Os uniformes de combate da Força Expedicionária

Transcrição

Os uniformes de combate da Força Expedicionária
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj Int IVAN CHRISTIE BARROS DE ARAUJO
Os uniformes de combate da Força Expedicionária
Brasileira: Contribuições para atuais e futuras demandas
logísticas do Exército Brasileiro.
(INTENCIONALMENTE EM BRANCO)
Rio de Janeiro
2014
Maj Int IVAN CHRISTIE BARROS DE ARAUJO
Os uniformes de combate da Força Expedicionária
Brasileira: Contribuições para atuais e futuras demandas
logísticas do Exército Brasileiro
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como requisito
parcial para obtenção do título de
especialista em Ciências Militares
Orientador: Luiz Henrique G. Plum – Maj Int
Rio de Janeiro
2014
A662u Barros de Araujo, Ivan Christie.
Os uniformes dos combate da FEB: Contribuições para atuais e futuras
demandas logísticas do Exército Brasileiro. / Ivan Christie Barros de Araujo− 2014.
91 f.; 30cm.
Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, Rio de Janeiro, 2014.
Bibliografia: f. 89-92.
1. Uniformes dos combate da FEB. 2. Contribuições. 3. atuais e futuras
demandas logísticas. I. Escola de Comando e Estado Maior do Exército II. Título.
CDD 355. 2
Maj Int IVAN CHRISTIE BARROS DE ARAUJO
OS UNIFORMES DOS COMBATE DA FEB: CONTRIBUIÇÕES PARA
ATUAIS E FUTURAS DEMANDAS LOGÍSTICAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como requisito
parcial para obtenção do título de
especialista em Ciências Militares
Aprovado em: ______/________________/______
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________________
RAPHAEL MOREIRA DO NASCIMENTO – Cel QMB – Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
___________________________________________________
PAULO VITOR CABRAL MONTEIRO– Ten Cel Eng– Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_______________________________________________
LUIZ HENRIQUE GONÇALVES PLUM– Maj Int – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha esposa, a minha família e a todos
que acreditaram em mim e contribuíram
de alguma para a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, por ter proporcionado a saúde de meu corpo e de minha alma.
À minha esposa Paula e as minhas filhas, por todos os momentos juntos.
Aos meus pais, exemplos que norteiam minha vida.
Ao Sr. Maj Int PLUM, orientador deste trabalho, pelas observações
necessárias, sugestões oportunas e críticas construtivas.
Ao Sr. Prof. César Campiani Maximiniano e ao Ten Cel Cosentino instrutores
da ECEME, pelos seguros conselhos e pelo exemplo profissional.
Aos companheiros do CCEM 2013-2014, em especial ao Maj Júlio César
Fidalgo ZARY, grande amigo, orientador e historiador da II GM, que muitos conselhos
me deu, sem os quais não teria concluído este trabalho.
Aos amigos da ECEME, EsAO e AHEx pelo profissionalismo, companheirismo,
simplicidade e dedicação à pesquisa em tela.
A todos aqueles que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para que
esse trabalho fosse concluído.
“Pelo altíssimo custo em vidas e sofrimento
humano derivados da participação na Campanha da
Itália, os brasileiros que lutaram do lado certo em
uma
guerra
necessária
para
a
derrota
do
nazifascismo merecem que seu valor e sacrifício
sejam lembrados”.
Cesar Campiani Maximiano
OS UNIFORMES DOS COMBATE DA FEB: CONTRIBUIÇÕES PARA
ATUAIS E FUTURAS DEMANDAS LOGÍSTICAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Ivan Christie Barros de Araujo
Resumo: A declaração de guerra do Brasil contra os países do Eixo, em 1942,
deveria ter sido o marco inicial da preparação de uma tropa do Exército para ser
empregada além-mar. Após o afundamentos de diversos navios mercantes
brasileiros, foi iniciada a mobilização para constituição de uma tropa de caráter
expedicionário. Diversos problemas tiveram que ser superados para que se tivesse
uma tropa, no valor de uma divisão, teoricamente apta a combater. Entre os
problemas, encontravam-se a mobilização de pessoal, a aquisição de armamentos, a
modernização da instrução e no caso desse estudo a adaptação dos uniformes às
condições do possível Teatro de Operações. Naquele momento, a Missão Militar
Francesa ainda não tinha conseguido arraigar importantes aspectos doutrinários no
Exército Brasileiro, mesmo após vinte anos de existência. A despeito do envio de uma
missão precursora para o Teatro de Operações italiano, os uniformes exclusivamente
confeccionados para a FEB não foram adequados para as agruras do combate,
especialmente quanto ao rigoroso inverno europeu, em especial frente às altitudes
dos Apeninos. Atualmente, o Exército Brasileiro encontra-se com um objetivo de
montar, novamente, uma tropa de caráter expedicionário. Desta vez no valor de uma
Brigada, que deverá estar apta para ser empregada no ano de 2017. Como os
prováveis locais de emprego são regiões onde há clima frio, desértico inclusive com
precipitação de neve, torna-se ponto pacífico o desenvolvimento de uniformes
adequados para os diversos climas principalmente o frio de modo a não se incorrer
novamente nos erros logísticos cometidos durante a Segunda Grande Guerra. Há
previsão de alteração nos uniformes de combate do Exército Brasileiro em 2015, mas
ressalta-se que agasalhos de frio não fazem parte do rol de novos uniformes, ficando
novamente o Exército Brasileiro (EB) à mercê de importações oriundas de exércitos
aliados. As Lições aprendidas no passado podem assim facilitar a solução das futuras
demandas militares e logísticas do EB.
PALAVRAS-CHAVE: Exército Brasileiro, Força Expedicionária Brasileira, Uniformes
de Combate, Lições Aprendidas, Futuras Demandas Militares e Logísticas.
BATTLE DRESS OF THE BEF: CONTRIBUTIONS TO CURRENT AND FUTURE
DEMANDS OF BRAZILIAN ARMY
Ivan Christie Barros de Araujo
Abstract: Brazil 's declaration of war against the Axis in 1942 , should have been the
landmark for the preparation of a troop of the army to be deployed overseas. After the
sinking of many Brazilian merchant ships , the mobilization was initiated for
establishment of a troop expeditionary character. Several problems had to be
overcome in order to accomplish a troop, the value of a theoretically able to fight .
Among the problems , were the mobilizations of personnel, arms procurement , and
modernization of education and in the case of this study, the adaptation of the uniform
conditions as possible theater of operations . At that time , the French Military Mission
had not yet achieved important doctrinal aspects rooted in the Brazilian Army , even
after twenty years of existence. Despite sending a precursor mission to the Italian
theater of operations , the uniforms made exclusively for the FEB were not suitable for
the hardships of combat , especially for strict European winter , especially in front of
the altitudes of the Apennines . Currently , the Brazilian Army meets with a goal of
assembling a troop expeditionary character, this time in the value of a Brigade , which
must be able to be employed in the year 2017 again . How likely locations of
employment regions are where there is cold climate , including desert snowfall , it is
granted that the development of appropriate uniforms for various mostly cold climates
so as not to incur again in logistical errors committed during the Second World War .
There are anticipated changes in battle dress of the Brazilian Army in 2015 , but it is
noteworthy that coats cold are not part of the list of new uniforms , again getting the
Brazilian Army (EB) at the mercy of imports from allied armies . Lessons learned in
the past may thus facilitate the solution of future military and logistical demands of EB.
KEYWORDS : Brazilian Army , Brazilian Expeditionary Force, battle dress, Lessons
Learned , Future Military and Logistical Demands .
LISTA DE QUADROS
QUADRO
QUADRO 1
QUADRO 2
QUADRO 3
NOME
Pag
Classes de Suprimentos na Força Terrestre
27
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
precipitações por cidades: ROMA
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
61
precipitações por cidades: MILÃO
61
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
QUADRO 4
precipitações por cidades: BOLONHA
61
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
QUADRO 5
precipitações por cidades: FLORENÇA
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
QUADRO 6
precipitações por cidades: GÊNOVA
Quadro com os registros anuais de médias de temperatura e
QUADRO 7
precipitações por cidades: VERONA
61
62
62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
FA
EB
FAB
FEB
TO
DIE
II GM
MMF
ECEME
EsAO
AHEx
Ap Log
Sup
Cl
PBS
IBGE
A Op
NA
VO
TOM
Km
Flak
ONU
OEA
OMC
MERCOSUL
CPLP
ALADI
OTCA
UNASUL
ZOPACAS
BRICS
PND
END
PMD
EMD
LBDN
RUE
F Expd
Associação Brasileiras de Normas Técnicas
Forças Armadas
Exército Brasileiro
Força Aérea Brasileira
Força Expedicionária Brasileira
Teatro de Operações
Divisão de Infantaria Expedicionária
Segunda Guerra Mundial
Missão Militar Francesa
Escola de Comando e Estado Maior
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Arquivo Histórico do Exército
Apoio Logístico
Suprimento
Classe
Peninsular Base Section
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Área de Operações
Norte-Americano
Verde-Oliva
Teatro de operações do Mediterrâneo
Quilômetros
Flugzeug Abwehr Kanonen - Canhão Artilharia Antiaérea Alemã.
Organização das Nações Unidas
Organização do Estados Americanos
Organização Mundial do Comércio
Mercado Comum do Sul
Comunidade dos Países de Língua português
Associação Latino Americana de Integração
Organização do Tratado de Cooperação Amazônico
União de Nações Sul-americanas
Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
Acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
Política Nacional de Defesa
Estratégia Nacional de Defesa
Política Militar de Defesa
Estratégia Militar de Defesa
Livro Branco de Defesa Nacional
Regulamento de Uniformes do Exército
Força Expedicionária
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
14
1.1
PROBLEMA
17
1.2
OBJETIVO
17
1.3
QUESTÕES DE ESTUDO
18
1.4
JUSTIFICATIVA
19
2
METODOLOGIA
20
2.1
20
2.1.2
OBJETO FORMAL DE ESTUDO
PROCEDIMENTOS PARA A REVISÃO DA LITERATURA
3
REFERENCIAL TEÓRICO
22
3.1
O TERMO EXÉRCITO
22
3.2
24
O TERMO LOGÍSTICA
OS TERMOS LOGÍSTICA MILITAR, LOGÍSTICA MILITAR TERRESTRE E
26
CLASSES DE SUPRIMENTO
3.3
20
3.4
O TERMO UNIFORME MILITAR
27
4
REVISÃO DA LITERATURA
28
4.1
O EXÉRCITO BRASILEIRO ANTES DA FEB E SEUS UNIFORMES
28
4.1.2
UNIFORME DE BRIM CÁQUI DO EB
A EVOLUÇÃO DE A DOUTRINA MILITAR E AS MUDANÇAS DE COR
30
4.1.3
4.1.4
DOS UNIFORMES DO EB.
33
REGULAMENTO DE UNIFORMES DO PESSOAL DO EXÉRCITO -1942 34
4.2
PREPARAÇÃO DO BRASIL PARA II GM
40
4.2.1
DESTACAMENTO PRECURSOR DA FEB
40
4.2.2
A PREPARAÇÃO LOGÍSTICA
MEDIDAS PARA PADRONIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SUP CL II DA
FEB
CADERNO DE ENCARGOS DE MATERIAL DE INTENDÊNCIA
42
4.2.3
4.3
4.3.1
4.3.2
FINALIDADE
48
52
53
ESPECIFICAÇÕES DOS UNIFORMES DE COMBATE E DEMAIS DOS 52
MATERIAIS SUP CL II.
4.4
INDÚSTRIA NACIONAL BRASILEIRA ANOS 1940
53
4.5
CARACTERÍSTICAS DO TO DO MEDITERRÂNEO
55
4.5.1
CARACTERÍSTICAS DO COMBATE EM ÁREA DE MONTANHA
CARACTERÍSTICAS DO TERRENO, ALTITUDE, SOLO, E CLIMA NO
NORTE ITALIANO
CARACTERÍSTICAS DO CLIMA NO TO DA FEB
CAMPANHA BRASILEIRA NA ITÁLIA
56
4.5.2
4.5.3
4.5.4
4.5.5
INFLUENCIA CLIMATOLÓGICA DO TO SOBRE O SOLDADO
BRASILEIRO
57
59
62
65
4.6
ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES
68
4.6.1
OS UNIFORMES DE PASSEIO E DE COMBATE DA FEB
68
4.6.2
PROBLEMAS COM UNIFORMES DE COMBATE DA FEB E AS
SOLUÇÕES ENCONTRADAS
ATUAIS E FUTURAS DEMANDAS LOGÍSTICAS DO EXÉRCITO
BRASILEIRO
70
79
5.1.2
ATUAIS DEMANDAS LOGÍSTICAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
O ATUAL UNIFORME DE COMBATE E AS FUTURAS DEMANDAS
LOGÍSTICAS DO EB
6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
86
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
89
5
5.1
78
80
14
1. INTRODUÇÃO
De 1939 a 1945, o Mundo esteve em guerra, ocorria então a Segunda Guerra
Mundial (II GM).
Alemanha, Itália e Japão formaram as “Forças do Eixo“ que
desafiaram o mundo em busca de novas conquistas territoriais e políticas. Suas
ações abalaram inicialmente o continente europeu e depois se espalharam por todo o
mundo, o que levou a formação de diversos Teatro de Operaçõesa (TO).
Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética, Canadá e outros países
dentre eles o Brasil passaram então a constituir forças para combater as intenções
totalitaristas dos países do Eixo. Nesse cenário, o Brasil enviou para o TO Europeu,
mais precisamente para a Itália, a Força Expedicionária Brasileira
b
(FEB), onde a 1 ͣ
Divisão de Infantaria Expedicionária (1 ͣ DIE) foi constituída da seguinte forma:
Comando e Estado-Maior, Infantaria Divisionária (RI c) Artilharia Divisionária (03 GO
105 AR
d
e 01 GO 155 AR e) Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, Batalhão
de Engenharia, Batalhão de Saúde, Companhia de Transmissões, Companhia de
Intendência, Pelotão de Polícia, Banda de Música, Depósito de Pessoal e Serviços
Gerais.
O Brasil decidiu declarar guerra aos países do Eixo em 22 de agosto de 1942,
depois de seguidos torpedeamentos de navios mercantes tanto em águas
internacionais como da costa brasileira por submarinos alemães e italianos,
ocasionando a morte de inúmeros nacionais. Em 1943, o Brasil declarou sua adesão
à Carta do Atlântico, levando a uma maior aproximação com os Estados Unidos da
América (EUA), vindo então a ocasionar a estruturação da FEB com auxílio material
norte-americano. Tais fatos estabeleceram estreitamento dos laços, no campo militar,
entre norte-americanos e brasileiros que adotavam, desde 1919 com a vinda da
Missão Militar Francesa (MMF), a doutrina militar defensiva e equipamentos de
a
Área física em que se concentram as forças militares, as fortificações e as trincheiras, e em que se
travam batalhas. Parte do Teatro de Guerra necessário a condução das operações militares de vulto e
seu apoio logístico para cumprimento de determinada missão.
b
Força militar brasileira responsável pela participaçãodo Brasil ao lado dos Aliados na Campanha da Itália,
durante a Segunda Guerra Mundial.
c
RI – Regimento de Infantaria
d
GO 105 AR – Grupo de Obuses Auto Rebocados, dotados com Obuseiros de calibre 105 mm
e
GO 155 AR – Grupo de Obuses Auto Rebocados, dotados com Obuseiros de calibre 155 mm
15
diversas origens européias como da França e Alemanha, usados na I Guerra Mundial
(I GM).
Essa aproximação com os EUA viria a ser estreitada ainda mais, pelo
Exército Brasileiro (EB), por ocasião das operações realizadas pela FEB junto às
divisões do US Army f, em território europeu, tornando assim necessárias mudanças
em equipamentos e conseqüentemente em fardamentos, usados em combate pela
FEB.
A fim de reconhecer os possíveis TO de operações que a FEB poderia atuar foi
constituída uma missão militar brasileira que se representou por um destacamento
precursor. Essa missão tinha por finalidade anteceder ao envio da FEB, buscar os
entendimentos e ensinamentos necessários para completar a instrução e a
preparação da tropa no Brasil, levantar as necessidades de uso de fardamentos
diversos bem como equipamentos e também levantar as providências referentes à
chegada e instalação da tropa brasileira1.
Constituída por oficiais do EB e da Força Aérea Brasileira (FAB), esse
destacamento foi primeiramente para o norte da África, iniciando assim o contato as
Forças Aliadas em particular dos EUA. Posteriormente, o destacamento foi para a
Europa levantando nesse TO aspectos diversos como: condições geográficas,
terreno, clima, recursos locais, costumes, moeda, transportes, comunicações e
ligações com o exterior, inimigo, cartas, campos de treinamento, uniformes, insígnias
e distintivos inimigos e as condições de aclimatação da tropa no TO2.
Após o Comando Supremo Aliado
g
ter escolhido no TO Europeu o local de
atuação da FEB, foram envidados esforços para que a preparação da mesma fosse
ultimada de forma a ser empregada, o mais rápido possível, como força operativa na
Itália. Essa atuação seria de acordo com a doutrina militar, material, fardamento e
organização norte-americana. A referida preparação da FEB, iniciada ainda em
território brasileiro, não incluía, naquela ocasião, o treinamento para o combate em
montanha nem preparativos contra os rigores do inverno europeu, fato este que
refletiu necessariamente na composição do equipamento e fardamento (uniformes) da
FEB, alvo desse estudo.
f
US Arm : Exército dos Estados Unidos da América.
Comando Supremo Aliado: Mais alto comando dos Aliados da Segunda Guerra Mundial composto por países
que se opuseram as Potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos, o Império Britânico e a
União Soviética eram as principais forças.
g
16
Muitos textos de história militar fazem alusão aos armamentos e equipamentos
usados pelos soldados durante as batalhas. Porém, menor número de textos faz
alusão direta aos uniformes utilizados, seja em batalhas ou nos períodos de repouso.
Os uniformes, mesmo quando os soldados não os estavam inteiramente utilizando
ainda tinham finalidades. Uma delas continua era a possibilidade de diferenciação
entre os militares e não militares, ou seja, fazia a diferenciação entre militares e a
população civil. 3
Em Roma, o uso de uniformes era levado tão a sério, que no período republicano,
um soldado que fosse encontrado com sua túnica, sem o cinto previsto, poderia ser
punido, por ofender a sua aparência militar. Os primeiros registros de uso de
uniformes militares pelos romanos datam do Antigo Império, mais especificamente
entre os reinos do Imperador Tibério (14 - 37 d.C.) e do Imperador Adriano (117-138
d.C.) e já demonstravam a importância desse assunto para os resultados das
batalhas 4.
A palavra uniforme deriva das palavras "una" (uma) "forma" (forma). Para um
Exército seu significado geral é uma vestimenta com um tecido específico e um corte
particular com cores e insígnias, definidos por regulamentos ou tradições. Uniformes
militares servem para demonstrar que um grupo de soldados pertence a um mesmo
exército ou a um país. Exércitos tanto do passado como do presente fazem com que
os seus uniformes se distinguiam dos demais exércitos podendo assim, diferir de
acordo com a arma ou força armada tendo todos, porém, aspectos similares5.
O uniforme militar reflete também a ordem e a disciplina, clamando pela
subordinação, demonstrada nos uniformes pelos diferentes símbolos que denotam a
hierarquização do pessoal dentro de um exército 6. Ademais, os uniformes usados
em combate, com o passar do tempo, passaram a indicar o nível de preparação de
uma Força Armada tanto para tempos de paz como os de guerra. Esses mesmos
uniformes devem aprimorar e potencializar as capacidades operacionais de uma
Força. Deste modo, essas capacidades estão intimamente ligadas a uma série de
exigências que os uniformes de combate devem ter como: padronização, proteção,
17
camuflagem,
conforto,
durabilidade,
funcionalidade,
rusticidade,
resistência,
adaptabilidade a ambientes diversos e etc.
1.1 PROBLEMA
Em 16 de julho de 1944 o 1° Escalão da FEB chegou à Itália e passou a
incorporar o V Exército Americano h. Em setembro, após a chegada dos demais
escalões entrou em combate, enfrentando nos meses seguintes as rigorosas
condições do inverno europeu. Dessa forma, o Exército Brasileiro teve que fardar e
equipar cerca de 25.000 homens e mulheres que constituíam o efetivo da FEB, desde
as condições tropicais de treinamento no Brasil e também para as condicionantes do
TO e do inverno europeu, fazendo efetiva a participação do Serviço de Intendência, o
que tornou ainda mais evidente a importância da Logística Militar. Tais
acontecimentos trouxeram ensinamentos diversos ao EB e valiosas oportunidades de
evolução doutrinaria, que se revelam importante até os dias atuais. Diante das
assertivas expostas surge o seguinte problema: Em que medida os uniformes de
combate brasileiros usados pela FEB atenderam a tropa na defensiva de inverno i e
quais os ensinamentos colhidos a partir de então?
1.2 OBJETIVO
Para elucidar em que medida tais uniformes usados pela FEB atenderam a
tropa, objetivo geral, serão descritos os seguintes objetivos específicos:
a. Identificar como era o Exército Brasileiro antes da FEB e os seus uniformes.
b. discorrer sobre a preparação do Brasil para a II GM.
c. Identificar as principais características do TO em que atuou a FEB.
d. Identificar o conteúdo do Caderno de encargos de material de intendência.
h
V Exército Americano: Foi uma Grande Unidade Exército dos Estados Unidos no Mediterrâneo
durante a Segunda Guerra mundial. Foi ativado em 5 de janeiro de 1943 em Qujida, Marrocos Francês
e responsável pela defesa da Argélia e Marrocos. Também foi dada a responsabilidade pelo
planejamento da parte americana da invasão do continente Italiano. Foi comandado pelo Tenente
General Mark W. Clark.
i
Defensiva de Inverno: Período de estabilização da frente de combate V Exército Americano na Itália.
Durou de 13 de dezembro de 1944 a 18 de fevereiro de 1945.
18
e. Levantar o desenvolvimento e o apoio da Indústria têxtil brasileira na década
de 1940.
f. Identificar os uniformes de passeio usados em combate e os de combate da
FEB.
g. Analisar os problemas com uniformes da FEB e as soluções encontradas.
h. Levantar as demandas logísticas do Exército Brasileiro decorrentes de atuais
e futuros TO.
i. Propor recomendações.
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO
Analisando o problema e considerando a adequabilidade dos uniformes de
combate da FEB ao TO do Mediterrâneo conjugadas às condições climáticas do
inverno europeu, algumas questões de estudo foram formuladas para servir de
amparo para decisões atuais e futuras no que tange ao uso e aquisição de uniformes
de combate. O estudo em pauta pretende responder às seguintes questões:
a. Quais eram os uniformes de combate do EB antes e durante a década de
1940?
b. Qual(is) era(m) a(s) doutrina(s) militar(ES) a influenciar o EB até a preparação
da FEB?
c. Como foi realizada a preparação da FEB?
d. Como as características do TO do Mediterrâneo e as condições climáticas
influenciaram o soldado brasileiro da FEB?
e. Como foi realizada a padronização e confecção dos uniformes da FEB no
Brasil e no exterior?
d. Qual a adequabilidade dos uniformes de combate FEB ao inverno europeu?
f. Quais os principais problemas encontrados com o uso dos Uniformes de
combate da FEB no TO do Mediterrâneo durante a defensiva de inverno?
g. Quais foram às adaptações e mudanças feitas nos uniformes de combate
(fardas, equipamentos e calçados) da FEB e por quais motivos?
h. Quais as lições aprendidas?
19
i. Quais as futuras missões que trarão demandas em novos uniformes de
combate para o EB?
j. Que recomendações podem ser feitas a partir do estudo feito com os
uniformes da FEB frente às novas missões e demandas do EB?
1.4 JUSTIFICATIVA
A realização desta pesquisa pode ter sua importância para o EB, na medida em
que a história e a logística militar servem como plataforma de estudo para os
comandantes, pois não há nenhum grande comandante moderno que não tenha sido,
em algum grau, um estudante da guerra. Embora possa ser argumentado que a
mudança das condições de cada conflito, do armamento, equipamento e fardamentos
empregados, não se pode reduzir o valor do estudo das campanhas do passado, bem
como de seus fatores conjunturais, pois os problemas fundamentais e os principios da
liderança militar não mudam de acordo com avanços tecnológicos7.
No mesmo sentido, Clausewitz afirma que “a história militar deve ser consultada
com frequência, porque na arte da guerra, a experiência vale mais do que qualquer
quantidade de verdades abstratas” 8, ainda mais quando se trata do último conflito
armado em que o Brasil participou.
Finalizando, para demonstrar a importância do estudo da História Militar: “Todos
sabem que as experiências, os feitos, os erros e as glórias da FEB, não dizem mais
respeito às pessoas apenas. São patrimônio do País, que precisa incorporar à sua
história aquilo que o merecer” 9. Assim, espera-se contribuir para que as histórias e
as lições aprendidas em combate com a FEB atinjam mais amplamente o âmbito
acadêmico. Por fim, buscar-se-á nesse contexto, utilizar as lições aprendidas para
apoiar as decisões logísticas do Exército Brasileiro, frente as suas atuais e futuras
demandas militares.
20
2. METODOLOGIA
Esta seção tem por finalidade apresentar detalhadamente o caminho que se
percorreu para solucionar o problema em questão, especificando os procedimentos
necessários para se chegar aos dados da pesquisa bibliográfica, bem como os
critérios necessários para a seleção e a obtenção e a análise das informações de
interesse, contemplando a fase de pesquisa e a respectiva análise dos dados.
Desta forma, para um melhor desencadeamento das idéias, esta seção foi dividida
nos seguintes tópicos: objeto formal de estudo e procedimentos para a revisão da
literatura
2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO
A intenção deste trabalho é demonstrar em que medida os uniformes de
combate brasileiros usados pela FEB atenderam a tropa empregada na defensiva de
inverno.
Com relação à pesquisa, este trabalho pretende alcançar resultados utilizandose de estudos realizados inicialmente em documentos da época em que este trabalho
se dedicou a estudar. Essas fontes primárias da FEB como correspondências, diários,
relatórios foram disponibilizados para consulta no Arquivo Histórico do Exército
(AHEx). Em relação às fontes secundárias, foram consultados elementos derivados
de obras originais, alvo de analise e interpretação das fontes primárias, ou seja, de
textos não contemporâneos da IIGM mas com base em fonte primárias. Já as fontes
terciárias como bibliografias serviram como diferenciação entre as fontes primárias e
secundárias e proporcionaram uma visão mais resumida do material disponível sobre
o tema estudado.
2.1.2 PROCEDIMENTOS PARA A REVISÃO DA LITERATURA
Para a definição de termos, redação do referencial teórico e estruturação de
um modelo teórico de análise que viabilizasse a solução do problema de pesquisa, foi
realizada uma revisão de literatura nos seguintes moldes:
21
a. Fontes de busca
- Relatórios das unidades integrantes da FEB, disponibilizados pelo AHEX;
- Livros e monografias da biblioteca da Escola de Comando e Estado Maior
do Exército Brasileiro (ECEME);
- Livros e monografias da biblioteca da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
do Exército Brasileiro (EsAO);
- Artigos científicos, históricos, doutrinários e técnicos publicados em revistas e
manuais das Forças Armadas nacionais e internacionais;
b. Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas
Foram utilizados os seguintes termos descritores: "Exército Brasileiro, Força
Expedicionária Brasileira, Logística Militar, Uniformes Militares", respeitando as
peculiaridades de cada base de dado.
Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos estudos
considerados relevantes foram revisadas, no sentido de encontrar artigos não
localizados na referida pesquisa.
c. Critérios de inclusão:
- Estudos publicados em português e inglês.
- Estudos publicados de 1920 a 2013.
- Estudos que descrevem a composição e atuação dos soldados, unidades e
Grandes Unidades da FEB, do Exército Brasileiro e do Exército dos Estados Unidos
das Américas.
- Estudos qualitativos que descrevem as características do ambiente do TO do
mediterrâneo.
d. Critérios de exclusão:
- Estudos sem caráter institucional ou de caráter institucional duvidoso.
- Estudos qualitativos sem amparo doutrinário.
- Estudos que reutilizam dados obtidos em trabalhos anteriores.
22
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, serão verificados os principais pressupostos que constituem a
base teórica conceitual para entendimento da relação dos termos Exército, logística,
logística militar, logística militar terrestre, classes de suprimento e com os uniformes
de combate da FEB. Por fim, abordar-se-á o conceito de uniforme militar, termo que
aprimora o entendimento da importância dos uniformes usados pela FEB em combate
como conceito e também facilita a abordagem das atuais e futuras missões e
demandas logísticas do EB.
3.1 O TERMO EXERCITO
O termo Exército significa em linhas gerais um conjunto das forças militares de
uma nação. É também a reunião de um grande número de tropas sob as ordens de
um comandante. Um exército constitui-se também em uma grande unidade militar das
forças terrestres. Como o termo "exército" é também usado para designar a totalidade
das forças terrestres de um país, as grandes unidades homónimas são
ocasionalmente referidas como "exércitos de campanha", "exércitos em operações",
"exércitos de área" ou por outros termos alternativos.
Em algumas línguas são utilizadas palavras diferentes para designar um
exército no sentido de conjunto das forças terrestres nacionais e um exército no
sentido de grande unidade. Assim, por exemplo em italiano o primeiro tipo é
designado "esército" e o segundo tipo "armata" e em alemão o primeiro é designado
"Heer" e o segundo é designado "Armee".
Modernamente, as grandes unidades chamadas "exércitos" são normalmente
constituídas por vários corpos de exército, podendo ainda agrupar-se em grupos de
exércitos. Para o distinguir do exército, no sentido de forças terrestres em geral, cada
exército pode ser numerado (ex.: 1º. Exército dos Estados Unidos ou 1º. Exército
Panzer) ou receber um nome (ex.: Exército Britânico do Reno ou Grande Exército).
Dada a sua dimensão, os exércitos são comandados normalmente por oficiais
23
generais com a maior patente existente nas forças terrestres de um país que,
conforme o caso, pode ser a de general, general de exército, coronel-general.
Em alguns países, o termo "exército" pode designar uma grande unidade de
escalão inferior ao convencional, normalmente aproximando-se mais do corpo de
exército.
Na Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII, um exército constituía qualquer força
terrestre em operações sob o comando de um general, com um efetivo que podia ir
de apenas alguns milhares de soldados às várias dezenas de milhares. Inicialmente,
a maior subdivisão de cada exército era o regimento ou o terço. Com o aumento do
número de efetivos dos exércitos e o consequente aumento da dificuldade em os
controlar e administrar, foi necessária a sua subdivisão em unidades maiores que o
regimento. A primeira dessas unidades a ser criada foi a brigada, ainda no século
XVII, a qual agrupava vários regimentos dentro de um exército. No século XVIII, foi
criada a divisão, agrupando várias brigadas. Finalmente, no início do século XIX, foi
criado o corpo de exército, agrupando várias divisões. Desde então, os exércitos
organizam-se genericamente como grandes unidades compostas por um quartelgeneral e estado-maior que controla vários corpos de exército e estes, por sua vez,
várias divisões.
Hoje em dia, tal como os grupos de exércitos, os exércitos são grandes
unidades com caraterísticas muito variáveis entre as diversas forças armadas, no que
diz respeito à dimensão, organização e função. Em tempo de paz, só são mantidos
pelas
forças
armadas
maiores,
normalmente
como
grandes
comandos
administrativos. Em tempo de guerra, os exércitos foram sobretudo empregues na
Primeira e na Segunda guerras mundiais.
24
3.2 O TERMO LOGÍSTICA
O termo logística, embora surgidos em tempos e lugares distintos,
complementam-se e dão sentido à definição contemporânea.
O primeiro vem da GRÉCIA antiga, onde “logísticos” significava habilidade em
calcular. Mais tarde, “logística” era o termo em latim, empregado nos impérios romano
e bizantino com o significado de administrador. Mais recentemente, a expressão
francesa “mar chal des logis”, estabelecida a partir do reinado de LUIS XIV,
designava a autoridade responsável por prover as facilidades de alojamento,
fardamento e alimentação nas tropas, nos acampamentos e marchas. Se a origem
do termo é controversa, é certo que o homem nunca prescindiu de uma estrutura de
apoio à sua subsistência, seja nas jornadas de descobrimento ou nas guerras que
marcaram a história da humanidade. Desde os primórdios, quando cada soldado
provia suas próprias necessidades, valendo-se geralmente dos saques e pilhagens,
até a atualidade, onde sofisticadas estruturas de pessoal e equipamentos dão suporte
ao combatente na linha de frente, construiu-se uma verdadeira ciência, responsável
por prever e prover os meios necessários a qualquer empreendimento.
A noção de um sistema de apoio logístico (Ap Log) regular e organizado vem
da SUÉCIA, onde, entre 1611 e 1632, o Rei GUSTAVO ADOLFO reestruturou suas
forças, modernizando sua organização com a criação de comboios de elementos de
suprimento e manutenção para o Ap Log - os chamados “trens” – que contavam com
medidas especiais de proteção.
O termo logística, como idéia de ciência de guerra, surgiu na obra do
estrategista militar ANTOINE HENRI JOMINI, em 1836. Segundo ele, “a Logística
é tudo ou quase tudo, no campo das atividades militares, exceto o combate”. Foi no
século XX, no entanto, que as atividades logísticas tomaram grande impulso, em
virtude da permanente evolução dos aspectos doutrinários, do material, do
equipamento, do armamento, dos sistemas de transporte, dos serviços e da
capacitação técnica dos recursos humanos. Dois grandes conflitos armados são
marcos referenciais para as atividades logísticas, nesse período: a 2ª Guerra Mundial
e a Guerra do GOLFO. O primeiro, pela sua globalidade, projetou o apoio logístico no
quadro internacional. O segundo, por sua localização e pelas características
25
especiais do ambiente operacional, exigiu da logística um complexo planejamento e
uma execução eficaz, com a utilização das mais avançadas técnicas de
administração contemporânea.
A estrutura logística estabelecida no País nos três primeiros séculos de nossa
história era incipiente, formada basicamente pela lendária Casa do Trem, mais tarde
Arsenal do Trem, pelo Real Hospital Militar e Ultramar, hoje Hospital Central do
Exército, ambos sediados no RIO DE JANEIRO e uns poucos hospitais, instalados na
BAHIA, SÃO PAULO e RIO GRANDE DO SUL. O provimento de fardamento era
encargo do comandante, que recebia recursos do erário real. Para a alimentação, a
tropa recebia as soldadas - origem do termo soldo - e com elas deviam abastecer-se
dos gêneros de subsistência.
Mesmo com a vinda da família real em 1808 e com a independência em 1822,
foram poucos os avanços no campo da logística. Criaram-se a Real Junta de
Arsenais do Exército, o Comissariado Militar e o Quartel-Mestre General, todos os
órgãos de execução, com encargos de provimento do material necessário às forças
armadas, fosse de intendência, munição, armas, animais ou carretas. Entretanto,
ainda não havia órgãos que coordenassem as principais funções da Logística.
Só após a Proclamação da República, aparecem os primeiros registros de
alterações na estrutura da logística militar terrestre. Em 1896, foi criada a Intendência
Geral da Guerra, em substituição ao Quartel-Mestre General, com encargos de
direção, gestão e execução, nas áreas financeira e de provimento. Nessa época, o
apoio à F Ter, no território nacional, foi dividido pelas Regiões Militares (RM), que
passaram a gerenciar a logística para as unidades militares da sua circunscrição.
Em 1919, chega ao BRASIL a Missão Militar Francesa que, entre outras
realizações, teve participação efetiva no desenvolvimento da logística militar terrestre.
Os oficiais franceses, em razão da experiência adquirida na 1ª GM, estavam
categorizados a exportar sua doutrina militar, na qual se destacava a importância do
suprimento, do abastecimento e do apoio de toda ordem. O Ministro da Guerra da
época, o engenheiro PANDIÁ CALÓGERAS, além de convidar a Missão Francesa,
determinou a criação de depósitos, hospitais militares e parques de manutenção nas
26
guarnições militares de maior importância, conforme os estudos estratégicos daquele
período.
Em 1920, foi criado, no Brasil, o Serviço de Intendência que tinha por missão
organizar, dirigir e executar os serviços de subsistência, fardamento, equipamento,
acampamento, combustível, iluminação e alojamento dos efetivos do Exército
Brasileiro.
Quando o BRASIL declarou guerra às nações do Eixo em 1942, o
aprestamento da Força Expedicionária Brasileira, ainda em território brasileiro, durou
cerca de um ano e meio e resultou em mudanças significativas para a Logística e
para a Mobilização Nacional. A partir de então, adotou-se uma estrutura logística
semelhante à dos norte-americanos. 10
3.3 OS TERMOS: LOGÍSTICA MILITAR, LOGÍSTICA MILITAR TERRESTRE E
CLASSES DE SUPRIMENTO.
Para um melhor entendimento do tema a ser estudado, torna-se ainda
necessário compreender os conceitos de logística militar, logística militar terrestre e
de classes de suprimento.
Logística Militar é conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão de
recursos humanos, materiais e animais, quando aplicável, e dos serviços necessários
à execução das missões das Forças Armadas (FA). Logística Militar Terrestre
entende-se pelo conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão de meios
necessários ao funcionamento organizacional do Exército e às operações da F Ter.
O EB utiliza, para fins de administração e controle de seus suprimentos, o
sistema de classificação militar. Esse sistema de Classificação Militar agrupa os itens
de suprimento em classes, conforme a finalidade de emprego. É utilizado nas fases
iniciais dos planejamentos logísticos e na simplificação de instruções e planos. No
âmbito da F Ter são adotadas dez classes de suprimento, conforme descrito na
tabela abaixo.
27
QUADRO 1
Classes de suprimentos na Força terrestre
Fonte: Manual de Campanha EB20-MC-10.204 Logística, 3ª Edição, 201411.
3.4 O TERMO UNIFORME MILITAR
A palavra uniforme deriva das palavras "una" (uma) "forma" (forma). Para um
Exército seu significado geral é uma vestimenta com um tecido específico e um corte
particular com cores e insígnias, definidos por regulamentos ou tradições. Uniformes
militares servem para demonstrar que um grupo de soldados pertence a um mesmo
exército ou a um país. Exércitos tanto do passado como do presente fazem com que
os seus uniformes se distinguiam dos demais exércitos podendo assim, diferir de
acordo com a arma ou força armada tendo todos, porém, aspectos similares12.
O uniforme também reflete a ordem e a disciplina, clamando pela subordinação,
demonstrada nos uniformes pelos diferentes símbolos que denotam a hierarquização
do pessoal dentro de um exército
13.
Ademais, os uniformes usados em combate,
com o passar do tempo, passaram a indicar o nível de preparação de uma Força
Armada tanto para tempos de paz como os de guerra. Esses mesmos uniformes
28
devem aprimorar e potencializar as capacidades operativas de uma Força. Deste
modo, essas capacidades estão intimamente ligadas a uma série de exigências que
os uniformes de combate devem ter como: padronização, proteção, camuflagem,
conforto, durabilidade, funcionalidade, rusticidade, resistência, adaptabilidade a
ambientes diversos e etc.
4. REVISÃO DE LITERATURA
Para discutir os aspectos mais relevantes desse tema, procurou-se abordar as
bases teóricas com destaque para o assunto, Desta forma, esta seção será dividida
nos seguintes tópicos: Exército Brasileiro antes da FEB e seus uniformes, preparação
do Brasil para II GM, caderno de encargos de material de intendência, indústria
nacional brasileira anos 1940, características do TO, análise e discussão de dados
atuais e futuras demandas logísticas do exército brasileiro e por fim conclusões
recomendações.
4.1 O EXÉRCITO BRASILEIRO ANTES DA FEB E SEUS UNIFORMES
No início do Séc. XX, o Exército Brasileiro vinha de duas experiências
dolorosas: a Guerra de Canudos (1896-1897)
1916)
k,
j
e a Guerra do Contestado (1912-
nas quais armamentos insuficientes, equipamentos e fardamentos
inadequados ao ambiente operacional, logística deficiente somados ao espírito de
valentia e aventura não bastou para vencer respectivamente jagunços e caboclos em
rápidas operações no próprio território nacional, no sertão da Bahia e divisa entre os
Estados do Paraná e Santa Catarina. Os armamentos, equipamentos e fardamentos
citados não conseguiram dobrar facilmente os sertanejos. O que ocorreria então, no
futuro, frente a um inimigo mais bem armado e equipado? 14
j
Guerra de Canudos: Campanha de Canudos foi o confronto entre o Exército Brasileiro e os
integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que
durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no nordeste
do Brasil.
k Guerra do Contestado : Conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder
estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em
erva-mate e madeira, disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.
29
Nesse contexto, o Exército Brasileiro, a partir da década de 1920, buscou
se reestruturar de acordo com a doutrina militar francesa. Após o término da Primeira
Grande Guerra, o Brasil optou por “contratar” uma missão militar, de forma a
modernizar a força terrestre. A escolha pelo modelo francês, em detrimento do
alemão, ocorreu após intensos debates entre germanófilos e aliadófilos, findando
apenas após a vitória francesa na Grande Guerra pela Civilização, ocorrida entre
1914 e 1918.15
A Missão Militar Francesa - MMF permaneceu no Brasil por cerca de vinte
anos 1919-1939. Naquele ínterim, o EB incorporou a aviação, modernizou o ensino,
criou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, passou a dispor de reservas
“teoricamente” treinadas e equipadas, reorganizou a estrutura em grandes unidades,
passou a operar um Estado-Maior16, bem como adquiriu armamento, equipamento e
também, novos fardamentos.
Além
disso,
a
doutrina
militar francesa
era
orientada
a guarnecer
defensivamente grandes extensões territoriais, esperando que o inimigo tomasse a
iniciativa das ações para, posteriormente, realizar um contra-ataque em massa.
No entanto, aquela doutrina mostrou-se antiquada em face da nova forma de
combate alemã, a Blitzkrieg, que combinava ação de carros e aviões nas brechas
inimigas17, haja vista que a França capitulou em apenas algumas semanas, durante a
II GM.
Tal doutrina militar mostrou-se parcialmente antiquada, também, para o Brasil,
pois, além da enorme extensão territorial, as Forças Armadas brasileiras
permaneciam desaparelhadas para atender aos imperativos de uma guerra moderna
e estranha ao seu povo, pelo menos até aquele momento. O Exército, no início do
Séc. XX,
tinha um efetivo de aproximadamente 60.000 homens, alocados em
diversas partes do território nacional. Os armamentos e equipamentos, além de
antiquados, eram também insuficientes e ineficientes18.
Destarte, o Exército Brasileiro, durante a década de 1930, não tinha plenas
condições de absorver os ensinamentos franceses e de se preparar adequadamente
para uma guerra estrangeira, pois resolvia problemas internos de disciplina,
revoluções nacionais como a de 1932, bem como enfrentava um novo inimigo: o
comunismo, consubstanciado pela Intentona de 193519.
30
Quanto à preparação do EB para um conflito armado, antes da FEB, era
considerada insuficiente, em face do pífio desenvolvimento científico e industrial, se
comparado com aos Exércitos Europeus e ao Americano. Quanto à doutrina e
principalmente no que concerne aos materiais de emprego militar MEM, mesmo com
o advento da MMF o Exército Brasileiro estava preparado apenas para lutar a guerra
de 1918, e não a de 1939-1945. Tal afirmação deve-se ao fato de que o mesmo, à
época, cuidava mais de caprichos como a existência de algumas milhares de
baionetas vistosas em desfiles cívicos do que de um programa de reestruturação,
reaparelhamento, aquisição ou desenvolvimento de novos equipamentos, uniformes
ou mesmo de treinamentos eficazes20.
Em relação aos materiais de suprimento classe II l, faltavam cobertores,
capotes, fardamento e ferramentas de sapa. Além disso, há o fato de a munição
existente nos paióis não sustentar nem uma hora de fogo contínuo, no caso de uma
guerra. A munição individual era restrita a apenas 60 tiros por homem, anualmente.
Ademais, os serviços de intendência e de saúde eram praticamente inexistentes, e a
cavalaria hipomóvel, se fosse empregada, ficaria a pé em quinze dias, pois não
dispunha de reservas. O autor referenciado, nesse contexto, nem comentou sobre a
inexistência de carros blindados no Brasil, os quais já vinham sendo utilizados desde
a Primeira Grande. Guerra. Houve, apenas, a importação de algumas dezenas de
carros de combate Renault modelo 17, os quais não foram sequer cogitados de
serem enviados à Itália, por estarem defasados em face dos Panzerwagen
m
alemães 21.
4.1.2 O UNIFORME DE BRIM CÁQUI DO EB
Nesse ínterim, início do Século XX, quanto aos uniformes passou a existir uma
tendência mundial pelo uso de cores mais sóbrias como o cáqui (FIGURAS 1 e 2), em
detrimento de cores vivas como o azul e o vermelho (FIGURA 3). Essa tendência foi
seguida de imediato pelo Exército Brasileiro. Os coloridos dos exércitos europeus
foram substituídos por vários Exércitos do mundo por trajes com cores como o cáqui,
l
Suprimentos Classe II : Fardamentos e Equipamentos.
Panzerwagen: Veículos blindados
m
31
o verde, o bege, o marron e o cinza. Estas novas cores permitiram que os soldados
se confundissem mais com o terreno e vegetação, aumentando assim a camuflagem
dos soldados durantes as operações, ganhando por fim maior proteção. Porém
passou-se a ter maior necessidade de comando e controle, uma vez que as cores
mais vivas dos antigos uniformes facilitavam tanto a observação do inimigo como
também de seus comandantes.
(FIGURA1): Ilustração do Marechal José Pessoa com uniforme cáqui, no início da carreira militar.
Fonte: "Marechal José Pessoa: a força de um ideal" 22
32
(FIGURA 2): ESTAMPA N. 207 - 1918:
a) Soldado de Cavalaria, uniforme de campanha;
b) Cabo de Metralhadoras, idem,
c) Oficial comissão Europa, uniforme de uso no estrangeiro, durante a Guerra Européia,
d) Capitão de Engenheiros, fardamento de flanela kaki.
e) Oficial, uniforme de campanha.
(FIGURA 3): Uniformes do Exército Brasileiro, final século XIX.
Fonte: Uniformes do Exército Brasileiro-1922 23
33
Dessa maneira, para proporcionar maior proteção contra observação e fogo
inimigo, no Brasil, houve adoção do caqui para os uniformes. Com tal escolha porém,
passou-se a fazer confusão com os uniformes das forças policiais brasileiras que
também adotaram cores semelhantes a dos uniformes usados pelo EB.
4.1.3 A EVOLUÇÃO DA DOUTRINA MILITAR E AS MUDANÇAS DE COR DOS
UNIFORMES DO EB.
A própria evolução da doutrina de combate exigiu homens bem dispersos e
camuflados ao terreno, face ao surgimento de armas mais letais como: o fuzil de
maior precisão, a metralhadora, a artilharia pesada e a aviação.
Dessa maneira, a partir do início da década de 1930, o EB foi um dos
primeiros do mundo a novamente trocar a cor de seus uniformes e a adotar a cor
verde-oliva para os uniformes de combate de todas suas tropas (FIGURA 4).
Outro objetivo também foi distinguir seu pessoal de elementos de várias forças
policiais estaduais brasileiras que usavam também a cor cáqui em seus uniformes.
Essa diferenciação das forças policiais estaduais se revelou importante nesse período
principalmente quando do enfrentamento entre o EB e as forças constitucionalistas de
1932 que misturou integrantes do próprio EB e forças policiais no combate. Com essa
troca da cor cáqui para o verde-oliva, conquistou-se outro objetivo que foi
proporcionar uma melhor camuflagem que a oferecida por aquela cor, quando em
operações no Brasil. Nascia, também, grande identidade institucional do EB com o
tom de verde em questão 24.
Nesse ínterim, o fardamento do EB passou a guardar, também, grande
semelhança com o aspecto dos uniformes do Exército Alemão. A cor adotada no
Brasil apesar de ser o verde-oliva não era fielmente igual. Assim a cor dos tecidos e
por fim das fardas não possuíam rigorosa padronização. A qualidade de material
influenciava, também, na tonalidade das cores e por muitas vezes o tom cinza,
peculiar também ao fardamento alemão, estava presente nos uniformes brasileiros,
favorecendo a comparação entre ambos, a partir de então.
34
A única exceção a essa realidade era o uniforme confeccionado com o tecido
em brim que não apresentava tom cinza devido a sua padronagem. Cabe ressaltar
que os demais tecidos como o gabardine, tricoline e a lã guardaram semelhança com
a tonalidade cinza e portanto com os uniformes alemães. Tal característica desses
tecidos aliado ao tipo de corte das fardas, futuramente viria a refletir na padronagem e
por fim no perfil dos uniformes da FEB.
Outro aspecto que levava a uma comparação entre os uniformes brasileiros
com os uniformes de passeio ou de combate alemães, nas décadas de 1930 e 1940,
era o uso de equipamentos como o talabarte e de botas (FIGURAS 4 e 5). O material
nesse período era indicado para as condições apenas do Brasil, quente no verão e
frio no inverno. Sendo inadequadas, portanto, para missões fora do clima tropical.
(FIGURA 4): Uniforme brasileiro
(FIGURA 5): Uniforme alemão
Fonte : http://edumilitaria.blogspot.com.br/2010/02/ww2-feb-os-uniformes-mais-bonitos-da2a.html , acessado em 10 março 2014.
4.1.4
REGULAMENTO DE UNIFORMES DO PESSOAL DO EXÉRCITO -1942
A partir evolução da doutrina militar terrestre, e para o Brasil principalmente a
partir do início do século XX com o acontecimento dos eventos de Canudos e
35
Contestado, os uniformes do EB passaram por transformações tanto nos tecidos,
corte, e cores. A adoção de novas cores como o cáqui e o verde–oliva em detrimento
de cores mais vibrantes como o azul e vermelho foram as mais fáceis de serem
percebidas e de uma forma geral se por um lado dificultavam o comando e controle
facilitavam a camuflagem e a proteção dos soldados frente às novas demandas de
combate. Porém outras mudanças ocorreram no tocante aos uniformes de combate
do Exército Brasileiro. Tais mudanças foram então padronizadas e difundidas em
regulamentos específicos do Exército.
O Regulamento de Uniformes do Pessoal do Exército (RUPE), nesse contexto, foi
um exemplo desses documentos que alcançaram a finalidade de dar continuidade a
nova padronização dos uniformes do EB, na primeira metade do século XX .
Aprovado pelo Decreto 10.205 de 10 de agosto de 1942, esse regulamento
normatizava dentre outras coisas os tipos de tecidos e as peças de uniformes
25.
Estes deviam obedecer aos padrões e modelos existentes no Estabelecimento
Central de Material de Intendência. Tal regulamentação passava a idéia de
centralização dos padrões adotados para os diversos tipos de uniformes usados tanto
por oficiais, cadetes ou praças.
Os uniformes usados pelo do EB, na da década de 1940, período justamente
anterior a constituição da FEB, estavam previstos no RUPE e seriam estes a princípio
que seriam usados pelo Exército em caso de necessidade de declaração de guerra
pelo Brasil às Forças do Eixo. Seria assim o regulamento que padronizaria os
uniformes da FEB.
Esse regulamento elencava, portanto, os seguintes tipos de uniformes:
- 1° uniforme;
- 2° uniforme;
- 3° uniforme;
- 4° uniforme;
- 5° uniforme;
- 6° uniforme; e
- 7° uniforme.
36
Os uniformes do RUPE com os respectivos símbolos e insígnias e distintivos da
época em suas várias composições tinham as seguintes denominações: Para oficiais,
para cadetes e alunos e por fim para praças que eram divididos em subtenentes e
sargentos e posteriormente cabos e soldados.
Os oficiais, cadetesn e alunos tinham previstos no RUPE utilização do 1° ao 7°
uniformes. Para os subtenentes e sargentos, cabos e soldados era previsto o uso do
2° ao 7°.
O 1° uniforme era o uniforme de gala com os tipos A (túnica e calça em azul
ultramar), tipo B (túnica branca de brim e calça do tipo A) (FIGURA 6). e por fim o tipo
C ( casaca e calça preto de gabardine). O 2° uniforme era para serviço externo e
tinha a cor cinza. Tinha, também, os tipos A (calça) e B (calção de montaria)
(FIGURA 7). Da mesma forma, o 3° uniforme também era destinado aos serviços
externos e apresentava túnica e calça na cor branca. O 4° uniforme da mesma forma
que o 3° possuía túnica branca e diferenciava-se pela calça na cor cinza. De maneira
semelhante ao 2° uniforme esse tinha as variantes tipos A (calça) e B (calção de
montaria).
(FIGURA 6): 1° Uniforme RUPE
(FIGURA 7): 2° Uniforme RUPE
Fonte: Regulamento de Uniformes Previstos para o pessoal do Exército Brasileiro, 1940.
n
Cadete : Aluno da escola militar superior do Exército ou da Aeronáutica. Jovem nobre que aprendia a profissão
das armas.
37
O 6° uniforme era de uso facultativo e era constituído de brim mescla azul. Tinha
túnica e calça de mescla azul e com relação ao calçado diferenciava-se dos demais
por não prever o uso de botinas
o
e sim borzeguins
p
. Cabe ressaltar que o último
tipo de calçado citado fez parte dos uniformes de combate da FEB, alvo desse estudo
O 7° uniforme era o previsto para as atividades de ginástica e desporto . tinha
camisa de meia e calção de ginástica ambos na cor branca além de calçado tipo
sapato em borracha.
O 5° uniforme foi deixado fora da seqüência para estudo separado por se tratar
dos uniformes de combate previstos em época anterior e próxima a declaração de
guerra pelo Brasil e por ser o uniforme existente para então ser distribuído para
emprego pela FEB. Esse uniforme era de brim ou lã e tinha a cor predominante
Verde-Oliva. Da mesma forma tinha variantes sendo os tipos A (serviço interno) com
capacete comum, gorro sem pala ou boné em gabardine verde-oliva. Esse 5°
uniforme apresentava túnica, calote, talabarte, boldrié, luvas, botas, perneiras,
esporas e capote (FIGURA 9). O 5° uniforme B (de campanha) era idêntico ao
anterior porém com capacete de aço e equipamento Mill”s
q
(FIGURA 10). A variante
tipo C desse uniforme, de uso facultativo. Tinha túnica idêntica ao tipo A com calças
em lã ou gabardine, talabarte, boldrié, luvas, botinas inteiriças em verniz com salteiras
ou esporinas e capote verde-oliva (FIGURA 11). Por fim, a variante D diferenciava-se
dos anteriores apenas por ter tecido em lã em vez de gabardine (FIGURA 12).
o
Botinas : Botas de combate com cano alto
Borzeguins: Nome dado a um sapato de cano médio, com cadarços trançados, também conhecido
como "sapato de soldado". Esse calçado foi utilizado, com ou sem perneiras, pelas forças armadas
brasileiras até a segunda guerra mundial, quando então foi substituído pelos coturnos.
q
Mill’s: Tipo de equipamento militar em fardo aberto .
p
38
( Figura 9): 5° Uniforme (A) RUPE
(Figura 10): 5° Uniforme (A) RUPE
Fonte: Regulamento de Uniformes Previstos para o pessoal do Exército Brasileiro, 1940
(Figura 11): 5° Uniforme (B) RUPE
(Figura 12): 5° Uniforme (C e D) RUPE
Fonte: Regulamento de Uniformes Previstos para o pessoal do Exército Brasileiro, 1940.
39
O perfil geral desses uniformes inicialmente em muito se assemelhava aos dos
uniformes europeus mais especificamente aos dos alemães principalmente se o
tecido fosse lã (FIGURA 13). A adequabilidade desses uniformes de combate
contemplava inicialmente as condições de clima tropical existentes no Brasil. A
possibilidade de emprego em um TO com característica climáticas muito diferentes
das do Brasil levaria a uma dificuldade de adaptação do soldado brasileiro, e portanto
a uma possível ineficiência operativa da tropa. A aparência (cortes, equipamentos,
cor, tonalidade, tecidos, funcionalidade e características) e não a funcionalidade
desses uniformes em muito se assemelhava aos do velho continente, o que mais
tarde teria influencias para a preparação logística e de uniformes a serem usados
pela FEB no TO do Mediterrâneo uma vez que Brasil iria combater ao lado dos
americanos e contra as forças alemães. Isso levou o Brasil a uma serie de mudanças
e adaptações em seus uniformes de modo que o soldado brasileiro quando do
desembarque na Itália em muito se parecia com o perfil dos soldados NorteAmericanos, porém não totalmente, o que ainda gerou problemas.
Tendo em vista a situação supracitada, o aprestamento de uma tropa para o
deslocamento para além-mar impunha a superação de inúmeros problemas, os quais
começaram a ser resolvidos somente pela Portaria Ministerial 47-44, de 9 de agosto
de 1943, publicada em Boletim Reservado do Exército a 13 do mesmo mês, na qual
foi estruturada a FEB.
(FIGURA 13): Uniforme de combate alemão modelo M36-1939, em lã.
Fonte : http://edumilitaria.blogspot.com.br/2010/02/ww2-feb-os-uniformes-mais-bonitos-da2a.html , acessado em 10 março 2014.
40
4.2 PREPARAÇÃO DO BRASIL PARA II GM
Uma das consequências da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi
a decisão, do então Presidente Getúlio Vargas, de enviar uma força expedicionária
terrestre para combater no Velho Continente. Tal fato veio a se materializar, apenas,
em meados de 1944, quando finalmente a Força Expedicionária Brasileira (FEB), no
valor de uma divisão reforçada, foi enviada à Europa para combater as forças
armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich, junto aos demais aliados, entre eles
os Estados Unidos da América. Antes, porém, a FEB teve que se preparar e se
adestrar para estar em condições de enfrentar as difíceis condições de combate já
levantadas pelo destacamento precursor porém, a serem conhecidas realmente
durante os combates da guerra mundial.
4.2.1 DESTACAMENTO PRECURSOR DA FEB
Como já exposto, o EB antes de atuar com a FEB na Itália, seguia a doutrina
militar defensiva francesa, conseqüência da vitória francesa na I GM e que influenciou
a contratação da MMF em 1919.
Teria a FEB porém, que rapidamente se adaptar à doutrina, armamentos,
equipamentos e padrões de uniformes dos EUA, antes de entrar em combate. A fim
de melhor preparar a FEB para atuar além-mar, no TO do Mediterrâneo, foi
constituído uma missão militar brasileira para levantar dados diversos.
O Destacamento Precursor teve a finalidade de reconhecer os possíveis TO
de operações que a FEB poderia atuar. Foi constituído por uma missão militar
brasileira que tinha por finalidade anteceder o envio das tropas da FEB, buscar os
entendimentos e ensinamentos necessários para completar a instrução e a
preparação da tropa no Brasil, levantar as necessidades de uso de fardamentos
diversos bem como equipamentos e também levantar as providências referentes à
chegada e instalação da tropa brasileira26.
Constituída por oficiais do EB e da Força Aérea Brasileira (FAB), esse
destacamento foi primeiramente para o norte da África em novembro de 1943,
iniciando assim o contato as Forças Aliadas em particular dos EUA. Em seguida, em
41
dezembro de 1943 o destacamento foi para a Europa a fim de continuar levantando
nesse TOM r ( FIGURA 14 ) aspectos diversos como: condições geográficas, terreno,
clima, recursos locais, costumes, moeda, transportes, comunicações e ligações com
o exterior, inimigos, cartas, campos de treinamento, uniformes, insígnias e distintivos
inimigos e as condições de aclimatação da tropa no TOM27.
A partir do levantamento dos aspectos citados acima, a FEB passou a se
modernizar para o seu emprego na Europa. Enquanto o resto do Exército
permaneceu na mesma situação de antes da guerra, com algumas exceções de
armamentos modernos, recebidos dos americanos para a defesa da costa, a criação
da FEB e sua preparação acabou por criar uma dicotomia na caserna.
A despeito da preparação da FEB, em solo brasileiro, não ter sido inteiramente
aproveitada na Itália, ao menos os exercícios físicos serviram para dar um nível de
preparo físico confiável à tropa28. Tal fator foi essencial para a adaptação mais rápida
dos soldados da FEB às extremas condições de vida principalmente nas montanhas,
como será visto mais à frente, apesar de não se ter sido realizado treinamento
específico em terreno com altitudes semelhantes a da Itália e nem em clima frio
encontrado ao TO do Mediterrâneo.
(FIGURA 14): Delimitação do Teatro de Operações do Mediterrâneo (TOM)
Fonte: ALLIED FORCES HEADQUARTERS (1949, p. 631)
r
Teatro de operações do Mediterrâneo (TOM), criado em 10 de dezembro de 1943, foi um Grande Comando
Operacional Combinado responsável pela execução das operações militares nas áreas compreendidas entre a
porção norte ocidental da África e o sul da Europa. Ele resultou da junção de dois outros Teatros de Operações.
42
4.2.2 A PREPARAÇÃO LOGÍSTICA
Antes mesmo de os EUA entrarem em guerra houve um acordo deste com
vários países para o fornecimento de equipamentos diversos de emprego militar para
uso na II GM por meio de uma Lei de empréstimo e arrendamento de material bélico.
O Lend-Lease foi então um programa de em que o Estados Unidos da América
forneceu, por emprestimo inicialmente ao Reino Unido, a União Soviética, China,
França Livre e posteriormente a outras nações aliadas dentre elas o Brasil, armas e
suprimentos de diversas classes, entre 1941 e 1945. O programa foi assinado em lei
em 11 de março de 1941, um ano e meio após a eclosão da Segunda Guerra Mundial
na Europa em setembro de 1939 e nove meses antes de os EUA entraram na guerra
em dezembro de 1941. Formalmente intitulado "Um Ato Para promover ainda mais a
Defesa dos Estados Unidos", a lei terminou a "pretensão" de neutralidade dos
Estados Unidos, levando-o a guerra assim também como outros países.
Um total de $ 50,1 bilhões (equivalente a 647 bilião dólares atuais) no valor de
suprimentos foram enviados diretamente: U$ 31,4 bilhões dólares à Grã-Bretanha, U$
11,3 bilhões dólares para a União Soviética, U$ 3,2 bilhões para a França, e US $ 1,6
bilhões para a China. Para os demais países foi fornecido material diretamente no TO
quando do emprego. Nos termos do acordo, o material podia ser usado sem pagar
nada até o momento da sua devolução ou destruição. Após a data de encerramento o
material que não tinha sido destruido foi vendido com desconto como empréstimos de
longo prazo dos Estados Unidos. O Canadá realizou um programa semelhante que
enviou US $ 4,7 bilhões em suprimentos para o Reino Unido e para a União
Soviética.
Este programa foi um passo decisivo se afastando da política nãointervencionista, que tinha dominado as relações externas dos Estados Unidos desde
o fim da Primeira Guerra Mundial, e também um marco inicial para o planejamento da
preparação logística dos países envolvidos dentre eles o Brasil .
43
O programa Lend-Lease foi um fator crítico para o sucesso dos Aliados na
Segunda Guerra Mundial. Entre 1943 e 1944, cerca de um quarto de todas as
munições britânicas veio através de Lend-Lease, aeronaves constituíram cerca de um
quarto dos embarques para a Grã-Bretanha, seguido por veículos, alimentos, e
navios. A URSS era altamente dependente do transporte ferroviário, mas a guerra
praticamente encerrou a sua produção de equipamento ferroviário: apenas cerca de
92 locomotivas foram produzidas por eles. Duas mil locomotivas e 11 000 vagões
foram fornecidos pelo programa Lend-Lease. Da mesma forma, a força aérea
soviética recebeu 18.700 aeronaves, o que correspondeu a cerca de 14% da
produção de aviões soviéticos (19% das aeronaves militares).
(FIGURA 15)
(FIGURA15): Varsóvia 1945, Jeep Willys usado por Primeiro Exército Polonês como parte do programa
americano Lend-Lease
Fonte:http://edumilitaria.blogspot.com.br/2010/02/ Acessado em 12 maio 2014l.
Ainda para se enterder melhor o real dimensionamento do programa LendLease na preparação logística e execução da logística tática dos diversos exércitos
envolvidos na II GM pode-se citar que a maioria das unidades de blindados do
44
Exército Vermelho fossem equipados com carros de combate construídos na União
Soviética, seu apoio logístico porém foi fornecido por centenas de milhares de
caminhões fabricados nos Estados Unidos. De fato, em 1945, cerca de dois terços
dos caminhões do Exército Vermelho fora construída nos EUA. Embarques
americanos de armamento, munição, rações enlatadas e suprimento classe II como
cobertores, meias, cachecois, overboots também foram enormes.
Nesse contexto o Brasil foi contemplado com vários tipos de suprimentos dos
diversas tipos classes( Quadro 01) tanto em território nacional como já no TO do
Mediterrâneo. O Sup Cl II foi distribuído em quantidades para o efetivo da FEB
diretamente no TOM a
partir tanto do Brasil como da Peninsular Base Section
(PBS)s.
A FEB, apesar de ter sido criada em fevereiro de 1943, seis meses após a
declaração de guerra pelo Brasil, não teve tempo adequado de preparação. O
General Mascarenhas reuniu, sob seu comando, a divisão completa apenas em
dezembro de 1943. A tropa ficou efetivamente pronta para o treinamento no Rio de
Janeiro somente em março de 1944. Nos escalões sucessivos da FEB, o tempo fora
ainda mais escasso, o que refletiu em erros diversos durante a fase inicial da
campanha inclusive na preparação e execução da logística, tanto no Brasil quanto na
Itália.
Outros fatores corroboraram para aumentar as dificuldades encontradas pelo
General Mascarenhas para deixar a FEB preparada logisticamente e apta ao
combate, tais como: as de ordem administrativa, pessoal, logística e de manutenção,
o que tornou difícil para ele lidar com a atividade fim, que era a condução da guerra
propriamente dita.
Há de se considerar que os caminhos para a vitória em uma guerra estão
relacionados, também, ao que acontece fora do campo de batalha. Fatores políticos,
econômicos e sociais explicam como um exército é constituído e pode, inclusive,
explicar como seus líderes os conduzirão para a guerra29. Esses fatores são
essenciais para que se entenda as diferenças na preparação da FEB e outros forças
s
Peninsular Base Section( PBS): Grande instalação logística dos EUA, decorrente do programa LendLease, responsável por realizar suprimento de diversas classes para o TO do Mediterrâneo durante a II
GM.
45
atuantes na II GM. A logística da FEB era feita pela feita tanto a partir do Brasil com
apoio da Marinha do Brasil e dos EUA, de onde vinham gêneros diversos dentre eles
gêneros alimentícios (Sup Cl I) e equipamentos individuais e fardamentos de lã (Sup
Cl II) como também da Peninsular Base Section.
A Peninsular Base Section (PBS) (Figuras 20 e 21) era uma grande instalação
logística do US Army responsável por fornecer suprimentos para todo o TO do
Mediterrâneo. Para a FEB a PBS forneceu armamentos, munições, viaturas,
fardamentos contra o frio do inverno europeu (Figuras 16 e 17) que o Brasil não tinha
capacidade ou conhecimento adequado para produzir além de meias, cobertores,
esquis (Figura 17), raquete de caminhada na neve, overshoes(Figura 18),
combatboots , usados em reconhecimentos e patrulhas, barracas, óculos escuros
(Figura 19) capas de chuva e neve, e agentes químicos, máscaras contra gases e
etc.Cabe ressaltar que a logística da FEB foi apoioada pela logísticamente pelos EUA
desde o início da declaração de guerra pelo Brasil contra as forças do eixo. Pelo
acordo ficou acordado o quê e em que quantidades o Brasil iria produzir e transportar
para a Itália que fosse empregado e o quê seria fornecido diretamente no TOM,
nesse caso pela PBS a partir de seus depósitos e pontos de distribuição (Figuras 20 e
21).
(FIGURA 16) Capas de neve .
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
(FIGURA 17) Esquis de neve.
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
46
(FIGURA 18) Overshoes NA
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
(FIGURA 19) Óculos escuros NA.
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
(FIGURA 20) Localização das Bases Sections no TOM.
Fonte: COMMAND AND GENERAL STAFF SCHOOL (1949, p. 4).
47
(FIGURA 21) Depósitos da PBS e seus pontos de distribuição na Itália.
Fonte: G-4 Periodc Report, Mediterranean of Operations, Us Army,
Quarter ending 30 September 1945.
48
4.2.3 MEDIDAS PARA PADRONIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SUP CL II DA FEB
No Brasil quando da declaração de guerra os uniformes eram regulados pelo
RUPE como já exposto (FIGURA 22). Esse regulamento padronizava os uniformes de
oficias, cadetes, subtenentes e sargentos, cabos e soldados. Previa os uniformes de
gala, os de serviço, de ginástica e os uniformes de combate alvo desse estudo, todos
a princípio padronizados pelo Depósito Central de Material de Intendência.
De maneira geral esses uniformes diferiam dos padrões de uniformes a serem
usados pelo US Army no TO do Mediterrâneo (FIGURA 23), principalmente quando
se observam os uniformes usados em combate e também os equipamentos usados
como cinto Norte-Americano(NA), cantil, suspensório e capacete.
(FIGURA 22) Uniformes Brasil- RUPE
(FIGURA 23) Uniforme Norte-Americano
Fonte: Brazilian Expedicionary Force in World Ward II
30
Assim, das medidas tomadas no Brasil para se padronizar os uniformes pode-se
citar pode-se citar duas principais. Respectivamente em março e em de outubro de
1944, e decorrente de contatos prévios com os EUA foram publicados pelo Serviço de
49
Intendência da Força Expedicionária Brasileira respectivamente o Plano de uniformes
da FEB e o Caderno de Encargos de material de intendência, ambos já com moldes e
tendências aos padrões NA. Essas publicações especificavam então padrões para
uniformes e técnicas fabris bem como industriais de produção fardamentos e
equipamentos para a FEB. Há de se ressaltar que o primeiro escalão da FEB
desembarcou em solo italiano em julho de 1944 e que as especificações técnicas e
industriais do caderno de encargo de material de intendência só foram publicadas no
Brasil em outubro do mesmo ano, caracterizando assim um enorme contra-senso
logístico para a indústria nacional o que traria reflexos para a FEB.
Nesse contexto de medidas tomadas para produção e fornecimento de Sup Cl II,
para a FEB surgiu o Plano de Uniformes da Força Expedicionária Brasileira. Esse
documento foi o regulamento para o uso dos uniformes da FEB. Foi resultado do
decreto 15.100 de 20 de março de 1944 e publicado no diário oficial de 22 março de
1944. Passou a vigorar e a gerar efeitos no EB, a partir de 31 de marco do mesmo
ano.
Esse regulamento foi o passo inicial para a preparação dos uniformes e
equipamentos a serem usados pela FEB no TO do Mediterrâneo. Não mudou
totalmente os uniformes já em uso e previstos no RUPE desde 1940, mas trouxe
novidades e modificações em uniformes existentes de modo que alguns ou peças de
uniformes passaram a ser abolidos, outros tolerados e alguns incorporados de modo
a adaptar e melhorar a preparação da tropa expedicionária frente às futuras
demandas climatológicas do TO do Mediterrâneo e iniciar assim a mudança de
similaridade para o padrão norte-americano, mas não alterou totalmente a
semelhança dos uniformes brasileiros com o perfil alemão frente à aproximação do
perfil norte-americano.
Esse plano regulava que os uniformes previstos seriam simples, cômodos e
corretos e que nenhuma peça de fardamento fora das condições do plano poderia ser
levado para o TOM, tanto por oficiais ou por praças.
Dessa forma os uniformes de combate passaram a ter seguinte constituição:
- Uniformes de oficiais de passeio e de combate.
- Uniformes de praças de passeio e de combate
- Uniformes de cabos e soldados de passeio e de combate
50
Os uniformes de passeio para oficiais tinham os seguinte itens previstos:
- 5° uniforme tipo C: Em gabardine verde-oliva tinha o uso com as seguintes
peças: gorro tipo americano sem pala, túnica VO claro do mesmo modelo do RUPE
sendo porém todo da mesma cor, calça, camisa em tricoline, gravata, cinto externo,
luvas, e capote de brim.
A partir da previsão desse tipo de fardamento e cobertura teve início
aproximação do padrão norte-americano para as fardas usadas pela FEB, sendo que
no Brasil continuava valendo o padrão previsto no RUPE, fato que causou grande
hostilidade posteriormente dentro do EB, quando do retorno da FEB devido à
diferença entre o antigo e novo padrão das fardas.
Os uniformes de combate para oficiais tinha os seguintes itens previstos:
- 5° uniforme tipo B-1: Blusa de brim VO (Verde-Oliva), calça de brim VO claro,
capacete de aço tipo americano, capacete de pano, borzeguins de couro preto, bota
natal, botina de combate, pederneiras em lona (FIGURA 24)
- 5° uniforme tipo B-2: Blusa de lã VO , calça de lã VO claro, capacete de aço
tipo americano, gorro e luvas de lã VO, borzeguins de couro preto, bota natal, botina
de combate, pederneiras em lona (FIGURA 25)
- Abrigo: Jaquetão de lã VO, capote de brim impermeabilizado ou capa de
borracha.
Os uniformes de passeio para as praças tinha os seguinte itens previstos:
- 5° uniforme tipo C: Em gabardine verde-oliva tinha previsto o uso com as
seguintes peças: gorro tipo americano sem pala, túnica VO claro do mesmo modelo
do RUPE sendo porem todo da mesma cor , calça, camisa em tricoline, gravata, cinto
externo, luvas, e capote de brim. Esse uniforme porém não veio a ser amplamente
distribuído entre as praças que usaram o uniforme de brim tipo RUPE como seus
uniformes de passeio ou adaptaram os uniformes de combate em lã , usando a túnica
cortada no padrão “IKE JACKET” t (FIGURAS 26 e 27 )
t
IKE JACKET: Modelo de jaqueta usada pelo General Eisenhower.
51
- 5° uniforme tipo A: Túnica de brim VO, calça de brim VO escuro, cinto em lona
com fivela oxidada em metal, gorro em pala de brim, borzeguins de couro preto.
Os uniformes de combate para as praças tinha os seguinte itens previstos:
- 5° uniforme tipo B-1: Blusa de brim VO (Verde-Oliva), calça de brim VO claro,
capacete de aço tipo americano, capacete de pano, borzeguins de couro preto, bota
natal, botina de combate, pederneiras em lona(FIGURA 24)
- 5° uniforme tipo B-2: Blusa de lã VO , calça de lã VO claro, capacete de aço
tipo americano, gorro e luvas de lã VO, borzeguins de couro preto, bota natal, botina
de combate, pederneiras em lona (FIGURA 25) . Esse uniforme além de combate
poderia ser usado em passeio , sendo adaptado para tal como já descrito
anteriormente
- Abrigo: Jaquetão de lã VO para subtenente, blusão de lã, capote de brim
impermeabilizado. (FIGURA 30)
(FIGURA 24): 5° uniforme tipo B-1
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
(FIGURA 25): 5° uniforme tipo B-2
Fonte: Julio Zary, arquivo pessoal
52
(FIGURA 26 ): Uniforme 5° C oficiais “ Ike Jacket “ (FIGURA 27): Blusa modelo DIE
(gabardine, lã ou brim VO) .
Fonte: Plano de Uniformes da Força Expedicionária Brasileira31
4.3 CADERNO DE ENCARGOS DE MATERIAL DE INTENDÊNCIA
4.3.1 FINALIDADE
O Caderno Encargos de materiais de Intendência da FEB foi uma publicação
feita em outubro de 1944 pelo Serviço de Intendência da FEB que previa as
características e normas técnicas e industriais para produção de Sup Cl II a ser
usados pela FEB, na II GM.
4.3.2 ESPECIFICAÇÕES DOS UNIFORMES DE COMBATE E DEMAIS DOS
MATERIAIS SUP CL II.
O Caderno buscou regular as especificações técnicas têxteis e industriais para a
produção de fardamentos, artigos diversos, equipamentos individuais, material de
estacionamento, material de embalagem, materiais primas diversas e previa ainda
instruções quanto a tais materiais e equipamentos.
53
Em sua publicação número 5, regulava e previu tardiamente a partir de outubro
de 1944 a produção de uniformes com padrão mais próximo ao perfil americano. Os
uniformes do EB até então apesar de ter regulamento específico, guardavam grande
similaridade com os uniformes alemães e que era previsto no RUPE de 1940. As
características de alinhamento brasileiro aos EUA, a possibilidade
de
futuro
suprimento logístico a ser recebido pelo acordo Lend –Lease e executado pela
Peninsular Base Section,
e por fim pelo enfrentamento em combate contra a
Wehrmacht revelou a necessidade de se implementar medidas que levassem o EB a
modificar o perfil dos uniformes da FEB o que traria impactos para a indústria parque
têxtil e fabril nacional.
4.4 Indústria Nacional Brasileira
As primeiras fábricas têxteis surgidas no Brasil nas décadas iniciais do século
XIX, eram estabelecimentos de pequeno porte e tiveram, em geral, vida efêmera. A
produção de tecidos data dos primeiros anos da colonização, o algodão já era
conhecido e utilizado pelos indígenas, continuou a ser cultivado pelos portugueses
em certas capitanias, dando origem a uma produção têxtil doméstica de alguma
importância.
No início da I Guerra Mundial (I GM) o Brasil já dispunha de um importante
parque têxtil. Assim a I GM pode ser considerada como fator decisivo na
consolidação da indústria têxtil brasileira. A limitação da capacidade do país de
importar propiciou a oportunidade de crescimento da produção interna no vácuo
deixado pelo não-suprimento externo de tecidos. Assim, a interrupção do fluxo de
entrada de artigos oriundos do exterior, pela concentração dos países europeus e
Estados Unidos no esforço da guerra, funcionou como elemento de estímulo para o
crescimento da indústria brasileira. Segundo dados do IBGEu, em 1919, a indústria
têxtil contava com 105.116 trabalhadores, o que representava 38,1% do contingente
empregado nas indústrias de transformação. Com o fim do conflito na década de 20,
novamente arrefeceu a atividade têxtil pela retomada das importações de tecidos
diante da dificuldade de competição com os similares estrangeiros que eram vendidos
u
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
54
no Brasil a preços inferiores aos que eram cobrados em seus países de origem.
Em 1929, a grande crise que se abateu sobre a economia mundial propiciou
nova oportunidade de crescimento da indústria brasileira, a exemplo do que havia
ocorrido durante a I Guerra. A capacidade de importação foi drasticamente reduzida,
levando praticamente todos os países a adotarem políticas de substituição dos
importados pela produção interna das mercadorias necessárias a seu abastecimento.
Esse processo foi aprofundado pela eclosão da II Guerra Mundial, período em
que ocorreram realmente excepcionais alterações na estrutura industrial brasileira.
Como os fornecedores tradicionais do Brasil estavam envolvidos no conflito, abriu-se
a possibilidade de o mercado interno ser suprido por meio do incremento da produção
interna, com o surgimento de muitas fábricas em praticamente todos os setores da
atividade manufatureira. No ramo têxtil, as fábricas se ampliaram, passando a operar
com mais de um turno de trabalho e produzindo mais para atender o mercado interno
e, ainda, exportando para mercados externos importantes, principalmente da Europa
e Estados Unidos.
O número de operários ocupados no ramo têxtil triplicou no
período de 1920 a 1940. A participação do setor no Produto Industrial atingiu 23,1%,
o que bem demonstra o nível de pujança alcançado no período.
Dessa maneira pode-se depreender que o setor têxtil brasileiro, no período da
II GM (1939-1945), com o incremento sofrido e aumento significativo tanto da
produção como das exportações de tecidos podia atender plenamente às demandas
de brim, gabardine, tricoline, lã e outros tecidos que passaram a ser mais necessários
devido à criação da FEB. A necessidade de fardar e equipar a totalidade esse efetivo
que tinha uma previsão inicial de aproximadamente entre 60.000 e 100.00 homens
mas que efetivamente teve apenas de um quarto desse total, pois o Brasil enviou
cerca de 25.334 militares
para a Itália, podia então ser atendida pela indústria
nacional. No mesmo sentido, pode-se entender que se o parque têxtil nacional
passou a exportar para países como EUA e outros da Europa a qualidade do material
exportado atendia plenamente às exigências internacionais da época levando a
entender que esse setor industrial possuía capacidade tecnológica, qualitativa e
quantitativa para suprir diversas demandas quer fosse de ordem interna ou externa.
Há de se considerar, no entanto, que se pelo lado da indústria têxtil havia
pujança e números favoráveis devido à demanda externa o mesmo ocorreu com o
55
parque setor fabril nacional, mas que somente conseguiu atender tardiamente as
especificações técnicas e qualitativas das necessidades em uniformes especificados
pelos cadernos e regulamentos da FEB devido a sua publicação tardia uma vez que
em outubro de 1944 a FEB já estava em solo italiano às vésperas de batismo de fogo.
Todavia, terminado o conflito mundial, novamente o setor retornou à situação
anterior. Com a normalização paulatina do mercado internacional, os clientes
externos e as exportações caíram a níveis insignificantes. De uma média anual de
cerca de 24 mil toneladas de tecidos de algodão exportados no período de 1942 a
1947, caímos para 1.596 toneladas em 1951, que se reduziram a quase nada nos
anos seguintes. Os investimentos foram travados e o obsoletismo do equipamento
em uso ficou patente no período pós-guerra.
4.5 CARACTERÍSTICAS DO TO DO MEDITERRÂNEO
A partir de agosto de 1944, o 5° Exército Americano deparou-se com uma
grande barreira montanhosa durante as operações na Itália, país europeu que
durante a II GM fez parte do TO do Mediterrâneo (FIGURA 28) juntamente com
países como Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia, Iugoslávia e Grécia. Essa barreira,
chamada de Cordilheira dos Apeninos (FIGURA 29), estende-se desde o mar da
Ligúria a noroeste da Itália até o mar Adriático a nordeste. Sua largura é de, pelo
menos, cerca de 80 Km, e possui diversas elevações com altitudes superiores a
2.000 m32, o que a tornou, sob todos os aspectos, um formidável obstáculo para o
avanço de tropas rumo ao vale do Pó33.
Para que a FEB pudesse operar na região, foi necessária, então, a sua
adaptação para a guerra de montanha, tendo em vista que a mesma era uma divisão
de infantaria regular.
56
(FIGURA 28) Teatro de Operações do Mediterrâneo 1944-1945
Fonte: G-4 Periodc Report, Mediterranean of Operations, Us Army, Quarter ending 30
September 1945.
4.5.1 CARACTERÍSTICAS DO COMBATE EM ÁREA DE MONTANHA
A guerra em montanha é realizada em um espectro de combate diferenciado,
possuindo características únicas. Os desafios do combate em montanha são
assustadores, tendo o frio e a fadiga como fatores constantes 34. Os exércitos
necessitam
de
treinamento
e
experiência
para
poderem
compreender
as
peculiaridades dos ambientes de montanha e como essas afetam o combate. Aqueles
que executam treinamentos naquele ambiente estão mais habilitados a combater, do
que aqueles que não o executam 35.
Ressalta-se que cerca de 27% da superfície terrestre é composta por
montanhas
36,
logo é lícito supor que futuras conflitos ou guerras acontecerão,
também, nesse tipo de ambiente. Esse fato, por si só, já torna importante o assunto
em pauta para qualquer exército.
57
Um dos casos históricos que se pode levantar para base desse estudo referese ao exército alemão, no período da Segunda Grande Guerra. A Wehrmacht
v
dispunha de um Corpo de Exército inteiramente apto a combater em terreno
montanhoso, sendo denominado Gebirgsjäger. No total, o exército alemão possuía 13
divisões Gebirgsjäger e, ainda, uma divisão Skijäger 37.
Embora nem todas as divisões Gebirgsjäger tenham combatido em montanhas
durante a guerra, elas demonstraram habilidades superiores, quando usadas naquele
tipo de terreno. Por exemplo, a 5ª Divisão Gebirgsjäger marchou aproximadamente
400 Km, cruzando passagens entre montanhas em altitudes acima de 3.000 m,
defendendo fortemente as posições na linha defensiva Mestksas38.
O Exército americano dedicou, naquela ocasião, especial atenção ao estudo
da divisões de montanha alemãs, inclusive, tendo publicado um sobre a guerra 39. No
referido estudo, os americanos identificaram como os alemães se comunicavam,
realizavam serviços auxiliares, treinavam, atiravam, se vestiam e uniformizavam-se,
qual tipo de armamento usavam e como as unidades eram organizadas para o
combate em montanha, entre outros.
As considerações sobre a guerra em montanha, obtidas na Segunda Guerra,
ou mesmo na Primeira, ainda são aplicáveis até hoje, no combate moderno.
Cabe ressaltar que a FEB veio a ser empregada, juntamente com o V Exército
Americano, em ambiente de montanha durante sua participação no TO do
Mediterrâneo, durante a II GM. O emprego da FEB em terreno montanhoso deu-se
pelo fato da necessidade de os aliados controlarem as altitudes que dominavam a
estrada SS 64, que ligava Pistóia a Bolonha. Com a posse dos referidos picos, entre
eles o Monte Castello e Belvedere, os aliados teriam um ponto forte para prosseguir
na direção de Bolonha e, conseqüentemente, do vale do rio Pó, manobra que ficou
conhecida como a ofensiva da Primavera40. Dessa forma, a FEB necessitou tanto de
preparação de seu pessoal como de material para realizar as ações de combate
nesse ambiente, o que trouxe necessidades de uniformes, peças de vestuário e
v
Wehrrmacht : Nome do conjunto das forças armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich entre
1935 e 1945. Englobava o Exército (Heer), Marinha de Guerra (Kriegsmarine) , Força Aérea (Luftwaffe)
e tropas das Waffen-SS, apesar de não serem da Wehrmacht, eram freqüentemente dispostas junto às
suas tropas.
58
equipamentos diferentes da realidade tropical existente no Brasil, porém já conhecida
tanto por Norte-americanos como pelos alemãs da Wehrmacht.
4.5.2 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO, ALTITUDE, SOLO E CLIMA NO NORTE
DA ITÁLIA
A Itália possui um relevo variado. Tem altas cordilheiras ao norte, com o ponto
culminante, o monte Branco com 4810m. Possui montanhas altas ao longo da
península, com os Apeninos que formam o esqueleto da Itália. Também possui
planícies, como a do rio Pó e dois vulcões ativos no país, sendo eles o Etna e o
Vesúvio.
Os Apeninos ou Appennini estendem-se por 1000 km do norte ao sul da Itália
ao longo da costa leste, formando a coluna dorsal do país. Deram seu nome à
península Apenina ou península Itálica, que forma a maior parte da Itália. As
montanhas são verdes e arborizadas, apesar de um lado do pico mais elevado, o
Corno Grande (2912 m), ser parcialmente coberto pela geleira mais meridional da
Europa. As elevações mais a leste, perto do mar Adriático, são abruptas, enquanto
que as do oeste formam uma planície onde se localizam a maior parte das cidades
históricas italianas como Siena, Florença e Pisa.
Durante a Campanha da Itália, na Segunda Guerra Mundial, os alemães
usaram os Apeninos como uma barreira defensiva natural contra o avanço aliado na
Itália continental. Primeiro, ao sul entre fins de outubro de 1943 e maio de 1944,
numa série de linhas defensivas conhecidas como Linha Gustav. Durante este
período se travou a famosa Batalha de Monte Cassino. Após o avanço aliado pelo
centro da Itália, a partir da queda de Roma em junho, os alemães mais uma vez
utilizando-se dos Apeninos, desta vez dos maciços - setentrionais na divisa das
regiões Toscana e Emília-Romanha, a partir de fins de outubro, mais uma vez
conseguiram barrar o avanço aliado em direção ao Vale do Pó, através de uma série
de linhas defensivas, denominadas de Linha Gótica. Tal barreira defensiva só viria a
59
ser rompida em abril do ano de 1944 e suas características fisiográficas trouxeram
implicações nos combates em que a FEB participou no TOM.
A Planície do Pó é o nome pelo qual é mais conhecido a região do rio Pó, cujo
rio é o maior da Itália, passando por muitas cidades importantes, incluindo Turim, e
ainda as proximidades de Milão. Nesta última cidade o rio penetra em uma rede de
canais chamados navigli. Perto do fim do seu curso, o rio dá lugar a um grande delta,
com centenas de pequenos canais e cinco cursos fluviais principais, chamados Pó di
Maestra, Pó della Pila, Pó e Gália Transpadana (ao norte do Pó). Em italiano, o vale é
chamado de Pianura Padana (planície Padana).
4.5.3 CARACTERÍSTICAS DO CLIMA NO TO DA FEB
O clima no norte da Itália, mais especificamente no TO do Mediterrâneo, local
de emprego da FEB na Itália, varia de região para região mas, as estações do ano
são bem definidas. O norte italiano onde se encontram cidades como Milão, Turim e
Bolonha tem um clima continental, ao sul de a partir da cidade de Florença se
encontra o clima mediterrâneo. O clima das áreas litorâneas da península é muito
diferente do interior onde as altitudes se elevam em decorrência da cadeia dos
Apeninos. Nessas áreas mais elevadas a temperatura, particularmente nos meses de
inverno, é bem inferior a verificada junto ao litoral.
As áreas mais elevadas são frias, úmidas e recebem freqüentemente
precipitação de chuvas e de neve. As regiões litorâneas têm um clima mediterrâneo
típico com invernos suaves e verões quentes, geralmente secos. A região onde a
FEB atuou foi marcada por um clima frio de montanha, com invernos rigorosos e
verões brandos. Monte Castello, por exemplo possui médias regulares entre -12 °C
no inverno e +5 °C no verão mas a sensação térmica pode ser inferior ao marcado
nos termômetros devido aos ventos e condições de chuva. Há diferenças notáveis
nas temperaturas, sobretudo durante o inverno: em certos dias de dezembro ou
janeiro pode nevar em Milão com -2 °C, quando em Palermo ou Nápoles as
temperaturas são de +5 °C. Em certas manhãs Turim pode amanhecer com -10 °C,
quando ao mesmo tempo Roma se encontra com 0 °C.
60
No verão a diferença é mais clara, a costa leste não está tão úmida como a
costa ocidental, mas no inverno está geralmente mais fria. Nos meses de inverno os
Apeninos, cadeia montanhosa onde a FEB atuou em combate, recebe neve
regularmente.
FIGURA 29 – Apeninos, no setor do V Corpo de Exército
Fonte: CMH Pub 72–34
A Itália é sujeita a condições altamente diversificadas no outono, inverno,
primavera, e mesmo no verão quando nas cidades do norte, como Turim, Milão,
Pavia, Verona ou Udine podem vir chuvas durante o dia. Já a sul de Florença o verão
é tipicamente seco e ensolarado. Entre novembro e março o vale do rio Pó é
freqüentemente coberto pela neve, sobretudo a zona central (Pavia e Cremona). A
neve é algo comum entre dezembro e fevereiro em cidades como Turim, Milão e
Bolonha, no inverno. Milão recebe aproximadamente entre 70 a 80 cm de neve, Pavia
50 cm, Trento 160 cm, Vicenza em torno de 45 cm, Bolonha em torno de 30 cm e
Piacenza ao redor de 80 cm. Geralmente o mês mais quente, é agosto no sul, e julho
no norte, nesses meses os termômetros podem marcar 42 °C no sul e 33 °C no norte.
61
O mês mais frio é janeiro, com médias no vale do rio Pó de 0 °C, Florença 5 °C/6 °C,
Roma 7 °C/8 °C. As temperaturas mínimas podem chegar a -14 °C no vale do rio Pó,
-5 °C/-6 °C em Florença, -4 °C em Roma, -2° em Nápoles e em Palermo podem
chegar a 1 °C.
Quadro de registros anuais, médias de temperatura e precipitações na Itália por
cidades.
QUADRO 2 : Roma
Temp
Max
Min
J
12°
3°
F
13°
4°
M
15°
6°
A
17°
8°
M
21°
12°
J
25°
16°
J
28°
18°
A
28°
19°
S
26°
16°
O
21°
13°
N
16°
7°
D
13°
5°
Chuva
Mm
J
80
F
70
M
60
A
60
M
50
J
30
J
10
A
20
S
60
O
110
N
110
D
90
QUADRO 3 : Milão
Temp
Max
Min
J
6°
-3°
F
8°
-2°
M
13°
1°
A
16°
4°
M
21°
9°
J
25°
12°
J
28°
15°
A
27°
15°
S
23°
12°
O
17°
6°
N
11°
0°
D
7°
-3°
Chuva
Mm
J
50
F
60
M
80
A
120
M
120
J
80
J
60
A
80
S
60
O
80
N
100
D
50
QUADRO 4 : Bolonha
Temp
Max
Min
J
5°
-1°
F
8°
0°
M
14°
3°
A
20°
7°
M
27°
12°
J
27°
15°
J
30°
17°
A
30°
17°
S
26°
15°
O
18°
10°
N
11°
5°
D
6°
0°
Chuva
Mm
J
50
F
40
M
50
A
80
M
70
J
60
J
40
A
40
S
60
O
100
N
70
D
40
QUADRO 5 : Florença
Temp
Max
Min
J
9°
1°
F
11°
3°
M
14°
4°
A
18°
7°
M
23°
11°
J
27°
14°
J
30°
16°
A
30°
16°
S
26°
14°
O
20°
9°
N
14°
6°
D
10°
2°
Chuva
Mm
J
65
F
62
M
70
A
71
M
73
J
57
J
34
A
47
S
83
O
99
N
104
D
80
62
QUADRO 6 : Génova
Temp
Max
Min
J
11°
5°
F
11°
6°
M
13°
8°
A
16°
10°
M
20°
14°
J
23°
17°
J
26°
21°
A
27°
21°
S
24°
18°
O
19°
13°
N
14°
9°
D
12°
6°
Chuva
Mm
J
13
F
10
M
12
A
13
M
14
J
10
J
8
A
9
S
10
O
14
N
13
D
12
QUADRO 7 : Verona
Temp
Max
Min
J
5°
-1°
F
7°
0°
M
12°
4°
A
17°
9°
M
22°
12°
J
26°
16°
J
28°
18°
A
28°
18°
S
23°
15°
O
17°
10°
N
10°
4°
D
6°
1°
Chuva
Mm
J
30
F
40
M
60
A
70
M
80
J
80
J
90
A
70
S
70
O
90
N
70
D
60
Fonte: http://www.goldtrip.com.br/clima-italia/, acessado em 15 maio 2014.
4.5.4 CAMPANHA BRASILEIRA NA ITÁLIA
Na Itália, a FEB atacou as posições defensivas alemã na Linha Gótica. Nessas
posições a tropas brasileiras participaram das batalhas de Monte Castello,
Castelnuovo, Collecchio e Fornovo. A maior parte dessas batalhas se desenvolveu
nas proximidades ou mesmo em regiões montanhosas, no caso em questão na
cordilheira dos Apeninos.
A Linha Gótica representou uma das últimas e grandes defesas elaboradas
pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. A citada linha foi teoricamente construída
em uma extensão de 280 Km, essa série de linhas de defesa nazi-fascistas no norte
da Itália, partia da região costeira do Mar Tirreno, indo do oeste italiano, nas regiões
de Carrara e La Spezia, passava pela cadeia de montanhas formada pelos Apeninos,
terminando à leste, nas áreas de Pesaro e Rimini, já na faixa litorânea do Mar
Adriático. A finalidade principal da defensiva era retardar ao máximo, e se possível
bloquear, os avanços aliados na Campanha da Itália.
63
Monte Castello está situado a 61,3 km a sudoeste de Bolonha a 977 m de
altitude, nos Apeninos setentrionais, entre as regiões Toscana e Emília-Romanha,
local onde o inverno pode chegar a marcar, em regiões fora de cidades, temperaturas
próximas dos - 25°C (negativos). Essa região esteve inserida na 2ª fase da Operação
de Rompimento da Linha Gótica, no setor de responsabilidade do IV Corpo e do V
exército americano, na Campanha da Itália, a qual o Brasil participou com a FEB .
A Batalha de Monte Castelo foi travada já no final da Segunda Guerra
Mundial, entre as tropas aliadas onde a FEB estava presente contra as forças do
Exército Alemão, que tentavam conter o avanço aliado no norte da Itália. Esta batalha
marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira FEB no conflito. Os combates
se arrastaram por três meses, de 24 de novembro de 1944 (período de inverno) a 21
de fevereiro de 1945 (início da primavera), em pleno frio europeu, fato que afetou
negativamente a adaptação dos soldados brasileiros ao combate, uma vez que eram
acostumados à temperaturas tropicais e não realizaram adaptação necessária aos
combates em localidades de montanha.
Em Monte Castello foram efetuados cinco ataques, com grande número de
baixas brasileiras devido a vários fatores dentre eles ao despreparo da FEB referente
aos fardamentos e equipamentos para enfrentar as condições de combate severas
em combate em região de montanha e durante o rigoroso inverno italiano.
A Batalha de Castelnuovo foi travada em região da planície do Rio Pó, distante
apenas cerca de 90 (noventa) Km de Monte Castello, mesmo numa planície não
deixou de apresentar como fator de dificuldade para a FEB por ser menos fria.
Próxima a Monte Castello e no contexto da Operação ENCORE, foi desenvolvida
entre as tropas aliadas e as forças do Exército alemão, que tentavam conter o seu
avanço no Norte da Itália. Sob condições semelhante de clima houve inúmeras baixas
devido a má adaptação dos equipamentos e fardamentos ao clima de montanha da
região.
A Batalha de Montese ocorreu entre os dias 14 e 17 de abril de 1945, como
parte da Ofensiva Aliada final da Campanha da Itália, tendo como forças
64
combatentes, de um lado unidades da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária
brasileira (1ª DIE), reforçada por alguns carros de combate da 1ª Divisão Blindada
Americana; e de outro, tropas do 14º Exército do Grupo de Exércitos C da
Wehrmacht. O município de Montese ocupa uma vasta área de colinas que faz
fronteira com as Províncias de Modena e de Bolonha, na região de Emília-Romanha.
Possuí numerosos rios, uma rica vegetação, bosques e castanhais antigos que
rodeiam os povoados medievais. Era considerada uma região de difícil acesso devido
às fortificações alemãs construídas durante o período que perdurou a Linha Gótica.
As tropas alemãs encontravam-se na posse da região de Montese, tendo como
fronteiras as Províncias de Modena e Bolonha.
A Batalha de Collecchio foi travada de 26 a 27 de abril de 1945, já fora de
áreas montanhosas. Os ataques foram feitos no dia 26 de abril contra a 148º Divisão
de Infantaria alemã pelo sudeste e depois pelo nordeste, apesar do inimigo dar sinais
de derrota, esse momento viria a marcar a única ação entre carros blindados da
história da FEB. Durante a noite, quando choveu torrencialmente os ataques foram
suspensos e, ao serem reiniciados, na manhã do dia 27, a 1ª Divisão Expedicionária
que estava em Collecchio havia se juntado com mais duas companhias. Pela manhã,
a maior parte da cidade estava em poder dos pracinhas. Algum tempo depois, o
grupo alemão que resistia foi dominado. Em Collecchio, diferente das batalhas Monte
Castello, Castelnuovo e Montese, os brasileiros obtiveram vitória sem nenhuma
interferência dos EUA. A Batalha de Collecchio ajudou a romper mais uma parte da
Linha Gótica. Os soldados brasileiros aprisionaram mais de 400 alemães, porém
sofreram 17 baixas, sendo 16 feridos e um morto. Em ato continuo a FEB partiu para
Fornovo di Taro.
A Batalha de Fornovo di Taro foi o último grande confronto travado pelo
exército brasileiro na Segunda Guerra Mundial, já fora de área de montanha e no
início da primavera.
65
(FIGURA 30) Campanha da FEB no TO Mediterrâneo- Itália
Fonte: Revista Verde Oliva, Exército Brasileiro, Edição Histórica, Maio-Junho 1995.
4.5.5 INFLUÊNCIA CLIMATOLÓGICA DO TO SOBRE O SOLDADO BRASILEIRO
Para que a FEB pudesse operar na região de montanha dos Apeninos, foi
necessária, então, a sua adaptação para a guerra de montanha, tendo em vista que a
mesma era uma divisão de infantaria regular e não havia recebido nenhum
treinamento específico, como o fora com a 10ª DM do US Army. O terreno em
questão foi considerado um inimigo de vulto, tanto para os alemães que era
constituído pela 232ª Divisão de Infantaria alemã
e que também não era tropa
especializada em montanha 41.
Para efeitos de comparação, a barreira montanhosa localizada ao Sul de
Monte Cassino tinha uma largura de apenas 14 Km se comparada aos Apeninos, com
elevações que raramente superavam os 1.000 metros, ou seja, a tropa dos EUA
66
empregada era bem menos suscetível aos efeitos da adaptação, como o mal da
montanha, e mesmo assim foram necessárias várias investidas para que se
conquistasse aquele objetivo.
O problema de se conduzir operações ofensivas nas montanhas, que já não é
fácil normalmente, seria altamente acrescido quando a chuva começasse a precipitar
e o inverno chegasse definitivamente. Em meados de outubro, começaram a cair as
primeiras neves, os dias ficaram cinzentos, nublados, e com a visibilidade beirando
ao zero. O inverno entre 1944 e 1945 foi o mais rigoroso em décadas na Europa, com
temperaturas de cerca de 20°C negativos.
As posições defensivas alemãs nos Apeninos começaram a ser construídas
enquanto o 5° Exército americano ainda estava em operações mais ao Sul, a cerca
de 400 Km de distância, entre agosto e outubro de 1943. A linha defensiva alemã nos
Apeninos ficou conhecida, inicialmente, como a Linha Pisa-Rimini, depois Gótica e, a
partir de junho de 1944, Verde, tendo sido planejada antes mesmo do desembarque
aliado no Sul da Itália, pelo então Comandante do Grupo de Exércitos B, o Marechal
Erwin Rommel42.
Sob a direção da Organização Todt
w,
aproximadamente 15.000 italianos,
adaptados ao clima e ao inverno local, foram forçados a realizar trabalhos de
organização do terreno, tais como: fossos anti-carro, espaldões de obuses, trincheiras
e abrigos pessoais43. Quando os aliados chegaram finalmente aos Apeninos, as
defesas estavam praticamente prontas.
Para se ter uma ideia do efeito do terreno movimentado sobre os soldados
brasileiros, os quais não estavam acostumados com aquele tipo de relevo, seguem as
palavras ouvidas pelo cabo França, do 1° Regimento de Infantaria: “Nós só
conquistamos uma montanha, e ainda faltam aquelas todas...” 44.
w
Organisation Todt foi um grupo alemão de construção e engenharia fundado durante os
anos do Terceiro Reich. Criado por Fritz Todt, foi anexado ao Exército Alemão e estava ativo
durante a Segunda Guerra Mundial. O principal papel do grupo era construir as infra-estruturas
de comunicações e de defesa.
67
A observação daquele soldado sintetiza os meses de operações da FEB e de
todo o V Exército na Itália, pois, mês após mês, brasileiros, americanos, indianos e
sul-africanos, entre outros, progrediram em colinas, barrancos, encostas e montanhas
no vale do Sercchio, não obstante paralisados pelo rigoroso inverno, o qual
estabilizou toda a frente de combate, então nos Apeninos. A partir da neve, a guerra
ficou reduzida às atividades de patrulhas na “terra de ninguém”.
O próprio comandante do V Exército comentou, ainda em 1945, que, durante o
inverno nos Apeninos, os homens da linha de frente não tinham trégua. Eles estavam
cansados, mergulhados com neve até a cintura em atividades de patrulha,
suportando um clima úmido, com lama escorregadia de gelar os ossos, tornando-se
parte da vida diária, sendo que alguns começaram mesmo a esquecer que eles já
tinham conhecido outra vida45.
A situação das tropas ficava ainda pior do ponto de vista da logística de
suprimentos classe II, pelo fato de alguns materiais serem inadequados desde sua
concepção e origem e por estarem em situação crítica na cadeia de suprimento. Itens
como: sobretudos, overshoes x, meias, cobertores, combat boots e ponchos, como
pode ser observado no relatório do G-4 da Peninsular Base Section (PBS), de 9 de
janeiro de 1945 foram distribuídos em dezembro de 1944, ou seja, no auge do
inverno. Tal fato tornou a adaptação da FEB ao frio ainda mais penosa, diminuindo
assim seu poder relativo de combate. Em decorrência da estagnação das operações
ofensivas, durante o inverno, ocorreu também aumento das baixas hospitalares,
evidenciando influencia negativa do clima climatológica do TOM sobre o soldado
brasileiro. Apesar de a PBS já estar voltada, também, para o suprimento da divisão
brasileira, pelo menos, desde 19 de setembro de 194446, a adaptação dos brasileiros
foi extremamente penosa durante o inverno, cabendo assim exemplificar os
problemas logísticos de Sup CL II, segundo o BI 645-Serviço de Intendência da FEB,
de 29 de dezembro de 1944 houve ordem de distribuição de 25.000 cobertores, pares
de meias e luvas de lã para todo o efetivo da FEB, somente em 29 de dezembro de
1944 em pleno inverno europeu, sendo esse mais um fator a aumentar a influencia
negativa do clima do sobre o soldado brasileiro em solo italiano.
x
Overshoes: Calçado de borracha usado na II GM no período de inverno.
68
4.6 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES
A presente seção tem por finalidade apresentar e discutir os resultados
alcançados pela pesquisa documental para responder aos questionamentos
levantados. Após especificação dos procedimentos necessários para se chegar aos
dados da pesquisa bibliográfica, levantamento dos critérios necessários para a
seleção, a obtenção e a análise das informações de interesse, pesquisa e a
respectiva análise dos dados, do embasamento proposto pelo referencial teórico,
buscou-se
atender
aos
questionamentos.
Desta
forma,
para
um
melhor
desencadeamento das idéias, esta seção foi dividida nos seguintes tópicos: os
problemas com os uniformes de passeio e de combate do Plano de Uniformes da
FEB, as soluções encontradas e por fim as atuais e futuras demandas logísticas do
Exército Brasileiro.
Na seqüência serão apresentadas ainda recomendações e propostas, procurando
evidências que permitam determinar se:
Existe a possibilidade de repetição dos problemas e das soluções com os
uniformes da FEB atualmente por parte do EB frente às atuais e futuras demandas
operativas e logísticas?
Após a realização da crítica, os dados relativos as pesquisas e aos
questionamentos formarão parte da conclusão do trabalho bem como as
recomendações futuras.
4.6.1 OS UNIFORMES DE PASSEIO E DE COMBATE DA FEB
Os uniformes tanto de passeio como os de combate usados pela FEB tiveram
suas origens e especificações iniciadas no RUPE de 1940, reeditadas e corrigidas no
Regulamento de Uniformes previstos para a FEB de março 1944 e a posteriormente
pelo Caderno de Encargos do Serviço de Intendência da FEB de outubro de 1944
com cunho mais técnico e industrial. Esses três documentos deram ao Sup Cl II e
mais especificamente aos uniformes, equipamentos e calçados o perfil e suas
características mais conhecidas e já estudadas no presente trabalho.
69
Os uniformes de passeio previsto para oficiais e praças eram de gabardine
estes foram usados somente para a finalidade original, sendo, usados eventualmente
em combate.
Para as praças apesar de existir o equivalente de passeio em gabardine o
mesmo não foi amplamente distribuído o que gerou grande desconforte entre os
graduados em território italiano frente aos demais exércitos presentes. O uniforme
previsto para o passeio era em brim que foi adaptado do RUPE para a FEB e o de lã
modificado para passeio, também usado em combate, iniciando assim o processo de
transformação e adaptação dos uniformes da FEB, em pleno território italiano.
Os uniformes de combate tanto para os oficiais como para as praças eram
feitos em brim e em lã. Esses uniformes tanto para oficiais como para as praças
também foram adaptados em território italiano por costureiras locais, onde se
adaptaram bolsos, costuras foram reforçadas, retiradas partes, adaptados ou
diminuídos os tamanhos a fim de torná-los mais operativos nos momentos do
combates. Também foram adaptados e oficializados posteriormente o uso de
insígnias (FIGURA 31), como meio de identificação e valorização do soldado
brasileiro, quando em passeio, fazendo valer o ditado que “A cobra fumou”, uma
alusão às dificuldades que a FEB teve para chegar a participar efetivamente da II GM.
O uniforme de lã para as praças, além de ter sido adaptado para o uso em
passeio, continuou a ser usado em combate devido a proteção que a lã oferecia ao
soldado contra o frio do inverno europeu, principalmente nas baixas temperaturas do
inverno enfrentadas nas altitudes dos Apeninos.
Outro aspecto importante a ser ressaltado foi a questão do perfil dos uniformes
tanto de passeio como os de combate que mesmo deixando de ter grande
similaridade ou semelhança com os uniformes europeus em especial com os alemães
e se aproximando do perfil norte-americano, ainda mantiveram similaridade pelo
menos nos tons cinza das fardas de combate. Passaram, portanto, a ter maior
proximidade com o padrão norte-americano, tanto que ao desembarcarem na Itália tal
fato já começou a ser percebido mas, algumas peculiaridades do antigo perfil
(alemão) ainda perdurariam no desenrolar da guerra, sendo portanto um problema
para a FEB e sua logística.
70
(FIGURA 31) Insígnia FEB “A Cobra fumou”
Fonte: Revista Verde Oliva, Exército Brasileiro, Edição Histórica, Maio-Junho 1995
4.6.2
PROBLEMAS COM UNIFORMES DE COMBATE DA FEB E AS SOLUÇÕES
ENCONTRADAS
Os uniformes usados pela FEB tiveram duas origens diferentes. Uma era
procedência era a nacional onde o Brasil foi o fabricante do fardamento e
equipamentos e a outra foi dos EUA sendo fornecido pela PBS já em solo italiano.
Inicialmente, os uniformes de fabricação nacional foram distribuídos aos
integrantes da FEB, no Brasil, no momento da preparação e antes do embarque com
equipamento completo para contemplar assim a tabela de fardamento e artigos
diversos da bagagem individual dos oficiais e das praças. Houve também, em
território nacional, a fabricação de uniformes em alfaiatarias, por iniciativa própria de
muitos integrantes da FEB, seguindo o padrão estabelecido para a FEB, mandaram
confeccionar seus uniformes. Já em solo italiano os uniformes distribuídos tinham
tanto procedência nacional como dos EUA.
Os uniformes previstos pelo RUPE e pelo Plano de Uniformes da FEB apesar
de trazerem mudanças ao Sup Cl II, sendo que este último já buscava mudar o perfil
anterior para o norte-americano, não previam mudanças significativas naquilo que se
esperava para o seu uso em combate no inverno europeu. Aspectos como
manutenção da integridade física dos soldados em relação ao frio, durabilidade dos
tecidos e costuras, secagem rápida, conforto, tingimento adequado, proteção para os
71
pés proporcionados por meias e calçados apropriados não foram observados
regularmente pela tropa em seus uniformes, sendo durante portanto a qualidade dos
uniformes um ponto fraco e alvo de constantes críticas.
Assim os uniformes tanto de brim como o de lã não proporcionavam proteção
eficiente frente às temperaturas baixas do inverno que chegavam aos 25ºC negativos
47.
Tal fato levou a necessidade de a PBS a fornecer mais uniformes para o período
de inverno fato que gerou grande acúmulo de material em estoque que não foi
totalmente distribuído principalmente aos soldados mais a frente da zona de ação por
conta da ineficiência do fluxo da cadeia de suprimento gerenciada pela FEB até a
ponto da linha, ou seja até às linhas de frente, principalmente durante o inverno, não
sendo para tal caso apresentada uma solução.
Uma tentativa de reverter tal situação do frio intenso que os pracinhas
enfrentaram foi a iniciativa de se produzir capas de inverno no Depósito de Intedência
da FEB em Livorno. A iniciativa melhorou a camuflagem porém não foi eficaz contra o
frio enfrentado entre dezembro de 1944 e fevereiro de 1945. Tal realidade acabou por
levar aproximadamente 5027 soldados da FEB serem retirados da linha de frente e
levados a tratamento médico devido a congelamentos e doenças respiratórias. 48
Outro problema verificado e já citado foi a cor verde-oliva dos uniformes feitos
em lã e distribuído para a FEB usar no TOM. Esses uniformes tinham a cor verde
porém com tonalidade acinzentada. Tal fato levou a erros de identificação entre
elementos dentro da própria FEB e com a 10ͣ Divisão de Montanha Norte americana,
entre a FEB e a FAB, representada pelo 1° GAv Caça e
por fim contra o seu
adversário no TOM, o Exército Alemão.
Como exemplo dessa confusão, há o relato do Aspirante Aviador Raymundo da
Costa CANÁRIO, piloto do 1° GAv Caça Brasileira, que depois de ter sido atingido
pelo “flak”y da artilharia alemã. Após ser atingido, saltou de paraquedas e pensou
que iria ser capturado por alemães que o viram aterrar. Do alto cerca de 50 metros de
altura ele achou ter visto soldados alemães com seus uniformes cinza correrem em
sua direção. Só após ter ouvido palavrões em bom português foi que percebeu que
y
Flak: Estilhaçamento de granada de artilharia antiaérea alemã durante a IIGM.
72
estava entre soldados da FEB que porém usavam uniformes com os citados tons
verde acinzentado.49
“O avião fez uma curva descendente, explodindo ao chocar-se
com um morro. O piloto, no chão, abandonou o paraquedas e começou a
correr, causando-nos estranheza. Imediatamente informamos pelo rádio o
acontecido ao Comando da Artilharia Divisionária (AD), acrescentando que ele
saltará sobra nossas linhas. Dias depois soubemos tratar-se do Aspirante
Raymundo da Costa CANÁRIO do 1° GAv Caça Brasileira, que fora abatido
pelo flak alemão. Perguntamos ao bloco de infantaria o motivo daquela
corrida, sedo-nos explicado que, ao saltar, viu uma patrulha brasileira. Como
nosso uniforme parecia com o dos alemães, julgou haver saltado do lado
errado, pondo-se a correr. Soubemos, também, que somente parou quando
ouviu um palavrão proferido por um dos nossos pracinhas. “
. 50
Outro exemplo possível dessa confusão entre os uniformes de combate brasileiros
e alemães, causada pela similaridade da tonalidade cinza de ambos os fardamentos
foi o acontecimento de os soldados da 10 ͣ Divisão de Montanha terem atirado em
brasileiros durante, no dia 21 de fevereiro de 1945, durante o ataque a Monte
Castello. Tal fato pode ter ocorrido a semelhança do que ocorreu com o piloto
brasileiro abatido pois, apesar de todo o esforço em modificar o perfil dos
equipamentos e uniformes do EB para o NA, a distância a cor verde-acinzentada dos
uniformes de combate tanto brasileiro como dos alemão levava a quem visse de
longe a confundir os soldados d FEB com os da Wehrmacht.
Para esse problema logístico, tonalidade dos tecidos de lã da FEB, que interferiu
nos combates diminuindo a segurança que os uniformes de combate devem
proporcionar, não houve relatos documentais de solução. Ressalta-se que se as
referidas especificações e normas técnicas para confecção de uniformes da FEB
tivessem sidas distribuídas em tempo correto às fábricas de tecido no Brasil, tal
problema tivesse sido diminuto ou até mesmo inexistente, uma vez que a indústria
nacional no tocante a fabricação de tecido, à época da II GM, vivia momento de
pujança no setor, apesar de não se comparar aos modelos industriais dos EUA ou da
Europa.
73
Outro problema observado nos uniformes de combate usados pela FEB foi a baixa
qualidade dos calçados se observada as condições de emprego da FEB durante o
inverno europeu no TOM, em especial nas altitudes e elevações existentes nos
Apeninos.
Os combat boots e as pederneiras além de pesados não eram resistentes ao frio e
a umidade assim como os borzeguins. Seus acabamentos deixavam o frio e a
umidade penetrarem nos calçados pelas costuras. Tal fato levou os brasileiros a
terem um nível de baixas devido ao pé de trincheira nos mesmos índices que as
baixas norte-americanas se comparados os efetivos de 1 ͣ
DIE com os Se
Americanos no TOM. A solução adotada pelos pracinhas foi a adoção do overshoes,
calçados de borracha que deveria ser usados por cima de outros calçados, foram
usados diretamente sobre as meias. Adicionava-se a esse tipo de uso do overshoes a
colocação de mais meias, tecidos, palha ou jornal dentro desse calçado para evitar a
umidade e favorecer dessa maneira o aquecimentos dos pés. Tal solução foi adotada
pela FEB como alternativa da má qualidade dos calçados que compunham os
uniformes de combate da FEB., para as condicionantes do inverno em regiões
montanhosas e com neve.
Durante o período em que a FEB esteve presente nos combates na Itália, seus
soldados, apesar de terem conhecimento que o regulamento de uniformes previstos
para o pessoal da FEB, proibia o uso de peças diferentes das especificadas naquele
documento e que também proibia a mistura de roupas civis ao uniforme militar, os
militares misturavam peças como echarpes, cachecóis, blusões e paletós aos trajes
militares. Esse uso se dava tanto em uniformes passeio como em uniformes de
combate. Tal inobservância ocorria devido a pouca proteção contra o frio que os
uniformes da FEB ofereceram durante o inverno na Itália. Ressaltasse o comentário
de Sir Michael Howard historiador militar e capitão do Coldstream Guards, na Itália,
que cita que “os brasileiros tinham os uniformes mais incríveis da II GM, todos
diferentes” fato observado em quase a totalidade das fotos de integrantes da FEB,
tanto em operações como em momentos de passeio e descanso, onde se percebe
uso de diferentes coberturas, fardas e calçados. Apesar do reconhecido bom humor
dos pracinhas, tal situação não contribuiu para a manutenção ou elevação ou
manutenção do moral dos combatentes brasileiros durante a sua participação na II
74
GM. Essa realidade diminuía os soldados do Brasil em especial os praças que
constituíam a maioria do efetivo da FEB (FIGURA 32 e 33 ), frente aos soldados dos
demais países presentes no TOM.
(FIGURA 32) Uniformes diversos da FEB e mistura com trajes peças civis.
FONTE: Júlio Zary, acervo particular
(FIGURA 33) Uniformes diversos da FEB
FONTE: Júlio Zary, acervo particular
Os uniformes distribuídos para a FEB tinham apenas três tamanhos em sua
pauta de numeração, sendo eles o grande, o médio, e o pequeno. O corte dos
uniformes eram retos e não proporcionavam bom caimento, gerando desconforto.
Assim, em território italiano, ocorreu o recortar uniformes com costureiras italianas
para: adaptar bolsos, inserir bolsos, diminuir tamanhos de fardas, reforçar costuras,
75
ajeitar golas, encurtar os camisões e assim fazer diferentes acertos nos uniformes de
combate de verão e de inverno. Além disso, foi autorizado delo comando da FEB a
troca do distintivo Brasil pelo distintivo da cobra fumando. Tal fato aumentou o moral
dos pracinhas mas cabe ressaltar que o distintivo não era usado pelo pessoal da linha
de frente, por ser um identificador facilmente visto à distância, pela cor amarela. Tais
soluções ajudaram a oficiais e praças da FEB a melhor usarem seus uniformes de
passeio e combate às situações encontradas na Itália.
Outro problema verificado com os equipamento e Sup Cl II que compunham os
uniformes da FEB e que completavam o perfil do pracinha e os tornavam mais
parecidos com os soldados dos EUA foi a baixa qualidade e o péssimo acabamento
de alguns materiais nacionais. Itens como cantis, canecos e marmitas que eram
feitos em
alumínio não
apresentaram resistência
adequada.
Assim
cantis
rapidamente ficaram sem tampas pois as mesmas eram feitas de cortiça e não
resistiram por muito tempo e o alumínio dos canecos e marmitas era fraco e nada
resistente (FIGURA 34). Os equipamento brasileiro como os citados apresentavam
baixa qualidade e pouca resistência, deixaram assim a desejar durante a IIGM. A
solução encontrada foi a troca pelo material de origem NA em pleno TO e durante as
operações em que a FEB participou.
(FIGURA 34): Cantil NA (direita) e cantil brasileiro (tampa em cortiça)
Fonte: Júlio Zary, arquivo pessoal
76
(FIGURA 35):Túnica combate alemã, modelo M36 (FIGURA36): Túnica combate FEB, modificada
Fonte: Wehrmacht Awards Forum
(FIGURA 37): Casacão de Lã modelo M 44.-Brasil
Fonte: Júlio Zary, arquivo pessoal
Fonte: Júlio Zary, arquivo pessoal
(FIGURA 38 ): Casacão Alemão de Lã
Fonte: Wehrmacht Awards Forum
77
A falta de abrigos, casacos e capas adequados ao frio e a neve e não previstos
nos regulamentos de uniformes do Exército Brasileiro nem nos regulamentos da FEB
foi um dos maiores problemas encontrados a serem superados pelos integrantes da
FEB durante a o período de inverno. A inexistência de casacos e capas de neve, o
desconhecimento do uso do material americano como esquis, óculos escuros e
coberturas levou ao uso tardio ou inadequado fazendo que o número de baixas
aumentasse, durante o inverno, dezembro de 1944 e fevereiro de 1945. Várias
soluções foram encontradas dentre elas o uso de jornais nos calçados, uso de roupas
civis junto com os uniformes de passeio e combate, mistura de uniformes de passeio
com os de combate e uso de casacos ao contrário (FIGURA 39) a fim de obter maior
proteção contra o frio.
(FIGURA 39): skiparka americano usado ao avesso.
Fonte: Júlio Zary, arquivo pessoal
78
5. ATUAIS E FUTURAS DEMANDAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
O Brasil ocupa dentro do cenário internacional posição de inegável destaque. No
subcontinente sul-americano exerce sua liderança regional por ser o maior país em
extensão e território da América do Sul, por ter uma grande economia, grande
população, forças armadas treinadas e equipadas, por apresentar grande estabilidade
política, bom desempenho industrial, desenvolvimento cientíco-tecnológico bem como
sua indústria de defesa. Além disso, é protagonista na produção energia renovável e
não renovável, por ter inúmeros recursos naturais em terra e no mar, apresenta
grande biodiversidade, é dono de extenso litoral e por fim possui a maior parte da
floresta tropical do mundo conhecida como Amazônia.
O Brasil, além disso, participa em diversos organismos, fóruns e blocos
econômicos internacionais como ONUz, OEAaa, OMCbb, MERCOSULcc, CPLPdd,
ALADIee, OTCAff, UNASULgg, ZOPACAShh, BRICSii, que confere ao Brasil grande
responsabilidade nas decisões internacionais e na manutenção da paz mundial.
Nesse cenário, as Forças Armadas Brasileiras tem sua constituição prevista na
carta magna país no artigo 142 da Constituição Federal (CF)jj de 1988. Destinam-se a
defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem. O Exército Brasileiro como integrante das Forças Armadas
é o segmento terrestre e tem suas missões previstas, assim como das demais FA em
diversas legislações como política de Defesa Nacional (PND)kk, Estratégia Nacional
de Defesa (END)ll, Política Militar de Defesa (PMD)mm, Estratégia Militar de Defesa
(EMD)nn, e Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN)oo, leis e decretos nacionais que
z
ONU: Organização das Nações Unidas
OEA: Organização dos Estados Americanos
bb
OMC
cc
Mercado Comum do Sul
dd
Comunidade dos Países de Língua português
ee
Associação Latino Americana de Integração
ff
Organização do Tratado de Cooperação Amazônico
gg
União de Nações Sul-americanas
hh
Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
ii
Acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
jj
CF: Constituição Federal 1988
kk PND: Política Nacional de Defesa
ll END: Estratégia Nacional de Defesa
mm PMD: Política Militar de Defesa
nn EMD: Estratégia Nacional de Defesa
aa
79
normatizam, prevêem e regulam seu emprego e assim como indicam as atuais e
possíveis demandas que o EB irá ter, quando do seu emprego.
O EB, portanto, pode cumprir tanto missões internas, dentro do território nacional
como missões externas ou seja fora das fronteiras nacionais a fim de garantir a
soberania, o patrimônio nacional e integridade territorial, contribuir para a paz e a
ordem social bem como cooperar para a paz e a segurança inrenacionais. Além disso
deve também, participar da proteção dos interesses brasileiros nos diferentes níveis
de projeção externa do país.
Diante desse amplo cenário de emprego, surgem
inúmeras possibilidades e diversificados ambientes de possível envio de militares ou
tropas que deverão estar além de preparadas e instruídas, deverão estar
devidamente equipadas e fardadas e de acordo com todas as exigências que um
futuro ambiente operativo pode exigir.
Nesse contexto, o Brasil necessita de FA preparadas e equipadas para emprego
imediato tanto internamente como no exterior, ou seja o EB necessita ter diversas
capacidades dentre elas, em um futuro breve, a capacidade expedicionária.
5.1 ATUAIS DEMANDAS LOGÍSTICAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO
O EB opera em todo o território nacional onde há diferentes regiões com
diversificados terrenos e clima. Essa realidade traz consequências para o uso e para
o desenvolvimeto de uniformes e equipamentos que devem satisfazer uma série de
exigências já citadas anteriormente, além de estar em constante atualização
tecnológica.
O EB regularmente opera desde as condicionantes da região amazônica onde há
vegetação densa de floresta tropical, temperatuas altas e baixas, grande umidade
relativa do ar e chuvas costantes como também no cerrado e catinga onde há baixa
precipitação de chuvas, baixa umidade e vegetação pequena e retorcida, bem como
operar em regiões de montanha e de clima temperado com temperaturas abaixo da
média tropical do país. Além dessas regiões, o EB opera também em área urbana
onde os grandes centros apresentam exigências ainda maiores de adaptação dos
oo
LBDN: Livro Branco de Defesa Nacional
80
militares, de seus fardamentos e equipamentos de acordo com a missão, região ou
local onde se empregam efetivos do EB.
Externamente, o Brasil tem participado de inúmeras em missões humanitárias,
de resgate de nacionais, em missões de Paz das Nações Unidas enviando militares
das três Forças Armadas para o exterior. O EB, nesse cenário, participa em missões
de Paz da ONU em vários continentes com destaque para África com emprego de
observadores militares, no Oreinte Médio/Ásia também empregando observadores
militares e com maior destaque na América Central onde lidera a MINUSTAH e
emprega tropa para a estabilização do Haiti.
Nesses diversos locais as exigências de terreno, clima e até mesmo culturais
exigem que o EB tire lições, como tirou com o envio da FEB durante a II GM e colha
ensinamentos diversoscom destaque para a logística, alvo desse estudo a fim de que
se desenvolvam e aprimorem fardamentos e equipamentos que constituem os Sup
Cl II compatíveis com as demandas da era da informação.
5.1.2 O ATUAL UNIFORME DE COMBATE E AS FUTURAS DEMANDAS
LOGÍSTICAS DO EB
Atualmente os uniformes em vigor no EB são regulados pelo RUE
(Regulamento de Uniformes do Exército), aprovado pela portaria Nº 806, de 17 de
dezembro de 1998. O RUE contém as prescrições sobre os uniformes do Exército
Brasileiro em suas disposições gerais e uniformes básicos e especiais, nas peças
complementares, insígnias, distintivos e condecorações, regulando sua posse,
composição, uso e descrição geral. Os anexos a este regulamento tratam da
descrição das peças integrantes dos uniformes e das peças complementares; das
prescrições relativas aos uniformes especiais dos estabelecimentos de ensino e dos
uniformes históricos adotados por Organizações Militares do Exército Brasileiro.
Segundo o RUE, o uso correto dos uniformes é fator primordial na boa
apresentação individual e coletiva do pessoal do Exército, contribuindo para o
fortalecimento da disciplina e do bom conceito da Instituição perante a opinião
pública, não citando, porém, a importância dos uniformes de combate para o
resultados de conflitos ou operações. Acrescenta-se ao enunciado acima que com
81
relação aos uniformes de combate o emprego, a previsão e uso correto dos uniformes
favorece a manutenção do moral, além de aumentar o poder relativo de combate e
higidez da tropa em campanha.
O 4° A1 é atualmente o único uniforme de combate usado pelo EB. É de posse
obrigatória para oficiais e praças tanto para gênero masculino como feminino e
apresenta a seguinte composição:
- Boina, gorro com pala camuflado, gorro com pala colorido, gorro de selva
ou chapéu tropical camuflado conforme seja determinado;
- blusa de combate camuflada;
- camiseta meia-manga camuflada;
- calça camuflada;
- cinto de náilon verde-oliva com fivela preta; e
- coturno.
O uso do uniforme 4º A1 está previsto para instrução, serviço interno,
atividades diárias, formaturas e em combate (FIGURAS 40 e 41).
O uso do uniforme 4 º A1 contempla atualmente todos os cenários em que o
EB atua bem como os possíveis onde ele poderá futuramente vir a ser empregado,
tanto internamente ao Brasil como no cenário internacional, nas mais diversas
possibilidades de missões e de emprego da tropa.
Isso se constitui em fator limitador da eficiência operativa uma vez que o atual uso do
uniforme de combate do EB, 4º A1 foi concebido para uso a partir da década de 1990
e prioritariamente para as condicionantes de clima tropical, sendo, portanto, uma
oportunidade de melhoria para as atuais e futuras missões em vista do EB, com
reflexos para a logística militar terrestre.
Assim, como já citado anteriormente, EB para cumprir tanto missões internas
ao território nacional como missões externas a fim de garantir a soberania, o
patrimônio nacional e integridade territorial, contribuir para a paz e a ordem social
bem como cooperar para a paz e a segurança intrenacionais, além de também,
participar da proteção dos interesses brasileiros nos diferentes níveis de projeção
externa do país deverá ter fardamentos e equipamentos a altura de operar em
qualquer ponto do planeta, nos mais diversos ambientes operativos com os mais
82
diferentes climas e exigências climatológicas. Diante desse amplo cenário de
emprego, surgem inúmeras possibilidades e diversificados ambientes de possível
envio de militares ou tropas que deverão estar além de preparadas e instruídas,
deverão estar devidamente equipadas e fardadas e de acordo com todas as
exigências que um futuro ambiente operativo pode exigir.
A atual fase de emprego do uniforme de combate do EB em muito se
assemelha a realidade em que vivia o EB antes da constituição e envio da FEB para
o TOM. O EB em 1940 trocou o regulamento de seus uniformes o que gerou
transformações nos seus uniformes inclusive os de combate. Logo depois, em 1943,
com a declaração de guerra pelo Brasil aos países do Eixo, houve a constituição da
Força Expedicionária para atuar em um TO que poderia ter tanto características
desérticas como as do norte da África como as do continente Europeu que tem
condições de inverno agravadas pela existência de terreno montanhoso, o que levou
a FEB a ter que expedir regulamento próprio de uniformes e a mudar radicalmente o
perfil de uniformes a serem empregados na Itália, deixando o EB com dois padrões
de uniformes em vigor.
Atualmente, se discute a(s)mudança(s) do 4° A1 as vésperas da constituição
de uma Força Brasileira com capacidade expedicionária para 2017. Contudo essa
realidade ocorre sem avaliar as condicionates das possíveis dos TO ou AOp que o
EB poderá vir a atuar bem como os seus reflexos para a constituição de novos
fardamentos e equipamentos de combate do EB.
O atual 4° A1 está em processo de revisão de sua funcicionalidade e
emprego pois apresenta as seguintes características :
Negativas:
-desbotamento prematuro;
-baixa resistência ao rasgo;
-desgaste prematuro nas regiões do joelho, cotovelo e fundilho;
-secagem demorada;
-baixa dissipação de calor;
-assaduras;
-pouca variedade de tamanhos;
-bolsos inferiores da blusa com pouca utilidade, quando se utiliza o cinto NA;
83
-falta de drenagem nos bolsos;
-regiões do joelho e cotovelo não oferecem proteção adequada;
-desgaste prematuro nas regiões do joelho, cotovelo e fundilho;
-cadarço de ajuste da blusa causa má apresentação e atrapalha o
movimento;
-falta de praticidade dos botões, além da inutilização do bolso, caso os
mesmos se desprendam;
-fechamento das mangas e golas ineficientes;
-falta de bolsos laterais e traseiros na calça; e
-falta de bombacha fixa na calça.
Positivas:
-padrão de camuflagem única para todo o EB;
-camuflagem adequada ao ambiente de selva;
-símbolo de reconhecimento do EB nacionalmente e internacionalmente
-bolso da manga esquerda permite guardar eficientemente e ter fácil acesso
a objetos pequenos de uso freqüente; e
-pregas nas costas facilitam a abertura dos braços.
O novo 4° A1 que já está sendo testado como se observa nos relatórios de
desempenho de material (RDM) realizados pelo Centro de Instrução de Guerra na
Selva (CIGS), Companhia de Precurssores Paraquedistas ( Cia Prec/ Bda Inf Pqdt)
foram verificados aspectos como rusticidade, conforto, ergometria, facilidade de uso,
facilidade de manutenção, acabamento, apresentação e tingimento do novo uniforme
de combate apenas para uso em ambientes em que a realidade e características de
emprego se assemelham apenas com as do clima tropical. Tal teste não preve a
possibilidade de emprego desse uniforme em condições como frio intenso, calor
extremo, aridez desértica, precipitação de neve ou resistencia a areia,.
Mais uma vez pode se repetir erros do passado com relação a troca de
uniformes e equipamentos. Erros que a história já ofereceu ensinamentos de como
não se fazer, levando assim recordar os ensinamentos logísticos da Guerra da
Triplice Aliança que não foram usados em Canudos e os da FEB que por hora são
esquecidos agora frente a busca de capacidade expedicionária do Eb para 2017..
84
Um dos Uniforme Especiais previstos no RUE é o para uso em região de
caatinga (FIGURA 42). Esse uniforme não é previsto para uso em combate pelo RUE
e sim para serviço em campanha. Essa pode ser mais uma oportunidade perdida de
se avaliar, testar e evoluir na direção de um uniforme de combate do EB para uso em
regiões desérticas em futuros TO ou A Op em que o EB venha a operar,
principalmente no contimente Africano.
Até 2017 o Estado-Maior do Exército, o Departamento-Geral do Pessoal o
Departamento de Educação e Cultura do Exército, o Comando Logístico, o Comando
de Operações Terrestres e o Departamento de Engenharia e Construção deverão ter
realizado estudo de viabilidade, emitido diretriz de implantação, realizado seminário
sobre força expedicionária (F Expd), elaborado da nota coordenação doutrinária,
aprovado declaração de escopo, elaboração da diretriz de experimentação doutrinária
e feito a experimentação doutrinária dessa F Expd. Todas essas fases do processo
de implantação serão oportunidades de correção de problemas e de aprimoramento
de soluções como o do estudo desse trabalho.
Para se obter melhores resultados e realizar economia de recursos financeiros
seria interessante que desde já os testes com uniformes de combate a serem usados
pelo EB em missões internas e externas já contemplassem os futuros ambientes
operativos que a Força poderá vir a ser empregada.
Há a possibilidade de missões de paz em países como o Congo ou República
Centroafricana onde os atuais uniformes do EB podem ser usados desde já e sem
maiores problemas pois as condicionantes se parecem com as condicionantes
tropicais do Brasil. Porém há demandas da ONU para países do Oriente Médio como
Líbano, Síria onde o uniforme 4° A1 pode vir a ser um fator a mais de desgaste para
o combatente brasileiro pois o uniforme de combate do EB oferece baixa proteção
tanto contra frio como para o calor de regiões com características climatológicas de
deserto.
O coturno preto com orifícios laterais servem para a realidade amazônica ou urbana,
isso em condições tropicais e não para o calor do deserto com a existência de areia
e pedras do deserto, bem como não oferece proteção em condições de clima de
baixas temperatura ou com precipitação de neve.
85
Ressaltase por fim que tanto no atual RUE e nos atuais RDM há uma grande
e destacada preocupação com a apresentação individual dos uniformes de combate
do EB, principalmente com relação ao desbotamento dos tecidos. Tal problema tem
sua importância e relevância porém, aspectos que gerem maior conforto, resistência,
camuflagem em ambientes diversos (Selva, Urbano, Montanha, Desérto e etc ..)
devem ser igualente observados e repensados.
(FIGURA 40): Uniforme 4º A1 EB.
Fonte: RUE
(FIGURA 41): uniforme
Fonte: RUE
(FIGURA 41): 4º A1 japona de campanha e capuz de lã
Fonte: RUE
de montanha
(FIGURA 42): uniforme
Fonte: RUE
de caatinga
86
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Caso o Brasil necessite enviar uma força expedicionárias para atuar em local
que se assemelhe as condicionantes climáticas que foram encontradas pela FEB
(inverno rigoroso, neve e montanhosa) ou em novas condições para emprego do EB
em regiões desérticas (calor, areia, frio, baixa umidade, etc..) essas experiências do
passado contribuem para que, atualmente, sejam tomadas medidas necessárias para
se ter fardamentos adequados, testados, aprovados aos novos ambientes operativos,
já licitados, estocados e com previsão de fornecedores credenciados e/ou
mobilizáveis.
A indústria nacional, na década 1940, tinha condições de fabricar materiais
adequados às novas exigências decorrentes das futuras demandas apresentadas
pelo TOM. As especificações de material da FEB foram copiadas dos EUA e
demoraram a chegar até as fábricas que não produziram material adequado para a
FEB, tendo portanto gerado um grande problema logístico para a FEB. Além de ter
fabricado tecidos com tonalidade semelhantes aos do inimigo, produzido material sem
especificação correta e, portanto, de baixa qualidade ainda eram inadequadas ao
inverno europeu. Atualmente a indústria têxtil brasileira possui enorme capacidade
tecnológica e parques fabris em condições de atender as diversas demandas que o
EB venha a ter em função de suas futuras demandas. A indústria nacional poderá vir
a sofrer, porém, concorrência desleal do indústria da RPC
pp
e isso pode diminuir a
qualidade do uniformes fornecidos, futuramente, à tropa brasileira e trazer novos
problemas ao EB.
Usar o conhecimento de outros países que operam seus Exércitos em áreas
com características climatológicas adversas é uma opção que o Brasil poderá fazer,
porém como recomendação deverá evitar dependência de material e uniformes de
outras nações e outros exércitos acostumados a serem empregados em áreas
climatológicas em que o Brasil não atua, assim como ocorreu em relação ao
fornecimento de material feito pelos EUA, por meio da PBS, no TOM, II GM.
pp
RPC : República Popular da China
87
Não há, hoje, em vigor um acordo internacional como o Lend Lease para
prover necessidades logísticas em local como o TO do mediterrâneo. Para uma
possível área de operações em que uma Força Expedicionária Brasileira, por ventura,
possa atuar, torna-se imperiosa a previsão de material adequado às futuras
demandas incluindo, nesse contexto, os uniformes ao perfil do soldado brasileiro
frente às condicionantes climatológicas da A Op.
Não é mais necessário que os uniformes do EB se baseiem em uniformes de
outros países como ocorreu na II GM. Deve sim aproveitar os ensinamentos colhidos
de suas próprias experiências bem como de outros exércitos tanto em doutrina como
no desenvolvimento de materiais dentre eles o dos uniformes e equipamentos, isso
para atender nas melhores condições as necessidades da tropa a ser empregada.
Os uniformes do EB, com sua atual padronagem de camuflagem VERDE-OLIVA,
é reconhecido internacionalmente. Isso garante ao Brasil o reconhecimento de seus
soldados nas várias parte do mundo onde é empregado. Isso leva a concluir que a
atual padronagem de camuflagem não deve ser trocada por pixel já testada pelo US
ARMY e descartada por não trazer resultados significativos quanto as vantagens não
recompensantes frente a detecção por instrumentos como ópticos ou eletrônicos pois
a observação humana detecta esse camuflado em combate aproximado.
A identificação do EB com o VO ocorre desde o início da década de 1930, quando
da adoção de novas cores de uniforme. O camuflado VERDE-OLIVA reflete grande
identidade do EB. Porém, apresentaria problemas de proteção térmica e visual se
usado em áreas muito quentes como as que tem desertos.
Por fim, o presente trabalho buscou nas experiências dolorosas da FEB os
subsídios para que as atuais e futuras gerações do EB possam superar os novos
desafios da era da informaçãoqq. A nova dinâmica das informações trazem reflexos
para todos os campos do poder, o quê gera necessidades cada vez mais urgentes
para os Estados, que confiam em suas Forças Armadas grande responsabilidade
qq
Era da informação: Nome dado ao período que vem após a era industrial, mais especificamente após a
década de 1980.
88
para solução de conflitos. Dessa maneira o EB deve buscar estar condições de
operar nos mais diversos ambientes existentes.
Assim, as conclusões desse trabalho procuraram resgatar no passado da FEB o
entendimento de experiências bem ou mal sucedidas para em fim gerar
recomendações para o atual processo de transformação em que o EB se encontra.
Rio de Janeiro, RJ, 15 de julho de 2014.
__________________________________________
IVAN CHRISTIE BARROS DE ARAUJO – MAJ INT
89
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