Mapas Cognitivos nas Organizaç˜oes: Ferramentas e T

Transcrição

Mapas Cognitivos nas Organizaç˜oes: Ferramentas e T
UNIVERSIDADE T ÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR T ÉCNICO
Mapas Cognitivos nas Organizações: Ferramentas e
Técnicas de Exploração Visual e Interactiva
Luı́s Manuel Pinto da Rocha Afonso Carriço
(Mestre)
Dissertação para obtenção do Grau de Doutor em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Dezembro de 1999
Mapas Cognitivos nas Organizações: Ferramentas e
Técnicas de Exploração Visual e Interactiva
Luı́s Manuel Pinto da Rocha Afonso Carriço
Tese submetida para provas
de doutoramento em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Instituto Superior Técnico
Lisboa
Dezembro de 1999
Tese realizada sob a orientação do
Prof. Doutor Nuno Manuel de Carvalho Ferreira Guimarães
Professor Associado com Agregação do Departamento de Informática da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
e co-orientação do
Prof. Doutor Pedro Alexandre Mourão Antunes
Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Informática do Instituto
Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa
Resumo
Esta dissertação aborda o suporte computacional para trabalho com mapas cognitivos, no âmbito das organizações, como forma de lidar com os processos de mudança.
Neste contexto, a tomada de decisões reveste-se dum conjunto de caracterı́sticas,
que tornam fundamental a compreensão do pensamento, racional e intuitivo, dos indivı́duos nela envolvidos. A utilização de mapas cognitivos e de modelos abrangentes
dos fenómenos organizacionais surge pois, como um instrumento essencial.
A grande maioria das ferramentas e artefactos computacionais existentes, oferece
soluções limitadas a perspectivas particulares das actividades cognitivas, dificilmente
enquadradas em modelos organizacionais estabelecidos. Essa limitação aplica-se, não
só ao tipo das actividades, mas também ao grau de racionalidade com que se processam. Por outro lado, a faceta da interacção pessoa-máquina parece ter sido relegada
ou confinada às representações exageradamente formais que, no contexto em questão,
são manifestamente insuficientes.
Para colmatar estas deficiências, é proposta uma bancada para criação de linguagens visuais, de representação de mapas cognitivos, que se estende a um espectro
alargado de actividades e permite enquadrar restrições não totalmente peremptórias.
Propõe-se ainda um conjunto de técnicas inovadoras de apresentação e manipulação
directa de diagramas, especialmente adequadas a esses mapas. Em particular, o retorno à manipulação, com capacidade de veicular restrições complexas, sustenta-se num
modelo de comportamento e numa classificação de acções e elementos visuais, que
se apresentam. Este conjunto de componentes é então usado na construção de duas
ferramentas para exploração de mapas cognitivos enquadrados em modelos organizacionais adequados.
Abstract
This dissertation covers the computational support for cognitive mapping in organizations, as a way to deal with the change processes. In this context, it is fundamental
to understand the way the decision-makers think, rationally or using intuition. The use
of cognitive maps and models covering a holistic view of organizational phenomena
emerges as an essential working instrument.
Most of today’s existing tools and computational artifacts offer solutions limited to
particular cognitive activities, hardly integrated with established organizational models. That limitation applies to the activity type but also to the degree of rationality
they assume. On the other hand, the human computer interaction facet seems to be
forgotten or oversimplified towards highly formalized representations that are clearly
insufficient in this context.
To cope with these problems, a framework is proposed to create visual languages
for the representation of cognitive maps. It embraces a large spectrum of activities
and allows the specification of uncertainty on constraints. It is also proposed a set
of innovative techniques for presentation and direct manipulation of diagrams, particularly suitable to these maps. The manipulation feedback, able to convey complex
constraints, is based on a behavior model and a classification of actions and visual elements. The whole set of components is then used to build a pair of tools for cognitive
mapping, framed into adequate organizational models.
Palavras Chave
Tomada de decisão organizacional,
Mapas cognitivos,
Linguagens visuais,
Visualização,
Manipulação directa,
Interacção pessoa-máquina
Keywords
Organizational Decision-making,
Cognitive maps,
Visual Languages,
Visualization,
Direct manipulation,
Human-computer interaction
Agradecimentos
Ao meu orientador, Professor Nuno Guimarães, a quem desejo expressar o meu
reconhecimento pela sua crı́tica, apoio e paciência, que manifestou ao longo destes
anos. A sua extensa biblioteca e o seu interesse pela área constituı́ram um incentivo
insubstituı́vel.
Ao Professor Pedro Antunes, que co-orientou esta tese e com quem, mesmo antes
de assumir estas funções, mantive uma colaboração estreita, com resultados extremamente elucidativos, que, sem dúvida, influenciaram o percurso e os resultados desta
dissertação.
Ao Professor Correia Jesuino e ao Doutor Francisco Nunes, que me deram preciosas contribuições e me apontaram referências bibliográficas de relevo, sobre o contexto
em que se enquadra este trabalho, nomeadamente nas áreas de desenvolvimento organizacional e dos mapas cognitivos no âmbito das disciplinas de gestão.
Aos investigadores que comigo colaboraram em diversas fases do desenvolvimento, nomeadamente: ao Eng. Vasco Paulo, que desenvolveu o EdGar, um instrumento
que muito ajudou na fase inicial de exploração de ideias e a partir do qual evoluiu a
plataforma aqui proposta; aos Engs. João Costa e Sandra Lopes, que na concretização e
extensão do EdGar num ambiente de janelas alternativo, incluı́ram algumas dos componentes preliminares do meu trabalho; ao Prof. Franz Penz, pelas longas e proveitosas
trocas de ideias sobre aspectos da interacção pessoa-máquina, que estão na génese de
algumas facetas do modelo que aqui se propõe.
Devo igualmente agradecer aos meus colegas, com quem convivi durante estes
anos e que contribuı́ram com sugestões para este trabalho, em particular aos Engs.
Manuel Fonseca, José Pereira, e Luı́s Rodrigues e, mais recentemente, aos Drs. Filipe
Araújo e Hugo Miranda.
Ao INESC, ao IST e à FCUL, onde encontrei os meios técnicos e o enquadramento
cientı́fico, sem os quais este trabalho não seria possı́vel.
Não menos importante, aos meus amigos, aos meus sogros, aos meus pais e à minha esposa, pelo encorajamento e apoio que sempre me deram. Desejo expressar o
meu especial agradecimento à minha mãe, ao meu pai e à minha esposa pela dedicada
e paciente revisão que fizeram a este texto.
Finalmente à minha esposa ainda, pela compreensão demonstrada, e às minhas
filhas, por me deixarem usar o computador, sem grandes lamentos. A elas devo um
pedido de desculpas pelo tempo e dedicação que lhes roubei.
Lisboa, Dezembro de 1999
Luı́s Manuel Carriço
À minha famı́lia:
Ana, Joana
Paula
Manuel e Natália
Índice
Índice
i
Lista de Figuras
vii
Lista de Tabelas
xi
1 Introdução
1.1
1
Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
1.1.1
A descrição das organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3
1.1.2
As perspectivas globais e enquadradas . . . . . . . . . . . . . . .
5
1.1.3
A tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6
1.1.4
Actividades racionais e intuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7
1.1.5
Génesis e práxis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10
1.2
Definição do problema e objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11
1.3
Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15
1.4
Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16
1.5
Estrutura do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17
2 Contexto
2.1
19
A Cognição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
i
21
2.2
Mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
26
2.2.1
Tipos de mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
28
2.2.1.1
Mapas de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
29
2.2.1.2
Mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
31
2.2.1.3
Mapas causais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
2.2.1.4
Mapas argumentativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
2.2.1.5
Mapas interpretativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
2.2.2
Redes semânticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
2.2.3
Mapas de conceitos e mapas mentais . . . . . . . . . . . . . . . .
51
Desenvolvimento Organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
52
2.3.1
Modelos de Desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
55
2.3.2
Modelos de Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
56
2.3.3
Mapas Cognitivos no Desenvolvimento Organizacional . . . . . .
58
2.4
Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
62
2.5
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
64
2.3
3 Panorama Tecnológico
3.1
3.2
65
Conceitos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
3.1.1
A cognição na comunicação pessoa-máquina . . . . . . . . . . . .
67
3.1.2
Técnicas de representação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
68
3.1.3
As técnicas de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
3.1.4
A interacção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
73
Ferramentas de suporte a mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . .
77
3.2.1
77
Mapas de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ii
3.2.2
Mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
78
3.2.3
Mapas causais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
82
3.2.4
Mapas argumentativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
85
3.2.5
Mapas de conceitos: mentais e de âmbito organizacional . . . . .
87
Tecnologia para a criação de ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88
3.3.1
Meta-ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
89
3.3.2
Bibliotecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
92
3.4
Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
96
3.5
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
98
3.3
4 Suporte à expressão de mapas cognitivos
4.1
99
Representação conceptual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.1.1
Elementos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.1.2
Grafos e dependências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.1.3
Mecanismos de tipificação e refinamento . . . . . . . . . . . . . . 105
4.1.3.1
Tipificação e definição de propriedades . . . . . . . . . . 108
4.1.3.2
Restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.1.4
Caracterı́sticas comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.1.5
Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.1.6
Contextos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.1.6.1
Tipificação e refinamento com contextos . . . . . . . . . 114
4.1.7
Associações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.1.8
Junções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.1.9
Taxionomias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
iii
4.2
Representação Visual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.2.1
Elementos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.2.2
Articulação com a representação conceptual . . . . . . . . . . . . 124
4.2.3
Mecanismos de tipificação e refinamento . . . . . . . . . . . . . . 127
4.2.3.1
4.2.4
4.3
Composição de formas gráficas . . . . . . . . . . . . . . 127
O factor espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
4.3.1
Técnicas padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
4.3.2
Articulação de vistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
4.3.3
Vistas múltiplas integradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
4.4
Aspectos de concretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
4.5
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5 Suporte à exploração de mapas cognitivos
5.1
5.2
147
Acções do utilizador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.1.1
Acções de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.1.2
Elementos de base na manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.1.3
Nı́veis de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5.1.4
Espaços de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
5.1.5
Objectos operadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Interacção entre objectos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.2.1
Campos de interacção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.2.2
Activação dos campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
5.2.3
Activações mútuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
iv
5.2.4
Activações múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
5.2.5
Formas e forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5.2.5.1
5.2.6
5.3
Soluções existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
Articulação com representações e acções . . . . . . . . . . . . . . 174
Retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
5.3.1
Actores nos dialectos de retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
5.3.2
Metáfora da barreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
5.3.3
Metáfora da membrana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
5.4
Enquadramento global no InCoMa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
5.5
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
6 Ferramentas
6.1
6.2
O FADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
6.1.1
Os mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
6.1.2
A estrutura conceptual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
6.1.3
As linguagens visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
6.1.4
A apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
6.1.5
A manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
O DETO/ARTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
6.2.1
6.3
189
A concretização a partir do InCoMa . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
7 Conclusões e Trabalho Futuro
7.1
205
Perspectivas futuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
v
Bibliografia
215
Glossário Português Inglês
235
Glossário Inglês Português
241
Índice Remissivo
247
vi
Lista de Figuras
1.1
Influências globais na evolução organizacional . . . . . . . . . . . . . . .
3
2.1
Contribuições para o desenvolvimento organizacional . . . . . . . . . . .
20
2.2
Tipos de mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
29
2.3
Mapa de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
31
2.4
Grelha de repertório: prescrição de lentes de contacto . . . . . . . . . . .
32
2.5
Mapa taxionómico hierárquico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
33
2.6
Grelhas de repertório e bases de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . .
34
2.7
Representações alternativas de mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . .
34
2.8
Mapa causal: ciclos de influência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
2.9
Mapa causal sobre mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
2.10 Estrutura argumentativa de Toulmin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
42
2.11 O IBIS e o QOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
44
2.12 Um quadrado semiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
47
2.13 Esquema de enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
2.14 As redes semânticas no contexto dos mapas cognitivos. . . . . . . . . . . . . . . .
49
2.15 Representação de contextos em redes semânticas . . . . . . . . . . . . . .
50
2.16 Mapas de conhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
vii
2.17 Carta de correntes para diagnóstico de problemas . . . . . . . . . . . . .
59
2.18 Cartas de correntes para planeamento e acompanhamento . . . . . . . .
61
. . . . . . . . . . . . . . . 101
4.1
Um mapa cognitivo de um vendedor numa negociação.
4.2
Base da taxionomia e das dependências de representação. . . . . . . . . . 104
4.3
Planos de refinamento.
4.4
Estruturas de suporte à tipificação e refinamento.
4.5
Restrições e dependências.
4.6
Estrutura comum aos elementos de representação conceptual.
4.7
Estrutura de um conceito.
4.8
Estrutura dos contextos e relação com os conceitos.
4.9
Estrutura das associações.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
. . . . . . . . . . . 111
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
. . . . . . . . . . . . . . . . 113
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.10 Os elementos de representação conceptual do esquema de Toulmin. . . . . . . . . . 117
4.11 Estrutura das junções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.12 Taxionomia dos elementos de representação conceptual do InCoMa . . . . . . . . . 119
4.13 Nı́veis de representação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.14 Hierarquia dos elementos de base para a representação visual. . . . . . . . . . . . 122
4.15 Forma sinóptica de representação visual de contextos. . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.16 Tradução de aspectos da representação conceptual para visual. . . . . . . . . . . 125
4.17 Composição de formas gráficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.18 O encadeamento de contentores por cooperação e sobreposição. . . . . . . . . . . 131
4.19 A intersecção parcial de contentores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
4.20 Os três nı́veis envolvidos na exposição dos mapas cognitivos. . . . . . . . . . . . . 134
4.21 Mapa cognitivo de uma negociação - estratégias de dois vendedores. . . . . . . . . 135
viii
4.22 Estrutura comum aos objectos de apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
4.23 Filtros e componentes gráficos adicionais nas vistas de aproximação. . . . . . . . . 138
4.24 A articulação entre marcadores de uma vista e as caracterı́sticas de outras. . . . . . 139
4.25 Partilha de filtros e marcadores entre vistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
4.26 Uma IMV com duas vistas integradas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
4.27 Deslizamento e aproximação numa IMV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
4.28 Sobreposição das áreas focais das subvistas de uma IMV. . . . . . . . . . . . . . . 144
4.29 Subsistemas usados na concretização do InCoMa. . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
. . . . . . . . . . 152
5.1
Estrutura simplificada das classes que sustentam a manipulação.
5.2
O espaço de manipulação interna.
5.3
Articulação entre vistas e elementos de manipulação.
5.4
Objectos operadores e espaços de manipulação.
5.5
Campos de rejeição, de retenção e de actividade no modelo paternal.
5.6
Interacção entre objectos independentes.
5.7
Interacção entre objectos dependentes.
5.8
Activação mútua dos campos de rejeição de objectos independentes.
5.9
Interacção do campo de actividade com o de retenção e um de rejeição.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
. . . . . . . . . . . . . . . . 158
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
. . . . . . . . 161
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
. . . . . . . . 164
. . . . . . . 167
5.10 Áreas e direcções preferenciais de resistência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
5.11 Limiares de rejeição exteriores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
5.12 Ajuste do limiar de aceitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
5.13 Ajuste do limiar de execução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
5.14 Estrutura simplificada das classes que representam o modelo. . . . . . . . . . . . . 175
5.15 Exemplos de objectos de representação intervenientes numa manipulação. . . . . . 176
ix
5.16 Actores de manipulação e retorno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
5.17 Alteração do contexto de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
5.18 Criação de um conceito num contexto resistente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
5.19 Retenção total de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
5.20 Rejeição total e parcial de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
5.21 Criação de uma associação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
5.22 Apagamento de uma associação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
5.23 Criação de uma junção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
5.24 Alteração do contexto de um conceito, entre contentores não adjacentes. . . . . . . 185
5.25 Manifestação dos campos de rejeição aquando da criação de uma associação. . . . . 185
5.26 Criação de uma junção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
5.27 Arquitectura do InCoMa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
. . . . . . . . 195
6.1
Componentes da linguagem visual das cartas de diagnóstico do FADO.
6.2
Componentes da linguagem visual dos mapas argumentativos do FADO.
6.3
Componentes da linguagem visual dos mapas taxionómicos do FADO.
6.4
FADO - editor da carta de diagnóstico.
6.5
FADO - editor dos esquemas de argumentação.
6.6
FADO - editor das taxionomias.
6.7
FADO: reclassificação de um problema.
6.8
FADO: criação de uma associação causal.
6.9
DETO.
. . . . . . . 196
. . . . . . . . 197
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
x
Lista de Tabelas
2.1
Modelo da Análise de Correntes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
xi
57
xii
Introdução
Esta dissertação aborda a utilização de linguagens visuais com suporte computacional, no domı́nio do desenvolvimento e da gestão das organizações. Em particular,
foca os aspectos de interacção pessoa-máquina em ferramentas que providenciem essa forma de comunicação, quando orientada para a representação dos conceitos e dos
processos de raciocı́nio, usados pelos intervenientes nas actividades enquadradas naquele domı́nio.
As linguagens visuais que aqui são objecto de estudo, inserem-se no conjunto designado na literatura por mapas cognitivos. As teorias que o fundamentam emergem, por um lado, das ciências cognitivas e por outro, do estudo das organizações,
circunscrevendo-se aos temas do diagnóstico e do desenho organizacional, no contexto da compreensão e gestão dos processos que norteiam a sua transformação.
Neste capı́tulo introdutório, começar-se-á por reflectir sobre os factores que motivaram a elaboração desta tese, identificando o contexto em que o trabalho surge e os
desafios que desencadearam a sua realização. Indicam-se de seguida, os problemas
que advêm desses desafios e quais os objectivos a alcançar. Por fim, apresentam-se
os resultados obtidos e as contribuições cientı́ficas, terminando o capı́tulo com uma
descrição da estrutura do restante texto.
1.1 Motivação
Os problemas enfrentados nas organizações, no sentido de acompanhar a frenética
evolução dos dias de hoje, deixam aos seus gestores e às pessoas especializadas no
1
2
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
seu estudo e desenvolvimento, uma tarefa bastante complicada. As pressões para a
mudança, quer no sentido criativo, quer de acordo com um conjunto de restrições que
lhes são impostas, manifestam-se nos mais variados domı́nios, de dentro e de fora da
própria organização, fazendo sentir-se sobre as diferentes facetas organizacionais.
O sistema legal e polı́tico, os sindicatos, o conhecimento cientı́fico, o desenvolvimento tecnológico, a cultura nacional e as instituições sociais, como a famı́lia, impõem
condicionantes e necessidades de inovação, tão importantes como as que advêm directamente dos fornecedores, clientes, competidores e mercados para os produtos e
serviços (Harrison, 1987). O impacto destas influências exerce-se sobre os aspectos:
tecnológicos, computacionais ou não, requerendo, por exemplo, a transformação dos
processos de trabalho (Hammer & Champy, 1994) e a imposição de regras de controle de qualidade adequadas (Ross, 1994); sociais, exigindo melhores condições de vida
laboral e diferentes formas de controlar e interagir com as pessoas; estruturais e administrativos, redefinindo objectivos, estratégias, hierarquias e formas de recompensa; e
até sobre o espaço fı́sico, de forma a adequar-se às novas tecnologias e ao bem estar e
desempenho das pessoas que constituem a organização (Porras, 1987).
É normal, por conseguinte, que se tenha assistido nos últimos anos, a um interesse
crescente sobre o modo de funcionamento das organizações, oriundo em particular das
áreas tecnológicas, cujo rápido desenvolvimento faculta os mecanismos indispensáveis
à sua aplicação nesse contexto. Este empenho deu origem ao aparecimento e redescoberta de um grande número de teorias, recomendações e metodologias, que por vezes,
se materializam sob a forma de sistemas e ferramentas computacionais. Na perspectiva de lidar com os requisitos de mudança, surgem aplicações que se podem classificar
em dois grandes grupos: aquelas com um pendor descritivo, incluindo preocupações
ao nı́vel da análise e da concepção, e as que se orientam para os próprios processos de
tomada de decisão. Em conjunto contribuem para os diversos passos, desde a análise
até à implantação de soluções, subjacentes ao processo de mudança.
A figura 1.1 esboça alguns factores influentes e influenciados pela evolução organizacional. As metodologias, em grande parte oriundas das ciências sociais, as tecnologias, em particular a de foro computacional, os avanços no conhecimento, o desenvol-
1.1. MOTIVAÇÃO
3
Figura 1.1: Influências globais entre os mecanismos impulsionadores da evolução das
organizações, conducentes ao desenvolvimento de sistemas e ferramentas computacionais
que a suportem.
vimento das sociedades e a competitividade determinam directa ou indirectamente,
com propriedade ou sem ela, a necessidade de adaptação das organizações.
1.1.1 A descrição das organizações
No âmbito da descrição, a grande maioria dos sistemas e ferramentas concentrase, como seria de esperar, sobre os aspectos mais formais das organizações. Estes artefactos derivam dos processos de informatização das empresas, primeiro com sistemas de informação (McFadden & Jeffrey, 1994; Date, 1994; Elmasri & Navathe, 1994)
e, mais recentemente, com sistemas de suporte aos fluxos de trabalho (workflow systems). Estes (Marshak, 1994; Nutt, 1996), para além da componente de execução, cujo
objectivo é o aumento do desempenho das tarefas operacionais, incluem ferramentas
de especificação e modelação dos processos e das estruturas organizacionais (MedinaMora et al., 1992; Malone et al., 1993).
Nesta última década, o desenvolvimento dos sistemas de suporte aos fluxos de
trabalho, em particular no que se refere aos requisitos de mudança, fundamenta-se em
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
4
grande medida nos movimentos da Reengenharia dos Processos de Negócio (Business
Process Reengineering) ou da Gestão de Qualidade Total (Total Quality Management) adiante referidos por RPN e GQT respectivamente. O primeiro (Hammer & Champy,
1994) propõe a modificação radical dos processos de trabalho nas organizações, tendo
em conta, entre outros factores, a introdução dos sistemas de informação e de trabalho
em grupo e, portanto, a forma como estes influenciam a concepção daqueles. O segundo (Ross, 1994), ao contrário, propõe uma transformação gradual das funções e processos organizacionais, monitorizados por formas normalizadas de controle, de modo a
alcançar nı́veis de qualidade de bens e serviços, que satisfaçam, em especial, os consumidores. Em conjunto, mantendo uma perspectiva complementar centrada nos processos de trabalho, permitem explorar formas diferentes de gerir as organizações (Swenson & Irwin, 1995; Iden, 1995).
O impulso dado por estes movimentos, em conjunto com alguma procura de enquadramento organizacional, levou ao desenvolvimento de ferramentas de modelação
de processos com nı́veis de abstracção elevados (Lee, 1993; Ellis & Wainer, 1994; Nutt,
1996) e mesmo de aproximações que se estendem um pouco para além dos processos
e das estruturas. São exemplos disso as propostas feitas sob a designação de modelação de empresa (enterprise modeling). Estas (Fraser & Macintosh, 1994; Brathaug &
Evjen, 1996), incidindo ainda, em especial sobre os aspectos formais, propõem formas
de modelação das organizações que levam em linha de conta as diferentes perspectivas de gestão (e.g. organizacional, económica, financeira, de sistemas, etc.), permitindo
assim, mais facilmente, a integração de ferramentas especı́ficas a cada uma delas.
O projecto Enterprise (Fraser & Macintosh, 1994), para além de mecanismos de
modelação de processos, especificação e planeamento de tarefas, articuladas com outras aplicações de foro organizacional, define uma ontologia de conceitos relevantes
no domı́nio (ao nı́vel das actividades, estruturas, estratégias, mercado e tempo). A sua
finalidade é suportar formas normalizadas de comunicação entre aplicações (Fraser,
1994), permitindo integrar, por exemplo, sistemas de análise de objectivos e de estratégias organizacionais, com os sistemas formais de modelação de processos e sistemas periciais (expert systems). Noutra aproximação, Brathaug e Evjen (1996) propõem
uma interpretação de modelação de empresa, que oferece uma visão integrada de qua-
1.1. MOTIVAÇÃO
5
tro perspectivas: estrutura organizacional, processos, produtos e sistema.
1.1.2 As perspectivas globais e enquadradas
As descrições organizacionais centradas nos processos de trabalho, quer como
forma de angariar conhecimento sobre os recursos e o modo de funcionamento da
organização, quer como meio de especificação de novos processos, são, sem dúvida,
um passo importante no sentido de acompanhar os requisitos de mudança. No entanto, a RPN, a GQT ou as suas manifestações computacionais não devem ser desenquadrados duma perspectiva organizacional mais vasta. Brynjolfson et al. (1997) referem
estimativas que apontam para 70% de insucesso nas tentativas de fazer reengenharia
dos processos. Essas diligências, em grande parte derivadas de interpretações menos
atentas das propostas de Hammer e Champy (1994), falham por não coordenarem as
dependências entre a tecnologia e os restantes aspectos das organizações, como a estratégia, as estruturas existentes e mesmo formas alternativas de trabalho. Não menos
importante, tal como é afirmado nos estudos empı́ricos relatados por Brynjolfson et al.
e nos desenvolvidos no âmbito das ciências sociais (Porras, 1987; Harrison, 1987; Eden
& Spender, 1998), é o factor humano. Prever a resistência à mudança e moldar a forma
de reacção das pessoas que constituem a organização, são elementos fundamentais na
introdução da tecnologia e na reengenharia e controlo dos processos.
Por outro lado, as soluções da RPN e da GQT, ainda que enquadradas em visões
globais das organizações, não são panaceia para todos os problemas que nelas se encontram. Porras (1987) refere situações de disfunção organizacional em que a solução é,
por exemplo, a definição formal de objectivos, a introdução de mecanismos de recompensa, programas de doutrinação, restruturaç ão de quadros, modificação do ambiente
fı́sico de trabalho, etc. Outros autores (Harrison, 1987; Laukkanen, 1992; Eden & Spender, 1998) expõem outras tantas situações semelhantes. Ocorrem mesmo casos, em que
a introdução de tecnologia ou a reengenharia dos processos é simplesmente um gasto
de tempo e recursos (Brynjolfson et al., 1997).
Em qualquer dos casos acima referidos, manifesta-se real a necessidade de visões
alargadas das organizações como forma de procurar problemas e especificar soluções,
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
6
que incluam ou não, tecnologia e reengenharia dos processos. A falta de suporte computacional adequado a este domı́nio é o primeiro desafio que se coloca à execução
do trabalho aqui apresentado. Este, fundamentar-se-á necessariamente nas teorias do
Desenvolvimento Organizacional (Organizational Development), oriundas das ciências
sociais, e, em particular, nas suas componentes de diagnóstico (organizational diagnosis)
e desenho (organizational design). Estas áreas (Porras, 1987; Harrison, 1987; Butler, 1991;
Mintzberg, 1993) proporcionam metodologias e técnicas orientadas segundo perspectivas globais, que abrangem estruturas e processos formais e informais, tecnologia computacional ou não, factores sociais e culturais, objectivos, estratégias, etc..
1.1.3 A tomada de decisão
Desde a análise, ou mais precisamente da angariação da informação, até à fase da
especificação de soluções e da sua implantação nas organizações, as pessoas envolvidas no processo de mudança, vão ter que decidir quais os problemas fundamentais,
as suas causas, as suas dependências, definir os critérios para a escolha das soluções,
eventualmente baseadas em outras anteriores, etc.. Estas tarefas de diagnóstico, planeamento estratégico e desenho, vulgarmente englobadas no tema genérico da tomada
de decisão, são actividades constante, complementar à descrição das organizações e
essenciais à sua transformação.
Neste contexto, correspondendo à diversidade de actividades, surge uma grande
variedade de ferramentas e sistemas, sob a designação de Sistemas de Suporte à Decisão1 (Decision Support Systems) - doravante referidos por SSD. Englobam-se aqui, os
sistemas que tentam: minorar o excesso de carga cognitiva (resultante da grande quantidade de informação necessária à tomada de algumas deliberações); automatizar, total
ou parcialmente, o processo de decisão; ou enquadrá-lo em metodologias apropriadas.
Tecnologicamente, os SSD vão desde simples folhas de cálculo, que incluem algoritmos de análise estatı́stica, até sistemas periciais elaborados, que apresentam resultados de forma gráfica sob múltiplas perspectivas. Destacam-se, não tanto pelo
1
Adopta-se aqui uma interpretação alargada do nome, não totalmente desprovida de polémica, mas
que é seguida, por exemplo, por Power (1997).
1.1. MOTIVAÇÃO
7
sucesso como pela ressonância do seu nome, os Sistemas de Informação de Gestão
(Management Information Systems) e os Sistemas de Informação de Executivos (Executive Information Systems). Os primeiros são normalmente pacotes de processamento
de informação que apresentam relatórios normalizados, de forma gráfica. Os segundos, mais flexı́veis, permitem a introdução de interrogações e a geração de relatórios
especı́ficos, resultado da aplicação de métodos de análise estatı́stica. Mais recentemente, surgem os sistemas de processamento analı́tico local (on-line analytical processing),
que emergem das aproximações globais de descrição organizacional, sendo suportados por sistemas de informação multidimensionais (Parsaye, 1997; Tanrikorur, 1997;
Ramakrishnan, 1997). Outros sistemas, para alguns autores (Holsapple & Whinston,
1996) os verdadeiros SSD, incluem mecanismos de inferência e modelos de decisão,
que guiam os utilizadores durante o processo da tomada de decisão.
Formando um conjunto relativamente distinto, devem referir-se ainda os sistemas
que lidam com a comunicação entre os vários participantes (humanos) na tomada de
decisão. São vulgarmente designados por Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo (Group Decision Support Systems) - veja-se Antunes (1996) para uma apresentação
alargada do tema. Estes sistemas permitem essencialmente, facilitar ou mesmo gerir,
a interacção entre as pessoas envolvidas nos processos de decisão. A introdução de
um meio computacional oferece ainda a possibilidade de distribuir, no espaço e no
tempo, essas interacções e em certos casos, estruturar melhor a informação trocada no
processo (Antunes et al., 1998).
1.1.4 Actividades racionais e intuição
A grande maioria dos SSD assume uma perspectiva da tomada de decisão comodamente simplista, em particular quando enquadrada na resolução de situações complexas do contexto organizacional (Spender & Eden, 1998; Hellgren & Löwstedt, 1998).
Por um lado, os sistemas que oferecem resumos consistentes, resultantes da análise de
informação, tipicamente economico-financeira, deixam o processo de diagnóstico numa fase inicial. Por outro, os sistemas mais elaborados que apontam problemas, apresentam soluções ou guiam (ou talvez espartilhem) os utilizadores durante o processo
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
8
de decisão, baseiam-se em modelos de causalidade e critérios de escolha rigorosos,
que assumem que estas actividades são totalmente racionais2 e partem de informação
completa e objectivos bem definidos.
Infelizmente, as provas em contrário surgem dos mais variados sectores. Tal como
refere Pomerol (1997), recentes descobertas da neurobiologia mostram que, na tomada
de decisão, são usadas partes do cérebro que introduzem intuição e emoção no processo. Noutro sentido, Brynjolfson et al. (1997) criticam que grande parte das tentativas de
reengenharia são feitas ”às cegas”, por falta de reflexão e informação, e portanto baseadas intuitivamente em soluções anteriores para problemas aparentemente semelhantes. Eden e Spender (1998) e Loebbecke (1997) referem estudos e exemplos de tomada
de decisão estratégica que a apontam como um conjunto de actividades essencialmente cognitivas, sociais e mesmo polı́ticas, por vezes com elevados graus de incerteza e
baseadas em informação normalmente insuficiente e mal estruturada. Exemplos de diagnósticos (Porras, 1987; Harrison, 1987) e definição de estratégias (Laukkanen, 1992)
oriundos de estudos da sociologia e gestão, revelam os mesmos sintomas.
Estas constatações levam, nos últimos anos, ao aparecimento de uma aproximação
cognitiva ao suporte da tomada de decisão. Nesta área da Cognição Organizacional
e de Gestão (Managerial and Organizational Cognition), ao invés de se centrar o controle do processo de decisão nas ferramentas ou em metodologias rigorosas, segundo
modelos abstractos e por vezes de validade questionável, tenta-se capturar e descrever o próprio pensamento das pessoas envolvidas nessa actividade. Uma vez exposto,
com toda a subjectividade inerente à análise e diagnóstico do problema ou desenho
da solução, as descrições são examinadas por algoritmos ou simulações, fundamentados em teorias das ciências cognitivas, ou, simplesmente, utilizadas para confrontar os
intervenientes nas decisões, com a sua forma de pensar3 . Essas descrições designamse por Mapas Cognitivos (Cognitive Maps). Assumem primordialmente a forma de
linguagens visuais, o que os torna especialmente apelativos à comunicação e compreensão dos fenómenos cognitivos, no domı́nio em questão (Weick, 1990; Huff, 1990a). A
2
O termo racional é aqui tomado com um significado estrito, no sentido daquilo que se pode deduzir
e portanto que segue regras bem definidas.
3
Justificando esta prática Huff (Huff, 1990a) refere, a propósito, o aforismo de Karl Weik: Como podemos saber o que pensamos até vermos o que dizemos?
1.1. MOTIVAÇÃO
9
figura 1.1 apresenta, de uma forma simplificada, um mapa cognitivo acerca do que se
pensa serem as relações de causa/efeito entre os mecanismos envolvidos na evolução
das organizações.
As ferramentas computacionais desenvolvidas neste contexto, focam normalmente aspectos particulares dos mapas cognitivos, em grande parte com problemas de
interacção, capacidade de exploração e integração no âmbito organizacional. Por outro
lado, as metodologias adoptadas assumem uma perspectiva radical de distanciamento
dos modelos abstractos, individuais ou genéricos, que contraria a própria perspectiva
cognitiva da tomada de decisão. No processo de decisão desencadeiam-se actividades
que se complementam, entre a criatividade e a exploração, por um lado, e a racionalidade e a reutilização de conhecimento, por outro (Hellgren & Löwstedt, 1998)4 .
Pomerol (1997), mencionando resultados da neurobiologia, afirma que de facto o raciocı́nio, a intuição e a emoção se complementam na tomada de decisão. Mais, sugere
que a emoção se manifesta no recurso a ”padrões de decisão” extrapolados de decisões
anteriores.
Todos estes aspectos, conjuntamente com o referido na secção 1.1.2, constituem a
motivação de base desta dissertação, resumindo-se do seguinte modo:
Este trabalho decorre da necessidade de definição de ferramentas que,
segundo uma perspectiva organizacional cognitiva, se adeqúem à facilitação das actividades inerentes à evolução das organizações. Estas
ferramentas devem, por um lado, ter uma natureza exploratória mas
fundamentada em padrões de conhecimento previamente adquiridos
e por outro, enquadrar-se em visões e classificações que abranjam as
diversas facetas organizacionais.
O facto de um número apreciável de descrições do processo cognitivo, no âmbito
organizacional, tomar a forma de linguagens visuais, não é, de maneira nenhuma,
alheio à tomada deste desafio como motivação de base do trabalho que aqui se apresenta. Essas linguagens, conjuntamente com a caracterı́stica simultaneamente explo4
Hellgren e Löwstedt referem a propósito o argumento de Empidocles de que as coisas nem são
inalteráveis, nem estão constantemente em mutação.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
10
ratória e enquadrada da sua manipulação, constituem matéria particularmente interessante para o desenvolvimento de ideias e aplicações no âmbito da interacção pessoamáquina. É aliás neste sentido que se orienta grande parte do esforço desenvolvido.
1.1.5 Génesis e práxis
O trabalho aqui apresentado foi iniciado no contexto do grupo de Técnicas de
Interacção Multimédia, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores
(INESC). Este grupo, cuja área de investigação e desenvolvimento se centrou especialmente nos aspectos de interacção pessoa-máquina, hipermédia e multimédia, tanto nas facetas arquitecturais e de suporte, como em ferramentas propriamente ditas,
envolveu-se, nos últimos anos, no campo do estudo das organizações, em particular nos aspectos da tomada de decisão e desenho de processos de trabalho. Esta
integração, teve como primeiro resultado contratual o seguinte projecto:
ORCHESTRA - Organizational Change, Evolution, Structuring and Awareness (Guimarães, 1998). Projecto ESPRIT (European Strategic Programme for
Research in Information and Technology), no 8749.
A motivação para o trabalho desta dissertação teve aı́ as suas raı́zes. Na fase inicial, um conjunto de organizações piloto (que constituı́am parceiros empresariais do
consórcio) foi analisado e diagnosticado por peritos com formação de base nas ciências
sociais, com o intuito de enquadrar, numa visão global destes organismos, sistemas
complexos para suporte e automatização de trabalho em grupo, os quais seriam desenvolvidos e integrados no decurso do projecto. Os modelos adoptados, aplicados pela
equipa também noutros trabalhos de consultoria, provêm das teorias do diagnóstico
e desenho organizacional atrás referidas. As metodologias usadas, embora de maneira implı́cita e nem sempre de forma gráfica (devido à ausência de meios tecnológicos
adequados), recorrem a mapas cognitivos simples que descrevem os raciocı́nios de
causalidade inerentes ao processo de diagnóstico. Foi desta necessidade de utilização
prática, bem como da referida inexistência de ferramentas eficazes, que emergiu o desafio inicial à execução desta dissertação.
1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS
11
Já durante a elaboração da tese, surgiu um novo estı́mulo, no âmbito do qual se
desenvolveu ainda algum do trabalho aqui descrito, que se materializou no seguinte
projecto de investigação:
MAPCOG - Mapas Cognitivos nos Processos de Negociação (Jesuino et al.,
1996; Carriço et al., 1998). Projecto PRAXIS no PCSH/P/PSI/77/96.
O projecto recorre aos mapas cognitivos como forma de descrever, compreender
e antever os processos de raciocı́nio dos negociadores durante a negociação. A componente tecnológica do projecto faculta os meios e a competência necessários, para a
integração, nos protótipos desenvolvidos, dos aspectos de interacção pessoa-máquina
e de modelação da actividade negocial, segundo uma perspectiva cognitiva. A sua
componente experimental permite sustentar os requisitos encontrados para essas ferramentas.
1.2 Definição do problema e objectivos
Tomando em consideração o desafio resumido em ¨½ ½ e que constitui o problema
de base sobre o qual este trabalho se debruça, delinearam-se os seguintes objectivos:
O estudo dos vários tipos e formas de mapas cognitivos e das caracterı́sticas da
sua utilização, quer no contexto da tomada de decisão nas organizações, quer
noutros que, de algum modo, possam contribuir para enriquecer a análise, diagnóstico e desenho organizacionais.
Apreciação de teorias e metodologias de diagnóstico e desenho organizacional
que possam enquadrar a perspectiva cognitiva da tomada de decisão, segundo
uma visão alargada das organizações, que inclua aspectos formais e informais,
ao nı́vel dos fluxos de trabalho, e sociais e administrativos.
Análise de bibliotecas de componentes, ferramentas e sistemas computacionais,
que providenciem suporte à edição e análise dos mapas cognitivos, de acordo
com as caracterı́sticas de forma e uso identificadas.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
12
Os problemas encontrados situam-se essencialmente em duas áreas: a da modelação e a da interacção pessoa-máquina. A sua natureza resulta necessariamente do
conceito de mapa cognitivo. Estes mapas, por constituı́rem técnicas de representação
e compreensão das estruturas conceptuais e dos processos de raciocı́nio, levantam
problemas ao nı́vel da validade, do abrangimento e da adequação dos mecanismos
de análise, que sobre eles se aplicam. A sua faceta de linguagem visual e a sua
utilização simultaneamente exploratória e fundamentada, impõem desafios às formas
de representação gráfica, apresentação, manipulação e retorno (feedback). Na perspectiva desta tese é a última área, da interacção pessoa-máquina, que norteará o trabalho desenvolvido. No entanto, porque a utilização das ferramentas recai, em última
instância, sobre os modelos adoptados e os métodos de análise usados, as questões
apresentadas e as opções tomadas nesse contexto, repercutir-se-ão nos requisitos impostos ao desenvolvimento das interfaces.
Relativamente aos mapas cognitivos como forma de modelação, cabe referir, em
primeiro lugar, as duas posições que se encontram na literatura: uma advoga que
estes mapas são meros auxiliares de raciocı́nio, com um objectivo simplesmente metodológico, que confronta as pessoas com descrições visuais, sucintas e estruturadas
de ideias que se relacionam entre si; a outra, mais completa e que se adopta nesta
tese, é a de que, para além dessa função, estes mapas capturam, ainda que parcialmente, as caracterı́sticas das próprias estruturas mentais usadas pelos indivı́duos, no
processo cognitivo (Huff, 1990b; Eden & Spender, 1998; Laukkanen, 1992). Esta perspectiva pode interceptar (no extremo oposto à primeira) as posições perfilhadas pela
inteligência artificial, nas representações visuais materializadas nas várias formas de
redes semânticas (Sowa, 1991). É igualmente neste sentido, que é lı́cita a aplicação
de algoritmos e mecanismos de análise, que extrapolam, por exemplo, a centralidade
de conceitos ou mesmo a utilização de simulações que pretendam antever o resultado
possı́vel de estratégias ou processos negociais. Tudo isto se enquadra primeiramente
no âmbito das ciências cognitivas e, evidentemente, a tomada desta posição quanto à
validade dos modelos, tem repercussões tecnológicas profundas.
De acordo com o que foi referido na secção anterior (1.1), o suporte à criação dos
mapas terá que permitir exprimir conceitos e relações, formal ou informalmente defi-
1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS
13
nidos, classificá-los, especificar graus de incerteza e relevância, etc.. O seu impacto no
aspecto da interacção pessoa-máquina é, antes de mais, a criação de formas gráficas
que revelem essas caracterı́sticas. Tipicamente assumirão a forma de diagramas baseados em estruturas grafo, onde nós e arcos representam conceitos e relações. Os atributos gráficos e a sua disposição no espaço reflectem as propriedades e classificações do
modelo subjacente. Claramente, essas formas deverão conciliar-se com as adoptadas
para a representação visual dos modelos relacionados e já usados no domı́nio organizacional. Esta conciliação não deve, no entanto, tornar-se uma limitação. Na sua
grande maioria, as formas existentes ou se diminuem pela dificuldade de utilização
sem apoio de ferramentas computacionais, ou, quando as ferramentas existem, adoptam uma posição comodamente simplista, que não tira partido das capacidades de
manutenção de consistência, exploração e apresentação oferecidas por esses meios.
Os mecanismos de representação visual dos mapas cognitivos deverão
suportar diagramas baseados em grafo, que permitam revelar as propriedades subjacentes aos conceitos e relações, e enquadrá-los com, mas
não limitá-los a, representações visuais existentes.
Ao pretender-se que os mapas cognitivos sejam mais do que uma forma de esboço
que auxilia no processo de decisão, então, as representações visuais deverão ter associadas restrições que correspondem às formas válidas de combinação dos respectivos elementos. É nesse sentido que se tornam linguagens. No entanto, as regras
subjacentes aos mapas cognitivos são, na sua grande maioria, ambı́guas e de foro
semântico. Elas decorrem da confiança manifestada por conhecimento resultante de
anteriores utilizações, de crenças ou intuição dos utilizadores ou de teorias emergentes
das ciências sociais. Tecnologicamente isto significa que:
Os mecanismos de verificação das restrições deverão tomar em linha de
conta diferentes graus de imposição e adaptarem-se a cada problema e
à evolução do conhecimento sobre ele angariado.
No respeitante à sua utilização, também esta caracterı́stica se deverá repercutir nas
formas de manipulação da linguagem. Sendo estas linguagens visuais e considerando o tipo de utilizadores a que se destinam (consultores, gestores, psicólogos, ...), os
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
14
mecanismos de manipulação directa, consubstanciados em diversas modalidades de
interacção, são os mais adequados. Os problemas que estabelecem, são semelhantes
aos encontrados na manipulação de ı́cones nos habituais sistemas de janelas (operações
de drag-and-drop). No entanto e mais uma vez, a natureza ambı́gua das restrições impostas, introduz desafios ao nı́vel do retorno semântico, que não estão, de todo, resolvidos nos sistemas disponı́veis. Simples mudanças de ı́cone, que transmitam permissão
ou proibição à manipulação, são insuficientes. As alternativas caixas de texto, com longas descrições, normalmente ignoradas pelos utilizadores, são, no mı́nimo, fastidiosas,
para além de violarem os princı́pios básicos de reacção imediata associados ao conceito
manipulação directa (Shneiderman, 1998). Neste sentido pode afirmar-se que:
A criação de formas elaboradas, mas consistentes, de manipulação e
retorno, deverá ter-se em conta na concepção das interfaces pessoamáquina para ferramentas de suporte aos mapas cognitivos. Este facto impõe o desenvolvimento de modelos adequados de interacção entre objectos, a adopção de metáforas que permitam exprimir restrições
complexas e melhoramentos ao nı́vel das arquitecturas da interface.
Também do ponto de vista da apresentação, a natureza dos mapas cognitivos e
a sua utilização no âmbito organizacional requer o uso de técnicas apropriadas que
facilitem a sua criação e análise, em particular quando se trata de diagramas de grandes dimensões. De entre essas, são naturalmente interessantes as que se aplicam genericamente a diagramas baseados em grafos. Assim, mecanismos de composição e
decomposição de nós, formando diagramas hierárquicos, formas de distorção ou de
distribuição espacial (layout) de nós e arcos, que facilitem a tarefa de percepção, ou
meios de chamada de atenção, que recorrem a padrões gráficos, esquemas de cor ou
aproximação (zoom), são por vezes indispensáveis para manipulações eficientes dos
mapas cognitivos.
Todavia, algumas das formas definidas para estes mapas centram-se, sobretudo,
nas relações entre conceitos e portando nos arcos de ligação entre nós. Esta caracterı́stica fundamenta-se, em grande medida, na maior informalidade da definição dos
conceitos, em contraposição ao papel mais claro das relações entre eles estabelecidas
1.3. RESULTADOS
15
(e.g. causalidade, ou equivalência). Este facto dificulta a utilização dos mecanismos
existentes, mesmo os que recorrem a algoritmos de distorção, definidos essencialmente em torno dos nós, e os de focagem por aproximação que se definem isoladamente,
sem relação a outros pontos, porventura relevantes, do mapa cognitivo. O problema
é ainda aumentado por algumas caracterı́sticas visuais de agrupamento que emergem
de alguns mapas usados no contexto organizacional. Por tudo isto, pode dizer-se que:
Os mecanismos de apresentação e edição de mapas cognitivos deverão
não só incluir métodos usados genericamente para o estudo e criação de
diagramas de grandes dimensões, mas também outros, que tenham em
consideração as caracterı́sticas e formas de utilização especı́ficas destes mapas no âmbito das organizações. Entre estes deverá inscreverse a relevância dos arcos como objecto de estruturação, a necessidade
de análise comparativa entre diferentes áreas focais e as caracterı́sticas
gráficas da própria linguagem.
Tomando em consideração os problemas definidos pode dizer-se que:
O objectivo desta tese é a concepção de mecanismos de suporte computacional para a criação de ferramentas de edição e análise de mapas cognitivos, no âmbito organizacional, em particular no aspecto da interacção pessoamáquina.
Naturalmente, embora partindo de requisitos do domı́nio cognitivo e organizacional,
a prossecução deste objectivo não deverá confinar-se a ele mas, sempre que possı́vel,
abstrair-se, definindo modelos e encontrando técnicas cuja concretização se aplique a
problemas semelhantes, doutros domı́nios.
1.3 Resultados
Na procura da resolução dos problemas acima descritos, esta tese teve como resultados práticos, o seguinte conjunto de especificações e componentes programados:
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
16
Uma biblioteca genérica para a apresentação e manipulação de diagramas, suportando a definição de restrições entre objectos e formas elaboradas de retorno,
sintáctico e semântico, à sua manipulação directa.
Um conjunto especı́fico de objectos e restrições para a definição de mapas cognitivos, incluindo objectos gráficos de representação e componentes de apresentação
e edição de diagramas de grandes dimensões e com múltiplos focos.
Dois conjuntos de objectos de suporte à manipulação directa dos componentes
das linguagens visuais, que concretizam formas de retorno semântico, segundo
metáforas diferentes de interacção, em espaços sujeitos a restrições.
Dois protótipos de ferramentas orientadas para o diagnóstico e desenho organizacional, integrando modelos adequados das ciências sociais, recorrendo a várias
formas de mapas cognitivos e diagramas de dependência, e suportadas, do ponto
de vista da interacção, pelas técnicas atrás referidas.
Os três primeiros componentes, para além de utilizados na construç ão dos referidos protótipos, estão igualmente em fase de integração com um sistema de modelação
de mapas cognitivos (Carvalho & Tomé, 1999), baseado em lógica difusa (fuzzy logic).
O objectivo é concretizar uma ferramenta de especificação e análise desses mapas, no
contexto dos processos de negociação, e será um dos resultados do projecto MAPCOG
atrás citado.
1.4 Contribuições
Os resultados práticos, acima descritos, têm como base um conjunto de contribuições concebidas no decurso da execução do trabalho apresentado nesta dissertação. As
mais importantes são:
A definição de um conjunto de componentes adequados à representação de mapas cognitivos, ao nı́vel conceptual e visual, incluindo contextos e regiões de
classificação, que espelhem categorias emergentes dos modelos em que enquadram as linguagens visuais especificadas.
1.5. ESTRUTURA DO TEXTO
17
A definição de soluções inovadoras para a apresentação de diagramas de dimensões médias ou grandes, baseados em estruturas contendo contextos, nós e
arcos de ligação. A solução permite visualizar diferentes áreas de foco, ajustáveis
de forma independente, mas integradas, de modo a tornar igualmente perceptı́veis nós e arcos de ligação, mesmo entre os focos distintos.
A definição de um modelo de interacção espacial entre objectos gráficos representativos de linguagens visuais, que considera restrições de caracter sintáctico e
semântico, as quais se devem reflectir nas representações visuais.
A classificação dos componentes que intervêm na manipulação directa e a
definição de dialectos visuais de retorno, inovadores, que levam em linha de
conta diferentes tipos e graus de restrição, impostos aos objectos gráficos e, por
conseguinte, à sua manipulação.
A sugestão de extensões e melhoramentos às arquitecturas genéricas de aplicações interactivas, especialmente orientadas para a manipulação directa de objectos gráficos componentes de linguagens visuais, que permitam formas elaboradas de retorno semântico.
1.5 Estrutura do Texto
Este capı́tulo introdutório, para além da definição dos problemas, objectivos, resultados e contribuições, teve como propósito a apresentação do contexto global em que o
trabalho se insere. Em particular, pretendeu-se identificar a perspectiva organizacional
que se segue na dissertação, mais ligada às visões da sociologia e da ciência cognitiva,
do que aos aspectos estruturais e de automatização, na maior parte das vezes associados à palavra ”organização”quando referida em áreas tecnológicas, como aquela em
que se insere esta tese.
No capı́tulo seguinte, apresenta-se o contexto especı́fico em que se fundamenta
o trabalho aqui apresentado, identificando-se os requisitos particulares que lhe são
impostos. Em primeiro lugar, aborda-se a cognição e as suas diversas facetas, como
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
18
manifestações e influencias do funcionamento e da gestão das organizações. De seguida, descrevem-se as caracterı́sticas inerentes aos mapas cognitivos como forma de
facilitar a compreensão dessas facetas. Posteriormente, apresentam-se, de forma sucinta, algumas das teorias e metodologias do desenvolvimento organizacional que se
enquadraram no âmbito destes mapas.
No capı́tulo 3 apresenta-se e discute-se o panorama tecnológico. Expõem-se os fundamentos e as técnicas de base que enquadram as caracterı́sticas requeridas e analisamse ferramentas que tentam já dar suporte à criação de alguns tipos de mapas. Revêemse também as tecnologias (sistemas e bibliotecas) que permitem a construç ão de novas
ferramentas e, por fim, discutem-se as lacunas encontradas.
Nos capı́tulos 4 e 5 apresenta-se o trabalho realizado com o objectivo de providenciar suporte à construção de ferramentas adequadas. No primeiro, abordam-se
os componentes propostos com objectivo de cobrir a expressão visual dos mapas.
Especificam-se ao nı́vel conceptual da representação, ao nı́vel da definição de linguagens visuais e, por fim, ao nı́vel da apresentação e consequente gestão do espaço em
que ocorre a interacção com o utilizador. No capı́tulo 5, dá-se ênfase aos aspectos da
exploração e, por conseguinte, à faceta dinâmica da interacção pessoa-máquina, no caso vertente com os componentes descritos. Aborda-se o modelo proposto, enumeramse os actores intervenientes na manipulação e propõem-se dialectos de retorno.
No penúltimo capı́tulo descrevem-se sucintamente os dois protótipos desenvolvidos, com base no suporte proposto. O primeiro é uma ferramenta de apoio à aplicação
de uma metodologia e de um modelo especı́fico de diagnóstico organizacional, que
agrega várias tipos de mapas cognitivos. O segundo, propõe a articulação de um modelo de desenho organizacional, também com mapas cognitivos, como forma de guiar
a adaptação de sistemas de modelação e trabalho nas organizações, à sua mudança.
Finalmente, no capı́tulo 7 conclui-se e delineiam-se perspectivas futuras.
Contexto
Considerando os processos de análise, diagnóstico e tomada de decisão organizacionais conforme anteriormente expostos, i.e., como actividades essencialmente cognitivas, enquadradas em visões alargadas daquelas estruturas sociais, o suporte à sua
facilitação deverá fundamentar-se em resultados de duas áreas cientı́ficas:
a das ciências cognitivas (Posner, 1993; Stubbart & Ramaprasad, 1990), cujo objectivo é desenvolver teorias e técnicas para o ”estudo e compreensão da percepção,
raciocı́nio e aprendizagem humanas” (Merriam-Webster, 1998);
a das ciências sociais (Porras, 1987; Mintzberg, 1995), cujo intuito é estabelecer as
teorias e metodologias que ”lidam com as instituições, funcionamento das sociedades e as relações interpessoais dos indivı́duos como membros de uma sociedade” (Merriam-Webster, 1998).
As duas áreas não são independentes. Em primeiro lugar porque reúnem disciplinas
essenciais comuns, como a psicologia (e a psicologia social). Para além disso, algumas
teorias que emergem das ciências cognitivas, levam em linha de conta as influências
sociais e do conhecimento dos grupos, considerados muitas vezes como entidades
próprias, com caracterı́sticas de pensamento que ultrapassam as directamente imputadas aos indivı́duos que os constituem (Spender, 1998; Hellgren & Löwstedt, 1998).
Finalmente, as ciências sociais consideram, como componente fundamental das suas
teorias, as influências que os indivı́duos, na sua forma de pensar, aprender e agir, têm
no funcionamento das organizações (Porras, 1987; Harrison, 1987).
No caso vertente, a ciência cognitiva fundamenta e oferece os meios para a
representação e compreensão dos processos mentais desenvolvidos pelos gestores,
19
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
20
Figura 2.1: Contribuições teóricas e metodológicas para a análise, diagnóstico e tomada
de decisão nas organizações.
consultores e teóricos das organizações, durante a análise, diagnóstico e desenho
das mesmas. No contexto deste trabalho é especialmente relevante a sua expressão
sinóptica e potencialmente gráfica, que se traduz nos diferentes tipos de mapas
cognitivos (Huff, 1990b; Eden & Spender, 1998). Estes são, em primeira análise,
representações de componentes do processo cognitivo, em sentido lato i.e., não agrilhoadas a preocupações de nı́vel formal ou de capacidade de reprodução do raciocı́nio. A
segunda área cientı́fica, na sua componente do desenvolvimento organizacional (Porras, 1987; Porras & Robertson, 1991), particularmente nas vertentes de diagnóstico e
desenho (Mintzberg, 1995; Mintzberg, 1993), proporciona o acesso ao conhecimento
já disponı́vel, sobre as dimensões, caracterı́sticas e formas de evolução tı́picas das
organizações. A conjunção das duas permite assim, providenciar os meios para a
descoberta, exploração e revisão do conhecimento, enquadrando-o em metodologias
e classificações, pré existentes e fundamentadas, das estruturas e actividades organizacionais (ver figura 2.1).
Neste capı́tulo apresentar-se-ão conceitos fundamentais do contexto em que se desenrola o trabalho desta dissertação, que determinarão, em última instância, os requisitos a impor à definição de ferramentas, sistemas e bibliotecas de componentes que pretendam suportar a análise, diagnóstico e gestão das organizações, segundo uma perspectiva cognitiva. Começar-se-á por apresentar alguns aspectos do que hoje em dia se
2.1. A COGNIÇÃO
21
engloba no tema da cognição, sempre que possı́vel reportados à sua representação e ao
seu enquadramento nas actividades de gestão. De seguida, introduzir-se-á o conceito
de mapas cognitivos, as suas categorias, bem como as formas de aquisição, aplicações
e resultados, em particular no âmbito das organizações. Por fim, far-se-á uma breve revisão dos modelos e metodologias de desenvolvimento organizacional que nortearam
alguns dos resultados deste trabalho.
2.1 A Cognição
O interesse na forma como as pessoas pensam e compreendem o mundo que as
rodeia, quanto mais não seja por constituir uma das caracterı́sticas essenciais do que
significa ser humano, manifesta-se desde as civilizações mais remotas. O assunto tem
sido foco de atenção nas mais variadas áreas, desde a filosofia da Grécia antiga até
aos mais recentes achados da neurobiologia. Psicologia, Inteligência Artificial, Linguı́stica, Filosofia, Neuropsicologia, Neurobiologia, Antropologia e Psicologia Social,
todas contribuem para a construç ão do que se denomina, hoje em dia, por ciência cognitiva. De acordo com Simon e Kaplan, esta ciência ”é o estudo da inteligência e dos
sistemas inteligentes, com referência particular ao comportamento inteligente como
computação” (1993, p. 1). Esta capacidade de computar, atribuı́da por alguns a todas
as actividades da cognição humana (Pylyshyn, 1993), não se refere obrigatoriamente à
viabilidade de reprodução em computador. Pressupõe, no entanto, uma caracterı́stica
de padronização e exactidão, que é impugnada ou relegada para segundo plano por
vários investigadores, não só oriundos da área das ciências sociais (Eden & Spender,
1998), mas também com formação de base em Inteligência Artificial - veja-se os trabalhos de Johnson-Laird (1993), Bannon e Bødker (1991) e Winograd e Flores (1986).
Em geral, no entanto, pode identificar-se um conjunto de componentes e tarefas
do processo cognitivo (Posner, 1993; Osherson & Lasnik, 1990; Osherson et al., 1990;
Osherson & Smith, 1990; Huff, 1990a), que permite orientar o esforço dos investigadores segundo áreas de estudo mais ou menos especı́ficas:
Percepção e atenção - referem-se à forma como os estı́mulos, particularmente os visuais (Osherson et al., 1990) e sonoros, são reconhecidos e interpretados (Dix et al.,
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
22
1994) e, de entre eles, quais os que suscitam maior interesse, tendo, por conseguinte, mais probabilidades de serem lembrados à posteriori. A forma como se
manifestam ou se mudam os focos de atenção e a sua compreensão, permitem
em primeira análise, conduzir entrevistas e identificar mudanças de contexto,
preocupações centrais ou desinteresse, por exemplo, ao nı́vel do pensamento estratégico (Huff, 1990a).
Memorização - relaciona-se com o modo como se processa a salvaguarda, lembrança
e esquecimento dos estı́mulos e conceitos adquiridos pelos órgãos sensoriais.
O modelo temporal (Simon & Kaplan, 1993), normalmente aceite para a memória humana (com grandes semelhanças com a adoptada nos computadores),
subdivide-a em memória de curto (short-term) e longo prazo (long-term) . Relativamente à memória de longo prazo, admite-se ser composta por componentes
especı́ficos, ligados à forma de representação e ao modo como são utilizados (e.g.
informação declarativa, associativa, ı́ndices). São igualmente consideradas no
modelo, outras ”pequenas memórias” associadas aos próprios órgãos sensoriais
e com caracterı́sticas especı́ficas à sua respectiva modalidade (Simon & Kaplan,
1993; Potter, 1990; Preece et al., 1994; Dix et al., 1994). Designam-se por memórias
sensoriais (sensory memories).
As razões pelas quais a informação passa ou se perde na transição entre memórias, a capacidade de memorização ou a velocidade de esquecimento, têm sido alvo de diversos estudos, sendo potencialmente relevantes na forma de apresentação, comunicação e doutrinação das pessoas que constituem as
organizações. Relativo à memorização e à eficiência da evocação, Potter (1990) refere resultados que apontam como memorização por excelência, aquela em que
o sujeito gera o mundo a ser lembrado. A criação de mapas cognitivos pelos
indivı́duos, como representação da sua própria reflexão sobre a definição de estratégias ou tomada de decisões, vai ao encontro desta perspectiva.
Revelam-se ainda interessantes, os trabalhos que visam estabelecer quais as
caracterı́sticas dos conceitos que mais facilmente são lembrados. Por exemplo,
é relativamente intuitivo (e demonstrável empiricamente) que as pessoas tendem a lembrar e a invocar tanto mais frequentemente as coisas, quanto mais
2.1. A COGNIÇÃO
23
importantes elas são, já que maior é o número de associações mentais que lhes
atribuem (Potter, 1990; Huff, 1990a). Juntamente com as considerações tecidas
sobre a atenção, estes resultados fundamentam, entre outros, o reconhecimento de discrepâncias nas preocupações e objectivos dos intervenientes na tomada
de decisão ou a identificação dos problemas potencialmente mais relevantes na
prossecução de diagnósticos.
Representação do conhecimento - refere-se à forma como são representados na memória, os conceitos e, em geral, as estruturas que permitem às pessoas pensar. Neste campo distinguem-se os modelos conexionista (connectionist model)
e simbólico (symbolic model). Embora tomados inicialmente como perspectivas
antagónicas, cada vez mais se assumem como complementares ou como dois
nı́veis de abstracção do sistema nervoso humano (Simon & Kaplan, 1993). O
modelo conexionista (Rumelhart, 1993) defende uma organização de unidades
básicas (neurões ou caracterı́sticas perceptuais) ligadas em rede, de tal modo que
a representação de uma ideia se reflecte por um padrão de actividade ou por um
estado das unidades e das ligações dessa rede. O modelo simbólico (Newell et al.,
1993) assume uma organização associativa de sı́mbolos, com significados a vários
nı́veis e com representações em diferentes tipos de memória (Simon & Kaplan,
1993). Uma visão deste modelo, com pontos de contacto com o conexionista,
propõe uma organização em rede, as redes semânticas (semantic networks), mas
em que nós e ligações denotam sı́mbolos, ao invés de neurões ou caracterı́sticas
perceptuais (Lehmann, 1992a; Sowa, 1991; Shastri, 1988).
O estudo da representação do conhecimento tem particular interesse do ponto de vista da inteligência artificial, na sua procura de reproduzir as várias formas
de pensamento humano (Garcia & Yi-Tzw, 1993b; Woods, 1993; Fikes & Kehler,
1993; Brachman & Schmolze, 1985). No contexto organizacional, ela materializase nos sistemas de suporte à decisão já atrás referidos (1.1.3), em particular naqueles que se baseiam em sistemas periciais.
Representar o conhecimento é também uma das finalidades dos mapas cognitivos (Stubbart & Ramaprasad, 1990). No entanto, ao contrário das representações normalmente adoptadas na inteligência artificial, estes mapas assumem
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
24
como objectivo, antes de mais, a compreensão, comunicação e enriquecimento
do pensamento (Eden, 1992), podendo abranger as descrições formais, mas não
se limitando a elas. As considerações tecidas sobre a emoção e a intuição, as
interacções entre os indivı́duos e o que os rodeia - vejam-se as reflexões feitas por
Bannon e Bødker (1991) - e a necessária imperfeição na representação do conhecimento (Winograd & Flores, 1986) justificam esse abrangimento. Note-se que essa
natureza inexacta e incompleta, não se refere apenas à exteriorização do modelo
da cognição (i.e. aos mapas enquanto descrições exteriores à mente). Os modelos mentais (mental models) são, segundo Johnson-Laird (1993), representações
simbólicas e potencialmente imperfeitas, internas à mente humana, usadas pelas
diversas actividades cognitivas (desde a percepção, à resolução de problemas,
passando pelo raciocı́nio e a aprendizagem). A sua imperfeição, inerente à noção
de modelo, não contradiz a sua utilidade1 .
Ainda quanto à representação surge outro tópico de interesse, que se refere à relação entre as formas de salvaguarda do conhecimento proveniente de
estı́mulos visuais e de mensagens linguı́sticas. Por um lado, admite-se que imagens e proposições podem ser manuseadas (numa perspectiva cognitiva) de maneira basicamente semelhante e que existe um sistema semântico comum, que
contém significados, independentemente da fonte de onde provêm (Simon & Kaplan, 1993; Johnson-Laird, 1993). Por outro lado, parece evidente que a forma de
representação é distinta. Isso explica, por exemplo, que determinado tipo de inferências seja mais eficiente sobre conhecimento armazenado a partir de imagens,
do que a partir de descrições e vice-versa. Kosslyn (1990) argumenta que as pessoas usam extensivamente imagens mentais e sugere que uma das formas pela
qual essas imagens são registadas, recorre a estruturas do tipo nó/ligação (Simon & Kaplan, 1993). A utilização de representações visuais externas, como os
mapas cognitivos e em particular as variantes que recorrem ao mesmo tipo de
estrutura (nó/ligação), parece, pois, ir ao encontro da facilitação das actividades
cognitivas (Huff, 1990a).
1
Johnson-Laird cita como exemplo um relógio, que ”pode ser útil, ainda que não seja totalmente
exacto ou uma representação completa da rotação da terra” (1993, p. 486).
2.1. A COGNIÇÃO
25
Raciocı́nio e Aprendizagem - dizem respeito aos processos de pensamento e, por conseguinte, à forma como as pessoas classificam novos estı́mulos, objectos e conceitos nas categorias já existentes ou como criam outras novas. As aproximações
teóricas a estas actividades mentais estão, naturalmente, relacionadas com a
representação interna assumida para o conhecimento. Primeiramente, na forma
como são representados os mecanismos de inferência, de seguida, no modo como
essa inferência se processa. Representações sob a forma declarativa ou procedimental, a que corresponderão esquemas e produções, são tipicamente adoptadas
nas aproximações simbólicas. Já nas representações em rede, particularmente na
conexionista, o maquinismo de inferência assenta na própria definição dos pesos
atribuı́dos às ligações. Quanto ao processo de inferir propriamente dito, este resulta da resolução da lógica associada aos esquemas, do disparo das produções
ou da alteração dos pesos e ligações da rede neuronal.
Simon e Kaplan (1993) referem que os dois tipos de mecanismos adoptados
nas representações simbólicas coexistem em memória e que o raciocı́nio (visto
como inferência lógica), a procura heurı́stica (vista como disparo e resolução
de produções) e mesmo outros deverão ser considerados na definição de uma
perspectiva mais correcta do pensamento humano. Segundo estes autores, os
modelos mentais (Johnson-Laird, 1993) propõem algo no meio. Johnson-Laird,
por seu turno, identifica três tipos de teorias do raciocı́nio: as que assumem que
este depende de regras formais de inferência (lógica, nas suas várias formas),
advogando distanciamento do conteúdo do próprio pensamento; as que reconhecem a importância desse conteúdo na forma de pensar e propõem regras de
inferência especı́ficas ao contexto (sistemas baseados em produções); e os modelos mentais que, como representações incompletas, assumem que a inferência
resulta da manipulação e refinamento dos próprios modelos. Esta caracterı́stica
dinâmica dos modelos, enquanto representações cognitivas internas, simultaneamente abstractos e situados (i.e. adaptáveis às situações), vem igualmente sustentar a prática de utilização dos mapas cognitivos (representações externas), de
forma criativa e exploratória, mas enquadrada em modelos e mapas anteriores,
que em particular se adopta nesta dissertação.
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
26
Cognição social - refere-se à cognição no âmbito da interacção entre as pessoas. Estudos de foro antropológico focam a forma como se estabelece o senso comum
das culturas, famı́lias ou grupos em geral e como isso afecta ou é afectado pela percepção, a linguagem e a forma de pensar dos indivı́duos. Claramente, no
domı́nio das organizações esta dimensão é primordial, por exemplo, na criação
da cultura organizacional, ou na determinação das formas de doutrinação e
disseminação de informação. Esta é uma das áreas fundamentais no estabelecimento das teorias do desenvolvimento organizacional (Porras, 1987).
Noutro sentido, mas ainda no âmbito das organizações, o estudo articulado
da cognição e da interacção entre as pessoas permite, por exemplo, definir modelos mais completos do processo negocial. Ao contrário das perspectivas propostas pelos modelos económico e da teoria dos jogos (game theoretic), que conotam
o processo negocial como racional e lógico, no enquadramento comportamental
cognitivo (behavioral cognitive) identificam-se os negociadores como entidades
dinâmicas e imperfeitas (Jesuino, 1992). Assim sendo e oferecendo uma base
teórica mais alargada que engloba um leque maior de processos de negociação,
podem identificar-se, por exemplo, desvios tı́picos que os negociadores fazem
relativamente às soluções óptimas.
2.2 Mapas cognitivos
O conceito de mapa cognitivo, enquanto metodologia para a compreensão da tomada de decisão, definição de estratégias, diagnóstico ou negociação, e a sua validade
como forma de estudo e de suporte a essas actividades, articula-se, em primeiro lugar,
com a noção de mapa e da sua criação.
Um mapa, no sentido comum da palavra, é uma representação do espaço, que, como tal, permite às pessoas localizar um lugar em relação a outros. É igualmente uma
forma de visualizar facilmente categorias (e.g. locais de interesse histórico, grandes
cidades). Segundo Weick (1990), esta qualidade, que reflecte uma noção de posicionamento relativo e classificação, é indispensável à mente humana para compreender o
2.2. MAPAS COGNITIVOS
27
que quer que seja2 . Num sentido mais geral, os mapas permitem igualmente exprimir
posicionamentos relativos no tempo ou noutras dimensões. Por exemplo, no caso da
gestão das organizações, os mapas são usados para reflectir causalidade ou sequência.
Todas estas caracterı́sticas, associadas à sua natureza visual, levaram à aplicação do
conceito de mapa aos mais variados domı́nios (mapa celeste, mapa genético, ...). No
âmbito da cognição pode então dizer-se que:
Os mapas cognitivos pretendem auxiliar as pessoas a ”situarem-se” nos seus
próprios pensamentos ou nos pensamentos de outrem.
Associada à noção de mapa está também a de abstracção. De facto, o mapa é o
resultado de um processo de abstracção a partir de um território. Mapa e território
são, em geral, coisas distintas3 . No caso dos mapas cognitivos, a esta dicotomia contrapõem-se duas atitudes extremas: uma, que enaltece esta distinção, sustenta que os
mapas cognitivos servem apenas como esboço para organização das ideias e que, pela própria noção de mapa, convidam a interpretações pictóricas demasiado imprecisas
(ou simplistas) da cognição; a outra afirma que estes mapas denotam as próprias estruturas do pensamento humano e que, por conseguinte, mapa e território são indistintos.
Uma atitude menos fundamentalista advoga que, ainda que existam diferenças
entre os mapas e a cognição, decorrentes do próprio processo de abstracção e
interpretação, a validade da sua utilização é indiscutı́vel. Primeiramente, porque os
mapas cognitivos resultam de um processo de modelização e que, como modelos, facilitam a compreensão e comunicação dos assuntos objecto do pensamento representado. Ainda nesse sentido e indo um pouco mais longe, porque os mapa e a cognição
se influenciam mutuamente. A criação e análise de um mapa (ainda que aproximado)
esclarece a perspectiva (originadora do mesmo) que se tem sobre o problema. Este
esclarecimento, por sua vez, permite alterar o mapa de modo a melhor espelhar o
pensamento4 .
2
Em segundo lugar, pela sua natureza visual, que, em geral, constitui
Huff menciona a propósito a seguinte máxima atribuı́da a Platão: ”forma de pensar mais primitiva
é o simples reconhecimento do objecto. A mais elevada, é a intuição abrangente do homem que vê tudo
como parte de um sistema.” (1990a, p. 11).
3
Referindo Postman, Weick afirma que: ”As pessoa vivem em dois mundos - o mundo dos eventos e
das coisas (o território) e o mundo das palavras sobre os eventos e as coisas (o mapa).” (1990, p. 2).
4
Um exemplo interessante, relativo a mapas supostamente mais exactos, é o que refere um grupo
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
28
uma forma mais imediata de comunicação e resumo de informação (Kosslyn, 1990;
Blackwell, 1997). Por fim, porque há situações em que é difı́cil destrinçar onde termina
o mapa (abstracção) e onde começa o território.
Esta atitude pragmática é particularmente favorecida na referência às actividades
de gestão organizacional. A justificação suporta-se, em primeira lugar, na utilização da
intuição e da emoção como pedras basilares do processo (ver secção 1.1.4, página 8).
Por um lado, estas caracterı́sticas dificultam (ou impossibilitam mesmo) a descrição
completa e exacta do pensamento, portanto admitem-se discrepâncias entre mapa e
cognição, por outro, são actividades que, ao serem exercidas no lado direito do cérebro,
ignoram a distinção entre a representação (mapa) e o representado (território)5 - vejase as alegações de Weick (1990). Esta contiguidade entre mapa e cognição sustentase ainda no facto de que uma parte significativa das actividades de gestão se situa
no mundo das palavras, intenções e relações sociais. Nesse sentido, os objectos de
reflexão projectados nos mapas, são eles próprios, conceitos fortemente subjectivos.
Nestes casos, Weick afirma que o mapa cria o território. Por tudo isto e baseados nas
afirmações de Huff (1990a), pode então ser dito que:
Os mapas cognitivos podem capturar algo com as mesmas caracterı́sticas essenciais que o próprio pensamento e, nesse sentido, são representações aproximadas do conhecimento e da forma de pensar dos indivı́duos (ou grupos).
2.2.1 Tipos de mapas
Os mapas cognitivos, pela sua flexibilidade e abrangimento decorrente dos vários
nı́veis de formalização com que se podem exprimir, bem como das múltiplas manifestações do processo cognitivo que pretendem revelar, convidam à existência de vários
tipos de estrutura, métodos de captura e formas de representação. Huff (1990a) propõe
uma classificação em cinco grupos, não necessariamente disjuntos, resultantes de perspectivas distintas sobre o processo cognitivo e denotando diferentes graus de complede homens que, a partir de um mapa de uma região, se orientam noutra (da qual pensam ser o mapa),
redefinindo o mapa, da primeira, de acordo com as referências que encontram na segunda (Weick, 1990).
5
O exemplo referido, no tocante ao papel da emoção, é o da bandeira nacional como representação
do paı́s. Ofender a bandeira (o mapa) é na maior parte das vezes tomado como um desrespeito ao paı́s.
2.2. MAPAS COGNITIVOS
29
Figura 2.2: Os diferentes tipos de mapas cognitivos. Ilustração das preocupações de um
indivı́duo acerca da compra de mobiliário.
xidade. Esses grupos, descritos subsequentemente, serão aqui designados por mapas
de inventário, taxionómicos, causais, argumentativos e interpretativos.
A figura 2.2 mostra, simbolicamente, as cinco categorias de mapas cognitivos. Os
de inventário enumeram os conceitos ou objectos aparentemente relevantes para o indivı́duo, enquanto os mapas taxionómicos os classificam segundo dimensões que o
mesmo considera pertinentes. Na sua variante causal está esboçado o pensamento do
indivı́duo sobre as consequências de comprar um dos objectos e o impacto nos tempos
de estadia em casa e no trabalho. O mapa argumentativo ilustra a reflexão sobre os argumentos que deverá apresentar para baixar o preço do que pretende comprar e quais,
em antevisão, lhe serão contrapostos. Finalmente, o mapa interpretativo apresenta a
explicação subjacente às reflexões anteriores.
2.2.1.1 Mapas de inventário
Os mapas de inventário pretendem identificar ”a atenção, associação e importância
dos conceitos” (Huff, 1990a, p. 15), com base na inventariação dos termos usados pelos indivı́duos. A ideia subjacente é a de que se pode conhecer relativamente bem
o interlocutor (ou interlocutores), se for feita uma análise cuidada das palavras que
usa. Baseia-se nos resultados do estudo da atenção e da memorização (e contribuı́ para a sua fundamentação), em particular do ponto de vista linguı́stico, que apontam a
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
30
frequência, alteração e revezamento no uso das palavras como indicadores de centralidade, mudança de atenção e ligação entre conceitos, respectivamente.
O trabalho conducente a este tipo de mapas recorre, principalmente, a métodos de
análise de conteúdo (content analysis). Estes métodos (Birnbaum-More & Weiss, 1990;
Erdener & Dunn, 1990; Bardin, 1977) permitem, por exemplo, a contagem e localização
de incidência de palavras ou pequenas frases, em documentos escritos. O recurso a
algoritmos de análise estatı́stica, a dicionários (tabelas de equivalência de termos e
frases) e a regras de construção de frases permitem indiciar: a utilização de vocábulos
diferentes com significados comuns; o uso de termos potencialmente equivalentes com
interpretações distintas; conceitos centrais; e alterações temáticas.
Com base neste tipo de análise, Huff (1990a) refere vários estudos no âmbito da
gestão e definição de estratégias nas organizações. Por exemplo, a conclusão de que as
empresas em situação mais delicada procuram maiores riscos, é parcialmente inferida a
partir do número de ocorrências de termos representativos de risco, nos seus relatórios
anuais. Outros exemplos incidem sobre a utilização de factores comuns nas estratégias
desenvolvidas pelas empresas ou sobre a identificação de preocupações centrais de
gestores ou grupos de interesse. Em qualquer dos casos, as conclusões são extrapoladas a partir dos mapas resultantes da análise de conteúdo dos relatórios da empresa
(externos e internos). Birnbaum-More e Weiss (1990) identificam a base de competição
de doze áreas industriais, recorrendo a mapas de inventário das transcrições procedentes de entrevistas com peritos dessas áreas6 .
As principais crı́ticas a este tipo de mapas resultam da validade com que se podem extrapolar as considerações sobre relevância e associação de conceitos, a partir de
análises essencialmente sintácticas e da superficialidade com que abordam o processo
cognitivo como um todo. Por conseguinte, não é de estranhar que os mapas de inventário constituam, principalmente, uma primeira abordagem ao estudo da cognição
ou dos problemas abordados por esta. O que daı́ resulta é um catálogo de conceitos básicos e associações, potencialmente relevantes, que alimentam formas de análise
mais cuidadas, dificilmente expeditas e suportadas pelos restantes tipos de mapas.
6
Uma das conclusões refere, curiosamente, a inutilidade de medidas reguladoras, como patentes,
2.2. MAPAS COGNITIVOS
31
Figura 2.3: Representação de um mapa de inventário - a frequência de repetição das
palavras e o seu significado como indı́cio de comportamentos diferentes para as empresas.
A representação destes mapas é feita recorrendo a tabelas ou gráficos, que resumem ou aproximam por funções, os resultados obtidos a partir da aplicação de processos expeditos de análise estatı́stica. São comuns os gráficos de barras, como o que se
mostra na figura 2.3, ou as curvas estatı́sticas que denotam, por exemplo, a frequência
de utilização de termos no tempo.
2.2.1.2 Mapas taxionómicos
Os mapas taxionómicos ”mostram as dimensões de categorias e hierarquias de conceitos” (Huff, 1990a, p. 21). Baseiam-se no pressuposto de que a memória se organiza
em classes interrelacionadas de conceitos e que a aprendizagem é uma manipulação
dessa estrutura. A identificação das categorias, a forma como se relacionam e o modo
como os conceitos e objectos nelas se enquadram é, pois, o território cartografado.
O trabalho que precede este tipo de mapas, recorre essencialmente a entrevistas e
observações, normalmente enquadrados em métodos experimentais adequados ao registo e interpretação das actividades cognitivas - veja-se a apresentação crı́tica destes
métodos feita por Bower e Clapper (1993). Genericamente, as metodologias subjacentes tentam, por um lado, minorar a influência do entrevistador nos resultados, por
outro, orientar a entrevista de modo a que os resultados sejam relevantes para o estudo em questão. Particularmente relevante para a construção deste tipo mapas, tendo
em conta a quantidade de aproximações que nela se baseiam (Reger, 1990a; Eden, 1993;
segurança e alta qualidade de produtos em determinados sectores de produção.
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
32
Figura 2.4: Grelha de repertório usada na prescrição de lentes de contacto (adaptado de
Shaw e Gaines, 1992).
Gaines & Shaw, 1993; Schuler et al., 1990), é a teoria dos constructos pessoais (personal
construct theory) de Kelly (1955). Esta teoria vê cada indivı́duo como alguém potencialmente capaz de antever o que o circunda (Bood, 1998; Shaw & Gaines, 1992) e, nesse
sentido, capaz de construir uma taxionomia, válida no seu espaço psicológico, dos conceitos - ou constructos (constructs), de acordo com a designação proposta por Kelly que fundamentam o seu conhecimento.
Baseado na sua teoria, Kelly elaborou a técnica das grelhas de repertório (repertory
grids). Esta técnica permite identificar as dimensões essenciais de uma categorização
de elementos e classificá-los numa grelha (ver, como exemplo, a figura 2.4) de acordo
com essas dimensões (Reger, 1990b). Numa das suas formas, é pedido aos inquiridos para agruparem dois elementos a partir de subconjuntos de três, sucessivamente,
para um conjunto de elementos de estudo. Para cada trı́ade, devem identificar a dimensão de semelhança entre os agrupados e de dissemelhança em relação ao terceiro.
Noutros casos, dependendo do objectivo do estudo, as dimensões são conhecidas, sugeridas ou pedidas directamente aos entrevistados (na figura as dimensões incluem as
caracterı́sticas das lentes a receitar - gelatinosas, rı́gidas - e as relativas à visão dos pacientes). Em qualquer situação, cada dimensão é sempre definida relativamente ao seu
oposto (e.g. mı́ope - hipermetrope), o que, de acordo com a teoria subjacente, clarifica
o conceito no contexto em que se encontra. Uma vez identificadas as dimensões de similitude, os inquiridos (no exemplo da figura um conjunto de peritos de oftalmologia)
deverão atribuir um valor por elemento (no caso, os pacientes) para cada dimensão.
Sobre estas matrizes podem ser aplicados métodos de análise estatı́stica que permitem, por exemplo, identificar proximidade de conceitos, centralidade ou preferência
de elementos (com base na escolha de dimensões adequadas, e.g. apreço) e grau de
2.2. MAPAS COGNITIVOS
33
correlação, a qual poderá sugerir a existência de outras dimensões latentes - ver o trabalho de Reger (1990b) para uma discussão mais pormenorizada.
A obtenção das dimensões e suas relações pode igualmente ser feita, pedindo aos
interlocutores para organizarem, hierarquicamente ou segundo estruturas em rede
mais complexas, os conceitos e abstracções de classificação. Em qualquer dos casos,
o objectivo essencial dos mapas taxionómicos é tornar clara, aos entrevistados e aos
investigadores, a estrutura de categorização dos primeiros e assim promover formas
mais sistemáticas de classificação aquando da manipulação de novos elementos. Em
particular no âmbito organizacional, Huff (1990a) refere estudos sobre dimensões estratégicas e de competição entre empresas. Na figura 2.5 mostra-se, como exemplo,
uma estrutura em árvore, resultante da classificação de potenciais competidores.
Figura 2.5: Representação hierárquica da perspectiva de um indivı́duo relativamente aos
potenciais competidores (adaptado de Huff, 1990a).
As técnicas de obtenção e formas de estruturação dos mapas taxionómicos são
também usadas na aquisição de conhecimento para a criação de sistemas periciais (Schuler et al., 1990; Gaines & Shaw, 1993), nesse caso com nı́veis de minúcia e requisitos de rigor mais exigentes. Na figura 2.6 mostra-se parte da grelha de repertório
apresentada anteriormente, inserida num sistema mais vasto de representação de conhecimento (Gaines & Shaw, 1993), cuja especificação é suportada por uma linguagem
visual (em cima), que denota uma rede semântica (Gaines, 1991a) .
Quanto à sua representação, os mapas taxionómicos surgem sob diversas formas,
normalmente gráficas, mesmo quando obtidas a partir de matrizes de classificação do
tipo das grelhas de repertório. A linguagem visual de representação de conhecimento
34
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
Figura 2.6: Utilização de grelhas de repertório na criação de bases de conhecimento e a
sua integração em redes de definição de conceitos (adaptado de Shaw e Gaines, 1992).
proposta por Gaines (1991a), formalizada em nós e arcos de ligação, reflecte, entre outros, a categorização e o próprio conceito de dicotomia (i.e. extremos opostos de cada
dimensão) emergente das grelhas de repertório (Shaw & Gaines, 1992). Huff (1990a)
refere mapas taxionómicos apresentados como diagramas de Venn ou representações
espaciais diversas. Na figura 2.7, a localização no espaço caracteriza os elementos relativamente aos valores que tomam em cada dimensão. Por outro lado, a sua proximidade relativa (à esquerda) ou agrupamento explı́cito (à direita) reflectem categorias.
Figura 2.7: Representações alternativas de mapas taxionómicos (adaptado de Huff, 1990a).
2.2. MAPAS COGNITIVOS
35
2.2.1.3 Mapas causais
Os mapas causais são, provavelmente, os mais divulgados, em particular no
âmbito das organizações e do estudo dos sistemas sociais e polı́ticos em geral (Axelrod,
1976; Bougon et al., 1990; Huff et al., 1990; Narayanan & Fahey, 1990; Bougon & Komocar, 1990; Eden, 1993; Laukkanen, 1994; Jenkins, 1998). Alguns autores utilizam mesmo
a designação de mapas cognitivos para referirem esta categoria de mapas (Eden, 1993;
Gaines & Shaw, 1995; Chameeva et al., 1997; Kosko, 1996). Os mapas causais focam
a sua atenção nas relações de causalidade, assumindo que esta é, não só a estrutura
mais frequente pela qual se organiza a compreensão, mas, sobretudo, a forma essencial usada para explicar os acontecimentos (Huff, 1990a) ou mesmo prevê-los (Jenkins,
1998). Note-se que a noção de causalidade é tomada em sentido lato: influência, precedência, facilitação, incremento e mesmo equivalência são consideradas associações
comuns em mapas causais.
Figura 2.8: Influência da inovação dos métodos de acompanhamento no funcionamento de
uma escola infantil (adaptado de Bougon e Komocar, 1990).
Na figura 2.8 mostra-se um exemplo destes mapas, em que são representados os
ciclos de influência (arcos) entre variáveis (nós) que contribuem para determinar o
funcionamento de uma escola. Note-se a existência de um arco de influência negativa
(assinalado com um ”-”) entre o ”pagamento pelo serviço”e os ”recursos financeiros
dos pais”. Ao contrário dos restantes, indica que quanto maior a causa, menor o efeito,
36
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
i.e., que o maior pagamento determina menores recursos financeiros.
O modo de obtenção destes mapas varia, quer na forma da fonte de informação,
quer na sequência e orientação dada à procura de conceitos e associações causais. Essa
variabilidade decorre, por um lado, da utilização de documentos escritos ou do recurso
a entrevistas, por outro, da importância e rigor atribuı́do aos conceitos (ou constructos) como suporte das asserções causais. No caso da utilização dos textos escritos e no
âmbito das organizações, relatórios técnicos e financeiros são usados na procura de frases contendo palavras ou construções semelhantes a A causa B ou A leva a B. A e
B são tomados como conceitos e uma associação causal é estabelecida entre eles (Laukkanen, 1994). Alternativamente, são reconhecidos os conceitos, de acordo com um
critério adequado ao estudo em questão, e só posteriormente são identificadas as respectivas associações causais. Estas aproximações, por vezes parcialmente suportadas
por métodos expeditos de análise de conteúdo, acaba normalmente por ser completado por uma avaliação (ou reavaliação) exaustiva e cuidada, por parte de quem investiga. Mesmo em textos formais, as relações causais encontram-se dissimuladas, a
informação é incompleta e os próprios conceitos surgem com designações diferentes
(ou conceitos diversos com designações iguais) em diferentes partes do texto.
Nesse sentido, Eden e Ackermann (1998a) defendem o uso de entrevistas, como o
método experimental por excelência, para a obtenção de mapas causais. Estes autores
afirmam que a versão escrita é já um representante do fenómeno de pensar, mediado
por barreiras de formalidade e medos de indelebilidade, que deverá ser considerado
se forem também considerados os aspectos cognitivos, não totalmente compreendidos (Stubbart & Ramaprasad, 1990), da própria escrita. As entrevistas, ao contrário,
tomam formas mais ou menos estruturadas, interactivas ou mesmo exploratórias, podendo adaptar-se à medida dos entrevistados. No extremo, pode ser pedido aos inquiridos para traçarem o seu próprio mapa causal, uma vez treinados para o efeito.
As técnicas adaptadas das trı́ades de Kelly como base para a obtenção dos constructos envolvidos nas associações causais (Jenkins, 1998) ou os auto questionários faseados, propostos por Bougon (1990) na técnica designada por SelfQ, são exemplos
de formas de entrevistas semi estruturadas e orientadas para a obtenção de mapas
2.2. MAPAS COGNITIVOS
37
causais. Uma evolução destas técnicas proposta por Eden (1993), fundamentadas nas
teorias de Kelly (não nas técnicas), promove uma forma verdadeiramente exploratória
em que, frequentemente, as associações causais surgem simultaneamente com os conceitos. As entrevistas, fortemente não estruturadas, partem por vezes de perguntas
abrangentes e repetitivas, que fazem lembrar a ”idade dos porquês” (e.g. ”Qual o problema?”, ”porquê?”, ”porquê?”, ...). Naturalmente, a interpretação das respostas deve
ser cuidada e os mapas resultantes confrontados com os entrevistados e reajustados se
necessário. Aliás, esta confrontaç ão e reajustamento é normalmente comum a todas as
técnicas de captura de mapas causais.
Esta categoria de mapas têm servido de suporte aos mais variados estudos, coadjuvados por métodos de análise a nı́veis distintos - veja-se outros exemplos e resumos
apresentados por Jenkins (1998). O estudo do próprio processo cognitivo, por análise
estrutural dos mapas, é um dos campos de aplicação destes (Bougon & Komocar, 1990;
Porras, 1987). Por exemplo, a simples contagem do número de asserções causais que
emanam de um conceito, designado por nı́vel-de-saı́da (outdegree), permite deduzir
sobre a importância dada pelos indivı́duos, a esse conceito. Mais concretamente:
Æ
o nı́vel-de-saı́da de um conceito A é definido como o número de
associações causais de que A é a causa.
Também a relação entre o nı́vel-de-saı́da e o nı́vel-de-entrada (indegree) e a variância
desta relação ao longo de todos os constructos de um mapa, permite determinar congestionamentos na dinâmica do processo causal, identificar objectivos ou potenciais
alternativas. Relativamente ao nı́vel-de-entrada diz-se que:
Æ
o nı́vel-de-entrada de um conceito A é definido como o número de
associações causais de que A é o efeito.
Finalmente, a detecção e ajustamento dos ciclos fechados de associações, em mapas do
pensamento estratégico, é tomado por vários autores (Bougon & Komocar, 1990) como
uma forma de compreender as organizações e controlar a sua mudança.
Os mapas causais têm igualmente sido utilizados no sentido de predizer a evolução
de sistemas, organizações e pessoas e mesmo doutrinar a forma de pensar das últimas.
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
38
Huff e Schwenk (1990) reflectem, com base nos mapas causais, sobre as diferentes formas que os gestores têm de olhar para as suas próprias empresas, ao longo do tempo,
consoante o seu desempenho relativamente a competidores e mercado. Narayanan e
Fahey (1990) examinam o declı́nio de uma empresa, extrapolando padrões de comportamento tı́picos, a partir da evolução dos mapas causais extraı́dos dos discursos
públicos dos seus gestores. Axelrod (1976) estuda a evolução dos mapas causais na
classe polı́tica e Eden (1998) refere a sua utilização, pelo próprio indivı́duo, no planeamento de estratégias para a resolução de conflitos na compra de bens. Reporta
ainda o papel comunicativo dos mapas, na transferência de conhecimento aquando
da mudança de quadros directivos ou mesmo a compreensão e consolidação de estratégias comuns, por visualização e construç ão de mapas conjuntos (Eden, 1993). O
trabalho com mapas causais, desenvolvido no âmbito do projecto MAPCOG (Jesuino
et al., 1996; Carriço et al., 1998), enquadra-se igualmente no estudo da evolução do
pensamento e capacidade de predição, quando tomado no sentido de identificar os
padrões e desvios de comportamento dos indivı́duos, nos processos de negociação.
Tal como refere Jenkins (1998), a terceira área de aplicação dos mapas causais
orienta-se para a sua análise comparativa.
Nestes casos, os objectos de estudo
relacionam-se, por exemplo, com a identificação de conceitos e valores comuns nas
estratégias de diferentes indivı́duos ou com o reconhecimento dos padrões de pensamento que levam ao sucesso de estudantes ou organizações, por contraposição aos que
obtêm maus resultados. Laukkanen (1989; 1992; 1994; 1998) apresenta um vasto trabalho nesta área, no domı́nio da gestão, providenciando mesmo técnicas de captura de
conhecimento e tecnologia especı́fica para a comparação de mapas causais.
A representação deste tipo de mapas assume primordialmente a forma de diagramas baseados em estruturas grafo, como a que se mostra na figura 2.9. As formas matriciais correspondentes (matrizes de todos por todos os nós) são igualmente possı́veis,
mas dificilmente visualizáveis e exploráveis. Tipicamente, servem pacotes computacionais de análise expedita. Stubbart e Ramaprasad (1990) consideram ainda as bases
de dados ou os programas computacionais (e.g. baseados em regras), formas possı́veis
de representação destes mapas. Estes autores sugerem que os diferentes modos de
representação, deverão ser equivalentes em conteúdo (embora não o sejam normal-
2.2. MAPAS COGNITIVOS
39
Figura 2.9: Mapa causal usado na definição estratégica de uma aula e na própria aula,
sobre mapas cognitivos no contexto de uma disciplina de Hipermédia (Carriço, 1998).
mente), podendo assim tirar-se partido das vantagens de cada uma delas.
As variantes destes mapas e o seu consequente grau de complexidade decorre da quantidade de informação que neles se pretende representar.
Por exem-
plo, numa perspectiva visual, no mapa da figura 2.9 usaram-se traços mais carregados nos conceitos que denotam objectivos e arcos diferentes para representar:
decomposição (e.g. explicar um MC decompõe-se em descrever estrutura, formas de representação e objectivo); exemplificação (ligação etiquetada com
e.g.) e causalidade. Relativamente às associações, Huff (1990) propõe uma extensão
ao conjunto dos seis tipos de relação causal definida por Axelrod (1976) - causalidade
40
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
positiva, negativa, nula, indeterminada, não positiva e não negativa - que inclui dois
tipos de relação não causal: equivalência e exemplificação. Rouquette (n.d.) identifica
29 tipos de associação (28 e um nulo), no contexto do que denomina por esquemas cognitivos de base, que incluem esquemas ”léxicos”, de ”vizinhança”, de ”prática” e de
”atribuição”. Relativamente aos conceitos, Eden (1998) propõe a identificação de categorias, por sobreposição de esquemas de cor ou disposição dos mesmos ao longo do
eixo vertical de acordo com o seu grau de abstracção. Por seu turno, van der Heijden
e Eden (1998) situam conceitos da esquerda para a direita para representar a evolução
no tempo. Este aproveitamento das dimensões do espaço foi igualmente utilizado no
mapa da figura 2.9, onde os constructos acima dos objectivos se referem à técnica da
explanação, enquanto os representados abaixo fazem menção ao seu conteúdo.
Outras variantes de mapas causais, sugeridas por Huff et al. (1990) e outros (Axelrod, 1976; Porras, 1987), prevêem a inclusão de nı́veis de incerteza, de pesos de influência e mesmo referências explicitas ao tempo, nas relações entre constructos. Ao
formalizar a quantificação e contribuição relativa das asserções causais, especialmente
quando recorrem à teoria das probabilidades, os mapas causais tomam a forma do que
é designado por redes de crenças (belief networks) ou, na sua variante mais comum,
redes de Bayes (Bayesian networks). Basicamente, nestas redes (Garcia & Yi-Tzw, 1993a;
Stephanou & Sage, 1993; Koller & Pfeffer, 1997) são associadas funções a cada nó, que
reflectem a probabilidade dessa situação acontecer (ou não acontecer) de acordo com
a probabilidade de ocorrência das suas causas (e a probabilidade a priori, da situação).
A sua aplicação a sistemas de diagnóstico expedito é aparentemente adequada (e.g. se
um ficheiro está corrompido, existe X% de probabilidade que tenha um vı́rus). Uma
das dificuldades reside, precisamente, na quantificação das probabilidades a priori ou
na definição das funções de probabilidade correctas (i.e. na formalização).
Recentemente têm adquirido especial atenção, em parte devido à sua aparente natureza qualitativa em combinação com a sua aptidão para a simulação, os mapas causais que se suportam nas teorias dos conjuntos difusos (Zadeh, 1987; Zadeh, 1993).
Kosco (1996), ao introduzir estes mapas, denominou-os mapas cognitivos difusos
(fuzzy cognitive maps), embora a sua natureza exclusivamente causal (e positiva) sugerisse mapas causais difusos (fuzzy causal maps), como denominação mais adequa-
2.2. MAPAS COGNITIVOS
41
da. Carvalho e Tomé (1999) propõem extensões aos mapas de Kosko, que incluem a
definição de novas operações da lógica difusa, no intuito de melhor se adequarem às
asserções causais a vários nı́veis e mesmo a outro tipo de relações. Tal como no caso
anterior, também os mapas difusos impõem um significado mais formal ao conceito de
causalidade. Esta formalização, embora permitindo a simulação da evolução dos pesos
ou graus de incerteza atribuı́dos aos conceitos, dificulta fortemente o seu desenho.
2.2.1.4 Mapas argumentativos
Estes mapas têm como objectivo a representação do processo deliberativo e, em
particular, da argumentação. Toulmin (1958), pioneiro no estudo e utilização de esquemas de argumentação e de mapas argumentativos, defende que um argumento ”[...] é
uma sequência interligada de afirmações e razões que, entre elas, estabelecem o conteúdo e a força de uma posição, pela qual um indivı́duo se debate” (Fletcher & Huff,
1990a, p. 356). O pressuposto subjacente a estes mapas é o de que qualquer acção ou
deliberação não evidente, requer uma avaliação e uma interpretação cuidada e encadeada dos elementos a favor e contra. Essa avaliação pode ser melhorada, se for imposta uma estrutura semi formal e consistente às possı́veis interligações entre posições,
contraposições, opções e garantias, de modo a guiar o processo argumentativo (Huff,
1990a; Fletcher & Huff, 1990a; Shum & Hammond, 1993). Mais ainda, esta estrutura coage à inclusão explı́cita de considerações normalmente implı́citas num processo
deliberativo, que obriga, por um lado, a resoluções melhor ponderadas, por outro, ao
registo e resumo dessas reflexões, de modo a facilitar a comunicação ou posterior consulta das razões que levam às decisões.
A figura 2.10 representa graficamente a estrutura básica de uma argumentação
de acordo com Toulmin.
Um argumento compreende, explı́cita ou implicitamente,
um facto ou observação - datum - que, suportado por uma regra comum - abonação
(warrant) - permite que seja feita uma determinada asserção - afirmação (claim). A
abonação pode ser apoiada por uma regra que consolida a sua validade - fundamento (backing). Sobre a forma de concluir a afirmação podem ser definidas excepções refutação (rebuttal).
42
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
Figura 2.10: Estrutura de argumentação segundo Toulmin (adaptado de Toulmin, 1958).
Os métodos de elaboração dos mapas cobrem, na sua essência, as várias aproximações experimentais para a captura de conhecimento (Bower & Clapper, 1993). Normalmente, são adequados aqueles que visam compreender as actividades de resolução de
problemas (problem-solving), cujos resultados são frequentemente codificados na forma de árvores de decisão (decision trees), uma das variantes incluı́das na designação
de mapas argumentativos (Huff, 1990a). Também a análise de textos escritos (Fletcher & Huff, 1990b) ou, no extremo oposto, a especificação dos componentes de um
determinado esquema argumentativo pelos próprios intervenientes no processo de
argumentação (Streitz et al., 1989), são formas possı́veis para a obtenção destes mapas.
No primeiro caso, no entanto, o papel de quem analisa os textos é fundamental e
sua interpretação do conteúdo é definitivamente relevante para a estrutura argumentativa obtida (Fletcher & Huff, 1990a; Fletcher & Huff, 1990b). De certa maneira, este
papel activo do investigador no processo de criação dos mapas argumentativos, vai
de encontro ao que Streitz et al. afirmam. Segundo eles, a argumentação (no caso,
aplicada à escrita de documentos) ”é sempre interactiva ou pelo menos um diálogo” e
”escrever um documento argumentativo tem que contar com a ausência do parceiro de
diálogo [...]”, de modo a que ”as objecções de um oponente sejam antecipadas” (1989,
p. 355). No caso da metodologia seguida por Fletcher e Huff (1990a), aplicada no sentido inverso (i.e. a análise de um texto ao invés da sua escrita), esta interacção na
argumentação acaba por se reflectir na dinâmica e carácter exploratório do processo
2.2. MAPAS COGNITIVOS
43
de criação dos mapas. Nestes, propõem os autores, podem incluir-se qualificadores de
incerteza quanto à identificação e classificação dos componentes da argumentação e,
portanto, do processo deliberativo subjacente a essas actividades (porventura envolvendo mais que um investigador).
Os mapas argumentativos têm sido utilizados, como se deixou antever no parágrafo anterior, como suporte para a análise (Fletcher & Huff, 1990a) e escrita (Streitz
et al., 1989; Neuwirth & Kaufer, 1989) de documentos. No respeitante à análise, esta aplicação decorre da necessidade de resumir o que é essencial, de forma a compreender facilmente a estrutura de juı́zos que suportam as conclusões expressas num
determinado texto. No âmbito da gestão, por exemplo, Fletcher e Huff (1990b) analisam um conjunto de relatórios anuais de uma empresa, utilizando uma metodologia
fundamentada no esquema de Toulmin, como forma de estudar as mudanças na sua
estratégia. Quanto à escrita, o uso destes mapas advém da necessidade de organizar
ideias e antever crı́ticas aquando da criação de textos coerentes, com forte teor argumentativo, como, por exemplo, artigos de investigação. Smolensky et al. (1987) vão
um pouco mais longe e propõem o recurso a esquemas argumentativos, como suporte
a qualquer tipo de discurso minimamente racional. Shum e Hammond (1993) englobam estas e outras aplicações no que denominam lógica do desenho (design rationale).
Esta noção, relativa ao desenho em sentido lato, propõe a utilização dos mapas argumentativos, numa perspectiva cognitiva, como forma de exteriorização das estruturas
implı́citas (e internas) envolvidas no raciocı́nio subjacente ao processo deliberativo.
Outras aplicações dos mapas argumentativos incluem o suporte ao desenho arquitectural (Fischer et al., 1989), à tomada de decisão (Conklin & Begeman, 1987;
Conklin, 1988), à argumentação em grupo (Rein & Ellis, 1991) e à argumentação
jurı́dica (Marshall, 1987). Ainda na área do desenho, formas elaboradas de mapas
argumentativos foram aplicadas no desenvolvimento de sistemas de informação (Filippidou & Loucopoulos, 1997) e de suporte aos fluxos de trabalho (Yu, 1995b; Yu,
1995a). Noutro sentido, Huff (1990a) refere o uso do esquema argumentativo de Toulmin para: o estudo de pressupostos estratégicos; a análise e geração de argumentos
em determinado tipo de questionários; a exploração de alternativas na definição de
estratégias; e o estudo da negociação e da lógica da tomada de decisão. Ao incluir
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
44
as árvores de decisão no espectro dos mapas argumentativos tornam-se igualmente
relevantes alguns sistemas de diagnóstico simples, em particular, os que resultam de
escolhas sucessivas, desde os sintomas aos problemas, até à forma de os solucionar.
Figura 2.11: Esquemas alternativos de argumentação: IBIS (à esquerda) e QOC (à direita).
Quanto à sua representação, os mapas argumentativos apresentam, tipicamente,
a forma de diagramas com nós e arcos de ligação. A figura 2.11 representa duas formas alternativas ao esquema proposto por Toulmin. O IBIS (Issue Based Information
System), apresentado na sua forma gráfica (Conklin & Begeman, 1987; Conklin, 1988),
inclui tópicos (issues), as posições que respondem aos tópicos e os argumentos que os
suportam ou refutam. Os elementos podem ser hierarquicamente combinados, podendo originar redes encadeadas de tópicos, posições e argumentos, por exemplo, tópicos
que se definem sobre posições tomadas para outros tópicos. O QOC (Questions, Options
and Criteria), descrito pormenorizadamente em Shum (1993), inclui questões, às quais
se podem associar um conjunto de respostas possı́veis, as opções. A decisão sobre a
escolha de uma opção é tomada com base num conjunto de critérios, explı́citos, que
suportam ou refutam cada uma delas. As opções podem, por sua vez, originar novas
questões e os critérios encadear-se hierarquicamente.
Estes mapas, em particular os esquemas de Toulmin e o IBIS, servem de base à
definição de outros mais elaborados e com formas gráficas diferentes. Por exemplo,
Streitz et al. (1989) propõe que a categoria dos nós, no esquema de base de Toulmin,
seja determinada pelo tipo dos arcos que os interligam, podendo, deste modo, encadear vários esquemas básicos (e.g. uma afirmação num é abonação no seguinte).
Também Fletcher e Huff (1990a) estendem aquele esquema de base com as noções de
sub-afirmação, elaboração e reiteração, para além da utilizarem os qualifi-
2.2. MAPAS COGNITIVOS
45
cadores atrás referidos. No PHI (Fischer et al., 1989) o conceito de decomposição, no
caso de tópicos em sub-tópicos, é também proposta para o IBIS. Para além disso, o
PHI relaxa as noções de suporta e objecta-a para o conceito de serve, de modo a
incluir relações entre tópicos, não necessariamente controversas.
Algumas destas aproximações, como por exemplo o relaxamento das noções de
refutação e suporte ou os qualificadores de incerteza, abeiram os mapas argumentativos dos mapas causais. De facto, tal como os últimos, os mapas argumentativos incluem asserções de causa/efeito (e.g. então, por certo, na figura 2.10). No entanto, segundo a classificação de Huff (1990a) os mapas argumentativos limitar-se-ão às
relações causais que estão ligadas a afirmações potencialmente controversas. É esta caracterı́stica que permite formalizar a estrutura dos componentes de uma deliberação e,
consequentemente, os métodos de captura dos mapas. Os mapas causais, ao contrário,
não definem estruturas rı́gidas, previamente estabelecidas, de classificação dos constructos e podem incluir relações causais, independentemente do seu grau de evidência.
Nesse sentido, às vantagens dos mapas argumentativos, no que respeita à clareza de
comunicação, capacidade de antecipação (de abonos e refutações) e persuasão, contrapõe-se uma maior exigência de interpretação (ou meta-interpretação do discurso) e
consequente, maior esforço e tempo gasto na captura dos mapas, por vezes demasiado
trabalhosa para quem os utiliza.
2.2.1.5 Mapas interpretativos
Enquanto os mapas classificados nas categorias anteriores espelham as crenças e o
pensamento dos indivı́duos, tipicamente aplicados a situações particulares, os mapas
interpretativos pretendem explanar as estruturas usadas por eles, a partir das quais se
podem explicar os seus pensamentos. Nos mapas anteriores, essencialmente descritivos, são os investigadores que, à luz das teorias cognitivas, tentam perceber, explicar
e, por vezes, prever, a partir dos mapas, as formas de pensar dos indivı́duos (cujo pensamento foi traçado). Nos mapas interpretativos é a explicação que está representada.
A transição de uns para outros não é necessariamente abrupta, i.e. uns descrevem,
outros explicam. Ao contrário, os mapas taxionómicos, causais e argumentativos, e
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
46
até mesmo os mapas de inventário, poderão enriquecer-se continuamente no sentido
de conterem explicações para os pensamentos que representam (veja-se a figura 2.14
relativamente ao eixo que refere o nı́vel de profundidade).
Evidentemente, a captura dos mapas interpretativos é extremamente delicada.
Por um lado, a explicação de pensamentos requer, para além da sua compreensão,
a análise suficientemente minuciosa das influências e relações entre os conceitos directamente envolvidos e outros, indirecta ou inconscientemente relacionados (e.g. os
que decorrem do senso comum). Por outro lado, ao fazê-lo, suporta-se fortemente na
interpretação que um indivı́duo tem do discurso (escrito ou verbal) em estudo. Os mapas interpretativos resultam de métodos de aquisição de conhecimento baseados em
entrevistas, análise de textos ou na sua conjunção e impõem um papel preponderante
ao investigador. De facto, trata-se de representar o pensamento do investigador (ou investigadores), sobre a forma que ele tem, de explicar o pensamento de outro indivı́duo
(ou conjunto de indivı́duos) acerca de determinada situação. Simultaneamente, a validade dos mapas depende da capacidade ou vontade que o próprio entrevistado tem
de revelar os conceitos e estruturas, que explicam o seu pensamento.
No que respeita à obtenção de mapas interpretativos, Huff (1990a) dá particular
ênfase aos métodos emergentes da semiótica7 . Estes métodos, segundo Fiol (1990b)
permitem ao investigador, através da divisão e recategorização do conteúdo de um texto, aceder ao seu significado subjacente, o qual não transparece de imediato em análises
superficiais. A autora propõe um método de análise em três passagens sucessivas, que
explanam as estruturas ao nı́vel superficial (porventura usando algum dos tipos de
mapas anteriores), narrativo e profundo. A identificação dos parâmetros das estruturas narrativas, por exemplo, resulta da aplicação de um conjunto regras, por tentativas,
até à captura de estruturas coerentes (à luz das teorias respectivas). A análise ao nı́vel
profundo deriva da projecção das estruturas anteriores, em quadros como os representados na figura 2.12. Também nestes métodos o papel do investigador é manifesto, em
particular na interpretação do conteúdo do texto do qual extrapolam os elementos da
7
Semiótica ou semiologia é o estudo dos sinais ou, numa perspectiva linguı́stica, ”o estudo das
mudanças que a significação das palavras, como sinais das ideias, sofre no espaço ou no tempo” (Porto
Editora, 1996).
2.2. MAPAS COGNITIVOS
47
Figura 2.12: Utilização de um quadrado semiótico (à esquerda) na criação de um mapa
interpretativo (à direita) de uma narrativa (adaptado de Fiol, 1990b).
estrutura narrativa. Stubbart e Ramaprasad (1990), no entanto, questionam fortemente
a validade cientı́fica desta aproximação, em parte porque as teorias em que se fundamentam dão à expressão escrita e, em particular, à sua estrutura narrativa, um valor
exagerado, como representação cognitiva8 .
Os mapas interpretativos são, segundo Huff (1990a), aqueles que mais se aproximam da ciência cognitiva como um todo. Estruturalmente, incluem as aproximações
anteriores, com a perspectiva de que a importância dos conceitos, a sua categorização,
as relações causais, os argumentos e as expectativas são fortemente influenciados pela
experiência passada e pela rotina. Estas expectativas, de acordo com alguns investigadores, constituem-se em estruturas complexas e hierarquizadas (internas à mente)
sobre as quais as actividades cognitivas se desenrolam. Por exemplo, no reconhecimento e classificação de informação incompleta, serão estas estruturas que facultam
o preenchimento dos espaços vazios que permitem a compreensão. Não será de estranhar, por isso, que nesta categoria de mapas se incluam os esquemas (schema), os
sistemas de enquadramentos (frames) e os guiões (scripts), emergentes da psicologia
cognitiva ou da inteligência artificial (Minsky, 1985; Fikes & Kehler, 1993; Lehmann,
1992a; Lytinen, 1992).
Em termos de apresentação, tal como na sua estrutura, os mapas interpretativos
englobam as representações das categorias anteriores. Na figura 2.13 mostra-se a expressão gráfica de um sistema de enquadramentos que inclui uma taxionomia. Na
8
Stubbart e Ramaprasad referem ainda que, o pressuposto de Fiol (e dos semiólogos em geral) sobre
a existência de significados escondidos que podem ser extraı́dos a partir da análise semiológica de um
texto, põe em causa as intenções do próprio texto em que Fiol explica e conclui sobre a aplicação dos
métodos da semiologia.
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
48
Figura 2.13: Esquema de enquadramentos - definição do comportamento de animais de
estimação.
figura 2.12 apresenta-se (à esquerda) um quadrado de classificação semiótica, reflectindo a noção dos opostos e da sinceridade da narração (termos nos rectângulos), e (à
direita) a sua aplicação na interpretação da narrativa de um texto infantil (Fiol, 1990b).
Neste último, os termos sublinhados denotam a posição do narrador, enquanto as palavras junto aos pólos (+) e (-) se referem à atitude do personagem (princesa).
Para além das utilizações acima referidas, os mapas interpretativos encontram ainda aplicação sempre que é desejável uma explicação, predição ou simulação mais
fiável dos fenómenos cognitivos ou dos assuntos objectos da cognição. Fiol (1990a),
por exemplo, aplica os métodos da semiologia acima indicados, aos relatórios anuais
de um conjunto de firmas. Os mapas interpretativos daı́ resultantes permitem explicar, com base na perspectiva que (os seus gestores) têm do ambiente que as rodeia,
as razões que levam ou não, algumas dessas empresas a estabelecer acordos mútuos.
Ainda no campo da gestão, Boland Jr et al. (1990) utilizam o conceito de esquema, para
explicarem os padrões de resultados obtidos a partir de um conjunto de experiências
controladas (com peritos e estudantes) do mesmo processo de tomada de decisão.
2.2.2 Redes semânticas
Uma rede semântica é uma representação de conhecimento baseada numa estrutura grafo, em que os nós denotam unidades conceptuais e as conexões, dirigidas,
patenteiam relações entre as unidades (Lehmann, 1992a; Sowa, 1991). Particularmente
abrangente, este tipo de redes têm como objectivo, segundo Lehmann, a representação
de qualquer tipo de conhecimento, estabelecendo-se frequentemente o paralelo com a
2.2. MAPAS COGNITIVOS
49
linguagem natural. O autor refere cinco nı́veis, correspondentes a cinco graus encadeados de abstracção (cada um pode definir-se à custa dos seguintes), mas potencialmente
coexistentes: o nı́vel linguı́stico, incluindo palavras e expressões; o conceptual, abarcando objectos e acções básicos, bem como relações conceptuais e semânticas; o estrutural, no sentido taxionómico (e.g. associações e hierarquias de abstracção); o lógico,
englobando proposições, predicados e operadores da lógica; e o de concretização (implementational), em referência a estruturas (e.g. enquadramentos) computáveis.
Figura 2.14: As redes semânticas no contexto dos mapas cognitivos.
A caracterı́stica computacional está, aliás, fortemente associada ao conceito de rede
semântica. Nestas redes, pressupõe-se a viabilidade de aplicação de métodos e algoritmos que delas permitam extrair uma quantidade de conhecimento superior ao (explicitamente) representado. É nesse sentido, que assumem um grau de formalismo e
pormenor suficientemente grandes, para que constituam representações computáveis.
Ao considerarem-se os mapas cognitivos como representações das actividades subjacentes ao pensamento e, por conseguinte, do conhecimento e da sua dinâmica, então
apenas o grau de formalismo determinará a sua inclusão também na categoria de redes
semânticas (ver figura 2.14). No caso dos mapas causais, as redes de crenças e, em geral, a formalização das asserções causais, constituem redes semânticas, cuja aplicação
em sistemas (expeditos) de diagnóstico é manifesta. No mesmo sentido e para os mapas argumentativos, surgem as árvores de decisão ou mesmo os esquemas de QOC,
cujos critérios sejam computáveis. Também as taxionomias são indispensáveis e
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
50
Figura 2.15: Representação de contextos em redes semânticas. À esquerda, separação de
asserções A-Box e terminologia T-Box e à direita o encadeamento de negações (adaptado
de Lehmann, 1992 e Sowa, 1992, respectivamente).
inerentes ao próprio sentido de rede semântica (ao nı́vel estrutural, na classificação
acima), por exemplo, nas aplicações de sistemas periciais. No caso dos mapas interpretativos, é de notar, em especial, que as representações em sistemas de enquadramentos e guiões são elas próprias formas de especificação de redes semânticas (Lehmann,
1992a). Mais ainda, o nı́vel de minúcia e a necessidade de autonomia (como forma de
suporte à inferência) exigidos a estas redes, tendem normalmente, a enquadrá-las num
grau de profundidade com pendor explicativo. Ficam de fora os mapas de inventário
já que não estabelecem directamente relações entre conceitos.
Outra caracterı́stica essencial que reforça esta relação entre mapas cognitivos e redes semânticas é a forma de apresentação. De facto, as redes semânticas assumem
frequentemente a forma visual9 (veja-se a figura 2.15). Por exemplo, a linguagem visual definida por Gaines (1991a), aplicada em conjunção com a grelha de repertório
na figura 2.6, é uma linguagem de especificação de redes semânticas. O sistema de
enquadramentos, representado na figura 2.13, é outro, ele próprio contendo uma taxionomia. Finalmente, tal como nalguns mapas taxionómicos e causais atrás mencionados, também nas redes semânticas é vulgar a utilização do posicionamento relativo
no espaço, para classificar ou simplesmente dar contexto aos nós e ligações. Exemplo disso são as redes da figura 2.15, em que os rectângulos envolventes classificam (à
9
Esta caracterı́stica visual está, aliás, presente nos grafos existenciais (existential graphs) de Peirce (Lehmann, 1992a; Roberts, 1992) que, ao que tudo indica, estão na origem das redes semânticas.
2.2. MAPAS COGNITIVOS
51
esquerda) ou definem operações (à direita) sobre os conceitos que contêm.
2.2.3 Mapas de conceitos e mapas mentais
Os mapas de conceitos e os mapas mentais constituem representações visuais
segundo diagramas baseados em grafos e o seu objectivo, tal como as anteriores,
relaciona-se com a descrição do conhecimento. A figura 2.16 ilustra o enquadramento
destas classificações nas precedentes.
Figura 2.16: Mapas de conhecimento.
Os mapas mentais são simplesmente diagramas usados pelos indivı́duos na
estruturação dos seus pensamentos. O seu enquadramento nos mapas cognitivos, a
existir, será na representação de taxionomias, em que uma ideia central se vai decompondo hierarquicamente numa tentativa de clarificação. A técnica (Hampden-Turner,
1982) reflecte-se principalmente na disposição espacial das ideias, em forma aracnı́dea,
a partir da ideia central. Estruturalmente, no entanto, não impõe restrições ao tipo de
ligações ou conceitos, nem se suporta em teorias cognitivas, para além das que indiciam a disposição espacial proposta, como favorável à compreensão e memorização das
ideias expressas, em particular para um pequeno número de nós.
A designação de mapas de conceitos engloba um conjunto extremamente vasto de
representações. Tal como as redes semânticas, têm como objectivo representar as mais
variadas formas de conhecimento, neste caso, sempre de forma visual. Para além disso, a noção de conhecimento é, por um lado, tomada num sentido mais abrangente,
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
52
que inclui quer a forma como se conhece, quer a descrição do que é conhecido, por
outro, não impõe as restrições de compatibilidade e consequente formalismo inerente
às redes semânticas. Por exemplo, entre os mapas de conceitos englobam-se (Gaines &
Shaw, 1995; Kremer, 1997a; Kremer, 1997b) não só mapas cognitivos e redes semânticas
(tomadas como contraposição formal aos anteriores), mas também, redes de Petri, cartas de PERT (PERT charts) ou esquemas de modelação de sistemas de informação ou
de sistemas de suporte aos fluxos de trabalho (Batini et al., 1992; Rumbaugh et al., 1991;
Swenson, 1993; Yu, 1995a; Booch & Rumbaught, 1995; Nutt, 1996).
Em termos organizacionais, estes mapas e em particular as variantes não inclusas
na classificação de mapas cognitivos, são extremamente divulgadas. Abordam essencialmente as componentes mais formais das organizações e, no âmbito da gestão, são
usadas ao nı́vel do planeamento e ao da análise e desenho de sistemas computacionais.
A sua articulação com os mapas cognitivos permite aproximações melhor fundamentadas, que documentam o processo deliberativo e o permitem enquadrar em visões
alargadas das organizações (veja-se as considerações tecidas em 1.1).
2.3 Desenvolvimento Organizacional
O Desenvolvimento Organizacional é uma componente do estudo das organizações que se debruça sobre a mudança planeada dos sistemas humanos (Porras, 1987;
Harrison, 1987; Porras & Robertson, 1991). As suas contribuições para ciência organizacional, sempre com objectivos práticos, incluem metodologias e técnicas, enquadradas em modelos organizacionais, que permitem orientar o esforço dos investigadores
e das equipas de gestão do processo de mudança, na compreensão e resolução dos
problemas das instituições. Esses contributos, emergindo das ciências sociais, têm,
necessariamente, uma perspectiva global e alargada, que abarca as interacções e comportamentos humanos, não ignorando, no entanto, o impacto e o papel da tecnologia,
em particular a computacional, no funcionamento das mesmas.
Desde as fases de análise, global e pormenorizada, até à validação das soluções
prescritas, o processo de mudança planeada passa, por vezes repetidamente, pelas
2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
53
várias actividades do que é designado por diagnóstico organizacional. Nestas actividades, a pessoa ou grupo responsável tem como objectivo a recolha dos desafios e
dos sintomas de mau funcionamento das organizações, a sua análise, identificação dos
problemas fundamentais e o estudo de soluções globais que permitam melhorar o seu
exercı́cio. Posteriormente ou alternadamente, as soluções globais escolhidas deverão
ser sucessivamente pormenorizadas e a sua aplicação planeada de forma a minimizar respostas inesperadas, de sistemas tão complexos como são os sistemas humanos.
Trata-se de um processo cuidado de desenho que deve considerar a grande maioria das
interacções organizacionais (idealmente todas). Por fim, a implantação das soluções e
seu acompanhamento permite, por um lado, ajustá-las o mais rapidamente possı́vel,
por outro, angariar conhecimento para que, em situações posteriores, se possa prever
com mais exactidão a resposta das organizações.
Tendo em conta a diversidade de factores que determinam o desempenho organizacional e a complexidade das suas interacções (veja-se 1.1), é essencial para a exequibilidade de todas estas tarefas, o seu enquadramento em classificações fundamentadas, correspondentes a modelos emergentes das ciências organizacionais. Por um
lado, surgem os modelos de desenvolvimento que, de uma forma geral, identificam e
categorizam as diversas vertentes da vida das organizações, permitindo assim orientar
e mesmo sistematizar os processos de diagnóstico e, em geral, todas as actividades de
desenvolvimento. Por outro, surgem os modelos de desenho. Estes, emergindo das
actividades englobadas no que se designa por desenho organizacional (Butler, 1991;
Mintzberg, 1993), têm como principal objectivo a identificação das estruturas e das
regras tı́picas de funcionamento das organizações. O seu papel na mudança planeada toma várias formas: de um modo genérico, oferecem refinamentos e perspectivas
distintas dos fenómenos organizacionais, contribuindo assim para a orientação das
pessoas envolvidas na gestão da mudança; na fase de diagnóstico, permitem identificar desvios de funcionamentos tı́picos, potencialmente mais eficientes; e na fase do
desenho, estabelecem restrições e oportunidades no desenvolvimento de soluções.
No entanto, as regras e estruturas emergentes do desenho organizacional não devem ser consideradas axiomáticas. De facto, o modelo das organizações como sistemas
fechados, para os quais existe uma solução óptima e uma forma totalmente cientı́fica
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
54
de melhorar o seu funcionamento, foi abandonado desde meados deste século (Butler,
1991). Hoje em dia, é adoptado o modelo de sistemas abertos (Porras, 1987; Harrison,
1987; Butler, 1991), em que influências externas e internas à organização determinam
de igual modo o seu bom ou mau funcionamento. São vistas como organismos vivos
que se adaptam (ou devem adaptar) às novas situações que se lhes deparam. Assim
sendo, o processo de desenvolvimento organizacional articula-se entre as actividades
situadas, requerendo reflexões e processos argumentativos com carácter exploratório e
criativo, e as estruturas e regras propostas pelos modelos supracitados.
É interessante notar que, por um lado, o processo de desenvolvimento é essencialmente cognitivo (veja-se as considerações tecidas em 1.1), por outro, os próprios
modelos se enraı́zam nas teorias emergentes do estudo da cognição social (Porras,
1987), i.e., na compreensão e descrição dos fenómenos organizacionais e de grupo e
na forma como eles influenciam o comportamento e o modo de pensar das pessoas
que constituem as organizações. Então, se a representação dos processos cognitivos é
determinante para uma boa compreensão, comunicação e reformulação dos mesmos,
a sua articulação com a representação das taxionomias providenciadas pelos modelos,
fundamenta e guia a criação dos mapas, acentuando ainda mais essa importância.
Nos parágrafos seguintes descrever-se-ão sucintamente alguns dos modelos de desenho e desenvolvimento, em particular, aqueles que tiveram um papel activo no projecto ORCHESTRA (Guimarães, 1998). O modelo de desenho, no caso o de Mintzberg (1993), norteou a perspectiva global da dinâmica das organizações, em especial
no que respeita à necessidade de considerar os vários tipos de fluxos organizacionais,
aquando da introdução de tecnologia computacional. O modelo de desenvolvimento, proposto por Porras (1987), foi usado no processo de diagnóstico correspondente
à tarefa inicial do projecto. Esta pretendia determinar falhas em organizações piloto, que seriam colmatadas pela introdução de sistemas computacionais adequados. O
modelo faz parte de uma aproximação, designada por Análise de Correntes (Stream
Analysis), que propõe ainda uma metodologia de desenvolvimento, igualmente aplicada no diagnóstico. Essa metodologia, descrita subsequentemente, é suportada por
técnicas de criação de mapas causais simples, sob a forma de diagramas, enquadrados
nas classificações definidas pelo modelo.
2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
55
2.3.1 Modelos de Desenho
Mintzberg (1993; 1995) propõe uma classificação pormenorizada das estruturas e
fluxos organizacionais. Em termos de estrutura, uma organização é constituı́da por
cinco componentes fundamentais: o centro operacional (operating core) que desempenha as tarefas básicas directamente aplicadas à geração de produtos e oferta de
serviços; o vértice estratégico (strategic apex) e a linha hierárquica (middle line), correspondentes ao elemento de gestão, que se referem, respectivamente, ao topo da hierarquia e à cadeia de comando até ao centro operacional; a tecnoestrutura (technostructure) incluindo os analistas envolvidos no desenho e padronização dos processos de
trabalho e a sua adaptação ao ambiente em que se insere a organização; e finalmente, o
pessoal de apoio (support staff) que suporta as tarefas colaterais ao funcionamento da
organização, e.g., o departamento legal, o de relações públicas ou a cantina.
No modelo de Mintzberg são ainda identificadas cinco categorias de fluxos, correspondentes a perspectivas distintas da dinâmica organizacional: a autoridade formal (formal authority) diz respeito aos mecanismos de supervisão directa, normalmente
descritos pelo organograma onde se identificam cargos e agrupamentos de cargos; os
fluxos regulados (regulated flows) referem-se aos processos de trabalho padronizados,
quer ao nı́vel do centro operacional, quer através da cadeia de comando; a comunicação informal (informal communication) engloba os fluxos que não seguem qualquer
dos padrões anteriores e em que os canais de comunicação são, muitas vezes, definidos por aspectos sociais, que permitem o ajustamento mútuo da coordenação e das
actividades organizacionais; as constelações de trabalho (work constellations) dizem
respeito aos grupos criados temporariamente, usualmente ao mesmo nı́vel da estrutura hierárquica, com objectivos comuns de produção ou de resolução de problemas
especı́ficos; e os processos de decisão ad hoc (ad hoc decision processes) relacionados
com as deliberações administrativas com carácter excepcional como, por exemplo, a
criação de constelações de trabalho, ou as decisões estratégicas.
Baseado nas classificações anteriores, Mintzberg propõe cinco configurações organizacionais primárias: a estrutura simples (simple structure), suportada pelo vértice
estratégico, apoia-se na supervisão directa; a burocracia mecanicista (machine bureau-
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
56
cracy) fundamenta-se na formalização dos processos de trabalho; a burocracia profissional (professional bureaucracy) baseia-se na padronização das capacidades individuais dos elementos do centro operacional; a estrutura divisional (divisionalized form)
enraı́za-se no desempenho da linha hierárquica e na uniformização dos produtos e
serviços; e a adhocracia (adhocracy), firmada no ajustamento mútuo, em que pessoal de
suporte e o centro operacional são preponderantes. Para cada configuração são definidas regras ou indicações sobre o funcionamento tı́pico das organizações, que cobrem
os critérios para a formalização de comportamentos e formação de grupos, o tamanho
das unidades de trabalho, o planeamento, a descentralização, etc..
Outros modelos de desenho, segundo perspectivas diferentes ou menos minuciosas, são definidos na literatura. Butler (1991), por exemplo, classifica as organizações
segundo um ponto de vista institucional, de acordo com as normas de desempenho
que adoptam. Identifica: as organizações de mercado (market organizations) guiadas
por regras de eficiência e competitividade; as agências (agencies) regidas por normas
instrumentais, com objectivos definidos, mas sem meios de comparação; as organizações profissionais (professional organizations) em que as regras são vagas, mas os objectivos comparáveis com os de outras instituições; as associações de benefı́cio mútuo
(mutual benefit associations) orientadas para o bem estar dos seus membros e cujos preceitos, fortemente morais, apresentam uma elevada ambiguidade; e as caridades (charities) igualmente com normas de foro moral, mas em relação ao exterior.
2.3.2 Modelos de Desenvolvimento
Os modelos de desenvolvimento tomam uma forma mais abrangente e mais abstracta que os anteriores, em particular na classificação dos fenómenos organizacionais.
O modelo associado à Análise de Correntes (Porras, 1987) propõe quatro correntes ou
dimensões básicas: os arranjos organizacionais (organizational arrangements) que abarcam os aspectos formais, incluindo objectivos e estratégias; os factores sociais (social
factors) que compreendem as caracterı́sticas individuais e de interacção entre as pessoas; a tecnologia (technology) que engloba todos os factores relacionados com a execução
do trabalho; e as instalações fı́sicas (physical settings) que correspondem ao ambiente
2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
57
Arranjos Organizacionais
Factores Sociais
Tecnologia
Instalações Fı́sicas
Objectivos
Estratégias
Estrutura formal
Sistemas administrativos
Polı́ticas e procedimentos administrativos
Sistema formal de recompensas
Cultura
Processos de interacção
Padrões e reticulados sociais
Atributos individuais
Ferramentas e equipamento
Competência Técnica
Desenho de tarefas
Desenho de fluxos de trabalho
Polı́ticas e procedimentos técnicos
Sistema técnicos
Configuração do espaço
Ambiente fı́sico
Desenho de interiores
Desenho arquitectural
Tabela 2.1: Dimensões principais da Análise de Correntes (adaptado de Porras, 1987).
em que as pessoas trabalham. Em cada uma destas correntes, Porras propõe uma taxionomia pormenorizada (ver tabela 2.1), dando indicações para a procura de disfunções
organizacionais em cada componente e nas relações que se devem estabelecer entre
elas. Por exemplo, instituições com tarefas fortemente especializadas, como será o
caso de instituições de investigação, em que o sistema de recompensas se baseia na
antiguidade e em que o local de trabalho facilita o diálogo com os colegas, dificilmente
terão resultados prometedores (Porras, 1987, p. 79). O modelo proposto inclui ainda
uma classificação supra correntes, designada por propósito (purpose), que deverá ter
um papel fundamental na definição e integração das quatro dimensões de base. O
propósito será a razão essencial para a existência da organização.
A aproximação dos sistemas abertos, no qual se baseia o modelo anterior, propõe
igualmente um conjunto de componentes que deverão ser considerados nos processos
de desenvolvimento organizacional (Harrison, 1987). Nesse modelo identificam-se: as
entradas (inputs) ou recursos, incluindo os humanos; as saı́das (outputs), como sejam
produtos e serviços; a tecnologia; o ambiente (environment) institucional e relativo às
operações e tecnologia; os propósitos, que englobam objectivos, estratégias e planos;
o comportamento e processos (behavior and processes); a cultura (culture); e a estrutura
(structure). Sobre estes componentes, Harrison define critérios de eficácia que permitem guiar os diagnósticos, minorando a influência da ambiguidade, inerente a algumas
das dimensões, na avaliação dos problemas organizacionais.
Bair (1991), embora partindo de uma perspectiva centrada no uso de tecnologias
computacionais e de comunicação, propõe um modelo organizacional (no sentido da
modelação de empresa), que apresenta pontos de contacto evidentes com os acima descritos. O modelo organiza-se hierarquicamente a partir da missão (mission), cujo papel
é semelhante ao propósito nas classificações anteriores. Sob a missão, são definidas as
58
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
funções (functions) organizacionais (e.g. vendas, contabilidade) e, para cada uma delas,
os processos e procedimentos a que recorrem (e.g. tomada de decisão, comunicação
interpessoal, processamento de informação). Cada processo ou procedimento é decomposto em actividades (activities) (e.g. reuniões, análise, comunicação telefónica),
por sua vez dissecadas em termos de comportamento/movimento (behavior-motion),
com o objectivo de medir e comparar a eficiência das actividades. Uma das afirmações
de base na criação deste modelo é a necessidade do alargamento da perspectiva organizacional, aquando do desenho de sistemas computacionais.
2.3.3 Mapas Cognitivos no Desenvolvimento Organizacional
A Análise de Correntes (Porras, 1987) é uma aproximação à mudança planeada das
organizações, focada nas actividades cognitivas das equipas de gestão dessa mudança.
A aproximação propõe o modelo homónimo, atrás exposto, e uma metodologia cujo
resultado é um conjunto de diagramas, organizados em colunas e correspondentes
às quatro correntes básicas do modelo ou, segundo Porras, às dimensões de modelos
alternativos. São definidas três fases, correspondentes ao diagnóstico, planeamento e
acompanhamento, que originam três diagramas fortemente relacionados.
O primeiro desses diagramas (ver figura 2.17) corresponde a um mapa cognitivo
causal simples, com uma vertente taxionómica. Tendo como objectivo a identificação
dos problemas fundamentais da organização ou de componentes da mesma, é designado por carta de correntes para diagnóstico de problemas (stream problem diagnosis chart).
Nesta carta, a equipa deverá descrever, sucintamente, os problemas e sintomas de mau
funcionamento da organização, sob a forma de nós do diagrama. Os nós serão colocados numa das quatro colunas, consoante a classificação mais adequada. Como forma
de simplificação dos mapas, é sugerido que este processo de descrição e classificação
seja relativamente minucioso e ponderado, de modo a reduzir o número de nós do diagrama. Assim, os problemas alvitrados pelos vários elementos da equipa, deverão ser
comparados e debatidos, de forma a que, sempre que possı́vel, sejam reunidos num só
nó, divididos ou simplesmente rejeitados. Também na classificação, os problemas que
de forma ambı́gua se enquadrem em mais que uma categoria, serão preferencialmente
2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
59
Figura 2.17: Diagnóstico de conflitos sociais num hospital usando a metodologia da Análise
de Correntes (adaptado de Porras, 1987).
representados numa só coluna. Naturalmente, todo este processo de identificação e
classificação será delineado segundo as dimensões e orientações propostas pela taxionomia pormenorizada do modelo.
Uma vez descritos os problemas, a equipa deverá identificar relações de causalidade entre eles, fazendo corresponder a cada relação, um arco dirigido entre dois dos nós
representados. O conceito de relação causal assume um sentido lato (e.g. o problema
A contribui de algum modo para a ocorrência de B) e sempre positivo (quanto mais se
manifestar A mais se manifestará B). Porras admite a inclusão de pesos nas relações,
que denotam a relevância da causalidade, sem no entanto sugerir um esquema particular para eles ou uma forma especı́fica de representação. O método sugere ainda
que sejam apenas representadas as relações mais importantes e evitados os ciclos de
causalidade.
A carta de diagnóstico facilitará, segundo Porras, a identificação de:
Problemas de base (core problems) - os que estão na origem dos sintomas de disfunção
organizacional que desencadearam o processo de mudança. Como primeiro passo na determinação destes problemas, é feita uma análise dos nı́veis de entrada e
60
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
de saı́da dos nós do diagrama. Quanto maior for o nı́vel de saı́da (ou a diferença
para o de entrada), maiores serão os potenciais benefı́cios que a resolução desse
problema poderá trazer à organização. Algoritmos mais sofisticados poderão ter
em conta a influência indirecta (e.g. para um problema A, é igualmente considerado o nı́vel de saı́da dos problemas que A causa, ou, acumuladamente, dos que
são causados por esses), as influências relativas entre os problemas mais determinantes ou, caso existam, os pesos das relações causais. Os problemas de base
são então escolhidos pela equipa, normalmente de entre os topologicamente mais
influentes e menos influenciados por outros (nı́vel de entrada zero).
Por exemplo, na figura 2.17, Porras descreve um caso de diagnóstico de um
hospital em que foram identificados como problemas de base: primeiramente o
que tem maior nı́vel-de-saı́da (O3), depois um dos que, apresentando o nı́velde-saı́da seguinte, não é causado por nenhum outro (P3) e finalmente dois (T1 e
T5) que, tendo um nı́vel-de-saı́da baixo, não são influenciados por outros. Destes
últimos, T1 é considerado um problema fundamental, já que, tendo um nı́velde-entrada zero, é causa de um problema de base (O3). É interessante notar
que outros problemas (e.g. T3), com nı́veis iguais aos de P3, são relegados para segundo plano. O critério de rejeição, tal como o da escolha de T5, suporta-se
essencialmente no discernimento da equipa e não na simples análise topológica.
Histórias (stories) - conjuntos de problemas interligados que, como grupo, descrevem um fenómeno mais relevante que cada um deles isoladamente. Por norma,
correspondem a problemas que devem ser resolvidos por uma solução articulada para o grupo e constituem fenómenos relativamente independentes, cuja
análise pode ser mais facilmente empreendida fora da restante carta. As histórias
são inicialmente constituı́das a partir de problemas fortemente sintomáticos (i.e.
com um nı́vel de entrada muito superior ao nı́vel de saı́da). Alguns problemas
abrangidos pelas cadeias de causalidade que neles terminam (i.e. as suas causas, as causas das suas causas etc.), são então, subsequentemente, nelas incluı́dos.
Também aqui os critérios de selecção são essencialmente semânticos, tipicamente baseados num assunto focal e definitivamente suportados pela capacidade de
deliberação dos membros da equipa. Um exemplo claro disso é o apresentado
2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
61
na parte b) da figura, em que a história não inclui todas as cadeias causadores de
S4, mas apenas os problemas mais directos, com referência explı́cita aos assistentes de enfermagem e que incluem os problemas de base encontrados na análise
anterior.
Temas (themes) - conjuntos de problemas de base que se referem a um assunto comum
e que, tal como as histórias, requerem uma solução articulada. Entre os componentes dos temas não existe, normalmente, nenhuma relação de causalidade
explı́cita e a sua identificação depende essencialmente, mais uma vez, da capacidade e conhecimento da equipa que diagnostica.
Figura 2.18: Planeamento e acompanhamento da resolução dos problemas encontrados
num hospital segundo a metodologia da Análise de Correntes (adaptado de Porras, 1987).
As cartas de planeamento e acompanhamento (planning and monitoring charts) são
essencialmente cartas de PERT em que a equipa de gestão descreve: as acções a tomar
para a resolução dos problemas anteriormente identificados (planeamento) e o que realmente aconteceu durante a aplicação dessas soluções (acompanhamento). Note-se,
no entanto, a presença das colunas representativas das correntes organizacionais de base (ver figura 2.18). Em contraposição às cartas de diagnóstico, é de referir a associação
da variável tempo ao eixo vertical e a alteração da semântica atribuı́da aos arcos. Nestas cartas, os arcos representam a noção disparo ou permissão (i.e. a execução de uma
acção desencadeia ou permite a execução da seguinte), ao invés de causalidade, embo-
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
62
ra o disparo possa ser considerado uma forma causal, com atributos temporais.
Um aspecto importante, sublinhado na metodologia, é o da relação entre as três
cartas. Uma acção planeada deverá: ter uma descrição correspondente, positiva, negativa ou prolongada no tempo, na carta de acompanhamento; referenciar o conjunto
de problemas da carta anterior que pretende solucionar; e classificar-se, tal como o seu
acompanhamento, na dimensão do problema mais relevante que procura considerar.
2.4 Discussão
Os mapas cognitivos têm encontrado nas actividades de gestão organizacional um
vasto e proveitoso leque de aplicações (Huff, 1990b; Eden & Ackermann, 1998b; Eden
& Spender, 1998). O seu papel de base é, como se viu, a explanação das crenças, raciocı́nios e pensamentos em geral, como forma de facilitar a compreensão e comunicação
das actividades cognitivas. Nesse sentido e no âmbito organizacional, tomam por objectivo a clarificação, reformulação e justificação das deliberações que os responsáveis
pelo funcionamento das organizações têm na delineação de estratégias, identificação e
resolução de problemas, desenho de soluções, etc..
A grande divulgação destes mapas assenta, sem dúvida, na sua forma essencialmente visual, nos diferentes tipos e orientações que podem assumir e, na maioria dos
casos, na ausência de um espartilho formal demasiado rı́gido, que limite o seu campo de acção ou dificulte exageradamente a sua utilização. É esta flexibilidade que
permite representar processos de análise e decisão, mesmo quando nascem de um
equilı́brio, por muitos considerado incontornável e salutar, entre racionalidade, criatividade, intuição e emoção. Por outro lado, o facto de se fundamentarem em teorias cognitivas (Eden, 1992), coadjuvadas por métodos de angariação de conhecimento
e de análise de resultados amplamente validados, contribui também para a sua credibilidade. Finalmente, o seu potencial enquadramento em modelos organizacionais
adequados, com o intuito de orientar os intervenientes nas tarefas de gestão, vai ainda
mais ao encontro da sua fundamentação e da facilitação do seu uso e, portanto, do seu
bom crédito. Esse enquadramento, aliás, é até natural, já que se trata de modelos que
2.4. DISCUSSÃO
63
providenciam taxionomias e directrizes de foro marcadamente cognitivo.
Com o objectivo de dar suporte a este tipo de mapas e ao seu processo de criação
e tendo em conta todas as caracterı́sticas e situações de uso explanadas ao longo deste
capı́tulo, pode identificar-se como essencial o seguinte conjunto de requisitos:
Representação: como linguagens visuais, englobam diagramas baseados em grafos,
agrupamentos e distribuições espaciais como forma de categorização, utilização
de formas e atributos visuais para denotar tipos e propriedades semânticas, etc..
Estas caracterı́sticas deverão ser suportadas, quer na sua forma mais criativa,
quer segundo formatos precisos que patenteiem linguagens visuais especı́ficas,
particularidades da aplicação (e.g. apresentação da metodologia) e caracterı́sticas
do domı́nio.
Estas representações visuais, como aliás se deixa antever ao longo do texto, emergem de uma estrutura conceptual. De facto, até mesmo opções ligadas
a uma explanação visual aparentemente rı́gida, como sejam os esquemas argumentativos, podem assumir diversas organizações espaciais, formas gráficas, ou
ainda textuais. As caracterı́sticas conceptuais das representações, abrangendo
e até possibilitando o encadeamento dos vários tipos de mapa, dos seus diversos nı́veis de formalismo, graus de confiança, e restrições, estabelecem diferentes exigências de pormenor e exactidão sobre a informação a representar. Esta
pormenorização, por sua vez, determinará as formas possı́veis de análise que poderão alargar-se desde a inspecção visual, até mecanismos de simulação de raciocı́nio, passando pela utilização de algoritmos de exame topológico e estatı́stico.
Navegação e apresentação: os mapas, particularmente na sua forma causal - vejase, como exemplos, os dados nos livros de Huff (1990b) e de Eden e Ackermann (1998b) - tendem a atingir dimensões apreciáveis, que dificultam a sua
criação, modificação e análise. Mecanismos de facilitação das actividades de pesquisa, reconhecimento, navegação e edição são requisitos de base. Esse factor de
escala, conjugado com formas de apresentação delimitadas no espaço (e.g. posicionamento segundo eixos graduados, contextos em redes semânticas, correntes do modelo de Porras), possivelmente afastadas entre si, exige soluções que
CAPÍTULO 2. CONTEXTO
64
permitam visualizar de modo perceptı́vel, ligar e transferir, elementos de vários
focos de um mapa, sem que, no entanto, se perca o seu enquadramento no todo.
Manipulação e exploração: em termos de uso, é de notar a natureza criativa e exploratória do processo de explanação dos mapas. Este é fortemente baseado na experiência e na capacidade que os indivı́duos têm de recordar, no contexto certo, modelos estabelecidos e mapas ou pensamentos anteriores, sobre a mesma situação
ou em conjunturas semelhantes. Suportar esta actividade passa por oferecer, quer
formas de acesso a informação relevante quando requisitada, quer formas activas que recomendam ou desaconselham alterações e novas especificações. Neste
último caso, recomendações e dissuasões deverão sempre nivelar-se pelos diferentes graus de confiança do conhecimento que os suportam.
2.5 Sumário
Neste capı́tulo apresentou-se o contexto em que se articula o trabalho descrito nesta dissertação. Abordou-se o tema da cognição enquanto componente fundamental
dos sistemas humanos, de que são exemplo as organizações como um todo e os indivı́duos ou grupos de indivı́duos que se responsabilizam pela sua gestão ou estudo.
Expuseram-se de seguida os mapas cognitivos, como forma de facilitar as actividades deliberativas, descrevendo-se os diferentes tipos de mapas, as suas aplicações, formas de representação, variantes e enquadramento com aproximações mais latas ou
que abordam os aspectos cognitivos segundo perspectivas aparentemente diferentes.
Introduziu-se ainda o tema do desenvolvimento organizacional, que, como componente de estudo e manifestação de actividades humanas, se revê em modelos que constituem mapas cognitivos. Por fim, faz-se uma resenha dos requisitos inerentes aos mapas
e ao modo como são obtidos.
Panorama Tecnológico
A contribuição que as tecnologias computacionais podem oferecer às tarefas de
gestão organizacional é bastante vasta. Componentes, aplicações e soluções globais,
que facilitem a gestão de recursos, o acesso simplificado a informação relevante, a
circulação de documentos, a automatização e facilitação do trabalho em grupo, etc.
são exemplos dessa contribuição. É particularmente interessante, no âmbito desta dissertação, o conjunto de tecnologias orientadas para o suporte à análise, diagnóstico e
tomada de decisão organizacionais e, em especial, aquelas que os abordam na perspectiva dos processos cognitivos dos indivı́duos que neles intervêm.
O panorama tecnológico em redor deste tema abarca um conjunto considerável de
aproximações. Num extremo surgem as versões com pendor racionalista, em grande
parte decorrentes da inteligência artificial, que pretendem automatizar o mais possı́vel
os processos de diagnóstico e tomada de decisão. Salvaguarde-se, contudo, que a definição das estruturas que suportam essa automatização, é alcançada através de actividades de angariação de conhecimento, que passam por estádios relativamente informais
e fortemente baseados na experiência (e intuição), quer dos indivı́duos que as levam
a cabo, quer daqueles que detêm esse conhecimento. No outro extremo, sobrevêm
as aproximações de especificação livre, cujas estruturas representativas dos mapas ou
cujo processo que lhes dá origem, são praticamente definidos, na sua totalidade, pelos utilizadores. Nestes casos, a validade dos mapas é normalmente restrita a cada
situação e as ferramentas de suporte resumem-se, por exemplo, às aplicações de desenho gráfico, quando muito com primitivas próximas da representação visual associada
a algumas formas de mapa cognitivo.
No seguimento das considerações feitas anteriormente, a tecnologia que aqui se
65
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
66
exporá, é analisada segundo uma perspectiva de conciliação entre esses extremos. Por
um lado, dar-se-á atenção à capacidade que as ferramentas têm de definir um contexto de utilização, oferecendo suporte às primitivas visuais, às estruturas subjacentes
e aos mecanismos de análise inerentes aos diferentes tipos de mapas, bem como aos
modelos, regras e recomendações que se pretendam adoptar. Por outro lado, avaliarse-á a potencialidade que essa tecnologia tem de providenciar formas de apresentação
e de interacção, enquadradas nas restrições emergentes do contexto e que facilitem a
análise visual e a especificação exploratória dos mapas. Sublinhe-se que algumas destas restrições, quer resultem do referido contexto, quer das regras e recomendações impostas pelos modelos adoptados, quer ainda das especificações sucessivas do processo
de exploração, terão um papel informativo, com maior ou menor afinco, mais do que
uma função peremptória de proibição ou obrigação. Esta prevalência do utilizador,
ainda que sustentada por indicações do sistema, articulada com a natureza visual dos
mapas, atribui uma importância especial à componente de interacção pessoa-máquina,
que, naturalmente, será tida em conta na apreciação da tecnologia abaixo expressa.
Neste capı́tulo, começar-se-á por apresentar um conjunto de conceitos e técnicas
de base que, em conjunção com os requisitos explanados no capı́tulo anterior, veicularão uma análise fundamentada das tecnologias existentes. O panorama tecnológico
é então apresentado, começando por apreciar ferramentas dirigidas para a construção
e análise de mapas cognitivos. Logo após, descrever-se-ão sistemas, incluindo ferramentas (vulgo meta-ferramentas) e bibliotecas, que potencialmente poderiam usar-se
na criação de aplicações computacionais, alternativas às existentes e que suportem as
actividades associadas aos mapas cognitivos de acordo com as caracterı́sticas perseguidas. Por fim, discutir-se-á a adequação das aproximações existentes, numa perspectiva
alargada sobre as técnicas e os modelos disponı́veis e possivelmente adaptáveis aos
requisitos impostos, mesmo que menos próximos do contexto deste trabalho.
3.1 Conceitos de base
Analisar e definir um suporte adequado para ferramentas que facilitem a elaboração de mapas cognitivos, passa por compreender, por um lado, a cognição, os mapas e
3.1. CONCEITOS DE BASE
67
o contexto em que surgem, por outro, a tecnologia e a forma como se usa. Os primeiros, apresentados no capı́tulo anterior, constituirão o objecto de aplicação das ferramentas, enquanto a segunda providencia uma base de conceitos e técnicas que podem
ser usados na sua concepção. Curiosamente, essa tecnologia, dado os requisitos de
capacidade de exploração estabelecidos, deve também ir de encontro às exigências e
limitações das pessoas, agora enquanto utilizadores das ferramentas como artefactos
interactivos1 . Essa aproximação às pessoas recai, mais uma vez, na clarificação de aspectos de cognição, neste caso, do modo como os indivı́duos reconhecem, memorizam,
aprendem e em geral comunicam com as ferramentas computacionais interactivas.
3.1.1 A cognição na comunicação pessoa-máquina
Relativamente à cognição em geral, grande parte das considerações foram já tecidas no capı́tulo anterior (em 2.1), aquando da fundamentação dos mapas cognitivos, em particular, no âmbito da gestão organizacional. No que respeita à interacção
pessoa-máquina, quer no ponto de vista de representação visual e apresentação, quer
no de manipulação e retorno, é importante sobrelevar ainda alguns tópicos2 . De facto, é do estudo da percepção e mais exactamente da acuidade visual (e auditiva)
dos indivı́duos, que emergem recomendações quanto à utilização dos atributos visuais (e sonoros) na codificação de informação (e.g. número de cores, larguras de
traço). Revelam-se ainda interessantes, os resultados que apontam a estruturação da
informação, por um lado, e a concepção de objectos interacção com capacidade de veicular o contexto e a funcionalidade a que se destinam, por outro, como formas por
excelência de facilitar as actividades de percepção, atenção, memorização e reconhecimento. A valorização da estruturação baseia-se fortemente nas leis de organização perceptual, emergentes da psicologia Gestalt, que apontam a proximidade, semelhança,
continuidade e simetria como formas primárias de percepcionar. O realce dado à noção
de capacidade (affordance), sublinhada por Norman (1988), como faculdade de veicular
1
Para uma discussão alargada sobre a relação que existe ou deverá existir entre a ciência cognitiva e
a interacção pessoa-máquina veja-se, por exemplo, os trabalhos de Carroll (1991), Green et al. (1996) e
Blackwell (1996).
2
Não se pretende aqui ser exaustivo remetendo-se o leitor para textos como, por exemplo, os de
Preece et al. (1994) ou os apresentados por Carroll (1991).
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
68
contexto, significado e funcionalidade, toma, por seu lado, um papel central nas teorias
ecológicas da percepção.
Devem ainda ser referidas as observações que indiciam a utilização do movimento, alteração dinâmica dos atributos gráficos e, em geral, a animação, como formas
complementares às representações estáticas, particularmente adequadas à chamada e
focalização da atenção, mas também possı́veis na clarificação de contexto, significado e funcionalidade. Por outro lado, numa perspectiva de facilitação da aprendizagem, fortemente sustentada na aproximação dos modelos mentais, mencionem-se as
recomendações à utilização de representações metafóricas, como forma de estimular o
pensamento por analogia. Neste aspecto, sublinhe-se a capacidade que os indivı́duos
têm de combinar diferentes metáforas, desenvolvendo modelos mentais múltiplos, que
se ajustam assim às novas situações que se lhes deparam.
Limites de codificação, estruturação, capacidades, utilização de animação e metáforas, entre outros, relevantes na concepção de artefactos interactivos (Preece et al., 1994;
Dix et al., 1994), são consequentemente tópicos a ter em consideração, na concepção
das técnicas de representação visual, de apresentação e de interacção com os mapas.
3.1.2 Técnicas de representação
Por técnicas de representação tomam-se aquelas que permitem manter informação
sobre a composição, propriedades, aspecto visual e condições de especificação e
utilização dos mapas. De acordo com os requisitos apontados, os desafios colocamse essencialmente ao nı́vel do seu abrangimento, coerência, mas também da sua flexibilidade. Em primeiro lugar, as técnicas deverão ter a capacidade de representar os
vários tipos de mapa (taxionómicos, causais, etc.), permitindo assim preencher os requisitos de encadeamento e complementaridade antes mencionados. Por outro lado,
em cada tipo ou em mapas que abarquem os vários tipos, deverão oferecer mecanismos que reproduzam os diversos nı́veis de minúcia e de formalismo, decorrentes das
caracterı́sticas de aplicação, da própria evolução dos mapas ou da sua adequação ou
adaptabilidade às formas de análise mais indicadas (e.g. visual, topológica, ou de
simulação). Finalmente, ainda relacionada com esse abrangimento, está a aptidão que
3.1. CONCEITOS DE BASE
69
as técnicas têm de incorporar os modelos (aspectos visuais, regras e recomendações)
adequados, que possibilitem a inserção da tecnologia no domı́nio a que se destinam.
O impacto destes requisitos nas técnicas que permitem a representação dos conceitos, faz-se sentir, sobretudo, ao nı́vel das aproximações de programação. Em termos
genéricos é possı́vel identificar duas correntes de base, que se prendem directamente
com o tipo de análise a que se pretende dar suporte. Uma recorre a linguagens especificamente orientadas para a representação de conhecimento, associadas a sistema de suporte a sistemas periciais (expert system shell). Neste contexto, introduzem primitivas
para especificação de regras, enquadramentos e em geral redes semânticas, suportando
os processos de simulação em mecanismos de encadeamento (chaining) e acompanhamento (tracking). A outra aproximação, parte de linguagens genéricas, imperativas,
oferecendo um conjunto base de estruturas abstractas do tipo grafo, particularmente adequadas aos algoritmos de análise topológica, que identificam conceitos centrais,
ciclos, etc.. Com o objectivo de juntar as vantagens de uma e de outra aproximação,
os sistemas enquadrados na primeira categoria definem linguagens mistas, tal como
o CLIPS, enquanto no segundo caso, são introduzidas funções de pesquisa, com comportamento semelhante ao encadeamento. Finalmente, refiram-se ainda as variantes,
normalmente enquadradas na segunda categoria, que oferecem meios para converter
as estruturas entre representações distintas.
Se por um lado as estruturas de linguagem devem permitir abranger um conjunto
alargado de aproximações, assumindo portanto um nı́vel de abstracção relativamente
elevado, por outro, as representações deverão manter-se coerentes com as restrições
impostas aos conceitos envolvidos e às formas de representação visual, por cada uma
das aproximações. Por exemplo, ao nı́vel dos conceitos, numa representação de um
esquema de Toulmin, uma refutação só poderá ser associada à implicação que um
facto (datum) tem sobre uma afirmação. Se sobre o esquema for adoptada a sua
versão visual básica (mostrada na figura 2.10), então os mecanismos de representação
visual deverão assegurar que: a associação de uma refutação seja simbolizada por
um arco dirigido (segmento de recta terminado por seta); que esse arco se inicie no elemento visual correspondente à refutação (uma forma rectangular); e que termine no
elemento visual (outro arco) que denota a implicação supracitada. De entre as técnicas
70
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
possı́veis para a manutenção destes diversos nı́veis de coerência, destacam-se as que
se orientam para a definição e resolução de restrições (constraints), agora no sentido
computacional do termo (Myers et al., 1992; Sannella, 1994; McCartney, 1995; Borning
et al., 1996). Estas permitem a associação de condicionantes (as restrições) aos objectos, estruturas e atributos de um sistema programado, que, quando modificados, desencadeiam o funcionamento de componentes de resolução de restrições (constraints
solvers), cuja função é encontrar um novo estado de equilı́brio do sistema, em que as
mesmas condicionantes se mantenham válidas.
Também a flexibilidade assume um papel preponderante nestas representações,
tendo em conta as caracterı́sticas criativas e exploratórias associadas aos mapas. Notese que a flexibilidade é tomada no sentido evolutivo dos mapas, enquanto instâncias
das linguagens visuais de representação. Esta caracterı́stica impõe a disponibilidade de
informação sobre o tipo e a estrutura (para além dos valores) em tempo de execução,
seja ela sob a forma de protótipos, objectos de classe, etc., que assim pode ser modificada ou enquadrada com novas primitivas, tipos e propriedades, que se vinham a
definir. Um dos exemplos é a construção de taxionomias, em que tipos abstractos e
instâncias coexistem e são eles próprios os mapas em criação. Para além desta flexibilidade em termos de modificação e criação de novas primitivas, tipos e instâncias, é
ainda de salientar, a necessidade de considerar nı́veis de confiança nas classificações e
especificações em geral, com consequências directas na viabilidade de ajustar e mesmo
quebrar, algumas das restrições impostas, entre as quais se contam subconjuntos das
referidas no parágrafo anterior. Trata-se pois de encontrar sistemas de especificação e
resolução de restrições que permitam a sua hierarquização, em termos de exigência de
validação ou prioridades. Neste caso, os estados de equilı́brio antes indicados, devem
permitir a existência de condicionantes não completamente válidas.
3.1.3 As técnicas de apresentação
Consideram-se técnicas de apresentação aquelas que, não constituindo representações visuais directas dos componentes dos mapas, permitem aceder-lhes, gerindo
o espaço disponı́vel de forma a oferecer, simultaneamente, o contexto e o nı́vel de
3.1. CONCEITOS DE BASE
71
pormenor necessário à sua fácil percepção, providenciando mecanismos que focalizem a atenção do utilizador nos aspectos relevantes da utilização em curso. Portanto,
neste contexto, incluem-se os elementos gráficos, normalmente de cariz temporário,
que marcam os componentes visuais de representação e os artefactos que permitem
a navegação e visualização daqueles ou dos resultados dos métodos disponı́veis de
análise expedita.
Relativamente a estes artefactos, um dos problemas fundamentais que surge quando se pretende ver uma grande quantidade de informação, tal como a que os mapas
e os resultados da análise podem comportar, é a pequena área através da qual ela pode ser vista. Leung e Apperley (1994) decompõem o problema em três actividades
básicas: (1) localizar um item de informação; (2) interpretá-lo; (3) e relacioná-lo com
outros. Naturalmente subjacente está a necessidade de o item ser perceptı́vel, no sentido de ter um tamanho que lhe permita ser visto, e de estar inserido no seu contexto (o
que de resto é afirmado pelas teorias cognitivas sobre a percepção visual). No caso de
alguns mapas cognitivos, o contexto de um item é particularmente pertinente, já que
para a sua definição podem contribuir: o texto ou imagens que acompanham o item;
os constructos ou relações que lhe estão associados; e a região do espaço em que o item
se insere, delimitada ou não por uma forma gráfica (ela própria vulgarmente designada contexto). Actividades e contextos são fundamentais e estreitamente interligados.
Por exemplo, interpretar uma relação entre dois constructos no diagrama de um mapa,
implica identificar os nós em que eles se representam, os seus contextos (gráficos), o
arco que os liga e a possı́vel etiqueta que o tipifica.
Quando a informação a visualizar é inerentemente gráfica, como é o caso dos
mapas em foco, duas grandes categorias de soluções são definidas, com base na
ausência ou presença de distorção do espaço em que se apresentam os elementos. As
que não provocam distorção, podem dividir-se em técnicas de aproximação (zoom),
hierarquização e distribuição espacial (layout). Acrescentem-se ainda, relativamente à
taxionomia proposta por Leung e Apperley, as de filtragem.
Aproximação - são as mais vulgares, permitem visualizar em pormenor pequenas partes do espaço gráfico, sendo normalmente acompanhadas por mecanismos de
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
72
deslizamento (scroll) ou paginação para acesso à restante informação.
Hierarquização - restruturam a informação de acordo com uma disposição hierárquica, de modo a que, a partir de uma visão global, normalmente abstracta, se possa
navegar, sucessivamente, por informação mais pormenorizada, mas referida, no
seu todo, a uma área mais restrita. No extremo em que a hierarquia se torna
um grafo e em que não há necessariamente uma noção de pormenorização, esta
técnica confunde-se com a que é oferecida nas ligações dos sistemas hipertexto
ou hipermédia.
Distribuição espacial - reorganizam a informação, agora apenas no espaço, de modo
a facilitar a sua percepção. Essa facilitação é baseada nos princı́pios de associação
no reconhecimento de padrões, anteriormente referidos. Estas técnicas são particularmente usadas na apresentação de diagramas do tipo nó ligação e recorrem a
algoritmos, que vão desde a simples disposição dos nós em formas geométricas
(e.g. em linha, em árvore, em cı́rculo), até outros extremamente complexos que,
por exemplo, minimizam a intercepção de arcos - veja-se as referências apontadas
por Battista et al. (1994).
Filtragem - permitem suprimir informação do espaço global da apresentação. Podem
aplicar-se interactivamente, seleccionando localmente a informação a esconder,
ou (semi) automaticamente por temas ou conjuntos de atributos comuns.
As técnicas de distorção partem de uma aproximação comum: a apresentação de
uma vista global do espaço, em que coexistem áreas que permitem uma visualização
de pormenor. Essa pormenorização, mostrada numa escala maior que o restante diagrama, é obtida por distorção, i.e., uma função não linear, discreta ou contı́nua, transforma as coordenadas iniciais naquelas em a informação é de facto apresentada. Essa
distorção pode ser feita apenas numa das dimensões do espaço ou nas duas, num único
foco ou em vários. Refira-se, entre outras (Leund & Apperley, 1994), as vistas de olho
de peixe (fish-eye-views) simples (Furnas, 1986) e multifoco (Paulo, 1996), ou a parede
perspectiva (perspective wall) de Mackinlay et al. (1991).
A grande vantagem destas técnicas prende-se com a simultaneidade da apresentação do contexto (através da visão global do espaço) e da área ou áreas locais de porme-
3.1. CONCEITOS DE BASE
73
nor nele enquadradas, normalmente sem grandes quebras visuais. As desvantagens
apontam-se essencialmente em termos de: desempenho na alteração interactiva das
áreas focais; dificuldade de concretização; e, em algumas técnicas com possibilidade
de apresentarem vários focos, de pormenorização de informação menos interessante,
devido a requisitos de regularidade na sua distribuição. Leung e Apperley referem
ainda que em determinados tipos de informação, pouco estruturada, as técnicas de
distorção podem não ter o efeito desejado. De facto, as vantagens da emersão no contexto podem perder-se, se os padrões que permitem reconhecê-lo não forem sequer
perceptı́veis.
Nas técnicas que não provocam distorção, a necessidade de contexto e a apresentação de mais que uma área focal pode ser colmatada recorrendo a vistas múltiplas. Esta
solução permite, por exemplo, a apresentação de uma vista global e de várias vistas
em pormenor (usando técnicas de aproximação). A articulação entre as vistas de pormenor e a global pode ser feita, representando na segunda, as áreas correspondentes
às primeiras. Neste caso, relativamente à outra categoria de técnicas, terá como grande
desvantagem a falta de continuidade entre as diversas vistas de pormenor.
3.1.4 A interacção
Relativamente à interacção, reportar-se-ão aqui, em especial, os conceitos e as
técnicas que se articulam em redor da manipulação directa (Shneiderman, 1998). As
vantagens reconhecidas e atribuı́das por Shneiderman e outros autores a este estilo
de interacção, são especialmente relevantes quando há ”uma representação visual do
mundo da acção” e quando, em resposta às acções, ”os resultados são mostrados de
imediato e de forma contı́nua” (Shneiderman, 1994). No caso dos mapas cognitivos
esta é claramente a situação, não só devido à representação visual que os sustenta, mas
também à caracterı́stica exploratória da sua criação, modificação e visualização. Não
quer isto dizer, obviamente, que toda a interacção com as ferramentas de trabalho com
mapas cognitivos passe pelo estilo de manipulação directa. Ao contrário, a utilização
de menus, formulários ou outros, têm necessariamente o seu espaço, embora os desafios sobre eles impostos, não tomem feições particulares relativamente aos mapas.
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
74
As caracterı́sticas essenciais da manipulação directa são:
a visibilidade dos objectos de interesse;
a aplicação directa das acções sobre esses objectos;
a execução rápida das acções e a sua reversibilidade;
a descrição incremental das acções i.e. o retorno imediato.
Note-se, no entanto, que não se define um valor exacto, que determine quão directa deve ser a acção e quão imediato o retorno, para que uma interacção se integre
ou não no estilo de manipulação directa. Como referem Shneiderman (1998) e Dix et
al. (1994), essas qualidades manifestam-se em diferentes graus e potencialmente determinam discrepância entre os objectivos e as expectativas do utilizador, as actividades
e as respostas do sistema.
No contexto destas caracterı́sticas, Preece et al. (1994) propõem o enquadramento
das técnicas de manipulação directa nos aspectos da cognição, de acordo com o conjunto de princı́pios de desenho sugeridos por Norman (1988), a saber: capacidades,
restrições, mapeamento (mapping) e retorno.
Capacidades - anteriormente introduzidas, estão intrinsecamente ligadas à representação visual dos mapas e, nesse contexto por elas limitadas. No entanto, é alvitrada na literatura a possibilidade de serem consideradas capacidades de outro tipo,
ditas sequenciais, em contraponto com as perceptuais anteriormente referidas.
Estas, fortemente dependentes do retorno, designam o conjunto de capacidades
(perceptuais) demonstradas pelos objectos, não veiculadas inicialmente, mas que
surgem em consequência da interacção, i.e. à medida que esta prossegue, os objectos vão revelando novas capacidades.
Restrições - no sentido agora referido, constituem o contraponto das capacidades:
se estas sugerem o que pode ser feito sobre o objecto, as restrições denotam
o que não é permitido. Estas restrições, constituem, por exemplo, formas de
manifestação das anteriormente referidas (3.1.2).
3.1. CONCEITOS DE BASE
75
Mapeamento - refere-se à proximidade entre o que os objectos e as suas capacidades
veiculam e as consequências práticas no sistema das acções correspondentes desencadeadas pelos utilizadores.
Retorno - pode ser definido como ”a informação enviada como resposta ao utilizador, sobre qual a acção que realmente foi executada” e ”[...] qual o resultado
alcançado” (Norman, 1988, p. 27). Note-se, contudo, que a qualidade dessa
informação não se resume a acções ou resultados completos. Ao invés, tendo em
conta os requisitos de celeridade no retorno e a noção de capacidade sequencial, essa informação pode e deve indicar continuamente os estados da interacção,
sendo a sua expressão visual (sonora ou táctil) compatı́vel com os princı́pios da
manipulação directa (Preece et al., 1994).
Relativamente a estes princı́pios, há que salientar aqui duas condicionantes essenciais, inerentes ao contexto dos mapas cognitivos. Por um lado, a utilização das
representações visuais, como forma de veicular capacidades e restrições de modo perceptual, está fortemente limitada, quer pelo elevado nı́vel de abstracção que essas
mesmas representações tomam nas linguagens visuais que constituem, quer pela fidelidade que devem assumir relativamente aos modelos e às metodologias existentes.
Por outro lado, a comunicação das restrições aos utilizadores, por formas dinâmicas
de retorno (em alternativa às perceptuais), deverá levar em consideração a natureza
por vezes não peremptória, com vários graus de imposição, dessas mesmas restrições.
Grosso modo, o que isto significa é que as formas de retorno deverão ser mais ricas que
a simples comunicação de proibição e, tanto quanto possı́vel, não quebrar a sequência
de diálogo, já que este se desencadeia no próprio processo de exploração, i.e. por infringir uma restrição, não se comete necessariamente um erro.
No sentido de veicular este tipo de restrições, surgiu recentemente um conjunto
de técnicas que permitem comunicar diferentes nı́veis de resistência à manipulação de
objectos gráficos. As técnicas concretizam-se directamente em dispositivos fı́sicos, tipicamente de entrada e que assim passam também a funcionar como dispositivos de
saı́da (Preece et al., 1994). Exemplos são os Joystick com retorno de força e o GROPE
construı́do sobre um braço mecânico articulado. Estes dispositivos, normalmente ori-
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
76
entados para aplicações especı́ficas (e.g. jogos, estudo molecular), podem resistir ao
deslocamento que o utilizador lhes incute, aplicando uma força contrária à que gera esse movimento. Se o utilizador pretende insistir no mesmo sentido terá que usar
mais força. O aproveitamento destes dispositivos, para além das suas caracterı́sticas
e vocações especı́ficas, exige a concepção de programas que modelem essa resistência,
podendo então accioná-la quando assim o determinarem.
A necessidade de aumentar a dinâmica do retorno à manipulação directa originou
ainda o aparecimento de um conjunto de modelos de interacção entre objectos. Esses modelos estabelecem zonas, para além da área definida pelo próprio objecto, que o
sistema pode considerar para gerir ou notificar outros que lhe estão próximos. Particularmente completo e adequado aos ambientes virtuais de trabalho em grupo, refira-se
o modelo proposto por Benford e Falén (1993). Este estabelece em redor de cada objecto, tipicamente representativo de um utilizador, três regiões: a aura, o nimbus e o
foco3 . A aura define a área em que se pode desencadear alguma forma de interacção.
Nesse sentido, quando duas auras se interceptam, os objectos ajustam o seu foco e o
seu nimbus. Por sua vez, o foco identifica a zona a partir da qual um objecto fica ciente
da presença de outro e o seu nimbus a zona a partir da qual o outro fica ciente da sua
presença. Se, por manipulação de um objecto, ocorrer uma intercepção entre um foco e
um nimbus, pode iniciar-se uma conversação (num dos sentidos) entre os objectos ou,
no caso, entre as pessoas que eles representam.
Embora não especificamente orientado para sistemas de suporte a vários utilizadores, o modelo espacial definido por Penz e Carriço (1993), de certo modo na origem do
definido nesta dissertação, oferece uma perspectiva semelhante ao anterior. De facto,
a aura é omitida, designando-se o nimbus e o foco por região activa e sensı́vel, respectivamente. É ainda definida uma terceira área, correspondente à hierarquização de
objectos, que se designa por região dos filhos. As regiões definidas sobre os objectos
filhos (contidos noutros), são truncadas pelo objecto que os contém.
Qualquer dos modelos é particularmente interessante na concretização de meca3
São ainda definidas as noções de meio e adaptador. O primeiro identifica o tipo de comunicação (ou
o seu meio de propagação) e o segundo permite introduzir ferramentas de comunicação com impacto
directo na forma e tamanho das regiões supracitadas.
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
77
nismos que coordenem a interacção entre objectos, que, em ambos os casos, se assumem relativamente independentes uns dos outros. No entanto, a sua adopção na
manipulação de elementos de linguagens visuais, deve revestir-se de algum cuidado.
Em causa estão as restrições impostas aos elementos e, por conseguinte, a gestão das
suas interdependências, para além da suas interacções.
3.2 Ferramentas de suporte a mapas cognitivos
Ao pretender-se encontrar mecanismos computacionais que facilitem a construção
e análise de mapas cognitivos, deve, antes de mais, explanar-se o panorama relativo
a ferramentas que se propõem suportar este tipo de mapas, em todas as suas formas
ou, pelo menos, cobrindo alguma das suas facetas. Esta secção surge, pois, com esse
objectivo e a sua organização espelha, tanto quanto possı́vel, a categorização de mapas
cognitivos feita no capı́tulo anterior. As ferramentas são apresentadas nos contextos
de inventariação, taxionomia, causalidade e argumentação, enquadrando as de suporte aos mapas interpretativos e às redes semânticas, como uma extensão em profundidade, em cada uma daquelas categorias (como aliás é deixado em antevisão naquele
capı́tulo e ilustrado na figura 2.14). São ainda referidas outras ferramentas, respeitantes
à categoria mais alargada de mapas de conceitos, pela sua proximidade ou articulação
com os mapas cognitivos ou com o contexto organizacional deste trabalho. Contudo, esta organização não pretende agrilhoar cada uma das ferramentas apresentadas
a uma ou a outra classificação. De facto, na sua grande maioria, elas estendem o seu
suporte por mais do que uma forma de mapas, em particular nos casos taxionómicos
e causais. A sua classificação pretende apenas sublinhar algumas das caracterı́sticas
mais importantes e peculiares de cada ferramenta, ao mesmo tempo que estabelece
um paralelo com a estrutura conceptual anteriormente delineada.
3.2.1 Mapas de inventário
O suporte computacional a ser dado na inventariação das unidades cognitivas relevantes, situa-se primordialmente nos processos de análise de conteúdo. Este tipo
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
78
de análise, que, como se viu, constitui uma grande parte do processo de criação dos
mapas de inventário, recorre essencialmente a métodos de análise estatı́stica e, cada
vez mais, a programas baseados em regras, que permitem, ainda que parcialmente, o
reconhecimento de dialectos de linguagem natural ou pelo menos a identificação de
contextos, termos e frases com significados potencialmente semelhantes.
Birnbaum-More e Weiss (1990) e Erdener e Dunn (1990) referem a utilização do
TEXTPACK (Mohler & Zuell, 1998), como forma de inventariar um conjunto de termos
chave, previamente organizados quanto ao seu significado. A organização semântica
é feita recorrendo a um outro programa, o Logic-Line 2, que, baseado em técnicas
de inteligência artificial, constrói um dicionário de termos equivalentes. Sobre os inventários são posteriormente usados pacotes computacionais de análise estatı́stica. De
entre estes, toma actualmente particular relevância, o conjunto de ferramentas globalmente conhecidas pela designação SPSS (SPSS, 1997), pela cobertura de métodos
e áreas de aplicação que oferece, incluindo, por exemplo, subsistemas de análise de
conteúdo (o TextSmart).
Em termos de interacção, no entanto, o desafio lançado por estas ferramentas é extremamente reduzido. De facto, a análise de conteúdo parte de documentos previamente elaborados, sendo um processo relativamente automático onde a
interacção só se reflecte, eventualmente, na parametrização dos métodos e, posteriormente na utilização e interpretação dos resultados. No que se refere à representação
e apresentação, como forma de consolidar e resumir os resultados estatı́sticos obtidos
pelas ferramentas, a criação de gráficos sinópticos elucidativos está relativamente bem
coberta por inúmeras ferramentas de visualização de informação quantitativa, tipicamente também integrados nos programas computacionais de análise estatı́stica ou em
simples folhas de cálculo.
3.2.2 Mapas taxionómicos
Relativamente ao suporte computacional especificamente orientado para os mapas
taxionómicos, sobressaem as ferramentas para aquisição de conhecimento, que, por
sua vez, se integram em sistemas de representação formal do mesmo, em particular
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
79
usando redes semânticas. Estas ferramentas e sistemas oferecem, portanto, um espectro mais alargado que a simples taxionomia, mas é normalmente com base nela, que
se estabelece outro tipo de relações, incluindo várias formas de causalidade, permitindo em conjunto a geração de sistemas periciais e, em geral, sistemas baseados em
conhecimento (knowledge based systems).
Neste contexto, devem apresentar-se, primeiramente, os sistemas que suportam
parte do processo de aquisição de conhecimento na teoria dos constructos pessoais
de Kelly (1955) e, em particular, nas grelhas de repertório (veja-se a descrição na
página 31). Esta caracterı́stica confere-lhes um estatuto interessante. De certa maneira, integram as perspectivas oriundas das áreas da psicologia e da sociologia (de
onde emerge a teoria e onde são aplicadas as técnicas há já alguns anos), com as da
representação de conhecimento estabelecidas na inteligência artificial. Para atingirem
este objectivo, os sistemas aplicam às grelhas, metodologias e algoritmos de agrupamento e classificação, que lhes permitem estabelecer hierarquias de conceitos, posteriormente transformados e usados em representações formais de conhecimento (Gaines
& Shaw, 1993).
De entre estes sistemas destacam-se o KSS0, o KSSn (Gaines, 1991b; Gaines & Shaw,
1993) e o AQUINAS (Schuler et al., 1990). O primeiro é simplesmente um sistema de
aquisição de conhecimento, que permite a geração de representações formais, para diversos outros sistemas. O KSSn estende o anterior e mesmo as grelhas de repertório,
incluindo também um sistema de representação de conhecimento e simulação de raciocı́nio baseado em redes semânticas da famı́lia do KL-ONE (Woods & Schmolze, 1992;
Brachman & Schmolze, 1985), nomeadamente no CLASSIC. Por fim, o AQUINAS, como o KSSn, engloba as facetas de aquisição e representação de conhecimento conjugado com um motor de inferência. Tem como objectivo de base o suporte à tomada de
decisão, no sentido dos sistemas periciais.
Todos estes sistemas sustentam o seu formalismo de representação em linguagens textuais, oferecendo e sugerindo a utilização de alternativas visuais. Em particular, integram ferramentas interactivas para a definição das grelhas de repertório,
dos parâmetros dos algoritmos de extrapolação das hierarquias de conceitos e mes-
80
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
mo edição dessas hierarquias e das relações não estruturais que se lhes sobrepõem.
Um excerto simplificado de uma representação visual, essencialmente taxionómica, de
uma rede semântica e de uma grelha de repertório, tal como são apresentadas pelas
ferramentas associadas ao KSSn, pode ser visto na figura 2.6 do capı́tulo anterior.
Nesse conjunto de ferramentas de interacção, refira-se o Elicit do KSS0 (Gaines &
Shaw, 1993) e o KDraw do KSSn (Gaines, 1991a). O primeiro propõe diversas técnicas
de identificação de constructos e classificação de elementos em grelhas de repertório,
incluindo, por exemplo, o esquema das trı́ades anteriormente referido. Numa das suas formas de classificação, os utilizadores são levados a colocar os elementos num
segmento de recta que representa, sucessivamente, cada constructo (os extremos do
segmento indicam os pólos opostos do constructo - veja-se a descrição da técnica na
página 32). Esta colocação é feita por manipulação directa, arrastando cada elemento,
descrito textualmente, para o segmento. A ferramenta não dá qualquer indicação sobre
contraste ou concordância com classificações passadas, nem permite exprimir graus de
confiança da classificação ou preponderância do elemento no contexto.
O KDraw (Gaines, 1991a) propõe a contrapartida visual da linguagem textual definida no CLASSIC. Permite a edição de redes semânticas por manipulação directa, segundo a linguagem visual que adopta, definindo formalmente a sintaxe e as primitivas
gráficas para o efeito - uma especificação formal do KDraw pode ser vista em (Kremer,
1997b). Com base nessa definição, o KDraw aplica restrições à edição das redes, que
asseguram a correcção sintáctica das especificações, i.e., a ligação de dois nós através
de um arco dirigido, é permitida ou negada de acordo com o tipo de base dos nós e
do arco. A criação e alteração de tipos, categorias e elementos especı́ficos a cada rede
e à sua semântica particular, não desencadeia qualquer forma de retorno da parte da
ferramenta, a não ser o que deriva da sua sintaxe. Assim sendo, o utilizador perde a
noção, por exemplo, da classificação feita anteriormente nas grelhas de repertório, ou
de outra decisão que anteriormente tenha sido tomada.
Do ponto de vista de representação visual, refira-se a possibilidade de no KDraw,
cada conceito poder ser mostrado em mais do que uma posição, o que simplifica, segundo os autores, a confusão visual dos diagramas e os critérios de disposição de nós e
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
81
arcos (Gaines, 1991a). De facto, os vários nós que representem um conceito, podem ser
distribuı́dos no diagrama, junto a outros nós com que se relacionem. Trocam-se assim
por pequenos arcos, os arcos que representam essas relações e que eventualmente atravessariam o diagrama entre pontos distantes. Em contrapartida, esta técnica aumenta
o tamanho dos diagramas (o numero de nós) e introduz outro tipo de dificuldade: a
que decorre da necessidade de identificar visualmente como equivalentes entre si e
distintos dos restantes, os vários nós que representam cada conceito.
Ainda sobre redes semânticas, devem citar-se, pelas caracterı́sticas particulares da
componente visual associada, as ferramentas desenvolvidas no âmbito do projecto
PEIRCE. Este tem como objectivo fundamental, a concretização das noções associadas
aos Grafos Conceptuais4 (Conceptual Graphs) de Sowa (1992; 1991). Como ferramenta de edição visual é proposto o GrIT ou seus derivados (Eklund et al., 1994; Burrow,
1994). Na linguagem visual que adopta, sobressai a noção de contexto visual. Estes
contextos são representados na forma de nós que, por um lado, podem fazer parte de
diagramas, por outro, contêm subdiagramas. Os nós destes subdiagramas podem ser
ligados a nós de diagramas externos ao contexto. Um exemplo de um grafo conceptual,
sob a forma visual e com estas caracterı́sticas, foi apresentado atrás na figura 2.15.
Aproximações com objectivos de formalização menos fortes, por vezes até inexistentes, podem encontrar-se em alguns sistemas de decisão em grupo. Esta semiformalidade é expectável, quanto mais não seja pela dinâmica do processo de decisão que estas ferramentas pretendem facilitar e que dificilmente se compadece com
preocupações demasiado opressivas de formalização. Em alguns processos de decisão,
os intervenientes são por vezes incitados a ordenar, agrupar, definir categorias e classificar elementos pertinentes na resolução de problemas. Sistemas como o Group Systems (Ventana, 1998) propõem, entre outras, a organização de componentes em listas e
hierarquias. Outras ferramentas, como as propostas por Antunes (1995; 1998) sugerem
a hierarquização e agrupamento de ideias, como forma de facilitar vários processos de
tomada de decisão. Em qualquer das situações, o retorno do sistema à manipulação
directa dos seus componentes, no segundo caso organizados num diagrama com nós
4
Estes, por sua vez, fundamentam-se nos trabalhos de Peirce sobre grafos existenciais.
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
82
e arcos, é mais uma vez, meramente sintáctico e até menos restritivo, já que advém de
linguagens de especificação menos formais.
Embora com objectivo principal de suportar os mapas causais e, portanto, descritas em mais pormenor na secção seguinte, é importante aqui mencionar a perspectiva e
particularmente a forma de classificação de conceitos, que ferramentas como o Decision Explorer (Banxia, 1997b) e o CMAP 2 (Laukkanen, 1992) disponibilizam. O primeiro
sugere a utilização de esquemas de cor, estilos e espessura de traço, para agrupar conceitos (e.g. objectivos, receios, factos). O segundo suporta a definição das asserções
causais numa ontologia rigorosa de conceitos que permite, a posteriori, comparar os
mapas causais de vários indivı́duos. Em qualquer dos casos, é deixada exclusivamente ao utilizador a responsabilidade da estruturação.
3.2.3 Mapas causais
O panorama correspondente às ferramentas orientadas para os mapas cognitivos
causais é relativamente diferente do anterior. Aqui surgem ferramentas explicitamente
orientadas para a criação e análise de mapas causais, sem quaisquer preocupações de
simulação de processos racionais ou de representação formal de conhecimento, mesmo
quando não inseridas em sistemas de suporte à decisão em grupo. Não obstante, este
facto não exclui desta classificação ferramentas de ı́ndole formal, quer sejam as anteriormente referidas, como KDraw e o GrIT, quer outras especificamente vocacionadas
para a representação do pensamento causal e que abaixo se apontam.
De entre as ferramentas que proporcionam suporte directo aos mapas causais,
destacam-se as que resultam do trabalho de Eden, materializadas primeiramente no
COPE (Eden, 1993) e, posteriormente, no Decision Explorer5 (Banxia, 1997a). Esta
última permite a edição, por manipulação directa ou por linguagem de comandos, de
objectos gráficos que representam os elementos de base dos mapas causais. Nos nós
deve ser feita uma descrição sucinta dos conceitos, sendo sugerida a inclusão dos seus
5
O Decision Explorer pode integrar-se numa variante com suporte a trabalho em grupo, o Group
Explorer (Phrontis, 1998; Eden & Ackermann, 1998b), cujas caracterı́sticas de interacção e exploração são
intrinsecamente as mesmas, com a excepção de poderem ser manipuladas por mais que um indivı́duo.
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
83
opostos, segundo a linha de pensamento dos constructos pessoais de Kelly. Nos arcos
está prevista representação visual de causalidade positiva e negativa. Outros atributos
dos nós e dos arcos podem ser modificados, sendo proposta a definição de estilos, com
caracterı́sticas gráficas próprias, como forma de representar diferentes tipos de conceitos e relações para além das causais. Um estilo pode, posteriormente, ser aplicado a
cada elemento gráfico ou a conjuntos de elementos. No entanto, enquanto mecanismo
de tipificação, não introduzem quaisquer restrições aos diagramas, nem, consequentemente, qualquer retorno durante a edição dos mapas. Mais ainda, do ponto de vista
dos pormenores da manipulação directa, esta ferramenta revela-se difı́cil, em parte por
se incompatibilizar com as formas de manipulação semelhantes, no sistema de janelas
em que se enquadra.
Na perspectiva dos mecanismos de apresentação, o Decision Explorer oferece
técnicas de aproximação e de filtragem de conjuntos de conceitos e relações. Contudo, as funções de análise que propõe, recorrem, na sua grande maioria, a uma forma
de lista textual, para apresentar os resultados. Além disso, esses resultados e o mapa de
trabalho dificilmente se podem apresentar ou explorar em conjunto. De facto, a ferramenta apresenta uma única página de apresentação. Nela podem alternar-se, mas não
coexistir, uma das diferentes perspectivas do mapa ou o resultado de uma das funções
de análise. Não dispõe igualmente de mecanismos de posicionamento automático ou
distorção, que, sem dúvida, poderiam simplificar a visualização, a análise conjunta de
diferentes regiões do diagrama e até mesmo a edição de mapas de grandes dimensões.
Já em termos de algoritmos de análise o Decision Explorer oferece um conjunto vasto e extensı́vel de funções. De entre as disponı́veis, essencialmente de foro topológico,
permite determinar, sobre conjuntos seleccionados de conceitos, o nı́vel-de-entrada e
o nı́vel-de-saı́da, a existência de ciclos e agrupamentos, hierarquias de causalidade,
etc.. Na perspectiva da análise comparativa de mapas causais, providencia algoritmos
simples para a identificação de semelhanças e diferenças entre mapas. Finalmente, define ainda uma linguagem textual de alto nı́vel para a definição de novos algoritmos
e combinação dos já oferecidos, bem como para o acesso a alguns pacotes estatı́sticos
externos. Todavia, os algoritmos, tal como a manipulação dos elementos gráficos, não
levam em consideração o tipo das ligações, nem a causalidade negativa. Mesmo a lin-
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
84
guagem textual que oferece, dificilmente permite estender do modelo de mapas causais subjacente, que, na realidade, apenas considera causalidade positiva simples.
Embora sem qualquer forma de interacção ou mesmo apresentação visual, deve
ser mencionada a ferramenta que resulta do trabalho de Laukkanen sobre o estudo
comparativo dos mapas causais (Laukkanen, 1992; Laukkanen, 1998). Contrariamente
à anterior, esta ferramenta, o CMAP 2, assenta os seus métodos de análise na definição
cuidada e relativamente rı́gida de uma ontologia de conceitos. Na definição dessa
ontologia faz-se a tradução entre os termos normalizados e os termos ou frases de
uso corrente empregados por cada indivı́duo, cujo pensamento esteja a ser objecto de
projecção em mapas causais. A ferramenta permite aferir a centralidade dos constructos, com base na frequência de utilização dos termos normalizados (ou dos seus equivalentes naturais) e das relações causais, bem como na distância causal entre conceitos
(em função dos sucessivos nı́veis de entrada e saı́da). Esta incursão sobre os mapas de
inventário, taxionómicos e causais, torna o CMAP 2 relativamente interessante e especialmente adaptado ao estudo comparativo dos mapas de vários indivı́duos (ao qual,
de qualquer modo, se destina).
Numa perspectiva algo diferente, surgem as ferramentas de simulação do pensamento causal. Essa simulação suporta-se em noções de causalidade, que se estendem
desde a completa especificação de dependências entre conceitos (ou variáveis), até às
que recorrem a aproximações baseadas na lógica difusa. De entre as primeiras, tome-se
como exemplo o Vensim (Ventana, 1997), uma ferramenta especialmente vocacionada
para a área da dinâmica de sistemas (system dynamics). As relações causais definem-se
nas fórmulas que se podem (ou se têm que) associar aos nós e que permitem simular
o sistema. Neste sentido, são inúmeras as variantes de causalidade que permite, já
que é possı́vel especificar com exactidão como o efeito varia em função da causa ou
causas. Se relativamente à simulação estas caracterı́sticas trazem vantagens, em termos de representação exploratória do pensamento causal torna-se desnecessariamente
exigente e formal e assim menos adequada que, por exemplo, o Decision Explorer.
Já na perspectiva de interacção, o Vensim proporciona um mecanismo de edição de
diagramas por manipulação directa, mais flexı́vel e coerente que o Decision Explorer.
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
85
Em todo o caso, apesar de não completar interacções que resultem em especificações
sintacticamente incorrectas, não oferece, ainda assim, qualquer retorno elucidativo.
Noutras situações, em que a operação é opcional ou o resultado ambı́guo, exibe um
retorno textual sob a forma de caixas de diálogo. Também do ponto de vista de visualização, o Vensim é ligeiramente mais elaborado que o Decision Explorer, em particular
na apresentação dos resultados de análise, sob a forma de diagramas, que podem coexistir no espaço visual dos mapas. Contudo, não permite a visualização simultânea de
vários focos do diagrama, mecanismos de distorção ou o posicionamento automático
de nós e arcos. Finalmente, é de notar a inexistência de algoritmos adequados à análise
de mapas causais.
Baseadas na lógica difusa, mas sem grandes preocupações ao nı́vel visual ou interactivo, refiram-se as ferramentas propostas por Kosko (1996) e por Carvalho e
Tomé (1999). A sua particularidade é, no primeiro caso, a atribuição de pesos aos
conceitos e, no segundo, a possibilidade de definir o tipo de causalidade nas relações
(positiva ou negativa) e atribuir-lhe graus de confiança. A sua relevância, relativamente a ferramentas como o Vensim, situa-se no facto de requererem apenas a especificação
da topologia do mapa, dos pesos ou graus de confiança e das condições iniciais, para proporcionarem a simulação. Não exigem, portanto, uma descrição tão formal, em
termos de variáveis e fórmulas de dependência.
3.2.4 Mapas argumentativos
Um vasto trabalho tem sido realizado em redor dos mapas argumentativos. As
ferramentas que aqui se enquadram, propõem primitivas gráficas e estruturas de
navegação que orientam os utilizadores segundo esquemas de argumentação clássicos,
tal como o de Toulmin, o IBIS ou o QOC, ou de acordo com extensões a esses esquemas
(veja-se 2.2.1.4 no capı́tulo anterior). Essas ferramentas são apresentadas, quer como
soluções genéricas de facilitação do processo argumentativo, quer integradas em sistemas desenvolvidos para domı́nios especı́ficos (e.g. arquitectura, escrita e gestão de
redes). Shum (1996; 1993) revê várias dessas ferramentas, descrevendo desde os seus
fundamentos teóricos até às suas caracterı́sticas especı́ficas e aplicação.
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
86
Pela sua caracterı́stica seminal, deve ser mencionado o gIBIS (Conklin & Begeman,
1987; Conklin, 1988) e os trabalhos de Marshall (1987) para suporte ao esquema de
Toulmin, com base no NoteCards. É ainda interessante fazer referência ao JANUS (Fischer et al., 1989), um sistema para a criação de desenhos arquitecturais. O sistema
integra uma ferramenta de edição de plantas, por manipulação directa, uma base de
conhecimento sobre artefactos, regras e recomendações de construç ão e uma ferramenta de argumentação que recorre a esquemas hierarquizados do IBIS (o PHIBIS - veja-se
página 45). O papel da ferramenta é, precisamente, oferecer aos utilizadores um local
semi-estruturado de pesquisa e anotação das decisões tomadas, particularmente útil
quando estas violam as regras de construção. De facto, quando a manipulação de um
artefacto contraria uma recomendação de construção, o sistema expõe uma mensagem
de aviso num espaço dedicado. Essa mensagem, por sua vez, constitui um tópico (issue) de base para uma estrutura argumentativa, que pode ser consultada e completada
na ferramenta de argumentação.
Mais recentemente surgem ferramentas mais elaboradas como o SIBYL (Lee, 1990)
e o SEPIA (Streitz et al., 1992). O primeiro suporta o DRL (Decision Representation Language), uma linguagem de argumentação que estende os conceitos do QOC e do IBIS,
apresentando-se sob a forma gráfica e matricial. Oferece mecanismos de gestão de dependências entre decisões, a detecção de objectivos e assunções comuns e a introdução
de pesos na definição de argumentações que suportam alternativas.
O SEPIA, integrado posteriormente no DOLPHIN (Haake et al., 1994), um sistema
de reuniões e tomada de decisão em grupo, face a face ou distribuı́da, é uma ferramenta orientada para a escrita, individual ou em grupo, de documentos complexos,
de teor argumentativo. A ferramenta propõe a estruturação do processo criativo, em
quatro espaços de actividades: conteúdo, retórica, planeamento e argumentação. No
de conteúdo, as ideias são expressas, agrupadas e classificadas. No de retórica, é escrito o documento final. Nos espaços de planeamento e argumentação, são usados
esquemas argumentativos propostos pelos autores e derivados, respectivamente, do
IBIS e do de Toulmin. Os componentes dos diagramas podem-se transferir ou referenciar entre os diversos espaços. Quando transferidos tendem a assumir papéis distintos
e, consequentemente, corresponder a tipos diferentes em cada diagrama (e.g. posição
3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS
87
no espaço de planeamento e afirmação no de argumentação), embora se refiram ao
mesmo objecto, denotando o mesmo conteúdo.
Estas ferramentas oferecem caracterı́sticas interessantes, nomeadamente na facilidade de análise e manipulação directa dos mapas. Nos mecanismos de apresentação,
permitem a existência de vistas múltiplas com visões globais dos mapas e perspectivas focadas em pormenor (por aproximação). São ainda ferramentas que articulam
representações formais, semi-formais e até informais (no caso do DOLPHIN pela possibilidade de inclusão de esboços) nos espaços de apresentação dos mapas. Não obstante, esta articulação e consequentemente a sua exploração é deixada sem apoio ou,
como no caso do JANUS, é assistida por formas limitadas de retorno, de caracter textual, a manipulações directas de objectos gráficos. No suporte a diagramas de grandes
dimensões deixam ainda em aberto a exploração e visualização de focos afastados, mas
potencialmente relacionados, de um mesmo gráfico.
3.2.5 Mapas de conceitos: mentais e de âmbito organizacional
Alargando o horizonte aos mapas de conceitos, encontra-se um conjunto mais
numeroso e diversificado de ferramentas. Nesta categoria enquadram-se, por exemplo, as anteriormente citadas, à excepção das que dão suporte à inventariação, mas
também ferramentas de Suporte Computacional à Engenharia de Sistemas Programados (Computer Aided Software Engineering) - referido doravante pelo seu acrónimo
anglo-saxónico, CASE.
Num contexto próximo à cognição devem ainda ser mencionadas as ferramentas
que servem a criação de mapas mentais. De entre estas tome-se, como exemplos, o
Visi Map (CoCo, 1998) e o Mind Manager (Mind, 1999). Ambas oferecem mecanismos
coerentes de criação de diagramas que se estendem a partir de um nó central, tal como
propõe a aproximação dos mapas mentais. São extremamente versáteis do ponto de
vista da aplicação de atributos gráficos, sob a forma de esquemas de cores, estilos de
traço, ı́cones, etc.. Quanto à manipulação directa de nós e arcos, não exibem grandes
possibilidades já que, por um lado, a sua distribuição espacial é quase totalmente definida pela aproximação, por outro, são essencialmente esboços livres do pensamento,
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
88
sem enquadramento em modelos ou resultados anteriores.
No âmbito organizacional é interessante referir as ferramentas associadas à aproximação proposta por Yu (1995b; 1995a) no contexto da reengenharia dos processos de
negócio. Estas combinam técnicas semi-informais de argumentação e enumeração de
dependências, com mecanismos de especificação de fluxos de trabalho. Finalmente,
numa situação que aparentemente se intercepta com um dos resultados deste trabalho, surgiu recentemente um conjunto de ferramentas especificamente orientadas para
o suporte aos métodos da Análise de Correntes (Stream Analytics, 1997). Estas oferecem mecanismos para angariação de informação, através de conjuntos organizados de
perguntas, e para construç ão de cartas de diagnóstico e de planeamento. No entanto, o
seu objectivo essencial é a concretização operacional dos métodos, sem preocupações a
nı́vel da interacção pessoa-máquina ou da exploração e articulação de diferentes tipos
de mapas cognitivos.
3.3 Tecnologia para a criação de ferramentas
Uma vez estabelecido o panorama tecnológico relativo às ferramentas que providenciam suporte a mapas cognitivos, ir-se-á, nesta secção, abordar alguns sistemas
ou componentes que poderão ser usados na criação de alternativas. Cobrir-se-ão,
primeiramente os sistemas geradores de ferramentas, habitualmente designados por
meta-ferramentas, descrevendo-se logo após algumas bibliotecas de componentes. As
primeiras oferecem mecanismos de alto nı́vel que guiam os utilizadores no desenvolvimento das aplicações computacionais dedicadas, no caso vertente as ferramentas de
trabalho com mapas cognitivos. As segundas disponibilizam componentes que podem
constituir os núcleos centrais na programação daquelas aplicações. Em contraposição
à facilidade de construção providenciada pelas meta-ferramentas, as bibliotecas permitem uma maior flexibilidade na selecção e ajuste dos componentes e, porventura,
uma maior adequação às caracterı́sticas particulares da utilização dos mapas. Neste
sentido, alguns destes sistemas são de facto hı́bridos, já que podem ser usados como
meta-ferramentas até determinado nı́vel de elaboração, passando a bibliotecas quando é necessário um ajuste mais minucioso do comportamento ou a inclusão de novas
3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS
89
funções nas ferramentas a construir.
3.3.1 Meta-ferramentas
As meta-ferramentas surgem nos últimos anos como forma de resolver a incapacidade que algumas ferramentas têm, em particular as de CASE, de se adaptar aos
domı́nios em que é requerida a sua aplicação e às opções e preferências dos seus utilizadores. Por um lado, as meta-ferramentas permitem ajustar as caracterı́sticas das
aplicações geradas às particularidades do domı́nio, por outro, conseguem suportar
as inúmeras variantes entre linguagens de especificação de modelos e a sua rápida
evolução. Em geral, estes sistemas admitem a definição das estruturas conceptuais
e dos elementos gráficos das linguagens visuais que lhes correspondem. Por vezes,
incluem ainda a possibilidade de estabelecimento de restrições entre essas estruturas
que, por sua vez, se podem reflectir na manipulação dos elementos gráficos quando já
incorporados nas ferramentas geradas.
Neste contexto, começar-se-á por referir o Hardy (AIAI, 1995; Smart & Rae, 1995),
essencialmente vocacionado para a criação de aplicações que fazem uso de diagramas,
oferece ainda mecanismos para a definição de ligações hipertexto e articulação com
um sistema de suporte a sistemas periciais, o CLIPS. Para a criação de linguagens visuais, o Hardy disponibiliza meios para a composição guiada dos elementos gráficos
da linguagem (i.e. tipos de nós e de arcos), a partir de primitivas simples. É possı́vel
escolher e estabelecer restrições geométricas entre os componentes, que determinam
o seu posicionamento relativo e o seu comportamento aquando da alteração do objecto, como um todo. O Hardy permite ainda, de forma semelhante, a definição de
tipos de nós contentores e o estabelecimento de restrições que decidem o tipo de nós
que as suas instâncias podem conter. Também relativamente aos arcos, com duas ou
mais terminações, podem ser estabelecidas restrições quanto ao tipo de nós que ligam.
Estas restrições, nos nós contentores e nos arcos, ditam a sintaxe da linguagem. Os
elementos gráficos assim definidos, são apresentados em paletas e postos à mercê dos
utilizadores nas ferramentas finais. O controlo pormenorizado desses elementos, a
sua ligação a estruturas no sistema de representação de conhecimento subjacente ou
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
90
a sistemas externos, deverá ser feita directamente no CLIPS. Neste caso, não é dado
qualquer suporte a programação guiada ou visual.
Do ponto de vista da interacção, o Hardy e os refinamentos nele definidos são
relativamente rı́gidos. A actuação sobre os elementos gráficos pode ser feita por
manipulação directa, não sendo concretizadas as operações, quando as restrições
sintácticas definidas nos arcos ou nos nós contentores são contrariadas. O retorno oferecido, para além da não instanciação do elemento gráfico, é simplesmente
uma explicação textual em rodapé. Na única situação de foro semântico considerada, em que nós dentro de contentores são arrastados para fora deles ou vice-versa,
não contravindo as restrições sintácticas impostas, o Hardy quebra a continuidade da
manipulação através de uma caixa de diálogo. Essa caixa pergunta ao utilizador se o
nó deve ou não sair de facto, ou, no caso inverso, se o nó fica sobre ou dentro do contentor (originando situações algo confusas). Outras situações semelhantes que requerem
o juı́zo do utilizador, tı́picas na manipulação de elementos de mapas cognitivos, não
são contempladas.
Sobre o Hardy há ainda que fazer referência às técnicas de apresentação que oferece. As ferramentas dele decorrentes permitem a representação do mesmo objecto
(por um nó ou um arco) em diagramas diferentes, i.e. com a mesma aparência mas
em posições distintas e, eventualmente, inseridas em estruturas complementares. É
igualmente admitida a expansão de nós em novos diagramas, que assim formam uma
estrutura hierárquica. Em conjunção, estas duas caracterı́sticas permitem a criação de
diagramas relativamente simples de perceber, mas que, no seu todo, constituem estruturas complexas. A associação entre os diagramas é feita através de ligações hipertexto.
Finalmente, mencionem-se dois algoritmos de distribuição espacial de nós, em forma
de árvore e em linha.
Se é certo que, uma vez estruturados, estes mecanismos permitem uma navegação
confortável, já no processo exploratório de criação, eles requerem demasiadas e constantes decisões sobre os momentos certos para definir novos diagramas, cópias dos
nós ou dos arcos, ou para a sua estruturação hierárquica. Por outro lado, as ligações
hipertexto não são estaticamente visı́veis, i.e. por vezes só é possı́vel descobrir onde
termina uma ligação, se esta for seguida. Esta situação e a proliferação de cópias po-
3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS
91
de originar alguma confusão na comparação de focos ou de perspectivas distintas do
mesmo diagrama.
O Kmap (Gaines & Shaw, 1995) é uma ferramenta semelhante ao Hardy. Oferece uma capacidade comparável para a definição de elementos gráficos das linguagens
visuais, para interagir com eles e para os visualizar, embora seja mais pobre em termos de suporte ao estabelecimento de restrições sintácticas. Quanto à programação,
permite a utilização de linguagens interpretadas como o AppleScript e o Tcl. Como caracterı́sticas especı́ficas, oferece uma maior capacidade de exportar e importar
representações, particularmente representações de conhecimento. Providencia ainda
um maior número de tipos de base, especificamente relacionados com os mapas cognitivos e de conceitos. Entre estes, evidencia-se um tipo de nó, que dá acesso a um
formulário para especificação e classificação de elementos em grelhas de repertório.
No seguimento do anterior, por complementaridade, deve ser citado o trabalho de
Kremer (Kremer, 1997b; Kremer, 1997a), materializado no Constraint Graphs. Este sistema permite a definição de restrições entre elementos de diagramas, de modo a criar
linguagens visuais para mapas de conceitos. Kremer faz uma análise pormenorizada
de várias linguagens, nomeadamente o gIBIS, a linguagem definida no KDraw e os
Grafos Conceptuais, entre outras, que o seu sistema consegue representar. A componente de interacção pessoa-máquina do Constraint Graphs é suportada por uma biblioteca dedicada e integrada numa ferramenta de desenho (o KSIMapper). A biblioteca
comunica e actualiza-se de acordo com as restrições definidas no componente abstracto do Constraint Graphs. Quanto à interacção, é apenas de registar a capacidade de
oferecer vistas múltiplas sem, no entanto, qualquer forma de articulação.
Com caracterı́sticas próximas às ferramentas de argumentação aponte-se o Aquanet (Marshall et al., 1991). É uma ferramenta de hipertexto vocacionada, segundo os
autores, ”para a organização de ideias”e, em geral, ”para tarefas de estruturação de
conhecimento”. Um dos seus objectivos primordiais foi oferecer aos utilizadores a capacidade de definir os seus próprios esquemas, cujas primitivas de base emergem dos
de Toulmin e do IBIS, particularmente se forem consideradas as suas versões que admitem decomposição e encadeamento (como o PHIBIS ou os propostos por Streitz et
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
92
al. - veja-se 2.2.1.4, página 44). Uma propriedade interessante e peculiar do Aquanet
é a possibilidade de estabelecer, a priori, a disposição espacial relativa dos elementos
de um esquema, que se manterá ao longo da estruturação. O Aquanet funciona como
meta-ferramenta para a definição de esquemas e posteriormente como ferramenta de
argumentação, baseada nesses mesmos esquemas.
Especificamente orientados para a construção de ferramentas de aquisição de conhecimento e de sistemas periciais, reporte-se como exemplos o projecto PROTÉGÉ
e o KSM (Molina et al., 1996). Ambos se baseiam fortemente na definição de ontologias adequadas aos domı́nios alvo e na escolha de métodos para a resolução de problemas, suportados por bases de conhecimento. Ontologias, métodos e suporte para
essas bases são posteriormente integrados nas ferramentas que geram. O PROTÉGÉ
II (Eriksson et al., 1994) e em especial a sua evolução o PROTÉGÉ/Win oferece ainda
meta-ferramentas que permitem a construção de interfaces pessoa-máquina. Essas interfaces são particularmente bem articuladas em torno das estruturas ontológicas que
permitem definir e podem incluir editores de diagramas nas aplicações produzidas.
No entanto, a capacidade de interacção é diminuta. Os elementos gráficos dos diagramas surgem, aliás, em consequência quase directa dos elementos das ontologias, i.e.,
sem grandes capacidades de parametrização.
Finalmente e agora no âmbito das meta-ferramentas de CASE, mencione-se, pela
sua preponderância, o MetaEdit (MCC, 1997; Kaipala, 1997; Kelly et al., 1996). Este, vocacionado para a geração de ferramentas de modelação e desenho de sistemas,
oferece acesso a formas relativamente potentes de definição de estruturas e correspondentes representantes gráficos, proporcionando mecanismos de geração de código e
de comunicação com bases de dados. No entanto, quanto à componente de interacção
pessoa-máquina das ferramentas que gera, eventualmente mais cuidada do ponto de
vista gráfico, não difere particularmente dos sistemas anteriores.
3.3.2 Bibliotecas
No que respeita às bibliotecas de componentes, o panorama é relativamente mais
vasto. Por um lado, surgem as que tentam sustentar as diversas facetas inerentes ao
3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS
93
mapas cognitivos, ou, mais precisamente, a sua perspectiva formal de representação
de conhecimento. Por outro lado, é possı́vel encontrar pacotes orientados para aspectos particulares, mas que, sendo potencialmente compatı́veis entre si, ou com outros
sistemas, e mais facilmente estendidos para nova funcionalidade, se podem integrar
na construção das ferramentas pretendidas.
No âmbito dos sistemas baseados em conhecimento, Gaines (1994) apresenta uma
biblioteca extremamente abrangente que, aliás, constitui o núcleo de suporte a sistemas
como o KSS0, o KSSn, o KDraw e o Kmap atrás referidos, bem como a ferramentas de
análise de conteúdo, hipermédia e até para a escrita de documentos activos (i.e. ligados a sistemas periciais) e em grupo. Essa biblioteca, o KRS (Knowledge Representation
Server), oferece um conjunto de classes em C++ para a angariação e representação de
conhecimento, inferência e interacção pessoa-máquina, incluindo componentes para
a definição de linguagens visuais baseadas em diagramas. Abarca ainda classes para
tratamento de textos, acesso a mecanismos de comunicação entre processos, a linguagens interpretadas, como o Tcl, e a estruturas hipertexto. De um modo geral, pode
dizer-se que as caracterı́sticas das estruturas e funções que esta biblioteca providencia,
são semelhantes às anteriormente atribuı́das aos sistemas de que constitui o núcleo.
Ainda enquadrado com os sistemas de representação de conhecimento, aponte-se
novamente o Hardy. De facto, embora surja como meta-ferramenta em grande número
de aplicações, na perspectiva de quem pretende fazer ajustes minuciosos ao seu comportamento e à sua integração com as estruturas subjacentes, o Hardy deve ser visto
como um pacote ou biblioteca de funções do CLIPS. Este, por sua vez, providencia suporte para a criação de sistemas periciais, que incluem a definição de regras, funções e
mecanismos de programação orientada para objectos.
Na perspectiva de colmatar algumas das deficiências de interacção pessoa-máquina, das ferramentas existentes ou construı́das por meta-ferramentas e bibliotecas particularmente orientadas para a representação de conhecimento, abordar-se-ão de seguida algumas bibliotecas de componentes de interacção. Em particular referir-se-ão
exemplares relevantes que oferecem mecanismos de visualização e edição de diagramas baseados em grafos ou de desenho e manipulação de objectos gráficos que inclu-
94
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
am subsistemas de tratamento de restrições. Uns e outros são potencialmente integráveis com sistemas de inferência e representação de conhecimento - por exemplo, o
CLIPS e o Mike (Open University, 1989) - com sistemas de gestão de bases de dados,
ou simplesmente com sistemas de ficheiros, cujas interfaces programáticas (application
programming interface – API) estão normalmente disponı́veis.
No âmbito das bibliotecas de suporte a diagramas, refira-se o vasto trabalho que
se tem realizado em volta do LEDA (Mehlhorn & Näher, 1995) que, não constituindo um sistema que proporcione uma forma elaborada de objectos gráficos, define um
conjunto alargado de estruturas de dados e algoritmos para a construção de aplicações
de computação combinatória e geométrica. Esta biblioteca é usada, por exemplo, no
GDToolkit (ALTCOM-IT, 1997), que inclui um pacote de desenho de diagramas extremamente eficiente, e no Graphlet (Himsolt, 1996), uma biblioteca entre cujos componentes se encontra um editor de diagramas. Em geral, no entanto, estas bibliotecas dão
especial atenção ao desenho dos gráficos, orientando-se particularmente para questões
de rapidez e de capacidade de disposição automática de nós e arcos, segundo algoritmos pré definidos ou, em casos mais elaborados, parametrizáveis por restrições. As
capacidades de interacção e retorno são normalmente pobres ou, no melhor dos casos,
semelhantes aos sistemas anteriormente apresentados.
Numa perspectiva mais abstracta cite-se o Amulet (Myers et al., 1997). Este é o
nome de uma biblioteca genérica para a construção de interfaces pessoa-máquina que
inclui, para além de objectos tı́picos de interacção (botões, barras de deslocamento,
etc.), um conjunto de base de objectos gráficos (telas, ovais, rectângulos, grupos) e outro especı́fico para o tratamento das entradas, em particular de diversas formas básicas
de manipulação (movimento e redimensionamento, desenho, entrada de texto), com
suporte à gestão de comandos reversı́veis (undo). Estes componentes são construı́dos
sobre dois subsistemas, um de primitivas gráficas de desenho e outro que oferece um
modelo de objectos baseado em protótipos, ainda que concretizado em C++, suportando mecanismos de programação e resolução de restrições.
O Amulet proporciona uma bancada bastante completa para a criação experimental de interfaces, particularmente no que concerne à utilização de restrições. No en-
3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS
95
tanto, em termos de mecanismos de apresentação, o seu suporte reduz-se a formas
comuns de visualização sem distorção. Por outro lado, apesar de disponibilizar mecanismos para a definição de resolução de restrições complexas, a sua articulação com
as formas de retorno é relativamente rı́gida, i.e. a definição de linguagens mais elaboradas de retorno, que se enquadrem nos princı́pios da manipulação, não é de todo
suportada. Finalmente, o facto de não se integrar com bibliotecas de componentes de
interacção normalizados, complica fortemente a tarefa de desenvolvimento de ferramentas.
Antes de terminar a abordagem às bibliotecas refira-se o trabalho de Paulo (Paulo, 1996) concretizado nas sucessivas evoluções da biblioteca EdGar ou na sua
contribuição no âmbito do projecto MADE. Em ambos os casos é oferecido um conjunto de classes em C++, no caso do MADE, com acesso ao Tcl como linguagem interpretada, e, nalgumas versões do EdGar, com ligação a um subsistema de suporte à
interpretação em C++ (Carriço, 1991). Os componentes providenciados nestas bibliotecas, oferecem mecanismos para a interacção com os diagramas e formas avançadas
de apresentação e navegação. No caso da interacção, é fornecido um conjunto base
de manipulações tı́picas, entre as quais se inclui a manipulação directa dos elementos dos diagramas. Esta, no entanto, determina uma forma relativamente rı́gida de
retorno semântico, mesmo no caso do refinamento das classes oferecidas. Na perspectiva de visualização, permitem a definição de vistas múltiplas sobre um mesmo
diagrama (i.e. o mesmo diagrama pode ser apresentado em diferentes janelas) e de
múltiplas representações visuais do mesmo conceito (i.e. nós e arcos com propriedades gráficas diferentes podem, no mesmo diagrama ou em diagramas diferentes,
constituir representações do mesmo conceito). Oferece ainda algoritmos de disposição
automática dos nós e dos arcos no espaço do diagrama, incluindo os de diminuição do
número de intercepções entre arcos, e vistas de olho de peixe, com um ou vários focos.
O EdGar toma especial importância por estar na base de concretização do trabalho
apresentado nesta dissertação. Em primeiro lugar, constituiu a plataforma inicial de
experimentação, em que foram introduzidas algumas das primitivas de representação
e dos mecanismos de tratamento de restrições, que aqui se propõem. Foi também a
partir dessa experimentação que se veio a delinear a arquitectura sugerida e que pro-
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
96
porciona, como adiante se exporá, o suporte necessário à criação de formas de retorno
adequadas. Posteriormente, esteve ainda na génese da construção de uma biblioteca,
o EdGar++ (Costa et al., 1996), que oferecia a possibilidade de inclusão dos componentes de edição dos diagramas em ferramentas que suportassem o OLE2 e permitia a
definição de estruturas hierárquicas de diagramas (i.e. em que os nós podem aceder a
subgrafos). Esta biblioteca, embora apenas com as primitivas de base do EdGar (nós
simples e arcos) e com a ausência do mecanismo de tratamento de restrições, denota
uma arquitectura já mais próxima da que se propõe neste trabalho.
3.4 Discussão
A quantidade de ferramentas, meta-ferramentas e bibliotecas existentes, com potencialidade de suportarem alguns dos requisitos impostos pela exploração e análise
de mapas cognitivos é, sem dúvida, bastante grande. Algumas delas, como o Kmap
e seus derivados, oferecem soluções assaz completas no que respeita à angariação
e representação formal de conhecimento, articuladas com mecanismos de simulação
que, ainda que numa perspectiva demasiado racionalista, permitem fazer análises interessantes do processo cognitivo. No extremo oposto, surgem ferramentas do tipo
do Decision Explorer, que disponibilizam os meios básicos de exploração de mapas
(ou pelo menos de seu esboço), completados por algoritmos de análise topológica com
fundamentação teórica e acesso a pacotes estatı́sticos.
Se por um lado estes sistemas cobrem relativamente bem as formas possı́veis de
análise, por outro ficam bastante aquém do que é requerido em termos de interacção
pessoa-máquina e mesmo de algumas facetas respeitantes à representação do pensamento. Neste último ponto, são frequentemente ignorados os parâmetros de incerteza,
nı́veis de importância e, em geral, os que resultam da insuficiência de informação e da
impossibilidade de racionalização dos problemas reais. Algum avanço é dado nos sistemas baseados na lógica difusa, infelizmente muito desenquadrados das necessidades
de interacção e teimosamente insistentes nos aspectos de simulação de raciocı́nio.
Relativamente à interacção pessoa-máquina, o panorama tecnológico tende a foca-
3.4. DISCUSSÃO
97
lizar-se na representação visual, relativamente estática, de linguagens formais e normalmente rı́gidas. Em alguns casos, circunscritos a meta-ferramentas e bibliotecas, essa austeridade é colmatada por mecanismos de definição de restrições, que articulados
com formas de parametrização de atributos gráficos e espaciais, permitem já alcançar
algum do requerido abrangimento.
Quanto à apresentação, em particular às soluções disponibilizadas para a visualização e comparação de diagramas de grandes dimensões, também as ferramentas
existentes não se aproximam das expectativas. De facto, falham mesmo em providenciar algumas das técnicas de apresentação disponı́veis em bibliotecas e ferramentas
de outros domı́nios, como vistas múltiplas, hierarquização, já para não mencionar as
mais elaboradas de distribuição espacial e de distorção. Em todo o caso, a verdade é
que mesmo estas técnicas deixam alguns dos requisitos de apresentação sem solução
adequada. Será o caso, como foi referido, da visualização de vários focos, na análise ou
edição em pormenor, possivelmente contextuados, em que são perceptı́veis elementos,
tão essenciais, como as relações (arcos) entre os diversos conceitos apresentados. A
utilização de vistas múltiplas quebra claramente a continuidade dos arcos, ao passo
que as alternativas de distorção multifoco tendem a miniaturizá-los de tal modo no
espaço entre focos, que torna extremamente difı́cil o seu seguimento visual.
Finalmente, refira-se outro dos problemas que se revela persistente em todas as
aproximações mencionadas e mesmo noutras não directamente relacionadas no âmbito
do contexto deste trabalho. Trata-se pois, da incapacidade que esses sistemas computacionais têm, de oferecer formas de retorno adequadas à manipulação de objectos
sujeitos a restrições não necessariamente peremptórias, como aquelas que se definem
em ambientes exploratórios e não completamente exactos, de que são exemplo os mapas cognitivos. Este facto, embora parcialmente resultante de não ser considerado o
aspecto contingencial da especificação dos conceitos e relações representados, esbarra igualmente na falta de modelos de interacção entre objectos, especificamente orientados para o problema em causa. Uma vez definidos esses modelos, pode então
conceber-se uma plataforma de suporte à definição de dialectos de retorno, suficientemente expressivos e que se enquadrem nos princı́pios da manipulação directa, como
forma por excelência para a exploração dos mapas.
CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO
98
3.5 Sumário
Neste capı́tulo abordou-se a tecnologia que, segundo a perspectiva do trabalho
aqui documentado, pode influenciar a concepção de ferramentas de criação e análise
de mapas cognitivos, no âmbito das organizações. Começou por se apresentar um conjunto de conceitos e técnicas fundamentais, que se enquadram nas áreas consideradas
pertinentes aquando da análise do domı́nio de aplicação. Nesse contexto, revisitouse a cognição, agora enquanto actividade influente na boa utilização de ferramentas interactivas e descreveram-se algumas técnicas de representação, apresentação e
interacção, focando-se, esta última, sobre os aspectos da manipulação directa. Em posse destes conceitos, fez-se então uma análise das ferramentas disponı́veis, cobrindo as
diversas perspectivas de mapas cognitivos antes introduzidas. Alargando o horizonte
de estudo à tecnologia existente para a construç ão de ferramentas interactivas e de foro cognitivo, continuou-se então pela apreciação de meta-ferramentas e bibliotecas que
poderiam, de algum modo, colmatar algumas das falhas encontradas nas ferramentas
analisadas. Finalmente, discutiram-se as lacunas globais encontradas relativamente
aos requisitos impostos, que abrem o espaço ao desenvolvimento do trabalho desta
tese.
Suporte à expressão de
mapas cognitivos
O trabalho elaborado no âmbito desta dissertação pretende, antes de mais, oferecer um conjunto de conceitos e técnicas de representação, visualização, manipulação
e retorno, especificamente orientadas para lidar com mapas cognitivos. Este capı́tulo
debruçar-se-á sobre os aspectos relacionados com os dois primeiros temas, que englobam a expressão dos mapas, nesta tese particularmente focada sobre a sua vertente
visual em forma de diagrama.
Note-se, no entanto, que esta expressão visual fundamenta-se numa estrutura de
representação conceptual, que reflecte as caracterı́sticas e restrições impostas aos conceitos subjacentes, não necessariamente ligados aos atributos gráficos ou distribuições
espaciais. Como exemplo, tomem-se as variantes possı́veis de representação visual para uma mesma taxionomia, mapa causal ou de argumentação, discutidos no capı́tulo 2.
Só com base numa representação conceptual comum, se poderá então projectar, de
forma consistente, um conjunto de alternativas, eventualmente complementares, que
abarque diversas linguagens visuais gráficas (ou sob a forma de tabelas, ou até textuais). Finalmente, uma vez definidas as primitivas e caracterı́sticas dessas linguagens,
há que mostrá-las nos dispositivos computacionais, gerindo o espaço e a forma de
apresentação, de modo a facilitar a visualização e análise dos mapas construı́dos.
Os conceitos e as técnicas aqui propostos (Carriço & Guimarães, 1998c; Carriço
& Guimarães, 1998a), em conjunto com as disponibilizadas para a manipulação e retorno, foram concretizadas e incluı́das numa biblioteca, a que se chamou InCoMa acrónimo formado a partir da designação anglo-saxónica INteractive COgnitive MApping. A biblioteca e os conceitos que lhe estão subjacentes, foram posteriormente usa99
100
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
dos na concepção e construção de protótipos de ferramentas de exploração e análise de
mapas cognitivos, no âmbito de modelos organizacionais e de acordo com requisitos e
opções, anteriormente traçados.
O capı́tulo começará por abordar os elementos indispensáveis à representação dos
mapas cognitivos ao nı́vel conceptual e, posteriormente, ao nı́vel visual. Num e noutro
caso, dar-se-á particular atenção aos aspectos de flexibilidade e capacidade expressiva,
em que se inclui não só a grande variedade de formas que estes mapas podem assumir, mas também as caracterı́sticas de contingência e dinamismo, de que se reveste a
utilização destas representações. Leva-se ainda em linha de conta, o seu enquadramento com as técnicas de análise, particularmente as que decorrem da teoria dos grafos, e a
sua posterior articulação com os mecanismos de manipulação, desenvolvidos também
no âmbito deste trabalho. A especificação dos elementos de representação será feita,
sempre que se considerar oportuno, usando a notação associada à aproximação UML,
tal como é apresentada por Booch et al. (1998).
Uma vez feita a especificação dos mecanismos de representação, são explicados os
artefactos de apresentação, em especial aqueles concebidos para a facilitação da edição
e análise visual, pormenorizada e multifoco, de mapas que assumem proporções consideráveis. Antes de terminar o capı́tulo, abordam-se alguns aspectos da concretização
das técnicas apresentadas. Discutir-se-ão sucintamente as facetas de arquitectura e desenvolvimento, a partir dos sistemas que estiveram na sua origem.
4.1 Representação conceptual
Na descrição que se segue, tomar-se-á como exemplo ilustrativo de base, um
mapa cognitivo concreto resultante das actividades experimentais desenvolvidas no
âmbito do projecto MAPCOG - veja-se a descrição pormenorizada da experiência
por Carriço et al. (1998). O mapa, exibido na figura 4.1, expressa uma representação
do pensamento de um indivı́duo (e apenas deste), com o papel de vendedor, numa
negociação. Esta, envolvendo também um comprador, constitui um paradigma experimental simples, introduzido por Pruitt e frequentemente usado no estudo das tácticas
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
101
Figura 4.1: Um mapa cognitivo de um vendedor numa negociação.
de negociação - uma apresentação em pormenor deste paradigma pode ser vista no
livro de Jesuino (1992, p.52-54). Resumidamente, pode descrever-se a negociação do
seguinte modo:
Foi pedido aos negociadores para (num intervalo de tempo limitado) chegarem a um acordo em que fosse transaccionado um lote de produtos. Esse
lote seria obrigatoriamente constituı́do por uma categoria de cada um dos
três tipos de bens disponı́veis (designem-se aqui por X, Y, e Z). A cada categoria, identificada por uma letra de A até I, dentro de cada tipo de produto,
corresponde um valor de unidades de lucro. Vendedor e comprador, tendo
tabelas de lucros com o mesmo tipo de produtos e as mesmas categorias,
têm valores diferentes em cada uma delas. É possı́vel maximizar o lucro
de ambos os jogadores, num lote que corresponde a uma das diagonais da
tabela (
). Este facto, bem como a tabela do adversário, é desconhe-
cido pelos negociadores.
102
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Com base neste problema foram realizadas diversas experiências.
A partir
das de preparação, elaborou-se um conjunto de questionários, alguns baseados nas
aproximações de Kelly (veja-se o capı́tulo 2). Esses questionários têm como objectivo
perceber as estratégias delineadas pelos indivı́duos, antes da negociação, e divisar a
sua evolução, depois dela. Uma vez definidos, foram então apresentados aos intervenientes de cada uma das experiências subsequentes. As negociações em si mesmo,
fizeram-se por computador, utilizando um programa simples de comunicação textual por rede. Deste modo, foram registadas todas as trocas de informação entre os
negociadores. Analisadas as respostas e os registos de cada uma das experiências,
obtiveram-se mapas individuais, que foram sucessivamente comparados e compostos.
O mapa apresentado, resulta de uma sinopse de mapas de vendedores, que adoptaram
estratégias semelhantes à que se expressa.
4.1.1 Elementos de base
Tendo em conta os diversos tipos de mapa cognitivo, definiu-se um conjunto
de classes fundamentais, cujas instâncias são usadas na sua representação. Essas
instâncias serão genericamente designadas por elementos de base, estando patentes
no mapa da figura 4.1, numa das suas possı́veis formas visuais. As classes são:
Conceitos - simbolizam as variáveis envolvidas no pensamento (e.g. classes, crenças,
factos, opções, objectivos, argumentos). Na figura, são apresentados como elipses
contendo uma descrição sucinta do seu significado.
Associações - representam as relações entre os conceitos (e.g. equivalência, causa).
No mapa referente ao negociador, correspondem às linhas curvas ou segmentos
de recta (doravante referidos como arcos visuais, de diagrama ou simplesmente
arcos) terminados por uma seta (denotando causalidade) ou por dois cı́rculos
(relação não tipificada).
Contextos - o seu papel é agrupar um conjunto de conceitos, refinando o seu significado (e.g. conceitos do oponente, comunicação, privados). As três formas rectangulares (incluindo a exterior), que apresentam uma descrição textual sobre o canto
superior esquerdo, constituem representações visuais comuns de contextos.
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
103
Junções - representam formas de combinar associações. Podem definir operadores
entre associações (e.g. conjunção de associações causais) ou constituir, numa associação, pontos de ancoragem para outras (e.g. relações entre associações). No exemplo, um pequeno rectângulo em redor do carácter ’&’ denota uma
conjunção de relações causais.
As classes identificadas, apesar de constituı́rem um conjunto relativamente simples, permitem, através de processos de refinamento, ir de encontro aos requisitos especı́ficos de cada tipo de mapa. Esses processos originam novas classes de
representação (e.g. Tópico, Posição e Responde-a no IBIS, ou Constructo, Causa e Equivalência em mapas causais) e traduzem-se na parametrização dos elementos de base, conjugada com a definição de novas propriedades e o estabelecimento de
restrições que orientam a sua posterior utilização. Ressalve-se ainda, relativamente à
estrutura encontrada, que ela não forma necessariamente, nem o pretende, o conjunto
mı́nimo possı́vel de classes. Antes, identifica grupos de elementos com caracterı́sticas
comuns, que se manifestam de forma consistente nos vários tipos de mapa.
4.1.2 Grafos e dependências
A estrutura de representação introduzida, provém ainda da prossecução de dois
outros objectivos: o seu enquadramento nos componentes básicos de um grafo e o
estabelecimento de uma relação clara de dependências. O resultado apresenta-se resumidamente no diagrama de classes mostrado na figura 4.2. Relativamente ao primeiro
objectivo, tomou-se por princı́pio a classificação disjunta de nós e arcos, decorrente da
própria definição de grafo - veja-se a enunciação formal, por exemplo, nos trabalhos
de Paulo (1996). Mais ainda, optou-se por grafos em sentido estrito, em que os arcos
são simplesmente binários, i.e. cada um deles termina num par de nós, não necessariamente distintos. Estas escolhas permitem simplificar substancialmente a utilização
dos resultados da teoria dos grafos, nomeadamente as técnicas e os algoritmos que
lhe estão associados, e, na sequência, alguns pacotes computacionais existentes. Para
além disso, a sua projecção em diagramas torna-se bastante mais imediata (e.g. um
arco ternário teria que se decompor em três binários e um nó). Por fim, refira-se que
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
104
Figura 4.2: Uma perspectiva simplificada da taxionomia e da estrutura de dependências
dos elementos base usados na representação de mapas cognitivos.
a adopção da noção de contexto, ainda que não conste em estruturas grafo puras, não
contraria fortemente a sua adaptação. De facto, enquanto conceito, enquadra-se completamente na noção de grafo e, enquanto agregação de conceitos, pode facilmente
converter-se num conjunto de associações, entre o conceito que é e os que inclui. Por
outro lado, visualmente, tem uma representação, e conceptualmente, um significado,
com caracterı́sticas próprias no âmbito dos mapas cognitivos. Assim sendo, conceitos,
contextos, e junções são nós de um grafo, ao passo que as associações constituem
arcos.
O objectivo de simplificar a estrutura base de dependências, foi estabelecido, essencialmente, como forma de facilitar a gestão dos elementos, aquando da sua criação
e modificação em cada mapa. Por exemplo, é com base na noção de dependência que
a modificação de um elemento se propaga pelos outros que dele dependem. Noutro
sentido, é também com base nessa noção, que se desencoraja ou proı́be uma acção de
criação ou modificação de um elemento - porque essa acção contravém as restrições
que lhe são impostas por outros de que depende. Pode então dizer-se que:
dependência é uma relação entre elementos, em que a existência e as propriedades de um, o dependente, são determinadas, total ou parcialmente,
pela existência e propriedades de outro, o dominante.
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
105
A organização de dependências, tal como se mostra na figura 4.2, deriva directamente da própria definição das classes e do seu enquadramento nos mapas cognitivos. Numa primeira análise relativa à dependência existencial, pode afirmar-se que
as junções dependem das associações que combinam, as associações dos conceitos
que relacionam e os conceitos dos contextos em que se inserem. Neste último caso,
assume-se a existência de contextos, vulgar em mapas concretos, como abstracções que
se definem independentemente dos conceitos que a posteriori poderão incluir. Adoptase a perspectiva, igualmente pragmática, de que os mapas são sempre criados num
contexto (e portanto num elemento homónimo) que define o assunto em estudo (será
o caso do contexto denotado pelo rectângulo exterior, mostrado na figura 4.1).
Quanto à simplificação da rede de dependências, o facto de se terem definido as
junções como elementos distintos dos conceitos e de serem aquelas as únicas directamente dependentes das associações, permite localizar e portanto gerir mais facilmente, as restrições impostas à modificação dos elementos. É também esse o caso da
introdução de uma entidade abstracta, cuja classe se designa por NóRepresentante,
que, entre outros aspectos, permite libertar as junções do jugo directo dos contextos.
Este facto, não só contribui para simplificar o grafo de dependências, como também
vai de encontro ao padrão de utilização de junções, em mapas reais.
4.1.3 Mecanismos de tipificação e refinamento
A taxionomia apresentada na figura 4.2 forma, como se disse, uma bancada sobre a qual se podem construir novas classes de elementos. Na figura 4.3 mostramse os vários planos de representação e algumas das suas variantes, a saber: o plano
do InCoMa, o plano da linguagem e o plano dos mapas. No primeiro, são definidas as classes do sistema, anteriormente apresentadas (e.g. Conceito e Associação).
No segundo, transparecem as classes de representação especı́ficas às linguagens (e.g.
Tópico e Causa), i.e., é definida a sintaxe e semântica da linguagem. No último plano, são constituı́dos os mapas propriamente ditos como resultado da expressão de um
pensamento em particular (e.g. ”1. fazer acordo ...” no mapa da negociação).
Os três planos encadeiam-se através dos processos de refinamento e utilização. A
106
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.3: Planos de refinamento.
partir do InCoMa, são definidos os elementos das linguagens de representação (no plano da linguagem), normalmente tipificados, com propriedades e restrições especı́ficas.
Numa perspectiva de orientação para objectos, o processo de refinamento que lhes
dá origem, poderá seguir uma aproximação baseada em classes e herança (em baixo à esquerda, na figura), em protótipos e delegação (em cima à direita), ou mista veja-se a discussão destas aproximações, por exemplo, num trabalho anterior do autor (Carriço, 1991). É então possı́vel, por instanciação das classes ou duplicação dos
elementos definidos no plano da linguagem, a criação dos elementos que constituem
os mapas propriamente ditos, agora no plano dos mapas.
Por sua vez, a existência de contextos (de refinamento) e, em geral, de mapas taxionómicos, introduz também no plano dos mapas a noção de tipos, instâncias, propriedades e restrições. O processo, aliás, é em tudo semelhante ao de refinamento, que origina a transição entre o plano do sistema (InCoMa) e o da linguagem, com a diferença
que se verifica durante a própria actividade de criação dos mapas. Neste sentido, pode mesmo considerar-se a construção de uma linguagem de representação, como um
caso particular da de um mapa, i.e., um mapa taxionómico definido num determi-
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
107
Figura 4.4: Estruturas de suporte à tipificação e refinamento.
nado processo de refinamento no plano dos mapas, pode tornar-se a linguagem de
representação usada na criação de outros. A maleabilidade exigida pelo refinamento
no plano dos mapas, é ainda mais acentuada pela natureza exploratória da sua criação,
que inclui a necessidade de reclassificação, restruturaç ão e, em geral, evolução dos elementos nos mapas, sejam representações de instâncias, tipos ou contextos. A solução
passa, naturalmente, por manter em tempo de exploração (execução), informação facilmente modificável, sobre o tipo ou hierarquia de tipos, a constituição dos elementos
e o seu estado e a forma da rede de restrições que se aplica a cada um deles.
Todas as classes, antes mencionadas, herdam a funcionalidade definida numa outra, que proporciona mecanismos de tipificação e refinamento. Chamou-se-lhe Representante e está patente no diagrama da figura 4.4. Cada representante inclui uma
forma de identificação, unı́voca no mapa em que se insere, e um atributo ’plano’ que
indica o plano em que é definido. São ainda providenciados três mecanismos básicos
para a construção de novas categorias, acessı́veis de qualquer representante, tal como
se mostra no diagrama. São eles: um de tipificação, outro de definição de propriedades
e um de gestão de restrições. Os três mecanismos, aliás, enquadram-se naqueles que as
linguagens de programação oferecem para a definição e propagação de tipos, atributos
e componentes dinâmicos (no caso vertente as restrições), em novas estruturas.
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
108
4.1.3.1 Tipificação e definição de propriedades
A forma de tipificação traduz-se pela classe Tipo e inclui um ’qualificador’ e
uma ’identificação’. O primeiro indica se se trata de herança ou delegação e quais
as caracterı́sticas de visibilidade que lhe estão associadas (e.g. herança ou delegação,
pública ou privada). O segundo poderá conter simplesmente uma identificação de tipo (e.g. Tópico, Constructo e Causa) ou indicar um protótipo ou um objecto de
classe que contenha essa identificação. A sua forma de utilização dependerá da flexibilidade pretendida e da providenciada pela linguagem de programação adoptada1 . Tal
como se indica no diagrama, a estrutura fará parte de um representante, inserida numa colecção ordenada que pode, no conjunto, estabelecer uma hierarquia ou um grafo
de tipificação (no caso de herança ou delegação múltiplas).
A estrutura de propriedades apresentada na figura 4.4, integra um ’qualificador’ e uma ’identificação’ de cada propriedade no âmbito do representante
em que é definida. Agrega ainda um ’tipo’ genérico que a caracterize e estabeleça
parâmetros comuns de acesso ao seu ’valor’. O ’qualificador’ denota as caracterı́sticas da propriedade relativamente à estrutura de tipificação em que se insere o
representante: identifica a forma como a propriedade se propaga pelas instâncias (ou
réplicas) do representante (e.g. propriedade partilhada, duplicada nas instâncias ou
revogada em classes ou protótipos derivados); a sua visibilidade no objecto ou nos que
a partir dele podem ser criados (e.g. privada, pública); o plano em que foi definida
(i.e. na linguagem ou localmente no mapa); e a possibilidade da sua alteração (e.g.
constante, variável). A ordenação da colecção de propriedades, permite gerir mais facilmente a sua redefinição em protótipos ou classes derivadas (e.g. de pública numa
classe, para privada na subclasse). Como exemplos de propriedades aponte-se, no plano da linguagem, as variantes de relações causais (e.g. positiva, negativa), e no plano
dos mapas, as ligações que cada representante pode ter para informação documental
que o sustente.
1
No caso da concretização disponı́vel do InCoMa, utilizou-se o C++, uma linguagem relativamente rı́gida, optando-se por isso por uma aproximação que recorre a objectos de classe, suportada pelo
sistema.
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
109
4.1.3.2 Restrições
Aos representantes é ainda possı́vel associar um conjunto de restrições, cuja
versão base se mostra na figura 4.4. Na classe Restrição incluiu-se um ’qualificador’ e uma ’identificação’ com papéis idênticos aos que assumem na classe
Propriedade. A cada restrição associou-se também uma ’prioridade’ e um ’estado’. A primeira permite resolver conflitos entre restrições ou entre a restrição e uma
acção que a contravém. O ’estado’ indica se a restrição se encontra ou não resolvida
(ou a que ”distância”da resolução) e se está ou não activa. Como exemplo de restrições, tomem-se as impostas aos conceitos que constituem objectivos de uma estratégia
e que, num mapa causal, são considerados indispensáveis e normalmente terminais
(i.e. sem ligações que deles partam) - é o caso do conceito ’1. fazer acordo...’, do mapa
da figura 4.1. Os seus representantes deverão incluir uma estrutura de restrições, que
iniba a sua remoção e desencoraje (com um valor razoável para a ’prioridade’) a sua
associação a outros conceitos, como causa.
As restrições traduzem essencialmente uma relação entre representantes, que
define como é que as caracterı́sticas de um,
são influenciadas pelas de outro. Tratase pois de um mecanismo genérico de estabelecer dependências entre representantes, para além das que são intrı́nsecas à
própria constituição dos elementos. Sobre
cada restrição é possı́vel saber o representante sobre a qual se impõe - o elemento
Figura 4.5: Restrições e dependências.
dependente - e aqueles que a impõem - os
elementos dominantes - denotados na figura 4.5, pelas respectivas associações (UML).
Estabelece-se então que:
uma restrição define uma relação de dependência entre representantes;
para que uma restrição esteja activa terá que referir pelo menos um dependente
e um dominante;
110
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
uma restrição aplica-se no máximo a um dependente, mas pode ter mais do que
um dominante.
É ainda de notar que, para uma restrição, o representante que a define não terá que
coincidir, necessariamente, com o seu dependente ou com um dos dominantes. Será
esse o caso dos representantes que definem tipos (classes, ou contextos).
Nas restrições surge também uma referência ao ’aspecto coagido’ e na sua
ligação com cada dominante a indicação do ’aspecto coactor’:
um aspecto (feature) refere a caracterı́stica de um representante que está
envolvida numa dependência e pode indicar uma operação (e.g. criação,
eliminação, contextuação), um tipo ou um atributo (ou propriedade).
Na prática, permitem especificar (e posteriormente gerir) a operação, tipo ou propriedade, cuja invocação ou alteração no dominante, determina a invocação ou alteração
do correspondente aspecto, no dependente. Esta pormenorização da relação de dependência permite mesmo relacionar aspectos do mesmo elemento:
um representante pode ser simultaneamente dominante e dependente.
A restrição propriamente dita, é uma regra (função) que especifica a forma como essa
dependência se transmite dos aspectos dominantes, para o dependente. Tal como se
indica na figura, são providenciadas duas operações básicas: uma que resolve a restrição, normalmente disparada pela invocação ou alteração de um aspecto dominante;
e outra que determina se a coacção imposta é ou não violada e com que gravidade.
4.1.4 Caracterı́sticas comuns
De acordo com as caracterı́sticas gerais dos mapas cognitivos e com a taxionomia
de base introduzida, foi identificado um conjunto de atributos, comum a todos os elementos de representação conceptual. Uma especificação simplificada da classe que os
inclui, designada por RepConceptual e herdando os mecanismos de tipificação e refinamento antes apresentados, mostra-se no diagrama da figura 4.6. Cada instância, um
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
111
Figura 4.6: Estrutura comum aos elementos de representação conceptual.
representante conceptual (também referido simplesmente como representante nesta
secção), faz parte de um único mapa e abarca dois subconjuntos de atributos: um referente aos estádios da sua evolução e outro relativo à sua explanação, nomeadamente à
opinião de quem o especificou.
No primeiro subconjunto, o atributo ’ordem de criação’ regista a sequência de
criação dos elementos no mapa. O ’estado’ é usado normalmente no sentido contrário, para indicar a sua remoção quando, ainda assim, se lhe pretenda manter o
rasto. Como exemplos, refiram-se os casos da eliminação de representantes, a sua
inclusão noutros mais abrangentes ou a sua separação em representantes mais especı́ficos (veja-se em 2.3.3, as considerações tecidas sobre a utilização da Análise de Correntes). Nestes casos, o ’estado’ é constituı́do por uma colecção de atributos que indicam a situação corrente do representante e os elementos em que se transformou (ou
de que evolui, no sentido inverso). Estes, em conjunto com a ’ordem de criação’,
permitem manter a história de evolução dos mapas.
Relativamente à representação das convicções do utilizador refira-se a ’importância’ e a ’confiança’. Ambas constituem uma forma de quantificação, normalmente
simples, da importância dada ou da certeza tida por um indivı́duo na especificação
do elemento. Esta quantificação pode decorrer de uma declaração verbal difusa (e.g.
muito, pouco, mais ou menos) ou de métodos mais formais, como sejam, no primeiro
caso, um processo de inventariação e no segundo, a sua classificação numa dimensão
adequada de uma grelha de repertório. No mapa da figura 4.1, por exemplo, a largura traço está associada ao nı́vel de ’importância’, enquanto que o seu padrão (traço
contı́nuo ou interrompido) reflecte o grau de ’confiança’. Vejam-se os conceitos e as
associações sobre o lado esquerdo da figura, aos quais o negociador atribuiu maior re-
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
112
levância, e as associações a traço interrompido sobre o lado direito (entre os conceitos
13 e 9 e 10), denotando falta de confiança na asserção causal.
4.1.5 Conceitos
Na estrutura relativa aos conceitos, representada pela
classe Conceito (figura 4.7), está presente uma relação de
ordem especı́fica (’ordem-local’) e uma descrição textuFigura 4.7: Estrutura
de um conceito.
al (’descrição’). O primeiro atributo espelha a primazia que estes elementos têm nos mapas cognitivos. Não é
possı́vel traçar um mapa cognitivo sem conceitos e a sua
ordem criação é vulgarmente usada, de forma directa, nas suas representações visuais
(gráficas e tabulares). Esta ordem pode manifestar-se independentemente do tipo de
conceito ou reiniciar-se nas instâncias de cada classe (e.g. no IBIS poder-se-ia ter: 1o
tópico, 2o tópico, ..., 1o argumento, 2o argumento,...). A descrição textual, também normalmente patente nas representações visuais, em particular nas versões menos formais
dos mapas, constitui uma explicação, tipicamente curta, do conceito representado. De
acordo com as recomendações que decorrem das teorias de Kelly, será possı́vel, naquele atributo, incluir a descrição do conceito e o seu oposto.
No mapa cognitivo do negociador (figura 4.1), ambos os atributos estão projectados.
O primeiro corresponde ao número sobre o topo esquerdo da elipse.
A
’descrição’ aparece dentro daquela forma geométrica. Note-se ainda que em alguns
conceitos (identificados com os números 1, 4, 5, 6, 8) se expõe, na descrição textual, o
oposto como forma de clarificar a sua explicação.
4.1.6 Contextos
As instâncias da classe Contexto têm, primeiramente, o papel de agrupar conceitos.
A associação (em termos da UML) apresentada no diagrama da figura 4.8, cuja classe
se designou Contextuação, simboliza esse papel e determina que:
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
113
Figura 4.8: Estrutura dos contextos e relação com os conceitos.
um contexto pode agrupar zero ou mais conceitos;
um conceito pode ser incluı́do em mais do que um contexto.
Impõe ainda uma restrição de existência, também inclusa na noção de dependência
antes mencionada, que estabelece que:
um conceito está obrigatoriamente incluı́do num contexto.
Note-se ainda, a presença dos atributos relativos à convicção do indivı́duo, na especificação da contextuação - ’importância’ e ’confiança’.
A definição dos contextos, como um caso particular de conceitos (veja-se a
generalização no diagrama), trás consigo alguns pontos que é necessário relevar. Em
primeiro lugar, refira-se que a capacidade de serem relacionados por associações, se
estende não só a associações entre contextos, mas também à sua relação possı́vel com
conceitos simples. Por outro lado, aponte-se que a possibilidade de encadeamento de
contextos, não toma, obrigatoriamente, uma forma hierárquica estrita:
um contexto pode ser incluı́do em mais do que um contexto.
Ambos os pontos são requeridos, parcialmente ou na totalidade, em diversos tipos de
mapa cognitivo, desde as versões informais, como será o caso do mapa negocial da figura 4.1, até a versões de redes semânticas, de que são exemplos os Grafos Conceptuais
(veja-se a representação visual de uma destas redes na figura 2.15). Refira-se também
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
114
a utilização corrente da ’descrição’ e da ’ordem local’ nas representações visuais
dos contextos - uma e outra patentes no mapa cognitivo do vendedor2 .
Relativamente ao impacto da relação de generalização salvaguardem-se dois casos
extremos. O primeiro resulta do facto de que cada contexto, como conceito que é, se
dever incluir obrigatoriamente noutro contexto. O segundo prende-se com a possibilidade dos contextos criarem ciclos de contextuação (i.e. o contexto A, inclui o contexto
B, que por sua vez inclui o A). As situações são resolvidas pela revogação de uma
restrição e pela imposição de outras duas, a saber:
os contextos não têm que ser obrigatoriamente contextuados, designando-se,
no caso de não o serem, contextos de topo;
deve existir pelo menos um contexto de topo, podendo haver mais do que um;
os contextos não podem fazer parte de ciclos fechados de contextuação.
4.1.6.1 Tipificação e refinamento com contextos
No seu papel de refinar o significado de um grupo de conceitos, os contextos podem incluir um conjunto de propriedades e restrições, contendo imposições de tipo,
que se aplicam aos elementos que agrupam, ao invés de se usarem sobre o próprio
contexto. Esse conjunto é definido no âmbito dos mecanismos genéricos de refinamento, atrás expostos, sendo identificados por um ’qualificador’ especı́fico. Em cada
operação de contextuação (contextua()) de um conceito, invocada sobre um contexto,
essas propriedades e restrições são verificadas (podeContextuar()), duplicadas e ministradas sobre esse conceito. Assim, aquando da tentativa de inclusão de um conceito
num contexto:
um contexto pode recusar a contextuação do conceito;
um contexto pode substituir ou refinar o tipo do conceito;
um contexto pode definir novas propriedades ou refinar as caracterı́sticas das
já existentes no conceito (e.g. alterar o ’qualificador’, atribuir um ’valor’);
2
Como curiosidade, note-se que os contextos não externos (14 e 15) aparecem a posteriori, como reflexo da estruturação do pensamento do indivı́duo.
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
115
um contexto pode estabelecer novas restrições sobre o conceito ou reformular
restrições antigas.
Tal como se apresenta, a contextuação de conceitos constitui um dos mecanismos
de propagação de tipos, propriedades e restrições, em tudo semelhante à que ocorre
nos de tipificação definidos no plano da linguagem. O facto de um conceito poder
ser agrupado em mais do que um contexto, levanta, aliás, um problema de coerência
semelhante ao da herança múltipla, já que as condições impostas pelos diversos contextos podem ser incompatı́veis. A eliminação das ambiguidades será feita recorrendo
aos mecanismos de qualificação (’qualificador’ e ordenação), disponı́veis nas estruturas de extensão, e validada na operação de contextuação.
4.1.7 Associações
Na classe que modela as associações, mostrada no diagrama
da figura 4.9, sublinhe-se o atributo de ’orientação’ e o conjunto de
ligações ordenadas. O atributo permite flexibilizar essa ordenação, in-
Figura 4.9: Estrutura das associações.
dicando se ela é ou não relevante na representação, e o seu valor é normalmente determinado pelo tipo especı́fico da associação. Tome-se como exemplo, os refinamentos
desta classe que pretendam representar relações causais (neste caso orientadas) ou de
equivalência (não orientadas).
O processo de refinamento é particularmente importante no caso das associações.
De facto, a grande maioria das linguagens de expressão de mapas cognitivos assenta
sobre o tipo e a semântica das associações que oferece. Assim, por exemplo, associações do tipo Subsunção (IsA), FazParteDe ou OpostoA estão normalmente presentes em mapas taxionómicos. Já nos mapas causais, como será o caso da figura 4.1,
são comuns associações do tipo Causa, EquivaleA ou, numa asserção mais livre,
RelacionadoCom. Finalmente, nos mapas argumentativos, os tipos das associações
estão estritamente ligados com os esquemas adoptados.
116
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Cada um destes tipos, por sua vez, define caracterı́sticas e introduz propriedades
e restrições que lhe são especı́ficas. Veja-se o caso da ’orientação’, antes referido,
ou das regras de ligação entre conceitos, impostas pelos esquemas de argumentação,
a traduzir por restrições. No IBIS, por exemplo, as associações do tipo Suporta
só poderão ser traçadas entre posições e argumentos, e sempre orientadas nesse
sentido. Não tão peremptórias (i.e. com ’prioridade’ mais baixa), serão as restrições que apenas encorajam ou desencorajam a existência de uma nova associação.
Por exemplo, podem ser desencorajadas, uma relação de equivalência, entre conceitos
de categorias diferentes, ou duas relações causais com sentidos contrários, entre os
mesmos conceitos (vejam-se as considerações tecidas sobre a Análise de Correntes).
Quanto às propriedades, considere-se o exemplo das relações causais, em que pode
surgir a forma (e.g. positiva, negativa, não positiva) e a amplitude da influência (por
vezes representada pela importância).
Relativamente ao enquadramento das associações nas estruturas grafo, antes
mencionado e parcialmente patente na multiplicidade atribuı́da à noção designada relaciona (na figura 4.9), apontem-se as seguintes imposições que dele decorrem:
as associações relacionam dois e só dois representantes;
nenhum dos extremos de uma associação pode ser uma associação.
Estas imposições levantam alguns problemas à representação directa de noções presentes em alguns tipos de mapa cognitivo. Será o caso das relações de ordem superior
a dois (normalmente ternárias) e a existência de associações que terminam noutras
associações. O segundo caso surge, por exemplo, no esquema original de Toulmin
(veja-se a figura 4.10) - embora seja contornado nas variações definidas posteriormente. Ambas as situações surgem em algumas formas de rede semântica, nomeadamente
nos Grafos Conceptuais. No caso do InCoMa, a solução passa pela noção de junção.
4.1.8 Junções
A representação de associações de ordem superior a dois será feita por conjunto
de associações binárias (dominantes), combinadas através de uma junção (dependen-
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
117
Figura 4.10: Os elementos de representação conceptual do esquema de Toulmin.
te). Veja-se o caso da associação que denota a relação ’entre’, normalmente usada
como exemplo de uma relação ternária e suportada em alguns tipos de rede semântica.
No InCoMa poderá ser representada por duas associações binárias, que simbolizam
uma relação de ordem (e.g. MenorQue e MaiorQue), e uma junção que traduz a sua
conjunção (e.g. semelhante à definida no mapa do negociador da figura 4.1). No seu
papel complementar, as junções dão a possibilidade de estabelecer associações entre
associações. Neste caso, constituem-se como âncoras, que se vinculam a uma associação, de que passarão a depender. Por outro lado, como nós-representante que
são, podem então constituir términos de outras associações, que dominarão. Por
exemplo, para a criação da representação conceptual do esquema de Toulmin, exposta na figura 4.10, definem-se duas subclasses de Junção - ÂncoraDeAbonação
e ÂncoraDeRefutação - cujas restrições de existência as fazem depender exclusivamente das associações do tipo EntãoPorCerto. Sobre as associações do tipo
JáQue e AmenosQue, definem-se restrições, também de existência, que impõem a sua
terminação apenas naquele tipo de junção.
Sobre as junções e a sua articulação com as associações deve então relevar-se o
seguinte (expresso aliás no diagrama de classes apresentado na figura 4.11):
uma associação pode relacionar junções com junções ou com conceitos;
uma junção combina pelo menos uma associação, podendo combinar mais do
que uma;
118
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.11: Estrutura das junções.
uma junção é sempre dependente das associações que combina, mas pode ser
dominante de outras (zero ou mais);
não existem dependências directas entre junções e conceitos ou contextos.
As dependências estabelecidas entre as junções e as associações, particularmente as
que se referem à sua existência, estão ligadas à relação combina, mas também à relaciona e à generalização, representadas na figura. Sobre o ciclo formado por estas relações,
impõe-se a seguinte condição, relativa às ligações (UML):
não podem existir ciclos fechados de dependência entre junções e associações.
Finalmente, assinale-se ainda a ausência de atributos relevantes nas junções e nos nósrepresentante, que, no primeiro caso, poderão ser introduzidos pelas linguagens especı́ficas de representação.
4.1.9 Taxionomias
A figura 4.12 mostra a hierarquia das classes fundamentais de representação conceptual providenciadas no núcleo do InCoMa. Para além das anteriormente descritas
estão patentes a Subsunção e a ÂncoraDeTipo, directamente relacionadas com os mapas taxionómicos:
Subsunções - são associações, orientadas, que denotam que o conceito ou junção de
onde partem, é um caso particular do outro nó-representante onde terminam.
São por vezes designadas relações IsA.
4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL
119
Figura 4.12: Taxionomia dos elementos de representação conceptual do InCoMa
Âncoras de tipo - são junções que permitem aplicar subsunções entre associações.
A sua semântica particular, indispensável à definição de taxionomias, determina a sua
inclusão no núcleo do sistema.
Em termos práticos, as subsunções funcionam de modo semelhante aos contextos: utilizada de um nó-representante ’B’, particular, para um nó-representante ’A’,
geral, aplica as propriedades e restrições definidas por ’A’, a ’B’. Como forma de facilitar a sua utilização, as subsunções podem ser usadas directamente no modo de
delegação ou, mais especificamente, no de herança ou de instanciação. O modo usado
na subsunção em conjunção com os qualificadores especificados para os atributos do
nó-representante mais geral, determinam a sua propagação para o nó-representante
particular. As âncoras-de-tipo, por sua vez, canalizam essa propagação para as associações em que estão ancoradas.
120
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
4.2 Representação Visual
Uma vez definido o suporte para a representação conceptual dos mapas cognitivos,
pode agora especificar-se a aproximação tomada para alicerçar a sua representação visual, i.e. para permitir a definição de notações que correspondam às linguagens visuais
que assumem. A este nı́vel, as preocupações situam-se, essencialmente, em redor dos
aspectos gráficos e espaciais e, não menos importante, da sua articulação com a correspondente contrapartida conceptual. Neste ponto, aliás, é de salientar desde já que,
para uma dada representação conceptual, pode sempre existir mais do que uma visual. Cada uma destas, por sua vez, manifesta normalmente uma linguagem visual
distinta. Por exemplo, para expressar uma taxionomia podem usar-se diagramas de
Venn ou árvores hierárquicas, partindo de uma estrutura de conceitos idêntica. Por
outro lado, uma argumentação de acordo com o esquema de Toulmin, pode ser sempre enunciada em qualquer das linguagens visuais que lhe estão associadas (i.e. a
original e as derivadas), obtendo igualmente estruturas de conceitos comuns, a partir
de disposições e atributos visuais, eventualmente distintos. É também o caso, mais
dı́spar, das representações gráficas dos mapas causais, em forma de diagrama, e das
suas correspondentes matrizes. Esta variedade de existência e mesmo necessidade de
coexistência (numa mesma ferramenta) de várias formas de representação visual de
um mapa, foi exposta ao longo do capı́tulo 2.
A figura 4.13 ilustra a multiplicidade de expressões visuais sobre o mapa causal do
negociador apresentado anteriormente (já mostrado como uma representação visual).
No nı́vel conceptual (em baixo), simbolizam-se as estruturas correspondentes aos representantes conceptuais especificados no capı́tulo anterior. No nı́vel visual (acima)
mostram-se duas representações visuais, correspondentes a duas categorias comuns
neste tipo de mapas: em forma de diagrama (à esquerda) e tabular (à direita). A primeira corresponde à anteriormente exibida na figura 4.1, usando elipses, rectângulos,
arcos dirigidos e texto para denotar a informação inerente aos diferentes tipos de elementos. Naturalmente, outras representações visuais em diagrama são possı́veis (e.g.
os contextos denotados como marcas pictóricas sobre os conceitos, ou diferenciação
de tipos de conceitos através de formas geométricas distintas). A segunda, dispõe os
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
121
Figura 4.13: Nı́veis de representação.
números de ’ordem local’ dos conceitos sobre a linha e a coluna de cabeçalho da
tabela. Os valores da matriz correspondem ao peso da associação causal (positiva ou
negativa) entre cada par de conceitos simples (que não sejam também contextos). Pelos
desafios que coloca, em termos de interacção pessoa-máquina, e pela sua divulgação
nas aplicações dos mapas cognitivos, é a primeira categoria de representações visuais
que constitui a preocupação central do trabalho aqui apresentado.
4.2.1 Elementos de base
Os elementos de representação visual formam uma hierarquia de classes, com algumas caracterı́sticas semelhantes às apontadas para a representação conceptual. A
figura 4.14 mostra essa hierarquia. De notar, a utilização da classe Representante co-
122
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.14: Hierarquia dos elementos de base para a representação visual.
mo base de RepVisual, o que também proporciona aos elementos visuais, a flexibilidade e as capacidades de refinamento antes mencionadas, e a existência de classes
distintas, correspondentes aos componentes de diagramas baseados em grafos (i.e. arcos e nós visuais), neste caso como forma de suportar a fácil adaptação de algoritmos
de distribuição espacial, em grande medida orientados para este tipo de diagramas.
Mencione-se ainda a existência de uma classe MapaVisual, representativa da expressão
visual dos mapas em que se agregam os seus representantes visuais. Cada um deles
faz parte de um só mapa visual.
Como caracterı́sticas particulares refira-se, como se deixou antever, que um representante visual é, para além de um representante, uma forma geométrica (e.g. elipse,
conjunto de segmentos de recta), com atributos gráficos especı́ficos (e.g. cores, padrões, tipos de letra) - designam-se genericamente por formas gráficas e denotam-se
na figura pela classe FormaGráfica. Relativamente aos outros elementos concretos,
identificaram-se as seguintes categorias de base, em função da sua articulação visual
com os restantes e em consequência das caracterı́sticas gráficas tipicamente atribuı́das
aos representantes conceptuais, antes introduzidos:
Nós visuais - constituem os elementos de um diagrama, passı́veis de serem liga-
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
123
dos por arcos visuais. São usados na representação de conceitos e junções,
distinguindo-se essencialmente na forma e atributos gráficos usados (e.g. tamanho) e nas caracterı́sticas do nı́vel conceptual que transparecem na representação
visual (e.g. para os conceitos é normalmente visı́vel a descrição textual especı́fica
de cada um, no caso das junções é codificado visualmente o seu tipo, comum a
todas as junções do mesmo - ’&’ na figura 4.1 do mapa da negociação).
Arcos visuais - são formas geométricas definidas entre um ponto de inı́cio e um de
fim, estabelecidos por dois nós visuais. Na sua forma mais simples, os arcos visuais são segmentos de recta ou linhas curvas abertas, sendo tipicamente decoradas
por terminações (e.g. setas, cı́rculos) e acompanhadas por etiquetas (pictóricas ou
textuais), que em conjunto denotam o seu tipo. Este é normalmente decorrente
do tipo da associação a que o arco visual corresponde. Os nós visuais, entre os
quais se estabelece esse arco visual, constituirão os nós-representante relacionados pela associação.
Contentores - são também nós visuais, mas têm a particularidade de definir regiões
delimitadas do espaço, que podem conter outros nós visuais. A sua forma mais
comum (e mais simples de gerir) é a rectangular. Os elementos conceptuais que
lhe correspondem são os contextos, sendo vinculada a inclusão espacial, de um
nó visual na região definida pelo contentor, à inclusão conceptual, do devido
conceito (se de conceito se tratar) no respectivo contexto.
Aos contextos, por serem também conceitos, é possı́vel fazer corresponder nós
visuais simples, que não admitem outros nós visuais como conteúdo. Neste caso os
conceitos agrupados no contexto não são representados. Para além disso, os arcos visuais, correspondentes às associações entre os conceitos não incluı́dos e os incluı́dos
no contexto, serão desenhados entre as representações visuais dos primeiros e o representante visual do próprio contexto. Em linguagens visuais especı́ficas, que permitam
esta atribuição de nós visuais simples aos contextos, estes podem funcionar como um
mecanismo de suporte à apresentação por hierarquização. Na figura 4.15 mostra-se o
mapa da negociação, em que os contextos internos foram graficamente representados
por um nó visual simples, com uma forma rectangular ovalada.
124
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.15: Forma sinóptica de representação visual de contextos.
4.2.2 Articulação com a representação conceptual
Ao pretender-se separar o nı́vel visual da representação do conceptual, aumentando pois a flexibilidade do sistema, houve que providenciar mecanismos capazes de
manter a coerência entre cada elemento visual e a sua abstracção conceptual. Em grande parte, esse mecanismo baseia-se, mais uma vez, nas restrições e na capacidade de
verificação e resolução automática de desvios às condicionantes por elas impostas. A
figura 4.16 apresenta um modelo simplificado da articulação entre os representantes
visuais e as suas contrapartidas conceptuais.
A necessidade de coerência entre representantes manifesta-se primeiramente, em
termos das condicionantes impostas à criação dos elementos. Em última instância, a
existência de um representante visual deverá estar dependente da criação do representante conceptual que lhe corresponde. Tal como é indicado na figura, esta condição
traduz-se na multiplicidade da associação (UML) denota, que estabelece que:
um representante visual tem obrigatoriamente associado (denota), um representante conceptual.
Deste modo, as restrições impostas, no plano da linguagem ou no plano dos mapas
(por contextos ou taxionomias), à criação de representantes conceptuais repercutemse de imediato nos correspondentes representantes visuais:
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
125
Figura 4.16: Tradução de aspectos da representação conceptual para visual.
a criação de um representante visual é condicionada pelas restrições impostas
à criação de um representante conceptual;
se um representante conceptual é eliminado, o correspondente representante
visual também o será.
Se relativamente à criação, a correspondência se traduz praticamente de forma
directa, já em termos da modificação dos representantes, a situação é diferente. Esta diferença resulta da variedade de codificações gráficas que podem ser estabelecidas por diferentes linguagens de representação visual, ou mesmo pela ausência de
codificação. Por exemplo, se numa linguagem visual a espessura do traço (no representante visual) traduz a ’importância’ dada a um elemento (no representante conceptual), noutra linguagem o mesmo atributo gráfico pode não ter correspondência.
No primeiro caso, a alteração do traço deverá ser condicionada pelas restrições, do
nı́vel conceptual, impostas à alteração dessa ’importância’. Mais ainda, qualquer
alteração deste atributo, deverá repercutir-se na espessura do traço do correspondente
representante visual. No segundo caso, as modificações são independentes.
Esta tradução, entre aspectos conceptuais e visuais, terá que ser explı́cita, definida no plano da linguagem (ou nos elementos equivalentes do plano dos mapas),
ao nı́vel da representação visual. No sistema proposto, exprime-se na atribuição de
instâncias da classe Tradução (ver figura 4.16), aos representantes visuais. A sua particularidade, em comparação com o sistema genérico de restrições, está em permitir
126
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
apenas como dominante um representante conceptual e como dependente um representante visual. Em relação à sua aplicação e repercussão pode dizer-se que:
se um aspecto (tipo, atributo ou operação) de um representante conceptual
tem uma representação visual atribuı́da (numa linguagem visual), então o aspecto usado no correspondente representante visual tem obrigatoriamente associado
uma tradução, cujo aspecto dominante é o do representante conceptual;
a alteração (ou invocação) de um aspecto de um representante visual nestas
condições, obedece às restrições impostas ao aspecto correspondente do representante conceptual;
a alteração (ou invocação) de um aspecto de um representante conceptual
repercutir-se-á no correspondente aspecto do seu representante visual.
Este encadeamento de restrições ou, no caso, de traduções e restrições, é tratado pelos
mecanismos de resolução de restrições e, em particular, pelo proposto.
O facto das traduções poderem ser aplicadas selectivamente, permite definir linguagens visuais focadas sobre facetas particulares dos mapas. Desse modo, podem
funcionar como filtros de apresentação. As facetas não apresentadas, podem ser expressas em linguagens alternativas e coexistentes numa ferramenta, ou usando formas
de interacção diferentes (e.g. formulários, menus).
No que respeita à remoção de representantes visuais, a situação é em parte semelhante ao que foi dito para a modificação. De facto, em geral, a existência de um representante visual não é obrigatoriamente exigida pela existência do seu correspondente
abstracto. Quer isto dizer que a sua remoção (do representante visual) não terá, em
princı́pio, restrições de ordem semântica. No entanto, se uma linguagem visual particular assim o determinar, então as restrições que impõem a existência do representante conceptual, devem repercutir-se no seu correspondente visual. Na especificação da
linguagem visual essa determinação é, na prática, feita como para a modificação, com
repercussões semelhantes:
se existir uma relação entre a remoção de representantes visuais e conceptuais,
então ao aspecto ’remoção’ do visual será imposta uma restrição, cujo dominante é aspecto ’remoção’ do correspondente representante conceptual.
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
127
4.2.3 Mecanismos de tipificação e refinamento
Os mecanismos de verificação e resolução de restrições são usados, como se
viu, para a manutenção da coerência entre as representações de ambos os nı́veis e,
em particular, para trazer à representação visual, caracterı́sticas sintácticas e mesmo
recomendações semânticas definidas no nı́vel conceptual. Todavia, esses mecanismos
(e em geral os de tipificação e refinamento dos representantes visuais) não se confinam
a esse objectivo. Tal como na sua contrapartida conceptual, cada linguagem visual requer, normalmente, a definição de tipos, propriedades e restrições especı́ficos. Estes
podem ser usados em aspectos estéticos ou, no caso das restrições, na definição de regras que facilitem a percepção e análise dos mapas. Por exemplo, podem a este nı́vel,
ser definidas restrições de não sobreposição de conceitos, através de grelhas ou mecanismos de distribuição espacial, que assim ficam ligados à própria linguagem visual.
Em particular, as restrições aplicam-se também como forma de ajustar as definidas ao nı́vel conceptual, às caracterı́sticas espaciais destas linguagens e são, essencialmente, condicionantes geométricas entre elementos de representação visual. Por
exemplo, para as restrições conceptuais associadas ao esquema de Toulmin (mencionadas na página 117), definiram-se dois tipos de junção, ÂncoraDeAbonação e
ÂncoraDeRefutação. Sobre elas impôs-se uma restrição que só permite a sua criação
sobre associações do tipo EntãoPorCerto. Visualmente, no entanto, há ainda que
impor que os nós visuais, correspondentes ao primeiro tipo de junção, deverão estar geometricamente mais próximos dos que simbolizam os conceitos do tipo Datum. Ao contrário, os correspondentes às instâncias de ÂncoraDeRefutação deverse-ão aproximar das Afirmações. Alternativamente poder-se-á definir restrições
que estabeleçam pontos fixos ou distâncias relativas. Em qualquer dos casos, essas
condições constituem refinamentos à restrição inicial, com o intuito de a adaptar às
caracterı́sticas particulares da sua expressão visual.
4.2.3.1 Composição de formas gráficas
Ainda relativamente aos mecanismos de refinamento refira-se, tal como se mostra na figura 4.17, a sua utilização no âmbito da definição de formas gráficas, como
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
128
especialização de Representante. Esta opção, permite colmatar a necessidade de compor formas geométricas, por vezes complexas e especı́ficas a cada linguagem visual associada aos mapas. É particularmente interessante na definição do comportamento das
formas geométricas compostas, de cada representante visual, em resposta à redefinição
do seu tamanho.
Como exemplo, tomem-se os próprios
arcos visuais, tal como são disponibilizados
no InCoMa. A sua forma gráfica é constituı́da por uma linha aberta (composta por
segmentos rectos ou curvos), definida entre
dois pontos, de outros tantos nós visuais. A
essa linha podem ser agregados três adornos: duas formas gráficas terminais e uma
equidistante dos extremos. Sendo especificados, é-lhes imposta uma restrição corres-
Figura 4.17: Composição de formas
gráficas.
pondente, predefinida, que os mantém no local adequado relativamente à linha aberta.
As restrições propriamente ditas - funções - são relativamente simples. Veja-se o caso
das formas gráficas terminais, às quais é imposto que o seu extremo coincida com um
dos extremos da linha aberta. Quando um dos nós visuais é movido, o mecanismo
de resolução de restrições é desencadeado na seguinte sequência: (1) a restrição que
coloca nó visual no fim do arco visual é estimulada, tendo normalmente, como consequência, o redimensionamento do arco; (2) o redimensionamento do arco visual, por
sua vez, desperta as restrições relativas aos adornos, originando o seu posicionamento
e orientação, de modo a que as condicionantes geométricas se mantenham.
4.2.4 O factor espacial
Na utilização de linguagens visuais como forma de representação, o factor espacial tem necessariamente um papel fundamental. A utilização do posicionamento e
tamanho, absoluto ou relativo, dos representantes visuais permite, nalgumas linguagens, expressar relevância e mesmo categorização (e.g. nos mapas taxionómicos), ou
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
129
simplesmente estabelecer condições que facilitem a sua percepção por parte de quem
as usa. Estas caracterı́sticas, em geral, são estabelecidas na definição de cada linguagem visual em particular. No entanto, alguns pontos devem ser analisados em mais
pormenor, tendo em conta as considerações tecidas sobre a semântica associada aos
contentores e à sua articulação com os contextos.
O paralelo traçado entre a inclusão de um conceito num contexto e o encerramento
de um nó visual na região definida pelo contentor, conduz às seguintes afirmações
sobre os conceitos e os nós visuais que os denotam:
um conceito, representado por um nó visual que esteja encerrado na região de
um contentor, fica sujeito aos refinamentos de contextuação definidos pelo contexto que esse contentor simboliza;
um nó visual, para além de reflectir as caracterı́sticas (traduzidas) do conceito
que representa, obedece às restrições directamente impostas pelo contentor em
que está encerrado.
Em geral, como forma de simplificar a explicação, mas pretendendo veicular as duas
afirmações anteriores, dir-se-á que:
um nó visual está sujeito às restrições impostas pelo contentor que o encerra.
Se as definições anteriores são claras relativamente aos nós visuais que representam conceitos (ou mesmo junções, em que não há uma relação de dependência entre
o contentor e o nó visual), já no caso do encadeamento de contentores deve ser esclarecida a sua semântica. Nesse sentido, definem-se duas operações básicas sobre
os contentores, que determinam a propagação das restrições para os nós visuais que
encerram: cooperação e sobreposição. A primeira estabelece que:
numa região definida pela intersecção de contentores, formada por cooperação, os nós visuais aı́ encerrados estão sujeitos às restrições impostas por todos os
contentores envolvidos.
Esta operação, aliás tomada por omissão aquando da sobreposição de contentores, resulta da aplicação directa das definições anteriores. De facto, um nó visual encerrado
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
130
numa região de intercepção entre contentores, está encerrado nas regiões de cada um
deles. No caso de haver colisão de restrições, i.e., restrições de diferentes contentores que se apliquem sobre o mesmo ’aspecto’ do nó visual dependente, utiliza-se o
mecanismo normal de refinamento:
se numa região definida pela intersecção de contentores, formada por cooperação, sobrevêm restrições contraditórias, são aplicadas as dos contentores mais internos.
Sublinhe-se ainda que, pelo facto de um contentor ser um nó visual, também ele se
encontra restringido por outros, que eventualmente o encerrem.
A segunda operação sobre contentores surge como forma de facilitar a gestão das
regiões definidas no espaço e determina que:
numa região definida pela intersecção de dois contentores A e B, formada pela
sobreposição de B a A, os nós visuais aı́ encerrados estão sujeitos apenas às restrições impostas por B.
Esta operação deverá ser explicitamente definida entre cada dois contentores, sendo
usada a cooperação no caso implı́cito. A sobreposição pode ser vista como um ajustamento da região definida pelo contentor A, à que é definida por B, i.e., à região de A é
retirada a de B. Assim sendo:
um contentor B que se combine por sobreposição com um contentor A, no qual
se encerre, não está sujeito às restrições impostas por A (nem o seu contexto agrupado no de A).
É de notar que esta independência se manifesta apenas relativamente ao contentor sobre o qual se estabeleceu a sobreposição, não se propagando a outros que o contenham.
Na figura 4.18 mostram-se as combinações possı́veis de encadeamento entre três
contentores designados por A, B e C. Sobre os rectângulos representativos dos contentores está indicado o seu nome, seguido da identificação dos outros contentores, cujas
restrições se adicionam às suas. Será o conjunto assim formado, que se aplica aos nós
visuais neles encerrados (e.g. Cb&a indica que se impõem as restrições definidas
4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL
131
Figura 4.18: O encadeamento de contentores por cooperação e sobreposição.
por C, B e A). As restantes formas denotam nós visuais correspondentes a conceitos3 .
No exemplo mostrado, as restrições impostas por A determinam que os nós visuais
tenham uma forma circular, as coagidas por B implicam uma coloração acinzentada
(clara) e as de C acrescentam uma pequena marca rectangular aos nós visuais.
Nos parágrafos anteriores focou-se particularmente a forma de propagação de restrições, aquando do encadeamento dos contentores, numa situação em que cada um
é totalmente encerrado na região definida por outros. No entanto, é igualmente in3
A sua aparência é, em geral, decorrente das restriç ões impostas pelos contextos, ao tipo e propriedades dos conceitos que agrupam. Estes, por sua vez, reflectem-se na forma geométrica, marcas e
atributos dos representantes visuais, através de traduç ões especı́ficas da linguagem visual,
132
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
teressante a conjuntura em que os contentores se intersectam, mas nenhum fica completamente envolvido. Neste caso, em primeiro lugar, não se pode afirmar que exista
inclusão de contentores e, portanto, nenhum dos intervenientes impõe, sobre o outro,
restrições dela decorrentes (por contextuação). Por outro lado, tal como foram especificadas, as operações de cooperação e sobreposição são directamente aplicáveis neste
caso. A figura 4.19 mostra algumas das combinações possı́veis entre os contentores
Figura 4.19: A intersecção parcial de contentores.
apresentados no exemplo anterior, agora sem encerramento de C em B. Note-se que
da combinação entre esses contentores, resulta uma nova subregião em que apenas se
manifesta C e não B, mesmo que em cooperação. É interessante assinalar ainda, no
exemplo mais à direita, que a combinação por sobreposição é reflectida graficamente,
de uma forma quase directa, i.e., escondendo a fronteira de B que se perde sob C.
A questão da sobreposição de contentores nas regiões fronteira de outros, colocase também, de outra forma, sobre os nós visuais não representativos de junções. O
problema neste caso é, sobretudo, estabelecer o limiar a partir do qual se considera
que um nó visual está ou não, encerrado no contentor. Em geral, no entanto, esta
condição está dependente das opções tomadas na definição da linguagem visual. Em
todo o caso, os contentores providenciam uma restrição, que pode ser desactivada ou
refinada, que impede o posicionamento deste tipo de nós visuais sobre a fronteira do
contentor. Assim, tipicamente e se possı́vel, os nós visuais incluı́dos num contentor,
estão completamente encerrados dentro dos seus contornos. Os nós visuais externos
são afastados, se necessário, de modo a não se sobreporem a essa fronteira.
O facto de um conceito poder ser agrupado em mais do que um contexto, levanta
4.3. APRESENTAÇÃO
133
alguns problemas de representação visual. A utilização dos mecanismos de intersecção
de contentores, para a definição de regiões de cooperação pode, sem dúvida, resolver
alguns desses problemas, tal como é exemplificado nas figuras anteriores. No entanto, a disposição espacial dos contentores não permite cobrir todas as situações ou,
simplesmente, torna a expressão visual da linguagem demasiado obscura, para uma
utilização eficaz. Nesse sentido, o sistema proposto oferece a capacidade de associar
vários contentores a um contexto, no mesmo mapa visual. Esta flexibilidade é aliás
estendida a qualquer representante conceptual, o que vem de encontro aos requisitos
impostos por algumas representações visuais de mapas, anteriormente referidas (e.g.
a linguagem associada ao KDraw). Em conjunção com o que foi dito sobre as várias
representações visuais (mapas visuais) de um mapa definido no nı́vel conceptual, pode
dizer-se que:
um representante conceptual pode ter zero ou mais representantes visuais,
numa representação visual de um mapa ou em representações visuais diferentes.
No diagrama da figura 4.16, a associação (UML) denota expõe já essa possibilidade.
4.3 Apresentação
Na perspectiva da expressão visual dos mapas cognitivos, os objectos de apresentação têm como finalidade, gerir o espaço disponı́vel para o desenho dos diagramas. São
eles que, em última instância, promovem a visualização e o acesso à sua representação
gráfica, de modo a facilitar o processo de criação e análise visual. A sua responsabilidade é, então, concretizar técnicas de apresentação adequadas, entre as quais se encontram as formas padrão, mencionadas no capı́tulo anterior. Distorção, aproximação,
coordenação das áreas em foco e até mesmo formas simples de reorganização são, pois,
operações definidas por estes objectos.
As alterações introduzidas pelos objectos de apresentação à aparência dos mapas, parcialmente definida ao nı́vel da representação visual, não interferem (ou não
devem interferir) directamente, com a semântica subjacente a esses mapas, i.e., as
modificações da geometria e dos atributos visuais dos representantes visuais, aquando
134
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.20: Os três nı́veis envolvidos na exposição dos mapas cognitivos.
do seu desenho, não acarretam novos significados em termos dos seus correspondentes
representantes conceptuais. Naturalmente, esta ausência de intervenção directa, não
impede que seja através dos objectos de apresentação, que os utilizadores interagem
com os representantes visuais, os criem e modifiquem e, em consequência, alterem
os representantes conceptuais. Mais ainda, o papel moderador imputado a estes objectos, não obsta também a que se possam sobrepor aos mapas, componentes visuais,
tipicamente transitórios, que se destinam, por exemplo, a marcar zonas especı́ficas (e.g.
áreas de foco) ou a identificar subconjuntos de representantes visuais (e.g. marcas de
selecção), para efeitos de interacção. Neste sentido, estes objectos de apresentação,
4.3. APRESENTAÇÃO
135
vulgarmente designados por vistas (views), constituem um subconjunto dos objectos
de interacção (de que são outros exemplos as paletas, os menus e as caixas de diálogo),
indispensáveis para a criação de editores visuais de diagramas ou, no caso vertente,
das expressões visuais de mapas cognitivos.
Na figura 4.20 mostram-se duas vistas (e uma paleta), enquadradas no nı́vel de topo. Pelo que foi dito, chamou-se-lhe nı́vel de interacção. A sua articulação com os de
representação, antes mencionados, é igualmente ilustrada. É interessante notar que,
tal como acontecia entre as duas perspectivas de representação, é possı́vel (e desejável)
fazer corresponder mais do que um objecto de apresentação, a cada representação visual de um mapa. Esta caracterı́stica confere ao sistema a possibilidade de ser usado em
aplicações que recorrem a vistas múltiplas, cada uma focando aspectos especı́ficos, e de
providenciar formas de apresentação que vão de encontro aos requisitos estabelecidos
pela utilização de mapas cognitivos. A figura evidencia ainda a utilização de paletas,
como forma tı́pica de apresentação das definições feitas, nos nı́veis de representação,
no plano da linguagem.
Figura 4.21: Mapa cognitivo de uma negociação - estratégias de dois vendedores.
Na figura 4.21 apresenta-se uma evolução do mapa usado como exemplo de base
neste capı́tulo. Nela incluiu-se a estratégia adoptada por outro vendedor, numa das
136
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
reproduções da referida negociação4 . Este mapa, longe de apresentar a visão colectiva
do processo negocial na sua plenitude e portanto, de tomar as dimensões bastante mais
alargadas desse mapa, providencia já, pelo acréscimo de complexidade em relação à figura 4.1, uma plataforma mais aliciante para a explanação das técnicas de apresentação
que de seguida se abordam.
4.3.1 Técnicas padrão
Os objectos disponibilizados no InCoMa proporcionam as técnicas de apresentação descritas no capı́tulo anterior. Em particular, oferecem vistas com possibilidades de
deslizamento e aproximação, às quais as bibliotecas genéricas de objectos de interacção
dão, normalmente, algum suporte. A figura 4.22 mostra uma simplificação da estrutura comum a todas as vistas. A sua articulação com uma tela, como artefacto genérico de
desenho sobre o sistema gráfico subjacente, permite não só concretizar essas operações
de deslizamento e aproximação, como também proporcionar mecanismos globais de
distorção, i.e., distorções independentes de cada objecto desenhado. Em qualquer dos
casos, trata-se da definição de transformações entre coordenadas do espaço onde se
define a vista e daquele onde se define a tela5 .
Cada vista está obrigatoriamente associada a um único mapa visual que, por seu
turno, poderá ser mostrado em mais do que uma vista. O acesso aos representantes
visuais será feito, normalmente, através do mapa visual. No entanto, porque algumas
técnicas de apresentação definem modificações ajustadas a cada objecto em particular, introduziram-se transformações especı́ficas, sejam elas de foro geométrico ou não,
que se associam a cada um dos representantes visuais do mapa. A restrição (UML),
parcialmente especificada, entre a associação mostra, a agregação (abaixo) e a classe
Transformação, estabelece que as instâncias desta última se apliquem apenas a repre4
Os mapas obtidos nas várias duplicações da experiência, quer a partir das perspectivas dos vendedores, quer das dos compradores, denotando aproximações diversas para abordar o problema, foram
integradas num mapa conjunto. Este, por sua vez, permitiu uma análise comparativa, que visou identificar conceitos comuns e categorias de estratégias, que se enquadram em padrões negociais definidos.
A base para a especificação de mapas cognitivos difusos, que levariam a cabo a simulação do processo
negocial, é igualmente estabelecida a partir deste mapa global.
5
A sua pormenorização sai do âmbito desta dissertação e pode ser encontrada em diversos
compêndios sobre computação gráfica.
4.3. APRESENTAÇÃO
137
Figura 4.22: Estrutura comum aos objectos de apresentação.
sentantes visuais contidos no mapa visual que a vista mostra.
As transformações permitem levar a bom porto a concretização de alguns algoritmos de distorção, por exemplo, do tipo olho de peixe, com alegadas vantagens em
relação às que distorcem o espaço, sem consideração pelos elementos mostrados. Por
outro lado, facultam igualmente a possibilidade de materializar algumas técnicas de
distribuição espacial, em particular as que ajustam a geometria dos elementos, relativamente à original. São exemplo disso, as grelhas de posicionamento ou as técnicas de
acerto dos caminhos percorridos pelos arcos, de forma a evitar intersecções. Em si mesmo, as transformações são o resultado da aplicação de algoritmos de ajuste-espacial,
que incluem algumas formas de distorção e de distribuição espacial.
Uma vista tem ainda opcionalmente associado um conjunto de filtros e um de formas gráficas. Os filtros especificam quais os elementos de representação, que serão
mostrados através da vista, desde que incluı́dos na sua área visı́vel (no caso das
técnicas de aproximação). As formas gráficas, doravante referidas como marcadores,
constituem componentes de desenho, para além dos representantes visuais, que são
138
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.23: Filtros e componentes gráficos adicionais nas vistas de aproximação.
resultado ou que facilitam o processo de interacção com o utilizador. Na figura 4.23 podem ver-se duas vistas. Na primeira, à esquerda, um filtro omite os conceitos referentes
às estratégias que não se enquadrem no contexto de comunicação (no caso o conceito
identificado com o número 18, na figura 4.21) e as respectivas associações. Em ambas
as vistas são visı́veis marcadores que destacam os representantes visuais em estudo.
São constituı́dos, como é vulgar neste tipo de componentes visuais, por quatro marcas
que circundam o objecto seleccionado (à esquerda o conceito 21 e à direita a associação entre os conceitos 13 e 10). Tendo em conta que, em grande número de situações,
os marcadores definidos nas vistas se referem e se devem manter coerentes com os
representantes visuais mostrados, estabelece-se que:
um marcador pode ser o elemento dependente de restrições dominadas pelos
representantes visuais mostrados na vista em que se insere.
Esta situação é aliás contemplada pela especificação parcial das formas gráficas, mostrada na secção anterior (ver figura 4.17).
É interessante notar, no conjunto das duas vistas, a dificuldade em seguir as
relações causais entre constructos de vistas diferentes. Este contratempo, a ser ultrapassado para uma análise eficaz de áreas focais distantes de um mapa cognitivo, é
devido, em parte, à descontinuidade que se regista na fronteira entre as duas vistas,
em parte, à informação desnecessária que nelas é visı́vel. De facto, os arcos que terminem em nós não visı́veis (posicionados fora das áreas focais das vistas), tendem apenas
4.3. APRESENTAÇÃO
139
a aumentar a complexidade, não sendo, em geral, relevantes para este tipo de análise.
4.3.2 Articulação de vistas
Embora as vistas funcionem normalmente de forma separada, o facto é que por
vezes é necessária a sua articulação, de forma a estabelecer entre elas relações visuais,
perceptı́veis para o utilizador. É o caso, por exemplo, da denotação de áreas de foco
em vistas globais, como a que se mostra na figura 4.24. O tamanho e a posição dos
Figura 4.24: A articulação entre marcadores de uma vista e as caracterı́sticas de outras.
marcadores aqui mostrados, sob a forma de rectângulos a traço interrompido, constituem uma representação directa das áreas visı́veis através das vistas, ilustradas na
figura anterior. Neste caso, é necessário estabelecer uma relação de dependência entre marcadores e vistas. Mais uma vez, utilizam-se os mecanismos de tratamento de
restrições oferecidos pelo sistema e, em geral, pode dizer-se que:
um marcador pode ser o elemento dependente de quaisquer vistas, desde que
o mapa visual que estas mostram seja o mesmo.
As vistas adoptam igualmente o mecanismo de resolução de restrições do InCoMa.
Uma forma mais elementar de articulação de vistas, também envolvendo os seus
marcadores, é a partilha. Tal como se mostra no modelo da figura 4.22 e tendo em conta
140
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
que os marcadores são, como se disse, formas gráficas dependentes de representantes
visuais, estipula-se que:
um marcador pode ser usado em mais do que uma vista;
um marcador só pode ser partilhado, se as vistas que o partilham mostrarem o
mesmo mapa visual.
Este tipo de articulação permite, de uma forma relativamente directa, que, por exemplo, um marcador de selecção se manifeste em todas as vistas que o partilhem (desde
que o correspondente representante visual esteja presente na área de foco). A figura 4.25 mostra um marcador de selecção sobre um arco visual (entre o conceito 21 e a
junção à direita), que é parcialmente representado nas duas vistas.
Figura 4.25: Partilha de filtros e marcadores entre vistas.
As considerações tecidas sobre a partilha de marcadores aplicam-se igualmente
aos filtros e aos algoritmos de ajuste-espacial, significando que:
um filtro pode ser usado em mais do que uma vista;
um ajuste-espacial pode ser usado em mais do que uma vista;
filtros e ajustes-espaciais só podem ser partilhados, se as vistas que o partilham
mostrarem o mesmo mapa visual.
A partilha de filtros, em particular, permite resolver de forma simples, o problema
levantado anteriormente quanto à remoção de informação desnecessária no conjunto
4.3. APRESENTAÇÃO
141
de duas (ou mais) vistas. De facto, um dos filtros providenciados no sistema, conduz
à omissão de arcos visuais que não comecem ou terminem nas áreas de foco de um
grupo especificado de vistas. O resultado da sua aplicação sobre as duas vistas da
figura 4.23 está também patente na figura 4.25.
Apesar da simplificação derivada da omissão de três arcos (ou excertos de arcos),
suficiente para algumas situações, a quebra das ligações na fronteira entre as vistas
mantém-se. Os problemas daqui decorrentes podem mesmo traduzir-se no seguimento de arcos errados. Veja-se o caso dos dois arcos que emergem do conceito 19, que
parecem terminar ambos na junção ligada ao conceito 10; ou a dificuldade de perceber
em que junção termina o arco superior que sai do conceito 21. A clarificação destas
situações a partir de soluções padrão, passa pela inspecção, por vezes penosa dada a
sua dimensão, duma vista global ou pela selecção sucessiva de cada arco que se pretende analisar.
4.3.3 Vistas múltiplas integradas
Uma solução completa para o problema apontado, da visualização de múltiplos
focos de um mapa cognitivo, é providenciada pela técnica que se designou Vistas
Múltiplas Integradas (Carriço & Guimarães, 1998a). Esta técnica decorre de uma
articulação de vistas, mais estreita do que a anteriormente referida, já que se alarga ao
próprio desenho dos representantes visuais. Em termos genéricos, pode dizer-se que
trata os arcos visuais como entidades que se sobrepõem às vistas, i.e., o seu percurso,
entre dois nós visuais, é determinado pela projecção destes, num espaço definido no
nı́vel de interacção (e não no de representação visual), por todas as vistas integradas. O
resultado da aplicação desta técnica é mostrado na figura 4.26. De notar, para além dos
aspectos de filtragem antes mencionados, a continuidade dos arcos visuais na fronteira
entre as duas vistas. Torna-se assim mais fácil e sistemático, pelo simples seguimento
dos arcos visuais, encontrar os nós visuais que constituem os seus extremos, quer estes
se encontrem numa vista ou em vistas separadas.
Ao artefacto que disponibiliza esta técnica chamou-se IMV - acrónimo de Integrated
MultiViews. É ela própria uma Vista, na qual se podem definir uma ou mais subvis-
142
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 4.26: Uma IMV com duas vistas integradas.
tas adjacentes. É a união das áreas destas subvistas, que define o espaço da IMV, no
nı́vel de interacção. Dado um diagrama, o algoritmo que coordena a apresentação dos
representantes visuais através deste objecto, desenrola-se do seguinte modo:
1. as áreas de foco definidas no mapa visual, são desenhadas no espaço da IMV,
em conformidade com as transformações normalmente aplicadas às vistas não
integradas - constituirão a representação das subvistas;
2. os nós visuais intersectados pelas áreas de foco (no espaço de representação
visual), são identificados e desenhados no espaço da IMV, de acordo com as
transformações definidas por cada subvista em que se inserem - as subvistas truncam as porções dos nós visuais que estão fora das áreas de foco (clipping).
3. um conjunto de nós de diagrama, decorrentes da projecção dos nós visuais antes
identificados sobre as subvistas, é criado (mas não desenhado) num diagrama
cujo espaço corresponde ao da IMV;
4. os arcos visuais definidos entre os nós visuais antes identificados, são recriados
entre os nós gerados no ponto anterior (posicionados no espaço da IMV) e desenhados independentemente das subvistas;
O resultado final, apresentado pelo conjunto das subvistas de uma IMV, constitui um
diagrama por si só.
Como vistas que são, as IMVs são passı́veis de operações de deslizamento,
4.3. APRESENTAÇÃO
143
aproximação, filtragem, etc.. Particularmente interessantes, dado o seu impacto na
coordenação da análise de múltiplos focos, são as duas primeiras. De facto, estas
operações são refinadas na classe IMV, relativamente às vistas genéticas, de forma a
que, ao serem invocadas, actuem apenas numa das subvistas (a que tiver sido seleccionada de antemão). Deslizamento e aproximação provocam alterações na área de foco
(deslocamento e redimensionamento), definida sobre o mapa visual e correspondente à subvista em causa. Os nós visuais patentes na área de foco afectada e todos os
elementos recriados a partir deles e dos respectivos arcos visuais são redesenhados.
a) subvista inferior seleccionada;
b) desliza e afasta sobre o IMV;
Figura 4.27: Deslizamento e aproximação numa IMV.
A figura 4.27 mostra duas fases, num conjunto formado por uma vista global, com
dois marcadores de área de foco, e uma IMV composta por duas subvistas sobre essas
áreas. A situação inicial é representada à esquerda. Estando seleccionada a subvista
inferior da IMV, é aplicado um deslizamento e uma aproximação a esse artefacto, que
desloca para a direita e aumenta a área de foco da subvista. A nova localização da
área de foco na vista global e o resultado correspondente à apresentação do diagrama
através da IMV é ilustrada à direita.
Uma das situações, que é importante ter em consideração, ocorre aquando da
intersecção das áreas de foco. Este caso, igualmente possı́vel em vistas independentes
e articuladas, é particularmente pertinente nas IMVs, já que se relaciona directamente
com o algoritmo de desenho. Quando há intersecção de duas áreas de foco, projectadas
em duas vistas, haverá um conjunto de nós visuais que normalmente transparecerá em
simultâneo nessas vistas. Então, também os arcos visuais que terminam nesses nós vi-
144
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
suais serão desenhados, resultando em diagramas potencialmente complicados, cuja
complexidade resulta de informação redundante. Nas IMVs essa redundância é ainda mais visı́vel, já que a projecção dos arcos visuais atravessará as fronteiras entre as
subvistas - veja-se a figura 4.28 a).
A solução passa pela introdução de filtros que, podendo ser aplicados às vistas articuladas, são especialmente adequados para as subvistas de uma IMV, onde funcionam
por omissão. Esses filtros levam em consideração, mais uma vez, as áreas visı́veis,
deixando apenas uma das projecções dos nós visuais completa, numa das subvistas.
Completa, significa aqui que apresentará os arcos visuais que lhe estão associados. As
restantes projecções de um mesmo nó visual são omitidas ou, alternativamente, esbatidas. Na figura 4.28 mostra-se, à esquerda, uma vista global, com duas áreas de foco
Figura 4.28: Sobreposição das áreas focais das subvistas de uma IMV.
marcadas e ainda a antevisão da nova localização da área mais abaixo, após o deslocamento de p1 para p2. Note-se que na posição p1 existe sobreposição de áreas de
foco, sendo partilhado o nó visual sombreado, enquanto na posição p2, as áreas não se
intersectam. Nas partes a), b) e c) da figura mostra-se uma IMV com duas subvistas,
correspondentes às duas áreas de foco referidas. Em a), o filtro descrito foi inibido e em
b), activado. Ambas dizem respeito à situação indicada por p1. À direita, ilustra-se a
situação da IMV após o deslocamento, independentemente do estado do filtro.
Antes de terminar, refira-se um refinamento das IMVs particularmente interessante para alguns tipos de mapa cognitivo. Este resulta da limitação das áreas de deslizamento de cada subvista, à região definida por um contentor especı́fico (ao invés de toda
4.4. ASPECTOS DE CONCRETIZAÇÃO
145
a área do mapa visual). Quando os contentores não se intersectam, a subvista denota
o contexto (i.e. o representante conceptual homónimo) dos nós visuais que apresenta.
4.4 Aspectos de concretização
O objectivo desta secção é providenciar uma perspectiva global da realização do
InCoMa, relativa ao suporte que oferece à expressão visual de mapas cognitivos. O
InCoMa concretizou-se numa biblioteca de classes de programação, escritas na linguagem C++. Essas classes organizam-se hierarquicamente, formando um conjunto de
subsistemas cuja articulação se ilustra na figura 4.29. Entre eles inclui-se um conjunto
Figura 4.29: Subsistemas usados na concretização do InCoMa.
de classes, que proporcionam a funcionalidade e alguns algoritmos referentes a estruturas grafos, desenvolvidos no âmbito do EdGar e posteriormente do EdGar++. A
interface de desenho gráfico, existente também naqueles trabalhos, foi redefinida no
espaço do InCoMa. O objectivo foi oferecer uma solução mais homogénea e abrangente, para acesso transparente aos recursos de desenho de sistemas de janelas (i.e. dos
seus subsistemas gráficos) existentes.
O Crook - acrónimo de ContRaint Object Oriented Kernel - é uma biblioteca que por
si só, providencia todos os mecanismos de verificação e resolução de restrições antes
mencionados. Utiliza uma aproximação de propagação local (de forma simplista, propaga as alterações dos dominantes para os dependentes) e foi concretizado de raiz, no
enquadramento do InCoMa. O sistema permite encadeamentos cı́clicos de restrições e
146
CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS
a resolução das mesmas por proximidade, com prioridades definidas.
Os subsistemas de Formas Gráficas e de Vistas padrão são evoluções do trabalho
desenvolvido nas versões do EdGar. No primeiro caso, é particularmente relevante o
seu ajuste à funcionalidade providenciada pelo Crook, nomeadamente na construção
de formas gráficas compostas. No segundo. o aperfeiçoamento resulta, em grande
medida, da sua adaptação à arquitectura das vistas antes exposta e à sua articulação
com as formas gráficas e os filtros.
Os restantes subsistemas são especı́ficos à resolução dos problemas de representação e apresentação encontrados no estudo dos mapas cognitivos e foram, por isso
mesmo, completamente realizados no âmbito do InCoMa.
4.5 Sumário
Neste capı́tulo apresentaram-se os conceitos e as classes do sistema proposto,
que constituem a base de suporte à expressão de mapas cognitivos, conforme os requisitos anteriormente estabelecidos. Começou então por se abordar a questão da
representação, primeiro enquanto forma de modelação conceptual dos diversos tipos
de mapa e, posteriormente, enquanto meio de exprimir notações que estabelecem a
sintaxe e das linguagens visuais com que se manifestam. Em todo este tecido deu-se
particular atenção: ao alcance e flexibilidade exigidos, e portanto, à extensibilidade; à
contingência do objecto de representação (o pensamento humano); e à capacidade de
manter a coerência, quer ao nı́vel dos conceitos, quer ao nı́vel das notações, através de
coacções entre os elementos de representação, que levem em linha de conta essa mesma
contingência e extensibilidade. Por último, focou-se o suporte oferecido à apresentação
daquelas representações e, por conseguinte, à facilitação da edição e análise visuais dos
mapas. Evidenciaram-se particularmente os aspectos inovadores de gestão do espaço,
proporcionados por objectos de apresentação, que superaram os problemas patenteados pelas soluções existentes, aquando da sua aplicação à visualização de múltiplos
focos de diagramas, baseados em estruturas grafo.
Suporte à exploração de
mapas cognitivos
No capı́tulo anterior foi proposto um conjunto de conceitos e técnicas, directamente relacionados com a expressão dos mapas cognitivos. No entanto, uma perspectiva
abrangente, com vista a uma plataforma adequada para o desenvolvimento de ferramentas de trabalho com mapas cognitivos, não pode, de modo algum, descurar
a componente dinâmica do uso das linguagens, particularmente notória no domı́nio
em que estas se aplicam (a cognição humana no âmbito organizacional). De facto, na especificação de um mapa cognitivo os utilizadores embarcam num processo
de construç ão e revisão constantes, de ı́ndole fortemente exploratória (vejam-se as
considerações feitas no capı́tulo 2).
A exploração de representações visuais, como serão os mapas cognitivos expressos com base no suporte descrito, traduz-se numa interacção continuada entre o utilizador e os elementos de representação, especialmente através de ou em cooperação
com os objectos de apresentação, dentro dos quais são visı́veis. Esta interacção, embora liderada pelo utilizador, enquadra-se numa colecção de: imposições sintácticas
inerentes às linguagens de representação; escolhas anteriores do próprio indivı́duo;
e recomendações semânticas de modelos e conhecimento acumulado por outros. Se
então se pretender, como advogam os princı́pios subjacentes à interacção pessoa
máquina, veicular ao utilizador indicações sobre essas restrições (i.e. as imposições,
as escolhas e as recomendações), durante o processo de criação e revisão dos mapas,
a interacção toma vestı́gios de conversação, i.e. o utilizador dita e o sistema responde
de imediato com interjeições ou pequenas frases demonstrativas de compreensão, concordância, ... Tendo em conta que aquelas restrições reflectem frequentemente, como se
viu, posições de contingência, assumindo por isso diferentes graus de coerção, as res147
148
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
postas do sistema computacional terão que construir-se sobre formas de retorno mais
ricas do que as que simplesmente comunicam proibição ou permissão peremptórias.
Este capı́tulo debruçar-se-á sobre o suporte oferecido para a manipulação dos
mapas cognitivos e, em especial, para a capacidade de definição de dialectos de retorno, mais expressivos do que os habitualmente disponibilizados. Primeiramente,
clarificam-se as caracterı́sticas das acções que o utilizador poderá desencadear no sistema, elaborando sobre as diferentes perspectivas com que essas acções podem ser
vistas e os nı́veis e objectos em que se aplicam. Estende-se ainda esse conjunto de objectos, para além dos que se relacionam com a representação e apresentação, de forma
a alargar o espectro de operações que os utilizadores podem executar de forma directa
sobre o sistema. De seguida, descreve-se um modelo que permitirá traduzir restrições e
noções gerais de representação, em formas de comportamento relacionadas com o factor espacial. É esse modelo de interacção espacial entre objectos, que proporciona os
alicerces para a construção de dialectos de retorno com as caracterı́sticas perseguidas.
Os seus elementos constituintes, particularmente na sua feição visual, são então identificados, apresentando-se duas versões exemplificativas. Os dois dialectos propostos,
baseiam-se em outras tantas metáforas e estão especialmente vocacionados para transmitir ao utilizador restrições definidas com diferentes graus de coerção.
Os conceitos, o modelo e as técnicas aqui propostos (Carriço & Guimarães, 1998c;
Carriço & Guimarães, 1998b; Carriço et al., 1999), materializam-se, em conjunto com
os descritos no capı́tulo anterior, na biblioteca InCoMa. No final deste capı́tulo, são
abordados alguns aspectos dessa concretização, sendo os módulos que disponibilizam
estas técnicas, enquadrados no conjunto dos restantes módulos da biblioteca e a sua
relação com os sistemas que estiveram na sua génese sucintamente referida.
5.1 Acções do utilizador
Na utilização de ferramentas de exploração e análise de mapas cognitivos, as pessoas desencadeiam variadas acções, cujo resultado vai desde a simples manutenção,
não influenciando o significado dos mapas ou mesmo o seu aspecto (e.g. salvaguar-
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
149
dar, imprimir), até às que neles têm repercussões semânticas, sintácticas ou meramente
estéticas. Independentemente da sua consequência no sistema, essas acções revestemse de uma forma que pode ser caracterizada pelo grau de directividade (directiveness)
com que são desencadeadas, i.e. até que ponto o utilizador actua directamente (ou
assim o percepciona) sobre as representações dos mapas ou indirectamente através de
estilos de interacção, como sejam linguagens de comandos, menus, formulários, etc..
São as formas de acção mais directa, enquadradas no estilo de manipulação homónima,
que tomam particular interesse neste trabalho. Estas, sendo extremamente relevantes
como meio de exploração de especificações visuais (veja-se 3.1.4), apresentam-se de
forma embrionária nas aplicações existentes no contexto do trabalho com mapas cognitivos e mesmo da interacção pessoa-máquina em geral.
5.1.1 Acções de manipulação
O tipo de acções de manipulação aqui referidas enquadram-se nas que são vulgarmente referidas por arrastamento e largada (drag and drop). De uma forma geral pode
dizer-se que o utilizador tem a percepção de que agarra (ou cria e agarra) um objecto, o
arrasta, deformando-o ou movendo-o, e o larga, dando nessa altura o aval à execução
da tarefa que tinha (ou formou) como objectivo. Neste sentido, distinguem-se, as
acções do utilizador, tal como ele as percepciona enquanto leva a cabo a manipulação,
e a operação propriamente dita, que corresponderá à modificação desejada do sistema.
As primeiras dizem respeito à forma da manipulação (agarrar, arrastar e largar) e estão
totalmente ligadas ao estilo de manipulação directa, enquanto as operações corresponderão à sua semântica (copiar, contextuar, mover, etc.), podendo desencadear-se por
outras formas de interacção (e.g. menus).
Estas acções de manipulação podem articular-se com diferentes operações, atribuindo assim significados diferentes ao mesmo tipo de interacção e fazendo-se sentir num ou mais nı́veis de expressão (apresentados no capı́tulo anterior). Por exemplo, com impacto apenas ao nı́vel da representação visual, considere-se o ajuste da
disposição especial dos diagramas, em que acção e operação se mantêm relativamente próximas (e.g. mover nós visuais dentro de um contentor, acomodar a geometria
150
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
dos arcos visuais sem alterar os seus términos). Com repercussões ao nı́vel conceptual, refira-se a alteração do contexto de um conceito (operação), que na perspectiva
da acção passa por agarrar o nó visual correspondente ao segundo, arrastá-lo desde o
contentor representante do contexto até ao contentor do contexto final e largá-lo. Outra
situação abonatória será aquela em que um dos extremos de um arco visual se agarra,
se arrasta de um contentor para outro e aı́ se larga, modificando a associação subjacente. Neste sentido estabelece-se que:
às manipulações do tipo arrastamento e largada pode fazer-se corresponder
diferentes operações sobre o sistema.
Para além destas operações, intrinsecamente ligadas ao espaço em que os representantes visuais se inserem, outras são ainda requeridas durante o processo de criação
e modificação dos mapas cognitivos, cuja projecção nas acções de manipulação supracitadas é também possı́vel. Por exemplo, fundir dois ou mais conceitos num só (ou
decompô-los) é uma tarefa comum na exploração destes mapas (veja-se 2.3.3). Arrastar um nó visual sobre outro pode ser uma forma de levar a cabo esta operação. Aqui,
no entanto, o resultado final (a operação) não conduz ao deslocamento do nó visual
no nı́vel da representação visual, mas sim, por exemplo, à sua remoção, antecedida
pela inclusão do respectivo conceito no conceito do nó visual de destino. Assim, pode
dizer-se que, no caso geral:
as operações que se fazem corresponder às manipulações do tipo arrastamento
e largada podem não assumir caracterı́sticas de posicionamento ou geometria.
Mesmo a criação de novos representantes pode ser enquadrada nas formas de
manipulação directa, passando normalmente pelo encadeamento de sequências incompletas de acções de arrastamento e largada. A criação de uma associação passa
por uma fase inicial em que se larga um novo exemplar do arco visual correspondente,
junto a um nó visual, agarrando de imediato o seu outro extremo e arrastando-o para
um outro nó visual em que se soltará. Definir uma junção que envolva mais do que
uma associação passará por um processo semelhante (com resultados visı́veis distintos). Aponte-se ainda, como exemplo, as acções comuns de selecção múltipla em que
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
151
um marcador é criado e arrastado, redimensionando-o, por forma a abarcar os representantes que se pretende. Formas mais complexas, por exemplo para a definição de
caminhos nos arcos visuais, são sempre decomponı́veis em sequências de agarramento, arrastamento e largada, conquanto as operações sejam adiadas até à conclusão da
manipulação no seu todo. Então, assenta-se que:
as manipulações do tipo arrastamento e largada podem encadear-se e privar-se
de algumas das suas fases, de modo a levar a bom porto operações não triviais.
Um olhar mais atento sobre a manipulação pode ainda distinguir as acções concretas levadas a cabo pelo utilizador sobre os dispositivos fı́sicos de entrada (e.g. premir
uma tecla, mover o rato) e as acções percepcionadas antes referidas (agarrar, arrastar e largar). Do ponto de vista do sistema computacional as primeiras designar-se-ão
também eventos. Poder-se-á dizer que cada uma dessas perspectivas corresponde: ao
que o utilizador faz (sobre os dispositivos); ao que ele percepciona que faz ou vai fazer
sobre o sistema; e ao que o sistema realmente executa.
Se é verdade que os mecanismos apontadores (e.g. rato, caneta de luz), pela sua
capacidade de comunicarem directamente ao sistema movimentações no espaço real,
estão normalmente melhor adequados a este tipo de manipulações, também é certo
que a utilização de alternativas pode ser vantajosa. Nomeadamente na exploração de
mapas cognitivos, em que a escrita de texto (e.g. descrições dos conceitos) é uma actividade comum e concorrente com o arrastamento e largada, o recurso a um único dispositivo (e.g. teclado) ou a vários que não requeiram o mesmo meio de comunicação por
parte do utilizador (e.g. manual, vocal), evita as mudanças frequentes exigidas pelas
soluções mais imediatas. Exemplos possı́veis de uso de dispositivos não apontadores
na execução de acções de manipulação são: a utilização das setas no teclado, precedidas por outras indicadoras da operação e seguidas por uma de conclusão; o recurso a
comandos de voz de natureza espacial (e.g.
,
,
,
,
). Naturalmente, estas acções concretas terão que traduzir-se em
posições relativas no espaço e, por conseguinte, associar-se-lhes deslocamentos (para o
arrastamento) e formas de acesso a objectos de trabalho (para o agarramento). Assim,
de uma forma geral:
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
152
as manipulações do tipo arrastamento e largada podem ser desencadeadas
por vários tipos de dispositivos, em coordenação ou separados, desde que se lhes
associe caracterı́sticas espaciais.
5.1.2 Elementos de base na manipulação
No InCoMa as três perspectivas de acção anteriormente descritas deram origem a
outras tantas classes que, no seu conjunto, constituem o suporte de base, que permite
Figura 5.1: Estrutura simplificada das classes que sustentam a manipulação.
gerir a interacção com o utilizador, segundo uma aproximação de manipulação directa.
Essas classes, representadas no diagrama da figura 5.1, correspondem aos seguintes
elementos:
Dispositivos - representam, no sistema computacional, os mecanismos fı́sicos que os
utilizadores têm disponı́veis para actuar sobre o sistema (e.g. rato, teclado, voz).
O seu papel no InCoMa, do ponto de vista das acções do utilizador sobre o sistema, é uniformizar os diferentes eventos desencadeados pelos dispositivos fı́sicos
(e.g. botão pressionado, movimento, tecla premida) e traduzi-los de acordo com
o protocolo definido para o tipo de manipulações em causa (cuja gestão está a
cargo dos manipuladores). Nesse sentido, é ao nı́vel dos dispositivos, que se estabelece a tradução entre os eventos, as acções de manipulação percepcionadas
e, eventualmente, as operações que lhe irão corresponder (e.g. botão esquerdo
premido corresponde a um inı́cio de manipulação para a operação correntemente
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
153
seleccionada). A classe Dispositivo é uma classe abstracta, refinada posteriormente para dispositivos especı́ficos (na concretização corrente: teclado e rato), tendo
em conta as particularidades de cada um.
Manipuladores - simbolizam as acções percepcionadas e, nesse sentido, são os responsáveis por gerir cada acção de manipulação, identificando e coordenando as
relações espaciais dos objectos de representação visual e de apresentação envolvidos, de acordo com a operação em processamento. São os manipuladores que,
com base naquela coordenação, comandam a composição das respostas, segundo
dialectos de retorno especı́ficos.
Independentemente dos dispositivos ou das operações a realizar as três fases distintas das acções de manipulação, materializam-se nas operações (UML)
definidas na classe:
na fase inicial (’agarra’) é estabelecido o objecto ou objectos que serão manipulados de novo ou em continuação da manipulação anterior;
na fase intermédia (’arrasta’) é sucessivamente definido um conjunto de
pontos (ou deslocamentos), através do qual os objectos manipulados se movem, moldam e interagem com outros que se encontram no mesmo espaço
de manipulação;
na fase final (’larga’), em que o utilizador dá por terminada a manipulação, procede-se à execução da operação propriamente dita ou suspende-se
até ser completada numa sequência seguinte.
Tratando-se de manipulação directa de objectos visuais, estas fases estão intrinsecamente ligadas a posições ou deslocamentos no espaço. Ao preencher estes requisitos do protocolo estabelecido nos manipuladores, os dispositivos não
apontadores partem de posições anteriores (e.g. do centro do objecto seleccionado) e de deslocamentos predefinidos e associados a eventos especı́ficos (e.g. tecla
corresponde a
¡´¼ ½¼µ e em conjunção com
a
¡´¼ ¾¼µ).
A
’força’, na fase de arrastamento, denota a intencionalidade da acção do utilizador e, a menos que se usem dispositivos fı́sicos com reacção incorporada, a sua
intensidade é simulada, como no caso anterior, por combinações de eventos.
154
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Operações - representam as acções de carácter permanente (mas possivelmente reversı́veis), que se processam no sistema (e.g. duplicação de um objecto, criação,
remoção). Nesse sentido, agregam e coordenam as caracterı́sticas semânticas das
manipulações, constituindo os objectivos finais das mesmas. São eles que se
articulam com os representantes de ambos os nı́veis e com as vistas, agora no
que respeita às restrições sobre eles definidas (e não às caracterı́sticas espaciais),
para os questionarem sobre a viabilidade das operações e determinarem a sua
execução. Tal como para os dispositivos, a especificidade de cada operação, cuja
execução depende inclusive do tipo de objectos envolvidos (e.g. dois conceitos,
um conceito e um contexto), deixa uma versão abstracta desta classe, refinada
depois para a criação de representantes, a sua contextuação, fusão, operações
combinadas, etc.. É igualmente nas operações que é possı́vel concretizar funções
inversas de cancelamento semântico (undo).
5.1.3 Nı́veis de manipulação
Tendo em conta o papel das vistas no contexto do InCoMa, as acções de manipulação directa, atrás mencionadas, desencadeiam-se sobre ou através desses objectos de
apresentação. Distinguem-se dois nı́veis de manipulação sobre as vistas:
Manipulações externas - dizem respeito às acções do utilizador de que resulta o
ajustamento da apresentação. São exemplos, as que originam deslizamento,
aproximação ou o ajuste da geometria das vistas. Este tipo de manipulação, embora possa efectivar-se sobre objectos de interacção exteriores à vista (e.g. menus
e barras de deslocamento), pode também desencadear-se directamente sobre o
espaço que a vista define ou sobre alguns dos seus componentes. O caso das IMVs
e em particular das subvistas é abonatório desta situação. O ajuste do tamanho
e da localização destas últimas será um exemplo em que acções de manipulação
directa, externa, é adequada.
Estas manipulações são percebidas pelo utilizador como sendo executadas no
nı́vel de interacção em que é definida a própria vista (veja-se 4.3 e a figura 4.20).
Como tal, reflectem-se apenas no objecto de apresentação em causa: o ajuste de
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
155
uma subvista não altera a geometria ou o conteúdo de representação, de vistas
ou subvistas de objectos de apresentação que não sejam aquele em que se insere.
Manipulações internas - correspondem às acções do utilizador que têm repercussões
no espaço de representação visual dos mapas. São exemplos, as que resultam na disposição espacial dos representantes visuais, na sua criação, remoção,
contextuação de conceitos, definição ou ajuste de associações, junções, etc..
Também se incluem nesta categoria, as acções directamente aplicadas sobre marcadores, particularmente naqueles que tenham relações de dependência com
representantes visuais.
De facto, a manipulação desses marcadores é tipi-
camente transformada em alterações sobre representantes de que dependem
(e.g. redimensionamento). As acções de que decorre a criação de marcadores
(selecções) ou a manipulação daqueles que não dependem de representantes visuais, não alterando a especificação de um mapa, manifestam-se no seu espaço
de representação. Assim a estas, chamou-se-lhes manipulações internas superficiais, às anteriores, manipulações internas profundas.
As manipulações internas, sejam elas sobre representantes visuais ou marcadores, superficiais ou profundas, são percepcionadas sempre ao nı́vel da
representação visual, i.e. o utilizador vê a sua acção como sendo desencadeada
sobre o mapa visual e não sobre o objecto que o apresenta. No entanto, relativamente às operações que delas resultam, existem diferenças acentuadas. De facto,
as operações desencadeadas por manipulações profundas, propagam-se sempre
em todas as vistas da mesma representação visual e provocam alterações, pelo
menos, a este nı́vel (eventualmente também ao nı́vel conceptual). Já os resultados das manipulações superficiais podem circunscrever-se apenas à vista em que
foram realizadas ou, no caso de marcadores partilhados, a todas as vistas que os
partilhem.
5.1.4 Espaços de manipulação
Enquanto que as manipulações externas se desenrolam somente ao nı́vel de
interacção e, por conseguinte no espaço aı́ assente, já nas manipulações internas po-
156
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
derão estar envolvidos objectos definidos em nı́veis distintos de expressão visual e,
potencialmente, em diferentes espaços geométricos. Tal é o caso, já mencionado, da
manipulação de marcadores dependentes ou dos representantes visuais que os dominam. Esta dependência, normalmente peremptória, é resolvida de forma simples,
fazendo com que o marcador acompanhe, na posição ou tamanho, o seu dominante. No entanto, outras situações distintas são igualmente dignas de registo. Podem
apontar-se, por exemplo, as interacções entre os representantes visuais e os limites das
vistas pelas quais se vêem. De facto, se na manipulação de um representante visual
este atinge o limite da vista em que se está a desencadear a acção, diferentes resoluções
podem ser presenteadas ao utilizador, e.g. remoção do representante visual, cancelamento ou congelamento da acção, continuação pelo seu espaço (invisı́vel e subjacente)
de representação visual.
Particularmente interessante no caso das soluções de apresentação propostas neste
trabalho, situa-se a interacção de representantes visuais, ou mais exactamente de nós
visuais, com as subvistas de uma IMV. Esta circunstância, de certo modo equiparável
às próprias fronteiras da vista, requer um tratamento coerente com os preceitos definidos para as subvistas. Já que o espaço parece correr continuamente entre elas do ponto
de vista da apresentação dos arcos visuais, então uma manipulação que transponha
a sua fronteira, deverá assentar num pressuposto de espaço aparentemente comum.
Naturalmente, esta situação terá que ser conjugada com a existência de contextos, potencialmente diferentes entre subvistas, e as restrições por estes definidas. Neste caso,
uma subvista comportar-se-á (ou deverá comportar-se) relativamente a um nó visual
representante de um conceito, como um contentor se comportaria, no espaço definido
ao nı́vel da representação visual. Esta cumplicidade entre subvistas e contentores é
ainda mais forte no caso das IMVs em que cada subvista se confina a um contentor.
Por tudo isto e admitindo ainda a interacção com outros componentes de uma
vista que se manifestem de forma gráfica, é definido um espaço de manipulação (virtual), que de facto resulta da fusão dos respectivos espaços envolvidos (ver figura 5.2).
Designou-se por espaço de manipulação interna e é especı́fico a cada vista. Nele
encontram-se projectados os representantes visuais que se vêm através dela, transformados de acordo com as caracterı́sticas especificadas na vista, e todos os componentes
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
157
Figura 5.2: O espaço de manipulação interna.
gráficos dessa vista.
Doravante, a designação objecto de manipulação ou simplesmente objecto, aplicar-se-á indistintamente às entidades representadas neste espaço, aquando de manipulações internas, ou às entidades definidas no nı́vel de interacção e em particular aos
componentes das vistas, no caso de manipulações externas. É da responsabilidade das
vistas a conversão entre espaços, seja de áreas ou de pontos, e, em geral, a resposta a
questões que se prendam com as transformações nelas definidas. Nesse sentido, dispositivos e manipuladores articulam-se com as vistas para obterem a informação que
necessitam sobre coordenadas e sobre os objectos que potencialmente se encontram no
caminho definido por cada manipulação. A figura 5.3 mostra um diagrama de classes
que denota essa articulação. Note-se que alguns dispositivos, pelas suas caracterı́sticas
de localização (apontadores), determinarão a vista corrente com que cada manipulação
se irá coordenar, ao passo que outros usarão selecções anteriores.
5.1.5 Objectos operadores
A manipulação directa dos representantes visuais, através das respectivas vistas,
permite, como se disse, a partir da sua movimentação no espaço, desencadear diversos
tipos de operações (e.g. contextuação, associação, fusão), que resultam da interacção
158
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 5.3: Articulação entre vistas e elementos de manipulação.
entre eles. Com o objectivo de flexibilizar o número e tipo de operações disponibilizadas, as vistas providenciadas no InCoMa, oferecem ainda a possibilidade de incluir
objectos (seus componentes) com a capacidade de, por interacção com os representantes visuais, executar outras funções que facilitem a criação dos mapas. Designam-se
objectos operadores e, tal como as subvistas, são definidos no nı́vel de interacção, interagindo com os representantes visuais, no espaço de manipulação interna. Por outro
lado, são também passı́veis de manipulações externas que os ajustem geometricamente
nas vistas em que se inserem. São também objectos de manipulação.
A figura 5.4 mostra objectos pertencentes a duas classes oferecidas, a saber: Destrutor e Teleporte.
Destrutores são regiões fechadas cuja interacção com os representantes visuais e em
particular com os nós visuais, desencadeia a operação de remoção dos segundos. Assim, um representante visual arrastado e largado na área definida por
um destrutor, será eliminado (grosso modo, corresponde aos caixotes do lixo nos
ambientes de janelas). Na figura, no nı́vel de interacção, é mostrado um destrutor,
assinalado com uma cruz, na base das subvistas.
Teleportes são também regiões fechadas que representam canais de comunicação pa-
5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR
159
Figura 5.4: Objectos operadores e espaços de manipulação.
ra contentores, usualmente os não adjacentes. Note-se que estes objectos operadores não são vistas ou subvistas, já que não apresentam representantes visuais
no seu interior. Ao invés, os nós visuais arrastados e largados no seu interior,
entrarão de facto, no contentor de destino.
Na figura, estão representados dois teleportes, decorados com uma pequena
porta, na base exterior das subvistas laterais da IMV. O teleporte do lado esquerdo comunica com um contentor, denominado C, apresentado pela subvista do
lado direito, enquanto o contentor A, visı́vel através da subvista do lado esquerdo, é o destino do teleporte do lado direito. Deste modo, as manipulações que
pretendam transitar nós visuais de um contentor para outro, exibidos em subvistas não adjacentes, poderão evitar a passagem por outras subvistas e contentores
que se encontrem de permeio.
É importante ressalvar que os destrutores e teleportes não se aplicam em exclusivo
às IMVs. Nas vistas simples, os primeiros assumirão o seu papel normal, enquanto os
segundos oferecerão uma forma simples de contextuação, para contextos ou contento-
160
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
res que, em determinada conjuntura, não sejam interessantes de visualizar, mantendose ainda assim distantes no espaço de representação visual. Tal como as subvistas, os
destrutores e os teleportes formam um subconjunto de formas gráficas associadas às
vistas definidas no espaço de interacção e, por conseguinte, com caracterı́sticas espaciais distintas dos marcadores.
5.2 Interacção entre objectos
O modelo aqui descrito foi concebido com o objectivo de estabelecer uma plataforma comum de interacção espacial entre os representantes visuais e entre estes e os
objectos de interacção com eles relacionados, de modo a promover a construç ão de dialectos de retorno adequados a formas de comunicação mais elaboradas. Neste modelo
define-se um conjunto de áreas em torno de cada objecto, que estabelecem os pontos de inı́cio e fim da interacção entre eles, aquando da sua manipulação. Essas áreas
articulam-se em torno das noções de dependência mencionadas no capı́tulo anterior,
em particular as de dependência existencial, traduzindo graus de coerção em caracterı́sticas espaciais. Tendo em conta o comportamento que no modelo se delineou para
os objectos dominantes ou potencialmente dominantes chamou-se-lhe modelo parental. De uma maneira geral, pode dizer-se que estes objectos resistem às manipulações
que tendem a libertar os seus dependentes e àquelas que tencionam imputar-lhes novos dependentes.
5.2.1 Campos de interacção
A figura 5.5 representa os campos definidos por cada objecto, que se manifestam
durante as diferentes fases da sua manipulação e, em particular, da sua interacção
com outros. O rectângulo ovalado denota um objecto e as curvas fechadas, com
vários padrões de traço interrompido, simbolizam os limites dos diferentes campos.
Identificam-se três: o de rejeição, o de retenção e o de actividade.
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
a) Campo de rejeição
161
b) Campo de retenção
c) Campo de actividade
Figura 5.5: Campos de rejeição, de retenção e de actividade no modelo paternal.
O campo de rejeição é uma região do espaço em que um objecto resiste ao desencadear de uma acção, que resulta da sua interacção com outro, com o qual não existe
relação de dependência. Dir-se-á, neste caso, que se trata de objectos estranhos
ou independentes. Em cada ponto do campo é definida uma força, a força de
rejeição, e duas linhas de fronteira, mostrados em 5.5a. À fronteira exterior, a
partir da qual se aplicará a força, chamou-se limiar de rejeição e à outra limiar de aceitação, já que a partir dela a força deixa de se fazer sentir. A força de
rejeição é normalmente dirigida do limiar de aceitação para o de rejeição.
O campo de retenção é uma região do espaço, em que um objecto dominante se opõe
ao desencadeamento de uma acção, que deriva da sua interacção com um objecto dependente - as noções de dominante e dependente são as anteriormente
introduzidas. Tal como denota a figura 5.5b, é definida uma força de retenção,
um limiar de retenção e um limiar de cedência. O primeiro limiar determina a
região a partir do qual se fará sentir a força de retenção, enquanto que, uma vez
atingido o segundo, a interacção entre os dois objectos se deixa de fazer sentir. A
162
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
força é normalmente dirigida do limiar de cedência para o de retenção.
Utilizar-se-á a designação campo de resistência para referir indistintamente os campos
de rejeição e retenção e força de resistência para as respectivas forças. Ao limiar de
aceitação ou cedência dar-se-á o nome comum de limiar de aprovação.
O campo de actividade é a região do espaço em que um objecto impõe a sua presença
a outro. Tal como se mostra em 5.5c, é delimitado pelo limiar de actividade. É
a intersecção do campo de actividade de um objecto com o campo de resistência
de outro, que determina a aplicação das forças atrás referidas. Dir-se-á então que
os campos, a força de resistência e os limiares envolvidos foram activados.
No âmbito do campo de actividade é ainda definido o limiar de execução. É
quando este se intersecta com o limiar de aprovação de outro objecto, que a fase
final da acção se pode desencadear, de modo a que a operação subjacente seja
executada. Afirma-se nestes casos, que o campo de resistência foi ultrapassado e que os limiares de aprovação e execução foram activados. Note-se que os
campos de resistência só são ultrapassados se forem previamente activados no
decurso de uma manipulação.
Todos os campos e limiares podem ser inibidos, estando normalmente despertos.
É apenas neste último estado que poderão passar à situação de activado.
5.2.2 Activação dos campos
Uma das acções, vulgar no processo de exploração dos mapas, que pode ilustrar de
forma simples a utilização dos diversos campos acima descritos, é a que transforma um
objecto estranho num objecto dependente. Na figura 5.6 mostra-se essa manipulação,
no caso com o objectivo de tornar o objecto menor, inicialmente estranho, dependente
do maior. Os objectos e respectivos campos são representados como na figura anterior.
Como forma de simplificação, são omitidos os campos não directamente envolvidos,
nomeadamente, o campo de actividade do objecto maior, o de rejeição do menor e o
de retenção de ambos. As linhas referentes aos limiares dos campos envolvidos são
acentuadas apenas quando desencadeiam mudanças de estado.
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
a) objectos estranhos
b) lim. de rejeição activado
163
c) lim. de rejeição ultrapassado
Figura 5.6: Interacção entre objectos independentes.
Em a) os objectos estão afastados e não há intersecção entre campos, não havendo,
portanto, qualquer interacção entre eles. Ao deslocar-se o objecto menor na direcção do
maior atinge-se a situação denotada na parte b) da figura. Aqui, o limiar de actividade
do primeiro intersecta-se com o limiar de rejeição do segundo. A partir deste ponto,
o deslocamento do objecto menor, no mesmo sentido, estará sujeito à força de rejeição
(normalmente de sentido contrário) definida pelo objecto maior. A manipulação que
tem como alvo tornar o objecto dependente, será assim contrariada. Uma vez que os
limiares de execução e de aceitação dos dois objectos se intersecta, em c), a força deixa
de se fazer sentir e o objecto menor poderá tornar-se dependente do maior.
a) obj. menor dependente
b) lim. de retenção activado
c) lim. de retenção ultrapassado
Figura 5.7: Interacção entre objectos dependentes.
Na figura 5.7 mostram-se três passos de uma manipulação em que um objecto dependente é arrastado de forma a tornar-se independente. A situação de partida é aquela em que ficaram os objectos, após consumada a operação cuja manipulação se ilustrou
na figura anterior, i.e. o objecto menor dependente do maior. Em 5.7a está representa-
164
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
do esse caso, agora denotando os limites do campo de retenção do objecto dominante.
Assim que o limiar de actividade do dependente toca o limiar de retenção do objecto
maior, em b), dá-se inı́cio à aplicação da força de retenção, resistente às acções em curso. Na terceira parte da figura o limiar de execução intersecta-se com o de cedência do
dominante e o objecto menor pode então tornar-se independente daquele.
5.2.3 Activações mútuas
Relativamente à activação dos diferentes limiares, é pertinente dar-se alguma
atenção às situações em que mais do que dois campos estão envolvidos na interacção.
Refira-se, em particular, o caso em que a presença de dois objectos se faz sentir mutuamente. Esta conjuntura ocorre apenas para objectos independentes e inicia-se quando
o campo de actividade de cada um dos objectos envolvidos, se intersecta com o campo
de rejeição do outro. Neste caso, aplicam-se as forças de rejeição de ambos, podendo
portanto, dificultar ainda mais a aproximação dos objectos. A situação é representada na figura 5.8a, mostrando-se a zona de intersecção entre os campos referidos com
a) campos de rejeição activados
b) ambas as acções se podem executar
Figura 5.8: Activação mútua dos campos de rejeição de objectos independentes.
um tom mais escuro. Estão também patentes os quatro limiares que, em cada objecto
delimitam os campos de actividade e rejeição. A activação desses limiares é igualmente mostrada como anteriormente. Continuando o deslocamento relativo dos dois
objectos, é então possı́vel atingir-se o estado denotado em b), onde, para simplificar,
foram omitidas as representações dos limiares de actividade e rejeição. Neste caso,
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
165
os campos de rejeição foram ultrapassados e pode, por isso, executar-se a operação
associada à manipulação em curso, sobre cada um dos objectos (essa aprovação foi
simbolizada, no exemplo, pelas vozes musicais que emanam de cada objecto). Em geral, relativamente à articulação entre os campos de actividade e rejeição de um objecto,
estabelece-se como funcionamento por omissão que:
o campo de actividade de um objecto pode estar desperto, mesmo nas situações
que o seu campo de rejeição esteja activado ou tenha sido ultrapassado, dizendo-se
assim que o objecto tem um campo de actividade permanente.
No entanto, a situação de activação mútua pode ser evitada (e é-o normalmente), através de uma administração adequada dos campos de actividade. Essa
administração passa por deixar desperto apenas um dos campos de actividade dos objectos envolvidos, ficando inibidos todos os restantes. A ocasião em que os campos de
actividade são despertos ou inibidos, determina comportamentos distintos, que levam
a situações de interacção com o utilizador potencialmente diferenciadas. Definem-se
assim três outros modos de comportamento dos campos de actividade, a saber:
o campo de actividade de um objecto, normalmente desperto, pode passar a
inibido, quando o seu campo de rejeição for ultrapassado, dizendo-se neste caso,
que o objecto tem um campo de actividade inibido por execução;
o campo de actividade de um objecto, normalmente desperto, pode passar a
inibido, após o seu campo de rejeição ser activado, dizendo-se então que é um
campo de actividade inibido por rejeição;
o campo de actividade de um objecto pode estar normalmente inibido, passando
a desperto apenas quando ele é um dos objectos manipulados, dizendo-se nesta
situação, que é um campo de actividade desperto por manipulação.
É interessante notar que, nos dois últimos casos, nunca se fazem sentir em simultâneo as forças de rejeição de dois objectos que interajam mutuamente. Por outro
lado, os campos de actividade despertos por manipulação, quando definidos globalmente para todos os objectos, permitem simplificar sobremaneira a gestão do seu comportamento e tornar bastante mais clara a interacção com o utilizador: o objecto que
este manipula é o único que tem o campo de actividade desperto.
166
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
5.2.4 Activações múltiplas
A gestão do estado de inibição dos campos de actividade permite resolver, de forma simples, as situações causadas pela interacção mútua. No entanto, a activação de
vários campos de resistência, pode ocorrer noutros casos, nomeadamente quando há
mais do que dois objectos envolvidos, o que aliás é uma circunstância comum. Considerando, primeiramente, os campos de rejeição, definem-se três tipos de comportamento, agora relativo à sua articulação com os campos de rejeição de outros objectos:
um campo de rejeição que não interfira com a activação dos restantes, designase campo de rejeição indiferente;
um campo de rejeição, uma vez ultrapassado, pode impedir a activação dos
limiares de aceitação dos outros, impondo-lhes o estado inibido - designar-se-á
campo de rejeição absorvente;
um campo de rejeição, uma vez activado, pode evitar a activação dos restantes,
impondo-lhes o estado inibido - diz-se que é um campo de rejeição inibidor.
Em geral, a adequação dos diferentes comportamentos dos campos de rejeição a
cada situação, está fortemente ligada à operação em jogo e à forma como evolui a
manipulação que lhe dá origem. De facto, haverá casos em que um campo indiferente
é aceitável, já que a operação desencadeada nos vários objectos resistentes, se pode
repetir em todos. Será, por exemplo, o caso em que se contextua um conceito em
contextos encadeados por cooperação. Outros ocorrerão, em que a acção desencadeada
por um deles impossibilitará a sua execução nos outros (e.g. remoção do objecto).
Adequam-se, nesta circunstância, as outras versões.
No caso dos campos de retenção a eventualidade de conflito está também latente,
não tanto pela sua activação múltipla, mas sobretudo pela possibilidade de activação
de campos de rejeição, que contrariem as dependências a que um campo de retenção se refere. Assim sendo, estabelece-se uma supremacia dos campos de retenção,
cuja finalidade é indicar que um objecto deverá libertar-se, parcial ou totalmente, da
dependência corrente, para empreender interacções com objectos estranhos. Assim
definem-se os seguintes comportamentos, relativos à articulação dos campos de retenção de um dominante, com os de rejeição de outros:
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
167
um objecto dependente pode proceder à activação de quaisquer campos de
resistência em seu redor, independentemente do estado do campo de retenção dos
seus dominantes - diz-se, neste caso, que os dominantes têm campos de retenção
permissivos;
um objecto pode só permitir que os campos de rejeição de estranhos sejam activados ou ultrapassados pelos seus dependentes (ou pelos respectivos campos de
actividade), se o seu campo de retenção for activado ou ultrapassado (respectivamente) - então o objecto (dominante) terá um campo de retenção protector;
um objecto pode só permitir que os campos de rejeição de estranhos sejam activados ou ultrapassados pelos seus dependentes, se o seu campo de retenção for
ultrapassado - diz-se nesta situação, que o objecto (dominante) tem um campo de
rejeição super protector.
Mais uma vez, a adopção de um comportamento dependerá da acção a executar.
a) dependente protegido
a) protegido no campo de retenção
b) campos envolvidos activados
b) ambos os campos ultrapassados
Figura 5.9: Interacção do campo de actividade com o de retenção e um de rejeição.
168
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Na figura 5.9 mostra-se o caso de um campo de retenção protector. Nela estão
representados três objectos, mais uma vez denotados por rectângulos de cantos arredondados. Dois deles, os maiores, são independentes entre si e o terceiro, menor, é
dependente daquele em que está contido. São mostrados apenas os limiares dos campos envolvidos. Durante a manipulação, o objecto dependente é arrastado desde o seu
dominante até ao objecto da direita. Note-se que em a), embora o campo de actividade
se intersecte com o de rejeição do objecto à direita, este não se encontra activado. Em
b), far-se-á sentir a resistência conjugada das forças de retenção e rejeição, tal como em
c), apesar de nesta figura o limiar de execução do objecto dependente ter tocado o de
aceitação do objecto de destino. Finalmente em c), a operação definida pela interacção
do objecto dependente com o seu destino pode executar-se, já que o campo de retenção
foi ultrapassado.
5.2.5 Formas e forças
Na representação feita nas figuras anteriores, mostraram-se desde logo, limiares
cuja forma geométrica não é de todo semelhante à dos objectos a que pertencem, nem
mesmo semelhantes entre si. Essa desigualdade, adequada a diversas situações, permite uma flexibilidade apreciável na definição do comportamento dos objectos, aquando
da sua manipulação. A sua aplicação a objectos fixos, dominantes, por exemplo, permite definir caminhos preferenciais de deslocamento dos objectos dependentes. Esses
caminhos espelham, normalmente, as relações de dependência mais favoráveis (e.g.
classificações, contextuações, ancoragens). Em geral, pode afirmar-se que:
os limiares que circunscrevem os campos, não necessitam ter a mesma forma
geométrica, ser concêntricos entre si ou com os objectos de que fazem parte;
o ajuste da geometria dos diferentes campos de um objecto, permite definir
caminhos de mais fácil manipulação.
Note-se que, para além da distorção geométrica, a especificação de objectos no
âmbito deste modelo, pode ainda contar com a definição de forças variáveis dentro do
espaço do seu próprio campo:
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
169
as forças de resistência são definidas por uma direcção e uma intensidade, que
dependem do ponto do campo respectivo em que se consideram.
Tipicamente e como simplificação, o ponto que determina as caracterı́sticas da força,
é um dos que se encontra na intersecção do campo de resistência com o limiar de
actividade que o estimulou.
a) ”Saı́da”do lado direito
b) ”Porta de saı́da”em baixo
c) ”Porta de entrada”em cima
Figura 5.10: Áreas e direcções preferenciais de resistência.
Na figura 5.10 mostra-se a utilização da geometria dos limiares, de modo a estabelecer direcções ou regiões preferenciais de interacção entre objectos. As regiões dos
campos de retenção, em a) e b), e de rejeição, em c), do objecto central, encontram-se
sombreadas. Os restantes campos não se representam. Em a), por exemplo, o campo
de retenção, denota uma menor espessura do seu lado esquerdo. Assim, os objectos
dependentes sentirão durante menos tempo a força de retenção ao deslocarem-se sobre
esse lado. Em b), o limiar de cedência definido pela elipse, estabelece a única região
em que é possı́vel levar a cabo as operações desencadeadas pela interacção dos dois
objectos. Esta disposição força os dependentes, uma vez ultrapassado o campo de retenção, a interagir com o objecto do canto inferior direito. Finalmente, na última parte
da figura, apresenta-se uma situação semelhante, agora entre objectos independentes.
Pela configuração do campo de rejeição, dir-se-á que o objecto central é mais receptivo
170
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
às interacções com os dependentes do objecto do topo direito.
Nos exemplos anteriormente apresentados, usaram-se objectos do tipo Contentor
como dominantes (de partida ou de destino). A relação primordial e especı́fica que
estabelecem com os seus dependentes é, nesse caso, a de encerramento, i.e. um objecto
incluso na região por eles definida é, à partida, seu dependente (veja-se 4.2.1). Aplicar aı́ campos de resistência passa, normalmente, por definir o limiar de retenção, do
campo homónimo, ou o de aceitação, do campo de rejeição, dentro ou na fronteira do
próprio contentor. Assim sendo, os objectos dependentes que pretendem desencadear
acções fora do dominante, começam por sentir a sua protecção quando se aproximam
da sua fronteira. Ao contrário, os objectos independentes que se manipulem para executar acções dentro de um contentor, de que não dependem, só o poderão fazer depois
de forçarem a sua entrada.
No entanto, se os objectos potencialmente dominantes não definem regiões de
encerramento (e.g. não contentores) ou se a dependência não se refere a essa caracterı́stica (e.g. contentores enquanto nós visuais), dificilmente se poderá impor a
circunscrição daqueles limiares ao seu interior. Esse será, sem dúvida, o caso dos arcos visuais quer como dominantes, quer como dependentes. Esclarece-se então que:
os limiares de retenção e aceitação podem ser exteriores ao objecto que os define.
os limiares de retenção de um objecto dominante devem incluir os campos de
actividade dos seus dependentes.
Figura 5.11: Limiares de rejeição exteriores.
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
171
Um exemplo de aplicação dos limiares exteriores é o representado na figura 5.11.
Em ambas as partes é apenas mostrado o campo de retenção. À esquerda ilustra-se a
conjuntura em que um objecto mantém uma relação de dependência, com outro posicionado fora da área por ele definida. À direita apresenta-se o caso normal de um arco
visual que tem como dependente um nó visual (e.g. correspondente a uma junção). Em
ambas as situações o dependente pode ser movimentado dentro do campo de retenção,
ainda que este inclua partes exteriores ao objecto dominante.
Se o posicionamento, a definição de geometria e o tamanho dos limiares de retenção são suficientes para abarcar a grande maioria das situações de dependência, casos
há em se torna mais difı́cil a colocação dos limiares de aceitação e até os de execução. As situações ilustradas nas figuras seguintes são exemplos disso. Na figura 5.12
Figura 5.12: Ajuste do limiar de aceitação.
mostra-se uma situação em que um arco visual, de espessura reduzida, apresenta um
campo de rejeição completamente exterior. Se, por uma questão de clareza, se optar por
não definir um limiar de rejeição demasiado distante, então a espessura predefinida
do campo respectivo terá que ser pequena (lado esquerdo da figura). Pretendendo
aumentar o tempo de resistência do campo, a opção passa então por reajustar o campo
de rejeição consoante o lado pelo qual o objecto estranho se aproxime. Este reajuste,
desencadeado aquando da activação do campo de rejeição, mostra-se no lado direito
da figura. Em geral, determina-se que:
os campos de um objecto podem mudar a sua forma quando activados;
172
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
os limiares de aceitação e execução de um objecto podem ser deslocados para
fora do objecto.
Figura 5.13: Ajuste do limiar de execução.
Na figura 5.13 mostra-se uma situação em que se usa o deslocamento do limiar de execução para que, sem mover o objecto propriamente dito (representado pelo
rectângulo arredondado menor), se possa contudo executar a operação definida pela
interacção entre os dois.
5.2.5.1 Soluções existentes
Aplicar o modelo, de forma a proporcionar comportamentos de interacção entre objectos, semelhantes aos definidos nas soluções existentes (i.e.
soluções de
manipulação directa de objectos gráficos, normalmente ı́cones), passa por parametrizar os campos e os seus limiares, reduzindo sobremaneira as suas capacidades:
Campo de actividade - Em todas as soluções conhecidas, é um ponto predefinido no
cursor do dispositivo de manipulação usado (e.g. rato), correspondente com
o ponto em que agarrou o objecto manipulado, que desencadeia as diversas
reacções (i.e. o retorno semântico, quando existe). Em relação ao modelo, esse comportamento é determinado por uma redução dos limiares do campo de
actividade a esse mesmo ponto.
Campo de rejeição - Naquelas soluções, cada objecto receptor (contentor ou ı́cone)
quando reage, fá-lo de imediato, assim que o ponto actividade/execução entra
numa área, normalmente rectangular, que o contorna. Esta reacção (ou a sua
5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS
173
ausência) corresponde, em geral, a três comportamentos possı́veis: indiferença,
proibição ou, aceitação. No primeiro caso, a simulação dessa conduta no modelo
far-se-á simplesmente não definindo o limiar de rejeição ou mantendo-o inibido.
Para os restantes comportamentos, define-se um limiar de rejeição sobre a área
mencionada. No segundo, de proibição, o limiar de aceitação mantém-se inibido
(ou fora de alcance), pelo que o objecto receptor exibirá sempre uma força (constante) de rejeição. Na última situação, o limiar de aceitação coincide com o de
rejeição.
Campo de retenção - Na grande maioria das soluções, o campo de retenção não existe ou, segundo o modelo, encontra-se inibido. Como excepção aponte-se, por
exemplo, as barras de deslocamento comuns. Nelas, o seu componente central
(dependente) pode ser deslizado na barra propriamente dita (dominante). Se
o ponto de actividade/execução sai da área definida pela barra, o componente
central não o acompanha na direcção perpendicular, denotando resistência nessa
direcção. Atingido um distanciamento predefinido, a acção de deslizamento do
componente central parece frustrar-se, voltando à posição inicial.
No modelo, pode dizer-se que esta situação se simula facilmente, definindo
um limiar de retenção coincidente com a fronteira da barra e um de cedência
que a rodeia à distância referida. Note-se, no entanto, que a acção desencadeada
quando o campo é ultrapassado será sempre de cancelamento.
A simplicidade imposta ao modelo para a simulação dos comportamentos definidos em soluções existentes é, obviamente, consequência da pobreza de reacções que
normalmente são exigidas (ou suportadas) por esses sistemas. De facto, à excepção
do último exemplo, não há intenção de demonstrar mais do que proibição, permissão
ou indiferença, nunca se considerando diferentes nı́veis de cada um destes estados.
Embora esta graduação seja mais pertinente na exploração de representações de actividades humanas, como será o caso dos mapas cognitivos em que essa progressão é
intrı́nseca, o facto é que também se poderia aplicar a algumas actividades de âmbito
mais geral. Por exemplo, remover um ficheiro gerado, temporário, é bastante menos
problemático que apagar aquele que contém o texto que se acabou de escrever.
174
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
5.2.6 Articulação com representações e acções
O modelo aplica-se a todos os objectos identificados em 5.1.3 e 5.1.5. As áreas
que introduz são estabelecidas relativamente ao nı́vel em que o objecto se define (i.e.
de representação visual ou de interacção), sendo ajustada ao espaço de manipulação
interna, de acordo com as transformações definidas pela vista, aquando deste tipo de
manipulações. Cada objecto terá então associada uma representação no modelo, que
deverá dar respostas sobre áreas, forças, estados e formas de comportamento, para os
possı́veis aspectos envolvidos e de acordo com os objectos com que interagem.
Os campos definidos sobre um objecto são determinados: pelas caracterı́sticas do
objecto manipulado; pelas do dominante ou dominantes (potenciais ou de facto) envolvidos na manipulação; pelo significado da manipulação (a operação); e pelo caminho
definido pela própria manipulação . Em geral, a forma geométrica dos limiares que
contornam cada campo é estabelecida pelas caracterı́sticas geométricas dos objectos
(não necessariamente por uma relação de identidade), pela sua mobilidade no espaço
em que se encontram e, em certos casos, pelo percurso da manipulação (ver 5.2.5). O
distanciamento entre as duas linhas de fronteira de um campo e a sua força são normalmente função: da ’prioridade’ da restrição (ver descrição da classe em 4.1.3.2),
que é posta em causa pela operação que se pretende desencadear; e da ’confiança’
e ’importância’ dos representantes (veja-se 4.1.4), cuja contrapartida visual se manipula ou está envolvida na manipulação. Por exemplo, num diagnóstico organizacional (veja-se a descrição do método da Análise de Correntes em 2.3.3) um problema
(representado por um conceito e pelo respectivo nó visual) é classificado como ”tecnologia”(um contexto e um contentor), com grande confiança (um valor elevado da
propriedade homónima no representante). Manipular posteriormente o nó visual desse problema para fora do seu contexto, irá encontrar um campo de retenção de grandes
dimensões e com uma força de retenção de intensidade apreciável.
Relativamente aos objectos operadores, os campos ajustar-se-ão ao objecto manipulado, com o intuito de reflectir as restrições impostas à operação que representam
(e.g. apagamento e contextuação). No caso das subvistas e dos teleportes, os seus
campos estão directamente relacionados com o dos contentores, que através das pri-
5.3. RETORNO
175
meiras se vêem ou que são destino dos segundos. É de notar, nestes últimos casos, que
apesar dos limiares e forças serem determinados por objectos que não os directamente
envolvidos, isso não significa que os seus campos e particularmente os seus limiares,
sejam exactamente iguais aos objectos que mostram ou àqueles a que se referem. Estando definidos em espaços diferentes é até vantajoso que esses campos se adaptem à
geometria especı́fica definida no espaço de interacção respectivo.
Figura 5.14: Estrutura simplificada das classes que representam o modelo.
Assim sendo, no InCoMa providencia-se o conjunto de classes mostrado no diagrama da figura 5.14. As almas constituirão os elementos de base representativos do
modelo. A sua estrutura, articulação com as restantes e em particular as funções oferecidas, seguem de perto as caracterı́sticas enumeradas anteriormente. Note-se que as
almas e os respectivos campos não são obrigatoriamente definidos em absoluto, i.e. como áreas de geometria rı́gida e forças constantes. Ao contrário, os seus limiares podem
resultar de transformações sobre os objectos que ”personificam”.
5.3 Retorno
Uma vez estabelecidos mecanismos para a gestão das acções de manipulação desencadeadas pelos utilizadores e um modelo de comportamento dos objectos, resta
agora referir os aspectos da definição de notações para dialectos de retorno. Nesse
176
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
sentido, identificar-se-ão os actores envolvidos numa interacção, que numa perspectiva de manipulação directa serão incluı́dos com outros, na construção dos dialectos mencionados. A designação actores usa-se com o intuito de alargar a perspectiva de objecto computacional a outros não directamente perceptı́veis no espaço de
visualização, nomeadamente os dispositivos fı́sicos sobre os quais são desencadeadas
as acções de manipulação. Com base na identificação feita apresentam-se então dois
dialectos possı́veis, que alargam as formas normais de retorno da manipulação directa,
a outras mais expressivas.
5.3.1 Actores nos dialectos de retorno
Os actores envolvidos nas acções genéricas de agarrar, arrastar e largar, que constituem também elementos de representação e apresentação, são: o objecto manipulado,
o dominante ou dominantes originais do objecto e aqueles que se encontram no caminho definido durante a manipulação, sejam eles potenciais dominantes ou operadores.
Na figura 5.15 mostram-se exemplos, materializados em conceitos, nós visuais de con-
Figura 5.15: Exemplos de objectos de representação intervenientes numa manipulação.
ceitos e arcos visuais, revelando alguns dos seus campos de resistência, nas zonas
sombreadas delimitadas por linhas a traço interrompido (os limiares).
Também directamente envolvidos na manipulação e portanto na sua percepção por
parte do utilizador, estão os dispositivos fı́sicos (o rato, o teclado, o conjunto de coman-
5.3. RETORNO
177
dos de voz, etc..) e, para manipulações de caracter visual, aquilo a que se denominou
dispositivos lógicos.
Dispositivos lógicos - directamente relacionados com o retorno, são as representações
que o sistema computacional faz dos dispositivos fı́sicos, no espaço de manipulação em que as acções são percepcionadas.
No caso dos dispositivos apontadores (e.g. rato, caneta de luz) o componente lógico
coincide com o cursor que normalmente aparece no visor. Para outros dispositivos
com os quais se pretenda desencadear acções de manipulação, a contrapartida lógica
pode ser criada, por exemplo, através de marcadores temporários associados aos objectos manipulados. Na figura 5.16 mostram-se os casos da anterior em que se utiliza,
Figura 5.16: Actores de manipulação e retorno.
à esquerda, um teclado para levar a cabo a manipulação e, à direita, um rato. As teclas premidas do primeiro e o deslocamento do segundo são igualmente simbolizados.
No espaço de visualização são visı́veis, sobre os contentores, as contrapartidas lógicas
destes dispositivos.
Quando se dá inı́cio à manipulação, outro conjunto de actores é envolvido, permitindo assim diversificar as formas de retorno, através da construç ão de capacidades
sequenciais (veja-se a descrição dos princı́pios de manipulação directa na página 74).
Definem-se, a partir do objecto manipulado, três componentes básicos:
O componente tangı́vel refere-se a um objecto já existente (o manipulado) e indica o
178
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
estado em que o sistema ficará se a manipulação for cancelada (o estado anterior
ao inı́cio da acção).
O componente factı́vel refere-se, em cada ponto da manipulação, à situação em que o
objecto manipulado ficará, caso a acção seja aı́ concluı́da (largando-o).
O componente conjectural indica normalmente uma situação inviável para o objecto
manipulado, mas que, se for continuada, poderá originar um estado possı́vel.
Note-se que estes componentes podem ou não ser materializados, consoante a natureza da operação e mesmo a do objecto manipulado. Por exemplo, em operações de
criação de representantes o componente tangı́vel não pode existir e quando a operação
não pode ser concretizada de todo, o componente factı́vel deixa de fazer sentido. A
representação de cada uma destas facetas do objecto manipulado denota diferentes
estados da manipulação, que em geral reflectem as restrições encontradas no percurso. Na figura 5.16 mostram-se os componentes tangı́vel e factı́vel, para cada um dos
objectos manipulados.
A construç ão de dialectos de retorno é então definida com base no leque de actores apresentado. Os componentes, bem como tipos especı́ficos de marcadores sobre
os representantes visuais, podem constituir-se a partir de modificações dos objectos
existentes, nomeadamente por alteração temporária dos seus atributos visuais, ou ser
criados propositadamente para enriquecer a expressividade do retorno. Posicionamento relativo, contraste, visibilidade, etc., são utilizáveis em cada passo da manipulação.
Note-se que os objectos não directamente manipulados, mas envolvidos, podem ter
papéis activos na criação destes dialectos (como no caso adiante ilustrado). Mesmo
para os dispositivos fı́sicos, essa intervenção no retorno será possı́vel, se estes dispuserem de mecanismos adequados (como já hoje em dia é viável para algumas versões
de rato). Estes diferentes modos de retorno são, no InCoMa, coordenados nos manipuladores, para o caso das reacções do sistema às acções de agarrar, arrastar e largar,
levando em conta as suas possı́veis variações de permissão. Os dispositivos são responsáveis por gerir o retorno do próprio dispositivo, i.e. a sua contrapartida lógica,
naturalmente em articulação com os manipuladores e com as operações.
5.3. RETORNO
179
5.3.2 Metáfora da barreira
O dialecto de retorno, que aqui se descreve, assenta em dar a ideia ao utilizador
de que existe uma barreira, cuja espessura dependerá da restrição que a manipulação
contesta, e que deverá ser ultrapassada para consumar a operação. Neste sentido, são
mostrados ao utilizador os campos de resistência dos objectos que impõem a restrição,
quando o seu estado passa a activado. A largura do campo (e portanto da barreira a
transpor) veiculará a dificuldade em terminar a manipulação. A intensidade da força
de resistência, normalmente determinante deste distanciamento entre os limiares de
um campo, pode ainda definir quão carregada será a cor com que se mostra o campo
activado. Se o sistema de janelas subjacente assim o permitir, pode também alterar-se a
velocidade de deslocamento do dispositivo lógico, relativamente aos movimentos (e.g.
rato) ou impulsos (e.g. teclado) da contrapartida fı́sica.
a) objecto agarrado
b) arrastamento retido
c) arrastamento cedido
d) objecto largado
Figura 5.17: Alteração do contexto de um conceito.
Na figura 5.17 mostram-se as diferentes acções de manipulação de um nó visual
correspondente a um conceito, desde o agarrar em a), até ao largar em d), originando
180
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
uma operação de contextuação. Os objectos são representados de forma semelhante
ao que foi feito na parte esquerda das figuras anteriores, à excepção de que se omitiu
a representação dos limiares do campo de actividade do objecto manipulado e de que
o campo de retenção se mostra apenas nas condições determinadas pelo dialecto. O
campo de retenção do contentor original (ou a sua projecção no espaço de manipulação
interna) é desenhado quando se tenta arrastar o objecto dependente para fora das suas
fronteiras, i.e. quando o limiar de retenção se intersecta com o de actividade do objecto
manipulado - mostrado na parte b) da figura. Neste ponto, é também separado o
componente factı́vel, do dispositivo lógico, embora o limiar de actividade fique com
este último. Em c), quando o campo é ultrapassado deixa de ser visı́vel e o componente
factı́vel junta-se ao dispositivo lógico.
Figura 5.18: Criação de um conceito num contexto resistente.
Na figura 5.18 mostram-se alguns aspectos da criação de um conceito. À esquerda,
o dispositivo lógico denota estar seleccionada uma operação de criação. Ao centro, a
manipulação inicia-se, dando origem ao aparecimento de um componente conjectural,
denotado por uma forma circular esbatida e sem contorno, que indica que o objecto
manipulado não é ainda viável. Note-se que as contrapartidas tangı́vel e factı́vel não
existem. O campo de rejeição do contentor é carregado e o limiar de aceitação deslocado, de modo a deixar espaço entre ele e o limiar de execução do objecto a criar. O
utilizador terá assim que ultrapassar a barreira formada, confirmando a criação do objecto, que parece contrariar as restrições impostas pelo contentor. À direita da figura, o
deslocamento do dispositivo confirmou a operação e, por conseguinte, o componente
conjectural deu lugar ao factı́vel.
5.3. RETORNO
181
Figura 5.19: Retenção total de um conceito.
Na figura 5.19 ilustra-se um caso extremo, em que as restrições impostas proı́bem
a remoção do conceito, do contexto em que se insere, representados pelo nó visual e
pelo contentor interior, respectivamente. A figura mostra ainda a possı́vel codificação
dos movimentos relativos entre as facetas do dispositivo (fı́sico e lógico). Nesta circunstância, em que a manipulação não se pode efectuar de todo para fora da área
definida pelo contentor, o dispositivo lógico é, também aı́, feito refém.
a) objecto retido
b) independência cedida / dep. proibida
c) dependência rejeitada
Figura 5.20: Rejeição total e parcial de um conceito.
Na figura 5.20 denota-se uma situação um pouco mais complexa, em que se fazem
sentir campos de retenção e rejeição. Relativamente às figuras anteriores acrescentouse mais um contentor, representando-se a conjuntura em que se manipula um nó visual
de um conceito, entre contentores não adjacentes. No caso deste exemplo, ambos os
contentores interiores se combinam com o exterior por sobreposição. Os contextos de
cada um dos interiores impõem restrições não completamente proibitivas à inclusão ou
182
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
remoção de conceitos. Ao contrário o contexto exterior não permite contextuar o conceito manipulado. Em a) a manipulação sente a retenção do contentor de origem. Uma
vez ultrapassado o seu campo de retenção, o objecto manipulado fica sob a influência
do campo de rejeição do contentor exterior (admite-se um campo de retenção super
protector). Em b) mostra-se esse campo de rejeição enfatizado, que assim continuará
enquanto o campo de actividade do objecto manipulado se mantiver dentro dos seus
limites. Se o movimento do dispositivo lógico continuar, pode atingir-se a situação
ilustrada em c), em que o campo de rejeição do contentor interior mais à direita foi
activado, sendo inibido o do exterior.
Figura 5.21: Criação de uma associação.
Na figura 5.21 mostram-se as diversas fases por que passa a manipulação que permite a criação de um arco visual entre dois nós visuais. Uma vez localizado o nó visual
inicial, será necessário seleccioná-lo (em cima ao centro). Nessa altura torna-se visı́vel
o campo de rejeição do nó e assim se manterá enquanto o limiar de execução se mantiver no seu interior. É interessante notar que, no caso particular do inı́cio de um arco
visual, os limiares que determinam o campo de rejeição se encontram trocados, relativamente ao que é usual num objecto, i.e. o limiar de aceitação será o exterior, enquanto
o de rejeição se reduz ao ponto onde começou a interacção. Deste modo, o utilizador
5.3. RETORNO
183
terá que deslocar o dispositivo lógico para o exterior do nó visual, para que surja o
retorno materializado pelo aparecimento de um componente conjectural (linha a traço
interrompido, em cima à direita). Uma vez atingido o limiar de rejeição de outro nó
(ou do mesmo, agora com o campo orientado de forma normal) o respectivo campo de
rejeição é mostrado, mantendo-se visı́vel o componente conjectural do arco, enquanto
aquele não for ultrapassado. As duas últimas partes da figura denotam as situações em
que foi aceite a criação do arco visual, mostrando-se o componente factı́vel (em baixo
ao centro), e em que o arco foi finalmente criado (à direita).
Figura 5.22: Apagamento de uma associação.
Na figura 5.21 ilustra-se o apagamento de um arco visual recorrendo a um objecto destrutor. Este representa-se sobre o canto inferior direito de cada quadro, por
um rectângulo marcado com uma cruz. Na parte esquerda, o arco visual é agarrado
devendo vencer-se o campo de retenção que se mostra. Uma vez ultrapassado, o campo desaparece manifestando-se então o componente conjectural já que o arco deverá
ter dois nós terminais. Neste caso os componentes tangı́vel e factı́vel sobrepõem-se,
mesmo quando o campo de rejeição de outro objecto é activado. Este será o caso do
quadro central da figura em que se tornou visı́vel o campo de rejeição do destrutor. Na
última situação foi forçado o apagamento do arco visual (i.e. ultrapassado o campo
do destrutor), pelo que desaparece o componente conjectural (a manipulação é viável),
o factı́vel é extinto ou, como se mostra na figura, substituı́do por uma referência explicita à operação (no caso uma cruz, indicando apagamento) e o tangı́vel mantém-se,
indicando que, se for cancelada a manipulação, o arco visual voltará a estabelecer-se.
Finalmente, na figura 5.23 mostra-se a criação de um nó visual correspondente a
uma junção. Para além dos componentes de retorno do objecto manipulado (factı́vel à
184
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 5.23: Criação de uma junção.
direita e conjectural nos outros quadros) e da apresentação dos campos de rejeição dos
arcos visuais que se tornarão dominantes, é interessante notar a inclusão dos componentes de retorno correspondentes aos últimos (conjectural do arco visual superior, ao
centro, e factı́vel dos dois arcos à direita). Note-se que este envolvimento dos objectos geometricamente dependentes (embora conceptualmente dominantes, neste caso)
é igualmente possı́vel para os restantes representantes visuais.
5.3.3 Metáfora da membrana
O dialecto de retorno baseado na metáfora da membrana utiliza o mesmo tipo de
comportamento para os componentes do objecto manipulado, mas modifica a forma
de veicular os campos de resistência e, em particular, a intensidade da sua força. De
facto, na utilização deste dialecto, não é explicitamente mostrado o campo de resistência, mas o objecto que impõe a restrição (seja o dominante corrente ou potencial, seja
um operador) é distorcido, enquanto a sua força se fizer sentir. A área do objecto que
sofre a distorção é proporcional à força do campo e a profundidade da mesma alarga-se
à distância entre os respectivos limiares. Nas figuras seguintes, que ilustram situações
possı́veis de retorno segundo este dialecto, os limiares são mostrados para facilitar a
explicação, embora na concretização estes não sejam desenhados.
Na figura 5.24 mostra-se a manipulação anteriormente ilustrada na figura 5.20,
agora de acordo com o novo dialecto. Note-se, à esquerda, a distorção alargada da
fronteira do contentor interior, significando uma força de retenção intensa. À direita
5.3. RETORNO
185
Figura 5.24: Alteração do contexto de um conceito, entre contentores não adjacentes.
a força de rejeição é menor. No quadro central o componente factı́vel mantém-se no
contentor inicial, já que o contexto correspondente ao exterior não admite a inclusão
de conceitos.
Na figura 5.25 mostram-se as distorções provocadas nos nós visuais, quando usando este dialecto de retorno, se tenta criar um arco visual entre eles. Os quadros correspondem às situações em que os campos de resistência estão activados.
Figura 5.25: Manifestação dos campos de rejeição aquando da criação de uma associação.
Por fim, apresenta-se na figura 5.26 a manipulação de um nó visual, numa operação
de contextuação através de subvistas e de teleportes, cuja configuração num IMV é semelhante à que se usou no exemplo da figura 5.4. Omitiram-se da imagem os limiares
dos campos de resistência (ausentes também no caso real), mostrando-se apenas as
distorções causadas pelas interacções entre os objectos. Note-se que, em cima, o nó
visual tem que atravessar o campo de retenção, do contentor visto através da sua subvista, e os de rejeição dos outros dois contentores. Em baixo é usado o teleporte. A
localização do componente factı́vel no contentor de destino do teleporte é normalmen-
186
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
Figura 5.26: Criação de uma junção.
te determinada pela configuração deste último.
5.4 Enquadramento global no InCoMa
As classes e conceitos descritos nesta secção concretizaram-se e integraram-se na
biblioteca do InCoMa, sobre a plataforma de representação e apresentação descritas
no capı́tulo anterior. Na figura 5.27 mostra-se, em traços gerais, a articulação dos elementos de gestão da manipulação com os restantes blocos de classes desenvolvidos no
âmbito deste trabalho.
Os dispositivos, os manipuladores e as operações evoluı́ram de um único componente básico do Edgar, que geria toda a interacção e sobre o qual se podia definir uma
forma rı́gida de retorno, sem consideração pelas restrições impostas. Estas classes, permitiram flexibilizar combinações entre dialectos de retorno, dispositivos de interacção
e operações, adaptando-se ainda à funcionalidade oferecida pelo Crook e ao comportamento definido pelo modelo proposto.
5.5. SUMÁRIO
187
Figura 5.27: Arquitectura do InCoMa.
Criaram-se duas classes de dispositivos, uma para gestão do teclado e outra para
a gestão do rato, posteriormente refinadas para dois sistemas de janelas distintos. Os
manipuladores desdobraram-se em formas especı́ficas de movimentação de objectos,
redimensionamento e criação, coadjuvados por operações particulares de selecção,
contextuação e criação dos diversos componentes de um mapa. Duas versões destes
elementos de manipulação materializaram os dois dialectos sugeridos como exemplo.
5.5 Sumário
Neste capı́tulo completou-se a descrição do sistema proposto, abordando os conceitos, modelos e classes que constituem o suporte à definição de mecanismos de
exploração de mapas cognitivos, por manipulação directa, conforme os requisitos identificados. Começou por se focar a atenção nos aspectos relacionados com as acções dos
188
CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS
utilizadores, no âmbito do estilo de interacção referido. Propôs-se uma decomposição
dessas actividades, do ponto de vista do sistema computacional, facultando-se um
conjunto de componentes responsáveis pela sua gestão, nomeadamente, no plano
das acções reais e das percepcionadas pelo utilizador e das executadas no sistema. Identificaram-se os nı́veis a que a manipulação se processa e os respectivos
espaços em que se articulam, providenciando assim formas homogéneas de projecção
e coordenação dos objectos envolvidos na manipulação. Outros objectos (operadores) foram ainda propostos, como forma de estender e facilitar as operações postas à
disposição do utilizador, por manipulação directa.
Como suporte à definição do comportamento dos objectos envolvidos nas acções
de manipulação descreveu-se um modelo, capaz de espelhar em articulações espaciais, as diversas restrições impostas à representação dos mapas, incluindo os graus de
coerção a elas associados. O modelo estabelece um conjunto de áreas em torno dos objectos e um conjunto de reacções padrão desencadeadas aquando da sua interacção. Essas reacções podem então servir de base à construção de dialectos de retorno, adequados à veiculação de restrições contingenciais, como aquelas que emergem na utilização
de mapas cognitivos.
Por último, identificaram os actores fundamentais que podem contribuir para
definição de dialectos de retorno visual, mais expressivos que os habitualmente disponı́veis, e propuseram-se dois dialectos exemplificativos, segundo duas metáforas de
comportamento dos objectos envolvidos na manipulação.
Ferramentas
Nos capı́tulos anteriores descreveu-se a concepção do InCoMa. No texto que se
segue, apresentam-se duas ferramentas, construı́das a partir dele, que se enraı́zam fortemente no contexto em que se desenrola este trabalho. De facto, ambas decorrem de
necessidades sentidas no projecto ORCHESTRA, a primeira durante a sua fase inicial,
em que foi feito o diagnóstico das organizações piloto, e a segunda após a instalação
dos protótipos nele elaborados. O desenvolvimento das ferramentas constituiu um
terreno valioso para a experimentação do InCoMa, tendo em conta o espectro de linguagens visuais que apresentam (quer em termos de variantes de mapas, quer em
função dos nı́veis de formalismo de denotam) e o seu enquadramento em modelos
estabelecidos de desenvolvimento organizacional.
O capı́tulo começa por apresentar o FADO (Carriço & Guimarães, 1997), uma ferramenta que suporta o diagnóstico de organizações em mapas cognitivos, regidos por
uma metodologia e um modelo descritos no capı́tulo 2 e usados no projecto supracitado. Depois de uma perspectiva geral da ferramenta e em particular das extensões
que propõe à metodologia de base que adopta, é descrita sucintamente cada uma das
facetas do seu desenvolvimento a partir dos diversos grupos de componentes que o
InCoMa oferece. De seguida, é revisto o DETO/ARTO (Carriço et al., 1997). Este surgiu
como uma aplicação de suporte à coordenação da evolução de sistemas computacionais de âmbito organizacional, segundo um aproximação que os enquadra nas perspectivas sociais e de gestão. Adopta igualmente mapas cognitivos, num panorama que
abrange diagramas de dependências, articulando-os num modelo de desenho organizacional, também atrás apresentado (em 2.3.1) e que aliás norteou a visão global do
ORCHESTRA.
189
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
190
6.1 O FADO
O FADO, acrónimo formado a partir da designação Ferramenta de Análise e Diagnóstico Organizacionais1 , é como se disse uma ferramenta especificamente orientada para esse fim, que toma as suas raı́zes na aproximação da Análise de Correntes
(apresentada em 2.3.3). Partindo dessa metodologia, no FADO propõe-se um conjunto
de extensões, que decorre essencialmente da descrição que é feita do próprio processo de construção das cartas (mapas) e do seu enquadramento num panorama mais
abrangente de mapas cognitivos, como aquele que se apresentou neste trabalho. Naturalmente, algumas delas só farão sentido, por uma questão de exequibilidade, no
contexto da capacidade acrescida que é facultada pelos meios computacionais. Deve
ainda dizer-se que, embora o modelo de desenvolvimento organizacional adoptado no
FADO seja o da Análise de Correntes, a sua adaptação a outros modelos, como admite
o próprio autor da metodologia (Porras, 1987), é relativamente simples.
6.1.1 Os mapas cognitivos
Do ponto de vista dos mapas cognitivos usados no FADO, refira-se em primeiro
lugar os mapas causais simples que constituem as cartas de diagnóstico de problemas,
enquadrados na taxionomia de classificação nas quatro correntes de base do modelo
adoptado, aos quais se propõem as seguintes extensões:
a atribuição de nı́veis de confiança na classificação e de importância na manifestação dos problemas;
a inclusão de atributos nas relações causais, que englobam a possibilidade de
expressar nı́veis de confiança e pesos de influência;
a definição de variantes de causalidade (positiva e negativa) e de outras associações tipificadas (e.g. equivalência, articulação na resolução, associação temática).
1
Ou dos termos anglo-saxónicos, Facilitation of Analysis and Diagnosis of Organizations (Carriço & Guimarães, 1997).
6.1. O FADO
191
A utilização de nı́veis de confiança na classificação dos problemas e na especificação de relações causais pode, em primeiro lugar, contribuir para uma detecção mais
apurada das contradições entre os vários indivı́duos duma equipa envolvida num diagnóstico, aquando da comparação de mapas individuais. Por exemplo, uma vez identificados os problemas, cada membro da equipa classifica-os (na corrente que considere
adequada) e define entre eles as relações causais que ache pertinentes. Nessas actividades, especifica o nı́vel de confiança e possivelmente a importância e o peso. A formação
de um mapa conjunto parte então dessa informação, para estabelecer uma hierarquia
de situações polémicas (e, simultaneamente, definir a importância e os pesos combinados segundo critérios predeterminados) - serão preferencialmente seleccionadas para
discussão, as classificações e relações que, tendo associados nı́veis de confiança elevados em mais do que um mapa individual, se revelem contraditórias.
Os nı́veis de confiança, a importância e os pesos de influência, bem como as variantes de causalidade e as relações tipificadas, têm também um papel relevante na
análise expedida (ou semi expedita) das cartas de diagnóstico - veja-se a descrição da
metodologia em 2.3.3. Nos algoritmos que permitem indiciar os problemas de base, as
variantes, os pesos e a importância são usados em conjunção com o nı́vel-de-entrada e
o nı́vel-de-saı́da, de forma a veicular relações de causalidade mais exactas. Também na
definição das histórias de resolução articulada, estes factores podem ser utilizados para
estabelecer limiares de escolha na determinação automática de cadeias de causalidade interessantes, diminuindo assim o número de problemas que as equipas terão que
considerar nas decisões finais. Nas histórias e especialmente na identificação de temas
a introdução de relações do tipo ”deve ser resolvido em conjunto”ou simplesmente
”relacionado com”, permite facilitar a pesquisa destes padrões, ao mesmo tempo que
regista o conhecimento da equipa nos próprios mapas.
Para além das extensões directamente aplicadas à especificação dos mapas de diagnóstico, o FADO disponibiliza ainda outros dois tipos de mapa que com eles se articulam, bem como com os mapas conceptuais das cartas de planeamento e acompanhamento. Os tipos de mapa propostos são os argumentativos e os taxionómicos. Sobre
os últimos é ainda possı́vel a definição de variantes causais, de ı́ndole abstracta, com
caracterı́sticas interpretativas.
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
192
Os primeiros aparecem como meio de estabelecer um fórum de discussão estruturada entre os membros da equipa e de documentar as decisões controversas em
qualquer das três fases da metodologia. A utilização de mapas argumentativos (i.e.
do componente que suporta a sua especificação) é sugerida pela própria ferramenta
em várias situações, embora, naturalmente, possa ser usada noutras. De entre essas
situações destacam-se aquelas que ocorrem:
sempre que é detectada uma potencial contradição - por exemplo, aquando da
classificação dúbia de problemas importantes, na restruturaç ão de problemas
(fusão e divisão), na reclassificação de problemas ou reformulação de relações
causais inicialmente especificadas com elevados graus de confiança, etc.;
nas operações de selecção (semântica), após a fase de análise expedita que indicia
problemas base, histórias ou temas - por exemplo, quando um potencial problema de base é rejeitado, estando ordenado a um nı́vel alto que outro escolhido, na
hierarquia criada pelos algoritmos disponı́veis.
quando se detectem desvios entre as acções planeadas e as acompanhadas, nas
cartas respectivas - por exemplo nos deslizamentos temporais das implantações
das soluções planeadas.
Estas situações ou outras explicitamente enunciadas constituirão as afirmações que
desencadeiam a argumentação estruturada, no FADO de acordo com uma variante do
esquema de Toulmin. De facto, trata-se uma variante mais livre, na linha da que é
proposta por Streitz et al. (1989), em que o tipo dos conceitos (afirmações, abonações,
etc.) é determinado pelas ligações que entre eles se estabelecem - veja-se a descrição
das variantes de Toulmin na página 44 .
Finalmente, os mapas taxionómicos vêm ao encontro da omissão, na metodologia
original, de formas especı́ficas para a classificação dos problemas nas subcategorias
do modelo (apresentadas na tabela 2.1). O seu papel, no entanto, pode estender-se
à formalização sucessiva de outras categorias de problemas e mesmo à inclusão de
relações de causalidade abstracta (regras). Esta articulação entre taxionomia e causalidade vai no sentido das redes semânticas e permite que o FADO possa ser questionado
sobre causas e efeitos tı́picos, especificados de forma genérica.
6.1. O FADO
193
6.1.2 A estrutura conceptual
A concretização da estrutura de representação conceptual dos vários mapas utilizados no FADO, que se estabelece no plano da linguagem, é feita com base nas classes
providenciadas no respectivo subsistema do InCoMa.
No caso dos mapas a traçar nas cartas definidas pela metodologia, identificam-se:
Quatro contextos de topo, correspondentes às correntes definidas no modelo
adoptado. A eles impõem-se à partida restrições que evitam o seu apagamento, modificação de atributos base e duplicação (aspectos correspondentes a
operações definidas na própria classe Contexto e nas de onde ela deriva - Conceito e RepConceptual).
Um tipo de conceito denominado ’Problema’, cujas instâncias corresponderão
aos problemas lançados nos mapas de diagnóstico. A elas é associada uma restrição de caracter não peremptório mas forte (i.e. com um valor de ’prioridade’ perto de um), que recomenda a sua contextuação apenas num contexto. Em
particular, os atributos ’importância’ no próprio conceito e ’confiança’ nas
instâncias da classe Contextuação correspondem às noções homónimas definidas
como extensão à metodologia original.
Um tipo de conceito designado ’Acção’, ao qual se associam as propriedades
’inı́cio’ e ’duração’. A sua instanciação é feita apenas nos mapas das cartas
de planeamento e acompanhamento.
Um tipo de associação denominado ’Causa’, com uma propriedade que indica
a sua variante (e.g. ’positiva’, ’negativa’). Os atributos ’importância’ e
’confiança’ correspondem às extensões relativas ao peso de influência e nı́vel
de confiança, atrás mencionados. Como restrições fundamentais têm a de se
poderem apenas ligar a ’problemas’, de não poderem associar um conceito a ele
próprio (peremptórias) e uma recomendação (forte) que pretende desencorajar a
definição de restrições entre dois ’problemas’, para os quais já exista uma outra
associação causal.
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
194
Associações dos tipos sugeridos nas extensões e relativas à detecção de histórias
e temas, restritas também aos conceitos do tipo problema, e outras do tipo ’Desencadeia’ para a ligação de ’acções’ nos mapas de planeamento e acompanhamento.
Nesta fase do protótipo não se definiram junções, embora a introdução de junções
que denotem a conjunção de associações do tipo ’Causa’ possa contribuir para uma
melhor especificação de um diagnóstico.
Relativamente aos mapas argumentativos, já algumas indicações foram dadas
aquando da apresentação do próprio InCoMa. A flexibilidade imputada a esta variante
do esquema de Toulmin evita a introdução dos diversos tipos de conceito e simplifica
o processo argumentativo. Essencialmente foram definidos os seguintes refinamentos:
Um único tipo de conceito designado ’Argumento’, a que é dada a possibilidade
de associar uma restrição, que evita (desaconselha) a sua ligação como inı́cio de
qualquer associação. Esta restrição é atribuı́da aos ’argumentos’ que iniciam
os processos de argumentação (as afirmações, no esquema original de Toulmin).
Três tipos de associação designados ’EntãoPorCerto’, ’JáQue’ e ’AMenosQue’. As associações do primeiro tipo podem apenas ligar ’argumentos’, ao
passo que as do segundo só poderão ter inı́cio num ’argumento’ e terminar numa junção de um dos tipos abaixo indicados e pela ordem especificada. Estas
restrições têm caracter peremptório (i.e. ’prioridade’ igual a um).
Dois tipos de junção designados ’ÂncoraDeAbonação’ e ’ÂncoraDeRefutação’. As instâncias destes tipos de junção têm como restrições o facto de só
poderem depender de uma única associação, cujo tipo seja ’EntãoPorCerto’.
Finalmente, nos mapas taxionómicos define-se um tipo de conceito designado ’Categoria’, do qual se criam instâncias correspondentes a cada uma das subcategorias das correntes do modelo. Estas instâncias são ainda classificadas num dos quatro
contextos antes referidos. A todos as ’categorias’ é imposta uma restrição, que estabelece que as únicas associações entre eles e conceitos do tipo ’Problema’ sejam
subsunções, iniciadas nos últimos e terminadas nos primeiros. Nas ’categorias’
6.1. O FADO
195
que denotam a classificação do modelo é ainda acrescentada uma restrição, que recomenda que cada ’problema’ se ligue apenas a uma delas, e outra, que impõe que
os ’problemas’ nelas classificados estejam também no contexto a que corresponde a
’categoria’.
6.1.3 As linguagens visuais
Aos componentes de representação conceptual definidos para cada tipo de mapa
do FADO, associaram-se representantes visuais especı́ficos, que constituem os elementos das linguagens visuais usadas nesta ferramenta. As figuras seguintes apresentam
trechos de mapas em que se mostram os componentes visuais principais de cada um
deles.
Figura 6.1: Componentes da linguagem visual das cartas de diagnóstico do FADO.
Na figura 6.1 são mostrados três instâncias do tipo de nó visual definido para os
problemas da carta de diagnóstico. Assumem uma forma gráfica rectangular que permite apresentar texto em várias linhas. O texto que contêm é composto a partir dos
atributos ’ordem local’ e ’descrição’ do representante conceptual a que estão associados, através de uma restrição do tipo Tradução. O aspecto coagido nessa restrição é o do nó visual que corresponde ao método que altera o texto. Os aspectos
dominantes são os dos atributos referidos no representante conceptual. Para além
dessa tradução, cada nó visual de um problema inclui ainda: uma referente ao atributo ’importância’ (dominante), que se manifesta na espessura do traço que contorna
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
196
o rectângulo (dependente); e outra relativa à ’confiança’ na contextuação, que se
reflecte no padrão desse mesmo traço.
A figura 6.1 revela ainda o inı́cio de três formas rectangulares, encabeçadas pelas
nomes das correntes, que correspondem a três dos quatro contextos envolvidos. Essas
formas pertencem a outros tantos contentores, cuja relação com o contexto respectivo,
usa as opções definidas por omissão, no InCoMa i.e. o aspecto ”contextua”tem associada uma restrição que evita que os representantes visuais dos problemas saiam do
contentor em que se encontram.
Relativamente a este tipo de mapas refiram-se ainda as associações do tipo ’Causa’, cujo arco visual (um segmento de recta terminado por uma seta) se mostra na
figura. Ambas as instâncias denotam a sua variante positiva, a da esquerda com peso
elevado (’importância’) e à direita com um grau de confiança baixo. Para além das
restrições que se aplicam a estes dois atributos, semelhantes às aplicadas aos nós visuais dos problemas, estabelece-se ainda uma tradução que faz aparecer uma etiqueta a
meio do arco, no caso das variantes não positivas de causalidade.
Figura 6.2: Componentes da linguagem visual dos mapas argumentativos do FADO.
Na figura 6.2 mostram-se os componentes visuais dos mapas de argumentação.
De referir apenas os nós visuais sobre o arco visual horizontal, que correspondem às
junções: à esquerda (um pequeno rectângulo escuro), os associadas às instâncias do
tipo ’ÂncoraDeAbonação’; e à direita (uma cruz), os dos representante conceptual
do tipo ’ÂncoraDeRefutação’. As estes dois tipos de nós visuais são ainda impostas
restrições espaciais, que as mantêm sobre o arco visual correspondente à associação
do tipo ’EntãoPorCerto’, no primeiro caso na metade inicial do arco e no segundo
6.1. O FADO
197
na metade final.
Figura 6.3: Componentes da linguagem visual dos mapas taxionómicos do FADO.
Finalmente, na figura 6.3 mostram-se os componentes visuais dos mapas taxionómicos. São definidos três contentores: o primeiro corresponde a um dos contextos representativos das correstes do modelo, consoante o ’problema’ que se pretenda
classificar numa das subcategorias do modelo - área situada do lado esquerdo do traço
vertical carregado; o segundo, combinado com o primeiro por cooperação, inclui os
nós visuais correspondentes às ’categorias’ da corrente em questão - em cima à direita; e o terceiro conterá os nós visuais das ’categorias’ especı́ficas a cada aplicação
- região em baixo à direita. Na figura, em cada um dos contentores, é ainda mostrado
um exemplar dos nós visuais que se podem associar aos conceitos envolvidos nestes
mapas e os dois tipos de arcos visuais possı́veis: à esquerda referente ao tipo Subsunção e à direita a ’Causa’.
6.1.4 A apresentação
Relativamente à apresentação, os componentes do InCoMa aplicam-se directamente ao FADO. Nas figuras seguintes mostram-se exemplos dos três editores disponı́veis
nesta ferramenta, todos eles usando variantes de vistas.
Na figura 6.4 mostra-se o editor das cartas de diagnóstico. A região pela qual é
visı́vel o mapa causal é uma IMV, cujas quatro subvistas se confinam aos quatro contentores representativos das correntes do modelo organizacional seguido. Incluı́ram-se
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
198
Figura 6.4: FADO - editor da carta de diagnóstico.
ainda na IMV usada, formas gráficas do tipo caixa de texto, que expõem o nome das
referidas correntes (em cima de cada subvista). É-lhes imposta uma restrição que determina que a sua largura seja igual a da subvista junta, outra que lhes dá uma cor mais
escura no caso da subvista estar seleccionada e ainda outras que lhes fixam a posição e
a altura. O deslocamento das áreas de foco das subvistas por acção sobre as barras de
deslocamento, no caso mostrado da subvista dos ”Factores Sociais”, não interfere com
o posicionamento das formas gráficas referidas, já que estas estão definidas no nı́vel
de interacção. O mesmo se passa relativamente à aproximação, disponı́vel através nos
menus.
Para além dos filtros da própria IMV, são oferecidos outros predefinidos, acessı́veis
pela barra de menus (em ”Analysis”), que permitem omitir variantes de relações cau-
6.1. O FADO
199
sais e problemas com nı́veis de entrada e de saı́da, acima ou abaixo de determinado
valor. Nesta fase não foram usados destrutores ou teleportes, embora a utilização de
qualquer um deles fosse potencialmente interessante.
Figura 6.5: FADO - editor dos esquemas de argumentação.
Na figura 6.5 mostra-se o editor dos mapas de argumentação, no caso vertente denotando o debate sobre a classificação, no contexto da corrente de ”Arranjos Organizacionais”, do problema identificado com o número 1 na carta de diagnóstico. Este componente do FADO aparece, por omissão, com uma vista simples, estando disponı́veis
os mecanismos normais de aproximação (sobre cada um dos eixos) e deslizamento. É
possı́vel também a duplicação da vista ou a criação de uma IMV.
Finalmente, a figura 6.6 mostra o editor dos mapas de taxionómicos. De referir a
presença de uma IMV agora tripartida, cujas subvistas estão também limitadas aos respectivos contentores (atrás descritos). O mecanismo de identificação destes foi igualmente feito recorrendo a formas gráficas criadas no nı́vel de interacção (i.e. como componentes da IMV), embora as restrições que lhe estão associadas, particularmente as
patentes nas subvistas à direita, sejam diferente (tamanho fixo).
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
200
Figura 6.6: FADO - editor das taxionomias.
6.1.5 A manipulação
No que respeita à manipulação directa dos mapas apresentados no FADO, o suporte oferecido pelo InCoMa é também aplicado de forma praticamente directa. De facto,
para além do refinamento das operações, algumas delas já disponibilizadas, houve
apenas que estabelecer a articulação das almas com os representantes visuais definidos, que, ainda assim, adoptam os comportamentos por omissão.
Nas figuras que se seguem mostram-se alguns aspectos do comportamento dos
objectos aquando da sua manipulação. O manipulador usado providencia o retorno segundo a metáfora da barreira e o dispositivo em jogo corresponde ao rato. No primeiro
caso (figura 6.7), ilustra-se a reclassificação de um ’problema’ de um contexto para
outro, nomeadamente da corrente dos ”Arranjos Organizacionais”para os ”Factores
6.1. O FADO
201
Figura 6.7: FADO: reclassificação de um problema.
Sociais”. A ”barreira”surge quando o nó visual representante do ’problema’ 1 atinge
o limite da subvista em que se encontra e assim se mantém até que o cursor a ultrapasse (lado esquerdo da figura). As movimentações de nó visual que não intersectem os
limites das suas subvista não serão ”contrariadas”. Em ambas as partes da figura estão
patentes os componentes tangı́vel (mais claro) e factı́vel, do objecto manipulado.
Figura 6.8: FADO: criação de uma associação causal.
Na figura 6.8 mostram-se as duas fases finais do arrastamento, aquando da
definição de uma relação causal entre problemas. É também visı́vel a barreira em torno do nó de destino e duas facetas do objecto manipulado (conjectural, à esquerda, e
factı́vel, à direita). O retorno à manipulação dos objectos que compõem os restantes
mapas é semelhante.
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
202
6.2 O DETO/ARTO
O DETO/ARTO (Carriço et al., 1997) é uma ferramenta que surgiu no contexto dos
problemas encontrado na exploração dos artefactos tecnológicos desenvolvidos no
âmbito do ORCHESTRA. Esses problemas emergiram da necessidade de adaptação
coordenada dos artefactos às inevitáveis mudanças organizacionais. De facto, apesar
de cada aplicação cobrir aspectos fundamentais das organizações (informação, fluxos
de trabalho, comunicação e decisão) a sua articulação torna-se indispensável para uma
exploração adequada que tire delas tire partido. Para mais, as mudanças organizacionais são, em grande parte, determinadas ao nı́vel da gestão organizacional e, portanto,
segundo perspectivas globais descritas em modelos emergentes das ciências sociais.
Figura 6.9: DETO.
6.2. O DETO/ARTO
203
O DETO/ARTO, é essencialmente formado por dois componentes interactivos2 : o
DETO e o ARTO. O primeiro, cujo acrónimo se forma a partir da designação DEpendency
TOol, é um editor que permite a visualização e modificação exploratória da estrutura
de dependências existente entre os diversos artefactos tecnológicos (desenvolvidos no
ORCHESTRA e implantados numa organização). A essa estrutura acrescem-se ainda
dependências, normalmente subjectivas ou pelo menos não explı́citas nesses artefactos e especialmente entre eles, que resultam de uma perspectiva organizacional não
necessariamente tecnológica. O DETO, apresentado na figura 6.9, articula esse mapa de
dependências na classificação de base estabelecida pelo modelo de desenho de Mintzberg (1993), sucintamente descrito na página 55. O ARTO, por sua vez, é um editor de
mapas argumentativos em tudo semelhante ao componente correspondente do FADO.
6.2.1 A concretização a partir do InCoMa
Tendo em consideração o que foi dito sobre o FADO, referir-se-ão apenas as seguintes caracterı́sticas relativas à construç ão do DETO:
Representação conceptual - assinale-se a criação de cinco tipos de contextos e outros
tantos de conceitos, correspondentes às cinco dimensões organizacionais definidas. Define-se apenas um tipo de arco visual, designado ’Depende’, com caracterı́sticas de peso e confiança semelhantes às relações causais (embora sem
variantes).
Linguagem visual - os cinco tipos de nós visuais criados espelham eles próprios o
contexto em que estão inseridos, sendo as formas gráficas que os constituem
compostas por outras primitivas e combinadas por restrições geométricas adequadas (e.g. formas concêntricas). É particularmente interessante uma variante
usada para os nós visuais presentes no contexto de ”Autoridade Formal”, que podem mostrar um conjunto de pontos, cujo número (até um máximo predefinido)
é determinado pelo valor de uma propriedade (’número de indivı́duos)’ do
2
Outros componentes permitem a angariação automática de alguma informação a partir dos artefactos que pretende auxiliar a gerir. Uma descrição mais em pormenor pode ser vista em (Carriço et al.,
1997).
CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS
204
respectivo conceito - veja-se o nó visual designado ”Conduction Manager”, na
figura 6.9.
Apresentação e manipulação - na sua forma por omissão apresenta uma IMV com cinco subvistas sobre os respectivos contextos.
Manipulação - as caracterı́sticas dos componentes de manipulação são semelhantes
aos do FADO.
6.3 Sumário
Neste capı́tulo apresentou-se uma perspectiva sucinta das duas ferramentas construı́das com base no InCoMa. Para além de uma descrição breve da sua funcionalidade e enquadramento no âmbito das ferramentas a que se pretende dar suporte,
expuseram-se, em linhas gerais, alguns aspectos da sua concretização.
Conclusões e Trabalho
Futuro
Esta dissertação explana a concepção fundamentada (principled design) de um suporte para a construção de ferramentas computacionais interactivas, orientadas para
o trabalho com mapas cognitivos, em particular, no contexto das organizações, do seu
desenho e diagnóstico.
A motivação da qual emerge este trabalho toma as suas raı́zes na necessidade, manifestada no âmbito das ciências sociais e projectada sobre as correspondentes vertentes tecnológicas, de olhar para as organizações como sistemas complexos, permeáveis a
influências externas, com uma forte componente humana, em que a maneira de pensar
dos seus membros e especialmente a dos intervenientes nas tomadas de decisão, determina fortemente o seu desempenho. Assim sendo, a utilização de metodologias, que
permitam clarificar, comunicar e mesmo simular (ainda que parcialmente) os processos e estruturas de raciocı́nio dos indivı́duos, é um recurso extremamente válido nesse
contexto. Prova dessa validade é o uso, cada vez mais frequente, dos mapas cognitivos, em várias perspectivas da gestão e do desenvolvimento organizacional, incluindo
mesmo a concepção de tecnologia e de sistemas computacionais complexos, que nela
se enquadrem de forma satisfatória. A larga aceitação deste instrumento de trabalho
não é, como se disse, alheia à sua faceta visual, ao seu abrangimento na representação
dos diferentes pontos de vista sobre o fenómeno cognitivo, à sua capacidade de enquadramento em modelos psicossociais estabelecidos e à sua faculdade de, cobrindo
diferentes nı́veis de formalização, poder enquadrar múltiplos graus de pormenor e
exactidão, que comportam, simultaneamente ou em sequência, explanações intuitivas
e de foro racionalista, comuns nas deliberações organizacionais.
205
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
206
O desafio global que se pôs a esta tese, foi então o de estabelecer um sistema de
suporte, que cobrisse as várias formas e facetas de utilização destes mapas, no âmbito
da gestão e desenvolvimento das organizações, e que permitisse enriquecê-las com as
caracterı́sticas que um sistema computacional pode oferecer, adaptando-as aos requisitos particulares de cada aplicação. A sua natureza visual constitui, sem dúvida, um
dos pontos chave desse desafio, já que lança esses reptos sobre uma área tecnológica,
mas também psicossocial e definitivamente cognitiva, como é a das interfaces pessoamáquina. De certo modo, esta fecha um ciclo de preocupação sobre as ferramentas
computacionais em causa e consequentemente sobre o seu suporte, já que se trata de
instrumentos oferecidos para auxiliar pessoas a reflectir sobre o que pensam e como
pensam as pessoas.
Partindo deste problema, procedeu-se então ao estudo do contexto em que se
articulam os mapas cognitivos, analisando-os quer no domı́nio global em que se
debruçam (i.e., a cognição humana), quer na forma que assumem e no aspecto cognitivo que descrevem, quer ainda no modo como se obtêm e como permitem extrapolar
considerações sobre a cognição. Esta análise dos mapas foi mais longe, enquadrandoos, num extremo, com formas racionalistas de representação do conhecimento (as redes semânticas), e no outro, com esboços estruturados para auxiliar a reflexão (mapas
mentais), passando por mecanismos visuais de explanação conceptual em sentido lato (mapas de conceitos). Por fim, este estudo alargou-se ao domı́nio especı́fico das
organizações, sobre o qual se apresentaram modelos de desenho e desenvolvimento,
também emergentes do estudo das caracterı́sticas psicossociais destas, que incluem
metodologias para o diagnóstico organizacional, materializadas em formas simples de
mapas cognitivos.
Dessa análise em pormenor, foi possı́vel identificar um conjunto de requisitos com
impacto directo na concepção fundamentada de um suporte computacional adequado. Na sua essência, esses requisitos cobrem os aspectos de representação conceptual
e visual, apresentação e navegação e manipulação e retorno, que, como componentes
basilares no projecto de uma ferramenta interactiva, tomaram particular importância
neste trabalho. Como denominador comum identificou-se, para além do aspecto visual, um modo de especificação contingencial, passı́vel de revisão e refinamento continu-
207
ados, articulado em conhecimento anterior, que, no componente computacional, se terá
que reflectir, tanto na forma como se guarda e se expressa a informação (representação),
como na maneira como se permite a sua exploração e se guia o utilizador nesse processo (manipulação e retorno). Também decorrente de um processo de pormenorização
sucessiva e explanação de actividades complexas, com múltiplos factores envolvidos,
emergiu como requisito a capacidade de gerir diagramas de dimensões apreciáveis,
patentes em diversos casos experimentais de aplicação destes mapas.
Na posse destas directivas analisou-se o panorama tecnológico, num leque que
albergou as ferramentas especificamente orientadas para o trabalho com mapas cognitivos, mas também os sistemas de suporte à criação de ferramentas interactivas e
de representação de conhecimento que, de algum modo, pudessem vir a dar solução
a algumas das condições perseguidas. Esta análise foi inicialmente enquadrada em
princı́pios e técnicas avançadas, disponı́veis genericamente para cada um dos grupos
de requisitos identificados, que no entanto, para além de não estarem patentes na maioria das ferramentas e sistemas estudados, ficam aquém das expectativas criadas para
a construção de um bom suporte computacional. Os problemas encontrados podem,
resumidamente, enumerar-se do seguinte modo:
falta de um mecanismo de modelação de representações conceptuais, que abarque os diferentes tipos de mapas cognitivos e se adapte às várias técnicas de
análise expedita, levando em linha de conta as restrições e recomendações, de
foro sintáctico e semântico a eles inerentes, que se caracterizam por diferentes
graus de confiança e por requisitos de ajuste a cada situação em particular e à
capitalização do conhecimento sucessivamente adquirido;
ausência de formas abrangentes para a definição de notações adequadas às várias
representações visuais dos mapas, que se articulem com as restrições conceptuais
antes referidas e com as caracterı́sticas espaciais e gráficas das linguagens visuais
que constituem;
desajuste das técnicas disponı́veis para a apresentação de grandes diagramas do
tipo nó/ligação, em relação às necessidades de navegação e análise interactiva
de mapas cognitivos, sobre múltiplos focos de interesse, cuja formalização e con-
208
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
sequente capacidade de providenciar contexto visual, se enraı́za fortemente nas
associações e portanto nas ligações entre nós;
carência de expressividade nas formas de responder à manipulação directa de
componentes dos diagramas e, em particular, de representações visuais dos mapas cognitivos, face à necessidade de comunicar ao utilizador restrições com
graus de proibição e aceitação variáveis, que, por fazerem parte integrante do
processo de exploração, dificilmente se coadunam com interrupções à interacção,
sem colidirem directamente com os princı́pios para ela estabelecidos.
As soluções propostas nesta tese, materializadas na biblioteca a que se chamou
InCoMa, assentam num conjunto de subsistemas integrados que lidam com cada um
desses problemas, a saber: o subsistema de representação, o de apresentação e o de
manipulação. Todos eles se encontram, por sua vez, articulados com o CrOOK, um
subsistema de tipificação e resolução de restrições.
O CrOOK é o responsável pela coordenação dos mecanismos de extensão e refinamento dos componentes básicos oferecidos nos restantes subsistemas, em particular
no de representação. Providencia formas de especificação de tipos, propriedades e
restrições, que permitem a criação dinâmica de novas classes, a materialização das
regras de comportamento das representações (conceptuais e visuais) e a definição das
normas de articulação entre os diversos subsistemas. Uma das suas caracterı́sticas fundamentais no CrOOK é a capacidade de gerir a resolução das restrições com base numa
relação de prioridades, que admite, em cada estado do sistema, a existência de desvios
à situação de equilı́brio, i.e. restrições não completamente satisfeitas. Esta capacidade vai de encontro ao estabelecimento de hierarquias de regras de foro sintáctico e
semântico, nestas últimas espelhando os graus de confiança que lhes estão associados.
O subsistema de representação, providenciando uma solução para os dois primeiros problemas, subdivide-se nas facetas conceptual e visual. A primeira estabelece uma
estrutura de elementos composta essencialmente por conceitos, associações, contextos e junções, coadjuvada por um conjunto de regras de uso, que permitem a criação de
linguagens especı́ficas para a representação conceptual de tipos predefinidos de mapas
cognitivos e para as suas evoluções e adaptações às contingências e caracterı́sticas de
209
cada aplicação e do seu domı́nio. A segunda, directamente relacionada com a anterior, define as contrapartidas visuais genéricas, que podem também ser refinadas para as
necessidades especı́ficas de cada notação. Introduz nós visuais, arcos visuais e contentores e, em particular sobre estes últimos, estabelece formas de combinação que concedem os meios para a construção de mecanismos de expressão elaborados e consistentes com os requisitos de pormenor encontrados. No seu conjunto, o subsistema de
representação constitui uma plataforma para a criação de linguagens especificamente
orientadas para a modelação de aspectos da cognição humana, naturalmente segundo
a perspectiva dos mapas. A separação entre os nı́veis conceptual e visual permite tirar
partido das vantagens especı́ficas de cada linguagem visual, que harmonizadas sobre
uma mesma representação conceptual, providenciam uma imagem simultaneamente
mais completa e de mais fácil percepção.
O subsistema de apresentação tem como responsabilidade principal gerir o espaço
visual disponı́vel, através do qual os utilizadores vêem e interagem com os mapas.
Essa funcionalidade materializa-se nas vistas, nos seus derivados e nos seus componentes, em especial os marcadores e os filtros, e encadeia-se em três nı́veis que se orientam para a resolução do penúltimo problema anteriormente enumerado. No primeiro
nı́vel as vistas disponibilizam a funcionalidade de base (deslizamento, aproximação
e distorção global), presente em objectos de interacção comuns, normalmente designados de forma homónima, e ainda mecanismos de suporte a formas avançadas de
distorção, bem como a meios de filtragem. Numa segunda fase, estabelecem-se formas
de articulação entre vistas, por partilha e coordenação de marcadores e filtros, esta
última recorrendo, mais uma vez, aos mecanismos de resolução de restrições do CrOOK. Desta maneira é possı́vel encontrar soluções integradas de marcação e filtragem,
que facilitam já a percepção conjunta de vários focos e de visões globais dos diagramas,
em vistas separadas. Finalmente, neste subsistema do InCoMa, propõe-se um artefacto
concebido sobre uma técnica inovadora de apresentação, a que se deu o nome de IMV.
Este, permitindo por si só a visualização e navegação em múltiplos focos de um diagrama, mantém a continuidade das ligações arcos visuais entre nós visuais patentes
em focos distintos, de modo a viabilizar a percepção das associações e, portanto, as
pedras basilares de um grande número de mapas cognitivos.
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
210
No seu todo, os subsistemas de representação e apresentação oferecem uma
solução integrada para a expressão visual dos mapas cognitivos, suportada por uma
estrutura conceptual coerente.
Em termos computacionais, os elementos que os
compõem dão resposta aos problemas colocados aos componentes de saı́da, directamente relacionados com a visualização dos mapas, nas aplicações cuja construç ão se
pretende sustentar.
Como solução para o último dos problemas enumerados, o da manipulação directa, propôs-se o subsistema de manipulação. Os elementos que o formam, são, em
primeiro lugar, responsáveis pela gestão das actividades do utilizador sobre as ferramentas computacionais. Nesse sentido, identificaram-se três grupos de elementos
de base, dispositivos, manipuladores e operações, correspondentes aos três planos de
acção do utilizador sobre o sistema, i.e., actividade real sobre dispositivos fı́sicos de
entrada, actividade percepcionada durante a manipulação e actividade executada no
sistema. A sua articulação com os espaços definidos pelas vistas, faculta os meios para
interacção com os componentes especı́ficos destas, com os elementos de representação
dos mapas ou ainda com ambos. Neste último caso, são propostos componentes especı́ficos, os objectos operadores (destrutores e teleportes), que permitem a execução,
sobre os representantes, de operações comuns na exploração dos mapas cognitivos.
Para além de lidar com a coordenação das acções do utilizador, os elementos
do subsistema de manipulação são ainda responsáveis pela composição das respostas imediatas que as ferramentas devem dar ao indivı́duo, face às suas acções de
manipulação directa.
No seguimento desse objectivo é proposto um modelo de
interacção entre os objectos envolvidos numa manipulação, que permite traduzir as
restrições sintácticas e semânticas, postas em causa durante a mesma e definidas nas
regras de representação, em caracterı́sticas de relacionamento espacial. Este modelo
define preceitos de comportamento e campos de influência em redor dos objectos, cujas caracterı́sticas, determinadas pelas propriedades daquelas restrições, lançam uma
base comum para a construção de respostas, que veiculem os diferentes nı́veis de constrangimento expressos, implı́cita ou explicitamente, aquando da criação dos mapas. A
notação usada para essas respostas é então estabelecida em dialectos de retorno, coordenados pelos dispositivos, manipuladores e operações, que gerem o posicionamento,
7.1. PERSPECTIVAS FUTURAS
211
a geometria e, em geral, os atributos gráficos dos elementos de representação, dos componentes de apresentação envolvidos e de outros especificamente criados como formas
de retorno. Como exemplos de aplicação do modelo e do subsistema de manipulação
em geral, apresentam-se dois dialectos visuais de retorno distintos, concebidos especificamente para comunicarem ao utilizador diferentes nı́veis de resistência à quebra de
restrições.
Os diferentes subsistemas foram então usados na criação de dois protótipos de
ferramentas orientadas para o desenho e diagnóstico das organizações e que, naturalmente, enquadram modelos emergentes dessas áreas. A primeira, o FADO, que aliás
esteve na origem do trabalho desenvolvido, concretiza os elementos necessários para a
aplicação da metodologia da Análise de Correntes, estendendo-a mesmo sobre outras
formas de mapas cognitivos, para além das que já inclui, que transparecem do próprio
processo de diagnóstico. A segunda, o DETO/ARTO, surge da necessidade de coordenar, a um nı́vel de abstracção elevado, o ajuste de alguns dos sistemas desenvolvidos
no âmbito do ORCHESTRA, às mudanças das organizações em que se integram. A
ferramenta concretiza-se num componente de argumentação (o ARTO), que usa mapas
argumentativos para documentar as dependências definidas no outro componente (o
DETO). Este, por sua vez, adopta um modelo de desenho organizacional para estruturar as relações de dependência entre os diversos aspectos das organizações que estão
patentes em sistemas computacionais subjacentes.
Estes protótipos e a sua construção permitem demostrar a adequabilidade do InCoMa a um conjunto relativamente abrangente de linguagens visuais de representação
de mapas cognitivos, no contexto de modelos organizacionais vigentes, o que constitui
aliás o objectivo primordial deste trabalho.
7.1 Perspectivas futuras
No seguimento do esforço desenvolvido nesta tese, pode apontar-se um conjunto
de direcções principais de trabalho futuro, que se relacionam directamente com a plataforma desenvolvida, com os exemplos de manipulação e retorno propostos ou com
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
212
linguagens visuais a desenvolver e, sem duvida, com os protótipos e outras aplicações
que possam vir a ser criadas. Quanto à plataforma, antevêem-se duas direcções fundamentais: uma relativa à forma de especificação dos refinamentos aos elementos de
base do subsistema de representação, aquando da definição de novas linguagens; outra
referente aos modos de enriquecimento e composição dos dialectos de retorno. No primeiro caso, deverá ser considerada a concepção de mecanismos de explanação visual
guiada, que se estendam à definição das restrições associadas à sintaxe ou aos modelos adoptados em cada situação. De certa forma, a resolução deste repto passa pela
criação de uma meta-ferramenta, que se estruture sobre os conceitos desenvolvidos e,
na prática, sobre a biblioteca, e que assim permita ajustar, a um nı́vel de abstracção
elevado, as linguagens de especificação de mapas, aos domı́nios em que se aplicam.
Quanto aos componentes de manipulação, a sua extensão a outros dialectos de retorno
e a inclusão de outros modos, que não o visual, poderá vir a completar um leque alargado de opções, para comunicação das restrições encontradas durante a manipulação
dos elementos. Algum esforço foi já desenvolvido, na integração de componentes de
retorno auditivo, em que o timbre e volume de som pode ser usado como complemento
para veicular a intensidade das restrições.
Relativamente a linguagens visuais e, em particular, aos dialectos de retorno propostos, há que desenvolver um trabalho de avaliação, seja ele enquadrado em ferramentas especı́ficas para criação e análise de mapas cognitivos, seja noutro tipo de
aplicações. Em qualquer dos casos, a participação dos utilizadores finais será sempre
preponderante, embora, para aplicações de foro organizacional, nomeadamente nas
que se enquadram no âmbito da gestão, a angariação dos indivı́duos seja normalmente difı́cil. Nesse sentido, prevê-se a aplicação dos dialectos de retorno a situações de
laboratório e mesmo de âmbito geral, como sejam simulações do próprio trabalho de
escritório. Por exemplo, a aplicação das metáforas ao apagamento de ficheiros, cuja intensidade da restrição se articule com o tipo de ficheiro a apagar, poderá já dar algumas
indicações para a aceitação ou revisão dos dialectos (e.g. ficheiros criados terão grandes restrições ao apagamento, enquanto os gerados automaticamente deverão impor
pequenos entraves).
Quanto às ferramentas desenvolvidas e em particular ao FADO, é interessante a sua
7.1. PERSPECTIVAS FUTURAS
213
integração com técnicas de decisão em grupo suportadas por computador, como as que
são propostas por Antunes e Guimarães (1995). A sua adequação ao processo proposto
pela metodologia da Análise de Correntes é evidente, dada a definição de grupos de
trabalho, activos nos aspectos de argumentação que se debatem sobre cada fase do
diagnóstico. O mesmo tipo de considerações pode ser feito sobre o DETO/ARTO.
214
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
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Glossário Português Inglês
árvores de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
decision trees
aspecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
feature
abonação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
warrant
acompanhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tracking
actividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
activities
adhocracia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
adhocracy
afirmação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
claim
agências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
agencies
ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
environment
análise de conteúdo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
content analysis
Análise de Correntes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Stream Analysis
aproximação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
zoom
argumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
arguments
arranjos organizacionais . . . . . . . . . . . . . . . .
organizational arrangements
arrastamento e largada . . . . . . . . . . . . . . . . . .
drag and drop
as instalações fı́sicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
physical settings
associações de benefı́cio mútuo . . . . . . . . .
mutual benefit associations
autoridade formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
formal authority
burocracia mecanicista . . . . . . . . . . . . . . . . . .
machine bureaucracy
burocracia profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . .
professional bureaucracy
capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
affordance
caridades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
charities
235
236
carta de acompanhamento . . . . . . . . . . . . . .
GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS
monitoring chart
carta de correntes para diagnóstico de stream problem diagnosis chart
problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
carta de planeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
planning chart
cartas de PERT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PERT charts
centro operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
operating core
Cognição Organizacional e de Gestão . . .
Managerial and Organizational Cognition
componentes de resolução de restrições .
constraints solvers
comportamental cognitivo . . . . . . . . . . . . . .
behavioral cognitive
comportamento e processos . . . . . . . . . . . . .
behavior and processes
comportamento/movimento . . . . . . . . . . . .
behavior-motion
comunicação informal . . . . . . . . . . . . . . . . . .
informal communication
concepção fundamentada . . . . . . . . . . . . . . .
principled design
constelações de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . .
work constellations
constructos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
constructs
critérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
criteria
cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
culture
de concretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
implementational
desenho organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . .
organizational design
Desenvolvimento Organizacional . . . . . . .
Organizational Development
deslizamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
scroll
diagnóstico organizacional . . . . . . . . . . . . . .
organizational diagnosis
dinâmica de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
system dynamics
directividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
directiveness
distribuição espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
layout
encadeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
chaining
enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
frames
entradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
inputs
GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS
237
esquemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
schema
estrutura divisional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
divisionalized form
estrutura simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
simple structure
estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
structure
factores sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
social factors
fluxos regulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
regulated flows
funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
functions
fundamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
backing
Gestão de Qualidade Total . . . . . . . . . . . . . .
Total Quality Management
Grafos Conceptuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Conceptual Graphs
grafos existenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
existential graphs
grelhas de repertório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
repertory grids
guiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
scripts
histórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
stories
interface programática da aplicação . . . . .
application programming interface
lógica difusa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
fuzzy logic
lógica do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
design rationale
linha hierárquica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
middle line
mapas causais difusos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
fuzzy causal maps
mapas cognitivos difusos . . . . . . . . . . . . . . .
fuzzy cognitive maps
Mapas Cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Cognitive Maps
mapeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mapping
memória de curto prazo . . . . . . . . . . . . . . . . .
long-term memory
memória de curto prazo . . . . . . . . . . . . . . . . .
short-term memory
memórias sensoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sensory memories
missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mission
modelação de empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . .
enterprise modeling
modelo conexionista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
connectionist model
modelo da teoria dos jogos . . . . . . . . . . . . . .
game theoretic model
238
GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS
modelo simbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
symbolic model
modelos mentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mental models
nı́vel-de-entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
indegree
nı́vel-de-saı́da . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
outdegree
opções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
options
organizações de mercado . . . . . . . . . . . . . . .
market organizations
organizações profissionais. . . . . . . . . . . . . . .
professional organizations
parede perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
perspective wall
pessoal de apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
support staff
posições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
positions
problemas de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
core problems
processamento analı́tico local . . . . . . . . . . .
on-line analytical processing
processos de decisão ad hoc . . . . . . . . . . . . . .
ad hoc decision processes
propósito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
purpose
questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
questions
redes de Bayes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Bayesian networks
redes de crenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
belief networks
redes semânticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
semantic networks
Reengenharia dos Processos de Negócio .
Business Process Reengineering
refutação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
rebuttal
resolução de problemas . . . . . . . . . . . . . . . . .
problem-solving
restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
constraints
retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
feedback
saı́das . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
outputs
sistema de suporte a sistemas periciais . .
expert system shell
sistemas baseados em conhecimento . . . .
knowledge based systems
Sistemas de Informação de Executivos . .
Executive Information Systems
Sistemas de Informação de Gestão . . . . . .
Management Information Systems
sistemas de informação . . . . . . . . . . . . . . . . .
information systems
GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS
239
Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo
Group Decision Support Systems
Sistemas de Suporte à Decisão . . . . . . . . . .
Decision Support Systems
sistemas de suporte aos fluxos de traba- workflow systems
lho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sistemas periciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
expert systems
Suporte Computacional à Engenharia de Computer Aided Software Engineering
Sistemas Programados . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tópicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
issues
tecnoestrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
technostructure
tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
technology
temas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
themes
teoria dos constructos pessoais . . . . . . . . . .
personal construct theory
tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
decision-making
vértice estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
strategic apex
vistas de olho de peixe . . . . . . . . . . . . . . . . . .
fish-eye-views
vistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
views
240
GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS
Glossário Inglês Português
activities . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
actividades
ad hoc decision processes . . . . . . . . . . . . . . .
processos de decisão ad hoc
adhocracy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
adhocracia
affordance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
capacidade
agencies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
agências
application programming interface . . . . . .
interface programática da aplicação
arguments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
argumentos
backing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
fundamento
Bayesian networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
redes de Bayes
behavior-motion . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
comportamento/movimento
behavior and processes . . . . . . . . . . . . . . . . .
comportamento e processos
behavioral cognitive . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
comportamental cognitivo
belief networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
redes de crenças
Business Process Reengineering . . . . . . . . .
Reengenharia dos Processos de Negócio
chaining . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
encadeamento
charities . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
caridades
claim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
afirmação
Cognitive Maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Mapas Cognitivos
Computer Aided Software Engineering .
Suporte Computacional à Engenharia de
Sistemas Programados
Conceptual Graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Grafos Conceptuais
connectionist model . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
modelo conexionista
241
242
GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS
constraints solvers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
componentes de resolução de restrições
constraints . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
restrições
constructs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
constructos
content analysis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
análise de conteúdo
core problems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
problemas de base
criteria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
critérios
culture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
cultura
decision-making . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tomada de decisão
Decision Support Systems . . . . . . . . . . . . . . .
Sistemas de Suporte à Decisão
decision trees . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
árvores de decisão
design rationale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
lógica do desenho
directiveness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
directividade
divisionalized form . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
estrutura divisional
drag and drop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
arrastamento e largada
enterprise modeling . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
modelação de empresa
environment . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ambiente
Executive Information Systems . . . . . . . . . .
Sistemas de Informação de Executivos
existential graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
grafos existenciais
expert system shell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sistema de suporte a sistemas periciais
expert systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sistemas periciais
feature . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
aspecto
feedback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
retorno
fish-eye-views . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
vistas de olho de peixe
formal authority . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
autoridade formal
frames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
enquadramentos
functions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
funções
fuzzy causal maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mapas causais difusos
fuzzy cognitive maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mapas cognitivos difusos
fuzzy logic . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
lógica difusa
GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS
243
game theoretic model . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
modelo da teoria dos jogos
Group Decision Support Systems. . . . . . . .
Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo
implementational . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de concretização
indegree . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
nı́vel-de-entrada
informal communication . . . . . . . . . . . . . . . .
comunicação informal
information systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sistemas de informação
inputs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
entradas
issues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tópicos
knowledge based systems . . . . . . . . . . . . . . .
sistemas baseados em conhecimento
layout . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
distribuição espacial
long-term memory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
memória de curto prazo
machine bureaucracy . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
burocracia mecanicista
Management Information Systems . . . . . .
Sistemas de Informação de Gestão
Managerial and Organizational Cogni- Cognição Organizacional e de Gestão
tion . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mapping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
mapeamento
market organizations . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
organizações de mercado
mental models . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
modelos mentais
middle line . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
linha hierárquica
mission . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
missão
monitoring chart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
carta de acompanhamento
mutual benefit associations . . . . . . . . . . . . . .
associações de benefı́cio mútuo
on-line analytical processing . . . . . . . . . . . .
processamento analı́tico local
operating core . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
centro operacional
options . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
opções
organizational arrangements . . . . . . . . . . . .
arranjos organizacionais
organizational design . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
desenho organizacional
Organizational Development . . . . . . . . . . . .
Desenvolvimento Organizacional
organizational diagnosis . . . . . . . . . . . . . . . .
diagnóstico organizacional
244
GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS
outdegree . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
nı́vel-de-saı́da
outputs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
saı́das
personal construct theory . . . . . . . . . . . . . . .
teoria dos constructos pessoais
perspective wall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
parede perspectiva
PERT charts . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
cartas de PERT
physical settings . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
as instalações fı́sicas
planning chart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
carta de planeamento
positions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
posições
principled design . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
concepção fundamentada
problem-solving . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
resolução de problemas
professional bureaucracy . . . . . . . . . . . . . . . .
burocracia profissional
professional organizations . . . . . . . . . . . . . .
organizações profissionais
purpose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
propósito
questions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
questões
rebuttal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
refutação
regulated flows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
fluxos regulados
repertory grids . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
grelhas de repertório
schema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
esquemas
scripts . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
guiões
scroll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
deslizamento
semantic networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
redes semânticas
sensory memories . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
memórias sensoriais
short-term memory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
memória de curto prazo
simple structure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
estrutura simples
social factors . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
factores sociais
stories . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
histórias
strategic apex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
vértice estratégico
Stream Analysis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Análise de Correntes
GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS
stream problem diagnosis chart . . . . . . . . .
245
carta de correntes para diagnóstico de
problemas
structure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
estrutura
support staff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
pessoal de apoio
symbolic model . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
modelo simbólico
system dynamics . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
dinâmica de sistemas
technology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tecnologia
technostructure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tecnoestrutura
themes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
temas
Total Quality Management . . . . . . . . . . . . . .
Gestão de Qualidade Total
tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
acompanhamento
views . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
vistas
warrant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
abonação
work constellations . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
constelações de trabalho
workflow systems. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sistemas de suporte aos fluxos de trabalho
zoom . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
aproximação
246
GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS
Índice Remissivo
A
–
ver também Hardy
Amulet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94–95
–
ver também KRS
análise de conteúdo . . . . . . . . . . 30, 36, 77
–
ver também LEDA
análise de correntes . . . 54, 111, 116, 190,
C
211, 213
campo
ferramentas
88
metodologia
58–62
modelo
56–57
de actividade 160–162, 164–168, 170,
172, 180, 182
de rejeição
âncoras de tipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
160–172, 180–185
de resistência 162, 166, 167, 169, 170,
aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
176, 179, 184, 185
Aquanet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91–92
de retenção
AQUINAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80
160–164, 166–169, 171,
173, 174, 180–183, 185
arcos visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67, 68, 74
árvores de decisão . . . . . . . . . . . . . . 42, 43
cartas de PERT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
aspectos . . . . 110, 125, 126, 130, 174, 193,
CASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87, 89, 92
195, 196
ciências
associações . . . . . . . . . . . . . . . 102, 115–118
cognitivas
atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22, 67–68
1, 8, 12, 19, 21
sociais
2, 5, 6, 10, 13, 19
B
CLIPS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69, 89, 90, 93
bibliotecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92–96
CMAP 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82, 84
–
ver também Amulet
–
ver também EdGar
–
ver também GDToolkit
–
ver também Graphlet
cognição social . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25–26
componente de retorno
247
conjectural
178, 180, 183, 184, 201
factı́vel
178, 180, 183–185, 201
ÍNDICE REMISSIVO
248
177, 178, 180, 183, 201
Enterprise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
conceitos 102, 112, 114, 115, 118, 123, 129
espaço de manipulação interna 156–158,
tangı́vel
Constraint Graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
constructos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32, 36
180
esquemas
contentores . . . . . . . . . . . . . . . 123, 129–131
cognitivos de base
40
contextos . . . . . . . . 102, 112–115, 123, 129
de rep. de conhecimento
47
cooperação . . . . . . . . . . . . . . . 129–132, 197
–
ver também IBIS
COPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
–
ver também QOC
–
ver também Toulmin, esquema
D
Decision Explorer . . . . . . . . . . . . . . . 82–85
F
dependência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
ferramentas
dependente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
desenho organizacional . . . . . 1, 6, 10, 20
modelos
53
Butler
56
Mintzberg
55–56
desenvolvimento organizacional . 6, 20,
21, 26, 52
modelos
53, 56
Bair
57–58
Harrison
Porras
57
ver Análise de Correntes
diagnóstico organizacional . 1, 6, 10, 20,
53
dinâmica de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . 84
DOLPHIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 87
dominante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
de argumentação
85–87
gIBIS
85
no NoteCards
85
–
ver também Aquanet
–
ver também JANUS
–
ver também SEPIA
–
ver também SIBYL
de inventariação de conceitos 77–78
–
ver também Logic-Line 2
–
ver também SPSS
–
ver também TEXTPACK
–
ver também TextSmart
de reengenharia e argumentação 88
de suporte a mapas causais
difuso
82–85
85
–
ver também CMAP 2
E
–
ver também Decision Explorer
EdGar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95–96
–
ver também GrIT
Elicit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
–
ver também KDraw
enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . 47, 50
–
ver também Vensim
ÍNDICE REMISSIVO
249
de suporte a mapas mentais 87–88
–
ver também Mind Manager
IBIS . . . . . . . . . . . . . 44, 85, 86, 91, 103, 116
–
ver também Visi Map
IMV . . . . . . . 142–144, 154, 156, 159, 185,
de suporte a taxionomias
–
I
78–82
–
ver também Elicit
–
ver também GrIT
–
ver também Group Systems
–
ver também KDraw
197–199, 204, 209
classe
141, 143
interacção pessoa-máquina . . . . . . 12, 13
J
ver também análise de correntes,
JANUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 87
ferramentas
junções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103, 116–118
força
de rejeição
de resistência
de retenção
161, 163, 185
K
162, 169
KDraw . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80–82
161, 164, 169, 184
Kmap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
KRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
G
KSM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
GDToolkit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
gestão de qualidade total . . . . . ver GQT
KSS0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80
KSSn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80
GQT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5
grafos conceptuais . . . . . . . . . 81, 113, 116
L
grafos existenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
lógica difusa . . . . . . . . . . . . . . . . . 16, 41, 96
Graphlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
grelha de repertório . . . . . . . . . . . . . . . . 111
grelhas de repertório . . . . . . . . . . . . 32, 33
ferramentas
meta-ferramentas
79, 80
91
GrIT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81–82
Group Explorer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Group Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
guiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47, 50
H
Hardy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89–91, 93
lógica do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
LEDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
limiar
de aceitação
161–163, 166, 168,
170–173, 180, 182
de actividade 162–164, 169, 172, 173,
180
de aprovação
de cedência
162
161, 162, 164, 169, 173
de execução 162–164, 168, 171–173,
180, 182
ÍNDICE REMISSIVO
250
de rejeição
161, 163–165, 170, 171,
173, 182, 183
de retenção
–
ver também MetaEdit
–
ver também PROTÉGÉ
161, 162, 164, 170, 180
MetaEdit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Logic-Line 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Mike . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Mind Manager . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
M
Manipulação externa . . . . . . . . . . . . . . 154
Manipulação interna . . . . . . . . . . . . . . 155
mapas cognitivos . 1, 8, 10–12, 20, 26–28
argumentativos
41–45
causais
35–41
difusos
modelação de empresa . . . . . . . . . . . 4, 57
modelação de processos . . . . . . . . . . . 3, 4
modelos
40
de inventário
29–31
interpretativos
45–48
taxionómicos
31–34
comportamental cognitivo
26
conexionista
23
da teoria dos jogos
26
económico
26
mentais
24, 25, 68
simbólico
23
mapas de conceitos . . . . . . . . . . . . . . 51–52
mapas mentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
N
MAPCOG . . . . . . . . . . . . . . . 11, 16, 38, 100
nós visuais . . . . . . . . . . . . . . . 122, 129–131
mapeamento
nı́vel
na interacção pessoa máquina
74
memória
de interacção
135
de representação conceptual
120,
135
de curto prazo
22
de longo prazo
22
modelo temporal
22
nı́vel-de-entrada . . . . . 37, 60, 83, 84, 191
sensorial
22
nı́vel-de-saı́da . . . . . . . 37, 60, 83, 84, 191
memorização . . . . . . . . . . . . . 22–23, 67–68
neurobiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8, 9
de representação visual
120, 135
meta-ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . 89–92
O
–
ver também Aquanet
–
ver também Constraint Graphs
objecto de manipulação . . . . . . . . . . . . 157
–
ver também Hardy
objectos operadores . . . . . . . . . . . . . . . 158
–
ver também Kmap
olho de peixe . . . . . . . . . . . . . . . 72, 95, 137
–
ver também KSM
ORCHESTRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10, 54
ÍNDICE REMISSIVO
251
P
S
padrões de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
semiótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
parede perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
semiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
percepção . . . . . . . . . . . . . . . . 21–22, 67–68
SEPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86–87
PHI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
SIBYL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
PHIBIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 91
sistemas
plano
baseados em conhecimento
da linguagem 105, 106, 108, 124, 193
do InCoMa
105, 106
dos mapas
105–108, 124
de informação
PROTÉGÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
79, 93
3, 4, 43, 52
de executivos
7
de gestão
7
multidimensionais
7
de processamento analı́tico local
Q
de suporte
QOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44, 85, 86
à decisão
R
raciocı́nio e aprendizagem . . . . . . . 24–25
redes de Bayes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
116
a sistemas periciais
69, 89
periciais
3, 43, 52
4, 10
4, 6
sobreposição . . . . . . . . . . . . . 129–132, 181
SPSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
reengenharia dos processos . . . . . . . . 5, 6
de negócio
7
de trabalho em grupo
redes de Petri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
ver SSD
à decisão em grupo
aos fluxos de trabalho
redes de crenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
redes semânticas . 12, 23, 33, 48–51, 113,
7
ver RPN
reengenharia dos processos de negócio
SSD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6, 7
subsunções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
suporte comp. à eng. de sis. programa-
88
dos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ver
representação do conhecimento . 23–24
CASE
resolução de problemas . . . . . . . . . . . . . 42
T
restrição
74
teoria dos constructos pessoais . . 32, 79
restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109–110
TEXTPACK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12, 14, 75
TextSmart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
RPN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5
Toulmin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
na interacção pessoa máquina
ÍNDICE REMISSIVO
252
esquema
41, 44, 69, 85, 86, 91, 116,
127, 192
trabalho em grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
V
Vensim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84–85
Visi Map . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

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