a teoria das inteligências múltiplas

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a teoria das inteligências múltiplas
A LINGÜÍSTICA APLICADA COMO AUXÍLIO PARA UM ENSINO
SIGNIFICATIVO DE LÍNGUAS: A Teoria das Inteligências Múltiplas e as Estratégias
de Aprendizagem
“O aprender se dá no momento em que esse
esquema lógico, cognitivo, é ferido, é colocado em
contradição. Nesse momento, a pessoa, ela mesma,
se obriga a se reequilibrar, a mudar seu esquema
anterior. Isto é aprender. É a superação qualitativa
do esquema anterior.”
(Pedrinho Guareschi)
Estela Duveza TEIXEIRA
UEMS
Comecemos esta breve introdução para pensar nos primeiros testes cognitivos
registrados como no século V quando os chineses aplicavam exames para dividir a
população em três castas de acordo com a capacidade intelectual de cada um para
dividi-las por habilidades e funções. Ou então de alguns matemáticos que realizavam
exames para fazer o processo seletivo dos seus seguidores e avaliar qual era o melhor
para lhe ajudar, como Pitágoras, por exemplo.
Então, em 1838 no ocidente, um médico chamado Esquirol1 associou as
diferenças entre retardo mental e fluência verbal, dessa forma estava correto em suas
pesquisas, pelo fato de pensar nessa relação da deficiência mental e de linguagem,
porém, a relação ainda foi fraca e era preciso um estudo mais especializado.
Em 1884, Francis Galton2, o pai da psicologia Experimental, também se juntou
a esses cientistas e projetou os primeiros testes para medir a inteligência, porém, não
foram satisfatórios, pois ele acreditava num conjunto de características simples, como o
diâmetro da cabeça, a velocidade de reflexo etc., sendo somente estas características não
muito relevantes.
No inicio do século XX vale lembrar um fato ocorrido em París no ano de
1900, La Belle Epoque, quando alguns pais procuraram um psicólogo chamado Alfred
1
Nascido em 8 de julho de 1857 em Nice, e falecido em 18 de outubro de 1911 em Paris, teve importante
papel no desenvolvimento da psicologia experimental na França Em 1878 abandonou uma projetada
carreira em Direito para dedicar-se à medicina. Seu primeiro interesse foi a experimentação com métodos
de associação de idéias (associativismo), objeto de seu livro La Psychologie du raisonnement 1886; "A
Psicologia do raciocínio").
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Autor de mais de 300 publicações, renomado cientista evolucionista francês que fez um ataque frontal
ao método de Charles Darwin.
Binet3 para desenvolver alguma medida para que predissesse quais crianças teriam
sucesso e quais iriam fracassar nas escolas parisienses de ensino primário.
O Objetivo dele era criar um diagnóstico das deficiências mentais e das suas
gravidades, foram desenvolvidos vários questionários e aplicados em crianças de
diversas faixas etárias para ter a idade mental (nível mental). Comparando-se então a
idade mental e a idade cronológica era possível saber o desenvolvimento das crianças
em relação ás outras.
Em 1906 na Universidade de Stanford, Lewis Madison Terman aprimorou os
testes de Binet sendo considerada a melhor bateria de testes da época. Sendo
introduzido o termo Quociente de Inteligência (Q.I), uma representação da idade mental
multiplicada por 100 e dividida pela idade cronológica.
QI= Idade mental. 100
Idade cronológica
O teste do QI foi um sucesso, a idéia foi compartilhada até por países como os
EUA, ao testar o QI dos recrutas e selecionarem quais iriam ou não para a guerra.
Porém, este tipo de teste voltado para o papel e lápis, analisa apenas uma
especificidade do cérebro humano, excluindo testes adequados para determinadas
capacidades, especialmente as que envolvem a manipulação ativa do meio ou interação
com outros indivíduos.
Fundamentação teórica sobre a Teoria das IM
Nos anos 60 um cirurgião e antropólogo Francês, Pierre-Paul4, se interessou pelo
estudo das outras áreas do cérebro e demonstrou o relacionamento entre uma lesão em a
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Nascido em 8 de julho de 1857 em Nice, e falecido em 18 de outubro de 1911 em Paris, teve importante
papel no desenvolvimento da psicologia experimental na França Em 1878 abandonou uma projetada
carreira em Direito para dedicar-se à medicina. Seu primeiro interesse foi a experimentação com métodos
de associação de idéias (associativismo), objeto de seu livro La Psychologie du raisonnement 1886; "A
Psicologia do raciocínio").
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Autor de mais de 300 publicações, renomado cientista evolucionista francês que fez um ataque frontal
ao método de Charles Darwin.
desabilitação cognitiva especifica, dando assim um salto sobre o estudo do cérebro e as
capacidades desenvolvidas em cada região.
Depois dessa pesquisa outros cientistas passaram a ter interesse neste assunto
como o psicometrista americano Louis Leon Thurstone5 que após análises de diferentes
casos passou a acreditar na existência de um pequeno conjunto de faculdades mentais
primárias independentes entre si e medidas por tarefas diferentes. Sendo esses fatores
incapazes de conquistar supremacia sobre o outro. Thurstone nomeou sete destes
fatores: Compreensão verbal: Compreender idéias em forma de palavras; Fluência
verbal: Escrever e falar com facilidade; Fluência numérica: capacidade de somar,
subtrair, multiplicar e dividir; Visualização espacial: Identificar objetos rapidamente;
Memória associativa: Reter impressões; Velocidade de percepção: Identificar estímulos
rapidamente, reconhecer similaridade e diferenças entre os objetos; Raciocínio:
Resolver problemas complexos e reter experiência.
Contudo o conceito de L. L Thurstone não foi suficiente e teve que ser tanto
questionado como substituído. Deve-se afastar dos testes e das correlações entre os
testes e observar as fontes de informações mais naturalistas a respeito de como as
pessoas no mundo todo desenvolve capacidades importantes para o seu modo de vida.
Piaget6 também foi outro pesquisador que se interessou em trabalhar essa
questão de inteligência. Trabalhando no laboratório de Simon que ele se interessou nos
erros que as crianças cometiam quando resolviam testes de QI, ele acreditava ser mais
importante focalizar na linha de raciocínio que a criança utilizou e não na precisão das
respostas.
Fazendo isso Piaget percebeu que o pensamento de Binet e Simon
fundamentava-se somente em testes preditivos sobre o fracasso ou sucesso escolar e as
tarefas para serem resolvidas distanciavam-se da vida cotidiana da maior parte dos
testados. Em várias dessas operações, ele percebeu que elas poderiam ser aplicadas a
qualquer tipo de conteúdo, tentando explicar de maneira bem fragmentada que um
conteúdo ou material são eficazes quando são adaptados a uma situação, quanto falhos
se forem adaptados à outra.
5
Psicólogos norte-americano (Chicago 1987- Chapel Hill 1955). Um dos primeiros a utilizar métodos
estatísticos nas avaliações de nível mental.
6
(Neuchâtel, 9 de Agosto de 1896 — Genebra, 16 de Setembro de 1980) estudou inicialmente biologia na
Suiça e depois se dedicou a area da Psicologia, Epistemoligia e Educação, ficou conhecido
principalmente por organizar o desenvolvimento cognitivo em uma série de estágios.
A maior parte das informações investigadas nestes testes refletia no
conhecimento adquirido pela vivencia num determinado meio educacional ou social.
Desta forma Piaget desenvolveu uma visão radicalmente diferente da cognição humana,
segundo ele, o estudo do pensamento humano deve partir de um individuo que tente
entender o mundo, unindo a natureza dos mundos físico e social.
Porém, visões como estas podem até ter um determinado foco sobre o estudo
das Inteligências Múltiplas (IM), podem ser consideradas até faíscas do assunto, mas,
todas apresentam falhas ao apresentarem somente a resolução de problemas lógicolingüísticos, pois assim, elas ignoram a biologia e a criatividade que são relevantes na
sociedade humana. Pensando desta maneira, como elas tratariam as pessoas conhecidas
como prodígio?
O termo prodígio favorece pessoas que possuem domínios simbólicos
particulares em determinadas áreas. Pelo fato de um indivíduo ser considerado prodígio,
o meio em que ele vive o apóia, contribuindo assim para o desenvolvimento dessa
habilidade.
Em 1983, Howard Gardner7 e mais um grupo de pesquisadores fundaram o
Projeto Zero, mantido pela Universidade de Harvard, dedicou-se a natureza da atividade
simbólica humana, ou seja, de processos cognitivos, focando na arte e na criatividade.
Neste Projeto, além de avaliar o desempenho dos alunos, esses pesquisadores
desenvolvem também as formas de fazer esta avaliação saindo dos padrões tradicionais
para avaliar o rendimento escolar.
O objetivo deste projeto é implantar um tipo de portifólio onde os professores
possam guardar as avaliações aplicadas aos alunos durante o ano para que no final ele
possa analisar cada tarefa e até fazer uma reavaliação do aluno baseada nas suas
conclusões.
Gardner (1999) tem o objetivo de chegar a uma visão do pensamento humano
mais amplo e mais abrangente daquela aceita pelos estudos cognitivos da época, ele
surge no contexto educacional porque rompe os paradigmas que já eram consagrados e
demonstra que os estudos voltados para o cérebro promovem um melhor
direcionamento para melhorar a educação, afirmando que a essência da teoria é respeitar
7
Nascido no dia 11 de julho de 1943, excelente pianista que só parou seus estudos sobre musica quando
entrou na Harvard College em 1961, tornando-se Professor de cognição e Educação na Harvard
Graduate School of Education em 1968, passou a desenvolver seus estudos e trabalhos para explicar e
compreender o pensamento direcionado ao desenvolvimento e falha das capacidades intelectuais.
as muitas diferenças entre as pessoas, as múltiplas variações em sua maneira de
aprender, os vários modos pelos quais elas podem ser avaliadas e o número indefinido
de maneiras pelas quais elas podem deixar uma marca no mundo.
Afinal, a inteligência é uma coisa difícil de mensurar, medida esta que ele
define como a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos, principalmente
pelo fato de termos algumas mais evidenciadas que outras, ou seja, segundo Gardner é
útil pensar nas inteligências como um conjunto, Know How, procedimento para fazer as
coisas. Está ai o sentido de “Múltiplas”, para enfatizar um número desconhecido de
capacidades humanas diferenciadas.
Segundo Gardner, todos os indivíduos normais são capazes de atuar em pelo
menos sete áreas intelectuais diferentes, porém, a cada dia que passa mais pesquisas são
realizadas e este número pode crescer ainda mais. “Então se torna necessário dizer de
uma vez por todas, que não há e jamais haverá uma lista única, irrefutável e
universalmente aceita de inteligências humanas.” (1994; p.45)
Estudos comprovam que o desenvolvimento cognitivo e as habilidades
cognitivas são diferenciadas e o sistema nervoso humano não é um órgão com propósito
unificado, ao contrario são diferentes centros neurais que processam diferentes
informações.
Gardner estabeleceu vários critérios para que uma inteligência seja considerada
como tal, desde sua possível manifestação em todos os grupos culturais até a localização
de sua área no cérebro como ele mesmo diz:
Para começar, as inteligências não são equivalentes a sistemas
sensoriais. Em nenhum caso uma inteligência é completamente
dependente de um único sistema sensorial, nem nenhum sistema
sensorial foi imortalizado como uma inteligência. As inteligências são,
por sua própria natureza, capazes de realização (pelo menos em parte)
através de mais de um sistema sensorial”. (GARDNER, 1994 p.51)
As pessoas não possuem apenas uma inteligência em si, mas sim, um conjunto,
onde se algumas dessas inteligências forem estimuladas, elas poderão se desenvolver e
criar uma habilidade. Desta mesma forma, se o individuo não desenvolver as outras
áreas do cérebro que se refiram as outras habilidades, elas enfraquecem, Assim, torna-se
importante considerar os indivíduos como uma coleção de aptidões, e não como tendo
apenas uma única faculdade de solucionar problemas que podem ser medidos por testes
de papel e lápis.
Resumidamente as Inteligências definidas por Gardner são:
Inteligência Lógico-matemática: determina a habilidade para o raciocínio
dedutivo, pensamento cientifico, reflexões lógicas, ou seja, a visão tradicional da
inteligência.
Inteligência Lingüística: A habilidade de lidar com as palavras nos diferentes
níveis da língua, possibilita ao indivíduo se expressar com mais clareza e utiliza da
escrita ou da fala para expressar sua realidade.
Inteligência Musical: Capacidade de entender, produzir e apreciar a Linguagem
sonora e expressar-se através dela por meio de letras de musicas e geralmente não
precisa de aprendizagem formal para exercê-la.
Inteligência Espacial: As pessoas têm como meio de aprendizagem as imagens,
fotografias, cartazes e preferem atividades que explorem o visual, como exercícios de
observação.
Inteligência Corporal: É habilidade de usar o próprio corpo de diferentes
maneiras, tanto envolvendo o autocontrole, quanto a destreza para manipular objetos.
Inteligência Intrapessoal: É a competência de uma pessoa conhecer-se e estar
bem consigo mesma. Administrando suas emoções e sentimentos favoravelmente aos
seus propósitos para conduzir proveitosamente a vida.
Inteligência Interpessoal: São encontradas em pessoas de fácil relacionamento
pessoal, que entendem facilmente o que elas sentem, como compreender outras pessoas,
buscar responder adequadamente atitudes, motivações e desejo dos outros.
Existem outras inteligências que ainda estão sendo estudadas como a
naturalista, a pictórica, a biológica, por exemplo, porém na bibliografia utilizada elas
ainda não constam como definitivas.
A inteligência sob o olhar científico de Gardner
Cada Inteligência tem um momento determinado para aparecer ou esmaecer
nos aprendizes. Algumas inteligências aparecem quando criança e com o passar dos
anos vai somente aprimorando cada vez mais como a capacidade lingüística, por
exemplo, porém, há capacidades que com o passar do tempo vai esmaecendo como a
corporal-cinestésica.
Um individuo inteligente é identificado quando consegue usar corretamente os
símbolos como na inteligência lingüística, as línguas; nas inteligências pessoais, os
gestos e expressões; na musical, as notas por exemplo.
Todas as pessoas possuem essas inteligências e elas existem cada uma em uma
determinada área cognitiva do cérebro, se uma pessoa sofre uma lesão no hemisfério
direito que é responsável pelas capacidades musicais, nada vai afetar as inteligências
pessoais que se localizam no hemisfério esquerdo. Cada pessoa pode desenvolver cada
uma dessas inteligências de acordo com a sua competência individual, pois elas
funcionam juntas, porem de maneira complexa como exemplificado acima.
Apesar de existirem medidas para avaliar as IM, essas medidas são
ultrapassadas, descontextualizadas. Cada inteligência deve ter um conjunto central de
operações, atividades relacionadas a determinada inteligência, sendo assim necessário a
percepção cognitiva que se relaciona com cada uma.
Para saber se o aprendiz possui realmente uma inteligência e não confundi-la
com um talento, competência ou habilidade Gardner (1999) estuda alguns conceitos
como os autores citados até aqui, porém possui mais ênfase no que se refere aos
Savants8.
Os prodígios também merecem destaque nesse conceito, pois são pessoas que
além de apresentar um nível excepcional de uma determinada inteligência, possuem
também vários talentos. Um exemplo de prodígio é apresentado na série Kyle XY, antes
apresentado somente em canal fechado, porém, agora sendo exibida na rede SBT de
televisão.
A Prática de Ensino voltada para as IM e os caminhos a serem utilizados
Como auxilio para abarcar a teoria das IM, usamo-nas como instrumento para
abarcar utilização de abordagens na prática pedagógica. Para isso é necessário que o
professor tenha o pleno domínio do conteúdo e o objetivo que ele deseja alcançar, o que
ele quer que o aprendiz aprenda com o conteúdo que eles esta passando, para assim
organiza-lo e enfim aplicá-lo em sala de aula.
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Os Savants, hoje conhecido como Síndrome de Savants é um mistério do fascina a Ciência, pessoas que
possuem capacidades cognitivas impressionantes, em nível excepcional, enquanto outras muito baixas
como o relacionamento pessoal com outras pessoas, por exemplo, tem dificuldades em falar e se
relacionar socialmente. Um exemplo é o filme “O gênio do Videogame” ou “Código para o Inferno” ou
“Rain Man” que são crianças autistas, um perfeito exemplo de savants.
A teoria das IM é utilizada principalmente por trabalhar como ferramenta para
desenvolver um aprendizado significativo voltado para a investigação, observando e
identificando oportunidades para que elas possam ser exploradas ou ignoradas.
Para utilizar o caminho da investigação devem-se oferecer ao aprendiz
diferentes formas de aprendizagem, assim os aprendizes descobrem quais os meios
favoritos de lidar com o conteúdo abordado, além de dar a oportunidade ao aprendiz de
divertir-se enquanto aprende, tornando assim a aprendizagem significativa.
Os conteúdos devem ser reflexos do cotidiano dos aprendizes, ensinando-os a
praticar o conteúdo voltado para a comunicação desenvolvendo assim problemas
autênticos. Quando são usados problemas reais, o aprendiz pode utilizar uma variedade
de inteligências que podem ajudar a praticar suas habilidades.
Mas como proporcionar um ensino de gramática, por exemplo, de maneira
comunicativa?
Segundo Almeida Filho no livro Dimensões Comunicativas no Ensino de
Línguas, o professor deve adotar uma abordagem que se constitui numa filosofia de
trabalho, uma força verdadeira e potencial capaz de orientar as decisões e ações do
professor nas mais distintas fases da operação global do ensino para estabelecer os
critérios onde ele passa a avaliar os aprendizes e também se auto avaliar.
A princípio deve-se desestrangeirizar a língua, fazer com que o aluno entenda
como a língua pode ajudar na sua própria construção e tudo através da linguagem, da
comunicação, onde a partir de quando se entrar em relações com pessoas buscam-se
novas experiências capacitadoras de novas compreensões e mobilizadora para ações
subseqüentes onde gradualmente se desestrangeiriza para quem aprende.
A aprendizagem formal deve se aludir em duas modalidades, uma que busca o
aprender consciente e a outra que almeja a aquisição subconsciente, onde o individuo se
depara com situações reais de construir significados.
Cada professor possui uma abordagem para ensinar e cada aluno possui uma
maneira de aprender e pode ser que a cultura de aprender a que se prende o aluno para
abordar uma língua, não seja compatível com a abordagem utilizada pelo professor,
porem para utilizar uma abordagem consciente, o professor precisa desenvolver uma
competência aplicada, que capacita o professor a ensinar de acordo com o que sabe
conscientemente podendo explicar porque ele ensina como ensina e porque obtêm os
resultados que obtêm.
Segundo Vera Lucia Menezes (UFMG), a maneira que a gramática é
trabalhada não contribui com o ensino quando não são contextualizadas, ou seja, os
aprendizes não memorizam as regras quando produzem textos espontaneamente, porem
conseguem responder os exercícios corretamente quando as frases se encontram
isoladas num texto.
Para que esse processo seja significativo é necessário que o conteúdo seja algo
a ver com a realidade do aluno, onde o professor leve em consideração a experiência
deles e fazer com que eles produzam a língua, não somente reproduzam.
Alguns autores acreditam que a descrição da língua usada não é a mesma coisa
da língua sendo usada, mas a professora Vera vê a gramática como um sistema
complexo que abrange não apenas como as palavras se organizam dentro das frases e
períodos, mas como os enunciados se organizam em textos e gêneros diversos.
Se essa aprendizagem para um ensino voltado ao letramento e alfabetização
um educador é lembrado por escrever muito sobre isso. Paulo Freire baseava-se no
conhecimento existente do “aluno”, concentrando-se no que o aluno já conhece.
Mostrar ao aprendiz que a cultura e língua inglesa influenciam na cultura e
língua portuguesa dentro da moda, filmes, músicas, eletrônicos etc., ou o estrangeirismo
(palavras inglesas inseridas no nosso vocabulário) utilizando assim esses exemplos
como base para a aprendizagem.
Ao trabalhar com esses conceitos é possível descobrir e desenvolver as
potencialidades dos alunos em sala de aula a partir do que eles fazem de melhor, assim a
intenção não é no que o aluno consegue desenvolver, mas sim o que a ação
desenvolvida colaborou para com a equipe. Estimular o aprendiz quando ele se mostra
interessado, ajuda influenciando positivamente no ensino e até quem sabe estimular a
carreira que ele poderá seguir.
A utilização de estratégia no ensino de Língua Inglesa.
O principal objetivo das estratégias de aprendizagem é ensinar a pensar,
segundo a tradução da Vanessa Cristiane Rodrigues Bohn (UFMG/CNPq) sobre o livro
da Rebecca OXFORD (1990) temos algumas definições para o termo “Estratégia”:
“ações realizadas pelos alunos para ampliar sua própria aprendizagem(...) ações
realizadas pelos aprendizes de segunda língua e língua estrangeira para controlar e
melhorar sua aprendizagem”, ou a tradução dela para o livro do O’Malley e Chamot
(1990) que conceitua Estratégias como: “processo na qual são conscientemente
selecionados pelos aprendizes e que podem resultar em ações realizadas para ampliar o
aprendizado ou o uso da segunda ou da língua estrangeira do aprendiz”.
No artigo da prof. Vera Menezes, ela usa uma citação de Cohen para definir
esse termo estratégia de aprendizagem.
“estratégias de aprendizagem e de uso da língua estrangeira são passos
ou ações selecionados pelos aprendizes para melhorar a aprendizagem
ou o uso da língua, ou ambos.(...), são pensamentos e comportamentos
conscientes que os alunos utilizam para facilitar as tarefas de
aprendizagem e personalizar o processo de aprendizagem da língua.”
Partindo do princípio dessas três definições acima o termo estratégia é
definido como uma maneira de ajudar o aprendiz a melhorar, se aperfeiçoar na
aprendizagem de alguma coisa, no caso deste trabalho, estas estratégias são
selecionadas pelos aprendizes para facilitar as atarefas de aprendizagem personalizando
este processo de ensino de línguas.
A aquisição de uma língua estrangeira (LE) é motivo de discussão para
diversos pesquisadores de Lingüística Aplicada (LA) do mundo inteiro cujo interesse é
analisar a maneira que as pessoas aprendem.
“Em resumo, a LA é entendida aqui como uma área de investigação
aplicada, mediadora, interdisciplinar, centrada na resolução de
problemas de uso da linguagem , que tem um foco na linguagem de
natureza processual, que colabora com o avanço do conhecimento
teórico, e que utiliza métodos de investigação de natureza positivista e
interpretativista.” (p.23)
Partindo desse princípio a pergunta principal desse trabalho é: Como um
aprendiz aprende se ele não sabe estudar?
Muitos aprendizes possuem um enorme potencial, porém, este potencial é
desperdiçado pelo erro no método de estudo. Estudar não é fácil, mas a aprendizagem
faz parte das nossas vidas e querer aprender é uma questão de atitude diante do mundo,
para assim tentar superar as suas contradições.
Aprender é um dever do aprendiz, porém, é um direito dele ser orientado nesta
tarefa, porque quando são usadas de maneira adequada, tem grande influência no
processo de ensino-aprendizagem de línguas. A aprendizagem só é eficaz quando tem
significado para quem aprende e quando os novos conhecimentos e informações são
assimilados e confrontados com o conhecimento já existente podendo ser utilizado em
outra situação. Essa aprendizagem deve contribuir para a formação integral do individuo
e de seu pleno conhecimento.
Estratégias de aprendizagem vem sendo definidas como sequências de
procedimentos ou atividades que se escolhessem com propósito de
facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou a utilização da
informação. ( Da Silva & Sá, 1997 in IESDE, 2003).
Pensando assim o objetivo principal dessas estratégias de aprendizagem é
ensinar o aprendiz a pensar para que ele possa ter independência e autonomia. A partir
dessa teoria OXFORD (1990) desenvolveu um diagrama das estratégias de
aprendizagem:
As Estratégias podem ser ramificadas em Diretas, que estão relacionadas ao
contato direto do aprendiz com a língua alvo e as Indiretas, que são as relacionadas ao
planejamento da aprendizagem.
Estratégias Diretas: Está relacionada a própria aprendizagem do aprendiz e se
divide em memória, cognitiva e de compensação.
Estratégia de Memória: O aprendiz utiliza esta estratégia armazenando as
novas informações adquiridas sobre a língua.
Estratégias Cognitivas: se refere aos comportamentos e pensamentos que
influenciam o processo de aprendizagem de maneira que a informação possa ser
armazenada mais eficientemente, o aprendiz usa essa estratégia quando ele compreende
o conteúdo e á capaz de produzir novas informações.
Estratégias de Compensação: Essas estratégias são usadas quando não se
entende tudo sobre a língua, então utilizamos alguns “macetes” para compensar as
dificuldades encontradas.
Estratégias
Indiretas:
São
as
relacionadas
à
organização
da
aprendizagem, emoção e interação dos aprendizes com o professor e se dividem em
metagonitiva, afetivas e sociais.
As estratégias metacognitivas: são procedimentos que o individuo usa para
planejar, avaliar e controlar a aprendizagem do aprendiz, regular o seu próprio
conhecimento.
Estratégia afetiva: esta relacionada ao nosso emocional em evidência na nossa
aprendizagem.
Estratégias sociais: é a maneira de aprender melhor se relacionando com
outras pessoas, interagindo ou cooperando.
Os aprendizes precisam desenvolver seu potencial sem medo ou preconceito
com o tipo de estudo que ele vai utilizar, ele deve perceber a sua importância como
autor da sua história e compreender que o conhecimento é uma necessidade tanto
intelectual quanto vital.
Os processos de aprendizagem então é uma forma de garantir a aprendizagem
eficaz e influenciar no que ele sabe, no que ele pode e no que ele quer estudar, o que vai
abordar as tarefas com mais eficiência aumentando as possibilidades de sucesso.
Essas estratégias quando forem usadas de maneira apropriada, são de grande
importância para o processo de aprendizagem. Quem sabe, ensina e quem ensina deve
saber os conteúdos a serem repassados, assim os aprendizes utilizarão essas estratégias
como um mapa do processo de pensamento e atenuar assim o sentimento de fracasso
dos alunos.
A partir dessa organização é possível estabelecer de maneira clara o objetivo
de cada atividade, os meios utilizados e os critérios de avaliação para cada inteligência.
Afinal, como diz Perkins (1998) o conhecimento é uma informação ativada e a
compreensão é a habilidade de pensar e agir flexivelmente com aquilo que se sabe.
A importância da Teoria das Inteligências Múltiplas (IM) no ensino significativo de
Língua Inglesa (LI).
O homem do século XX é alguém que ele quiser ser, ele tem pouco a perder e
todo um futuro para ganhar. Pensando assim, segundo a teoria das IM, uma inteligência
serve tanto como conteúdo da instrução quanto como um meio para comunicar tal
conteúdo, pois, todo aprendiz é uma pessoa que possui todas as inteligências consigo,
então, o professor deve tentar usar caminhos diferentes para solucionar os problemas.
O objetivo desse conceito foi produzir uma enorme quantidade de estratégias
para o desenvolvimento das inteligências que possuímos e ao mesmo tempo, as várias
maneiras que as pessoas podem apresentá-las.
Nas situações de aprendizagem que estes caminhos não são oferecidos é que
formam os indivíduos com uma visão única, limitando o seu poder da mente. O mundo
em si está repleto de problemas e a finalidade dessa teoria é um leque de opções de
soluções possíveis e todas essas capacidades podem ser desenvolvidas desde os
primeiros anos da infância.
Na verdade sempre utilizamos mais de uma habilidade para resolver
problemas, mas sempre há predominâncias, uma prova que elas se integram. Nesse
processo de integração é que podemos explorar uma em favor da outra, mas para isso é
necessário aumentar as potencialidades e respeitar suas diferenças, olhando para cada
indivíduo com um olhar diferente, vendo-o como único e especial.
A partir das relações com o ambiente e os estímulos culturais, foram
desenvolvidas mais algumas habilidades que outras e a teoria das inteligências múltiplas
deu um novo rumo na concepção de inteligência, pois o ser humano é dotado de
capacidades que só vão aparecer no decorrer da sua vida, onde quando analisados, fica
mais claro entender como é o nosso processo de aprendizagem.
No ensino de Línguas, a aprendizagem é mais complexa e com a descoberta da
Inteligência de cada aluno e o uso da abordagem específica, poderá ajudar na
aprendizagem significativa, por isso os professores devem discutir essas teorias para
desenvolver novas formas de trabalho e de avaliação do aluno.
Relacionado ao ambiente escolar, os alunos devem ser encorajados á usar os
conhecimentos adquiridos em resolução dos problemas diários, da vida social tanto
quanto na vida pessoal, e não apenas se limitar a raciocínios lógicos e verbais.
Após a experiência do projeto realizado e analisar a maneira da aprendizagem
dos alunos, algumas técnicas foram usadas para haver uma continuação da
aprendizagem e despertar novos métodos de estudo como, por exemplo, aproximá-los
da cultura norte-americana, por meio de atividades fora da sala de aula, como leitura de
obras em inglês, incentivo ao desejo em ouvir musicas em inglês, mostrá-los as datas
comemorativas importantes e diferenciá-las das nossas datas, ou seja, mostrar o lado
interessante da língua para haver o interesse de aprender sobre isso.
Para os professores que pensam em melhorar o aprendizado de seus alunos é de
extrema necessidade conhecer essas teorias e colocá-las em prática. Assim, a cognição e
a lógica devem estar de mãos dadas com as outras inteligências para um melhor
desenvolvimento, pois não existe uma inteligência melhor que a outra, primeiro deve-se
descobrir qual inteligência o aluno tem e depois aprender a melhor desenvolvê-la.
A tarefa do professor: mostrar a frutinha. Comê-las diante dos olhos
dos alunos. Provocar a fome. Erotizar os olhos, fazê-los babar de
desejo. Acordar a inteligência adormecida. Aí a cabeça fica grávida:
engordar com idéias. E quando a cabeça engravida não há nada que
segue o corpo. Rubens Alves
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&sig=HaAC-m6mPqUeOsY_cLVqAsX07RU&hl=ptBR&ei=W1fzSaTBO9rJtgeqp92zDw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2#P
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