As Operações Interagências na faixa de fronteira do
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As Operações Interagências na faixa de fronteira do
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Cav ANGELO MOREIRA CARNAVAL As Operações Interagências na faixa de fronteira do Comando Militar do Sul e a problemática da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. Rio de Janeiro 2015 Maj Cav ANGELO MOREIRA CARNAVAL As Operações Interagências na faixa de fronteira do Comando Militar do Sul e a problemática da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Fernando Cesar Costa de Almeida - TC Inf Rio de Janeiro 2015 C288o Carnaval, Angelo Moreira As Operações Interagências na faixa de fronteira do Comando Militar do Sul e a problemática da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. / Angelo Moreira Carnaval. 2015. 62 f. ; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 57-62. 1.Operações interagências. 2.Faixa de fronteira. 3.CMS. 4.Célula de Coordenação e Controle. 5. Centro de Coordenação I. Título. CDD 355.4 Maj Cav ANGELO MOREIRA CARNAVAL As Operações Interagências na faixa de fronteira do Comando Militar do Sul e a problemática da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em __ de ________ de 2015. COMISSÃO AVALIADORA ______________________________________________________ FERNANDO CESAR COSTA DE ALMEIDA – TC Inf – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ___________________________________________ ANDRÉ BOU KHATER PIRES – Maj Cav – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ____________________________________________________ JOSÉ EUCLIDES OLIVEIRA DE ARAÚJO– Maj Com – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército À minha esposa Eliane, o seu amor e compreensão são os combustíveis da minha inspiração. Te amo. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pela oportunidade de estar nesta Escola do mais alto nível e que por tantos anos almejei frequentar. À minha família, pelo apoio, incentivo e compreensão em todos os momentos, sendo fundamentais no sucesso da conclusão deste trabalho. Aos meus pais, pela minha educação e formação moral, mostrando-me a importância da dedicação e do trabalho, como fontes fundamentais do sucesso pessoal. Agradeço ao Tenente Coronel Clynson Silva de Oliveira que iniciou a orientação desse trabalho, pelo incentivo e o tempo de trabalho a mim dispensado. Agradeço ao Tenente Coronel Fernando Cesar Costa de Almeida, por suas orientações e inestimável apoio ao meu trabalho. Agradeço ao Major André Bou Khater Pires, pela sua pré-disposição ao aceitar ser membro e por suas orientações de apoio ao meu trabalho. Agradeço ao Major José Euclides Oliveira de Araújo, pela sua pré-disposição ao aceitar ser membro e por suas orientações de apoio ao meu trabalho. Ao camarada, Maj Adenir Fernandes Nogueira que de forma voluntária, cedeu seu material bibliográfico para valorizar meu trabalho. “Se conheceis o inimigo e a vós mesmos, não deveis temer o resultado de cem batalhas. Se vos conheceis, mas não ao inimigo, para cada vitória alcançada sofrereis uma derrota. Se não conheceis nem a um nem a outro serei sempre derrotado” (Sun-Tzu). RESUMO As Operações Interagências na faixa de fronteira do Comando Militar do Sul ocorrem cada vez com mais frequência fruto do chamado Plano Estratégico das Fronteiras e com o amparo legal específico da Lei Complementar nº 136/2010, adequando as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Nessa faixa de fronteira, possuidora da maior densidade demográfica em faixa de fronteira no País, também é a porta de entrada de ilícitos transfronteiriços em direção aos Grandes Centros do País. Dessa forma, tornam-se valiosas a obtenção de informações oportunas a respeito de ilícitos transfronteiriços por meio da troca de informações entre o Exército Brasileiro e as diversas Agências que atuam na região. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e com base na observação do autor, fruto de experiência pessoal, é apontado como um fator relevante para esse problema detectado: “cultura da falta de troca de informações entre as diversas Agências e Forças Armadas”. Fato este que poderia ser minimizado passando a operar permanentemente a Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. Todavia, este possui 3 óbices a superar: meios logísticos, meios em recursos humanos e meios tecnológicos que sendo superados corroborariam na melhoria dessa cultura incipiente de troca de informações entre os diversos Órgãos de Segurança Pública e as Forças Armadas. Assim, este estudo monográfico procura apresentar um breve histórico das operações interagências, contendo o sucesso dos recém-criados Centros Integrados de Comando e Controle Regionais (CICCR) controlados e coordenados pelo Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN) visando a melhoria da Segurança Pública nos Grandes Eventos previstos no Brasil recentemente e que obtiveram excelentes resultados graças ao trabalho interagências, e, por fim, uma conclusão e sugestão com o objetivo de melhorar a cultura de troca de informações. Palavras-chave: Operações Interagências. Faixa de Fronteira. Comando Militar do Sul. Ilícitos transfronteiriços. Cultura da Troca de Informações. RESEÑA Las operaciones entre agencias en la región fronteriza del Comando Militar del Sur ocurren cada vez con mayor frecuencia fruto denominado Plan Estratégico Fronteras y el apoyo jurídico específico de la Ley Complementaria Nº 136/2010, la adaptación de las normas generales para la organización, preparación y el uso de las Fuerzas Armadas. En esta región fronteriza, que poseen la mayor densidad de población en la zona fronteriza del país, también es la puerta de entrada ilícita transfronteriza hacia los grandes centros del país. Por lo tanto, se convierten en valiosos para obtener información oportuna acerca de transfronterizo ilícito mediante el intercambio de información entre el brasileño y los diversos organismos del Ejército que operan en la región. A través de una revisión de la literatura y en base a la observación de la autora, la experiencia personal de frutas se promociona como un factor relevante para este problema detectado: "cultura de la falta de intercambio de información entre los distintos organismos y fuerzas armadas." Este hecho podría ser minimizado através de operar permanentemente la Coordinación de células y Control del Centro de Coordinación de Operaciones interinstitucionales. Sin embargo, esto tiene 3 obstáculos que superar: logística, medios en los recursos humanos y los medios tecnológicos que superar en la mejora de corroborar esta incipiente cultura de intercambio de información entre los distintos órganos de la seguridad pública y el ejército. Así, este estudio monográfico tiene como objetivo presentar una breve historia de las operaciones interinstitucionales, que contiene el éxito de los Centros Integrados de nueva creación del Comando Regional y Control (CICCR) controladas y coordinadas por el Centro de Mando Integrado y Nacional de Control (CICCN), destinado a mejorar la seguridad Principales acontecimientos en público recientemente presentó en Brasil y obtuvieron resultados excelentes gracias a la labor interinstitucional, y por último, una conclusión y sugerencias con el fin de mejorar la cultura de intercambio de información. Palabras clave: Operaciones interinstitucionales. Gaza Frontier. Militar del Comando Sur. Frontera ilícito. Cultura Intercambio de Información. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 - Faixa de Fronteira – Lei 6.634/1979................................................. 19 Ilustração 2 – Esboço da Linha de Limite Internacional e da Faixa de Fronteira... 24 Ilustração 3 – Organograma do CMS..................................................................... 26 Ilustração 4 – Símbolo da FNSP............................................................................ 27 Ilustração 5 – Brasão da Polícia Militar do Paraná................................................. 27 Ilustração 6 – Estrutura de um Centro de Coordenação de Operações Interagências................................................................................... 28 Ilustração 7 – Estrutura de uma Célula de Coordenação e Controle Interagências................................................................................... 29 Ilustração 8 – Flagrante da Presidenta Dilma Rousseff e o Prefeito Eduardo Paes durante visita ao Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro....................................................................................... 32 Ilustração 9 – Imagens Monocromáticas e coloridas com diferentes resoluções espaciais de mesma Porção da Superfície Terrestre (Exemplo).... 47 Ilustração 10 – Etapas de Produção da Geoinfo.................................................... 47 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Localidades situadas sobre a Linha de Fronteira do CMS.................. 25 LISTA DE ABREVIATURAS A Op Área de Operações Bda Brigada Bda C Bld Brigada de Cavalaria Blindada Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada Bda Inf Bld Brigada de Infantaria Blindada Bda Inf Mec Brigada de Infantaria Mecanizada Bda Inf Mtz Brigada de Infantaria Motorizada CC² Célula de Coordenação e Controle CCPI Centro de Cooperação Policial Internacional CCOp Centro de Coordenação de Operações CICCN Centro Integrado de Comando e Controle Nacional CICCR Centro Integrado de Comando e Controle Regional CLAO Comando Logístico da Área de Operações CMO Comando Militar do Oeste CMS Comando Militar do Sul C Op Comando Operacional Cmdo AD Comando de Artilharia Divisionária DE Divisão de Exército EB Exército Brasileiro EM Cj Estado-Maior Conjunto EME Estado-Maior do Exército END Estratégia Nacional de Defesa FA Forças Armadas F Cte Força Componente FNSP Força Nacional de Segurança Pública FS Força Singular F Ter Força Terrestre GeoInfo Geoinformação IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas MD Ministério da Defesa MJ Ministério da Justiça Nu Núcleo OM Organização Militar Op Operações PBC Planejamento Baseado em Capacidades PND Política Nacional de Defesa PP Política Pública PPP Parcerias Público-Privadas QC Quadro de Cargos RH Recursos Humanos RM Região Militar SESGE Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos SIG Sistema de Informações Geográficas SIPLOM Sistema de Planejamento Operacional Militar SisCOTI Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências SISMC² Sistema Militar de Comando e Controle TIC Tecnologia da Informação e Comunicações SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------- 14 1.1 PROBLEMA ------------------------------------------------------------------------------ 15 1.2 OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------ 16 1.2.1 Objetivo Geral -------------------------------------------------------------------------- 16 1.2.2 Objetivos Específicos ---------------------------------------------------------------- 16 1.3 A FAIXA DE FRONTEIRA DO COMANDO MILITAR DO SUL ------------- 17 1.4 A FAIXA DE FRONTEIRA ------------------------------------------------------------ 17 2 AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS---------------------------------------------- 20 2.1 A ÁREA DE OPERAÇÕES DO CMS----------------------------------------------- 22 2.1.1 As Organizações Militares do Exército Brasileiro no CMS-------------- 25 2.1.2 As Agências na Região Sul do País--------------------------------------------- 26 2.1.2.1 As Agências sob Administração Pública Federal-------------------------------- 26 2.1.2.2 As Agências sob Administração Pública Estadual------------------------------ 27 2.2 CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS--- 28 2.3 CÉLULA DE COORDENAÇÃO E CONTROLE --------------------------------- 29 2.3.1 Centro Integrado de Comando e Controle Nacional ----------------------- 30 2.3.2 Centros Integrados de Comando e Controle Regionais ----------------- 31 2.3.3 Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências -- 32 2.4 CONCLUSÃO PARCIAL--------------------------------------------------------------- 32 3 OS ÓBICES EM MEIOS LOGÍSTICOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC²--------------------------------------------------------------- 34 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS--------------------------------------------------------- 34 3.2 NÍVEIS DE CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES E A LOGÍSTICA------------- 35 3.3 CAPACIDADES BÁSICAS------------------------------------------------------------ 35 3.4 INTERAÇÕES DA LOGÍSTICA------------------------------------------------------ 36 3.5 LIÇÕES APRENDIDAS COM AS OPERAÇÕES ÁGATA--------------------- 36 3.6 CONCLUSÃO PARCIAL--------------------------------------------------------------- 38 4 OS ÓBICES EM RECURSOS HUMANOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC²--------------------------------------------------------------- 40 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS--------------------------------------------------------- 40 4.2 O GERENCIAMENTO DO RH------------------------------------------------------- 41 4.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO---------------------------------------------------- 41 4.4 DÉFICIT DE RH NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL--------------- 42 4.5 CONCLUSÃO PARCIAL--------------------------------------------------------------- 43 5 OS ÓBICES EM MEIOS TECNOLÓGICOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC²--------------------------------------------------------------- 44 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS--------------------------------------------------------- 44 5.2 Parcerias Público-Privadas ----------------------------------------------------------- 44 5.3 GEOINFORMAÇÃO--------------------------------------------------------------------- 45 5.3.1 Definição---------------------------------------------------------------------------------- 45 5.3.1.1 Vantagens do emprego da Geoinformação digital------------------------------ 46 5.3.2 Interoperabilidade e a geoinformação------------------------------------------ 48 5.3.2.1 Cooperação em Ambientes Interagências e Multinacionais------------------ 48 5.3.3 A Geoinformação e o Ambiente Interagências------------------------------- 49 5.4 LIÇÕES APRENDIDAS COM AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS------ 49 5.5 CONCLUSÃO PARCIAL--------------------------------------------------------------- 51 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES-------------------------------------------- 52 6.1 AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS---------------------------------------------- 52 6.2 OS MEIOS LOGÍSTICOS-------------------------------------------------------------- 52 6.3 OS RECURSOS HUMANOS--------------------------------------------------------- 54 6.4 OS MEIOS TECNOLÓGICOS-------------------------------------------------------- 54 6.5 CONCLUSÃO FINAL------------------------------------------------------------------- 55 6.6 RECOMENDAÇÕES------------------------------------------------------------------- 55 REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------- 57 14 1 INTRODUÇÃO Ainda no Período Colonial, diversos tratados estabelecidos com os espanhóis e franceses fizeram com que o Brasil atingisse quase sua configuração geográfica dos dias atuais. Todavia, as fronteiras somente foram demarcadas no início do século XIX, após a compra do Acre, e consolidadas após destacada atuação do Barão do Rio Branco, onde diversas pendências fronteiriças foram resolvidas entre o final do século XIX e início do século seguinte com os vizinhos sul americanos à exceção de Equador e Chile. Solucionadas as questões de fronteiras, o Brasil passou a enfrentar um novo problema: 16.886 quilômetros de fronteiras terrestres para fiscalizar, sendo 3.694 km limítrofe com a maioria dos países do chamado Cone Sul (Argentina, Paraguai e Uruguai), excetuando-se o Chile, região esta, com grande facilidade de migrações clandestinas e permissiva de ilícitos transfronteiriços e ambientais, devido a grande capilaridade de rodovias e estradas vicinais que adentram o País até os principais centros econômicos no sudeste brasileiro. Preocupação do Governo Federal nos últimos anos, as Fronteiras terrestres têm tido atenção especial, conforme mensagem da Presidenta da República em 2013: O Plano Estratégico de Fronteiras alcançou excelentes resultados nos 18 meses desde seu lançamento. Ele é composto pelas Operações Sentinela e Ágata, que se complementam. A Sentinela é uma operação permanente que fiscaliza os pontos vulneráveis da fronteira, integradas pelo Ministério da Justiça, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança. Esta operação articula-se à Operação Ágata, liderada pelo Ministério da Defesa e as Forças Armadas, com ações focadas e com forte concentração de efetivo naquelas regiões de fronteira, indicadas pelos órgãos de inteligência. Além das ações continuadas da Operação Sentinela, já foram realizadas seis Operações Ágata, tendo sido apreendidas 360 toneladas de drogas, 2,2 mil armas, 280 mil munições e 20 toneladas de explosivos, além de presas cerca de 20 mil pessoas e desarticuladas 65 organizações criminosas, evitando dessa maneira o fortalecimento do crime organizado no território nacional. (Mensagem ao Congresso, 2013, p. 15). Uma das primeiras Operações Interagências da história do Exército Brasileiro envolveu a Força Terrestre e a Polícia Militar da Bahia no episódio de Canudos (1893-1897), apesar de, ainda, naquela época não possuir tal expressão semântica. 15 Durante a 3ª Expedição, em janeiro de 1897, a tropa comandada pelo Major Febrônio de Brito era composta por cerca de 100 (cem) militares do Exército e 200 (duzentos) da Polícia local, os quais não lograram êxito na investida no Arraial de Canudos sobre os jagunços liderados por Antônio Conselheiro. Em Nova Expedição preparada pelo Governo federal, apesar do insucesso recente de formação de uma “Operação Interagência” foi constatada a necessidade de possuir no efetivo, Forças locais que melhor conheciam a região, costumes e adaptados às condições meteorológicas. Dessa forma, o comandante da 4ª Expedição, o Coronel Moreira César contou no efetivo de 1.300 homens com o reforço de 01 (um) Batalhão de Polícia Militar da Bahia, sendo formado por parte do 16º Batalhão e pelo 33º Batalhão. Sendo assim, o principal objetivo deste estudo, será o de apresentar o caráter relevante das Operações Interagências inseridos no contexto da faixa de fronteira, particularmente na Região Sul do País, e a problemática da não ativação permanente de uma Célula de Integração das diversas Agências. 1.1 PROBLEMA A presente pesquisa terá a função de elucidar e enunciar parte das necessidades e dificuldades de sinergia de trabalho encontrado perante os demais Órgãos e as Agências participantes, por meio de convênio entre o Ministério da Defesa e os demais Ministérios, por força de Diretriz Presidencial, em Operações Interagências realizadas no CMS. Segundo o autor Maisto (2006), mesmo com todas as tecnologias as ameaças tradicionais ou esporádicas em nosso território, correlacionadas à segurança do território nacional ou no advento das operações integradas nas faixas de fronteiras, requerem uma maior sincronicidade e interação, transparência e cooperação entre todos os Órgãos e Instituições Governamentais (Civis ou Militares) envolvidas na realização da mesma. Serão citados alguns óbices encontrados durante as operações reais já realizadas pelo presente pesquisador, onde poder-se notar a grande dificuldade de interação entre as Instituições Governamentais. 16 Algumas informações apresentadas em trocas de experiências vividas e levantamento de dificuldades discorridas em reuniões entre os membros participantes, serão utilizados para justificar a relevância do presente assunto, qual seja, a problemática da não implantação da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências no CMS permanentemente. Diante das relevantes necessidades aqui discorridas, o pesquisador apresenta a problemática da pesquisa: Qual(is) a(s) problemática(s) da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências no Comando Militar do Sul para as futuras Operações na faixa de fronteira sob sua responsabilidade? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Identificar a(s) problemática(s) da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações de Operações Interagências no Comando Militar do Sul para as futuras Operações na faixa de fronteira sob sua responsabilidade. 1.2.2 Objetivos Específicos Analisar as necessidades de meios como óbice para a implantação permanente da CC², apresentar as vantagens da continuidade do relacionamento profissional entre os recursos humanos das diversas Agências operando permanentemente no CC² para a obtenção de troca de informações, devido a maior confiança entre os envolvidos; Apresentar a Política Pública do Governo Federal para as fronteiras, identificando a falta de sinergia entre os Órgãos e Instituições Governamentais e apresentando Centros semelhantes implantados estados/municípios brasileiros que não em fronteiras; em outros Países e/ou 17 Identificar a importância Geopolítica da Região Sul do País no contexto do desenvolvimento brasileiro, apresentando as principais rotas de entrada de ilícitos transfronteiriços na Região Sul do Brasil. 1.3 A FAIXA DE FRONTEIRA DO COMANDO MILITAR DO SUL O conceito de faixa de fronteira têm por objetivo definir explicitamente ao leitor, a amplitude da responsabilidade do CMS no âmbito da Geopolítica Nacional pela faixa terrestre que detém e lhe é confiada, tudo com a finalidade de estabelecer a importância dessa região como objeto do trabalho. Além disso, apresentar ao leitor os demais agentes públicos, representantes do Poder Nacional e presentes na região, ratificando a grandeza do assunto no que tange o tema: assuntos estratégicos. 1.4 A FAIXA DE FRONTEIRA Segundo Mattos (2011, p.81), “A primeira vez que a legislação brasileira reconheceu o status jurídico de faixa de fronteira foi por meio da Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, na qual o Imperador Pedro II estabelecia uma zona de 10 léguas (66 km) nos limites do Império com os países vizinhos, onde seriam estabelecidas colônias militares”. Atualmente, o termo faixa de fronteira é definido na Constituição Federal de 1988, art. 20 (“são bens da União”), parágrafo 2º, como: “a faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei”. Para se compreender a magnitude dessa pequena faixa de terra, 150 km, basta multiplicar pela extensão de fronteiras terrestres do 5º maior país do mundo, o Brasil, com 16.866 km, que se obterá uma faixa de terra na ordem de 2.529.900 km², extensão de terra aproximada do vizinho do MERCOSUL, a Argentina. As Forças Armadas, e especificamente o Exército Brasileiro, por meio da Lei Complementar nº 117 (2004) que altera a Lei Complementar nº 97 (1999), no Art. 18 17A, inciso IV – estava autorizado a: “atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: patrulhamento, revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves e prisões em flagrante delito”. Dessa forma, o Governo Federal deu amparo jurídico para a atuação das Forças Armadas na faixa de fronteira em razão do entendimento pelo Poder Nacional da importância geopolítica das fronteiras terrestres para o desenvolvimento do País nos diversos Campos do Poder. Mais tarde, em 25 de agosto de 2010, é sancionada a Lei Complementar nº 136 que modifica a Lei Complementar nº 97, já mencionada anteriormente, que “adequa a respeito das normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para descerrar o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e regularizar as responsabilidades do Ministro de Estado da Defesa. Por fim, é instituído em 08 de junho de 2011 o Plano Estratégico das Fronteiras pelo Decreto nº 7.496 que prevê “o fortalecimento da prevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços e dos delitos praticados na faixa de fronteira brasileira”, tendo como diretriz: “a atuação integrada dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e das Forças Armadas”. Destaque-se que, segundo Mattos (2011, p. 35), “a fronteira, no entendimento comum das pessoas, é a linha periférica que contorna o território de um Estado soberano ou de uma jurisdição regional”. Todavia este pensamento simplista da sociedade, que apenas exige do Estado seus direitos de cidadão, não está alinhado com a complexidade e magnitude que advém da fronteira. Segundo Porto (2012, p. 39), sobre as fronteiras, “não se entendendo, de fato, quais os problemas que lá ocorrem e sua importância na segurança e manutenção do status quo da Nação”. No que se refere à ocupação demográfica, segundo Mattos (2011, p. 92), “a característica atual é a de despovoamento da faixa fronteiriça, Norte e Noroeste, do Oiapoque até Corumbá, e de um gradativo aumento de ocupação a partir de Corumbá para o Sul, atingindo a maior densidade demográfica na fronteira com a Argentina a partir de Uruguaiana e com o Uruguai”. Ou seja, o crescimento demográfico, conforme pode-se verificar na ilustração 1 a seguir, em sua maior parte 19 encontra-se na Região Sul do Brasil, a partir do município de Guaíra-PR até Santa Vitória do Palmar, distrito de Chuí-RS. Ilustração 1 - Faixa de Fronteira – Lei 6.634/1979 Fonte: Palestra proferida pelo Cmdo da 4ª Bda C Mec, em Fev/ 2013, na ECEME. 20 2 AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS Segundo, o manual, Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre (2013c): “As forças a serem empregadas devem estar aptas a conduzir Operações no Amplo Espectro, combinando atitudes, simultânea ou sucessivamente, em operações ofensivas, defensivas, de pacificação e de apoio a órgãos governamentais, tudo isso em um ambiente conjunto e interagências e, por vezes, multinacional.” (grifo do autor) Ou seja, a Doutrina Militar Terrestre está num estágio de inflexão e adequação a nova realidade do mundo contemporâneo no qual não cabe mais a singularidade nas operações por parte dos Órgãos Públicos, simplesmente, por dois motivos: a ineficácia nas ações e o desperdício de recursos públicos tão escassos nos dias atuais, principalmente num país em desenvolvimento, como o Brasil, e com diversos problemas sociais. Segundo o manual de Doutrina Militar Terrestre (2014b), as Operações Interagências são definidas por: “interação das Forças Armadas com outras agências com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, a dispersão de recursos e a divergência de soluções com eficiência, eficácia, efetividade e menores custos”. Tal assertiva reflete bem a necessidade atual do Exército Brasileiro, pois a abrangência do território nacional consubstanciada pelo rol de missões constitucionais e a dificuldade de meios em pessoal, logística e tecnologia direcionam para sinergia de esforços para o bem comum de Segurança Nacional. Também conforme o manual de Doutrina Militar Terrestre (2014b), “Alinhado com a Política Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Defesa e a necessidade premente de desenvolver capacidades completas, o Exército Brasileiro passa a adotar a geração de forças por meio do Planejamento Baseado em Capacidades. Desse modo, o desenvolvimento de capacidades, orientado pelos diplomas legais brasileiros, é baseado na análise da conjuntura e em cenários prospectivos, com o objetivo de identificar as ameaças concretas e potenciais ao Estado e interesses nacionais”. Ainda, de acordo com o manual de Doutrina Militar Terrestre (2014b), “Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que 21 possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que formam o acrônimo DOAMEPI. Para que as unidades atinjam o nível máximo de prontidão operativa, é necessário que possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude”. Do acrônimo DOAMEPI serão estudados em capítulos posteriores três fatores: Material, Pessoal e Infraestrutura. O manual de Doutrina Militar Terrestre (2014b) nos mostra que, “Material compreende todos os materiais e sistemas para uso na Força Terrestre, acompanhando a evolução de tecnologias de emprego militar e com base na prospecção tecnológica. É expresso pelo Quadro de Distribuição de Material dos elementos de emprego e inclui as necessidades decorrentes da permanência e sustentação das funcionalidades desses materiais e sistemas, durante todo o seu ciclo de vida (permanência no inventário da F Ter); Pessoal abrange todas as atividades relacionadas aos integrantes da força, nas funcionalidades: plano de carreira, movimentação, dotação e preenchimento de cargos, serviço militar, higidez física, avaliação, valorização profissional e moral. É uma abordagem sistêmica voltada para a geração de capacidades, que considera todas as ações relacionadas com o planejamento, a organização, a direção, o controle e a coordenação das competências necessárias à dimensão humana da Força; e Infraestrutura que engloba todos os elementos estruturais (instalações físicas, equipamentos e serviços necessários) que dão suporte à utilização e ao preparo dos elementos de emprego, de acordo com a especificidade de cada um e o atendimento a requisitos de exercício funcional”. Dessa forma, as novas capacidades consideradas prioritárias para a F Ter na chamada “Era do Conhecimento” são idealizadas, dentre as quais podemos destacar: “interoperabilidade com as demais Forças Singulares complementariedade com outros órgãos e agências – operações interagências”. e 22 2.1 A ÁREA DE OPERAÇÕES DO CMS A Área de Operações do CMS faz parte do quadro dos Grandes Comandos Militares do Exército Brasileiro que possui um total de 8 (oito) Comandos Militares de Área, sendo o CMS um dos 4 (quatro) Comandos com responsabilidades na extensão da faixa de fronteira terrestre. Possui uma área de operações de aproximadamente 576.409,6 km², área esta superior à França, formado por 3 (três) estados da Federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), a Região Sul do País, apesar de ser a menor região do Brasil, possui um total de 1.191 municípios e aproximadamente 27.665.289 habitantes, segundo o senso do IBGE/2010, sendo demasiadamente populosa no que tange ao número total de cidades na faixa de até 150 km das fronteiras em relação as demais regiões brasileiras. Com relação à área de atuação na faixa de fronteira, possui 1.261 km de fronteiras com a Argentina, cerca de 365 km de fronteiras com o Paraguai, pois a maior parte é de responsabilidade do Comando Militar do Oeste e 1.068 km de fronteiras com o Uruguai, além de, através do Paraná fazer divisas com os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul ligando-se assim com os principais Centros econômicos do País. Mattos (2011, p. 92) fez um levantamento de onde ocorre o intercâmbio fronteiriço do Brasil com os países limítrofes à Área de Responsabilidades do CMS, a saber: Com o Paraguai (grifo do autor): Guaíra (Brasil)-Salto del Guairá (Paraguai) sobre o rio Paraná e Foz do Iguaçu (Brasil)-Ciudad del Leste (Paraguai) também sobre o rio Paraná. Ambas as localidades fronteiriças experimentaram grande desenvolvimento em função da construção, nas imediações, da hidrelétrica de Itaipu. As duas cidades, ligadas pela ponte internacional, articulam-se com a rede rodoviária de seus respectivos países. Com a Argentina (grifo do autor): Foz do Iguaçu (Brasil)-Iguazu (Argentina), sobre o rio Paraná, confrontando a localidade paraguaia de Ciudad del Este. Área fronteiriça bastante povoada e muito visitada por seus atrativos turísticos e comerciais, servida por comunicações fáceis, fluvial, rodoviária e aérea. Seguem-se, até São Borja, de um outro lado do rio Uruguai, pequenos pontos de contato. Santo Antônio do Sudoeste (Brasil)Santo Antonio (Argentina). Barracão/Dionísio Cerqueira (Brasil)-Bernardo de Irigoyen (Argentina), sobre a linha seca. Ligada por rodovia ao sistema oeste catarinense. Alto Uruguai (Brasil)-Monte Agudo (Argentina), sobre o rio Uruguai. Porto Mauá (Brasil)-Alba Posse (Argentina), sobre o rio Uruguai, ligado por rodovia a Santa Rosa e Santo Ângelo. Porto Vera Cruz (Brasil)Panambi (Argentina), sobre o rio Uruguai, ligado por rodovia a Santa Rosa e Santo Ângelo. Porto Xavier (Brasil)-San Javier (Argentina), sobre o rio Uruguai, ligado por rodovia a Santa Rosa e Santo Ângelo. A partir de São 23 Borja, a fronteira com a Argentina tornar-se mais viva. As localidades confrontantes têm maior expressão urbana e estão mais bem servidas de transportes. São Borja (Brasil)-Guarruchos, porto de San Tomé (Argentina), sobre o rio Uruguai, ligado por rodovia a Santo Ângelo e Santiago. Recentemente foi inaugurada a ponte Internacional São Borja-San Tomé. Itaqui (Brasil)-Alvear (Argentina), sobre o rio Uruguai, ligado por rodovia a Alegrete e Santa Maria. Vila São Marcos (Brasil)-San Martín (Argentina), ligada por rodovia a Alegrete e Santa Maria. Uruguaiana (Brasil)-Paso de Los Libres (Argentina), sobre o rio Uruguai. Mais importante ponto de conexão da fronteira terrestre entre os dois países. Intenso movimento de intercâmbio comercial bilateral cruza a ponte Internacional aí localizada. Articulado com o sistema rodoviário e ferroviário do estado do Rio Grande do Sul. Com o Uruguai (grifo do autor): Barra do Quaraí (Brasil)-Bella Union (Uruguai), sobre o rio Uruguai. Quaraí (Brasil)-Artigas (Uruguai), sobre o rio Quaraí, afluente do rio Uruguai, ligado por rodovia a Alegrete e Santa Maria. Vila Tomaz de Albornoz (Brasil)-Massoler (Uruguai), fronteira seca. Santana do Livramento (Brasil)-Rivera (Uruguai), fronteira seca, importante ponto de conexão binacional, ligado por rodovia a Santa Maria. As duas cidades geminadas destacam-se pelo dinamismo comercial e pelo entrosamento Internacional. Serrilhada (Brasil)-Cerrilhada (Uruguai), fronteira seca, ligada por rodovia a Bagé. Aceguá (Brasil)-Aceguá (Uruguai). Jaguarão (Brasil)Rio Branco (Uruguai), sobre o rio Jaguarão, importante ponto de conexão Internacional, ligando a Pelotas e Rio Grande, por rodovia e ferrovia. Chuí (Brasil)-Rio Branco (Uruguai), sobre o Arroio Chuí, ligado por rodovia a Rio Grande. (Mattos, 2011, p. 92). Nessa imensa área de fronteira, Brasil (2013a) identificou algumas características preocupantes que, somadas aos números apresentados anteriormente, pode-se inferir que a área é extensa, propícia à ocorrência de delitos transfronteiriços e ambientais. Dessa forma, justificando-se a real necessidade de um maior controle por intermédio de novas medidas de fiscalização no CMS. 24 Ilustração 2 – Esboço da Linha de Limite Internacional e da Faixa de Fronteira Fonte: Mattos (2011, p.100). No quadro 1, a seguir, são mencionadas todas as localidades fronteiriças e os respectivos munícipios nos países vizinhos do Paraguai, Argentina e Uruguai que pertencem a Área de responsabilidade do CMS: Ordem UF Municípios Distrito 21 PR Guaíra Sede Saltos del Guaíra/ Paraguai 22 PR Foz de Iguaçu Sede Ciudad del Leste/ Paraguai 23 PR Sto. Antônio do Sudoeste Sede San Antonio/ Argentina 24 PR Barracão Sede Bernardo de Irygoyen/ Argentina 25 SC Dionísio Cerqueira Sede Bernardo de Irygoyen / Argentina 26 RS Três Passos Alto Uruguay Monte Agudo/ Argentina 27 RS Tuparendi Porto Mauá Alba Posse/ Argentina 28 RS Porto Lucena Porto Vera Cruz Panambi/ Argentina 29 RS Porto Xavier Sede San Javier/ Argentina 30 RS São Borja Garruchos Garruchos / Argentina 31 RS São Borja Sede San Tomé/ Argentina 32 RS Itaqui Sede Alvear/ Argentina 33 RS Uruguaiana Vila Marcos San Martín/ Argentina 34 RS Uruguaiana Sede Paso de Los Libres/ Argentina 35 RS Uruguaiana Barra de Quaraí Bella Union/ Uruguai 36 RS Quaraí Sede Artigas/ Uruguai 37 RS Santana do Livramento Vila Albornoz Tomas Localidade estrangeira/País Massoler/ Uruguai 25 38 RS Santana do Livramento Sede Rivera/ Uruguai 39 RS Dom Pedrito Serrilhada Cerrilhada/ Uruguai 40 RS Bagé Aceguá Aceguá/ Uruguai 41 RS Jaguarão Sede Rio Branco/ Uruguai 42 RS Santa Vitória do Palmar Chuí Chuhy/ Uruguai Quadro 1 – Localidades situadas sobre a Linha de Fronteira do CMS Fonte: Mattos (2011, p.98) 2.1.1 As Organizações Militares do Exército Brasileiro no CMS O CMS possui estrutura fixa e têm três Divisões de Exército, duas Regiões Militares, oito Brigadas, e três Comandos de Artilharia Divisionária, sob seu comando, além de outras Organizações Militares. São elas: a 3ª DE (Santa Maria RS), 5ª DE (Curitiba - PR) e 6ª DE (Porto Alegre - RS); 3ª RM (Porto Alegre - RS) e 5ª RM (Curitiba - PR) e as seguintes brigadas: a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (1ª Bda C Mec) com sede em Santiago-RS, 2ª Bda C Mec (UruguaianaRS) e a 3ª Bda C Mec (Bagé-RS), a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld) com sede em Ponta Grossa-PR, a 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld) com sede em (Santa Maria - RS), a 8ª Brigada de Infantaria de Motorizada (8ª Bda Inf Mtz) com sede em Pelotas-RS, a 14ª Brigada de Infantaria de Motorizada (14ª Bda Inf Mtz) com sede em Florianópolis-SC e a 15ª Brigada de Infantaria de Mecanizada (15ª Bda Inf Mec) com sede em Cascavel-PR; o Cmdo AD/3 com sede em Cruz Alta-RS, o Cmdo AD/5 com sede em Curitiba-PR e o Cmdo da AD/6 com sede em Porto Alegre-RS. A seguir, a ilustração 2 apresenta o organograma do CMS: 26 Ilustração 3 – Organograma do CMS Fonte: http://www.sgex.eb.mil.br/sistemas/organograma/organograma_cms.php 2.1.2 As Agências na Região Sul do País 2.1.2.1 As Agências sob Administração Pública Federal A região Sul do Brasil, igualmente como as demais regiões do País, possui as diversas agências sob Administração Pública Federal, sendo, algumas delas, mais aptas a operar integradas com o CMS. Destacam-se a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Receita Federal do Brasil, IBAMA e a recém-criada Força Nacional de Segurança Pública. Segundo a definição do site wikipedia: A Força Nacional de Segurança Pública, criada em 2004 e localizada na Esplanada dos Ministérios, Distrito Federal (Brasil), é um programa de cooperação de Segurança Pública brasileiro, coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério da Justiça. É um órgão que foi criado durante a gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, idealizado pelo Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. (wikipedia, 2014). A ilustração 4, a seguir, apresenta o símbolo da Força Nacional de Segurança Pública. 27 Ilustração 4 – Símbolo da FNSP Fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_Nacional_de_Seguran%C3%A7a_P%C3%BAblica 2.1.2.2 As Agências sob Administração Pública Estadual Além dos órgãos da segurança pública Federal já mencionados, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná existem as Agências sob Administração Pública Estadual, tais como suas polícias militares e civis e as equipes especializadas em operações na fronteira. As principais corporações que proveem a Região Sul do Brasil são: no Rio Grande do Sul (Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Polícia Civil do Rio Grande do Sul e Instituto Geral de Perícias), em Santa Catarina (Polícia Militar de Santa Catarina, Polícia Civil de Santa Catarina e Instituto Geral de Perícias) e no Paraná (Polícia Militar do Paraná, Polícia Civil do Paraná e Polícia Científica). A ilustração 5, a seguir, apresenta o símbolo de um exemplo de Agência sob Administração Pública Estadual. Ilustração 5 – Brasão da Polícia Militar do Paraná Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bras%C3%A3o_PMPR_mini.PNG 28 2.2 CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.201 (2013d), “O Centro de Coordenação de Operações é constituído por células e representantes de outros centros, para executar a coordenação, o controle e a sincronização de todas as ações conduzidas no ambiente de interagências, integrando todos os vetores, civis e militares, julgados necessários, de acordo com as especificidades das tarefas a serem realizadas”. Por não ser especificamente um órgão de execução, o CCOp possui atribuições relacionadas aos aspectos de coordenação, controle e sincronização das ações; estabelecimento de procedimentos, estruturas, protocolos de comunicação e redes de coordenação e controle; e confecção de planos específicos. A chefia do CCOp é de um oficial general das Forças Armadas ou por um representante de uma agência civil encarregado com autoridade para o gerenciamento de crises específicas, sendo, também, o responsável pela coordenação das ações e pelo assessoramento às autoridades competentes em todos os assuntos que dizem respeito ao Centro de Coordenação. A composição da estrutura do Centro pode variar conforme a importância e a complexidade das ações a serem planejadas e executadas. Todavia, inicialmente será composto por integrantes dos vetores militares e civis que participam. O funcionamento das células ativadas deve ser em regime de 24 horas, em sistema de rodízio, durante as operações. A seguir, a ilustração 6 resume a estrutura de um Centro de Coordenação de Operações. Ilustração 6 – Estrutura do Centro de Coordenação de Op Interagências Fonte: Manual de campanha EB20-MC-10.201 (2013d) 29 2.3 CÉLULA DE COORDENAÇÃO E CONTROLE Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.201 (2013d), “é a Célula responsável por estruturar o sistema de coordenação, comunicações, controle, inteligência, vigilância e reconhecimento, além de gerenciar o sistema e os meios de Tecnologia da Informação e Comunicações empregados na coordenação das ações conduzidas no ambiente interagências, para proporcionar consciência situacional ao Ch CCOp”(grifo do autor). Por ser diretamente subordinada ao CCOp e baseado no pilar da hierarquia, é chefiada por oficial superior das Forças Armadas ou por civil com capacidade específica na gestão de meios de TI, sendo o responsável direto pelo assessoramento ao Ch CCOp nos assuntos atinentes à supracitada Célula. Também, conforme o manual de campanha EB20-MC-10.201 (2013d), “O Ch CC² é o responsável pelo assessoramento ao Ch CCOp nos assuntos relacionados à Célula. Normalmente a arquitetura de Coordenação e Controle deve incluir comunicações integradas, gerenciamento de informações em tempo real e um sistema de apoio à decisão” (grifo do autor). Por experiência do autor, há uma grande dificuldade no compartilhamento de dados entre as Agências, seja durante Operações Interagências, seja no dia a dia, por uma série de aspectos: confiança, doutrina, conhecimento, dentre outros. Sendo assim, a relevância da Estrutura da CC² tornar-se fundamental para adquirir-se uma melhor prática na troca de informações entre as Agências ao longo do ano. A seguir, pode-se verificar na ilustração 7, a Estrutura da Célula de Coordenação e Controle. Ilustração 7 – Estrutura da Célula de Coordenação e Controle Interagências Fonte: Manual de campanha EB20-MC-10.201 (2013d) 30 2.3.1 Centro Integrado de Comando e Controle Nacional Coordenado pela Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional opera de forma judiciosa com uma visão macro, controlando e coordenando o Centro de Cooperação Policial Internacional, ambos com sede no Distrito Federal e os 12 (doze) Centros Integrados de Comando e Controle Regionais criados nas 12 (doze) cidades-sede para a Copa do Mundo do Brasil de 2014, sendo um dos mais importantes legados daquele Grande Evento. A ideia operacional do CICCN é controlar, em tempo real dos eventos, incidentes e ocorrências no território nacional, produzindo informações oportunas e centralizadas que irão gerar relatórios na busca por prevenir ou, em último caso, gerir crises, empregando e coordenando da forma mais judiciosa as Forças de Segurança Pública nas atividades de segurança em Grandes Eventos. Dessa forma, o CICCN busca criar uma nova cultura para a integração da segurança pública, com tomadas de decisões em conjunto e compartilhando informações entre as diversas Agências, não só durante os chamados Grandes Eventos, mas ao longo de todo o ano. Como exemplo, podemos mencionar, segundo fontes da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, subordinada do Ministério da Justiça, que foi criada com o objetivo precípuo de integração das forças de segurança pública ao longo dos eventos internacionais que ocorreram e ocorrerão no Brasil, os quais os resultados durante a Copa do Mundo foram expressivos: a atuação policial durante as manifestações que ocorreram até 10/07/2014 em todo o país, considerando o início do Mundial houve 209 manifestações com a participação de 48.123 pessoas, sendo que em apenas 18 tiveram como consequências os atos de vandalismo e violência. Outro exemplo mencionado pela SESGE foi a ação nas fronteiras que, desde o início do Mundial, em 12/06/2014, um total de 282 estrangeiros foram impedidos de entrar no país, fruto da atuação integrada da Polícia Federal e dos policiais estrangeiros que estão participando da operação no CCPI. Os motivos são os mais variados: pessoas integrantes de torcidas violentas, pessoas investigadas por diversos crimes no exterior e o caso de um integrante de uma lista que reúne suspeitos de pedofilia. Todos tiveram o acesso ao País negado fruto do trabalho 31 integrado e troca de informações oportunas entre os Órgãos de Segurança Pública durante o período do supracitado Evento. 2.3.2 Centros Integrados de Comando e Controle Regionais O Centro de Operações Rio, como é chamado o CICCR-RJ, instalação recente da Prefeitura do Rio de Janeiro, foi Inaugurado em 31 de dezembro de 2010, na Cidade Nova, sendo composto por cerca de trinta órgãos que monitoram, 24 horas, a rotina da cidade. Possui como missão básica integrar todas as etapas de um gerenciamento de crise, desde a antecipação, redução e preparação, até a resposta imediata às ocorrências, como chuvas fortes, deslizamentos e acidentes de trânsito. Para bem cumprir essas missões, integra as informações, em tempo real, das diversas concessionárias e órgãos púbicos, com as imagens captadas de aproximadamente quinhentos e sessenta câmeras instaladas por toda a cidade. Esses dados são interconectados para visualização, monitoramento e análise na Sala de Controle, com um telão de oitenta metros quadrados. Em outra instalação do Centro, a Sala de Crise, equipada com uma tela para videoconferência, é possível se comunicar com a residência oficial do prefeito, na Gávea Pequena, e com a sede da Defesa Civil. Com isso, esse processo tecnológico permite atuar, em tempo real, na tomada de decisões e na solução dos problemas. O Centro funciona com mais de quatrocentos profissionais, em sistema de rodízio, em três turnos no monitoramento da cidade, sendo que, em caso de ocorrência mais séria, há o acionamento oportuno dos órgãos competentes para cada tipo de situação. A ilustração 8, a seguir, mostra um flagrante da Presidenta Dilma Rousseff e o Prefeito Eduardo Paes durante visita ao Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro. 32 Ilustração 8 – Flagrante da Presidenta Dilma Rousseff e o Prefeito Eduardo Paes durante visita ao Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro Fonte:http://www2.planalto.gov.br/centrais-de-conteudos/imagens/viagem-ao-rio-dejaneiro/presidenta-dilma-rousseff-e-o-prefeito-eduardo-paes-durante-visita-ao-centro-de-operacoesda-prefeitura-do-rio-de-janeiro-.jpg/image_view_fullscreen 2.3.3 Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências O Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências está inserido no Projeto Estratégico PROTEGER (defesa de estruturas estratégicas do País) e tem previsão para 2014, da execução da primeira fase de implantação do referido Sistema, conforme Mensagem ao Congresso 2014. Tal Sistema, que envolve alta complexidade tecnológica e um grande aporte financeiro, além de ser assunto de defesa nacional, é mais um indício que o País caminha para a otimização e sinergia dos diversos Órgãos e das Forças Armadas no intuito de um bem maior, o desenvolvimento e segurança nacional. 2.4 CONCLUSÃO PARCIAL Conclui-se, parcialmente, que as Operações Interagências serão mais eficientes quanto maior forem as informações disponíveis para que os decisores em todos os níveis possam tomar a melhor decisão, ou seja, aquela que obterá os 33 melhores resultados com o mínimo de efeitos colaterais. Busca-se criar uma nova Era, a cultura de integração da segurança pública (Operações Interagências), com tomadas de decisões em conjunto e compartilhamento de informações entre as diversas Agências aumentando o sentimento de confiança mútua entre os agentes das mais diversificadas Agências e os militares das Forças Armadas. 34 3 OS ÓBICES EM MEIOS LOGÍSTICOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC² 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Por capacidade logística, entende-se o grau de competência que as Forças Armadas têm para desenvolver um conjunto de atitudes visando a prever e prover, na quantidade, qualidade e oportunidade, os recursos humanos, o material e os serviços necessários ao seu preparo e emprego (Brasil, 2006). Nessa nova realidade do mundo, segundo o manual de campanha EB20-MC10.204 (2014f), o dinamismo do espaço de batalha exige a constante avaliação das capacidades necessárias para que a Força Terrestre possa atuar nas Operações no Amplo Espectro. Tal consideração traz implícito o desafio de conceber uma logística que seja capaz de ajustar-se à multiplicidade de situações de emprego, com suas nuances e especificidades. Essa “logística na medida certa” deve ser capaz de prever e prover o apoio em materiais e serviços necessários para assegurar a essa força liberdade de ação, amplitude do alcance operativo e capacidade de durar na ação (grifo do autor). A intenção dessa “Nova Logística” é englobar todos os integrantes do Exército, bem como das demais Forças Singulares e vetores civis que atuam na área de logística. Comandantes, membros de Estado-Maior e assessores especializados, que integrem uma Força Terrestre Componente no quadro de operações conjuntas, multinacionais ou em ambiente interagências devem buscar utilizar esse novos preceitos, no contexto de ações reais. Atualmente, a Função de Combate Logística no Exército Brasileiro toma como referência outros documentos que tratam do assunto Logística, produzidos, tanto na esfera do Ministério da Defesa e das Forças Singulares como de outros órgãos, instituições e agências civis. Buscou-se garantir a harmonia e o alinhamento dos procedimentos a serem adotados no âmbito da F Ter com aqueles praticados em outras instituições e órgãos nacionais e/ou internacionais, sem perder de vista as especificidades do Exército Brasileiro, no intuito de facilitar futuras Operações que não sejam singulares, incluindo nesse escopo as Operações Interagências. 35 3.2 NÍVEIS DE CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES E A LOGÍSTICA Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f), “a Logística está presente nos três níveis de condução das operações, assegurando a obtenção e a manutenção da capacidade operativa das forças empregadas”. “Nos níveis estratégico e operacional ela condiciona o planejamento e a execução das operações, enquanto no nível tático adapta-se à manobra planejada para torná-la viável”. Também, segundo o manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f), “a Logística no nível operacional coopera no estabelecimento e na sustentação da cadeia logística na área de responsabilidade de um Comando Operacional ativado”. “Vincula as necessidades táticas às capacidades estratégicas, visando ao cumprimento dos planos operacionais e à geração de poder de combate. Atuam neste nível as estruturas logísticas das FS e os Comandos Operacionais e Logísticos ativados”. No nível Operacional cabe ressaltar, ainda, a integração com a logística no ambiente conjunto, interagências e, eventualmente, multinacional. Geralmente, são atividades relacionadas à recepção, transição, movimento à frente, integração e reversão das Forças Componentes, dando prioridade nos planejamentos ao emprego de operadores logísticos civis contratados e/ou mobilizados, permitindo liberar os militares para a execução de tarefas que o emprego de civis não seja adequado ou apresente restrições oficiais legais. 3.3 CAPACIDADES BÁSICAS O emprego da Força Terrestre em ambiente interagências impõe que sejam levantadas e avaliadas as capacidades logísticas de cada agência envolvida. Ressalta-se, entretanto, que as especificidades do apoio logístico à F Ter condicionam que sua Logística seja apta a prestar apoio logístico a outras forças, à população local, às agências governamentais e não governamentais, quando determinado e sob circunstâncias específicas. 36 Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f), “são capacidades básicas da Logística: gerar, desdobrar, sustentar e reverter os meios necessários à F Ter”. 3.4 INTERAÇÕES DA LOGÍSTICA Ainda, citando o manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f), “o emprego da Força Terrestre ocorrerá preponderantemente em ambiente conjunto e interagências e, por vezes, multinacional”. “Nesse cenário, sobressai a importância da estrutura da Logística existente desde o tempo de paz, com a possibilidade de que esta venha a receber e/ou fornecer apoio a outras forças ou órgãos governamentais e não governamentais”. Todavia, foi verificado pelo autor, in loco (Operações Interagências no período de 2010/2011), quando o autor exercia a função de Oficial de Logística do 14º R C Mec em São Miguel do Oeste-SC, que, devido a burocracia entre os diversos Órgãos e a Força Terrestre, o apoio logístico em Operações dessa natureza ainda são muito incipientes. Entretanto, para uma melhor eficiência nas Operações Interagências seria desejável que houvesse uma maior integração entre as logísticas dos segmentos militares e civis. Com isso, poderia ocorrer uma divisão de tarefas em função das capacidades de cada vetor e a normatização/padronização de procedimentos e materiais, eliminando redundâncias e, por consequência, o aumento da a eficácia no emprego dos recursos logísticos. Na pluralidade das situações, para que o apoio logístico às operações terrestres seja efetivo, é necessária uma estreita coordenação e cooperação entre a Força Terrestre e demais Agências governamentais. 3.5 LIÇÕES APRENDIDAS COM AS OPERAÇÕES ÁGATA Após serem realizadas duas Operações Ágata, I a III, em 2011, o Ministério da Defesa publicou o manual MD30-M-01 (2011c), aprovando a Doutrina de 37 Operações Conjuntas e assim conferindo sinergia de pensamentos sobre o assunto referenciado. Há a previsão de ativação, se necessário, do Comando Logístico da Área de Operações para coordenar e executar o apoio logístico, racionalizando e otimizando os meios disponíveis. Como primeira experiência acerca de ativação do CLAO, este foi ativado em 2012 durante a Operação Ágata IV. Como principal experiência desta, foi o fato de sua ativação ter ocorrido quando do efetivo início da Operação, o que obrigou as Forças Singulares a uma integração logística antecipada nas fases de planejamento, sugerindo a ativação antecipada em futuras Operações. Como lição aprendida na Op ÁGATA subsequente, Ágata V, ocorrida no mesmo ano, houve a ativação antecipada do CLAO, por intermédio de um Núcleo do CLAO, o que refletiu positivamente nas ações de planejamento logístico e préposicionamento de meios, evitando tais iniciativas estanques por parte dos envolvidos, como ocorrido em anos anteriores. Em sua 6ª edição o apoio logístico foi aprimorado quando ativado o Nu CLAO juntamente com a reunião preparatória de planejamento operacional do Estado-Maior Conjunto. Dessa forma, evitou-se duplicidade de ações, uma vez que os integrantes do Nu CLAO tiveram a oportunidade de, desde o início, acompanhar a elaboração do Plano Operacional do EM Cj, em especial no que se refere ao seu anexo de logística, antevendo potenciais problemas logísticos. Dessa forma, os anexos ao Plano Operacional, elaborados pelo EM Cj com a participação de representantes do Nu CLAO, foram pouco retificados ao longo daquela Operação por estabelecerem claramente o fluxo de informações gerenciais sobre a logística, os recursos humanos, dentre outros aspectos atinentes no âmbito da Área de Operações. Em constante evolução, na ÁGATA VII têm-se o Plano Logístico do CLAO, em sua condição de F Cte, o qual pode ser efetivamente avaliado com objetivo de esclarecer e orientar as ações a serem desenvolvidas ao longo da Operação, fruto do amadurecimento das ideias a partir da análise dos problemas levantados anteriormente. Com isso, os Planejamentos Logísticos dos CLAO facilitaram o aprimoramento na padronização dos relatórios e na definição das atribuições do CLAO e do EM Cj, dirimindo dúvidas e tornando mais precisas as informações tramitadas, bem como a adequada antecipação e organização das mesmas. 38 Em síntese, o planejamento das Forças Componentes, no qual está inserido o planejamento do CLAO, a partir do planejamento operacional do Comando Operacional ativado, pode apoiar o planejamento tático das demais F Cte simultaneamente ao planejamento operacional, permitindo os necessários ajustes no Plano de Operações, em face das conclusões obtidas nos exames de situação táticos. Assim, sendo possível, inclusive, a contabilização dos custos logísticos da Operação, o que não havia sido feito anteriormente pelos CLAO, evidenciou-se sua característica como F Cte de natureza gerencial, além de flexibilidade no atendimento das demandas logísticas, particularmente as imprevistas. O apoio de um Comando Logístico às operações dessa natureza pressupõe viabilizar as ações administrativas e operacionais demandadas pelas tarefas logísticas que lhe são atinentes em todas as fases da operação sob sua responsabilidade. Entretanto, para melhor cumprir a missão atribuída ao CLAO, o Comandante Operacional deve ter em mente a premissa fundamental de que a ativação do Comando Logístico anteceda, necessariamente ao início da operação por diversas razões já verificadas in loco, por experiências Operacionais em edições anteriores da ÁGATA. Por fim, a ativação do CCLM na Operação Ágata VI, pelo Ministério da Defesa, mesmo que inicialmente de forma incipiente, permitiu testar a estrutura de comando e controle e manter as discussões doutrinárias acerca desta nova estrutura logística, permitindo um constante aprimoramento da doutrina das Operações Conjuntas. É de extrema relevância ao CLAO ativado manter estreita coordenação com aquele, informando-lhe as necessidades logísticas que extrapolem as capacidades disponíveis na Área de Operações. 3.6 CONCLUSÃO PARCIAL Dessa forma, verifica-se que os planejamentos logísticos em todos os níveis (tático, operacional e estratégico) devem estar sincronizados no tempo, no espaço e na finalidade, além de requerer em estreita coordenação com as Forças Armadas, gerenciado pelo CCLM/Ministério da Defesa. As operações multinacionais e em ambiente interagências requerem colaboração com Forças Aliadas, Agências 39 governamentais e Não governamentais o que não é de fácil coordenação pela falta de expertise no assunto, cultura e diferenças de material. A burocracia entre os diversos Órgãos Públicos da Administração Pública Federal e a Força Terrestre dificulta o apoio logístico em Operações dessa natureza, tornando-o, ainda, muito incipiente. Todavia, para uma melhor eficiência no campo logístico durante Operações Interagências, seria interessante a maior integração entre as logísticas dos segmentos militares e civis. Assim sendo, poderia ocorrer uma divisão de tarefas/apoios em função das capacidades de cada vetor, a normatização/padronização de procedimentos e materiais, eliminando redundâncias e aumentando a eficácia no emprego dos recursos logísticos. Na pluralidade das situações para que o apoio logístico às operações terrestres seja efetivo, se faz necessária uma estreita coordenação e cooperação entre a Força Terrestre e demais Agências governamentais. Mas a quebra de paradigmas é complicada, e levará décadas para um maior desenvolvimento dessa cultura, que passaria, inclusive, pela reformulação do ensino nos banco escolares das Escolas de Formação e Aperfeiçoamento, tanto no meio militar como no meio civil. Dessa forma, conclui-se parcialmente que, diante do acima exposto, os meios logísticos são óbices a serem superados para a ativação permanente do CC² pela falta de integração entre os setores de logística dos diversos Órgãos participantes em Operações. 40 4 OS ÓBICES EM RECURSOS HUMANOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC² 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f): “A dimensão humana representa o recurso mais precioso para qualquer força militar. Assim sendo, a área funcional apoio ao pessoal assume papel significativo para a prontidão operativa, assegurando a capacidade de durar na ação por meio do atendimento das necessidades vitais dos militares e de seus familiares e possibilitando as condições requeridas para o cumprimento das missões atribuídas à F Ter”. Na Força Terrestre, o Grupo Funcional Recursos Humanos está inserido na Área Funcional apoio ao pessoal, sendo responsável pelo conjunto de atividades associadas à tarefa de serviços direcionados à manutenção do pessoal, bem como do gerenciamento do capital humano. O apoio ao pessoal possui características distintas em cada Força Armada, assim como em cada Agência, dificultando a sinergia no que concerne aos Recursos Humanos. Por exemplo, na F Ter há uma grande preocupação com o bem-estar e à manutenção do moral, incluindo aí, a assistência religiosa. Um exemplo recente de investimento no RH vem da Sesge para fins de segurança pública durante a Copa do Mundo 2014. Segundo fonte daquela Secretaria, que foi responsável pelo Planejamento da Operação de Segurança, foram utilizados no evento, cerca de 100 mil profissionais da segurança pública, além de 60 mil da defesa e mais 20 mil da segurança privada. Visando a melhorar a capacitação do efetivo, diversos cursos foram oferecidos, com destaque para o curso de Gerenciamento de Reuniões Públicas, curso este que possibilitou ampliar o conceito dos profissionais no que tange ao tema: garantia do livre exercício do direito da reunião e a liberdade de manifestação dos cidadãos, bem como, as novas dinâmicas políticas e sociais do país. Resultados práticos foram verificados pelo então chefe da Sesge, após a participação no curso, com números comprovando a mudança de estratégia das forças de segurança, após a conclusão da capacitação. 41 4.2 O GERENCIAMENTO DO RH Na Força Terrestre o gerenciamento dos efetivos prontos é uma atividade de suma importância destinado ao levantamento do capital humano para as atividades de combate, projeções de perdas e demandas futuras para cada função específica. Esse planejamento segue a determinação das necessidades durante, ainda, a fase de planejamento de operações. Para um melhor gerenciamento do RH visando a ativação permanente do CC² ou mesmo quando da sua ativação sazonal no CMS, este Comando poderia propor uma alteração no Quadro de Cargos com base na qualificação militar e na quantidade para os recompletamentos individuais necessários, devido, principalmente às movimentações, tão comum na carreira militar. Todavia, conforme previsto no manual de campanha EB20-MC-10.204 (2014f), poderia ser previsto, desde que autorizado por autoridade competente, da contratação/terceirização de RH com as qualificações necessárias para o funcionamento permanente da CC². A organização da célula inicia-se pela chefia de um oficial superior das Forças Armadas ou por civil com competência na gestão de meios de TI. Possui, ainda, a necessidade de prever pessoal civil ou militar para compor as seguintes estruturas: sistema de coordenação, sistema de comunicações, sistema de controle, sistema de inteligência, sistema de vigilância e sistema de reconhecimento. Todas as subseções com o objetivo precípuo de assessorar o Ch CC² que é o responsável em proporcionar consciência situacional ao Ch CCOp no que tange a referida Célula. Além dessas subseções, há a necessidade de possuir pessoal especializado para o gerenciamento do sistema e os meios de Tecnologia da Informação e Comunicações empregados na coordenação das ações conduzidas no ambiente interagências. 4.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO Segundo a definição do site wikipedia: “vem do inglês KM - Knowledge Management, é uma disciplina que tem suscitado cada vez mais atenção nas últimas décadas, tendo originado inúmeros trabalhos de investigação e 42 investimentos cada vez mais significativos por parte das organizações que reconhecem a sua crescente importância”. Logo, entende-se que uma boa prática de gestão do conhecimento pode ter reflexos no desempenho organizacional e financeiro de qualquer organização, direta e indiretamente, inclusive na F Ter e mais especificamente nas Operações Interagências. A referida Gestão tem objetivos claros de controlar, facilitar o acesso e manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos meios, no caso, vai ao encontro da CC² no CCOp. De maneira geral, define-se conhecimento como uma informação que sofreu interpretação por alguém. Assim sendo, pode-se afirmar que Gestão do Conhecimento é um processo sistemático, meticuloso, articulado e intencional, apoiado na produção, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional, num mundo cada vez mais globalizado, nominado de sociedade da Era da Informação, o conhecimento tornarse o ativo de produção mais importante do Terceiro Milênio para alguns estudiosos (Site Wikipédia – Definição de gestão do conhecimento). Dessa forma, a Gestão do Conhecimento corrobora no intuito de se valorizar ao máximo a ativação permanente da CC² do CCOp como um Centro de Excelência na produção de conhecimentos (informações) que serão empregados pela F Ter e demais Agências em prol da segurança. 4.4 DÉFICIT DE RH NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL Segundo o Portal de Notícias G1: A Polícia Federal diz que, historicamente, precisa de mais servidores do que tem em seus quadros e que a aprovação do concurso com 1,2 mil vagas foi além do que tinha solicitado. Também, informa que a contratação de pessoal esbarra em questões orçamentárias sobre as quais a decisão cabe ao Ministério do Planejamento. (G1, 2014). 43 Este é tão somente um exemplo, porém, que retrata fielmente a realidade da falta de Recursos Humanos na Administração Pública Federal, no caso específico, de servidores públicos federais voltados para a Segurança. Todavia, foi verificado pelo autor in loco (Operações Interagências no período de 2004/2006 e 2010/2011), quando o autor servia no 16º Esqd C Mec e 14º RC Mec, em Francisco Beltrão-PR e São Miguel do Oeste-SC, respectivamente, que a falta de Agentes dos demais Órgãos que operavam junto ao Exército nas Operações Interagências correntes eram uma constante, não por falta de apoio dos chefes imediatos das respectivas Agências, devido a cultura recente de tais Operações, mas sim pela falta de RH nos quadros das unidades de fronteira, onde deveriam ser uma prioridade para todas as Agências. 4.5 CONCLUSÃO PARCIAL Infere-se, parcialmente, que a falta de Recursos Humanos na Administração Pública é um óbice a ser superado para a ativação permanente do CC² do CCOp. Uma alternativa é o gerenciamento mais otimizado de RH, projetando futuras perdas com a contratação e/ou terceirização de pessoal para funções na CC² que não sejam especificamente avessas à carreira militar. No âmbito da F Ter, a CC² do CCOp deveria possuir status de prioridade no preenchimento de claros. Todavia, o gerenciamento de RH precisa caminhar lado-a-lado com a gestão do conhecimento, pois os hiatos de conhecimento na CC² do CCOp podem infringir em perdas substanciais de conhecimento durante Operações Interagências futuras. Finalmente, entende-se que a falta de Recursos Humanos na Administração Pública é um problema histórico e sem solução a curto ou médio prazo, devido aos diversos fatores que extrapolam o tema deste trabalho. Logo, é um dado que deve ser trabalhado, buscando-se alternativas inteligentes para minimizar os problemas afetos a esse óbice na segurança pública como um todo. 44 5 OS ÓBICES EM MEIOS TECNOLÓGICOS PARA ATIVAÇÃO PERMANENTE DO CC² 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nessa nova realidade do mundo, insere-se, também, a chamada “Era do Conhecimento” que, segundo Rodriguez (2007), valores intangíveis como o conhecimento e a capacidade de inovação tornaram-se hoje diferenciais competitivos. Devido aos benefícios potenciais que podem ser auferidos pelo compartilhamento do conhecimento, muitas organizações têm investido tempo e recursos financeiros consideráveis no processamento da informação. Iniciativas incluem o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento do conhecimento que utilizam tecnologia de ponta para facilitar sua coleta, armazenamento e compartilhamento. Contudo, apesar desses investimentos, estima-se que pelo menos trinta bilhões de dólares sejam perdidos anualmente pelas empresas inseridas na lista Fortune 500¹ em consequência de falhas no processo de compartilhamento da informação (BABCOCK, 2004). O exemplo mais recente no Brasil, quanto a investimentos em tecnologias, vem da área de segurança pública para fins de preparativos para a realização da Copa do Mundo de 2014 que, segundo a Sesge/MJ, foram investidos cerca de 1,17 bilhão de reais em equipamentos e capacitação das forças de segurança. 5.2 Parcerias Público-Privadas A legislação brasileira, segundo a lei nº 11.079, de 30 Dez 2004 prevê: “normas gerais para contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública, ou seja, no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. _______________________ ¹ A lista Fortune 500 é uma compilação anual publicada pela revista Fortune que classifica as 500 melhores empresas americanas tanto privadas como públicas. 45 Conforme prevê o Art. 2o /lei nº 11.079: “Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa”. As PPP seriam uma solução para o incremento em tecnologia de ponta no CC² do CCOp, porque, segundo matéria publicada no site do Ministério da Justiça, os valores elevados que foram necessários em tecnologia na preparação para a Copa do Mundo, com o governo federal investindo cerca de R$ 70 milhões em segurança pública no Distrito Federal. A maior parte do investimento feito pela Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça foi destinado para a aquisição de equipamentos de inteligência, tecnologia e para a atuação operacional das forças policiais. Já os investimentos do Governo do Distrito Federal chegaram a R$ 90 milhões. Dessa forma, totalizando, apenas nesse setor, um legado para a área de segurança pública no Distrito Federal na ordem de R$ 160 milhões numa única cidade-sede. Assim, se considerarmos as peculiaridades geográficas da fronteira terrestre na Região Sul, que são de responsabilidade do CMS, pode-se inferir que esse valor por uma série de fatores e correções da economia nos dias atuais pode dobrar ou até mesmo triplicar, contribuindo para a ideia de realizar-se uma PPP, pois diversos setores da economia são prejudicados anualmente pela falta de segurança no País advinda dos ilícitos transfronteiriços que utilizam-se daquelas rotas na Região Sul. 5.3 GEOINFORMAÇÃO 5.3.1 Definição Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.209 (2014e): “são as informações do terreno ou podem ser relacionadas ao mesmo, o que torna esse elemento da dimensão física um fator primordial para o planejamento e a condução das operações”. Com o entrada da chamada Era do Conhecimento e a evolução tecnológicas cada vez mais veloz a F Ter têm procurado desenvolver pesquisas e projetos para aplicar a Geoinfo digital em prol das Operações, incluindo aí, as Operações Interagências. 46 5.3.1.1 Vantagens do emprego da Geoinformação digital Segundo o manual de campanha EB20-MC-10.209 (2014e): “são vantagens do emprego da Geoinformação digital para Operações Interagências”: a) a capacidade de execução de análises em ambientes bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D) do terreno; b) a visualização perfeita de dados geográficos em tempo quase ao vivo, possibilitando o compartilhamento entre vários usuários, nos diversos escalões da F Ter, incluindo Op Interagências; c) a maior velocidade, e efetividade conferindo oportunidade ao processo decisório nas Op interagências; d) a possibilidade de realizar análise de linha de visada a partir de um ponto qualquer, o que facilita a projeção e o levantamento de possíveis postos de vigilância, entre outras áreas como por exemplo de ilícitos transfronteiriços; e e) a simples seleção e zoom de partes da carta para planejar ou para transmitir instruções sobre uma certa missão, incluindo Op Interagências. 47 Ilustração 9 – Imagens Monocromáticas e coloridas com diferentes resoluções espaciais de mesma Porção da Superfície Terrestre (Exemplo) Fonte: Manual de campanha EB20-MC-10.209 (2014e). Ilustração 10 – Etapas de Produção da Geoinfo Fonte: Manual de campanha EB20-MC-10.209 (2014e). 48 5.3.3 Interoperabilidade e a geoinformação A interoperabilidade ocorre pelo emprego de padrões abertos para o gerenciamento da Geoinformação. Geralmente, são utilizados sistemas baseados na web, os quais estão sendo desenvolvidos de sistemas de informação compreensíveis pelos recursos humanos disponíveis para sistemas de intercâmbio de informação compreensíveis por sistemas autônomos. Contudo, há a necessidade de medidas de segurança no padrão que se exige para as operações militares. A interoperabilidade deve existir na difusão e na ampliação do emprego da geoinformação em todos os escalões da F Ter, incluindose, nesse espectro, as operações interagências. 5.3.3.1 Cooperação em Ambientes Interagências e Multinacionais A Cooperação em Ambientes Interagências e Multinacionais inclui a manutenção de parcerias de cooperação (incluindo projetos de coprodução multilateral de Geoinfo) entre setores militares e órgãos civis de Geoinfo nacionais e internacionais. A cooperação possibilita minimizar os impactos dos elevados gastos e possibilita conseguir acesso às informações geoespaciais produzidas por outros países, gerando interoperabilidade em operações multinacionais, sendo mais eficaz a utilização de padrões abertos para a cooperação. Para alcançar elevado nível de interoperabilidade, é preciso que as necessidades em Geoinfo de cada Força/Agência participante sejam claramente definidas, levando-se em consideração as diferenças culturais, de linguagem, de áreas de interesse, de metodologia, de padrões, de legislação, de ritmo de implementação, de objetivos e de prioridades entre os elementos envolvidos. A publicação de dados abertos capacita que todos os usuários dos diversos órgãos envolvidos utilizem a mesma linguagem e realizem suas pesquisas na mesma base de dados. Acordos de compartilhamento de Geoinfo entre países também possibilitam utilizar a capacidade de coprodução multinacional, reduzindo os trabalhos idênticos de sistemas. 49 5.3.4 A Geoinformação e o Ambiente Interagências Num ambiente interagências, o melhor é que todos os envolvidos nas operações tenham acesso às informações, desde os centros e postos de Comando e Controle até os elementos de emprego operativo. Em cooperação junto a órgãos civis, os produtos de Geoinfo do EB podem ser utilizados em proveito das áreas de geociências e ciências humanas, econômicas e políticas. Igualmente, os produtos de Geoinfo de órgãos públicos podem ser empregados nas operações militares. Logo por emprego dual, a Geoinfo possui elevada capacidade para se tornar objeto de parcerias entre órgãos civis e militares. O Sistema de Informações Geográficas tem a capacidade de unificar numa única plataforma: coleta, armazenamento e gerenciamento de dados oriundos de diversas fontes, e assim ganhar oportunidade na análise gerando conhecimento. (BRASIL, 2014e) A Geoinfo possui diversas capacidades, sendo alguma delas capazes de potencializar uma Op interagência, são elas: coletar e gerir dados, desenvolver segurança integrada e coletar dados variáveis de campo. 5.4 LIÇÕES APRENDIDAS COM AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS Como lições aprendidas, podemos verificar que a tecnologia de ponta é um vetor de multiplicação do poder de combate em todas as fases e em todas as funções de combate. Como exemplo, na fase do planejamento tático das F Cte, o CLAO identifica a necessidade de se programar uma Matriz de Sincronização de todas as ACISO, baseado nos subsídios transmitidos pelas F Cte, antes do início das atividades, possibilitando um melhor acompanhamento e coordenação de todas estas atividades. A constante atualização dessa Matriz, se faz necessária pelas F Cte em coordenação com o CLAO e a célula de Assuntos Civis do EM Cj, evitandose a duplicidade de ACISO em uma mesma cidade e possibilitando a visão macro e consequente controle de todas as ações com seu desenrolar. Podemos destacar o emprego de outras ferramentas de Tecnologia da Informação de grande relevância para o gerenciamento das atividades ou gerenciamento da informação. São elas: Sistema Militar de Comando e Controle e 50 emprega, basicamente, o Sistema de Planejamento Operacional Militar, as Mensagens Operacionais, o Sumário Diário de Situação, dentre outros documentos operacionais e recursos de videoconferência. Os documentos operacionais trafegam pelo correio eletrônico operacional ou por transferência de arquivos, porém sempre criptografados. O SIPLOM trata-se de um conjunto de software inter-relacionados para coletar, processar, armazenar e disseminar informações em apoio aos processos de tomada de decisão e vem tornando-se uma ferramenta positiva para a inserção para o acompanhamento da Operação Interagência correntes, seja na Operacionalidade das Ações seja na logística. Todavia, a tecnologia não opera sem o RH e o lançamento dos dados no Sistema, requerendo incentivo à consciência organizacional e uma maior cultura de Operações Interagências, a fim de que os dados sejam todos inseridos no Sistema e possa ser obtido um cenário real e preciso da Operação. Este óbice é de conhecimento das maiores autoridades do país como sendo, ainda, um obstáculo a ser superado. Conforme palavras do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo em 2014, durante inauguração do CICCN no Distrito Federal que, pela primeira vez no País, houve uma mobilização concreta de integração entre todas as forças policiais. “Não só investimos em tecnologia para a segurança pública, mas criando uma nova cultura para a integração da segurança pública, com tomadas de decisões em conjunto e compartilhando informações”. Outros aspectos relevantes foram elencados pela 18ª Bda Inf Fron durante a Op ÁGATA 7, os quais seriam minimizados adquirindo meios no campo da tecnologia quando foi evidenciado que poderiam ser antecipados os trabalhos de inteligência. Outra ideia, é que necessita-se de um maior fluxo de solicitações de captação de novas imagens em alvos pontuais ou de áreas junto à Força Aérea Componente sendo ser sua disponibilização ser feita com maior antecedência para fins de planejamentos operativos e que Op Interagências auxiliam no desenvolvimento do Comando e Controle, corroborando com a ideia-força de ativação permanente de um CC². 51 5.5 CONCLUSÃO PARCIAL Conclui-se parcialmente que, possuindo ferramentas de apoio à decisão com tecnologias de última geração servindo como ferramentas de inteligência, podemos compor Op Interagências de alto desempenho, com o trabalho conjunto da F Ter e demais Agências nos CC² dos CCOp. O que permitiria uma imagem fiel e em tempo real dos cenários críticos das áreas transfronteiriças por meio de comunicações integradas, gerenciamento de informações em tempo real e um sistema de apoio à decisão. Além disso, muitos obstáculos se avultam. Um dos principais empecilhos na obtenção de tecnologia de ponta para emprego pela F Ter e Agências contra os ilícitos transfronteiriços são os recursos financeiros, geralmente escassos, sendo uma solução alternativa as PPP, pois, além dos atrativos diretos que poderiam ser propostos à iniciativa privada, existem os indiretos, haja vista que em muitos setores da economia refletem-se os ilícitos ocorridos a milhares de quilômetros nas fronteiras terrestres. Por fim, não podemos desvalorizar as ferramentas já existentes e que podem ser muito úteis, pois, voltando ao problema reincidente da falta de recursos públicos para investimentos pesados em tecnologia, a Geoinfo é uma ferramenta que possui diversificados recursos que podem ser empregadas pela F Ter em Op Interagências, bem como por outras Agências e Órgãos operando também de forma singular, criando-se uma cultura da integração de dados e informações entre todos os integrantes da Autarquia Federal. 52 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Neste capítulo serão apresentadas conclusões sobre o estudo teórico das Operações Interagências, com ênfase na CC² do CCOp ativada permanentemente e recomendações por parte do autor. 6.1 AS OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS As Operações Interagências, apesar de ocorrerem de forma sazonal por uma série de fatores, inclusive o do cumprimento das suas responsabilidades constitucionais, eleva a importância da troca de informações pelas diversas Agências, tornando-as mais eficientes. É fato cabal que, quanto maior forem as informações disponíveis para que os chefes e comandantes durante vigorarem as Operações, mais eficazes serão os resultados alcançados. Todavia, para que o escalão que decide, possa melhor agir e tomar decisões, obtendo-se os melhores resultados com o mínimo de danos colaterais, necessitamse de todas as informações disponíveis. Sendo assim, o compartilhamento se faz necessário com a inserção de uma cultura de integração da segurança pública, com tomadas de decisões em conjunto e compartilhamento de informações entre as diversas Agências ao longo de todo o ano, criando-se maior confiança entre os agentes. 6.2 OS MEIOS LOGÍSTICOS Na administração pública, atualmente, há uma grande complexidade nos processos para a aquisição dos bens materiais que serão empregados numa Operação, fato este que ocorreu com o autor quando exercia a função de oficial de logística do 14º RC Mec (São Miguel D’Oeste -SC) nos anos de 2010/2011. Assim sendo, pode-se verificar in loco que agir isoladamente em Operações, controlando todos os processos de aquisições dos meios logísticos, é muito mais difícil em todos os níveis: estratégico, operacional e tático. Deve-se buscar a 53 unidades de esforços no campo logístico, mas, para isso, há a necessidade de planejamentos da logística sincronizados no tempo, no espaço e na finalidade, além de requerer estreita coordenação com as demais FA e Agências envolvidas, implicando em maior diálogo para o entendimento das necessidades. As operações em ambiente interagências requerem colaboração com as Forças integrantes, Agências governamentais e não governamentais o que não é de fácil coordenação pela falta de expertise no assunto, cultura e diferenças de material, sendo diferente se a CC² da CCOp estivesse ativada, seja esporadicamente, seja permanentemente. A burocracia entre os diversos Órgãos Públicos da Administração Pública Federal e a Força Terrestre, fruto da legislação brasileira, dificulta sobremaneira o apoio logístico em Operações dessa natureza, tornando-o, ainda, esporádico e incipiente. Entretanto, para que a Logística seja eficiente durante Operações Interagências entende-se que seria interessante a maior integração entre as logísticas dos segmentos militares e civis. Dessa forma, poderia ocorrer uma divisão de tarefas (unidade de esforços) em função das capacidades de cada Órgão e da normatização e padronização de procedimentos e materiais, eliminando redundâncias aumentaria a eficácia no emprego dos recursos logísticos. Isso porém, requer uma sinergia e um conhecimento maior entre as FA e as demais Agências, necessitando-se alterar a cultura de singularidade. Na pluralidade das situações, para que o apoio logístico às operações terrestres fosse efetivo, seria necessária uma estreita coordenação e cooperação entre a Força Terrestre e demais Agências governamentais. A quebra de paradigmas é difícil e complicado e levará tempo para o desenvolvimento dessa cultura, a qual passará, inclusive, pela reformulação do ensino nos bancos escolares das Escolas de Formação e Aperfeiçoamento do meio militar, bem como das Escolas no meio civil. Os meios logísticos, pela complexidade dos macroprocessos de aquisições, são um óbice a ser superado para a ativação permanente do CC². 54 6.3 OS RECURSOS HUMANOS A falta de Recursos Humanos na Administração Pública é um óbice histórico a ser superado seja qual for a atividade que venha a ser implantada pela FA ou Agências, visto que para as atividades cotidianas já são um problema há muito tempo. Uma alternativa é o melhor gerenciamento do RH, projetando-se futuras perdas, visando a contratação ou mesmo a terceirização de pessoal para funções na CC² que não sejam especificamente avessas à carreira militar. Todavia, o gerenciamento do RH precisa caminhar em paralelo com a gestão do conhecimento, pois os hiatos de conhecimento na CC² do CCOp podem infringir em perdas substanciais durante Operações Interagências futuras. A falta de Recursos Humanos na Administração Pública é um problema crônico e sem solução num futuro próximo. Logo, é um dado que deve ser trabalhado buscando-se alternativas inteligentes para minimizar os problemas afetos a esse óbice na segurança como um todo, de tal modo que este não seja o fator preponderante para a ativação permanente da CC² do CCOp. 6.4 OS MEIOS TECNOLÓGICOS Hoje, os meios tecnológicos são ferramentas de apoio à decisão e de fundamental importância, inclusive, substituindo e minimizando a falta de RH. Com tecnologias de última geração, que muito auxiliarão como ferramentas de inteligência, podemos compor Operações Interagências de alto nível, com o trabalho conjunto das F Ter e demais Agências nos CC² dos CCOp local. Isso permitiria uma imagem fiel e em tempo real dos cenários críticos das áreas transfronteiriças com comunicações integradas, gerenciamento de informações em tempo real, ou seja, com um sistema de última geração de apoio à decisão para os elementos decisores. Outrossim, muitos obstáculos se avultam. Um dos principais empecilhos na obtenção de tecnologia de ponta para o emprego pela F Ter e Agências contra os ilícitos transfronteiriços e o recurso financeiro, geralmente escasso. Uma solução seriam as PPP, pois, além dos atrativos diretos, que poderiam ser propostos à 55 iniciativa privada, existem os indiretos, haja vista que em muito setores da economia refletem-se os ilícitos ocorridos a milhares de quilômetros nas fronteiras terrestres. Por fim, não podemos desvalorizar aquelas ferramentas já existentes e que podem ser muito úteis. Voltando ao problema reincidente da falta de recursos públicos para investimentos pesados em tecnologia, a Geoinfo é uma realidade que possui diversificados recursos que podem ser empregados pela F Ter em Op Interagências, bem como por outras Agências e Órgãos operando também de forma singular, criando-se uma cultura da integração de dados e informações entre todos os integrantes da Autarquia Federal. 6.5 CONCLUSÃO FINAL Após concluir sob inúmeros aspectos levantados nesse trabalho, pode-se considerar que as Operações Interagências serão menos eficientes, devido à problemática da não ativação permanente da Célula de Coordenação e Controle do Centro de Coordenação de Operações Interagências. Por fim, infere-se que, para uma maior eficiência no combate aos ilícitos transfronteiriços, as informações mais importantes, os planos e as atividades de campo em curso e futuras precisam ser de conhecimento de todos os segmentos da segurança pública (civis e militares), com a finalidade de se obter a chamada consciência situacional compartilhada (Cenário Operativo Comum). Todavia, para se atingir esse nível, se faz necessária a ativação permanente da CC² do CCOp. 6.6 RECOMENDAÇÕES Recomenda-se que sejam realizados estudos futuros com relação ao CC² do CCOp, por não haver parâmetros de comparação da maior eficiência da ativação permanente em relação à ativação temporária. Além disso, recomenda-se estudos sobre: a evolução da cultura interagência de compartilhamento de informações, unidade de esforços nas aquisições dos meios logísticos, investimentos em meios tecnológicos e aumento de RH no meio civil e militar. Por ora, no âmbito da F Ter, a CC² do CCOp deveria possuir status de 56 prioridade no preenchimento de claros e/ou investimentos em tecnologias que substituam RH. 57 REFERÊNCIAS AMORIM, C. Uma visão brasileira do panorama estratégico global. Revista Contexto Internacional, Rio de Janeiro, jul./dez. 2011. Vol.33 nº 2. BABCOCK, P. Shedding light on knowledge management. HR Magazine, 49 (5), 46-50, 2004. BRASIL. 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Operações contra Delitos Transfronteiriços e Ambientais. Palestra proferida ao CCEM 2º ano. Disponível na Seção de GLO/ECEME. Rio de Janeiro, 2013. ______. 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira. Relatório sobre a Operação ÁGATA 7, de 24 de julho de 2013. Disponível na 3ª Seção da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira. Corumbá, 2013. ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em 03 de Maio de 2014. ______. 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