Os dinossáurios carnívoros

Os dinossáurios carnívoros
A Sua Descrição e Modo de Vida
(Artigo escrito em 1998)
Na actualidade, os animais que dominam o planeta são os
mamíferos, mas nem sempre foi assim. Na Era Secundária
ou Mesozóica (entre 250 e 65 milhões de anos - Ma.) eram
os dinossáurios os seres dominantes do nosso planeta.
Ao "viajarmos" pelos tempos Mesozóicos e ao avançarmos
cronologicamente no tempo encontra-se primeiro o
Período Triásico (250 a 210 Ma.), seguindo-se o Jurássico
(210 a 140 Ma.) e o Cretácico (140 a 65 Ma.). Nesta "viagem"
poderíamos ver a separação dos continentes e o
aparecimento, evolução e extinção dos dinossáurios.
Estes animais, unicamente terrestres (convém salientar que
os répteis marinhos e voadores que viveram a par dos
dinossáurios pertenciam a outros grupos), foram os
maiores seres que habitaram a Terra. Alguns tinham a
bacia pélvica idêntica à das aves, enquanto outros tinhamna idêntica à dos répteis, é a estes últimos que pertenciam
os grandes dinossáurios herbívoros, de pescoço e cauda
compridos (os saurópodes) e os dinossáurios carnívoros
(os terópodes).
Estes últimos dividiam-se em dois grandes grupos: os
celurossáurios, de pequeno e médio porte, cujos vestígios
indicam que estes animais eram rápidos, tinham grande
agilidade e os sentidos apurados. Pela grande semelhança
entre o esqueleto de alguns celurossáurios e o esqueleto
das primeiras aves, pensa-se que estas são os descendentes
dos dinossáurios. O outro grupo de terópodes eram os
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carnossáurios, animais de grande porte, variando o seu
tamanho entre os 6 e os 15 metros de comprimento.
Todos estes animais eram bípedes e os seus pés eram
tridáctilos (terminavam em três dedos), tinham a cabeça
grande, pescoços curtos e musculados, caudas rígidas e
pesadas, que lhes permitia o equilíbrio quando se
deslocavam, garras fortes e dentes grandes, caniniformes,
curvos e serrilhados. Os carnossáurios, ao contrário dos
celurossáurios, eram animais pouco ágeis e lentos, embora
podendo correr rapidamente mas por pouco tempo. Estes
factores condicionaram o seu modo de vida e as presas que
escolhiam para caçar. Assim, tudo indica que estes animais
poderiam comer carcaças abandonadas, ou mesmo roubar
os animais caçados por outros dinossáurios carnívoros
mais pequenos. Por outro lado, escolhiam os grandes
saurópodes para caçar, porque tal como eles, estes últimos
eram pouco ágeis e lentos.
De todos os dinossáurios carnívoros, o Tyranosaurus rex é o
mais conhecido. Este animal viveu no Cretacico (70 - 65
Ma.), media cerca de 12 metros de comprimento e pesava
perto de 7 toneladas. O crânio media 1,15 metros, tinha
fortes mandíbulas com 50 a 60 dentes, os quais podiam
alcançar 18 cm de comprimento, os seus braços eram
bastante curtos e as mãos tinham apenas dois dedos. Os
estudos das suas pegadas revelaram que podia deslocar-se
a uma velocidade entre os 6 e os 8 Km/h, podendo mesmo
correr velozmente, mas por um período muito curto.
Fotografia de um modelo robotizado de Tyranosaurus rex
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Até há algum tempo, o Tyranosaurus rex era considerado
como o maior dinossáurio carnívoro, no entanto em 1995,
em Marrocos, foi descoberto um animal ainda maior.
Denominado de Carcharodontosaurus carolinii, esse
carnossáurio, que viveu há cerca de 90 Ma, no Cretácico,
podia atingir 15 metros de comprimento e pesar cerca de 8
toneladas e os seus dentes atingiam 13 cm.
Comparação do tamanho do Carcharodontosaurus carolinii com o Homem
Será interessante falarmos um pouco do Megalosaurus
descoberto em vários países da Europa e que viveu
durante o Jurássico e o Cretácico e media cerca de 7 metros
de comprimento, pesando cerca de 4 toneladas. Em
Portugal, onde estão identificadas quatro espécies de
Megalosaurus, foram descobertos vários vestígios desde
trilhos de pegadas a restos ósseos.
Dentes e vértebras de Megalosaurus encontrados em Portugal
(colecção do MUSEU GEOLÓGICO)
Para melhor compreendermos o modo de vida destes
animais vamos imaginar que recuamos no tempo até ao
jurássico e estamos a observar um Megalosaurus solitário.
Ao longe, conseguimos discurtinar um grupo de
celurossáurios que acaba de caçar um dinossáurio
herbívoro, no entanto, o Megalosaurus não se apercebe
dessa cena, senão teria-lhes roubado a caça. Ele dirige-se
para um pântano onde sabe que as manadas de herbívoros
costumam beber água, vai-se aproximando lentamente por
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entre a luxuriante vegetação para não ser visto. Ao chegar
encontra o que procurava: uma manada de Apatosaurus
encontra-se naquele sitio. O Megalosaurus tenta encontrar
um jovem que tenha saído do grupo, pois sabe que se esse
jovem se encontra entre os adultos, os seus pais tudo farão
para o proteger, inclusivamente atacar os carnívoros com
as suas caudas que podem funcionar como autênticos
chicotes. De repente um Apatosaurus jovem distrai-se e
afasta-se do grupo. Perante esta situação o Megalosaurus
aproxima-se da sua presa sem ser visto e de repente sai do
seu esconderijo e avança, colocando-se entre o jovem e a
manada. Ao ver o caçador, o Apatosaurus entra em pânico e
tenta ir para junto dos seus pais, mas o seu caçador corre
para a sua vítima e ao alcança-la abre a boca e os seus
dentes afiados penetram no pescoço do pequeno
Apatosaurus, que se tenta libertar, o que só ajuda os dentes
do carnívoro a penetrarem mais na sua carne. Depois de se
alimentar, o carnívoro afasta-se para um lugar onde possa
descansar e durante vários dias não terá de se preocupar
em arranjar comida.
Estes foram os maiores carnívoros do nosso planeta, não
eram animais crueis nem monstros, mas iguais a qualquer
outro animal, pois, tal como os carnívoros actuais, os
carnossáurios apenas caçavam porque necessitavam de se
alimentar.
Silvério Figueiredo - Arqueólogo / Paleontólogo
Presidente da Direcção e Director do Núcleo Científico
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