Prazer de ser natural como o VERÃO

Transcrição

Prazer de ser natural como o VERÃO
carta ao leitor
Lucimara Vanini
402 Anos
U
m ritmo de vida diferenciado, de uma caipirice moderna e exigente, é a primeira impressão que a gente tem
de Itu. Prestes a completar 402 anos, no dia 2 de fevereiro,
a cidade carrega emblematicamente uma riqueza histórica,
cultural e social que não se encontra em nenhuma localidade da região. Não é à toa que ela mantém intocáveis seus
ares aristocráticos, originados em sua formação econômica
e evidente em seu impressionante patrimônio arquitetônico.
É fácil entender porque o ituano tem orgulho da cidade
de 156.011 habitantes, onde o PIB (Produto Interno Bruto)
per capita, que representa a soma da riqueza produzida no
município dividida pela população, é de R$ 26.249, 58.
Este índice é muito superior ao de cidades de mesmo porte como Ferraz de Vasconcelos (R$ 7.705, 26), Francisco
Morato (R$ 5.492,60) e Itapecerica da Serra (R$ 19.799,
91). Também ultrapassa a vizinha e pujante Sorocaba, com
seus 596.060 habitantes e PIB de R$ 24.272,26.
O vigor econômico da velha Itu se renova toda vez que
surgem empreendedores dispostos a investir e gerar riquezas que ultrapassam suas fronteiras. É o caso de empresários de destaque nacional em seus segmentos, tema da
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Terraço - edição 25
matéria de capa deste mês, que fazem questão de associar
marca e produto à cidade. É o ‘made in Itu’ espalhando-se
pelo país e pelo mundo.
Outro destaque da edição é a entrevista especial com
o empresário José Luiz Gandini, presidente nacional da
Kia Motors, um autêntico apaixonado por sua terra natal,
sentimento que também ajuda a projetar a cidade, uma vez
que todas as grandes decisões da marca nascem em Itu.
Muita gente certamente não sabe, mas a região possui
quatro candidatos à beatificação. São religiosos e leigos
que, pelo exemplo de vida, acabaram chamando a atenção
e recebendo a dedicatória de pedidos e orações. A causa
da santificação em todo o país ganhou ênfase após o reconhecimento de Antônio de Sant´Anna Galvão, o frei Galvão,
como o primeiro santo brasileiro em 2007.
Tudo isso para começarmos muito bem o ano, lembrando que a Terraço valoriza as boas histórias da nossa
gente e do nosso interior.
Boa leitura!
Carla de Campos
Editora-chefe
revistaterraco.com
sumário
8 – Capa
O desenvolvimento econômico é ferramenta para alavancar a divulgação de
Itu por todo mundo
32 - Diário de Bordo
Um roteiro inesquecível pela Europa e o contato com povos e costumes
muito diferentes
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38 – Especial
São vários os candidatos a beatificação na região e todos aguardam a
confirmação de um milagre pelo Vaticano
Entrevista
O empresário José Luiz Gandini fala sobre
sua paixão pela cidade onde nasceu e
que é sede nacional da Kia Motors
43 – Antena
Os acontecimentos e novidades da região que viraram destaque no mês
46 – Bem-Estar
Especialistas fazem alerta e verão aumenta a procura por dermatologistas
em todo o Estado
48 – Moda
O macaquinho é a escolha ideal para quem aposta em peças com muito
estilo para arrasar neste verão
50 – Decoração
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Bastidores
As aves são objeto de pesquisa do Centro
de Monitoramento Ambiental da Serra do
Itapety em parceria com a Fundepag
expediente
Ano 3 • n. 25 • 2012
De propriedade da Editora Fotomídia, a Revista
Terraço é uma publicação de periodicidade mensal,
distribuída gratuitamente nos condomínios
residenciais das cidades de Boituva, Itu, Porto Feliz
e Salto; e em pontos credenciados.
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Terraço - edição 25
Manter plantas e janelas abertas são dicas para deixar a casa mais fresca
nos meses mais quentes do ano
52 – Tecnologia
O Natal já passou mas há equipamentos que ainda continuam despertando
a cobiça
54 – No Terraço
A colunista Gerusa Zelnys fala sobre um engano e um encontro inesperado
para fechar o ano
DIRETOR: Flávio Torres
[email protected]
EDITORA-CHEFE: Carla de Campos
[email protected]
REDAÇÃO: Flávia Demartine,
Camila Bertolazzi e Lilian Sartório
DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Nilson Araujo
[email protected]
EDITOR DE FOTOGRAFIA: Flávio Torres
COLABORADORES: Alessandra Avancini
Moreau, Gerusa Zelnys, Guto Bernardes,
COMERCIAL: Kayth Quagliato e Angelo de Bernardes
Neto - [email protected]
Fotos da Capa: Michel Cutaith
NA INTERNET: www.revistaterraco.com
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revistaterraco.com
capa
Fonte ituana: Patrícia Cortez
Müller Gazzola comanda uma das
mais reconhecidas fabricantes de
bebedouros do país
Michel Cutaith
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Terraço - edição 25
revistaterraco.com
por Flávia Demartine
Itu cultiva empreendedores e
marcas de destaque em segmentos
que alavancam o nome da cidade e
extrapolam as fronteiras do país
Sucesso
com sotaque caipira
M
uito além da fama dos exageros que carrega
Itu para todos os cantos do mundo, a bola da
vez é o desenvolvimento econômico responsável pelo
fortalecimento e a atração de novas empresas. O resultado
disso tudo é a criação de mais uma poderosa ferramenta de
divulgação, referendada pela qualidade dos produtos ituanos
que se espalham pelo mundo. Dos bebedouros fabricados
em Itu, já presentes em diversos países, ao pioneirismo
tecnológico na área de saúde e na sustentabilidade como
arte, ou vice-versa, o berço da República também é
referência em inovação e qualidade.
A IBBL (Indústria Brasileira de Bebedouros Ltda) é uma
das empresas mais reconhecidas do setor, fundada há 27
anos. À frente da diretoria está Patrícia Cortez Müller Gazzola,
37 anos, a única mulher no comando de uma empresa de
grande porte em Itu. Ela iniciou sua carreira profissional como
“faz tudo” dentro da empresa do pai, Guilherme Antônio
Müller, e hoje é uma das grandes executivas da região.
Patrícia comanda diariamente 158 funcionários e outros 3
mil colaboradores da IBBL, respondendo pela administração
comercial, marketing e recursos humanos da empresa. Tudo
revistaterraco.com
Terraço - edição 25
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capa
José Carlos Lapenna
abandonou São Paulo para
investir em um negócio
inovador em Itu, cuja
tecnologia em saúde ganhou
reconhecimento da OMS
Guto Bernardes
Em Itu foi criada a oitava
tecnologia mais inovadora do
mundo, segundo a OMS
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Terraço - edição 25
isso ao lado do irmão, Ricardo Cortez Müller, responsável
pelos departamentos de exportação e desenvolvimento. Aos
14 anos, ela lembra que já sabia bem o que queria ao se
dividir entre as tarefas escolares e os afazares da empresa
da família. “Quando meu pai me disse para conhecer a
empresa e me interessar pelos negócios, topei na hora.
Ajudava na produção dos garrafões e fui crescendo e
passando por todos os setores”, diz.
Aos 25 anos, a dedicada funcionária teve o esforço
reconhecido pelo pai que lhe entregou o comando da
empresa. “Fiquei feliz e emocionada, mas disse: Eu assumo!
E assumi mesmo!”, enfatiza Patrícia que, desde então,
vem aumentando os lucros da empresa e comemora o
fechamento de 2011 com 20% a mais no faturamento sobre
os números de 2010, com índice semelhante no crescimento
das exportações que levam a marca IBBL e o nome de Itu a
toda América Latina, Canadá e Estados Unidos.
“Temos crescido porque nossa empresa tem uma
parceria saudável com os funcionários, afinidade com a
população e, claro, produtos de ótima qualidade”, destaca. A
empresária lembra ainda de uma inovação, graças a novos
parceiros fabricantes de purificadores, que oferecem ao
consumidor a opção de aproveitar a qualidade da água em
casa, sem precisar comprar o produto em garrafões.
Dentro dos padrões mundiais de cuidados com a
natureza, a IBBL também tem se preocupado em mobilizar
a sociedade e fazer sua parte. “Realizamos coleta seletiva
no bairro ao redor da empresa e também recebemos todo
material reciclável da população. Temos uma parceria com
nossos vizinhos de bairro há alguns anos e tem sido um
sucesso”. Todo material recolhido é reciclado e revertido em
forma de material escolar para os filhos dos funcionários. “É
um prazer poder ajudar nossos colegas, nós acreditamos
muito em qualidade de vida e satisfação no trabalho”.
Nascida e criada em Itu, Pata, como é conhecida pelos
amigos, revela o orgulho pela infância e adolescência vividas
no interior e que lhe motivam a associar seus produtos a
sua terra natal. “Devo tudo a Itu! Aqui eu nasci, cresci, fiz
amigos, construí uma carreira e uma bela família. Acho um
privilégio levar para todo mundo a nossa marca feita aqui”,
diz a empresária, que atualmente ainda divide seu tempo
nos cuidados com o primeiro filho, de cinco meses, fruto do
casamento com o dentista Guilherme Gazzola. “Claro que
trabalhar no que eu gosto e dirigir uma empresa deste porte
revistaterraco.com
me faz muito feliz, mas ser mãe é algo incomparável, um
filho alegra a vida da gente”, afirma.
Tecnologia de primeiro mundo
A empresa de José Carlos Lapenna, 55 anos, fabrica um
produto único e inovador que aprimora o setor de saúde ao
facilitar a rotina do exame parasitológico de fezes. Ao criar
o Sistema Paratest, Lapenna ganhou o mercado mundial e
o reconhecimento da OMS (Organização Mundial de Saúde)
como uma das oito tecnologias mais inovadoras do mundo.
Administrador de outra empresa também do ramo
laboratorial, JC, como é conhecido por seus amigos e
funcionários, preferiu terminar uma sociedade em São Paulo
e apostar em sua própria empresa com novos rumos e
muitos projetos. A realização começou em 2004, quando
José veio com a esposa Vera Lúcia para conhecer Itu e
se encantou pela cidade. “Aqui não tem cara de interior,
é muito evoluído, mas consegue manter a tranquilidade
e regionalidade de uma cidade pequena. Eu ganhei em
qualidade de vida e acreditei que aqui daria para por em
prática a fabricação do produto”, afirma.
Após contratar um técnico especialista em exames
parasitológicos e consumir um ano em muita pesquisa, JC
conseguiu concluir o produto que deu origem à empresa,
Diagnostek. A empresa especializou-se em um único
produto, mas já desenvolveu outra variedade, o SAF, e
agora lança também a versão ecologicamente correta, o
Paratest GreenFix.
O produto original custa 1 dólar e tem a função de
coletar as fezes de forma simples e mais higiênica. Ele leva
formol como base e promete facilitar o processo de análise
de exames parasitológicos. O empresário explica que o
produto foi desenvolvido para que eliminasse o mau odor e
dispensasse o uso de geladeira na conservação. A filtragem
e diluição das fezes são feitas dentro da própria embalagem,
graças à combinação da química certa entre o formol,
mercúrio e ácido ósmico.
Até chegar ao sucesso internacional, não foi nada
fácil e JC só contava com o apoio da família. “Em 2005
capa
Nas mãos do artista
Pedro Petry, resíduos
florestais ganham vida e se
transformam em cobiçados
objetos de decoração
Guto Bernardes
fechamos nossa primeira grande venda e a partir dali demos
um grande salto nos negócios. Foi um grande incentivo para
continuar no caminho da evolução”, destaca. A empresa
mantém importantes clientes no Brasil como as prefeituras
de Suzano, Campinas, Cerquilho e Distrito Federal, além de
muitos laboratórios particulares, como o ituano Itulab. Com
mais de 350 mil produtos vendidos por mês, a Diagnostek
tem divulgado Itu por todo mundo a partir de um escritório de
vendas e distribuição em Miami, nos Estados Unidos, onde
também há projeto para criação de uma linha de produção.
“Nossos planos estão dando certo, já estamos há
um ano negociando com o Estado de Massachusetts e
possivelmente começaremos a fabricação durante 2012”,
revela. O produto já chegou em países como Alemanha,
Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, México, Cuba, Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Paraguai, Equador,
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Terraço - edição 25
Filipinas e Lituânia. Desde 2006, José Carlos conta com
a administração da filha, Amanda Lapenna, que assumiu
a diretoria da empresa e facilitou as viagens do pai
mundo afora para divulgar a tecnologia criada por ele.
Recentemente ele esteve na Alemanha participando
da maior feira do mundo na área, a Medica, realizada
em Düsseldorf; e já começa o ano com agenda cheia,
desembarcando em Dubai, no Oriente Médio, para
apresentar seu sistema inovador.
Com um faturamento de R$ 4 milhões por ano, a
Diagnostek tem crescido ainda. “Em 2011 fechamos o ano
com mais de 30% nas vendas, uma vitória da nossa eficiente
equipe”. Aliás, José faz questão de ressaltar a importância
de ter funcionários aliados com a empresa e felizes com suas
funções e para isso adotou um esquema de qualidade de
vida e trabalho. “Temos uma nutricionista que acompanha
revistaterraco.com
Quando o mato cresce,
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Em Indaiatuba: Av.Visconde de Indaiatuba, 561 - Jd. América - Fone: (19) 3885-4266
capa
nossa empresa. Todos os dias servimos o café da manhã
e almoço para os funcionários, além de muitas frutas de
sobremesa. Nós fazemos questão que eles se alimentem
bem e mantenham uma relação saudável dentro da empresa.
É assim que crescemos, todos por um mesmo objetivo,
trabalhando juntos e felizes”.
Com quase 30 funcionários registrados em carteira
e outros colaboradores externos, José faz questão de
agradecer a Itu por parte do sucesso da empresa. “Fomos
muito bem recebidos aqui e só temos a agradecer, a cidade
fica em um local estratégico perto da Capital, o que facilita
muito nossos trâmites e somos plenamente felizes aqui”.
na minha casa ou de familiares. Quando os amigos viam,
pediam igual. Eu adorava, mas relutei um pouco antes de
começar para valer, mas hoje não me imagino sem isso”.
Artesão, marceneiro, ecodesigner ou simplesmente
especialista em torno, essas são as muitas definições que
Petry recebe por sua profissão e se orgulha por isso. “Eu
ganhei uma bolsa de estudos em uma universidade do
Paraná e fui para a Alemanha estudar torno, defendi teses
de reflorestamento e cuidados com a natureza e meu curso
foi um sucesso”, lembra. “Especializei-me em torno durante
um ano e meio, depois voltei ao Brasil e coloquei em prática.
O bom da Europa é que lá um especialista ganha como um
engenheiro. Quando cheguei aqui senti a diferença, mas meu
A arte de ser sustentável
trabalho não é tradicional e isso ajuda muito”, afirma.
Petry é um profundo conhecedor de árvores e já
Enquanto o governo brasileiro e os ambientalistas
desenvolveu peças com mais de 240 espécies diferentes,
discutem o novo código florestal tem gente que já
expondo na Alemanha, Arábia Saudita, Itália, França, Estados
está colocando a mão na massa e mostrando que
Unidos e Inglaterra. Ele mantém clientes em todo Brasil, entre
sustentabilidade também é uma arte. Em Itu, o catarinense
eles empresas importantes como Rede Globo, Natura e Ecolog.
Pedro Emílio Petry, 56 anos, não é dos mais populares,
Depois de muito tempo sozinho em sua batalha pela
mas sua arte há muitos anos
preservação da natureza e
atravessou as fronteiras do país ao
reaproveitamento de resíduos
dar forma e cores para a madeira,
florestais, Petry firmou uma parceria
Mais de 240 espécies
a partir de florestas certificadas ou
com o Grupo Orsa que exporta
já
foram
usadas
para
a
árvores mortas e tombadas que são
madeira serrada, trabalha com
encontradas pela cidade.
sustentabilidade e mantém uma
fabricação das peças
Com uma equipe de 21
floresta no Amapá certificada pelo
funcionários, sendo que 15 ficam
FSC (Forest Stewardship Council)
em Itu e os demais em uma reserva florestal no Amapá,
e que reconhece com um selo as marcas de gestão florestal
Petry faz questão de treinar cada um que passa por
responsável. Com esses novos membros agregados ao trabalho
seu ateliê transformando os trabalhadores também em
pioneiro de manter as espécies nativas, Petry ganha ao ter mais
artistas. “É muito difícil encontrar marceneiros hoje em dia,
uma opção de material de trabalho. Da floresta à Itu, a madeira
principalmente os bons. Por isso sempre que aparece uma
passa por um longo trajeto. “Do Amapá até Belém o transporte
pessoa disposta a aprender e se especializar, eu fico feliz e
é de balsa, depois desce de caminhão até aqui, com um
vou ensinando tudo o que sei”.
caminhoneiro amigo nosso que cruza o país. Demora dias, mas
Petry conta que chegou a Itu também pela facilidade do
é bom ter essa madeira cultivada com responsabilidade, afinal
acesso a São Paulo e por intermédio de um amigo que lhe
este é o objetivo do meu trabalho”.
propôs parceria para executar um trabalho com madeira.
Apesar de ter sua arte divulgada muito mais nas capitais
Mas a paixão por esse trabalho começou em Joinville, sua
brasileiras e em alguns países da Europa e América do Norte,
terra natal, há 25 anos, quando ao passear por uma praça
Petry se orgulha em ter seu ateliê em Itu. “A cidade me
se deparou com uma árvore caída e ficou imaginando o que
acolheu de braços abertos. Quando cheguei tive facilidade
poderia fazer para aproveitá-la. Ele levou para a marcenaria
em alugar meus barracões e conseguir matéria-prima, além
de seu tio e logo deu forma e vida à peça. Não demorou
dos meus funcionários muito dispostos no trabalho. Só tenho
muito para que surgissem os primeiros amigos curiosos e
a agradecer quanto a isso e dizer que a cidade merece a
entusiastas. “Eu sempre fazia peças de madeira e deixava
fama que tem e o desenvolvimento que vem conquistando”.
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Terraço - edição 25
revistaterraco.com
entrevista
16
Terraço - edição 25
revistaterraco.com
por Flávia Demartine / fotos de Guto Bernardes
’
‘Não saio de Itu por
nada neste mundo!’
O empresário José Luiz Gandini confessa sua paixão
pelo interior paulista onde vive com a família e comanda
a Kia Motors do Brasil, que detém mais da metade do
mercado de carros importados no país.
A
os 54 anos, reconhecido como empresário de
sucesso, o ituano José Luiz Gandini é o presidente
nacional da Kia Motors há 20 anos, marca que vendeu
mais de 80 mil veículos em 2011 e que lhe rendeu
diversos prêmios, entre eles o de Empreendedor do Ano na
Indústria, pela Revista IstoÉ Dinheiro. Gandini também é o
presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas
Importadoras de Veículos Automotores) e tem discutido
soluções com o governo sobre o aumento de 30% no IPI
(Imposto Sobre Produtos Industrializados).
Em entrevista à Terraço, o empresário ituano que ainda
carrega o apelido simples da infância, Zé, confessa ser
revistaterraco.com
apaixonado por sua terra natal. Nos primeiros minutos de
conversa já é possível desmistificar a imagem de sisudo
que todo executivo bem-sucedido ostenta: Gandini é pura
atenção, ri, brinca, fala sério, cobra do governo, faz planos.
Casado pela segunda vez com a ex-miss Brasil Leila
Schuster e pai de Gustavo, 16 anos, e Maria Laura, 12,
do primeiro casamento, ele se emociona ao falar de sua
paixão pela cidade e pela família, especialmente ao lembrar
do avô, José Gandini Bepe, que era deficiente visual, e foi
sua motivação para auxiliar na construção da nova sede
da Escola de Cegos Santa Luzia, inaugurada no dia 22 de
dezembro, em Itu.
Terraço - edição 25
17
entrevista
Qual é a sua visão como empresário sobre o Brasil?
Os negócios estão em ascensão?
Nós crescemos 125,5% de 2009 para 2010, e 47%
este ano, um negócio maravilhoso. A empresa está indo muito
bem e o Brasil também. Eu sempre digo que devemos isso ao
ex-presidente Lula, mas já no governo de Fernando Henrique
Cardoso começou esta ascensão. Em qualquer lugar do mundo
onde vai um brasileiro as portas estão abertas. Antigamente a
gente brincava que em alguns restaurantes nos Estados Unidos
não podiam entrar cachorros e brasileiros, mas hoje não é mais
assim. O brasileiro é respeitado lá fora, descobriram o Brasil!
Temos credibilidade, isso muda a imagem e vem muito mais
investimentos e indústrias pra cá, somos a bola da vez.
E o governo atual, está mais decepcionando ou
impulsionando este crescimento?
Estou muito feliz com a Dilma, apesar de estar prejudicando
muito meu setor de carros importados. Fizeram uma bobagem
(refere-se ao aumento do IPI, em 30 %), mas ela tem rédea mais
que o Lula. Ele era um cara mais político e negociador; já ela tem
pulso firme e vem limpando os ministérios.
Você acredita que essa faxina no governo é boa para
a imagem do país?
Sim, corrupção sempre teve mas agora estão brigando e
mostrando. É bom sim!
“Apesar de eu falar bem do
governo, eles tomaram uma
atitude absurda aumentando
a alíquota do IPI”
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Terraço - edição 25
E os novos rumos para 2012 da Kia Motors no Brasil?
Estamos passando por uma fase muito complicada. Apesar de
eu falar bem do governo, eles tomaram uma atitude radical, absurda
e inconstitucional aumentando a alíquota do IPI, o que prejudicou
muito nosso setor. Nosso carro vai ficar mais caro e vamos vender
menos. Acho mesmo que foi um absurdo, mas nada é o fim do
mundo, os negócios continuam firmes e estou muito otimista com a
minha marca porque nós temos preços muito competitivos. Só com
o valor do que vai subir no preço de um carro de luxo importado dá
para comprar um Kia. Nós continuamos com nosso mercado e eu
acredito que vai ser um ano bom.
E aquele seu sonho antigo de construir uma fábrica
da Kia no Brasil, em 2005, você iniciou o processo, mas
parou. E agora, pensa em retomar as obras?
Desde que eu comecei com a Kia, em 1990, sonho com
isso. Mas infelizmente a Kia ainda não me deu sinal verde. É um
revistaterraco.com
projeto que logo quero colocar em prática. Se dependesse só de
mim já estaria pronta há 10 anos.
Você foi um dos pioneiros dos carros utilitários no
Brasil, apostou na marca com o furgão “Besta”, mas hoje
vende carros mais sofisticados. Como foi essa transição?
Iniciamos as importações em 1992 e só vendíamos este
modelo até 2004, quando pararam de fabricar a “Besta” e
partiram para veículos tipo premium, para clientes com poder
aquisitivo melhor. Deu muito frio na barriga, não pensei em
desistir, mas fiquei muito preocupado porque dos nossos 101
concessionários viemos para 33. Eles eram todos voltados
a comerciais e não a isso, então muita gente desistiu porque
não tinha perfil. Em 2005 começamos um novo negócio, tudo
diferente. Hoje temos 162 e só ficaram uns 18 daqueles antigos,
o restante são todos novos, temos um grupo mais profissional e
com outro perfil.
modelo sempre?
Eu ando com o Cadenza, que é um sedan, adoro meu carro!
É lançamento. Eu troco sempre que chega carro novo. Eu tenho
que andar para saber o que eu vendo, não é? (risos)
A Kia patrocina há muitos anos o Natal de Luz em
Gramado (RS), um espetáculo sem igual. Podemos
esperar algo parecido em Itu, já que você admite ser um
apaixonado por sua terra?
Itu, infelizmente não tem nada assim ainda. Mas é muito difícil
porque os investimentos são monstruosos, estamos fazendo
lá há muitos anos. Em Campos de Jordão (SP) estão tentando
fazer há anos, mas não conseguimos, não é fácil mesmo. Seria
maravilhoso mesmo trazer esta ideia para cá, porque Itu está
mais bem localizada com referência a São Paulo. Mas por
enquanto não há um projeto quanto a isto.
O que a Kia ganha de estar em
Itu
e
vice-versa?
A chegada destes novos
“Eu troco sempre que chega
Quem ganha sou eu! Tenho uma
carros importados ao Brasil
carro novo. Eu tenho que andar
qualidade de vida maravilhosa aqui,
prejudica sua marca?
estou com a minha família em uma
Sempre existe muita concorrência.
para saber o que eu vendo”
cidade pacata, boa de viver, por isso
Mas neste ano nós vendemos 80 mil
eu quis trazer a Kia para Itu. Aliás, eu
carros e poderíamos ter chegado em
deveria estar em São Paulo, tanto que cada vez que muda um
100 mil, mas faltou produto; se tivesse mais, teríamos vendido
diretor novo na matriz sou questionado por não estar na capital.
mais, porque temos fila de espera para alguns modelos. Quando
Mas eu não vou morar em São Paulo, não saio de Itu por nada
tivemos todos os produtos, em setembro, nós fomos a 7ª marca
neste mundo, eu nasci aqui e quero morrer aqui, meus filhos não
mais vendida no país, então ficou provado para mim que o
mercado existe para isso e a marca está pronta para esta situação querem sair daqui, então não tenho porque levar a marca para
e fechamos o ano em 11ª por falta de carro, porque a Kia cresceu outra cidade. Nós fomos num primeiro momento para Jundiaí até
construirmos o prédio em Itu e voltar para cá. Eu não saio daqui!
22% no mundo. Agora todo mundo quer vir para o Brasil, mas
não nos ameaça nada porque essas marcas chinesas têm uma
Qual é a importância do reconhecimento trazido pelos
faixa de produto que nós não vendemos. Elas vêm brigar com os
prêmios nacionais como o da Revista IstoÉ Dinheiro?
carros do Brasil mas não ameaça ninguém, porque nunca vai ter
Para mim foi maravilhoso! Colocaram-me no time dos
volume para competir com a indústria nacional. Tudo o que se
importa é mais difícil de brigar com o nacional, então tem mercado sonhos: as cinco pessoas que mudaram o rumo da economia
em 2011. Foi muito bacana, nunca imaginei na vida que eu fosse
pra todo mundo.
ganhar esse prêmio. A Presidente Dilma Rousseff recebeu no
mesmo momento o prêmio como a brasileira do ano e eu fiquei
Qual é o perfil do seu cliente?
Nós temos carros de R$ 34 mil a R$ 179 mil, então é um perfil de muito emocionado também por estar ao lado dela. Aliás, este
todos os segmentos. Um público jovem, dinâmico, atento às novidades, ano foi ótimo, nossa empresa ganhou prêmios com quase todos
os produtos. Ganhei também o prêmio de Executivo do Ano
mas é difícil dizer se é classe A, B ou C, mas temos de todas porque,
pela Revista Car Magazine, fui reeleito pela ADVB (Associação
graças a Deus, nossa linha de produtos é muito grande.
dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil), como a
Em que carro você anda hoje? Costuma trocar o
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Terraço - edição 25
19
entrevista
Personalidade de Vendas. Com 50 anos de história de prêmio
eu fui o primeiro a ser reeleito, fiquei muito feliz mesmo. E tudo
isso ao lado de gente grande como o Presidente do Grupo Pão
de Açúcar. E então eu pensava: “estou enganando muita gente
aqui”(risos). Este foi o ano dos prêmios e das emoções!
Quem prestar atenção na novela Fina Estampa,
da Globo, vai notar que todos os carros são da Kia e
possuem placas de Itu. De quem foi a ideia?
Ah, eu moro em Itu, né? Quero divulgar minha cidade
também, tudo o que é possível eu quero trazer para Itu, eu sou
ituano de coração e acho bacana isso. Essa já é nossa 5ª novela
das oito. Enquanto eu conseguir pagar nós vamos ficar, porque
é caro, tudo o que se refere à Globo é muito caro. Mas eu quero
continuar sempre e divulgar a cidade. A ideia foi minha mesmo,
porque eu que sou “o ituano”.
Você tem algum recado para mandar à cidade nesse
aniversário? Algum puxão de orelha ou elogio?
Eu não sou ninguém para puxar a orelha, não! Cada um faz
alguma coisa com seus motivos para isso, então é muito difícil
você chamar a atenção de alguém. Acho que mudou muito de
oito anos para cá, com a gestão do prefeito Herculano. Claro
que ninguém é perfeito, mas o que era há oito anos para o que é
hoje: basta andar na cidade um pouquinho para notar a diferença.
Então eu chamaria a atenção do eleitor para prestar atenção
em quem votar neste ano de eleição, para votar com critério e
não jogar fora o voto; é importante votar bem, eu não vou citar
nomes, não estou fazendo campanha de ninguém, não, mas o
nosso poder de mudar o país é o voto. Eu repito sempre que
estou muito feliz com a gestão do Herculano, gosto muito dele
e da Rita, sei que não são perfeitos, mas eu também não sou e
ninguém é, mas a cidade mudou com eles.
“Eu chamaria a atenção do
eleitor para prestar atenção
em quem votar neste ano de
eleição, para votar com critério”
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Terraço - edição 25
E os parabéns à cidade?
Bom, parabenizo porque está crescendo, sem dúvida. Aquela
imagem de Itu onde tudo é grande, graças ao Simplício (Francisco
Flaviano de Almeida), que era maravilhoso e eu adorava, foi boa
para deixar a cidade conhecida, mas Itu tem coisas ótimas que
ninguém divulgava como, por exemplo, ser o Berço da República.
Tantas coisas importantes que eram esquecidas, mas agora não.
Nossa cidade está entre as melhores do Estado, tem boas estradas,
telefonia perfeita, infraestrutura é ótima. Nossa grande vantagem é
estar perto de São Paulo e longe daquela loucura de metrópole.
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bastidores
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fotos de Flávio Torres
Texto: José Roberto Manna de Deus,
Coordenador Técnico do Cemasi
Canto, beleza a
papel ambiental
Projeto de monitoramento de aves, no Planalto de Poços
de Caldas, permite conhecer e entender papel de espécies
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bastidores
As aves constituem-se num grupos
de fauna mais apreciados em todo o
mundo, por sua estética e canto.
Para os biólogos da
conservação elas são
também importantes como
dispersoras de sementes que
facilitam a regeneração de
áreas naturais degradadas
pela ação do homem.
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No Planalto de Poços de
Caldas, o pesquisador Rodnei
Iartelli, da parceria Cemasi
(Centro de Monitoramento
Ambiental Serra do Itapety) e
Fundepag (Fundação para o
Desenvolvimento da Pesquisa
do Agronegócio), captura
aves com redes de neblina e
as anilha, permitindo o seu
monitoramento.
Desta forma compreende-se um
pouco mais sobre os serviços
ambientais, ou seja, o trabalho sem
custos que a natureza oferece.
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bastidores
As aves são o perfeito
grupo de jardineiros
plantando novas
florestas que permitem
a manutenção de
recursos essenciais
como a água.
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O trabalho de captura
de aves é uma técnica
usada nos estudos de
ornitologia. Ele permite
obter informações
como a identificação de
espécies, migração e
utilização de ambientes
distintos como várzeas,
florestas, etc.
bastidores
A maioria das espécies de aves
diurnas estão intensamente ativas nas
primeiras horas da manhã e no final da
tarde. Os ornitólogos chegam ao campo
para instalar redes ou captura-las antes
do nascer do sol no final da tarde,
antes do por-do-sol. As aves ficam
capturadas pelo menor tempo possível
necessário para serem anilhadas,
fotografadas ou para obtenção de
outros dados, como sexo e peso.
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diário de bordo
Grenoble, um dos maiores
centros universitários da
França, ponto de partida
da viagem pela Europa
C
omo estudante do curso de Engenharia de Controle e
Automação na Universidade Estadual Paulista (UNESP
/ campus Sorocaba), no ano passado fui um dos privilegiados
aprovado para cursar o quinto ano de Engenharia Mecatrônica
na segunda melhor universidade da França, o Institut National
Polytechnique de Grenoble (INPG).
Durante os meses que estive lá – foram 12, no total –, não
apenas estudei e enriqueci o meu currículo profissional, como
também o cultural, pois tive a oportunidade de conhecer um
pouco da Europa visitando 49 cidades em dezenove países:
França, Suécia, Bélgica, Noruega, Inglaterra, Alemanha, Suíça,
Irlanda, Escócia, Holanda, República Tcheca, Hungria, Áustria,
Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Mônaco, Vaticano.
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Terraço - edição 25
O INPG fica em Grenoble, uma cidade com cerca de 500
mil habitantes e um dos maiores centros universitários da
França com aproximadamente 60 mil estudantes, sendo que
10 mil são estrangeiros. Além do turismo estudantil, Grenoble
é um dos destinos mais procurados na temporada de inverno,
por ser rodeada de montanhas famosas e estações de esqui,
como a Mont Blanc, a Chartreuse, a Chamrousse, o Vercors e
LesdeuxAlpes.
A cidade também é caracterizada pela sua ótima localização,
já que está a 50 minutos de Lyon (segunda maior cidade da
França), 1h50 de Milão, na Itália e 1h20 de Genebra, na Suíça.
Com todas essas características, Grenoble pode ser considerada
a cidade perfeita para estudantes.
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por Rafael Junqueira
Uma viagem por
49 cidades
e 19 países
Durante um ano, estudante sorocabano percorre o velho
continente descobrindo seus mistérios e encantos
No primeiro semestre na França, me dediquei ao curso de
Engenharia Mecatrônica e também me empenhei a aprender a
língua francesa, praticando todos os dias durante as aulas com
os professores e colegas de sala. Já no segundo semestre me
dediquei ao estágio obrigatório do quinto ano francês, sendo este
necessariamente em uma das áreas de atuação do curso.
Viagens e amizades
O povo francês faz jus à fama de fechado e sério. Para nós,
brasileiros, são um pouco desconfortáveis os primeiros contatos,
mas após um tempo fica fácil perceber que gradativamente as
amizades são feitas e se tornam fortes.
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Australianos, espanhóis, suecos e italianos estão entre
os mais simpáticos e fáceis de iniciar uma amizade, sempre
à procura de alto astral, boas festas e risadas, se tornam
rapidamente amigos.
E ser brasileiro é, sem dúvida, o melhor “passaporte”. Nossa
fama de pessoas alegres nos leva ao topo dos melhores do
mundo na hora de fazer novas amizades. E eu, pouco desinibido
que sou, já fui fazendo vários contatos e claro rolou alguns casos
amorosos também. Saí com inglesa, checa, grega, portuguesa,
italianas, sueca, irlandesa, espanholas, russas, alemã. Até com
uma menina de um país que eu nem sabia que existia: Moldávia.
Também fiquei com uma canadense, brasileiras, austríaca, e por
três meses namorei uma francesa. Ou seja, aproveitei!
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diário de bordo
Edimburgo, uma das
belas cidades escocesas
Atenas, um dos locais
mais visitados do mundo
Mikonos, um dos destinos
populares da Grécia
Muito para ver
Nos festivais e festas típicas de cada lugar que passei, como
as touradas em Pamplona, na Espanha; Oktoberfest na Alemanha,
Turim, o maior festival da MTV, nas situações bizarras que passei,
aprendi muito e apreciei cada detalhe.
A Europa, que engloba 50 países, tem um sistema de
transporte amplo: ônibus, trens de grande velocidade, carros
alugados, “caronas” combinados por sites sendo possível
encontrar viagens como Paris-Barcelona por 40 euros, vôos
normais e os chamados voos “low cost”, nos quais tickets de avião
chegam a custar até 12 euros. Todas essas opções fazem com
que viajar pela Europa se torne muito atrativo e viável.
Entretanto o problema desses voos “low cost” é que
normalmente eles são direcionados a viajantes com horários flexíveis,
já que preferencialmente ocupam aeroportos menores e afastados
dos grandes centros, e em horários pouco visados, como às 6 ou
7 da manhã. Na verdade, não se trata de grandes empecilhos e
também auxiliam em economias indiretas, já que éramos obrigados
a dormir nos aeroportos na noite do voo. Acredito que eu deva ter
dormido em mais de 15 aeroportos, uma coisa que depois de um
tempo torna-se rotineira e também agradável, já que novas amizades
e troca de experiências podem surgir.
Primeira Viagem
No começo de novembro foi possível realizar junto com
cinco amigos uma viagem passando por sete países gastando
apenas 110 euros em tickets de avião e mais 60 euros de trem.
As cidades e países visitados foram: Paris –França, Estocolmo
–Suécia, Bruxelas – Bélgica, Oslo –Noruega, Londres –Inglaterra,
Berlin – Alemanha e Genebra, na Suíça.
Praga iluminada para as
festas de final de ano
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Terraço - edição 25
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Aqui começaram as situações inusitadas pelas quais passei. A
primeira foi em Londres, onde devíamos pegar um ônibus para o
aeroporto às duas horas da manhã. O que era apenas um simples
translado, acabou se complicando ao ficarmos sabendo que naquela
noite, apenas naquela, os ônibus noturnos não iriam funcionar
na região em que estávamos. Às duas da manhã não há muita
coisa a fazer: a primeira delas era achar um táxi, mas ao ver que
estávamos com cinco mochilas de costas, os taxistas decidiram não
parar, nenhum deles quis nos atender. E às três horas da manhã,
já desesperados por que o avião sairia às cinco, tive a ideia de ir a
um bar dois quarteirões do nosso hotel para tentar procurar ajuda.
E consegui, ao convencer por 14 euros, um senhor a nos levar para
o aeroporto em seu carro. Se fôssemos de ônibus, gastaríamos
em torno de 10 euros cada um, ou seja, depois de muito sufoco e
desespero, acabamos a noite economizando no transporte.
Segunda viagem
Essa foi de férias de Natal e Réveillon. Nesta viajem conheci
Dublin –Irlanda, Edimburgo – Escócia, Amsterdã – Holanda, PragaRepública Tcheca onde passei o Natal, Budapeste- Hungria, Viena –
Áustria e Milão, na Itália, onde tive o privilégio de passar o Réveillon.
Alguns dias antes do Natal, no aeroporto de Dublin, durante a
noite anterior ao voo, todas as tomadas elétricas do local estavam
propositadamente desligadas, sendo assim impossível carregar os
equipamentos eletrônicos como celulares, câmeras e notebooks.
Viajamos em três amigos e precisávamos urgentemente carregar
os celulares. Nessa hora veio à ideia de, ao invés de procurar
tomadas funcionando, procurar diretamente alguma coisa já em
funcionamento e que pudesse ser desligada. A única à vista, no
aeroporto inteiro, era a Árvore de Natal com cerca de três metros.
Sem hesitar, a desligamos e montamos a nossa própria “árvore”
de eletrônicos. Curiosamente ninguém reclamou.
Problemas sempre surgem. Mais cedo ou mais tarde algo vai dar
errado nas viagens, não importa como vai ser. Alguns são imprevisíveis
e outros são apenas falta de atenção, mas é fato que acontecerão.
Agora, como sair deles é o que diferencia o grau do problema.
Outro caso aconteceu no Aeroporto de Viena - Áustria. Eu e
uns amigos chegamos com duas horas de antecedência para o
check-in, no dia 31 de dezembro de 2010, com os tickets para o
vôo 8828 com direção a Milão - Itália, onde passaríamos a festa
de virada de ano na frente do Castelo, na companhia de outros
doze amigos.
diário de bordo
Rafael durante uma tourada em
Pamplona, na Espanha, espetáculo
muito procurado por turistas
Depois de entregar as identificações para o check-in foi fácil
notar que algo não estava indo bem. A cara de preocupação da
atendente era visível. E a maneira como ela falava em ao telefone
assustava. Após quase quinze minutos de espera ela nos disse
que não podíamos fazer o check-in com tanta antecedência, já
que nossas passagens estavam marcadas para 31 de janeiro de
2011, ou seja, perderíamos o Réveillon com nossos outros amigos
e teríamos que ficar um mês na Áustria. O susto na hora foi
imenso, ao mesmo tempo em que, rindo, olhávamos para os lados
a procura das “câmeras de pegadinha”, mas o fato se confirmou
quando o gerente da companhia aérea veio nos avisar que nada
poderia ser feito para mudar aquilo.
Em questão de segundos dividimos as tarefas, um seria
responsável por correr em outras companhias a procura de
passagem para Milão naquele horário, bem como de outros
meios, principalmente TGVs ,trens de grande velocidade; o outro
deveria se dividir entre ligar no call center da empresa e discutir
uma solução com o gerente.
Depois de uma hora, e com todas as tentativas sem êxito,
chegamos a um acordo e poderíamos entrar no avião mediante
pagamento de 140 euros a mais. A sorte é que a passagem havia
custado apenas 25 euros, então, o estrago não foi tão grande.
Andar cidades e mais cidades seguidamente, de maneira
frenética, faz com que exista uma imensa fadiga e uma hora ou
outro o cansaço bate, e bate forte. O interessante é saber lidar
com isso e principalmente saber administrar, dessa forma, todas
as horas eram aproveitadas ao máximo durante os dias e noites, e
as horas destinadas a voos não ficavam por menos.
Era só sentar no avião, que o modo “economia de energia”
era ligado. Chamávamos os aviões de “tele-transporte”, já que
foram raras às vezes que permanecemos acordados. E para ter
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Terraço - edição 25
um pouco mais de conforto sempre pedíamos para ficar nas
fileiras de saída de emergência, já que os espaços eram maiores.
E as comissárias de bordo atendiam, pois era interessante
ter jovens em lugares de rápida saída (mal sabiam elas que
dormiríamos a viagem inteira, algumas vezes antes mesmo da
decolagem já estávamos em sono profundo).
Última Viagem
A terceira grande viagem ocorreu durante o verão europeu, de
julho a agosto, durando 34 dias, e os destinos foram em busca de
festas, sol e praias. Turin, Roma, Madri, Pamplona, San Sebastian,
Bilbao, Ibiza, Barcelona, Porto, Coimbra, Lisboa, Thessaloniki,
Atenas, Mykonos.
Nesta outra grande viagem também teve algumas situações
atrapalhadas. O caso aconteceu no aeroporto de Turin, em voo
com destino a Roma. O avião, sem explicação alguma, partiu com
2 horas de antecedência do horário que constava no bilhete.
Após ligar na companhia aérea, fui informado que na semana
anterior haviam me notificado tal mudança por email. Duvidei a
principio, mas depois encontrei o tal email na caixa de spams.
Esperei mais 8 horas e consegui pegar o voo da noite, perdendo
praticamente um dia inteiro que poderia ter aproveitado na
maravilhosa Roma!
A Europa de carro
A primeira viagem de carro foi entre Grenoble e Paris, um
percurso de cinco horas pela rodovia do sol. A segunda, e já um
pouco maior, foi pela Itália passando por: Turin, Genova, Pisa,
Firenze em Florência, Modena (museu da Ferrari), Veneza,
Verona e Milão.
A terceira viagem foi pela costa francesa mundialmente
conhecida como Cotê d’Azur, beirando o Mediterrâneo, local de
muito agito, pessoas bonitas e topless, onde conheci as cidades
de Marseille, Toulon, Saint Tropez, Pampelonne, Cannes, Juan
Les Pins, D’en Vau, Nice, Eze e Mônaco.
Também tive a chance de realizar uma viagem de bike com
mais dois amigos, saindo de Monteynard e passando por 11 vilas
francesas, percorrendo um total de 35 km por estradas off -road,
entre subidas e descidas por meio de matas e terrenos de terra.
Experiência muito gratificante, porém confesso que não sei se faria
novamente. As pequenas vilas visitadas foram: La Motte, Rouac,
Marcieu, Les Champs, Chateaubois, Mayres Savel, Sant Arey,
Prunieres, La Mure.
Essa foi a minha experiência pela Europa, adorei aquele lugar
e se tiver outra oportunidade voltarei.
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especial
No caminho da
Santidade
A história de quatro pessoas de nossa
região se encontra em processo na
Congregação pela Causa dos Santos, no
Vaticano. Madre Maria Teodora Voiron,
Dom Gabriel Paulino Bueno Couto,
Maria de Lourdes Guarda e Padre Bento
Dias Pacheco são exemplos de fé para a
comunidade católica
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Terraço - edição 25
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por Lilian Sartório / ilustrações de Nilson Araujo
P
ara os católicos, a canonização de um
santo é especial pois uma pessoa até
então comum passa a servir como referência
de vida, aprovada pela Santa Sé. “Os santos
e santas são sinais de que podemos viver
do jeito que Deus deseja. Eles não são
semideuses, como muitos erroneamente
pensam, apenas nos mostram que temos
opções diante de várias coisas que o mundo
moderno tenta nos impor”, afirma o jornalista
Salathiel de Souza, empossado da cadeira n°
27 na Acadil (Academia Ituana de Letras), cujo
patrono é o Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno
Couto, um dos nomes encaminhados pela
Diocese de Jundiaí para a Causa dos Santos,
no Vaticano.
Além de Dom Gabriel, atualmente os
processos em andamento conhecidos na
região são os de Padre Bento Dias Pacheco,
Maria de Lourdes Guarda e Madre Maria
Teodora Voiron, sendo a última já reconhecida
como ‘Venerável’. “A santidade de Madre
Maria Teodora foi reconhecida por muitas
pessoas ainda em vida. Após sua morte, em
17 de julho de 1925, em Itu, muitas pessoas
espontaneamente começaram a visitar seu
túmulo no pequeno cemitério do Patrocínio
invocando o nome da Madre em suas
necessidades”, explica Irmã Geralda Neuza
Hipólita, atual responsável pela causa da
beatificação de Madre Maria Teodora.
De acordo Leila, que é ministra da
Eucaristia, participante da Renovação
Carismática Católica de Porto Feliz, membro
da Comunidade de Evangelização ‘Dei
Verbum’ e com formação na Diocese de
Sorocaba, quando a igreja reconhece a
santidade de uma pessoa, significa que
esta foi fiel aos mandamentos da Lei de
Deus, seguiu criteriosamente a proposta do
Evangelho e viveu a vocação de todo cristão,
que é a busca permanente da santidade. “Isso
significa que viver esses critérios é possível
nos dias atuais, uma vez que Dom Gabriel,
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Maria de Lourdes, Padre Bento e Madre
Teodora viveram precisamente no século
passado”, acrescenta.
Um longo caminho
A canonização é o processo pelo
qual a Igreja Católica determina quem é
santo. O aspirante necessita ter falecido
há pelo menos cinco anos antes que um
processo possa ser oficialmente iniciado. O
bispo local deve deixar que a reputação de
santidade dessa pessoa cresça por si só.
Se a adoração da comunidade aumenta e
continua durante esses cinco a dez anos
depois da morte, então o bispo é autorizado
a iniciar uma investigação oficial da vida e
obra do candidato, de modo a constatar se
a reputação de santidade é constituída na
verdade.
Existem dois diferentes níveis de honra
para santificação. Aquelas pessoas que são
veneradas localmente ou por ordens religiosas
de padres ou freiras são beatificadas. Estas
são intituladas ‘beatas’. Somente aquelas que
são canonizadas pelo Papa são realmente
santas. A Congregação pelas Causas dos
Santos, no Vaticano, um dos nove ministérios
da Santa Sé, é responsável pela supervisão
da canonização dos santos. Para elevar o
beato a santo é exigido no mínimo um milagre
comprovado, normalmente uma cura, que
deve ser instantânea, perfeita, duradoura e
não explicável cientificamente.
Os processos de beatificação dos
candidatos a santo da região representam
grande alegria para a comunidade católica,
conforme explica a jornalista Mariane Belasco,
ex-funcionária do jornal ‘A Federação’, de
Itu, um dos mais tradicionais e reconhecidos
veículos católicos do interior paulista, e
atualmente repórter na Tribuna de Indaiá.
“A beatificação de pessoas como estas,
que foram figuras atuantes tanto em Itu
Terraço - edição 25
39
especial
como em toda região, é motivo de orgulho,
pois sabemos o significado e a diferença
que cada um fez para a sociedade, no seu
despojamento. Além disso, mostra que a
região é berço de vocações”, completa.
Padre Bento
Dias Pacheco
Exemplo de fé na região
Madre Maria Teodora Voiron – Batizada
como Luísa Josefina Voiron, Madre Maria
Teodora nasceu no ano de 1835, na cidade
de Chambéry, na França. Aos 15 anos
sentiu o chamado para a vida religiosa e,
dois anos depois, entrou para o noviciado da
Congregação das Irmãs de São José. Como
missionária, Madre Maria Teodora recebeu a
incumbência de viajar ao Brasil, tendo como
superiora Madre Maria Basília, que não resistiu
ao longo percurso e acabou falecendo,
fazendo com que Madre Teodora assumisse o
seu lugar. Com apenas 24 anos, em junho de
1859, ela chegou a Itu.
Por não entender a escravidão no Brasil,
a fim de quebrar preconceitos, a Madre abriu
uma escola gratuita para as meninas escravas.
Cuidou da formação religiosa das adultas e
esteve à frente das ações das Irmãs de São
José no Brasil, abraçando numerosas obras
de caridade. Ela faleceu no dia 17 de julho de
1925, aos 90 anos. “As máximas de Madre
Maria Teodora Voiron que são espalhadas pelo
corredor do Patrocínio edificam as pessoas
com suas palavras cheias de encorajamento”,
explica Irmã Geralda Hipólita. “Basta lembrar
daquela famosa ‘Façamos o maior bem
possível de maneira oculta’. Quanta fé
embutida nessa pequenina frase”, acrescenta.
Para que seja beatificada, é necessário
o reconhecimento de um milagre por Roma.
“Já enviamos alguns casos ao Vaticano, mas
infelizmente houve falta de provas médicas. É
muito importante que as pessoas apresentem
um milagre de cura ao invocar a proteção
da Madre, mas atentando que os relatos
devem ser baseados nos exames que foram
Madre Maria
Teodora Voiron
Dom Gabriel Paulino
Bueno Couto
Maria de
Lourdes Guarda
40
Terraço - edição 25
realizados antes e depois da enfermidade”,
explica Irmã Geralda.
Dom Gabriel Paulino Bueno Couto
– Nascido em Itu no ano de 1910, Dom
Gabriel fez seus estudos secundários no
então Seminário Arquidiocesano e Provincial
de São Paulo, dirigido pelos Cônegos
Premonstratenses, na cidade de Pirapora do
Bom Jesus. Entrou, então, no Convento do
Carmo em Itu. Terminou sua formação carmelita
em Roma. Durante a 2ª Grande Guerra, de
1939 a 1945, debilitado, contraiu tuberculose.
De volta ao Brasil foi, seguidamente, Bispo
Auxiliar em Jaboticabal, Curitiba, Taubaté e São
Paulo. Em 1966, foi eleito primeiro Bispo de
Jundiaí, diocese que pastoreou de 1967 até
o ano de sua morte. Poliglota, conferencista,
teólogo, pintor e escritor, Dom Gabriel Paulino
Bueno Couto morreu em 1982 com fama
de santo e místico. “Quem acompanhou a
temporada ituana de Dom Gabriel, de vários
proveitosos anos, nas suas aulas de segundafeira no Salão Paroquial, bebeu da fonte
generosa de suas virtudes. Falava por hora e
meia, aos afiliados ao movimento da Igreja, os
Cursilhos de Cristandade, no auge naqueles
tempos. Deixou, a propósito, uma máxima
lapidar: ‘Dar Cristo ao homem que ainda não o
possui; tornar consciente de Cristo o homem
que já o possui’”, escreveu o jornalista e
advogado Bernardo Campos.
Constituído o Tribunal Eclesiástico
Diocesano, para o processo de sua
beatificação, foi enviado à Congregação
da Causa dos Santos em outubro do ano
2000, aguardando a palavra definitiva da Sé
Apostólica Romana. “É importante que haja
uma divulgação e um reconhecimento maior
por parte da sociedade em geral, para que
sua obra possa servir de exemplo às pessoas
diante dos desafios de hoje”, acredita Salathiel
de Souza. Os restos mortais de Dom Gabriel
estão na cripta da Igreja Catedral de Nossa
Senhora do Desterro, em Jundiaí.
Maria de Lourdes Guarda – Nascida na
revistaterraco.com
especial
Mariane Belasco: “A beatificação
de pessoas como estas é motivo
de orgulho para a região”
Eduardo Turati
Irmã Geralda lembra que
a santidade de Madre
Teodora foi reconhecida
ainda em vida
Flávio Torres
Na Acadil, a cadeira
ocupada por Salathiel de
Souza tem como patrono
o bispo Dom Gabriel
Flávio Torres
cidade de Salto em 1926, Maria de Lourdes estudou como interna
no Colégio Patrocínio das Irmãs de São José, em Itu. Lecionou
em sua cidade natal, com 18 anos, no Colégio da Congregação
das Filhas de São José. Sonhava em seguir os passos de sua
irmã Leonor, que entrara para a vida religiosa na Congregação
das Filhas de São José, mas primeiramente precisava tratar de
uma dolorosa lesão na coluna. Submeteu-se a duas cirurgias. Na
segunda, ficou paralisada da cintura para baixo.
Passou mais de duas décadas internada no Hospital
Matarazzo. De acordo com sua biografia, o quarto de Maria de
Lourdes era um ponto de encontro e de atração, que reunia não
só amigos, mas pessoas que buscam consolo.
Em 1975 recebeu o primeiro convite para participar de um
encontro de deficientes, onde conheceu um padre chileno que a
convidou para ser coordenadora de encontros no Brasil. Nessa
época, gravou um depoimento afirmando “deve-se valorizar
a pessoa com a deficiência e não a deficiência da pessoa”.
Conheceu, então, a Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes
(FCD). Trabalhou em prol dos presos deficientes no Estado de
São Paulo e, aos poucos, expandiu a Fundação para grupos em
Campinas, Limeira, Americana, Santa Bárbara D’Oeste, Ourinhos,
42
Terraço - edição 25
Andradina, Valinhos, Marília, Jundiaí, Ubatuba e Lins. Em 1992
terminou seu mandato como coordenadora da FCD, e suas
viagens cessaram. Faleceu no dia 5 de maio de 1996, e está
sepultada no cemitério de Salto, no túmulo de sua família.
A fase diocesana do processo de canonização de Maria de
Lourdes iniciou-se no ano passado.
Padre Bento Dias Pacheco – Certamente uma das histórias
mais conhecidas de santidade da região é a de Padre Bento.
Recentemente, sua vida foi retratada em um documentário dirigido
e representando pelo professor e ator Renato Benedetti, lançado
em setembro de 2011. “Padre Bento é um exemplo de caridade e
doação não apenas para os católicos, mas para todas as pessoas
que reconhecem nele o amor ao próximo”, relata Benedetti.
Bento Dias Pacheco nasceu em Itu no ano de 1819 e se dedicou,
durante 42 anos, aos portadores de hanseníase. A convivência com os leprosos não fez com que o padre
contraísse a doença e essa é uma das causas defendidas em
seu processo de beatificação, que tramita na Congregação
para as Causas dos Santos no Vaticano. “Apesar de pertencer
a uma família rica, ele vendeu todos os seus bens e distribuiu o
dinheiro obtido aos pobres da região. Despediu-se de parentes e
amigos, e passou a morar na Chácara da Piedade, local em que
eram segregados os portadores da hanseníase, vítimas tanto da
gravidade da moléstia quanto do radical preconceito e repulsa da
sociedade”, conta o ator.
O trabalho do padre pelos doentes foi até sua morte em
março de 1911. Seu corpo foi sepultado na igreja Senhor do Horto
e São Lázaro, num bairro ituano que leva o seu nome, e recebe
constantes visitas de fiéis que crêem em sua santidade.
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antena
Fotos: Divulgação
Em grande estilo
Quem previa uma virada de ano em grande estilo teve
uma agradável surpresa no restaurante Hole 19, no condomínio Terras de São José, em Itu, onde o branco imperou.
Confira nas fotos como foi a chegada de 2012.
antena
Escola de Cegos ganha nova sede
Fotos: Guto Bernardes
Em clima de encontros e homenagens, foi inaugurada a nova sede da Escola de Cegos Santa Luzia, em dezembro. A cerimônia em Itu contou com a presença do presidente
nacional da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini, empresa
patrocinadora da entidade, do prefeito Herculano Passos Júnior,
da deputada estadual Rita Passos, além de autoridades e convidados especiais como o Dudu Braga, filho do cantor Roberto
Carlos e paraninfo da escola. “Aprendi que é possível enxergar sem ver. Ver não é só com os olhos, mas com a cabeça,
percebemos o mundo de outra forma. Estes alunos que estão
aqui são a maior prova disso. Só quero continuar ajudando na
questão da inclusão”, afirma Dudu.
A Associação Ituana de Assistência aos Deficientes
Visuais - Escola de Cegos Santa Luzia foi fundada em setembro de 1982. Agora, o novo prédio da entidade, presidida por
Luiz Antonio Meniguini, o Gigio, recebe o nome de José Gandini
Bepe, deficiente visual e avô de José Luiz, que se emocionou
ao lembrar da preocupação e das dificuldade enfrentadas pela
família diante da situação. A nova sede fica na rua Jasmim, no
Jardim das Rosas.
O presidente da Escola
Santa Luzia, Luiz Antonio
Meniguini, cumprimenta
José Luiz Gandini
Dudu Braga lembra
importância da inclusão
bem-estar
Verão exige novos
cuidados com a pele
Levantamento da Secretaria de Estado da
Saúde aponta aumento de 30 % na procura por
dermatologistas nessa época no ano
P
raia, sol e calor são as combinações para as férias
perfeitas. No entanto, o verão traz também preocupação
com as doenças de pele. Dados da Secretaria de Estado
da Saúde apontam um aumento de 30%, entre janeiro e
fevereiro, no número de consultas com dermatologistas nos
ambulatórios estaduais.
O principal motivo que leva as pessoas a procurarem um
médico são as queimaduras causadas pela exposição inadequada
ao sol. Essas lesões são mais perigosas nos dias de calor
podendo, inclusive, evoluir para um melanoma, que é um tipo de
câncer de pele.
“Infelizmente as pessoas ainda não tomam os cuidados
adequados para se proteger do sol e acabam voltando das férias
com queimaduras, algumas vezes, graves”, explica Bhertha
Tamura, coordenadora do setor de dermatologia do AME Heliópolis
da Secretaria de Estado da Saúde.
De acordo com a dermatologista, as pessoas devem usar
constantemente o filtro solar. O uso de maneira esporádica e
inadequada não é suficiente para evitar as queimaduras.
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Terraço - edição 25
“É preciso passar várias vezes o protetor, mesmo em dias
nublados. Também é preciso se proteger com roupas, chapéu e
óculos de sol. Essa atenção deve ser redobrada caso a pessoa
tenha a pele muito sensível, branca ou que já tenha tido algum
tumor de pele”, afirma a dermatologista.
Além das queimaduras por exposição ao sol, a dermatologista
alerta para as lesões por limão ou frutas cítricas, que causam
bolhas e manchas escuras na pele por vários meses. As manchas
na pele, principalmente em pessoas com predisposição genética
ou hormonal, também são acentuadas nessa época do ano.
“Outro tipo de queimadura na pele é causada pelos animais
marinhos, como ouriço do mar e água viva. Caso ocorra um
acidente, é preciso lavar o local com água limpa e corrente, além
de procurar um médico imediatamente”, explica Bhertha.
Em segundo lugar na lista de doenças de pele características
do verão estão as micoses, responsáveis por um aumento em
20% das consultas médicas na área. O aumento das temperaturas
e da umidade cria o cenário ideal para a infestação da pele por
fungos, principalmente entre os dedos dos pés e na virilha.
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moda
É tempo dos macaquinhos,
práticos e cheios de charme
O modelo é a escolha ideal para
quem aposta em peças com muito
estilo para arrasar neste verão
D
ecote V, U, tomara que caia, com um ombro
só, os macaquinhos dos mais variados estilos
serão presença obrigatória no verão 2012. Práticos
e versáteis, eles vêm em malha, jeans, linho e outros
tecidos fluidos.
Por ser uma peça única vale incrementar o look. Se
o modelo for estampado, a dica é investir em acessórios
como braceletes, colares, bolsa grandes e estruturadas.
Já para os pés, os macaquinhos vão bem com
rasteirinhas, plataformas ou os espadrilles (que possuem
solados de corda e são os queridinhos da estação).
Se a peça for em uma única cor, incluindo jeans,
outra aposta interessante é combinar com um belo
blazer, além de sandálias poderosas e cintos em cores
fortes como amarelo, laranja, coral ou azul.
Há tempos os macaquinhos fazem história. Eles são
derivados dos macacões, criados na metade do século
19, nos EUA, e usados como uniformes dos operários.
A versão mais curta e feminina só surgiu em 1970.
As peças fazem bonito em quase todos os lugares,
mas vale lembrar que elas ficam melhores nas
mulheres altas. Para as baixinhas, o truque é usar com
sapatos da mesma cor, o que vai provocar a ilusão
de uma silhueta alongada. Para as mais cheinhas, os
modelos devem ser soltinhos, sem marcar.
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Terraço - edição 25
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decoração
N
ão dá mais para correr: o verão chegou e com ele as altas
temperaturas que incomodam para dormir ou simplesmente
assistir televisão na sala. Para quem gosta do calor o lugar ideal
para curtir é na praia e não dentro de casa. Por isso, vale a
pena ficar atento a algumas dicas simples que podem mudar a
sensação térmica do ambiente, tornando-o muito mais agradável.
A primeira dica é muito simples: abra a janela. Desta maneira
o céu azul e o dia ensolarado farão parte da decoração da
casa, dando vida e eliminando a sensação de abafamento. A
combinação de cores e tecidos também faz a diferença. Nesta
estação, tente substituir os tapetes peludos e de cores escuras
por peças de fios curtos e tons pastel. O mesmo vale para a
cortinas e cor das paredes.
Objetos de vidro também são aliados, como espelhos, vasos,
quadros de foto. Mas nada de exageros, pois o excesso de itens
torna os espaços mais abafados: retire bibelôs, abajures, artigos
de madeira, etc.
A presença de plantas no ambiente também é um
grande diferencial. Elas umidificam a casa e ajudam a baixar a
temperatura.
Outras dicas:
Dicas
simples deixam a
casa fresca no calor
Combinação de cores, substituição
de tapetes e cortinas, e eliminação de
excessos refrescam qualquer ambiente
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Terraço - edição 25
• Sofás de tecidos pesados, como veludo e camurça, e de
cores fortes não combinam com o verão. O ideal é cobrí-los
com capas de panos leves como algodão e linho;
- As mantas de sofá também devem ser deixadas de lado nos
meses mais quentes;
• É interessante colocar capas nas almofadas muito escuras.
Componha o visual com tecidos leves (linho, algodão, seda) de
cores claras;
• As lâmpadas de LED não aquecem o ambiente como as
tradicionais e ainda são mais econômicas;
• Quem gosta de fontes tem um motivo a mais para colocá-las
na casa. É que a umidade delas colabora com os moradores
no verão. A mesma regra se aplica a aquários e outros artigos
de decoração com água;
• Coloque o ventilador em uma porta ou em frente a uma
janela facilitando o fluxo de ar fresco para dentro;
• Aromatizantes cítricos também cumprem este papel,
renovando o cheiro da casa e trazendo uma atmosfera
agradável e convidativa.
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tecnologia
Presente dos sonhos
O Natal já passou mas há equipamentos que ainda continuam
despertando a cobiça de quem adora tecnologia
S
e o tão esperando presente tecnológico não veio, a
hora é agora. Muitos deles, nem todos, é claro, chegam
com novos preços promocionais no mercado. São celulares,
tablets, televisores, computadores e máquinas fotográficas
que já viraram grandes hits. Confira alguns:
O Samsung Galaxy Tab Wi-Fi é
super leve e fácil de manusear.
Sua tela Wide de 7.0” de alta
resolução oferece imagens nítidas
e é excelente para navegação na
internet e reprodução de
vídeos. O sistema Android 2.2
traz todos os serviços Google
e ainda oferece milhares de jogos e
aplicativos para download. Além de
tudo isso você tem uma experiência
Multimídia completa com reprodução de vídeos
em HD, fotos de altíssima qualidade (Câmera de 3.2
MP com flash) e 16 GB de memória interna para guardar todos seus arquivos.
Com o Samsung Galaxy Tab Wi-Fi você tem a conveniência do Wi-Fi e pode
facilmente transferir seus arquivos com o Bluetooth.
Preço modelo 3G: R$ 1.499,00
Preço modelo Wi-Fi: R$ 999,00
A D7000 faz parte dos 25 modelos de Smart TVs que a Samsung está
lançando. Essa série é 3D com capacidade de conversão 2D para 3D,
iluminação LED, resolução Full HD e moldura ultrafina (5mm de largura), que
ampliam área de visualização nas telas sem aumentar as dimensões externas
da TV. A família Smart TV da marca traz o Smart Hub, a interface que centraliza
as opções de entretenimento que possibilita o acesso à Internet com o uso do
web browser e também dos aplicativos disponíveis Samsung Apps. Atualmente
são mais de 250 aplicativos à disposição dos usuários, todos gratuitos. Os
destaques são os widgets Explore 3D, Bradesco, Yahoo Finanças, Netflix e
Netmovies, recentes inclusões na biblioteca online. Entre os outros diferenciais
estão as redes sociais como Twitter, Facebook e Google Talk, a ferramenta de
busca online Search All para pesquisas completas na web e nos dispositivos
conectados via wireless. Tem wi-fi integrado e certificação DLNA para
compartilhar fotos, vídeos e músicas. Compatível para uso do Skype.
Preços: R$ 6.199,00 (LED 46D7000), R$ 9.499,00 (LED 55D7000)
e R$ 11.299,00 (60D7000)
É um mundo de funcionalidades. Com o Galaxy S II, há acesso ao
Android 2.3 e milhares de aplicativos com o Android Market, além de
poder registrar os melhores momentos da vida com a qualidade da
câmera de 8 MP do aparelho e realizar vídeo-chamadas com a câmera
frontal de 2 MP. Outra vantagem é a velocidade de um processador Dual
Core de 1.2 Ghz, que permite ficar sempre conectado com a Internet 4 G
de alta velocidade HSPA+; há ainda a velocidade do Wi-Fi Dual Channel,
na melhor tela do mercado com tecnologia Super AMOLED+ de 4.27”.
Preço: R$ 1.799,00
O Notebook Samsung Série 9 é projetado para usuários exigentes, que desejam o melhor em
mobilidade, performance e design. Com formato ultrafino e cantos arredondados, o novo equipamento
tem apenas 16,3mm de espessura e pesa somente 1,31kg. Disponível em preto escovado com
acabamento interno brilhante, foi desenvolvido em duraluminium, um material leve e resistente,
utilizado na fabricação de aeronaves e carros, duas vezes mais forte que o alumínio. O Notebook
Samsung Série 9 é equipado com processador i5 da segunda geração da família Intel®
Core™ e processador gráfico Intel® HD Graphics, o que garante maior velocidade e qualidade na
execução de tarefas, até mesmo para programas que exigem muito do dispositivo.
Preço: R$ 4.999,00
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no terraço
[email protected]
917
É
Geruza Zelnyz
de Almeida
faz doutorado em Literatura na
USP. Mora em São Paulo, mas
vive no interior
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claro que ela não acreditava mais. Mas
era o último dia do ano antes do primeiro,
portanto perfeitamente compreensível que se
surpreendesse enumerando mentalmente uma
lista de desejos. E, numa lista assim, o amor
vem sempre em primeiro lugar, justificando todo
o resto, ou todo o resto justifica-o como prêmio.
Porque, se de tudo temos de correr atrás, com o
amor é diferente: ele vem até nós.
Era isso o que pensava equilibrando saltos e
pacotes do Extra. Caminhava olhando pra frente,
sem reparar no vaivém apressado das pessoas
antecipando o futuro. Sua sorte o supermercado
24 horas no quarteirão abaixo: tinha esquecido
os ingredientes da farofa e farofa é fundamental
nestas festas que misturam tudo: farinha,
passas, passado, futuro, castanhas, calabresa,
projetos e decepções... Tudo bem acomodado
junto com saquinhos de salgadinho Torcida (dos
picantes que mais gostava).
Queria o amor, apesar de sabê-lo
impossível. E era talvez essa impossibilidade
que alimentava o desejo. Então desejava o amor
e queria mesmo apenas uma possibilidade
de. Mas o que fazer se acaso tivesse outra
possibilidade de amor como aquele? (Porque
o futuro guarda o seu tanto de passado: o
passado gruda nas coisas do presente e dá o
tom ao que virá). Ah mas ela não queria pensar,
queria apenas chegar a casa e abrir umas
cervejas porque o dia estava mesmo muito
quente e havia muito ainda a fazer, a preparar,
a esperar... Então caminhava sobre saltos e,
vez ou outra, enroscava-os em algum buraco
na calçada. (Os buracos se aprimoram com o
tempo tanto quanto o caminhar).
A loja de roupas caras, a casa de pão de
queijo, o semáforo, a avenida, a banca e o
prédio. Entrou. O porteiro já havia chamado
Terraço - edição 25
o elevador. (Devia lembrar-se de premiá-lo:
merecem presentes os que nos abrem portas.
Então também deveria esquecer como condição
para que um dia se lembrasse).
O elevador parou. Empurrou a porta com
os pés, seguiu para o apartamento no final do
corredor, deixou as sacolas no chão e enfiou a
chave na fechadura que, apesar de entrar, não
girava nem para um lado nem para o outro.
Também não conseguia arrancá-la de lá: estava
presa no centro. Então se irritou. (Poucas coisas
a irritavam mais do que uma porta que não abre
ou uma lista de desejos impossíveis). E foi então
que escutou o barulho de outra chave girando
pelo lado de dentro. O palavrão estava armado
quando a porta se abriu e o calou.
Ele era lindo. Lindo e alto. O molhado dos
cabelos escorria pelo peito até encontrar a
toalha branca e felpuda amarrada à cintura.
Inesperado e desconhecido. E sorria achando
graça do seu espanto: “que diabos você tá
fazendo pelado na minha casa!?!”. (Não é
preciso dizer que aquele não era o apartamento
dela, o 817, nem o que se passou em silêncio
nos vãos dos sorrisos e desculpas. Talvez
apenas que ela descobriu que ele estava se
arrumando para o futuro. E ele, que ela estava
torcendo).
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Prazer de ser natural como o
VERÃO
A estação mais quente e gostosa do ano chegou.
E o verão no Plaza Shopping Itu é ainda mais alegre,
iluminado e cheio de tendências. Entre nesse clima
com a gente. Venha para o Plaza Shopping Itu.
www.plazashoppingitu.com.br