O vinho na França - Sociedade da Mesa
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O vinho na França - Sociedade da Mesa
c l u b e d e v i n h o s sociedade da mesa do livre exercício dos prazeres Março/2016 R$ 16,00 156 Seleção Mensal Three French Hens 2014 IGP PAYS D’OC | FRANÇA Seleção Grandes Vinhos Château Lalande D’auvion 2012 Cru Bourgeois | França Vinhos com uvas maduras e alta graduação alcóolica Ingredientes: maionese 1 DIREÇÃO GERAL Dario Taibo [email protected] DIREÇÃO TÉCNICA capa final Dario Taibo [email protected] DIREÇÃO DA REVISTA Paula Taibo Morales [email protected] PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO mar.16 FOTO CAPA: Keiny Andrade Joan Miró, Estrela da Manhã, 1940 bra-prima. m. Agência Criadoria [email protected] REDAÇÃO [email protected] ATENDIMENTO AO CLIENTE [email protected] PUBLICIDADE [email protected] Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04718-010 tel.: 55 11 5180 6000 • 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br Comércio, importação e exportação Ltda www.racevix.com.br Responsabilidade Social: www.criancaracevix.com.br 2 IMPRESSÃO 15000 exemplares 156 e d i t o r i a l Muitos associados têm escrito para saber como é que vai ficar o preço dos vinhos em nossas seleções. Eu ainda não sei, pois estamos no meio de uma avalanche de novos fatos que interferem no preço do vinho. Primeiro foi a desvalorização do real, depois foi a nova alíquota de IPI, em seguida foi o Fundo de Combate à Pobreza (FCP) e agora, por último, o novo cálculo do ICMS. O que, sim, já posso dizer com segurança, é que nosso preço aumentará menos que a média do mercado. E por que posso dizer isso? Por que isso, sim, depende da minha decisão. O preço do vinho do mês de fevereiro foi particularmente alto. Isso fez alguns associados crerem que o novo preço médio da Seleção do Mês seria aquele. Não é assim: aquele preço de fevereiro não tem uma relação direta com o dito acima. Os vinhos de fevereiro, da bodega Coloma, foram mesmo mais caros na origem. Eu sabia, ao comprar esse vinho, que o preço ao associado seria superior à média, mas julguei que valia a pena, já que esses vinhos são pequenas joias da enologia, vinhos de uma originalidade e qualidade pouco comuns. D a r i o T a i b o s ó c i o - d i r e t o r 3 Insta #meumomentosociedadedamesa COMPARTILHE SEU MOMENTO SOCIEDADE DA MESA CONOSCO. Poste no instagram suas fotos que traduzam melhor este momento com a #meumomentosociedadedamesa e marque nosso perfil #sociedadedamesa. As fotos escolhidas por nossa equipe serão publicadas na nossa revista. Participe! 4 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br 156 sociedade da mesa í n d i c e Nem Mais Nem Menos Risoto de Camarão 6 12 16 18 20 22 24 26 Receita 1, 2, 3 Seleção Mensal Panelinhas de Cogumelos Three French 2014, França Seleção Grandes Vinhos Na Cozinha Tem História Panela de Inox Château Lalande D’Auvion 2012, França Artigo Técnico Entrevista Daniel Martins Graduação Alcóolica Variação do Mesmo Prato Sabor Em Moda Hambúrguer Feijão Agenda Na Ponta da Língua Expressões Idiomáticas Ingredientes Maionese Química dos Alimentos Beterraba Comida é Arte Marmitas que Encantam Almanaque Chá Parte 2 Mitos na Xícara Propriedades Incomuns do Café Dica de Quem Sabe Feijão Drinks Harvey Wallbanger Objetos de Desejo Fruteira e Bule Pitada de Tempero Indígenas 28 30 33 33 34 36 37 38 40 42 Um Prato no Tempo Rui Barbosa Programa Saca-Rolha Saca Só Estrogonofe de Camarão Coisa Nossa Brigadeiro Meu Momento Nosso Estoque Dose de Curiosidade 500 Anos de Cachaça Além da Garrafa Próxima Seleção Mensal Ca’ Di Ponte Nero d’Avola 2014, Itália 44 45 46 48 52 53 56 58 59 60 63 5 s e l e ç ã o T e x t o : m e n s a l A l b e r t o P e d r a j o Three French Hens 2014 IGP Pays D’OC Languedoc | França O vinho na França (2013) Superfície de vinhedo: 793.000 hectares Ranking mundial de superfície de vinhedo: 2º Volume de vinho produzido: 42.000.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 3º Dados OIV 2015 6 Languedoc-Rosellón, os vinhos mais mediterrâneos da França. Aqui estamos na bela França, mais especificamente em uma região onde os vinhedos estão voltados para o Mediterrâneo, no Languedoc-Rosellón. Ampla região vitivinícola limitada pela Espanha a Oeste, pelo Mediterrâneo (no Golfo de Leão) e pelas regiões francesas de Provenza-Alpes-Costa Azul, Ródano Alpes, Auvérnia e Midi-Pirineus. Conseguem imaginar o cartão postal? É uma delícia percorrer estas terras durante o verão, descobrindo paisagens de bucólicos vinhedos e pequenos povoados encantadores, onde moradores refletem o estilo “bon vivant”. Perfeito para desfrutar dos prazeres da boa mesa e do vinho junto com os humildes, porém orgulhosos, produtores. A origem deste vasto vinhedo do sul da França perde-se no tempo. Considera-se que nestas terras foram plantados os primeiros vinhedos pelos gregos no século VIII a.C.. Por isso, os gauleses tiveram seu Com um clima excessivamente mediterrâneo, esta primeiro contato com os vinhos do Mediterrâneo há região é uma das mais extensas regiões vitivinícolas muito tempo, pois os gregos faziam comércio com da França. Na diversidade do lugar estão o vinho antes do seu cultivo nesta região. Naquela albergados aproximadamente 40% dos vinhedos época, os celtas do interior ainda não haviam franceses. No passado, como aconteceu em outros chegado ao sul da França, que estava habitado países produtores, como a Espanha ou a Itália, a pelos íberos do norte da Itália e da Espanha, que quantidade da produção brigava com a qualidade também eram conhecedores das virtudes do néctar dos vinhos. Mas nas últimas décadas os vinhos que os gregos trouxeram nas costas. Mas foram os de Languedoc-Rosellón renasceram, graças ao romanos que desenvolveram a produção na região, trabalho de um nutrido grupo de jovens viticultores, chegando inclusive a competir com a potente tanto locais como vindos de outras regiões, que viticultura da Itália na época. vislumbraram uma oportunidade nesta região de diversidade de varietais. Isso, junto com o clima mediterrâneo e um amplo e heterogêneo mosaico de solos, despertou o interesse pelos vinhos desta zona. Esta metamorfose no vinhedo de LanguedocRosellón foi concluída com as superproduções e baixos preços. 7 Até meados dos anos 1970, o sistema produtivo da qualidade/preço ótima e deixar para trás o vinho região estava constituído em torno da produção vendido a granel. Os consumidores de vinho ao de vinhos de mesa, sendo 80% onde se dava redor do mundo têm uma referência diferente, a prioridade aos varietais de alto rendimento, como chave da entrada internacional agora é o varietal e a Aramon, a Carignan e a Cinsault. Em 1970 não tanto a origem. Chegou a hora de demonstrar existiam na região 91.000 bodegas, a maioria sua capacidade e a qualidade de seus vinhos. Hoje de pequeno porte, o que permitia conservar o em dia é uma região das mais dinâmicas da França, caráter artesanal na produção de vinho. No meio e suas condições climatológicas ideais fazem com dos anos 1970, a produção regional alcançou seu que se trate de vinhedos com a maior proporção na nível mais alto, com 30 milhões de hectolitros. O agricultura biológica do país, chegando a quase 10% campo vitícola era de 43.000 hectares. A região dos vinhedos da região. de Languedoc-Rosellón representava 45% da produção da França, e foi naquele momento que Como dissemos anteriormente, Languedoc-Rosellón a viticultura da região conheceu a prosperidade é pura diversidade, um território onde se cultivam e a modernização. Depois de 1976, a paisagem mais de 30 variedades de uvas diferentes, onde vitícola regional se transformou. A viticultura a tradição não é sinônimo de passado, e sim de do Languedoc, consciente da competição inovação e de respeito para com o “terroir”. Para os mundial, propulsionou e acelerou a reconversão habitantes do lugar, tudo provém da terra e tudo qualitativa do Languedoc-Rosellón. Apostaram volta para a terra, por isso os viticultores cultuam na reestruturação do vinhedo com o principal seus vinhedos como se estes fossem uma religião. objetivo de produzir vinhos com uma relação de Esta região é reconhecida pelos mais prestigiosos 8 críticos internacionais, que pronunciam frases contundentes sobre seu potencial, como a definição de Robert Parker: “el Languedoc-Rosellón é o novo “El Dorado” dos vinhos do Mundo”. Portanto, vamos lá. Domaine Boutinot Fundada em 1980 por Paul Boutinot, a empresa passou de um pequeno importador de vinhos a produtora de vinho mundial em quatro continentes, com os seus próprios vinhos e bodegas na França e na África do Sul. Desde sua origem, Paul Boutinot sempre embasou seu sucesso no França, com suas inúmeras variedades de uvas e conhecimento profundo das regiões vitivinícolas mosaicos de “terroirs” excepcionais, seus enólogos, mais interessantes da França, sendo pioneiro no sem dúvida, têm um número sem igual de descobrimento e na projeção de regiões como a que oportunidades para mostrar ao mundo a generosa estamos apresentando hoje. Mesmo que, hoje em diversidade dos vinhos franceses. dia, Boutinot comercialize vinhos de todo o mundo, o vinho francês manteve-se como referência no seu O enólogo responsável pelo vinho selecionado portfólio. Um claro objetivo, peça imprescindível neste mês para nosso clube, é Guillaume Létang. na filosofia de Domaine, é a criação de vínculos e Com mais de 15 anos de experiência na elaboração relações duradouras com os viticultores das regiões do vinho na Borgonha e Alsácia, encontrou nos vitivinícolas onde são elaborados seus vinhos. cálidos vinhedos de Languedoc o seu lar. Minucioso Sua filosofia de empresa é simples: apresentar no seu trabalho, supervisa o processo de elaboração vinhos com verdadeira representação e expressão do vinho desde o vinhedo até a garrafa com a do “terroir”, sem esquecer o que para eles é precisão de um cirurgião, tal como poderemos fundamental: a lembrança frutada nos vinhos. apreciar neste maravilhoso “coupage” de Merlot Trabalhando através de diversas regiões da e Mourvédre. 9 10 selecionado p o r f i c h a D a r i o T a i b o t é c n i c a Three French Hens 2014 País: França Região: Languedoc Indicação Geográfica: IGP Pays D’OC Uvas: 60% Merlot + 40 % Mourvédre (Monastrell) Crianza: sem crianza em barril Álcool: 13,5% vol. Produtor: Domaine Boutinot O curioso nome deste vinho está inspirado nas galinhas clarificação, a fim de ser engarrafado rapidamente e, assim, de um vizinho próximo à bodega. Pela manhã, as galinhas poder preservar toda essa fruta que foi tão cuidadosamente eram soltas pelos vinhedos para procurar insetos na extraída durante a fermentação. terra, e voltavam ao entardecer para botar ovos no curral. A cata: vermelho-cereja com notável lágrima. Após agitar Idílico cartão postal representado no rótulo desta seleção, ligeiramente a taça, as notas de intensa fruta vermelha as galinhas andam livres pelos campos e vinhedos que o e madura são protagonistas. Logo descobrimos toques enólogo da bodega, Guillaume, percorre dia a dia. Essa é a balsâmicos e especiarias leves junto com notas de ameixa imagem pitoresca que inspirou a criação do rótulo. e pêssego. Na boca, apresenta-se como um vinho redondo Guillaume, como as galinhas do vizinho, anda pelos e maduro, e novamente a fruta é protagonista. Seu passo vinhedos e fala com os seus viticultores, supervisiona a longo e amplo o faz muito agradável. uva e seleciona somente as parcelas onde o Merlot e o Harmonização: o estilo suave e doce deste vinho é ideal Mourvédre adquirem uma maturidade ótima. O objetivo para acompanhar todos os tipos de carne na brasa, como o é elaborar um vinho fácil de beber, porém com caráter, churrasco de picanha. Mas pratos de colher, legumes ou sopas onde a fruta é a verdadeira protagonista. também acompanharão bem este fantástico vinho tinto. O vinho: passados os controles no campo, a uva é Serviço: sua temperatura de consumo ideal está em torno vindimada manualmente e transportada para a bodega, dos 14 a 15ºC. Não é necessária decantação nem abertura onde é fermentada em depósitos de aço inoxidável. prévia ao consumo. As uvas fermentam a temperaturas mais baixas que o Guarda: recomenda-se beber este vinho dentro dos habitual (aproximadamente 22ºC) com o fim de preservar próximos 2 anos (2016 – 2018), já que nestes vinhos os caracteres frutais primários de cada uma das varietais. tão frutados sem crianza, os aromas primários de fruta Foi remontado duas vezes por dia para extrair a cor e progressivamente evoluem para um perfil mais neutro, taninos suaves, buscando preservar o caráter varietal. perdendo a riqueza de aromas que atinge atualmente. Finalizando a fermentação alcóolica e malolática, Apresentamos a vocês o Three French Hens 2014. Uma Guillaume procedeu com a mistura meticulosa de cada estupenda coupage de Merlot e Mourvédre, em perfeita varietal, buscando a proporção exata que permita obter combinação de ambos os varietais, que surpreende pela um vinho de estilo acessível e frutado. O vinho não integração, doçura e equilíbrio. Um vinho denso e, ao passa por barril de carvalho, para assim preservar 100% mesmo tempo, suave e muito expressivo. Proponha-se seu caráter varietal. Após a unificação, mantém-se o a desfrutar desse vinho delicioso e frutado, no qual o vinho durante algumas semanas para sua integração e enólogo, de forma surpreendente, soube captar e conservar os sabores vibrantes de frutas vermelhas em suas uvas. 11 s e l e ç ã o T e x t o : g r a n d e s A l b e r t o v i n h o s P e d r a j o Château Lalande D’Auvion 2012 Cru Bourgeois |Bordeaux Médoc AOC | França O vinho na França (2013) Superfície de vinhedo: 793.000 hectares Ranking mundial de superfície de vinhedo: 2º Volume de vinho produzido: 42.000.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 3º Dados OIV 2015 12 Mas foi a partir da década de 1980 que se produziu um aumento significativo da demanda de vinhos com esta classificação, graças à sua excelente relação qualidade/preço. Este sucesso fez que o coletivo decidisse aumentar o número de catas e realizar uma por ano, e isso foi mantido até 1999. Essa lista não somente foi registrada na Câmera de Comércio e Indústria de Bordeaux, como também nunca foi submetida à aprovação do Ministério e, por isso, Cru Bourgeois serviu de referência informal para uso comercial durante mais de 70 anos, sem aprovação oficial. Falar do Médoc é falar dos vinhos da França com No ano 2000, a administração decidiu ordenar maiúscula. Se no mês passado apresentamos um a classificação e para isso aprovou uma ordem supervinho de Pauillac, coração do Médoc, nesta ministerial, que se encarregou de estipular as Seleção Grandes Vinhos descobriremos outro normas para a organização da classificação “Crus extraordinário exemplo dos vinhos da região, e Bourgeois”. Seu propósito era estabelecer uma nos aprofundaremos um pouco mais na extensa hierarquia de qualidade, que constava de três região de Bordeaux, concretamente em uma de suas categorias: “Crus Bourgeois exceptionnels”; “Crus mais importantes classificações, o “Cru Bourgeois”. Bourgeois Supérieurs” e “Crus Bourgeois”. Evidentemente, nem tudo em Bordeaux é um “Grand Cru Classé”. Por isso, nesta seleção Grandes Após o decreto, realizou-se uma profunda revisão Vinhos, quisemos aprender um pouco mais da outra na classificação iniciada no ano 2000, que foi histórica classificação – os “Cru Bourgeois”. terminada em 2003, reduzindo substancialmente o número de fincas para 247, o que produziu Em 1932 um grupo de produtores de Bordeaux, ampla polêmica. Após vários anos de julgamento, cujos vinhos não foram reconhecidos na ficou determinado que existiam interesses entre classificação de 1855, decidiram unir-se para os diferentes implicados na classificação, e a estabelecer sua própria classificação. A primeira classificação foi anulada pela corte francesa em lista “Cru Bourgeois” foi realizada pela Câmara 2007. Pouco tempo depois, o termo “Cru Bourgeois” de Comércio de Bordeaux e pela Câmara de também foi proibido. Agricultura, em 1932, selecionando 444 fincas para essa classificação. Trinta anos depois, em 1962, criou-se em Pauillac a união dos “Crus Bourgeois”. O propósito desta união foi estudar, defender e dinamizar os interesses dos proprietários e produtores. Organizou-se uma classificação interna em duas ocasiões - 1966 e 1978, com o fim de promover um espírito competitivo dentro das bodegas e fazer a classificação mais dinâmica. 13 O melhor desta classificação é que obriga aos produtores a não relaxar e manterem sempre os seus vinhos em um nível alto. Essa é, precisamente, sua força na diversidade dos vinhos, desde a unidade e a autocrítica. Vinhedos que pertencem à mesma região e com a mesma história, mas cada um capaz de oferecer aos consumidores um produto único, com sua própria personalidade e caráter. É Três anos mais tarde, em 2010, a menção “Cru possível apreciar essa diversidade em diferentes Bourgeois” foi reintroduzida, mas revisada de pontos, desde os vinhedos, passando pelas técnicas maneira significativa. Atualmente consta um de vinificação até a degustação, preço ou reputação único nível, e se concede anualmente, como uma da bodega. marca de qualidade, aos vinhos e não às bodegas. A classificação é estabelecida por um júri formado Atualmente esse coletivo é o maior da região de por profissionais reconhecidos, que devem julgar Bordeaux, que procuram e compartilham para os vinhos de acordo com alguns critérios, entre defender a tradicional classificação “Cru Bourgeois”, os quais se destacam a natureza do “terroir”; as como garantia da qualidade de seus vinhos em um variedades de uva; a maneira de gestão da vinha; a mundo cada vez mais conhecedor do assunto. Como administração e apresentação geral da propriedade; resultado de seus critérios de seleção, atualmente as condições do envasamento; a consistência na desfrutam de reconhecimento internacional, com qualidade do produto; a reputação do vinho e, é grande capacidade para atender às atuais demandas claro, suas qualidades organolépticas. dos consumidores, cada vez mais exigentes e buscando uma perfeita relação de qualidade e valor Hoje em dia, “Cru Bourgeois” é parte importante e final do vinho, o que faz com que sejam acessíveis e imprescindível do patrimônio vinícola de Bordeaux. não tragam surpresas na hora da cata. Sem dúvida, Algumas de suas bodegas já existiam muito antes uma classificação pela qual vale apostar a curto e a da criação da classificação de 1855, e atualmente longo prazo. Por essa razão os selecionamos no mês formam uma grande família de bodegas, que passado, para a Seleção Obras-Primas. E neste mês, reúne vinhedos e “terroirs” muito diferentes. Estão para a Seleção Grandes Vinhos, apresentamos este englobadas oito AOC prestigiosas: Médoc, Haut- vinho que, de maneira ininterrupta, foi classificado Médoc, Listrac-Médoc, Moulis en Médoc, Margaux, entre os anos de 2008 e 2013 como “Cru Bourgeois”. Saint Julien, Pauillac e Saint-Estèphe, o que nos dá uma visão do potencial desta classificação. Qualquer propriedade no Médoc pode apresentar seus vinhos. As listas são publicadas aproximadamente dois anos depois da colheita, por isso a lista de 2008 foi publicada em 2010. Na lista dos vinhos correspondentes à colheita de 2013, somente foram incluídos 267 vinhos, o que nos dá uma clara visão da dureza dessa prova. 14 selecionado p o r f i c h a D a r i o T a i b o t é c n i c a Château Lalande D’Auvion 2012 Cru Bourgeois País: França Região: Bordeaux Indicação Geográfica: Médoc AOC Uvas: 50% Merlot + 50 % Cabernet Sauvignon Crianza: 20% do vinho em barris, 12 meses Álcool: 13% vol. Produtor: Château Lalande D’Auvion Gostamos de apresentar vinhos por trás dos quais Cata: vermelho-cereja de média intensidade, com há pessoas que buscam transmitir a origem dos reflexos arroxeados indicando certa juventude. A mesmos. Pessoas que procuram mostrar, com a primeira impressão no nariz fica marcada pelos elaboração de seus vinhos, o trabalho que há detrás torrados vindos da crianza, aparecendo em seguida do vinhedo, um vinho que reflita o seu “terroir”. aromas florais que lembram as violetas, e notas Christian Bénillan tem orgulho de elaborar o seu leves de especiarias. A boca continua marcada pelo Château Lalande D’Auvion 2012. torrado, unido a uma agradável frescura, com leves O vinho: a uva procede dos dois lotes que Christian notas de frutas vermelhas e taninos muito vivos, cultiva. A primeira sobre solo argiloso-calcário e que irão ganhando suavidade e longitude no vinho. a segunda sobre o cascalho-calcário, o que aporta Harmonização: verduras e cogumelos grelhados ou diferentes matizes aos varietais cultivados. Em uma salada de batatas são perfeitos como entrada. primeiro lugar, realiza-se a vindima mecânica do Logo, como complemento, costelas de porco ou Merlot. Passadas duas semanas, colhe-se o Cabernet cordeiro também grelhados, acompanhados de purê Sauvignon. Os dois varietais são fermentados de batatas ou com arroz, se optarmos pela salada de separadamente em depósitos de aço inoxidável, batatas de entrada. com controle de temperatura e remontados diários Serviço: degustar a uma temperatura compreendida durante 25 dias. Após a fermentação malolática entre os 15 e os 17ºC. Não será necessária sua em depósito, 20% do vinho é criado em barris de decantação no momento. Se for guardado, cada carvalho durante 12 meses (10% novos) e o restante vez mais será necessária sua oxigenação prévia, permanece no depósito. Finalizada a crianza dos portanto, nesse caso, é recomendável oxigená-lo em vinhos procedentes dos barris e do depósito, eles um “decanter” de fundo largo e esperar no mínimo são ensamblados e permanecem em depósito 30 minutos antes do seu consumo. mais alguns meses, até sua completa integração Guarda: este vinho está pronto para ser desfrutado, e clarificação espontânea, para posteriormente mesmo que se note ainda jovem, e com certeza vai proceder-se ao engarrafamento, com uma leve melhorar na garrafa nos próximos anos. Em boas filtragem prévia. condições de conservação, poderá ser consumido, no seu ponto ótimo, durante os próximos seis anos (2016 – 2022). 15 a r t i g o T e x t o : t é c n i c o A l b e r t o P e d r a j o Vinhos com uvas maduras e alta graduação alcoólica No final das vindimas de 2015 no Hemisfério Norte, fomos catando os vinhos recém-produzidos e as sensações foram muito boas. Tratava-se de vinhos não muito frutados, estruturados e com alta graduação, que se apresentavam integrados e traziam aquela ponta de acidez que, unida a uma boa extração de polifenóis, conseguia integrar o álcool sem provocar desequilíbrio. 16 Aparentemente, havia sido uma Normalmente, o consumidor colheita de alta qualidade, mas rejeitava as altas graduações o que chamou a atenção foi a de álcool nos vinhos por maturação fenólica da uva, que não considerá-los elegantes, veio acompanhada de um alto mas sim, medíocres. Esses grau alcoólico e uma alta acidez, vinhos eram provenientes de esta última, inclusive, nada regiões produtoras não muito comum. Como já explicamos reconhecidas. Há pouco tempo, aqui em outras ocasiões, quando não era nada habitual ver um a uva avança na maturação, o vinho de Bordeaux, Borgonha fruto aumenta o seu conteúdo ou Rioja superando os 12,5% em açúcares. Paralelamente vol. Porém, os produtores a isso, a acidez descende de vinho do Novo Mundo progressivamente. Portanto, é ensinaram-nos que nem raro a uva alcançar a maturidade sempre uma alta graduação é com um nível de acidez alto. Isto sinônimo de mediocridade, de me fez refletir sobre o sentido da vinho mal elaborado ou pouco atual tendência do mercado de delicado. A chave é alcançar vinhos com mais álcool. um grau de álcool mais alto, como consequência de uma pode ter influenciado os da extração desses compostos maturidade equilibrada da uva produtores. Também não estarão da pele e do caroço da uva, e da acidez correta. Assim, o equivocados os que disserem que serão a fonte de cor, sabor, equilíbrio e o balanço do vinho que as melhorias na viticultura aromas, corpo e personalidade dependem, principalmente, permitiram vindimas com do vinho. dessa união entre a acidez e a uvas mais sadias e sem riscos graduação alcoólica. de doenças, nem aqueles que O resultado é que, nos últimos anos, muitos consumidores devem ter notado que os vinhos vêm tendo um aumento em sua graduação alcóolica. Hoje em dia é mais fácil encontrar um tinto com 14 graus, do que um com julgarem que os viticultores ficaram mais pacientes. Mas, sem dúvida, acredito firmemente que o principal motivo que nos levou ao incremento no álcool, é o conhecimento do ponto de maturação fenólica da uva. Hoje em dia, o conhecimento sobre os processos de amadurecimento permite-nos entender e nos antecipar ao momento que se produz a tão desejada maturidade fenólica da uva. Os meios tecnológicos utilizados pelas bodegas permitem conhecer o nível exato 12, e isso é uma tendência mais Levamos anos melhorando, de açúcar, a acidez e dezenas de do que evidente em todas as avançando na determinação outros parâmetros que ajudam regiões vitivinícolas. da maturação tecnológica da a decidir o ponto perfeito de uva, mediante um controle maturação. Isso está relacionado quantitativo do açúcar, da acidez, com o aumento de açúcar do peso dos cachos e, inclusive, na uva, sem deixar de lado o do dote polifenólico (taninos, equilíbrio entre acidez e álcool. A que se deve esse fenômeno? São varias as razões. Alguns podem acreditar que as modificações climáticas são responsáveis, por causarem um excesso de maturação nos vinhedos, outros poderão sugerir que o crítico Robert Parker, apaixonado por vinhos concentrados e estruturados, antocianos...), mas a maturação fenólica é um dos passos que mais nos aproxima do ponto perfeito de amadurecimento da fruta. Somamos a isso os parâmetros anteriores, e outros sobre o conhecimento Por último, há uma relação entre os vinhos maduros e os vinhos com maior grau de álcool, porém não é recomendável assumir isso como uma regra, porque alcançar alta graduação alcóolica não é garantia da maturidade correta. 17 v a r i a ç ã o T e x t o : d o P r i s c i l a m e s m o p r a t o U r b a n o Variação do feijão no Brasil Sabe-se que nenhum país do mundo supera o Brasil em produção e consumo de feijão, chegando até a 3,5 milhões de toneladas por ano. experiência sabe o porquê do nome. No Vale do Paraíba, divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, como forma de aproveitar as sobras de A combinação arroz com feijão é considerada para comida, surge o Virado à Paulista. Inspiração da os brasileiros uma confort food – expressão que comida rural, o prato ficou conhecido como comida designa a comida e ao mesmo tempo é ligada à simples, mas com quantidade e variedade o suficiente história cotidiana pessoal, ou seja, emocional, capaz para dar força durante todo o dia de trabalho. Ou de evocar o prazer e bem-estar. seja, feijão refogado e amassado na gordura de porco. No Nordeste, uma das destinações do feijão é o tradicional Baião de dois. Ele e o arroz são cozidos juntamente, e depois é acrescentado o toicinho, a linguiça defumada, a carne-seca e o queijo coalho. Segundo o escritor cearense Gustavo Barroso, em Aos poucos, adiciona-se água e farinha de mandioca ou milho para engrossar o caldo. Na hora de servir, é tradicionalmente acompanhado de couve refogada, fatiada finamente, ovos fritos, banana frita e bisteca de porco ou lombo. seu livro Liceu do Ceará (Editora Getúlio Costa, RJ, Em Minas Gerais, por influência da experiência 1940), essa receita foi criada em seu próprio Estado. gustativa de Dom Pedro, o Virado à Paulista recebeu Já no Rio de Janeiro, entre 1884 a 1905, no restaurante G. Lobo, no centro velho, do feijão derivou-se a Feijoada. Servida como uma refeição completa, era acompanhada de arroz, couve, laranja o nome de Tutu, e, ao mesmo tempo, é servido com pedaços de linguiça frita. O que o distingue de seu ancestral é que o Tutu costuma ser servido com grãos inteiros de feijão e o Virado à Paulista não. fatiada, carnes diversas, farofa e farinha crocante. Enfim, no Brasil encontramos uma diversidade Tal tradição ganhou popularidade mundial até imensa de Phaseolus vulgaris L., nome científico os dias atuais, afinal o prato, de notoriedade do feijão que comemos: preto (feijoada carioca), internacional, é irresistível. mulatinho (feijoada nordestina), de corda (baião de Com influência dos negros africanos escravizados na Bahia, do feijão originou-se o famoso bolinho de Acarajé, cuja receita leva feijão-branco, cebola, sal e, por fim, tudo é fritado no azeite de dendê. Curiosamente, segundo o próprio significado da palavra “acarajé” – bola de fogo em iorubá, essa é uma guarnição servida picante e quem já teve essa 18 dois), fradinho (acarajé), fradão, branco, vermelho, roxinho, verde, rajado, manteiguinha, bolinha, palhacinho, jalo etc. No entanto, o feijão que mais consumimos no Brasil inteiro é o carioca, com grãos de cor creme por fora e rajado na cor marrom claro. Domina 85% do mercado interno, com exceção dos estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, que preferem o feijão preto. Vinhos únicos , de alto prestígio e produtores consagrados. Apresentados por valores excepcionais. s e l e ç ã o o b r a s - p r i m a s Conheça www.sociedadedamesa.com.br/obrasprimas 19 Por aí Canteiro Agenda A g e n d a T e x t o : Saca só - Saca Rolha A m a n d a agenda Dica Saca só - Saca Rolha I v a n o v 7-10 | abril TASTE OF CAPE TOWN PARTICIPANTES PODEM SER CHEFS POR UM DIA NO EVENTO QUE ACONTECE A CÉU ABERTO NA ÁFRICA DO SUL Durante quatro dias, de 7 a 10 de abril, a cidade de Green Point receberá o evento Taste of Cape Town, um dos maiores encontros gastronômicos realizados na África do Sul, onde os participantes podem criar o menu degustação dos sonhos, com o auxílio de chefs de renomados restaurantes da região. O encontro marca o 9º aniversário do evento, que será realizado ao ar livre no estádio Green Point Cricket Club. Os chefs irão apresentar aos participantes mais informações sobre cada prato criado, mostrando os ingredientes sazonais da região em um ambiente descontraído. Haverá também exposição de produtos artesanais, bebidas e vinícolas, com o intuito de ressaltar a variedade e qualidade dos alimentos e bebidas produzidos no país. Química Instagram Entrevista Ingredientes 10-13 | abril VINITALY 50ª EDIÇÃO DA FEIRA DE VINHOS ACONTECE EM VERONA, NA ITÁLIA Realizada desde 1967, a International Wine and Spirit - Vinitaly é um evento que neste ano reunirá diversos produtores de vinhos e destilados entre os dias 10 a 13 de abril, na cidade de Verona, localizada na região de Veneto, na Itália. Essa será a 50ª edição da feira, que tem por objetivo apresentar as novidades de vinhos nacionais e internacionais, com mais de 4 mil expositores, aos participantes, que terão a oportunidade de conhecer novas safras, fazer negócios, além de trocar experiências durante os quatro dias de evento. Os destaques da programação ficam por conta de atividades como degustação de vinhos e destilados, seminários, conferências e fóruns, com assuntos sobre o atual cenário do setor, que contará com a presença de enólogos e sommeliers, entre outros especialistas no assunto. SERVIÇO: SERVIÇO: Taste of Cape Town Vinitaly – Verona, Itália Local: Green Point Cricket Club Local: Veronafiere 1 Fritz Sonnenberg Rd, Green Point, Cape Town, 8051, África Viale del Lavoro, 8, 37135 Verona, Itália do Sul Mais informações: www.vinitaly.com Mais informações: www.tasteofcapetown.com 20 n ú m e r o s T e x t o : n a F á b i o m e s a A n g e l i n i 25-28 | abril ALIMENTARIA 2016 EVENTO INTERNACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS ACONTECE EM BARCELONA Exposição internacional de comida e bebida realizada em Barcelona, na Espanha, a Alimentaria é considerada com uma das pioneiras no segmento e de 25 a 28 de abril, apresenta ao público 13 áreas temáticas, com destaque para carnes e embutidos, produtos lácteos, setor de vinhos e bebidas destiladas, alimentos em geral e comidas O MAIOR MENU DEGUSTAÇÃO DO MUNDO consumidas fora do lar. O menu degustação é tendência na Europa e já A feira, que será realizada no espaço Fira Barcelona, foi absorvido por vários restaurantes brasileiros. reúne profissionais da área e proporciona grande Entre 3 e 4 de setembro de 2015, realizou-se oportunidade para expansão de negócios, contando um evento culinário épico em Londres: o The com a participação de mais de 50 países, com 200 Club, parceria dos foodies ingleses Bompas destaque para a América Latina, Estados Unidos, & Parr com um clube de descontos do Reino Ásia e também países europeus. Unido. Colocando em pratos limpos: 200 opções Uma das atrações mais aguardadas é a The criativas para serem consumidas durante um dia Alimentaria Experience, área destinada à inteiro. No relógio: um prato a cada 7 minutos gastronomia e mixologia, na qual chefs estrelados e 14 segundos. O menu degustação completo de do Guia Michelin, sommeliers e bartenders irão 24 horas custou 2.000 libras, ou cerca de 11.000 apresentar ao público versões de pratos e bebidas reais, mas havia também um ingresso reduzido, de inovadoras dos países de origem dos profissionais, até 100 libras, que dava direito a 20 pratos. Oito com demonstrações culinárias, degustações e chefs londrinos encorparam o projeto, preparando novas tendências, além do destaque para padarias e 10 refeições completas, 20 pratos diferentes cafeterias do setor. e 7 tipos de digestivos para ajudar na odisseia SERVIÇO Alimentaria 2016 gastronômica. Para os corajosos (ou sem juízo), uma impressionante experiência mastigatória non-stop, Local: Fira Barcelona 86.400 segundos de pura musculação facial. Um Av. Joan Carles I, 58 - L’Hospitalet de Llobregat – Barcelona acontecimento épico digno dos maiores banquetes Mais informações: www.alimentaria-bcn.com romanos e dos mais devotos bon vivants. 21 Seleção Mensal A Palavra na N ada Língua p o n t a Ponta T e x t o : F á b i o Objetos de Desejo d a L í n g u a Seleção Grandes Vinhos Receita Seleção Obras Primas Prato do Famoso Na Cozinha Tem História A n g e l i n i NÃO TROQUE ALHOS POR BUGALHOS Drinks Por aí Notícias Agenda Canteiro Saca só - Saca Rolha Dica Saca só - Saca Rolha Química Entrevista Se existe um tema capaz de deixar qualquer redator de barriga cheia, é a expressão idiomática. O dito popular empregado informalmente, o mote espirituoso, metafórico ou metonímico, nascido das regionalidades e assimilado pelo repertório linguístico de uma cultura nacional. 22 Não é preciso tirar leite de pedra, não é o caso de descascar um abacaxi, os exemplos e usos não são café pequeno, não senhor. Existem às pencas e são arroz de festa nas conversas do dia a dia, nos programas televisivos e diálogos de WhatsApp, nos impressos e nas vozes dos rádios e cantores, atores e autores, de teatro, novela e literatura. E, já que o assunto está dando sopa, vamos a ele, sem viajar na maionese. Os fraseologismos, gastronômicos ou não, surgem espontaneamente. Em geral, brotam da população não habituada às normas cultas do idioma. Por isso, uma de suas características é não ter papas na língua, é carregar pitadas irônicas, vulgares ou jocosas, que logo temperam o vocabulário de uma localidade, estado ou nação, e logo alimentam todas as camadas sociais. Na prática, tais manifestações são utilizadas quando se deseja acrescentar à mensagem algo que a linguagem convencional não supre inteiramente. Enriquecem um diálogo, dão força ou sutileza a uma ideia, enfatizam um sentimento ou atenuam o impacto de uma declaração pesada. O brasileiro, em particular, longe de ser um povo sem sal, pira na batatinha com sua criatividade, aliada ao abrangente mundo da culinária, que também proporciona um bom caldo. Óbvio que o mesmo se sucede em outros países, mas a riqueza do idioma português dá uma colher de chá e ajuda a encher o caneco das invencionices. Difícil imaginar como é na Noruega. A diferença deve ser da água para o vinho. Porém, há certos códigos universais, como o “farinha do mesmo saco”. A frase, normalmente usada para acentuar comportamentos ou pessoas reprováveis, vem do latim “homines sunt ejusdem farinae”, que significa “homens da mesma farinha”. A explicação está no processo de se colocar farinha boa e farinha ruim em sacos distintos. Ou seja, os bons andam com os bons, e os maus, com aqueles da sua laia. A sentença virou carne de vaca, talvez até os esquimós e tuaregues a conheçam. Curiosa também é a máxima “dar uma banana”, uma das únicas que é acompanhada gestualmente (e ofensivamente). Espanha, Itália e Portugal servemse só da mímica, enquanto que a alusão à banana é exclusividade nossa. Aliás, vale mencionar que a quantidade de expressões com alimentos é muito maior do que com bebidas. Osso duro de roer. Chorar as pitangas. Resolver um pepino. Comer o pão que o diabo amassou. Pisar no tomate. Falar abobrinha. De fato, legumes, carnes, frutas e vegetais sempre puxam a brasa pra sua sardinha. Bem, caro leitor, no frigir dos ovos, o assunto que parecia uma batata quente foi mamão com açúcar. E para que esta coluna jamais acabe em pizza, posso adiantar que já comecei a botar a mão na massa para o próximo texto. Até lá. 23 I n g r e d i e n t e s T e x t o : F á b i o A n g e l i n i Em 1756, tinha início a Guerra dos Sete Anos. O Rei Luís XVI enviou seu general, o Terceiro Duque de Richelieu, para arrebatar dos ingleses a ilha espanhola de Minorca. O primeiro sítio conquistado pelos franceses foi a capital Mahón (hoje simplesmente Maó), fundada por volta de 200 a.C. por Magon, irmão de Aníbal, o célebre comandante cartaginês. Para festejar a vitória, o chef de Richelieu foi incumbido de preparar um festim – o que não era tarefa das mais fáceis em um cenário de batalha e escassez de alimentos. A intenção dele era usar ovos e nata no molho que seria servido junto com a comida, mas na falta da nata, o criativo cozinheiro decidiu usar azeite e sal, emulsionando o preparado a frio. O resultado foi aclamado por todos os comensais e o creme batizado como mahonnaise, em referência à cidade. Depois, desembarcando na França, tornou-se mayonnaise. Maionese O que nenhum francês ou inglês tinha como maconha, cujo fabricante jura de pés juntos que o prever é que a maionese ganharia projeção tetraidrocanabinol não é ingrediente e que nenhum intercontinental e viria a ser um dos molhos mais cliente vai “viajar na maionese”, embora ele populares e famosos do mundo. Que ostentaria um possivelmente o tenha feito para criar o produto. Se museu em Tóquio, o Mayo Terrace, com direito a isso é coisa de holandês? É sim. workshops e degustações. Que teria uma versão produzida à base de banana verde, a bananese, inventada por um estudante de Engenharia de Alimentos de Goiânia. E que surpreenderia a todos até mesmo com uma maionese sabor de 24 Não que seja incomum o banquete de variações, diferentes do tradicional ovo mais óleo mais limão (ou vinagre) mais sal. Afinal, estamos falando de um condimento de textura e sabor distintos, base No que diz respeito à balança e à saúde, a maionese já foi taxada de inimiga das dietas, especialmente aquela feita em casa, com alto teor calórico. Felizmente, isso mudou e as calorias foram reduzidas à metade com a versão industrializada, e mais ainda com a opção light. Elas têm menor concentração de óleo e ovos e maior de água, ou utilizam amido modificado em vez de ovos, além de trazerem gorduras vegetais benéficas (provenientes da canola, do azeite, do girassol), vitamina E e ômega 3, um forte aliado no combate ao colesterol ruim. Mas não se alarme, porque aquela deliciosa de vários outros molhos, que acompanha e valoriza maionese caseira não precisa ser banida da sua saladas, sanduíches, wraps, massas, carnes e, além vida, apenas ter um consumo controlado – no disso, pode ser aromatizado de infinitas maneiras. máximo, duas colheres de sopa ao dia. Dicas: para Maionese de abacate, de frios, de soja, de vinagrete, agregar mais nutrientes à maionese, acrescente de legumes, de tofu, de creme de leite e por aí vai. alho, orégano, alecrim, salsinha e cebolinha, e Versatilidade à parte, é importante saber que toda cuidado com os pratos, lanches e as porções que maionese precisa de um emulsificante, do elemento a acompanham: talvez sejam eles os verdadeiros que dá liga entre dois líquidos que não se misturam responsáveis pelos quilinhos extras. em condições normais, como a água da gema e o óleo. Na maionese convencional, a lecitina presente na gema faz esse papel, mas há quem utilize goma xantana, leite ou requeijão. “Mas e a tal da Salmonella?”, você lembra. Saiba que a maionese não é tão culpada quanto parece. O vilão da história é o ovo cru, suscetível à presença dessa perigosa bactéria que eventualmente causa Na gastronomia moderna, parece haver uma gastroenterite, febre entérica e até septicemia. Como tendência de usar a maionese para arquitetar ela pode estar tanto na casca quanto na gema, a outras iguarias menos habituais, ou adaptá-la ao recomendação dos nutricionistas é lavar bem os gosto local. No Japão ela é combinada ao wasabi ovos antes e cozinhar bem, sem deixar a gema mole. ou ao chili vermelho para conceber sushis. Sabe Também é mais seguro consumir a maionese em até como se come batatas fritas nos Países Baixos? dois dias. Aqui, ponto para a maionese industrial, que Com uma miscelânea de ketchup e maionese. utiliza ovos pasteurizados e não oferece esse risco. No leste europeu, é corriqueiro mesclá-la ao iogurte, enquanto que a mayonesa – maionese sabor de limão muito peculiar – lota as prateleiras dos supermercados mexicanos. Já na culinária mediterrânea, um prato emblemático é a Bouillabaisse complementada com maionese rouille, Exceto aquela já velha conhecida entre nós e que se autointitula “a verdadeira maionese”, caso acreditemos num certo líder religioso que, numa tradução livre e toda sua, converteu a tradicional marca em “homem do inferno”. que leva açafrão, alho picado, pimenta-do-reino e O pastor brasileiro começou a aprender inglês há requeijão light. pouco tempo. Bem pouco mesmo. 25 a Rolha Almanaque Na Cozinha Tem História Nesta coluna você encontrará fatos e curiosidades sobre a química e composição de alimentos, além de algumas de suas contribuições para o organismo, sempre de forma leve e gostosa, no espírito de enaltecer o viver bem, com prazer e alegria. Química q u í m i c a T e x t o : Entrevista Instagram d o s R e n a t o a l i m e n t o s S o a r e s Ingredientes Beterraba DE SEM GRAÇA ELA NÃO TEM NADA Você faz parte daquele grupo que é fã de beterraba ou “daquele outro grupo”? Isso, aquele mesmo, que a acha “sem sal”, “comida de hospital”, “comida besta”, “sem graça”... Perguntamos, porque há por aí muita implicância injusta com a Beta vulgaris L., até de gente que nunca a experimentou. 26 A beterraba tem muito a oferecer em gosto, textura e versatilidade. Branca ou vermelha, é ótima coadjuvante ou protagonista de saladas, mas não faz feio fora desse ambiente. É gostosa crua, assada, cozida, ralada, em rodelas, com açúcar, com sal. Na sopa, inclusive servida em excelentes restaurantes, a beterraba dá um bom caldo devido ao sabor exótico e apreciado por muitos. Tudo isso sem falar no MAGRINHA E POUCO CALÓRICA, PORÉM VITAMINADA Para quem pensa que a beterraba é calórica, vai o alerta: a que tem mais açúcar é a branca. A vermelha tem bem poucas calorias e uma química de dar inveja a muita verdura e legume por aí. Confira: suco, que, como se dizia antigamente, “é o suco!”. • Vitamina A: faz muito bem para a vista e Polivalente quando o assunto é saúde, ele estimula contribui para uma pele viçosa. o aumento das plaquetas, facilita o vai-e-vem do oxigênio, fortalece os músculos do coração, combate o reumatismo, a artrite, aumenta a resistência e a • Vitamina B1 (tiamina): ajuda a ficar calminho, pois reduz o estresse. imunidade, além de ser um inimigo implacável da • Vitamina B2 (Riboflavina): apesar do “2”, é uma anemia. Ou alguém duvida que aquela cor roxa- vitamina de primeiro escalão! Ajuda na cicatrização escura esconde uma poderosa formadora de glóbulos e contribui para o crescimento. vermelhos? • Vitamina B5 (ácido pantotênico): junto com as BOA ATÉ PARA O CARRO. AO MENOS NA EUROPA E isso é só o começo. A beterraba manda muito bem após as atividades físicas, pois ajuda a reduzir as dores musculares. Também melhora o raciocínio, ajuda na boa digestão e é altamente diurética. Quer mais? O açúcar de beterraba dissolvido em água funciona como calmante e tem benefícios anti-inflamatórios. As “dicas da vovó” (afinal, toda vitaminas A e B1, também atua contra o estresse, o cansaço e deixa a pele mais bonita. • Vitamina C: boa contra gripe e inflamações, aumenta a imunidade. • Vitamina B9 (ácido fólico): a amigona das gestantes, excelente para o desenvolvimento do bebê. • Carotenóides e flavonóides: antioxidantes de primeira linha. avó sempre tem as suas) sobre a beterraba também • Sais minerais: zinco, que é ótimo para o cérebro; não são poucas: machucou o joelho, arranhou as cálcio, bom para os ossos; potássio, que faz bem para pernas? Coloque folha de beterraba, que refresca. o coração; fósforo, que preserva a memória; ferro As crianças estão com tosse? Corte rodelas finas, para o desenvolvimento, e manganês, que combate coloque numa tijela e deixe no sereno a noite toda. os radicais livres. De manhã, é só escorrer o xarope que se formou e Se com tudo isso, ainda tem alguém aí achando dar pra criançada. Só não é um santo remédio porque a beterraba sem graça, propomos um exercício: santo não combina com o “vulgaris” do sobrenome. feche os olhos e imagine uma colorida salada, com E como se não bastasse, a leguminosa descoberta pelos antigos romanos também funciona como combustível alternativo na Europa, como elemento usado na preparação do etanol. generosas rodelas de beterraba em volta. Vermelhas, vistosas... Estimulam o apetite, não? Dá até para dizer que aquele sofisticado tom entre arroxeado e bordô é sexy. E sem ser vulgar, apesar do nome. 27 eção Obras Primas olha Almanaque Na Cozinha Tem História n a c o z i n h a T e x t o : F á b i o t e m h i s t ó r i a A n g e l i n i PANELA DE INOX Química Entrevista Instagram Ingredientes Foi o fogo que tornou as caças mais esquisitas, palatáveis. Os primeiros receptáculos para cozinhar em fogo direto eram peles e estômagos de animais, imunes à temperatura. Há esquimós que ainda preferem o processo, acredita? Cascos de tartarugas e moluscos também fizeram as vezes de panela. Há 15 mil anos, vieram os potes de cerâmica. Os protótipos das panelas atuais surgem 5 mil anos atrás, caldeirões enormes de pedra (e depois de cobre e bronze), impossíveis de transportar durante a mudança das tribos. Naturalmente, a inovação A pista arqueológica mais antiga de uma fogueira data de mais ou menos 800 mil anos. Os nossos antepassados foram iluminados com o lampejo da faísca e aprenderam a produzir o fogo. Sem o qual não haveria calor e vida, foguetes e receitas flambadas. E nem panelas. 28 seguinte veio com os recipientes portáteis, na Mesopotâmia, Grécia e em Roma. O caldeirão de ideias ficou vazio até o século XVII, quando entram em cena novas frigideiras, chaleiras e panelas. No século XVIII, foi a vez das panelas de ferro ou cobre revestidas de estanho, e as de ferro qualidades são únicas: alta resistência à corrosão fundido esmaltadas, que não diferem tanto das e temperaturas elevadas, facilidade de limpeza e francesas Le Creuset de hoje. Mas os consumidores moldagem, baixo custo de manutenção. É inerte e ansiavam por utensílios menos pesados. O 100% reciclável. desenvolvimento da metalurgia trouxe o alumínio em 1890, substituindo o ferro fundido na fabricação de panelas. E o alumínio ainda é o elemento mais empregado, pela sua leveza, preço e condutividade térmica homogênea, que cozinha tudo por igual. Ponto negativo: certos alimentos causam maior liberação de alumínio. A vida da panela de aço inoxidável, porém, não foi fácil até recentemente: acontece que o inox concentra calor onde a chama toca (não é bom condutor), exigindo atenção para não deixar queimar a comida. A intensa curiosidade culinária, a evolução das técnicas gastronômicas e os novos tipos de fogão ajudaram neste ponto, gerando mais pesquisas. Uma série de experimentos com ligas metálicas Apareceram outros materiais e soluções para ao longo de quase cem anos, liderados por muitos incrementar a performance do utensílio e resolver o cientistas, países e fins distintos, culminou com problema. Foi assim que a panela de inox ganhou um a invenção do aço inoxidável, no início do século fundo termodifusor recheado de alumínio. Adeus, XX. O inox é uma liga de ferro com cromo (que alimentos grudados e arroz carbonizado. confere a propriedade antiferrugem) e níquel (que acrescenta durabilidade e barra o calor). Pode apresentar pequenos traços de manganês, molibdênio, cobre e titânio. O inox não descasca, não escurece, não altera sabor, aroma ou cor de alimentos e bebidas. É realmente o material mais nobre e talhado para as transformações físico-químicas que tanto Desde então, o inox participa ativamente de apreciamos. Logicamente, quem pilota deve saber incontáveis avanços tecnológicos da humanidade, o que está fazendo. Óleos e frituras, por exemplo, desde um simples garfo até uma nave espacial. Suas costumam dar um baile mesmo nos profissionais. Parece que a panela de inox, pela sua robustez, é também a mais requisitada nas manifestações que ficaram conhecidas como panelaços. 29 Daniel 30 Drinks Notícias Por aí Agenda Canteiro Saca só - Saca Rolha Dica Química Saca só - Saca Rolha Entrevista E n t r e v i s t a T e x t o : F o t o s : A m a n d a K e i n y I v a n o v A n d r a d e O jovem chef de cozinha paulistano Daniel Martins, apesar de ter apenas 28 anos, acumula boas experiências vivenciadas no Brasil e na Europa. Iniciou sua carreira no Arola 23, ao lado do chef Sergi Arola, enquanto ainda estava na faculdade. Em busca de mais conhecimento, partiu para a Europa e teve a oportunidade de trabalhar em renomados restaurantes, como o italiano Il Piastrino, estrelado pelo Guia Michelin, e o suíço Kunsthof. Martins Ao voltar para o Brasil, assumiu a cozinha do Bardega, wine bar no Itaim Bibi, onde é responsável pela criação dos pratos e pelo controle de qualidade, colocando em prática o conhecimento adquirido na Europa, nas criações da charcuteria e da cozinha variada, valorizando os pequenos produtores. Sobre voltar a trabalhar na Europa ou abrir seu próprio restaurante, o chef afirma: “Tenho vontade de retornar para buscar novos ingredientes e aprender mais, mas não tenho vontade de ficar. O meu lugar é aqui mesmo. Por enquanto não penso em abrir um restaurante próprio. O meu negócio é o fogão”. 31 I olha Química Instagram Entrevista Ingredientes E n t r e v i s t a Como se tornou chef de cozinha? Quando criança passava grande parte de meu tempo fora da escola, na cozinha junto de minha avó. Foi assim que tomei gosto e me apaixonei pelas panelas e pela profissão de cozinheiro. Mais tarde fui para a Europa à procura de novidades, de conhecer novos ingredientes e estilos de trabalho diferentes. Foi difícil pela distância da família e amigos. Hoje chefio a cozinha do Bardega, atuando no desenvolvimento de cardápios e no controle de qualidade. Graças a Deus, adoro e não fujo de um fogão. Qual é o seu método de trabalho? Procuro trabalhar utilizando as técnicas precisas que aprendi fora com ingredientes artesanais de Você também tem uma linguiçaria, não é? Juntamente com o sócio Pedro Bichir, começamos um trabalho diferente de linguiças frescais. Estávamos cansados da mesmice e de sermos enrolados com subprodutos carregados de aditivos químicos e corantes. A nossa proposta é de produzir boa linguiça, saborosa e saudável. pequenos produtores brasileiros. Aqui preparamos O que você vê de positivo e negativo nos alguns itens da charcutaria clássica, como o bacon, ingredientes nacionais? pastrami, presunto de pato e alguns outros curados. Essa ideia veio da paixão que os cozinheiros da casa têm por esses produtos e suas técnicas. O que mais me encanta nos ingredientes brasileiros é a originalidade e a diversidade. Aborreceme a falta de compromisso com o padrão de qualidade de alguns fornecedores, mas acredito que, com o crescente contato com a gastronomia e hospitalidade de outros países, o consumidor brasileiro fica cada vez mais crítico e exigente com a nossa própria cozinha. Isso nos ajudará a continuar desenvolvendo nossos produtos e a qualidade do serviço brasileiro. Qual é a sua comida preferida? E bebida? Gosto extremamente de ostras frescas e de boa cerveja. 32 HAMBÚRGUER DE FALAFEL? TEM SIM s a b o r T e x t o : e m F á b i o m o d a A n g e l i n i Quando os tártaros começaram a moer carnes duras para facilitar seu cozimento e consumo, não imaginavam que um dia a invenção ficaria tão sofisticada. Os hambúrgueres gourmet hoje empilham-se pelo mundo. Primeiro nos E.U.A., é claro, para onde o produto migrou em 1880 e virou comida icônica. Ali, a rede Shake Shack é símbolo dessa nova era do hambúrguer, com suas carnes nobres. O que era coisa de fast food (ou junk food, como preferem alguns), tornou-se um item disputado por gourmets de plantão, vegetarianos e gente comum que se alimenta fora. No pacote, não vieram só carnes de melhor qualidade, como a Angus. Graças à versatilidade do sanduíche, o hambúrguer ganhou ainda ingredientes inusitados, rebuscados, saudáveis. Cogumelos. Queijo de cabra. Mandioquinha. Foie Gras. Quinoa. Carne de avestruz. Trufas. Pães e molhos especiais. É o industrializado dando lugar ao caseiro, com menos gordura, sal e proteína animal, sem perder o sabor do lanche perfeito. Pelo contrário, o prazer parece ter aumentado, assim como as hamburguerias artesanais. Coloque a mão na sua, deve ter uma aí na esquina. C O M I D A Tex t o : É F á b i o A R T E A n g e l i n i AS MARMITAS QUE ENCANTAM A história vem desde o século V, quando os japoneses que saíam para cultivar, caçar e pescar, começaram a levar suas refeições portáteis a tiracolo. Ora, a criatividade e a estética, tão tradicionais na cultura culinária do país, também se manifestaram nas marmitas individuais compartimentalizadas – chamadas de “obento” ou “bento” (lê-se bentô). Assim nasceu a Bento Art. O objetivo é montar uma refeição que tenha tanto apelo ao olhar quanto ao paladar. O preparo do bento é considerado talento essencial para a dona de casa oriental, que deve elaborar uma lancheira escolar estimulante para os filhos. Ingredientes saudáveis e selecionados formam cenários e imagens, transformando o alimento em arte e atraindo muitos artistas da ilustração e animação. Hello Kitty, personagens da Disney e do Star Wars, mapas, zumbis, Lego, Garfield, mangás, monstros, os temas e motivos gráficos se multiplicaram. Inclusive entre os adultos, que também carregam as suas belas quentinhas para o trabalho diariamente, ou as compram em lojas de rua. 33 ória Almanaque a l m a n a q u e T e x t o : Instagram Ingredientes P a u l o S a m á Chá parte 2 Dos portugueses ao Chá das Cinco Depois das folias de Carnaval no Almanaque passado, bem que merecemos um chazinho. Portanto, voltamos a ele, acompanhando sua trajetória pela Europa, num autêntico show de peripécias. Credita-se o início da difusão do chá no continente aos portugueses, que traziam a bebida do Oriente. Mas Portugal fez a fama e a Holanda deitou na cama, levando à Europa a primeira carga - oficial, leia-se - de chá importado da China. Da Holanda, a bebida chegou à Europa Ocidental e também à América, onde New Amsterdam - hoje Nova Iorque foi a primeira a adotá-la. E FINALMENTE... A INGLATERRA No século XVII, Portugal, temendo uma invasão espanhola, fez um acordo com a Inglaterra em troca de proteção. Além de um polpudo pagamento em moedas de ouro, a princesa portuguesa Catarina, da Casa de Bragança, entrou na dança como parte 34 do pagamento, casando com o rei Carlos II. A moça era fã de carteirinha do chá, mas ao chegar à Ilha Britânica, foi recebida pela realeza com uma caneca de cerveja. Indignação total. Com o passar do tempo e o descontentamento com o marido - Carlos II era um Don Juan incorrigível - Catarina transformou sua predileção em hobby. Logo foram instituídas no sisudo reino as Tea Parties - festas de chá, tornando a bebida popular na corte e, logo, entre todas as classes sociais inglesas. ENTRA EM CENA ROBERT FORTUNE. ROBERT QUEM? Durante muito tempo, a Inglaterra monopolizou a importação do chá chinês através da Companhia das Índias Orientais, a serviço da Coroa Britânica. maus lençóis. Anna e o empertigado Chá das Cinco Buscando os segredos de cultivo dos chineses para Anna Maria Russel, a sétima duquesa de a autoprodução, os ingleses chamaram Robert Bedford, instituiu definitivamente o Five Fortune, um obscuro botânico que tinha vivido e o’clock tea na Inglaterra. O hábito chegou trabalhado na China e, óbvio, falava o idioma local. aos britânicos com a já citada Catarina de No entanto, quando a China passou a favorecer comerciantes independentes, o país viu-se em Bragança, mas cabe a Anna a autoria legítima. Fortune viria a se tornar o que talvez seja o A nobre senhora não conseguia esperar o primeiro espião industrial da história. Apesar do jantar e se saciava com uma xícara de chá com 1,90m de altura e pele rosada de escocês, o enorme leite e açúcar, acompanhada de salgados. Como britânico conseguiu se passar por chinês por dois chamava as amigas para o lanchinho, servido anos, vestindo roupas nativas, raspando a cabeça em grande estilo com pratarias e porcelanas, o e deixando apenas uma trança. Descobriu o que hábito logo saiu de sua sala de chá, ganhando queria e ainda deu chá de sumiço em 12 mil mudas, a Europa e, mais tarde, outros países. Quando bem debaixo dos narizes chineses. Levou tudo pra tomar um chá bem servido à tarde, agradeça à Índia. E na colônia britânica nasceu um negócio tão Anna. E à Catarina também, por que não? lucrativo, que daria à Inglaterra o status de Terra do Chá. Fortune? Terminou seus dias bem de vida, como botânico e especialista em chás, sem que ninguém suspeitasse de sua vida dupla. Nas próximas edições, a história do chá no Brasil e outras curiosidades. Aguarde. ERRATA A pronúncia “te” para o caracter chinês apresentado no Almanaque da edição de janeiro não é a única utilizada para a palavra “chá”. Ela pertence ao dialeto Min, o quarto mais falado na China. No entanto, no Mandarim, que é o mais popular do país, a pronúncia é bem próxima da nossa. A escrita “chá”, inclusive, é a romanização da palavra a partir da pronúncia em Mandarim. 35 M I T O S T e x t o : N A X Í C A R A E m e r s o n C a s t r o w w w.cl ub ecafe.ne t.b r Propriedades incomuns História e café combinam muito bem em qualquer lugar. Toma-se ouvindo boas histórias e muitas coisas também acontecem em cafés. Nada de mal nisso, mas nem sempre foi assim. Em diferentes épocas e lugares, a bebida aflorou executar o governador. Já em 1656, Koprulu, grão- temores políticos, ideológicos e até questionou-se a vizir do Império Otomano, fechou-as, julgando ação da bebida para a virilidade masculina. Parece nelas vicejarem ideias contrárias ao governo. Os exagero? Bem, pegue sem medo uma boa xícara de desobedientes eram chicoteados; na reincidência, café e acompanhe essas curiosidades. colocados em sacos de couro e atirados ao mar. Por No Oriente Médio, onde tudo começou, homens fim, contentaram-se em recomendar moderação. reuniam-se em casas de café (Kaveh Kanes) para Outra curiosidade se deu na Inglaterra. Mulheres conversar, negociar, ouvir música, jogar xadrez organizaram campanha contra as coffee houses, onde ou gamão – tempos em que o islã permitia essas seus maridos – acreditavam – perdiam força viril diversões em Meca. Em Constantinopla (atual ao beber café. O temor era de que seus maridos se Istambul) a primeira casa (Kiva Han, em 1475) tornassem uma “raça de miseráveis macacos e pigmeus”. gerou outras do gênero, consideradas “escolas”. Mas em 1511 alguns muçulmanos viram no café uma bebida tóxica a ser proibida. O governador de Meca, Khair Beg, tentou banir essas casas, mas um sultão do Egito declarou a bebida sagrada e mandou 36 Hoje as reais propriedades do café estão comprovadas e estamos livres para consumi-lo. Aliás, esse deve ser nosso assunto em breve. Até a próxima xícara... A Palavra na Ponta da Língua Drinks Objetos de Desejo Por aí Receita Prato do Famoso Canteiro d i c a d e T e x t o : Feijão Notícias Agenda uma maneira rápida e gostosa Na Coz Dica q u e m s a b e P r i s c i l a U r b a n o DICAS IMPORTANTES: Como o feijão é mais demorado que Saca só1-- Saca Rolha Saca só - Saca Rolha o arroz, comece a cozinhá-lo antes. 2- Descarte sempre a água em que você deixou o feijão repousar. Há os amantes de arroz e também os que não abrem mão do 3- A panela de pressão é traiçoeira. Ao feijão nas refeições. De todos os leguminosos, é o alimento mais invés de esfriá-la em água corrente, completo em nutrientes. No entanto, para fazer um feijão rápido deixe esfriar naturalmente. É o tempo e gostoso é preciso seguir algumas dicas. ideal para o feijão chegar ao ponto de Comece com a escolha do feijão: limpe as impurezas e separe os “macio”. grãos danificados. Depois, lave os selecionados em pelo menos 4- O segredo do feijão está no tempero. três águas e deixe escorrer. Na hora de cozinhar, a medida de Tempere-o sempre cozido, caso água é sempre o dobro da medida de arroz, pois ele demora mais contrário ele não pegará gosto. O sal para cozinhar. Ou seja, para cada xícara de feijão adicionam- sempre é o ultimo tempero a ir para a se quatro xícaras de água, sem sal. Não é necessário temperar panela. Seja criativo, você pode juntar o feijão durante seu cozimento, pois ele só absorve o tempero ao tempero folha de louro, pedaços depois de cozido. No entanto, para dar um toque especial, de bacon ou tofu defumado (opção adicione uma colher de sopa de colorau, que não tem sabor, mas vegana), salsinha picada, coentro e até deixará seu feijão mais avermelhado, parecido com o das fotos extrato de tomate, para dar um pouco de revistas ou restaurantes. de cor e acidez no seu feijão. Em panela normal, o tempo de cozimento é mais ou menos uma hora, por isso, sugiro usar a panela de pressão, que é mais rápida e econômica, preparando o feijão em 10 a 20 minutos. Além disso, o planeta agradecerá. Mas lembre-se que o grão deve ser deixado de molho na água de um dia para o outro. Se você não 5- Feijão salgado: se o resultado ficou muito salgado, coloque algumas folhas de couve ou duas batatas cruas dentro, para absorver o excesso de sal. se programou no dia anterior, deixe o feijão imerso em água 6- Feijão queimado: transfira a parte quente, durante pelo menos uma hora, antes do cozimento. que não queimou para outra panela, Para temperar, numa frigideira ou panelinha, aqueça o óleo, e frite a cebola e o alho até ficarem bem douradinhos, sempre mexendo. Despeje esse tempero na panela do feijão e, com uma concha, mexa a mistura e amasse um pouco dos grãos para engrossar o caldo. Volte a mexer e adicione sal a gosto. Abaixe o fogo e deixe ferver até o caldo ficar grosso. Pronto: seu feijão já adicione uma cebola inteira, com casca, dentro da panela, e leve para o fogo novamente (sempre destampada). A cebola ajudará a tirar o cheiro e o gosto de queimado. Boa cocção! pode ser servido. 37 A Palavra na Ponta da Língua Objetos de Desejo Drinks Por aí Receita Prato do Famoso Canteiro Dica Almanaque Na Cozinha Tem História Química Instagram Entrevista Ingredientes d r i n k s T e x t o : Notícias R i c k A n s o n Agenda Saca só - Saca Rolha Saca só - Saca Rolha Os verões californianos tiveram como trilha sonora, durante os anos 1950 e 1960, lendas da surf music como Dick Dale, The Shadows e Beach Boys. Na onda de Harvey Wallbanger Famoso por ser um dos poucos surfistas a desafiar os havaianos, o lendário Harvey imortalizou a reinvenção do Screwdriver com um toque sutil de baunilha Contudo, o início dos anos 1970 foram marcados pelo exagero no mais libertário estado do oeste americano. Como a maioria dos coquetéis, onde há sempre muitas perguntas não respondidas e histórias mal contadas sobre sua origem, este não é uma exceção. Duas versões aparecem comicamente no ideário popular da mixologia, uma delas defendida pelo maior historiador desse segmento, o professor e jornalista David Wondrich. O coquetel teria sido criado pelo barman Donato “Duke” Antone, no bar Blackwatch, em Los Angeles, precisamente no ano de 1952. Seria uma homenagem ao surfista Tom Harvey – amante dos screwdrivers (hi-fis), que teria após uma longa bebedeira tentado atravessar uma parede, tamanha a embriaguez. Na verdade, Duke, um apaixonado pelos licores italianos havia dirigido uma escola de mixologia em Hartford, Connecticut, tendo inclusive atuado como mixologista profissional para a corporação que envolvia a Smirnoff naqueles tempos. Outra versão relata que, na mesma Califórnia, havia um surfista chamado “Harvey” – conhecido como um dos poucos a surfar tão bem quanto os havaianos – frequentador assíduo do bar The Office bar, em Newport Beach. Por apreciar muito a mistura de suco de laranja e vodka, mas com um toque de licor de baunilha, tomava notórios porres e certo dia, após perder um campeonato, foi até o bar para 38 uma desforra. Depois de vários drinks preparados pelo bartender Bill Doner, Harvey tentou sair do bar e bateu de cara na parede, pois estava muito embriagado. Surgiu o termo “Wallbanger”, que por sua vez deu origem ao nome do coquetel e toda a lenda. A versão mais aceita é a primeira, visto que Duke foi tri-campeão mundial de coquetelaria e seu neto afirmou que a história da homenagem possui um apelo de marketing parcialmente O HARVEY WALLBANGER inventado pelo seu avô leva 6/10 de suco de laranja, barman. O que importa 3/10 de vodka e 1/10 de é que a ideia de atenuar Galliano – licor de baunilha. a acidez da laranja com Deve ser montado no copo a baunilha é brilhante, highball collins com gelo, sutil e inevitavelmente e decorado com fatias de inebriante. O suficien- laranjas e uma cereja em te para se tornar um conserva com cabo. Trata-se clássico da IBA e no dia 8 de mais um coquetel oficial de novembro pessoas de da IBA. toda a América celebram o National Harvey Wallbanger Day misturando os seus ingredientes em um divertido feriado não-oficial. Cheers! 39 Seleção Mensal Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas Utensílios modernos e inusitados, gadgets interessantes, um vinho raro, ingredientes exóticos... Sim, existem objetos de desejo também na cozinha, dos mais simples aos mais sofisticados, capazes de fazer gastrônomos, chefs, simpatizantes e até curiosos da arte de cozinhar sonharem acordados. Aqui nesta coluna, nossos associados terão a oportunidade de conhecer alguns objetos assim todos os meses. Bem-vindo à wish list da Sociedade da Mesa. a na íngua Objetos de Desejo o b j e t o T e x t o : d e Receita R a f a e l d e s e j o Prato do Famoso Na Cozinha Tem História Almanaque S o u z a FRUTEIRA & rinks A m a n d a Por aí Notícias Agenda I v a n o v Canteiro Dica Química Instagram by Pedro Petry Saca só - Saca Rolha Saca só - Saca Rolha Entrevista Ingredientes Mais do que uma fruteira, um belíssimo objeto de design para a cozinha. Esta fruteira de borda irregular tem a assinatura do reconhecido designer Pedro Petry. Uma peça única (one of a kind) de um artista que tem um método de trabalho curioso e especial. Pedro cria objetos de madeira há mais de 30 anos. E antes que possamos pensar num inveterado destruidor de árvores, é bom sabermos que a postura do artista é diametralmente oposta. A preocupação de Petry com a natureza e o desperdício de material vem de muito antes do assunto virar prioridade mundial. O trabalho de Petry tem uma metodologia toda particular e reflete sua inquietação com o futuro. Ele aproveita madeiras que o mercado entende como defeituosas, muitas vezes descartadas como inúteis para criar sua obras, mantendo rachaduras, buracos e falhas, destacando-as através de costuras com cipós e fazendo do imperfeito algo perfeito, onde as falhas transformam-se em diferenciais de beleza de obras únicas, como esta fruteira, que você confere aqui e no site do próprio artista, onde encontram-se muitas outras obras. Fruteira Borda Irregular tamanho G. Preço: R$ 2.490,00 Onde achar: www.pedropetry.com.br 40 BULE ELÉTRICO PARA CHÁ Preço sugerido: R$ 1500,00 Onde achar: www.tramontina.com.br Para os amantes de chá, a Tramontina disponibiliza o Gourmet Tea, bule elétrico ideal para a bebida, que possui temperatura, tempo e intensidade de infusão variáveis, o que proporciona diferentes possibilidades na hora de se degustar a bebida. O utensílio possui infusor para serem colocadas as ervas dos chás, e funções individuais de acionamento para cada tipo de bebida, como chás verde, preto, branco, infusão de ervas, e com a qualidade da bebida, como forte, médio e suave. Além disso, dá para programar qual bebida será preparada e acionar o botão para manter a temperatura, escolhendo também o tempo de elaboração. Tudo isso pode ser monitorado através do painel de LCD que o equipamento possui. O Gourmet Tea oferece acionamento automático, que inicia a infusão automaticamente em um horário pré-selecionado. Feito de vidro Schott, o bule tem capacidade para 1,5 litros e também funciona como chaleira. 41 Temperos da panela indígena Existe uma máxima na culinária que diz: quem faz a comida é o tempero. Para falar um pouco da história dos condimentos maceradas com farinha de mandioca ou misturadas brasileiros, não posso deixar de citar Câmara com sal. Revelavam-se igualmente acompanhantes Cascudo, historiador que provou empiricamente que indispensáveis para leguminosas e pescados em a tradição de utilizar temperos no Brasil é milenar, ou geral. A mistura de pimenta seca e sal recebia o nome seja, muito anterior à colonização. de ionquet, usado tanto para temperar como também Antes da chegada dos portugueses e negros, para conservação do alimento por vários dias. havia inúmeras tribos que habitavam as terras No Brasil, por ser um território muito extenso, que posteriormente vieram a ser denominadas de tanto com regiões litorâneas como não litorâneas, brasileiras. De acordo com o autor, os índios tinham havia tribos indígenas que não faziam a ingestão conhecimento de técnicas e recursos específicos de sal, e no lugar deste incluíam no alimento outras para a produção dos alimentos, como por exemplo, substâncias salinas, como por exemplo a argila a extração do sal de águas marinhas e utilização (barro). No caso, adicionavam-na à água usada para deste para enaltecer o sabor. As cunhãs eram as cozer, tendo como resultado a mesma característica cozinheiras oficiais das tribos e faziam da pimenta- do sal em aperfeiçoar o sabor. Ou então, se amarela e pimenta-vermelha temperos essenciais utilizavam da queima da madeira para salgar os e indispensáveis para a panela indígena. Eram alimentos, pois o sal das cinzas era uma substância consumidas verdes ou maduras e até mesmo secas, bastante rica em potássio. Outra característica dos 42 P I T A D A T e x t o : D E T E M P E R O P r i s c i l a U r b a n o indígenas era o modo de preparo dos cozidos, de sobre a cozinha brasileira é a famosa Moqueca longa duração de cocção, o que ao mesmo tempo baiana, cujos ingredientes indispensáveis são o peixe dava aos alimentos um sabor peculiar. Esses ficavam fresco, o azeite de dendê, a pimenta-malagueta longas horas em ebulição incessante e as panelas e coentro de pasto. Assim, podemos dizer que a estavam sempre ao fogo. trilogia sal, pimenta e nhambi (coentro) são temperos Já os utensílios utilizados e empregados pela cultura indígena foram os pilões de pau, colheres de pau, cestas e peneiras de tecido ou de taquara, folhas quinhentistas, com mais de 500 anos na culinária brasileira e, ao mesmo tempo, registram a etnia indígena na tradição da panela brasileira. de bananeira, palhas de milho e panelas e potes Na cidade de São Paulo, podemos encontrar alguns moldados no barro. Posteriormente, de acordo com restaurantes que servem pratos com elementos da os registros de outro historiador, Gabriel Soares, culinária indígena, como tucupi, pato no tucupi, havia outro tempero importante utilizado na panela peixe assado na folha de bananeira, tacacá, moqueca indígena, uma erva chamada nhambi, planta com baiana e outros. São alguns deles: Amazônia, Brasil folhas e aroma semelhante ao coentro, sendo a Gosto, Dalva e Dito, Jiquitaia, Maní e D.O.M. Este consumida crua e/ou como tempero de diversos último pertence ao renomado chef de cozinha Alex alimentos. Mais tarde foi descoberta como sendo Atala, que tem estudado a utilização de formigas em uma espécie de coentro, conhecida como coentro seus pratos. As formigas são comumente consumidas de pasto. Um exemplo típico da influência indígena por etnias indígenas da região amazônica. 43 Eugenio Lorainev é Head chef no Buffet Nectar Gastronomia. Como cozinha para grupos de pessoas, tem sempre os números na ponta da língua. n e m T e x t o : m a i s P a u l o n e m m e n o s S a m á Nem mais nem menos. By chef Eugenio Lorainev É melhor sobrar do que faltar? Claro que não. Menos é mais? Nada feito. Bom mesmo é não sobrar nem faltar. O chef Eugenio Lorainev tem as medidas certas para você, que ama cozinhar, receber e servir os amigos e a família, mas não aceita desperdícios. Delicie-se! Nesta primeira coluna, o chef dá os números certos pra você arrasar no fogão, com um risoto de camarão com limão siciliano e banana da terra, acompanhado de abadejo em crosta de frutos secos pra 20 pessoas. Para o risoto, você vai precisar de por volta de 1,8kg de camarão rosa, pouco mais de 2kg de arroz arbóreo, azeite, cebola picada, salsão ou aipo, duas cenouras, uma cebola inteira, banana da terra (óbvio) em cubos, manteiga sem sal, parmesão ralado, suco de limão siciliano e vinho branco. Pra temperar, sal, pimenta-do-reino preta e as raspas do limão siciliano. Já para o peixe, bastam 1,8kg de abadejo, além de nozes, castanha-do-Brasil, castanha-de-caju, damasco e 4 ovos, além de azeite, sal e pimenta-do-reino. Pra sofisticar ainda mais, o chef sugere uma entrada de brie com mel de engenho: 2kg de brie, 1kg de farinha panco, 8 ovos, 2 litros de óleo de canola, meio litro de mel de engenho e 20 flores comestíveis, pra dar aquele toque especial e garantir os aplausos bem antes do prato principal. Quer fazer algo mais íntimo e chamar só 10 pessoas? É só diminuir as quantidades pela metade. Deu água na boca? Prepare logo! 44 r e c e i t a T e x t o : 1 , J o ã o 2 , 3 B e l e z i a w w w. jo ao b e l ez i a .c om .br Panelinhas com Cogumelos INGREDIENTES PREPARO 200g de cogumelos Paris frescos, Em uma frigideira limpos e cortados em quartos com azeite aquecido, 200g de cogumelos Shitake doure o alho e salteie os frescos limpos e fatiados cogumelos. 200g de cogumelos Shimeji Em seguida, acrescente frescos limpos soltos o estragão e o vinho Folhas de estragão fresco branco. Deixe evaporar. 3 dentes de alho fatiados Tempere com sal e Azeite extra virgem pimenta, distribua em 50ml de vinho branco seco panelinhas e sirva. Sal e pimenta-do-reino 45 u m p r a t o T e x t o : F á b i o n o t e m p o A n g e l i n i ARROZ DE HAUÇÁ PARA “O ÁGUIA DE HAIA” Rui Barbosa Invariavelmente, o pequeno homem pulava da palavra fácil e pelo timbre claro, com riqueza de cama entre quatro e cinco da matina. Após lavar o vocabulário, domínio de linguagem e imaginação rosto no quarto de vestir, colocava o roupão sobre expressiva. Por tudo que foi e por tudo que fez – o pijama, e aguardava na biblioteca a hora do café abolicionista, senador, ministro, presidente da ABL, da manhã. Sua mania eram os livros. Então, chá coautor da constituição da Primeira República –, preto com leite e torradas de pão provençal com muitos o consideram o maior brasileiro da história. manteiga, na companhia de Maria Augusta, a esposa, e dos seus jornais. Às sete, já estava pronto para o batente. Rui Barbosa era tão genial à escrivaninha quanto frugal à mesa. O que não significa que não fosse exigente. Apreciava canja, caldo de feijão, Assim era Rui Barbosa, disciplinado, austero, legumes, frango ao molho pardo, moela, fígado, focado, trabalhador. Apesar dos 48 quilos e frutas e, como bom baiano, todos os pratos típicos 1,58 metros de estatura, o jurista, jornalista, – especialmente moqueca de peixe e molho de diplomata, advogado, escritor, político, tradutor e pimenta. Porém, tudo servido à francesa, na sala de orador, possuía grande resistência física, fibra e almoço ou jantar, com uma dúzia de convidados em inteligência. Já aos cinco anos de idade, surpreendia várias ocasiões. seu professor Ibirapitanga, aprendendo a conjugar todos os verbos regulares e fazer análise gramatical em duas semanas. O prato que arrancava suspiros do “Águia de Haia”, no entanto, era o arroz de hauçá. Um arroz quase papa, cozido em água, leite de coco e sal, acrescido Anos mais tarde, seu talento encontrou eco em de carne-seca, cebola, alho, molho de camarão seco um vozerio arrebatador, que se impunha pela e malagueta, tudo regado com azeite de dendê. Era 46 Modo de preparo Arroz Em uma panela, coloque o arroz já cozido e o leite de coco. Deixe cozinhando em fogo baixo, adicione o sal, tampe e reserve. ARROZ DE HAUÇÁ R e c e i t a d o B a r G e n i a l Ingredientes Arroz Carne-Seca Deixe a carne-seca de molho e troque a água pelo menos duas vezes. Cozinhe e desfie. Em seguida, aqueça o azeite e coloque a cebola, deixe murchar e adicione a carne-seca desfiada. Misture bem e também reserve. 4 e 1/2 xícaras de chá de arroz cozido Camarão 1 e 1/2 xícaras de chá de leite de coco Aqueça o azeite e o azeite de dendê, coloque a cebola e deixe Sal a gosto murchar. Adicione o camarão já limpo e o leite de coco. Refogue, Carne-Seca temperando com sal e pimenta. Desligue e fogo e junte o coentro 5 colheres de sopa de azeite bem picadinho. 1 cebola cortada em rodelas finas 350g de carne-seca desfiada Molho de pimenta Camarão No liquidificador, coloque o tomate sem pele e sem semente, 3 colheres de sopa de azeite de dendê o camarão seco e o azeite. Bata bem e reserve. Em uma 1/2 cebola picadinha panela, puxe no azeite de dendê a cebola ralada e o molho do 350g de camarão fresco liquidificador. Misture bem e acrescente o suco de limão e a 1 xícara de chá de leite de coco pimenta dedo-de-moça picadinha. Deixe refogar e adicione a Sal, coentro e pimenta a gosto água fervente. Reduza e reserve. Molho de pimenta 1/2 tomate sem pele e sem semente Montagem 1 colher de sopa de camarão seco e outra de suco de limão Em uma forma com furo no meio (grande), coloque o arroz e 2 colheres de sopa de azeite, de azeite de dendê, de cebola desenforme em um prato. No centro onde está o buraco, coloque ralada e de águaquente os camarões. Em volta do prato a carne-seca desfiada. O molho 1/2 colher de sopa de pimenta dedo-de-moça de pimenta é servido à parte. normalmente feito num avantajado fogão a lenha, e em panelas de cobre brilhante, que conservavam apetitoso. Até o candomblé passou a utilizá-lo como oferenda ritual. melhor o calor. Na apresentação, é bem semelhante Durante um banquete servido em sua homenagem, a um cuscuz, com os ingredientes arrumados em quando disputava a campanha presidencial, diz- torno do anel de arroz. Outro eminente conterrâneo se que Rui Barbosa foi indagado pelos convivas seu também não resistia à iguaria: Jorge Amado. sobre a origem do termo hauçá. Ele, enciclopédia Ela foi trazida para o Brasil entre os séculos XVIII e XIX, pelo povo africano denominado haussá, hauçá ou haúsa, que habitava o norte da Nigéria. A culinária nordestina (principalmente a baiana) ambulante que era, deveria saber, é claro. E explicou que se tratava de uma corruptela de “água e sá”, nascida do linguajar dos negros. Ninguém duvidou, até aplaudiram. incorporou-o ao seu rico repertório, com retoques Talvez não passe de lenda. Mas mesmo os homens que tornaram o arroz de hauçá ainda mais mais brilhantes podem cometer seus deslizes à mesa. 47 Química Por aí ha Dica nda eiro Instagram Aqui nesta coluna, publicamos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia, com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! * Saca só - Saca Rolha Entrevista Ingredientes saca rolha Dica ARGENTINA Saca só - Saca Rolha São Paulo - Capital Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha Canteiro Saca só - Saca Rolha s a c a - r o l h a BÁRBARO São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A, Vila Olímpia (11) 3845-7743 CHE BÁRBARO São Paulo Rua Harmonia, 277, Vila Madalena (11) 2691-7628 ESTAÇÃO LEOPOLDINA SBC Avenida Imperatriz Leopoldina, 420 (11) 2564-7445 011 GASTRONOMIA São Paulo Rua Artur de Azevedo, 613, Pinheiros (11) 3459-4282 CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000, Jardim Europa (11) 2579-1029 CENA SBC SBC Rua Doutor Fláquer, 571, Centro (11) 4123-2799 TÊTE À TÊTE São Paulo Rua Melo Alves, 216, Jardins (11) 3796-0090 VIA CASTELLI São Paulo Rua Martinico Prado, 341, Higienópolis (11) 3662-2999 CALÀ DEL GRAU São Paulo Rua Joaquim Távora, 1.266, Vila Mariana MARIPILI São Paulo Rua Alexandre Dumas, 1.152, Chácara Sto Antônio PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1.660, Ipiranga TORERO VALESE São Paulo Rua Horácio Lafer, 638, Itaim Bibi MUSEO VERONICA São Paulo Rua Tuim, 370, Moema CONTEMPORÂNEA Química Entrevista ESPANHOLA (11) 5549-3210 (11) 5181-4422 (11) 3798-7616 (11) 3168-7917 (11) 5051-2654 FRANCESA FREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1.170, Itaim Bibi (11) 3167-0977 LIMONN São Paulo Rua Manuel Guedes, 545, Jardim Europa (11) 2533-7710 48 In Participe! Indique um restaurante ou faça seus comentários enviando um e-mail para [email protected] ITALIANA ANTONIETTA São Paulo Rua Mato Grosso, 402, Higienópolis BRÁZ TRATTORIA São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, Shop. Cidade Jardim (11) 3198-9435 COSI São Paulo Rua Barão de Tatuí, Santa Cecília (11) 3214-0079 (11) 3826-5088 GRAZIE A DIO! São Paulo Rua Girassol, 67, Vila Madalena (11) 3031-6568 GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346, Pinheiros (11) 3064-3438 LA GRASSA São Paulo Av. Juriti, 32, Moema (11) 3053-9303 NICO São Paulo Rua Costa Aguiar, 1.586, Ipiranga (11) 2068-3000 BOTTEGA PARADISI São Paulo Rua Pirapora, 218, Paraíso (11) 3052-1473 SPADACCINO São Paulo Rua Manuel Guedes, 542, Itaim Bibi (11) 3032-8605 ZEFFIRO São Paulo Rua Frei Caneca, 669, Consolação (11) 3259-0932 Rua Padre Lustosa, 388, Centro (11) 4123-5651 Rua Conselheiro Brotero, 903, Santa Cecília (11) 3664-8313 PORTUGUESA BACALHAU & VINHO VERDE SBC URUGUAIA EL TRANVIA São Paulo VARIADA SACRA ROLHA São Paulo Rua Rio Grande, 304, Vila Mariana (11) 4304-0300 PRAÇA SÃO LOURENÇO São Paulo Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia (11) 3053-9300 Rodovia Brotas-Patrimônio, Km 15 (14) 99121-8040 São Paulo - Interior e Litoral BRASILEIRA BROTAS ZEN BISTRÔ Brotas CONTEMPORÂNEA CEDRO Sto. Ant. do Pinhal Estrada do Pico Agudo, km 5 (12) 3666-1713 ESPAÇO W Ubatuba Av. Marginal, 2.244, Praia Grande (12) 3835-1374 RONCO DO BUGIO Piedade Estrada PDD, 128, Bairro dos Pires (11) 8259-7788 LION Santos Rua Dr. Tolentino Flgueiras, 16, Gonzaga (13) 3284-1893 Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 (12) 3896-5241 São Roque Estrada do Vinho, km 2,5 (11) 4711-3001 EL TRANVIA Campinas 3º piso do Shopping Iguatemi (19) 3294-1345 EL TRANVIA Sorocaba Ala Sul do Shopping Iguatemi Esplanada (15) 3243- 9221 ITALIANA PASTA DEL CAPITANO PORTUGUESA VILA DON PATO URUGUAIA 49 Receita Saca só - Saca Rolha Canteiro CASA COUPÊ Paraty/RJ Praça Monsenhor Hélio Pires, 6, Centro Histórico (24) 3371-6008 DIVINA GULA Maceió/AL Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 (82) 3235-1016 CONTEMPORÂNEA CATANZARO RISTORANTE Curitiba/PR Dica Saca só - Saca Rolha BRASILEIRA Prato do Famoso Outros Estados Av. Sete de Setembro, 4.211, Batel (41) 3340-4000 DEL BARBIERE Porto Alegre/RS Rua Jerônimo Coelho, 188, Centro DIVINO Nova Lima/MG Quinta Avenida, 144 - Loja 6, Vale do Sol MARGARIDA CAFÉ Paraty/RJ Praça Macedo Soares, 1.829, Centro Histórico (24) 3371-2441 ORIGENS Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 5290, Batel (41) 3351-2222 CARMELA CAFÉ & BISTRÔ Curitiba/PR Rua Conselheiro Araújo, 90, loja 02, Centro (41) 3779-3979 TRIO GASTRONOMIA Brasília/DF CLS 213, Bloco A, Loja 27 - Asa Sul - Brasília - DF (61) 3346-2845 (51) 3019-4202 (31) 3541-4272 FRUTOS DO MAR Curitiba/PR Rua Lívio Moreira, 215, São Lourenço ROSSO RESTÔ Florianópolis/SC Rodovia Gilson da Costa Xavier, 201, Centro ARTUSI RISTORANTE Florianópolis/SC Rua Bocaiúva, 2090, Centro DEGLI ANGELI Belo Horizonte/MG Rua Francisco Deslandes, 156, Anchieta DOMENICO Porto Alegre/RS Rua Pe. Chagas, 293/20, Moinhos de Vento PANTUCCI TRATTORIA Curitiba/PR Rua Barão de Guaraúna, 553, Juvevê VILA RICA Belo Horizonte/MG Av. Fleming, 900, Pampulha LA TAMBOUILLE Brasília/DF ITALIANA Química Entrevista PERUANA Park Shopping, Espaço Gourmet, SAI/SO, área 6580, CCCV, loja 249 K1, Guará Na Cozinha Tem História REI DO CAMARÃO (41) 3252-9051 (48) 3206-7665 (48) 3037-2228 (31) 3281-7965 (51) 3389-2731 (41) 3209-3883 (31) 3646-9946 (61) 3047-5925 TAYPÁ Brasília/DF QI 17, Comercial, Bloco G - Fashion Park, Lago Sul DON RALF Goiânia/GO Alameda Couto Magalhães, 685, Setor Pedro Ludovico (62) 3255-6185 Brasília/DF CLS, Quadra 405 sul, Bloco D, Lojas 16-18, Asa Sul (61) 3248-0403 FRANCESA TOUJOURS BISTROT (61) 3242-7067 * O NOSSO PROGRAMA SACA-ROLHA POSSIBILITA QUE VOCÊ, ASSOCIADO, LEVE ATÉ 2 GARRAFAS Almanaq 50 Instagram Ingrediente DE VINHO PARA ACOMPANHAR SUA REFEIÇÃO, SEM A COBRANÇA DE ROLHA. da Drinks Agenda Canteiro Saca só - Saca Rolha Saca só - Saca Rolha Notícias Por aí Dica Saca só - Saca Rolha s a c a - r o l h a saca rolha Saca só - Saca Rolha Duo Cuisine Tipo de culinária: Franco-italiana NOVIDADES NO PROGRAMA SACA-ROLHA Endereço: Rua Desembargador Costa Carvalho, 151 - Batel – Curitiba Telefone: (41) 3244-2574 Horário de funcionamento: terça a sábado, das 19h15 à 0h Capacidade: 80 lugares Site: www.duocuisine.com.br Instagram: Duocuisine L’Entrecôte de Paris Tipo de culinária: Francesa Facebook: Duo Cuisine Wi-fi: sim Vallet: sim Endereço: Rua Marília de Dirceu, 189 - Bairro de Lourdes Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3327-4959 Horário de funcionamento: terça a quinta, das 12 às 15h e das 19 às 23h / sexta, das 12 às 15h e das 19 à 0h / sábado, das 12 às 17h e das 19 à 0h / domingo, das 12 às 18h. Capacidade: 92 lugares Yokohama Tipo de culinária: Japonesa Endereço: Av. Sete de Setembro, 4838 – Batel – Curitiba -PR Telefone: (41) 3042-8228 Horário de funcionamento: segunda a sábado, das 11h30 Instagram: lentrecotedeparisbh às 14h30 e das 18h30 às 23h. Facebook: L’Entrecote de Paris - Belo Horizonte Wi-fi: Sim Vallet: Sim Entrevista Site: www.lentrecotedeparis.com.br Capacidade: 90 lugares Site: www.yokohamarestaurantejapones.com.br Instagram: Não Facebook: yokohama-restaurante-japones Wi-fi : Sim Vallet: estacionamento conveniado 51 E In Neste espaço colocaremos receitas especiais de restaurantes que participam do nosso Programa Saca-Rolha. s a c a - s ó saca só Seja muito bem-vindo e bom apetite Estrogonofe de Camarão R e s t a u r a n t e V i a C a s t e l l i INGREDIENTES: MODO DE PREPARO: Tempo de Preparo: 10 minutos 200g de camarão Em uma frigideira, puxe a (com ingredientes preparados) 2 champignons laminados manteiga e a cebola, e logo em Cebola a gosto seguida coloque os camarões. 1 colher de manteiga Jogue o conhaque para flambar, 1 colher de conhaque acrescente o molho branco e o ½ xícara de chá de creme de leite creme de leite, os champignons, ½ xícara de molho branco a mostarda e o ketchup. Coloque 2 colheres de ketchup sal a gosto, misture tudo e sirva 1 colher de sobremesa de com arroz branco e batata palha. Rendimento: 1 pessoa Grau de dificuldade: fácil mostarda Dijon 52 c o i s a T e x t o : n o s s a A m a n d a I v a n o v Brigadeiro o nosso doce enigma Presente há gerações nas festinhas de aniversário, o brigadeiro é um doce típico da culinária brasileira. Feito com leite condensado, manteiga, leite e chocolate em pó, muitas vezes é servido em bolinhas com cobertura de chocolate granulado, quando a massa é enrolada com as mãos ou na versão de colherada, na qual a massa é servida direto da panela, fazendo a alegria de todos, desde os mais jovens aos mais velhos. Adorado por muitos, o docinho traz consigo um grande enigma: a sua origem. Sabe-se que o leite condensado, base para preparação do doce, chegou ao Brasil em meados do século XIX. Antes, há indícios de que a iguaria era preparada à base de leite e ovos. E o nome brigadeiro também é um enigma na história. Muitos dizem que o doce foi usado para alavancar a popularidade da campanha do brigadeiro Eduardo Gomes em São Paulo, no ano de 1945, que se candidatou para presidente pela União Democrática Nacional, após a queda do então presidente Getúlio Vargas, sendo derrotado por Eurico Gaspar Dutra A palavra que dá nome ao doce remete a uma patente de uma hierarquia militar. O brigadeiro era feito pelas mulheres elitistas e servido em festas para então tentar alavancar a popularidade do militar. Assim, muitos o chamavam a iguaria de “docinho do brigadeiro”, vindo a se tonar apenas “brigadeiro”. Não há indícios que apontem por quem ou quando o doce foi inventado, mas o bom é saber que hoje em dia, além do clássico de chocolate, dá para se deliciar com versões criativas como de limão, morango, abacaxi e até mesmo de nozes e pistache. 53 Sociedade da mesa apresenta: Promoção Um Amigo e u q i d n I Nossa, que taça linda, onde você comprou? Não comprei, eu ganhei da Sociedade da Mesa quando indiquei a Renata para o clube! E ela ganhou também. Sabe aquela promoção “Indique um amigo”? Não, como funciona? Vale o ano inteiro, eles dizem que não é promoção, é regra do clube! Você indica um amigo e se ele se associar ao clube, você ganha um par de taças de cristal e ele também. É super simples. Ah é? Vou dar uma olhada no site. Tenho vários amigos que gostam de vinho. Eles vão gostar do clube e eu das taças! 54 Nossa, que moderninho você é! Eu indiquei pelo telefone mesmo . . . Ainda não me rendi ao mundo digital! fim Como indicar: Envie um e-mail com nome, telefone ou e-mail do seu amigo para [email protected]. Nós entraremos em contato com ele. ou Acesse www.sociedadedamesa.com.br/indique ou Seu amigo pode se cadastrar diretamente: www.sociedadedamesa.com.br/amigo Basta que ele preencha o campo “Quem me indicou foi” com seu nome completo! Promoção válida até 31 de março de 2016 para amigos indicados que se associarem ao clube. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br Siga a Sociedade da Mesa nas redes sociais: Facebook sociedadedamesa I nstagram @sociedadedamesa B l og do Dar io tudoconformeeumesmo.com R e vist a Socie dade da Me sa r e v i s t a . s o c i e d a d e d a m e s a . c o m . b55 r m o m e n t o s Bons vinhos, bons pratos e boas companhias proporcionam momentos especiais, que chamamos de Momentos Sociedade da Mesa. Compartilhe conosco. Seu momento pode ser selecionado e aparecer nesta coluna. meu momento sociedade da mesa helo0110: It’s wine o’clock!! Turquia! Muito bom!! #venha2016 #meumomentosociedadedamesa 56 Regatao: Saboroso espanhol de corte das uvas Garnacha e Syrah com muita personalidade e meros 14% :) #wine #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa Gushimaru: Fechar o final de semana. @patywestin #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa fernanda.graeff: Boa noite sábado #wine #read #agathachristie #saturday #meumomentosociedadedamesa #italian rrcalixto: #meumomentosociedadedamesa #agoranoivos @sociedadedamesa ritapacemenezes: Momentos 2015 !!! Inesquecíveis !!!! confraria das amigas do vinho de Manhuaçu CAVIM #fimdeano #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa #ésabado marciobiazini: A base é esta.... #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa #sp #ig_saopaulo #igersbrasil #winesp #wine #vinhot danielfelipedesouza: #meumomentosociedadedamesa #sitiotudodebom jon4th4ncmitom: #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa raissarmelo: #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa #cincoestrelas #despedidasdeitaquera marlenedeabreupereira: #meumomentosociedadedamesa Compartilhe seu Momento Sociedade da Mesa Conosco. Poste no Instagram suas fotos que traduzem melhor este momento com a #meumomentosociedadedamesa e marque nosso perfil #sociedadedamesa. As fotos escolhidas por nossa equipe serão publicadas aqui na revista. 57 e s t o q u e nosso estoque Seleção Mensal Seleção Grandes Vinhos Seleção Especial Castelvero Le Stelle 2012 Casa Cisca 2012 Itália UVAS: 100% Monastrell Álcool: 15% ESPANHa Uva: 100% Barbera Álcool: 14,5% R$ 295,00 R$ 51,15 Nit Del Foc (Espumante) Partal de Autor 2005 Espanha Uvas: 60% Monastrell, 20% Syrah, 10% Tempranillo, 7% Cabernet Sauvignon e 3% Merlot Álcool: 14,5% Espanha Uvas: 90% Macabeo e 10% Chardonnay Álcool: 13% R$ 61,60 R$ 102,30 Seleção Obras Primas Magnesia 2013 Kalecik Karasi Magnesia 2013 Öküzgözü Turquia Turquia Uva: 100% Kalecik Karasi Álcool: 14% Uva: 100% Öküzgözü Álcool: 13,5% R$ 61,16 R$ 62,48 Principe del Sole 2013 Itália Uvas: 50% Sangiovese e 50% Merlot Álcool: 13% Shot in the Dark 2013 Austrália Uvas: 70% Shiraz e 30% Durif (Petit Sirah) Álcool: 14% R$ 52,03 R$ 63,69 Taste 2014 Chenin Blanc Taste 2013 Shiraz / Cabernet Sauvignon Tetramythos Agiorgitiko 2013 Tetramythos Retsina 2013 África do Sul África do Sul Grécia Grécia Uva: 100% Chenin Blanc Álcool: 12,6% Uvas: 60% Shiraz e 40% Cabernet Sauvignon Álcool: 13,6% Uva: 100% Agiorgitiko Álcool: 13% Uva: 100% Roditis Álcool: 12% R$ 54,89 R$ 54,89 R$ 57,81 R$ 57,90 Vinhos em consignação 58 Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos o vinho para você. Assim, não sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Pedido mínimo de 10 garrafas. D O S E D E C U R I O S I D A D E T e x t o : Faça suas compras por telefone (0800 774 0303) ou site até o último dia do mês, e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. P a u l o S a m á E TOME HISTÓRIA: 500 ANOS DA NOSSA BRANQUINHA Não existe um registro muito preciso sobre o primeiro local a produzir cachaça aqui na Terra Brasilis. Uma das versões, segundo o IBRAC, Instituto Brasileiro da Cachaça, conta que a COLOMA ROSADO 2015 COLOMA SELECCIÓN 2014 ESPANHA ESPANHA que se tem notícia é de 1516, quando se iniciou Uvas: 100% Pinot Noir Álcool: 12,5% Uvas: 100% Garnacha Tintorera Álcool: 14,5% a cultura de cana-de-açúcar na Feitoria de R$ 59,80 R$ 73,80 primeira produção de cachaça brasileira de Itamaracá, em Pernambuco, que mais tarde se tornou a Capitania de Itamaracá. Nossa branquinha tem história, isso ninguém pode negar: cheia de sucesso, foi proibida em Il Brecciolino 2011 – FRANÇA Uvas: 40% Sangiovese, 40% Merlot e 20% Petit Verdot Álcool: 14,5% R$ 231,00 Château Plantey Cru Bourgeois 2012 FRANÇA Uvas: 50% Merlot e 50% Cabernet Sauvignon Álcool: 13% 1635 por Portugal, que temia a concorrência brasileira. Em 1660 foi novamente liberada, porém com impostos altíssimos, e provocou um levante - a Revolta da Cachaça, e em 1661 teve a proibição definitivamente revogada. R$ 250,00 Depois de carregar por um bom tempo a pecha de “bebida de pobre”, em meados dos anos 1990 surgiram as primeiras cachaçarias e cachaças Lidio Carraro Tannat Grande Vindima 2011 BRASIL artesanais, dando novo fôlego à bebida, que tem até um dia só pra ela: 13 de setembro. Uvas: 100% Tannat Álcool: 16% E pra quem é apreciador da “marvada”, a boa R$ 204,60 notícia é que dá para comemorar os 500 anos em mais duas datas. Outras duas versões creditam a origem da nossa pinga à cidade de Porto Seguro, em 1520, e 1532 em São Vicente. Mas cá entre nós, quem gosta mesmo da “cajibrina”, comemora todo dia. 59 além da garrafa SEM FRETE Linha Vacu Vin ADICION AL o até o eu pedid s o a ç a F eba ês e rec m o d ia último d com sua a junto r p m o c sua vinhos* aixa de c a im x pró Conhecida mundialmente após lançar a inédita bomba a vácuo para vinhos, a marca Vacu Vin é presença obrigatória no mundo do vinho e gastronomia. JOGO 12 MARCADORES TAÇAS FESTA TERMÔMETRO DE ENCAIXE SILICONE CORTADOR DE LACRE VACU VIN Preço para associado: Jogo de 2 tampas Preço para associado: Preço para associado: R$ 39,00 Preço para associado: R$ 37,00 R$ 55,00 VACU VIN Bomba a vácuo com 2 tampas. Preço para associado: R$ 21,00 SACA-ROLHA TWISTER PRETO BLISTER Sacar-rolha Modelo Sommelier BICO DOSADOR BICO DOSADOR ABS/TPR p/ vinho para espumante Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 60,00 R$ 28,00 R$ 19,00 R$ 51,00 R$ 52,00 60 *Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. Linha Cristal Linha Cristal TAÇA PORTO TAÇA BORDEAUX Par de taças de cristal 228 ml Par de taças de cristal 180 ml Par de taças de cristal 660 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 52,00 (o par) R$ 63,00 (o par) R$ 50,00 (o par) TAÇA BORGONHA TAÇA DEGUSTAÇÃO DECANTER BOHEMIA Par de taças de cristal 500 ml Par de taças de cristal 255 ml 1500 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 50,00 (o par) R$ 58,00 (o par) R$ 65,00 Linha bolsas TAÇA DE ESPUMANTE Faça suas compras por telefone ou site até o último dia do mês e receba juntamente com sua próxima caixa Bolsa “SEIS” Bolsa “TRÊS” De lona, modelo engradado, para até 6 garrafas. De lona, com detalhes em couro, para até 3 garrafas. Preço para associado: Preço para associado: R$ 84,00 R$ 120,00 de vinhos. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br sociedade da mesa c l u b e d e v i n h o s 61 CONHEÇA O BLOG DO DARIO. Acesse o blog para ler e consultar mais de uma centena de artigos técnicos sobre v inho e histór ias ou reflex õ es escr itas por Dar io Taibo - fundador da Sociedade da Mesa e responsável pela seleção dos v inhos apresentados no clube. Tudo conforme ele mesmo ( ou quase. . . ex iste um pequeno filtro da área j ur ídica no caso das frases mais polêmicas e políticas ) . WW W.T UDOCONFOR MEEUMES MO.COM Para artigos técnicos digite a # atsm no campo de busca ou procure pelo tema que dese j a saber mais, como por exemplo “ D ióx ido de enxofre ” ou “ Rolha de cortiça ” 62 Abril próxima seleção mensal Faz tempo que venho procurando um vinho da Sicília para nós, mas não encontro. Nenhum me convence. Cheguei Mas na última feira de Dusseldorf topei com este. Não saberia dizer se é representativo dos vinhos sicilianos e, em princípio, diria que não, já que os supera. Mas ser um excelente Nero q u e selecionei p o r p o r D a r i o T a i b o Ca’ Di Ponti Nero d’Avola 2014 Terre Siciliana IGT | Itália A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo. Praias bonitas, País: Itália Região: Sicília paisagens espetaculares e uma arquitetura muito interessante, fruto da mistura de civilizações que habitaram a ilha e da hospitalidade de seu povo. Tudo isso Uvas: 100% Nero d’Avola Crianza: Sem crianza em barril Álcool: 14% vol. a faz um destino atraente para todo viajante. E se além de tudo isso, conhecermos sua gastronomia e vinhos, nossa viagem irá se converter em algo único e difícil de repetir. Produtor: Adria Vini Entraremos na Sicília de mãos dadas com seus vinhos, indiscutível Nero d’Avola, nesta Seleção Mensal, onde Valor para associado: R$ 66,00 apresentaremos o delicioso Ca’ Di Ponti Nero d’Avola Valor aproximado de mercado: R$ 80,00 A Nero d’Avola é a variedade tinta mais representativa 2014, elaborado pela bodega Adria Vini. do vinhedo siciliano e a mais conhecida no mundo, além de ser dominante na ilha. Sem dúvida esta varietal é a referência da enologia siciliana, com a qual, na atualidade, elaboram-se alguns dos vinhos mais interessantes da Europa. Preparem-se para conhecer um pouco mais sobre essa maravilhosa ilha e sobre vinhos cheios de tradição e história, através da Seleção Mensal Ca’ Di Ponti Nero d’Avola 2014. Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês de abril, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão até o último dia deste mês de março. Pedidos sujeitos à 63 Se você é um ENÓFILO já com sólido conhecimento de vinhos, com certeza procura experiências novas, que não se encontram no Brasil. Nós gostamos de trazer essas novidades. As últimas vieram da Bulgária, Romênia e Geórgia, entre outras. Se você é INICIANTE, encontrará em nossas seleções uma experiência variada de sabores e informações. Se você é econômico, logo perceberá que nossos preços estão entre 50% e 20% abaixo do mercado e que a relação qualidade-preço dos nossos vinhos é imbatível. Já se você é PREGUIÇOSO, entregamos sua caixa de vinhos na sua casa todo mês. Se você é INDECISO e não consegue escolher entre tantos rótulos, nós fazemos isso por você: provamos mais de 2 mil rótulos por ano para selecionar os 22 que apresentamos em nossas seleções. Para os FAMINTOS por conhecimento, a revista da Sociedade da Mesa traz um conteúdo extenso sobre o mundo do vinho e da gastronomia como um todo. Para os LIVRES, na Sociedade da Mesa não existe obrigatoriedade de compra, você pode suspender o envio de sua seleção sempre que desejar e você não paga para se associar ao clube. Se você é um AMANTE DA GASTRONOMIA, além da revista com conteúdo gastronômico, temos o Programa Saca-Rolha, lista de restaurantes onde os associados não pagam rolha. Para aqueles que estão sempre procurando BENEFÍCIOS EXCLUSIVOS, temos viagens enogastronômicas, workshops de vinhos, loja de acessórios com preços especiais e descontos em parceiros, todos exclusivos para associados. Por fim, o mais importante: se você busca o PRAZER, nossa missão é proporcionar uma experiência única, prazerosa e de alta qualidade, todos os meses, para cada um dos nossos associados. 64 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br