“Vigilantes Reais e Guerra Fria nos Quadrinhos de Watchmen na

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“Vigilantes Reais e Guerra Fria nos Quadrinhos de Watchmen na
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA -­‐ UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS VI / CAETITÉ
COMPONENTE CURRICULAR: Pesquisa IV
PROFESSOR: Jairo Carvalho.
ALUNO: Vinícius L. Toledo.
Artigo Científico
Vigilantes Reais e Guerra Fria nos Quadrinhos de Watchmen
na década de 1980
Março / 2011
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA -­‐ UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS VI / CAETITÉ
COMPONENTE CURRICULAR: Pesquisa IV
PROFESSOR: Jairo Carvalho.
ALUNO: Vinícius L. Toledo.
Artigo Científico
Vigilantes Reais e Guerra Fria nos Quadrinhos de Watchmen
na década de 1980
Artigo Científico realizado pelo aluno
Vinícius L. Tolêdo e entrege ao professor
Jairo Carvalho como avaliação do
componente curricular: Perquisa IV - do
curso de Lincenciatura Plena em História
da Universidade do Estado da Bahia UNEB Campus VI
2
Resumo: A Guerra Fria influenciou de forma direta a produção cultural da década de
1980, tanto no cinema quanto nas revistas em quadrinhos. Algumas das histórias em
quadrinhos, como em Watchmen, traziam discussões como o medo atômico e o
anticomunismo, temas característicos da política norte-americana na década de
1980. Nessa perspectiva, o presente artigo tem por objetivo analisar a representação
da Guerra Fria e a ação de vigilantes reais na cidade de New York na história em
quadrinhos de Watchmen, para assim compreender a sua visão crítica sobre a
guerra e o cotidiano político da década de 1980.
Palavras-chaves: Guerra Fria – Vigilantes – Histórias em quadrinhos.
3
INTRODUÇÃO
As Histórias em Quadrinhos são um tipo de mídia que surgiu a mais de cem
anos e possibilitou o surgimento de um novo tipo de linguagem a partir da escrita e
do desenho, ou seja, uma arte com identidade própria. Hoje em dia os quadrinhos
estão presentes em todos os lugares que possamos imaginar, pois, depois do
surgimento da imprensa os HQs 1 difundiram-se em todo o mundo, ganham força e
se renovam a cada dia que passa.
Das histórias satíricas de Rodolphe Töpffer2 de meados do século XIX até os
dias de hoje muitos foram os acontecimentos que transformaram o mundo, e assim
como vários outros tipos de meios de comunicação as revistas em quadrinhos foram
influenciadas por muitos desses fatos.
Mas para que esses acontecimentos influenciassem a produção de revistas
em quadrinhos, primeiramente eles tiveram que afetar as pessoas de alguma forma,
provocando inquietações e sentimentos individuais e também coletivos que refletiam
no modo de pensar e agir dos indivíduos, sendo que dentre os mesmos estavam os
leitores e autores das revistas em quadrinhos.
Dentre os diversos gêneros produzidos pela indústria dos quadrinhos os que
mais se destacam até hoje são as aventuras e superaventuras, ou seja, o mundo
dos heróis e super-heróis. Tanta popularidade se dava por conta de que os leitores
se identificavam com os ideais desses personagens e por serem um símbolo de
liberdade dentro de um mundo capitalista onde se predomina o ideal das classes
dominantes. No inicio do surgimento desses gêneros os principais leitores eram
crianças, com o passar do tempo as histórias foram ficando mais maduras e
consequentemente agradando um público mais exigente que buscavam nos
personagens os mesmos anseios.
Mesmo que os quadrinhos sejam um produto da industria cultural onde quem
a produz não consome, e ainda carrega uma carga de valores burgueses, é
inevitável que os seus produtores não sejam influenciados pelas vivências,
1
HQ ou HQs no plural é uma abreviatura de Histórias em Quadrinhos usada comumente e que farei uso para me
referir a essa mídia.
2
Rodolphe Töpffer é considerado o pai dos quadrinhos modernos que foram criados na Europa no século XIX.
4
sentimentos e movimentos populares na qual até os próprios autores fazem parte e
consequentemente representam isso em suas produções.
No entanto os quadrinhos que por muitas vezes não recebem a devida
importância e acabam passando despercebidos por muitos olhares desatentos. Com
tudo, esse tipo de arte deve ser levada a sério para que possamos entende-la não
só como uma mídia popular, mas principalmente, como um documento histórico que
carrega uma carga axiológica 3, política, filosófica e social.
Para tanto no âmago desta pesquisa pretende-se compreender o que são as
histórias em quadrinhos a partir de uma análise de como ela é construída, quem a
produz, como funciona a sua linguagem e como ela interage com os leitores. Além
disso a pesquisa busca-se versar sobre o que foi a Guerra Fria seus
acontecimentos, conseqüências, repercussões, o cotidiano da década de 1980 e
como essas conjunturas influenciaram as pessoas durante esse período e
consequentemente como essa estrutura refletiu nas HQs.
Sob essa perspectiva pretende-se analisar a obra-prima Watchmen de Alan
Moore e Dave Gibbons – publicada em 12 volumes em 1986.
O que são as histórias em Quadrinhos?
As histórias em quadrinhos apareceram pela primeira no formato de tiras de
jornais dominicais no final do século XIX e começou a se tornar popular a partir de
personagens como The Yellow Kid de Richard Outcault. Devido a grande aceitação
do público, principalmente o infantil, não demorou para que as histórias ganhassem
o seu formato próprio como uma revista desvinculada dos jornais.
Entretanto o fato que impulsionou o surgimento de uma industria dos
quadrinhos aconteceu em 1938 com a publicação da revista Action Comics 1, que
trazia na capa o personagem Superman, o personagem que mudou a fisionomia dos
quadrinhos para sempre. A pós o aparecimento do Homem de Aço (Superman),
começou a surgir vários outros super-heróis que aproveitavam a possibilidade de
sucesso de mercado em uma economia abalada na década de 1930.
3
Axiologia é o padrão dominante de valores em nossa sociedade.
5
As superaventuras, ou seja, as HQs de super-heróis passa a ser um dos
gêneros mais populares desde então, e com isso todos os fatos históricos que
mudaram o nosso mundo também transformavam o deles.
Entretanto por serem criados primeiramente para um público infantil e por
muito tempo se mantiveram assim, as histórias em quadrinhos foram
constantemente consideradas leituras imaturas, de mal gosto e de baixa qualidade –
não que essa visão tenha mudado de modo geral, mas quando se fala em HQs a
maioria das pessoas tratam essa mídia com indiferença, até mesmo quando as
mesmas estão sendo usadas para o desenvolvimento de uma pesquisa que tenha
relevância social.
E o fato de ser uma mídia da industria cultural muitas dessas
análises sobre HQs sustenta afirmações pessimistas como as que fizerem
Horkheimer e Adorno sobre a industria cultural.
Sendo assim para que seja possível uma análise sobre as HQs é necessário
entendermos o que são e como são produzidas, para tanto, o quadrinista Will Eisner
define:
“Em sua forma mais simples, os quadrinhos empregam uma série de
imagens repetitivas e símbolos reconhecíveis. Quando são usados
vezes e vezes para expressar idéias similares, tornam-se uma
linguagem - uma forma literária, se quiserem. E essa aplicação
disciplinada que cria a “gramática” da Arte Sequencial.” (EISNER,
1995, p.8)
A definição de Will Eisner é importânte para entendermos os quadrinhos
como uma fonte única e desvinculada de análieses de outras mídias para ser
conceituada, já que, “quadrinhos são quadrinhos. E como tais, gozam de uma
linguagem autônoma, que usa mecanismos próprios para representar os elementos
narrativos” (RAMOS, 2009, p.17). Um dos principais elementos que compõe a
construção de uma história em quadrinhos são os ícones 4 , entre eles existem os
símbolos, palavras e figuras que são imagens criadas para se assemelhares com os
seus temas, ou seja, são imagens que tentam representar aquilo que ela significa,
porem nas figuras o seu significado é variável, já que a sua aparência se diferem
4
Símbolo gráfico que representa um objeto pelos seus traços mais característicos.
6
daquilo que é real em diversos graus. Um dos níveis de abstração utilizados nos
quadrinhos é o cartum, que os desenhistas fazem de acordo com o tipo de história
em quadrinhos.
Figura 1 - Scott MacCloud explicando os efeitos de uma abstração através do
cartum. (MACCLOUD, 1995, p.30)
O que MacCloud tenta mostra é que o cartum não é apenas um jeito de
desenhar, é um modo de ver as coisas, já que o mesmo tem a capacidade de
concentrar as atenções em uma idéia, ou seja, já que, quem observar um circulo
dois pontos e uma linha mesmo que queira seria impossível não ter a imagem de um
rosto na mente, o que faz do cartum algo universal, ou seja, que ele tem o poder de
representar diversos indivíduos.
Figura 3 - Scott MacCloud sinalizando sobre a universalidade do cartum
(MACCLOUD: 1995, p.31)
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O que podemos perceber com essas colocações é que o fato do cartum ser
algo universal faz com que quem o observar irá se identificar com aquela imagem, já
que esse nível de abstração é mais que uma imagem é também uma idéia, como
podemos ver em uma outra colocação do mesmo autor:
Figura 4 – Scott MacCloud exemplificando o poder de representação dos
cartuns (MACCLOUD, 1995, p.36)
Quando os produtores de HQs fazem uma figura de um rosto ou outro
elemento quase todos os desenhistas usam uma pequena dose de cartum até em
desenhos com mais realidade, sendo esse um dos elementos que fazem as HQs
serem um produto consumido por pessoas de diversas idades, pois as imagens tem
o poder de representa-las.
A palavra também é um tipo de ícone que faz parte não só do vocabulário dos
quadrinhos, mas, de qualquer outro documento, e para que possamos mergulhar no
conteúdo existente nas HQs e nas revistas de noticiários faremos uso do recurso de
analise do discurso, já que a partir do discurso podemos perceber a relação das
experiências, e inquietações do autor, ou seja, o discurso é um reflexo do que o
autor pensa e vive dentro do contexto social do seu tempo, assim como sinaliza
Foucault sobre a ligação do autor ao discurso:
“de onde vêm, quem os escreveu; pede-se que o autor preste contas
da unidade de texto posta sob seu nome; pede-se-lhe, ou ao menos
sustente, o sentido oculto que os atravessa; pede-se-lhe que os
8
articule com sua vida pessoal e suas experiências vividas, com a
história real que os viu nascer. O autor é aquele que dá à inquietante
linguagem da ficção suas unidades, seus nós de coerência, sua
inserção no real.” (FOUCAULT, 2007, p. 27, 28) Sob essa ótica, “palavras, imagens e outros ícones são o vocabulário da
linguagem chamada História em Quadrinhos”. (MACCLOUD, 1995, p.47) Esses
elementos em conjunto criam uma nova perspectiva de leitura, o que contribui para a
singularidade das HQs como podemos perceber:
“O processo de leitura dos quadrinhos é uma extenção do texto. No
caso do texto, o ato de ler envolve uma conversão de palavras em
imagens. Os quadrinhos aceleram
esse processo fornecendo as
imagens. Quando execultados de maneira apropriada, eles vão além
da conversão e da velociadade e tornam-se uma só coisa”.
(EISNER, 2005, p.9)
A pesar dos quadrinhos terem terem uma estrutura única, não é somente os
seus elementos que fazem dessa mídia algo diferente, mas também a forma com a
mesma transmite o seu conteúdo, pois, “os quadros das histórias fragmentam o
tempo e o espaço, oferecendo um ritmo recortado de movimentos dissociados. Mas
a conclusão nos permite conectar esses momentos e concluir mentalmente uma
realidade contínua e unificada.”(MACCLOUD, 1995, p.67) Isso faz com que o leitor
se torne um colaborador consciente e voluntário no processo de leitura, já que é a
conclusão do mesmo que vai garantir o processo de transmissão da mensagem,
como mostra Cirne:
“Quadrinhos são uma narrativa gráfico-visual, impulsionada por
sucessivos cortes, cortes estes que agenciam imagens rabiscadas,
desenhadas e/ou pintadas. O lugar significante do corte - que
chamaremos de corte gráfico - será sempre o lugar de um corte
espácio-temporal, a ser preenchido pelo imaginário do
leitor.” (CIRNE, 2000, p.23)
Nessa perspectiva é possível perceber a singularidade da linguagem dos
quadrinhos, pois, para que ela possa ser executada como veiculo transmissor de
informação é necessário a participação direta do público que a consome.
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Quadrinhos e representação
Do seu surgimento até os dias de hoje as HQs estão ligadas as
transformações sociais que modificaram o mundo moderno, ou seja, os
acontecimentos históricos que mudaram o nosso mundo, refletiram de alguma forma
no mundo dos quadrinhos, sendo assim, devemos analisar essas mídias levando em
consideração o contexto político e social na qual elas se inserem.“Os quadrinhos
são menos simples do que aparentam: questionar o seu espaço criativo exige do
crítico um sólido conhecimento dos mais diversos problemas sociais, culturais, e
artísticos.” (CIRNE: 1975, p.12)
Basicamente as histórias em quadrinhos são obras de ficção, mas que no
processo de sua produção o autor reflete na sua obra um conjunto de experiências
de vida, angustias e informações inclusive históricas do seu tempo, como mostra
Barbosa:
“O artista de histórias em quadrinhos trabalha com as informações
sobre a história e o cotidiano, transformando-as em ficção. Sua
busca é a difícil tarefa de entreter e informar, sendo ele um formador
de opinião, servindo aos poderes sociais. Junto com a narrativa dos
fatos surge a ficção histórica, na qual o autor mescla toda a carga de
informação que recebe com seus parâmetros de subjetividade e
abstração, construindo, assim, uma nova visão para essas
informações.” (BARBOSA, 2009, p. 104.)
O autor dos quadrinhos transfere para a ficção as suas percepções do
cotidiano e a sua bagagem de conhecimento histórico, ou seja, ele precisa obter
uma compreensão do mundo a sua volta para produzir a ficção. Essa necessidade
de compreensão da sociedade pelo homem é acentuado por Chartier como
representação:
“a noção de representação pode ser construída a partir das
acepções antigas. Ela é um dos conceitos mais importantes
utilizados pelos homens do Antigo Regime, quando pretendem
compreender o funcionamento das sua sociedade ou definir as
operações intelectuais que lhes permitem apreender o mundo”.
(CHARTIER, 1990, p. 23)
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Como a HQ é uma mídia que necessita da interação do leitor para que a sua
mensagem possa ser transmitida, esse mecanismo faz com exista a partir de então
uma relação intima entre o autor e o leitor, “já que quando o “produto” final é
entregue no contato entre criador e leitor, as características daquele cuja mão
segura a caneta afetarão as percepções daquele cujas mãos seguram a
obra.”(MCCLOUD, 2006, p.98) Essa relação na qual o autor expressa na obra a sua
percepção do mundo, faz com que seja necessário uma bagagem de experiências
relativamente semelhantes por parte do leitor para que o mesmo também possa se
identificar como sujeito histórico no contexto representado na história em
quadrinhos. Essa semelhança de experiências só é possível a partir do momento em
que esses indivíduos (autor e leitor) façam parte do mesmo lugar social, já que,
segundo CERTEAU:
“a história se define inteiramente por uma relação da linguagem
com o corpo (social), e, então, também por sua relação com os
limites colocados pelo corpo, seja sob a forma do lugar
particular de onde se fala, seja sob a forma do objeto distinto
(passado, morte) do qual se fala.” (LE GOFF & CERTEAU,
1974, p.27)
Essa relação do lugar social em que vive o autor e os leitores é refletida nos
quadrinhos como mostra a definição de Cirne:
“Antes de mais nada, entendamos o lugar do desejo social
tomado historicamente. Este é o lugar privilegiado que abarca a
arte e o imaginário em seu torno; mas não só a arte e suas
conseqüências culturais, não só a arte e as suas
conseqüências sociais. É o lugar que, extrapolando - ou não - o
psicológico, assinala as marcas da concretude humana, com
suas fraquezas, misérias e grandezas. Com seus defeitos e
suas qualidades. Com suas angustias e suas esperanças.
Nesta história, os quadrinhos seriam um campo fértil - formal e
estruturalmente - capaz de enriquecer os discursos artísticos
gerados pelo Homem”.(CIRNE, 2000, p.24)
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A pesar de ser um produto da industria cultural na qual em tese expressa
somente um interesse mercadológico de um produto massificante, ou seja, que tem
o intuito de padronizar valores e pensamentos baseados em ideais no mundo
capitalista, entretanto é impossível negar que produtos dessa cultura como as
histórias em quadrinhos e o cinema não tenham contribuído para representar a
cultura, o espaço e o tempo de um povo como sujeitos históricos, como podemos
perceber com a análise de Cirne:
“Mesmo ao se utilizar, na maioria das vezes, dos veículos mais
massivos, as historietas carregam - nos melhores autores - a
possibilidade do alumbramento artístico. Por outro lado, há sempre,
em suas formulações conteudísticas, uma porta aberta para o social,
para o poético, para o político, para o filosófico, para o religioso, para
o demasiadamente humano.”(CIRNE, 2000, p.25)
Heróis, Super-Heróis e o seu poder de representar
De todos os tipos de personagens que as histórias em quadrinhos criaram
aqueles que mais se destacam até os dias de hoje são os heróis e super-heróis.
Esses ícones dos quadrinhos são populares desde as primeiras aparições em
revistas que custavam dez centavos e hoje são mais conhecidos ainda por que
ajudam a movimentar grandes produções cinematográficas, como os filmes do
Homem-Aranha, Batman e Watchmen. Entretanto esses personagens são
conhecidos por carregarem consigo valores axiológicos, que são os padrões
dominantes de valores da nossa sociedade, ou seja, os padrões burgueses. Os
mesmos na maioria pregam a ordem e a justiça através do uso da força o que os
torna conservadores o que é uma característica também do estado, sendo este “uma
comunidade humana que pretende o monopólio do uso legítimo da força física
dentro de determinado território” (TRAGTENBERG apud WEBER, 1997, p.17).
Entretanto durante a produção das HQs o autor transmite valores presentes no seu
inconsciente. Nildo Viana busca embasamento na psicanálise para mostrar que:
“O processo de criação da superaventura é processo consciente no
qual o criador envia uma mensagem na maioria das vezes
axiológica. Porém, nenhuma produção cultural é somente consciente
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e junto com o processo consciente caminha o processo inconsciente.
No caso da ficção isto é ainda mais forte. Na superaventura a
imaginação ganha autonomia na narrativa e isto permite uma
manifestação mais forte do inconsciente. Porém, além do
inconsciente individual 5 derivado da repressão individual que se
manifesta em cada obra individual, também se manifesta o
inconsciente coletivo, derivado da repressão coletiva.” (VIANA,
2005, p. 61).
Dessa forma os super-heróis dos quadrinhos refletem algo que está no intimo
dos indivíduos numa sociedade, que impõem os limites, no entanto esse tipo de
sentimento não atinge somente os leitores das histórias em quadrinhos, para que
esse efeito seja expressado nos indivíduos, mais alguém necessita ter a mesma
percepção, que é o autor das revistas: “de qualquer forma, tanto os produtores
quanto os consumidores da superaventura manifestam o desejo inconsciente de
liberdade em resposta ao mundo burocrático e mercantil fundamentado na
repressão.” (VIANA, 2005, p. 63).
Sendo assim os autores que produzirem as HQs colocam não só os seus
desejos inconscientes de liberdade nas revistas, mas também, as suas angustias,
reflexões e a sua percepção da sociedade, na qual ele faz parte, para tentar
entende-la, e isso reflete na forma de como ele representa o seu tempo.
Os heróis e super-heróis são fruto da do reflexo de uma sociedade que
impões regras e limites ao indivíduo, e de um desejo reprimido desses sujeitos
dentro de um ambiente de desigualdade, sendo assim, mesmo que os heróis e
super-heróis carreguem valores dominantes do estado burguês, através do
inconsciente coletivo as histórias de fantasia de tais personagens manifestam o
desejo de liberdade, já que “estes rompem com os limites impostos, combatem a
injustiça, defendem os fracos e oprimidos - que são aqueles que continuam
submetidos à opressão” (VIANA, 2005, p.61), como podemos perceber também na
explanação de Umberto Eco:
“Mas numa sociedade particularmente nivelada, em que as
perturbações psicológicas, as frustrações, os complexos de
O inconsciente coletivo é o conjunto de necessidades/potencialidades reprimidas em todos os indivíduos que
formam um coletividade.
5
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inferioridade estão na ordem do dia; numa sociedade industrial, onde
o homem se torna número no âmbito de uma organização que
decide por ele, onde a força individual, se não exercita na atividade
esportiva, permanece humilhada diante da força da maquina que age
pelo homem e determina os movimentos mesmos do homem - numa
sociedade de tal tipo, o herói positivo deve encarar, além de todo
limite pensável, as exigências de poder que o cidadão comum nutre
e não pode satisfazer” (ECO, 1970, p. 246, 247.)
Dessa forma “o gênero de super-heróis nos ensinou a acreditar que nossa
liberdade mais provavelmente será protegida por heróis, que estão acima do
Estado , do que por burocratas, que o compõem.” (WHITE, 2009 p.45) Para que o
autor possa criar os personagens é necessário que o mesmo se baseie em algo e
mesmo que a história seja uma ficção cheia de elementos fantasiosos, a base da
construção da história faz parte de algo palpável, algo que faça parte do universo
que o rodeia e isso perceptível nas histórias em quadrinhos de Alan Morre como
podemos perceber em sua fala:
“Em meu trabalho como autor, eu me movo na ficção, eu não
me movo nas mentiras. Embora eu tenha que reconhecer que a
distinção é atraente, talvez não seja fácil para o leigo percebe-la.
Com a ficção, a arte, a escrita é importante que, ainda que você
esteja trabalhando em áreas da fantasia completamente diferentes,
haja ali uma ressonância emocional. É importante que a história soe
real a nível humano, mesmo que nunca tenha
acontecido.” (MORRE, 2003.)
A partir da fala de Alan Morre, podemos analisar tais características na
história em quadrinhos Watchmen.
Guerra Fria, Vigilantes reais e cotidiano em Watchmen
A Guerra Fria é o conflito entre os países capitalistas, sob a liderança dos
Estados Unidos e os países comunistas liderados pela União Soviética. O conflito
ocorre após a Segunda Guerra Mundial, tendo duração de 1947 até 1989, com a
queda do muro de Berlin. A denominação “Guerra Fria” se deve ao fato que não
existia um conflito militar direto entre Estados Unidos e União Soviética, já que
devido ao grande número de armamento nuclear pertencente a ambos poderia levar
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a destruição da duas potências. O historiador Edward Thompson também
caracteriza:
“O que é conhecido como “Guerra Fria” é a fratura humana central, o
polo absoluto do poder, o apoio em torno do qual gira o poder no
mundo. É o campo de força que engendra exércitos, diplomacias e
ideologias, que impõe relações dependentes aos poderes menores e
exporta armas e militarismo para a periferia.” (THOMPSON, 1985
p. 19)
A Guerra fria afetou o mundo em diversos aspectos, porem as relações sociais
e culturais, foram as que receberam os grandes impactos, principalmente pelo tom
apocalíptico que as noticias sobre a guerra eram divulgadas, e, de acordo com
Hobsbawm “os febris roteiros de ataque nuclear que vinham da publicidade
governamental e dos mobilizados adeptos da Guerra Fria ocidentais, eram gerados
por eles mesmos” (HOBSBAWM: 1995, p. 244)
O medo da eminência de uma guerra nuclear era algo concreto já que a
existência de uma quantidade imensa de armas atômicas poderia destruir o planeta,
e esse medo se torna mais intenso a partir do fato de que a guerra perpassava o
âmbito político e econômico e caminhava para o social e ideológico o que foi
caracterizado como exterminismo, que seria a direção da autodestruição da
civilização industrial:
“O exterminismo designa aquelas características de uma sociedade expressas, em diferentes graus, em sua economia, em sua política e
sua e em sua ideologia - que a impelem em uma direção cujo
resultado deve ser o extermínio de multidões.” (THOMPSON, 1985,
p.43)
Essa estrutura da Guerra Fria influenciou na direta e indiretamente na
produção cultural no decorrer do seu andamento, principalmente no que diz respeito
a década de 1980, período no qual surge uma intensa mobilização popular
reivindicando o desarmamento nuclear. O reflexo dessa influencia está presente em
mídias como o cinema, musica e nas histórias em quadrinhos, como exemplo
Watchmen.
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Série de história em quadrinhos escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave
Gibbons, Watchmen foi publicada originalmente em doze edições mensais pela
editora estadunidense DC Comics entre 1986 e 1987.
Watchmen é considerada um marco importante na evolução dos quadrinhos
nos EUA: introduziu abordagens e linguagens antes ligadas apenas aos quadrinhos
ditos alternativos, além de lidar com temática de orientação mais madura e menos
superficial, quando comparada às histórias em quadrinhos comerciais publicadas
naquele país. O sucesso crítico e de público que a série teve ajudou a popularizar o
formato conhecido como graphic novel (ou "romance visual"), até então pouco
explorado pelo mesmo mercado, sendo também responsável pela popularização dos
quadrinhos para o público adulto.
Watchmen é a primeira história em quadrinhos a ganhar um prêmio literário, o
prêmio Hugo6, é também a única que consta na lista das 100 maiores obras literárias
em língua inglesa do século XX publicada pela Time Magazine 7, e uma adaptação
para o cinema foi lançada em 6 de março de 2009. “Com Watchmen, Alan Moore
redefiniu a linguagem dos quadrinhos produzidos nos Estados Unidos e estabeleceu
de vez o início de uma “Nova Era” para o super-heróis” (GUEDES, 2008, p.234)
Watchmen é situada nos EUA de 1985, um contexto no qual os heróis
mascarados era uma realidade. O país estaria vivendo um momento delicado no
contexto da Guerra Fria e em via de declarar uma guerra nuclear contra a União
Soviética. As HQ de aventura e superaventura até então mostravam histórias de
heróis e super-heróis nos quais os mesmos tinham envolvimentos políticos, sociais e
ideológicos intensos, mas, na maioria das vezes esses personagens não eram tão
abalados como deveriam ser, em Watchmen a trama tenta mostrar como seria o
mundo real onde os vigilantes mascarados existissem de fato. A mesma trama
envolve os episódios vividos por um grupo de super-heróis do passado e do
presente e os eventos que circundam o misterioso assassinato de um deles.
Watchmen retrata os super-heróis como indivíduos verossímeis, que enfrentam
problemas éticos e psicológicos, lutando contra neuroses e defeitos, e procurando
Um prêmio devido relevância da obra, mas sem uma categoria definida. É possível ver a lista de todos os
vencedores do prêmio na década de 1980 em http://dpsinfo.com/awardweb/hugos/80s.html.
6
No site da revista Time é possível visualizar a lista completa (http://www.time.com/time/2005/100books/
the_complete_list.html).
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evitar os arquétipos e super-poderes tipicamente encontrados nas figuras
tradicionais do gênero. Podemos perceber o contexto no qual Watchmen foi
elaborada a partir da fala do autor Alan Moore:
“Watchmen também surgiu do sombrio cenário dos anos de 1980,
quando a Guerra Fria alcançava o ponto mais quente em 20 ou 30
anos, e quando a destruição nuclear parecia, repentinamente, uma
possibilidade muito real. Watchmen usou os clichês do formato
super-herói para provar e discutir as noções de poder e
responsabilidades num mundo cada vez mais complexo. Nós
tratamos a estes personagens super humanos verdadeiramente
ridículos mais como humanos que como super. Os usamos como
símbolos de diferentes classes de seres humanos comuns, em lugar
de diferentes superseres. Penso que existiam algumas coisas em
Watchmen que sintonizavam bem com esses tempos ainda que pra
mim talvez o mais importante fosse a narrativa, onde o mundo que
apresentávamos não tinha coerência, em termos de causa e efeito.
Ao contrário, era visto como um simultâneo e massivamente
complexo com conexões feitas a partir de coincidências, sincronia. E
creio que foi esta visão de mundo, de qualquer maneira, que
repercutiu junto ao público que se deu conta de que sua visão prévia
de mundo não se adequava às complexidades deste sombrio e
aterrorizante novo mundo em que estávamos entrando. Penso que
Watchmen tinha algo a oferecer, abrindo novas possibilidades para
as maneiras de percebermos o ambiente que nos rodeia e as
interações e relações das pessoas com ele.” (MOORE, 2003.) 8
Essa percepção de mundo na qual Alan Moore descreve está presente desde a
primeira pagina da edição N° 1 de Watchmen onde o personagem Rorschach
descreve a situação do ano de 1985 em seu diário como podemos perceber:
8
The mindscape of Alan Moore. Direção: Dez Vylenz, Moritz Winkler. Inglaterra, 2003
17
Figura 5 - Visão de mundo no Diário de Rorschach (MOORE: 1999, cap. 1, p.1)
A visão do personagem passa por uma análise política, social e ideológica qual
inclui não só a questão da Guerra Fria, mas também de todo um contexto dos EUA
na década de 1980.
Uma das visões que Watchmen aborda com grande intensidade é a questão
do medo atômico atormentava o mundo durante o conflito. Essa angustia é
representada no mesmo a partir de uma visão popular e das informações que
circulavam na mídia, como podemos perceber nas imagens:
18
Figura 6 - Representação do medo da Guerra (MOORE: 1999, cap. 5 p. 12)
Figura 7 - O medo a partir das notícias sobre a Guerra (MOORE: 1999, cap. 7, p.12)
Watchmen também tenta mostrar uma perspectiva para a conclusão da
Guerra Fria na qual os Estado Unidos e A União Soviética deixariam a o conflito de
lado para lutarem juntas contra um inimigo comum, que surge a partir da simulação
de um ataque alienígena para acabar com a guerra e que destrói a cidade de Nova
19
York e mata milhares de pessoas, a pesar de ser um ataque alienígena, o ataque
produz uma destruição que seria semelhante a um holocausto gerado por um ataque
nuclear:
Figura 8 - Times Square destruída (MOORE, 1999, cap.12, p.1)
A pesar da Guerra Fria ser um dos panos de fundo de destaque em
Watchmen, a HQ também busca retratar a relação do cotidianos nas ruas de Nova
York, que durante a década de 1980 se caracterizava por um grande índice de
violência por conta dos surgimento das gangs e também pelo surgimento da
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chamada “epidemia do crack” entre 1984 e 1990 como é possível perceber em um
artigo da revista TIME:
“Em Houston9
no mês passado, um homem e uma mulher
colombiana foram baleados em estilo de execução em seu carro.
Estas são cenas de uma epidemia de violência homicida que
transformou as ruas de muitas idades americanas em zonas de
guerra virtual. Com um mês para o final deste ano, os registros de
assassinatos de todos os tempos já foram definidos em diversas
cidades, e que o ritmo de sangue não mostra sinais de abrandar. No
número de homicídios de Nova York subiram 18%, em Houston, 44%
e na capital do país é um desconto de 65% terrível. Não há mistério
sobre a causa da matança acelerada. Diz Raymond Kelly, chefe
adjunto da polícia de Nova Iorque: "Achamos que o aumento tem
relação direta com o uso de crack", a cocaína mais barato e
prontamente disponível derivados.” (TIME, 1988)
Um dos exemplos que chama mais atenção do alto índice de violência é o
caso de Bernard Goetz, um engenheiro elétrico que depois de ser vítima de assaltos
comprou uma arma com o intuito de se defender e limpar as ruas do crime, e ficou
conhecido como “Vigilante do Metro”. Goetz três dias antes do Natal de 1984 atirou
e feriu quatro jovens negros que supostamente tentaram toma-lo de assalto dentro
de um vagão de trem no metro de Nova York, durante o tumulto Goetz conseguiu
sair sem fosse reconhecido, e a partir de então o mesmo passou a ser conhecido
como o “Vigilante do Metro” segundo uma matéria da revista Time de 8 de abril de
1985.
“Bernhard Goetz, apelidado de Vigilante do Metro, já era uma
sensação nacional. A polícia registrou centenas de telefonemas
elogiando o atirador - alguns lamentam a falta de precisão. The New
York tablóides engajados em uma competição frenética de
manchetes histéricas. Entrevistas Homem-na-rua revelou negros e
brancos apoiando entusiasticamente o atirador. A exuberante graffiti
spray pintada em East New York's River Drive proclamada PODER
AO VIGILANTE. NOVA YORK te ama!” (TIME, 1985)
9
Houston é a maior cidade do estado do Texas
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Por um instante Bernard Goetz se tornou o padrão de herói do mundo dos
quadrinhos, já que ele havia feito um ato heróico, tinha uma identidade secreta, e
havia sido aceito como tal por muitas pessoas que acreditaram nesse herói. A
atitude de Goetz é um reflexo de um mundo com uma série de problemas, um
mundo que vive com medo da eminência de uma guerra nuclear e um mundo
carregado por ondas crescentes de violência urbana, nesse contexto “ele parecia
simbolizar o espirito oprimido” (TIME, 1985). A pesar de ter sido aclamado como
herói, Goetz se entregou para a polícia e um dociê foi montado para saber
informações sobre a sua vida, e a mesma matéria destaca que Goetz tinha uma
“vida conturbada e preocupante”, a partir de então Goetz deixa de ser o herói e se
torna o vilão da história, já que as pessoas começam questionar a sua ação dentro
de um jogo de moralidade, sobre a consagração de um herói, e essa é uma das
maiores reflexões de Watchmen, que surge a partir da frase, “Quem vigia o
Vigilante”, já que o mesmo tem uma identidade secreta.
A situação vivida por Bernard Goetz, o colocou em uma situação semelhante a
dos heróis de Watchmen, na qual o mesmos foram aclamados pela população
insegura e que via nos vigilantes mascarados uma saída para o combate a violência
nas ruas, mas a partir do momento em que os mesmo se tornam decadentes eles
passam a ser vistos com maus olhos pela sociedade, como podemos perceber:
Figura 9 - Protesto nas ruas contra os heróis (MOORE: 1999, cap. 2 p. 17)
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Mesmo que Alan Moore e Dave Gibbons não tenham se inspirado
especificamente no caso de Bernard Goetz para criar situações parecidas no enredo
de Watchmen, essa situação se caracteriza apenas como a ponta do iceberg, já que
o problema da do alto índice violência era algo constante durante a década de 1980.
Considerações Finais
É possível perceber que a Guerra Fria e o cotidiano estão representados no
plano de fundo dos quadrinhos de Watchmen. A HQ consegue abarcar os reflexos
de um mundo em constante conflito, entretanto é importante perceber que a história
gira em torno da saga de heróis mascarados que tentam desvendar o mistério da
morte de outros heróis.
Porem em sua ambientação Alan Moore e Dave Gibbons conseguem
retratar uma sociedade da década de 1980 que reflete sentimentos coletivos a partir
da carga de influencia da corrida armamentísta, como, o medo da Guerra Fria e
suas conseqüências, o sentimento anti-comunista e o medo da violência urbana nas
ruas das grandes cidades nos Estados Unidos. Esse reflexo é perceptível em outras
HQs e outras mídias da época como o cinema e a musica.
Watchmen é uma história em quadrinhos que se destaca de outros
quadrinhos pois ela conseguiu trazer a reflexão sobre a percepção de mundo para
outro nível, já que a o enredo de Watchmen traz discussões maduras e palpáveis,
sendo uma revista em quadrinhos voltada para um público adulto que refletia sobre
as mesmas angustias e questionamentos, o que torna Watchmen um “produto” do
seu tempo.
A partir dessa perspectiva Watchmen também é vislumbrada como um
documento histórico que possibilita a análise de um determinado tempo e espaço
além de possibilitar a compreensão e representação de sujeitos históricos dentro
desse contexto, sendo assim, Watchmen deixa de ser somente um produto produto
da cultura de massa, e passa buscar não somente o entretenimento, mas também, a
reflexão do homem e o tempo.
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