clAsse médiA,um
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Capa Ascensão da classe média, um fenômeno social Consumidores emergentes do Brasil são exigentes, otimistas e querem preço atrelado à qualidade J ovens e mulheres, a maioria afrodescendente e com idade média de 30 anos. Moram em bairros mais afastados dos centros urbanos ou cidades que formam as grandes capitais. Possuem renda familiar entre mil reais e 4 mil reais. Esse é o raio X da nova classe média brasileira. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a classe C brasileira é formada hoje por 95 milhões de pessoas, com 31 milhões de emergentes nos últimos dez anos. Seus consumos básicos são: alimentação, habitação, vestuário, saúde, higiene e serviços pessoais. Desempenhando papel importante no aumento de consumo desses clientes, a Bombril, uma das empresas mais atuantes no desenvolvimento de ações e produtos voltados para esse público. “Os menos favorecidos conseguiram, nos últimos anos, um suporte importante do governo com o bolsa-família”, afirma Ronaldo Sampaio Ferreira, presidente do Conselho de Administração da Bombril. “Com isso, eles buscam cada vez mais o melhor produto, com qualidade, a um preço considerado justo. E é o que fazemos.” 2 - LIDE LIDE - 3 Capa A nova classe média é formada por 95 milhões de pessoas, um mercado em exponencial crescimento O Norte e o Nordeste do Brasil representam uma importante fatia dentro do faturamento da empresa. “Nessas duas áreas, crescemos 33% no ano passado, um marco evolutivo”, conta Ferreira. “Por isso mudamos a cultura e nossa linguagem com o consumidor.” Com campanhas regionalizadas, a empresa se comunica de acordo com o local, como no caso do contrato com a cantora baiana Ivete Sangalo para uma campanha apenas veiculada em ambas as regiões. Além disso, a companhia aporta recursos e incentivos em festas regionais. Para todo o Brasil, a grande mudança foi a substituição do ator Carlos Moreno, garoto-propaganda da companhia desde os anos 70, pelas atrizes Marisa Orth e Daniella Giusti e pela repórter Mônica Iozzi. “A evolução da classe C está ligada justamente à força da mulher, que Casa Bombril, no Butantã, projeto social inovador com o objetivo de capacitar empregadas domésticas 4 - LIDE se tornou chefe de família e movimenta o mercado de trabalho e econômico”, conta o empresário, idealizador também do Casa Bombril, no Butantã. O projeto social visa profissionalizar e auxiliar de maneira financeira e social empregadas domésticas, que hoje fazem parte desse contingente importante. “Ao promovermos a capacitação, desenvolvemos o profissional e o intelectual das mulheres participantes”, explica. “Essa iniciativa é inovadora e difunde uma causa, além de expressar as crenças, valores e DNA da empresa.” A realização de estudos e de pesquisas de campo é parte fundamental para entender esse consumidor tão exclusivamente brasileiro. “É importante discutir o aumento dessa classe econômica e sua mudança dos hábitos”, alerta Mario D’Andrea, CEO da Fischer & Friends. “O critério de qualidade desses consumidores subiu muito, principalmente com o acesso à internet e as novas informações. Isso faz exigirem produtos e marcas de qualidade, aliados a preço.” Ao exigir qualidade, esse consumidor alinha a marca de sua preferência com valores familiares, fundamentais para quem está presente nessa fatia de mercado. “É um fenômeno sem precedentes”, espanta-se D’Andrea. “Conversei com antropólogos, psicólogos e historiadores e eles afirmam que não existe, na história moderna, uma mudança de patamar, tanto de poder aquisitivo como de conhecimento e de quantidade de pessoas, como a que está ocorrendo.” Os serviços bancários fazem parte do dia a dia dessa população. Por esse motivo, o Brades- Agência de Heliópolis (SP), do Bradesco, inaugurada em 2009 co inaugurou em 2007 a primeira agência dentro de uma favela: a Rocinha, no Rio de Janeiro. A partir daí se espalhou pela capital fluminense e, em São Paulo, abriu em 2009 as agências Heliópolis e Paraisópolis. “Há uma preocupação de as empresas entenderem o comportamento dessa classe, seus hábitos e necessidades”, realça Licinio Motta, diretor de Operações da Pós-Graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing. “Nós não conhecíamos muito bem esse mercado e hoje conseguimos desenvolver programas para capacitar os executivos para esse contingente.” O especialista afirma que esse processo é um grande desafio para todo o empresariado brasileiro. “Os países de primeiro mundo, com uma classe de con- sumo mais desenvolvida, não tiveram essa classe”, completa. A Ambev já embarcou na onda de oportunidades que a classe C busca para mudar de vida. De empregados, muitos preferem optar por serem donos de seus próprios negócios. Dessa forma, a empresa criou um novo modelo de franquia de bar com investimento inicial de 28 mil reais. Batizada de Nosso Bar, a pretensão é ter 200 unidades até o fim do ano. “O consumidor da classe C está exigente”, afirma João Paulo Badaró, diretor de Novos Negócios da Ambev. “Por isso, estamos querendo ajudar a profissionalizar os bares de bairro que atendem especificamente esse público.” As primeiras 20 unidades já inauguradas estão localizadas em A realização de estudos e de pesquisas de campo é parte fundamental para entender esse cliente tão exclusivamente brasileiro LIDE - 5 Capa “O critério de qualidade desses consumidores subiu muito, principalmente com o acesso à internet e a novas informações”, diz Mario D’Andrea, CEO da Fischer & Friends bairros periféricos de grandes cidades e contam com faturamento estimado de 25 mil a 40 mil reais, com margem de lucro de 15%, em média. “Cerveja hoje é um produto barato com uma alta penetração”, exemplifica Ricardo Rolim, diretor de Relações Socioambientais da Ambev. “Nosso crescimento em 2010 está ligado diretamente a este público e, por isso, vamos investir esse ano mais de 2,5 bilhões de reais na construção de novas fábricas e lançamentos de novos produtos.” O investimento da Ambev não é à toa. O setor alimentício é um dos mais beneficiados pela ascensão da classe emergente. De acordo com o instituto Data Popular, em levantamento realizado no segundo trimestre deste ano, comprar comida semipronta virou hábito entre os brasileiros. Quase 47% já admitiram consumir regularmente esses pratos. E justamente a classe C tem maior representatividade: 52,2%. No sistema delivery, primeiro lugar também para o consumidor da classe média: 51,8%. Todo esse movimento positivo de brasilidade foi proposto há anos pela Casas Bahia, primeira grande marca que arriscou acreditar nesse poder de consumo e criou ações, possibilidades de pagamentos e a comercialização de produtos com qualidade. Hoje, presente nos principais shoppings do Brasil, a conhecida loja de varejo se aproximou ainda mais dos consumidores emergentes. n Anúncio A Casas Bahia foi a responsável pelas formas de comercialização e projetos para consumidores emergentes 6 - LIDE LIDE - 7
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