Análise Junguiana do Filme Constantine: O Filme como Instrumento

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Análise Junguiana do Filme Constantine: O Filme como Instrumento
Análise Junguiana do Filme Constantine: O Filme como Instrumento de
Aprendizagem na Abordagem da Psicologia Analítica
LUANE DE AGUIAR TOURINHO BARBOSA
Graduando em Psicologia – UNIME - União Metropolitana de Educação e Cultura – [email protected]
PAULO CÉSAR PEREIRA DE JESUS SOUZA
Graduando em Psicologia – UNIME - União Metropolitana de Educação e Cultura – [email protected]
QUECIA ALEIXO SANTOS
Graduando em Psicologia – UNIME – União Metropolitana de Educação e Cultura – [email protected]
Resumo: O trabalho consiste em uma análise do filme Constantine na visão da Psicologia Analítica, que
abrange todo o estudo da Psique humana num contexto individual e coletivo, considerando o instrumento
de mídia audiovisual essencial para a aprendizagem no âmbito acadêmico. Com este artigo formulam-se
ideias que perpassam diversos tipos de conhecimentos adquiridos através das ferramentas da área de
comunicação. O enfoque principal se encontra na análise do sujeito, dentro dos estudos de vertente
junguiana, feita pelo meio que documenta cenas para formulação de uma história fictícia. Sendo possível
chegar à simbologia que permeia as personagens, traduzindo comportamentos e retificando como é
possível adentrar ao processo de individuação humana. Diversos conceitos foram colhidos de materiais
bibliográficos, como base para construção do trabalho, sendo elaborado através da estrutura da psique do
individuo apresentada por Carl Gustav Jung, que tem acoplado os complexos, arquétipos, os tipos
psicológicos e o processo de individuação, que se integram ao longo do tempo e das vivências
experienciadas de cada um.
Palavras chave: Psicologia Analítica, Filme, Constantine, Jung, Redes Sociais.
1. Introdução
Ao longo de todo desenvolvimento humano, a tecnologia conquistou espaços
extremamente importantes para o mundo. Com a criação do sistema digital, as necessidades
humanas tomaram forma baseando-se no que a ciência apresentou à sociedade. Os filmes são
ferramentas de mídia audiovisual que surgiram em 1950 e que podem ser reproduzidos no
cinema, televisão, computadores e outros meios de acesso. Aprender através destes é uma forma
de reivindicar os modelos de ensino; as novas tecnologias são tratadas como alternativas para
aqueles que, por exemplo, tenham dificuldades na aprendizagem tradicional, pelos livros e
apostilas. A mídia é um recurso para ressignificar o padrão e tornar viáveis as formas de
expandir o conhecimento no âmbito acadêmico. Os filmes circulam também nas redes sociais e
são compartilhados para o entretenimento do público social.
Ao estudar obras cinematográficas, ou artísticas em geral, fazendo paralelo com alguma
abordagem psicológica, torna-se fundamental apresentar os conceitos e teorias que estão
envolvidas nesta dialética. Porém, importante também é salientar sobre as possibilidades de
análises fílmicas:
É possível postular que qualquer arte de representação (o cinema é uma arte de
representação) gera produções simbólicas que exprimem mais ou menos diretamente,
mais ou menos explicitamente, mais ou menos conscientemente, um (ou vários)
ponto(s) de vista sobre o mundo real. (VANOYE; GOLIOT-LÉTÉ, 2012, p.57).
E, no tocante às redes sociais, elas “também contém as mesmas vicissitudes e
inseguranças da vida real, diferenciando-se somente pelo elevado nível de exposição.” (ROSA;
SANTOS, 2014, p.28). Este pensamento corrobora com a associação de uma das funções das
redes sociais e dos filmes - a de representar, virtualmente, o mundo real.
O filme promove ampla visão à cerca do estudo da psique humana e, dentro do contexto
da abordagem trabalhada nesta análise, a Psicologia Analítica, ou também chamada de
Psicologia Junguiana abrange, através de teorias associativas, todo um estudo de como pode vir
a funcionar a estrutura psíquica de cada sujeito. São justamente esses fatores que foram
escolhidos e utilizados na tentativa de compreensão dos comportamentos das personagens do
filme, propondo uma associação simbólica, para melhor entendimento sobre esse campo de
conhecimento vasto, que é a Psicologia Analítica.
O longa metragem retrata a história de John Constantine, um exorcista, ocultista,
demonólogo e suicida, que não conseguia lidar com sua sensibilidade de enxergar através dos
mundos: Céu, Terra e Inferno. Na trama, ele se une a policial Angela Dodson, para ajudá-la a
solucionar o suspeito caso de suicídio de sua irmã. Anjos, demônios e humanos começam a
transitar no mesmo espaço, e a luta travada por John e Angela se pauta em salvar suas próprias
almas.
O ideal almejado é perceber como que filmes, estudos psicológicos analíticos e as redes
sociais possuem interrelação e influência no processo de aprendizagem e desenvolvimento dos
sujeitos, de forma que o mundo real se manifesta por essas conexões, estruturando a construção
do conhecimento de si e do outro na dinâmica da vida.
2. Referencial
Constantine é um filme lançado em 2005, ambientado na cidade de Los Angeles, nos
Estados Unidos. Nesse período, pós-Segunda Guerra Mundial, os EUA notou a emergência de
reestruturar sua economia para suprir essa superpotência mundial, que era o que estava se
tornando com a entrada da tecnologia no território americano, fato sutilmente abordado pela
representação do consumismo.
Jung descreve a estrutura da personalidade humana construindo um esquema básico da
constituição dos sujeitos, denominando essa estrutura de psique. Jung orientou sua teoria,
determinando que a psique se estrutura em sistemas e níveis interatuantes, níveis estes:
consciência, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. (HALL; NORDBY, 2005).
A consciência é marcada pelo que se vê, pelo que se percebe do sujeito e pelo que o
próprio percebe de si. É aquilo que aparece, “é a única parte da mente conhecida diretamente
pelo indivíduo” (HALL; NORDBY, 2005, p.26). Em nível consciente, para regular os conteúdos
a serem exteriorizados, temos o ego. O ego refere-se “à organização da mente consciente; e [...]
desempenha a função básica de vigia da consciência.” (HALL; NORDBY, 2005, p.27).
Outro nível de estruturação da psique é explicado pelo inconsciente pessoal onde os
conteúdos são dispensados à consciência através da regulação do ego, e se organizam através de
complexos. Estudos mostraram que eles são como “pequenas personalidades separadas na
personalidade total [...] devem ter raízes em algo muito mais profundo na natureza humana.”
(HALL; NORDBY, 2005, p.29-30).
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Nos estudos sobre o inconsciente coletivo, Jung considera que a mente humana possui
estruturação pré-fabricada e, como que herança histórica, traz um passado que ultrapassa a
infância. Esta herança seria capaz de determinar, inclusive, como passaríamos por determinadas
experiências e mesmo a que experiências passaríamos. (HALL; NORDBY, 2005). O
inconsciente coletivo se organiza através de arquétipos.
Arquétipos são os conteúdos do inconsciente coletivo, organizados de maneira a valorizar
modelos originais e universais que revelam sentido a outras coisas do mesmo tipo. “O
inconsciente possui, então, uma parte pessoal que se refere às experiências pessoais do sujeito e
uma parte impessoal composta pelos arquétipos, denominada de inconsciente coletivo.”
(SERBENA, 2010, p.78). Dentre diversos arquétipos, Jung dedicou maior atenção ao estudo de
alguns mais importantes à formação da personalidade: persona, anima e animus, sombra e self.
A persona se traduz como uma máscara utilizada em encenações artísticas para
representar alguém, ou quem não se é, pois “o homem assume uma aparência que geralmente
não corresponde ao seu modo autêntico. Apresenta-se mais como os outros esperam que ele
seja.” (SILVEIRA, 1981, p.79).
A anima se apresenta como o lado feminino no masculino, “tendo a mãe como primeiro
modelo, a anima é também uma ponte de ligação com o inconsciente e com a vida em seu
aspecto mais instintivo” (HAUBERT; VIEIRA, 2014, p.230). Enquanto que o animus traz o
aspecto masculino da personalidade feminina. O estreitamento relacional do animus está
direcionado à imagem do pai, do herói que “opõe-se à própria essência da natureza feminina, que
busca, antes de tudo, relacionamento afetivo” (SILVEIRA, 1981, p.85).
A sombra é onde se armazena maior parte da natureza animal e sombria dos sujeitos.
Voltada para a positividade, a sombra favorece o desenvolvimento de processos criativos,
oriundos de intuições profundas e da espontaneidade, enquanto que seu lado negativo está
fortemente vinculado à não aceitação do sujeito sobre componentes pertencentes a si mesmo, que
são simbolizados em objetos projetados no outro (NASSER, 2010).
O self é a representação da ordem e da organização da personalidade e é o principal
arquétipo do inconsciente, sendo o responsável por atuar diretamente com a consciência e seus
complexos, orientando os demais arquétipos na harmonização da personalidade, fator
preponderante para o processo de individuação. Assim, “o self simboliza a infinidade do
arquétipo, e qualquer coisa que um homem postule ou conceba, como sendo uma totalidade
maior do que ele próprio, pode se tornar um símbolo do self – Cristo ou Buda, por exemplo”
(SAMUELS, 1989, p.120 apud ARCURI, 2009, p.89)
No processo do existir, o que se busca é o equilíbrio entre as funções psicológicas e
atitudes, harmonizando e elevando a consciência e o conhecimento de si mesmo, pelo que Jung
chama de individuação. “A meta da individuação é conhecer a si mesmo tão completamente
quanto possível; ou a autoconsciência.” (HALL; NORDBY, 2005, p.27). E esse estudo foi
proposto, pois o filme escolhido para este artigo remete uma forte simbologia junguiana de como
funciona todo este processo.
Em uma cena de ritual de exorcismo, é possível observar traços da relação sombra x
persona, que Jung justifica como as funções psíquicas tomando forma e sendo representadas em
duas personagens que se enfrentam literalmente. John, exercendo seu papel social com o intuito
de proteger seu ego e ao mesmo tempo barganhar um possível ingresso aos céus; e o demônio,
como a sombra que é incompatível com a persona por serem aquelas experiências indesejadas do
protagonista, consideradas inferiores em sua personalidade. O filme perpassa por toda ideia da
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descoberta do ‘si mesmo’, em que o princípio ordenador da totalidade da psique de John, será a
nuance da tentativa de resgatar a bondade do submundo.
A ideia apresentada por Jung, de que o inconsciente coletivo é formado pelo material
psíquico reprimido, que estimula um padrão pré-formado do inconsciente pessoal, este vindo
desde o nascimento, é a forma mais completa de mostrar como, de modo não convencional, o
protagonista lida com as forças das trevas da qual os outros se recusam a lidar. Pois todo o
contato de Constantine com as suas visões são representações bem resolvidas na sua mente,
traços da sua personalidade que podemos considerar como os seus arquétipos que se
desenvolveram, se tornando complexos bem definidos.
Um jogo de poder se instaura entre os mundos, onde os interesses egoístas afloram e se
sobressaem a todo instante. John luta contra demônios ambiciosos que vêm do inferno à Terra
mas, este não é o maior de seus problemas. O protagonista está à beira da morte por um hábito
desequilibrado do uso de cigarro. John, encontra Angela, que desmistifica para ele a ideia da
mulher frágil e sensível. Ela entra no jogo, de início para descobrir o que realmente aconteceu
com sua irmã, logo em seguida, toma para si a luta de John, sendo o principal alvo da sombra.
A sombra não constitui o todo da personalidade inconsciente. Ela representa qualidades
e atributos desconhecidos ou pouco conhecidos do ego — aspectos que, na sua maioria,
pertencem à esfera pessoal e que poderiam, do mesmo modo, ser conscientes. Em
alguns aspectos, a sombra também é constituída de fatores coletivos que se originam de
uma fonte exterior à vida pessoal do indivíduo. (ZWEIG; ABRAMS, 1991, p.57).
Ao longo do seu processo de individuação, John desenvolve uma relação consciente com
sua sombra, que seria o lado não aceito de sua personalidade, descartando o egoísmo e
começando a dar abertura para que sua alma receba redenção - já não se trata apenas do ‘si
mesmo’.
A produção se debruça num estudo da consciência pois, se percebido com uma visão
analítica, os vários mundos seriam: a representação do Céu como inconsciente pessoal, e o
inferno, o inconsciente coletivo, que estão ocupando um lugar nos extremos da consciência, que
seria a terra, e que tem John Constantine como a representação do ego tentando regular os
complexos ali estabelecidos.
Diferente de sua irmã Isabel, que possuía uma convicção na doutrina e nos ensinamentos
sagrados, Angela não necessariamente desacredita nas verdades da fé, apenas demonstra um
ceticismo no que diz a respeito à existência de seres além da vida.
Dessa maneira, o homem sempre cuidou para que toda decisão grave fosse, de certo
modo, sustentada por medidas religiosas. Nascem, assim, os sacrifícios para honrar as
forças invisíveis, as bênçãos e demais gestos rituais. Sempre, e em toda parte, existiram
‘rites d’entrée et de sortie’ (ritos de entrada e de saída) que, para os racionalistas
distantes da psicologia, não passam de supertição e magia. No entanto, a magia é, em
seu fundamento, um efeito psicológico que não deve ser subestimado. A realização de
um ato “mágico” proporciona ao homem uma sensação de segurança, extremamente
importante para uma tomada de decisão. Toda decisão e resolução necessitam dessa
segurança, pois ela sempre pressupõe uma certa unilateralidade e exposição. (JUNG,
2011, p.23)
Parte-se do pressuposto que Angela teria um papel essencial na vida de John, pois a
relação com o sexo oposto trabalha seus processos internos, apresentando características latentes
de um animus que tem uma função de tornar uma ponte entre o ego feminino e o self.
Cada homem sempre carregou dentro de si a imagem da mulher [...] Essa imagem,
examinada a fundo, é uma massa hereditária inconsciente, gravada no sistema vital e
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proveniente de eras remotíssimas; é um “tipo” (“arquétipo”) de todas as experiências
que a série dos antepassados teve com o ser feminino, [...] Se já não existissem
mulheres, seria possível, a qualquer tempo, indicar como uma mulher deveria ser dotada
do ponto de vista psíquico, tomando como ponto de partida essa imagem inconsciente.
[...] A essa imagem denominei anima (JUNG, 2011, p.210-211).
O filme se mostra recheado de elementos, símbolos e signos que levantam e aguçam a
perspectiva do pensamento Junguiano. É notório que na vida, o sujeito sempre buscou maneiras
de se representar e representar o outro no mundo. A representação simbólica da vida está contida
na manifestação da essência do sujeito (inconsciente). Este processo torna-se consciente gerando
cadeias de informações que se relacionam entre organismos (sujeitos).
O símbolo, na perspectiva analítica, se expressa como algo relativo e abstrato diante da
percepção do sujeito, do seu ponto de vista de acordo às suas construções biopsicosociais, sua
interpretação dará o sentido que lhe é conhecido, influenciado pelo inconsciente coletivo.
Enquanto que os símbolos possuem atribuições amplamente subjetivas, “o signo pode ser
compreendido de maneira muito mais racional” (KAST, 2013, p.21). Ainda assim, signos podem
tomar propriedade de símbolo, já que é do humano tentar simbolizar o mundo, e muitas vezes,
atribuir, não apenas valores socialmente convencionados (signos) mas, valores abstratos aos
objetos (KAST, 2013).
É pela representação simbólica que os sujeitos podem manifestar suas impressões acerca
da existência, principalmente de forma mística, para dar sentido às coisas intangíveis e
inexplicáveis, como por exemplo a atribuição e correlação dos fenômenos da natureza com
deuses, reafirmando em toda e qualquer época e civilização, a necessidade de uma figura
superior (um símbolo) a quem se possa responsabilizar e/ou clamar em momentos de crise. Em
alguns casos, pode-se considerar que essas representações simbólicas se expressam como mitos:
Esse modo não lógico de entender as coisas é traduzido pelo mito como uma forma
primordial de explicar a realidade de ser e estar no mundo. Por não ser lógica, a forma
de explicação do sistema mítico pode ser compreendida como decorrente de um
entendimento vindo, possivelmente, do universo inconsciente. (ALVARENGA, 2007,
p.35)
A fotografia do filme é particularmente escura, demonstrando uma sobreposição das
trevas abordadas nele, sobre a luz. Existe a associação entre bom e ruim, luzes e trevas, bem e
mal e, essa dicotomia foi expressa por Jung num contexto que se aplica à movimentação dos
arquétipos presentes no filme:
A oposição entre o luminoso e o bom, por um lado, e o escuro e mau, por outro,
permaneceu em conflito aberto, uma vez que Cristo representa só o bem, e (...) o
demônio, o mal. Esta oposição é o verdadeiro problema do mundo, que até agora não foi
resolvido (JUNG, 2011, p.31).
Para Jung, as duplas dos fenômenos psíquicos são de extrema importância para o
processo de individuação.
Os arquétipos também, tal como as situações, sentimentos e representações dos
indivíduos, não estão separados rigidamente, existindo sempre a possibilidade de
relação entre os símbolos, pois eles se interpenetram. Circulando ao longo dos temas,
expressando, equilibrando e unificando os contrários, eles são sempre
pluridimensionais, bipolares e ligados com a experiência totalizante possibilitada pela
função transcendente e seu dinamismo integrador (CHEVALIER & GHEERBRANT,
1989, p. XXV apud SERBENA, 2010, p.79).
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É inegável a contribuição de Joseph Campbell para o campo dos estudos sobre os heróis
dos filmes. Em paralelo ao que Jung postulou, Campbell trabalha com a ideia de que todas as
histórias, mitos, fábulas e contos estão, de certa forma, ligadas umas às outras, por um fio
condutor comum e que a humanidade reconta essas histórias ao longo de sua evolução (RICÓN,
2006). Nota-se que as redes sociais tem tomado um papel fundamental na tentativa de tornar
cada vez mais reais as histórias mostradas nos filmes. Isso se dá através da promoção de embates
e competições entre fãs de heróis e vilões, por exemplo.
Reforçando a ideia de Campbell, as redes sociais se tornam um recurso para exteriorizar
cada essência associando os enredos à personalidade de quem adentra as histórias pois a rede
social “é pensada quando se fala do conjuntos de seres com quem se interage de maneira regular,
com quem se conversa, com quem se troca sinais, que os corporizam e, que os tornam reais.”
(UBER; BOECKER, 2014, p.111).
3. Procedimentos Metodológicos
Este trabalho teve como instrumento principal o equipamento audiovisual, sendo possível
trabalhar a partir de cenas de um longa metragem, considerado de ação, que remeteu à discussões
e interpretações. Foi feito um levantamento do material bibliográfico do estudo em questão,
abordando a Psicologia Analítica e seus principais referenciais teóricos, e, em seguida deu-se
enfoque a estrutura psíquica que Jung apresenta, como forma de embasar toda a análise.
A coleta do material aconteceu por partes. Houve o levantamento de informações a partir
de leitura de livros do principal autor do tema, somado a repetição contínua da passagem do
filme, para que cada detalhe tomasse forma na hora de ser colocado no papel, além da leitura de
artigos acadêmicos que envolvessem discussões sobre o âmbito da saúde e as influências das
redes sociais.
As dicussões seguiram em rodas de conversa com profissionais da área da psicologia
analítica e estudantes do curso de psicologia, que auxiliaram não apenas no tema principal
abordado, mas também referente à importância do aprendizado através de novos meios de
comunicação.
4. Resultados e discussões
Os conceitos teóricos construídos por Jung podem ser considerados como extremamente
importantes para o reforço da aprendizagem. Por meio das análises feitas, é notória a
consistência de como é possível, a partir de uma ferramenta digital, reportar informações,
podendo fazer um estudo embasado do tema. Foi proposto durante todo o artigo associações das
vertentes psicológicas e suas teorias, com a possibilidade de extrair conhecimento através deste
instrumento. Ao final do trabalho ficou claro como Constantine é um filme que possui forte
simbologia e visão empírica de todo o processo de desenvolvimento psiquíco apresentado.
5. Considerações finais
Este trabalho se propôs apresentar elementos do filme Constantine através da linha
psicológica analítica, que trabalha os conceitos que influenciaram toda cultura ocidental,
capturando as ideias simbólicas, fazendo links e associações dos termos apresentados por Jung
para descrever a psique humana. Novos meios estão sendo utilizados para melhorar o
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desempenho no ensino e aprendizado, sendo as ferramentas de mídia peças fundamentais para
desenvolver as representações descritas aqui, que possuem embasamentos teóricos e
fundamentados pelo autor da abordagem, sendo possível concluir que o filme escolhido pode
derivar de uma forte construção dos princípios defendidos pelos pensamentos junguianos. Aos
leitores deste trabalho, o filme tem diversos pontos de vista e é enriquecido de elementos que
tornam a história bastante interessante. Aos que já assistiram, poderão rever com um olhar crítico
e construir uma opinião referente ao mesmo; aos que ainda não o viram, serve como incentivo
para compreender melhor a trama.
6. Referências
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JUNG, C. G. Presente e Futuro – Civilização em Mudança. 6ª ed. Petrópolis, Vozes, 2011. 83p.
JUNG, C. G. Psicologia e Alquimia. 5ª ed. Petrópolis, Vozes, 2011. 604p.
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Paulo, Cultrix, 1991. 356p.
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