fortissimo nº 6 — 2015 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

fortissimo nº 6 — 2015 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
FORTISSIMO Nº 6 — 2015
AGOSTO
62
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
apresentam
SUMÁRIO
p. 8
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
06/08
07/08
SCHUMANN
MAHLER
MOZART
TCHAIKOVSKY
TCHAIKOVSKY
WAGNER
VERDI
GOMES
Fabio Mechetti, regente
Paulo Szot, barítono
Abertura, Scherzo e Final, op. 52
Canções de um andarilho
As Bodas de Fígaro, K. 492: Hai già vinta la causa
A Dama de Espadas, op. 68: Ya vas lyublyu
Eugene Onegin, op. 24: Valsa
Tannhäuser: O du, mein holder Abendstern
Don Carlo: Per me giunto è il dì supremo
Lo Schiavo: Alvorada
p. 26
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
20/08
21/08
VILLA-LOBOS
GNATTALI
GNATTALI
VILLA-LOBOS
Marcos Arakaki, regente
Leo Gandelman, saxofone
O naufrágio de Kleônicos
Concertino para saxofone alto e orquestra
Brasiliana nº 7 para saxofone tenor e orquestra
Bachianas Brasileiras nº 7
p. 38
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
27/08
28/08
MUSSORGSKY
FRANCK
POULENC
RACHMANINOFF
Roberto Minczuk, regente convidado
Pascal Rogé, piano
Uma noite no Monte Calvo
Variações Sinfônicas
Concerto para piano
Sinfonia nº 1 em ré menor, op. 13
3
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Mais um mês de intensas atividades
e concertos dos mais distintos,
recebendo velhos amigos que se
apresentam pela primeira vez na
Sala Minas Gerais, assim como
introduzindo novos parceiros que,
certamente, contribuirão para
fazer desta uma das mais marcantes
temporadas de nossa história.
Em primeiro lugar, contamos
com a presença de um dos mais
importantes cantores da atualidade,
Paulo Szot, mostrando toda a sua
versatilidade ao caminhar por um
rico repertório vocal sinfônico que
vai da simplicidade sofisticada de
Mozart à eloquência de Mahler, à
dramaticidade de Verdi e Wagner.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Um contraste absoluto será oferecido
depois, ao explorarmos dois dos mais
relevantes compositores da música
brasileira, Heitor Villa-Lobos e
Radamés Gnattali. Com a presença
do saxofonista Leo Gandelman,
descobriremos a beleza da música de
Gnattali. Ao mesmo tempo, Villa-Lobos
revela sua grande sensibilidade
melódica na sua Bachiana nº 7, assim
como no pouco executado poema
sinfônico O naufrágio de Kleônicos.
No final do mês damos boas-vindas
mais uma vez ao grande pianista
francês Pascal Rogé, executando
duas de suas especialidades, Franck e
Poulenc. E também a Roberto Minczuk,
que irá executar pela primeira vez
com a Filarmônica a Sinfonia nº 1 de
Rachmaninoff.
Sucesso absoluto neste ano (e esperamos
que continue assim em anos futuros), a
Série Fora de Série dá prosseguimento
à nossa exploração da música de
Beethoven, executando duas de suas
principais obras: o Concerto para
piano nº 5, “Imperador”, e a Quinta
Sinfonia, obras estas simbólicas da
força de um espírito transformador,
que com seu talento e personalidade
mudou o mundo em que vivemos.
Um mês de muitos convidados,
especialmente escolhidos para
valorizarem as noites de nossos
convidados principais: vocês.
Tenham um grande concerto.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: AN DRÉ FO SSATI
5
6
7
Jacksonville, sendo, agora, Regente
Emérito destas duas últimas.
Foi regente associado de Mstislav
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Nacional de Washington e com ela
dirigiu concertos no Kennedy Center
e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego
foi Regente Residente.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais desde sua criação, em
2008. Por esse trabalho, recebeu o
XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na
categoria Melhor Regente brasileiro.
Recentemente, tornou-se o primeiro
brasileiro a ser convidado a dirigir
uma orquestra asiática, sendo
FABIO
MECHETTI
nomeado Regente Principal da
Orquestra Filarmônica da Malásia.
Foi Regente Titular da Orquestra
Sinfônica de Syracuse, da
Orquestra Sinfônica de Spokane
e da Orquestra Sinfônica de
Fez sua estreia no Carnegie Hall
de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey
e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de
Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras.
É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Dinamarca, Mechetti dirige
regularmente na Escandinávia,
particularmente a Orquestra
da Rádio Dinamarquesa e a de
Helsingborg, Suécia. Recentemente,
estreou na Itália conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Roma. Em
2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica
de Odense, também na Dinamarca.
No Brasil foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de São
Paulo, as orquestras de Porto Alegre,
Brasília e Paraná e as municipais
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Realizou diversos concertos no
México, Peru e Venezuela. No Japão
dirigiu as Orquestras Sinfônicas de
Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na
Europa regeu a Orquestra Sinfônica
da BBC da Escócia e a Orquestra
da Radio e TV da Espanha. Dirigiu
também a Filarmônica de Auckland,
Igualmente aclamado como
regente de ópera, estreou nos
Estados Unidos dirigindo a Ópera
de Washington. No seu repertório
destacam-se produções de Tosca,
Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly,
Barbeiro de Sevilha, La Traviata e
Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica
de Quebec, Canadá, e a Filarmônica
de Tampere, na Finlândia.
As Alegres Comadres de Windsor.
Vencedor do Concurso Internacional
de Regência Nicolai Malko, na
Fabio Mechetti recebeu títulos
de Mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
8
9
FABIO MECHETTI, regente
PROGRAMA
PAULO SZOT, barítono
Robert SCHUMANN
Abertura, Scherzo e Final, op. 52
• Abertura: Andante con moto – Allegro
• Scherzo: Vivo – Trio
• Final: Allegro molto vivace
ALLEGRO
Quinta
Gustav MAHLER
06/08
Canções de um andarilho
• Quando minha adorada se casar
V I VA C E
Sexta
07/08
• Fui passear no campo hoje de manhã
PAULO SZOT
barítono
• Tenho um punhal em meu peito
• Os dois olhos azuis
– I N T E RVA L O –
PAULO SZOT
barítono
PAULO SZOT
barítono
Wolfgang Amadeus MOZART
As Bodas de Fígaro, K. 492: Hai già vinta la causa
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY
A Dama de Espadas, op. 68: Ya vas lyublyu
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY
Eugene Onegin, op. 24: Valsa
PAULO SZOT
barítono
PAULO SZOT
barítono
Richard WAGNER
Tannhäuser: O du, mein holder Abendstern
Giuseppe VERDI
Don Carlo: Per me giunto è il dì supremo
Antônio Carlos GOMES
Lo Schiavo: Alvorada
10
ALLEGRO E VIVACE
11
New York City Opera. Desde então
apresenta-se em diversos teatros de
ópera e salas de concerto do mundo.
Em 2010 debutou no palco do
Metropolitan Opera House no
papel protagonista de O Nariz de
Shostakovich, com regência de
Valery Gergiev. Também com o
Metropolitan Opera cantou Escamillo
em 2011 e Lescault em Manon, em
2012. Neste mesmo palco cantou
Falke em O Morcego, The Death of
Klinghoffer, de John Adams, e A Dog’s
Heart, de Aleksander Raskatov.
F OTO: LAURA MARIE DUNCAN
Paulo Szot é natural de São Paulo
e iniciou seus estudos musicais
com quatro anos no piano e, em
seguida, no violino. Estudou
na Universidade Jaggiellonski,
em Cracóvia, Polônia, onde
começou sua carreira profissional
como cantor lírico em 1990.
PAULO
SZOT
No Brasil, estreou como Fígaro
de O Barbeiro de Sevilha em 1997,
em São Paulo; em Belo Horizonte,
estreou no Palácio das Artes em
2003 no mesmo papel. Sua estreia
internacional foi em Nova York
como Escamillo de Carmem no
Na Europa, estreou em 2004 na
Ópera de Marselha no papel título
de Eugene Onegin. Em seguida
cantou em Bordeaux, Nice,
Barcelona, Spoletto, Toulon, entre
outras cidades. Debutou na Ópera
Garnier de Paris em 2011 em Cosi
Fan Tutte e, em 2012, no Festival
de Aix-en-Provence como Conde
Almaviva, em Le Nozze di Figaro,
sob a regência de Jeromie Rhorer.
No teatro Alla Scala de Milão
apresentou-se em A Dog’s Heart,
sob regência de Valery Gergiev.
Na Ópera de Roma cantou
O Nariz, e Carmem no Festival
de Glyndebourne, Inglaterra.
Esteve com Carmem também em
Tokyo e em São Francisco.
Cantou com a Filarmônica de
Nova York no Avery Fischer Hall.
No Carnegie Hall apresentou-se
com a New York Pops em três
ocasiões e com Deborah Voigt em
2011. A convite da Filarmônica
de Nova York retornou ao Avery
Fischer Hall para um concerto solo
transmitido ao vivo pela prestigiosa
série Live from Lincoln Center.
Paulo Szot é vencedor de inúmeros
prêmios decorrentes da excelência
e versatilidade de suas performances.
Destacam-se o Drama Desk,
Outer Critics e o Tony Award de
melhor ator em musical de 2008,
por sua interpretação de Emile de
Becque no musical South Pacific, na
Broadway, onde ficou em cartaz
por dois anos e meio. Ainda como
Emile de Becque estreou no Barbican
de Londres e em Oxford em 2011,
onde recebeu a indicação de melhor
ator para o Olivier Award.
No Brasil recebeu o V Prêmio
Carlos Gomes como melhor
cantor e o prêmio Faz Diferença,
do jornal O Globo, em 2008.
12
ALLEGRO E VIVACE
13
Robert Schumann |
Alemanha, 1810 – 1856
ABERTURA, SCHERZO E FINAL, OP. 52 (1841, revisada em 1845)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
17 min
Robert Schumann destaca-se entre
as principais figuras do Romantismo
alemão, não apenas por suas
episódicas miniaturas para piano
ou ciclos de canções, que sintetizam
o ideal romântico, mas também
por sua idiossincrática biografia.
Os ataques de loucura, a tentativa
de suicídio, a tumultuada relação
amorosa com Clara, a frustração
como pianista e os heterônimos
Eusebius e Florestan inspiram relatos
curiosos a respeito do compositor.
Mas é de fato a versatilidade de sua
produção o que lhe assegura um lugar
de destaque na história da música.
Schumann explorou os mais diversos
gêneros musicais e as mais variadas
formações ao longo de sua carreira,
pois acreditava que “um mestre da
Escola Alemã deve saber circular
através de todas as formas e gêneros”.
Chama a atenção seu “sistema de
gêneros”, tal qual definido por
John Daverio e Eric Sams – ou seja,
o privilégio de gêneros musicais em
momentos específicos de sua vida.
Assim, nota-se a predominância de
composições para piano entre 1833
e 1839, de canções em 1840, de obras
sinfônicas em 1841, de música de
câmara em 1842, de oratórios em 1843,
de formas contrapontísticas em 1845,
de música dramática em 1847 e 1848,
e de música sacra em 1852.
O ano de 1841 é marcado por sua
adesão à composição sinfônica e por
uma radical mudança de posição em
relação à opinião pública. Até 1840,
Schumann respondia com descaso ao
pouco caso do público em relação à
sua obra. Por considerar o público de
Leipzig, onde vivia, extremamente
conservador e despreparado,
demonstrava exclusivo interesse
pela opinião de críticos e artistas.
Porém, a bem-sucedida estreia de
sua primeira sinfonia, em 31 de
março de 1841, rendeu-lhe fama e
a assinatura de um contrato com a
Breitkopf. A partir daquele momento,
a opinião pública passaria a interferir
em suas opções estéticas. A obra
de Schumann que melhor ilustra a
interação entre recepção do público,
crítica e seu processo composicional
é a Abertura, Scherzo e Finale, op. 52.
Concebendo-a inicialmente como
uma abertura de concerto (aquela
que não está vinculada a uma ópera),
Schumann começou a trabalhar
na obra no dia 12 de abril de 1841,
concluindo o esboço no dia seguinte.
Entre 19 e 21 de abril esboçou ainda
um Scherzo e um Finale como
sequência. Em maio, os três
movimentos foram reunidos em
uma só obra, a meio caminho de
uma sinfonia e de uma suíte. Embora
funcionasse como sinfonieta, cada
movimento poderia, segundo o autor,
ser executado independentemente.
Revisada em 23 e 24 de agosto, a
obra foi estreada a 6 de dezembro.
Com exceção da Abertura, ela não
agradou ao público, que considerou
o Finale formalmente obscuro e
desprovido de colorido. Em outubro
de 1845 a composição foi retrabalhada
a fim de acomodar sugestões de
amigos, críticos, editores e mesmo
comentários do público. É estreada em
Dresden na nova forma, em caráter
experimental, em dezembro de 1845;
e, oficialmente, em Leipzig, a 1º de
janeiro de 1846. Com uma Abertura
de tema vibrante, um Scherzo de
ritmo gracioso intercalado por dois
trios líricos, e um Final em fuga, o
op. 52 de Schumann traz a grandeza
da sinfonia romântica combinada
à leveza da suíte orquestral.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Great Recordings of the Century –
Schumann: Symphonies n os 1-4; Overture,
Scherzo and Finale – Dresden Staatskapelle –
Wolfgang Sawallisch, regente – Warner
Classics/Parlophone — 0724356777156
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica NHK – Sir Neville
Marriner, regente | Acesse: fil.mg/sasf
PARA LER
Charles Rosen – A Geração Romântica –
Edusp – 2000
14
ALLEGRO E VIVACE
Gustav Mahler |
15
Boêmia, atual República Tcheca, 1860 – Áustria, 1911
CANÇÕES DE UM ANDARILHO (1883/1885)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
16 min
Atividade camerística por excelência,
a canção foi sempre cultivada nos
círculos íntimos ou em salões mais ou
menos restritos. Em sua concepção
radical, ela nunca se quer espetacular,
o que não quer dizer que não possa ter,
muitas vezes, certo grau de sintética
dramaticidade. O século XIX viu
surgir seu maior cancionista, modelo
fundamental para os que o sucederam.
Franz Schubert explora o potencial
dramático da canção de tal forma,
que o instrumento acompanhador –
o piano – adquire uma importância
até então raramente concebida e
um papel, por vezes, protagonista.
A interação entre voz e piano, em
Schubert, gera uma dialética, cuja
síntese é a canção propriamente dita.
e as Canções de um andarilho
(Lieder eines fahrenden Gesellen).
Assim como outras canções de
Mahler, as Canções de um andarilho
se baseiam em uma compilação
de poemas e canções populares
alemães feita por Achim von Arnim e
Clemens Brentano intitulada
Des Knaben Wunderhorn (A Trompa
Maravilhosa de um Rapaz). Imbuído
do espírito singelo e arcaizante desses
textos, Mahler mesmo escreveu os
textos das Canções de um andarilho.
É nesse modelo schubertiano que
se baseiam dois outros grandes
cancionistas vienenses do final do
século XIX: Hugo Wolf e Gustav
Mahler. No entanto, se Wolf mantém
a combinação piano e voz na maioria
de suas canções, Mahler transfere
Compostas sob a influência de uma
desilusão amorosa, sobre elas Mahler
escreve a seu amigo Fritz Löhr, em
janeiro de 1885: “compus um ciclo
de canções, seis, até agora, todas
dedicadas a ela (...). As canções
sugerem a imagem de um andarilho
que, encontrando adversidades,
põe-se a peregrinar em solidão pelo
mundo”. Ao que tudo indica, “ela”
era Johanne Richter, cantora da ópera
de Kassel, com quem Mahler havia
o papel do acompanhador para o
seu próprio instrumento: a orquestra
sinfônica. Desse movimento nascem
obras capitais: A Canção da Terra
(Das Lied von der Erde), As Canções
das Crianças Mortas (Kindertotenlieder)
mantido um infeliz relacionamento
amoroso. Dessas seis canções, apenas
quatro foram publicadas em 1897,
simultaneamente em duas versões:
voz com acompanhamento de piano e
voz e orquestra. Essa última versão é
a que se comumente executa. Das duas
canções que não foram publicadas,
nunca mais se ouviu notícia.
Franz Schubert frequentemente usava
melodias de suas canções como material
temático para obras instrumentais suas:
basta mencionar o quarteto de cordas
em ré menor, baseado em A Morte e a
Donzela (Der Tod und das Mädchen). Da
mesma forma, Mahler utiliza materiais
(não apenas melódicos) das Canções
de um andarilho (explicitamente da
segunda e quarta canções) como
matéria-prima da sua Sinfonia nº 1
(“Titã”), concluída em 1888. Isso
mostra não apenas o apreço que Mahler
tinha por essas suas canções, mas a
admiração, consciente ou não, que
mantinha por Schubert. As Canções de
um andarilho foram estreadas em 1896,
em Berlim, pelo barítono holandês
Anton Sistermans, acompanhado pela
Orquestra Filarmônica de Berlim,
sob a batuta do próprio Mahler.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor
em Literaturas de Língua Portuguesa, professor
da Universidade do Estado de Minas Gerais e da
Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Mahler Kindertotenlieder; 5 Rückertlieder;
Lieder eines fahrenden Gesellen – New
Philharmonia Orchestra – Sir John Barbirolli –
Janet Baker, meio-soprano – EMI Classics –
1999 (Série Great recordings of the century)
Orquestra Philharmonia – Wilhelm Furtwängler,
regente – Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Acesse: fil.mg/mandarilho
PARA LER
Donald Mitchell – Gustav Mahler: The
Wunderhorn Years: Chronicles and
Commentaries – vol. 2 – Boydell Press – 2005
H. F. Redlich – Gustav Mahler: Lieder eines
fahrenden Gesellen – Prefácio à partitura –
Ed. Eulenburg – 1946
16
ALLEGRO E VIVACE
17
Wolfgang Amadeus Mozart |
Áustria, 1756 – 1791
AS BODAS DE FÍGARO, K. 492: HAI GIÀ VINTA LA CAUSA (1785/1786)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
5 min
As Bodas de Fígaro é uma ópera
de Mozart em quatro atos,
estreada em 1º de maio de 1786,
no Burgtheater, em Viena, sob a
regência do compositor. Essa é
uma das três óperas de Mozart
que tiveram libretto de seu grande
colaborador italiano Lorenzo
da Ponte; as outras foram
Don Giovanni e Così fan tutte.
O modesto sucesso que a ópera
obteve em Viena prenunciava as
dificuldades que Mozart viria
a passar nos anos seguintes.
Mozart baseou-se, para compor
As Bodas de Fígaro, na peça homônima
de Beaumarchais (segunda parte da
trilogia do autor francês que começa
com O barbeiro de Sevilha e termina
com A mãe culpada). A trama da
ópera se passa em um único dia, o
dia do casamento de Fígaro com
Susanna. Ambos trabalham e vivem
no castelo do Conde de Almaviva que
tenta, de todo modo, seduzir a noiva
de seu criado, antes do casamento.
No início do terceiro ato, Susanna
promete encontrar o Conde à noite
no jardim. Essa falsa promessa
tem, como intenção, reconciliar a
Condessa com o já distante marido.
Ao sair, a jovem encontra Fígaro, e o
Conde a escuta quando diz ao noivo:
“você já venceu a causa” (Hai già vinta
la causa). Percebendo que havia sido
enganado, ele promete vingança.
O número é dividido em duas partes:
recitativo e ária. No recitativo
(Maestoso), as intervenções da
orquestra reforçam o transtorno e a
raiva do Conde (“Você já venceu a
causa! O que acabo de ouvir? Em
que armadilha caí? Patifes, como
desejo puni-los!”). Na ária (Allegro
maestoso), a orquestra torna-se mais
importante e acrescenta ainda maior
intensidade à cólera do Conde, que se
consola com a esperança de vingar-se
da infelicidade que agora sente.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Mozart – Le nozze di Figaro –
The Metropolitan Opera Chorus and
Orchestra – James Levine, regente –
Deutsche Grammophon – 1992
PARA ASSISTIR
Orquestra da Rádio WDR – Massimo Zanetti,
regente – Thomas Hampson, barítono
Acesse: fil.mg/mfigaro
PARA LER
H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart:
um compêndio – Zahar – 1996
Norbert Elias – Mozart: sociologia de
um gênio – Zahar – 1995
18
ALLEGRO E VIVACE
19
Piotr Ilitch Tchaikovsky |
Rússia, 1840 – 1893
A DAMA DE ESPADAS, OP. 68: YA VAS LYUBLYU (1890)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes,
5 min
4 trompas, cordas.
EUGENE ONEGIN, OP. 24: VALSA (1877/1878)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
7 min
2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
A Dama de Espadas, em três atos,
foi a penúltima de uma produção
considerável de onze óperas que
Tchaikovsky compôs entre 1867 e 1891.
Em dezembro de 1887, após o fracasso
de sua ópera A feiticeira, ele recebeu
do diretor dos Teatros Imperiais, Ivan
Vsevolozhsky, a encomenda de uma
nova ópera, baseada no conto A Dama
de Espadas, de Aleksandr Pushkin.
Curiosamente, naquele momento,
seu irmão Modest trabalhava em um
libreto de A Dama de Espadas para
outro compositor, Nikolay Klenovsky.
Por essa circunstância, Tchaikovsky
aceitou compor a ópera somente após
saber da desistência de Klenovsky.
O trabalho de composição teve
início no ano seguinte e em 20 de
junho ele completou a orquestração.
A estreia, triunfante, se deu no dia
19 de dezembro de 1890, no Teatro
Mariinsky, em São Petersburgo, sob
regência de Eduard Nápravník.
em um baile em São Petersburgo, o
príncipe Yeletsky encontra Liza, neta
da Condessa, triste, e decide então
lhe declarar o seu amor: Ya vas lyublyu
(“Eu te amo acima de todas as coisas.
Não posso viver sem você. Estou
pronto para fazer, por você, tudo o que
for necessário. Mas não quero reprimir
a liberdade de sua alma”). Uma ária
encantadora, com uma das mais belas
melodias que Tchaikovsky escreveu.
A música composta por Tchaikovsky
para essa ópera é uma das mais
Eugene Onegin é a quinta ópera
composta por Tchaikovsky e sua mais
famosa produção no gênero. Baseada
no romance em versos Yevgeny Onegin,
de Aleksandr Pushkin, com libreto
do compositor e de Konstantin
Shilovsky, a ópera conta a história
do nobre Eugene Onegin, que um
dia recebe uma carta apaixonada
da jovem Tatyana, mas rejeita o seu
amor. No baile na casa de Madame
Larina, Onegin faz a corte a Olga,
irmã de Tatyana e noiva de Lensky, seu
amigo de infância. Ofendido, Lensky
o chama para um duelo. Onegin o
dramáticas e obscuras que se
encontram em sua obra. O enredo
narra a história de Herman, soldado
empobrecido que decide conseguir,
de uma velha Condessa, o segredo de
suas infalíveis cartas. No segundo ato,
mata. Muitos anos depois, ele encontra
Tatyana em um baile, agora casada
com o príncipe Gremin. Onegin
percebe que a ama e que não deveria
tê-la desprezado, e escreve-lhe uma
carta. Em resposta, Tatyana lhe diz
que, embora ainda sinta o mesmo
amor, agora é uma mulher casada.
E eles se separam para sempre.
A ópera Eugene Onegin foi composta
entre junho de 1877 e fevereiro de
1878. Teve sua primeira apresentação
no Teatro Maly, em Moscou, em
29 de março de 1879, com alunos
do Conservatório regidos por
Nikolai Rubinstein. Sua primeira
apresentação profissional foi em 23
de janeiro de 1881, no Teatro Bolshoi,
com regência de Enrico Benvignani.
A tão conhecida Valsa abre o segundo
ato, no baile oferecido por Madame
Larina, mãe de Tatyana e Olga.
Uma breve introdução nos prepara
para a valsa. Quando ela desponta,
nos sentimos envolvidos por uma
daquelas peças que Tchaikovsky tanto
amava compor: uma valsa alegre e
festiva, ideal para uma celebração.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Tchaikovsky – Pique dame – Kirov Chorus
and Orchestra – Valery Gergiev, regente –
Decca – 1993
CD Tchaikovsky – Capriccio italien e outros –
Kirov Orchestra and Chorus – Valery Gergiev,
regente – Philips – 1993
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica do Teatro Mariinsky –
Valery Gergiev, regente – Dmitri Hvorostovsky,
barítono | Acesse: fil.mg/tdama
Orquestra Sinfônica do Estado de Moscou –
Pavel Kogan, regente | Acesse: fil.mg/tonegin
PARA LER
Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky:
uma biografia – Record – 1999
20
ALLEGRO E VIVACE
Richard Wagner |
21
Alemanha, 1813 – Itália, 1883
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, clarone, 2 fagotes, 3 trombones, tuba, harpa, cordas.
TANNHÄUSER: O DU, MEIN HOLDER ABENDSTERN (1845)
5 min
Wagner escreveu o primeiro esboço
do libreto de sua nova ópera,
baseada na lenda de Tannhäuser,
entre junho e julho de 1842. Em
abril de 1843 concluiu o libreto e,
em julho, iniciou a composição da
música. A obra ficou pronta em
abril de 1845 e a estreia se deu em
19 de outubro do mesmo ano, sob a
regência do compositor, no Teatro
Real de Dresden. A apresentação
foi um fracasso, como, aliás,
viria a ser durante toda a vida de
Wagner, onde quer que Tannhäuser
fosse montada. Somente após a
morte do autor a ópera entraria
para o repertório corrente.
A trama da ópera (inicialmente
denominada Der Venusberg –
O monte de Vênus) mistura as
lendas do cavaleiro Tannhäuser
com a do torneio de canto de
Wartburg. Tannhäuser, cansado
dos prazeres carnais de Venusberg,
decide voltar para casa. Encontra
uma procissão de peregrinos e se
junta a eles. Wolfram o convence a
voltar para Elizabeth, sua amada,
em Wartburg, onde um torneio
de canto está acontecendo. Eles se
encontram, mas Tannhäuser canta
uma canção apaixonada em louvor
a Vênus e é banido do país. Junta-se
aos peregrinos e viaja a Roma para
pedir perdão ao Papa, sem sucesso.
O terceiro ato inicia-se com uma
abertura orquestral que representa
a peregrinação de Tannhäuser.
Elizabeth pede notícias do amado
aos peregrinos que retornam, mas
não obtém resposta. Wolfram,
que a ama em segredo, pressente
a sua morte e canta-lhe uma das
mais doces e belas árias jamais
escritas para a voz de barítono,
O du, mein holder Abendstern: “Oh
tu, minha bela estrela vespertina,
eu sempre te saudei alegremente.
Desse coração que nunca traiu a
própria fé, saúda-a tu quando ela
passar, quando se elevar acima
deste vale terreno para tornar-se
um anjo abençoado no céu”.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Richard Wagner – Tannhäuser –
Bayreuther Festspiele – Wolfgang
Sawallisch, regente – Philips – 1993
PARA ASSISTIR
Orquestra Tonkünstler da Baixa Áustria –
Alfred Eschwé, regente – Bryn Terfel,
baixo-barítono | Acesse: fil.mg/wtannhauser
PARA LER
Barry Millington (org.) – Wagner, um
compêndio – Jorge Zahar Editor – 1995
Charles Baudelaire – Richard Wagner e
Tannhäuser em Paris – Eliane Marta
Teixeira Lopes, organização e tradução –
Autêntica – 2013
22
ALLEGRO E VIVACE
Giuseppe Verdi |
23
Itália, 1813 – 1901
DON CARLO: PER ME GIUNTO È IL DÌ SUPREMO (1867)
7 min
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, cordas.
Antônio Carlos Gomes |
Brasil, 1836 – 1896
LO SCHIAVO: ALVORADA (1889)
7 min
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas
Quando compôs a ópera Don Carlo,
em 1867, Verdi já se avultara como
importante figura do nacionalismo
italiano, tanto cultural quanto
politicamente. Entre 1861 e 1865, após
a unificação italiana, o compositor
atuou como deputado no Parlamento
de Turim e, posteriormente, foi
eleito Senador pelo rei. A ópera
Don Carlo pertence ao tríptico
de óperas compostas por Verdi
para teatros estrangeiros: La Forza
Don Carlo foi composto em cinco
atos, sendo a maior ópera de Verdi.
Uma de suas mais famosas árias
pertence ao personagem Rodrigue,
Marquês de Posa, fidelíssimo amigo
de Don Carlo, quando este está
preso por confrontar seu pai, o
Rei Filippo II. Rodrigue, entoando
a ária Per me giunto è il dì supremo
(De mim aproxima-se o dia
supremo), sacrifica sua vida pela
liberdade de Carlo, na esperança de
Há quem diga que, aos dezoito anos,
compôs uma marcha sobre motivos
de Il Trovatore. Apoiado por
D. Pedro II, Carlos Gomes recebeu
bolsa de estudos para se aperfeiçoar
na Europa. O Imperador teria
preferido que Carlos Gomes fosse
para a Alemanha, onde pontificava
o grande Richard Wagner, mas a
Imperatriz, Dona Teresa Cristina,
napolitana, sugeriu-lhe a Itália.
André Rebouças, amigo de Carlos
Rebouças também conta sobre
as impressões de Carlos Gomes
das matas brasileiras: “apreciava
principalmente o amanhecer na
floresta; o coro irreproduzível de
um milhar de pássaros tinha para ele
o maior encanto”. Nessas palavras,
Rebouças antevê a composição
do interlúdio orquestral da ópera
Lo Schiavo, intitulado Alvorada.
del Destino, para a Ópera de São
Petersburgo; Don Carlo, para a
Ópera de Paris; e a célebre Aída,
para a Ópera do Cairo. Assim como
exigido pelos moldes do grand opéra –
gênero típico da Ópera de Paris –,
que Deus recompense sua morte.
Gomes, escreveu que o compositor
certa vez revelara: “se me dessem
agora a escolher entre ir para o
céu e ir para a Itália, eu preferiria
ir para a Itália”, corroborando a
vontade da Imperatriz o seu desejo.
em que Verdi estava completando
a composição de Otello. Verdi,
geralmente tão comedido em
julgar seus contemporâneos, havia
profetizado, após ouvir Il Guarany:
“este jovem começa de onde eu
Antônio Carlos Gomes, nascido em
Campinas e considerado o maior
autor de óperas das Américas, foi um
fervoroso admirador de Verdi.
Lo Schiavo foi escrito na mesma época
24
ALLEGRO E VIVACE
termino!”. Verdi encontrou muito de
si naquela obra, e Gomes reconheceu
o peso daquela imensurável expressão
de simpatia: “veja”, confessou a um
amigo, “me dói é trair a palavra de
Verdi, visto que não poderia ser seu
sucessor. Ó gênio o de Verdi! Depois
de Otello não posso ombreá-lo...
Estou amedrontado!”. De fato, o
sucesso obtido em Il Guarany nunca
mais se repetiria, embora tenha
escrito obras de qualidade superior,
25
como Lo Schiavo, que fizera de
Carlos Gomes representante musical
do fim da era escravocrata no Brasil.
A “Ópera da Abolição”, como ficou
conhecida na época da estreia carioca,
em 1889, foi dedicada à Princesa
Isabel, “a Redentora”, que trocou o
trono pela libertação de um povo.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
VERDI
PARA OUVIR
CD Giuseppe Verdi – Don Carlo – Royal Opera
House; Covent Garden Orchestra and Chorus –
Sir Georg Solti, regente – Martti Talvela, Carlo
Bergonzi, Renata Tebaldi, Nicolai Ghiaurov,
Grace Bumbry, Dietrich Fischer-Dieskau,
GOMES
solistas – Decca, Londres – (Ópera completa na
versão italiana em cinco atos, gravada em 1965)
PARA ASSISTIR
CD/DVD Aurora Luminosa – Música Brasileira
PARA ASSISTIR
no Alvorecer do Século XX – Orquestra
Orquestra Sinfônica da SWR de Baden
Sinfônica Nacional da Universidade Federal
Baden e Friburgo – Marco Armiliato,
Fluminense – Ligia Amadio, regente – Selo
regente – Ludovic Tézier, barítono
Independente – Rio de Janeiro – 2006
Acesse: fil.mg/vdoncarlo
Sinfônica da Juventude Venezuelana Simón
PARA LER
Bolívar – Roberto Tibiriçá, regente
Joseth Mery e Camille Du Locle – Óperas
Acesse: fil.mg/gloschiavo
Manuel Rosa, tradução – Editorial Notícias –
PARA LER
1984 (Libreto original com tradução, análise
Marcus Góes – Carlos Gomes: a força
e comentários)
indômita – Secult-Pará – 1996
FOTO: AN DRÉ FO SSATI
Imortais – Giuseppe Verdi – D. Carlos –
26
27
MARCOS ARAKAKI, regente
PROGRAMA
LEO GANDELMAN, saxofone
Heitor VILLA-LOBOS
O naufrágio de Kleônicos
PRESTO
Quinta
20/08
Radamés GNATTALI
Concertino para saxofone alto e orquestra
VELOCE
Sexta
21/08
LEO
GANDELMAN
saxofone
• Allegro spirituoso
• Saudoso
• Movido
Radamés GNATTALI
Brasiliana nº 7 para saxofone tenor e
orquestra
LEO
GANDELMAN
saxofone
• Variação sobre um tema de viola
• Samba-canção
• Choro
– I N T E RVA L O –
Heitor VILLA-LOBOS
Bachianas Brasileiras nº 7
• Prelúdio: Ponteio
• Giga: Quadrilha caipira
• Tocata: Desafio
PATROCÍNIO
• Fuga: Conversa
28
29
Universidade Nacional Autônoma
do México, Sinfônica de Xalapa
(México), a Kharkov Philharmonic
(Ucrânia) e a Bohuslav Martinu
Philharmonic (República Tcheca).
F OTO: RAFAEL MOTTA
Marcos Arakaki é o Regente Associado
da Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais e tem colaborado com a
Filarmônica desde a Temporada 2011.
MARCOS
ARAKAKI
Arakaki tem dirigido importantes
orquestras no Brasil e no exterior.
Dentre elas a Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo, a Orquestra
Sinfônica Brasileira, as sinfônicas de
Minas Gerais, do Paraná, da Paraíba,
de Campinas e da Universidade de
São Paulo, a Petrobras Sinfônica,
Orquestra Sinfônica do Teatro
Nacional Claudio Santoro, a
Orquestra Experimental de Repertório,
a Camerata Fukuda, a Orquestra
Filarmônica de Buenos Aires,
Orquestra Filarmônica da
Sua trajetória artística é marcada
por diversos prêmios. Vencedor
do 1º Concurso Eleazar de Carvalho
para Jovens Regentes, promovido
pela Orquestra Petrobras Sinfônica
(2001), e do 1º Prêmio Camargo
Guarnieri, realizado pelo Festival
Internacional de Campos do Jordão
(2009), Arakaki também foi finalista
do 1º Concurso Latino-americano
de Regência Orquestral da Osesp
(2005) e semifinalista no 3º Concurso
Internacional Eduardo Mata,
realizado na Cidade do México (2007).
Em 2005, foi o principal regente
da Orquestra Sinfônica de Ribeirão
Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou
como titular da Orquestra Sinfônica
da Paraíba e assistente da Orquestra
Sinfônica Brasileira. Como regente
titular, Arakaki promoveu a
reestruturação da Orquestra
Sinfônica Brasileira Jovem entre os
anos de 2008 e 2010, recebendo
grande reconhecimento da crítica
especializada e do público na
cidade do Rio de Janeiro.
Gravou em 2010 a trilha sonora do
filme Nosso Lar, composta por Philip
Glass, juntamente com a Orquestra
Sinfônica Brasileira. Arakaki já fez a
estreia mundial de mais de quarenta
obras para orquestra. Paralelamente,
tem desenvolvido atividades como
coordenador pedagógico, professor
e palestrante em diversos projetos
culturais e em importantes instituições,
como Música na Estrada, Casa do
Saber do Rio de Janeiro, Universidade
Federal da Paraíba e Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Marcos Arakaki é bacharel em
Música pela Universidade Estadual
Paulista (Unesp, 1998), concluindo
seu mestrado em Regência Orquestral
pela Universidade de Massachusetts
em 2004, com apoio da Fundação
Vitae. Participou de masterclasses
com os maestros Kurt Masur,
Charles Dutoit, Alan Hazendine,
Kirk Trevor, Dante Anzolini,
Fabio Mechetti, John Neschling,
Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá,
Nelson Nirenberg e Lanfranco
Marcelletti. Em 2005 participou do
Aspen Music Festival and School,
tendo aulas com David Zinman na
American Academy of Conducting
at Aspen, nos Estados Unidos.
Desde 2013, Arakaki também
é professor de Regência na
Universidade Federal da Paraíba
e Regente Titular da Orquestra
Sinfônica da mesma instituição.
30
31
precisão do som da música popular e
instrumental. Saxofonista, arranjador
e produtor, Leo Gandelman é um dos
mais influentes músicos brasileiros.
Filho de uma pianista clássica e
de um maestro, aos quinze anos já
era solista da Orquestra Sinfônica
Brasileira. Além da sólida formação
clássica, estudou no Berklee College
of Music, nos Estados Unidos,
regressando ao Brasil em 1979 para
dar início à carreira profissional.
FOTO: SERGIO BON DION I
Um dos mais celebrados instrumentistas
do Brasil, Leo Gandelman alcançou
um patamar inteiramente único
no país – e raro até mesmo mundo
afora –, admirado pelo grande
público, jovem e pop, e também
pelos fãs de MPB. Da mesma forma,
associou seu nome à excelência e ao
virtuosismo da música de concerto,
em performances como solista
LEO
GANDELMAN
de orquestras consagradas e em
recitais de câmara. Ultrapassando as
fronteiras entre o clássico e o popular,
sua interpretação confere apelo e
emoção pop às peças de concerto e,
por outro lado, resgata a pureza e a
Desde então, Leo participou de mais
de oitocentas gravações. Iniciou
sua carreira artística solo em 1987,
inspirando-se principalmente
na música brasileira e no jazz,
sempre com clara versatilidade e
criatividade, marcas registradas
que fizeram com que fosse eleito
por quinze anos consecutivos o
melhor instrumentista brasileiro
pelo concurso Diretas na Música,
do Jornal do Brasil. Seu trabalho
também foi lançado com grande
sucesso nos Estados Unidos, onde
desenvolveu uma carreira notável,
com direito a seis temporadas de casa
cheia no Blue Note de Nova York.
Com trânsito fluente entre o jazz e
o clássico, foi solista da Orquestra
Sinfônica Brasileira no Lincoln
Center e no Central Park. Também
se apresentou com a Orquestra
Sinfônica da Bahia, de Ribeirão
Preto, com a Osesp sob regência de
John Neshling, com a Orquestra
Jovem de Caracas sob direção de
Isaac Karabtchevsky, com a Orquestra
Sinfônica do Teatro Nacional
Claudio Santoro, entre outras.
Ao longo de sua carreira solo,
gravou dez discos e vendeu mais de
quinhentas mil cópias. O Concertino
de Radamés Gnattali foi gravado
pela Rádio MEC com a Orquestra
Petrobras Sinfônica e Isaac
Karabtchevsky. Com o CD Radamés
e o Sax ganhou o prêmio TIM 2007
de melhor disco instrumental e
melhor produtor. Ventos do Norte faz
uma homenagem aos saxofonistas
nordestinos que tiveram importância
fundamental na construção da
linguagem do saxofone brasileiro.
Vip Vop foi gravado pelo seu selo
independente Saxsamba e também
lançado na Europa pelo selo Far
Out Recordings, recebendo ótimas
críticas e excelente visibilidade. Leo
fez parcerias com Egberto Gismonti,
Toninho Horta, Wagner Tiso,
César Camargo Mariano, Chucho
Valdez, Bernard Purdie, entre outros
grandes artistas. Durante quatro
anos foi curador e diretor musical
do Festival Búzios Jazz e Blues.
32
PRESTO E VELOCE
33
Heitor Villa-Lobos |
Brasil, 1887 – 1959
O NAUFRÁGIO DE KLEÔNICOS (1916)
12 min
Heitor Villa-Lobos recebeu sua
educação musical formal num
Rio de Janeiro esteticamente
dividido. Leopoldo Miguez,
quando assume a direção do
Instituto Nacional de Música,
em 1890, promove uma estética
musical moderna em contraposição
ao conservadorismo da tradição
operística italiana do bel canto. Para
Miguez, moderna seria a música de
Richard Wagner e os princípios
composicionais de Camille Saint-Saëns.
Alberto Nepomuceno, seu sucessor,
acirra ainda mais as disputas
estéticas ao importar a música
revolucionária de Debussy.
próprio Villa-Lobos, as duas sinfonias
foram compostas de acordo com
o Curso de Composição Musical de
Vincent D’Indy. O poema sinfônico
O naufrágio de Kleônicos, por sua vez,
revela profunda afinidade com a
música de Saint-Saëns. Sua passagem
final, transcrita para violoncelo e
piano como O Canto do Cisne Negro,
é uma óbvia alusão ao Cisne de
Saint-Saëns. Ambas as obras apresentam
a mesma estrutura: um solo de
violoncelo acompanhado de arpejos.
Sabe-se muito pouco sobre as
atividades de Villa-Lobos entre os
anos de 1905 e 1912, seu período de
formação. Comprova-se, porém,
que, ao retornar ao Rio de Janeiro,
vindo de Manaus, Villa-Lobos
passou a trabalhar em sociedades
de concertos, cinemas e cafés, e
envolveu-se com grupos de chorões
Poucas certezas se têm sobre o texto
que inspirou o poema sinfônico.
No catálogo de obras de Villa-Lobos,
consta que um bailado teria sido
extraído do livro Loulou Fantoche:
Fantasias de Carnaval, de Léo Teixeira
Leite Filho. Sabe-se pelo crítico
Medeiros e Albuquerque que Loulou
Fantoche traz a “história de uma
rapariga cocainomaníaca que, farta
de aturar os ciúmes do amante,
aproveita uma noite de Carnaval,
sai, e tem uma aventura com outro
da cidade. A partir de 1915 dedicou-se
mais amiúde à composição. Suas
duas primeiras sinfonias, o poema
sinfônico O naufrágio de Kleônicos e a
ópera Izaht, alinham-se à tendência
pós-romântica francesa. Segundo o
homem”. Na cena que se refere ao
naufrágio de Kleônicos, a moça,
como uma dançarina pagã, dança
ao som de uma orquestra imaginária,
vivenciando assim a história do
naufrágio. A música de Villa-Lobos
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone,
2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, harpa, cordas.
acompanha perfeitamente a
narrativa, principalmente nos
três momentos em que utiliza
a melodia do cisne negro.
O marinheiro Kleônicos insiste
em navegar pelos turbulentos e
tempestuosos mares de outono, entre
Kelessyria e Tassos. Quando um
cisne negro cruza o céu e as ondas se
agitam, anuncia-se um destino fatal.
Desesperados, os marujos põem-se a
chamar em coro por suas mulheres.
Ao pôr do sol o cisne sobrevoa uma
vez mais o navio, que se parte em
dois, afogando toda a tripulação.
Kleônicos, no mar, agarra-se a
um remo. O cisne então desce em
rasante contra o marinheiro, e na
luta a ave se fere. O marujo afoga-se
enquanto a ave se agita, se contorce
e canta “no grande anseio de quem
vai cantar, pela derradeira vez, o
mais lindo dos cantos”. O mar faz
eco aos soluços da ave e também o
faz a bailarina, que, em convulsões,
desfalece como pássaro morto.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD O Raro Villa-Lobos – Orquestra Sinfônica
do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Sílvio
Barbato – Museu Villa-Lobos – 2003 (única
gravação conhecida da obra, de difícil acesso)
CD Soirées Internationales – Works by Villa-Lobos,
Camargo Guarnieri, Boulanger and Martinu –
Antonio Meneses, violoncelo – Celina Szrvinsk,
piano – AVIE, AV2162 – 2008 (contém O Canto
do Cisne Negro, extraído do poema sinfônico)
PARA LER
Lisa Peppercorn – Villa-Lobos: Biografia
ilustrada do mais importante compositor
brasileiro – Ediouro – 1989
PARA VISITAR
www.museuvillalobos.org.br
34
PRESTO E VELOCE
35
Radamés Gnattali |
Brasil, 1906 – 1988
CONCERTINO PARA SAXOFONE ALTO E ORQUESTRA (1954)
INSTRUMENTAÇÃO flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, cordas.
15 min
BRASILIANA Nº 7 PARA SAXOFONE TENOR E ORQUESTRA
Orquestração de Paulo Aragão (1956, versão original / 2014, versão orquestrada)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
2 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
18 min
Entre Villa-Lobos e Tom Jobim,
entre a música erudita e a popular,
está Radamés Gnattali, compositor
sem barreiras, que afirmava: “música,
só tem dois tipos: a boa e a ruim”.
Nascido em Porto Alegre, iniciou
os estudos de piano e violino ainda
criança e, posteriormente, frequentou
a classe do pianista Guilherme
Halfeld Fontainha na Escola de
Belas Artes, finalizando o curso
com medalha de ouro. Em 1931,
mudou-se para o Rio de Janeiro no
intuito de se tornar um concertista.
Lá conheceu Ernesto Nazareth,
trabalhou como pianista, regente e
arranjador e, com a inauguração da
Rádio Nacional, em 1936, viu nascer
sua carreira como compositor.
A Brasiliana nº 7, original para sax
tenor e piano, foi dedicada a Sandoval
de Oliveira Dias, saxofonista e colega
de Radamés na Rádio Nacional.
A obra foi arranjada pelo compositor
para sax tenor e Quinteto Radamés –
uma espécie de formação camerística
popular brasileira com piano,
acordeom, guitarra, contrabaixo e
bateria. A versão orquestral é do
violonista Paulo de Moura Aragão,
um artista novo, porém influenciado
pelo legado de Radamés enquanto
arranjador: “Gnattali nos mostrou
como é possível usar elementos da
música clássica para embelezar ainda
mais a música popular”, escreveu
Aragão. As Brasilianas incluem
quatorze obras escritas para as
mais diversas formações. Mestre
inigualável na fusão do popular e do
erudito, Radamés equilibra em sua
arte uma farta quantidade de gêneros
e estilos. Na primeira parte da
Brasiliana nº 7, Variação sobre um tema
de viola, o autor, rapsodicamente, alia
o pontear da viola caipira à rítmica
do baião nordestino com sopros de
George Gershwin. Já o Samba-canção
é uma autêntica obra do espírito
assumidamente carioca de Radamés,
considerado pai da orquestração da
MPB e um dos responsáveis pelo
surgimento da Bossa-Nova. O Choro,
mais ousado composicionalmente,
alterna a ginga brasileira e certo
langor pós-romântico universalista.
O Concertino para sax alto foi
composto em 1964, ano da criação de
importantes obras, como a cantata
umbandista Maria Jesus dos Anjos
para coro, narrador, orquestra e
percussão popular. O Concertino
foi estreado somente em 1987, no
encerramento da VII Bienal de
Música Brasileira Contemporânea,
na Sala Cecília Meirelles, no Rio de
Janeiro, tendo como solista Dilson
Florêncio junto à Orquestra Sinfônica
Brasileira, regida por Roberto Duarte.
Radamés compôs concertos para
formações solistas usuais e incomuns –
harmônica de boca, harpa, violão
elétrico, bateria, acordeom e
bandolim – que somam cinquenta
obras do gênero e representam a
décima parte de seu catálogo geral
de obras. O frescor e a diversidade da
criação de Radamés, afora as dezenas
de milhares de arranjos escritos
para rádio, fazem dele uma torrente
musical sempre em descoberta:
“Radamés é fonte que nunca seca”,
poetizou Tom Jobim. Membro da
erudita Academia Brasileira de
Música e da Academia de Música
Popular Brasileira, Radamés Gnattali
é, depois de Villa-Lobos, o retrato
mais fiel da música brasileira.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Brasiliana nº 7 e nº 8 – Radamés, Aída e
Sandoval – Radamés e Aída Gnattali, pianos –
Sandoval Dias, sax tenor – RGE – 1998
CD Duplo Centenário Radamés Gnattali –
Concerto para Orquestra de Cordas;
Concertino para Sax; Concerto nº 3 para Violino;
Sinfonia Popular nº 1 – Orquestra Petrobras
Sinfônica – Isaac Karabtchevsky, regente – Leo
Gandelman, saxofone – Rob Digital – 2006
PARA ASSISTIR
Orquestra Petrobrás Sinfônica – Isaac
Karabtchevsky, regente – Leo Gandelman,
saxofone alto | Acesse: fil.mg/gconcertino1
fil.mg/gconcertino2 e fil.mg/gconcertino3
Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto
Duarte, regente – Leo Gandelman,
saxofone | Acesse: fil.mg/gbrasiliana
PARA LER
Ana Maria Devos e Valdinha Barbosa –
Radamés Gnattali: o eterno experimentador –
Editora Funarte – 1985
36
PRESTO E VELOCE
37
Heitor Villa-Lobos |
Brasil, 1887 – 1959
BACHIANAS BRASILEIRAS Nº 7 (1942)
28 min
Em 1923, Villa-Lobos dava um
passo importante em sua carreira,
trocando o Rio de Janeiro por Paris, a
metrópole das vanguardas artísticas.
Na voga de exotismo selvagem que
dominava a capital francesa, os
traços de primitivismo e energia
telúrica presentes em sua música
foram comparados às recentes
ousadias musicais de outros ícones da
modernidade. Chamado por Florent
Schmitt de néo-sauvage, Villa-Lobos
assumiu o papel de “compositor dos
trópicos” e normatizou sua estética
nacionalista, sob a premissa de que a
verdadeira música brasileira
formara-se nos ambientes populares –
indígenas, folclóricos, rurais ou
urbanos. Por outro lado, soube
avaliar o potencial dessa música
como contribuição singular para o
panorama musical internacional,
associando-a aos procedimentos
composicionais eruditos característicos
do século XX. O conjunto dos Choros,
compostos na década de 1920,
demonstra a preocupação do
compositor com a modernidade
concertos. E continuava compondo
muito. As nove Bachianas foram
compostas entre 1930 e 1945, época
da ascensão política dos Estados
totalitários e das duas grandes guerras.
Nas artes, houve grandes desvios
nos rumos das vanguardas do início
do século, que agora substituíam a
irreverência e as ousadias das décadas
anteriores por uma tendência à
institucionalização. Esse retorno à
ordem corresponde à fase neoclássica de
artistas cuja fama inicial
associara-se a escândalos iconoclastas.
No neoclassicismo de suas Bachianas,
Villa-Lobos referencia, na figura
de Bach, a tradição ocidental,
procurando afinidades entre alguns
procedimentos brasileiros e a música
do grande gênio alemão. Assim, os
movimentos das Bachianas trazem,
geralmente, dois títulos – um que
remete às formas barrocas e outro,
bem nacional, seresteiro, sertanejo.
De volta ao Brasil, em 1930, Villa-Lobos
exerceu uma atividade abrangente no
cenário musical do país, desdobrando-se
em múltiplas tarefas – estímulo ao
ensino musical, criação de grupos de
canto coral, organização e regência de
Dedicada a Gustavo Capanema,
divide-se em quatro movimentos:
A Bachiana Brasileira nº 7 foi
composta em 1942 para grande
orquestra e um conjunto de
instrumentos brasileiros de percussão.
O Prelúdio (Ponteio), melódico e
sentimental, em Adagio, inicia-se
com pizzicatos, alternados entre os
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone,
2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, celesta, harpa, cordas.
primeiros e os segundos violinos,
evocativos do acompanhamento dos
violões seresteiros, preparando a
entrada do tema principal, exposto
pelo fagote e respondido pelo oboé.
A Giga (Quadrilha caipira) evoca
uma dança sertaneja, em fugato.
O ritmo caracteriza-se por um
acento desarticulado, deslocado
do tempo forte dos compassos.
A Toccata (Desafio) sugere um
duelo de repentistas nordestinos.
O desafio, estabelecido entre um
trombone e um trompete, em
surdina, acontece sobre harmonias
dissonantes de um acompanhamento
à maneira de violas rústicas.
A Fuga (Conversa), a quatro vozes,
com um tema principal bem brasileiro,
é bastante livre, pouco escolástica,
apesar do perfeito equilíbrio de
estilo. Uma Coda, em andamento
Lento, relembra alguns temas, sobre
um pedal de tônica que conduz a
peça até a majestosa cadência final.
A Bachiana nº 7 estreou no Rio de
Janeiro em março de 1944, sob
a regência de Villa-Lobos.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos
livros Músico, doce músico e O grão perfumado –
Mário de Andrade e a arte do inacabado.
Apresenta o programa semanal Recitais
Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Heitor Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras –
Orchestre National de la Radiodiffusion
Française – Heitor Villa-Lobos, regente –
EMI-Odeon – Série Angel – 1967
CD Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras
(Completo) – Nashville Symphony Orchestra –
Kenneth Schermerhorn, regente – Naxos,
Alemanha – 2005
PARA ASSISTIR
Orquestra Jovem do Estado de São Paulo –
Cláudio Cruz, regente
Acesse: fil.mg/vlbachianas7
PARA LER
Bruno Kieffer – Villa-Lobos e o Modernismo na
Música Brasileira – Editora Movimento – 1986
38
39
ROBERTO MINCZUK, regente convidado
PROGRAMA
PASCAL ROGÉ, piano
Modest MUSSORGSKY
Uma noite no Monte Calvo
ALLEGRO
Quinta
27/08
PASCAL ROGÉ
piano
César FRANCK
Variações Sinfônicas
V I VA C E
Sexta
Francis POULENC
28/08
Concerto para piano
• Allegretto
PASCAL ROGÉ
piano
• Andante con moto
• Rondeau à la française (Presto giocoso)
– I N T E RVA L O –
Sergei RACHMANINOFF
Sinfonia nº 1 em ré menor, op. 13
• Grave – Allegro ma non troppo
• Allegro animato
• Larghetto
• Allegro con fuoco
40
ALLEGRO E VIVACE
41
de Ribeirão Preto e da Sinfônica
da Universidade de Brasília.
Durante seis anos foi diretor
artístico do Festival Internacional
de Inverno de Campos do Jordão.
F OTO: CÍCERO RODRIGUES
Antes de se tornar regente titular da
Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB),
a primeira apresentação de
Roberto Minczuk com a OSB foi
aos quatorze anos, substituindo
o primeiro trompa, Zdenek Svab.
Sua atuação à frente da orquestra
rendeu-lhe a Medalha Pedro
Ernesto, prêmios Bravo de Cultura
e Carioca do Ano, entre outros.
ROBERTO
MINCZUK
Minczuk é também diretor artístico
e regente titular da Filarmônica
de Calgary, no Canadá. Foi diretor
artístico adjunto e regente associado
da Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo, titular da Sinfônica
Regeu mais de oitenta orquestras em
quatro continentes, com destaque
para as filarmônicas de Nova York,
Los Angeles e Israel; orquestras da
Filadélfia, Cleveland e Minnesota;
sinfônicas de San Francisco, St. Louis,
Atlanta, Baltimore, Montreal,
Toronto e Ottawa. Na Europa,
as sinfônicas da BBC de Londres,
BBC de Cardiff e BBC Escocesa;
filarmônicas de Londres, Royal
Liverpool, Oslo, Hallé, Rotterdam,
Bergen, Helsinki e das rádios
Holandesa e Nacional da Irlanda;
as orquestras nacionais da França,
Lyon, Bélgica, Lille e Escócia;
Sinfônica de Barcelona, Orquestra
de Bilbao e a Ópera de Lyon.
Na Ásia, regeu a Filarmônica de
Tóquio e a Yomiuri Symphony.
Estreou nos Estados Unidos com
a Filarmônica de Nova York e foi
convidado a assumir o posto de
regente associado, cargo antes
ocupado por Leonard Bernstein.
Entre outros, recebeu os prêmios
Martin Segall, o Grammy Latino de
Melhor Álbum Clássico com o CD
Jobim Sinfônico, concebido por Mário
Adnet e Paulo Jobim, o Emmy, Prêmio
Carlos Gomes, APCA e Prêmio TIM.
Gravou pelo selo Naxos com a
Filarmônica de Londres. Com a Osesp,
pelo selo BIS, registrou a integral das
Bachianas Brasileiras em sete CDs,
gravações consideradas pela
Gramophone as melhores realizadas
até aquela data. Gravou também com
a Orquestra Acadêmica do Festival
de Campos do Jordão, com a OSB
(Biscoito Fino) e com a Filarmônica
de Calgary. Em 2009, assinou a
Coleção Clássicos da Editora Abril.
Sua gravação do Capricho Italiano de
Tchaikovsky com a BBC de Cardiff
foi incluída na revista BBC Music e
seu CD com a Sinfônica de Odense
(Bridge Records) foi Gramophone
Choice em abril de 2012.
Roberto Minczuk começou sua
carreira como um prodígio
da trompa e aos dezesseis anos
era trompa solo da Sinfônica
Municipal de São Paulo. Durante
seus estudos na Juilliard School,
foi solista da Sinfônica Juvenil
de Nova York no Carnegie Hall
e da Filarmônica de Nova York
na série Young People’s Concerts.
Foi membro da Orquestra
Gewandhaus de Leipzig, a convite
do maestro Kurt Masur. No Brasil,
estudou regência com Eleazar de
Carvalho e John Neschling.
Roberto Minczuk é casado com
Valéria Minczuk e tem quatro filhos:
Natalie, Rebecca, Joshua e Julia.
42
ALLEGRO E VIVACE
43
F OTO: N ICK GRAN ITO
Rogé apresentou-se na maior parte
das principais salas de concerto do
mundo e com as mais importantes
orquestras. Colaborou com os mais
destacados regentes, incluindo Lorin
Maazel, Michael Tilson Thomas,
Mariss Jansons, Charles Dutoit, Kurt
Masur, Edo de Waart, Alan Gilbert,
David Zinman, Marek Janowski, Sir
Andrew Davis e Raymond Leppard.
PASCAL
ROGÉ
Pascal Rogé representa hoje o que há
de mais fino na interpretação de
piano da música francesa. Nascido
em Paris, foi aluno do Conservatório
de Paris e pupilo de Julius Katchen e
da grande Nadia Boulanger. Vencedor
do Concurso de Piano Georges
Enesco e Primeiro Lugar no Concurso
Marguerite Long, tornou-se músico
exclusivo do selo Decca aos
dezessete anos. Sua interpretação
de Poulenc, Satie, Fauré, SaintSaëns e especialmente Ravel é
marcada pela elegância, beleza e
fraseado estilisticamente perfeito.
Um dos artistas mais reconhecidos
no mundo por suas gravações,
Pascal Rogé ganhou várias premiações
de prestígio, incluindo dois prêmios
Gramophone, um Grand Prix du
Disque e um Edison Award por
suas interpretações dos concertos
de Ravel e Saint-Saëns, bem como
pelas obras completas para piano
de Ravel, Poulenc e Satie. Outras
gravações incluem um ciclo de
Debussy e um ciclo de Bartók com
a Orquestra Sinfônica de Londres.
Para um especial de Poulenc, Rogé
executou dois concertos para piano –
Aubade e Champêtre Concerto – sob
regência de Charles Dutoit.
Há muitos anos está envolvido com
um ambicioso projeto de gravações
para o selo Onyx, o Rogé Edition. O
primeiro CD inaugurou seu primeiro
ciclo completo de Debussy contendo
os Prelúdios, seguido de um segundo
CD com Estampas e ainda um terceiro
contendo Imagens. O selo Onyx
também lançou os Concertos para
piano e orquestra de Mozart, com a
Orquestra Sinfônica de Indianápolis,
e o álbum Poètes du Piano – gravação
ao vivo de um recital dedicado a
Chopin, Debussy, Fauré, Poulenc e
Ravel. Com a Sinfônica da Rádio de
Viena, sob a batuta de Bertrand de
Billy, ele gravou recentemente dois
CDs com os dois concertos para
piano de Ravel, o Concerto em Fá e
a Rapsódia em Blue de Gershwin.
Nos últimos anos Rogé tem se
dedicado a recitais a quatro mãos
e dois pianos com sua parceira na
música e na vida, Ami Rogé. Juntos,
eles viajam o mundo apresentando-se
em prestigiosos festivais e salas de
concerto e têm gravado vários CDs
dedicados ao repertório francês para
dois pianos. Em 2011 eles estrearam
o Concerto para Dois Pianos do
compositor Matthew Hindson, com
a Orquestra Sinfônica de Sydney
conduzida por Vladmir Ashkenazy.
Pascal Rogé assumiu recentemente
a presidência da Competição de
Piano Genève. Ele também se dedica
ao ensino e ministra masterclasses
regularmente na França, Japão,
Estados Unidos e Reino Unido.
44
ALLEGRO E VIVACE
45
Modest Mussorgsky |
Rússia, 1839 – 1881
UMA NOITE NO MONTE CALVO (1867)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
13 min
É em uma Rússia em ebulição
pré-revolucionária que surge o
Grupo dos Cinco: dois jovens
oficiais (César Cui e Modest
Mussorgsky), um aluno da Escola
Naval (Rimsky-Korsakov), Balakirev
(o único músico profissional) e um
assistente de química da Academia
de Medicina (Alexandre Borodin).
Trabalhando sem cessar, o grupo fez
a revolução antes mesmo de Lenin...
Dos cinco, o mais revolucionário
foi Modest Mussorgsky.
No entanto, costuma-se brincar
maliciosamente que a obra orquestral
mais importante de Mussorgsky
foi escrita por Ravel. De fato, a
orquestração que Ravel fez dos
Quadros de uma Exposição, composta
originalmente para piano, ajudou
a projetar a música e o gênio de
Mussorgsky para além das fronteiras
russas. Não fora, ainda, o grande
e cuidadoso empenho de
Rimsky-Korsakov em resgatar,
revisar e publicar a sua obra, após
sua morte, a maior parte da música
de Mussorgksy hoje estaria perdida.
Seu acervo parece um retrato de sua
vida: desregrado, desorganizado,
cheio de esboços não concluídos
e, mesmo em manuscritos mais
completos, diversas passagens
problemáticas, em que não se
consegue discernir direito o que
é erro, omissão, desleixo ou
inovação deliberada.
O zeloso e admirável trabalho de
Rimsky-Korsakov, no entanto, deixou
a posteridade em dúvida: até onde
as suas interferências não estariam
corrompendo o gênio do compositor,
corrigindo e polindo o que, na sua
opinião, seriam barbarismos e
equívocos, mas que na verdade
poderiam ser investidas ousadas e
insuspeitas? Nunca se saberá ao certo.
É das obras mais completas e
acabadas de Mussorgsky que vem
esse questionamento: suas mais de
sessenta canções, produzidas ao
longo de toda a sua vida, mostram
procedimentos muito pessoais,
contrastes desconcertantes, melodias
angulosas e grandes rupturas
rítmicas e harmônicas, que põem
em cheque o próprio sistema tonal.
A despeito disso tudo, algumas obras
suas entraram definitivamente para
o patrimônio musical do Ocidente:
além das canções e dos Quadros de
uma Exposição, a ópera Boris Godunov
é decisiva. Sua música orquestral
compõe-se de pouco menos de dez
títulos. Deles, Uma noite no Monte
Calvo, na versão de Rimsky-Korsakov,
é a obra mais conhecida e a mais
importante. Trata-se da versão que
Rimksy-Korsakov fez e publicou,
em 1886, de uma obra original de
Mussorgsky intitulada Noite de São
João no Monte Calvo, que Balakirev
recusara-se a apresentar e nunca foi
executada durante a vida do autor. Essa
versão original só foi publicada em
1968 e é ela que será ouvida nesta noite.
Seu manuscrito foi descoberto na
década de 1920, na Biblioteca do
Conservatório de Leningrado. A
música encerrada nessa partitura faz
despertar, mais uma vez, as dúvidas
sobre o bem-intencionado trabalho
que Rimsky-Korsakov fez ao revisar
as obras do amigo: as ousadias
que ela apresenta – que valeram
a Mussorgsky severas críticas de
Balakirev – não aparentam ser, aos
olhos e ouvidos de hoje, desleixo ou
inépcia, mas ensaios visionários de
caminhos que, pouco mais tarde,
a música do Ocidente tomaria.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor
em Literaturas de Língua Portuguesa, professor
da Universidade do Estado de Minas Gerais e da
Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
Moussorgsky – Night on Bald Mountain;
Pictures at an exhibition – The Cleveland
Orchestra – Lorin Maazel, regente –
Telarc – 2006
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto
Minczuk, regente | Acesse: fil.mg/mmontecalvo
PARA LER
M. Montagu-Nathan – Moussorgsky –
Ulan Press – 2012
46
ALLEGRO E VIVACE
César Franck |
47
Bélgica, 1822 – França, 1890
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
VARIAÇÕES SINFÔNICAS (1885)
15 min
As Variações Sinfônicas foram
escritas em curto espaço de tempo,
entre outubro e dezembro de 1885.
A primeira audição se deu em Paris,
na Sociedade Nacional de Música,
sob a regência do autor e tendo como
solista o pianista Louis Diémer, a
quem a composição foi dedicada. Ao
lado da Sinfonia em ré menor, é a obra
de César Franck mais frequentemente
executada em concertos.
A partitura apresenta aspectos
bastante inovadores. A relação
piano /orquestra define-se como
um verdadeiro trabalho de
conjunto, distribuído entre partes
iguais. O efetivo orquestral é
surpreendentemente leve, e o
piano dele participa organicamente,
embora desempenhando papel
privilegiado. Formalmente, César
Franck distancia-se do tradicional
tema variado, abandonando o
procedimento habitual de agrupar,
em seções contrastantes, variações
tecidas sobre diferentes aspectos
de um mesmo tema. Nas Variações
Sinfônicas o discurso musical
torna-se ininterrupto, elaborado
pela interligação de três grandes
partes que se poderiam denominar
Prólogo, Variações e Final.
O Prólogo, Poco allegro, apresenta
dois temas: o primeiro, enunciado
pelas cordas (fá sustenido menor)
é interrogador, brutal, rítmico e
cortante. O segundo, confiado ao
piano, tem caráter lânguido, terno,
melodioso e lírico. O contraste entre
esses motivos antitéticos resulta
violento e constitui o material
temático essencial da composição.
O Prólogo se desenvolve de forma
rapsódica, criando clímax, antes
que se apresentem as variações em
novo movimento, mais moderado.
O tema fundamental das Variações,
Allegretto quasi andante, surge no piano,
em acordes característicos de seu
aspecto coral. Na Primeira Variação,
o solista reelabora esse tema, em
diálogo fragmentado com as cordas
e as madeiras. A Segunda Variação
ressalta o tema no Molto cantabile das
violas e violoncelos, sobre um plano
de madeiras, metais e os desenhos
contrapontíscos do solista. Na Terceira
Variação, o piano torna-se mais
animado, enquanto o tema insinua-se
nos acordes discretos e abafados da
orquestra. Após um tutti conclusivo,
a Quarta Variação se apresenta como
ponto particularmente estratégico da
construção formal, trazendo o retorno
do motivo inicial da obra, retirado
do Prólogo. Esse tema, novamente
evocado, desenvolve-se altivo, na
tonalidade de Ré maior, em crescendo
de grande efeito, metalizado e
ritmado por toda a orquestra. A
Quinta Variação, bastante condensada,
utiliza novamente o fá sustenido
menor inicial, restaurando o clima de
ternura e paz. Na Sexta Variação, os
violoncelos, acompanhados por suaves
ondulações do piano, conduzem
a um momento de recolhimento,
misteriosamente contemplativo.
formais da obra. O Final, Allegro non
troppo, retoma o tom maior e surge
alegremente sobre trinados do piano.
Os temas principais passam por novas
e surpreendentes transfigurações,
acumulando sutilezas tonais e
desencontros rítmicos. A Coda conduz
a um Molto crescendo sobre a tônica,
levando à conclusão alegre e brilhante.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos
Um importante episódio de transição,
verdadeiro interlúdio, cria engenhosa
ponte para a última das três seções
livros Músico, doce músico e O grão perfumado –
Mário de Andrade e a arte do inacabado.
Apresenta o programa semanal Recitais
Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
César Franck: Variations Symphoniques –
Orchestre du Capitole de Toulouse – Michel
Passon, regente – Jean-Philippe Collard,
piano – EMI Records Classics, França
(Gravação original 1986; regravação 2007)
PARA ASSISTIR
Orquestra da Rádio e Televisão da Suíça
Italiana – David Shallon, regente –
Nelson Freire, piano | Acesse:
fil.mg/fvariacoes1
fil.mg/fvariacoes2
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
48
ALLEGRO E VIVACE
Francis Poulenc |
49
França, 1899 – 1963
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
CONCERTO PARA PIANO (1949)
19 min
A tendência estética que se identificou
como uma nova objetividade nos
países germânicos do pós-guerra de
1914-1918 era um antirromantismo,
superação do pessimismo das
manifestações expressionistas,
em busca de uma renovação
que se baseava em elementos de
ordem, diatonismo, simplicidade.
Na França, a mesma motivação
incluía uma negação do impreciso,
vago, vaporoso – tidas como
características da estética de Debussy.
A opção era por nitidez, concisão,
predominância rítmica, virtudes da
velha tradição da música francesa.
Satie, Stravinsky, Picasso e outras
personalidades influenciavam o
ambiente parisiense dos anos 1920.
Jean Cocteau – poeta, artista a serviço
tanto da literatura quanto do cinema,
do balé, da música, do teatro –
apadrinhava em Paris uns jovens
compositores naqueles anos loucos.
Eram Georges Auric, Louis Durey,
Arthur Honegger, Darius Milhaud,
Germaine Tailleferre e Francis
Poulenc – que um jornalista chamou
de Les Six (Os Seis). A denominação se
consagrou e passou para a história da
música, apesar de não existir de fato
um grupo. Aos Seis coube representar,
na França, a recusa do impressionismo,
assim como o gosto pela utilização
de elementos do music hall e do jazz.
Durey abandonou logo a convivência
com os demais, Auric dedicou-se
à música para filmes e, dos outros,
apenas Honegger, Milhaud e Poulenc,
personalidades contrastantes, vieram a
construir obras amplas e significativas.
Francis Poulenc recebeu uma
formação geral clássica e, na música,
foi aluno de Koechlin e do grande
pianista espanhol Ricardo Viñes.
Estreou como compositor aos dezoito
anos, com a Rapsódia Negra para
piano, quarteto de cordas, flauta,
clarinete e voz, em que utilizava
ritmos de jazz, em concerto de
jovens organizado por Satie no
Théatre du Vieux Colombier.
A música de Poulenc é em geral leve,
clara, de harmonias requintadas.
Ele pode ser decididamente urbano,
parisiense em sua inspiração,
como outras vezes voltado
para reminiscências do campo.
Extremamente feliz ao utilizar
textos poéticos (Apollinaire, Max
Jacob, Éluard etc.), sua contribuição
à música vocal francesa está entre os
momentos mais altos de sua obra. Na
música de câmara deixou algumas
joias, como as três sonatas com
piano – para flauta, clarinete e oboé,
em que, ao lado da expressão mais
ligeira, surgem momentos pungentes
e profundos. Excelente pianista,
escreveu muito para seu instrumento.
para cravo (Concert Champêtre),
Concerto para dois pianos, Aubade
(Concerto coreográfico para
piano e 18 instrumentos) e
Concerto para piano e orquestra.
Na música cênica explorou a veia
cômica, satírica (Les mamelles de
Tirésias); na música coral aparece seu
lado sinceramente religioso (Litanies
de la Vierge Noire, Stabat Mater).
O próprio Poulenc foi solista na
estreia do Concerto para piano e
orquestra, com a Sinfônica de Boston,
sob a regência de Charles Münch. É
um divertissement, descomprometido
e brilhante em seus três breves
movimentos, cheio da espontaneidade
característica do autor.
A música sinfônica não foi
objeto de seu particular interesse,
porém utilizou com frequência
as formas concertantes, como em
seus cinco concertos: para órgão,
BERENICE MENEGALE Pianista, fundadora e
diretora da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Poulenc – Concerto for 2 pianos; Piano
Concerto; Aubade – Rotterdam Philharmonic
Orchestra – James Conlon, regente – FrançoisRené Duchable e Jean-Philippe Collard, pianos
– Warner Classics APEX 2564 62552-2 – 2005
Orquestra Philharmonia – Charles Dutoit, regente –
Pascal Rogé, piano | Acesse:
fil.mg/ppiano1
fil.mg/ppiano2
fil.mg/ppiano3
PARA LER
Alfred Cortot – La musique française de piano –
Vol. III – Presses Universitaires de France – 1948
Robert Shapiro – Les Six – The composers
and their mentors Jean Cocteau and
Erik Satie – Peter Owen Publishers,
ISBN 978-07206-1293-6 – 2011
50
ALLEGRO E VIVACE
51
Sergei Rachmaninoff |
Rússia, 1873 – Estados Unidos, 1943
SINFONIA Nº 1 EM RÉ MENOR, OP. 13 (1895)
Reconstruída por Glazunov em 1945
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
44 min
Todo jovem artista necessita
de uma ajuda sincera dos mais
velhos no início de sua carreira,
numa oportunidade que o fará
conhecido, ou na simples forma
de conselhos sobre como e quando
dar os primeiros passos. Em 1892,
aos dezenove anos de idade, Sergei
Rachmaninoff teve esse tipo de ajuda
quando Tchaikovsky conseguiu que
sua primeira ópera, Aleko, fosse
apresentada no Teatro Imperial ao
lado de uma de suas próprias óperas.
Essa oportunidade foi o bastante
para fazer seu nome conhecido
e abrir-lhe as portas do sucesso.
Rachmaninoff graduou-se no
Conservatório de Moscou naquele
ano e tornou-se um artista livre. Aos
poucos sua promissora carreira tinha
início, e o resto veio-lhe com certa
facilidade, como ele mesmo dizia,
mas não sem alguns percalços.
dia no último mês, a composição
ficou pronta apenas no dia 2 de
setembro. Baseada em cantos da
Igreja Ortodoxa Russa, ela só seria
ouvida em público, pela primeira vez,
dezoito meses depois da composição.
O rico comerciante e mecenas
Mitrofan Belyayev, que publicava
e divulgava as obras de vários
compositores russos com seu próprio
dinheiro, aceitou programar a
Primeira Sinfonia de Rachmaninoff
para a temporada de 1897 dos
Concertos Sinfônicos Russos, uma
série destinada a permitir que
os jovens compositores tivessem
suas obras sinfônicas executadas.
A estreia, em São Petersburgo,
no dia 28 de março de 1897, sob a
regência de Aleksandr Glazunov,
foi um desastre completo.
um conservatório no Inferno, e se
um dos seus alunos talentosos tivesse
de compor uma sinfonia baseada na
história das dez pragas do Egito, e se
compusesse uma sinfonia como a do
Sr. Rachmaninoff, ele teria cumprido
sua tarefa de forma brilhante e iria
deliciar os habitantes do Inferno”.
Em janeiro de 1895, ele começou
a composição daquela que seria
conhecida como sua primeira
Segundo o compositor, Glazunov
não compreendeu a linguagem
da sinfonia, deu-lhe pouco tempo
de ensaio e regeu a orquestra
Ao pegar o trem para Moscou,
Rachmaninoff era um homem
diferente: “minha confiança em mim
mesmo havia recebido um golpe duro.
Horas de agonia gastas em dúvida
e considerações trouxeram-me a
conclusão de que eu deveria desistir
de compor”. Um colapso nervoso
e três anos de silêncio o levaram a
buscar ajuda. Iniciou um série de
tratamentos com o neurologista
Nikolai Dahl e teve a oportunidade
de se encontrar, por três dias, com o
escritor Leon Tolstoy, que restaurou
sua autoestima, devolveu-lhe a
confiança e o estimulou a seguir
em frente: “Meu jovem, você acha
que tudo na minha vida corre
sinfonia (os fragmentos de uma
sinfonia composta anos antes foram
compilados sob o título de Sinfonia
de Juventude). A composição foi
árdua. Trabalhando sete horas
por dia na Sinfonia, dez horas por
bêbado. Para completar o
infortúnio, César Cui, um dos
compositores do Grupo dos Cinco,
escreveu uma crítica no jornal
desqualificando completamente a
obra e o compositor: “Se houvesse
suavemente? Você acha que eu não
tenho problemas, nunca hesito ou
perco a confiança em mim mesmo?
Você realmente acha que minha
convicção é sempre igualmente
forte? Todos nós temos momentos
difíceis; mas esta é a vida. Mantenha
a cabeça erguida, e continue em
seu caminho determinado.”
Rachmaninoff voltou a compor
e tornou-se um dos maiores
compositores do século XX. Ele
desistiu da publicação da Sinfonia e
deixou a partitura em Moscou, em
1917, quando partiu da Rússia. A obra
nunca mais foi apresentada enquanto
ele viveu. Após sua morte, as partes
orquestrais, alteradas pela mão de
Glazunov, foram descobertas no
Arquivo Belyayev da Biblioteca
do Conservatório de Leningrado
(São Petersburgo) e a partitura pôde
ser reconstruída. A segunda execução
da peça se deu no Conservatório de
Moscou em 17 de outubro de 1945,
sob a regência de Aleksandr Gauk.
Em quatro movimentos, a
Sinfonia nº 1 contém uma integração
motívica ímpar, com fragmentos
melódicos que se entrelaçam em
todos os movimentos, criando uma
obra extremamente uniforme e
coesa. Ao longo de toda a Sinfonia,
trechos anteriormente apresentados
são retrabalhados de forma variada,
ao mesmo tempo em que fragmentos
aparentemente esquecidos se
52
ALLEGRO E VIVACE
53
PESQUISA
rústica, traz um pouco de calma
à impetuosidade desta obra de
juventude. O Finale (Allegro con fuoco)
é uma frenética fanfarra marcial em
que os metais e a percussão dominam
a cena por quase todo o movimento.
Chegamos ao segundo semestre desta temporada, a primeira na
SALA MINAS GERAIS . Aqui, queremos que você aprecie a música
e os encontros que ela propicia com todo conforto e segurança. E
queremos aprimorar o que já conquistamos até agora. Para isso,
gostaríamos de ouvir a opinião do MAIOR INTERESSADO: VOCÊ .
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
EM AGOSTO , nos foyers, você será convidado/a a responder a uma
pesquisa sobre a Sala Minas Gerais. Contamos com a sua participação.
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Rachmaninoff – The symphonies –
Royal Concertgebouw Orchestra – Vladimir
Ashkenazy, regente – Decca – 1998
Orquestra Filarmônica de Leningrado (hoje
São Petersburgo) – Kurt Sanderling, regente
Acesse: fil.mg/rsinf1
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto
Minczuk, regente | Acesse: fil.mg/rsinf1rm
PARA LER
Sergei Bertensson e Jay Leyda – Sergei
Rachmaninoff: a lifetime in music –
Indiana University Press – 2009
Sergei Rachmaninoff – Rachmaninoff’s
recollections told to Oskar von Riesemann –
Macmillan – 1934
FOTO: BRUNA BRANDÃO
transformam em material novo.
O jogo de semelhança e diversidade
do material musical é o jogo próprio
desta obra. O primeiro movimento
(Grave – Allegro ma non troppo) é
majestoso e apresenta a maior parte
do material a ser trabalhado ao longo
da Sinfonia. O segundo movimento
(Allegro animato) é uma espécie de
Scherzo, com um andamento enérgico
típico da música russa folclórica.
O terceiro (Larghetto), uma cantilena
54
55
ACOMPANHE A
FILARMÔNICA EM OUTRAS
SÉRIES DE CONCERTO
PRÓXIMOS
CONCERTOS
Agosto
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens
laboratório é uma oportunidade
DIA 13, CONCERTOS DE CÂMARA
DIAS 27 E 28, ALLEGRO 8, VIVACE 8
e às famílias, buscando ampliar
para que jovens regentes brasileiros
QUINTETO DE METAIS
e formar público para a música
possam praticar com uma orquestra
quinta e sexta, 20h30,
Sala Minas Gerais
clássica. As apresentações têm
profissional. A cada ano, quinze
quinta, 19h e 20h30,
Memorial Minas Gerais Vale
ingressos a preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
MICHEL / SANTOS / GABRIELI /
Pascal Rogé, piano
Roberto Minczuk, regente convidado
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
RIMSKY-KORSAKOV / DEBUSSY / DVORÁK /
MUSSORGSKY / FRANCK / POULENC /
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
KREISLER / BERNSTEIN
RACHMANINOFF
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
DIA 14, FORA DE SÉRIE 5
DIA 29, TURNÊ ESTADUAL
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
APRESENTAÇÃO EXTRA
sábado, 20h30, Congonhas
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
Marcos Arakaki, regente
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
TCHAIKOVSKY / DVORÁK / PROKOFIEV /
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
Jean-Louis Steuerman, piano
VAUGHAN WILLIAMS / WAGNER / GOMES
dentro do circuito nacional e
BEETHOVEN
CONCERTOS DIDÁTICOS
internacional da música clássica.
DIA 15, FORA DE SÉRIE 5
Concertos destinados a grupos de
crianças e jovens da rede escolar
TURNÊS ESTADUAIS
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
e a instituições sociais, mediante
As turnês estaduais levam a música de
Fabio Mechetti, regente
inscrição prévia. Seu formato busca
concerto a diferentes cidades e regiões de
Jean-Louis Steuerman, piano
apoiar o público em seus primeiros
Minas Gerais, possibilitando que o público
BEETHOVEN
passos na música clássica.
do interior do Estado tenha contato direto
com música sinfônica de excelência.
DIAS 20 E 21, PRESTO 7, VELOCE 7
Com o objetivo de fomentar a criação
CONCERTOS DE CÂMARA
quinta e sexta, 20h30,
Sala Minas Gerais
musical entre compositores brasileiros e
Realizados para estimular músicos
Marcos Arakaki, regente
gerar oportunidade para que suas obras
e público na apreciação da música
Leo Gandelman, saxofone
sejam apresentadas em concerto, este
erudita para pequenos grupos. A
VILLA-LOBOS / GNATTALI
Festival é sempre uma aventura musical
Filarmônica conta com grupos de
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
FESTIVAL TINTA FRESCA
DIA 23, CONCERTOS PARA A JUVENTUDE 4
a encomenda de outra obra sinfônica
ENCONTRO COM VILLA-LOBOS
a ser estreada pela Filarmônica no
domingo, 11h, Sala Minas Gerais
ano seguinte, realimentando o ciclo da
Marcos Arakaki, regente
produção musical nos dias de hoje.
Leo Gandelman, saxofone
VILLA-LOBOS
56
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
57
Instituto
Cultural
Filarmônica
FORTISSIMO
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO
REGENTE ASSOCIADO
Berenice Menegale
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Philip Hansen *
Alma Maria Liebrecht *
Jussan Fernandes
Rommel Fernandes –
Robson Fonseca ****
Evgueni Gerassimov ***
Spalla Associado
Camila Pacífico
Gustavo Garcia Trindade
INSPETORA
Ara Harutyunyan – Spalla
Camilla Ribeiro
José Francisco dos Santos
Karolina Lima
Assistente
Eduardo Swerts
Lucas Filho
Ana Zivkovic
Emilia Neves
Fabio Ogata
Arthur Vieira Terto
Eneko Aizpurua Pablo
Bojana Pantovic
Lina Radovanovic
Dante Bertolino
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
TROMPETES
Débora Vieira
Marlon Humphreys *
Hyu-Kyung Jung
CONTRABAIXOS
Érico Fonseca **
ARQUIVISTA
Marcio Cecconello
Colin Chatfield *
Daniel Leal ***
Sergio Almeida
Mateus Freire
Nilson Bellotto ***
Tássio Furtado
Rodolfo Toffolo
Brian Fountain
Rodrigo Bustamante
Marcelo Cunha
TROMBONES
Ana Lúcia Kobayashi
Rodrigo Monteiro Braga
Pablo Guiñez
Mark John Mulley *
Claudio Starlino
Rodrigo de Oliveira
Wallace Mariano
Diego Ribeiro **
Jônatas Reis
William Brichetto
Wagner Mayer ***
SEGUNDOS VIOLINOS
ASSISTENTES
Renato Lisboa
Frank Haemmer *
FLAUTAS
Leonidas Cáceres ***
Cássia Lima*
TUBA
Gideôni Loamir
Renata Xavier ***
Eleilton Cruz *
Guilherme Monteiro
Alexandre Braga
Jovana Trifunovic
Elena Suchkova
Luka Milanovic
Rodrigo Castro
MONTADORES
TÍMPANOS
André Barbosa
Patricio Hernández
Hélio Sardinha
Pradenas *
Jeferson Silva
OBOÉS
Radmila Bocev
Alexandre Barros *
Tiago Ellwanger
Ravi Shankar ***
PERCUSSÃO
Valentina Gostilovitch
Israel Muniz
Rafael Alberto *
Moisés Pena
Daniel Lemos ***
VIOLAS
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Martha de Moura Pacífico
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
Sérgio Aluotto
João Carlos Ferreira *
CLARINETES
Roberto Papi ***
Marcus Julius Lander *
Flávia Motta
Jonatas Bueno ***
HARPA
Gerry Varona
Ney Campos Franco
Giselle Boeters *
Gilberto Paganini
Alexandre Silva
Juan Castillo
Werner Silveira
TECLADOS
Katarzyna Druzd
FAGOTES
Luciano Gatelli
Catherine Carignan *
Marcelo Nébias
Victor Morais ***
Nathan Medina
Andrew Huntriss
agosto
nº 6 / 2015
Ayumi Shigeta *
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto
DIRETOR DE
ANALISTAS DE
AUXILIARES
OPERAÇÕES
MARKETING E
ADMINISTRATIVOS
Ivar Siewers
PROJETOS
Pedro Almeida
Itamara Kelly
Vivian Figueiredo
DIRETOR DE
Mariana Theodorica
PRODUÇÃO MUSICAL
Kiko Ferreira
Equipe Técnica
RECEPCIONISTA
ASSISTENTE DE
Lizonete Prates Siqueira
COMUNICAÇÃO
Renata Gibson
AUXILIARES DE
SERVIÇOS GERAIS
GERENTE DE
ASSISTENTES DE
Ailda Conceição
COMUNICAÇÃO
MARKETING DE
Márcia Barbosa
Merrina Godinho
RELACIONAMENTO
Delgado
Eularino Pereira
MENSAGEIROS
Rildo Lopez
Lucas Lima
GERENTE DE
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Equipe
Administrativa
Guimarães
Serlon Souza
MENOR APRENDIZ
Diego Soares
GERENTE
ASSESSORA DE
ADMINISTRATIVO-
PROGRAMAÇÃO
FINANCEIRA
MUSICAL
Thais Boaventura
Carolina Debrot
Sala Minas
Gerais
GERENTE DE
ANALISTAS
INFRAESTRUTURA
PRODUTORES
ADMINISTRATIVOS
Renato Bretas
Geisa Andrade
João Paulo de Oliveira
Luis Otávio Rezende
Paulo Baraldi
Narren Felipe
OPERAÇÕES
ANALISTA CONTÁBIL
ANALISTAS DE
GERENTE DE
Jorge Correia
Graziela Coelho
COMUNICAÇÃO
TÉCNICO DE
Andréa Mendes
ANALISTA DE
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
(Imprensa)
RECURSOS HUMANOS
Rafael Franca
Marciana Toledo
Quézia Macedo Silva
(Publicidade)
ASSISTENTE
Mariana Garcia
SECRETÁRIA
OPERACIONAL
(Multimídia)
EXECUTIVA
Rodrigo Brandão
Renata Romeiro
Flaviana Mendes
(Design gráfico)
ASSISTENTE
ANALISTA DE
ADMINISTRATIVA
MARKETING DE
Cristiane Reis
RELACIONAMENTO
Mônica Moreira
FOTO DA CAPA: BRUNA BRANDÃO
ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
58
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
movimentação perturba a execução
da obra. Seja pontual e respeite o
fechamento das portas após o terceiro
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
sair antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras.
Veja no programa o número de
movimentos de cada uma e fique de
olho na atitude e gestos do regente.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
CUIDE DO SEU
PROGRAMA DE
CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa
mensal de concertos, é uma publicação
indexada aos sistemas nacionais
e internacionais de catalogação.
Elaborado com a participação de
especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer
música. Desfrute da leitura e estudo.
Para evitar o desperdício, pegue
apenas um exemplar ao mês. Caso
não precise dele após o concerto,
devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também
disponível em nosso site, na agenda
de concertos. www.filarmonica.art.br
OLÁ, ASSINANTE
ESTÁ CHEGANDO A HORA
desfrutar com comodidade e alta qualidade do universo da música sinfônica.
No dia 1º de outubro você vai conhecer as obras e temas da
TEMPORADA 2016 , os solistas convidados, os preços e
vantagens de continuar a ser um Assinante Filarmônica.
É muito importante que você informe qualquer mudança de
telefone, endereço ou e-mail e fique atento aos prazos:
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o
encontro com outras pessoas. Aproveite
essa troca antes da apresentação e
no seu intervalo, mas nunca converse
ou faça comentários durante a
execução das obras. Lembre-se de
que o silêncio é o espaço da música.
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por
favor, de desligar o seu celular ou
qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas na sala de concertos.
CUMPRIMENTOS
Após a apresentação, caso queiram
cumprimentar os músicos e convidados,
dirijam-se à Sala de Recepções,
à esquerda do foyer principal.
de você renovar sua assinatura e
RENOVAÇÃO
1º a 19 out
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por
criança, escolha assentos próximos
aos corredores. Assim, você
consegue sair rapidamente se
ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no
interior da sala de concertos.
com indicação ou não do
desejo de troca de assentos
TROCA confirmação da troca de assentos
23 out a 19 nov e/ou do pacote de assinatura
NOVAS ASSINATURAS momento de convidar os amigos
12 nov a 31 jan 2016 para também serem assinantes
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
[email protected]
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)
www.filarmonica.art.br
FOTO: RAFAEL MOTTA
PARA APRECIAR
UM CONCERTO
59
60
SALA MINAS GERAIS
Cabine de
controle
Além dos elementos arquitetônicos,
primordiais no resultado acústico da Sala
Minas Gerais, também estão disponíveis
tecnologias de áudio, vídeo e iluminação.
O controle de tudo isso está concentrado
em uma cabine ao fundo da plateia
central, logo abaixo do balcão principal.
A sala está equipada com 310 refletores
de luz, dos quais 30 são motorizados.
Todos eles são acionados a partir de uma
mesa instalada na cabine, que permite
regular a intensidade da iluminação da
plateia e do palco.
Motorizados e alçados ao teto, seis
FOTO: BRUNA BRANDÃO
microfones estão distribuídos pelas seções
de instrumentos da orquestra e ligados a
uma mesa com 48 canais. O som captado
é enviado aos foyers e bastidores.
Há também casos em que instrumentos
precisam ser amplificados, como o
cravo, o violão e o bandoneon. Nessas
obras que preveem trechos executados
situações, microfones são acoplados a
fora do palco, a câmera capta os
eles e têm seus sons transmitidos por
movimentos do regente e, assim, os
alto-falantes no próprio palco.
músicos que estão nos bastidores
conseguem se orientar.
resolução. Duas câmeras fixas, uma no
Em um futuro próximo também será
palco e outra na cabine de controle,
possível realizar a gravação e edição de
podem ter suas imagens transmitidas
imagem e som. Por isso, outras quatro
para áreas externas à sala. Para
câmeras, móveis, são posicionadas em
orquestra e equipe técnica, esse sistema
função das especificidades das obras.
é fundamental na organização do fluxo
E é diretamente da cabine que cada
do concerto. Além disso, em algumas
um desses elementos é orquestrado.
F OTO: BRU NA BRAN DÃO
O equipamento de vídeo é todo em alta
CA: 0263/001/2014
MANTENEDORA
DIVULGAÇÃO
APOIO INSTITUCIONAL
INCENTIVO
Projeto executado por meio da
Lei Estadual de Incentivo à
Cultura de Minas Gerais
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
WWW.FILARMONICA.ART.BR
/filarmonicamg
/filarmonicamg
@filarmonicamg
/filarmonicamg

Documentos relacionados

baixar programa - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

baixar programa - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi

Leia mais