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DOSSIÊ TÉCNICO
Gemologia ao alcance de todos
José Maria Leal
Carolina Duarte Becattini
Victória Carolina Pinheiro Lopes
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais
CETEC
outubro
2007
DOSSIÊ TÉCNICO
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2
2 HISTÓRICO DAS GEMAS .......................................................................................................... 2
3 HISTÓRICO DAS GEMAS NO BRASIL ..................................................................................... 3
4 CONCEITOS DE GEMOLOGIA .................................................................................................. 5
5 DEFINIÇÕES............................................................................................................................... 6
5.1 Unidades gemológicas........................................................................................................... 6
6 GEMAS SINTÉTICAS E IMITAÇÕES ......................................................................................... 6
7 EQUIPAMENTOS GEMOLÓGICOS ......................................................................................... 10
8 GEMOLOGIA ECONOMICA ..................................................................................................... 14
8.1 O sistema de classificação das gemas de cor................................................................... 14
8.1.Peso ....................................................................................................................................... 14
8.2 Cor ......................................................................................................................................... 14
8.2.1 Matiz: ................................................................................................................................... 14
8.2.3 Tom: .................................................................................................................................... 14
8.2.4 Saturação: ........................................................................................................................... 14
8.3 Pureza .................................................................................................................................... 14
8.4 Lapidação/Acabamento ....................................................................................................... 16
8.5 Obtenção do Preço Referencial da Gema .......................................................................... 16
9 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DAS GEMAS .......................... 17
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 18
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 18
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1
DOSSIÊ TÉCNICO
Título
Gemologia ao alcance de todos
Assunto
Extração de gemas
Resumo
O Dossiê apresenta informações para empresário, empreendedores e profissionais do ramo de
pedras preciosas, abordando conceitos básicos de mineralogia e as principais propriedades
físicas dos minerais, pontos importantes para o conhecimento de uma gema, termo designado
para qualquer pedra ornamental de valor. Aborda, além dos conceitos fundamentais,
informações sobre os principais equipamentos gemológicos e os processos de identificação,
classificação e avaliação das gemas.
Palavras chave
Extração de gema; extração mineral; gema (mineralogia); refratômetro
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
As pedras preciosas na história da humanidade sempre foram palco das atenções, elas
impulsionaram o comércio, trouxeram riquezas e guerras. Por suas características intrínsecas,
de portabilidade, alto valor agregado, raridade, dureza, e atemporalidade, elas possuem extrema
beleza, e são cobiçadas pela humanidade através dos tempos.
2 HISTÓRICO DAS GEMAS
As gemas tem uma característica marcante na história da civilização.Contudo, seu valor em
épocas remotas não era o mesmo que lhe é atribuído hoje. Provas do valor dado as gemas são
facilmente enumeradas.
Um bom exemplo é a presença de lápis-lazúli e esmeraldas em túmulos egípcios, há também
referências bíblicas, como as doze pedras, representado as doze tribos de Israel, cravadas no
peitoral de Aarão, Sumo Sacerdote dos Judeus. No entanto, sobre o diamante, denominado
pelos orientais de ALMA, pela sua pureza e raridade, um dos mais antigos documentos
existentes é uma estatueta grega, do século V. a. C., atualmente no Museu Britânico, cujo dois
olhos são de diamante.
Cercados por uma visão mística e usados na aplicação medicinal , fato comprovado pelo uso em
larga escala por “amuletos mágicos” nas civilizações antigas, as primeiras informações que o
mundo ocidental teve das gemas iniciaram- se provavelmente, quando Alexandre Magno (356323 a. C.) conquistando o oriente da Pérsia à Índia, propiciou maior intercâmbio entre os povos,
divulgando as lendas criadas pelos orientais sobre as gemas.
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O início da era cristã é aceito pela grande maioria dos historiadores, como o inicio de um período
onde se estudou mais profundamente as gemas, devido ao grande comércio na época. Porém,
existia grande confusão nas denominações das gemas, fato determinado pela ausência de
testes específicos, sendo a cor o diagnóstico mais utilizado.
Os valores e usos atribuídos às gemas mudaram nos diversos períodos da história, sendo
marcante na Idade Média o uso das gemas em rituais e celebrações religiosas, visto a grande
influência e poder acumulados nas mãos da Santa Igreja Católica, padres e sacerdotes
adotaram a ametista como gema principal em seus adornos.
Os maiores valores mágicos e medicinais se restringiam ao diamante, à safira e à esmeralda
que, segundo o joalheiro e estudioso de gemas Benevenuto Cellini (1500 – 1571), poderiam ser
comparados, pela sua importância, á água, ao céu, ao fogo e à vegetação, respectivamente.(e o
rubi)
Pergaminhos gregos e romanos traziam inúmeros conhecimentos mágicos das pedras, como,
por exemplo: “aquele que beber vinho em um copo talhado em ametista, jamais ficará bêbado”.
Além desses “conhecimentos”, era comum a associação de gemas com os signos astrológicos,
para resguardar ou dar mais sorte ao portador desta.
De vários documentos antigos se extraem considerações medicinais sobre as gemas, algumas
delas bastante peculiares, sendo a prática do charlatanismo amplamente difundida.
O uso do cristal de rocha, quartzo, para a cura da dor de cabeça, do rubi, contra mordida de
cobra e da esmeralda contra a hemorragia, era prática normal na época. Além dessas e outras
gemas “medicinais”, os “remédios especiais”, feitos a partir da mistura do pó de diversas gemas,
eram também de efeito eficaz, preservando até os maridos da infidelidade das esposas.
Assim, a Idade Média marca a época da “oficialização” do uso de gemas como medicamento.
Essa prática persistiu amplamente até meados do século XVIII, não deixando, no entanto, de
existir dissidentes para, vez ou outra contestá-la, como o professor Tauvry, no seu “Tratado de
Matéria Médica”, no século XVII.
3 HISTÓRICO DAS GEMAS NO BRASIL
Na época do Brasil-Colônia, os viajantes, marcados pelo espírito aventureiro, viam nos tesouros
do oriente, principalmente as especiarias, o ouro, o diamante e as safiras, uma chama para a
renovação constante de suas aspirações. A descoberta dos grandes tesouros nas Américas
Central e do Sul levou os europeus a invadirem as civilizações Asteca e Inca, a pilharem seus
tesouros e a exterminarem sua cultura.
No Brasil não foram encontrados, à primeira vista, os tesouros do já afamado “Novo Continente”.
Os documentos de Pedro Vaz de Caminha à coroa relataram a existência de ouro e prata na
Colônia, sem apresentar provas de tais descobertas. Desiludidos pela falta desses metais, idéia
esta confirmada pela ausência dos mesmos em ornamentos e armas dos nativos, tinham os
portugueses que se contentar com a riqueza propiciada pelas valiosas madeiras e pela força
humana representada pelos índios.Voltaram-se, então, para a alternativa de procurar as
chamadas “pedras preciosas”, pois elas eram mais freqüentes entre os habitantes da nova terra.
Na segunda metade do século XVI tiveram início as Entradas e Bandeiras, no afã da descoberta
de esmeralda e ouro, que os nativos afirmavam existir no interior do continente. Designados por
Duarte da Costa, então Governador, a Entrada teve início em 1554, chefiada por Francisco
Bruza Spinosa. O roteiro dessa viagem por sinal bastante confuso, foi interpretado pelo
professor Capistrano de Abreu e pelo professor Pandiá Calógeras. Segundo esta interpretação,
a entrada se prendeu ao rio Jequitinhonha, chegando aos arredores de onde se localizam hoje
as cidades do Serro e Diamantina.
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Seguiram, então até o São Francisco, sendo impossível a continuação do percurso,
atravessaram a região entre o rio São Francisco e o rio Verde Grande, caindo na bacia do rio
Pardo, margeando-o até o encerramento da expedição.
Todo esse itinerário, cerca de 1800km, foi infrutífero para a descoberta de metais e gemas. Por
volta de 1568 houve nova investida, desta vez comandada por Martim Carvalho, incitado por
indígenas que levaram a Porto Seguro algumas pedras verdes. Percorrem o Jequitinhonha até a
altura da serra de Itacambira, descobrindo areias com pepitas de ouro (areias auríferas de Minas
Novas) e desceram o rio São Mateus.Como na entrada chefiada por Spinoza, os resultados
foram negativos. Não se deixando abater, a coroa ordena a Fernandes Tourinho nova
expedição.Esta se inicia ao norte do rio Doce, seguindo-o até a cabeceira do Caçoe, onde
encontraram turmalinas azuis (as falsas turquesas). Voltaram até a cabeceira do Itamarandiba
do Mato, onde eram abundantes as turmalinas verdes (falsas esmeraldas) as rubelitas,
indigolitas e berilos.Chegaram então até o rio Araçuaí e desceram depois do Jequitinhonha até o
oceano.
Dessas primeiras incursões chegou-se a uma gama de conhecimentos que poderiam ser assim
resumidos; jazidas de turmalinas, berilos, e águas-marinhas (identificadas na época como
esmeraldas, safiras e turquesas), localizadas na serra divisora das bacias do Mucuri,
Jequitinhonha, Rio Doce, e no Espinhaço, entre os rios São Francisco e Jequitinhonha.
Em 1672, cercada de uma flama patriótica, a aristocracia paulista se dispôs, pelos seus próprios
recursos, a percorrer continente adentro na pesquisa de gemas. O nome de Fernão Dias Pães
Leme é, sem dúvida, o mais importante dessa fase, iniciada em 1674, com a sua investida em
busca da “terra das esmeraldas”. A nova concepção empregada, ou seja, o estabelecimento de
roçado e trilhas, marcaram o real começo da colonização do interior.
Os Bandeirantes entraram pelas cabeceiras do rio Grande, passando pelo Ibituruna em direção
ao norte via rio Paraopeba. Atingiram o vale do rio das Velhas, seguindo até a localidade do
Serro. Chegaram às montanhas de Itacambira passando pelo vale do Jequitinhonha, subiram
pelo rio Itamarandiba, um tributário do rio Araçuaí, até chegarem nas “Montanhas das
esmeraldas”.
Um total de 128 gemas foram enviadas a Lisboa, em 1698, outros suprimentos de gemas foram
enviados para serem analisados por especialistas indianos. O veredito foi que as gemas não
eram esmeraldas autênticas.
Observando no mapa das Entradas, as gemas classificadas erroneamente como esmeraldas
concentram-se na região leste-nordeste do Estado de Minas Gerais. Ainda hoje, esta região é
importante economicamente pela abundância de seus depósitos e alto valor de suas gemas
exploradas até os dias atuais.
Se não bastasse o ouro e pedras preciosas exploradas pela coroa portuguesa, esta ficou ainda
mais extasiada quando descobriu pela primeira vez diamantes no Brasil no começo do século
XVIII.
Esta descoberta é atribuída oficialmente a Bernardo da Fonseca Lobo, em 1721, contudo outros
debitam o mérito a Sebastião Leme do Prado, que descobriu diamantes no rio Manso, um
tributário do rio Jequitinhonha, em 1725. A partir daí o Brasil passou a ser o maior produtor
mundial de Diamantes, com o Tijuco (atual Diamantina) o centro produtor.
Com a super produção de diamantes no Brasil, os preços caíram até 25%, forçando o governo
português a tomar rigorosas medidas no controle da produção.
Até o começo do século XIX, havia pequenas exportações das “falsas esmeraldas” contudo,
ouro e diamantes continuaram sendo descoberto nos riachos do Quadrilátero Ferrífero de Minas
Gerais, águas-marinhas e topázios principalmente na vizinhança de Ouro Preto.
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Pelo meio do século, o triângulo mineiro também se tornou importante fonte de diamantes de
alta qualidade e tamanho. Em 1853, foi descoberto nessa região o famoso Estrela do Sul,
pesando 245.5 quilates no estado bruto.
O final do século até as alturas da segunda grande guerra mundial a exploração no Brasil se
restringiu a ouro e diamantes. Durante esse período, foram descobertos novos campos
diamantíferos em Canavieiras na Bahia, Tibagi, Pitangui no Pará, e outros nos estados do
Amazonas, Pará, Amapá, e no rio Garças um tributário do rio Araguaia em Goiás.
Com a necessidade de produzir minerais estratégicos para a Segunda Guerra, a região
pegmática do nordeste do Brasil e Minas Gerais foram intensamente trabalhados, tornando-se
as primeiras fontes de pedras coradas. Atualmente, os pegmatitos de Minas Gerais, sul da
Bahia, oeste do Espírito Santo e o nordeste do Brasil são os mais importantes produtores de
gemas no país, colocando o Brasil como um dos maiores exportadores mundiais de gemas de
alta qualidade gemológica.
4 CONCEITOS DE GEMOLOGIA
A gemologia é um ramo da mineralogia que se refere à pesquisa dos materiais gemológicos,
sejam naturais ou produzidos pelo homem. Dentre esse estudo, podemos relacionar as
propriedades física, químicas e ópticas das gemas, técnicas utilizadas para síntese delas,
métodos aplicativos em sua identificação através de instrumentos gemológicos e avaliação, além
da lapidação e polimento.
Para um mineral ser gemológico deve possuir cinco atributos:
Beleza (cor, transparência, dispersão-brilhança ou fogo)
Durabilidade (dureza ≥ 7)
Raridade (taafeítta – Mg3Al8BeO16, violeta avermelhada, D = 8)
Moda (misticismo – gema de baixo valor)
Portabilidade (instabilidade econômica e período de guerra)
As gemas podem ser classificadas em duas categorias:
Materiais amorfos – materiais orgânicos, vidros e plásticos
Materiais cristalinos – minerais e as substâncias sintéticas
Naturais – orgânicas e inorgânicas
Sintéticas – amorfas e cristalinas
Algumas peculiaridades relacionadas às gemas:
• Âmbar – 1ª gema usada pelo homem;
• Pintura em túmulos egípcias = lapidação malaquita e lápis-lazúli;
- técnica rudimentar (5.000 a. C.),
- 4.700 a. C. – vidro,
- 2.000 a. C. – esmeralda,
- 1.922 achado o túmulo do Faraó Tutancâmon,
- Ágata – tingimento a. C. (método mais primitivo de tratamento de gema),
• Usado como Talismã = poder mágico, contra miséria, fantasma;
• Litoterapia: cura pela presença;
- Colocada na parte doente,
- Pulverizada e ingerida (Cleópatra = pérola moída),
• Astrologia = signo do zodíaco;
• Investimento: sobrevive a instabilidade política e econômica.
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5 DEFINIÇÕES
Gema: materiais que por suas propriedades físicas (cor, brilho, dureza, etc.), são usados como
enfeite pessoal ou ornamento. Atualmente não se deve os termos pedra preciosa e semipreciosa
e sim GEMA.
Nomenclatura das gemas: (1º Simpósio Internacional de Gemologia em Idar-Obertein-10/83):
Topázio Rio Grande = ametista queimada (citrino Rio Grande)
Titanita = óxido de titânio – TiO2
YAG = ítrio + alumínio +granada – Y3Al5O12
GGG = gadolínio = gálio = granada – Gd3Ga5O12
Zircônia cúbica = óxido de zircônio de estrutura cúbica – ZrO2
Fabulita = óxido de estrôncio e titânio – SrTiO3
5.1 Unidades gemológicas
A unidade básica de medidas das gemas é o “kilate” (quilate ou carat, ct).Definido como 1/5 do
grama (200mg) e não deve ser confundido com o termo “Kilate” (K) utilizado para a definição de
pureza do ouro.
Em 1907, o Comitê Internacional de Pesos e Medidas definiu o quilate como 0,20 gramas. Tendo
em vista o avanço do comércio de pedras pequenas, menores que um quilate, foi necessário
subdividi-lo em 100 “pontos”. Cada ponto corresponde à 2mg. Para se ter uma idéia da
equivalência entre peso e diâmetro, é apresentado na figura abaixo uma série de diamantes
talhados no tipo “lapidação brilhante”.
De maneira geral, uma gema é comercializada em quilate, quando lapidada e em gramas
quando em estado bruto. Bastante difundida para a confecção de jóias é a gema calibrada ou
milimetrada, que é separada por tamanho, utilizando-se, para tanto o paquímetro.
•
O quilate do ouro é usado em relação à quantidade de liga. O ouro puro é considerado
1000 ou 24 kilates, ouro 18 K é que em 24 partes de ouro 6 é de liga, ou seja, 75% de ouro e
25% de liga.
•
O ponto é usado mais para o comércio de diamantes, sendo 1 ponto equivalentes à 0,01 ct.
•
O grão é outra medida usada em gemologia.Usada principalmente no comércio de pérolas.
1 grão equivale a 0,25 ct, que é igual a 0,05g.
1 ct = 100 pontos = 0,2g = 4grão
6 GEMAS SINTÉTICAS E IMITAÇÕES
Gemas sintéticas são as que não se formaram por processos naturais, ou seja foram
sintetizadas pelo homem. Elas são fabricadas obedecendo à mesma composição química e
estrutura interna dos cristais naturais, obtendo as mesmas propriedades físicas, ópticas e
estrutura cristalina destes cristais. No entanto, algumas diferenças como impurezas e presença
de bolhas nestes cristais são notadas. As imitações são aquelas fabricadas para se parecerem
com as gemas naturais, não possuindo, no entanto, nenhuma propriedade semelhante às
destas. A gema reconstituída é formada por fundição ou sinterização de pequenos fragmentos
de material natural, usados como “semente”.
As primeiras tentativas de se sintetizar gemas foram causadas, possivelmente, pela escassez de
lápis-lazúli no Egito, aproximadamente no ano 4000ª.C., quando se tentou transformar esteatito
por aquecimento, em lápis-lazúli.
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Em 1837, Marc A. Gondin fundiu sulfato de potássio e alumínio e cromato de potássio, obtendo
cristais de rubi pelo processo denominado “fusão de fluxo” (flux fusion). Nessa época, foram
desenvolvidos processos de recristalização da esmeralda, processo que se usa parte da gema
natural (reconstituição).
As tentativas de sintetizar o diamante tomaram rumo certo em 1797, quando Smithson Tennant
descobriu que o diamante é constituído só de carbono (C). Em que 1955, a General Eletric
publicou oficialmente a descoberta da síntese dos diamantes, sendo estes de pequeno tamanho,
tendo o maior diamante sintetizado 6mm de diâmetro e 1ct, não sendo economicamente viável a
síntese de diamantes com a finalidade de gemas.
Há muitos substitutos do diamante, no entanto, nenhum consegue reunir todas as propriedades
desta gema. O espinélio sintético foi a primeira tentativa, produzido pelo processo “Verneuil”.
Sua dispersão é maior e apresenta dureza e índice de refração menor que o diamante. Quando
imerso em iodeto de metileno ou mesmo em água, apresenta relevo muito mais baixo que o da
gema natural.
O rutilo, óxido de titânio (TiO2) usado como substituto do diamante, principalmente na década de
50, é facilmente reconhecido pela grande dispersão (a maior de todas as gemas), birrefringência
e dureza (7 na escala de Mohs). Esse material foi vendido com os nomes de “Titânia”, “Diamante
Mágico”, “Titanium”, “Miridis” e outros.
As granadas naturais (QUADRO. 1) não são encontradas incolores, devido principalmente ao
ferro, sempre presente em sua estrutura. A síntese da estrutura da granada, como substituto do
diamante, é feita observando-se a substituição do silício pelo alumínio e do magnésio pelo írio. O
YAG (Ytrium Aluminium Garnet), também chamado “DIAMONAR”, tem a fórmula Y3Al5O12 e
alguns gemologista discordam de se enquadrar o YAG no grupo das granadas. A adição de
cromo na estrutura produz a cor verde, o manganês torna o vermelho, o cobalto o azul e o titânio
o amare1o. O YAG tem índice de refração, dureza e dispersão menores que os do diamante,
além de apresentar densidade em torno de 4,55. O YAG é também um cristal muito usado na
tecnologia de LASERS.
QUADRO 1
Material
Dureza
Diamante
10
Coríndon
9
YAG
8 – 8.5
YA10³
8 – 8.5
Espinélio
8
Zircão Cúbico
7.5 – 8.5
Zircão
7.5
GGG
6.5
Rutilo
6–7
Fabulita*
5–6
* Titanato de Estrôncio
I.R
2,42
1,76
1,833
1,988
1,72
2,15
1,92
2,02
2,60
2,41
BIR.
0
0,008
0
0,017
0
0
0,059
0
0,287
0
Dispersão
0,044
0,018
0,026
0,039
0,020
0,060
0,039
0,038
0,280
0,190
Fonte: ELWELL, 1979.
Outra granada, denominada GGG (Gadolinium Galium Garnet) foi sintetizada a partir da
substituição do írio, do YAG pelo gadolínio (Gd) e do alumínio pelo gálio (Ga), obtendo-se a
fórmula Gd3Ga5O12.Ela tem IR maior que o do YAG, e assim, mais próximo do diamante, tem
maior dispersão, mas apresenta dureza entre 6,5 e 7,0 bastante inferior à do diamante (vide
tabela acima).
O substituto do diamante, atualmente (entenda-se bem essa colocação do tempo), é o zircão
cúbico (zircônia cúbica, zirconita), que entrou no mercado de jóias em 1976. Sua sintetização se
baseia no material natural chamado zircão (ZrO2), de estrutura cúbica, que é preservada
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após resfriamento pela adição de um estabilizante. O zircão cúbico tem índice de refração de
2,15 a 2,17, próximo do diamante, dispersão de 0,060, também próxima dos 0,044 do diamante
e dureza ligeiramente inferior. A densidade deste é, no entanto, muito alta, em torno de 5,65,
mas, para gemas montadas, esta propriedade é difícil de se testar. O melhor teste de
identificação é feito pelo raio X, pois, esta irradiação num filme fotográfico mostra para o
diamante uma transmissão melhor que qualquer outra gema, por ser ele extremamente
transparente ao raio X.
A esmeralda, pela sua beleza, raridade e, daí, altos preços no mercado de gemas, despertou
interesse em sua sintetização. Foi a partir do berilo que se tentou, por um processo de
reconstituição, sua primeira síntese.
O processo em que se obteve resultados mais positivos se iniciou em 1911 no IG Farben
Industrie, na Alemanha, conseguindo vinte anos mais tarde, os primeiros cristais de esmeralda
sintética denominada “igmeralda”. O processo é uma fusão de BeO,Al2O3 e SiO2 dissolvidos
com molibdeto de lítio, tendo o produto valores de índice de refração, peso específico e dupla
refração mais baixos que os das gemas naturais.
As mais modernas sínteses de esmeraldas são divididas entre Caroll Chattan e Pierre Gilson. O
primeiro usa basicamente o processo do IG Farben Industrie, sendo o período para o
“crescimento” normal de aproximadamente um ano. No processo de Pierre Gilson, o
“crescimento” se dá na razão de 1mm por mês, durante nove, meses, para uma “semente” de
cristal de 4cm x 1mm. Mesmo não conhecendo os processos de síntese de esmeralda
profundamente, acredita-se que todas usam o “crescimento de fluxo” (flux grown) como base.
Para a diferenciação entre esmeraldas sintéticas e naturais pode-se, primeiramente, observar a
presença de inclusões ou não. As inclusões em gemas naturais, de uma maneira geral e
simplificada, são bi ou trifásicas (sólido, gás e liquido), apresentando inclusões de minerais como
pirita, mica, etc. Nas gemas sintéticas, são observadas inclusões bifásicas (sólido e gás) e
inclusões do mineral fenaquita.
A constância nos valores de densidade não é mantida para gemas naturais. Além disso,
esmeraldas sintéticas, fluorescem a vermelho sob ultravioleta, o que não acontece com as
gemas naturais. O exame minucioso das inclusões é o teste recomendado.
Bons exemplares gemológicos de água-marinha são encontrados com certa facilidade na
natureza. Portanto, o desenvolvimento do processo de síntese, embora seja o mesmo da síntese
da esmeralda, não foi acionado. Atualmente, são usados como substitutos da água-marinha,
topázio azul e incolor bombardeado, além do vidro.
A granada, como foi descrito anteriormente, pode ser sintetizada e obtêm-se boas cores, quando
se usa partes do YAG ou GGG e se introduz o manganês na sua estrutura. Depende também de
cotação no mercado para produzir sistematicamente esta gema.
A turmalina, um borossilicato complexo, já foi experimentalmente sintetizado usando-se o
método hidrotermal, obtendo-se turmalina de diversas cores.
A alexandrita, uma variedade de crisoberilo, teve sua síntese acelerada devido à escassez de
boas gemas naturais, fator sempre importante para se produzir ou não gemas sinteticamente. A
síntese desta gema foi feita primeiro pelo processo Verneuil e ultimamente pelo processo de
“crescimento de fluxo” (flux grown). A síntese da alexandrita se deveu em parte à sua aplicação
em LASERS.
O vidro foi, provavelmente descoberto há milhares de anos, havendo informações seguras de
que os egípcios já o usavam na imitação de gemas como esmeraldas, lápis-lazúli e turquesa. De
fato eles preferiram muitas vezes os vidros opacos, coloridos artificialmente do que as gemas
naturais de cores mais pálidas e transparentes.
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O vidro é composto de uma ou mais substâncias que se solidificam sem se cristalizarem, ou
seja, não apresenta estrutura interna ordenada. O material empregado nas imitações é o vidro
duro (flin glass), feito com a mistura de sílica, óxido de potássio e óxido de sódio, acrescentando
o agente de cor. São imitações principalmente do quartzo, berilo e topázio. É facilmente
detectado pelo brilho vítreo nas superfícies de fratura, pelo sentido de aquecimento quando no
contato com a mão, pela presença de bolhas esféricas, pela dureza em torno de 5,5 até 6,0 e
por apresentar também, linhas de fluxo.
O plástico, usado geralmente para imitar o âmbar, turquesa e esmeralda, é facilmente
identificado pela baixa dureza e densidade.
O doublet é um conjunto de duas partes de materiais diferentes ou não, com o intuito de imitar
determinada gema. Quando unidas as três partes, são chamadas triplet. Elas podem ser
cimentadas ou fundidas juntas, antes ou depois do talhe. Gemas compostas podem ser
constituídas de gemas naturais, imitação ou somente com parte que seja imitação.
O doublet de granada é bastante comum, com uma parte de almandina e vidro incolor no
pavilhão. A “esmeralda soldada” é um triplet formado de duas partes, de quartzo incolor e, entre
eles, o quartzo verde. A identificação do doublet e triplet pode ser feita pelo método da imersão,
onde ficam evidentes os planos de separação e as partes unidas.
A identificação de gemas compostas, usando-se a fluorescência, é também de grande efeito.
Quando iluminado com radiação de 2537 Å, o cimento da junção fluoresce distintamente das
partes.
É usado comumente o aquecimento de gemas para identificar ou mudar a cor e melhorar o
brilho. Muitas gemas naturais sofrem bombardeamento variados, para intensificar a cor mesmo
para imitar outra gema. A maioria destas gemas, quando sofrem outro aquecimento, ou mesmo
quando exposta à luz solar, perdem a cor intensa, voltando à cor original. O QUADRO 2, abaixo,
ilustra alguns tipos de gemas:
QUADRO 2
Tipos de gemas
Quanto a natureza da gema
Exemplos
1- Vidro
Berilo, coríndon, diamante
2- Rocha
Lápis- lazúli, obsidiana
3-Orgânicas
Pérola, coral, marfim, âmbar
4- Gemas sintéticas
Rubi, safira, esmeralda, espinélio
5- Imitação (substitutos ou similares)
Água Marinha/ Topázio Azul: zircônia
cúbica/diamante
6- Gemas reconstituídas
turquesa; coral
7-Gemas revestidas
esmeralda, rubi
8- Gemas tratadas termicamente
ametista, água marinha, turmalina
9-Gemas tratadas por irradiação (raios g)
topázio
10- Gemas tratadas por difusão
Safira
11- Gemas tratadas por tingimento
ágatas(+ 90% são tingidas)
12- Gemas tratadas por impregnação
esmeralda com óleo epóxi, (quartzo- verde
esmeralda)
13- Gemas tratadas com raios laser
inclusões sólidas resina
14- Métodos combinados
topázio azul – irradiação + térmico
15- Gemas compostas
doublets e triplets
16- Gemas falsas
vidros, plásticos, fabulita, YAG
Fonte: ELWELL, 1979.
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QUADRO 3
Características de materiais usados como imitações de gemas
Vidros
Plásticos
N entre 1,45 e 1,66
Pobre condutor de calor, é fria ao N entre 1,44 e 1,90
D entre 1,3 e 1,8
d entre 2,3 e 4, 5
toque, apresenta presença de
D=2
D entre 5 e 6
bolhas de gás e redemoinhos
Fonte: ELWELL, 1979.
7 EQUIPAMENTOS GEMOLÓGICOS
Existem inúmeros equipamentos para identificar as gemas, porém alguns são imprescindíveis
para a identificação. Podemos destacar alguns deles como:
PINÇA
É o equipamento mais simples, utilizadas para manusear as gemas, evita o contato das mãos
com estas.
FIGURA 1 - Pinça
Fonte: Hall, 2002.
LUPA
De uma ou duas lentes, com aumento de 10 x é o suficiente para o uso gemológico. Ela deve ser
acromática e aplanática. Muito eficiente para se observar inclusões, defeitos de lapidação e se a
gema é composta, isto é um doublet ou triplet.
FIGURA 2 - Lupa
Fonte: Hall, 2002.
DICROSCÓPIO
Consistem em um tubo metálico, uma lente e dois polarizadores. O de calcita é semelhante. Este
instrumento é utilizado para se observar as cores ou tons de pleocroísmo. Para as substâncias
anisotrópicas e não incolores podemos ter dois tipos de pleocroísmo.
FIGURA 3 - Dicroscópio
Fonte: Hall, 2002.
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QUADRO 4
Dicróicos
Turmalina Verde
n
nw=verde forte
nx=verde claro
tricóicos
Cordierita
Rubi
nw=vermelho forte
nx=vermelho
amarelado
nw=azul forte
nx=azul amarelado
Andaluzita
Safira
Kunzita
n
na=amarelo
nb=azul claro
ng=violeta escuro
na=vermelho
nb=verde claro
ng=cor de oliva
na=incolor
nb=rosa pálido
ng=cor de ametista
Fonte: Newmann, R. Gemstone Buying Guide
POLARISCÓPIO
O polariscópio é um aparelho para distinguir pedras isótopos, de pedras que mostram
birrefringência. O polariscópio é constituído pelas seguintes partes: uma fonte luminosa e duas
placas polarizadoras. Ao passar na placa polarizadora inferior a luz que chega da fonte luminosa
é polarizada: na placa Polaroid superior (“analisador”) a luz que sai da pedra (esta placa é
montada com sua direção de polarização perpendicular à da placa inferior).
FIGURA 4 - Polariscópio
Fonte: Hall, 2002.
Uma pedra examinada no polariscópio entre polaróides cruzados pode exibir os seguintes
fenômenos:
• A pedra mostra-se iluminada e permanece iluminada durante uma rotação de 360°.
Conclusão: A pedra é anisotrópica e é formada por um agregado de vários cristais
(agregado cristalino), ou é um cristal maclado
•
Durante uma rotação de 360° a pedra apresenta-se quatro vezes iluminada, alternadas com
quatro momentos, em que se apresenta, totalmente escura (extinta).
Conclusão: A pedra é anisótropatrópa, sendo esta constituída por um monocristal.
• A pedra apresenta um comportamento diferente dos descritos acima, isto é, um
comportamento birrefringente anômalo.
Conclusão: Na maioria dos casos, trata-se de uma gema isótropa, mas recomenda-se a
confirmação com a utilização de refratômetro.
REFRATÔMETRO GEMOLÓGICO
O refratômetro é o aparelho gemológico usado para medir os índices de refração das gemas. Ele
é baseado no ângulo crítico de reflexão total da luz. O índice de refração é a constante óptica
mais importante para a determinação (identificação) das gemas, e é uma propriedade com
importância diagnóstica.
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Por isso, o refratômetro será o instrumento mais usado na identificação das gemas, uma vez que
ele fornece um método relativamente rápido e de grande confiabilidade. A construção de um
refratômetro gemológico consiste nas seguintes peças:
FIGURA 5 – Refratômetro
Fonte: Hall, 2002.
1- Janela de entrada para a luz, vindo da unidade de iluminação;
2- Um sistema óptico (filtro de luz + prisma + escala + ocular + polarizador)
3- Corpo de vidro de alta refração
4- Escala calibrada para leitura do valor do (s) índice (s) de refração (colocada no caminho da
luz entre as lentes)
•
Funcionamento
A luz vindo da fonte monocromática amarela ou de um filtro de luz (comprimento de onda =
589mm) passa através do sistema óptico e do corpo de vidro de alta refração. No limite vidropedra (em rigor: vidro-líquido-pedra) a luz é refletida, totalmente, em função do ângulo crítico de
reflexão total da pedra (porque o índice de refração da pedra (np) é menor do que o vidro (nv) e
do líquido de contato).
O ângulo crítico é medido, mas o que é dado na escala calibrada não é o ângulo crítico, mas sim
o próprio valor do índice de refração da pedra.
Os raios refletidos totalmente, ou apenas parcialmente, são projetados pelo sistema de lentes
sobre a escala transparente, a qual é vista através da ocular. À parte da escala iluminada pelos
raios refletidos totalmente, ficará relativamente escura. O valor lido na posição da linha escura
divide a escala calibrada, representa o índice de refração.
•
Campo de aplicação do refratômetro:
O refratômetro permite os seguintes dados ópticos de uma gema, os quais apresentam um
grande valor de refração:
• A medição de índices de refração;
• A determinação se a pedra é isótropa ou anisotropa;
• A determinação da birrefringência (abirrefringência ou dupla refração é a diferença entre o
maior e o menor valor dos índices de refração da gema);
• A determinação do número de eixos ópticos (uniaxial ou biaxial) e se a gema anisotropa é
positiva ou negativa.
•
Uso do refratômetro
Examinando uma gema em diferentes posições no refratômetro, pode-se encontrar as seguintes
possibilidades:
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12
•
•
A gema mostra um único valor para o índice de refração (invariável). Conclusão: a pedra é
anisotrópica e uniaxial, pertence ao sistema cúbico ou é amorfa.
Obtêm-se dois valores dos índices nξ e nω dos qual um é constante (nω) e o outro é variável
(nξ) (existe a possibilidade de em uma dada posição, a gema apresentar uma única leitura).
Conclusão: a pedra é anistropa e uniaxial, pertence a um dos sistemas cristalinos seguintes:
tetragonal, trigonal ou hexagonal.
Para as pedras uniaxiais existem dois casos:
a) o caráter óptico da pedra é positivo se nξ > nω (nξ – nω > 0)
b) o caráter óptico da pedra é negativo se nξ < nω (nξ – nω < 0)
c) Obtém-se dois valores dos índices, que são ambos variáveis. (existe a possibilidade de em
uma dada posição, a gema apresentar uma única leitura) Conclusão: A pedra é anisotropa e
biaxial, (+) ou (-) e pertence a um dos seguintes sistemas: ortorrômbicos, monoclínico ou
triclínico.
Em pedras biaxiais existem três índices de refração principais α, β e γ. Embora existam apenas
dois raios polarizados, passando ao longo de uma direção no cristal, os três índices de refração
correspondem aos raios vibrando em três direções, mutuamente perpendiculares.
Por convenção: α < β < γ (β não é a média aritmética)
O caráter óptico, (+) ou (-), depende da relação do índice de refração médio (β) com os índices
de refração α e γ.
Regra: Se β estiver mais próximo de α do que de γ, o caráter óptico é positivo.
Se β estiver mais próximo de γ do que de α, o caráter óptico é negativo.
Para calcular β usamos a seguinte fórmula: β = Σα + Σγ/i
Sendo i = número dos valores medidos, ou seja, de leituras efetuadas.
Determinação do caráter óptico em pedras uniaxiais:
São feitas medidas com a gema em quatro ou cinco posições diferentes. Cada posição fornece
dois valores, um dos quais é constante e o outro é variável:
Exemplo
1- 1 – 1.618 – 1.638 ( o índice constante neste caso é o índice maior);
2- 1.620 – 1.638 (o índice variável neste caso é o índice menor
3- 1.622 – 1.638 (nξ = 1.618 e nω = 1.638
4- 1.619 – 1.638
5- 1.618 – 1.638
Birrefringência: A diferença entre o valor maior (1.638) e o valor menor (1.618) que é igual b =
0,020
1.638 – 1.618 b = 0,020
Caráter óptico: como neste caso nω é maior do que nξ , a gema é negativa.
Exemplo b):
1- 1.600 – 1.634
2- 1.600 – 1.630
3- 1.600 – 1.629 (como nessa pedra nω é o índice menor, a gema é positiva
4- 1.600 – 1.633 nω = 1.600 nξ = 1.634
5- 1.600 – 1.632
1.634 – 1.600 b = 0,034
Determinação do caráter óptico em gemas biaxiais.
Recomenda-se fazer medidas com a pedra em oito ou mais posições
Exemplo: 1- 1.550 – 1.580
2- .557 – 1.580
3- .560 – 1.568
4- .550 – 1.5670
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5- .555 – 1.581
6- .560 – 1.580
7- .550 – 1.588
8- .555 – 1.538
9 – .550 – 1.563
10 –.555 – 1.575
α = 1.550
γ = 1.588
γ - α = b = 0,038
β = Σα + Σγ/i
Σα + Σγ = 31.32
Σα = 15.55
Σγ = 15.77
i = 20
Σα + Σγ/i = 31.32: 20 = 1.566 → β = 1.566
β - α = 0.016 Como β está mais próximo de α do que de γ, a gema é positiva
γ- β = 0.022
8 GEMOLOGIA ECONOMICA
8.1 O sistema de classificação das gemas de cor
Assim como para os diamantes, a classificação de gemas de cor no mercado internacional utiliza
quatro fatores como base: o peso, a cor, a pureza e a lapidação.
8.1.Peso
O peso das gemas de cor também é expresso em quilates (ct = 0,2g).
8.2 Cor
Normalmente, a cor é o fator de maior importância na classificação das gemas de cor,
representando cerca de 50% do seu valor. O grau de cor é determinado pelo julgamento feito
sobre três aspectos básicos, definidores das cores:
8.2.1 Matiz: É o principal aspecto e se refere ao tipo de cor ou combinação de cores de uma
pedra. Exemplos: verde amarelado, verde azulado, azul esverdeado.
8.2.3 Tom: É a medida da cor no que se refere à sensação de claro-escuro. Outro termo usado:
Tonalidade. Geralmente é expresso em porcentagens.
8.2.4 Saturação: É a posição numa escala que se estende do vivido (vivid) ao sem vida (dull). (A
força, a pureza, a intensidade do matiz).
A melhor qualidade de cor é aquela que é bem distribuída na gema, não apresentando manchas
(zonas de cor); a saturação deve ser vivida, e o tom, o melhor conhecido no mercado para cada
variedade de pedra.
Para a graduação da cor, usa-se como referência o sistema Gem Set do GIA ou o GemDialogue
de Howard Rubin, que são indiscutivelmente os dois sistemas mais utilizados
internacionalmente.
8.3 Pureza
Esta é considerada o segundo fator para classificação e avaliação das gemas de cor,
representando aproximadamente 30% do valor da gema.
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Refere-se à ausência ou presença de inclusões e/ou imperfeições externas, sua qualidade e
quantidade, que interferem na diminuição da sua transparência e beleza da gema. O exame das
pedras deve ser feito primeiramente a olho nu e, posteriormente, com lupa de 10 aumentos.
Para o julgamento da pureza, as gemas são previamente classificadas em três grupos:
Grupo I:
Grupo II:
Grupo III:
QUADRO 5
Gemas que freqüentemente são encontradas puras ( sem inclusões)
Exemplos : água – marinha, turmalina verde e topázio
Gemas que normalmente apresentam pequenas inclusões ou
imperfeições internas.
Exemplos: safira, rubi, granada, alexandrita e rubelita
Gemas que raramente são encontradas puras ou sem imperfeições
internas.
Exemplos:turmalina vermelha e esmeralda
Fonte: DNPM, 2005
Isso significa que, por exemplo, uma esmeralda, que pertence ao Grupo III, receberá uma nota
máxima em pureza mesmo quando apresentar inclusões leves. Já uma água-marinha, do Grupo
I, só receberá nota 10 em pureza quando não tiver inclusões nem imperfeições externas
examinada com lupa de 10x. O quadro abaixo apresenta os graus de purezas das gemas de cor.
QUADRO 6
Grau de pureza
Descrição do grau de pureza
SI
Sem inclusões e sem imperfeições externas, quando examinada
sob a luz difusa, com lupa 10X.
IL
Inclusões leves ou muito pequenas, quando examinada com lupa
10X. Pequenas imperfeições externas.A categoria IL é descrita
como muito próxima da categoria SI.
IM
Inclusões moderadas que podem ser vistas facilmente com lupa
10X, e com pouca dificuldade a olho nu. Pequenas imperfeições
externas. Nesta categoria as inclusões ou imperfeições não podem
afetar a mesa da gema.
IA
Inclusões acentuadas, facilmente vistas a olho nu. Imperfeições
externas também são facilmente encontradas.
IE
Inclusões excessivas. Esta categoria envolve todas as gemas que
apresentam muitas inclusões e imperfeições externas, afetando
seriamente a beleza, a transparência e a durabilidade do material.
As gemas desta categoria são quase sempre translúcidas a opacas.
Fonte: DNPM, 2005
O quadro abaixo demonstra com clareza a variação na classificação dos graus de pureza entre
as gemas do grupo I, II e III.
QUADRO 7
VARIAÇÃO DOS GRAUS DE PUREZA DOS GRUPOS I, II E III
Grupo/ Pureza SI
IL
IM
IA
IE
Grupo I
+++++++++++++++++++++++++++++++++++
Grupo II
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Grupo III
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Fonte: DNPM, 2005
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8.4 Lapidação/Acabamento
Finalmente, a lapidação e acabamento é o fator de menor peso na classificação das gemas de
cor, representando 20% do total. Na lapidação devemos considerar diversos aspectos, tais como
as proporções, a simetria e o acabamento final.
Para julgamento das proporções, tomamos como base os seguintes itens:
• Contorno bem balanceado;
• Boa proporção entre o comprimento e a largura;
• Perfil bem equilibrado;
• Porcentagem da altura total (o total não deve ultrapassar 65%);
• Altura da coroa e profundidade do pavilhão (1/4 a 1/3 deve ser acima do rondízio e 2/3 a ¾
deve ser abaixo do rondízio);
• Excesso de peso no pavilhão;
• Tamanho da mesa;
• Brilho.
Para o julgamento do acabamento, consideramos as características da superfície da gema que
não foram levadas em consideração quando da classificação da pureza.
Para a classificação da simetria, são examinados a forma, a posição e o arranjo das facetas.
8.5 Obtenção do Preço Referencial da Gema
Para se obter o preço referencial da gema é necessário que se analise a sua cor, pureza e a
qualidade de sua lapidação/acabamento, dando-se uma pontuação ou nota de 01 a 10,
conforme os critérios a seguir descritos. Após definidas, as notas devem ser multiplicadas pelo
percentual correspondente a cada item, ou seja, Cor = 50%, Pureza = 30% e Lapidação = 20%.
São os seguintes os critérios da Classificação utilizados:
Excelente ou extra (notas de 8 a 10)
Quanto à cor: Matiz puro e uniforme. Brilho intenso
Quanto a pureza: Gemas do Grupo I: Minúsculas inclusões invisíveis a olho nu e pouco visíveis
com lupa de 10x.
Gemas do Grupo II: Pequenas inclusões pouco visíveis a olho nu e visíveis com lupa de 10x.
Gemas do Grupo III: Pequenas e pouco acentuadas inclusões visíveis a olho nu e, obviamente,
também com a lupa de 10x.
Quanto à lapidação: Boas proporções, simetria perfeita, culaça bem centrada, bom polimento,
facetas bem colocadas, sem estarem remontadas
Boa ou primeira (notas de 6 a 8)
Quanto a cor: Matiz puro com algum desvio de tom, de mais intenso para o mais
claro(manchas). Brilho intenso.
Quanto a pureza: Gemas do Grupo I: Minúsculas inclusões aparentes com lupa de 10x
dificilmente visíveis a olho nu.
Gemas do Grupo II: Inclusões bastante aparentes com lupa de 10x e facilmente visíveis a olho
nu.
Gemas do Grupo III: Inclusões bastante aparentes a olho nu.
Quanto à lapidação: Pequenas variações nas proporções, nas linhas de simetria (rondízio) e
pequena janela na mesa, quando vista pela coroa.
Segunda ou média (nota de 4 a 60)
Quanto à cor: Muito clara ou muito escura. Pouquíssima saturação, ou em excesso (quase
incolor ou quase toda preta). Translúcida a opaca.
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Quanto à pureza: Gemas do Grupo I: Inclusões visíveis a olho nu, facilmente visíveis com lupa
de 10x.
Gemas do Grupo II: Inclusões acentuadas vistas a olho nu.
Gemas do Grupo III: Muitas inclusões vistas a olho nu, tornando a gema translúcida ou opaca.
Quanto à lapidação: Grandes variações de simetria, com proporções distantes do ideal
Polimento fraco.
Exemplo prático para indicação do preço referencial de uma gema a ser analisada:
Esmeralda com peso de 2 quilates.
Nota para a cor
8 x 50% = 4.0
Nota para Pureza
8 x 30% = 2,4
Nota para Lapidação
6 x 20% = 1,2
Total:
7,6
Depois de encontrada a nota final (7.6) que reflete a sua qualidade do ponto de vista
comercial.Deve-se encontrar, no quadro correspondente ao tipo da gema examinada, a linha
horizontal que demonstra o peso da gema (neste caso 2 quilates) até o encontro desta com a
coluna correspondente à qualidade da gema (7.6). Existe no Brasil o Boletim Referencial de
Preços, editada em parceria do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), órgão
governamental ligado ao Ministério das Minas E Energia e O Instituto Brasileiro de Gemas E
Metais Preciosos (IBGM), órgão ligado aos exportadores brasileiro de pedras e metais preciosos.
A nível internacional, existe o The Guide, editado nos Estados Unidos da América.
NOTA: Os valores apresentados no quadro abaixo servem somente para exemplo e as cotações
são em dólares americanos (U$), POR QUILATE.
QUADRO 8
CABOCHÃO
FRACA
(TTERCEIRA)
NOTAS DE 2-4
20
MÉDIA
(SEGUNDA)
4-6
30
de 0.50 a 0.99
ct
1 a 2.49 ct
30
50
3 a 4.99 ct
50
75
5 a 7.99 ct
60
100
Fonte: Boletim Referencial de Preços - DNPM
BOA
(PRIMEIRA)
6-8
150
EXCELENTE
(EXTRA)
8-10
460
300
480
600
1000
1300
1500
Teremos portanto, para a nossa pedra, um valor referencial de U$ 300,00 por quilate.
Como nossa gema exemplo pesa 2ct, teremos conseqüentemente o preço final de U$ 600,00 (2
ct x U$ 300,00).
9 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DAS GEMAS
Para a execução da classificação de gemas de cor ou de diamantes é essencial possuir o
equipamento correto.A baixo indicamos uma lista dos equipamentos básicos:
microscópio gemológico ou lupa de 10x;
1. Lupa de 10 aumentos (aplanática/acromática);
2. Iluminação fluorescente específica (imitando luz do dia) e incandescente;
3. Sistema de graduação da cor – (GemSet. Do GIA ou o GemDialogue, de Howard Rubin);
4. Balança de precisão;
5. Balança hidrostática para determinação da densidade de gemas;
6. Micrômetro;
7. Calculadora;
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Para a classificação dos diamantes, adicionar ainda os seguintes equipamentos:
8. Conjunto de pedras-padrão (masterstones) para classificação da cor dos diamantes;
9. Proporcionoscópio de mesa do diamante;
10. Régua para medição da mesa do diamante;
11. Canetas de tinta vermelho, verde e preto;
12. Diagramas com várias formas de lapidação;
13. Folhas de trabalho específicas para diamante.
Conclusões e recomendações
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A metodologia acima descrita e os critérios utilizados se basearam, em grande parte, em
trabalhos traduzidos de informativos internacionais e adaptado para o mercado brasileiro pelo
gemólogo Walter Martins Leite, diretor da Câmara de Gemas do IBGM , e pela Gemóloga do
IBGM/AJORIO Ângela Carvalho de Andrade.
Referências
REFERÊNCIAS
BIOMICRO. Polariscópio. Disponível em:<http://www.funbec.com.br/>. Acesso em: 22 jul. 2007.
DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL- DNPM. Boletim Referencial de
Preços 2005.
ELWELL, D. Man made gemstone. Acta Crystallographica - Section A. s.l. v. 36, n. A36; 1979.
GIA INSTRUMENTS & BOOKS. Product catalog. Disponível em:
<http://www.gia.edu/geminstrument/mySearchResults1.cfm?CategoryID=0|Catalog>. Acesso em:
22 jul. 2007.
Hall, Cally. Smithsonian handbooks gemstones, New York, NY, Dorling Kindersley. 2002.
Newman, Renée. Gemstone buying guide, Los Angeles, CA, International Jewelry Publications,
1998.
ZIMBRES, Eurico. Dicionário livre de geociências. Disponível em:
<http://dicionario.pro.br/dicionario/index.php?title=Gemologia>. Acesso em: 22 jul. 2007.
Nome do técnico responsável
José Maria Leal - Engenheiro Geólogo, especialista em Gemologia, Mestre em Geologia
Econômica e Doutorando em Engenharia dos Materiais.
Carolina Duarte Becattini - Bolsista de Iniciação Científica do 6º período do Curso Design de
Produto - UEMG.
Victoria Carolina Pinheiro Lopes - Bolsista de Iniciação Científica do 6º período do Curso Design
de Produto - UEMG.
Nome da Instituição do SBRT responsável
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC
Data de finalização
17 out. 2007
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