SICOE - Defesa Civil
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SICOE - Defesa Civil
SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA – 2003 A SEGURANÇA DOS BOMBEIROS DENTRO DO SISTEMA DE COMANDO E OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA - SICOE Ten Cel PM Sergio Paim Ignacio São Paulo 2003 SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA – 2003 A SEGURANÇA DOS BOMBEIROS DENTRO DO SISTEMA DE COMANDO E OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA - SICOE Ten Cel PM Sergio Paim Ignacio Monografia de conclusão de curso, sob orientação do Cel PM Jair Paca de Lima – Comandante do Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo São Paulo 2003 Dedicatória A minha esposa Jussara, e aos meus filhos Sergio Luiz, Ana Luiza e Jorge Fernando, por minha ausência durante a confecção deste trabalho. Agradecimentos A Deus, por mais esta oportunidade de evolução. Ao Cel PM Jair Paca de Lima, pelas sábias orientações nos momentos de dúvida. Ao Cel Res PM Antonio Alfonso Gill pelo direcionamento e dinâmica implementados ao trabalho. Aos Oficiais, Praças e Funcionários Civis do 18º Grupamento de Bombeiros, pelo apoio na elaboração desta obra. Ao Comando do CAES, Instrutores, Professores e demais integrantes dessa digna casa de ensino, pelos conhecimentos que foram transmitidos. RETRATO DO HOMEM ATIVO ... É aquele que sabe realizar aquilo que para os outros constitui simples aspiração; que cumpre sempre o seu dever; que tem iniciativa; que não espera as ocasiões, mas que as cria. Que ataca resolutamente as dificuldades; que dá de si, logo de entrada, boa impressão, que sabe ouvir e calar; que crê no poder divino; que não deixa as coisas no meio; imprime cunho e superioridade em tudo que lhe passa pelas mãos. Homem, enfim, que toma por divisa: “aperfeiçoar tudo o que puder; fazer tudo o melhor que puder; melhorar ainda mais aquilo que já tiver realizado”. Página constante do livro: “Sabedoria Universal” PREFÁCIO Como Comandante do Corpo de Bombeiros sinto-me honrado por ter sido convidado para orientar o presente estudo, e mais satisfeito ainda por este trabalho científico propor alinhavar princípios e sacramentar doutrina direcionada à segurança do homem nas atividades operacionais. O Corpo de Bombeiros tem como missão a proteção do meio ambiente, do patrimônio e, primordialmente, a proteção da vida, esta sem dúvida, riqueza maior conferida por Deus ao ser humano. Nesse sentido, nossa Corporação tem realizado ações pró-ativas, com ênfase na prevenção por meio da educação pública voltada à população em geral, e, por meio de normas, conscientizado nosso efetivo a eliminar atos inseguros que ponham em risco a sua própria integridade física. A par das mencionadas ações prevencionistas implementadas, quer por exigências legais, quer por orientações às pessoas da comunidade, a pujança e o progresso do Estado de São Paulo traz consigo um número cada vez maior de ocorrências que são atendidas por nossas prontidões, carreando nesses serviços, naturalmente, o risco de acidentes nas ações dos próprios bombeiros. Esses riscos, tidos como inerentes à profissão, têm sido diminuídos em relação a tempos remotos, onde os bombeiros daquela época atuavam com voluntariedade e destemor, nem sempre alcançando a eficiência desejada em virtude da falta de materiais, equipamentos e recursos tecnológicos que dispunham. Contudo, é a partir do legado de nossos antecessores que o Corpo de Bombeiros pôde evoluir, adquirindo materiais e viaturas tecnologicamente modernas, com o conseqüente aprimoramento técnico do homem. Esse conjunto de fatores levou o Corpo de Bombeiros a incorporar em seus serviços a implantação do Procedimento Operacional Padrão, os Planos Particulares de Intervenção e o Sistema de Comando em Operações de Emergências. 7 Na busca da excelência na prestação dos serviços à população paulista, o enfoque no ser humano passou a ser a política de comando, vez que o maior patrimônio da corporação é o seu público interno, e seu público externo, a razão de sua existência; assim equipou as guarnições de bombeiros com proteção individual, proteção respiratória, materiais adequados ao trabalho, bem como forte investimento em treinamento teórico e prático, ensinando que a segurança do bombeiro é fundamental para bem atender a quem dele necessita. Evidente que as ações não se esgotam e que os acidentes que têm vitimado bombeiros nos últimos anos merecem atenção, motivo da felicidade da escolha do presente tema. Não menos feliz foi seu resultado, que propôs medidas de segurança por intermédio de ações táticas e estratégicas, organizando e estabelecendo o comando das operações no local das emergências, evitando-se conflitos e desperdícios de meios, assim como minimizando perdas materiais e garantindo local de trabalho seguro ao bombeiro, centro desta discussão. Parabéns ao Tenente Coronel Paim pela escolha e desenvolvimento do tema. Coronel PM Jair Paca de Lima Comandante do Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................ 11 LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................... 12 RESUMO.............................................................................................. 13 ABSTRACT.......................................................................................... 14 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15 1 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................. 17 1.1 Livros .............................................................................................................. 17 1.2 Monografias do CSP e do CAO ...................................................................... 17 1.3 Manuais e Normas.......................................................................................... 18 1.4 Apostilas e Revistas ....................................................................................... 20 1.5 Internet ........................................................................................................... 21 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO .......................... 22 2.1 Os Primórdios da Segurança do Trabalho ...................................................... 22 2.2 A Revolução Industrial .................................................................................... 24 2.3 A Legislação no Brasil .................................................................................... 25 2.4 Outros Dispositivos Vigentes .......................................................................... 26 2.5 Histórico da Segurança do Trabalho no Corpo de Bombeiros de São Paulo . 27 2.5.1 O Bombeiro paulista e os convênios com os municípios .......................... 29 2.5.2 Primeiras medidas concretas ................................................................... 29 3 ESTUDOS ANTERIORES .............................................................. 32 4 A CONJUNTURA MUNDIAL DA SEGURANÇA DO TRABALHO 36 4.1 No Brasil ......................................................................................................... 36 4.2 A Segurança no Trabalho dos Bombeiros em Outros Países ........................ 37 4.3 O Serviço de Segurança do Trabalho no Corpo de Bombeiros de São Paulo 39 4.4 No Centro de Ensino e Instrução de Bombeiros (Escola de Bombeiros)........ 40 4.5 Nos Grupamentos de Bombeiros ................................................................... 41 4.6 Na Diretoria de Operações do Corpo de Bombeiros ...................................... 41 4.7 No Departamento de Finanças e Patrimônio. ................................................. 43 4.8 No Departamento de Recursos Humanos ...................................................... 44 5 AS CAUSAS DOS ACIDENTES .................................................... 45 5.1 Os Quase Acidentes ....................................................................................... 45 5.1.1 O Fator Humano ....................................................................................... 46 5.1.2 O Fator Material........................................................................................ 47 5.1.3 O Fator Treinamento ................................................................................ 49 5.1.4 O Fator Operacional ................................................................................. 50 5.1.5 O Resultado Segurança ........................................................................... 51 5.2 Estatísticas ..................................................................................................... 52 5.3 Custo dos Acidentes ....................................................................................... 54 5.3.1 5.4 O Custo para a imagem da Instituição ..................................................... 55 Estudo de Casos ............................................................................................ 55 5.4.1 Estudo de caso nº 01 – Incêndio em residência com explosão ambiental deixa bombeiros feridos ..................................................................................... 56 5.4.2 Estudo de caso nº 02 – Bombeiro morre eletrocutado ............................. 57 5.4.3 Estudo de caso nº 03 – Acidente em instrução de salvamento em galerias 59 5.4.4 Estudo de caso nº 04 – Incêndio em depósitos da Nestlé de São Bernardo do Campo........................................................................................................... 61 5.4.5 Estudo de caso nº 05 – Dois bombeiros de São Paulo morrem num incêndio em prédio desativado ........................................................................... 67 5.5 Incêndio nos Prédios da CESP em São Paulo (Um Quase Acidente) ............ 70 5.6 Destruição das Torres Gêmeas ...................................................................... 73 6 A IMPORTÂNCIA DO SICOE PARA A SEGURANÇA DO BOMBEIRO.......................................................................................... 81 6.1 O SICOE......................................................................................................... 81 6.2 A Segurança Inserida no Estado Maior de Emergência ................................. 83 7 PESQUISA DE CAMPO ................................................................. 86 7.1 Pesquisa Nacional .......................................................................................... 86 7.2 Pesquisa no Estado de São Paulo ................................................................. 87 8 PROPOSTAS ................................................................................. 94 8.1 Gerais ............................................................................................................. 94 8.2 Particulares..................................................................................................... 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 96 BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 98 ANEXO A – ACIDENTE DE BOMBEIROS EM TRABALHO ..............101 ANEXO B- CURRÍCULO DO CBS – SEGURANÇA DO TRABALHO NO CB 106 ANEXO C – CURRÍCULO DO CBO – SEGURANÇA DO TRABALHO NO CB .................................................................................................110 LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Situação Inicial do Incêndio .............................................................. 63 Figura 02 - Evolução do Incêndio ....................................................................... 64 Figura 03 - Situação Final com Localização dos Corpos ................................... 65 Figura 04 - Fachada da Edificação Sinistrada .................................................... 69 Figura 05 - Prédios CESP 1 e 2 após o sinistro ................................................. 72 Figura 06 - Torres Gêmeas Intactas ................................................................... 73 Figura 07 - Monumento de Luzes após o desastre ............................................ 74 Figura 08 - Detalhamento do WTC ..................................................................... 75 Figura 09 - Vista de Nova Iorque durante o desastre ......................................... 76 Figura 10 - Escombros do WTC ......................................................................... 80 Figura 11 - Organograma do SICOE .................................................................. 82 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - PROTACO Instaurados em 2002......................................................... 52 Gráfico 2 - PROTACO Instaurados em 2003......................................................... 53 Gráfico 3 - Participou de cursos ou estágios sobre segurança do trabalho na Corporação ........................................................................................................ 88 Gráfico 4 - Participou de cursos na área de segurança do trabalho fora da Corporação ........................................................................................................ 88 Gráfico 5 - Conhece a CIPA do seu quartel........................................................... 89 Gráfico 6 - Há quantos anos é Sargento do Serviço Operacional ......................... 89 Gráfico 7 - Quem cuida da Segurança do Trabalho dos Bombeiros dentro da Emergência ........................................................................................................ 90 Gráfico 8 - Existe no seu Posto de Bombeiros quadros, faixas, avisos ou congêneres que alertem para os cuidados com a segurança. ........................... 90 Gráfico 9 - É feita diariamente a inspeção nos equipamentos de proteção individual e respiratória e manutenção de 1º escalão nas viaturas. ................... 90 Gráfico 10 - Conhecem o SICOE ......................................................................... 91 Gráfico 11 - O SICOE é: ...................................................................................... 91 Gráfico 12 - Quantas vezes já participou do SICOE ............................................ 92 RESUMO A SEGURANÇA DO TRABALHO DO BOMBEIRO DENTRO DO SISTEMA DE COMANDO E OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA é uma das maiores preocupações atuais na Instituição. O desastre das Torres Gêmeas de Nova Iorque, com a perda de 343 bombeiros e um acidente em um incêndio, na cidade de São Paulo, onde morreram dois bombeiros e outro ficou ferido, além de outros acidentes que vêm acontecendo, causam preocupação a todos. O método usado para desenvolvimento deste trabalho foi o de avaliar os conhecimentos de segurança de acidentes que os bombeiros trazem consigo, baseando-se em alguns estudos de casos; na política da Instituição e na disponibilidade de meios para o desempenho das missões com segurança. Para se medir o atual sistema de segurança do trabalho foi estabelecido um paralelo com os corpos de bombeiros nacionais e estrangeiros e com as empresas privadas. Tomou-se por base, que para obtenção de um resultado positivo numa emergência, as ações têm de ser disciplinadas, controladas e enquadradas em procedimentos operacionais padrões. O sistema gerenciador existente é o SICOE, que deve fazer parte de todas as emergências, de pequeno ou grande porte. Será proposto ao final a criação de um núcleo ou departamento que congregue todas as atividades de segurança do bombeiro; o incremento de especialistas em segurança do trabalho, para atuar antes, durante e depois das emergências e a criação de uma comissão permanente de investigação de acidentes. Outros aspectos ligados à formação e instrução de pessoal, e de composição de grupos de trabalho sobre o tema também serão discutidos nesta obra. ABSTRACT FIREFIGHTER WORKING SAFETY DURING EMERGENCY OPERATION COMMAND SYSTEM is one of this institution’s main concerns in now days. The New York’ Twin Towers fatal accident resulting in the death of 343 firefighter; as well as the recent accident in a Sao Paulo in a abandoned building killing two firefighter and seriously injuring another, among many other serious accidents has raised the awareness and is forcing the firefighters leadership to pay closer attention to firefighter working safety conditions. This project seeks to contribute to the improvement and safety of firefighters during emergency rescue operations, and the methodology applied to its development was to use as reference the practical and theoretical knowledge gathered from firefighter working in the operational front, from policies makers of working safety, from the analysis of the human and equipment resources used during emergency operations, and other means that influence the results of operational activities, and then look for solutions. For the working safety system evaluation a comparison among national, international firefighters, and private companies was developed. The base for a positive result during emergency procedures is a controlled and disciplined action, thoroughly trained and in accordance with the standard operational procedures, yet accompanied by protection equipment and adequate service execution. The management system used to coordinate such operation is the SICOE, which should be part of every emergency procedure, both small and large, to enable the harmony between command and application troops. With the emergency response occurring in a disciplined manner, the improvement of safety specialist will give an additional quality to the job performed. Other important aspects such as personnel instruction and development as well as the creation of working groups about the topic will be discussed in this project. INTRODUÇÃO O número de acidentes que tem vitimado bombeiros nos últimos anos é preocupante e merece uma atenção especial dos dirigentes da Instituição. A busca de soluções, através de propostas embasadas em pesquisas, estudos de casos e no histórico da Instituição buscará diminuir estes acontecimentos. Há necessidade de se identificar as raízes destes acidentes para o desenvolvimento de um planejamento global, visando às correções necessárias. Estes ajustes dependerão do desenvolvimento de uma política de segurança no trabalho de bombeiros. O problema a ser abordado diz respeito ao grande número de acidentes, que vitimam bombeiros, no Estado de São Paulo, tanto nas emergências, como nos treinamentos. A delimitação do estudo é feita a partir do ano de 1980, até os dias de hoje. Alguns textos anteriores também foram consultados e citados. A hipótese que se levanta é que oficiais e praças do Corpo de Bombeiros de São Paulo se sensibilizem da necessidade de um ordenamento formal e direcionado para uma maior segurança nas atividades operacionais. O objetivo do trabalho é estabelecer proposições concretas de atos normativos e ordens que definirão: a criação de comissões, departamentos ou núcleos específicos; a complementação e implementação de matérias de segurança nas áreas de ensino e instrução; a definição da obrigatoriedade de pesquisas e investigações de acidentes e a compra de materiais e equipamentos de proteção individuais e outros. Justifica-se a escolha do tema face ao grande número de acidentes em emergências que, na maioria das vezes, se deu por atos inseguros ou erros chamados de fundamentos básicos. A introdução destas proposições fará com que a confiança dos bombeiros aumente. Introdução Empregou-se 16 metodologicamente pesquisa bibliográfica nacional e estrangeira e ainda foi aplicado um questionário em alguns Corpos de Bombeiros Militares de outros Estados da Federação e um outro para os bombeiros comandantes de guarnições no Estado de São Paulo. Estruturalmente o trabalho está dividido em oito capítulos, congregando os seguintes temas: 1 -Referencial Teórico, que dá as fontes bibliográficas utilizadas, sintetizando os respectivos assuntos e inclui as monografias consultadas; 2 Histórico da Segurança do Trabalho que dá um panorama de sua evolução no Brasil e no mundo através dos anos; 3 – Estudos Anteriores que mostram trabalhos monográficos realizados sobre o tema; 4 – A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho que mostra o tratamento que o problema recebe em outros países e no Corpo de Bombeiros de São Paulo, onde se destaca o que cada departamento, divisão ou grupamento faz para a segurança de seus componentes; 5 – As Causas dos Acidentes, buscando os motivos que possam ter dado origem aos mesmos, alguns estudos de casos, apresentação e comentários sobre a tragédia das Torres Gêmeas de Nova Iorque; 6 - A Importância do Sistema de Comando em Operações de Emergência, que define a importância do estabelecimento da ordem e da disciplina dentro da emergência, pois elas são fundamentais para a segurança do conjunto; 7 – Pesquisa de Campo, onde são aplicados questionários para os bombeiros de alguns estados brasileiros e para os bombeiros comandantes de equipes de socorro no Estado de São Paulo, e finalmente é apresentado o capítulo 8 - Algumas Propostas que sintetizam as necessidades verificadas ao longo do trabalho. Procurou-se enfatizar determinadas colocações, de forma proposital, para que os conceitos e idéias principais fossem bem fixados. Por fim, espera-se que o trabalho sirva para semear idéias que possam produzir frutos num futuro bem próximo, satisfazendo aqueles que analisarem os dados estatísticos de segurança de trabalho de bombeiros. Capítulo 1 REFERENCIAL TEÓRICO A bibliografia nacional para este tema é escassa. Vai-se encontrar literatura específica nos países do cone norte, onde a cultura de bombeiro é mais desenvolvida. Este capítulo apresenta as fontes escritas que serviram de base a esta obra. 1.1 Livros O livro Segurança e Medicina do Trabalho1, que é uma coletânea de Legislações, que cita a Lei nº 6514/77 e as Normas Regulamentadoras, aprovadas pela Portaria nº 3214/78. O Fire Protetion Handbook2, que é o centenário manual americano, precursor da National Fire Protection Association, trata do tema em uma de suas seções. Outro livro que se dispõe é o Dicionário NOSE ilustrado de nomenclatura de segurança3, do Cel. Edil Daubian Ferreira, definindo segurança do trabalho, segurança e medicina do trabalho e outros importantes conceitos para esta obra. 1.2 Monografias do CSP e do CAO O então Cap PM Mário Leme Freitas, em A Segurança do trabalho na atividade de bombeiro, de 1987, tratou de forma pioneira o assunto e será abordado com mais detalhes no capítulo seguinte. 1 SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. 50.Ed.São Paulo:Atlas, 2002. .FIRE PROTETION HANDBOOK. 17. ed. Quincy. USA. Editora Mapfre, 1991. FERREIRA, Edil Daubian. Dicionário nose ilustrado. 1. ed. São Paulo: Livraria Everest. 1992. 2 3 Referencial Teórico 18 O então Cap PM Marco Antonio Archangelo, em O Serviço especializado na segurança, higiene e medicina do trabalho no Corpo de Bombeiros, de 1990, procurou mostrar à Instituição a necessidade de se adaptar o sistema existente no mundo privado, indicando a necessidade de uma política de segurança. O então Ten Cel PM Roberto Cursino dos Santos, em Prevenção de acidentes de trabalho nas atividades de bombeiros, de 1984, propõe um manual de prevenção de acidentes de trabalho ilustrado para o Corpo de Bombeiros. O então Maj PM Orlando Rodrigues de Camargo Filho, em Análise do ciclo e variáveis que interagem um caso real de incêndio, de 1995, estabeleceu o estudo de um incêndio nos prédios das Centrais Elétricas de São Paulo, em 1987, onde parte do prédio ruiu, enquanto vários bombeiros faziam trabalhos no seu interior. O então Ten Cel PM Jair Paca de Lima, em Proposta de aperfeiçoamento do sistema de comando e operações em emergências do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo, de 1998, busca determinar que o sistema seja aberto para adaptações necessárias, propõe alterações, sugere a intensificação de treinamentos através da criação de estágios pela Escola de Bombeiros para Oficiais Superiores e Capitães, além de ressaltar a importância do Sistema para a resolução das emergências em todos os níveis. A obra ora em execução está sendo um estudo mais aprofundado do item segurança, que faz parte do SICOE. 1.3 Manuais e Normas Vários manuais e normas abordam o tema, principalmente os da Instituição, que mostram a atual política de segurança do trabalho dos bombeiros. Outros de literatura nacional e estrangeira também são utilizados. Referencial Teórico 19 O Manual do SICOE4, Sistema de comando e operações em emergências, define como se deve organizar as equipes de bombeiros nas emergências. A estrutura deste sistema tem a segurança como um dos seus principais itens. A norma americana NFPA-15005, da National Fire Protection Association, trata da segurança ocupacional e programa de saúde dos bombeiros e serve de base para este trabalho. Também é utilizada a NFPA-10016, que estabelece critérios mínimos para bombeiros iniciantes profissionais ou voluntários. A NFPA-15217 define as atribuições do oficial ou homem de segurança de bombeiro. O Manual de padronização de procedimentos policiais-militares8 busca estabelecer padrões nos processos produtivos operacionais e administrativos, baseando-se na qualidade total. Os itens de segurança dos bombeiros nas emergências devem obedecer a padrões. A portaria PM1-2/02/999 determina a criação da CIPA da Polícia Militar, que dá diretrizes para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais na Corporação. O RI-6 PM10 , Regimento interno da CIPA/OPM, dá o padrão de criação de CIPA, nas organizações policiais militares, no nível de batalhão. A Diretriz Nº PM6-01/30/0211 cria o SISUPA, Sistema de Supervisão e Padronização dos serviços policiais-militares. Este sistema inclui o PROTACO, Procedimento Técnico de Análise da Conduta Operacional, que obriga a investigação de acidentes e elaboração de estatísticas. 4 CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual do SICOE, 1997. NFPA-1500. Standard department occupational safety and health program, 1997 edition. 6 NFPA-1001.Standard for fire fighter professional qualifications, 2002 edition 7 NFPA-1521. Standard for fire department safety officer, 1997 edition. 8 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - M-13-PM. Manual de padronização de procedimentos policiais-militares. Boletim Geral 54/00, 20mar00. 9 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Portaria PM1-2/02/99. Determina a constituição das CIPA na Polícia Militar com base no inciso XXV, do artigo 115, da Constituição Estadual. Boletim Geral 76/99, 23Abr99. 10 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. RI-6 PM. Regimento interno da CIPA/OPM. Boletim Geral 12/01, 17jan01. 11 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz PM^-001/30/02. Estabelece normas para a criação e funcionamento do Sistema de Supervisão Padronização Operacional nos serviços policiais-militares (SISUPA). Boletim Geral 52/02, 02abr02. 5 Referencial Teórico 20 A Diretriz Nº CCB – 001/212/0212 institui o SISUPA no Corpo de Bombeiros e cria a Comissão Regional de Padronização do Corpo de Bombeiros; A Diretriz Nº DODC-002/223/9713 define a elaboração de Planos Particulares de Intervenção, PPI, onde locais complexos e com alto risco para a segurança são estudados particularmente pelos bombeiros. A Diretriz Nº CCB-001/212/0314 regula a instrução de tropa pronta de bombeiros no Estado de São Paulo. 1.4 Apostilas e Revistas A apostila Segurança do trabalho nos serviços de bombeiros 15, do 1o Ten PM Odair Alias, é utilizada nos cursos de especialização de bombeiros oficiais e sargentos. A Introdução à análise de risco, sistemática e métodos16 define critérios para minimização dos riscos em indústrias químicas, locais muito freqüentados por bombeiros em situações de emergências. A Fire Fighter Safety and Survival 17, da Federal Emergency Management Agency, é uma apostila base para o treinamento de segurança dos bombeiros, realizado na National Fire Academy. 12 CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz Nº 001/212/02. Institui o SISUPA no Corpo de Bombeiros. Boletim Interno 29/02, 25Abr02. 13 CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz DODC-002/323/97. Fixa procedimentos para elaboração de planos particulares de intervenção. Boletim Interno 29/97, 20mar97. 14 CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz CCB-001/212/03. Regula a instrução de tropa pronta no âmbito do Corpo de Bombeiros. Boletim Interno 02/03, 08jan03. 15 ALIAS, ODAIR. Segurança do trabalho nos serviços de bombeiro. Apostila (Curso de Bombeiros para Oficiais)- Centro de ensino e Instrução do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2001. 16 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO RISCO SISTEMÁTICA E MÉTODOS. 3. ed. São Paulo: Firex. 1997. 17 FIRE FIGHTER SAFETY AND SURVIVAL. Apostila. Federal Emergency Managementn Agency – National Fire Academy. Maryland. USA. 1986. Referencial Teórico 21 Várias apostilas da FUNDACENTRO, Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, entre elas a produzida por Aníbal dos Anjos Pardal18, mostra os custos dos acidentes. Revistas especializadas que tratam do assunto foram consultadas, entre elas várias edições da NFPA Journal em Português, revista Proteção, revista Incêndio, revista Bombeiros em Emergências e a revista CIPA. 1.5 Internet A rede mundial de computadores foi bastante utilizada, e foram pesquisados os sites da NFPA Journal em Português19, que trata com detalhes a tragédia de 11 de Setembro. O site da OSHA, Occupational Safety & Health Administration20, que trata de assuntos ligados à segurança ocupacional e administração de saúde, foi também diversas vezes visitado ao longo do presente trabalho. 18 19 PARDAL, ANIBAL DOS ANJOS. Custos dos Acidentes. Apostila. FUNDACENTRO - Fundação Centro Nacional de Higiene e Medicina do Trabalho de São Paulo, 1971. NFPA JOURNAL EM PORTUGUÊS. Riscos Calculados http://www.nfpa.org/NFPAJournal/JournalemPortuguês/Arquivos/ Risc.../RiscosCalculados.as, 19/06/99. OSHA – OCCUPATIOINAL SAFETY 7 HEALTH ADMINISTRATION. http://www.osha-slc.gov/dts/osta/oshasoft/softfirex.htm 20 Capítulo 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO Seria temerário pretender determinar com precisão o momento em que o homem passou a preocupar-se com a proteção contra acidentes e enfermidades. O instinto de sobrevivência da espécie norteava a conduta do homem primitivo. A sua preocupação básica era sempre de preservar e conservar a saúde. Sempre houve notória correlação de causa e efeito entre trabalho e acidente ou doença. Tanto o homem das cavernas, vitimado por um tropeção ao tentar alcançar uma presa, quanto o trabalhador de hoje, que sofre uma lesão pelo automatismo de uma máquina, sofreram um acidente de trabalho. 2.1 Os Primórdios da Segurança do Trabalho Hipócrates em seus escritos, que datam de quatro séculos antes de Cristo, fez menção à existência de moléstias entre mineiros e metalúrgicos. Plínio, O Velho, que viveu antes do advento da era Cristã, descreveu diversas moléstias do pulmão entre mineiros e envenenamento advindo do manuseio de compostos de enxofre e zinco. Galeno, que viveu no século II, fez várias referências a moléstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do Mediterrâneo. Agrícola e Paracelso investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. Georgius Agrícola, em 1556, publicava o livro De Re Metallica, onde foram estudados diversos problemas relacionados à extração de minerais argentíferos e auríferos, e à fundição da prata e do ouro. Esta obra discute os acidentes de Histórico da Segurança do Trabalho 23 trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros, dando destaque à chamada asma dos mineiros. A descrição dos sintomas e a rápida evolução da doença pareciam indicar tratar-se da silicose. Em 1697 surge a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença, de autoria de Paracelso: Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten. São numerosas as suas citações relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas que produziam doenças. Destaca-se que a intoxicação pelo mercúrio e seus principais sintomas foram por ele assinalados. Em 1700 era publicado, na Itália, um livro que iria ter notável repercussão em todo o mundo. Tratava-se da obra De Morbis Artificum Diatriba, de autoria do médico Bernardino Ramazzini, que foi cognominado o Pai da Medicina do Trabalho. Nessa importante obra, verdadeiro monumento da saúde ocupacional, são descritas cerca de 100 profissões diferentes e os riscos específicos de cada uma. Um fato importante é que muitas de suas conclusões eram baseadas nas observações clínicas do autor, que nunca esquecia de perguntar ao seu paciente qual era a sua ocupação. Foi ele também que lançou o lema: É mais importante prevenir que curar, provocando uma verdadeira revolução na época. Devido à escassez de mão-de-obra qualificada para a produção artesanal, o gênio inventivo do ser humano encontrou na mecanização a solução do problema. Partindo da atividade predatória, evoluiu para a agricultura e pastoreio, alcançou a fase do artesanato e atingiu a era industrial. Entre 1760 e 1830, ocorreu na Inglaterra a Revolução Industrial, marco inicial da moderna industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira máquina de fiar. Até o advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, o artesão fora dono dos seus meios de produção. O custo elevado das máquinas não mais permitiu ao próprio artífice possuí-las. Desta maneira, os capitalistas, antevendo as possibilidades econômicas dos altos níveis de produção, decidiram adquiri-las e Histórico da Segurança do Trabalho 24 empregar pessoas para fazê-las funcionar. Surgiram assim, as primeiras fábricas de tecidos e, com elas, o Capital e o Trabalho. 2.2 A Revolução Industrial A introdução da máquina a vapor mudou integralmente o quadro industrial. A indústria, que não mais dependia de cursos d'água, veio para as grandes cidades, onde era abundante a mão-de-obra. Condições totalmente inóspitas de calor, ventilação e umidade eram encontradas, pois as fábricas nada mais eram que galpões improvisados. As máquinas primitivas ofereciam toda a sorte de riscos e as conseqüências tornaramse tão críticas que começaram os clamores, inclusive de órgãos governamentais, exigindo um mínimo de condições humanas para o trabalho. A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída não só de homens, mas também de mulheres e crianças, sem quaisquer restrições quanto ao estado de saúde e desenvolvimento físico, passaram a ser uma constante. Nos últimos momentos do século XVIII, o parque industrial da Inglaterra passou por uma série de transformações as quais proporcionaram melhoria salarial dos trabalhadores, mas causaram problemas ocupacionais bastante sérios. O trabalho em máquinas sem proteção; o trabalho executado em ambientes fechados onde a ventilação era precária e o ruído atingia limites altíssimos; a inexistência de limites de horas de trabalho trouxeram como conseqüência elevados índices de acidentes e de moléstias profissionais. Na Inglaterra, França e Alemanha, a Revolução Industrial causou um verdadeiro massacre a inocentes, e os que sobreviveram foram arrastados para um mundo de calor, gases, poeiras e outras condições adversas nas fábricas e minas. Esses fatos logo se colocaram em evidência pelos altos índices de mortalidade entre os trabalhadores e especialmente entre as crianças. Histórico da Segurança do Trabalho 25 A sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes e, também, da gravidade desses acidentes. Nessa época, a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles Dickens. Esse notável romancista inglês, através de críticas violentas, procurava a todo custo condenar o tratamento impróprio que as crianças recebiam nas indústrias britânicas. Em 1873, em Muhlhause, Alemanha, foi criada a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, tendo por objetivo evitar o acidente e amparar o trabalhador acidentado. Em 1883, Emilio Muller funda em Paris a Associação dos Industriais contra os acidentes de trabalho. Os Estados Unidos da América promulgaram a primeira lei sobre indenização dos trabalhadores em 1903, limitada a empregados e trabalhadores federais e, em 1921, a estenderam a todos os trabalhadores. Em 1919, pelo Tratado de Versalhes, foi criada a Organização Internacional do Trabalho. A OIT substituiu a Associação Internacional de Proteção Legal do Trabalhador e tem sua sede em Genebra. Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar à teoria do risco social: o acidente do trabalho é um risco inerente à atividade profissional exercida em benefício de toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte, amparar a vítima do acidente. 2.3 A Legislação no Brasil O Brasil tem uma legislação relativamente nova em matéria previdenciária. A economia brasileira foi inicialmente alicerçada no braço escravo e se baseava na Histórico da Segurança do Trabalho 26 agricultura. Até o início do século passado, não tinha se defrontado com problemas semelhantes aos vivenciados por países mais adiantados, que já contavam com trabalhadores livres e com uma indústria crescente. No período que antecedeu a 2a Guerra Mundial, que inclui o início da revolução industrial brasileira, por volta de 1930, algumas leis relativas ao seguro social dos trabalhadores se destacaram, entre elas: a Lei 3724, de 15 de janeiro de 1919, tornando compulsório o seguro contra o risco profissional a que estavam sujeitos os empregados das indústrias; o Decreto 16027, de 30 de abril de 1923, que criou o Conselho Nacional do Trabalho, junto ao então Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio; e a Lei 4682, de 24 de janeiro de 1923, conhecida como a Lei Eloi Chaves, que dispunha sobre assistência médica, aposentadoria por tempo de serviço, idade por invalidez após 10 anos de serviço e ainda pensão aos beneficiários do segurado falecido. A Lei 5161, de 21 de outubro de 1966, autorizou a instituição da Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, que efetivamente iniciou treinamentos dirigidos a médicos, engenheiros e técnicos de nível médio. Na época existia uma preocupação com o grande número de acidentes de trabalho que, por ano, matava, feria e afastava de suas atividades mais brasileiros do que os soldados mortos e feridos na guerra do Vietnã. 2.4 Outros Dispositivos Vigentes Abaixo seguem outros dispositivos legais que tratam de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, explícita ou implicitamente: Constituição Federal, Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969. Assegura no seu artigo 165, inciso IX, aos trabalhadores, o direito à higiene e segurança do trabalho. No inciso XV, assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva. No inciso XVI, seguro de acidente de trabalho; Histórico da Segurança do Trabalho 27 A Portaria 3214, de 8 de junho de 1978, baixada pelo Ministério do Trabalho, com fundamento na Lei 6514, de 22 de dezembro de 1971, aprovou as Normas Reguladoras - NR, relativas à higiene, segurança e medicina do trabalho. A Portaria nº 3237, de 27 de julho de 1972, obriga a criação do serviço especializado em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho e determina que os estabelecimentos tenham um número mínimo de profissionais especializados em segurança. Empresas, por exemplo, com o número de empregados entre 2001 e 3500, e classificadas com o grau de risco 4, deveriam ter, pelo menos, 6 técnicos de segurança; 2 engenheiros de segurança; 2 auxiliares enfermeiros e 2 médicos. A evolução da legislação e a ampliação do treinamento e da conscientização dos próprios empresários obtiveram como resultado, já em 1979, a diminuição à metade do percentual de acidentados e diminuição também significativa do número absoluto de acidentes, embora tivesse quase dobrado o número de trabalhadores segurados. Segundo dados da primeira convenção de CIPAS do Estado de São Paulo, em 1980, o índice percentual de acidentes em relação ao número de beneficiários pela Previdência Social havia caído para 6%. O cenário no plano nacional tem evoluído positivamente ao longo dos anos, em razão do entendimento, por parte do empresariado de que o sucesso dos negócios está diretamente ligado ao fato de se manter a sua peça fundamental, o trabalhador, em condições excelentes de saúde. 2.5 Histórico da Segurança do Trabalho no Corpo de Bombeiros de São Paulo Desde a sua criação em 1880, o Corpo de Bombeiros de São Paulo vem procurando aperfeiçoar os padrões de segurança do trabalho para os seus homens. Num passado mais antigo, estas medidas eram empíricas e executadas de forma Histórico da Segurança do Trabalho 28 reativa para alguns acidentes. Mais recentemente, as providências passaram a ser mais técnicas, preventivas e pró-ativas. Dentro deste quadro, tem-se notícia que a história da segurança do bombeiro, em São Paulo, remonta ao ano de 1894, quando mensagens e determinações eram transmitidas à tropa sobre medidas de segurança inseridas nas Ordens do Dia21·: O primeiro cuidado dos Officiais e Praças do CB, em qualquer incêndio será salvar as pessoas que estiverem em perigo, empregando ao mesmo tempo os meios precisos para que o serviço de extinção se faça com a maior rapidez e o menor perigo possível. A partir do início do século XX, começaram a ser criados os primeiros manuais de bombeiros, que traziam no seu bojo recomendações sobre normas de segurança para as ocorrências. Eram manuais genéricos e citem-se os principais dos anos de 1909, 1915, 1936 e 1954. Foi na década de 70, na Companhia Independente de Bombeiros, hoje 8 o Grupamento de Bombeiros, sediado em Santo André, que surgiram os primeiros conceitos de procedimentos operacionais padronizados. Estes procedimentos traçavam os desencadeamentos da emergência com medidas de segurança neles embutidos. Foi nesta década, também, que aconteceram grandes incêndios em São Paulo, como os dos Edifícios Andraus e Joelma, respectivamente, em 1972 e 1974. Naquele período era marcante a falta de materiais, equipamentos, viaturas e até de manuais de procedimentos, ficando a segurança dos bombeiros bastante prejudicada. O lado positivo destes episódios foi o das conquistas que viriam a partir daí. A partir de 1978 começam a ser criados os Manuais Técnicos de Bombeiros, famosos MTB, que estabeleciam procedimentos sobre atividades e equipamentos de forma mais específica. 21 Extraído de um antigo livro de notas guardado na Diretoria de Recursos Humanos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Histórico da Segurança do Trabalho 2.5.1 29 O Bombeiro paulista e os convênios com os municípios A década de 80 é fundamental para o desenvolvimento dos serviços de bombeiros em São Paulo, pois começam a ser lavrados os primeiros convênios entre o Estado e os Municípios, para a manutenção e ampliação dos serviços. A necessidade da expansão e melhoria destes serviços impôs este incremento, pois o Estado já não dispunha de condições financeiras para isto. Então as obrigações eram divididas com os municípios, cabendo ao Estado as atribuições de sustentar os bombeiros com as suas remunerações, assistência médica, previdenciária e alguns outros itens, e aos Municípios, em linhas gerais, a conservação e manutenção dos prédios, equipamentos e viaturas, além da alimentação e alguns outros itens definidos em lei. Paralelamente, na mesma época, aparecem no Corpo de Bombeiros as primeiras iniciativas de seus integrantes, que, por contatos que mantinham com empresas privadas, por viagens que faziam ao exterior e pelos acidentes que viam acontecer, vislumbravam a necessidade de criação de um sistema de segurança de trabalho nas atividades de bombeiros. Iniciam-se, então, as primeiras publicações de revistas especializadas e os primeiros trabalhos monográficos sobre o assunto. Os pioneiros, pela ordem, foram os então Capitães Freitas e Archângelo e o Tenente Coronel Cursino, que apresentaram trabalhos que demonstravam preocupação específica com o homem desenvolvendo o trabalho de bombeiro propriamente dito. 2.5.2 Primeiras medidas concretas Em 1987 foi incluído no currículo do então Curso de Bombeiros para Sargentos, CBS e, a partir de 1988, no currículo do Curso de Bombeiros para Oficiais, CBO, a cadeira de Legislação e Segurança do Trabalho nos Serviços de Bombeiros. No ano de 1988, para suprir a necessidade de parâmetros para desempenhar as atividades operacionais, foi dado início ao Manual de Fundamentos de Histórico da Segurança do Trabalho 30 Bombeiros, baseado em normas americanas. Este manual só foi concluído oito anos após e trazia noções básicas de segurança. Já na década de 90, surgem os protocolos para o atendimento pré-hospitalar de emergências médicas. Este serviço trouxe consigo cultura e medidas preventivas relativas à integridade da saúde do bombeiro. Em 1993 retoma-se a elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrão. A determinação dos passos para se atingir um objetivo nas emergências é fundamental, tanto para se fazer um determinado treinamento, como para o estabelecimento das medidas de segurança. Para a sedimentação destes procedimentos, foram realizados seminários em 1995, 1996, 1997 e 1998. Nos anos seguintes foram também realizados seminários para apresentação de monografias elaboradas e defendidas por Oficiais durante o Curso Superior de Polícia e de Aperfeiçoamento de Oficiais. Instituiu-se, também, em 1997, o SICOE, Sistema de Comando em Operações de Emergência22, que visava a esquematizar e ordenar emergências de todos os portes, sendo fundamental para o sucesso das emergências e para a segurança dos bombeiros. Em termos de ordenamento da segurança dos bombeiros, aparece, em 2002, um sistema criado para sistematização e padronização dos procedimentos operacionais na Polícia Militar, denominado SISUPA23, que tem como base geral o espírito e organização dos POP já existentes no Corpo de Bombeiros, que vêm ligados aos ideais da qualidade total. Dentro do SISUPA, vem o PROTACO, que é Procedimento Técnico de Análise das Condutas Operacionais, obrigando sempre que haja problemas uma análise mais detalhada da situação, incluindo uma investigação, provocando uma série de providências decorrentes. 22 A origem do SICOE é a Diretriz No DvODC-003/31/92, que regula e padroniza nas UOp/CB o Despacho e Composição do Socorro. 23 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz PM-001/30/02. Estabelece normas para a criação e funcionamento do Sistema de Supervisão Padronização Operacional nos serviços policiais-militares (SISUPA). Boletim Geral 52/02, 02abr02. Histórico da Segurança do Trabalho 31 Portanto, verifica-se que a idéia está sempre presente; que o interesse e o trabalho dos diversos comandos são patentes, e que há a necessidade da montagem de uma estrutura definida de segurança do trabalho na Instituição. Vislumbra-se o início desta estruturação com a implementação da NORSOB – Normas para o Sistema Operacional de Bombeiros, que está sendo estudada por uma comissão específica. Capítulo 3 ESTUDOS ANTERIORES Ao longo dos anos, alguns oficiais do Corpo de Bombeiros escreveram sobre o tema e tiveram os seus trabalhos parcialmente aproveitados. O então Cap. Mário Leme Freitas, um dos primeiros Oficiais a se graduar em Engenharia de Segurança do Trabalho, trouxe muitas contribuições da Alemanha, para o desenvolvimento da sua monografia do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, no ano de 1987. Apregoava que os serviços de bombeiros não poderiam eliminar o aparecimento de novos e maiores riscos que acompanhavam o desenvolvimento tecnológico, mas que deveria haver uma preparação com os recursos disponíveis, obtidos através do avanço tecnológico, para minimizar a exposição dos bombeiros aos citados riscos, preservando a saúde e a capacidade de trabalho dos mesmos. Colocava também que os objetivos seriam alcançados através do condicionamento físico, do controle da alimentação e do peso, do exame médico anual, do uso adequado do equipamento de proteção individual, do aperfeiçoamento das técnicas operacionais e do desenvolvimento da mentalidade prevencionista, e, que dentro deste contexto, a maior parcela de responsabilidade quanto à consecução das metas caberia ao empregador, que tem o dever legal e moral de implantar e manter uma estrutura capaz de cuidar do seu patrimônio mais valioso: o trabalhador. Na oportunidade destacavam-se as seguintes propostas: a) revisão na política de seleção e recrutamento de pessoal, visando a elaboração de padrões psico-biofísicos para atender os serviços de bombeiros; Estudos Anteriores b) 33 revisão na política de formação, especialização, aperfeiçoamento e manutenção da instrução, obedecendo-se ao princípio da especialização em todos os níveis; c) inclusão dos ensinamentos de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho em todos os cursos de formação e nas instruções; d) revisão no sistema operacional com o objetivo de implantar um Sistema de Comando nos Incidentes, para permitir o controle efetivo do pessoal, viaturas, equipamentos e comunicações no local de ocorrências, incrementando a eficiência do serviço e conseqüentemente do fator segurança; e) desenvolvimento e implantação de Procedimentos Operacionais Padrão, detalhando a maneira de atuação em cada ocorrência, de acordo com sua natureza, englobando os Procedimentos de Segurança Padrão, conforme o potencial de risco do ambiente e do procedimento operacional adequado; f) implantação de um programa integrado de segurança, higiene e medicina do trabalho, com posicionamento definido na estrutura organizacional da Instituição, colocando uma série de responsabilidades e compromissos por parte do comando do Corpo de Bombeiros e estabelecendo metas e atividades que incluíam, entre outras, o registro, investigação e análise de acidentes, bem como a publicação mensal de boletim de segurança, higiene e medicina do trabalho, para disseminação de informações; Finalizava o Capitão Freitas que os itens constantes da proposta apresentada já se constituem em realidade nas estruturas organizacionais dos serviços de Bombeiros de países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Japão e França. Estudos Anteriores 34 Outro trabalho, elaborado no ano de 1990, foi a monografia do então Capitão Marco Antonio Archangelo, para o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais que propunha basicamente: a) uma política de segurança de trabalho que viesse a dar um norte para a Instituição. Assinalava no seu trabalho que: Segurança e higiene do trabalho são atividades interligadas que repercutem diretamente sobre a continuidade da produção e sobre o moral dos empregados; b) aperfeiçoamento dos currículos dos então CBO, CBS e ITP (antigos Curso de Bombeiros para Oficiais, Curso de Bombeiros para Sargentos e Instrução da Tropa Pronta): c) criação do serviço de segurança e medicina do trabalho no Corpo de Bombeiros, nos moldes da Portaria Nº 321424, do Ministério do Trabalho; d) que os componentes deveriam ter formação especializada em órgãos civis próprios, como a FUNDACENTRO e até indicava a NR02725, do Ministério do Trabalho; e) apresentava um modelo de Nota de Instrução26 para a criação de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, CIPA, no âmbito das unidades do Corpo de Bombeiros. Em 1994, o trabalho monográfico para o Curso Superior de Polícia, do então Tenente Coronel Roberto Cursino dos Santos, trazia como proposta a elaboração de um manual sobre prevenção de acidentes de trabalho nas atividades de Bombeiros. O autor, através de desenhos artísticos, retratava os acidentes de trabalho possíveis de acontecer com bombeiros. Estes desenhos incluíam as atividades de incêndio, 24 BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria 3214. Aprova as Normas Regulamentadores – NR relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, 06jul78, suplemento. 25 BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria 3214. Norma Regulamentadora – 27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho. Diário Oficial da União, 06jul78, suplemento. 26 NOTA DE INSTRUÇÃO é um documento com estrutura padrão utilizado pela Policia Militar do Estado de São Paulo para a criação de sistemas operacionais. Estudos Anteriores 35 salvamento, serviços aquáticos e subaquáticos, condução de viaturas e ainda condicionamento físico e instrução. Capítulo 4 A CONJUNTURA MUNDIAL DA SEGURANÇA DO TRABALHO A globalização é um fenômeno que não permite que se estabeleça diferenças acentuadas sobre conceitos de problemas comuns nos diversos cantos do planeta. Pela cultura acumulada através dos séculos; pela precocidade com que o desenvolvimento tecnológico se instalou em alguns países, e até pela necessidade de sobrevivência, em face das contendas mundiais, alguns centros se adiantaram em relação a outros em muitos setores. E, sabe-se, que um item de desenvolvimento requer que alguns outros o acompanhem, e aí, de forma sucessiva, a supremacia econômica e política se estabelecem. Isto acontece em todos os setores de atividade. Então se infere que os países instalados no cone norte do Planeta, dentro do campo de atividade de segurança do trabalho, encontram-se nas mais avançadas condições de desenvolvimento. 4.1 No Brasil Pela instalação de empresas multinacionais nas últimas décadas, muitos dos ensinamentos de segurança do trabalho foram introduzidos no cenário nacional. A par disto, a própria necessidade de sobrevivência e a publicação de diversas leis e normas fizeram com que o assunto tivesse um bom desenvolvimento. As Normas Regulamentadoras, do Ministério do Trabalho, integram os dispositivos legais que dão suporte para a manutenção e desenvolvimento dos serviços de segurança do trabalho nas empresas públicas e privadas, regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 37 Estas normas asseguram que as empresas obrigatoriamente mantenham, no seu quadro de pessoal, funcionários especializados nos serviços de medicina e segurança do trabalho. Além disto, estas empresas são periodicamente fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho. Vários cursos de segurança do trabalho são desenvolvidos a cada ano, formando profissionais especializados nas muitas instituições de ensino existentes, nos níveis médio e superior. São feitos também congressos, feiras e exposições, que arrastam milhares de participantes e quase sempre são patrocinados pelas empresas empregadoras. Há uma crescente e diversificada produção de leis, regulamentos e padronizações no campo da segurança do trabalho, fruto do desenvolvimento das técnicas e produções em todos os setores das atividades econômicas, que são produtos de pesquisas e experiências, muitas vezes calçadas em acidentes acontecidos. 4.2 A Segurança no Trabalho dos Bombeiros em Outros Países Nos Estados Unidos, os diversos estados possuem, independentemente, o seu órgão que cuida dos assuntos de prevenção e análise de acidentes de trabalho, e também há um órgão federal, que é o FEMA - Federal Emergency Manegement Agency que, através de um de seus setores, cataloga, analisa e dita normas sobre acidentes ligados a bombeiros. Existem também cursos e escolas ligados à FEMA, que são especializados neste assunto e treinam bombeiros para diversos estados daquele país. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 38 Há de se ressaltar também o grande número de normas de padronização da NFPA e o próprio HandBook27 que estabelece caminhos para cada tema de segurança. A principal destas normas é a NFPA 1500 – Standard on Fire Department Occupational Safety and Health Program, que padroniza a segurança do trabalho e programa de saúde dos bombeiros. Esta norma se desenvolve em 11 capítulos: 1) Administração; 2) Organização; 3) Treinamento e Educação; 4) Veículos, Equipamentos e Motoristas; 5) Roupas e Equipamentos de Proteção; 6) Operações de Emergência; 7) Instalações de Facilidades para os Quartéis; 8) Avaliações Médicas e Condicionamento Físico; 9) Programa Social de Ajuda ao Bombeiro; 10) Programa de Tensão de Incidente Crítico; e 11) Publicações de Referência. Nesta norma, o Capítulo 6 – Operações de Emergência, é o que define a segurança do bombeiro dentro da emergência, observando os seguintes itens: responsabilidade de administração do acidente; administração do risco durante as operações de emergência; definição das responsabilidades parciais, com a 27 FIRE PROTETION HANDBOOK. 17. ed. Quincy. USA. Editora Mapfre, 1991. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 39 designação de oficiais de segurança para as avaliações correspondentes; limites de risco a serem obedecidos pelos bombeiros; equipe de intervenção rápida para salvamento de bombeiros; reabilitação de bombeiros durante as operações; cuidados em operações que envolvem terrorismo civil e perturbação da ordem e análise do pós-acidente. O grande número de normas existentes permite que sempre se faça referências, do tipo bibliográficas, sem a necessidade de grandes comentários e explicações, enxugando todos os textos. Na Alemanha, a Associação Nacional de Caixa de Acidentes, a BUK Bundesverband der Unfallkassen, regulamenta a legislação de acidentes de trabalho das diversas categorias profissionais, inclusive dos bombeiros. A investigação e análise dos acidentes para estatísticas, instrução, mudança de procedimentos, segurança do trabalho e tomada de decisões é feita pelo corpo de bombeiros e os casos mais importantes são publicados em periódicos que circulam nos quartéis, tais como: o Brandschutz, Feuerwehr Magazin e o Blau Licht. Os oficiais bombeiros na Alemanha obrigatoriamente têm de ter graduação em alguma área técnica de nível superior. Aqueles que são ligados às áreas de investigação científica são aproveitados para tal mister. 4.3 O Serviço de Segurança do Trabalho no Corpo de Bombeiros de São Paulo O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, dentro da sua missão constitucional de prevenção e combate a incêndios, salvamentos e proteção ao meio ambiente, estabelece padrões para obter a segurança de seu efetivo durante os trabalhos operacionais. A produção e aplicação de leis e regulamentos; a padronização de procedimentos operacionais; a disciplina instalada dentro e fora das emergências e A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 40 ainda outros fatores, são essenciais para a execução dos serviços de bombeiros e estabelecimento da segurança no cenário da emergência. A Instituição está indo por este caminho, porém carece da necessidade de criação de um departamento especializado em segurança do trabalho que gerencie todas as atividades correlatas. Este departamento ou núcleo faria a coordenação de toda legislação pertinente, investigações e análises de acidentes e ainda faria uma interface com todos os setores do Corpo de Bombeiros estabelecendo diretrizes. Hoje, não existe esta interligação, e os órgãos do sistema trabalham isoladamente, sem uma política definida. A seguir será visto como cada órgão trata os assuntos relacionados com a segurança dos bombeiros. 4.4 No Centro de Ensino e Instrução de Bombeiros (Escola de Bombeiros) Na Escola de Bombeiros, os cursos que dispõem de disciplina voltada para a segurança de trabalho no serviço de Bombeiros são o Curso de Especialização de Oficiais e o Curso de Especialização de Praças, para Sargentos, cujos Planos Didáticos de Matéria, ver anexos B e C, têm pequenas cargas horárias, respectivamente de 36 e 30 horas aula, e procuram dar uma visão geral do assunto, privilegiando uma adaptação dos currículos dos cursos técnicos do setor privado às atividades de bombeiros. Falta uma objetividade maior para os itens específicos de segurança dentro da emergência, como aqueles abordados pela NFPA-1500, no seu Capítulo 6. Já nos Cursos de Formação de Soldados, não há conteúdo específico voltado para o assunto, e dentro de uma emergência, os cabos e soldados são os bombeiros que cumprem o papel de linha de frente e devem possuir condições de entender o objetivo de uma ordem ou recomendação de caráter prevencionista. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 4.5 41 Nos Grupamentos de Bombeiros Nos quartéis de bombeiros, a instrução de tropa pronta vem recebendo uma atenção especial com a Diretriz Nº CCB-001/212/03, que estabelece parâmetros para a avaliação do desempenho de diversos itens de instrução pré-listados. Para as unidades operacionais da Grande São Paulo, que integram o Comando de Bombeiro Metropolitano, existe paralela e complementarmente a Nota de Instrução CBM001/210/03, que reforça a já mencionada diretriz. Preliminarmente, algumas considerações sobre a exeqüibilidade da instrução da tropa pronta durante o turno de serviço devem ser feitas. A grande quantidade de emergências atendidas diariamente; o grande rol de problemas que um comandante de Posto de Bombeiros tem para solucionar; missões paralelas de sentinela, auxiliar de serviço de rancho e outros impedem que todos os componentes de um turno de serviço recebam a mesma instrução. Além disto, a Diretriz e Nota de Instrução mencionadas deveriam ressaltar algumas instruções firmemente direcionadas à segurança do bombeiro dentro do SICOE, incutindo, paulatinamente, em todos os níveis, a necessidade vital da segurança. 4.6 Na Diretoria de Operações do Corpo de Bombeiros A Diretoria de Operações do Corpo de Bombeiros de São Paulo - DOp, órgão que num estado maior corresponderia à Terceira Seção, assessora o Comando do Corpo de Bombeiros para os assuntos de instrução, operações, estatísticas e congêneres. Por ser a Instituição uma organização de caráter predominantemente operacional, esta Diretoria tem hoje um leque enorme de atividades e, além de coordenar a instrução de tropa pronta, trata, de forma indireta, os assuntos relativos à segurança de trabalho dos bombeiros. Diz-se de forma indireta porque se entende que produção de normas, procedimentos e padronizações, aliadas à disciplina, irão A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 42 ao encontro da segurança, enquanto a forma direta seria o modelo americano citado neste Capítulo. Uma boa política de segurança do bombeiro, obrigatoriamente, deve passar por um bom ensino; uma boa instrução de manutenção; uma rigorosa coleta e análise de dados e acidentes envolvendo bombeiros; uma atualizada base de dados para um acompanhamento estatístico real e uma permanente contratação ou formação de pessoal especializado. A estatística merece uma atenção especial. Ela é um item que, bem aplicado, ajudaria o desenvolvimento do trabalho ora em elaboração. Na Diretoria o que se tem catalogado sobre bombeiros acidentados ao longo das ultimas décadas é muito pouco e está comprometido. Até algum tempo atrás, pela interpretação incorreta do Manual de Confecção de Relatórios, um determinado campo de preenchimento, destinado à colocação de bombeiros acidentados, era completado com dados de policiais militares, em geral, que haviam se envolvido na ocorrência. Hoje, se encontra em elaboração uma planilha específica para os bombeiros acidentados em serviço (ver anexo A) e, a partir de sua implantação, os dados serão confiáveis. O SISUPA, que é o sistema que padroniza todas as atividades policiais militares, estabelece a obrigatoriedade da elaboração do PROTACO, que é um procedimento técnico de análise de condutas operacionais para buscar as causas e se adotar medidas corretivas, quando numa ocorrência houve um acidente envolvendo um policial militar ou alguma outra situação anormal de repercussão. Este trabalho possibilitou o estabelecimento de medidas que, além das ações corretivas, catalogará todos os acidentes propiciando obtenção de dados estatísticos confiáveis. Outro trabalho desenvolvido pela Divisão de Operações é vinculado à orientação das Coordenadorias, que são grupos de trabalho com a responsabilidade de chefiar grupos menores, que desenvolvem os Procedimentos Operacionais Padrão para todos os tipos de emergências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 43 Trabalho em elaboração, que estará dando destaque à segurança do bombeiro, coordenado pela DOp, é a NORSOB, Normas para o Sistema Operacional de Bombeiros, que deriva de uma Diretriz da Polícia Militar28, que em 1997 visava unificar o Sistema Operacional da Policia Militar, porém excluía as atividades de bombeiro do sistema. Outro trabalho que vem sendo coordenado pela Dop ao longo das últimas décadas, e que de forma indireta auxilia a segurança dos bombeiros nas emergências, é a legislação referente à segurança contra incêndios das edificações no Estado de São Paulo. No último terço do século passado e início deste, a segurança do bombeiro cresceu com o aperfeiçoamento destas leis. Atualmente vigora o Decreto Estadual 46.076/01. 4.7 No Departamento de Finanças e Patrimônio. A Diretoria de Finanças e Patrimônio, que é o órgão responsável pelas aquisições de materiais e equipamentos para as unidades do Corpo de Bombeiros, hoje executa aquisições de equipamentos de proteção individual e respiratória, além dos uniformes empregados nas emergências. Para uma melhor definição destas aquisições, há necessidade da colaboração de um órgão especializado, que possa estudar, testar e indicar os materiais e equipamentos mais indicados. A natureza da atividade do serviço exige a alocação de recursos materiais próprios e adequados, com um constante acompanhamento do desenvolvimento e progresso tecnológicos. Na década de 90, foi feita uma aquisição internacional de viaturas e equipamentos de proteção individual de bombeiros, pela inexistência de similar nacional com qualidade semelhante. 28 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz Nº PM3-003/02/97. Normas para o sistema operacional de Policiamento (NORSOP). Boletim Geral 002/98, 04jan98. A Conjuntura Mundial da Segurança do Trabalho 4.8 44 No Departamento de Recursos Humanos Sendo o departamento que cuida dos recursos humanos do Corpo de Bombeiros, poderia, a exemplo do que acontece nas empresas privadas, ser o órgão gerenciador da segurança do trabalho na Instituição. Hoje, porém, este órgão desenvolve apenas as atividades descritas no RI – 6 - PM – Regulamento da CIPA nas Unidades Operacionais da Polícia Militar de São Paulo, que é a administração do assunto para os prédios que compõem o complexo do Comando do Corpo de Bombeiros de São Paulo. São atribuições do DRH as atividades ligadas à seleção e recrutamento do bombeiro e, nesta fase, devem ser definidos padrões biofísicos e psicológicos próprios de bombeiro, em detrimento de padrões de policial. Uma atribuição deste departamento que necessita desenvolvimento é o relacionado com o tratamento psicológico e terapêutico dos bombeiros, uma vez que estas atividades são extremamente estressantes. Entendendo que a segurança dos homens e mulheres que trabalham na Instituição deva crescer acompanhando o desenvolvimento tecnológico do mundo moderno, há a necessidade de se criar um órgão específico na Diretoria de Operações ou no Departamento de Recursos Humanos para ser o catalisador de todas as informações e providências relativas ao assunto, sendo, destarte, o embrião de um futuro Núcleo de Segurança de Trabalho de Bombeiros em São Paulo. Capítulo 5 AS CAUSAS DOS ACIDENTES O item segurança deve ser previsto e não improvisado. Deve-se ter em mente a necessidade de estar continuamente observando as indicações de segurança própria e do grupo, dentro da emergência. Embora a Canção dos Bombeiros de São Paulo apregoe em uma das suas estrofes...para salvar ou morrer..., o entendimento deve ser o de ..para salvar e viver...Não se admite mais bombeiros morrerem. Acidentes podem ser previstos, porém, acontecem inesperadamente. O excesso de confiança; a falta de condição física; o desconhecimento técnico; o arredondamento do trabalho; o descuido com o material, equipamentos e viaturas; os erros de fundamento; as condições psíquicas e mentais; a insuficiência dos equipamentos de comunicações, etc.. Estes e tantos outros fatores podem ser elencados e didaticamente agrupados como causadores ou contribuintes para os acidentes com bombeiros em operações de emergência. Os acidentes podem ser divididos em: imediatos e de médio prazo. Os primeiros acontecem instantaneamente por uma determinada causa e por uma série de intercorrências, enquanto que os de médio prazo são representados pela somatória de pequenos resíduos de ocorrências, que vão se acumulando no corpo e na mente dos bombeiros e se transformam naquilo que é conhecido no mundo privado como uma doença ocupacional. 5.1 Os Quase Acidentes São aquelas situações em que o percentual de risco29 se aproximou muito do 100% para a materialização de um perigo, que de alguma forma não se podia vislumbrar. Quase sempre se atribui a Deus, o resultado positivo deste episódio. Há necessidade, porém, de se tratar estes casos com a mesma seriedade e análises 29 GILL, ANTONIO ALFONSO e SILVA, SILVIO BENTO DA. Na hora do incêndio. NFPA define diferenças entre risco e perigo. Journal em PortuguêsAlarmes Falsos, São Paulo, Vol 2, n 1, p. 24-8, mar/mai2000. As Causas dos Acidentes 46 necessárias de um acidente consumado, para se tirar proveitos educativos para a Instituição. Será visto mais à frente, em estudo de caso do Incêndio acontecido em 1987, nos prédios das Centrais Elétricas de São Paulo-CESP, onde a parte central de um dos prédios ruiu, no momento em que havia muitos bombeiros no seu interior. Para facilitar um breve estudo dos itens que influenciam os acidentes de trabalho, os fatores se desdobrariam da seguinte forma: humano, material, treinamento, operacional e de segurança. 5.1.1 O Fator Humano O fator humano é fundamental, dentro do leque em estudo. Do homem derivam todas as decisões sobre os procedimentos a serem adotados. Para o homem chegam determinações a serem transformadas em ações. Cada determinação pode ser transmitida de diversas maneiras, entendida de formas diferentes e executada de modos diversos. Por aí, se pode analisar a complexidade do problema. O ser humano é imprevisível. Em suas atividades normais, fora do ambiente de trabalho, tem um comportamento que varia de acordo com fatores intrínsecos e extrínsecos. As suas reações podem ser as mais inesperadas e os resultados mais ainda. As atividades de bombeiro, nas suas diversas modalidades, para uma pessoa normal podem produzir resultados os mais diversos, frente a uma mesma situação. Para uma pessoa que não tenha um mínimo de tranqüilidade e serenidade e se apresente com problemas de ordem psicológica ou emocional, o seu desempenho, dentro de uma situação de emergência pode, não só comprometê-la, como também a outros que estão ao seu redor. O estudo deste fator poderia ser alvo de diversos trabalhos monográficos, onde cada um deles observaria uma nuance da mente humana e seus desencadeamentos. O ato inseguro é a denominação dada a formas humanas de manifestações irregulares do trabalhador que vão redundar em conseqüências nocivas a sua integridade física ou moral e aos bens materiais que se tem de preservar. As Causas dos Acidentes 47 As falhas na seleção e recrutamento podem ser consideradas as causas iniciais geradoras de risco, se não forem observados os padrões psico-biofísicos necessários para o desempenho das atividades de bombeiro. Há necessidade de se observar também a idade limite de trabalho útil do elemento operacional. Muito embora se saiba que naturalmente isto acontece, muitas vezes, para se manter num horário que atenda as suas atividades extracorporação, o homem reluta em deixar as atividades operacionais e caminhar para as administrativas. As alterações de ordem psico-emocionais podem originar-se de diversas maneiras, desde a influência de uma ocorrência de natureza grave, quando o bombeiro se defronta com um acidente com vítimas fatais, até aos problemas de ordem econômica que pode estar enfrentando. O resultado disto pode ser distúrbios diversos, tais como o alcoolismo, o uso de drogas e até automedicação com psicotrópicos. Inclui-se também nesta situação o estado de estafa do bombeiro que comparece para o serviço, após uma árdua jornada de trabalho em atividades paralelas desenvolvidas durante o período que deveria ser para o descanso. Outro problema que merece registro diz respeito ao estado de alerta em que o bombeiro se mantém durante o seu turno de serviço, ficando num constante estado de tensão provocado pela iminência do soar de um alarme, que pode acontecer a qualquer hora do dia ou da noite. Este fator está diretamente ligado com a Diretoria de Recursos Humanos do Corpo de Bombeiros. 5.1.2 O Fator Material O fator material engloba todas as situações e componentes externos ao ser humano. São aqueles componentes relacionados a equipamentos, viaturas e instalações de postos de bombeiros, que vão facilitar ou dificultar as atividades de bombeiros na ponta da linha. Há necessidade de se frisar que a consecução destes fatores materiais depende também do fator humano, pois será o homem responsável por defini-los, usá-los e conservá-los. As Causas dos Acidentes 48 Começando pelos equipamentos, que acompanham o bombeiro para todas as emergências e são necessários para o desenvolvimento de sua atividade, devem ser dimensionados tomando-se por base as situações mais críticas. Estes equipamentos, antes de serem incorporados às viaturas, devem estar de acordo com as necessidades a que se destinam e ser testados para as solicitações que possam sofrer. Devem também estar, na medida do possível, confortavelmente dimensionados, quando se tratar de materiais de proteção individual, a serem vestidos ou calçados pelos bombeiros, não podendo ser esquecidas as características de clima da região. Os equipamentos têm de ser compatíveis com os veículos. Estes elementos mencionados representam uma pequena parcela do fator material e a sua adequação ao homem e ao serviço que se tem a fazer e são de extrema importância para a segurança, quando do desenvolvimento dos trabalhos nas emergências. Cabe ao bombeiro, ao iniciar o seu turno de trabalho e após cada ocorrência, fazer uma completa inspeção no seu equipamento de proteção individual, nos equipamentos de proteção respiratória, verificando se eles estão em condições para a próxima emergência e em todos outros materiais e equipamentos de trabalho. Outro fator material importante é a viatura ou veículo que tem a incumbência de transportar os bombeiros e seus equipamentos para o local de emergência, com rapidez e segurança. A viatura poderia ser tratada como um equipamento, porém, merece uma atenção especial. A exemplo dos equipamentos deve: ser dimensionada para o fim a que se destina; deve abrigar e conduzir os bombeiros no seu interior com relativo conforto; devem ser projetadas observando a relação calculada de peso que será conduzido na situação mais crítica, com a potência do motor da mesma; deve ser produzida de acordo com as características de relevo e climáticas da região. Todos estes cuidados e muitos outros irão influenciar o desempenho das missões nas emergências. As instalações físicas que vão abrigar os bombeiros, durante o seu turno de trabalho, devem ser as mais confortáveis possíveis e, dentro das possibilidades, se parecer com o local de moradia do bombeiro. É a partir deste local que vão se As Causas dos Acidentes 49 desenvolver as boas ou más condições psicológicas do homem que vai atender as emergências. Na medida do possível, o local de aquartelamento deve ter boas instalações de recreação, alimentação, repouso e deve estar localizado em região que permita um fácil acesso. A implantação de um local para a ventilação ou oxigenação dos bombeiros, após um atendimento de incêndio, também se faz necessária. A existência de locais adequados para o acondicionamento de equipamentos e manutenção dos mesmos estimulará as equipes. Deve também ser previsto um sistema de exaustão de gases tóxicos gerados quando do aquecimento do motor das viaturas e, se possível, a instalação de portões para manter a privacidade do posto para se dispensar o serviço de vigilância permanente. Em síntese, o fator material deve ser observado como o liame entre o bombeiro e a emergência e, na medida em que exista uma relação de confiança, carinho e conhecimento por parte do homem, o trabalho será mais bem executado e a segurança automaticamente privilegiada. Tecnicamente este fator está ligado com a condição insegura que é a situação ambiental, de material, de equipamento ou construtiva que venha favorecer o acontecimento de um acidente. Este fator tem estreita ligação com a Divisão de Finanças e Patrimônio e Centro de Manutenção de Viaturas do Corpo de Bombeiros. 5.1.3 O Fator Treinamento O treinamento está diretamente ligado com a atividade de bombeiro. A semelhança entre as emergências, a cada dia faz com que se procure padronizar os atendimentos. A padronização, no mundo moderno, tem sido o objetivo do homem para que ele possa aferir, comparar e tirar conclusões acerca de seu desempenho. Sempre que se padroniza algum procedimento, a possibilidade de erro diminui e, quando este procedimento é repetido por várias vezes, a possibilidade de acidente diminui ainda mais. As Causas dos Acidentes 50 Os acidentes ocorridos durante as sessões de treinamento ocupam, em todos os locais do planeta, lugar de destaque. Nos Estados Unidos, de acordo com dados da FEMA30, 30% das causas de acidentes envolvendo bombeiros, ocorre durante as sessões de treinamento. Aqui, no Brasil e em São Paulo, acredita-se que os dados devam passar perto deste índice. Na verdade esta verificação é prejudicada, pois as estatísticas estão esparsamente distribuídas, enquanto um órgão específico e controlador não for o receptor destas informações. Somente os acidentes maiores são catalogados. As atividades de treinamento, com freqüência, são conduzidas sem a observância dos fundamentos básicos de segurança. São conhecidos vários acidentes fatais em treinamentos em pórticos elevados e em atividades de mergulho, entre outras. Existem casos onde as regras de segurança escritas e préestabelecidas foram negligenciadas. Não se pode admitir a ocorrência de lesões e mortes nas atividades de treinamento, já que o instrutor deve ter à mão um plano de segurança estabelecendo todas as possibilidades que poderão não dar certo. Para cada dose de conhecimentos técnicos aplicados à emergência, deverá se ter igual dose de procedimentos de segurança. Os dados ligados a este fator treinamento devem ser preocupação do Centro de Ensino e Instrução do Corpo de Bombeiros. 5.1.4 O Fator Operacional Este é o fator da estratégia. Com todas as peças dispostas no tabuleiro para início do jogo, há necessidade de colocá-las de tal forma que se consiga, no menor tempo possível, fazer com que o problema seja resolvido. As peças são os meios humanos e materiais; o tabuleiro é o cenário físico de instalação do problema e a inteligência do enxadrista é a estratégia. Esta estratégia vai definir quais são as posições táticas pelas quais vão enveredar os combatentes. 30 FEMA – FEDERAL EMERGENCY MANAGEMENT AGENCY. National Fire College. Apostila. Maryland. USA, 1987. As Causas dos Acidentes 51 É extremamente necessário se estabelecer previamente todas as possibilidades do que se vai encontrar na emergência. Isto tem evoluído sobremaneira nos últimos anos. Pelo que será visto mais à frente, quando for tratada a tragédia das Torres Gêmeas, em Nova Iorque, além do treinamento, outros fatores são importantíssimos dentro da emergência, e um deles é a disciplina, que deriva de um bom ato de comando. A integração com outros órgãos envolvidos direta e indiretamente na situação e um bom serviço de inteligência não podem ser desprezados. Em resumo, o que se deve ter instalado no local é um competente Sistema de Comando em Operações de Emergência, devidamente treinado e visualizado por todos os bombeiros e órgãos participantes do evento. 5.1.5 O Resultado Segurança Dentro do cenário da emergência, seja ela do tipo que for, quando os batimentos cardíacos aumentam, se os fatores atrás mencionados estiverem em ordem, grandes serão as possibilidades de se obter sucesso com segurança no desempenho da missão. A segurança é, portanto, o produto do conjunto disciplinado do planejamento, ações, procedimentos e controle sobre o desenvolvimento de um trabalho. A complexidade que envolve os atos e condições inseguras 31 não permite que este trabalho individualize cada procedimento. Porém, dentro dos diversos tipos de emergência que são atendidas pelos corpos de bombeiros, ao final desta obra, serão apresentadas propostas para a melhoria da segurança dentro das emergências. 31 ATOS INSEGUROS e CONDIÇÕES INSEGURAS: lembrar que os primeiros decorrem do fator humano e as segundas das condições dos equipamentos e materiais disponíveis. As Causas dos Acidentes 5.2 52 Estatísticas A estatística é uma das ferramentas mais úteis para se fazer o monitoramento e dar direção às ações para prevenir acidentes com bombeiros nas emergências. Um dos países que tem catalogado e mensurado este assunto é os Estados Unidos, que, através da FEMA e com utilização das diversas normas da NFPA, procuram analisar acidentes utilizando-se para isto de dados que vão sendo apurados. Os Estados do Rio de Janeiro e Brasília, que se acredita dentro do cenário nacional tenham bombeiros bem desenvolvidos, foram pesquisados sobre o problema, e se verificou que eles não dispõem de nenhum dado estatístico a respeito. No Estado de São Paulo, a partir do mês de março de 2002, com a implantação do SISUPA, começaram a ser instaurados documentos chamados PROTACOS, que são os Procedimentos Técnicos de Análise da Conduta Operacional do Policial Militar, já mencionados neste trabalho, que geraram única estatística que dispõe dados relativos a acidentes com bombeiros durante o atendimento das ocorrências, conforme gráficos abaixo. Gráfico 1 - PROTACO Instaurados em 2002 As Causas dos Acidentes 53 Protacos Instaurados em 2002 49 Protacos 2% 2% 2% 2% 8% Acidente de trânsito Acidente pessoal em serviço Acidente em ocorrência de corte de árvore Acidente em Ocorrência de Incêndio Acidente com Insetos e Animais Acidente com Eletricidade Explosão com O2 Ocorrência com PP Acidente em Treinamento 10% 48% 12% 14% Gráfico 2 - PROTACO Instaurados em 2003 Protacos Instaurados até 09/2003 20 Protacos 5% 5% 20% 45% 15% 10% Acidente de trânsito Acidente pessoal em serviço Acidente em ocorrência de corte de árvore Acidente em Ocorrência de Incêndio Explosão Ambiental Acidente em Local Confinado As Causas dos Acidentes 5.3 54 Custo dos Acidentes Acidente é todo acontecimento que causa interrupção no processo ordenado de uma atividade que está em andamento, e que pode trazer como conseqüências, lesões pessoais ou danos aos materiais e equipamentos. Esta definição simplificada de acidente deixa clara o quanto ele cria transtornos. A interrupção, mesmo que parcial, de uma atividade gera perdas importantes que vão desde atrasos na consecução dos objetivos até aos valores econômicos despendidos na reparação. O outro lado do ocidente refere-se às lesões pessoais que podem ser pequenas ou até provocar mortes, de acordo com a sua intensidade. Estas lesões, dentro das atividades de bombeiros, representam um transtorno sem igual. O simples fato de se afastar um componente da guarnição, que no escasso quadro de efetivo e dentro de procedimentos operacionais padrões tem missões específicas a cumprir, desestrutura o atendimento, gerando problemas de toda a ordem. Além disto, os danos materiais, de equipamentos e de viaturas são igualmente nocivos para os objetivos de qualquer organização que pretenda ser modelo nas suas atividades. Paralelamente, os acidentes representam um custo econômico e transtornos à Instituição, que não sente de imediato os desdobramentos. Um exemplo simples ilustraria o assunto: suponha-se um acidente com uma viatura ao se deslocar para atendimento de uma ocorrência; no trajeto o motorista perde o controle da viatura, que vai de encontro a um poste. Como resultado imediato do episódio temos uma viatura com danos de grande monta; dois bombeiros lesionados e uma emergência atendida com grande atraso por outra viatura. Foi necessário o deslocamento de uma viatura unidade de resgate para atender os bombeiros feridos; foi acionado um guincho para conduzir a viatura até a oficina; administrativamente serão tomadas inúmeras medidas de polícia judiciária; medidas legais de sindicância e inquérito e mais uma série de outros procedimentos que vão onerando substancialmente a Organização. As Causas dos Acidentes 55 As organizações privadas que têm fins lucrativos se preocupam mais em medir os custos dos acidentes e também em evitá-los. Já as públicas, por desprezar a preocupação financeira, deixam que os desdobramentos do acidente sejam assimilados naturalmente pelos setores responsáveis. 5.3.1 O Custo para a imagem da Instituição Numa instituição como o Corpo de Bombeiros, que tem uma excelente imagem junto à opinião pública, qualquer acidente de trabalho que aconteça, pode causar prejuízos, pois antes de se constituírem uma fatalidade, eles apontam fragilidades na aplicação de conhecimentos técnicos de segurança. Além deste prejuízo, os acidentes maiores e os que causam mortes de bombeiros, arranham a imagem do comando da Instituição, desgastando-a em todos os níveis. Um exemplo próximo foi o episódio de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque. A população e vários segmentos da sociedade americana ficaram indignados, pois não entendiam o altíssimo número de bombeiros mortos e feridos. Para os esclarecimentos foram procuradas, fora daquela corporação, as explicações para o ocorrido, contratando-se empresas de consultorias independentes. Um relato mais detalhado é feito mais à frente. 5.4 Estudo de Casos Dentro do grande universo de acidentes com bombeiros e para serem mostradas algumas possíveis causas, serão relatadas situações acontecidas no Estado de São Paulo e aquela dos Estados Unidos da América, de 11 de Setembro de 2001. A apresentação dos casos dá uma idéia da gravidade do problema e da necessidade urgente de que sejam tomadas providências pela administração da Instituição. As Causas dos Acidentes 5.4.1 56 Estudo de caso nº 01 – Incêndio em residência com explosão ambiental deixa bombeiros feridos 1. Situação Em 18 de dezembro, às 09:19 horas, uma viatura de incêndio do Corpo de Bombeiros de Osasco deslocou-se até a Rua Juan Vicente nº 1, Jardim Turíbio, naquele Município, para atender um incêndio com vazamento de gás liquefeito de petróleo. A equipe de Bombeiros do AB-286, que era composta de 03 homens, ao chegar ao local constatou que o incêndio instalou-se na cozinha da residência, local que estava confinado e sem ventilação alguma, consumia alguns móveis e havia fogo no botijão de gás de 13Kg. Com um mangotinho32 extinguiram o fogo dos móveis e as chamas do botijão se apagaram, permanecendo o vazamento. Ato contínuo, o Sargento que comandava e seu Auxiliar iniciaram a retirada do cilindro de gás para um local ventilado, num corredor a cerca de 10 metros do incêndio. Foi aí que perceberam um clarão que ia da cozinha para o corredor, onde faziam o resfriamento do botijão. A explosão ambiental que se deu provocou queimaduras de 1º e 2º graus nos bombeiros. 2. Possíveis falhas observadas. a) O efetivo para uma guarnição de incêndio deve ser de, no mínimo 5 homens. Com este efetivo, os trabalhos da emergência poderiam ser subdivididos e não haveria um abreviamento desnecessário dos procedimentos operacionais padrões a serem utilizadas; b) 32 os focos de incêndio não foram completamente extintos; Mangotinho é um acessório hidráulico do Corpo de bombeiros, que consiste numa mangueira semi-rígida, de diâmetro pequeno, para princípios de incêndios. As Causas dos Acidentes c) 57 embora usassem o EPI adequado, faltava a balaclava, e isto ocasionou queimaduras na região facial e pescoço; d) não houve contenção do vazamento de gás do cilindro. 3. Conclusão a) fator humano: efetivo insuficiente e procedimentos inadequados; b) fator material: falta de equipamentos para estancar o gás, falta do EPI balaclava; c) fator treinamento: Procedimento Operacional Padrão não aplicado; d) fator operacional: estratégia mal estabelecida. 4. Resultado Dois bombeiros feridos, sendo um deles afastado 25 dias das atividades; no outro as lesões foram leves. 5.4.2 Estudo de caso nº 02 – Bombeiro morre eletrocutado 1. Situação Em 18 de novembro, às 09:30 horas, uma viatura de incêndio e salvamento do Corpo de Bombeiros de Guarulhos deslocou-se até a Av. São Paulo, para atender uma pessoa vítima de eletrocussão sobre telhado de um supermercado. Duas motocicletas de bombeiros33, que estavam nas imediações após atenderem uma outra emergência, também se dirigiram ao local para auxiliar no atendimento. Os dois motociclistas, Cabo Agacir e Soldado Atalla, pela proximidade em que se encontravam do local, foram os primeiros a chegar. Subiram no telhado e 33 O Corpo de Bombeiros de São Paulo, para facilitar o deslocamento nas ruas congestionadas das grandes cidades, utiliza-se de motocicletas, pilotadas por bombeiros, que fazem os primeiros atendimentos a acidentados. As Causas dos Acidentes 58 encontraram uma vítima, que, quando fazia serviços de pintura, ao tocar o rolo de haste metálica numa rede primária, recebeu uma descarga elétrica, que lhe proporcionou diversas queimaduras pelo corpo. Neste ínterim, chegou a viatura ABS-03, e o Sargento comandante da guarnição, observando a situação, orientou a que todos se mantivessem calmos para que ele fizesse uma análise do problema e solicitasse orientações junto ao centro de comunicações. Um dos auxiliares da guarnição recebendo solicitação de providenciar uma escada simples de alumínio, que serviria para distribuição do peso da vítima e dos dois motociclistas sobre o telhado, pois o mesmo tinha estrutura frágil, assim o fez. Ao receber a escada de alumínio do auxiliar que se encontrava na escada prolongável, o Soldado Atalla foi surpreendido com a ruptura do telhado sob seus pés, e enquanto caía com seu companheiro e a vítima, para um andar inferior, recebeu uma descarga elétrica originada pelo toque da escada de alumínio na rede de alta tensão. Os dois motociclistas e a vítima caíram de uma altura de 5 metros. O bombeiro eletrocutado faleceu 10 dias após. A vítima e o outro motociclista logo se restabeleceram. 2. Possíveis falhas observadas O PROTACO Nº 5GB-005/400/02, conclui que: a) Houve uso inadequado da escada muito próximo a fios de alta tensão; b) Os bombeiros que estavam sobre o telhado, não fizeram ancoragem usando cordas, enquanto trabalhavam em local elevado; c) O comandante da guarnição buscava uma solução, que talvez não fosse a que foi adotada pelos motociclistas; o Soldado Atalla procurou abreviar o atendimento. 3. Conclusão a) fator humano: ansiedade; As Causas dos Acidentes 59 b) fator material: não utilizaram a proteção individual que seriam as cordas de ancoragem; c) fator treinamento: faltou ao grupo o entendimento do SICOE, que o sargento comandante da operação estava por instalar; d) fator operacional: falta da aplicação dos meios necessários e das determinações do comandante. 4. Resultado Um bombeiro morto, outro ferido e uma vítima que foi duplamente sacrificada, a primeira vez, pelo seu acidente e a Segunda, pelo acidente em conjunto com os bombeiros. 5.4.3 Estudo de caso nº 03 – Acidente em instrução de salvamento em galerias 1. Situação Em 21 de Novembro de 2000, os alunos do Curso de Especialização de Bombeiros para Sargentos foram levados pelos seus instrutores até a Travessa Angelina Fernandes com a Rua Dr. Orêncio Vidigal e Rua São Serafim, no Bairro da Penha, em São Paulo/SP, a fim de participarem de uma instrução de Salvamento Terrestre em locais confinados, mais especificamente, aula prática de pesquisa em galeria de águas pluviais. Chegando ao local determinado, por volta das 14:00h, os alunos passaram, então, a preparar a instrução, iniciando-a com a montagem de um Posto de Comando, de onde partiriam todas as ordens e orientações, estando o comando da instrução a cargo do Tenente, professor da referida matéria, auxiliado pelo Sargento Ferreira, monitor da referida matéria e auxiliar direto daquele Oficial. As Causas dos Acidentes 60 Logo de início, os alunos lembraram ao Sargento Ferreira que não havia sido ministrada instrução teórica sobre o assunto. Como o professor, Tenente Mello, ainda não havia chegado, o auxiliar iniciou breve palestra sobre procedimentos operacionais em galerias e locais confinados; tipos de materiais e equipamentos de segurança utilizados; possíveis riscos de acidentes, bem como da necessidade de se verificar junto ao órgão competente, previamente, das condições do tempo. A instrução, até aquele momento, não havia sido prejudicada com a ausência do professor, uma vez que o Sargento Ferreira, era habilitado para tal mister. Foi feito contato com o Centro de Comunicações do Corpo de Bombeiros que informou que havia previsão de chuvas para o período da tarde daquele dia. Como ainda não estava chovendo, deu-se continuidade à instrução, designando-se duplas para o exercício que consistia em adentrar á galeria, que tinha dimensões de 1,80m de largura por 1,60m de altura e com 226m de extensão e, no trecho médio dela, havia uma abertura de 0,63m de diâmetro, que poderia ser utilizada como saída de emergência. Ao chegar ao local da instrução, o Tenente Mello constatou que a parte prática já caminhava e duas duplas já haviam feito o treinamento. O aluno, Sargento Simões, após algumas trocas necessárias, passou a fazer dupla com o Sargento Raimo e ambos ingressaram na galeria. O Tenente Mello dirigiu-se até a outra extremidade para acompanhar a saída dos alunos da galeria e foi verificado que o nível da água tinha subido. Ato contínuo, o Oficial determinou o encerramento da instrução. De repente alguns alunos do curso correram para atender a uma solicitação de uma senhora que pedia socorro, pois uma pessoa havia caído no córrego. O professor e o auxiliar também correram para o mesmo local e constataram que a pessoa no córrego era o Sargento Simões, que de imediato foi resgatado. O Sargento Raimo havia sido levado pelas águas. O trabalho de pesquisa se estendeu até o dia 24 de novembro, quando por volta das 17:20h, o corpo foi encontrado no Rio Tietê. As Causas dos Acidentes 61 2. Possíveis Falhas Observadas a) falta de equipe de segurança para os pontos de entrada e saída da galeria e de saída de emergência; b) falta de equipamentos portáteis de comunicação. 3. Co onclusão a) fator humano: inabilidade e possível autoconfiança; b) fator material: falta de equipamentos de comunicações; c) fator treinamento: era o que se buscava; d) fator operacional: instrução planejada com falta de itens de segurança. 4. Resultado Um bombeiro, que era Sargento aluno, faleceu em instrução, provocando enorme desgaste psicológico na Instituição. 5.4.4 Estudo de caso nº 04 – Incêndio em depósitos da Nestlé de São Bernardo do Campo 1. Situação No dia 24 de Setembro de 2001, por volta das 12:32 horas, no município de São Bernardo do Campo, irrompia um dos maiores incêndios que se tem notícia no Estado de São Paulo. Naquele local, a empresa multinacional Nestlé encontrava-se estabelecida com um grande depósito armazenando produtos derivados do leite, tais como chocolates e congêneres, envoltos em embalagens de papel, plástico e As Causas dos Acidentes 62 papelão. Prédio antigo, projetado e construído dentro de parâmetros da legislação da época, que contemplava uma série de benefícios, que isentava a edificação várias medidas de proteção contra incêndios passivas e ativas, constituía-se numa verdadeira armadilha para bombeiros que ali tinham a missão de combater o sinistro. As características construtivas, as gigantescas dimensões de comprimento e largura e, sobretudo, a grande quantidade de produtos armazenados e, ainda, contando com uma brigada de incêndio que, pela falta de treinamento ou pela forma surpreendente como o incêndio se iniciou e se desenvolveu, não possibilitou qualquer tipo de reação imediata, deixando um enorme problema para as guarnições do Corpo de Bombeiros, que ao chegarem ao local pouco ou quase nada poderiam fazer no sentido de se obter um resultado satisfatório. O que se podia esperar naquele momento era, inicialmente, estabelecer o Sistema de Comando em Operações de Emergência e, se tendo a certeza de que não havia vítimas ou pessoas desaparecidas, preparar um controle de pessoal e meios e iniciar o combate, visando a deter a progressão do fogo, que num estágio inicial já consumia quase que um terço das edificações, circunscrevendo-o ao local onde se encontrava. A pequena massa inicial de ataque que se possuía não logrou êxito em deter inicialmente o sinistro, mantendo-o confinado. Logo se soube que não havia vítimas ou pessoas desaparecidas. O Tenente Teixeira, Oficial Comandante de Área ao Oitavo Grupamento de Bombeiros, e o seu auxiliar direto, Sargento Alail, dentro das missões regulamentares que lhes eram conferidas, debalde o tamanho da emergência instalada, resolveram fazer uma incursão de exploração, por um dos setores do prédio, que aparentemente, de imediato, não oferecia condições de risco. Verificaram de pronto se estavam em condições de prosseguir na empreitada: estavam com os equipamentos de proteção individual completo; possuíam rádio para as necessárias comunicações e formavam uma dupla. Os dois bombeiros possuíam larga experiência em trabalhos de incêndio e, um deles, o Sargento Alail, estava trabalhando em um de seus últimos serviços, pois estava para se aposentar. Adentraram o local e não sentiram a necessidade de colocar uma corda, para servir de guia no caso de alguma dificuldade para o abandono do prédio. O resultado foi que os dois não conseguiram sair com vida de dentro daquele prédio. O prédio tinha As Causas dos Acidentes 63 uma área construída de 43.553,26 m2 e a área atingida pelo incêndio foi de 23.482,78 m2. Abaixo se tem um croqui da situação inicial do incêndio, no momento da chegada das primeiras guarnições ao local. As chamas se propagaram rapidamente pela parte superior dos galpões, devido à alta carga incêndio dos materiais estocados e a proximidade destes materiais com o telhado e as paredes, uma vez que atingiam em média 10 metros de altura. O material da cobertura, telhas de fibra translúcidas, facilitou a propagação do incêndio ao longo do telhado de toda edificação. Figura 01 - Situação Inicial do Incêndio 16 17 Localização do princípio do incêndio 18 19 22 21 AT AB ABP 128 377 48 As Causas dos Acidentes 64 O vento muito forte não permitia que a grande quantidade de fumaça saísse dos galpões, sendo impossível a realização de qualquer tipo de ventilação. Por volta das 13:45 horas, o Tenente Teixeira fez contato, via HT, com o Posto de Comando, solicitando apoio. O Comandante de Operações naquele momento, Major Kodama, determinou que o Tenente Marcelo o auxiliasse. Figura 02 - Evolução do Incêndio 17 16 Sentido da propagação do 18 incêndio 19 22 21 As Causas dos Acidentes 65 O Tenente Marcelo solicitou, via rádio, ao Tenente Teixeira informações sobre a sua localização, porém, pelas dimensões do prédio e quantidade de fumaça isto não foi possível. Este foi o último contato com o Tenente Teixeira e o Sargento Alail. Figura 03 - Situação Final com Localização dos Corpos 16 17 Propagação do Fogo 18 19 22 21 AT 128 AB 377 APB 48 A área do galpão 18, onde os corpos dos bombeiros desaparecidos foram encontrados, possuía o maior pé direito da edificação e foi o último setor a ser atingido pelo fogo. Considerando o local e a posição dos corpos, presume-se que os bombeiros, logo que adentraram ao galpão 18, foram cercados pelo fogo e não conseguiram As Causas dos Acidentes 66 sair dessa área, ou pela grande quantidade de fogo ou pelo fechamento automático ou manual da porta corta fogo. 2. Possíveis falhas observadas a) Embora os bombeiros mortos estivessem em dupla, deveriam fazer a exploração do local ancorados por corda espia, devidamente monitorados por outros companheiros; b) O tenente Teixeira, sendo o Oficial Comandante de Área, não havendo vítimas, deveria priorizar a instalação do Posto de Comando e iniciar a instalação do SICOE; 3. Conclusão a) fator humano: ansiedade e desorientação; b) fator material: meios de rádio-comunicação e corda espia (cabo guia); c) fator treinamento: aplicação do SICOE; d) fator operacional: estratégia adotada. 4. Resultado O saldo desta emergência foi de dois bombeiros mortos e um desgaste para a Instituição. As Causas dos Acidentes 5.4.5 67 Estudo de caso nº 05 – Dois bombeiros de São Paulo morrem num incêndio em prédio desativado 1. Situação Em 12 de Junho de 2003, às 12:10 horas, o serviço de comunicações do Corpo de Bombeiros recebeu uma solicitação para atendimento de incêndio em indústria desativada, situada à Avenida Presidente Wilson, 274, bairro da Moóca, em São Paulo. A primeira viatura a chegar ao local foi o ABE-35, do Posto de Bombeiros do Cambuci, que operava como Socorro e Comando de Área. No local, os responsáveis pela obra já haviam retirado os operários e não havia vítimas no interior da edificação. Havia muita fumaça saindo pelas janelas e aberturas nas paredes do terceiro pavimento. A seguir chegou a guarnição da viatura AB-287, que também estacionou no interior da empresa, próximo à edificação sinistrada. As guarnições iniciaram a exploração e percebeu-se que não havia mais fogo, optando-se por realizar ventilação forçada para retirada da fumaça, que era muito densa e impedia uma adequada visualização no andar. Uma nova guarnição, a do ABE-24, tinha a missão de realizar resfriamento do teto do pavimento e progredir à medida que fossem melhorando as condições de visibilidade, para buscar focos de fogo e extingui-los. O Ten Rangel compareceu ao local e permaneceu no andar térreo cuidando do estacionamento das viaturas, do abastecimento de água, da reposição de cilindros para os EPR e fazendo a centralização de todas as informações sobre a emergência. Em determinado momento foi detectada a existência de botijões de GLP e cilindros de oxigênio no pavimento imediatamente superior ao sinistrado. Através da escada da edificação, o Of. Área, Tenente Merlin, subiu ao quarto pavimento acompanhado do Sargento Neves, comandante do ABE-35, para retirada desse material. Como nesse andar a visibilidade estava muito prejudicada pela fumaça densa, foi decidido interromper a exploração em andamento, já que não se dispunha, naquele momento, de nenhum equipamento para auxiliar nessa tarefa. O Sargento Neves foi orientado a aguardar o Oficial de Área no andar, pois iria buscar mais efetivo e materiais para essa exploração. Decidiu-se montar duas equipes, As Causas dos Acidentes 68 cada uma composta de dois integrantes para, com emprego de mangueira ou caboguia, realizar-se a exploração do andar em dupla, permanecendo a outra dupla na segurança da primeira. Descendo as escadas, encontrou-se o Sargento Neto, comandante do AB-287, e para quem foi pedido que providenciasse efetivo para ajudar na exploração do 4º pavimento. No térreo, o Of. Área realizou a troca de seu Equipamento de Proteção Respiratória e, quando ia retornar ao 4º pavimento, chegou ao local o Supervisor de Serviço, Capitão Bentes. Duas duplas foram formadas para executar a ventilação do 4º pavimento. A primeira dupla, composta pelo Sargento Neves e pelo Cabo Freitas, durante a execução da exploração do pavimento veio a cair no fosso do elevador. A queda dessa dupla sobre o teto metálico da cabine do elevador produziu um barulho similar ao de uma explosão. A dupla que aguardava, composta pelos Sargentos Neto e Cesar, ao ouvir esse som, passou a chamar os nomes dos companheiros, porém não obteve resposta. No térreo, o Capitão Bentes, após ter ciência do barulho acontecido, decidiu subir até o andar sinistrado, juntamente com o Tenente Merlin e o Soldado De Lima. O Capitão, porém, subiu as escadas rapidamente, à frente dos outros bombeiros, adentrou o 3º pavimento, momento em que o Sargento Neto, que saía, informou-lhe que dois bombeiros haviam caído no fosso de um elevador, localizado logo à frente, no andar. O Capitão adentrou ao pavimento e também caiu no mesmo fosso. Os bombeiros procuravam resgatar os companheiros e ainda não sabiam que o Capitão também havia caído. Apenas o Cb PM FREITAS respondia aos chamados. Desceuse por corda e por escada até o teto da cabine do elevador e constatou-se três vítimas: o Capitão Bentes e o Sargento Neves estavam com parada cardiorrespiratória e o Cabo Freitas, consciente, queixando-se de dores e dificuldade respiratória. Os bombeiros feridos foram imediatamente socorridos, porém, o Capitão e o Sargento faleceram. As Causas dos Acidentes Figura 04 - 69 Fachada da Edificação Sinistrada 2. Possíveis Falhas Ocorridas a) Não emprego de técnicas corretas de progressão em ambientes escuros ou tomados por fumaça; b) não houve ancoragem dos bombeiros acidentados durante a exploração; c) a situação estava sob controle e não requeria ações urgentes; d) não se instalou o SICOE e todas as ações se deram de forma precipitada; As Causas dos Acidentes 70 3. Conclusão a) Fator Humano: Ansiedade e descontrole emocional; b) Fator Material: Uso de cordas espias; c) Fator Treinamento: Táticas e Técnicas de Penetração em locais escuros; d) Fator Operacional: Não instalação do SICOE. 4. Resultado Dois bombeiros mortos, um bombeiro gravemente ferido e um desgaste enorme para todos. 5.5 Incêndio nos Prédios da CESP em São Paulo (Um Quase Acidente) 1. Situação No dia 21 de maio de 1987, por volta das 19:54 h, o Centro de Comunicações do Corpo de Bombeiros recebia uma solicitação para atendimento de incêndio em edifício elevado, de propriedade das Centrais Elétricas de São Paulo S.A. - CESP, sito à Av. Paulista nº 2064 a 2086. Foram deslocadas inicialmente duas viaturas para o atendimento da emergência, comandadas pelo oficial de serviço de área do 1º Grupamento de Incêndio, Ten. Adilson, e pelo Comandante de Socorro de incêndio do Posto de Bombeiros da Consolação, Sargento Fagundes. As primeiras informações davam conta de que uma grande quantidade de fumaça saia do 5º pavimento do edifício CESP. Assim que chegou ao local, o Sargento Fagundes comunicou ao Centro de Comunicações que havia necessidade urgente de apoio de mais carros de incêndio, pois já havia grande quantidade de fogo no edifício CESP1. As Causas dos Acidentes 71 O prédio, com 22 pavimentos, concentrava área comercial e escritórios, distribuídos em 2 blocos com área total de 43.779,34 m2. Os dois edifícios faziam parte de todo o complexo comercial com acessos pela Av. Paulista, na parte frontal, pela Rua Luiz Coelho na parte dos fundos, onde se localizava o acesso aos estacionamentos e Galeria VIPASA, e finalmente, acesso lateral pela Rua Augusta onde se encontravam somente as Galerias VIPASA. Naquela oportunidade, o autor era Tenente do 1º Grupamento de Bombeiros e deslocou-se para o sinistro logo após o início do mesmo, por volta das 20:00 horas. O incêndio consumiu vorazmente o prédio CESP 1, pois o mesmo não dispunha de requisitos mínimos de proteção passiva e ativa, tais como: isolamento vertical e sistema de chuveiros automáticos. A sua estrutura foi totalmente tomada pelo fogo, a partir do 5º pavimento. A enorme quantidade de calor desprendida, além de fazer com que o fogo se propagasse por irradiação para o prédio da CESP 2, castigou duramente a estrutura de concreto armado deste prédio, e num determinado momento, começaram a aparecer os primeiros lascamentos34 nos pilares externos principais voltados para o prédio CESP 1. O autor, naquela oportunidade, realizava um trabalho no 4º andar do prédio CESP 1 e, ao descer ao pavimento térreo para analisar a situação e buscar um derivante35, pôde notar os tais lascamentos, que já faziam com que as ferragens da estrutura ficassem à mostra apresentando uma deformação, dando a clara indicação de que o prédio ruiria. Muitas foram as tentativas de, com os poucos rádios de comunicação disponíveis, avisar os bombeiros que estavam no interior dos prédios. Em poucos minutos, a parte central do prédio que contemplava a casa de máquinas dos elevadores, caixa d’água e hall de circulação desabou, deixando sob os escombros um funcionário da empresa, que tentava retirar veículos do interior do 3o Subsolo. Durante duas horas o Corpo de Bombeiros de São Paulo viveu um terrível pesadelo na busca de diversos oficiais e praças que, a partir daquele momento, estavam desaparecidos. Sem auxílio externo e depois de muito sacrifício aqueles 34 Lascamento é a situação em que por extrema ação do calor sobre o concreto armado, pela grande higroscopicidade causada ao elemento estrutural, faz com que a camada de recobrimento das armaduras se desprendam, causando a exposição das ferragens, que com o aumento da temperatura, acima de 600 graus começa a provocar o escoamento do aço, que perde as suas características de tração e compressão, provocando um desequilíbrio estrutural, que pode levar a uma precipitação da estrutura . 35 Derivante é um equipamento hidráulico usado pelos bombeiros, que acoplado a uma mangueira de grande diâmetro dá a possibilliade de distribuição de água para duas ou mais linhas de menores diâmetros. As Causas dos Acidentes 72 bombeiros conseguiram se livrar dos escombros e reapareceram. Deve-se dizer, diversos Oficiais e Praças, porque não se sabia quantos eram, quem eram e a quais unidades pertenciam. Naquela época as ações de comando em emergências eram pequenas e desencontradas; a quantidade de bombeiros que, mesmo de folga, dirigiam-se aos locais de sinistro era grande, porém, a atuação por mais que se quisesse era desordenada. Faltou naquela oportunidade, tal como no 11 de Setembro, em Nova Iorque, um controle efetivo do pessoal e um comando central disciplinador, uma rede de comunicações efetiva e operante para que os ocupantes do prédio abandonassem o mesmo. Enfim, faltou a instalação de um Sistema de Comando em Operações de Emergência dinâmico. Se comparadas, as emergências foram semelhantes: incêndios em duas torres com desabamentos. Figura 05 - Prédios CESP 1 e 2 após o sinistro As Causas dos Acidentes 5.6 73 Destruição das Torres Gêmeas A seguir, seguem alguns dados do histórico do complexo do World Trade Center: os arquitetos: Minoru Yamasaki, Emery Roth e filhos; os engenheiros: Worthington, Skilling, Helle e Jacson; os proprietários eram autoridades portuárias de Nova Iorque e Nova Jersey. O complexo era composto de 07 edifícios, em 16 acres, aproximadamente 64.000 m2 de área; foi projetado em 1962; as fundações eram de 05 de Agosto de 1966. O número de andares era 112, com 06 subsolos e dispunha ainda de 104 elevadores. O conjunto foi inaugurado em 04 de Abril de 1973. Figura 06 - Torres Gêmeas Intactas A cronologia dos eventos no dia 11 de Setembro de 2001 foi a seguinte: às 7:59h, o vôo AA 11 deixa Boston; às 8:14h, o vôo UA 175 deixa Boston; às 8:46h, o vôo AA 11 choca-se contra a torre norte; às 9:03h, o vôo UA 175 choca-se contra a torre sul; às 9:58h, se dá o colapso da Torre Sul; às 10:27h, o colapso da Torre Norte; às 17:20h, cai o 7WTC, que era uma torre de 47 andares. As Causas dos Acidentes Figura 07 - 74 Monumento de Luzes após o desastre . As causas que se visualizam para o colapso é que, entre outras possibilidades, pode ter havido: dano estrutural das colunas periféricas; a proteção passiva se soltou das colunas e vigas de aço; havia uma sobrecarga do sistema de sprinklers; a queima de 10000 galões de querosene de aviação causou excessivo calor e rápida propagação do incêndio, tornando-o incontrolável. Algumas preocupações operacionais que tinham os bombeiros consistiam em: remover os ocupantes do andar em chamas e acima dele; suprimir as condições de crescimento do fogo; estabilizar e transportar as vítimas; falta de energia elétrica; falência estrutural parcial; movimento vertical dos resgates; tensão física e emocional. Preocupações secundárias: interrupção das comunicações; sobrecarga do sistema de sprinklers; aumento do tempo resposta devido ao tráfego de veículos; danos nas estruturas ao redor; evacuação dos edifícios ao redor; a intervenção dos órgãos de emergência e outras. As Causas dos Acidentes Figura 08 - 75 Detalhamento do WTC Situação: Esta data, 11 de Setembro de 2001, sempre representará um marco para a humanidade. Foi o dia em que o mundo via pelas redes de televisão imagens inacreditáveis e chocantes das Torres Gêmeas, do complexo do World Trade Center, serem destruídas, ficando reduzidas a um imenso amontoado de concreto, ferragens retorcidas e muita fuligem, encerrando milhares de vítimas fatais e feridas. Naquela manhã dois aviões, após terem sido seqüestrados e estando pilotados por terroristas, eram atirados contra o principal cartão postal de Nova Iorque, que, em menos de duas horas, desapareceria sob uma imensa nuvem de poeira. As dimensões do desastre e a forma surpreendente como se deu não permitiram qualquer tipo de reação por parte do povo americano. O desastre deixou um saldo de 343 bombeiros mortos, deixando perplexo o povo americano. As Causas dos Acidentes Figura 09 - 76 Vista de Nova Iorque durante o desastre Investigações e Conclusões As colocações a seguir baseiam-se principalmente em artigos publicados numa série de cinco reportagens36 do jornal New York Times, sobre os estudos e análises do evento. As autoridades, para buscar as causas deste saldo tão negativo, contrataram empresas de consultoria independentes para levantar e estudar o acidente. Produto de investigações; entrevistas com bombeiros e testemunhas; degravações de comunicações de rádio do bombeiro e da polícia chegou-se a algumas conclusões. Pelo que se apurou, várias foram as falhas que foram se compondo com as dimensões e rapidez com que o evento se deu. Os consultores, especializados em práticas de reengenharia organizacional, gastaram cinco meses na preparação de um relatório. Entrevistaram vários especialistas em atendimento de emergências e revisaram documentos internos, incluindo as transcrições das comunicações de rádio. Uma outra equipe preparou um relatório similar para o Departamento de Polícia. A revisão gerencial foi estimulada, em parte, pelas perdas que cada organização sofreu naquele dia. 36 Série de cinco reportagens do New York Times, por Jim Dwyer, Kevin Flynn e Ford Fessenden. Traduzidas pelo Coronel da Reserva, Ex-Comandante do Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo, Luiz Roberto Carchedi e corrigida por Ana Claudia Furquim Gottardi Carchedi. As Causas dos Acidentes 77 O relatório apresentado não cita nenhum bombeiro individualmente, quer seja para louvar, quer seja para denegrir; e sugere que, sob alguns aspectos, o desempenho do Corpo de Bombeiros foi notável. Destaca, por exemplo, que apesar de ter enviado cerca de 200 guarnições para o World Trade Center, o Departamento foi capaz de manter adequada cobertura para os incêndios de rotina na cidade. O tempo-resposta para os demais incêndios, naquele dia, aumentou apenas um minuto, atingindo a média de 5,5 minutos. Os consultores concluíram que os problemas de rádio-comunicação provocaram a perda de contato e, conseqüentemente, de controle com muitas equipes e bombeiros que subiam aos andares mais altos, no interior das torres. As falhas na disciplina operacional levaram muitos bombeiros a irem para o local da tragédia sem darem satisfações aos chefes que comandavam as operações ou mesmo se reportarem aos postos de comando instalados na área. A falta de coordenação com os policiais que estavam nos helicópteros, impediu que os comandantes de bombeiros tivessem acesso às informações. Ao sobrevoarem as torres acompanhavam o progresso do fogo através dos andares superiores e os danos que iam causando à integridade estrutural dos edifícios. Essa falta de informação impediu que os bombeiros tivessem uma avaliação global da situação. O relatório reconhece que o ataque terrorista, no qual milhares de pessoas ficaram aprisionadas pelo fogo, em dois dos mais altos edifícios do mundo, foi um evento esmagador que requeria um nível de coordenação incomum. Mas também deixa claro que, para gerenciar situações semelhantes no futuro, o Corpo de Bombeiros deverá desenvolver planejamento, revisar o treinamento, adquirir novas tecnologias e compor mais efetivamente com outras organizações que também atendem emergências. Dizia o relatório: Nós acreditamos que o Corpo de Bombeiros de Nova Iorque não poderá, adequadamente, cumprir a missão que os cidadãos nova-iorquinos esperam, a menos que a Prefeitura ou o governo estadual estabeleça um formal e efetivo processo de planejamento e coordenação interdepartamental. O relatório conclui que o Corpo de Bombeiros terá uma árdua e difícil tarefa no sentido de produzir um profundo trabalho de revisão dos seus procedimentos As Causas dos Acidentes 78 operacionais sem, contudo, menosprezar o sacrifício e o valor dos bombeiros que atuaram naquele dia. As deficiências identificadas no relatório estendem-se largamente. Os consultores constataram que oficiais do alto comando do Corpo de Bombeiros não recebiam treinamento de rotina há mais de 15 anos. Apontaram, também, que o Corpo de Bombeiros perdeu a capacidade formal de trabalhar com os Corpos de Bombeiros de cidades vizinhas para coordenar uma cobertura eficiente, durante uma emergência. Verificaram que o serviço de emergências médicas, que atualmente está fazendo parte do Corpo de Bombeiros, mostrou claramente ter sérios problemas para distribuir, rastrear e controlar as ambulâncias e o pessoal do trauma. O documento enfatiza uma série de providências para corrigir as várias deficiências que foram expostas em 11 de setembro. É urgente que o Corpo de Bombeiros desenvolva e observe um sistema formal de gerenciamento de grandes emergências, conhecido como Sistema de Comando em Emergência, para melhor direcionar as estratégias e compartilhar informações com outras organizações, dizia o relatório. Uma outra conclusão é que os bombeiros devem aperfeiçoar e expandir o treinamento, bem como buscar recursos financeiros para expandir as divisões de intervenção com produtos perigosos e de operações especiais. Recomenda que o Corpo de Bombeiros exija mais responsabilidade dos oficiais superiores e bombeiros operacionais sujeitando-os, talvez, a maiores sanções administrativas por transgressões da disciplina. O Departamento também deve rapidamente analisar os rádios portáteis novos, e se eles forem aprovados, distribuí-los para uso dos bombeiros em no máximo quatro meses. Esses novos rádios foram tirados de operação no último ano após um acidente no qual os bombeiros pediram apoio e não foram ouvidos. Essa decisão significou que o Corpo de Bombeiros estava utilizando velhos rádios, alguns há mais de uma década, quando chegaram ao W.T.C. As Causas dos Acidentes 79 As comunicações por rádio, que aquele dia foram intermitentes, determinaram que informações preciosas não fossem recebidas pelos bombeiros que estavam nos andares superiores do edifício. O relatório exemplifica dizendo que o Subcomandante Joseph Callan emitiu a ordem de abandono do prédio, através do rádio, às 9:30 h, aproximadamente uma hora antes de a torre norte desabar. Diz o relatório: não houve conhecimento pelos bombeiros. Similarmente, quando a torre sul ruiu, às 09:59 horas, muitos bombeiros não compreenderam a magnitude do desastre. Problemas com rádio-comunicação em edifícios elevados e dentro dos túneis do metrô são conhecidos há anos, mas nunca foram satisfatoriamente solucionados. Para resolver o problema, o Corpo de Bombeiros deve equipar suas guarnições com rádios portáteis com dilatador de potência, apropriado para atuarem em incêndios em prédios elevados. Adicionalmente, o relatório enfatiza que a Prefeitura deverá dedicar-se a realizar mudanças no código de edificações que poderão exigir que nos prédios elevados sejam instalados equipamentos que possam ajudar a intensificar os sinais de rádio do Corpo de Bombeiros. O serviço de emergências médicas também sofreu problemas de comunicação, informa o relatório. Mensagens foram perdidas porque muitas pessoas acionaram o sistema, causando congestionamento e a perda da efetiva rádiocomunicação, contribuindo para que o serviço ficasse inabilitado para mensurar as respostas. Diz o relatório: Desde as 9:58 horas até pelo menos o meio da tarde do dia 11 de setembro, comandantes e técnicos em emergências não tinham uma apurada visão do número e pontos em que os recursos estavam distribuídos na área do incidente. Os esforços para acionar um “Plano de Chamada” dos bombeiros de folga para o local da emergência foram débeis por conta de uma inexperiência com esse procedimento entre os bombeiros. Por ausência de instruções específicas sobre onde e a quem o bombeiro chamado para o trabalho deveria se reportar, alguns As Causas dos Acidentes 80 foram para os seus postos, outros para postos de bombeiros próximos ao WTC, e ainda outros se dirigiram ao próprio local da emergência. Figura 10 - Escombros do WTC Os consultores estimam que custará ao Corpo de Bombeiros entre 5 a 7 milhões de dólares a reciclagem dos seus membros sobre como responder a desastres complexos e de larga escala. Mas esses treinamentos não terão efeito se o Departamento demonstrar má vontade para impor os regulamentos e disciplina aos bombeiros, que fazem coisas como ignorar instruções e se apresentar nos postos de comando. Sobretudo, o Corpo de Bombeiros necessita ser rápido em estabelecer procedimentos operacionais mais rígidos. O relatório ainda indica que algumas guarnições deslocaram-se para o WTC, apesar de receberem instruções para permanecerem nos quartéis, bem como muitos bombeiros de folga uniram-se aos seus colegas de serviço no atendimento à emergência. Em parte isso ocorreu porque o atentado aconteceu em um horário próximo à mudança de turno, naquela manhã. Isso resultou que a presença de muitos bombeiros nunca foi oficialmente registrada, um fato que criou enorme confusão quando o Corpo de Bombeiros começou a tentar calcular suas perdas. Capítulo 6 A IMPORTÂNCIA DO SICOE PARA A SEGURANÇA DO BOMBEIRO As pessoas que têm um problema buscam a forma mais simples de resolvêlo. O mesmo acontece com os comandantes de emergências, que diariamente enfrentam situações sempre diferentes e procuram solucioná-las da maneira mais fácil. Os problemas enfrentados pelos bombeiros são quase sempre de grande complexidade e para os mesmos, normalmente, não existem órgãos públicos ou privados que possam fazer frente. A organização e a disciplina são basilares e vão ao encontro de soluções rápidas, econômicas, viáveis e principalmente seguras. Em 1997, no Corpo de Bombeiros de São Paulo, foi implantado o SICOE, que é o instrumento que garante, se bem aplicado, resoluções rápidas e seguras das emergências. 6.1 O SICOE O trabalho monográfico, Proposta de Aperfeiçoamento do SICOE do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, do então Tenente Coronel PM Jair Paca de Lima, colocava o Sistema em evidência, pois até então não havia obras escritas. Propunha algumas alterações de caráter estrutural, estabelecendo uma zona de concentração e, principalmente, estágios para oficiais superiores e capitães. O sistema que teve origem nos Estados Unidos, como Incident Command System, foi desenvolvido no inicio da década de 70, para facilitar o combate a grandes incêndios no sul da Califórnia. Em São Paulo, teve seu início com uma A Importância do SICOE para a Segurança do Bombeiro 82 comissão denominada Comando em Local de Emergência (CLE), em 1995, sendo o presidente desta comissão o então Tenente Coronel PM Edson Alves Domingues. Logo a seguir passou a Sistema Integrado de Comando em Operações de Emergência e, finalmente, a partir do início de 1996, definitivamente fixou-se como SICOE. Figura 11 - Organograma do SICOE A composição do Sistema inclui: a) Um Comandante da Emergência, que é o responsável por todas as atividades no local da emergência, sendo a mais alta patente do Corpo de Bombeiros. Todas as suas observações e determinações serão necessariamente dirigidas ao Comandante das Operações, que é o responsável operacional da emergência; A Importância do SICOE para a Segurança do Bombeiro 83 b) Um Comandante das Operações, que é o responsável pela coordenação de toda a operação, interligando o Estado Maior da Emergência ao Comandante da Emergência. c) Estado Maior da Emergência, que desempenha todas as atividades em apoio ao Comandante das Operações durante o estabelecimento do Sistema e é composto pelos setores de: Comunicações; Plano de Operações Táticas, que envolve a criação de um Quadro Tático; Suprimento, que envolve água, material, alimentação e pessoal; Informações; Segurança e Assessoria técnica; d) Comandantes de Setores, que são os responsáveis diretos e disciplinadores das táticas no local de emergências na área geográfica definida; 6.2 A Segurança Inserida no Estado Maior de Emergência Dentro da importância que se dá á segurança dentro do estado maior da emergência, onde ela recebe uma colocação de destaque tão importante como o Suprimento, Plano de Operações Táticas e outras, depreende-se o seu real valor e como tal tem de ser desenvolvida. Sabendo-se que: em qualquer emergência o SICOE deve ser instalado; que a sua instalação vai gerar atribuições específicas que sofrerão um rígido controle até que se solucione o incidente; que o fator segurança é uma das importantes características do sistema, pode-se concluir que o sucesso poderá ser alcançado de forma mais fácil se: a) Todos os componentes da Instituição, do menor ao de maior posto ou graduação, estiverem afinados e conhecerem bem o sistema e, ao serem solicitados a integrá-lo ou estabelecê-lo, saibam os corretos procedimentos; b) todas as células da instituição, da Guarnição, passando pela Prontidão, Posto de Bombeiros, Subgrupamentos, Grupamentos e Comando do A Importância do SICOE para a Segurança do Bombeiro 84 Corpo de Bombeiros possuam condições mínimas de pessoal, material e principalmente de equipamentos de comunicações, facilmente mobilizáveis para estas situações. Nos diversos estudos de casos vistos anteriormente, desde os mais simples até os mais complexos, ficaram patentes algumas situações em que a falta ou o mau emprego do Sistema fez com que o controle fosse perdido e os acidentes acontecessem. Para que não ocorram surpresas, é necessário que qualquer emergência, mesmo as mais simples, recebam um tratamento sério e profissional. No item Estado Maior da Emergência, para o Setor Segurança havia uma indicação que não foi levada adiante, que era para o grupo de trabalho de segurança nos serviços de bombeiros elaborar uma norma e respectivo caderno de treinamento. Seguem algumas proposições a serem incorporadas ao SICOE: a) criação do oficial de segurança nos moldes da NFPA -1521, Padrão para Oficial de Segurança; b) implantação do plano médico; c) check-up médico para os bombeiros após as emergências; d) catalagoção dos “quase acidentes” para estudos; e) instauração de PROTACO, ato contínuo, em acidentes durante a emergência; Elaboração de relatórios de não-conformidade nos casos em que itens de segurança forem desconsiderados, de acordo com o SISUPA37. Para finalizar este capítulo, o Coronel da Reserva Walter Negrisolo, ao escrever um artigo para o CEIB38 Boletim Informativo, com o título de Comandar Bombeiros, em seus comentários finais cita que: 37 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz PM^-001/30/02. Estabelece normas para a criação e funcionamento do Sistema de Supervisão Padronização Operacional nos serviços policiais-militares (SISUPA). Boletim Geral 52/02,p.13, 02abr02. 38 CORPO DE BMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DE SÃO PAULO. Centro de Ensino e Instrução de Bombeiros. CEIB Boletim Informativo. A matéria Comandar Bombeiros. A Importância do SICOE para a Segurança do Bombeiro 85 ....o artigo é repleto de ensinamentos, não nos cabendo tentar sintetizá-lo ou interpretá-lo. Acreditamos, porém que valem alguns destaques: Percebe-se claramente que o caminho do comando para o atendimento de ocorrência desloca-se para o preparo prévio, tanto das técnicas individuais, contidas no Manual de Fundamentos, quanto das ações coletivas, assentadas nos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), Planos Particular de Intervenções (PPIs), e do Sistema de Comando ( SICOE)39. Caberá cada vez mais ao comandante nas emergências, facilitar a execução desses procedimentos que, óbvio, devem estar suficientemente treinados. Assim, o sucesso do atendimento das ocorrências, quaisquer que sejam, dependerá da ação de comando maior , ação prévia de preparo individual e coletivo. O comandante de campo deve facilitá-las. Elas terão ou não sucesso quanto melhor for a ação real de seu comandante direto, do responsável pelo seu preparo. Esse não é um caminho isolado do Bombeiro de São Paulo, mas, como mostra o artigo, o caminho universal. O mesmo papel de facilitador surge cristalino para os comandantes de diversas cidades. Definir as metas, os objetivos, com clareza, e respeitar a inteligência alheia em descobrir soluções. Atendimento a emergência médicas, com direcionamento para o bem estar físico, e prevenção, são os caminhos. Estar em contato permanente para com as mudanças e anseios da sociedade e no mínimo acompanhá-las. Se possível liderá-las”....... 39 Grifo nosso. Capítulo 7 PESQUISA DE CAMPO Para se ter uma visão do quadro nacional e do Estado de São Paulo, o autor estabeleceu duas pesquisas de campo na modalidade questionário. 7.1 Pesquisa Nacional Para esta pesquisa, foram enviados questionários para onze estados brasileiros, com os quais o Corpo de Bombeiros de São Paulo mais se relaciona, para se avaliar o nível de preocupação e desenvolvimento das atividades relativas à segurança dos bombeiros dentro das emergências. O questionário, composto de cinco questões abertas, foi devolvido pelos Estados de: Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, sendo que outros quatro estados não mandaram resposta. A primeira questão tratava da verificação da existência de norma relativa à segurança do bombeiro durante a emergência e como resposta, embora alguns inicialmente tivessem respondido positivamente, verificou-se que as normas estavam inseridas e ajustadas às instruções profissionais de caráter geral ou fazendo parte de Procedimentos Operacionais Padrões. O segundo questionamento procurava saber do número de bombeiros acidentados nos últimos 5 anos, bem como as causas e também o número de mortos e feridos. Apenas os Corpos de Bombeiros Militares de Pernambuco e de Minas Gerais encaminharam estes dados e os demais responderam negativamente. A terceira questão tratava de saber se os quartéis dispunham de comissão Interna de Prevenção de Acidentes, nos moldes do Ministério do Trabalho. A resposta foi negativa para todos os estados, embora alguns citassem portarias internas para tratar do assunto. Pesquisa de Campo 87 O quarto questionamento buscava saber sobre a existência de Oficial capacitado para atuar preventivamente nas emergências, de forma direcionada à segurança do trabalho dos bombeiros e a resposta foi unanimemente respondida de forma negativa. A quinta questão visava a verificar se eram realizadas investigações para determinação das causas dos acidentes e estabelecimento de programas de prevenção. Como resposta, a maioria argumentou que as investigações nos acidentes mais graves eram feitas somente para o atendimento da legislação, através da elaboração de sindicâncias, inquéritos policiais militares, com a finalidade de apurar responsabilidades. Apenas os Bombeiros do Distrito Federal e de Minas Gerais é que buscam as causas. Por esta pesquisa, algumas conclusões podem ser tiradas: a) no Brasil, a preocupação básica, quando acontece um acidente de trabalho com bombeiro, é de atendimento às legislações derivadas da formação militar, visando a busca de responsabilidades e não se preocupando com as causas e as correções; b) estatisticamente, pouco ou quase nada é produzido e não se tem uma idéia do número de bombeiros acidentados; c) as normas federais de segurança do trabalho que poderiam ser adotadas ou adaptadas, na maioria das vezes, não são observadas. 7.2 Pesquisa no Estado de São Paulo Para os Grupamentos de Bombeiros do Estado de São Paulo, foi elaborado questionário destinado aos Comandantes de Equipes ou Guarnições, que são os bombeiros com a graduação de Sargentos, que, na maioria das vezes, estão envolvidos com a atividade fim da Instituição. São estes homens ou mulheres que tomam o contato inicial com os problemas e, como se sabe, tudo o que começa bem feito tem uma grande chance de dar certo. Pesquisa de Campo 88 Em linhas gerais, os comandantes de guarnições ou de prontidões, pelo regime do trabalho, que é de 24 horas ininterruptas, e pela pequena rotatividade nos quadros do Corpo de Bombeiros, conhecem bem a maioria dos componentes da equipe e sabem o que podem esperar de cada um no calor de uma emergência. Por estes motivos e, entendendo que a célula mater da segurança reside neste segmento da Instituição, que tem a obrigação de cuidar da segurança de seus subordinados, é que esta pesquisa foi direcionada da forma acima especificada. O número de pesquisados foi de 529 Sargentos, comandantes de prontidões ou de guarnições, de todos os grupamentos de bombeiros do Estado de São Paulo. Seguem abaixo os resultados apresentados em gráficos que visam verificar o nível de relacionamento deles com a segurança de trabalho dos bombeiros: Gráfico 3 - Participou de cursos ou estágios sobre segurança do trabalho na Corporação 1; 0% 231; 44% Participaram Não participaram Não responderam 297; 56% Gráfico 4 - Participou de cursos na área de segurança do trabalho fora da Corporação Pesquisa de Campo 89 136; 26% 1; 0% Participaram Não participaram Não responderam 382; 74% Gráfico 5 - Conhece a CIPA do seu quartel 1; 0% Conhecem Não conhecem 239; 46% Não responderam 275; 54% Gráfico 6 - Há quantos anos é Sargento do Serviço Operacional 2% 2% Mais de 20 anos 6% 20% De 10 a 20 anos 37% De 5 a dez anos De 1 a 5 anos 33% Até 1 ano Não responderam Pesquisa de Campo Gráfico 7 - 90 Quem cuida da Segurança do Trabalho dos Bombeiros dentro da Emergência 42; 8% 53; 10% 11; 2% Oficial de área Cmt da guarnição Não responderam Cada um por si 423; 80% Gráfico 8 - Existe no seu Posto de Bombeiros quadros, faixas, avisos ou congêneres que alertem para os cuidados com a segurança. 1; 0% 104; 20% Não Responderam Existe 424; 80% Gráfico 9 - Não existe É feita diariamente a inspeção nos equipamentos de proteção individual e respiratória e manutenção de 1º escalão nas viaturas. Pesquisa de Campo 91 89; 17% 1; 0% Não inspecionam Não responderam Inspecionam 439; 83% Gráfico 10 - Conhecem o SICOE 1; 0% 15; 3% Não conhecem Conhecem Não Responderam 514; 97% Gráfico 11 - O SICOE é: 22; 4% 95; 18% 174; 33% Viatura de comando Programa Organização 238; 45% Não responderam Pesquisa de Campo 92 Gráfico 12 - Quantas vezes já participou do SICOE 23; 4% 2; 0% 0; 0% 2; 0% Nenhuma 1 a 5 vezes 232; 44% 266; 52% 5 A 10 vezes 10 a 20 Mais de 20 vezes Não responderam Após a tabulação dos questionários, chegou-se a algumas conclusões, que embora preliminares, podem dar um direcionamento ao que se pretende, que é a melhoria na segurança dos bombeiros dentro das emergências, a saber: a) A Instituição não promove cursos ou estágios específicos visando a segurança de seus componentes no desenvolvimento da atividade fim; b) os bombeiros, em pequeno percentual, por iniciativa própria procuram cursos de Segurança do Trabalho fora da Organização; c) embora a Comissão Interna de Prevenção de Acidente de trabalho da Corporação já exista de forma obrigatória há mais de dois anos apenas 46% dos comandantes de guarnição a conhecem; d) a grande maioria dos entrevistados está na chefia de equipes na faixa de 05 a 10 anos, o que demonstra experiência no comando das emergências; e) 20% dos Sargentos não sabem que a responsabilidade pela segurança de seus comandados dentro da emergência é sua; Pesquisa de Campo f) 93 não há, na maioria dos quartéis, a colocação de faixas ou murais massificando a apologia à segurança, ao contrário das empresas privadas; g) 17% deles ainda não tomam medidas básicas e obrigatórias de segurança, que se relacionam às inspeções de equipamento de proteção individual e respiratória e, ainda, fiscalização da manutenção de primeiro escalão das viaturas; h) 97% afirmam conhecer o SICOE; i) 18% dos Sargentos ainda vêem o SICOE como sendo uma viatura de comando; j) embora já estejam há muito tempo no comando de guarnições e prontidões responderam que as participações em SICOE foram as seguintes: 232 nunca participaram; 266 participaram de 1 a 5 vezes; 23 participaram de 5 a 10 vezes e 8 participaram mais de 10 vezes. Pelo exposto conclui-se que: a) A Instituição deve ampliar a divulgação e instrução do SICOE, que é a base para controle e a disciplina nas operações de emergência, e representam o fundamento dos atos seguros. b) deve também promover cursos e estágios específicos visando a segurança do homem. Capítulo 8 PROPOSTAS As proposições estabelecidas ao fim de um trabalho monográfico devem ser um resultado natural e científico dos problemas apresentados. O trabalho, inicialmente, buscava enfocar de forma mais direta o problema da segurança do trabalho do bombeiro dentro do cenário da emergência. O seu desenvolvimento natural seguiria basicamente a linha do Capítulo 6, da NFPA – 1500 – Padrão para Segurança de Trabalho de Bombeiros e Programa de Saúde, que trata de cuidados específicos da segurança dos bombeiros dentro da emergência, porém, ao se iniciar o estudo, verificou-se que, para a resolução daquele problema pontual, havia necessidade de se reportar às suas raízes. A seguir serão sintetizadas as principais propostas, algumas gerais e para implantação a médio e longo prazo, e outras mais específicas, para curto e médio prazo: 8.1 Gerais a) Criação de um núcleo de Segurança do Trabalho, ligado à Divisão de Operações ou Diretoria de Recursos Humanos, do Comando do Corpo de Bombeiros de São Paulo, para estabelecer uma política doutrinária de segurança de trabalho e que tenha poder de agrupar e catalisar todos os trabalhos e ações existentes nos diversos setores do Corpo de Bombeiros. Este núcleo deve ter ligação direta com o Comando da Instituição; b) seleção, aproveitamento e otimização de comissões, sistemas, legislação, planos e cursos existentes relativos ao assunto, tais como: CIPA das unidades operacionais; SICOE (massificação do sistema); SISUPA do Corpo de Bombeiros; Planos Particulares de Intervenção; Planos de Auxílio Mútuo com empresas privadas e outros; 95 c) criação da Comissão Permanente de Investigações de Acidentes (COPIAB), que teria o objetivo de, imediatamente após os acidentes mais graves, iniciar as investigações o que facilitaria a identificação das causas. Poderia ser formada por membros fixos do núcleo de segurança e outros não fixos das unidades dos acidentados; d) criação de cursos na área de segurança do trabalho de bombeiros, formando especialistas em dois níveis, similarmente ao engenheiro e ao técnico de segurança do trabalho, devendo ser observados os parâmetros da NFPA 1521 – Padrão para o Oficial de Segurança; e) dentro do SISUPA do Corpo de Bombeiros, alterar, acrescendo ao Artigo 16, do Regimento Interno da Comissão Regional de Padronização do Corpo de Bombeiros a XVI-Comissão de Padronização - Segurança do Bombeiro na Emergência, que ficará responsável pela elaboração de procedimentos operacionais padronizados de segurança; 8.2 Particulares a) Reformulação dos currículos dos Cursos de Especialização de Bombeiros para Oficiais e para Sargentos, adaptando-os à NFPA – 1500, em especial ao Capítulo 6; b) inserção do conteúdo de noções básicas de segurança do trabalho para os cursos de formação de soldados do Corpo de Bombeiros; c) inserção do conteúdo específico de segurança do trabalho para bombeiros operacionais, nas instruções de tropa pronta, fora do turno normal de trabalho para contemplar todos os bombeiros; d) priorização da aquisição dos sistemas de rádio comunicadores móveis individuais para todos os bombeiros operacionais; CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final do trabalho, há de se esperar que o mesmo frutifique, e os comandantes e comandados se unam com o único objetivo de diminuir a perda com acidentes de trabalho nas emergências. A aceitação deste tema é entendida como sendo fácil, pois seu objetivo é claro e suas idéias necessárias para o crescimento da Instituição. A sua assimilação será tanto maior quanto maior for o envolvimento de todos os segmentos. O trabalho inicialmente buscava estar diretamente mais focado a discutir os itens de segurança necessários no calor do serviço operacional, na ponta da linha, porém, logo que analisou alguns casos, percebeu-se que haveria necessidade de se buscar nas raízes o caminho da solução. De início, foi feito um histórico e se verificou uma grande evolução técnica do Corpo de Bombeiros na última década. A criação de leis, de normas, de manuais, de planos e de sistemas deram um norte para a disciplina e desenvolvimento da Organização. Estas medidas são algumas, que, por si só, já vão refletir no comportamento do bombeiro na realização da atividade fim melhorando a sua segurança. Os meios materiais, incluindo veículos e equipamentos, vão fazer a diferença. Estes devem ser adequados aos homens e aos trabalhos para os quais são destinados. Verificou-se também que quase todos os setores da Instituição lidam ou têm ligação com a segurança do bombeiro nas emergências, porém, não há um órgão maior centralizador que coordene todos os demais, instalando e mantendo uma política de segurança do trabalho sólida e única, conhecida por todos. 97 Foi verificado que, em vários estudos monográficos anteriores, muitas proposições fortes não haviam sido levadas a efeito. Neste trabalho, na medida do possível, elas foram aperfeiçoadas e colocadas como propostas. As situações de emergência serão tanto mais facilmente resolvidas, quanto maior for a conjugação humana e material. A disciplina dos bombeiros, tanto no cumprimento das ordens recebidas, como obedecendo aos procedimentos operacionais padronizados, representarão um ganho considerável para a segurança, pois sempre que se estabelece um planejamento prévio a possibilidade de erro diminui. Hoje, no Corpo de Bombeiros de São Paulo, o SICOE - Sistema de Comando em Operações de Emergência, é um sistema existente que tem a possibilidade de congregar as medidas anteriormente mencionadas. Foram desencadeadas duas pesquisas de campo. A primeira verificou que em diversos estados brasileiros pesquisados, os acidentes com bombeiros não recebem uma investigação, análise e busca de soluções e, para estes acidentes, são tomadas medidas administrativas como inquéritos e sindicâncias, apenas para assegurar responsabilidades ou salvaguardar direitos . A segunda pesquisa feita no Estado de São Paulo identificou que a maioria dos comandantes de guarnições ou de prontidões, que são a célula mater do serviço operacional, não tem pleno conhecimento do que é e, para que serve o SICOE. Depreende-se que, sem este pré-requisito de organização da emergência, o resultado da mesma poderá não ser o mais esperado. Ao final são feitas as seguintes propostas: criação de um núcleo ou departamento que aglutine todas as atividades de segurança do bombeiro; incremento de especialistas em segurança do trabalho, para atuar antes, durante e depois das emergências; criação de uma comissão permanente de investigação de acidentes que sempre iniciará as investigações logo após os eventos, e ainda outros aspectos ligados à formação e instrução de pessoal e de composição de grupos de trabalho sobre o tema. BIBLIOGRAFIA ALIAS, ODAIR. Segurança do trabalho nos serviços de bombeiro. Apostila (Curso de Bombeiros para Oficiais)- Centro de ensino e Instrução do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2001. ARCHANGELO, MARCO ANTONIO. O serviço especializado na segurança, higiene e medicina do trabalho no Corpo de Bombeiros. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1990. BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria 3214. Aprova as Normas Regulamentadores – NR relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, 06jul78, suplemento. CAMARGO FILHO, ORLANDO RODRIGUES. Análise do ciclo e variáveis que integram um caso real de incêndio. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1995. CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz CCB-001/212/03. Regula a instrução de tropa pronta no âmbito do Corpo de Bombeiros. Boletim Interno 02/03, 08jan03. CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz DODC-002/323/97. Fixa procedimentos para elaboração de planos particulares de intervenção. Boletim Interno 29/97, 20mar97. CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual do SICOE, 1997 FERREIRA, Edil Daubian. Dicionário nose ilustrado. 1. ed. São Paulo: Everest. 1992. Livraria FIRE FIGHTER SAFETY AND SURVIVAL. Apostila. Federal Emergency Manegement Agency – National Fire Academy. Maryland. USA. 1986. FREITAS, MARIO LEME. A segurança do trabalho na atividade de bombeiro. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1987. INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO RISCO - SISTEMÁTICA E MÉTODOS. 3. ed. São Paulo: Firex. 1997. LIMA, JAIR PACA DE. Proposta de aperfeiçoamento do sistema de comando e operações em emergências do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1998. NFPA-1001. Standard for fire fighter professional qualifications, 2002 edition NFPA-1500. Standard on fire department occupational safety and health program, 1997 edition. NFPA-1521. Standard for fire department safety officer, 1997 edition. NFPA JOURNAL EM PORTUGUÊS. Riscos Calculados http://www.nfpa.org/NFPAJournal/JournalemPortuguês/Arquivos/Risc.../Riscos Calculados. 19/06/99. OSHA – OCCUPATIONAL SAFETY & HEALTH ADMINISTRATION. http://www.osha-slc.gov/dts/osta/oshasoft/softfirex.htm PARDAL, ANIBAL DOS ANJOS. Custos dos Acidentes. Apostila. FUNDACENTRO Fundação Centro Nacional de Higiene e Medicina do Trabalho de São Paulo, 1971. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Portaria PM1-2/02/99. Determina a constituição das CIPA na Polícia Militar com base no inciso XXV, do artigo 115, da Constituição Estadual. Boletim Geral 76/99, 23Abr99. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. RI-6 PM. Regimento interno da CIPA/OPM. Boletim Geral 12/01, 17jan01. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretriz PM-001/30/02. Estabelece normas para a criação e funcionamento do Sistema de Supervisão Padronização Operacional nos serviços policiais-militares (SISUPA). Boletim Geral 02/02, 06jan02 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - M-13-PM. Manual de padronização de procedimentos policiais-militares. Boletim Geral 54/00, 20mar00. SANTOS, ROBERTO CURSINO DOS. Prevenção de acidentes de trabalho nas atividades de bombeiros Monografia (Curso Superior de Polícia) – Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1994. .SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. 50.Ed.São Paulo: Atlas, 2002. ANEXO A – ACIDENTE DE BOMBEIROS EM TRABALHO Este impresso deve ser preenchido em caso de acidente com bombeiro nas seguintes situações: de serviço, operacional ou não, em qualquer lugar e por qualquer motivo; A caminho para o trabalho; Ao retornar do trabalho, e No atendimento da ocorrência mesmo estando de folga. Para cada impresso preenchido de bombeiro acidentado em serviço, deverá ser preenchido um impresso da Vítima – SDO-5 BOMBEIRO ACIDENTADO EM SERVIÇO (SDO–6) IDENTIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA OU ATIVIDADE Nº do Aviso Preencher com o nº do Aviso fornecido pelo CAD (Centro de Atendimento e Despacho) da sua área de atendimento operacional. Data do Aviso Indicar a data em que o aviso da ocorrência foi recebido pelo CAD. CAD da Ocorrência Preencher com o código do CAD da sua área de atendimento operacional conforme Tb-Aviso 25. Linha 10 Linha 11 DADOS GERAIS DO ACIDENTADO POSTO / GRADUAÇÃO NOME COMPLETO Linha 12 RE (RG se Civil) Informar o posto ou graduação do bombeiro acidentado. Informar o nome completo do bombeiro acidentado. Informar o nº e dígito do Registro Estatístico do bombeiro acidentado ou o Registro Geral, se bombeiro acidentado for municipal ou voluntário. SEXO Marcar com um X o quadriculo que indica o sexo do bombeiro acidentado. Marcar com um X o quadrículo que indica o tipo de TIPO DE BOMBEIRO bombeiro acidentado. Informar a idade do bombeiro acidentado. IDADE Linha 13 Marcar com um X o quadrículo que indica a ocupação OCUPAÇÃO PRINCIPAL principal exercida pelo bombeiro acidentado ou marcar o quadrículo 9 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb-Bombeiro Acidentado 11). Linha 20 LOCAL DO ACIDENTE Linha 21 SITUAÇÃO/ LOCAL ONDE OCORREU Marcar com um X o quadrículo que indica o local/situação onde ocorreu o acidente, ou marcar o quadrículo 9 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb-Bombeiro Acidentado 21). Linha 22 LOCAL ESPECÍFICO Marcar com um X o quadrículo que indica o local específico do acidente, ou marcar o quadrículo 99 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb-Bombeiro Acidentado 22). L inha 23 PREFIXO DA VIATURA QUE GUARNECIA Informar o prefixo da viatura a qual o bombeiro acidentado pertencia no momento do acidente, se não fazia parte de nenhuma guarnição, marcar com um X o quadriculo “Sem Viatura” PB EM QUE ESTAVA ESCALADO Codificar com base na Tb-Aviso 23, qual o Posto de Bombeiros que se encontrava escalado no dia do acidente ou marcar com um X o quadrículo “Não pertence a PB”, caso não pertencia a nenhum PB ou não estava escalado. DADOS DO ACIDENTE Linha 30 Linha 31 DATA DO ACIDENTE Informar a data do acidente HORA DO ACIDENTE Informar o horário do acidente NÚMERO DE OCORRÊNCIAS QUE ATENDEU NAS ÚLTIMAS 24 HORAS Informar o número de ocorrência/atividade atendidas pelo acidentado nas últimas 24 horas de serviço, caso não haja nenhum atendimento preencher com “Zero”. Linha 32 GRAVIDADE Marcar com um X o quadriculo que indica a gravidade das lesões sofridas pelo bombeiro acidentado.(Tb-Bombeiro Acidentado 31). Linha 33 DESTINO Marcar com um X o quadrículo que indica qual foi o destino dado ao bombeiro em razão do acidente, em função da gravidade das lesões, ou marcar o quadrículo 9 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb-Bombeiro Acidentado 32). Linha 34 Marcar com um X o quadrículo que indica a condição CONDIÇÃO FÍSICA NO MOMENTO ANTERIOR AO física em que se encontrava o bombeiro acidentado ACIDENTE no momento anterior ao acidente, ou marcar o quadrículo 9 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb- Bombeiro Acidentado 33). Linha 35 HOUVE FALHA DE EPI OU Marcar com um X o quadrículo de modo a informar ALGUM EPI CONTRIBUIU se houve ou não falha de algum EPI ou se o uso de PARA O ACIDENTE? algum EPI contribuiu para o acidente com o bombeiro. Se a resposta for positiva responda a pergunta “Qual o EPI?” especificando qual foi o EPI. Se a resposta for positiva responda sucintamente também a pergunta “Qual foi a falha ou como o EPI contribuiu para o acidente?” Linha 36 CAUSA DO FERIMENTO Marcar com um X o quadrículo que indica a principal causa que levou ao ferimento do bombeiro acidentado, ou marcar o quadrículo 9 (outra) e escrever por extenso, se não estiver previsto nos itens anteriores. (Tb-Bombeiro Acidentado 34). Linha 37 PRINCIPAL SINTOMA Codificar e escrever por extenso com base APARENTE na Tb-Bombeiro Acidentado 35, indicando o principal sintoma aparente verificado no bombeiro acidentado. PRINCIPAL ÁREA DO Codificar e escrever por extenso com base na Tb- CORPO ATINGIDA Bombeiro Acidentado 36, indicando a principal área atingida do corpo do bombeiro, relacionando-a com o principal sintoma aparente. FATOR QUE CONTRIBUIU Codificar e escrever por extenso com base na Tb-Bombeiro PARA O ACIDENTE Acidentado 37, indicando qual o principal fator que contribuiu para o acidente. Linha 38 OBJETO ENVOLVIDO NO Codificar e escrever por extenso com base na Tb-Bombeiro FERIMENTO Acidentado 38, indicando qual o objeto envolvido no ferimento ou marcar com um X o quadrículo “Nenhum” caso inexista qualquer objeto. ATIVIDADE NO MOMENTO Codificar e escrever por extenso de acordo com a tabela DO FERIMENTO Tb-Bombeiro Acidentado 39, indicando a principal atividade executada pelo bombeiro no momento do ferimento. Linhas DADOS Inserir informações complementares importantes para 40 a 44 COMPLEMENTARES a compreensão da ocorrência que não foram registradas em campos anteriores. Linha 50 Linha 51 RESPONSÁVEIS RELATORISTA: Lançar o posto ou graduação de quem preencheu o POSTO OU GRADUAÇÃO formulário. NOME DE GUERRA Lançar o nome de guerra de quem preencheu o formulário. RE / DC Especificar o nº do Registro Estatístico e Dígito de Conferência de quem preencheu o formulário. Linha 52 ASSINATURA Assinatura do relatorista. CONFERENTE: Lançar o posto ou graduação de quem conferiu o POSTO OU GRADUAÇÃO formulário. NOME DE GUERRA Lançar o nome de guerra de quem conferiu o formulário. RE / DC Especificar o nº do Registro Estatístico e Dígito de Conferência de quem conferiu o formulário. ASSINATURA Assinatura do conferente FORMULÁRIO DO BOMBEIRO ACIDENTADO ANEXO B- CURRÍCULO DO CBS – SEGURANÇA DO TRABALHO NO CB POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE ENSINO E INSTRUÇÃO DE BOMBEIROS ‘’ Cel Paulo Marques Pereira ‘’ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE PRAÇAS – BOMBEIROS PLANO DIDÁTICO DE MATÉRIA MATÉRIA CARGA HORÁRIA 02 – SEGURANÇA DO TRABALHO NO CB 36 h/a 2003 1. OBJETIVOS: a. Proporcionar experiências de aprendizagem que capacitem o aluno a: 1) identificar as principais causas de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 2) aplicar conhecimentos de prevenção de acidentes de trabalho no serviço operacional; 3) aplicar técnicas de investigação e análise de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 4) propor medidas técnicas de controle de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 5) conhecer a legislação de segurança do trabalho aplicada no Corpo de Bombeiros; 6) identificar falhas de segurança de um Posto de Bombeiros através de inspeção técnica; 7) observar de forma crítica os princípios de segurança aplicados nas empresas privadas. 2. RELAÇÃO DE UNIDADES DIDÁTICAS: Nº NOME DAS UNIDADES DIDÁTICAS 01 Segurança do trabalho e legislação aplicada no CB 24 02 Prevenção de acidentes de trabalho 12 TOTAL Carga Horária 36 3. OBJETIVOS DAS UNIDADES DIDÁTICAS: a. Segurança do Trabalho e Legislação aplicada no Corpo de Bombeiros: 1) identificar as principais causas de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 2) aplicar técnicas de investigação e análise de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 3) propor medidas técnicas de controle de acidentes de trabalho no Corpo de Bombeiros; 4) conhecer a legislação de segurança do trabalho aplicada no Corpo de Bombeiros. b. Prevenção de Acidentes: 1) aplicar conhecimentos de prevenção de acidentes de trabalho no serviço operacional; 2) identificar falhas de segurança de um Posto de Bombeiros através de inspeção técnica; 3) observar de forma crítica os princípios de segurança aplicados nas empresas privadas. 4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: a. UD–01 Segurança do trabalho e legislação aplicada no CB: Relação de Assuntos Avaliação Método de Material Ensino Segurança do trabalho e acidente do trabalho VC ME Legislação de acidentes de trabalho VC ME Fatores determinantes dos acidentes de trabalho Riscos ocupacionais Investigação e análise de acidentes de trabalho trabalho VC ME VC ME ME VC TC ME VC MEG MP Comissão Interna de Prevenção Acidentes na PM Equipamentos de Proteção Individual de Didático Horária quadro retro quadro retro 2 2 quadro MTD Medidas de controle de acidentes de Carga VC ME VC retro quadro retro quadro retro quadro retro quadro retro ME quadro TI retro 2 4 4 4 4 2 24 SOMA b. UD–02 Prevenção de acidentes de trabalho: Relação de Assuntos Inspeções de Segurança Avaliação VE Método de Material Ensino ME MTD Carga Didático Horária quadro 4 Visita Técnica (Posto de Bombeiros) Visita Técnica (Empresa Privada) VE VE TI retro ME MTD quadro TI retro ME MTD quadro TI retro SOMA 4 4 12 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: * MELO, Márcio dos Santos - Manual de Segurança e Saúde do Trabalhador (LIVRO DA CIPA). São Paulo, FUNDACENTRO, 1991. * Segurança e Medicina do Trabalho (Portaria 3214/78 do MTB).São Paulo, Atlas, 34ª ed., 1996. * Regimento Interno da CIPA/OPM da Polícia Militar do Estado de São Paulo (RI-6-PM). PMESP, 1ª ed., 2001. * * Portaria PM-1-2/02/99. PMESP, 1999. Manual de Prevenção de Acidentes para o Trabalhador Urbano. São Paulo, FUNDACENTRO, 1991. * LIMA, Dalva Aparecida - Livro do Professor da CIPA. São Paulo, FUNDACENTERO, 1993. * GANA SOTO, José Manuel Osvaldo; SAAD, Irene F. de Souza Duarte; FANTAZZINIM, Mário Luiz. Riscos Químicos. São Paulo, FUNDACENTRO,1991. * ASTETE, Martin Wells; GIANPAOLI, Eduardo; ZIDAN, Leila Nadim. Riscos Físicos. FUNDACENTRO, São Paulo, 1991. * Mapa de Riscos de Acidentes de trabalho. São Paulo, SESI, 1994 ANEXO C – CURRÍCULO DO CBO – SEGURANÇA DO TRABALHO NO CB POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CORPO DE BOMBEIROS CENTRO DE ENSINO E INSTRUÇÃO DE BOMBEIROS PLANO DIDÁTICO DE MATÉRIA MATÉRIA CARGA HORÁRIA 15 – LEGISLAÇÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO 30 NOS SERVIÇOS DE BOMBEIROS Validade: 2003 1. OBJETIVOS: a. proporcionar conhecimentos que capacitem o aluno a: 1) conhecer as partes de legislação do trabalho, de interesse para profissão de bombeiros; e 2) dar especial atenção para a prevenção de acidentes e incidentes durante os trabalhos de bombeiros. 2. RELAÇÃO DAS UNIDADES DIDÁTICAS: N.º NOME DAS UNIDADES DIDÁTICAS CARGA HORÁRIA 01 Introdução e Conceituação. 02 02 Normas da ABNT. 06 03 Riscos Profissionais no Trabalho. 03 04 Operações Insalubres e Perigosas . 03 05 Natureza dos Serviços Executados pelo Bombeiro. 04 06 As Condições de Riscos no Trabalho do Bombeiro e 06 Medidas Preventivas. 07 Atividades, Objetivos e Metas. 06 TOTAL: 30 3. OBJETIVOS DAS UNIDADES DIDÁTICAS: a. introdução e conceituação: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) Legislação Federal, Estadual e Municipal: generalidades; b) estrutura de segurança do trabalho no Corpo de Bombeiros; c) acidentes: definição e classificação das causas do acidente do trabalho; d) atos e condições inseguras: generalidades; e) exame das causas previsíveis dos acidentes - gerenciamento de risco; e f) investigação do acidente do trabalho: fonte, natureza, localização, fator de insegurança, levantamento, registro e controle. b. normas da ABNT: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) NBR 1, 2, 3, 5, 8, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 25, 26 e 28. c. riscos profissionais no trabalho: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) exposição a agentes físicos: iluminação, calor, frio e ruído; b) exposição a agentes biológicos: bactérias, vírus e demais microorganismos; c) exposição a agentes químicos: sólidos, líquidos e gasosos, penetração por via respiratória, cutânea e digestiva; e d) doenças profissionais. d. operações insalubres e perigosas: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) radiações ionizantes e não ionizantes: doses limite - procedimentos; e b) trabalhos sob pressão hiperbárica (tubulação/mergulho); compressão e descompressão. e. natureza dos serviços executados pelo Bombeiro: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) equipamento de trabalho; b) as condições físicas do homem; c) desenvolvimento tecnológico como fator agravante; d) risco intrínseco do local da ocorrência; e) confronto com o desconhecido, variedade dos locais de ocorrência; e f) conhecimento do comportamento dos materiais. f. as condições de risco no trabalho do Bombeiro e medidas preventivas: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) as condições de trabalho referentes a espaço, ventilação, temperatura, pressão, iluminação, etc; b) a urgência, a necessidade de tomada de decisões, o emprego de ferramentas; c) a organização física do local. As atividades monótonas, a improvisação. As condições físicas. O fator treinamento; e d) o fator humano. O fator material. O fator operacional. Situações de risco na vida do bombeiro. g. atividades, objetivos e metas: 1) proporcionar ao aluno conhecer: a) revisão na política de seleção e recrutamento de pessoal; b) revisão na política de formação, especialização, aperfeiçoamento e manutenção da instrução; c) inclusão dos ensinamentos de segurança, higiene e medicina do trabalho nos currículos dos cursos da PM. Implantação dos sistemas integrados de bem estar do PM. Revisão do Sistema Operacional; d) desenvolvimento e implantação dos POP (Procedimentos Operacionais Padrão) e PSP (Procedimentos de Segurança Padrão). Prevenção de mortes e lesões bem como danos materiais. O técnico de segurança. O estudo e controle dos riscos para eliminação dos mesmos. A manutenção da motivação e do interesse. O registro, investigação e análise de acidentes; e e) as inspeções de segurança. Publicação de boletins. Emissão de pareceres diversos. Convênios com entidades relacionadas com a atividades. Programação de palestras, conferências, seminários e SIPAT. 4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: a. UD - 01 - Introdução e Conceituação. Relação de Assuntos Avaliação Legislação Federal, Estadual e Municipal: VI Método de Material Ensino ME generalidades; e Carga Didático Horária Retro e 01 Quadro Estrutura de Segurança do trabalho no VC Corpo de Bombeiros. Acidentes: definição e classificação das VI ME causas do acidente do trabalho; e Atos e condições Retro e 01 Quadro inseguras: VC generalidades. Exame das causas previsíveis dos VI acidentes – gerenciamento de risco. VC Investigação do acidente do trabalho: VI fonte, natureza, localização, fator de VC insegurança, levantamento, registro ME Retro e 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro e controle. SOMA: 04 b. UD - 02 - Normas da ABNT. Relação de Assuntos Avaliação NBR 1, 2, 3, 5, 8, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 18, VI Método de Material Ensino ME Carga Didático Horária Retro e 04 19, 20, 25, 26 e 28. VE Quadro SOMA: 04 c. UD - 03 - Riscos Profissionais no Trabalho. Relação de Assuntos Avaliação Exposição a agentes físicos: iluminação, VI Método de Material Ensino ME calor, frio e ruído; e Carga Didático Horária Retro e 01 Quadro Exposição a agentes biológicos: bactérias, VE vírus e demais microorganismos. Exposição a agentes químicos: sólidos, VI ME líquidos e gasosos, penetração por via Retro e 01 Quadro respiratória, cutânea e digestiva. VE Doenças profissionais. VI ME VE Retro e 01 Quadro SOMA: 03 d. UD - 04 - Operações Insalubres e Perigosas. Relação de Assuntos Avaliação Radiações ionizantes e não ionizantes: VI doses limite – procedimentos. VE Trabalhos sob pressão (tubulação/mergulho); hiperbárica compressão e VI Método de Material Ensino ME Carga Didático Horária Retro e 01 Quadro ME VC Retro e 02 Quadro descompressão. SOMA: 03 e. UD - 05 - Natureza dos Serviços Executados pelo Bombeiro. Relação de Assuntos O equipamento de trabalho. Avaliação VI Método de Material Ensino ME Carga Didático Horária Retro e 01 VC As condições físicas do homem. VI Quadro ME VC O desenvolvimento tecnológico como fator VI agravante. VC O risco intrínseco do local da ocorrência. VI confronto com o desconhecido, VI variedade dos locais de ocorrência. VC O conhecimento do comportamento dos VI materiais. VC 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro ME VC O Retro e Retro e 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro SOMA: 06 f. UD - 06 - As Condições de Riscos no Trabalho do Bombeiro e Medidas Preventivas. Relação de Assuntos Avaliação As condições de trabalho referentes a VI Método de Material Ensino ME espaço, ventilação, temperatura, pressão, VC A urgência, a necessidade de tomada de VI decisões, o emprego de ferramentas. VC organização física do local. Didático Horária Retro e 01 Quadro iluminação etc. A Carga As VI atividades monótonas, a improvisação. As VC ME Retro e 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro condições físicas. O fator treinamento. O fator humano. O fator material. O fator VI operacional. Situações de risco na vida do VC ME Retro e 01 Quadro bombeiro. SOMA: 04 g. UD - 07 - Atividades, Objetivos e Metas. Avaliaçã Relação de Assuntos Revisão na política de seleção e recrutamento de pessoal. Revisão na o Ensino VI ME VC política especialização, Método de Material de formação, aperfeiçoamento VI e VC Inclusão dos ensinamentos de segurança, VI Carga Didático Horária Retro e 01 Quadro ME Retro e 01 Quadro manutenção da instrução. ME higiene e medicina do trabalho nos currículos dos cursos da PM. Implantação Retro e 01 Quadro VC dos sistemas integrados de bem estar do PM. Revisão do Sistema Operacional. Desenvolvimento e implantação dos POP VI ME (Procedimentos Operacionais Padrão) e PSP (Procedimentos de 02 Quadro, Segurança Padrão). Prevenção de mortes e lesões Retro e TV e VC Vídeo bem como danos materiais. O técnico de segurança. O estudo e controle dos riscos para eliminação dos mesmos. A manutenção da motivação e do interesse. O registro, investigação e análise de acidentes. As inspeções de segurança. Publicação de boletins. diversos. Emissão Convênios relacionadas com de pareceres com entidades a atividades. VI ME Retro e 01 Quadro, VC TV e Vídeo Programação de palestras, conferências, seminários e SIPAT. SOMA: 06 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: a. Higiene, Segurança e Medicina no Trabalho, Fundacentro - São Paulo; b. Portaria 3214 P-08Jun87 e Normas Reguladoras. Atlas São Paulo; c. ASTEPE, Martim Wells. Riscos Físicos. Fundacentro São Paulo; d. SOTO, José Manoel O.G. Riscos Químicos. Fundacentro São Paulo; e. SAAD, Irine Ferreira S.P. Limites de Tolerância - Agentes Químicos. Fundacentro - São Paulo; f. PMESP CB CIB Apostila EPI (Equipamentos de Proteção Individual); e g. NBR 1, 2, 3, 5, 8, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 25, 26 e 28.