OGLOBO

Transcrição

OGLOBO
OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925)
TERÇA-FEIRA, 29 DE MARÇO DE 2016 ANO XCI - Nº 30.185
(1904-2003) Roberto Marinho
RIO DE JANEIRO
oglobo.com.br
A BATALHA DO IMPEACHMENT
_
PMDB rompe com Dilma hoje,
e PT já declara guerra a Temer
Ministro do Turismo, Henrique Alves é o primeiro peemedebista a desembarcar
Líder do governo no Senado, Humberto Costa afirma que Temer “será o próximo a cair”, caso a presidente seja
afastada; Lula tenta conquistar dissidentes do antigo aliado e formar uma coalizão informal contra o impedimento
ANDRESSA ANHOLETE/AFP
Começou ontem o desembarque do PMDB do governo Dilma. Henrique Eduardo Alves
(Turismo) foi o primeiro dos
sete ministros do partido a pedir demissão, alegando que o
diálogo com a gestão petista
“se exauriu”. Hoje, o PMDB formalizará a saída do governo, e
o vice Michel Temer atua para
que o rompimento ocorra por
aclamação na reunião do diretório nacional. O ex-presidente Lula tenta conquistar votos
de dissidentes do partido, numa coalizão informal, mas a
debandada do governo provoca efeito dominó, atingindo
outras legendas da base. No
Congresso, o PT reagiu. O líder
do governo no Senado, Humberto Costa (PT), disse que Temer “será o próximo a cair”, caso o impeachment seja aprovado. Coordenador do MST,
Alexandre Conceição afirmou
que o vice, se assumir, não terá
paz. PÁGINAS 3 a 5
O PSD do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, liberou a
bancada de 31 deputados para
votar como quiser no processo
de impeachment. PÁGINA 3
EDITORIAL
‘O que indicará uma
debandada do PMDB’
PÁGINA 22
MERVAL PEREIRA
Sugestão de Janot tira proteção
política de Lula. PÁGINA 4
MÍRIAM LEITÃO
O poder se enfraquece,
e aliados fogem. PÁGINA 26
JOSÉ CASADO
Governo e Congresso, cegos,
não veem a saída. PÁGINA 23
Para Janot, Moro
deve julgar Lula
CHICO
CONFRONTO NA CÂMARA
VEJA A CHARGE NA PÁGINA 4
PSD libera votos
de sua bancada
Advogados deixam a Câmara depois de a OAB protocolar novo pedido de impeachment da presidente Dilma. Houve tumulto até
próximo do plenário após manifestantes pró-governo tentarem impedir que a documentação fosse registrada. PÁGINA 3
Em parecer, o procurador-geral da República afirma que o
ex-presidente Lula pode assumir ministério, mas sem
foro especial no STF. PÁGINA 5
Barroso: ‘O que o Congresso decidir prevalecerá’
O ministro do Supremo Luís Roberto Barroso
afirmou a um grupo de deputados da comissão
do impeachment que o tribunal não tem pre-
Mais empresas
com prejuízo
Câmara e no Senado”, disse Barroso. O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, também
afirmou: “Golpe é uma expressão que pertence
ao mundo da política.” Com os dois, já são cinco ministros do STF a rechaçar a tese do governo de que o impeachment é golpe. PÁGINA 5
Menino é
morto e
violência
explode
MARCELO THEOBALD
Recessão nos balanços
tensão de analisar o mérito do processo, que,
para ele, não pode ser chamado de golpe. “O
que os senhores decidirem vai prevalecer, na
Doze das 58 empresas do
índice Ibovespa tiveram
prejuízo no ano passado, mais
do que o dobro de 2014. E
outras 15 companhias viram
lucros minguarem. PÁGINA 25
Repúdio internacional
Angola condena
ativistas à prisão
Uma corte de Angola condenou
17 ativistas pela acusação de
tramarem depor o presidente
Santos, desde 1979 no poder.
A Anistia protestou. PÁGINA 32
Protesto em Madureira. Um policial joga spray de pimenta contra moradores do bairro: seis pessoas foram presas com material inflamável
Em protesto contra a morte
de Ryan, de 4 anos, atingido
no peito durante guerra do
tráfico no Domingo de Páscoa, manifestantes atearam
fogo a dois ônibus e a uma
estação do BRT em Madureira. Escolas suspenderam
aulas, e lojas fecharam as
portas. Desde 2015, 12 crianças morreram por bala
perdida na Região Metropolitana do Rio. PÁGINAS 13 e 14
REPRODUÇÃO
EDISON VARA/REUTERS
SEGUNDO CADERNO
LETRA FEMININA
ESPORTES
Livros recuperam os primórdios
do feminismo na Europa e no Brasil.
ALTA PRESSÃO
2ª Edição - Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro R$ 4,00 - Circula com esta edição: Segundo Caderno
Vencer o Paraguai hoje aliviaria situação
nas eliminatórias até setembro. PÁGINA 36
2
l O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
Página 2
Conte algo que não sei
_
|
‘Grandes transformações dão trabalho, exigem união’
Panorama
político
|
_
Eliza Capai, jornalista
_
Documentarista, que veio ao Rio para um debate, aposta em temas sociais e de gênero. Ela foi à Suécia e ao Uruguai pesquisar políticas públicas que deram certo
ILIMAR FRANCO
[email protected]
_
GUITO MORETO
“Tenho 36 anos, sou
formada em jornalismo
e me considero uma
documentarista
guerrilheira itinerante.
Gosto de me deslocar para
ver a sociedade e a cultura
sob diferentes ângulos.
E gosto de ouvir diversas
vozes para entender o
que é o mundo sob
perspectivas diferentes.”
O desembarque
O Planalto não entrega os pontos. Mas um
dirigente do PMDB explica por que a sigla
optou pelo afastamento: “Os políticos têm um
princípio de preservação inquebrantável”. O
presidente de um partido aliado disse ontem
que a reunião do PMDB será emblemática.
Afirma que o governo já sabe que cresce o
apoio ao impeachment, e que este caminha
para ser amplamente majoritário.
_
ENTREVISTA A:
O sinuoso PMDB
NATÁLIA BOERE
[email protected]
Conte algo que não sei.
Uma coisa que eu não sabia é
que o avanço na tentativa de
igualdade de gêneros na Suécia não foi num estalar de dedos e resultado de uma vontade divina. Foi luta mesmo, sindical e de partidos políticos
engajados. Vi como as grandes
transformações levam tempo,
dão trabalho e exigem união.
l
Em que patamar está essa
luta?
A igualdade de gêneros na
Suécia ainda não é consumada. Mesmo lá, as mulheres ainda ganham menos que os homens. A licença parental é um
exemplo muito claro. Há uma
lei de 1973 que estabelece 480
dias para mães e pais dividirem como bem entenderem,
porque o filho é dos dois. Mas,
por 20 anos, praticamente só
as mulheres tiravam essa licença. Então, em 1993, o governo sueco estabeleceu 30 dias obrigatórios para os pais.
l
Sete anos depois, 60 dias. Este
ano, 90 dias. A previsão é que,
se a lei continuar sendo aprimorada, em 2035, ou seja, três
gerações depois de sua implementação, pais e mães dividirão os dias igualmente.
Você é feminista?
Sou feminista, porque se não
fossem as feministas do passado eu não teria viajado sozinha
para realizar a série documental “Políticas públicas que deram certo”, que produzi, filmei,
editei e finalizei; não teria ido
para uma universidade, porque esses não eram os lugares
das mulheres. Sou feminista
para agradecer por poder fazer
o que faço hoje e para garantir
que as novas gerações de homens e mulheres possam ser
mais felizes.
l
l Como o feminismo se manifesta no seu dia a dia?
Venho de uma família muito
feminina. Tenho duas irmãs,
meus pais eram separados, então, em algum momento em
casa, éramos quatro mulheres
muito fortes. Cresci sem traumas e sem recalque por ser
mulher, e entendi bem mais
tarde como eu estava num lugar privilegiado de autoestima.
E acabou que o meu trabalho é
para dar voz a mulheres em situações de opressão. O Brasil é
um dos campeões de feminicídio e violência doméstica.
Quando tomamos consciência
e refletimos sobre as coisas, somos capazes de transformar.
l Você também foi ao Uruguai. O que constatou por lá?
No Uruguai, onde o aborto e
o uso da maconha foram legalizados, as pessoas encaram a
realidade. Uma mulher que vai
abortar pode ser deixada na invisibilidade, como ocorre no
Brasil, onde mulheres pobres,
principalmente, acabam feridas, mutiladas, e às vezes morrem. Ou pode ser tratada como
uma questão de saúde pública
e protegida pelo Estado.
l O que a motivou a se aprofundar nessas questões?
Em 2015, quando Eduardo
Cunha assumiu a presidência
da Câmara dos Deputados, falou que a legalização do aborto
só passaria sobre o seu cadáver. Chamou para o pessoal e
para suas crenças religiosas
um problema de saúde pública
do país. Senti uma angústia e
uma impotência muito grandes. E pensei que queria buscar soluções em outros países
que já estiveram onde nós estamos e passaram por transformações.
E você fez tudo sozinha?
Viajei sozinha, produzi, filmei, fiz as entrevistas, editei, finalizei. Por isso que eu tenho
que ser feminista. Dá para
imaginar eu fazendo tudo isso
antes de as mulheres queimarem seus sutiãs?
l
Os políticos do PMDB próximos ao vice Michel
Temer não querem fazer uma relação direta do
afastamento do governo com o impeachment da
presidente Dilma. Acontece que Temer conseguiu
construir a unidade em torno do rompimento,
mas ainda precisa avançar para que todos
caminhem juntos pela destituição da presidente.
“Não vamos nos antecipar, a cada dia sua agonia”,
diz o ex-ministro Eliseu Padilha. Defensor do
rompimento desde a posse de Dilma, em 2015, o
presidente do PMDB da Bahia, Geddel Vieira
Lima, não quer misturar as estações. Ontem,
sugeriu que Temer não fosse à reunião de hoje,
porque ele é vice de um governo constituído.
_
“O programa do vice Michel
Temer foi feito pelo PSDB.
‘Uma Ponte para o Futuro’
conversa muito bem com
a proposta de governo que
o PSDB fez para Aécio Neves”
Gleisi Hoffmann, senadora do PT
_
Constrangimento
O ex-ministro Henrique Alves não vai à reunião
do diretório do PMDB: “Não irei porque não
quero que meu gesto seja motivo de oba-oba. A
presidente Dilma não merece. Fiz o que fiz (pedir
demissão) por consciência partidária e política.”
O governo Temer
AILTON DE FREITAS
O GLOBO
Por Dentro
_
A hora H do PMDB
E
sta terça-feira deverá
marcar o fim de uma aliança formal inaugurada
em 2011, quando Dilma
Rousseff subiu, pela primeira
vez, a rampa do Planalto. O
diretório nacional do PMDB
se reunirá à tarde, na Câmara,
para oficializar a decisão de
romper com o governo. Nos
últimos meses, as rusgas e as
negociações entre o partido e
o governo tiveram uma cobertura intensa — e extensa.
Grande parte dessa história
de encontros e desencontros
foi contada pela sucursal do
GLOBO em Brasília. Hoje,
mais uma vez, vários repórteres do jornal — entre eles,
CRISTIANE JUNGBLUT, EVANDRO
É BOLI , J ÚNIA G AMA e S IMONE
IGLESIAS — estarão dedicados
à tarefa de entrevistar, ouvir
bastidores e análises para relatar um capítulo decisivo da crise política que o país atravessa.
— O desembarque do
PMDB, que vem sendo costurado por aliados do vice Michel Temer, tende a influenciar
diretamente outros partidos
da base — explica a repórter
Júnia Gama.
Os desdobramentos do
rompimento não se restringem ao Congresso. Do outro
lado da Esplanada, o governo
se organiza para tentar minimizar o estrago. Com isso, a
cobertura jornalística será
concentrada também nos
‘Alma de pobre’
Escalados. Repórteres da sucursal de Brasília que atuarão na cobertura
movimentos do Palácio do
Planalto.
— Neste momento, o trabalho do governo para sepultar o
impeachment é voto a voto. Por
isso, é fundamental ouvir todos
os envolvidos para conseguir
dimensionar o impacto desses
movimentos na crise política —
resume Simone Iglesias.
O time de jornalistas do
GLOBO em Brasília ainda terá
a tarefa de analisar em detalhes os aspectos práticos da
decisão do PMDB nos ministérios, como o desembarque de
ocupantes de cargos de segundo e terceiro escalões. l
Leia também
_
Rio
Economia
União volta atrás após anunciar plano
para desocupar o Jardim Botânico e
retirar 520 famílias do local PÁGINA 24
Caixa sobe juros, e crédito para
imóveis acima de R$ 750 mil terá
taxa de 12,50% ao ano PÁGINA 27
Para compensar horários reduzidos
nos Jogos, Santos Dumont operará
de madrugada em agosto PÁGINA 17
Tiros forçam Congresso dos EUA
a fechar, e homem é preso, mas
polícia descarta terrorismo PÁGINA 33
Loterias
l
LOTOFÁCIL
AILTON DE FREITAS/23-4-2015
Adotado pelos tucanos, foi
o ex-ministro Nelson Jobim
quem propôs qual seria o
norte do governo do vice
Michel Temer. Em reunião
com Armínio Fraga, José
Serra e deputados, Jobim
resumiu: Temer não deve
concorrer nas eleições de
2018, a exemplo do que fez
Itamar Franco; formar um Ministério de notáveis;
e não se meter na Operação Lava-Jato.
Mundo
1.341
01 l
03 l
04 l
08 l
09 l
10 l
13 l
14 l
15 l
16 l
17 l
20 l
21 l
23 l
24
l
Sociedade
Cerca de 39% dos professores
da rede pública não têm formação
adequada, segundo o MEC PÁGINA 34
Esportes
Grupo de torcedores entra sem
permissão no CT do Flamengo,
que vai rever segurança PÁGINA 36
QUINA
4.044
38 l
41 l
50 l
51 l
72
l
O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, tem
justificado a retirada do apoio à presidente Dilma
pela necessidade de preservar o prefeito do Rio,
Eduardo Paes, especialmente depois da
divulgação das conversas dele com Lula.
Vanguarda
O PMDB reluta na construção de seu programa
social. O economista José Márcio Camargo
sugeriu propostas polêmicas: subsídio para os
pobres cursarem o ensino médio em escolas
privadas, generalizar o ProUni e cobrança de
mensalidade nas universidades públicas.
Nó
O líder petista no Senado, Humberto Costa, tenta
minimizar a decisão do PMDB: “O partido nunca
votou unido em nada”. Sobre a decisão de hoje:
“Não sei se uma coisa (o afastamento) está
agregada a outra (o impeachment).”
Interna corporis
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terá
que adotar uma decisão polêmica na votação do
impeachment. Vai decidir se a votação será em
ordem alfabética, como no caso Collor; ou em
ordem regional, começando pelo sul do país.
_
A OAB chegou tarde. A comissão do impeachment
já foi eleita e está funcionando. O jurista Hélio
Bicudo foi um dos autores da representação.
_
Com Amanda Almeida, sucursais e correspondentes
[email protected]
Terça-feira 29 .3 .2016 2ª Edição
O GLOBO
País
l 3
A BATALHA DO IMPEACHMENT
Começa o desembarque
_
PMDB formaliza hoje saída do governo; Henrique Alves entrega cargo, e Kassab libera bancada do PSD
JORGE WILLIAM/16-4-2015
SILVIA AMORIM, ISABEL BRAGA, SIMONE IGLESIAS
E CATARINA ALENCASTRO
[email protected]
-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Às vésperas do rompimento
do PMDB, marcado para hoje, o governo sofreu
ontem dois novos golpes que revelam o agravamento da crise política: o ministro Gilberto Kassab (Cidades) admitiu publicamente ter liberado a bancada do PSD para votar livremente sobre o impeachment; e o ministro do Turismo,
Henrique Eduardo Alves, entregou no fim da
tarde sua carta de demissão, justamente quando o Planalto fazia esforço para manter a fidelidade dos sete ministros peemedebistas em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Apesar dos esforços do Planalto e até de uma
conversa do ex-presidente Lula com o vice-presidente Michel Temer, o PMDB formaliza hoje,
em reunião do Diretório Nacional, o fim da aliança com o governo. Henrique Alves foi o primeiro ministro do partido a entregar o cargo, e,
em carta à presidente Dilma, disse que o diálogo entre a legenda e o governo “se exauriu”.
Com 31 deputados, o PSD também começou a
dar os primeiros passos para se afastar do PT e da
presidente às voltas com um processo de impeachment. Esse movimento envolveu ações costuradas em Brasília e São Paulo, que ganharam corpo nos últimos dias. Em São Paulo, onde ontem à
noite participou de um evento na Assembleia Legislativa, Kassab admitiu que os deputados de
sua bancada votarão como quiserem, mas negou
a existência de um racha na legenda quando indagado qual seria a voz majoritária no partido, se
a favor ou contra o governo.
— Não existe racha. Em partido que libera não
existe racha. O PSD é um partido unido em cima
de propostas claras para o país. Em algumas circunstâncias, entende que, até pela razão de ser
partido novo, precisa da liberação (da bancada)
para que cada um tenha o conforto de votar de
acordo com a sua história — disse Kassab.
A decisão foi tomada semana passada, logo
depois que o partido permitiu que um de seus
parlamentares, Rogério Rosso (PSD-DF), assumisse a presidência da comissão especial do
impeachment na Câmara.
O partido ocupa desde dezembro de 2014 o
Ministério das Cidades, um dos mais cobiçados
da Esplanada. Mas lideranças do PSD dizem
que não há condições políticas para o partido
impor uma postura favorável ao governo a seus
parlamentares. Nas contas de dirigentes da sigla, ao menos metade da bancada apoia hoje o
impeachment de Dilma.
— Os parlamentares estão sofrendo uma pressão muito grande de suas bases. Eles sabem que
dependem dessas bases nas eleições, e neste
momento fica difícil ir contra o que elas pedem
— explicou uma liderança do PSD sobre o movi-
De saída. Alves e Temer na posse do ex-presidente da Câmara no Ministério do Turismo, ano passado: diálogo entre governo e PMDB “se exauriu”, disse na carta de demissão
mento pró-impeachment.
Diferentemente do PMDB, que marcou para
hoje uma reunião para anunciar o afastamento
do governo, o PSD não tem reuniões marcadas
para isso. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, fundador do PSD, vinha evitando falar publicamente sobre o futuro da sigla. Por isso, o
desembarque oficial do governo ainda é considerado algo remoto por lideranças da legenda.
Em São Paulo, uma outra frente do PSD que
converge para o descolamento gradual do governo Dilma e do PT deverá ser oficializada nos
próximos dias. O PSD terá uma candidatura a
prefeito de São Paulo de oposição ao PT. Até
pouco tempo atrás, Kassab costuranva uma
candidatura neutra na maior cidade do país
com o candidato Ricardo Patah. Nos últimos dias, o ministro acertou com o ex-tucano Andrea
Matarazzo os detalhes finais da filiação dele ao
PSD para sair candidato a prefeito de São Paulo.
— É tudo uma coisa só. São movimentos que
indicam a forte tendência de afastamento do PSD
do PT — afirmou uma liderança paulista do PSD.
No PMDB, o apoio ao governo está em franca
deterioração. Ministro mais próximo de Michel
Temer, Henrique Eduardo Alves pediu demissão do cargo de ministro do Turismo no fim da
tarde de ontem. Há menos de um ano no comando da pasta, Alves se tornou ministro na
“cota pessoal” de Temer em abril de 2015, quando Dilma resolveu agradar ao vice e se indispôs
com o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Alves assumiu no lugar de Vinícius Lages, afilhado político de Renan. A troca de ministros, à época, foi vista como gesto equivocado de Dilma, que
comprava briga com um dos seus principais fiadores no Congresso. Assim que Lages foi demitido,
Renan pôs em votação no Senado projeto que tinha forte resistência do Planalto: a mudança de indexador das dívidas dos estados e municípios com
a União, que recalculou para menos os débitos.
Antes de entregar a carta de demissão, Alves
conversou com Temer. Pesou na decisão a relação
com o vice e os 46 anos de filiação ao PMDB. Entre
os peemedebistas próximos a Temer, a permanência de Alves vinha causando mal-estar, pela iminência do desembarque. Ontem, na véspera da
reunião do Diretório Nacional, Alves decidiu sair.
Na carta entregue à presidente, o peemedebista
alega “coerência ideológica” e diz que o diálogo
“infelizmente, se exauriu”.
“Todos sabem que sempre prezei o diálogo permanente. Diálogo este que, lamento admitir, se
exauriu. Assim, presidenta Dilma, é a decisão que
tomo. Estou certo de que sendo a senhora alguém que preza acima de tudo a coerência ideológica e a lealdade ao seu próprio partido, entenderá a minha decisão”, justifica a demissão.
Henrique Alves afirma, ainda, que a decisão
ocorre porque seu partido resolveu seguir outro
caminho e que deve ficar do lado de Temer,
“companheiro de tantas lutas”: “O momento nacional coloca agora o PMDB, meu partido há 46
anos, diante do desafio maior de escolher o seu
caminho sob a presidência do meu companheiro
de tantas lutas, Michel Temer”.
A reação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), ao
saber da demissão de Alves do Ministério do Turismo, deu o tom de como o governo atuará para reagrupar a base após o desembarque do PMDB:
— Esse ministério do Henrique Alves vai ser
ótimo para redistribuir para quem quer ficar
com o governo — afirmou ontem o deputado.
(Colaborou Júnia Gama) l
OAB entrega novo pedido de afastamento de Dilma em meio a tumulto
GIVALDO BARBOSA
Briga entre advogados
pró-impeachment e defensores
do governo tomou a Câmara
EVANDRO ÉBOLI, ISABEL BRAGA E
MANOEL VENTURA (*)
[email protected]
A entrega pela Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) de novo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, ontem, na
Câmara, transformou o Salão Verde — principal
espaço de acesso do público à Casa — e também o lado de fora em palcos de discussões, bate-bocas e troca de socos e pontapés entre manifestantes dos dois lados. Dentro da Câmara,
foi uma guerra de palavras de ordem. Do lado
de fora, os grupos chegaram a brigar fisicamente. Um conjunto de advogados ligados à OAB
compunha a claque pró-impeachment. Do lado
pró-governo, estavam muitos servidores e funcionários da Câmara e de gabinetes de parlamentares do PT, do PSOL e do PCdoB. A confusão teve início quando o grupo pró-governo
tentou impedir o acesso dos integrantes da OAB
ao setor de protocolo da Câmara.
— A nossa bandeira jamais será vermelha —
gritavam os anti-Dilma, e também provocam os
servidores ligados aos partidos de esquerda:
— Vão ter que trabalhar!
— Lula ladrão!
Os pró-Dilma devolviam com gritos de guerra:
— A verdade é dura, a OAB apoiou a ditadura!
— Fora golpistas! Fora coxinhas!
Seguranças da Câmara chegaram a se posicionar entre os dois grupos. O presidente da OAB,
Claudio Lamachia, precisou usar um elevador
privativo de deputados para acessar o setor de
protocolo, fugindo da confusão. Ao deixar a Câmara, preferiu não seguir de carro e foi levanta-
-BRASÍLIA-
Temperatura alta. Lamachia, presidente da OAB, é carregado por advogados durante o tumulto na Câmara
do nos braços de seus colegas da OAB. Lamachia também segurou uma bandeira brasileira,
e quando deixou os ombros dos amigos, disse
próximo ao ouvido de um integrante do grupo,
em conversa presenciada pelo GLOBO:
— Esses filhos da puta acham que vão me intimidar — afirmou. Depois, mais calmo, disse: —
Esperamos serenidade, que as pessoas tenham
calma, que esse ódio diminua.
Do lado de fora, houve troca de socos e de
pontapés. O estudante da UnB Rodrigo Mateus
Almeida, que estava junto com um grupo de
universitários, se envolveu numa briga com um
grupo de pessoas ligadas à OAB, que o acusaram de dar uma voadora em um deles. Rodrigo
foi encurralado e, depois de o jogarem ao chão,
levou socos e pontapés.
— Eles me agrediram primeiro. Apenas reagi
CRONOGRAMA DA COMISSÃO
4
11
12
14
DE
ABRIL
Previsão de vencimento do
prazo para a defesa da
presidente Dilma Rousseff
DE
ABRIL
Previsão de entrega do
relatório e possível votação
na comissão
DE
ABRIL
Em caso de votação,
publicação do parecer da
comissão
DE
ABRIL
Processo na ordem do dia
para votação em plenário
na Câmara
Editoria de Arte
— disse Rodrigo Almeida.
Os manifestantes da OAB disseram que foi o
estudante quem começou a confusão.
— Foi você quem começou tudo, deixe de ser
mentiroso — disse André Assis, ligado à OAB.
Na petição entregue ontem, a OAB faz duros
ataques à atuação da presidente Dilma e a acusa
de usar o cargo de forma permissiva e de praticar
atos para se manter no poder. A OAB não se restringiu às acusações de supostas irregularidades
cometidas por Dilma nas pedaladas fiscais e incluiu trechos da delação de Delcídio Amaral,
classificando ainda de “açodada” a nomeação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil. O documento também cita as gravações
dos diálogos de conversa entre Dilma e Lula e a
acusa de tentar assegurar fôro ao petista.
“O açodamento da Excelentíssima Senhora
Presidente da República na nomeação do senhor
Luiz Inácio Lula da Silva (...) destinado a acomodar seu aliado no posto de Ministro de Estado (...)
Daí surge o questionamento: qual o interesse público relevante e inadiável a justificar uma edição
extraordinária do Diário Oficial da União que teve como único propósito formalizar a nomeação
de um ministro de estado? (...) A instituição Presidência da República foi utilizada para a satisfação
de interesses outros que não aquele de matiz pública (...)”, diz o documento da OAB.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), foi irônico ao comentar o pedido de
impeachment apresentado pela OAB. Antigo
desafeto da instituição, Cunha afirmou que a
OAB estava “atrasada”, que o novo pedido vai
entrar na fila e que não poderá ser aditado ao
que está em tramitação.
— São momentos diferentes, circunstâncias
diferentes e pessoas diferentes. Agora a Ordem
veio um pouquinho atrasada, o pedido de impeachment já está tratando aqui há muito tempo — disse Cunha. (*Estagiário sob a supervisão
de Paulo Celso Pereira) l
l O GLOBO
4
l País l
2ª Edição Terça-feira 29 .3 .2016
A BATALHA DO IMPEACHMENT
[email protected]
MERVAL
PEREIRA
_
PMDB tenta saída por aclamação;
Planalto ainda busca dissidentes
Ministros poderão ser liberados pelo partido para ficar nos cargos
|
|
Lula sem privilégios
Embora a manifestação do
procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, sobre a nomeação de Lula para a
Casa Civil não deva ter repercussão
prática, já que existe uma liminar
impedindo a posse até que o plenário do
STF se pronuncie, seus argumentos no
documento de ontem revelam o que
deverá ser sua posição em outro processo,
este criminal, que poderá gerar um
inquérito contra a presidente da
República por obstrução da Justiça.
A
sugestão de Janot de que Lula, mesmo nomeado ministro, não tenha foro privilegiado em relação aos crimes acontecidos antes de sua nomeação, retira dela a proteção política que se buscava, e deixa Lula descoberto diante
daqueles com quem deverá negociar apoios à
presidente Dilma.
Com a presidente ameaçada por um inquérito
sobre obstrução da Justiça, e Lula igualmente ameaçado de voltar à esfera do juiz Moro, o governo
perde mais substância política e reforça a ideia de
que o PMDB e outras siglas no entorno do governo
como o PP e o PSD deixem a coalizão governamental e comecem a preparar o governo de Michel Temer pós-impeachment.
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato
no Supremo, deve dar uma liminar mantendo a
suspensão da nomeação de Lula já determinada
por outra liminar do ministro Gilmar Mendes,
mas os pontos levantados pelo procurador-geral
são fundamentais para se entender as consequências políticas das decisões do Supremo sobre o ex-presidente Lula.
Janot afirmou em seu parecer que a nomeação
de Lula para a Casa Civil pela presidente Dilma
Rousseff teve o objetivo de influenciar as investigações sobre o ex-presidente na primeira instância da Justiça Federal, mais especificamente na
13ª Vara Federal em Curitiba, onde o juiz Sérgio
Moro conduz os processos da Operação Lava-Jato. No documento encaminhado nesta segundafeira ao Supremo Tribunal Federal (STF), Janot
classificou de “inegavelmente inusual” e “circunstância anormal” a decisão de Dilma de
apressar a posse de Lula no ministério.
Ele atribui ao ato um “desvio de finalidade”, o
que por si só não significa que a presidente tentou
obstruir a Justiça. Mas ao afirmar as duas coisas,
isto é, que com o desU
vio de finalidade ela
tentou “influenciar as
Os pontos-chave
investigações”, ele está encaminhando a
conclusão para o
Janot sugere que Lula não
campo criminal, e não
tenha foro privilegiado em
apenas meramente
relação aos crimes
administrativo.
acontecidos antes de sua
Se, como se espera,
nomeação para a Casa Civil
Janot mantiver esse
encadeamento de raciocínio quando resGanha corpo a ideia de que
ponder à questão criPMDB e outras siglas deixem
minal relativa às grao governo e comecem a
vações entre Lula e
preparar o governo de Temer
Dilma, ele estará sugerindo ao ministro
Teori Zavascki que
abra um inquérito paO governo não tem mais
ra apurar a atuação da
força para impedir o
presidente da Repútrabalho da Lava-Jato
blica no caso.
De acordo com ele, o dano à persecução penal
pode ocorrer de diversas maneiras: necessidade
de interromper investigações em curso, tempo
para remessa das peças de informação e para
análise delas por parte dos novos sujeitos processuais no STF e ritos mais demorados de investigações e ações relativas a pessoas com foro por prerrogativa de função, decorrentes da legislação penal (particularmente da Lei 8.038, de 28 de maio
de 1990), da jurisprudência e da dinâmica própria dos tribunais.
Janot acrescenta que a prerrogativa do chamado
foro por prerrogativa de função não é absoluta.
“Caso se apure ter sido a nomeação praticada com
abuso de direito ou tentativa de fraude processual,
pode autorizar-se deslocamento da competência
para outro juízo”, diz. A discussão sobre o foro privilegiado não deverá ser enfrentada agora pelo ministro Teori Zavascki, mas sim quando o assunto
for analisado pelo plenário do Supremo, a partir do
dia 2 de abril, quando o ministro Gilmar Mendes,
relator dos mandados de segurança que sustaram a
posse de Lula no Gabinete Civil, retorna de Lisboa.
A partir de hoje, quem ainda nutria a esperança
de que o governo tinha força junto à ProcuradoriaGeral da República para proteção de seus apoiadores já deve estar convencido de que não existe a
possibilidade de parar as investigações da Operação Lava-Jato. A começar por Lula. l
1
2
3
oglobo.globo.com/blogs/
blogdomerval
JÚNIA GAMA, SIMONE IGLESIAS,
CATARINA ALENCASTRO,
EDUARDO BARRETO E
CRISTIANE JUNGBLUT
Entreouvido no saloon (9)
CHICO
[email protected]
-BRASÍLIA- Com o processo de impeachment caminhando a todo vapor na Câmara, o PMDB,
maior partido da base aliada,
tenta formalizar hoje, por aclamação, o desembarque do governo em reunião do Diretório
Nacional. Ainda há uma divisão a respeito das centenas de
cargos ocupados em todos os
escalões da República. Ciente
da iminente derrota, o Palácio
do Planalto ainda trabalha para angariar votos entre os dissidentes, em especial os agora
seis ministros do PMDB (Henrique Eduardo Alves, do Turismo, pediu demissão ontem), e
evitar um rompimento unânime que signifique um completo descolamento do governo. A
unanimidade dificultaria ainda mais a busca de votos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ontem, o dia foi intenso em
reuniões de ambos os lados.
As articulações do vice-presidente Michel Temer, que é
presidente do PMDB, foram
no sentido de conseguir um
desembarque sem resistências na reunião do Diretório
Nacional. Para evitar constrangimentos, a decisão foi
que os contrários ao rompimento imediato, como os ministros, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), e alguns parlamentares,
não comparecerão ao evento
de hoje. Nem Temer estará
presente. Segundo pessoas
próximas a ele, o objetivo é
ele não ficar carimbado de
“capitão do rompimento”.
ROMPIDOS, MAS COM CARGOS
O vice-presidente orientou os
dirigentes do PMDB a procederem a uma votação rápida,
que apenas aprove o desembarque por aclamação, sem
entrar em especificidades como prazos para que os ministros deixem os cargos. Isso
significa que o partido ficará
“rompido” com o governo,
mas mantendo os cargos que
o Planalto deixar. Ainda assim, como gesto de fidelidade
a Temer, Henrique Eduardo
Alves decidiu ontem pedir demissão do Ministério do Turismo. A maioria dos ministros, no entanto, não deve
acompanhar Henrique Alves
neste momento.
Na prática, o desembarque
— Vamos botar ordem nesta casa: tome isto!
Para evitar
constrangimentos,
os contrários ao
rompimento
imediato, como os
ministros do
partido e o
presidente do
Senado, Renan
Calheiros, não irão à
reunião de hoje
é uma separação entre os aliados que resultará numa posição ainda mais crítica do
PMDB na Câmara, em meio
ao processo de impeachment.
O diretório não decidirá sobre
o afastamento de Dilma do
cargo, mas, objetivamente,
deixará os parlamentares liberados para votarem como
quiserem, sem que estejam
sujeitos a pressões do Planalto em razão dos cargos que o
partido ocupa.
— Temer não quer criar problemas para ninguém. Os mais
radicais insistem nesse prazo
até o dia 12 de abril para os ministros deixarem os cargos,
mas sentimos Temer trabalhando para que não haja
constrangimentos — afirmou
um ministro que esteve ontem
com o vice-presidente.
Temer também se encontrou
ontem com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o líder do PMDB na Casa, Eunício
Oliveira, e expôs sua posição.
Renan era o mais refratário à
saída do governo.
O vice-presidente recebeu
ainda ministros que resistem
em deixar o governo, como o
de Minas e Energia, Eduardo
Braga, e o de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Ambos
ouviram de Temer que não há
mais o que fazer para mudar a
posição do PMDB, mas que
não há intenção de criar problemas para quem quiser permanecer no governo. Para Temer, a partir de amanhã, os
ministros que ficarem em
seus cargos o farão por iniciativa própria.
É justamente nesta brecha
que o Planalto aposta para
evitar uma debandada geral
do partido. O Planalto quer
garantir sua base no Congresso com urgência e irá acompanhar os desdobramentos
do processo de impeachment
para mexer no tabuleiro ministerial. Ontem, a presidente
Dilma afirmou aos ministros
do PMDB que são bem-vindos a permanecer no governo, mesmo com o desembar-
que do partido. O Planalto
avalia que o PMDB fora do governo não significa que todos
os votos da sigla estarão a favor do impeachment.
LULA ENCONTROU TEMER
O ex-presidente Lula estará
na linha de frente dessas negociações com os dissidentes
do PMDB e de outros partidos da base aliada. Ontem,
Lula desembarcou em Brasília para acompanhar de perto
as movimentações. No domingo, após semanas sendo
evitado pelo vice-presidente,
Lula conseguiu um encontro
com Temer em São Paulo. Segundo relatos de peemedebistas, Temer traçou um panorama da situação interna
do PMDB, cujo clima para a
reunião do Diretório Nacional é pelo rompimento, e disse ao ex-presidente que não
há mais condições de reverter o quadro. Lula perguntou
sobre a possibilidade de adiamento da reunião do Diretório Nacional, mas Temer
disse que o resultado prórompimento já estava consolidado e que não seria mais
possível “segurar o partido”.
Uma amostra dessa impossibilidade foi a decisão de
ontem do diretório do PMDB
de Minas Gerais de romper
com o governo Dilma, a
exemplo do que já fizera o
diretório do Rio. l
Lula aposta em coalizão sem apoio do diretório
Ex-presidente diz
que teve auxílio de
parte do PMDB, sem
fechar aliança
SÉRGIO ROXO
[email protected]
-SÃO PAULO- Em entrevista a 24
correspondentes de jornais
estrangeiros, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva lamentou ontem a provável saída do PMDB do governo, mas
disse acreditar que poderá
contar com o apoio de alguns
integrantes do partido na luta
contra o impeachment da
presidente Dilma Rousseff,
mesmo com a decisão contrária do Diretório Nacional.
Na avaliação do petista, a
saída do PMDB não significará um abandono total do partido. O ex-presidente lembrou
o início de seu governo, em
2003, quando parte do partido o apoiava, apesar de a cú-
pula da legenda não ter fechado uma aliança.
— Vejo com muita tristeza o
PMDB abandonar o governo ou
se afastar. Pelo que eu estou sabendo, os ministros do PMDB
não sairão e nem a Dilma quer
que eles saiam — afirmou.
Lula destacou ainda as diferenças regionais do PMDB.
— No segundo mandato,
nós fizemos um acordo com o
PMDB. Ainda assim, a gente
nunca teve todo o PMDB. Você tem vários estados em que
o PMDB quer apoiar o governo — declarou.
Em estratégia semelhante à
adotada na semana passada
pela presidente Dilma, que
também deu entrevistas a
correspondentes internacionais, Lula falou por mais de
duas horas para representantes de jornais como “The New
York Times” e “El Pais”, e de
agências, como “AP”, “Reuters”, “Efe” e “France Presse”,
defendendo que há “um golpe” em curso no Brasil.
O ex-presidente criticou ainda o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato:
— Por tudo que se sabe do
juiz Moro, é que ele é uma figura inteligente, competente, mas
como ser humano eu temo que
a mosca azul faça os seus efeitos. As pessoas começam a se
autovalorizar, a achar que aque-
“O governante
precisa pensar no
futuro e não ficar
preocupado em
sobreviver dia a
dia, que é o que
está acontecendo
hoje”
Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente
le tipo está legal, que é bom a
imprensa dar destaque.
Na semana passada, Lula já havia dito em discurso a sindicalistas que a Operação Lava-Jato pode trazer consequências negativas para o país, como aumento
do desemprego. No dia 4 de março, Moro determinou a condução coercitiva de Lula para depor.
No dia 17, o magistrado retirou o
sigilo sobre grampos de telefones
ligados ao ex-presidente feitos
com autorização judicial.
Na entrevista, Lula criticou a
imprensa e disse ainda que Dilma precisa de tranquilidade.
— Para que o país possa funcionar corretamente é preciso ter
tranquilidade. O governante
precisa pensar no futuro e não ficar preocupado em sobreviver
dia a dia, que é o que está acontecendo hoje. É uma sangria todo santo dia, e com o apoio de
uma certa mídia, que colabora
para que o clima de ódio fique
estabelecido nas ruas deste país
— disse Lula, arrematando: —
Deixem essa mulher governar. l
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016 2ª Edição
O GLOBO
l 5
A BATALHA DO IMPEACHMENT
_
Impeachment cabe ao Legislativo, diz Barroso
Relator do tema na Corte também defendeu que processo não é golpe, como já fizeram três ministros
FELIPPE SAMPAIO/STF DIVULGAÇÃO
EDUARDO BRESCIANI
[email protected]
-BRASÍLIA- O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso
afirmou ontem que a Corte não tem
pretensão de fazer juízo de mérito sobre o processo do impeachment da
presidente Dilma Rousseff, ou seja, de
avaliar se houve a prática de crime de
responsabilidade. Barroso, que foi relator do tema na Corte, afirmou que o
processo não pode ser chamado de golpe, enquanto o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, por sua vez, afirmou que tal expressão não cabe no debate jurídico. Os ministros Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Celso de Mello já se
posicionaram publicamente refutando
que impeachment possa ser reconhecido como um “golpe”.
Barroso e Lewandowski receberam
ontem deputados da Comissão do Impeachment em reuniões abertas à imprensa. O relator afirmou aos deputados que a decisão do STF sobre o rito
devolveu o assunto às mãos dos parlamentares e que cabe a eles decidir o futuro de Dilma.
— O que os senhores decidirem vai
prevalecer, na Câmara e no Senado. O
Supremo não tem pretensão de fazer
juízo de mérito nessa matéria — afirmou Barroso.
‘UM INEVITÁVEL FLA-FLU”
O ministro afirmou que impeachment
não é “golpe”, que há um “inevitável
Fla-Flu” sobre o tema e que cabe à Corte o papel de árbitro da disputa.
— Impeachment não é golpe, é um
mecanismo previsto na Constituição para afastar presidente da República, mas
se impõe respeito à Constituição e às
normas estabelecidas — disse o ministro.
O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Ricardo Lewandowski,
afirmou que a expressão “golpe”, utilizada pelo governo para contestar o processo de impeachment, pertence ao
debate político e não ao andamento jurídico do tema.
— Golpe é uma expressão que pertence ao mundo da política, nós aqui
usamos apenas expressões do mundo
jurídico — afirmou Lewandowski, após
se reunir com deputados da comissão
do impeachment.
O presidente ressaltou que a Corte,
Audiência. O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, recebe em audiência parlamentares representantes da comissão de impeachment: conversa sobre o trâmite do processo
“O que os senhores
decidirem vai
prevalecer, na
Câmara e no
Senado”
Luís Roberto Barroso
Ministro relator do impeachment
na decisão que proferiu sobre o impeachment, se limitou a reafirmar a
jurisprudência do processo de 1992,
que levou à saída do presidente Fernando Collor de Mello. Disse ainda
que o objetivo da decisão tomada pelo STF não foi afrontar a forma como
a Câmara conduzir o processo, mas
colaborar com o andamento dos trabalhos. Ele reconheceu que podem
haver novos questionamentos sobre
o processo. Afirmou que caso isso
ocorra a Corte se posicionará com celeridade. O ministro disse ainda aos
parlamentares que é necessário serenidade e trabalhar para evitar conflitos no andamento do processo.
Participaram das reuniões no STF o
presidente da Comissão do Impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF), o relator, Jovair Arantes (PTB-GO), e os de-
mais integrantes da mesa do colegiado,
Carlos Sampaio (PSDB-SP), Maurício
Quintella Lessa (PR-AL) e Fernando
Coelho Filho (PSB-PE). O relator ressaltou que a intenção é levar os trabalhos
de forma a evitar que o tema retorne
para discussão no STF.
— Estamos agindo com isenção e não
vamos dar oportunidade de que isso
aconteça cometendo qualquer erro
premeditadamente — afirmou Jovair.
O presidente da comissão afirmou
que sua intenção é continuar levando o
trabalho adiante com cautela, serenidade e respeito às instituições.
Na Câmara, o presidente Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) manteve ontem a
decisão tomada pela comissão especial do impeachment na semana passada de não incluir a delação premiada
do senador Delcídio Amaral na análi-
Janot afirma que Moro deve julgar Lula
AILTON DE FREITAS
PGR diz que nomeação
de ex-presidente não
descumpriu Constituição
se do processo contra a presidente.
Em decisão lida no plenário, Cunha
afirma que não cabe à Presidência da
Casa interferir em decisão tomada pela comissão especial e que ao colegiado definir que documentos irão compor a análise. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) queria que a delação fosse considerada por entender
que ela é “pública e notória”.
Depois de ouvir a decisão de Cunha,
o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP)
anunciou que também recorreria à CCJ
contra ela, para evitar qualquer manobra de retirada do pedido. A CCJ ainda
não foi instalada na Casa e isso só deverá acontecer na próxima semana.
Cunha minimizou as críticas do PT,
que pede que a presidente seja novamente notificada em função da retirada
dos documentos de Delcídio. l
Lewandowski aciona PF para
investigar ameaças a ministros
Magistrados da Corte
viraram alvo após
julgamentos que
envolvem a Lava-Jato
VINICIUS SASSINE
[email protected]
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ricardo Lewandowski, acionou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para
investigarem ameaças que os
ministros da Corte têm recebido após os julgamentos que
envolvem a Operação Lava-Jato. Sem entrar em detalhes, em
comunicado divulgado ontem,
Lewandowski afirmou que as
ameaças “excedem a mera irresignação com posições jurídicas externadas por integrantes do STF no legítimo desempenho do elevado múnus público que lhes foi cometido”.
Na última semana, o ministro Teori Zavascki foi alvo de
seguidos protestos pela decisão que determinou ao juiz federal Sérgio Moro que enviasse ao Supremo todas as investigações da Operação Lava-Jato envolvendo o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
-BRASÍLIA-
-BRASÍLIA- O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, afirmou, em parecer, que a
nomeação de Lula na Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff teve o objetivo de
influenciar as investigações sobre o expresidente na primeira instância da Justiça
Federal, mais especificamente na 13ª Vara
Federal em Curitiba, onde o juiz Sérgio
Moro conduz os processos da Lava-Jato.
No documento enviado ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), Janot classificou de “inegavelmente inusual”, “circunstância anormal” e “desvio de finalidade” a
decisão de Dilma de apressar a posse de
Lula no ministério. A indicação do procurador-geral no parecer é que a nomeação
do ex-presidente no cargo seja mantida,
mas sem foro privilegiado junto ao STF
para as suspeitas investigadas na Lava-Jato. Assim, conforme o parecer, os processos contra Lula devem ser mantidos na
primeira instância.
A manifestação de Janot ocorreu em
duas ações, do PSDB e do PSB, que pedem a anulação da posse do novo ministro. O relator é o ministro Teori Zavascki,
que pediu pareceres da PGR e da Advocacia Geral da União (AGU) antes de
uma decisão. A posse de Lula está suspensa por decisão do ministro Gilmar
Mendes. Outra decisão, de Teori, avocou
ao STF os processos contra Lula por conta da divulgação de grampos telefônicos
envolvendo autoridades com foro privilegiado, entre elas Dilma.
No parecer, Janot sugere também a suspensão de todos os 52 processos na Justiça Federal que questionam a nomeação
de Lula. Há 16 ações no próprio STF. Numa delas, Teori liberou o assunto para ser
examinado pelo plenário do STF, o que
Janot. Para procurador-geral da República, ex-presidente foi nomeado em ‘circunstância anormal’
Procurador-geral entende
que houve “desvio de
finalidade” na decisão
de Dilma em nomear
Lula ministro da Casa Civil
foi agendado para quinta-feira.
“A nomeação e a posse apressadas do
ex-presidente teriam como efeitos concretos e imediatos a interrupção das investigações conduzidas pelo MPF no primeiro grau de jurisdição e a remessa das
respectivas peças de informação ao STF e
à PGR, por força do foro”, escreveu Janot.
Segundo ele, uma mudança de instância
para apuração sobre os supostos crimes
cometidos por Lula levaria à “solução de
continuidade temporária” até a PGR se
inteirar sobre as provas reunidas.
O procurador-geral reconheceu que os
processos que investigam autoridades
com foro são mais lentos do que os autos
destinados aos “cidadãos em geral”. Outro ponto levantado por Janot é a possibilidade de Lula ser beneficiado por prazos prescricionais, uma vez que o ex-presidente tem 70 anos de idade. “Todos esses atrasos poderiam, hipoteticamente,
beneficiá-lo no caso de vir a ser acusado
em processo penal, diante da contagem
pela metade dos prazos de prescrição.”
Janot afirmou no parecer que Dilma
tem “competência constitucional” para
nomear ministros e que não houve descumprimento à Constituição na nomeação de Lula. “Não há obstáculo à nomeação de pessoa investigada criminalmente”, escreveu. “Não se nega que o nomeado tenha condições de emprestar relevante reforço político em tratativas necessárias ao funcionamento da Presidência
da República, dada sua experiência como
ex-presidente da República e sua qualidade de habilidoso negociador, segundo
se divulga.” l
SANÇÕES RIGOROSAS
“Desde a semana passada,
tenho mantido contato com
distintas autoridades da área
de segurança para coibir, reprimir e prevenir ameaças,
coações e violências perpetradas contra ministros da
Corte, a pretexto de manifestar suposto inconformismo
com decisões por eles proferidas”, diz o presidente do
STF na nota.
No documento, Lewan-
dowski afirma que as ameaças não têm relação com a liberdade de expressão. “Passam ao largo do direito de expressão constitucionalmente assegurado aos cidadãos,
ganhando contornos de crimes para os quais a legislação penal prevê sanções de
elevado rigor”, afirma a nota.
DESTEMOR E INDEPENDÊNCIA
O ministro afirma que todos
os responsáveis, estando direta ou indiretamente ligados
às ameaças, estão sob investigação e devem responder em
juízo, caso haja provas.
Lewandowski também enviou ofícios ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão, e ao advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo. O presidente do tribunal completou
o anúncio dizendo estar convicto de que os ministros do
STF não se deixarão abalar
por possíveis constrangimentos sofridos ou que venham a
sofrer e que todos os ministros “continuarão a desempenhar com destemor, independência e imparcialidade a solene atribuição de guardar a
Constituição da República
que juraram defender”.
“Para reforçar a certeza de
que a lei penal será efetivamente cumprida, foram enviados ofícios ao procurador-geral da República, ao
ministro da Justiça, ao advogado-geral da União e ao diretor-geral da Polícia Federal para o competente acompanhamento dos malfadados acontecimentos”, conclui a nota. l
6
l O GLOBO
l País l
2ª Edição Terça-feira 29 .3 .2016
A BATALHA DO IMPEACHMENT
_
PT e MST avisam que
Temer não vai ter paz
se vier a assumir
AILTON DE FREITAS/26-05-2015
No Senado, líder do governo afirma que vice será o
próximo a cair se Dilma sofrer ‘golpe constitucional’
EVANDRO ÉBOLI E CRISTIANE JUNGBLUT
dos para pedir “Fora, Dilma!” vão às ruas para
dizer “Fica, Temer”, para defendê-lo. Não. E, seguramente, Vossa Excelência será o próximo a
-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Um dos coordenadores naciocair, porque nós, do PT, dos movimentos sociais
nais do Movimento dos Trabalhadores Rurais e todos aqueles que defendemos a democracia
Sem Terra (MST), Alexandre Conceição afir- vamos seguir ocupando o Brasil inteiro, de Normou ontem, em ato pró-Dilma Rousseff na Câ- te a Sul, para denunciar a ruptura da ordem demara, que se o vice-presidente Michel Temer mocrática e dizer que não aceitamos qualquer
(PMDB) vier a assumir a Presidência da Repú- tipo de golpe — disse Humberto Costa.
blica não terá paz.
Chamando o processo de impeachment de
— O que está ocorrendo é uma manobra in- “golpe”, Costa disse que Temer não deve cair
constitucional, um golpe. Tan“no canto da sereia” e querer
to Eduardo Cunha (presidente
trair a chapa em que foi eleida Câmara), réu no Supremo e
to vice-presidente de Dilma:
acusado de muitos crimes,
— Se Vossa Excelência (Tequanto o vice Michel Temer
mer) sucumbir a essa vendenão vão ter paz. Vamos fazer
ta em curso contra a presiuma luta política forte. Para
denta Dilma, levará o Brasil
manter os ganhos sociais, só há
inteiro a ser tragado por uma
uma saída: manter Dilma na
maré de forte instabilidade. O
Presidência — disse Alexandre
país e a sua biografia não meConceição ao GLOBO.
recem isso.
O MST entende que afastar
O petista chamou de
Dilma é um golpe, e Conceição
“oportunismo de alguns” a
anunciou que os manifestantes
intenção de o PMDB desemsem-terra que participarão da
barcar do governo, tema que
marcha de 31 de março em Braserá tratado hoje em reunião
sília permanecerão na capital
do partido.
até o desfecho do processo de
O líder do governo no Seimpeachment na Câmara:
nado reforçou que petistas e
— O pessoal já está acostumadefensores da presidente Dildo a suportar e vai ficar o tempo
ma se manterão mobilizados:
Alexandre Conceição
que for necessário.
— Não haverá trégua a esUm
dos
coordenadores
do
MST
O coordenador do MST disse
se movimento golpista, nem
que se Cunha marcar a sessão do
antes, nem depois, caso ele
impeachment para um domingo, como chegou a venha, vergonhosamente, a se materializar.
ser divulgado, os sem-terra estarão nas ruas:
Mesmo com os ataques a Temer, Humberto
— Não há a menor dúvida. O dia que for, o Costa disse esperar que os principais líderes do
pessoal vai para a rua.
PMDB tenham “responsabilidade para agir e
O líder do governo no Senado, Humberto Cos- manter a coalização”:
ta (PE), foi à tribuna do plenário dizer que Te— Não precisamos criar outra crise, de promer “será o próximo a cair” se assumir o gover- porções muito maiores.
no, caso a presidente Dilma Rousseff sofra o que
Na mesma linha de Costa, os senadores Lindele chamou de “golpe constitucional”. Costa bergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR)
afirmou que os movimentos que pedem a saída disseram que Temer está chancelando um
de Dilma não defenderão Temer. Ele disse ainda “acordão” para permitir o impeachment.
que, com a saída de Dilma, haverá “resistência”,
Já o presidente do PT, Rui Falcão, disse one espera que o vice-presidente não entre na tem que “só a mobilização nas ruas pode bar“vendeta” contra a presidente.
rar o golpe”. Falcão usou sua página nas redes
— Não pense que os que hoje saem organiza- sociais para convocar simpatizantes do go-
[email protected]
“Vamos fazer uma
luta política forte.
Para manter os
ganhos sociais, só
há uma saída:
manter Dilma na
Presidência”
Humberto Costa. Em caso de impeachment, PT e movimentos sociais ocuparão o país para denunciar ruptura, disse
verno Dilma e do PT para irem às ruas nesta
quinta-feira, dia 31, lembrando ser o mesmo
dia do aniversário do golpe militar de 1964. A
ideia é que o ato aconteça no maior número
possível de cidades.
“No dia 31 próximo vamos novamente às
ruas para defender a democracia, o mandato
da presidenta Dilma e mudanças na política
econômica. É hora, também, de dialogar com
os parlamentares, num processo de convencimento para que não votem contra o Brasil.
Só a mobilização nas ruas, nos locais de trabalho, nas escolas, no campo e a vigilância
permanente dos democratas podem barrar o
golpe”, escreveu Falcão.
MANIFESTO EM FAVOR DA DEMOCRACIA
O presidente do PT diz, na mensagem, que o
golpe de 31 de março de 1964 ocorreu sob o pretexto de se combater a corrupção e “em defesa
da democracia”. Para ele, diante da atuação da
oposição, “um novo golpe está em andamento”.
“Motiva-o, mais uma vez, a ascensão das lutas populares, a conquista de direitos e a disposição dos movimentos sociais organizados
e dos democratas de não admitirem nenhum
retrocesso”.
Falcão elogiou o papel dos militares que
“cumprem rigorosamente seu papel constitucional, avessos no momento ao chamamento das
vivandeiras saudosas da ditadura”.
Mais de 530 intelectuais estrangeiros assinaram um manifesto sobre a situação política brasileira. Com o título “A democracia
brasileira está seriamente ameaçada”, professores e pesquisadores afirmaram que
existe um risco de que o discurso do comba-
te à corrupção esteja sendo utilizado para
desestabilizar o governo. O documento foi
organizado pelo professor de História do
Brasil James N. Green, da Universidade
Brown, e Renan Quinalha, pesquisador da
USP na mesma universidade.
Segundo o documento, as investigações da
Lava-Jato foram prejudicadas por excessos e
medidas injustificadas. Os intelectuais citam
as prisões preventivas, os vazamentos e a interceptação telefônica que envolveu a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. “Durante
suas investigações, alguns funcionários públicos estão violando direitos fundamentais dos
cidadãos, tais como presunção da inocência,
garantia de Judiciário imparcial, sigilo da comunicação entre cliente e advogado, além do
direito à privacidade”, diz o documento.
Dentre os signatários, estão a historiadora
Barbara Weinstein (New York University), o
historiador Jean Hebrard (École des Hautes
Études en Sciences Sociales, Paris), o sociólogo John Bellamy Foster (University of Oregon), a cientista política Margaret Keck
(Johns Hopkins University), a filósofa Nancy
Fraser (New School for Social Research), o
especialista em literatura brasileira Pedro
Meira Monteiro (Princeton University), o
historiador Sidney Chaulboub (Harvard), e a
cientista política Sonia Alvarez (University
of Massachusetts).
A maioria das adesões é de professores universitários de Argentina e México. No entanto,
o manifesto também foi assinado por professores de países como África do Sul, Índia, Japão e Turquia. (Colaborou Dimitrius Dantas,
estagiário, sob supervisão de Flávio Freire) l
IMPEACH
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016 2ª Edição
O GLOBO
l 7
A BATALHA DO IMPEACHMENT
_
O poder do PMDB aos 50 anos
U
Anote
A trajetória do partido
Partido que pode chegar à presidência tem sete governadores e quase mil prefeitos
AS PRINCIPAIS LIDERANÇAS PELO PAÍS
SUL
O MDB. Foi composto por políticos vindos de partidos
SUDESTE
PR
RS
CACIQUE:
GOVERNADOR:
Senador
Roberto Requião
Sartori
José Ivo
Eliseu
Padilha, ex-ministro
da Aviação Civil
CACIQUE:
SC
ES
VICE-GOVERNADOR:
GOVERNADOR:
Eduardo Pinho
Moreira
PREFEITURAS: 105
de 295
Hartung
BA
PE
Paulo
RJ
5 (maior
bancada da Assembleia)
SP
GOVERNADOR:
CACIQUE:
MG
AL
Pezão
CACIQUES: Jorge
Picciani, presidente
da Alerj e Eduardo
Cunha, presidente
da Câmara
VICE-GOVERNADOR:
DEPUTADOS:
Vice-presidente
Michel Temer
GOVERNADOR:
Renan
Antonio Andrade
Filho
DEPUTADOS ESTADUAIS:
CACIQUE:
13 (maior bancada)
Senador
Renan Calheiros
PB
MA
NORDESTE
CACIQUE: Geddel
Vieira Lima
(presidente regional)
VICE-GOVERNADOR:
Henry
Raul
Deputado
Jarbas Vasconcelos
CACIQUE: Senador
José Maranhão
CACIQUE:
José Sarney
CACIQUE:
PI
RN
CACIQUE: Marcelo
Castro, ministro da
Saúde
O ex-presidente
fez sua carreira
política nos dois
estados
GOVERNADOR:
Jackson Barreto
AP
CACIQUE:
José Sarney
NORTE
AM
TO
CACIQUE: Eduardo
Braga, senador,
ministro de Minas
e Energia
GOVERNADOR:
Marcelo
Miranda
Kátia Abreu,
ministra da Agricultura
RR
Senador
Romero Jucá
CACIQUE:
RO
GOVERNADOR:
Moura
Confúcio
CACIQUE:
MT
Jader
Barbalho,
senador
GO
CACIQUE: Íris
Rezende,
ex-governador
Deputado
Carlos Bezerra
CACIQUE:
CACIQUE:
6 7 4 18 68 142 996
ministros governadores vice-gover- senadores deputados deputados prefeitos
nadores
PMDB se consolida como principal partido do país,
controlando o maior número de prefeituras e estados.
Em 1986, elege 22 dos 23 governadores, 260
deputados federais e 44 senadores. Assim, torna-se
hegemônico no Congresso e passa a liderar o
processo da Assembleia Nacional Constituinte, que
foi comandada por Ulysses Guimarães.
DESEMPENHO NACIONAL. Apesar da força regional,
o PMDB nunca teve unidade para lançar candidato
competitivo à eleição presidencial. Ulysses
Guimarães concorreu em 1989, mas teve cerca de
5% dos votos. Em 1994, Orestes Quércia também
concorreu conquistando apenas 4% dos votos.
O RACHA. Em 2002, o PMDB decide se coligar com o
PSDB e lança a deputada Rita Camata (ES) como
candidata à vice na chapa de José Serra. No entanto,
parte do partido, liderado por Sarney, apoia a
candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
O PMDB NO PODER
Vice-presidente
NASCE O PMDB. Com o fim do bipartidarismo em
1979, o quadro partidário foi reorganizado. Em 1980,
nasce o PMDB, sigla do antigo MDB. Já na primeira
eleição estadual, em 1982, elege nove governadores.
No Congresso, Tancredo Neves e José Sarney, pelo
PMDB, são eleitos, pelo Colégio Eleitoral, presidente e
vice-presidente do Brasil em 1985. Com a morte de
Tancredo, Sarney assume.
O FIEL DA BALANÇA. Sem candidato com força para
concorrer à presidência, o PMDB assume o papel de
fiel da balança nos governos de Fernando Henrique
Cardoso. O partido passa a comandar o Senado de
2001 a 2007. Após a breve presidência do petista
Tião Viana, reassume o posto até o momento. Hoje o
PMDB também preside a Câmara dos Deputados.
CENTRO-OESTE
PA
extintos pelo regime militar, entre eles, o PTB,
majoritário, e dissidentes do PSD. Em seus primeiros
anos, o MDB foi considerado oposição tolerada porque,
de certa forma, sua existência dava legitimidade ao
sistema controlado pelos militares. Apesar da pressão
do regime, o MDB avançou, assumindo postura
combativa. Em 1974, apesar das seguidas mudanças
nas regras das eleições, o partido consegue expressiva
vitória no Senado e na Câmara, superando a Arena. O
partido avança para os centros urbanos.
PODER REGIONAL. Desde o fim do governo Sarney, o
SE
CACIQUE: Henrique
Eduardo Alves,
ex-ministro do
Turismo
BIPARTIDARISMO. Com a extinção dos partidos políticos
a partir da publicação do AI-2, em 1965, o Brasil passa
a adotar o bipartidarismo. Em 24 de março de 1966, é
fundado o Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
que faria oposição à Arena, partido de sustentação do
regime militar.
federais*
*Em exercício
estaduais
Editoria de Arte
VICE-PRESIDÊNCIA. Eleito presidente, Lula rejeita o
apoio do PMDB. Em 2006, após o escândalo do
Mensalão, faz reforma ministerial para consegui-lo,e o
partido passa a integrar o governo. Uma ala da legenda
apoia a reeleição de Lula em 2006. Em 2010, o partido
indica o vice Michel Temer na chapa que elegeria Dilma
Rousseff. A coligação se repete na reeleição, em 2014.
(Fabio Vasconcellos)
MENT JÁ!
8
l O GLOBO
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016
A BATALHA DO IMPEACHMENT
_
Crise e paralisia do governo adiam leilão de portos
Ministro da área é um dos peemedebistas que devem desembarcar hoje; diretoria da Antaq também está vaga
DANILO FARIELLO
[email protected]
Em meio à crise política que paralisa a
gestão, o governo federal decidiu ontem adiar em
cerca de 30 dias o leilão de seis áreas portuárias
no Pará, que ocorreria nesta quinta-feira e levará
a investimentos de R$ 1,6 bilhão. Hélder Barbalho, da Secretaria Especial dos Portos, é um dos
ministros do PMDB que devem desembarcar do
governo hoje. A diretoria geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), responsável pelo leilão, também está vaga e é ocupada
por um substituto desde o mês passado.
Oficialmente, a Antaq informou ontem que o leilão foi adiado “em razão da ausência de resposta de
48 pedidos de esclarecimentos ocasionados por
problemas no sistema de informática da Antaq”. Segundo a agência, houve um total de 49 dúvidas, das
quais apenas uma teria sido respondida, portanto.
-BRASÍLIA-
Segundo Fernando Fonseca, diretor-geral
substituto da Antaq, o problema técnico foi detectado na quinta-feira passada, e, por conta do
feriado, a decisão de adiamento do leilão foi tomada na manhã de ontem, colegiadamente, entre ele e o colega Adalberto Tokarski, outro diretor da agência.
FALTA LIDERANÇA NA INFRAESTRUTURA
Essa decisão de revisão do cronograma foi tomada antes do fim do horário para registro de
documentos na Bolsa, às 13h, segundo Fonseca.
No entanto, ele reconhece que a decisão só foi
anunciada depois do prazo para apresentação
das propostas de interessados no leilão na
BM&FBovespa. Na prática, portanto, o governo
só tornou efetiva a decisão depois de registrada
a demanda, com os investidores certos de que o
leilão ocorreria.
— Se mantivéssemos o leilão, haveria vícios de
JOSÉ CASADO
nulidade pela falta das respostas, e os investidores
poderiam pedir a anulação do edital posteriormente — disse Fonseca ao GLOBO, que disse esperar a realização efetiva do leilão daqui a 30 dias.
O governo vê esse leilão de portos como um termômetro do interesse da iniciativa privada por investimentos em infraestrutura em meio às crises
econômica e política. No leilão anterior, no início
do ano, o governo teve de retirar justamente uma
área no Pará, estado do ministro Barbalho, por falta
de interesse de investidores.
— Nós poderíamos até ter eventualmente ignorado esses 48 pedidos, mas a gente achou por
bem que fossem devidamente respondidos —
disse Fonseca.
Além da situação incerta do ministro dos Portos e da falta de um diretor-geral na Antaq, que
ainda tem de ser indicado pelo governo e aprovado pelo Senado, a falta de lideranças no setor de
infraestrutura no governo se caracteriza também
Artigo
[email protected]
P
revê-se para hoje, em Brasília,
uma cena inédita no enredo político brasileiro dos últimos 30
anos : a cerimônia do adeus do
PMDB a um governo.
Se confirmada, será uma despedida na cadência do processo de impeachment de Dilma Rousseff e na perspectiva de uma dura
disputa na eleição municipal de outubro.
Assentado numa singular estrutura de núcleos de poder regionais, o PMDB depende
mais que outros partidos do desempenho
eleitoral do conjunto de seus 3,4 mil diretórios municipais. Em 2012, por exemplo, elegeu
996 prefeitos e indicou o vice em outras 840
chapas vitoriosas. Essa azeitada máquina
eleitoral permitiu-lhe emergir das urnas em
2014 com uma bancada de 142 deputados estaduais, 67 federais (13% da Câmara) e 17 senadores (24% do plenário).
Com veias abertas em dois terços das zonas
eleitorais do país, e tendo optado por não ter
candidato presidencial nas últimas três décadas,
transformou-se no sócio desejado por todos os
governantes do período pós-ditadura. Empenhou-se numa sociedade com o PT de Lula. Ampliou-a com Dilma que abraçou Michel Temer
na vice-presidência, complementando com a
partilha dos orçamentos de 22% dos ministérios
entre diferentes grupos do partido.
A ruptura ocorre em condições agravadas
por uma sequência de ofensivas desastrosas
do PT, combinadas entre Dilma e Lula, para
neutralizar uma parceria que sempre foi percebida como indesejável pelos efeitos no con-
Cerimônia do adeus
trole do caixa federal. Foi Lula quem deu essa diFoi o caso das negociações palacianas a respeimensão à fatura, ainda em 2002.
to da conversão dos créditos “podres” contabiliLogo depois de sair das urnas com 61,5% dos zados no caixa de instituições financeiras sob invotos, no início de novembro, viu seu “capitão” tervenção do Banco Central. As narrativas deriJosé Dirceu anunciar acordo com o PMDB pa- vam no seguinte: a presidente vetou um negócio
ra o ministério. Desmentiu-o em público, ho- com potencial de impacto bilionário para os coras depois. Qualificou como “exageradas” as fres públicos, supostamente defendido pelo vice,
exigências dos aliados de José Sarney, Michel no qual os principais beneficiários seriam os banTemer e Renan Calheiros. Opqueiros habituais patrocinadotou por 13 ministros do PT,
res do deputado Eduardo CuA ruptura ocorre em
entregou 7 ministérios a ounha, presidente da Câmara.
condições
agravadas
por
tros partidos e deixou o PMDB
Renegado, Temer viu-se no
à margem, sem nenhum, limi- uma sequência de ofensivas espelho como um “vice decotando-se a acertar um rodízio
rativo”. A desconstrução da sodesastrosas do PT,
no comando da Câmara e do
PMDB-PT ocorre num
combinadas entre Dilma e ciedade
Senado.
ambiente marcado pelos efeiRefez o entendimento na cri- Lula, para neutralizar uma tos da recessão econômica e
se do mensalão e selou o pacto
pelo abrupto aumento na rejeiparceria (com o PMDB)
na sucessão. Desde a campação a Dilma e Lula: dois em canha de 2010, porém, é evidente que Dilma e Te- da três eleitores classificam o governo entre
mer convivem, se toleram e, eventualmente, "ruim"e "péssimo", segundo Ibope e Datafolha.
compartilham tapetes e ar refrigerado. Nunca E 60% avisam que não votariam em Lula "de jeiforam amigos, mas no governo se tornaram ini- to nenhum" para presidente da República.
migos íntimos.
Isso tem peso específico às vésperas de uma
A cacofonia no Palácio do Planalto virou dis- disputa municipal que se antevê complicada. O
córdia com os sistemáticos vetos da presidente Ibope, em outra pesquisa, revela que 40% dos
às propostas emuladas pelo vice que, ao seus eleitores, na média, consideram “ruim” ou “pésolhos, redundariam em benefícios pecuniários sima” a administração do prefeito de sua cidaa uma fração do PMDB, na contramão dos inte- de, declarando disposição para votar num canresses do PT.
didato de oposição. E mais: a maioria (54%) si-
pela ausência de um ministro-chefe da Casa Civil, desde que o ex-presidente Lula foi impedido
de assumir o cargo pela Justiça.
Lula quis trazer para a responsabilidade da Casa
Civil o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), que toca também as concessões de infraestrutura, como essa de portos. Por enquanto, porém, a Secretaria do PAC permanece nas dependências do Ministério do Planejamento, ao qual
estava oficialmente vinculada até o dia 17 de março, data em que se pretendia empossar Lula na
Casa Civil. Naquele dia, assumiu a Secretaria de
Aviação Civil (SAC) o ministro Mauro Lopes, também do PMDB, para promover quatro leilões de
aeroportos, de Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e
Florianópolis. No setor elétrico, cujo ministro de
Minas e Energia, Eduardo Braga, também é indicado pelo PMDB, o governo pretendia privatizar
neste mês de março a Celg, distribuidora de energia de Goiás, mas agora a previsão atual é abril. l
naliza vontade de premiar com o voto candidatos sem biografia partidária. Nesse quadro,
Dilma, Lula e o PT passaram a ser vistos como excesso de peso.
O desembarque do governo também atende às conveniências dos líderes desse um
partido que há duas décadas não tem candidato presidencial e continua sem nome para
2018. Abraçados à oposição, eles vislumbram
a chance de chegar ao centro do poder numa
travessia sem o voto direto — o impeachment de Dilma levaria Temer ao Planalto.
Significa mudar para continuar como está.
Se vai dar certo, não sabem, pois sua sorte,
assim como a de Dilma, depende do imponderável em outra arena, a do Judiciário.
Uma sentença da Justiça Eleitoral pode redundar na cassação de Dilma e Temer, por
abuso de poder econômico na eleição de
2014. Levaria a novas eleições.
Há, também, a série de inquéritos sobre
corrupção na Petrobras e outras estatais. Entre 12 parlamentares do PMDB denunciados
no Supremo, seis integram a direção nacional que hoje vai presidir a cerimônia do
adeus ao PT de Lula e Dilma.
Além desses, estão sob investigação os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, do Senado, Renan Calheiros, e ainda o senador
Edison Lobão — a quem Lula e Dilma entregaram o comando do Ministério das Minas e
Energia durante sete anos.
Lobão tomou conta de um polêmico portfólio
de despesas da Eletrobrás, que inclui gastos suspeitos na usina hidrelétrica de Belo Monte, no
Pará. Nos próximos dias, o STF começa a retirar
o manto de sigilo sobre esse caso, que ameaça
tragar boa parte da cúpula do PMDB. l
Somos milhões de empregos
e bilhões de reais em impostos.
REPRESENTAMOS FAMÍLIAS, HOMENS, MULHERES, JOVENS. VEMOS QUE O PAÍS ESTÁ À DERIVA.
A HORA DE MUDANÇA É AGORA. DIZER SIM AO IMPEACHMENT, DENTRO DOS PARÂMETROS
CONSTITUCIONAIS, É DIZER NÃO AO DESCONTROLE ECONÔMICO, AO DESCASO COM AS EMPRESAS,
COM O EMPREGO E, PRINCIPALMENTE, COM VOCÊ. CHEGA DE PAGAR O PATO. O BRASIL TEM JEITO.
ACORDA BRASIL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA CONSTRUÇÃO
METÁLICA – ABCEM
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS
PARA ANIMAL
DE ESTIMAÇÃO – ABINPET
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE ARTEFATOS
DE BORRACHA – ABIARB
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE CHOCOLATES,
CACAU, AMENDOIM, BALAS
E DERIVADOS – ABICAB
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA
DE LAJES – ABILAJE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS EMPRESAS DE SISTEMAS ELETRÔNICOS
DE SEGURANÇA – ABESE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE
TINTAS PARA
IMPRESSÃO – ABITIM
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS INDÚSTRIAS DE BISCOITOS,
MASSAS ALIMENTÍCIAS
E PÃES E BOLOS
INDUSTRIALIZADOS – ABIMAPI
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DO
ARROZ – ABIARROZ
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS INDÚSTRIAS DE QUEIJO – ABIQ
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA
DO PLÁSTICO – ABIPLAST
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS INDÚSTRIAS E DO SETOR
DE SORVETES – ABIS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA ELÉTRICA
E ELETRÔNICA – ABINEE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE CRIADORES – ABC
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
PARA VAREJO – ABIESV
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA
FERROVIÁRIA – ABIFER
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE DISTRIBUIDORES
E PROCESSADORES DE VIDROS
PLANOS – ABRAVIDRO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DA INDÚSTRIA DE
ILUMINAÇÃO – ABILUX
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS EMPRESAS DE REFEIÇÕES
COLETIVAS – ABERC
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE ENGENHARIA E CONSULTORIA
ESTRUTURAL – ABECE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE ENGENHARIA INDUSTRIAL – ABEMI
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE INDÚSTRIAS DE SUPLEMENTOS
MINERAIS – ASBRAM
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE LOGÍSTICA – ABRALOG
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE MARCAS PRÓPRIAS
E TERCEIRIZAÇÃO – ABMAPRO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS – ABRAMPE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE PRESERVADORES
DE MADEIRA – ABPM
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DO AGRONEGÓCIO DA REGIÃO
DE RIBEIRÃO PRETO – ABAG/RP
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
CRIADORES DE SUÍNOS – ABCS
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Trechos de delação
com menções a Dilma
são enviados ao STF
l 9
GERALDO BUBNIAK/AGB/22-02-2016
Declarações da publicitária Danielle Fonteles falam
sobre movimentações financeiras em campanhas
JAILTON DE CARVALHO
[email protected]
-BRASÍLIA- Trechos da delação premiada da publicitária Danielle Fonteles, uma das sócias
da agência Pepper Interativa, que contêm referências à presidente Dilma Rousseff, foram
enviados ao Supremo Tribunal Federal
(STF), segundo disse ao GLOBO uma fonte
que acompanha o caso de perto. Caberá ao
STF, a partir de parecer da Procuradoria-Geral da República, decidir se abre ou não investigação sobre o caso.
Em acordo de colaboração, firmado na Operação Acrônimo, Danielle falou sobre movimentações financeiras nas campanhas da presidente em 2010 e 2014. As declarações da publicitária também implicariam o governador de Minas
Gerais, Fernando Pimentel (PT), e o empresário
Benedito de Oliveira. A informação sobre o
acordo foi divulgada pela coluna Radar, da revista “Veja”, e confirmada por duas fontes ligadas às investigações.
Danielle decidiu fazer acordo de delação
depois de tomar conhecimento das acusações dos executivos Otávio Azevedo e Flávio
Barra, da Andrade Gutierrez, sobre parte das
movimentações financeiras das campanhas
da presidente. Em depoimentos na Lava-Jato, os dois teriam dito que a empreiteira repassou mais de R$ 6 milhões à campanha de
Dilma em 2010 a partir de um contrato fictício de prestação de serviços com a Pepper.
PF APURA SE HOUVE PAGAMENTOS INDEVIDOS
A empreiteira teria feito os pagamentos à
agência a pedido de Pimentel, um dos coordenadores da campanha de Dilma em 2010.
A Pepper prestou serviços ao PT nas duas últimas campanhas presidenciais. As relações
entre a empresa e Fernando Pimentel são um
dos alvos centrais da Operação Acrônimo. A
partir da operação, a PF investiga se empresas fizeram pagamentos indevidos à mulher
do governador, Carolina de Oliveira, e à campanha dele ao governo de Minas em 2014.
Em nota divulgada no início do mês, quando surgiram informações sobre a delação
dos executivos da Andrade Gutierrez, José
De Filippi Jr., coordenador financeiro da
campanha de Dilma em 2010, negou qualquer irregularidade nas transações com a
Pepper. Segundo a nota, “os serviços prestados pela empresa Pepper à campanha de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DOS FABRICANTES
DE TINTAS – ABRAFATI
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DOS PRODUTORES
DE LEITE – LEITE BRASIL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DOS PRODUTORES
DE SOJA – APROSOJA BRASIL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DOS TERMINAIS RETROPORTUÁRIOS
E DAS EMPRESAS TRANSPORTADORAS
DE CONTÊINERES – ABTTC
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PELA
CONFORMIDADE E EFICIÊNCIA
DE INSTALAÇÕES – ABRINSTAL
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
DE SÃO PAULO – ACSP
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
E EMPRESARIAL DE OSASCO – ACEO
ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS
REFORMADORAS
DE PNEUS DO ESTADO
DE SÃO PAULO – ARESP
ASSOCIAÇÃO DOS CONTROLADORES
DE VETORES E PRAGAS URBANAS – APRAG
ASSOCIAÇÃO DOS
EMPRESÁRIOS DE CUMBICA – ASEC
ASSOCIAÇÃO DOS
FORNECEDORES DE CANA
DA ALTA NOROESTE – AFOCAN
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
DE CANA DA REGIÃO DE IGARAÇU –
BARRA BONITA – AFIBB
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES DE CANA
DA REGIÃO DE ITURAMA – ASFORAMA
2010 da presidente Dilma Rousseff foram regularmente contabilizados nas prestações
de contas aprovadas pelo TSE”.
No texto, Filippi Jr. afirmou ainda que durante
a campanha de 2010 pagou R$ 6,4 milhões pelos
serviços prestados pela Pepper. Procurado pelo
GLOBO, o advogado Cleber Lopes, responsável
pela defesa de Danielle, disse não ter ciência de
um acordo de delação premiada:
— Não estou sabendo deste acordo.
FERNANDO PIMENTEL É INVESTIGADO PELO STJ
O advogado Eugênio Pacceli, que assumiu a
defesa de Pimentel na Operação Acrônimo na
semana passada, disse não saber se existe ou
não delação. Mas, para ele, isso não representa
motivo de preocupação.
— Não me preocupo em nada (com o acordo de Danielle). Primeiro porque não sei se
houve delação. Segundo porque o governador nada tem a esconder em relação à Pepper
— disse Pacceli.
A investigação sobre o governador Fernando Pimentel tramita no Superior Tribunal de
Justiça (STJ). No início de março, a Polícia
Federal pediu e o STJ concedeu autorização
para indiciar Pimentel no inquérito aberto a
partir da operação Acrônimo, que apura envolvimento dele com o empresário Benedito
Rodrigues de Oliveira, o Bené. Em decisão sigilosa no fim de fevereiro, o ministro Herman Benjamin, relator do caso, autorizou o
indiciamento.
O despacho do ministro do STJ também
permitiu que a PF tome o depoimento do governador de Minas Gerais. Após a conclusão
das investigações, o relatório policial é encaminhado ao Ministério Público Federal que
tem autonomia para oferecer ou não denúncia contra o indiciado. Caso a denúncia seja
enviada ao STJ, o ministro do caso elabora
um relatório e o submete à Corte Especial do
tribunal, para que seja decidido se é ou não
aberta ação penal contra o governador. Só
então ele passa a ser considerado réu.
A PGR pediu para a PF ouvir o governador
sobre suspeitas de pagamentos indevidos de
empresas à mulher dele e sobre a prestação
de contas à Justiça Eleitoral referente à campanha que elegeu o petista governador em
2014. Pimentel e Carolina são investigados
no mesmo inquérito no STJ. A Operação
Acrônimo apura um suposto desvio de recursos públicos para financiar campanhas. l
Investigados. Monica Moura e o marqueteiro Joao Santana realizam exame de corpo de delito no IML em Curitiba
João Santana e mulher são denunciados à
Justiça; ‘lista da Odebrecht’ já está no Supremo
Juiz Sérgio Moro aguarda
determinação do STF
para decidir se vai
analisar investigação
TIAGO DANTAS
Enviado especial
[email protected]
-CURITIBA -O
Ministério Público
Federal ofereceu ontem denúncia contra o marqueteiro
João Santana, a mulher dele,
Mônica Moura, e outras seis
pessoas. O pedido ainda não
foi avaliado pelo juiz Sérgio
Moro, que encaminhou toda a
investigação para o Supremo
Tribunal Federal (STF) junto
com as planilhas que indicavam pagamentos da Odebrecht a centenas de políticos.
Como o casal Santana não
tem foro privilegiado, o STF pode devolver parte do processo
para a 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba. Caso isso aconteça, Moro seria o responsável
por avaliar se aceita a denúncia
feita pelo MPF. Santana e Mônica estão presos desde 23 de fevereiro na sede da Polícia Federal
e, caso a denúncia seja aceita,
vão responder pelos crimes de
lavagem de dinheiro, manutenção de valores não declarados
no exterior, corrupção passiva e
organização criminosa.
Indiciados pela Polícia Federal (PF) na última quarta-feira,
eles são acusados de receber
da Odebrecht R$ 21,5 milhões
no Brasil, após as eleições de
2014, e US$ 3 milhões, por
meio de contas secretas no exterior. O casal também é acusado de receber US$ 4,5 milhões de Swi Skornicki, apontado como operador de pagamento de propinas para funcionários da Petrobras em nome
do estaleiro Keppel Fels, dono
de contratos com a estatal.
Em depoimento aos policiais, Santana e Mônica negaram
os crimes. Semanas depois,
Mônica começou a negociar
um acordo de delação premiada com a Justiça. A defesa do
marqueteiro alega que tanto os
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES DE CANA
DA REGIÃO DE NOVO HORIZONTE – NOVOCANA
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE SOJA
DO ESTADO DO MATO GROSSO – APROSOJA MT
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
DE CANA DA REGIÃO
DE ORINDIÚVA – ORICANA
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS
DE OBRAS RODOVIÁRIAS – ANEOR
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
DE CANA DA REGIÃO
OESTE PAULISTA – AFCOP
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
DE CANA DE
ARARAQUARA – CANASOL
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
DE CANA DE GUARIBA – SOCICANA
ASSOCIAÇÃO DOS MINERADORES
DE AREIA DO VALE
DO RIBEIRA E BAIXADA
SANTISTA – AMAVALES
ASSOCIAÇÃO DOS MISTURADORES
DE ADUBOS DO BRASIL – AMA BRASIL
ASSOCIAÇÃO DOS PLANTADORES
DE CANA DA REGIÃO
DE JAÚ – ASSOCICANA
ASSOCIAÇÃO DOS PLANTADORES
DE CANA DA REGIÃO DE MONTE
APRAZÍVEL – APLACANA
ASSOCIAÇÃO DOS PLANTADORES
DE CANA DE ARAÇATUBA – APCA
ASSOCIAÇÃO DOS PLANTADORES
DE CANA DO MÉDIO TIETÊ – ASCANA
ASSOCIAÇÃO DOS PLANTADORES
DE CANA DO OESTE DO
ESTADO DE SÃO PAULO – CANAOESTE
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES
DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA
AS INDÚSTRIAS DE BIOENERGIA
DE GOIÁS – APMP
ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE FABRICANTES DE ESQUADRIAS
DE AÇO – AFEAÇO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE FABRICANTES DE ESQUADRIAS
DE ALUMÍNIO – AFEAL
ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA
DIFUSÃO DE ADUBOS – ANDA
ASSOCIAÇÃO PARA EDUCAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL – ABAI
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DAS EMPRESAS
PRODUTORAS DE AGREGADOS
PARA CONSTRUÇÃO – APEPAC
ASSOCIAÇÃO PAULISTA
DE AVICULTURA – APA
valores recebidos pela Odebrecht, quanto aqueles doados
por Skornicki são pagamentos
de campanhas eleitorais realizadas no exterior - Santana trabalhou em Angola, Venezuela
e República Dominicana.
O advogado de João Santana,
Fábio Tofic, afirmou que a denúncia não consegue provar que
o marqueteiro e sua mulher cometeram os crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro, Nas palavras dele, a acusação é uma "peça de ficção" e manter o casal
preso é "irresponsável". Tofic reconhece que Santana cometeu o
crime de caixa 2 e sonegação.
— Os procuradores não conseguiram indicar uma única prova
de que eles (João Santana e Mônica Moura) soubessem da relação do dinheiro que receberam
com os desvios da Petrobras, que
é o que transformaria o caixa 2
eleitoral num crime de corrupção. Estamos diante de um crime
eleitoral, caixa 2, e de uma sonegação fiscal. No máximo. Não se
trata de corrupção e lavagem de
dinheiro. l
CENTRO DAS INDÚSTRIAS
DO ESTADO DE
SÃO PAULO – CIESP
CENTRO NACIONAL
DE MODERNIZAÇÃO
EMPRESARIAL – CENAM
CONSELHO NACIONAL
DA PECUÁRIA
DE CORTE – CNPC
COOPERATIVA
AGROINDUSTRIAL – COPLANA
COOPERATIVA DE CRÉDITO
DE LIVRE ADMISSÃO DA REGIÃO
DE GUARIBA – SICOOB COOPECREDI
COOPERATIVA DE CRÉDITO
DOS PRODUTORES RURAIS
E EMPRESÁRIOS DO INTERIOR
PAULISTA – SICOOB COCRED
COOPERATIVA DOS PLANTADORES
DE CANA DO OESTE DO ESTADO
DE SÃO PAULO – COPERCANA
ASSOCIAÇÃO PAULISTA
DE RETÍFICA DE
MOTORES – APAREM
DIRETORIA DISTRITAL
DO CIESP LESTE
ASSOCIAÇÃO PAULISTA
DE SUPERMERCADOS – APAS
DIRETORIA DISTRITAL
DO CIESP NORTE
ASSOCIAÇÃO RURAL
VALE DO RIO
PARDO – ASSOVALE
DIRETORIA DISTRITAL
DO CIESP OESTE
AVANÇA BRASIL MAÇONS
BRASIL MELHOR
CENTRAL BRASILEIRA
DO SETOR DE
SERVIÇOS – CEBRASSE
CENTRO DA INDÚSTRIA
DO ESPÍRITO SANTO – CINDES
DIRETORIA DISTRITAL
DO CIESP SUL
IMPEACHMENT JÁ!
Chega
de PAGAR
O PATO.
10
l O GLOBO
l País l
Nepotismo se
propaga no
governo do
Distrito Federal
Há confirmação de pelo menos 75
parentes empregados no governo,
mas número pode ser ainda maior
ANDRÉ DE SOUZA E
RENAN XAVIER*
[email protected]
O governo do Distrito
Federal (GDF) emprega, em
cargos comissionados, ao menos 75 pessoas que têm algum
tipo de parentesco com outros
servidores. Há casos de parentes empregados em pelo menos
cinco pastas diferentes do governo: são pais, filhos, irmãos e
cônjuges que, pelas regras que
vedam a prática do nepotismo,
não poderiam trabalhar no executivo distrital. O número, no
entanto, pode ser ainda maior.
Esses são casos que o GLOBO
conseguiu confirmar a partir de
um levantamento que a Controladoria-Geral do DF elaborou em 2015 e entregou à Casa
Civil do governo local, onde estavam listados 377 possíveis casos de comissionados com parentes empregados.
Ao longo do ano passado, um
grupo de 66 servidores chegou a
ser exonerado por um decreto
do governador Rodrigo Rollemberg, publicado no Diário Oficial
do Distrito Federal em 14 de
agosto, mas alguns voltaram. Há
relação de parentesco foi confirmada por meio de fontes como
o Diário Oficial, o Portal da
Transparência e o Diário de Justiça (onde é possível ver registros
de matrimônios). Depois de
confrontado com os casos, o
GDF exonerou seis servidores
comissionados.
Entre eles, estava Mateus Maia
de Castro, admitido na Secretaria de Trabalho em 3 de fevereiro
de 2015. Ele é filho de Eric Seba,
-BRASÍLIA-
diretor-geral da Polícia Civil do
Distrito Federal (PCDF). A reportagem procurou a secretaria
no dia 8 de março e, em resposta, a pasta informou que ele tinha pedido exoneração um dia
antes. Já a assessoria da Polícia
Civil afirmou que Mateus já havia pedido para sair do governo
em fevereiro. A exoneração, de
fato, ocorreu em 15 de março.
FILHA DO CORREGEDOR NA LISTA
Esse não é o único caso que
envolve a cúpula da Polícia Civel do DF. Luana Barroso Lins,
assessora jurídico-legislativa
da Secretaria de Justiça e Cidadania, é filha do corregedorgeral da corporação, o delegado Emilson Pereira Lins. De
acordo com a Polícia Civil, nos
dois casos não houve nepotismo, uma vez que, no momento
da nomeação, Mateus e Luana
assinaram um termo em que
declaravam ter parentes na administração direta. A Secretaria de Justiça informou que está avaliando se a situação de
Luana é de fato nepotismo e
que tomará as medidas necessárias, caso isso se confirme.
Os irmãos Itamar da Silva Lima e Wilson da Silva Lima tam-
No ano passado, um
grupo de 66
servidores chegou a
ser exonerado por
meio de um decreto
do governador
DIRETORIA MUNICIPAL
DO CIESP EM
SANTA BÁRBARA D’OESTE
DIRETORIA MUNICIPAL
DO CIESP EM
SÃO CAETANO DO SUL
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM ALTA NOROESTE
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM ALTA PAULISTA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM ALTO TIETÊ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM AMERICANA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM ARARAQUARA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM BAURU
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM BOTUCATU
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM BRAGANÇA PAULISTA
Terça-feira 29 .3 .2016
LAÇOS DE FAMÍLIA
PAIS, FILHOS, IRMÃOS E CÔNJUGES ENTRE OS CASOS DE PARENTESCO
Órgãos com mais casos suspeitos de nepotismo*
Polícia Militar do DF
19
Casa Civil, Relações
Institucionais e Sociais
18
72
Órgãos com casos confirmados pelo GLOBO*
Secretaria de Economia,
Desenvolvimento
Sustentável e Turismo
órgãos diferentes
fazem parte do
levantamento
8
Casa Civil, Relações
Institucionais e Sociais
6
6
Secretaria do Trabalho,
Desenvolvimento Social
e Direitos Humanos
13
Secretaria de Estado de
Justiça e Cidadania
Vice-Governadoria
13
Vice-Governadoria
5
Secretaria de Economia,
Desenvolvimento
Sustentável e Turismo
13
Secretaria de Crianças,
Adolescentes e Juventude
5
Dos 269
comissionados
suspeitos de
ligação familiar
com outro
servidor no
GDF, 19
trabalham no
mesmo órgão
que o parente
*Inclui os comissionados que foram exonerados após o GLOBO entrar em contato com o GDF
bém são outro caso de nepotismo: são irmãos do senador Hélio José (PMB-DF). O parlamentar assumiu o mandato em 2015,
após a saída de Rollemberg do
Senado. Como não faz parte dos
quadros do governo local, o nome de Hélio José não chegou a
ser incluído no levantamento da
Controladoria-Geral. Em nota, a
assessoria do parlamentar informou que ele não tem ligação
com os cargos dos irmãos e que
“nunca fez ou fará uso e influência para a prática e nepotismo”.
Comissionado, Itamar é um
dos nove subsecretários de Economia e Desenvolvimento Sustentável, posto também ocupado por Karina Rosso, mulher do
deputado federal Rogério Rosso
(PSD-DF). O parlamentar, que
preside a comissão da Câmara
que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma,
apoiou a candidatura de Rollemberg a governador, em 2014.
Enquanto a mulher é acolhida
no GDF, o deputado emprega,
como secretário parlamentar,
Napoleão José Guimarães de
Miranda, pai de Arthur Bernardes de Miranda, também filiado
ao PSD e secretário da pasta onde a mulher de Rosso atua como
subsecretária de Micro e Pequena Empresa e Empreendedor
Individual. Como Rosso não faz
parte do executivo local, o caso
não está incluído no levantamento da Controladoria-Geral.
Juristas ouvidos pelo GLOBO
entendem que situações como
essa, mesmo em esferas de poder diferentes — federal e local
—, também são proibidas. É a
opinião, por exemplo, do minis-
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM DIADEMA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM FRANCA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM GUARULHOS
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM INDAIATUBA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM JACAREÍ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM JAÚ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM JUNDIAÍ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM LIMEIRA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM MATÃO
DIRETORIA REGIONAL DO CIESP
EM NOROESTE PAULISTA
Editoria de Arte
AILTON DE FREITAS/26-10-2014
Na berlinda. O governador Rodrigo Rollemberg não comentou as nomeações
tro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele falou em tese, e não especificamente sobre o caso envolvendo Rosso.
— O verbete da súmula número 13 (do STF, que proibiu o
nepotismo) apanha todas as
situações, inclusive a cruzada,
considerados poderes ou entidades de esferas distintas. O
fato de ter um na esfera federal
e outra na estadual não interfere — disse Marco Aurélio.
Em nota, o PSD no Distrito Federal informou que não houve
qualquer tipo de influência na
indicação de Karina e Napoleão,
uma vez que ambos têm “larga
experiência” na área para as
quais foram nomeados. Quanto
a Napoleão, disse que ele já ocupava cargo na Câmara antes de
Rosso ser eleito, tendo sido chefe de gabinete do ex-deputado e
ex-governador de Pernambuco
Roberto Magalhães.
Um parecer da Procuradoria-Geral do DF, elaborado no
ano passado a pedido da Controladoria, já avisava ao governo que a súmula vinculante 13
do STF impede a nomeação de
filho, pai, mãe, cônjuge, companheiro e outros parentes até
terceiro grau, para cargos em
comissão ou funções gratificadas. Ou seja, é possível que haja muito mais casos de nepotismo, já que o levantamento
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM
SÃO BERNARDO DO CAMPO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM SÃO CARLOS
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP
EM SERTÃOZINHO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM SOROCABA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM TAUBATÉ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM
VALE DO RIBEIRA
só levou em conta pais, mães,
irmãos e cônjuges. A própria
Procuradoria-Geral não segue
seu parecer à risca: tem cinco
possíveis casos de comissionados com parentes no governo,
sendo que uma servidora trabalha com a irmã no mesmo
órgão. Dois desses casos foram
confirmados pelo GLOBO.
INTERPRETAÇÕES DIFERENTES
Segundo René Rocha Filho, consultor jurídico do GDF, há possibilidade de parentes serem admitidos quando, um está na administração direta e outro na indireta — dos 75 nomes com algum parentesco, 16 se enquadram nessa hipótese. Juristas ouvidos pelo GLOBO, no entanto,
discordam e dizem que a súmula
do STF é abrangente e também
inclui esses casos. René criticou
ainda o próprio sistema de gestão de recursos humanos do governo, dizendo que não é totalmente confiável.
Procurada, a assessoria de
Rollemberg informou que ele
não comentaria o caso. A Controladoria-Geral do DF informou por nota que os dados seriam encaminhados à Subcontroladoria de Correição Administrativa para checar se há processos instaurados em relação aos
casos de nepotismo identificados. “Caso sejam verificadas nos
levantamentos possíveis situações de nepotismo ainda não
sendo apuradas, serão instaurados os devidos processos por
parte daquela Subcontroladoria”, informou o órgão.
*Estagiário sob supervisão de
Francisco Leali. l
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
DO ESTADO DE SÃO PAULO – FIESP
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – FINDES
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
DO ESTADO DO PARANÁ – FIEP
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO – FIRJAN
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
NO ESTADO DE
MATO GROSSO – FIEMT
FEDERAÇÃO DE AGRICULTURA
E PECUÁRIA DO ESTADO
DE MATO GROSSO - FAMATO
FEDERAÇÃO DE TRANSPORTE
DE CARGAS DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
FEDERAÇÃO INTERESTADUAL
DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGAS
ENDIREITA BRASIL
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM PIRACICABA
DIRETORIA REGIONAL DO CIESP
EM PRESIDENTE PRUDENTE
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM CAMPINAS
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM
RIBEIRÃO PRETO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM CASTELO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM RIO CLARO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM COTIA
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM SANTO ANDRÉ
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM CUBATÃO
DIRETORIA REGIONAL
DO CIESP EM SANTOS
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA
E PECUÁRIA DO
ESTADO DE SÃO PAULO - FAESP
FEDERAÇÃO NACIONAL
DAS EMPRESAS
PRESTADORAS DE
SERVIÇOS E LIMPEZA
AMBIENTAL – FEBRAC
FEDERAÇÃO DAS
ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS
DO ESTADO
DE SÃO PAULO – FACESP
FÓRUM DAS ENTIDADES
EMPRESARIAIS DO PARÁ
FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE
DE CARGAS DE SÃO PAULO
FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE
DE CARGAS DO ESTADO
DO PARANÁ
INSTITUTO BRASILEIRO
PARA INOVAÇÃO
E SUSTENTABILIDADE
DO AGRONEGÓCIO – IBISA
MOVIMENTO BRASIL
LIVRE – MBL
NASRUAS
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
l 11
Apesar de surto de H1N1 em SP,
vacinação não será antecipada
Rio Doce: arsênio é de
140 vezes o permitido
Ministério da Saúde confirma campanha só a partir de 30 de abril
Contaminação em
peixes e na água foi
detectada por estudo
do ICMBio
LUIZA SOUTO E
MARIANA TIMÓTEO DA COSTA
[email protected]
Embora diante de uma série
de mortes provocadas por um surto de
gripe, o Ministério da Saúde informou
ontem, em nota oficial, que não vai antecipar a campanha de vacinação contra a doença, que protege contra três
subtipos da influenza, incluindo o
H1N1. O governo do estado de São Paulo havia pedido antecipação da campanha, dado o surto de H1N1, que já provocou a morte de 38 pessoas no estado
somente este ano, contra outros 46 óbitos em todo o país. Ainda em relação a
São Paulo, 36 pessoas morreram nos 12
meses de 2015 com H1N1 em cidades
paulistas. No Brasil, a doença já contaminou 305 pessoas somente este ano;
em 2015, o total de casos foi 141.
“O Ministério da Saúde informa que a
campanha de vacinação contra a influenza deste ano está prevista para ser realizada entre os dias 30/04 a 20/05 em
todo o país, sendo 30 de abril o dia D de
mobilização nacional. Vale ressaltar
que a campanha é realizada neste período porque o imunobiológico só é entregue pelo laboratório produtor nos
meses que antecedem o inverno”, informou a nota. O Ministério da Saúde autorizou o estado de São Paulo a utilizar
os lotes da vacina de 2015, para regiões
em que a circulação do vírus da influenza iniciou mais cedo.
Com a filha caçula no colo chegando
aos 40 graus de febre e muita tosse, a professora Ana Caudia Rigrini, de 37 anos, falava do pavor de se deparar com o diagnóstico da doença na pequena Ana Carolina, de apenas um ano. Numa fila de espera de aproximadamente cinco horas, no
Hospital Infantil Sabará, em Higienópolis,
centro de São Paulo, ela conta que a menina está há 14 dias tomando antibiótico para gripe, e que ontem tentaria fazer exames que detectam o vírus.
— Tenho várias amigas com filhos
que estão com H1N1. Deus me livre.
Espero que não seja nada!
Por e-mail, a assessoria de imprensa
do hospital informou que houve 38 casos confirmados de H1N1 na unidade.
Destes, 30 com internação.
Luis Fernando Aranha de Camargo, gerente de pesquisa clínica do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein,
em São Paulo, acredita que o surto chegou
mais cedo ao Brasil porque pegou “muita
gente desprotegida”, já que a vacina demo-SÃO PAULO-
PENSAMENTO NACIONAL
DAS BASES
EMPRESARIAIS – PNBE
RESISTÊNCIA PAULISTA
PARA ENTENDER A DOENÇA
SINTOMAS, CUIDADOS E PREVENÇÃO
O que é
É um subtipo da gripe A. Surgiu
no México em 2009. Acreditase que o vírus tenha vindo de
uma série de mutações
originadas em porcos, daí o
nome inicial de gripe suína
Sintomas
DOR DE CABEÇA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
ALIMENTAR DE CONGELADOS,
SUPERCONGELADOS,
SORVETES, CONCENTRADOS
E LIOFILIZADOS NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINCONGEL
De pessoa para pessoa
pelas vias aéreas (nariz e
boca), especialmente
através de tosse ou
espirro. Algumas pessoas
podem se infectar com
objetos contaminados
Clínico e por amostra de secreções
da boca e do nariz
Tratamento
Controlar a febre e tratar infecções
secundárias como pneumonia.
Medicamentos anti-retrovirais são
recomendados para controlar
eventuais epidemias, mas nem todos
os médicos concordam com isso
Quem deve vacinar
Todo mundo, especialmente
crianças, gestantes, idosos e obesos
Fonte: OMS e Luis Fernando Aranha de Camargo (infectologista do Hospital Albert Einstein)
ra muito para chegar no Brasil.
— A vacina fica pronta lá fora antes
do inverno no Hemisfério Norte (novembro do ano anterior), deveria chegar aqui no fim de fevereiro e não no final de abril — afirma Camargo, para
quem a campanha deveria também ser
estendida a toda a população.
GRIPE COMUM PODE FICAR MAIS SÉRIA
Segundo ele, o que difere o H1N1 da gripe comum não é a intensidade dos sintomas, e sim as complicações decorrentes
da gripe, especialmente a pneumonia:
— A gripe comum fica séria em pessoas debilitadas, já o H1N1 pode ficar séria
em pessoas completamente saudáveis.
Gestantes e obesos fazem parte do gru-
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL DE GRANDES
ESTRUTURAS
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDUSCON
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL DO NORTE DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL DO OESTE DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL NO
ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA REGIÃO
NOROESTE DO PARANÁ
DOR NO CORPO
Já está disponível na rede privada a
vacina trivalente, que cobre dois
subtipos da gripe A, incluindo a
H1N1. Na rede pública deve estar
disponível a partir de 30 de abril
SINDICATO DA INDÚSTRIA
CINEMATOGRÁFICA
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINAES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CERÂMICA PARA
CONSTRUÇÃO DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDICERCON
PROSTRAÇÃO
Vacina
SINDICATO DA INDÚSTRIA
AUDIOVISUAL DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CERÂMICA DE LOUÇA
DE PÓ DE PEDRA,
DA PORCELANA
E DA LOUÇA DE BARRO
NO ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDILOUÇA
CALAFRIOS
Exame
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL NO ESTADO
DO ESPÍRITO
SANTO – SINDUSCON-ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA BORRACHA
E DA RECAUCHUTAGEM
DE PNEUS NO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIBORES
DOR DE
GARGANTA
Como é transmitido
REVOLTADOS ON LINE
SINDICATO DA
HABITAÇÃO – SECOVI-SP
FEBRE
CORIZA
TOSSE
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
E DO MOBILIÁRIO
DE LEME – SINDLEME
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
PESADA NO
ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDICOPES
SINDICATO DA
INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO PESADA
NO ESTADO
DO PARANÁ – SICEPOT
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA CORDOALHA
E ESTOPA NO
ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDCORDOALHA
Editoria de Arte
po de risco, ainda não sabemos exatamente o porquê. Quem puder, se vacine.
Acho que o Brasil é o único país do mundo sob a ameaça de quatro doenças infecciosas ao mesmo tempo: dengue,
zika, chicungunha e agora H1N1.
Camargo lembra, no entanto, que
não há motivo para pânico já que, na
grande maioria dos casos, a doença
evolui normalmente.
O Ministério da Saúde esclarece ainda
que, mesmo as pessoas que tomarem
vacina contra a gripe, devem voltar na
campanha para se vacinar contra “o novo H1N1” e contra os dois outros tipos de
vírus que a vacina trivalente cobre,
H3N2 e Influenza B. O intervalo entre
uma vacina e outra deve ser de 30 dias. l
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA EXTRAÇÃO DE FIBRAS VEGETAIS
E DO DESCAROÇAMENTO
DO ALGODÃO NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDIALGODÃO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA MADEIRA DE IMBITUVA
SINDICATO DA INDÚSTRIA DA MALHARIA
E MEIAS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIMMESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA
DO OESTE DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA PESCA NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIPESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ABRASIVOS DOS ESTADOS
DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS,
RIO DE JANEIRO, ESPÍRITO SANTO,
PARANÁ, SANTA CATARINA
E PERNAMBUCO – SINAESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ADUBOS E CORRETIVOS
AGRÍCOLAS NO ESTADO
DO PARANÁ – SINDIADUBOS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ALFAIATARIAS
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE APARELHOS
ELÉTRICOS, ELETRÔNICOS E SIMILARES
DO ESTADO DE SÃO PAULO – SINAEES
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE ARTEFATOS
DE METAIS NÃO FERROSOS
NO ESTADO DE SÃO PAULO – SIAMFESP
A contaminação por metais de
peixes do Rio Doce está em até
140 vezes acima do nível permitido pela legislação, aponta
o primeiro laudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em pescados e
mariscos da região. O nível de
contaminação 140 vezes maior
foi achado ao se medir o arsênio no peixe roncador — também contaminado por cádmio
12 vezes acima do tolerado, e
por chumbo cinco vezes acima
do permitido.
Segundo o jornal “A Gazeta”, o laudo foi apresentado à
direção de órgãos públicos
como Tamar, Ibama e o próprio ICMBio, e a pesquisadores em seminário este mês. O
documento é parte de um
conjunto de estudos que estão sendo feitos no Rio Doce
depois da tragédia ambiental com o rompimento da
barragem de rejeitos de minério da Samarco, em Mariana (MG). Havia expectativa
de que o Ministério do Meio
Ambiente divulgasse o relatório esta semana; em nota,
o ICMBio disse que o relatório final consolidado será divulgado no próximo dia 17.
O relatório conclui que
existe “contaminação da
água com metais acima dos
limites permitidos pela Resolução 357 do Conama”,
além de “contaminação de
pescados (peixes e camarões) acima dos limites permitidos pela Resolução 42 da
Anvisa”.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
De acordo com o documento, a contaminação atingiu
as unidades de conservação
e de preservação ambiental
no entorno da região — o Arquipélago de Abrolhos, a
Costa das Algas e o Refúgio
de Vida Silvestre de Santa
Cruz —, nas quais houve
pontos de coleta de amostras
para o estudo, assim como
na foz do Rio Doce e na área
de Barra Nova.
No caso do camarão, por
exemplo, o estudo detectou
que a contaminação supera
em 88 vezes o limite tolerado
de arsênio, em cinco vezes o
de cádmio, e em cinco vezes
o de chumbo.
Já o peixe peroá, mostra o
relatório, está contaminado
por arsênio 34 vezes acima
do permitido, e por cádmio
quase três vezes acima. E o
linguado supera o nível tolerado de arsênio em 43 vezes;
o de cádmio em nove vezes
acima ; e o chumbo em seis
vezes.
Na água, a contaminação por
chumbo total é de quase dez
vezes acima do limite do Conama. O nível de cobre dissolvido na água está nove vezes
acima do limite tolerado, enquanto o de cádmio total está
duas vezes acima do limite. O
estudo revela, ainda, contaminação na base da cadeia alimentar, com “acumulação significativa de metais tóxicos na
base da cadeia trófica (nos
chamados zooplânctons)”; e
contaminação nos corais.
PESCA PROIBIDA
Segundo João Carlos Thomé,
da coordenação do Tamar, o
documento ao qual “A Gazeta” teve acesso foi desenvolvido pelo professor Adalto
Bianchini, da Universidade
Federal do Rio Grande. Ainda de acordo com Thomé, a
pesca está proibida na foz do
Rio Doce, entre Barra do Riacho até Linhares, por decisão judicial do fim do mês
passado, justamente com
base nos dados apontados
pelo documento.
— É uma contaminação
muito grave, por metais que
vão se acumulando no organismo das espécies e que não
são eliminados. É um risco
para a comunidade — afirmou o consultor ambiental
Marco Bravo, alertando também para os prejuízos para a
economia da região.
Em nota, a Samarco afirmou que ainda não teve
acesso ao laudo do ICMBio,
mas destacou que realiza
monitoramento diário da
água ao longo do Rio Doce.
(Com G1) l
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE AZEITE E ÓLEOS
ALIMENTÍCIOS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDOLEO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE BEBIDAS
EM GERAL NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDIBEBIDAS/ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE BENEFICIAMENTO
DE FIBRAS VEGETAIS
E DO DESCAROÇAMENTO
DE ALGODÃO DO ESTADO
DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE BENEFICIAMENTO E TRANSFORMAÇÃO
DE VIDROS E CRISTAIS PLANOS
DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINBEVIDROS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CAFÉ DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDICAFESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CALÇADOS
DE JAÚ – SINDICALÇADOS JAÚ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CAMISAS PARA HOMEM
E ROUPAS BRANCAS
DE SÃO PAULO – SINDICAMISAS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CARNES E DERIVADOS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDICARNES
IMPEACHMENT JÁ!
Chega
de PAGAR
O PATO.
12
l O GLOBO
l País l
Terça-feira 29 .3 .2016
LONGE DOS OLHOS
Fragmentos guardados de nossa História
Acervo em exposição no Museu Imperial de Petrópolis é de só 8% de sua reserva técnica;
MARCELO REMIGIO
[email protected]
A
o subir a serra de Petrópolis,
no Estado do Rio, na noite
de 25 de abril de 1933, o então presidente Getulio Vargas viu uma pedra cair sobre seu carro
durante uma tempestade. Ele e a mulher, Darcy, saíram feridos do acidente,
e um militar que acompanhava o casal
morreu. O ocorrido, que chegou a ser
investigado como um possível atentado, entrou para a História, enquanto a
pedra virou peça de museu. A rocha
faz parte de um acervo curioso e desconhecido para a maioria dos visitantes do Museu Imperial, que permanece em sua reserva técnica. Dos mais de
oito mil itens da instituição, apenas 8%
estão em exposição. Enquanto isso,
em Lisboa, um pesquisador localizou
na reserva técnica de museus portugueses parte dos móveis que eram
usados no Palácio de São Cristóvão, na
Quinta da Boa Vista, no Rio.
Entre as recentes aquisições do Museu Imperial que passaram a integrar a
reserva técnica está um retrato de perfil do imperador dom Pedro II em trajes civis, de 1841. Feito com lápis
crayon, a obra rara foi achada na França e, deduzem os historiadores, serviria de modelo para uma medalha ou
moeda em comemoração à sua coroação, mas que nunca foram feitas a partir do retrato. A peça, até então inédita,
permanece na França e deverá chegar
ao Brasil ainda este ano. Depois que
entrar em exposição, a previsão é que o
retrato integre a reserva junto com a
pedra de Getulio e outras preciosidades, como o chapéu de feltro de dom
João VI e um quadro de Duque de Caxias com olhos claros — em rara obra
que retrata a realidade, já que ele era
pintado com os olhos escuros.
Na reserva técnica há coleções de
roupas brancas, como eram chamadas
na época as peças íntimas usadas pelas mulheres — vão de camisolas a
toucas e calçolas —; missais e livros de
orações da princesa Isabel com referências à Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, quando o padroeiro do
Brasil ainda era São Pedro de Alcântara e a santa não era tão popular.
De acordo com o diretor do Museu
Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, o retrato de Pedro II foi adquirido
em um leilão em Paris. A peça permanece na embaixada do Brasil na França.
Retrato. Dom
João VI monta a
cavalo: obra de
1805 que
permanece na
reserva técnica
Entre os itens curiosos e raros do acervo,
o diretor destaca uma coleção de colibris
empalhados oferecida de presente a Getulio; uma cadeira usada por Pedro II
sempre que visitava a Academia de Medicina, no Rio; leques de princesas e imperatrizes do Brasil; e uma farta coleção de
roupas de época, incluindo modelos da
princesa Isabel quando criança.
— Algumas peças que não estão
em exposição permanente conseguimos incluir em mostras
temporárias, de acordo com o
tema. Mas isso não é sempre
possível. Até porque alguns
itens precisam de temperatura
ambiente, luminosidade e proteção
adequadas. Sem contar que não há espaço suficiente no palácio — diz Vicente, ao
citar a digitalização do acervo, prevista
para ser concluída em oito anos e que
permitirá um passeio virtual por toda a
reserva técnica.
Também estão no museu um kit de higiene de Pedro II e seu neto, príncipe Augusto Leopoldo, para viagens; uma partitura e um piano do maestro Carlos Gomes; cristais Baccarat e porcelanas do
aparelho de jantar da família imperial. O
total de oito mil itens do museu não inclui
documentos, como livros, cartas e fotos.
Caso fizessem parte da contabilidade, o
material em exposição não chegaria a 1%
da reserva técnica, o que deixaria a instituição com índice igual ao de museus europeus; hoje, esse índice fica próximo.
DEVOLUÇÃO A DOM JOÃO VI
Em Lisboa, o pesquisador Eduardo Alves
Marques encontrou em reservas de museus portugueses móveis e acessórios, até
então de paradeiro desconhecido, que faziam parte do Palácio de São Cristóvão. A
identificação foi possível após a descoberta da lista de encomendas para o casamento de dom Pedro I e dona Leopoldina, de 1817. As compras foram feitas por
dom João VI. Segundo Marques, a lista
“dá uma noção da riqueza dos aposentos
de Pedro e Leopoldina em São Cristóvão”.
— Essa descoberta vai contra o que
era falado sobre o Palácio de São Cristóvão, que tinha a fama de ser um palácio menor, sem o luxo e a riqueza dos
europeus — revela o pesquisador.
Os móveis que correspondem à lista
foram levados a Portugal após dom João VI retornar à Europa e romper com
o filho. Ele pediu de volta os presentes.
As peças foram usadas, depois, para
mobiliar o palácio de uma das filhas de
Pedro I, a princesa Maria da Glória. l
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CARNES E DERIVADOS
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES
DE ROUPAS EM GERAL DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINCONFEC
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CURTIMENTO DE COUROS
E DE PELES DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE DOCES
E CONSERVAS ALIMENTÍCIAS
NO ESTADO DE SÃO PAULO – SIDOCAL
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ESPECIALIDADES TÊXTEIS
DO ESTADO DE SÃO PAULO – SIETEX
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ESQUADRIAS E CONSTRUÇÕES
METÁLICAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIESCOMET
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE EXTRAÇÃO
DE MÁRMORES, CALCÁREOS E PEDREIRAS
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE EXTRAÇÃO DE MINERAIS NÃO
METÁLICOS DO ESTADO
DO PARANÁ – SINDIMINERAIS-PR
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO
DE ÁLCOOL DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO
DE RAÇÃO ANIMAL DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIFABRA/ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO
E REPARAÇÃO DE CALÇADOS, BOLSAS, MALAS,
CAPAS, REVESTIMENTO E ACESSÓRIOS
DE COURO E OU SINTÉTICOS, CURTUMES
E PRODUTOS E ARTEFATOS DERIVADOS
DO COURO NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDICALÇADOS
pesquisador encontra móveis usados na Quinta da Boa Vista
DIVULGAÇÃO/MUSEU IMPERIAL
Preciosidade. Chapéu de feltro usado por
dom João VI: acessório retratado em quadros
Lápis sobre papel. Retrato de Pedro II
jovem comprado em leilão na França
chegará à reserva técnica este ano
Índice de utilização
da reserva técnica
do Museu Imperial
é próximo aos
de instituições
europeias
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE FIAÇÃO E TECELAGEM
DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDITÊXTIL
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE FIAÇÃO E TECELAGEM, TINTURARIA,
ESTAMPARIA E BENEFICIAMENTO
DE FIBRAS ARTIFICIAIS
E SINTÉTICAS E DO VESTUÁRIO DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDUTEX
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE FUNILARIA E MÓVEIS
E METAL NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIFUMESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS, GÁS, HIDRÁULICAS
E SANITÁRIAS
DO ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDINSTALAÇÃO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE JOALHERIA,
BIJUTERIA E LAPIDAÇÃO
DE GEMAS DO
ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDIJOIAS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE JOALHERIA,
BIJUTERIA, EXTRAÇÃO
E LAPIDAÇÃO DE GEMAS
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIJOIAS-ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE LATICÍNIOS E PRODUTOS
DERIVADOS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDILEITE
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE LÂMPADAS E APARELHOS
ELÉTRICOS DE ILUMINAÇÃO
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDILUX
Acidente. Pedra que caiu no carro de Getulio
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE LATICÍNIOS E PRODUTOS
DERIVADOS DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MÁRMORES
E GRANITOS NO ESTADO
DO PARANÁ – SIMAGRAN
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MASSAS ALIMENTÍCIAS
E BISCOITOS DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIMASSAS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MASSAS ALIMENTÍCIAS
E BISCOITOS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIMABESP
Cristais Baccarat. Eram usados por Pedro II
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MÓVEIS DE JUNCO E VIME
E VASSOURAS E DE ESCOVAS
E PINCÉIS DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SIMVEP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PANIFICAÇÃO
E CONFEITARIA
DE SANTO ANDRÉ – SIPAN
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA
DE SANTOS, SÃO VICENTE,
GUARUJÁ E CUBATÃO – SINASPAN
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PANIFICAÇÃO
E CONFEITARIA
DE SÃO PAULO – SINDIPAN
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MATERIAL DE
SEGURANÇA E PROTEÇÃO
AO TRABALHO DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDISEG
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDIPÃES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MATERIAL PLÁSTICO
DO ESTADO DE SÃO PAULO – SINDIPLAST
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE MATERIAL
PLÁSTICO DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDIPLAST-ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PAPEL E CELULOSE DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDIPAPEL
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MATERIAL PLÁSTICO
DO NORTE DO PARANÁ – SIMPLAS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PARAFUSOS, PORCAS, REBITES
E SIMILARES NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINPA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MATERIAL PLÁSTICO
NO ESTADO DO PARANÁ – SIMPEP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE MECÂNICA DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIMECÂNICA
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE MINERAÇÃO
DE PEDRA BRITADA DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDIPEDRAS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PERFUMARIA
E ARTIGOS DE TOUCADOR
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SIPATESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PINTURAS, GESSOS
E DECORAÇÕES
DE SÃO PAULO – SIPIGEDESP
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Rio
l 13
A MORTE DE RYAN
Madureira em chamas
_
Manifestantes destroem ônibus e estações do BRT após menino não resistir a tiro no peito
MARCELO THEOBALD
GISELLE OUCHANA
[email protected]
MARIA ELISA ALVES
[email protected]
Ele queria ser soldado do Exército e marchar
acompanhando o ritmo de toda a tropa. Também pensava em andar a cavalo, como os militares que viu no último desfile de Sete de Setembro. Mas Ryan Gabriel Pereira dos Santos
não teve tempo de acumular muitos sonhos.
Aos 4 anos, morreu ontem, após ter sido atingido no peito, no Domingo de Páscoa, por um
tiro de uma guerra da qual não deveria fazer
parte. O menino brincava na porta da casa dos
avós, em Madureira, depois de ter comido um
coelhinho de chocolate, quando foi ferido durante um confronto entre traficantes pelo controle do Morro do Cajueiro. Ao saberem da
morte de Ryan, moradores da comunidade
que está sendo cobiçada por bandidos do
Morro da Serrinha foram às ruas para protestar. Durante a tarde, fecharam com paus, pedras e até móveis a Avenida Ministro Edgard
Romero, uma das principais da região, incendiaram uma estação do BRT Transcarioca, depredaram uma outra e deixaram no caminho,
além de dois ônibus carbonizados, muitos pedestres em pânico.
Pelo menos 60 pessoas participaram da manifestação violenta, que forçou até o fechamento
do Mercadão de Madureira, um dos principais
centros comerciais da cidade, por onde passam
cerca de 80 mil pessoas por dia. Cerca de 1.300
alunos do Instituto de Educação Carmela Dutra
e do Colégio Estadual Compositor Manaceia José de Andrade ficaram sem aulas no período da
tarde. O protesto começou por volta das 13h e
durou pouco mais de três horas. No final, além
do rastro de destruição, seis pessoas foram presas por terem sido flagradas carregando quatro
litros de gasolina, com os quais pretendiam incendiar um terceiro ônibus.
BALAS DE BORRACHA E GÁS LACRIMOGÊNEO
Aos gritos, os manifestantes clamavam por justiça. Repetidas vezes, o nome de Ryan foi lembrado pelos moradores do Cajueiro, onde o menino, que vivia na Mangueira, costumava passar
os fins de semana, na casa dos avós. O clima ficou tenso na região. Até a Avenida Edgar Romero, epicentro da confusão, ter o policiamento reforçado por equipes do Batalhão de Choque
(BPChoque) da PM, o estrago já estava feito.
Vândalos atearam fogo à estação do BRT Vila
Queiroz, causando um prejuízo de R$ 350 mil. A
estação Otaviano, que recebe diariamente uma
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS DE
CACAU E BALAS, DOCES
E CONSERVAS ALIMENTÍCIAS
DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDICACAU
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS DE CACAU,
CHOCOLATES, BALAS
E DERIVADOS DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SICAB
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS DE CIMENTO
DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINPROCIM /
SINAPROCIM / ABILAJE
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS DE CIMENTO
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO/ES – SINPROCIM
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS
QUÍMICOS PARA
FINS INDUSTRIAIS
E DA PETROQUÍMICA
DO ESTADO DE SÃO
PAULO – SINPROQUIM
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PROTEÇÃO, TRATAMENTO
E TRANSFORMAÇÃO
DE SUPERFÍCIES DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDISUPER
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REFRIGERAÇÃO,
AQUECIMENTO
E TRATAMENTO DE AR
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDRATAR
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE RELOJOARIA DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDIRELOJOARIA
Estrago. Policiais fazem patrulhamento na Avenida Edgard Romero, uma das mais movimentadas da região: comando da PM promete manter reforço do Batalhão de Choque
FOTO DE LEITOR
Vandalismo. Veículos pegam fogo durante o protesto
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS
DE BANDEIRANTES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS
DE FOZ DO IGUAÇU
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS
DE FRANCISCO BELTRÃO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE GUARAPUAVA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE LONDRINA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE MARINGÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE PARANAVAÍ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE PONTA GROSSA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS DE TOLEDO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DE UMUARAMA
média de 700 passageiros, foi depredada. Dois
ônibus foram incendiados: um do sistema
Transcarioca e um que fazia o trajeto Madureira-Praça Tiradentes. Nuvens de fumaça podiam
ser vistas de bairros vizinhos.
Policiais do BPChoque usaram bombas de
gás lacrimogêneo e balas de borracha para
dispersar um grupo que pretendia incendiar
um terceiro ônibus, na Rua Conselheiro Galvão. Uma passageira grávida ficou nervosa e
entrou em trabalho de parto. Ela foi socorrida
por PMs.
O clima tenso também causou pânico entre
comerciantes e fregueses do Mercadão de Madureira, que, com 600 lojas, teve as portas fechadas às pressas.
— Madureira virou um bairro perigoso. Quem
vive aqui só sente medo — lamentou uma cliente, enquanto apertava o passo para sair do centro comercial.
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS E ACESSÓRIOS
DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDIREPA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO
DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS DO
ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE REPARAÇÃO DE VEÍCULOS
E ACESSÓRIOS, E DE
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
RODOVIÁRIOS E FERROVIÁRIOS
NO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIREPA/ES
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE ROCHAS ORNAMENTAIS,
CAL E CALCÁRIOS
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIROCHAS
Uma moradora afirmou que Madureira viveu
ontem um típico dia de guerra:
— Estava passando pela Edgard Romero
quando vi muitas pessoas revoltadas, fechando
a pista. Perdemos o direito de ir e vir.
Policiais suspeitam que o protesto violento
teve o aval de traficantes do Cajueiro: um homem foi conduzido a uma delegacia após ser
flagrado dando ordens para comerciantes fecharem seus estabelecimentos. O comandante-geral da PM, coronel Edison Duarte dos
Santos Júnior, disse não ter dúvida de que bandidos incitaram a manifestação:
— Os atos de vandalismo foram orquestrados
pelos bandidos que atacaram o BRT. Vamos
manter o reforço no patrulhamento com as unidades especiais da PM. l
Balas perdidas já mataram 12 crianças desde o ano
passado, na página 14
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE SERRARIAS, CARPINTARIAS, MADEIRAS
COMPENSADAS, MARCENARIAS
(MÓVEIS DE MADEIRA),
MÓVEIS DE JUNCO E VIME,
E DE VASSOURAS, CORTINADOS
E ESTOFOS DE COLATINA – SINDMÓVEIS
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO
DO PARANÁ – SINFOR/PR
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE TINTAS E VERNIZES
NO ESTADO DE SÃO
PAULO – SITIVESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE TORREFAÇÃO E MOAGEM
DE CAFÉ NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO AÇÚCAR
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE SERRARIAS, CARPINTARIAS
E TANOARIAS E DA MARCENARIA
DE FOZ DO IGUAÇU
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO ARROZ,
MILHO, SOJA E BENEFICIAMENTO
DO CAFÉ DO ESTADO
DO PARANÁ – SAMISCA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS E TANOARIAS
E DA MARCENARIA DE IRATI
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO AZEITE E ÓLEOS
ALIMENTÍCIOS NO
ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS E TANOARIAS
E DA MARCENARIA
DE PONTA GROSSA
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO CAFÉ DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDICAFÉ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS, MADEIRAS
COMPENSADAS E LAMINADAS
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDIMAD
IMPEACHMENT JÁ!
Chega
de PAGAR
O PATO.
14
l O GLOBO
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
A MORTE DE RYAN
_
Balas perdidas já
mataram 12 crianças
desde o ano passado
DANIEL MARENCO
Segundo levantamento do Rio de Paz, a maioria das
vítimas, de até 14 anos, morava em áreas pobres
REPRODUÇÃO
Ryan. Atingido com um tiro no peito
seria muito diferente. — O que
aconteceu em Madureira foi o
pobre chorando a morte de um
pobre. O que me preocupa, do
ponto de vista da cidadania e
solidariedade, é que a classe
média não protesta quando
acontece a morte de uma criança pobre. Se Ryan morasse
na Prudente de Morais e fosse
vítima de bala perdida na Praça General Osório, em Ipanema, os moradores de Leblon e
Ipanema fariam protestos. Você tem dúvida de que o poder
público daria mais atenção a
eles? Não há dúvida de que a
cidade ainda é partida.
“POR QUE VOCÊ ME DEIXOU?”
Com a cidade partida ou não, a
dor de perder um filho é igual
para todos. Ontem, ao saber da
morte do menino, a mãe de
Ryan, Taiane Pereira da Silva,
de 20 anos, se desesperou na
porta do Hospital Getulio Vargas, para onde o menino fora
levado no domingo.
— Tiraram meu filho! Que é
isso, Senhor? Meu mundo acabou. Ai, meu filho! Ai, Ryan, por
que você me deixou? — gritava,
amparada por parentes.
À tarde, ela permaneceu, durante as cinco horas de espera
pela liberação do corpo do filho, no Instituto Médico-Legal,
com o olhar perdido, sentada
numa mureta. Os berros de desespero tinham dado lugar a
uma expressão de incredulidade e a um lamento contínuo.
— Eu perdi meu filho. Eu não
acredito que perdi meu filho —
repetia sem parar.
Avô de Ryan, que será enterrado hoje no Cemitério de Irajá, Milton do Amparo, de 48
anos, lembrou o momento em
que o menino foi baleado:
— Estava ao meu lado na calçada. Estava a família toda, minha esposa, a mãe dele. Estava
cheio de criança. Era domingo
de Páscoa. Ninguém imagina
que vai acontecer um negócio
desses. A gente vê passar na televisão, mas nunca pensa que vai
acontecer com um dos nossos.
Em vez de ganhar ovo de chocolate, bombom, ele ganhou um tiro. Uma covardia danada.
Milton disse que ouviu o tiro,
mas não teve tempo de reagir.
— Ouvi o tiro, puxei meu neto
e ele caiu no chão. Quando o levantei, vi que estava alvejado no
peito. O médico disse que a bala
entrou pelas costas e saiu pelo
peito. Ele estava muito mal. Não
conseguia falar. Ele só me olhava — contou, aos prantos.
Ryan era filho único e morava com a mãe na Mangueira,
mas sempre passava os fins de
semana na casa dos avós, em
Madureira.
— Ele era muito agarrado comigo. Estudava durante a semana e, na sexta-feira, me ligava e
dizia: “Vô, vem me buscar. Quero ficar com o senhor”. Era uma
criança calma. Meu tchutchuquinho — lamentou Milton. l
Prisão. Os seis detidos na manifestação em Madureira: eles estariam carregando gasolina para incendiar mais ônibus
GUITO MORETO
Protesto. Cartazes com nomes de crianças mortas por balas perdidas: o ato na Lagoa foi organizado pelo Rio de Paz
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO CAFÉ DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINCAFÉ
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO VINHO DE JUNDIAÍ – SINDIVINHO
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO CURTIMENTO
DE COUROS E PELES NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDICOURO
SINDICATO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA,
MECÂNICA E DE MATERIAL ELÉTRICO DE UMUARAMA
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO FRIO
DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SINDIFRIO
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO FRIO
NO ESTADO DE SÃO PAULO – SINDIFRIO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO MATE NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO MILHO,
SOJA E SEUS DERIVADOS NO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDMILHO
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO
DE MIRASSOL – SIMM
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO
DE SÃO PAULO – SINDIMOV
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO
E MARCENARIA DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO TRIGO
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO
DE COLATINA – SINVESCO
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO VESTUÁRIO DE LINHARES/ES – SINVEL
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO VESTUÁRIO DE MARINGÁ
SINDICATO DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO
FEMININO E INFANTO JUVENIL
DE SÃO PAULO – SINDIVEST
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DO VESTUÁRIO MASCULINO DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDIROUPAS
SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO
DO ESTADO DE MINAS GERAIS – SEAC-MG
VIOLÊNCIA NA ZONA NORTE
ESTAÇÃO DO
BRT ATACADA
Vila Queiroz (incendiada)
SOBRE MADUREIRA:
LOCAL ONDE
RYAN FOI BALEADO
Rua Fausto Laurindo
MORRO DO
CAJUEIRO
RO
ME
RO
D
R
O protesto ocorreu na Avenida
GA
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE COMERCIAL DE CARGA
DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGA DE
ARAÇATUBA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO,
CONSERVAÇÃO E AFINS DO GRANDE ABCMD,
RP E RGS – SEAC-ABC
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGA
DE SOROCABA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO,
CONSERVAÇÃO, TRABALHO TEMPORÁRIO
E SERVIÇOS TERCEIRIZÁVEIS
DO DISTRITO FEDERAL – SEAC-DF
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE
DE CARGA DO ABC E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE INFORMÁTICA NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDINFO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDEPRES
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE RECICLAGEM DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIRECICLE
MORRO DA
SERRINHA
2º maior
•
polo
comercial do Rio (perdendo
apenas para o do Centro)
•
•
•
50 mil
19 mil
5 mil
moradores
domicílios
lojas
Editoria de Arte
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGA DE
RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE
ENGENHARIA DE MONTAGEM E MANUTENÇÃO
INDUSTRIAL DO PARANÁ
Edgard Romero, onde dois
ônibus foram incendiados
ESTAÇÃO DO
BRT ATACADA
Otaviano (depredada)
SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO
E CONSERVAÇÃO DO RIO DE JANEIRO – SEAC-RJ
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE ELETRICIDADE, GÁS, ÁGUA, OBRAS
E SERVIÇOS DO ESTADO DO PARANÁ
MADUREIRA
PROTESTO DUROU POUCO MAIS DE TRÊS HORAS
AVE
NID
AE
D
A dor da família de Ryan Gabriel é a de muitas outras. Segundo levantamento da ONG
Rio de Paz, pelo menos 12 crianças foram baleadas e mortas
do ano passado para cá na Região Metropolitana do Rio. A
maior parte, como o menino
atingido em Madureira, foi
atingida durante confrontos —
de traficantes entre si ou contra a polícia — em favelas ou
áreas pobres do estado. Segundo o fundador da Rio de Paz,
Antônio Carlos Costa, o levantamento, que contabiliza apenas meninos e meninas de até
14 anos, já registrou, desde
2007, 25 vítimas. Quase metade delas morreu em 2015 e
2016, quando houve sete e cinco casos, respectivamente.
O Instituto de Segurança Pública (ISP) não confirmou os números. O último levantamento
de vítimas de balas perdidas feito pelo instituto foi em 2012.
Em protesto contra as mortes, a ONG organizou ontem à
tarde um ato silencioso na Lagoa, na Curva do Calombo,
mesmo local onde o médico
Jaime Gold foi esfaqueado e
morto em 2015, quando andava de bicicleta. No lugar, foram
fixadas placas com os nomes
das 25 vítimas. A maioria das
pessoas que corria ou pedalava na Lagoa passou pelos cartazes sem se deter.
— Muito raramente essas
mortes de crianças pobres
causam comoção pública. O
poder público não costuma
elucidá-las nem dar apoio às
famílias — disse Antônio Carlos, acrescentando que, se a
morte de Ryan, ontem, no
Hospital Getulio Vargas (na
Penha), fosse a de um menino
de classe média, a repercussão
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE
DE CARGAS DE ANÁPOLIS
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
DE CARGAS DE DOIS VIZINHOS
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE
CARGAS E ENCOMENDAS DO SUDOESTE GOIANO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE
CARGAS E PASSAGEIROS URBANOS DE TRÊS RIOS,
PARAÍBA DO SUL, SAPUCAIA, AREAL E COMENDADOR
LEVY GASPARIAN
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
DE CARGAS NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE E CARGA DE ASSIS E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA DE
GUARAPUAVA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
E LOGÍSTICA DE MARINGÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
E LOGÍSTICA DO OESTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGAS
DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGAS DE
PONTA GROSSA
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES
DE CARGA DE ARARAQUARA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGAS DE PORTO
FERREIRA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGA DE
NOVA FRIBURGO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGAS DE SÃO
JOSÉ DO RIO PRETO E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGA DE
SÃO PAULO E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE SEGURANÇA
PRIVADA, SEGURANÇA ELETRÔNICA
E CURSOS DE FORMAÇÃO DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SESVESP
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTE DE CARGAS
DE SÃO PAULO E REGIÃO – SETCESP
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGA NO ESTADO
DE MATO GROSSO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
DE CARGAS DE TOLEDO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES
DE CARGAS DE BAURU E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
COMERCIAL DE CARGA DO LITORAL PAULISTA
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
DE CARGAS DO SUDOESTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES
DE CARGAS DE CAMPINAS E REGIÃO
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
l 15
COFRE VAZIO
_
Salários: estado ainda sem verba
No primeiro dia como governador, Dornelles enfrenta maratona de reuniões
DIVULGAÇÃO/GOVERNO DO ESTADO
CARINA BACELAR
[email protected]
O primeiro dia do vice-governador Francisco
Dornelles à frente do estado terminou sem definição de como serão pagos os salários dos servidores. Ainda sem dinheiro em caixa, o governo
não confirma que haverá parcelamento dos pagamentos referentes a março. Hoje, o secretário
de Fazenda, Julio Bueno, embarca para Brasília
a fim de tentar conseguir no Ministério da Fazenda a liberação do empréstimo de R$ 1 bilhão
para o Rioprevidência. Mesmo depois de autorizado pelo Banco do Brasil, pela Assembleia
Legislativa do Rio e pelo Conselho Monetário
Nacional, o repasse está sendo analisado há
mais de uma semana pela Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional.
Na semana passada, Bueno foi a São Paulo,
onde procurou sete bancos privados para obter
recursos, mas até agora nenhuma resposta positiva chegou à secretaria. O governo considera
que, com o empréstimo, a chance de pagamento dentro do calendário normal (até o décimo
dia útil) cresce significativamente, pois diminuiria a parcela que o tesouro estadual precisaria transferir para o Rioprevidência. Na folha de
fevereiro, a última com dados consolidados, o
governo teve de depositar R$ 1,445 bilhão para
468.621 pessoas, sendo servidores 220.323 na
ativa, 153.463 inativos e 94.835 pensionistas.
NEGOCIAÇÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Dornelles ainda não é oficialmente o governador
em exercício. Isso só acontecerá amanhã, com a
publicação do ato no Diário Oficial. Ontem, ao
longo do dia, ele se reuniu com Julio Bueno e com
os secretários da Casa Civil, Leonardo Espíndola;
de Governo, Affonso Monnerat; de Direitos Humanos, Paulo Melo; e de Segurança, José Mariano
Beltrame. Recebeu ainda o ministro da Justiça,
Eugênio Aragão, para tratar de assuntos relativos
à segurança nos Jogos Olímpicos.
De acordo com secretários, o vice-governador, de 81 anos, parecia bem disposto. Estava
muito animado, como disse um deles ao GLOBO. O contato com o governador Pezão, por
meio de mensagens e ligações, era permanente.
Os dois já haviam se encontrado no domingo.
Dornelles chegou ao Palácio Guanabara às 8h e
saiu às 19h, segundo assessores.
Nos próximos dias, é esperado que ele compareça à Assembleia Legislativa do Rio, onde,
conhecido como articulador, deve negociar a
aprovação de medidas que favoreçam o contingenciamento de verbas. Não será tarefa
simples. Até o empréstimo de R$ 1 bilhão do
BNDES para a conclusão das obras da Linha 4
do metrô, que deve ser votado hoje, não tem
unanimidade na base governista. Em ano
eleitoral, deputados questionam a estratégia
de endividamento adotada pelo estado. l
[email protected]
Nova rotina. Dornelles: ele chegou ao Palácio Guanabara às 8h e, após uma série de reuniões, só foi embora às 19h
LUTA CONTRA O CÂNCER
Pezão passará o
aniversário no hospital
Governador, que faz 61 anos hoje,
deve receber alta amanhã. Ele será
submetido a ecocardiograma
MARIA ELISA ALVES
[email protected]
A
pós três dias de tratamento quimioterápico contra um linfoma
não-Hodgkin, diagnosticado na
última quinta-feira, o governador
Luiz Fernando Pezão continua hoje, quando completa 61 anos, a receber medicamentos para combater a doença. Segundo
o cardiologista Cláudio Domênico, médico
de Pezão, o governador vai ser tratado com
uma alta dose de corticoides. Como o re-
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES
DE CARGAS DE PRESIDENTE PRUDENTE
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DA MADEIRA E DO MOBILIÁRIO,
MÓVEIS COM PREDOMINÂNCIA
EM MADEIRA COM DETALHES
EM MÁRMORE, GRANITO, METAL,
TUBULARES, MÓVEIS DE
JUNCO E VIME, VASSOURAS, CORTINADOS,
ESTOFADOS, BENEFICIAMENTO
DE MADEIRA E TRONCOS, EMBALAGEM
DE MADEIRA, SERRARIAS, CARPINTARIAS
E MARCENARIA, BEM COMO
AS CATEGORIAS CORRELATAS,
SIMILARES E CONEXAS DE LINHARES
E REGIÃO NORTE DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIMOL
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGAS E LOGÍSTICA
DO SUL FLUMINENSE
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGAS NO
DISTRITO FEDERAL
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS
DE CARGAS DE CAMPOS
SINDICATO DAS EMPRESAS DO TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGAS E LOGÍSTICA
DO RIO DE JANEIRO
SINDICATO DAS EMPRESAS
E PROPRIETÁRIOS DE SERVIÇOS
DE AUTOSOCORRO, REMOÇÃO
E RESGATE DE VEÍCULOS
E DE IÇAMENTO ATRAVÉS DE
GUINCHOS E GUINDASTES
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS
NO RAMO DE PINTURAS RESIDENCIAIS,
COMERCIAIS, INDUSTRIAIS,
PREDIAIS, METAIS, MADEIRAS,
LETRAS, DECORAÇÕES,
ORNATOS E ESTUQUES
NO ESTADO DO PARANÁ
médio provoca alterações na glicose, ele
continuará internado para ser monitorado.
Hoje, o governador, que está desde o último dia 12 no Hospital Pró-Cardíaco, será submetido a um ecocardiograma para
avaliar como está o coração. A quimioterapia, que deixa o organismo mais debilitado, tem também um efeito tóxico sobre
o músculo cardíaco, diz Domênico.
— Às vezes, a gente trata o doente do câncer e o coração fica com sequelas. É importante acompanhar todo o processo — explica o médico, acrescentando que o governador deverá ter alta amanhã.
Pezão fará entre seis e oito ciclos de quimioterapia. Cada um deles deve durar três dias.
Após um intervalo de 18 dias, o governador
reiniciará as sessões. Nas redes sociais, ele
disse estar bem após o tratamento. l
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça
do Rio suspendeu ontem, liminarmente,
a Taxa Única de Serviços Tributários da
Receita Estadual. A decisão vale para todas as empresas do estado. Três entidades entraram com representações diretas de inconstitucionalidade contra a lei:
Fecomércio, Firjan e Federação da Câmara de Dirigentes e Lojistas. A primeira, da Fecomércio, foi ajuizada em 29 de
janeiro. A taxa fica suspensa até que o
Órgão decida se ela é constitucional.
O principal argumento do relator, o
desembargador Camilo Ribeiro Ruliere, foi de que a taxa não representava uma contraprestação de serviço, já
que ela era cobrada independentemente de a Receita ter realizado qualquer tarefa. A advogada da Fecomércio, Cheryl Berno, disse que a legislação tinha diversos pontos ilegais:
— Em 23 anos de carreira, nunca vi
uma lei tão inconstitucional.
LEI PUNIRIA PEQUENO COMERCIANTE
O imposto foi sancionado pelo governador no dia 28 de dezembro do ano
passado e entraria em vigor hoje. Ele
serviria para custear a Receita Estadual. A cobrança seria feita trimestralmente, com base no total de saídas ou
no número de documentos fiscais emitidos pela empresa nos 12 meses anteriores. Haveria seis faixas de pagamento. Os críticos apontam que a lei pune
os pequenos comerciantes, que vendem muitos itens a um preço baixo.
Antes mesmo da decisão da Justiça,
a nova taxa estava em xeque. Já havia
na Assembleia Legislativa um projeto
de lei para revogá-la. Além disso, o
Centro Industrial do Rio de Janeiro
(Cirj) e o Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio (SindilojasRio) conseguiram liminares que isentavam as
empresas associadas de pagar. Em
meio às contestações, a Receita havia
decidido publicar um decreto adiando em 60 dias a entrada em vigor da
lei, para discutir mudanças com empresários e parlamentares. l
* Estagiário sob supervisão de Claudia dos
Santos
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DA MADEIRA E DO MOBILIÁRIO DO OESTE
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE
CARGAS E LOGÍSTICA
DO ESTADO DE GOIÁS
Cobrança entraria em vigor
hoje. Entidades questionam
constitucionalidade de lei
AUGUSTO DECKER*
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGAS DE
PIRACICABA E REGIÃO
SINDICATO DAS EMPRESAS
DE TRANSPORTES DE CARGAS DO
ESTADO DO TOCANTINS
Justiça dá liminar
e suspende nova
taxa tributária
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DA MANDIOCA DO ESTADO
DO PARANÁ – SIMP
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DA PESCA DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIPESCA-ES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE APARELHOS ELÉTRICOS,
ELETRÔNICOS E SIMILARES,
APARELHOS DE RÁDIO
TRANSMISSÃO, REFRIGERAÇÃO,
AQUECIMENTO
E TRATAMENTO DE AR, LÂMPADAS
E APARELHOS ELÉTRICOS
DE ILUMINAÇÃO DO ESTADO
DO PARANÁ - SINAEES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE ARTEFATOS DE
BORRACHA DO
ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE ARTEFATOS
DE COURO DO ESTADO
DO PARANÁ – SINDICOURO
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CACAU E BALAS, MASSAS ALIMENTÍCIAS
E BISCOITOS DE DOCES
E CONSERVAS ALIMENTÍCIAS DO ESTADO
DO PARANÁ – SINCABIMA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CAL NO ESTADO
DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CERÂMICA DO
ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDICER/ES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CERÂMICAS E DE OLARIAS
DO OESTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE CERÂMICAS
E OLARIAS DA REGIÃO CENTRO
SUL DO PARANÁ – SINCOLSUL
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CERVEJA DE ALTA E BAIXA
FERMENTAÇÃO, DA CERVEJA
E DE BEBIDAS EM GERAL,
DO VINHO E ÁGUAS MINERAIS
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE CONFECÇÕES DO
SUL DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINCONSUL
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE EXTRAÇÃO
DE AREIA DO ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDAREIA / APEPAC
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE EXTRAÇÃO DE
PEDREIRAS E AREIA DE
VITÓRIA – SINDIPEDREIRA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE FIAÇÃO E TECELAGEM
DE LONDRINA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE FIAÇÃO E TECELAGEM
NO ESTADO
DO PARANÁ – SINDITÊXTIL
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO
E TRANSMISSÃO DE ENERGIA
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINERGES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE LATICÍNIOS DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SINDILATES-ES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE MADEIRAS E ATIVIDADES
CORRELATAS EM GERAL
DA REGIÃO CENTRO SUL
DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDMADEIRA-ES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE MADEIRAS, SERRARIAS, BENEFICIAMENTOS,
CARPINTARIA E MARCENARIA,
TANOARIA, COMPENSADOS E LAMINADOS,
AGLOMERADOS E EMBALAGENS
DE GUARAPUAVA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE MÓVEIS, MARCENARIAS,
CARPINTARIAS, ARTEFATOS DE MADEIRA,
SERRARIAS, MADEIRAS LAMINADAS
E PAINÉIS DE MADEIRA RECONSTITUÍDA
DE RIO NEGRO
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE OLARIA
E CERÂMICA DO NORTE DO
PARANÁ – SINDICER NORTE/PR
IMPEACHMENT JÁ!
Chega
de PAGAR
O PATO.
16
l O GLOBO
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
COFRE VAZIO
_
Alunos ocupam mais uma escola estadual
Unidade na Penha foi a segunda da rede tomada por estudantes, que reivindicam melhor infraestrutura
RAFAEL GALDO E
LUIS GUILHERME JULIÃO*
[email protected]
“Isso aqui vai virar o Chile”. A
mensagem no muro da Escola
Estadual Gomes Freire, na Penha, revela uma das inspirações dos alunos que, desde ontem, ocupam a instituição. Na
segunda unidade da rede estadual tomada por estudantes
em menos de uma semana, os
manifestantes voltaram a fazer
referência aos protestos chilenos que, em 2011e 2012, entraram em colégios e levaram milhares às ruas pela educação
gratuita. Assim como o movimento de escolas paulistas no
ano passado, o ato nos dois colégios do Rio recebe o apoio da
Assembleia Nacional do Estudantes — Livre (Anel).
Na Gomes Freire, as queixas
dos alunos vão desde a falta de
canetas para os professores escreverem nos quadros até a demissão dos porteiros. Mas a pauta inclui também o apoio à greve
dos professores e às mudanças
no sistema de ensino, como o
fim da prova do Sistema de Avaliação da Educação do Estado
do Rio (Saerj). Os estudantes dizem que este mês fizeram quatro manifestações nas ruas da
Penha, mas não tiveram resposta da Secretaria estadual de Educação. Depois da ocupação da
Escola Estadual Prefeito Mendes
de Moraes, na Ilha, que completou uma semana ontem, os alunos da Penha resolveram, em
assembleia na semana passada,
fazer o mesmo.
— Já chegamos a ter que pagar
pela cópia de nossas provas. Existem salas de aulas com até 60
alunos, e nossa merenda está racionada. Não temos como ficar
assim — disse o aluno do 3º ano
do ensino médio Matheus José
Souza Carneiro, de 16 anos.
Ontem, os estudantes montaram guarda no portão da escola e
impediram a diretora da unidade, Elomar Moura, de entrar para
trabalhar. Ela alegou que os manifestantes estavam ferindo o seu
direito de ir e vir, e a Polícia Mili-
MARCELO CARNAVAL
tar foi chamada. Mas os jovens,
cerca de 40, entre 16 e 17 anos,
não recuaram.
— Nosso objetivo é dormir
aqui. Como a maioria tem menos de 18 anos, estamos enviando aos responsáveis uma autorização para que permaneçamos na escola — afirmava outra
estudante do 3º ano do ensino
médio, Letícia Araújo, de 16
anos, ressaltando não haver líderes nem bandeiras políticas
no movimento.
A ideia é seguir os passos da
Mendes de Moraes. Ontem,
Alessandro Ribeiro, de 17
anos, aluno do colégio ocupado na Ilha, acompanhou o movimento na Penha.
— Vim ajudá-los neste primeiro dia. Vamos seguir ocupando.
Nosso movimento vai aumentar.
Vai virar o Chile — dizia o aluno,
repetindo o cartaz colado no muro da Gomes Freire.
UNIVERSITÁRIA ORIENTA ALUNOS
Além dele, representantes da
Anel participaram da ocupação
na Penha. Segundo Helena Martins, de 25 anos, estudante de
Odontologia da UFRJ e integrante da executiva nacional da entidade, o grupo soube do movimento na Gomes Freire por meio
de professores. E, desde o começo das manifestações, vem orientando os estudantes sobre como
se organizarem:
— Passamos um pouco da
nossa experiência para eles, como a criação de comissões para a
limpeza e a segurança da escola.
Segundo Helena, a Anel surgiu em 2009, como uma opção à
União Nacional dos Estudantes
(UNE) e à União Brasileira dos
Estudantes
Secundaristas
(Ubes), instituições, diz ela, que
não representariam mais os interesses da maioria dos estudantes e que são dominadas
por partidos como PCdoB e PT.
Na Anel, afirma, há grupos independentes, mas também representantes de siglas como PSTU e alas do PSOL. l
* Estagiário sob a supervisão de
Leila Youssef
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE
OLARIAS E CERÂMICAS PARA CONSTRUÇÃO
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA
DOS CAMPOS GERAIS
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIAS
DO NORTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS DE PAPEL, CELULOSE
E PASTA DE MADEIRA PARA PAPEL, PAPELÃO
E DE ARTEFATOS DE PAPEL E PAPELÃO
NO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO
E ARTEFATOS DE CIMENTO DO NORTE
DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE PRODUTOS
AVÍCOLAS DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE PRODUTOS
CERÂMICOS DE LOUÇA DE PÓ DE PEDRA,
PORCELANA E DA LOUÇA DE BARRO
DE PORTO FERREIRA – SINDICER
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE PRODUTOS E ARTEFATOS DE
CIMENTO E FIBROCIMENTO
E LADRILHOS HIDRÁULICOS
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS E TANOARIAS,MADEIRAS COMPENSADAS,
LAMINADOS, AGLOMERADOS, CHAPAS DE FIBRAS
DE MADEIRA E DA MARCENARIA
DE FRANCISCO BELTRÃO
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS, TANOARIAS, MADEIRAS COMPENSADAS
E LAMINADAS, AGLOMERADOS E CHAPAS
DE FIBRAS DE MADEIRA E DA MARCENARIA
(MÓVEIS DE MADEIRA) DE ARAPONGAS
Barrada. Diretora do Gomes Freire, Elomar de Moura (de amarelo), foi impedida de entrar: alunos têm pauta que inclui apoio a mudanças no sistema de ensino
Governo vai à Justiça para liberar colégio
Secretário diz que,
apesar de medida,
quer negociar com
manifestantes
GUILHERME RAMALHO
[email protected]
O secretário estadual de Educação, Antonio Neto, disse ontem que entrou na Justiça pedindo a reintegração de posse
do Colégio Estadual Prefeito
Mendes de Moraes, na Ilha do
Governador, ocupado por estudantes desde o último dia 21.
A escola, a primeira a ser tomada por alunos da rede, está
com os portões fechados. Os
jovens montaram um acampa-
mento dentro da unidade.
Sobre a Escola Estadual Gomes Freire de Andrade, na Penha, o secretário disse que ainda tentará manter o diálogo
com os estudantes, antes de
recorrer à Justiça. Para Neto, os
alunos estão sendo influenciados por entidades de classe,
como o Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação do
Rio (Sepe-RJ), e partidos políticos de oposição.
— Fico preocupado com o
nível de autonomia dos alunos. A prática desse grupo é
bem orientada e financiada.
Eles recebem lanches, camisetas. Não é amador. Parecia
ser um movimento estudantil,
mas está transmutado numa
perspectiva sindical, muito
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE SERRARIAS,
CARPINTARIAS, TANOARIAS, MADEIRAS
COMPENSADAS E LAMINADAS,
AGLOMERADOS E CHAPAS
DE FIBRAS DE MADEIRA E DE MARCENARIA
DE TELÊMACO BORBA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE SERRARIAS, CARPINTARIAS, TANOARIAS, MADEIRAS
COMPENSADAS E LAMINADAS, AGLOMERADOS
E CHAPAS DE FIBRAS DE MADEIRA
E DE MARCENARIA DE UNIÃO DA VITÓRIA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE SERRARIAS, CARPINTARIAS,
TANOARIAS, MADEIRAS
COMPENSADAS, LAMINADOS E DE
MARCENARIAS DE PALMAS
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE VIDROS DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIVIDROS-ES
colado ao movimento grevista
dos professores. E isso nos
preocupa muito — afirmou o
secretário.
CRISE IMPEDE REAJUSTE DE 30%
Neto disse ainda que a crise
financeira do estado não permite um reajuste de 30% para
os professores, como reivindica o movimento grevista.
Questionado sobre os problemas de infraestrutura e de
falta de material básico em
escolas, ele informou que a
situação pode ser prontamente resolvida, junto à direção de cada unidade.
— Isso não justifica invasão. São questões mínimas e
locais — afirmou Neto, que
negou falta de diálogo com
SINDICATO
DAS INDÚSTRIAS
DO VESTUÁRIO DO
OESTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
DO VESTUÁRIO
DO SUDOESTE
DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
E EMPRESAS DE
INSTALAÇÃO, OPERAÇÃO
E MANUTENÇÃO
DE REDES, EQUIPAMENTOS
E SISTEMAS DE
TELECOMUNICAÇÕES
DO ESTADO DO
PARANÁ – SIITEP
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
GRÁFICAS DE MARINGÁ
E REGIÃO
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DE VIDROS, CRISTAIS, ESPELHOS,
CERÂMICAS DE LOUÇA E PORCELANA,
PISOS E REVESTIMENTOS
CERÂMICOS NO
ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
GRÁFICAS DE SÃO JOSÉ
DO RIO PRETO – SIGRARP
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DO MOBILIÁRIO DE
VOTUPORANGA - SINDIMOB
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
GRÁFICAS DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO – SIGES
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
DO VESTUÁRIO DE APUCARANA
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
GRÁFICAS DO ESTADO
DO PARANÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS DO VESTUÁRIO
DE BIRIGUI – SICVB (SINBI)
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS DO VESTUÁRIO
DE CIANORTE
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DO
VESTUÁRIO DE CURITIBA E SUDESTE
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
GRÁFICAS DO
OESTE DO ESTADO
DO PARANÁ – SINDGRAF
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
GRÁFICAS
NO ESTADO DE SÃO
PAULO – SINDIGRAF
os movimentos.
Segundo o secretário, a
ação de reintegração de posse
na Ilha poderá ser suspensa,
caso os estudantes desocupem a escola antes de sair a
decisão judicial:
— O fato de entrar na Justiça
não impede o diálogo. É apenas uma garantia de que vamos ter a unidade funcionando novamente.
Representantes do Sepe foram ontem à tarde até a Gomes
Freire para apoiar os estudantes. Pela manhã, participaram
de uma manifestação na Mendes de Moraes. Eles disseram
que não interferiram na organização dos atos e que só souberam da ocupação na Ilha
após ela ter começado. l
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS
E DE MATERIAL ELÉTRICO
DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO – SINDIFER
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS E DE
MATERIAL ELÉTRICO
DE APUCARANA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL
ELÉTRICO
DE CAMPO MOURÃO
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL
ELÉTRICO
DE CASCAVEL
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL
ELÉTRICO
DE LONDRINA
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL
ELÉTRICO DE MARINGÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL
ELÉTRICO
DE PATO BRANCO
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Santos
Dumont terá
voos durante
a madrugada
l 17
FERNANDO LEMOS/01-12-2015
Medida valerá de 3 a 23 de agosto,
para compensar restrição nos Jogos
RENAN FRANÇA
[email protected]
A menos de cinco meses do início das Olimpíadas, ontem foi
anunciada uma novidade no ar:
haverá pousos e decolagens durante a madrugada, no período
dos Jogos, no Aeroporto Santos
Dumont. Segundo a Secretaria
de Aviação Civil, de 3 a 23 de
agosto, serão permitidos voos
comerciais das 6h às 23h59m. Já
a aviação executiva e os táxis aéreos terão autorização para fazer
o serviço de meia-noite às
5h59m. A ampliação das atividades foi permitida para compensar a suspensão de voos que
ocorrerá de 8 a 18 de agosto, das
12h40m às 17h40m, durante as
provas de vela na Baía de Guanabara. Essa medida já havia si-
do anunciada em novembro do
ano passado e, segundo as companhias aéreas, 104 viagens seriam canceladas por dia, devido
ao evento esportivo.
Após as competições, o aeroporto voltará a funcionar em
seu horário normal, das 6h às
22h30m. De acordo com a Secretaria de Aviação Civil, as alterações vão permitir a movimentação diária de 34 voos comerciais e 180 executivos.
AUMENTO DE 70 MIL USUÁRIOS
Durante os dias de operação,
estão previstos 4,5 mil pousos e
decolagens extras na cidade e
quase 5 mil passageiros, em
média, todos os dias. Estima-se
que o Santos Dumont receberá
cerca de 70 mil usuários a mais
no horário ampliado.
Para o secretário-executivo
de Aviação Civil, Guilherme
Ramalho, a ampliação do horário permite amenizar o im-
Horário alternativo. A pista do Aeroporto Santos Dumont, que ficará aberta durante a madrugada: serão 4,5 mil pousos e decolagens extras na cidade
pacto do fechamento para as
competições de vela e oferece
mais conforto aos turistas:
— Provavelmente vamos registrar um grande número de
passageiros nestes novos horários. Por isso a ampliação. O
passageiros podem ficar tranquilos, pois quem viajar nesse
período estendido será muito
bem atendido, com conforto.
Durante o período de restrição para as competições, os
voos que tinham o Santos Dumont como destino serão desviados para o Aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão).
— Fiz um visita hoje (ontem)
ao Tom Jobim e fiquei impressionado com a reforma que foi
feita. Os passageiros que chegarem e saírem pelo aeroporto
ficarão impressionados positivamente com o que vão encontrar. O Tom Jobim será fundamental nesta operação. Ele
elevará o patamar de recepção
de turistas daqui para frente —
disse Ramalho.
Durante a Copa do Mundo
no Brasil, com o espaço aéreo
do Santos Dumont fechado
antes e depois de partidas no
Maracanã, o Tom Jobim tam-
bém recebeu extras. Na final
da competição, por exemplo, o
local estava preparado para receber mais de mil aeronaves.
— Foi uma operação difícil,
mas tranquila. Para se ter uma
ideia, no dia seguinte à final tivemos praticamente uma decolagem por minuto, e tudo
correu tranquilamente — disse
o coronel Luiz Ricardo Nascimento, diretor da sala de operações da Aeronáutica.
Além do Santos Dumont e
do Tom Jobim, outros 37 aeroportos brasileiros, como
Confns, em Belo Horizonte, e
Guarulhos, em São Paulo, poderão ser usados em caso de
necessidade de desvio de rotas. Os Jogos Olímpicos devem trazer um milhão de passageiros ao Brasil.
Procurada, a Associação Brasileira das empresas Aéreas
(Abear) informou, por meio de
nota, que avalia positivamente
o conjunto de medidas anunciadas, mas considera, por
exemplo, que o aeroporto de
Congonhas, em São Paulo,
também poderia ter os horários ajustados para garantir a conectividade na rota. l
Ministro afirma que União não pagará adicional de PMs nas Olimpíadas
Segundo Eugênio Aragão,
não haveria base legal
para governo federal
repassar recursos
LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
[email protected]
O Ministro da Justiça, Eugênio
Aragão, descartou ontem a
possibilidade de o governo federal arcar com os custos do
pagamento do Regime Adicio-
nal de Serviços (RAS) para que
o governo do Estado do Rio reforce o patrulhamento durante
os Jogos Olímpicos. Segundo
ele, não haveria amparo legal
para a parceria. O atraso no pagamento do RAS e a redução
dos valores pagos para o programa por conta da crise financeira do estado fizeram
com que muitos policiais deixassem de participar do projeto em que ganham um complemento salarial para traba-
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICAS
E DE MATERIAL ELÉTRICO
DE PONTA GROSSA
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
METALÚRGICAS,
MECÂNICASE DE MATERIAL
ELÉTRICO
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS MOVELEIRAS,
MARCENARIAS
E AFINS DE
UMUARAMA E REGIÃO
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
QUÍMICAS E FARMACÊUTICAS
DO ESTADO DO PARANÁ
SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS
QUÍMICAS E
FARMACÊUTICAS
DO NORTE DO PARANÁ
SINDICATO DAS INDÚSTRIAS
RETIFICADORAS
DE MOTORES DE
VEÍCULOS DE LONDRINA
SINDICATO DE
REMANUFATURAMENTO,
RECONDICIONAMENTO
E/OU RETÍFICA
DE MOTORES E SEUS
AGREGADOS E PERIFÉRICOS
NO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDIMOTOR
SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS,
CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS DE PESQUISAS,
ANÁLISES CLÍNICAS E DEMAIS
ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS
DE SAÚDE DE MOGI DAS
CRUZES – SINDHOSCLAB JUNDIAÍ
lhar em escalas montadas durante a folga. As declarações
foram dadas durante uma visita de Eugênio Aragão ao Centro de Comando e Controle da
Secretaria de Segurança Pública do Rio.
REUNIÃO SOBRE PREPARATIVOS
Segundo o ministro, o assunto
sequer foi tratado com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que participou
do encontro na Cidade Nova.
SINDICATO DOS HOSPITAIS,
CLÍNICAS, CASAS
DE SAÚDE, LABORATÓRIOS
DE PESQUISAS,
ANÁLISES CLÍNICAS
E DEMAIS ESTABELECIMENTOS
DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DE MOGI DAS
CRUZES – SINDHOSCLAB MOGI
SINDICATO DOS HOSPITAIS,
CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE,
LABORATÓRIOS DE
PESQUISAS, ANÁLISES
CLÍNICAS E DEMAIS
ESTABELECIMENTOS
DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DE MOGI DAS CRUZES,
PRESIDENTE PRUDENTE
E REGIÃO – SINDHOSPRU
SINDICATO DOS HOSPITAIS,
CLÍNICAS, CASAS
DE SAÚDE, LABORATÓRIOS
DE PESQUISAS,
ANÁLISES CLÍNICAS
E DEMAIS ESTABELECIMENTOS
DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DE RIBEIRÃO PRETO
E REGIÃO – SINDHORP
O motivo da reunião era União
e Estado se atualizarem sobre
as informações dos preparativos da área de segurança para
as Olimpíadas. Antes da reunião com Beltrame, o ministro se
encontrou também com o governador em exercício, Francisco Dornelles, no Palácio
Guanabara.
— Nós temos restrições de
despesas. O Tribunal de Contas da União (TCU) não nos
permitiria fazer esse tipo de
SINDICATO DOS PECUARISTAS
DE CORTE DO ESTADO
DE SÃO PAULO – SINDCORTESP
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS QUÍMICOS
PARA FINS INDUSTRIAIS,
PRODUTOS FARMACÊUTICOS,
PREPARAÇÃO DE ÓLEOS
VEGETAIS E ANIMAIS,
SABÃO E VELAS,
FABRICAÇÃO DE ÁLCOOL,
TINTAS E VERNIZES, ADUBOS
E CORRETIVOS AGRÍCOLAS
NO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO – SINDIQUÍMICOS-ES
SINDICATO INTERESTADUAL
DA INDÚSTRIA
DE ÓPTICA DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINIOP
SINDICATO INTERMUNICIPAL
DAS INDÚSTRIAS
DO VESTUÁRIO DO PARANÁ
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA
DE ALIMENTAÇÃO
ANIMAL – SINDIRAÇÕES
SINDICATO DOS HOSPITAIS,
CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE,
LABORATÓRIOS
DE PESQUISAS, ANÁLISES
CLÍNICAS E DEMAIS
ESTABELECIMENTOS
DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DE SUZANO – SINDSUZANO
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA DE
CAFÉ SOLÚVEL – SINCS
SINDICATO DOS HOSPITAIS,
CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE,
LABORATÓRIOS DE PESQUISAS,
ANÁLISES CLÍNICAS
E DEMAIS ESTABELECIMENTOS
DE SERVIÇOS DE
SAÚDE DO ESTADO DE
SÃO PAULO – SINDHOSP
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA DE
EXTRAÇÃO
DO ESTANHO – SNIEE
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA
DE ESTAMPARIA
DE METAIS – SINIEM
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA DE ROLHAS
METÁLICAS – SINARME
gasto. O RAS é uma despesa tipicamente estadual. Nós arcamos com o pagamento do nosso pessoal. Como se trata de
uma parceria, nós esperamos
que cade parte arque com os
valores de sua competência —
explicou o ministro.
Pela União, também participaram do encontro o secretario nacional extraordinário de Grandes Eventos,
Andrei Rodrigues, e a secretária nacional de Segurança
Pública, Regina Miki.
Sobre o risco de atentados
terroristas durante as Olimpíadas, Eugênio Aragão disse que
essa é sempre uma preocupação em grandes eventos. Mas
que o Brasil está preparado:
— Agora há mais premência
devido ao cenário internacional (em referência ao aumento
de atentados no mundo). Estudamos cenários de como atuar, em cooperação com polícias de outros países. l
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA DE TREFILAÇÃO
E LAMINAÇÃO DE METAIS
FERROSOS – SICETEL
SINDICATO NACIONAL
DA INDÚSTRIA DO
RERREFINO DE ÓLEOS
MINERAIS – SINDIRREFINO
SINDICATO NACIONAL
DAS EMPRESAS
PRESTADORAS DE
SERVIÇOS AUXILIARES
DE TRANSPORTE
AÉREO – SINEATA
SINDICATO NACIONAL
DAS INDÚSTRIAS DE MATERIAL
DE DEFESA – SIMDE
SINDICATO NACIONAL
DAS INDÚSTRIAS DE PRODUTOS
DE LIMPEZA – SIPLA
SINDICATO NACIONAL
DOS COLETORES
E BENEFICIADORES DE
SUB PRODUTOS DE ORIGEM
ANIMAL – SINCOBESP
SINDICATO RURAL DE JABOTICABAL
SINDICATOS DAS INDÚSTRIAS DA MADEIRA
DO ESTADO DO PARANÁ
SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA – SRB
VEM PRA RUA
IMPEACHMENT JÁ!
Chega
de PAGAR
O PATO.
18
l O GLOBO
l Rio l
Fraude na Rio-2016
Terça-feira 29 .3 .2016
ANCELMO
GOIS
A 3ª Vara Criminal do Rio bloqueou
R$ 128,5 milhões que seriam
repassados pela Caixa ao consórcio
que toca as obras do Complexo de
Deodoro, na Zona Oeste do Rio,
formado por Queiroz Galvão e OAS.
Atendeu ao pedido do Núcleo de
Combate à Corrupção do MPF do Rio
e da CGU, que alegam a existência de
fraude na documentação dos serviços
de terraplanagem.
DIVULGAÇÃO
Arrumando a casa
www.oglobo.com.br/ancelmo
Sabe os comerciantes que trabalham no calçadão
de acesso à PUC, na Gávea, no Rio?
Pois bem: a subprefeitura da Zona Sul foi lá e deu
um choque de... legalização. Organizou o lugar,
concedeu autorizações para exploração do comércio
e, hoje, começa a entregar aos trabalhadores 22
quiosques, como este da foto.
Melhor assim.
ANA CLÁUDIA GUIMARÃES,
DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO
BRUNNO RANGEL
“No creo en brujas, pero...”
Viva a cultura!
Deodoro, como se sabe, receberá
na Rio-2016 as provas de tiro,
esgrima, pentatlo moderno,
canoagem slalom, ciclismo, rugby e
hóquei sobre grama.
A exemplo do Papa Francisco, o
querido cardeal Dom Orani Tempesta
tem participado de diálogos
inter-religiosos. Outro dia, numa reunião
ecumênica, ele quis saber quem era seu
vizinho na mesa. E o homem: “Bruxo”.
O Imperator — Centro Cultural João
Nogueira, no Méier, Zona Norte do Rio,
acaba de bater a marca de três milhões
de visitantes desde sua abertura, em
junho de 2012. A casa, como se sabe,
ficou fechada por 16 anos.
Mar revolto
Segue...
‘Virose’ coletiva
A periclitante Sete Brasil adiou,
para sexta agora, a decisão sobre o
que vai fazer de sua vida.
Há no Brasil, desde os anos 1980,
adeptos do Wicca (feitiçaria moderna),
inspirado em antigos cultos pré-cristãos.
‘Fora, Dilma’
Contos completos
Primeiro foi na sexta, em Recife,
antes do jogo Brasil x Uruguai, com
torcedores gritando “Fora, PT”.
Ontem, na partida entre o
britânico Andy Murray e o búlgaro
Grigor Dimitrov, pelo ATP de Miami,
nos EUA, era possível ouvir, na
transmissão pela TV, uns brasileiros
na plateia gritando... “Fora, Dilma!”
O festejado escritor carioca Alberto
Mussa, 54 anos, lança, mês que vem,
pela Record, “Contos completos”.
Significa, a rigor, que o autor, mesmo
jovem, nunca mais escreverá contos.
Lembra-se que, como saiu aqui, um
grupo de brasileiros hospedados no
luxuoso Club Med Chamonix, na França,
sofreu um, digamos, piriri daqueles, e o
hotel disse se tratar de uma virose?
Pois bem. A rede conta agora “que foi
identificada uma infecção viral há duas
semanas em todo o Vale de Chamonix, e
não apenas no resort”. Ah, bom.
Segue...
U
Zona Franca
A advogada Ana Tereza Basilio fala amanhã
‘Fica, Dilma’
De Paulo Betti, no Facebook:
— Teori botou ordem na casa.
Bom senso e canja de galinha não
fazem mal a ninguém. O dano
causado pela precipitação de Moro
é irreparável.
Medo do zika
Os estragos do zika chegaram ao
outro lado do mundo. O grupo
japonês de teatro Kabuki, que viria
ao Brasil em julho, para se
apresentar na Cidade das Artes,
cancelou a agenda.
O motivo? Você sabe.
A ‘MAIOR LOUCURA’ DE DEBORAH
Deborah Secco, 36 anos, contou à revista “Wow”, que começa a circular hoje, que
ser mãe é a “maior delícia e a maior loucura” que já viveu. A musa, como se sabe, deu
à luz, em dezembro, Maria Flor, sua filha com o modelo Hugo Moura, 25. “Sou só
uma menina, uma mulher, tentando acertar, ser feliz, ter uma vida normal.
Tentando, nessa vida louca, ser uma pessoa legal e feliz.” Maravilha l
Metrô tem reajuste
e custa R$ 4,10 a
partir de sábado
A partir de sábado, o valor da
tarifa do metrô sofrerá reajuste, passando de R$ 3,70
para R$ 4,10. O aumento é 6%
maior do que o do ano passado, quando a passagem pulou de R$ 3,50 para os atuais
R$ 3,70. O reajuste foi autorizado, em fevereiro último,
pela Agência Reguladora de
Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviá-
sobre “O novo CPC e os meios alternativos de
solução de conflitos”, na Emerj.
O carioca Muti Randolph ganhou o IF Design
Award 2016 pelo seu projeto da Galeria Melissa, em Londres.
O Movimento Down, que faz trabalho inédito
de produção de informações sobre a síndrome,
corre o risco de fechar. Está sem patrocínio
(movimentodown.org.br).
A exposição “Nós” abre amanhã, às 19h, na
Caixa Cultural.
Quinta, no “Sem censura”, a endocrinologista
Amanda Athayde fala sobre transexualismo.
Marcelo Calero, o secretário, inaugura amanhã,
às 10h, a Biblioteca Annita Porto Martins.
Dia 7, o documentário “Intolerância religiosa”,
de Jorge Mautner, será lançado na Academia
Brasileira de Filosofia.
rios, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado
do Rio (Agetransp), com base
no contrato de concessão do
MetrôRio. A variação, aplicada anualmente de acordo
com o IGP-M (Índice Geral
de Preços do Mercado), foi de
10,95% sobre o valor não arredondado da tarifa ainda vigente, que é de R$ 3,6753.
O aumento vem na esteira de
Tom por Carminho
A portuguesa Carminho, logo depois
do show que fará, dia 1º de maio, no Vivo
Rio, mergulhará na obra de Tom Jobim.
A ideia é gravar um CD só com canções
do maestro. Deve ser lançado em 2017.
Questão de estilo
Em tempos de intolerância, vale
registrar a cordialidade. A Poly Modas,
antiga loja de moda no Flamengo, no
Rio, não resistiu à crise e fechou. Mas
deixou um fofo aviso na porta (foto):
“Queridos amigos e clientes, muitíssimo
PAULA ACIOLI
obrigada pela
preferência. Foi
uma troca
maravilhosa de
longos anos. Que
nosso estilista
maior nos
abençoe.” Amém.
outros já realizados no setor:
barcas, ônibus e trens já tiveram
seus reajustes em 2016. No segundo dia do ano, a tarifa dos
ônibus municipais sofreu uma
elevação de 11,7%, passando de
R$ 3,40 para R$ 3,80. No mês seguinte, em fevereiro, foi a vez
dos coletivos intermunicipais,
cujas passagens passaram de
R$ 5,90 para R$ 6,50.
As barcas também tiveram
os preços reajustados no início do ano. A concessionária
CCR Barcas foi autorizada a
fazer um reajuste de 12,12%
no preço do bilhete. Desde o
dia 12 de fevereiro, os usuários passaram a pagar R$ 5,60,
R$ 0,60 a mais do que o valor
anterior. No caso dos trens, a
tarifa passou de R$ 3,30 para
R$ 3,70, também no dia 2 de
fevereiro. l
IMPEACHMENT JÁ!
Pergunte aos deputados que vão votar o impeachment de que lado eles estão:
naovoupagaropato.com.br
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
PEDRITA JUNCKES
O SEGREDO
DE ISABELI
Isabeli Fontana,
32 anos, está
festejando 20
de carreira. O
segredo de tanta
belezura ela
contou num
ensaio para a
marca Euro, no
deserto do
Atacama:
diariamente,
dedica alguns
minutos à
meditação.
Medita pra eu...
O GLOBO
RESTAURO POLÊMICO
Comerciante da Lapa paga
‘retoques’ em obra de Selarón
Pedreiro é contratado para repor azulejos danificados, mas prefeitura
critica alteração no ponto turístico, que é tombado pelo Patrimônio
NATÁLIA BOERE
DIEGO MENDES
ALEGRIA,
TALENTO
E ARTE
Quitéria Chagas,
35 anos, nossa
eterna musa, e
Tonico Pereira,
67, o ator,
posam após o
ensaio de uma
peça, em frente
à Câmara
Municipal do Rio
CHICO LIMA/27-2-1991
U
Ponto Final
As escadarias. O mosaico de azulejos, do artista chileno Jorge Selarón, é alterado sem autorização do município
Veja o que disse o saudoso
professor Mario Henrique
Simonsen (1935-1997), numa
entrevista ao “JB”, ao ser
questionado se o nosso
empresário era mais ou menos honesto do que o dos EUA:
— A iniciativa privada não foi feita nem para freira nem para
ladrão. As freiras devem ir para um convento, e os ladrões,
para a cadeia. O empresário raramente é corrupto; ele é
corruptor. E tudo depende do governo.
Cartas para a Redação.
e-mail: [email protected]
Fotos: [email protected]
Hoje
na web
oglobo.com.br/rio
l MADUREIRA: Em
fotos e vídeo,
o protesto após morte de criança
de 4 anos. http://glo.bo/1RG7G1R
l WHATSAPP: Envie fotos, vídeos
e informações para o telefone
(21) 99999-9110. glo.bo/1YJ2MIi
l ZIKA: As verdades e as
mentiras sobre a doença.
http://glo.bo/1TbRcon
l FACEBOOK: Confira
as notícias
do GLOBO na rede social.
www.facebook.com/jornaloglobo
NATÁLIA BOERE
[email protected]
S
ituada na Lapa, a Escadaria Selarón
começou a ser construída em 1994,
quando o artista plástico chileno radicado no Brasil Jorge Selarón decidiu começar a cobrir com azulejos o caminho para Santa Teresa, que havia sido pintado de verde e amarelo para a Copa dos Estados Unidos. Até a sua morte, em janeiro de
2013, Selarón fixou mais de 200 azulejos no
local, muitos deles com sotaque estrangeiro,
doados por turistas que desembarcaram no
Brasil vindos de mais de 60 países.
Na manhã de ontem, um pedreiro estava
repondo alguns azulejos da escadaria, que
estavam quebrados ou tinham caído. Segundo o profissional, que preferiu não se identificar, o trabalho está sendo feito desde a última
sexta-feira. Desde então, já teriam sido recolocadas 16 peças, compradas em “cemitérios
de azulejos", no Estácio:
— Como a prefeitura não faz a manutenção, me contrataram para fazer — contou ele.
O serviço foi contratado pelo gráfico Pablo
Rebello, que administra um negócio de fotografias de turistas em azulejos, bem aos pés
da escadaria. Ele diz que o dinheiro obtido
com a venda das peças — em média, são vendidos 15 pratos por dia, a R$ 25 cada — é aplicado na manutenção da Escadaria Selarón.
— Estamos nos organizando para trocar todas as peças que forem necessárias — diz Rebello, que foi ajudante de Selarón e teve uma
desavença com o chileno.
CRÍTICAS DO PODER PÚBLICO
O presidente do Instituto Rio Patrimônio,
Washington Fajardo, no entanto, afirma que
o serviço, feito sem o consentimento da prefeitura, é ilegal, pois a escadaria foi tombada pelo Decreto Municipal 25.273, de 19 de
abril de 2005.
— Está errado. A Secretaria municipal de Conservação fez um trabalho de catalogação de azulejo por azulejo, porque, após a morte dele, caso
houvesse necessidade de reparo, a restauração
poderia ser feita com fidelidade. Essa obra, que
era em progresso, ficou cristalizada e não era para ter sido modificada — critica Fajardo.
O Instituto Rio Patrimônio e a Secretaria
municipal de Conservação afirmam que
vão enviar uma equipe técnica ao local para
fazer uma vistoria e verificar que providências serão tomadas. l
Chega
de PAGAR
O PATO.
l 19
Só 33,4% dos
imóveis do
país foram
vistoriados
Combate a focos do ‘Aedes’
atingiu 18,6 milhões de
casas no 2º ciclo de visitas
As equipes de combate ao Aedes aegypti já vistoriaram 18,6
milhões de imóveis em todo país. O balanço é do segundo ciclo
da campanha de caça ao mosquito, iniciado este mês. Mas
nem todo mundo atendeu ao
chamado dos agentes de saúde:
muitos imóveis visitados estavam fechados ou os moradores
não abriram suas portas. Até
agora, a vistoria só aconteceu
de fato em 33,4% do total de 67
milhões de residências que deveriam ser monitoradas.
Nesse segundo ciclo de visitas, os agentes já visitaram 22,4
milhões de imóveis. Desses,
3,8 milhões não foram vistoriados, de acordo com informações do Ministério da Saúde. A
abrangência das visitas também foi divulgada. Dos 5.570
municípios brasileiros, 4.438 já
registraram as visitas no Sistema Informatizado de Monitoramento da Presidência da República (SIM-PR), segundo o
novo balanço, concluído no
dia 24. Os agentes de saúde encontraram focos de larvas de
Aedes aegypti em 3,2% dos locais visitados.
NO 1º CICLO, 88% DE VISTORIAS
Nenhum estado conseguiu atingir a meta de 100% de visitação.
Os mais altos índices de vistorias
foram registrados em Rondônia
(62,37%), Tocantins (61,90%) e
Mato Grosso (54,50%). Os piores
índices são de Pernambuco
(5,44%), Distrito Federal (7,30%)
e Santa Catarina (8,46%).
O primeiro ciclo da mobilização, entre janeiro e fevereiro, alcançou 88% dos domicílios e
prédios públicos, comerciais e
industriais, somando 59 milhões
de unidades visitadas (47,8 milhões foram vistoriados e 11,2
milhões estavam fechados ou
houve recusa para o acesso). De
acordo com o Ministério da Saúde, o objetivo é realizar os quatro
ciclos previstos para este ano
ainda no primeiro semestre. l
20
l O GLOBO
l Rio l
RIO
Previsão
Sol e temperatura em elevação ao
longo da manhã. Nuvens
aumentam durante a tarde e faz
calor, há previsão de pancadas de
chuva à tarde e à noite. Risco de
temporal no interior.
HOJE
Ontem
Mínima
Máxima
22,8˚
Alto da Boa Vista
36,8˚
Realengo
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
24°/33°
23°/36°
25°/35°
25°/42°
Alta
25°/31°
24°/34°
25°/33°
25°/40°
Alta
35°
QUINTA
25°/29°
24°/32°
25°/31°
25°/38°
Alta
22°
Santo Antônio
22°
de Pádua
SEXTA
24°/31°
23°/34°
25°/33°
25°/40°
Alta
SÁBADO
24°/31°
23°/34°
25°/33°
25°/40°
Alta
DOMINGO
24°/31°
23°/34°
25°/33°
25°/40°
Alta
SEGUNDA
25°/32°
24°/35°
25°/34°
25°/41°
Alta
24° do Sul
Crescente Cheia Minguante Nova
14/4
23/3
31/3
7/4
Praias
Impróprias (informações Inea): Flamengo,
Botafogo, Leblon e São Conrado.
Marés
RIO DE JANEIRO
Baixa
Hora 0h02m 1h01m 5h58m 10h45m
0,4m
1m
0,4m
Altura 0,5m
ANGRA DOS REIS
Alta
Baixa
Alta
Baixa
Hora 4h57m 11h08m 17h32m 23h31m
0,3m
1m
0,5m
Altura 1m
CABO FRIO
Hora
Altura
Vento de noroeste/norte a sudeste,
entre 10km/h e 25km/h. Rajadas de
até 40km/h. Pressão atmosférica de
1.017hPa.
Ondas de 0,5 a 1,0 metro. Ondulação
de sudeste. Melhores locais: Prainha,
Grumari e Macumba (informações
Ricosurf).
Alta
Baixa
Alta
5h07m 11h57m 18h02m
0,9m
0,4m
0,9m
37˚/40˚
AMÉRICA DO SUL Mín. Máx.
34°
35°
23° Campos
24°
24°
17°
10°
20°
18°
1°
22°
15°
10°
9°
31°
18°
26°
27°
13°
29°
25°
26°
30°
Amanhã
Mín. Máx.
S
C
S
C
S
S
S
S
S
20°
11°
20°
19°
2°
23°
14°
11°
9°
34° 0h
16° -2h
26° 0h
28° -1,5h
10° -1h
28° -2h
28° 0h
24° -2h
29° 0h
AMÉRICA DO NORTE/CENTRAL
35°
São Paulo
22°/ 30°
Porto Alegre
18°/ 28°
S
C
S
S
S
S
S
S
S
Assunção
Bogotá
Buenos Aires
Caracas
La Paz
Lima
Montevidéu
Quito
Santiago
34°
34°
São João
35° da Barra 23°
33° Volta
TEMPERATURAS MÁXIMAS
Acima
de 40˚
MUNDO
22°
São Francisco
de Itabapoana
NORTE
Hoje
33°
Santa Maria 30°
Madalena
20°
SERRANA
26°
Nova
Friburgo 19°
28°
Bom Jesus do
Itabapoana
Macaé
Teresópolis
BRASIL
32° 21°
Casimiro 35° 24°
Valença
de Abreu 24°
22°
Ar seco predomina sobre o
35°
Cachoeiras
Redonda
33°
33°
35° Rio das
Barra
Sul, o norte de MG e de GO,
Resende 22°
27° 22° de Macacu
do Piraí 23° Petrópolis
22°
o interior da BA e sul do TO.
24° Ostras
20°
33° Barra SUL
34°
Muitas nuvens, pouco sol e
Silva
Jardim
32°
Mansa
22°
36° Duque
25°
chuva a qualquer hora, com
Búzios
23°
LAGOS
de Caxias
34°
até forte intensidade, no
34°
25°
32°
Niterói 25°
Araruama
Cabo Frio 32°
Norte e no litoral norte do
24°
24° Mangaratiba
36° Rio de
23°
Nordeste.
33°
Janeiro
Saquarema
34°Maricá
23°
24°
Angra
32°
24°
METROPOLITANA
Macapá
Fortaleza
dos Reis
Boa Vista
24°
31°
25° / 33°
24°/ 31°
Natal
24°/ 31°
Paraty
23°
25°/ 31°
São Luís
Belém
25°/ 33°
Manaus
João
Sol
24°/ 32°
23°/ 28°
Pessoa
Nascente
Poente
23°/ 31°
Porto Velho
Teresina
6h00m
17h55m
Recife
24°/ 31°
24°/ 31°
23°/ 30°
Palmas
Rio Branco
Maceió
24°/ 35°
24°/ 30°
23°/ 30°
Aracaju
Salvador
Brasília
Cuiabá
25°/ 33°
24°/ 32°
17°/ 30°
24°/ 34°
Vitória
Campo Grande
22°/ 31°
21°/ 31°
Belo Horizonte
20°/ 33°
Goiânia
Rio de Janeiro
/
33°
20°
Ondas
Ventos
23°/ 36°
17° de Mauá
Alta
Itaperuna
São Fidélis
33° Paraíba
Lua
Baixa
32°
Porciúncula 21°
AMANHÃ
28° Visconde
Alta
Terça-feira 29 .3 .2016
Florianópolis
19°/ 28°
Cid. do México
Havana
Los Angeles
Miami
Montreal
Nova York
Orlando
Washington DC
S
C
S
C
C
S
C
S
11°
23°
9°
23°
0°
3°
20°
5°
26°
38°
19°
31°
5°
13°
29°
16°
S
C
S
C
S
S
C
S
13°
22°
9°
21°
-4°
-1°
19°
3°
28°
34°
19°
30°
5°
13°
27°
13°
-3h
-1h
-4h
-1h
-1h
-1h
-1h
-1h
C
S
S
C
C
S
C
N
C
S
N
C
S
7°
5°
9°
5°
6°
5°
5°
10°
4°
6°
-4°
5°
13°
9°
16°
21°
10°
12°
12°
16°
17°
12°
17°
2°
13°
16°
C
S
S
C
N
C
S
C
C
S
S
C
S
7°
7°
7°
3°
6°
6°
7°
9°
4°
5°
-1°
8°
12°
9°
18°
21°
12°
13°
13°
20°
16°
12°
21°
6°
12°
16°
+4h
+5h
+4h
+4h
+4h
+4h
+4h
+3h
+3h
+4h
+6h
+4h
+4h
14°
21°
16°
S 6° 17° +5h
S 6° 23° +11h
S 10° 20° +12h
Cairo
S 10° 23°
Johannesburgo S 8° 28°
S 10° 25° +5h
S 11° 28° +5h
EUROPA
Amsterdã
Atenas
Barcelona
Berlim
Bruxelas
Frankfurt
Genebra
Lisboa
Londres
Madri
Moscou
Paris
Roma
ÁSIA
Jerusalém
Pequim
Tóquio
S 8°
S 7°
S 9°
ÁFRICA
OCEANIA
Sydney
S: sol
S 17° 25°
N: nublado
C 15° 29° +14h
C: chuvoso
Ne: neve
Mais informações sobre o tempo
NA INTERNET
Curitiba
14°/ 28°
oglobo.com.br/servicos/tempo/
PREVISÃO
34˚/36˚
31˚/33º
28˚/30˚
25˚/27˚
22˚/24˚
18˚/21˚
13˚/17˚
Abaixo
de 12˚
Sol
Parcialmente
nublado
Nublado
Sol com pancadas
de chuva
Lixão em Arraial do Cabo é interditado
FERNANDO LEMOS/24-03-2016
Funcionários da
prefeitura da cidade
faziam despejo de
detritos no local
Flagrante. Funcionário da Prefeitura de Arraial do Cabo (de laranja) esvazia caminhão de detritos em área protegida
Pereira, coordenador do Ministério Público Federal de Arraial do
Cabo, responsável por toda a Região dos Lagos, informou que a
procuradoria analisa o caso:
— Vamos esperar uma manifestação da coordenação regional da Reserva Extrativista Marinha, de Arraial do Cabo, para
decidir qual será nossa atuação.
Eles irão analisar se o lixão tem
impacto sobre a reserva.
O despejo em lixões foi proibido em 2010 pela Lei Federal
12.305, que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Os
municípios tinham até 2014 para
transferir o material para aterros
sanitários. Na Região dos Lagos,
só há o aterro privado Dois Arcos,
em São Pedro da Aldeia. l
General de Exército
ALBERTO DOS SANTOS
LIMA FAJARDO
BRASIL ACIMA DE TUDO!
Zuleide, Ana Lúcia, Luciana, Renato, Pablo, Tiago, Diogo, Rafael
e Camilla agradecem as manifestações de pesar, solidariedade e
belíssimas homenagens recebidas por ocasião do falecimento do
nosso exemplar soldado, querido e inesquecível esposo, pai, sogro
e avô e convidam para a Missa de 7º Dia que farão celebrar no dia
30/03/2016, quarta-feira, às 11:00 horas, na Igreja da Irmandade da
Santa Cruz dos Militares, na Rua Primeiro de Março, nº 36, Centro, RJ.
Avisos Fúnebres
e Religiosos
2534-4333
Chuvas com
trovoadas
Geada
Justiça cita maus-tratos em
laudo sobre Centro Dom Bosco
Documento de fevereiro,
feito na unidade da Ilha,
prevê 8 novos locais de
ressocialização no estado
ANTÔNIO WERNECK
[email protected]
Uma equipe da Coordenadoria
Integrada de Combate a Crimes
Ambientais (Cicca) da Secretaria do Ambiente (SEA) interditou, ontem de manhã, o lixão de
Arraial do Cabo, na Região dos
Lagos. Segundo o Inea, o motivo é o despejo irregular de lixo
em área de proteção ambiental.
Como O GLOBO revelou no
domingo, o depósito clandestino, com 40 mil metros quadrados, fica na Área de Proteção
Ambiental (APA) de Massambaba, no Parque Estadual Costa
do Sol. Funcionários da prefeitura de Arraial do Cabo foram
flagrados fazendo o despejo irregular de detritos. Procurada, a
prefeitura não respondeu.
O depósito clandestino é uma
ameaça à Reserva Extrativista
Marinha (ResEx) de Arraial do
Cabo, criada por decreto presidencial em janeiro de 1997 e que
cobre 56.769 hectares do litoral
da cidade. Uma das 16 unidades
de conservação federal no Estado do Rio, a reserva é administrada pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além da APA de
Massambaba, o lixão também
coloca em risco um sítio arqueológico reconhecido pelo Iphan.
O procurador Rodrigo Golivio
Nublado
com chuvas
Plantão sábado / domingo
2534-5501
| Opinião |
MONUMENTO
O DEPÓSITO clandestino de
lixo mostrado pelo GLOBO
de domingo em Arraial do
Cabo tem cenas clássicas
dos lixões espalhados por
um país em que saneamento
básico costuma ficar em
segundo plano na lista de
prioridades dos governantes.
MAS NESTE há uma pecu-
liaridade: Arraial do Cabo
é um dos municípios cuja
arrecadação cresceu bastante com o recebimento
de royalties do petróleo
produzido na costa fluminense.
ESTE LIXÃO, portanto, é um
monumento à incúria de
prefeitos.
dos alojamentos, nos quais falta luz no alojamento em si, no
banheiro ou em ambos os lugares”. A maioria das instalações “tem entupimentos, problemas nas pias, chuveiros, vaCAIO BARRETTO BRISO
sos sanitários e alagamentos,
[email protected]
sem falar nos azulejos quebrados e vazamentos nas paredes”.
O Centro de Socioeducação Assim como no Santo ExpediDom Bosco, na Ilha do Go- to, nos dias de chuva há “uma
vernador, é uma das nove invasão de ratos e baratas para
unidades de internação do dentro dos alojamentos”.
governo estadual para adoNesse palco dos horrores, os
lescentes infratores, na qual fiscais da Justiça encontraram
416 jovens vivem confinados “um alojamento isolado, sem
em 47 alojamentos. Eles só camas e sem chuveiros, fora
bebem água potável no refei- do corredor, onde havia cerca
tório, onde são obrigados a de dez adolescentes”. Diz o recomer em no máximo dez latório: “Há sempre mais jominutos. Reclavens do que camam de alimenmas. São em métos estragados,
dia oito camas
mas principalpor alojamento e
mente do excesem torno de 18 a
so de internos —
20 menores em
a capacidade
cada alojamenmáxima é de 216
to. Muitos dorjovens.
mem no chão”.
Relatório obti— O sistema esdo pelo GLOBO,
tá à beira do cofeito na última
lapso. O Degase
vistoria da Vara
está superlotado,
de Execuções de
identificamos a
Medidas Socioenecessidade de
ducativas, no dia
construção de oi18 de fevereiro,
to unidades de
afirma que “muiinternação em
tos relataram sotodo o estado,
frer maus-tratos
sendo duas na
por parte de alcapital. A superguns agentes”. Os Lucia Glioche
lotação impede o
jovens falaram Juíza
jovem de ter
em “espancaacesso ao seu dimento, spray de pimenta e reito de ser ressocializado —
chinelada no rosto”, e também afirma a juíza Lucia Glioche, tideram os apelidos dos agen- tular da Vara de Execução de
tes acusados: “Playboy”, “Da Medidas Socioeducativas.
Prata”, “Pit Bull”, “Huck”, “InO diagnóstico do Tribunal de
dião”, “Racionais”, “Átila” e Justiça é claro: atualmente são
“Montanha”.
1.075 vagas nas nove unidades
A superlotação no sistema de internação do Degase no
do Departamento Geral de estado para uma população de
Ações Socioeducativas (Dega- 2.033 jovens — e o número não
se) tem tido consequências para de subir. O Judiciário denefastas no processo de resso- fende que o governo estadual
cialização de adolescentes in- se responsabilize pela construfratores no estado. No último ção das oito novas unidades,
domingo, reportagem do GLO- mas o Degase promete apenas
BO mostrou as condições em duas, de internação provisória:
que vivem os internos do Edu- uma em Campos e outra em
candário Santo Expedito, em Volta Redonda, sem data para
Bangu, que está infestado de o início das obras.
ratos e baratas. A situação do
Sobre a denúncia de mausDom Bosco, inaugurado em tratos, o órgão não informou
2012, é igual ou pior.
se o caso está sendo apurado.
Segundo o relatório, assina- Em 2015, a Corregedoria do
do pelo comissário do Tribu- Degase notificou 43 conflitos
nal de Justiça Leandro Enrico entre adolescentes e agentes,
Santos Olexiuc, a equipe cons- que provocaram a punição de
tatou “as péssimas condições 24 servidores. l
“O sistema
está à beira
do colapso. A
superlotação
impede o
jovem de ser
ressocializado”
Terça-feira 29 .3 .2016
Dos Leitores
|
oglobo.com.br/participe
Eu-repórter
O GLOBO
Autocrítica
|
Das redes sociais
facebook.com/jornaloglobo
_
google.com/jornaloglobo
REUTERS
“Um senhor que tem caminhões de transporte de entulho utiliza trecho da Avenida
Maracanã como depósito de
caçambas, quebrando calçada
e mureta do Rio Maracanã”
twitter.com/jornaloglobo
|
“A corrupção neste país
vem desde as capitanias
hereditárias”
_
INSEGURANÇA
NA
EDIÇÃO DE DOMINGO:
_
“Logo mais tem
doença nova”
“Infelizmente, existem falhas
em todos os níveis”
Propina era prática antiga na
Odebrecht, diz ex-funcionária
Cartas e e-mails
@powerguido_jr
Dilon Bresam
José Ferreira Flores Teodoro
Especialistas apontam
falhas na transição para o
ensino fundamental
Cientistas criam bactéria
sintética com o menor
número de genes já visto
|
As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Dos Leitores. O GLOBO, Rua Irineu Marinho 35, CEP 20233-900. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail [email protected]
_
_
MUDA, BRASIL!
a Parabenizo a presidente Dilma, por
a Inicia-se mais uma semana, e a
expectativa de notícias ruins vem
junto. Na Europa, continua o
rescaldo dos ataques terroristas,
escurecendo o cenário mundial. No
Brasil, a política impera com sua
eterna negritude moral. O STF com a
parte jurídica, o Congresso com a
parte política, a mídia com a
consequência destes e o povo com as
impurezas do que sobram de tudo
isso. Todos precisam proteger a
população, parte mais vulnerável
desta história. Onde estão os
destaques positivos, a alegria de
viver, as boas ações etc.? Não é
possível viver mais com estas dores
nos mais nobres sentimentos das
pessoas. Muda, Brasil!
JOÃO COELHO VÍTOLA
BRASÍLIA, DF
_
IMPEACHMENT
a Poderoso partido político deseja
sair da base. O governo(?) promoverá
a “liquidação do espólio”. Com o
comércio governamental em crise
para distribuir cargos, nada mais
oportuno. O objetivo é sobreviver ao
impeachment? A população deve
entender que negócios são negócios.
“Nova base”. Para quê? Para evitar a
materialização do mesmo
impeachment? “Demandas”. Servem
para quê? Atender ao mesmo fim ou
aos anseios da sofrida sociedade
brasileira? O partido que pretende se
retirar da base(sic!) vislumbra 2018.
Nessa conjuntura caótica e perversa,
quem enxergaria qual o segmento
interessado em pensar seriamente
sobre os destinos do Brasil?
JAIRO LEAL DE SALLES
RIO
_
a A presidente tenta minimizar sua
responsabilidade com relação às
contas públicas, considerando um
absurdo o julgamento das mesmas,
esquecendo-se que o TCU
reprovou-as. As denominadas
“pedaladas fiscais” ocorreram
durante a última campanha eleitoral
e, ao continuar distribuindo
benesses, teria, de certa forma,
prejudicado as demais candidaturas.
Em função disso, há uma suspeição
que sua reeleição por margem
diminuta seja fruto dessas manobras
que ora estão sendo julgadas pelo
Congresso. Falar em golpe é uma
afronta aos fatos.
ANA MARIA INVERNIZZI NATAL
RIO
ter falado a verdade publicamente;
provavelmente impensado, mas falou
e repete muitas vezes: “Não vai ter
golpe.” Pura verdade, presidente. Não
vai ter golpe porque o impeachment
está previsto na Constituição e é legal
para punir quem não corresponde
com suas obrigações constitucionais.
BENONE AUGUSTO DE PAIVA
SÃO PAULO, SP
_
ALBERTO FREDERICO MARANHÃO
RIO
a Mais uma vez, as instituições que
deveriam zelar pelo estado
democrático de direito e pela
Constituição se submetem a pressões
políticas. A nova coligação Conselho
Federal da OAB e STF demonstra
irresponsabilidade ao validar e apoiar
um processo sem quaisquer provas
que agasalhem o impedimento da
presidente eleita em processo
democrático.
_
OSWALDO MOTTA
RIO
_
JOGO JOGADO
a Pelo que leio, o jogo já está jogado.
O governo Dilma acabou, a política
nacional estagnou, Michel Temer
governará e assim tudo continuará
como está. Essa mudança, que nada
mudará, interessa a todos, a
corruptos do PT e da oposição, ao
mercado e ao empresariado. Só não
interessa ao futuro da nação.
RICARDO LUIZ COUTINHO DE SOUZA
NITERÓI, RJ
_
FORO PRIVILEGIADO
a Câmara, Senado e Presidência lu-
tam para se defender. Ora, estão lá
para tratar dos interesses da nação e
do povo. A partir do momento que
estão sendo investigados, deveriam
perder foro privilegiado. Não têm
mais privilégio! Roubou ou deixou
roubar perde privilégio. Cuidam só
dos seus interesses e em tentar
descredibilizar a Lava-Jato. Empresas
estão fechando, pessoas perdendo
seus empregos, o país parado.
Socorro, fora todos eles! Vamos
cuidar do Brasil e do povo enganado
e sobrecarregado de impostos.
ITELMA CARVALHO
NITERÓI, RJ
_
CRIME DE RESPONSABILIDADE
a A classe política alcançou, nas
últimas décadas, grau inimaginável
de desfaçatez, (des)governando à
SELEÇÃO MASSACRA PARAGUAIOS
Por 7 a 0, o “scratch nacional” derrota os
rivais pela Copa América em São Januário.
Astronauta
PRIMEIRO BRASILEIRO NO ESPAÇO
Há 10 anos, o tenente-coronel Marcos Pontes
partiu rumo à Estação Espacial Internacional.
Paquistão
JORNALISTA DOS EUA DEGOLADO
Em 2002, Daniel Pearl apurava ligações de
britânico preso com um líder extremista.
acervo.oglobo.globo.com
CULTURA SOCIAL
a Excelente reportagem “Corrupto é
o outro” (27/3). Ninguém nasce ético,
honesto e sociável. Aprende a sê-lo.
Uns pela razão, outros pela força
social ou legal. A imposição de
limites pelos pais, por regras da
sociedade e a força das leis provocam
o amadurecimento, sociabilizando as
pessoas. Quando a fiscalização do
Estado ou da sociedade é fraca, mais
flexível é a tolerância a delitos,
distorcendo-se valores por natural
leniência e autoindulgência,
chegando-se ao absurdo do culto à
esperteza. Um Estado com leis duras,
porém exequíveis e justas, provocará
mudanças na cultura da sociedade,
favorecendo o bem-estar comum.
HÉLIO ORLANDI
RIO
_
INVERSÃO DA LÓGICA
a Vi, na TV, que juízes estão liberan-
do presos em flagrante, porque as
prisões estão abarrotadas. As ruas,
prisões das pessoas de bem, estão
mais abarrotadas de bandidos que as
cadeias. Noticiários mostram mais
crimes nas ruas que nas cadeias.
Conservem os bandidos nas prisões
que lá eles ficarão mais seguros.
JOSÉ BUZAK
RIO
_
SÍFILIS NO PAÍS
a Fiquei surpreso ao ler que a sífilis
está se espalhando em várias regiões
do Brasil, principalmente no
Nordeste (5.212 casos) e no Sudeste
(6.970 casos). Achava que esta
doença tinha sido erradicada em
nosso país. Na mesma matéria, o
ministro da Saúde declara não ter
estoque de penicilina suficiente para
distribuir aos postos de saúde. Como
fica o povo, já tão desprotegido?
ARTUR SARAIVA
RIO
a Na sexta-feira, fui ao Centro Cultu-
ral da Caixa, no Largo da Carioca,
assistir à exposição sobre Frida
Khalo. O entorno estava repleto de
moradores de rua, todos homens,
que cozinhavam ao lado de uma
banca de jornal e importunavam as
mulheres que passavam pedindo
dinheiro. Não havia policiamento. No
domingo, às 5h, fui ao Aeroporto do
Galeão apanhar minha filha que
chegava de viagem. Não vi, do Túnel
Rebouças até o aeroporto, uma
viatura da polícia. Aliás, havia uma,
mas na porta do Batalhão da PM.
Estamos abandonados, entregues à
bandidagem. Salve-se que puder!
ELISABETH SIMÕES
RIO
_
FOCOS DE MOSQUITO
a O palacete na Rua do Catete 6, do
século XIX, tombado pelo Iphan e de
propriedade da Santa Casa, continua
deteriorando-se e abrigando focos do
Aedes aegypti, como já foi constatado
por agentes da prefeitura. A fachada
está coberta por tela e tapumes à
meia altura que não impedem uma
tragédia, como eventual
desabamento de partes da estrutura
na calçada. Na verdade, os tapumes
se transformaram em banheiros
públicos, que tornam o ar no local
irrespirável até para quem apenas
passa pela calçada.
FERNANDA ROSA BORGES DE HOLANDA
RIO
_
DESORDEM URBANA
a Meu filho mora na Gávea e nos fins
de semana vou à sua casa. Ao descer
do ônibus, passo pela Praça Santos
Dumont, degradada pela ocupação
irregular de moradores de rua, todos
com celulares e bebendo cerveja e
vodca. Há exploração de menores,
venda e consumo de drogas. O
chafariz é usado como banheiro e
piscina. Canteiros são depósitos de
ambulantes ilegais e assaltantes.
Árvores e bancos são usados como
varal. Lixo espalhado por toda parte e
cheiro insuportável de fezes e urina.
Há dias em que o grupo ultrapassa 15
pessoas! Moradores dizem que não
podem mais nem passear com seus
cachorros. Meu filho já foi agredido e
ameaçado por um deles, inclusive,
com R.O. na delegacia local, que fica
a poucos metros. Onde vamos parar?
EDSON MACHADO
RIO
P. 3: “Com os pés fora do
governo.” “... disse um ministro do PMDB que é contra
o rompimento com o governo.” Ambiguidade: quem é
contra? O ministro ou o
PMDB? Melhor: “... disse um
ministro peemedebista
que é contra...”
P. 4: “Narrativa ridícula.”
“... insistindo em que o PT
representa uma solução para
os mais pobres, e por isso
deve-se fechar os olhos...”
Erro de concordância. Certo:
“... e por isso devem-se
fechar os olhos...”
P. 7: “Prejuízo bilionário às
contas do país.” “A sonegação no país é até certo
ponto incentivada, porque o
governo não investe nos
órgãos que deveria fiscalizar a sonegação.” Erro de
concordância e repetição de
“a sonegação”. Certo: “A
sonegação no país é até
certo ponto incentivada,
porque o governo não investe nos órgãos que deveriam
fiscalizá-la.”
_
NA
EDIÇÃO DE SÁBADO:
_
P. 4: “PF investiga vazamento prévio nas ações contra
Lula e Santana.” “... se for
identificado que os vazamentos das ações saiu de
dentro do grupo...” Erro de
concordância. Certo: “... os
vazamentos das ações
saíram de dentro...”
P. 15: “O peso da folha de
pagamentos.” “... com recursos que não podem ser
usados para pagar funcionários...” Erro de regência.
Certo: “... para pagar a
funcionários...”
P. 20: “Caçando a própria
sombra.” “... um sem número de ataques...” Erro
de grafia. Certo: “... um
sem-número de ataques...”
Este é o resumo da crítica
realizada e supervisionada
pelo professor Ozanir
Roberti, sob a coordenação do
jornalista Aluizio Maranhão,
editor de Opinião do GLOBO.
A crítica completa é distribuída
todos os dias na Redação.
LEIA A ÍNTEGRA DA
COLUNA NA WEB
oglobo.com.br
Há 50 anos 29 de março de 1966
Hoje no
Acervo O GLOBO
Brasil x Paraguai
base de jeitinhos, barganhas e
aparelhamentos, para desgraça do
Estado. É preciso moralizar a política
para que possamos sair desse
atoleiro e realizar os ajustes fiscais
imprescindíveis, embora
impopulares. Enquanto estes crimes
de responsabilidade perdurarem,
ficaremos como estamos: deitados
em berço esplêndido, ao som de
gritos e lamentações e à luz negra da
irresponsabilidade mais profunda!
NA
EDIÇÃO DE ONTEM:
_
P. 2: “Conte algo que não
sei/‘A cidade deve ser prazeres e experimentação’.” “Mas
até que ponto deve-se
pensar em utilidades?” Erro
na colocação do pronome
pessoal oblíquo átono. Certo:
“Mas até que ponto se deve
pensar em utilidades?”
P. 3: “Espólio em liquidação.”
“... a tendência é de os
grandes partidos seguirem...”
“De” a mais. Certo: “... a
tendência é os grandes
partidos seguirem...”
P. 3: “PMDB já vislumbra
2018.” “... nas eleições municipais desse ano...” Mau uso
do demonstrativo. Certo:
“... deste ano...”
Primeira página do caderno Esportes: “Jogada
fatal.” “... por pouco, não
chegou a frente do atento
Jordi...” Falta do acento
grave. Certo: “... não chegou à
frente
_ do atento Jordi...”
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Leitor que preferiu não
ser identificado,
sobre depósito irregular de
caçambas entre a Rua Livreiro Francisco Alves e a Travessa Afonso. A Comlurb afirma
que realizou uma operação
no local e foram apreendidos
seis recipientes. Acrescenta
que o local foi limpo.
l 21
Frase
“Fernando
Henrique está
tratando o
Congresso como
grande loja de
departamentos”
Deputado Paulo Delgado
(PT-MG), em 21/1/1995
Estivador promete caviar ao
seu cão-herói por sete dias
Juiz mineiro diz em sentença:
mulher não deve ser motorista
a alegria de policiais e autoridades
desportivas, aliviadas com o reencontro da Taça Jules Rimet, era de se ver
ontem a euforia das inúmeras ligas de
proteção aos animais na Inglaterra,
vendo um simples viralatas, “Pickles”,
tornar-se herói nacional. O estivador
David Corbett, seu dono, também não
escondia sua satisfação e prometia
que a primeira despesa que fará
quando receber a polpuda recompensa será dar caviar a “Pickles” uma semana inteirinha. O problema é saber
se o cachorro não preferirá um caminhão de suculentos ossinhos.
O Juiz da Terceira Vara Criminal de Belo
Horizonte, Sr. João Gomide Leite, absolveu ontem a Sra. Marlene Gontijo Chagas, casada, de 32 anos, que dirigia o auto que atropelou e matou o menino Antônio Nélson do Nascimento, de 11 anos,
no dia 25 de setembro do ano passado,
quando dirigia um carro na Avenida
Afonso Pena. O menor morreu antes
mesmo de chegar ao hospital. O Juiz, porém, condenou o acesso das mulheres ao
volante, afirmando que, se legislador
fôsse, vedaria a elas, por lei, o direito de
dirigir veículos motorizados, só o permitindo “no sossêgo do pós-climatério”
Product: OGlobo
22
PubDate: 29-03-2016
Zone: Nacional
Edition: 1
Page: PAGINA_V
User: Schinaid
Time: 03-28-2016
20:58
Color: C
K
Y
M
l O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
OGLOBO
|
Opinião
|
O que indicará uma debandada do PMDB
C
onfirmada a reunião de hoje do Diretório Nacional do PMDB, quando o partido deverá formalizar a saída da base do
governo Dilma, esta terça-feira terá destaque na cronologia do pedido de impeachment
da presidente, seja qual for o seu desfecho.
Por ser o PMDB o segundo maior partido da aliança, portanto pilar vital de sustentação do governo, a debandada de peemedebistas, mesmo em
parte, funcionará como toque de retirada para legendas menores, como teme o próprio Planalto.
Previsões estatísticas de votação do impeachment mudam como as nuvens. No domingo, O
GLOBO trouxe um cenário em que o governo teria, até o último final de semana, 97 votos seguros
contra o impedimento, necessitando de mais 75
para atingir os 172 com os quais derrotará a oposição. Esta, com estimados 111 garantidos, ainda
Craque em se manter no poder sem
pagar o ônus dele, o partido, se de
fato formalizar a saída da base de
Dilma, emitirá mais um sinal da
fragilidade do Planalto
Mesmo assim, há semblantes preocupados
no Planalto. O próprio rompimento do PMDB,
conduzido pelo vice Michel Temer, é sintomático. Um partido craque em estar no poder, beneficiando-se dos bônus sem arcar com os
ônus, se decide sair do governo é porque são
grandes as chances de uma debacle próxima.
O conhecido princípio de que político se
move pelo faro da expectativa do poder se
aplica à situação. E o olfato do PMDB é dos
melhores da praça: esteve com os tucanos nos
oito anos de FH e completa 14 anos com petistas e lulopetistas — ou dez, se retirarmos os
quatro de Lula 1, quando o casamento entre o
partido e o governo ainda não havia se consumado por inteiro. Se deseja saltar deste comboio é porque algo de muito perigoso apareceu no radar de raposas peemedebistas.
precisaria de 231, a fim de atingir os 342 requeridos, dois terços da Casa, para aprovar o impeachment na Câmara e transferir a decisão para o Senado. Uma tarefa que poderá ser muito difícil,
pois o Planalto não precisa conseguir exatos 172
votos, basta convencer um punhado de deputados a não comparecer à sessão em que será votado o impeachment. E o Planalto tem vasto arsenal
de argumentos inspirados no fisiologismo para
retirá-los do plenário nesse dia.
A tensão entre governo Dilma e PMDB vem
de longe. Mas a inabilidade da presidente e os
erros de seu governo, em especial na economia, ajudaram a afastar o partido, bem como
outras legendas.
A esta altura da crise, é visível, nas pesquisas e
nas manifestações de rua, o majoritário apoio
ao impeachment. Os políticos, claro, sabem disso. E têm sensibilidade para perceber que Dilma
perdeu de vez o rumo na tentativa de debelar a
crise fiscal, o nó principal que joga a economia
na recessão e não dá maiores tréguas na inflação. Ela está em queda, mas se mantém acima
do teto da meta.
Ao se curvar à proposta de Lula de aplicar
mais do mesmo — mais do “novo marco”, a causa da própria crise —, Dilma, para políticos, encurtou seu prazo de validade. l
Atentado no Paquistão é ameaça à civilização
O
atentado no Paquistão no Domingo
de Páscoa, que deixou pelo menos
72 mortos e mais de 340 feridos — a
maioria crianças e mulheres —, se
soma à série recente de atos de terrorismo e violência extrema. O ataque foi executado por
um homem-bomba num parque de Lahore,
capital da província de Punjab, e tinha como
alvo não só a minoria cristã, mas igualmente o
projeto de abertura democrática do premier
Nawaz Sharif, defensor de um Paquistão mais
“educado, progressista e voltado para o futuro”,
incluindo mulheres e minorias religiosas —
hindus, cristãos e muçulmanos xiitas —, alvos
frequentes do sectarismo étnico-religioso.
Este foi o ato de terror mais violento desde
que militantes talibãs invadiram uma escola
em dezembro de 2014 e assassinaram à quei-
Ataques terroristas revelam
desespero de extremistas diante de
avanços democráticos
e econômicos. Violência é
proporcional à perda de espaço
ma-roupa, com tiros na cabeça, 134 estudantes. A reação do primeiro-ministro e das autoridades militares à época foi a imposição de
novas medidas de segurança para combater os
terroristas. Estas resultaram na redução da violência, alimentando investimentos e o aumento do comércio do país fundado por muçulmanos após a independência do Reino
Unido, em 1947.
É importante observar que os atentados
crescem, inclusive na Europa e nos EUA, à medida que esses grupos terroristas perdem espaço, físico e simbólico. Quer seja o território
retomado pela ofensiva militar contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, ou o avanço
de um projeto de prosperidade, como o que
vem sendo implementado no Paquistão. Conforme o sonho do califado, projeto dos ideólo-
gos do Estado Islâmico se esvai, recrudesce a
violência terrorista no mundo.
O banho de sangue no Paquistão ocorre menos de uma semana após os atentados no aeroporto e no metrô de Bruxelas por jihadistas
do Estado Islâmico, em que morreram 35 pessoas e mais de cem ficaram feridas.
A ação foi executada pela mesma célula responsável pelos ataques de 13 de novembro do
ano passado em Paris. E, como os extremos se
atraem, no domingo, a “Marcha contra o medo”, em Bruxelas, foi invadida por mais de 200
hooligans, vestidos de preto, com cartazes anti-imigração e slogans xenófobos, exigindo a
atuação da polícia para dispersar os mais violentos.
Esses manifestantes expressam um ódio cego, que tem forte ressonância em governos
conservadores e ultranacionalistas europeus.
Estes defendem o fechamento de fronteiras a
imigrantes e refugiados. Os radicalismos colidem, mas também se alimentam mutuamente, estimulando uma espiral de violência sem
fim. Nos dois extremos estão exemplos das forças que ameaçam as distintas expressões de
civilização — não apenas a ocidental, mas todas aquelas com vocação para a paz e a prosperidade. l
DANIEL AARÃO REIS
Achar a porta que esqueceram de fechar
O
poeta Paulo Leminski
versejou a hipótese de
que “por detrás de uma
pedra”, poderia surgir “toda a primavera”.
Assim são as crises. É certo que podem levar as sociedades a retrocessos
e ao abismo. Contudo, delas pode
também surgir um futuro melhor.
Compreender a complexidade da
atual crise brasileira, em seus múltiplos aspectos, seria um bom começo.
A economia perdeu fôlego, a recessão se avizinha, aumenta o desemprego, a inflação quer voltar a
galopar, o investimento encolhe, os
consumidores adiam compras não
essenciais, cai a arrecadação fiscal.
Tempos difíceis.
Os indicadores sociais são alarmantes: apesar dos processos positivos de
distribuição de renda e inclusão social, o país continua um dos campeões
mundiais de desigualdade, e os progressos realizados em anos recentes
estão ameaçados e em plena regressão; a violência contra mulheres, negros, pardos e homossexuais alcança
índices demenciais; as condições de
vida de muita gente continuam deploráveis, e a negligência com que isto foi encarado por anos explica o vulto das epidemias de dengue e da zika.
A crise política, expressão destes
desequilíbrios, tornou-se fator acelerador dos mesmos. As eleições de
2014 não apontaram rumos construtivos. A presidente eleita reiterou o estelionato eleitoral praticado por Sarney, Collor e FHC. Promessas não
cumpridas, fazendo recordar um
pensador cínico, segundo o qual os
humanos teriam inventado as palavras para melhor disfarçar o pensamento. Dilma perdeu em todos os lados — decepcionou os seus e não sossegou as oposições. Um mato sem cachorro.
Para agravar o quadro, introduziu-se o inquérito da Lava-Jato, desvelando o que todos sabiam a olho
nu, mas sem provas. O sistema político está corrompido até a medula.
Os lambuzados do PT aparecem
com mais evidência, pois controlam o poder há mais de 12 anos e se
esmeraram, de fato, em manter relações carnais com os grandes bancos e empreiteiras. Entretanto, é
preciso muita miopia — ou má-fé —
para não enxergar que, de alto a baixo, “está tudo dominado”. O rei está
nu, e todos estão vendo. Criou-se
uma imensa vala na qual estão caindo os partidos e respectivos marqueteiros.
Vai dar para sair do buraco?
Alguns, à direita do espectro político, na ofensiva, imaginam como
saída cortar algumas cabeças, entre as quais as de Lula e de Dilma
Rousseff. De quebra, expulsar o PT
do proscênio. E já começam a bater
e a agredir pessoas nas ruas. A luta
contra a corrupção o exigiria. Mas
um tal programa só seduz mentes
mais simplórias. Basta ver quem
substituiria os eliminados — os
Cunhas, os Renans, os Temers, os
Aécios, os Alckmins... Basta comparar as listas dos doadores das
campanhas eleitorais. A da Odebrecht e as demais que circulam
entre segredos mostram bem o
Fale com O GLOBO
PRESIDENTE
Roberto Irineu Marinho
VICE-PRESIDENTES
João Roberto
Marinho - José Roberto Marinho
_
OGLOBO
é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
DIRETOR - GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
_
DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL
AGÊNCIA O GLOBO DE NOTÍCIAS
Venda de noticiário: (21) 2534-5656
Banco de imagens: (21) 2534-5777
Pesquisa: (21) 2534-5779
Atendimento ao estudante:
(21) 2534-5610
PUBLICIDADE
Noticiário: (21) 2534-4310
Classificados: (21) 2534-4333
MARCELO
Presidente eleita reiterou
o estelionato eleitoral
praticado por Sarney,
Collor e FHC. Promessas
não cumpridas
“mar de cumplicidades” que contamina todas as praias.
Na defensiva, os petistas e vários
pensadores afins mobilizam o fantasma de 1964. Cinquenta anos depois,
transmudada, a Besta estaria de volta.
Soprando o pó de velhas bandeiras,
Geral e Redação (21) 2534-5000
Jornais de Bairro: (21) 2534-4355
Missas, religiosos e fúnebres:
(21) 2534-4333. Plantão nos fins de
semana e feriados: (21) 2534-5501
Loja: Rua Irineu Marinho 35,
Cidade Nova
International sales: Multimedia,
Inc. (USA). Tel: +1-407 903-5000
E-mail: [email protected]
gastas por desuso, retornam com
bandeiras vermelhas às ruas, esquecendo-se de que a cor da guerra social não combina com negócios escusos tramados em hotéis de luxo.
É falsa a polarização entre os “caçadores de corruptos” e os agitadores
do fantasma de 1964. Substituir Dilma por Temer é trocar seis por meia
dúzia. Não se pode nem dizer que, se
o “seis” sair, o “meia dúzia” se corromperá, pois o “meia dúzia” já está
corrompido.
Para ter um princípio de resolução,
e de superação, a crise de muitas fa-
Classifone (21) 2534-4333
ASSINATURA/Central de atendimento:
www.oglobo.com.br/centraldoassinante
ou pelos telefones 4002-5300 (capitais e
grandes cidades) e 0800-0218433 (demais
localidades), de 2ª a 6ª feira, das 6h30m às
19h, e aos sábados, domingos e feriados, das
7h às 12h
Twitter: @falecom_OGLOBO. Facebook:
facebook.com/espacodoassinanteoglobo
Assinatura mensal com débito automáti-
ces e cabeças precisa ser enfrentada
pelo seu elo decisivo — o sistema político, que acoberta e incentiva a corrupção em grande escala.
É o sistema, como um conjunto, que
precisa ser mudado. O fim do financiamento eleitoral e partidário por parte
de empresas, combinado com um teto
para as doações das pessoas físicas, foi
um primeiro passo. Diversas outras
propostas reformistas circulam na sociedade. Limito-me a enunciá-las: revogação das imunidades para crimes
comuns, que fazem dos dirigentes políticos uma aristocracia acima da lei
que é válida para todos... menos para
os próprios. Extinção dos financiamentos estatais para os partidos políticos — que os partidos se financiem por
seus filiados e eleitores. Fim dos privilégios descabidos que cercam as atividades político-partidárias: remunerações, comissões, subsídios. Pepe Mujica tem razão: quem quiser enriquecer,
que se dedique aos negócios, e não à
política. Redução dos mandatos, para
elevar o nível de controle dos representados sobre os representantes, com extinção da reeleição para os cargos executivos.
Definir e defender uma real e profunda reforma política é o desafio para que existam eleições capazes de
abrir novos horizontes democráticos.
E, retornando ao poeta com que comecei esta crônica, “achar a porta que
esqueceram de fechar, o beco com saída, a porta sem chave, a vida”. l
Daniel Aarão Reis é professor de História
Contemporânea da UFF
[email protected]
Para assinar (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine
co no cartão de crédito, ou débito em contacorrente (preço de segunda a domingo), para
RJ/MG/ES:
normal, R$ 95,33; promocional, R$ 83,90
VENDA AVULSA/Estados
Dias úteis: RJ, MG e ES: R$ 4,00;
SP e DF: 4,00; demais estados: 5,50;
Domingos: RJ, MG e ES: R$ 5,00;
SP: R$ 5,50; DF: 7,00; demais estados: 10,00
Carga tributária federal aproximada de 20%
ATENDIMENTO AO LEITOR
De 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos
sábados, domingos e feriados,
das 7h às 12h, Tel: (21) 2534 5200
oglobo.com.br/faleconosco
O GLOBO é associado:
ANJ - IVC - GDA - SIP - WAN
Ascânio Seleme
EDITORES EXECUTIVOS
Chico Amaral, Paulo Motta
e Silvia Fonseca
_
Rua Irineu Marinho 35 - Cidade Nova - Rio de Janeiro, RJ
CEP 20.230-901 Tel: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535
_
Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit
a EDITORES - País: Alan Gripp - [email protected] Rio: Rolland Gianotti - [email protected] Economia: Flávia Barbosa - fl[email protected] Mundo: Sandra Cohen [email protected] Sociedade: William Helal [email protected] Segundo Caderno: Fátima Sá - [email protected] Esportes: Márvio dos Anjos - [email protected] Fotografia: Claudio Versiani - [email protected] Arte: Rubens Paiva - [email protected]
Opinião: Aluizio Maranhão - [email protected] Acervo e Qualificação: Gustavo Villela - [email protected] a SUPLEMENTOS - Boa Viagem: Léa Cristina - [email protected] Rio Show: Inês Amorim - [email protected]
Ela: Renata Izaal - [email protected] Revista O GLOBO: Ana Cristina Reis - [email protected] Bairros: Milton Calmon Filho - [email protected] Site: Eduardo Diniz - [email protected] Videojornalismo: Roberto
Maltchik - [email protected] Desenvolvimento de Plataformas: Maíra Carvalho - [email protected] a SUCURSAIS - Brasília: Sergio Fadul - [email protected] São Paulo: Aguinaldo Novo - [email protected]
O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
l 23
OGLOBO
JOSÉ CASADO
_
Perdidos na
escuridão
-C
omo é a cegueira?
— Uma das primeiras cores
que se perde é o negro — respondeu o escritor de 86 anos, há
quatro décadas sem visão. — Perde-se a escuridão e o vermelho também... Naquela direção,
onde está a janela, há uma luz. Vejo movimento
mas não coisas. Não vejo rostos e letras.
A névoa densa na política deste outono deixou governo e Congresso em estado de anopsia
similar ao descrito por Jorge Luis Borges na sua
última entrevista, em 1985, ao repórter Roberto
D'Ávila. A bruma encobre a transformação do
país numa fábrica de desilusões.
Foram 13.100 novas demissões a cada dia
útil dos últimos 12 meses no mercado formal de
trabalho. Antes do carnaval, pesquisadores do
IBGE contaram nove milhões de pessoas à procura de ocupação em 3.500 cidades. A perspectiva é de que esse contingente aumente para 13
milhões no segundo semestre.
Encerra-se o capítulo da “inclusão social”, celebrado na marquetagem eleitoral da última década, com uma combinação nefasta de mais desemprego e declínio na renda familiar dos mais
pobres (7,4%). A reversão do bem-estar social,
pelo aumento na desigualdade, acaba de ser
confirmada por pesquisadores como Marcelo
Neri, da Fundação Getúlio Vargas.
Há um fenômeno novo, detectou a Associação
das Empresas de Transportes Urbanos: as pessoas reduziram seu movimento nas maiores cidades. Ônibus levam menos um milhão de passageiros por dia, em comparação a 12 meses atrás.
Na periferia, segundo a entidade, cresceu a preferência pela viagem de bicicleta ou a pé.
Na região mais industrializada registrou-se o
fechamento de 20 fábricas a cada dia útil, infor-
ma a Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Perderam-se 4.451 indústrias paulistas, 24%
mais que nos 12 meses anteriores. Agora, avança-se no quarto ano seguido de recessão, com
inflação alta e recorde mundial de juros.
Governo e Congresso se mantêm numa cegueira deliberada. A oposição em transe dedica-se à
demolição de pontes para o futuro com “bombas” legislativas, como a de R$ 330 bilhões da semana passada, que turvou uma das raras iniciativas construtivas dos últimos tempos — o acordo
feito pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para aprovação da Lei das Estatais.
O governo perde-se em desvarios. Dilma Rousseff fez do Planalto um escritório de advocacia 24
A luz sobre negociatas como modo
de governo cegou os que fazem
política. Construíram a crise,
fizeram do país uma fábrica de
desilusões, e não enxergam a saída
Geração
resiliente?
RODRIGO CONSTANTINO
Por que tanto ódio?
O
PT e a “gangue do pixuleco” estão dispostos a “fazer o diabo” para não largar
o osso, para manter suas benesses estatais. É atitude de perdedor deselegante,
de quadrilha, de máfia. Mas, em meio a essa iminente e inevitável debacle, há um fenômeno interessante: caíram as máscaras de “paz e amor” dessa gente. O que se vê é a feiura da carranca em sua
essência, sem a maquiagem de marqueteiros corruptos.
Sério, gostaria de perguntar a esses que ainda
defendem o PT o motivo para tanto ódio. Por que
odeiam tanto a democracia, por exemplo, a vontade popular expressa nos milhões de patriotas que
foram às ruas de forma espontânea demandar o
fim desse desgoverno incompetente e corrupto?
Por que odeiam tanto a classe média trabalhadora, que sustenta este país? Por que a baba de
ódio ao acusarem de “fascistas” todos os que discordam do socialismo, sendo que está claro quem
realmente adota postura fascista nessa história?
Por que um Guilherme Boulos da vida, do MTST,
fala em “incendiar o país” com tanto ódio irresponsável? Por que o presidente da CUT, Vagner
Freitas, incita tanto a violência e faz ameaças absurdas?
Por que o público intolerante reagiu de forma
tão raivosa quando um ator simplesmente falou
em prender um ex-presidente ladrão no musical
de Chico Buarque? E por que o sambista resolveu
impedir o uso de suas músicas no espetáculo depois, demonstrando intolerância com quem pensa diferente politicamente? Por que, aliás, Chico
elogia até hoje a mais cruel ditadura do continente?
A esquerda em geral e o PT em particular têm
segregado o Brasil há anos, colocando mulheres
contra homens, negros contra brancos, gays contra heterossexuais, empregado contra patrão. Por
que tanto ódio disfarçado de defesa das “minorias”? Por que os socialistas, sempre tão invejosos,
odeiam aquele que foi bem-sucedido no mercado,
acumulando patrimônio por mérito próprio em
vez de esquemas corruptos com o governo?
Sabemos que o problema da esquerda não é
com o rico em si. Lula é milionário, como Chico
Buarque e tantos outros. Mas por que odeia tanto
o empresário que ficou rico criando empregos e riqueza, oferecendo produtos demandados de forma mais eficiente? Por que vocês odeiam tanto o
indivíduo independente que se sustenta pelo próprio esforço, sem depender de esmolas estatais?
ANDRÉ MELLO
F
ernando Henrique Cardoso escreveu
que precisamos mudar as regras do jogo
para superarmos a crise econômica e
política. Concordam economistas nacionais e estrangeiros, antigos auxiliares de governos e o professor italiano Luigi Zingales, que
nos visitou recentemente e que já viu esse filme
na Itália.
Para o Prêmio Nobel Douglass North, as regras do jogo numa sociedade são as instituições
políticas e econômicas. Precisamos mudar as
nossas, mas não é fácil. Mudanças numa democracia se fazem na arena política, onde existem
dois grupos de opositores. O primeiro é formado pelas nossas piores lideranças políticas, em
simbiose com os que se beneficiam da vizinhança com o Estado. Esse filme está passando
agora no Brasil e é de terror. O segundo grupo é
formado pelas nossas melhores lideranças políticas, que acreditam sinceramente em ações
que destroem as regras que Douglass North
identifica como essenciais à prosperidade. Esse
filme passou no governo FHC.
O Estado regulador, braço perigoso do Executivo, cresceu com FHC. Regulamentação aumenta os custos transacionais, torna os mercados mais imperfeitos e atrai mais intervenção, o
que gera menos competição, eficiência e progresso. Houve captura de reguladores, cresceu o
GUSTAVO GRISA
J
A retórica de vítima da esquerda serve para ocultar esse ódio todo que sente dos que não precisam
desse amuleto falso para subir na vida. Ao se colocarem do lado “oprimido” contra os “opressores”,
esses “progressistas” simulam um “amor à Humanidade” que mascara esse profundo ódio ao próximo, de carne e osso. O discurso verdadeiro da esquerda não é de amor, mas de ódio. Basta observar.
Os “professores” marxistas odeiam os trabalhadores de verdade, que querem apenas melhorar
sua qualidade de vida, e não fazer a “revolução”. O
“intelectual” ama o “povo” enquanto abstração,
mas não suporta o povo real que ocupa as ruas pedindo o impeachment de uma presidente claramente incapaz, autoritária e conivente com o crime. Por que tanto ódio, gente?
Os esquerdistas falam o tempo todo em “diversidade” e “pluralidade”, mas tentam calar de forma
agressiva, intimidando todo aquele que ousa pensar diferente, defender uma visão conservadora legítima de mundo. O uso do termo “coxinha” já demonstra esse ódio, essa raiva ao Outro, ao diferente. O sonho de todo esquerdista é um mundo de
pessoas exatamente iguais, como insetos gregários, e todos feitos, claro, à sua própria imagem e se-
melhança. As diferenças lhe são insuportáveis, talvez porque lhe falte amor próprio.
Mas por que não tratar desse recalque todo, desse ressentimento, de uma forma mais pessoal e
construtiva, mais corajosa? Por que se deixar levar
pelas piores emoções, as mais mesquinhas? Está
claro que o esquerdismo pode ser uma doença
mental, que aprisiona a pessoa numa camisa de
força ideológica, causando forte dissonância cognitiva no contato com suas contradições e hipocrisias. Só que não é destruindo o mundo à sua volta
que se resolve tal angústia. Essa é a postura dos
terroristas islâmicos!
O governo petista produziu apenas corrupção,
alta inflação e desemprego, tendo enriquecido os
empreiteiros no processo. Por que tanto ódio dos
mais pobres, que sofrem na pele com tanta incompetência e safadeza? Por que esse ódio da mudança necessária para evitar um destino trágico como
o venezuelano? Por que a esquerda é tão reacionária, apegando-se a esse antigo regime fracassado,
que pune os mais pobres para favorecer os políticos e empresários corruptos? l
Rodrigo Constantino é economista e presidente do
Instituto Liberal
Oportunidades que as crises criam
ODEMIRO FONSECA
horas. Faz comícios e, quando não insinua seu
desejo de prisão para o juiz que autorizou o
grampo do telefone de uma pessoa investigada,
Lula, recita imaginário “golpismo” num pedido
de impeachment, previsto na Constituição que
o PT se recusou a subscrever.
Esconde que o seu partido, sob comando
de Lula, apoiou nada menos que 50 petições similares contra três presidentes entre
1990 e 2002. Foram 29 contra Fernando Collor, quatro contra Itamar Franco e 17 contra
Fernando Henrique Cardoso. Lula superou
34 pedidos de impeachment. Dilma somava
49 até ontem à noite — no último é acusada
de usar seu poder constitucional para proteger um investigado, dando-lhe “auxílio
direto” para escapar “do juiz natural das investigações”.
A luz sobre negociatas como modo de governo, nos inquéritos sobre corrupção, cegou os
que fazem política. Tateiam paredes do labirinto da crise que construíram, e não enxergam a saída. l
capitalismo de compadres e a carga fiscal.
Mas foi sobre o Estado empresário que FHC
perdeu a maior oportunidade. Enquanto o Estado empresário desaparecia na Austrália, Nova
Zelândia, em países do ex-império soviético, na
Europa e Ásia, no Brasil pouco aconteceu. Faltou convicção, confessa hoje FHC, que era contra a desestatização. A Alemanha colocou as estatais sob uma holding, anunciou no “The Economist” e vendeu todas em dois anos. Nós ficamos brincando de comissão.
Tentar salvar as estatais com
mais leis irá amordaçá-las mais. Os
contrapesos que existem na empresa
privada (de falir, entre outros)
não existem na estatal
Tentar salvar as estatais com mais leis irá
amordaçá-las mais. Os contrapesos que existem
na empresa privada (de falir, entre outros) não
existem na empresa estatal. Os defensores das
estatais oferecem sempre a mesma gororoba:
entreguismo de riqueza nacional; relevantes
serviços públicos; função social. Como se irrelevantes fossem as empresas privadas e sua função, mineral. Nunca falam sobre atender ao
consumidor, dar lucro. E a ideia de isolar estatais da política é risível.
Zingales alerta que Justiça e polícia não são
suficientes para enfrentarmos corrupção no
atacado. E nos recomenda que a corrupção nos
costumes também precisa ser enfrentada. Outra
vez, só lei não adianta. Roberto DaMatta ensina
que é nossa a “ideologia do legalismo mágico (a
lei resolve o costume)”. E existe simbiose parasita entre excesso de leis e regulamentos e a corrupção no varejo.
A boa notícia é que a desestatização elimina
na raiz a corrupção no atacado e no varejo.
Exemplo é a corrupção nos Detrans, imbricada com maus costumes no tráfego. Mas existe
alinhamento de interesses entre proprietários de veículos, revendedoras, seguradoras.
Em tecnologia digital, nosso atraso é brutal.
Impostos e multas podem ser recolhidos por
entes privados, como na Califórnia. Divergências podem ser resolvidas por juízo arbitral. Assim como a Petrobras, Detrans estatais
não precisam existir.
FHC afirma que crises criam oportunidades.
Ele poderia, então, guiar uma frente política para aproveitar a atual oportunidade. O Brasil está
apenas bêbado. Os investidores nacionais e estrangeiros gostam do Brasil e estão à espera.
Críveis reformas do Estado empresário, do Estado regulador e uma reforma fiscal coerente farão o Brasil desabrochar. l
Odemiro Fonseca é empresário
á se ouviu falar algumas vezes que a
crise econômica que se configura no
Brasil poderá ser uma reedição do
que se viveu no país na década de
1980. Para quem viveu aquela época, essa
ameaça surge como uma reedição fantasmagórica de um tempo de remarcações
de preços, confusão, “lista de supérfluos”, e
um Brasil que vivia no Fundo Monetário
Internacional.
No entanto, é equivocado afirmar que a
classe média brasileira sofrerá um revival
da década de 1980, pois o país é muito diferente, os hábitos de consumo são diferentes, as famílias brasileiras e o mercado
de trabalho são diferentes. Em alguns aspectos, certamente, essas diferenças serão
favoráveis a uma melhor resiliência a este
período de crise. Em outros, indica um
Brasil e um mundo mais complexos.
O endividamento, por exemplo, é muito
mais amplo do que na década de 1980,
possibilitando maior extensão do crédito
— há cartões de crédito, diversas linhas
operadas pelos bancos comerciais, financeiras etc. O juro relativo também é muito
mais alto e, em uma extensão temporal da
crise, a possibilidade de perda patrimonial
e queima de ativos também é maior. Os
alimentos e bens básicos são hoje relativamente muito mais caros do que eram na
década de 1980. Hoje, o Brasil não é mais
um país de custo de vida baixo. Os imóveis
também são relativamente mais inacessíveis do que eram na década de 1980, tanto
para compra quanto para aluguel. Por outro lado, o consumo é hoje muito mais globalizado, assim como a noção de mundo e
de comparações é
mais clara, e preEquívoco
sente. O acesso a indizer que a
formações é muito
classe média mais amplo, assim
terá ‘revival’ como o padrão de
consumo, mais alto.
da década
A menor rigidez
de 80, pois o do mercado de trabalho
traz um impaís é muito
pacto por vezes não
diferente
percebido nos índices de desemprego
formal, o que não significa que não acontecerá um achatamento significativo. A
migração de recursos humanos do Centro-Sul para o Centro-Oeste e Nordeste
também é uma alternativa, como aconteceu nos EUA em épocas de recessão, porém limitada. No entanto, corre-se o risco
de se sofrer um seriíssimo processo de
brain drain, que é a perda de uma geração
de profissionais, ou o subaproveitamento
do capital humano de uma determinada
faixa etária mais jovem, por conta de uma
situação prolongada de baixa atratividade
do mercado de trabalho, mesmo em pleno boom do empreendedorismo e com
empregos tecnológicos flexíveis. Esse tipo
de fenômeno aconteceu na Argentina na
década passada, e vem acontecendo na
Venezuela durante os últimos cinco anos,
especialmente. Os jovens mais aptos buscarão empregos em primeiro lugar nos
grandes centros do país e, em segundo lugar, no exterior, se tiverem condições; os
com menores condições competitivas, ou
menor escolaridade, estarão reféns do subemprego ou buscarão a informalidade.
É preciso preparar-se para um período
de resiliência, e até mesmo de estabilidade
emocional para se enfrentar um período
mais difícil, talvez relativamente longo.
Que as experiências do passado e os avanços tecnológicos e comportamentais do
presente nos ajudem. l
Gustavo Grisa, do Instituto Millenium, é
economista
24
l O GLOBO
l Rio l
Terça-feira 29 .3 .2016
Governo volta atrás sobre Jardim Botânico
Ministério do Meio Ambiente agora diz que não há perspectiva de retirar famílias a curto prazo do parque
ANDRÉ DE SOUZA E CÉLIA COSTA
[email protected]
-BRASÍLIA E RIO- O Ministério do Meio
Ambiente informou ontem que
não há, da parte do governo federal, perspectiva de desocupar
o Jardim Botânico a curto prazo.
Segundo a pasta, há 520 famílias
morando dentro da área do parque, das quais 400 têm perfil socioeconômico que garante direito a uma alternativa de moradia
em outro local. Só depois da negociação com essas 400 famílias
é que elas serão retiradas, o que
deverá levar ainda algum tempo,
informou Luiz Antônio Carvalho,
assessor especial da ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
— Não há nenhuma perspectiva de remoção em massa e desorganizada a curto prazo de
qualquer família. Do ponto de
vista do governo, não. Do ponto
de vista da Justiça, há, sim, reintegração de fato, mas aí é de
uma família. Nós estamos falando de centenas de famílias. A
posição do governo permanece
a mesma: garantir o direito a
moradia aos que o tem fora do
Jardim Botânico, de forma negociada, organizada, serena —
disse Carvalho.
No entanto, em documento
enviado ao Ministério do Planejamento, no último dia 15 de
março, a ministra Izabella Teixeira deixava claro que, a partir
da cessão das terras da União
para o Jardim Botânico, o parque teria 60 dias para retirar as
GABRIEL DE PAIVA
primeiras 130 famílias, cujas
ações de reintegração de posse
movidas pelo Jardim Botânico
já transitaram em julgado.
Anteontem, em protesto contra possíveis remoções, moradores de comunidades do Horto
invadiram o parque, que ficou
fechado ao público por cerca de
três horas. Em nota, a presidente
do Jardim Botânico, Samyra
Crespo, afirmou que não houve
danos físicos à instituição.
A invasão, no fim de semana,
não foi o único fato a levar preocupação à direção do Jardim Botânico. Num áudio gravado sexta-feira passada, durante encontro de moradores do Horto, um
dos participantes, que viveria na
comunidade, fala em atear fogo
às máquinas que seriam usadas
nas remoções, para impedir a
ação. A gravação está nas mãos
da Polícia Federal e do Ministério da Justiça.
NOVO PROTESTO
Ontem de manhã, em mais uma
manifestação para tentar impedir a reintegração de posse de
uma das 520 casas que ficam
dentro do perímetro do Jardim
Botânico, cerca de cem moradores do Horto, com faixas e cartazes, reuniram-se na porta de
acesso lateral, na Rua Pacheco
Leão. Policiais militares reforçaram a segurança no local, mas
não conseguiram coibir a ação
dos moradores, que impediram
que funcionários do Serpro entrassem com os seus carros no
Manifestação. Moradores que ocupam casas dentro do Jardim Botânico bloqueiam um dos acessos ao parque
local de trabalho. Eles foram
obrigados a estacionar os veículos na rua e seguir a pé.
O grupo de manifestantes permaneceu no local até o começo
da tarde, quando teria sido avisado de que, em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente
anunciara que não havia intenção de desocupar o Jardim Botânico a curto prazo.
A reintegração de posse de
uma casa que fica no arboreto
do Jardim Botânico estava pre-
vista para acontecer ontem,
mas, no domingo, após consulta
à ministra Izabella Teixeira,
Samyra Crespo pediu à Justiça o
adiamento da operação, alegando razões de segurança dos funcionários e a necessidade de salvaguardar o parque.
Ontem de manhã, houve duas reuniões no Ministério do
Meio Ambiente para discutir a
questão. A primeira contou
com a participação do líder do
PT na Câmara, deputado Afon-
so Florence (BA). Luiz Antônio
Carvalho disse que nessa reunião foi esclarecido, por exemplo, que a ação de reintegração
determinada pela Justiça não
tem como alvo a totalidade dos
residentes no Jardim Botânico.
— Vários deputados vêm desde a semana passada manifestando preocupação com a alardeada reintegração de posse de
um conjunto de famílias no Jardim Botânico: Jandira Feghali
(PCdoB-RJ), Wadih Damous
(PT-RJ), Afonso Florence (PTBA) etc. Vários deputados vieram se manifestar. Então nós,
através do deputado Florence,
que esteve aqui conosco, demos os esclarecimentos. Porque eles não conhecem exatamente a situação e tinham sido
procurados pelos moradores
que, segundo eles, estariam
preocupados com a possibilidade de que era iminente a retirada de 500 famílias. Foi esclarecido que, primeiro, não se tratam
de 500 famílias e, segundo, que
não é uma decisão do governo,
mas da Justiça, de realizar uma
reintegração de posse — disse
Carvalho.
GRUPO DE TRABALHO
Em seguida, houve nova reunião, com participação de representantes de três ministérios:
Meio Ambiente, Planejamento
e Advocacia-Geral da União
(AGU). Entre os presentes estava a ministra Izabella Teixeira.
Não houve participação de representantes dos moradores.
No encontro ficou decidido que
integrantes do Ministério das
Cidades e da Secretaria de Governo também participarão do
grupo de trabalho que vai tentar
encontrar uma solução para as
famílias que serão desalojadas.
Carvalho disse ainda que é preciso que a prefeitura do Rio e os
próprios moradores cooperem
para encontrar as melhores alternativas possíveis para o impasse. l
Acidentes caem
53% nas vias
federais durante
Semana Santa
PRF diz que duas pessoas
morreram e 64 ficaram
feridas nas estradas
O número de acidentes durante o feriadão nas rodovias federais que cortam o Estado do
Rio caiu 53% em relação ao
mesmo período de 2015. O balanço da Operação Semana
Santa, da Polícia Rodoviária
Federal (PRF), mostra que de
24 (quinta-feira) a 27 de março
(domingo) deste ano houve 66
acidentes. No feriado do ano
passado, foram 142.
O número de mortos também diminuiu, embora o de feridos tenha apresentado aumento de oito casos: este ano,
segundo a PRF, os acidentes
deixaram dois mortos (contra
seis em 2015) e 64 feridos (ano
passado foram 56). O Rio tem
dez rodovias federais, somando 1,4 mil quilômetros.
Os casos mais graves foram registrados às 20h de sexta-feira —
um atropelamento no Km 480
da Rio-Santos (BR-101) —, e às
12h50m de quinta-feira — uma
morte devido ao tombamento
de um veículo de carga, no Km
114 da BR-393 (Sapucaia) —, segundo o balanço da PRF.
Os dados mostram que 7.863
motoristas e 6.508 veículos passaram por fiscalização, contabilizando 79 apreensões. Foram
aplicadas 4.299 multas por radar
e 2.344 multas generalizadas,
como, por exemplo, 689 por dirigir sem cinto de segurança. l
acesse
140
SÃO JOÃO DO MERITI (SHOPPING GRANDE RIO)
Estrada Antonio Sendas, 111
SHOPPING VIA PARQUE Av. Ayrton Senna, 3.000
AMÉRICAS SHOPPING Av. das Américas, 15.500
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Economia
ANA BRANCO/20-11-2015
Crédito caro
l 25
Piora nas contas
PÁG. 27
71,9%
PÁG. 28
CASA PRÓPRIA COM
JUROS MAIS ALTOS
Caixa aumenta taxas cobradas para financiar imóveis
para classe média, com valor até R$ 750 mil ou maior
É em quanto, em percentual do PIB, deve
chegar a dívida pública bruta no fim deste
ano, segundo as mais recentes estimativas do
governo, que constam de projeto de mudança
da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviado ao
Congresso ontem. Antes, o governo previa que
a dívida seria de 66,4% no fim do ano
A CONTA DA RECESSÃO
Mais que o dobro
de prejuízo
_
No ano passado, 12 companhias no Ibovespa
tiveram resultado negativo, contra 5 em 2014
PERDAS BILIONÁRIAS*
ALTA DO DÓLAR E DOS JUROS E MENOR DEMANDA
AFETARAM RESULTADOS DAS GRANDES EMPRESAS
R$ 44,212
VALE
bilhões
PETROBRAS
R$ 34,836
Reavaliação de ativos no exterior devido à queda do
preço do petróleo e aumento do custo da dívida
R$ 24,581
Aumento do custo da dívida atrelada à
variação cambial
bilhões
KLABIN
Ajuste contábil (impairment) em ativos no exterior, aumento
da dívida atrelada ao câmbio e queda do preço do minério
bilhões
OI
R$ 4,935 bilhões
Ajuste contábil e aumento das provisões tributárias
GERDAU
R$ 4,551 bilhões
Paradas na produção, menor demanda por aço
e ajustes contábeis
USIMINAS
R$ 3,236 bilhões
Redução das vendas no Brasil
BRADESPAR
R$ 2,590 bilhões
Empresa tem quase todo o seu capital investido na
Vale e foi afetada pelo prejuízo da mineradora
METALÚRGIA GERDAU
R$ 2,329 bilhões
Ajuste contábil (impairment) feito em ativos no
Brasil e exterior
ANA PAULA RIBEIRO
não foi suficiente, por exemplo, para recuperar
[email protected]
as receitas da Vale, afetadas pela forte queda do
RENNAN SETTI
preço do minério de ferro no exterior. E as [email protected]
presas ligadas ao consumo interno também foram prejudicadas, pois têm dificuldade de re-SÃO PAULO E RIO- A deterioração da economia brasipassar o aumento de custos quando a inflação
leira atingiu em cheio o resultado das grandes está alta — observa Gilberto Braga, professor de
empresas que fazem parte do Ibovespa, a princi- Finanças do Ibmec-RJ.
pal referência do mercado acionário brasileiro.
A Klabin, que vende mais de 65% do que proDas 58 companhias cujas ações compõem o índi- duz no mercado doméstico, por exemplo, saiu
ce, 12 tiveram prejuízo em 2015, mais que o do- do lucro em 2014 para um prejuízo de R$ 1,25
bro das cinco no ano anterior — três empresas bilhão. A razão foi o aumento do custo de sua
ainda não divulgaram seus resultados. Outras 15 dívida, em parte atrelada ao dólar, e também o
amargaram queda nos lucros, o que evidencia elevado investimento realizado no Projeto Puque a retração do PIB, a valorização do dólar e o ma. Para mudar essa situação, a companhia esaumento de preços tiram mercado de empresas tá tentando destinar uma fatia maior de sua prodos mais diferentes setores, em maior ou menor dução ao mercado externo. Problema parecido
intensidade. Por serem grandes empresas, essas enfrentou a Suzano, que, já com prejuízo em
dificuldades acabam afetando toda a cadeia, com 2014, viu suas perdas aumentarem devido à dimaior dificuldade de acesso ao crédito e condi- vida em dólar.
ções mais restritivas aos fornecedores.
Hugo Monteiro, analista de investimentos da
— São grandes empresas que
Bullmark Financial Group,
têm poder de repasse de prelembra ainda que o cenário de
ços e que são mais eficientes,
crise evidenciou problemas
mas ainda assim estão sofrenem algumas companhias, de
do. Quando as grandes têm
gestão ou estruturais, que já
problemas, aumenta a cautela
estavam presentes, mas que
na economia e os bancos ficam
passavam despercebidos em
mais restritivos na concessão
meio à economia favorável:
de crédito. É um efeito em cas— A situação preocupa, mas
cata, com pressão também sotambém deixa evidentes todas
bre os fornecedores — diz Luis
as deficiências corporativas de
Gustavo Pereira, analista chefe
que já sabíamos, mas que não
da Guide Investimentos.
apareciam nos resultados. EmEm linhas gerais, os prejuízos
presas que sempre vimos coe a queda nos lucros foram conmo problemáticas, como Pesequência do cenário macroetrobras, Usiminas e Gerdau,
conômico, em um ano no qual
mas que o investidor comum
o Produto Interno Bruto (PIB,
procurava por serem conheciconjunto de bens e serviços
das, ficaram expostas quando
produzidos no país) caiu 3,8%,
a maré baixou. Estamos paso dólar teve valorização de
sando por um período de ajus48,4% e a inflação chegou a
te. Os preços (das ações) estão
10,67%, tudo em meio a um ciindo para onde deveriam estar
clo de alta de juros promovido
de acordo com os resultados.
pelo Banco Central. No exterior,
Monteiro concorda que a
a queda nos preços das commo- Luís Gustavo Pereira
maior parte dos prejuízos dedities também trouxe efeitos da- Analista-chefe da Guide
correu do alto endividamento.
nosos aos grandes exportadores Investimentos
Mas ressalta que nem todas as
desses itens, haja vista os bilioempresas que fecharam no
nários prejuízos da Vale e das siderúrgicas.
vermelho estão em apuros. E cita a Klabin, que
As companhias com dívidas em dólar, mas está construindo uma das maiores fábricas de
sem receitas em moeda estrangeira ou cujas re- celulose do mundo em Ortigueira (PR). As
ceitas em dólar são inferiores à dívida, também obras, mais de 95% concluídas, consumiram R$
foram afetadas negativamente. O levantamento 4 bilhões no ano passado, ou 87% do investide ganhos e perdas entre as empresa integran- mento total da empresa no período.
tes do Ibovespa foi feito a partir dos resultados
— A Klabin está investindo em capacidade
padronizados pela Bloomberg, a fim de permitir produtiva, o que é bom, já que a conjuntura é
a comparação dos números.
bastante favorável para as exportações e tam— O câmbio até ajudou alguns setores, mas bém para a celulose — diz o analista.
“Quando as
grandes têm
problemas,
aumenta a cautela
e os bancos ficam
mais restritivos na
concessão de
crédito. É um efeito
em cascata”
SUZANO
R$ 925,35 milhões
Aumento do custo da dívida atrelada à
variação cambial
MARFRIG
R$ 586,02 milhões
Aumento das despesas financeiras com a alta do dólar e
recompra de uma parcela da dívida emitida no exterior
RUMO LOGÍSTICA
R$ 158,41 milhões
Aumento dos custos operacionais e das despesas financeiras,
que foram impactadas com o aumento dos juros
CESP
R$ 61,36 milhões
A receita foi afetada pelo término de concessões de
duas usinas e o maior custo da energia
*Resultado padronizado pela Bloomberg para permitir a comparação dos resultados
Fonte: Bloomberg
Mas mesmo quem não registrou prejuízo enfrentou um ambiente mais difícil em 2015. As Lojas
Americanas, por exemplo, viram seu lucro cair
41,5%, para R$ 250,25 milhões, principalmente por
causa do aumento dos custos da sua dívida em real.
Por isso, os especialistas lembram que, apesar
da piora no resultado líquido, é importante olhar
o desempenho operacional. Isso porque, no caso
das empresas com dívida em dólar, o estoque é
corrigido de forma automática, mesmo que não
ocorra desembolso, sem afetar o caixa da empresa. Ainda assim, o cenário negativo levou uma série de empresas a ajustarem o valor de seus ativos
em balanço, o chamado impairment.
LUCRO CRESCENTE PARA QUEM GANHA COM JUROS
Lucrar mais em um cenário de recessão não foi
fácil. Mas, ainda assim, algumas empresas conseguiram. Foi o caso do setor financeiro, que se
beneficiou justamente desse cenário mais adverso. O aumento dos juros reforçou o resultado
de bancos, Cielo e Cetip. Já a alta do dólar deu
impulso às exportações de empresas como JBS
e Fibria. Diferentemente de outras empresas do
setor de celulose, a Fibria é um pouco menos
alavancada, e a maior parcela de suas receitas é
proveniente do mercado externo.
Entre as companhias que registraram o maior
salto no lucro líquido, destacam-se JBS e
Braskem. No caso desta última, o resultado pulou de R$ 864 milhões, em 2014, para R$ 3,14 bilhões, no ano passado. Segundo analistas, a petroquímica controlada pela Odebrecht se beneficou da queda do preço do petróleo, que barateou a nafta, derivado que é sua principal matéria-prima. Além disso, o enfraquecimento do
real tornou a Braskem mais competitiva.
— Pode-se dizer que a Braskem tem resulta-
Editoria de Arte
dos “maníaco-depressivos”, sempre influenciados pelo petróleo. Nos anos em que a commodity cai, ela ganha muito dinheiro; quando sobe,
ela perde na mesma proporção — diz Alexandre
Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos
Leandro&Stormer.
No caso da JBS, Wolwacz explica que esta se beneficiou da valorização do dólar, o que ajudou suas exportações, sua maior fonte de receita:
— Além disso, eles foram bastante habilidosos
no gerenciamento de operações de proteção
(hedge) cambial. Souberam vender dólar no topo
e comprar na baixa, algo bem difícil de se fazer.
Pereira, da Guide, lembra que será difícil ver
uma reversão total desse quadro este ano. Ele
espera alguma recuperação, mas ressalta que o
cenário econômico ainda inspira cuidados e
lembra que muitas empresas estão com as margens de ganho muito apertadas — o que significa queda forte no lucro. Um exemplo disso pode
ser observado no setor de varejo.
— São empresas que perderam muita margem,
embora ainda estejam dando lucro. As receitas
caíram entre 5% e 20%. Se considerarmos a inflação, a queda real é ainda maior — afirma Pereira.
Maurício Pedrosa, sócio da Queluz Investimentos, lembra que este ano será preciso lidar
não apenas com um patamar mais elevado do
dólar, mas com a deterioração da renda do trabalhador e a alta do desemprego. No caso de
empresas ligadas ao consumo doméstico, isso
pode levar a resultados negativos.
— Você ainda pode ter alguma alta adicional do
dólar, a depender dos desdobramentos políticos.
Mas o que chama mesmo a atenção no cenário
doméstico é a queda de 11% na renda do trabalho. Isso terá impacto direto na receita das empresas atreladas ao consumo — diz Pedrosa. l
Oi quer concluir reestruturação de dívida, de R$ 38 bi, ainda este ano
Negociação com
credores pode
reduzir valor em até
80%, dizem fontes
BRUNO ROSA
[email protected]
A Oi pretende concluir o processo de reestruturação de sua dívida de R$ 38,1 bilhões até o fim
deste ano, informou ontem o
presidente da tele, Bayard Gontijo. Na corrida contra o tempo
após registrar um prejuízo de R$
5,3 bilhões em 2015, a empresa
já contratou três companhias
para prestar assessoria financeira: as americanas PJT Partners e
White & Case, além do escritório
de advocacia Barbosa, Mussnich
& Aragão. Também faz parte da
equipe a americana DF King,
contratada pelos assessores financeiros da Oi. Mas, segundo
fontes, o reforço pode aumentar.
De acordo com uma fonte a
par das negociações, as conversas entre a PJT e os credores já
começou. Estes, quase todos estrangeiros, estão contratando as
americanas Moelis & Company e
Houlihan Lokey, especializadas
em reestruturação de dívidas.
— A grande dificuldade nesse
tipo de negociação é que os títulos emitidos pela Oi no exterior mudam de mãos muito rápido. Por isso, as conversas não
são simples. Mas hoje a proposta na qual a PJT está trabalhando com os credores é uma conversão de dívida em ações com
um deságio que pode chegar a
ENY MIRANA/DIVULGAÇÃO
Aposta. Gontijo, da Oi, sobre nova marca: “São cores fortes e cheias de confiança”
80% — disse essa fonte, que não
quis ser identificada.
Com a dívida elevada, a Oi lançou ontem um novo plano comercial — o quarto em cinco
meses —, com foco na convergência, chamado de Oi Total,
que une fixo, móvel, internet e
TV por assinatura. Segundo o diretor de Varejo da empresa, Bernardo Winik, a meta é ter um milhão de clientes no novo plano.
FOCO VISUAL NA INTERNET
Além disso, a Oi apresentou
sua nova marca, desenvolvida
em parceria com os escritórios
Woff Olins e Futurebrands. Sai
de cena o fundo amarelo em
forma de ameba e entram em
cena formas e cores variadas.
— São cores fortes e cheias
de confiança no futuro. Vocês
podem perguntar se, no meio
de uma potencial reestruturação de dívida, seria este o momento ideal para relançar a
marca? A resposta é sim. Acreditamos no futuro da companhia — afirmou Gontijo.
Mas a cautela não foi deixada
de lado. O novo logotipo será
usado apenas na fachada da sede da Oi, no Leblon, e na loja da
companhia no mesmo bairro,
explicou o diretor de Comunicação e Marca, Eric Albanese:
— Buscamos soluções criativas. Na sede, usaremos um adesivo alveolar (cujo formato muda quando a pessoa anda). Na
loja, usaremos uma placa de
acrílico lenticular (que muda de
cor conforme a localização da
pessoa). Nosso foco é fazer uma
mudança visual na internet. l
26
l O GLOBO
l Economia l
2ª Edição Terça-feira 29 .3 .2016
Tombo de ações da Petrobras faz
lucro do BNDES cair 30% em 2015
Banco teve ganho de R$ 6,2 bi no ano passado, o menor desde 2008
[email protected]
MÍRIAM
LEITÃO
|
[email protected]
MARCELLO CORRÊA
[email protected]
|
COM ALVARO GRIBEL (DE SÃO PAULO)
Ciclo de fuga
Há um momento no presidencialismo de
coalizão, de acordo com o conceito
desenvolvido pela ciência política para
explicar o sistema brasileiro, em que os
políticos da base fogem do poder central.
Este é o momento que estamos vivendo. O
PMDB decide hoje se fica ou não na coalizão,
ontem entregou um ministério, e outros
grupos já estão se afastando da Presidência.
I
sso ocorre quando a estrela maior perde força e
surgem novos polos de atração. A impopularidade
é o horror do político porque é contagiosa e pode
acabar com suas chances de ter mandato. Em pleno
ano eleitoral, a forte rejeição ao PT e à presidente Dilma estão alimentando o chamado ciclo centrífugo. Reverter uma dinâmica como essa é muito difícil.
A reação do governo de ir para “o varejo total, balcão
de feira”, como informou o GLOBO, adianta pouco
num contexto como este e no estágio avançado em que
está esse processo. O poder atrai, a perda do poder afugenta. Na hora da fuga, adianta pouco distribuir nacos
da administração, em cenas de fisiologismo explícito,
se o poder é visto como poente.
No final do governo Sarney, com o país em hiperinflação após o fracasso do Plano Verão, o terceiro daquela administração, o pais viu um processo de abandono
total da Presidência. Na fragmentada eleição de 1989,
nenhum candidato defendia o governo ou se dizia governista, nem mesmo o deputado Ulysses Guimarães.
Durante o julgamento de Collor, o centrão, que o havia sustentado, se desfez, e a Presidência não atraia
mais nem aliados da primeira hora como Renan Calheiros. A vantagem foi que o então vice-presidente Itamar Franco havia brigado com Collor antes da posse e
se mantido totalmente distante do governo. Itamar parecia ser um vice à deriva durante o período em que a
presidência de Collor atraía apoios, o ciclo centrípeto.
No ciclo de fuga, ele viU
rou alternativa.
Os pontos-chave
Há duas diferenças na
crise atual. O PRN não
era um partido, mas um
arranjo oportunista de
Há um momento no
ocasião, e o PT é um parpresidencialismo de
tido. Itamar não particicoalizão em que políticos
pava dos atos de goverfogem do poder central
no nem estava envolvido na mesma investigação, e Michel Temer tem
É o que acontece
sido atingido por suspeiatualmente no país, e
tas na Lava-Jato. Nada se
pouco adiantará a
repete da mesma forma,
distribuição de cargos
mas a dinâmica que leva
o governo a temer a debandada é a mesma de
outros momentos na
Alta impopularidade da
história. O poder se alipresidente Dilma afasta
menta da perspectiva de
aliados em ano de eleições
poder, por isso uma Premunicipais
sidência enfraquecida e
que seja vista como sem futuro perderá apoios rapidamente. Por isso também faz sentido os movimentos da
presidente Dilma de negar a renúncia para manter seu
núcleo na sua órbita. A mesma lógica levou o ex-presidente Lula a se colocar como candidato porque assim
ele cria para si mesmo uma perspectiva futura de poder e tenta conter o abandono atual.
No ciclo centrífugo vão se tornando cotidianos pequenos e grandes sinais de desprestígio, da recusa de
cargos ao não comparecimento a reuniões. O político
começa a evitar ser visto como condômino do poder
porque isso afeta suas possibilidades de sobrevivência.
Boas notícias econômicas podem reverter o processo
em seu estágio inicial. O segundo mandato do governo
FHC começou com crise cambial e valorização do dólar. A mudança foi vista como quebra de promessa de
manutenção do Plano Real que Fernando Henrique
havia feito na campanha. A popularidade despencou, o
PT lançou o “Fora FHC”. Em 1999, no entanto, a inflação foi controlada, os piores temores, afastados, e a
economia não teve a recessão que se temia. O PIB cresceu forte no ano 2000, e o governo se reorganizou.
Agora, não há possibilidade de boas notícias econômicas. Há um processo de desinflação que reduz a taxa
em 12 meses, mas à custa da recessão e com índice ainda alto. O ajuste externo produz números bons, mas isso não é perceptível pelas pessoas. A recessão é profunda. Na economia não há boias de salvação. Na política,
pode ser tarde demais para deter o ciclo de fuga. l
1
2
3
_
oglobo.com.br/economia/miriamleitao
PEDRO TEIXEIRA/17-3-2016
DANIELLE NOGUEIRA
A desvalorização das ações da
Petrobras atingiu o balanço do
BNDES em 2015. O banco de fomento registrou lucro de R$
6,199 bilhões no ano passado,
queda de 29,7% em relação aos
R$ 8,594 bilhões apurados em
2014 e o menor desde 2008, segundo balanço divulgado ontem. O principal motivo para o
recuo no resultado foi a perda
com os papéis da petroleira.
Além disso, a estatal não pagou
dividendos a seus acionistas. Se
não fosse a Petrobras, o BNDES
teria tido um lucro de R$ 10,684
bilhões, o maior de sua história.
O banco informou que o resultado com participações societárias foi negativo em R$ 5,4
bilhões, ante um valor positivo
de R$ 2,865 bilhões em 2014. Ou
seja, houve uma perda de R$
8,272 bilhões no comparativo
entre os dois anos. O principal
responsável por essa queda foi
o investimento na Petrobras.
BAIXA CONTÁBIL DE R$ 7,3 BI
Além do não pagamento de dividendos e juros sobre capital
próprio em 2015 — em 2014, o
banco recebeu da estatal R$
1,842 bilhão —, a queda da cotação das ações da petroleira levou o BNDES a registrar perdas
por impairment (baixa contábil) no montante de R$ 7,35 bilhões (R$ 4,49 bilhões, líquido
de efeitos tributários) em 2015.
Como o BNDES tem participação em várias empresas de
capital aberto, quando as ações
dessas companhias caem, a fatia
detida pelo banco perde valor.
Baixa. Sem o efeito contábil da Petrobras, BNDES teria registrado o maior lucro de sua história: R$ 10,684 bilhões
Esse efeito é puramente contábil, ou seja, não afeta o caixa do
BNDES. Se as ações voltarem a
subir e o banco ainda as mantiver em sua carteira, essa perda
pode ser recuperada.
O Sistema BNDES — formado
pelo próprio banco e a BNDESPar, seu braço de participações
— tem 17,24% da Petrobras. No
fim de 2014, essa fatia valia R$
22,5 bilhões. Em dezembro do
ano passado, correspondia a R$
16,3 bilhões. A baixa contábil é
formada não só pela diferença
entre esses valores, mas também por uma análise qualitativa sobre o quanto dessas perdas
é recuperável.
Não é a primeira vez que as
perdas com a Petrobras interferem no resultado do BNDES.
No balanço de 2014, o banco
registrou baixa contábil de R$ 1
bilhão. Carlos Frederico Rangel, chefe do departamento de
contabilidade do BNDES, explica que o efeito prático da
queda das ações da Petrobras
só apareceria em caso de venda dos papéis, o que não está
no radar do banco.
— O sistema BNDES não entrou na Petrobras como opção
nova de negócios. A gente tem
uma participação muito grande há décadas, porque foi uma
forma de aporte de capital da
União. Não existe expectativa
de alienar Petrobras com essa
perda — afirma o executivo.
MAIS EMPRÉSTIMOS
A boa notícia do balanço foi o
aumento de 39,6% no resultado de intermediação financeira, ou seja, com os empréstimos que o banco concede. O
ganho nessa categoria alcançou R$ 18,691 bilhões em 2015.
Rangel explica que o principal
fator para isso foi o aumento
da carteira de crédito, e não a
alta da Taxa de Juros de Longo
Prazo (TJLP), que subiu de
5,5% para 7% ao ano ao longo
de 2015.
— A carteira média do banco
cresceu muito nos últimos
anos, consistentemente. E com
uma característica importante,
que é a baixa inadimplência
(0,06%). Não foi aumento de
taxas. O retorno cresceu bem
mais que a TJLP — explica
Rangel. l
NA WEB
http://glo.bo/1PBOUHF
‘A bolha dos Brics
estourou?’, questiona
artigo do jornal britânico ‘Guardian’
Banco abre linha para elaboração de projetos
Orçamento será de
R$ 200 milhões.
Este ano, consultas
param de cair
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou ontem à
noite uma nova linha de crédito
para financiar o desenvolvimento de projetos de infraestrutura e
logística. O programa, batizado
de BNDES Estruturação de Projetos, terá orçamento inicial de
R$ 200 milhões. A ideia é apoiar
estados, municípios e, eventualmente, governo federal na elaboração de projetos, serviço
considerado um gargalo pelo
BNDES. A nova linha já foi aprovada pela diretoria do banco e
estará disponível em breve.
A linha funcionará da seguinte maneira: o ente público faz
uma licitação para a elaboração
de um projeto. A consultoria
que ganhar a licitação poderá
pedir crédito ao BNDES a fundo
perdido. Os recursos virão de
um fundo que será constituído
pelo banco, com dotação inicial
de R$ 200 milhões.
Numa etapa posterior, o projeto vai embasar um segundo
leilão, desta vez para a execução do projeto. A ideia é que o
vencedor do leilão reembolse
o BNDES. Se o projeto não for
levado à frente ou se o leilão
não atrair interessados, o banco fica com o prejuízo.
— Para recuperar o crescimento, o investimento terá de
ser a mola propulsora. É o eixo
que pode ser dinamizado pela
indução do Estado — disse
Coutinho, em jantar comemorativo dos 50 anos da Associação Brasileira de Consultores
de Engenharia, no Rio.
‘INCERTEZA NUNCA É POSITIVA’
Será a primeira vez que o BNDES apoiará de forma direta a
elaboração de projetos. Hoje, o
banco dá suporte por meio de
sua participação na Empresa
Brasileira de Projetos (EBP) e de
convênios com Banco Mundial.
No mesmo evento, Coutinho
disse ainda que as consultas ao
banco ficaram estáveis em relação ao ano passado. As consultas
são a primeira etapa das operações de crédito e são um termômetro do apetite do empresariado por novos investimentos. Em
2015, elas despencaram 47%.
— A queda de consulta do ano
passado foi forte no segundo semestre e, aparentemente, neste
primeiro trimestre, pararam de
cair. Elas se estabilizaram em relação ao ano passado. Se é uma
tendência, ainda não sabemos —
disse Coutinho.
O tombo nas consultas de
2015 foi divulgado em janeiro.
Na ocasião, o BNDES informou
ainda que o volume de desembolsos recuou 28%, para R$
135,9 bilhões, o menor valor
desde 2008.
No último dia 8, o BNDES
mudou sua política operacional, ampliando a parcela de
crédito subsidiado (por meio
da TJLP, hoje em 7,5% ao ano)
para alguns programas. Cou-
QUEIROZ GALVÃO EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO S.A.
CNPJ: 11.253.257/0001-71
REQUERIMENTO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO
Torna público que requereu ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) a Licença de Operação relativa ao Sistema de Produção
Antecipada (SPA) do Campo de Atlanta, Bloco BS-4, Bacia de Santos. Lincoln
Rumenos Guardado - Diretor Presidente.
acesse
140
JACAREPAGUÁ (PREZUNIC CENTER)
Estr. Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, 906
MADUREIRA SHOPPING Estrada do Portela, 222
TIJUCA Rua Conde de Bonfim, 604
LICITAÇÕES
tinho descartou, porém, que a
estabilização das consultas
tenha relação com isso, pois a
mudança é muito recente.
Quanto ao desempenho financeiro do BNDES, divulgado ontem, Coutinho minimizou o impacto das baixas contábeis da Petrobras:
— Isso teve um efeito parcial
sobre os resultados. No patrimônio do banco, contabilizamos a
mercado sempre, então, (o balanço) reflete fielmente o valor
das ações. Fora esse fato, que
tem a ver com a queda do preço
do petróleo, o resultado do banco teria sido o melhor de todos.
Coutinho também foi perguntado sobre a possibilidade
de um impeachment da presidente Dilma Rousseff.
— Há uma crise política bastante intensa, no sentido de
gerar uma incerteza grande. E
incerteza nunca é positiva para
a economia. O mundo empresarial é avesso à alta incerteza.
Ele quer ver uma perspectiva.
(Danielle Nogueira) l
Esclarecimento
Com relação à reportagem
“Vendas fracas derrubam
preços dos ovos de Páscoa em
até 73%”, publicada ontem, O
GLOBO esclarece que, no caso
do Supermercado Guanabara,
a redução de preços deveu-se à
negociação com fornecedores,
não à baixa procura. l
ITABORAÍ SHOPPING Rod. Gov. Mario Covas, BR 101, KM 205
PREGÕES PRESENCIAIS
acesse
140
BOULEVARD RIO SHOPPING
Rua Barão de São Francisco, 236
SHOPPING NOVA AMÉRICA
Linha Amarela, Saída 5 e Metrô Del Castilho
GUANABARA ALCÂNTARA
Av. Jornalista Roberto Marinho, 221
Nº. 15/00003-PG – COLCHÃO
Nº. 15/00004-PG - DESCARTÁVEIS PARA HIGIENE PESSOAL
Nº. 15/00005-PG – PRONTO SOCORRO MÓVEL DE EMERGÊNCIA
Nº. 15/00006-PG – AUTOMÓVEL 0 KM
Nº. 15/00007-PG – TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
A ESCOLA SESC DE ENSINO MÉDIO, comunica a realização
das licitações acima. Os Editais estão disponíveis no site:
www.escolasesc.com.br (licitações).
acesse
140
GUANABARA (SHOPPING GUANABARA BARRA)
Av. das Américas, 3.501
PARQUE SHOPPING SULACAP
Av. Marechal Fontenelle, S/N
CAMPOS DE GOYTACAZES (BOULEVARD SHOP. CAMPOS)
Av. Jornalista Roberto Marinho, 221
l Economia l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Crédito habitacional
para classe média
fica mais caro
l 27
ANA BRANCO/ 20-11-2015
Caixa eleva juros dos financiamentos via SFH, para
imóveis de até R$ 750 mil, e para os de maior valor
GERALDA DOCA
[email protected]
-BRASÍLIA- Menos de 20 dias depois de aumentar o
percentual do imóvel que pode ser financiado, a
Caixa Econômica Federal elevou os juros dos
empréstimos habitacionais residenciais e comerciais. O aumento entrou em vigor no último
dia 24, véspera do feriado da Semana Santa, e
atinge novos empréstimos com recursos da
poupança, enquadrados no Sistema Financeiro
da Habitação (SFH) para imóveis de até R$ 750
mil, e os mais caros, financiados com dinheiro
captado pela instituição no mercado.
Os juros cobrados nos financiamento de imóveis residenciais enquadrados no SFH subiram
9,90% ao ano para 11,22% ao ano, na chamada
taxa de balcão, válida para todos os clientes. Se,
antes, o mutuário pagava uma prestação de R$
2.518 em um contrato de 30 anos, por exemplo,
passará a pagar uma mensalidade de R$ 2.784.
Com isso, ao fim do prazo, terá desembolsado a
mais R$ 95.932, segundo estimativas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças
(Anefac).
TAXA MENOR PARA CLIENTES DO BANCO
Para quem é cliente do banco, o custo do crédito
imobiliário passou de 9,80% ao ano para 11%.
Na mesma simulação, o valor da prestação sobe
de R$ 2.491 para R$ 2.730. Ou seja, haverá um
acréscimo de R$ 85.964 no total do financiamento. Para quem é cliente da Caixa e recebe
salário no banco e para os servidores públicos
os juros são menores: subiram de 9,50% ao ano
para 10,50% ao ano.
No casos de financiamentos de imóveis com
valor acima de R$ 750 mil, com recursos próprios via Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), a taxa de balcão subiu de 11,50% para 12,50% ao
ano. Para quem é correntista da Caixa, os juros
passaram de 11,20% ao ano para 12%. Já para
imóveis comerciais e mistos, a taxa dos empréstimos subiu de 14% ao ano para 15%. Para quem
tem relacionamento com a Caixa, o percentual
subiu de 13,50% para 14,50% ao ano. O último
aumento de juros do crédito habitacional do
banco ocorreu em abril do ano passado.
MEDIDA É CONTRADITÓRIA, DIZ ESPECIALISTA
No dia 9 deste mês, a Caixa havia aumentado a
parcela de financiamento de imóveis usados
(de 50% para 70% do valor de compra), atendendo a uma determinação do governo federal
para ampliar o crédito na economia. Para o economista da Anefac, Miguel de Oliveira, o aumento das taxas da Caixa "contradiz" com a decisão do banco de ampliar a quota de financiamentos de usados. Ele disse que a medida agrava ainda mais a situação dos consumidores,
frente a um cenário de inflação alta, impostos e
juros maiores.
— Qualquer elevação dos juros agrava mais
este quadro e dificulta a intenção de financiar
um imóvel — disse Oliveira, acrescentando que
um pequeno ajuste na taxa tem impacto relevante em um financiamento de longo prazo.
Em nota, o banco alegou que a "alteração é
decorrente de alinhamento ao atual cenário
econômico" e está associada à escassez dos recursos da poupança.
"A Caixa Econômica Federal informa que o
aumento da taxa de juros dos financiamentos
do SBPE está associado à composição do funding da carteira de crédito imobiliário (SBPE),
ou seja, é impactado pelo comportamento dos
depósitos da poupança. Assim, a elevação da
taxa de juros não está associada à medida destinada ao aquecimento ou à restrição de demanda, sendo consequência natural do comportamento da economia", diz a nota divulgada pela Caixa.
Para Oliveira, o movimento da Caixa deve
ser seguido pela concorrência. Ele explicou
Mercado imobiliário. Dias depois de aumentar a fatia de financiamentos para estimular o setor, Caixa subiu os juros
que, com a queda de renda das famílias juntamente com a recessão, o desemprego tende a
subir, o que eleva os índices de inadimplência
e, como consequência, os bancos aumentam
suas taxas de juros.
Além disso, a Caixa influencia o mercado
como um todo por causa do seu peso no segmento. O banco fechou o ano 2015 com um
market share de 67,16%, ou seja, mais de 2/3
do mercado de crédito de imobiliário. No caso da habitação social, a participação do ban-
co no mercado é de 89,7%.
A assessoria de imprensa do Banco do Brasil
(BB) informou que o banco está monitorando o
mercado, bem como as novas taxas da Caixa. As
assessorias do Bradesco e do Itaú-Unibanco
disseram que, por enquanto, suas taxas de juro
permanecem inalterados.
Na nota, a Caixa reforçou que as condições
dos financiamentos do imóveis do programa
Minha Casa Minha Vida, com recursos do FGTS,
não foram alteradas. l
Nova fase do Minha Casa Minha Vida será lançada sob críticas do mercado
Governo deve prometer a
construção de 480 mil
moradias. Setor vê risco
de sobrecarregar FGTS
Na tentativa de impor
uma agenda positiva frente ao
acirramento do processo de
impeachment, a presidente
Dilma Rousseff lança oficialmente amanhã, em cerimônia
no Planalto, a terceira edição
do Minha Casa Minha Vida, já
sob uma avalanche de críticas
do setor privado. Durante a solenidade, Dilma deve anunciar
480 mil moradias em 2016
(dois milhões em quatro anos),
e a abertura do portal que receberá as inscrições, gerido
pela Caixa Econômica Federal.
Do total de imóveis, a presidente quer a construção de 110
mil unidades na faixa 1 (renda familiar de até R$ 1.800, com prestações simbólicas); mais 120 mil
unidades em uma nova faixa de
renda intermediária, chamada
1,5 (de até R$ 2.350), com subsídio do FGTS de até R$ 45 mil; 180
-BRASÍLIA-
mil unidades na faixa 2 (até R$
3,6 mil), com subsídio de até R$
27.500 e 70 mil na faixa 3 (até R$
6,5 mil), sem subsídios.
O foco do programa passará a
ser as faixas de renda mais baixa,
em que a casa é praticamente
doada, ou tem forte subsídio
(descontos a fundo perdido). A
medida é adotada num momento em que não há recursos no Orçamento da União, sobrecarregando ainda mais o FGTS.
RISCOS PARA O FGTS
Outra novidade é que o governo
terá em mãos o cadastro de milhões de beneficiários em todo o
país candidatos à casa própria,
uma ferramenta de propaganda
política e que pode emperrar o
processo de venda das unidades,
na visão dos empresários. Caberá
ao Ministério das Cidades fazer o
sorteio dos beneficiários.
Os detalhes do programa foram apresentados aos representantes do setor da construção civil na semana passada,
durante reunião com os ministérios envolvidos e, segun-
do um interlocutor, num encontro de clima “ruim”. Os
empresários cobraram do governo e não tiveram uma resposta clara sobre a fonte de
recursos para bancar as 110
mil moradias para os mais pobres. O receio é que, sem dinheiro no Orçamento, o governo autorize a contratação das
novas unidades e depois pegue dinheiro do FGTS para pagar as obras.
Esse mecanismo já foi adotado em 2015 e 2016, mas de forma emergencial, para pagar
obras paralisadas por falta de
pagamento. O FGTS transferiu
R$ 8,1 bilhões para o Fundo de
Arredamento Residencial (FAR),
que deveria ser abastecido só
com dinheiro da União.
— Não apoiaremos qualquer
nova inciativa que venha a utilizar recursos do FGTS para pagar
obras no Faixa 1 — disse um executivo, acrescentando que essa
não é finalidade do Fundo.
— Como o governo vai fazer
novas casas para a faixa 1 se
não tem dinheiro? Vai pegar
mais dinheiro do FGTS? —indagou uma fonte do Conselho
Curador do FGTS.
MAIS CASAS COM SUBSÍDIOS
Os empresários também criticam a mudança de foco do
programa, até então nas faixas
de renda superior — em que o
beneficiário ganha o subsídio
do FGTS, mas assume um financiamento — nas faixas
mais baixas. Eles destacam
que, para atender a faixa 1,5
(intermediária entre a faixas 1
e 2), o governo vai reduzir a
meta prevista para a faixa 2, de
351 mil para 180 mil unidades,
e de 98 mil moradias para 70
mil na faixa 3. Estas faixas vinham rodando muito bem,
destacou um executivo.
A inscrição no cadastro é outro ponto muito criticado pelo
setor produtivo, que alega interferência do governo no mercado. Atualmente, as construtoras
compram o terreno, comercializam 30% das unidades, pegam
o financiamento na Caixa e vão
repassando aos tomadores. A
partir de agora, o processo é
centralizado no Ministério das
Cidades, que fará a distribuição
das moradias nas diversas regiões do país e o sorteio dos beneficiários na faixa de renda 1,5.
— Isso vai travar o processo de
vendas, que é muito difícil. Um
vendedor leva até dois meses para fechar uma venda e o banco
precisa aprovar o crédito para o
interessado. Com a mudança, o
comprador terá fazer o cadastro,
esperar ser sorteado, o que pode
demorar e, quando isso acontecer, a análise de crédito perderá a
validade — disse um empresário.
Na terceira edição do programa, a fatia do FGTS na concessão
do subsídios sobe de 82,5% para
89% e a contrapartida da União
cai de 17,5% para 11%. A parte do
governo já foi de 25% e 17,5%.
Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda
informou que estão previstos R$
8 bilhões do Orçamento da União para o Minha Casa Minha Vida, considerando os subsídios e
as despesas com a Faixa 1. (Geralda Doca) l
U
Número de imóveis
110 MIL
FAIXA 1
Para quem tem renda familiar de
até R$ 1.800 . As prestações são
simbólicas
120 MIL
FAIXA 1,5
Para famílias com renda de até
R$ 2.350. Há subsídio do FGTS
de R$ 45 mil por imóvel
180 MIL
FAIXA 2
Beneficia famílias com renda de
até R$ 3,6 mil e tem subsídios
do FGTS de até R$ 27.500
70 MIL
FAIXA 3
Vale para quem tem renda
familiar de até R$ 6.500 e não
tem subsídios
28
l O GLOBO
l Economia l
Terça-feira 29 .3 .2016
Governo prevê que dívida bruta
chegará a 71,9% do PIB este ano
Auditores terão bônus
se arrecadação subir
Em 2017, índice subirá a 72,5%. Previsões estão no projeto da LD0
Receita também
dará reajuste salarial
de 21,3%, distribuído
em quatro anos
MARTHA BECK
[email protected]
NOVAS PROJEÇÕES
[email protected]
Governo prevê maior endividamento e
menor crescimento
BÁRBARA NASCIMENTO
-BRASÍLIA- A equipe econômica estima que
a dívida bruta do país — principal indicador de solvência observado pelo mercado financeiro — vai encerrar 2016 em
71,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Atualmente, está em 67% do PIB. Pela projeção, o valor subirá para 72,5% do
PIB em 2017 e só cairá a partir de 2018,
quando deve terminar o ano em 71,3%
do PIB. As novas estimativas estão no
projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, encaminhado ontem ao Congresso.
Diante da forte queda na arrecadação
e do engessamento das despesas públicas, o governo já sabe que não terá condições de realizar o esforço fiscal prometido para este ano e, por isso, foi obrigado ao pedir ao Legislativo para mudar a
LDO. O projeto reduz a meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) da União
de R$ 24 bilhões (0,39% do PIB) para R$
2,8 bilhões (0,04% do PIB). Desta nova
meta, o governo ainda quer abater R$
99,45 bilhões em frustração de receitas e
aumentos de despesas. Assim, na prática, o resultado do ano pode ser um déficit primário de R$ 96,65 bilhões (1,55%
do PIB). Isso tornaria a trajetória da dívida ainda mais negativa.
LDO ANTERIOR PREVIA DÍVIDA MENOR
Na LDO em vigor, a previsão do governo
é que a dívida bruta não passaria de 70%
do PIB. Ficaria em 66,4% em 2016, baixaria para 66,3% em 2017 e depois cairia
para 65,6% do PIB em 2018. No caso da
dívida líquida, a projeção anterior era de
37,8% do PIB este ano, 38,4% em 2017 e
38% em 2018. Agora, com um horizonte
mais negativo, a trajetória estimada é de
39% do PIB em 2016, batendo em 40%
em 2017 e voltando a 39,5% em 2018.
No documento, a equipe econômica
LDO EM VIGOR
NOVA PROPOSTA
Resultado primário
(setor público)
2016
Resultado primário
da União
0,5%
0,15%*
37,8%
Dívida bruta
39,0%
66,4%
Inflação
-6,47%
7,4%
71,9%
2017
38,4% 40,0%
66,3%
72,5%
2018
38,0% 39,5%
65,6%
71,3%
4,5%
6,0%
4,5%
5,4%
Fonte: PLN 01/2016 e LDO 2016
também piorou suas projeções para
os principais indicadores econômicos. Para o PIB, por exemplo, a equipe
passa a esperar retração de 3,1% neste
ano. Anteriormente, a queda estimada era de 1,9%.
Para 2017, o valor previsto passou de
um crescimento de 1,8% para 1%. Para
2018, no entanto, há mais otimismo. A
projeção de crescimento do PIB passou
de 2,1% para 2,9%. No caso da inflação,
a taxa esperada agora é de 7,44% (contra 6,47% anteriormente) neste ano, 6%
(contra 4,5% anteriormente) no ano
que vem, e 5,44% (contra 4,5% anteriormente) em 2018.
Nesse cenário, o governo não tem outra escolha que não levar em frente as
prometidas reformas estruturais. Especialistas consideram que esta é a única
forma de reverter a trajetória de déficits
fiscais, consolidada nos últimos anos.
— Quanto mais o governo adia os
ajustes necessários, de um lado, e a
economia patina, de outro, mais preju-
Com as receitas em
queda livre e sem mais meios
de cortar gastos para conseguir colocar as contas do país
de novo nos trilhos, o governo
cedeu à pressão dos auditores
fiscais da Receita Federal e
aceitou fazer um acordo para
incentivar os responsáveis
pela arrecadação. Além de
um reajuste de 21,3% no salário, os servidores ganharam
direito a um bônus de eficiência atrelado, entre outros fatores, ao desempenho coletivo
da categoria e ao crescimento
anual da arrecadação.
O reajuste sobre o vencimento básico vai se dar em
quatro anos, até 2019, e permitirá que o salário inicial
dos auditores suba de R$
15.700 para R$ 21 mil e, no
fim da carreira, vá dos atuais
R$ 22.500 para R$ 27.300. A
primeira correção, de 5,5%,
será aplicada sobre a remuneração de agosto.
Segundo o acordo, o bônus de
eficiência será pago com recursos do Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf ), que recolhe
multas aplicadas pelos auditores e recursos de leilões de mercadorias apreendidas. O presidente do Sindicato Nacional
dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Claudio Damasceno, justificou que, dessa forma, não há
impacto do bônus nas contas
do governo:
— Apenas o valor do vencimento básico vai sair do Tesouro Nacional. O resto sai do
1,8%
1,0%
2,1%
2,9%
1,65%
1,65%
Dívida líquida
2016
[email protected]
-BRASÍLIA-
-1,9%
-3,1%
1,10%
1,10%
2%
2%
2018
BÁRBARA NASCIMENTO
PIB
0,39%
0,04%*
1,3%
1,3%
2017
*Desta nova meta, o governo quer
abater R$ 99,45 bi em frustração
de receitas e aumento de despesas.
Na prática, o resultado pode ser
um déficit primário de R$ 96,65 bi
(1,55% do PIB)
Editoria de Arte
dica a dívida — avalia o economista da
Tendências Consultoria, Fábio Klein.
Em um cenário de déficits recorrentes e dívida bruta alta, os juros pagos
pelos títulos ficam mais elevados e o
serviço da dívida, mais caro. Além disso, o déficit nominal (que inclui a dívida mais os juros) fica maior, e o risco de
insolvência do país cresce, explica
Klein. Ele tem uma visão ainda mais
pessimista do que os números do governo e espera que a dívida bruta atinja, em 2016, um novo recorde: 73,5% do
PIB. No ano passado, o indicador ficou
em 66,2% do PIB.
— Esse limbo fiscal revela os desafios
simultâneos que a gente tem: de um lado uma economia que desacelera, joga
a atividade para baixo e leva o governo
a aumentar o déficit primário por causa
da arrecadação. De outro, não há como
cortar mais gastos porque dependeria
de um arranjo político — acrescenta o
economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. l
fundo, que já existe e é destinado à Receita.
TEMPO DE CASA CONTARÁ
Entre agosto e dezembro de
2016, o adicional será pago
em uma parcela mensal fixa
de R$ 3 mil. A partir daí, o bônus varia de acordo com a
quantia que entrar no Fundaf
e será calculado considerando o cumprimento de metas e
o tempo de permanência. Para os ativos, quanto mais
tempo de casa, maior o percentual. Para inativos, quanto mais temU
po de aposentadoria,
Números
menor o ganho.
— Vai ter
5,5
que haver toPOR CENTO
do um esforço
Será a
extra dos serprimeira
vidores e uma
parcela do
retomada do
reajuste,
crescimento
que será
para que o bôconcedida
nus seja inteem agosto
grado ao salário — disse
Damasceno.
R$ 21
Há alteraMIL
ções previstas
Será o novo
também nos
salário inicial
auxílios-aliem 2019.
mentação, préHoje, é R$
escolar e saú15,7 mil
de. A crise com
os auditores começou no meio
do ano passado, quando o Congresso negou a entrada dos servidores entre os beneficiados
com a proposta de emenda
constitucional (PEC) 443. O projeto aumentava o teto da remuneração de advogados públicos
e delegados de polícia e concedia aumentos de até 59%. l
NA WEB
http://glo.bo/1Mx341W
Salários perdem para
inflação em mais da
metade dos acordos de fevereiro
Siderúrgicas devem fechar 11.332 vagas no primeiro semestre
Estimativa é do
Instituto Aço Brasil,
que quer incentivos
para exportar mais
DANIELLE NOGUEIRA
[email protected]
No primeiro semestre deste ano,
11.332 vagas serão fechadas na
indústria siderúrgica, segundo
estimativas divulgadas ontem
pelo Instituto Aço Brasil (IABr),
que reúne as principais empresas do setor. O número representa um acréscimo de 15% em relação às previsões de dois meses
atrás e dá o ritmo de quão rapidamente a crise vem se agravando entre as siderúrgicas. Na conta
estão incluídas as demissões feitas pela Usiminas, de cerca de
BOVESPA SAL. MÍNIMO SAL. MÍNIMO
(FEDERAL)*
(RJ)**
TR
22/03 0,1548% 23/03 0,1629% 24/03 0,1382%
Selic: 14,25%
Correção da Poupança
Até 03/05/12
10/04
11/04
12/04
13/04
14/04
15/04
16/04
17/04
18/04
19/04
20/04
21/04
22/04
23/04
24/04
A partir de 04/05/12
ÍNDICE
0,6770%
0,6291%
0,6324%
0,6621%
0,7063%
0,7068%
0,6934%
0,6929%
0,6381%
0,6307%
0,6598%
0,7197%
0,6556%
0,6637%
0,6389%
DIA
10/04
11/04
12/04
13/04
14/04
15/04
16/04
17/04
18/04
19/04
20/04
21/04
22/04
23/04
24/04
ÍNDICE
0,6770%
0,6291%
0,6324%
0,6621%
0,7063%
0,7068%
0,6934%
0,6929%
0,6381%
0,6307%
0,6598%
0,7197%
0,6556%
0,6637%
0,6389%
Obs: Segundo norma do Banco Central, os
rendimentos dos dias 29, 30 e 31 correspondem ao
dia 1º do mês subsequente.
Setembro -3,36%
Outubro
+1,8%
Novembro -1,63%
Dezembro
-3,9%
Janeiro
-6,79%
Fevereiro +5,91%
R$ 788
R$ 788
R$ 788
R$ 788
R$ 880
R$ 880
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
R$ 953,47
Obs: * O valor do salário mínimo a partir de 1º de
janeiro de 2016 é de R$ 880. ** Piso para
empregado doméstico, entre outros.
IMPOSTO DE RENDA
IR NA FONTE MARÇO 2016
Base de cálculo
R$ 1.903,98
De R$ 1.903,99 a 2.826,65
De R$ 2.826,66 a 3.751,05
De R$ 3.751,06 a 4.664,68
Acima de R$ 4.664,68
RICH PRESS/BLOOMBERG NEWS/ARQUIVO
Alíquota Parcela a deduzir
Isento
7,5%
15%
22,5%
27,5%
—
R$ 142,80
R$ 354,80
R$ 636,13
R$ 869,36
Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) dedução
especial para aposentados, pensionistas e
transferidos para a reserva remunerada com 65 anos
ou mais: R$ 1.903,98; c) contribuição mensal à
Previdência Social; d) pensão alimentícia paga devido
a acordo ou sentença judicial.
Obs: Para calcular o imposto a pagar, aplique a
alíquota e deduza a parcela correspondente à faixa.
Esta nova tabela só vale para o recolhimento do IRPF
este ano.
A primeira parcela do IRPF de 2016 vence no dia 29 de
abril.
INFLAÇÃO
Trabalhador assalariado
Salário de contribuição (R$)
Até 1.556,94
de 1.556,95 a 2.594,92
de 2.594,93 a 5.189,82
Alíquota (%)
8
9
11
Obs: Percentuais incidentes de forma não cumulativa
(artigo 22 do regulamento da Organização e do
Custeio da Seguridade Social).
Trabalhador autônomo
Para o contribuinte individual e facultativo, o valor da
contribuição deverá ser de 20% do salário-base.
Contribuição mensal mínima de R$ 176,00 (para o piso
de R$ 880,00) e máxima de R$ 1.037,96 (para o teto de
R$ 5.189,82)
UFIR
Março
R$ 1,0641
Obs: foi extinta
UFIR/RJ
Março
R$ 3,0023
Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08
Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser
pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e
depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1 Uferj
= 44,2655 Ufir-RJ)
DÓLAR
Índice Variações percentuais
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
4370,12
4405,95
4450,45
4493,17
4550,23
4591,18
No mês
No ano Últ. 12meses
0,54% 7,64%
0,82% 8,52%
1,01% 9,62%
0,96% 10,67%
1,27% 1,27%
0,90% 2,18%
9,49%
9,93%
10,48%
10,67%
10,71%
10,36%
IGP-M (FGV)
Índice Variações percentuais
(8/94=100)
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
593,606
604,832
614,051
617,044
624,060
632,114
No mês
No ano Últ. 12meses
0,95% 6,34%
1,89% 8,35%
1,52% 10,00%
0,49% 10,54%
1,14% 1,14%
1,29% 2,44%
8,35%
10,09%
10,69%
10,54%
10,95%
12,08%
IGP-DI (FGV)
Índice Variações percentuais
(8/94=100)
UNIF
CÂMBIO
IPCA (IBGE)
(12/93=100)
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
589,897
600,269
607,441
610,128
619,476
624,366
2006. Essa volta ao passado se
acentuou a partir de 2014,
quando os principais segmentos que consomem aço no Brasil já davam sinais de recuo na
demanda. As indústrias de
bens de capital, automotiva e
de construção civil respondem
por 80% do consumo. A produção deve cair 1% este ano, para
32,9 milhões de toneladas, o
menor nível desde 2010.
SETOR QUER ‘ENTRAR NA FILA’
Para Marco Polo, a saída para o
setor são as exportações. A reivindicação do IABr é que o governo federal retome o Reintegra, programa que “limpa o resíduo tributário” das exportações, nas palavras de Marco Polo. Como o produto passa por
diferentes etapas, e em cada
uma incide uma lista de tribu-
Crise no setor. CSN, em Volta Redonda: 900 funcionários demitidos
INSS/MARÇO
ÍNDICES
Indicadores
DIA
1.800 funcionários, e da CSN, de
aproximadamente 900 pessoas.
Entre 2014 e 2015, outras
29.740 pessoas já haviam perdido o emprego e 2.296 tiveram
seu contrato de trabalho suspensos (lay off). Além das demissões, cerca de 9 mil postos
de trabalho deixaram de ser
abertos devido a investimentos
engavetados. Entre 2014 e 2015,
US$ 2,9 bilhões em projetos deixaram de sair do papel, segundo levantamento do instituto.
— É a pior crise da história da
siderurgia brasileira. É pior que
a crise de 2008, porque a recuperação será mais lenta — disse
Marco Polo de Mello Lopes,
presidente executivo do IABr.
A previsão para 2016 é que o
consumo caia 8,8% ante 2015,
para 19,4 milhões de toneladas, voltando ao patamar de
No mês
No ano Últ. 12meses
1,42% 7,03%
1,76% 8,91%
1,19% 10,21%
0,44% 10,70%
1,53% 1,53%
0,79% 2,33%
9,31%
10,58%
10,64%
10,70%
11,65%
11,93%
Dólar comercial (taxa Ptax)
Paralelo (São Paulo/CMA)
Diferença entre paralelo e comercial
Dólar-turismo esp. (Banco do
Brasil)
Dólar-turismo esp. (Bradesco)
EURO
Euro comercial (taxa Ptax)
Euro-turismo esp. (Banco do Brasil)
Euro-turismo esp. (Bradesco)
Compra R$
Venda R$
3,6401
3,62
-0,55%
3,55
3,6408
3,79
11,28%
3,73
3,48
3,88
Compra R$
Venda R$
4,0795
3,9734
3,90
4,0817
4,1847
4,35
OUTRAS MOEDAS
Cotações para venda ao público (em R$)
Franco suíço
Iene japonês
Libra esterlina
Peso argentino
Yuan chinês
Peso chileno
Peso mexicano
Dólar canadense
3,75446
0,0322528
5,21033
0,253119
0,563438
0,00538619
0,209811
2,77365
FONTE: MERCADO
Obs: As cotações de outras moedas estrangeiras
podem ser consultadas nos sites www.xe.com/ucc e
www.oanda.com.
tos, o programa previa um
reembolso ao produtor de 3%
do seu valor final. A iniciativa
valia não apenas para a indústria siderúrgica, como também
para outros segmentos exportadores. Isso custava ao governo
cerca de R$ 7 bilhões por ano.
Com a pressão pelo ajuste fiscal, o percentual de reembolso
caiu para 0,1% em dezembro.
Considerando o retorno pleno
do Reintegra, a estimativa do IABr para as exportações este ano
são de alta de 2,3% em volume e
3% em valor. Marco Polo deu a
entender que a retomada do
programa poderia ser custeada
pelas reservas internacionais:
— Está se falando em usar as
reservas para financiar programas sociais e abater dívidas. O
que estou dizendo é que tem
alguém na fila aqui também. l
BOLSA DE VALORES: Informações sobre
cotações diárias de ações e evolução dos
índices Ibovespa e IVBX-2 podem ser
obtidas no site da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), www.bovespa.com.br
CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI
podem ser consultadas nos sites de
Anbima (www.anbima.com.br) e Cetip
(www.cetip.com.br). A Taxa Básica
Financeira (TBF) está disponível
no site do Banco Central (www.bc.gov.br).
Para visualizá-la, clicar em “Economia e
finanças” e, posteriormente, em “Séries
temporais”
FUNDOS DE INVESTIMENTO:
Informações disponíveis no site da
Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima), www.anbima.com.br. Clicar em
“Fundos de investimento”
IDTR: Pode ser consultado no site da
Federação Nacional das Empresas de
Seguros Privados e de Capitalização
(Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na
barra “Serviços” e, posteriormente, em
FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados
ÍNDICE DE PREÇOS: Outros indicadores
podem ser consultados nos sites da
Fundação Getulio Vargas (FGV, www.fgv.br),
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, www.ibge.gov.br) e da
Anbima (www.anbima.com.br)
l Economia l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
Bolsa sobe 2,38% e dólar cai com
chance de PMDB deixar governo
O DIA NO MERCADO FINANCEIRO
VARIAÇÃO
Ibovespa
Dólar comercial
2,38%
-1,49%
[email protected]
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta
ontem pela primeira vez em
quatro pregões, e o dólar comercial caiu com força contra
o real, com os investidores reagindo aos sinais de rompimento do PMDB com o governo da
presidente Dilma Rousseff.
brecht com o nome de mais
de 200 políticos — que teriam recebido doações de
campanha, embora a investigação da Lava-Jato ainda
não tenha chegado a provas
de desvios. Segundo analistas, o “listão” da Odebrecht
enfraqueceria a oposição e,
logo, dificultaria o impeachment. Investidores costumam reagir com otimismo a
Petrobras PN
8,07%
6,41%
5,95%
5,85%
5,77%
Petrobras ON
Banco do Brasil ON
notícias desfavoráveis ao governo, por discordarem da
atual política econômica.
— O mercado como um todo reage à possibilidade de
saída do PMDB do governo.
Mas é claro que tem algumas
exceções, como a Vale, que
cai com o câmbio e com o minério de ferro — afirmou Luiz
Roberto Monteiro, operador
da corretora Renascença. l
Metalúrgica Gerdau PN
Estácio ON
Fibria ON
Kroton ON
Smiles ON
Suzano PNA
-7,11%
-6,65%
-4,52%
-2,67%
-2,63%
Fonte: CMA e Bloomberg
APRESENTA
Aprovação para a compra
do HSBC pode sair em
maio, segundo agência
DA BLOOMBERG NEWS
-SÃO PAULO- O Conselho Adminis-
MAPA ESTRATÉGICO DO COMÉRCIO INICIA EM
ANGRA DOS REIS SUAS ETAPAS REGIONAIS.
MAIS UM PASSO EM DIREÇÃO AO DESENVOLVIMENTO.
Formulada em parceria com a FGV, a iniciativa reúne dados socioeconômicos de oito
regiões fluminenses, com o objetivo de identificar vocações, oportunidades locais e
criar propostas concretas para o crescimento sustentável do setor do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo no Estado do Rio, no período de 2016 a 2020.
O Mapa aborda temas que afetam a economia do Estado e o desempenho
do setor, como Educação, Segurança, Infraestrutura e Ambiente Empresarial
e, em sua rodada inicial pelo interior, promoverá a discussão das
potencialidades da Costa Verde, em Angra dos Reis.
CONVIDADOS
MERVAL PEREIRA | GIULIANA MORRONE
GEORGE VIDOR | CRISTIANA LÔBO | ENTRE OUTROS
DE 30.3 A 1.4
ANGRA DOS REIS
VILA GALÉ ECO RESORT
R$ 8,44
R$ 10,63
R$ 10,50
R$ 20,10
R$ 2,20
MAIORES BAIXAS
Cade não deve
exigir venda
de ativos do
Bradesco
trativo de Defesa Econômico
(Cade) planeja aprovar a compra do banco HSBC pelo Bradesco por R$ 17,6 bilhões (US$
5,2 bilhões) sem forçar a instituição brasileira a vender ativos, afirmaram ontem fontes
próximas ao assunto consultadas pela agência Bloomberg.
A aprovação do acordo deve
sair em maio, disseram as fontes, que pediram anonimato
devido à confidencialidade da
decisão. Segundo elas, o órgão
regulador exigirá que o Bradesco aprimore o serviço oferecido aos clientes e mantenha
os direitos do consumidor e as
políticas tarifárias do HSBC,
sediado em Londres.
O Cade se mostrou preocupado quanto à concentração
do setor bancário brasileiro e
da possível redução da competição gerada com a compra,
disseram fontes em fevereiro.
O Bradesco firmou o acordo de
aquisição com banco britânico
em agosto na intenção de aprimorar seus ativos e rede de
agências, além de ganhar espaço na disputa pelo mercado
contra o Itaú Unibanco, maior
banco da América Latina em
valor de mercado.
As três instituições —Cade,
Bradesco e HSBC — não comentaram a informação a respeito do processo de avaliação
do órgão regulador.
Em fevereiro, o Cade ordenou que o HSBC informasse
todas as ofertas recebidas pela
unidade brasileira nos últimos
dois anos, pedido que foi considerado incomum por um assessor de imprensa do órgão.
Em janeiro, o Banco Central
aprovou a transação.
No mesmo mês, o Bradesco e
o Banco do Brasil abandonaram um plano de comprar uma
participação na unidade brasileira da processadora de pagamentos Elavon, que atua no setor de cartões, após o Cade indicar que imporia restrições, afirmaram duas fontes à época. l
50.838 pts
R$ 3,627
Cyrela ON NM
No mercado acionário, o
índice de referência da Bolsa, o Ibovespa, registrou alta
de 2,38%, aos 50.838 pontos.
No câmbio, o dólar comercial caiu 1,49%, cotado a R$
3,625 para compra e a R$
3,627 para venda.
Na semana passada, a moeda havia subido 2,76% frente ao real, após a divulgação
da lista da empreiteira Ode-
VALOR
MAIORES ALTAS
Analistas avaliam que cenário é de provável impeachment de Dilma
RENNAN SETTI
l 29
EVENTO GRATUITO
VAGAS LIMITADAS
Inscreva-se em mapadocomerciorj.com.br
R$ 11,24
R$ 32,30
R$ 11,19
R$ 38,25
R$ 13,72
Editoria de Arte
Ações de
estatais e do
setor bancário
puxam alta
Já papéis de empresas de
educação recuam, em dia
de pouco movimento
Os ganhos do pregão de ontem
foram puxados por ações de
empresas estatais e do setor
bancário. A Petrobras ON subiu 6,40% (R$ 10,63 ) e a PN,
8,06% (R$ 8,44). Já as ações da
Vale registraram alta de 0,79%
(ON, a R$ 15,17) e 0,17% (PNA,
a R$ 11,39). O Banco do Brasil
ON avançou 5,84% (R$ 20,10),
enquanto o Bradesco PN subiu
4,87% (R$ 27,54). O Itaú Unibanco PN teve alta 2,48% (R$
31,76), e o Santander, de 2,65%
(R$ 17,41).
— O mercado está bastante
para cima, com poucos papéis
caindo. Os investidores repercutem a expectativa de que o
PMDB saia do governo, e, se isso
acontecer, a chance de se chegar
a dois terços de parlamentares
pró-impeachment é muito grande. Só quem sofre um pouquinho são as empresas ligadas ao
dólar. O setor de educação também está em baixa, mas é na base da especulação da especulação, com a tese de que um eventual governo Temer enxugaria os
programas de financiamento do
setor — afirmou Hersz Ferman,
da Elite Corretora.
A rede de universidades Kroton caiu 4,52% (R$ 11,19), enquanto sua concorrente Estácio
despencou 7,10% (R$ 11,24).
Entre as exportadoras, a Fibria
recuou 6,64% (R$ 32,30), e a Suzano, 2,62% (R$ 13,72).
A ação PN da Gol avançou
6,10%, a R$ 3,30, depois de a
companhia aérea ter anunciado
que contratou assessoria financeira da PJT Partners sobre medidas para fortalecimento da estrutura de capital, liquidez e perfil
de endividamento.
— Mas o volume do pregão é
pequeno. A impressão que dá é
que notícias sobre o impeachment não estão atraindo tanto
fluxo como antes — completou
Ferman, da Elite.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones teve leve alta de 0,11%, enquanto o S&P 500 ficou estável e
o Nasdaq caiu 0,14%. Na Europa,
as Bolsas seguem fechadas nesta
segunda por causa do feriado de
Páscoa. (Rennan Setti) l
Chineses oferecem US$ 14 bilhões pela rede hoteleira Starwood
Proposta dificulta
planos da Marriott,
que tenta fusão com
grupo americano
PATRICK T. FALLON / BLOOMBERG NEWS / 21-3-2016
-NOVA YORK- Em mais um round na
disputa pela rede hoteleira
americana Starwood Hotels &
Resorts — operadora das bandeiras Meridien, Sheraton, W e
Westin — o grupo chinês de seguros Anbang Insurance aumentou sua oferta para quase
Cobiçado. Hotel W, uma das bandeiras da rede Starwood, em Hollywood
US$ 14 bilhões, em dinheiro. A
proposta equivale a US$ 82,75
por ação, bem superior aos US$
78 (em dinheiro e troca de participações) oferecidos pela Marriott International, que pretendia se unir à Starwood para criar a maior rede hoteleira do
mundo, com 5.700 hotéis.
Na negociação, a Anbang
formou um consórcio com os
fundos de private equity J.C.
Flowers & Co e Primavera Capital.
Se confirmada, além de tirar
a Marriott da disputa, a compra da Starwood pela Anbang
será a maior aquisição já feita
por investidores chineses de
uma empresa americana. A
Marriott não informou se vai
elevar sua proposta, que será
votada em assembleia de acionistas da Starwood no próximo dia 8.
Diante da disputa acirrada, a
empresa partiu para o ataque à
rival chinesa e questionou a
capacidade da Anbang de concluir o negócio. Em comunica-
do, afirmou que está confiante
de que o acordo de fusão
anunciado anteriormente com
a Starwood é o melhor caminho para ambas as partes: “Os
acionistas da Starwood deveriam considerar seriamente a
questão sobre a capacidade do
consórcio liderado pelo Anbang de fechar a transação
proposta, com foco na certeza
do financiamento do consórcio e no tempo exigido para
aprovações regulatórias”, disse
a rede hoteleira. l
30
l O GLOBO
l Economia l
Terça-feira 29 .3 .2016
Nos Classificados do Rio achou
uma oportunidade, achou de verdade.
Ofertas atuais com fotos e navegação inteligente.
Acesse!
www.classificadosdorio.com.br
classificadosdorio.com.br / 2534-4333
l Economia l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
l 31
[email protected]
H
á duas semanas, fiz uma lista de alguns
dos meus apps Android favoritos, que
chamei de “aplicativos essenciais”. Mas
recebi tantas sugestões de ótimos apps que não
entraram na lista que me dei conta de que o título
foi mal escolhido. Impossível fazer hoje uma lista
de aplicativos essenciais, a menos que se disponha de muito espaço e que se possa fazer acréscimos à medida que eles chegam; em suma, a menos que se esteja na internet. De modo que a lista
dos meus apps favoritos para iPhone vem com outro nome, o nome possível diante do espaço do
jornal e da multiplicidade de opções que temos.
Dropbox: Apesar da quantidade de alternativas que já existem para transferir arquivos, o
bom e velho Dropbox continua imbatível em
sua simplicidade. Como o nome diz, é uma
“caixa” multiplataforma na qual guardamos
coisas para carregá-las sempre conosco.
Magisto: Parece mágica: junte imagens e vídeos, salpique a trilha sonora da sua preferência e pronto, o Magisto cria lindos filminhos automaticamente. Há inclusive uma opção de 15
segundos para o Instagram.
VivaVideo: Este, ao contrário do Magisto, é
para quem quer mais controle sobre os vídeos.
Além das ferramentas básicas de edição, traz
dúzias de filtros, transições, stickers e fontes.
Enlight: Num mundo de aplicativos de imagem
CORA
RÓNAI
DIGITAL
iPhone: alguns aplicativos
Depois da versão Android, é hora de listar os ‘apps’ que tornam bem
mais fácil — e, por que não, divertida — a vida de quem tem iOS
gratuitos, ainda vale a pena pagar por uma ferramenta dessas? Se você adora fotografia e efeitos especiais,
a resposta é sim. O Enlight tem um conjunto de ajustes poderosos e ótimos filtros, acompanhados de tutoriais fáceis de entender. Ele foi escolhido pela própria Apple como um dos melhores apps de 2015.
Oktoplus: Grande ideia: um gerenciador de programas de fidelidade, que mostra num único painel
quantas milhas ou pontos temos em cada um deles.
O Oktoplus traz, além disso, um prático buscador de
passagens, que dá o seu preço em milhas e reais.
Worldmate: O Worldmate é um dos meus favoritos
desde os tempos do Palm Pilot: ele cria agendas juntando voos, reservas de hotéis e encontros marcados,
dá avisos sobre voos, busca as passagens e quartos
mais baratos, faz conversão de moedas, mostra o clima no local de destino e, para quem gosta, até compartilha essas informações. Multiplataforma, pode ser
acessado de qualquer computador ou dispositivo.
Duolingo: E, por falar em viagens: que tal aprender e praticar um idioma estrangeiro nas horas vagas? O app, gratuito, ensina inglês, francês, espanhol e alemão, e tem vários níveis de dificuldade,
com uma variedade de exercícios para cada um.
1Password: As incontáveis senhas do seu dia
a dia num só lugar. O 1Password guarda todas e
as utiliza conforme necessário. O conteúdo,
criptografado e protegido por uma senha mestra, fica sempre a salvo.
Adobe Post: Uma fábrica de “cartazinhos”
para mídias sociais. É só escolher uma foto da
sua própria coleção ou do estoque oferecido,
determinar a plataforma (Instagram, Facebook
ou Twitter), selecionar layout, fonte e cor e
compartilhar. Simples e eficiente.
iFood: Entra ano, sai ano, o iFood continua
sendo o melhor aplicativo para mandar vir comida. É simples, é prático, e oferece os serviços
de dezenas de restaurantes na sua área.
Paper: Risque, rabisque, mude as cores dos
rabiscos, destaque detalhes em fotos, escreva
sobre as fotos, tome notas, solte a imaginação.
Nono Islands: Esta é uma dica do meu netinho Fábio, do auge dos seus 6 anos e meio: um
game simpático e divertido, em que o jogador
deve ajudar uma dupla de exploradores a encontrar tesouros perdidos pelas ilhas.l
Conexão ruim e pouco acesso a bancos travam varejo digital
E-commerce no
Brasil é pequeno se
comparado a outros
grandes mercados
ROBERTA SCRIVANO
[email protected]
-SÃO PAULO- Medo de comprar pela
internet, baixo índice de bancarização da população, conexão
sofrível à rede e a crise econômica, que mexe com a confiança
do consumidor, ainda são grandes obstáculos à expansão do ecommerce no Brasil. A constatação é da consultoria Euromoni-
tor que, em estudo, revela que as
vendas de produtos e serviços
por meios digitais no mercado
brasileiro movimentaram US$
19,6 bilhões em 2015. O montante equivale a apenas 1,16%
do total de negócios online movimentados em dez grandes
mercados pesquisados. Apenas
os EUA, por exemplo, respondem por 38,5% do total, com
US$ 653 bilhões em vendas online no ano passado.
Nesse ranking, o Brasil fica na
oitava colocação, à frente apenas dos Emirados Árabes Unidos e da África do Sul. Grandes
economias emergentes, como
Rússia e Índia, estão mais bem
colocadas, na sexta e sétima posições, respectivamente.
Para 2020, a projeção da Euromonitor é que o e-commerce no
Brasil movimente US$ 28 bilhões — volume insuficiente para tirar o país da oitava posição.
— Como a penetração de
smartphones, acesso à internet
e a disponibilidade de um computador são fenômenos mais
recentes no Brasil do que nos
Estados Unidos, é natural que o
processo aqui esteja em um estágio diferente. A grande questão é que outros países emergentes, onde o processo digital
iniciou-se de maneira análoga à
do Brasil, já estão muito à frente
COMUNICADO
A TIM Celular S/A, operadora de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), modalidade Longa Distância Nacional (LDN),
comunica os preços praticados no Plano Básico de LDN para chamadas originadas em terminais fixos e móveis de outras
prestadoras do STFC e do SMP no Estado do Rio de Janeiro. Tal alteração deve-se à mudança na alíquota de ICMS + FECP
no Rio de Janeiro, que passou a 30%. Abaixo estão os valores praticados, em reais, no Estado do Rio de Janeiro já ajustados,
considerando a nova alíquota.
PREÇOS PLANO BÁSICO STFC VC1LD, VC2 e VC3.
Chamadas originadas a partir de outras prestadoras
de serviço de telefonia
PLANO DE SERVIÇO
Pós-Pago
Pré-Pago
Valores com Impostos RJ
DIREÇÃO
Normal
Reduzida
Normal
Reduzida
Fixo Outras - Fixo
0,64
0,64
0,96
0,96
Fixo Outras - Móvel
2,09
2,09
3,15
3,15
Móvel Outras - Fixo
2,31
2,31
3,48
3,48
Móvel Outras - Móvel
2,36
2,36
3,56
3,56
PREÇOS PLANO BÁSICO STFC VC1LD, VC2 e VC3. Chamadas
originadas a partir de outras prestadoras
de serviço de telefonia
PLANO DE SERVIÇO
Valores Líquidos
Valores Líquidos
Valores com Impostos RJ
DIREÇÃO
Normal
Reduzida
Normal
Reduzida
Fixo Outras - Fixo
1,30
1,09
1,96
1,64
Fixo Outras - Móvel
2,36
2,36
3,56
3,56
Móvel Outras - Fixo
2,36
2,36
3,56
3,56
Móvel Outras - Móvel
2,36
2,36
3,56
3,56
Para mais informações, acesse a página da TIM na internet (www.tim.com.br) ou ligue *144 do seu celular TIM.
29 de março de 2016.
em termos de vendas online, o
que indica que o país poderia
estar crescendo a taxas mais robustas — diz Angélica Salado,
analista da Euromonitor.
SÓ 60% TÊM CONTA EM BANCO
Apesar do crescente uso de
smartphones e da banda larga
no Brasil, diz ela, ainda existe
uma grande parcela da população à margem do comércio digital. E mesmo os que têm acesso
à rede, observa, ainda veem a
internet como um canal apenas
para pesquisar preços e buscar
ofertas. Persiste, assim, o receio
de concluir compras de bens de
maior valor (eletrodomésticos,
móveis e eletrônicos) via web.
Temor que é reforçado pela crise econômica.
— Nas compras de maior valor,
onde o que chamamos de “custo
de uma escolha errada" é maior,
nota-se esse receio. O brasileiro
prefere comprar pessoalmente,
pechinchando preços e negociando condições de pagamento,
algo que o ambiente online não
oferece. A necessidade de ver o
produto, testar, analisar, contribui para que a venda física mantenha sua representatividade no
varejo brasileiro — explica.
Outra barreira importante
identificada pela Euromonitor é
a questão dos meios de paga-
mento. A taxa de bancarização
nacional, ou o percentual de pessoas com contas bancárias em
relação ao total da população,
ainda é relativamente pequena,
abaixo de 60%. Além disso, a
consultoria identificou que muitos dos consumidores que têm
cartão de crédito veem o plástico
como emergencial, para ser usado em compras grandes e com
pagamento parcelado.
— Com o crescente nível de
endividamento da população,
o uso do cartão de crédito fica
comprometido, restringindo o
uso da principal “moeda” de
pagamento das compras digitais — detalhou. l
32
l O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
Mundo
LIBERDADE CERCEADA
Repressão em Angola
_
Condenação de 17 ativistas causa protestos contra presidente Santos, no poder desde 1979
REUTERS/HERCULANO COROADO
GUILHERME FREITAS
[email protected]
Depois de um turbulento processo judicial, que
expôs as restrições à liberdade de expressão em
Angola, os 17 ativistas acusados de tramar um
golpe de Estado contra o presidente José Eduardo dos Santos foram condenados ontem, em
Luanda, por “atos preparatórios de rebelião e
associação de malfeitores”. O rapper Luaty Beirão, que chamou a atenção do mundo para o caso ao fazer uma greve de fome de 36 dias no ano
passado, foi condenado a 5 anos e 6 meses de
detenção. Os demais receberam penas de 2 a 8
anos de prisão. A decisão foi criticada em Angola e em Portugal, onde uma manifestação promovida ontem à noite pela Anistia Internacional, em Lisboa, pediu a libertação dos presos.
Os advogados de defesa anunciaram que vão
recorrer ao Tribunal Supremo do país.
O caso começou em 20 de junho do ano passado, quando 15 ativistas foram detidos por participarem de um grupo de estudos sobre os livros “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura: filosofia política de libertação
para Angola”, do professor universitário angolano Domingos da Cruz, e “Da ditadura à democracia”, do cientista político americano Gene
Sharp, influente em movimentos de resistência
não violenta em vários países, da Ucrânia ao Irã.
Mais tarde, além dos 15 detidos, outros dois ativistas também passaram a responder a um processo por suposta conspiração contra o governo
de Santos, no poder desde 1979 pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Autor de um dos livros que motivaram os encontros, o acadêmico Cruz foi descrito na decisão judicial como líder de uma “associação criminosa” e recebeu a pena mais severa entre todos os condenados: 8 anos e 6 meses de prisão.
Os ativistas foram conduzidos ainda ontem à
penitenciária de Viana, em Luanda, capital do
país, onde aguardarão o resultado do recurso, o
que pode levar de seis meses a um ano.
‘INTERESSE EM SILENCIAR VOZES DISCORDANTES’
O coordenador de ativismo da Anistia Internacional de Portugal, Daniel Oliveira, diz que a
condenação confirmou os piores temores da organização, que vem protestando contra as
prisões desde o ano passado. Segundo Oliveira,
a decisão é parte de uma “ação orquestrada” do
governo Santos para intimidar os opositores em
um país que apresenta casos recorrentes de ataques à liberdade de expressão e de reunião.
— Os ativistas estavam apenas a usufruir da
liberdade de expressão. Fica visível que há um
interesse das autoridades angolanas em silenciar as vozes discordantes. Quaisquer movimentos e vozes de oposição são violentamente
reprimidos. O governo tenta usar os ativistas
como exemplo, para que todos pensem duas
vezes antes de tentar exercer sua opinião —
disse Oliveira ao GLOBO, por telefone, lamentando que a pressão internacional pela libertação dos presos não tenha surtido efeito. — A
Anistia Internacional, o Parlamento Europeu e
as Nações Unidas se manifestaram em diversas ocasiões contra as prisões, mas hoje qualquer discurso favorável aos direitos humanos
parece letra morta em Angola.
Oliveira diz que a condução do processo mos-
Justiça sob suspeita. Parte do grupo escuta a sentença ontem, em Luanda: detidos por debaterem livros sobre democracia, eles receberam penas de 2 a 8 anos de prisão
U
U
Memória
Quem são
LUATY BEIRÃO. Um dos
ativistas detidos em junho
de 2015, o rapper de 34
anos denunciou a
repressão em Angola com
uma greve de fome de 36
dias, em 2015, e ontem
foi condenado a 5 anos e 6
meses de prisão.
tra a “promiscuidade” entre Executivo e Judiciário em Angola. Num julgamento que se arrastava desde novembro, os ativistas foram acusados
primeiro de tentativa de golpe de Estado, depois
de complô para assassinar o presidente Santos,
e acabaram enquadrados na condenação mais
genérica de “preparação de rebelião” e “associação de malfeitores”. O jurista angolano Benja Satula disse ao jornal português “Público” que a
sentença é “inconstitucional”, e afirmou acreditar que o Tribunal Supremo poderá anulá-la
Amigo de Luaty Beirão, sobre quem já escreveu em sua coluna no GLOBO, o escritor angolano José Eduardo Agualusa diz que o processo
teve “caráter político” desde o início. Ele acredita que a condenação vai reavivar as manifestações a favor dos presos e a contestação interna
DOMINGOS DA CRUZ.
Autor do livro
“Ferramentas para
destruir o ditador e evitar
nova ditadura”, debatido
pelos ativistas, o
professor universitário
recebeu a maior pena: 8
anos e 6 meses.
ao regime Santos, no momento em que o governo enfrenta uma séria crise econômica e social.
— Hoje (ontem) se inicia um novo período
de luta pela democracia em Angola. Se até
agora ainda podia haver a ilusão de que o regime estava a caminhar para a democracia, isso
acabou. O regime está numa situação muito
difícil e demonstra incompetência para os aspectos mais básicos de governo. A comoção
pelas condenações só vai agravar a situação,
podendo causar discordância mesmo dentro
do MPLA — diz, por telefone, Agualusa, que
falou recentemente com Luaty e com a família
do rapper. — Havia alguma esperança de que
eles não fossem condenados, os meninos são
idealistas inocentes. A condenação é uma
grande injustiça. l
PAÍS É CONSIDERADO UM DOS
MAIS CORRUPTOS DO MUNDO
José Eduardo dos Santos é um dos presidentes mais
longevos do mundo: está no poder desde 1979,
quando assumiu após a morte de Agostinho Neto.
Ganhou as eleições de 1992, as primeiras após o fim
da guerra civil iniciada em 1975 mas, com a retomada
das hostilidades, permaneceu no poder. A morte do
chefe rebelde Jonas Savimbi, em 2002, pôs fim ao
conflito, mas Santos sucessivamente adiou novas
eleições, só realizadas em 2010, quando foi reeleito.
Nos anos 1990, ele levou o país a abandonar a
ideologia marxista e iniciou uma economia de
mercado. Aos 73 anos, é acusado de encabeçar um
dos regimes mais corruptos da África: ficou em 163º
lugar entre 168 países (quanto mais perto do fim, mais
corrupto) no índice da ONG Transparência
Internacional em 2015. A filha mais velha do
presidente, Isabel, tornou-se, segundo a revista
“Forbes”, a primeira mulher bilionária do continente, à
frente de vários negócios no país — rico em petróleo e
diamantes, e onde 70% da população vivem com até
US$ 2 por dia por pessoa — e no exterior. A fortuna de
Isabel, que frequenta o Brasil desde a década de
1990, é estimada em US$ 3,7 bilhões, mas ela nega
qualquer origem escusa.
Após silenciar livreiros, governo chinês vai atrás de dissidentes exilados
REUTERS/ALY SONG
Parentes de opositores são
detidos após publicação de carta
crítica ao presidente Xi Jinping
SIMON DENYER
Do ‘Washington Post’
-WASHINGTON- Pouco importa estar em Nova York, na
zona rural da Alemanha ou em Hong Kong. É melhor pensar duas vezes antes de criticar o presidente da China, Xi Jinping. Nos últimos dias, dissidentes chineses nos Estados Unidos e na Alemanha disseram que parentes próximos que ficaram
na China foram levados pela polícia, como parte
de uma crescente caçada aos autores de uma misteriosa carta que pede a renúncia de Xi Jinping.
A carta, publicada num site ligado ao governo
e assinada por “membros leais do Partido Comunista”, claramente atingiu um nervo: também há relatos de que cerca de uma dúzia de
funcionários do site e de uma companhia de
tecnologia relacionada tenham sido detidos.
No domingo, o colunista Chang Ping, que vive na
Alemanha, escreveu que a polícia deteve seus dois
irmãos e uma irmã na província de Sichuan. As autoridades, conta, pediram aos seus parentes que
entrassem em contato com ele e exigissem que cessasse os artigos críticos ao Partido Comunista Chinês (PCC), especialmente um texto publicado pelo
“Deutsche Welle” sobre a carta. Na sexta-feira, o
blogueiro Wen Yunchao, baseado em Nova York e
conhecido como Bei Feng, afirmou que seu irmão e
outros parentes também foram levados na província de Guangdong, após ele tuitar o link da carta.
O incidente demonstra como os serviços de segurança da China estão determinados a silenciar
críticos — mesmo os que vivem fora do país —
especialmente se escreverem em chinês e mirarem no cada vez mais autocrático presidente.
Ofensiva. Um
homem observa
cartazes com a
imagem do
presidente Xi
Jinping em
Xangai. Governo
inicia caçada a
responsáveis
pela publicação
de uma carta
que pede a
renúncia do
presidente. No
fim de 2015,
livreiros foram
silenciados em
Hong Kong
Também mostra o quão sensível o partido se tornou a debates sobre rupturas internas.
A onda de detenções se segue ao desaparecimento, no ano passado, de cinco livreiros de Hong
Kong, incluindo um cidadão britânico e um cidadão sueco desaparecido na Tailândia. O “crime” seria a publicação de livros críticos a figuras do partido, incluindo Xi Jinping, e a alegada exportação
desses livros proibidos para a China continental.
Os livreiros foram efetivamente silenciados. O
britânico Lee Bo reapareceu em Hong Kong na semana passada, após mais de dois meses na China
continental, e foi citado por um site chinês dizendo que nunca mais teria uma livraria ou venderia
livros “fabricados”. O sueco Gui Minhai foi apresentado na televisão estatal fazendo uma confissão aparentemente forçada sobre um caso de dirigir embriagado de uma década atrás. No domingo,
o “South China Morning Post” reportou que o aeroporto de Hong Kong planeja cortar o número de
livrarias nos terminais, eliminando a cadeia Page
One, com base em Cingapura, e trazendo a rede
Chung Hwa, da China continental.
‘AMEAÇAS ME INCENTIVAM A TRABALHAR MAIS DURO’
Os escritores, no entanto, devem ser mais difíceis
de silenciar. Chang, cujo nome real é Zhang Ping,
tinha uma reconhecida carreira como jornalista e
editor na China antes de ser rebaixado e, finalmente, demitido do jornal “Southern Metropolis
Weekly“, em 2011, por trabalho considerado “inapropriado”. Em artigo no site China Change, baseado nos EUA, Chang condenou fortemente os “sequestros bárbaros” de seus parentes e tentativas
do PCC de influenciar a mídia estrangeira.
“Eu sempre fiz o que acho correto e sempre estive disposto a aceitar o que o destino trouxer como
resultado disso”, escreveu Chang. “O assédio e as
ameaças das autoridades me permitem ver ainda
mais valor nos meus escritos e me incentivam a
trabalhar ainda mais duro no futuro”. l
l Mundo l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
JOSEPH EID MAHER/AFP
l 33
‘Não precisamos
de presentes do
Império’, diz Fidel
Em carta após visita de Obama,
ex-líder cubano condena postura
americana na reaproximação
Antes e depois. O templo de Bel, uma das joias da cidade histórica, em imagem de março de 2014 (esquerda) e após saída do Estado Islâmico: pouco sobrou da construção
Arco do Triunfo. Monumento foi duramente atingido pelos extremistas: nas fotos, à esquerda, em junho de 2010 e sem o arco, à direita, em fotos feitas no último fim de semana
Unesco duvida da possibilidade
de recuperar totalmente Palmira
Segundo arqueólogo sírio, 80% da cidade histórica estão de pé após derrota do EI
Restaurar a antiga cidade de Palmira —
considerada Patrimônio Mundial da Humanidade
pela Unesco — e desfazer o dano feito pelo Estado
Islâmico (EI) durante os dez meses em que ocupou a cidade milenar pode levar pelo menos cinco
anos, na melhor das estimativas. Se, para autoridades sírias, a situação é melhor do que esperavam
encontrar, a Unesco não é tão otimista. Segundo o
chefe de Antiguidades da Síria, Maamoun Abdulkarim, cerca de 80% da cidade, incluindo o impressionante anfiteatro antigo usado pelo EI como
cenário para as execuções, permaneceram de pé.
O trabalho poderia começar dentro de um ano.
Uma especialista da Unesco, no entanto, afirma
ser uma ilusão acreditar que a cidade poderá voltar a ser o que era.
No fim de semana, tropas do regime sírio do
presidente Bashar al-Assad, com o apoio da aviação russa, conseguiram retomar Palmira, conhecida como a Pérola do Deserto. Mas, durante o
período em que extremistas permaneceram na
cidade, destruíram joias de Palmira, como os
templos de Bel e Baalshamin e o Arco de Triunfo,
algumas torres funerárias e o Leão de Al-Lat. Isso
sem contar a cidadela do século XIII, que sofreu
graves danos durante os combates na cidade.
Ontem, Abdulkarim disse que serão necessários pelo menos cinco anos para reconstruir os
-DAMASCO-
monumentos destruídos ou danificados.
— Temos pessoal qualificado, conhecimento e
estudo, mas é necessária a aprovação da Unesco,
e poderemos começar os trabalhos em um ano.
A Unesco está pronta para enviar equipe de especialistas para avaliar danos ao local. Mas Annie
Sartre-Fauriat, membro da agência e historiadora
especialista em Oriente Médio, é bem mais cautelosa, pondo em dúvida a capacidade síria de reconstruir Palmira.
— Quando ouço que vão reconstruir o templo de
Bel, soa ilusório. Não se pode reconstruir algo que
está em estado de escombros e poeira. Para construir o quê? Um novo templo? Talvez haja outras
prioridades na Síria antes de reconstruir as ruínas
— observou. — Não se pode esquecer tudo o que
foi destruído e a catástrofe humanitária. Enquanto
o Exército sírio estiver lá, não estou tranquila.
PUTIN OFERECE AJUDA RUSSA À RECONSTRUÇÃO
Em um vídeo divulgado ontem, vê-se pela primeira vez o interior do museu da cidade, transformado em tribunal pelo grupo extremista.
— Os personagens das tampas dos sarcófagos
foram martelados, todas as estátuas, derrubadas, decapitadas, quebradas — lamentou a especialista. — As lápides foram arrancadas de
forma selvagem das paredes, provavelmente
para serem vendidas pelo Daesh (acrônimo para o EI) no mercado de arte.
No domingo, a diretora da agência da ONU, Irina
Bokova, e o presidente russo, Vladimir Putin, discutiram a situação por telefone. O líder russo afirmou
que pode fornecer apoio imediato à missão da
Unesco, assim que a situação de segurança permitir. E garantiu a Bokova que especialistas russos têm
experiência na reconstrução de patrimônios sírios.
A chefe da Unesco também conversou por telefone com o diretor do Departamento de Antiguidades Sírias e o convidou para ir à sede da
agência nos próximos dias, para acompanhar a
preparação da missão de especialistas. Em
abril, a organização promoverá uma conferência sobre a reconstrução do patrimônio cultural
do país.
— É importante para a resiliência, a unidade nacional e a paz — disse Irina.
O Exército sírio, apoiado pela aviação russa e
por milícias, prepara-se agora para lançar ataque
às cidades de al-Qaryatayn e Sojna, também sob
o controle do grupo, nos arredores de Palmira. l
NA WEB
glo.bo/25sDRfA
Em imagens: a cidade após a retirada do
Estado Islâmico
Tiros fecham temporariamente o Capitólio
JOSHUA ROBERTS/REUTERS
Homem armado foi
ferido por policial,
mas não há suspeita
de terrorismo
O Capitólio, sede
do Congresso dos Estados Unidos, precisou ser fechado ontem após tiros serem ouvidos
no centro de visitantes do
complexo. Pouco depois do
susto, a Casa Branca também
teve que fechar as portas temporariamente, assim como o
prédio da Suprema Corte. Um
homem armado foi preso e
submetido a uma cirurgia após
ter sido ferido por um policial.
Uma mulher, de cerca de 35
anos, também foi atingida por
fragmentos e levada ao hospital. Não há evidências de conexão com terrorismo.
Poucos deputados e senadores estavam no prédio no momento do incidente, já que o
Congresso está em recesso.
Mas, graças à temporada turística, muitos visitantes estão na
cidade. Alguns minutos após
os tiros, os turistas no Capitólio tiveram permissão para
-WASHINGTON-
Reforço. Policial patrulha perímetro: suspeito foi contido e arma, recuperada
deixar o prédio.
O atirador apontou a arma a
um policial no momento da
entrada no prédio, quando todos devem passar por um detector de metais. Em entrevista, o chefe da polícia do Capitólio, Matthew Verderosa, informou que o atacante já era
conhecido das autoridades,
sem fornecer mais detalhes. A
polícia, no entanto, acredita
que tenha sido um episódio
isolado, que não representa
ameaça ao público.
— Com base numa investigação policial, acreditamos que
esse é um ato de só uma pessoa,
que já havia frequentado a área
do Capitólio antes. Não há razão para acreditar que seja algo
mais do que um ato criminoso
— disse Verderosa.
O veículo do suspeito foi encontrado no Capitólio e a arma, recuperada. Sua identidade e estado de saúde não foram informados pela polícia.
Mas a imprensa americana o
identificou como Larry Russel
Dawson, um homem de 66
anos do Tennessee, que já havia sido preso por má conduta
e assédio a um policial. Na
ocasião, ele teria se autointitulado um “profeta de Deus”.
FECHADO PARA VISITANTES
No Twitter, muitos americanos
comentaram o fato de o suspeito não ser muçulmano ou imigrante. “Estou esperando Ted
Cruz dizer que precisamos patrulhar bairros extremistas cristãos”, disse um deles, referindose a um dos pré-candidatos republicanos à Casa Branca.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram pessoas
correndo assustadas no Capitólio enquanto o prédio era esvaziado. Em comunicado, os
funcionários foram informados de que não deveriam deixar o local no momento do incidente. Quem estava do lado
de fora e no entorno do prédio
precisou procurar um abrigo.
O centro de visitantes ficou fechado, mas os demais prédios
do Capitólio foram reabertos
para negócios oficiais. l
-HAVANA- Durante a histórica visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
a Cuba, semana passada, muitos se perguntaram o que estaria pensando, naquele momento, o ex-presidente do país Fidel
Castro. Seu silêncio, talvez uma breve trégua que buscou não interferir no encontro
entre Obama e seu irmão, o presidente
Raúl Castro, terminou ontem. Fiel a seu
estilo combativo, principalmente quando
se trata do governo americano, Fidel publicou uma carta intitulada “O irmão Obama” no jornal “Granma”, na qual afirma
que seu país “não precisa que o Império
nos dê nada de presente” e questiona a
proposta do chefe de Estado americano de
“esquecer do passado” depois de “um bloqueio cruel que já dura quase 60 anos”.
Num texto longo e, por momentos, confuso, o líder cubano, que fará 90 anos em
agosto, menciona heróis da História de
seu país, como José Martí (criador do Partido Revolucionário Cubano e uma das
principais figuras da guerra da Independência), e de outros países, como Nelson
Mandela. “Ninguém tenha a ilusão de que
o povo deste nobre e abnegado país renunciará à glória e aos direitos, à riqueza
espiritual que obteve com o desenvolvimento da educação, a ciência e a cultura”,
escreveu Fidel, deixando claras suas restrições à política de reaproximação.
Diante das propostas de Obama e das
negociações que já estão avançando entre
os dois países, o ex-líder cubano pergunta:
“E os que morreram em ataques mercenários a barcos e portos cubanos, um avião
de carreira lotado de passageiros que explodiu em pleno voo, invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?”.
CRÍTICOS E APOIADORES SE MANIFESTAM
Fidel assegura que “somos capazes de
produzir os alimentos e as riquezas materiais de que precisamos com o esforço a
inteligência de nosso povo. Não precisamos que o Império nos dê nada de presente. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com
a paz e a fraternidade de todos os seres
humanos que vivemos neste planeta”.
O site de notícias cubano
“14emeio”, dirigido pela conhecida
blogueira Yoani Sánchez, concluiu
sua matéria sobre a carta de Fidel
com a seguinte reflexão: “É bom lembrar que, de acordo com dados oficiais, Cuba importa mais de 80% dos
alimentos destinados à cesta básica
da população, por um valor superior
a US$ 2 bilhões por ano”.
A carta divulgada pelo jornal “Granma”
teve ampla repercussão em toda a região.
Na Venezuela, jornalistas como César Miguel Rondón, crítico do governo Nicolás
Maduro, celebraram. Rondón comentou
em sua conta no Twitter que “somente Fidel e Maduro insistem em chamar (os
EUA) de Império”. Já a jornalista americana Eva Golinger, ativa defensora do chavismo e do legado de Fidel, afirmou que “os
que babam pelos EUA deverão engolir um
Fidel sempre contundente e digno”. l
Israel desiste de nomear
ex-líder colono para Brasília
Impasse já durava 7
meses, após rejeição
do Brasil à escolha
de Dani Dayan
Após sete meses de
impasse, o governo de Israel
anunciou ontem ter desistido
de nomear o ex-líder colono
Dani Dayan para a embaixada
do país em Brasília. Com o recuo, ele foi designado para o
consulado-geral de Nova York.
O governo brasileiro, que
apoia a criação de um Estado
palestino, havia decidido não
aceitar a nomeação, em agosto,
de Dayan, ex-líder de assentamentos judeus na Cisjordânia.
Além de seu histórico desfavorável — a comunidade internacional considera ilegais as colônias israelenses — o governo de
Israel anunciou sua nomeação
sem antes consultar o do Brasil,
uma praxe na diplomacia. O
embaixador israelense anterior
deixou o posto em dezembro.
O premier Benjamin Netanyahu inicialmente prome-
-JERUSALÉM-
tera manter-se firme sobre a
nomeação de Dayan, nascido
na Argentina — mesmo se isso
significasse uma piora das relações com o Brasil.
— Não acho que cedemos.
Não havia escolha — disse
Dayan à Rádio do Exército israelense, questionado sobre a
nova indicação. — Aqueles
que não queriam que fôssemos a Brasília acabaram nos
conduzindo a Nova York, a capital do mundo.
MEDO DE ABRIR PRECEDENTE
Dayan previamente argumentava que se o Brasil fosse bem-sucedido em excluí-lo, poderia
abrir o precedente de impedir
que líderes de assentamentos representassem Israel no exterior.
Em 17 de março, o Ministério
das Relações Exteriores de Israel
disse que buscava nova escolha
para o posto de embaixador em
Brasília, substituindo Dayan.
Mas o gabinete rapidamente removeu o comunicado, dizendo
que o havia emitido por engano.
O Itamaraty não quis comentar a
decisão de ontem de Israel. l
34
l O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
Sociedade
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Formação deficiente
_
Cerca de 39% dos professores da rede pública não têm instrução adequada, relata o MEC
RENATA MARIZ
DOCENTES EM NÚMEROS
[email protected]
PAULA FERREIRA
Muitos dão aula em duas ou mais disciplinas e, por isso, são contados mais de uma vez
[email protected]
-BRASÍLIA E RIO- Cerca de 39% dos 518.313 professo-
res ativos da rede pública, dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, não têm
formação adequada para lecionar. A proporção
considera o profissional individualmente, mas
como muitos dão aula em mais de uma disciplina, são contados mais de uma vez se analisadas
as posições docentes que ocupam. Por esse recorte, a taxa de professores com qualificação
deficiente chegaria a 52%.
Os dados, referentes a 2015, foram divulgados
ontem pelo Ministério da Educação (MEC),
considerando as 709.546 posições docentes na
etapa escolar analisada. Física é a disciplina
com mais professores que ensinam sem ter licenciatura na área: 68,7%. Na Geografia, são
62,3%, seguida de História (60,1%), Ciências
(59,9%), Matemática (51,3%), Química (46,3%),
Língua Portuguesa (42%) e Biologia (21,6%).
A deficiência na formação vai desde o professor com bacharelado na área, mas sem licenciatura ou complementação pedagógica (considerado um caso menos grave), até docentes sem
qualquer graduação — o que é proibido pelas
normas da educação. Estão nessa situação
12,7% dos professores. Em Ciências, Geografia,
História e Matemática, a proporção dos que ensinam sem curso superior varia de 13% a 17,2%.
— Se quisermos melhorar a qualidade da educação, temos de melhorar a formação do professor —
diz o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Superintendente do movimento “Todos Pela
Educação”, Alejandra Meraz Velasco, afirma
que, dessa forma, dificilmente será possível obter avanços na Educação como um todo.
— Além de dominar a matéria, o professor
precisa dominar a didática específica para lecionar em cada conteúdo e um bom professor
tem impacto muito grande no desempenho do
aluno— diz Alejandra.
PACOTE DE OPORTUNIDADES
Ao apresentar os dados, Mercadante lançou um
pacote de formação voltado aos professores da
rede pública que precisam se qualificar. São 105
mil vagas para o segundo semestre deste ano: 81
mil por cursos a distância da Universidade
Aberta do Brasil, quatro mil nos institutos federais e 20 mil nas universidades públicas de todo
o país. Nesse último caso, a ideia é ocupar vagas
ociosas já identificadas pelo MEC. As inscrições
começam em 4 de abril no site Plataforma Freire, gerenciado pela pasta. O governo vai verificar
com secretarias estaduais e municipais de Educação algumas possibilidades para atrair os docentes, embora estejam descartados repasses
adicionais devido ao ajuste fiscal.
A ideia é investir nos que já estão em sala de
709.546
334.717
posições docentes
foram contabilizadas
no levantamento
374.829
têm formação na
disciplina que lecionam
precisam de complementação
na formação
Estrutura precária nas áreas de
ciências foi revelada nos dados
do Censo Escolar 2015
Os grupos da pesquisa
EM %
Licenciatura na
mesma disciplina
que leciona, ou
bacharelado na
mesma disciplina
com curso de
complementação
pedagógica concluído
BIOLOGIA
LÍNGUA
PORTUGUESA
2,1
6,1
11,7
1,7
Bacharelado na
disciplina
correspondente,
mas sem
licenciatura ou
complementação pedagógica
Licenciatura em área
diferente daquela que
leciona, ou bacharelado
nas disciplinas da base
curricular comum e
complementação pedagógica
concluída em área diferente
daquela que leciona
QUÍMICA
MATEMÁTICA
11,5
2,6
7,9
13
3,2
26,3
32,3
1
4,2
33,3
CIÊNCIAS
Outra
formação
superior não
considerada
nas categorias
anteriores
HISTÓRIA
Não
possui
curso
superior
completo
GEOGRAFIA
17,2
14,8
15,4
3,6
38,4
5,2
38
3,9
42,1
0,7
2,1
FÍSICA
2,9
7,5
56,6
3,4
0,9
0,8
1,6
78,4
58
53,7
48,7
40,1
39,9
37,7
Fonte: MEC
31,3
Editoria de Arte
aula, porque o ritmo de graduação é lento nas
áreas mais carentes de profissionais formados
para dar aula, além de a carreira não atrair
quem sai da universidade, segundo o ministro:
— Se todos os profissionais que se formam
por ano fossem dar aula de Matemática, precisaríamos de oito anos (para suprir a demanda).
De acordo com o professor da UFMG e coordenador do projeto “Pensar a Educação, Pensar
o Brasil”, Luciano Mendes, para resolver o problema é preciso pensar além da formação. Ele
acredita que, sem melhorias estruturais relacionadas à atratividade da carreira, dificilmente a
Profissionais em
qualificação vão
ganhar laboratórios
questão será solucionada:
— Sempre critico o MEC nessa perspectiva de
falar da formação de professores, como se o
problema fosse apenas esse. Até os anos 70, as
universidades públicas não tinham professores
com formação em doutorado. Houve um grande programa aliado à formação, mas também a
salários, tornando a carreira atrativa e hoje boa
parte dos professores são bem formados. No
âmbito universitário, isso se resolveu em 40
anos, mas na Educação Básica não conseguimos resolver em 200 anos, porque não se pensa
em questões estruturais. l
Uma outra deficiência agrava o problema
da falta de formação adequada dos professores no país: a escassez de laboratórios para desenvolver o conhecimento relacionado a determinadas disciplinas, como Química, Física e Biologia. Diante do
quadro, o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, anunciou ontem que pretende coordenar ações à formação de
professores para tentar reduzir a defasagem de laboratórios no país.
— A área de ciências é nossa prioridade e todo professor que for fazer o
curso vai receber laboratório na escola
dele — disse Mercadante.
De acordo com o ministro, quando o
professor se inscrever no curso de complementação da formação oferecido
pelo MEC, ganhará a construção de um
laboratório de ciências em sua escola.
Mercadante afirmou que será feito contato com a secretaria de educação local
para providenciar a implementação do
recurso. A medida é importante para
que os profissionais consigam colocar
em prática o conhecimento específico
de suas áreas.
CONDIÇÕES DE TRABALHO
Segundo o Censo da Educação Básica,
divulgado semana passada, apenas
15% dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental têm laboratório de
ciências na escola. Nos anos finais, esse
índice chega a 33,1% e, no ensino médio, 57,1%. Segundo a superintendente
do movimento “Todos Pela Educação”,
Alejandra Meraz Velasco, é necessário
fornecer condições de trabalho aos
professores, o que passa pela existência
de estruturas mínimas:
— Dar condições de trabalho a esses
professores é o mínimo que deveria ser
garantido — diz ela. —Essa medida é
um incentivo importante tanto para o
professor quanto para as redes. É algo
que deveria estar garantido independente da política de formação. l
Genética explica distúrbios de ansiedade durante a adolescência
Estudo identifica
variante que
afeta o controle
das emoções
CESAR BAIMA
[email protected]
Distúrbios de ansiedade costumam aparecer durante a
adolescência, quando a incidência desses transtornos
mentais é mais alta. Parte da
explicação para isso está na genética. Em um estudo que envolveu análise de dados sobre
mais de mil pessoas, de 3 a 21
anos de idade, pesquisadores
das universidades de Cornell e
da Califórnia em San Diego,
EUA, identificaram que uma
variante comum em um gene
muda de atividade justamente
na adolescência, influenciando na formação de alguns circuitos cerebrais ligados ao
controle das emoções.
Segundo os cientistas, esta
variante genética, conhecida
como FAAH C385A, está presente em cerca de 80% da população. O gene regula a ação
de uma enzima responsável
pelo metabolismo de uma molécula típica do chamado sistema endocanabinoide do cérebro, que usa uma série de neu-
rotransmissores com uma formulação parecida com a do
THC, a substância psicoativa
da maconha. Batizado anandamida, esse composto tem
efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos, atingindo níveis mais altos no cérebro
durante a infância. A partir da
adolescência, no entanto, com
a ativação da variante FAAH
C385A, as concentrações de
anandamida caem, expondo
os jovens a um maior risco de
distúrbios de ansiedade.
— Estudos anteriores já tinham identificado esta variante genética que indicava quais
indivíduos são mais ou menos
suscetíveis à ansiedade, então
nosso foco foi procurar saber
quando essa diferença genética emerge no desenvolvimento — contou ao GLOBO Dylan
Gee, pesquisadora do Instituto
Sackler para a Psicobiologia do
Desenvolvimento da Universidade de Cornell e primeira autora do artigo sobre o estudo,
publicado recentemente no
periódico científico “Proceedings of the National Academy
of Sciences” (PNAS). — Descobrimos que a variante entra em
ação na adolescência, por volta dos 12 anos, nunca antes. E
isso nos ajuda a entender o
porquê de a ansiedade aumentar tanto nesta época da vida.
LATINSTOCK
Fase difícil. Incidência de transtornos mentais é mais alta após a infância
Dylan ressalta, no entanto,
que só ter esta variante genética não é determinante para o
desenvolvimento de distúrbios
de ansiedade, ou mesmo para
lidar mal com episódios normais de ansiedade na vida.
— Nem todos que têm essa
variante vão desenvolver uma
desordem de ansiedade, mas isso parece explicar as diferenças
que vemos nos níveis de ansie-
dade das pessoas — conta.
Psiquiatra especializado no
atendimento de crianças e jovens, Fabio Barbirato lembra
que, por si só, a adolescência já é
um período difícil na vida, o que
vem sendo exacerbado na sociedade moderna.
— A entrada na adolescência
é um período que chamamos
de luto da infância, quando você deixa de ser criança e muda
todo seu comportamento diante de uma série de exigências sociais e pessoais, por alterações não só no corpo, mas
das próprias ideias e objetivos
— diz. — Hoje com as expectativas cada vez maiores que os
pais e a sociedade criam nas
crianças, elas entram na adolescência com uma pressão
muito grande, e este estresse
contínuo favorece um quadro
psiquiátrico de ansiedade.
SINAIS DE ALERTA
Assim, segundo Barbirato, é
preciso orientar os pais e estar
atento às crianças para evitar
que ansiedades e dúvidas naturais desta fase da vida se tornem um problema. Entre os sinais de possíveis distúrbios,
ele aponta queda de rendimento na escola, comportamentos de irritação em situações e lugares que antes eram
prazerosos, reações de ansiedade, tensão e medos exagerados que não tinham antes, e irritabilidade quando sob pressão, principalmente acadêmica e social.
— A questão é tentar não
massificar demais algo que já é
muito normal — considera. — É
um período muito sensível, que
requer muita atenção para o jovem poder passar bem por ele,
ter acolhimento, ter carinho da
família, mas também autonomia. Não é preciso superprotegê-lo, mas também estar atento
para um comportamento mais
impulsivo, porque neste período ele também tem muito pouco freio inibitório. E como está
em desenvolvimento, ele ainda
é uma criança se modelando
para ser um adulto, o que é a
adolescência.
Barbirato também concorda
com Dylan que o mecanismo
descoberto no estudo é apenas
um passo na busca de compreender as influências genéticas e neuroquímicas dos distúrbios mentais, que envolvem
muitas regiões do cérebro.
— Não há um biomarcador
único — destaca. — Acredito
que no médio prazo provavelmente vou ter um conjunto de
marcadores que vão me indicar se aquela criança vai ter
maior propensão a desenvolver distúrbios de ansiedade na
adolescência. Por enquanto,
porém, temos que trabalhar
com prevenção, dar orientação
para os pais com clareza para
evitar esta questão da pressão,
e tratamento e terapia para o
jovem quando ele chega no
consultório com um quadro
depressivo ou ansioso. Uma terapia de referência comportamental, que trate a criança e
oriente os pais. l
O GLOBO
Terça-feira 29 .3 .2016
l 35
Esportes
CARIOCA
[email protected]
MICHEL
LAUB
|
Com cavalo reserva
|
Esgotamento
POCOTAUX
Suíço Guerdat conquista o bicampeonato da Copa do Mundo
de hipismo e amplia credenciais para o ouro nas Olimpíadas
De 1970 para cá, foi bastante comum o
futebol brasileiro estar melhor que o Brasil. O
tricampeonato no México foi obtido no
momento mais sombrio da ditadura. Em
1982, o ensaio de redemocratização do país
tornou-se pálido diante das atuações
gloriosas na Espanha. E mesmo as
esperanças de 1994, nos primórdios do Plano
Real, e 2002, com a perspectiva da primeira
eleição de Lula, não estiveram à altura dos
títulos nos Estados Unidos e na Coreia/Japão.
BJORN LARSSON ROSVALL/REUTERS
_
Pão e circo
Em vez de exceções, o estranho é que 1990 e 2016
não sejam a regra na relação futebol x país. Afinal,
superados os tempos românticos em que talento
individual resolvia tudo, a estrutura que envolve
clubes, campeonatos e seleção precisa de um mínimo de inteligência e seriedade para florescer. Mas
pão e circo são administrados da mesma forma por
aqui, e Brasília e CBF nunca foram tão parecidos
como agora: como no país, cujo potencial vem sendo sufocado pela inépcia e ladroagem de seus dirigentes — incluindo aí governo e oposição —, o que
se tem visto em campo aponta para o fim de um
modelo, a necessidade de começar do zero em outras bases e com outras lideranças.
_
Conta tardia
A vantagem da crise no futebol sobre a crise no país
é que seu diagnóstico é mais ou menos unânime.
Enquanto direita e esquerda apontam saídas opostas para mazelas políticas que creditam exclusivamente ao grupo rival, qualquer torcedor sabe o que
melhoraria o objeto de sua paixão — da criação de
uma liga de clubes para valer à maior transparência
de arbitragens, justiça esportiva e entorno do espetáculo (cartolas, empresários, patrocinadores, mídia). Mas dessa obviedade para alguma ação efetiva são algumas décadas de paralisia, em que o
imenso potencial econômico do esporte é subaproveitado e ajuda, entre outros fatores, no êxodo
cada vez mais precoce de atletas.
As apresentações da atual seleção, uma safra de
talento comum que mal desenvolveu uma relação
de identidade com as arquibancadas brasileiras (a
exceção é Neymar, claro), são a conta que demorou
até demais para chegar. l
Se há um aspecto em que o
Fluminense melhorou após
a chegada de Levir Culpi, foi
o defensivo. Em cinco jogos,
o time sofreu três gols, dois
deles num só jogo, contra o
Internacional. E o reflexo da
melhora coletiva foi a subida de rendimento individual de nomes como o zagueiro Henrique.
Criticado no início, ele
festeja a estabilidade atual
que a equipe encontrou.
— Não começou como
queríamos, mas a gente sabia que tínhamos potencial,
e todos assimilaram bem o
trabalho do Levir — disse
Henrique. l
Vasco pode ter
artilheiro de
volta amanhã
O
cenário atual, em que a crise política corre
em paralelo à ressaca pós-7x1, talvez só
possa ser comparado ao início dos anos
1990. Naquela ocasião, houve uma sintonia trágica
entre os discursos “modernos” do técnico Lazaroni, com seu 3-5-2 europeizante que Maradona e
Caniggia afundaram na Copa da Itália, e do presidente Collor, cujas promessas de integrar o Brasil à
economia global deram em impeachment.
Já em 2016, as coincidências vão da teimosia reativa, desarticulada e obsoleta de Dilma e Dunga —
duas figuras cuja competência está abaixo do cargo
ocupado, o que só agrava problemas nem sempre
surgidos por escolhas de ambos — a uma sensação
geral de imobilidade, de esgotamento.
O empate da seleção contra um Uruguai com
desfalques, na última sexta-feira, depois de fazer
um gol aos 40 segundos e chegar ao 2x0 aos 25 do
primeiro tempo, foi simbólico disso. O filme é antigo e aborrecido: meia dúzia de lampejos do meio
para a frente, bagunça e lances bisonhos no sistema defensivo. Descontado o pouco tempo para
treinar, é um time cuja irregularidade, instabilidade emocional e desenho — com os mesmos dois
volantes sem saída de jogo, a mesma falta de variações táticas e o mesmo zagueiro que nunca está no
lugar — repetem os defeitos da Copa de 2014. Dois
anos depois, não aprendemos nada e não esquecemos coisa alguma.
Com Levir,
defesa do Flu
vê melhora
Preciso. Steve Guerdat com Corbinian durante a decisão da Copa do Mundo. Conjunto completou percurso sem faltas
TATIANA FURTADO
Enviada especial
[email protected]
-GOTEMBURGO, SUÉCIA- Os dois títulos
seguidos da final da Copa do
Mundo de hipismo só aumentam o favoritismo do suíço Steve Guerdat, atual campeão
olímpico, nos Jogos do Rio. Ontem, ele conquistou o bicampeonato com Corbinian, em Gotemburgo, na Suécia. Porém,
num esporte em que um leve
toque no obstáculo pode colocar tudo a perder, há muita gente na fila pelo pódio em Deodoro. A começar pelos concorrentes presentes no evento. Em segundo, ficou o holandês Harrie
Smolders; e em terceiro, o alemão Daniel Deusser.
Em 13º no ranking (antes da
competição), Deusser, por
exemplo, vem de um dos países mais tradicionais do hipismo, sobretudo por equipes: a
Alemanha é a maior campeã,
com oito ouros (duas vezes como Alemanha Ocidental). No
total, a equipe germânica conta com 13 medalhas. Na Copa
do Mundo, é a maior vencedora, com dez títulos.
— Nós temos alguns conjuntos realmente muito fortes na
Alemanha. Algo assim é muito
importante, pois se os cavaleiros e os cavalos estiverem em
boa forma, há grandes chances
de conseguir uma medalha nos
Jogos. Lá, a competição por
uma vaga é muito grande —
afirmou Deusser, de 34 anos,
um dos seis alemães que participaram da Copa do Mundo.
PERCURSO IRRETOCÁVEL
Alguns desses medalhistas estavam presentes na Suécia, como
Christian Ahlmann e Marco
Kutscher, que ficaram com o
bronze por equipe em Atenas-2004 — última vez, por sinal, que os alemães subiram ao
pódio. Kutscher, naquela edição, também ficou em terceiro
no individual, do qual o brasileiro Rodrigo Pessoa foi campeão. Marcus Ehning, quarto na
Copa do Mundo, já conquistou
o ouro ao lados dos seus companheiros em Sydney-2000.
Os holandeses são os atuais
vice-campeões olímpicos por
equipes e no individual, com
Gerco Schröder. Ano passado,
terminaram em terceiro na Copa das Nações. O segundo lugar
da Copa do Mundo admite que
será difícil ter um lugar no time
que irá ao Rio. As inscrições dos
atletas vão até julho e a decisão
é das confederações nacionais.
O Brasil, por exemplo, ainda
não definiu a equipe. O mais
provável é que ela seja formada por Rodrigo Pessoa, Doda
Miranda, Pedro Veniss e Marlon Zanotelli.
— O time é muito fechado.
Não sei se vou — disse Smolders, 18º no ranking mundial.
Ontem, os dois bem que tentaram tirar o título de Guerdat,
mas o suíço estava inspirado.
Por ter sido o único a zerar o
percurso nos dois primeiros dias, ele foi o último a entrar na
primeira rodada. Mais uma vez,
passou sem erros pelos obstáculos, assim como Smolders e
Deusser, que trouxeram três
pontos de faltas da fase inicial.
Na volta decisiva, o holandês e
o alemão jogaram a pressão para o atual campeão. Se errasse,
perderia o troféu. Mas, de novo,
sequer esbarrou nas barreiras.
— Foi muito importante para
mim correr melhor do que ano
passado. Meu objetivo era esse.
Eu vi que eles estavam lutando
comigo pelo título, mas eu estava muito confiante no percurso
— comemorou o suíço. l
A repórter viaja a convite da FEI
Riascos é o artilheiro do
Vasco no Campeonato Estadual, com seis gols. Mesmo
afastado do time há um
mês, por causa de uma lesão muscular. Amanhã, em
Brasília, contra o Flamengo,
ele pode ser a novidade da
equipe.
Ontem, Riascos participou normalmente do treino
em São Januário, junto com
a equipe reserva. Caso tenha condição de voltar, disputará posição com Thalles,
autor do gol que decidiu o
clássico com o Botafogo. É
possível, no entanto, que o
colombiano comece o jogo
no banco. l
Botafogo tenta
lateral do
Figueirense
O Botafogo fez uma proposta ao Figueirense pelo lateral-esquerdo Marquinhos
Pedroso, formado nas divisões de base do clube catarinense. O clube tenta
contratar o jogador de 22
anos por empréstimo até o
fim do ano. No setor, o elenco tem apenas o titular Diogo Barbosa e o jovem Jean.
O alvinegro vai fazer uma
reclamação formal à Comissão de Arbitragem de
Futebol do Rio contra o árbitro Rodrigo Nunes de Sá e
seus auxiliares. O clube reclama de um gol e um pênalti não marcados no clássico contra o Vasco. l
VÔLEI
Rio vai decidir a Superliga pela 12ª vez
CAROL KNOPLOCH
[email protected]
O Rexona-Ades/Rio de Janeiro, derrotou mais uma vez o
arquirrival Vôlei Nestlé/Osasco e está na decisão da Superliga pela 12ª vez consecutiva
acesse
140
CENTRO - RJ Av. Passos, 42, 44 e 46
SHOPPING JARDIM GUADALUPE Av. Brasil, 22.155
CABO FRIO (SHOPPING PARK LAGOS CABO FRIO)
Av. Henrique Terra, 1.700
— o time já venceu o torneio
dez vezes.
Comandada pelo técnico Bernardinho, a equipe venceu a série melhor de três jogos das semifinais por 2 a 1. Ontem, no Tijuca, foram 3 sets a 0 (25/20, 25/
23 e 25/16) sobre as tradicionais
adversárias. A decisão, em jogo
único, será no próximo domingo, às 9h, em Brasília (DF).
— Apesar do placar de 3 a 0,
garanto que não foi nem um
pouco tranquilo esse jogo em
relação ao anteriores. Agora temos de baixar a adrenalina porque a competição não acabou.
Nosso objetivo é vencer no domingo — disse Monique, eleita
a melhor jogadora da partida.
Melhor jogadora da fase de
classificação, a ponteira Natália mais uma vez se destacou.
MARCIO RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
Decisiva. Carol vence bloqueio rival
— É a minha melhor temporada da carreira. Foquei muito
nessa Superliga, me dediquei.
E deu certo, num momento
certo, no ano das Olimpíadas
— comentou a ponteira, emo-
cionada. — Vamos entrar na final do campeonato com tudo.
Queremos o título. Ainda não
acabou.
Equipe com melhor campanha no torneio, o time do Rio
chega à decisão com apenas
duas derrotas em 27 jogos. l
acesse
140
SHOPPING BOULEVARD SÃO GONÇALO
Av. Presidente Kennedy, 425
SÃO GONÇALO SHOPPING Av. São Gonçalo, 100
IRAJÁ Av. Monsenhor Felix, 1.154
ESPORTES
TERÇA-FEIRA 29.3.2016
oglobo.com.br
NATÁLIA
RIO ESTÁ NA FINAL
DA SUPERLIGA
Sensações de imobilidade
PÁGINA 35
Michel Laub PÁGINA 35
EDISON VARA/REUTERS
PEGOU MAL
Hotel de
Lúcio cria
embaraço
Auxiliar neste jogo,
ex-zagueiro é sócio
da Vila Ventura
A
Pressionado. Dunga em Viamão, no Rio Grande do Sul, onde a seleção treinou para enfrentar o Paraguai, hoje, em Assunção. Só uma vitória dará tranquilidade para o técnico nas eliminatórias
Por um semestre de paz
PARA O GOL
Dunga confirma Ricardo Oliveira no lugar de Neymar para
bater Paraguai e hibernar no G-4 até a 7ª rodada, em setembro
GIAN AMATO
Enviado especial
[email protected]
A
-VIAMÃO, RS-
meaçado, questionado e
sem sua principal estrela.
Este é o Brasil que enfrenta
o Paraguai hoje, às 21h45m,
no Defensores del Chaco,
em Assunção, em partida
válida pela sexta rodada das
eliminatórias para a Copa
de 2018, na Rússia. As indefinições do momento da seleção servem também para o técnico
Dunga. A vitória trará sossego até o próximo jogo, em setembro, com o líder Equador. Empate ou derrota fará o treinador
atravessar um longo período sob críticas
e fora da zona de classificação.
— O Paraguai vai pressionar, com o
apoio da torcida. Cada jogo é uma decisão. A tabela é curta. Com uma vitória,
vamos lá para cima, enquanto o tropeço
nos leva lá para baixo. Vai ser assim sempre. Sempre dissemos que estas seriam
as eliminatórias mais difíceis. Se nas outras o Brasil já se classificou nas últimas
rodadas, imagina agora — disse Dunga.
Quando entrar em campo, o Brasil terá a
sexta escalação diferente nas eliminatórias, seja por suspensões ou opções de Dunga. A falta de entrosamento causa oscilações durante o jogo. Mais grave que isso é a
escassez de alternativas táticas quando a
seleção tem o seu modo de jogo decifrado
e bloqueado, como aconteceu no empate
com o Uruguai, em Recife.
— Eu queria que minha equipe jogasse
como a maior parte do primeiro tempo
contra o Uruguai. É sempre um recomeço, porque não há tempo para treinar. Se
você ficar quatro meses sem trabalhar,
como posso te cobrar continuidade? —
questionou o treinador, consciente da
pressão pela vitória. Pressão que, segundo ele, começa dentro da seleção:
— Nunca vi fazer planejamento para
perder. Nosso planejamento é otimista,
mas sabemos que estas eliminatórias
serão disputadas até a última rodada.
Nosso ponto fixo é vencer.
NA FALTA DE TEMPO, A CONVERSA
Com apenas dois treinos para consertar o
que deu errado no Recife, Dunga optou
por um esquema mais conservador no
ataque, com Ricardo Oliveira fixo na frente. Pelo menos foi o que mostrou no único treino aberto à imprensa. Sem Neymar, o time perde a boa movimentação e
troca de passes no ataque, como aconteceu no primeiro tempo com o Uruguai
entre ele, Willian e Douglas Costa.
— Ricardo é um jogador mais de área,
mais presente, enquanto o Neymar flutua
mais. Vou tentar criar opções dentro das
características de cada um, dentro do
pouco tempo de trabalho que tivemos.
Em um jogo duro como sempre tem sido Paraguai contra Brasil, a entrada de
Ricardo Oliveira ao menos dá mais uma
opção nas bolas altas. Dos homens de
frente, é o mais alto, com 1,83m.
Na defesa, se for levada em conta a última atuação de David Luiz, contra o Uruguai, o melhor é que ele tenha mesmo saído do time. Com a entrada de Gil, a seleção passa a ter a mesma zaga titular da vitória sobre o Peru (3 a 0) em Salvador,
com ele ao lado de Miranda. No ataque, o
trio Willian, Douglas Costa e Ricardo Oliveira começou a partida contra a Venezuela em Fortaleza: 3 a 1.
— Nós conversamos bastante. Temos
pouco tempo de entrosamento, e conversar nos ajuda — disse Miranda sobre Gil.
O treinador fará seu décimo jogo de
competição desde que reassumiu a seleção após a Copa, metade deles sem Neymar. Dunga comentou a postura do jogador, que aproveitou a noite catarinense
após ser suspenso pelo segundo amarelo:
— A gente tem que respeitar individualidades. A geração muda. Hoje tem as redes sociais, muita exposição. Hoje, o que
um jogador faz em dois segundos está no
mundo todo. Não posso querer que os jogadores tenham o mesmo comportamento ou pensar da minha maneira.
O Paraguai, que arrancou um 2 a 2 com
o Equador em Quito, é treinado pelo argentino Ramón Díaz, que confirmou o
longevo Santa Cruz ao lado de Lezcano. l
FICHA DO JOGO
PARAGUAI: Villar, Gómez, Paulo da
Silva, Aguilar e Samudio; Ortigoza,
Ortiz, Oscar Romero, Iturbe; Lezcano e
Roque Santa Cruz.
BRASIL: Alisson, Daniel Alves,
Miranda, Gil e Filipe Luis; Luiz
Gustavo; Fernandinho, Renato
Augusto, Willian e Douglas Costa;
Ricardo Oliveira.
JUIZ: Wilmar Roldán (Colômbia).
LOCAL: Estádio Defensores del Chaco,
em Assunção, no Paraguai.
HORÁRIO: 21h45m.
TRANSMISSÃO: Rede Globo e Sportv
Eliminatórias
CLASSIFICAÇÃO
EQUIPE
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Equador
Uruguai
BRASIL
Paraguai
Argentina
Chile
Colômbia
Peru
Bolívia
Venezuela
P
J
V SG
13
10
8
8
8
7
7
4
3
1
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
4
3
2
2
2
2
2
1
1
0
7
7
3
1
0
-1
-1
-5
-4
-7
P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias;
SG - Saldo de gols
SEXTA RODADA
HOJE
17:30
20:00
20:30
20:30
21:45
Colômbia
Uruguai
Argentina
Venezuela
Paraguai
x
x
x
x
x
Equador
Peru
Bolívia
Chile
BRASIL
Bolívia
Equador
Chile
Peru
2x3
2x2
1x2
2x2
Colômbia
Paraguai
Argentina
Venezuela
BRASIL
2x2 Uruguai
QUINTA RODADA
24/3
25/3
presença da seleção em Viamão, município
de Porto Alegre,
gerou um mal-estar para a
comissão técnica. O Hotel
Vila Ventura, local da concentração, tem Lúcio como sócio. O ex-zagueiro da
seleção é o auxiliar técnico
pontual do time de Dunga
para os jogos com Uruguai
e Paraguai.
Via assessoria de imprensa da CBF, Lúcio admitiu sua sociedade no Vila Ventura. Apesar de dizer
que não se envolve com a
parte burocrática, Dunga é
hóspede frequente do Vila
Ventura. Já se concentrou
no local com o Internacional, em 2013. As mudanças feitas para receber a
equipe colorada tornaram
possível o licenciamento
do hotel junto à Fifa para
hospedar o Equador na
Copa do Mundo de 2014.
O Hotel Vila Ventura fica
distante cerca de 15km do
centro de Viamão, que está
a 23,8km de Porto Alegre.
Os jogadores teriam questionado a escolha do lugar
para os treinos da seleção
para enfrentar o Paraguai
nesta terça, em Assunção.
Isso teria sido um dos
motivos de uma suposta
discussão entre Neymar da
Silva Santos, pai do craque,
e Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções, que negou o atrito e justificou a escolha de Viamão, afirmando desconhecer que Lúcio
era sócio no momento em
que fechou o contrato:
— O que mais vão inventar para mim? Já tive o meu
nome na lista da Odebrecht
(na verdade era um prefeito homônimo do município de Esteio) e agora essa
briga. Não tem nada disso disse Gilmar à imprensa.
— No Paraguai, não teríamos um local desta qualidade. Além do mais, não
vamos precisar fazer o
treino de reconhecimento
no Defensores del Chaco.
E estamos mais perto de
Assunção do que estaríamos na Granja Comary.
Dunga minimizou:
— O que observo é o
campo bom, sala de musculação, estrutura. Serviu
à Fifa. Aqui já estive com o
Inter. A parte burocrática é
com o Gilmar. (G.A.) l
CAMPEONATO CARIOCA
Invasão ao Ninho do Urubu faz Fla rever segurança
Oito torcedores entram no CT e
conversam com jogadores.
Dirigente vê falha de vigilância
EDUARDO ZOBARAN
[email protected]
O Ninho do Urubu terá segurança reforçada a partir de hoje. Na manhã de
ontem, oito membros de uma torcida
organizada do clube invadiram o cen-
tro de treinamento e conversaram com
jogadores rubro-negros. O time vem de
quatro jogos sem ganhar e marcar gols
e, amanhã, enfrenta o Vasco no Mané
Garrincha, em Brasília.
— O Flamengo tem que admitir que
houve uma falha de segurança. Bastava
ter segurança na entrada que nada teria
acontecido. Com as obras (no Ninho do
Urubu), esse movimento dos torcedores foi facilitado — afirmou Flávio Godinho, vice de futebol do clube.
Apesar de lamentar o episódio, o diri-
gente lembrou que não houve tensão
no encontro entre torcida e jogadores.
— Uma pessoa desavisada que chegasse por lá não notaria a presença deles. Eram oito pessoas num mundo que
é o CT. Não foi invadido o campo, o treino não foi interrompido. Os jogadores
que falaram com eles foram aqueles
que estavam num treino regenerativo,
tanto que a comissão técnica nem percebeu. De qualquer maneira, é desagradável — ponderou.
Escalado para falar com os torcedo-
res e, mais tarde, com os jornalistas,
Wallace assumiu um tom crítico.
— Não é normal, mas no Brasil é corriqueiro. Ninguém gosta de ser intimidado, que invadam sua casa. Eu não tenho que achar nada, mas se alguém da
diretoria ou o Rodrigo Caetano achou
viável que os caras ficassem aqui, problema deles. Fazer o quê? — indagou o
jogador, que viu um ponto positivo. —
Quando eu olhei para trás, todo o grupo estava presente. Isso mostra que estamos unidos. l
GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO
Mediador. Wallace falou com torcida
SEGUNDO
CADERNO
OGLOBO
Além do Teatro pela
Democracia, houve
atos do cinema, da
literatura, do samba
etc. Não se pode
dizer que é pouco
pág. 2
MARCUS FAUSTINI
TERÇA-FEIRA 29.3.2016
oglobo.com.br
CRISE
TEMPORADA
DO TEATRO
MUNICIPAL
SOFRE
TESOURADA
pág. 5
BRASIL: A IMPRENSA FEMININA E FEMINISTA NO SÉCULO XIX
1827
“O Espelho Diamantino”
Criado pelo jornalista Pierre
Plancher no Rio de Janeiro,
foi o primeiro jornal
destinado ao público
feminino no Brasil e teve 14
edições entre 1827 e 1828.
O editorial do primeiro
número traz uma defesa da
instrução feminina.
1831
“Espelho das Brasileiras”
Lançado no Recife pelo
jornalista francês Adolphe
Emile de Bois-Garin, o jornal
trouxe como novidade a
contribuição de mulheres.
Nísia Floresta, a primeira
feminista do Brasil, iniciou
sua carreira literária nas
suas páginas.
1852
“O Jornal das Senhoras”
O primeiro jornal criado por
uma mulher, Joana Paulo
Manso de Noronha, circulou
aos domingos no Rio de
Janeiro, entre 1852 e 1855.
Ao contrário de outras publicações femininas, o periódico
desde o início assumiu um
discurso emancipacionista.
1873
“O Sexo Feminino”
Fundado por Francisca
Senhorinha da Motta Diniz
na cidade de Campanha,
no interior de Minas
Gerais, o semanário foi um
importante porta-voz da
luta das mulheres na
região, em especial pelo
direito à educação.
1879
“A Mai de Familia”
1884
Quinzenal, o jornal dirigido
pelo médico pediatra Dr.
Carlos Costa circulou no
Rio de Janeiro até 1888 e
é exemplar da reação
conservadora à luta das
mulheres, ensinando, por
exemplo, alguns cuidados
com as crianças.
“O Corymbo”
Com 60 anos de existência,
o jornal criado na cidade de
Rio Grande (RS) pelas irmãs
Revocata Heloísa de Mello e
Julieta de Mello Monteiro foi
a publicação feminina mais
longeva. Entre suas
colaboradoras estão Cecília
Meireles e Cora Coralina.
HEROÍNAS DA RESISTÊNCIA
REPRODUÇÃO DO ÓLEO SOBRE TELA DE JOHN OPIE
Clássico reeditado e pesquisa que acaba
de virar livro resgatam os primórdios do
feminismo na Europa e no Brasil
LEONARDO CAZES
[email protected]
M
uito antes de as mulheres ganharem as ruas e as redes,
elas ocuparam as páginas de
jornais e revistas em sua luta pela
igualdade de gênero. Considerado o
documento fundador do feminismo,
“Reivindicação dos direitos da mulher”, escrito pela crítica literária e tradutora inglesa Mary Wollstonecraft,
foi publicado em 1792 e ganha agora
uma nova edição crítica no Brasil pela
Boitempo. A obra exerceu forte influência no nascimento do movimento
feminista brasileiro. Ao longo do século XIX, surgiram pelo menos 143 publicações no país voltadas para mulheres, de acordo com um levantamento feito por Constância Lima Duarte, professora da Faculdade de Letras da UFMG, que lança também agora o dicionário ilustrado “Imprensa
feminina e feminista no Brasil — Século XIX” (Autêntica).
A principal bandeira de Mary Wollstonecraft, encampada pelas brasileiras,
foi o direito à educação. Na época, as
mulheres eram preparadas apenas para tarefas do lar. A trajetória pessoal da
ativista inglesa explica seu interesse pelo tema. Mary deixou a casa do pai aos
19 anos e passou a se sustentar como
acompanhante de uma viúva. Em 1774,
junto com a irmã Eliza, fundou uma escola numa comunidade ao norte de
Londres onde havia forte presença de
dissidentes políticos e religiosos. É essa
experiência que leva Mary a escrever
seu primeiro panfleto sobre a a educação das mulheres.
— Ela trilhou um dos poucos caminhos possíveis a uma mulher de sua
época para conseguir espaço como intelectual. Teve formação incipiente e,
depois, educou-se de modo autodidata
— conta Ivania Motta, tradutora da
obra e autora de uma dissertação de
mestrado sobre a ativista. — Seus textos
foram escritos num período peculiar
na Inglaterra em relação à produção de
obras teóricas e discussões políticas.
Em plena Revolução Industrial e sob o
impacto tremendo da Revolução Francesa, desenvolveu-se o mais intenso e
polêmico debate ideológico jamais havido sobre o caráter e a natureza das
instituições políticas.
A partir de 1788, Mary começou a co-
laborar com a recém-lançada revista
“Analytical Review”. É esta publicação
que lhe dá acesso à vanguarda artística
e intelectual da Inglaterra, incluindo
Thomas Payne, William Blake e Henry
Fuseli. Nos anos seguintes, ela mantém
vários relacionamentos amorosos —
indo contra a moral sexista e conservadora da época — e chega a viajar para a
França para acompanhar de perto os
desdobramentos da revolução no país.
— Quando publicou “Reivindicação
dos direitos da mulher”, ela já era conhecida pela obra que escrevera em
defesa de (Richard) Price e da Revolução Francesa, um marco de sua passagem de autora sobre educação de moças e crianças, campo essencialmente
feminino e doméstico, para pensadora
do debate político, reduto eminentemente público e masculino. Wollstonecraft não foi a primeira mulher a escrever sobre os direitos das mulheres. Mas
foi quem usou o tom certo no momento
propício — diz Ivania.
O DESEMBARQUE DAS IDEIAS POR AQUI
A autora que viveu uma vida completamente fora dos padrões de seu tempo teve um fim trágico. Em 1796, aos
38 anos, Mary morreu no parto da sua
segunda filha, fruto do relacionamento com o jornalista e filósofo inglês
William Godwin. A menina, batizada
Mary Wollstonecraft Godwin, ficaria
famosa décadas mais tarde sob o nome de Mary Shelley, a autora de
“Frankenstein”.
As ideias feministas vocalizadas pela
crítica inglesa desembarcaram por aqui
nas primeiras décadas do século XIX. A
primeira publicação dedicada às mulheres é “O espelho diamantino”, criada pelo
jornalista francês Pierre Plancher em
1827, no mesmo ano em que a Coroa autoriza a abertura de escolas para meninas nas cidades mais populosas do país.
Em editorial publicado no primeiro número, Plancher faz uma defesa enfática
da educação das mulheres.
— Se em 1827 temos um jornal feito
por um homem para mulheres, em
1831 já há mulheres fazendo jornais.
Rapidamente, as primeiras escritoras
começaram a escrever para outras mulheres — conta Constância Lima Duarte, professora da UFMG.
Uma dessas escritoras era Dionísia
Pinto Lisboa, conhecida como Nísia
Floresta. Nascida no Rio Grande do
Pioneira. Mary Wollstonecraft lutou por igualdade e contra a moral sexista na Inglaterra
Norte numa família rica, ela teve a oportunidade de estudar e viajou com frequência à França, onde travou contato
com as ideias de liberdade e igualdade
que circulavam no continente. Em
1832, publicou aqui o que considerava
uma tradução livre do clássico de Mary
Wollstonecraft, trazendo o feminismo
para o debate público brasileiro. No século XIX, o perfil de Nísia era comum às
outras escritoras, diz Constância.
— No primeiro censo brasileiro, de
1872, 84% da população era analfabeta.
Apenas uma minoria, a elite da elite, lia e
escrevia. A classe média só começaria a
ter acesso à educação no século XX.
Houve uma campanha de alfabetização,
mas as meninas foram as últimas a entrar na escola. Os próprios pais eram relutantes em permitir que fossem informadas e educadas para pensar pensar
por si — argumenta a professora.
Ao pesquisar as primeiras escritoras
brasileiras, Constância se deparou com
os jornais em que elas publicavam. Para
ela, esses periódicos são “páginas da história da mulher brasileira”. Foi a partir
daí que ela decidiu fazer o levantamento,
chegando às 143 publicações listadas no
dicionário recém-lançado. A professora
revirou arquivos de norte a sul do Brasil.
E acredita que o número de jornais e revistas que circularam no século XIX foi
ainda maior, pois é possível que muitos
tenham desaparecido sem deixar registros. No livro, cada publicação conta
com um verbete e a indicação do arquivo onde pode ser encontrada. Algo de
extrema valia para pesquisas futuras.
DEVERES E DIREITOS
A professora dividiu os periódicos em
dois grupos: os femininos e os feministas. Os primeiros abordavam os deveres
das mulheres, como suas obrigações
com o lar. Já os segundos reivindicavam
direitos. No entanto, as fronteiras entre
ambos eram tênues e se cruzaram nas
páginas do mesmo jornal.
— Não privilegiei os (jornais e revistas) feministas porque a história da
mulher é tudo isso junto e misturado. A
história do feminismo não andou numa só direção, teve idas e vindas, avanços e recuos. Às vezes, na mesma página de um jornal, havia um artigo extremamente de vanguarda, falando das
conquistas da mulher na Europa e nos
EUA, e outro que reitera a passividade,
o comodismo. Houve mulheres extremamente conservadoras e homens feministas — defende.
Constância observou um crescimento das publicações feministas nas décadas de 1860, 1870 e 1880. Um movimento que segue a própria luta das mulheres pelo direito à escolarização.
— Primeiro vem a luta pela escola primária, 20 anos depois, passa-se a pleitear
o ensino secundário e depois a universidade. Em 1879, o imperador abriu o ensino superior para mulheres. São os ares
europeus chegando ao Brasil — aponta a
professora, que agora trabalha num dicionário de periódicos femininos e feministas do século XX. — É comum pensarem que a luta começou nos anos 1970,
mas é bem mais antiga. Agora, por que
essa luta desapareceu por tanto tempo?
Houve resistência ao feminismo e isso é
visível na imprensa do século XX, onde
predomina preconceito e há a cristalização da imagem negativa da feminista. l
“É muito comum
pensarem que a
luta começou nos
anos 1970, mas
essa história é
bem mais antiga”
“REIVINDICAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER”
AUTORA: Mary Wollstonecraft. TRADUÇÃO: Ivania Motta.
EDITORA: Boitempo. PÁGINAS: 256. PREÇO: R$ 53.
Constância Lima Duarte
Professora da UFMG e autora de
“Imprensa feminina e feminista no
Brasil — Século XIX”
“IMPRENSA FEMININA E FEMINISTA NO BRASIL —
SÉCULO XIX” (DICIONÁRIO ILUSTRADO)
AUTORA: Constância Lima Duarte. EDITORA: Autêntica.
PÁGINAS: 416. PREÇO: R$ 37.
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
[email protected]
|
MARCUS
FAUSTINI
Terça-feira 29 .3 .2016
Gente
Boa
CLEO GUIMARÃES
Email: [email protected] e Blog: http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/
COM MARIA FORTUNA, FERNANDA PONTES E GABRIELA LEAL
|
|
O ato do teatro
Certos eventos na História são portadores de
diversos sentidos ao mesmo tempo, sem que
isso deixe-os difusos. Ao contrário, portar
essas perspectivas diferentes faz do evento
uma sensível animação de uma comunidade,
um gesto público para dar visibilidade e
entendimento a acontecimentos. O ato
Teatro pela Democracia foi um exemplo
disso. E realizar algo assim em momentos
extremos é manter o compromisso do risco
de ser uma comunidade e não apenas buscar
um lugar especial de fala individualizado.
DE TODOS OS SANTOS
Raimundo Rodriguez fala das obras religiosas
que são destaques no cenário de ‘Velho Chico’
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
emana passada, na noite de segunda, o ato reuniu na Fundição Progresso, na cidade do Rio de
Janeiro, mais de 3 mil pessoas, entre artistas de
teatro e outras expressões. Foi um dos maiores atos
do campo da arte dos últimos anos na cidade. O objetivo era criar um gesto público que mostrasse a defesa da democracia e o apoio à manutenção das políticas sociais por realizadores de teatro — um campo
cultural que já demonstrou na história do país seu
compromisso com a democracia.
Depois de uma breve mas intensa convocação pelas redes sociais, além da força demonstrada com a
expressiva presença, o ato teve transmissão on-line
com mais de 13 mil visualizações. A ideia da ação
surgiu a partir das inquietações das pesquisadoras
Flora Sussekind e Angela Leite Lopes sobre a necessidade de posicionamento na atual crise política —
inquietações essas que foram partilhadas com os diretores Ivan Sugahara e Enrique Diaz. O grupo teve
adesão imediata de pessoas como Moacir Chaves,
Patrick Sampaio, Amir Haddad, João das Neves, Cobrinha, entre outros. A inconteste adesão que resultou em engajamento e presença no evento pode ser
creditada também ao histórico de lutas iniciadas pelo Movimento Reage Artista, pela constante capacidade dos grupos de teatro das periferias da cidade e
da metrópole em manter realização e ativismo ao
mesmo tempo e pela mobilização dos alunos da Escola Estadual de Teatro Martins Pena (que continuam travando uma batalha pela existência da escola,
mais uma vez precarizada). Esse ambiente produziu
um evento com diversidade de realizadores por linguagens, pesquisas, campos políticos, regiões da cidade, gênero etc. Couberam dissensos, falas catárticas, críticas aos caminhos tortuosos adotados pelo
atual governo e uma lucidez da necessidade de se
manter contra o impeachment por ele ser um ataque claro à democracia e aos avanços sociais. O chamado do teatro produziu em outros setores, imediatamente, um estímulo a expressar suas posições. Seguiram-se manifestos e atos do cinema, da literatura, do samba etc. Não se pode dizer que isso é pouco
ou reduzir esses gestos ao binarismo que marca as
narrativas sobre a atual crise política no país. Não
era um ato com qualquer um pago para estar ali,
com qualquer um insuflado por propaganda. Era
uma comunidade reunida nas suas diferenças e
identificações. Estavam, ali, dispostos, sem negar
contradições, falas que apontavam a existência de
racismo, machismo e desigualdade na arte, mas a
unidade na defesa da democracia.
Um dos maiores esforços dos fazedores de teatro
pelo mundo é a produção de um sentido político para a arte que vá além de mensagens didáticas endereçadas ao espectador ou da performance que, através do excesso de códigos, cria uma barreira para
poucos. O personagem, compreendido como aquele que carrega uma ação em cena, criador de uma
relação sensível com quem partilha de sua presença, é uma concepção que marca a fala daqueles que
se debruçam sobre esse possível sentido político,
colocando em xeque amarras narrativas que aprisionam este intento. Esse núcleo de pensamento tem
sido disparador da radicalidade de criações cênicas,
que se junta à produção que busca invenção de uma
dramaturgia das minorias (como o Bush Theatre em
Londres) ou o teatro como estratégia estética urbana popular — como o Teatro da Laje, da Vila Cruzeiro, presente no ato, guiado pelo vibrante Verissimo
Junior, retratado em recente matéria neste caderno
mostrando que projetos da periferia vão além de inclusão — são criadores artísticos tanto quanto outras centralidades.
É preciso ler nessas vertentes a imensa força que o
teatro tem em sua relação com a vida, com o seu tempo. Não são apenas modos de pesquisar frutos de
uma condição fragmentada contemporânea. A força
do teatro não é apenas a sua capacidade de representação do mundo, mas sim, sua capacidade de produzir uma presença, que mostra a diferença onde todos
percebem tudo igual. Uma presença que tem vínculo
com a democracia, com a diversidade, com a ideia de
cidade como encontro. Foi a democracia que nos
trouxe até aqui. Só tivemos avanços sociais e de inibição da corrupção como forma de manter poder político por vivermos numa democracia. Mas ela não está garantida por vivermos num regime democrático.
Ela precisa de comunidades que tenham coragem
em se expressar na sua defesa e na de seus avanços.
Vale muito o ato de comunidade junta nas suas diferenças expressando uma posição comum. l
JOSÉ
EDUARDO
AGUALUSA
3ª
MARCUS
FAUSTINI
4ª
5ª
6ª
FRED
FLÁVIA ZÉLIA
COELHO OLIVEIRA DUNCAN
SAB
MARCIO
TAVARES
D'AMARAL
DOM
FERNANDO
GABEIRA
Largo do Boticário à venda
As seis casas coloridas em estilo
neocolonial que formam o conjunto
principal do Largo do Boticário estão à
venda. Tombadas pelo Instituto Estadual
do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac),
elas pertencem a Sybil Bittencourt, filha de
um dos donos do extinto jornal “Correio da
Manhã”, e foram avaliadas em R$ 18
milhões pela Sergio Castro Imóveis, que vai
intermediar o negócio.
Aliás e a propósito
O investidor que comprar as casas será
obrigado a restaurar os quase 3.000m2 de
construção, além dos dos jardins. Ele
poderá erguer lojas pequenas no mesmo
estilo do conjunto, nos espaços onde não
há vegetação nem edificação.
S
2ª
|
A estelionatária do Leblon
Uma mulher que se apresenta como irmã
da correspondente da Globo na Itália Ilze
Scamparini vem dando um golpe atrás do
outro em comerciantes do Leblon. A vítima
mais recente é Violeta Maia, dona do bistrô
Delícias da Flor, na Humberto de Campos.
Ela emprestou R$ 1,5 mil para a mulher, que
fala em italiano ao celular e conta histórias
mirabolantes de seu marido milionário. Ao
pedir o empréstimo, ela diz que vem tendo
dificuldades para sacar o dinheiro por causa
da burocracia. “É uma golpista,
cambalacheira. Me envolveu de maneira
inacreditável”, diz Violeta.
Segue a história
Ilze tem uma irmã morando no Rio, mas
ela não fala italiano e, segundo a
jornalista, é “uma pessoa muito honrada”.
“É golpe mesmo. Nunca vi essa pessoa”,
disse Ilze, ao receber a foto da mulher
que vem dando os golpes. A imagem foi
postada na rede por Violeta.
Artes plásticas. Raimundo Rodriguez: parceria com Luiz Fernando Carvalho já dura 10 anos
‘Fazer a Soraya’
R
Não deu outra. A intervenção firme e
afetuosa de Soraya Ravenle no caso
Claudio Botelho virou gíria. Usa-se
“Fazer a Soraya” quando um amigo
muito querido faz alguma coisa que não
deve, e você toca a real para ele, sem
meias palavras. Assim: “Fulano ia
terminar o namoro, mas eu ‘fiz a Soraya’
e falei que ela é a mulher da vida dele,
que deveria pensar melhor para não se
arrepender depois”.
aimundo Rodriguez é o homem
por trás dos mais de 500 objetos
religiosos do elogiado cenário de
“Velho Chico”. O altar de oito metros por
seis do casamento entre os personagens
de Rodrigo Santoro e Marina Nery e o
oratório de Encarnação (Selma Egrei)
são apenas duas das belas obras assinadas pelo artista plástico cearense.
l
“Nos bastidores, eu e Luiz Fernando
(Carvalho) apelidamos o estilo de ‘barrococó neoclássico contemporâneo’”, conta. Raimundo e o diretor trabalham juntos há dez anos.
Que tal?
l
“Ele viu uma exposição minha em 1994 e
disse: ‘Vamos trabalhar juntos?’”, lembra
o artista. “Dez anos depois, Luiz me ligou
convidando para fazer ‘Hoje é dia de
Maria’”. Desde então, a parceria vem rendendo frutos como “A pedra do reino” e
“Capitu”. “Meu pedacinho de chão”, de
2014, havia sido o trabalho mais recente
da dupla, e “Velho Chico” marca a estreia
da dobradinha no horário nobre.
l
“O Luiz é muito culto e me dá sempre
referências”, conta Raimundo. “Às vezes, ele fala apenas uma palavra e eu
trabalho em cima”. Foram os casos de
“rica” e “miscigenação”. A primeira definiu o caminho da estética religiosa
Cenário. Camila Pitanga: estandartes
das peças de Encarnação. A segunda, o
altar de Doninha, personagem interpretado por Bárbara Reis. “Ali misturei
índios e caboclos com imagens de santos católicos”.
l
Desde que voltou do recesso, depois do
carnaval (mais precisamente, dia 15 de
fevereiro), a Câmara de Vereadores,
acredite, não concluiu nenhuma sessão no
plenário. Falta quórum. É necessário ter
pelo menos 16 parlamentares presentes
para que o trabalho seja finalizado — são
51 ao todo. É incrível, mas isso não
acontece há um mês e meio.
Música que embala a imagem
A obra de Raimundo, representado pela Sergio Gonçalves Galeria, também
pode ser vista em duas exposições atualmente em cartaz: “Multiversos: Revisto e ampliado”, sua individual, na
Uerj; e a coletiva “Rio Setecentista,
quando o Rio virou Capital”, no MAR.
MARCOS RAMOS
2
U
Danile Granato
Quem quer ser um milionário?
Danile Granato diz que qualquer um
pode se transformar num milionário,
desde que não viva em função do dinheiro. Ela promete ensinar o caminho
das pedras no seminário “Millionaire
mind”, que acontece em setembro, no
Rio, e é inspirado no livro “Os segredos da mente milionária”,
do canadense T. Harv Eker.
Danile conversou com a repórter Gabriela Leal.
É possível “aprender” a ser
um milionário? Como?
O primeiro passo é eliminar as
chamadas crenças limitadoras, desconstruir clichês como “para ser milionário tem que trabalhar muito”,
“quem nasceu pobre vai morrer pobre” etc. Depois, é preciso parar de fazer planos para o ano que vem, e tomar uma decisão agora. Mas a grande
lição é entender que o “ser milionário” nada mais é que a conquista da liberdade financeira, ou seja, colocar o
l
dinheiro para trabalhar para você,
não viver refém dele.
Qual o erro de quem tenta enriquecer e não consegue?
A ganância. Tem diferença entre trabalhar e querer ser milionário por ganância e por uma missão de vida. Missão de vida é quando
você trabalha com algo e não
vê o tempo passar.
l
l E como pensar em ficar
milionário quando não se
tem nada?
O Silvio Santos, por exemplo, vendia canetas. O Eduardo Lyra, que nasceu na
favela, foi parar na capa da Forbes com
apenas 26 anos. Para dar certo, a pessoa
não deve se limitar por tetos salariais
(“O máximo que posso com minha profissão é isso”) e nem se prender à fixação do primeiro milhão. Muito mais importante é aprender a administrar o dinheiro com sabedoria e controle.
Som. João Paulo Mendonça: trilhas sonoras
Depois de ganhar prêmio pela produção
musical e sonoplastia de “Verdades
secretas”, o músico João Paulo Mendonça
tem madrugado no Projac, repaginando
as vinhetas dos programas da Globo —
“Temperatura máxima” é um dos que já
ganhou nova versão. Ele também assina a
direção musical da peça “Dorotéia” e a
trilha sonora do programa de entrevistas
de Deborah Secco na internet. “O desafio
da música para imagem é ressaltar a cena,
é a arte do invisível”, diz.
U
Curtinhas
O dinamarquês Anders Hentze promove
masterclass de bateria na Escola de Música da
UFRJ hoje, Dia da Percussão.
Edgar Duvivier volta à Casa da Gávea, e hoje
recebe Olivia Byington, sua ex-mulher, e os
filhos Gregório e Bárbara Duvivier.
Bayard Boiteux coordena hoje o I Encontro dos
Embaixadores do Rio, no Copacabana Praia,
organizado pelos alunos de Turismo da UNISUAM.
l Segundo Caderno l
Terça-feira 29 .3 .2016
O GLOBO
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR
OU ACESSE NO SITE: rioshow.com.br
OS DESTAQUES DE HOJE DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Cinema ‘Alceste’
Teatro ‘Supermoça’
Um amor que
desafia a morte
O último voo de uma quase atriz
Inspirada na mitologia grega, a ópera de
Christoph Willibald
Glück é a atração do “Ópera na tela”. Na trama,
Alceste decide se sacrificar para salvar o marido, Admeto, da morte. Com direção de Krzysztof Warlikowski e regência de Ivor Bolton, o
espetáculo, em três atos, é apresentado por
Orquestra e Coro do Teatro Real de Madrid.
Izabella Van Hecke é
uma comissária de bordo na peça de Márcio
Azevedo em cartaz no
Espaço Britannia. A
personagem conta
casos de sua
vida e como
largou o sonho de ser
atriz.
ONDE E QUANDO: Espaço Itaú de Cinema: ter, às 20h. Espaço Rio
Design (sala VIP): ter, às 19h10m. QUANTO: R$ 24 (Itaú) e R$ 36
(Rio Design). CLASSIFICAÇÃO: 12 anos.
ONDE: Espaço Britannia. Av. Rodolfo Amoedo 333, Barra (31976168). QUANDO: Ter e qua, às 21h. Únicas apresentações.
QUANTO: R$ 50. CLASSIFICAÇÃO: 16 anos.
LUZ,
CÂMERA,
AÇÃO
Teatro ‘A última festa
antes do fim do mundo’
O amor, a amizade
e os segredos
A peça “A última festa antes do fim do mundo”, de Daniel Nolasco, se despede do Teatro
Candido Mendes. A montagem, dirigida por
Sérgio Menezes com a supervisão da diretora
francesa Brigitte Bentolila, lança um olhar
sobre as relações homoafetivas a partir da
história do casal Alberto e Mário, que recebem amigos em uma despedida de solteiro.
ONDE: Teatro Candido Mendes. Rua Joana Angélica 63, Ipanema
(2523-3663). QUANDO: Ter, às 21h. Último dia. QUANTO: R$ 40.
CLASSIFICAÇÃO: 16 anos.
Dança ‘Orpheus’
O mito desce à realidade brasileira
O mito de Orfeu, que desce ao inferno em
busca de sua amada Eurídice, já inspirou
cineastas, poetas, dramaturgos, compositores e coreógrafos — como Pina Bausch,
que construiu “Orfeu e Eurídice” sobre a
música de mesmo nome de Glück. O coreógrafo Anselmo Zolla, da paulistana Studio3 Cia de Dança, juntou-se recentemente ao grupo, com uma criação própria:
“Orpheus”, peça de dança-teatro com apresentação única hoje, no Teatro Municipal.
A direção é de José Possi Neto, em sua
sétima parceria com o coreógrafo, e a trilha
sonora, de Felipe Venâncio.
Para criar “Orpheus”, que chega ao Rio depois de duas temporadas em São Paulo, Zolla
tomou como referência a peça “Orfeu da Conceição” (1956), de Vinicius de Moraes, com
música dele e de Tom Jobim, e sua adaptação
para o cinema, “Orfeu do carnaval” (1959), de
Marcel Camus.
— Quis dar uma referência bem brasileira
nessa história de amor impossível, que percorre os tempos — observa Zolla.
Além de 19 integrantes da companhia, há a
participação especialíssima da bailarina Marilena Ansaldi (em destaque na foto), de 81 anos,
que abre e fecha o espetáculo com textos de
Maiakóvski — “como um símbolo do Orfeu da
rua, aquele que fala pelo povo”, diz Zolla. (Nani
Rubin)
ONDE: Teatro Municipal. Praça Marechal Floriano, s/nº, Centro (23329191). QUANDO: Ter, às 20h. Apresentação única. QUANTO: De R$ 20
(galeria) e R$ 300 (frisa com seis lugares). CLASSIFICAÇÃO: Livre.
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Show LiberTango
Show Aether
Exposição Daniela Antonelli
Festa da
boa música
A maioridade do rock progressivo
Entre linhas
e pontos
O grupo LiberTango, formado pela
família Caldi (a argentina Estela e seus dois
filhos brasileiros, Marcelo e Alexandre), faz
show comemorativo de seus 20 anos de carreira, na Caixa Cultural. A cada dia, o trio
recebe um convidado especial: Yamandu
Costa (hoje), Soraya Ravenle (amanhã) e
Hamilton de Holanda (quinta-feira).
l 3
Há 21 anos na estrada, o grupo de rock progressivo Aether toca hoje no Centro Cultural
Justiça Federal. No show, os músicos Adilson
Alexandre Jr., Alberto Curi, Vinicius Brazil e
Fernando Carvalho apresentarão um repertório de composições próprias, em que eles
usaram a música erudita como base.
ONDE: Caixa Cultural. Av. Almirante Barroso 25, Centro (39803815). QUANDO: Ter a qui, às 19h. QUANTO: R$ 10.
CLASSIFICAÇÃO: Livre.
ONDE: Centro Cultural Justiça Federal. Av. Rio Branco 241, Centro
(3261-2550). QUANDO: Ter, às 19h. QUANTO: R$ 40.
CLASSIFICAÇÃO: Livre.
DRAMA
DRAMA
A artista plástica
Daniela Antonelli
apresenta na Mul.ti.plo Espaço Arte a
mostra “O um, o
todo”, resultado de sua pesquisa sobre linhas
e pontos. A exposição reúne desenhos em
papel, esculturas e um rolo de filme com 50
metros de comprimento.
‘BATMAN VS
SUPERMAN’
Sobra
testosterona
no longa de
Zack Snyder,
que mostra o
embate entre
o Homem
Morcego (Ben
Affleck) e o
Homem de
Aço (Henry
Cavill) e o
início da Liga
da Justiça.
Em grande
circuito. 12
anos.
Novas
exposições no
Paço Imperial
Regina de Paula:
‘No interior do tempo’
1
Com curadoria de Ivair
Reinaldim, a curitibana
radicada no Rio expõe
fotos e vídeos que são
resultado de uma pesquisa
recente feita numa viagem a
Israel.
Manfredo de Souzanetto:
‘Paisagem ainda que’
2
‘DEADPOOL’
Ryan
Reynolds
interpreta o
super-herói
escrachado (e
mascarado)
no filme
dirigido por
Tim Miller.
Cheia de
piadas de
humor negro,
a aventura é
no estilo “tiro,
porrada e
bomba”. Em
grande circuito. 16 anos.
‘O MORDOMO
DE PRETO’
Baseado num
mangá e com
cenas de violência estilizada, conta a
história de uma
órfã que, para
sobreviver num
mundo hostil,
vende sua alma
para um mordomo demoníaco. Cine Joia
Rio Shopping:
14h. 14 anos.
Ocupando quatro
salas do Paço, a
mostra do artista
plástico mineiro
reúne pinturas e fotos
produzidas desde 1976 até
os dias de hoje.
Marco Veloso:
‘Jogando com armadilhas’
3
A mostra reúne na
primeira parte 20
telas pintadas a óleo
e, em outra sala,
cerca de cem esboços que
mostram o método de trabalho do artista carioca.
Elisa Bracher:
‘Anatomia da flor’
4
Entre as 86 obras da
mostra, que tem
curadoria de Elisa
Byington, o destaque
é a série de desenhos em
que a paulistana explora, pela
primeira vez, o uso da cor.
Tatiana Grinberg:
‘muda’
5
Desenhos, um vídeo
e uma videoinstalação compõem a
individual da artista
carioca. As exposições ficam
em cartaz até 29 de maio, e
o Paço tem entrada gratuita.
ONDE: Mul.ti.plo Espaço Arte. Rua Dias Ferreira 417, Leblon (22591952). QUANDO: Seg a sex, das 10h às 18h30m. Sáb, das 10h às 14h.
Até 7 de maio. QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: Livre.
O Bonequinho viu
ANIMAÇÃO
'O abraço
da
serpente'
‘Anomalisa’
DRAMA
‘A luneta do
tempo’
DRAMA
‘Spotlight:
segredos
revelados’
DRAMA
‘Trumbo —
Lista negra’
DRAMA
‘Astrágalo’
AÇÃO
‘Conspiração
e poder’
‘Batman vs
Superman:
A origem
da Justiça’
Dividido em dois planos, o filme ambiciona
uma amplitude de
tempo bem maior ao
mostrar personagens
que caminham em
direção ao contato
com a ancestralidade.
A fotografia de David
Gallego é elemento de
destaque.
Poderia ser uma história
de amor. Mas o convencional é pouco para
Charlie Kaufman, roteirista de cults. Seu filme
dificilmente deixará o
espectador confortável,
ou indiferente. A vida do
protagonista pode não
ter sentido. Mas o filme
tem.
Por meio do cordel, da
música e do circo-teatro,
Alceu Valença evoca o
mundo do cangaço. Com
segurança, conta uma
história que atravessa
gerações e transita entre
a vida e a morte de um
Lampião romântico e
vingativo. O resultado é
bastante expressivo.
O filme de Tom McCarthy vem sendo exaltado
pela bela ilustração que
faz do jornalismo investigativo, dando uma
aula sobre a importância do trabalho de
profissionais sem vaidades, para os quais a
descoberta da verdade
é o que mais importa.
Há recursos manjados
— quando, por exemplo,
são criadas relações
entre a vida do protagonista e filmes que ele
escreveu. Ainda assim,
a perseguição política a
Trumbo foi tão absurda
e os atores estão tão
bem que tudo parece
relevante.
Uma homenagem à
nouvelle vague a partir
da autobiografia de
Albertine Sarrazin, que
narrou sua vida de
delinquência, prostituição e paixões. Mas o
roteiro propõe uma
heroína transgressora
e desencorajada, o que
soa contraditório.
Deixa de lado a precisão em nome da paixão e comete o pecado
de muitos filmes sobre
imprensa, que ‘‘Spotlight’’ sabiamente
evitou: valoriza demais
o trabalho dos profissionais, como se estes
fossem os detentores
de todas as verdades.
O problema está na
repetição dos erros
cometidos em “O
Homem de Aço” (2013)
pelo diretor Zack Snyder, que, a cada novo
filme, demonstra ser
um blefe que aposta
tudo numa criação
puramente estética.
Daniel Schenker
Susana Schild
Daniel Schenker
Mario Abbade
André Miranda
Simone Zuccolotto
André Miranda
Mario Abbade
.com.br
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR OU NAVEGUE PELO SITE:
4
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
Terça-feira 29 .3 .2016
Os destaques de hoje na TV
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
GloboNews, 23h30m
DIVULGAÇÃO/JANINE MORAES
De volta ao
português
No “Ofício em cena”, Bianca
Ramoneda entrevista Rodrigo
Santoro, no elenco de “Velho
Chico”. Ele fala sobre a aposta
na carreira internacional e
sobre a decisão de retornar às
novelas brasileiras.
Natalia Castro
[email protected]
MTV, 21h
History, 21h
TV5, 20h30m
Futura, 21h
‘Adotada’
‘O sócio’
‘Filhos do mar’
‘Sala debate’
Maria Eugênia, a Mareu, está
de volta. Agora, ela terá o
auxílio do personal stylist
Nilo Caprioli, e vai apresentar um dossiê ao fim de cada
episódio contando o impacto
de cada família em sua vida.
O canal faz minimaratona
da atração apresentada por
Marcus Lemonis exibindo
três episódios em sequência. O primeiro é “Sweet
Pete”, em que ele recupera
uma empresa de doces.
Em sete partes, a série documental explora o litoral francês a partir de sua fauna e sua
flora. Na estreia, Charlotte, de
17 anos, vai à ilha de Guadalupe a convite de um especialista em oceanos.
Com a participação de Carlos Paiva, o secretário de
Incentivo e Fomento à Cultura do MinC, o programa
analisa os 25 anos da Lei
Rouanet, com seus prós e
contras.
Horóscopo
POR CLAUDIA LISBOA
(21/3 a 20/4)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Libra. Regente: Marte.
A rapidez no pensamento e na
tomada de decisão é qualidade
que facilita a realização dos seus
objetivos. É tempo de aproveitar
este momento para reavaliar o
rumo que está tomando.
LIBRA
(23/9 a 22/10)
Elemento: Ar. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Áries. Regente: Vênus.
A sensibilidade é imensa e seria
bom se fosse capaz de empregála para ajudar a si mesmo e aos
outros. É tempo de perceber que
estar em equilíbrio é essencial
para prestar melhor auxílio.
TOURO
(21/4 a 20/5)
Elemento: Terra. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Escorpião.
Regente: Vênus.
É possível que você se veja na
posição de quem precisa ser
impulsionado pelos outros, sobretudo nas áreas que se acomodaram. É tempo de conviver com
quem deseja a sua vitória.
ESCORPIÃO
(23/10 a 21/11)
Elemento: Água. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Touro.
Regente: Plutão.
Se as bases que sustentam a sua
realidade forem sólidas, é possível
que se sinta capaz de suportar as
pressões causadas pelas crises. É
tempo de comemorar a realização
de ter passado por duras provas.
GÊMEOS
(21/5 a 20/6)
Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário.
Regente: Mercúrio.
É possível que os humores fiquem
alterados, e o melhor é ter cuidado para não jogar tudo para o alto.
É tempo de ter paciência para
poupar conflitos que, racionalmente, não deveriam existir.
SAGITÁRIO
(22/11 a 21/12)
Elemento: Fogo. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Gêmeos. Regente: Júpiter.
Se insistir em idealizar o que não
é preciso, você corre o risco de
não enxergar as pessoas na sua
essência. É tempo de se esforçar
para enfrentar as situações tais
como elas se apresentam.
CÂNCER
LEÃO
(21/6 a 22/7)
Elemento: Água. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
(23/7 a 22/8)
Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Aquário.
Regente: Sol.
Ao não entender o que acontece,
você pode ficar muito irritado.
Afinal, é possível odiar aquilo que
não se compreende. É tempo de
manter a tranquilidade para buscar o equilíbrio.
A alegria é para ser compartilhada. Relacionamentos alegres
tendem a aumentar a potência
das pessoas e ser mais bemsucedidos. É tempo de dar lugar
àquilo que proporciona satisfação.
CAPRICÓRNIO
(22/12 a 20/1)
Elemento: Terra. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar:
Câncer. Regente: Saturno.
AQUÁRIO
As emoções podem variar assim
como as correntes do mar mudam
de direção. Navegar por essas
águas nem sempre é fácil. É tempo de ter flexibilidade para manter
o equilíbrio emocional.
(21/1 a 19/2)
Elemento: Ar. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Leão.
Regente: Urano.
Ao optar por não analisar a situação como um todo, talvez tenha
dificuldade de encontrar soluções
alternativas para seus problemas.
É tempo de tentar enxergar as
coisas na sua amplitude total.
Logodesafio
POR SÔNIA PERDIGÃO
VIRGEM
(23/8 a 22/9)
Elemento: Terra. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Peixes. Regente: Mercúrio.
A organização cotidiana pode ser
comprometida pela ansiedade. O
desejo de ficar livre de determinadas pressões impede a conclusão
do que já se começou. É tempo
de levar seus objetivos até o fim.
PEIXES
(20/2 a 20/3)
Elemento: Água. Modalidade:
Mutável. Signo complementar:
Virgem. Regente: Netuno.
Ao se sentir incompreendido pelo
seu jeito de ser, é possível que se
ressinta e se feche mais do que é
preciso. É tempo de ter sabedoria
para acolher a diferença que
marca a sua singularidade.
Foram encontradas 14 palavras: 10 de 5 letras, 4 de
6 letras, além da palavra original. Com a sequência
de letras NA foram encontradas 14 palavras.
Instruções: Encontrar a palavra original utilizando
todas as letras contidas apenas no quadro maior.
Com estas mesmas letras formar o maior número
possível de palavras de 5 letras ou mais. Achar
outras palavras (de 4 letras ou mais) com o auxílio
da sequência de letras do quadro menor. As letras
só poderão ser usadas uma vez em cada palavra.
Não valem verbos, plurais e nomes próprios.
Solução: dólar, fardo, flora, lardo, ledor, lerda, lerdo, lorde, odeão, órfão; farelo, florão,
oleado, orfeão; FLOREADO. Com a sequência de letras NA: anal, anão, arena, dona,
fonada, fonado, fornada, ladrona, lona, nada, nado, rena, renal, roldana.
ÁRIES
Expediente
EDITORA: FÁTIMA SÁ [email protected] l EDITORES ASSISTENTES: CRISTINA FIBE [email protected],
EDUARDO FRADKIN [email protected], EDUARDO RODRIGUES [email protected], GABRIELA GOULART
[email protected], HELENA ARAGÃO [email protected] l DIAGRAMAÇÃO: ANDERSON BARBOZA, MARIANA
MORGADO E TOMÁS BREVES l TELEFONES: REDAÇÃO: 2534-5703 l PUBLICIDADE: 2534-4310 [email protected] l
CORRESPONDÊNCIA: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900
l Segundo Caderno l
[email protected]
PATRÍCIA
KOGUT
Bem na TV...
Sinal amarelo
A final do “The voice kids”,
anteontem das 13h25m às
15h46m, marcou 21 pontos no
Rio e 16 em São Paulo. A
média geral da atração, que
estreou em 3 de janeiro, foi de
22 (RJ) e 16 (SP). Em
comparação com o mesmo
período de 2015, quando a
emissora exibiu “Sai do chão”,
Temperatura Máxima e
“Esquenta!”, o programa
aumentou a audiência da
Globo em seis (RJ) e cinco
(SP) pontos.
Em sua segunda semana,
“Velho Chico” teve média de 30
(RJ) e 28 (SP), uma queda de
quatro e três pontos,
respectivamente, em relação à
semana anterior. Ainda assim,
superou a média dos 12
primeiros capítulos de “A regra
do jogo” e “Babilônia”, suas
antecessoras na faixa. No Rio,
teve 32. “A regra do jogo”
acumulou 28 e “Babilônia”, 31.
Em São Paulo, teve média de 30
contra 26 (“A regra do jogo”) e
27 (“Babilônia”). Já “Totalmente
demais” teve média semanal de
32 (RJ) e 30 (SP).
... E também na web
FLORENÇA MAZZA (INTERINA)
COM ANNA LUIZA SANTIAGO E RAFAELA SANTOS
PAPAI, MAMÃE, TITIA...
A produção de “Tamanho família”, game
show que Márcio Garcia apresentará na
Globo, está a todo vapor. Será gravado
hoje um piloto da atração, que abordará
temas como educação e sexo. A ideia é
que em cada programa atores disputem
o jogo com a ajuda de três parentes. A
estreia está prevista para 3 de julho.
10
0
Para a final do “The voice kids”,
anteontem, com apresentações
incríveis, técnicos à vontade e
aquelas graças de crianças. E
também para “FabLab”, faça
você mesmo”, série do
“Fantástico” sobre laboratórios
coletivos de tecnologia. Demais.
Para uma pegadinha nojenta
exibida no “Te peguei”, da
RedeTV!. O ator entrava
numa lanchonete, tirava a
dentadura e jogava no copo
do cliente ao lado. Na boa,
alguém acha graça nisso?
O reality também fez barulho
na internet: foram 509 mil
tweets das 13h às 18h. O pico
de mensagens foi às 15h45m,
no momento em que Wagner
Barreto foi anunciado como o
campeão. Ao longo de toda a
temporada, o programa somou
um total de 4,5 milhões de
menções na rede social.
Quem sabe faz ao vivo
O “Domingão” também foi
parar nos trending topics do
Twitter. Não só pela presença
de Anitta, mas por causa de
um vira-lata do quadro
“Garotada & cachorrada” que
acabou usando o estúdio
como banheiro.
DIVULGAÇÃO
TROPA
DE ELITE
Letícia Isnard, que estará em “Liberdade, liberdade”,
novela das 23h, e Soraya Ravenle prestigiaram Otávio
Augusto no teatro. Ele está em cartaz com a peça “A
tropa”, no CCBB, no Centro
Crise do estado
O GLOBO
VILÃ
ÀS 23H
Prestes a voltar
à TV como a
antagonista de
“Liberdade,
liberdade”,
Nathalia Dill
estará na capa
da próxima
revista “VIP”. Na
entrevista, ela
fala sobre a
novela, que se
passa na
época da
Inconfidência
Mineira, e sobre
sensualidade:
“Gosto de
descobrir onde
me encaixo.
Tem de ser
diferente da
sensualidade
padronizada
que rola por aí”.
Mais no site
BONS
DE TIRO
Os participantes do “BBB”
16 precisarão
contar com a
sorte e com a
boa mira para
ganhar mais
um ponto hoje
à noite na
maratona de
provas de
liderança.
Numa espécie
de tiro ao alvo,
terão de
acertar as
nuvens que
passarão à
sua frente.
Cada uma
terá um valor.
Quem somar
mais, ganhará.
FERNANDO LEMOS/21-7-2015
MUNICIPAL
ENXUGA SUA
TEMPORADA
Direção do teatro anuncia cancelamento de dois
espetáculos e redução de gastos em outros
EDUARDO FRADKIN
[email protected]
“A
situação do estado é
gravíssima.” A frase nada eufemística escolhida pelo presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, João Guilherme Ripper, para introduzir a conversa
que teve com o GLOBO ontem,
em seu gabinete, deu a medida
da austeridade das ações que
ele tinha para anunciar. No
mesmo dia, ele se reuniu com
artistas e equipe técnica do teatro para lhes comunicar que a
temporada deste ano sofrerá
cortes. Uma ópera e um concerto coral-sinfônico serão cancelados, um balé será substituído,
duas óperas deixarão de ganhar
encenações e serão apresentadas em forma de concerto, e
três espetáculos terão a quantidade de récitas reduzida.
Os títulos abortados são a
ópera “O barbeiro de Sevilha”,
agendada para setembro, e o
concerto “100 anos de Alberto
Ginastera e Antonio Estévez”,
em dezembro. O balé “La Sylphide”, programado para junho,
tampouco acontecerá, mas,
segundo Ripper, será substituído por outro título — a ser de-
finido — que implique despesas menores de cenário e
figurino. As óperas “La bohème”, no fim de maio, e
“Lo schiavo”, em outubro,
chegarão ao palco do teatro despidas de cenários e
adereços. A primeira terá,
além disso, uma récita a
menos. Outros espetáculos que perderão uma récita são a ópera “Orfeu e
Eurídice”, em julho, e o balé “Trilogia amazônica”, em
agosto. Também foi cancelado o espetáculo “Alma brasileira”, uma produção do
Municipal de São Paulo, encabeçada pelo maestro John
Neschling e financiada pelo
Ministério da Cultura. Nesse
caso, o teatro carioca ofereceria seu palco, sua orquestra e
seu coro para as récitas no Rio,
em agosto.
— No ano passado, quando a
temporada de 2016 foi elaborada, tínhamos uma previsão orçamentária de R$ 4 milhões do
estado. Planejamos uma temporada que custaria cerca de
R$ 12 milhões. O estado entraria com um terço desse total,
portanto. Outros R$ 4 milhões
viriam do que chamamos de
fontes geradas, que são recei-
.com.br
Orçamento menor.
No comando do Teatro
Municipal, João Guilherme
Ripper faz cortes na
temporada: “É a pior coisa
que poderia acontecer”
l 5
tas de bilheteria, de aluguel do
espaço, de visitas guiadas e da
venda de assinaturas e produtos. Por fim, os R$ 4 milhões
que fechariam a conta viriam
da iniciativa privada e doações
de pessoas físicas — explica
Ripper, que instituiu uma cam-
FELIPE HELLMEISTER/REVISTA VIP
Terça-feira 29 .3 .2016
Mundo afora
Agulhas...
“Narcos”, série da Netflix
dirigida por José Padilha,
entrou na lista das cem
melhores produções de 2015
do TV.com, na 34ª posição. A
atuação de Wagner Moura,
segundo o site, é
“impressionante”. O ator
também ganhou destaque
no jornal colombiano “El
tiempo”, com direito a uma
entrevista de página inteira
ontem falando da atração.
Henri Castelli fará “Sol
nascente”, história de
Walther Negrão, Júlio
Fischer e Suzana Pires
para a faixa das 18h. Ele
será um tatuador, irmão
da personagem de
Letícia Spiller.
Faixa nobre
Longe das novelas desde
2013, quando fez “Sangue
bom”, Mila Moreira voltará ao
gênero na faixa das 21h. Ela
será Gigi, amiga da
personagem de Vera Holtz,
na história de Maria Adelaide
Amaral e Vincent Villari que
sucederá a “Velho Chico”.
panha no ano passado, ancorada na Lei Rouanet, pela qual
abatem-se 6% do imposto de
renda devido de doadores de
verba ao teatro. — Com o contingenciamento feito pelo estado, nossa expectativa agora é
de receber R$ 1.890.000 dos
cofres públicos ao longo do
ano, em vez de R$ 4 milhões, e
isso foi o que determinou ajustes na temporada.
O ano já começou mal por
conta de dívidas de 2015 não
saldadas devido a falta de repasses do estado. O presidente
da fundação conta que iniciou
os trabalhos em 2016 com restos a pagar de R$ 3,4 milhões,
dos quais R$ 1,2 milhão era destinado a artistas e R$ 2,2 milhões eram para manutenção
(segurança, limpeza, consertos,
contas de luz, água etc).
— Consegui reduzir bastante
essa dívida, mas, para isso, fui
obrigado a queimar reservas
oriundas das fontes geradas.
Esse dinheiro fará falta na temporada de 2016 — argumenta
ele, que calcula em R$ 456 mil
o déficit mensal só para gastos
de manutenção.
ASSINANTES SERÃO INDENIZADOS
Quem comprou a série de assinatura para os espetáculos deste ano receberá ressarcimento
pelos títulos cancelados e terá a
opção de ser compensado também pelas atrações que sofreram ajustes, caso desista de vêlas por causa de tais mudanças.
— Essa quebra da relação de
confiança com o público gera
um prejuízo enorme para o teatro. A irregularidade da programação é a pior coisa que poderia acontecer. Foi a primeira
coisa que eu tratei de sanar
quando assumi a direção da Sala Cecília Meireles (em 2004).
No Municipal, é ainda mais urgente, porque a programação
mobiliza uma linha de produção — diz Ripper. — Estou fazendo ajustes para evitar novos
cancelamentos, mas se os repasses do estado diminuírem
ou cessarem, eles ocorrerão. l
... E mais
Marcello Novaes,
também na produção,
está de férias na Itália. O
ator aproveita a viagem
para estudar para a
novela. É que ele fará
parte do núcleo de
italianos da trama.
NA WEB
patriciakogut.com
O mundo da televisão passa
por aqui. Visite.
APÓS PEDIR
PERDÃO, LOBÃO
AFIA GARRAS
Cantor diz que Chico,
Caetano e Gil continuam
sendo ‘seus adversários’
SILVIO ESSINGER
[email protected]
U
m dia depois de publicar na internet carta
em que pedia perdão a
Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil por seus ataques e os convocava para um
debate ideológico “pacífico”,
Lobão mostrou ontem que as
garras continuam afiadas.
— Tratei meus adversários
de maneira amorosa, mas eles
continuam sendo meus adversários — garantiu o cantor e
compositor, por telefone.
Escrita logo após ter assistido, na madrugada de domingo, à participação de Gil e Caetano no programa “Altas horas”, a carta surgiu, segundo
Lobão, de “uma emoção positiva sob os eflúvios da Páscoa”.
— As pessoas dizem que eu
sou um cara cheio de ódio. Eu
poderia dar uma de lobo mau,
o que não seria nada original.
Senti uma ternura e fui dormir
a exercitá-la — diz ele, admitindo que Chico, Caetano e Gil
compuseram “excelentes canções”. — Tive que abrir mão do
que havia falado sobre eles.
Crítico, em especial, da postura do trio em relação ao governo do PT, Lobão disse que “a
mímica” de Caetano no “Altas
horas” falou mais do que a sua
fala, que teria sido “evasiva”.
— Eles sabem que o governo
está morto — provocou.
Por sua assessoria, Chico Buarque disse que não ia responder a Lobão. Até o fechamento
da edição, Caetano e Gil não
haviam se pronunciado. l
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR OU NAVEGUE PELO SITE:
6
l O GLOBO
l Segundo Caderno l
Terça-feira 29 .3 .2016
Música
BERNARDO ARAUJO, LEONARDO LICHOTE E SILVIO ESSINGER
Jeff Buckley
SÉRGIO LUZ
[email protected]
A ORIGEM
DO MITO
Feitas em 1993,
primeiras gravações
do cultuado cantor
e compositor
americano morto
há 19 anos chegam
a público reunidas
no álbum ‘You and I’
N
o dia em que decidiu dar
o fatídico mergulho no
Rio Wolf, em Memphis,
em maio de 1997, Jeff Buckley tinha 30 anos e apenas um disco
lançado, o seminal “Grace”
(1994). O afogamento acidental,
que matou uma das maiores
promessas da música americana, também ajudou a aumentar
o interesse pela curta obra do
cantor de extraordinário alcance
vocal, atributo herdado do pai, o
músico de folk e jazz experimental Tim Buckley, morto de overdose em 1975, aos 28 anos.
Quando vasculhava seus arquivos para preparar a edição de
20 anos de “Grace”, a gravadora se deparou com fitas das
primeiras sessões de Buckley como artista contratado. Gravado durante três
dias de fevereiro de 1993,
o material gerou as dez
faixas do disco “You
and I”, lançado neste
mês, com covers de
nomes como Led Zeppelin, Sly & The Family
Stone e Bob Dylan —
deste último, “Just like a
woman” ganhou ontem
um clipe interativo
na web, em
que o
espectador pode incluir instrumentos no arranjo e definir os
rumos da história do casal no vídeo animado. Há também duas
canções autorais, uma delas a
inédita “Dream of you and I”.
— Eu sabia que a Columbia
estava muito animada com um
garoto que havia assinado, mas
conheci o Jeff pessoalmente só
no dia em que ele entrou no
meu estúdio — conta Steve Addabbo, que comandou as gravações, em entrevista por telefone.
FILME, VOZ E GUITARRA
Segundo o produtor, a ideia
era criar uma atmosfera tranquila para as sessões:
— Tentamos fazer algo bastante minimalista para deixá-lo
relaxado. Pedimos apenas que
ele tocasse o que gostava de cantar. É um procedimento muito
comum para novos artistas.
Ele afirma que as qualidades
do músico o surpreenderam.
— A primeira coisa que se notava nele, é claro, era sua voz.
Não é todo dia que você esbarra
num timbre daqueles. Mas o
que mais me impressionou foi
sua técnica na guitarra. Percebi
logo que ele não era um cantor
folk que usava o violão só para
acompanhá-lo. Ele era um grande guitarrista em diversos estilos. E isso pode ser percebido
neste novo álbum. Ele toca Sly &
The Family Stone (“Everyday people”) cheio de groove e “Calling
you” (de Jevetta Steele) com
enorme delicadeza — analisa.
A vasta gama de influências
de Buckley, que já podia ser vista em momentos de “Grace”, como a versão arrebatadora para
“Hallellujah”, de Leonard Cohen, e o standard “Lilac wine”,
de James Shelton, é reforçada
em “You and I” a partir de interpretações que vão de “I know
it’s over” e “The boy with the
thorn in his side”, dos Smiths, ao
blues tradicional “Poor boy long
way from home”. Para Addabbo,
a dificuldade de rotular sua música foi uma das razões que levaram ao fracasso do disco na
época de seu lançamento.
— Havia a onda do grunge
quando o “Grace” saiu, e ele estava tateando muitos gêneros
distintos no CD. A boa e a má
notícia sobre o Jeff Buckley é
que ele era tão versátil que podia fazer muitas coisas diferentes. Apesar de não ter sido bemsucedido quando saiu, com o
tempo “Grace” se tornou um álbum histórico — afirma.
Segundo Addabbo, a trajetória de Buckley tem paralelos
com a de Nick Drake, músico
folk britânico cuja morte, por
excesso de antidepressivos, em
1974, aos 26 anos, segue um
mistério até hoje:
— É interessante a comparação entre os dois. Parece que
ambos visitavam bastante um
certo lado negro. São músicos
com uma qualidade tão única
que seguem encantando.
Em 2012, Addabbo recebeu
uma ligação de uma amiga, produtora de cinema. No telefonema, ela perguntou se seu estúdio
estaria disponível para a gravação de cenas de um filme. Para
surpresa do produtor, o longa,
“Greetings from Tim Buckley”,
dirigido por Daniel Algrant e
ainda inédito no Brasil, era sobre
a música de Jeff e seu pai.
— Penn Badgley, o protagonista, era um cantor muito
bom. Foi bastante esquisito ver
um ator emulando o Jeff depois de tantos anos. Quando
terminamos as sessões, eu toquei umas duas canções das fitas que geraram “You and I”.
Todos se espantaram. Parecia
que o fantasma do Jeff havia
invadido a sala — lembra.
Após duas décadas, Addabbo diz que já tinha perdido as
esperanças de ver aquelas gravações ganharem o mundo:
— Durante 23 anos, eu me perguntei por qual motivo eles não
haviam lançado nada daquelas
sessões. Há muitas horas de música, pelo menos outras dez faixas ficaram de fora deste disco.
Dá para fazer um volume II. Ele
era um artista único, como a Joni
Mitchell ou o Bob Dylan. Sempre
imagino o que ele teria feito. l
NA WEB
oglobo.com.br/cultura
Ouça “Dream of you
and I” e veja o clipe
interativo de “Just like a woman”
Retrato de um arrepio quando jovem
Disco
Crítica
“YOU AND I”
JEFF BUCKLEY
COTAÇÃO: Bom
SILVIO ESSINGER
DIVULGAÇÃO/DAVID GAHR
[email protected]
C
om gravações que saíram em outros discos e uma inédita que
é pouco mais do que um rascunho, “You and I” pode ser,
para os conhecedores da
obra de Jeff Buckley, uma redundância e nada mais. No
entanto, para o resto do
mundo, que não foi iniciado
na obra desse artista ímpar,
de passagem meteórica, o
disco tem encantos. É o registro emocionante de um
grande talento, ainda na
sua juventude, tentando
com todas as forças (e atirando
para muitos lados a fim de) ganhar o seu lugar ao sol.
Voz e guitarra estão umbilicalmente ligados em “You and
I” — e não falta beleza, refinamento e nem competência na
fita de apresentação desse cantor, instrumentista e compositor que influenciaria de Thom
Yorke (Radiohead) a Lana Del
Rey. Exuberante e íntimo, o
disco tem elocubrações acerca
de Bob Dy-
lan, um Sly & The Family
Stone quase religioso, a releitura oportuna de um hit
dos anos 1980 (“Calling
you”, do filme “Bagdad café”), um Led Zeppelin até
respeitoso e transfigurações
carinhosas de duas canções
dos cultuados Smiths.
Tudo muito interessante,
mas nada como o que se encontra na faixa 4: o embrião
de “Grace”, a composição
autoral, que daria título ao
álbum de estreia do músico.
É ali que se vê por inteiro do
que Jeff Buckley era capaz
— toda a arquitetura da
obra-prima está lá, desenhada em voz e guitarra. Arrepiante, no mínimo. l
Aposta. Buckley em 1994:
promessa da música americana
aOutros Lançamentos
“Bagaça” Bruno Batista
“Visions of us on the land” Damien Jurado
“Nas estâncias de Dzyan” Juliano Gauche
“Estranhos românticos” Estranhos Românticos
Cotação: Bom
Cotação: Bom
Cotação: Bom
Cotação: Bom
Compositor que vem
chamando a atenção
desde o álbum “Eu não
sei sofrer em inglês”, de
2011, Bruno Batista
mergulha bonito em
suas raízes
maranhenses (com ecos
do Caribe), sem perder
seu caráter urbano, pop. No disco, há parcerias
com Zeca Baleiro e o duo maranhense Criolina,
além das participações de artistas como Gustavo
Ruiz, Marcelo Jeneci e Felipe Cordeiro. (L.L.)
Artista dos mais
consistentes do folk
americano neste novo
milênio, Damien Jurado
lança seu 12º álbum
sem dar mostras de
cansaço ou falta de
inspiração. Disco final
de uma trilogia sobre
um homem que cai na estrada numa busca
filosófica, “Visions of us on the land” conjuga o
intimista e o épico, com texturas psicodélicas,
em 17 belas e bem executadas canções. (S.E.)
Com classe nos timbres
e arranjos vintagevanguardistas, letras
diretas e inventivas e
belas melodias (como
as de “Muito esquisito”
e “1,99”, única do álbum
não assinada pelo
artista), o capixaba
radicado em São Paulo avança bem para o
segundo disco. O tom geral é angustiado, ora
mais carregado ora menos, mas há momentos
de frescor, como “Alegre-se”. (L.L.)
Barulhento, divertido
e levando seu nome a
sério, o quarteto
carioca remete aos
anos 1960 e 70 com
um som algo
tropicalista, algo
psicodélico, marcado
pelos grooves e
teclados rasgados. Bem produzidos por JR
Tostoi, os quatro, já na estreia, mostram
poesia própria e criatividade em músicas
como “Na contramão” e “Lobo mau”. (B.A.)
Agenda da semana
HOJE
O Libertango toca até quinta
na Caixa Cultural (3980-3815),
sempre às 19h. Participam
Yamandu Costa (hoje), Soraya
Ravenle (amanhã) e Hamilton
de Holanda (quinta).
l O clarinetista Edgard Duvivier
se apresenta na Casa da Gávea
(2239-3511), às 21h. Com Olivia
Byington, Gregorio e Bárbara
Duvivier e Artur Ortenblad.
Lancellotti tocam no
Castelinho do Flamengo
(2205-0655), às 20h.
l Agnaldo Timóteo mostra
sucessos no Imperator
(2596-1090), às 16h.
l Rita Benneditto canta no
Net Rio (2147-8060), às 21h.
l Guto Goffi e O Bando do
Bem apresentam seu Luau
Indoor no Espaço Sérgio
Porto (2535-3846), às 19h.
AMANHÃ
QUINTA, DIA 31
l
l
l
Bruno di Lullo e Domenico
MC João, do hit “Baile de
favela”, faz show no Bola
Preta (2240-8049), às 22h.
l O duo Eco recebe Luis
Leite e Donatinho no
Semente (2507-5188), às
20h. Às 22h, o palco é de
Júlia Vargas.
l Marcelo Vig se apresenta no
Castelinho do Flamengo, às
19h. Na sexta, ele vai para o
Centro de Arte Hélio Oiticica
(2232-4213), às 18h. No
sábado, para o Centro de
Referência da Música Carioca
(3238-3831), às 19h30m.
ARNALDO JABOR: A coluna volta a ser publicada na próxima terça-feira.
Ilessi, com Thiago Amud
ao violão, canta no Espaço
BNDES (2172-7447), às 19h.
l O cantor Neguers se
apresenta no Hotel Vila Galé
(2460-4500), às 19h.
l Às 21h30m, Lan Lanh
recebe Max Sette, Carlos
Pontual e Rafael Steinbruch
no Beco das Garrafas
(2543-2962).
l
SEXTA, DIA 1º
Herbie Hancock e Wayne
Shorter são as atrações da
l
primeira noite do Brasiljazzfest,
no Vivo Rio (2272-2901), às
21h. Sábado, às 21h, é a vez do
encontro entre o quinteto
Kneebody e Daedelus e de
Antonio Sanchez com o grupo
Migration. Domingo, às 20h,
tem Hamilton de Holanda e o
quarteto do tunisiano Anouar
Brahem.
l Marcelo D2 lança DVD no
Circo Voador (2533-0354),
às 23h.
l Luan Santana faz show no
Barra Music (3303-1000), à
meia-noite.
l Henrique & Juliano cantam
no Metropolitan (www.tickets
forfun.com.br), às 22h30m.
l Gilbert T apresenta o disco
“Contradições” na Audio
Rebel (3435-2692), às 20h,
em noite que tem também o
lançamento do livro
“Brodagens”, de Pedro Luna.
SÁBADO, DIA 2
A Nação Zumbi toca na
íntegra o álbum
“Afrociberdelia”, no Circo
l
Voador, às 23h.
l A Orquestra de Sopros da
Pro Arte lança o disco “2
sanfonas e 1 orquestra” no
Parque das Ruínas
(2215-0621), às 19h, com os
acordeonistas Marcelo Caldi
e Kiko Horta.
l O projeto feminista
“Primavera das mulheres: um
show-manifesto” ganha a
Praça Tiradentes, às 18h.
l Scalene, Fresno e NX Zero
tocam na Fundição Progresso
(3212-0800), às 22h.
DOMINGO, DIA 3
O Coral Palavra Cantada se
apresenta no Net Rio, às 16h.
Jamelão Sound System
toca na Audio Rebel, às 19h.
l
l
SEGUNDA, DIA 4
Carol Saboya e Lui
Coimbra homenageiam
Catulo da Paixão Cearense
no Centro Cultural Banco do
Brasil (3808-2020), às 19h.
A série segue com outros
cantores nas duas
segundas-feiras seguintes.
l