Tópicos de Estética I - PPGFIL - Programa de Pós

Transcrição

Tópicos de Estética I - PPGFIL - Programa de Pós
TÓPICOS DE ESTÉTICA I
POÉTICAS SOBRE O AMOR E O BELO
Tampouco teríamos o menor pressentimento dessa paz infinita, desse ser, no único sentido da palavra,
tampouco poderíamos ansiar por essa união com a natureza, não haveríamos de pensar ou agir, nada poderia
ser, (para nós) nós mesmos não seríamos nada, (para nós) se essa união infinita, se esse ser, no único sentido
da palavra, não nos fosse dado. Ele se nos dá – como beleza – e aguarda, para com Hipérion, um novo reino
onde a beleza seja rainha.
Creio que ao final todos haveremos de dizer: Santo Platão, perdoa-nos! Contra ti pecou-se gravemente.
Hölderlin
EMENTA
O curso retomará a relação amor (éros), beleza (kállos) e discurso (lógos) na produção
(poíesis) poético-filosófica de dois pensadores de períodos distintos da História da
Filosofia, Platão e Hölderlin. O elemento norteador do debate pretendido, entre a
Antiguidade Clássica e o pensamento moderno, se dará a partir das representações de
Diotima, propostas pelo filósofo grego e pelo poeta alemão. Na estrutura discursiva do
encômio a éros dito por Diotima a Sócrates, Platão introduz e mescla, no discurso da
mulher de Mantineia, a grande especialista nas coisas do amor, a linguagem e as
práticas dos mistérios, a recepção de elementos poéticos que remetem ao canto eróticoamoroso de Safo de Lesbos, aliado ao gênero discursivo criado por ele, a prosa filosófica.
A tessitura da personagem hölderliana resgata da natureza da personagem platônica, as
noções de ambiguidade e alteridade. No discurso hölderliano sobre o amor e a beleza,
Diotima, a protagonista de Hipérion e da série de poemas dedicados a ela, na realidade é
Susette Gontard, por quem o poeta foi apaixonado. Na releitura da Diotima platônica e
da hölderliana, o contraponto entre a beleza visível e a invisível, a divina e a humana, o
belo natural e o belo artístico, chave-interpretativa a ligar e a separar dois modos
distintos e afins de pensar o amor e a beleza.
PROGRAMA
Platão
Banquete 198a-212c; 212c-222a
Hölderlin
Prefácio à penúltima versão do Hipérion; Hipérion; Poemas à Diotima
Hölderlin e Baudelaire
Hino à Beleza, À Beleza, O Amor
BIBLIOGRAFIA
1 FONTES PRIMÁRIAS
1.1 Platão
1.1.1 Obras completas
PLATON. Œuvres Complètes. Tomes I-XII. C.U.F. Paris: Les Belles Lettres, 1920-1956.
PLATON. Sämtliche Werke. Bänden I-X. Übersetzungen von Franz Susemihl und
anderen. Frankfurt am Main; Leipzig: Insel, 1991.
PLATÃO. Diálogos. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará,
1974 (Coleção Amazônia).
1.1.2 Obras selecionadas
PLATON. Phèdre. Traduction par Luc Brisson. Paris: GF Flammarion, 1989.
_______. Le Banquet. Traduction par Luc Brisson. Paris: GF Flammarion, 1998.
PLATÃO. Diálogos. Trad. José Cavalcante de Souza; Jorge Paleikat; João Cruz Costa. São
Paulo: Abril Cultural, 1979 (Os Pensadores).
_______. Fedro ou da Beleza. Trad. Pinharanda Gomes. 6. ed. Lisboa: Guimarães, 2000.
Tópicos de Estética I – Profa. Dra. Jovelina Ramos – 2013/02
_______. O Banquete ou Do Amor. Trad. José Cavalcante de Souza. Rio de Janeiro: DIFEL,
2002.
1.2 Friedrich Hölderlin
HÖLDERLIN, F. Poesía Completa: edición bilíngue. Barcelona: Ediciones 29, 1977.
______. Hyperion. Frankfurt am Main: Insel, 1979.
______. Hyperion and Selected Poems. New York: Continuum, 1990.
______. Poemas. Tradução e introdução de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das
Letras, 1991.
______. Diotima. Seleção e versão por Maria Clara Salgueiro. Sintra: Colares, 1994.
______. Elegias. Tradução e prefácio por Maria Teresa Dias Furtado. Lisboa: Assírio &
Alvim, 2000.
______. Poems of Friedrich Hölderlin. Selected and translated by James Mitchell. San
Francisco: Plainfeather, 2004.
______. Observações sobre Édipo e Observações sobre Antígona. Tradução e notas por
Pedro Süssekind e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
______. Gesammelte Werke. Frankfurt am Main: Fischer Taschenbuch Verlag, 2008.
______. A morte de Empédocles. Tradução e introduçao por Marise Moassab Curioni. São
Paulo: Iluminuras, 2008.
______. Hipérion ou o eremita da Grécia. Tradução, notas e apresentação de Marcia Sá
Cavalcante Schuback. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
1.3 Outros
ARISTÓTELES, HORÁCIO e LONGINO. A poética clássica. Introdução de Roberto de
Oliveira Brandão. Tradução Jaime Bruna. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 1981.
ARISTÓTELES. Retórica das Paixões. Prefácio Michel Meyer. Introdução, notas e
tradução Ísis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
_______. Poética. Tradução, prefácio, introdução, comentário e apêndices de Eudoro de
Sousa. 7. ed. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 2003.
BAUMGARTEN, A. G. Estética: a lógica da arte e do poema. Trad. Miriam Sutter
Medeiros. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução, apresentação e notas de
Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.
DIDEROT, D. Obras II: Estética, Poética e Contos. São Paulo: Perspectiva, 2000.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade 2: o uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da
Costa Albuquerque. Revisão técnica José Augusto Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro:
Graal, 1984.
HEIDEGGER, M. Los hymnos de Hölderlin “Germania” y “El Rin”. Buenos Aires: Biblos;
Biblioteca Martin Heidegger International, 2010.
LONGINO. Do sublime. Trad. Filomena Hirata. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
NIETZSCHE, F. Acerca da relação do discurso de Alcibíades com os outros discursos do
Banquete platônico (1864). Trad. Ernani Chaves. Hypnos 28 (2012) p. 183-186.
PLOTINO. Enéadas I-III. Traducción y notas Jesús Igal. Madrid: Gredos, 1992.
SCHELLING, Friedrich Wilhelm Joseph. Filosofia da arte. Tradução e notas de Mário
Suzuki. São Paulo: Edusp, 2001.
SCHILLER, Friedrich. A educação estética do homem numa serie de cartas. Tradução de
Robert Schwarz e Márcio Suzuki. Introdução e notas de Márcio Suzuki. 4. ed. São Paulo:
Iluminuras, 2002.
______. Kallias ou sobre a beleza: a correspondência entre Schiller e Körner, janeirofevereiro de 1793. Tradução e introdução Ricardo Barbosa. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
WINCKELMANN, Johann Joachim. Reflexões sobre a arte antiga. Estudo introdutório de
Gerd Bornheim. Tradução de Herbert Caro e Leonardo Tochtrop: Porto Alegre, UFRGS,
1975.
2. DICIONÁRIOS E LÉXICOS
CHANTRAINE, Pierre. Dictionnaire étymologique de la langue grecque. Paris: Klincksieck,
1968.
Tópicos de Estética I – Profa. Dra. Jovelina Ramos – 2013/02
GRIMAL, Pierre. Dicionário da mitologia grega e romana. Trad. V. Jabouille. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993.
LIDDELL, Henry George; SCOTT, Robert; JONES, Henry Stuart; MCKENZIE, Roderick. A
greek-english Lexicon. Oxford: Clarendon (1940) 1996.
Thesaurus Linguae Graecae: a Digital Library of Greek Literature. University of
California, 2002.
3. FONTES SECUNDÁRIAS
ACKER, C. B. R. Dioniso, Diotima, Sócrates e a Erosofia. AISTHE 3 (2008) p. 16-29.
BARBAS, H. O sublime e o belo: de Longino a Edmund Burke. Portugal: Universidade
Nova de Lisboa, 2006, p. 1-20.
BARTOLETTI, T. La máscara del adivinho: metáforas de la mántica em el Banquete de
Platón. Argos 33 (2010) p. 55-74.
BAUDELAIRE, C. As flores do mal. Tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira. 3.
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
BAYER, R. História da Estética. Lisboa: Estampa, 1979.
BILLINGS, J. Hyperion’s symposium: an erotics of reception. Classical Reception Journal
2, I (2010) p. 2-24.
BURKE, E. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do
belo. Traduçao, apresentação e notas de Enid Abreu Dobránszky. São Paulo: Papirus,
1993.
CARAM, J. P. Poros e Penia: privação ou ambivalência do amor? Archai 9 (2012) p. 107116.
CARVALHO, M. J. Do belo como constituinte do humano segundo Sócrates/Diotima.
Revista Filosófica de Coimbra 38 (2010) p. 368-469.
DUARTE, R. (Org.). O belo autônomo: textos clássicos de estética. 2. ed. rev. e ampl. Belo
Horizonte: Autêntica; Crisálida, 2012.
FELIPPE, E. F. Tradução e mediação poética: Hölderlin e a ressonância grega. Cadernos
de História II/1 (2007) p. 1-10.
FERRARI, F. Eros, paideia e filosofia: Sócrates entre Diotima e Alcibíades. Archai 9
(2012) p. 65-116.
FINKELBERG, M. Plato’s Language of Love and the Female. The Harvard Theological
Review 90/3 (1997) p. 231-261.
FUENTES, J. L. Principios de Filosofía del arte griego. Barcelona: Anthropos, 1987.
GAGNEBIN, J-. M. Do conceito de Darstellung em Walter Benjamin ou verdade e beleza.
Kriterion 112 (2005), p. 183-190.
______. A questão do “Eros” na obra de Benjamin. Artefilosofia 4 (2008) p. 39-44.
GUERRERO, D. S. Sobre la discusión en torno a la historicidad de Diótima de Matinea y
la tesis de la “representación oculta” de Safo en el Banquete de Platón. Perspectiva
Filosófica II/36 (2011) p. 9-22.
HALPERIN, D. M. ¿Por qué Diótima es una mujer? Trad. M. Serrichio. Córdoba:
Cuadernos de Litoral, 1999.
JURADO, E. A. R. Eros demonico y mujer demonica, Diotima de Mantineia. Habis 30
(1999) p. 79-86.
KRANZ, W. Diotima von Mantinea. (1926). Hermes 61/4, p. 437-447.
KRELL, D. F. The recalcitrant art: Diotima’s letters to Hölderlin and related missives. New
York: State University of New York Press. 2000.
LACOUE-LABARTHE, P. O teatro de Hölderlin. Trad. Virgínia de Araújo Figueiredo.
Folhetim 4 (1999) p. 2-17.
LANGER, S. K. Philosophy in a new key: a study in the simbolismo of Reason, Rite and
Art. New York: New American Library, 1954.
MARQUES, M. P. O caráter antilógico da busca erótica no Banquete. In CORNELLI, G.
(Ed.) Styles and characters. São Paulo: Annablume; Brasília: Archai, 2012, p. 233-240.
NEUMANN, H. Diotima’s Concept of Love. The American Journal of Philology 86/1 (1965)
p. 33-59.
Tópicos de Estética I – Profa. Dra. Jovelina Ramos – 2013/02
PENNA, J. C.; FIGUEIREDO, V. A (Ed.). Homenagem a Philippe Lacoue-Labarthe 19402007. Terceira Margem 17 (2007) 256 p.
QUINTELA, P. Hölderlin. 2. ed. Porto: Inova, 1971.
RAGUSA, G. Tramas de Afrodite e Eros: sedução e capitulação na mélica grega arcaica.
Nuntius Antiquus VIII/1 (2011) p. 61-78.
RENERO, A. Logos, eros y poiésis: una interpretación sobre el poema Quejas de Ménon
por Diotima de Friedrich Hölderin. Digital Universitaria 7, 5 (2006) p. 1-12
ROSENFIELD, K. H. O estatuto teórico do sentido estético: a propósito de Hölderlin.
Analytica 3 (1998) p. 157-196.
VELÁSQUEZ, O. Platón: El Banquete o siete discursos sobre el amor. Santiago:
Universitaria, 2002.
WAITHE, M. E. Diotima of Mantinea. In WHAITE, M. E. (Ed.). A history of women
philosophers I. Netherlands: Kluwer, 1987, p. 83-116.
WHITE, F. C. Love and Beauty in Plato’s Symposium. The Journal of Hellenic Studies 109
(1989) p. 149-157.
RECURSOS DIDÁTICOS
Documentários: Literatura Fundamental 14, O Banquete, Adriano Ribeiro Machado,
29:11’; Janela da Alma, João Jardim e Walter Carvalho, 72:44’
Filmes: Le Banquet, Marco Ferreri, França, 1989, 78’; Morte em Veneza, Lucino Visconti,
Itália, 1971, 131’
Performance: Banquete Clio, O Banquete de Platão, 07:31’
Vídeorreportagem: O Banquete no Teatro Oficina, 06:56’
ATIVIDADES PROGRAMADAS
11/09
18/09
Filme/Debate
Seminário Coletivo
25/09
03/10
10/10
17/10
24/10
Aula expositiva
Aula expositiva
Aula expositiva
Filme/Debate
Seminários Individuais
31/10
06/11
13/11
20/11
27/11
04/12
11/12
18/12
Aula Expositiva
Aula Expositiva
GT Filosofia Antiga
Aula Expositiva
Aula Expositiva
Aula Expositiva
Aula Expositiva
Aula Expositiva
Documentário:
Monografia
18/01
Le Banquet, Marco Ferreri, França, 1989, 78’
MARQUES, O caráter antilógico da busca erótica no
Banquete
Platão. Banquete 198a-203c. Elogio de Sócrates/Diotima
Platão. Banquete 203c-212c. Elogio de Sócrates/Diotima
Platão. Banquete 212c-222a. Elogio de Alcibíades
Morte em Veneza, Lucino Visconti, Itália, 1971, 131’
Poéticas sobre o amor e a beleza na Antiguidade e na
Modernidade
Prefácio à penúltima versão do Hipérion
Hipérion
Evento na UFC, sem atividades, aula a ser reposta Hipérion
Hipérion
Hipérion
Hipérion
Poemas à Diotima, Sócrates e Alcibíades
Poemas Seletos de Hölderlin e Baudelaire
Janela da Alma, João Jardim e Walter Carvalho, 72:44’
Texto Dissertativo, 10-15 laudas. Mostrar a relação amor e
beleza em Platão e a sua recepção em Hölderlin.
Temáticas dos Seminários Individuais
Matheus Safo: Amor e beleza no Fr. 16 Voigt
Rafael
Platão: Delírio erótico no Fedro
Camila
Plotino: Sobre o belo
Bruna
Longino: Sobre o sublime
Alberto
Diderot: Sobre o belo
Paula
Schiller: Sobre o belo
Isabella
Nietzsche: Sobre o Banquete
Sandro
Benjamin: Sobre o Banquete
Ricardo
Foucault: Sobre o Banquete
Baumgarten: Sobre a beleza
Burke: Sobre o belo e o sublime
Tópicos de Estética I – Profa. Dra. Jovelina Ramos – 2013/02

Documentos relacionados

Dioniso, Diotima, Sócrates e a Erosofia

Dioniso, Diotima, Sócrates e a Erosofia milagres do jorro de líquidos (Íon, 534 a), descritos também por Eurípides em Bacantes (705714); na mesma tragédia aprendemos por Tirésias que a mania dionisíaca tem efeitos proféticos e que o próp...

Leia mais