caracterização de rebanhos bovinos

Transcrição

caracterização de rebanhos bovinos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Medicina Veterinária
Curso de Medicina Veterinária em Betim
Gabriela Mendonça de Sales Barbosa
CARACTERIZAÇÃO DE REBANHOS BOVINOS DE DIFERENTES
GRUPAMENTOS GENÉTICOS PERTENCENTES À TRÊS PROPRIEDADES
LOCALIZADAS NA REGIÃO CENTRAL DE MINAS GERAIS EM RELAÇÃO A
COMPOSIÇÃO DO LEITE
Betim
2013
Gabriela Mendonça de Sales Barbosa
CARACTERIZAÇÃO DE REBANHOS BOVINOS DE DIFERENTES
GRUPAMENTOS GENÉTICOS PERTENCENTES À TRÊS PROPRIEDADES
LOCALIZADAS NA REGIÃO CENTRAL DE MINAS GERAIS EM RELAÇÃO A
COMPOSIÇÃO DO LEITE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Medicina Veterinária em Betim da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Medicina Veterinária.
Orientador: Maria Coeli Gomes Reis Lage
Betim
2013
Gabriela Mendonça de Sales Barbosa
CARACTERIZAÇÃO DE REBANHOS BOVINOS DE DIFERENTES
GRUPAMENTOS GENÉTICOS PERTENCENTES À TRÊS PROPRIEDADES
LOCALIZADAS NA REGIÃO CENTRAL DE MINAS GERAIS EM RELAÇÃO A
COMPOSIÇÃO DO LEITE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Medicina Veterinária em Betim da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Medicina Veterinária.
____________________________________________
Maria Coeli Gomes Reis Lage (orientador) – PUC Minas
____________________________________________
Alessandro Magno Cambraia Esteves – PUC Minas
____________________________________________
Marcus Filipe Paiva Mores– Genes Pecuária Comércio e Serviços LTDA.
RESUMO
O mercado de produtos lácteos no Brasil e no mundo sofreu mudanças
significativas. Atualmente os laticínios tem exigido leite com maior teor de sólidos
totais, menor Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem bacteriana Total
(CBT) mais baixa, pois esse fatores estão diretamente ligados à qualidade e tempo
de vida de prateleira do produto final. Além disso, o leite com maior percentual de
sólidos totais possui maior rendimento industrial, reduzindo custos relativos à
estrutura necessária para estocagem e transporte do leite. O estímulo para
aumentar a produção de leite com estas características decorreu de bonificações
para o leite de melhor qualidade que tenha maior percentual de sólidos totais e
penalização para o leite com percentuais muito baixos de gordura e proteína. A
composição do leite é influenciada por diversos fatores como nutrição, fase da
lactação e genética. Por causar mudanças definitivas no rebanho, muitos produtores
tem se interessado por realizar o melhoramento genético de seus rebanhos
empregando animais que tiveram sua prova genética positiva para maior produção
de sólidos totais, gordura e proteína. Os cruzamentos entre animais de alta
produção leiteira com animais de origem zebuínas, que tem a característica de leite
com maior percentual de sólidos e maior rusticidade, sendo melhor adaptados às
condições ambientais do Brasil. O presente trabalho tem como objetivo mostrar a
distribuição dos rebanho pertencentes a três fazendas da região central do estado
de Minas Gerais quanto ao percentual de gordura, proteína e CCS. Foram
analisados dados cedidos pela empresa Genes Pecuária Comércio e Serviços LTDA
(Gepec), provenientes de 3942 coletas de leite de 199 vacas das raças Gir leiteiro e
Holandesa e de cruzamentos desta com Gir leiteiro, Jersey, Tabapuã, Nelore e
outras mestiças. As coletas de leite foram realizadas pelos Médicos Veterinários da
Gepec no período de 2008 à 2012 e as análises do leite foram realizadas pelo
Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da UFMG.
Foram realizadas análises para avaliar se há relação da variação dos componentes
do leite com os grupos genéticos avaliados e com a estação do ano.
Palavras-chave: Composição do leite, cruzamentos, melhoramento genético,
qualidade do leite.
ABSTRACT
The dairy products’ market has suffered marked changes in Brazil and the
world. Nowadays, dairy products have demanded milk with higher rates of total
solids, less Somatic Cell Count (SCC) and less Total Bacterial Count (TBC), because
these constituents are directly related to the final product’s quality and shelf lifetime.
Besides, milk with higher percentages of total solids has higher industrial yield,
lowering costs related to the necessary structure for stocking and transporting. The
incentive to raise milk production with the given features came from bonuses for
higher quality milk, with higher total solids percentage and penalties for milk with low
levels of fat and protein. Milk composition is influenced by several factors, such as
nutrition, lactating and genetics. Due to its effective changes to the cattle, many
producers have been interested in carrying out genetic improvements in their cattle,
devoting animals whose genetic proofs were positive for higher total solids, fats and
proteins’ production. Crossbreeding between animals with higher milk production and
Zebu-descendant ones, whose milk has higher percentage of solids and higher
rusticity, being better adapted to Brazil’s environmental conditions. The current work
has, as an objective, show off the cattle distribution belonging to three farms in the
central region of Minas Gerais state, regarding fat percentage, protein and SCC.
Analysed data was provided by the company “Genes Pecuária Comércio e Serviços
LTDA” (“Gepec”), given 3942 milk samples from 199 “Gir Leiteiro” and Holstein cows
and from crossbreeding between these two, Jersey, Tabapuã, Nellore and other halfbreeds. Milk samples were collected between 2008 and 2012, carried out by Gepec’s
Veterinarian Doctors, and analysed by the Milk Quality Analysis Lab, from
Veterinarian School of UFMG. Analyses were held in order to evaluate whether there
are any relations between milk components, the studied genetic groups and the
season of the year.
Key-words: milk composition, crossbreeding, genetic improvement (breeding), milk
quality.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCZ - Associação de Criadores de Zebu
ACBG - Associação de Criadores de Guzerá do Brasil
CBMG - Centro Brasileiro de Melhoramento do Guzerá
CBT – Contagem Bacteriana Total
CCS – contagem de células somáticas
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ESD – Extrato Seco Desengordurado
F1 – Primeira Geração Filiar
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais
GEPEC - Genes Pecuária LTDA
HZ - holandês x Zebuína
IA - Inseminação Artificial
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA – Instituto de Ciências Agrárias
IN 51 – Instrução Normativa 51
IN 62 – Instrução Normativa 62
MOET - Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões
NNP - Nitrogenados não proteicos
PAGRG - Avaliação Genética da Raça Guzerá para Corte
pH - potencial Hidrogeniônico
PMGG - Programa de Melhoramento genético da Raça Girolando
PMGZ - Programa de Melhoramento de Zebuínos
PNMGL - Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro
PT – Proteínas Totais
PTA - Capacidade Prevista de Transmissão
PV – Proteína Verdadeira
TE – Transferência de Embrião
UFC/ml - Unidades Formadores de Colônia por mililitro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
2 METODOLOGIA .............................................................................................. 3
3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 5
3.1 Produto leite ..................................................................................................... 5
3.2 Regulamentação brasileira para o leite ......................................................... 5
3.3 Componentes do leite....................................................................................... 7
3.3.1 Proteínas......................................................................................................... 9
3.3.2 Gordura.......................................................................................................... 9
3.3.3 Contagem de Células Somáticas (CCS)........................................................ 9
3.3.4 Contagem Bacteriana Total (CBT)............................................................. 11
3.4 Mercado.......................................................................................................... 12
3.5 Qualidade do leite.......................................................................................... 15
3.6 Biotecnologias reprodutivas.......................................................................... 16
3.7 Principais raças com aptidão leiteira criadas no Brasil............................. 18
3.7.1Holandesa..................................................................................................... 18
3.7.2 Jersey............................................................................................................ 19
3.7.3 Pardo Suíço.................................................................................................. 20
3.7.4 Gir Leiteiro................................................................................................... 20
3.7.5 Girolando..................................................................................................... 21
3.8 Programas de Melhoramento genético de Bovinos de leite no Brasil........ 22
3.8.1 Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL)............ 23
3.8.2 Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para leite..................... 24
3.8.3 Programa de Melhoramento genético da Raça Girolando (PMGG)......... 25
3.9 Cruzamento entre raças................................................................................ 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 27
4.1 Distribuição dos grupos genéticos............................................................... 27
4.2 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com a contagem de células
somáticas.............................................................................................................. 28
4.3 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com o percentual de
proteína.................................................................... .................. ........................ 43
4.4 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com o percentual de
gordura................................................................................................................ 47
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 52
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 53
ANEXOS . Artigo: Caracterização de rebanhos bovinos de diferentes grupamentos
genéticos pertencentes à três propriedades localizadas na região central de Minas Gerais
em relação à composição do leite ...................................................................... 61
1
1 INTRODUÇÃO
Pela análise realizada em 2012 do mercado de produtos lácteos no Brasil e no
mundo evidenciou-se mudanças significativas, exigindo leite de melhor qualidade,
constituído por menor número de células somáticas e maior concentração de sólidos
(proteína e gordura). Leite com essas características apresentarão maior
rendimento, sendo melhor aproveitado na produção de derivados lácteos como
queijos e iogurtes. Há uma tendência real de elevação da bonificação do produto
que apresente maior percentual de gordura e proteína.
O mercado de derivados lácteos cresceu não somente em volume, mas
também no valor agregado a esses produtos. A maior receita dos laticínios vem da
produção
e
comercialização
de
derivados
lácteos
quando
comparado
à
comercialização do leite propriamente dito. Vários estudos comprovam os benefícios
concedidos à saúde humana pelo consumo regular de derivados do leite. Esse fato,
somado ao aumento da renda per capita de países subdesenvolvidos, expandiu o
mercado de lácteos, gerando maior demanda e consequente necessidade de
incremento da produção para atender a esse novo público.
Sabe-se que, as variações na composição do leite são influenciadas pela
genética, nutrição e fase da lactação em que se encontra o animal. Por essa razão,
os produtores se interessam por realizar o melhoramento genético de seus rebanhos
empregando animais que tiveram sua prova genética positiva para maior produção
de sólidos totais, gordura e proteína. Apesar do ganho genético ocorrer de forma
gradual e relativamente lenta, quando comparada às mudanças dos fatores
ambientais como, por exemplo, tipo de dieta, o ganho genético será definitivo,
havendo
maior
frequência
dos
genes
responsáveis
pelas
características
selecionadas nos rebanhos. Ressalta-se que, é necessário respeitar as condições
ambientais mínimas para que haja a expressão do potencial genético desses
animais.
Além de serem mais adaptados às condições ambientais do Brasil, os animais
mestiços possuem menor exigência de mantença, diminuindo custos com
alimentação. A vida útil das F1 de holandês x Guzerá oriundos de experimento da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em parceria
com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) na Região
2
Sudeste, criados em bom nível de manejo, foram de 8,4 anos, sustentando taxa de
reposição anual de 12%, quase três vezes menor que o relatado para o holandês da
região de Castro-PR (MADALENA, 2004). Com o aumento da vida útil dos animais
do rebanho, há diminuição na taxa de descarte, o que é desejável, já que haverá
menor necessidade de novilhas para reposição, o que poderá levar à maior venda
de animais, aumentando a receita da fazenda.
Considerando-se a maior bonificação do leite com maior concentração de
sólidos, o F1 se torna ainda mais vantajoso pois produz leite com alto teor de sólidos
quando comparado à animais Holandeses puros.
Baseado nessas premissas sabe-se que, é imprescindível, a determinação dos
parâmetros genéticos como herdabilidade e correlações genéticas, fenotípicas e
ambientais referentes às características de produção e qualidade do leite, Essas
referências permitirão a previsão da intensidade das mudanças genéticas e
fenotípicas, além de determinar o tempo necessário para que elas se expressem no
rebanho.
Vale ressaltar que, além de selecionar animais geneticamente superiores é
necessário buscar o desenvolvimento das biotecnologias reprodutivas que visem
aumentar o desempenho reprodutivo dos animais. A transferência de embrião
permite a obtenção de progênie de fêmeas de alto valor genético, desde que sejam
empregados reprodutores geneticamente superiores, incrementando o ganho
genético do rebanho. Porém, o custo e necessidade de mão de obra especializada
limitam o uso dessa biotecnologia. Há outros métodos que são utilizados com menor
frequência como sexagem de embriões e clonagem.
A inseminação artificial é a ferramenta mais importante utilizada no
melhoramento genético animal, devido a sua significativa relação entre custo e
benefício, quando comparada às outras biotecnologias. A utilização da inseminação
artificial viabiliza o uso de reprodutores com alto valor genético e prova positiva para
as características selecionadas, aumentando a frequência dos genes responsáveis
por essas características nas populações. O uso da inseminação permite diminuir a
relação macho/fêmea acarretando à redução dos custos de produção e manutenção
de machos na propriedade. Outras vantagens no emprego dessa biotecnologia é a
maior facilidade de realizar cruzamentos entre raças sem a necessidade de compra
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e manutenção de animais no rebanho, além de aumentar a variabilidade genética do
rebanho.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Produto leite
Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha
completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas
e descansadas (IN 51).
Os componentes incluem água, glicídios (basicamente lactose), gordura,
proteína (principalmente caseína e albumina), minerais e vitaminas (GONZALEZ,
2001).
O leite é considerado um alimento nobre devido ao seu alto valor nutricional,
sua composição é rica em proteína, gordura, carboidratos, podendo ser considerado
fonte de vitaminas B1, B2, A, D, E e K. Além de suas propriedades nutricionais,
oferece elementos anticarcinogênicos, presentes na gordura, como o ácido linoléico
conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β caroteno, vitaminas A e D (MULLER,
2002).
As proteínas do soro do leite possuem alto valor biológico, sendo utilizadas na
produção de suplementos. Até os anos 70, o soro ourindo da produção de queijos
era descartado, até que em 1971, o Dr. Paavo Airola, descreveu-as como parte
importante no tratamento e prevenção de flatulências, prisão de ventre e putrefação
intestinal. Evidências recentes sustentam a teoria que as proteínas do leite, incluindo
as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem peptídeos bioativos,
que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função
imune, assim como fatores de crescimento (HARAGUCHI et AL, 2005).
3.2 Regulamentação brasileira para o leite
O produto denominado leite cru refrigerado é aquele procedente do leite,
refrigerado à temperatura máxima de 7ºC em um tanque de refrigeração na
propriedade ou comunitário e à temperatura de 10ºC no transporte e recebimento no
estabelecimento que irá processá-lo.
O leite pasteurizado advém do leite cru refrigerado que durante o seu
processamento tenha sido submetido à tratamento térmico com temperaturas entre
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72 e 75ºC por 15 a 20 segundos em equipamento de pasteurização a placas, dotado
de painel de controle com termo-registrador e termo-regulador automáticos, válvula
automática de desvio de fluxo e torneiras de prova, seguindo-se do resfriamento
imediato em temperatura igual ou inferior a 4ºC e envase em circuito fechado no
menor prazo possível, sob condições que minimizem as contaminações. Os testes
utilizados para certificação da eficiência do processo de pasteurização são a
fosfatase alcalina que deve ser negativa, peroxidade positiva e coliformes 30-35ºC
menor que 0,3 NMP/ml. O leite pasteurizado é classificado de acordo com o teor de
gordura (integral, desnatado ou semi-desnatado).
Para solucionar o problema do leite de baixa qualidade produzido no
Brasil, foi proposta a IN 51 no ano 2012. Entretanto, essa normativa não foi
acompanhada de subsídios e programas que permitissem ao produtor brasileiro
cumprir com essas exigências em tempo hábil. Para minimizar esses déficits da IN
51, foi criada a Instrução Normativa 62 (IN 62) que prevê mudança gradual no
referencial da CCS. A IN 62 foi implantada nas regiões sul, sudeste e centro-oeste,
estabelecendo o limite de CCS de 600.000 células/ml a partir de janeiro de 2012;
decrescendo para 500.000 células/ml a partir de julho de 2014, atingindo finalmente
a 400.000 células/ml a partir de julho de 2016.
A grande diferença entre as normativas é que IN 62 propõe a criação da
Comissão
Técnica
Consultiva
pelo
Ministério
da
Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento (MAPA) que terá o papel de analisar as ações tomadas na tentativa
de melhorar a qualidade do leite no Brasil. Ainda que não sejam claramente
definidas essas ações e o que elas propõem, o esperado é que a comissão discuta
com os órgãos responsáveis do governo federal e com as organizações do setor
lácteo os pontos fundamentais que permitirão a implantação da IN 62, como
assistência técnica e financeira ao produtor
para melhora da infraestrutura e
logística do leite no país, democratizando assim a produção do leite e evitando a
exclusão dos pequenos produtores (menos de 50L/dia) que hoje contribuem com
25,9% do volume de leite produzido no Brasil (IBGE, 2006).
Essas novas medidas prevêem a melhoria da qualidade do leite brasileiro
colocando-o em situação de competitividade no mercado internacional, podendo
levar ao aumento no volume de leite exportado e adequando o produto brasileiro às
5
novas tendências do mercado nacional. Destaca-se que esse mercado torna-se a
cada dia mais exigente em relação à qualidade da matéria prima utilizada.
2.3 Componentes do leite
A composição do leite varia de acordo com diversos fatores como, dieta
oferecida às vacas, raças, condições ambientais, estresse, condição da saúde da
vaca, condição corporal, fatores individuais, genética, entre outros.
Segundo a legislação, o leite cru é composto por no mínimo 3% de gordura e
2,9% de proteína, cerca de 87% de agua e ausência de agentes inibidores, como
antibióticos (IN 51).
3.3.1 Proteínas
O melhoramento genético dos bovinos para a produção de leite com maior
concentração de proteínas tem ganhado cada vez mais importância, tendo-se em
vista que as proteínas do leite estão relacionadas com o rendimento industrial na
produção de queijos, iogurtes e outros derivados lácteos.
As proteínas encontradas no leite são divididas em dois grupos: as proteínas
do soro e as caseínas. As caseínas são sintetizadas na glândula mamária em quatro
frações principais: as α S1-, α S2-, β- e κ-caseína (BOTARO et al, 2011). As
caseínas são cerca de 80% das proteínas totais encontradas no leite. As proteínas
do soro podem ser produzidas pela própria glândula mamária como a βlactoglonulina e a α-lactoglobulina ou podem ser de origem sanguínea como a
albumina sérica e as imunoglobulinas. A caseína α S1 corresponde a 40% das
caseínas presentes no leite bovino, a caseína α S2 constitui cerca de 10% das
caseínas do leite enquanto a caseína β corresponde a 45% (BOTARO et al, 2011).
As proteínas do soro são consideradas proteínas de alto valor biológico, e isto
se deve ao fato de possuírem ótima composição de aminoácidos, alta digestibilidade
e biodisponibilidade de aminoácidos essenciais. A proteína encontrada em maior
proporção no soro do leite de bovinos é a β-lactoglobulina. A quantidade de βlactoglobulina presente no soro do leite humano é desprezível segundo SGARBIERI
(2005), por isso é considerada a mais antigênica, sendo a causadora de alergias em
humanos mais sensíveis principalmente crianças. Entre as proteínas do soro está
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presente também a α-lactalbumina A e B, sendo a variante genética B a única
encontrada em leite das raças bovinas ocidentais.
A Albumina de soro bovino (BSA) não é produzida pela glândula mamária e
tem origem sanguínea; passa para o leite por uma rota semelhante a das
imunoglobulinas. Altos índices de imunoglobulinas e BSA são encontrados em leite
de vacas com mastite. O leite de vaca contém 0,7 a 1,3% de BSA, o que representa
cerca de 15 a 20% do conteúdo proteico do soro de leite (SGARBIERI, 2005).
O leite apresenta, além de proteínas e peptídeos, uma fração de compostos
nitrogenados não proteicos (NNP) como a uréia e a creatinina que perfazem
aproximadamente 5% do total de nitrogênio do leite (WALSTRA,1984).
Estudo realizado por BOTARO (2011) analisou a concentração de proteínas
totais (PT), proteínas verdadeiras (PV) e nitrogênio não proteico (NNP) no leite de
vacas das raças Holandesa, Jersey e Girolando. Foi observado que o leite do
rebanho de vacas Jersey produziu leite com maiores percentuais de PV (3,25%) e
PT (3,38%), enquanto o rebanho de vacas da raça Girolando produziu leite com
valores médios de 3,22% para PT e 3,07% para PV. O rebanho de Holandesas foi o
que produziu leite com menor percentual de PT (3,21%) e PV (3,06%). Com base
nesse estudo, pode-se afirmar que as vacas da raça Jersey produzem leite com
maior teor proteico garantindo maior rendimento industrial na fabricação de
derivados lácteos.
O percentual de proteína do leite varia de acordo com inúmeros fatores como
raça, dieta, fase da lactação. A maior concentração de células somáticas causa
aumento das proteínas do soro e diminuição no percentual de caseínas de modo
que não há alteração no percentual de proteínas totais.
O principal fator de alteração da concentração de gordura e proteína no leite é
a dieta fornecida à vaca. A adição de gordura à dieta ocasiona menor disponibilidade
de glicídeos para os microrganismos do rúmen, levando à
menor produção de
proteína microbiana no rúmen e consequentemente menor teor de proteína no leite.
Ao contrário da adição de gordura na ração, o uso de aditivos como ionôforos na
ração ocasionam maior produção de proprionato e de proteína microbiana,
aumentando o percentual de proteína no leite. Segundo GONZÁLES e CAMPOS
(2003), em vacas de alta produção, onde existe uma alta demanda de proteínas
para a síntese no leite, a adição suplementar de proteína não degradável contendo
lisina e metionina é favorável para aumentar o teor de proteína no leite.
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O estresse térmico ocasiona diminuição do volume total de leite e dos teores
de sólidos totais, gordura e proteína (KADZERE et AL., 2002), devido a mudança no
pH ruminal e à diminuição no consumo de alimento.
A mastite causa alterações em toda a composição do leite e as mudanças na
composição estão diretamente relacionadas com a superfície mamária atingida pela
patologia. As proteínas sintetizadas na glândula mamária (α e β caseína, αlactoalbumina e β-lactoglobulina) sofrem uma redução enquanto as proteínas de
origem sanguínea (albumina e imunoglobulinas) aumentam sua concentração devido
a maior permeabilidade vascular causada pelos precursores inflamatórios. Deste
modo, há pouca variação na concentração de proteínas totais no leite.
2.3.2 Gordura
A gordura é o componente do leite que sofre mais variação (CAMPOS e
GONZALES, 2003). Sua concentração é altamente influenciada pela dieta, por
exemplo, uma dieta muito energética, rica em lipídeos irá promover a produção de
leite com menores percentuais de gordura, pois a maior concentração de
triglicerídeos irá inibir a produção de gordura na glândula mamária. A concentração
de gordura no leite varia também de acordo com a fase do período de lactação em
que se encontra o animal, sendo que o leite com maior percentual de gordura é
produzido no final do período de lactação.
Pesquisas mostram que dietas que produzem uma proporção de AGV no
rúmen de aproximadamente 65% de acetato, 20% de propionato e 15% de butirato,
irão resultar na produção de leite com concentrações adequadas adequados de
gordura (GONZALES et al, 2001).
Estudo feito por PINARELLI (2003) mostra os efeitos do estresse calórico na
composição do leite de vacas da raça holandesa. Foi observado que para vacas
mantidas em baixas temperaturas, as médias dos teores de gordura, proteína e
lactose foram de 3,47%, 3,07% e 5,08% respectivamente; para vacas em
temperatura intermediária foram de 3,46%, 3,02% e 5,06% e de 3,17%, 2,89% e
5,01% para vacas mantidas em altas temperaturas.
Cerca de 98% da gordura do leite é composta por triglicerídeos, 0,25-0,48%
por diacilglicerídeos, 0,02 – 0,4% por monoacilglicerídeos, 0,006% por glicolipídeo e
ácidos graxos livres (0,1 – 0,4%).
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2.3.3 Contagem de Células Somáticas (CCS)
Todas as células presentes no leite são chamadas de células somáticas,
incluindo as células da corrente sanguínea e células de descamação do epitélio
glandular secretor. O aporte destas células se intensifica na quarta semana préparto, diminuindo gradativamente até uma semana pós-parto (MULLER, 2002).
Havendo infecção intramamária há migração de células de defesa, principalmente
neutrófilos, da corrente sanguínea para a glândula mamária aumentando a CCS.
De acordo com SANTOS (2001), rebanhos com maior CCS no leite
apresentam maior risco de ocorrência de resíduos de antibióticos, pois à medida que
há aumento da CCS do rebanho, significa maior incidência de mastite subclínica. A
presença de pequenas quantidades dessas substâncias no leite acarreta sérios
prejuízos ao consumidor e para a indústria, tornando-se difícil o aproveitamento da
matéria-prima com resíduos de antibióticos porque essas substâncias atuam
diminuindo ou inibindo a atividade das bactérias responsáveis pelas diversas
fermentações desejadas nos diferentes produtos lácteos, como iogurte e queijo.
Altos índices de CCS interferem no rendimento do leite principalmente na
produção de queijos, devido à menor concentração de caseínas e maior
concentração de proteínas do soro. Além disso, a CCS alta pode alterar a
coagulação do leite causando defeitos de textura e alterações sensoriais no queijo.
O aumento da CCS leva ao aumento na concentração de outras substâncias como
por exemplo a lactoferrina que inibe a ação dos fermentos utilizados na produção de
iogurtes.
A CCS interfere também na produção de leite em pó causando alterações na
estabilidade térmica do produto reduzindo o tempo de vida de prateleira. E no caso
do leite UAT, o uso do produto com elevada CCS contribui para a redução do tempo
para início do defeito conhecido como gelatinização do leite, devido a ação de
proteases e lípases (SANTOS e FONSECA, 2007).
Atualmente, em 2013, não existe regulamentação para a CCS no leite para o
comércio internacional. Entretanto, muitos países têm adotado limites máximos de
células somáticas como parte de seus padrões nacionais de regulamentação,
visando preservar a qualidade higiênica do leite (MULLER, 2002). Países como
Nova Zelândia e Austrália, assim como União Européia adotam o limite de 400 mil
células/mL. No Canadá o limite é de 500 mil células/mL e nos Estados Unidos da
América é de 750 mil células/mL. No Brasil, a legislação estabelece o limite da CCS
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de 600.000 células/mL a partir de janeiro de 2012, decrescendo para até 400.000
células/mL até julho de 2016.
A mensuração da CCS individual ou do tanque em uma propriedade permite
avaliar a ocorrência de mastite subclínica da propriedade, mostrando-se como uma
ferramenta de grande importância na monitoração da sanidade do rebanho,
auxiliando na tomada de medidas de prevenção e tratamento, além de ser indicativo
da qualidade do leite.
Na literatura há contradição em relação à variação na concentração de
gordura em relação ao número de células somáticas. Normalmente existe tendência
de queda na concentração de gordura à medida que se aumenta a CCS. Nos casos
em que a produção de leite diminui em uma proporção maior que a síntese da
gordura, o percentual de gordura aumenta em função do efeito da concentração. A
mastite, acompanhada de alta CCS, está associada à diminuição da concentração
de lactose no leite (MULLER, 2002). O potássio, mineral predominante no leite,
decresce devido ao dano celular, enquanto há uma elevação nas concentrações de
sódio e cloro que passam do sangue para o leite (SCHÄELLIBAUM, 2000).
Estima-se ainda que ocorra uma redução de 2 a 2,5% na produção de leite
para cada 100.000 células/mL acima de 200.000 células/mL (PHILPOT, 2002).
Além da mastite, outros fatores como raça, ordem de lactação, produção de
leite, estágio da lactação, estresse e problemas nutricionais também podem causar
alteração na CCS.
2.3.4 Contagem Bacteriana Total (CBT)
Por ser um alimento rico em nutrientes, o leite é considerado um bom meio de
cultura bacteriana. A contaminação bacteriana do leite pode ocorrer dentro da
glândula mamária, na superfície exterior do úbere e tetos; no seu manuseio quando
em contato com os utensílios contaminados tanto da ordenha como do tanque que
podem estar previamente contaminados. Desta forma, a saúde da glândula
mamária, a higiene de ordenha, o ambiente em que a vaca fica alojada e os
procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha são fatores que interferem
diretamente na contaminação microbiana do leite cru (GUERREIRO et al, 2005).
A temperatura exerce papel fundamental no crescimento bacteriano, por essa
razão, o leite deve ser mantido sob refrigeração na propriedade rural e atingir a
temperatura máxima de 4ºC em até 3 horas após a ordenha em tanques de
10
expansão ou até 7 ºC em tanques de imersão. Esse controle de temperatura objetiva
evitar o crescimento bacteriano e diminuir a ação de enzimas degradativas. Várias
espécies bacterianas utilizam a lactose como nutriente gerando o ácido lático como
produto da fermentação da lactose. O ácido lático irá alterar o pH do leite levando á
perda da estabilidade química da caseína. Algumas espécies bacterianas,
principalmente as psicrotróficas, também produzem lipases e proteases (FONSECA
e SANTOS, 2000). Todas essas alterações causadas pelas bactérias irão interferir
nas características organolépticas, tempo de prateleira e rendimento industrial do
leite.
A elevada CBT é indesejável, pois coloca em risco a saúde do consumidor
devido à maior probabilidade de veiculação de doenças, além de causar alterações
nas características sensoriais do produto (PICININ, 2003).
A quantificação bacteriana do leite cru auxilia na avaliação dos procedimentos
de ordenha e armazenamento na propriedade rural, e ao mesmo tempo, permite
inferir os prováveis efeitos adversos sobre o rendimento industrial e segurança
alimentar do leite (BUENO et al, 2008).
Contagens bacterianas aumentadas geralmente sugerem problemas com o
equipamento de ordenha ou com o resfriamento, mas os consultores deveriam ter
em mente que as práticas de ordenha podem influenciar tais contagens (RUEGG e
HOHMANN,2011)
3.4 Mercado
Não há dúvidas sobre a importância do leite na geração de empregos e no
desempenho econômico do Brasil. O setor primário envolve cerca de cinco milhões
de pessoas, considerando, em média, três pessoas trabalhando na produção de leite
e os produtores, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
no Censo Agropecuário (IBGE, 2006) somam 1,35 milhões. O Brasil é um grande
importador de produtos lácteos e com o aumento da renda da população,
principalmente classes C e D houve um aumento significativo no consumo de
produtos lácteos levando a balança comercial a ser negativa. Em 2011, até o mês de
outubro, o Brasil importou meio bilhão de dólares com 132.457 toneladas de
produtos lácteos e exportou aproximadamente US$ 100 milhões (ZOCCAL et al,
2011).
11
De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE em 2006, no Brasil existem
cerca de 5,2 milhões de estabelecimentos rurais sendo que 1,3 milhões, ou 25%
destes produzem leite.
O preço do leite pago ao produtor foi o maior em abril/2013 comparado com
os valores pagos em 2012 e no início de 2013. O preço subiu em média 9,8% desde
outubro de 2012 até abril de 2013. De março/2013 para abril/2013 o preço do leite
subiu 2,4% e este foi o maior reajuste do ano de 2013 até o momento. O principal
motivo para a alta registrada no preço do leite é a queda na captação que é
registrada desde dezembro/2012; de março/2013 para abril/2013 houve queda de
0,6% na captação do leite, segundo o Índice Scot de Captação. Os custos de
produção reduziram 2,9% em abril/2013 quando comparado á março do mesmo ano,
essa redução foi a maior registrada desde dezembro/2011 e os alimentos
concentrados são tidos como a principal causa para a queda dos custos de
produção, segundo o Índice Scot de Custo de Produção da Pecuária Leiteira. O
preço pago ao produtor foi R$0,875 por litro (média nacional) em abril/2013. Se
considerarmos o frete e impostos sobre o leite, ou seja, seu preço bruto, o valor
pago foi R$ 0,9526/litro (CEPEA, 2013). O gráfico 2.4.1 ilustra a variação do preço
do leite entre janeiro/2012 e abril/2013.
Gráfico 2.4.1 Variação do preço do leite pago ao produtor no Brasil entre janeiro/2012 e
abril/2013
Fonte: www.scotcontultoria.com.br
12
O incentivo ao produtor para a produção de leite com melhor qualidade é
dado através do Sistema de Pagamento pela Qualidade do Leite, onde, além de
atender os padrões mínimos de qualidades exigidos pela IN 62 o produtor é
bonificado pelo laticínio de acordo com a qualidade e composição do leite entregue.
Os pioneiros na utilização de padrões de qualidade na bonificação do leite
são as cooperativas Castrolandia e Batavo localizadas no estado do Paraná. A partir
de 2000, passou a ser utilizado um sistema de bonificação baseado na composição
do leite (gordura e proteína), CBT, temperatura do leite no momento da coleta,
índice crioscópio, presença de antibiótico e CCS, sendo a CCS a maior
influenciadora no preço final do produto.
Além de bonificar a qualidade e
composição do leite recebido o sistema ainda bonifica por volume de leite entregue.
As analises deste sistema eram feitas uma ou duas vezes ao mês em amostras
coletadas no tanque.
No Brasil, o sistema de bonificação varia de acordo com as necessidades de
cada indústria, alguns laticínios tem maior bonificação pelo percentual de gordura e
outros bonificam mais o leite com maior percentual de proteína.
O Brasil possui o segundo maior rebanho de bovinos no mundo, ficando atrás
apenas da índia que soma mais de 300 milhões de cabeças de gado bovino. Os
Estados Unidos ocupam o primeiro lugar em termos de produção mundial, seguido
pela Índia, China e Rússia. O Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo e
cresce a uma taxa anual de 4%, superior à de todos os países que ocupam os
primeiros lugares (VILELA et al, 2011). Em 2011, foram produzidos no Brasil 31
bilhões de litros de leite. O número de produção é superior se comparado aos países
que mais exportam produtos lácteos para o Brasil, como o Uruguai, que se enquadra
em 46ª maior produção de leite e a Argentina na 17ª colocação.
Apesar da produção de leite ocorrer em todo o país, há maior concentração
da atividade leiteira nos estados das regiões Sul e Sudeste, como mostra o mapa a
seguir:
13
O principal Estado em aquisição de leite é Minas Gerais com 25,6% do total
nacional, seguido de longe pelo Rio Grande do Sul com 15,3% e pelo Paraná com
13,1% (IBGE, 2012).
A produção de leite do Brasil é feita de forma heterogênea, tem-se desde
produtores que produzem leite em larga escala e dispõe de alta tecnologia até
pequenos produtores com mão de obra familiar que possuem animais que produzem
menos de 10 litros/leite/dia. Os estabelecimentos com produção diária inferior a 50
litros representam 79,7% do total e a participação em relação à quantidade
produzida é de 25,9% do volume brasileiro (ZOCCAL et al, 2011). Sendo assim, a
maior parcela do leite produzido no Brasil vem de sistemas que produzem mais de
50 litros por dia. Existem também estabelecimentos onde a produção de leite não é
a atividade principal, complementando outra atividade como, por exemplo, recria e
engorda de bovinos.
14
Os estabelecimentos de atividade leiteira no Brasil são classificados de
acordo com a produção de leite/dia e grau de tecnologia aplicada no manejo da
propriedade. Estes estabelecimentos estão distribuídos de acordo com o quadro
2.4.1:
Quadro 2.4.1: Distribuição da produção de leite no Brasil de acordo com a produção diária e
individual, número de animais e alimentação oferecida aos animais.
Nº de animais
Produção de
sub-existência
Produção em
base familiar
< 30 vacas
Entre 20 e 70
vacas
Produção diária
individual
< 4L/animal/dia
4 a 8L/animal/dia
Produção semi- Entre 20 e 100 8 a
extensiva
vacas
12L/animal/dia
Produção
especializada
Produção
intensiva
Entre 50 e 200 12 a
vacas
17L/animal/dia
> 200 vacas
> 17L/animal/dia
Produção diária
< 50 litros
Entre 50 e 500
litros
Alimentação base
Pastagem e
suplementação apenas de
sal mineral.
Pastagem e
suplementação de
concentrado na estação
seca ou durante todo o
ano.
> 200 litros
Pastagem e
suplementação volumosa
na seca e concentrada
durante todo o ano para
as vacas em lactação.
> 500 litros
Pastagem adubada, canade-açúcar e silagem como
suplementação volumosa
e concentrada durante
todo o ano.
> 3.000 litros
Alimentação balanceada
fornecida integralmente
no cocho durante todo o
ano.
Adaptado de ZOCCAL et al(2011).
Além da baixa eficiência produtiva comparada a de seus principais
competidores, o preço do leite fluido no Brasil tem ficado superior aos preços dos
Estados Unidos e da Europa, que são grandes exportadores de produtos lácteos.
Entretanto, os principais entraves da competitividade dos produtos lácteos
brasileiros estão na qualidade do produto e na eficiência dos sistemas de produção
(ZOCCAL et al, 2011).
15
O Censo agropecuário de 2006 nos mostra ainda que 57% dos trabalhadores
de estabelecimentos rurais dedicados à pecuária possuem baixa escolaridade. Para
tornar a pecuária leiteira uma atividade mais rentável e sustentável é necessária a
inserção de novas tecnologias e maior treinamento dos funcionários envolvidos na
cadeia leiteira. Além disso, é imprescindível trabalhar em diversos pontos críticos
que limitam a atividade leiteira como a sanidade do rebanho, a qualidade do leite,
aumentar a produtividade individual e por área, e elaborar o planejamento alimentar
para os animais, principalmente nas regiões mais castigadas nos períodos secos.
Espera-se, que os sistemas de produção sejam mais sustentáveis, competitivos e
rentáveis.
2.5 Qualidade do leite
No Brasil, o leite “in natura” apresenta baixa qualidade, sendo que este fator
está relacionado com práticas de produção, manuseio na ordenha, influência das
estações do ano, localização geográfica e temperatura de conservação que
contribuem para o desenvolvimento de microrganismos contaminantes (SILVEIRA,
1998). Alta concentração de bactérias têm efeito negativo sobre a qualidade do leite,
especialmente, no que concerne ao sabor, vida de prateleira e segurança alimentar
do consumidor (GUIMARAES et al., 2006). A prática de coleta do leite de 48h em
48h horas adotada para acumular maior volume de leite reduzindo os custos com o
transporte contribui ainda mais para a perda de qualidade do leite.
2.6 Biotecnologias reprodutivas
O melhoramento genético em rebanhos de bovinos de leite além de selecionar
animais genética e fenotipicamente superiores, busca desenvolver biotecnologias
reprodutivas, que ao serem empregadas, possibilitarão o aumento do desempenho
reprodutivo dos rebanhos.
Atualmente, algumas técnicas já apresentam grande aplicabilidade a campo
como
a
inseminação
artificial,
a
sexagem
de
sêmen,
a
transferência,
criopreservação e produção in vitro de embriões, enquanto outras ainda
permanecem mais restritas a centros de pesquisa como a transgenia e a clonagem
(VISINTIN et AL, 2008).
16
A Inseminação Artificial (IA) foi a primeira tecnologia reprodutiva de grande
impacto no melhoramento genético animal (ALENCAR, 2004). A IA promove maior
intensidade de seleção, elevando o ganho genético das populações de gado leiteiro
no Brasil e permite o desenvolvimento de rebanhos constituídos de animais
compostos, ou seja, resultantes do cruzamento de uma ou mais raças. Essa
biotécnica também apresenta como vantagens a possibilidade de armazenamento
de sêmen por tempo indefinido e a disseminação mais rápida do material genético
de machos, bem como a redução de custos e de estresse com transporte de
animais.
A Transferência de Embriões (TE) é uma biotecnologia que permite recolher
embriões de uma fêmea doadora e transferi-los para fêmeas receptoras com a
finalidade de completarem o período de gestação (PASA, 2008). O uso dessa
biotecnologia possibilita a multiplicação acelerada da progênie de fêmeas que
possuem material genético de potencial genético comprovado. A coleta de embriões
de uma doadora pode ser feita várias vezes ao ano, permitindo a obtenção de vários
descendentes por ciclo reprodutivo, ao contrário de apenas um, como ocorreria em
condições normais. Esse fato resulta em maior evolução genética em menor período
de tempo, pois proporciona maior disseminação da genética materna no rebanho.
Na bovinocultura de leite é desejável o nascimento de mais bezerros fêmeas
em relação à machos. A possibilidade de produzir, em escala comercial, doses de
sêmen que contenham somente espermatozóides portadores do cromossomo X
(fêmea) ou Y (macho), aumenta os benefícios da utilização da inseminação artificial,
conferindo-lhe um papel decisivo na maximização do progresso genético entre
gerações, de acordo com as necessidades de cada programa de melhoramento
genético e aptidão do rebanho (MEDALHA, 2008).
Em geral, em programas de melhoramento genético os bezerros nascidos de
sêmen sexado são geneticamente superiores, podendo assim, serem utilizados
como reprodutores (SEIDEL, 2007 em MEDALHA, 2008), pois as centrais de coleta
e processamento de sêmen tem preferência por fazer a sexagem de sêmen de
touros com alto valor genético. A separação dos cromossomos pode ser feita
através da citometria de fluxo ou centrifugação em gradiente de densidade.
separação
dos
espermatozóides
“machos”
(com
o
cromossomo
Y)
A
dos
17
espermatozóides “fêmeas” (com o cromossomo X) é possível devido às diferenças
no conteúdo do DNA dessas células espermáticas (o espermatozóide fêmea possui
cerca de 4% mais material genético que o espermatozóide macho). Além disso, a
forma e a área da cabeça dos espermatozóides dos bovinos facilitam a sua
separação por meio de citometria de fluxo (BARUSELLI et al, 2007). A sexagem dos
espermatozóides através da técnica de centrifugação em gradiente de densidade
baseia-se na diferença de densidade existente entre os cromossomos X e Y (LIMA,
2006 em MEDALHA, 2008).
2.7 Principais raças com aptidão leiteira criadas no Brasil
2.7.1 Holandesa
É uma raça de taurina, que se originou nos países baixos da Europa. É
altamente especializada em produção de leite produzindo em média 42,6L l de leite
por dia (AIKMAN et AL, 2007). Por possuir origem européia, não é completamente
adaptada às condições climáticas e ambientais do Brasil, exigindo um certo nível de
tecnificação nas fazendas criadoras de gado holandês, no sentido de melhorar as
condições ambientais para que os animais da raça tenham a oportunidade de
exprimir o seu potencial genético. No Brasil, os maiores rebanho de gado holandês
se encontram nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de
Janeiro.
A FAO relacionou, na década de 1950, três tipos de gado Holandês, cada uma
com seu próprio registro genealógico: o "Holandês preto e branco" (ou vermelho e
branco), a variedade "Meuse-Rhine-ljssel" (vermelha e branca), e a chamada
"Groningen" (cabeça branca).
Os animais da raça apresentam pelagem malhada de vermelho e branco ou
preto e branco, sendo o ventre e a vassoura da cauda na cor branca. A cabeça é
bem moldada, com a fronte ampla e moderadamente côncava, possui o chanfro reto
e o focinho amplo com narinas bem abertas (Associação Brasileira dos Criadores de
Bovinos da Raça Holandesa).
Possuem pescoço longo e vértebras dorsais que se sobressaem e peito largo o
que lhes confere grande capacidade circulatória e respiratória. São animais de
grande porte; as vacas pesam em média 600 Kg e os touros 900 Kg. Além da
18
pelagem e do porte avantajado, outra característica marcante da raça é o úbere
grande e simétrico mostrando grande capacidade de produção de leite.
Por serem animais altamente especializados em produção, a reprodução é um
pouco menos eficiente quando comparamos a vacas de raças zebuínas. Em média,
a primeira cobertura ocorre por volta dos 18 meses, o primeiro parto de 25 à 27
meses e o intervalo entre partos varia entre 15 e 17 meses (Associação Brasileira
dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa). As médias de produção de leite,
gordura e proteína corrigida para 305 dias são respectivamente 6545,6 +/-1870,7;
215,4 +/- 64,5 e 221,1 +/-53,1 Kg (COSTA, 2011).
Os principais cruzamentos da raça Holandesa são com Gir, Jersey e Pardosuiço.
2.7.2 Jersey
Originada na “Ilha de Jersey”, no Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a
França, a raça é considerada a mais rústica entre as raças leiteiras de origem
europeia possibilitando que os animais desta raça sejam criados em diversos climas
e topografias. É a menor das vacas que possuem aptidão leiteira, por isso tem a
vantagem de permitir a criação de maior número de animais por área.
A característica que difere a raça Jersey de raças de alta produção é a
composição do leite produzido com maior teor de sólidos totais. Segundo a
Associação Americana de Criadores de Jersey o alto teor de proteína do leite
proveniente de vacas Jersey proporciona o maior rendimento industrial na produção
de queijo cheddar: 12,35 Kg de queijo a cada 100 Kg de leite, 2,35 Kg de queijo a
mais que a média dos Estados Unidos da América (Associação dos Criadores de
Gado Jersey do Brasil).
Uma vaca Jersey adulta pesa cerca de 350 a 450 Kg e produz
aproximadamente 20 litros de leite por dia. A pelagem dos animais da raça é
tipicamente castanha clara com o rosto mais escurecido, mas há variedades como a
Mulberry, que possui a pelagem acinzentada até preto opaco. Os animais podem
ainda, possuir manchas brancas em grande parte do seu corpo. A ossatura é mais
fina e menos robusta que a ossatura de animais da raça Holandesa. A cabeça é
larga e curta com perfil côncavo e orbita ocular saliente; naturalmente a raça possui
19
chifres, porém, através do melhoramento genético surgiram variedades de animais
mochos. Os animais da raça tem bom temperamento, facilitando o manejo de
ordenha.
No Brasil, é encontrada em todo o território nacional e os maiores rebanhos
estão nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul
(Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil).
2.7.3 Pardo Suíço
Originaria do nordeste da Suíça, região com condições climáticas e
topográficas consideradas duras, os animais da raça tem como principais
características a alta produção de leite com teor elevado de sólidos.
A média de produção por lactação dos animais da raça no Brasil é de 5.122
Kg com percentual de gordura igual à 3,8, segundo dados do controle leiteiro oficial.
As fêmeas da raça tem cerca de 1,40m de altura e pesam cerda de 600 a 800
Kg e os machos podem chegar à 1,58m de altura e pesar 1.300 Kg. Os animais
possuem pelagem é curta e parda, variando do pardo-claro ao tom mais escuro. Os
cascos são bem pigmentados e fortes e a ossatura robusta.
Os cruzamentos mais comuns são com Girolando e Guzerá quando o objetivo
da criação é produção de leite e com Nelore para os rebanho destinados à corte.
2.7.4 Gir Leiteiro
A raça tem origem indiana e chegou ao Brasil no início do século XIX, a
importação de animais da raça se intensificou por volta de 1930 devido à formação
da raça Indubrasil. Devido à sua origem zebuína, a raça possui maior rusticidade e
se adaptou com facilidade às condições ambientais do Brasil e ao sistema de
criação com alimentação baseado em pastagens, além da boa resistência a
ectoparasitos. A produção por lactação pode chegar à 3.233 Kg de leite com
produção diária de 12 Kg segundo a Associação Brasileira de Criadores de Gir
Leiteiro (ABCGIL). Segundo dados obtidos no Programa Nacional de Melhoramento
genético do Gir Leiteiro, o leite produzido por animais da raça possuem teores
médios de 4,04% de gordura e 3,03% de proteína.
A pelagem típica da raça possui fundo claro e pintas avermelhadas ou fundo
vermelho com pintas claras, com tons que variam do amarelo ao vermelho escuro,
20
sendo que Brasil, é mais comum se encontrar a pelagem com fundo branco com a
orelha, região dos joelhos, jarretes e quartelas em tons mais escuros.
O perfil e o crânio são ultraconvexos e os chifres são voltados para fora, para
baixo e para trás e estão localizados na linha dos olhos ou abaixo dela. As orelhas
são pendulares e com formato de folha seca, com uma dobra na extremidade
voltada para dentro.
2.7.5 Girolando
A raça é resultado do cruzamento de animais da raça holandês com animais
Gir, contendo variadas frações gênicas. O direcionamento dos acasalamentos busca
a fixação do padrão racial do bimestiço, 5/8H com 3/4G, objetivando um gado
produtivo e padronizado. As principais características resultantes desse cruzamento
são a rusticidade presente nos animais Gir com a alta produção dos animais da raça
Holandesa, explorando a heterose e a complementaridade das duas raças em um
único tipo de animal, fenotipicamente superior aos demais mestiços leiteiros.
O pico de produção de leite pode chegar até os dez anos de idade e as
fêmeas são boas produtoras de leite. A rusticidade presente na raça conferem aos
animais Girolando boa resistência e adaptabilidade as condições climáticas e
ambientais do Brasil. Estudo realizado por Pereira e Chalfun (2010) demonstrou que
animais zebuínos produzem leite com maior ter de gordura, porém isso não é
observado na concentração de proteína. As vacas da raça holandesa são
selecionadas para a produção de leite em volume e para proteína. Deste modo, o
cruzamento das duas raças proporcionam a criação de animais com alta produção
de leite com maior teor de sólidos. Os diagramas I e II apresentam estratégias de
cruzamentos para o obtenção de animais Girolandos.
21
Figura 1. Diagrama I de estratégia de cruzamento do gado Girolando.
Figura 2. Diagrama II de estratégia de cruzamento do gado Girolando.
22
2.8 Programas de Melhoramento genético de Bovinos de leite no Brasil
O melhoramento genético animal é um dos componentes indispensáveis para o
aumento da produtividade dos rebanhos e da eficiência dos sistemas de produção.
No Brasil, a Embrapa Gado de Leite tem orientado os programas de seleção das
raças bovinas leiteiras para a melhoria da produtividade e qualidade da produção
(VERNEQUE, et al, 2012). A média de produção de leite corrigida para 305 dias é
4.144 ± 1.955 Kg (SILVA, 2011).
Os programas de melhoramento genético das raças de bovino com aptidão
leiteira são de suma importância para garantir o progresso genético dos rebanhos,
pois através das avaliações feitas pelos programas, tem-se a prova de reprodutores,
proporcionando a disseminação de genética de qualidade, principalmente através da
IA, nos rebanhos de bovinos.
O Brasil conta com programas ainda recentes de melhoramento genético como
o Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, Programa Nacional de
Melhoramento do Guzerá para leite e Programa de Melhoramento genético da Raça
Girolando (PMGG).
2.8.1 Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL)
Iniciado em 1985, o PNMGL é um projeto executado pela Embrapa Gado de
Leite em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro e conta
com a participação de órgãos públicos e privados como a Associação de Criadores
de Zebu (ABCZ), centrais de processamento de sêmen, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa
do estado de Minas Gerais (FAPEMIG), empresas estaduais de pesquisa, criadores
de gado Gir puro e fazendas colaboradoras.
O objetivo principal do programa é promover o melhoramento genético da raça
Gir por meio da identificação e seleção de touros geneticamente superiores para as
características de produção (leite, gordura, proteína, lactose e sólidos totais), de
conformação e de manejo (VERNEQUE et al, 2012).
Até o ano de 2013, o PNMGL testou 417 touros, divididos em 26 grupos
representando diversas linhagens existentes no Brasil. Desde o início do programa
foram controladas as produções de 10.243 progênies de 275 destes touros,
23
distribuídas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e principalmente na Região
Sudeste. Além das informações das progênies são consideradas também
informações de pedigree para a realização das avaliações genéticas dos touros.
No PNMGL são avaliadas características de produção (leite, gordura, proteína
e sólidos totais), de conformação (altura da garupa, perímetro torácico, comprimento
corporal, comprimento da garupa, largura entre ísquios e entre ílios, ângulo da
garupa, ângulo dos cascos, posição das pernas vista lateralmente, posição das
pernas vista por trás, ligamento de úbere anterior, largura de úbere posterior,
profundidade do úbere, comprimento e diâmetro de tetas) e de manejo
(temperamento e facilidade de ordenha).
As avaliações genéticas para características de produção e conformação são
calculadas como Capacidade Prevista de Transmissão (PTA’s) que são a medida do
desempenho das filhas do touro avaliado em relação à média genética do rebanho.
2.8.2 Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para leite
A Embrapa Gado de Leite assumiu junto ao Centro Brasileiro de Melhoramento
do Guzerá (CBMG), em 1994, o compromisso de coordenar o Programa Nacional de
Melhoramento do Guzerá para leite com o apoio da ABCZ e da Associação de
Criadores de Guzerá do Brasil (ACBG) e em parceria com o Ministério da
Agricultura, Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidades, Empresas estaduais
de pesquisa e centrais de coleta e processamento de sêmen e transferência de
embriões.
Nos 17 anos de existência do programa, foram testados mais de 300 touros
provenientes do teste de progênie do Núcleo de Múltipla Ovulação e Transferência
de Embriões (MOET).
O Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para leite adotou três
esquemas integrados para avaliação de touros. O primeiro esquema consiste na
seleção de touros pelos criadores da raça através de controle leiteiro feito pelo
PMGZ - ABCZ (Programa de Melhoramento de Zebuínos – Associação Brasileiro de
Criadores de Zebu) dos animais resultantes de acasalamentos dirigidos. O segundo
consiste no Núcleo MOET irá avaliar filhos de vacas geneticamente superiores para
a produção de leite através da avaliação do desempenho de suas irmãs completas,
24
meio-irmãs paternas e maternas, e demais parentes. O terceiro esquema adotado é
o Teste de Progênie, que avalia o desempenho produtivo das filhas de touros
produzidas por acasalamentos aleatórios.
Sendo o Guzerá uma raça de dupla aptidão, tanto o Núcleo MOET como vários
rebanhos parceiros do programa leiteiro, também participam do Programa de
Avaliação Genética da Raça Guzerá para Corte (PAGRG). Desta forma, diversos
touros são “duplo provados”, ou seja, possuem avaliação genética tanto para
características leiteiras quanto para as de corte (PEIXOTO et al, 2011).
As características de produção avaliadas pelo Programa de Melhoramento do
Guzerá para leite são a produção de leite em até 305 dias, gordura, proteína, e
sólidos totais. São avaliadas também características de conformação (altura de
garupa, perímetro torácico, comprimento corporal, comprimento de garupa, largura
entre ísquios, largura entre íleos, ângulo da garupa, ângulo dos cascos, pernas,
ligamento de úbere anterior, úbere posterior, profundidade de úbere, comprimento e
diâmetro
de
tetos),
características
de
manejo
(facilidade
de
ordenha
e
temperamento) além das características de corte e reprodução (idade ao primeiro
parto, período de gestação, perímetro escrotal aos 365 e 450 dias, habilidade
maternal aos 120 dias, peso aos 365 e 450 dias, peso adulto, profundidade
acumulada, área de olho de lombo, acabamento de carcaça e longevidade).
2.8.3 Programa de Melhoramento genético da Raça Girolando (PMGG)
Em 1989, foi instituído pelo Ministério da Agricultura, o programa para a
formação da raça bovina Girolando, com o objetivo de implementar o registro
genealógico de animais comprovadamente da raça.
O Programa de teste de Progênie do Girolando iniciou em 1997, em parceria
com a Embrapa Gado de Leite, centrais de inseminação artificial e associação de
criadores. Foram criados dois grupos de reprodutores, o primeiro grupo com seis
reprodutores, sendo um 3/4 holandês e cinco 5/8 Holandês. O segundo grupo foi
formado por oito reprodutores, três 3/4 holandês e cinco 5/8 Holandês.
No ano de 2007, foi implantado o Programa de Melhoramento genético da
Raça Girolando (PMGG) que avaliou até o ano de 2013, 48 reprodutores. O PMGG
tem como principais objetivos a identificação de indivíduos geneticamente
25
superiores, a multiplicação genética de forma orientada, a avaliação de
características econômicas e promover a sustentabilidade da atividade leiteira.
2.9 Cruzamento entre raças
O principal benefício buscado pelos acasalamentos de animais de raças
diferentes é a heterose, ou seja, a expressão da superioridade fenotípica em relação
á média de produção de seus pais. Através do cruzamento entre animais de
diferentes raças é possível a criação de animais que contenham características das
raças parentais, podendo-se assim aproveitar as qualidades de duas raças em um
só animal. O desempenho da Primeira Geração Filiar (F1) depende principalmente
da qualidade genética de seus progenitores. As raças utilizadas nos cruzamentos
devem ser escolhidas levando-se em conta o sistema de produção utilizado e os
objetivos de criação.
Resultados de pesquisas científicas apresentam valores de heterose para
produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre animais das
raças holandesa e zebuínas (MIRANDA e FREITAS, 2009).
Em cruzamentos de vaca Gir com touro holandês PO, as fêmeas F1 irão
apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do
Holandês) do que a Gir e também maiores resistência a ectoparasitas, tolerância ao
calor e rusticidade comparados ao Holandês, pois essas são características
marcantes das raças zebuínas (MIRANDA e FREITAS, 2009).
É bem conhecida a superioridade dos mestiços para produzir em sistemas
que oferecem forragens de menor qualidade, baixos níveis de concentrados, desafio
de parasitas e calor, enquanto que na ausência destas limitações o gado holandês é
preferível (MADALENA e TEODORO, 2001).
Alguns criadores e técnicos acreditam que a utilização de uma segunda raça
européia, seja a Jersey ou Pardo
Suíça,
em
uma
ou
mais
gerações
dos
cruzamentos rotativos holandês x Gir, possa melhorar este desempenho
principalmente para as características reprodutivas e de qualidade do leite
(TEODORO et al., 2001). Experimentos realizados por TEODORO e MADALENA
(2001) e (2002) comprovam que os animais resultantes deste cruzamento triplo
possuem melhor desempenho principalmente em relação à reprodução e qualidade
do leite.
26
Segundo experimento realizado por MADALENA e TEODORO (2004) para a
Embrapa Gado de Leite mostrou que os animais resultantes do cruzamento de
holandês x Gir e as cruzas de Jersey deram origem a animais mais leves e com
maior vida útil no rebanho, segundo o mesmo experimento as cruzas de holandês
apresentaram maior produção por dia de vida útil. A produção de gordura e proteína
foi similar para os três grupos analisados.
O cruzamento entre touro holandês e vaca de raça zebuína é o sistema de
cruzamento mais utilizado, geralmente em terras mais baratas e com uso de
inseminação artificial (MADALENA, 2001). Deve sempre ser salientado que os
resultados experimentais brasileiros mostrando a superioridade da F1 foram obtidos
com os cruzamentos de holandês x Gir ou holandês x Guzerá (MADALENA, 2001).
3 METODOLOGIA
Foram analisados dados cedidos pela empresa Genes Pecuária Comércio e
Serviços LTDA (Gepec), provenientes de 3942 coletas de leite de 199 vacas das
raças Gir leiteiro e Holandesa e de cruzamentos desta com Gir leiteiro, Jersey,
Tabapuã, Nelore e outras mestiças. As vacas pertencem a rebanhos de aptidão
leiteira das fazendas Areião, Bela Vista e Santa Edwiges, localizadas na região
central e centro-sul do estado de Minas Gerais.
O banco de dados foi construído em planilhas empregando o programa
EXCEL, separadas por fazendas incluindo dados referentes à CCS, % de gordura,
% de proteína, estação seca ou chuvosa da data da coleta de leite e ordem de
lactação. As amostras de leite foram colhidas por Médicos Veterinários da empresa
Gepec no período de 2008 à 2012 e as análises do leite foram realizadas pelo
Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da UFMG.
Foram definidas duas estações do ano que variam de acordo com as
condições metereológicas. A estação seca compreende os meses de Maio, Junho,
Julho, Agosto, Setembro, Outubro e Novembro, e a estação chuvosa é composta
pelos meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março e Abril. A definição das duas
estações respeitou os índices pluviométricos das regiões onde se localizam as
fazendas que integram este estudo.
As ordens de lactação variaram entre 1º e 15º. Desta forma, os animais foram
agrupados em 4 grupos distintos que variam de acordo com a ordem de lactação no
momento da coleta das amostras. O grupo1 compreendeu os animais que estavam
27
em sua primeira lactação; o grupo 2 foi formado por animais em sua segunda
lactação, o grupo 3 foi formado por animais em sua terceira lactação e o grupo 4 foi
composto por animais que estavam entre a quarta e décima quinta lactação.
Os animais foram classificados de acordo com a raça ou grupo genético,
sendo: Holandês, Mestiço, 1/2HG, 3/4HG, 5/8HG, 7/8HG, 15/16HG e Rebanho de
Fundação (RF). O grupo RF continha animais da raças Gir e Holandesa e foram
assim classificados por serem os animais utilizados para fundação e manutenção do
rebanho Girolando e foi assim definido pelos técnicos responsáveis pelas
propriedades. A classificação das raças e grupo genético dos animais foi efetuada
através de observações das características zootécnicas de cada raça segundo as
associações de criadores das raças e pelo histórico genealógico de cada animal. O
grupo mestiças era composto por animais resultantes de cruzamentos entre diversas
raças, tais como, Holandês, Jersey, Gir, Pardo Suíço, Nelore, Guzerá, entre outros.
Devido à impossibilidade de classificação destes animais, de acordo com suas
características fenotípicas e significativa variabilidade genética, esses foram
considerados fora do padrão de todos os outros grupos genéticos.
Todos os animais deste estudo foram ordenhados mecanicamente sem a
presença do bezerro, e recebiam alimentação que variava de acordo com a
exigência nutricional de cada grupo de animais, conforme seus índices de produção
de leite, fase de lactação e estação do ano.
Após organização e consolidação do banco de dados empregou-se os
programas SAS INSTITUTE INC. (1999) e SISVAR (2007) para realização das
analises estatísticas. Essas consistiam em determinação das médias, variâncias,
desvios padrão e coeficientes de variação das variáveis CCS, percentual de gordura
e proteína das amostras de leite referentes aos 8 grupo genéticos que
compreendem os rebanhos das três fazendas estudadas.
Foram realizadas análises através do método Qui-Quadrado utilizando os
dados de todos os grupos genéticos presentes no estudo para avaliar se houve
diferença significativa na concentração de proteína, gordura e CCS no leite.
Visando detectar possíveis efeitos da ordem de lactação, grupo genético,
estação do ano em relação á CCS; empregou-se o teste de Tukey. Neste teste
foram considerados somente os grupos genéticos 3/4 HG e 7/8 HG, pois eram os
únicos grupos que apresentavam informações completas em todas as três fazendas,
considerando as variáveis percentual de gordura e proteína, CCS, estação do ano e
28
ordem de lactação. Para esses dois grupos genéticos foram considerados 1989
dados relativos à CCS de amostras obtidas no período de 2008 a 2012.
Considerando a amplitude dos valores da CCS (variação de 1 a 12.796) realizou-se
a transformação logarítima dessa variável (escala log2)
Primeiramente foi realizada a análise de cada fazenda englobando todos os
grupos genéticos, e na presença de diferença significativa, foram feitas análises
posteriores comparando os grupos genéticos aos pares. A amostragem utilizada
3942 coletas de leite de 199 vacas das três fazendas incluídas no estudo.
4. Resultados e discussão
4.1 Distribuição dos grupos genéticos e constituição do leite nas propriedades
estudadas
O presente estudo foi composto por dados de 3942 amostras de leite, de 199
vacas coletadas pelos médicos veterinários da empresa Gepec no período de 2008
a 2013 e analisadas no Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de
Veterinária da UFMG. A distribuição dos oito grupos genéticos das três propriedades
estudadas, conforme a frequência de ocorrência é apresentada na tabela 4.1.1.
Tabela 4.1.1 Frequência (%) dos grupos genéticos estudados segmentados por propriedade
Frequências (%)
Grupos
genéticos
Holandês
15/16_HG
1/2_HG
3/4_HG
5/8_HG
7/8_HG
Mestiça
RF
Total
Fazenda Areião
0% (0)
0% (0)
0% (0)
24% (208)
3% (29)
60% (513)
11% (94)
2% (18)
100% (862)
Fazenda Bela Vista
0% (0)
0% (0)
0% (0)
32% (259)
3% (21)
24% (194)
25% (200)
16% (126)
100% (800)
Fazenda Santa
Edwiges
1% (29)
28% (694)
5% (128)
13% (324)
0% (0)
51% (1289)
2% (52)
0% (0)
100% (2516)
Total
29
694
128
791
50
1996
346
144
4178
O grupamento genético 7/8_HG foi responsável pelo maior percentual de
amostras analisadas (1.996/ 4.178), seguido pelo grupo 3/4 HG (791/ 4.178). O
menor percentual de amostras, perfazendo um total de 1%, pertenceu ao grupo de
animais da raça holandesa (29/ 4.178).
29
As médias, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) dos valores de
CCS, gordura e proteína são apresentados na Tabela 4.1.2.
Tabela 4.1.2 Médias, desvios padrão e coeficientes de variância dos componentes do leite das três
propriedades estudadas.
Componentes do leite
Propriedades
Fazenda Areião
Fazenda Bela
Vista
Fazenda Santa
Edwiges
Média
Desvio Padrão
CV%
Média
Desvio Padrão
CV%
Média
Desvio Padrão
CV%
CCS (x1.000
células/mL)
318,484
896,881
281,609
284,483
515,966
183,220
420,971
814,444
444,515
Gordura (%)
3,074
0,826
26,870
3,170
0,897
3,338
3,286
0,897
26,870
Proteína (%)
3,272
0,388
11,858
3,379
0,575
4,848
3,175
0,486
10,022
4.2 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com a contagem de
células somáticas
Das 856 amostras analisadas da Fazenda Areião 86,33% (739/856)
apresentaram CCS até 500.000 células./mL. Os resultados da CCS por grupo
genético desta fazenda são mostrados no gráfico 4.2.1.
Gráfico 4.2.1 Distribuição da CCS de acordo com os grupos genéticos presentes na Fazenda Areião.
30
Pela análise desses resultados observa-se também que o grupo genético 3/4
HG foi o que apresentou maior percentual de amostras com CCS até 500.000
células/mL, correspondendo a 91% (185/856). O grupo genético classificado como
mestiça apresentou o maior percentual de amostras com CCS acima de 500.000
células/mL; perfazendo 20% (19/856) das amostras com CCS acima de 500.000
células/mL, sendo o grupo com
O Gráfico 4.2.2 apresenta a distribuição da CCS na Fazenda Bela Vista.
Gráfico 4.2.2: Distribuição da CCS de acordo com os grupos genéticos presentes na Fazenda Bela
Vista.
Na Fazenda Bela Vista, 84,33% (673/798) das amostras analisadas
apresentaram CCS até 500.000 células./mL. e 15,66% (65/798)
CCS acima de
750.000 células/mL. O grupo genético 5/8_HG apresentou 100% (21/21) das
amostras com CCS até 500.000 células/mL sendo assim o grupo genético com
maior percentual de amostras com CCS até 500.000 células/mL. O grupo de
mestiças apresentou o maior percentual de amostras com CCS acima de 500.000
células/mL; 23% (45/200) das amostras com analisadas.
O gráfico 4.2.3 representa a distribuição da CCS da Fazenda Santa Edwiges.
31
Gráfico 4.2.3: Distribuição da CCS de acordo com os grupos genéticos presentes na Fazenda Santa
Edwiges.
Das 2.542 amostras analisadas 76,28% (1939/2542) apresentaram CCS até
500.000 células/mL e 23,72% (603/2542) com CCS acima de 500.000 células/mL,
sendo que 16% (296/2542) apresentaram CCS acima de 1.000.000 células/mL. Pela
análise desses resultados observa-se que o grupo das mestiças foi o que
apresentou maior percentual de amostras com CCS até 500.000 células/mL,
perfazendo 96% (45/47). Os grupos genéticos 3/4 HG e 1/2 HG apresentaram o
maior percentual de amostras com CCS acima de 500.000 células/mL,
respectivamente 33% (109/329) e 33% (43/129).
A Tabela 4.2.1 apresenta os grupos genéticos que apresentaram o maior
percentual de amostras analisadas nas classes de CCS com valores inferiores a
500.000 células/mL e valores superiores a 500.000 células/mL.
Tabela 4.2.1: Demonstrativo dos grupos genéticos que apresentaram maior percentual de amostras
nas classes de CCS com valores inferiores a 500.000 células/mL e valores superiores a 500.000
células/mL.
Fazenda Areião
Fazenda Bela Vista
CCS
< 500.000 céls/mL
3/4_HG 91% (185/204)
5/8_HG 100% (21/21)
Fazenda Santa Edwiges
MESTIÇA 96% (45/47)
Propriedades
>500.000 céls/mL
MESTIÇA 20% (19/93)
MESTIÇA 23% (24/200)
3/4_HG 33% (109/329) e
1/2_HG 33% (43/129).
32
Os resultados das três fazendas diferem entre si. Na Fazenda Santa Edwiges
o maior percentual de amostras com CCS até 500.000 células/mLfoi composto pelo
grupo genético de mestiças ao contrário das fazendas Areião e Bela Vista onde o
grupo de mestiças apresentou maior percentual de amostras com CCS acima de
500.000 células/mL. A literatura científica consultada também apresenta resultados
divergentes, no que se refere a CCS em relação aos grupos genéticos que
compõem os rebanhos no presente estudo, sendo esses atribuídos á influências do
ambiente e diversidades no manejo para controle da mastite.
De acordo com a IN 62 o limite máximo da CCS é atualmente 600.00
células/mL, porém, a partir de julho de 2014 o limite máximo para CCS será de
500.000 células/mL. Tendo em vista o novo limite e os resultados obtidos, pode-se
afirmar que as três fazendas se adequarão facilmente às novas normas relativas à
IN 62, desde que as medidas de controle de mastite continuem a ser adotadas com
seriedade e persistência.
Segundo estudo realizado por BELTRAME et al (2011), que analisaram a
qualidade e produção de leite em uma propriedade do município de Colatina no
estado do Espírito Santo (ES), com 796 dados referentes a análise de amostras de
leite coletadas entre 2007 e 2010, 33% (276) das amostras estudadas apresentaram
CCS acima de 750.00 células/mL, valor limite para CCS segundo a IN 51. DEITOS
et al (2010) obtiveram resultados semelhantes aos obtidos no atual estudo realizado
na Fazenda Santa Edwiges onde o maior percentual de CCS foi observado em
vacas do grupo1/2_HG. No trabalho desses autores, a variação de CCS deste grupo
genético (1/2 HG) foi de 1.171 células./mL à 19.000.000 células./mL. GONZALES et
al (2003) encontraram maiores valores de CCS nos grupos genéticos mestiças e
holandesas com maior produção de leite/dia. MAGALHÃES et al (2006) observaram
que a CCS aumentou com a idade da vaca, sendo esse aumento significativo a partir
da 4º lactação. Resultados semelhantes foram descritos por ANDRADE et al (2007)
que detectaram maiores médias dos escores de células somáticas (MECS) à medida
que a idade da vaca aumentava. Essa elevação da CCS de acordo com a idade da
vaca decorre do fato de que, à medida que as vacas envelhecem, maiores são as
oportunidades de exposição a agentes causadores de mastite, com tendência a
infecções mais prolongadas e consequentes prejuízos para os tecidos da glândula
mamária (ANDRADE et al, 2007).
33
A Tabela 4.2.4 apresenta os dados de todas as fazendas analisados pelo
método de qui-quadrado.
Tabela 4.2.2 Resultados do teste Qui-Quadrado (X² )para contagem de células somáticas das
propriedades analisadas no presente estudo
Análise de contagem de células somáticas de todos os grupos genéticos
Propriedades
Faz. Areião
Faz. Bela Vista
Faz. Santa Edwiges
Grau de
Liberdade
4
4
5
x² Tabelado
9,488
9,488
11,070
x² Calculado
7,149
14,907**
39,458**
* grupos genéticos: Holandês, 15/16_HG, 7/8_HG, 5/8_HG, 3/4_HG, 1/2_HG, mestiça e RF.
* *Diferença significativa entre qui-quadrado calculado e tabelado
P <0,005
Considerando todos os grupos genéticos das três fazendas do presente
estudo, no quesito CCS, observou-se, pela análise da tabela 4.2.4, diferença
estatisticamente significativa entre as fazendas Bela Vista e Santa Edwiges.
A tabela 4.2.5 apresenta as análises da CCS pelo método qui-quadrado da
Fazenda Bela Vista.
Tabela 4.2.5: Resultados do teste Qui-Quadrado (X² )para contagem de células somáticas CCS da
Fazenda Bela Vista
Resultados Teste Qui-Quadrado
Contagem de células somáticas
Grau de
x²
x² Calculado
Liberdade
Grupos Genéticos
Tabelado
RF x 3/4_HG
1
3,841
3,632
RF x mestiça
1
3,841
7,524**
RF x 7/8_HG
1
3,841
0,751
RF x 5/8_HG
1
3,841
4,350**
3/4_HG x mestiça
1
3,841
10,256**
3/4_HG x 7/8_HG
1
3,841
3,482
3/4_HG x 5/8_HG
1
3,841
7,082**
Mestiça x 7/8_HG
1
3,841
7,375**
Mestiça x 5/8_HG
1
3,841
10,975**
5/8_HG x 7/8_HG
1
3,841
4,201**
* P<0,05
* *Diferença significativa entre qui-quadrado calculado e tabelado
34
Pela análise do conjunto de dados referentes a CCS de todos os grupos
genéticos pertencentes a Fazenda Bela Vista, nota-se diferença estatiscamente
significativa entre os diversos genótipos, conforme sinalizado na tabela 4.2.3, sendo
os grupos 5/8HG e mestiças aqueles que apresentaram diferenças significativas em
relação a todos os outros grupos avaliados. Das amostras de leite dos grupos 5/8HG
e mestiças, respectivamente, 100% (21/21) e 78% (155/200) apresentaram CCS
menor ou igual à 500.000 células/mL.
Os grupos RF, 3/4HG e 7/8 apresentaram, respectivamente, 63% (109/126),
88% (228/258)
e 83%(160/193)
das amostras com CCS igual ou menor que
500.000 células/mL.
As análises entre os grupos RF e 3/4HG; RF e 7/8HG; 3/4HG e 7/8HG não
apresentaram diferenças significativas em relação a CCS; considerando a classe de
CCS igual ou menor que 500.00 células/mL, nos dois primeiros grupos citados, cerca
de 87% dos animais estavam nesta categoria, para os grupos 3/4 HG e 7/8HG 86%,
e nos grupos RF e 7/8HG, 85% se enquadram nessa categoria de CCS.
A análise de edados referente Á Fazenda Santa Edwiges considerando pares
de grupos genéticos, é apresentada na Tabela 4.2.6.
Tabela 4.2.6: Resultados teste Qui-Quadrado (X²) para CCS da Fazenda Santa Edwiges
Contagem de células somáticas
Grau de
x²
x² Calculado
Liberdade Tabelado
Grupos Genéticos
Holandês x 15/16_HG
1
3,841
5,140**
Holandês x 7/8_HG
1
3,841
3,632
Holandês x mestiça
1
3,841
14,380**
Holandês x 3/4_HG
1
3,841
20,634**
Holandês x 1/2_HG
1
3,841
10,256**
15/16_HG x 7/8_HG
1
3,841
2,395
15/16_HG x mestiça
1
3,841
7,082**
15/16_HG x 3/4_HG
1
3,841
16,701**
15/16_HG x 1/2_HG
1
3,841
7,190**
7/8_HG x mestiça
1
3,841
11,634**
7/8_HG x 3/4_HG
1
3,841
17,889**
7/8_HG x 1/2_HG
1
3,841
8,378**
3/4_HG x 1/2_HG
1
3,841
7,190**
* P<0,05
* *Diferença significativa entre qui-quadrado calculado e tabelado
35
Semelhante ao ocorrido na Fazenda Bela Vista, os resultados das análises da
Fazenda Santa Edwiges também apresentaram diferença significativa em relação à
CCS de acordo com os grupos genéticos considerados no presente estudo.
Os grupos 1/2HG e 3/4HG apresentaram diferenças significativas quando
comparados separadamente com cada um dos grupos genéticos avaliados,
possuindo 67% (N = 106) de suas amostras com CCS igual ou menor que 500.000
células/mL.
Os
grupos
7/8HG,
Holandês,
15/16HG
e
mestiças
apresentaram,
respectivamente 77%(1016/1305), 93%(27/29), 78%(545/703), e 96% (45/47) de
suas amostras com CCS igual ou inferior a 500.000 células/mL. Nas análises entre
os grupos holandês e 7/8HG, holandês e mestiças e 15/16HG e 7/8HG não houve
diferença significativa.
As análises dos dados da Fazenda Bela Vista, feita no intuito de comparar a
variação da CCS, de acordo com a ordem de lactação, grupo genético e estação do
ano, não apresentaram diferenças significativas pelo teste de Tukey, como mostrado
nas tabelas 4.2.5, 4.2.6, 4.2.7.
Tabela 4.2.5: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação a ordem de lactação,
para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Ordem de lactação
1
4.828766 a1
2
4.892785 a1
3
5.110348 a1
4
4.963073 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.6: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação ao grupo genético,
para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Grupo Genético
3/4_HG
5.007668 a1
7/8_HG
4.964041 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
36
Tabela 4.2.7: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à estação do ano,
para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Estação
Seca
4.958746 a1
Chuvosa
5.022618 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
A tabela 4.2.8 apresenta os resultados da análise realizada pelo teste de
Tukey comparando a CCS em relação a ordem de lactação e grupos genéticos da
Fazenda Bela Vista.
Tabela 4.2.8: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e grupo genético, para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Ordem de lactação
Grupo Genético
3/4_HG
1
4.978397 a1
2
4.873483 a1
3
5.036324 a1
4
5.035221 a1
7/8_HG
4.320020 a1
4.902640 a2
5.198471 a2
4.799100 a1 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Quando o grupo genético é associado à ordem de lactação há efeito
significativo na CCS. Dentro do grupo genético 7/8_HG os animais de ordem de
lactação 1 apresentam diferença significativa em relação aos outros grupos e
respectivas ordens de lactação (Tabela 4.2.8).
Ao associar-se a ordem de lactação com as estações de coleta de leite (seca
ou chuvosa) não detectou-se diferença estatisticamente significativa, empregando o
teste de Tukey, quanto á CCS para amostras da Fazenda Bela Vista (Tabela 4.2.9).
Tabela 4.2.9: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e estação do ano, para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Estação
Seca
Chuvosa
Fazenda Bela Vista
Ordem de lactação
1
2
3
4.792812 a1
4.968662 a1
5.048353 a1
4.880700 a1
4.800309 a1
5.174166 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
4
4.915322 a1
5.010824 a1
37
Quando realizou-se a associação entre grupo genético e ordem de lactação,
observou-se efeito significativo na CCS. Para o grupo genético 3/4 HG, ordem de
lactação 1 – estação chuvosa e ordem de lactação 4 – estação seca, observou-se
diferença estatisticamente significativa em relação aos outros grupos genéticos
analisados (Tabela 4.2.10).
Tabela 4.2.10: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e grupo genético, para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Estação Chuvosa
Grupo Genético
Ordem de lactação
3/4_HG
7/8_HG
3/4_HG
7/8_HG
1
5.042873 a2
4.069833 a1
2
4.918900 a1
4.738190 a1
3
5.112690 a1
5.256841 a1
4
5.022509 a1
4.989300 a1
4.927495 a1
4.427243 a1
Estação Seca
4.835054 a1
5.035465 a1
4.953594 a1
5.148685 a1
5.046345 a2
4.540971 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Ao proceder-se as análises dos grupos genéticos 3/4 HG e 7/8 HG
associados à ordens de lactação e estação do ano não foi observado efeito
estatisticamente significativo para as amostras de leite da Fazenda Bela Vista
(Tabela 4.2.11).
Tabela 4.2.11 Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e estação do ano, para amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
Fazenda Bela Vista
Grupo genético 3/4_HG
Estação
Ordem de lactação
Seca
Chuvosa
Seca
Chuvosa
1
4.927495 a1
5.042873 a1
2
4.835054 a1
4.918900 a1
Grupo genético 7/8_HG
4.427243 a1
5.035465 a1
4.069833 a1
4.738190 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
3
4.953594 a1
5.112690 a1
4
5.046345 a1
5.022509 a1
5.148685 a1
5.256841 a1
4.540971 a1
4.989300 a1
38
A análise dos dados da Fazenda Areião, utilizando o teste de Tukey,
demonstrou efeito significativo da ordem de lactação em relação a CCS. O grupo de
ordem de lactação 4 mostrou diferença significativa das demais (Tabela 4.2.12). O
grupo genético e a estação do ano também influenciaram na CCS (Tabelas 4.2.13 e
4.2.14).
Tabela 4.2.12: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de
lactação, para amostras de leite da Fazenda Areião.
Fazenda Areião
Ordem de lactação
1
4.369761 a1
2
4.363705 a1
3
4.484115 a1
4
5.140883 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.13: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação ao grupo genético,
para amostras de leite da Fazenda Areião.
Fazenda Areião
Grupo Genético
3/4_HG
4.739097 a1
7/8_HG
4.885081 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa..
Tabela 4.2.14: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á estação do ano,
para amostras de leite da Fazenda Areião.
Fazenda Areião
Estação
Seca
Chuvosa
4.760105 a1
4.922495 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Pela análise associando os grupos genéticos com as ordens de lactação , a
CCS do grupo genético 7/8_HG com ordem de lactação igual a 4 apresentou
diferença significativa em relação aos demais grupos analisados (Tabela 4.2.15). A
estação do ano teve efeito significativo no grupo ordem de lactação 4 em relação à
CCS (Tabela 4.2.16).
39
Tabela 4.2.15: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação a ordem de lactação
e grupo genético, para amostras de leite da Fazenda Areião.
Fazenda Areião
Grupo Genético
Ordem de lactação
3/4_HG
7/8_HG
1
3.998500 a1
4.441158 a1
2
4.243361 a1 a2
4.401997 a1
3
4.484115 a1
4
4.898948 a2
5.308260 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.16: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á ordem de lactação
e estação do ano, para amostras de leite da Fazenda Areião.
Estação
Seca
Chuvosa
Fazenda Areião
Ordem de lactação
1
2
3
4.336760 a1
4.437355 a1
4.695607 a1
5.359800 a1
4.273060 a1
4.328279 a1
4
5.036390 a1
5.230243 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
.
Quando os grupos genéticos 3/4 HG e 7/8 HG foram associados às ordens de
lactação e analisados separadamente em relação às estações seca e chuvosa, não
observou-se efeito significativo da CCS durante a estação chuvosa para amostras da
Fazenda Areião. Entretanto, o grupo genético 7/8 HG – ordem de lactação 4,
apresentou diferença significativa quando a CCS em relação ao grupo 3/4 HG,
durante a estação seca (Tabela 4.2.17). Na análise individual dos grupos genéticos
3/4 HG 3 7/8 HG com as variáveis ordem de lactação e estação do ano associadas,
o grupo3/4_HG com ordem de lactação 3 apresentou diferença significativa na
estação chuvosa (Tabela 4.2.18).
40
Tabela 4.2.17: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á ordem de lactação
e grupos genéticos, para amostras de leite da Fazenda Areião.
3/4_HG
7/8_HG
Fazenda Areião
Estação Chuvosa
Ordem de lactação
1
2
3
4.214393 a1
5.359800 a1
4.296843 a1
4.328279 a1
4
5.097278 a1
5.302384 a1
3/4_HG
7/8_HG
Estação Seca
4.276785 a1
4.478284 a1
4.727510 a1
5.316757 a2
Grupo Genético
3.998500 a1
4.404412 a1
4.695607 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.18: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á ordem de
lactação e estação do ano, para amostras de leite da Fazenda Areião.
Seca
Chuvosa
Fazenda Areião
Grupo genético 3/4_HG
Ordem de lactação
1
2
3
3.998500 a1
4.276785 a1
4.727510 a1
4.214393 a1
5.097278 a2
4
-
Seca
Chuvosa
Grupo genético 7/8_HG
4.404412 a1
4.525092 a1
5.359800 a1
4.307509 a1
-
Estação
5.316757 a1
5.302384 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
De acordo com a análise pelo teste de Tukey da Fazenda Santa Edwiges
houve efeito significativo da ordem de lactação (Tabela 4.2.19), grupo genético
(Tabela 4.2.19) e estação do ano (Tabela 4.2.20) na contagem de células somáticas.
O grupo com ordem de lactação 4 se diferenciou dos outros grupos analisados
(Tabela 4.2.21).
41
Tabela 4.2.19: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á ordem de
lactação, para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Fazenda Santa Edwiges
Ordem de lactação
1
4.973195 a1
2
4.841231 a1
3
4.901326 a1
4
5.262264 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.20: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação ao grupo genético,
para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Fazenda Santa Edwiges
Grupo Genético
3/4_HG
5.221469 a2
7/8_HG
5.102726 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.21: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação á estação do ano,
para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Fazenda Santa Edwiges
Estação
Seca
Chuvosa
5.075373 a1
5.190992 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Quando as análises foram realizadas associando-se os grupos genéticos
observou-se diferença significativa para o grupo 7/8 HG – ordem de lactação 4 em
relação ao grupo 3/4 HG e demais ordens de lactação (Tabela 4.2.22). Também foi
detectado efeito significativo da estação do ano – ordem de lactação 1 para o grupo
7/8 HG (Tabela 4.2.23).
42
Tabela 4.2.22: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e grupo genético, para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Fazenda Santa Edwiges
Grupo Genético
Ordem de lactação
3/4_HG
7/8_HG
1
4.661450 a1
5.001112 a1 a2
2
4.696232 a1
4.868970 a1
3
4.697776 a1
4.956839 a1
4
5.438879 a2
5.206240 a2
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.23: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e estação do ano, para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Estação
Seca
Chuvosa
Fazenda Santa Edwiges
Ordem de lactação
1
2
3
4.823785 a1
4.825661 a1
4.900891 a1
5.397832 a2
4.868322 a1
4.901965 a1
4
5.234484 a1
5.288787 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Associando-se os grupos genéticos à ordem de lactação obteve-se
significativa diferença entre os grupos genéticos com ordem de lactação 2 e 4 na
estação chuvosa.
Já para a estação seca, somente foi observada diferença
significativa na ordem de lactação 4 entre os grupos 3/4 HG e 7/8 HG (Tabela
4.2.24). Na análise individual de cada grupo genético com as variáveis ordem de
lactação e estação do ano associadas, houve diferença significativa do grupo
genético 3/4_HG com ordem de lactação 2 e grupo genético 7/8_HG com ordem de
lactação 1(Tabela 4.2.25).
43
Tabela 4.2.24: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e grupos genéticos, para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
3/4_HG
7/8_HG
Resultados Teste de Tukey – CCS
Fazenda Santa Edwiges
Estação Chuvosa
Ordem de lactação
1
2
3
5.955700 a1
4.311545 a1
4.572394 a1
5.366839 a1
5.025362 a2
4.990506 a2
4
5.427690 a2
5.245713 a1
3/4_HG
7/8_HG
4.402600 a1
4.866763 a1
Estação Seca
5.080918 a1
4.788716 a1
5.450195 a2
5.164438 a1
Grupo Genético
4.781363 a1
4.933822 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Tabela 4.2.27: Comparação pelo teste de Tukey da variação da CCS em relação à ordem de lactação
e grupos genéticos, para amostras de leite da Fazenda Santa Edwiges.
Seca
Chuvosa
Resultados Teste de Tukey – CCS
Fazenda Santa Edwiges
Grupo genético 3/4_HG
Ordem de lactação
1
2
3
4.402600 a1
5.080918 a2
4.781363 a1
5.955700 a1
4.311545 a1
4.572394 a1
4
5.450195 a1
5.427690 a1
Seca
Chuvosa
Grupo genético 7/8_HG
4.866763 a1
4.788716 a1
5.366839 a2
5.025362 a1
5.164438 a1
5.245713 a1
Estação
4.933822 a1
4.990506 a1
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa.
Em experimento feito por VIEIRA (2011), que analisou a variação dos
componentes do leite de acordo com o local de coleta e estação do ano, as CCS dos
rebanhos analisados foram similares entre os períodos de chuva e seca. No
presente estudo a estação do ano teve efeito significativo sobre a CCS nas amostras
nas Fazendas Areião e Santa Edwiges. O período chuvoso favorece o aumento de
casos de mastite ambiental, pois o ambiente úmido facilita a proliferação de
microrganismos causadores de mastite, elevando assim a CCS. Muitas vezes, a
estação de chuvas coincide com a época de calor, ocorrendo maior proliferação dos
organismos causadores de mastite (SANTOS e FONSECA, 2007). Estudo feito por
ZAFALON et al (2008), que analisaram a ocorrência de mastite de acordo com
44
índices pluviométricos, concluiu que os riscos de infecção por S. Aureus aumentam
quando índices pluviométricos são mais elevados. NETO et al (2012) encontraram
valores médios maiores de CCS nos meses de junho e julho, período que
corresponde ao período de transição entre chuvas e seca na região Nordeste. As
menores médias foram observadas nos meses de transição entre os períodos de
chuva e seca.
ZAFALON et al (2010), verificaram em estudo que durante a primeira
lactação, ocorreu média de CCS de 914x10³ células/mL, coincidindo com período de
menor ocorrência de chuvas, enquanto no período mais chuvoso, a CCS média foi
igual a 771x10³ células/mL de leite. Diferentemente, em animais que apresentaram
mais de uma lactação, a CCS foi superior nos períodos mais chuvosos,
principalmente em vacas com cinco ou mais lactações, com contagem de 981,5x10³
células/mL contra 680x10³ células/mL aferida na estação seca. Não foram
encontradas diferenças significativas para a CCS apresentada no leite de animais
em distintas fases de lactação, quando comparados entre si os períodos chuvoso e
seco e também a raça dos animais presentes no estudo (Pardo – Suíço e
Holandesa). Assim, pela comparação com os resultados da literatura consultada,
pode-se afirmar que a variação da CCS nas Fazendas Areião e Santa Edwiges do
presente estudo são similares aos apresentados pelos diversos autores citados.
Detectou-se, no atual estudo, efeito significativo da ordem de lactação; estação do
ano e grupo genético na CCS das referidas fazendas (Areião e Santa Edwiges).
4.3 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com o percentual de
proteína.
Foram analisadas 588 amostras da Fazenda Areião, destas, a maioria (71%
419/588) se encontra na categoria 3 a 4% de proteína. O maior percentual de
amostras com proteína acima de 4% foi encontrado no grupo RF (25% 3/12). Esses
resultados são mostrados no gráfico 4.3.1.
45
Gráfico 4.3.1: Distribuição s grupos genéticos de acordo com as classes de percentual de proteína,
em amostras da Fazenda Areião.
Os resultados da Fazenda Bela Vista estão dispostos no gráfico 4.3.2. Das
455 amostras analisadas 67% (305/455) se encontram na categoria de 3 a 4% de
proteína. O grupo genético RF apresentou 18% (12/67) do total de amostras na
categoria acima de 4% de proteína enquanto o grupo 7/8_HG apresentou 28%
(31/110) das amostras na categoria de 2 a 3% de proteína, sendo assim o grupo
genético com maior percentual de amostras na categoria 2 - 3% de proteína.
Gráfico 4.3.2: Distribuição s grupos genéticos de acordo com as classes de percentual de proteína,
em amostras da Fazenda Bela Vista.
46
O gráfico 4.3.3 mostra os resultados das análises para percentual de proteína
no leite da Fazenda Santa Edwiges. Das 1749 amostras analisadas, 58%
(1020/1749) se encontram na categoria 3 a 4% de proteína e 37% (659/1749) na
categoria acima de 4%, valores superiores aos encontrados nas duas fazendas
anteriormente citadas. Na Fazenda Santa Edwiges 53% (9/17) das amostras do
grupo holandês se encontram na categoria 4 a 6,5% de proteína. O grupo 3/4_HG
foi o que apresentou o maior percentual de amostras na categoria 2 a 3% de
proteína (7%; 15/211). Nesta fazenda, o percentual de amostras na categoria 2 a 3%
de proteína foi inferior (4%; 70/ 1749) aos das Fazendas Areião e Bela Vista, que
apresentaram 23% nesta categoria de percentual de proteína.
Gráfico 4.3.3 Distribuição do percentual de proteína de acordo com os grupos genéticos presentes na
Fazenda Santa Edwiges.
Tabela 4.3.1 Demonstrativo dos grupos genético que apresentaram maior percentual de amostras nas
três classes de proteína.
Fazenda Areião
Fazenda Bela Vista
Fazenda Santa Edwiges
Percentual de proteína
2 a 3%
3 a 4%
5/8_HG (90%; 9/10)
MESTIÇA (76%; 45/59)
5/8_HG (76%; 16/21)
7/8_HG (27%; 18/110)
3/4_HG (7%; 15/211)
1/2_HG (75%; 59/19)
4 a 5,5%
RF (25%3/12)
RF (18%; 12/67)
HOLANDÊS (53%; 9/17)
Pela análise dos dados das fazendas estudadas através do método de quiquadrado, demonstrou-se que há diferença significativa no percentual de proteína do
leite somente na Fazenda Areião (Tabela 4.3.2).
47
Tabela 4.3.2 Resultado Teste Qui-Quadrado para percentual de proteína do leite de diferentes grupos
genéticos, pertencentes as fazendas estudadas
Análise de proteína (%) de todos os grupos genéticos
Propriadades
Fazenda Areião
Fazenda Bela Vista
Fazenda Santa
Edwiges
Grau de
Liberdade
x² Calculado
4
4
x²
Tabelado
9,488
9,488
5
11,07
8,124
30,400**
4,392
*P < 0,05
Grupos genéticos avaliados: Holandês, 15/16_HG, 7/8_HG, 5/8_HG, 3/4_HG, 1/2_HG, mestiça e RF.
* *Diferença estatisticamente significativa entre x²calc. E tabelado.
A análise dos dados da fazenda Areião através do método Qui-quadrado
mostrou que há diferença significativa no nível de proteína no leite dos diferentes
grupos genéticos analisados (Tabela 4.2.6).
Tabela 4.2.6: Resultados teste Qui-Quadrado para Proteína da Fazenda Areião
Grupos Genéticos
RF x 3/4_HG
RF x mestiça
RF x 7/8_HG
RF x 5/8_HG
3/4_HG x mestiça
3/4_HG x 7/8_HG
3/4_HG x 5/8_HG
Mestiça x 7/8_HG
Mestiça x 5/8_HG
5/8_HG x 7/8_HG
Resultados Teste Qui-Quadrado
Proteína (%)
Grau de
Liberdade
x² Tabelado
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
3,841
1
x² Calculado
3,784
6,137**
3,823
27,919**
2,412
0,754
24,194**
2,450
26,547**
24,233**
3,841
* P < 0,05
* *Marcação em cinza significa x²calc. > x²tab., ou seja, diferença significativa entre as variáveis.
A análise feita aos pares de grupos genéticos mostrou que entre o Rebanho
de Fundação (RF) e 3/4 HG não houve diferença significativa quanto ao teor de
proteína no leite. Nestes dois grupos, a frequência de indivíduos que produzem
48
percentual de proteína no leite maior que três é de cerca de 90%. Nos grupos RF e
7/8 HG não houve diferença significativa em relação ao percentual de proteína no
leite, sendo que 58,% das amostras analisadas possuem percentual de proteína
maior que 3. Nos grupos 3/4HG e mestiça; 3/4 HG e 7/8 HG e 7/8 HG e mestiça
também não foram encontradas diferenças significativas em relação ao percentual
de proteína no leite e em cerca de 81%, 76,5% e 80,5%, respectivamente, das
amostras analisadas apresentaram o percentual de proteína no leite maior que três.
Nas análises do grupo genético 5/8HG com os grupos RF, 3/4HG, mestiças e
7/8HG houve diferenças significativas quanto ao percentual de proteína no leite.
Somente 10% das amostras de leite analisadas pertencentes ao grupamento
genético 5/8HG apresentaram concentração de proteína maior que 3%.
As
amostras do grupo RF, 3/4HG, mestiça e 7/8HG apresentaram, respectivamente
100%, 77%, 85% e 76% das amostras com percentuais de proteína superiores a
três.
Houve diferença significativa entre os grupos genéticos RF e mestiças quanto
ao percentual de proteína. Desses grupos, 100% das amostras pertencentes ao RF
e 85% do grupo mestiças possuíam percentual de proteína superior á 3.
COSTA et al (2012) realizaram estudo com animais mestiços resultantes do
cruzamento entre a raça Holandesa e Pardo Suíço (HP) encontraram média para o
percentual de proteína de 3,43% para animais 13/16_HP e 3,25% para os animais
do grupo11/16_HP. Segundo o Dairy Animal Improvemente Statistics, Agriculture
Canada (2003), a média do percentual de proteína é de 3,22% para a raça
Holandesa, 3,84% para a raça Jersey e 3,5% para a raça Pardo Suíço. Devido à
superioridade da raça Jersey em produzir proteína, algumas fazendas de alta
produção dos Estados Unidos e Canadá adotam a prática de manter 5 a 10% de
vacas Jersey junto às vacas Holandesas. ARAÚJO et al (2011) encontraram média
de 3,31% de proteína no leite produzido por vacas da raça Girolando. As médias de
percentual de proteína encontradas no presente estudo é apresentado na tabela
4.3.4
49
Tabela 4.3.4 Percentual médio de proteína dos grupos genéticos analisados
Grupo genético
Holandês
15/16 HG
7/8 HG
5/8 HG
3/4 HG
1/2 HG
Mestiças
RF
Percentual médio de proteína
3,00%
3,15%
3,23%
3,03%
3,00%
3,25%
3,40%
3,58%
N
17
494
1382
31
496
79
221
79
4.4 Distribuição dos rebanhos analisados de acordo com o percentual de
gordura.
Das 588 amostras analisadas da Fazenda Areião, a maior parte (45%;
262/588) se encontra na categoria 0 a 3% de gordura, 12% (74/588) na categoria
4,1 a 6,5% e 43%(252/588) na categoria 3,1 a 4%. O grupamento genético com
maior percentual de amostras com gordura acima de 3% foi o RF, já o grupo
genético 5/8_HG apresentou 80%(8/10)
das amostras com até 3% de gordura,
sendo assim o grupo com menor percentual de gordura no leite. Os resultados da
Fazenda Areião são mostrados no gráfico 4.4.1.
Gráfico 4.4.1 Distribuição dos grupos genéticos de acordo com o percentual de gordura , em
amostras de leite da Fazenda Areião
Foram
44%(191/433)
analisadas
433
amostras
da
Fazenda
Bela
Vista,
destas,
se encontram na categoria 0 a 3% de gordura, 39%(167/433)
apresentaram de 3,1 a 4% de gordura e 17%(75/433) estão na categoria 4,1 a
50
6,5%. Os resultados desta fazenda são apresentados no gráfico 4.4.2. O grupo
genético RF apresentou 22% (15/67) das amostras com percentual de gordura entre
4,1 e 6,5, sendo o grupo com maior percentual de amostras nesta categoria. O grupo
3/4HG apresentou o maior percentual de amostras (50%; 68/136) na categoria com
menor teor de gordura (0 a 3%).
Gráfico 4.4.2 Distribuição dos grupos genéticos de acordo com o percentual de gordura , em
amostras de leite da Fazenda Bela Vista.
O gráfico 4.4.3 demonstra a distribuição dos grupos genéticos de acordo com
as categorias de percentual de gordura da Fazenda Santa Edwiges. Das 1740
amostras analisadas 42% (731/1740) tem de 0 a 3% de gordura, 43% (749/1740)
estão na categoria 3,1 a 4% de gordura e 15% (260/1740) tem de 4,1 a 6,5% de
gordura.
Gráfico 4.4.3 Distribuição dos grupos genéticos de acordo com o percentual de gordura, em amostras
de leite da Fazenda Santa Edwiges.
51
O grupo genético 7/8_HG e mestiças apresentaram a maioria das amostras
(61%; 547/896) com percentual de gordura acima de 3%. No grupo holandês 59%
(10/17) das amostras estão na categoria 0 a 3% de gordura e nenhuma amostra
apresentou percentual de gordura maior que 4.
Tabela 4.4.1 Demonstrativo dos grupos genéticos que apresentaram maiores percentuais de
amostras nas três classes de gordura.
Percentual de gordura
0 a 3%
Fazenda Areião
Fazenda Bela Vista
5/8_HG (80% N = 8)
3/4_HG (50% N = 68)
Fazenda Santa Edwiges
HOLANDÊS (59% N =
10)
3,1 a 4%
RF (89% N = 8)
5/8_HG (48% N = 10)
MESTIÇA (45% N = 19) e
7/8_HG (45% N = 349)
4,1 a 6,5%
MESTIÇA (17% N = 10)
RF (22% N = 15)
1/2_HG (19% N = 15)
De acordo com a análise pelo método qui-quadrado apenas a Fazenda Areião
apresentou diferenças significativas na concentração de gordura no leite em relação
ao grupo genético (Tabela 4.4.2).
Tabela 4.4.2: Teste Qui-quadrado para percentuais de gordura do leite, de amostras de diferentes
grupos genéticos, pertencentes às fazendas estudadas
Resultados Teste Qui-Quadrado
Análise de gordura (%) de todos os grupos genéticos
Grau de
Liberdade
Fazenda Areião
Fazenda Bela Vista
Fazenda Santa
Edwiges
x² Calculado
4
4
x²
Tabelado
9,488
9,488
5
11,07
9,367
19,324**
3,625
* P < 0,05
* grupos genéticos avaliados: Holandês, 15/16_HG, 7/8_HG, 5/8_HG, 3/4_HG, 1/2_HG, mestiça e RF.
* *Marcação em cinza significa x²calc. > x²tab., ou seja, diferença significativa entre as variáveis.
52
Tabela 4.4.3 Teste Qui-quadrado para percentuais de gordura do leite, de amostras de diferentes
grupos genéticos, pertencentes à Fazenda Areião
Resultados Teste Qui-Quadrado
Gordura (%)
Grau de
x²
Liberdade
Grupos Genéticos
Tabelado
RF x 3/4_HG
1
3,841
RF x mestiça
1
3,841
RF x 7/8_HG
1
3,841
RF x 5/8_HG
1
3,841
3/4_HG x mestiça
1
3,841
3/4_HG x 7/8_HG
1
3,841
3/4_HG x 5/8_HG
1
3,841
Mestiça x 7/8_HG
1
3,841
Mestiça x 5/8_HG
1
3,841
5/8_HG x 7/8_HG
1
3,841
x² Calculado
8,123**
13,153**
7,429**
12,317**
6,810**
1,086
5,975**
6,116**
11,004**
5,280**
* P < 0,05
* *Marcação em cinza significa x²calc. > x²tab., ou seja, diferença significativa entre as variáveis.
Segundo análise feita aos pares de grupos genéticos (Tabela 4.4.3), houve
diferenças significativas nas análises dos grupos RF e mestiças com todos os outros
grupos genéticos, sendo que 100% das amostras do primeiro grupo apresentaram
percentuais de gordura maior que três. Os outros grupos genéticos apresentaram
20% (5/8HG), 51% (3/4HG), 54% (7/8HG) e 71% (mestiças) das amostras com
percentuais de gordura superior a três. Foi encontrada diferença significativa na
análise comparativa dos grupos 3/4HG e 7/8HG, onde 20% das amostras do
primeiro grupo apresentaram percentual de gordura maior que três e 54% das
amostras do grupo7/8HG apresentaram concentração de gordura maior que 3%. Os
únicos grupos genéticos que não apresentaram diferença significativa em relação à
distribuição do percentual de gordura no leite entre si foram os 3/4HG e 7/8HG.
A gordura é o componente de maior variabilidade no leite (SILVEIRA et AL.,
2004). Fatores diversos, como alimentação, estágio de lactação, intervalos entre
ordenhas e idade da vaca podem acarretar em variações do teor de gordura do leite
(ARAÚJO, 2011).
Segundo o Summary of Herd Avenges (2007), as vacas da raça holandesa
produziram leite naquele ano com o percentual médio de 3,65% de gordura, valor
muito inferior ao percentual do leite produzido por vacas da raça Jersey que tem em
média 4,60% de gordura. Esses dados estão de acordo com os dados da Fazenda
53
Santa Edwiges, onde a maior parte das amostras do grupo holandês estavam na
categoria 0 a 3% de gordura e nenhuma amostra obteve percentual de gordura
maior que 4. CARVALHO (2002) encontrou resultados semelhantes, média de
3,64% de gordura no leite de vacas da raça Holandesa, 4,73% no leite de vacas
Jersey e 4,02% de gordura no leite de vacas da raça Pardo Suíço.
O fator mais impactante na composição do leite produzido é a dieta das
vacas. Estudo feito por GRIINARI et al (1998), mostra que ao aumentar o percentual
de concentrado oferecido na dieta de 50 para 80 houve redução de 0,89% de
gordura no leite. Em estudo realizado por ARAÚJO et al (2011) onde foram
analisadas 285 amostras de leite de vacas da raça Girolando a média de gordura foi
3,91%.
5 Considerações finais
As diferenças encontradas nos resultados dos dados das fazendas analisadas
e a diversidade de resultados encontrados na literatura ressaltam a importância dos
fatores ambientais e alimentares na composição do leite. O melhoramento genético
visando a qualidade do leite é importante para resultados definitivos e a longo prazo,
contudo, é essencial a melhoria das condições higiênicas, manejo alimentar correto
dos animais, controle de sanidade do rebanho para melhorar a qualidade do leite
produzido no Brasil a fim de se adequar às normas propostas na IN 62.
De acordo com a CCS, todas as fazendas do presente estudo possuem o
maior percentual das amostras de leite com CCS até 300.000 células/mL, tendo
condições de se adequarem à IN 62 até julho de 2014, desde que o controle da
mastite continue a ser feito com rigor.
Os grupos genéticos mestiças e RF tiveram o maior percentual de amostras
com maior concentração de gordura e proteína. Porém, esse resultado não é
conclusivo, pois o grupo RF é composto de duas raças, Holandesa e Gir, que
possuem produção de sólidos totais muito diferentes entre si, segundo a literatura
científica consultada. Deste modo, são necessárias análises particularizadas relativa
ao grupo genético RF.
Em relação à CCS não houve um padrão de grupos genéticos, com
resultados bastante variados entre as fazendas estudadas. A divergência de
resultados da CCS encontrados na presente estudo e na literatura científica
apontam a importância do manejo como principal fator de variação da CCS.
54
Ressalta-se a importância do acompanhamento do médico veterinário para o
controle e prevenção da mastite, que é comprovadamente o fator de maior
importância no aumento da CCS.
A seleção de animais para a composição do leite é um recurso ainda limitado,
tendo em vista a baixa influência nos parâmetros avaliados (percentual de gordura,
proteína e CCS), sendo assim o manejo e a alimentação são hoje, as ferramentas
mais importantes de influência na composição do leite.
55
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