Tópicos de Cristalização. Prof. Paul Fernand

Transcrição

Tópicos de Cristalização. Prof. Paul Fernand
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
TÓPICOS DE CRISTALIZAÇÃO
Cristal: sólido cujos constituintes (átomos, moléculas ou íons) estão organizados num padrão tridimensional
bem definido que se repete no espaço.
Sistemas básicos de cristalização da célula unitária:
Sistema de cristalização
Cúbico
Tetragonal
Ortorrômbico
Hexagonal
Romboédrico ou Trigonal
Monoclínico
Triclínico
Eixos
a=b=c
a=b≠c
a≠b≠c≠a
a=b≠c
a=b=c
a≠b≠c≠a
a≠b≠c≠a
Ângulos entre os eixos
α = β = γ = 90º
α = β = γ = 90º
α = β = γ = 90º
α = β = 90º; γ = 120º
α = β = γ ≠ 90º
α = γ = 90º; β ≠ 90º
α ≠ β ≠ γ (todos ≠ 90º)
O Processo de Cristalização:
- Supersaturação (é pré requisito)
- Nucleação (ocorre naturalmente a elevadas supersaturações)
- Crescimento dos núcleos (a baixa supersaturação)
Vide Ilustração no diagrama de equilíbrio...
Nucleação: homogênea ( a mesma substância que cristaliza constitui os núcleos ) ou heterogênea ( uma
substância diferente daquela que cristaliza constitui os núcleos)
Nucleação primária (choque entre moléculas) ou secundária (quebra de cristais já formados). A nucleação
secundária pode ser devida: ao choque entre cristais, choque entre cristais e parede, choque entre cristais e
agitador, quebra de cristais no interior da bomba).
Nucleação: Natural (primária ou secundária) ou sintética (adição artificial de núcleos; semeadura)
Consequências operacionais...
Velocidade de crescimento afetada pela agitação, grau de supersaturação, temperatura...
Hábito do Cristal ( morfologia; forma; aparência macroscópica do cristal). Depende do sistema de cristalização
e de influências externas.
Tem importância comercial: dendrítica, agulhas, lâminas, arredondados.
Influência Externa: Velocidade de crescimento; solvente usado; pH; impurezas presentes (adsorção seletiva
pelas diferentes faces e assim os modificadores de hábito.)
Dois exemplos de modificadores de hábito:
Sulfato de amônio: solução pura: cristal alongado. Solução com 50 ppm de Fe: cristal compacto.
NaCl: solução pura: cristais cúbicos. Solução com uréia: cristais octaédricos.
I
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
II
Pureza do produto: Na saída do cristalizador, cristais e solução saturada estão misturados (licor, magma, lodo).
Após filtração ou centrifugação os cristais estão umedecidos com cerca de 2% a 10% de solução saturada (água
mãe).
Após lavagem e secagem a pureza esperada é de 99,5% a 99,9% de pureza (devido a oclusões).
Para maior pureza: redissolução e recristalização.
Equipamentos - Classificação
Por Resfriamento
-Tanque
-Wulf-Bock
- Superfície raspada: -Swenson-Walker e -Votator
- SMRPM (MSMPR) (suspensão misturada e remoção de produto misturado) (mixed suspension mixed product
removal crystallizers): - Circulação forçada. - TTC (DTB) (Draft tube baffle) (tubo de tiragem e chicana)
- PC (produto classificado)
- SC (suspensão classificada) (Oslo; Krystal)
Por Evaporação Adiabática (cerca de 5% a 10% do solvente é evaporada. Maior rendimento que operações
apenas por refriamento.)
- SMRPM
- PC
- SC
Por Evaporação (os de maior capacidade)
-Tanque
- SMRPM (os de maior importância): - circulação forçada. -TTC (DTB)
- PC (TTC com coluna de elutriação)
- SC (Oslo ou Krystal)
Vide figuras representativas...
Operação
- Batch (muito usada para produtos de alto valor agregado)
- Contínua (menos mão de obra; uso contínuo de utilidades (menor capacidade); menores custos de estocagem.
Tempos de permanência: (Para o cálculo é necessário conhecer a velocidade da cristalização e o perfil de
tamanhos desejados dos cristais). Usualmente de 2h a 6h.
O Equilíbrio e a Regra de Fases:
Para definir um sistema com dois componentes, necessitamos de uma propriedade extensiva (massa ou vazão
mássica); duas propriedades intensivas (por exemplo P e T) e outra também intensiva que é a concentração de
um dos componentes. Como a pressão afeta pouco sistemas líquidos ou sólidos, na representação gráfica
necessitamos exprimir duas propriedades (p. ex. T e x)
Para um sistema ternário, a representação exige 3 dimensões (T, x1, x2). O equilíbrio se dá no mínimo em 3
superfícies, cada uma representando a saturação com respeito a cada um dos três componentes. Em linhas se dá
a cristalização simultânea de dois componentes. Em pontos a cristalização simultânea de 3. Um artifício
operacional é o emprego de diagramas ternários.
Caso você venha a necessitar de maiores conhecimentos no futuro, indico para começar:
- REYNALDO GOMIDE. Estequiometria Industrial. 1979. Capítulo IX. Sais Minerais. pg. 377- 413.
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
III
Para um sistema quaternário, a representação completa exige 4 dimensões (T, x1, x2, x3). E assim
sucessivamente.
De qualquer modo cada constituinte de um sistema afeta o equilíbrio dos demais.
Vide representações gráficas do equilíbrio...
Indicações de Bibliografia:
Em provavelmente qualquer livro texto de Operações Unitárias há um capítulo sobre cristalização (Foust;
Coulson; McCabe,Smith e Harriot, ...). Há também livros específicos para cada Operação Unitária. Os dois
abaixo, posso ceder por empréstimo a você, caso um dia venha a necessitar:
- A.G. JONES. Crystallization Process Systems. Butterworth Heinemann. 1 ed., 2002. 341p.
- J. W. MULLIN. Crystallization. Elsevier. 4 ed., 2001. 594p.
Problemas propostos:
1) Um cristalizador tipo Swenson- Walker deve ser utilizado para produzir 915 Kg/h de cristais de
FeSO4.7H2O, pelo resfriamento de uma solução saturada deste sal, alimentada no cristalizador a 50 oC. Os
cristais e a solução saturada deverão sair do cristalizador a 25oC . O resfriamento será feito com água que é
alimentada no cristalizador a 20oC e sai a 30oC. Calcular: a) A vazão mássica de solução inicial. b) A máxima
quantidade de FeSO4.7H2O que se poderia recuperar. c) A vazão de água de resfriamento necessária para obter
a produção de FeSO4.7H2O desejada. d) A área de troca de calor necessária, admitindo um coeficiente global de
transmissão de calor igual a 170 Kcal/h.m2. oC .
Dados: capacidade calorífica a pressão constante média do sistema = 0,7 Kcal/Kg.oC
Calor de dissolução do FeSO4.7H2O a 18oC = + 4.400 Kcal/Kmol (endotérmica)
Dados de solubilidade (Nesta faixa de temperaturas, a fase sólida formada é o FeSO4.7H2O)
T oC
g FeSO4 / 100 g H2O
25
29
30
33
35
37
40
40
45
43
50
48
Dados de massas atômicas:
(Fe 55,8)(S 32,0)(O 16,0)(H 1,0)
2) Uma tonelada por hora de uma solução aquosa contendo 60 % de KNO3 em peso à temperatura de 90 oC,
deve ser resfriada de modo a permitir a cristalização de 50 % do sal contido na solução. Determinar a
temperatura na qual inicia a cristalização. Determinar até que temperatura se deve resfriar a solução original
para ser obtida a recuperação desejada.
Dados de solubilidade do KNO3:
T oC
20
30
40
50
60
Solubilidade g KNO3 / 100 g H2O
33
45
63
84
110
Tópicos de Cristalização.
70
80
Prof. Paul Fernand Milcent
IV
138
162
3) Um cristalizador a vácuo (adiabático) deve ser projetado para produzir 1.000 lb / h de Na2SO4.10H2O. A
solução é alimentada a 160 oF com 20 % da Na2SO4 em peso. O cristalizador será operado a uma pressão tal
que a temperatura da solução no seu interior seja de 50 oF. Com o auxílio do diagrama entalpia – concentração
em anexo, calcular a vazão de solução necessária, a quantidade de vapor produzido e a vazão da solução que sai
do evaporador. A entalpia específica do vapor a 50 oF é 1083 Btu / lb. Ignore a epe.
4) Um evaporador cristalizador de circulação forçada (SMRPM) é alimentado com 7.000 lb/h de uma solução
aquosa de CaCl2 na concentração de 20% (xF) em peso e na temperatura de 100 oF. O produto desejado é o sal
bihidratado. O equipamento opera na pressão de 0,5 ata ( 7,35 psia ) [ hv= 1138 Btu/lb; Tsat = 179 oF ] (a)
Desenhe o evaporador cristalizador e seus periféricos. Este recebe uma alimentação (F), gera um evaporado (E)
e produz uma mistura constituída de cristais (C) e solução (S). Recebe ainda para aquecimento, vapor vivo (W)
saturado a 135 psia ( +/- 9 ata ), que se transforma em condensado que por sua vez sai do sistema na
temperatura de saturação. [ Tsat = 350 oF , hg = 1192 Btu/lb , hf=322 Btu/lb] ( As entalpias dos vapores tem o
mesmo estado de referência do que o diagrama em anexo.) (b)Explique o funcionamento do evaporador
cristalizador. (c)Escreva as equações de balanço de massa global e de balanço de massa para o soluto. (d)
Escreva a equação de balanço de energia. Neste balanço considere apenas as variações entálpicas.(Despreze a
energia cedida pela bomba e outras variações energéticas. As perdas de calor para o meio externo podem
também ser desprezadas.) (e) Escreva a equação de transferência de calor.(A que permite calcular a área do
trocador de calor.) (f)Qual e entalpia específica da alimentação(hf)? (g)Qual a concentração e a entalpia
específica da solução(xs;hs)? (h)Qual a concentração de CaCl2 e a entalpia específica dos cristais(xc;hc)?
Considere que a elevação do ponto de ebulição da solução a 0,5 ata seja a mesma caso ela se encontrasse a 1,0
ata. (i)Qual a epe estimada da solução? A capacidade calorífica média de um vapor superaquecido nas
condições do problema é 0,456 Btu/lb.oF (j) Qual a entalpia específica do evaporado e a temperatura na qual o
mesmo se encontra(te;he)? O coeficiente global de transferência de calor do trocador de calor é 150 Btu/h.ft2.oF
O vapor vivo alimentado cede 828 Btu para cada libra de solução introduzida no sistema. (k) Qual é o calor
total cedido e a vazão mássica de vapor vivo? (l) Quais as vazões mássicas de evaporado, solução e a produção
de cristais? (m) Qual a área de troca do trocador de calor? DIAGRAMA ENTALPIA-CONCENTRAÇÃO EM
ANEXO.
5) Num cristalizador por evaporação, alimenta-se 10.000 lb/h de uma solução aquosa de Na2SO4 a 70 oF, numa
concentração de 10% em peso.
A pressão de operação é tal, que a temperatura reinante no interior do cristalizador é de 180 oF.
A entalpia do evaporado é 1138 Btu/lb (referência: água líquida a 32 oF).
O vapor de aquecimento é vapor saturado com calor latente de condensação de 927 Btu/lb.
O consumo de vapor de aquecimento é de 10.000 lb/h.
Sob tais condições, o que se forma no cristalizador?
Qual é a concentração das águas mães?
Qual é a produção horária de cristais?
Vide lista adicional de exercícios propostos....
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
V
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
VI
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
VII
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
VIII
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
IX
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
X
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XI
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XII
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XIII
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XIV
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XV
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XVI
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XVII
Tópicos de Cristalização.
Prof. Paul Fernand Milcent
XVIII