SUPORTE DA FASE LÚTEA PARA CICLOS DE REPRODUÇÃO

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SUPORTE DA FASE LÚTEA PARA CICLOS DE REPRODUÇÃO
SUPORTE DA FASE LÚTEA PARA CICLOS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
Michelle van der Linden, Karen Buckingham, Cindy Farquhar, Jan AM Kremer, Mostafa Metwally
Resumo
Introdução
A Progesterona prepara o endométrio para a gravidez estimulando a proliferação em resposta à
gonadotrofina coriônica humana (GCh), que é produzido pelo corpo lúteo. Isso ocorre na fase lútea do
ciclo menstrual. Em técnicas de reprodução assistida (TRA) a progesterona ou GCh, ou ambos, são
baixos e o processo natural é insuficiente, então a fase lútea é apoiada tanto com progesterona, GCh
ou hormônio liberador de gonadotropina (HRGn). Suporte da fase lútea melhora a taxa de implantação
e, assim, as taxas de gravidez, mas o método ideal ainda é incerto. Esta é uma atualização de uma
Revisão Cochrane publicada em 2004 (Daya 2004).
Objetivos
Determinar a eficácia relativa e segurança dos métodos de suporte da fase lútea em mulheres
subférteis submetidas a tecnologia de reprodução assistida.
Métodos
Estratégia de busca
A busca foi realizada no grupo de registros especializados Cochrane de Transtorno Menstrual e
Subfertilidade, Registro de Ensaios Clínicos Cochrane Central (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE,
PsycINFO, CINAHL, base de dados de resumos de revisões de efeitos (DARE), LILACS, resumos no
ISI Web of Knowledge, OpenSigle (literatura cinzenta da Europa), e ensaios clínicos registrados online
em andamento. A busca final foi em fevereiro de 2011.
Critérios de seleção
Ensaios clínicos randomizados de suporte da fase lútea em TRA investigando progesterona, a
suplementação de fertilização in vitro (FIV) de GCh ou agonista de HRGn ou ciclos de injeção
intracitoplasmática de espermatozóides (CIIE). Ensaios quasi-randomizados e ensaios utilizando
transferências congeladas ou ciclos de ovócitos de doadores foram excluídos.
Coleta de dados e análise
Os dados foram extraídos por mulheres e três autores independentes avaliaram os riscos de viéses.
Entrou em contato com os autores quando os dados foram omissos ou o risco de viés não foi claro. Os
dados foram comparados em seis condições. Foi calculado o Peto razão de chance (Peto RC) para
cada comparação.
Resultados principais
Sessenta e nove estudos com um total de 16.327 mulheres foram incluídos. A maioria dos estudos
foram avaliados como tendo risco de viés incerto, foi interpretado como alto risco de viés. Por causa do
grande número de diferentes comparações, o número médio de estudos incluídos em uma única
comparação foi de apenas 1,5 para nascidos vivos e 6,1 para gravidez clínica.
Cinco estudos (746 mulheres) compararam GCh versus placebo ou nenhum tratamento. Não houve
evidência de diferença entre o tratamento GCh e placebo ou nenhum, exceto para a gravidez em curso:
Peto RC 1,75 (IC 95% 1,09-2,81), sugerindo um benefício do GCh. Houve risco significativamente
maior de síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO) quando GCh foi usado (Peto RC 3,62, IC 95%
1,85-7,06).
Houve oito estudos (875 mulheres) na segunda comparação, progesterona versus placebo ou nenhum
tratamento. Os resultados sugerem efeito significativo em favor da progesterona para a taxa de
nascidos vivos (Peto RC 2,95, 95% IC 1,02-8,56) com base em um estudo. Para gravidez clínica os
resultados também sugerem ser significativo em favor da progesterona (Peto RC 1,83, IC 95% 1,292,61) baseado em sete estudos. Para outros desfechos, os resultados indicaram nenhuma diferença
no
efeito.
A terceira comparação (15 estudos, 2117 mulheres) investigaram regimes de progesterona versus
regimes de GCh. Os regimes de GCh foram subagrupados em comparações de progesterona versus
GCh e progesterona versus progesterona + GCh. Os resultados não indicaram diferença de efeito
entre as intervenções, com exceção de SHO. A análise de subgrupo de progesterona versus
progesterona + GCh mostrou um benefício significativo da progesterona (Peto RC 0,45, IC 95% 0,260,79).
A quarta comparação (nove estudos, 1571 mulheres), compararam progesterona versus progesterona
+ estrogênio. Os desfechos foram subagrupados por via de administração. Os resultados para taxa de
gravidez clínica no subgrupo de progesterona versus progesterona + estrogênio transdérmico sugerem
benefício significativo da progesterona + estrogênio. Não houve evidência de diferença de efeito para
outros
desfechos.
Seis estudos (1646 mulheres) investigaram progesterona versus progesterona + HRGn agonista. Os
estudos foram subagrupados para dose única de HRGn agonista e doses múltiplas HRGn agonista.
Para os recém nascido vivo, parto clínico e taxa de gravidez em curso os resultados sugeriram efeito
significativo em favor da progesterona + HRGn agonista. O Peto RC para a taxa de natalidade foi 2,44
(IC 95% 1,62-3,67), para a taxa de gravidez clínica foi de 1,36 (IC 95% 1,11-1,66) e para a taxa de
gravidez em curso foi de 1,31 (IC 95% 1,03-1,67) . Para os resultados de aborto e gravidez múltipla
não
houve
diferença
de
efeito.
A última comparação (32 estudos, 9839 mulheres) investigou regimes diferentes de progesterona:
intramuscular (IM) versus administração oral, IM versus administração vaginal ou retal, administração
vaginal ou retal versus administração oral, baixa dose de administração de progesterona vaginal
versus alta dose, protocolo curto versus protocolo longo e progesterona micronizada versus
progesterona sintética. Os principais resultados dessa comparação não indicaram diferença de efeito,
exceto em algumas análises de subgrupos. Para a gravidez clínica, a análise de subgrupo de
progesterona micronizada versus progesterona sintética mostrou um benefício significativo da
progesterona sintética (Peto RC 0,79, IC 95% 0,65-0,96). Para o desfecho da gravidez múltipla, a
análise de subgrupo da progesterona IM versus progesterona oral, sugeriu um benefício significativo
de progesterona oral (Peto RC 4,39, 95% IC 1,28-15,01).
Conclusões dos autores
Esta revisão mostrou um efeito significativo em favor da progesterona para suporte da fase lútea,
favorecendo mais a progesterona sintética do que a progesterona micronizada. No geral, a adição de
outras substâncias como estrogênio ou GCh não pareceram melhorar os desfechos. Também não foi
encontrada nenhuma evidência favorecendo uma rotina específica ou a duração da administração de
progesterona. Foi encontrado que GCh ou GCh + progesterona tem associação a um maior risco de
SHO. O uso de GCh deve ser evitado. Houve resultados significativos mostrando benefício da adição
de HRGn agonista para a progesterona nos desfechos nascidos vivos, gravidez clínica e gravidez em
curso. Por enquanto, a progesterona parece ser a melhor opção como suporte da fase lútea, com
melhores resultados quando a progesterona sintética é usada na gravidez.
Este é um resumo de uma Revisão Cochrane publicada na Cochrane Database of Systematic Reviews
(CDSR) 2011, Issue 10. Art. No.: CD009154. DOI: 10.1002/14651858.CD009154.pub2.
(www.thecochranelibrary.com). Para ver citação completa e detalhes dos autores, por favor veja a
referência 1.
A tradução foi realizada por membros do Centro Cochrane do Brasil.
Nome do tradutor deste resumo: Antonio José Grande
Data da tradução: 26/10/2011
O texto completo desta revisão está disponível gratuitamente para toda a America Latina e Caribe em:
http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/show.php?db=protocols&mfn=2042&id=CD009154&lang=pt&dbla
ng=&lib=COC&print=yes
Referência
1. van der Linden M, Buckingham K, Farquhar C, Kremer JAM, Metwally M. Luteal phase support for
assisted reproduction cycles. Cochrane Database of Systematic Reviews 2011, Issue 10. Art. No.:
CD009154. DOI: 10.1002/14651858.CD009154.pub2.