Untitled - Criança Segura

Transcrição

Untitled - Criança Segura
com muito orgulho que a Criança Segura Safe Kids Brasil realiza o I
Fórum de Prevenção de Acidentes com Crianças.
Atuante no Brasil desde 2001, a Criança Segura Safe Kids Brasil é uma
organização sem fins lucrativos dedicada exclusivamente à prevenção de
acidentes com crianças e adolecentes até 14 anos.
Fundada por um cirurgião pediatra americano Martin Eichelberger, a
organização faz parte de uma rede mundial, a Safe Kids Worldwide, presente
hoje em 16 países.
O objetivo deste evento é propor um espaço de discussão e debater como
podemos somar esforços para reduzir o número de mortes, entre crianças e
adolescentes, vítimas de acidentes. Por este motivo, esperamos que a
oportunidade de hoje, nos aproxime mais e que seja o início de uma longa e
frutífera parceria.
Aproveitamos para agradecer aos patrocinadores fundadores da Criança Segura
Safe Kids Brasil: General Motors e as Companhias da Johnson &Johnson, que têm
nos apoiado ao longo destes três anos.
Aos apoiadores deste evento e principalmente, a você, nossos sinceros
agradecimentos.
Bom evento!
Abertura
Dr. Miguel Doherty, Presidente Honorário da Criança Segura Safe Kids Brasil
Como Terceiro Setor e Governo podem atuar juntos para a
prevenção de acidentes na infância e adolescência
Dra. Ana Maria Bara, Coordenadora da Saúde da Criança da Secretaria Municipal de
Saúde e Abigail Silvestre Torres, Secretaria Municipal de Assistência Social
Apresentação de dados brasileiros e a importância de se investir
em pesquisa no Brasil para combater o alto índice de acidentes
com crianças
Dra. Simone Abib da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Perguntas
Coffee break
Painel de experiências
A atuação da área médica na prevenção de acidentes pela Sociedade
Brasileira de Pediatria
Dra. Renata Waksman, conselheira da Sociedade Brasileira de Pediatria
O papel da ANVISA na redução do número de acidentes por intoxicação e
queimaduras
Jorge Luiz Batista, engenheiro químico e sanitarista da ANVISA
Programas de prevenção de acidentes com crianças e adolescentes até 14
anos pela ONG Criança Segura Safe Kids Brasil
Luciana O´Reilly, coordenadora nacional da Criança Segura Safe Kids Brasil
Atuação da Unicef e a importância do apoio da opinião pública
para a redução dos índices de acidentes
Salvador Lostao, Coordenador do escritório Centro Sul da Unicef
Atuação do Ministério da Saúde para a redução dos índices de
acidentes na infância
Claudia Araujo, Assessora Técnica de Prevenção à Violência e Causas externas do
Ministério da Saúde
Proposta para a formação de alianças para a redução dos
acidentes com crianças e encerramento
Dr. João Gilberto Maksoud Filho, presidente da Criança Segura Safe Kids Brasil
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Prevenção de Acidentes
Dra. Simone de Campos Vieira Abibi
Todo mundo já se machucou um dia... Caiu, escorregou, cortou o dedo, queimou o braço,
quebrou a perna... Entretanto, poucas pessoas sabem que acidentes podem ser muito graves e
deixar seqüelas (defeitos) permanentes ou até provocar a morte. O trauma é a principal causa
de morte em crianças e adultos jovens em todo o mundo. É uma doença de proporções
epidêmicas e um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Além disso, é a
principal causa de morte na população até 44 anos de idade. Nos sobreviventes, a incidência
de seqüelas temporárias ou permanentes é muito elevada. O custo do tratamento inicial, das
internações e do tratamento das seqüelas consome grande parte dos recursos destinados à
Saúde Pública.
Segundo Krug (1999), em relatório da Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 5,8
milhões de pessoas morreram vítimas de trauma, no mundo, em 1998, o que representa 97,9
óbitos por 100.000 de população. Destes, aproximadamente 800.000 óbitos e 50 milhões de
seqüelados estão na faixa etária de 0 a 14 anos de idade.
No Brasil, aproximadamente 150.000 vítimas de trauma morrem anualmente, segundo dados
do ministério da Saúde. Dados do SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados)
mostram que 20.238 pessoas morreram devido a causas externas, no município de São Paulo
em 2001, sendo 286 de 0 a 4 anos, 520 de 4 a 14 anos e 15.000 de 14 a 44 anos (apenas em um
ano). As causas externas determinaram 119 óbitos em menores de um ano no município de São
Paulo no mesmo período (2001). É importante ressaltar que, para cada óbito, estima-se uma
média de quatro seqüelados graves.
A partir do momento em que o trauma deixou de ser considerado fatalidade, acaso ou
acidente e sim um evento previsível, intervenções ativas ocorreram no atendimento inicial do
traumatizado, que resultaram em redução da mortalidade, o que se constituiu no foco de
atenção das últimas décadas.
Esta mudança filosófica no atendimento, baseada em conscientização, mudança de
comportamento e educação deve ser transportada para a prevenção e multiplicada na
comunidade de profissionais da saúde e na sociedade como um todo.
Um exemplo deste processo foi o da organização não-governamental que trata de prevenção
de acidentes na infância Safe Kids, nos Estados Unidos: a partir de uma "pesquisa de mercado",
coletou dados para dispor de argumentos sólidos; medidas de informação e educação puderam
ser multiplicadas por pessoas dos mais variados segmentos da sociedade e reduziram em 40% a
mortalidade do trauma infantil num período de 14 anos. Esta ONG há dois anos está no Brasil
para que também possamos prevenir muitos acidentes com crianças.
Aparentemente, mudança de comportamento pode soar como atitude revolucionária, mas com
coisas muito simples e pequenas, pode-se ter grandes impactos na redução da morbimortalidade do trauma.
No Brasil, os dados sobre o trauma pediátrico ainda são muito escassos. Um estudo realizado
em 1995 mostrou que as crianças que morreram de trauma estavam sozinhas ou com outro
menor, denotando um problema social, pois os pais saem para trabalhar e não há quem cuide
das crianças; esses "acidentes" ocorreram próximo à residência das vítimas ou na própria
residência (Waksman, 1995).
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A maioria dos estudos se referem à mortalidade e poucos deles à situação atual quanto ao
atendimento, seqüelas e custos. Assim, considerando que a expectativa de vida das crianças é
bem maior que a dos adultos, se uma criança ficar paraplégica aos 5 anos, ela pode ter que
conviver com isso por um período de 70 anos, aproximadamente, o que causa ônus pessoal,
familiar e social.
Stylianos e Eichelberger (1993) dizem que o enorme dano que o trauma pode provocar na
criança e na família só pode ser reduzido com estratégias de prevenção e melhorias no acesso
da vítima pediátrica a pessoas e estruturas capazes de fornecer tratamento adequado.Também
destacam as dificuldades na mudança de hábitos dos pais e sugerem alterações na fabricação
de brinquedos, automóveis, móveis, estruturas das casas ou parques, para maior efetividade na
prevenção.
Propõem 10 estratégias para reduzir a possibilidade de trauma ou minimizar suas
conseqüências:
1. prevenir quanto à criação do perigo (proibir fabricação de armas de fogo, por exemplo).
2. diminuir a quantidade do perigo (embalagens de medicamentos com quantidade não letal de
droga)
3. evitar uso inapropriado de um risco existente (ensinar a criança a nadar).
4. modificar o impacto ou distribuição do perigo (uso de dispositivos adequados no carro).
5. separar a criança do perigo por tempo (horários escolares) ou espaço (ciclovias).
6. separar o perigo da criança fisicamente (protetores de tomada).
7. modificar a estrutura do perigo (áreas de lazer construídas com madeira ao invés de
concreto).
8. aumentar a resistência da criança ao perigo (exercícios)
9. agir contra dano já real (treinamento de paramédicos para tratar de crianças).
10. estabilizar, reparar e reabilitar a criança traumatizada (centros de trauma pediátrico
regionais e reabilitação).
A prevenção baseia-se em quatro princípios:
Educação (persuasão); execução (leis); engenharia (tecnologia) e economia (incentivos).
Assim, pode ser ativa ou passiva e as intervenções são possíveis desde que se conte com
legislação efetiva e se conheçam o hospedeiro, o meio físico e o ambiente social, identificando
o momento de intervenção no pré-evento, no evento e no pós-evento.
Esses conceitos são reiterados por Krug (1999), que descreve etapas para a prevenção:
- primeiro passo: determinar magnitude, escopo e característica do problema.
- segundo passo: identificar fatores de risco e quais são passíveis de modificação.
- terceiro passo: prevenção baseada nos dados obtidos, projeto piloto e avaliação das
intervenções.
- quarto passo: implementação de intervenções em larga escala.
A fim de conscientizar melhor a população sobre o problema, é fundamental que tenhamos
dados do nosso meio (cidade de São Paulo), para que as ações de prevenção sejam apropriadas
e eficientes, contribuindo para o primeiro passo descrito por Krug (1999).
O grande problema é que todo mundo acha que "acidente" é algo do acaso, imprevisível ou "por
que Deus quis". Isso faz com que achemos que não podemos interferir sobre eles ou impedi-los.
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Imaginem só o que acontece se uma criança não puder mais andar depois de um
atropelamento, por exemplo. As conseqüências para ela são inquestionáveis, mas também são
freqüentes os pais perderem o emprego, pois precisam cuidar delas; os seus irmãos podem se
sentir abandonados, pois às vezes a criança pode ter de ficar internada por muito tempo.
A boa notícia á que, na verdade, podemos impedir quase todos eles com medidas muito
simples do nosso dia-a-dia. Este comportamento evita muitas mortes, defeitos e perdas
para toda a sociedade.
Vamos dar alguns exemplos:
1- Para evitar atropelamentos:
- não permita que seu filho ande sozinho na rua;
- quando ele tiver idade suficiente, ensine-o a olhar para os dois lados da rua antes de
atravessar e a utilizar passarelas e faixas de pedestre.
2- Acidentes dentro de casa:
Ao contrário do que muito pensam, é dentro de casa que a maioria dos acidentes com
crianças ocorrem. Alguns cuidados evitam grandes problemas:
a) quedas:
- não deixe cadeiras próximas às janelas, pias ou armários altos;
- instale grades ou redes de proteção nas janelas e escadas;
- evite deixar tapetes sobre o chão encerado;
- ao construir sua casa, se ela tiver laje, faça dispositivos de proteção, pois quedas da
laje podem ser fatais.
b) ingestão de produtos químicos ou plantas venenosas:
- não deixe produtos de limpeza em local acessível às crianças;
- não armazene produtos de limpeza e produtos químicos em garrafas de refrigerante,
pois seu filho poderá querer tomá-los;
- não deixe que seu filho coloque plantas na boca.
c) ingestão de remédios:
- os remédios têm cores e formatos que chamam a atenção das crianças, mas se elas
tomarem os remédios em grande quantidade podem ter uma intoxicação muito grave.
Assim, não deixe remédios ao alcance das crianças.
d) ensine ao seu filho a não aceitar nada de estranhos
e) não deixe objetos pontiagudos ou armas de fogo ao alcance do seu filho
f) sufocação:
- não deixe sacos plásticos perto do bebê, pois ele pode sufocar;
- cuidados com objetos pequenos, como peças de brinquedos, parafusos, porcas,
moedas, tampinhas etc. Eles podem ser aspirados e provocar sufocação ou ser ingeridos
e causar problemas;
- coloque o bebê para arrotar antes de deitá-lo após as mamadas, pois do contrário, o
bebê poderá regurgitar ou vomitar e isso irá para o pulmão.
g) queimaduras:
- teste a temperatura da água da banheira com o cotovelo antes de colocar o bebê
dentro dela;
- evite que seu filho entre na cozinha quando o forno estiver ligado;
- mantenha os cabos das panelas voltados para a parede;
- cuidado com o ferro de passar roupa;
- proteja as tomadas;
- não permita que seu filho brinque com fogos de artifício;
- ensine seu filho a soltar pipa longe dos fios de eletricidade e oriente para que, se a
pipa enroscar no fio, ele não tente soltá-la;
- teste a temperatura dos alimentos sólidos ou líquidos que forem oferecidos à criança,
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principalmente os aquecidos no microondas.
h) síndrome do tanque:
- a síndrome do tanque ocorrre quando o tanque da casa não está fixo à parede. Desta
forma, a criança, ao se debruçar no tanque, faz com que ele caia em cima do tórax ou
da barriga, causando lesões sérias. Tenha certeza que o tanque da sua casa está fixo à
parede.
i) síndrome da televisão:
- a mesma situação referida para o tanque pode ocorrer com aparelhos de televisão
grandes colocados sobre suportes baixos. A criança pode ser atingida pelo aparelho,
quando tentar mexer em algum botão.
j) acidentes de carro:
- os acidentes com carro são muito freqüentes e alguns cuidados podem evitar muitas
mortes. Em primeiro lugar, LUGAR DE CRIANÇA È NO BANCO DE TRÁS DO CARRO. Em
segundo lugar, utilize dispositivos de segurança próprios para cada idade, como a
cadeirinha, por exemplo. Ela diminui a chance de morte em 70%.
l) trem/ônibus, moto, skate, bicicleta
- não permita que seu filho seja "surfista" de trem nem de ônibus;
- evite que ele ande de motocicleta e quando for inevitável, que ele use capacete e
roupa protetora;
- para andar de skate ou bicicleta, tenha certeza que seu filho está usando
equipamentos de proteção adequados, como cotoveleiras, joelheiras, capacetes e
sinalizadores na bicicleta.
m) respeito às leis de trânsito, comportamento dos adultos
- os adultos também podem colaborar muito, se respeitarem as leis de trânsito e forem
mais calmos ao dirigir. Além de evitar muitos acidentes, eles servirão de exemplo para as
crianças. Os adultos podem ainda fazer leis e construir estradas, ruas, passarelas, faixas
de pedestres, etc para ajudar a combater essa verdadeira epidemia que é o trauma.
n) aparelhos em casa
- a curiosidade das crianças faz com que elas queiram desmontar e montar coisas.
Cuidado com aparelhos domésticos, pois um ventilador, por exemplo pode causar lesões
muito graves, além das queimaduras elétricas.
o) mergulho e afogamento
- sempre que for a um lugar desconhecido, certifique-se da existência de lagos, piscinas,
represas, etc;
- ensine seu filho a nadar e a usar bóias;
- quando for mergulhar, saiba a profundidade do local, pois do contrário, podem ocorrer
lesões da coluna, com paralisia.
p) pipas
- ensine seu filho a não soltar pipas perto de fios de alta tensão;
- no caso de a pipa enroscar em algum fio, não vá e não permita que seu filho vá tentar
retirá-la do fio;
- não deixe que seu filho use cerol na linha. Isso pode provocar lesões graves.
q) incêndios
- se você mora em local onde ocorrem incêndios com freqüência, instale um detector de
fumaça na sua casa.
Viram como é fácil? Estas atitudes evitam muitas mortes e fazem com que as crianças
continuem sendo sinônimo de alegria para nós.
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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
e a prevenção dos acidentes e da violência
Artigo cedido gentilmente pela Sociedade Brasilera de Pediatria
"Os acidentes podem ser evitados". Em 1998, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
entidade científica que reúne os médicos de crianças e adolescentes começou a divulgar esta
idéia. A Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes na Infância e Adolescência foi lançada
no Rio de Janeiro, em caminhada realizada pelos pediatras na orla, em Ipanema, no Dia da
Criança, 12 de outubro.
É que com a evolução da ciência, e com campanhas como as de vacinação e pela
amamentação, cada vez mais se consegue evitar e controlar as doenças transmitidas por vírus,
bactérias e outras mais. Mas por outro lado, os acidentes e a violência as chamadas "causas
externas" de mortalidade passaram a ser os maiores inimigos da saúde e da vida das crianças e
dos adolescentes dos 5 aos 19 anos. Tornaram-se também cada vez mais importantes para as
crianças menores, de zero a cinco anos, ocupando, em algumas capitais, o primeiro lugar nas
estatísticas de mortes a partir de um ano de vida.
Por isso, a SBP vem elaborando e distribuindo publicações direcionadas à população e a
profissionais da saúde. Os primeiros cartazes chamam atenção para a prevenção de acidentes.
O Passaporte para a Segurança tem orientações voltadas para as faixas etárias de 0 a 3 anos e 3
a 12 anos. Já foram distribuídos, em duas versões, mais de um milhão.
Em 2000, a SBP lançou, em Brasília, durante reunião do Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda), do qual é membro titular, a segunda fase da Campanha,
quando começou a trabalhar a questão da violência. O "Guia de Atuação Frente a Maus-tratos
na Infância e Adolescência. Orientações para pediatras e demais profissionais da saúde", está
hoje na segunda edição, com 78 mil exemplares já distribuídos. O movimento passou então a
ser a "Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes e Violência na Infância e
Adolescência", ganhando também um padrinho, o ator Thiago Lacerda. O cartaz lembra:
"Violência é covardia. As marcas ficam na sociedade", slogan que a SBP cedeu ao Conanda, que
o utilizou como lema na sua IV Conferência Nacional, em 2002. Já foram distribuídos milhares
de cartazes.
Em 2001, em Olinda, Pernambuco, a SBP lançou o Mutirão Promotores da Paz. Crianças e
adolescentes foram chamadas a escrever uma frase ou fazer um desenho sobre a prevenção de
acidentes e violência. Em 2002, na Vila Olímpica da Mangueira, no Rio de Janeiro, a Sociedade
lançou um filme de 30 segundos sobre a violência doméstica que está sendo veiculado na
televisão. A fita foi elaborada com desenhos de crianças e adolescentes da Vila Olímpica da
Mangueira, a quem a SBP pediu que expressassem como vêem a violência que ocorre também
dentro de casa. As crianças receberam o Certificado de "Promotores da Paz".
Para o rádio, o Sistema Globo produziu as "Dicas da Dona Benta", sobre a prevenção de
acidentes e outros assuntos, com subsídios da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Instituto
Fernandes Figueira, veiculadas em 16 emissoras. Também a mensagem sobre a violência
doméstica, gravada por Thiago Lacerda para a televisão, foi transformada em spot para
veiculação no rádio.
Elaborado a partir de projeto da Sociedade, o "Casa Segura", conta com seu apoio. Trata-se de
residência de tamanho real, projetada para simular os perigos potencialmente encontrados no
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ambiente doméstico.
Na ensino, a Comissão Nacional de Residência Médica aprovou proposta da SBP para que a
prevenção de acidentes na infância e adolescência integre obrigatoriamente o programa das
Residências Médicas em Pediatria.
A Sociedade também conseguiu que a nova "Classificação Hierarquizada Brasileira de
Procedimentos Médicos" lista que será negociada pelas entidades com seguradoras,
cooperativas de trabalho médico e planos de saúde como base para a remuneração dos
profissionais inclua o item "Orientação sobre Prevenção de Acidentes e Violência por faixa
etária".
A SBP tem ainda procurado o poder público desde 1998, quando obteve apoio do Ministério da
Saúde (MS) e do Ministério da Educação que, tendo recebido o projeto "Escola Saudável", o
recomendou às Secretarias Estaduais de Educação. Elaborado pela Sociedade para a prevenção
de acidentes e violência a partir das escolas, o projeto "Escola Saudável" tem sido aprovado
pelo legislativo de alguns municípios. Pela proposta, torna-se obrigatória a criação de
Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (CIPAVEs).
No Ministério da Saúde, a SBP participou do Grupo de Trabalho que elaborou a "Política
Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências", em vigor desde 2001.
Em 2002, durante a campanha eleitoral, entregou um documento aos candidatos. Em 2003,
reiterou, ao ministro da Saúde, diversas reivindicações e propostas, entre as quais a
"manutenção do apoio e financiamento da estratégia defendida pela SBP, voltada para a
realização de campanhas de prevenção de acidentes e violência contra crianças e
adolescentes".
Além do MS, também são parceiros o Ministério da Justiça, a Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS) e o Unicef. Emissoras de televisão, de rádio, e diversos profissionais, têm
contribuído, com a veiculação gratuita do filme da Campanha e com a doação de seu trabalho.
Atuando em conjunto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, as suas filiadas, as Sociedades
de Pediatria dos 26 estados e do Distrito Federal, têm editado publicações específicas,
procurado o poder público municipal, estadual e o legislativo e realizado eventos para chamar
a atenção da população e das autoridades para a prevenção de acidentes e da violência.
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Conselho Criança Segura
Luiz Carlos Dutra
Dow Química
Rafael Sampaio
ABA e About
Dr. João Gilberto Maksoud
Cirurgião Pediátrico
Irene Dias
Pinheiro Neto Advogados
Madalena dos Santos
Banco Mundial
Patrocinadores Fundadores
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A Criança Segura
A Criança Segura Safe Kids Brasil é uma organização sem fins lucrativos
atuante no Brasil desde 2001 dedicada à prevenção de acidentes com
crianças.
A instituição faz parte de uma rede internacional, o Safekids Worldwide,
que nasceu nos Estados Unidos em 1987, fundado pelo cirurgiãopediátrico Dr. Martin Eichelberger com a missão de combater a princ ipal
causa de mortes de crianças: os acidentes ou lesões não intencionais.
Desde o seu lançamento nos Estad os Unidos, o índice de mort es
proveniente de ac identes ou les ões não intencionais com crianças
apresentou uma queda considerável de 40%. O Safekids tem um
importante papel neste decrescente índice principalmente por meio de sua
grande atuação junto à comunidade, com pr ogramas de preve nção,
estratégia de mídia, intenso e efetivo tr abalho realiza do junto aos
Governos Feder al, Estadual e loc al, entre outros gr andes esforços.
Só no Brasil, mais de 7 mil crianças morrem por ano e mais de 40 mil
ficam com seqüelas permanente s.
Mortes por lesões não
intencionais
AFOGAMENTOS
26%
OCUPANTES
18%
17%
PEDESTRES
14%
SUFOCAÇÃ O
QUEDAS
12%
QUEIMADURA S
8%
INTOXICAÇÃO
2%
ARMA DE FOGO
2%
CICLISTAS
1%
Fonte: Ministério da Saúde 2001
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Desafios e objetivos
Gerar alertas públicos
crianças”;
à
causa
“acidentes
com
Impactar políticas públicas;
Desenvolver redes de colaboradores para implementar
estratégias de prevenção nas comunidades de todo
país;
Colaborar com outras entidades para aumentar o fluxo
de recursos financeiros, humano e material;
Desenvolver um sistema amplo e bem estruturado de
coleta de dados, baseado em registros e informações
oficiais, nacionais e locais, por meio de coliga ções.
Principais ações
Programa Criança Segura no Carro
O programa tem como objetivo informar e
educar a socied ade sobre a segur ança da
criança no carro. São realizados eventos
educativos em concessionárias do
patrocinador , shoppings centers, parques e
locais públicos. Desde o lançamento, mais de
15 mil pessoas f oram atingidas.
15470
10650
3320
1500
2001
2002
2003
Total
Pessoas atingidas
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Principais ações
Programa Criança Segura Pedestre
Este é um programa re alizado em escolas de
periferia onde o correm os maior es números de
atropelamentos, segundo dados das
Secretarias de Trânsito locais. Dur ante o ano,
professores e alunos recebem orientações que
são aplicadas em ati vidades de salas d e aula.
Mais de 640 prof essores já foram capacita dos
e 25 mil alunos atingidos.
25.146
13.057
8.314
3.775
2001
2002
2003
Total
Alunos atingidos
Principais ações
Programa Criança Segura na Escola
Este programa v isa o desenvolvi mento dos 3
pilares do conte xto escolar – alunos,
professores e pais. Consiste em capacitar os
professores e fornecer instrumentos para que
eles possam, ao longo do ano, inserir no
currículo escolar as m ensagens de preve nção
de acidentes em geral. O programa já
envolveu 135 esc olas e mais de 42 m il alunos
foram atingidos.
2.400
2001
42.740
35.270
7.520
2002
2003
Total
Alunos atingidos
26
Outras Atividades
Treinamento s
Mais de 2.400 colaboradores capacitados em prevenção de acidentes com
crianças, ent re eles: agent es de trânsit o, policiais r odoviários, educadores,
médicos e enferm eiros, bombeiros , agentes comuni tários de saúde,
universitários, entre outros.
Eventos de Mobilização
Dia nacional contra queimadu ras
Distribuição de material educativo em escolas, creches, postos de saúde e
hospitais.
Ação Verão
Parceria com bombeiros e policiais rodoviários para distribuição de
material educativo voltado à prevenção de acidentes como afogamentos e
acidentes de trânsito.
Semana do Trânsito
Parceria com órg ãos públicos para r ealização de ativ idades dedicadas à
prevenção de acidentes de trânsito.
Conquistas 2003
Coligação Londrina!!!
Parceria com empresas locais: Concessionária
Metronorte e Folha de Londri na
Criança Segura Brincando
Parceria com Mattel / Fischer Price
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Desafios 2004
1)
Pesquisa sobre acidentes com crianças – compilação de
pesquisas e estud os já desenvolvidos no Brasil e em outros
paises sobre o imp acto social e econ ômico de acidentes infantis;
2)
Realização de Fórum de Prevenção de Acidentes envol vendo
médicos, educad ores, poder p úblico e outras organizações não
governamentais com objetivo de construir rede de mobilização e
divulgação de pesquisas e caso s de assistência;
3)
Ações de relacionamento com médicos, pediatras e
desenvolvimen to de materiai s de comunica ção (flyers) para que
sejam disponibilizados a seus pacientes informando sobre
prevenção de acidentes;
4)
Campanha de c omunicação de massa com objeti vo de
sensibilizar a pop ulação sobre o tema e infor mar sobre formas
de prevenção de acidentes ;
5)
Ações em parcerias com outras organizações, seja por meio da
formação de uma rede ou por atuações conjuntas.
www.criancasegura.org.br
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Aspectos epidemiológicos e preventivos do trauma na infância
João Gilberto Maksoud Filho
Martin R. Eichelberger
Fatores de risco individuais para os traumatismos na infância
Estratégias para a prevenção do traumatismo na infância
Safe Kids Campain: um exemplo a ser seguido
Conclusão
Referências bibliográficas
O conceito de que os traumatismos são secundários ao acaso e ao infortúnio é errôneo e
prejudicial. Ao contrário, na maioria das vezes os mesmos são previsíveis e seguem padrões
determinados, influenciados pelo meio ambiente e tipo de atividade do indivíduo. A forma mais
adequada de dimensionarmos a gravidade do problema é desmembrando-se o evento "trauma" em
seus fatores, conforme modelo proposto por Haddon 1.Segundo esse modelo, as circunstâncias
causais relacionadas ao traumatismo são eventos distintos das lesões conseqüentes ao mesmo. O
estudo dessas causas deve ser minuciosamente realizado, com o objetivo de identifica-las e
determinar a freqüência com que elas surgem. Desta forma podemos determinar quais os tipos de
acidentes mais freqüentes em uma determinada comunidade.
Os traumatismos na infância, da mesma forma, seguem padrões específicos, influenciados pela
idade, sexo, local de moradia, hora do dia, e clima2.
A partir de utilização de metodologia científica baseada no modelo epidemiológico "agentehospedeiro-meio ambiente" é possível identificar esses padrões, permitindo a atuação preventiva
sobre cada um dos componentes3.
Outro aspecto fundamental no estudo dos traumatismos é o da utilização permanente de um
sistema de coleta e análise de dados. Este deve ser abrangente, qualitativo e eficiente, tanto em
âmbito local como nacional, objetivando identificar de forma detalhada e profunda os problemas
e a população alvo e planejar estratégias de controle e prevenção. O mesmo sistema pode ser
usado retrospectivamente para a avaliação dos resultados e verificação do cumprimento dos
objetivos.
Infelizmente , os dados referentes ao trauma na infância são de difícil obtenção e na maioria das
vezes imprecisos 2,4. Na cidade de São Paulo, por exemplo, apenas os dados referentes a
mortalidade podem ser obtidos, a partir de uma análise realizada pelo Pro-AIM, Programa de
Aprimoramento de Informações de Mortalidade no Município de São Paulo, da Secretaria Municipal
de Saúde. Esses dados são baseados em laudos que constam nas certidões de óbito dos indivíduos
que nasceram e faleceram no município. Embora incompletamente, refletem por amostragem, a
dimensão do problema.
Nos países desenvolvidos, a partir de informações obtidas de sistema de coleta eficiente foi
possível constatar que o trauma é a principal causa de óbito dos 0 aos 19 anos. De fato, os
traumatismos na infância são responsáveis por um número de óbitos maior que todas as outras
causas somadas5.
O Brasil possui um sistema precário de coleta e análise de dados. Os órgãos responsáveis por esses
dados denominam "causas externas" as ocorrências causadas pela violência, intencional ou não
(suicídios, homicídios, acidentes em geral). Com relação ao período de 1977 a 1985, as "causas
externas", assim como nos países desenvolvidos, representaram a principal causa de óbito na
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faixa etária de 5 a 49 anos6.
A mortalidade decorrente dos traumatismos representa apenas parte do problema. A morbidade e
a incapacitação permanente são as conseqüências sociais mais trágicas, permanecendo escondias
atrás do desinteresse, desorganização e falta de informação.
Nos países desenvolvidos, os acidentes automobilísticos e os atropelamentos são as principais
causas dos traumatismos na infância, sendo esses os responsáveis por metade das mortes e pela
maioria dos casos de paraplegia, tetraplegia, traumatismo cranianos com seqüelas, e lesões faciais
extensas7. Recente estudo realizado no Brasil revelou que em crianças na faixa etária de 5 a 14
anos os acidentes de trânsito também são as principais causas de óbito6.
Nos grandes centros urbanos observamos um alarmante aumento dos traumatismos causados pela
violência interpessoal. É possível identificar-se dois tipos distintos de violência na infância: o
primeiro que atinge a criança menor, representado pelo espancamento infantil e outro atingindo
adolescentes e adultos jovens, representado pelos homicídios e acidentes com armas de fogo8.
Assustadoramente, os homicídios são a principal causa de óbito na população brasileira acima dos
15 anos. Constata-se um aumento significativo na última década no pais de todas as "causas
externas", sendo que os homicídios foram os que cresceram em maior proporção9.
De forma geral, comparando-se os dados brasileiros com aqueles dos países ditos "desenvolvidos",
notamos que enquanto nestes o suicídio e as colisões automobilísticas são os principais
componentes da mortalidade por trauma na infância, no Brasil os homicídios tem uma importância
destacada, estando as taxas de prevalência em franca ascensão. Dentre os acidentes de trânsito,
os atropelamentos são as principais causas de óbito na população pediátrica10.
Essa tendência ao aumento da violência na adolescência é atribuída ao grave problema social do
pais, em especial nas grandes concentrações urbanas ,onde os contrastes e a miséria se acentuam.
Fatores de risco individuais para o trauma na infância
Uma série de fatores próprios da infância combinados entre si tais como sexo, idade e
comportamento individual são os determinantes dos padrões de acidentes e lesões.
Idade:
A idade é o principal fator que determina os padrões de acidente da criança. As etapas do
desenvolvimento psicomotor determinam o comportamento e a atividade diária da criança como
engatinhar, andar, correr ou andar de bicicleta. Já no primeiro ano de vida essas características se
tornam evidentes. Durante a adolescência os acidentes adquirem sua maior importância, sendo
responsáveis por aproximadamente 80% das mortes nessa faixa etária 2,5.
Sexo:
As diferenças quanto a prevalência e padrões dos acidentes de acordo com o sexo também tornamse evidentes já no primeiro ano de vida. Essas diferenças iniciam-se no 5o mês quando as crianças
aprendem a engatinhar e se intensificam no momento em que completam o primeiro aniversário.
Continuam se intensificar durante os anos subsequentes11.
Os meninos são vítimas com maior freqüência de acidentes em playgrounds, acidentes ciclísticos e
atropelamentos, indicando que o tipo de comportamento é fator determinante. Um menino
adolescente tem duas vezes mais possibilidade de sofrer um acidente que uma menina da mesma
idade. As diferenças são bem evidentes nos casos de suicídio cuja prevalência é 4 vezes maior em
meninos, afogamentos (3 vezes maior), homicídios (2,5 vezes), e acidentes automobilísticos (2
vezes)5
.
Agentes e vetores de lesão
De forma genérica podemos considerar que a causa de lesão tecidual nos traumatismos é a
transferência de energia cinética, térmica, radioativa ou química, causando a falência tecidual.
Os vetores de energia são por exemplo o automóvel, a bicicleta, a chaleira fervente.
É exatamente para esse vetores que os programas de prevenção são mais eficientes e portanto são
os que merecem maior atenção. Um exemplo interessante é o do controle das lesões causadas
50
pelos acidentes ciclísticos em crianças e adolescentes em Seattle, no final da década de 80. Nesta
cidade americana, na maioria das admissões hospitalares em conseqüência de acidentes
ciclísticos havia a presença do traumatismo crânio-encefálico. Uma coalizão de órgãos estaduais e
particulares de saúde, comunidade e empresas privadas, desenvolveram uma campanha
destinada a incentivar o uso de capacetes para ciclistas. Através da divulgação da companha na
mídia, descontos sobre a aquisição do produto e orientação aos familiares, observou-se o aumento
do uso do capacete de 5% para 40%, reduzindo os riscos de traumatismos cranianos em 85%12.
Fatores Ambientais
O fator ambiental isolado que mais influencia os acidentes na infância e a pobreza. Uma criança
pobre em um centro urbano tem probabilidade 2,5 vezes maior de sofrer acidentes13.
Fatores socio-econômicos como maternidade precoce, mães solteiras, e baixo nível educacional
estão presentes nas camadas inferiores da sociedade e que contribuem para um aumento do
número de acidentes na infância. No Brasil observa-se uma nítida relação da miséria como
aumento da violência contra crianças e adolescentes especialmente em grandes centros urbanos
como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife8,14.
Estratégias para .prevenção de acidentes na infância
Considerando-se as inúmeras causas e formas de traumatismos na criança, como determinar as
prioridades na estratégia de prevenção? Deve-se considerar, dentre as causas: as mais freqüentes,
as mais graves e aquelas nas quais uma estratégia de prevenção já exista ou seja possível de ser
testada.
Formas de atuação:
1. Educação e persuasão
Uma das formas mais eficientes de atuação é voltada a educação individual, especialmente dos
pais. Entretanto essa educação deve ser feita de forma prática e objetiva visando problemas
específicos. Orientações genéricas como "seja cuidadoso" ou "olhe sempre seu filho", não trazem
resultados efetivos. Programas específicos de treinamento voltado aos pais foram empregados por
pediatras responsáveis pelo atendimento primário à infância em comunidades de Israel e dos
Estados Unidos. Esses programas visavam orientar a prevenção de acidentes automobilísticos,
quedas , queimaduras e afogamentos. As principais limitações foram: o tempo relativamente
curto de cada consulta e o número restrito de tópicos que eram abordados em cada consulta 15,16.
2. Mudança de produtos
Outra forma eficiente de redução de acidentes é através da mudança planejada do design e
acabamento dos produtos ou de seus componentes. Por exemplo, a mudança na embalagem e
apresentação de remédios e produtos de limpeza diminuiu significativamente a ingestão
acidental dos mesmos por crianças. Limitando-se a temperatura dos aquecedores de água ,
conseguiu-se diminuir a incidência de queimaduras por escaldamentos.
3. Mudanças no meio
São Mudanças de caráter físico e social. É sabido que as crianças tem maior propensão aos
traumatismos, mas tal fato não é somente resultante das características inatas mas também são
dependentes do meio em que vivem. As mudanças no meio resultam em significativa diminuição
da incidência de lesão. Exemplos: A instalação de detetores de fumaça em edifícios
comprovadamente diminui as fatalidades em incêndios. Campanhas para a colocação de grades ao
redor de piscinas diminuíram a mortalidade por afogamento. A orientação de colocação de telas e
grades em janelas de edifícios diminui a incidência de óbitos por quedas.
A forma mais eficiente de propagação e difusão dessas mudanças é através da criação de leis e a
imposição de multa a transgressores dessas leis. Um exemplo disso na cidade de São Paulo foi a lei
que obrigou o uso de cinto de segurança em automóveis. Desde a implantação dessa lei, as mortes
decorrentes de acidentes de automóvel diminuíram cerca de 30%.
51
SAFE KIDS Campain: Um exemplo a ser seguido.
Em 1987, profissionais de diversas áreas se reuniram sob a liderança do Serviço de Trauma
Pediátrico do Children's National Medical Center em Washington, DC . O grupo composto por
médicos, administradores de empresas privadas, publicitários , especialistas em saúde pública e
advogados reuniu a experiência de várias áreas de atuação para estabelecer estratégias de
combate e prevenção ao trauma na infância. O grupo foi patrocinado pelo governo e
principalmente por companhias privadas como a Johnson & Johnson's e General Motors . A
"National Safe Kids Campain " tem como objetivo conduzir pesquisas relacionadas a formas de
prevenção do trauma na criança, levar ao conhecimento do público através da mídia e de
campanhas os resultados dessa pesquisa e transmitir amplamente as orientações e recomendações
relativas a essa prevenção. Os objetivos foram plenamente alcançados , graças a atuação de
inúmeras coalizões formadas por voluntários treinados por todo o país, os quais desenvolviam a
campanha em sua comunidades.
Após 13 anos de atuação, com grande impacto na diminuição da na mortalidade por trauma nos
E.U. A., a Safe Kids planeja ampliar sua atuação pelo mundo. Países da Europa, Oriente Médio, Ásia
e Oceania já manifestaram o desejo de participar. O Brasil deverá ser um dos principais centros de
atuação da companha num futuro próximo.
Conclusão:
O grave impacto social causado pelos traumatismos é uma realidade ainda desconhecida ou
ignorada no Brasil e nos países da América do Sul. O principal objetivo do combate ao trauma
pediátrico deve ser minimizar os devastadores efeitos dessa verdadeira epidemia. As armas para
esse combate não devem estar limitadas à cirurgia mas também devem se basear nos estudos
epidemiológicos. Os avanços tecnológicos no tratamento do doente gravemente acidentado
devem ser desenvolvidos paralelamente com programas sociais e comunitários de educação e
prevenção.
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Artigo publicado no livro Cirurgia Pediátrica. MAKSOUD,João Gilberto. 2a. Edição. Editora
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