estado fundamental
Transcrição
Estado Fundamental ABRIL 2011 PROF. RICARDO CALÇADA EDIÇÃO UM Qual o estado fundamental de um átomo? Os números quânticos tem significado físico? A origem da confusão! Há muito, algumas universidades, sabiamente, não pedem números quânticos em seus exames. A partir do momento em que a maioria das universidades, especialmente as do estado de São Paulo, retiraram de seus exames os tópicos de n ú m e r o s quânticos e orbitais, os livros destinados ao ensino médio também deixaram de abordar esse tópicos. Os professores que resolveram continuar a ensinar tais assuntos para o ensino médio precisaram buscar referências em textos antigos ou em livros de ensino superior. Aqui começa a grande confusão! Alguns livros brasileiros antigos, apesar de não explicarem qual a representação no modelo orbital que representa o estado O MODELO VETORIAL DO fundamental, em geral trazem uma ÁTOMO. É importante observar que os representação correta do mesmo. Ocorre elétrons não podem ser, individualmente que ao fazer a leitura de textos de nível superior, os quais trazem muitas contradições, os professores acabam passando isso para os O spin do elétron é defin ido alunos. O presente texto é para que po r do is números quânticos: você não fique confuso e consiga resolver questões dos vestibulares s e ms ! que ainda falam em orbitais e s = 1/2 e ms = ± 1/2 números quânticos. O spin do elétron. Para um átomo hidrogenóide, o spin é descrito por dois números quânticos: s e ms. O primeiro é análogo a e tem valor fixo 1/2. O segundo, o número quântico magnético de spin, ms, pode assumir somente dois valores, + 1/2 (giro no sentido anti-horário, visto de cima) e - 1/2 (giro horário). Os dois são frequentemente representados por setas ↑ (“spin para cima”, ms = + 1/2) e ↓ (“spin para baixo”, ms = - 1/2) ou pelas letras gregas α e β, respectivamente. TURMA ITA distinguidos. Assim, o conjunto de números quânticos para o elétron individual não tem significado físico. A cada átomo, no entanto, podemos atribuir um novo conjunto de números quânticos, designados por L, S, J e MJ (existem outros mas não cabe aqui comentar) que levam em consideração a combinação das interações magnéticas e eletrostáticas envolvendo todos os elétrons e núcleo do átomo. Hund As regras de Hund 1ª regra: Dentre os diversos termos espectroscópicos originados de uma dada configuração, aquele com o mais alto S e, portanto, mais alto (2S + 1) (multiplicidade) corresponde à mais baixa energia. (Esta regra é geralmente conhecida como a “regra de multiplicidade máxima”). Os estados e microestados espectroscópicos 2ª regra: Para uma certa configuração, se dois ou mais termos têm o mesmo S, aquele com o maior L, terá a energia mais baixa. 3ª regra: Para um determinado termo (i.e., para um determinado valor de L e de S), o nível com o menor valor de J é o mais estável se a subcamada estiver com menos da metade preenchida e o nível com o mais elevado valor de J é o mais estável se a subcamada estiver com mais da metade preenchida. Uma configuração eletrônica pode originar um ou mais termos, níveis e estados espectroscópicos. Para resumir o assunto vamos nos restringir à discussão referente a p2. Quando diversos elétrons ocupam um subnível, a energia resultante dos possíveis valores de de cada elétron Simplificando as regras: Cada orbital do subnível que está sendo preenchido recebe apenas um elétron. Somente após o último orbital desse subnível receber o seu primeiro elétron é que começa o preenchimento de cada orbital com seu segundo elétron. Blindagem, penetração e Zef Uma das formas de explicar anomalias nas propriedades periódicas e também em algumas distribuições eletrônicas é através dos conceitos de blindagem penetração e Zef (carga nuclear efetiva). Em geral, Zef é usada, num primeiro momento, para justificar a ordem de energia dos subníveis e, na sequência para entender as diferentes contribuições dos subníveis para o efeito blindagem. Falaremos disso na próxima edição. for ma um novo número quântico denominado L, que define os estados energéticos de um átomo. A cada valor de L é atribuído um estado designado pelas letras S, P, D, F....(que NÃO devem ser confundidas com os subníveis s, p, d e f). A resultante dos termos de para a configuração p2 pode ser: L = 0, 1 ou 2; que corresponde aos estados: S P D (não se preocupe como essa resultante é obtida!). Assim, para p2 existem três estados de energia possíveis, correspondentes aos termos espectroscópicos D, P e S. O acoplamento dos momentos angulares de spin. Como no caso anterior, o efeito total dos momentos magnéticos de spin individuais, ms, é dado por um novo número quântico, o S (de novo, não confunda com subnível s nem com o número quântico s, nem com termo S). Obviamente, no caso de dois elétrons em subnível p essa soma só pode ser 0 ou 1. Teste sua compreensão: Se a configuração for p3 quais os valores possíveis de S? Resposta: 1/2 ou 1 1/2 ↑↑↑ S = 1 1/2 ou ↑↑↓ S = 1/2 Acoplamento spin-órbita. Quando diversos elétrons estão presentes num subnível a soma de L e S dá origem ao número quântico J. Esse acoplamento é chamado de acoplamento de Russel-Saunders ou simplesmente acoplamento LS. Assim, L, S e J podem ser combinados para determinar um estado espectroscópico completo: . Onde 2S+1 é a multiplicidade. Vejamos um exemplo: O termo 3D2 (lê-se triplete D dois) indica um estado D (ou seja L = 0), multiplicidade igual a três (portanto S = 1 e o número de elétrons desemparelhados é 2) e número quântico de momento angular total J = 2). (mais uma vez, não se preocupe com detalhes de como esses números são obtidos)!! Microestados e os termos S, P e D. Não confunda, px, py e pz com P0, P1 e P2! Para um subnível p as seguintes configurações são possíveis: A maioria dos exames vestibulares e livros antigos de ensino médio usa a seguinte configuração para representar os 2 elétrons do subnível p: (cuidado, os valores estão invertido em relação ao gráfico na coluna ao lado) -1 Cada uma delas é chamada de microestado e se dividem nos três termos de energia diferentes: S, P e D. Assim, as configurações em (a), (b), (c) e (d) são as que contribuem para o menor estado de energia de 3P que é os estado 3P0 (veja no diagrama ao lado). Observe que, curiosamente, mesmo estando com spins contrários, (c) e (d) contribuem para o estado de menor energia. 0 +1 ⇦ valores de m (número quântico magnético) Esta configuração pode ser a (b) ou a (k) da figura ao lado. Se for a (b) de fato é uma das de menor energia possível, porém não contribui apenas para 3P0. Se for a (k), de fato, ela contribui apenas para o nível 3P2 (porém não é a de menor energia para o estado 3P). Ao adaptarmos o assunto para o ensino médio acabamos fazendo algumas concessões: como ao estado 3P0 temos 4 configurações contribuintes, se ignoramos o acoplamento spin-órbita, e usamos apenas o termo 3P como o de menor energia (e de fato ele é), escolhemos o microestado (k) como sendo o fundamental (pois ele contribui para somente um dos níveis 3P). Uma vez que este é o estado fundamental, qualquer outro estado, no nível médio, será chamado de estado excitado. Perceba que, na verdade, esse não é o estado fundamental, porém, a maioria dos livros de Química Geral, de ensino médio e superior, atribui, a esse microestado como sendo o estado fundamental. Além disso, questões de vestibular e, até mesmo de livros de Química Geral, cobram os números quânticos do “elétron de diferenciação”. NOTA: A essa representação atribuímos arbitrariamente os orbitais px, py e pz para os valores -1,0 e +1. Poderíamos dizer, também, pz, px e py, isso não muda os valores de m, esse é o ponto que gera dúvida! Os valores de m que vamos usar para designar o estado fundamental serão -1 e 0 (o elétron diferenciador está em 0). E o vestibular? Embora seja equivocado pedir a um aluno de ensino médio (e aos principiantes em cursos de graduação idem) que indiquem os quatro números quânticos de um átomo ou íon, isso ainda aparece nos exames e até nas provas dos primeiros anos de graduação. Fica fácil entender as razões de muitas instituições removerem o assunto de seus exames. Para os exames que ainda insistem em cobrar o assunto: o que conversamos em classe é um guia seguro de como proceder com essas questões. Certamente as concessões indicadas nesse texto estão sendo consideradas, do contrário, todas as questões propostas perderiam o seu significado. É isso! Prof. Ricardo Calçada Resumo dos termos usados Microestado São as nossas representações do tipo: às quais atribuímos os “números quânticos” (n, , m e ms). Estado fundamental. O estado de menor energia que segue a Regra de Hund e Princípio de Exclusão de Pauli.
Documentos relacionados
Tabela Periódica – Princípio de Exclusão de Pauli
um mesmo orbital (correspondentes a ms = +1/2 e ms = -1/2). Vamos definir também uma camada eletrônica como representando o conjunto de estados quânticos do átomo que têm o mesmo número quântico ...
Leia maisEm 1913, Niels Bohr, tentando conciliar a ideia de Rutherford com
Denomina-se configuração eletrônica a especificação dos subníveis ocupados e o número de ocupação de um dado elemento ou íon. Para determinar as configurações do estado fundamental (menor energia),...
Leia maisNúmeros Quânticos – Teoria Parte 1
Dois elétrons não podem possuir o mesmo conjunto de números quânticos em um mesmo átomo. Sendo assim, podemos identificar o elétron tratado quando os 4 números quânticos forem explicitados. Já que ...
Leia maisnúmeros quânticos
Os elétrons que se podem encontrar numa orbital 3s são identificados por quatro números quânticos: n = 3, l = 0, ml = 0 e ms = +1/2 ou (3, 0, 0, +1/2); n = 3, l = 0, ml = 0 e ms = -1/2 ou (3, 0...
Leia maistermos espectrais para átomos e íons livres
chama de aproximação de Russell-Saunders ou do acoplamento LS) do: -número quântico momento angular orbital total do átomo: L -número quântico momento angular de spin total do átomo: S -número quân...
Leia mais