularmente para aquelas que se estabelecem apenas em ambientes restritos, em função de exigências específicas (Vázques-Yanes & OrozcoSegovia, 1996b). Baskin & Baskin (2001) comentam que a temperatura, a luz e a disponibilidade de água são os fatores ambientais mais comuns que regulam a germinação das sementes, sendo estes os três fatores abióticos responsáveis pela criação de ambientes restritos. Considerando a germinação como o resultado de uma série de reações bioquímicas, observa-se a existência de uma marcante influência da temperatura sobre este processo. Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na qual o processo se realiza mais rápida e eficientemente, variável entre as diferentes espécies. A temperatura pode regular a germinação por três maneiras: determinando a porcentagem e a velocidade de germinação; removendo a dormência primária ou secundária, quando presentes; e induzindo a dormência secundária. Em virtude disso, a temperatura apresenta grande influência nesta etapa, promovendo a absorção de água pela semente e as reações químicas que regulam o metabolismo envolvido no processo de germinação (Probert, 2000). 7 Segundo Marcos Filho (2005), pode ser considerada como ótima a temperatura ou intervalo de temperaturas no qual a mais alta porcentagem seja obtida, dentro do menor espaço de tempo. Seriam consideradas ainda a mínima e a máxima, respectivamente, como a mais baixa e a mais alta temperatura em que a germinação ocorre. Assim, os limites extremos de temperatura de germinação fornecem informações de interesse biológico e ecológico, sendo que sementes de diferentes espécies apresentam diferentes faixas de temperatura para germinação (Labouriau, 1983). A luz é outro fator ambiental que influencia a manutenção-superação da dormência de sementes de muitas espécies (Pons, 2000). Sob condições naturais, gradientes na intensidade e composição espectral de luz ocorrem em sítios naturais de germinação, em função de fatores como: horário do dia, latitude e principalmente pelo grau de cobertura vegetal. Esta variação permite às sementes, a partir de pigmentos fotorreceptores, identificarem a sua posição no solo e sua localização no ambiente (sob a copa de árvores ou em ambiente aberto). Todo mecanismo fisiológico regulado pela luz requer a atuação de um pigmento receptor, que traduza os sinais luminosos em sinais bioquímicos, capaz de desencadear os processos fisiológicos responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento (Casal et al., 1998). No processo de germinação, o pigmento fotorreceptor é o fitocromo, uma cromoproteína capaz de absorver a luz nas regiões do vermelho ao vermelho-extremo, que apresentam comprimentos de onda entre 675-685 nm e 725-735 nm, respectivamente (Smith, 2000). O modelo simplificado de ação do fitocromo, proposto há mais de 50 anos por S. Hendricks, H. Borthwick e colegas, mostra que o mesmo existe sob duas formas fotoconversíveis, Fv e Fve. Fv é biologicamente inativa e após a absorção de fótons no 8 comprimento de onda do vermelho, é convertida a Fve, a sua forma ativa. O Fve é novamente convertido à forma Fv por fótons no comprimento de onda do vermelhoextremo. Esta propriedade do fitocromo é chamada fotorreversibilidade e envolve várias formas intermediárias, em ambas as direções. O estabelecimento de um equilíbrio entre Fv e Fve pode levar vários minutos, mesmo nos níveis de irradiância da equivalentes à luz solar (Casal & Sánchez, 1998; Smith, 2000). A ativação do fitocromo pode ocorrer a partir de três respostas distintas, de acordo com a faixa característica de fluência onde ocorrem. Respostas de Fluência Muito Baixa (RFMB) podem ser iniciadas por fluências de 0,0001 µmol·m-², saturam entre 0,05 e 0,1 µmol·m-² e não são fotorreversíveis. Respostas de Fluência Baixa (RFB) são iniciadas por fluências a partir de 1,0 µmol·m-² e saturam quando a fluência atinge 1000 µmol·m-². Essas respostas são reversíveis pelos comprimentos de onda V e VE. Respostas de Irradiância Alta (RIA) são produzidas pela exposição prolongada ou contínua à luz de irradiância relativamente alta. Essas respostas saturam em fluências pelo menos 100 vezes mais altas do que RFB, não são fotorreversíveis e não podem ser induzidas por exposição à luz fraca contínua ou à luz de curta duração (Taiz & Zeiger, 2004). Estudos realizados com espécies-modelo demonstraram a existência de cinco diferentes tipos de fitocromo: fiA, fiB, fiC, fiD e fiE. O fiA é instável em sua forma ativa (Fve A) e a expressão do gene que o codifica é inibida pela luz, sendo sintetizado quando as sementes são embebidas no escuro. Esse fitocromo é responsável por RFMB e RIA e sua atuação é capaz de induzir a germinação de sementes no escuro. O fiB é responsável por RFB, sendo consideravelmente mais estável na forma Fve do que fiA. Este fitocromo, sintetizado durante o desenvolvimento da semente, identifica as mudanças na razão V:VE, decorrentes de filtração da luz realizada pelo dossel, pela serapilheira ou pelo enterramento no solo, controlando a germinação de sementes. Os demais fitocromos (fiC, fiD e fiE) 9 ainda não tiveram suas funções claramente determinadas, estando aparentemente envolvidos, também, na detecção das mudanças na razão V:VE (Casal et al., 1998; Takaki, 2001; Pérez-Garcia et al., 2007). O fotoblastismo das sementes é o processo desencadeador da germinação em resposta às condições luminosas. As sementes podem ser classificadas em três grandes grupos, com relação a sua resposta de germinação ao estímulo luminoso: fotoblásticas positivas, que não germinam no escuro e são produzidas principalmente por plantas heliófilas (as quais requerem luz solar intensa para crescer); fotoblásticas negativas, cuja germinação é inibida pela luz e; indiferentes à luz, produzidas principalmente por árvores de sub-bosque e plantas de sombra (Orozco-Segovia & Vázquez-Yanes, 1992). Tendo em vista os diferentes tipos de fitocromo e suas respostas de ativação identificadas, Takaki (2001) considerou insuficiente a classificação das sementes em relação à luz, proposta por Orozco-Segovia & Vázquez-Yanes (1992). Foi proposta, então, uma nova classificação: as sementes fotoblásticas positivas são aquelas que possuem fiB controlando a germinação, através de RFB; as fotoblásticas negativas são as que possuem fiA controlando a germinação, através de RIA, e quando o nível de Fve pré-existente é suficientemente alto, possuem fiB controlando a germinação no escuro através de RFB e; as insensíveis à luz são aquelas que possuem fiA controlando a germinação através de RFMB. A função ecofisiológica do fitocromo é determinante para o processo de germinação, sob condições naturais: tanto a intensidade (duração da exposição e densidade de fluxo de fótons) como a qualidade da luz (especialmente a razão entre os comprimentos de onda do vermelho:vermelho-extremo) são sinais ambientais que indicam às sementes fotossensíveis condições potencialmente adequadas ao estabelecimento e sobrevivência de 10 suas plântulas (Pons, 2000). Essas variações naturais são causadas pela heterogeneidade da cobertura foliar do dossel, quantidade e disposição da serapilheira na superfície do solo e enterramento das sementes no solo. (Vázquez-Yanes et al., 1990; Orozco-Segovia et al., 1993). Em relação à qualidade de luz, a razão V:VE da luz incidente é uma indicação do grau de sombreamento ao qual estão expostas, sendo este um importante fator que determina o sucesso do estabelecimento da planta (Orozco-Segovia et al., 1993). A luz direta do sol apresenta valores de razão V:VE entre 1,1 e 1,3. Todavia, abaixo do dossel das florestas tropicais, esta proporção diminui para menos que 0,2, devido a absorção preferencial da luz vermelha pela clorofila das folhas verdes. Com isso, a luz neste ambiente é rica no comprimento de onda do vermelho-extremo e pobre em vermelho, inibindo a germinação de muitas sementes fotossensíveis (Vázquez-Yanes et al., 1990; Smith, 2000; Daws et al., 2002). Diversos estudos demonstraram que a razão V:VE necessária para estimular a germinação é espécie-específica (Vázquez-Yanes et al., 1990; Daws et al., 2002; Pearson et al., 2003) e, para muitas espécies pioneiras neotropicais, a condição de luz necessária à germinação das sementes combina com o hábito preferencial das plantas adultas (Jankowska-Blaszczuk & Daws, 2007). A qualidade da luz incidente sobre a planta-mãe, durante o desenvolvimento e a maturação dos frutos, pode modular as exigências subseqüentes deste fator, durante o processo de germinação das sementes. A clorofila presente nas folhas das árvores, que compõem o dossel de florestas tropicais, é capaz de reduzir a intensidade e a razão V:VE da luz (Casal & Sánchez, 1998). Em sementes amadurecendo nessas condições, onde o comprimento de onda VE é mais abundante que o V, a maior parte do fitocromo existente 11 nas sementes será mantida na forma inativa Fv, exigindo, assim, uma posterior exposição destas sementes à luz para que a germinação ocorra (Gutterman, 2000; Orozco-Segovia et al., 2000). Uma reduzida intensidade de luz durante o amadurecimento da semente pode influenciar também o tamanho ou a qualidade das sementes, afetando as respostas de germinação (Van Hinsberg, 1998). Tais informações nos remetem às espécies ombrófilas, que completam seu ciclo de vida sob o dossel das florestas. Em geral, espécies que produzem sementes pequenas (baixos níveis de reservas armazenadas) requerem luz para germinação, enquanto que a maioria das espécies que produzem sementes grandes não apresenta tal exigência (Smith, 2000). Este requerimento garante que elas só germinem em condições em que possam fazer fotossíntese e compensar a falta de reservas. Entretanto, estudos sobre as respostas de germinação de espécies ombrófilas, especialmente em relação a qualidade e intensidade de luz são escassos e fundamentais para promover a melhor compreensão sobre a dinâmica da regeneração em florestas tropicais úmidas (Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1994; Pearson et al., 2003). 3 – OBJETIVOS Face ao exposto, este trabalho teve como objetivo investigar as estratégias ecofisiológicas utilizadas por sementes de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas da Mata Atlântica, que ocupam áreas com microclimas distintos, na germinação sob diferentes condições de temperatura e luz, em experimentos de laboratório. Para tal, foram escolhidas oito espécies de três famílias distintas: quatro espécies de subdossel, Begonia bidentata e Begonia dentatiloba (Begoniaceae), Leandra reversa e Meriania glabra (Melastomataceae); duas espécies de borda, Clidemia biserrata e Ossaea confertiflora (Melastomataceae); e 12 duas espécies de área aberta, Cecropia pachystachya (Cecropiaceae) e Miconia albicans (Melastomataceae). Analisando e comparando as espécies quanto às respostas germinativas, sob condições distintas de temperatura (constante e alternada) e de luz (fotoperíodo, qualidade e intensidade), buscou-se responder as seguintes perguntas: (i) Os requerimentos de temperatura são distintos entre as espécies/grupos ecológicos? (ii) Existem diferenças entre espécies/grupos ecológicos quanto ao tempo mínimo de exposição à luz necessário para a germinação máxima? (iii) Existem diferenças entre espécies/grupos ecológicos quanto à capacidade de germinação sob baixa razão V:VE? (iv) As respostas de germinação para os valores de razão V:VE são afetadas pela intensidade de luz? 4 – MATERIAL E MÉTODOS 4.1 – Área de Estudo A Barragem de Saracuruna é um represamento administrado pela PETROBRAS e que abastece a Refinaria Duque de Caxias – REDUC, localizada no distrito de Xerém, município de Duque de Caxias (22°47'S e 43°18'O), estado do Rio de Janeiro (Figura 1). Esta barragem é contígua à Reserva Biológica do Tinguá, onde a vegetação do tipo ombrófila densa ocupa as encostas de declive acentuado das Serras dos Marcondes e do Tinguá, constituindo importantes fragmentos de Mata Atlântica. 13 Seu clima é definido como tropical úmido, com temperaturas variando entre 15,7 e 27,7°C em média. A precipitação pluviométrica na área da Barragem é intensa, sobretudo nos meses de dezembro e fevereiro. O relevo é acidentado, com escarpas sulcadas por rios torrenciais. Apesar do excelente estado de preservação da vegetação associada à Barragem de Saracuruna, há regiões fortemente modificadas pela ação antrópica, principalmente devido à caça e extração de palmito, sendo possível encontrar formações vegetais impactadas e áreas campestres (IBAMA, 2008). Figura 1. Barragem de Saracuruna, Duque de Caxias, RJ. Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 4.2 – Espécies Estudadas Foram selecionadas oito espécies de três famílias, de ocorrência na Barragem de Saracuruna: 1- Begonia bidentata Raddi B. bidentata pertence à família Begoniaceae, é encontrada no sub-bosque e está representada por indivíduos herbáceos com até 0,80 m de altura (Figura 2). Seus frutos 14 secos são cápsulas loculicidas, com grande quantidade de sementes pequenas (Duarte, 1961). Ocorre em áreas sombreadas de floresta ombrófila, onde o solo é permanentemente saturado de umidade (Brade, 1961) e é encontrada quase exclusivamente nas regiões de serra do estado do Rio de Janeiro (Duarte, 1961). b a 1 mm c Figura 2. Indivíduo de B. bidentata com frutos (a); frutos maduros (b); semente (c). Fontes: Arthur Vinícius dos Santos Couto; Amanda Silva da Rosa Carvalho. 2- Begonia dentatiloba A.DC. B. dentatiloba pertence à família Begoniaceae e, a semelhança de B. bidentata, é encontrada no sub-bosque e está representada por indivíduos herbáceos com cerca de 1 m de altura (Figura 3). Apresenta frutos secos, do tipo cápsula loculicida, com grande quantidade de sementes pequenas e oblongas (Jacques, 1996). Esta espécie ocorre em áreas de meia- 15 sombra e sombra no interior da mata (Brade, 1961) e sua distribuição é restrita ao estado do Rio de Janeiro, sendo por isso enquadrada por Jacques (1996) na categoria de rara. a b 1 mm c d Figura 3. Indivíduo de B. dentatiloba com flores (a); frutos imaturos (b); galho com frutos maduros (c); semente germinada (d). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 3- Leandra reversa (DC.) Cogn. L. reversa pertence à família Melastomataceae e é encontrada no sub-bosque de florestas, ocorrendo desde locais mais abertos e parcialmente sombreados, ao longo de trilhas e bordas, até locais mais densamente sombreados (Figura 4). A espécie é composta por arbustos a subarbustos com 0,5 a 3 m de altura, apresentam frutos bacídios roxonigrescentes ou nigrescentes quando maduros, com sementes obtriangulares, oblongoovadas ou ovadas e nunca aladas. A espécie ocorre no Brasil nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Baumgratz et al., 2006). 16 1 mm a b Figura 4. Indivíduo de L. reversa com frutos maduros (a); semente (b). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 4- Meriania glabra (DC.) Caracterizada por arboretas e árvores com altura entre 1,5 a 10 m, M. glabra pertencente à família Melastomataceae e é naturalmente encontrada no sub-dossel de florestas bem conservadas, em áreas de intenso sombreamento (Figura 5). Seus frutos secos são velatídios, com numerosas sementes obtriangulares e de testa rugosa. Endêmica dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, esta espécie ocorre desde florestas submontanas a altomontanas, acima de 300 m de altitude, podendo ser classificada como ameaçada de extinção devido ao endemismo regional e ao baixo número de indivíduos por população (Chiavegatto & Baumgratz, 2008). 1 mm a b Figura 5. Galho de M. glabra com frutos maduros (a); semente germinada (b). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 17 5- Clidemia biserrata DC. C. biserrata pertence à família Melastomataceae, sendo composta por subarbustos a arbustos com 1 a 2 m de altura, encontrados em barrancos e morrotes abertos ou parcialmente sombreados (Figura 6). Seus frutos maduros são bacídios roxo-nigrescentes, muito apreciados por pássaros e mamíferos e suas sementes são obtriangulares a obovadas, com tegumento papiloso ou granulado e nunca aladas. No Brasil, pode ser encontrada nos estados de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo (Baumgratz et al., 2006). a b 1 mm c Figura 6. Área de declive, local de coleta de C. biserrata (a); indivíduo com frutos maduros (b); sementes germinadas (c). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 18 6- Ossaea confertiflora (DC.) Triana O. confertiflora pertence a família Melastomataceae e é caracterizada por subarbustos a arbustos com 0,8 a 1,5m de altura (Figura 7). Seus frutos maduros são bacídios polispérmicos, com grande quantidade de sementes obtriangulares, nunca aladas. A espécie é encontrada em ambientes relativamente expostos ao sol, ocorrendo do estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina, desde o nível do mar até 1.150m de altitude (Baumgratz et al., 2006). a 1 mm b c Figura 7. Indivíduo de O. confertiflora (a); galho com frutos verdes e maduro (b); sementes germinadas (c). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 19 7- Cecropia pachystachya Trec. C. pachystachya é uma espécie da família Cecropiaceae, formada por árvores de 4 a 7 m de altura, que apresentam comportamento pioneiro e rápido crescimento (Figura 8). Ocorre normalmente em matas ciliares, bordas de florestas e clareiras, raramente aparecendo no interior de florestas primárias densas. É encontrada em vários estados brasileiros das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. (Lorenzi, 2002). Sua copa pouco densa permite que seus frutos estejam constantemente expostos à luz solar direta. a b 1 mm c Figura 8. Área aberta, local de coleta de C. pachystachya (a); copa com frutos maduros (b); semente germinada (c). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 8- Miconia albicans (Sw.) c 20 M. albicans pertence à família Melastomataceae, sendo formada por arbustos com 1 a 4 m de altura (Figura 9). Seus frutos são bacídios roxo-nigrescentes quando imaturos e verde-jade quando maduros, colorações incomuns para estas fases de desenvolvimento, e suas sementes são obtriangulares. A espécie possui ampla distribuição, ocorrendo desde o sul do México e Antilhas até o Paraguai. No Brasil, é encontrada em vários estados, de todas as regiões do país (Baumgratz et al., 2006). Na região de estudo, esta espécie é encontrada apenas em áreas abertas, de forma que suas infrutescências terminais estão constantemente expostas à luz solar. 21 a b 1 mm c Figura 9. Área aberta, local de coleta de M.albicans (a); galho com frutos maduros (verdes) e imaturos (vinosos); semente (c). Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. 22 Tabela 1. Informações sobre a distribuição, forma de crescimento, frutificação (período, tipo de fruto) e massa de sementes para as espécies selecionadas. Espécie Distribuição no Brasil Forma de crescimento Período de frutificação (pico) Tipo de fruto Massa seca da semente (µg) Begonia bidentata Muito restrita Herbáceo Final do chuvoso Seco 5,5 Begonia dentatiloba Muito restrita Herbáceo Final do chuvoso Seco 5,1 Leandra reversa Restrita Arbustivo Chuvoso Carnoso 7,8 Meriania glabra Muito restrita Arbóreo Seco Seco 19,3 Clidemia biserrata Restrita Arbustivo Chuvoso Carnoso 22,0 Ossaea confertiflora Restrita Arbustivo Chuvoso Carnoso 19,0 Cecropia pachystachya Ampla Arbóreo Chuvoso Carnoso 674,8 Miconia albicans Ampla Arbustivo Chuvoso Carnoso 171,8 Espécies de subdossel Espécies de borda Espécies de área aberta 23 4.3 – Caracterização Microclimática Com o objetivo de caracterizar o microclima dos locais de ocorrência das espécies, foram realizadas medições de temperatura do solo, intensidade e qualidade de luz em um dia sem nuvens no céu, em março de 2008. A temperatura do solo foi determinada em profundidade de 2 cm, com a remoção parcial da serapilheira, utilizando dois termômetros de solo (Incotherm). A intensidade de luz (µmol·m-²·s-¹) e a razão entre os comprimentos de onda do vermelho e do vermelho-extremo (V:VE) foram medidas com auxílio dos sensores SKR 110 e SKP 215, respectivamente, acoplados ao SpectroSense2 SKL 904 (Skye instruments Inc., Reino Unido), e posicionados junto aos frutos das espécies estudadas. As medições foram realizadas nos períodos da manhã (9:30h), meio do dia (12:30h) e tarde (15:30h), no subdossel, em área de encosta com vertente a nordeste (borda) e em área aberta. Em cada local e para cada variável estudada, foram feitas três determinações com os resultados expressos em média e desvio padrão. Os valores de intensidade de luz também foram apresentados considerando as leituras de subdossel e da área de encosta (borda), como valores relativos da medição em área aberta. 4.4 – Coleta, Beneficiamento, Armazenamento e Caracterização Física Frutos maduros das espécies listadas na Tabela 1 foram coletados entre novembro de 2007 e novembro de 2008. O número de indivíduos utilizados como matriz variou entre as espécies (n = 1-12), de acordo com o tamanho da população encontrada e a localização microclimática dos indivíduos identificados. Os procedimentos de registro das coletas, limpeza e beneficiamento, secagem e armazenamento das sementes foram realizados no Laboratório de Sementes do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 24 Os frutos secos tiveram suas sementes extraídas manualmente, enquanto os frutos carnosos foram beneficiados com o auxílio de peneiras e água corrente. As sementes destes últimos foram transferidas, em seguida, para a sala de secagem (20ºC e 18%UR ar), onde permaneceram por tempos variados (2-4 dias de secagem). Posteriormente, as sementes foram armazenadas a 10ºC até a montagem dos experimentos. A massa seca das sementes de cada espécie foi determinada em balança analítica, através de três repetições de 400 sementes, mantidas em estufa a 60°C durante 48h. Em seguida, foi calculado o peso unitário das sementes de cada espécie, sendo os resultados expressos em média (Tabela 1). 4.5 – Testes de Germinação Para todos os experimentos foram utilizadas quatro repetições com 40 sementes, exceto para o experimento de intensidade de luz, no qual foram utilizadas oito repetições com 40 sementes. Em todos os casos, foram selecionadas apenas as sementes bemformadas e sem sinais de predação. Testes preliminares demonstraram que apenas as sementes claras de B. dentatiloba e as escuras de C. biserrata apresentavam alta viabilidade e por isto, estes dois tipos foram utilizados nos estudos subseqüentes. As sementes foram dispostas em placas de Petri (4 cm diâmetro), sobre duas folhas de papel filtro constantemente umedecidas com água destilada. Para os experimentos de qualidade e intensidade de luz, a posição das placas foi alterada diariamente, evitando possíveis efeitos locais causados pelas lâmpadas utilizadas e por suas posições. Para o experimento de temperatura, a quantidade de sementes germinadas foi avaliada diariamente, enquanto para os experimentos de luz a avaliação foi realizada ao final do experimento, após um período pré-estabelecido de tempo. Em todos os casos, 25 foram considerados como critérios de germinação a protrusão da raiz primária com geotropismo positivo (Labouriau, 1983). Todos os experimentos de luz foram conduzidos na temperatura constante “ótima”, previamente definida para cada espécie. 4.6 – Temperatura para a Germinação Para a determinação das condições ideais de temperatura de cada espécie, as sementes foram submetidas à germinação sob temperaturas constantes de 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40°C e alternada de 30-20°C (± 1oC), utilizando fotoperíodo de 8 horas. Quando os tratamentos deixaram de apresentar acréscimo de germinação por um período mínimo de dez dias, as respectivas placas de Petri dos tratamentos com germinação baixa ou nula foram transferidas para a temperatura ótima de cada espécie, visando avaliar a recuperação da germinação ou perda de viabilidade. Os experimentos foram conduzidos em câmaras de germinação do tipo B.O.D., sob intensidade de luz (densidade de fluxo de fótons) de 77,43 µmol·m-²·s-¹ e razão V:VE de 6,11, proporcionadas por quatro lâmpadas fluorescentes de 22W do tipo “luz do dia”. 4.7 – Efeito da Alternância de Temperatura na Germinação no Escuro Sementes das oito espécies foram submetidas às temperaturas constante de 25°C (exceto C. biserrata, 20°C) e alternada de 30-20°C, nas condições de escuro contínuo e fotoperíodo de 8 horas, para avaliar a influência da alternância da temperatura no estímulo a germinação de sementes mantidas sob ausência de luz. Para o tratamento fotoperíodo de 8 horas, a luz fornecida foi idêntica a apresentada no item 4.6. 26 4.8 – Luz na Germinação Para a realização dos experimentos de luz, foram levadas em consideração a ausência de informações sobre o tipo de fitocromo atuando no controle da germinação das sementes das espécies estudadas, e a necessidade de prévia embebição em ausência de luz para a síntese do fitocromo A (Smith, 2000). Em virtude disso, antes do início de todos os experimentos de fotoperíodo, qualidade de luz e intensidade de luz, as sementes foram submetidas ao processo de embebição no escuro por 48h, sob temperatura ótima (item 4.6). 4.8.1 – Fotoperíodo Necessário à Máxima Germinação Para testar o número de horas de luz por dia necessário para obter a máxima germinação, as sementes foram expostas aos fotoperíodos de 0, 5, 15, 30, 60, 120, 240, 360 e 480 minutos de luz diariamente, durante períodos entre 30 a 45 dias, dependendo da espécie. O experimento foi conduzido sob a mesma condição de luz apresentada no item 4.6. A montagem dos experimentos foi realizada sob luz verde de segurança com intensidade de 0,63 µmol·m-²·s-¹ e razão V:VE de 0,07. 4.8.2 – Efeito da Qualidade de Luz (Razão V:VE) na Germinação A razão entre os comprimentos de onda correspondentes ao vermelho (675-685nm) e vermelho-extremo (725-735nm) (razão V:VE), simulando diferentes níveis de sombreamento encontrados sob condições naturais, foi avaliada a partir do recobrimento de placas de Petri com filmes plásticos de poliéster (Filtros Lee nos 245, 730, 242, 122, 735, 139 e 327), submetidos à iluminação com duas lâmpadas fluorescentes de 22W e seis lâmpadas incandescentes de 15W, sob fotoperíodo de 8 horas. Para estas condições, foram obtidas as seguintes razões de V:VE, com respectivos valores de intensidade de luz entre 27 parênteses (µmol·m-²·s-¹): 1,18 (118,21); 0,92 (91,53); 0,65 (76,39); 0,34 (43,09); 0,22 (42,04); 0,14 (9,17); 0,07 (8,47); 0,04 (3,29) e 0,0. A mais alta razão V:VE utilizada neste estudo é próxima à da luz solar (1,19 V:VE; Bliss & Smith, 1985). A condição de escuro foi obtida com a colocação das placas de Petri em caixas plásticas pretas do tipo gerbox. As sementes foram semeadas sob luz verde de segurança, com intensidade de 4,1 µmol·m²·s-¹ e razão V:VE de 0,01. Medições de luz semanais, realizadas no decorrer de todos os experimentos, demonstraram que não houve variação nos valores de razão V:VE proporcionados pelas lâmpadas. Os valores de intensidade de luz e razão V:VE para cada filtro de luz foram medidos com auxílio dos sensores SKR 110 e SKP 215, respectivamente (Skye instruments Inc., Reino Unido). 4.8.3 – Efeito da Intensidade de Luz na Germinação A intensidade de luz para a máxima germinação foi testada envolvendo as placas de Petri em filmes plásticos de poliéster, de forma que uma mesma razão V:VE fosse proporcionada por duas diferentes intensidades de luz (Tabela 2). Para que estas medidas de intensidade de luz fossem alcançadas, as placas de Petri foram expostas à iluminação de duas lâmpadas fluorescentes de 22W e seis incandescentes de 15W, sob fotoperíodo de 8 horas. As sementes foram semeadas sob luz verde de segurança com intensidade de 0,63 µmol·m-²·s-¹ e razão V:VE de 0,07. Medições de luz semanais realizadas no decorrer de todos os experimentos, utilizando os sensores SKR 110 e SKP 215, respectivamente (Skye instruments Inc., Reino Unido), demonstraram a manutenção da intensidade de luz e da razão V:VE proporcionadas pelas lâmpadas ao longo de todo o experimento. 28 Tabela 2. Valores médios de razão V:VE e intensidade de luz proporcionados pelos diferentes filmes plásticos de poliéster, no decorrer de todos os experimentos. Filtro Lee (n°) Sem filtro 182 730 209 122 211 V:VE 0,88 0,50 0,16 Intensidade de luz (µmol·m-²·s-¹) 99,70 29,72 62,04 45,76 33,14 12,60 4.9 – Análise Matemática e Estatística A velocidade de germinação (v) foi calculada de acordo com a fórmula estabelecida por Labouriau & Valadares (1976): v = ni / (ni · ti) (equação 1) onde ni é o número de sementes germinadas dentro do intervalo de tempo ti, sendo os resultados expressos em dias -1. Na análise dos dados de germinabilidade, quando as pressuposições básicas de normalidade e homogeneidade das variâncias não foram atendidas, seus valores foram transformados para arco seno da raiz quadrada de x/100 (Zar, 1999). A normalidade foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e a homogeneidade das variâncias pelo teste de Bartlett (Santana & Ranal, 2004). A diferença entre as médias foi indicada pelo teste t ou pela análise de variância (ANOVA), com comparação entre médias pelo teste de Tukey. As análises estatísticas foram feitas com auxílio do programa Statistica 6.0. 29 A relação entre a porcentagem final de germinação (y) e a razão V:VE (x) foi analisada através de regressão logística sigmoidal, de acordo com Pearson et al. (2003), calculada pela função: y = a/{1 + exp – [(x – x0) b]} (equação 2) onde a é a máxima porcentagem de germinação, x0 é o valor estimado de razão V:VE no qual 50% da máxima germinação ocorre (V:VE ), e b é inclinação da resposta de 50% Gmáx germinação calculada. O coeficiente de regressão (R2) foi determinado, com o objetivo de avaliar a adequação da função sigmoidal aos dados obtidos e o nível de significância da análise de regressão de todas as espécies estudadas foi de 0,05. O valor de V:VE 50% Gmáx foi utilizado na comparação entre espécies. 5 – RESULTADOS Caracterização microclimática As medidas de intensidade de luz, razão V:VE e temperatura do solo realizadas em área sem cobertura da vegetação (área aberta), com sombreamento parcial promovido pelo relevo de uma área de encosta (borda) e no sub-bosque da floresta (subdossel) mostraram os mais altos valores para a condição de área aberta, independente do horário de medição (manhã, meio-dia ou tarde) (Tabela 3). Observou-se o aumento nos valores das três variáveis avaliadas na área de borda, no período da tarde, justificado pelo aumento da incidência solar com a mudança de posição do sol neste período (entre 15:30h). Comparando as três áreas estudadas, as menores variações de valores para as três variáveis medidas foram encontradas na área sombreada do subdossel, exceto para o aumento da razão V:VE no período da tarde. 30 Tabela 3. Média das medições de luz [densidade do fluxo de fótons (DFF - µmol m -² s-¹), densidade relativa do fluxo de fótons (DFF relativa), razão vermelho : vermelho extremo (V:VE)] e temperatura do solo (ºC), medidas nos locais de ocorrência das espécies. Valores entre parênteses representam o desvio padrão das médias apresentadas. Valores de porcentagem da área aberta representam a máxima intensidade de luz possível em cada período do dia; valores de porcentagem na borda e no subdossel da floresta representam a fração equivalente nesses ambientes, tomando como referência o valor máximo possível na área aberta, para cada período. DFF (µmol m-² s-¹) Hora 9:30 12:30 15:30 Área aberta Borda Subdossel 1103,1 56,8 5,2 (11,6) (2,9) (2,2) 1956,7 213,0 4,4 (3,0) (48,0) (0,2) 812,9 808,8 2,1 (15,4) (49,0) (0,1) DFF relativa V:VE Área aberta Borda Subdossel 100% 5,2% 0,5% 100% 10,9% 0,2% 100% 99,5% 0,3% Área aberta Tsolo (ºC) Borda Subdossel Área aberta Borda Subdossel 1,12 0,55 0,12 30,0 24,3 22,5 (0,01) (0,01) (0,01) (0,0) (0,4) (0,0) 1,15 0,83 0,12 39,4 27,0 24,1 (0,00) (0,23) (0,0) (0,2) (0,0) (0,1) 1,11 1,05 0,55 34,3 30,5 23,3 (0,00) (0,01) (0,02) (0,4) (0,5) (0,1) 31 Temperatura Foi possível verificar que, na temperatura de 30-20°C, apenas as sementes de M. glabra tiveram sua germinação inibida pela alternância de temperatura. As sementes de todas as demais espécies alcançaram, em 30-20ºC, porcentagem de germinação estatisticamente similar à apresentada na melhor temperatura constante. (Figura 10). No entanto, apenas as sementes de L. reversa, C. biserrata e C. pachystachya apresentaram valores superiores de velocidade de germinação para a temperatura alternada em comparação com as temperaturas constantes (Figura 11). Considerando as temperaturas constantes, a máxima porcentagem de germinação das sementes de B. dentatiloba, M. glabra, O. confertiflora e C. pachystachya ocorreu entre 20 e 25°C, enquanto a das sementes de L. reversa situou-se na faixa de temperaturas entre 25 e 30°C (Figura 10). As sementes de B. bidentata obtiveram a máxima porcentagem de germinação entre as temperaturas de 15 e 30°C, e as de M. albicans entre 20 e 35°C, sendo estas as mais amplas faixas de germinação encontradas para as espécies estudadas. Em contrapartida, C. biserrata apresentou a germinação mais restrita em temperaturas constantes, com redução significativa ou ausência de germinação em todas as temperaturas diferentes de 20°C. Verificou-se também que apenas C. pachystachya e M. albicans foram capazes de germinar a 35°C. Os maiores valores de velocidade de germinação foram obtidos para as sementes de B. bidentata, B. dentatiloba, M. glabra e O. confertiflora na temperatura de 25°C, e para as de M. albicans igualmente nas temperaturas de 25 e 30°C (Figura 11). Levando em consideração os resultados de porcentagem e velocidade de germinação, foi determinada a temperatura ótima para cada espécie, conforme exposto na Tabela 4. Foi possível constatar também, avaliando apenas as temperaturas ótimas de cada espécie, que o início da germinação de C. pachystachya foi o mais rápido dentre as espécies estudadas (cinco dias), seguido por C. biserrata e M. albicans (sete dias) e B. 32 bidentata (oito dias). Além de iniciarem rapidamente o processo germinativo após a embebição, as sementes de B. bidentata, C. pachystachya e M. albicans alcançaram a máxima germinação no menor tempo, entre 15 e 20 dias. Comportamento oposto foi observado para L. reversa, que apresentou o período mais longo até o início da germinação, aproximadamente 17 dias, e também o mais longo até o término da germinação, 40 dias (Tabela 4). Após a transferência para a temperatura ótima, as sementes de todas as espécies submetidas aos tratamentos de 10, 15, 25 e 30°C apresentaram elevada porcentagem de germinação. No entanto, o resultado foi distinto para a temperatura de 35°C, na qual apenas as sementes de C. pachystachya e C. biserrata foram capazes de germinar. C. pachystachya e M. albicans demonstraram, ainda, capacidade de recuperação após exposição a 40°C. As sementes de M. glabra expostas à temperatura alternada de 30-20°C apresentaram um pequeno aumento de sua porcentagem de germinação após a transferência para a temperatura constante ótima desta espécie (Tabela 5). 33 B. bidentata a a a 100 a a B. dentatiloba a ab Germinação (%) Germinação (%) 100 80 60 40 80 ab b 60 c 40 20 20 d 0 N.A. 10 N.A. 15 20 25 30 35 40 0 30-20 N.A. 10 15 20 Temperatura (°C) a 80 60 40 20 0 10 N.A. 15 20 25 30 35 40 60 40 20 N.A. N.A. 0 30-20 C. biserrata 10 15 20 25 30 35 40 30-20 a 100 O. confertiflora a a a Germinação (%) Germinação (%) cd bc d Temperatura (°C) a 80 60 40 80 60 40 b b 20 20 b b 0 30-20 M. glabra 80 Temperatura (°C) 100 40 ab c N.A. 35 a 100 a Germinação (%) Germinação (%) a b 30 Temperatura (°C) L. reversa 100 25 10 15 20 25 N.A. 30 35 Temperatura (°C) 40 30-20 0 N.A. 10 15 20 25 30 35 Temperatura (°C) 40 30-20 34 C. pachystachya a 80 M. albicans 80 a ab a Germinação (%) Germinação (%) 100 b b 60 c 40 60 ab ab ab 30 35 ab c 40 20 20 0 N.A. 10 15 20 25 30 35 40 0 30-20 N.A. 10 15 20 Temperatura (°C) 25 40 30-20 Temperatura (°C) Figura 10. Germinação de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, Ossaea confertiflora, Cecropia pachystachya e Miconia albicans nas temperaturas de 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 30-20°C. Tratamentos com a mesma letra minúscula não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). N.A. – tratamento nãoavaliado. B. bidentata 0,12 0,06 0,04 -1 c IVG (d ) 0,06 c -1 IVG (d ) b 0,08 d c 0,04 0,03 d e 0,01 N.A. 10 N.A. 15 20 25 30 35 40 0,00 30-20 N.A. 10 15 20 Temperatura (°C) 0,05 a 40 30-20 M. glabra 0,05 -1 IVG (d ) -1 35 a 0,06 b c c 0,02 30 0,07 L. reversa 0,03 25 Temperatura (°C) 0,04 IVG (d ) c 0,05 0,02 0,02 0,00 b 0,07 0,10 B. dentatiloba a 0,08 a d b c 0,04 c 0,03 d 0,02 0,01 0,01 0,00 N.A. N.A. 10 15 20 25 30 35 Temperatura (°C) 40 30-20 0,00 N.A. 10 N.A. 15 20 25 30 35 Temperatura (°C) 40 30-20 35 C. biserrata 0,08 a c b 0,05 0,04 IVG (d ) b 0,04 0,03 d -1 -1 b 0,05 0,06 IVG (d ) O. confertiflora 0,06 a 0,07 c 0,03 e 0,02 0,02 0,01 0,01 0,00 N.A. 10 15 20 25 30 35 40 0,00 30-20 N.A. 10 15 20 C. pachystachya 0,12 0,14 a b 40 30-20 M. albicans a 0,10 0,08 -1 IVG (d ) -1 IVG (d ) 35 a 0,12 0,10 c 0,06 cd 0,04 b b 0,08 b 0,06 0,04 d d 0,02 0,00 30 Temperatura (°C) Temperatura (°C) 0,14 25 c 0,02 N.A. 10 15 20 25 30 35 40 0,00 30-20 Temperatura (°C) N.A. 10 15 20 25 30 35 40 30-20 Temperatura (°C) Figura 11. Velocidade de germinação de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, Ossaea confertiflora, Cecropia pachystachya e Miconia albicans nas temperaturas de 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 30-20°C. Tratamentos com a mesma letra minúscula não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). N.A. – tratamento não-avaliado. Tabela 4. Temperatura ótima de germinação, considerando as variáveis porcentagem e velocidade de germinação, e tempo aproximado de germinação na temperatura ótima (dia inicial – término da germinação). Espécie Temperatura ótima (°C) Tempo de germinação (dias) B. bidentata 25 8 – 20 B. dentatiloba 25 10 – 35 L. reversa 30-20 17 – 45 M. glabra 25 11 – 35 30-20 7 – 35 O. confertiflora 25 12 – 30 C. pachystachya 30-20 5 – 15 M. albicans 25, 30 7 – 20 C. biserrata 36 37 Tabela 5. Valores médios de porcentagem de germinação (± desvio padrão) de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, O. confertiflora, Cecropia pachystachya e M. albicans e após a termo-recuperação sob temperaturas ótima para cada espécie. N.A. – tratamento não-avaliado; T.D. – termo-recuperação desnecessária. Espécie B. bidentata B. dentatiloba Temperatura (°C) 10 15 20 25 30 35 40 30-20 N.A. T.D. T.D. T.D. T.D. 0 N.A. T.D. 81,5 81,0 (6,75) (5,18) T.D. T.D. T.D. 0 N.A. T.D. T.D. T.D. T.D. 0 N.A. T.D. T.D. T.D. 0 N.A. L. reversa N.A. M. glabra N.A. C. biserrata O. confertiflora 97,5 (2,5) 87,5 (6,45) 79,5 83,5 (9,75) (9,78) 86,0 90,0 (4,87) (1,77) C. pachystachya N.A. M. albicans N.A. 92,5 (3,95) 43,13 (10,08) T.D. 86,25 (6,29) 81,5 85,5 89,17 (3,79) (5,42) (12,60) T.D. T.D. T.D. T.D. T.D. T.D. 79,38 (17,84) N.A. T.D. 0 N.A. T.D. 92,0 92,5 75,0 (6,47) (3,95) (7,29) T.D. T.D. 76,5 (6,27) 38,13 (6,57) T.D. T.D. 38 Temperatura constante e alternada no escuro e na luz Independente do regime de temperatura testado, as sementes de todas as espécies somente foram capazes de germinar na presença de luz. Exceção foi encontrada apenas em C. pachystachya, que foi capaz de germinar no escuro quando mantidas na temperatura alternada de 30-20°C, ainda que em porcentagem muito inferior àquela apresentada no tratamento de luz (Figura 12). ESCURO 20 Germinação (%) 15 10 5 0 100 LUZ 80 60 40 20 0 Bb Bd Lr Mg Cb Oc Cp Ma Bb Bd Lr Mg Cb Oc Cp Ma Temperatura constante Temperatura alternada Tratamentos Figura 12. Germinação de sementes de Begonia bidentata (Bb), Begonia dentatiloba (Bd), Leandra reversa (Lr), Meriania glabra (Mg), Clidemia biserrata (Cb), Ossaea confertiflora (Oc), Cecropia pachystachya (Cp) e Miconia albicans (Ma), sob temperatura constante e alternada, em regime de luz (8h diárias) e escuro constante. Resultados expressos em média (± desvio padrão) da porcentagem final de germinação. 39 Fotoperíodo Corroborando os resultados obtidos nos experimentos anteriores, foi possível verificar que não houve germinação em ausência de luz (Figura 13). Excetuando M. albicans, todas as espécies necessitaram de longos períodos de exposição diária à luz para alcançar a mais alta porcentagem de germinação, ainda que tenham havido diferenças entre as espécies quanto à sensibilidade a alguns tratamentos. Sementes de B. bidentata e B. dentatiloba apresentaram elevada porcentagem de germinação entre 240 e 480 minutos de exposição à luz, com redução significativa de germinação para os fotoperíodos inferiores. As demais espécies apresentaram germinação máxima apenas sob o fotoperíodo de 480 minutos, sendo este tratamento significativamente superior aos demais períodos de luz testados. M. albicans foi a espécie cujas sementes apresentaram a menor exigência de exposição diária à luz para a germinação. Suas sementes apresentaram alta germinação entre os fotoperíodos de 480 e 60 minutos, diminuindo progressivamente a porcentagem de germinação até o fotoperíodo de 5 minutos (Figura 13). 40 a a 100 a 80 80 60 60 40 a a a 40 20 b b 0 0 b 20 B. bidentata 120 240 360 a 80 0 60 40 40 0 120 240 360 a 60 40 d c cd d b b d 0 120 120 240 a 360 360 480 b a c d 0 480 80 240 80 20 C. biserrata 60 480 M. glabra 100 60 d 0 360 c 40 0 240 b 0 480 80 20 120 20 L. reversa 0 B. dentatiloba 80 b c b 100 60 20 c bc 0 480 100 Germinação (%) 100 0 O. confertiflora 120 240 360 480 ab ab abc abc 80 a 60 40 c b 20 d 0 0 120 C. pachystachya 240 360 480 a 60 40 bc 20 cd de e 0 0 M. albicans 120 240 360 480 Fotoperíodo (min) Figura 13. Germinação de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, Ossaea confertiflora, Cecropia pachystachya e Miconia albicans, sob fotoperíodos de 0 (escuro contínuo), 5, 15, 30, 60, 120, 240, 360 e 480 minutos. Médias (± desvio padrão) seguidas de mesma letra não apresentam diferenças significativas entre si (P<0,05). 41 Qualidade de luz Os experimentos de qualidade de luz mostraram que todas as espécies têm sua germinação influenciada pela razão V:VE. A germinação foi nula sob ausência de luz em todas as espécies estudadas, exceto para C. pachystachya, quando submetida à temperatura alternada de 30-20°C. A função sigmoidal utilizada promoveu ajustes adequados para os dados observados, com coeficientes de regressão (R2) variando entre 0,958 e 0,998 (Tabela 6). Independente da espécie, a redução da razão V:VE resultou na redução da porcentagem final de germinação. Entretanto, foi possível observar diferenças entre as espécies quanto a capacidade de germinar em baixos valores de razão V:VE. O coeficiente x0, que estima o valor da razão V:VE correspondente a 50% da máxima germinação (V:VE 50% G máx ), mostrou-se um parâmetro eficiente na comparação relativa entre as espécies. Os valores de V:VE 50% G máx foram muito maiores para C. pachystachya, O. confertiflora e C. biserrata (0,436; 0,368 e 0,309, respectivamente) do que para B. bidentata, B. dentatiloba, L. reversa, M. glabra e M. albicans (0,185; 0,140; 0,169; 0,148 e 0,153, respectivamente) (Figura 14; Tabela 6). As sementes de C. pachystachya apresentaram diferenças na capacidade de germinação sob baixos valores de razão V:VE, quando testadas sob temperatura constante e alternada. Na temperatura constante de 25°C, o valor de V:VE 50% G máx foi consideravelmente maior (0,436) do que na temperatura alternada de 30-20°C (0,245), indicando que a temperatura alternada promoveu a germinação em baixas razões V:VE, quando comparada à temperatura constante (Figura 14). 42 100 Germinação (%) Germinação (%) 80 60 40 20 B. bidentata 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 80 60 40 20 B. dentatiloba 0 1,2 0,0 0,2 0,4 100 100 80 80 60 40 20 L. reversa 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,0 0,8 1,0 1,2 40 20 M. glabra 0 1,2 0,0 0,2 0,4 0,6 1,2 V:VE 80 80 Germinação (%) Germinação (%) 0,8 60 V:VE 60 40 20 C. biserrata 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 60 40 20 O. confertiflora 0 1,2 0,0 V:VE 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 V:VE 80 Germinação (%) 100 Germinação (%) 0,6 V:VE Germinação (%) Germinação (%) V:VE 80 60 40 60 40 20 20 C. pachystachya 0 0,0 0,2 0,4 0,6 V:VE 0,8 1,0 1,2 M. albicans 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 V:VE Figura 14. Germinação de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, Ossaea confertiflora, Cecropia pachystachya e Miconia albicans, submetidas a diferentes razões V:VE. Valores médios (± desvio padrão) foram ajustados através de regressão sigmoidal logística (linha). Em C. pachystachya, círculos fechados representam a temperatura constante e círculos abertos representam a temperatura alternada. 43 Tabela 6. Valores estimados dos coeficientes de regressão sigmoidal para a relação entre a porcentagem final de germinação e a razão V:VE, calculados pela equação 2, com o respectivo coeficiente de regressão (R2). Espécie a b V:VE 50% G máx R2 Begonia bidentata 57,97 74,69 0,185 0,968 Begonia dentatiloba 83,75 33,90 0,140 0,989 Leandra reversa 93,89 59,44 0,169 0,998 Meriania glabra 87,50 36,12 0,148 0,995 Clidemia biserrata 48,60 23,23 0,309 0,958 Ossaea confertiflora 55,77 12,14 0,368 0,987 Temperatura constante 75,49 10,39 0,436 0,990 Temperatura alternada 67,08 13,95 0,245 0,992 57,50 48,54 0,153 0,975 Cecropia pachystachya Miconia albicans Intensidade de luz Os experimentos de intensidade de luz mostraram que, em razões V:VE intermediárias, que variaram entre 0,46 e 0,50, a porcentagem de germinação não foi significativamente afetada pelas intensidades de luz testadas, para nenhuma das espécies estudadas (Figura 15). Quando submetidas à maior razão V:VE (0,87 – 0,90), apenas as sementes das espécies B. bidentata e M. glabra apresentaram porcentagem de germinação significativamente superior nos tratamentos de intensidade de luz mais elevada. De maneira semelhante, quando a razão V:VE variou entre 0,15 e 0,16, apenas as sementes de 44 L. reversa e O. confertiflora, apresentaram diferenças significativas entre os dois tratamentos, com maior porcentagem de germinação sob a maior intensidade de luz. Comportamento distinto foi observado para C. pachystachya e C. biserrata. Quando submetidas às razões V:VE de 0,87 e 0,88 respectivamente, suas sementes apresentaram maior porcentagem de germinação na menor intensidade de luz. 45 B. bidentata n.s. 60 n.s. * 40 100 Germinação (%) Germinação (%) 80 20 60 40 20 Razão V:VE 0 38 0,87 56 78 0,49 n.s. 100 Germinação (%) 120 14 41 0,15 n.s. -2 60 40 100 * 20 Razão V:VE 95 0,85 45 56 0,48 Germinação (%) 12 31 0,15 * n.s. 60 40 n.s. n.s. 100 28 93 0,90 43 55 0,49 11 31 0,16 O. confertiflora n.s. n.s. 80 60 40 * 20 0 28 93 0,88 44 55 0,50 12 31 0,16 -2 Razão V:VE Germinação (%) * 80 n.s. 60 40 -1 DFF (umol m s ) C. pachystachya 100 Germinação (%) -1 Razão V:VE 0 Razão V:VE M. glabra n.s. 40 -2 20 -1 31 0,15 60 DFF (umol m s ) C. biserrata 80 -2 12 0 29 100 DFF (umol m s ) 56 0,46 20 Germinação (%) -1 42 80 0 -2 DFF (umol m s ) 93 0,86 * * 28 Razão V:VE L. reversa 80 -1 DFF (umol m s ) Germinação (%) -1 B. dentatiloba n.s. 80 0 -2 DFF (umol m s ) n.s. n.s. 28 90 0,86 43 54 0,48 11 30 0,15 M. albicans 80 n.s. 60 n.s. n.s. 40 20 20 n.s. 0 -2 -1 DFF (umol m s ) Razão V:VE 0 38 0,87 131 57 0,47 71 15 0,15 40 -2 -1 DFF (umol m s ) Razão V:VE 34 0,87 121 52 0,47 66 14 36 0,15 Figura 15. Germinação de sementes de Begonia bidentata, Begonia dentatiloba, Leandra reversa, Meriania glabra, Clidemia biserrata, Ossaea confertiflora, Cecropia pachystachya, e Miconia albicans, submetidas a diferentes intensidades de luz e razões V:VE. Valores expressos em média (± desvio padrão). (n.s.) – diferença não-significativa; (*) – diferença significativa. 46 6 – DISCUSSÃO As variações na intensidade e qualidade de luz e nas temperaturas do solo encontradas neste estudo são semelhantes às observadas por Vázquez-Yanes & OrozcoSegovia (1982) e por Orozco-Segovia et al. (1993), na comparação entre diferentes pontos ao longo de uma clareira, na floresta tropical da Estação Biológica Tropical de Los Tuxtlas, no México. O decréscimo de temperaturas do solo ocorre dos pontos sem cobertura vegetal (áreas abertas ou centro da clareira) até o interior sombreado do subbosque. Este decréscimo é acompanhado pela redução na intensidade de luz e da razão V:VE, fato que também ocorreu nas medições realizadas neste estudo. Estudos realizados na floresta tropical da Ilha Barro Colorado, no Panamá demonstraram que, em áreas de sub-bosque, a temperatura do solo a uma profundidade de 1 cm variou cerca de 1°C ao longo do dia, mantendo-se quase estável a 25°C. Em contrapartida, em uma clareira grande, a variação da temperatura foi de 10°C regularmente, podendo ocasionalmente alcançar 20°C e proporcionar temperaturas de até 45°C na superfície do solo (Daws et al., 2002). Trabalhando nesta mesma região, Pearson et al. (2002) encontraram flutuações de temperatura na superfície do solo de, aproximadamente, 4°C no sub-bosque e 15°C em grandes clareiras, ao longo do dia. Os resultados destes trabalhos são semelhantes às medições realizadas nos locais de ocorrência das espécies deste estudo, nos quais a temperatura do solo a 2 cm de profundidade variou cerca de 10°C em área aberta, 6°C na borda e 2°C no subdossel. Os valores médios de razão V:VE medidos neste estudo em áreas sem cobertura da vegetação foram muito próximos aos encontrados por Lee (1987), realizando medições instantâneas (V:VE = 1,15) no centro de seis clareiras da Estação Biológica e Reserva La Selva, na Costa Rica. De forma semelhante, Daws et al. (2002) realizaram medições de razão V:VE na floresta tropical da Ilha Barro Colorado, Panamá, em quatro áreas distintas, 47 sendo: sub-bosque (0,23), clareira pequena (0,45), clareira grande (0,95) e área aberta (1,10). Em comparação com os valores obtidos por estes autores, as medições de razão V:VE realizadas em Saracuruna na área de borda são semelhantes às encontradas em uma categoria intermediária entre clareiras pequenas e grandes. Os valores de razão V:VE medidos na área de subdossel de Saracuruna, nos períodos da manhã e ao meio-dia (0,12), foram bastante inferiores aos obtidos por Daws et al. (2002) na área de sub-bosque, demonstrando tratar-se de uma região com densa vegetação e em excelente estado de conservação. Apenas os valores de razão V:VE medidos no subdossel no período da tarde foram mais elevados (0,55) podendo ser resultado do registro instantâneo de sunflecks (feixes de luz), cuja freqüência pode ter aumentado neste período em função da inclinação dos raios de sol. Vale lembrar que as medidas de luz foram tomadas na superfície do solo, onde o único filtro de luz atuando na redução de transmissão de luz é o das folhas na copa das árvores. A luz incidente sobre as sementes enterradas no solo sofre ainda a redução na transmissão de luz pela serapilheira presente na superfície e pela composição e estrutura do solo (Bliss & Smith, 1985; Vázquez-Yanes et al., 1990). Trabalhando na Estação Biológica Tropical de Los Tuxtlas, no México, Vázquez-Yanes et al., (1990) compararam a razão V:VE transmitida por uma cobertura de, aproximadamente, 2 mm de solo e pela serapilheira em duas estações do ano. Na estação seca, a razão V:VE transmitida pelo solo foi de 0,08 e pela serapilheira foi entre 0,10 e 0,16, enquanto na estação úmida o solo transmitiu 0,42 de razão V:VE e a serapilheira transmitiu entre 0,12 e 0,25. Apesar de estes valores serem baixos, algumas espécies mais tolerantes à diminuição da razão V:VE poderiam ser capazes de germinar. Desta forma, a relação entre as medições de campo na superfície do solo e a germinação sob valores de razão V:VE devem ser analisadas 48 considerando também a presença da semente no solo, e não apenas a sua posição na superfície. Considerando as fases de germinação e de estabelecimento de plântulas, a temperatura tem importância fundamental para a ecologia das populações. Para o início e desenvolvimento pleno do processo germinativo, as temperaturas do ambiente devem corresponder às temperaturas cardinais da semente, assegurando um desenvolvimento suficientemente rápido para as plantas jovens (Borges e Rena, 1993). Nas espécies com extensa distribuição e para aquelas adaptadas às grandes flutuações de temperatura em seu habitat, a faixa de temperatura para o início da germinação é bastante ampla. A taxa de germinação aumenta exponencialmente com o aumento da temperatura e verifica-se freqüentemente uma relação ecológica entre a velocidade de germinação e as condições climáticas (Larcher, 2006). As espécies apresentam comportamento variável em relação à temperatura, apesar da faixa de 20 a 30ºC ser adequada para a germinação de grande número de espécies tropicais (Baskin e Baskin, 2001; Marcos Filho, 2005). Quando expostas à luz, as sementes das oito espécies não apresentaram dormência primária, sendo a maioria delas capaz de germinar em ampla faixa de temperaturas constantes, principalmente entre 15 e 30ºC. As espécies que apresentaram germinação na maior amplitude de temperaturas foram C. pachystachya e M. albicans, as duas espécies heliófilas deste estudo. Essa tolerância a altas temperaturas foi descrita para outras espécies encontradas caracteristicamente em áreas abertas: Miconia theaezans teve sua faixa de temperatura ótima situada entre 27,5 e 30°C (Godoi & Takaki, 2007), Muntingia calabura demonstrou máxima porcentagem e velocidade de germinação sob temperatura de 35°C (Leite & Takaki, 2001) e Tibouchina benthamiana, T. grandifolia e T. moricandiana apresentaram maior velocidade de germinação em 30°C (Andrade, 1995). Estudo realizado anteriormente para M. albicans 49 (Carreira & Zaidan, 2007), obteve redução significativa na porcentagem de germinação na temperatura de 35°C, em comparação com as temperaturas de 20, 25, 30 e 30-20°C, no entanto, tal redução não foi obtida neste estudo. Bewley e Black (1994) afirmaram que a alternância de temperaturas favorece a superação da dormência em sementes, principalmente aquelas com tegumento impermeável. Ainda que neste estudo nenhuma espécie tenha exigido alternância de temperatura para o desenvolvimento dos processos de germinação, as espécies C. pachystachya, C. biserrata e L. reversa apresentaram aumento de sua velocidade de germinação na temperatura alternada, demonstrando que, apesar de não ser essencial para a germinação, a alternância de temperatura acelera o processo germinativo. Durante a exposição prolongada a baixas temperaturas, a germinação das espécies deste estudo foi fortemente inibida ou retardada, concordando com Hendricks & Taylorson (1976), que afirmam que baixas temperaturas são capazes de reduzir as taxas metabólicas das sementes, até um limite a partir do qual a germinação não é mais possível. Apesar disso, todas as espécies demonstraram capacidade de termo-recuperação de sua germinação, o que permite afirmar que não houve perda da viabilidade das sementes. Tal resultado foi observado também por Andrade (1995) ao avaliar a termo-recuperação de sementes de Tibouchina benthamiana, T. grandifolia e T. moricandiana após exposição à temperatura de 15°C. Segundo Nascimento et al. (2001), altas temperaturas podem promover também a termo-inibição ou termo-dormência em sementes de diferentes espécies, provavelmente pela inibição da produção e/ou ação do etileno. Quando as sementes deste estudo foram transferidas para a temperatura ótima, após exposição a temperaturas elevadas, verificou-se a ausência de germinação para a maioria das espécies, a exceção da espécie de borda C. biserrata e das de área aberta C. pachystachya e M. albicans. Este comportamento é 50 condizente com as medições realizadas nas áreas de ocorrência destas espécies, sobretudo a área aberta, onde a temperatura do solo é freqüentemente superior a 35°C. Nestas condições, as sementes destas espécies permaneceriam viáveis no banco de sementes do solo mesmo quando expostas a temperaturas elevadas, iniciando seu processo de germinação ao dispor de condições ambientais mais amenas. Apesar de ser encontrada normalmente em bordas de floresta, a espécie O. confertiflora não demonstrou capacidade de termo-recuperação após exposição de suas sementes à temperatura de 35°C. Este comportamento foi distinto das demais espécies de áreas abertas desse estudo, no entanto foi observado por Andrade (1995) para sementes de espécies pioneiras da família Melastomataceae, Tibouchina grandifolia, T. benthamina e T. moricandiana. Nenhuma das espécies ombrófilas estudadas demonstrou capacidade de germinação após exposição a temperaturas elevadas. Tal fato pode estar relacionado às condições mais amenas as quais estas espécies são submetidas durante seu ciclo de vida, em ambientes sombreados. De acordo com Vidaver & Hsiao (1975), altas temperaturas podem produzir dormência térmica ou perda de viabilidade das sementes, o que permite supor que este tenha sido o efeito induzido pela temperatura de 35ºC às sementes das espécies de subdossel. Sementes pequenas de muitas espécies florestais apresentam exigência de luz para que ocorra a germinação (Baskin & Baskin, 2001). Este estudo confirma essa exigência, uma vez que, considerando as temperaturas testadas, as sementes das oito espécies não foram capazes de germinar no escuro, independente do ambiente onde são habitualmente encontradas, sendo classificadas, portanto, como fotoblásticas positivas. Orozco-Segovia & Vázquez-Yanes (1992) estabeleceram que as sementes fotoblásticas positivas são produzidas principalmente por plantas heliófilas, ao passo que as plantas ombrófilas 51 produzem, principalmente, sementes indiferentes à luz. Os resultados do presente estudo discordam desta classificação, uma vez que, dentre as espécies estudadas, quatro são ombrófilas e produziram sementes fotoblásticas positivas. Dentre as classificações para a distinção das espécies tropicais quanto aos grupos ecológicos e sua tolerância ao sombreamento, a maior parte preconiza a idéia de que as espécies intolerantes à sombra (heliófilas) produzem sementes em abundância, de tamanho pequeno e fotossensíveis, ao passo que espécies tolerantes a sombra (ombrófilas) produzem sementes grandes e pesadas, com grande quantidade de tecidos de reserva e insensíveis à luz durante o processo de germinação (Denslow, 1980; Swaine & Whitmore, 1988; Kennedy & Swaine, 1992; Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1993). Entretanto, estudos mais recentes revelaram espécies que produzem sementes muito pequenas (<1000µg massa seca), capazes de se estabelecer sob intensa sombra (< 2-5% intensidade de luz), e em muitos casos, completar seu ciclo de vida nesta condição (Grubb, 1998; Metcalfe et al., 1998). Os resultados do presente estudo, corroborando Metcalfe et al. (1998) e Smith (2000), confirmam que a principal relação entre a exigência de luz e a germinação de espécies tropicais baseia-se no tamanho (ou massa) de suas sementes, independente de seu grupo ecológico. Com os baixos níveis de reservas armazenadas em sementes pequenas, a exigência por luz garante que elas só germinem em condições em que possam fazer fotossíntese e compensar a falta de reservas. Apesar de a máxima germinação ter sido alcançada apenas na presença de luz, o resultado de C. pachystachya mostrou que flutuações de temperatura podem influenciar a germinação em ausência de luz, promovendo a quebra de dormência de muitas sementes e, em alguns casos, substituindo a luz neste requerimento (Totterdel & Roberts, 1980). A capacidade de germinar no escuro em alternância de temperatura não é inesperada, tendo 52 sido reportada anteriormente para a família Cecropiaceae. Válio & Scarpa (2001) demonstraram que a germinação de sementes de Cecropia pachystachya mantidas no escuro não ocorreu sob temperatura constante de 25°C. No entanto, houve germinação sob diferentes temperaturas alternadas, a semelhança do resultado obtido neste estudo. Resultados similares foram obtidos para sementes de Cecropia hololeuca (Válio & Scarpa, 2001; Godoi & Takaki, 2004) e Cecropia obtusifolia (Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1990). Os resultados obtidos mostraram que, de maneira geral, não houve distinção entre as exigências de espécies de diferentes ambientes quanto ao tempo diário de exposição à luz necessário para induzir a máxima germinação. As espécies de subdossel B. bidentata, B. dentatiloba, L. reversa e M. glabra, as de borda C. biserrata e O. confertiflora e a de área aberta C. pachystachya demonstraram grande sensibilidade à diminuição do fotoperíodo. Diversos trabalhos realizados com espécies pioneiras apresentaram resultados similares. Cecropia obtusifolia demonstrou redução acentuada ou ausência de germinação durante 120 minutos ou períodos inferiores (Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1990). De forma semelhante, as cactáceas Melocactus conoideus e Hylocereus setaceus, apresentaram inibição na germinação de suas sementes sob fotoperíodos inferiores a 540 e 120 minutos, respectivamente (Rebouças & Santos, 2007; Simão et al., 2007). Outras espécies apresentaram este comportamento, tais como Miconia theaezans, Muntingia calabura, Tibouchina granulosa e T. pulchra (Zaia & Takaki, 1998; Leite & Takaki, 2001; Godoi & Takaki, 2007). Todos estes resultados indicam que as sementes de espécies pioneiras necessitam de longos períodos diários de luz para germinar, fato que está de acordo com a distribuição destas em áreas abertas, clareiras ou bordas de floresta. Em virtude disso, é possível considerar que os resultados obtidos neste estudo para as espécies de borda e área aberta eram esperados. 53 No entanto, o comportamento observado para as espécies de subdossel no experimento de fotoperíodo foi inesperado. Considerando que em seu micro-ambiente de ocorrência a disponibilidade de luz é baixa, seria esperado que estas espécies fossem capazes de obter a máxima germinação sob períodos curtos de exposição diária à luz. No entanto, apesar destas terem demonstrado tolerância um pouco maior à diminuição do fotoperíodo em comparação com as espécies de área aberta e borda, sua germinação foi ainda bastante dependente de períodos relativamente longos de luz (240 minutos diários ou mais). É importante considerar que tais resultados foram obtidos sob intensidade de luz e razão V:VE relativamente diferentes daqueles observados no campo, ainda que sejam amplamente utilizados em experimentos de laboratório. Além disso, a ausência de outros trabalhos com espécies de subdossel impossibilita a comparação e dificulta o estabelecimento de um padrão ecofisiológico de germinação para as espécies ombrófilas. A espécie de área aberta M. albicans apresentou a menor exigência de exposição diária à luz, sendo capaz de germinar sob fotoperíodos muito baixos. Tal resultado é incomum para uma espécie encontrada exclusivamente em áreas abertas, no entanto já havia sido demonstrado anteriormente por Carreira & Zaidan (2007). Os resultados de qualidade de luz obtidos indicam que a germinação das sementes de todas as espécies estudadas foi controlada pela luz através de respostas de baixa fluência (RBF), indicando a atuação do fitocromo B. Resposta semelhante foi sugerida por Simão & Takaki (2008) para várias espécies da família Melastomataceae. Apesar das oito espécies serem igualmente classificadas como fotoblásticas positivas, foi possível observar uma clara distinção nas respostas de germinação entre as espécies de área aberta e de subdossel, em resposta à razão V:VE. O primeiro grupo teve sua germinação inibida pelas baixas razões V:VE, enquanto o segundo foi capaz de germinar em razões abaixo de 0,2. A única exceção encontrada foi para M. albicans, uma 54 espécie típica de áreas abertas, onde a razão V:VE normalmente é alta, mas que neste estudo, realizado em condições de laboratório, apresentou resposta semelhante à encontrada para espécies de subdossel, sendo capaz de germinar em baixa razão V:VE. Entre as espécies estudadas, apenas C. pachystachya, C. biserrata e O. confertiflora tiveram sua germinação inibida quando suas sementes foram submetidas a baixos valores de razão V:VE, resultado condizente com sua ocorrência em áreas abertas. Os resultados obtidos por Pearson et al. (2003) para V:VE 50% G máx de Cecropia insignis, C. obtusifolia e C. peltata (0,205; 0,237 e 0,265, respectivamente), realizados em temperatura constante de 30°C, foram similares aos resultados encontrados por este estudo para C. pachystachya (V:VE 50% G máx = 0,245) na temperatura alternada de 30-20°C. No entanto, em temperatura constante de 25°C, C. pachystachya demonstrou ser bem menos tolerante ao sombreamento, com valor de V:VE 50% G máx de 0,459. Estudos realizados com Cecropia obtusifolia, em temperatura constante de 25°C, demonstraram que suas sementes também tiveram a germinação fortemente inibida pela baixa razão V:VE, semelhante à luz difusa que atravessa o dossel de florestas tropicais (Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1990; Vázquez-Yanes et al., 1996). As espécies que ocorrem preferencialmente ou exclusivamente em clareiras e áreas abertas podem apresentar sementes com um eficiente mecanismo de detecção de qualidade e intensidade de luz pelo fitocromo, capaz de mantêlas dormentes sob baixa razão V:VE. A sua germinação será estimulada quando houver o aumento da razão V:VE, como conseqüência de aberturas no dossel ou de mudanças na disposição da serapilheira (Vázquez-Yanes et al., 1996; Pons, 2000). Todas as demais espécies estudadas foram capazes de germinar sob baixa razão V:VE, inclusive M. albicans, encontrada exclusivamente sob intensa insolação. O resultado de V:VE 50% G máx obtido para M. albicans, ainda que incomum para as espécies colonizadoras de áreas abertas, foi observado anteriormente por outros autores para outras 55 espécies do grupo das pioneiras. Sementes de Miconia argentea, outra espécie pioneira típica de florestas tropicais, apresentaram V:VE 50% G máx de 0,117 (Pearson et al. 2003), equivalente a uma razão V:VE ainda mais baixa do que a observada para M. albicans (V:VE 50% G máx = 0,153). Em dois outros estudos (Daws et al., 2002 e Vázquez-Yanes & Orozco-Segovia, 1990), realizados com cinco espécies de Piperaceae, todas de áreas ensolaradas, verificaram-se comportamentos distintos quanto a influência da razão V:VE sobre a germinação de suas sementes. Enquanto Piper dilatatum, P. hispidum, P. marginatum e P. umbellatum apresentaram o comportamento típico de espécies pioneiras, cujas sementes germinam apenas sob altas razões V:VE, P. peltatum demonstrou grande tolerância às baixas razões V:VE. No caso de M. albicans, é possível que a incomum coloração dos frutos desta espécie possa ter influenciado seu comportamento germinativo. Os frutos imaturos nos quais as sementes se desenvolvem apresentam coloração escura, que pode ser capaz de filtrar a luz solar incidente, diminuindo a razão V:VE. Amadurecendo dentro destes frutos, as sementes podem estar expostas a condições similares às encontradas no interior da mata, onde o dossel proporciona nível semelhante de sombreamento. O efeito maternal (Gutterman, 2000; Orozco-Segovia et al., 2000) atuando sobre a maturação dos frutos, sob condição distinta das demais espécies de áreas abertas, pode ter promovido uma maior tolerância à redução da razão V:VE nas sementes de M. albicans, em comparação com as demais espécies de área aberta. As outras quatro espécies estudadas, B. bidentata, B. dentatiloba, L. reversa e M. glabra, todas encontradas exclusivamente em áreas de sub-bosque intensamente sombreadas, apresentaram o mesmo comportamento, sendo capazes de germinar, em experimentos de laboratório, sob baixa razão V:VE. Apesar da revisão bibliográfica 56 realizada, não foram encontrados outros trabalhos que tratem da influência da razão V:VE sobre a germinação de sementes de espécies de subdossel. Além da influência individual da razão V:VE, a germinação de sementes de C. pachystachya foi consideravelmente afetada, também, pelos dois regimes de temperatura testados, quando estas foram submetidas aos diferentes valores de razão V:VE. Em temperatura constante, as sementes foram capazes de germinar apenas sob intensa disponibilidade de luz, enquanto na temperatura alternada elas foram mais tolerantes à diminuição da razão V:VE. Resultados semelhantes foram encontrados por Pearson et al. (2003) para sementes de Solanum hayesii, uma espécie igualmente pioneira, encontrada em florestas tropicais. Quando submetidas a flutuações de temperatura em casa de vegetação, as sementes desta espécie apresentaram maior porcentagem de germinação, independente da razão V:VE, enquanto nos experimentos de laboratório, conduzidos em temperatura constante de 26°C, elas tiveram sua germinação inibida pela baixa razão V:VE. Esses resultados demonstram que, para algumas espécies, a alternância de temperatura pode induzir respostas bioquímicas nas sementes que substituem a atuação do fitocromo, promovendo o início do processo de germinação. Os resultados deste trabalho e de outros autores demonstraram que a diminuição da qualidade da luz promoveu a progressiva diminuição da germinação de sementes pequenas, apesar da clara distinção apresentada entre as espécies de subdossel e de área aberta quanto à capacidade de germinar em baixas razões V:VE. No entanto, é facilmente notável que, sob o dossel das florestas tropicais, a diminuição da razão V:VE é acompanhada pela diminuição da intensidade de luz, gerando dúvidas sobre a influência de cada um destes fatores sobre a germinação de sementes. Os resultados deste estudo demonstraram que, de maneira geral, a intensidade da luz exerceu pouca ou nenhuma influência sobre a germinação das sementes das oito 57 espécies. Comportamento semelhante foi observado por Pearson et al. (2003), onde a exposição de sementes de espécies pioneiras arbóreas (Cecropia insignis, C. peltata, C. obtusifolia e Miconia argentea) a duas intensidades de luz (2,2 e 24,2 µmol·m-²·s-¹) e à mesma razão V:VE (0,73), não produziu diferenças significativas entre os valores de germinação final. Na comparação entre os 24 tratamentos com diferentes intensidades de luz e mesma razão V:VE, testados para oito espécies heliófilas e ombrófilas, verificou-se que em apenas seis casos houve diferenças significativas. Os resultados encontrados para B. bidentata e M. glabra, comparando os dois tratamentos de razão V:VE mais elevada, e para L. reversa e O. confertiflora, comparando os tratamentos de razão V:VE mais baixa, foram considerados exceções. Nestes, a intensidade da luz demonstrou relativa influência sobre a germinação das sementes, somando-se ao efeito da razão V:VE. Os dois tratamentos de intensidade de luz submetidos à maior razão V:VE para as espécies C. pachystachya e C. biserrata foram os únicos que apresentaram resultados inesperados e conflitantes, tendo em vista que a máxima germinação foi alcançada no tratamento de menor intensidade de luz. Este resultado é incompatível com as áreas de ocorrência destas espécies, nas quais a incidência da luz solar é alta durante algumas horas por dia. O tratamento de maior intensidade de luz, denominado “sem filtro” (Tabela 2), simulou as condições encontradas naturalmente em áreas abertas, ao passo que o tratamento de menor intensidade de luz, utilizando o filtro 182, proporcionou uma condição de sombreamento mantendo a elevada razão V:VE. O filtro 182 foi o único de cor vermelha utilizado nos experimentos e, além de proporcionar a máxima germinação observada para as sementes de C. pachyatachya e C. biserrata, originou também alterações nas plântulas formadas. Sob a ação desse filtro, estas plântulas apresentaram hipocótilo consideravelmente mais alongado e raiz primária mais curta do que todas as demais 58 observadas em todos os outros tratamentos e experimentos realizados, ainda que o formato e a coloração dos cotilédones não tenham sofrido alterações (Figura 16). Considerando que no interior da floresta há maior proporção de luz VE, convertendo mais Fve em Fv (a forma inativa do fitocromo), Taiz & Zeiger (2004) esclareceram que quando plantas de sol são expostas a condições de sombreamento típicas do sub-dossel, sua proporção de Fve diminui e, em resposta, estas plantas alocam uma maior parte dos seus recursos para o crescimento em altura, alongando seu caule. Dessa forma, essas “plantas que evitam sombra” aumentam suas chances de crescer acima do dossel e adquirir uma maior porção de radiação fotossinteticamente ativa não-filtrada. É possível que, ao filtrar a luz incidente sobre o experimento, o filtro de cor vermelha tenha causado alterações na intensidade de luz, alterando também as respostas de germinação e crescimento de plântulas mediadas pelo fitocromo. Esta especulação é reforçada pelos resultados de M. albicans e O. confertiflora, duas espécies que, à semelhança de C. pachystachya e C. biserrata, são encontradas apenas em áreas abertas, clareiras e bordas de floresta. Ainda que para M. albicans e O. confertiflora não tenha havido diferença estatística entre os valores de germinação dos dois tratamentos de intensidade de luz expostos à maior razão V:VE, foi possível observar as mesmas características incomuns em suas plântulas (Figura 16). É importante notar que este efeito causado pelo filtro vermelho nas espécies de área aberta e de borda não foi observado para nenhuma das espécies de subdossel estudadas. Plantas ombrófilas mostram pouca ou nenhuma alteração de sua taxa de alongamento do caule, na medida em que são expostas a maiores valores de intensidade de luz e razão V:VE. Assim, parece haver uma relação sistemática entre o crescimento controlado pelo fitocromo e o hábitat da espécie (Taiz & Zeiger, 2004). 59 A1 B1 A2 B2 a C1 b C2 c Figura 16. (a) Plântulas de C. pachystachya: (A1) filtro 182, (A2) sem filtro; (b) Plântulas de M. albicans: (B1) sem filtro, (B2) filtro 182; (c) Plântulas de C. biserrata: (C1) sem filtro, (C2) filtro 182. Fonte: Amanda Silva da Rosa Carvalho. Em florestas tropicais, é consideravelmente alto o número de espécies de subbosque capazes de completar todo o seu ciclo de vida, sob intenso sombreamento. No presente estudo, foi possível distinguir as respostas de germinação entre espécies de área aberta e de subdossel, com sementes pequenas, especialmente em relação à qualidade de luz: apenas as sementes de espécies ombrófilas são capazes de germinar sob baixa razão V:VE, condição típica de ambientes sombreados do sub-bosque de florestas fechadas. No entanto, são escassos os estudos sobre a ecofisiologia de germinação destas espécies, principalmente para aquelas de ambientes neotropicais. Por esses motivos, novos estudos com sementes de espécies ombrófilas são necessários, envolvendo fatores que não foram 60 analisados no presente trabalho e que também podem controlar a germinação, tais como disponibilidade hídrica do substrato, efeito de substâncias alelopáticas, longevidade das sementes no solo, etc. Tais iniciativas permitirão o estabelecimento de padrões ecofisiológicos de germinação para estas espécies, a semelhança do que já existe para espécies heliófilas. 7 – CONCLUSÕES (i) As faixas de temperatura para a germinação variam entre as espécies/grupos ecológicos, sendo mais amplas para as espécies de área aberta; (ii) Independente da temperatura testada, as sementes das espécies estudadas não são capazes de germinar no escuro, exceto C. pachystachya, sob temperatura alternada; (iii) Não existem diferenças entre espécies/grupos ecológicos quanto ao tempo mínimo de exposição à luz necessário à germinação máxima, a exceção de M. albicans. (iv) As espécies de subdossel são capazes de germinar sob razões V:VE inferiores as exigidas pelas demais espécies. (v) Sob mesmos valores de razão V:VE, a germinação não é afetada pela intensidade de luz, para a maior parte das espécies. 61 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andrade, A.C.S. 1995. Efeito da luz e da temperatura na germinação de Leandra breviflora Cogn., Tibouchina benthamiana Cogn., Tibouchina grandifolia Cogn. e Tibouchina moricandiana (DC.) Baill. (Melastomataceae). Revista Brasileira de Sementes, 17(1): 29-35. Barbosa, L.M. 2000a. Considerações Gerais e Modelos de Recuperação de Formações Ciliares. In: Rodrigues, R.R. & Leitão-Filho, H.F. (Eds). Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo, EDUSP/FAPESP. Pp. 289-312. ______. 2000b. Princípios de Recuperação Vegetal de Áreas Degradadas – SMA, série manuais ambientais, São Paulo, SMA / CEAM / CINP, 76p. Baskin, C.C. & Baskin, J.M. 2001. Seeds: ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. 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Germinação cumulativa de sementes de Begonia bidentata nas temperaturas de 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. B. dentatiloba 100 90 Germinação (%) 80 70 60 50 T10 T15 T20 T25 T30 T35 T3020 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (dias) 60 70 80 72 Figura 18. Germinação cumulativa de sementes de Begonia dentatiloba nas temperaturas de 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. L. reversa 100 90 Germinação (%) 80 70 60 50 40 T15 T20 T25 T30 T35 T3020 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 Tempo (dias) Figura 19. Germinação cumulativa de sementes de Leandra reversa nas temperaturas de 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. 100 M. glabra 90 Germinação (%) 80 70 60 50 T15 T20 T25 T30 T35 T3020 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo (dias) Figura 20. Germinação cumulativa de sementes de Meriania glabra nas temperaturas de 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. 73 C. biserrata 100 90 Germinação (%) 80 70 60 50 40 T10 T15 T20 T25 T30 T35 T3020 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo (dias) Figura 21. Germinação cumulativa de sementes de Clidemia biserrata nas temperaturas de 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. 100 O. confertiflora 90 Germinação (%) 80 70 60 50 T10 T15 T20 T25 T30 T35 T3020 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo (dias) Figura 22. Germinação cumulativa de sementes de Ossaea confertiflora nas temperaturas de 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. 74 C. pachystachya 100 90 Germinação (%) 80 70 60 50 40 T15 T20 T25 T30 T35 T40 T3020 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo (dias) Figura 23. Germinação cumulativa de sementes de Cecropia pachystachya nas temperaturas de 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação. 60 M. albicans Germinação (%) 50 40 30 T15 T20 T25 T30 T35 T40 T3020 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 Tempo (dias) Figura 24. Germinação cumulativa de sementes de Miconia albicans nas temperaturas de 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 30-20°C. Linha vertical tracejada determina o início da recuperação.