dia da sergipe

Transcrição

dia da sergipe
EDITORIAL
QUEM AMA FALA BEM
O maior desafio de Londrina hoje é
reconquistar a autoestima. Moramos
numa cidade linda, admirada por todos
que a visitam. Recentemente conversamos
com um empresário argentino que adotou
Londrina como cidade do coração. Esse
pé-vermelho adotivo diz que é capaz de
brigar com quem fala mal de Londrina.
Infelizmente, os próprios londrinenses
muitas vezes se esquecem de que moram
numa cidade tão boa, tão acolhedora, tão
rica em experiências e realizações. Nos 80
anos de Londrina, que tal parar de falar mal
da cidade e exaltar a nossa incomparável
história de trabalho e desenvolvimento?
Numa reunião do movimento Pé
Vermelho Mãos Unidas, um amigo fez
uma observação muito interessante:
“Na administração pública, é mais
difícil combater a ineficiência do que a
corrupção”. E é verdade! Em Londrina,
as instituições são fortes e vigilantes;
aprendemos a combater a corrupção. Mas
a ineficiência, a lentidão, a burocracia
continuam presentes na gestão pública –
como se vê em reportagem publicada nesta
edição da revista Mercado em Foco.
A ineficiência do setor público não é algo
que surge do dia para a noite. Pela primeira
vez, em muitos anos, sob a liderança do
atual prefeito, vemos uma administração
municipal disposta a implantar técnicas
de gestão para melhorar a qualidade dos
serviços à população. Mas é preciso que
nós também façamos a nossa parte. Antes
de esperar o que a Prefeitura deve fazer por
você, pense no que presente que você pode
dar à cidade. Com base na união entre as
entidades e o poder público, vamos vencer
esse desafio – e os beneficiados serão todos
os londrinenses.
Desde os tempos da colonização, o setor
empresarial tem dado exemplos de
eficiência que poderiam servir de modelo
para a administração pública. Tudo
começou com uma empresa: a Companhia
de Terras Norte do Paraná.
Pouco tempo depois, foi criada a ACIL.
Ao longo das últimas oito décadas, a
cidade foi sendo construída com o espírito
empreendedor que hoje se mostra no
destaque de nossos empresários em
concursos nacionais e internacionais. É
motivo de orgulho ver seis empresas de
Londrina incluídas entre as maiores do
Brasil no ranking Valor 1000. É motivo
de alegria saber que nossos talentos da TI
estão sendo reconhecidos com prêmios
na área de inovação. Isso faz a gente amar
Londrina ainda mais. E quem ama fala
bem.
Valter Luiz Orsi
Presidente da ACIL
DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2014/2016
Fundada em 5 de junho de 1937
Rua Minas Gerais 297 – 1º andar
Ed. Palácio do Comércio
Londrina (PR) – CEP 86010-905
Telefone (43) 3374-3000
Fax (43) 3374-3060
E-mail [email protected]
Valter Luiz Orsi
Presidente
Rogerio Pena Chineze
Vice-Presidente
Fabricio Massi Salla
Diretor Secretário
Alexandra de Paula Yusiasu
dos Santos
2º Diretor Secretário
Rodolfo Tramontini Zanluchi
Diretor Financeiro
Angelo Pamplona da Costa
2º Diretor Financeiro
Fernando Mauricio de Moraes
Diretor Comercial
Marcus Vinicius Gimenes
Diretor Industrial
Marcia Regina Vieira Mocelin
Manfrin
Diretor de Serviços
Claudio Sergio Tedeschi
Diretor de Comércio Internacional
Luigi Carrer Filho
Diretor de Produtos
Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita.
Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou
pelo e-mail [email protected]
Adelino Favoretto Junior
Diretor Institucional
CONSELHO DELIBERATIVO
Ary Sudan
Carlos Alberto Dorotheu
Mascarenhas
Eduardo Yoshimura Ajita
Flávio Montenegro Balan
George Hiraiwa
Herson Rodrigues Figueiredo Jr.
Paulo Briguet
Coordenação
Vinicius Bersi
Edição
Josoé de Carvalho
Fotografia
Thiago Mazzei
Projeto gráfico
José Augusto Rapcham
Katsumi Sergio Otaguiri
Luiz Carlos I. Adati
Nivaldo Benvenho
Oswaldo Pitol
Paulo Fernando Ozelame
Wilson Geraldo Cavina
CONSELHO FISCAL
Diego Rigon Menão
Superintendente
Claudia Motta Pechin
Gerente Comercial
Barbara Della Libera
Analista de Marketing
Guto Rocha
Luis Fernando Wiltemburg
Michelle Aligleri
Renato Oliveira
Susan Cruz
Colaboradores
Fernanda Bressan
Giovana Chiquim
Gisele Rech
Impressão
Midiograf
Tiragem
8 mil exemplares
Titulares
Adoniro Prieto Mathias
Marcus Vinicius Bossa
Grassano
Rafael de Giovanni Netto
Suplentes
Carlos Alberto de Souza
Faria
Rafael Lopes
Rogério Silvano da Silva
Agenda novembro 2014
ATENDIMENTO E VENDAS
FINANÇAS
Administração do tempo
Niceia Henrichsen
03 e 04 de novembro
19h às 22h
Intensivo em faturamento
e emissão de notas fiscais
Rosangela da Silveira
26 e 27 de novembro
19h às 23h
• Transmitir noções gerais de legislação
do ICMS e IPI
• Apresentar os respectivos tratamentos
fiscais conferidos pela legislação
• Demonstrar a emissão de notas e
documentos fiscais
• CFOP e CST: cancelamentos,
possibilidades e conseqüências
• SPED Fiscal: analise das principais
operações
• Venda a ordem, a entrega futura,
demonstrações, industrialização,
exposição em feiras e retorno de
mercadorias não entregues
Não associados R$ 250,00
Associados R$ 195,00
• A venda competitiva no mercado
globalizado
• As qualidades do profissional de vendas
• Estratégia de vendas e negociação
• O reforço positivo do pós-venda
Não associados R$ 152,00
Associados R$ 76,00
• Dicas práticas para uma cobrança
eficiente visando recuperação de crédito
• Como negociar com inadimplentes
• Código de defesa do consumidor
Não associados R$ 152,00
Associados R$ 76,00
• Custo liquido do produto
• Estoque mínimo e máximo
• Rotação geral de mercadorias
• Custo financeiro do estoque parado
Não associados R$ 152,00
Associados R$ 76,00
Como treinar sua Equipe de Vendas –
Palestra
Natasha Bacci
19 de novembro
19h às 21h
WEB
DIVERSOS
Opinião do associado
• Passo a passo da venda
• Estratégias de um vendedor consultor
• Pré-venda, venda , pós venda
• Técnica de Fechamento de Venda
Não associados R$ 152,00
Associados R$ 76,00
Negociação e vendas
Sidney Kayamori
04 e 05 de novembro
19h às 23h
Como gerenciar compras
e controlar estoque
Charles Vezozzo
17, 18 e 19 de novembro
19h às 23h
GESTÃO DE RH
Prepare- se para vender mais
Sheila Dal Ry
25 e 26 de novembro
19h às 23h
• O significado do tempo e sua
importância
• Comportamento Pessoal em relação ao
Tempo
• Conhecendo e controlando os
desperdiçadores do tempo
• Você pode ser muito ocupado ou muito
produtivo. Esta escolha será sempre sua
• Como você desperdiça (ou usa) seu
tempo
Não associados R$ 130,00
Associados R$ 65,00
Análise de crédito visando à
prevenção da inadimplência
Braz Vendramini
10 e 11 de novembro
19h às 23h
MARKETING
Oratória: a comunicação na profissão
Maria Cristina Consalter
26 e 27 de novembro
19h às 23h
Carla Polonio, da Importex Brasil:
“Adorei o curso “Qualidade de Serviço de
Recepção e Secretaria”; ótima instrutora, muito
dinâmica e possui muito conhecimento”
ABRASEL NORTE DO PARANÁ
CURSO DE BOAS PRÁTICAS E
HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES
DE ALIMENTOS
25, 26 e 27 de novembro
13h30 às 17h30
Local: Blue Tree Premium
Av. Juscelino Kubtischek, 1356
Informações: 3327 0202
Não associados: R$100,00
Associados ACIL: R$70,00
• Comunicação para pequenos e grandes
públicos
• Oratória aplicada na relação com o
cliente e em reuniões
• Técnicas para falar em público
Não associados R$ 152,00
Associados R$ 76,00
Chefia e Liderança
Filomena Regina Storti Minetto
28 e 29 de novembro
Dia 28 – das 19h às 22h
Dia 29 – das 8h às 17h
• O processo de tomar decisões
• Delegação de atribuições e autoridade
• Liderança gerencial (característica e
estilos da boa liderança)
• Incentivo através do feedback
Não associados R$ 173,00
Associados R$ 86,00
• Os passos da venda
• Investigar a necessidade do cliente
• Vendedor consultor
Não associados R$ 65,00
Associados R$ 32,00
Saiba mais:
3374.3000
[email protected] ou
3374.3082 com Tatiana Gaffo:
[email protected]
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR
Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Norte
www.acil.com.br
Curta
ÍNDICE
SEGURANÇA DO NEGÓCIO
SPC protege da inadimplência .............................................
16
8
Avalie a qualidade da sua
INSEGURANÇA DO NEGÓCIO
11
RESÍDUOS SÓLIDOS
12
PLANO DIRETOR
18
Comércio é alvo de furtos e assaltos ....................................
O destino correto do lixo ......................................................
A bússola do desenvolvimento ............................................
QUALIDADE DE VIDA
20
CLASSE C
E-SOCIAL
Impactos do sistema que unifica informações
trabalhistas, previdenciárias e sociais ...............................
22
ARTIGO
30
Os desafios da economia brasileira ....................................
Um mercado a ser conquistado
no mundo digital
26
PERFIL
Os livros e ideias de Rubens Augusto ....................................
TALENTO LONDRINENSE
36
Prêmios conquistados por empresas locais
consolidam a cidade com um polo da TI .............................
38
COLUNA DA ACIL
41
A festa do comércio de rua no Dia da Sergipe ......................
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A ineficiência que trava o
desenvolvimento
32
CONSUMO INFANTIL
A força do segmento voltado às crianças
Associação Comercial e Industrial de Londrina
7
INADIMPLÊNCIA
8
outubro de 2014 | www.acil.com.br
Por Guto Rocha
Inflação e taxas de juros crescendo mais do que os rendimentos
dos trabalhadores criam um cenário propício para a elevação
da inadimplência. Foi o que se confirmou no último mês de
julho, quando o SPC Brasil (Serviço de Proteção de Crédito) e a
Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) registraram
um aumento de 4,43% de consumidores inadimplentes, em
comparação com o mesmo mês do ano passado. Por isso, vender às
cegas pode colocar em risco a saúde financeira das empresas. O alerta
é da gerente comercial da Associação Comercial e Industrial de
Londrina (ACIL), Cláudia Motta Pechin.
Cláudia afirma que a ACIL está preparada para fornecer ferramentas
que garantem segurança contra mal pagadores. A gerente afirma
que a entidade tem uma preocupação constante de conscientizar e
preparar empresários a não vender sem fazer uma consulta prévia. “O
SPC é uma importante ferramenta de análise de crédito”, comenta.
A gerente observa que o sistema de análise de crédito evoluiu muito
e, atualmente, conta com uma base de dados mais completa, que
permite uma análise de crédito mais segura. “Antes, só era possível
consultar se o comprador tinha ou não alguma restrição de crédito.
Hoje, o sistema analisa outros tipos de informações, como histórico
de passagens, relacionamento com fornecedores, possibilitando
avaliar como a pessoa se comporta no mercado”, explica.
Segundo Cláudia, o SPC, operacionalizado pela ACIL, faz parte da
BCF (Base Centralizadora FACIAP de Proteção ao Crédito), que
reúne a maior parte das associações comerciais do Paraná. Esta base
paranaense, observa a gerente, está enriquecida, por meio de uma
parceria com o SPC Brasil e a Serasa Experian. “Com isso, contamos
com uma base de dados com credibilidade e cobertura nacional”,
afirma.
A ferramenta de proteção de crédito permite que o empresário
faça consultas de diferentes níveis, desde as mais simples às mais
elaboradas. “Ele pode utilizar o SPC para consultar um cheque, que é
o processo mais simples, até situações mais complexas que envolvem,
participação em falência e concordata, ações judiciais, protestos e
até participação em outras empresas”, salienta. O serviço pode ser
utilizado para checar a situação de pessoas físicas e jurídicas.
Claudia afirma que o SPC oferece um amplo portfólio de consultas
para que o empresário possa escolher o que lhe for mais adequado
para o valor da venda. “Uma venda com valor menor pode ser feita
com uma consulta mais simples. Já uma negociação que envolve um
valor mais alto, deve ser feita após uma consulta mais completa, pois
o risco também é mais alto”, explica.
A gerente alerta que
da mesma maneira
Tão importante quanto
que o empresário
consultar o cadastro
deve se preocupar em
dos inadimplentes é
averiguar a situação
do comprador no
negativar quem não
sistema de crédito,
pagou as dívidas
ele também precisa
fazer a negativação do
Claudia Motta Pechin,
devedor. “É preciso
melhorar esta cultura
gerente Comercial da ACIL
da negativação em
“
“
Associação Comercial e Industrial de Londrina
todo o Paraná. Se o comerciante não negativa, o inadimplente
continua comprando e o sistema é comprometido”, orienta.
Para Cláudia, a negativação acaba funcionando também como um
processo de cobrança. Pois, quando o mau pagador é negativado, ele
recebe uma correspondência e tem 10 dias para efetuar o pagamento.
Ela explica que somente após esse prazo, caso o inadimplente não
saldar sua dívida é que o sistema passará a informar que ele está
negativado. A orientação da ACIL é que as inclusões no SPC só sejam
feitas depois o processo de cobrança e negociação, valorizando assim
o relacionamento da empresa e seu cliente.
Vale ressaltar que depois que o negativado quita a dívida, a empresa
tem até cinco dias úteis para retirar o nome do cliente do cadastro
do SPC, conforme entedimento do Superior Tribunal de Justiça,
porém no Paraná existe uma Lei Estadual n° 15967/2008, em vigor,
que obriga a empresa que promoveu o registro a baixar a informação
em até 48 horas após a quitação, devendo a empresa observar tais
prazos para evitar o ajuizamento de ação de indenização por parte do
consumidor.
“Tanto o processo de inclusão como o de baixa é ágil e simples e
pode ser feito um a um ou em lotes, de acordo com a demanda de
cada empresa”, garante a gerente comercial.
Sistema adaptado
a cada empresa
A Leo Madeiras, loja
que comercializa
produtos voltados
para marceneiros
fabricantes de móveis,
contratou há cerca de
dois meses os serviços
do SPC da ACIL. Na
avaliação do analista
Márcio Ferreira da Silva, da Leo Madeiras: contábil da empresa,
“Temos que nos proteger sempre” Márcio Ferreira da
Silva, a ferramenta
é fundamental para garantir a segurança nas vendas. “Este tipo de
proteção é importantíssima, ainda mais para nossa empresa que atua
num mercado em que a informalidade é muito grande”, afirma. Ele
explica que a Leo Madeira atende um grande número de pequenos
marceneiros, que trabalham com cheques de clientes para pagar suas
compras. “Temos que nos proteger sempre”, comenta.
Silva observa que, apesar do pouco tempo de utilização do SPC, a
empresa está satisfeita com os resultados. A empresa utiliza bastante
o serviço SPC Relatório, que é acionado sempre que um novo cliente
faz compras no estabelecimento. “Mas também o utilizamos para
clientes antigos quando é necessário impor limites de crédito. E
ainda temos a vantagem de analisar o sócio do cliente, ampliando a
proteção”, comenta.
O analista contábil observa que a empresa resolveu migrar para
o SPC por causa dos custos mais acessíveis do que o sistema de
proteção utilizado anteriormente. Outro fator que fez com que a
Leo Madeiras optasse pelo SPC da ACIL é o fato de a ferramenta
poder ser operacionalizada por um programa de computador criado
9
especificamente para a empresa. “Temos um software que nos
permite fazer a consulta a partir no nosso próprio sistema interno.
Quando cadastramos um cliente, podemos, na mesma operação
checar a situação dele no SPC. Isso agiliza os processos”, comenta.
Serviço local
O fato de o SPC da ACIL estar na mesma cidade em que opera, levou
a empresa Telhaço Londrina a trocar de serviço há três anos. “Antes
trabalhávamos com um serviço que não tinha representantes na
cidade e isso dificultava. Agora podemos consultar o SPC sempre que
precisamos”, destaca o gerente Anderson Luis Bassetto.
Segundo ele, o serviço é acionado
toda vez que um novo cliente faz
cadastro no estabelecimento. No caso
dos clientes antigos, observa Bassetto,
a consulta é refeita depois de cerca de
quatro meses da última compra. “No
caso de vendas pagas com cheque,
procuramos sempre fazer a consulta
no SPC”, aponta.
O gerente observa que a empresa
também adota a negativação sempre
que necessário. “Tentamos negociar
o máximo possível para receber a
Anderson Luis Bassetto, da dívida. Mas quando percebemos
Telhaço: Proximidade facilita que não tem outra saída, fazemos
utilização do serviço a negativação. Além de proteger o
sistema, também é uma
maneira eficiente de
receber os atrasados”,
diz.
Associada da ACIL
desde 2010, a empresa
GolSat, passou a utilizar
o SPC no ano passado.
Segundo o responsável
pelo departamento
Antonio de Souza, da Golsat: “Negativação é
financeiro da empresa,
arma poderosa para receber títulos atrasados”
Antonio de Souza, a
ferramenta de consulta dos registros de clientes junto ao serviço é
utilizada no ato da análise de crédito ao cliente. “Analisamos todos os
clientes que estão em negociação”, afirma.
Souza afirma que o serviço de proteção de crédito é uma ferramenta
importante para a segurança da empresa, e observa que as
informações fornecidas pelo sistema protegem e norteiam a análise
de crédito da GolSat. “A consulta ajuda a prevenir a inadimplência”,
comenta. Ele observa que a empresa utiliza outro serviço de proteção
de crédito para negativar os clientes que se tornam inadimplentes, e
acabam aparecendo nas consultas fornecidas pelo SPC. “Mas 98% das
consultas são feitas no serviço da ACIL”, observa.
Na GolSat, o processo de negativação é analisado caso a caso.
Ele afirma que o procedimento é registrado após 30 dias do
vencimento, e a negativação é efetivada depois de 60 dias. “A
negativação do nome do devedor, para o setor de contas a receber
de qualquer empresa é uma das armas mais poderosas para receber
títulos vencidos”, analisa.
INSEGURANÇA
NO COMÉRCIO
ISTO É UM ASSALTO!
Só no ano passado, 1813 furtos e 882 roubos
foram registrados na região de Londrina
Por Vinícius Bersi
O telefone toca às três da madrugada.
O coração se prepara para uma notícia
ruim. Do outro lado da linha, um policial
confirma a expectativa e avisa a empresária
Cleusa Maria Oliveira que a loja de roupas
dela foi roubada. Cleusa vai até o local que
fica em uma área bem visível e de bastante
movimento da avenida Madre Leônia
Milito. A empresária encontra um cenário
desolador. Bandidos levaram todas as
peças da nova coleção primavera-verão.
A loja ficou tão vazia que parecia mais
um imóvel recém-construído à espera de
uma finalidade. “Eu não tinha palavras
para dizer nada, olhando tudo aquilo
que eu tinha construído em oito anos
indo embora, a gente perde até a reação”,
desabafa.
O estabelecimento estava sem alarmes.
Cleusa havia decidido suspender o
sistema por um tempo para pagar outras
despesas do negócio. “Como a loja tem
uma visão boa para rua e está sempre
iluminada, achei que ninguém fosse ter
coragem de entrar, mas infelizmente isso
aconteceu.”
Sem seguro e sem muita esperança
de recuperar a mercadoria perdida, a
empresária vai ter de arcar com um
prejuízo estimado em R$ 45 mil. Os
bandidos levaram seis sacos plásticos com
600 peças de roupa, com preços unitários
que variam de R$ 33 a R$ 600.
Chamou a atenção a sofisticação com que
o crime foi executado. Encapuzados, dois
ladrões, que aparecem no registro das
câmeras de segurança das lojas vizinhas,
arrombaram a porta, se afastaram e, por
cerca de 5 minutos, ficaram observando
para ver se alguém aparecia. Depois
retornam, enchem os sacos com as roupas
e deixam o local. Para não ter a placa
identificada pelas imagens das câmeras, o
carro está sempre com luz alta ou com os
faróis apagados.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
O drama de Cleusa não é um caso
isolado. Segundo os dados da Secretaria
Estadual da Segurança Pública, em 2013
ocorreram 1.813 furtos na Área Integrada
de Segurança Pública de Londrina,
que inclui os municípios de Tamarana,
Ibiporã e Cambé. O número de assaltos
registrados na mesma região chegou a
882.
Quem também engrossa as estatísticas
de furtos e assaltos é a padaria da
família do empresário Carlos Alberto de
Medeiros. Em 18 anos de funcionamento
o local, que fica no Jardim Bancários,
foi assaltado e furtado 27 vezes. No ano
passado o estabelecimento chegou a ser
furtado numa quarta-feira e assaltado
no dia seguinte. Tanta insegurança fez
o empresário repensar a continuidade
do negócio. “Já pensei várias vezes em
desistir de tudo, mas é difícil, tenho
uma família, temos 46 funcionários, é
complicado”, pondera Carlos. As câmeras
de segurança e o sistema de alarme da
padaria não foram suficientes para inibir
a ação de bandidos. O último assalto
ocorreu há dois meses. “Você tem que ser
uma pessoa centrada, tem muita gente
que não aguenta, já me chamaram de
vagabundo. Quando o cara está armado,
ele tem razão”, ironiza.
A Polícia Militar reconhece que
não consegue inibir todas as ações
criminosas contra comerciantes. “Temos
intensificado o policiamento nos locais de
maior concentração de estabelecimentos
mas a polícia não tem em lugar nenhum
do mundo essa força da onipresença”,
afirma o capitão Nelson Villa. Para evitar
o arrombamento das lojas, a orientação é
a manutenção de um sistema de alarmes
monitorados.
“Os
arrombamentos
ocorrem principalmente durante a
madrugada; ainda que a viatura esteja a
um ou dois quilômetros, ela chega muito
rápido no local”, completa.
CUIDADOS
ESPECIAIS NAS DATAS
COMEMORATIVAS
A Polícia Militar também dá algumas
orientações para evitar os furtos que
ocorrem quando as lojas estão abertas,
em especial nas datas comemorativas,
períodos em que o movimento no comércio
aumenta. Com a aproximação do Dia da
Criança e do Natal vale observar as dicas:
• Invista na visibilidade! Quem
trabalha sozinho deve colocar
espelhos pela loja, de uma forma
que o vendedor consiga atender
o cliente e, ao mesmo tempo,
enxergar tudo que ocorre dentro
do estabelecimento sem esforço. As
divisórias que bloqueiam a visão
devem ser evitadas.
• Aumente a atenção! Evite
atividades que possam distrair
como o uso de celulares,
computadores e tablets. É
importante estar atento a tudo que
ocorre no interior da loja.
• Se identificar um comportamento
suspeito, avise a polícia. Ao
perceber que um furto foi
realizado, a orientação também
é ligar para 190. Para a sua
segurança, não faça a abordagem!
• Em caso de assalto, não reaja. Uma
reação pode ter consequências mais
graves que a perda de patrimônio,
como uma lesão séria ou até a morte.
Empresário teve a padaria da
família furtada e assaltada 27
vezes: “Já pensei em desistir
de tudo”
11
RESÍDUOS SÓLIDOS
O DESAFIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS
Destinação correta do lixo passa por uma mudança de
mentalidade das pessoas e das empresas
Por Susan Cruz
A lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) é um marco na gestão ambiental do Brasil. A partir dela
os desafios para o poder público, empresas e os cidadãos estão
lançados diante de um dos maiores problemas da atualidade, o
lixo.
Em Londrina, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS) já havia sido previsto pelo Decreto Municipal 769/2009
e foi reforçado e instituído pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos, Lei Federal 12.305/2010 norteada por princípios,
instrumentos, e diretrizes para o gerenciamento dos resíduos
sólidos. A Lei trata de conceitos de ecoeficiência e esclarece
a responsabilidade compartilhada, ou seja, além do setor
público é responsabilidade de todos os cidadãos, os fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes; todos têm o dever
de contribuir com a política nacional de resíduos sólidos.
Esse conjunto de instrumentos visa propiciar o aumento da
reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que
tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e
a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que
não pode ser reciclado ou reutilizado).
O PGRS tem também como objetivo orientar as ações das
empresas para reduzir a geração de resíduos, tratar corretamente
o manuseio, a separação, o acondicionamento, transporte e
12
destinação correta daquilo que não for aproveitado dentro
da própria empresa, que devem apresentar um documento
relatando a quantidade de resíduo produzido desde a fonte
geradora até o descarte final.
Desde o dia 2 de agosto de 2014 os municípios são obrigados
pela Lei a encerrar os seus lixões em cumprimento da PNRS
e implantar sua política de gestão de resíduos. A Lei respalda
a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas
e cidadãos em relação ao tratamento dos resíduos. Desde a
aprovação da (PNRS), esse marco regulatório, atenta para que a
gestão compartilhada promova o descarte correto dos resíduos
para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento
dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos
decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Para Eliene Moraes, analista em gestão ambiental da Companhia
Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina,
os princípios mais importantes que remetem a essa lei são
primeiramente a não geração de resíduos, a sua redução, o
reaproveitamento, a reciclagem e o seu tratamento adequado.
A lei passa a exigir a implementação de aterros com normas
ambientais. Centros de tratamento de resíduos e sistemas de
compostagens para resíduos orgânicos que favorecem ambiental
e economicamente a cidade.
outubro de 2014 | www.acil.com.br
“Dentro do que é função do município trabalhamos para
promover a coleta seletiva, por exemplo, que reduz os materiais
que vão para o aterro e também promove a geração de renda
para quem trabalha com os recicláveis. O lixão foi desativado e
temos uma central de tratamento de resíduos (CTR) com uma
central de compostagem”, aponta.
Hoje são cinco cooperativas que realizam esse serviço de coleta
de recicláveis, ainda dentro da política de gestão compartilhada
existe a chamada Logística Reversa que estabelece que o
fabricante, representante e comerciante que coloca um produto
no mercado repense a vida útil do produto, qual o caminho que
o produto vai percorrer até o seu destino final. A partir desse
questionamento é necessário se posicionar diante das escolhas
feitas sobre os materiais utilizados, como podem ser recolhidos,
se podem ser reutilizados e se não, quais são as melhores opções
para o seu descarte. A logística reversa define as empresas como
responsáveis por recolher seus produtos após o descarte feito
pelo consumidor.
“É importante que as empresas elaborem um plano de
gerenciamento de resíduos sólidos que vai identificar e
quantificar o que é produzido pela empresa, com isso é possível
traçar um plano eficiente com um técnico e também com as
nossas orientações, ajustar a empresa se for necessário dentro
Associação Comercial e Industrial de Londrina
de uma logística reversa eficiente
que pode reduzir custos e o impacto
ambiental”, completa Eliene.
Já existe uma regulamentação que
estabelece a forma adequada de
recolhimento de pneus, pilhas,
baterias e embalagens agrotóxicas,
mas Eliene explica que para os
demais itens ainda estão sendo
estudadas formas de regulamentação
e que os fabricantes podem se
antecipar a isso e investir nessa
logística.
FISCALIZAÇÃO
O trabalho do município é feito de
forma integrada, além da CMTU
atuam a Secretária do Meio Ambiente
(Sema) e o Instituto Ambiental
do Paraná (IAP) que através de
Eliene Moraes, analista em
gestão ambiental da CMTU:
“É preciso que fique
claro que a empresa que
faz o descarte irregular,
em algum momento vai
pagar por isso, ele é um
poluidor pagador e quando
identificado pode sofrer
sanções graves, levar uma
multa por crime ambiental”
13
um trabalho em conjunto de regulamentação e fiscalização
podem, se necessário, notificar e autuar os envolvidos no
descumprimento da lei. “A irresponsabilidade é um dos
principais fatores do descarte inadequado, é preciso que fique
claro que a empresa que faz o descarte irregular, em algum
momento vai pagar por isso, ele é um poluidor pagador e
quando identificado pode sofrer sanções graves, levar uma
multa por crime ambiental”, enfatiza Eliene Moraes.
A analista também revela que este é um tema que ainda
enfrenta muitos desafios, como os ecopontos que foram criados
para a destinação correta de entulho da construção civil e
de jardinagem, mas que por falta de uma fiscalização maior
e irresponsabilidade dos grandes geradores e até mesmo da
população, tornaram-se um problema para o município. “Por
falta de um sistema aprimorado na fiscalização desses ecopontos
e juntamente com a irresponsabilidade no descarte, esses lugares
se tornaram lixões, o que inicialmente começou com sete pontos
na cidade passou para 300, ou seja, qualquer terreno vazio ou
fundo de vale foi visto como uma oportunidade para realizar
um descarte inapropriado, gerando um grande problema para a
população”, revela.
Segundo Eliene, esse problema deve ser resolvido quando
forem viabilizados os Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s).
“Seria um ecoponto com fiscalização para controlar a entrada
e a quantidade do descarte, esse formato ainda depende de
orçamento, mas seria uma forma de controlar. O que acontece
agora é que qualquer um pode á noite ou nos finais de semana
despejar material de forma irregular”, salienta.
No setor da Construção Civil é exigido um plano de
gerenciamento e recibos de destinação correta dos resíduos para
que seja obtido o Habite-se, “é uma maneira de cobrarmos uma
postura, mesmo assim, ainda acontece do serviço contratado,
como o aluguel de uma caçamba recolher o entulho, receber
para dar uma destinação correta, mas fazer o descarte em algum
ponto irregular da cidade.”
Ela acredita que um fator importante seria uma mudança de
mentalidade sobre o tema. “Enquanto os grandes geradores
tentarem burlar a lei, enquanto não houver uma preocupação
em separar corretamente os resíduos, todo esse trabalho fica
comprometido. Por isso é importante a denúncia por parte da
população quando observa algo errado, mas também fazer a sua
parte, se cada um fizer a sua parte, avançamos”, comenta.
O fim dos lixões chegou, mas muitos municípios ainda não
conseguiram se adequar a essa realidade, Eliene explica que
14
é possível que estes municípios venham a sofrer sanções,
inviabilidade na busca de recursos da União e talvez até
reprovações de contas públicas, “é um jeito de forçar a
adequação e atuar para buscar soluções econômicas e
ambientalmente viáveis.”
Em Londrina, segundo a analista, o aterro segue as exigências
técnicas, existe uma preocupação com a questão da educação
ambiental para a população e a implementação gradativa do projeto
Lixo Zero. “É nossa responsabilidade oferecer uma infraestrutura
adequada, mas precisamos que haja uma participação
comprometida da população na separação do lixo e destinação
correta. Para o empresariado já temos a legislação que estabelece
que é necessário fazer a segregação correta para evitar prejuízos
ambientais e financeiros. É um trabalho contínuo”, comenta.
DESAFIOS
Apesar de ser um princípio básico que todo cidadão tem de
colaborar reciclando e que as empresas têm sua participação
buscando soluções para destinação correta do resíduo
produzido, para o assessor da Secretaria do Meio Ambiente
(Sema) em Londrina, Gerson Galdi, ainda há um longo caminho
a ser trilhado. “Existe uma grande dificuldade das empresas
iniciarem voluntariamente esse trabalho. É maravilhoso quando
as empresas têm essa visão, mas é raro. Muitos empresários
ainda acham que isso é frescura e esperam ser notificados para
tomarem uma posição”, afirma.
O trabalho de fiscalização segue um cronograma de vistoria
e a empresa precisa apresentar seu projeto elaborado pelos
consultores
ambientais, mas
também pode contar
com o apoio da
Sema, se precisar
de orientações para
que tudo seja feito
da melhor forma.
Ainda assim, nesse
ponto surgem dois
Empresas com um sistema adequado de
problemas. Segundo
destinação e descarte dos resíduos sólidos
Galdi, um deles está
contribuem para o nascimento da consciência
na segregação dos
ambiental nos funcionários
outubro de 2014 | www.acil.com.br
O MATERIAL VAI E VOLTA
resíduos na fonte. É necessário separar, condicionar e destinar
corretamente. Outro fator, seria a não execução do plano de
gerenciamento apresentado pelas empresas, “ou seja, muitas
empresas não cumprem o próprio plano elaborado entregue
para Sema, mas esquecem que no prazo de um ano, a empresa
vai renovar a documentação e apresentar os relatórios, se for
constatado que ela não executa PGRS, será notificada com o
prazo de 30 dias para se adequar ou pode levar multa.”
Marisa Pissinati, geógrafa da Sema, aponta que o empresariado
também enfrenta dificuldades, quando não tem funcionários
capacitados, mas que a falta de consciência ainda é o pior. “A
falta de funcionários capacitados acaba gerando uma certa
tolerância, tem também a questão da alta rotatividade de
funcionários em alguns segmentos, mas a falta de consciência
ainda é o grande problema, eles entendem que se tem o aterro
por que precisam se preocupar? Não entendem que o aterro
deveria receber só os rejeitos, por exemplo. A questão é
permeada culturalmente, meu avó fez assim, meu pai, por que
eu preciso fazer diferente?”, explica.
Esse ciclo cultural seria um dos maiores desafios, segundo
Marisa, porque quem não faz em casa, não faz na empresa e viceversa, e isso passa de geração em geração. “Quando a gente percebe
que no caso do lixo reciclável, por exemplo, temos os catadores,
as cooperativas, e que se geramos maior volume, estes também
têm mais trabalho, mais renda e menos danos ao meio ambiente,
avançamos. Se conseguíssemos separar corretamente pelo menos
os recicláveis já teríamos um grande avanço com isso”, ressalta.
“No caso dos ecopontos que favorecem a oportunidade do
descarte irregular, isso gera um custo financeiro e ambiental
muito alto, a CMTU não vence, e o desperdício de material
reciclável é muito grande”, pondera Marisa.
Galdi comenta que existe um avanço na logística reversa e que
esse plano recebe certificação quando executado. “No setor de
tintas essa logística é bem eficiente, a lata é devolvida para a loja
ou fabricante e são reaproveitadas, também existem exemplos na
rede de óleo de cozinha, isso muda a forma de trabalho”, analisa.
Exemplos como esses geram oportunidades. O entulho
gerado pela construção civil era um problema, mas hoje existe
uma tecnologia que tritura e produz um tijolo, resistente e
térmico. O isopor é muito utilizado na produção de mudas,
substituindo o plástico, além de evitar pragas ele é 100%
reciclável. A cada dia surgem novas oportunidades que aliam
sustentabilidade e eficiência, são soluções ecológicas que
geram economia e ajudam o meio ambiente.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Exemplo de
solução integrada
na gestão de
resíduos sólidos
a indústria
Rondopar,
fabricante
de baterias
automotivas,
encontrou formas
Ary Sudan, proprietário da Rondopar:
inteligentes de
“Nós nos adaptamos até chegar a um ciclo
fechado de reaproveitamento, percebemos cumprir com a
que o nosso resíduo tem valor” destinação e o
descarte correto.
O empresário Ary Sudan, explica que todo o alinhamento
necessário foi feito gradualmente. “Nós nos adaptamos até
chegar a um ciclo fechado de reaproveitamento, percebemos que
o nosso resíduo tem valor”, afirma.
Sudan explica que parte desse processo é a destinação correta
do que não pode ser aproveitado, por exemplo, os resíduos
contaminados, provenientes do manuseio, como as luvas e
roupas especiais, são ensacados e enviados para a Central
de Tratamento de Resíduos (Cetric) de Santa Catarina. Já os
materiais plásticos e papelão são vendidos para recicladores o
que gera retorno financeiro que é revertido para a associação
dos funcionários e os paletes de madeira são vendidos para o
mesmo fornecedor que os reutiliza. O lixo comum é coletado
pela prefeitura.
A bateria é reciclada em 100%, e ainda de acordo com Sudan, o
resíduo de chumbo, material perigoso, vai para uma empresa de
tecnologia em Tamarana (PR) e retorna para a produção como
matéria-prima. O refugo das caixas plásticas onde as baterias
são acondicionadas é separado e vai para o próprio fornecedor
que efetua o processo de reciclagem e as devolve com a mesma
qualidade, uma caixa nova.
“A água utilizada no processo de produção é tratada em uma
estação de tratamento de fluentes dentro da própria empresa, e
volta para o processo de produção, porém quando é descartada
a água está limpa”, revela.
Para ele o maior desafio do empresariado é a própria mente do
empresário. “O desafio é o que está na cabeça dele, ele precisa se
convencer que isso é para o bem. Os obstáculos existem, mas é
possível começar primeiro pelo que é mais importante e depois
vai aos poucos se adaptando”, ensina.
Para Sudan, o esforço vale a pena e todos os funcionários
acabam assumindo a preocupação com a destinação correta
dos resíduos em todos os setores da vida, “a empresa ensina e o
funcionário leva para casa”.
Além disso, ele considera que esse é um investimento que se reverte
mais tarde para a própria empresa. “O material vai e volta e assim a
empresa fica bem com o meio ambiente e com o caixa.”
15
SAÚDE
QUAL A QUALIDADE DA SUA VIDA?
No corre-corre diário nos esquecemos de pensar em como
está o nosso viver. Buscar o equilíbrio é o atalho para
encontrar a qualidade de vida
Por Fernanda Bressan
Qualidade de vida é ter saúde, certo?
Bom, também. Na prática, viver com
qualidade vai muito além de estar em
dia com os exames médicos. Envolve
bons relacionamentos, família e trabalho
equilibrados, tempo para si e muitas
outras coisas. A partir desse mês, a
revista Mercado em Foco terá um espaço
dedicado a esse ponto tão essencial na
vida. Afinal de contas, todos, sem exceção,
gostam de incluir a palavra qualidade no
dia a dia.
De acordo com o cardiologista Ricardo
Rodrigues, o importante é buscar
o equilíbrio na rotina. “Para mim,
qualidade de vida é estar adaptado e se
sentir confortável nas várias esferas da
vida: profissional, espiritual, familiar e
em sociedade”, aponta. Segundo ele, de
nada adianta estar super satisfeito com o
trabalho se a saúde vai mal, ou ter uma
família estruturada e estar desempregado.
A meta de quem quer viver com qualidade
é buscar a satisfação em tudo o que faz,
sente e sonha.
Ilusão? Nem sempre. O desafio é driblar a
correria do dia a dia. Ela nos faz esquecer
de olhar com cuidado para nossa vida
e gera o famoso estresse. “Está tudo
muito rápido. Atualmente, o trabalho é
o maior causador do estresse. Com as
novas tecnologias achávamos que íamos
trabalhar menos, mas o que aconteceu é
que estamos levando trabalho para casa,
16
acessando e-mails profissionais no fim
de semana, isso prejudica a qualidade de
vida”, alerta o cardiologista Dr. Ricardo.
Para quem pensa que são os executivos
os mais estressados, o médico traz
uma informação nova. “Estudos
baseados em questionários de estresse
aplicados em empresas mostram que
o estresse no trabalho está associado
mais à resolutividade que à carga de
serviço. Cargos que não têm liberdade
e participação nas decisões geram mais
estresse. O fato de ter pouca participação
gera pouca satisfação”, define. Uma
maneira de reverter esse quadro é incluir
os funcionários em situações de escolha.
“Tem que ter a participação das pessoas,
isso gera satisfação. Outra atitude que
ajuda a reduzir o estresse é a ginástica
laboral”, orienta.
Essas atitudes são extremamente
importantes para promover a saúde pois
prevenem doenças. “O estresse eleva
a mortalidade em 30% nas doenças
cardiovasculares e também aumenta a
incidência de câncer”, frisa o especialista.
Segundo ele, estudos já atestaram que o
estresse causa uma inflamação no cérebro.
“Essas substâncias aumentam ainda a
chance desenvolver quadros depressivos e
causam alterações imunológicas”, pontua.
Além disso, o estresse elevado reduz a
produtividade.
Mas não se assuste, todos precisamos de
um pouquinho de estresse, ele faz parte
da vida. O que importa, conforme Dr.
Ricardo Rodrigues, é aprender a lidar
com ele. “Precisamos usar o estresse
em nosso favor. O melhor conceito de
estresse negativo é a falta de adaptação
à demanda que a vida te coloca. E isso é
muito individual. Há quem trabalhe 14
horas e está sempre de bem com a vida e
quem trabalhe 6 horas e vive estressado.”
Para reduzir essa sensação, há as boas
e velhas recomendações. “Exercício
físico desinflama o cérebro, comer
bem desinflama o cérebro, dormir bem
também! E isso não é novidade”, afirma
o cardiologista. Para quem não encontra
tempo para a atividade física na agenda,
ele avisa: quem pratica exercícios, rende
mais. “A endorfina liberada durante a
prática deixa a pessoa mais animada.
Um estudo da USP focado na capacidade
de decisão e velocidade de raciocínio
mostrou que quem pratica atividade física
trabalha de 1 a 2 horas a menos por dia
mas tem mais capacidade de memória
e velocidade de decisão. Você não está
perdendo tempo, mas está fazendo um
investimento”, garante.
Para finalizar, ele reforça que quem é
ativo reduz em 20 a 30% as chances de ter
doenças cardiovasculares e de 10 a 20% o
risco de ter câncer. “É importante sempre
buscar coisas novas, ler sobre assuntos
diferentes, criar um circuito cerebral
novo”, acrescenta. Nosso dia tem 24 horas,
cabe a nós dividir esse tempo da melhor
forma possível!
outubro de 2014 | www.acil.com.br
PLANO DIRETOR
A CIDADE EM BUSCA DE UMA DIREÇÃO
Grupo revisor do Plano Diretor de Londrina conclui trabalho e cidade espera que as
leis de Ocupação do Solo e Sistema Viário estejam prontas até o final deste ano.
Seria um ótimo presente de aniversário para os londrinenses!
Por Paulo Briguet
O Plano Diretor é uma bússola
do desenvolvimento. Está para os
empreendedores como o instrumento
de orientação estava para os primeiros
navegadores. Não por acaso, a primeira
pergunta de um investidor sério,
quando
pretende
estabelecer
seu
negócio numa cidade, geralmente é:
“O que diz o Plano Diretor?” Sem esse
marco legal, os empresários ficam
desamparados em um mar de insegurança
jurídica, ao sabor dos ventos políticos.
Há seis anos, Londrina espera a aprovação
de um novo Plano Diretor. O que temos
hoje está completamente anacrônico e
desfigurado; virou uma imensa colcha de
retalhos costurada sem critério. A sociedade
londrinense, especialmente as entidades do
setor empresarial, esperam com grande
ansiedade a aprovação do novo Plano
Diretor ainda neste ano, no mais tardar em
novembro. Se os vereadores conseguissem
aprovar a matéria em 2014, seria um belo
presente nos 80 anos da cidade. Cidade que,
por sinal, nasceu de um plano, realizado
por uma empresa de capital privado: a
Companhia de Terras Norte do Paraná.
Na verdade, o que nós chamamos de Plano
Diretor é um conjunto de oito leis, das quais
duas ainda não estão aprovadas. São elas a
Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do
Solo Urbano (228) e a Lei do Sistema Viário
(229). São justamente as duas leis cuja falta
emperra o desenvolvimento da cidade. Por
meio dessas legislações, define-se o que
pode ou não ser instalado em cada área
urbana. Sem elas, cria-se um enorme vácuo
de incerteza para os investidores. E sem
investimento, como se sabe, não há progresso
social nem serviços públicos de qualidade.
Em fevereiro, a pedido da Câmara de
Vereadores, o Conselho Municipal da
Cidade (CMC) organizou uma força-
tarefa para revisar os projetos das leis de
Zoneamento e Sistema Viário. “Formamos
um grupo de trabalho, formado por
técnicos e representantes da comunidade,
para analisar os projetos item por item”,
diz o presidente do CMC, engenheiro
Osmar Ceolin Alves. É um trabalho
complexo e hercúleo: o projeto da Lei de
Zoneamento tem 267 artigos e quatro
anexos. O grupo de trabalho do CMC fez
146 alterações e sugestões à Câmara. Na
Lei de Sistema Viário, foram sugeridas
18
outubro de 2014 | www.acil.com.br
CMC FEZ UM AMPLO TRABALHO DE REVISÃO DO ZONEAMENTO
22 alterações. “Verificamos os textos
aprovados em conferência, além dos
textos das semanas técnicas realizadas pela
Prefeitura, e checamos as compatibilidades
e incompatibilidades”, explica Osmar Alves.
Várias incongruências foram identificadas
durante esse trabalho da comissão. Um
exemplo: pelo texto original, igrejas
só poderiam ser instaladas em... zonas
industriais, rodovias e grandes avenidas!
Ou ainda: escolas só poderiam ser
construídas em avenidas estruturais.
Em um trabalho que consumiu noites
em claro, fins de semana, feriados e horas
de folga, os membros do CMC, sob a
coordenação de Osmar Alves, entregaram
à Câmara, no final de agosto, o trabalho
de compatibilização do Plano Diretor.
Participaram do trabalho os seguintes
cidadãos: Gabriela Luizzi de Fontoura,
Gerson Guariente Júnior, Getúlio Vanderlei
Rodrigues,
Humberto Marques, José
Gonçalves Neto, João Ulisses Lopes,
José Luiz Faraco, José Antônio Bahls
Santos, Luiz Guilherme Alho, Maria
Clarice Rabelo, Natal Oliveira, Nestor
Dias Correia, Nilton Capucho e Sidney
Miami Oliveira. Não custa lembrar:
é um trabalho totalmente voluntário.
O trabalho de revisão do Plano Diretor foi
feito em duas etapas: de fevereiro a 15 de
maio, foram feitas sugestões de alterações
no texto das leis. De maio até agosto, foram
apontadas propostas de mudança nos
cálculos, fórmulas e conceitos utilizados
para regulamentar os usos do solo urbano.
O trabalho realizado pelo CMC, segundo
Osmar Alves, organizou as informações
de maneira bastante didática, facilitando a
discussão das propostas pelos vereadores.
No relatório final, constam o texto
aprovado em conferência; o texto aprovado
em audiência pública/semana técnica
da Prefeitura; e o texto sugerido pela
comissão do CMC. Todas as sugestões
vêm acompanhadas de justificativas.
Na opinião do presidente do CMC, a
Câmara de Vereadores terá condições
de aprovar o texto final das duas leis até
novembro deste ano. “Os vereadores têm
mostrado boa vontade em finalizar o Plano
Diretor, até porque nós elaboramos um
manual com todas as explicações sobre
as mudanças propostas”, afirma Alves.
Entre as sugestões elaboradas pelo Conselho
da Cidade, está a criação de zonas mistas na
área central da cidade, com permissão para
prédios comerciais e residenciais. “Assim,
evitamos que o centro fique congestionado
durante o dia e vazio durante a noite. As
pessoas podem trabalhar e morar na área
central, o que cria uma ocupação mais
equilibrada na cidade e favorece o trânsito.”
Osmar Alves: “Vereadores
dispõem de um manual com
todas as explicações sobre
as mudanças propostas pelo
CMC. Trabalho pode ser
concluído, sem sobressaltos,
até novembro”
Há também a proposta de potencializar
as zonas periféricas da cidade,
permitindo um uso melhor dessas áreas.
“Sugerimos uma forma de urbanizar
os bairros do entorno da cidade, o que
vai descongestionar o centro”, observa o
engenheiro. “Se dermos mais condições
para a instalação de comércio na periferia,
diminuímos os problemas de tráfego.”
No tocante à industrialização, foi
proposto um novo conceito para a
classificação de empresas. Antes, as
Associação Comercial e Industrial de Londrina
indústrias estavam classificadas apenas
de acordo com o tamanho – pequenas,
médias ou grandes. O CMC sugeriu que
se criasse uma classificação pelo risco
ambiental. “Isso porque pode existir uma
indústria grande que não oferece risco
ambiental nenhum, ou uma indústria
pequena que polui bastante, portanto
deve ficar em área restrita”, explica.
Osmar Alves elogia o trabalho das
pessoas que doaram tempo e esforço
para, finalmente, produzir um Plano
Diretor para Londrina. Mas reconhece
que podem existir erros. “É um trabalho
complexo e podem ter restado alguns
equívocos e incompatibilidades. Mas
nada que inviabilize o Plano Diretor
como um todo. Temos certeza de que
o Legislativo e o Executivo vão aprovar
as duas leis restantes ainda em 2014,
superando as previsões pessimistas
de alguns ‘cavaleiros do Apocalipse’”.
É o que a cidade espera. Afinal de contas,
navegar sem bússola é muito difícil.
19
MARKETING DIGITAL
O E-COMMERCE
COMO ESTRATÉGIA
Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular,
mostra como conquistar a classe média
Por Vinícius Bersi
Entre 14 e 16 de outubro a
ACIL realiza a III Semana do
Empreendedor Digital. O evento,
maior da área em Londrina,
tem o objetivo de conectar os
empresários às oportunidades
disponíveis no universo online.
“É chegada a hora de perceber o
e-commerce como uma chance
de sucesso de um negócio e não
apenas como um concorrente”,
destaca Barbara Della-Libera,
analista de Marketing da ACIL.
Durante a Sed vão ser realizadas
palestras
com
profissionais
reconhecidos na área de Marketing
Digital; Daniel Zanco, da Universo
Varejo, Felipe Osório, da Google
e João Kepler, da Anjos do Brasil
estão entre os palestrantes. Além
das palestras, os participantes
realizam oficinas de estratégia de
Marketing.
O encerramento no dia 16 é com
Renato
Meirelles,
presidente
do Instituto Data Popular, que
se dedica a pesquisas sobre o
comportamento e desejos da classe
20
C. Meirelles vai apontar os caminhos para os
empresários se aproximarem do segmento
de mercado que atualmente concentra
108 milhões de brasileiros. A classe média
responde pelo consumo de R$ 1,17 trilhões
por ano.
A Mercado em Foco antecipa parte dessa
conversa na entrevista abaixo. Boa leitura!
Mercado em Foco: Como as vendas pela
modalidade e-commerce se distribuem entre
as classes sociais? Qual é o peso da classe C?
Renato Meirelles: A maioria que compra pela
internet é jovem, a geração mais conectada,
tem entre 16 e 24 anos e pertence à classe C.
Em 2013, 11,3 milhões de pessoas da classe
média fizeram compras pela internet.
Mercado em Foco: O que o consumidor da
classe média espera da empresa que vende
pelo e-commerce?
Renato Meirelles:A classe média vive
num momento de otimismo. E, para se
comunicarem com o consumidor emergente,
as empresas precisam buscar uma linguagem
que valoriza suas conquistas, respeite sua
visão de mundo e dialogue com seus anseios
e valores.
Mercado em Foco: Os empresários
já perceberam a importância de se
conectar com esse público também pela
Web?
Renato Meirelles: A democratização
do consumo no Brasil, alcançada
graças à expansão do crédito, é uma
das maiores oportunidades para as
marcas conquistarem novos públicos,
principalmente, a classe média, que hoje
em dia tem acesso a bens que antes eram
considerados inalcançáveis.
Mercado em Foco: As empresas
conhecem o público? Há preconceitos
em relação a este consumidor?
Renato Meirelles: O produto ou serviço
que mostrar relevância ao consumidor
tende a sair à frente. Sendo assim, é
indispensável entender os valores destas
pessoas e dialogar sem preconceito com a
classe média que compra, e compra bem.
Mercado em Foco: Qual a importância
de iniciativas que aproximam o
empresário do mundo digital como
a SED (Semana do Empreendedor
Digital), promovida pela ACIL?
outubro de 2014 | www.acil.com.br
Renato Meirelles: Entender as várias faces
deste público é fundamental para que
empresas e o poder público desenvolvam
estratégias mais eficientes de Marketing
e Comunicação, afinal estou falando de
mais de 100 milhões de pessoas.
Mercado em Foco: Pode-se dizer que o
crescimento da classe média no Brasil já
está estagnado e que a tendência agora é
de desaceleração?
Renato Meirelles: A classe média se
consolidou e continuará em expansão nos
próximos anos. Hoje, temos uma classe
média mais robusta, formada por cerca de
114 milhões de pessoas, que movimentam
por ano cerca de R$ 1,24 trilhão. Em
2023, 58% da população brasileira deverá
pertencer à classe média.
Mercado em Foco: Nesse cenário,
o que muda no comportamento do
consumidor, em especial no ambiente
online?
Renato Meirelles: O acesso à informação
e o aumento do consumo tornaram os
brasileiros mais exigentes e conscientes
dos seus direitos como consumidor.
Quando compra um produto com defeito,
as pessoas reclamam e usam a internet
como canal para reclamar da marca.
Mercado em Foco: O consumidor
que passou a ter acesso ao crédito nos
últimos anos já tem uma relação mais
madura, mais racional, com o dinheiro?
Renato Meirelles: Com a expansão
da classe média, a oferta de produtos,
serviços e soluções tem aumentado
significativamente.
É
importante
entender que, apesar do aumento, a
renda disponível tem uma limitação e os
espaços no “bolso” do consumidor estão
cada vez mais disputados. Mas não é por
isso que o consumidor da Classe C deixa
de valorizar um produto de qualidade. Ele
não só valoriza, como o compra.
Mercado em Foco: O endividamento
das famílias é preocupante? E a
inadimplência?
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Renato Meirelles: Nossas pesquisas
mostram que os brasileiros acreditam
que está mais difícil pagar as contas. A
maioria não consegue comprar hoje o
que comprava ano passado gastando o
mesmo valor. Inflação é sempre muito
ruim, mas enquanto tivermos aumento
real do salário mínimo a classe média está
consolidada.
Mercado em Foco: Uma das críticas
feitas a este modelo de inclusão social
pelo consumo é de que não há promoção
da cidadania. Você concorda?
Renato Meirelles: Nos últimos anos, o
Brasil tem passado por uma das mais
profundas mudanças de sua história.
A pirâmide de classes econômicas
se transformou em losango com o
crescimento da classe média e isso
favoreceu a classe C ser mais exigente,
principalmente no que diz respeito aos
serviços públicos.
Mercado em Foco: Existe a ideia de que
o bem de consumo como a máquina de
lavar chegou para quem estava privado
pela pobreza mas que os bens culturais
e a educação ainda não fazem parte da
rotina da nova classe média. Qual é o
valor dado pela classe C à cultura e à
educação?
Renato Meirelles: O brasileiro em geral não
encara educação como gasto mas, sim, como
investimento, e acredita no retorno disso.
Ou seja, estudou mais, tem salário melhor.
Por mais que cada vez seja mais caro investir
em educação, também é verdade que é um
investimento com retorno garantido. Hoje,
na classe C, temos jovens mais escolarizados
do que os pais. Eles são os novos formadores
de opinião da classe média.
Mercado em Foco: Na agenda política
quais são as questões que mais
preocupam a classe C? O que se espera
dos próximos governantes?
Renato Meirelles: Os brasileiros estão mais
preocupados como será a sua vida no futuro
do que com os benefícios já conquistados
até agora. Querem ter a segurança de que
a vida continuará melhorando. É muito
claro que toda a população quer um Brasil
diferente do que está hoje.
Mercado em Foco: Você e o Celso
Athayde estão lançando o livro “Um país
chamado favela”. Como foi o processo
de produção do livro?
Renato Meirelles: Além da pesquisa
quantitativa,
fizemos
pesquisas
qualitativas nas favelas brasileiras,
buscamos entender como os moradores
enxergavam a vida nas comunidades
em que vivem, quais são os seus anseios
e demandas. Também treinamos mais
de 100 moradores para que pudessem
trabalhar em etapas da pesquisa. Da
preparação ao término da pesquisa foram
mais de seis meses de colaboração.
Mercado em Foco: Que respostas o livro
traz? O que você destacaria?
Renato Meirelles: Chamou muita a nossa
atenção quando descobrimos que 95%
dos moradores das favelas são felizes e
a grande maioria não tem vontade de
deixar a comunidade onde vivem para
morar em outro lugar nem se a sua renda
dobrasse. Na favela, quando um precisa,
todo mundo ajuda todo mundo. Eles são
solidários. Os moradores são otimistas
em relação ao futuro. E essa melhora está
associada, principalmente, ao aumento da
renda e da geração de emprego.
Mercado em Foco: O que existe
de parecido e de diferente entre as
comunidades que vocês visitaram? Qual
é a diferença, por exemplo, entre uma
favela carioca e uma favela paulistana?
Renato Meirelles: Apesar de muito
heterogêneas,
as
favelas
estão
relativamente concentradas em torno
das grandes cidades. Mais do que um
fenômeno urbano, as favelas são um
fenômeno metropolitano: 89% dos
moradores de favelas estão concentrados
em capitais ou regiões metropolitanas.
Encontramos nas favelas um brasileiro
feliz, trabalhador, que chama pra si a
responsabilidade sobre a própria vida.
21
GESTÃO
Por Renato Oliveira
Assim como os dados sobre o imposto
de renda, que são unificados e o
simples cruzamento de informações do
contribuinte pode pegar os sonegadores
na malha fina, o governo federal
está prestes a implantar o e-Social,
que visa acabar com o “jeitinho
brasileiro” nas relações entre patrões e
empregados. E será fiscalizando dados
referentes à medicina do trabalho
que vai ser possível evitar fraude em
exames admissionais, periódicos e
demissionais.
De acordo com o delegado regional
da Receita Federal em Londrina,
David Oliveira, o sistema está sendo
desenvolvido em conjunto pela Caixa
Econômica Federal, pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS),
pelos Ministérios da Previdência Social
(MPS) e do Trabalho e Emprego (MTE)
e pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil (RFB). O cronograma da Caixa
prevê que a norma será obrigatória a
partir do segundo semestre de 2015.
“A finalidade é integrar a gestão
social das relações trabalhistas. Assim
como é exigido das empresas a gestão
ambiental para não afetar a natureza,
o e-Social vai simplificar a relação
em termos de direitos trabalhistas,
previdenciários e sociais”, compara.
O delegado da Receita ressalta que
não haverá mudanças na legislação
David Oliveira, delegado da Receita Federal
em Londrina: “O e-Social vai simplificar
a relação [das empresas com a Receita]
em termos de direitos trabalhistas,
previdenciários e sociais”
22
GUERRA AO
“JEITINHO B
SISTEMA UNIFICADO DO GOVERNO
FEDERAL VAI REUNIR INFORMAÇÕES
TRABALHISTAS, PREVIDENCIÁRIAS E
SOCIAIS PARA REDUZIR FRAUDES COMO O
RECEBIMENTO IRREGULAR DO
SEGURO-DESEMPREGO
BRASILEIRO”
vigente, mas somente na forma de
fiscalização destas obrigações e
consequente punição. Com relação
à medicina do trabalho, o cerco vai
se fechar no cumprimento da norma
que obriga o funcionário a fazer o
exame admissional antes de começar a
trabalhar.
Ele acredita que as empresas de menor
porte vão sofrer mais os efeitos da nova
regra e cita o contador, que geralmente é
terceirizado nestes casos, como o agente
responsável por incutir na mentalidade
do empregador as mudanças. “Com o
sistema não vai mais existir informações
pulverizadas e diferentes em cada órgão.
Vai prevalecer como vantagem a boa fé”,
diz.
Rotina contábil
De acordo com o proprietário do
escritório de contabilidade Pontocom,
o contador Euclides Nandes, para se
adequarem ao e-Social, as empresas
especializadas em terceirizar serviços
contábeis e de recursos humanos para
micro e médias empresas tiveram que
investir em treinamento e contratação
de pessoal especializado e na instalação
de softwares específicos, além de ter pela
frente o desafio de mudar a cultura do
empresariado.
Euclides Nandes,
contador: “A legislação
é a mesma, a maior
mudança será cultural”
23
Oscavo Santos, dono da Doutores
do Trabalho: Na avaliação do
empresário, o e-Social avança no
combate a fraudes à Previdência
Social, evitando, por exemplo, o
pagamento de seguro-desemprego
para quem já está empregado
“A legislação é a mesma. A maior mudança
será cultural. A gente vem conversando
muito no sentido de orientar os clientes
(empresas que os escritórios atendem)
para que observem com mais rigor a
legislação trabalhista. Culturalmente, a
gente vê que alguns procedimentos não se
cumprem à risca”, contextualiza.
Nandes cita como exemplo corriqueiro
o registro em carteira de trabalho de
funcionários com datas retroativas.
Segundo o contador, na prática as
empresas mandam para os escritórios
a documentação para registro do
funcionário até 15 dias depois que ele
começou a trabalhar, muitas vezes com os
exames admissionais prontos.
“O grande foco do e-Social vai ser obrigar
todos os empresários a cumprirem à
risca as 48 horas exigidas pela legislação
trabalhista para registro do colaborador.
E essa prática de deixar para depois pode
incorrer em multa para a empresa se o
MTE fizer uma fiscalização”, alerta.
Outro caso clássico é o de agendamento
de férias com menos de 30 dias da data de
saída para gozo do funcionário, exigidos
pela legislação trabalhista. “Isso já existe,
mas muitos dão um jeitinho e agendam
faltando uma semana. Com o sistema
integrado pelo e-Social não vai ser mais
possível. Vai ter que cumprir o que está na
lei”, completa.
Medicina laboral
Para o proprietário da Doutores do
Trabalho, clínica especializada na
atividade médica laboral, Oscavo Santos,
a mudança para o universo digital vai
ajudar a coibir o “jeitinho brasileiro”,
principalmente na hora de contratar
um funcionário. Ele cita uma situação
corriqueira no mercado de trabalho: o
patrão segura a documentação, muitas
vezes com o exame admissional em
mãos, para registrar o funcionário
quando ele terminar de receber o segurodesemprego.
“É um fato corriqueiro esse acordo
entre empregado e patrão, mas é um
crime contra o cofre da previdência. O
benefício de seguro-desemprego serve
24
para prover o trabalhador quando está
desempregado, e não como uma fonte
de renda extra, além do salário que é
pago pelo patrão”, critica. “Tanto patrão
como empregados que fazem isso são
desonestos”, completa.
Segundo Santos, com o e-Social integrado
à medicina do trabalho, a Receita terá
condições de saber se a empresa possui
no seu quadro de colaboradores algum
funcionário sem o devido registro,
e assim coibir fraudes. O dono da
Doutores do Trabalho frisa que vai ser
mais fácil para informar às empresas
sobre outros exames periódicos. O
processo de solicitação de seguros do
Instituto Nacional da Previdência Social
(INSS), como acidentes de trabalho ou
doenças, também deve ser facilitado.
Informatização
De acordo com o coordenador
administrativo do Instituto de Saúde
Ocupacional (ISO), Wellington Telles
Soares, a grande dúvida das empresas que
utilizam sua clínica para exames laborais é
sobre uma possível mudança na legislação.
“Não vai mudar nada nas leis trabalhistas.
Ela é a mesma. A informatização vai sim
aumentar a possibilidade de multar quem
não estiver de acordo”, ressalta.
Segundo Telles, o maior impacto será
em médias e pequenas empresas que
possuem maior mobilidade entre as
esferas de decisão. Em grande empresas,
por conta do volume de contratações
e demissões, raramente se posterga
algum exame ou procedimento na
medicina do trabalho. “Mas quem tem
o departamento fiscal ou de recursos
humanos terceirizado vai sentir muito
mais na rotina diária”, disse.
A própria ISO está passando por
mudanças, como treinamento de
funcionários, para poder atender quem
solicita algum exame laboral dentro das
normas que passarão a valer a partir do
ano que vem. “Mas o sistema ainda não
foi liberado para testes. Até lá ainda vai
ter que passar por alguns ajustes. Mas
como já postergaram uma vez, com
certeza em 2015 ele entrará em vigor.”
outubro de 2014 | www.acil.com.br
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ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
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Endêmica em todas as esferas, a
ineficiência do serviço público atravanca
o desenvolvimento, provoca filas em
creches e postos de saúde e engaveta
processos. E você paga caro por isso!
26
outubro de 2014 | www.acil.com.br
Por Luís Fernando Wiltemburg
As cenas são recorrentes. Filas em unidades
de pronto-atendimento, crianças à espera de
vagas em creche, buracos nas ruas. Empresas
que não chegam. Prédios inacabados.
Projetos abandonados. Filas imensas,
protocolos e papelada. Processos que levam
cinco, dez anos para terminar. Uma licença
ou documento que se perde dentro da
burocracia da coisa pública e acaba na gaveta
de sabe-se lá qual departamento, sabe-se lá
por quê.
Reconheceu essas cenas na sua cidade?
Provavelmente, se repetirá em qualquer lugar
que você for. Em todas as esferas, de todos os
poderes, há uma clara insatisfação com o
poder público no que se refere à eficiência.
O consenso é: paga-se muitos impostos, mas
a retribuição em serviços não corresponde à
necessidade de quem os procura.
Os efeitos dessa ineficiência, entretanto,
são sentidos por anos. Em Londrina,
a dificuldade de se obter alvarás para
funcionamento de estabelecimentos e
indústrias é considerado um dos vilões que
seguram o desenvolvimento econômico.
Outra dificuldade notória, a aprovação
de alvarás que viabilizam as atividades
econômicas, também é reclamação
constante.
O presidente da Associação Comercial
e Industrial de Londrina (ACIL), Valter
Orsi, considera a má gestão tão nociva
para o desenvolvimento de uma cidade
quanto a corrupção. “E nós que somos
empresários sabemos o quanto é importante
a produtividade, com ações econômicas e
resultados imediatos. Se não fizermos um
trabalho eficiente, perdemos o cliente, a
empresa e o patrimônio”, diz.
Comparando a administração pública com
uma grande empresa, já que a Prefeitura de
Londrina emprega mais de nove mil pessoas,
Orsi afirma que é necessário uma união com
a sociedade civil organizada para melhorar
os serviços. Foi com base nisso que surgiu, do
envolvimento de 60 entidades, o movimento
“Pé Vermelho, Mãos Unidas”.
“Temos hoje um prefeito bem intencionado
e secretários de alto nível. Uma Câmara
de Vereadores compromissada com a
cidade, sobre a qual já não se fala mais de
‘rolo compressor’ ou corporativismo. E
Associação Comercial e Industrial de Londrina
temos um corpo de funcionários públicos
comprometidos, competentes, mas existem
setores em que há dificuldades. Queremos
auxiliar no que pudermos”, diz o presidente.
A proposta é criar parâmetros que permitam
avaliar os entraves e eliminar a burocracia
desnecessária. Para isso, o presidente tem a
proposta de criar, dentro da própria ACIL,
uma espécie de ouvidoria para descobrir os
problemas pontuais e atacá-los.
NOVOS PARÂMETROS
Egresso da iniciativa privada, Alexandre
Kireeff (PSD) elegeu-se prefeito de
Londrina com a proposta de moralizar a
administração municipal, após sistemáticos
casos de corrupção, e tornar os serviços mais
eficientes.
Entre as iniciativas tomadas está o pacote de
medidas batizado de “Londrina pra Frente”,
lançado no fim de junho. É composto
por uma reestruturação administrativa
e reformulação de procedimentos para
desburocratizar e agilizar os processos da
administração municipal, principalmente
no que diz respeito às tramitações de obras
e alvarás.
Porém, uma outra iniciativa ajuda a cobrar
os avanços da prefeitura: o Plano de Metas,
instituído no fim do ano passado, com 170
indicadores que podem ser acompanhados
por qualquer contribuinte pelo site da
prefeitura (www.londrina.pr.gov.br).
Na prática, são a tradução dos programas
instituídos no Plano Plurianual (PPA), mas
numa linguagem simples e quantificada. Vão
desde o número de árvores a serem plantadas
até a quantidade de crianças em creches e
escolas e os atendimentos em unidades de
saúde.
A
evolução
será
divulgada
quadrimestralmente, junto com a prestação
de contas da execução orçamentária.
“Isso é fundamental para a eficiência da
administração. Estabelecer metas claras para
que a população possa acompanhar e cobrar.
Traduzir os dados em uma forma objetiva de
ser mensurada”, diz Kireeff.
Com os problemas levantados, é possível, de
acordo com o prefeito, atuar sobre a causa
e não solucionar apenas os reflexos – que
continuariam existindo, já que o motivo
gerador não foi atacado.
Benilson Borinelli, professor
do Departamento de
Administração da UEL:“É
difícil falar em eficiência
administrativa porque quase
não há indicadores. Então,
a eficiência é para quem?
Quem cobra?”
27
Alexandre Kireeff: “Isso é fundamental para
a eficiência da administração. Estabelecer
metas claras para que a população possa
acompanhar e cobrar. Traduzir os dados em
uma forma objetiva de ser mensurada”
28
“
“
Apesar das
medidas que
obrigam o poder
público a ter mais
transparência,
adotadas a partir
dos anos 1990,
as informações
disponibilizadas
não são claras
e acabam
ininteligíveis pela
população
DIFÍCIL DE MEDIR
REFLEXOS
Apesar da cobrança pela eficiência
da máquina pública, o professor do
Departamento de Administração e do
curso de pós-graduação da Universidade
Estadual de Londrina Benilson Borinelli
diz que é difícil de aplicar o conceito
porque, diante de recursos financeiros
e administrativos restritos, é necessário
saber qual demanda é mais urgente.
Além disso, a falta de dados objetivos
prejudica o acompanhamento das ações.
“É difícil falar em eficiência administrativa
porque quase não há indicadores. Então,
a eficiência é para quem? Quem cobra?”,
questiona.
Neste quesito, o professor diz que
a sociedade civil organizada e os
observatórios têm aspecto importante,
porque têm necessidades definidas que
obrigam a otimização do cumprimento da
demanda.
Para ele, devido à dificuldade de mensurar
a eficiência do poder público – uma
relação de custo e benefício entre o que é
gasto pelas administrações e os resultados
obtidos –, o ideal é medir a eficácia (até que
ponto as demandas podem ser atendidas) e
a efetividade das ações (quando conseguem
alcançar os níveis exigidos).
Em São Paulo, a mobilização da sociedade
construiu o movimento Nossa São Paulo,
que estabeleceu indicadores para cada
bairro. Com isso, os moradores podem
cobrar propostas eficientes dos homens
públicos por melhorias e compromissos
sérios. “Tem importância fundamental
nesse período de eleições”, diz.
Lançado há sete anos, o movimento surgiu
justamente a partir da percepção do abalo
da credibilidade da atividade política e
das instituições públicas no Brasil. Quem
quiser conhecer o trabalho deve acessar o
endereço virtual www.nossasaopaulo.org.br.
Articulados, os membros do movimento
fazem estudos e levantamentos que se
tornam indicadores. O último, lançado
em 13 de agosto, indica a insatisfação
do paulistano com o transporte público
e o tempo gasto no trânsito, mas há
dados quantificados sobre os níveis de
educação, saúde, orçamento, trabalho e
emprego, entre diversos outros.
Mas de onde surge a ineficiência do poder
público? Para Borinelli, não há preparo na
coisa pública para evoluir em seus serviços,
porque não há planos de capacitação para os
servidores, nem de atualização do quadro de
funcionários.
Os efeitos para a sociedade, entretanto, são
nefastos. O especialista nota a queda na
qualidade da educação, a partir dos anos
1990. A deterioração da qualidade de ensino
prejudicou uma geração que, agora, tenta
se consertar por meio de avaliações como
o Índice de Desenvolvimento de Educação
Básica (Ideb), que não deixa de ser um
indicador.
Por outro lado, a má remuneração dos
professores acaba atraindo quem não obteve
oportunidade onde possa receber salários
melhores – ou, claro, os vocacionados,
em menor grau. Um reflexo disso, relata,
é a dificuldade de encontrar pessoas
qualificadas para produzir conhecimento. “A
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Ensino Superior) só tem aceitado
projetos que tenham parceria com o ensino
fundamental, porque os alunos saem tão
despreparados que não se tornam bons
graduandos no futuro”, exemplifica.
EM TODOS OS LUGARES
A ineficiência no serviço público tem
reflexos no Legislativo, que é lento e ineficaz
na elaboração de leis, e no Judiciário, que não
atende a demanda de julgamentos de forma
satisfatória a quem o procura. O advogado
e professor de Processo Civil e Processo
Constitucional da Universidade Norte do
Paraná (Unopar) Thiago Caversan Antunes
considera que “o tempo de demora de um
processo é o martírio de quem está com a
razão”. E, algumas vezes, leva mais de dez
anos.
Para ele, há um conjunto de fatores que
levam a esse cenário. O primeiro é o pouco
incentivo produtivo que vai dos juízes até os
funcionários dos cartórios. “A pessoa que é
muito eficiente ganha o mesmo que o menos
eficiente”, frisa. Além disso, os mecanismos
de controle de eficiência funcionam apenas
em tese.
Também pesa o hábito do brasileiro de
outubro de 2014 | www.acil.com.br
HÁ POUCO INCENTIVO PARA OS MAIS EFICIENTES NO SETOR PÚBLICO
buscar na Justiça a confirmação de que tem
razão, acumulando volumes nas prateleiras
das menores comarcas, que enfrentam falta
de juízes e de servidores. “Mas como resolver
isso? Mais funcionários exige mais recursos
e ninguém está disposto a pagar mais
impostos”, lembra Antunes.
Thiago Caversan Antunes, professor de
Processo Civil e Processo Constitucional
da Universidade Norte do Paraná (Unopar):
“O tempo de demora de um processo é o
martírio de quem está com a razão”
POUCO CONTROLE
A ausência de indicadores é uma forma de
a máquina pública não ser avaliada devido
à incapacidade de evoluir. Apesar das
medidas que obrigam o poder público a ter
mais transparência, adotadas a partir dos
anos 1990, as informações disponibilizadas
não são claras e acabam ininteligíveis pela
população.
Para Kireeff, essa ausência de controle é
reflexo da falta de vontade política, que
acaba fomentando a corrupção. “Estou cada
vez mais convencido de que o principal
obstáculo para o desenvolvimento de
Londrina é político, no sentido de resoluções
de problemas políticos”, considera.
CITY SHOPPING
Um caso icônico devido ao desenrolar
recente é o caso do City Shopping, construído
em 2012 no centro da cidade. Após
levantado, o prédio que abriga uma grande
loja de departamentos e outros comércios
menores, além de um estacionamento, o
empreendimento tornou-se pivô de um
imbróglio cujo desfecho parece ainda
distante.
A construção foi erguida sem alvarás porque
o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV),
que embasaria as obras e as contrapartidas
exigidas, levou 14 meses para ser apreciado
pelo Conselho Municipal da Cidade (CMC),
órgão responsável pela análise técnica do
documento. O motivo da demora, além
da grande demanda que a entidade tem, é
a morosidade dos processos na Secretaria
de Obras e no Instituto de Pesquisas e
Planejamento Urbano de Londrina (Ippul).
Além disso, o CMC ficou seis meses inativo,
em 2012, emperrando ainda mais os
trabalhos. A obrigação pela nomeação dos
membros é da administração municipal.
O Empreendimento também é alvo do
Ministério Público porque, na visão do
órgão, não respeitou os cinco metros
exigidos de recuo de fachada – apesar de o
projeto protocolado na prefeitura não prever
essa metragem.
ARTIGO
É A ECONOMIA, MEU CARO!
Por Marcos Rambalducci
O desaparecimento precoce de Eduardo
Campos retirou da população a
possibilidade de termos um interlocutor
hábil com todos os setores da economia,
capaz de agremiar posições de distintos
matizes em torno de uma causa. Não
restam dúvidas que a habilidade de
negociar é uma das características
indispensáveis a nosso próximo
governante, para que possa ser capaz
30
de entender as demandas de setores
que muitas vezes são antagônicos.
Precisamos entender a situação que
está posta em nossa economia e que já
nos aflige agora e nos afligirá com mais
intensidade neste período próximo.
Em toda a mídia pululam notícias
acerca da taxa de inflação que vem em
um crescente nos últimos anos e que
para 2014 a previsão é superar a meta
estipulada de 6,5%. No sentido oposto, os
indicadores de crescimento econômico
mostram que mal chegaremos a 1%
para o PIB quando as previsões iniciais
traziam uma expectativa em torno de
3%. Um governo que fosse capaz de
atuar conjuntamente sobre estes dois
indicadores é o que todos gostaríamos.
No entanto, o controle sobre os preços
e o aumento da produção tendem a
ser excludentes, pelo menos quando
utilizados os instrumentos de que lança
mão o atual governo.
Vamos a algumas considerações. Quem
viveu os anos 80 e 90 tem nítido na
memória o que significava inflação
alta e remarcação de preços, duas
vezes ao dia. Hoje somos sabedores
que o grande vilão da inflação à época
era o próprio governo, que financiava
seu déficit a partir da emissão de
moeda, provocando elevação da
base monetária, sem a contrapartida
do
aumento
proporcional
na
produção,
o
que
provocava
aumento generalizado nos preços.
É enganoso acreditar que a inflação
prejudica mais o trabalhador que as
empresas. Atinge a ambos em um
processo de retroalimentação, pois
quando os preços se elevam tirando
capacidade de compra da população,
o setor produtivo, que somente
ganha se vender, vê os números
do consumo caírem obrigando as
empresas a diminuírem sua produção
e dispensarem funcionários, que
desempregados consomem menos
e daí por diante a economia
outubro de 2014 | www.acil.com.br
CABERÁ AO UNGIDO PELAS URNAS ENCONTRAR O PONTO QUE EQUILIBRE A CONTA
produtivo sentem-se desestimulados
a consumir: o primeiro porque vê um
aumento no valor das prestações que
pagará e o segundo porque percebe que
terá seu lucro reduzido até o ponto de
inviabilizar a produção.
Ora, o que faz o governo, então? Edita
medidas para aumentar o consumo
final (através de transferência de renda
com seus programas assistencialistas;
facilitação do crédito a pessoa física ou
redução de IPI sobre automóveis e linha
branca). É verdadeiro que isso aumenta
consumo final de bens e serviços.
Mas tais medidas não incentivam
o setor produtivo a aumentar seus
investimentos, primeiro porque as taxas
de juros consomem boa parte de seus
lucros, segundo porque se sabe que, na
sequência, as vendas cairão, tanto pela
saciedade desses produtos (poucos são
os que trocam de geladeira ou carro todo
ano) quanto pelo consequente aumento
do endividamento das famílias, que
atingirá toda a cadeia produtiva.
Ato contínuo, com o aumento da
inflação, (que tira a capacidade
de consumo) e
o elevado grau
de endividamento das famílias
(que pressiona aos que estavam
fora do mercado de trabalho a
procurarem emprego), as pessoas se
deparam com um setor produtivo
que
não
está
empregando.
A situação está posta. Caberá ao
ungido pelas urnas encontrar o ponto
que equilibre a conta. Não será fácil
“
É enganoso
acreditar que a
inflação prejudica
mais o trabalhador
que as empresas.
Atinge a ambos em
um processo de
retroalimentação
“
entra em um ciclo de recessão e
depressão, produzindo menos que
no período imediatamente anterior.
Portanto, o combate vigoroso à inflação
deve estar na pauta de qualquer
governo e isso precisa ficar muito
claro para o mercado. E onde estão
as causas desta inflação? Primeiro é
preciso lembrar que a elevação nos
preços pode ser provocada por um
consumo maior que a produção, o
que é denominado de inflação de
demanda, ou em consequência do
aumento de algum insumo (fator de
produção) que atinge toda a cadeia
produtiva, como o petróleo ou a
energia elétrica, por exemplo. Neste
caso a elevação de preços é chamada
de inflação de custos. O governo
tem tentado evitar um aumento
maior da inflação não autorizando
aumento nestes insumos, mas com
consequências desastrosas para as
empresas do setor elétrico e petrolífero.
Do lado do consumo, o combate à inflação
precisa de medidas que façam com que
os agentes consumidores diminuam seu
ímpeto por consumir, seja por parte do
consumidor final (nós, que desejamos
produtos e serviços para atender
nossas necessidades e desejos), seja por
parte das empresas (que demandam
insumos para produzir bens e serviços).
A forma tradicional que o governo tem
adotado para arrefecer o consumo é o
aumento da taxa de juros . Com isso,
tanto o consumidor final quanto o setor
e tampouco rápido. A economia
se caracteriza por uma inércia que
demanda tempo para que as medidas
adotadas agora venham a surtir efeito.
Por isso, um interlocutor capaz de
aglutinar interesses distintos em
torno de uma causa comum será de
importância vital para que o Brasil volte
a se desenvolver de forma sustentável.
Prof. Dr. Marcos J. G. Rambalducci é
consultor econômico da ACIL.
NEGÓCIOS
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outubro de 2014 | www.acil.com.br
LOJA TEM ATÉ UMA VERSÃO INFANTIL DE ULISSES, DE JAMES JOYCE
Por Gisele Rech
Para a psicóloga Hellen Oliveira
pais devem tomar cuidados
com modismos e garantir que
as crianças tenham brinquedos
adequados à idade delas
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Houve um tempo, época que seus pais
ou avós devem se lembrar bem, em que
os estabelecimentos comerciais vendiam
de tudo um pouco. Nos armazéns de
secos e molhados era possível comprar
toda a sorte de produtos alimentícios. Já
nos bazares, a oferta ia desde roupas a
brinquedos, geralmente artesanais.
Hoje, entretanto, a palavra de ordem
é segmentação de mercado. E é nessa
tendência que os pequenos consumidores
ganham, cada vez mais, uma atenção
toda especial. Segundo dados fornecidos
pelo Sebrae, só em Londrina são 110
estabelecimentos dedicados ao setor
varejista de brinquedos. Para o consultor
do Sebrae, Rubens Fernandes Negrão,
como em qualquer área segmentada,
para abrir uma empresa é preciso montar
um plano de negócio. “É necessário
levar em conta a localização e o fluxo
de pessoas, os aspectos financeiros
e, principalmente o cenário da
concorrência, verificando qual será o
diferencial do empreendimento”, diz.
Dentre tantas lojas da cidade, uma
delas chama a atenção justamente pelo
diferencial: a oferta de brinquedos
educativos e opções de livros que,
em geral, não constam nos catálogos
das grandes livrarias. A Ciranda, da
empresária Denise Gentil, promove ainda
oficinas e atividades para a criançada,
unindo com maestria brincadeira e
educação.
A ideia da loja surgiu há quase 10
anos, quando Denise era a editora do
jornal Toques e Manhas, que tratava da
relação entre pais e filhos. “Foi a partir
deste trabalho jornalístico que veio a
percepção da necessidade das mães em
ter um apoio na educação dos pequenos”,
explica. O começo foi dedicado aos livros
feitos especialmente para a criança, mas
que fugiam do lugar-comum dos contos
de fadas. Temas que cercam o universo
infantil como tirar a fralda ou como
lidar com a morte, a separação dos pais
ou o medo do escuro sempre estiveram
na estante da loja. Hoje dividem espaço
com obras de linguagem acessível que
iniciam a garotada na gastronomia, nas
Denise Gentil deixou o jornalismo para se
dedicar aos brinquedos educativos. Já são
quase 10 anos à frente da loja Ciranda.
Cristiane Pelagio, dona da Kid +
Brinquedos: “Uma das coisas mais
gratificantes de trabalhar com este
público é perceber aquele brilho no
olhar, que traduz uma felicidade única”
artes plásticas, na música erudita e nos
grandes clássicos da literatura – há, por
exemplo, uma versão infantil de Ulisses,
do irlandês James Joyce.
Pouco tempo depois de abrir a loja, a
empresária percebeu uma demanda
também por brinquedos educativos e
ampliou o mix do negócio, passando
a trabalhar com fornecedores
especialmente do eixo Rio-São Paulo.
“A ideia sempre foi buscar produtos
para pessoas que refletem, não apenas
consomem. A intenção é promover
sempre uma interação entre a brincadeira
e o processo de formação”.
Outro ponto destacado por Denise – e
que destoa muito do que costumamos
ver em lojas de brinquedos, é que ela
costuma negociar diretamente com o
pai ou a mãe da criança. “A palavra final
tem de ser dos responsáveis, de quem faz
a compra. Isso faz parte da educação da
criança. É a questão dos limites”.
Aliás, para a empresária, não há nada
mais gratificante do que participar do
processo de formação dos seus pequenos
clientes. “Esses dias entrou na loja um
33
rapaz de barba, que me chamou de “tia” Denise. Não demorou
muito para eu reconhecer naquele jovem uma das tantas
crianças que vi evoluir nesse tempo. É um prazer fazer parte da
história deles”.
Além da satisfação pessoal, a empresária assegura que trabalhar
com este público também é rentável. “Além das crianças e dos
pais, atendemos muitas escolas que tem demanda por nossos
produtos”. E com a aproximação do dia das crianças, as vendas
costumam ficar ainda melhores. “Para nós, o Dia das Crianças é
melhor do que o Natal. Dobramos as vendas”.
Galinha Pintadinha, é o que elas querem agora”.
A ênfase no desejo infantil é reflexo do que Cristiane vê a
cada cliente que entra na loja. “Antigamente a escolha era da
mãe, hoje é a criança. Tem mãe que até evita trazer e vem com
uma listinha feita pelo filho”. A empresária acredita que isso
seja reflexo da mídia, cada vez mais acessível aos pequenos.
“A criança hoje brinca pouco na rua e acaba ficando muito em
casa. Os brinquedos acabam suprindo a necessidade do lúdico,
especialmente os jogos de tabuleiro, que estimulam, confraternizam
e promovem a interatividade entre as crianças e até mesmo os pais”.
Mercado dinâmico
Cuidados com o consumo
A empresária Cristiane Pelagio, proprietária da Kid +
Brinquedos, também considera a atividade com a criançada
uma das mais gratificantes.
Ela decidiu investir no
mercado infantil depois de
trabalhar algum tempo em
um mercado bem diferente:
o das joias. O brilho, que
outrora reluzia na pedraria
A Associação Comercial e
e no ouro, hoje ela garante
Industrial de Londrina (ACIL)
encontrar nos olhos das
vai oferecer uma programação
crianças. “Uma das coisas
especial para o Dia da Criança.
mais gratificantes de
No dia 11 de outubro, das 9h
trabalhar com este público
às 14h, no Calçadão, entre as
e perceber aquele brilho
ruas São Paulo e João Cândido,
no olhar, que traduz uma
haverá um evento cultural com
felicidade única”.
muita pipoca e algodão doce,
Há oito anos instalada na
recreação, contação de história,
Avenida Higienópolis,
show de palhaços, yoga e até
a loja tem uma clientela
orientação nutricional voltada
fiel, o que proporciona
aos pequenos.
um atendimento mais
No entanto, o mote da
personalizado do que nas
movimentação, assim como
grandes franqueadas do
ocorreu no ano passado, é a
setor. “Conheço a maioria
troca de livros. As crianças
dos clientes pelo nome e
devem levar exemplares já lidos
acompanho o crescimento
de muitos deles”, conta.
A proximidade permite
que Cristiane fale com propriedade da evolução deste público
nos últimos anos. “Trabalhar com brinquedo é um eterno
aprendizado. É um mercado super dinâmico e quem trabalha
nele precisa estar muito atento”.
Além do contato diário com a criançada, que a faz saber dos
gostos do momento, a empresária participa anualmente de uma
feira dedicada exclusivamente aos pequenos consumidores. “É
lá que geralmente ficamos por dentro dos últimos lançamentos
e podemos buscar o que realmente agradará a criançada”. Na
última, ela garante, a grande atração foi a popularíssima Peppa
Pig, personagem criada no Reino Unido por Neville Astley e
Mark Bake que anda fazendo a cabeça da meninada. “Depois da
De acordo com a psicóloga infantil Hellen Oliveira, investir
no universo lúdico para educar as crianças é fundamental.
“Quando brinca, a
criança desenvolve
comportamentos
sociais, intelectuais e
motores. Os brinquedos
educativos e até mesmo
os industrializados
para trocá-los por outros. “A
cumprem esse papel, só
ideia é incentivar o interesse pela
é preciso tomar cuidado
leitura. Afinal, queremos futuros
com os modismos”, diz.
consumidores
responsáveis”,
Os pais devem ficar
explica a analista de marketing
atentos, ainda, à
da ACIL, Bárbara Della-Líbera.
adequação dos
A expectativa é superar o
brinquedos a cada
número de participantes do ano
faixa etária, já que
passado, que ficou na casa dos
acelerar o processo
300. Além de levar os livros para
de amadurecimentos
trocar no dia, os interessados
dos pequenos pode ser
também podem fazer doações
prejudicial. “Por isso
na ACIL em horário comercial.
é tão importante que
“Os livros excedentes serão
o poder da compra se
entregues em instituições de
mantenha nas mãos
caridade”.
dos pais. É o adulto que
Mais informações pelo telefone
sabe o que é bom para a
(43) 3374-3000.
criança”.
Por isso, a psicóloga
recomenda que, desde
pequenas, as crianças tenham limites – e isso inclui a
questão do consumo, que deve ficar concentrado nas
datas comemorativas, como Natal, aniversário e Dia das
Crianças. “É preciso que os pais tenham firmeza e negar
quando o pedido não cabe no orçamento. O diálogo é
fundamental. As crianças precisam de parâmetros que
devem ser dados pelos adultos”.
Outro cuidado é com o bombardeio da mídia, que acaba
incitando a criança a querer consumir. “O segredo é
encontrar o equilíbrio entre todas as atividades da
criança e incentivá-las nas diversas formas de brincar”,
conclui.
ACIL entra na brincadeira
no Dia das Crianças
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outubro de 2014 | www.acil.com.br
PERFIL
UM HOMEM DE
LIVROS E IDEIAS
Ex presidente da ACIL, Rubens Augusto
conta como chegou às 34 lojas atuais
da rede Vale Verde
Por Michelle Aligleri
Empreendedor. Se formos usar apenas uma
palavra para definir o empresário Rubens
Augusto, esta é a mais adequada. Dono da rede de
farmácias Vale Verde, ele conta sua história com
orgulho e descontração. Com um semblante sério
e ao mesmo tempo cordial, é com um sorriso no
rosto que ele lembra da cidade em que nasceu:
Bela Vista do Paraíso. “Tenho muito orgulho
da minha terra e continuo a cada dia mais
apaixonado por lá. Adotei Londrina como casa,
mas Bela Vista está no meu coração”, comenta.
O trabalho ele conheceu cedo e de uma forma
pouco usual. Preocupada com o futuro do filho,
a mãe de Rubens pediu a um farmacêutico amigo
que lhe desse um emprego, mas um emprego que
só incluía trabalho e não salário. “Eu tinha 12
anos e trabalhei nesta farmácia durante quatro
anos, sem salário e nem registro. Fiquei bravo
com a minha mãe na época porque meus amigos
iam brincar e eu precisava varrer a frente da
farmácia e atender os clientes. Até aos domingos
eu trabalhava quando estava de plantão”, lembra.
A vinda para Londrina ocorreu por uma
necessidade da família, que passava por um
momento complicado financeiramente. Rubens
tinha 16 anos quando chegou à cidade. “Vim
para cá um pouco antes dos meus pais, aluguei
36
uma casa e procurei um emprego, e desta vez eu
precisava de um salário”, brinca o empresário.
Quando os pais de Rubens chegaram à cidade,
ele já estava trabalhando na Farmácia Central, de
onde fala com muito carinho. “Foi então que eu
entendi e agradeci o que a minha mãe havia feito
por mim”, aponta. O ano era 1969, e junto com a
vontade de trabalhar e com o gosto pela farmácia
surgiu uma grande admiração e amizade. “Alceno
Segantin, dono da farmácia era um exemplo de
caráter, ele me disse que eu fui um dos melhores
funcionários e ficou triste quando eu decidi abrir
a minha própria loja, cinco anos depois”, lembra
Rubens. O carinho e respeito pelo ex-patrão são
tão grandes que Rubens tem até hoje uma foto
de Alceno em seu escritório. “Ao lado da foto
do meu pai, porque os dois foram figuras muito
importantes na minha vida”, justifica.
A visão empreendedora de Rubens começou
ainda na adolescência, quando tinha vontade
de montar uma banca de revistas, mas foi aos
20 anos que ele decidiu que queria mais do
que trabalhar numa farmácia e abriu o próprio
negócio, com “a cara, a coragem e dinheiro
emprestado do banco”, brinca. A Farmácia
Augusto, funcionava na Vila Casoni e na época
ele não sonhava em ser dono de uma rede. “Para
ir de casa até lá eu pegava dois ônibus, chegava
às 6h e ia embora perto da meia noite”, lembra.
outubro de 2014 | www.acil.com.br
Aos 62 anos o empresário avalia a própria carreira e
constata que é melhor empreendedor do que gestor
O esforço valeu a pena porque alguns anos depois, em 1985,
lá estava ele abrindo a primeira loja Vale Verde na avenida
JK, esquina com a rua Sergipe. “Nesta época eu decidi que ou
seria empresário do ramo ou deveria fazer outra coisa da vida”,
conta.
O nome da loja foi escolhido por conta da proximidade da
farmácia com o Vale Verde. “Havia em Londrina o Cine
Augustus e as pessoas faziam confusão com o nome da
farmácia, por isso decidi mudar”, explica. Com a abertura desta
loja, a esposa Mírian, com quem Rubens havia se casado em
1976, foi então trabalhar com ele. Formada em administração,
ela ficou com os setores que Rubens menos gostava: a
contabilidade e o departamento financeiro. “A atuação dela
foi fundamental para o crescimento e para que a gente virasse
uma rede”, destaca.
Aos poucos a Rede Vale Verde foi crescendo e alcançando as 34
lojas atuais distribuídas nas cidades de Londrina, Apucarana,
Arapongas, Rolândia, Cambé, Ibiporã e Cornélio Procópio,
a meta, conforme Rubens, é chegar às 70 lojas em alguns
anos, ele já adianta que em 2015 a expansão será na região
de Maringá. Além da Vale Verde a família tem a Flora, uma
indústria de Cosméticos, e um laboratório de manipulação.
Conforme as farmácias foram sendo inauguradas, a família
de Rubens e Mirian foi crescendo. Carolina nasceu em 1980,
Rafael em 1984 e Mariana em 1991. “Meus filhos nunca
foram estimulados a trabalhar na farmácia, eu achava que
eles deveriam ter outros caminhos”, conta. Mas a história
seguiu seu rumo e hoje, Carolina, farmacêutica industrial, é a
executiva da empresa e Rafael, formado em administração é
analista no departamento de Marketing. Mariana é formada
em Relações Internacionais e a única que mora e trabalha em
São Paulo. Rubens afirma que apesar de estar bem no atual
emprego ela deve vir para Londrina em dois ou três anos.
“Estamos caminhando para uma sucessão, a empresa está
andando”, aponta.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Agora que a sucessão da empresa está tomando forma,
Rubens consegue avaliar a sua carreira e se considera melhor
empreendedor do que gestor. “Meus filhos, com a experiência
que tiveram na faculdade e nas pós graduações, são melhores
gestores do que eu. O empreendedor é um sonhador, um
criador, um inovador, os meus filhos administram com
mais planejamento, eles deixam claro que não adianta só
empreender se não tiver uma base para ajustar”, ressalta.
Crente de que os filhos fazem um bom trabalho, Rubens se
permite descansar durante algumas tardes e se dedicar à leitura
que tanto gosta.
O gosto pela literatura veio ainda quando criança e hoje ele tem
uma biblioteca que já chega a quatro mil livros. “Não li todos,
sou um colecionador”, justifica. Para ele, a literatura auxilia
no autoconhecimento e no conhecimento das outras pessoas
e do mundo. “A gente se torna um pouco político, filósofo e
historiador. Os livros ensinam a não se amarrar no passado,
mas olhar o que os outros fizeram para que façamos igual ou
melhor”, destaca. Ele conta que atualmente está lendo um livro
que fala sobre as facetas da personalidade humana. “O escritor
japonês Shusako Endo traz no livro “Escândalo” que as pessoas
tendem a ser politicamente corretas, mas nem sempre conhecem
o outro lado da sua personalidade. Não vou falar mais para que
todos busquem ler”, recomenda.
Para ele, a leitura e a educação são o ponto básico para o
progresso de um país. “Para iniciar qualquer infraestrutura tem
que ter educação, mas não pode ser ideológica, tem que fazer
as pessoas pensarem por elas próprias para que consigam ser
melhores por seu mérito e não por ideologias baratas”, comenta.
Apesar de dedicar muito do seu tempo às farmácias, Rubens
afirma que é um homem que valoriza muito a família e garante
que as dificuldades sempre foram partilhadas com os filhos
e a esposa. Para ele, as raízes e a criação foram fundamentais
para que alcançasse o que tem hoje. “Tive uma criação moral
muito importante”, aponta. Apesar de nunca ter participado
da política partidária, Rubens sempre esteve presente em
sindicatos e foi presidente da ACIL na gestão 2006-2008. Ele
afirma que renovar as pessoas e as ideias é fundamental. “Não
estou atualmente na ACIL porque acredito que é preciso dar
espaço para novas pessoas e novos talentos. O Valter Orsi foi
presidente há 14 anos, deixou espaço para outros atuarem
e voltou ao cargo porque neste momento a ACIL estava
precisando novamente de uma pessoa como ele”, justifica.
Atualmente Rubens faz parte da diretoria da Associação
Brasileira de Rede de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e é
um dos conselheiros do Hospital do Câncer. “Eu gostaria de
poder ajudar mais o hospital, de qualquer forma é um prazer
fazer parte de uma diretoria como a atual”, complementa.
Durante a entrevista tentamos focar a pauta na vida do Rubens
marido, pai e amante da literatura, mas por várias e inevitáveis
vezes a farmácia vinha à tona e se tornava o assunto principal
da conversa, prova de que a conquista de Rubens é resultado
da dedicação de anos de vida e que não é possível separar o
homem empresário dos outros papéis que ele assume.
37
INOVAÇÃO
Por Giovana Chiquim
A adoção de softwares e aplicativos
para aperfeiçoar os modelos de gestão,
o atendimento aos clientes e até mesmo
para treinar os funcionários, se tornou
uma necessidade para os empreendedores
que desejam aumentar a competitividade
do negócio. E é exatamente a busca pela
inovação dos processos, produtos e
serviços, que alimenta a indústria de TI,
responsável pela criação de ferramentas
capazes de implementar melhorias no
cotidiano de empresas de todos os portes
e segmentos.
No cenário brasileiro o Paraná se destaca
na produção de softwares e está apenas
atrás de São Paulo no números de
empresas que receberam a certificação
MPS-BR, que garante a qualidade
dos produtos. Das 38 certificações
paranaenses, 19 delas foram conquistadas
por empresas que fazem parte do Arranjo
Produtivo Local (APL) de Tecnologia
da Informação de Londrina e Região, o
que comprova o potencial do território
geográfico na fabricação de produtos de
alto valor agregado.
Segundo o presidente do APL de TI de
Londrina e Região, Gabriel Henríquez,
uma das características que favorecem o
desenvolvimento do mercado de softwares
na região norte é o porte das empresas.
“Grande parte são microempresas e o
fato de serem pequenas contribui para
a identificação de oportunidades de
negócios”, diz. Para ele, a vantagem das
pequenas empresas é a facilidade para
mudar a configuração do negócio sem
esbarrar em burocracias, como acontece
nas grandes corporações.
A Oniria é um exemplo de empresa que
nasceu com a vocação de produzir games
de entretenimento e que mais tarde
investiu nos simuladores virtuais. “Em
2006 a empresa praticamente quebrou e
se reergueu em 2007 quando olhou para
o mercado corporativo”, conta Nícholas
Bender Haydu, um dos sócios da Oniria.
A empresa surgiu na Intuel, uma
incubadora tecnológica de empresas
dentro da Universidade Estadual de
Londrina (UEL), e formalizou o negócio
em 2002. O mercado de games ainda era
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outubro de 2014 | www.acil.com.br
incipiente no Brasil e a Oniria foi uma das pioneiras.
Em 2005 chegou a vender para clientes na Europa.
Em 2006, a empresa tentou investir em um próprio
jogo, inspirado na estética de desenhos japoneses, mas
o projeto não decolou em virtude de mudanças no
mercado mundial de games.
Diante de um cenário de incertezas, a Oniria focou em
soluções para treinamentos corporativos e engajamento com
simuladores virtuais e gamificação. “Um simulador virtual
aborda o realismo para criar um ambiente de treinamento
ideal, já a gamificação usa estratégias iguais as dos games
para engajar as pessoas no treinamento e no trabalho”,
explica Rodrigo Martins de Souza, sócio da Oniria.
Foi a nova plataforma de negócios que trouxe o
reconhecimento. O primeiro troféu veio em 2009,
quando a Oniria ficou em 2º lugar no “Prêmio Petrobras
Melhores Fornecedores de Serviços”. Um dos produtos
desenvolvidos para a petrolífera foi um simulador de
guindaste offshore para treinamento de operadores. “As
variáveis para a simulação do equipamento eram tão
grandes que o próprio cliente afirmou que depois que
terminássemos tal simulador seríamos capazes de fazer
qualquer outro”, relata Nícholas Haydu.
E o cliente estava coberto de razão. De lá pra cá a Oniria
acumulou diversos cases de sucesso e se tornou uma
colecionadora de troféus: já são nove prêmios que
refletem o reconhecimento dos projetos inovadores por
parte dos clientes e do mercado.
Em 2013 a Oniria conquistou a Imagine Cup, competição
de tecnologia da Microsoft, com a criação do simulador
“InsuOnline”. A ferramenta será utilizada pelos médicos
para prescrever insulina e melhorar o controle de
pacientes diabéticos. O game foi vencedor na categoria
Cidadania Mundial e durante a cerimônia de premiação
o projeto foi o escolhido, entre os três finalistas, para
representar o Brasil na etapa mundial da competição, que
aconteceu no ano passado, na Rússia. O “InsuOnline”
será lançado no mercado no próximo ano.
Na opinião de Nícholas e Rodrigo, o reconhecimento
mais importante é o “Prêmio de Competitividade
para Micro e Pequenas Empresas - MPE Brasil 2012”,
realizado em parceria pelo Sebrae, Fundação Nacional
de Qualidade (FNQ), Movimento Brasil Competitivo
(MBC) e Gerdau. O prêmio teve mais de 90 mil inscritos
e entre os 127 finalistas de todo o Brasil a Oniria sagrouse campeã na categoria “Destaque Inovação” e foi
reconhecida como a pequena empresa mais inovadora
do Brasil.
Nícholas Haydu explica que o MPE Brasil estimulou a
implementação do “Modelo de Excelência em Gestão”
(MEG) na corporação, que aborda os nove critérios de
qualidade da FNQ. “Implantamos o MEG na cultura da
nossa empresa e o prêmio é o reconhecimento do nosso
trabalho”, acrescenta Nícholas Haydu.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
REDUÇÃO DE CUSTOS E
AGILIDADE NO ATENDIMENTO
Ser reconhecido como um parceiro na área de tecnologia capaz
de ajudar o cliente a encontrar soluções que podem melhorar sua
performance é o objetivo das empresas LB2 Consultoria e Inovare,
dirigidas pelo empresário Luister Bonzanini. A LB2 comercializa
softwares fabricados por multinacionais e a Inovare atua no
desenvolvimento de softwares.
Luister Bonzanini investe na qualificação dos profissionais,
o que reflete no desenvolvimento de produtos inovadores
Equipe da Oniria tornou-se uma colecionadora de troféus.
Só nos últimos cinco anos, foram nove prêmios
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Bonzanini apresentou no IBM Connect 2014, um evento
em Orlando, nos Estados Unidos, o case de um produto
desenvolvido para a Sercomtel. A ferramenta ajudou a
organização a armazenar e proteger um dos seus ativos
corporativos mais preciosos: seus dados.
Com a implementação do produto a empresa de telefonia
ganhou na agilidade do atendimento e economizou
aproximadamente R$ 100 mil por ano. O diferencial na
ferramenta, de acordo com Luister Bonzanini, é a concentração
do conhecimento da empresa numa única plataforma para
facilitar a comunicação. “É como se fosse uma rede social
corporativa. Todas as informações são centralizadas no mesmo
espaço.”
Outro destaque da Inovare é o desenvolvimento de um software
para o Hospital Evangélico, de Londrina, para a manipulação
de imagem para cirurgias de alta precisão, principalmente
nas especialidades de neurocirurgia e ortopedia. A adoção do
videogame em salas de cirurgia ajuda a diminuir o risco para o
paciente e demonstra que a tecnologia traz resultados imediatos
na rotina das organizações.
A TI também está presente nos negócios de pequeno porte. A
Kiwano Tecnologia criou o Cuke, um aplicativo gratuito dirigido
para os profissionais de vendas diretas para ajudá-los no fluxo de
caixa. Trata-se de uma ferramenta que armazena as informações
dos clientes, as vendas, os produtos, as compras e o estoque. “A
solução afeta positivamente o cotidiano de milhões de pessoas
que tem como única fonte de renda a venda de porta em porta.
Essa é a proposta dos profissionais de TI: fazer a diferença na
vida das pessoas. Para isso, a TI cria aplicativos que oferecem
facilidades, como aqueles que ajudam a pegar um táxi ou a pedir
uma refeição em casa”, relata Gabriel Henríquez, proprietário da
Kiwano.
Para Gabriel Henríquez, o crescimento da indústria
de TI é transversal, já que atende necessidades de
empresas de diversos segmentos
ESPELHO VIRTUAL
Os empresários londrinenses Leandro Martini e Luís
Carlos de Albuquerque Silva criaram um provador
virtual que utiliza a tecnologia 3D para codificar peças
de roupas e uma câmera que filma o cliente. Com o
Digiglass as pessoas podem escolher os modelos à
distância a partir do posicionamento das mãos em
frente ao totem e visualizar como ficariam vestidas
com as roupas selecionadas. Além de facilitar a prova,
o dispositivo armazena informações sobre o perfil dos
clientes e gera relatórios. “Não identificamos outro
produto parecido no Brasil, que forneça um pesquisa de
mercado”, comenta Leandro Martini. O projeto recebeu
aporte financeiro do Senai, que também colaborou no
desenvolvimento do dispositivo.
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outubro de 2014 | www.acil.com.br
COLUNA DA ACIL
DIA DA SERGIPE – A FESTA DO COMÉRCIO DE RUA
O Dia da Sergipe foi uma grande confraternização entre comerciantes, famílias e entidades. A festa
em uma das vias de comércio mais tradicionais de Londrina contou com show musicais, shows
de palhaços, apresentações artísticas, sorteios de brindes, oficinas culturais, exposições de arte,
brinquedos para as crianças, orientação para educação no trânsito e orientação ambiental. Quem
passou pela via em um belo sábado ensolarado também recebeu orientação financeira e teve a
oportunidade de realizar aferição de pressão, teste de glicemia, corte de cabelo, transformação
“antes e depois” com maquiagem, hidratação e massagem, cadastro de doadores de medula óssea
e – é claro! – a qualidade e o bom preço das lojas.
O Dia da Sergipe, realizado anualmente, é um dos pontos altos do Projeto Nova Sergipe, que
vem mudando a face da rua comercial. O evento é promovido numa parceria entre as seguintes
entidades e órgãos públicos: ACIL, CEAL, CMTU, E-Lixo, Fecomércio PR, Hemocentro de
Londrina, Ippul, Lar Anália Franco, Museu de Arte de Londrina, Polícia Militar, Prefeitura de
Londrina, Rede Massa, Secretaria Municipal do Ambiente, Secretaria Municipal de Cultura,
Secretaria Municipal de Obras, Sesc, Senac, Sincoval, Unifil.
O diretor, Angelo Pamplona, o presidente,
Valter Orsi, e o superintendente da ACIL
Diego Menão, prestigiaram a festa. Quem
também aproveitou foi o pequeno Gael
Associação Comercial e Industrial de Londrina
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NOVOS
ASSOCIADOS
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Rua Benjamin Constant, 1053, Centro
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Avenida Luiz Rosseto, 591, Jardim Caravelle
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Rua Santos, 308, Centro
IS Santos
Rua Figueira, 1235, Jardim Santa Rita
COMÉRCIO
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Rua Araguaia, 397, Vila Conceição
CAFÉ
Agro Brasil Coffee
Avenida Rio de Janeiro, 221, Centro
PRODUTOS E ALIMENTOS
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COLCHÕES
Megasono Colchões
Rua Sergipe, 1028, Centro
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Rua Tremembes, 444, Vila Casoni
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Av. Clarice de Lima Castro, 255, Jardim Nova
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Avenida Higienopolis, 1505
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Rua Pedro Botelho de Rezende, 2335, Burle
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