ARTIGO 2 com ilustrações FINAL
Transcrição
ARTIGO 2 com ilustrações FINAL
Scientia Plena Jovem VOL. 2, NUM. 01, Pag. 01-09 2011 www.scientiaplenajovem.com.br ISSN 2237-8014 INFLUÊNCIA DA LUZ NO MECANISMO DE GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE SEMENTES DO FEIJÃO FRADINHO (VIGNA UNGUICULATA, L.) Ayslan Monteiro Santos1; Elisa Silva Lucas1; Lucas Simão Santos1; Nailson Silva Menezes Júnior1; Paula Raianny Santos Cardoso1; Ana Caroline Pereira Gomes2 1 Alunos do terceiro ano do ensino médio, Colégio Pio X, Aracaju - SE, Brasil 2 Professora facilitadora <[email protected]>, Aracaju - SE, Brasil RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve como objetivo estudar a germinação e desenvolvimento das sementes de feijão fradinho em diversas condições de luminosidade. As sementes foram depositadas em 3 recipientes, os quais ficaram estrategicamente situados em locais propícios às condições de luminosidade (na janela, dentro do armário e outro perto de uma fonte luminosa artificial). Houve germinação tanto nos recipientes mantidos no escuro como nos que recebiam luz, porém as taxas de germinação variaram. As sementes submetidas aos ambientes sem iluminação e com iluminação natural apresentaram maiores índices de germinação e as sementes mantidas no escuro obtiveram maiores taxas de crescimento. This work aimed to study the germination of caupi beans in different lighting conditions. The seeds were placed in three recipients, which were strategically located in areas prone to lighting conditions ( on the window, inside the cabinet and the other near an artificial light source ). There were both germination containers kept in the dark as that were light, though germination rates varied. (Germination was affected according to the location of the recipient). Seeds subjected to environments without lighting and daylight showed higher rates of germination and the seeds kept in the dark had higher growth rates. PALAVRAS-CHAVE: Feijão Caupi, luminosidade, ensino médio. KEYWORDS: light, Caupi Bean, high school. Scientia Plena Jovem 1. INTRODUÇÃO O feijão caupi é uma cultura muito importante. Ela é utilizada na alimentação de grande parte da população brasileira, principalmente nas populações rurais, fazendo com que seja produto de alto valor social e econômico. É muito difícil classificar essa espécie devido à grande variabilidade genética que esta possui. [...] a classificação cientificamente aceita é que o feijão-caupi é uma planta Dicotyledonea, da ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae, subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna, secção Catyang, espécie Vigna unguiculata (L.) Walp. e subespécie unguiculata (VERDCOURT, 1970; MARÉCHAL; MASCHERPA; STAINIER, 1978; SMARTT, 1990; PADULOSI; NG, 1997 apud FILHO et al. 2011). Uma das variedades de feijão caupi é o feijão fradinho, que é assim chamado nos estados de Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro e é muito importante na culinária, presente na preparação do Acarajé, prato típico da Bahia. Esse tipo de feijão é caracterizado por apresentar “[...] grãos brancos com coloração preta ou marrom ao redor do hilo [...]” (VIEIRA, 2001). O Brasil é o terceiro produtor mundial de feijão caupi, com 1,5 milhões de hectares cultivados e produção de 492,3 mil toneladas com destaque para as regiões Norte e Nordeste (MACHADO et al., 2010). 1. INTRODUÇÃO Alguns fatores como, luz, temperatura, água, oxigênio são importantes para proporcionar a germinação, crescimento e desenvolvimento dos vegetais. A água é o fator inicial determinante na germinação das sementes e a temperatura influencia na velocidade da germinação (SANTOS et. al., 2007). A luz é um dos mais importantes fatores ambientais responsáveis pela superação da dormência de sementes de muitas plantas (KLEIN; FELLIPE, 1991). Ela controla processos de desenvolvimento da plantinha e também influencia na floração (KENDRICK; FRANKLAND, 1981). A relação entre luminosidade e germinação varia de acordo com a espécie. “[...] o fitocromo é o pigmento receptor responsável pela captação de sinais luminosos que podem ou não desencadear a germinação das sementes” (NETO et. al., 2003). Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo analisar a influência da luz na germinação e crescimento de sementes de feijão fradinho em três diferentes situações de luminosidade. 2. MATERIAL E MÉTODOS Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos pertinentes ao assunto que auxiliassem no desenvolvimento do trabalho. Foram distribuídos entre os alunos participantes desse trabalho trechos selecionados de nove artigos científicos publicados em revistas científicas brasileiras. Após a leitura foi realizada uma discussão em grupo para a fundamentação teórica sobre o feijão caupi e para o levantamento dos problemas que poderiam ser abordados e das estratégias experimentais que poderiam ser utilizadas. Definido o experimento, foram separados 60 pedaços de papel higiênico (dimensões de 10 cm x 10 cm) e cada um deles foi dobrado ao meio duas vezes. Em seguida, esses pedaços foram utilizados para forrar o fundo de quinze copos descartáveis de 200 mL (para cada copo foram usados 4 pedaços de papel). Dentro de cada copo foram adicionados 3 mL de água para umedecer o papel. Em seguida, cinco sementes de feijão fradinho foram depositadas em cima do papel umedecido, totalizando 75 sementes. Os quinze copos foram distribuídos em três grupos de cinco. Um grupo foi colocado dentro de um armário – representando um ambiente escuro – outro sobre um suporte próximo a uma janela – um local com iluminação natural – e os outros cinco copos foram deixados em cima da bancada de uma sala com iluminação artificial durante sete dias. 2. MATERIAL E MÉTODOS As sementes eram umedecidas diariamente de acordo com a necessidade de cada recipiente e verificado o estado de germinação das sementes em cada situação de luminosidade, analisando a taxa de crescimento, que era verificada com o auxílio de uma régua milimetrada. Foram anotadas também as colorações do caule e das folhas ao longo da semana. As taxas de crescimento e coloração foram medidas em todos os indivíduos que nasceram das sementes que germinaram após os sete dias. Os dados foram organizados numa planilha e os alunos calcularam as médias aritméticas dos tamanhos das plantas de cada grupo avaliado. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após 7 dias GERMINAÇÃO 25 sementes sem luz Com o passar dos dias foi observado que as sementes que não receberam iluminação apresentaram maior velocidade de germinação em relação aos outros dois ambientes (iluminação natural e iluminação artificial). “Estes efeitos da luz podem ser vistos como variações na proporção de sementes que germinam e como variações no tempo que levam as sementes para germinar” (ENDRICK; FRANKLAND, 1981). No segundo dia do experimento, das 25 sementes utilizadas para cada tipo de luminosidade, a taxa de germinação foi, respectivamente, de 16 sementes no escuro (64%), 8 na luz natural (32%) e 3 na luz artificial (12%). A coloração das plantas também apresentou variações de acordo com o local de iluminação. As plantas submetidas à iluminação natural e artificial apresentaram a cor verde, já àquelas que não receberam luz quase não apresentaram coloração, com caules brancos e folhas verde-amareladas. Essa variação deve-se ao fato das plantas produzirem clorofila em resposta à incidência da luz, o que não ocorreu nas plantas desenvolvidas em ambiente escuro. Após os sete dias, das vinte e cinco sementes colocadas em um ambiente sem iluminação, 22 germinaram (88%). No ambiente com iluminação natural a germinação foi verificada em 21 sementes (84%). Já no local com iluminação artificial apenas 12 sementes germinaram (48%). Os resultados também apontaram que tanto o ambiente natural quanto a luz artificial são capazes de desencadear o processo de produção de clorofila. x 22 25 sementes com iluminação natural x 21 25 sementes com iluminação artificial x 12 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após 7 dias CRESCIMENTO Sem luz Outra característica analisada foi o crescimento das plantas e isso foi avaliado medindo o tamanho destas ao final do experimento. Nessa análise verificou-se que as plantas do ambiente sem iluminação apresentaram crescimento mais rápido, atingindo uma altura maior, talvez isso seja uma resposta da planta à falta de luminosidade. Esse crescimento exagerado pode ser entendido como uma vantagem adaptativa, pois plantas que vivem enterradas, por exemplo, ao desenvolverem o seu caule apresentam maior chance de atingir a luminosidade. Essa característica associada ao crescimento elevado do caule caracteriza um fenômeno chamado estiolamento. Além disso, foi observado um fraco desenvolvimento foliar nas plantas mantidas no escuro. A média de tamanho das plantas submetidas a ambiente escuro foi 31,02 cm. O ambiente com iluminação natural apresentou uma média de 4,4 cm. Já no ambiente com iluminação artificial a média foi de 15,49 cm. 31,02 cm Iluminação natural Outra observação feita no experimento diz respeito à direção do crescimento das plantas de feijão caupi que recebiam luz. Elas cresciam em direção à fonte luminosa, processo conhecido como fototropismo positivo. 4,4 cm Iluminação artificial 15,49 cm 4. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos, conclui-se com esse experimento que a germinação do feijão fradinho não depende tanto das condições de luminosidade presentes, visto que as sementes germinaram tanto no escuro como na presença de luz, que por sua vez, influenciou mais efetivamente na coloração e no crescimento das plantas. 5. REFERÊNCIAS 1. FERREIRA at al. Germinação. Porto Alegre: Artmed, 2004. 2. FILHO et. al. Produção, melhoramento genético e potencialidades do feijão-caupi no Brasil. Disponível em < http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/39360/ 1/Producaomelhoramento.pdf>. Acesso em: 01 de out. 2011. 3. KENDRICK, R. E.; FRANKLAND, B. Fitocromo e crescimento vegetal. São Paulo: EPU: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1981. 76 p. 4. KLEIN, A.; FELIPPE, G. M. Efeito da luz na germinação de ervas invasoras. Disponível em < http:// http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/AI-SEDE/20963/1/pab05_jul_91.pdf >. Acesso em: 01 de out. 2011. 5. MACHADO et. al. Manejo da Rizoctoniose do caupi com rotações de cultura. Disponível em < http://www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0001/R0448-2.PDF>. Acesso em: 01 de out. 2011. 6. NETO, J. C. A.; AGUIAR, I. B.; FERREIRA, V. M. Efeito da temperatura e da luz na germinação de sementes de Acacia. Revista Brasil. Bot., V.26, n.2, p.249-256, jun. 2003. 7. SANTOS et al. Ecofisiologia da germinação de sementes de Lonchocarpus guillemineanus (Tull.) Malme. IF Sér. Reg., São Paulo, n. 31, p. 179-183, jul. 2007.