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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO LEANDRO DE ANDRADE HOLGADO ESTUDO DA REGENERAÇÃO ÓSSEA GUIADA PELA MEMBRANA DE LÁTEX EM ASSOCIAÇÃO COM MEDULA ÓSSEA Bauru 2009 UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO LEANDRO DE ANDRADE HOLGADO Estudo da Regeneração Óssea Guiada pela membrana de látex em associação com medula óssea Dissertação apresentada à Pró-reitoria de Pós-graduação como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Oral, Área de Concentração: Biologia Oral, sob orientação da Profª. Drª. Ângela Mitie Otta Kinoshita. Bauru 2009 Holgado, Leandro de Andrade H731e Estudo da regeneração óssea guiada pela membrana de látex em associação com medula óssea / Leandro de Andrade Holgado -- 2009. 102f. Orientadora: Profa. Dra. Ângela Mitie Otta Kinoshita. Dissertação (Mestrado em Biologia Oral) Universidade Sagrado Coração - Bauru - SP. 1. Medula óssea. 2. Regeneração Tecidual Guiada. 3. Reparo ósseo. 4. Membranas Oclusivas. 5. Látex. I. Kinoshita, Ângela Mitie Otta. II. Título. Dedico este trabalho à minha família: Aos meus amados pais, Atilano e Vilma, meus maiores exemplos de devoção, que me ensinaram os importantes valores da vida. De meu pai, levo a honestidade, a perseverança e a dedicação que sempre forjaram seu caráter. De minha mãe, carrego o amor, o carinho e a proteção, e sua grande dedicação e renúncia incondicionais aos seus filhos. Vocês são meu porto seguro; À minha noiva Iza, que sempre esteve ao meu lado, mesmos nos períodos mais turbulentos, oferecendo-me todo seu amor, carinho e compreensão, tornando minha jornada menos penosa. A você todo meu amor, o seu sacrifício será recompensado. Amo-te; Ao meu irmão Gustavo, meu amigo e companheiro de toda a vida, pelo incentivo e apoio a mim dispensados, obrigado pela força nos momentos de crise, nossas conversas sempre me deram a segurança necessária para seguir em frente. Agradecimentos Especiais À minha orientadora Professora Doutora Ângela Kinoshita, pela orientação, paciência e extrema doação para a realização deste trabalho, pela amizade e confiança em mim depositada, por todas essas qualidades que resumem a essência do verdadeiro professor; Ao Professor Doutor Spencer Luiz Marques Payão, não só pela coorientação deste trabalho, mas pela amizade, confiança e dedicação e por toda sua contribuição cientifica; À coordenadora do curso de Pós Graduação em Biologia Oral da USC, Professora Doutora Leda Aparecida Francischone, pela seriedade de seu trabalho, pela dedicação e atenção a mim dispensadas tornando possível a conclusão desta etapa; Ao Professor Doutor Sérgio Augusto Catanzaro Guimarães, pelo exemplo de pesquisador e professor, que nortearam meus passos para a vida acadêmica, por todos os ensinamentos transmitidos, os quais levarei por toda minha vida profissional e pelo ser humano fantástico que tive o privilégio do convívio e de enriquecimento do meu saber. Com toda minha admiração e respeito. Agradecimentos À Professora Doutora Mariza Akemi Matsumoto, pela dedicação, atenção, carinho e pela amizade. Pelo caráter e profissionalismo que sempre foram sua característica, por guiar meus passos desde meus tempos de graduação, pelo exemplo de mestre e amor à pesquisa; Aos Professores do Programa de Mestrado em Biologia Oral, pelos conhecimentos e experiências transmitidos, pela amizade e pelo carinho; À Professora Doutora Patrícia Pinto Saraiva, e o Professor Doutor João Cleber Theodóro de Andrade, pela sua grande contribuição para minha formação acadêmica, pelos ensinamentos transmitidos do dia-adia de um professor; Ao Professor e colega Gustavo Campos Belmonte, pela grande ajuda para a realização deste experimento, pelo apoio e incentivo em mim depositados; Ao Departamento de Física e Matemática da FFCLRP-USP pelo fornecimento dos animais e ao Professor Doutor Oswaldo Baffa por disponibilizar o laboratório de Ressonância Magnética para realizar parte deste trabalho; Ao Professor Doutor Marcello Henrique Nogueira-Barbosa pelas imagens de Tomografia Computadorizada e ao Professor Doutor Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques (FMRPUSP) e Eduardo Alvarez Ribeiro (FFCLRP-USP) pelo apoio acerca dos experimentos com imagens tomográficas e pelo software de volumetria utilizado neste trabalho; Ao Professor Doutor Carlos F. O. Graeff (FC-UNESP) pelo apoio neste trabalho, no fornecimento dos animais e por disponibilizar as membranas de látex; Ao meu estimado amigo e companheiro de curso, Lucas Trevizani Rasmussen, pela parceria e motivação, pela troca de experiência que enriqueceram meus conhecimentos. A todos os colegas do curso de Pós-graduação em Biologia Oral, Renato Martins, Fabrício Farina, José Júlio, Eliane Tiemi, pela amizade sincera e sólida que se criou durante este período. Aos colegas que tornaram possível a execução deste trabalho, Tatiana Peixoto Telles de Sousa, Cibele Ereno, Leonardo Marques, Juliana Ferreira Floriano, Lee Chen Tzu, Gustavo Caviquioli, Rúbia Morais e Cláudia Bighetti. A vocês todo meu carinho e respeito. Ao responsável pelo Biotério da Universidade Sagrado Coração e amigo, Sérgio Henrique Pereira Moura, pelo apoio e eficiência no trato com os animais durante a realização deste trabalho; À Maira Cristina Rondina Couto (Departamento de Histologia), e Wilson Aparecido Orcini (Departamento de Biologia Molecular e Morfometria), pelo suporte técnico laboratorial, profissionalismo e colaboração com este trabalho; Aos colegas Renato Victor de Oliveira, Leandro Soeiro Nunes (Mestrado Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial) e Ângelo Menuci Neto (Mestrado em Implantologia), pela oportunidade de participar de seus experimentos que vieram a acrescentar na minha formação; A todos os funcionários da PRPPG, em especial a Ângela Moraes, Edson Alves dos Santos e Ricardo Luiz Penteado Borgo, que com sua extrema dedicação e paciência tornaram mais tranqüila a minha passagem pelo curso; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio à minha pesquisa, por meio de concessão de bolsa de estudos; Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. “Se eu fui capaz de ver mais longe é porque estava de pé nos ombros dos gigantes” Isaac Newton RESUMO Vários métodos têm sido estudados na tentativa de minimizar o tempo de reparo ósseo, bem como propiciar tratamentos menos invasivos a fim de reduzir os índices de morbidade relacionados a grandes procedimentos reconstrutivos. O transplante de células da medula óssea é uma alternativa ao enxerto ósseo autógeno, já que essas células possuem um potencial osteogênico, por serem constituídas de célulastronco mesenquimais, as quais podem se diferenciar em células produtoras de tecido ósseo. Este trabalho consiste da avaliação do uso da membrana oclusiva de látex natural, derivado da Hevea brasiliensis, em associação com medula óssea autógena como forma de estimulo à regeneração óssea. Para tanto, defeitos ósseos cirúrgicos bilaterais com 10mm de diâmetro foram confeccionados em crânio de coelhos. Foram utilizados 30 animais, divididos em 2 grupos, e os períodos de estudo foram de 7 (n=6), 20 (n=12) e 60 (n=12) dias. No grupo 1, um dos defeitos foi tratado com membrana de latex e o outro com medula óssea associada à membrana de latex. No grupo 2, um dos defeitos foi tratado com coágulo sanguíneo e o outro com medula óssea. Após os períodos de estudo, os animais foram eutanasiados e os resultados definidos através de análises microscópicas, histomorfométricas, radiográficas e volumetria por tomografia computadorizada. As fotomicrografias das amostras relativas ao tratamento com medula e membrana 60 dias após cirurgia demonstram um estágio mais avançado da regeneração óssea em relação aos demais tratamentos, com a formação de uma ponte óssea recobrindo toda extensão do defeito. As análises quantitativas de osso neoformado por histomorfometria e volumetria por tomografia computadorizada confirmam este resultado, com resultados estatisticamente significativos (P<0,05) utilizando o teste ANOVA seguido do teste Tukey para comparação entre as médias. Palavras chave: Medula óssea, Regeneração Tecidual Guiada, Membranas Oclusivas, Látex. ABSTRACT Some methods have been studied as an attempt to minimize the time of bone repair, as well as less-invasive treatments in order to reduce the morbity associated to great reconstructive procedures. The transplant of bone marrow cells is an alternative to the use of autogenous bone graft. These cells have osteogenic potential due to the presence of mesenchymal stem cell that can differentiate in bone tissue cells. This work consists of the evaluation of the treatment with natural latex membrane, derivative of the Hevea brasiliensis, as an occlusive barrier, associated with autogenous bone marrow as a technique for stimulus of bone regeneration. Bilateral surgical bone defects with 10mm of diameter were made in rabbit skull. 30 animals, divided in 2 groups were used. The periods of study were 7 (n=6), 20 (n=12) and 60 (n=12) days. In the animals of Group 1, one of the defects was treated with latex membrane and the other with autogenous bone marrow associate to the latex membrane. In the animals of Group 2, one of the defects was treated with blood clot and the other with autogenous bone marrow. After the periods of study, the animals were euthanized and the results evaluated through microscopic, histomorphometric, radiographic and computerized tomography analysis. The photomicrografies of samples treated with bone marrow and membrane, 60 days post surgery, demonstrated a more advanced stage of bone regeneration in comparison to the other treatments of this study, presenting a bone bridge covering the extension of the defect. The quantitative analyses of newly formed bone through histomorphometry and computerized tomography reinforce this result, with results statistically significant (P<0.05) using ANOVA Tukey test for means comparisons. Keywords: Bone Marrow, Guided Tissue Regeneration, Occlusive Membranes, Latex LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Estrutura molecular da borracha (a), formas das cadeias (b). Figura 2 – Medicação utilizada para atingir e manter o plano anestésico adequado. Figura 3 – Procedimento de tricotomia da calvária (A) e da face medial da tíbia esquerda (B). Figura 4 – Antissepsia da região a ser operada (A) e infiltração de anestésico local (B). Figura 5 – Incisão da pele (A). Exposição do periósteo (B). Figura 6 – Incisão do periósteo (A). Exposição da calota craniana (B). Figura 7 – Osteotomia realizada com broca trefina de 10,0mm de diâmetro (A). Defeito bilateral confeccionado (B). Figura 8 – Face medial da tíbia esquerda (A) Incisão cirúrgica para acesso a cortical do osso tibial (B). Osteotomia com broca trefina de 5,0mm (C). Acesso ao canal medular e exposição da medula óssea (D). Figura 9 – Coleta da medula óssea (A). 5,0ml de medula óssea coletada (B). Figura 10 - Tratamento realizado nos animais do grupo 1, lado esquerdo preenchido por coágulo sanguíneo e uma membrana de látex cobrindo o defeito e lado direito preenchido com medula óssea e uma membrana de látex cobrindo o defeito. Figura 11 – Tratamento realizado nos animais do grupo 2, lado esquerdo preenchido por coágulo sanguíneo e lado direito preenchido com medula óssea. Figura 12 – Sutura do periósteo com fio-de-sutura reabsorvível (A). Sutura da pele com fio-de-sutura de nylon (B). Figura 13 – Analgésico e antimicrobiano utilizado como medicação pós-operatória. Figura 14 – Forma padronizada para a coleta da peça do crânio do coelho (A). Peça coletada (B). Aspecto do tecido cerebral após coleta de espécime (C). Figura 15: Imagens axiais da calvária dos coelhos. Figura 16 – Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 7 dias. Figura 17 – Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 20 dias. Figura 18 - Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 60 dias. Figura 19: Radiografias do defeito ósseo dos espécimes de 20 dias. a) Coágulo, b) Coágulo + membrana de látex, c) Medula e d) Medula + membrana de látex. Figura 20: Radiografias do defeito ósseo dos espécimes de 60 dias. a) Coágulo, b) Coágulo + membrana de látex, c) Medula e d) Medula + membrana de látex. FIGURA 21 – Fotomicrografia dos espécimes do período 7 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). Figura 22 - 7 dias - Grupo coágulo sem membrana - Em a, presença predominante de tecido conjuntivo fibroso (tc), sobrejacente a tecido nervoso (tn). Em b, destaque para área de degeneração do tecido nervoso (setas) (H.E.; barras = a) 600µm, b) 200µm). Figura 23 - 7 dias - Grupo coágulo com membrana - a) Subjacente ao espaço previamente ocupado pela membrana (*) nota-se tecido de granulação (tg). Em b, maior aumento do tecido de granulação, onde se observam numerosos leucócitos mononucleares (H.E.; barras = a) 600µm, b) 200µm). Figura 24 - 7 dias - Grupo medula sem membrana - Em a nota-se defeito predominantemente preenchido por tecido adiposo amarelo (ad). Destaque de área de osteogênese (seta) em b próxima aos adipócitos uniloculares (*) (a - H.E.; barras = 600µm; b - Tricrômico de Masson; barras = 200µm). Figura 25 - 7 dias - Grupo medula com membrana - Observa-se defeito preenchido por abundante tecido adiposo amarelo (ad) em a, permeado por tecido de granulação (tg) destacado em b (H.E.; barras = a) 500µm; b) 200µm). Figura 26: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento controle (coágulo). Figura 27: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com coágulo + membrana. Figura 28: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com medula. Figura 29: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com medula + membrana látex. Figura 30: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 7 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos pelo teste ANOVA. Figura 31: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Tecido Conjuntivo relativo ao período de 7 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos pelo teste ANOVA. Figura 32 – Fotomicrografia dos espécimes do período 20 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). Figura 33 - 20 dias - Grupo coágulo sem membrana - Presença predominante de tecido conjuntivo fibroso (tc), com áreas de osteogênese (setas longas), identificadas pela intensa atividade osteoblástica (setas curtas) e formação de tecido ósseo primário (op) (Tricrômico de Masson; barras = a) 600µm, b) 100µm). Figura 34 - 20 dias - Grupo coágulo com membrana - Nota-se tecido conjuntivo organizado no interior do defeito (tc) com áreas de formação de tecido ósseo primário (op) (Tricrômico de Masson; barras = a) 600µm, b) 100µm). Figura 35 - 20 dias - Grupo medula sem membrana - Nota-se tecido adiposo amarelo preenchendo a área de defeito (ad). Eventuais trabéculas de tecido ósseo primário são observadas (op). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*) e células em degeneração (setas) em meio a leucócitos mononucleares (a - Tricrômico de Masson; barra = 600µm; b - HE; barra = 200µm). Figura 36 - 20 dias - Grupo medula com membrana - a) Preenchimento do defeito tecido adiposo amarelo (ad) e trabéculas de tecido ósseo primário na base do defeito (op). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*). (a - Tricrômico de Masson; barra = 600µm; b - HE; barra = 150µm). Figura 37: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento controle (coágulo). Figura 38: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com coágulo + membrana de látex. Figura 39: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com medula. Figura 40: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com medula + membrana de látex. Figura 41: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Há diferença estatisticamente significativa e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. Figura 42: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Secundário relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Figura 43: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Neoformado relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Há diferença estatisticamente significativa e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. Figura 44: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Neoformado relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Figura 45 – Fotomicrografia dos espécimes do período 60 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). Figura 46 - 60 dias - Grupo coágulo sem membrana - Defeito preenchido por curtas trabéculas ósseas primárias em maturação (op), evidenciadas pelas linhas basofílicas de reversão (setas). De permeio, tem-se tecido conjuntivo fibroso (tc) e tecido adiposo amarelo também é observado (ad) (HE; barras = a) 600µm, b) 100µm). Figura 47 - 60 dias - Grupo coágulo com membrana - O espaço vazio (*) representa o espaço previamente ocupado pela membrana. Nota-se ponte de tecido ósseo maduro (o) na base do defeito (a), apresentando células de revestimento em sua superfície (setas) (b). (HE; barras = a) 600µm, b) 100µm). Figura 48 - 60 dias - Grupo medula sem membrana - Em a visualiza-me área do defeito em menor aumento, preenchida por tecido adiposo (ad) e curtas trabéculas ósseas (o). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*). De permeio, notam-se adipócitos multiloculares (setas), em c. (a, b - HE; barra = a) 300µm, b) 100µm; c Tricrômico de Masson; barra = 100µm). Figura 49 - 60 dias - Grupo medula com membrana – a) Defeito preenchido por tecido adiposo (ad) e tecido ósseo maduro na base do defeito (o). Em b, observa-se tecido adiposo unilocular (*) permeado por adipócitos multiloculares (setas). Em c, destacam-se os adipócitos multiloculares (setas). (a - HE; barra = 600µm; b, c Tricrômico de Masson; barra = 100µm). Figura 50: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, grupo controle (coágulo). Figura 51: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com coágulo + membrana látex. Figura 52: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com medula. Figura 53: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com medula + membrana látex. Figura 54: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 60 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados. Figura 55: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Secundário relativo ao período de 60 dias. Há diferença estatisticamente significativa entre os resultados com P<0.05 na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. Figura 56: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Neoformado relativo ao período de 60 dias. Há diferença estatisticamente significativa entre os resultados com P<0.05 na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e entre os grupos indicados por * e por ** pelo teste t pareado. Figura 57: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Tecido Conjuntivo relativo ao período de 60 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados. Figura 58: Histomorfometria do Osso Primário em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados por * e **. Figura 59: Histomorfometria do Osso Secundário em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados por * , ** e #. Figura 60: Histomorfometria do Osso Neoformado em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados pelos traços horizontais e por *. Figura 61: Histomorfometria do Tecido Conjuntivo em função dos tratamentos e do tempo. Não há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA. Figura 62: Histomorfometria do tecido adiposo de acordo com o tratamento e o período de observação. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados, pelo teste ANOVA. Figura 63: Média e Desvio Padrão da Volumetria por TC. Há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e Tukey (P<0.05) e pelo teste t pareado entre os grupos indicados por *. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Número de espécimes por tratamento incluídos na análise dos resultados e seus respectivos períodos de estudo. Tabela 2: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 7 dias e os diferentes tratamentos realizados. Tabela 3: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 20 dias e os diferentes tratamentos realizados. Tabela 4: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 60 dias e os diferentes tratamentos realizados. Tabela 5: Valores médios e desvio padrão da área relativa ao tecido adiposo de acordo com o tratamento e o período de estudo. Tabela 6: Valor médio de desvio padrão dos resultados do volume ósseo relativo à região do centro do defeito ósseo obtido por TC, considerando um valor de 100UH (unidade Hounsfield). LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS e-PTFE Politetrafluoretileno expandido HA Hidroxiapatita rpm Rotações por minuto mm Milímetro µm Micrômetro CEP Comitê de Ética e Pesquisa USC Universidade do Sagrado Coração kg Kilograma USP Universidade de São Paulo UNESP Universidade Estadual Paulista IM Intramuscular mg Miligrama PVPI Polivinilpiloridona-iodo ml Mililitro EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares RSE Ressonância do Spin Eletrônico Gy Gray HE Hematoxilina e Eosina KGy Kilo Gray KVp Kilo Volt mA Miliampere mAs Miliampere por segundo UV Ultra-Violeta Radiação γ Radiação Gama DICOM Digital Imaging Communications in Medicine CCIFM Centro de Ciências de Imagem e Física Médica HCRP Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto FMRP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto mm2 Milímetro quadrado mW Miliwatts UH Unidades Hounsfield SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………. 22 2. REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………… 25 2.1. Biologia do Tecido Ósseo…………………………………………………… 25 2.2. Regeneração Tecidual guiada……………………………………………… 26 2.3. Terapia Celular no Processo de Regeneração Óssea............................... 30 3. OBJETIVOS...................................................................................................... 36 4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 37 4.1. Local e Grupos de Estudo.......................................................................... 37 4.2. Delineamento Experimental....................................................................... 37 4.3. Procedimentos Cirúrgicos.......................................................................... 38 4.3.1. Anestesia e Assepsia........................................................................ 38 4.3.2. Técnica Cirúrgica……………………………………………………… 40 4.4. Preparo das Peças e Forma de Análises dos Resultados......................... 46 4.4.1. Análise Macroscópica....................................................................... 47 4.4.2. Análise das Peças por Imagem Radiográficas.................................. 48 4.4.3. Volumetria Por Tomografia Computadorizada.................................. 48 4.4.4. Análise Microscópica......................................................................... 50 4.4.5. Histomorfometria............................................................................... 51 5. RESULTADOS.................................................................................................. 52 5.1. Aspecto clínico........................................................................................... 52 5.2. Análise Macroscópica................................................................................. 52 5.3. Análise Radiográfica................................................................................... 53 5.4. Análise Microscópica.................................................................................. 54 5.4.1. Período de 7 dias.............................................................................. 55 5.4.2. Período de 20 dias............................................................................ 62 5.4.3. Período de 60 dias............................................................................ 70 5.5. Análise da volumetria por tomografia computadorizada............................ 83 6. DISCUSSÃO..................................................................................................... 85 7. CONCLUSÃO................................................................................................... 93 94 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 102 ANEXO Parecer do Comitê de Ética...................................................................... 22 1. INTRODUÇÃO Os ossos crescem, são remodelados, se mantém ativos durante toda vida do organismo e exibem uma forte capacidade de regenerar-se completamente. Entretanto, devido a sua estrutura calcificada rígida, o osso tem requisitos específicos que devem ser respeitados para a sua regeneração, em decorrência à baixa perfusão sanguínea. Quando lesados, uma nova formação óssea é criticamente dependente da estabilidade de um coágulo sanguíneo adequado, para uma nova vascularização, bons níveis de oxigenação local e estabilização mecânica para a formação óssea (Carranza et al, 2004). Os tratamentos dos defeitos ósseos podem variar, dependendo de sua localização, extensão e à que se destina a área reparada. Para tanto, pode-se utilizar desde o próprio coágulo, formado a partir do sangramento local, até os enxertos ósseos autógenos, alógenos, xenógenos e os biomateriais sintéticos, entre tantas outras opções. Os enxertos autógenos são considerados “padrão ouro” para tratamento de defeitos ósseos devido ao risco diminuído de resposta imune adversa, da sua capacidade osteoindutora que irá fornecer células funcionais de caráter osteogênico que irá propiciar a neoformação óssea e também uma propriedade osteocondutora que proporcionará uma estrutura em forma de um arcabouço que favorece o processo de osteogênese (Burchardt, 1983; Goldberg, 1987; Helm, 2001; Vaccaro, 2002; Hsiong e Mooney, 2006; Jones et al, 2007). Todavia, o uso de enxertos ósseos autógenos requer um leito doador cirúrgico maior, anestesia geral prolongada em alguns casos e promove um aumento da morbidade, ausência de tecido ósseo viável disponível para transplantes autógenos, fator muito comum em 23 criancás (Lerouxel, 2006; Hsiong, 2006). Os aloenxertos envolvem a coleta e processamento do osso de cadáveres, transplantados mais tarde nos pacientes. Os xenoenxertos, de origem bovina ou suína também são usados para defeitos ósseos, porém com um potencial para transmissão de doenças (Hsiong, 2006). Os biomateriais sintéticos, ao longo dos anos tem sido largamente utilizados como substitutos ósseos. Apesar do sucesso obtido em alguns procedimentos de enxertia, a falta da capacidade osteogênica e a baixa velocidade de degradação são fatores freqüentemente relacionados à falha na cicatrização de grandes defeitos (Lerouxel et al, 2006; Kitchel, 2006; Wang et al, 2007; Gan et al, 2008; Fellah et al, 2008). Alguns autores têm considerado o transplante de células da medula óssea uma alternativa ao enxerto ósseo autógeno, já que essas células possuem um potencial osteogênico diminuindo a morbidade da área doadora. As células estromais da medula óssea possuem a capacidade de se diferenciar em diversos tecidos mesodérmicos in vitro e também tem o potencial de formar tipos de tecidos mesodérmicos maduros in vivo após transplante com uma matriz apropriada (Kuznetsov, 2008). Recentemente vários pesquisadores tem utilizado culturas de células tronco, e células estromais derivadas da medula óssea associadas a algum arcabouço no processo de reparo de defeitos ósseos. (Knoch et al.,2005; Wang et al., 2007; Yuan et al., 2007; Kuznetsov et al., 2008;). Embora as células-tronco da medula óssea sejam abundantes por todo o tecido esquelético, algum dano ósseo pode acarretar uma falha do processo de reparo espontâneo. Por essa razão um eficiente sistema de transplante que inclui um carreador com propriedades osteocundutivas e um microambiente indutivo pode ser uma ferramenta ideal do processo natural de reparo tecidual (Ciapetti et al., 2006). 24 Um grande inconveniente no processo de regeneração de defeitos ósseos, onde se visa à formação de uma ponte óssea que viria a recobrir esse defeito, é a invaginação de tecido de caráter não osteogênico. Para contornar tais situações, o uso de membranas que funcionam como barreira oclusiva, tem fornecido ótimos resultados. Alguns estudos já apontaram a eficácia e os benefícios atingidos quando utilizaram métodos de regeneração óssea guiada no tratamento de defeitos ósseos com membrana não-absorvível de politetrafluoretileno expandida (e-PTFE) (Dahlin et al, 1994), e comprovaram sua eficiência quando a compararam com duas outras membranas absorvíveis (Dupoirieux et al (2001). Conhecendo-se a capacidade osteogênica da medula óssea autógena e as vantagens da regeneração óssea guiada, o presente estudo objetivou analisar o processo de reparo de defeitos ósseos, preenchidos exclusivamente com medula óssea e recobertos por membrana de látex, a fim de se observar o efeito deste tratamento no processo de cicatrização óssea. 25 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Biologia do Tecido Ósseo Os ossos, tendo seu principal constituinte o tecido ósseo, apresenta algumas particularidades intrínsecas ao seu metabolismo que permite com que o mesmo cresça, se mantenha ativo durante toda a vida e se remodele com o objetivo de manter o seu volume e a homeostasia do cálcio através do tempo (Menuci Neto, 2009). É constituído por uma parte inorgânica dotada principalmente de cristais de hidroxiapatita (HÁ), e uma parte orgânica composta de vários tipos de proteínas extracelulares e colágeno do tipo I e também por células responsáveis pela sua manutenção, síntese e reabsorção. O tecido ósseo apresenta um excelente comportamento mecânico, revelando um potencial único para o reparo. O osso está apto a cicatrizar fraturas ou defeitos locais com tecido regenerado, ou regenerar-se com igual organização estrutural, e em muitos casos sem deixar cicatrizes. Apesar de o tecido ósseo apresentar um espantoso potencial de regeneração, restabelecendo perfeitamente sua estrutura original e propriedades mecânicas, alguns fatores podem impedir seu reparo como a deficiência de vascularização, instabilidade mecânica, grandes defeitos e a competição tecidual de grande atividade proliferativa, principalmente pelo tecido conjuntivo e tecido epitelial (Schenk, 1994). A remodelação óssea é a fase final da regeneração do osso, que “esculpe” o calo ósseo formado reparando a forma e função, produzindo uma estrutura biológica e mecanicamente indistinguível do tecido antes de ser lesado, sendo que o processo 26 de remodelação envolve uma infinidade de elementos celulares e moleculares (Hollinger et al, 2008). De acordo com os trabalhos de Murray e Roschalau (1957), uma cavidade óssea, com fonte de osteoblastos e um suprimento sanguíneo adequado, quando isoladas dos tecidos moles adjacentes, a mesma pode ser preenchida por osso, contudo se o espaço não for protegido, pode ocorrer o preenchimento por tecido conjuntivo fibroso. Um importante obstáculo ao sucesso da regeneração óssea e a criação de um novo osso é a rápida formação de tecido sem caráter osteogênico, que pode ser de origem conjuntiva ou epitelial. A invaginação de tecido mole dentro de uma cavidade óssea pode atrapalhar ou impedir totalmente a osteogênese em um defeito ou uma área lesionada. Numerosos métodos são utilizados na tentativa de resolver esse problema. Um dos métodos mais comuns inclui a coleta e a implantação de um enxerto ósseo autógeno, contudo o mesmo é um tratamento dispendioso, que requer hospitalização e um potencial risco de morbidade a zona doadora (Dahlin, 1994). Algumas importantes complicações foram citadas em diversos trabalhos como neuropraxia do nervo cutâneo femoral lateral, sensibilidade óssea e de cicatrização (Baqain et al, 2009), dor persistente, infecção superficial, dormência, cicatriz hipertrófica (Swan e Goodacre, 2006) e conforme descrito por De Riu (2008), um incomum caso de abscesso ilíaco. 2.2. Regeneração Tecidual Guiada Para contornar tais situações, estratégias de engenharia tecidual guiada tem sido empregadas. O uso de membranas oclusivas e semi-oclusivas irá proporcionar 27 uma proteção, pelo preenchimento do espaço subjacente por um coágulo sanguíneo e subsequentemente neoformação óssea (Hardwick, 1994). As membranas são materiais que servem para proteger o coágulo sanguíneo e prevenir as células do tecido mole (epitélio e conjuntivo) de migrarem para o interior do defeito ósseo. Em um modelo experimental realizado em ratos, onde defeitos ósseos realizados no ângulo da mandíbula dos animais que envolveram as duas faces no osso mandibular foi utilizado a membrana de e-PTFE para o recobrimento desses defeitos, sendo que ocorreu a completa regeneração óssea dos osso mandibular em 12 dos 13 animais envolvidos no estudo (Dahlin et al, 1994). Dupoirieux et al (2001), em um estudo comparativo utilizou a membrana de e-PTFE e duas outras membranas reabsorvíveis (poliglactina 910 e uma membrana hidrolisada de casca de ovo de ave) em termos de .biocompatibilidade, degradação e a capacidade de aumentar a regeneração óssea. Para tanto foram utilizados 30 ratos divididos em três grupos de 10 animais, onde cada grupo recebeu um tipo de membrana diferente na superfície interna e externa envolvendo um defeito de 6 mm de diâmetro por 60 dias. O autor observou que apenas a membrana não absorvível de e-PTFE exibiu resultados favoráveis no estudo. Catanzaro (2002) demonstrou que a técnica de regeneração óssea guiada, obteve sucesso em vários modelos experimentais e clínicos, e que o uso de uma membrana como barreira oclusiva poderia prevenir a invasão de células indesejáveis no defeito ósseo durante a reparação, permitindo a repopulação desta área por células específicas. 28 As propriedades ideais para as membranas são 1) biocompatibilidade, 2) manutenção do espaço, 3) oclusidade celular, 4) boas propriedades de manuseio e 5) capacidade de absorção (Carranza et al, 2004). A membrana de látex tem sua matéria prima proveniente da seringueira Hevea brasiliensis e forma um sistema coloidal polifásico e polidisperso. Depois de centrifugado, o látex pode ser representado como sendo formado por três componentes fundamentais (BERNARDES et al, 2000). 1. Fase borracha - hidrocarboneto isoprênico (37%). Apresenta coloração branca e é formada quase exclusivamente de borracha. 2. Soro (48%). Fração intermediária em forma de líquido é o meio dispersivo do sistema coloidal látex e contém proteínas e sais dissolvidos em água. 3. Fração de fundo (depósito) (15%) .Apresenta coloração amarela e é constituída de componentes não borracha: os lutóides (proteínas , fosfolipídios e sais minerais) e as partículas Frey-Wyssling (constituídas de carotenóides e lipídios conferindo, por isso, à borracha, a coloração amarelada). (a) 29 (b) Figura 1 – Estrutura molecular da borracha (a), formas das cadeias (b). O processo de separação destas partes se dá através da ação de uma força centrífuga elevada (40.000 rpm). O látex pode ser considerado um composto perecível devido à composição do soro que contém carboidratos, proteínas, sais minerais e microorganismos, sendo que ele se coagula espontaneamente de 8 a 10 horas após a colheita, separando a borracha em forma de coágulo. O látex natural no primeiro instante que se escoa da seringueira é levemente alcalino. Por efeito de reações químicas e, sobretudo bioquímicas, vai se acidificando rapidamente, em contato com o ar. O conteúdo da borracha seca é variável, notando-se que as primeiras sangrias, em árvores virgens ou em árvores após um repouso prolongado, produzem menor quantidade, porém em maior concentração de borracha. Na medida em que as sangrias se sucedem, a quantidade aumenta e o conteúdo de borracha decresce, até certo limite. O conteúdo de borracha seca também decresce após períodos chuvosos ou em seguida aplicação de estimulantes. Ereno (2007), em um estudo com coelhos New Zealand utilizou a membrana de látex natural como membrana oclusiva na regeneração óssea guiada em defeitos críticos realizados na 30 calvária dos animais, percebeu que a mesma atuou efetivamente como barreira oclusiva em processo de regeneração tecidual guiada. Em outro experimento utilizando a membrana natural de látex como cobertura e auxílio da fusão intervertebral lombar, oito coelhos New Zealand foram submetidos a procedimento cirúrgico de artrodese póstero-lateral em ambos os lados do processo transverso. Um dos lados recebeu enxerto de crista ilíaca e sobre este uma cobertura da membrana de látex, já o outro lado recebeu apenas o enxerto e foi considerado o controle por oito semanas. O autor evidenciou que a membrana de látex natural associada ao enxerto de osso autógeno, mostrou resultados superiores de tecido ósseo neoformado quando comparado com o lado controle (Oliveira, 2008). 2.3. Terapia Celular no Processo de Regeneração Óssea O processo de reparo e regeneração do tecido ósseo é um fenômeno que se encontra muito bem estabelecido na literatura (Buser, Dahlin e Schenk, 1994). Procedimentos realizados para propiciar essa regeneração tem sido adotados devido aos altos índices de sucesso, como os enxertos ósseos e os biomateriais substitutos ósseos. Contudo, uma nova modalidade de terapia celular tem sido sugerida como uma alternativa ao enxerto tecidual, devido a sua relativa facilidade de coleta e cultura in vitro, demonstrada por estudos experimentais utilizando células derivadas da medula óssea, comprovando sua eficácia (Vuola et al. 1995; Lecoeur e Ouhayoun, 1997; Von Knoch et al. 2005; Ciapetti et al. 2006; Wang et al. 2006; Bolland et al. 2008; Dégano et al. 2008). 31 As células estromais da medula óssea tem sua relevância clinica por apresentarem apropriada quantidade de células pluripotentes, mesenquimais e progenitoras, com capacidade de se diferenciarem em osteoblastos, adipócitos, fibroblastos e miócitos (Aubin, 1998). As células-tronco derivadas da medula óssea tem sido extensivamente utilizadas em transplantes de medula óssea para o tratamento de inúmeras doenças hematológicas e possivelmente fatais, como por exemplo alguns tipos de leucemias, linfomas, anemia aplásica severa entre outras (Thomas, 1999). Algumas características particulares tornaram a medula óssea um tecido ideal para o estudo das células-tronco, como a sua fácil acessibilidade, quantidade suficiente de tecido, resposta proliferativa, além da experiência dos transplantes de medula óssea no tratamento de cânceres hematológicos (Tögel e Westenfelder, 2007). Alguns autores demonstraram que as células-tronco derivadas da medula óssea podem contribuir para o reparo e regeneração de muitos tecidos, inclusive de ossos lesados (De Kork et al., 2003; Jafarian et al., 2008; Khojasteh et al., 2008). A diferenciação das células-tronco derivadas da medula óssea em osso se deve em muito ao fato de a medula óssea, particularmente em humanos, conter uma complexa rede de espículas ósseas derivadas do osso trabecular muito similar ao osso em processo contínuo de remodelação, e também por conter precursores de osteoblastos derivados do osso trabecular ou dentro do osso propriamente dito (Prockop, 1997). Basicamente as células-tronco da medula óssea se dividem em células-tronco hematopoéticas, que promovem a diferenciação de todas as linhagens de células sanguíneas, e as células-tronco mesenquimais, representam uma população celular 32 muito menor, porém são expansíveis em culturas celulares e multipontentes, ou seja, capazes de se diferenciarem em diversos tipos celulares, inclusive osteoblastos (Wu et al. 2007). Em relação ao processo de regeneração do tecido ósseo, alguns trabalhos demonstraram resultados interessantes utilizando células derivadas da medula óssea. Niedźwiedzki et al (1993), em um estudo experimental, visavam observar a aceleração do processo de cicatrização do tecido ósseo por meio de transplantes de células estromais da medula óssea em defeitos realizados no osso rádio de coelhos, e constataram a redução do tempo de reparo ósseo quando comparado com defeitos controle que receberam apenas solução salina. Em um estudo clínico Velardi et al (2006) testaram a capacidade de células mononucleares derivadas da medula óssea autógena em aumentar a taxa de mineralização da osteogênese em quatro crianças. Essas crianças apresentavam defeitos nos ossos do crânio de origem traumática ou pós-cirúrgicas, que foram preenchidos com um arcabouço de colágeno mineralizado. Foi inseminado nesse arcabouço a medula óssea coletada previamente da crista ilíaca resultando em uma atividade osteogênica mais rápida que o processo de reabsorção do arcabouço. Kitchel (2006) embebeu uma matriz de colágeno mineralizada em medula óssea e solução salina e utilizou em procedimento cirúrgico para a fusão intervertebral. O autor observou que ocorreu a fusão espinhal semelhante ao procedimento realizado com enxerto ósseo autógeno. Quanto ao potencial de aplicações clínicas, os procedimentos reconstrutivos de defeitos ósseos, sejam por materiais de enxertia ou compostos de medula autógena, é frequentemente utilizado em procedimentos ortopédicos e cirurgias 33 orais. Contudo o material de exertia ideal deve preencher três funções fisiológicas: primeiro, fornecer uma fonte de células formadoras de osso; segundo, induzir as células a formarem osso e finalmente fornecer um arcabouço para a deposição do novo osso (Krebsbach, 1999). Os biomateriais sintéticos, ao longo dos anos tem sido largamente utilizados como substitutos ósseos. O reparo e a regeneração óssea tem atingido sucesso por meio de vários procedimentos de enxertia óssea utilizando biomateriais e substitutos ósseos (Friedlaender e Mankin, 1984; Springfield, 1987; Roux, 1988; Gatti, 1990; Thaller, 1993; Lerouxel et al, 2006; Kitchel, 2006; Wang et al, 2007; Gan et al, 2008; Fellah et al, 2008). Materiais sintéticos para preenchimento ósseo, como a cerâmica de cálcio fosfato tem se mostrado eficiente em diversas indicações clínicas (Daculsi, 2003; Fellah, 2006). Apesar de esses substitutos ósseos serem osteocondutores, frequentemente falta a capacidade osteogênica para contribuir com a cicatrização óssea em grandes defeitos e são lentamente degradados pelo organismo (Habibovic, 2004). Os substitutos ósseos se tornaram materiais dinâmicos quando passaram a ser associados com células. A literatura pertinente aponta diversos estudos associando arcabouços sintéticos e células derivadas da medula óssea. Yuan et al. (2007) em um modelo experimental realizado em cães, utilizou um arcabouço de βtricálcio fosfato onde células-tronco derivadas da medula óssea, previamente coletadas da crista ilíaca dos animais e cultivadas, foram injetadas no mesmo para o preenchimento de defeitos críticos segmentares realizados no corpo da mandíbula dos animais, mostrando-se eficiente em reparar amplos defeitos em mamíferos. Não somente os biomateriais do tipo arcabouço, mas também os particulados se mostram efetivos quando misturados às células derivadas da medula óssea, 34 como demonstrado por Kuznetsov et al. (2008) ao realizarem defeitos bilaterais em mandíbulas de cães, comparando o uso de hidroxiapatita/tricálcio fosfato particulados com uma mistura de hidroxiapatita/tricálcio fosfato e células derivadas da medula óssea para o aumento de tecido ósseo em modelo experimental de grandes animais. Min et al (2007), utilizou-se de uma modalidade diferente de regeneração óssea guiada, lançando mão de uma espécie de casquete de titânio, onde o mesmo realizou um defeito cirúrgico no crânio de coelhos New Zealand com o auxílio de uma broca trefina de 8 mm de diâmetro, confeccionando apenas uma canaleta no osso parietal do animal bilateralmente, onde pode ser acoplado firmemente o casquete de titânio que apresentava uma altura de 4mm, um diâmetro de 8 mm e uma espessura de 0,2 mm. Dentro do espaço demarcado com a broca trefina, destinado a ficar dentro do casquete de titânio foram realizadas nove perfurações na cortical óssea com uma broca número 2, induzindo o sangramento proveniente da medula óssea sendo esse o lado experimental e apenas a confecção da canaleta tornado-se o lado controle. O autor pode observar que em ambos os lados ocorreu neoformação óssea praticamente preenchendo o espaço interno do casquete de titânio, sendo que o lado que ocorreu o preenchimento pelo sangue proveniente da medula óssea apresentou um aumento ósseo mais significativo que o lado em que não houve a penetração da medula óssea. Em uma metodologia semelhante, Tamura et al (2005), avaliou o aumento ósseo usando regeneração óssea guiada tridimensionalmente utilizando uma análise tomográfica computadorizada de microfoco tridimensional que permite avaliar detalhadamente estruturas sob uma resolução de 4µm. 35 A fim de avaliar a angiogênese em osso recém formado, Yamada et al (2008), também utilizando casquetes de titânio em canaletas de 8 mm de diâmetro comparou a preenchimento do espaço interno do casquete com sangue proveniente da medula óssea, e a associação do sangue medular com β-tricálcio fosfato granulado por um período experimental de 1 mês. Após o sacrifício dos animais, todo o sangue foi removido, e foi realizado a injeção de um composto vermelho que após a sua polimerização, formou um molde vascular tridimensional, sendo possível avaliar a formação de novos vasos sanguíneos. 36 3. OBJETIVOS • Estudar o efeito da medula óssea como fonte de estímulo à regeneração óssea, quando associada à membrana oclusiva de látex; • Avaliar o volume ósseo formado na área do defeito ósseo com auxílio de imagens por tomografia computadorizada e o uso do software desenvolvido pelo CCIFM do HCRP – USP; • Realizar a histomorfometria dos cortes histológicos e determinar a proporção entre as áreas correspondentes a tecido ósseo imaturo, tecido ósseo maduro e tecido conjuntivo osteogênico. 37 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Local e Grupos de Estudo Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Sagrado Coração, segundo protocolo número CEP/USC 164/2008, na data de 21 de Novembro de 2008 (Anexo 1). Foram utilizados 30 coelhos brancos adultos da raça New Zealand, com peso médio de 3 kg, idade média entre cinco e seis meses mantidos durante todo o período experimental em boas condições ambientais de alimentação, temperatura, higiene e iluminação e em cativeiros individuais. Os coelhos foram doados pelo Biotério Geral da USP de Ribeirão Preto e Unesp de Botucatu. Os animais foram divididos em 2 grupos de 15 animais cada, onde foram realizados defeitos ósseos bilaterais na calota craniana de cada animal com 10 mm de diâmetro, e cada grupo recebeu um tratamento diferente. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados no Biotério da Universidade Sagrado Coração, na cidade de Bauru, São Paulo. 4.2. Delineamento Experimental Os 30 animais foram submetidos a procedimento cirúrgico de craniotomia sob anestesia geral para a confecção de defeitos cirúrgicos a serem tratados da seguinte forma: Tratamento A – o defeito foi preenchido por medula óssea; 38 Tratamento B – o defeito recebeu uma membrana de látex recobrindo o defeito com coágulo sanguíneo internamente. Tratamento C – o defeito recebeu uma membrana de látex, semelhante ao defeito B, porém recebeu enxerto de medula óssea preenchendo o defeito ósseo; Tratamento D – o defeito foi apenas preenchido por coágulo sanguíneo (controle). A divisão dos grupos foi da seguinte maneira: Grupo 1: Tratamento B e C; Grupo 2: Tratamento A e D; Os tratamentos B e D foram realizados nos defeitos cirúrgicos do lado direito de cada animal, e os tratamentos A e C foram realizados nos defeitos cirúrgicos do lado esquerdo de cada animal. Os animais foram observados pelos períodos de 7, 20 e 60 dias. Para o período de 7 dias foram utilizados 3 animais por grupo e para os períodos de 20 e 60 dias foram utilizados 6 animais por grupo.Decorrido este período, os animais foram eutanasiados através de dose letal de anestésico, e os espécimes foram coletados para análise macroscópica (exame radiográfico e tomográfico) e microscópica (histomorfometria). 4.3. Procedimentos Cirúrgicos 4.3.1 Anestesia e Assepsia Para a realização do procedimento cirúrgico, os animais foram submetidos à anestesia geral com administração pré-anestésica de relaxante muscular por via intramuscular (IM) de cloridrato de xilazina (Anasedan – Vetbrands, Jacareí - SP) 39 10,0mg/kg de peso corpóreo, seguido pela administração intramuscular de anestésico geral de cloridrato de Ketamina (Dopalen – Vetbrands, Jacareí - SP) 50,0mg/kg de peso corpóreo (FIGURA 2). Figura 2 – Medicação utilizada para atingir e manter o plano anestésico adequado. Após o início de ação da anestesia foram realizados os procedimentos de tricotomia da calota craniana e da porção proximal da face medial da tíbia esquerda (FIGURA 3) do grupo de animais em que foi utilizado enxerto de medula óssea autógena, e assepsia com gaze embebida em solução tópica de polivinilpiloridonaiodo (PVPI)a 1% (Povidine tópico, Johnson & Johnson, São Paulo, SP), montagem de campos cirúrgicos estéreis e infiltração com anestésico local cloridrato de mepivacaína a 2% associado a vasoconstrictor a base de epinefrina 1:100.000 (Mepiadre, DFL, Rio de Janeiro, RJ) na região a ser operada (FIGURA 4). 40 A B Figura 3 – Procedimento de tricotomia da calvária (A) e da face medial da tíbia esquerda (B). A B Figura 4 – Antissepsia da região a ser operada (A) e infiltração de anestésico local (B). 4.3.2. Técnica Cirúrgica O animal foi posicionado em decúbito ventral sob uma mesa cirúrgica, isolada com campos cirúrgicos estéreis, a área a ser operada foi isolada pelo uso de campos cirúrgicos estéreis, realizou-se uma incisão na pele no plano sagital desde a região occipital até a região frontonasal de aproximadamente 4,0 cm e o tecido divulsionado com tesoura romba (FIGURA 5), logo após o periósteo foi incisado e descolado com o uso de um destaca-periósteo e exposto a calota craniana (FIGURA 6). 41 A B Figura 5 – Incisão da pele (A). Exposição do periósteo (B). A B Figura 6 – Incisão do periósteo (A). Exposição da calota craniana (B). Com o uso de uma broca trefina (Neodent, Brasil), montada em peça reta em motor elétrico (Beltec LB-100, Araraquara – SP) a 30.000 rpm, foi realizado um defeito ósseo circular de 10,0mm de diâmetro em ambos os lados da região frontoparietal sob abundante irrigação com soro fisiológico estéril a 0,9%, tomando o cuidado para não lesar a membrana dura-máter. O defeito bilateral permaneceu separado através da sutura sagital (FIGURA 7). Após a confecção dos defeitos cirúrgicos, procedeu-se ao tratamento planejado para aquele determinado animal. 42 A B Figura 7 – Osteotomia realizada com broca trefina de 10,0mm de diâmetro (A). Defeito bilateral confeccionado (B). Para a coleta da medula óssea, foi realizada uma incisão na pele na face lateral da porção distal da tíbia esquerda do animal e exposição da musculatura e tendão, e divulsionados com a utilização de um destaca-periósteo para exposição da superfície óssea. Logo após realizou-se a osteotomia para a remoção da porção cortical do osso tibial, dando acesso à região medular para a coleta da medula óssea (FIGURA 8). Com o auxílio de uma seringa descartável de 10,0ml e uma agulha descartável de calibre 30 X 8, foram coletados 0,5ml de medula óssea, suficiente para o total preenchimento do defeito ósseo. O volume foi padronizado para todos os animais (FIGURA 9). Paralelamente, o procedimento referente a estimativa celular foi realizado a partir do protocolo descrito no Association of Genetic Technologists (AGT), com modificações (Barck et al, 1997). O material foi centrifugado por 8 minutos a 1000 rpm, a fase superior mais a interface (soro e células nucleadas, “buff coat”) foram aspiradas com pipeta estéril, anotado o volume obtido sendo o mesmo transferido para um tubo estéril. A partir de diluição com líquido de turk, foi realizada a contagem das células em câmara de neubauer e o cálculo da estimativa celular de acordo com a fórmula: X x 20 x 103 x Y, onde X equivale ao número de células nucleadas contadas em 10 quadrantes; Y, volume de 43 células nucleadas, 20 é o fator de diluição e 103 fator de correção de mm3 por mL. A estimativa quanto a celularidade foi de aproximadamente 3,0 x 107. A B C D Figura 8 – Face medial da tíbia esquerda (A) Incisão cirúrgica para acesso a cortical do osso tibial (B). Osteotomia com broca trefina de 5,0mm (C). Acesso ao canal medular e exposição da medula óssea (D). A B Figura 9 – Coleta da medula óssea (A). 5,0ml de medula óssea coletada (B). Nos animais do grupo 1, depois de realizada a craniotomia, o defeito ósseo cirúrgico que recebeu o tratamento B foi preenchido por coágulo sanguíneo, e logo 44 em seguida fixado uma membrana oclusiva de látex sobre o mesmo. Já os defeitos cirúrgicos que receberam o tratamento C, foi depositada medula óssea interposta entre a membrana dura-máter, e a membrana oclusiva de látex (FIGURA 10). Figura 10 - Tratamento realizado nos animais do grupo 1, lado esquerdo preenchido por coágulo sanguíneo e uma membrana de látex cobrindo o defeito e lado direito preenchido com medula óssea e uma membrana de látex cobrindo o defeito. Já os animais do grupo 2, após a craniotomia o defeito ósseo cirúrgico que recebeu o tratamento D foi preenchido somente pelo coágulo sanguíneo, ao passo que os defeitos cirúrgicos que receberam o tratamento A, foram preenchidos pela medula óssea (FIGURA 11). 45 Figura 11 – Tratamento realizado nos animais do grupo 2, lado esquerdo preenchido por coágulo sanguíneo e lado direito preenchido com medula óssea. Efetivado os tratamentos, realizou-se a sutura por planos, primeiramente do periósteo sobre o defeito com fio de sutura reabsorvível poliglactina 910 4-0 (Vicryl, Johnson & Johnson, São José dos Campos, SP), seguido pela sutura da pele com fio de nylon 4-0 (Shalon, São Luiz de Montes Belos – GO), tanto da calota craniana quanto da tíbia (FIGURA 12). A B Figura 12 – Sutura do periósteo com fio-de-sutura reabsorvível (A). Sutura da pele com fiode-sutura de nylon (B). 46 Após os procedimentos cirúrgicos, como tratamento antimicrobiano, foi administrado Enrofloxacino (Flotril 2,5% - Schering-Plough, Rio de Janeiro - RJ) numa dose de 10,0mg/kg de peso corpóreo por via intramuscular e Dipirona sódica 500 mg (D-500 – Fort Dodge, Campinas – SP), 160mg/kg de peso corpóreo por via intramuscular (FIGURA 13). Figura 13 – Analgésico e antimicrobiano utilizado como medicação pós-operatória. Decorrido os períodos de observação de 7, 20 e 60 dias os animais foram mortos por sobredosagem de anestésico geral (Ketamina) 120mg/kg endovenoso. 4.4. Preparo das Peças e Forma de Análise dos Resultados A coleta das peças se deu com o uso de um disco diamantado montado em um motor de baixa-rotação, tomando o cuidado para preservar o periósteo. Durante a coleta da peça foi adotado uma margem de 5,0 mm dos defeitos cirúrgicos e realizado um pequeno entalhe na região anterior da peça, podendo assim definir os defeitos esquerdo e direito (FIGURA 14). As peças coletadas foram fixadas em 47 solução de formalina tamponada a 10% (Merck, Darmstadt, Germany), por 48 horas período no qual foram feitas as tomadas tomográficas. Logo após a tomada tomográfica as peças referentes ao período de 60 dias foram separadas (lado direito e esquerdo) e cortadas ao meio em micrótomo para tecidos duros para que as metades das mesmas fossem submetidas à análise microscópica. B A C Figura 14 – Forma padronizada para a coleta da peça do crânio do coelho (A). Peça coletada (B). Aspecto do tecido cerebral após coleta de espécime (C). 4.4.1. Análise Macroscópica Os espécimes foram analisados macroscopicamente na suas dimensões, coloração e fotografados em lente de aproximação. 48 4.4.2. Análise das Peças por Imagens Radiográficas Inicialmente as peças foram envolvidas por um lenço de papel, para a retirada da umidade. Foi utilizado um aparelho de raios X médico com os seguintes parâmetros: distância foco-filme 1,30m; tensão 38kV; exposição 2,5mAs Após a revelação os filmes foram digitalizados para posterior análise comparativa da radiopacidade obtida na região do defeito. O equipamento scanner utilizado é da marca Vidar, modelo DiagnosticPro, com resolução espacial de 300dpi e tamanho aproximado de pixel de 84,67µm. 4.4.3. Volumetria Por Tomografia Computadorizada As peças fixadas em formol foram submetidas ao processo de imagem por Tomografia Computadorizada. Estas imagens foram realizadas no Tomógrafo Siemens, pertencente ao Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP-USP. Foram adquiridas imagens axiais com 0,3mm de espessura, diâmetro de reconstrução 133 mm, distância fonte – detector 940 mm, distância fonte – paciente 535 mm, altura 115 mm, direção de rotação CW, tempo de exposição 800s, corrente do tubo 75mA, exposição 60mAs, tensão 110kV. Os dados digitais da imagem produzida pelo Tomógrafo são gerados no padrão DICOM (Digital Imaging Communications in Medicine) os quais foram utilizados para o cálculo do volume. Para tanto, um software foi desenvolvido no CCIFM (Centro de Ciências de Imagem e Física Médica) do HCRP (Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto), possibilitando a visualização de cada fatia e a 49 delimitação da área de interesse, referente ao osso neoformado dentro do defeito. O cálculo do volume ósseo neoformado se dá pelo produto da área pela espessura (0,3mm). O volume final é dado pela soma dos volumes das fatias. Inicialmente, o software apresenta a imagem da fatia em uma janela, como mostra a figura 15. A imagem nos permite visualizar uma ferramenta em que é possível determinar um valor limiar de um determinado nível de cinza em escala UH (unidade Housnfield) para apresentação da imagem. Figura 15: Imagens axiais da calvária dos coelhos. A seguir, o software permite que se delimite a área de interresse, que no caso do presente trabalho foi a região central do defeito, sendo que essa marcação será a mesma para todas as fatias, e foi padronizada para todos os espécimes. Feito isso o software agora tem as ferramentas necessárias para poder calcular o volume de 50 tecido ósseo para aquela região. Tendo em vista que os espécimes também apresentavam uma certa quantidade de tecido ósseo nativo, padronizou-se a quantidade de 30 fatias para cada espécime, iniciando a volumetria com base na imagem tomográfica onde ficava evidente o inicio do defeito ósseo. A contagem do número de pixels relativos à área de interesse é armazenada para cada fatia, o que possibilita o cálculo do volume. A conversão de número de pixels em área é feita através do tamanho do pixel. No procedimento de aquisição da imagem adotada neste trabalho, cada pixel tem a dimensão de 0.5mm de altura, valor fornecido pelo software que opera o tomógrafo. Com isso, a área em pixels é convertida em mm², que multiplicado pela espessura da fatia (0,3mm) fornece o valor do volume de osso neoformado. Devido ao grau de radiopacidade das imagens obtidas por tomografia computadorizada, somente os espécimes do período de 60 dias foram incluídos nessa análise. 4.4.4. Análise Microscópica Os espécimes foram identificados e acondicionados em frascos contendo formaldeído a 10% por período de 48 horas. Posteriormente, os mesmos foram submetidos a processo de desmineralização em solução de ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) a 10% tamponado com pH 7,0, com trocas realizadas duas vezes por semana por 30 dias, aproximadamente, até que não apresentassem resistência ao corte com navalha. Neste momento os espécimes foram encaminhados para procedimento histotécnico de rotina. Estas foram então lavadas em água corrente, desidratadas em álcool, diafanizadas em xilol e incluídos em parafina. 51 Realizaram-se cortes semi-seriados de 5µm de espessura de cada bloco, no sentido longitudinal utilizando-se micrótomo rotatório elétrico Leica RM. Empregouse para as análises os cortes centrais dos espécimes correspondendo ao diâmetro máximo dos defeitos. Os métodos de coloração empregados foram o da hematoxilina-eosina de Harris (HE) e Tricrômico de Masson, seguindo-se os protocolos técnicos do Laboratório de Histologia da Universidade Sagrado Coração. Os cortes foram analisados pela microscopia ótica, e descritos em todas as suas peculiaridades. Foram selecionados e fotografados, os dados mais relevantes, no próprio microscópio. 4.4.5. Histomorfometria Os cortes microscópicos corados pelo método Tricrômico de Masson referentes a cada grupo e período de estudo foram submetidas à Histomorfometria. Foi utilizado o fotomicroscópio Nikon H550L, e o Software Image Pro-Plus, para a determinação da fração do volume de tecido ósseo primário, secundário e tecido conjuntivo. 52 5. RESULTADOS 5.1. Aspecto Clínico Todos os animais mantiveram suas funções vitais, permanecendo em gaiolas individuais, sem imobilização. Não houve infecções pós-operatórias e evidências de corpo estranho. Durante o pós-operatório imediato, os animais se recuperaram do procedimento cirúrgico. 5.2. Análise Macroscópica No período de 7 dias observava-se apenas a região do defeito cirúrgico confeccionado na calota craniana dos coelhos para todos os tratamentos (FIGURA 16), já com 20 dias de pós-operatório, em ambos os grupos não se observava claramente a presença de osso formado (FIGURA 17). Com 60 dias, era possível encontrar a presença de tecido maleável e tecido osso duro (FIGURA 18). Figura 16 – Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 7 dias. 53 Figura 17 – Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 20 dias. Figura 18 - Imagem de uma das metades da peça retirada do crânio. Período 60 dias. 5.3. Análise Radiográfica Os filmes foram digitalizados através de um scanner de transmissão com alguns dos resultados obtidos no período de 20 dias(FIGURA 19 a, b, c, d, e), e no período de 60 dia (FIGURA 20 a, b, c, d, e). Evidencia-se que há maior radiopacidade nos espécimes de 60 dias quando comparado aos espécimes de 20 dias. 54 a b d c Figura 19: Radiografias do defeito ósseo dos espécimes de 20 dias. a) Coágulo, b) Coágulo + membrana de látex, c) Medula e d) Medula + membrana de látex. d c b a Figura 20: Radiografias do defeito ósseo dos espécimes de 60 dias. a) Coágulo, b) Coágulo + membrana de látex, c) Medula e d) Medula + membrana de látex. 5.4. Análise Microscópica Devido à morte precoce de alguns animais durante o decorrer dos períodos de estudo, uma nova amostragem de espécimes por tratamento realizado foi adotada (TABELA 1). Tabela 1: Número de espécimes por tratamento incluídos na análise dos resultados e seus respectivos períodos de estudo. Tratamentos Períodos de estudo Coágulo Coágulo + membrana látex Medula Medula + membrana látex 7 3 3 3 3 20 5 3 5 3 60 4 3 4 3 55 5. RE5.4.1. Período de 7 dias Os espécimes do período de 7 dias foram dispostos em sequência para que fosse possível observar as diferenças entre os diferentes tratamentos realizados (FIGURA 21 a, b, c, d). a b c d FIGURA 21 – Fotomicrografia dos espécimes do período 7 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). 56 Descrição Microscópica O grupo coágulo, cujos defeitos ósseos foram preenchidos apenas por coágulo apresentaram tecido conjuntivo fibroso frouxo em organização com discreto infiltrado inflamatório mononuclear difuso, em contato com o tecido nervoso, o qual apresentava discretos focos de degeneração (FIGURA 22 a, b). Quando da cobertura dos defeitos preenchidos por coágulo com membrana, os mesmos mostravam presença de tecido de granulação intensamente infiltrado por leucócitos mononucleares. Observou-se, ainda, discreta atividade osteogênica a partir das paredes do defeito (FIGURA 23 a, b). Nos defeitos preenchidos apenas com medula óssea observou-se presença predominante de tecido adiposo amarelo, permeado por tecido de granulação. Discreto foco de osteogênese foi visualizado em meio ao tecido de granulação em um dos espécimes. Nas paredes dos defeitos também se observou neoformação óssea (FIGURA 24 a, b). Os defeitos preenchidos com medula e recobertos por membrana apresentaram o mesmo quadro microscópico dos defeitos com o mesmo tratamento, sem o recobrimento por membrana, com predominância de tecido adiposo unilocular, permeado por tecido de granulação (FIGURA 25 a, b). 57 tc tn a b Figura 22 - 7 dias - Grupo coágulo sem membrana - Em a, presença predominante de tecido conjuntivo fibroso (tc), sobrejacente a tecido nervoso (tn). Em b, destaque para área de degeneração do tecido nervoso (setas) (H.E.; barras = a) 600µm, b) 200µm). * a tg b Figura 23 - 7 dias - Grupo coágulo com membrana - a) Subjacente ao espaço previamente ocupado pela membrana (*) nota-se tecido de granulação (tg). Em b, maior aumento do tecido de granulação, onde se observam numerosos leucócitos mononucleares (H.E.; barras = a) 600µm, b) 200µm). 58 * * ad a b Figura 24 - 7 dias - Grupo medula sem membrana - Em a nota-se defeito predominantemente preenchido por tecido adiposo amarelo (ad). Destaque de área de osteogênese (seta) em b próxima aos adipócitos uniloculares (*) (a - H.E.; barras = 600µm; b - Tricrômico de Masson; barras = 200µm). tg ad tg a b Figura 25 - 7 dias - Grupo medula com membrana - Observa-se defeito preenchido por abundante tecido adiposo amarelo (ad) em a, permeado por tecido de granulação (tg) destacado em b (H.E.; barras = a) 500µm; b) 200µm). Análise Histomorfométrica Foi analisada a fração do volume de tecido ósseo neoformado e tecido conjuntivo para as peças do período de 7 dias e os diferentes tratamentos realizados (TABELA 2). 59 Tabela 2: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 7 dias e os diferentes tratamentos realizados. Tratamento Coágulo Coágulo + membrana de látex Medula Medula + membrana de látex Osso primário µm² Osso secundário µm² Osso Neoformado µm² Tecido Conjuntivo µm² (5,13±0,75).105 0 (5,13±0,75).105 (1,36 ±0,75).106 (2,74±1,82).105 0 (2,74±1,82).105 (1,45 ±0,86).106 (4,71±4,12).105 0 (4,71±4,12).105 (7,33±2,42).105 (3,71±1,60).105 0 (3,71±1,60).105 (1,32 ±0,26).106 As figuras 26, 27, 28 e 29 mostram os resultados da Histomorfometria dos seguintes tecidos: Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido conjuntivo para os tratamentos com Coágulo, Medula, Membrana e Medula e Membrana, respectivamente. 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 6 2 Área (µm ) 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primario Secundário Conjuntivo Figura 26: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento controle (coágulo). 60 6 2.6x10 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Conjuntivo Figura 27: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com coágulo + membrana. 6 1x10 5 9x10 5 8x10 5 7x10 2 Área (µm ) 5 6x10 5 5x10 5 4x10 5 3x10 5 2x10 5 1x10 0 Primário Secundário Conjuntivo Figura 28: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com medula. 61 6 1.8x10 6 1.6x10 6 1.4x10 6 2 Área (µm ) 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Conjuntivo Figura 29: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 7 dias, tratamento com medula + membrana látex. As figuras 30 e 31 mostram o estudo comparativo entre os tratamentos nos resultados de Osso Primário, e Tecido Conjuntivo. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste ANOVA. 5 9x10 5 8x10 5 7x10 5 2 Área (µm ) 6x10 5 5x10 5 4x10 5 3x10 5 2x10 5 1x10 0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 30: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 7 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos pelo teste ANOVA. 62 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 31: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Tecido Conjuntivo relativo ao período de 7 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos pelo teste ANOVA. 5.4.2. Período de 20 dias Os espécimes do período de 20 dias foram dispostos em sequência para que seja possível observar as diferenças entre os diferentes tratamentos realizados (FIGURA 32 a, b, c, d). 63 a b c d Figura 32 – Fotomicrografia dos espécimes do período 20 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). Descrição Microscópica Os defeitos do grupo coágulo apresentaram-se preenchidos por tecido conjuntivo fibroso, apresentando discretas áreas de osteogênese com formação de tecido ósseo primário (FIGURA 33 a, b). Os defeitos preenchidos por coágulo e recobertos por membrana apresentaram padrão semelhante no mesmo período. Um dos espécimes exibia delicadas trabéculas de tecido ósseo primário, entremeadas 64 por conjuntivo fibroso (FIGURA 34 a, b). Os defeitos tratados com medula óssea mostraram presença de tecido adiposo unilocular, ricamente vascularizado, com infiltrado inflamatório mononuclear e polimorfonuclear neutrofílico difuso variando de moderado a intenso. Em alguns espécimes notaram-se células em degeneração. Observou-se, ainda, formação de trabéculas ósseas primárias nas porções superior e inferior do defeito (FIGURA 35 a, b). Os defeitos preenchidos por medula e recobertos com membrana apresentaram padrão microscópico similar, com presença de tecido adiposo unilocular moderadamente infiltrado por leucócitos mononucleares e polimorfonucleares, permeado por delgadas trabéculas ósseas primárias na base do defeito (FIGURA 36 a, b). op tc a b Figura 33 ‐ 20 dias ‐ Grupo coágulo sem membrana ‐ Presença predominante de tecido conjuntivo fibroso (tc), com áreas de osteogênese (setas longas), identificadas pela intensa atividade osteoblástica (setas curtas) e formação de tecido ósseo primário (op) (Tricrômico de Masson; barras = a) 600μm, b) 100μm). 65 op tc a b Figura 34 - 20 dias - Grupo coágulo com membrana - Nota-se tecido conjuntivo organizado no interior do defeito (tc) com áreas de formação de tecido ósseo primário (op) (Tricrômico de Masson; barras = a) 600µm, b) 100µm). * op * ad * a b Figura 35 - 20 dias - Grupo medula sem membrana - Nota-se tecido adiposo amarelo preenchendo a área de defeito (ad). Eventuais trabéculas de tecido ósseo primário são observadas (op). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*) e células em degeneração (setas) em meio a leucócitos mononucleares (a - Tricrômico de Masson; barra = 600µm; b - HE; barra = 200µm). ad * * op a b Figura 36 - 20 dias - Grupo medula com membrana - a) Preenchimento do defeito tecido adiposo amarelo (ad) e trabéculas de tecido ósseo primário na base do defeito (op). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*). (a - Tricrômico de Masson; barra = 600µm; b HE; barra = 150µm). 66 Análise Histomorfométrica Foi analisada a fração do volume de tecido ósseo neoformado e tecido conjuntivo para as peças do período de 20 dias e os diferentes tratamentos realizados (TABELA 3). Tabela 3: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 20 dias e os diferentes tratamentos realizados. Osso primário µm² Osso secundário µm² Osso Neoformado µm² Tecido Conjuntivo µm² (9,90±0,54).105 (1,68 ±2,06).105 (1,16 ±0,67).106 (1,29 ±0,62).106 (1,54±0,75).106 (2,20±3,8).105 (1,76 ±0,74).106 (1,00 ±1,00).106 Medula (1,70±0,54).106 (1,13±1,09).105 (1,81 ±0,51).106 (9,88 ±4,36).105 Medula + (1,39±0,75).106 (2,48±0,34).105 (1,64 ±0,73).106 (2,68 ±1,32).105 Tratamento Coágulo Coágulo + membrana de látex membrana de látex As figuras 37, 38, 39 e 40 mostram os resultados da Histomorfometria dos seguintes tecidos: Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido conjuntivo para os tratamentos com Coágulo, Medula, Membrana e Medula e Membrana, respectivamente, relativos ao período de 20 dias. 67 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 6 1.4x10 6 2 Área (µm ) 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 37: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento controle (coágulo). 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 38: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com coágulo + membrana de látex. 68 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 2 Área (µm ) 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 39: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com medula. 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 6 2 Área (µm ) 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo . Figura 40: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 20 dias, tratamento com medula + membrana de látex. As figuras 41, 42, 43 e 44 mostram o estudo comparativo entre os tratamentos nos resultados de Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido Conjuntivo. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste ANOVA, seguido do teste Tukey, para a comparação entre as médias e pelo teste t pareado para os tratamentos realizados no mesmo animal. 69 6 2.4x10 * 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 * 6 1.6x10 2 Área (µm ) 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Tratamento Figura 41: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Há diferença estatisticamente significativa e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. 5 6.5x10 5 6.0x10 5 5.5x10 5 5.0x10 5 4.5x10 5 2 Área (µm ) 4.0x10 5 3.5x10 5 3.0x10 5 2.5x10 5 2.0x10 5 1.5x10 5 1.0x10 4 5.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 42: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Secundário relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. 70 6 2.6x10 * 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 * 6 1.8x10 2 Área (µm ) 6 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 43: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Neoformado relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. Há diferença estatisticamente significativa e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 44: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Tecido Conjuntivo relativo ao período de 20 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA. 5.4.3. Período de 60 dias 71 Os espécimes do período de 60 dias foram dispostos em sequência para que seja possível observar as diferenças entre os diferentes tratamentos realizados (FIGURA 45 a, b, c, d). a b c d Figura 45 – Fotomicrografia dos espécimes do período 60 dias – a) coágulo; b) coágulo + membrana de látex; c) medula; d) medula + membrana de látex. (Tricrômico de Masson; aumento original ~2x). Descrição Microscópica 72 Os defeitos preenchidos somente por coágulo mostraram tecido conjuntivo fibroso permeado por trabéculas de tecido ósseo em maturação, marcadas por linhas basofílicas de reversão localizadas predominantemente na base do defeito, e tecido adiposo amarelo em toda a extensão do defeito, além de feixes de fibras musculares esqueléticas (FIGURA 46 a, b). Os defeitos recobertos por membrana sobre o coágulo apresentaram-se preenchidos por finas trabéculas de tecido ósseo maduro recoberto por células de revestimento (FIGURA 47 a, b). O grupo tratado com medula apresentou defeito preenchido por tecido adiposo ora unilocular, ora multilocular, entremeado por septos de tecido conjuntivo fibroso denso, focos de intenso infiltrado inflamatório mononuclear e polimorfonuclear neutrofílico. Esparsas e curtas trabéculas foram observadas localizadas predominantemente na base do defeito (FIGURA 48 a, b). Padrão similar foi visualizado nas áreas recobertas por membrana e tratadas com medula, estando preenchidas por tecido adiposo ora unilocular, ora multilocular apresentando moderado infiltrado inflamatório mononuclear difuso. Nota-se presença de trabéculas de tecido ósseo maduro na base do defeito (FIGURA 49). ad op tc a b Figura 46 - 60 dias - Grupo coágulo sem membrana - Defeito preenchido por curtas trabéculas ósseas primárias em maturação (op), evidenciadas pelas linhas basofílicas de reversão (setas). De permeio, tem-se tecido conjuntivo fibroso (tc) e tecido adiposo amarelo também é observado (ad) (HE; barras = a) 600µm, b) 100µm). 73 * o o b a Figura 47 - 60 dias - Grupo coágulo com membrana - O espaço vazio (*) representa o espaço previamente ocupado pela membrana. Nota-se ponte de tecido ósseo maduro (o) na base do defeito (a), apresentando células de revestimento em sua superfície (setas) (b). (HE; barras = a) 600µm, b) 100µm). ad * * o a b c Figura 48 - 60 dias - Grupo medula sem membrana - Em a visualiza-me área do defeito em menor aumento, preenchida por tecido adiposo (ad) e curtas trabéculas ósseas (o). Em b, destacam-se os adipócitos uniloculares (*). De permeio, notam-se adipócitos multiloculares (setas), em c. (a, b - HE; barra = a) 300µm, b) 100µm; c - Tricrômico de Masson; barra = 100µm). 74 * ad o a b * * * c Figura 49 - 60 dias - Grupo medula com membrana – a) Defeito preenchido por tecido adiposo (ad) e tecido ósseo maduro na base do defeito (o). Em b, observa-se tecido adiposo unilocular (*) permeado por adipócitos multiloculares (setas). Em c, destacam-se os adipócitos multiloculares (setas). (a - HE; barra = 600µm; b, c - Tricrômico de Masson; barra = 100µm). Análise Histomorfométrica Foi analisada a fração do volume de tecido ósseo neoformado e tecido conjuntivo para as peças do período de 20 dias e os diferentes tratamentos realizados (TABELA 4). 75 Tabela 4: Valores médios e desvio padrão da área de osso primário, osso secundário, osso neoformado e tecido conjuntivo, obtidos por histomorfometria, referente ao período de 60 dias e os diferentes tratamentos realizados. Tratamento Osso primário (µm²) Osso secundário (µm²) Osso Neoformado (µm²) Tecido Conjuntivo (µm²) Coágulo (1,21±0,57).106 (3,29 ±0,41).105 (1,54 ±0,59).106 (1,16 ±0,43).106 Coágulo + (1,29±0,27).106 (1,48 ±0,23).106 (2,77 ±0,24).106 (1,08 ± 0,43).106 Medula (1,36±0,30).106 (4,25 ±0,91).105 (1,79 ±0,33).106 (1,02 ±0,35).106 Medula + (1,27±0,13).106 (2,12 ±0,27).106 (3,39 ±0,38).106 (1,22 ±1.19).106 membrana de látex membrana de látex As figuras 50, 51, 52 e 53 mostram os resultados da Histomorfometria dos seguintes tecidos: Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido conjuntivo para os tratamentos com Coágulo, Medula, Membrana e Medula e Membrana, respectivamente, relativos ao período de 60 dias. 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 6 2 Área(µ ) 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primario Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 50: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, grupo controle (coágulo). 76 6 3.0x10 6 2.5x10 6 2 Área (µm ) 2.0x10 6 1.5x10 6 1.0x10 5 5.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 51: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com coágulo + membrana látex. 6 2.0x10 6 1.8x10 6 1.6x10 6 1.4x10 6 2 Área (µm ) 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Primario Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 52: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com medula. 77 6 3.5x10 6 3.0x10 6 2 Área (µm ) 2.5x10 6 2.0x10 6 1.5x10 6 1.0x10 5 5.0x10 0.0 Primário Secundário Neoformado Conjuntivo Figura 53: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados de área considerados na Histomorfometria. Período de 60 dias, tratamento com medula + membrana látex. As figuras 54, 55, 56 e 57 mostram o estudo comparativo entre os tratamentos nos resultados de Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido Conjuntivo. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste ANOVA, seguido do teste Tukey, para a comparação entre as médias e pelo teste t pareado para os tratamentos realizados no mesmo animal. 78 6 1.8x10 6 1.6x10 6 1.4x10 6 2 Área (µm ) 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 54: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Primário relativo ao período de 60 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados. 6 2.5x10 6 2 Área (µm ) 2.0x10 6 1.5x10 6 1.0x10 5 5.0x10 * * 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 55: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Secundário relativo ao período de 60 dias. Há diferença estatisticamente significativa entre os resultados com P<0.05 na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e entre os grupos indicados por * pelo teste t pareado. 79 * 6 3.5x10 * 6 3.0x10 6 2 Área (µm ) 2.5x10 6 2.0x10 6 1.5x10 6 1.0x10 5 5.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 56: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Osso Neoformado relativo ao período de 60 dias. Há diferença estatisticamente significativa entre os resultados com P<0.05 na comparação entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e entre os grupos indicados por * e por ** pelo teste t pareado. 6 2.6x10 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Medula e Membrana Figura 57: Valor Médio e Desvio Padrão de resultados da Histomorfometria de Tecido Conjuntivo relativo ao período de 60 dias. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados. 80 As figuras 58, 59, 60 e 61 mostram o estudo comparativo entre os períodos de acordo com o tratamento nos resultados de Osso Primário, Osso Secundário, Osso Neoformado e Tecido Conjuntivo. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste ANOVA, seguido do teste Tukey, para a comparação entre as médias e pelo teste t pareado para os tratamentos realizados no mesmo animal. 6 2.5x10 ** * 7 dias 20 dias 60 dias 6 2.0x10 2 Área (µm ) 6 1.5x10 * 6 1.0x10 ** 5 5.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 58: Histomorfometria do Osso Primário em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados por * e **. 81 20 dias 60 dias 6 # 2.5x10 6 2.0x10 2 Área (m ) ** 6 1.5x10 6 1.0x10 * 5 5.0x10 ** # * 0.0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 59: Histomorfometria do Osso Secundário em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados por * , ** e #. 7 dias 20 dias 60 dias 6 4.0x10 * 6 3.5x10 6 3.0x10 * 6 2 Área (m ) 2.5x10 6 2.0x10 6 1.5x10 6 1.0x10 5 5.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 60: Histomorfometria do Osso Neoformado em função dos tratamentos e do tempo. Há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA seguido de Tukey entre os grupos indicados pelos traços horizontais e por *. 82 7 dias 20 dias 60 dias 6 2.4x10 6 2.2x10 6 2.0x10 6 1.8x10 6 2 Área (µm ) 1.6x10 6 1.4x10 6 1.2x10 6 1.0x10 5 8.0x10 5 6.0x10 5 4.0x10 5 2.0x10 0.0 Coágulo Medula Membrana Membrana e Medula Figura 61: Histomorfometria do Tecido Conjuntivo em função dos tratamentos e do tempo. Não há diferença estatisticamente significativa pelo teste ANOVA. Devido à presença de grande quantidade de tecido adiposo preenchendo alguns defeitos em que foi empregado o uso da medula óssea, o mesmo foi expresso na tabela 5, que resume os resultados de média e desvio padrão da área relativa a este tecido, em µm2, de acordo com os tratamentos e com o período e a Figura 62 demonstra esses resultados graficamente. . Tabela 5: Valores médios e desvio padrão da área relativa ao tecido adiposo de acordo com o tratamento e o período de estudo. Medula e Membrana (µm2) Medula (µm2) 7 dias 8,3 ± 6,8 .106 3,2± 2,0 .106 20 dias 3,3± 2,0 .106 2,7± 1,7 .106 60 dias 2,3± 2,3 .106 2,2± 1,6 .106 83 Medula 60 Membrana e Medula 60 Medula 20 Membrana e Medula 20 Medula 7 Membrana e Medula 7 0.0 6 5.0x10 7 1.0x10 7 1.5x10 2 Área (µm ) Figura 62: Histomorfometria do tecido adiposo de acordo com o tratamento e o período de observação. Não há diferença estatisticamente significativa entre os resultados, pelo teste ANOVA. 5.5. Análise da Volumetria por Tomografia Computadorizada A tabela 6 e a figura 63 mostram os valores dos volumes obtidos por tomografia computadorizada (TC) comparando todos os tratamentos realizados entre si. 84 Tabela 6: Valor médio de desvio padrão dos resultados do volume ósseo relativo à região do centro do defeito ósseo obtido por TC, considerando um valor de 100UH (unidade Hounsfield). Tratamento Volume (cm³) Coágulo 0,13 ±0,03 Coágulo + membrana látex 0,16 ±0,03 Medula 0,18 ±0,03 Medula + membrana de látex 0,20 ±0,03 * 0.20 * 3 Volume (cm ) 0.15 0.10 0.05 0.00 Coágulo Membrana Medula Membrana e Medula Figura 63: Média e Desvio Padrão da Volumetria por TC. Há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos indicados pelo teste ANOVA e Tukey (P<0.05) e pelo teste t pareado entre os grupos indicados por *. 85 6. DISCUSSÃO O presente trabalho procurou demonstrar a eficácia das células-tronco mesenquimais presentes na medula óssea fresca, e a influência do uso de membrana oclusiva de látex no processo de reparo ósseo em defeitos realizados em calvária de coelhos. Defeitos ósseos pode ser resultado de várias causas, deficiências congênitas, perda de elementos dentários, traumas, ressecção de tumores, entre outros. A capacidade de regeneração desse defeito é variável, dependendo do seu local e extensão, bem como das condições em que o mesmo se encontra. A utilização de enxertos ósseos autógenos, ainda hoje mostra uma excelente alternativa e considerado “padrão ouro” devido ao fato de associar a capacidade osteocondutora e osteogênica (Matsushita et al., 2004). Porém como descrito por alguns autores tais técnicas podem representar um grande transtorno ao paciente (Dahlin, 1994; Swan e Goodacre, 2006; De Riu 2008; Baqainet al, 2009). É de conhecimento da comunidade científica, tendo como base a literatura pertinente, diversas técnicas e materiais utilizados para o ganho de tecido ósseo. Mais recentemente, a terapia celular veio contribuir para esse mesmo fim. Contudo, o tratamento com células muitas vezes requer uma técnica apurada e pessoal especializado, além de equipamentos e ambiente próprio para ser realizada. As técnicas de enxertia óssea predispõem o paciente a condições debilitantes, pois o mesmo se submete a procedimentos cirúrgicos mais invasivos, aumentando o risco da morbidade local, de infecções, de tempo cirúrgico aumentado, e nos casos de 86 grandes reconstruções, necessita de internação hospitalar, anestesia geral e um tempo maior de recuperação. Já o uso de biomateriais muitas vezes falha em decorrência da falta da capacidade indutora osteogênica. É devido a esse fato que o uso da medula óssea autógena fresca, que é um tecido detentor de uma excelente quantidade de células indiferenciadas capazes de se diferenciar em diversos tipos celulares, inclusive células produtoras de tecido ósseo, chama a atenção. Algumas vantagens que podemos citar são a facilidade da coleta, causando pouca ou nenhuma morbidade ao paciente, e a não necessidade de tratamentos laboratoriais complexos para seu emprego. A utilização de coelhos como modelo experimental para a avaliação do reparo ósseo, tem sido realizada com sucesso por diversos autores (Lu et al,. 1998; Kanazawa et al., 2006; Walsh et al., 2008). Além disso, o modelo experimental utilizado foi escolhido devido à facilidade de manipulação do animal, e aos procedimentos de anestesia e cirurgia, que são facilitados devido ao seu pequeno porte. A anatomia da calvária que, em virtude de seu tamanho e extensão, permite a realização de dois defeitos de diâmetro de 10mm sem que os mesmos invadam a linha média envolvendo a sutura sagital (Alberius et al., 1989; Dodde et al., 2000; Gordjestani et al., 2006). A região óssea escolhida apresenta um pobre suprimento sanguíneo, bem como uma relativa deficiência de osso medular. Por ser de origem embrionária intramembranosa, semelhante aos ossos da região bucomaxilofacial, caracteriza um potente modelo experimental para futuras aplicações em odontologia. Além disso, o fácil acesso à região cirúrgica garante alta reprodutibilidade, contribuindo para as análises quantitativas dos tratamentos realizados. A medula óssea é encontrada por todo sistema esquelético dos mamíferos, variando em quantidade, dependo do local em que a mesma é encontrada. A tíbia, 87 por ser um osso longo e apresentar um canal medular onde o mesmo aloja a mesma, é um sítio doador bastante interessante devido a sua facilidade de manipulação. Por ser um tecido que não tem a capacidade de manutenção de espaço quando compete com outros tipos de tecidos, como por exemplo, tecido conjuntivo e mucosa epitelial, o uso de uma barreira mecânica pode otimizar sua ação. Devido a esse fato, o uso das membranas oclusivas é utilizado por diversos autores (Dahlin et al, 1990; Karring et al., 1993; Dahlin et al, 1994; Hardwick, 1994; Nyman et al., 1995; Dupoirieux et al. 2001; Catanzaro 2002). A terapia celular como uma técnica alternativa tem sido bastante explorada, principalmente quando a mesma está associada a um biomaterial. Nesta técnica as células são previamente coletadas, cultivadas e expandidas para posteriormente serem utilizadas. Em seu estudo experimental, Lerouxel et al. (2006) utilizou um arcabouço de fosfato de cálcio associado a medula óssea em defeitos realizados na tíbia e fêmur de ratos irradiados e não irradiados, comparado com o preenchimento desses defeitos somente com medula óssea, e o arcabouço apenas. O autor concluiu que o uso do arcabouço somente apresentou boas propriedades osteocondutivas somente em ratos não irradiados, mostrando claramente a importância da medula óssea no reparo ósseo de animais irradiados. Em um estudo experimental em coelhos, Niedźwiedzki et al. (1992) após ter coletado previamente uma quantidade de medula óssea do fêmur do animal cultivou e expandiu essas células, administrando posteriormente essa suspensão de célula em defeitos ósseos realizados no rádio dos animais. O defeito que recebeu a 88 suspensão de células teve seu processo de regeneração óssea acelerada quando comparado com o defeito controle que recebeu apenas solução salina. Semelhante a metodologia empregada no presente trabalho, Vuola et al. (1995), coletou medula óssea do fêmur de ratos wistar e misturou com solução salina onde implantes de hidroxiapatita e carbonato de cálcio foram imersos por 5 minuto. Logo após esses implantes foram inseridos dentro do músculo latíssimo do dorso e mantidos por 3, 6 e 12 semanas. Após esse período foi possível observar a formação de tecido ósseo com intensa atividade osteoblástica em todos os implantes que receberam a medula óssea. Yuan et al. (2007) utilizou cachorros sem raça definida em um estudo que visava reparar um defeito segmentar crítico de 30mm na mandíbula dos animais, utilizando um arcabouço de β-tricálcio fosfato associado a células-tronco derivadas da medula óssea, previamente coletada e cultivada na presença de dexametasona e β-fosfoglicerol por 2 passagens. Após esse procedimento as células-tronco apresentaram um fenótipo típico osteogênico. Foi comparado o processo de reparo utilizando o biomaterial e as células derivadas da medula óssea com enxerto ósseo autógeno, e também somente o uso do arcabouço de β-tricálcio fosfato. O estudo demonstrou que o substituto ósseo construído com o arcabouço de β-tricálcio fosfato, carregado com as células-tronco derivadas da medula óssea pode reparar defeitos críticos mandibulares em grandes mamíferos, sendo uma abordagem plausível em reconstruções clínicas de defeitos mandibulares. Kuznetsov et al. (2008) também em um estudo com cachorros utilizou partículas de hidroxiapatita/tricálcio fosfato misturados à células-tronco derivadas da medula óssea, para o preenchimento de defeitos de 15mm realizados na mandíbula 89 dos animais. Seus resultados corroboraram com os demais autores apontando as células derivadas da medula óssea como uma potencial fonte osteoindutora em defeitos ósseos. Neste trabalho, a medula óssea foi coletada e imediatamente utilizada sem passar por nenhum tratamento laboratorial, assim como foi realizado no trabalho de Kitchel (2006). O autor utilizou uma matriz de colágeno mineralizada embebida em medula óssea coletada por punção da crista ilíaca, em procedimento cirúrgico de fusão intervertebral, comparando com enxerto ósseo autógeno realizado em humanos. Pode-se concluir que o uso da associação da medula óssea com o biomaterial apresentou uma taxa de consolidação das vértebras semelhante a do lado em que foi utilizado enxerto ósseo, além de diminuir o tempo operatório e a morbidade gerada quando da coleta do osso da crista ilíaca. Em um trabalho semelhante, Gan et al. (2008) também realizou procedimentos cirúrgicos para a fusão espinhal lombar posterior em humanos, utilizando um arcabouço de β-tricálcio fosfato poroso associado à medula óssea, que foi previamente coletada e centrifugada separando as células do plasma. O biomaterial enriquecido com as células derivadas da medula óssea se mostrou efetivo no processo de fusão espinhal posterior. Velardi et al. (2006) em um estudo clínico para a reconstrução de defeitos cranianos em quatro pacientes pediátricos, também utilizou uma matriz de colágeno mineralizado associada uma cerâmica de hidroxiapatita embebida em medula óssea, que fora coletada previamente ao procedimento cirúrgico. A Medula óssea coletada foi centrifugada para a separação das células nucleadas do plasma para serem 90 inseminadas na matriz de colágeno. Foi observado em todos os pacientes um rápido processo de osteogênese. O padrão histológico encontrado neste trabalho relativo ao período de 60 dias evidencia que, quando o enxerto com a medula óssea é associado à membrana de látex, há uma aceleração no processo de formação e de amadurecimento do tecido ósseo neoformado. De acordo com as fotomicrografias do período de 60 dias (figura 45), na região do defeito tratado com coágulo observa-se tecido conjuntivo permeando ilhas de tecido ósseo curtas, enquanto que o tratamento com coágulo + membrana de látex houve a formação de um tecido ósseo maduro com presença de células de revestimento (Figura 47 b). O tratamento realizado somente com a medula resultou a presença de tecido adiposo e pequenas ilhas de tecido ósseo em processo de amadurecimento preenchendo o defeito é notado. Já o tratamento em que foi empregada medula + membrana de látex, propiciou o amadurecimento do tecido ósseo, com formação de uma ponte óssea ligando as bordas do defeito. Essas características tornam-se evidentes através da histomorfometria, quando se avalia a área relativa ao osso maduro (Figura 55), onde se observa que a quantidade de osso formado é maior no grupo tratado com medula e membrana, seguido do tratamento com membrana e coágulo, medula e coágulo. Nesta mesma análise, pode-se verificar que os tratamentos com membrana resultaram numa maior formação de osso secundário quando comparado com o grupo tratado apenas com o coágulo sanguíneo (P<0.05). Em relação ao tecido ósseo neoformado, os dados da histomorfometria mostram que o tratamento com medula + membrana de látex resultou numa maior quantidade de tecido ósseo neoformado com valores estatisticamente significativos quando comparado aos demais tratamentos (Figura 56). Este resultado corroborou 91 com a volumetria por tomografia computadorizada, que mostra que o volume de osso neoformado foi superior quando utilizado o tratamento com medula + membrana de látex (P<0,05). Nesta mesma análise (figura gráfico cinza 60d) podese observar que os tratamentos com membrana oclusiva de látex resultaram em maior volume de osso neoformado quando comparado aos mesmos tratamentos sem o uso desta barreira mecânica. Com relação à presença do tecido adiposo, pode-se perceber que o mesmo apareceu em grande quantidade nos tratamentos em que foi utilizada a medula óssea. Isso se deve ao fato de que considerando a idade do animal de seis meses o mesmo já é considerado adulto. Segundo Gimble et al. (1996), o ossos longos apresentam uma abundante quantidade de adipócitos. Esse tecido adiposo encontrado nos ossos longos pode ser tanto o tecido adiposo amarelo ou unilocular quanto o tecido adiposo marrom ou multilocular. Contudo observou-se que com o decorrer dos períodos de estudo essa quantidade de tecido adiposo diminuiu. Uma hipótese é a diferenciação dos adipócitos em osteoblastos uma vez que os mesmos apresentam potencial para tal transformação. A análise da volumetria por tomografia computadorizada pode nos fornecer dados relevantes a respeito do processo de regeneração óssea. Os defeitos ósseos que receberam a medula óssea apresentaram diferenças estatisticamente significativas (P<0.05) quando comparada com o defeito preenchido apenas por coágulo sanguíneo, indicando a capacidade osteogênica acentuada desse tratamento. Além disso, o uso de medula em associação com membrana oclusiva de látex resultou em um maior volume ósseo em comparação ao uso somente da membrana oclusiva. Esta diferença é estatisticamente significativa quando analisada pelo teste t pareado, já que os tratamentos ocorreram no mesmo animal, indicando 92 que o uso da medula contribui para o aumento do volume ósseo 60 dias após o tratamento. 93 7. CONCLUSÃO • O tratamento com a associação da medula óssea à membrana de látex se mostrou efetivo como estímulo à osteogênese, resultando em maior volume ósseo secundário 60 dias após a cirurgia em relação aos outros tratamentos estudados • A membrana de látex contribui para o processo de regeneração óssea, resultando em maior volume de osso neoformado em relação aos mesmos tratamentos sem o uso desta barreira mecânica com base nos resultados da histomorfometria. • A análise da volumetria óssea por tomografia computadorizada se mostrou uma ferramenta interessante quando da análise dos resultados possibilitando avaliar o ganho de tecido em volume. . 94 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AUBIN, J.E. Bone stem cells. 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