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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL
Levantamento dos riscos ergonômicos em
camareiras de um hotel em São José dos Campos
Carolina Sandes Bueno
São José dos Campos – SP
2012
CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL
Levantamento dos riscos ergonômicos em
camareiras de um hotel em São José dos Campos
Carolina Sandes Bueno
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Centro de
Estudos Firval, como exigência
parcial para obtenção do título de
Especialista em Fisioterapia do
Trabalho.
Orientadora: Drª. Joice Lamin
Teodolino
São José dos Campos – SP
2012
Bueno, Carolina Sandes
Levantamento dos riscos ergonômicos encontrados
em
camareiras
de
um
hotel
em
São
José
dos
Campos/Carolina Sandes Bueno – São José dos Campos,
2012
90p.
Registro nº
1 - Riscos Ergonômicos. 2 – Camareiras.
FOLHA DE APROVAÇÃO
A monografia
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Elaborada por
........................................................................................................................................
Orientada por
.......................................................................................................................................
(
) aprovada
(
) reprovada
pelos membros da banca examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e
Tecnologia - Unisaúde/Cefirval, com conceito.......................
São José dos Campos, 20 de janeiro de 2012.
Nome:....................................................................................................................
Titulação:...............................................................................................................
Assinatura:.............................................................................................................
Nome:....................................................................................................................
Titulação:..............................................................................................................
Assinatura:.............................................................................................................
Agradeço este trabal ho primeiramente ao Criador
de todas as coisas e criaturas, pela sua Sabedoria por
fazer do ser humano a melhor de suas criações dando a
ele o poder do conhecimento e assim usar da sua
inteligência em prol de um bem maior, o bem do
próximo. O Deus ao qual eu sirvo, adoro e em quem eu
deposito toda a minha confiança. À minha família pela
confiança, apoio e dedicação. À minha amiga e
orientadora Joice Lamin por fazer parte de mais esta
etapa rumo ao sucesso, à minha cunhada Michele pela
ajuda na tradução dos textos em inglês e em especial às
duas preciosidades que Deus na plenitude do seu amor
por mim, me presenteou, primeiro com meu noivo Paulo
(obrigada por me ajudar a ser a melhor pessoa que
posso ser), e através dele me permitiu viver a melhor
experiência da minha vida, ser a mãe do Davi. Obrigada
filho por encher a minha vida de luz, a Luz do Senhor
que brilha através de você e ilumina todos nós. Amo
vocês.
Dedico este trabalho ao amor maior e mais puro que já
conheci, meu filho Davi, me u futuro esposo Paulo Perretti, por todo
o carinho desprendido e incentivo ao meu crescimento pessoal e
profissional, a minha amiga e orientadora, Joice Lamin por fazer
deste trabalho a concretização e o início da realização de um
sonho e por fim, mas não menos importante, meus pais Maria e
Edmir por me darem a vida através do milagre de Deus, pela
paciência e apoio durante toda esta jornada.
Epígrafe
“ Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do seu
futuro que deixa de existir”
Steve Jobs
RESUMO
Este trabalho estudou o apontamento dos principais riscos ergonômicos aos quais
estão expostas camareiras de um hotel localizado na cidade de São José dos
Campos. Os levantamentos foram baseados na NR-17, classificação dos Riscos
Ergonômicos pela aplicação de questionário de avaliação psicofisiológica do
trabalho e questionário bipolar a fim de confrontar os dados obtidos com as
evidencias fotográficas. Enfatizou-se para a análise, os movimentos de maior
frequência e desconforto, posturas incorretas, bem como a utilização correta ou não
de EPI´s e ferramentas de trabalho, suas consequências e custos humanos. A
pesquisa revelou que dentre as 18 camareiras entrevistadas, 90% queixaram-se de
dores no ombro direito durante a lavagem do box dos banheiros e lombar ao trocar
as roupas de cama e lavar a sacada, 70% nas mãos e punhos devido ao sistema de
burrifação e a pega do carrinho. Conclui-se desta forma que através do parecer
ergonômico e de algumas modificações que podem ser incorporadas à organização
do trabalho, como adaptações simples e treinamentos periódicos os riscos
ergonômicos podem ser neutralizados, oferecendo maior qualidade de serviço e
preservação à integridade física e econômica tanto da empresa quanto das
funcionárias.
Palavras chave: Riscos ergonômicos. Camareiras.
ABSTRACT
Thispaper studies the pointingof the mainergonomic hazards hotel waitress are
exposed to in a hotel located in São José dos Campos. The surveys were based on
NR-17, classification of Ergonomic Risk, a questionnaire evaluation of the
psychophysiological work and bipolar questionnaire to compare the data obtained
with the photographic evidence.It was emphasized in the analysis, the movements of
greater frequency and discomfort, poor posture, and the use correct or not EPI's
tools, its consequences and human costs. The survey revealed that among the 18
maids interviewed, 90% complained of pain in his right shoulder during the cleaning
of the Box back to the toilets and changing the bed linen and wash bay, 70% in the
hands and wrists due to washing system and takes the stand. The conclusion is thus
that by the opinion and some ergonomic changes that can be incorporated into the
organization of work, as simple and periodic training adaptations ergonomic risks can
be neutralized by offering higher quality service and preserving the integrity of both
the physical and economic company and the employees.
Key Words: Ergonomic risk. Waitress
Sumário
1 Introdução.......................................... ............................. 8
2 Justificativa............................................................ ....... 16
3 Objetivos................................................................ ....... 18
4 Hipóteses......................................... ............................. 20
5 Revisão de Literatura..................................................... 21
6 Patologias Inflamatórias................................................. 3 9
7 Patologias Compressivas Nervosas.............................. ... 44
8 Outras Patologias.......................................................... 4 7
9 Quadro Clínico e Estágios Evolutivos.............................. 51
10 Papel da Fisioterapia nas Empresas.............................. 5 4
11 Análise Ergonômica do Trabalho................................... 5 6
12 Metodologia................................................................. 5 8
13 Dados gerais sobre o Hotel e sua população de trabalho.5 9
14 Organização do Trabalho....................................... ....... 60
15 Resultados................................................................... 6 4
16 Discussão.................................................................... 6 9
17 Conclusão e Parecer Ergonômico.................................. 72
Referências bibliográficas.................................................. 7 6
Anexos............................................................................. 81
ANEXO
A
Tabela
de
Classificação
dos
Riscos
Ergonomicos...................................... .............................. 81
ANEXO B - Questionário de Avaliação Psicofisiológica do
Trabalho........................................................................... 84
ANEXO C – Norma Regulamentadora NR17........................ 8 7
ANEXO D – Questionário Bipolar....................................... 94
8
1 Introdução
A empresa hoteleira tem o seu desempenho fundamentado no
contingente de funcionários que operacionalizam as suas atividades produtivas, uma
vez que como qualquer outra organização prestadora de serviços, a sua eficácia
está relacionada aos cuidados e diferenciais dispensados a sua clientela. Assim, o
processo de acolhida e o tratamento concedido aos hóspedes durante a sua estadia
são fundamentais para a construção da imagem desse tipo de empreendimento,
pois é muito comum que a cordialidade dispensada aos clientes, bem como o
empenho e dedicação dos funcionários na realização das suas atividades e tarefas,
consigam superar possíveis deficiências que venham a ser apresentada pelo
estabelecimento.
Contudo, em qualquer organização a eficiência dos colaboradores no
cumprimento das suas ações cotidianas resulta de vários aspectos, dentre os quais
se destaca a instituição de um ambiente de trabalho em que a integridade física dos
funcionários esteja preservada devido à presença de segurança e salubridade,
possibilitando proteção contra os riscos que possam culminar em acidentes
trabalhistas ou doenças ocupacionais. Assim, ao proporcionarem o bem-estar
funcional, questões como segurança, higiene e salubridade relacionam-se ao que
comumente é entendido por Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e se constituem
em subsídios que propiciam o reforço do moral dos trabalhadores (FERNANDES,
1996). Não obstante, qualquer acepção sobre qualidade de vida funcional traz
consigo a análise das condições ambientais e físicas de execução dos cargos, assim
9
como , o levantamento dos riscos aos quais estes trabalhadores estão expostos e
qual a frequência desta exposição, uma vez que as mesmas são consideradas como
determinantes para a obtenção de um nível satisfatório ou ótimo percebido pelos
trabalhadores em relação à QVT.
Durante a pesquisa, foi observado que na América e em países da
Europa, os profissionais da limpeza têm sido pouco estudados, apesar dos diversos
problemas de saúde, absenteísmo e insatisfação no trabalho. Identificados no
Canadá, na área de Quebec, o pessoal de manutenção sanitária sofre um número
de doenças superior à média do conjunto do setor de saúde, na sua maior parte, são
lesões que afetam as costas e os membros superiores (ALVAREZ, 2003).
Nas últimas décadas com o crescimento das pesquisas sobre o
sofrimento humano no trabalho, e a necessidade de responder ao crescente avanço
dos problemas de saúde do trabalhador, em especial os trabalhos de natureza física,
criou-se um campo fértil para o desenvolvimento de teorias, conceitos e métodos de
investigação nesta área (Alves, 2005).
O estilo de vida moderna da população, impondo cada vez mais
atividades especializadas e limitadas, provoca sobrecargas estruturais no corpo
humano. A alta incidência de problemas posturais em adultos relaciona-se com a
tendência para esse padrão de atividade, especializado ou repetitivo, aliado ao
sedentarismo e vícios posturais carregados desde a infância (KENDALL, 1995).
A literatura aponta um número crescente de trabalhadores das mais
diversas áreas profissionais, cuja atividade laboral implica em exigências do sistema
musculoesquelético, com movimentos repetitivos de membros superiores de tronco,
manutenção de posturas estáticas e dinâmicas por tempo prolongado, e movimentos
de sobrecarga para a coluna vertebral podendo apresentar comprometimentos
10
dolorosos nesta estrutura. Dentre estes se incluem pedreiros, carpinteiros,
fisioterapeutas,
dentistas,
camareiras,
faxineiras,
secretárias
dentre
outras
ocupações.
As
lesões
ou
comprometimentos
dolorosos
que
acometem
os
trabalhadores são denominadas doenças ocupacionais. Em todo o mundo, a
incidência desses distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, vem
crescendo nas últimas décadas. No Brasil, foi reconhecido como tal na década de
1980, que ficou conhecido como lesões por esforços repetitivos (LER).
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), podem
ser descritos como um conjunto de sintomas ou patologias que atingem o aparelho
musculoesquelético.
Apesar do reconhecimento das doenças do trabalho, nos setores de
indústria e de serviços, os distúrbios osteomusculares vêm apresentando um
crescimento progressivo nas estatísticas oficiais dos serviços de saúde dos
trabalhadores, estas são as doenças do trabalho mais registradas junto à
Previdência Social (ROCHA & FERREIRA JUNIOR, 2002).
Considera-se como distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho,
qualquer alteração que seguramente esteja relacionada ao trabalho, que pode
acometer músculos, tendões, estruturas sinoviais, articulações, vasos e nervos,
independente do segmento afetado, sendo que a etiologia deste conjunto de
afecções é complexa e abrange causas multifatoriais.
Rocha & Ferreira Junior (2002), afirmam que do ponto de vista conceitual,
os mecanismos de lesão nos distúrbios osteomusculares, correspondem a um
11
acúmulo de influências que ultrapassam a capacidade de adaptação do sistema
músculoesquelético, mesmo que a função esteja parcialmente mantida.
São várias as hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia dos
diferentes quadros clínicos destes distúrbios.
Didaticamente os fatores de riscos ocupacionais, associados ao
aparecimento
dos
distúrbios
osteomusculares,
podem
estar
diretamente
relacionados a fatores biomecânicos (ambiente físico, equipamento e mobiliário do
posto de trabalho, que são os principais agentes influenciadores da postura), fatores
organizacionais (forma de organização do trabalho), e fatores psicossociais
(ambiente psíquico, social e de relação no trabalho) (ALVES, 2005).
Segundo Couto (1995), a incidência de distúrbios osteomusculares está
diretamente relacionada a fatores biomecânicos, fatores organizacionais, pressão
sobre os trabalhadores (carga de trabalho) e mecanismos de regulação.
Para Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), os fatores pessoais também
aumentam a suscetibilidade aos distúrbios osteomusculares. Isso inclui, mas não se
limita, ao condicionamento físico, as doenças (tais como artrite, diabetes e gota), aos
danos músculoesquelético anteriores, aos túneis do carpo mais estreito, ao sexo e
ao uso de certos tratamentos com hormônio como estrogênio. Além disso, algumas
pessoas são mais propensas a esse tipo de problema devido à sua personalidade,
tipo físico e ao seu comportamento na execução do seu trabalho.
Para OLIVEIRA (2006), o número de empresas e instituições, que se
preocupam realmente em oferecer a seus colaboradores condições ideais de
trabalho, não se preocupando com o investimento inicial, mas apenas com o que
elas poderão representar de economia para a empresa, ainda é escasso, dado ao
12
imenso patamar industrial e institucional que abriga o país, nos dias de hoje.
Independentemente deste fato, alguns trabalhos científicos, mostram que as
organizações têm, atualmente, gastos elevados com problemas ligados à saúde e à
segurança do trabalhador. A maior parte destes gastos está ligada ao aumento do
índice de absenteísmo devido às doenças do sistema musculoesquelético, que
atinge um número considerável da população operária dentre os quais, destaca-se a
LER/DORT que hoje, tornou-se uma das grandes vilãs do cenário econômico
industrial. Segundo alguns autores, a LER/DORT, possui dados estatísticos e
epidemiológicos preocupantes. Vale ressaltar ainda que as mesmas podem e devem
ser não só tratadas como prevenidas, para tanto, faz-se obrigatória à orientação de
profissionais capacitados, dentre os quais, cresce a procura dos serviços prestados
pela Fisioterapia, mais especificamente a Fisioterapia do Trabalho, por apresentar
maior aptidão em exercer uma abordagem específica e diferenciada, assim como
domínio que exerce sobre a Ergonomia (ALVES, 2002).
Uma das alternativas que esta recente área da Fisioterapia oferece para
as empresas que investem ou que de certa forma, carecem de investir na qualidade
de vida de seus colaboradores, é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Um
método científico proveniente do contexto de Ergonomia que visa abordar, identificar
e solucionar de maneira certamente eficaz, problemáticas do âmbito econômico,
produtivo e até mesmo judicial, comumente existentes no âmbito empresarial.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os países arcam
com custos médios equivalentes a 4 % de seus PIB a cada ano, em decorrência de
acidentes, tratamento de doenças, lesões e incapacidade relacionada ao trabalho
(ANDRADE, 2000).
13
Partindo deste pressuposto, parece evidente que as empresas terão de
se preocupar com programa de prevenção de doenças ocupacionais. Com base
neste fato, Andrade (1998) relata que aproximadamente 60% dos afastamentos dos
trabalhadores são decorrência de LER/DORT, o que as torna, portanto, uma
preocupação por parte dos funcionário e um desafio para as empresas.
A problemática dos DORT enfoca o fato destes serem considerados em
um grande problema da saúde pública em muitos dos países industrializados
(DECRETO-LEI Nº 2.172, INSS, 1997).
Os prejuízos para as organizações decorrentes dos DORT atingem
diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade quanto ao
aumento de custos pelo alto absenteísmo médico, pela necessidade de
retreinamento, pelo aumento do custo de produção, por altos valores despendidos
no tratamento médico do acometido, por afastamentos prolongados, por despesas
com processos de reintegração ao trabalho e por processos indenizatórios de
responsabilidade civil dentre outros (COUTO et al., 1998).
A meta principal da ergonomia contemporânea é a humanização do
trabalho, podendo ser obtida com adaptação das condições laborais de acordo com
as características psicofisiológicas dos trabalhadores, tornando possível um
desempenho eficiente na atividade a ser executada. Para atingir esse objetivo, a
ergonomia baseia-se em conhecimentos que envolvem a anatomia, a fisiologia, a
biomecânica, a antropometria, a psicologia, a sociologia, a engenharia, o desenho
industrial, a informática, e a administração (FEDERIGHI, 1998).
14
A eficácia de uma intervenção ergonômica depende de sua capacidade
de
controlar
ou
amenizar
os
fatores
de
risco
das
lesões/distúrbios
músculoesquelético (COURY; RODGHER apud BARBOSA et al., 2000, p. 84).
Federighi (1998) ressalta que medidas ergonômicas não podem ser
adotadas partindo da premissa de que as mesmas seriam genericamente uma
"receita", pois cada sistema de trabalho poderá ter uma situação única merecedora
de uma atenção especial, sendo de grande valia que o profissional utilize seu bom
senso nestas situações.
Na realidade atual, com as relações de produção cada vez mais
complexas, considerando-se o processo de reestruturação produtiva que privilegia
as leis do mercado em detrimento do ser humano como referência histórica e
ontológica (CORTAZZO 1985), a saúde no trabalho passa a ser alvo de constantes
negociações entre o capital e a força de trabalho em um contexto onde convivem
abordagens conflitantes, tais como o discurso empresarial relativo à promoção à
saúde e práticas de arrocho salarial, programas de demissão voluntária e exigências
progressivas quanto ao aumento da produção com menor contingente de
executores.
A noção de bem estar preconizada no discurso da empresa considera as
percepções do sujeito trabalhador, mas a prática produzida, por se desenvolverem
dentro de uma realidade sujeita aos ditames do mercado e exigências de produção,
resultam em intervenções que se distanciam do conceito preconizado, por não haver
uma reflexão inicial sobre a realidade onde essas práticas serão operacionalizadas e
sobre os sujeitos a quem se destinam.
15
A participação do trabalhador é, na maioria das vezes, negligenciada,
sendo solicitada apenas no momento das enquetes, entrevistas e depoimentos
sobre o processo de trabalho, como parte da coleta de dados nas investigações
necessárias para emissão de laudos periciais, ficando o diagnóstico, sua validação e
implementação das mudanças a cargo dos especialistas e consultores externos e
internos da empresa e dos próprios gestores de saúde, o que evidencia a separação
entre “os que fazem” e “os que sabem”.
Num contexto assim delineado, o trabalhador, ele mesmo, é a mercadoria
e sua saúde um custo, não um direito. Quanto à monetarização da saúde, esta se
evidencia com a mudança do enfoque transformador, pressuposto e alicerce teórico
da Ergonomia (MONTMOLIN, 1990; WISNER 1999; GUERÍN, 2001), para o da
compensação monetária com adicionais de insalubridade e periculosidade,
priorizados antes de uma verificação das possibilidades de mudanças e adequações
no ambiente de trabalho após uma análise do trabalho.
16
2 Justificativa
São muitos os trabalhadores que, afastados de suas atividades, necessitaram
tratamento médico, psicológico e fisioterápico, muitas vezes sem uma solução
definitiva para os seus problemas, devido à gravidade e complexidade do seu
comprometimento, em consequência das cargas de trabalho.
A incidência de lesões musculoesqueléticas é frequente em diversos setores
ocupacionais como o da limpeza, principalmente porque existem esforços físicos,
ritmos de trabalho intensos, posturas inadequadas, levantamento de cargas,
repetições de movimentos com acentuada velocidade, inclinações e torções do
tronco (ALENCAR, 2001).
A escolha do presente tema foi devido ao grande número de funcionárias do
setor de governança de um hotel em São José dos Campos, que procurou a
fisioterapeuta responsável pelo Programa de Prevenção às Doenças do Trabalho,
com queixas de dores, onde uma delas se encontrava afastada por motivo de
doença adquirida no trabalho e algumas outras estavam em processo de reabilitação
ou prevenção com a fisioterapeuta. Os índices de falta ao trabalho por motivo de
doença e atestados médicos eram em média a cada quinze dias, sendo o motivo na
maioria das vezes lombálgica, seguido de dores nos ombros e braços em menor
proporção. Este problema se agravava quando faltava uma ou mais funcionárias no
setor, ocorrendo uma sobrecarga de trabalho nas demais, por substituir a atividade
da outra, aumentando posteriormente, com isto, o número de faltas.
17
Em função destes dados, observou-se a necessidade de abordar e levantar
os principais riscos ergonômicos aos quais estavam expostas durante a atividade
laboral, seguidos do parecer ergonômico e sugestões de melhorias para cada item
questionado. Para que a partir deste documento, a fisioterapeuta juntamente com a
gerência do setor e o departamento financeiro pudessem estudar o caso e iniciar a
implantação e o gerenciamento destas melhorias.
18
3 Objetivos
3.1 Objetivo geral
Apontar os principais aspectos ergonômicos relacionados às condições de
trabalho das camareiras do hotel, relacionando-os com os possíveis custos humanos
originados de seus impactos. A partir destas informações, propor melhorias a fim de
eliminar e ou reduzir os riscos encontrados, oferecendo assim melhores condições
de trabalho e diminuição do índice de absenteísmo e queixas álgicas do setor de
governança.
3.2 Objetivos específicos
i.
Analisar ergonomicamente as atividades e fatores que influenciam nas
cargas de trabalho no setor de limpeza;
ii.
Analisar nas camareiras a influência do sobrepeso no acometimento
das dores lombares;
iii.
Investigar se as condições ambientais de trabalho interferem nas
atividades das camareiras;
iv.
Identificar as posturas realizadas no trabalho para averiguar a
existência de possíveis situações de riscos assumidas durante as atividades de
limpeza;
v.
Verificar a existência de possíveis cargas psíquicas que influenciam no
surgimento das lombalgias;
vi.
Caracterizar o perfil socioeconômico das faxineiras;
19
vii.
Verificar a associação entre dores lombares e indicadores de cargas de
trabalho nas funcionárias do setor de limpeza.
20
4 Hipóteses
Hipótese i – Falta de treinamento relacionados à função, manuseio
correto dos equipamentos de limpeza, posturas atenuantes a serem adotadas e
implementação de um programa preventivo como a Cinesioterapia Laboral;
Hipótese ii – Dificuldade de compreensão e conscientização por parte das
camareiras durante os treinamentos relacionados tanto à função quanto ao
manuseio correto dos equipamentos de trabalho e posturas adotadas;
Hipótese iii – Sobrecarga no trabalho consequente da falta ou
afastamento de algumas funcionárias do setor, pré dispõe ao desconforto e ou
fadiga física;
Hipótese iv – equipamentos não ergonomicamente adaptados que não
oferecem pegas e manuseios corretos que livrem as compressões e sobrecargas
músculotendinosas.
21
5 Revisão de literatura
5.Ergonomia
5.1. Definição
Derivada do grego - “ergon”, que significa trabalho e “nomos”, que significa
normas, leis naturais, a ergonomia trata-se de um neologismo criado pelo polonês
W. Jastrzebowski em 1857, em "Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O
termo foi adotado em 1949 na fundação da Ergonomic Research Society, na
Inglaterra (Laville, 1993), onde a mesma definiu Ergonomia com sendo o estudo do
relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução dos problemas surgidos desse relacionamento.
Para Wisner (1999), Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos
relacionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e
dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e
eficiência.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) define em seus estatutos:
Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas
com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que
visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança, o conforto, o bem-estar
e a eficácia das atividades humanas.
22
5.1.2 Perspectiva Histórica
O início da história da ergonomia remonta a criação das primeiras
ferramentas, quando o homem pré-histórico provavelmente escolheu uma
ferramenta que melhor se adaptasse à forma e aos movimentos de sua mão.
As primeiras doenças profissionais são descritas a partir do século XVII
por Ramazzini, decorrentes deste fato, no século seguinte, houve um aumento
crescente pelo interesse dos problemas de climatização dos locais e também pela
organização de serviços para tratamento de artesãos. Vilhermé faz estudos
estatísticos sobre condições de trabalho em fábricas da França, levando a um
relatório publicado em 1840 sobre os operários, que foi considerado o marco para as
primeiras medidas legal de limitação da duração do trabalho.
As primeiras fábricas surgiram a partir do século XVIII com a Revolução
Industrial, além de serem sujas e barulhentas, estas eram consideradas perigosas
onde, a jornada de trabalho chegava a 16 horas por dia, sem direito a férias, em
regime quase escravo.
Na França, no início do século XX é criado o primeiro laboratório de
pesquisa sobre trabalho profissional, por Jules Amar, o que dá condições a fisiologia
do trabalho de desenvolver-se. Amar fornece as bases da ergonomia do trabalho
físico, estudando os diferentes tipos de contração muscular (dinâmica e estática) e
seu livro O motor humano publicado em 1914 é considerado por alguns como a
primeira obra da ergonomia.
Durante a I Guerra Mundial (1914-1917) foi criada a Comissão de Saúde
dos Trabalhadores na Indústria de Munições em 1915, que ao término da guerra,
transformou-se no Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial onde foram realizadas
23
várias pesquisas sobre o tema. Mais tarde esse instituto foi transformado no Instituto
de Pesquisa sobre Saúde no Trabalho.
Na II Guerra Mundial. Especialistas de diferentes áreas (psicologia,
medicina, engenharia) foram convocados para adaptar instrumentos bélicos às
características dos soldados e às exigências das tarefas, tendo em vista as
condições fortemente desfavoráveis e perigosas em que atuavam. Nesse contexto,
uma das principais contribuições da ergonomia foi projetar cockpits dos aviões de
caça da força aérea britânica, adaptando-os para tornar a atividade dos pilotos mais
confortável, segura e eficaz. Dos cockpits às cadeiras e bancadas das fábricas, foi
um passo (Iida, 1990; Moraes & Mont'alvão, 1998).
Essa sucessão de fatos culminou com a primeira reunião de um grupo de
cientistas e pesquisadores em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de
aplicação interdisciplinar da ciência, que aconteceu em 12 de julho de 1949,
considerada por alguns como a data “oficial” do Nascimento da Ergonomia. Porém,
a ergonomia teve sua expansão mundial na década e 50 a partir da fundação da
Ergonomics Research Society, na Inglaterra.
O primeiro Congresso da Associação Internacional de Ergonomia (IEA) foi
realizado no ano de 1961 em Estocolmo.
No Brasil a Associação Brasileira de Ergonomia a ABERGO, foi fundada
em 1983 e também é filiada a IEA (DUL & WEERDMEESTER, 1998).
Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas
oficiais, com o objetivo de estimular a aplicação dos mesmos. No Brasil a norma
regulamentadora NR17 – Ergonomia, Portaria nº 3.214, de 08.06.78 do Ministério do
24
Trabalho, modificada pela portaria nº 3.751 de 23.11.1990 do Ministério do Trabalho,
dispõe sobre o assunto (DUL & WEERDMEESTER, 1998).
Em linhas gerais, poderíamos delimitar a evolução em quatro momentos
específicos:
i.
Publicação da Consolidação das Leis do Trabalho em 1943;
ii.
Elaboração da Portaria Nº 3.214 em 1678 que instituiu as Normas
Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho;
iii.
Estabelecimento da Portaria Nº 3.751 de 1990 que deu nova redação à
iv.
Determinação do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
NR 17;
em 2000 de ampliar e intensificar a fiscalização em Ergonomia em todo o Brasil.
A seguir serão especificados cada item acima relacionados:
i Elaboração da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT):
As relações de trabalho no Brasil se desenvolvem dentro de um sistema
complexo, com a atuação de diferentes instituições, cada qual com suas atribuições
definidas pela legislação.
O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão federal responsável pela
fiscalização do cumprimento dos direitos trabalhistas.
No início deste século, somente o movimento sindical no Brasil atuava na
busca pela redução da jornada de trabalho e dos acidentes de trabalho, o Estado
passou a intervir diretamente nas relações do trabalho no ano de 1930. As relações
de trabalho até hoje estão disciplinadas pela Consolidação das Leis de Trabalho de
1943, tendo como característica a transformação dos sindicatos em entidades de
25
direito público, com o objetivo de cooperar com o Estado. No mesmo ano, surge
uma legislação específica sobre segurança e medicina do trabalho que incorpora os
artigos relacionados à prevenção de fadiga, definindo o peso máximo que o
empregado pode remover individualmente entre outros. (BRASIL. Decreto Lei
Nº5.452 de 1º de maio de1943).
ii Publicação da Portaria Nº 3.214
No início da década de 70, o Brasil apresentou uma das mais altas taxas
de acidentes do trabalho do mundo. Aproximadamente 20% da população
trabalhadora foram vítimas de acidentes de trabalho, mais precisamente foram
registrados 1.330.523 casos para uma população de 7,6 milhões de trabalhadores.
Em função desta estimativa, o Governo instituiu a criação de cursos de
medicina do trabalho e engenharia de segurança, permitindo assim a ampliação dos
Serviços de Medicina e Segurança das Empresas, o SESMT a partir de 1972.
Em 1978, foram publicadas as normas Regulamentadoras de Segurança
e Medicina do Trabalho, que totalizam 28 normas, dentre estas, está a NR 17 que
trata de ergonomia e abrange quesitos relacionados a: levantamento, transporte e
descarga de materiais e também dispunha sobre bancadas, mesas, escrivaninhas,
painéis e assentos ajustáveis. Esta ainda representou uma ampliação dos artigos
198 e 199 da CLT que tratava da prevenção da fadiga, descrevendo aspectos do
mobiliário e das áreas de trabalho e definindo para os assentos o ajuste da altura de
acordo com a estatura do empregado e a natureza da função exercida. (BRASIL.
Aprova as Normas Regulamentadoras. Portaria Nº3214 de 8 de unho de 1978)
iii Elaboração da Portaria Nº 3.751
26
Ao final da década de 70, começa a surgir o sindicalismo voltado para a
autonomia dos sindicatos em relação ao Estado. A estrutura corporativa dos
sindicatos vai aos poucos sendo quebrada através da conquista dos trabalhadores
como a formação das Centrais Sindicais que não são estruturadas por ofício e que
têm caráter nacional.
A modificação da postura do movimento sindical frente às lutas por
melhores condições de saúde faz parte de uma proposta global de negociação
direta, com o objetivo de diminuir o poder de controle do Estado e retirar o caráter
assistencialista de sua ação.
O processo de redemocratização do país aliado à ampliação de efetivo de
agentes fiscais em Segurança e Saúde do Trabalho, composto por Médico do
Trabalho e Engenheiro de Segurança do Trabalho, através de concurso público,
pode ser considerado um avanço na construção do novo perfil de intervenção
pública no ambiente de trabalho.
O enfoque da Saúde dos Trabalhadores é incorporado à NR 17, incluindo
a organização do trabalho como aspecto a ser analisado na avaliação das condições
de trabalho e aumentando a abrangência da Ergonomia
A ergonomia propõe um método que inclui a participação dos
trabalhadores na análise das condições de trabalho e na solução dos problemas
encontrados.
iv Determinação do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho (DSST):
Diante das rápidas transformações dos processos de trabalho, devem ser
buscados instrumentos que possibilitem aos próprios trabalhadores e empregadores,
27
os maiores interessados, uma participação mais efetiva sobre as decisões de
trabalho.
Consoante à política do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de
mudança de perfil de atuação da fiscalização, o DSST vem realizando desde 2000,
cursos de qualificação dos Auditores Fiscais do Trabalho (AFT). Reconhecendo a
importância da Ergonomia na transformação das situações de trabalho, a instituição
está promovendo treinamento destes profissionais para possibilitar uma melhor
compreensão das exigências da NR 17; enfatizando o papel da Análise Ergonômica
do Trabalho, na identificação das causas e soluções dos problemas.
No ano de 2001, além do treinamento, foi elaborado um manual que
detalha cada item da NR 17 para subsidiar a atuação dos AFT e dos profissionais de
Segurança e Saúde do Trabalhador, e uma nota Técnica sobre o trabalho sentado e
em pé.
Ao mesmo tempo, no âmbito do Ministério, foi estruturada uma comissão
Nacional de Ergonomia que tem como um dos seus objetivos, orientar as ações de
fiscalização da NR 17, bem como propor critérios de análise e de condutas a serem
incorporadas pelos AFT quando na realização de inspeções.
5.2 LER/DORT
5.2.1 Definição:
A crescente modernização da industrialização e informatização das
últimas décadas priorizando os maquinários e com isto gerando o esforço repetitivo,
teve como uma das consequências as Lesões por Esforços Repetitivos, conhecidas
28
como LER/DORT e várias outras nomenclaturas, variáveis de acordo com o país ou
continente.
A nomenclatura para designar a LER, considerando que esta representa
um fenômeno mundial, varia de país para país. Assim, nos Estados Unidos é
denominada de Cumulative Trauma Disorders (CTD), no Japão Ocuppational
Cervicobrachial Disorders (OCD), na França Ocuppational Overuse Syndrome
(OOS) e na Austrália Repetitive Strain Injury (RSI). No Brasil, além do termo LER,
algumas vezes utiliza-se Lesões por Trauma Cumulativo (LTC), e mais
recentemente Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT),
Disfunções
Musculoesqueléticas
Ocupacionais
(DMO)
e
Afecções
Musculoesqueléticas Relacionadas ao Trabalho (AMERT). Porém, objetivando a
unificação das nomenclaturas e a facilitação da troca de informações entre
pesquisadores dos países membros, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda o uso do termo Work Related Musculoskeletal Disorders (WRMD), termo
esse que em 1998 foi adotado pelo Brasil de acordo com a Norma Regulamentadora
do Sistema Único de Saúde, sendo traduzido como Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) (DELIBERATO, 2002).
Oliveira (1998) utiliza o termo LER justificando que este é mundialmente
reconhecido, usado com frequência em publicações científicas e aceito como
característica de um grupo de alterações osteomusculares relacionadas ao trabalho,
sendo usado no Brasil desde que se iniciaram os estudos sobre o tema. E ainda
completa: “... é, portanto, termo com embasamento histórico e que não é melhor
nem pior que qualquer outro, já tendo a vantagem de ser amplamente divulgado.”
(OLIVEIRA, 1998).
29
A sigla DORT é um termo coletivo que traduz quadros clínicos de origem
ocupacional, consequentes de distúrbios funcionais ou orgânicos resultantes de
fadiga localizada e afecções de músculos, tendões, ligamentos, fáscias, sinóvias e
nervos, de forma isolada ou associada (LANDGRAF et al., 2002). A DORT constitui
doenças ocupacionais que estão relacionadas a lesões por traumas cumulativas,
que tem como resultado uma descompensação entre capacidade de movimentação
da musculatura e a execução de esforços rápidos e constantes.
Os prejuízos para as organizações decorrentes dos DORT, atingem
diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade quanto ao
aumento de custos pelo alto absenteísmo médico, pela necessidade de
retreinamento, pelo aumento do custo de produção, por altos valores despendidos
no tratamento médico do acometido, por afastamentos prolongados, por despesas
com processos de reintegração ao trabalho e por processos indenizatórios de
responsabilidade civil dentre outros (COUTO et al., 1998).
O termo DORT tem sido preferido por evitar o diagnóstico “prévio” e ser
mais abrangente, exigindo a relação com o trabalho e não o mecanismo de
acometimento, sendo adotada no Brasil pelo INSS desde 1997 em substituição a
LER (ALVES, 2005).
5.2.2 Perspectiva Histórica:
A inter-relação entre o trabalho e a doença foi observada ao longo da
história. Papiros egípcios fazem referências à relação saúde e trabalho (Mendes,
1999). Hipócrates descreveu o saturnismo e os distúrbios crônicos nas mãos devido
a movimentos repetitivos. (Ramazzini, 2000).
30
Ramazzini é referenciado como o pai da medicina do trabalho, descreveu
mais de cinquenta doenças dos trabalhadores, dentre elas as doenças dos
escreventes, que atualmente seria classificada como DORT e foi mais além
introduzindo na consulta médica a pergunta: Qual sua ocupação? (Lemos, 2001)
Em 1891, Fritz De Quervain descreveu a tenossinovite do polegar como a
“entorse da lavadeira”, até hoje conhecida como tenossinovite estenosante ou
síndrome De Quervain e em 1920, Bridge denominou “cãibra ocupacional” ao
acometimento de tecelões de fios de algodão (Oliveira, 1998).
A pena usada pelos escreventes foi substituída pelo trabalho mecânico e
os casos de DORT acentuaram-se no século XX, tornando-se um problema de
saúde pública mundial, em nações desenvolvidas e industrializadas em maior ou
menor grau, e se recentemente levou muitos a acreditar que se tratava de uma nova
doença, nada mais é que a exacerbação de um adoecimento que sempre
acompanhou o homem. Ribeiro (2002) relata que os casos de LER tornaram-se mais
frequentes somente após o segundo ciclo da revolução industrial, quando o trabalho
mecânico passou a ser usado por algumas categorias, como os telegrafistas,
exigindo maior destreza das mãos.
As primeiras descrições no país acerca de distúrbios musculoesqueléticos
em trabalhadores foram relatadas no XII Congresso Brasileiro de Prevenção de
Acidentes no Trabalho em 1973, quando foram apresentados casos denominados
“tenossinovite ocupacional” em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras (INSS,1997).
Mais tarde por volta do ano de 1985, esses distúrbios foram tomando espaço e
causando polêmica entre os funcionários de banco que trabalhavam como
31
digitadores. A partir deste acontecimento, o termo Lesão por Esforços Repetitivos
(LER) passou a ser mais conhecido no Brasil.
Em pouco tempo, as afecções passaram a ser diagnosticadas também
em escriturários e caixas de banco, nas indústrias metalúrgica, química e,
principalmente, em trabalhadores de linha de montagem eletroeletrônica (RIBEIRO,
2002).
O reconhecimento da LER como doença ocupacional, data de 06/08/87,
quando o Ministério da Previdência Social reconheceu, através da Portaria 4.062, a
tenossinovite como doença do trabalho.
5.2.3 Incidência:
As Lesões por Esforços Repetitivos já são consideradas doenças
epidêmicas no Brasil, país este que tem registrado em média 30 mil casos/ano. A
epidemia, mais do que um problema de saúde, implica um grande desperdício de
capacidades produtivas e, portanto, representa um enorme prejuízo para as
empresas
Os casos de DORT no Brasil, constituem a principal causa de doença
relacionada ao trabalho (COUTO et al., 1998). No entanto, dados do Sistema Único
de Saúde (SUS) não inclui os acidentes de trabalho em geral e nem DORT em
particular, o que não permite a obtenção de informações epidemiológicas que
efetivamente cubram a totalidade dos trabalhadores, independentemente de seu
vínculo empregatício. Os dados disponíveis são aqueles da Previdência Social, que
se referem apenas aos trabalhadores do mercado formal e com contrato trabalhista
32
regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (www.brasgolden.com.br “Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção das LER”, 2000).
Em 1991 o Núcleo de Saúde do Trabalhador INSS/ SUS/ MG registrou
casos de LER em diferentes ocupações. As funções registradas foram as de
digitador, controlador de qualidade, embalador, enfitadeiro, montador de chicote,
montador de tubos de imagem, operador de máquinas, operador de terminais de
computador, auxiliar de administração, auxiliar de contabilidade, operador de telex,
datilógrafo, pedreiro, secretário, técnico administrativo, telefonista, auxiliar de
cozinha e copeiro, eletricista, escriturário, operador de caixa, recepcionista, faxineiro,
ajudante de laboratório, viradeiro e vulcanizador (DELIBERATO, 2002).
5.2.4 Causas:
O desenvolvimento dos DORT é multicausal, sendo importante analisar
os fatores de risco envolvidos direta ou indiretamente. A expressão "fator de risco"
designa, de maneira geral, os fatores do trabalho relacionados com as doenças
ocupacionais. Estes foram estabelecidos, na maior parte dos casos, por meio de
observações empíricas e depois confirmados com estudos epidemiológicos. Os
fatores de risco não são independentes. Na prática, há a interação destes nos locais
de trabalho (DECRETO-LEI Nº 2.172, INSS, 1997).
Predisposições/ Fatores de Risco:
a) Sedentarismo;
b) Obesidade;
c) Alterações posturais
33
d) Estresse;
e) Idade;
f) Sexo – O sexo feminino sofre fragilidade de estrutura orgânica,
variações hormonais e dupla jornada de trabalho, tornam a mulher mais suscetível a
patologia.
De acordo com o Decreto – lei nº 2.172, de 05 de março de 1997, na
caracterização da exposição aos fatores de risco, alguns elementos são importantes,
dentre outros:
a) a região anatômica exposta;
b) a intensidade dos fatores de risco;
c) a organização temporal da atividade (por exemplo: a duração do ciclo
de trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura de horários);
d) o tempo de exposição.
Apresenta também grupos de fatores de risco dos DORT. Estes podem
ser elencados como:
a) o grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão
A dimensão do posto de trabalho pode forçar os indivíduos a adotarem
posturas ou métodos de trabalho que causam ou agravam os distúrbios
osteomusculares;
b) o frio, as vibrações e as pressões locais sobre os tecidos
34
O contato físico de cantos retos ou pontiagudos de um objeto ou
ferramentas com tecidos moles do corpo, e trajetos nervosos, provocam pressão
mecânica localizada.
i) as posturas inadequadas
Em relação às posturas inadequadas, existem três mecanismos que
podem causar os DORT:
i) os limites da amplitude articular;
ii) a força da gravidade oferecendo uma carga suplementar sobre as
articulações e músculos;
iii) as lesões mecânicas sobre os diferentes tecidos;
iv) a carga osteomuscular
A carga osteomuscular pode ser entendida como a carga mecânica
decorrente:
i) de uma tensão;
ii) de uma pressão;
iii) de uma fricção;
iv) de uma irritação (por exemplo, a irritação de um nervo);
A força, a repetitividade, a duração da carga, o tipo de preensão, a
postura do punho e o método de trabalho, estão entre os fatores que influenciam a
carga osteomuscular;
v) a carga estática
35
A carga estática se faz presente à manutenção de um membro numa
posição que vai contra a gravidade. Nestes casos, a atividade muscular não pode se
reverter a zero ("esforço estático"). Posturas estáticas podem ser caracterizadas por
três aspectos: a fixação postural observada, as tensões ligadas ao trabalho, sua
organização e conteúdo;
vi) a invariabilidade da tarefa
A invariabilidade da tarefa implica em monotonia psicológica e, ou
fisiológica;
vii) as exigências cognitivas
As exigências cognitivas podem ter um papel no surgimento dos DORT,
seja causando uma elevação da tensão muscular, seja propiciando uma reação mais
generalizada de estresse;
viii) os fatores organizacionais e psicossociais ligados ao trabalho
Os fatores psicossociais do trabalho são as percepções subjetivas que o
trabalhador possui em relação aos fatores organizacionais. Como exemplo de
fatores psicossociais podem ser citados: considerações relativas à carreira, à carga
e ritmo de atividade e ao ambiente social e técnico do trabalho. A "percepção"
psicológica que o indivíduo tem das exigências da função é o resultado das
características físicas da carga, da sua personalidade, das experiências anteriores e
da situação social do trabalho.
36
5.2.5 Classificação das LER/DORT:
Patologias
Inflamatórias
Tenossinovites:
Dedo Gatilho; De
Quervain
Tendinites:
Supraespinhoso;
Bíceps;
Flexores/Extensores do
punho
Epicondilites:
Medial e Lateral
Patologias
Compressivas
Nervosas
Síndromes:
Desfiladeiro Torácico;
Pronador Redondo;
Canal de Guyon; Túnel
Cubital;
Supinador
Outras / Algias
Bursite; Cistos
Sinoviais; Contratura de
Dupuytren; Sind. Tensão
do Pescoço;
Radiculopatia Cervical
Lombalgia; Dorsalgia;
Ciatalgia
Figura 1: Classificação das LER/DORT:
Fonte: Referência própria.
37
5.2.6 Principais Características:
i.
Nem toda dor significa lesão;
ii.
Ocasionam dor forte com poucos sinais objetivos, dificultam o
diagnóstico;
iii.
As lesões costumam vir associadas;
iv.
Podem ser unilaterais ou bilaterais;
v.
Quanto mais precoce o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento;
vi.
Tendem a agravar com recidivas.
Para a caracterização de um quadro clínico como LER, é necessário
definir o nexo através da anamnese ocupacional, exame clínico, relatórios do médico
responsável pela assistência ao paciente, do coordenador do PCMSO e,
eventualmente visita ao local de trabalho. Basicamente, uma anamnese ocupacional
deve conter informações sobre:
i.
Ambiente de Trabalho: percepção do segurado quanto à temperatura,
ruído, poeiras e iluminamento;
ii.
Equipamentos:
qualidade
dos
equipamentos
e
ferramentas,
manutenção dos mesmos, necessidade do exercício de força decorrente de
equipamento
inadequado,
desvios
posturais
impostos
pelo
equipamento,
necessidade de repetir a tarefa por falta do equipamento;
iii.
Mobiliário: qualidade da mobília, qualidade de manutenção, frequência
de reposição, adaptação dos postos de trabalho à introdução de novos processos,
desvios posturais impostos pelo mobiliário;
38
iv.
Organização do Trabalho: ritmo de trabalho, existência e número de
pausas, presença de hierarquia, horas extras, estímulos para produção, rotatividade
de funções, composição de mão de obra quanto ao sexo e a idade, existência de
programas de prevenção às doenças, bem como de qualidade de vida e
relacionamento interpessoal.
v.
Após o levantamento destes itens, o profissional possui embasamentos
suficientes para diagnosticar a LER. O próximo passo será informar o empregador
dos resultados de sua pesquisa, para que o mesmo tome as medidas cabíveis, que
nesta situação, o correto é, o empregador emitir a CAT (Comunicação de Acidente
de Trabalho) e dar prosseguimento administrativo ao caso.
39
6 Patologias inflamatórias
6.1 Dedo em Gatilho
Neste tipo de afecção ocorre uma impossibilidade de estender o dedo
após uma flexão máxima. Quando há tentativa de extensão do dedo, forçada contra
o obstáculo (espessamento e nódulos), ocorre sensação de ressalto. Decorrente de
uma constrição da polia (bainha tendinosa) dos flexores que dificulta a passagem
desses tendões, provocando reação inflamatória local. Conforme evolui, o processo
inflamatório atinge o tecido sinovial peritendinoso e tecidos próprios dos flexores, e,
e neste caso, a sinovite e tendinite podem ser consequentes à fascite (GREVE;
AMATUZZI, 1999).
Pode-se manifestar em trabalhadores que usam movimentos repetitivos
com as mãos em forma de pinça, como: riscadores, escritores e dentistas.
“Deliberato (2002) relata ainda que a doença incide nas atividades em
que há associação de força com compressão palmar por instrumentos como
alicates, tesouras e gatilhos de bombas de gasolina.
6.2 Tenossinovite De Quervian
É decorrente de espessamento do ligamento anular do carpo no primeiro
compartimento dos extensores, por onde trafegam dois tendões: o longo do abdutor
e o extensor curto do polegar. Evolui com processo inflamatório local que, com o
40
tempo, atinge os tecidos sinoviais peritendinosos e tecidos dos próprios tendões
(OLIVEIRA; 2006).
6.3 Tendinites
Inflamação do tecido próprio dos tendões, com ou sem degeneração de
suas fibras.
Termo de ampla abrangência, aplicável a todo e qualquer processo
inflamatório dos tendões, em qualquer local do corpo. Devem vir acompanhados de
especificações que determina os locais envolvidos e sua etiologia (OLIVEIRA, 2006).
Guyton e Hall (1998) definem Inflamação:
Quando ocorre lesão tecidual causada por bactérias, traumatismos,
compostos químicos, calor ou qualquer outro fenômeno, os tecidos lesados
liberam múltiplas substâncias que vão lhes causar drásticas alterações
secundárias. Todo esse complexo de alterações teciduais é denominado
inflamação.
6.3.1 Tendinite de Supra-espinhoso e Bíceps
As tendinites da bainha dos músculos rotadores, especialmente do
tendão supra-espinhoso e as tendinites do tendão biciptal, formam a grande maioria
das incapacidades dos tecidos moles em torno da articulação do ombro e são
importantes fatores etiológicos na rotura desses tendões (OLIVEIRA, 2006).
41
A tendinite do supra-espinhoso geralmente é desencadeada em
indivíduos que necessitam manter o membro superior abduzido acima de 45°,
gerando uma Síndrome do Impacto com lesão do tendão do músculo supraespinhoso. Muito frequentemente é acompanhada de bursite subacromial, em
decorrência do extravasamento de exsudato para o interior da bursa (DELIBERATO,
2002).
A tendinite de bíceps, é uma lesão envolve o tendão longo do bíceps no
sulco bicipital embaixo ou logo distal ao ligamento transverso do úmero. A
ocorrência de edema no sulco ósseo gera restrições que associadas ao problema,
ajudam a perpetuá-lo. Há o aparecimento de dor durante o movimento de supinação
do antebraço associado à flexão de ombro, e durante a palpação do sulco bicipital
(KISNER; COLBY, 1998).
Pode-se manifestar em transportadores de cargas elevadas como
carregadores de caminhões, auxiliar de produção, cortadores de cana, couro,
tecidos, entre outros (OLIVEIRA, 2006).
6.3.2 Tendinites Flexores e Extensores de Punho
Tendinites dos flexores e extensores do punho e dos dedos. São
normalmente acompanhadas de outras afecções inflamatórias distais do membro
superior e causam prejuízo funcional, principalmente da articulação do punho, dos
dedos e das metacarpofalangeanas. (OLIVEIRA, 2006)
As causas de origem ocupacional desta afecção podem ser através de:
movimentos repetitivos do punho que incluem flexão, extensão, desvio radial e ulnar
42
podendo ser associados ou combinados como agonista e antagonista, trabalhos que
exigem flexão e extensão intensa do punho, manuseio de ferramentas vibratórias
por longo período, compressão mecânica da base da mão com uso de força e
também movimentos de pinça que sobrecarregam os lumbricais.
6.4 Epicondilites
São provocadas por ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos
músculos flexores ou extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo
inflamatório local que atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos
sinoviais (OLIVEIRA, 2006). Podem se comportar de duas diferentes formas,
nomeadas de acordo com a região de acometimento: Epicondilite Medial e Lateral.
Epicondilite Medial : É a inflamação dos tendões flexores que tem
origem na borda medial do cotovelo. Pode haver comprometimento do nervo ulnar,
devido à proximidade do mesmo ao epicôndilo, neste caso o medial (OLIVEIRA,
2006).
As causas de origem ocupacional são: atividades profissionais que exijam
esforço repetitivo de flexão/extensão do cotovelo e punho contra resistência.
Epicondilite Lateral: também conhecida como cotovelo de tenista,
consiste na inflamação da inserção dos músculos responsáveis pela extensão e
supinação do antebraço (DELIBERATO, 2002). Pode haver comprometimento do
nervo radial, dado a sua proximidade com o epicôndilo lateral.
Aparece com frequência em trabalhadores que executam movimentos
repetitivos de pronação-supinação e flexão-extensão ao nível do antebraço e punho.
43
De maneira geral, as epicondilites comumente se manifestam em
trabalhadores
como
caixas
de
banco
descamadores de frigorífico e costureiras.
e
supermercados,
empacotadores,
44
7 Patologias Compressivas Nervosas
7.1 Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Esta síndrome nervosa acontece devida à compressão do plexo braquial
em sua passagem pelo chamado desfiladeiro torácico, formado pela clavícula,
primeira costela, músculos escalenos anteriores e médio e fáscias dessa região, que
determinam um estreito canal, e que pode tornar-se ainda mais exíguo quando
encontramos pequenas alterações anatômicas ou outras alterações decorrentes de
traumas locais e vícios de postura.
Os sintomas podem ser subjetivos apresentando quadros de parestesias
irradiadas para membros superiores na atribuição do nervo ulnar, fraqueza,
esfriamento do membro, fenômeno de Raynaud, entorpecimento; e ainda sintomas
objetivos com presença de hipoestesia, fraqueza ou atrofia muscular, ombro caído,
ruído clavicular, edema e hipotonia (OLIVEIRA, 2006).
Manifesta-se corriqueiramente em trabalhadores que permanecem
sentados ou até mesmo em pé por muito tempo, em uma posição desconfortável e
errada (posturas viciosas).
7.2 Síndrome do túnel do carpo
Decorre da compressão do nervo mediano ao nível do túnel do carpo.
Pode evoluir com dor, parestesias ao nível da face palmar dos 1º, 2º e 3º dedos e
45
comprometimento motor dos músculos da região tenar. As causas principais de
origem ocupacional são: trabalho com exigência de extensão e flexão do punho;
movimentos repetitivos dos dedos; vibração; trabalhos que exijam desvios ulnar e
radial do punho; compressão mecânica da base da mão com utilização de força
associada; movimentos em pinça com uso dos músculos lumbricais (COUTO, 1998).
7.3 Síndrome do pronador redondo
Decorre da compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo.
Essa compressão pode acontecer entre as cabeças musculares do pronador
redondo, ou da fáscia do bíceps, ou na arcada dos flexores dos dedos (GREVE;
AMATUZZI, 1999). Ocorre dor espontânea na região proximal do antebraço e nos
três primeiros dedos. Dor quando à pronação do antebraço com o punho firmemente
cerrado e contra resistência e enfraquecimento da oponência do polegar e dos
flexores dos três primeiros dedos. Pode haver comprometimento sensitivo da
eminência tenar, e manifestar-se em condições de movimentos repetitivos e de força
de prono-supino dos músculos pronador e flexores do antebraço (GREVE;
AMATUZZI, 1999).
7.4 Síndrome do canal de Guyon
Esta patologia é mais rara que a síndrome do túnel do carpo.
Compromete o nervo ulnar em sua passagem através do canal de Guyon, que é o
compartimento neural em torno do osso pisiforme. “Dor, parestesia, impotência
funcional e ocorrência de garra ulnar, atrofia dos músculos interósseos e lumbricais
46
são comumente evidenciados, e a eletromiografia pode auxiliar no diagnóstico”
(GREVE; AMATUZZI, 1999).
As causas principais de origem ocupacional são: uso de ferramentas,
instrumentos de trabalho ou atividades que comprimam mecanicamente a base da
mão; movimentos repetitivos com força associada e vibração (COUTO, 1998).
7.5 Síndrome do canal cubital
Consiste na compressão do nervo ulnar ao nível do túnel cubital. Na
flexão do cotovelo com o ombro abduzido, ocorre um aumento da pressão
intraneural,
estimulando
assim
os
flexores
que
estreitam
o
túnel
em
aproximadamente 55%, achatando e alongando o nervo cubital em quase 5 mm
(GALAFASSI, 1998).
Trabalhos que exijam posturas viciosas podem colocar em risco a
atividade normal do nervo cubital, tais como atividades repetitivas de pronação,
supinação, flexão e extensão. Outras situações que podem causar esta síndrome
ocorrem quando o cotovelo se mantém em flexão completa sobre uma superfície
dura, levando o nervo a se distender e se comprimir no canal cubital, sendo muito
comum em indivíduos que trabalham com cotovelos fletidos sobre superfície dura
(carimbadores) ou motoristas que apoiam o cotovelo flexionado sobre a borda da
janela do carro, etc. (COUTO, 1998).
47
7.6 Síndrome do supinador
É causada pela compressão do nervo radial quando este passa pela
borda aponeurótica do músculo supinador (arcada de Frohse). Também pode ser
designada por Síndrome do Nervo Interósseo Posterior, já que este é o nome que
recebe o nervo radial após passar entre as duas porções do músculo supinador
(COUTO, 1998).
As causas de origem ocupacional englobam atividades realizadas com
posturas
viciosas
do
antebraço,
com
tarefas
que
exigem
frequentes
pronação/supinação, extensão/flexão simultâneas do membro superior. Tarefas que
exijam compressão dinâmica de antebraço pela utilização de equipamentos ou
instrumentos de trabalho (COUTO, 1998).
8 Outras Patologias
8.1 Cistos Sinoviais
Os cistos sinoviais podem ser definidos como tumefações esféricas,
geralmente únicas e indolores, de característica flutuante (DELIBERATO, 2002).
Decorrentes de degeneração mixóide de tecido sinovial, podendo aparecer em
articulações, tendões, polias de ligamentos. São tumorações císticas, circunscritas,
únicas ou múltiplas, geralmente indolores, localizando-se frequentemente no dorso
do punho (OLIVEIRA, 2006).
48
Encontra-se com mais frequência em digitadores (bancários, caixas de
supermercado, costureira de artefatos de
couro) (OLIVEIRA, 2006). Seu
aparecimento é favorecido por trabalhos manuais que exijam força. Nem sempre são
ocupacionais ou incapacitantes (DELIBERATO, 2002).
8.2 Bursites
De localização mais importante nos ombros, podendo também com
frequência acometer os cotovelos, quadris, joelhos e os pés. São decorrentes de
processos inflamatórios que acometem as bolsas, pequenas bolsas de paredes
finas, constituídas de fibras colágenas e revestidas de membrana sinovial,
encontradas em regiões onde tecidos são submetidos à fricção, geralmente
próximas a inserções tendinosas e articulares (OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico se apresenta por dores importantes nos ombros,
principalmente para realizar movimentos de abdução, rotação externa e elevação
dos membros superiores. Quando não tratados os sintomas, podem ocorrer
irradiações para a região escapular, provocando incapacidade funcional muito grave,
e evoluindo até o chamado “ombro congelado”.
Encontram-se com maior frequência em descamadores em frigorífico,
empacotadores, auxiliar de produção em fábricas de calçados e cortadores de
tecidos de tecidos de couro.
49
8.3 Contratura de Dupuytren
Consiste de fasciíte palmar fibrosante que, ao cronificar-se, gera
verdadeiros cordões palmares na direção dos dedos, comprometendo o movimento
de extensão dos mesmos. É mais frequentemente observada, em ordem crescente,
nos dedos anulares, mínimos, médios, indicadores e polegares. Com o passar do
tempo, surge processo inflamatório nos vários tecidos adjacentes. Ocorre nos
trabalhos braçais, sujeitos a microtraumatismos ou a vibrações constantes. Não há,
porém, estudos epidemiológicos que relacionem esta afecção com as doenças
profissionais (GREVE; AMATUZZI, 1999).
8.4 Síndrome do desfiladeiro Torácico (Mialgia Tensional)
A etiologia ainda é controvertida. A teoria proposta para o mecanismo
patogenético dessa doença é a fadiga muscular localizada, devido à estática e
sistemática contração. O processo básico que tem sido proposto é o da acumulação
de produtos finais metabólicos nos músculos ou suprimento insuficiente de oxigênio
(OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico pode se caracterizar por sintomas subjetivos como dor
no pescoço, rigidez muscular no pescoço, cefaléia, fraqueza muscular e parestesia;
por sintomas objetivos como hipotonia muscular, tensão do pescoço, limitação à
movimentação, lordose e ombros caídos.
Pode-se manifestar em trabalhadores que ficam muito tempo na mesma
posição como os escriturários, balconistas, telefonistas, cobradores de ônibus,
motoristas etc.
50
8.5 Radiculopatia Cervical (Síndrome Cervical)
Ocorre devido à degeneração do disco cervical e se desenvolve a partir
de uma combinação de hereditariedade constitucional e causas ambientais,
existindo alterações do forame intervertebral ou do canal espinhal ou artérias
vertebrais, ocasionando a sintomatologia clínica. A incidência dessas alterações é
alta nos adultos jovens, após os trinta anos (OLIVEIRA, 2006).
O quadro clínico apresenta sintomas objetivos de hipoestesia, fraqueza
muscular (atrofia), limitação do movimento, dor à movimentação, hipotonia local, dor
durante esforço e dor cervical.
Pode-se manifestar em diversas profissões.
51
9 Quadro Clínico e Estágios Evolutivos
Os diversos quadros clínicos existentes apresentam alguns pontos
comuns dentre eles: início insidioso, queixas subjetivas, agravamento com
determinados movimentos e dor geralmente irradiada e difusa (FONSECA, 1998).
Os estágios evolutivos da LER/DORT basicamente se diferem através da
progressão agravante dos sintomas.
“Os
DORT
classificam-se
em
quatro
estágios
de
acordo
com
características como: sintomas, intensidade, duração, produtividade, irradiação,
reação ao repouso, sinais clínicos, palpação e prognóstico”.
De acordo com os estágios evolutivos dos DORT, destacam-se os
seguintes sinais e sintomas: dor, edema, hiperemia, alterações vasculares, sudorese
palmar excessiva, parestesia, perda de força, hipotrofia, contratura, retrações, além
de acometimento psicológico (LANDGRAF et al., 2002).
Didaticamente, podemos classificar os estágios evolutivos em quatro
graus de gravidade (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 1 – Neste grau o portador da doença pode referir sensação de
peso e desconforto no membro afetado, dor espontânea localizada nos membros
superiores ou cintura escapular, em algumas situações pontadas que aparecem
esporadicamente
durante
a
jornada
de
trabalho
e
sem interferência
na
produtividade. Não há irradiação nítida de dor e a melhora ocorre com repouso. É
52
em geral leve e fulgaz, estando geralmente ausentes alguns sinais clínicos
característicos das afecções. O prognóstico é bom. (OLIVEIRA, 2006)
GRAU 2 – Neste grau, a dor é, em geral, mais persistente e intensa e
aparece durante a jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o
desempenho das funções laborais, mas já com reconhecida redução de
produtividade nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode
estar acompanhada de parestesia e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade.
Pode haver uma irradiação definida, sendo a recuperação, em geral, mais
demorada. Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de
trabalho, durante atividades domésticas e/ou sociais. O prognóstico é favorável.
(OLIVEIRA, 2006)
GRAU 3 – Neste grau, a dor torna-se persistente, mais forte e com
radiação mais definida. O repouso, em geral, só atenua a intensidade da dor. São
frequentes perdas de força muscular e parestesias. Há sensível queda de
produtividade, quando não, impossibilidade de exercer as funções laborais. Os
sinais clínicos estão presentes, com edema frequente e hipertonia muscular
constante. Ocorrem alterações de sensibilidade e força possível presença de
distúrbios vasomotores como: sudorese, hiperemia, pele quente e luzidia. Neste
estágio, o retorno às atividades laborais é problemático. O prognóstico é reservado.
(OLIVEIRA, 2006)
GRAU 4 – neste grau, a dor é forte, intensa e contínua, por vezes
insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam
consideravelmente a dor, que, em geral, se irradia por todo o membro afetado. A
perda de força muscular e dos movimentos se faz presente. As atrofias,
53
principalmente dos dedos, são comuns, edema persistente com possibilidade da
ocorrência de deformidades causadas por problemas fibróticos. A capacidade
laboral é anulada e a invalidez se caracteriza. Neste estágio, são comuns alterações
psicológicas, com quadros de depressão, ansiedade e angústia. O prognóstico é
desfavorável. (OLIVEIRA, 2006).
54
10 O papel da Fisioterapia nas empresas.
10.1 Apresentação
A Fisioterapia do Trabalho, segmento da fisioterapia relacionado com a
prevenção e tratamento de doenças ocupacionais, apresentam franca atuação ante
a possibilidade de serviços prestados às empresas. Excelente oportunidade para o
fisioterapeuta, graças aos grandes resultados motivacionais com os programas de
prevenção, diante da demanda de um mercado em ascensão, formado pelas
empresas e seus trabalhadores. A área necessita de formação continuada
(www.fisioterapia.com.br - “O grande e intocado filão da qualidade de vida no
trabalho”, 2002).
O fisioterapeuta do trabalho deve possuir além da imprescindível
formação em biomecânica e ergonomia, conhecimento de anatomia, fisiologia,
antropometria, saúde ocupacional, segurança do trabalho, psicologia do trabalho,
marketing, administração, qualidade de vida do trabalhador, meio ambiente.
(www.uva.br - “cursos - fisioterapia”, 2002). Este profissional deve expor aos
empresários que o investimento em condições adequadas de trabalho culminam em
maior eficiência laboral com consequente repercussão nos lucros da organização.
De acordo com Deliberato (2002) dentre os ramos de atuação do
fisioterapeuta do trabalho têm-se: análise técnica ergonômica (intervenções
conceptivas, corretivas), análise biomecânica e antropométrica, avaliação postural,
cinesioterapia laboral e palestras de conscientização. Não desprezemos a
55
possibilidade do fisioterapeuta do trabalho atuar também em pesquisas e
consultoria.
O fisioterapeuta do trabalho deve observar não só as tarefas diárias
executadas, mas também o ambiente; o estado emocional dos indivíduos; o gestual;
a relação, o envolvimento com as máquinas, inclusive a postura corporal e os
problemas que daí podem advir, para realizar um diagnóstico ergonômico da
empresa (ALVES, 2002).
A Fisioterapia, mudando conceitos e atuando preventivamente, vem
destacando em várias áreas dentre elas, a Saúde do Trabalhador; para isso é
necessário o aprimoramento e a presença de maiores conhecimentos de Ergonomia,
Biomecânica, Fisiologia do Trabalho. Assim sendo, o fisioterapeuta estando
devidamente preparado e com respaldos poderá manifestar-se como um excelente
Gestor da Qualidade de Vida no Trabalho. (NUNES & LIMA, 2003)
Qualquer que seja a atividade desenvolvida e proposta se puder
aumentar o rendimento da empresa, com diminuição do passivo trabalhista,
tradução de margem segura de crescimento com responsabilidade social, será bem
aceita no mundo empresarial (www.fisioterapia.com.br - “O grande e intocado filão
da qualidade de vida no trabalho”, 2002).
56
11 Análise Ergonômica do Trabalho
11.1 Apresentação:
Para Couto (1996), a análise ergonômica do trabalho, prevista na
legislação
brasileira
desde
1990,
na
portaria
3214/78
em
sua
Norma
Regulamentadora número 17, se propõe em vista a procurar fazer uma análise das
atividades em uma organização, tendo como pressuposto o que o trabalhador faz
em todo o processo produtivo, identificando os riscos ergonômicos em que o mesmo
encontra-se exposto. Através desta identificação, a análise propõe-se a ações de
melhoria visando uma melhor adaptação homem x trabalho, de modo que os fatores
físicos e organizacionais do trabalho não sejam agressivos a saúde e segurança dos
funcionários, assegurando com isso formas produtivas com o mínimo de erros e
danos à organização. Mais ainda, a análise ergonômica do trabalho permite não
somente categorizar as atividades dos trabalhadores como também estabelecer a
narração dessas atividades permitindo, consequentemente, modificá-las.
A análise de qualquer trabalho pressupõe considerar as tarefas,
condições de trabalho, equipamentos e fatores organizacionais como elementos que
integram a situação de trabalho. A análise do trabalho se faz a partir de observações
da estrutura organizacional da empresa, dos elementos que compõem as tarefas, da
forma como estas são realizadas, das posturas necessárias, dos ritmos, da duração
e períodos de trabalho e pausas, do ambiente físico (iluminação, ruído, vibrações,
conforto térmico), dos riscos de doenças ocupacionais causados por agentes físicos,
químicos
e
biológicos.
Além
disso,
propõe-se
também
a
análise
das
57
responsabilidades,
conflitos,
formas
de
remuneração,
benefícios,
relações
industriais, pois também fazem parte do rol de fatores que influenciam o bem-estar
dos trabalhadores e, consequentemente, têm reflexos na comunidade onde vivem.
Um levantamento de hipóteses e predições sobre a Saúde
Ocupacional dos atores observados, com base nas atividades exercidas, pode iniciar o
processo de estudo ergonômico; Os problemas encontrados sofrem extrapolação
negativa não afirmativa, que consiste da suposição de constância total do risco,
confrontada com suas consequências (impactos) a médio prazo.
58
12 Metodologia
A metodologia aplicada, baseada na Análise Ergonômica do Trabalho
(AET), teve como objetivo observar o comportamento, analisar os modos operatórios
das camareiras, contribuindo para a identificação dos riscos ergonômicos.
Num primeiro momento, fez-se um levantamento do funcionamento geral
da empresa ouvindo as camareiras do setor de governança, o que auxiliou na
compreensão das relações existentes entre os postos de trabalho, facilitando o
diálogo com as funcionárias e guiando a escolha da situação crítica. A partir daí, foi
feito um estudo mais detalhado da atividade das camareiras, aliando as observações
dos comportamentos com a explicitação de seus determinantes. Para isso, foi
identificado o trabalho prescrito e observado o trabalho real, considerando suas
variabilidades e condições de realização.
A seguir a próxima fase encarregou-se de evidenciar através da captação
de imagens as posturas adotadas durante a atividade laboral, tendo como foco as
situações que predispõem aos maiores riscos. Para traçar um quadro passível de
análise, comparou-se os seguintes pontos de vista: as observações feitas durante a
execução das tarefas de limpeza e arrumação, as entrevistas com a gerência; e os
depoimentos das camareiras obtidos por meio de conversas informais e aplicação
de questionário. No aprofundamento da análise da situação crítica, foi fornecida uma
nova
interpretação
das
dificuldades
na
situação
de
trabalho,
sugerindo
recomendações que solucionem os problemas constatados, procurando sempre
adequar o trabalho às pessoas.
59
13 Dados gerais sobre o Hotel e sua população de trabalho
A presente pesquisa foi realizada nas dependências do Hotel Mercure,
situado à Avenida Nelson D’Ávila na cidade de São José dos Campos/SP. O Hotel
estudado pertencente à rede de origem francesa Accor Brasil AS, é líder mundial em
operação hoteleira e líder de mercado na Europa, a Accor está presente em 90
países com 4.200 hotéis e mais de 500 mil quartos. Na América Latina são 168
hotéis em nove países. O amplo portfólio das marcas hoteleiras da Accor incluem
Sofitel, Pullman, MGallery, Novotel, Suite Novotel, Mercure, Adagio, Ibis, Formule 1,
Hotel F1, oferecem oferta variada,do luxo ao econômico. Com 145 mil funcionários
no mundo inteiro, o Grupo oferece aos seus clientes quase 45 anos de experiência
em hotelaria (www.accorhotels.com).
60
14 Organização do trabalho
14.1 Descrição técnica do posto de trabalho:
O trabalho foi realizado em 170 apartamentos de 36 a 52 m², disponíveis
tanto para hospedagem como para moradia. Sendo o de hospedagem composto por
dormitório, frigobar e banheiro e o de moradia por quarto, sala, cozinha e banheiro,
todos eles possuem sacada.
Para realizar a arrumação dos quartos, os principais equipamentos
utilizados são: o aspirador de pó e o carrinho, que continha todo o material a ser
necessário para efetuar a tarefa como toalhas, material de limpeza e outros.
De acordo com a análise da demanda o estudo foi focado na área de
governança, mais especificamente na arrumação dos quartos, realizado pela equipe
de camareiras, que constitui 18 integrantes, todas mulheres com faixa etária entre
35 a 50 anos, ensino fundamental completo e 50% com cursos profissionalizantes
na área.
Para a composição do estudo, foram entrevistadas 18 camareiras
utilizando o questionário bipolar e psicofisiológico do trabalho (vide anexos). As
amostras fotográficas foram feitas de uma única funcionária com o intuito de
evidenciar somente a exposição aos riscos, uma vez que os apartamentos são
semelhantes e a dinâmica do trabalho também. As imagens foram obtidas através
da Máquina Digital da marca Olympus DS330 5megapixels. A classificação dos
problemas observados foi feita através da tabela de Classificação dos Riscos
Ergonômicos (Moraes & Mont’Alvão, 1998), todos os itens levantados durante o
61
estudo
foram
analisados
seguindo
as
normas
estabelecidas
na
Norma
Regulamentadora-número 17 (NR17).
14.2 Mapeamento do Processo
A jornada de trabalho durava em média 8 horas diárias. Sendo que,
eventualmente, poderia se estender por alguns minutos na ocorrência de falta de
alguma funcionária, totalizando de 1 a 2 horas-extras/mês, em casos de
absenteísmo, este número pode se elevar a 15 horas-extras/mês. Além de 1h00 de
descanso para refeição, às 10h00 a empresa oferece uma pausa de 8 minutos para
tomar café ou beber água, este tempo também é utilizado para retirar a lavanderia
dos apartamentos.
O sistema de trabalho era constituído de um único turno, com uma
plantonista noturna para eventuais emergências.
No presente posto, trabalham em média 18 funcionárias responsáveis
pela arrumação de aproximadamente 10 apartamentos, distribuídos entre elas.
Eventualmente, na ocorrência de falta ou afastamento de algum componente da
equipe, este número pode aumentar para 20 ou mais. O tempo para as arrumações
varia entre 30 e 60 minutos por apartamento.
62
14.3 Descrição da atividade
14.3.1 Trabalho prescrito
O expediente da manhã começava com a divisão de trabalho das
camareiras. Nesta divisão eram levados em conta o número de quartos vagos ou
ocupados e as alas e andares onde estes se encontram.
Cada camareira recebe um relatório com uma listagem dos quartos a
serem limpos e encaminha-se ao andar pré-determinado para pegar seu carrinho no
almoxarifado, que já foi devidamente preparado ao fim do dia anterior. Não existe
uma ordem pré-estabelecida que a camareira tenha que seguir, porém os quartos
reservados têm prioridade na ordem da limpeza.
No início do dia este relatório funciona como guia do trabalho a ser
realizado no turno, e no final do expediente, como relatório do andamento do
trabalho do funcionário. Nele consta o horário de entrada e saída da camareira do
quarto.
14.3.2 Trabalho real
Ao chegar ao quarto correspondente, a camareira abre a porta com cartão
magnético, pega os utensílios necessários, vassoura, rodo, panos de chão e
flanelas, produtos de limpeza e coloca-os dentro do balde, juntamente com as
roupas de cama e de banho, utensílios de reposição para o banheiro, sala e cozinha
e deixa o carrinho entre a porta aberta.
63
A atividade se inicia pela arrumação do dormitório, onde é trocada toda a
roupa de cama, retirado o pó da mobília e aspirado o chão.
Em
seguida,
a
camareira
coloca
luva
para
lavar
o
banheiro,
primeiramente as louças (sanitário e pia), o box, o espelho, e o chão são enxutos
com panos e torcidos manualmente, após serem embebidos em balde com água e
produto de limpeza, ao final são repostos os artigos de higiene e roupa de banho e a
porta é fechada;
Na sequência, é lavada a louça da cozinha, feita a limpeza do fogão, dos
armários e do chão, todos com pano embebido em produto de limpeza.
O cômodo seguinte é a sala, onde, é retirado o pó com pano e lustramóveis, o sofá e o chão são aspirados com aspirador de pó.
Por fim, a sacada, de duas a três vezes por semana é lavada com água e
sabão, o corrimão é limpo três vezes por semana com uso de um rodo adaptado
como esfregão.
64
15 Resultados
A aplicação do Questionário de Avaliação Psicofisiológica do Trabalho e
do Questionário Bipolar foi feita com o intuito de confrontar as informações obtidas
com a apreciação ergonômica. Partindo deste pressuposto, foi possível observar
que 90% das entrevistadas referiram dores no ombro direito a partir da metade do
dia e principalmente durante a lavagem do box dos banheiros e lombar ao trocar as
roupas de cama e lavar a sacada, 70% nas mãos e punhos em menor proporção
devido ao sistema de burrifação e a pega do carrinho. O cansaço físico demanda
100% das funcionárias o que ocorre frequentemente ao final do dia, salvo os dias
em que a equipe está com o quadro reduzido e em dias de superlotação do hotel,
que este cansaço se inicia na segunda metade da manhã.
Um número menor de camareiras referiram cansaço mental em dias
esporádicos que nem sempre estão relacionados com a carga de trabalho, mas de
noites mal dormidas associadas a problemas pessoais, que se agravam em
situações de sobrecarga da atividade.
A seguir, nas figuras de 1 a 8 estarão ilustrados os problemas mais
acentuados observados durante a pesquisa.
65
Figura 1: Classificação do Problema 1.
Figura 2: Classificação do Problema 2.
66
Figura 3: Classificação do Problema 3.
Figura 4: Classificação do Problema 4.
67
Figura 5: Classificação do Problema 5.
Figura 6: Classificação do Problema 6.
68
Figura 7: Classificação do Problema 7.
Figura 8: Classificação do Problema 8.
69
16 Discussão
Algumas situações de trabalho implicam em exigências do sistema
musculoesquelético, com movimentos repetitivos, manutenção de postura estática e
dinâmica por tempo prolongado, e movimentos de sobrecarga para a coluna
vertebral, propiciando alta incidência de distúrbios osteomusculares, que segundo
Moraes & Mont’Alvão (1998), estas cargas de trabalho proporcionam custos ao
trabalhador, que se expressam em sintomas físicos e psíquicos, doenças
profissionais e do trabalho.
A lombalgia é uma das patologias ocupacionais que preocupa muito
devido ao grande número de casos, principalmente porque leva a incapacidades
funcionais. É uma dor localizada na região inferior da coluna, situada entre o último
arco costal e a prega glútea. O quadro em geral, aparece durando, em média de um
a sete dias, podendo se repetir ao longo dos anos, tornando-se crônico.
Para Dul & Weerdmeester (2000), os períodos prolongados com o corpo
em posições inadequadas, principalmente inclinado para frente, devem ser evitados,
pois há contração dos músculos e dos ligamentos das costas para manter a posição,
isto provoca uma tensão na parte inferior do tronco, onde surgem as dores. Os
movimentos bruscos de curta duração e os levantamentos rápidos de peso, também
podem produzir alta tensão, e produzir fortes dores nas costas.
As causas mais comuns dos problemas na coluna vertebral podem ser
produzidas num movimento simples, mas geralmente, são resultados de acúmulos
de meses ou anos seguidos de posturas inadequadas. Alguns autores relatam que a
70
existência de lesões lombares aumenta significativamente em tarefas de trabalho
que exijam o levantamento de peso.
Os DORT podem surgir em qualquer ramo de atividade, desde que
existam funções e postos de trabalho que exponham os trabalhadores aos fatores
de risco (www.brasgolden.com.br - “Vamos virar essa página”, 1999).
Bertelli (1997), afirma que as lesões por esforços repetitivos respondem
por cerca de 75% dos Comunicados de Acidentes de Trabalho (CAT).
As lesões atingem o trabalhador no auge de sua produtividade e
experiência profissional, já que a maior incidência ocorre na faixa de 26 a 35 anos
afetando primordialmente o sexo feminino (87%) (DELIBERATO, 2002). Essa alta
frequência envolvendo as mulheres justifica-se pela menor capacidade do sistema
musculoesquelético ante a dupla jornada de trabalho, pelas alterações hormonais e
maior labilidade emocional. (VITORINO; ALVARES; RESENDE, 2001).
O esforço diário exigido, comprovado pelas queixas de dores nas costas e
cansaço ao final do dia, pode ser uma das causas do aparecimento de lesões por
esforços repetitivos nesta população. Quando ocorre a primeira vez, os lesionados
seguem corretamente as prescrições médicas e o tratamento fisioterápico.
Entretanto, na recaída da doença repetem o mesmo tratamento não se dando conta
que o grau da lesão pode ter avançado, e ter consequências mais graves. Isto
mostra uma má orientação, por parte dos camareiros (as), das doenças profissionais
que podem acometê-los. Outros fatores que colaboram para a sensação de cansaço
ao final da jornada são o alto grau de carga cognitiva e o controle intenso por parte
das coordenadoras.
71
Como consequência direta desses fatos, observa-se a mudança de
comportamento do corpo funcional e físico através da desmotivação ao trabalho e
alterações posturais crônicas. Tais elementos ocasionam uma redução significativa
na qualidade dos serviços oferecidos pelo hotel favorecendo o surgimento de
reclamações e a perda de clientes e comprometendo o desempenho da empresa ao
possibilitar a formação de uma imagem negativa do estabelecimento perante sua
clientela. Como agravante, encontra-se a deficiência de treinamentos e de uma
política de recursos orientados para o desenvolvimento funcional predispondo a
ocorrência de erros e falhas funcionais. Sob esse enfoque, é pertinente mencionar
que 68% da perda de clientes na hotelaria têm como razão a má qualidade dos
serviços e atendimento, além disso, custa 06 vezes mais a um hotel conquistar um
novo cliente do que manter um cliente existente. Do contingente de clientes 95% dos
que estão descontentes não informam ao hotel o porquê de seu descontentamento.
Destes, 70% não voltam mais ao estabelecimento. De todas as reclamações
efetuadas, 80% dos hóspedes não voltam mais ao hotel (CÂNDIDO, 1994).
É válido ressaltar que todas essas situações são perfeitamente evitáveis e
administráveis. A atuação de profissionais qualificados tanto na área da saúde
quanto na área de segurança do trabalho e recursos humanos de maneira conjunta,
passa a ser de extrema importância para a vitalidade de qualquer empresa e
sistematização de trabalho.
72
17 Conclusão e Parecer Ergonômico
Os riscos ergonômicos basicamente representam:
i) o esforço físico intenso;
ii) levantamento e transporte manual de peso;
iii) exigência de postura inadequada;
iv) controle rígido de produtividade;
v) imposição de ritmos excessivos;
vi) trabalho em turno e noturno;
vii) jornadas de trabalho prolongadas;
viii) monotonia;
ix) repetitividade.
Em consequência destes riscos, o surgimento das doenças ocupacionais
vem se tornado cada vez mais um problema de saúde pública que requer atenção e
cuidados especiais não só dos próprios trabalhadores em risco, como de maneira
primordial as empresas contratantes e autoridades competentes.
A tabela 1 exposta a seguir aponta detalhadamente os riscos observados,
os custos humanos gerados, a qual item da NR17 eles se enquadram, seguidos das
sugestões de melhorias. Esta tabela foi criada por mim com o intuito de facilitar o
73
seu entendimento e melhor especificar os problemas encontrados, bem como as
sugestões de melhorias.
O segmento correto das instruções corretivas é de extrema importância,
não somente a fim de proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e imune
aos riscos, como também para preservar a saúde física e econômica tanto da
empresa quanto dos funcionários estudados.
O período de implantação destas orientações ficará a critério da equipe
ao qual a empresa designar a responsabilidade, variando de acordo com a urgência
e disponibilidade dos mesmos.
74
Jornada longa
Trabalho turno e noturno
Ritmos excessivos
Controle produtividade
Postura inadequada
Movimentação manual
X
X
X
X
Fonte: ALVES, 2005.
X
Postura para
limpeza de
superfícies baixas
incorreta.
X
Movimentação
circular constante
do ombro com
flexão acima de 90°.
X
Quina viva de apoio
para as mãos para
mobilizar o carrinho
X
Caracterização
Esforço físico intenso
Tabela 1- Identificação dos Custos Humanos do Trabalho e Sugestões de Melhoria
Desconforto
Gerado e
Custos
Humanos
Possíveis
Esforço das
mãos,
provocando
déficit de
circulação
sanguínea para
os dedos
principalmente.
Podendo
causar
alteração de
sensibilidade
dos mesmos,
dormência,
síndrome dos
dedos brancos.
Esforço de
membros
superiores,
podendo
causar bursites,
tendinites,
dores, fadiga,
stress.
Esforço do
tronco pode
levar a
lombalgias,
hérnias de
disco, alteração
postural, fadiga
muscular.
Item
Sugestões
da
de
NR 17
Melhorias
17.2.4
17.2.5
17.2.6
Adaptação do carrinho,
adicionando ao mesmo
uma pega acolchoada,
colocada imediatamente
abaixo nível do local
atual de pega. Ou se
possível, troca do
equipamento, desde que
este, contenha pega
apropriada.
Alongamentos
preventivos.
17.4.1
Adaptar a limpeza com
uso de esfregão munido
de cabo ou envolver o
rodo com pano preso à
base.
Alongamentos
preventivos.
-
Treinamento postural.
Alongamento preventivo
75
Fonte: ALVES,2005.
Jornada longa
Trabalho turno e noturno
Ritmos excessivos
Controle produtividade
Postura inadequada
X
X
X
Torção constante do
tronco, ao aspirar o
chão, devido ao
comprimento
inadequado do cano
do aspirador.
X
Instrumento de
trabalho (borrifador)
não possui pega
apropriada ao tipo
de atividade e a
frequência de
ocorrência do
movimento de
preensão palmar.
Movimentação manual
Caracterização
X
Esforço físico intenso
Tabela 1- Identificação dos Custos Humanos do Trabalho e Sugestões de Melhoria
(Continuação)
Desconforto
Gerado e
Custos
Humanos
Possíveis
Esforço das
mãos,
provocando
déficit de
circulação
sanguínea para
os dedos
principalmente.
Podendo
causar
alteração de
sensibilidade
dos mesmos,
dormência,
síndrome dos
dedos brancos
Esforço da
coluna
vertebral,
tensão
indesejável das
vértebras, o
que pode gerar
alterações
patológicas do
alinhamento da
coluna, dores
musculares,
lombalgias,
hérnias de
disco, protusão
discal.
Item
Sugestões
da
de
NR 17
Melhorias
17..4.1
Adaptação do borrifador
de limpa vidros por um
sistema anatômico que
favoreça o encaixe dos
dedos e superfície
arredondada na região
hipotênar a fim de evitar
compressões
inadequadas das
estruturas circulatórias e
moles (veias, vasos,
tendões e ligamentos) da
palma da mão.
17.4
Ampliar o comprimento
do cano do aspirador de
pó.
17.4.1
Treinamento postural.
76
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77
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei Nº5.452 de 1 de maio
de 1943; Disponível em: www.mte.gov.br .Acesso em : Abr, 2006;
BRASIL. Decreto – lei nº 2.172, de 05 de março de 1997. Aprova Norma Técnica
sobre Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Disponível em:
www.dataprev.gov.br. Acesso em: maio/2006;
BRASIL.Aprova as Normas Regulamentadoras. Portaria Nº3214 de 8 de junho
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CÂNDIDO, Índio. Gerente de hotel. Caxias do Sul: EDUCS, 1994;
CORTAZZO, I. I. Saúde e trabalho. Arquivos de Medicina Preventiva, Rio de
Janeiro ,v. 7, n. 7, p. 60-83, jan./dez. 1985;
COUTO , H.A . Ergonomia aplicada ao trabalho. V.1. Belo Horizonte: Ergo
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COUTO , H.A . Ergonomia aplicada ao Trabalho. Manual técnico da máquina
humana. V.2, Belo Horizonte: Ergo.1996;
COUTO, A.H. et al. Como Gerenciar a Questão das LER/DORT. Belo Horizonte:
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COUTO, H. A. Ergonomia Aplicada ao Trabalho: o manual técnico da máquina
humana, 2 v. Belo Horizonte . Ergo editora, 1995;
CURSOS – FISIOTERAPIA. Disponível em: <www.uva.br>, 2002. Acesso em mai,
2006;
78
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia
Aplicações.1ªed. Barueri: Manole, 2002;
Preventiva:
Fundamentos
e
DUL, J. & WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blücher
Ltda, 1998;
FEDERIGHI, W. J. P.. Ergonomia: Ferramenta para obter a Saúde do
Trabalhador. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.22, n.5, p.274-279, set./out. 1998;
FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho. Salvador: Casa da Qualidade,
1996;
FONSECA, A. G. da. Lesões por Esforços Repetitivos. Revista Brasileira de
Medicina. [S.l], v.55, n.6, p. 372-378, Junho. 1998;
GALAFASSI, M. C. Medicina do Trabalho: Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (NR-07). São Paulo: Atlas,1998;
GREVE, J. Mª D’Andreia; AMATUZZI, M. M. Medicina de Reabilitação Aplicada à
Ortopedia e Traumatologia. 1ª.ed. São Paulo: Roca, 1999;
GUÉRIN, F. Compreender o trabalho para transformá-lo. São Paulo: Edgard
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GUYTON, A. C.; HALL,J.E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças.
6ªEd.: São Paulo. Guanabra Koogan,1998;
IIDA, I. (1990). Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo : Ed. Edgard Blücher
Ltda, 1990;
79
KENDALL, P.F.; McCREARY, E.K.; PROVANCE, P.G.
Funções. São Paulo: Manole, 1995;
Músculos, Provas e
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas.
1ª.ed. São Paulo: Manole, 1998;
LANDGRAF, J. F. et al. O Efeito da Cinesioterapia e da Massagem na
Sintomatologia Dolorosa de Mulheres Portadoras de DORT Grau III. Revista
Brasileira de Fisioterapia.[S.l], v.6, n.2, p. 87-96. 2002;
LAVILLE, A. L’ergonomie. Paris: PUF, 5ª ed. Ferreira, 1993;
LEMOS, J. C. Avaliação de cargas psíquicas nos distúrbios relacionados ao
trabalho (DORT) em trabalhadores de enfermagem. Florianópolis: 2001. 95p.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, UFSC, 2001;
MONTMOLLIN, M. A ergonomia. Lisboa: Instituto Piaget, 1990;
MORAES, A. de; MONT’ALVÃO, C. R. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de
Janeiro, 1998;
NUNES, A.N.; LIMA, M.S. Fisioterapia do trabalho: sua presença nas
Organizações Empresariais. Goiania GO, 2003;
OLIVEIRA, C. R. Manual prático de L.E.R. Belo Horizonte: Health, 1998;
OLIVEIRA, J.R.G. A Prática da Ginástica Laboral. Rio de Janeiro: 3º Ed. Ed
Sprint, 2006;
80
RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. São Paulo: Fundacentro, 2000;
RIBEIRO, H. P. Lesões por Esforços Repetitivos (LER): uma doença
emblemática. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.13. (Supl.2), p. 85-93,
Roca, 1997;
ROCHA, L. E.; FERREIRA JUNIOR, M. Saúde no Trabalho: Temas básicos para
profissionais que cuida da saúde dos trabalhadores. São Paulo, 2002;
SMITH, L.K.; WEISS, E.L.; LEHMKUHL, L.D.
Brusnnstrom. São Paulo: Manole, 1997;
Cinesioterapia Clínica de
VITORINO, F. R.; ALVARES, P. L., RESENDE, S. M. LER/DORT ou
Fibromialgia?: O Diagnóstico e suas Implicações. 2001. 47f. Monografia
(Especialização em LER/DORT)-Universidade Estadual de Goiás, Goiânia;
WISNER, A. A inteligência no trabalho. São Paulo: Fundacentro, 1999;
www.accorhotels.com. Acesso em jun/2006;
www.brasgolden.com.br. Acesso em maio/2006;
www.brasgolden.com.br – “Vamos virar essa página”, 1999. Acesso em maio/2006;
www.fisioterapia.com.br - “O grande e intocado filão da qualidade de vida no
trabalho”, 2002. Acesso em maio/2006;
www.uva.br - “cursos - fisioterapia”, 2002. Acesso em maio/2006.
81
ANEXO A - Tabela de Classificação de Riscos Ergonômicos
82
Nº
CLASSE
CARACTERIZAÇÃO
01
Interfaciais
Posturas prejudiciais resultantes de inadequações do campo de visão/tomada de informações,
do envoltório acional/alcances, do posicionamento de componentes comunicacionais, da
morfologia e topografia dos apoios, com prejuízos para os sistemas muscular e esquelético.
02
Instrumentais
Incongruentes arranjos físicos de painéis de informações e de comandos, que acarretam
dificuldades na tomada de informações e de acionamentos, em face de inconsistências de
navegação e de exploração visual, com prejuízos para a memorização e para a aprendizagem.
03
Informacionais
Deficiências na detecção, discriminação e identificação de informações, em telas, painéis,
mostradores e placas de sinalização, resultantes da má visibilidade, legibilidade e
compreensibilidade de signos visuais, com prejuízos para a percepção e para a tomada de
decisões.
04
Acionais
Constrangimentos biomecânicos no ataque acional a comandos e empunhaduras;
ângulos,
movimentação e aceleração, que agravam as lesões por traumas repetitivos. Dimensões,
conformação e acabamento, que prejudicam a apreensão e acarretam pressões localizadas e
calos.
05
Comunicacionais
Falta de dispositivos de comunicação à distância. Ruídos na transmissão de informações
sonoras ou gestuais. Má audibilidade de mensagens radiofônicas e/ou telefônicas.
06
Cognitivos
Dificuldade de decodificação, aprendizagem, memorização, em face de inconsistências lógicas
e de navegação dos subsistemas comunicacionais e dialogais. Resultam perturbações para a
seleção de informações, para as estratégias cognoscitivas, para a resolução de problemas e
para a tomada de decisões.
07
Interacionais
Dificuldades no diálogo computadorizado, provocadas pela navegação, pelo encadeamento e
pela apresentação de informações em telas de programas. Problemas de utilidade (realização
da tarefa), usabilidade (diálogo) e amigabilidade (apresentação das telas), de interfaces
informatizadas.
08
Movimentacionais
Excesso de peso, distância do curso da carga, freqüência de movimentação dos objetos a
levantar ou transportar. Desrespeito aos limites recomendados de movimentação manual de
materiais, com riscos para o sistema musculoesquelético.
09
De deslocamento
Excesso de caminhamentos e deambulações. Grandes distâncias a serem percorridas para a
realização das atividades da tarefa.
10
De acessibilidade
Despreocupação com a independência e a autonomia dos usuários portadores de deficiências,
dos idosos e das crianças, considerando locomoção e acessos, nas ruas e edificações e nos
sistemas de transporte. Má acessibilidade, espaços inadequados para movimentação de
cadeiras de rodas, falta de apoios para utilização de equipamentos.
11
EspaciaisArquiteturais
Deficiência de fluxo, circulação, isolamento,; má aeração, insolação, iluminação, isolamento
acústico, térmico, radioativo. Falta de otimização luminosa, da cor, da ambiência gráfica, do
paisagismo.
12
Físico-ambientais
Temperatura, ruído, iluminação, vibração, radiação, acima ou abaixo dos níveis recomendados.
13
Químico-ambientais
Partículas, elementos tóxicos e aero-dispersóides em concentração no ar acima dos limites
permitidos.
14
Naturais
Exposição às intempéries; exposição excessiva ao sol.
15
Acidentários
Falta de dispositivos de proteção de máquinas; precariedade do solo, de andaimes, rampas e
escadas; manutenção insuficiente; deficiência de rotinas e equipamentos para emergências e
incêndios.
16
Operacionais
Ritmo intenso, repetitividade e monotonia, pressão de prazos de produção e de controles.
17
Organizacionais
Parcelamento Taylorizado do trabalho, falta de objetivação, responsabilidade, autonomia e
participação.
83
18
Gerenciais
Inexistência de uma gestão participativa, desconsiderando opiniões e sugestões de funcionários.
Centralização de decisões; excesso de níveis hierárquicos; falta de transparência nas
comunicações das decisões, prioridades e estratégias; falta de política de cargos e salários
coerente.
19
Instrucionais
Desconsideração das atividades concretas da tarefa durante o treinamento. Manuais de
instrução confusos que privilegiam a lógica do funcionamento, em detrimento das estratégias de
utilização.
20
Psicossociais
Conflitos entre indivíduos e grupos sociais; dificuldades de comunicações e interações
interpessoais; falta de opções de descontração e lazer.
Fonte: Moraes & Mont’Alvão (1998).
84
ANEXO B - Questionário de Avaliação Psicofisiológica do Trabalho.
85
Unidade:______________________Data:__________________ Setor: ________________________
Função:________________________Nome:_____________________________________________
1- Sente dores no trabalho?
( ) Físico
( ) - Sim.
Em que região do corpo?
________________ Há quanto
tempo?______________________
( ) - Não
(
) Mental
7 – O seu relacionamento na empresa com
seus colegas é:
(
) Ótimo
(
) Bom
(
) Razoável
(
) Ruim
2 - Sente Formigamentos?
( ) - Sim Onde? ____________________
( ) - Não
3 - Costuma sentir Cãibras?
( ) - Sim Onde?
____________________________________
8 – E com o seu superior?
( ) - Não
(
) Ótimo (
(
) Razoável (
) Bom
) Ruim
4 - Já foi afastado do trabalho alguma vez?
( ) - Sim. Motivo?
____________________________________
9 – Após o trabalho, você:
Por quanto tempo?
(
) Descansa
____________________________________
(
) Pratica atividades físicas
Há quanto tempo?
( ) Trabalha mais um pouco (outro serviço)
____________________________________
(
( ) - Não
10 – Costuma realizar horas extras?
) Estuda
( ) Sim. Quantas vezes por
semana?________
5 – Você sente cansaço durante o seu
trabalho?
(
) Não
(
) Pouco
(
) Moderado
(
) Bastante
(
) Não
11 – Você considera o seu trabalho:
(
) Estressante
(
) Cansativo
(
) Inovador
(
) Fácil
(
) Difícil
6 – Seu cansaço é:
86
(
) Monótono
(
) Estimulante
(
) Normal
12 - Você tem sugestões de melhoria no seu
trabalho, ou ambiente de trabalho, ou
atividade?
Quais?_______________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
________
13 – Em média, quanto tempo você dorme?
(
) Menos que 5 horas
(
) De 5 a 7 horas
(
) 8 horas
(
) De 8 a 10 horas
(
) Acima de 10 horas
14 – Nos finais de semana você costuma:
(
) Dormir mais
(
) Praticar atividades físicas
(
) Trabalhar
(
) Ter momentos de puro lazer
15 – Você considera o seu trabalho:
(
) Uma obrigação
(
) Uma satisfação
(
) Um passatempo
(
) Um aprendizado
(
) Um fator positivo pra sua vida
(
) Um fator negativo pra sua vida
87
ANEXO C – Norma Regulamentadora Nº 14 – Ergonomia
88
NORMA REGULAMENTADORA Nº 17 – ERGONOMIA (PORTARIA 3.751/90):
17.1 Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
17.1.1 As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,
transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
17.1.2 Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de
trabalho conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
17.2 Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.
17.2.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora:
17.2.1.1 Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da
carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga.
17.2.1.2 Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada
de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte
manual de cargas.
17.2.1.3 Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito
anos e maior de quatorze anos.
17.2.2 Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por
um trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua
segurança.
89
17.2.3 Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas,
que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto
aos métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde
e prevenir acidentes.
17.2.4 Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser
usados meios técnicos apropriados.
17.2.5 Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o
transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser
nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a
sua saúde ou sua segurança.
17.2.6 O transporte e a descarga de materiais, feitos por impulsão ou tração de
vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico
deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador
seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou
sua segurança.
17.2.7 O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico
de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado
pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não
comprometa a sua saúde ou sua segurança.
17.3 Mobiliário dos postos de trabalho
17.3.1 Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto
de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.
17.3.2 Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito de pé, as
bancadas, mesas, escrivaninhas e os papéis devem proporcionar ao trabalhador
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos
seguintes requisitos mínimos:
a) Ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo
de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e
com a altura do assento;
b) Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
c) Ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e
movimentação adequados dos segmentos corporais.
90
17.3.2.1 Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos
requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para
acionamento pelos pés devem Ter posicionamento e dimensões que possibilitem
fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do
trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser
executado.
17.3.3 Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos
seguintes requisitos mínimos de conforto:
a)
b)
c)
d)
altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
borda frontal arredondada;
encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região
lombar.
17.3.4 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a
partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés
que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador.
17.3.5 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé,
devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser
utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas.
17.4 Equipamentos dos postos de trabalho.
17.4.1 Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar
adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do
trabalho a ser executado.
17.4.2 Nas atividades em que envolvam leitura de documentos para digitação,
datilografia ou mecanografia deve:
a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado
proporcionando boa postura, visualização e operação evitando movimentação
freqüente do pescoço e fadiga visual;
b) ser utilizado documento de fácil legibilidade, sempre que possível, sendo vedada
a utilização de papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque
ofuscamento.
17.4.3 Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com
terminais de vídeo devem observar o seguinte:
91
a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do
equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e
proporcionando corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador;
b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador
ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas;
c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira
que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam
aproximadamente iguais;
d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.
17.4.3.1 Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com
terminais de vídeo forem utilizados eventualmente, poderão ser dispensadas as
exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas
executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho.
17.5 Condições ambientais de trabalho.
17.5.1 As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
executado.
17.5.2 Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes. Tais como: salas de controle, laboratórios,
escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos/dentre outros, são
recomendadas as seguintes condições de conforto:
a)
níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
registrada no INMETRO;
b)
índice de temperatura efetiva entre 20 e 23 º C;
c)
velocidade do ar não superior a 0,75 m/s;
d)
umidade relativa do ar não inferior a 40%.
17.5.2.1 Para as atividades que possuam características definidas no subitem
17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas
na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB
(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.
92
17.5.2.2 Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos
de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as
demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.
17.5.3 Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou
artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.5.3.1 A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
17.5.3.2 A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma
a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3 Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de
trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidas na NBR 5413, norma
brasileira registrada no INMETRO.
17.5.3.4 A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve
ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de
luxímetro com fotocélula corrigida pela sensibilidade do olho humano e em função
do ângulo de incidência.
17.5.3.5 Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem
17.5.3.4 este será um plano horizontal a 0,75 m do piso.
17.6 Organização do trabalho.
17.6.1 A organização do trabalho deve ser adequada às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17.6.2 A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em
consideração, no mínimo:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
as normas de produção;
o modo operatório;
a exigência de tempo;
a determinação do conteúdo de tempo;
o ritmo de trabalho;
o conteúdo das tarefas.
93
17.6.3 Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do
pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise
ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:
a)
todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de
remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as
repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas para descanso;
c) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno
gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.
17.6.4 Nas atividades de processamento eletrônico de dados deve-se, salvo o
disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos
trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número
individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de
remuneração e vantagens de qualquer espécie;
b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser
superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito
desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado;
c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite
máximo de 5 (cinco) horas, sendo que no período de tempo restante da jornada,
o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468
da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos
repetitivos, nem esforço visual;
d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10
minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de
trabalho;
e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de
toques deverá ser iniciada em níveis inferiores ao máximo estabelecido na alínea
b e ser ampliada progressivamente.
94
ANEXO D – Questionário Bipolar
95
Nome: .......................................................................................................................................................
Idade: ....................
Tempo na f unção:
Função Anterior .................................
....................................................................................................
Chapa: ................................................
Linha:
Operação:
Turno: .........................................
Sem queixas
E
X
D
Olhos
Cabeça
PESCOÇO
Ombro
Braço
DORSAL
Cotovelo
Antebraço
Lombrar
Nádega
Coxa
Joelho
Panturrilha
Tornozelo
DESCONFORTO
DURANTE A
JORNADA
5
INSUPORTÁVEL
5
5
INSUPORTÁVEL
4
SEVERO
4
muitas vezes por dia
4
SEVERO
3
MODERADO
3
1 vez por dia
3
MODERADO
2
PEQUENO
2
3-4 vezes por semana 2
PEQUENO
1
AUSENTE
1
1-2 vezes por semana 1
AUSENTE
Baseado (Cornell)
todo o dia
25