RP Alternativo n23 1º semestre 2004

Transcrição

RP Alternativo n23 1º semestre 2004
Editorial
Desta vez está diferente!
por Éllida Guedes
Cansei de repetir histórias, falar de dificuldades,
revelar conquistas. A revista por si mesma faz isso
melhor do que eu. Acho, inclusive, que meus editoriais não têm expressado com exatidão minha euforia,
alegria , entusiasmo, prazer...Por isso, resolvi deixar de
tentar expor isso tudo com palavras e deixar que o
leitor perceba emoção em cada texto, o cuidado na
produção da revista e a própria evolução dela.
Desta vez, quero dizer pra vocês que meus alunos
são supimpa. Todos os meus 234 meninos e meninas
que já estiveram em alguma das 23 edições da RPAlternativo.Sabe quem me chamou atenção pra esse
número? Gustavo! Quem é ele? Ah, basta olhar o
expediente dos números 16 ao 23 (não tem as edições
anteriores ? Olha ao lado desta página!). Prá completar, ele nos presenteou com um site da RP-Alternativo,
resultado do seu trabalho de conclusão de curso, que
objetiva ampliar o acesso à revista, considerada fonte
de informações especializadas. Danadinho esse rapaz,
né? Em reconhecimento e agradecimento a ele, fizemos uma matéria especial sobre a participação e
envolvimento total dele na nossa revista. Valeu, meu filho!
Através do site, vocês vão poder acessar as edições
anteriores da RP-Alternativo, conhecer nossa história, ler
artigos, conhecer outros sites de RP e muito mais. O
que vocês estão esperando para acessá-lo ? Vão,
digitem www. rpalternativo.ufma.br e interajam conosco!
Supimpa também está (mais) esta edição. Em
tempos de constantes mudanças, novos perfis profissionais e respostas às demandas do mercado, falamos de temas como teletrabalho, assessoria de
imprensa, 90 anos das Relações Públicas no Brasil,
CONFERP na Global Alliance, media training, novo
sistema de avaliação dos curso de graduação do
MEC, RP e eleições, Relações Públicas Comunitárias,
mercado maranhense para RP, atuação do CONRERP
7ª região, interdisciplinaridade e comunicação integrada, marketing, comunicação interna e até de
novela, sob a perspectiva da comunicação, claro.
Resumos, só das monografias do último semestre e
de um livro, como toda edição. Mas tem mais: novos
vocábulos no Afinal o que é..., novidades no Look-in,
entrevista com a RP Luiziane Saraiva, um artigo da
professora Francinete Louseiro, a matéria vencedora
do concurso de produção textual e uma especial
sobre a atuação do SEBRAE! É só conferir.
Agora é com vocês! Boa leitura.
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RP Alternativo
Entrevista
por Kamila Mesquita
Paixão e ética
são fundamentais!
Luiziane Saraiva formou-se em Rela-
ções Públicas em 1998, na Universidade
Federal do Maranhão, trabalhou para a
Companhia Vale do Rio Doce e foi diretora de RP da Multitexto Comunicações.
Fez especialização em Comunicação
Organizacional e realizou o sonho de
ser professora do Curso de Comunicação Social da UFMA: “Foi uma experiência magnífica”, revela. Atualmente,
trabalha como assessora de comunicação da Superintendência de Limpeza
Pública, órgão da Prefeitura Municipal
de São Luís, onde teve oportunidade de
montar sua própria assessoria “Me deram uma autonomia muito boa. Chamei estagiários de RP, Rádio e Publicidade e Propaganda pra me auxiliar e acabei conseguindo realmente montar
uma assessoria de comunicação, o que
é muito difícil no mercado aqui de São
Luís”. Também dá treinamentos de
relações humanas e interpessoais, oratória em comunicação, ética e trabalho e
qualidade no atendimento. Nesta entrevista emocionante, ela nos fala da sua
paixão pelas Relações Públicas e do
mercado de trabalho.
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RP Alternativo
Como foi sua escolha pelo curso de relações públicas?
Sempre gostei, sempre achei bonito. Desde criança todo mundo dizia que
eu tinha muito jeito com comunicação
porque eu sempre falei muito. Fiz o 2º
grau técnico, mas passei o tempo todo
dizendo que no final faria vestibular
para comunicação. Não quis jornalismo
porque me tolhia muito. Escolhi RP
porque ia me deixar em contato com a
mídia, com as empresas e com as pessoas, então era o que me interessava.
Você acha que saiu da universidade preparada para o mercado
de trabalho?
Saí porque entrei nele antes de
me formar. Quando você consegue
no meio da sua formação acadêmica
se inserir no mercado de trabalho,
mesmo que seja de graça, você sai
preparado pra qualquer coisa. Quem
espera se formar pra ingressar no mercado pode não conseguir se adequar,
pois vai tentar unir a parte acadêmica com a parte empírica do trabalho
e não vai conseguir. Você tem que
aprender trabalhando. A gente só
aprende a andar andando, a falar falando e a ser um bom comunicador
se comunicando.
Como foi a experiência de ser
professora do curso? Você pretende voltar?
Pretendo sim, é uma paixão minha. Era um sonho meu ser professora da UFMA.Sou uma educadora nata, não tem pra onde fugir. Fiz a primeira seleção que teve
para professor subistituto de RP depois que me formei e fiquei lá 3
anos. Adoro o trabalho de assessoria, gosto do trabalho com empresas, mas minha paixão mesmo é
a academia, porque ela te abre um
universo teórico que o dia-a-dia do
trabalho não tem. O trabalho te dá
o lado prático que a academia não
te dá. Então, não quero nem ser
só professora, nem ser só assessora, quero unir as duas coisas. Não
me importa se tiver que passar o
dia todo trabalhando em uma empresa e a noite dar aula.
Como ex-aluna e ex-professora,
qual é a avaliação que você faz da
habilitação de RP da UFMA? Você
acha que houve uma evolução?
Eu acredito que a habilitação teve
uma evolução e também acredito que
tem suas dificuldades financeiras e estruturais como todos os cursos. Mas,
dentro dos cursos da UFMA, o de Relações Públicas tem um diferencial que são
os professores. Eles realmente gostam
do que fazem, não estão ali só pra dizer
que estão em algum lugar.Se o aluno
está com problema pode ir na casa deles. Não é qualquer professor que dá
essa abertura. Eu era assim, porque
aprendi isso com eles.Se eu precisasse
podia ir na casa deles ou ligar a qualquer hora. Quando se é professor tem
que se respeitar os alunos, porque você
já foi aluno também e sabe quais são as
dificuldades. Dois exemplos que eu sigo
são os da Profª Éllida Guedes e da Profª
Adeilce Azevedo.
Como está sendo sua experiência na Superintendência de Limpeza Pública?
Está sendo muito boa, pois eu já
tinha trabalhado em empresas privadas, mas não em públicas. Apesar de
apresentarem uma estrutura distinta,
na Superintendência é um pouco diferente, já que a limpeza é um trabalho que não pode parar. Então, essa
é uma empresa pública em que a gente trabalha a semana toda em dois
expedientes, final de semana e feriado. Não se tem horário, sempre tem
evento acontecendo. Acaba sendo
uma estrutura muito maior e as opções de trabalho são muito maiores
também. Me deram condições de
montar uma equipe bem legal e,
hoje, eu não sou nada sem meus estagiários. Não tenho interesse de invadir a área de ninguém e graças a
Deus tenho uma ótima equipe que
me auxilia, pois normalmente te chamam para fazer um trabalho e você
tem se virar sozinho.
Na sua opinião, quais são as características indispensáveis para um
bom profissional de comunicação?
Primeiro ter ética, pois ela é fundamental. Você não precisa vender o
corpo e alma pra obter espaço. Eu
nunca precisei. Sempre estudei em escola pública e cheguei aonde cheguei
sem precisar nem fazer cursinho. E não
sou CDF, pode ter certeza disso. Eu me
considero uma boa profissional porque tenho ética. Você tem que gostar
também, ter prazer. Se você não se
apaixona, não funciona, porque tudo
na vida é paixão. Pra ter um bom casamento é paixão, pra ter um bom trabalho é paixão, pra ter um bom estudo é paixão, pra viver bem consigo
mesmo é paixão pela vida... Com ética, paixão, vontade, gana você chega
a qualquer lugar. Outro conselho é
aprender português, muitos não se dedicam a isso. Quem não sabe redigir já
começou errado, pois comunicador
que não sabe redigir não existe.
Você se sente realizada por ser
uma RP?
Com certeza. Nunca me arrependi
de ter escolhido essa área, e meus
amigos que me acompanham há muitos anos dizem que eu não tinha outro rumo mesmo, eu tinha que ser
comunicadora e tinha que ser RP. Eu
me sinto realizada, sei que ainda tenho muita coisa pra aprender e pra
fazer, mas eu me sinto bem porque
acredito que, se eu já consegui fazer
uma boa parte do que eu tinha pra
fazer até aqui, eu consigo fazer muito
mais. Enquanto se tem fôlego, se tem
vida, a gente faz um monte de coisas.
Vocês ainda vão me ver na Esplanada
(dos Ministérios)!
Que conselho você daria pra quem
está cursando Relações Públicas?
Que se dedique, que verifique se
gosta do que está fazendo e, acima
de tudo, que procure saber o que é
o trabalho de Relações Públicas, o que
a habilitação oferece. Primeiro você
tem que se estruturar. Depois que
você souber o que o RP faz, é cair em
campo e ser muito h umilde. Na nossa área não temos que ser subservientes, mas não podemos ser orgulhosos, arrogantes. Temos que ser humildes porque dependemos dos profissionais que estão ao nosso redor
para o nosso trabalho dar certo. Para
as pessoas que estão começando, eu
digo que tenha paciência, seja honesto, ético e não perca o seu foco, que
você vai longe. O meu maior prazer é
quando eu vejo os meus alunos lá em
cima, porque eu sei que os ajudei a
chegarem lá de alguma forma.
33
RPRPAlternativo
Alternativo
?
por Kélia Melo
por Pablo Dias
Afinal,
o que é
BACKGROUND
Enquadramento noticioso, com os antecedentes indispensáveis para que o
leitor de hoje compreenda a notícia
que já vem de ontem. Pode ser uma
síntese do “lead” da notícia do dia
anterior com a identificação dos
intervenientes e explicando outros fatos que condicionam os atuais. Mesmo uma crítica ou comentário mais especializado deve incluir os elementos
indispensáveis à sua legibilidade e clareza para o leitor comum. O
background deve ser introduzido de
forma elegante, sem prejuízo da atualidade e da novidade da informação.
CULTURA ORGANIZACIONAL
Normas e valores específicos e
verificáveis mediante a análise do conjunto de princípios e de crenças básicas que os membros de uma determinada organização compartilham e
que a diferenciam de outras, ainda
que pertençam ao mesmo setor.
EXPEDIENTE
Informações completas em torno de
uma publicação (título, direção, corpo redacional, endereço, preço de
assinatura etc.), que, obrigatoriamente, devem aparecer em qualquer página e em todos os números editados.
MISSÃO ORGANIZACIONAL
Proposta para qual, ou a razão pela
qual, uma organização existe. Em
geral, contém informações tais
como os tipos de produto ou serviços que a organização produz,
quem são seus clientes e que valores importantes possui. Para desenvolver uma missão organizacional
de forma apropriada, a administração deverá analisar e considerar as
informações geradas durante o processo de análise do ambiente.
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RP Alternativo
APROVAÇÃO EM CONCURSO
Disputando apenas uma vaga com mais 33 candidatos, a professora Francinete
Louseiro foi a primeira colocada, com 70 pontos, no concurso para Relações
Públicas da UFMA. É válido ressaltar que é a primeira vez que a Universidade abre
vaga num concurso público para Relações Públicas. Sucesso, Francinete!
RP MARANHENSE EM DESTAQUE NO PRÊMIO ETHOS
O recém graduado Marco Aurélio Pereira Freitas foi destaque da Região Nordeste na 4ª edição do Prêmio Ethos Valor – Concurso Nacional para Estudantes
Universitários sobre Responsabilidade Social nas Empresas . Com o trabalho de
conclusão de curso “Ética, Estética e Responsabilidade Social: a Comunicação e a
Imagem Social das Empresas”, sob a orientação das professoras Adeilce Azevedo
e Luiziane Saraiva, Marco ainda foi convidado a ser multiplicador do Instituto
Ethos na região. Parabéns!
MOVIMENTO ESTUDANTIL
No dia 26 de maio, ocorreram as eleições para o Diretório Acadêmico de Comunicação Social (DACOM). Há muito não se via uma participação tão efetiva dos estudantes do Curso nas eleições do DACOM. Dessa vez, duas chapas pleiteavam o
Diretório: a Chapa 1 – Até quando esperar? e a Chapa 2 – Mudacom ação e
atitude. Foram exatamente 225 votos, dos quais 131 elegeram a Chapa 2 como
nova gestora do Diretório, que tem entre seus membros alunos de todos os períodos. Conheça agora algumas propostas dessa chapa: lutar pela reforma imediata
dos laboratórios de Rádio & TV; sede para o DACOM; realização de uma Semana
Científica de Comunicação Social; reativar a Empresa Júnior; incentivar a criação de
grupos de estudo e projetos de pesquisa e extensão; dar início à biblioteca setorial
de comunicação etc. Vamos lá galera. Juntos, lutemos por um Curso melhor!
ENECOM 2004
O Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação é uma reunião anual organizada pela ENECOS (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social).
Após 2 anos sem ser realizado, o ENECOM volta à ativa este ano. O XXVI ENECOM
será realizado no período de 12 a 18 de julho, em Fortaleza, sob o tema “Construindo-se: sobre galos, manhãs e transformação social”, e contará com debates,
palestras, mostras, oficinas e outras atividades que propiciarão aos estudantes de
Comunicação Social de todo país uma troca de experiências sobre os mais diversos segmentos da esfera social.
A COMUNICAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO
Acontece de 24 a 26 de agosto, em São Paulo, o IV Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público. O encontro contará com a participação de dirigentes nacionais das categorias de Relações Públicas e jornalistas, que discutirão em duas grandes plenárias a situação desses profissionais no Serviço Público, como mercado, carreira, problemas e até mesmo as reivindicações dessas classes. O Congresso contará com
referências internacionais como Giancarlo Summa, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (França) e Rissig Licha, Consultor da Fleishman-Hillard (EUA). Serão 3
dias de trabalhos, 14 palestras e 5 conferências, além de debates e benchmark.
Comemoração
por Kamila Mesquita
90 anos
Construindo imagens e fortalecendo relacionamentos
A
atividade de Relações Pú
blicas, em sua essência, é
muito antiga. Remonta à
época dos reis e imperadores sob o
nome de conselheiro. Evoluiu para
assessor de políticos e empresários,
no século XX, consagrou-se como Relações Públicas, aquele que cuida da
imagem, dos relacionamentos
organizacionais e promove o diálogo entre os públicos na tentativa de
conquistar confiabilidade e prestígio.
Mas, para entendermos melhor
essa profissão que já foi tão deturpada, temos que voltar no tempo e lembrar do primeiro escritório de Relações Públicas de que se tem notícia.
Ele foi montado nos Estados Unidos,
em 1906, pelo jornalista Ivy Lee, que
trocou de atividade com o objetivo
de recuperar a credibilidade perdida
pelo poderoso empresário John D.
Rockfeller. O trabalho desenvolvido
por ele foi tão bom que mudou radicalmente a opinião pública sobre
Rockfeller e fez a atividade desenvolvida por ele ser adotada em inúmeras empresas e órgãos públicos e ser
estudada nas universidades do país.
No Brasil, a história começaria dia
30 de janeiro de 1914, com o
surgimento do primeiro Departamento de Relações Públicas, instituído pela
São Paulo Light - Serviços de Eletricidade, hoje Eletropaulo. À frente desse departamento estava Eduardo Pinheiro
Lobo, que se tornaria o patrono da
profissão no país. Mas, o desenvolvimento da profissão só ocorreria em
meados do século XX, com a chegada
das empresas multinacionais, com sua
cultura de valorização da comunicação
e o então crescente desenvolvimento
do mercado interno. Elas tentavam reproduzir aqui experiências vividas nos
seus países de origem e firmaram o departamento de RP como responsável
pela comunicação empresarial.
Em 1953, o primeiro curso regular de relações públicas foi instalado
na Escola de Administração Pública da
Fundação Getúlio Vargas, no Rio de
Janeiro. Até então, a profissão não
era regulamentada no Brasil, o que
só aconteceria em 11 de dezembro
de 1967. Apesar de sermos pioneiros
nessa regulamentação, ela acabaria
se tornando um obstáculo para o
crescimento e a consolidação da área,
já que ainda não era reconhecida
nem pelo meio acadêmico e nem pela
sociedade, apesar dos esforços dos
profissionais e da Associação Brasileira de Relações Públicas - ABRP. Ainda
na década de 60, as atividades na área
sofreram forte influência do Regime
Militar, o que prejudicaria seu conceito diante das outras áreas da comunicação e da sociedade. Na década
de 70, houve uma proliferação de
novos cursos e uma melhora nos seus
níveis de qualificação, mas o distanciamento entre a área acadêmica
e o mercado profissional continuava.
No início dos anos 80, a abertura política e a liberdade de imprensa trouxeram algumas melhoras ao campo,
já que a sociedade, ainda traumatizada com o antigo regime, passou
a exigir mais transparência nas relações. A atividade demorou um pouco para se adaptar às transformações,
mas acabou conseguindo e encontrando novos caminhos.
A profissão entra na década de 90,
reconquistando o espaço perdido e
mostrando sua importância no novo
contexto mundial. Parece que a famosa frase de Abrahan Lincoln “Ninguém
consegue triunfar se a opinião pública
está em seu desfavor.Com a opinião
pública a seu lado , ninguém é derrotado” é redescoberta. Os empresários
começaram a perceber que a comunicação não poderia mais se limitar a
releases, ela deveria ser um investimento indispensável e não mais um simples
acessório como vinha sendo tratada.
Isso porque as organizações passaram
a perseguir a qualidade total e a redução de custos e ambos só poderiam ser
alcançados com esforço mútuo de direção e empregados. Mas, como motivar os empregados se eles não se sentirem parte da empresa? Como ter
credibilidade e reconhecimento se a
empresa não tem uma boa imagem
sequer com quem vive perto dela?
É respondendo a essas perguntas
que chegamos no ano de 2000, adquirindo uma crescente importância
nas organizações, trabalhando na busca do bom relacionamento entre os
públicos, fazendo com que os empregados se sintam motivados, conheçam
a filosofia da empresa em que trabalham, sintam-se parte essencial dela e
não apenas mais um. Quebramos os
muros das empresas, fizemos com que
ela chegasse até sua comunidade.
Tornamo-nos os arquitetos da comunicação, com muito orgulho. E hoje,
90 anos depois, é grande a felicidade
ao percebermos que novos campos,
como o terceiro setor, descobrem os
RPs e sentem os seus benefícios. A máscara do mero organizador de eventos
caiu e estamos demarcando nossos espaços com muita competência.
Nosso pioneiro Eduardo Pinheiro Lobo nasceu em Penedo/AL, em 1876. Formou-se em Engenharia, na Inglaterra.Em 1914,
assumiu o Departamento de RP. da Light, onde trabalhou no esclarecimento da opinião pública e no relacionamento com a
imprensa. O embaixador das RPs faleceu em 1933, mas foi homenageado pela ABRP com a criação da Medalha do Mérito de
Relações Públicas Eduardo Pinheiro Lobo, concedida a pessoas que tenham contribuído para elevar a classe profissional de RP.
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RP Alternativo
Tecnologia I
por Suellem Camilo
DO IMPRESSO AO
A trajetória de um aluno que levou
H
foto: Filho
á quatro anos, no segun
do semestre de 2000,
Gustavo Santana, acadêmico
de Relações Públicas da UFMA, iniciava
a disciplina Redação em RP II, do 5º período, ministrada pela professora Éllida
Guedes, e preparava-se para a sua primeira participação na revista-laboratório RP-Alternativo, produzida pelos alunos da disciplina. Primeira, porque daí
em diante essa relação só aumentaria.
A turma de Gustavo era pequena:
apenas seis estudantes foram responsáveis pela produção da 16ª edição da
revista, naquele período. Mas, a vontade de fazer algo diferente era maior do que qualquer limitação. Criaram,
assim, um “Concurso de Produção Textual” aberto para alunos de Comunicação, que viria a ser uma constante
na revista a partir de então, e deram
início à elaboração de resenha de fil-
6
RP Alternativo
me. A capa da revista também sofreu
algumas modificações: recebeu uma
imagem “estourada” – a capa inteira
e não apenas um objeto, como antes.
Essas pequenas mudanças deram início a uma nova etapa da RP-Alternativo, na qual a tecnologia viria contribuir de forma decisiva.
Gustavo Santana é nesse processo
um sinônimo de amor à tecnologia. Após
sua primeira participação na revista, elaborando matérias e diagramando-as, insatisfeito com algumas falhas de impressão e com o pouco domínio do programa e da arte gráfica, procurou aprimorar-se cada vez mais. Dessa maneira, vem
contribuindo enormemente com seus
conhecimentos na área de informática
e com toda a sua vontade de sempre
melhorar a publicação.
ATUAÇÃO - Assim, ele tornou-se
diagramador da RP-Alternativo e ga-
rante que pretende continuar com
a atividade mesmo depois de sua formatura, que acontece em agosto:
“Eu já estou familiarizado com o programa, com todo o processo de produção da revista, e até eu passar isso
tudo para alguém, vamos perder muito tempo. E agora mesmo é que eu
não quero passar para uma outra pessoa: atualmente, estou num escritório de design e tenho “n” pessoas para
me assessorar, para me ajudar a fazer
uma publicação melhor. Vou continuar diagramando a revista”.
Gustavo trabalha, atualmente, na
Quadrante Design, onde, além de
exercer a atividade de RP, participa,
em conjunto com o diretor de arte,
da criação de peças publicitárias. Ele
ressalta que a revista RP-Alternativo
foi um grande diferencial em sua vida
– abriu-lhe um leque de oportunidades profissionais. Como exemplo, cita
o seu estágio na Vale do Rio Doce,
onde cuidava de pelo menos quatro
das seis publicações da empresa: “Cheguei a ir a Belo Horizonte, para ministrar um treinamento sobre um dos
veículos que fazíamos na empresa e
que só funcionava aqui, no
Maranhão. Agora, ele foi adotado
por todas as unidades da Vale”.
Há apenas oito meses na Quadrante, Gustavo vem inovando com
seus colegas de trabalho: no mês de
maio, foi inaugurado o “pombo-correio”, uma espécie de newsletter, que
é passado para a imprensa, clientes e
públicos afins, noticiando o que acontece na empresa.
CONTRIBUIÇÃO - Em mais uma
edição da RP-Alternativo, Gustavo segue inovando: agora é a vez de um
site para a revista, como parte do
CIBERESPAÇO
seu trabalho de conclusão de curso, uma idéia que já vem sendo
amadurecida há algum tempo. Segundo o diagramador da RP-Alternativo, há a necessidade de um
acervo on-line, que está sendo
disponibilizado no site da UFMA.
“Agora que eu tenho um certo conhecimento de Internet e pessoas
que podem me assessorar, é que
decidimos criar o site da própria
revista”, explica Gustavo.
Para ele, a revista é uma grande fonte de informação em RP, pois
é uma publicação que viaja todo o
país e que, a cada dia, vem conquistando um maior número de
leitores: “A revista tem tudo para
ser uma grande fonte de informação e, através do site da UFMA,
será ainda mais fácil”.
Quanto à escolha do tema “RPAlternativo na Internet” ele diz que
procurou algo que o tivesse ligado de tal maneira à Universidade
que valesse à pena um estudo elaborado. “E não precisou pensar
muito para perceber que a experiência dos quatro anos que eu passei diagramando a revista seria a
minha contribuição para o curso”,
enfatiza.
Em seu TCC, faz um estudo sobre a comunicação de massa, a comunicação dirigida e aborda a era
da informação, na qual, hoje em
dia, de acordo com ele, os veículos
massivos estão se desmassificando.
Para ele, “a RP-Alternativo seria um
desses meios dirigidos que surgiram
para suprir necessidades que os
meios massivos não suprem”. Quanto à parte “tecnológica” de seu trabalho, faz um estudo sobre a
Internet – para que ela serve, o que
estamos deixando de usar e o que
podemos ganhar com a ela e cria
um site, ressaltando a capacidade
desse em atingir pessoas que ainda
não conhecem Relações Públicas ou
querem conhecer mais.
Com o seu trabalho, pretende colaborar com a atividade de RP, apresentado-a a um público cada vez
mais segmentado e mostrando a
esse público o verdadeiro valor das
Relações Públicas.
Gustavo Santana afirma que há
muito de vantajoso em continuar
na revista. Garante que aprende
muito a cada nova edição e que a
revista ainda tem muito a se explorar. Assegura que as maiores limitações são de ordem financeira.
Contudo, segue confiante quanto
ao futuro da publicação: “Uma publicação como essa é a chave para
nós termos novos conceitos. A
Superinteressante começou numa
sala com cinco pessoas, então, porque a gente não pode ser maior?
Por que não podemos crescer? Eu
estou participando de uma coisa
que vai ser muito grande. Já é muito grande dentro da Universidade,
mas vai ser ainda maior, com certeza. Ao extrapolarmos os limites físicos que a revista impressa impõe e
abrirmos para o mundo a produção
desses alunos, da professora, a minha produção, vamos ver como a
revista vai crescer, que impacto ela
vai ter no país inteiro”.
A semente da revista foi plantada há doze anos, com muita seriedade e dedicação. As estações vêm
e vão e a cada primavera colhemos
as belas flores que enfeitam o nosso futuro profissional. Em breve, o
vaso estará transbordando.
www.rpalternativo.ufma.br
a RP-Alternativo ao universo on-line
7
RP Alternativo
Entidade de Classe I
por Thiago Patrício
CONFERP na
Global Alliance
Entidade brasileira de RP representa América
Latina no “board” da Global Alliance
E
m 2004, pela primeira vez,
o time de liderança da Glo
bal Alliance foi ampliado para
incluir pessoas de renome da América do Sul e da Ásia. A América Latina é representado pelo Conselho
Federal de Relações Públicas –
CONFERP, através do conselheiro
Francisco Biondo, Diretor da
Subsecretaria de Relações Públicas
do Senado. Ele é responsável pelo
comitê de tecnologia, fazendo parte assim do “board” da Aliança.
A Global Alliance é uma instituição sem fins lucrativos, que tem a
missão de elevar a profissão e os
profissionais de Relações Públicas no
mundo. Ela funciona como uma
cooperativa de classe para a profissão e é formada somente por associações nacionais, ou seja, não aceita membros individuais.
Entre seus objetivos, podemos
citar o interesse em promover um
fórum para partilhar idéias e melhores experiências, buscar interesses e
padrões semelhantes e melhorar o
entendimento de aspectos únicos sobre a cultura em que cada profissional trabalha. Além disso, visa oferecer
acesso a informações sobre conferências e seminários regionais e internacionais, casos estudados, programas premiados, pesquisas de mercado, oportunidades de trabalhos para os profissionais e ainda servir de veículo para
analisar padrões éticos, opções
confiáveis no mundo e outras iniciativas para fortalecer a profissão.
Nesse intuito de ajudar a indústria
global de Relações Públicas a partilhar
idéias, buscando sempre as melhores
práticas para o exercício da profissão
e procurando interesses comuns e
padrões para as atividades profissionais, o CONFERP adotou o primeiro
código ético de conduta global. Sobre essa conquista, o presidente da
Global Alliance, Jean Valin, comentou:
“Estamos agora numa fase de consolidação, após termos alcançado consenso na questão dos códigos de ética. Nosso plano de trabalho precisa
ser mais estratégico e refletir as neces-
sidades das organizações que são nossas parceiras”. O presidente também
citou o interesse em trabalhar uma
regulamentação universal da profissão. Para isso, serão analisados os regimentos de três países e a partir deles será estudado um regimento universal para a profissão. A Aliança trabalha sempre com esse objetivo de
se desenvolver como força internacional para unificar a profissão de Relações Públicas.
Estamos vivendo uma fase de
maior consciência dos profissionais
e vendo ser adotada uma conduta
onde procuramos não concorrer
com nossos colegas, mas sim trabalhar em conjunto, formando grandes parcerias. A Global Alliance é um
marco nesse processo de conquista
profissional, onde é notório o interesse em unir forças para expandir
e solidificar os horizontes dos profissionais de Relações Públicas.
Para mais informações sobre a Global Alliance e os membros associados
visite o site: www.globalpr.org
“Relações Públicas e a alta perfomance das organizações” é o tema do Congresso Ibero-Americano, a
ser realizado pelo CONFERP, nos dias 20,21 e 22 de outubro, em Brasília. Esse evento é preparatório para
o Congresso Mundial de Relações Públicas, que será realizado em parceria com a Global Aliance, em 2006.
Dele particiaparão profissionais integrantes da Global Aliance e de outras entidades dos países iberoamericanos, empresários, profissionais de relações públicas, jornalismo e propaganda.
Durante o evento, acontecerá a comemoração dos 50 anos da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP).
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RP Alternativo
Entidade de Classe II
por Suellem Camilo
CONRERP 7ª REGIÃO
Consolidando a entidade
F
oi uma eleição tímida – uma
única chapa inscreveu-se e à
custa de muita dificuldade, o
que já apontava o árduo caminho
a ser percorrido. Contudo, o anseio
por um Conselho realmente atuante uniu profissionais dispostos a mudar a atual imagem do CONRERP 7ª
Região: a imagem de uma entidade
inoperante e sem credibilidade perante seus registrados, decorrentes
de problemas antios.
Após anos de interdição, quando
a sede funcionava em Belém-PA, devido ao não cumprimento de suas
funções – fiscalizar e disciplinar a profissão de Relações Públicas – o Conselho, a pedido de profissionais insatisfeitos, transferiu-se para São Luís-MA,
em 2 de junho de 2000. A proposta
inicial desses profissionais era que fosse formada uma região apenas com
o Maranhão e Piauí, o que não deu
certo. Assim, a 7ª região, composta
por 324 registrados – 134 só no
Maranhão –, continua abrangendo
os Estados do Maranhão, Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia.
A administração anterior, a primeira desde que o Conselho veio para
São Luís, tinha à frente, como presidente, o professor Ésnel Fagundes.
Foi uma administração bastante difícil, visto que o Conselho possuía um
mailling muito defasado, o que tor-
nava impossível o contato com todos
os registrados, e a inadimplência era
gritante, o que acarretou uma grave
crise financeira.
PERSPECTIVAS - Três anos depois,
em 7 de janeiro de 2003, uma nova diretoria – agora com a professora
Adeilce Gomes de Azevedo como presidente – toma posse e infelizmente, um
ano depois, os problemas continuam
sendo os mesmos: desatualização do
mailling e inadimplência. No entanto,
segundo a professora Francinete
Louseiro de Almeida, atual Secretária
Geral do Conselho, desde o começo do
ano, o número de registrados tem aumentado e propostas como a criação
do site do Conselho, para que os profissionais possam deixar seus currículos
e quitar suas dívidas para com a instituição, a elaboração de um boletim para
os registrados e o estabelecimento de
convênios com cursos de idiomas, farmácias, locadoras etc., virão a contribuir
para um melhor desempenho das atividades da entidade.
O Conselho Federal - CONFERP, entretanto, vem cobrando do CONRERP
7ª região o início da atividade de fiscalização da profissão. Mas essa é uma atividade que demanda muitos gastos –
com fiscais e assessoria jurídica, por exemplo – e a situação financeira do Conselho ainda é precária: a inadimplência
continua exorbitante. Das anuidades
pagas pelos registrados, 25% são destinados ao CONFERP. O CONRERP recebe 75% dessas anuidades, as taxas de
inscrições e das carteiras. Uma outra
forma de o Conselho arrecadar dinheiro
é através de doações, o que não tem
ocorrido. Além da fiscalização, a instituição também gasta com o aluguel
de sua sede na Casa do Trabalhador
(Calhau) – uma sala alugada pela ABRP
–, luz, telefone, assim como com os honorários de uma funcionária.
Apesar de todos os obstáculos, a
nova diretoria vem mostrando bastante vontade e dedicação em seu trabalho. Através de Portarias, tem instalado comissões e coordenadorias –
como, por exemplo, a Comissão Permanente de Tomada de Contas e
Patrimônio (CPTCP) e a Coordenadoria
de Relações com a Imprensa, Divulgação e Eventos (CIDE) – para um melhor
desenvolvimento de suas atividades.
Dessa forma, “já se consegue manter o dia-a-dia do Conselho, criar uma
rotina” – através de reuniões regulares, por exemplo –, afirma Francinete.
A nova diretoria do CONRERP 7ª
região espera, em breve, conseguir
contactar todos os seus registrados e
conscientizá-los da sua importância
para o Conselho e deste para eles, pois
só assim a profissão de Relações Públicas será exercida com qualidade, de
forma competente e responsável.
CONSELHEIROS ELEITOS
TITULARES
Adeilce Gomes de Azevedo - Presidente
Luciana Saraiva de Oliveira Jerônimo - Tesoureira
Francinete Louseiro de Almeida – Secretária Geral
Ana Leila Melônio dos Santos
Protásio Cezar dos Santos
Gisele Collins Pereira Dias
Milena do Socorro Albuquerque
Horário de funcionamento: 9h às 13h
SUPLENTES
Éllida Neiva Guedes
Simone do Nascimento Silva
Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa
Renata Patrícia Baía de Souza
Orlando Costa Gonçalves Junior
Maria do Perpétuo Socorro D. C. Serra
Maura Regina dos Reis Nascimento
Telefone: (98) 236-1365
E-mail: [email protected]
9
RP Alternativo
Profissão I
por Kélia Melo
ASSESSOR DE
IMPRENSA
RELAÇÕES PÚBLICAS OU JORNALISTA?
A
assessoria de imprensa co
meçou a se delinear no Bra
sil a partir da instalação de
indústrias automobilísticas, ao final
dos anos 50, no governo de Juscelino Kubitschek. Criada como instrumento de relações públicas com
base na experiência americana do
jornalista Ivy Lee, a assessoria de imprensa brasileira era uma área profissional sem muito prestígio, sendo no início relacionada a um trabalho que misturava a divulgação
institucional dos atos do governo
com a censura.
Com o golpe militar de 1964, esse
trabalho refletiu de forma bastante negativa sobre a essência das relações públicas junto a formadores
de opinião, numa época conturbada nacionalmente. O difícil relacionamento do governo com a imprensa contribuiu significativamente
para que a imagem da assessoria
de imprensa fosse vinculada a um
processo de bloqueio do fluxo de
informação. Assim, a atividade ganhou a fama de ser “porta-voz” do
autoritarismo e alguns profissionais
conviveram durante muito tempo
com os termos “chapa branca” e “imprensa marrom”, ou seja, assessores do governo militar.
Com a volta da democracia e da
liberdade de imprensa, as organiza-
10
RP Alternativo
ções preocuparam-se com a necessidade de comunicação direta com
a sociedade e recorreram a profissionais para estabelecer um bom relacionamento com a mídia, passando a implantar atividades e programas integrados de comunicação.
Desse modo, a assessoria de imprensa obteve acentuada evolução,
tendo como acontecimento
marcante a greve dos jornalistas de
São Paulo (1979), que reivindicavam
melhores condições de trabalho e
de salário. A greve rendeu inúmeras demissões e, como o mercado
das redações tornou-se restrito, os
jornalistas encontraram nas assessorias de imprensa um ambiente mais
tranqüilo e melhor remuneração.
Com o crescimento da assessoria
de imprensa, conseqüência também
da forte atuação de jornalistas nesse campo, os relações públicas foram
perdendo espaço, principalmente
porque havia o preconceito de terem dificuldade em compreender os
interesses da imprensa. Até hoje esse
assunto provoca discussões.
Apesar de assessoria de imprensa fazer parte das funções de RP e
do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (CONFERP)
ter apresentado um projeto de lei
que propõe a flexibilização da lei
que regulamenta a profissão, tra-
mita no Congresso Nacional um
projeto de lei que trata a assessoria de imprensa como atividade privativa de jornalistas. As controvérsias que rondam essa questão decorrem da lei 5.377 de 11/12/1967,
que regulamenta a profissão de
relações públicas, e aponta condições para o relacionamento com a
imprensa. Em contrapartida, o decreto-lei 972 de 17/10/1979, que
dispõe sobre o exercício profissional dos jornalistas, não especifica a
função de assessor de imprensa
para essa área.
OPINIÕES - O presidente do
CONFERP, João Alberto Ianhez,
enfatiza que a assessoria de imprensa integra a atividade de relações
públicas, mas que não exime a atuação de jornalistas. Todavia, diz ele,
que o ideal é que a assessoria de
imprensa seja exercida por pessoas
neutras, que não possam ter influência nos veículos de comunicação,
a não ser pelo valor dos fatos, das
informações que trazem e da importância das mesmas como notícia.
Para o professor de jornalismo
da UFMA Francisco Gonçalves, a assessoria de imprensa é uma atividade própria de relações públicas, mas
que pode ser exercida por jornalistas, desde que sejam licenciados das
redações. Para ele, é incompatível o
exercício da assessoria de imprensa
com a atividade jornalística das redações, porque o jornalista, neste
caso, passa a assessorar a fonte para
que dispute com os jornais a configuração das notícias. Conforme o
professor, os dois profissionais têm
legitimidade para isso: os relações
públicas pela sua formação específica e os jornalistas por dominarem
a tecnologia do jornalismo. Ao dominar essa tecnologia, o jornalista
se credencia também para exercer
a assessoria de imprensa. “Entretanto, é preciso estabelecer determinados critérios para o exercício dessa
atividade”, finaliza.
Uma outra vertente que é motivo de debates diz respeito justamente ao jornalista que assume a assessoria de imprensa e trabalha em redações. Aqui no Brasil, isto é comum, mas em alguns países da Europa, como França e Portugal, jor-
nalistas não podem atuar como
divulgadores (consideram como atividade exclusiva de RP). Do contrário, são dispensados e ainda perdem
o direito de exercício profissional.
A presidente do CONRERP - 7ª
região, professora Adeilce Azevedo,
questiona a denominação assessoria de imprensa, uma vez que tal
nomenclatura restringe as atividades ao relacionamento com a mídia.
Para ela, é mais conveniente chamar
assessoria de comunicação, onde
qualquer profissional desse campo
poderia atuar, desde que tenha capacidade de gerenciamento. Além
do que, há espaço para relações
públicas e jornalistas.
Segundo a professora da disciplina Assessoria de Imprensa,
Zefinha Bentivi, “é preciso que o
profissional que se habilite a ser um
assessor de comunicação tenha um
instrumento de leitura da realida-
de, e isso, quem dá é o Curso de
Comunicação, sobretudo, nas disciplinas teóricas. Então, é necessário ter domínio de pesquisa , de
planejamento, que infelizmente,
não é trabalhado em jornalismo,
só em relações públicas”.
Ainda vão rolar muitas águas debaixo dessa ponte... E o que fazer?!
O profissional de Comunicação deve
expandir seus horizontes sobre tudo
o que refere a essa área e a “pole
position” fica com aquele que estiver melhor preparado para exercêla. Nada mais justo!! E já que se fala
tanto em COMUNICAÇÃO INTEGRADA, é preciso que jornalistas e relações públicas (além de outros profissionais de comunicação) se aliem
para promover uma comunicação
eficaz e eficiente com todos os públicos de uma organização, em benefício de toda a sociedade.
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RP Alternativo
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RP Alternativo
Livro
por Elen Mateus
Espaço público e
democracia:
comunicação, processos de sentido e identidades sociais
N
um momento de
efervescência da pes
quisa científica em Ciências Sociais, o interesse por temas
transversais às práticas políticas e
sua implicação ética no âmbito da
comunicação tem suscitado vários gêneros de estudo. Uma obra
exponencial desse movimento de
pesquisa é Espaço Público e Democracia, do professor doutor
João Pissarra Esteves, da Universidade Nova de Lisboa, publicada
pelas Edições Colibri.
O autor discute a reconfiguração do espaço público contemporâneo, que passa de um estado
deliberativo na idade moderna (confronto dos argumentos individuais)
para uma situação de despolitização
conseqüente da complexificação da
estrutura social. Sob influência acentuadamente frankfurtiana (teoria crítica), principalmente de Habermas e
Marcuse, Pissarra faz um traçado da
genealogia desse espaço público, ressaltando o papel político dos meios
de comunicação na constituição das
identidades sociais.
O que se pretende é formular soluções políticas aceitáveis
para a crise ética que atualmente permeia o campo da comunicação pública. Essa questão ética advém do progresso das sociedades modernas, que possuem
como base de seu desenvolvimento a razão instrumental, categoria emprestada pela Teoria
Crítica. Apoiada numa espécie de
“racionalidade de ordem
teleológica” (onde os fins justificam os meios), essa sociedade é
guiada por critérios éticos utilitaristas,
em que as referências e valores são
escolhidos de acordo com interesses
próprios e conveniências individuais.
O resultado é a possível dissolução das
redes de sociabilidade entre indivíduos, que já não se reconhecem como
interlocutores de um mesmo espaço.
Isso se reflete na estrutura unilateral da comunicação mediática, onde
o instrumental se sobrepõe ao diálogo e faz com que interesses privados
(comerci-alismo, concorrência) pareçam vontades coletivas. Por outro
lado, as novas tecnologias em comunicação, como a Internet, apontam
para a possibilidade de emancipação
dos meios frente à racionalidade instrumental. A estrutura descentrada
da Internet permite o diálogo, onde
o indivíduo pode ultrapassar os limites impostos pelos assuntos selecionados pela mídia, sendo, portanto, uma
oportunidade de concretizar o projeto inconcluso da modernidade, que
prevê a participação ativa da sociedade nos momentos de decisão política
(democracia deliberativa).
Aliando a tradição frankfurtiana (ética da comunicação) a postulados pósmodernos (identidades emancipadas),
Pissarra encontra uma possível solução
da crise ética que perpassa as atuais sondagens de opinião pública. Embora pareça utópica para alguns, essa perspectiva de uma democracia deliberativa a
partir do uso descentrado dos meios é
válida, visto que se opõe aos estudos
dos efeitos da mídia que prevêem uma
unilateralidade incontestável na relação
emissor/receptor.
Quando o autor coloca em xeque
o fato de a ética da comunicação ser
formulada a partir de uma perspectiva instrumental, ele nos lembra uma
série de práticas e técnicas próprias
da atividade do comunicador, especialmente do relações públicas. Por
exemplo, o objetivo do RP de estabelecer a credibilidade de uma instituição – até mesmo da própria mídia –
através de formas sedutoras de conquista do público é uma prática que
merece atenção no nível de suas ressonâncias éticas no modelo democrático. Afinal, corresponde ao conceito
de democracia – importantíssimo para
o exercício da profissão de RP – a conquista do público através de apelos
emocionais ou a conquista do reconhecimento na esfera pública oriundo do confronto de argumentos racionais de indivíduos conscientes?
Conhecer a trajetória dessa sociologia da comunicação desenhada por
Pissarra certamente nos deixará mais
atentos aos modelos e práticas de comunicação por nós adotados, enquanto formadores de opinião responsáveis pela construção de uma
verdadeira democracia.
13
RP Alternativo
Comunicação Organizacional I
por Ana Luzia Tobias
Comunicação interna
como ferramenta de legitimação organizacional
É
impossível falar sobre comu
nicação interna sem antes
entender o significado de
comunicação organizacional. Paulo Nassar e Rubens Figueiredo definem Comunicação Empresarial
como sendo “a somatória de todas as atividades de comunicação
da empresa. Elaborada de forma
multidisciplinar – a partir de métodos e técnicas de relações públicas,
jornalismo, lobby, propaganda,
promoções, pesquisa e marketing
– e direcionada à sociedade, formadores de opinião, consumidores
e colaboradores (trabalhadores,
fornecedores e parceiros). Elaboração esta que tem sempre como
referência básica o planejamento
estratégico da empresa”.
E a comunicação interna? A comunicação empresarial engloba todos os tipos de público, sendo a
comunicação interna o segmento
que se preocupa apenas com um,
o público interno.
Há tempos atrás essa comunicação era realizada através de uma
relação paternalista onde os empregados eram treinados apenas
para trabalhar e nunca pensar. Era
a época do “manda quem pode,
obedece quem tem juízo”. Os tempos mudaram e a era do movimento sindical trouxe à tona um pouco de liberdade e conquistas sociais. Os empregados passaram a desconfiar mais de seus patrões e a
questionar mais sobre o andamento dos negócios. Era o momento
da desconfiança mútua explícita e
da exploração velada – de parte a
parte – até que ambas as facções
14
RP Alternativo
foram encontrando meios de sobrevivência nesse cenário.
Com a globalização, a relação
empregado x patrão se tornou mais
participativa. Nesse novo cenário,
o empregado contribui com a empresa dando opiniões, sugestões e
planejando ações.
Assim, atualmente, entende-se
comunicação interna como o esforço de comunicação desenvolvido
por uma empresa para estabelecer
canais que possibilitem o relacionamento, ágil e transparente, da direção com o público interno e entre
os próprios elementos que integram
esse público deve ficar claro, portanto, que a comunicação interna
não se restringe somente àquela comunicação que flui da direção para
os empregados, mas inclui também
aquela que estabelece o feedback
e instaura uma efetiva comunicação.
Quanto à sua importância, ela
contribui para a integração da empresa com o seu público interno de
modo a satisfazer os interesses de
ambos os lados. Para isso, é necessário conhecer as necessidades e expectativas desse público, para que estes
aceitem e confiem no processo. Caso
contrário, falhas na comunicação tais
como ruídos e barreiras podem provocar sérias conseqüências como
estresse, desconfiança, deslealdade,
frustração, entre outros.
O papel da comunicação interna é informar o público interno
sobre a empresa, sua missão, seus
objetivos, estratégias, além de dar
oportunidade ao colaborador de
participação e envolvimento nos assuntos relacionados ao crescimen-
to e desenvolvimento da empresa.
É evidente que quando esse colaborador fica realmente comprometido com a missão da empresa ele
passa isso a sua família e amigos,
estes por sua vez repassam essas
informações e nesse processo é
construída uma publicidade positiva para a empresa.
Agora que já sabemos um pouco sobre a importância e papel da
comunicação interna, que tal darmos uma olhadinha em como as
empresas a utilizam?
De uma maneira geral, elas utilizam campanhas de motivação, treinamentos e, principalmente, veículos de comunicação, como boletins,
jornais, murais, revistas, rádio, reuniões, confraternizações, e-mail e
Internet. Não estamos falando que
elas utilizam todos esses veículos de
uma só vez. Cada empresa tem seu
modo de se comunicar.
O publicitário e assessor de Comunicação da Eletronorte, Renato
Esteves, diz que, nessa empresa, os
veículos de comunicação para os colaboradores “foram criados visando sanar a deficiência de divulgação das informações de caráter
geral e com o objetivo de integrar
os colaboradores, valorizando as
pessoas, os processos e as equipes”.
Assim, quanto mais efetiva e
próxima a comunicação interna se
revelar, maior será o envolvimento,
dedicação e empenho dos colaboradores. E, conseqüentemente,
maior será sua produtividade, influenciando positivamente no conceito e lucratividade da empresa e
na satisfação de todos.
é
não é
MARKETING
O que
O
termo “marketing”, no sé
culo XXI, não se restringe
mais somente ao campo
dos negócios, está cada vez mais
sendo utilizado no cotidiano das
pessoas, abrangendo, assim, todas
as áreas sociais. A popularização da
expressão em nosso país veio acompanhada de um peculiar deslocamento de sentido, fato este agravado pela falta de conhecimento
mais aprofundado sobre o assunto. Essa popularização pode ser
justificada pela multiplicidade de
definições que a área possui, o que
acaba tornando seu conceito impreciso. Contudo, o exato significado do termo ainda é pouco conhecido, o que justifica algumas
deturpações.
Os conceitos costumam variar
em seu significado de acordo com
a corrente de pensamento que o
analisa. Por tal motivo, damos tantos e tão distintos predicados ao
marketing. No Brasil, este quase
passou a significar apenas “promover visibilidade”. Mas, para alguns
estudiosos do assunto, o real objetivo do marketing é conhecer e
compreender o consumidor tão
bem que o produto ou serviço oferecido o atenda completamente e,
em conseqüência, venda-se e/ou
seja aceito por si só. Sendo assim,
o marketing deve resultar do desejo ou necessidade de um consumidor que está pronto para comprar.
Tudo o que é preciso fazer é tornar disponível o produto ou serviço. Marketing preocupa-se com a
idéia de satisfazer as necessidades
do consumidor com o produto.
Quem define o caminho que esse
deve seguir é o consumidor, ou
seja, é a pessoa para qual se destina alguma atividade ou serviço.
Marketing
por Fernanda Cutrim
e o que
Devido à crescente popularização do termo, torna-se necessário
discutir um pouco daquilo que o
marketing, efetivamente, não é.
Quem nunca se pegou utilizando
as seguintes expressões: “isso é
apenas uma jogada de marketing”;
“é preciso fazer marketing” ou, até
mesmo, “isso não passa de
marketing”. É como se tudo que
remetesse à promoção de visibilidade estivesse diretamente ligado ao
marketing . Com efeito, usa-se o
termo nos mais diferentes contextos, mas sem muita preocupação
com a sua aplicabilidade. Por isso,
convém esclarecer que:
MARKETING NÃO É APENAS:
promoção - Esta é somente uma
das inúmeras possibilidades que o
marketing oferece. É muito comum
o uso restrito do conceito de
marketing, considerando-o sob a
perspectiva de apenas um dos seus
principais componentes: a promoção ou publicidade. Neste caso, “fazer marketing” seria o mesmo que
promover um produto, idéia e/ou
serviço;
aparecer na mídia - Dar visibilidade a algum serviço,produto,
idéia ou causa, aumentando a sua
exposição nos meios de comunicação, é, sim, uma estratégia de
marketing, mas a isto não se deve
restringir seu conceito;
venda - Ser um gerente de
marketing não quer dizer ser apenas um profissional de vendas. Requer ser alguém que, partindo do
ponto de vista do consumidor, seja
capaz de trabalhar um determinado produto desde a sua fase de
concepção, produção, apresentação ao mercado, definição de preço e estratégia promocional e co-
locação nos pontos-de-venda, até
a etapa de consumo;
mágica - Não existem no
marketing soluções fáceis que possam ser alcançadas em um curto
prazo e a baixo custo. Afinal, mercado e ilusionismo não combinam.
O ilusionismo pode até durar algum
tempo, mas logo desaparecerá devido à crescente exigência do consumidor. A criatividade do profissional, sem dúvida, é fator fundamental para o êxito de um plano
de marketing, no entanto, não é
capaz de fazer milagres. Toda organização deseja um profissional
que seja capaz de fazer o melhor
pelo menor custo possível, pois é
cada vez mais imprescindível dispor
de bons produtos e/ou serviços de
qualidade a preços acessíveis aos
públicos-alvo. O feeling dos profissionais vem se tornando cada vez
mais o diferencial para que se alcancem ou se consolidem vantagens competitivas. Contudo, ele
não pode ser tornar a base do trabalho , visto que não poderá substituir uma boa pesquisa mercadológica, que oferece dados concretos para todas as questões.
Definitivamente, o objetivo/papel do marketing vai muito além
dessas distorções, pois está sempre
buscando as reais necessidades de
cada indivíduo, preocupando-se em
atingir nossos anseios (como consumidores ou expectadores que
somos) da melhor maneira possível.
Por tais percepções, devemos pensar em marketing, buscando seu
conceito mais amplo, e não mais
fragmentando-o e confundindo-o
com o que,na realidade, constituem-se alguns de seus inúmeros
componentes.
15
RP Alternativo
Resenhas/TCC
por Conceição Simões
Chegou a hora...
É chegada a hora da etapa final da graduação:
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC’s). Para os
formandos (e orientadores, também, claro!). Ele
é fruto de um processo de muito trabalho e dedicação. Mas todo esforço é recompensado por
essa experiência única de concluir o curso.
O que nos deixa mais surpresos e felizes é a variedade de temas monográficos, que temos observado nos últimos períodos. Isto prova que
nossos futuros profissionais estão cada vez mais
cientes da amplitude das áreas de atuação das
relações públicas.
Parabéns àqueles que, com muito empenho,
conseguiram apresentar seus projetos experimentais e monografias. Confira agora os resumos dos trabalhos de Relações Públicas apresentadas no início de 2004.
Relações Públicas e Hotelaria: Proposta de implantação de uma Assessoria
de Relações Públicas para o Brisamar
Hotel.
Esther B. Carneiro Leite
Esse TCC inicia com uma abordagem geral sobre as organizações,
sob o enfoque do processo da
globalização. No decorrer do trabalho, a autora enfatiza as ações
de Relações Públicas como mediadora para melhoria das ações empresa-públicos, demonstrando com
isso a importância de um planejamento estratégico de comunicação
no setor hoteleiro. Por fim, ela mostra uma proposta de implantação
16
RP Alternativo
de uma Assessoria de Relações Públicas para o Brisamar Hotel.
Relações Públicas, Turismo e Hotelaria:
Relação imprescindível para o sucesso
da campanha de Relações Públicas para
o Hotel Praia Ponta d’Areia.
Lucina Macedo Medeiros
A autora faz uma explanação
geral sobre o Turismo no mundo,
no Brasil e no Maranhão. Em seguida, apresenta uma análise global da
situação do hotel Praia Ponta
d’Areia, fazendo a seguir uma proposta de campanha de Relações
Públicas para o hotel, enfatizando
a importância do Turismo e da
Hotelaria para o sucesso da mesma.
Para cada problema detectado, uma
ação específica foi proposta. Essa
campanha foi sugerida com base em
pesquisas realizadas junto aos públicos, além de pessoas formadoras
de opinião da comunidade local.
Relações Públicas viabilizando a
fidelização do cliente em vista do relacionamento produtivo.
Antero Aprígio Coimbra Neto
O autor aborda as Relações Públicas como responsável pela
viabilização da fidelização dos clientes na busca do relacionamento
produtivo. Primeiro, relaciona as
atividades de Relações Públicas e
marketing de relacionamento, para
depois mostrar e analisar como funciona a relação entre a teoria e a
prática na Caixa Econômica Federal, em São Luís do Maranhão. O
objetivo desse trabalho é demonstrar a importância de um bom trabalho de Relações Públicas para o
desenvolvimento institucional.
Uma proposta de Relações Públicas
Comunitárias para a Superintendência
de Relações com a Comunidade da Prefeitura Municipal de São Luís.
Miguel Pinheiro Martins Filho
O autor fala sobre a comunicação referindo-se ao comportamento econômico e político da sociedade. Discorre sobre o papel das
Relações Públicas Empresariais, no
Terceiro Setor e Governamentais
para, nesse contexto, enfocar as
Relações Públicas Comunitárias e
mostrar uma proposta de política
de Relações Públicas Comunitárias
para a Superintendência de Relações com a Comunidade da Prefeitura Municipal de São Luís. Essa
monografia em sua proposta visa-
va propor ações para promover um
bom relacionamento entre a Superintendência e a comunidade, mostrando uma das inúmeras áreas de
atuação das Relações Públicas.
Estratégia de marketing eleitoral
adotadas na campanha para o Governo do Estado do Maranhão no ano de
2002: a disputa no horário eleitoral
gratuito na TV.
Marcelo Costa Ferreira Muniz
O autor, primeiramente, explica
como surgiu o sufrágio universal no
Brasil e, ainda, o significado clássico e
moderno de política. Discorre sobre
as estratégias de marketing que foram utilizadas no horário eleitoral gratuito na TV durante a campanha para
o Governo do Estado do Maranhão
na eleição do ano de 2002. Enfoca,
ainda, o conceito de “poder” para se
entender o porquê de tanto interesse em ganhar uma eleição.
Introdução ao universo esotérico e
iniciativo do simbolismo universal: o
caso de Ladyhawk – o feitiço de Áquila.
Marco Aurélio Martins Fernandes
Através dessa monografia, o autor investiga o caráter esotérico e
iniciativo do simbolismo tradicional,
dentro de uma análise cinematográfica. No decorrer do trabalho, ele explica como o simbolismo repercute na
literatura e no cinema. Propõe essa
investigação fazendo um estudo sobre Ladyhawk – o feitiço de Áquila.
Comunicação interna no contexto da
comunicação organizacional: análise
dos instrumentos da comunicação interna do SENAI/MA e proposta para sua
otimização.
Lúcia Karinna Cruz de Sousa
A autora fala sobre os tipos e aspectos da comunicação das organizações, enfocando o papel das Relações Públicas nesse aspecto. Explica a
importância de um bom trabalho
comunicacional para a melhoria das
relações institucionais. Logo depois,
faz uma análise sobre os instrumen-
tos da comunicação interna do SENAI/
MA e propõe novos instrumentos ou
reformulações dos já existentes, tendo em vista sua otimização.
O “House(pré-) Organ(-izado)”: Uma perspectiva crítica do House Organ (um estudo
de caso do jornal interno da DRF / SLS / MA).
Cristiano Rodrigues da Oliveira
Nessa monografia, o autor faz
um estudo de caso do jornal interno – o “Anteninha” – da Delegacia
da Receita Federal em São Luís,
Maranhão (DRF/SLS/MA). Para chegar a esse estudo, ele primeiro fez
uma introdução sobre a análise específica da missão da comunicação
organizacional, dando enfoque ao
House Organ (jornal interno). Discute sobre sua forma, conteúdo e
linguagem utilizada, fazendo referência ao contexto da atual sociedade. Esse trabalho teve como objetivo desmistificar uma das vantagens atribuídas aos jornais internos:
de que são facilitadores da integração do público interno.
17
RP Alternativo
Tecnologia II
por Luismar Santos
Teletrabalho: alter
Avanços tecnológicos oferecem facilida
I
magine a possibilidade de nem
sair de casa para trabalhar. Isto
é bem interessante, não? Acordar
sem preocupação com transporte, curtir regalias que só existem em sua própria residência, ter liberdade para definir metodologias, poder estar mais
próximo da família... Sim, isto é bom,
mas não se aplica a todo profissional.
A oportunidade de realizar tarefas
de seu trabalho a partir de qualquer
ponto geográfico – Teletrabalho, conhecido também como telecommuting
ou telework – surgiu com o aperfeiçoamento das novas tecnologias da informação (TI) e de comunicação, diante da forte exigência que a globalização
econômica e social impôs (e impõe) às
empresas modernas. Diga-se de passagem, essas devem ter uma postura cada
vez mais estratégica e de vanguarda.
O teletrabalho é um sistema que
está ligado às atividades de consultoria,
programas de informática, e-business,
e-commerce, marketing, consultoria,
entre outras. Em contrapartida, as
demais profissões que não trabalham
com telecomunicações precisam muito da presença física de executivos,
operários (dos mais diversos ramos de
atividade), profissionais de limpeza, segurança, transporte etc.
A noção de teletrabalho partiu, por
volta de 1970, do Sul da Califórnia, com
Jack Nilles, considerado “o pai do
teletrabalho”, passando rapidamente
para outras regiões do planeta. Já o
surgimento desse sistema de trabalho
data de meados do século XIX, com a
18
RP Alternativo
utilização do telégrafo. Portanto, não
é uma idéia tão nova como se imagina.
Então, ocorre a pergunta: que instrumentos básicos caracterizam essa
atividade? Simples! Se você pensou
em recursos de multimídia dos mais
avançados, aliados à rede mundial de
computadores e à intranet, ótimo!
Mas, um simples aparelho de telefone utilizado com bastante freqüência, com fins de negócios ou somente para atendimento (de toda ordem), como fazem os profissionais de
telemarketing, também caracteriza
qualquer profissão como teletrabalho.
Mesmo que de forma limitada.
FLORES E ESPINHOS – Destacase a considerável melhoria na qualidade de desempenho e de vida em
virtude de inovações tecnológicas
no sistema de trabalho das empresas. Economia e segurança também
são ótimas notícias que se traduzem
em evitar um trânsito turbulento e
mega-estressante, além de livrar-se
da exposição à violência dos grandes centros urbanos. E ainda poder
ficar no local que melhor lhe agrada, de sua livre escolha. Boa nova
também para quem se preocupa
com a preservação do meio ambiente, como a redução das poluições
atmosférica, sonora entre outras. A
velocidade de transmissão de dados
e de imagens é algo bem positivo e
permite esses avanços.
Essas tecnologias possibilitam
ganho de tempo e a substituição do
trivial transporte, de casa para o tra-
balho e vice-versa e oportunizam a
continuidade do trabalho no caso de
afastamentos, em especial às mulheres em licença maternidade. Sem esquecer das pessoas portadoras de
deficiência que têm muito a contribuir para o desenvolvimento da organização que as admite. É bom lembrar, também, que o teletrabalho representa um grande avanço no quesito inclusão social.
Na outra ponta, deficiências humanas como irresponsabilidades de alguns
profissionais, falta de criatividade ou
de espírito de equipe, além de falhas
advindas dos sistemas tecnológicos
podem prejudicar o andamento das
atividades. Se não existir confiabilidade
na relação entre empresários e
teletrabalhadores, nada feito ou tudo
mal feito. As instalações e os equipamentos utilizados devem ser eficientes juntamente com programas de
informática atualizados, permitindo a
qualidade das tarefas. Um último destaque, entre outros aspectos, é a ausência ou a existência pouco expressiva de um movimento sindical.
Outros problemas que podem surgir
no processo do trabalho remoto dizem
respeito à mudança de hábito nas relações pessoais existentes entre colegas de
equipe, já que haverá uma ausência de
contigüidade física. Além do mais, analisando-se a possibilidade de o indivíduo
morar sozinho, pode ocorrer de o mesmo ficar mal acostumado a um ambiente limitado e criar uma aversão a ambien-
nativa de resultados
des e auxiliam na superação de desafios.
tes muito movimentados, gerando isolamento e uma conseqüente depressão.
TELEATIVIDADES - Na contemporaneidade, muitos estudiosos afirmam que fazemos parte da sociedade da informação, onde se observam
o encurtamento das distâncias, a superação das fronteiras geográficas, a
dinamicidade do tempo nas atividades
de negócio etc. Nesse contexto, temos
o ensino à distância, bem como cursos de aperfeiçoamento profissional e
trabalhos de consultoria via Internet.
No seio dessas especialidades, temos empresas que disponibilizam trabalhos de consultoria, como o Banco
do Brasil, a Kodak e a American Express
Corporation, permitindo a flexibilidade de atendimento aos seus clientes.
Já o Sebrae, disponibiliza cursos online, além de outras teleatividades, na
busca de objetivos comuns com seus
parceiros de negócios.
Para proporcionar toda essa versatilidade, é mister ficar atento a al-
guns aspectos, como: um bom investimento em TI, para dar continuidade
às tarefas, frente a eventos inesperados; o fator conectividade, que respeita o trabalho com mais de uma empresa operadora de telecomunicações;
um sistema de abastecimento, que é
o fornecimento com a finalidade de
manter os envolvidos na empresa sempre a par das situações; um local para
trabalhar, óbvio, agradável e adequado com perfeitas instalações. Além, é
claro, de contatos constantes com os
agentes do trabalho a distância.
E isso basta? Com certeza... não!
Deve haver ações no sentido de
maximizar os resultados positivos,
como por exemplo: estabelecer reuniões com períodos regulares, tanto por
meio de vídeo-conferência, como por
presença física; a capacitação profissional deve emergir como uma alternativa de bons resultados, já que pro-
fissionais qualificados apresentarão um
nível de produtividade melhor.
Muitos trabalhadores remotos realmente têm um bom rendimento
nas suas tarefas. Mas nem todo mundo se adequa a essa nova realidade
em virtude da incompatibilidade do
perfil do profissional com algumas
exigências que tem o trabalho remoto – citadas anteriormente. Apesar
de o próprio teletrabalhador ditar as
regras e horários de suas atividades.
O teletrabalho, então, é uma alternativa do aumento de bons resultados, diminuição de custos através de
conhecimentos lógicos e promoção
de bem estar social em alta escala. Estratégia das mais discretas que visa facilitar o cotidiano do mundo dos negócios, valorizando o ser humano
como elemento essencial para o desenvolvimento das organizações.
19
RP Alternativo
Mundo Acadêmico I
por Priscila Ramos
Interdisciplinaridade
Em busca da comunicação integrada
N
o cenário atual, a
integração da comunica
ção vem sendo cada vez mais
utilizada nas práticas do mercado. O objetivo é praticidade, economia e agilidade. No academia não é muito diferente. A interdisciplinaridade é uma forma
eficaz de agregar vivência e conhecimento, proporcionando interação entre professores e alunos de diferentes áreas.
No Curso de Comunicação Social da
UFMA, especificamente, além de trazer
vantagens, a inter-disciplinaridade pode
resolver problemas, preenchendo lacunas dos programas das disciplinas curriculares. Pensando desse modo, a professora Zefinha Bentivi, que, há cerca
de cinco semestres, desenvolve estudos
na disciplina de Jornalismo Assessoria de
Imprensa, percebeu o quanto são necessários referenciais teóricos e práticas
das Relações Públicas, como Pesquisa,
Planejamento e Diagnóstico para o melhor entendimento da comunicação. E
ela não deixou que o pensamento parasse por ali.
Surgiu, então, a idéia de um evento que proporcionasse aos alunos de
Jornalismo o conhecimento desses
referenciais e de sua importância para
o processo de comunicação. Uma atividade que rompesse as barreiras da
sala de aula, resultando na produção
de conhecimento e interação entre estudantes e professores das habilitações
do Curso de Comunicação Social. A
concretização da idéia foi a realização
do minicurso “Planejamento Estratégico em Comunicação”, ministrado
pela professora Nilma Lima, nos dias
08 e 09 de junho, no Anfiteatro de
Comunicação. Participaram do curso
alunos e profissionais de Jornalismo,
Radialismo e Relações Públicas. Apesar dos poucos dias de divulgação, as
20
RP Alternativo
vagas se esgotaram com rapidez e o
minicurso foi considerado um sucesso
por quem participou e organizou.
Mas não é só isso. O mais interessante é que essa iniciativa representa
bem mais do que parece: ela reflete
atrasos e avanços do nosso Curso. De
um lado, algumas dificuldades para
adequação das aulas diante dos programas e ementas, que não contextualizam mais as necessidades do mercado e da sociedade; de outro lado, o
empenho dos professores e alunos interessados nessa adequação e, principalmente, na integração do curso
como um todo. Estamos falando dos
problemas com nossa estrutura
curricular, dificuldades por que passa o
Curso e a Universidade, do que se pode
fazer com humildade e força de vontade e do que essa soma tem a oferecer.
Essa união de conhecimentos e trabalho das habilitações dentro do Curso
faz lembrar a Comunicação Integrada que
há tempos se desenvolve com sucesso no
mercado, prometendo bons frutos. O
minicurso que começou buscando complemento de estudos em uma disciplina
acabou se transformando em tema para
discussões mais aprofundadas a respeito
do Curso de Comunicação Social da
UFMA, além de ter sido um evento bem
comentado entre os estudantes e demais
participantes.
O minicurso foi apenas uma das formas de integração, dentre várias outras
que ainda podem ser desenvolvidas nesse
sentido. Dele ficaram a experimentação
da soma e ampliação de informações e
a importância do intercâmbio de conhecimentos, não apenas como necessidade do Curso, mas como exigência do
mercado. Da iniciativa que deu certo ficou a certeza de que é mais do que chegada a hora da Reforma Curricular do
Curso, mas, também, que nele existem
problemas que podem ser sanados sem
se ir tão longe, bastando comunicação,
interdisciplinaridade e cooperação.
Para estudantes e professores, fica
ainda uma certeza maior: que bem mais
do que três habilitações, somos o Curso
de Comunicação Social da UFMA, agregando conhecimentos práticos e teóricos, objetivando o aprimoramento da
prática da comunicação no Radialismo,
Jornalismo e Relações Públicas.
Concurso
por Régio Fabianno Sousa Andrade*
A comunicação
nas organizações
contemporâneas
E
m vista de suas circunstânci
as de surgimento e de seus
modos de atuação, as organizações ou empresas podem ser descritas como agentes sociais
estruturados e estruturantes.
Estruturados porque sua concepção,
em dado contexto sócio-histórico, é
determinada pelas demandas sociais
que se apresentam naquele contexto, aliadas às motivações de seus fundadores. Estruturantes por visarem
à consolidação e à difusão de práticas que traduzem tanto sua luta pela
sobrevivência quanto a construção
de uma ideologia social. Dessa forma, as organizações ou empresas
constroem e reconstroem, continuamente, as relações sociais.
Se relações sociais implicam a
interação entre indivíduos, a consecução dos objetivos de uma organização deve passar pela constituição
de dois grupos de indivíduos: aqueles que conduzem os princípios e a
imagem da empresa – o seu público
interno - e aqueles que devem ser
“capturados” por essa condução –
seu público externo.
Mas, à medida que a sociedade se
complexifica – seja pelo surgimento de
novas tecnologias ou pela constante di-
“As organizações ou empresas constroem e reconstroem, continuamente, as relações sociais”.
versificação dos modos de ser e agir dos
diversos grupos humanos ou pela
ininterrupta mutação das relações entre as pessoas ou entre as pessoas e as
instituições -, “capturar” público externo exige cada vez mais das empresas.
Essa exigência se reflete nas transformações pelas quais as organizações
passam (ou deveriam passar) quanto
a seu funcionamento interno: maior
especialização dos profissionais de Comunicação (jornalistas e radialistas,
relações públicas, marqueteiros , publicitários etc.) da empresa, ampliação
das instalações físicas da organização
e de seu público interno, expansão
das atividades administrativas,
gerenciais e de relacionamento com
o consumidor, dentre outras.
Mas, de que adianta toda essa
estrutura se jornalistas e radialistas,
relações públicas, marqueteiros e publicitários trabalharem isoladamente?
Se não houver conciliação dos objetivos globais e específicos a serem
atingidos pela instituição?Se entre
matriz e filial não há coordenação?
Se não houver, entre os diferentes
públicos internos de uma empresa,
troca de experiências, relacionamento satisfatório e credibilidade? Se os
gestores das empresas virem os funcionários apenas como prestadores
de serviços e não como parceiros a
ser conquistados dia-a-dia?
Pois exatamente quando o cenário organizacional vai se ramificando, deve haver algo que mantenha viva essa intrincada estrutura:
uma comunicação sinérgica, orgânica, feita com planejamento consistente e que englobe todas as peças da engrenagem.
Em um mercado cada vez mais
competitivo e onde a “captura” de
público externo exige uma constante reciclagem do modo de ação das
empresas, a comunicação sinérgica
parece ser o elemento vital da caminhada das organizações.
* Aluno do 5º período de Jornalismo - UFMA
21
RP Alternativo
Mundo acadêmico II
por Karla Miranda
AVALIAÇÃO
solução para
Q U E M ?
A
validade dos sistemas
avaliativos no que tange às
condições das instituições
de ensino superior (IES) e, conseqüentemente, às ações que possibilitem a melhoria das mesmas é
pauta de discussões constantes
entre setores da sociedade.
O Curso de Comunicação Social
da Universidade Federal do
Maranhão presenciou tais discussões quando foi divulgado o resultado do Provão-2003 da habilitação
de Jornalismo, cujo conceito foi A.
O Provão (Exame Nacional de Cursos), juntamente com a Avaliação
das Condições de Oferta e a Avaliação Institucional, compreendia o
antigo sistema de avaliação implantado no governo FHC. Ele era realizado anualmente e aplicado somente aos formandos de alguns
cursos universitários, segundo o
MEC, com o objetivo de avaliar o
ensino-aprendizagem dos cursos de
graduação do país. O instrumento
utilizado nessa avaliação era uma
prova e o resultado desse processo
era mensurado através de conceitos, que variavam de A até E.
A professora Jovelina Reis, chefe de
Departamento de Comunicação, observa que, diante dos critérios do MEC
de avaliar o ensino-aprendizagem, o
conceito A traduziu um momento do
Curso, enfatizando, à época, apenas
22
RP Alternativo
a qualificação do corpo docente. Atualmente, a habilitação de Jornalismo
é composta de um quadro de professores onde apenas um é especialista e
os outros são todos mestres, doutores ou doutorandos, o que se reflete
na pesquisa, no nível de criticidade e
aprendizagem dos alunos.
Porém, segundo alunos, professores e entidades de classe, o Exame
era unicamente para estabelecer um
ranking das escolas e não estava
correlacionado com os outros pontos do sistema avaliativo. Dessa forma, o Provão não correspondia a uma
real avaliação, porque ignorava as
regionalidades/condições de cada escola, o resultado era puramente estatístico e sobrecarregava o estudante na avaliação. O que, por conseguinte, acabava não refletindo a situação
dos cursos e universidades.
Essas insatisfações e críticas por
parte, principalmente, dos estudantes
fizeram nascer o movimento de “Boicote ao Provão”. Os cursos de Comunicação, avaliados desde 1998 e representados pelos estudantes de Jornalismo – visto que só eles tinham que
fazer o Exame – são o exemplo mais
visível dessa insatisfação. Conduzidos,
sobretudo, pela Executiva Nacional dos
Estudantes de Comunicação Social
(ENECOS), os estudantes chegaram a
fazer uma proposta a partir do que os
mesmos concebem ser o objetivo de
uma avaliação institucional, apresentando fundamentos e questões necessárias para um melhor e mais qualitativo direcionamento do ensino superior. Essa proposta foi intitulada “Avaliação pra Valer” e apresentava-se, também, como uma prova de que os estudantes não estavam boicotando o
Exame sem motivos lógicos e nenhum
embasamento.
MUDANÇAS NA AVALIAÇÃO:
CRÍTICAS E DESINFORMAÇÃO
As críticas são inúmeras, assim
como o posicionamento de se ter
uma avaliação que comporte aspectos mais abrangentes. Tem-se, agora, um novo sistema avaliativo (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES) implantado no governo Lula que, segundo
o MEC, objetiva avaliar as IES de forma mais qualitativa, tendo para isso
o Exame Nacional de Desempenho
dos Estudantes (ENADE), a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) e a Comissão Própria de Avaliação (CPA).
Comparando os dois exames (O
Provão e o ENADE), notam-se algumas mudanças. O ENADE será aplicado tanto aos formandos quanto
aos ingressos, sendo que o período
máximo de realização é trienal, e
tenta incluir na avaliação aspectos
como os trabalhos pedagógico e ci-
entífico, a relação com as demandas sociais, condições de trabalho e
de sustentabilidade infra-estrutural.
Entretanto, o SINAES, antes mesmo de sua aplicação, já sofre inúmeras críticas devido à reprodução de
práticas e concepções errôneas sobre a educação presentes no antigo
sistema de avaliação. Exemplos: o
ENADE também utilizará a atribuição
de conceitos dispostos numa escala
de cinco níveis, baseados em padrões
estabelecidos por especialistas de diferentes áreas de conhecimento
(mantém-se o rankeamento). O Ministério da Educação continuará oferecendo aos alunos com melhor desempenho bolsas de estudos ou
quaisquer outros instrumentos que,
segundo ele, servem de estímulo. No
entanto, essa prática pode gerar um
desvirtuamento do real sentido de
uma avaliação das IES.
O SINAES conservou a falta de uma
discussão com a comunidade acadêmica e a sociedade sobre os procedimentos da avaliação; o MEC continua tendo um posicionamento que desonera
o Estado da responsabilidade com o
resultado da avaliação das IES. A preocupação neste último ponto é que o
Estado passe somente a arcar com os
custos na aplicação das avaliações, elaborando um diagnóstico no qual fazse referência somente às responsabilidades das Instituições sobre o quadro
encontrado, deixando-as com o dever
de reverter quaisquer problemas encontrados, sob pena de punições,
como suspensão de processos seletivos
para os cursos de graduação.
A desinformação dos estudantes
sobre o SINAES é visível. Quando indagados sobre o que é, quais os procedimentos a serem utilizados e outras informações, os mesmos não sabem dizer. Só sabem que o SINAES
vai substituir o antigo sistema
avaliativo, que os calouros também
serão avaliados e que algumas questões administrativas serão incluídas no
processo avaliativo. Mas, já consideram o SINAES um avanço frente ao
antigo sistema de avaliação, pela ampliação do diagnóstico.
A profª Jovelina percebe essa
ampliação de aspectos no processo
avaliativo como o resultado da pressão da sociedade em relação a uma
postura do MEC mais condizente
com a realidade brasileira, pois o
mesmo é o provedor das IES e cabe
a ele oferecer condições às mesmas.
Quanto ao desempenho do Curso
de Comunicação Social da UFMA,
ela acredita que esse novo sistema
fará uma avaliação mais realista das
atuais condições do Curso.
Fica, então, o questionamento
da validade de tais avaliações, dos
procedimentos utilizados, dos seus
usos e aplicabilidades.
SITES
www.enecos.org.br
www.mec.gov.br
www.inep.gov.br
GLOSSÁRIO
- Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES).
- Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE): avaliação do corpo discente: habilidades, competências, levantamento
do perfil estudantil.
- Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES):
coordenação e supervisão do SINAES. A CONAES listará os cursos
de graduação que farão o ENADE – tal lista deve ser aprovada
pelo Ministro da Educação.
- Comissão Própria de Avaliação (CPA): é cada instituição de ensino
superior, que conduzirá os processos de avaliação internos e
disponibilizará informações quando solicitados por órgãos como o INEP.
23
RP Alternativo
Mercado de Trabalho I
por Pablo Dias
ELEIÇÕES
Perspectivas para os relações públicas
J
á transcorreram nove décadas
desde que se ouviu, pela pri
meira vez, no Brasil, o termo Relações Públicas. No começo, tímido
e quase desconhecido (quem não
se perguntava o que eram as relações públicas? o que faziam?), esse
campo social, copiado dos Estados
Unidos e adaptado às empresas brasileiras, rompeu, nas últimas décadas, a barreira do rotulado título de
“função cosmético” e passou a desempenhar papelessencial tanto na
consecução dos objetivos das organizações modernas quanto na construção e manutenção da imagem
positiva de figuras públicas.
Contudo, a atividade ainda não
é tão notória e valorizada, especialmente no Maranhão, porque
muitas empresas e figuras públicas
acreditam que elas mesmas podem
executar as atividades pertinentes
às Relações Públicas. Mas, o fenômeno globalização, a necessidade
de sobrevivência organizacional,
ou seja, a importância de se estabelecer, manter e desenvolver contatos com os mais diversificados
públicos imposta pela dinâmica do
mercado e até mesmo o conceito
de comunicação integrada começam a colocar as Relações Públicas
no seu legítimo espaço .
O sucesso das organizações e
das figuras públicas, na era da (pós)
modernidade, passa a depender,
essencialmente, da relação que elas
estabelecem diretamente com seus
públicos. Trabalhar o que a empresa/pessoa diz, o que ela realmente
faz e o que dizem e acham dela é
24
RP Alternativo
função das Relações Públicas. Notase, hoje, uma forte inclinação nos
mais diversos segmentos em busca
da utilização dos conceitos, técnicas e instrumentos de RP, haja vista
ter-se descoberto que para a construção de uma imagem positiva,
organizações e figuras públicas não
podem prescindir dessa ferramenta. Inclusive os políticos e seus partidos, como instituições, lançam
mão dos profissionais de RP, para
atingir seu objetivo: serem eleitos.
POSSIBILIDADES - Nasce a partir daí uma nova relação entre a comunicação e o poder. As Relações
Públicas buscam harmonizar as relações de poder entre a organização/figura pública para qual trabalham e seus mais diversos públicos,
através da comunicação entre esses dois elementos. O objetivo desse processo? Legitimar o processo
decisório do sistema social, como,
por exemplo, a vitória nas eleições.
Observa-se, então, que é forte a
relação entre comunicação e política, uma vez que “além de não
medir esforços para construir uma
imagem adequada aos seus propósitos e monitorá-la permanentemente, os candidatos precisam lidar não só com as estratégias dos
adversários, como também com as
da mídia”, afirma Luísa Luna em sua
dissertação de mestrado “ A disputa pela imposição da imagem política na cena pública: as campanhas
eleitorais de Lula de 1989 e
2002”(UFMG, 2003).
Partindo-se do pressuposto de
que muitas pessoas só têm conta-
to com a política através dos meios de Comunicação, infere-se que
esta tem papel fundamental no
processo de legitimação das eleições. Isso se dá porque o contato
contínuo com o público faz com
que o comunicador identifique as
suas necessidades e a partir daí
“trace” a imagem do candidato. E
não há profissional melhor para
trabalhar imagem do que os RP. É
válido ressaltar que de maneira nenhuma suscitamos aqui a idéia de
uma atividade “manipuladora”, e
sim de uma atividade ética que se
preocupa com o bem-estar social.
Nesse novo campo profissional,
então, as Relações Públicas lançam
mão de projetos, campanhas e planos de ação de caráter pro-tempore
que objetivam conquistar e manter
a credibilidade e, conseqüentemente, votos para determinado(s)
candidato(s) ou partido(s) político(s).
Através de instrumentos de
mensuração de opinião pública, os
profissionais de RP passam a trabalhar a imagem do candidato (a imagem é trabalhada e não mascarada)
de forma ética e eficaz. Quando bem
estruturadas e executadas, tais ferramentas garantem ao processo eleitoral lisura e disputas sadias.
Diferentemente de outras áreas
como o marketing, as Relações Públicas não se limitam simplesmente
à venda de uma imagem, neste caso
ao processo preparatório para o
“dia do voto”. Suas atividades estão
intrinsecamente ligadas (o antes, o
durante e o depois das eleições).
Quem vai preparar a cerimônia de
posse, por exemplo, do Presidente
da República eleito? Ou quem irá
cuidar da imagem do candidato vencedor?
Imaginemos nós quanto trabalho
não deve ter tido a Subsecretaria de
Relações Públicas no Senado Federal
no dia da posse de Lula – um dos eventos mais esperados por todo o país.
De acordo com Francisco Biondo, diretor da Subsecretaria, em entrevista
à revista eletrônica “Relações Públicas”, editada pelo Conselho Federal
de Relações Públicas, “foram cinco meses de encontros, reuniões, acertos e
muitas vezes.... desacertos. Dez versões de roteiros da cerimônia, com e
sem chuva, que eram modificados e
adequados às novas exigências e cuidados que o evento exigia. Tudo, sem
exceção, era motivo de atenção,
principalmente com relação às questões de segurança.”
Mas como fica a relação daquele que fora eleito com aqueles que
o elegeram – e até mesmo com
aqueles que nele não votaram ou
que se abstiveram do voto? Entra
em cena agora a integração das
novas Relações Públicas “eleitorais”,
com o auxílio das técnicas, instrumentos e dinâmicas das Relações
Públicas Governamentais. Cabe somente ao RP mediar tais relações,
haja vista ser ele o profissional qualificado para estabelecer, manter e
desenvolver técnicas e estratégias
de comunicação e relacionamento.
É função dele criar, reforçar ou até
mesmo modificar a imagem de determinado governo.
Depois de termos passeado por
toda a importância das Relações
Públicas nas eleições, agora pedimos que você pense bem e responda: qual o espaço que as Relações
Públicas estão tendo no governo
Lula? Falemos aqui na mais básica
função das RP: mediar, de forma
contínua, relacionamentos. Já que
RP é a profissão que congrega as
técnicas e funções essenciais para
responder aos interesses e desejos
do público com quem dialoga, porque ela está sendo deixada de lado
no governo Lula? Se as Relações
Públicas devem atuar no antes, no
durante e no pós-eleições, porque
não estamos vendo nenhum sinal
de sua atuação nesse governo?
Como pensar, então, na possibilidade de existência de um governo democrático que não interage
com o povo?
25
RP Alternativo
Especial - Empreendedorismo
por Laurene Maia, do Sebrae-MA
Mais perto do
N
FUTURO
um mundo sem emprego,
nas últimas décadas o con
ceito de empreendedorismo ganhou a cena, transformando-se numa opção promissora.
E fez-se o fogo...Bem lá no princípio da humanidade, um homem
obstinado descobriu que o atrito
entre um graveto e folhas secas
produzia calor. Dia após dia, esfregava um no outro e notava: quanto mais rápido fazia, mais quente
ficava. O bando ao qual pertencia
esse homem não queria saber de
suas experiências. Até achavam o
cara meio esquisitão. Mas ele não
desistia da idéia. A cada tentativa,
impunha mais força e velocidade.
Até que há 1,7 milhão de anos,
conseguiu a primeira faísca. E com
elas, fogueiras que amenizavam o
frio e abria a possibilidade de “cozinhar” os alimentos.
O homem das cavernas é o primeiro grande empreendedor da
história...
O conceito de empreendedorismo existe desde os primórdios da
humanidade. Mas, de algumas décadas para cá, invadiu a academia
e até a vida cotidiana. Conforme
Fernando Dollabela, um dos papas
do empreendedorismo no Brasil,
‘‘um farmacêutico, um historiador,
um filósofo e até um estudante podem ser empreendedores’’. Isso
porque empreendedorismo é um
estado de espírito. É a capacidade
de enxergar uma oportunidade
que não está evidente, de correr
riscos, de gerar emprego com um
projeto inovador.
Quando, em 1999, a partir do
Direcionamento Estratégico para o
Novo Milênio, o Sebrae buscou
reinventar-se, o estímulo ao empreendedorismo ganhou ainda mais
ênfase na política da instituição,
26
RP Alternativo
abrangendo desde empreendedores com negócios já formalizados
até candidatos a empresários
Nesse contexto, a educação passou a ser determinante. Não só
como estratégia para inovação da
própria área tecnológica, como
também para o futuro das pessoas, propiciando-lhes condições de
renovar a si mesmas, de forma a
que possam viver e interagir em uma
sociedade em constante mudança.
Para garantir a evolução das
micro e pequenas empresas, o
Sebrae prioriza ações educativas,
desenvolvidas pela Unidade de Educação e Desenvolvimento da Cultura Empreendedora.
Dentro das ações da Unidade,
o grande destaque é “Matriz de
Soluções Educacionais”, que originou-se a partir da necessidade de
criar e disponibilizar produtos padronizados para as diversas regiões
do país, adequados para os diversos tipos de clientes, que levassem
em conta o volume de conhecimentos que o empreendedor detém, o
estágio em que o empreendimento se encontra. Tudo isso fundamentado em princípios e
referenciais pedagógicos reconhecidos.
Segundo Cláudia Cristina
Sampaio Costa, da Unidade de Educação Empreendedora, "hoje o
Sebrae dispões de cursos e soluções
orientados para a realidade de
mercado, possibilitando ao cliente
o aprendizado conforme seu interesse ou necessidade. Outro aspecto característico do modelo Sebrae
de Educação é o caráter continuado, evoluindo do mesmo modo que
o negócio ou a atividade empreendedora".
A Matriz foi construída através
do processo participativo que en-
volveu representantes do SEBRAE
Nacional, das unidades estaduais,
clientes, pedagogos, especialistas
em temas mercadológicos e membros de instituições de ensino.
A Matriz oferece 36 Soluções
Educacionais (cursos, de caráter
continuado) em três categorias:
básico, intermediário e avançado.
Cada curso é orientado para os seguintes momentos de vida da empresa: Nascente – empresas em fase
de legalização ou que são apenas
uma idéia; Em consolidação – empresas que necessitam se estruturar
buscando a permanência no mercado; Em expansão – empresas consolidadas que desejam atuar no
mercado global (os conteúdos deste estágio ainda serão desenvolvidos). Mas atendem também candidatos a empreendedores.
De acordo com Cláudia Costa, o
modelo estimula o desenvolvimento de competências Técnicas (típicas da atividade operacional do negócio, aspectos práticos do dia a
dia); Estratégicas (referentes à visão
de mercado e tendências e sobre
mudanças que impactam no negócio, ajudando a compreender a forma como se exploram as informações disponíveis no mercado sobre
associativismo, análise e planejamento, gestão de pessoas, marketing e
outros conhecimentos) e, por fim,
competências Comportamentais
(que facilitam o relacionamento com
outros empreendimentos, com fornecedores e clientes). É a maneira
de empreender, de negociar, e de
liderar equipes. Essas competências
estão ligadas à forma de ser, de fazer e de interagir.
Outro aspecto fundamental do
modelo de Educação trabalhado
pelo Sebrae é ampliação, para todos os meios, da capacidade de ofe-
recer soluções a um público cada
crescente – Educação para Milhões,
utilizando recursos como o rádio e
educação à distância e educação
continuada.
Confira aqui alguns projetos do
Sebrae na área de Educação:
Iniciando um Pequeno Grande
Negócio – IPGN - Solução educativa
com o objetivo de aprimorar conhecimentos conceituais, técnicos
e instrumentais para o planejamento de um novo negócio (plano de
negócios), via internet.
A Gente Sabe, a Gente Faz - Solução educativa com o objetivo de
disseminar cultura empreendedora,
principalmente junto a populações
de baixa renda e escolaridade, utilizando o rádio como meio.
O programa aborda aspectos fundamentais ao bom funcionamento de
um pequeno empreendimento, como
a importância do planejamento e da
persistência, orientações sobre a formação do preço de venda, crédito e
associativismo. Em síntese, colabora
para que as pessoas possam encontrar pelos seus próprios meios e habilidades pessoais alternativas de sustento e geração de renda.
Empretec - O Empretec é uma
solução educativa para desenvolvimento da conduta e de características de comportamento empreendedor em seus participantes. O curso é executado pelo Sebrae, em parceria com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e com a Agência Brasileira
de Cooperação, do Ministério das
Relações Exteriores (ABC/MRE). Tem
por objetivo identificar e aumentar
o potencial empresarial e desenvolver as características empreendedoras em pessoas que já atuam no
ramo empresarial ou que pretendem
iniciar atividade. Por meio de oficinas, entrevistas e vivências, estimula mudanças no comportamento
pessoal que, por sua vez, refletem
no campo empresarial.
Desafio Sebrae - Solução
educativa com o objetivo de dis-
seminar a cultura empreendedora
junto aos estudantes universitários.
Utiliza metodologia de jogos de
empresas, meio internet e encontros presenciais.
Liderar - O curso tem como objetivo educar e instrumentalizar líderes para que desenvolvam ações
práticas que promovam a evolução
de suas comunidades. Permitir que
um número crescente de líderes
passe a influenciar a sociedade. Os
públicos-alvo são potenciais líderes
comunitários.
Júnior Achievement - Solução
educativa com o objetivo de disseminar a cultura empreendedora
junto aos estudantes de ensino fundamental e médio, por meio de disciplinas presenciais específicas para
cada ano letivo. Projeto desenvolvido em parceria com a Associação
Júnior Achievement do Brasil. No
Maranhão, o projeto será lançado
no mês de julho.
27
RP Alternativo
Profissão II
por Alcineide Nunes
Relações Públicas
Comunitárias
Instrumento de cidadania
A
pós os desgastes que as Re
lações Públicas tiveram ao
longo do período da Ditadura Militar, quando suas atividades
eram apenas empresarial ou governamental, iniciou-se um debate sobre a função social da profissão, inserindo-a no campo comunitário. Isso
se deu em decorrência da abertura
política no início dos anos 80 e dos
crescentes movimentos da sociedade civil organizada (movimentos populares, sindicatos, igrejas etc).
A ineficiência do Estado como provedor do bem-estar social levou a sociedade civil a organizar-se para garantir, inclusive, sua própria sobrevivência. O governo vem ocupando um
lugar cada vez menor na vida da comunidade e o mercado, por sua vez,
não está melhorando o bem-estar da
sociedade como um todo. Pelo contrário, através do seu capitalismo, tem
criado cada vez mais desigualdades
sociais. Surge,então, o terceiro setor,
que vem minimizar certas carências da
população e exercer um importante
papel na construção de uma nova cidadania participativa.
O terceiro setor é constituído de
organizações, sem fins lucrativos, criadas por iniciativa de cidadãos para
prestar serviços ao público, que tem
parte de sua receita oriunda de doações dos setores privado e governamental. Delas a sociedade espera
muito mais do que influência no desenvolvimento socioeconômico das
comunidades, mas um maior envol-
28
RP Alternativo
vimento e participação social efetiva,
minimizando a carência nas áreas de
saúde, educação, habitação, alimentação, segurança, entre outras.
Essa nova arquitetura exige um
profissional capacitado, que atue
com eficiência e eficácia, a fim de
obter resultados positivos tanto para
as empresas como para a sociedade.
Daí a importância de um profissional de Relações Públicas nessa área,
já que ele está habilitado a planejar
e coordenar quaisquer projetos de
Responsabilidade Social. Esse deve
agir em todas as fases dos projetos,
através de suas funções básicas (assessoria, pesquisa, planejamento,
execução e avaliação).
No cenário maranhense, a habilitação de Relações Públicas do Curso de
Comunicação Social da UFMA inseriu
em sua grade curricular a disciplina Relações Públicas Comunitárias, a partir
de 1985, com base na Resolução 082/
84, do Conselho Federal de Educação.
A disciplina é ministrada pela professora Maria do Carmo Prazeres, desde
2003, e está dividida em três momentos, que correspondem aos objetivos
propostos: no primeiro, busca-se estabelecer bases teóricas a partir de conceitos de comunidade, cidadania e responsabilidade social para o entendimento da dimensão comunitária de RP;
no segundo, a disciplina avança para o
conhecer da realidade comunitária
maranhense, por meio de visitas a programas e a organizações do terceiro
setor, bem como apresentação de estudos de casos por ex-alunos que desenvolveram trabalhos nessa área. O
objetivo da disciplina nessa fase é des-
tacar as tendências de RP em projetos
de organizações comunitárias e refletir
sobre suas experiências na área social
da comunidade maranhense. Para a
professora Maria do Carmo, “planejar
em RP Comunitárias implica em saber
escutar a comunidade e dar voz para
os seus anseios, através dos instrumentais que as Relações Públicas possuem”.
O terceiro momento corresponde ao
planejamento, onde as ações de pesquisa e planejamento participante resultam na elaboração de planos, projetos, programas e campanhas de RP
para entidades comunitárias.
A disciplina também possui alguns
desafios. O principal deles é conseguir
tirar os esforços do plano meramente
teórico e levá-los a experimentações vivas no contexto maranhense. Isso implica em interdisciplinaridade e continuidade nos trabalhos desenvolvidos e
que obtiveram êxito ao longo do Curso. Segundo a professora, o desafio aos
poucos está sendo vencido e os Relações Públicas estão avançando,
ganhado espaço junto à comunidade.
Desenvolver um trabalho em prol
do terceiro setor através de ferramentas de gestão moderna é ainda
relativamente novo. Para algumas
empresas isso pode significar uma
reestruturação no que tange à cultura, ideologia, filosofia, enfim, uma
mudança no seu comportamento.
Nesse contexto, as relações públicas
serão a mola propulsora que permitirá viabilizar todo esse processo de
mudanças, através do planejamento comunitário participativo, já que
todo o seu trabalho é desenvolvido
de forma bilateral.
Comunicação Organizacional II
por Heloiza Silva
Media training
visibilidade da maneira certa e na medida exata
N
os últimos anos, a comuni
cação, meios e formas, ex
pandiu-se extraordinariamente, ocorrendo, então, um fenômeno que muitos chamam de
“democratização da informação”.
Isto é, o acesso ao “universo da comunicação” ganhou o reforço de
profissionais de outras áreas. Presenças que representavam esporádicas consultas ou entrevistas, na
última década, agora significam
uma constante na grande imprensa. Hoje, é comum, ao ligar a tv,
você encontrar médicos esclarecendo sobre certas doenças, advogados prestando consultorias, economistas dando dicas de como administrar bem seu dinheiro, gramáticos informando sobre o uso correto da nossa língua, enfim, profissionais das mais diversas áreas nos
mais variados programas. É válido
dizer que a interação desses profissionais com a comunicação social trouxe uma prestimosa contribuição à mídia: credibilidade àquilo
que ela veicula. Da mesma forma,
executivos e empresários encontraram nesse espaço uma alternativa
eficiente de divulgar e levar a público todas as questões das suas
empresas que mereçam o devido
destaque e debate.
Contudo, desenvoltura e articulação diante das câmeras e dos jornalistas não são, para muitos, talentos inatos. Na tentativa de obter
uma excelente dicção, vocabulário
e postura de voz impecáveis, é que
muitos deles recorrem ao media
training, que consiste em programas
de aperfeiçoamento profissional no
“Não há um meio mais viável e eficiente para promover debates, esclarecimentos e disseminar comportamentos do que os veículos de comunicação.”
relacionamento com a mídia. Os
participantes de media training recebem instruções que vão desde
como se comportar diante de um
jornalista e como se preparar para
uma entrevista até como transmitir
corretamente a mensagem à imprensa e como potencializar os contatos com os formadores de opinião
de forma geral.
Em São Luís, o media training
é um fenômeno bem recente, mas
segundo o jornalista e radialista
Adalberto Melo, já existe uma demanda notável, que, no entanto
não esta sendo suprida, pois há uma
escassez de assessorias e empresas
que ofereçam esse tipo de serviço.
O que se percebe é que essa
acentuada mudança de comportamento, ou seja, valorização nos
processos de otimização dos relacionamentos das organizações modernas e dos políticos e executivos,
de modo geral, com os meios de
comunicação, nos últimos anos,
está relacionada com a tardia percepção de que não há um meio mais
viável e eficiente para promover
debates, esclarecimentos e disseminar comportamentos do que os veículos de comunicação.
Saber usá-los da melhor forma
não é uma tarefa para todos. É
necessário que se domine uma certa técnica para, dessa forma, obter o melhor daquilo que a mídia
oferece – visibilidade. “A visibilidade dada pelos meios de comunicação redefiniram os espaços públicos”, conclui Adalberto Melo, ao
observar também o quanto as empresas passaram a valorizar o alcance e poder dos mass media.
Mais que uma ferramenta para
complementar a assessoria de imprensa, o media training é um instrumento valioso para consolidar a imagem
de uma empresa, ao preparar seus
representantes para expor as idéias
e os pontos de vista da corporação.
Entretanto, Nemércio Nogueira, autor de Media Training – Melhorando
as Relações da Empresa, completa
que o melhor resultado para a imagem pública de uma empresa depende de como ela se relaciona com seus
mais diversos públicos. Eis que, nesse
momento, é imprescindível um trabalho de relações públicas. Por terem
como objetivo principal estabelecer
e manter o bom relacionamento entre empresas e seus públicos, os relações públicas devem criar uma forma de comunicação eficiente com
eles, trabalhando, não apenas, como
a informação deve chegar, mas qual
informação deve chegar ao público.
Para isso é necessário que se trabalhe com a informação verdadeira, objetiva e eficiente.
Nada que um bom planejamento de relações públicas, aliado ao
media training, não resolva.
29
RP Alternativo
Mercado de Trabalho II
por Nuno Francisco
Encarando o
desafio do mercado
maranhense
A
s organizações modernas es
tão cada vez mais vulnerá
veis à influência do ambiente
instável e turbulento do mundo
globalizado. Elas precisam ter bastante suscetibilidade a esse ambiente e
tomar medidas eficazes para que os
condicionamentos inerentes ao
paradigma da globalização não as
leve a falência. A configuração da
política de comunicação das organizações deve auscultar a opinião, as
tendências, os anseios e reivindicações
de múltiplos e variados segmentos
sociais que agora se organizam de
forma peculiar em busca da defesa e
salvaguarda dos seus interesses. Por
isso, faz-se necessário contar com a
ação do profissional de Relações Públicas nas organizações.
O Relações Públicas é o agente
capaz de identificar e medir as pressões internas e externas e, com
competência, colocar em sintonia
os interesses da organização e das
esferas intervenientes. Para construir relacionamentos sólidos com
os públicos estratégicos, o RP deve
ter acesso à alta administração e
participar do processo de tomada
de decisões estratégicas. Esse
posicionamento do profissional
permite-lhe prever a reação dos públicos diante das ações da organização, propor e implementar políticas e estratégias que assegurem
a interação dessas entidades com
seus públicos, prevenindo potenciais situações de conflito. É de sua
competência assessorar os direto-
30
RP Alternativo
res em decisões que possam ter repercussão na opinião pública.
Como estrategista da comunicação, o RP coordena a assessoria de
comunicação, sendo encarregado pela
consolidação da marca corporativa,
por elaborar estudos e avaliações de
público-alvo, executar pesquisas de
opinião e campanhas institucionais,
coordenar publicações internas e externas, lidar com governos, empresas
concorrentes, imprensa, políticos e,
também, organizar eventos.
Em nível local, nem sempre o Relações Públicas exerce o papel de “comandante” da comunicação nas organizações. Na Eletronorte, por exemplo, os Relações Públicas não assumem
diretamente essa função estratégica,
mas “trabalham inseridos na assessoria de comunicação,em integração
com profissionais de jornalismo, publicidade e administração”, diz o publicitário Renato Esteves, assessor de comunicação da empresa. Nela organizam a comunicação interna (manutenção do mural, jornal interno, observação de datas comemorativas etc) e
eventos, desenvolvem projetos de parceria com a comunidade e monitoram
o clima organizacional, a fim de obter
dados para a melhoria dos processos
na organização.
Entretanto, a assessoria de comunicação constitui apenas uma pequena fração do vasto campo em que o
RP pode atuar. Setores táticos como
o CRM ( Customer Relationship
Management), por exemplo, representam um ótimo espaço de atuação
para esse profissional, onde ele tem
a oportunidade de trabalhar uma comunicação excelente, de mão dupla,
contribuindo para que a organização
conheça melhor os seus clientes e buscando satisfazê-los, garantindo, dessa forma, a sua sobrevivência no mercado. Além disso, “O RP pode fazer
trabalhos simples, próximo ao empregado, suprindo deficiências da comunicação e otimizando o contato entre as organizações e seus públicos”,
afirma a RP Samira Martins, coordenadora do call center da Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão).
O campo de atuação do Relações
Públicas não se limita a grandes empresas. Ele pode, também, trabalhar em
pequenas organizações, prestando
consultoria de comunicação. Um caso
típico são as entidades do terceiro setor,
como organizações não-governamentais, instituições filantrópicas e sindicatos. Nelas, o RP utiliza-se das suas ferramentas para buscar novos parceiros e
doadores, recrutar voluntários, informar
conselheiros e os parceiros sobre o andamento das atividades, aumentar o
envolvimento dos beneficiários e prestar contas à sociedade sobre as atividades da organização.
Possibilidades de trabalho existem,
seja no parque industrial maranhense,
em franco crescimento, nas pequenas
empresas ou no terceiro setor. O que falta para o Relações Públicas é se mostrar,
dizer a que veio e abraçar as oportunidades que o mercado tem oferecido. Encarar o desafio, assumir uma postura empreendedora e aproveitar o mercado.
Identidade Cultural
por Elen Mateus
A COR DO PECADO
A COR DO MARANHÃO?
A
novela global “Da Cor do
Pecado” tem sido, desde
sua primeira transmissão, a
bola da vez nas pautas de discussão
de temas polêmicos, suscitando indagações de naturezas diversas. O
próprio título da novela é objeto de
análise de muitos pesquisadores
preocupados com os possíveis discursos racistas e preconceituosos
subjacentes à expressão “da cor do
pecado”, além das questões de gênero, dos estereótipos etc.
Mas, para além dessas questões,
um dos aspectos que tem sido o
centro das preocupações de muitos se refere ao modo como foram
construídas a imagem e a identidade do Maranhão na novela e, por
extensão, do povo maranhense.
A consideração de como se dá a
formação das identidades nos dias
atuais é fundamental para compreendermos quais são as conseqüências positivas e negativas que podem
resultar dessa exposição maranhense
na mídia. As identidades são referências de um lugar ou de uma pessoa
que vão sendo construídas pouco a
pouco, no interior de uma ordem
social (comunidades, grupos, sociedades e coletividades em geral), a
partir de certos elementos simbólicos e culturais que sintetizam suas
particularidades e idiossincrasias. Assim, o arroz de cuxá, por exemplo, é
considerado como uma comida típica do Maranhão, já que sintetiza um
modo particular de produção culinária da região. Desse modo esse
prato faz parte de um conjunto de
elementos culturais que imprimem
uma identidade ao Maranhão, considerando-se este como um espaço
de organização social, cujos agentes
sociais possuem tais e tais caracterís-
ticas físicas, lingüísticas, culturais e
comportamentais.
Tudo muito interessante. Mas, as
coisas não param por aí. Acontece
que, atualmente, com a midiatização
freqüente de imagens e padrões diversificados, a identificação das referências já não acontece de forma
gradativa e aprofundada, mas com
rapidez e superficialidade na captação das imagens. Segundo o Prof.
Fabiano Gontijo, antropólogo do
Departamento de Ciências Sociais da
Universidade Federal do Piauí (UFPI),
“com o desenvolvimento dos meios
de comunicação de massa (...) as referências identitárias se multiplicaram, se fragmentaram e se diversificaram, levando ao surgimento (ou,
pelo menos, à vulgarização) de processos identitários cada vez mais dinâmicos”. Desse modo, o meio mais
eficiente para expor o maior número de imagens capazes de revelar
traços de identidade em um curto
espaço de tempo é a formação de
estereótipos, de clichês.
O que observamos na novela?
Clichês. Imagens estereotipadas da
realidade maranhense: a mocinha pobre, negra, batalhadora; São Luís
- a cidade-vila, o vilarejo, o folclore,
o paraíso, o centro de cultura exótica, o popular. Se isso é ruim? Precisamos primeiro saber quais foram os
reais motivos que levaram o representante político oficial do Estado –
o Governo – a permitir as filmagens
em terra maranhense e como ele avalia os resultados dessa exposição.
Os motivos são óbvios: incluir o
Maranhão nos principais roteiros turísticos do Brasil e do mundo. Quando perguntado sobre como avalia o
modo de apresentação do Maranhão
na novela, o chefe da Assessoria de
Comunicação Social do Governo, jornalista Sérgio Macedo, responde: “a
discussão não é essa ... a discussão presente é expor o Maranhão para atrair
turista!”. Tudo bem, nada de errado
em querer alavancar a economia
maranhense por meio do turismo.
Mas, que garantias a população local
tem de que o turismo só trará benefícios ao Estado? Será que as conseqüências negativas dessa divulgação serão proporcionalmente atenuadas
pela contrapartida financeira? Será
que, por se tratar de uma obra de
ficção, a equipe de produção da novela tem o direito de intervir na estética de um cenário real e tombado pela
UNESCO? Até que ponto o autor da
novela tem alcançado seu objetivo
inicial de propiciar um espaço de discussão sobre os abismos sociais presentes em nosso país? Até que ponto
a realidade cotidiana do morador da
capital maranhense foi contemplada
nas cenas que tinham o objetivo de
descrevê-la?
Como é possível observar, a questão é mais complexa do que se pensa. Enquanto a equipe da novela
não volta para gravar a parte final,
nós ficamos aqui, esperando. E nessa espera, seria bom que todos nós,
como agenciadores da comunicação
pública, começássemos a criar espaços apropriados de discussão do
tema, lembrando sempre da seriedade que o reveste. Porque, segundo Néstor Canclini, diretor do Programa de Estudos sobre Cultura Urbana no México, “a identidade é
uma construção, mas o relato artístico, folclórico e comunicacional que
a constitui se realiza e se transforma
em relação a condições sócio-históricas não redutíveis à encenação”.
31
RP Alternativo
Artigo
por Francinete Louseiro de Almeida
O PROFISSIONAL DA
E S T R AT É G I A
“Somente com uma nova visão do
mundo contemporâneo, o RP poderá
explorar as condições favoráveis para
o alcance dos objetivos propostos.”
N
os últimos anos, em comunicação, muito se
tem ouvido falar na palavra “Estratégia”.
Vários autores estão valorizando em seus trabalhos a questão da estratégia dentro da comunicação e, principalmente, inserida-a nas Relações Públicas. Mas o que seria ser um estrategista da Comunicação? Como ter uma visão estratégica de uma organização? Será que aí estaria o grande diferencial
dos profissionais e a oportunidade de se fazer a diferença num mercado onde ainda não há uma
conscientização plena com relação à profissão de
Relações Públicas? Ou seria, na verdade, em relação
à própria importância da Comunicação Integrada?
Encontramos, no Aurélio, a seguinte definição de
Estratégia: “arte de explorar condições favoráveis com
o fim de alcançar objetivos específicos”. Portanto,
ser estratégico é estar atento para as oportunidades, é argumentar no momento certo: é na hora exata saber demonstrar o seu trabalho e, principalmente, estar conectado com todas as novidades do seu
próprio mercado.
Mudanças importantes vêm ocorrendo no mundo contemporâneo e na sociedade: o desenvolvimento das organizações, a implementação das
tecnologias da comunicação/informação, a própria
globalização, os novos conceitos frente às questões
ecológicas e a profissionalização e valorização da
classe trabalhadora , que se encontra muito mais
32
RP Alternativo
consciente da sua importância no contexto econômico.
Tais fatores não podem ser esquecidos, ou melhor,
desmerecidos pelo profissional responsável pela administração da rede de relacionamentos de uma organização. O Relações Públicas necessita identificar os públicos e desenvolver nessa rede os processos necessários para que ambas as partes envolvidas saiam beneficiadas. A Comunicação ganhará notoriedade no momento em que, pela sua função de conhecer, analisar
e direcionar esta rede de relacionamento, alcançar os
objetivos gerais da organização.
Aqui se retorna ao discurso da estratégia. É neste
momento que o profissional de Relações Públicas se
torna fundamental para as organizações, considerando que, em vista dos fatores citados acima, esse profissional dará um sentido estratégico à prática
comunicacional.
Somente conhecendo os seus públicos, com essa
nova visão do mundo contemporâneo, o RP poderá
aplicar o conceito de estratégia, ou seja, explorar as
condições favoráveis para o alcance dos objetivos propostos. Essas condições são o resultado de estudos e
trabalhos desenvolvidos, de análises, de pesquisas e,
sobretudo, do reconhecimento da valorização do planejamento da comunicação. As Relações Públicas, com
toda a sua experiência e inovações, estão caminhando
na direção certa. Basta agora que nós entendamos a
nossa importância nesse contexto e desenvolvamos um
novo perfil profissional: o Profissional da Estratégia.
Francinete Louseiro de Almeida
Professora substituta do Departamento de Comunicação
Social da UFMA
Relações Públicas da ASCOM/UFMA
Especialista em Comunicação Organizacional.

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