livro - Ágere - Cooperação em Advocacy

Transcrição

livro - Ágere - Cooperação em Advocacy
Capa
4
Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA/ACDI)
Permitida reprodução total ou parcial com menção expressa da fonte.
1ª Edição 5.000 exemplares
Ágere Cooperação em Advocacy
SHIS QI 11 Bloco M Sala 104
Lago Sul CEP 71625-205 Brasília DF
Tel.: (61) 3248-4742
http://www.agere.org.br
Distribuição gratuita
Ágere Cooperação em Advocacy
Autores
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Ana Lucia Lopes, Anderson Ribeiro Oliva,
Alexandre Ratts, Adriane Damascena, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha de
Souza, Gloria Moura, Iglê Moura Paz Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Vera Lúcia
Santana
Organizadores dos textos
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha de Souza,
Iglê Moura Paz Ribeiro
Coordenação Editorial
Cléia Medeiros, Iradj Roberto Eghrari
Assistente de Coordenação:
Débora Lacerda
Produção, diagramação,
direção de arte e impressão
Via Brasília Editora
Sumário
Prefácio
Glória Moura
A Ágere Cooperação em Advocacy, com esta publicação, consolida uma posição
de vanguarda na formação de professores, alunos e demais interessados, no
processo educativo brasileiro, a partir da difusão, da interpretação e do estudo da Lei
10.639/03 que "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, obriga a incluir no currículo oficial da Rede
de Ensino a temática "História e Cultura Afro-Brasileira e dá outras providências". A
aprofundada análise feita pelo Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno,
consubstanciada no Parecer CNE/CP 03/2004, informou a Resolução nº 1, de 17 de
junho de 2004, do CNE, que "Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana". No entanto sabe-se do desconhecimento dos professores em
relação aos conteúdos exigidos pela Lei. A partir dessa constatação foi organizada
esta publicação "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola", tendo como
base o conteúdo do Curso de Formação de Professores Ensino Afro-Brasil.
Esta publicação representa uma das possibilidades através da qual se pensar o
país em que vivemos com sua formação histórica e sua marca africana
indelevelmente deixada em todas as instâncias da vida nacional. Perseguir a meta de
conhecer nossas origens e nossas raízes é buscar sedimentar nossa identidade ainda
inconclusa.
Conhecer a África de ontem e de hoje, a história do Brasil contada na perspectiva
do negro, com exemplos na política, na economia, na sociedade em geral, é uns dos
objetivos a se atingir. Pretende-se ainda reafirmar a constante presença da marca
africana dos nossos ancestrais na literatura, na música, na criatividade, na forma de
viver e de pensar, de andar, de dançar, de falar e de rir, de rezar e festejar a vida.
Busca-se, também, colaborar para uma crescente valorização da comunidade
negra, contribuindo para a elevação de sua auto-estima e propiciar aos professores
mecanismos para utilização deste conhecimento, na perspectiva de mudança da
mentalidade preconceituosa.
Conhecer e a aplicar a legislação tem a finalidade de fazer cumprir e garantir a
plena eficácia do Art. 5º da Carta Magna "Todos são iguais perante a lei", na certeza
de que não há desiguais, mas diferentes. O respeito à diferença deve ser um dos
sustentáculos de uma sociedade democrática, marcada pela cidadania, pela inclusão,
sonho de um país justo.
A escola é uma das instituições responsáveis pela instauração desse processo. Ela
forma gerações e poderá contribuir para a mudança do quadro de injustiças vigente.
É ainda de sua competência respeitar matrizes culturais e construir identidades,
visando à dignidade da pessoa, respeitando as especificidades da herança cultural
inclusa na infinita diversidade que constitui a riqueza humana.
O professor consciente de seu papel revolucionário será o baluarte da
transformação de seus alunos fazendo-os seres pensantes e responsáveis por suas
atitudes. Segundo o Prof. Paulo Freire é preciso descolonizar as mentes, a fim de que
8
Prefácio
o nosso jeito de ser e a nossa cultura possam ser valorizados.
Importante o fato de uma entidade da sociedade civil, não necessariamente
integrante do movimento negro como tal, engajar-se no esfôrço de revelar o Brasil
multicultural, interétnico, diverso e constituído por um mosaico onde se destaca a
influência africana, mormente a de nações abaixo do Saara.
A Ágere é uma das instituições pioneiras na divulgação da Lei 10.639, pois realiza
desde 2005 o Curso Ensino Afro-Brasil, que atingiu aproximadamente 7.000
pessoas. Tratou-se de grande desafio superado com êxito o que veio tornar possível
um acúmulo de experiências, inclusive quanto à metodologia desenvolvida por
intermédio do ensino a distância.
É importante ressaltar que há tempos o movimento negro vem realizando
esforços para incluir nos currículos escolares a temática em questão. Ainda nos anos
80, no Estado da Bahia, foi instituída lei com objetivo de incluir no currículo das
escolas oficiais o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira, experiência
que teve pequena duração pela ausência de professores qualificados.
No mesmo sentido, o VIII Encontro de Negros do Norte e Nordeste com o tema "
O Negro e a Educação", realizado em Recife em julho de 1988 concluiu. que"a
educação é a base sobre a qual se estrutura a forma de pensar e agir de um povo e
que o currículo escolar, nega a importância da contribuição do elemento africano e
seu papel histórico, econômico, político e cultural na formação da sociedade
brasileira".
Atualmente a Ágere vem desenvolvendo importante trabalho de divulgação dos
valores afro-brasileiros, realizando pesquisas e oferecendo cursos. Esta publicação, é
uma das contribuições para suprir uma das lacunas do ensino brasileiro.
Apresentações
10
Apresentações
O curso Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - Ensino Afro
Brasil surgiu a partir de um convênio entre a Ágere Cooperação em Advocacy e a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do
Ministério da Educação (MEC), no ano de 2005, com o objetivo de auxiliar na
implementação da Lei 10.639/2003 com a formação de 5000 professores para
melhor compreenderem e aplicarem o conteúdo daquela nova lei. O grupo
beneficiado com o projeto foi composto por professores do ensino fundamental e
médio, preferencialmente os professores das disciplinas História, Literatura
Portuguesa e Artes, porém sem o impedimento de participação de profissionais das
demais disciplinas, visto que o ensino de História e Cultura Afro-brasileria e Africana
constituem tema a ser tratado de maneira transversal no currículo escolar. Gratuito
e via internet, o curso permitiu que os participantes determinassem seus horários de
estudo.
Uma segunda fase desta mesma iniciativa teve início em maio de 2007
continuando a parceria com a SECAD/MEC. Ela possibilitou a reciclagem e o
aprimoramento de 3.000 professores formados na primeira etapa, buscando formar
professores para atuar nas escolas na forma de multiplicadores do processo de
aplicação da Lei 10.639/03 e influenciando a formulação do Plano Político
Pedagógico (PPP) de cada escola onde os participantes da segunda fase lecionassem.
O PPP é um instrumento que cada escola deve construir a partir de condições
específicas e coletivas, como produto de um processo contínuo e participativo. Com
o curso os professores devem impactar no desenvolvimento do mesmo de modo a
assegurar a aplicação da Lei 10.639/2003 nas escolas. A certificação foi de extensão
universitária com a carga horária de cada fase, emitido por meio da parceria entre a
Ágere e a Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM).
Para atender ao grande número de interessados, o curso Formação em História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana começou uma nova turma ainda em 2007, com
término em 2008, onde foram disponibilizadas mais 2.000 vagas com apoio da
Agência Nacional Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA). A novidade
foi a produção da presente obra com os conteúdos disponibilizados no curso e
também alguns planos de aula desenvolvidos pelos próprios participantes.
Ao final do curso os participantes são convidados a avaliar o mesmo. As médias
já colhidas revela que 88% dos participantes consideraram que os conhecimentos
adquiridos foram de muita utilidade para o desenvolvimento das atividades
profissionais e 90% com relação ao valor pessoal, 97% classificaram os objetivos
educacionais do curso entre bom e muito bom e 86% indicariam o curso para outra
pessoa. Por estes resultados apresentamos nossos agradecimentos à equipe sempre
presente da SECAD/MEC e da CIDA, a coordenação da Professora Glória Moura, aos
autores dos textos, a empresa de tecnologia Faros que disponibilizou a plataforma
de ensino a distância e aos tutores do curso, toda equipe da Ágere e especialmente
aos participantes do curso.
Durante as três turmas do curso depoimentos como o da professora Elenoide
Maria de Oliveira Santos (Bahia). Eu trabalho pela rede pública estadual e municipal.
Na rede estadual já construímos o PPP e introduzimos até uma proposta sobre
Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana
africanidades, na rede municipal o PPP da escola está engavetado, a coordenadora
segurou o plano e não abre espaço para a sua elaboração. Já levantei uma proposta
sobre África, estamos pensando em reunir num sábado pra ver o que é que sai-nos
enchem de força para continuar buscando apoio para este trabalho, pois foram mais
de 40.000 inscritos para 10.000 vagas disponibilizadas. Entendemos que todas e
todos precisam saber quais são seus papéis em escreverem a história de nosso país,
e muitas vezes são necessárias ferramentas como o curso e o livro ora apresentados
para auxiliar no seu traçado.
Ágere Cooperação em Advocacy
11
12
Apresentações
É com grande satisfação que a Agência Canadense para o Desenvolvimento
Internacional - ACDI/CIDA apresenta esta publicação que reúne o resultado das
atividades do Projeto Ensino Afro Brasil. O projeto tem por objetivo oferecer o Curso
de Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, oferecido, por meio de
ensino à distância, a 5000 professores em todo o país. A publicação deste livro
contribui para a implementação da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino
da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil,
nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares, nos estados e
municípios.
A ACDI/CIDA é o órgão do governo canadense responsável pelo apoio ao
desenvolvimento internacional e tem por meta colaborar para reduzir a pobreza,
promover maior eqüidade e alcançar o desenvolvimento sustentável.
Para a ACDI/CIDA, o incentivo à igualdade de gênero e etnia é parte integral e
essencial de sua missão. Assim, a ACDI/CIDA acolheu a proposta da Ágere que, em
parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do
Ministério da Educação -SECAD/MEC, nos permitiu apoiar esta iniciativa que
promove igualdade étnico-racial e de gênero no Brasil.
Anne Gaudet
Conselheira
Cooperação e Desenvolvimento
Embaixada do Canadá
Introdução
14
Introdução
A valorização da Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afrobrasileira e africana no espaço escolar origina-se da luta e da resistência do povo
negro, como fruto da mobilização em prol de uma sociedade mais justa e igualitária,
cabendo destacar a luta anti-racista dos Movimentos Negros Organizados,
consolidada após a assinatura da Lei Áurea como um movimento pelo direito à
educação da comunidade negra.
Neste contexto, podemos destacar a atuação do Jornal Quilombo1 que afirmava,
em sua primeira edição, que era necessário "lutar para que, enquanto não for
gratuito o ensino em todos os graus, sejam admitidos estudantes negros, como
pensionistas do Estado, em todos os estabelecimentos particulares e oficiais de
ensino secundário e superior do País, inclusive nos estabelecimentos militares".
A educação, portanto, constitui-se como uma forte reivindicação das organizações
negras ao longo da história de nosso país. Esteve presente na Frente Negra Brasileira2,
bem como nas ações e orientações do Teatro Experimental do Negro (TTEN)3, como a
primeira instituição a promover educação de jovens e adultos deste país.
O movimento em prol da educação não foi interrompido nem mesmo durante a
ditadura militar, culminando no processo nacional constituinte, no âmbito da
Convenção Nacional do Negro pela Constituinte, realizada em Brasília, em 1986.
Posteriormente, outro importante marco desse movimento é a realização, em 1995,
da Marcha Zumbi dos Palmares, contra o racismo, pela cidadania e a vida, que traz
em sua pauta mais uma vez reivindicações educacionais.
Em todos esses marcos, que simbolizam o processo contínuo de luta pela
construção de uma educação promotora da eqüidade, dos direitos e da pluralidade
cultural, racial, étnica e social do país, é pautada, de distintos modos, a importância
de se abordar em sala elementos que abarquem a história e cultura africana e afrobrasileira, bem como que se promovam novos paradigmas para as relações étnicoraciais em nosso país.
Essas reivindicações históricas sinalizam para a importância de se ampliar o acesso
à educação em todos os níveis para a população negra, bem como para a construção
de currículos escolares que dêem conta da diversidade de nosso país. Esse processo
envolve, fundamentalmente, a formação das professoras e professores para essas
dimensões, a elaboração de materiais didáticos que trabalhem de modo não
estereotipado e preconceituoso a magnitude da cultura e história afro-brasileiras e
africanas e, fundamentalmente, o compromisso de construir uma sociedade a partir
de parâmetros anti-racistas.
Esses processos de luta dos movimentos negros tiveram reflexos também em
legislações municipais, estaduais e nacionais. As Leis Orgânicas dos municípios de
Salvador e Belo Horizonte, por exemplo, estabelecem proibições à adoção de livro
1
Quilombo, com seu subtítulo "Vida, problemas e aspirações do negro", dirigido por Abdias Nascimento era o
combativo órgão da imprensa, fundado em 1949, preocupado em analisar as conseqüências do racismo sobre
a população negra. Edição fac-similar. Rio de Janeiro: Editora 34, 2003.
2
Fundada em 16 de setembro de 1931, era dirigida por um Grande Conselho. Com os êxitos alcançados, a Frente
Negra transformou-se em partido político em 1936 e foi fechada em 1937 pelo Estado Novo de Getulio Vargas.
3
Idealizado, fundado (em 1944) e dirigido por Abdias Nascimento, o Teatro Experimental do Negro tinha como
objetivo a valorização do negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
didático que dissemine qualquer forma de discriminação ou preconceito. Essa
mesma perspectiva está presente em outras leis municipais de outras regiões, como
as da cidade do Rio de Janeiro e de Teresina.
Para além dessa dimensão, há outras legislações estaduais que remetem ao dever
do Estado de promover a adequação programática de disciplinas como geografia,
história, estudos sociais, educação artística, entre outras, para a valorização da
participação do negro na formação histórica da sociedade brasileira, como a
Constituição do Estado do Bahia, de 1989 e a Lei 6.889, de 1991, do município de
Porto Alegre.
Há, portanto, um processo bastante longo de mobilizações sociais e de marcos
legais que antecede a entrada em vigor da Lei 10.639, de 2003, e das Diretrizes
Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História
e Cultura Afro-Brasileira, de 2004.
A Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afro-brasileira e
africana objetiva a inserção, no espaço escolar, das várias experiências e linguagens
de resistência da população negra. A temática racial precisa ser tratada de modo a
que se reduzam os estereótipos e a reprodução dos modelos que inferiorizam os
estudantes que são identificados como negros e negras. A Lei 10.639/2003 é um dos
marcos para a efetivação da educação anti-racista e a sua implementação passa
fundamentalmente pela capacitação continuada de professores e profissionais da
educação sobre essa temática.
Tratado sob diferentes abordagens, o Movimento Negro organizado
historicamente ressaltou a necessidade de a sociedade brasileira encarar a existência
do racismo e da discriminação racial, e pôr em xeque a controvertida democracia
racial. Em 2001, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que, dos
53 milhões de pobres brasileiros, 70% são negros. Essa desastrosa desigualdade
econômica produz efeitos em todos os segmentos da sociedade, obrigando o
governo brasileiro a intensificar políticas públicas para amenizar essa disparidade e,
ao mesmo tempo, investir na correção das diferenças entre os grupos étnico-raciais
nos setores sociais, econômico, político e cultural.
Na educação, a alarmante taxa de analfabetos na população maior de 15 anos
resulta em parte das discriminações raciais e da veiculação de idéias racistas na
escola, e somente uma educação voltada para a pluralidade étnico-racial é capaz de
desconstruir o racismo e seus derivados nos espaços escolares. A escola precisa
promover relações entre conhecimento escolar/realidade, social/diversidade e éticocultural assumindo "que o processo educacional também é formado por dimensões
como ética, as diferentes identidades, a diversidade, a sexualidade, a cultura, as
relações raciais, entre outras4".
Desde 2003, o Estado brasileiro tem possibilitado a intensificação de ações
afirmativas no sentido de assegurar a efetivação dos direitos da população afrobrasileira como direitos humanos. Dentre essas ações, a interdição do racismo na
escola se concretiza com a implementação da Lei 10.6395 e das Diretrizes
4
Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In Munanga, K. Superando o racismo
na escola – Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, alfabetização e diversidade, 2005.
15
16
Introdução
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana6.
O desafio é aprender e ensinar novas relações de afetividade, sedimentalizar ações
que como afirma a professora Gloria Moura7, possibilitem "desenvolver na escola,
novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades
que integram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve o
aluno a conhecer suas origens e se reconhecer como brasileiro". A escola, como
espaço da sociedade, deve promover o desenvolvimento da aprendizagem solidária,
enriquecer os laços comunitários e afirmar o respeito às diferenças individuais e
coletivas. A aquisição de saberes promove a abolição do racismo, do desrespeito às
diferenças e da discriminação racial.
Conceber uma educação anti-racista é, portanto, o único caminho capaz de
construir o sentimento de pertença, ao mesmo tempo em que descortina
perspectivas de uma educação de qualidade, imprime à escola valores e práticas da
cosmovisão africana em que a ética, a emoção e a afetividade formam o tripé que
sustenta o equilíbrio social e possibilita a edificação da cidadania.
Existe hoje uma demanda na sociedade brasileira em relação ao conhecimento da
história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica e superior. Com a
publicação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, essa demanda ganha proporções ainda maiores. A inclusão do estudo da
história do negro no Brasil, suas lutas, sua resistência e participação na formação da
identidade nacional em todos os aspectos, justifica-se pelo elevado percentual da
população afro-descendente e pela imensa importância da identidade afro-brasileira.
A implantação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares implica alguns
caminhos, dos quais cabe destacar: a elaboração de materiais didáticos sobre essa
temática, a sensibilização e a construção de propostas pedagógicas das escolas para
a consolidação de uma educação anti-racista (com redefinições dos planos políticos
pedagógicos e dos currículos escolares) e a formação e capacitação continuada de
professores/as e demais profissionais da educação para essa abordagem.
A presente publicação é resultado de dois cursos voltados para a formação
continuada de professores(as), na modalidade a distância, com foco na
implementação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares para a educação das
relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.
Os cursos compuseram o Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais Aplicando a Lei 10.639/2003, e foram realizados entre 2004 e 2007.
5
De 9 de janeiro de 2003 a Lei nº 10639, incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
"História e Cultura Afro-Brasileira".
"O Conselho Nacional de Educação, pela Resolução CP/CNE nº 1, de 17 de junho de 2004 (DOU nº 118, 22/6/2004,
Seção 1, p. 11), instituiu diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, a serem observadas pelas instituições, em todos os níveis
e ensino, em especial, por instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de
professores. A resolução tem por base o Parecer CP/CNE nº 3, de 10 de março de 2004, homologado pelo
Ministro da Educação, em 19 de maio de 2004."
7
GOMES, Nilma Lino. O direito a diferença. In. Munanga, K. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação,
SECAD, 2005.
6
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
As iniciativas para a elaboração das duas etapas do curso Ensino Afro surgiram de
professoras e professores comprometidos com essa questão, em diálogo com outras
organizações não-governamentais, como a Ágere, e governamentais, como a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad, do
Ministério da Educação.
A urgente necessidade de uma educação anti-racista implica na reformulação dos
currículos escolares, visando a corrigir os estereótipos sobre as representações da
História da África e a luta do povo negro no Brasil. A formação continuada dos
profissionais da educação é o principal instrumento de empoderamento e
valorização de professores e professoras, além de possibilitar uma intervenção que
garanta o respeito às diferenças e à diversidade, ao mesmo tempo em que estabelece
a criação de novos valores e paradigmas para a educação.
Como parte desse movimento de promoção da eqüidade étnico-racial na
educação, essa publicação amplia o leque de acesso ao conteúdo dos cursos
realizados, com foco na formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e
nas estratégias de multiplicação dessa temática na comunidade escolar. A
publicação, além de reunir o conteúdo teórico dos cursos, traz uma seleção de 60
planos de aula que expressam, de modo diverso, uma dimensão prática da
implementação de estratégias em diálogo com a Lei 10.639/2003.
Reunir os conteúdos e resultados dos dois cursos na presente publicação representa
os esforços de dar continuidade a essa corrente. A proposta desta publicação é uma
iniciativa que visa a fortalecer, portanto, a implementação da Lei 10.639/2003, uma vez
que se apresenta como mais um subsídio para a educação das relações étnico-raciais e
da história e culturas afro-brasileiras e africanas nas escolas.
Os Planos de aula representam uma multiplicidade de estratégias utilizadas por
professoras e professores de diversas regiões do país, docentes nos mais variados níveis,
no processo de implementação da Lei supracitada e das Diretrizes Curriculares para o
Ensino da História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas. Como afirma o professor Carlos
Rodrigues Brandão8, "chegou o tempo de aprendermos, ou reaprendermos, retornando
à tradição de culturas ancestrais, a lição de antigos e de novos ensinamentos". Com essas
palavras reafirmamos que esta publicação é também fruto das ações implementadas pelo
Movimento Negro, que como já dissemos acima sempre pautou uma educação inclusiva,
pública e de qualidade para todos e todas.
Deste modo, queremos nos dirigir a professores e professoras, bem como a toda
a comunidade acadêmica e escolar, especialmente aos/às profissionais de educação
comprometidos/as com a construção de uma educação que compartilha a dialética
do aprender e do ensinar em todos os níveis e para todos.
Com a implantação da Lei 10.639/2003, as relações étnico-raciais ganham uma outra
dimensão nas escolas, nos currículos e nos Planos Políticos Pedagógicos. Deste modo,
sempre na perspectiva de contribuir com essa implementação que se faz urgente e
necessária, e ainda, recorrendo e reconhecendo a valorização dos ensinamentos do Povo
Negro, esta publicação está organizada em quatro seções, de forma a integrar os textos
dos dois cursos, que estão organizados por proximidade temática.
8
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Aprender o amor – sobre um afeto que se aprende a viver. Campinas : Papirus, 2005
17
18
Introdução
Na primeira seção, Cosmovisão africana e identidade negra no Brasil, são
abordados aspectos relacionados à filosofia de vida africana e complexidade do
ethos na identidade afro-brasileira. Na segunda seção, Espaços de resistência:
história, bases legais e educação, estão os fundamentos legais da temática e do
Projeto Político Pedagógico – PPP, bem como os fundamentos legais da questão
étnico-racial, a partir da Constituição Federal, da Lei 9394/96 – LDB, da Lei
10.639/03 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nessa
seção também serão abordados os aspectos gerais que permeiam a dinâmica de
pautar o PPP em diálogo com a Lei e as Diretrizes.
Na Terceira Seção – A escola como espaço de transformação, estão presentes reflexões
sobre os marcos que balizam a construção do PPP. O Marco Situacional, que pretende
apresentar a visão dos professores sobre questões como Quem somos? Em que
sociedade vivemos? Que sociedade queremos? Que educação queremos?, entre outros
pontos. Nessa seção, estarão presentes também o Marco Conceitual, que define os
parâmetros conceituais nos quais o PPP está assentado, e o Marco Operacional, que
apresenta a operacionalização do PPP, via currículo escolar. A partir desses marcos, serão
trabalhadas, nos textos, abordagens referentes à promoção da Educação das relações
étnico-raciais socialmente construídas e em como essas relações estão presentes nos livros
didáticos, nas interações da comunidade escolar e na estrutura social como um todo.
Na quarta e última seção, Caminhos para a eqüidade na escola, trabalhamos na
construção curricular da escola a partir da temática das relações étnico-raciais e da cultura
e história afro-brasileira e africana. Nessa seção, estão presentes os planos de aulas
construídos pelas(os) docentes cursistas, no curso anterior. Esses planos poderão oferecer
indicativos de temáticas e práticas pedagógicas adequadas ao desenvolvimento do
assunto. Também estará disponível nessa seção toda a relação de livros, filmes, sites e
músicas que a equipe apresenta como sugestão de material a ser usado em sala, e
aqueles voltados para aprofundar os conhecimentos dos docentes sobre a temática.
Não temos dúvida de que a construção de um mundo melhor e mais justo passa
também pela escola. Deste modo é tarefa de todos e todas tecer uma educação que
represente e reconheça as diferenças, a diversidade e a pluralidade étnico-racial
como possibilidade concreta de construir um espaço de combate ao racismo, aos
preconceitos e de qualquer forma de discriminação. Buscamos abordar em cada
seção deste livro situações do cotidiano de nossas escolas, a fim de que possamos
aprimorar ainda mais a compreensão e a premissa, por parte dos/as gestores/as,
professores/as, pessoal de apoio, grupos sociais e instituições educacionais, de que
implantar a Lei 10.639/2003 é a responsabilidade de construir uma escola mais
humana e mais fraterna. Já é passada a hora de toda e qualquer escola deste país
reconhecer a necessidade das ações afirmativas como código de extensão do amor
e da sobrevivência humana.
Brasília, outono de 2008.
Bárbara Oliveira Souza
Edileuza Penha de Souza
Seção I
Cosmovisão africana
e identidade negra no Brasil
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
A Canção dos Povos
Bárbara Oliveira Souza & Edileuza Penha de Souza
A Canção dos Povos
Quando uma mulher, de certo povo africano,
sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres
e juntas rezam e meditam até que aparece a "canção da criança".
Quando nasce a criança, a comunidade se junta
e lhe cantam a sua canção.
Logo, quando a criança começa sua educação,
o povo se junta e lhe cantam sua canção.
Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.
Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.
Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo,
a família e amigos aproximam-se e,
igual como em seu nascimento,
cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".
Neste povo há outra ocasião na qual os homens cantam a canção.
Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime
ou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado
e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.
Então lhe cantam a sua canção.
O povo reconhece que a correção para as condutas
anti-sociais não é o castigo;
é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.
Quando reconhecemos nossa própria canção
já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.
Teus amigos conhecem a "tua canção"
e a cantam quando a esqueces.
Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes
ou as escuras imagens que mostras aos demais.
Eles recordam tua beleza quando te sentes feio;
tua totalidade quando estás quebrado;
tua inocência quando te sentes culpado
e teu propósito quando estás confuso.
21
22
A Canção dos Povos
Na história de diferentes povos da humanidade, a música representa o símbolo
de fortalecimento e coesão social, de forma que quando analisarmos o conteúdo da
apresentação "Canção dos Povos" podemos pensar o quanto a música significa para
os povos africanos. O que caracteriza o processo histórico desses povos é o seu
sentimento de pertença, princípios e valores que marca o ciclo filosófico da
representação da vida e da morte como percurso contínuo.
Esse processo histórico se caracteriza pela ancestralidade, e só por meio dela foi
possível reconstruir as origens, as etnias e a memória. Como afirma Juana Elbein
(1988): "Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana,
expande com força total". A força vital é a dinâmica civilizatória1 que possibilitou a
continuidade do povo negro na Diáspora. Ao serem arrancados do continente mãe,
milhares de africanos e africanas reconstruíram sua territorialidade2, se apoderando
dos valores e da circularidade3 herdada de seus ancestrais. Os elementos que
compõem o panorama da ancestralidade estão presentes nas comunidades de
terreiro, nos territórios quilombolas, nas escolas de samba, nos folguetos, maracatus,
no congo, na congada e nas incontáveis manifestações culturais afro-brasileiras.
Assim toda a identidade negra está pautada na representação do território e da
territorialidade, do corpo e da corporalidade4, da comunidade e da comunalidade5
negra e esses elementos utilizam-se da musicologia individual e coletiva de cada
individuo. (Luz, 1999).
Uma proposta plural de educação só será possível com a recriação de nossas
canções ancestrais, pois essas reúnem elementos para a superação dos obstáculos
etnocêntricos6 "impertinentes na participação e na interação entre
educador/educando, artista/comunidade" (Santos, 2002, p. 28). Música e dança
precisam compor o currículo escolar como fonte de identidade, uma vez que
somente a identidade possibilita o desenvolvimento de nossos destinos. (Luz, 1995).
É preciso compreender que parte do distanciamento entre a escola e a
comunidade está referendado na sociedade neocolonial/europocêntrica (centrada na
perspectiva européia) que não se permite escutar as canções de seus educadores e
educandos. Solidificada nas amarras do Estado burocrático, a escola dissemina
1
Nos referimos, aqui, ao contínuo civilizatório africano.
Territorialidade: A territorialidade se dá através da força vital, da energia concentrada em tal espaço, sem fronteiras rígidas.
A territorialidade pode ser concebida como os espaços de práticas culturais nas quais se criam mecanismos identitários
de representação a partir da memória coletiva, das suas singularidades culturais.
3
Circularidade: A circularidade diz respeito ao caráter do pensamento cíclico, mítico, muitas vezes relacionado às
sociedades tradicionais em que os tempos passado, presente e futuro se processam em círculo: elementos do
passado podem voltar no presente, especialmente através da memória.
4
Corporalidade: Corporalidade é o viver cotidiano de cada pessoa, indivíduo e coletividade. Está relacionada à
existência, ao trabalho, ao lazer, à sexualidade, enfim, à linguagem corporal que expressamos nessas atividades.
5
Comunalidade: representada nos valores da comunidade, a comunalidade é expressão lúdico-estética,
estabelecendo "a referência à compreensão da arkhé que funda, estrutura, revitaliza, atualiza e expande a
energia mítico-sagrada da comunalidade africano-brasileira"(Luz, 2000c, p. 47).
6
O eurocentrismo é tido como uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu
povo, suas línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo
necessariamente a protagonista da história do homem. Acredita-se que grande parte da historiografia produzida
no século XIX até meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora da
Europa. Manifesta-se como uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodos
da história, que enxerga as culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo.
2
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
estereótipos e ideologias equivocadas e destrói o referencial e visão de mundo de
"outros sistemas simbólicos civilizatórios, que também expressam formas próprias em
torno do ato de educar" (Luz, 1997, p. 202).
Encontrar nossas canções nos possibilita transformar e criar permanentemente a
relação com o outro que está na nossa sala de aula, na escola, na comunidade; bem
como com o outro que traz uma cultura, um olhar diferente. Essas relações nos
permitem encontrar nossa própria canção. Bem, é sobre isto que vamos refletir neste
livro. A proposta colocada aqui é aprender com o que nos diferencia e com o que
nos constrói, buscar nossas referências, nossa ancestralidade, a nossa canção.
A busca pela nossa canção, pelos elementos que nos localizam no mundo é
fundamental para o fortalecimento de nossa identidade. Para muitos povos
africanos, a música ocupa o lugar da oralidade, da transmissão e perpetuação dos
conhecimentos na vida.
Reflexões sobre o tema
• O que esta apresentação nos remete?
• Será que podemos pensar nossa ancestralidade através dela? Podemos nos
deixar ir ao encontro da nossa história e dos vários povos que a compõe?
• É possível que esse encontro com nossa ancestralidade e com nossas raízes nos
possibilite uma prática transformadora?
Referências
LUZ, Marco Aurélio, (1995). Agadá: dinâmica da civilização africanobrasileira. Salvador: Centro editorial e didático da UFBA.
LUZ, C.P. Narcimária, (1996). Pawódà; dinâmica e extensão... In Luz, C.P.
Narcimária. Pluralidade Cultural e Educação. Salvador: SECNEB.
________ (1997). O patrimônio civilizatório africano no Brasil: Páwódà Dinâmica e Extensão do conceito de Educação Pluricultural. In: Joel Rufino
(org) Negro Brasileiro Negro -. Rio de Janeiro: Revista IPHAN, n.25 p.99-209.
________ (2000). Abebe: a criação de novos valores na Educação. Salvador:
SECNEB.
Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade. Orientações e Ações para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais. Brasília: SECAD, 2006.
SANTOS, Inaicyra Falcão dos, (2002). Corpo e ancestralidade: uma proposta
pluricultural de dança-arte-educação. Salvador: EDUFBA,
SANTOS, Juana Elbein dos, (1988). Os nagô e a morte: pàde, àsèsè e o
culto égun na Bahia. Petrópolis: Vozes.
SODRÉ, Muniz, (2002). O terreiro e a cidade - A forma social negro
brasileira. Salvador: Secretaria da cultura e Turismo/ IMAGO.
23
24
A Canção dos Povos
________ (1997). Corporalidade e Liturgia Negra. In. Joel Rufino (org)
Negro Brasileiro Negro -. Rio de Janeiro : Revista IPHAN, nº. 25. p. 29-33.
________ (1988). A verdade seduzida. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves.
SOUZA, Edileuza Penha de. Identidade Capixaba. Prefeitura de Vitória
Secretaria de Cultura: Vitória, 2001.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Africanidades - Cosmovisão Africana,
História da África
Edileuza Penha de Souza e Bárbara Oliveira Souza
"A história da África é necessária à compreensão da história universal,
da qual muitas passagens permanecerão enigmas obscuros,
enquanto o horizonte do continente africano não tiver sido iluminado".
Joseph Ki-Zerbo
Quando nós, educadores e educadoras em diferentes postos e modalidades,
privilegiamos os valores africanos, reafirmamos a humanidade da memória
civilizatória do continente-mãe. Em outras palavras, reconhecemos a necessidade de
mudar o caminho percorrido de repressão e violência, que nos legou tão somente
imagens distorcidas, equivocadas e limitadas de mundo negro. A comprovação
científica de que a África é o berço da humanidade nos impõe o desafio de pensá-la
como local de origem histórica e sócio-político-cultural de todos os povos.
A resistência negra, fundamentou-se, em grande parte, na compreensão de
mundo e nos valores ancestrais, e na crença de mudanças e continuidade da
cosmovisão africana. Essa cosmovisão está sedimentada na visão ímpar de mundo,
na qual o reconhecimento da pessoa humana passa pelas histórias e dá continuidade
à herança herdada dos deuses e dos humanos: "Um importante elemento que
encontramos na maioria das populações africanas é a não separação entre natureza
e política, poder e religião, ou seja, não há uma estratificação entre estas camadas
importantes da vida da sociedade. Tudo é visto de acordo com o princípio da
integração, segundo o qual os vários elementos se comunicam e complementam"
(Oliveira, 2003, p.37).
Essa riqueza cultural que atravessou o Oceano Atlântico possibilitou a criação de
novos valores do continuum africano, e nesse sentido, afirma Azoilda Loretto da
Trindade (2002), "Para o povo negro, resistir foi algo além da complexidade da
existência. Resistir e sobreviver esteve diretamente ligado à preservação da memória,
da recriação de valores circulares e do respeito e veneração pelo plano cosmo que
abriga nossos ancestrais".
O ensino de história e cultura africana e afro-brasileira alimenta a educação
pluricultural e possibilita, por meio de atividades lúdicas e estéticas, conhecer as
singularidades africanas num contexto da história geral da humanidade; remete a
interpretações que estão intimamente ligadas a uma dimensão histórica que ultrapassa
a extensão territorial - 30.343.551 km², o que corresponde a 22% da superfície sólida
da Terra -, (WEDDERBURN, 2005). Na proposta de curso sobre a história da África, o
professor Henrique Cunha Jr. apresenta dezessete itens como obrigatórios para compor
o conteúdo programático: 1. Justificativa político-cultural do estudo da História e
Geografia africana no Brasil; 2. Questões conceituais da abordagem das africanidades e
afrodescendência brasileiras; 3. Fontes documentais da História africana; 4. Metodologia
da História africana; 5. Oralidade e História na África; 6. África como berço da
25
26
Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África
humanidade e das civilizações; 7. Geografia física e populacional e econômica da África
em três períodos históricos; 8. As civilizações da África do Rio Nilo: Egito, Núbia e
Etiópia; 9. As civilizações da África do Rio Niger: Gana, Mali e Songai; 10. Reinos e povos
da África Ocidental entre os Séculos XIV e XVIII; 11. As civilizações do Rio do Gongo:
Séculos XV a XVIII; 12. As civilizações do Rio Zambeze, Grande Zimbábue e Império
Monomopata; 13. As cidades - Estados do Oceano Índico: Povos Suarili entre os séculos
VI e XVI; 14. As civilizações do Norte Africano; 15. As invasões coloniais européias e as
reações africanas; 16. O subdesenvolvimento africano pela exploração européia e 17. As
lutas de independência na África.
Aprofundar esse e outros conteúdos sobre a história e a cultura africana é apenas um
passo no sentido de conhecer importante parte da história, e é nessa perspectiva que os
historiadores Cheik Anta Diop e Joseph Ki-Zerbo destacam outros aspectos na
abordagem acerca do continente africano. Os saberes e as técnicas utilizadas
historicamente pelos vários povos africanos são bastante significativos. Os sistemas de
escrita, conhecimentos de astronomia, matemática (ossos petrificados encontrados
entre o Congo e Uganda sugerem que há mais de 20 mil anos os africanos já pensavam
numericamente), agricultura (no Brasil, os africanos aplicaram seus conhecimentos em
técnicas de irrigação, rotação de plantios, adubagem com esterco e restos de cozinha e
plantação de variadas culturas numa mesma gleba de terra), metalurgia (a partir do
século XV, no reino do Benim, os africanos utilizavam o latão - liga de cobre e zinco na produção, já dominavam o ferro desde 600 anos a.C), arquitetura (senhores do
sopapo, técnica conhecida como pau-a-pique, a arquitetura africana é rica em estilos e
técnicas: tetos abobadados, arabescos, colunas talhadas e muitos outros), medicina ("Na
medicina, praticavam desde a cesariana até a autópsia, passando por vários outros tipos
de cirurgia, para não mencionar a vacina contra varíola e outras doenças" (Nascimento,
2006: 38). Portanto, uma característica marcante da experiência africana é o seu
desenvolvimento tecnológico, cultural e humano, que deve compor, por sua vez, o
conteúdo e a abordagem dos currículos, dos livros didáticos e na sala de aula sobre a
África.
A aproximação de professores e professoras comprometidos/as com o ensino da
história da África conduz ao rompimento com estereótipos, preconceitos e
discriminações que historicamente foram construídas em relação à África e aos povos
africanos, ensejando-lhes avançar seus conhecimentos e práticas educativas com uma
nova postura ante seu objeto de estudo. Como afirma o professor Carlos Moore:
"Os estudos sobre a história da África, especificamente no Brasil, deverão ser
conduzidos na conjunção de três fatores essenciais: uma alta sensibilidade
empática para com a experiência histórica dos povos africanos; uma constante
preocupação pela atualização e renovação do conhecimento baseado nas
novas descobertas científicas; e uma interdisciplinaridade capaz de entrecruzar
os dados mais variados dos diferentes horizontes do conhecimento atual para
se chegar a conclusões que sejam rigorosamente compatíveis com a verdade".
(2005, p. 161).
Indiscutivelmente, a importância dos estudos sobre história da África passa pela
matriz civilizatória que os povos africanos e seus descendentes desempenharam na
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
formação das Américas. Assinala elementos da cosmovisão e do processo coletivo
em que envolve a socialização, a pessoa, o tempo, a palavra, a força vital, o universo,
a família, a sociedade, a produção, a reprodução, o poder, a ancestralidade, a
espiritualidade, a comunidade, a escola, o cosmo, a terra, a água, o ar, o fogo, a vida
e a morte.
Reflexões sobre o tema
• Qual é a importância do estudo da história e da cultura africana para a
humanidade?
• Que mudanças e avanços o currículo de sua escola pode apresentar com a
introdução dos estudos da história e cultura africana?
Referências
Livros
CUNHA Jr.,Henrique. Africanidades, Afrodescendência e Educação. In: Revista
Educação em Debate - Ano 23, v.2, n.42. Fortaleza, 2001
LARKIN, Elisa. Introdução à história da África. In: Educação-Africanidades-Brasil.
Brasília: Ministério da Educação - Universidade de Brasília, 2006.
OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia
afrodescendente. Fortaleza: Ibeca, 2003.
TRINDADE, Azoilda Loretto da. Debates: multiculturalismo e educação.
Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/mee/meeimp.
htm >. Acesso em: 20 mar. 2007, às 11h15).
WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o Ensino da história da África
no Brasil. In: Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03.
Brasília: MEC/Secad, 2005.
Sítios da Internet
Salto para o Futuro / TV Escola
www.tvebrasil.com.br/salto
Textos
APPIAH, Kwame. Na Casa do Meu Pai. A África na Filosofia da Cultura. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1997.
CUNHA Jr.,Henrique. Semana de Cultura Negra na Escola. In: Revista Educação
em Debate II - n.14, julho de 2002
________. Africanidades Brasileiras e Afrodescendências. Mimeo. Teresina,
1996.
DIOP, Cheik. Nations Nègres et Culture. Présence Africaine. Paris, 1955.
27
28
Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África
FRANCISCO, Dalmir. Ancestralidade e Política de Sedução. In: SANTOS, J. E.
(org.) Democracia e diversidade humana. Salvador: SECNEB, 1992
KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Lisboa: Biblioteca Universitária,
14.
LUZ, C.P. Narcimária. Pawódà: Dinâmica e Extensão... In: Luz, C.P. Narcimária.
Pluralidade Cultural e Educação. Salvador, SECNEB, 1996
______Odara - os contos de Mestre Didi. In: Revista da Faeba. Educação e
Literatura. Salvador: UNEB - Departamento de educação, Campos I, ano 7, n.9,
jan-jun/1998
___________________. Descolonização e educação: Uma proposta política ...
In: Sementes - caderno de pesquisa. Salvador: UNEB - Departamento de
educação, Campos I, Vol. 1, n1/2, 2000 pp. 8-12
_________________. Abebe - A crianção de novos valores na Educação.
Salvador: SECNEB, 2000
LUZ, Marco A. O. Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira. Salvador:
Centro editorial e didático da UFBa, 1995
______________ Da porteira para dentro, da porteira para fora... In. SANTOS,
J. E. (org.) Democracia e diversidade humana. Salvador: SECNEB, 1992 (57 a 74)
NASCIMENTO, Eliza Larkir. Introdução à História da África. In: Educação,
Africanidades, Brasil. Brasília: Secad/UnB, 2006.
OLIVER, R. A Experiência Africana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
SANTOS, Lea A. F. Ancestralidade e Educação. In: Sementes - caderno de
pesquisa. Salvador, UNEB - Departamento de educação, Campus I, v.1/2, 2000
SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988
2a ed.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
O Ensino da História da África em debate
(Uma introdução aos estudos africanos)
Anderson Ribeiro Oliva
Foto Anderson Oliva.
Há alguns dias encontrei um professor, colega de trabalho, que retornara de sua
primeira visita a uma cidade africana. Ele estivera em Luanda, capital de Angola.
Perguntei sobre referências da cidade que ainda carrego frescas em minha memória
e de alguns hábitos, comuns a certos grupos de pessoas que habitavam
determinados bairros, e que tinha me familiarizado. Seu depoimento foi um misto
de inquietação e descontentamento.
Problemas para apanhar e despachar as bagagens no Aeroporto Internacional 4 de
fevereiro, o trânsito caótico, o sistema de coleta de lixo urbano extremamente falho ou
ainda os intermitentes horários de funcionamento de algumas casas de comércio ou
órgãos públicos, marcaram seus olhares sobre Angola com os indícios do desprestígio e
da incompreensão. Apesar disso o tamanho da cidade o havia impressionado. Já de sua
estadia em Johannesburg, na África do Sul, em que pernoitou na volta, sobraram
elogios e espantos. Mesmo já tendo escutado depoimentos e visto imagens sobre a
cidade ele ficou admirado com seu traçado urbanístico, com o moderno aeroporto e
com o hotel de luxo em que ficou. "Nem parecia estar na África", finalizava o colega.
Vista de um
avião da companhia
angola TAAG na pista do
Aeroporto Internacional
4 de Fevereiro, em
Luanda.
Exageros em parte dessa postura, podemos perceber que ela encontra elos com as
narrativas de viagem de centenas de brasileiros, americanos ou europeus que viajam ou
viajaram para a África. Discordo, em parte, de quase todos eles e de seus argumentos.
Parece plausível que, em rápidas passagens por determinadas ruas de várias
cidades africanas, alguns ocidentais, se impressionem pelo lixo acumulado nas
sarjetas ou pelo trânsito caótico, eles estão lá. O mesmo serve para aqueles que se
deparam com as estatísticas e os números de perdas humanas nas guerras, das
vítimas de malária e dos contaminados pela Aids, eles também estão lá.
Porém, essas realidades não revelam e nem sintetizam o que é a África, nem seus
centros urbanos. Eles são, evidentemente, muito mais do que isso. Os graves problemas
29
30
O Ensino da História da África em debate
existem, e vão continuar existindo nos próximos anos, mas há, nos passados e presentes
africanos, muito mais do que fome, guerra, doença e sujeira. Além disso, é certo afirmar
que as realidades descritas pelo colega muito pouco de distingam de alguns bairros e
dados estatísticos que encontramos em nossas cidades. Sujeira e violência nunca foram
exclusividades, muito menos identificadores das cidades africanas, apesar de parecer
que elas, pelos olhares ocidentais muito limitados, deveriam se resumir a estas imagens.
Por que então reduzir o outro a isso, enquanto olhamos para os mesmos problemas
internos e achamos que são realidades passageiras ou de menor importância na
construção de uma identidade positiva sobre nós mesmos?
Refletindo acerca de tão profundo desconhecimento ou sobre essa carga
imaginária negativa cheguei a uma conclusão, um tanto óbvia, no esforço de tentar
explicar o porquê de existir, em nossas falas cotidianas, tão poucas expectativas ou
impressões positivas sobre o continente negro: a África e suas múltiplas experiências
históricas não nos foram apresentadas durante nossas trajetórias de vida e formações
escolares, a não ser por meio de informações que estavam recheadas de equívocos
e simplificações. Quantos de nós estudamos a África quando transitávamos pelos
bancos das escolas? Quantos tiveram a disciplina História, Literatura, Arte ou
Geografia da África nos cursos de Graduação? Quantos livros ou textos lemos sobre
a questão? Tirando as leituras que associam a África e os africanos à escravidão, as
breves incursões pelos programas do National Geographic ou Discovery Channel, ou
ainda as imagens chocantes de um mundo africano em agonia, da Aids que se
alastra, da fome que esmaga, dos grupos étnicos que se enfrentam com grande
violência ou dos safáris e animais exóticos, o que sabemos sobre a África?
Para começar a mudar esse quadro de imagens temos que, inicialmente, reconhecer
a relevância de estudar a África, independente de qualquer outra motivação. Não é
assim que fazemos com a Mesopotâmia, a Grécia, a Roma, com suas civilizações e
legados ou ainda a Reforma Religiosa, os Estados Nacionais Europeus, Revoluções
Liberais ou as contribuições da Europa Moderna em nossa formação, como nas artes,
nas formas de pensamento ou na literatura. Muitos irão reagir à minha afirmação,
dizendo que o estudo dos citados assuntos muito explica nossas realidades ou alguns
momentos de nossa História ou características atuais. Nada a discordar. Agora, e a
África, não nos explica? Não somos (brasileiros) frutos do encontro ou desencontro de
diversos grupos étnicos ameríndios, europeus e africanos?
A História da África e a História do Brasil estão mais próximas do que alguns1
gostariam. Se nos desdobramos para pesquisar e ensinar tantos conteúdos, em um
esforço de, algumas vezes, apenas noticiar o passado ou características de algumas
escolas de pensamento ou de padrões artísticos, por que não dedicarmos um espaço
efetivo para a África em nossos programas ou projetos. Os africanos não foram
criados por autogênese nos navios negreiros e nem se limitam em África à simplista
e difundida divisão de bantos e sudaneses ou de culturas negro-africanas
homogêneas. Devemos conhecer a África não apenas para dar notícias aos alunos,
1
Na realidade não estamos fazendo referência a nenhuma instituição ou grupo de pessoas específico, mas sim ao
imaginário coletivo brasileiro, que com poucas exceções, não assume a sua africanidade.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
mas internalizá-la neles. Por isso devemos saber responder com boa argumentação
às perguntas acima apresentadas. Porém, chega de defesas ou apologias de uma
História, e nos concentremos nas "coisas sérias".
O presente texto se propõe realizar uma dupla tarefa: entregar aos nossos leitores
uma reflexão sobre a forma como a África tem sido tratada nas salas de aula brasileiras,
a partir da análise dos conteúdos destinados à História da África em alguns manuais
utilizados em nossas escolas. Conjuntamente a essa tarefa, que talvez se transforme em
um manual de releitura dos livros didáticos pelos professores e alunos, também
apontaremos como poderia ser a forma correta de abordagem de algumas temáticas
visitadas, além de indicaremos referências bibliográficas aos docentes. Esperamos que
essa indicação das referências bibliográficas permita o complemento de leituras e uma
aproximação mais densa e substancial por parte dos interessados no assunto.
A África ensinada no Brasil
Ao levar em consideração que a freqüência ao ensino é obrigatória2 no Brasil, no
que chamamos de Ensino Fundamental - com duração de nove anos – podemos
supor que o material didático produzido e utilizado nas escolas seja um instrumento
de grande importância para a construção do conhecimento e na elaboração de
referências sobre a História da África e dos africanos. Talvez esse poder seja menor
do que o da mídia ou das imagens daquele continente que chegam pela Internet,
cinema ou TV e cercam nossos estudantes. Mas, mesmo assim, o estudo da história
africana nas salas de aula brasileiras, não deixa de ser uma possibilidade de
mudanças nos olhares lançados sobre os africanos e suas histórias.
A partir desse contexto, apresentaremos a seguir análise realizada sobre a forma
como alguns dos manuais escolares de História utilizados nas escolas brasileiras
abordaram a História da África e representaram, por meio de imagens e textos
escritos, os africanos. Com relação ao tratamento concedido a História do continente
limitaremos o esforço analítico aos trechos que se referem ao período anterior ao
século XIX, já que, sobre esse recorte da história africana é ainda maior o silêncio.
Esperamos que seja uma boa contribuição inicial para tão importante debate.
Os africanos dentro dos manuais escolares de História
Silêncio, desconhecimento e poucas experiências positivas. Poderíamos assim
definir o entendimento e a abordagem da história africana nas coleções de livros
didáticos brasileiros. Apenas um número muito pequeno de manuais possui
capítulos específicos sobre a temática. Nas outras obras, a África aparece apenas
como um figurante que passa despercebido em cena, sendo mencionada como um
apêndice misterioso e pouco interessante de outros assuntos. Tornou-se evidente
também que, quando o silêncio foi quebrado, a bibliografia limitada e o
distanciamento do tema por parte dos autores, criaram obstáculos significativos para
uma leitura mais atenta e um tratamento mais pontual sobre a questão.
2
Nos anos noventa esta obrigatoriedade foi sendo aos poucos efetivada em números reais. Os índices de alunos
matriculados no Ensino Fundamental correspondem à grande parte da população em idade escolar no país.
31
32
O Ensino da História da África em debate
Antes de maiores reflexões sobre nosso objeto3, que se registre um elogio. Dentro
de um total de mais de trinta coleções de História destinadas para o Ensino
Fundamental apenas oito, dedicam o espaço exclusivo de um capítulo para tratar a
história do continente africano anterior ao século XIX, e outras duas, reservam
tópicos extensos para tratar à temática. Nas outras, quase sempre, a África aparece
em óbvias passagens da História do Brasil, da América ou da Europa, ligadas à
escravidão, à expansão ultramarina, ao domínio colonial no século XIX, ao processo
de independência e às graves crises sociais, étnicas, econômicas e políticas em que
mergulhou grande parte dos países africanos formados no século XX.
Nos textos em enfoque, por razões que talvez espelhem a pequena intimidade
com a bibliografia especializada em História da África e as circunstâncias específicas
da elaboração de um livro didático, as imprecisões e equívocos acabam por
predominar. Isso não exclui algumas boas reflexões realizadas pelos autores ou ainda
abordagens adequadas dos conteúdos apresentados. No entanto, os livros, quase
sempre, são marcados mais pelos desacertos do que pelos acertos. Façamos um
breve balanço desses pontos, lembrando que eles não são comuns a todos os livros,
mas sim fruto de um panorama geral desses manuais. Como estratégia de
apresentação dividimos os aspectos analisados em tópicos, nos quais associamos as
visões dos autores acerca de determinados conteúdos ou temáticas.
Poucas palavras para muitas Histórias
Um primeiro problema a destacar pode ser identificado com uma simples passada de
olhos pelos índices dos manuais. Se elogiamos a disposição dos autores em conceder à
África um capítulo específico, é inversamente sintomático o espaço reservado a tal
tarefa. Existe clara tendência entre os volumes analisados – com exceção de dois livros –
de dedicar um número significativamente menor de páginas ao tratar a África,
concentrando suas abordagens em uma versão eurocêntrica da História.
Por exemplo, enquanto os capítulos que tratam de temas como Europa Medieval,
Absolutismo Monárquico, Reforma Religiosa e Renascimento Cultural ocupam em
média de 15 a 20 páginas e vasta bibliografia, à História da África, na maioria dos
casos, reserva-se algo entre 10 a 15 páginas (ver gráfico 1), e com uma literatura de
apoio restrita. Por falta de conhecimento ou de interesse percebe-se um grande
desequilíbrio ao se abordar a história da Europa e da África.
É claro que não estamos tomando como referência exclusiva o valor quantitativo
da questão, mas também qualitativo. Parece-nos óbvio que, tratar a história africana
– abordando um período equivalente a pelo menos mil anos e englobando o
complexo e diverso quadro das sociedades e civilizações do continente – em dez ou
quinze páginas é algo que só se torna possível com extremas simplificações e
generalizações.
3
Pesquisa apresentada na tese de doutorado defendida em 2007 junto programa de Pós-Graduação em História da
Universidade de Brasília (UnB) – Lições sobre a África: diálogos entre as representações dos africanos no
imaginário Ocidental e o ensino da História da África no Mundo Atlântico (1990-2005). Na tese tenciono fazer
a análise acima citada em manuais didáticos de História produzidos a partir de 1990 – utilizados nas escolas
brasileiras e portuguesas. Ver também meu artigo intitulado A África nos bancos escolares: Representações e
imprecisões na literatura didática, presente na bibliografia.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Gráfico 1. Número de páginas dedicadas à temática
Escala por números de livros
Entre 10 e 20 páginas
(10%)
1 Livro
Mais de 20 páginas
(20%)
Entre 10 e 15 páginas
(30%)
Menos de 10 páginas
(40%)
2 Livros
3 Livros
4 Livros
Fonte: levantamento efetuado pelo autor.
Frisamos que a expectativa sobre a abordagem escolar da história da África não
se encerra na ilusória idéia de que todas as sociedades africanas tenham que ser
mencionadas ou abordadas. Parece evidente também que qualquer assunto tratado
em sala de aula ou em um livro didático é escolhido a partir de alguns critérios eleitos
pelos autores, editoras, Estado – currículos – estudantes e professores. Assim como
a forma de abordar o tema nunca vai deixar de ser uma leitura parcial, um recorte
um tanto arbitrário das experiências enfocadas. Mas o que não é justificável, pelo
menos em nosso entendimento, é o pequeno espaço concedido ao estudo da
história da África.
A África só dos grandes "Reinos" e "Impérios"?
Outro elemento comum aparece quando os autores apresentam as sociedades
africanas que serão estudadas. Eles, quase sempre, utilizam uma difundida idéia
entre os historiadores pertencentes à chamada corrente da "Superioridade Africana"4
de que seria fundamental estudar as grandes civilizações encontradas na África.
Porém, esse grupo de pesquisadores e intelectuais, no período próximo – anterior e
posterior – às independências, utilizou padrões ou modelos europeus para afirmar
ao mundo e aos próprios africanos que a História do continente negro possuía
elementos sofisticados e formas de organização avançadas e que deveriam ser
estudadas.
4
O historiador guineense Carlos Lopes organizou uma classificação para a historiografia africana na qual ela pode
ser pensada em três correntes: a corrente da Inferioridade Africana; a corrente da Superioridade Africana; e os
novos estudos africanos. Com relação à corrente da Superioridade Africana uma de suas principais características
era supervalorizar o continente, utilizando categorias européias no estudo de antigas civilizações africanas,
buscando igualar os feitos históricos africanos aos europeus. Ver LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida:
historiografia africana feita por africanos.
33
34
O Ensino da História da África em debate
Neste sentido encontrar os grandes "impérios" e "reinos", as grandes construções
e as esplendorosas obras de arte, se tornou, portanto, quase que uma obsessão5 .
Porém, já faz algum tempo que as novas historiografias africanas vêm alertando para
o fato de que a África é uma região de grande autonomia, de imensa capacidade
criativa e de fecunda participação na história da humanidade, e de que não seria
preciso eleger sempre referências européias para sua afirmação. Porém, os autores
dos manuais parecem desconhecer essa crítica, pois é justamente esse o critério
adotado em oito6 dos dez livros para selecionar o que será estudado sobre a História
da África. Por isso a presença é quase certa dos reinos de Gana, do Kongo, da
Etiópia, do Zimbabue e dos impérios do Mali e Songhai.
A princípio não temos nada contra a citação ou estudo dessas formações
políticas, elas devem ser abordadas. Até por que, de fato, permitem a intimização,
por parte de estudantes e professores, de uma África diversa, rica e fascinante. O que
incomoda é sua supervalorização ou enfoque exclusivo, e não a sua presença quase
sempre obrigatória. Tal ênfase ocorre em detrimento à outros contextos históricos
também importantes, o que causa uma leitura distorcida de certas sociedades
africanas.
Gráfico 2. Tema central dos cápitulos e tópicos
Outras Temáticas - 20%
2 Livros
Reinos e Impérios
Africanos - 80%
8 Livros
Fonte: levantamento efetuado pelo autor.
Parece também que a ênfase na abordagem da África Ocidental, encontrada em
boa parte dos manuais, se confunde com a perspectiva de que a existência dos
"grandes reinos e impérios" ocorreu em maior número naquela região. Dessa forma
o "resto" da África, não recebe a mesma atenção, parecendo que suas sociedades
seriam menos interessantes.
5
Sobre a questão ver os trabalhos de Philip Curtin – Tendências recentes das pesquisas históricas africanas e
contribuição à história em geral – e Manuel Difuila – Historiografia da História de África.
6
Para informações e pesquisas mais completas acerca dessas formações políticas ver os seguintes estudos:
BIRMINGHAM, David, A África Central até 1870; COSTA E SILVA, Alberto, A Enxada e a lança. A África antes dos
portugueses; KI-ZERBO, Joseph, História da África Negra; M' BOKOLO, Elikia, África Negra História e Civilizações,
até ao Século XVIII; NIANE, D. T. (org), História Geral da África, vol. IV: África entre os séculos XII e XVI; OLIVER,
Roland, A Experiência Africana e FAGE, J. D. e OLIVER, Roland. Breve História da África.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
O vinho feito de palmeira era muito apreciado, embora
fizesse muito mal à saúde quando bebido
exageradamente. O guerreiro bêbado era fácil de ser
derrotado, o sábio bêbado não passava de tolo.8
Apesar desses aspectos, um ponto positivo pode ser destacado do esforço dos
textos em descrever a concentração dos grandes reinos e impérios africanos na
África Ocidental. Ao abordarem, por exemplo, a relevância da metalurgia, o
domínio da grande agricultura e o circuito comercial que envolvia as atividades
econômicas entre as sociedades africanas dali com as de outras regiões, eles
permitem a aproximação imaginária dos alunos com parte da cultura material
desses povos. Outro acerto comumente encontrado refere-se ao destaque
concedido ao perfil comercial de algumas sociedades na área9. A presença de
caravaneiros árabes e africanos envolvidos nos negócios é, muitas vezes,
corretamente apresentada. Ao mesmo tempo, a referência à alguns importantes
centros urbanos do período como Tombuctu, Gao ou Djenné, com seus grupos de
comerciantes ou artesãos, permite aos estudantes perceberem a ativa participação
dos africanos nas atividades mercantis/intelectuais/culturais desenvolvidas naquela
parte do continente.
Os comerciantes habitavam uma cidade próxima e
negociavam com os árabes do Norte da África, comprando
tecidos, sal e cobre.10
Já outro reino africano citado com freqüência é o da Etiópia. A ênfase das
informações concentra-se na idéia de que ele foi um grande reino cristão cravado
em meio às sociedades islamizadas. Sua sobrevivência teria sido possível, segundo
alguns autores, devido "à aliança entre os governantes locais e os poderosos líderes
religiosos". Sendo assim, "em troca da construção de enormes igrejas de pedra e
da doação de terras, os líderes religiosos apoiavam as guerras contra os islamitas"11.
Parece um tanto limitante encerrar toda a importância ou história da Etiópia em
um dado: ela ser cristã. E suas outras faces e características?
Que fique claro que não negamos a importância das abordagens dessas regiões
ou formações políticas africanas. Elas de fato possibilitam a construção de novos
8
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 181.
O comércio foi uma característica econômica comum a várias regiões na África, não ficando limitada a citada área
da África Ocidental. Tanto na África Central, com um comércio intra-africano até o século XV, como na parte
Oriental do continente – com grande influência e participação do mundo árabe – as atividades mercantis foram
comuns.
10
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p, 178.
11
DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 58.
9
35
36
O Ensino da História da África em debate
referenciais imagéticas e conceituais sobre a África. Porém, a idéia transmitida por
esse enfoque parece reforçar a perspectiva de que os "pequenos" grupos não
possuem relevância alguma. Ou ainda diante da impossibilidade de atentar para as
diversas sociedades que se espalham pelo continente, a seleção ocorreu
espelhando-se na História da Europa: o estudo das grandes civilizações ou reinos.
Não ignoramos a existência na África de organizações políticas ou sociais, com
semelhanças às européias ou americanas, mas é preciso que se demonstre e
enfatize suas singularidades e especificidades. Porém, esse importante debate
sobre o sentido ou significado das categorias como "reino" ou "império" para estas
sociedades africanas não ocorre. Esses conceitos são empregados e apresentados
como se possuíssem o mesmo valor explicativo utilizado na compreensão das
realidades européias.
É muito provável que tal descaso confunda as referências adotadas ou
construídas pelos alunos sobre a história africana. A utilização de modelos ou
categorias europeus é de fato uma ação comum e pouco didática por parte dos
autores.
Em contra partida, como aspecto extremamente adequado, destacamos as
tentativas realizadas por alguns livros de informar aos alunos a maneira como a
História da África Ocidental foi reconstruída a partir do uso das fontes escritas
árabes e européias e das fontes orais africanas.
No caso da história dos impérios africanos dos séculos XI a
XV, os historiadores encontram histórias orais transmitidas
de geração em geração até os dias de hoje.12
A escravidão na África e o tráfico de africanos escravizados
A "escravidão" em debate
Ao analisar os efeitos da escravidão e do tráfico negreiro nas populações africanas os
livros didáticos, com raras exceções, revelam um grande descompasso com as novas
pesquisas historiográficas acerca da temática. Sobre as referências dos diferentes usos,
sentidos e concepções da escravidão na África e na América e das motivações
econômicas que alimentaram o tráfico negreiro, algumas posturas incomodam.
Primeiro, poucos autores fazem alusão explicativa à escravidão tradicional
africana - aquela existente antes da chegada dos europeus ou árabes -, como se a
escravidão fosse uma invenção estrangeira naquele continente. Sabendo das
profundas diferenças entre a escravidão praticada pelos africanos, e aquela utilizada
sob influência dos árabes ou europeus, seria fundamental um comentário sobre o
tema. Em alguns textos isso ocorre parcialmente.
12
Idem, ibidem, p. 63.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Outra forma de escravização consistia em uma prática antiga
entre os africanos: os vencedores de uma guerra tinham o
direito de levar parte dos derrotados para trabalhar em sua
terra. Contudo, o escravo levava uma vida parecida com a
dos trabalhadores livres: trabalhava lado a lado com eles,
mantinha suas tradições e muitas vezes alcançava a liberdade
ao lutar junto com os guerreiros da tribo.13
Porém, em outros, as narrativas estão recobertas de imprecisões e equívocos,
como, por exemplo, quando o assunto tratado envolve a abordagem da escravidão
e do tráfico praticado pelas sociedades islâmicas, marcados por um intenso fluxo e
grande quantidade de indivíduos escravizados.
A escravidão não era novidade na África. Desde o século XI
os árabes adquiriam escravos africanos. Mas os árabes
tinham poucos escravos e geralmente os filhos dos escravos
já eram quase livres.14
É evidente que existem outras faces, não tão amistosas, da escravidão praticada
na região e que são ignoradas ou omitidas pelos autores. Trabalhos de historiadores
reconhecidos na temática como John Thornton e Paul Lovejoy revelaram há um bom
tempo a existência de castigos, castrações, comercialização e sacrifícios envolvendo
os usos da escravidão na África, principalmente nas sociedades islamizadas e no
tráfico saariano. Ao mesmo tempo quase nada é dito sobre as carcaterísticas e
especificidades da chamada escravidão doméstica ou de linhagem e parentesco,
concentrando as informações acerca da escravidão atlântica, ou seja, aquela que
envolveu o tráfico e o uso de africanos escravizados nas Américas15.
Gráfico 3. Abordagens sobre a escravidão na África
Livros que abordam a
escravidão árabe (60%)
Livros que abordam a
escravidão tradicional
africana (70%)
Livros que abordam a
escravidão atlântica (90%)
6
7
9
Fonte: levantamento efetuado pelo autor.
13
14
15
DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 59.
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 180.
Sobre o assunto ver os seguintes trabalhos presentes na bibliografia: MANNING, Patrick, Escravidão e mudança
Social na África; THORNTON, John, A África e os africanos na Formação do Mundo Atlântico; e COSTA e SILVA,
Alberto da, A manilha e o Libambo.
37
38
O Ensino da História da África em debate
Segundo, ao tentar situar o aluno perante as relações das práticas materiais com
as mentalidades de certo período, algumas análises se revestem de um perigoso
anacronismo. Ao afirmarem que mesmo sendo apoiada pela Igreja, governos,
comerciantes, políticos, fazendeiros e pela mentalidade da época, a escravidão foi de
alguma forma injusta em sua própria essência, os livros - que adotam tal postura
explicativa - perdem os limites temporais e os critérios do relativismo, fazendo com
que o aluno visualize uma história na qual, todos devem ter como valores e
referências de vida os padrões ocidentais atuais16.
Além das necessidades econômicas, existia a mentalidade da
época. A escravidão não era escandalosa como é hoje. Até
mesmo os padres tiveram escravos. Já pensou se alguém
disser que temos de aceitar as injustiças sociais de hoje
porque no futuro alguém vai falar que no nosso tempo 'as
injustiças eram normais?17
Ao exigir da Igreja Católica do período uma postura contrária a que
historicamente manteve o autor desconsiderou as perspectivas teológicas e
temporais do catolicismo. A idéia de que a Igreja foi omissa ou permissiva não condiz
com as práticas e posturas do Vaticano à época, são reflexões que encontram eco
apenas a partir dos olhares contemporâneos18. Não podemos esquecer que os
elementos que embasaram as bulas papais, que autorizavam os reis portugueses a
escravizar eternamente os muçulmanos, os pagãos e os africanos negros, foram
retirados de um imaginário maior, no qual o negro e os infiéis eram tipificados como
inferiores aos homens da cristandade européia19. Não estamos justificando a postura
de nenhuma instituição e nem negando a dramaticidade dos eventos envolvendo o
tráfico de pessoas pelo Atlântico. O único incômodo é a iniciativa de julgar e emitir
juízos de valor sobre fatos e contextos que se constituem em sua essência temporal
e definidora com bases diversas das vivenciadas por estudantes e professores.
De forma parecida, quase não existem menções aos africanos traficantes ou as
formas de escravização usadas na África. Para boa parte dos autores, somente os
comerciantes portugueses, espanhóis, ingleses e brasileiros fizeram parte das redes
de lucro oriundas de tal atividade. A participação de africanos no comércio de
homens é, apesar das positivas exceções, ignorada, a não ser pela perspectiva de que
muitos escravos foram obtidos a partir dos conflitos entre grupos rivais do
continente. Soma-se a esse quadro o uso pouco adequado de imagens que ilustram
16
Parece óbvio que pensar a escravidão a partir dos valores e concepções de mundo influenciadas pelas ideologias e
posturas humanitárias que marcaram a segunda metade do último século, exige a rejeição e o combate da sua
existência nos dias de hoje, ou mesmo no passado. Porém, isso é uma visão do presente. O conjunto de idéias,
valores e interesses daquela época eram outros e não eram homogêneos. Mesmo que a violência fosse marca
certa desse processo, ele era justificado para os homens do período, inclusive alguns africanos.
17
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 213.
18
Alertamos que, não estamos desconsiderando os esforços de alguns missionários, religiosos ou teólogos contrários
à escravidão. Apenas evidenciamos o debate político, diplomático e religioso de esferas hierárquicas maiores
acerca da questão ou que se tornaram características gerais da Igreja.
19
Acerca da questão, ver o trabalho de Carlos Lopes. A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
os africanos e escravos no Brasil em condição de submissão e de punição. Nelas é
reproduzido o estereótipo do africano passivo e sofredor.
Nos manuais em que a África não recebe uma abordagem específica um dos maiores
equívocos encontrados é de se referir à sua história apenas a partir do tráfico de
escravos. É como se o continente não tivesse uma trajetória histórica anterior à
escravidão atlântica. Alguns autores dos manuais analisados aqui chamam a atenção
para a influência dessa referência na elaboração do imaginário cheio de estereótipos
compartilhado pela grande maioria de nossos alunos e professores acerca dos africanos.
Em geral, quando no Brasil e na América falamos em África,
todos se lembram logo da escravidão e exploração impostas
aos africanos pelos europeus. É como se a história da África
estivesse sempre presa à história dos povos dominadores.20
Entre diversidades e simplificações
Uma das principais estratégias para desconstruir alguns dos estereótipos que
simplificam ou inferiorizam os africanos aos olhares ocidentais é revelar aos alunos
que abaixo do Saara não existiram apenas dois grandes grupos humanos: os bantos
e os sudaneses. Ao longo da História da África, inclusive nos dias atuais, podemos
encontrar centenas de grupos étnicos e diversas formas de organização políticasocial-cultural-econômicas no continente. Essa profunda diversidade é uma das faces
mais vivas e características da África
No começo dos capítulos quase todos os autores alertam, de forma bastante
pontual, para essa diversidade cultural que teria caracterizado os povos africanos,
assim como para o fato de que a grande civilização egípcia ser, antes de qualquer
outra "coisa", africana. Esses argumentos serviriam para desconstruir as idéias
equivocadas transmitidas pelo ensino da História e preservada no imaginário comum
de uma África homogênea e simplista.
A África é um imenso continente, ocupado por muitos povos
que apresentam uma grande diversidade cultural. Tal
diversidade resulta dos diferentes processos históricos vividos
pelos habitantes de cada região na África.21
Uma África ocupada por tribos?
Com relação à maneira de denominar ou identificar as sociedades africanas o uso
de alguns termos ou conceitos demonstram muitas vezes o despreparo dos autores.
Por exemplo, o conceito de tribo, utilizado por seis dos dez manuais (ver gráfico 4),
parece ser por demais impreciso para se referir as sociedades do continente. Existe
já, há algum tempo, um intenso debate acerca das marcas ou interdições da
utilização dessa categoria.
20
21
MACEDO, José Rivair e OLIVEIRA, Mariley W. Brasil: uma história em construção, p.195.
DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades,
mentalidades 7ª, p.56.
39
40
O Ensino da História da África em debate
Diante do grande suporte que as pesquisas antropológicas e históricas já deram
sobre o assunto, acredito que insistir nessa forma de se referir às sociedades da África
não encontra mais justificativa22. Porém, a referência às sociedades africanas como
tribais é freqüente. Parece existir uma continuidade de idéias com os mitos ou teorias
que defendiam a suposta inferioridade dos povos africanos, já que tribo aparece,
nestes casos, com o significado oposto ao de civilização. A utilização da categoria
tribo também é recorrente para designar as sociedades dominadas pelos impérios.
Será que existe nesta relação alguma intenção de inferiorizar os pequenos grupos?
Em nenhum livro encontramos algum tipo de aparte explicativo sobre o significado,
trajetória e ajustes que devem cercar a aplicação desse conceito.
Gráfico 4. Associação das sociedades africanas aos conceitos de
Tribal/Primitivo/Selvagem
Sem referências - 4
(40%)
6
Tribais ou primitivos
9
Fonte: levantamento efetuado pelo autor.
O uso de alguns outros termos ou conceitos como de nação ou de país também são
recorrentes, e também estão encobertos de imprecisão. Fica evidente que os autores
encontram dificuldades em tratar os grupos étnicos africanos, e confundem ainda mais
os alunos ao usarem termos ou definições que se ajustam mais especificamente a outros
contextos históricos do que ao africano, pelo menos até o início do século XX. Não que
não possam ser aplicados no entendimento da África, mas, se utilizados, devem ser
contextualizados. Neste caso o uso de termos como grupo étnico, sociedades ou povos
parece ser mais didática e conceitualmente mais acertado.
As cosmologias africanas esquecidas
Outra falha encontrada em alguns textos é a pequena atenção dedicada às
concepções cosmológicas23 das sociedades africanas. Em poucos momentos os livros
22
Ver os seguintes trabalhos, SOUTHALL, Aidan, The illusion of the tribe, pp. 38-51; DAVIDSON, Basil, The search for
Africa, pp.141-145; e de TRAJANO FILHO, Wilson, Uma experiência singular de crioulização, pp. 6-8.
23
Ao nos referirmos em África ao que no Ocidente entendemos por religião utilizaremos o termo Cosmologia. Na
verdade o termo procura condensar a idéia de uma estrutura de pensamento que articula as relações entre as
esferas do físico e do metafísico de forma muito mais intimista e complexa do que no caso ocidental. As relações
com as forças invisíveis, com os antepassados, com as normas de funcionamento das sociedades e do cosmos,
se confundem nessa dinâmica perspectiva relacional.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
atentam para uma abordagem explicativa da relação entre as diferentes percepções
e definições daquilo que os ocidentais chamam de Religião para as elaborações
africanas sobre a questão. A literatura existente sobre o pensamento tradicional
religioso africano oferece um rico subsídio para este debate, em minha opinião,
fundamental para relativizar o universo africano e demonstrar como suas estruturas
de explicação das relações sociais e da vida são diferentes das ocidentais27.
Devido à polêmica que normalmente envolve o assunto nas salas de aula ele
deveria ter presença obrigatória nos textos didáticos. Porém, o tema recebe apenas
uns poucos parágrafos de atenção, em apenas alguns poucos livros.
(...) uma parte importante dos africanos acreditava num único
Deus: eles se tornaram muçulmanos (...) Muitos povos
africanos desenvolviam o culto aos antepassados. Os parentes
mortos eram adorados como deuses por seus familiares, que
acreditavam que os espíritos podiam ajudar ou perturbar o
cotidiano dos vivos. Por isso, era comum jogar-se um pouco
de bebida na terra para que o espírito do parente morto
pudesse beber e se alegrar.28
Assim, apesar da forte pressão dos imperadores, nobres e
grandes mercadores a favor da adesão ao islamismo, a
maioria da população do império continuava mantendo
suas práticas religiosas, como a adoração aos deuses da
natureza.29
Sobre essas passagens fica uma inquietante dúvida: que parte importante dos
africanos era monoteísta? E esse é o único elemento que possibilitou a conversão ao
islamismo? Acreditamos que estas idéias estejam erradas. Mais do que isso o que se
percebe é a extrema simplificação e superficialidade ao se tratar das cosmologias
africanas. Em certos trechos se empresta a todo universo africano algumas práticas,
que se ocorriam em certas regiões do continente possuíam significados singulares e
complexos, em outros, as complexas estruturas do pensamento africano ficam
resumidas a estereótipos. Não podemos ignorar o fato de que o fenômeno religioso
em África não tem as mesmas bases do que o Ocidental. Por isso, para os povos da
região seria mais adequado usar o termo cosmologia e não religião. Além disso, é
difícil aceitar que as complexas estruturas dos pensamentos cosmológicos africanos
sejam resumidas pela idéia deles serem "adoradores de deuses da natureza".
Os africanos islamizados e o islã africanizado.
No tópico responsável pela abordagem das múltiplas relações, presenças e
apropriações do islamismo com as sociedades africanas percebemos um movimento
24
25
26
Acerca da questão das cosmologias africanas,ver a obra de APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai.
Ver SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, pp. 182-183.
DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 61.
41
42
O Ensino da História da África em debate
explicativo comum entre os livros e impreciso historicamente. Poderíamos falar em
uma espécie de etnocentrismo árabe, a nortear essas análises. As ações históricas
ocorridas na África do Norte, Ocidental e Oriental se tornam exclusividades dos
grupos árabes muçulmanos que percorrem a região, restando aos africanos uma
postura passiva perante o outro.
As influências do islamismo e a própria islamização de algumas sociedades
africanas são mencionadas, porém alguns aspectos são negligenciados ou citados de
forma um tanto confusa. Um desses pontos é a idéia de que a conversão ao
islamismo atingiu a todos os membros das sociedades em contato com os
mercadores árabes ou dos estados islâmicos em expansão de forma quase
instantânea. As estratégias de conversão das elites comerciais ou governamentais e
a posterior e gradual conversão da população são fenômenos apenas parcialmente
mencionados.
Apesar de manterem diversas práticas tradicionais,
converteram-se ao islamismo, absorvendo muitos aspectos
da cultura islâmica(...) A adoção dos mesmos elementos
utilizados por seus parceiros comerciais possibilitava maior
controle sobre as relações comerciais, evitando-se
prejuízos.27
Outro descuido é não mencionar a apropriação e influências dos africanos sobre
o islamismo praticado na África. Seria correto afirmar que o Islã foi muitas vezes
africanizado. Na arquitetura, nas formas teocráticas, nas interpretações alcorânicas,
na convivência com as concepções cosmológicas locais, existiu uma participação
ativa das sociedades da região sobre o Islã. Porém, a idéia mais repetida, inclusive
nas imagens, é a da islamização dos africanos.
Outros pontos positivos e elogios
No uso das imagens, alguns autores parecem se sair um pouco melhor, apesar de
algumas citações e fontes estarem imprecisas ou ausentes. A apresentação de
mapas, que fogem das representações cartográficas tradicionais dos manuais, e de
imagens de mesquitas em Mopti e Djenee e da cidade de Tombuctu e do Grande
Zimbábue, assim como de esculturas feitas pelos africanos são importantes
instrumentos na apresentação das formas arquitetônicas, das religiosidades, artes e
filosofias africanas.
Alguns autores, em válida iniciativa, chamam a atenção dos alunos para as
representações elaboradas pelos africanos sobre os europeus, como algumas
imagens feitas por uma sociedade do Golfo da Guiné em seus contatos com os
portugueses nos séculos XV e XVI, revelando a postura mercantil e bélica dos
europeus no continente africano. Alertar para as representações feitas dos europeus
pelos diversos grupos africanos é um exercício fecundo para que os alunos passem a
27
DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 62 e 63.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
reconhecer a participação ativa e a autonomia das sociedades africanas perante as
relações estabelecidas com outras sociedades.
Normalmente o que encontramos é a reprodução das imagens elaboradas pelos
europeus sobre os africanos, nas quais percebemos a mudança de suas fisionomias,
de seus gestos, roupas e comportamentos, que são europeizadas.
A Historiografia consultada
Com relação à utilização das pesquisas realizadas pelas historiografias africana e
africanista, as bibliografias citadas, apesar de conterem nomes e obras importantes,
são ainda bastante restritas se comparadas à difusão de estudos e pesquisas que a
História da África passou nos últimos vinte anos. A presença dos trabalhos de Basil
Davidson, Roland Oliver e Joseph Ki-Zerbo demonstra o contato com a vertente de
estudos efetuados até a década de 1970. Já a citação da obra de Alberto da Costa e
Silva revela o contato com estudos mais recentes, porém, essas referências são ainda
insuficientes.
O distanciamento com as novas investigações acerca da história do continente
não mais se justifica. Nos últimos anos, a ação de um grupo considerável de
pesquisadores brasileiros tem contribuído para minimizar o descaso com os estudos
africanos no país. Congressos31, publicações e centros de pesquisa têm tentado
estender os estudos sobre o passado africano. Destacaram-se, nessa tarefa, três
centros de estudos. O mais antigo deles é o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao),
da Universidade Federal da Bahia, criado no final dos anos 1950. Sob sua tutela, é
publicada a revista Afro-Ásia. Nas décadas seguintes, surgiam mais dois importantes
centros: o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (1973), na Universidade Cândido
Mendes, no Rio de Janeiro, e o Centro de Estudos Africanos (1978), da USP. Ambos
também são responsáveis pela manutenção de importantes revistas, como a Estudos
Afro-Asiáticos e a África, respectivamente.
Nesse mesmo tempo, pesquisadores têm conquistado um espaço cada vez maior
no cenário historiográfico internacional e nacional. Para evitar a repetição excessiva
de nomes e títulos, serão mencionados apenas aqueles que são, para os estudos
africanos realizados a partir do Brasil, indispensáveis e possuem publicações
acessíveis ao público brasileiro. É claro que, devido a um descuido imperdoável,
alguns nomes não serão citados. Isso ocorre não por demérito, mas sim pela
existência de um dado positivo: o aumento do número de pesquisas impossibilita
reunir todas em um só texto. Citemos, portanto, os trabalhos agregados em algumas
áreas temáticas.
Acerca do tráfico de escravos dois trabalhos são fundamentais32: o de Paul Lovejoy
- A escravidão na África: uma história de suas transformações - e o de John Thorton
- A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico, 1400-1800. Sobre regiões
específicas da África, como o reino do Kongo, do Ndongo, na África Central
Ocidental, existem os trabalhos de Joseph Miller - Poder político e parentesco:
antigos estados mbundu em Angola -, de David Birmingham - A África Central até
1870 - e de Selma Pantoja - Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Sobre
Angola contemporânea, as reflexões de Marcelo Bittencourt – Dos jornais às armas:
43
44
O Ensino da História da África em debate
trajectórias da contestação angolana - são importantes. Enfocando Cabo Verde, os
trabalhos de Leila Hernandez - Os filhos da terra do sol: a formação do Estado-nação
em Cabo Verde – e de Gabriel Fernandes - A diluição da África: uma interpretação
da saga identitária cabo-verdiana no panorama político (pós) colonial - são boas
referências. Acerca de Moçambique, destacam-se Valdemir Zamparoni - De escravo
cozinheiro: colonialismo e racismo em Moçambique - e Edson Borges - Moçambique:
Cultura e Racismo no País do Índico. Para um olhar em torno das relações
internacionais África-Brasil, destacam-se as investigações de José Flávio Sombra
Saraiva - O lugar da África -, e de Pio Penna - Conflito e busca pela estabilidade no
continente africano na década de 1990. Acerca da África Austral ou do período
colonial, encontramos alguns artigos, como o de Wolfgang Döpcke - A vinda longa
das linhas retas: cinco mitos sobre as fronteiras na África Negra. Englobando
temáticas gerais africanas, ou realizando grandes sínteses do continente, temos os
textos clássicos de Joseph Ki-Zerbo - História da África Negra - de dois volumes, e do
embaixador Alberto da Costa e Silva - A enxada e a lança e A manilha e o libambo além da excelente obra do africano Elikia M'Bokolo - África Negra História e
Civilizações: até ao Século XVIII.
Apesar desses avanços, ainda existe a necessidade de dinamizar os estudos da
África e desvinculá-los daqueles ligados às temáticas afro-brasileiras, para percebêlos em seu próprio eixo histórico africano ou naquilo que é chamado de contexto ou
Mundo Atlântico. Mesmo que o objetivo final desses estudos seja entender as
relações históricas entre a África e o mundo, é preciso que os historiadores voltem
suas óticas
Reflexões Finais
Acredito que, percorrida essa breve abordagem acerca da História da África,
temos ainda não respondida a questão que introduz o texto - "o que sabemos sobre
a África?". Talvez demore mais algum tempo para que possamos - professores e
alunos - fazê-lo com desenvoltura. Porém, fica evidente que ensinar a História da
África, mesmo não sendo uma tarefa tão simples, é algo imperioso, urgente. As
limitações transcendem - ao mesmo tempo em que se relacionam - aos preconceitos
existentes na sociedade brasileira, e se refletem, de certo modo, no descaso da
Academia - com ainda um pequeno número de especialistas e pesquisas -, no
despreparo de professores e na desatenção de editoras pelo tema. Por isso, não sei
se aquela pergunta ainda uma tem resposta aceitável.
É obvio que muito se tem feito pela mudança desse quadro. Louve-a nesse
sentido a ação de alguns núcleos de estudo e pesquisa em História da África
montados no Brasil, como o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), o Centro de
Estudos Afro-Asiáticos e o Centro de Estudos Afro-Brasileiros. Enalteça-se a iniciativa
legal do governo, do movimento negro e de alguns historiadores atentos à questão.
Ressalte-a a ação de algumas instituições e professores que têm promovido palestras,
cursos de extensão e oferecido cursos de especialização em História da África, como
na Universidade Cândido Mendes, na Universidade de Brasília (UnB), na Universidade
de São Paulo (USP), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre outras. Porém,
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
ainda existem grandes lacunas e silêncios. A obrigatoriedade de se estudar África nas
graduações, a abertura do mercado editorial - traduções e publicações - para a
temática, até a maior cobrança de História da África nos vestibulares são medidas
que possam aumentar o interesse pela História do continente que o Atlântico nos
liga. Talvez assim, em um esforço coletivo as coisas tendam a mudar.
Incursionar sobre a História da África parece ser algo tentador, motivador e
necessário. Esperamos que o presente texto venha a contribuir na melhoria e
continuidade de algumas iniciativas aqui abordadas, sempre objetivando a formação
humana e o reconhecimento do continente que se conecta conosco pelas fronteiras
Atlânticas. As histórias dos iorubás, dos haússas, dos umbundos ou kicongos
deveriam estar tão próximas de nós quanto à história dos gregos e romanos. Nossa
ancestralidade encontra conexões profundas com essa parte de nossa fronteira
Atlântica. E, por fim, parece-me inegável que a África e os africanos nos reservam um
poderoso campo de pesquisa e de entendimento acerca da trajetória da
humanidade.
Referências
História da África
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
BIRMINGHAM, David. A África Central até 1870. Luanda: ENDIPU/UEE, 1992.
BITTENCOURT, Marcelo. Dos Jornais às Armas. Trajectórias da Contestação
Angolana. Lisboa: Veja, 1999.
BOAHEN, A. Adu. (org). História Geral da África, vol. VII: A África sob
dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Ática; Unesco, 1991.
BORGES, Edson. Moçambique: Cultura e Racismo no País do Índico. Rio de
Janeiro: Academia da Latinidade, 2001.
COSTA E SILVA, Alberto da. A Enxada e a lança. A África antes dos portugueses.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992
COSTA E SILVA, Alberto da. A manilha e o Libambo. A África e a escravidão,
1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
COSTA E SILVA, Alberto da. Francisco Félix de Souza, o mercador de escravos.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira; EdUERJ, 2004.
COSTA E SILVA, Alberto da. Um Rio Chamado Atlântico. A África no Brasil e o
Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
CUNHA, Henrique Cunha Jr. O ensino da História Africana. In Historianet,
www.historianet.com.br.
CURTIN, P.D. Tendências recentes das pesquisas históricas africanas e
contribuição à história em geral. In Joseph Ki-Zerbo (org.). História Geral da África,
vol. I. São Paulo: Ática; Paris: Unesco, 1982.
45
46
O Ensino da História da África em debate
DAVIDSON, Basil. A Descoberta do Passado de África. Lisboa: Sá da Costa,
1981.
DAVIDSON, Basil. The search for Africa: a History in the making. London:
James Curvey, 1994.
DIFUILA, Manuel Maria. Historiografia da História de África. In Actas do
Colóquio 'Construção e Ensino da História de África'. Lisboa: Linopazas, pp. 5156, 1995.
DÖPCKE, Wolfgang. A vinda longa das linhas retas: cinco mitos sobre as
fronteiras na África Negra. In Revista Brasileira de Política Internacional, 42 (1):
77-109, 1999.
FAGE, J. D. A evolução da historiografia africana. In Joseph Ki-Zerbo. História
Geral da África: metodologia e pré-História da África. vol. I. São Paulo: Ática;
Paris: Unesco, 1982, pp. 43-59.
FAGE, John e OLIVER, Roland. Breve História da África. Lisboa: Sá da Costa,
1980.
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Rio de Janeiro: Fator, 1983.
FERNANDES, Gabriel. A diluição da África: uma interpretação da saga
identitária cabo-verdiana no panorama político (pós) colonial. Florianópolis: UFSC,
2002.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Rio de Janeiro: UCAM; Editora 34, 2001.
HENRIQUES, Isabel Castro. Os pilares da diferença: relações Portugal-África,
séculos XV-XIX. Lisboa: Caleidoscópio, 2004.
HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, 2005.
___________________. Os filhos da terra do sol. A formação do Estado-nação
em Cabo Verde. São Paulo: Summus; Selo Negro, 2002.
KAPPLER, Claude. Monstros, demônios e encantamentos no fim da Idade
Média. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
KI-ZERBO, Joseph. História Geral da África: metodologia e pré-História da
África. vol. IV. São Paulo: Ática; Paris: Unesco, 1982.
___________________. As tarefas da história na África. In História da África
Negra. Lisboa: Europa América, s.d., pp. 9-43.
LIMA, Mônica. A África na Sala de Aula. In Nossa Historia, ano 1, n° 4,
fevereiro de 2004, pp. 84-86.
LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos.
In Actas do Colóquio Construção e Ensino da História da África. Lisboa:
Linopazas, 1995, pp. 21-29.
LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: uma história de suas transformações.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
M' BOKOLO, Elikia. África Negra História e Civilizações. Até ao Século XVIII.
Lisboa: Vulgata, 2003.
MANNING, Patrick. Escravidão e mudança Social na África. Novos Estudos,
CEBRAP, nº 21, julho, 1988, pp. 8-29.
MATTOS, Hebe Maria. O Ensino de História e a luta contra a discriminação racial
no Brasil. In Martha Abreu e Rachel Soihet, Ensino de História: conceitos, temáticas
e metodologia. Rio de Janeiro, Casa da Palavra; FAPERJ, pp. 127-136, 2003.
MILLER, Joseph. Poder Político e Parentesco. Antigos estados mbundu em
Angola. Luanda: Arquivo Histórico, 1995.
MOKHTAR, G. (org) História Geral da África, vol. II: A África Antiga. São Paulo:
Ática; Unesco, 1983.
MUDIMBE, V. The invention of Africa. Bloomington; Indianapolis: Indiana
University Press, 1988.
NIANE, D. T. (org). História Geral da África, vol. IV: África entre os séculos XII e
XVI. São Paulo: Ática; Unesco, 1988.
OLIVA, Anderson R. A. África, o imaginário Ocidental e os livros didáticos. In
PANTOJA, Selma e ROCHA, Maria José (orgs). Rompendo Silêncios: História da
África nos currículos da educação Básica. Brasília: DP Comunicações, 2004.
OLIVA, Anderson R. A História da África nos Bancos Escolares: representações
e imprecisões na literatura didática. Revista Estudos Afro-Asiáticos, ano 25, n° 3,
set./dez. 2003, pp. 421-462.
OLIVA, Anderson R. Visões da África: leituras e interpretações da Religião dos
Orixás, na África Ocidental. Brasília: UnB, Dissertação de Mestrado, 2002.
OLIVA, Anderson R. Lições sobre a África: diálogos entre as representações dos
africanos no imaginário Ocidental e o ensino da História da África no Mundo
Atlântico (1990-2005). Brasília: UnB, Tese de Doutorado, 2007.
OLIVER, Roland. A Experiência Africana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1994.
PANTOJA, Selma e ROCHA, Maria José (orgs). Rompendo Silêncios: História da
África nos currículos da educação básica. Brasília: DP Comunicações, 2004.
PANTOJA, Selma. Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília:
Thesaurus, 2000.
PENNA, Pio. Conflito e busca pela estabilidade no continente africano na
década de 1990. In PANTOJA, Selma. (org). Entre Áfricas e Brasis. Brasília: Paralelo
15, 2001, pp. 99-118.
RAY, Benjamin C. African Religions: symbol, ritual, and community. New Jersey:
Prentice-Hall, 2000.
RIBEIRO, Ronilda. Ação educacional na construção do novo imaginário infantil
sobre a África. In MUNANGA, Kabengele (org). Estratégias e políticas de combate
à discriminação racial. São Paulo: EDUSP; Estação Ciência, 1996, pp. 167-176.
47
48
O Ensino da História da África em debate
SARAIVA, José Flávio Sombra. O Lugar da África. Brasília: EdUnB, 1996.
___________________. Olhares Transatlânticos: África e Brasil no mundo
contemporâneo. In Humanidades, nº 47, novembro de 1999, pp. 6-20.
SOUTHALL, Aidan W. The Illusion of tribe. In GRINKER, Roy Richard e STEINER,
Christopher B. Perspectives on Africa: a reader in culture, history e representation.
Oxford: Blackwell Publishing, 1997.
THORNTON, John. A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico,
1400-1800. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
TRAJANO FILHO, Wilson. Uma experiência singular de crioulização. In Série
Antropologia, n° 343, 2003.
VANSINA, J. A tradição oral e sua metodologia. In KI-ZERBO, Joseph (org).
História Geral da África, vol. I. São Paulo: Ática; Paris: Unesco, 1982.
ZAMPARONI, Valdemir. De escravo a cozinheiro: colonialismo e racismo em
Moçambique. Salvador: Edufba, 2007.
Livros Didáticos
APOLINÁRIO, Maria Raquel (org). História: Ensino Fundamental, 6ª. Projeto
Araribá. São Paulo: Moderna, 2003.
CAMPOS, Flávio de; AGUILAR, Lidia; CLARO, Regina e MIRANDA, Renan
Garcia. O jogo da História: de Corpo na América e de Alma na África. São Paulo:
Moderna, 2002.
DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, contato
entre civilizações do século V ao XVI. 6ª ed. São Paulo: Atual, 2000.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. História: Sociedade e Cidadania, 6ª ed. São Paulo:
FTD, 2003.
MACEDO, José Rivair e OLIVEIRA, Mariley W. Uma história em construção, vol.
3. São Paulo: Brasil, 1999.
MARANHÃO, Ricardo e ANTUNES, Maria Fernanda. Trabalho e Civilização:
uma história global, 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1999.
MONTELLATO, Andrea, CABRINI, Conceição e CATELLI, Roberto. História
Temática: Diversidade Cultural, 6ª série. São Paulo: Scipione, 2000.
MOZER, Sônia e TELLES, Vera. Descobrindo a História: Brasil Colônia, 5ª série.
São Paulo: Ática, 2002.
RODRIGUE, Joelza Éster. História em Documento: Imagem e Texto, 6ª ed. São
Paulo: FTD, 2001.
SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica, 6ª série. São Paulo: Nova Geração,
2002.
DIOP, Cheik. Nations Nègres et Culture. Paris: Présence Africaine, 1955.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
FRANCISCO, Dalmir. Ancestralidade e Política de Sedução. In: SANTOS, J. E.
(org) Democracia e diversidade humana. Salvador: Edições SECNEB, 1992
KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Lisboa: Biblioteca Universitária, 14.
LUZ, C.P. Narcimária, Pawódà: Dinâmica e Extensão... In Luz, C.P. Narcimária.
Pluralidade Cultural e Educação. Salvador: SECNEB, 1996.
___________________. Odara- os contos de Mestre Didi. In: Revista da Faeba.
Educação e Literatura. Salvador: UNEB - Departamento de educação, Campos I,
ano 7, n.9, jan-jun/1998.
___________________.Descolonização e educação: Uma proposta política ...
In Sementes - caderno de pesquisa. Salvador: UNEB - Departamento de educação,
Campos I, Vol. 1, n1/2, 2000, pp. 8-12.
_________________. Abebe - A crianção de novos valores na Educação.
Salvador: SECNEB, 2000.
LUZ, Marco A. O. Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira. Salvador:
Centro editorial e didático da UFBa, 1995.
______________. Da porteira para dentro, da porteira para fora... In SANTOS,
J. E. (org.) Democracia e diversidade humana. Salvador: SECNEB, 1992 pp. 5774).
NASCIMENTO, Eliza Larkir. Introdução à História da África. In Educação,
Africanidades, Brasil. Brasília: Secad/UnB, 2006.
OLIVER, R. A Experiência Africana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
SANTOS, Lea A. F. Ancestralidade e Educação. In Sementes - caderno de
pesquisa. Salvador: UNEB - Departamento de educação, Campus I, v.1/2, 2000
SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida. 2.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1988.
49
50
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
Alex Ratts e Adriane A. Damascena
Muito antes da existência da Lei 10.639, de março de 2003, que institui o
ensino da História da África e da cultura afro-brasileira nas escolas, intelectuais
negros(as) ativistas e outros(as) estudiosos(as) da participação africana na
formação do Brasil vinham apresentando a grande lacuna nos currículos de várias
disciplinas que negavam ou reduziam a colaboração de africanos, africanas e
descendentes na formação da cultura e do povo brasileiros ao passado escravista
e ao mundo da música, da dança, da culinária e, no máximo, da religião. Podemos
começar nosso texto com algumas perguntas básicas: Havia e há uma só África?
Há um só Brasil? Haveria Brasil (ou Brasis) sem a África (as Áfricas)? O termo
influência é suficiente para apreender a relação entre Áfricas e Brasis e entre
africanos(as) e brasileiros(as)?
O contato dos europeus com os africanos se dá em intricados processos de
encontro e de confronto desde o século XV. Para as sociedades africanas organizadas
em reinos, cidades-estado e territórios étnicos, os colonizadores foram construindo
a idéia de uma África relativamente homogênea, habitada por "negros" termo
também atribuído externamente por coletividades bastante dinâmicas e que se
reconheciam por outras denominações como Fanti, Ashanti, Peul, Mandinga, Fulani,
Bambara, Tchokwe, Lunda, Kuba, Luba, Kosa, Zulu, etc..
No processo de colonização, o país que denominamos Brasil também se formou
no encontro/confronto de etnias e sociedades "européias", "africanas", "indígenas"
(outra denominação externa). Como nos propõe o geógrafo negro Milton Santos,
pensando em nossa formação socioespacial, temos, de certo modo, vários brasis,
que ele divide como Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Região Concentrada (composta
pelos Estados do Sudeste e do Sul)1. Esses vários Brasis apresentam processos
históricos, composições étnicas e sociais relativamente distintas e desiguais entre si.
Neste sentido, nosso processo de educativo, tendo em mente a relação das várias
Áfricas, com os vários Brasis, sem perder de vista uma unidade em construção, tanto
aqui, como lá, pode incorporar uma ampliação dos nossos conhecimentos nesse
campo.
Os(as) africanos(as), em grande maioria, ao ser forçados(as) a vir para o Brasil
traziam consigo sua própria África, composta de lembranças e desejos. Um
patrimônio cultural material e imaterial inscritos nos objetos, hábitos, textos orais e
escritos, rituais, jogos, folguedos e muitas histórias. Lembranças e saberes que dizem
respeito à religião, à tecnologia, e ao trabalho, que podem preservados quanto
recriados no estilo de vida, nas habilidades artísticas, nos rituais religiosos e nas
soluções técnicas e procedimentos intelectuais2.
1
SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro/São
Paulo, Record, 2003.
2
SILVA, Petronilha B. Gonçalves. Aprender a conduzir a própria vida. In BARBOSA, Lúcia Maria de Assunção; SILVA,
Petronilha B. Gonçalves & SILVÉRIO, Valter Roberto (orgs) De preto a afro-descendente: trajetos de pesquisa
sobre relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos: EdUFSCar, 2003, pp. 181-197.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regular
chegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças,
os traços, os valores e os costumes, que, pela distância, tenderia a desaparecer das
práticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e a
transposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscas
para esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada,
conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem traz
suas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origens possivelmente
produzissem diferentes formas de encarar a realidade
As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam um
mosaico que demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitas
formas de ser escravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origem
e, sobretudo, pela atividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidade
ou no campo.
A participação africana na formação cultural brasileira
Os(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar
com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta e
desfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociações
que se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência.
Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,
três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas
culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes
sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população
negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:
Um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos
encerrado na esfera do vivido. Ao passo que o
acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas
uma chave para tudo o que veio antes e depois.3
Não podemos perder de vista que, no Brasil, muitas expressões culturais negras
estão fundamentadas em um princípio de resistência e de não submissão,
construindo a idéia de que "a felicidade do negro é uma felicidade guerreira"4. A
resistência se dá diante da expropriação a qual a população negra experienciou ao
longo da História.
Línguas africanas no Brasil
Estudiosos das línguas africanas faladas no Brasil, como Yeda Pessoa de Castro e Nei
Lopes, chamam atenção para esse aspecto pouco estudado da cultura brasileira. Nas
religiões de matriz africana, em rituais e cânticos guardam-se e recriam-se línguas, a
3
4
BENJAMIM, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense, s/d, 4ª. ed. p.27.
Zumbi (Felicidade guerreira) Gilberto Gil e Waly Salomão. In: Trilha sonora do filme Quilombo.
51
52
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
exemplo do Yorubá no candomblé. No falar cotidiano, presume-se que há maior
influência dos povos subsaarianos, dos grupos etno-linguísticos denominados bantos:
Dentro do quadro da presença afro-negra no Brasil,
verifica-se uma predominância das culturas bantas, que
colaboraram para a formação da cultura brasileira,
principalmente através de suas línguas, entre elas o
Quicongo, o Umbundo e Quimbundo.5
Para refletirmos sobre este ponto, vejamos a seguinte frase:
Após o jantar, um delicioso quibebe, uma mulher do
quilombo fazia cafuné na sua filha caçula. A jovem
lembrava como sua avó era a bamba do lugar.
Estas e outras palavras de línguas africanas colocadas numa sintaxe portuguesa
nos fazem refletir o quanto o nosso falar está marcado pela participação africana de
Norte a Sul do Brasil. A língua não é apenas um conjunto de vocábulos e normas,
pois traz sentidos que podem ser atribuídos a cada termo. Muitas vezes, quando
pensamos ou falamos na "língua brasileira" , como diria Mário de Andrade, somos
bastante africanos.
Religiões de matriz africana
A marca social de africanos e africanas no Brasil se destaca pela necessidade de
sobrevivência e a não perda de si mesmo vislumbrava sempre a possibilidade de
liberdade. Numa sociedade hierarquizada e escravocrata foi necessário, através das
brechas do sistema, criar alternativas de socialização que no espaço urbano
poderiam ser tanto as irmandades religiosas negras6, como igualmente as casas de
culto aos orixás, denominado de Candomblé Ketu (relativos aos Yorubá, da Nigéria e
do Benin), inquices (Candomblé Angola) ou voduns (Tambor de Mina, relativo ao
povo do Daomé, no Benin).
As religiões criadas e/ou praticadas pelos negros no Brasil em grande parte
constituíam algo que vai além da relação transcendental e espiritual, tornavam-se
também um espaço de ação política, local onde era possível estabelecer estratégias
de sobrevivência e, na época da escravidão, de projetos de liberdade. A umbanda,
criada no século XX, tem uma linha de orixás e outra de pretos(as) velhos(as) que nos
permitem incluí-la nos cultos afro-brasileiros.
No espaço rural e suburbano o que mais se destacava, sem dúvida, era o exemplo
dos quilombos, formas de organização social que, em grande parte, diferiam da
sociedade mercantilista e escravista vigente.
5
6
LOPES, Nei. Novo dicionário banto no Brasil. Rio de janeiro, Pallas, 2003, p. 18.
QUINTÃO, Antônia Aparecida. Lá vem o meu parente: as irmandades de pretos e pardos no Rio de Janeiro e em
Pernambuco (século XVIII). São Paulo, Annablume/FAPESP, 2002; Irmandades negras: outro espaço de luta e
resistência (São Paulo: 1870-1890), São Paulo, Annablume/FAPESP, 2002.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regular
chegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças,
os traços, os valores e os costumes, que, pela distancia, tenderia a desaparecer das
práticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e a
transposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscas
para esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada,
conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem traz
as suas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origens
possivelmente produzissem diferentes formas de encarar a realidade
As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam um mosaico
que demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitas formas de ser
escravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origem e, sobretudo, pela
atividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidade ou no campo.
A participação africana na formação cultural brasileira
Os(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar
com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta e
desfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociações
que se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência.
Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,
três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas
culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes
sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população
negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:
Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,
três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas
culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes
sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população
negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor
compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões
são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A
memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que
vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na
cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender
a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de
fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao
lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm
pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura
brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender a
participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de
fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao
lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm
pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura
brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:
53
54
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
Cultura e trabalho
No Brasil, como um dos efeitos da escravidão, o trabalho manual recebe uma
histórica desqualificação. Em certas partes do país é tratado como "coisa de negro" e
ouve-se a expressão "trabalhar como um negro", ainda que não somente os(as)
africanos(as) tenham sido escravizados(as). Por conseqüência, procede-se a uma
desqualificação dos(as) trabalhos subalternos(as), sobretudo aqueles exercidos em
sua maior parte por negros e negras.
A população africana e negra (nascida em território brasileiro) deve ser vista para
além da condição de mão-de-obra compulsória que trabalhou nos canaviais, na
mineração, nas plantações de algodão, arroz ou café e no serviço doméstico. Na
relação entre campo e cidade, quilombolas, escravizados(as) e libertos(as) forjaram
formas de cultura próprias ou recriadas de sua "bagagem cultural"7.
É necessário destacar a reconhecida habilidade dos africanos ocidentais com a
mineração que aqui foram genericamente denominados de negros mina e marcaram
profundamente a composição sociocultural de uma parte do país. Da Amazônia aos
pampas, práticas culturais afro-brasileiras foram se constituindo em meio ao
trabalho compulsório. Aqueles(as) que trabalharam no serviço doméstico, como
amos e mucamas, participaram da formação do mundo privado patriarcalista.
Nos principais centros urbanos era possível perceber várias possibilidades de
relações, mesmo no período escravista. Um exemplo disso são os chamados
"escravos de ganho", que imprimiam mais dinâmica às relações sociais, relações estas
que podiam ser vistas como sinais de relativa mobilidade social e econômica.
Nas cidades era igualmente comum a existência de um espaço denominado de
"ccantos de trabalho", local onde os homens escravizados esperavam ser contratados para
realizar serviços. Geralmente a reunião era em uma esquina onde era possível se
encontrar com pessoas da mesma origem e da mesma nação, ou que falavam a mesma
língua, ou ainda eram malungos (tinham vindo no mesmo navio negreiro). Esses
encontros eram um momento que servia para a atualização com os que haviam
chegado da África e para estabelecer outros termos de comunicação e de sociabilidade.
Considerando que a população negra no Brasil teve compulsoriamente como
principal espaço de exposição o trabalho. Foi o trabalho manual, o espaço mais
provável de expressão artística e técnica da "mão afro-brasileira"8. Assim, trabalho e
conhecimento expressavam-se concomitantemente para esse grupo. A condição de
escravizado reforçava a idéia de coletividade muitas vezes necessária para o próprio
trabalho.
Podemos citar alguns nomes: Antônio Francisco Lisboa, conhecido como
Aleijadinho9 (1738-1814), autor de esculturas e fachadas de igrejas barrocas mineiras
7
8
9
Esta metáfora é utilizada tendo em mente que "não se levam para a diáspora todos os seus pertences", no caso dos(as)
africanos(as). CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Etnicidade: da cultura residual mas irredutível. In: CARNEIRO DA
CUNHA, Manuela. Antropologia do Brasil: mito, história e etnicidade, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 101.
ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo,
Tenenge, 400p.
Links sobre o tema: Sobre O Aleijadinho http://www.moderna.com.br/moderna/arte/aleijadinho/obras; Sobre
Mestre Valentim http://www.portaldoscondominios.com.br/turismoRioIgrejaSFP.asp; Artigo de Marcelo Eduardo
Leite sobre Christiano Jr. http://www.studium.iar.unicamp.br/10/6.html?studium10; Entrevista com Emanoel
Araújo http://brazil-brasil.com/content/view/186/62/
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
(Sabará, Ouro Preto, Congonhas do Campo), e de Valentim da Fonseca e Silva ou
Mestre Valentim, nascido entre 1730 e 1740, falecido em 1814, escultor, cujas obras
se encontram em igrejas ou parques cariocas (Passeio Público, Chafariz da Praça
XV)10. Ambos são filhos de mãe africana e pai português. Para São Paulo, podemos
citar o nome de Joaquim Pinto de Oliveira Thebas, construtor da torre da antiga Sé
da cidade11. Não podemos esquecer os construtores e escultores das imagens dos
antigos templos de matriz africana, cujas trajetórias estão por ser pesquisadas.
Em todo o período escravista africanos(as) escravizados(as) trabalharam no
serviço doméstico tanto nas fazendas quanto nas casas e sobrados urbanos. As
chamadas "mucamas" ou "amas de leite" foram mulheres negras exploradas além do
que era considerado trabalho. Eram também tratadas como objetos sexuais,
aviltando ainda mais a condição exploratória e redutora do ser humano e de seu
corpo.
Há muitas formas de se perceber um passado que não passou, e o trabalho é um
dos nexos fundamentais para entender uma sociedade que renovadamente se revela
excludente e produtora de profundas desigualdades. Ainda nos dias de hoje, dentre
os sujeitos de várias práticas culturais e artísticas afro-brasileiras, encontramos
pessoas que trabalham como lavradores(as), cozinheiras(os), babás, pedreiros, garis,
etc. e que são pouco reconhecidas como produtores de arte e cultura.
Referências africanas: influências em tradições que se recriam
A partir desse ponto pretendemos focalizar práticas culturais, a exemplo de
alguns complexos de música/dança/ritual que fazem e refazem referências à África e
à diáspora africana. O crescimento de estudos referentes à temática da cultura negra
decorre da contribuição de pesquisadores(as), intelectuais e militantes que
chamaram atenção para essa cultura como resultado de um processo de
reelaboração e sustentação de uma "herança cultural negra multifacetada"12.
Este processo nos aproxima sobremaneira da África num contínuo
enriquecimento do que era costumeiro, tradicional, constituindo um dinâmico
diálogo com outras culturas aqui presentes, que passaram a compor a expressão
negra nas mais diversas formas: escolas de samba, capoeira, jongo, congada, blocos
afro, maracatus e tantas outras.
O patrimônio cultural da população negra é composto de bens materiais e
imateriais que são expressões dessas comunidades, dos mais diferentes aspectos:
objetos, costumes, canções, rituais, encontrados na religião, na culinária, nos modos
de tecer e de vestir.
Música negra
A música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós.
No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as)
10
11
12
OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro. O Aleijadinho e Mestre Valentim. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., p. 55-75.
LEMOS, Carlos A. C. Thebas. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., pp. 76-81.
FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In Brasil Afro-brasileiro. FONSECA Maria Nazareth
Soares (org). Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
55
56
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro dela
variações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte não
foi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezes
pautado em rememorações.
Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África,
se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantos
religiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmente
estranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dos
tambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). No
Brasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constitui
linguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma desta
existem particularidades que as distinguem entre si.
A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes das
festas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", como
são popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja,
uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal.
Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros ao
que se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessa
atividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e
"mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturais
do Brasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essas
orquestras apresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à moda
européia:
A música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós.
No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as)
no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro dela
variações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte não
foi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezes
pautado em rememorações.
Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África,
se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantos
religiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmente
estranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dos
tambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). No
Brasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constitui
linguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma desta
existem particularidades que as distinguem entre si.
A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes das
festas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", como
são popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja,
uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal.
Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros ao
que se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessa
atividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
"mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturais do
Brasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essas orquestras
apresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à moda européia:
Esses escravos músicos eram altamente qualificados e suas
atividades diárias se concentravam no aperfeiçoamento da
sua técnica... Criou-se entre os negros e mestiços da corte e
das principais vilas e cidades, escravos e libertos, uma tradição
musical complexa e plural, que trazia elementos diversos.14
Música, dança e ritual
Dentre as influências africanas que se recriam, a linguagem musical é certamente um
dos campos onde as referências africanas aparecem de maneira significativa formando
um infinito mosaico de presenças e contribuições, constituindo um rico caleidoscópio
rítmico das mais diversas expressões e possibilidades de identidades negras espalhadas
pelo Brasil, tanto no passado como no presente. Hoje é possível constatar múltiplas
manifestações musicais que traduzem as mais variadas temporalidades, nas quais é
possível apreender dinâmicos processos de continuidade e descontinuidade relativos aos
desdobramentos das heranças negro-africanas frente aos desafios do presente.
As identidades negras contempladas na música brasileira hoje são resultados de
muitas implicações históricas15, dentre elas a tradição da oralidade de inúmeras
culturas africanas, a qual que se destaca pela força do improviso, presente em muitas
expressões musicais, como nos cantos do congado, jongo, capoeira e no próprio
samba (no tradicional pagode ou partido alto).
Não se pode perder de vista que a música também ganha uma centralidade
quando se tem um país onde, em alguns lugares, a educação ainda é um privilégio.
Assim, a música dá um sentido à existência, por ser linguagem de maior
abrangência, envolvendo geralmente a dança, a corporeidade e sendo exercitada em
momentos de festas ou rituais.
Culturas afro-brasileiras: congada, capoeira e samba
Nessa parte do texto, trazemos uma seleção de práticas culturais encontradas, com
variações, em todo o território brasileiro e lembramos quando possível outras de
extensão regional. Todas apresentam músicas que fazem referência direta à África, aos
navios negreiros, à escravidão e a outros aspectos da vida da população negra.
A congada
A congada aparece como um emblema das representações da população africana
e de seus descendentes no Brasil, e também como porta de entrada para outras
13
COSTA E SILVA, Alberto da. Um Rio chamado Atlântico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira/UFRJ.
NAPOLITANO, Marcos. História e música. Belo Horizonte, Autêntica. 2002. p.43.
15
Sobre o negro e a música consultar: COSTA, Haroldo. O negro na MPB. In: ARAÚJO, Emanoel (Org.) (2000) Negro
de corpo e alma. São Paulo, Fundação Bienal, pp. 282-483; LOPES, Nei (1992) O negro no rio de Janeiro e sua
tradição musical. Rio de Janeiro, pallas, 1992.
14
57
58
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
expressões significativas da cultura negra. São expressões oriundas das irmandades
religiosas de pretos. Presentes desde o período colonial, reverenciavam os santos
negros como São Benedito, Santa Efigênia (ou Ifigênia), Santo Antônio de
Catagerona (ou Catigeró) ou de devoção negra, a exemplo de Nossa Senhora do
Rosário, Nossa Senhora do Carmo, São Gonçalo.
Houve entre estudiosos dessa temática a noção de que as irmandades seriam uma
expressão de adesão e conformismo dos negros no sistema escravista, tendo em vista
que elas faziam parte da igreja católica. Estudos mais recentes apontam que essas
irmandades constituíam espaços de resistências, de solidariedade culturais e sociais,
base de muitas estratégias de sobrevivência e liberdade16. É preciso considerar que,
mesmo as práticas tidas como lugares de interseções, de desvios e rupturas, como é
caso das irmandades, que no escravismo seriam uma forma de dominação, foram,
contraditoriamente, reapropriados pelos negros como espaço de reterritorialização
práticas culturais ancestrais17.
A festa de coroação de rei e de rainha do congo esteve presente no Brasil desde a
colônia, mas teve seu fim decretado pela Igreja Católica no final do século XIX com o início
do período chamado romanização da igreja no Brasil. Assim, o ato de coroação passa a
transformar-se em auto de dança dramática, como espaço de louvor nem sempre ligados
à igreja, como é caso da festa da congada18. Nessa festa, a linguagem musical, incluindo
canto, percussão e dança, permite uma comunicação entre os participantes, possibilitando
um contato com a esfera divina, cumprindo um compromisso com a ancestralidade, com
a divindade, ou com o prazer de sentir-se integrado e de se reconhecer como negro e
como congo (congueiro/a ou congadeiro/a)19.
A capoeira
Entre os africanos e seus descendentes escravizados no Brasil imperial, há
registros e representações de uma expressão que contém música, dança e luta,
parecidas em grande parte com a capoeira, como hoje a conhecemos, a exemplo de
viajantes europeus como Rugendas, autor das litografias Jogo de Capoeira e SanSalvador, ambas datadas de 1835.
Documentos estudados por historiadores demonstram a perseguição de que a
capoeira foi alvo desde o reinado de D. João VI, especialmente nas cidades de
Salvador e Rio de Janeiro. Nesta última, no final do século XIX, as chamadas maltas
de capoeiras incluíam brancos imigrantes e eram igualmente perseguidas20.
Na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que tinha uma política
cultural altamente seletiva de construção da identidade nacional, a capoeira foi
16
QUINTÃO, Antônia Aparecida. As Irmandades Negras: outro espaço de luta e resistência (São Paulo: 1870 - 1890).
São Paulo, Annablume, 200, 154p.
DAMASCENA, Adriane (2004) Ser negro em Goiás: o caráter formativo das congadas. 3º Concurso Negro e
Educação. Ação Educativa e ANPEd.
18
O maracatu também é uma das expressões que se originaram da festa de coroação de rei e rainha do congo e que
fez aproximar o diálogo entre o sagrado e o profano, hoje com maior visibilidade o segundo.
19
Sobre a congada: LUCAS, Glaura (2002) Os Sons do Rosário. Belo Horizonte, ed. UFMG; MARTINS, Leda Maria
(1997) Afrografias da Memória. Belo Horizonte, Mazza Edições, 1997.
20
ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo,
Tenenge, p. 476-478.
17
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
instituída como prática esportiva, na sua vertente denominada de regional,
justaposta à outras artes marciais liderada por Manoel dos Reis Machado, o Mestre
Bimba. O outro estilo denominado de "Angola", tendo à frente Vicente Joaquim
Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha, é considerado por muitos como menos
influenciado por outras culturas. Ambas têm crescido em integrantes oriundos tanto
dos subúrbios e periferias de maioria negra, quanto entre segmentos médios, de
maioria branca.
Um samba, muitos sambas
Sabemos que o samba é uma das principais criações afro-brasileiras, mas
tendemos a reduzi-lo a um estilo musical com algumas variações e a situar seu
"nascimento" na comunidade negra urbana carioca do início do século XX, a exemplo
da "Pequena África", situada na Praça Onze na cidade do Rio de Janeiro, onde
residiam Tia Ciata e outras pessoas, originárias da Bahia21. Somente com esses
elementos teríamos muito a dizer sobre o samba. No entanto, ele nos leva mais
além. O samba na verdade são muitos estilos de samba e ritmos correlatos22. Além
de baiano e carioca é uma prática cultural tanto urbana, quanto rural e presente com
essa e outras denominações em outras partes do país. As escolas de samba e blocos
carnavalescos existem de Norte a Sul do país. O samba pode ser relacionado direta
ou diretamente a gêneros e ritmos a exemplo do jongo, do samba de roda, do
partido alto, do pagode, etc.
A lista de sambistas negros(as) passa por nomes conhecidos e outros pouco
lembrados: Donga, Sinhô, Pixinguinha, Ismael Silva, Candeia, Cartola, Antônio Vieira,
Paulinho da Viola, Nei Lopes. E há a presença fundamental de mulheres compositoras e
intérpretes: Ivone Lara e Leci Brandão; Clementina de Jesus, Clara Nunes, Elza Soares,
Alcione, Teresa Cristina e outras.
Nesse campo que combina música, dança e ritual, as culturas afro-brasileiras
marcam o mapa brasileiro numa lista sem fim: marabaixo e batuque (Amapá), Boi
Bumbá (Pará), Bumba-meu-boi e Tambor de Crioula (Maranhão) Dança da Súcia ou
Sussa (no Norte de Goiás e Sul de Tocantins).
Cultura afro-brasileira e espaço
Ao abordarmos a participação africana e afro-brasileira na cultura brasileira não
poderemos deixar de tratar dos referenciais espaciais atribuídos ou construídos.
Inicialmente, destacamos os porões dos navios negreiros, com sua disposição
degradante de pessoas tratadas como coisas e mercadorias, fato que marca a grande
travessia do Atlântico e a desigualdade que estaria por se reconstituir em terra. Logo
em seguida, ressaltamos os locais de vendas de escravizados(as), como praças, largos
e mercados, a exemplo, do Largo da Memória em São Paulo, do mercado do
Valongo no Rio de Janeiro ou do atual prédio do Centro de Cultura Negra no
Maranhão. Separados(as) por condição física, sexo e faixa etária, os africanos viveram
21
22
SODRÉ, Muniz (1998) Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro, Mauad.
ALVES, Arivaldo de Lima (2003) A experiência do samba na Bahia: práticas corporais, raça e masculinidade. Tese de
doutorado em Antropologia. Brasília, UnB. 23 Cafua: espécie de prisão para escravizados (as), geralmente sem janelas.
59
60
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
aí um outro espaço de segregação. Nessa linha, incluímos as partes de edifícios rurais
e urbanos como as senzalas e cafuás23 verdadeiras prisões, das quais por todo o país
temos registros arquitetônicos e urbanísticos.
A África, rememorada ou recriada em inúmeras práticas culturais, também
permanece como o vasto território negro, para as populações afro-brasileiras urbanas
ou rurais. Exemplo disso são as canções (sambas, toadas de congo e corridos de
capoeira) que rememoram regiões como o Congo e Angola ou pontos específicos a
exemplo da decantada Luanda, cujo nome, às vezes, aparece modificado como, por
exemplo, Aruanda24. No entanto, vivendo numa situação de subalternidade, africanos e
africanas, negros e negras, construíram espaços de sociabilidade, permanentes ou
transitórios que podemos denominar de territórios negros.
Territórios negros em espaço branco
Os quilombos, as irmandades de "homens pretos" e "pardos" e os denominados
terreiros, casa de cultos africanos e afro-brasileiros, constituem os territórios permanentes
de maior antiguidade no Brasil, construídos desde os períodos colonial e imperial.
Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do litoral ao sertão, africanos(as)
escravizados(as) formaram quilombos de todos os portes25. Os quilombos se
configuraram também não somente em terras apossadas, mas incluem a
permanência como grupo social em terras "de santo", adquiridas, doadas (de
maneira verbal ou escrita) por serviços prestados à nação ou por proprietários ou
ainda abandonadas por estes últimos em situação de absenteísmo ou falência. Os
quilombos resultam mais de uma busca espacial de um espaço próprio que somente
de um ato de fuga26 e em condições de longa permanência elaboraram práticas
culturais próprias.
Na segunda metade do século XIX, quando a maior parte da população negra era
livre ou liberta, muitos desses agrupamentos negros se organizam nas áreas que
podemos denominar de suburbanas em São Luís, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro,
dentre outras cidades.
Tendo em vista que os espaços centrais da sociedade brasileira eram dirigidos por
brancos e vetados, explicitamente ou não, aos negros e escravizados, como os
templos católicos, foram organizadas irmandades de "pretos" e "pardos" e edificadas
capelas dedicadas a vários(as) santos(as) de devoção. Essas igrejas marcam o espaço
urbano de cidades brasileiras, tanto das capitais como do interior, e constituem parte
do patrimônio cultural brasileira.
Por outro lado grupos de africanos(as) e negros(as) nascidos no Brasil, formaram em
meio ao sistema escravista, espaços de culto, que genericamente denominamos de
terreiros. Alguns exemplos são: a Casa das Minas, construída por africanas por volta de
1847 em São Luís do Maranhão e a Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador,
23
CASCUDO, Luiz da Câmara. Made in África. São Paulo: Global, 2003. p.93.
RATTS, Alecsandro JP. (Re)conhecer quilombos no território brasileiro. In FONSECA, Maria Nazareth Soares (org)
Brasil afro-brasileira, 2000.
25
NASCIMENTO, Beatriz Textos e narração do filme Ori. São Paulo: Angra filmes, 1989.
26
MOURA, Glória. A força dos tambores: a festa nos quilombos contemporâneos. In SCHWARCZ, Lilia & REIS, Letícia
Vidor (Orgs.) Negras imagens. Saio Paul, EDUSP/Estação Ciência, 1996, pp. 55-79.
24
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Foto: Alex Ratts
Foto: Alex Ratts
ambas tombadas pelo patrimônio histórico. Nestes territórios negros o controle era
sobretudo feminino, o que rompia frontalmente com o lugar social inferior das
mulheres negras no período.
Os espaços onde se apresentam as congadas, a exemplo de Catalão em Goiás,
contemplam lugares permanentes como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e
territórios transitórios que são apropriados em determinados momentos, como as ruas
por onde passam os ternos de congo. Nesse rol entram os lugares de apresentação
regular de capoeira, samba, além de outros ritmos e gêneros afro-brasileiros.
Permanentes ou transitórios são "espaços próprios"27 apropriados pelo corpo, permitindo
inúmeras vezes, a presença de pessoas de outros grupos étnico-raciais.
D. Bibil liderança do quilombo de
Conceição dos Caetano - Tururu - CE
Localidade de Engenho II - quilombo
Kalunga - Cavalcante - GO
Estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras
Como sistema desumanizador, o escravismo atinge o corpo do homem e da mulher
africanos de várias maneiras: a prisão na África, a travessia do Atlântico nos porões dos
navios negreiros, a exposição nos "mercados de escravos", o trabalho forçado nas
fazendas e nas "casas grandes", as condições subumanas das senzalas e cafuas, os
instrumentos de suplício e os açoites28. No entanto, é necessário ir mais além e
desvincular, ao menos em parte, o nexo entre o corpo negro e a escravidão.
No entanto, para o homem e a mulher africanos o corpo também é visto como
marca de identificação, portador de uma grande variedade de práticas culturais como
penteados, turbantes e gorros, escarificações29, panos da costa. O corpo negro,
africano e afrodescendente, torna-se igualmente a referência primeira da cultura negra
por ser um elemento de destaque em práticas musicais e corporais, como a capoeira,
a congada, o samba e a apropriação do espaço.
A noção de estética nos parece mais abrangente para incluir a corporeidade e a
indumentária, nesse campo mais específico ligado à arte e, particularmente, à música.
27
SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988.
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. A travessia da calunga grande: três séculos de imagens sobre o negro no
Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
29
Escarificações: cicatrizes de cortes feitos no rosto e em outras partes do corpo que indicam o grupo étnico, a cidade
ou a região de origem e pertencimento.
28
61
62
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
O corpo africano e negro no sistema escravista
A maior parte das práticas culturais que mencionamos no curso, desde o período
escravista, tem o corpo como uma das principais referências. Para os colonizadores
brancos, europeus e eurodescentes, os africanos e as africanas deveriam afastar-se
cada vez mais dos seus referenciais de identidade, de grupo e de territorialidade. Por
um lado, civilizar-se implicava, então, na negação de si mesmo e na aceitação de
outros padrões estéticos e corporais. Dentre os elementos de violência que atingia o
corpo africano estavam a imposição de andar descalço, que indicava a condição de
escravizado, marcas de proprietários como se faz com o gado e cicatrizes de açoites.
Por outro lado, o corpo negro passa a ser visto também como o portador da
diferença racial: a cor da pele, a textura do cabelo, os penteados e adornos de
cabeça, indumentárias tidas como não ocidentais, e que podiam ser marcas de
pertencimento a grupos étnicos, o corpo que dança em movimentos e rituais
considerados como sensuais e exóticos.
No que diz respeito ao vestuário as mulheres negras eram vistas adornadas com
jóias de ouro e, sobretudo, com panos-da-costa trazidos da África. Esses panos
podiam ser usados para amarar crianças nas costas, colocados por cima do corpo e
também na cabeça. O pano-da-costa viajou da África para o Brasil e do Brasil para a
África, pois o uso do pano como xale ficou conhecido na África como hábito das
brasileiras descendentes de escravizadas que voltaram do Brasil30.
As que aqui ficaram utilizam indumentárias e adornos semelhantes, como as
denominadas mães de santo (iyalorixás). Outras também utilizam os turbantes e os
panos da costa, a exemplo das mulheres negras que comercializam produtos da
culinária afro-brasileiras, denominadas de "baianas" e daquelas que são
representadas nas "alas das baianas" das escolas de samba.
A estética negra individual e coletiva
O corpo é uma construção histórica e cultural que se modifica de uma sociedade
para outra. Não se resume ao corpo físico, biológico, mas agrega os significados que
a ele atribuímos na diferenciação social e racial31.
O que estamos denominando de estética negra é uma recriação de elementos
africanos e afro-brasileiros e compreende um vasto repertório de práticas: cabelos
crespos e cacheados, tratados e penteados de várias maneiras, tranças do próprio
cabelo ou complementadas com fibras artificiais, penteados "black power" ou
"rastafari"; o uso de adornos (colares, pulseiras, etc.) de metal (especialmente
dourados e prateados), madeira, fibras vegetais, búzios, "miçangas". Podemos
também destacar o "visual" mais ligado a outros universos negros estrangeiros ou
globais: camisetas customizadas ou estampadas com ícones da cultura negra,
correntes metálicas (como colares), gorros, lenços, calças largas, tênis, etc..
A estética negra contemporânea, que mantém as várias estéticas africanas e
africanizadas como "espelho", age no sentido de ampliar os parâmetros de beleza
30
31
SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988.
INOCÊNCIO, Nelson Odé. Representação visual do corpo afro-descendente. In PANTOJA, Selma (org). Entre Áfricas
e Brasis. São Paulo: Marco zero, 2001, pp. 191-208.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
para além da pele e dos olhos claros, do cabelo liso e das roupas formais
"ocidentalizadas". Trata-se de uma estética em busca de referenciais identitários, de
auto-estima, de pertencimento e reconhecimento que foge ao padrão único e à idéia
de exótico. Trata-se também de espaços de inovação e criatividade.
Cultura negra e pensamento
Em todas as práticas culturais enfocadas neste texto relacionamos a produção
cultural à produção de conhecimento, o saber ao fazer, como dissemos, para além da
redução da cultura afro-brasileira a contribuições isoladas e passadistas.
A cultura e as práticas culturais são elaboradas cotidianamente transformando o
conhecimento em experiência de aprendizagem, do mesmo modo que a própria
experiência vivida se transforma em conhecimento. Através da socialização se
aprende e, em todos os momentos a existência, a relação com outro e as ações ali
vividas nos ensinam e nos constituem. Esta constituição é elaborada cotidianamente,
e se revela nas mínimas coisas. Assim, pormenores normalmente considerados sem
importância e triviais, carregam muitos elementos importantes que nos permitem
captar a realidade.
Considerar os mais diversos elementos presentes nas práticas como a alimentação, o
vestuário, a oralidade, a gestualidade, sonoridade, odores, sabores, são sinais que permitem
decifrar a diversidade e a complexidade da realidade histórica da população afro-brasileira.
Tomar as diversas práticas sociais e culturais como práticas educativas é vê-la em
processo, sendo construídas intensamente e carregadas de tensão entre diferentes
indivíduos e diferentes comunidades, criando contextos interativos que, justamente
por se relacionarem dinamicamente em diferentes ambientes culturais, os quais
diferentes indivíduos desenvolvem identidades, contribuem para um ambiente
formativo.
Cultura negra e transmissão de conhecimento
As expressões culturais e religiosas de matriz africana trazem processos educativos
que dizem respeito ao próprio exercício das apresentações no momento da festa e nos
rituais religiosos. Esses processos se revelam na música, na dança, no toque dos
instrumentos e nos gestos. São elementos impressos e expressos no corpo através da
prática e da tradição oral.
O conhecimento se manifesta e se constitui no exercício e na função de cada
membro do grupo ou da comunidade, que se apresenta, seja nas festas seja nos
rituais religiosos. O saber se traduz no saber fazer, que advêm do saber ouvir, do
saber ver, através do aprendizado com o outro. O saber é compartilhado e se
materializa no momento das festas, onde se apresenta e se reconstrói, através dos
participantes, a africanidade nos mais diversos aspectos, seja na estética, seja nos
toques dos instrumentos.
Outra fonte de conhecimento se encontra nas organizações negras formadas no
século XX, especialmente as que se mantém na contemporaneidade, a exemplo dos
movimentos negros e dos movimentos de mulheres negras. É necessário considerar
também a formação nas universidades brasileiras de Núcleos Afro-Brasileiros e grupos
63
64
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
similares, compostos em grande parte por acadêmicos(as) negros(as). Merece destaque
igualmente a criação, em 2000, da Associação Brasileira de Pesquisadoras e
Pesquisadores Negros (ABPN) que realiza encontros bianuais, além de intelectuais
negros de relevância nacional como Milton Santos e Sueli Carneiro.
Conhecimento e respeito à diferença
Esse interesse de uma educação vinculada às práticas sociais e culturais aparece
como reação à dominação por vias culturais, que são abraçadas como vias
civilizatórias e de progresso, pautadas por uma visão linear e etnocêntrica de história,
de cultura.
Uma retomada de vozes que ficaram silenciadas por opressões históricas é
fundamental e necessária para uma compreensão democrática de educação. O
primeiro movimento para essa escuta é o reconhecimento da existência de espaços
outros que não o da educação formal, como portadores de saberes. Para isso, é
necessário tomar como imprescindível para o entendimento desses saberes os nexos
entre educação e cultura, considerando que uma não existe sem a outra, ambas
sendo alimentadas e alimentando-se na arte e na memória.
O respeito às diferenças é um ponto crucial na construção de uma sociedade mais
humana, cuja concepção de humanidade seja fundada na diversidade: "o que nos faz
mais semelhantes ou mais humanos são as diferenças"32.
Áfricas recriadas em terras brasileiras
Podemos incluir na relação África/Brasil as referências que encontramos
novamente no campo das artes e da estética, a exemplo da literatura e das artes
visuais, mas igualmente de práticas culturais em que a corporeidade
afrodescendente é relevante33.
No caso da literatura brasileira destacamos poetas, escritores e escritoras que
fazem diferenciadas menções às Áfricas, à "terra-mãe", à diáspora, ao mar, à
escravidão e, sobretudo, à vida de negros e negras em terras brasileiras, "à dor e à
delícia" de ser negro, ou seja, ao ônus e ao bônus de ser e de se identificar como
negro no Brasil.
No final do século XIX, a romancista Maria Firmina dos Reis, os poetas Castro
Alves e Cruz e Souza se incluem dentre aqueles(as) cujas obras trazem citações
diretas à África. No romance Úrsula publicado em 1856, as personagens negras
mantém distintas relações com o continente africano: uma relembra com saudade a
terra perdida, sofre ao rememorar o rapto, o navio negreiro; outra reforça sua
ligação com o Brasil.
Cruz e Souza, no texto O Emparedado, compõe um dos mais significativos exemplos
da dificuldade de tornar-se artista no Brasil sendo, como diríamos nos termos de hoje,
afrodescendente.
32
33
GOMES, Nilma L. Cultura Negra e Educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: nº 23, 2003.
ARAÚJO, Emanoel (org). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Artista?! Loucura! Loucura! Pode lá isso ser se tu vens dessa
longínqua região desolada, lá do fundo exótico dessa
África sugestiva, gemente, criação dolorosa e
sanguinolenta de Satãs rebelados, dessa flagelada África,
grotesca e triste, melancólica, gênese assombrosa de
gemidos, tetricamente fulminada pelo banzo mortal; dessa
África dos Suplícios, sobre cuja cabeça nirvanizada pelo
desprezo do mundo Deus arrojou toda a peste letal e
tenebrosa das maldições eternas!
Na segunda metade do século XX, diversos(as) poetas emergem em publicações
individuais ou coletâneas como Cadernos Negros (lançada em 1978). A exemplo de
Oswaldo Camargo, Cuti, Paulo Colina e posteriormente Conceição Evaristo, Jônatas
Conceição, Landê Onawalê e Esmeralda Ribeiro, dentre outros(as). A literatura afrobrasileira contemporânea continua trazendo referências diretas ou indiretas à África, à
escravidão, ao racismo e à negritude, num movimento de descontinuidade e
continuidade com as denominadas "raízes culturais". A literatura afro-brasileira, segue,
às vezes, o mesmo percurso da pessoa negra em busca da reconstrução de si:
Não sei se te contei
Mas há algum tempo sou minha
Me adquiri num mercado
Onde o escambo era de posse pela liberdade
Me obtive numa dessas voltas da morte
Me acolhi num desses retornos do inferno
Dei banho, abrigo, roupas, amor, enfim
Adotei o meu mim
Como quem se demarca e crava em si o mastro da terra à vista
A cheiro, a tato, a trato, a paladar e tato
Não sei se te contei
Me recebi à porta da minha casa
Abracei, mandei sentar
Abracei eu mesma, destranquei a porta
Que é preu sempre poder voltar.
Dei apenas o céu à sua legítima gaivota
Somos a sociedade
E ao mesmo tempo a cota
Visita e anfitriã
Moram agora num mesmo elemento
Juntas se ancoram
Na viagem das eras
No novelo do umbigo
No embrião do centro
No colo do tempo34
34
LUCINDA, Elisa. Adoção: In: LUCINDA, Elisa. O Semelhante - 1997
65
66
A Incisiva marca africana na cultura Brasileira
No campo das artes plásticas, encontramos um vasto número de artistas que
constroem suas obras a partir de um referencial africano ou afro-brasileiro, a África, as
Áfricas ou o que denominamos aqui de culturas afro-descendentes, ou seja, as culturas
dos africanos(as) em diáspora pelas Américas e em outras partes do mundo. É o caso
da pintora Niobe Xandó, do pintor e escultor Rubem Valentim e do sacerdote do
candomblé, escritor e também, escultor Mestre Didi (Deoscoredes dos Santos).
Negritudes plurais e culturas negras dinâmicas
Para concluir a abordagem desse texto, seguindo o princípio que traçamos desde o
início, vamos abordar a pluralidade de culturas negras e sua dinamicidade no Brasil. A
negritude, movimento de afirmação da identidade e das referências negras, busca suas
fontes no vasto repertório dos africanos e das africanas na diáspora.
Como dissemos que nem a África, nem o Brasil são homogêneos, não podemos
afirmar a idéia de uma cultura afro-brasileira única ou mesmo "pura". Em se tratando
de cultura, não há uma essência. O que existe é um processo dinâmico de construção.
Da segunda metade do século XX até os dias atuais, vemos movimentos culturais,
principalmente no campo das artes visuais35, da literatura e da música que incorporam
referências africanas, mas também outras afro-descendentes, como aquelas que
emergem no Caribe e nas Américas. É o que nos aponta Fernanda Felisberto, acerca da
literatura:
Nós, que tanto precisamos de nossa literatura para nos
entreter, precisamos dela também para expressar as várias
demandas que temos por igualdade de gênero,
religiosidades distintas, e para exercer a auto-estima. Nossa
literatura negra nos serve como um alicerce para a
construção de uma identidade afro-brasileira autônima,
sem amarras e legendas que legitimem a nossa
permanência ou exclusão ao longo da história desse país36.
Ressaltando igualmente a música negra que abrange dos ritmos que emergiram
no território nacional, a exemplo do samba, e inclui outros que se formaram em
terras estrangeiras como o jazz, o soul, o reggae, o funk e o rap. Deste modo
temos o samba-reggae dos blocos afro baianos, como Ilê Aiyê e Olodum. A música
de Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Gerson King Combo, Tim Maia, Sandra de Sá, Ivo
Meirelles, Ed Motta, Paula Lima e Seu Jorge abriga essas justaposições de ritmos e
referências.
Um dos exemplos a destacar é o da cultura hip hop, que envolve elementos como
o rap (a música), o break (a dança), os MCs e DJs (cantores e músicos eletrônicos) e o
grafite (a arte visual). Considerada um estilo estrangeiro, cada vez mais, cresce no Brasil
e muitos de seus artistas buscam referências africanas, afro-americanas e
35
36
MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
FELISBERTO, Fernanda. Introdução. In FELISBERTO, Fernanda. Terra de palavras – contos. Rio de Janeiro,
Pallas/Afirma Publicações, 2004, p. 9.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
especialmente afro-brasileiras, a exemplo de Rappin' Hood com Leci Brandão, em Sou
Negrão37, Marcelo D2 nas faixas Samba de Primeira e Batucada38 e de Racionais MC's
em Júri Racional:
Gosto de Nelson Mandela, admiro Spike Lee.
Zumbi, um grande herói, o maior daqui.
São importantes pra mim, mas você ri e dá as costas.
(...)
Porém, não quero, não vou, sou negro, não posso,
não vou admitir!
De que valem roupas caras, se não tem atitude?
E o que vale a negritude, se não pô-la em prática?
A principal tática, herança de nossa mãe África.
A única coisa que não puderam roubar!
Muitos desses grupos que se destacam no país mantêm conexões nacionais e
internacionais, às vezes sendo originários de fora do chamado eixo Rio-São Paulo,
como o faz o grupo Clã Nordestino, de São Luís do Maranhão.
Esses exemplos, e todos os outros citados ao longo desse módulo do curso,
constituem reencontros, possíveis e imaginários, dos descendentes de africanos, entre
si e com a África, processo cujo entendimento é fundamental para a formação cultural
brasileira. Não existe Brasil sem a África e, portanto, não existe identidade nacional sem
a cultura afro-brasileira.
37
38
Rappin' Hood (2001) CD Sujeito Homem. São Paulo, Trama.
Marcelo D2 (1998) Eu tiro é onda. Brasil, Sony Music Entertainment.
67
Seção II
Espaços de Resistência:
Quilombos, irmandades, terreiros
e outras estratégias de resistência
do povo negro
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Espaços de Resistência: Quilombos,
irmandades, terreiros e outras estratégias
de resistência do povo negro
Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza
"Pedaços de memórias marulhantes
ainda chegam à noite nos seus ecos
e roteiros de barcos são fantasmas
na memória de luas macilentas".
Rio Seco - Clóvis Moura
Ao longo da história brasileira, negras e negros resistiram e lutaram contra a
opressão e a discriminação através de uma multiplicidade de formas de resistência.
Pensada em sentido amplo, a resistência abarca as várias estratégias empreendidas
pelos povos negros para se manterem vivos e perpetuarem sua memória, valores,
história e cultura. São estratégias presentes nos costumes, no corpo, no falar, nas
vestimentas, nas expressões, nas organizações sociais, políticas e religiosas tais como
os quilombos, irmandades e terreiros de candomblé. Essas estratégias de resistência
são vivas e fortemente presentes nas manifestações e expressões da cultura afrobrasileira.
Yorubá, Angola, Nagô, Jêje, Moçambique, Ketu, Mina, dentre várias outras etnias
africanas trazidas ao Brasil, convergiram em inúmeras formas de resistência, com o
objetivo de fortalecer suas identidades e coletividades. Um bom exemplo dessa
convergência são os cultos religiosos afro-brasileiros, como o candomblé, que se
apresentam como espaços de interação interétnica com variados ritos e
denominações derivadas de tradições africanas diversas.
Esse processo histórico nos faz pensar em um continuum de resistência, de força,
que marca os últimos séculos de história de nosso país. Os primeiros africanos
escravizados chegaram ao Brasil em 1554. Foram 316 anos de "tráfico negreiro", o
que representa 63% do tempo de vida do país. Passados 118 anos após a assinatura
da carta de "abolição", a população negra continua a conviver com uma situação de
invisibilidade, exclusão, marginalização social e violência. Portanto, as estratégias de
resistência que abordamos nessa aula abarcam todo esse processo histórico até os
dias de hoje.
As resistências historicamente se expressaram e se expressam com grande
ênfase nos quilombos, irmandades, banzo (suicídio), revoltas, fugas, na
religiosidade de matriz africana, nos movimentos hip-hop, no samba, no congo,
na língua, na arte, nos movimentos sociais. "Muitos movimentos políticos,
artísticos, musicais e culturais brasileiros tiveram e têm o negro como
protagonista, como propulsor da mudança, como ator ou fonte de inspiração"
(Munanga, 2006: 139).
71
Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias
de resistência do povo negro
72
Quilombos
As primeiras referências aos quilombos foram pronunciadas pela Coroa Portuguesa
e seus representantes que administravam o Brasil colônia. Essas referências aparecem no
contexto de repressão da Coroa aos negros aquilombados. Em 1740, em uma
correspondência entre o Rei de Portugal e o Conselho Ultramarino, os quilombos foram
definidos como "toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em partes
despovoadas, ainda que não tenham ranchos levantados, nem se achem pilões neles".
Clóvis Moura (1981: 87) coloca que "o quilombo foi, incontestavelmente, a
unidade básica de resistência do escravo. Pequeno ou grande, estável ou de vida
precária, em qualquer região que exista a escravidão, lá se encontra ele como
elemento de desgaste do regime servil".
Alfredo Wagner Almeida destaca que a Constituição Brasileira de 1988, no artigo
68 do ADCT, opera uma inversão dos valores referentes aos quilombos em relação à
legislação colonial, uma vez que a categoria legal através da qual se classificava
quilombo como um crime passou a ser considerada como categoria de
autodefinição, provocada para reparar danos e possibilitar acesso a direitos.
(Almeida, 2002).
Glória Moura (1997) trabalha o conceito contemporâneo de quilombo como
comunidades negras rurais habitadas por descendentes de africanos escravizados,
com fortes laços de parentesco. A maioria dos quilombos está baseada em culturas
de subsistência, e se situa em terra doada, comprada ou secularmente ocupada. São
comunidades que valorizam tradições culturais de antepassados (religiosas ou não)
e as recriam no presente (Moura, 1997).
O vínculo das comunidades quilombolas com sua historicidade, baseada em
resistência e luta, é um aspecto fundante do universo simbólico e da consciência
coletiva dessas comunidades. Entretanto, nem sempre a fuga e a memória da
escravidão estão presentes em suas narrativas e histórias. Algumas se formaram a
partir da ocupação de locais desabitados, como Furnas do Dionísio, Mato Grosso do
Sul, a qual seu surgimento remete-se a um negro chamado Dionísio Vieira que
ocupou uma porção de terra no sertão e formou com sua descendência a
comunidade (Bandeiras e Dantas, 2002).
A base de dados do Governo Federal1 aponta para a existência de mais de duas
mil e quinhentas comunidades quilombolas no Brasil hoje. Essas comunidades estão
presentes em todas as regiões do país e possuem maior concentração nos Estados
do Maranhão, Pará e Bahia.
Há grande diversidade de histórias de formação das comunidades quilombolas. A
historiografia registra comunidades formadas por negros que se negaram a permanecer
na condição de escravizados, fugiram e se aquilombaram. Há também diversos registros
de quilombos que se constituíram após a Lei Áurea, como forma de resistência à imensa
exclusão imposta pela sociedade brasileira à população negra.
As Comunidades Quilombolas receberam vários nomes nas diversas regiões do
Novo Mundo: Quilombos ou Mocambos no Brasil; Palenques na Colômbia e em
1
Os dados apontam para o quantitativo de comunidades quilombolas identificadas pelo Governo Federal, através
da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Cuba; Cumbes na Venezuela; Morrons no Caribe inglês e EUA, Marronage nas ilhas
do Caribe francês e Cimaronaje no Caribe espanhol.
No Brasil, a resistência negra dos quilombolas esteve intimamente ligada à
invisibilidade. Esse processo perpassou todo o século XX, como se pôde perceber nos
livros didáticos e nas informações da mídia que tratavam (e ainda tratam muitas vezes)
os quilombos como organizações extintas, do passado. Exemplo disso é a "descoberta",
no início da década de 80, de uma comunidade negra, no meio do Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros, chamada de Kalunga. Esse fato se repetiu em inúmeras outras
comunidades quilombolas do Brasil, como Oriximiná (PA), Cafundó (SP), Rio das Rãs (BA).
Irmandades Negras
A partir dos eixos da ancestralidade, identidade e cidadania, as irmandades
retratam um histórico da resistência negra e abordam a construção da afirmação e
da luta pela conquista de direitos dos negros e negras na sociedade brasileira. Num
forte processo de africanização do cristianismo, as irmandades expressam valores e
tradições que incorporaram também elementos herdados dos portugueses e
indígenas. Constituíram-se como espaços de solidariedade, união e força, e
representavam um dos poucos espaços onde era permitida a participação de negros
e negras durante o período colonial. Mais do que isso, as irmandades representavam
também uma estratégia para a liberdade, através da compra de africanos
escravizados e sua posterior libertação.
Realizavam cerimônias e festas, além de ornamentos para as igrejas sedes das
irmandades. Cabe ressaltar que para além das festas, as irmandades foram espaços
onde as redes de solidariedade e companheirismo entre os negros e também entre
os brancos se fortaleceram, pois muitas vezes era a "única garantia de serem
assistidos durante as enfermidades e até mesmo terem um enterro cristão"
(Hoornaert, 1977, p. 383). Muitas dessas irmandades também expressavam (e ainda
expressam) imageticamente santos com características bastante africanas, tais como
Nossa Senhora Aparecida, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora
de Nazaré, Santa Efigênia, dentre outros espíritos ancestrais que foram sendo
representados por santos católicos.
Esses cultos, afirma Marco Aurélio: "Eram uma conseqüência da expansão da
religião africana que paralelamente se processavam durante a noite, quando
concedidos pelo senhor, ou em espaços criados clandestinamente" (1995, p. 437). O
catolicismo africanizado foi durante todo o período escravocrata uma das únicas
formas de preservar as perseguidas religiões africanas. Nas romarias, procissões,
festas e oratórios, bem como em outros espaços religiosos apropriados, a resistência
da cultura negra se manteve.
Terreiros de Candomblé
No Candomblé, o modo de cultuar os deuses (os nomes que lhes são atribuídos, as
cores, preferências por alimentos, cantos, louvações, música e dança) se deu a partir da
distinção, pelos negros, dos modelos de rito chamados de nação. Esse modo de
classificação se traduz numa alusão de que os terreiros, além de apresentarem muitos
73
74
Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias
de resistência do povo negro
dos padrões africanos de culto, possuíam uma identidade grupal étnica com os reinos
da África (Munanga, 2006).
De acordo com Vagner Gonçalves, citado por Munanga (2006), os sudaneses foram
os grupos africanos predominantes no século XIX, período em que as condições
históricas, sociais e urbanas de perseguição aos cultos diminuíram em relação ao
período colonial, no qual os povos bantos foram majoritários. Por esses fatores, a
estrutura religiosa dos povos de língua ioruba legou ao candomblé sua infra-estrutura
de organização, influenciada pelas contribuições de outros grupos étnicos, conforme já
mencionado no início dessa aula. Desse processo, resultaram os dois modelos de cultos
mais praticados no Brasil: o rito jeje-nagô e o angola. Nesses terreiros, cultuam-se orixás
(divindades representantes essencialmente pela natureza), voduns, erês (espíritos
infantis) e caboclos (espíritos indígenas).
Revoltas, Estratégias Políticas e Movimento Negro Contemporâneo
Pensar nas estratégias pós-abolição de organização política dos movimentos
negros é fundamental para a reflexão da situação da população negra com o fim
oficial da escravidão. O acesso ao mercado de trabalho, à educação, a boas
condições de moradia, acesso à saúde, enfim, acesso aos direitos mais básicos
continua sendo um desafio para grande parte dos negros e negras desse país, daí a
importância de conhecermos alguns dos espaços de resistência empreendidos desde
o início do século XX até os dias atuais.
No período pós-abolição, o processo de luta e resistência adquiriu novas
configurações e contornos. Nilma Lino e Munanga (2006) destacam importantes
marcos da luta e resistência negra:
• Revolta da Chibata: movimento liderado por um negro, apresentou oposição
ao modo como eram tratados os marujos da marinha brasileira, no início do
século XX;
• Frente Negra Brasileira: Organização política que buscava tornar-se uma
articulação nacional a partir da ação de militantes negros paulistas pós-abolição;
• Teatro Experimental do Negro - TEN: Projeto pedagógico que destacava a
educação como forma de garantir a cidadania para o povo negro. A arte e o
teatro eram instrumentos importantes de expressão cultural e política do TEN.
• Movimento Negro Unificado: Na década de 70, foi criado o Movimento Negro
Unificado, MNU, a partir da unificação de várias organizações negras. O MNU
é, na atualidade, uma das principais entidades negras.
• Movimento de Mulheres Negras: Destaca a importância da articulação entre
raça e gênero na discussão sobre relações étnico-raciais na sociedade brasileira
de modo geral e nos movimentos sociais em especial.
Por fim, cabe destacar a importância do dia 20 de novembro como símbolo do da
resistência negra contínua no Brasil. As entidades do movimento negro, surgidas a partir
dos anos 70, denunciaram o grande equívoco de atribuir como data simbólica do povo
negro o 13 de maio:
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
"Um dos importantes papéis do movimento negro da
atualidade foi denunciar que o 13 de maio como dia
nacional de luta contra o racismo e a discriminação racial
não deveria ser comemorado como uma data que
enfatizava a suposta passividade do povo negro diante da
ação do branco" (Munanga, 2006: 130).
Ainda na década de 70, foi proposto pelo MNU o dia 20 de novembro como Dia
Nacional da Consciência Negra, como uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Essa
data resgata e traz para a memória nacional o sentido político da resistência, luta e força
dos negros e negras brasileiros.
Reflexões sobre o tema
• Reflita sobre o contraponto entre a visão historicamente presente nos livros
didáticos de que os quilombos foram extintos com a existência de mais de
2500 comunidades quilombolas atualmente.
• Analise com sua turma e com colegas professores/as sobre a importância do
Movimento Negro na construção de ações e projetos para consolidar a
educação anti-racista e do legado que esse movimento traz sobre a discussão
racial no país.
• Trabalhe a música "O mestre sala dos mares", inspirada na revolta da Chibata,
e discuta os significados desse importante marco histórico:
O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco/Aldir Blanc)
(letra original sem censura)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
75
76
Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias
de resistência do povo negro
Referências
ALMEIDA, Alfredo W. B. de. Os Quilombos e as Novas Etnias. In: O'Dwyer,
Eliane Cantarino. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de
Janeiro: FGV, 2002.
ANJOS, José Carlos Gomes dos & SILVA, Sergio Baptista (org). São Miguel e
Rincão dos Martimianos - ancestralidade negra e Direitos Territoriais. Porto
Alegre: UFRGS/Fundação Palmares, 2004.
ANJOS, Rafael Sanzio; CIPRIANO, André. Quilombolas. Tradições e cultura
da resistência. São Paulo: Aori Comunicação, 2006.
BARROS, José Flávio Pessoa de. A Fogueira de Xangô, o Orixá do Fogo - uma
introdução à música sacro afro-brasileira. Rio de Janeiro: Palllas, 2005.
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos
e comunidades de fugitivos no Brasil. São Paulo: UNESP: POLIS, 2005.
HOORNAERT, E. Formação do Catolicismo Brasileiro (1550-1800).
Petrópolis: Vozes, 1977.
LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Rio de Janeiro: Forense
Universitário, 1988.
MOURA, Clovis. Rebeliões na Senzala. Quilombos, insurreições, gerrilhas.
São Paulo: Ciências Humanas, 1981.
MOURA, M. da Glória da Veiga. Ritmo e ancestralidade na força dos
tambores negros: o currículo invisível da festa. Dissertação de Doutorado da
Universidade de São Paulo, 1997.
MUNANGA, Kabengele, GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São
Paulo: Global, 2006.
O'DWYER, Eliane Cantarino (Org.). Terra de Quilombo. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Antropologia, 1995.
QUINTÃO, Antonia Aparecida. Irmandades Negras - Outro Espaço de Luta
e Resistência. São Paulo: AnnaBlume.
RAMOS, Arthur. As culturas negras no novo mundo. 4a ed. São Paulo:
Brasiliana, 1979.
REIS, João José. A morte é uma festa. São Paulo: Companhia das Letras,
1991.
SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda: caminhos da devoção
brasileira. São Paulo: Ática, 1994.
Uma história do povo kalunga/Secretaria de Educação Fundamental - MEC;
SEF, 2004. Livro + caderno de atividades para o professor
SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Os Orixás na vida dos que neles acreditam. Belo
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Horizonte: Maza, 1995.
SANTOS, Juana Elben dos. Os Nago e a morte. Petrópolis: Vozes, 1988, 5ª ed.
SANTOS, Maria do Rosário Carvalho dos (org). O caminho das Matriarcas.
São Paulo: Imprensa oficial, 2005.
77
78
O Negro no Brasil
O Negro no Brasil
Prof. Luiz Carlos dos Santos.
Embora muitos tenham dificuldades em saber quem é negro no Brasil, mesmo
quando se leva em consideração a classificação feita pelo IBGE, de que negro é a
associação estatística de pretos e pardos, a polícia parece não ter dúvidas. E centenas
de nomes ligados à cor da pele em registros estatístico, do mesmo IBGE, só evidencia
que ser negro no Brasil é, antes de tudo, uma posição política.
A História Oficial do Brasil destinou ao negro um espaço que começa e termina
na escravidão e sobre a civilização negro-africana espalhou-se uma nuvem de
esquecimento e exotismo que o senso comum reproduz em suas narrativas que
situam as culturas africanas e indígenas como primitivas.
Entretanto, a palavra falada, instrumento de comunicação privilegiado entre os
africanos escravizados ou não e, ao mesmo tempo, sopro divino de humanidade, farse-á presente com o seu som e sentido históricos, mostrando que o retrato do saber
não é o saber e que a História contada pode ser outra, como a poesia abaixo
expressa.
" Eu quero uma história nova
Não este conto de fadas brancas e ordinárias
Donas de nossas façanhas
Eu quero um direito antigo
Engavetado em discursos
Contidos, paliativos
(cheios de maçãs e pêras)
Bordados de culpa e crimes.
Eu quero de volta, de pronto
As chaves dessas gavetas
Dos arquivos trancafiados
Onde jazem meus heróis
Uma "nova" história velha
Cheia de fadas beiçudas
Fazendo auê, algazarras
Com argolas nas orelhas,
De cabelos pixaim
Engasgando príncipes brancos
Com talos de abacaxi."
Fadas Negras Nordestinas, In . Caxingulê, de Lepê Correia
A Presença Negra no Brasil
A presença negra no Brasil vem sendo mostrada, em prosa e verso, desde os
primeiros anos da colonização portuguesa. Muitos historiadores indicam o ano de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
1532 como o marco de entrada dos primeiros negros que aqui chegaram na
condição de escravos. Entretanto, cabe ressaltar que a história do negro começa
muito antes no continente africano, onde uma civilização, organizada através da
palavra falada, vem construindo, dentro uma rica diversidade cultural, a sua
história.
A compreensão da história do Brasil, nesses últimos 500 anos, não é possível se
não conhecermos de forma mais profunda a presença negra na sua constituição. O
modo de viver, pensar e trabalhar do brasileiro está completamente impregnado da
matriz africana. Desde a língua, passando pela gestualidade e pela religiosidade, é
muito difícil não se identificar a mão e a alma negras naquilo que denominamos
cultura brasileira.
Quando pensamos na comida típica brasileira, o que nos vem à cabeça? A música
que todos nós brasileiros identificamos como nossa, seja cantarolando ou mexendo
com o corpo, qual é? As nossas festas populares que pintam de várias cores todas
as regiões brasileiras estão encharcadas das diversas culturas africanas, sequestradas
ainda no seu berço civilizatório e para cá trazidas. Poderíamos listar dezenas de
manifestações culturais com a marca negra no Brasil. No entanto, como explicar, 505
anos depois, a situação de exclusão física da população negra no país, onde ela
representa cerca de 45,8%.
A História do Brasil vem sendo contada, como é comum nas sociedades
ocidentais, a perspectiva dos grupos sociais hegemônicos, ou seja, daqueles que
detêm o poder político, geralmente conquistado pela força das armas e não pela
sofisticação das idéias. Por isso mesmo, o lugar do índio e do negro, embora sejam
essenciais na formação social brasileira, parece ainda não ter sido encontrado para a
historiografia oficial, que optou pelo olhar eurocêntrico sobre as nossas matrizes
civilizatórias.
Por tudo isso, conhecer a história do negro no Brasil é reconhecer a necessidade
de que a mesma seja contada, agora enxergando-o como sujeito e, portanto,
igual. Para tanto, devemos nos convidar a uma empreitada nova, no sentido de
abrir os nossos velhos livros de história e relê-los, buscando compreender os
significados de suas capas e títulos que, na maioria das vezes, apresentam homens
e mulheres em situação de trabalho escravo. Abolida a escravidão, a imagem negra
simplesmente some dos manuais de história e se fixa de forma perversa no
imaginário.
A escolha das respostas indica apenas o resultado de uma primeira leitura do
texto introdutório e não que a sua escolha, caso não coincida com a mais adequada,
está absolutamente errada. Não devemos nos esquecer que, assim como os nossos
alunos, nós mesmos fomos formados sob uma ótica voltada para valorizar o que não
está em nós mas sim, o que vem de fora. Até porque essa era a forma dos
colonizadores europeus estarem sempre presentes entre nós.
O Negro no Brasil Colônia: Colonização do Brasil
A colonização do Brasil foi uma obra política dos portugueses que levou até as
últimas consequências a exploração do trabalho escravo, realizado por índios e,
79
80
O Negro no Brasil
essencialmente, por negros, trazidos de várias regiões do continente africano e,
portanto, donos de uma considerável diversidade cultural.
As histórias do Brasil Colônia não se resumem, no entanto, às articulações
políticas da coroa portuguesa, sempre preocupada em tirar o máximo proveito das
terras recém achadas e das gentes que escravizou para realizar o seu objetivo. Por
isso mesmo, é importante ressaltar que a aparente passividade dos escravizados não
foi verdadeira. Foram muitas as formas de resistência à escravidão e elas, aliás,
começavam ainda em terras africanas, tornavam-se dramáticas durante a travessia
do atlântico e no continente americano tomaram as mais diversas formas. E a mais
conhecida entre nós foram os quilombos, forma de organização já conhecida pelos
negros ainda no continente africano.
As narrativas da historiografia oficial apresentam um processo de colonização cujos
os conflitos se limitam aos desarranjos entre os portugueses, dando pouco ou nenhum
destaque à resistência negra ao trabalho escravo, dando a entender que a escravidão foi
bem aceita/assimilada pelos africanos. As fugas de escravos e a posterior formação de
quilombos foi uma constante desde os primórdios da colonização, ganhando maior
destaque no século XVII, com o Quilombo de Palmares.
Os quilombos eram espaços para onde os escravos, que não aceitavam a sua
condição, fugiam e lutavam contra a escravidão. Os quilombos também eram chamados
de mocambos e abrigavam também índios e brancos pobres e, pela maneira como se
contrapunham à escravidão, foram vistos como propostas alternativas de sociedade. A
pujança que alcançou o quilombo de Palmares durante quase um século de existência,
obrigando a administração portuguesa a ter de negociar com ela, mostra a importância
que esse instrumento de luta negra conquistou entre nós.
O quilombo, segundo Clóvis Moura, "nasce no bojo do sistema escravista e expressa
uma das suas contradições mais agudas e violentas. Do ponto de vista organizacional, a
não ser naqueles grandes como Palmares e o de Campo Grande, em Minas Gerais, é
muito simples. A sua liderança é exercida pelo elemento que se destaca durante a fuga e
a sua organização. Quase nunca há uma complexidade maior na sua estrutura. Todos se
defendem e atacam quando necessário, algumas vezes plantam uma agricultura de
subsistência. Mas nas proximidades das cidades isso não acontece", explica.
Seria ainda interessante acrescentar que, além de Palmares, existiram centenas
de outros quilombos espalhados pelo Brasil e tal constatação é feita pelo recente
levantamento do geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos em seu livro Territórios
das Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos no Brasil, Primeira
configuração, publicado em 1999. Em sua pesquisa, Rafael Sanzio mapeou cerca
de 840 comunidades remanescentes de antigos quilombos, 511 delas só na região
nordeste. Esses números mostram que a passividade negra diante da escravidão é
apenas fruto de uma história mal contada. E a maior confirmação disso é a
presença histórica de Zumbi dos Palmares, comandando aquele que foi
considerado o maior quilombo brasileiro e que resistiu durante quase cem anos
aos ataques portugueses.
Se as formas de luta coletiva contra a escravidão se deram por todo canto do
Brasil, seja sob o nome de quilombos, mocambos ou ainda as irmandades religiosas
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
que organizavam compras de africanos escravizados para libertá-los; o banzo parece
ter sido uma alternativa individual para uma fuga definitiva do cativeiro, através do
suicídio. A escravidão, para os negros, resultou de uma forma ou de outra, na sua
exclusão social, ainda hoje observada nas periferias e favelas dos grandes centros
urbanos do país. Sabemos também que o negro participou ativamente nas lutas
internas da colônia, que objetivavam acabar com o arrocho político administrativo
imposto pela metrópole portuguesa ao longo de toda a colonização e até mesmo
ajudou na expulsão de inimigos dos portugueses do nosso território, como foi o caso
de Henrique Dias, entre muitos outros.
As Manifestações Literárias e a Construção do Imaginário Brasileiro Sobre o Negro
Durante quase duzentos anos, o Brasil colônia falou uma "língua geral", ou
seja, a modalidade expressiva da massa de sua população era uma mistura das
línguas indígenas, do português e de línguas africanas. Alguns
portugueses,geralmente filhos de senhor de escravo, iam estudar na metrópole e
de lá traziam as novidades literárias, com as quais procuravam mostrar como era
a sociedade da época.
Nesse tempo, a forma de expressão mais valorizada era a poesia, declamada nos
salões ou em praça pública, de acordo com a sua natureza. A praça e o púlpito,
conforme assinala Luiz Roncari, em seu livro Literatura Brasileira, são os espaços
privilegiados para a poesia (satírica, lírica e religiosa) e os sermões, cujos conteúdos
estavam sempre afinados com os acontecimentos cotidianos dos respectivos grupos
sociais, refletiam também as expectativas dominantes
Numa sociedade escravocrata, a literatura, na maioria das vezes, evidenciou e
formulou os elementos iniciais do que viria a ser a prática preconceituosa e mesmo
racista que ainda hoje, crassa entre nós, seja na forma de piadas ou ditados
populares; e que a religião cristalizou pelas crenças populares, ou através de
sermões, como fez Vieira, pregando aos negros em um engenho da Bahia. Segundo
afirma Jacob Gorender, em seu livro Brasil em preto e branco, o jesuíta deu a mais
alta qualificação humana aos negros, comparando os sofrimentos deles aos de Jesus.
Logo em seguida, porém disse-lhes que a migração forçada da África ao Brasil
decorria de um desígnio da Providência Divina, que, dessa maneira, os conduzia pelo
caminho da salvação de suas almas. Somente assim se livrariam os negros das
crenças pagãs e far-se-iam cristãos, acrescentou.
A carta de Caminha descrevia ao rei de Portugal como eram a terra descoberta e
suas gentes, o encontro entre portugueses e nativos, no século XVI. E os jesuítas se
empenhavam em defender os índios, fosse livrando-os da escravidão, fosse
procurando dominar-lhes a língua, para submetê-los no campo da cultura,
elaborando uma gramática tupi, como fez Anchieta; os poemas satíricos de Gregório
de Matos e muitos dos atribuídos a ele, expressaram máximas, que até hoje povoam
o imaginário do senso comum racista brasileiro, reforçando estereótipos com relação
aos negros e mulatos, já no século XVII. A literatura dessa época tinha, na palavra
falada, a sua fonte de expressão primeira e, por isso mesmo, ganhava os contornos
dados pelo seu usuário.
81
82
O Negro no Brasil
Como podemos observar na poesia abaixo:
À negra Margarida, que acariciava um mulato
Carina, que acariciais
Aquele senhor José
Ontem tanga de guiné
Hoje Senhor de Cascais:
Vós, e outras catingas mais,
Outros cães, e outras cadelas
Amais tanto as parentelas,
Que imagina o vosso amor,
Que em chamando ao cão Senhor
Lhe dourais suas mazelas.
Longe vá o mau agouro;
Tirai-vos desse furor
Que o negro não toma cor,
E menos tomará ouro:
Quem nasceu de negro couro,
Sempre a pintura o respeita
Tanto, que nunca o enfeita
De outra cor, pois fora aborto,
É como quem nasceu torto,
Que tarde ou nunca endireita.
A nem um cão chamais tal,
Senhor ao cão? isso não:
Que o senhor é perfeição,
E o cão perro neutral:
Do dilúvio universal
A esta parte, que é
Desde o tempo de Noé,
Gerou Cão filhou maldito
Negros de Guiné, e Egito,
Que os brancos gerou Jafé.
Gerou o maldito Cão
Não só negros negregados,
Mas como amaldiçoados
Sujeitos à escravidão
Ficou todo o canzarrão
Sujeito a ser nosso servo
Por maldito, e por protervo;
E o forro, que inchar se quer,
Não pode deixar de ser
De nossos cativos nervo.
(.......................................)
(In. Literatura Brasileira - dos primeiros cronistas
aos últimos românticos, de Luiz Roncari)
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Religiosidade e Sincretismo
Vamos ler e cantar a poesia musicada que nos informa sobre o tema do capítulo.
"Quando Bob Dylan se tornou cristão
fez um disco de reggae por compensação
abandonava o povo de Israel
e a ele retornava pela contra-mão
Quando os povos da África chegaram aqui
Não tinham liberdade de religião
Adotaram o Senhor do Bonfim
Tanto resistência quanto rendição.
Quando hoje alguns preferem condenar
o sincretismo e a miscigenação
Parecem que o fazem por ignorar
os modos caprichosos da paixão
Paixão que habita o coração da natureza mãe
E que desloca a história em suas mutações
que explica o fato de Branca de Neve amar
não a um, mas a todos os sete anões
eu cá me ponho a meditar
pela mania da compreensão
ainda hoje andei tentando decifrar
algo que li, estava escrito numa pichação
que agora resolvi cantar
neste samba em forma de refrão
Bob Marley morreu
Porque além de negro era judeu
Michael Jackson ainda resiste
Porque além de branco ficou triste."
( De Bob Dylan a Bob Marley. Samba
Provocação, Gilberto Gil)
Ao resultado do casamento das religiões de origem africana com o catolicismo
damos o nome de sincretismo, forma de sobrevivência religiosa que os negros
encontraram para manter, durante todo o período escravista, os seus deuses
escondidos por trás dos santos católicos. O candomblé, a umbanda, a macumba e a
quimbanda são religiões afro-brasileiras que, diferentemente, são marcadas por uma
forte relação com a natureza ou incorporam grupos sociais às suas representações
religiosas, ou ainda são uma reinterpretação da visão do mundo católica, que se
expressa através da incorporação.
Em As Religiões africanas no Brasil, Roger Bastide escreve que "os negros
introduzidos no Brasil pertenciam a civilizações diferentes e provinham das mais
variadas regiões da África. Porém, suas religiões, quaisquer que fossem, estavam
ligadas a certas formas de família ou organização clânica, a meios biogeográficos
especiais, florestas tropicais ou savana, a estruturas aldeãs e comunitárias." No
entanto, ao chegar ao Brasil, submetidos a uma organização social, baseada no
83
84
O Negro no Brasil
trabalho escravo e patriarcal, e impedidos de praticarem suas crenças, os negros
terão que reinventá-las, adequando-as à nova realidade.
O candomblé, derivado dos povos ioruba, se organiza dentro de um terreiro; seu
centro religioso é liderado por sacerdotisas, chamadas de mães de santo de
sacerdotes, ou pais de santo. Os filhos de santo adoram um panteão de orixás, de
acordo com um ciclo anual, semelhante à liturgia da igreja católica. Cada orixá do
candomblé representa um elemento da natureza e possue uma cor e comida
preferidas. Oxum, a deusa da beleza, veste amarelo, e Iemanjá, a rainha do mar,
veste azul e branco. Nas cerimônias religiosas, os filhos de santos usam as cores de
seus orixás. As comidas são colocadas diante do altar antes do início dos cânticos e
danças, realizados a partir do toque dos tambores sagrados. A sintonia entre o orixá
e o filho de santo é o que permite a incorporação, um dos momentos mais
importantes do candomblé.
A umbanda , que se desenvolve no Brasil a partir de 1920, apresenta elementos
das religiões africanas, dos ritos e das crenças indígenas, do espiritismo e do
cristianismo é, com certeza, praticada nas áreas urbanas da região sul e sudeste. O
candomblé de caboclo, Xangô (nordeste), preto minas (sul) e batuque (norte).
O papel da mulher nas religiões afro-brasileiras é fundamental e majoritário.
Algumas sacerdotisas como Mãe Menininha do Gantoais, Mãe Stela e Mãe Hilda são
muito respeitadas, além de conhecidas, em boa parte do país.
É importante salientar que a palavra falada que circula nos espaços sagrados
africanos e afrobrasileiros tem uma força vital e, por isso mesmo, está impregnada
de Axé.
O trabalho negro, fazendo arte e construindo o Brasil
Vamos ler mais uma canção:
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada,
vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão de imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão
(A mão da limpeza, Gilberto Gil, 1984)
A idéia que temos de trabalho escravo está associada apenas à agricultura como
a única forma de uso das mãos em uma atividade produtiva. Junto com essa idéia,
vem o desprezo por esse tipo de trabalho, como se fosse uma atividade menor. Por
isso, cabe assinalar que foi o trabalho escravo a base fundante da sociedade
brasileira, responsável também por um modo de pensar, o que significa dizer que as
relações sociais foram impregnadas pelo modo como a sociedade produzia os seus
bens, no caso, através do trabalho escravo.
Tal situação fez com que os negros escravizados criassem um sistema de
estratificação em que eles se distribuíam de acordo com as especificidades de seu
trabalho que, precariamente, foi esquematizado assim por Clóvis Moura:
A - Escravos do eito e de atividades extrativas.
1. Na agropecuária; 2. Em atividades extrativas (congonha,borracha, algodão,
fumo, etc); 3. Na agro-indústria dos engenhos de açúcar e suas atividades
auxiliares; 4. Nos trabalhos das fazendas café e algodão diretamente ligados à
produção agrícola; 5. Escravos na pecuária.
B - Escravos na mineração.
a - O Escravo doméstico - O Escravo doméstico urbano poderá ser dividido em: 1.
Escravos ourives; 2. Escravos ferreiros; 3. Escravos mestres de oficinas; 4. Escravos
pedreiros; 5. Escravos taverneiros; 6. Escravos carpinteiros; 7. Escravos barbeiros;8.
Escravos calafates; 9. Escravas parteiras; 10. Escravos correios; 11. Escravos
carregadores em geral.
b - O Escravo do eito e das atividades afins são - 1. Os Escravos trabalhadores nas
minas de ouro; 2. Escravos extratores de diamantes.
c - Escravos domésticos nas cidades ou nas casas-grandes. 1. Escravos
carregadores de liteiras; 2. Escravos caçadores; 3. mucamas; 4. Escravas amas-deleite; 5. Escravas cozinheiras; 6. Escravos cocheiros.
85
86
O Negro no Brasil
d - Escravos de ganho nas cidades.
1. Escravos barbeiros; 2. Escravos "médicos"; 3. Escravos vendedores ambulantes;
4. Escravos carregadores de piano, pipas e outros objetos; 5. escravos músicos;
escravas prostitutas de ganho; 7. escravos mendigos de ganho.
e - Outros tipos de escravos.
1. Escravos dos cantos ( de ganho); Escravos soldados; 3. Escravos do Estado; 4.
Escravos de conventos e igrejas; 5. Escravos reprodutores.
A especialização do trabalho escravo, apresentada acima, embora servisse ao
conjunto do sociedade, não era suficiente para se pensar em uma mobilidade
social dos negros que não fosse aquela permitida no interior da própria
escravidão. Entretanto, demonstra o quanto foi fundamental a presença e o
trabalho negros na formação brasileira, muito embora se tente, nos dias que
correm, associar, de maneira racista, o trabalho de negro com tarefa mal feita, ou
ainda associar o próprio negro com o estereótipo de preguiçoso e vagabundo, ou
seja, uma raça que não gosta de trabalhar, embora o tenha feito por quase 400
anos.
É importante destacar que o grande contingente de trabalhadores negros durante
a escravidão estava nas plantações de cana-de-açúcar, algodão e café e que, com os
seus pares da cidade, formavam a parcela escrava que continuamente se rebelava
contra a escravidão, atitude pouco comum aos escravos que circulavam pela casa
grande, mais propensos a aceitarem a ideologia dominante.
Se tal divisão do trabalho nos faz pensar por quê, com o domínio tão grande das
atividades laboriosas da sociedade, o negro não se emancipa, a resposta está no
violento controle exercido pelas autoridades metropolitanas e, posteriormente, pelo
estado escravista, que não se limitava a comandar pequenas expedições chefiadas
por capitães do mato em busca de negros fugidos e aquilombados.
Existia também um eficiente mecanismo de repressão que, através de esquema
oficial e extra-oficial de aprisionamento e devolução de escravos, procurava garantir
a "paz" nas senzalas.
Um Brasil Independente e Escravocrata
O comércio de africanos e o trabalho foram fundamentais para a acumulação de
capital na Europa. Sabe-se hoje que os comerciantes de escravos tinham um lucro
fabuloso que, somados às transformações econômicas e sociais pelas quais passaram
países como Inglaterra e França, possibilitaram o surgimento de uma nova classe
social, a burguesia, que vai revolucionar as relações sociais de produção, apoiada em
ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Metrópoles escravocratas, outrora
comerciantes de escravos africanos, vão agora repensar as suas atividades
econômicas, contextualizando-as em um processo revolucionário.
Os mazombos, filhos de portugueses nascidos no Brasil, ao voltar de seus estudos
na Europa, procuravam adequar as teorias revolucionárias à situação da colônia que,
com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, passa a ser violentamente controlada
por Portugal, fiel à sua filosofia de que era a quantidade de ouro e prata que
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
determinava a riqueza de um país.
Os movimentos emancipatórios que floresceram na segunda metade do século
XVIII no Brasil, apesar das idéias "amalucadas", inspiradas na revolução francesa, não
incluíam a escravidão. Eram os portugueses de segunda categoria, querendo
igualdade com os de primeira, os reinóis. Entretanto, em 1798, em Salvador, foi
deflagrada a revolução dos alfaiates, inspirada nos ideais da revolução francesa e
haitiana, que pretendia proclamar a república e abolir a escravidão. Seus integrantes
eram majoritariamente negros e tinham na liderança os alfaiates João de Deus e
Manuel Faustino dos Santos que, juntamente com Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das
Virgens, foram esquartejados em praça pública, quando o movimento foi
desmantelado.
Se a escravidão já caracterizava o início de uma política expansionista européia em
nome de Deus e da economia, as transformações burguesas desse período obrigará
a metrópole portuguesa a tomar decisões que mudarão a sua relação política com o
Brasil e que desaguarão na sua independência.
Para o negro, tais mudanças foram pouco significativas. Uma vez que a sua
condição de vida permaneceu basicamente a mesma, ainda que o Império fosse
pressionado pela conjuntura internacional e pelas pressões internas desencadeadas
por uma militância negra, mestiça e de brancos simpáticos à causa da liberdade,
combatendo a escravidão nos tribunais e nas letras, como foram os casos de Luiz
Gama, André Rebouças, José do Patrocínio, entre outros.
A chegada do século XIX trouxe não só a família real para o Brasil e a
Independência formal do país, mas também o romantismo e, com ele, o surgimento
de uma imprensa e a formação precária de um público leitor, estímulo maior para
quem escreve e para a expansão do conhecimento, instigando assim a formação de
uma identidade nacional, ainda que centrada na Europa. É neste contexto que a
literatura brasileira se constitui, idealizada nas características do novo estilo e, ao
mesmo tempo, produzindo poetas, como Castro Alves e Cruz e Souza,
profundamente ligados às questões da liberdade negra.
Também dessa época nomes como Gonçalves Dias e Machado de Assis, escritores
mestiços/pardos (conforme a nomenclatura atual do IBGE), sendo que primeiro, em
seus escritos, se ocupou de forjar a identidade indígena, e o segundo pouco se
ocupou da situação negra, tendo escrito apenas uma poesia, "Sabrina," sobre uma
escrava que se apaixona e é enganada por um sinhozinho, e feito pouco menos de
dez crônicas (Bons Dias), abordando o contexto pré abolicionista e pós, ressaltando
as poucas ou quase nenhuma mudanças na vida daqueles que deveriam se beneficiar
com o fim da escravidão.
Um nome a ser destacado nesse período é de Luiz Gama, um dos primeiros
poetas negros a assumir a sua identidade e a proclamá-la em prosa e verso,
comportamento raro de se encontrar. Em "Quem sou eu", Gama satiriza a sociedade
brasileira da época; é também um dos primeiros a elogiar a mulher negra em suas
poesias:
87
88
O Negro no Brasil
"(........................................)
Eu bem sei que sou qual Grilo,
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
D`esta arenga receosos
Hão de chamar-me - tarelo,
Bode, negro, Mongibelo;
Porém eu que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou sou bode,
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta...
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes...
(.............................................)
Para que tanto capricho?
Haja paz, ha alegria,
Folgue e brinque a bodaria;
Cesse, pois, matinada,
Porque tudo é bodarrada!"
(Quem sou eu. In. Primeiras Trovas Burlescas, Luiz Gama.
Org. por Ligia F.Ferreira)
É dele também a afirmação de que "todo escravo que mata o seu senhor, está
agindo em legítima defesa". É interessante notar que o pai de Gama, um senhor de
escravos, o dá como pagamento de dívida, a um outro senhor. Sua mãe, a escrava
Luiza Mahin foi um dos nomes mais importantes da revolta male, ocorrida na Bahia.
Embora tenha sido um dos mais brilhantes militantes da causa negra no século
XIX, defendendo e ganhando a liberdade de mais de mil negros, Luiz Gama, Orfeu
de Carapinha, morre em 1882, com 52 anos de idade. Seu enterro foi um dos
acontecimentos mais importantes da cidade de São Paulo, sendo acompanhado por
figuras ilustres como advogados, lentes, jornalistas, magistrados e por cerca de 3 mil
pessoas, das 40 mil que habitavam a São Paulo da época. Os jornais noticiaram o
acontecimento durante semanas.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Um pouco antes de tudo isso, em 1835, acontece na Bahia o levante dos malês,
objetivando a tomada do poder pelos negros muçulmanos. No entanto, presume-se
que a delação de um dos integrantes precipitou os acontecimentos. Diz a história
que ," na madrugada de 25 de janeiro de 1835, dia de Nossa Senhora da Guia, um
grupo de escravos muçulmanos traçava os últimos planos de uma rebelião que
eclodiria ao amanhecer. A ocasião era propícia, pois, com o grosso da população
voltada para as celebrações católicas, a cidade estaria vulnerável. E o momento
tornava-se ainda mais oportuno porque, para os muçulmanos, estava-se no fim dos
mês do Ramadã, o mês sagrado islâmico, e próximo à festa do Lailat-al-Qadr, a "Noite
do Poder", que o encerra, conforme nos informa Nei Lopes em sua Enciclopédia
Brasileira da Diáspora Africana.
Foram dezenas de mortos e a repressão oficial, de olho no que acontecera no
Haiti, puniu os participantes com a pena de morte, degredo e açoitamento,
dispersando definitivamente o Islam Negro, do Brasil.
Os Negros que Escrevem Durante a Escravidão: do Amor à Liberdade, Construindo a
Identidade
Da palavra falada em língua geral à escrita negra em papel branco.
É sempre bom reafirmar, conforme nos ensina Eni P. Orlandi, que "Ler é saber
que o sentido pode ser outro". E é o resgatar desse sentido, muitas vezes falado
e tantas outras escrito, que procuramos fazer. Se até a primeira metade do século
XVIII, falava-se na colônia uma mistura de tupi, português, banto e iorubá,
conhecida como língua geral, a descoberta do ouro e a necessidade de controle
total da colônia fizeram com que Portugal tornasse obrigatório o uso da língua
portuguesa em todo o território brasileiro, principalmente na região das Minas
Gerais.
Os que escreviam na colônia representavam o poder europeu e, por conseguinte,
estavam distantes dos interesses dos negros escravizados, e muito próximos da visão
que associa uma sociedade não letrada a uma sociedade sem história. Portanto,
propensa a ter a sua história reescrita pelos colonizadores. Por outro lado, como os
diversos povos africanos, aqueles que para cá foram trazidos tinham tradições orais
que informavam e garantiam as práticas culturais que até hoje povoam o imaginário
popular brasileiro, de norte a sul, com histórias sobre o saci pererê nas fazendas, os
maracatus, as folias de reis, os bois bumbás etc.
A partir da segunda metade do século XVIII, alguns mulatos, timidamente,
começam a expressar, por escrito, a sua presença no meio social: Caldas Barbosa é
um deles. Cruz e Souza, Machado de Assis e muitos outros que seguirão o caminho
das letras, levarão algum tempo para expressar com tranqüilidade e orgulho o ser
negro no Brasil, posição, aliás, bastante corajosa, que começará a aparecer com Luiz
Gama, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Abdias do Nascimento e
Oswaldo de Camargo, já na transição e ao longo do século vinte, contagiando uma
nova geração de poetas e escritores, dos quais Edimilson, Cuti, Ele Semóg, Elisa
Lucinda, Conceição Evaristo, Lepê Correia e muito outros já expressam, sem
nenhuma dúvida, o ser negro no Brasil pela da literatura.
89
90
O Negro no Brasil
Já as formas estéticas negras, por se relacionarem a uma forma de comunicação
predominantemente oral, só podem ser percebidas em toda a sua plenitude e riqueza
próprias, se inseridas no contexto e nas relações de comunicação para quais foram
produzidas e criadas, conforme afirmam Helena Teodora, José Jorge e Beatriz
Nascimento, no livro Negro e Cultura no Brasil. Ainda, segundo os autores, a
participação do negro nas artes brasileiras pode ser vista de dois ângulos, aquela feita
por negros em bases de criação branca, européia e hegemônica, e a feita por negros
tendo como base a criação negro-africana. Mestre Didi e Rubens Valentim, entre outros
nomes, são figuras importantes em nossas artes plásticas e refletem tais tendências.
Artistas como Picasso, Braque, Cezzane, Calder e tantos outros foram fortemente
influenciados pela arte negra e nela se inspiraram para criar movimentos artísticos
que caracterizaram a vanguarda européia, tais como o cubismo, o fovismo, o
dadaísmo e o expressionismo. E, como sempre acontece nesses casos, muitos artistas
brasileiros entraram em contato com a arte negra via Europa.
Da abolição aos nossos dias. A liberdade que exclui. Embranquecendo.
É comum ouvir-se dos militantes dos movimentos negros que a "princesa Isabel
assinou a lei Áurea, mas se esqueceu de assinar a carteira de trabalho". A ironia
presente nesta afirmação, juntamente com o seu conteúdo explícito, é a mais cruel
das realidades pós-abolição. Se ainda nos lembramos da variedade de trabalho
exercida pelos negros durante a escravidão, podemos nos perguntar por que então
a mão-de-obra negra será preterida em função do trabalho dos imigrantes que
aportam no país, no momento em que uma massa escrava era liberta, mas não
integrada à nova realidade econômica.
Mesmo se considerarmos os fatores conjunturais externos (excesso de mão de
obra na Europa) e os internos, que fizeram o estado brasileiro estimular a entrada de
trabalhadores europeus, portanto, brancos, enquanto os ex-escravos eram
abandonados à sua própria sorte. Fica muito difícil não enxergamos nessa medida
uma atitude política deliberada para embranquecer o país e assim fugir dos estigmas
formulados pela ciência da época, cujas teorias apontavam a inferioridade negra
para, mais uma vez, saquear as riquezas do continente africano, agora justificado
por teorias eugênicas e pela antropometria que habilitava os negros apenas à
práticas sociais físicas.
Há notícias de que, na década de 1920, um grupo de agricultores negros
estadunidenses comprou um pedaço de terra na amazônia brasileira, mas quando o
governo brasileiro soube qual era a sua cor, os impediu de entrar no país e devolveu
o dinheiro da compra. Entretanto, para os imigrantes europeus as terras era dadas e
a sua entrada no país, estimulada. É a esse comportamento, complementado por
alguns outros, que chamamos de política de embranquecimento da população
brasileira. A liberdade advinda com a abolição, além de excluir, possibilitava a agora
república tornar seu sonho eurocêntrico numa realidade, empurrando para as
periferias dos grandes centros a massa negra desempregada. Junto com essa
política, um outro processo deu início ao branqueamento das personalidades
nacionais, cuja a descendência negra era evidente, clareando fotos e ilustrações de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
personagens mestiços e mulatos que, com o tempo e algum esforço editorial,
passaram a ser brancos:
Machado de Assis é um bom exemplo.
Quando nada disso resolvia, a alternativa era tornar alguns negros ilustres em
invisíveis, dinâmica que até hoje caracteriza os meios de comunicação, os espaços
acadêmicos e algumas atividades profissionais.
Leia atenciosamente os versos da música abaixo:
" Sim sou negro de cor
Meu irmão de minha cor
O que te peço é luta sim
Luta mais que a luta está no fim
Cada negro que for
Mais um negro virá
Para lutar com sangue ou não
Com uma canção
Também se luta, irmão
Ouvi minha voz
Luta por nós
Luta negra demais
É lutar pela paz
Luta negra de mais
Para sermos iguais".
Tributo a Martin Luther King,
de Wilson Simonal e Ronaldo Boscoli
Movimentos Negros após a Abolição
O lugar do negro: a favela, a escola de samba, o futebol
Desde os primeiros quilombos formados pelas levas de africanos que aqui
chegaram na condição de escravos, os negros não pararam de lutar e resistir contra
a escravidão. De um jeito ou de outro, as organizações negras (como as irmandades)
foram espaços de preservação e sociabilidade para esses grupos.
A participação política no pós - abolição
Com a abolição, uma nova realidade se apresentou ao negro, que passou, então,
a procurar formas mais efetivas de organização que não só o preservasse em grupo,
mas também o representasse nas suas reivindicações e lhe desse maior visibilidade
social. A imprensa negra começou a sua atividade na década de 1920, dando
notícias sociais sobre a comunidade. Nomes de jornais como Menelik, Alfinete e
Clarim da Alvorada fazem parte da história do negro no Brasil.
Outra organização importante foi a Frente Negra Brasileira. Fundada em 1931,
possuía uma rígida organização de funcionamento, e cerca de 400 de seus membros
andavam uniformizados e gozavam de um certo prestígio junto às autoridades e à
população em geral, pois acreditavam que os componentes da Frente Negra eram
91
92
O Negro no Brasil
pessoas de bem. Inicialmente estruturada em São Paulo, teve vários núcleos em
outros estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. Como
ideologia, sustentavam que a educação era o caminho para a vitória dos negros.
Com o Estado Novo, a Frente Negra foi desagregada.
Em 1954 surge a Associação Cultura do Negro, que reuniu nomes como Solano
Trindade, Abdias do Nascimento e Fernando Góis. Apesar de ter uma proposta de
aglutinar vários segmentos culturais do país, tinha também a preocupação de
construir uma ideologia para o negro brasileiro. Alguns intelectuais como Florestan
Fernandes, Sérgio Milliet e Carlos Burlemarqui participaram de conferências,
congregando inicialmente negros de vários status. Em função de suas lutas
ideológicas, a ACN perderá a unidade política, a sede e os seus principais nomes,
ficando reduzida a uma entidade filantrópica e assistencial, agora com sede na Casa
Verde, após ter sido despejada da sua antiga sede na rua 13 de maio.
As escolas de samba também foram e são consideradas importantes centros que
congregam negros, permitindo aos mesmos um espaço de sociabilidade e interação
cultural. Foram originalmente reprimidas pelo estado e, posteriormente, promovidas
à agremiação fundamental da folia de carnaval. Geralmente eram originárias de
times de futebol, atividade esportiva anteriormente impedida aos negros.
Dos anos 60 aos anos 70, a luta dos negros norte-americanos pelos direitos civis,
as guerras de libertação dos países africanos colonizados e o fechamento político da
sociedade brasileira imposto pela ditadura militar, a partir do golpe de 1964,
espalhou a militância negra organizada pelos movimentos sociais de resistência e
luta contra a ditadura. Nas brechas que surgiam, aqui e ali, eram formadas
organizações culturais, como Sinba (Sociedade de Intercâmbio Brasil-África), no Rio
de Janeiro, no início da década de 1970. Jornais como Árvore das Palavras circulam
em São Paulo e Rio, o Jornal Versus abre um espaço para os negros, o MNU se
consolida como entidade negra nacional e, depois de muita discussão, é criado o Dia
da Consciência Negra, dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares,
herói negro transformado em referência nacional para as organizações negras
espalhadas pelo país.
Com o centenário da abolição, em 1988, o Brasil já possui um leque de
organizações sociais preocupadas com a luta da população negra. Na USP, um grupo
de funcionários e professores da universidade fundaram o Núcleo de Consciência
Negra, que empreenderá uma luta por cotas na universidade e reparações para o
povo Negro, isto nos anos de 1993/94. As mulheres negras também estão
organizadas no Geledés, São Paulo; no Rio, o IPCN - Institutos de Pesquisa das
Culturas Negras desenvolve suas atividades e o Cecun, no Espírito Santo; são
algumas das organizações negras que continuam na luta contra o racismo e pela
melhoria da qualidade de vida dos negros brasileiros. Um pouco antes de tudo isso,
sambistas como Paulinho da Viola, Candeia e Martinho da Vila, desencantados com
o rumo que as escolas de samba começaram a tomar, criaram a escola de samba
Quilombos, para resistir à onda de descaracterização imposta às agremiações
populares. O soul invade e contagia os bailes negros dos subúrbios cariocas na
década de 1970, mas o samba continua resistindo.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
O Brasil e o Negro
Apesar da força dos nossos poetas cantores, dos nossos artistas, da presença
negra no futebol, na literatura e de termos também o maior geógrafo do mundo,
a invisibilidade da população negra continua, hoje menos, mas continua. Não a
invisibilidade no sentido real da palavra, mas aquela pusilânime e cínica que só os
faz visíveis em datas e situações oportunas. Algumas caras negras começam a
aparecer em peças publicitárias e outdoors dos grandes centros urbanos como Rio
de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte. Alguns jornais noticiam que já
existe uma classe média negra com renda até R$ 3.000,00. As cotas, apesar da
resistência dos antigos aliados da causa negra, já são uma realidade em diversas
universidades públicas e o embranquecimento, tão caro a negros e brancos, parece
não passar de falácia, já que, segundo o IBGE, no Brasil, 88% dos casamentos se
dão entre pessoas da mesma raça, ou seja, branco casa com branca, negro casa
com negra e pardo casa com parda. Apenas 12% da população brasileira pratica
as uniões interétnicas.
Qual é a cara do brasileiro? Se quisermos responder a essa pergunta observando
os meios de comunicação de massa, nos surpreenderemos com o resultado. As
imagens que povoam os outdoors das principais capitais, as capas de revistas nas
bancas de jornais e os elencos da dramaturgia nacional (TV, cinema e teatro) são
espetacularmente brancas, precisamente loiras, o novo ícone produzido a partir da
mulata e da sua imagem erotizada.
É na música e no futebol que normalmente encontramos a presença negra de
forma mais destacada, muito embora tal evidência não signifique ausência de
preconceito racial. Muito pelo contrário, as manifestações racistas estão ficando cada
vez mais comuns entre as torcidas, bem como em campo, conforme têm noticiado
os jornais e revistas, semanalmente. Apesar de o racismo ser, legalmente, crime
inafiançável no Brasil, uma das maiores dificuldades é flagrar o racista, uma vez que
aqui ninguém é racista, mas todo mundo conhece um, logo...
O Negro no Brasil tem um longo caminho na conquista da chamada cidadania,
aliás, pouco conhecida pela maioria da população. Tal situação, muitas vezes, sugere
que a questão do negro e da discriminação que ele sofre é de natureza social e não
racial. Muita folha de papel já foi usada na tentativa de convencer parcela
significativa da população negra brasileira que o preconceito racial acaba quando se
conquista a igualdade social e/ou econômica, já que o problema racial, entre nós,
não existe, apenas as diferenças de classe.
Entretanto, além dos argumentos conhecidos, apresentamos outros mais
recentes, como, por exemplo, os freqüentes incidentes em campo de futebol no
Brasil, em que jogadores negros são chamados de "macacos" e, o que é pior, apesar
do testemunho de milhões de brasileiros de um ato discriminatório contra um
jogador de futebol, em São Paulo, recentemente, A lei CAÓ, de autoria do exdeputado e jornalista, Carlos Alberto Oliveira, que torna o crime de racismo
inafiançável, apesar do espetacular episódio, foi novamente descumprida. O agressor
pagou a fiança e seguiu seu destino racista, ainda muito abalado com o que tinha
provocado.
93
94
Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar
Preconceito, estereotipo e
discriminação no espaço escolar
Edileuza Penha de Souza & Bárbara Oliveira Souza
Medo no ar!
Em cada esquina
sentinelas vigilantes incendeiam olhares
em cada casa
se substituem apressadamente os fechos velhos
das portas
e em cada consciência
fervilha o temor de se ouvir a si mesma
A historia está a ser contada
de novo
Medo no ar!
Acontece que eu
homem humilde
ainda mais humilde na pele negra
me regresso África
para mim
com os olhos secos.
Agostinho Neto - Consciencialização - (Sagrada esperança)
A escola tem um papel fundamental na formação de cidadãos capazes de
conviver e dialogar com a diversidade cultural e histórica do Brasil, além de promover
a maior identificação dos/as estudantes com os conteúdos e práticas ensinados na
escola. São fatores que influenciam diretamente no interesse pelo aprender e na
auto-estima dos estudantes. Portanto, à escola cabe o papel de reconhecer que tanto
as pessoas que a compõem como as que integram a sociedade brasileira apresentam
aspectos que as diferenciam: têm especificidades de gênero, raça/etnia, religião,
orientação sexual, valores e outras diferenças definidas a partir de suas histórias
pessoais.
Essas diferenças tão presentes na construção identitária das pessoas e de suas
realidades são, muitas vezes, motores de relações desiguais. Há vários exemplos, em
nossa sociedade, de diferenças que fomentam desigualdades. Pensemos, por
exemplo, em como a religião católica é tratada nos meios de comunicação e em
espaços públicos como hospitais e escolas. Agora reflita sobre como as religiões afrobrasileiras, tal qual o candomblé, são tratadas nesses mesmos espaços.
As diferenças de religiosidades geram uma relação na prática que é desigual. A
constituição garante a liberdade de crença e religiosa e as instituições devem
promover o respeito entre os praticantes de diferentes religiões, além de preservar o
direito de alguns não terem uma prática religiosa. No entanto, é mais comum
encontrarmos no cotidiano, crianças e adolescentes exibindo com orgulho para seus
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
educadores os símbolos de sua primeira comunhão, enquanto famílias que cultuam
religiões de matriz africana são discriminadas por suas identidades religiosas.
O estereótipo1 funciona como um carimbo que define antecipadamente quem são
e como são as pessoas, alimentando os preconceitos. Dessa forma, o etnocentrismo2
se aproxima, também, do preconceito, que pode ser pensado como algo que vem
antes (pré) do conhecimento (conceito). Ou seja, antes de conhecer já defino "o lugar"
daquela pessoa ou grupo.
Em nossa sociedade existem práticas, tradições e histórias que sofrem um
profundo preconceito dos setores hegemônicos, ou seja, aqueles que se aproximam
daquilo que é considerado como "correto" por parte daqueles que detêm o poder.
Assim, os cultos afro-brasileiros iriam contra as "normais e naturais" religiões cristãs.
O preconceito relativo às práticas religiosas afro-brasileiras está profundamente
arraigado na sociedade brasileira por estas estarem associados a um grupo
historicamente estigmatizado e excluído, os negros. Vale lembrar que espaços de
resistência afro-brasileira, como o samba, a capoeira e os quilombos foram, durante
décadas, proibidos e perseguidos pela polícia e que ainda possuem estigmas.
Se estereótipo e preconceito estão no campo das idéias, discriminação é uma
atitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, de
negar humanidade. Nesta perspectiva, a omissão, a invisibilidade também se
constitui como discriminação.
A ausência de negros e negras ou a exposição como inferiores em livros didáticos,
filmes, cartazes e outros recursos utilizados na escola reforça a estigmatização da
população negra e dos/as estudantes negros. Por outro lado, há um reforço na
construção do imaginário acerca da superioridade branca. A meta deve ser o respeito
aos valores culturais e aos indivíduos de diferentes grupos, o reconhecimento destes
valores e a convivência. A convivência com a diversidade implica experimentar o
respeito à diferença. Estes são passos essenciais para a promoção da igualdade de
direitos.
O conceito de estereótipo consiste na generalização e atribuição de valor (na
maioria das vezes negativo) a algumas características de um grupo, reduzindo-o a
estas características e definindo os "lugares de poder" a serem ocupados. É uma
generalização de características subjetivas para um determinado grupo, no caso dos
estereótipos negativos, impondo-lhes o lugar de inferior, o lugar de incapaz.
Desconstruir o estigma da desigualdade atribuído às diferenças é tarefa de todas
as pessoas e o espaço da escola é particularmente importante neste processo. A
escola, por sua intencionalidade, sua obrigatoriedade legal, por abrigar diversidades,
1
Estereótipo: O estereótipo é uma generalização sobre um grupo de pessoas que compartilha de certas qualidades
características (ou estereotípicas) e habilidades. É utilizado em sentido depreciativo e negativo, considerando-se
que os estereotipos são crenças ilógicas que podem ser modificadas com uma prática educativa adequada.
2
Etnocentrismo: O Etnocentrismo se caracteriza pela idéia de que a própria cultura possui maior valor dentre as
demais. Esta concepção consiste en julgar a própria cultura como a melhor, a mais natural e humana. É,
portanto, uma posição intransigente em relação aos valores e normas que caracterizam diferentes culturas. É
uma postura que acaba por se caracterizar como segregacionista, uma vez que menospreza o valor dos
individuos que pertencem a outras culturas.
95
96
Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar
torna-se responsável junto com seus/as estudantes, familiares, comunidade,
organizações governamentais e não governamentais por construir caminhos para a
eliminação de preconceitos e de práticas discriminatórias.
É no ambiente escolar que crianças e jovens podem se dar conta que somos todos
diferentes e que a diferença não deve pautar a construção de relações desiguais. E
mais: é nesse espaço que eles podem se dar conta de que podem ser, junto com os
professores/as, os promotores da transformação do Brasil num país onde haja
direitos iguais e respeito à diferença.
Referências
BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco. São Paulo:
Ática, 1999.
BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana.
LIMA, Maria Nazaré Mota de (org). Escola Plural - a diversidade está na sala
de aula. Salvador: Cortez - Unicef - Ceafro, 2006.
MUNANGA, Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,
2005.
SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador:
EDUFBA/CEAO, 1995.
LIMA, Heloísa Pires. Histórias da Preta. São Paulo: Companhia das Letrinhas,
1998.
DIOUF, Sylviane A. As tranças de Bintou. São Paulo: Cosac Naif, 2004.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Propostas para uma
educação anti-racista
Edileuza Penha de Souza & Bárbara Oliveira Souza
(...)
Depois as doze horas de trabalho
Escravo
Britar pedra
acarretar pedra
britar pedra
acarretar pedra
ao sol
à chuva
britar pedra
acarretar pedra
A velhice vem cedo
(...)
Agostinho Neto - Civilização ocidental.
Para edificar uma educação anti-racista é necessário repensar o universo simbólico
da civilização africana que durante séculos foi negado à população brasileira. É
preciso atentar-se para a "invisibilidade" da existência das crianças, adolescentes e
jovens negros na escola. E ainda, observar qual tem sido o papel da escola em
identificar como essas crianças, adolescentes e jovens reagem à discriminação por
sua condição de negros. Pensar, portanto, uma educação anti-racista leva-nos a
refletir sobre o conhecimento quase nulo que temos sobre a história da África, ao
mesmo tempo em que nos permite diferenciar as idéias sobre teorias pseudocientíficas ao abordar a história africana e a história afro-brasileira.
A luta contra o sistema escravista amparou-se em infinitos atos. Individualmente
ou coletivamente, a resistência ao sistema opressor acompanhou a população negra
antes mesmo da chegada ao "novo continente". O grande contingente de negros e
negras arrancados de seu solo natal e trazidos para as Américas resistiu
incansavelmente às estruturas do poder escravista colonial. Atitudes simples como
quebrar ferramentas e louças, o "corpo mole", ou aquelas que demandaram precisão
para serem elaboradas, como o suicídio - banzo, o assassinato de feitores e senhores,
as fugas, as revoltas, as irmandades e os quilombos são alguns dos exemplos que
ilustram que os negros e negras escravizados/as sempre estiveram distantes dos
valores imperialistas dos colonizadores (SOUZA, 2006).
Durante séculos, a escola brasileira tem reproduzido a falsa idéia de que o
escravismo colonial mercantil em nada teria mudado a vida da população africana,
uma vez que, segundo esse pensamento, os povos africanos já praticavam a
escravização entre si e que os europeus meramente se engajaram na comercialização
já estabelecida. Ora, primeiro é preciso que se entenda essa visão como uma idéia
97
98
Propostas para uma educação anti-racista
racista, simplista e discriminatória. Ao retirar dos povos africanos sua humanidade,
o mercantilismo europeu implantou durante três séculos um tipo de genocídio
jamais visto na história mundial. Na África, como em outros continentes, a existência
da escravidão baseava-se na captura de prisioneiros de guerra, em que o estado servil
era reversível e não reduzia as pessoas à categoria de mercadoria.
É preciso que se saiba que o continente africano desenvolveu primorosos sistemas de
escritas (egípcio, núbio). A civilização africana em diferentes reinos e países desenvolveu,
muito antes dos europeus, elevados conhecimentos de astronomia e matemática, o que
possibilitou o desenvolvimento da agricultura, da navegação, da metalurgia, da
arquitetura e da engenharia. Há registros históricos de cesarianas e autópsias praticadas
por povos africanos cerca de 6.000 anos antes da era cristã. Construíram-se cidades e
centros urbanos, criaram-se filosofias religiosas, complexos e duráveis sistemas políticos,
além de obras de arte de alta sensibilidade e sofisticação. (Diop, 1960, 1967, 1981 e
1987; Ki-Zerbo, 1999; Larkin, 2006).
Por múltiplas maneiras, a evolução dos povos africanos influiu nas diversas
sociedades do mundo, de modo que somente um enfoque do estudo da História que
privilegie as relações intra-africanas tanto quanto a interação do continente com o
mundo exterior permitirá preencher lacunas do conhecimento mundial, inclusive
sobre fenômenos e períodos. No entanto, em muitas instâncias ainda se isola a
história da África da história do resto do mundo, o que, além de concorrer para
ocultar parte da história dos povos extra-africanos, torna ininteligível a história dos
povos africanos. As exigências analítico-interpretativas requeridas para a
compreensão da evolução das sociedades africanas podem, simplificadamente,
resumir-se a (Wedderburn, 2005):
• Enfoque histórico-temporal de longa duração;
• Preeminência histórica absoluta e exclusiva do continente africano na
emergência da humanidade, na sua configuração antiga e moderna e no
povoamento do planeta;
• Anterioridade histórica da civilização egípcio-núbio-meroítica;
• Evolução multilinear das sociedades africanas a partir de matrizes políticoeconômicas, filosófico-morais e lingüístico-culturais comuns;
• Delimitação de fases específicas de evolução sócio-histórica, segundo
momentos socioeconômicos precisos;
• Enfoque societário centrado na estratificação social, nos modos de produção
e nas estruturas políticas;
• Delimitação das evoluções societárias segundo espaços civilizatórios
específicos.
A lei 10.639/2003 traz a possibilidade de descortinar essa história e encurtar
caminhos para se apoderar de uma Educação anti-racista. Entretanto, construir uma
educação anti-racista é, antes de mais nada, edificar a identidade da comunidade
educacional como definidora da cosmovisão africana, como sublinha Oliveira:
A cosmovisão africana redefine as concepções filosóficas a partir de sua própria
dinâmica civilizatória, de acordo com o escopo de sua forma cultural. Assim, o
universo é pensado como um todo integrado; a concepção de tempo privilegia o
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
tempo passado, o tempo dos ancestrais, e sustenta toda a noção histórica da
cosmovisão africana. (2003:173-174):
Para solidificar o desejo de mudar e transformar a escola num espaço lúdico e
prazeroso, é preciso compreender e criar mecanismos para romper a cristalização do
racismo, do preconceito e da discriminação que permeia nossas escolas, "como forma
de romper a omissão e o silêncio dos profissionais da escola, possibilitando o respeito
à diversidade e mudanças no cotidiano da escola" (Cavalleiro, 2005, p.11).
Os conceitos de Racismo, Preconceito e Discriminação, formulados por Nilma Lino
(2005), podem orientar professores e professoras a se posicionarem ante as diferentes
situações e ações do cotidiano escolar, no sentido de subsidiar os/as estudantes negros e
não-negros a respeitarem a si, mutuamente e àqueles com quem convivem, bem como
possibilitarem a construção pessoal e coletiva da auto-estima e de práticas políticopedagógicas capazes de conceber e dar consistência a uma educação anti-racista:
Racismo - Ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos raciais
humanos. É um conjunto de idéias e imagens vinculadas aos grupos humanos
baseado na existência de raças superiores e inferiores. O racismo individualizado
manifesta-se por práticas discriminatórias de indivíduos contra outros indivíduos.
O racismo institucional está presente, por exemplo, no isolamento de negros/as
em determinados bairros, escolas e empregos. Também está presente no currículo
escolar e nos meios de comunicação.
Preconceito Racial - Uma indisposição, um julgamento prévio negativo que se faz de
pessoas estigmatizadas por estereótipos de grupo racial de pertença, etnia,
religião. Esse julgamento prévio tem como característica principal a tendência de
ser mantido, mesmo diante de fatos que se contraponham a ele;
Discriminação - É o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que viola
direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como a
raça, o gênero, a idade, a orientação sexual, a opção religiosa e outros. A
discriminação racial é tida como a prática do racismo e onde o preconceito se
efetiva.
Etnocentrismo - é um termo que designa a pretensa superioridade de uma cultura
em relação a outras. Consiste em postular indevidamente como valores universais
os valores próprios da sociedade e da cultura a que o indivíduo pertence. O
etnocêntrico acredita que os seus valores e a sua cultura são os melhores, os mais
corretos e isso lhe é suficiente.
Discriminação Racial - pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivação
do preconceito. Enquanto o racismo e o preconceito encontram-se no âmbito das
doutrinas e dos julgamentos, das concepções de mundo e das crenças, a
discriminação é a adoção de práticas que os efetivam.
Xenofobia - Segundo Rocha-Trindade (1995: 381), xenofobia é "a predisposição de
um indivíduo ou de um grupo para a aversão ou a rejeição dos indivíduos cujos
padrões de cultura e práticas sociais considera diferentes dos seus, sendo por isso
encarados como estranhos e indesejáveis".
Apoderar-se desses e de muitos outros conceitos é uma das formas de
potencializar nossas escolas em direção a uma sociedade anti-racista e igualitária. É
99
100
Propostas para uma educação anti-racista
trazer a nossas disciplinas a luz de ações dos movimentos sociais negros, como
possibilidade de criar debates em torno da dinâmica das relações raciais na
sociedade brasileira, como prática para construir um universo em que o processo de
educação esteja amplamente potencializado como energia vital e espiritual "que se
transforma em poder, em sucesso, em orgulho de seu pertencimento à raça negra"
(Siqueira, 2006, p. 169).
Reflexões sobre o tema
Educar para a igualdade étnico-racial pressupõe romper com estigmas, com
linguagens explícitas ou não de inferioridade de negros/as e indígenas. Como
educadores/as temos a responsabilidade de ampliar e "deslocar" os conhecimentos,
superar o velho, inventando o novo.
No momento de rever nossas práticas, de remodelar nossos currículos, de
elaborar o Projeto Político Pedagógico da Escola, precisamos refletir sobre algumas
questões, como a descrita a seguir:
– De que forma queremos abordar a África em sala de aula? Qual África devemos
apresentar aos estudantes? Como essa apresentação poderá favorecer a mudança de
olhar sobre a contribuição do continente africano para a humanidade?
Referências
CAVALLEIRO, Eliane. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei
Federal 10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005.
GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre
relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In Educação anti-racista:
caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília, Ministério da Educação,
SECAD, 2005.
DIOP, Cheik Anta. Antériorité des civilisations négres, mythe ou vérité
historique? Paris: Présence Africaine, 1967
__________________. Civilisation ou Barbárie. Paris: Présence Africaine, 1981.
__________________. L'Afrique noire précoloniale. Paris: Présence Africaine,
1960, 1987.
KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. Portugal: Publicações EuropaAmérica, LTD, 1999.
LARKIN-NASCIMENTO, Elisa. Introdução à Historia da África. In Educação,
Africanidade. Brasília: UnB/SECAD, 2006.
OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: Elementos para uma
filosofia afrodescendente. Fortaleza: Ibeca, 2003.
SOUZA, Edileuza Penha de. Tamborizar: a formação de crianças e
adolescentes negros. In OLIVEIRA, Iolanda de, SILVA, Petronilha B. G. e PINTO,
Regina Pahim. Negro e Educação: escola, identidade, cultura e política pública.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
São Paulo: Ação Educativa, ANPED, 2006.
SIQUEIRA, Maria de Lourdes. Siyavuma - uma visão africana do mundo.
Salvador: Autora, 2006.
ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz e outros. Sociologia das Migrações.
Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o ensino da história da
África no Brasil. Ina Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal
10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, SECAD, 2005.
101
102
Propostas para uma educação anti-racista
Propostas para uma
educação anti-racista
Dra. Vera Santana
Histórico Jurídico da Discriminação Racial no Brasil
Introdução
O trabalho a seguir compõe o conjunto dos conteúdos legais desenvolvidos
para a formação de professores da Educação Básica, em cumprimento à Lei
10.639, de 09 de janeiro de 2003, sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em resposta à histórica reivindicação de movimentos sociais, especialmente
o Movimento Negro, ressaltada a atuação de profissionais negros ligados à
Educação.
O texto tem como objetivo municiar educadores a lecionar saberes acerca do
exercício da cidadania, a partir da identidade étnico-racial, dotando-os de
informações e capacidade de instrumentalização de mecanismos legais que
permitam a concretização de direitos, quer pelo cumprimento de medidas de
competência do Estado, quer pelo acionamento do Poder Judiciário.
Considerando que as ferramentas a serem operadas são do "mundo do direito", é
importante assentar que, para tal, compreende-se todo o aparato jurídico-normativo
regulador de condutas e definidor de ações, omissões e sanções, como as leis,
decretos e outros atos normativos.
Histórico Jurídico da Discriminação Racial no Brasil
A longa história da escravidão brasileira, iniciada com os indígenas e
consolidada pelo comércio e desumanização de negros africanos por quatro
séculos, constituiu o grande aporte jurídico da discriminação racial que deitou seus
tentáculos por todo nosso tecido social, em benefício de uma ideologia
etnocêntrica, vale dizer, branca, européia, com danos diretos absolutamente
irreparáveis ao povo africano e seus descendentes brasileiros, mas que atingem a
toda a sociedade diante do comprometimento do seu desenvolvimento digno e
justo, assentado que está na sistemática exclusão dos negros, praticamente vítimas
de uma lei abolicionista que lançava no mercado da nova economia que se
instituía uma massa humana desaparelhada para as relações de produção do
capitalismo que se iniciava, gestando ao mesmo tempo políticas de promoção e
estímulo da imigração de mão-de-obra branca a serviço das exigências do novo
modo de produção econômica, jogando deliberadamente os negros à
marginalização.
Dado o anunciado propósito mobilizador do Projeto, não se prenderá o trabalho
ao formal levantamento de toda a história do Direito e os negros no Brasil, tomando
como ponto de partida a chamada Lei Áurea, que laconicamente aboliu o trabalho
escravo, elegendo para a reflexão normas mais recentes, acompanhadas de
referências sobre como "fazê-las pegar", aqui utilizando expressão corrente na
designação de "leis que pegam e que não pegam", ou seja, que têm ou não eficácia,
ainda que vigentes.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Embora com esta ressalva, é essencial aprofundar leituras históricas sobre as várias
leis instituídas ao longo da mais duradoura escravidão, que somente se findou, em
termos jurídicos, em 13 de maio de 1888.
Ainda na perspectiva do conhecimento do Direito como fator de organização e
mobilização social, e diante da irreversível tendência de amplas articulações e
diálogos internacionais globalizadas, também serão destacadas as principais
estruturas internacionais de defesa e proteção dos direitos humanos, especialmente
o Sistema da Organização das Nações Unidas - ONU, noticiando alguns importantes
documentos que o Brasil adota, ou seja, que passam a integrar o ordenamento
jurídico nacional.
Quanto à eficácia e aplicabilidade dos ajustes internacionais, é de se saber que é
insuficiente, precário, bem como no Brasil a própria Constituição Federal, no que
toca às garantias e direitos individuais e coletivos, pois a violação destes
mandamentos é julgada pelo Poder Judiciário, que reúne homens e mulheres
oriundos em sua esmagadora maioria, dos segmentos dominantes, que expressam e
reproduzem ideologias e estereótipos racistas, deixando nítida a cor da Justiça.
É certo que o processo de luta dos negros por liberdade foi fundamental para
criar fissuras na organização estatal escravagista da época, ao lado de pressões
internas de abolicionistas, e estrangeiras, especialmente da Inglaterra, pelo fim do
tráfico negreiro.
Evolução das Leis Contra a Discriminação Racial
Breve histórico
Com a formal abolição da escravidão, o Estado brasileiro implementou políticas
de imigração em favor de trabalhadores, famílias brancas, européias, basicamente,
estabelecendo sistemática exclusão e marginalização dos negros juridicamente
libertos, mas materialmente impedidos de ingressar no mercado de trabalho regido
agora pelas leis do capitalismo, vedado o acesso à educação, além de sofrer
perseguição e sanções nas suas manifestações culturais e religiosas, como a prática
da capoeira e o culto ao candomblé, respectivamente, buscando com isto quebrar
laços de identidade fortalecedores da resistência à opressão.
Dentro deste cenário, tornava-se inacessível aos afro-descendentes a ocupação de
espaços muito distantes das sarjetas das cidades em formação ou a permanência nas
fazendas em iguais condições de cativeiro, os porões das cadeias com ou sem o
cometimento de qualquer crime, bastando para tanto ostentar a imagem criminosa
da negritude, a origem africana.
É sobre esta estrutura que as elites levam a cabo seus projetos de
desenvolvimento do país, sem jamais considerar a necessidade de medidas que
visassem a inclusão dos negros entre os nacionais para fins de uso e gozo das
riquezas que estiveram sempre a construir.
A convivência social construída "pelos de cima", de traço imperial mesmo com a
Proclamação da República, deixa proeminente a marca do alijamento de homens e
mulheres livres por lei, mas despossuídos de direitos, ficando à mercê de simpatias e
103
104
Propostas para uma educação anti-racista
generosidades pessoais para vencer barreiras, lograr estudar, galgar uma ocupação
decente, ainda que a Constituição democrática de 1934 repudiasse a discriminação,
sendo neste ambiente que se faz a Lei 1.390, somente em em 3 de outubro de 1941,
que "Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de
preconceitos de raça ou de côr", conhecida como Lei Afonso Arinos, para punir a
recusa a negros em estabelecimentos de ensino, comerciais, como hotéis,
restaurantes, lojas etc., bem como a criação de obstáculos ao acesso a cargo público
ou emprego em autarquias, sociedades de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público, entre outras condutas.
A Lei era evidentemente acanhada, até por definir a conduta racialmente
preconceituosa e discriminatória como contravenção penal, o que significa ilícito de
pouco potencial ofensivo à pessoa, à sociedade ou ao Estado, como um "crime
menor". Mesmo tímida, não há farto registro de sua utilização, pois as vítimas, se por
um lado desconheciam a existência da proteção legal, quando conheciam não
acreditavam na sua aplicabilidade, não produzindo portanto os efeitos de inibição da
prática do racismo, nem a contrapartida da sanção imposta pelo Estado quando
cometida a contravenção penal.
Desde a edição da Lei Afonso Arinos não houve nenhum outro avanço jurídico,
normativo, embora tenha ocorrido a adesão do Brasil a convenções e outros
compromissos internacionais formais.
No plano interno, vai-se então direto à convocação da Assembléia Nacional
Constituinte, eleita em 1986, não sem lembrar que a normalidade democrática do
país foi interrompida pelo golpe de 1964, instalando-se a ditadura militar que
matou, exilou, torturou e levou à clandestinidade centenas de militantes dos
movimentos sociais e partidos políticos, atingindo também negros democratas, que
lutavam em prol da justiça social e racial, jogando também as organizações negras
na ilegalidade.
Para suas relações internacionais, o Brasil pautou-se pela supremacia dos direitos
humanos, autodeterminação dos povos, defesa da paz, solução pacífica dos
conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade e a concessão de asilo político, sendo estes princípios
essenciais, particularmente para o estreitamento de relações com países do
Continente Africano.
Com alicerces tão fincados na cidadania e respeito aos direitos humanos, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios passaram por processos democratizantes,
com eleições de governantes e representantes legislativos, reescrevendo suas
Constituições e Leis Orgânicas, ajustadas à Constituição Cidadã, impulsionando e
consolidando o permanente experimento da cidadania.
A partir da Constituição, e obedecida a estruturação hierárquica das leis, é que são
as mesmas interpretadas e aplicadas, sendo este movimento o constante e renovado
desafio que move os defensores do Direito, vistos estes como operadores da realização
da igualdade como patamar elevado e harmônico "das gentes", sem qualquer forma de
discriminação, e é neste enfrentamento que se faz o diferencial com aqueles que
defendem a manutenção dos privilégios de poucos com a exclusão das maiorias.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Consagrados os princípios da igualdade, da dignidade humana e outros, o
legislador constituinte relacionou uma série de garantias individuais e coletivas no
artigo 5º da Carta Magna, como também se chama a Constituição, feita pela livre
delegação popular, para dar-lhes vida e forma, preservando os direitos à honra, à
imagem, à privacidade e muitos outros, cuidando no artigo 7º dos direitos sociais,
para proibir, por exemplo, a diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
No artigo 5º, merece especial realce o inciso XLII, que criminaliza o racismo, com
as condições de inafiançabilidade - em caso de flagrante, não poderá ser feito o
pagamento de quantia em dinheiro para responder ao processo penal em liberdade,
e mais, é imprescritível - a qualquer tempo a vítima de racismo pode acionar o
Estado para processar o acusado do ato criminoso. Este dispositivo veio a ser
regulamentado já em 1989, pela Lei 7.716, que será adiante objeto de comentário
especial.
Ainda no campo constitucional, é também essencial o recurso contido no inciso
LXXI do mesmo art. 5º, instituindo o Mandado de Injunção, ação destinada à
cobrança do Estado, "... sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania".
Os dispositivos referidos devem ser interpretados de maneira sincronizada com
aqueles princípios e objetivos fundamentais do País, constituindo verdadeiros
alicerces para que se erga uma Nação fraterna, o que requer a execução de políticas
públicas que corrijam as distorções e desigualdades acumuladas por mais de 500
anos!
A Constituição é a Lei Maior de um país, e seu cumprimento é dever de todos,
obrigando especialmente às autoridades do Estado a vigilância e zelo por sua
eficácia.
A Legislação Brasileira e a Comunidade Negra
A apreciação sobre a importância do conjunto do texto constitucional tem em
mente compreender que a Constituição Federal deve sempre ser potencializada para
a efetivação, ampliação e maximização do exercício de garantias e direitos, aí
incluindo os tratados e convenções internacionais, objetivando acima de tudo a
construção da sociedade livre, justa e solidária, conforme o artigo 3º da Carta
Magna.
Deste modo, os destaques pontuados não têm caráter conclusivo, nem esgotam
a matéria, dando maior realce a comandos gerais de relevância no âmbito dos
direitos humanos e sociais, ou de especificidade direta, imediata, para os afrodescendentes, pois, a despeito da proclamada igualdade, com proibição das
discriminações, o racismo se acha incrustado em todo o tecido social, impedindo que
nem sequer as garantias de alcance geral tenham efetividade, tais como a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, além do
respeito à integridade física e moral do preso e outras conquistas que
freqüentemente afrontadas, revelam as facetas mais visíveis da violência que
105
106
Propostas para uma educação anti-racista
desumaniza a população negra, esmagando a auto-estima de crianças e jovens a
partir das salas de aula com o pretenso aprendizado dos conteúdos de livros ditos
didáticos, comumente preconceituosos e estereotipados, fazendo da evasão escolar
fenômeno com maior incidência entre negros.
Ademais, ante a indiscutível importância dos meios de comunicação, destaca-se
ainda do texto constitucional o papel da Comunicação Social, tratada nos artigos
220 a 224, criando, inclusive, um Conselho como expressão da vontade política da
sociedade de democratização na regulação da mídia, vedando a censura. Este
capítulo é fundamental à construção da identidade dos afro-descendentes, por toda
a influência cultural que tem notadamente a televisão sobre todos, ainda que em
longínquos rincões.
Embora avançado o tratamento dispensado, salta aos olhos que o Estado,
competente para conceder ao particular a exploração dos meios de comunicação,
não vem conduzindo este processo de maneira responsável e compromissada com a
promoção da cultura e de valores que elevem a formação multicultural do povo
brasileiro, resultando por transformar a justa proibição da censura em
irresponsabilidade social, razão pela qual são disseminados comportamentos que
agridem a dignidade humana, com notável estigmatização dos negros, aviltando sua
história na África e no Brasil.
Aqui, permita-se, deve-se lançar olhar especial às concessões exploradas por
segmentos religiosos intolerantes, que satanizam a religiosidade africana,
violentando a mística cultuada por seguidores dos cultos afro-brasileiros.
Em outra esfera, dentre as maiores vitórias do Movimento Negro quando da
elaboração da Constituição da República, destaca-se de particular importância o
artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, que dispõe:
"Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam
ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos".
O alcance deste artigo ganha maior dimensão porque extrapola a questão
fundiária sobre a propriedade da terra, representando ao mesmo tempo medida
reparadora e de resgate cultural, especialmente quando visto articuladamente com
os artigos 215 e 216 que cuidam da Cultura como um direito, protegendo as
manifestações culturais afro-brasileiras e tombando sítios que possuam
reminiscências históricas dos antigos quilombos, por exemplo.
Realçados alguns parâmetros constitucionais, cabe avaliar se, e como, vem sendo
garantido o cumprimento da Constituição, tanto pela regulamentação das matérias
que exigem legislação específica, de natureza complementar, quanto pela
aplicabilidade deste instrumental, e, neste ponto, deve-se indagar acerca do nível de
conhecimento que cada um e cada uma tem sobre os seus direitos.
Diante da criminalização do racismo, como anotado, veio a Lei 7.716, de 5 de
janeiro de 1989, que "Define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de
cor", conhecida como Lei Caó, em homenagem ao autor do Projeto de Lei, o
Deputado Federal Carlos Alberto, Caó, do Estado do Rio de Janeiro, modificada pelas
Leis 8.081, de 21 de setembro de 1990, que "Estabelece os crimes e as penas
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou
procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação", e, posteriormente, a
Lei 9.459, de 13 de maio de 1997, que, essencialmente, altera o Código Penal
Brasileiro quando define os crimes contra a honra, criando a figura chamada de
injúria racial, estabelecendo que constitui crime:
"Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a a dignidade ou o decoro:
(...)
p. 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião ou origem:
Pena - reclusão de um a três anos".
Embora considerável o aparato legal para a punição do racismo, o acionamento
do Poder Judiciário para julgamento de crime de racismo não expressa a realidade
dos conflitos raciais do cotidiano, e mais, não foi produzida ainda sólida
jurisprudência de condenação da prática de discriminação racial, em particular
quando cometida via meios de comunicação.
Sobre esta forma de manifestação do preconceito, e considerando a influência
comportamental que as novelas brasileiras exercem sobre a coletividade, cabe
comentar, a título de curiosidade, que muitos profissionais do direito entendem, por
exemplo, que um personagem, vilão ou vilã, sempre mau, se se expressa
preconceituosamente, não configura crime, pois faz parte da composição geral do
personagem a encarnação de um ser cruel, inescrupuloso etc., como sendo inerente
a tal perfil uma visão racial ou de gênero discriminatória.
Estruturas Institucionais de Combate ao Racismo e Inclusão Racial
Para ingressarmos neste tópico, adotaremos o marco de instituição da Fundação
Cultural Palmares - FCP, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, quando, por meio
da Lei 7.668, de 22 de agosto de 1988, o Poder Executivo foi autorizado a criar o
órgão, "... com a finalidade de promover a preservação dos valores culturais, sociais
e econômicos, decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira",
precedido este ato pela formulação e condução do "Programa Nacional do
Centenário da Abolição da Escravatura".
Atualmente, a FCP tem estrutura e estatuto definidos nos termos do Decreto
4.814, de 19 de agosto de 2003, e tem entre suas relevantes competências, a de
"subsidiar a execução das atividades relacionadas com a delimitação das terras dos
remanescentes dos quilombos, especialmente no que se refere à sustentabilidade
econômica dessas comunidades, por meio do desenvolvimento de atividades
culturais".
A maturidade política do Movimento Negro no cenário democrático formal
instaurado com a Constituição de 1988 permitiu fosse criado um ambiente político
de resgate de histórias e heróis do povo negro, com a exuberância de Zumbi dos
Palmares, resultando na realização, em 1995, da Grande Marcha de Brasília, por
ocasião das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro,
quando o governo de então acolheu parte das reivindicações levadas após ampla
107
108
Propostas para uma educação anti-racista
discussão nacional, originando deste processo coletivo a criação do Grupo de
Trabalho Interministerial com a finalidade de desenvolver políticas para a valorização
da População Negra, via Decreto de 20 de Novembro de 1995.
Os resultados do trabalho do Grupo, de notável qualidade formulativa, não se
traduziram em ações de Estado, cabendo ainda o registro da criação do Conselho
Nacional de Discriminação - CNCD, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos do
Ministério da Justiça e hoje integrante da Secretaria Especial de Direitos Humanos da
Presidência da República.
Em 13 de maio de 1996, publicou-se o Decreto 1.904, instituindo o Plano
Nacional de Direitos Humanos - PNDH, documento que situa o Brasil num contexto
internacional de vanguarda, ao trazer para o seio do Estado o reconhecimento
contemporâneo de que a escravidão configura crime contra a humanidade. No
PNDH o espaço dedicado aos Afro-descendentes vai do ponto 189 a 216.
Relativamente às relações raciais, pode-se contabilizar avanços rumo à
democracia social e racial, assegurando à parcela negra da sociedade, que, segundo
números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, soma 45%
(quarenta e cinco por cento) da população, a possibilidade de posicionar-se em
igualdade de condições com brancos e brancas no acesso às oportunidades de
formação e ocupação de espaços no mercado de trabalho, na vida política nacional.
Com isto, vê-se que são razoáveis os instrumentos jurídicos e os meios operacionais
apenas no interior do Estado, destinados a dar concretude à acalentada igualdade, mas
longe se está da eliminação das barreiras opostas ao crescimento sócio-econômico e
cultural dos afro-descendentes com afirmação ética e estética da negritude, sepultando
teses e esforços de embranquecimento do Brasil e de sua História.
Nesta trilha, destaca-se como momento de grande riqueza o processo
organizativo da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação
Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul,
consubstanciada na Declaração de 8 de setembro de 2001.
O evento, chamamento mundial da Organização das Nações Unidas, elevou o
debate em torno das desigualdades e conflitos raciais ao patamar das grandes
questões internacionais, e, dada sua importância para todos os povos, impõe-se
transcrição parcial, para destacar parte de sua introdução que remete à reflexão
sobre o quanto é forte, cristalizada mundialmente, cultura excludente das maiorias,
tendo sob diferentes formas de expressão as múltiplas estratégias de afirmação de
privilégios, sendo o somatório dos alijados do poder, a maioria que não se quer
silenciosa.
A adesão do Brasil à Declaração, e acolhimento do Plano de Ação, disponibiliza à
Sociedade e ao Estado confortável embasamento à implementação de políticas que
afirmem a composição multirracial do povo brasileiro, para incluir os afrodescendentes na categoria de cidadãos e cidadãs.
Com o impulso e ressonância da Conferência, bem como a eleição em 2002, de
um Presidente da República saído das classes populares, vindo de Região que
vivencia a discriminação como fator gerador de graves distorções e desigualdades
regionais, criou-se cenários mais favoráveis à busca de realização de medidas
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
constantes dos Planos Nacional de Direitos Humanos e de Ação de Durban,
contextualizando assim a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial - SEPPIR, em 21 de março de 2003, institucionalizada por meio da
Lei 10.678, de 23 de maio de 2003, vinculada diretamente à Presidência da
República, e mais, o Conselho Nacional da SEPPIR, a fim de agregar novas forças e
contribuições governamentais nesta empreitada que é vencer o racismo no Brasil.
Deste modo, o Poder Executivo Federal reúne atualmente uma Fundação Cultural
e uma Secretaria de Estado, além de dois Conselhos, destinados a, articuladamente,
inclusive com a sociedade, gestar, propor e desenvolver as políticas públicas eficazes
no repúdio e combate aos preconceitos que recaem sobre os afro-descendentes,
levando alternativas para a plena e definitiva inclusão econômica, política e social de
negros e negras, de respeito à liberdade religiosa, de valorização e difusão da estética
e da cultura negra.
Lei 10. 639/03
A Lei 10.639/03, "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede
de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" e dá
outras providências", e após amplo debate e análise pelo Conselho Nacional de
Educação, foi editada a Resolução no 1, de 17 de junho de 2004, do CNE, que "Institui
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para
o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana".
A Resolução, com toda propriedade, regula a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, ou seja, busca
enfrentar as sólidas construções histórico-sociais que realimentam preconceitos e
discriminações que resistem à democrática inclusão social dos afro-descendentes,
cabendo avaliar também a interseção entre Direito e relações raciais.
As exigências de militantes negros em favor de uma educação libertadora vêm de
muito longe, exatamente pela real dimensão do significado da formação educacional
não somente como mecanismo de qualificação de mão-de-obra. Com efeito, a visão
de educação, defendida e reivindicada por educadores negros, situa o processo
educacional como ferramenta maior de geração de cidadãos aptos a repelir ofensas
e agressões raciais, não com o uso de qualquer método assemelhado à violência
intrínseca ao preconceito, mas sim pelo manuseio dos recursos institucionais postos
a serviço da cidadania.
A edição então da Lei que modifica as Diretrizes Curriculares Nacionais vem ao
encontro e em resposta a um anseio histórico, cabendo evocar consideração sob o
título "PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES", em pesquisa promovida pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, em parceria
com instituições privadas de ensino e Governo Federal, trabalho compilado como "O
Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam...",
publicado em maio de 2004, página 107:
Ao estudar a carreira dos professores, Huberman (1992) lista várias questões, que
identifica como apaixonantes, a respeito desses profissionais e que considera serem
109
110
Propostas para uma educação anti-racista
do interesse daqueles envolvidos no tema da educação. Algumas delas remetem à
percepção dos próprios docentes sobre sua inserção no ofício de educar, o contexto
em que vivem e os distintos momentos de sua trajetória.
Será que há 'fases' ou 'estágios' no ensino? Será grande
número de professores passam pelas mesmas etapas, as
mesmas crises, os mesmos acontecimentos, o mesmo termo
de carreira, independentemente da 'geração' a que
pertencem, ou haverá percursos diferentes, de acordo com o
momento histórico da carreira?".
Para a comunidade negra brasileira, a Lei e sua regulamentação, referidas no
início deste trabalho, tardou, mas quiçá seja este o momento certo, considerando as
indagações lançadas acima, isto é, na percepção concreta dos professores brasileiros
em que estágio se encontram para deslanchar processo de tamanha envergadura construir uma futura Nação, pois não se pode aplicar tal termo em sua bem acabada
acepção a um país que, em toda a sua história, antes assentada na escravidão, e hoje
calcada na exclusão de tão expressiva quantitativamente, e tão rica potencialmente
parcela de seu povo?
Em todo este tempo, tentou-se fazer conhecer que são várias as leis a respaldar o
combate ao racismo e à exclusão racial, e também diversos os caminhos e vias que
podem e devem ser garimpados.
Instituições Nacionais Competentes para a Defesa da Promoção da Igualdade Racial
A abordagem mais ampla do assunto trazendo à cena a Declaração de Durban
tem o objetivo de explicitar a imperatividade dos Direitos Humanos na nova ordem
mundial, e bem assim esclarecer a aceitação e adoção, pelo Brasil, dos ajustes
internacionais de defesa e proteção destes Direitos, incluso o combate ao
preconceito e à discriminação racial.
De pronto, deve-se ter claro que esta análise tem um traço mais pragmático e
ativo, e a apresentação das instituições nacionais terão maior realce, chamando a
atenção, entretanto, que não se pretende desenvolver um "manual" de operação
jurídica, vez não ser esta a finalidade do estudo, que se volta à busca de
demonstração da necessidade e validade da instrumentalização do Direito para o
exercício de direitos.
Neste sentido, a estruturação do Ministério Público da União e dos Estados,
previstos pela Constituição Federal no artigo 128, sobressai, sendo instituições
permanentes, essenciais à função jurisdicional do Estado, incumbidas da defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, a exemplo do direito à igualdade racial, que constitui requisito
inafastável à ordem jurídica e ao regime democrático.
Sobre a atuação do Ministério Público, um especial olhar deve ser lançado no
trato de questões afetas às comunidades remanescentes de quilombos, e,
relativamente a situações em torno das relações de trabalho, o Ministério Público do
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Trabalho é o espaço especializado e competente para investigar e representar junto
ao Poder Judiciário, desde a ocorrência de trabalho escravo, até a apuração, a partir
de indícios, da não contratação de mão-de-obra motivada por preconceito racial.
Dentre os procedimentos implementados pelo Ministério Público, como o
ajuizamento de Ação Civil Pública, vem se tornado freqüente no âmbito das relações
de trabalho, a utilização de Termo de Ajustamento de Conduta, que consiste na
reunião das partes envolvidas na formulação de consensos em torno de medidas e
providências aptas a corrigir, eliminar, construir práticas que derrubem barreiras de
acessibilidade ou mobilidade no emprego nos mais variados segmentos econômicos.
Na área do trabalho, ainda há que se distinguir instâncias e procedimentos, quer
se trate de serviço público ou privado, desde o ingresso, que na esfera pública se dá
mediante concurso, como regra, possibilitando, em tese, a contratação de afrodescendentes, mas já se sabe que, embora demonstrando capacidade de entrada
nestas condições, os processos de ascensão ou ocupação de funções gratificadas
expõem a cara do racismo para mais uma vez obstar o crescimento profissional de
homens e mulheres de ascendência africana.
Embora registrado e até destacado notáveis avanços do Brasil na afirmação de
intenções de eliminação do racismo, não se pode escamotear o visível e constatável
distanciamento entre as manifestações formais neste sentido e a vontade política
corporificada na determinação de destinação de recursos financeiros e econômicos
à promoção de políticas públicas de inclusão, sendo exemplar, nesta hipótese, a
arrastada titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos, que
será trabalhada como paradigmática.
Conforme exposto, data de 1988 o direito constitucional ao título de propriedade
das terras ocupadas histórica e continuadamente por descendentes de escravos.
Passados mais de 20 anos, a Fundação Cultural Palmares já identificou mais ou
menos 1.500 áreas como Terras de Preto, expressão usada para designá-las, sendo
porém sem significância o número das efetivamente tituladas pela União, excluindo,
portanto, regularizações efetuadas por governos estaduais.
Transcorrido todo este tempo, o Presidente da República, fez publicar o Decreto
4.887, de 20 de novembro de 2003, que "Regulamenta o procedimento para
identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras
ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos de que trata o art. 68
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias".
Este Decreto revoga o anterior - 3.912/01, promovendo alterações substanciais,
ao atribuir ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA,
competência para "... a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e
titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos,
sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios".
Ademais, diante da criação da SEPPIR, o Decreto busca harmonizar atribuições e
competências da Secretaria e da FCP. No entanto, mesmo com previsão no Plano
Plurianual - PPA, a União não tem conseguido repassar as verbas necessárias e os
conflitos fundiários decorrentes das pressões sobre as comunidades quilombolas,
111
112
Propostas para uma educação anti-racista
vindas não raras vezes de órgãos da mesma União, companhias hidrelétricas ou
fazendeiros, fazem eclodir mais um foco de tensionamento social, a requerer das
autoridades governamentais urgentes e eficazes medidas que tirem do papel a dívida
social que muito parcialmente seria reparada com a pacificação destas áreas.
O Brasil no Contexto dos Sistemas Internacionais de Proteção e Defesa dos Direitos
Humanos
A universalização da proteção aos Direitos Humanos é meta almejada pelos vários
povos e remonta à Declaração de Direitos de Virgínia (EUA), de 1776, vindo, em
1789, na França, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Convenção
sobre a Escravatura, de 1926, num crescendo de pactos, acordos e entendimentos
diversos, envolvendo países de diferentes continentes, até a consolidação da Carta
das Nações Unidas, em 1945, e a Declaração Universal dos Direitos do Homem em
1948, inclusive com específico tratamento a segmentos e categorias sociais, como às
mulheres, à criança, aos estrangeiros, à organização sindical dos trabalhadores, e
bem assim para a eliminação de toda forma de discriminação racial.
Tendo em vista o objeto e objetivos do trabalho - o ensino de Relações ÉtnicoRaciais e de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana como materialização política
de inclusão da comunidade afro-descendente, cita-se logo a Convenção Relativa à
Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, acolhida pelo Brasil com a
promulgação do Decreto 63.223, de 6 de setembro de 1968.
Entretanto, a exemplo das distâncias entre as proclamações de vontades e a
concretude das relações sociais travadas no dia-a-dia, o mundo real está longe da
Paz e as desigualdades que oprimem e excluem indivíduos e coletividades em cada
país ganham forma no âmbito das relações internacionais, com as divisões
identificadas como nações de primeiro, segundo e terceiro mundos, ou ditos
desenvolvidos, em desenvolvimento e atrasados, mas todas as classificações revelam
a pirâmide sobre a qual se encaixam sociedades, culturas, sendo certo que muitos
povos que vivem em condições de miserabilidade absoluta assim estão em boa
medida por decorrência da exploração que faz a essência da escravidão e outras
mazelas que acompanham a humanidade.
Embora a realidade exibida nas imagens da televisão revelem com crueza o grau
e a profundeza destas desigualdades, não são desprezíveis os esforços por uma
ordem inclusiva, potencializadora das capacidades de todos e todas, em harmonia
com o equilíbrio ambiental, e, nesta perspectiva, os movimentos sociais, com intensa
atuação dos negros, vêm acionando instâncias do Sistema Internacional de Proteção
dos Direitos Humanos, que tem na Organização das Nações Unidas - ONU e sua
grande rede, sem prejuízo de fóruns regionais, a exemplo da Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
Com efeito, o descompasso interno entre uma normatização positiva, afirmativa
de promoção da igualdade racial e a baixa concretização no cumprimento de seu
ordenamento jurídico interno, ao qual se agrega robusto compêndio de Convenções,
Pactos e Tratados Internacionais, tem levado ao uso cada vez mais recorrente do
oferecimento de denúncias contra o Governo brasileiro nos referidos fóruns
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
internacionais, e, a título informativo sobe Proteção dos Direitos Humanos, setembro
de 1968, oriunda da 11ª Sessão da UNESCO, realizada em 1960.
Também deve-se realçar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
as formas de Discriminação Racial, de 1965, ratificada pelo Brasil em 1968, a
Convenção 111ª da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que cuida da
Eliminação de toda forma de Discriminação Racial no Trabalho, a Convenção
Americana de Direitos Humanos, e, a título ilustrativo, a Secretaria Geral da ONU,
registra cerca de 200 documentos, que, regularmente acolhidos pelo Estado
brasileiro, adquirem força legal, devendo por isso ser invocados até junto ao Poder
Judiciário para garantia e exercício de direitos.
Por fim, dado o recorte genérico do trabalho, que fundamentalmente se propõe
a lançar luzes de pesquisa, a ausência de citações bibliográficas ao longo do texto foi
deliberada, para juntar como anexo as referências bibliográficas consultadas, que
ganham um tom de "inspirações bibliográficas", pois muita releitura feita não se
atém ao tema de modo específico, mas serve como verdadeira fonte de inspiração a
ser partilhada.
Referências
• Constituição Federal de 1988;
• Código Penal.
• MUNANGA, Kabengele (org). História do Negro no Brasil - Vol. 1 "O
Negro na Sociedade Brasileira: resistência, participação, contribuição Publicação da Fundação Cultural Palmares/MinC com apoio do CNPq,
2004.
• JUNIOR, Hédio Silva. Anti-Racismo - Coletânea de Leis Brasileiras
(Federais, Estaduais, Municipais) - Editora Oliveira Mendes, 1998.
• As Mulheres e a Legislação contra o Racismo - Os direitos das Mulheres
são Direitos Humanos - Publicação da CEPIA com apoio da Fundação
Ford e CEERT.
• Palmares em Revista Nº 1 - Fundação Cultural Palmares, 1996.
• GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa - Princípio Constitucional
da Igualdade - O Direito como Instrumento de Transformação Social. A
Experiência dos Estados Unidos: Renovar, 2001.
• O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, o
almejam... UNESCO.
• III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial,
Xenofobia e Intolerância Correlata - Declaração de Durban e Plano de
Ação - Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura.
• Direitos Humanos - Instrumentos Internacionais: documentos diversos.
Senado Federal, 1996.
Sites
www.gruhbaspe.com.br
www.ceert.org.br
www.pgr.mpf.gov.br
www.planalto.gov.br
113
Seção III
Concepções que envolvem o
projeto político-pedagógico (PPP)
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Concepções que Envolvem o
Projeto Político-Pedagógico (PPP)
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz,
e ser feliz.
Tocando em frente – Almir Sater e Renato Teixeira
A luta pelo acesso e valorização da educação formal tem sido pautada pela população
negra desde a assinatura da Lei Áurea. Como salienta o pesquisador e sociólogo Sales
Augusto (2005), após a chamada abolição da escravatura "Houve uma propensão da
população negra a valorizar a escola e a aprendizagem escolar como um 'bem supremo'
e uma espécie de 'abre-te sésamo' da sociedade moderna. A escola passou a ser definida
socialmente pelos/as negros/as como um veículo de ascensão social".
O espírito de luta, independência e liberdade foram e são as contrapartidas da
situação de miséria e de exclusão sociais do povo negro, como marco de resistência.
As comunidades de terreiro, os diversos grupos culturais, esportivos e religiosos, a
imprensa negra e as entidades sócio-políticas e religiosas, além dos incontáveis
quilombos, constituíram-se como instrumentos eficazes de combate ao racismo e à
discriminação racial ao longo de toda a história do Brasil.
As intensas demandas por parte da sociedade organizada no sentido de garantir
uma educação mais justa e igualitária resultaram na Lei 10.639/20031, seguida da
instituição e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de
2004. As Diretrizes alteram a Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, assegurando "o direito às histórias e culturas que compõem a nação
brasileira, além do direito às diferentes fontes da cultura a todos os brasileiros"2.
As diretrizes são normas reguladoras, constituindo-se em orientações, princípios
e fundamentos para que as instituições de ensino desenvolvam programas de
formação do quadro docente, bem como promovam a educação cidadãos atuantes
conscientesseio da sociedade brasileira, multicultural e pluriétnica.
de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade brasileira, multicultural e
1
É importante que se entenda a Lei 10.639/2003 como bandeira de luta da sociedade organizada desde a assinatura da Lei
Áurea. Para saber mais sobre o assunto, veja o texto "A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do Movimento
Negro". SANTOS, Sales Augusto dos. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03.
2
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana (página 9).
117
118
Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)
pluriétnica3. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira reconhecem a
necessidade de políticas de reparação e apontam caminhos de valorização e ações
afirmativas, como a ação de combate ao racismo e à discriminação, bem como o fortalecimento de direitos e identidade da população negra e afro-descendente.
Proporcionar uma educação com vistas a interromper a reprodução de práticas
discriminatórias e racistas é o desafio posto a todos os educadores e educadoras,
além de expressar o comprometimento com uma escola de qualidade, centrada no
respeito às diferenças e na diversidade das crianças, adolescentes e jovens.
A escola deve ser um locus privilegiado da construção da coletividade e,
conseqüentemente, do espaço de cidadania, inclusão e respeito ao próximo. Para
que a comunicação em tempos de ações afirmativas seja possível, é necessária a
utilização de uma dinâmica pedagógica beneficiando as relações interativas das
pessoas que compõem a comunidade escolar (estudantes, pais, professores,
funcionários e direção). Para isso é necessária a construção conjunta do processo
educativo, por meio de mecanismos que propiciem um planejamento coletivo, onde
todas essas pessoas tenham plena participação criadora. Reunir, ritualizar, renovar e
repensar os caminhos percorridos pela escola é o papel político-social de todos/as
os/as envolvidos/as com a educação. É, portanto, trazer a igualdade de gênero, raça
e o respeito à diversidade a todos os espaços educacionais o que conduz à
institucionalização da eqüidade, da humanização e do desenvolvimento emocional
como base para criação e/ou reformulação do Plano Político-Pedagógico.
O Projeto Político-Pedagógico
O crescimento da participação e do envolvimento dos/as professores/as nas
questões pedagógicas, não só é necessário como garantido pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional - LDB. Esta recomendação amplia a autonomia e a
consciência do profissional quanto ao processo desenvolvido e aumenta o
sentimento de pertencimento do/a professor/a ao Projeto Político-Pedagógico. A
gestão democrática não é uma concessão do Estado, mas um conquista da
comunidade escolar que toma consciência da necessidade de uma atuação
transformadora das estruturas "a cada passo sobre o momento histórico" (Siqueira,
2006: 129). Com liberdade, ética e consciência política, maior é o alcance da
autonomia pedagógica, administrativa e financeira, da escola.
Nessa perspectiva, a instituição escolar precisa orientar-se por alguns princípios
como o do caráter público da educação, da inserção social da escola e da gestão
democrática, na qual as práticas participativas, a partilha do poder, a socialização das
decisões desencadeia processos de aprendizagem do jogo democrático. Daí que,
mobilizar-se, organizar-se para participar e decidir sobre as políticas em âmbito
escolar é concorrer para a construção de uma democracia local, alargando as
possibilidades para construções em outros âmbitos.
3
A sociedade brasileira é composta e fundamentada por várias culturas e povos, daí o seu caráter multicultural e
pluriétnico.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
O Projeto Político-Pedagógico - PPP é um instrumento possível e legal na
construção dessa gestão mais participativa e democrática. A professora Ilma Passos
(2000) nos apresenta alguns pressupostos que regem a organização do PPP.
São eles:
• Igualdade de condições para acesso e permanência na escola;
• Qualidade para todos;
• Gestão democrática;
• Liberdade;
• Valorização do magistério.
São muitas as concepções que envolvem o Plano Político-Pedagógico.
Entretanto, constituir uma gestão democrática, sedimentada nos valores da
liberdade, da valorização do magistério passa por incorporar novos formatos
filosóficos para a escola. A estrutura organizativa do PPP precisa atentar para os
princípios, valores e tradições que permeiam a escola, cenário vivo em que a
tradição, os costumes, os saberes, diferentes modos de vida, o conhecimento
são sementes que podem brotar, nascer, florir e frutificar em métodos
pedagógicos, onde a experiência dos mais velhos e a estrutura organizativa
promovam a implementação de uma escola plural sedimentada nos saberes e
conhecimentos da ancestralidade africana. (Siqueira, 2006).
Para que a escola seja mais igualitária, ela tem de ser de qualidade para todas
as pessoas. Tanto qualidade pedagógica, como política. A escola necessita de
mecanismos pedagógicos e participativos que garantam ao estudante um ensino
de qualidade e ininterrupto, evitando a repetência e a evasão. Nesse sentido, a
gestão democrática é condição indispensável para o rompimento com uma
prática escolar autoritária e mantenedora dos privilégios dos grupos favorecidos
historicamente. Mais participação, para a superação das dicotomias, entre teoria
e prática, professor/a e estudante, comunidade e instituição, entre outras.
Por isso, há necessidade de construir-se um projeto político-pedagógico que
represente os anseios e possibilidades da comunidade educacional. A gestão
democrática parte do princípio de que todos somos livres para tomar decisões.
Liberdade é um princípio que a Constituição nos assegura e devemos, também,
ter liberdade para desenvolvermos um espaço escolar problematizador e
investigativo.
Finalmente, uma escola livre, de qualidade, igualitária e democrática necessita
de profissionais valorizados. Valorização dos profissionais da educação significa
formação profissional qualificada e permanente e boas condições de trabalho,
incluindo remuneração justa. (Cf Veiga, 2000).
Reflexões sobre o tema:
• Sua escola tem Projeto Político Pedagógico? Se sim, verifique como estão
retratadas a história e cultura africana e afro-brasileira? Qual é o espaço
dedicado ao tema? Como você pode contribuir para enriquecer essa abordagem?
• Você acha que a escola brasileira e, particularmente a sua, é de qualidade? O
que você considera uma escola de qualidade?
• Que conhecimento da Lei 10.639/2003 você possui? Sua escola já realizou
119
120
Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)
alguma atividade para sua implementação? Quais? Dê que forma?
• Quais são os impactos que a Lei 10.639/03 e as Diretrizes Curriculares para o
Ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana geraram em sua escola?
• A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnicoracial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola?
• Na sua opinião, é possível construir um Plano Político-Pedagógico segundo
uma perspectiva de ancestralidade afro-brasileira?
Referências
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana,
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de
2004.
Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
RIOS, Terezinha. Significado e pressupostos do projeto pedagógico. In Série
Idéias. São Paulo: FDE, 1982.
SANTOS, Sales Augusto. A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do
movimento negro. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal
10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005.
SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Siyavuma – uma visão africana do mundo.
Salvador: Autora, 2006.
VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma
construção possível. 11a ed. Campinas: Papirus, 2000.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Marcos Fundamentais do PPP:
Marco Situacional; Marco Conceitual;
Marco Operacional
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
...não sabemos o que segue,
mas sim sabemos que os passos que seguem
não somos nós que os podemos decidir;
nem sequer encontrar;
sabemos que para o que segue
temos que ouvir outras vozes
e necessitamos que essas outras
vozes se ouçam entre si.
Subcomandante Marcos – Crônicas Intergalácticas
Na construção do PPP leva-se em conta os pressupostos teóricos e práticos que
assentam o planejamento. Danilo Gandim (1994), chama estes pressupostos de
marcos e os divide em três momentos diferenciados e interligados, são eles: o
Marco Situacional; o Marco Conceitual e o Marco Operacional.
Marco Situacional
O Marco Situacional busca responder as perguntas: Como compreendemos a
sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá
atuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia ao
estudante e à comunidade?
O ponto de partida deste marco é a prática social. Devemos procurar descrever e
situar a escola no atual contexto da realidade brasileira, do Estado e do município.
Explicitar os problemas e as necessidades da comunidade educativa, bem como
apresentar uma análise crítica dos problemas existentes na escola, como os de:
aprendizagem, formação dos trabalhadores/as (professores/as, direção), organização
do tempo e do espaço, equipamentos existentes e necessários, critérios de
distribuição de turmas e organização das atividades pelo tempo.
É preciso levantar o máximo de dados possíveis para que seja construído um
diagnóstico preciso. Os dados estatísticos devem ser analisados com atenção, eles
ajudarão na definição das necessidades, tanto no que diz respeito ao pedagógico,
como ao político/administrativo. O levantamento da necessidade de formação dos
trabalhadores/as deve basear-se nas especificidades de cada grupo, para otimizar
121
122
Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)
energia. Uma má escolha pode gerar desmotivação no grupo. Os equipamentos
necessários à consecução do PPP devem ser pensados com cuidado para não
provocar compras desnecessárias ou falta de equipamentos.
Além de dados administrativos e estatísticos, devemos levar em consideração no
Marco Situacional a participação dos pais na escola, tanto no que concerne ao
acompanhamento pedagógico, como na participação da gestão democrática da
escola. Os conflitos e contradições presentes na prática docente, também, devem
ser objeto de observação. Um bom diagnóstico neste quesito pode ajudar a
superar dificuldades na condução democrática da escola, bem como, no
desenvolvimento curricular.
Marco Conceitual
O Marco Conceitual busca, em face da realidade descrita e analisada, quais
concepções de educação, escola, gestão, currículo, ensino, aprendizagem e
avaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos?
Ao contrário do Marco Situacional, no Marco Conceitual não temos um ponto
de partida, mas um ponto de chegada que é a prática social transformada. A busca
de respostas para concretizar o ideal de uma escola equânime, justa e plural é
parte do compromisso coletivo. É preciso explicitar os fundamentos
epistemológicos; didático-pedagógico; éticos e estéticos que darão suporte a
prática do PPP. Por trás das escolhas destes fundamentos estarão colocadas
questões como: idéia de sociedade, ser humano, educação, escola, conhecimento,
ensino-aprendizagem, avaliação, cidadania, cultura, temos em nossa concepção.
A coletividade deverá pensar nas relações estabelecidas entre as pessoas em
suas especificidades étnicas, sociais, de gênero, de orientação sexual; entre as
diferentes sociedades; bem como, nas relações entre conteúdo, método, contexto
sócio-cultural e objetivos da educação. Estas relações são definidoras para
conceber a Gestão Democrática e o Currículo. Com a Gestão Democrática,
desenvolve-se a discussão continuada e coletiva da própria prática pedagógica.
Esta discussão coletiva fortalece a participação efetiva de todos os segmentos da
escola na defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia,
liberdade. Fortalece, também, a própria execução e avaliação do PPP.
Marco Operacional
No Marco Operacional, busca-se respostas para os seguintes questionamentos:
quais as decisões de operacionalização? Como redimensionar a organização do
trabalho pedagógico? Que tipo de gestão queremos na escola?
Este Marco define as mudanças a serem alcançadas, se institui no campo da
luta por uma sociedade mais justa e equânime. Define o que é necessário para
diminuir a distância entre a realidade atual e o que se almeja. Podemos pensar
nesse marco, por exemplo, em ações de combate ao racismo e à discriminação na
escola. Neste marco, é que definimos nossas grandes linhas de ação e a
reorganização do trabalho pedagógico escolar na perspectiva administrativa,
pedagógica, financeira e político-educacional.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Apresenta as grandes linhas de ações em termos de: redimensionamento da
gestão democrática, conselho escolar, conselho de classe, grêmio estudantil,
representante de turma, representação de pais, entre outros.
Devem fazer parte das expectativas a serem explicitadas no âmbito do Marco
Operacional, questões como: definição das ações relativas à formação continuada,
equipamentos pedagógicas, ações relativas à recuperação de estudo dos
estudantes, diretrizes para avaliação geral de desempenho dos trabalhadores da
educação e organização do trabalho pedagógico.
A construção destes marcos precede a elabora do Projeto Político Pedagógico e
o subsidia. A definição dos marcos proporciona uma visão global e coletiva do
pensamento da coletividade, portanto se estabelece no campo do conceito de um
planejamento participativo e dialógico, a ser construído coletivamente na escola.
Na quinta aula deste módulo apresentaremos algumas idéias para que o coletivo
da escola se organize para o planejamento.
Reflexões sobre o tema:
• Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto
social onde a escola deverá atuar?
• Qual o papel da escola? Que experiências ela propicia ao estudante?
• Como você caracterizaria a situação social brasileira e a situação do contexto em
que sua escola está localizada?
• A partir de sua realidade, que propostas poderiam ser elencadas para a
construção da gestão democrática em sua escola?
Referências
GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1994.
PADILHA, Paulo R. Planejamento dialógico. Como construir o projeto
político-pedagógico da escola. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.
VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma
construção possível. 11ª ed. Campinas: Papirus, 2000.
123
124
Estrutura do Planejamento Político Pedagógico
Estrutura do Planejamento
Político Pedagógico
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
Algumas regras são boas porque
fazem com que a gente tenha liberdade,
porque senão vira bagunça.
Liry - 10 anos - Projeto Filosofia na Escola
O Projeto Político Pedagógico institui-se como obrigatório nas escolas a partir da
LDB (Lei 9394/96), que em seu artigo 12, inciso 1, diz que "Os estabelecimentos de
ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica".
O termo projeto deriva do latim projectu, que significa lançar para diante,
direcionar-se a um rumo. Pedagógico está relacionado com a constituição da
humanidade, com o saber e sua assimilação e com as formas adequadas para se
alcançarem estes objetivos. Político é o que pressupõe a opção e compromisso com
a formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade.
O PPP tem a dupla dimensão de ser orientador e condutor do presente e do
futuro. Deve estar sempre voltado para uma ação transformadora. É o instrumento
balizador para o fazer escolar e, por conseqüência, expressa a prática pedagógica
das instituições dando direção democrática à gestão e às atividades educacionais. É
intencional, e deve refletir uma concepção de escola, de sociedade e de suas
relações. Define quais ações educativas a coletividade deseja implementar e quais
características a escola deve possuir para a atingir seus objetivos e metas. Finalmente,
devemos reforçar que o PPP deve ser fruto do esforço coletivo e participativo.
O processo de construção de um PPP pode ser desenvolvido com a resolução de
várias questões, tais como:
• Qual é a concepção de ser humano e mundo que buscamos?
• Qual a concepção de sociedade que temos?
• Qual a concepção de educação?
• Qual a concepção de cidadão e cidadania?
• Qual a concepção de currículo?
• Que tipo de gestão está sendo praticada na escola?
• O que queremos e o que precisamos mudar em nossa escola?
O PPP é mais do que a necessidade de responder a uma solicitação formal. É a
reflexão e a contínua expressão de nossas idéias sobre a escola e sua função social,
sobre currículo, sobre valores. O processo é desenvolvido em espiral, num crescente
dinâmico de integração entre todas as tentativas de respostas. Como processo, ele
está em contínua construção, avaliação e reelaboração.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Pensar o PPP é mais do que um planejamento, sua construção concretiza um ideal
de autonomia que toda a escola deve construir e vivenciar. É pensar a construção da
identidade da instituição escolar, o que implica numa análise coletiva tanto da sua
história, enquanto instituição, como na história e cultura de todas as pessoas que
constituem a escola. É, também, refletir sobre quais direções intencionais serão
assumidas em função das definições tomadas pelo PPP.
O PPP deve representar a organização do trabalho pedagógico escolar que se
deseja, em todas as suas especificidades, níveis e modalidades: Educação, Ensino
fundamental e Ensino Médio, bem como, se for o caso da escola, do Ensino Especial,
Ensino Profissional e Educação de Jovens e Adultos. Supõe reflexão e discussão crítica
sobre os problemas da sociedade e da educação para encontrar as possibilidades de
intervenção na realidade. Deve buscar a transformação da realidade social,
econômica, política e exige a participação de todos os sujeitos do processo
educativo, para a construção de uma visão global da realidade e dos compromissos
coletivos.
São muitos os formatos para a estruturação formal de um PPP. Apresentaremos
abaixo algumas idéias que poderão compor o documento final a ser produzido pela
escola:
1. Contextualização e caracterização da escola
É necessário que o projeto represente com maior objetividade possível as
características da comunidade em que a escola está inserida. Deve-se procurar
levantar dados sobre: aspectos geográficos, históricos, sócio-econômicos, étnicoraciais, religiosos, dentre outros. Assim como expressar a realidade da escola: perfil
dos/as estudantes, corpo técnico pedagógico, apoio, bem como, um breve histórico
da instituição.
2. Objetivos Gerais e específicos
Definem as prioridades que direcionarão o trabalho da instituição, tendo em vista
as informações destacadas no diagnóstico.
3. Estrutura e Funcionamento
Descrição das instalações físicas, dos recursos humanos e financeiros (e suas
fontes), níveis e modalidades de ensino oferecidos.
4. Organização da escola âmbito espaço-temporal
Níveis de oferta dos cursos. Em que tipos de agrupamentos os estudantes são
distribuídos, calendários e rotinas escolares. No âmbito relacional, o PPP deve
explicitar o que pensa do papel, do perfil e das responsabilidades: da direção, dos/as
professores, dos/as coordenadores/as ou supervisores/as, dos/as estudantes, da
família, dos/as funcionários/as, dentre outros. No âmbito administrativo financeiro
deve-se definir os modelos e as instâncias de gestão, bem como, a responsabilidade
de cada pessoa.
5. Organização curricular
Quais são os princípios norteadores do currículo: epistemológicos; didáticopedagógico; éticos e estéticos. Qual organização curricular estará prevista: por
série/por ciclo, por área/por disciplina. Neste item deve-se demonstrar de que
125
126
Estrutura do Planejamento Político Pedagógico
maneira o coletivo da escola desenvolverá o seu trabalho em diálogo com as
Relações Étnico-Raciais e com a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Reflexões sobre o tema:
• Que sociedade queremos para viver?
• Que escola temos e que escola queremos? Que tipo de relações queremos
construir na escola e na comunidade?
• Busque caracterizar um pouco sua escola: Onde ela está situada? Quais
características sócio-culturais a comunidade escolar apresenta?
• Qual diagnóstico (item 2) seria possível fazer sobre sua escola? Quais são suas
maiores dificuldades e maiores possibilidades?
Referências
ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no
capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In MEC, Anais da
Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília: 28/8 a 2/9/94.
MACHADO, Antônio Berto. Reflexões sobre a organização do processo de
trabalho na escola. In Educação em Revista nº 9. Belo Horizonte: jul. 1989, pp.
27-31.
MARQUES, Mário Osório. Projeto pedagógico: A marca da escola. In Revista
Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola nº 18. Iju:
Unijuí, abr./jun. 1990.
PEREIRA Elisabete Monteiro de A. Subsídios para a elaboração do projeto
pedagógico. In http://www.prg.unicamp.br/projeto_pedagogico.html. Em
12/03/2007.
VEIGA, Ilma Passos A. Inovações e o projeto político pedagógico. Uma relação
emancipatória ou regulatória. http://72.14.209.104/search?q=cache:QlMBMdiErkJ:www.scielo.br/pdf/ccedes/v23n61/a02v2361.pdf+Projeto+pol%C3%ADtico
+pedag%C3%B3gico&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8 . Em 02/03/2007.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Princípios Filosóficos, Epistemológicos, DidáticoPedagógicos e Éticos que Embasam a Construção
Curricular
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
Cada coisa tem um motivo para ser entendida
do jeito como é entendida.
Bianca, 10 anos - Projeto Filosofia na Escola
Em outros momentos deste livro pudemos refletir sobre o papel central do
currículo escolar e sua importância na construção de uma escola anti-racista e
inclusiva. Vimos, também, que os currículos escolares devem ser construídos com
base na "multiplicidade de valores, de historicidades e de olhares presentes nas
identidades nacionais". A Constituição Federal, no seu artigo 210, determina que:
"serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a
assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais" (1988). Entre os princípios que devem reger o ensino no Brasil,
consagrados no artigo 3º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educacional (1996),
podemos destacar alguns, que darão suporte à construção curricular das escolas:
• Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,
a arte e o saber;
• Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
• Respeito à liberdade e apreço à tolerância;
• Valorização da experiência extra-escolar;
• Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
É necessário construir currículos que valorizem a pluralidade cultural identitária da
sociedade brasileira e, como já vimos anteriormente, devem ter como "eixo os valores
e práticas culturais dos estudantes e da comunidade na qual a escola está envolvida".
Desta forma, poderemos afirmar as identidades dos estudantes, valorizando sua
história, cultura e pertencimento étnico-racial.
Tendo como base essa discussão, afirmamos, então, que a construção de um
projeto político-pedagógico e a conseqüente formulação de uma proposta curricular
necessita de princípios básicos que orientem as metas a serem alcançadas. Tais
princípios devem se coadunar com legislação em vigor e visa o fortalecimento dos
vínculos institucionais com a comunidade na qual a escola está inserida.
Os princípios filosóficos devem favorecer a construção de currículos que
desenvolvam a "consciência política e histórica da diversidade", afirmando à igualdade
de direitos, valorizando a história e cultura africana e afro-brasileira e superando a
forma discriminatória e injusta que as classes populares, incluindo os negros e
indígenas, são tratadas. Desta forma, a construção curricular deve buscar o
"fortalecimento de identidades e direitos", para que sejam desencadeados processos
127
128
Princípios Filosóficos, Epistemológicos, Didático-Pedagógicos e Éticos que Embasam a
Construção Curricular
de afirmação de identidades, até então desvalorizadas, pela garantia de amplo
acesso à informação e melhoria da formação dos profissionais da educação. (Cf.
Diretrizes Curriculares Nacionais, 2004, p. 7ss)
Os princípios epistemológicos, que estão relacionados com o conhecimento e a
aprendizagem, devem fundamentar a construção de um processo de ensinoaprendizagem construtivo e transformador. Um processo em que o/a professor/a irá
auxiliar os/as educandos/as na busca problematizadora, como um co-investigador à
procura de explorar a dimensão filosófica de nosso estar-no-mundo.
Neste sentido, a relação pedagógica é deslocada do eixo de atenção do professor
para o grupo, passando o professor a estar como fomentador e incentivador do
debate reflexivo entre os/as estudantes. Deve-se levar em consideração que o
processo de aprendizagem não está relacionado apenas ao conhecimento de
conteúdos, mas, também, atua no campo das emoções e dos afetos. Enfim, a
aprendizagem se dará entre seres humanos concretos em suas relações com o
conhecimento e com o outro (professores/as, estudantes e demais pessoas com as
quais são estabelecidas relações).
Os princípios didático-pedagógicos levam em consideração as práticas educativas.
Para a construção de uma educação anti-racista, o currículo escolar deve ser
construído levando-se em consideração a necessidade da temática étnico-racial ser
apresentada ao longo do processo educativo, e não apenas de forma esporádica. O
currículo deve valorizar as contribuições do povo negro na história das comunidades,
bem como da sociedade brasileira como um todo, apresentando, também, a história
dos povos oprimidos, relatando as situações de opressão e a resistência destes povos.
Por fim, deve-se abordar a situação étnico-racial a partir do cotidiano dos grupos que
compõe a sala de aula. (MEC/SECAD, 2006, p. 69ss).
Privilegiar as relações não autoritárias, solidárias e respeitosas das diferenças entre
as pessoas são elementos centrais dos princípios éticos. Isso possibilita o
desenvolvimento do processo de reconhecimento pessoal e a construção da autoestima, e proporciona uma estética da sensibilidade. A sensibilidade é vista aqui como
"a forma elaborada do sentimento de ligação (reliance): uma 'empatia generalizada'
em relação a tudo o que vive e a tudo o que existe."(grifo do autor) (Barbier, 1998:
183).
Esta sensibilidade deve estar voltada ao encontro afetivo com o outro, e, como
afirma Patrícia Santana, ao descrever o papel do afeto na Educação Infantil: "Fazse necessário que as demonstrações de afeto sejam manifestadas para todas as
crianças indistintamente. (...). A educadora é a mediadora entre a criança e o
mundo, e é por meio das interações que ela constrói uma auto-imagem em relação
à beleza, à construção do gênero e aos comportamentos sociais" (In MEC/SECAD,
2006, p. 38).
Reflexões sobre o tema:
• Em que princípios filosóficos, epistemológicos, didático-pedagógicos e éticos
podemos fundamentar um currículo anti-racista e valorizador das relações
étnico-raciais, da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana?
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
• Posicione-se em relação aos princípios aqui apresentados. Procure refazê-los
levando em conta sua própria realidade.
Referências
BARBIER, René. A escuta sensível na abordagem transversal. In BARBOSA,
Joaquim Gonçalves (Coord). Multirreferencialidade nas ciências e na educação.
Revisão da Tradução: Sidney Barbosa. São Carlos: EdUFSCar, 1998.
BARBOSA, Joaquim Gonçalves (coord). Multirreferencialidade nas ciências e
na educação. Revisão da Tradução: Sidney Barbosa. São Carlos: EdUFSCar,
1998.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art206v.
Acesso em 25/03/2007
__________________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei
9394/96. Disponível em:
http://209.85.165.104/search?q=cache:SesfuatanYkJ: www.unioeste.br/prg/
download/Lei9394-96-LDB.doc+Lei9394/96&hl=ptBR&ct=clnk&cd=2.Acesso em 25/03/2007.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/CNE. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/
downloads/04diretrizes.pdf. Acesso em 04/04/2007.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECAD. Orientações e Ações para a Educação
Étnico-raciais. Brasília: SECAD, 2006.
FREIRE, Paulo e SHOR, Ira. Medo e ousadia. Cotidiano do professor. 2ª ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
129
130
Currículo escolar e relações étnico-raciais
Currículo escolar e
relações étnico-raciais
Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza
A Razão da Chama
Nos porões fétidos da história
Comi podridões. Endoideci. Adoeci.
Atiraram-me no mar do esquecimento
Agarrei-me às ancoras passadas-presentes
Cavalguei as ondas
Desemboquei
Rumo à vida
Miriam Alves
O currículo escolar é um aspecto central na discussão sobre a escola e sobre as
relações que são estabelecidas nela. É nesse espaço que desde a mais tenra idade nos
relacionamos com várias pessoas que se apresentam de modo distinto nessa relação.
O/a professor/a e cada estudante trazem diferentes históricos, origens, formações
familiares, pertencimentos étnico-raciais. A escola apresenta-se, então, como um
espaço fundamental na construção das identidades sociais, fundadas por sua vez
nessas múltiplas relações que são estabelecidas.
No Brasil, compartilhamos um universo cultural e uma língua que nos caracteriza
como brasileiros. Entretanto, trata-se de uma sociedade muito mais complexa,
constituída justamente por sua imensa diversidade. As centenas de povos e línguas
indígenas existentes, as várias correntes migratórias européias e os povos africanos
que foram trazidos ao Brasil são fatores que complexificam e enriquecem a
identidade nacional, constituída fundamentalmente pelos povos indígenas, europeus
e africanos.
A construção da identidade negra no Brasil é não apenas um mecanismo de
reivindicação de direitos e de justiça, mas também uma forma de afirmação de um
patrimônio histórico e cultural. As múltiplas identidades que nos constituem,
entretanto, não integram o currículo escolar com a abordagem devida. Além do
aspecto restrito, cabe ressaltar as abordagens explícitas de inferiorização de
negros/as e indígenas e de supervalorização de brancos/as no currículo escolar como
um todo e nos livros didáticos e paradidáticos em particular.
Temos um desafio grandioso à frente, que é "desenvolver, na escola, novos
espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades que
integram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve o aluno
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
a conhecer suas origens e a se reconhecer como brasileiro" (Moura, 2005: 69).
Esse reconhecer-se está relacionado intimamente à inclusão no currículo escolar
desse olhar mais diverso e plural da história do país, além da história e formação
étnica de cada estudante. Dando ênfase à transmissão de conhecimentos nas
comunidades quilombolas, Moura (2005) ressalta que a diferença entre a
transmissão de saberes nas comunidades e nas escolas é que no primeiro caso o
aprendizado e a socialização desenvolvem-se de modo "natural e informal" e no
segundo o saber não se fundamenta na experiência do estudante.
A discussão sobre Currículo Escolar deve fundar-se na multiplicidade de valores,
de historicidades e de olhares presentes nas identidades nacionais. Ao se basear no
padrão eurocêntrico1, a educação formal "desagrega e dificulta a construção de um
sentimento de identificação, ao criar um sentido de exclusão para o aluno, que não
consegue ver qualquer relação entre os conteúdos ensinados e sua própria existência
durante o desenvolvimento do currículo" (Moura, 2005: 72).
A auto-estima também se apresenta como elemento central na construção de um
currículo escolar que proporcione aos estudantes negros/as se visualizarem nos livros,
nas aulas e no aprendizado de forma positiva. Esse movimento envolve uma série de
fatores, dos quais esse curso, Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana 2ª etapa, já é um fruto. A escolha do livro didático e das atividades e
estratégias utilizadas em sala de aula também devem levar em conta essa dimensão.
"A desconstrução da ideologia que desumaniza e desqualifica pode contribuir para o
processo de reconstrução da identidade étnico-racial e auto-estima dos afrodescendentes, passo fundamental para a aquisição dos direitos de cidadania" (Silva,
2005: 33).
O patrimônio étnico-cultural dos povos africanos deve marcar de forma positiva
a identidade das crianças, adolescentes e jovens negros. A integração lúdica e
pluricultural abre perspectivas para um currículo escolar que contemple as relações
étnico-racias, e esse passará necessariamente por rever seus conteúdos ligados a
história e cultura afro-brasileira, bem como contemplará a "história dos povos
africanos no período anterior ao sistema escravista colonial" (Silva (2), 2001: 66). Um
currículo escolar que contemple as relações étnico-raciais faz surgir na escola e na
sociedade "uma comunidade plena da consciência da participação de cada um na
construção do bem comum" (Teodoro, 2005: 83).
Implantar currículos capazes de responder às especificidades e pluralidades das
identidades brasileiras, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantes
e da comunidade na qual a escola está envolvida é fundamental. Outra dimensão
importante é o fortalecimento da afirmação das identidades dos estudantes,
valorizando sua história, cultura e pertencimento étnico-racial.
1
O eurocentrismo é uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu povo, suas
línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo necessariamente a
protagonista da história humana. Acredita-se que grande parte da historiografia produzida no século XIX até
meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora da Europa. Manifesta-se
como uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodos da história, que enxerga
as culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo.
131
132
Currículo escolar e relações étnico-raciais
Referências
MOURA, Glória. O direito à diferença. In Kabengele, Munanga. Superando
o racismo na escola. Ministério da Educação: Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
SILVA, Ana Célia. A descontração da discriminação no livro didático. In
Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,
2005.
SILVA Jr., Hédio. Discriminação racial nas escolas: entre a lei e as práticas
sociais. Brasília: UNESCO, 2002.
SILVA (2), Maria Aparecida. Formação de Educadores/as para o combate ao
racismo: Mais uma tarefa essencial. In CAVALLEIRO, Eliane (org). Racismo e
anti-racismo na escola – repensando nossa escola. São Paulo: Aummus, 2001.
TEODORO, Helena. Buscando caminho nas tradições. Superando o racismo
na escola. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade, 2005.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
A Escola como espaço de desenvolvimento
do currículo e das relações étnico-raciais
Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza
PELO DEVER
de resistir e caminhar
pelos destroços da nossa utopia,
eis-nos aqui de novo, acocorados,
aqui onde o tempo pára
e as coisas mudam.
E PARA QUE O NOSSO SONHO RENASÇA
com a levitação do vento e do grão,
eis-nos aqui de novo,
passivos como os espelhos,
no tear da nossa existência.
ESTE SEMPRE SERÁ
O nosso amanhecer.
E a nossa perseverança
é como a da erva daninha
que lentamente desponta na pedra nua."
João Armando ARTUR - Divagações
Ao refletirmos sobre o conteúdo abordado nesse texto, podemos ponderar acerca
das dimensões fortemente presentes no processo educacional, tais como as
diferentes identidades, a sexualidade, as culturas, as relações de gênero e as relações
raciais. Essas dimensões são estruturais na construção do diálogo entre a escola, a
realidade social e as diversidades étnico-raciais e culturais, e são, por sua vez,
também fundamentais para a identificação dos/as educandos com a escola e com o
processo de aprendizagem.
Qual é, então, a importância de estudar a cultura e história afro-brasileira e
africana? Todas as pessoas têm direito a ter respeitada e valorizada sua identidade
133
134
A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais
étnico-racial e histórica, sua identidade de classe social, de gênero, de orientação
sexual. A escola é parte vital desse processo, devendo ter em seu currículo a
incorporação dessas temáticas.
Com relação à especificidade de nosso curso, ou seja, a cultura e história afrobrasileira e africana e as relações étnico-raciais, cabe destacar que os currículos
devem abordar de modo equânime as diferentes identidades constituintes da nação
brasileira; devem discutir e problematizar as relações étnico-raciais no âmbito escolar
e na sociedade; além de trabalhar e discutir nas diferentes disciplinas as histórias,
costumes e a cultura africana e afro-brasileira.
Repensar a construção e desenvolvimento do currículo escolar envolve também a
reflexão sobre o papel do/a educador e da escola na formação social da/o cidadã/o.
Todos esses fatores são aspectos importantes para a identidade, auto-estima dos/as
estudantes e para a construção de uma sociedade que dialogue de modo mais plural
e diverso com os vários povos e culturas constituintes das identidades nacionais.
O nosso objetivo aqui não é apontar o quanto a escola reproduz as mazelas
sociais. O que apostamos nesse curso é no potencial transformador da escola.
Estamos convencidos/as de que se por um lado a escola não pode ser a única
responsável pelas transformações na sociedade, por outro reconhecemos que sem
ela, estas transformações não virão. Vocês, como professores/as multiplicadores são
fundamentais nesse processo de transformação!
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola é um espaço privilegiado
para a promoção da igualdade e eliminação de toda forma de discriminação e
racismo, por possibilitar em seu espaço físico a convivência de pessoas com
diferentes origens étnico-raciais, culturais e religiosas. Potencializar esse caráter
transformador da escola envolve:
• O estudo das diferentes raízes da cultura brasileira, que num fluxo e refluxo de
relações não se constituem mais como gêges, bantus, nagôs, portuguesas,
japonesas, guaranis, terenas, italianas, mas brasileiras de origem africana,
européia, indígena e asiática1 .
• O trabalho imagético de personagens negros em cartazes na escola, trazendo
uma abordagem positiva, de modo a romper com a estigmatização tão
presente em livros didáticos e na sociedade brasileira de modo geral.
• Adoção de livros didáticos que abordem aspectos significativos da cultura e
história afro-brasileira e africana, como a história da África e a influência das
línguas africanas no português falado no Brasil.
• Reconhecer a importância do livro didático na vida dos/as estudantes. O livro
configura-se muitas vezes como o único ou o principal instrumento de estudo,
por isso ressaltamos a relevância de que os conteúdos não tragam visões
estereotipadas ou preconceituosas. Portanto, atenção educador/a: o processo
de escolha destes livros é fundamental para a construção de uma educação
anti-racista!
1 SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprendizagem e ensino das Africanidades Brasileiras. In Kabengele, Munanga.
Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, 2005.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
• Levar para a sala de aula filmes, livros e músicas que abordem as inúmeras
estratégias de resistência dos/as negros/as na história brasileira, tais como os
quilombos, irmandades e o candomblé. Nas referências dessa unidade,
abordaremos algumas dicas.
• Dar visibilidade à produção intelectual negra (como Conceição Evaristo e Cruz
e Souza) e às contribuições trazidas pelos povos negros ao Brasil (como a
metalurgia, pecuária, agricultura, além da música, tradições, língua, danças,
costumes, dentre outros).
Fortalecer o currículo escolar para uma dimensão pluricultural envolve a reflexão
sobre as práticas e relações:
• Situações de conflitos étnico-raciais são muitas vezes pautadas como problemas
entre os/as educandos/as que não devem ser "reforçados". São, todavia,
situações fundamentais para refletir a postura tanto dos/as estudantes, como
dos/as educadores/as, dos funcionários/as da escola, da família e da sociedade
como um todo.
• Piadas racistas e apelidos são comumente tratados como "brincadeiras",
"carinho" ou problemas que não dizem respeito à escola. Essas situações
também precisam ser trabalhadas pela escola e debatidas profundamente
junto aos estudantes. Discuta com colegas professores/as e com as/os
estudantes sobre a presença do racismo na sociedade brasileira e nas relações
estabelecidas entre os sujeitos que a compõem!
• A discriminação racial está na dimensão das relações. Por isso, a discriminação
não é uma questão relevante apenas às pessoas que são discriminadas. A
questão étnico-racial deve ser abordada por negros, indígenas, brancos e por
outros grupos étnicos-raciais, afinal é uma questão de toda a sociedade.
Reflexões sobre o tema
Uma boa dica é conversar com outros educadores/as sobre as datas
comemorativas e as festas previstas no calendário escolar. Como garantir a
valorização e o respeito à diversidade nestes espaços e momentos? Sua escola já tem
uma preocupação neste sentido? De que forma se dá esta inclusão da diversidade?
A escola toda está envolvida ou é ação de alguns educadores? Se sua escola não tem,
ainda, um olhar voltado para a diversidade, dialogue com outros educadores/as,
sobre por onde começar. Quais seriam as primeiras iniciativas para isso?
Por fim, cabe ressaltar que a construção da educação anti-racista é cotidiana e
contínua. As relações étnico-raciais e a história e cultura afro-brasileira e africana devem
estar presentes no Projeto Político Pedagógico, bem como no currículo escolar!
Referências
BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco, São Paulo:
Ed. Ática, 1999.
135
136
A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais
BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004, Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana.
CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e Anti-Racismo na Educação. Repensando
nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001.
MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988.
MOURA, Glória. O direito à diferença. In: Kabengele, Munanga. Superando
o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
MUNANGA Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. SECAD/MEC,
2005, p101-116.
ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico
Afrobrasileiro. Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do
racismo no cotidiano escolar. Belo Horizonte, Mazza, 2004.
ROSEMBERG, Fúlvia, Literatura infantil e ideologia. São Paulo: Global, 1985.
SILVA, Ana Célia da, A discriminação do negro no livro didático. Salvador:
EDUFBA/CEAO, 1995.
SILVA Jr., Hédio. Discriminação racial nas escolas: entre a lei e as práticas
sociais, Brasília, UNESCO, 2002.
SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprendizagem e ensino das Africanidades
Brasileiras. In Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,
2005.
SECAD/MEC. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal
10.639/2003. Coleção Educação para Todos. Ministério da Educação: SECAD,
2005.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Aprendizagem e avaliação: suas
relações com a cultura e a memória
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
Dai a ênfase que dou (...) não propriamente à análise de métodos e técnicas em
si mesmos, mas ao caráter político da educação, de que decorre a impossibilidade
de sua neutralidade
Paulo Freire - Ação Cultural para a Liberdade.
Podemos dizer que aprendizagem se relaciona à aquisição de novos
conhecimentos, ao desenvolvimento de habilidades e ao aprendizado de novas
práticas. No entanto, não é fácil tentar "enquadrar" o processo do aprender em
conceitos fechados, pois qualquer conceito estará sob a interferência de posições
pessoais, políticas e/ou ideológicas. O processo educativo contém em si a
possibilidade da experiência com o objeto do conhecimento, com o professor, com
o/a outro/a estudante/a. É esta experiência que irá permitir a construção do
conhecimento, das habilidades e atitudes.
O ser humano é um ser social que se constitui a partir das relações que estabelece
com outras pessoas e com sua rede de relações interpessoais. Neste sentido, para
que haja a aprendizagem, deve-se procurar privilegiar relações onde os/as estudantes
possam ser sujeitos de seu processo educativo. E que, juntos, estudantes e
professores possam na sua diferença pessoal, enriquecer o grupo e proporcionar
espaços de aprender coletivos.
A educação, segundo Paulo Freire, "é possível para o homem, porque este é
inacabado e sabe-se inacabado. .... A educação, portanto, implica uma busca
realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria
educação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém" (1988,
pp.27/28). Portanto, a aprendizagem só é possível para o sujeito do seu aprender.
Em uma educação em que o sujeito do aprender é o/a educando/a, o momento
da avaliação deve ser um espaço de grande importância:
"A avaliação deve ser um momento de riqueza interior, de
retomada, de visualização do que fazer, do como fazer e do
para que fazer. Deve ser um momento que propicie uma
reflexão de educandos e educador sobre o conhecimento
adquirido....Provavelmente, será o momento mais
importante do aprendizado do (a) estudante (a)" (Ribeiro,
2002, p.16).
Por isso, é preciso ver quais sentidos podem ser extraídos do aprendizado. Por que
aprendi? Para que aprendi? Qual o significado desta aprendizagem? Os/as
estudantes, muito mais do que conhecer algo, necessitam apoderar-se deste
conhecimento com vistas a sua vida cotidiana. Se a aprendizagem não for relevante
137
138
Aprendizagem e avaliação: suas relações com a cultura e a memória
para ele/a, logo será esquecida. Portanto, avaliação não se esgota na conferência do
conhecimento adquirido, mas na construção/reconstrução de valores e significados
relacionados com a experiência vivida. É em seu contexto de vida que o/a estudante
constrói sua aprendizagem. Portanto, é em seu contexto cultural e a partir dele que
ocorrem as aprendizagens.
Os/as estudantes trazem consigo conhecimentos e acúmulos que devem ser
incorporados no processo de aprendizagem. Este deve basear-se também na vivência
cotidiana dos/as estudantes, em suas práticas sociais, religiosas, nas relações étnicoraciais, opções de lazer e vivências socioculturais.
"Cada um com seu retalho, de cor, de textura e tamanho
diferentes busca costurar e contribuir para o gestar do que
acontece no espaço educativo marcado pelo muito do que
se aprende e que se ensina com as histórias de vida de todos
os envolvidos. Abarcar os diferentes e suas diferenças requer
disposição para uma tomada de postura política"
(SECAD/MEC, 2006: 106).
Nas relações dos seres humanos com o meio e com o outro, se constroem modos
de vida e se constituem os desejos, anseios e respostas para as necessidades destes
mesmos seres humanos. Neste sentido, pode-se dizer que a cultura é toda a
organização humana, seus costumes e tradições, que formam o escopo identitário
de um determinado grupo social.
No Brasil, muitos grupos construíram seus referenciais culturais e identitários ao
longo da história, em uma imensa gama de processos de aprendizagem formal e
informal. Podemos destacar os quilombos, o samba, a capoeira e o candomblé que
trazem modos próprios de educar e formar. Mas, quais são as referências abordadas
no processo educacional em nossas escolas? Na maioria das vezes são referencias
oriundas das vozes dos grupos sociais dominantes, predominantemente
eurocêntricas. Diversas culturas que formam nosso mosaico identitário, que nos dão
vida, voz e corpo, têm pouca abordagem na escola.
Pensar uma abordagem anti-racista da educação parte da perspectiva de que
professores/as e estudantes devem se reconhecer no processo de aprendizagem e
dialogar sua prática escolar com os mais diversos campos de sua vida. Para isso,
necessitamos construir uma sociedade, no dizer de Paulo Freire, aberta e
desalienada, em que o ser possa entender-se e explicar-se a si mesmo "como um ser
em relação com a realidade; que seu fazer nesta realidade se dá com outros homens,
tão condicionados como ele pela realidade dialeticamente permanente e mutável e
que, finalmente, precisa conhecer a realidade na qual atua com outros homens"
(Freire, 1988, p. 48)
Como se reconhecer em uma cultura que não pode ser percebida como sua?
Devemos resgatar a história e a memória dos que oficialmente não puderam contála e não ocuparam os espaços da educação formal. Como fazer com que esta
memória venha à tona? Para Ecléa "O único modo correto de sabê-lo é levar o sujeito
a fazer sua autobiografia. A narração da própria vida é o testemunho mais eloqüente
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
dos modos que a pessoa tem de lembrar" (In: Neila Ribeiro, 2005, p.6).
Manter a cultura viva passa pelo contar nossas histórias e, segundo, Benjamin:
"Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as
histórias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece
enquanto houve a história" (Benjamim , 1999, vol. I, p. 205). Para as culturas afrobrasileiras, educar e formar são práticas ancestrais, e não são exclusividade da escola.
Entretanto, cabe à escola reconhecer a diversidade de formação da nação brasileira
e de seus/suas estudantes. Por isso, é fundamental pensar na memória e na história
também a partir das matrizes afro-brasileiras.
Reflexões sobre o tema:
• Que conceitos de aprendizagem você utiliza em sua prática pedagógica?
• Que concepções de avaliação são importantes para sua prática docente?
• Quais relações podemos estabelecer entre educação, cultura e memória?
• Que metodologias de trabalho em sala de aula seriam mais adequadas para
que os/as estudantes sejam ativos nos seus processos de aprendizagem?
• Como você organiza o processo de avaliação de sua turma? Quais são os
modelos utilizados? Que registros você cria?
• Pesquise nos planos de aula colocados à sua disposição na terceira sessão
deste livro estratégias de metodologia e avaliação que poderiam lhe auxiliar na
prática docente.
Referências
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. vol 1, Magia, Técnica, Arte e Política.
Ensaio sobre literatura e história da Cultura, Pequena história da fotografia. A
Obra de Arte na era de sua reprodutibilidade técnica, O narrador. 3ª ed. São
Paulo: Brasiliense, 1999.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1988.
MEC/SECAD. Orientações e Ações para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade / Ministério da Educação, 2006.
RIBEIRO, Álvaro S. T. Educação Libertadora. Uma práxis (ainda) possível? In
Revista de Pedagogia. Ano 3, nº 6. Brasília: UnB, 2002.
RIBEIRO, Neila M. T. Reflexões a cerca da relação entre: memória,
apropriação, fotografia digital, pintura e objeto. Monografia (TCC). Brasília:
UnB/IdA, 2005.
139
140
A construção do projeto político-pedagógico
A construção do projeto
político-pedagógico: a partir
de uma concepção participativa,
dialógica e democrática
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
O coletivo é um organismo social vivo e, por isso
mesmo, possui órgãos, atribuições, responsabilidades
correlações e interdependência entre as partes. Se tudo
isso não existe, não há coletivo, há uma simples
multidão, uma concentração de indivíduos.
Anton S. Makarenko
O Projeto Político-Pedagógico deve ser a culminância de um trabalho coletivo,
democrático, dialógico e participativo. Sabemos que não é fácil mobilizar a
comunidade educativa para planejar suas ações, discutir e buscar soluções para seus
problemas. Devemos considerar que o princípio da diversidade vale também para as
questões do planejamento, portanto, não pretendemos estabelecer um caminho
único para a realização do planejamento do PPP. São sugestões para serem
desenvolvidas nas escolas.
Para a construção do PPP, é necessário que a escola se organize coletivamente.
Deverão ser montadas equipes de trabalho com a participação de todos os
segmentos (direção, professores, funcionários, estudantes, pais e comunidade em
geral). É fundamental que se constitua uma equipe coordenadora, com
representação dos diversos grupos. O PPP não deve ser fruto de encomenda a algum
especialista, mas sim, fruto da ação coletiva da comunidade educativa. É importante
que a Equipe de Coordenação se capacite para o desenvolvimento da metodologia
a ser utilizada.
Lembre-se! Uma das etapas mais importantes no processo de construção do PPP
é a da mobilização da comunidade. A participação do maior número de pessoas será
significativa para a construção de um bom projeto. Para garantir a participação é
necessária uma metodologia adequada. A problematização pode ser o ponto de
partida para as investigações. As perguntas feitas ao longo do curso poderão balizar
o trabalho da escola. Pode-se instituir uma Equipe de Elaboração, que ficará
responsável pela sistematização dos trabalhos. Não adianta tentar construir um
plano no final do ano, ou na semana pedagógica, pois serão necessários alguns
meses para a concretização de todas as etapas (de 3 a 6 meses).
Passada a fase de mobilização e organização geral, deve-se partir para a
construção dos Marcos fundamentais ou referenciais. Eles se dividem em três: Marco
Situacional, Marco Conceitual e Marco Operacional. Nesses marcos, a escola irá
colocar seus sonhos, necessidades, posicionamentos, enfim, explicitará a direção que
quer seguir. Algumas perguntas poderão ser úteis nesta etapa do trabalho, outras
deverão ser construídas.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Marco Situacional:
Questões de cunho mais geral
Como compreendemos a sociedade atual?
Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar?
Qual o papel da escola?
A quem ela serve?
Que experiências ela propicia ao/à estudante?
Questões de cunho mais específico
Qual é a importância das relações étnico-raciais na sua escola?
Como esse tema é abordado no cotidiano escolar?
Em sua matéria, há espaço para essa discussão?
A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnicoracial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola?
Como trabalhar os temas relacionados à história e cultura afro-brasileira e
africana de modo adequado no currículo?
Marco Conceitual
Questões de cunho mais geral
Que concepção temos de educação?
Que concepções temos de escola?
Que concepção temos de gestão?
Que concepção temos de currículo?
Que concepção de ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias para
atingir o que pretendemos?
Questões de cunho mais específico
O que pensamos sobre racismo e preconceito?
Que ensinamentos as sociedades africanas nos apresentam?
É possível construir uma outra visão (outro olhar) sobre a história da
humanidade?
Marco Operacional
Questões de cunho mais geral
Quais as decisões de operacionalização?
Como redimensionar a organização do trabalho pedagógico?
Que tipo de gestão é adequada à escola?
Questões de cunho mais específico
Que impacto curricular teria o estudo da história da humanidade a partir da
história africana?
O ensino de geografia e história da África é condizente com o papel do
continente africano na história mundial?
141
142
A construção do projeto político-pedagógico
As línguas africanas, como as de origem banto, têm forte presença no português
falado no Brasil. Fatos como esse têm visibilidade nas aulas de língua portuguesa?
Devemos continuar a construir currículos eurocêntricos?
A partir da elaboração das questões, é construído um roteiro de investigação. A
coleta dos dados pode ser realizada por meio de entrevistas individuais ou em
encontros com os diversos segmentos. Após a coleta dos dados deve-se sistematizar
as respostas, pois, elas serão a base para a construção do PPP. A sistematização das
respostas aos questionamentos iniciais deverá vir à plenária da comunidade
educativa, para que seja discutida e finalizada a construção dos marcos referenciais.
Finalizada a construção dos marcos referenciais, passe-se para a construção do
Diagnóstico. Retrato da realidade e do contexto onde está inserida a instituição,
destacando até que ponto a instituição está contribuindo ou poderá contribuir com
mudanças na realidade/contexto em que está inserida. Quais as necessidades e
prioridades da comunidade educacional.
É fundamental a construção de perguntas que dêem conta dos problemas e as
potencialidades da comunidade. Mais uma vez, pergunta-se à comunidade,
sistematizam-se as respostas e elabora-se um texto para ser apreciado pela
comunidade. Aprovado o texto, parte-se para a próxima etapa.
A próxima fase é a da Programação. É o momento da construção do projeto
propriamente dito. É a hora da definição dos objetivos (gerais e específicos), das
estratégias de ação e do currículo. Uma vez mais, os segmentos da comunidade
serão ouvidos. Elabora-se um texto. Apresenta-se esse texto à plenária para
aprovação ou reconstrução. Dessa forma, mais do que um instrumento poderoso na
construção de uma escola democrática, estaremos constituindo um espaço de
participação e diálogo permanente da comunidade educativa.
Reflexões sobre o tema
• Por que é importante para uma instituição de ensino a elaboração de um
projeto educacional?
• Como têm sido conduzidas as ações de planejamento na sua instituição escolar?
• Quais as dificuldades principais que precisam ser enfrentadas para viabilizar
este processo?
• De que maneira a comunidade escolar tem pensado e vivenciado a temática
das Relações Étnico-Raciais e a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana?
Referências
BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004 Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana.
GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1994.
GEMERASCA, Maristela P. e GANDIM, Danilo. Planejamento participativo na
escola. O que é e como se faz. São Paulo: Loyola, s/d.
Seção IV
Planos de aula
144
Planos de aula
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
INTRODUÇÃO
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro
Não há saber mais ou menos, há saberes diferentes
Paulo Freire
Esta sessão objetiva apresentar sugestões para os(as) professores(as) construírem
sua ação pedagógica, com foco na construção de uma educação mais equânime.
Nestas sugestões a equipe de trabalho selecionou sessenta Planos de Aula, que
foram construídos pelos/as participantes da primeira fase do curso de capacitação de
professores(as), no âmbito do Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais Aplicando a Lei 10.639/2003, realizados entre 2004 e 2007. Também, apresentamos
sugestões de materiais didáticos para uso em sala, bem como para a formação
dos(as) docentes. São sugestões de filmes, livros e sítios virtuais, músicas e outras
indicações que podem contribuir com a prática docente voltada à construção de
uma educação das relações étnico-raciais e da história e cultura afro-brasileira e
africana.
A construção de uma escola transformadora passa necessariamente pela
construção de currículos capazes de promover relações identitárias no seio
comunidade escolar. É no currículo escolar que se pode desenvolver, segundo Glória
Moura, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas
identidades que integram a identidade do povo brasileiro, um currículo em que o
aluno conheça suas origens e a se reconhecer como brasileiro.
O currículo deve valorizar olhares plurais. Pois, é na pluralidade dos olhares que
os estudantes podem reconhecer-se como ser, com identidade diversa. Portanto, a
discussão sobre os currículos escolares deve incluir um olhar diversificado sobre a
história e cultura de nosso país e de nossas origens, superando a visão eurocêntrica
que dominam nossos currículos.
Neste sentido, a sala de aula é, em última e primeira instância, o local privilegiado
desta construção curricular. Portanto, o Plano de Aula deve ser o instrumento de
organização deste espaço, assim como, o que oportunizará a efetiva inserção dos
objetivos e ações propugnados nos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas. Assim
sendo, os mesmos apresentam-se como um caminho para o desenvolvimento de
atividades pedagógicas que procurem, não só conscientizar, como promover
relações de aceitação e convívio baseados em uma prática que seja construída na e
pela diversidade, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantes e da
comunidade na qual a escola está envolvida.
Por isso, os Planos selecionados apresentam como principal característica uma
abordagem inter e, até mesmo, transdisciplinar, da temática das relações étnicoraciais, o que possibilita uma maior integração do tema ao desenvolvimento dos
currículos escolares. Simbolizam o resultado do esforço de educadores e educadoras
em construir, no espaço da sala de aula, conhecimentos necessários para a
valorização da história e cultura africana e negra no Brasil. Os mesmos apresentam,
também, como características: a diversidade de séries e disciplinas; abrangência da
145
146
Planos de aula
temática; objetividade na organização do plano; coerência entre tema, objetivos,
habilidades e procedimentos. Dentre os mais de cinco mil Planos de Aulas
produzidos pelos cursistas, apenas sessenta estão sendo publicados, por uma
compreensiva limitação de páginas desta publicação. Temos a certeza de que eles
poderão ser muito úteis, assim como os demais que não foram, ainda, publicados.
Outra importante dimensão dessa sessão são as contribuições com materiais de
diversas linguagens para serem utilizados em sala e no processo contínuo de
formação dos(as) educadores(as). Estão presentes nessa seção, sugestões de filmes,
livros, endereços virtuais, dentre outros, que, por desenvolverem a temática das
relações étnico-raciais e temáticas afins, poderão auxiliar na construção das práticas
pedagógicas que abarquem as dimensões dispostas na Lei 10.639/2003. Esperamos
que esses subsídios auxiliem nesse importante processo de construção uma escola
que busque cada vez mais oportunizar ao educando ser sujeito ativo de seu
conhecimento, construindo-o e reconstruindo-o, na medida de sua curiosidade,
oportunidade e necessidade. Do mesmo modo, esperamos que essa seção ofereça
aos professores e professoras elementos de qualidade para fortalecê-los(as) como
agentes neste processo de construção do conhecimento e para que possam, desse
modo, contribuir para que a sala de aula seja um espaço de criação de relações mais
igualitárias.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Planos educação básica
Educação Infantil e Ensino Fundamental (1 ao 5 ano)
Plano 1
Autor(a):
Rosângela Maria Moreira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil "
Tema:
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Titulo:
A imagem negra na cultura brasileira
Publico Alvo:Ed. Inf. - 1° Ano Disciplinas: História, Sociologia
Objetivos:
Desenvolver a compreensão para reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-as e
enriquecendo a construção de identidades positivas.
Conceitos:
Identidade; Valores Sociais; Manifestação de sentimentos, idéias e opiniões, Narração de fatos
(Referências); Estilo de vida; Normas sociais e convenções necessárias para o convívio entre as pessoas
Habilidades:
- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações
- De se adaptar - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De se adaptar - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar
- De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De identificar problemas - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever
Valores: Solidariedade; Respeito; Justiça; Diálogo; Cooperação
Recursos Didáticos:
Imagens de famílias negras, profissionais negros, políticos, escritores e cientistas negros, textos com
histórias em que aparecem negros vivendo situações cotidianas, músicas, paródias, cantigas de roda,
danças populares e filmes com referências negras.
Procedimentos:
1º: Selecionar previamente, materiais sobre o assunto - cartazes, vídeos, fotos, livros, revistas, jornais;
2º: Garantir, sempre que possível, o trabalho em grupos, para que os alunos possam ser parceiros de fato,
colocando em jogo os saberes individuais, tanto nas atividades de escrita como nas de leitura;
3º: Pedir às crianças que falem sobre semelhanças e diferenças encontradas quanto a idade, tamanho,
peso, gênero, altura e estrutura física;
4º: Observar, identificar e descrever as características diferenciadas em sala de aula;
5º: Trabalhar com as crianças as noções de antes e depois de um marco significativo, a noção de geração
criança, pais, avós, bisavós.
6º: Desenhar, pintar, colar, recortar figuras do seu cotidiano;
7º: Promover freqüentemente leituras de pequenos textos, livros de histórias e vídeos relacionados a cultura
negra;
147
148
Planos de aula
8º: Incentivar a análise dos alunos da estrutura da história mediante perguntas;
9º: Solicitar que as crianças identifiquem os valores expressos nas músicas, nos filmes, nos textos lidos;
10º: Pedir para as crianças contarem a sua história de vida;
11º: Ouvir músicas e aprender a letra;
12º: Participar dos grupos das cantigas de roda e danças;
13º: Ouvir e respeitar idéias dos colegas;
14º: Interpretar e relacionar os textos de acordo com o contexto no qual estão inseridos;
15º: Fazer releitura das imagens de referência negra;
16º: Produzir pequenos textos;
17º: Pedir para que os alunos montem um painel de todo conhecimento produzido ao longo do
trabalho e expor na Semana da Consciência Negra ou em outra data significativa para a escola.
Link: www.ipea.gov.br;www.ceert.gov.br;www.palmares.gov.br;
Observações:
No 1ª ano, o professor alfabetizador deverá:
1- trabalhar coletivamente de forma produtiva; 2- intensificar as práticas de leitura e escrita; 3utilizar instrumentos funcionais de registro do desempenho e evolução dos alunos e de
documentação do trabalho pedagógico; 4- reconhecer que há atos inteligentes por trás das
escritas dos alunos que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente; 5- encarar os alunos
como pessoas que precisam ter sucesso em suas aprendizagens para se desenvolver
pessoalmente e para ter uma imagem positiva si mesmos; 6- avaliar o desempenho do aluno no
processo, utilizando instrumentos e técnicas variadas.
Referências Bibliográficas:
- Parâmetros Curriculares Nacionais - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual-1ª a 4ª ANO,1997
- Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa - 1ª a 4ªano, 1997
- Chagas, Conceição Corrêa das Negro - uma identidade em construção: dificuldades e
possibilidades. Petrópolis: Vozes, 1997
- MEC - Coletâneas de Textos - Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2002
- Revista Professor, 2000, 2003, 2004
Plano 2
Autor(a):
Terezinha Maria Inácio Alves Caetano
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Titulo:
Mama África
Público Alvo:
Ens. Fund. - 2º Ano
Disciplinas: todas as áreas
Objetivos:
Despertar o interesse dos/as alunos/as para a questão racial, nos dias de hoje.
Promover a elevação da auto estima.
Conceitos:
Racismo; Beleza; Liberdade
Habilidades :
- De questionar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De realizar tarefas
- De escrever
Valores:
Respeito; Solidariedade; Justiça; Amor; Trabalho; Fé.
Recursos Didáticos: Imagens, Microsistem, retroprojetor, livros, revistas , jornais, vídeos
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Procedimentos:
Iniciar as atividades com exibição do filme "Kiriku e a feiticeira". Após realizar um comentário do
filme, anotar as observações dos alunos, referentes ao que mais gostaram, o que chamou mais
atenção, que mensagens você percebeu, qual personagens mais gostou, a imagens mais
significativa, os valores, étnicos, morais e éticos observados. Após conversa sobre o filme,
apresentar aos alunos imagens do mapa mundi, identificando o continente "África",
relacionando-o ao filme. Propor recorte de jornais e revistas, montando um mural sobre as
crianças negras e como elas vivem. Ouvir a música "Mama África" criando uma coreografia para
apresentação aos outros colegas.
Observações:
Ao trabalhar com crianças, na faixa etária de 7 anos, percebe-se como são criativos e adoram
conhecer coisas novas. Se interessam por pesquisas, assuntos interessantes com ajuda do
professor. As atividades não podem ser extensas, facilitando o desinteresse. Variar diariamente,
dosando músicas, filmes, recortes,e desenhos.
Referências Bibliográficas:
- CALSAVA, Kátia, São Paulo: Folha de São paulo, 25 de agosto,2001 - Página 25
- Video Kiriku e a feiticeira
- Música Chico César "Mama África"
Plano 3
Autor(a):
Wanessa de Castro
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Titulo:
Africanidades
Publico Alvo:
Ens. Fund. - 3º Ano
Disciplinas : Todas as áreas
Objetivos:
OBJETIVO GERAL:
Desenvolver a percepção para a importância da música africana e afrobrasileira na formação do
povo brasileiro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Reconhecer ritmos brasileiros advindos das raízes africanas; Identificar a importância da música
da formação moral e ética dos indivíduos e das coletividades; Promover a valorização dos ritmos
que fazem parte da cultura do povo brasileiro.
Conceitos:
- Diversidade artística e cultural; Auto-estima; Música na formação social de indivíduos e
coletivos.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De reter e memorizar
- De encantar
- De se adaptar
- De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
149
150
Planos de aula
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo
- De perceber o pequeno e o local
- De criar produtos e artefatos
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Respeito; Reconhecimento; Convivência; Valorização do outro.
Recursos Didáticos:
1. Aparelho de som; 2. CD's; 3. Letras das músicas; 4. Fotos relacionadas às músicas e/ou aos
compositores/cantores; 5. Papel ofício e cartolina; 6. Lápis de cor, giz de cera e/ou tintas diversas; 7.
Revistas e jornais; 8. Instrumentos musicais disponíveis: pandeiro, meia lua, ganzá, tumbadora, violão.
Procedimentos:
Detalhamento dos procedimentos:
1. Pedir às crianças que tragam de suas casas CD's de músicas que eles gostem ou achem
interessantes, curiosos, etc.; 2. Selecionar algumas músicas dentre as trazidas pelas crianças para
serem analisadas (uma ou duas a cada dia para não ficar muito cansativo) de modo que abordem
o tema ou os ritmos em questão; 3.Fazer uma análise contextual das músicas, questionando sobre:
a. O que acham que fala a música; b. Por que o autor tratou desse assunto; c. O que o assunto tem
a ver com nossa comunidade e com cada um da turma; d. Qual a importância do assunto tratado
na música; e. Como se sentiriam se elas fossem as pessoas sobre as quais falava a música; f. E daí
por diante, fazendo o encaminhamento das questões e tentando sempre mostrar a importância da
valorização das manifestações culturais e artísticas; 4. Discutir sobre os cantores e autores das
músicas: como eles são, como vivem, se são valorizados ou não e por quê, a importância de se
valorizar a música brasileira, etc. 5. Pedir que as crianças desenhem e pintem o que compreenderam
da música que ouviram (lembrando que é ou duas em cada dia); 6. Em outro momento pedir que
identifiquem em fotos de jornais e revistas as situações que estavam retratadas na música; 7. Ou
identificar nos jornais e revistas pessoais parecidas com os cantores/compositores das músicas; 8.
Selecionar, a partir de discussão com as crianças, uma música dentre as trabalhadas, para juntos
cantarmos e apresentarmos a toda escola no próximo evento coletivo; 9. Pesquisar sobre a vida dos
autores e cantores da música escolhida; 10. Ensaiar a música escolhida utilizando os instrumentos
disponíveis; 11. Apresentar à escola a música ensaiada bem como um pouco da história da música
e dos autores e cantores.
Materiais de Apoio:
Link: http://www.papodesamba.com.br/site/index.php?a=galeriadebambas&pg=3
Link: http://www.dancandoparanaodancar.org.br/root/root_br/index.htm
Link: http://www.afroreggae.org.br/
Link: http://www.meninosdomorumbi.org.br/frames/principal.html
Link: http://www.batala.com.br/
Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba
Observações:
O plano de aula pode ser aplicado para qualquer ano, podendo ser adaptado a cada idade dos
alunos envolvidos.Além disso, pode-se aprofundar o plano e torná-lo em um projeto que pode
ser desenvolvido durante todo o ano.
Referências Bibliográficas:
Foram consultados apenas os sites sugeridos pelo curso e aqueles que acrescentei nos materiais de
apoio.
Plano 4
Autor(a):
Elaine Gislei Camargo de Oliveira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 2 - Recontando a História da África
Titulo:
História em construção
Público Alvo:
Ens. Fund. - 1ª Série/2º Ano
Disciplinas: 1ª Série/2º Ano
Objetivos:
Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver a
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
habilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação e
registros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade.
Objetivos:
Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver a
habilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação e
registros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade.
Conceitos:
Identidade; Preconceito; Discriminação social; Igualdade; Afro-descendência.
Habilidades:
- De questionar
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De encantar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De falar
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De realizar tarefas
- De escrever
Valores:
Morais; Éticos; Culturais; Familiares; Sociais.
Recursos Didáticos:
Mapa Mundi; Revista Nova Escola On-Line (Animação, África Berçoddq Humanidade e do
Conhecimento); Livro Ilê Ifê, O Sonho de Do Aiô Afonjá; www.acordacultura.org.br; Sucatas
Procedimentos:
Detalhamento dos procedimentos:
1ª Etapa: Reunir todos na roda de conversas, fale que cada pessoa constrói o seu modo próprio
de ser, viver e conviver, e que isto é a sua identidade. Fale também das relações entre as pessoas,
na família e em sociedade. Questione-os sobre seus conhecimentos a respeito de preconceito,
descriminação e diversidade racial. 2ª Etapa: Levar as crianças à videoteca para assistirem ao
desenho animado - Kiriku e a feiticeira. E uma história que relata a coragem, a curiosidade e a
astúcia sobre uma comunidade subjugada por uma terrível feiticeira. Kiriku, um menino que
nasceu para lutar e combater o mal enfrenta o poder da Karabá, a feiticeira maldosa e seus
guardiões. Kiriku aprende em sua luta que a origem de tanta maldade é o sofrimento e só a
verdade, o amor, a generosidade e a tolerância, aliados à inteligência, são capazes de vencer a
dor e as diferenças. 3ª Etapa: Após leve as crianças para a sala e comece a contar a história do
tráfico de negros vindos da África para o Brasil, mostre mapas deixe a criança visualizar e após
questionar, problematize as questões levantadas pelas crianças, coloque-se como um
interlocutor interessado nas opiniões delas. 4ª Etapa: Divida a turma em grupos e ajude-os a
organizarem murais e maquetes. Registre a opiniões deles levante hipóteses. 5ª Etapa: Analise
com a turma os registros e debata as hipóteses, anote tudo e crie um texto ou livro e peça aos
alunos que ilustrem a história que elas criança. 6ª Etapa: Faça uma exposição dos trabalhos e
convide os pais para verem as criações realizadas por seus filhos. Incentivando os alunos a
relatarem os conhecimentos adquiridos.
Materiais de Apoio:
Link: http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml
Link: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm
Link: www.acordacultura.com
Observações:
Observe em brincadeiras como esta a auto-imagem das crianças, verifique se elas valorizam suas
origens e a diversidad. Convide os pais para participarem das atividades.
Referências Bibliográficas:
- http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml
- http://www.africa-turismo.com/mapas.htm
- http://www.weshow.com/br/p/21909/colonizacao_europeia_da_africa
- http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm
- www.acordacultura.comEstes sites tem um vasto material a ser utilizado em sala de aula.
Este material prende a atenção do aluno por suas riquezas de detalhes.
151
152
Planos de aula
Plano 5
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Titulo:
Publico Alvo :
Ricardo Luiz da Silva Fernandes
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil
Quilombos do Estado do Rio de Janeiro, um novo ritmo social
Disciplinas : História, Português
Ens. Fund. - 5º Ano
e artes.
Objetivos :
Objetivo Geral:Possibilitar que os/as alunos/as tomem conhecimento do verdadeiro processo de
luta e resistência do povo negro a escravidão; Conhecer a luta por liberdade e o movimento
liderado por Zumbi dos Palmares. Possibilitar que um novo pensamento possa ser construído
sobre o povo negro dentro de nossa sociedade, para que os negros assumam suas raízes e se
façam parte da sociedade sem perder sua identidade cultural.
Objetivos específicos:: Enfatizar a presença das raízes africanas na sociedade brasileira;
Possibilitar o convívio com diferentes práticas culturais;Destacar a importância das lutas de
Zumbi e dos demais movimentos quilombolas para o povo negro e seus descendentes;
Compreender o que é, e quem é/foi herói na nossa sociedade no processo de libertação da
escravatura; Valorização o outro independente de seu grupo étnico; Desmistificar uma serie de
mitos perpetuados durante séculos pela sociedade brasileira. Proporcionar aos/ás alunos/as
possibilidades para atuar como agentes da luta pela igualdade dentro e fora de seu espaço
escolar.
Conceitos:
Visando trabalhar de forma multicultural, apresentaremos a possibilidade de trabalhar com a
história do movimento quilombola no Brasil, através de atividades que demonstrem a
importância e a relevância de Zumbi dos Palmares para a libertação do povo negro. Enfatizando
que no Brasil existiu muitos homens e mulheres que lutaram pela sua liberdade e pela liberdade
de seu povo. Conceber a comunidade quilombola como comunidade que faz parte da
construção da sociedade brasileira e da luta e resistência do povo negro.Estudar sobre os
costumes e a sabedoria dos quilombos.Utilizar contos africanos e brasileiros, poesia, música e
danças para que o projeto seja trabalhado através de diversas linguagens. Reunindo junto com
os/as estudantes o maior numero de informações possíveis para a elevação da auto-estima dos
afros-descendentes.
Habilidades :
- De questionar
- De criar
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De encantar
- De estar atento
- De organização e articulação
- De conviver com a diversidade
- De convencer
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo
- De criar produtos e artefatos
- De usar tecnologias
- De criar tecnologias
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores :
Entender o processo de luta e resistência do povo negro, por meio de história e relatos dos
quilombos brasileiros; Sendo o conhecimento uma construção sócio-histórica produzida
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
diferentemente em cada grupo étnico e cultural, entendemos, que cada um tem um modo
próprio de ver e entender o mundo. Rezadeiras, jongo, congo, religiões afro, brincadeiras de
roda, agricultura natural voltada para o respeito da natureza. Tudo Isso está presente na
construção do movimento quilombola. Marcos de revolução e organização política, os
quilombos brasileiros sempre estiveram numa luta cotidiana, a luta pela liberdade. No período
colonial, as comunidades se organizavam para vencer as forças militares que tentavam apagar
sua força para evitar a desmoralização política do sistema político implantado.Os afro-brasileiros
precisam re-aprender a quebrar as regras impostas pelo poder, assumindo suas praticas culturais
dentro das escolas, onde os/as alunos/as possam aprender sobre os heróis negros, a cultura
africana, da vida dos trabalhadores escravos, das revoltas lideradas pelos quilombolas, e tudo o
que posso apoderar mais os negros e negras.
Recursos Didáticos:
Todas as atividades precisarão dos seguintes recursos: o material para impressão de informativos
Tintas, pinceis, pano e papel cartolina; Câmera digitalo Gravador digitalo Filmadora; Data show
Laptop
Procedimentos:
Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimento
quilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisar
na Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. E
em seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobre
Zumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola.
Materiais de Apoio:
Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimento
quilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisar
na Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. E
em seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobre
Zumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola.
Link: http://www.youtube.com/watch?v=QFuyx8gtI40
Observações:
Essa idéia de igualdade e de identidade brasileira esteve presente também no campo político e foi um
dos combustíveis do Getulismo. Modelo político que se apropriou das práticas populares para facilitar
sua dominação e calar manifestações contrarias aos seus ideais.Outro fator importante é o papel do
marketing e da construção de projetos divulgadores desse mito. A mídia brasileira, até hoje veicula
essa idéia, que é abordada em novelas, seriados, filmes, revistas e jornais. Um grande defensor dessa
teoria é o jornalista Ali Kamel, que lançou o livro: "Não somos racistas". Que discute e defende a
igualdade racial presente dentro das relações sociais brasileiras. Essas ações foram e ainda são
responsáveis pela inclusão desse conceito no imaginário coletivo.Assim, negros e índios viveram e
ainda vivem sobre essa identidade homogenia, fato que desmobilizou, dificultando a organização de
bandeiras de luta que lutassem por interesses de seus grupos raciais. A construção do projeto
educacional brasileiro ainda vive sobre a égide da democracia racial. A formação dos educadores e as
diretrizes educacionais não conseguem aprofundar as relações raciais presentes no contexto brasileiro.
Relações que foram influenciadas pelas construções históricas, que possuem total ligação com o viés
econômico e que estão totalmente conectados com a manutenção das estruturas de poder.Nesse
sentido, não pode deixar de estar presente nesses questionamentos abordagem relativas à identidade
brasileira sem ter como referência a estrutura de poder vigente. Não podemos deixar de lado as
seguintes questões quando pensamos na democracia racial: que grupos de beneficiaram dessa
mentalidade homogenizadora? Que caminhos foram percorridos para a efetivação desse conceito? E
que grupos tiveram suas identidades culturais omitidas? As elites brasileiras se apropriaram das
relações sociais e culturas para efetivarem suas relações de poder sobre a massa. Assim, a identidade
brasileira teria a função de integrar o povo, construir um senso de igualdade e facilitar as imposições.
Mesmo depois da abolição da escravatura o que vigora no discurso da população é uma idéia
depreciativa da cultura tradicional e as escolas reproduzem esses preconceitos, pois abordam de
forma distanciada e superficial os conhecimentos populares, ignorando o conhecimento que os
alunos constroem durante toda sua vida através de interações sociais.O processo educativo deve se
apropriar dessas informações e utilizar esse campo como um meio de discussão sobre a identidade
cultural e implementar um ensino multicultural. Pautado na diversidade e que aborde cotidianamente
as diferentes matrizes que originaram a população brasileira. Como indicado por Laraia (1997) "O
modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos
153
154
Planos de aula
sociais e mesmo posturas corporais são assim produtos de uma herança
produtos de uma herança cultural". (p.71).Abordar a identidade negra possibilita aos educandos
um contato com sua cultura, com a historia de seus ascendentes e assim favorece o autoconhecimento. Por exemplo, todos compreendemos que nossa língua é formada pela junção de
vários idiomas e que cada um teve uma participação fundamental e importante. Mas, nos
bancos escolares é discutida a importância dos dialetos africanos para a nossa língua? Você
pode citar alguma palavra que venha dessa unção? Dessa maneira, mostrar o significado dos
cantos afros como expressão de liberdade é fundamental para compreender a construção da
diversidade brasileira e manutenção de uma identidade negra.
Referências Bibliográficas:
- BAKTIN, M. (1992). Marxismo e filosofia da linguagem. (6ª ed.). São Paulo: Hucitec.Brasil: pne
verso reverso. (2001). Rio de Janeiro: Folha Dirigida.
- CASCUDO, L. C. (2001). Made in Africa. São Paulo: Global.
- CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Cortez, 1991.
- COOPER, F. (2005). Além da escravidão. Rio de janeiro: Civilização brasileira.Educação indígena:
parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. (1999). Brasília, DC: MEC.
- FOUCAULT, M. (1977). Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes.
- FOUCAULT, M. (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.
- GEERTZ, C. (1978). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar.
- KARASCH, M. C. (1943). A vida dos escravos no Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia das
letras.
- MACHADO, A. (1988). A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense.
- MOREIRA, A. F. B. (2004). O pensamento de Foucault e suas contribuições para a educação.
Educação Sociedade, 25(87), Recuperado em: 03 novembro, 2006.
- MUNANGA Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. SECAD/MEC, 2005, p101-116.
- NASCIMENTO, A. (2002). O quilombismo. Rio de janeiro: OR.
- ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro. Uma proposta de
intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar, Mazza Edições, Belo
Horizonte, 2004.
Plano 6
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Titulo:
Publico Alvo:
Danielle Andrezza de Sousa
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Diversidades afro-brasileiras
Ens. Fund. - 3º Ano
Disciplinas: Plano
interdiciplinar, todas as áreas
Objetivos:
Identificar diferentes palavras de origem africana; Conhecer diversos estilos musicais relacionados a
cultura afro-brasileira;produzir frases e textos relacionados a cultura afro-brasileira; Selecionar na
biblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplem personagens afro-brasileiros;
Confeccionar cartazes com ilustrações referentes a cultura afro-brsileira; Apreciar apresentação de
capoeira, maculelê e de samba-de-roda e outros presentes ou não na comunidade; Conhecer a
biografia de Mestre Bimba e de Mestre Pastinha; Manusear instrumentos musicais como pandeiro,
berimbau e atabaque; Pesquisar os principais escultores afro-brasileiros; Reproduzir as principais
obras de escultores afro-brasileiros utilizando papel marchê; Compor músicas utilizando diversos
estilos musicais tais como samba, pagode, hip hop, reggae, rap e outros,Refletir sobre a importância
da cultura africana e afro-brasileira; Fazer e experimentar diversos pratos típicos da culinária de
origem africana; Promover a valorização da arte; Sensibilizar os alunos e as alunas de que todo
preconceito é prejudicial para a pessoa humana;
Conceitos:
Idiomas africano; Cultura africana; Capoeira; Respeito a diversidade; Direitos Humanos;
Escultores afro-brasileiros; Estilos musicais de origem africana; Culinária de origem africana;
Livros de literatura infantil com personagens afro-brasileiros.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De estratégias e idéias
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De reter e memorizar
- De encantar
- De se adaptar
- De estratégias e idéias
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo mundo das artes
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores :
Igualdade, Respeito, Responsabilidade, Solidariedade, Ética, humanidade
Procedimentos:
1º dia: Conversa informal sobre a cultura afro-brasileira e questionamentos.o Confecção
de
cartazes com ilustrações referentes à cultura afro-brasileira. Reflexão e sensibilização sobre a
importância da cultura africana e afro-brasileira. Assistir apresentação de capoeira, maculelê e
samba de roda. Participar de uma aula experimental de capoeira e depois ilustrar essa
experiência. Conhecer a biografia de mestre Bimba e de mestre Pastinha. 2º dia: Conhecer
diferentes estilos musicais relacionados à cultura afro-brasileira. (afoxé, jongo, lundu, maracatu,
maxixe, samba.); Conhecer também os músicos e compositores; Audição de músicas
relacionadas à cultura afro-brasileira e africana; Conhecer e manusear diferentes instrumentos
musicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Compor e parodiar músicas, em grupos, utilizando
diversos estilos musicais. 3º dia: Pesquisar na internet diferentes escultores e pintores afrobrasileiros e diferentes esculturas e obras de arte produzidas por afro-brasileiros. (Mestre
Valentim, Veríssimo de Freitas, Manoel da Cunha, Aleijadinho e Athayde) Pinturas (Estevão Silva,
Emanuel Zamor, Firmino Monteiro, Pinto Bandeira, os irmãos João e Artur Timóteo da Costa,
Benedito José Tobias); Reproduzir as principais obras de escultores afro-brasileiros utilizando
papel marche; Reproduzir as principais pinturas. 4º dia: Experimentar diversos pratos culinários
de origem africana, observar o preparo dos alimentos, aprender as receitas e confeccionar um
caderno de receitas. (vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha). 5º dia: Identificar
diferentes palavras de origem africana, que utilizamos cotidianamente. (Caçula, cafuné,
molambo, moleque, orixá, vatapá, abará, acarajé, bangüê, senzala, mocambo, maxixe, samba e
candomblé.); Leitura espontânea dos livros selecionados; Produção de frases e textos
relacionados à cultura afro-brasileira; Auto-avaliação.
Recursos Didáticos:
Computador; Enciclopédia; Dicionário; Dicionário Infantil ilustrado; Televisão; Aparelho de som;
CDs musicais; Aparelho de DVD; DVDs diversos, documentário da cultura africana e musicais;
Papel marchê; Cartolina; lápis; lápis de cor; giz de cêra; apontador; borracha; canetinha
155
156
Planos de aula
hidrocor; Instrumentos musicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Livros de literatura infantil;
Folders com ilustrações de esculturas; Caderno;folha de papel A4; Livros didáticos relacionados
ao tema; Tinta guachê; Cola colorida; Revistas; Tesoura; Cola; Ingredientes culinários;
Equipamentos de cozinha. RECURSOS HUMANOS: Grupo de capoeira, estudantes; Professora;
Professora de Informática; Merendeira; Bibliotecária. RECURSOS FÍSICOS: Sala de aula; Sala de
informática; Pátio da Escola; Biblioteca; Refeitório da Escola.
Materiais de Apoio:
Selecionar na biblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplem
personagens afro-brasileiros Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho); Érico Veríssimo (As
Aventuras do avião vermelho); Maria José Dupré (A montanha mágica e A ilha perdida); Viriato
Corrêa (Cazuza); Ziraldo (O menino Marrom); Geni Guimarães (A cor da ternura); Sônia Rosa (O
menino Nito); Célia Godoy (Ana e Ana); Marilda Castanha (Agbalá, um lugar-continente); Júlio
Emílio Braz (A menina que tinha o céu na boca); Heloísa Pires Lima (A semente que veio da África
); Bernardo Aibê (A ovelha negra); Sylviane A. Diouf (As tranças de Bintou); Raquel Coelho
(Berimbau); Gercilda de Almeida (Bruna e a Galinha D' Angola ); Rogério Andrade Barbosa
(Como as histórias se espalharam pelo mundo); Rogério Andrade Barbosa; (Duula, a mulher
canibal); Joel Rufino dos Santos; (Gosto de África - Histórias de lá e de cá) ; Rogério A. Barbosa
(Histórias Africanas para contar e recontar); Heloísa Pires Lima (Histórias da Preta); (Ifá, o
adivinho) Reginaldo Prandi; (Lendas Negras) Júlio Emílio Braz ; ( Menina bonita do laço de fita)
Ana Maria Machado;( O amigo do rei) Ruth Rocha; (O espelho dourado) Heloísa Pires Lima; (O
filho do vento) Rogério Andrade Barbosa;(Os reizinhos de Congo) Edimilson de Almeida Pereira;
( Que mundo maravilhoso!) Julius Lester e ( Tanto, tanto!) Tristh Cooke.
Observações:
Este plano de aula é abrangente nos aspectos das Diversidades Afro-brasileiras e busca promover
o conhecimento da Lei 10.639/03 para troca e discussões com outras professoras da escola; Por
esse motivo foi previsto muito mais que uma aula. Seus procedimentos são flexíveis, levando-se
em conta a realidade de cada turma. A duração desse plano de aula é de aproximadamente uma
semana. Alguns vídeos sobre a cultura e diversidade afro-brasileiras estão disponíveis no Setor
de Multimídias da Secretaria de Estado de Educação de Brasília/DF, e poderão ser exibidos, afim
de melhor compreensão do conteúdo. Atuando numa Escola Inclusiva, é importante lembrar
que alguns alunos/as necessitam de uma adaptação para realizar as atividades propostas. A
avaliação será processual.
Referências Bibliográficas:
- MENDONEA R. A influência africana no português do Brasil - 1973 - Civilização Brasileira.
- RAIMUNDO J. Elemento afro-negro na língua portuguesa - 1933 - Renascença Editorao.
- MELO GC. A língua do Brasil - Rio de Janeiro, Padrão, 1946.
- ELIA S. A unidade lingüística do Brasil - Padrão.
- FERREIRA CS. Remanescentes de um falar crioulo brasileiro - Revista Lusitana, 1969.
- CÂMARA JR JM. Línguas européias de ultramar: o português do Brasil - JM Dispersos. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio…, 1972.
- C VOGT, P FRY. Cafundó: A África no Brasil: linguagem e sociedade- Cia. das Letras, São PauloSP, 1996. - MACEDO D. Alfabetização, linguagem e ideologia - grupo de 2
- Educação Sociedade; SciELO Brasil.
- CABECINHAS R., L Cunha Colonialismo, identidade nacional e representações do negro, 2003
- GUSMÃO NMM. Os filhos de África em Portugal: Antropologia, multiculturalidade e educação,
grupo de 2, 2004.
- HANNERZ U. Os limites de nosso auto-retrato. Antropologia urbana e globalização - grupo de
2.- Mana, 1999 - SciELO Brasil
Plano 7
Autor(a):
Joelma de Souza Vieira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Quem sou eu? Qual minha origem?
Público Alvo:
Ens. Fund. - 1º Ano
Disciplinas: Interdiciplinar
Objetivos:
Conhecer, preservar divulgar a cultura afro-descendente; Reafirmar a auto-estima positiva da
população negra; Estimular atitudes de reconhecimento e identificação; Destacar a beleza negra
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
tanto cultural, quanto fisicamente.
Conceitos:
- Identidade; Memória; Cultura afro.
Habilidades:
- De questionar
- De trabalhar linguagens
- De estratégias e idéias
- De refletir sobre o acumulado
- De analisar e sintetizar
- De estratégias e idéias
- De estar atento
- De organização e articulação
- De falar
- De se organizar e organizar
- De trabalhar linguagens
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De ler e escrever
Valores:
Respeito à diferenças; Reconhecimento; Convivência
Procedimentos:
Confecção da árvore genealógica de cada aluno, pedir a cada um para trazer fotos de seus
familiares. Depois da montagem da árvore, observar e comentar a composição da mesma.
Leitura do livro MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA, de Ana Maria Machado. Comentário e
produção de texto sobre o livro.Desenho da menina do livro, levando em conta sua cor, saindo
dos desenhos "padrões" da escola, pintando sua pele.Trabalho sobre a identidade a partir da
música "Identidade" de Jorge Aragão.Construção de um painel com fotos de negros, em
situações positivas. Mostrar sua origem, usando o mapa da África. Comentar sobre o continente,
suas características e a herança que nos deu, principalmente na cultura (lendas, danças, comida).
Fazer um jogo da memória com palavras de origem africana para brincar com os alunos. Com a
música "Respeitem meus cabelos, brancos" (Chico César), discutir a beleza afro-descendente,
usando o painel e a partir daí, montar um salão de beleza, com desfile da BELEZA NEGRA para
valorizar e reafirmar a identidade dos afro-descendentes. Produzir um texto coletivo, falando a
importância dos negros como parte da sociedade e condenando o preconceito.
Recursos Didáticos:
Músicas: Respeitem meus cabelos, brancos (Chico Cesar); Identidade (Jorge Aragão). Livro:
Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado); Mapa da ÁfricaFotos das famílias dos/as
alunos/asMaterial de salão de beleza; Roupas diversas e coloridas; Cola; Tesoura; Papéis diversos;
Aparelho de som; Lápis de cor/ Lápis de cera.
Materiais de Apoio:
Link:
www.ceert.org.br
Observações:
Este plano foi utilizado numa turma de Período Intermediário do 1º Ciclo de Formação (1ª série),
horário integral.O trabalho foi produtivo, embora necessite de mais tempo para que os assuntos
desenvolvidos diminuam o preconceito e a negação do negro na sociedade.
Referências Bibliográficas:
- SAPÉ. Boletim... RJ: Rio de Janeiro, fev/1996.
- Site: A cor da cultura
- Revista Nova Escola
Plano 8
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Maria Aparecida dos Santos
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 10 - O Direito como instrumento de combate ao racismo
157
158
Planos de aula
Titulo:
Somos todos Iguais?
Público Alvo:
Disciplinas: Educação infantil
Ens. Fund. - 1º ano
Objetivos:
Conscientização das diferenças entre pessoas, mostrando que a diversidade não implica
inferioridade. Ensinar o que é preconceito e discriminação. Promover a auto-estima por meio do
auto-conhecimento e liberdade de expressão. Trabalhar noção de cidadania, igualdade de
direitos e deveres.Discutir e questionar preconceito étnico e racial, sexismo, discriminação e
exclusão. Conscientizar as crianças participantes da necessidade de compreender e respeitar a
diversidade étnico-racial, as diferenças físicas e de gênero, para a formação de uma sociedade
igualitária.
Conceitos:
Respeitar as diferenças; Preconceito de gênero; Preconceito racial étnico.
Habilidades:
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De conviver com transformações
- De identificação de problemas
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De identificar problemas
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Solidariedade; Respeito; Justiça; Responsabilidade
Recursos Didáticos:
Sugere atividades e abordagens, bem como leituras possíveis, para trabalhar o preconceito com
alunos desde a educação infantil até o ensino fundamental.Leitura de histórias, textos, notícias
que evidencie a amizade e respeitooObservação dos acontecimentos na própria salaoCartazes,
desenhos, teatro e dramatizações.
Procedimentos:
A aula ocorrerá a partir de um projeto mais amplo: "Projeto: Somos todos iguais?" de modo
abordar a nossa história através de poesia, arte,expressão corporal, teatro.Será desenvolvido
durante o ano letivo com maior ênfase no segundo semestre.AvaliaçãoSerá a partir de
mudanças de comportamento em relação ao grupo, aceitando as diferenças individuais.
Materiais de Apoio:
Link: www.somostodosiguais.com.br
Observações:
O preconceito e a discriminação são herança que a sociedade recebe e repassa num ciclo que
precisa ser quebrado.Atitudes de discriminação e injustiças permeiam todos níveis sociais.Daí a
importância deste tema ser trabalhados desde a educação infantil.
Referências Bibliográficas:
Orientações dos PCN - temas transversais, mais especificamente: ética e pluralidade cultural.
Sugestões de leitura: Homem não chora, de Flávio de Souza. FTD.
Plano 09
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Clever Alves Machado
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Rompendo com o preconceito e a discriminação racial na creche
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Público Alvo:
Disciplinas: Todas as áreas
Educação Infantil. - 1º Ano
Objetivos:
Abordar e romper com o preconceito e a discriminação racial na Creche sem criar nenhum
choque entre as crianças, ajudando-as a compreender as diferenças entre os seres como uma
riqueza, algo positivo, um valor, permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida das
mesmas.
Conceitos:
Compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor,
permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida das mesmas
Habilidades:
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De identificação de problemas
- De encantar
- De se adaptar
- De estar atento
- De conviver com a diversidade
- De conviver com transformações
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De perceber a interioridade humana
- De adaptar tecnologias
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Solidariedade, respeito, justiça, igualdade, auto-estima, amor ao próximo
Recursos Didáticos:
Filmes, livros, textos, revistas
Procedimentos:
Reuniões de envolvimento e sensibilização das famílias, membros da diretoria e demais funcionários
da creche; Diálogos participativos; Desenhos; Recortes e colagens de figuras; Contatos com flores e
animais; Leitura de livro; Contação de histórias; AVALIAÇÃO: Avaliar durante as atividades:
estimulando, orientando e desafiando as crianças; Registrar os avanços da turma, de uma forma
geral, e individualmente, de cada criança. Desta forma acompanhando o desenvolvimento das
crianças.
Observações:
Lamentavelmente no interior das instituições de Educação Infantil, são inúmeras as situações
nas quais as crianças negras desde pequenas são alvo de atitudes preconceituosas e racistas por
parte dos profissionais da educação quanto dos próprios colegas e seus familiares. A
discriminação vivenciada cotidianamente compromete a socialização e interação tanto das
crianças negras quanto das brancas, mas produze desigualdades para as crianças negras, à
medida que interferem nos seus processos de constituição de identidade, de socialização e de
aprendizagem. Propomos com este plano de aula: abordar e romper com o preconceito e a
discriminação racial na Creche sem criar nenhum choque entre as crianças, ajudando-as a
compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor por meio
do lúdico, pesquisas, levantamentos, assim como do contato com os familiares das crianças,
para permitir maior conhecimento da história de vida das mesmas.
Referências Bibliográficas:
- MLPC. Sou preto da linda cor. Uma proposta metodológica de combate ao racismo na
Educação Infantil. Cartilha. Belo Horizonte, 2001.
- BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD,
2006.
- MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. Editora Ática, 4ª edição, 1999.
159
160
Planos de aula
Plano 10
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Maria Regina dos Santos Silva
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil
Todos nós temos uma história
Ens. Fund. - 4ª Série/5° Ano
Disciplinas: Ens. Fund. 4ª Série/
5°Ano:Língua portuguesa
Geografia, História, Artes,
Literatura
Objetivos:
Conhecer e valorizar alguns aspectos e legados dos povos africanos para a humanidade,
posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; Ler/ouvir e
compreender histórias sobre diversidade e também a biografia do herói africano Zumbi dos
Palmares;Reconhecer as marcas típicas de uma biografia;Planejar para produzir sua
autobiografia; Compreender a cidadania por meio do conhecimento de sua identidade
sociocultural, expressando a percepção que tem de si, dos lugares onde vive e dos grupos dos
quais faz parte;Adotar, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às
injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Utilizar o diálogo como
forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.
Conceitos:
Conhecer as histórias dos povos africanos, bem como suas contribuições para o povo brasileiro;
Entender a importância da cidadania e respeito ao outro.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De se adaptar
- De identificação de problemas
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De estar atento
- De identificar problemas
- De perceber a interioridade humana
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Respeitar e valorizar a diversidade cultural do povo brasileiro; Valorizar as contribuições trazidas
pelo povo negro; Participar das atividades em grupo, expondo suas opiniões, ouvindo os colegas
e tomando decisões conjuntas e respeitando pontos de vista diferentes do seu.
Recursos Didáticos:
Livros didáticos, biografia de Zumbi, HQ sobre Zumbi (Dia da Consciência Negra), Revista Nova
Escola-nov/2005, mapa mundi, livros de histórias sobre diversidade, computador, enciclopédias,
figuras, lápis de cor, canetinhas, canetões, lápis grafite, borracha, apontador, folhas sulfite e
pautadas, lousa e giz.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Procedimentos:
1) Em roda, conversar com os alunos, apresentando-lhes o módulo de trabalho e dar início aos
estudos utilizando o mapa mundi; 2) Disponibilizar materiais sobre o assunto, previamente
selecionados pelo professor (livros, enciclopédias, figuras, revistas, etc); 3) Ler histórias (uma por
dia) na roda de leitura, dando oportunidade, em seguida, para discussões orais, recontos,
realizações de desenhos e/ou dramatizações; 4) Exibir a radionovela "Tchau, tchau, racismo", no
computador, e, em seguida, reflexão e discussões a respeito; 5) Ler a biografia de Zumbi;
discussão e pintura da HQ (expor); 6) Para casa, pedir a atividade Pesquisando sua família, para
que a criança descubra mais informações sobre ela (como por exemplo o local do seu
nascimento, nome dos pais, avós, etc), para um complemento do repertório dela; 7) Propor aos
alunos a escrita de sua biografia, um pequeno texto. Se o aluno quiser, poderá fazê-lo em forma
de HQ. 8) Exposição das biografias e da HQ que pintaram, no corredor da escola ou local bem
visível para toda a comunidade. 9) Socialização das descobertas entre os alunos, podendo visitar
outras salas de aula (mesma série ou série dos alunos menores ou até dos maiores), contando
o que aprenderam, bem como convidando-os a lerem as biografias expostas.
Materiais de Apoio:
Link: http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120
http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/
Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho
Arquivo: anexos/id1069999/Materiais.doc
Observações:
Já foram feitas algumas observações nos procedimentos. O professor poderá adaptar a
aplicação do plano no que julgar necessário. Por exemplo: aplicar para séries mais avançadas,
problematizando um pouco mais os procedimentos; para classes mais infantís, o contrário.
Referências Bibliográficas:
- Revista Nova Escola - Ed. Abril - nov/2005 "África de todos nós";
- Resolução CEB nº 2, 26/junho/1998.
- Referencial Curricular Nacional para o Ensino Fundamental, Brasília: MEC/SEF, 1998.
- CAVALCANTI, Cláudia; SENE, Eustáquio de MOREIRA, João Carlos. Geografia Paratodos.
Espaços do dia-a-dia - 1ª série - Ens. Fundamental - Ed. Scipione.
- SOURIENT, Lílian; RUDEK, Roseni; CAMARGO, Rosiane de.
Interagindo com a História 1. Ed. Do Brasil.
- VESENTINI, J. William; MARTINS, Dora; PÉCORA, Marlene.
Vivência e Construção - Geografia - 1ª série - Ed. Ática.
http://www.museuafrobrasil.co.br/downloads/revistanegrasnov06.pdf
- http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120
- http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/
- Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho
- http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/Reportagens_publicadas/viva-a-diversidade
- http://www.plenarinho.gov.br/brasil/galeria-de-personalidades/zumbi-dos-palmares
- www.google.com.br
- http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbi_dos_palmares.htm
Plano 11
Autor(a):
Rafaela Carolina Barbosa Ruela
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Titulo:
Conhecendo a si e nossas heranças
Público Alvo:
Ens. Fund. 2º Ano
Disciplinas: Todas as áreas
Objetivos:
1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar e
produzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivos
comuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, cultura
dos afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais.
Conceitos:
Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural
161
162
Planos de aula
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De reter e memorizar
- De encantar
- De se adaptar
- De retórica e jogo
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/Auto-estima; Inclusão.
Recursos Didáticos:
Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção de
instrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livro
para Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky.
Procedimentos:
1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro "Diversidade" de Ana Maria
Machado; 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser um
Cidadão? A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que após a
conclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula. Como complemento desta
atividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invés de tirar
cadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as crianças em
colaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira. Converse
com os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possível que todos
se sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos no cartaz. 3Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseado nos princípios
da Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, não importa quem
seja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividir a sala em grupos
para que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitos apresentados (o
professor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhos em exposição na
escola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org 4- Coloque em evidência seguinte direito:"A
criança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade. "A partir daí
abordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre o preconceito que existe, questionar
como podemos combatê-lo e dizer que em especial iremos estudar uma das raças do nosso país
e do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizando suas manifestações no Brasil, falando
da sua importância como cidadão que é, suas histórias e nas manifestações culturais em nosso
país. Mostrar sua importância na Arte, evidenciando as obras de Aleijadinho. Na música, na
dança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5- Terminar as atividades do dia confeccionando
instrumentos musicais criados pelos negros e apresentar nas salas de aula uma música ensaiada
por todos como produto final desta aula maravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
a ser apresentada, de preferência alguma que seja do repertório de nossa herança negra.nossa
herança negra.
Materiais de Apoio:
Links:
www.aleijadinho.com.br
pt.wikipedia.org
www.mundonegro.com.br
Observações:
Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletiva
de como foi a aula.Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatos
históricos dos negros no Brasil. A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que não foi
planejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre o assunto.
Referências Bibliográficas:
- QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica.
- Jogos e Brincadeiras de A à Z
- www.mundonegro.com.br
- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN
- SCHMIDT, Dora. Historiar- Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga
- www.mundoeducacao.com.br
Plano 11
Autor(a):
Rafaela Carolina Barbosa Ruela
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Conhecendo a si e nossas heranças
Público Alvo:
Ens. Fund. - 2º Ano
Disciplinas: Todas as áreas
Objetivos:
1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar e
produzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivos
comuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, cultura
dos afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais.
Conceitos:
Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De se adaptar -De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De reter e memorizar
- De encantar
-De se adaptar
- De retórica e jogo
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o pequeno e o local
163
164
Planos de aula
- De realizar tarefas
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/ Auto-estima; Inclusão
Recursos Didáticos:
Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção de
instrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livro
para Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky.
Procedimentos :
1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro " Diversidade" de Ana Maria
Machado. 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser um
Cidadão?- A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que após
a conclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula.Como complemento
desta atividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invés
de tirar cadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as crianças
em colaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira.
Converse com os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possível
que todos se sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos no
cartaz. 3- Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseado
nos princípios da Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, não
importa quem seja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividir
a sala em grupos para que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitos
apresentados (o professor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhos
em exposição na escola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org. 4- Coloque em evidência o
seguinte direito: "A criança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou
nacionalidade."A partir daí abordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre o
preconceito que existe, questionar como podemos combatê-lo e dizer que em especial iremos
estudar uma das raças do nosso país e do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizando
suas manifestações no Brasil, falando da sua importância como cidadão que é, suas histórias
e nas manifestações culturais em nosso país. Mostrar sua importância na Arte, evidenciando
as obras de Aleijadinho. Na música, na dança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5Terminar as atividades do dia confeccionando instrumentos musicais criados pelos negros e
apresentar nas salas de aula uma música ensaiada por todos como produto final desta aula
maravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música a ser apresentada, de preferência
alguma que seja do repertório de nossa herança negra.
Materiais de Apoio:
Links:
www.aleijadinho.com.br
www.pt.wikipedia.org
www.mundonegro.com.br
Observações:
Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletiva
de como foi a aula. Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatos
históricos dos negros no Brasil. O? A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que não
foi planejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre o
assunto.
Referências Bibliográficas:
- QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica. Jogos e Brincadeiras de A à Z
- www.mundonegro.com.br
- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN
- SCHMIDT, Dora. Historiar - Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga
- www.mundoeducacao.com.br
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Plano 12
Autor(a):
Chris Alves da Silva
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Ei amigo! Vamos brincar de Mbube, Mbube?
Público Alvo:
Ens. Fund. - 4º Ano
Disciplinas: Interdiciplinar
Objetivos:
Brincar faz parte do desenvolvimento de todo ser humano. É por meio da brincadeira a criança
aprende a estar em grupo, vivência a cultura dos mais velhos, descobrindo o mundo a sua volta.
E esta descoberta possibilita o respeito.Eis então uma excelente oportunidade de mostrar e
vivenciar como as crianças africanas brincam e se desenvolvem através das brincadeiras, tão
presentes no cotidiano infantil, desmistificando preconceitos e mostrando uma infância africana.
Conceitos:
Diversidade e criatividade das Brincadeiras Africanas; A influência Africana nas brincadeiras
Brasileiras; A importância do brincar para o desenvolvimento infantil
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De conviver com transformações
- De estratégias e idéias
- De se organizar e organizar
- De criar tecnologias
- De refletir multidisciplinarmente
- De trabalhar com quantidade e qualidade
- De encantar
- De se adaptar
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De conviver com transformações
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De identificar problemas
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De adaptar tecnologias
- De escrever
- De operar com lógica
Valores:
Convivência; Respeito; Cooperação
Recursos Didáticos:
Os recursos didáticos a serem utilizados são:- Espaço livre para desenvolvimento das brincadeiras
propostas.-Giz, caixas vazias, bola e materiais de sucata para confecção de jogo de tabuleiro
Yote.
Procedimentos:
Sensibilização (aula 1): Propor inicialmente em classe uma roda de conversa, apresentando um
165
166
Planos de aula
mapa da África para as crianças. Durante a conversa a educadora/educador pedirá para que
cada criança fale alguma coisa a respeito da África e seus moradores. Anotar, a parte, as palavras
ou idéias que surgirem durante a conversa. Depois que todos falarem, converse claramente a
respeito das idéias que surgiram durante a conversa. Esse passo será importante para
desmistificar preconceitos. É interessante conversar sobre a história da África com as crianças.Em
seguida contar a história de Adhemar Ferreira, esportista negro brasileiro (É necessário uma
pesquisa prévia) para as crianças. Escolher uma música instrumental alegre de fundo para dar
um clima todo especial a história. Antes de passar para a atividade do dia, ouvir a opinião das
crianças sobre a história de Adhemar Ferreira propondo a elaboração de um texto coletivo com
ilustração feita pelas crianças.
Outra atividade a ser desenvolvida é confeccionar um
"passaporte" onde deverão ser coladas imagens da África e de seus moradores. No final do
"passaporte" deverá ter espaço para que as crianças possam desenhar/escrever sobre as
brincadeiras apresentadas.O objetivo da confecção do passaporte é concretizar toda a conversa
sobre a África nesta aula inicial. O passaporte deverá ser carimbado ou ter colado em uma
página específica um símbolo africano a medida que as crianças irão apreendendo uma
brincadeira africana. Obs.: O mapa utilizado na aula 1 deverá ser fixado pelas crianças em um
lugar bem visível.
Aula 2: Como texto coletivo elaborado na aula anterior, na roda de conversa, relembrar a história
de Adhemar Ferreira, informando a classe que hoje irão aprender brincadeiras africanas. Mas antes
de apresentar as brincadeiras é preciso que as crianças estejam com o passaporte em mãos. Para
sistematizar as brincadeiras apresentadas as crianças poderão utilizar o espaço em branco no fim do
"passaporte" para desenhar e escrever no fim de cada aula.Levar as crianças para um espaço maior
(pátio, quadra) para apresentar às crianças a brincadeira Mbube, Mbube (Leão e o Impala). É
interessante mostrar imagens do leão, do impala e principalmente do povo Zulu. Não esquecer
também de mostrar no mapa da África onde o povo Zulu mora. Contar as crianças sobre a origem
da palavra Mbube cujo significado é utilizado para nomear o leão, predador do impala. Esse termo
é muito utilizado pelo povo Zulu. Após a conversa inicial, com as crianças sentadas em círculo
explicar as regras da brincadeira e brincar com as crianças. Brincando de Mbube, Mbube (Leão e o
Impala). RegrasTodos os jogadores formam um círculo. Dois começam a brincadeira: um será o leão;
o outro, o impala. O leão deve caçar o impala em um minuto, ziguezagueando entre os outros
jogadores, enquanto esses gritam mbube, mbube. Se o predador não conseguir pegar sua presa no
tempo determinado, será eliminado e se incorpora ao círculo dos companheiros. O grupo elege um
novo leão. Se o leão pega o impala, se escolhe um outro para ser o leão.Obs.: Muitos conteúdos
poderão ser trabalhados durante o projeto. Desde a escrita, ortografia para os alunos, até sobre as
questões ambientais. As crianças estarão aprendendo a respeitar a África, os africanos e a si mesmo,
sentindo-se representadas, nas histórias, nos desenhos.
Aula 3: Retomar os desenhos (sistematização) sobre a brincadeira do Mbube, mbube. Incentivar a fala
das crianças sobre como se sentiram na brincadeira, como foi conhecer o povo Zulu. Apresentar nesta
aula mais uma brincadeira o Mamba. Mamba é a maior, a mais venenosa e veloz serpente africana.
Ao contrário do que se pensa a Mamba não ataca as pessoas, seu bote é certeiro somente quando se
sente ameaçada. Esta serpente pode ser encontrada nos seguintes países: Quênia, Tanzânia, Zâmbia,
Zimbábue.Moçambique, Botswana e Namíbia. Com as informações acima, antes de apresentar
a brincadeira para as crianças é necessário uma conversa com a turma para contar essas
informações para elas de forma significativa. Com um cartaz, mostrar a foto da serpente que
pode chegar a 2,5 a 4,5 metros, para que as crianças percebam o tamanho da serpente, com
uma corda ou até mesmo riscando no chão com um giz os metros indicados. A turma pode ficar
em cima da marca para perceberem quantas crianças "caberiam" na serpente.Mais uma vez o
mapa da África será importante para mostrar onde essa serpente aparece, localizando cada país.
É interessante mostrar imagens dos países e de seus moradores. No fim da aula não esquecer
de sistematizar com o desenho no "passaporte" ou texto coletivo o que foi apresentado em
sala.Depois desse primeiro momento apresentar as regras da brincadeira:Brincando de Mamba.
Regras: Uma pessoa é escolhida para ser a mamba, que vai ser o pegador. O professor desenha
no chão um quadrado de 10 metros x 10 metros (tamanho ideal para 20 crianças). Durante a
brincadeira, todos os participantes devem permanecer dentro dessa demarcação, mas tentando
escapar da serpente. A um sinal, o jogo começa. A mamba tenta pegar os jogadores. Quando
um é pego pela serpente, deve posicionar-se atrás da mamba, segurando-a pela cintura ou pelos
ombros. Cada participante que é tocado pela mamba se junta ao último do "corpo" da serpente.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Dessa forma ela vai ficando cada vez mais comprida. Se um jogador sai do quadrado, deve ser
eliminado do jogo. Só a criança que é a cabeça da serpente pode capturar os jogadores, mas o
"corpo" da fileira que se formou deve ser usado para interceptar ou atrapalhar os fugitivos. Os
jogadores não podem cruzar o corpo da serpente. A brincadeira acaba quando restar apenas um
jogador sem ser pego. E recomeça com esse sendo a mamba. Obs: Nesta aula, poderão ser
abordados conteúdos de ciências, em português mais uma vez o texto coletivo, importante para
o desenvolvimento da oralidade e escrita das crianças. Além do incentivo a pesquisa.As crianças
também terão oportunidade mais uma oportunidade de conhecer a África e os africanos de uma
forma diferente da que é mostrada muitas vezes na televisão. Possibilitando desta forma um
pensamento diferente em relação a questão racial.
Arquivo:
anexos/id1070176/Materiais para pesquisa.doc
Observações:
Cada sugestão pode ser aplicada segundo a realidade de cada escola. O professor precisa estar
sensível a necessidade dos estudantes. A criatividade também é um fator importante para o
desenvolvimento do plano de aula sugerido!
Referências Bibliográficas:
- HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula. Ed. Selo Negro.
- MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na Escola. Ed. MEC/BID/Unesco.
- BARBATO, Maria Ângela; DOJGE, Janine J. A Descoberta do Brincar.
- GENTILE, Paola. A África de todos nós. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/
0187/aberto/mt_99706.shtml> Acesso em: 03/01/08.
Plano 13
Autor(a):
Cláudia Bernadete Alves Freitas
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Na criação do Aiyê, uma possibilidade de leitura e criação
textual.
Público Alvo:
Ens. Fund. - 4º Ano
Disciplinas: Interdisciplinar
Objetivos:
Utilizar a tipologia textual narrativa, através de mitos de criação do universo para:-apresentar
aos alunos/as outras formas de entender o mundo que não só a eurocêntrica - Cosmovisão
Africana;-valorizar as várias manifestações culturais legadas pelos africanos e afro-brasileiros
como formadoras da cultura brasileira;-elaborar outras formas de compreensão de si e do outro.
Conceitos:
- Cosmovisão africana; Diversidade cultural; Mitologia Yorubá
- Habilidades :
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De criar novos
pressupostos
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De se organizar e organizar
- De refletir multidisciplinarmente
- De encantar
- De se adaptar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De organização e articulação
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De se organizar e organizar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
167
168
Planos de aula
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De adaptar tecnologias
- De escrever
- De operar com lógica
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Respeito pelo outro; Convivência; Diversidade; Tolerância; Aceitação
Recursos Didáticos:
Livros contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis,
borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor.
Procedimentos:
Pensando com Kaufmann & Rodriguez, em como introduzir o tema de leitura e produção de
textos na sala de aula, a maior preocupação é em mostrar aos alunos o prazer pela produção
de significados que a leitura e a escrita de textos pode proporcioná-los.Aqui neste projeto para
Língua Materna abrimos espaço para pensar também em como encarar um projeto interandonos com a questão africana e afro-brasileira, que agora, tem como obrigatória sua apreciação
na escola. A escolha foi dos Mitos Africanos, onde temos como tipologia a narrativa. Em P.
Diagne (1982,p.247) a autora afirma que é na narrativa o lugar onde se encontra o passado.
Retrata que a história e a lingüística são duas ciências que interagem em pelomenos dois
aspectos; primeiro o da língua, como sistema e instrumento de comunicação, é um fenômeno
histórico. Segundo, como alicerce do conhecimento, do passado e do conhecimento deste, e
por conseguinte, fonte privilegiada do documento histórico.Sendo assim, optei por trabalhar
nesta perspectiva porque alia narrativa, história e lingüística que se tornam os três fios de uma
trama, onde podemos contemplar a questão negra em uma abordagem interessante para os
alunos.Alguns pontos que precisam ser salientados antes da aplicação do projeto(preparação),
para facilitar a compreensão dos alunos acerca do que será abordado:
1º) A África é um país ou um continente? Esta é uma confusão corrente nas escolas e a maioria
das pessoas pensa que se trata de um país falando uma língua só: a "língua africana".
Precisamos, antes de mais nada desfazer este engano, pois a África é um continente enorme e
com cerca de 2.000 idiomas e dialetos, sendo falados em mais de 50 países africanos. E não
existe a "língua africana" e sim muitas línguas na África, como por exemplo: lingala, swaili,
português, shona, inglês, etc.
2º) O que é cosmovisão? É a visão de mundo, a interpretação humana diante da vida e do
universo, que pode conter diferenças conforme as influências sofridas pelos povos, é algo bem
mais amplo do que a religiosidade, embora esta seja parte bastante importante.
3º) A África é habitada apenas por pessoas negras?Este é outro equívoco que podemos desfazer,
explicando que parte da África foi invadida e dominada pelos árabes e é chamada África Branca.
Existindo também os brancos descendentes de europeus. A África também é chamada de o
berço da humanidade, pois é lá que são encontrados os vestígios mais antigos dos antepassados
da espécie humana.
4º) Qual a importância da África para nós que vivemos no Brasil?Conhecer a história da África
é importante para entendermos e valorizarmos uma das muitas culturas que formaram nossa
gente e nosso país. Resgatar as origens africanas de nossa cultura, para que entendamos nosso
país como também afro-descendente, em sua matriz. E não ver somente como folclore toda a
herança africana.Estes são alguns pontos que a professora precisaria se ater para preparação do
projeto, elucidando questões que são muitas vezes nebulosas para as crianças e tornando mais
ricas as futuras discussões do projeto.
Etapas Previstas: 1) Ler para as crianças o mito "A criação do mundo e dos homens"(ver anexo),
que narra, na visão do povo yorubá, como se deu o princípio de todas as coisas. Explorar toda
a riqueza de fatos e símbolos existente no mito, para conversar com as crianças, realizando uma
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
interpretação coletiva do mito e também discutindo e problematizando as questões étnicas
quesurgirão após a leitura, incentivando o questionamento dos alunos acerca dos assuntos
desencadeados pela narrativa. 2) Fazer um levantamento das palavras novas que aparecem no
mito, apresentando um dicionário de palavras em yorubá. Estimular as crianças a criarem frases
em que utilizem as palavras recém conhecidas, após a explicação da professora e o
entendimento por parte dos alunos. 3) Elaborar com os alunos um dicionário da turma com
palavras que sejam de origem yorubá e banto que atualmente fazem parte do vocabulário que
4) Realizar leituras de outros mitos do
usamos no Brasil e muitas vezes não sabemos a origem.4
livro usado como referência, para facilitar o contato das crianças com diversos destes tipos de
5) Solicitar dos alunos uma
contos mitológicos, preparando-as para uma futura escrita.5
produção textual com o tema da criação do mundo, onde as crianças podem abordar ou a visão
de criação do mundo de outra cosmovisão (gênesis, por exemplo) ou também incentivar as
crianças a pensar em uma criação de um mundo próprio delas, o que seria contemplado e o que
não seria, fazendo com que o aluno possa produzir duas vezes, uma vez que estará criando um
texto e também um mundo, se for sua escolha. 6) Apresentar para os alunos outros dois tipos
de linguagens textuais yorubás: os orikis(evocações) e itans(poemas) e fazer as relações entre
estes tipos e nossos poemas.Estas duas tipologias yorubás de poemas são extremamente
parecidas, mas a diferença reside na função para que são utilizadas, o oriki tem a finalidade de
evocar um poder específico de um Orixá ou de alguém, ou seja, a função expressiva de
manifestar a subjetividade do emissor atuando junto à do receptor. O itan, por sua vez possui o
predomínio da intencionalidade estética, onde o autor utiliza-se de uma vasta gama de
símbolos, metáforas, enfim dando toda uma significação de beleza ao texto.Na seqüência
destas explorações, realizar oficinas de criação de poemas, com estruturas que podem
reproduzir os poemas da Língua Portuguesa ou da Língua Yorubá (orikis e itans). 7) Como
finalização dos estudos referentes à influência negra no Brasil e no Estado, utilizaríamos a
tipologia de cartazes para compor uma exposição, mostrando para a escola as aprendizagens e
as descobertas da turma sobre este tema. A tipologia de cartaz cumpre bem a função de
promover a atividade executada pelo grupo de alunos, dando visibilidade ao trabalho e às
discussões realizados em sala de aula.Temas de reflexão lingüística:-Lingüística textual: uso
literário da linguagem. Metáforas, imagens, comparações, etc. Diferenciação das partes e
superestruturas dos textos em todas as tipologias utilizadas, onde a ênfase maior recai sobre a
narrativa, mas também inclui os poemas e os cartazes. - Gramática oracional: uso dos tempos
verbais, diferenciação entre pretérito perfeito e imperfeito. - Ortografia e Vocabulário: explorar
a escrita de palavras com X, CH, e diferentes grafias surgidas nas línguas Yorubá e Banto,
atendo-se também à criação do dicionário com palavras destas línguas que influenciam nossa
Língua Portuguesa. - Pontuação: trabalhar preferencialmente vírgulas, margens, travessões para
o diálogo e também entonação de voz na leitura.As possibilidades de integração com outras
áreas do currículo são múltiplas, uma vez que podemos abordar questões de localização,
estudando mapas (Geografia) e fazendo relações de proporção do Continente Africano e do país
Brasil. Discussões ecológicas (Ciências) e de medicina natural, através do estudo dos usos das
plantas/ervas, muito difundido dentro da Cosmovisão Africana. Trabalho plenamente integrado
com História, revendo toda a trajetória negra no país e no estado. Pode ser utilizado como viés
para o ensino de Matemática também, explicando-se como se dá a construção do número em
Yorubá, onde o próprio nome do número já contém em si uma operação matemática.
Possibilidade de integração também com Estudos Sociais, problematizando os valores, as etnias,
as religiões, o gênero, enfim, inúmeras indagações que podem surgir com esta temática. As
Artes e a Música também podem ser abordadas e proporcionariam um trabalho riquíssimo de
conhecimento cultural. A rede de relações que pode ser explorada é muito vasta e talvez boa
parte das idéias não tenha sido mapeada aqui, pois esta temática pode ser trazida por diverso
viés e conforme a abordagem abre um número ímpar de possibilidades.
Reflexão pessoal: Creio que o presente projeto seja passível de implantação para uma turma de
quarta série porque cumpre sua função de instigar leituras diversificadas e de promover a
reescrita e também a produção textual das crianças. Com a temática escolhida, abre-se o espaço
para o diálogo e o conhecimento menos superficial de uma cultura formadora da matriz
identitária do povo brasileiro. Pois, como considera Jolibert (1994,p.44-45), o professor teria de
facilitar o entendimento do aluno, através de questionamentos levantados
pelos textos e não apenas fazer com que estes decifrem e oralizem um texto, ajudando os alunos
a analisarem e se colocarem frente às questões apresentadas pelos textos.O projeto apresenta-
169
170
Planos de aula
se como possibilidade de ser e não como pretensão de ser, está aberto a possíveis reformulações
de acordo com a turma onde venha a ser aplicado, podendo arrefecer uma ou outra
característica, sem perder ou precisar alterar totalmente a estrutura inicial.Propõem-se a
desenvolver potencialidades de leitura e escrita nos alunos por um viés de criatividade e de
prazer, os quais serão constantemente avaliados pela professora, se estão efetivamente sendo
atingidos e caso não estejam sendo percebidos em relação aos alunos, pedem reformulação
projeto por parte da professora. O nível de envolvimento dos alunos com o projeto é que
determinará sua manutenção por maior ou menor tempo de duração. Respeitando sempre o
aluno como sujeito da aprendizagem e o professor como parceiro nesta viagem fantástica e
generosa do conhecimento.
Materiais de Apoio:
Livro Contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis,
borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor.
Link:
http://www.lendas.orixas.nom.br/
Observações:
O presente plano de aula pode ser aplicado também em qualquer outra série, desde que seja
levado em consideração a idade dos alunos/as e o aprofundamento das questões levantadas,
bem como as formas mais adequadas e interessantes de propor atividades sobre o tema.
Referências Bibliográficas:
- CHAIB, Lídia RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dos Orixás.
São
Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- DIAGNE, P. Parte I. História e Lingüística. In: Kizerbo J. (coord.). História Geral da África:
I.Metodologia e pré-história da África. Tradução Beatriz Turquetti... et al. São Paulo: Ática, Paris,
UNESCO, 1982. P.247- 285.
- IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, O Negro no Rio Grande do Sul,
2005. Ministério da Cultura. Fundação Cultural Palmares.
- JOLIBERT, Josette e colaboradores. Formando Crianças Leitoras. Vol.I. Tradução Bruno C. Magne
- Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
- KAUFMAN, Ana Maria RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, Leitura e Produção de Textos.
Tradução Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
- CHAIB, Lídia & RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dos
Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Plano 14
Autor(a):
Andréia dos Santos
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Título:
Riquezas e contribuições do povo africano a cultura brasileira
Público Alvo:
Disciplinas: Todas as disciplinas
Ens. Fund. - 1º Ano
Objetivos:
Conhecer a cultura negra, conscientizando os alunos da verdadeira história da conquista do
Brasil e suas conseqüências.Eliminando assim as situações de preconceitos, valorizando as
contribuições africanas para a formação da identidade brasileira.Estimular a
convivência,aceitação e respeito com relação às diferenças raciais e suas riquezas culturais.
Conceitos:
Preconceito racial; Contribuições da cultura africana ao Brasil; A beleza das diversidades raciais.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De estratégias e idéias
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De encantar
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De se organizar e organizar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De perceber a interioridade humana
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Igualdade; Respeito; Convivência; Consciêntização; Sensibilidade; Critícidade.
Recursos Didáticos:
Obras de arte de Tarsila do Amaral, Candido portinari. Textos informativos a respeito do povo
africano.Filmes ,músicas e imagens de negros(as) dos dias de hoje como artistas, cantores. Fotos
dos próprios alunos.
Procedimentos:
Levantamento prévio a respeito dos conhecimentos que os escolares têm em relação ao povo
africano e suas contribuições para o crescimento do povo brasileiro. Listar o que acreditam ser
de riqueza da beleza brasileira. Solicitar que ilustrem a si mesmo pós terem se visualizado em
um espelho. Tendo o professor como escriba, pedir para que digam o que cada um tem em
comum. Associar a lista realizada das riquezas de beleza brasileira com a descrição em comum
que realizaram de si mesmo. Conduzi-los a perceber que cada um tem a sua maneira e
características próprias na qual compõem a riqueza e diversidade do povo brasileiro. Realizar
uma rede de idéias baseando-se na imagem de um artista ou cantor afro e levá-los a relacionar
com a beleza listada de cada colega de classe.
Materiais de Apoio:
Link: www.sandradesá.com.br
Observações:
A aula poderá se estender visto que a mesma destina-se a turma de 1º Ano e se esta for aplicada
no inicio do ano letivo onde as crianças estão em processo de alfabetização.Quanto a avaliação
será realizada com base no alcance dos valores propostos como respeito a diversidade,
igualdade.
Referências Bibliográficas:
Revista Nova escola
www.google.com.br
Revista Raça
www.sandradesá.com.br
Material do curso:
Texto: A participação africana na formação cultural brasileira. Candido Portinari, Tarsila do
Amaral
Plano 15
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Titulo:
Público Alvo:
Maria José de Araújo
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Nossa África no Brasil
Ens. Fund. - 1° Ano
Disciplinas: Educação Infantil
171
172
Planos de aula
Objetivos:
Ampliar conhecimento da cultura africana estabelecendo relações com a nossa culturareconhecer e valorizar características, hábitos e costumes dos povos africanos; reconhecer a
história da áfrica e contextualizá-la com os dias atuais
Conceitos:
Natureza; Sociedade; Linguaguem oral; Linguagem escrita; Linguaguem plástica
Habilidades:
De questionar
De criar
De enriquecer o repertório
De trabalhar linguagens
De operar com lógica
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De criar novos pressupostos
De conviver com transformações
De se adaptar
De assumir riscos
De estratégias e idéias
De identificação de problemas
De se organizar e organizar
De refletir multidisciplinarmente
De analisar e sintetizar
De encantar
De se adaptar
De identificação de problemas
De estar atento
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De organização e articulação
De assumir riscos
De conviver com a diversidade
De convencer
De falar
De se organizar e organizar
De conviver com transformações
De trabalhar linguagens
De agir multidisciplinarmente
De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
De enxergar o outro sob um ângulo diferente
De se livrar dos padrões
De estar atento
De identificar problemas
De perceber a interioridade humana
De perceber o imenso e o complexo
De perceber o pequeno e o local
Valores:
Morais; Étnicos; Éticos; Identidade.
Recursos Didáticos:
Papel, canetinha hidrocolor, giz de cera-lápis de cor, livros, tinta, argila, pincel, tesoura, tnt-tinta
plástica-barbante ou resto de lã-palito de churrasco; livros; foram utilizados livros do acervo da
escola (Emei Professora Laura da Conceição Pereira Quintaes. Município de São Paulo). Menina
bonita do laço de fita. Aventuras de um macaco. As tranças de bintou. Bruna e a galinha de
angola.
Procedimentos:
Desenvolvimento da Atividade. Esta atividade foi desenvolvida para alunos da pré escola com
idade entre cinco e seis anos. Antes de trabalhar os livros escolhidos é ideal que o/a professor/a
leia pelo menos três a quatro estórias com os alunos. Em roda de conversa, abordar os
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
conteúdos que aparecem, ambiente, pessoas, animais, fauna, etc. Os livros que eu li foram:
Menina Bonita do Laço de Fita conta a estória de uma menina negra, que tem como vizinho
um coelho branquinho, ele sempre pergunta. menina bonita do laço de fita como faço para ser
tão pretinho como você. Aventuras de um macaco,.é a estória de um macaquinho que todos
achavam que era muito pequeno e fraco, até que ele consegue enganar um grande crocodilo.
As tranças de Bitou. Uma menina que por ser pequena não pode usar tranças (tradição) Bruna
e a galinha d´angola. É a estória de uma menina chamada Bruna que ganha uma galinha
d'angola de sua avó, a galinha acha um baú antigo com panos. A avó conta da origem da
galinha d'angola, e dos panos. Na roda de conversa ficou decidido que iríamos trabalhar Bruna
e a galinha d´angola, foi feito um texto coletivo onde os alunos ditaram e eu fui escrevendo na
lousa a reescrita da estória, foi combinado com a classe que alguns alunos iriam copiar o texto
da lousa, e cada aluno desenhou o que mais gostou da estória, com canetinhas, giz de cera ou
lápis de cor. Em seguida os alunos recortaram o desenho e colaram em um papel craft (pardo);
no meio ficou o texto. Esta folha fez parte de um livro grande feito por todo o turno da manhã
(8 salas). Este plano de aula é a finalização de todo o trabalho com as estórias da África,
poderíamos ter feito apenas este trabalho no papel, mas como é importante trabalhar as
diversas linguagens plástica; também trabalhamos com argila, primeiro sentimos o material,
amassamos muito, fizemos um ovo, a partir do ovo moldamos uma galinha,alguns quiseram
apenas fazer o ovo, outros fizeram ovos, galinhas, e até o ninho, outros fizeram a menina
Bruna, depois de seca os alunos pintaram a argila com guache ou tinta plástica, alguns também
usaram canetinhas hidrocolor. Ainda foi possível explorar ainda mais as artes confeccionando
panos, foram recortados pequenos pedaços de TNT (formato retangular, um pouco maior que
uma sultite), de diversas cores, os alunos, pintaram com guache ou tinta plástica, também
fizeram colagem de sulfite com formato de ovo; depois de seco os panôs foram presos em
palitos de churrasco, presos com barbante; ou somente no barbante.
Materiais de Apoio:
Link:
ww.wikipédia.com.br
www.brasilescola.com.br
www.google.com.br: "cultura africa"
Museu Afro-Brasil
Observações:
Trabalhar com crianças pequenas, é muito gratificante porque elas se entusiasmam e se
interessam por tudo. É muito importante antes da atividade os alunos poderem manusear os
livros, e na roda de conversa levarem a observar o contexto, onde na estória da Bruna a avó
conta que veio da África, é uma oportunidade para mostrar gravuras, fotos, revistas, e também
falar das tradições, onde além dos panôs, existe a arte das máscaras,dança, etc.. Na atividade
da montagem da folha da estória incentivar sempre terem zelo com os materiais, e além da
elaboração , faz parte também da atividade a arrumação e limpeza da sala
Referências Bibliográficas:
A maioria do material usado neste plano faz parte do acervo da escola, como os livros Menina
bonita do laço de fita, Aventuras de um macaco, Bruna e a galina d'angola, As tranças de Bintou
também há outros que não citei: Contos da África, Porque a girafa não tem voz, O cassolo e as
abelhas, e pesquisas feitas através do google sobre cultura africana, animais, máscaras e árvore
tradicional baobá
Plano 16
Autor(a):
Fabiana Ignacio Rodrigues
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Titulo:
CONSCIÊNCIA NEGRA
Público Alvo:
Disciplinas: Interdiciplinar
Ens. Fund. - 2º Ano
Objetivos:
Trabalhar as diferenças e semelhanças entre os grupos étnicos e sociais, que lutaram no passado
por causas políticas, sociais, étnicas ou econômicas dando ênfase a raça negra bem como as
descendências e ascendências entre os indivíduos.
173
174
Planos de aula
Conceitos:
Cultura Afrobrasileira
Habilidades:
De questionar
De criar
De enriquecer o repertório
De trabalhar linguagens
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De criar novos pressupostos
De conviver com transformações
De se adaptar
De assumir riscos
De estratégias e idéias
De identificação de problemas
De se organizar e organizar
De refletir multidisciplinarmente
De analisar e sintetizar
De se adaptar
De estratégias e idéias
De identificação de problemas
De estar atento
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De organização e articulação
De assumir riscos
De conviver com a diversidade
De falar
De se organizar e organizar
De conviver com transformações
De trabalhar linguagens
De agir multidisciplinarmente
De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
De enxergar o outro sob um ângulo diferente
De se livrar dos padrões
De estar atento
De identificar problemas
De perceber a interioridade humana
De perceber o imenso e o complexo
De realizar tarefas
De criar produtos e artefatos
De escrever
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Respeito; Ética; Cidadania
Recursos Didáticos:
Pesquisa; Levantamentos prévios; Cartazes; Músicas; Textos informativos; Vídeos; Livros de
histórias-Informática
Procedimentos:
1º Troca de idéias referentes ao tema consciência negra. O que sabem e o que gostariam de
saber. 2º Pesquisa sobre os assuntos levantados na roda de conversa. 3º Socialização das
informações adquiridas. 4º Produção de texto coletivo abordando temas destacados. 5º
Pesquisas sobre origem dos negros escravizados no Brasil. 6º Elaboração de cartaz com
informações sobre os escravos. 7º Elaboração de Cartaz com imagens de negros que se
destacaram positivamente na história do Brasil e na mídia atual. 8º Leitura da história "Menina
bonita do laço de fita" de Ana Maria Machado. 9º Confecção do livro Menina Bonita do laço de
fita segundo interpretação dos alunos. 10º. Vídeos: 'Kiruku e a Feiticeira', 'Desventura em série',
'O duelo de Titan', 'Pelé Eterno'.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Materiais de Apoio:
Links:
www.ceert.org.br/vistaminhapele
www.museuafrobrasil.com.br,
www.potalafro.com.br
Observações:
As etapas das atividades foram se desenvolvendo de acordo com os resultados das pesquisas e
posteriores socializações dos assuntos abordados.
Referências Bibliográficas:
Mapa da àfrica
Revista EDUCAÇÃO - Ano 06 Nº 65, setembro de 2002 "Brasil mostra a sua cara". País teima em
ignorar o abismo social que separa brancos e negros no trabalho, na cultura e na escola.
Revista NOVA ESCOLA - Ano XIV - Nº 120 - março DE 1999 "Ele vai começar a gritar". Um
assunto sobre o qual pouco se fala: também na escola os negros sofrem com o preconceito. Mas
o número de alunos e professores dispostos a acabar com esse silêncio cresce cada dia mais.
Poesias:
EU-MULHER (Conceição Evaristo);
LINHAGEM (Carlos Assumpção);
UM SOL GUERREIRO (Celinha; e outros dos Cadernos Negros Livros Afro-Brasileiros hoje de
Darien J. DavisRacismo no Brasil de Lilia Moritz Schwarcz
AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e Preconceitos na Escola.
Plano 17
Autor(a):
Flávia Andréa dos Santos
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Título:
O Negro Através da Música: representação, atuação e
características.
Público Alvo:
Ens. Fund. - 2º Ano
Disciplinas: Interdiciplinar
Objetivos:
Interagir com a música negra, na percepção de suas características, ritmos e diversidade cultural.
Compreender através da música, a composição da identidade negra, os elementos de
peculiaridade, de reivindicação e contestação. Utilizar-se das letras das músicas, para
compreender os elementos que caracterizam a cultura afro-brasileira. Ampliar o processo de
aquisição da escrita e leitura, por meio do contato com as letras das músicas.
Conceitos:
Música Negra; Identidade; Diversidade Cultural; Influências Culturais; Cultura afro-brasileira.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De estar atento
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De trabalhar linguagens
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber o imenso e o complexo
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
-De escrever
Valores:
Respeito a diversidade cultural; Valorização da cultura negra; Refletir sobre a discriminação
racial; Saber ouvir a fala do outro.
Recursos Didáticos:
Debates; Material audiovisual: vídeo,tv,som,computador; CDs, DVDs e fitas de vídeo; Cartazes
com as letras das músicas expostas; Papel ofício para a reescrita das músicas e ilustração das
175
176
Planos de aula
mesmas.
Procedimentos:
Em um primeiro momento buscamos apresentar trechos de tipos diferenciados de composição
musical. Tencionando desenvolver em especial as habilidades de escuta, distinção e
caracterização.
Buscamos apresentar em forma de exposição CDs, personagens que retratem a música negra.
Assim como, de grupos que atuam no maracatu, afoxé, samba, coco-de-roda, tambor de
crioula, ciranda, pagode, bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- Solicitamos
que os alunos apontem o que mais lhe chamou atenção, e selecionem o que gostariam de
primeiro entrar em contato. Selecionamos letras das músicas para serem lidas, analisadas e
reescritas. Trabalharemos a escuta destas músicas, conjuntamente com a interpretação das
mesmas. Utilizamos à exposição de letras em cartazes, buscando interagir com o vocabulário
não compreendido ou específico.- Propor ao grupo, identificar elementos característicos da
influência negra, da composição da cultura afro-brasileira. Bem como, sua representação e
atuação. Dar ênfase aos debates, as re-elaborações de conceitos e superações de preconceitos.
Buscando socializar as experiências vivenciadas por meio de apresentações nos espaços de
socialização. E por fim, ter introduzir a família (por meio das atividades propostas) na resignificação da identidade negra.
Materiais de Apoio:
Links:
http://www.movimentohiphop1.hpg.ig.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Rural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Na%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Afox%C3%A9_(bloco)
http://www.mundonegro.com.br/
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0177/aberto/mt_242379.shtml
http://www.tambordecrioula.hpg.ig.com.br/principal.htm
Observações:
Nossa proposta de ação buscará estar vinculada a um projeto maior, que deverá ser
desenvolvido na unidade de ensino. Uma possibilidade é trabalhar com o tema: "Música na
Escola". Com ele tencionamos diminuir o grau de agressividade e desenvolver a capacidade de
concentração, escuta e reflexão. Com as apresentações das músicas negra, poderemos
acrescentar a estes objetivos, o da valorização da cultura Afro-brasileira, e o reconhecimento da
identidade negra.
Referências Bibliográficas:
- BORI, Alfredo. Cultura brasileira. São Paulo: Ática, 1987.- BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação
dos temas transversais, ética/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997.
- BENCINI, Roberta. A questão Racial na Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/
edicoes/177,Nov 2004.
- GENTILE, Paola. A África de todos nós. Disponível em:
- http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187,nov/2005.
- CDs: Maracatu, Afoxê, Samba, Ciranda, Pagode,
- Coco, Tambor de Crioula, Bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- http://www.portalafro.com.br/musicas.
Plano 18
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Telci Teodoro da Silva
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Raça e Cidadania
Disciplinas: Todas as áreas do
Ens. Fund. - 3º Ano
Conhecimento
Objetivos:
O Objetivos educacionais é criar entendimento de que cidadania e igualdade de direitos, só
podem ser alcançadas com respeito às diferenças, sejam sociais, sejam étnicas ou raciais
(sempre no sentido histórico-cultural)
Conceitos:
Origens; contribuição histórica; Igualdade racial
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Habilidades:
- De questionar
De criar
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De criar novos pressupostos
De identificação de problemas
De se organizar e organizar
De refletir multidisciplinarmente
De se adaptar
De estratégias e idéias
De identificação de problemas
De conviver com a diversidade
De convencer
De falar
De se organizar e organizar
De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
De enxergar o outro sob um ângulo diferente De se livrar dos padrões
De identificar problemas
De perceber a interioridade humana
De realizar tarefas
De escrever
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Respeito, humanidade, igualdade.
Recursos Didáticos:
Mapas para entender as origens. Filmes com temas culturais que enfoque a participação do
africano e seus descencendetes na formação do Brasil;fotos de família dos alunostexto a ser
copilado pelos próprios alunos
Procedimentos:
Estimular os/as alunos/as a elaborarem conhecerem alguns motivos que podem ser a causa da
discriminação racial e assim produzam desenhos, textos cênicos e até mesmo tragam suas
famílias para relatar se já sofreram ações racistas e o que sentiram.
Materiais de Apoio:
Links:
www.ritosdeangola.com.br
www.ensinoafrobrasil.org.br
Observações:
Aqui vai variar de acordo com a maioria em sala de aula e a composição da comunidade. Se a
maioria for branca ou pelo menos se identificar como tal, o procedimento é recriar o imaginário
em relação ao negro.Se a maioria for negra, deve se pautar em ações afirmativas da negritude
e na igualdade de direitos de todos, como cidadãos, independente da raça, cor, religião, etc.
Referências Bibliográficas:
- AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos. In:_______. Guia da Cidade, 2.ed. Salvador: 1977. ________. Tenda dos Milagres. 2000: Fundação Salvador. Fundação Casa de Jorge Amado.
- BARTH, Fredrik. Ethnic Groups and Boundaries: the social organization of culture difference. Oslo:
Universit et sforlaget, 1969.
- BASTIDE, Roger. As religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1985.
- CANCLINI, Néstor García. Las culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad.
1989: México, Grijalbo.
- CARNEIRO, Edson. Religiões Negras: Negros Bantos, 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
198
- CAROSO, Carlos; BACELAR, Jeferson (Org.). Faces da Tradição
Afro-Brasileira. Salvador: Pallas, 1999. - CARVALHO, José Jorge de. O olhar etnográfico e a voz
subalterna. Horiz. Antropol., Porto Alegre, v. 7, n. 15, 2001. Disponível em: HOLANDA, Sérgio
Buarque de. Raízes do Brasil. 21. ed. Rio de Janeiro: Ed.J.O.,1989. (Coleção Documentos
Brasileiros, v. 1).MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes
subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
RAMOS,
Arthur. O Negro Brasileiro. São Paulo: Ed. Nacional, [c1934] RODRIGUES, R. Nina. O Animismo
177
178
Planos de aula
Fetichista dos Negros Bahianos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
- SEGATO, Rita L. Santos e Daimones. Brasília: UnB, 2004.
- SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2004.
- ____________. Introdução a uma ciência pós-moderna. São Paulo: Graal, 1989.
- VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo - do Tráfico de Escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos
os Santos, dos Séculos XVII a IX. Nova Edição. Bahia: Corrupio, 1981.
- ____________. Os Libertos: sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX. São
Paulo: Corrupio, 1992.
Plano 19
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Melina Ernestina Modesto Torelli
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Diferentes, mas iguais
Disciplinas: História, Geografia,
Ens. Fund. - 5ºAno
Português e Educação Artística
Objetivos:
Conscientizar os/as alunos/as sobre o que é preconceito racial; Permitir que conheçam, aceitem
e respeitem os negros e sua importância;- Diminuir a discriminação racial na escola.
Conceitos:
Preconceito; Discriminação
Habilidades:
De questionar
De enriquecer o repertório
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De conviver com transformações
De se adaptar
De identificação de problemas
De se adaptar
De identificação de problemas
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De conviver com a diversidade
De identificar problemas
De perceber a interioridade humana
Valores:
Aceitação, valorização, reconhecimento
Recursos Didáticos:
Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado.
DVD "Vista minha pele".
Procedimentos:
Fazer uma roda de conversa e explicar aos/as alunos/as que ninguém é igual ao outro, todos
temos nossas diferenças, mesmo irmãos gêmeos possuem algo que os torna diferentes. Há
pessoas altas, outras baixas, uns magros, outros gordos, uns alguns têm cabelo liso, outros tem
cabelo crespo e há brancos e negros em todos os lugares. Pela aparência, ninguém pode ser
considerado melhor ou pior que ninguém.Contar a história do livro "Menina bonita do laço de
fita" (Ana Maria Machado). Discutir com eles sobre o livro, o desejo do coelho em ser negro e o
orgulho que a menina tinha em ser dessa raça. Mostrar aos alunos imagens onde a cor branca
e a cor preta se completam: zebra, café com leite, arroz e feijão, leite e chocolate, chocolate
branco e chocolate preto, cachorro Dálmata, carros brancos com pneus pretos, pessoas brancas
de cabelos pretos, bola de futebol, sorvete de flocos, bolo prestígio, café com chantilly. Dar
espaço para os alunos participarem oralmente fazendo seus comentários e dando opiniões.
Mostrar a eles o filme "Vista minha pele".Voltar no assunto de que não deve haver discriminação
ou diferença entre as pessoas, sejam elas como forem, brancos e negros, cada um com suas
diferenças físicas, porém, têm valores e
direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade.
Materiais de Apoio :
Link:
-
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html
http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1044
http://criancanegritude.blogspot.com/2006/08/menina-bonita-do-lao-de-fita.html
http://aldeiagriot.blogspot.com/2008/02/o-curta-mais-um-filme-daquela-safra-que.html
Observações:
Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do Ensino
Fundamental.
Referências Bibliográficas:
- MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de Fita. Ed. Ática, 7ª ed., 2004.
- Filme Vista Minha Pele. Direção: Joel Zito Araújo. Produção: Centro de Estudos das Relações
de Trabalho e Desigualdades CEERT.
- Site: www.google.com.br
Site:
http://portal.mec.gov.br/secad/index.php?option=content&task=view&id=
97&Itemid=228
Plano 20
Autor(a):
Ana Clícia Xavier Adrião
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
O Entendimento da Identidade
Público Alvo:
Disciplinas: 1º Ano/1º Ano
Ens. Fund. - 1º Ano/1º Ano
Objetivos:
Possibilitar através do diálogo o reconhecimento da variedade cultural brasileira; Valorizar a
identidade étnico-racial existente no Brasil; Identificar as diversas manifestações culturais afrobrasileiras; Pesquisar as diversas contribuições que formaram a identidade nacional.
Conceitos:
Identidade; Variedade cultural; Manifestações culturais afro-brasileiras; Contribuições da
identidade nacional
Habilidades:
-De questionar
-De enriquecer o repertório
-De se organizar e organizar
- De encantar
- De conviver com a diversidade
- De trabalhar linguagens
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De estar atento
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De operar com lógica
Valores:
Convivência; Igualdade; Respeito; Limites; Reconhecimento; Relacionamento.
Recursos Didáticos:
Revistas, jornais (gravuras e fotos); Papelão, tinta e cola; Cartolina, papel madeira e papel sulfite;
Argila e madeira; Cd e Gravador.
Procedimentos:
Conversa informal sobre o que as crianças conhecem e/ou entendem sobre as manifestações
culturais afro-brasileiras (conhecimento de mundo). Entendimento sobre o que vem a ser
identidade cultural e possibilitar o contato com livros, revistas, gravuras e fotos que retratem a
variedade cultural afro-brasileira. Produza junto com os estudantes um mural de fotografias,
gravuras e figuras que retratem as diversas manifestações culturais de outras raças. Pesquisa
realizada com as crianças e os pais sobre letras de músicas, instrumentos, danças e as diversas
contribuições que formaram a identidade nacional. Trabalho com argila e madeira para
produção de instrumentos artísticos usados na cultura afro-brasileira. Preparo de máscaras,
após pesquisar os diversos rituais praticados pelos africanos. Através da linguagem corporal, as
crianças terão a presença de um professor que ensine danças africanas como capoeira, samba
e maracatu. Organização de uma feira cultural para expor as diversas manifestações culturais
afro-brasileiras, após a realização das atividades propostas.
179
180
Planos de aula
Link:
http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html
http://www.capoeirabrasil-ce.com.br/instrumentos.htm
http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htm
http://mundoetnico.com.br/
http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htm
Observações:
Este plano foi elaborado para estudantes da educação infantil (alfabetização) e/ou para a 1ª ano
do ensino Fundamental. Por não disponibilizar de muitos materiais em mão, fiz uma pesquisa
na internet, para buscar subsídios teóricos e exemplos através de gravuras, fotos,modelos, já
que o assunto escolhido exigi pesquisas em decorrência do pouco ou quase nada das crianças
conhecerem sobre o referido assunto. Preparei o material e fiz um levantamento para saber o
que as crianças sabiam ou entendiam sobre as manifestações culturais afro-brasileiras,
apresentava os materiais conforme o diálogo que tivemos sobre o assunto.
Referências Bibliográficas:
Instrumentos usados na capoeira:
http://www.capoeirabrasilce.com.br/instrumentos.htm
Instrumentos usados no samba:
http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htm
Instrumentos e máscaras usadas no maracatu;
http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htm
As Máscaras Africanas:
http://mundoetnico.com.br/
Revista: Nova Escola."A Questão Racial na Escola. Ed. 177. São Paulo: Abril, 2004.
Parâmentros Curriculares Nacionais. De 1º a 4º Ano. Pluralidade Cultural. São Paulo: Abril, 2004.
Plano 21
Autor(a):
Fabiana de Jesus Amorim
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Título:
Somos diferentes mas somos todos iguais
Público Alvo:
Ens. Fund. - 1º Ano/2º Ano
Disciplinas: 1º Ano/2º Ano
Objetivos:
Este projeto visa desenvolver na educação infantil e nas series iniciais do ensino fundamental o
reconhecimento da importância do estudo das diversidades culturais, em especial da cultura
negra e sua grande influência na formação cultural de nosso país. Além de desenvolver uma
postura contra qualquer discriminação baseada em diferenças de raça/etnia, crença religiosa e
outras características individuais ou sociais, o projeto tem como objetivo refletir sobre nossas
diferenças e também a igualdade que une todos os povos. Serão apresentadas diferentes
culturas de forma bastante lúdica.
Conceitos:
Pluralidade cultural; Aspectos físicos; Socialização; Auto conhecimento.
Habilidades:
De questionar
De criar De enriquecer o repertório
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De criar novos pressupostos
De conviver com transformações
De retórica e jogo
De estratégias e idéias
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De conviver com a diversidade
De falar
Valores:
Preconceito, discriminação, igualdade, solidariedade, fraternidade.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Recursos Didáticos:
Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado.
DVD "Vista minha pele".
Procedimentos:
Entrevistas e pesquisas; Teatro; Músicas; Recorte e colagem; Jogos; Caça palavras; Confecções
de murais; Poemas; Dinâmicas; Bilhete; Registro de todo o projeto desenvolvido sobre o tema
proposto pelos próprios alunos.
Materiais de Apoio:
Links:
www.smilinguido.com.br
www.portalpositivo.com.br
Observações:
Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do Ensino
Fundamental.
Referências Bibliográficas:
- ALVES, Rubem. - A Alegria de Ensinar. - Ars Poética, 1994
__________. - Estórias de quem gosta de ensinar. - Ars Poética, 1995
AQUINO, Julio Groppa. Os direitos humanos na sala de aula. São Paulo: Moderna.
- AZEVEDO, Julio; Ordonez, Marlene. A escravidão no Brasil: trabalho e resistência. São Paulo:
FTD, 1996 .
- CHARON, Joel M. Sociologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.
- DEMO, Pedro. Charme da exclusão social. Campinas: Autores associados, 2002.
- FERREIRA, Naura S. Carapeto. Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos
desafios. 3ª ed. - Editora Cortez, 2001.
- MORAIS, Regis de.- Sala de Aula. Que espaço é esse? - Editora Papirus
- BARBOSA, Rogério Andrade. Coleção Bichos da África "Fabulas e lendas". Editora
Melhoramento.
- RADESPIEL, Maria. Pluralidade Cultural "Temas Transversais" Editora Iemar
- _____________ - Eventos Escolares. Editora Iemar
- BATITUCI, Graça. A Maneira Lúdica de Ensinar - Editora Fapi.
- PINTO, Gerusa Rodrigues. O dia-a-dia do Professor. Editora Fapi.
Plano 22
Autor(a):
Soraia Moura Alves
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
As comemorações festivas em Cidelândia
Público Alvo:
Disciplinas: 1º Ano/2° Ano
Ens. Fund. - 1º Ano/2° Ano
Objetivos:
Abrir espaço entre a criança e o mundo que a cerca, possibilitando a ela perceber as diferenças de
cada colega a partir de sua origem; Mostrar às crianças que as diferenças que elas vêem na sala de
aula não se resume apenas aquele espaço e sim a toda a escola, a comunidade e as outros cantos
do mundo; Traduzir as suas percepções e envolvendo-as em situações vivenciadas em casa, na rua
e na escola.
Conceitos:
Sentimento; Família Comunidade; Escola Pais; Colegas; Professores.
Habilidades:
De criar
De trabalhar linguagens
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De conviver com transformações
De identificação de problemas
De se organizar e organizar
De analisar e sintetizar
De encantar
De se adaptar
De estar atento
181
182
Planos de aula
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De conviver com a diversidade
Habilidades:
De falar De trabalhar linguagens De se livrar dos padrões
De estar atento
De identificar problemas
De perceber o imenso e o complexo
De perceber o pequeno e o local
De realizar tarefas
De criar produtos e artefatos
De adaptar tecnologias
De escrever
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Vivenciar cada ação por eles praticada; Traduzir suas idéias.
Recursos Didáticos:
Documentários; Filmes educativos; Livros; Revistas; Recortes ilustrados; Entrevistas com pais e
familiares.
Procedimentos:
Criar um ambiente dentro da escola que leve a criança a perceber as diferenças com as quais
elas convivem dia-a-dia dentro e fora da escola; Após essa experiência pedir a elas que se
manifestem dizendo o que perceberam de diferente. Levando em conta que as brincadeiras:
cantigas de roda, pequenas encenações, ...são o meio mais fácil de aproximá-las é mais do que
justo que elas passem a perceber todos os diferentes gostos de cada colega e assim familiarizala com as diferentes culturas mesmo que inicialmente para elas não seja perceptível. Sendo
assim torna-se mais prático aproximá-las da realidade local por meio de apresentações culturais
como as danças e o teatro. elas como forem, brancos e negros, cada um com suas diferenças
físicas, porém, têm valores e direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade.
Materiais de Apoio:
Links:
www.unidadenadiversidade.org.br;
http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=51&Mod_id=1&Cur
so_id=101#;
http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=16&Mod_id=1&Cur
so_id=101#;
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2005/09/23/ult580u1684.jhtm
Observações:
Acompanhar os alunos fazendo visitas a suas casas conhecendo assim um pouco mais da
realidade de cada um e de sua família. Desenvolver atividades extraclasse voltadas a cultura
Referências Bibliográficas:
cidelandense.
- CD-ROM Almanaque Abril 2001;
- CD Almanaque Abril 2004;
- NASCIMENTO, Maria Nadir. História do Maranhão. São Paulo:
FTD, 2001.
____________. Geografia do Maranhão. São Paulo: FTD, 2001.
- SCHMIDT, Mario Furley. Coleção Nova História Crítica (6ª e 7ª anos). São Paulo: Nova Geração,
1999.
Plano 23
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
(todas
Lurdes de Oliveira Rosa
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Racismo e outras formas de discriminação
Disciplinas: 1º ano/2º Ano
Ens. Fund. 1º Ano/2º Ano
as áreas)
Objetivos:
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Desenvolver nos alunos valores. Reconhecer que não há seres inferiores ou superiores. A
discriminação é rival da convivência democrática.
Conceitos:
Diálogo; Respeito mútuo; Justiça.
Habilidades:
De enriquecer o repertório
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De conviver com transformações
De se organizar e organizar
De trabalhar com quantidade e qualidade
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De conviver com a diversidade
De falar
De enxergar o outro sob um ângulo diferente
De perceber a interioridade humana
De realizar tarefas
De criar tecnologias
De escrever
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Convivência; Respeito; Reconhecimento
Recursos Didáticos:
Livros, mapas ,fotos, filmes, painèis musicas.
Procedimentos:
Materiais de Apoio:
Link:
http://www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html
Observações:
Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano.
Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para a
discussão ética. Referências Bibliográficas:
Oficío de Professor. 2002. Fundação Victor Civita;
PCNs.1998;
A Vida De Zumbi Dos Palmares, outubro de 1995.
Pesquisa na internet: A vida de Zumbi dos Palmares.
Plano 24
Autor(a):
Sônia Maria de Godoy Leão
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
A Influência da Cultura Africana no Nosso Cotidiano
Público Alvo:
Ensino Fund. - 2º Ano/3° Ano Disciplinas: Ensino Fund. - 2º
Ano/3°
Ano
Objetivos:
Conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las; Reconhecer as qualidades da
própria cultura, exigir respeito para si e para outros; Resgatar a influência da cultura africana na
construção da identidade brasileira.
Conceitos:
Diversidade cultural, artística e lingüística.
Habilidades :
De enriquecer o repertório
De trabalhar linguagens
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De reter e memorizar
De se adaptar
De estar atento
De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De conviver com a diversidade
De falar De trabalhar linguagens
183
184
Planos de aula
De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
De enxergar o outro sob um ângulo diferente
De estar atento
De realizar tarefas
De escrever
De escrever
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Interação; Respeito; Reconhecimento.
Recursos Didáticos:
Mimeógrafo, rádio toca cds, dicionários, figuras/quadros com reproduções diversas, internet,
livros
Procedimentos:
Pesquisas da influência da cultura africana na alimentação. Lista dos alimentos usados no nosso
dia a dia. Ex: Abacaxi, mandioca, etc... Pesquisa na influência da linguagem africana. Lista de
palavras "afro-brasileiras". Compor e decompor cada palavra listada para reconhecimento de
letras e sílabas (leitura e escrita). Produção de textos. Músicas (letras/ritmos/danças). Cultos
religiosos. Vestuário (influência).
Materiais de Apoio:
Link:
www.lingua portuguesa.ufrn/
www .mundomissao.com.br/
www.mundo negro.com.br
Observações:
O tema servirá de material também para alfabetização, usando as palavras-chave que surgirão
nos textos apresentados.
Referências Bibliográficas:
- BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco. Editora Ática
- Artigos
- Revista Nova Escola
Plano 25
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Márcia Teresa Pinto Mendes
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
O sotaque de zabumba como referência de identidade
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Médio - 3º Ano
História; Artes; Filosofia;
Sociologia
Objetivos:
Co-relacionar a cultura popular como elemento principal para diversidade cultural do Maranhão;
Relacionar sua importância como fator determinante da identidade do negro no Maranhão.
Conceitos:
Valorização, identidade, auto-estima, resgate cultural .
Habilidades:
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De conviver com a diversidade
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De identificar problemas
- De perceber o imenso e o complexo
- De criar produtos e artefatos
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Valores:
Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade.
Recursos Didáticos:
Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros,
periódicos, etc.
Procedimentos:
Levantar os conhecimentos prévios dos alunos com o objetivo de identificar o que eles sabem
a respeito da herança cultural afro-brasileira. Discutir com os alunos o que representa a
cultura do Bumba-meu-boi, mais precisamente o sotaque de zabumba, como identidade
negra no Brasil. Depois disso, apresentar aos alunos uma proposta de trabalho, onde se
aborde as peculiaridades dessa manifestação (música, indumentária, instrumentos, dança e
personagens), no sentido de resgate da cultura do povo maranhense. Explicar o objetivo do
trabalho e organizar a turma em grupos, definindo quem serão os interlocutores, os temas,
o que se espera dos alunos, o tempo de duração da preparação, a data da apresentação e os
passos da tarefa. Deixe claro também que a avaliação se dará durante e no final da
atividade.Apresentar aos alunos uma espécie de Workshop, com a indumentária do sotaque
de Zabumba, solicitando que eles identifiquem as peças favoritas e expliquem por que as
preferem. Falar sobre os diferentes artistas, incluindo os temas mais freqüentemente
bordados por eles, seus trabalhos mais famosos e o estilo de cada um. Identificar as variações
culturais e estéticas das imagens. Identificar e caracterize a influência da cultura afrodescendente no campo das artes plásticas, mais precisamente na indumentária da zabumba.
Materiais de Apoio:
Link:
http://www.cmfolclore.ufma.br
Observações:
Como forma de ampliar o tema em estudo, poderão ser propostas no decorrer da aula,
entrevistas com os cantadores e produtores dos grupos de zabumba, bem como a observação
in loco de apresentações da referida manifestação.
Referências Bibliográficas:
- SILVA, Marcos (org.). Dicionário Crítico Câmara Cascudo. São Paulo: Perspectiva, FFLCH-USP,
FAPESP; Natal: EDUFRN, Fundação José Augusto, 2003. 330 p.
- NUNES, Izaurina de Azevedo (org.). Olhar, Memória e reflexões sobre a gente do Maranhão.
São Luís: CMF, 2003.
- BOLETINS DA COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE. Org:
Comissão Marahense de Folclore. Endereço eletrônico: www.cmfolclore.ufma.br.
Plano 26
Autor(a):
Solange P. dos Santos
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Capoeira: jogando, dançando ou lutando contra o
preconceito?
Público Alvo:
Disciplinas: 2º Ano/3º Ano
Ens. Fund. - 2º Ano/3º Ano
Objetivos:
Valorizar a diversidade cultural existente na comunidade. Despertar o interesse por práticas
advindas das classes não hegemônicas. Trabalhar a construção de auto-estima positiva.
Incentivar a pesquisa, leitura e produção de texto.
Conceitos:
Saúde; Resistência; Diversidade.
Habilidades:
- De questionar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De refletir multidisciplinarmente
- De trabalhar com quantidade e qualidade
- De reter e memorizar
- De encantar
185
186
Planos de aula
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De convencer
- De falar
- De se organizar e organizar
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De adaptar tecnologias
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Disciplina; Responsabilidade; Respeito; Convivência.
Recursos Didáticos:
Textos, fotos, revistas, livros, vídeos-clipes, máquina fotográfica, televisor com vídeo-cassete ou
dvd, caderno, lápis, sulfite, guache.
Procedimentos:
Distribuir revistas e fotos para observação. Sondar o conhecimento dos alunos sobre o assunto.
Discorrer brevemente sobre origem, continuidade, condição atual, perfil dos praticantes. Pedir
pesquisa sobre grupos existentes na comunidade. Verificar a possibilidade de assistir a uma
apresentação e tirar fotos. Verificação de aprendizagem através de textos, desenhos, recortes ou
pinturas. Organizar o material produzido e fazer uma exposição no mural da escola.
Materiais de Apoio:
Link:
http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htm
http://carosamigos.terra.com.br/
http://www.capoeira.esp.br/
http://www.capoeiradobrasil.com.br/
http://www.capoeiradobrasil.com.br/
http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.php
Observações:
O professor pode levar os alunos para assistirem apresentações que geralmente acontecem em
praças ou mesmo no local onde são realizadas as aulas, tirar fotos, fazer entrevistas e produzir
material para ser socializado posteriormente.
Referências Bibliográficas:
- MEC/SEF/PCN - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual - Vol 10 - 1997
Artigos:
- SANTOS, Ynaê Lopes dos. Zumbi dos Palmares, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora Casa
Amarela
SILVA, Rodriigo da. Chica da Silva, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora Casa Amarela
Links:
http://www.capoeira.esp.br/
http://www.capoeiradobrasil.com.br/
http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.php
Plano 27
Autor(a):
Márcia Teresa Pinto Mendes
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Título:
Conheça seus semelhantes
Público Alvo:
Disciplinas: Ens. Fund. - 3º Ano/4°
Ens. Fund. - 3º Ano/4° Ano
Ano
Objetivos:
Desenvolver a percepção do aluno, levando-o a identificar e respeitar as diferenças culturais
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
existentes, detendo-se principalmente na cultura afro-descentende. Explorar recursos de
oralidade e escrita estimulando a expressão criativa através de desenhos e dramatizações.
Conceitos:
A situação do negro na sociedade atual.
Habilidades:
-De questionar
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
De agir multidisciplinarmente
Valores:
Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade.
Recursos Didáticos:
Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros,
periódicos, etc.
Procedimentos :
Materiais de Apoio :
Link:
www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html
Observações :
Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano.
Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para a
discussão ética.
Referências Bibliográficas :
Oficío de Professor. 2002 Fundação Victor Civita; PCNs.1998;
Plano 28
Autor(a):
Eliana Marques Fiad
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Título:
Conhecendo a arte brasileira e suas influências
Público Alvo:
Disciplinas: 4º Ano/5º Ano
Ens. Fund. - 4º Ano/5º Ano
Objetivos:
Desenvolver a percepção para diferentes estilos artísticos e identificar a cultura afro-descendente
nos estilos artísticos brasileiros.
Conceitos:
Cidadania, respeito, reconhecimento; Valorização, desafios, reconhecimento; Ética, dignidade,
respeito
Habilidades:
- De conviver com transformações
- De se organizar e organizar
- De analisar e sintetizar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De falar
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De operar com lógica
Valores:
Convivência, respeito, reconhecimento.
Recursos Didáticos:
Cartões, figuras e imagens de reproduções artísticas, vídeos e palestras
Procedimentos:
Solicite que as crianças classifiquem as imagens em categorias que considerem significativas.
Incentive-as a classificarem os quadros de mais de uma maneira. Discuta com elas as categorias
que selecionaram como assunto, forma, cor, humor, artista ou estilo de arte. Se as crianças
precisarem de ajuda, sugira essas ou outras categorias. Peça que identifiquem seus quadros
187
188
Planos de aula
favoritos e expliquem por que os preferem. Fale sobre os diferentes artistas, incluindo os temas
mais freqüentemente pintados por eles, seus quadros mais famosos e o estilo de cada um.
Identifique as variações culturais e estéticas das imagens. Identifique e caracterize a influência
da cultura afro-descendente no campo das artes plásticas.
Materiais de Apoio:
Link:
www.casadeculturadamulhernegra.org.br,www.elportico.com/arte/
Observações:
Com esse trabalho é necessário que os alunos reflitam e percebam o quão importante a cultura
afro-descendente para os brasileiros, sua trajetória cheia de encontros e desencontros, de luta,
garra, amor e esperança. Descobrir que os negros são pessoas que lutam, vivem e tem as
mesmas condições de dignidade que qualquer outro ser, saber respeita-los é fundamental, para
vivermos em harmonia, se tivesse sido sempre assim, o mundo seria muito melhor, todos
poderiam viver sem medo do amanhã.
Referências Bibliográficas:
- SOUZA, Edgard Rodrigues de. "Entendendo a Arte: Desenho e Pintura: o Trabalho do Artista"
Editora Moderna, 1998
- JÚNIOR, José Florêncio Rodrigues. "A taxonomia de objetivos educacionais". Brasília:
Universidade de Brasília, 1994.
- Artigo "Origens da pintura", endereço: http://www.canalkids.com.br/arte/pintura/origens.htmwww.nethistoria.com
- www.antroposmoderno.com
- www.unb.br/acs/artigos/at0504-03.htm
- www.faced.ufba.br
- www.usinadeletras.com.br
- www.espaçoacademico.com.br
- www.candomble.jor.br
Plano 29
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Helenice A. R.carvalho
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Memória e Identidade
Disciplinas: Língua
Ens. Fund. - 5º Ano
portuguesa; História; Artes
Objetivos:
Aumentar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar nos alunos a importância do
negro nas artes (músicas, pinturas e esportes etc; Desenvolvimento e percepção para diferentes
estilos artísticos; Conscientizar os educandos sobre o afro descendentes no Brasil e suas
contribuições para a cultura brasileira; Compreender que no Brasil a cultura se faz, através da
mistura das etnias negra, européia e indígena; Analisar a cultura afro-descendentes,
conscientizando-se a sua importância.
Conceitos:
Exercício de cidadania e participação; Diversidade artística e cultural; Estética da cultura afrobrasileira; Caráter da produção natural
Habilidades:
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De conviver com transformações
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De operar com lógica
Valores:
Respeito; Solidariedade; Convivência; Cooperação; Sociabilização
Recursos Didáticos:
Quadros de personagens artísticas; Textos; Paradidáticos; Filmes; Músicas; Cartões; Slides
Procedimentos:
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
1º momento: Deverá ser apresentadas obras pintadas por Cândido Portinari, Tarsila do Amaral
etc e como os autores expressam o relato sobre o negro. Em seguida, os(as) estudantes farão
suas releituras. 2º momento: Após, discussão do trabalho, sobre a forma e estilos que os artistas
trabalharam na obra, as cores que utilizou, se houve ou não humor na arte; 3º momento: Em
seguida dando continuidade, a explicação da valorização da cultura negra e a contribuição para
a cultura brasileira, ex: música, religião, vocabulário, alimentação etc, expressar para os
educandos a importância, o respeito, a compreensão e contribuições dos negros para a cultura,
é necessário o conhecimento para saber valorizar o negro como presença cultural na sociedade
brasileira. 4º momento: Finalizando o trabalho com uma exposição dos trabalhos da turma com
as variações culturais das obras trabalhadas.
Link:
www.educar.com.br
www.google.com.br
Observações:
Revistas, jornais, artigos, livros,CDS,filmes etc. Com todos esses item desempenharei com meus
alunos um bom trabalho que é meu objetivo maior.
Referências Bibliográficas:
- AZEVEDO,Heloiza de Aquino; Tarsila do Amaral.
- AZEVEDO, Heloiza de Aquino; Candido Portinari.
- MUNANGA, Kabengele (org) 2000. artes afro-brasileira, São Paulo, Fundação Bienal de
S.Paulo. Napolitano, Marcos, História e Música, Belo Horizonte, Autêntica, 2002.
- CONTRIM, Gilberto "Historia e Consciência do Brasil, Saraiva,1996.
Pllano 30
Autor(a):
Márcia Cristina Lia Neiva Ribeiro
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 4 - A participação e representação política do negro no
Brasil
Título:
O Negro em Movimento
Público Alvo: Ens. Fund. - 5º Ano
Disciplinas:
Língua
portuguesa;
Geografia; História; Artes
Objetivos:
Compreender que o entendimento da história supõe uma íntima relação entre o presente e seus
elementos constituídos e definidos no passado.
Conceitos:
Habilidades:
- De questionar
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De identificar problemas
- De perceber o imenso e o complexo
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De agir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
189
190
Planos de aula
- De identificar problemas
- De perceber o imenso e o complexo
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De agir multidisciplinarmente
A Vida De Zumbi Dos Palmares.outubro de 1995.Pesquisa na internet:A vida de Zumbi dos
Palmares.
Plano 31
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Regina Lúcia Paz dos Santos
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Educar para a Igualdade Racial
Ens. Fund. - 6º Ano
Disciplinas : Língua
portuguesa; História; Artes
Objetivos:
Estabelecer a relação entre a história social do negro no Brasil e a questão do preconceito,
melhorar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar a turma para a diversidade da
raça humana, promovendo o respeito pelas diversas etnias.
Conceitos:
Origem cultural, cultura negra no Brasil e geografia dos povos africanos que aqui chegaram.
Habilidades:
- De questionar
- De trabalhar linguagens
- De operar com lógica
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De conviver com transformações
- De identificação de problemas
- De se organizar e organizar
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De retórica e jogo
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De organização e articulação
- De conviver com a diversidade
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De usar tecnologias
- De adaptar tecnologias
Valores:
Dignidade, auto-estima, solidariedade, igualdade de direitos, respeito, responsabilidade, amor,
fidelidade, honra.
Recursos Didáticos:
Televisão e vídeo ou DDV; Aparelho de som, CD; Livros paradidáticos; Filmadora; Máquina
fotográfica; Computador Com Internet; Jornal e revistas.
Procedimentos:
1º momento: Apresentação do projeto para os alunos, professores, diretor. E elaborar o cronograma
para o desenvolvimento da proposta; 2º momento: Palestra para o entendimento do assunto com
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
o tema: Discriminação racial com a presença da comunidade educativa; 3º momento: Exibição do
filme "Quilombo de Palmares" e Debate sobre a questão da escravidão e o procedimento da relação
dos escravos no Brasil. Para os alunos desenvolverem os conhecimentos já adquiridos; 4º momento:
Leitura do livro: "Dia de Branco". Após a leitura o debate , iniciando com a pergunta, Você é
preconceituosa ? Identificar esta realidade presente na cidadania da sociedade. 5º momento: Aula
expositiva do professor sobre as Leis que precederam a abolição da Escravatura: Ventre Livre e
Sexagenário. 6º momento: Recriação da capa e conteúdo do livro lido. 7º momento: Oficina:
Produção de poesias, concurso. Presença da comunidade para participar da oficina e para ser
jurado; 8º momento: Construção do painel temático sobre a importância da África no Brasil para
ser exposto na escola. 9º momento: Organizar o desfile Afro para eleger um "Mister Negro" e uma
Miss Negra", entre os alunos da escola. Avaliação dos trabalhos diariamente diante da atuação,
interesse e responsabilidade do trabalho.
Link:
[email protected]
Observações:
Durante o desenvolvimento do projeto será avaliado: a participação individual e coletiva do
aluno; mudanças de comportamento a partir do tema trabalhado
Referências Bibliográficas:
- Livro: Dia de Branco, Marcos Bagno, Editora Lê;
- Revista Nova Escola,Dezembro-1997;
- Revista Nova Escola, Março-1999;
- Revista Nova Escola, Novembro-2004;
- Filme, Quilombo de Palmares. Carlos Diegues-Globo Vídeo-1984.
Plano 32
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Eliane Maria Pereira
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 4 - A participação e representação política do negro no Brasil
A questão racial na historia do Brasil
Disciplinas: História; Ensino;
Ens. Fund. - 6º Ano
Religioso; Sociologia
Objetivos:
Contribuir para a real visualização do negro em nossa história possibilitando a interpretação
critica sobre o preconceito racial, percebendo o significado do silêncio.
Conceitos:
Respeito, discriminação; Superioridade e inferioridade racial.
Habilidades:
- De questionar
- De enriquecer o repertório
- De criar novos pressupostos
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
- De perceber o imenso e o complexo
191
192
Planos de aula
Educação Fundamental (6º ao 9º ano)
Plano 33
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Augusto de Jesus Soares
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Uma história de luta e conquistas
Ens. Fund. - 6º Ano
Disciplinas: Língua portuguesa;
Geografia; História; Artes
Objetivos:
Perceber a importância histórica do negro no Brasil, suas lutas e o processo de dominação a que
foi submetido para o conhecimento desta realidade na sociedade brasileira.
onceitos:
Co
A vida dos povos africanos, na África e no Brasil; Conseqüências da abolição para o africano no
Brasil; O negro no Brasil contemporâneo
Habilidades:
- De interpretar a realidade do negro as normas, os conflitos, presentes na história;
- De conviver com a diversidade e transformações;
- De refletir conhecimentos multidisciplinares;
- De analisar e sintetizar conhecimentos na diversidade;
- De identificar as diferenças de conviver com a diversidade;
- De Conviver com transformações de trabalhar linguagens;
Valores:
Valores familiares; valores culturais; valores sócio-econômicos; valores religiosos; busca da cidadania.
Recursos Didáticos:
Textos de apoio, vídeo-aula, pesquisas, Internet,debates, interdisciplinaridade.
Procedimentos:
1º momento: pesquisa e aprofundamento do tema, a partir dos recursos abaixo: Filmes:
AMISTAD - Zumbi dos Palmares para perceberem a realidade vivida pelo negro; Explicação do
professor sobre o filme; Sistematização de um texto com a turma que apresente as principais
informações do filme com a explicação do professor; 2º momento: Em sala de aula: Textos de
apoio para novos conhecimentos e estudos: O professor explicará os textos fará exercício, para
melhor entendimento dos educandos: Formas de luta do negro no Brasil colonial Abolição... e
agora ? Negro e a constituição de 1988. 3) Momento: Trabalho interdisciplinar com cronograma
para as outras disciplinas atuarem: Geografia: África, o continente negro . Educação Artística: A
cultura como forma de luta. Português: A contribuição africana na formação do idioma
português. 4º momento: Apresentação dos trabalhos com exposição oral dos alunos. 5º
momento: Seminário interdisciplinar: o trabalho será organizado interdisciplinarmente com a
responsabilidade dos professores de Ensino religioso, história, artes, geografia, mas todos os
professores deverão participar, não esqueça do cronograma para melhor qualidade no trabalho,
no estudo deverá constar no estudo o aspecto histórico religioso Tema: A luta dos povos
africanos no Brasil. Avaliação dos trabalhos diante e durante o andamento dos trabalhos.
Observações:
O plano de aula deve ser desenvolvido de maneira multidisciplinar, utilizando os vários recursos
existentes na escola, de maneira que o projeto seja apresentado aos educandos, com matizes
variados e multifacetados, estimulando o protagonísmo juvenil. Quem deve desenvolver o
conteúdo são os alunos, através de atividades que agucem a curiosidade e levem ao objetivo
final, que é a compreensão da importância doelemento africano na construção da identidade
do povo brasileiro.
Referências Bibliográficas:
- Revista nossa história ( história da capoeira )livros: O Quilombo dos Palmares - Canga Zumba
- Constituição Brasilleira de 1988.
- Ser negro no Brasil (Ed. Moderna )
- Geografia da África (Igor Moreira)
- Filmes: Amistad ( Steven Spilberg )
- Quilombo dos Palmares ( Cacá Diegues
Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana
Plano 34
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Glícia Maria Araújo Lima Torres
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
A cultura afro-brasileira
Ens. Fund. - 6º Ano
Disciplinas: Língua portuguesa;
Geografia; História; Artes;
Literatura
Objetivos:
Construir e reconstruir diferentes maneiras de interpretar as
manifestações culturais dos grupos éticos formadores do povo brasileiro; Contribuir para o
exercício do olhar plural, possibilitando o estabelecimento de relações entre as múltiplas
manifestações culturais dos grupos étnicos formadores da cultura brasileira, em particular, a
afro-brasileira. Abordar em sala de aula temas da pluralidade cultural para viabilizar o processo
de reconhecimento e valorização das diferenças culturais dos grupos étnicos. Conhecer as
manifestações culturais afro-brasileiras.
Conceitos:
Pluralidade Cultural; Cultura afro-brasileira; Contexto sócio-cultural; Respeito à diversidade
cultural; Ética; Diferenças culturais; Cidadania
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De operar com lógica
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De conviver com transformações
- De se adaptar
- De assumir riscos
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De se organizar e organizar
- De refletir multidisciplinarmente
- De refletir sobre o acumulado
- De analisar e sintetizar
- De trabalhar com quantidade e qualidade
- De encantar
- De se adaptar
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De organização e articulação
- De assumir riscos
- De conviver com a diversidade
- De convencer
- De falar
- De se organizar e organizar
- De conviver com transformações
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De identificar problemas
- De perceber a interioridade humana
193
194
Planos de aula
- De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De usar tecnologias
- De escrever
- De operar com lógica
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Preconceito; Respeito à diversidade étnica e cultural; Ética; Inclusão; Igualdade
Recursos Didáticos:
Textos, cds, livros, revistas, internet, micro-sistem, cartuchos de tintas para impressora, gravador,
fita cassete, filmadora, máquina fotográfica, filme para máquina fotográfica, fita para filmadora,
computador, impressora.
Procedimentos:
1º momento: O primeiro momento será com "O canto das três raças" de Mauro Duarte e Paulo César
Pinheiro, na interpretação de Clara Nunes; 2º momento: uma reflexão sobre o passado que está
presente na nossa história "e o que a música nos diz" sobre a formação étnica, discriminação e
massacre contra negros e índios; 3º momento: Aula expositora da professora sobre a escravidão e
o valor cultural das etnias formadoras do povo brasileiro; 4º momento: Socializar os conhecimentos
adquiridos em um debate, para construir novas maneiras de aprender sobre o assunto estudado; 5º
momento: Estudando o texto: "A cultura afro-brasileira" a partir de uma leitura compartilhada entre
o alunos e professor; 6º momento: Sistematizando nossos conhecimentos: os alunos irão
sistematizar todas os conhecimentos até aqui construídos elaborando uma síntese da aula, na qual
o aluno terá que elaborar uma síntese da aula, explicando na brincadeira as manifestações culturais
da população negra na sociedade brasileira. E brincando de "batata-quente", Vai partilhando com
seus colegas suas aprendizagens até aqui construídas; 7º momento: Finalizar o estudo com uma
exposição criada pelos alunos que criativamente farão uma exposição dos conhecimentos
adquiridos deste estudo.
Materiais de Apoio:
Link:
www.planetaweb.com.br
htt://www.geocities.com/Atens/Acropolis/1322/page2 htm (Museu lle Axe Opô Afonjá
Observações:
Organização de festival de danças afro-brasileiras. Levantamento dos principais autores afrodescendentes da literatura, da música, das artes-pláticas, do teatro. Levantamento da
gastronomia afro-brasileira
Referências Bibliográficas:
- BRASIL, MEC/SEF. Secretaria da educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.
Brasília, 1997.
- _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais. Brasília, 1997.
- _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia. Brasília, 1997.
- ORIÁ, Ricardo; SOUZA, Simone; AMORA, Zenilde. História do Ceará- Estudo e Ensino. 3 ed.
Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/ NUDOC-UFC, 1994.
- PEREIRA, Amauri Mendes. História e Cultura Afro-Brasileira: Parâmetros e desafios.[on line]
http://www.espaçoacadêmico.com.br/036/36/pereira.htlm.
- REDEH-Rede de Defesa da Espécie Humana. Cidadania, Ética/Raça. Por uma educação não
discriminatória de Jovens e Adultos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1997.
Plano 35
Autor(a):
Alana Cavalcanti Cruz
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Título:
Por uma outra história da escravidão brasileira
Público Alvo:
Disciplinas : História
Ens. Fund. - 6º Ano
Objetivos:
Contextualizar a história dos negros, antes de se tornarem escravos no solo brasileiro. Tratar o
período colonial para além do conceito Casa Grande e Senzala. Falar do preconceito existente
naquele período, fazendo um paralelo com a atualidade.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Conceitos:
Preconceito, escravidão, mão-de-obra, trabalho
Habilidades :
- De questionar
- De criar
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De encantar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
Valores:
Honestidade, dignidade e amor ao outro
Recursos Didáticos:
Quadro e pincel, imagens através do retroprojetor.
Procedimentos:
O primeiro momento: será a contextualização da história de vida dos africanos antes deles
serem escravizados no solo brasileiro, para isso serão seguidos os seguintes passos:
Apresentação do mapa do continente africano. Através deste recurso será ressaltada a
multiplicidade da cultura africana. Explicação de forma panorâmica dos seguintes povos
africanos: Berbere, bantos, soninkés e do Império de Gana ressaltando as suas peculiaridades
culturais. Desta forma, será entregue aos alunos um texto complementar, para que eles leiam
em casa e entendam mais especificadamente os povos africanos citados. O segundo momento:
seguindo as informações contidas nos livros didáticos, relacionadas a era açucareira no Brasil,
refletir com os estudantes sobre este modelo de colonização e escravização. Desta forma o
contexto do Brasil, será abordado seguindo o conceito de Casa grande e Senzala. O terceiro
momento: Amostragem sobre o preconceito com o negro surgiu, pelo fato das pessoas
entenderem essas pessoas apenas como mão-de-obra, não levando em consideração as suas
particularidades culturais. Nesse momento resgataremos as informações contidas no texto
complementar sobre os povos africanos. O quarto momento: A descontração cristalizadas na
historiografia, e que só servem para marginalizar cada vez mais os negros, tais como: Casa
Grande e Senzala. Pois ao consideramos apenas ela, estaremos limitando o conhecimento da
sociedade colonial. E ressaltar a presença do negro na sociedade brasileira suas festas, com a
capoeira, a comida, uma sociedade que apresentou sua organização social o Quilombo. O
quinto momento: (Conhecer a importância de Zumbi). Desta forma pretendemos conhecer sua
organização social, religiosa e econômica mostrar a importância deste movimento no Brasil. 1.
Montar uma maquete, sobre o período colonial, explicando a história fugindo da estrutura:
"Casa Grande e Senzala".
Observações:
As imagens utilizadas como recurso didático, além de serem exibidas através do retroprojetor,
podem também ser utilizadas no power point.
Referências Bibliográficas:
www.teg3.com.br/africa
- http://ritosdafrica.vilabol.uol.com.br/
- COTRIM, Gilberto (1999) Saber e Fazer história,6ªano, São Paulo, Saraiva.
- RODRIGUE, Joelza Éster (2001). História em documento: Imagem e texto,6ªano, São Paulo, FTD.
Plano 36
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
portuguesa;
Denique Moreira de Rezende
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras
Máscaras que revelam a África
Disciplinas:
Ens. Fund. - 7° Ano
Língua
Matemática; Geografia;
195
196
Planos de aula
História; Artes.
Objetivos:
Apresentar a beleza africana através das máscaras e trajes para conhecer a realidade destes povos
presentes no continente. Compreender o contexto histórico - geográfico da do negro no Brasil e
produzir máscaras para estudar as forma de representações artístico literária, que expressem a
identidade da nossa realidade e da realidade dos negro presentes no contexto local/ nacional.
Conceitos:
Multiplicidade de povos da África, características antropológicas universais, estética africana, o
pilar negro da sociedade brasileira, a condição do negro na sociedade contemporânea
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De refletir multidisciplinarmente
- De encantar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De falar
- De se organizar e organizar
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
- De usar tecnologias
Valores:
Respeito; Reconhecimento; Tolerância; Fraternidade; Solidariedade; Alegria; Justiça
Recursos Didáticos:
Sucata; Retro-projetor; Transparências com imagens dos povos, mapas e máscaras; Textos de
fontes diversas
Procedimentos:
1º momento: Máscaras. Pesquisar máscaras que representem a cultura Afro no mundo. Criar um
acervo iconográfico sobre o assunto.Verificar diante da pesquisa sobre outras máscara, e o que
representam, e sua elaboração. 2º momento: O poder do sagrado na religiosidade Afro. Apresentar
o texto Xamãs de Daniel Nunes Gonçalves e a música Noite dos mascarados (Chico Buarque).
Comparar a função das máscaras nas duas situações. Apresentar imagens de máscaras africanas
de diversos povos e tempos. Verificar o material do qual são feitas; o que representam; a função
das máscaras; Elaborar uma comparação sobre as máscaras africanas com as do acervo
iconográfico. Separar as máscaras por função: diversão, representação cênica, religiosidade. Em
grupos, redigir textos que informe a função, procedência, importância social, tempo e espaço,
sobre essas máscaras de acordo com o tema escolhido. Mostrar nos continentes as épocas que
as máscaras exercem os mesmos papéis, logo fazem parte da expressão humana. Elaboração de
uma exposição dos conhecimentos sobre as máscaras representando o poder do sagrado e da
religiosidade Afro. 3º momento: O berço da civilização. Elaborar um painel com o mapa da
África assinalando os lugares onde se encontram os povos que produzem as máscaras.
Desenvolver pesquisa como estudo sobre esses povos. Reproduzir máscaras com sucatas ou
colando tiras de papel de jornal em balões de encher, que após serem estourados e divididos em
dois verticalmente servirá de base para a reprodução. Representar em folhas de cartolina as
estampas das roupas africanas que servirá de fundo para a exposição de máscaras. Exposição
das máscaras criadas pela turma com os conhecimentos adquiridos em painel. 4º momento: Por
de trás da máscara. Buscar representações da arte e da beleza negra no dia-a-dia. Comparar
imagens da arte da África com as do negros no Brasil. Debate nas turmas sobre o tratamento
que temos dado aos negros em nossa sociedade. Confeccionar máscaras para representação
cênica desta realidade. Confeccionar máscaras como uma nova expressividade, com um novo
tratamento e novos sentimentos para com estes seres humanos de forma atualizada sem
preconceito. 5º momento: Criar um Salão de novas caras e com todas as cores. Organizar
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
exposição com as máscaras separadas por função: antes do estudo e depois do estudo com as
pesquisas realizadas que guiem os visitantes. Apresentar a encenação e convidar a platéia a
colocar as novas máscaras que propõe um novo tratamento ao diverso, ao negro, e ao Brasil.
Assinar um documento ou carta - com a intenção de se comprometer com esse novo tratamento
dentro da comunidade e para incentivar a criação de ações para que sejam cumpridas diante
desta realidade vivida em nosso país.
Link:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/mae/mae-mito.html
http://www.mae.usp.br
http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleview/320/1/5/
http://www.ritosdeangola.com.br/Resgate/resgate04.htm
Observações:
Esta aula é um projeto de sensibilização dos alunos para a riqueza artística e cultural africana.
Por isso, há de ser desenvolvida em mais de uma aula, envolvendo a maioria dos professores no
mesmo objetivo. Iniciando com a valorização da cultura negra, ofertamos meios para comparar
os argumentos pró e contra a discriminação e assim edificamos argumentos sólidos para o
banimento desta prática em nossa sociedade.
Referências Bibliográficas:
- BELIEL, Ricardo Escola de Semba in Revista Terra, edição 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005
- GONÇALVES, Daniel Nunes Xamãs in Revista Terra, ed. 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005
Plano 37
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Maria Cecília Rodrigues
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
O racismo e suas formas de manifestação
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Fund. - 7º Ano
Matemática; Ciências Naturais;
Geografia; História; Ensino
Religioso; Filosofia; Biologia
Objetivos:
Refletir aspectos do preconceitos de raças, de forma a conscientizá-los sobre o quanto
"brincadeiras", apelidos e chamamentos de cunho racistas servem como mantenedouros de uma
sociedade desumana e excludente. Desenvolver atitudes de respeito pelo outro, e
principalmente, aprender a respeitar as diversidades culturais, religiosas ou físicas/estéticas
presentes na sociedade brasileira.
Conceitos:
Conceituando "raças"; Ressaltando as semelhanças, aprendendo a respeitar as diferenças; A
contribuição dos indígenas, negros e brancos na construção do Brasil
Habilidades:
- De questionar para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo);
- De criar novos princípios de conviver com transformações sociais;
- De identificação de problemas com as diferenças;
- De se organizar frente as diferenças sociais;
- De comprender multidisciplinarmente outros conhecimentos;
- De identificação de problemas étinicos raciais
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo no contexto da diversidade;
- De conviver com a diversidade em sua pluralidade.
Valores:
Respeito pelo outro; Consciência de seus direitos e deveres; Indignação a qualquer forma de
preconceito/racismo; Capacidade de criar concepções próprias independente da valores
familiares; Valorização de si mesmo
Recursos Didáticos:
Vídeos; Cartazes; Textos diversos que abordem o tema sob diferentes aspectos; Painéis;
Procedimentos:
1º momento: Pesquisar com os alunos abordagem da mídia do papel desempenhado pelos negros
em telenovelas, filmes e propagandas. Elaborar um vídeo, assisti-lo fazendo uma crítica sobre este
197
198
Planos de aula
assunto nos meios de comunicação Os grupos apresentaram a crítica e após, discussões do assunto
abordado. 2º momento: Elaborar questionários sobre o preconceito racial. Buscando conhecer
principalmente o espaço ocupado por brancos e negros no mercado de trabalho da cidade e a
remuneração de cada uma destas classes trabalhadoras. Após a coleta de dados, juntamente com o
professor de matemática, mensurar os resultados obtidos verificando a análise dos dados aqui
representados. 3º momento: Interagindo com a área de Ciências, propor uma pesquisa, onde os
alunos conheçam e discutam, as mais recentes descobertas no campo cientifico, das análises de DNA
(mapeamento do código genético) que comprovam que, as diferenças genéticas, entre as raças, são
mínimas, praticamente inexistentes, essas descobertas jogam ao chão qualquer tentativa de se definir
uma suposta "superioridade racial". 4º momento: Desenvolver no ambiente escolar, jogos que sirvam
pra exemplificar a igualdade entre os alunos, não importando sua cor, sexo ou religião.
(Complementar o estudo com filmes sobre a participação de negros e brancos nas Olimpíadas). E se
estes atletas foram desprestigiados por serem negros em sua presença nas Olimpíadas. Como foi a
atuação dos negros com atletas diante de outros países? 5º momento: Elaborar um painel com as
reportagens de personalidades negras de sucesso nos diversos campos de conhecimento. Após as
discussões, jogos, coletas de dados, análise dos vídeos, filmes, textos, sistematizar os conhecimentos
com os alunos organizando: textos: redações, artigos e histórias para darem significado ao
conhecimento construído. 6º momento: Criar peças teatrais a partir dos conhecimentos construídos
e aprestarem para a escola os frutos do trabalho desenvolvido. 7º momento: Júri simulado: "Negros
e brancos são importantes na formação de nossa sociedade?" o trabalho do júri será partindo desta
problemática presente na sociedade brasileira. 8º momento: Avaliação diária dos trabalhos
desenvolvidos diante do processo, onde a participação, interesse e responsabilidade serão vínculo do
trabalho.
Observações:
Para a aplicação da aula o professor poderá utilizar outros recursos além dos citados ou até em
substituição aos mesmos. O vídeo pode ser substituído pela leitura de artigos de revistas,
recortes de propagandas,leitura de jornais, etc.Caso não seja possível fazer a pesquisa de
campo, sugiro que seja feito pelo menos um levantamento dos alunos matriculados na escola e
um comparativo entre o número de alunos brancos e negros, índice de evasão entre os mesmos,
características familiares etc. Diante do resultado obtido o professor poderá fazer debates sobre
a situação encontrada (localização da escola, inserção do negro na comunidade, índice e
possíveis causa da evasão entre alunos negros e brancos, e também deve estar atento às diversas
possibilidades da pesquisa. Para o júri simulado sugiro que se convoque tanto para testemunhas
quanto para o júri, pessoas da comunidade, dessa forma os alunos poderão interagir com
diferentes formas de encarar o tema e comparar opiniões.
Referências Bibliográficas:
- http://www.espaçoacademico.com/Cor e segregação no Brasil
- www.pnud.org.br/raca/reportagens/
- Vídeo: Amistad
- Vídeo: Homens de Honra
- Vídeo: A Espera de Um Milagre
- DVD: Homens das Cavernas, documentário da BBC sobre a evolução humana.
Plano 38
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Maria de Fátima Gomes
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 2 - Recontando a História da África
"A História da África que não Conhecíamos"
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Fund. - 7º Ano
Geografia; História; Artes
Objetivos:
Conhecer os conceitos históricos, explorando a capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar
a História da África; Conhecer as diversas manifestações históricas e artísticas de alguns reinos e
impérios africanos contribuindo para que a História da África fazer parte do universo dos alunos;
Conceitos:
Identificar permanências e mudanças; identificar semelhanças e diferenças; comparar formas de
representação a vida; comparar explicações sobre os africanos; perceber as diferenças culturais;
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
compreender a diversidade cultural; identificar as diferenças do modo de vida.
Habilidades:
- De questionar
- De criar
- De enriquecer o repertório
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De identificação de problemas
- De se organizar e organizar
- De refletir sobre o acumulado
- De analisar e sintetizar
- De trabalhar com quantidade e qualidade
- De reter e memorizar
- De encantar
- De estratégias e idéias
- De identificação de problemas
- De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De organização e articulação
- De conviver com a diversidade
- De convencer
- De falar
- De se organizar e organizar
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De se livrar dos padrões
- De estar atento
- De perceber o imenso e o complexo
- De perceber o pequeno e o local
- De realizar tarefas
- De criar produtos e artefatos
- De usar tecnologias
- De escrever
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Recursos Didáticos:
Revistas (Istoé, Veja, Época), que possam ser recortadas; Fita de vídeo; transparências e retroprojetor; slides e projetor; máscaras africanas; jornais velhos; cola; tesoura; lápis de cor e/ou
tinta; Atlas: histórico e geográfico - atual; Mapas: histórico e geográfico - atual; cartolinas; T.V;
vídeo, enciclopédias e livros diversos que tragam informações sobre a África; Fitas cassetes;
gravador; computadores; retratos de família; máquina fotográfica; filmadora; fita crepe/adesiva;
se possível, roupas e acessórios afro; papel ofício; xerox; CD's de músicas africanas; fita cassete;
livros e CD's de história da arte africana.
Procedimentos:
Informando aos alunos sobre o estudo que estarão iniciando na próxima aula sobre a África.
Solicitando que os mesmos tragam para a aula revistas que possam ser recortadas. 1ª Aula:
TEMPESTADE DE IDÉIAS: Solicitar aos alunos que procurem e recortem, nas revistas, todas as
gravuras de pessoas que eles julgarem que, de uma forma ou de outra, façam referencia à
África. Realizar uma "tempestade de idéias", que explique a escolha que fez dos recortes. Anote
todas as explicações no quadro. Em grupos cooperativos de 5 alunos, peça a eles que
respondam à seguinte problematização: A História da África está presente nos recordes? SIM?
- NÃO? Por que? Após responderem, pedir que os grupos que questionem: Por que sabemos
tão pouco sobre a História da África? Por que devemos estudar a História da África? Como é que
os africanos contam sua História? De onde vem esse nome África? O que significa? Encerre a
aula e solicite aos alunos que façam, em casa, uma consulta ao livro didático de História, e
anotem o que descobriram sobre a África e tragam tudo para a próxima aula. 2ª Aula:
SOBREVOANDO O CONTINENTE AFRICANO. Iniciar a aula a partir das anotações dos alunos
199
200
Planos de aula
sobre o resultado da pesquisa ao livro didático, que foi pedido na aula anterior. Escreva no
quadro a contribuição que cada aluno trouxe de casa; Ressaltar que, para conhecermos um
pouco mais o Brasil, é preciso que conheçamos também a África não só, pelo nosso livro
didático, mas também, por outras fontes disponíveis, inclusive, todas aquelas que se encontram
na biblioteca da escola.Na biblioteca da escola. Verificar qual o material presente para servir de
fonte bibliográfica para eles. Elaborar as anotações de todas as "descobertas" feitas neste
"sobrevoando" o grande continente e, na aula seguinte, cada grupo informaria aos demais
colegas da turma, tanto a fonte utilizada para o "sobrevôo" quanto o que foi aprendido nesta
etapa do trabalho. 3ª Aula: ORGANIZANDO AS DESCOBERTAS: Anotar no quadro, todas as
descobertas apresentadas pelos grupos como, por exemplo: localização geográfica do
continente no globo; quantidade de países que compõem a África; etc; Entregue a cada aluno
uma folha onde esteja desenhado, 3 mapas do Brasil e um mapa da África, e peça que eles que
recortem e colem os Brasis na África a fim de que possam ter uma idéia da grandiosidade do
continente. Ressaltar as informações colhidas nos Atlas e mapas quanto às línguas oficiais dos
53 países do continente, bem como os inúmeros dialetos que conseguirem descobrir; Dos
mapas históricos ressalte as informações colhidas acerca dos "Estados, Reinos e Impérios"
africanos existentes antes dos portugueses aportarem no continente e as todas as características
dos mesmos; 4ª Aula: "AVRINGA": Sorteie o nome dos povos africanos que os alunos estudarão,
em 3 (três aulas, tais como: (Tekrur - Mali - Mossi - Núbios - Songhai - Bornu-Karen - Hauça Congo - Lunda - Monomotap - Iorubas - Benin - Etíopes - Ashantes - etc). Pedir aos alunos que
procurem levantar o maior número possível de informações sobre o tema de estudo, a fim de
que possam fazer uma bela apresentação e exposição, como trabalho final, de tudo o que
aprenderam, nos aspectos artístico e cultural, religioso, sociais, econômico/comerciais e
políticos, etc. Disponibilizar o material didático e bibliográfico de tudo o que tiver sobre os
temas propostos para os grupos, afim de que possam, inclusive, ilustrar seja o trabalho escrito
ou cartazes a apresentação que farão. Combine com os alunos a apresentação dos trabalhos,
dos grupos, em 2 (duas) aulas, ou seja, as 5ª e 6ª Aulas. Recolha todo o material preparado e
apresentado pelos alunos e guarde para a 7ª aula. 7ª Aula: "SISTEMATIZANDO NOSSOS
CONHECIMENTOS": Iniciar o seminário sobre tudo o que aprenderam no "mergulho" que
fizeram, para começarem a conhecer a África. A) Expor os cartazes e murais para o trabalho ser
apresentado; B) Os assuntos serão conduzidos pelos grupos seguindo a orientação do professor;
C) Apresente seu estudo com o grupo, utilizando os cartazes para o enriquecimento. D) Após
sua apresentação os alunos deverão entregar, por escrito a pesquisa que foi utilizada na
apresentação, seguindo as normas da ABNT; E) Após a apresentação teórica um momento
cultural com músicas, danças e ritmos, vestimentas que represente o povo da África estudada;
Arquivo:
ARTIGOS, CARTILHAS, REVISTAS, JORNAIS, SITES, CD's, VÍDEOS, etc. Escravismo. Revista do
Departamento de História. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, 1988. Navios Negreiros. São Paulo:
Edições Paulinas, 1981. Rebeldes Brasileiros: Homens e Mulheres que desafiaram o poder.
Coleção Caros Amigos, Fascículos: 6- Chica da Silva; 8- João Cândido; 12- Lima Barreto. Brasil:
500 Anos (1530 - 1620) - São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999. Royal Gold of the Asante
Empire. In. National Geographic. Pág. 36. october 1996. Revista do Centro de estudos AfroAsiáticos 30. Rio de Janeiro, 1996. Varia História / Departamento der História, FAFICHMG, nº1
- Belo Horizonte: Depatº de História da FafichUFMG, 1985. Ouro de Minas: 300 Anos de
História. Cadernos Especiais (1, 2, 3 e 4) do jornal Estado de Minas. Belo Horizonte: 2005 Revista
Raça Brasil (Anos 1,2,3 e 4) Revistas: Veja, Istoé, Época, para recortes. Vídeos: a) O Nilo Discovery Channel; b) Kiriku - Animação; c) África antes da Colonização Européia (Edições Del
Prado) d) Nelson Mandela (Documentário). CD's: Arte Nok - Arte Ioruba - Arte da Costa do
Marfim - Mascaras e Fetiches (Enciclopédia Multimídia da Arte Universal - nº3 CARAS). ATLAS:
ARRUDA, José Jobson de A. Histórico Básico. São Paulo: Editora Ática, 1995. SIMIELLI, Maria
Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2002
Observações:
Uma das formas de se variar a atividade seria, para uma escola pública, pedir aos alunos que
trabalhem com fotografias da própria família ou invés de recortes de revistas; Outra variação,
seria trabalhar com recortes de revistas, que contenham manifestações culturais as mais
variadas, presentes no Brasil hoje, e que podem contribuir para o primeiro contato com a África,
aqui entre nós, como por exemplo, a Congada, a Capoeira, as Cavalhadas, os Batuques, a
Percussão, a escultura, O Candomblé, o Samba, as Comidas, o Palavras. O objetivo, dessas
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
formas de variação seria para dar início ao conhecimento das Áfricas que cada brasileiro traz
consigo; de aprender a se admirar, de se sentir feliz por descobrir, por apresentar o que
descobriu, enfim contribuir para dar um passo na ampliação do interesse e da curiosidade de
alunos das 6ª anos que ainda se mostram abertos e animados com os conteúdos históricos que
temos estudados.
Referências Bibliográficas:
- ABRANCHES, Henrique. A Konkhava De Feti. Luanda: União dos Escritores Angolanos. 1985.
- ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- ANDRADE, Elaine Nunes (org). RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo: Summus, Selo
Negro Edições, 1999.
- BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. Porto
Alegre: Artmed, 2003.
- BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. Porto
Alegre: Artmed, 2003.
- BOTELHO, Ângela Vianna e REIS, Liana Maria. Dicionário Histórico Brasil: Colônia e Império. Belo
Horizonte: O autor, 2001.
- BRAZ, Júlio Emílio. Zumbi: o despertar da liberdade. São Paulo: FTD, 1999.
- ____. Lendas Negras. São Paulo: FTD, 2001.
- CAMPOLINA, Alda Maria Palhares et alli. Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte, Secretaria de
Estado da Cultura - Arquivo Público Mineiro/COPASA MG, 1988.
- CAMPOS,
Flávio de. "Reflexões sobre a Escravidão". In: 500 Anos De Brasil: Histórias e reflexões. São Paulo:
Scipione, 1999, p. 22 - 32.
CANDAU, Vera Maria. (Org.) Ensinar e Aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Rio de Janeiro:
DPA,2000.
- CARVALHO. José Murilo de. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1998.
- CASCUDO, Luís da Câmara. Made in África. - 5. ed. - São Paulo: Global, 2001.
COSTA, Emilia Viotti da. A Abolição. São Paulo: Global Ed., 1988.
CUPERTINO, Fausto. As Muitas religiões do brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
- DAVIES, Nicholas. (Org). Para além dos conteúdos de História. Rio de Janeiro: Access, 2001.
- DAVIS, Darien J. Afro-Brasileiros hoje; tradução Felipe Lindoso São Paulo: Summus/Selo Negro, 2000.
- DEMO, Pedro. Saber Pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002.
- DERVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Trad. Jussara Rodrigues. Porto Alegre:
Artmed Editora, 2001.
- EL-KAREH, Almir Chaiban. Filha Branca de Mãe Preta: a companhia da estrada de ferro D. Pedro
II (1855-1865). Petrópolis: Vozes, 1982.
- EVERDOSA, Carlos. Roteiro de Literatura Angolana. Luanda: União dos Escritores Angolanos.
1985.
- FRANÇA, Jean M. Carvalho. Imagens do Negro na Literatura Brasileira (1584-1890). São Paulo:
Brasiliense, 1998.
- ______.(org.) Visões do Rio de Janeiro Colonial: Antologia de Textos, 1531-1800. Rio de
Janeiro: EdUERJ: J. Olympio, 1999.
- FREIRE, Gylberto. Casa Grande e Senzala. São Paulo: Circulo do Livro, 1987. 587p.
- _______. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do
urbano. Rio de Janeiro: José Olympio, vols. 1 e 2, 1985.FRY, Peter. (Org.). Moçambique: ensaios..
Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.
GRINBERG, Keila, LAGÔA, Ana Maria Mascia e Lúcia Grinberg. Oficinas de história: projeto
curricular de Ciências Sociais e História. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.
- GROETELAARS, Martien M. Quem é o Senhor do Bonfim? O significado do Senhor do Bonfim
na vida do povo da Bahia. Petrópolis: Vozes, 1983.
- HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na Sala de Aula: visita à história
contemporânea - São Paulo: Selo Negro, 2005.
- HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e
colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000.
- KARNAL, Leandro, (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo:
Contexto, 2004.
201
202
Planos de aula
- LARANJEIRA, Maria Inês. Da arte de aprender ao ofício de ensinar: relato, em reflexão, de uma
trajetória. Bauru: EDUSC, 2000.
- LIBBY, Douglas Cole e PAIVA, Eduardo França. A Escravidão no Brasil: relações sociais, acordos
e conflitos. São Paulo: Moderna, 2000.
- LIMA, Heloisa Pires. História da Preta. São Pasulo: Companhia das Letrinhas, 1998.
- LIMA, Jorge de. Novos Poemas; poemas escolhidos / poemas negros. Rio de Janeiro: Lacerda
Ed., 1997.
- MAESTRI, Mário. O Escravismo no Brasil. São Paulo: Atual, 1994.mares. FAE, 1985.
- MANSUR,Odila C. - MORETTO, Renato Alves. Aprendendo a Ensinar. São Paulo: Elevação,
2000.
- MATTOS, Ilmar Rohloff de. (Org) Histórias do ensino de História no Brasil. Rio de Janeiro:
Access, 1998.
- MELO. Regina Lúcia Couto de. E COELHO, Rita de Cássia Freitas. Educação e Discriminação dos
Negros. Belo Horizonte: IRHJP, 1988.
- MIRA. João Manoel Lima. A Evangelização do Negro no Período Colonial Brasileiro. São Paulo:
Loyola, 1983.
- NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha,
2000.
- OLINTO, Antonio. O Rei de Ketu. Rio de Janeiro: Nórdica, 1980.
- ______. 1980. A Casa da Água. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
- ORTIZ, Renato. A Morte Branca do Feiticeiro Negro. Petrópolis: Vozes, 1978.
- PINSKY, Jaime. A Escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988.
- SANTOS, Joel Rufino dos. Zumbi. São Paulo: Moderna, 1985.
- SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte: Pàde, àsèsè e o Culto Égum na Bahia.
Petrópolis, Vozes, 1984.
- SANTOS. Joel Rufino dos. A vida de Zumbi dos Palmares. Fundação Cultural Pal-SERRES,
Michel. Filosofia Mestiça; tradução Maria Ignez Duque Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1993.
- SHAFFER, Kay. O Berimbau-de-barriga e seus Toques. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977.
- SILVA. Consuelo Dores. Negro, qual é o seu nome? Belo Horizonte: Mazza, 1995.
- SILVA, Adriana Maria Paulo da. Aprender com perfeição sem coação: uma Escola para meninos
pretos e pardos na corte. Brasília: Plano, 2000.
- SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida Privada e Quotidiano no Brasil. Na época de D. Maria I e
D. João VI. Lisboa: Estampa, 1993.
- SLENES, Robert W. Na Senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da família
escrava, Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira S. A. 1999.
- SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Negregada Instituição. Rio de Janeiro, 2002.
- SOUZA, Laura de Mello e.(Org) História da Vida Privada no Brasil: cotidiano e vida privada na
América portuguesa.(1) - São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se Negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em
ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
- VAINFAS, Ronaldo. (Dir.) Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: bjetiva,
2000.
- VEYNE, Paul. Como se Escreve a História. Lisboa: Edições 70, 1971
- WEHLING, Arno e Maria José C. M. Wehling. Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro. 1999.
Plano 39
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
portuguesa;
Hilda Rodrigues da Costa
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
O papel do negro no contexto das artes literárias
Disciplinas:
Ens. Fund. - 8º Ano
Língua
História; Artes; Sociologia;
Literatura
Objetivos:
Conhecer a história da arte negra para interagir com os aspectos da história e da literatura
brasileira que identifique sobre o papel do negro na sociedade brasileira. Analisar características
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
da cultura negra nas artes literária e sua influência na cultura brasileira como importante para
interagir com novos conhecimentos socioculturais.
Conceitos:
Contribuição da cultura africana na formação da cultura brasileira; A formação de uma
identidade cultural; A analise e o debate sobre a influência da cultura afro na literatura brasileira;
Habilidades:
- De trabalhar linguagens para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si
mesmo);
- De conviver com a diversidade e com transformações sociais;
- De trabalhar linguagens multidisciplinarmente
Valores:
Socialização; Conhecimento; Respeito; Reflexão; Identidade; Valorização
Recursos Didáticos:
Textos narrativos e poéticos de diversos autores; Músicas típicas; Revistas; Filmes; Dicionário para
pesquisa de vocabulário.
Procedimentos:
1º momento: Iniciaremos nossa aula com apresentação de imagens que venham a representar a
cultura Africana e sua influência na cultura brasileira, com uma leitura ( não-verbal) incentivaremos
os alunos a identificar de onde pertencem tais imagens, o que eles nos falam através do desenho
e das cores, que histórias elas representam. 2º momento: Apresentar de forma informal um
pequeno resumo das imagens apresentada, para darmos inicio ao conteúdo a ser estudado. 3º
momento: Nesta fase o educando será incentivado a participar com perguntas e até curiosidades
sobre o tema abordado. 4º momento: Reflexão sobre os questionamentos elaborados. 5º
momento: Diante da exposição do conteúdo será apresentado o samba-enredo da Beija-Flor,
vencedora do carnaval de 2007, "Áfricas; Do berço real à corte brasiliana." - letra e música - para
que o educando faça a interação entre o ler e o ouvir, desenvolvendo suas habilidades de relacionar
a história, a arte e a cultura brasileira com a africana. Conseqüentemente a interação entre os
mundos, sendo capaz de refletir, analisar e questionar os fatos apresentados.
Materiais de Apoio:
Links:
www.beija-flor.com.br
www.nacoeseaculturadacor.uniblog.com.br
www.revista.agulha.nom.br/grego
www.vidaempoesia.com.br
Observações:
Este plano de aula possui uma característica diferenciada, pois ele possui uma extensão maior, uma
vez que o seu desenvolvimento será continuo e não em uma única aula.
Referências Bibliográficas:
- ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. In.: Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. (org)
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina, 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004. v. l.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. LAHUD, Michel. 9 ed. São Paulo:
HUCITEC, 2002.
- BONNEW RTZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. Trad.: MAGALHÃES,
Lucy. Petrópolis: Vozes, 2003.
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Trad. CORRÊA, Mariza. Campinas:
Papirus, 1996.
- CAMPBELL. Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.
- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª ed. 34ª imp..
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP,
2000.
- ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes,
2003.
- PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. RAMOS, Patrícia Chittoni Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
- ARROYO, Miguel. Oficio de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: Vozes, 2000
- BRITO, Manuel Bueno. Linguagem básica e leitura sistemática. Goiânia : UFG, 1994.
-
203
204
Planos de aula
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: 2ª edição; Nova Fronteira, 1996.
- FIORIN, José L. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Cortez, 1990.
IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza.
4ª edição. São Paulo: Cortez, 2004. - (Coleção questões da nossa época).
- LOPES,
Luiz Paulo da Moita. Oficina de lingüística aplicada: a natureza social e educacional dos processos
de ensino/aprendizagem. São Paulo: Mercado das letras, 5ª ed, 2003.
MEURES, José Luiz ROTH, Desireé Motta. (orgs). Generos textuais e práticas discursivas: subsídios
para o ensino da linguagem. Bauru: Edusc, 2003 (coleção Signum).
- MORTIMER, Eduardo F SMOLKA, Ana Luiza B. (orgs). Linguagem, cultura e cognição: reflexões
para o ensino e a sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar; trad. Patricia C. Ramos. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2000.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
SUASSUNA, Lívia. Ensino de língua portuguesa: uma abordagem pragmática. Campinas: Papirus,
5 ed., 2002.
- SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
Plano 40
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Luiza Pereira da Silva
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
A influência do negro na música brasileira
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Fund. - 8º ano
Matemática; Ciências Naturais;
Geografia; História; Artes;
Ensino Religioso
Objetivos:
Identificar os elementos culturais africanos presentes na música popular brasileira, referenciando
os diferentes elementos culturais trazidos pelos africanos ao Brasil; Identificar os atuais
movimentos culturais negros existentes no Brasil e quais os seus campos de atuação,
identificando as múltiplas manifestações musicais presentes na música afro-brasileira;
Conceitos:
História, memória, cultura, arte, práticas culturais, formação cultural, musicalidade,
corporeidade, território, estética
Habilidades:
- De enriquecimento de repertório musicais africanos;
- De trabalhar linguagens musicais diversas;
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações sociais e identificação de problemas e conflitos diante da
diversidade;
- De refletir multidisciplinarmente diante do contexto musical;
- De refletir sobre o contexto musical afrobrasileiro.
Valores:
Solidariedade, coletividade, humanismo, ética, identidade, tolerância, respeito, perseverança
Recursos Didáticos:
Recursos audio-visuais (filmes, imagens, fotografias, músicas, instrumentos musicais), internet,
livros, jornais, revistas, etc.
Procedimentos:
1º momento: Problematizar o tema através de perguntas aos alunos: De quais manifestações
culturais vocês já ouviram falar? Quais suas origens? Quais as origens da capoeira? Quem
pratica capoeira atualmente? 2º momento: Solicitar aos alunos trazerem imagens e/ou
pequenos textos sobre manifestações étnico-culturais contemporâneas, pesquisadas em jornais,
revistas, livros, internet, televisão, etc.; 3º momento: Fazer levantamento em sala para descobrir
a origem dos alunos e saber se há afro-descendentes; 4º momento: Trazer para a sala de aula
alguém da comunidade que seja conhecedor e preparado para abordar sobre as tradições
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
culturais afro-brasileiras praticadas pela comunidade; 5º momento: Sugerir aos alunos que
tragam CDs e letras de músicas de grupos que abordem a questão étnica; 6º momento: Analisar
letras de músicas que abordem a questão étnica e as músicas cantadas por grupos afro para
conhecer seus ritmos diante da cultura brasileira; 7º momento: Assistir filmes e documentários,
ouvir músicas relacionadas ao tema, debatendo-os a partir de um roteiro previamente
elaborado; Expressão em diferentes linguagens: oral (entrevistas, debates e depoimentos), visual
e escrita, Exposição de painéis com o resultado das pesquisas e produções dos alunos;
Apresentação de grupos musicais locais, Formação de grupo cultural na escola.
Materiais de Apoio:
CD, HISTÓRIA DO MUNDO: AVENTURA VISUAL. São Paulo: Globo, 1997; VIAGEM PELA HISTÓRIA
DO BRASIL. Caldeira, Jorge. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Filmes e vídeos: MISSISSIPI
EM CHAMAS. Estados Unidos, 1988. 125 min. Direção: Alan Parker. Disttribuição: Flashstar Home
Vídeo. QUILOMBO. Brasil, 1984. 119 min. Direção: Cacá Diegues. Distribuição: Globo Vídeo; UM
GRITO DE LIBERDADE. Inglaterra, 1987. 157 min. Direção: Richard Attenborough. Distribuição: CIC
Vídeo; A COR PÚRPURA. Estados Unidos, 1985. 154 min. Direção: Steven Spilberg; AMISTAD.
Estados Unidos, 1997. 154 min. Direção: Steven Spilberg. Distribuição: CIC Vídeo; RAÍZES. Estados
Unidos, 1977. Direção Marvin J. Chomsky e John Erman. Produção: Warner Bros TV/American
Broadcasting Company; QUEIMADA. Itália, 1970. 113 min. Direção: Gillo Pontecorvo; CASAGRANDE & SENZALA. Brasil, 1995. 46 min. Direção: Maria Inês Landgraf. Produção: TV Cultura,
Fundação Padre Anchieta-São Paulo. Formato UP/Pal-m;
www.capoeirascience.com/videos%20de%20capoeira.html-11k;
www.berimbrasil.com.br/
berimFLASh/videos.htm-47k; www.berimbrasil.com.br/berimFLASh/berim2005/home.htm-74k;
www.dvdja.com.br/dvdja/produtos.asp?ID=2290&tipo=filmes-80k.;www.gruhbas.com.br/
(Bolando aulas de História). Leitura para o professor: CHAUÍ, Marilena de Souza. Conformismo e
Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1987; FREYRE, Gilberto.
Casa-Grande & Senzala. 30. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992; HOLLANDA, Sérgio Buarque de.
Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996; CARRIL, Lourdes. Terras de Negros.
Herança de Quilombos. São Paulo: Scipione, 1997. Leitura para o aluno: DIMENSTEIN, Gilberto. O
Cidadão de Papel. São Paulo: Ática, 1996; LUSTOSA, Isabel. A História dos Escravos. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 1998. PEREIRA, Carlos Eduardo, MOTT, Maria Lúcia, No Tempo da
Escravidão no Brasil: São Paulo: Scipione, 1996. (Crianças na História); MONTELLATO, Andréa
Rodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ª Ano / Montellato, Cabrini,
Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática).
Observações:
Este plano de aula poderá ser aplicado às turmas de 7ª Ano do Ensino Fundamental e EJA (3ª e 4ª
Etapas). É importante que as pesquisas sejam desenvolvidas na comunidade onde moram os
alunos e que sejam valorizados os saberes locais. A proposta é interdisciplinar, com o envolvimento
de todas as áreas do conhecimento, tornando o trabalho coletivo, integrado, motivador de um
currículo vivo.
Referências Bibliográficas:
- Curso Educação Africanidades Brasil - Livro de Apoio;
- MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ª
Ano/Montellato, Cabrini, Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática);
- MOZER, Sônia. Descobrindo a História: Brasil independente, 6ª Ano / Mozer, Telles. - São Paulo:
Ática, 2002. - (Coleção Descobrindo a História);
- Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos: temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC / SEEF, 1998. 436p.
Plano 41
Autor(a):
Elisandra Teixeira Marcondes
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Título:
A produção cultural e artística dos negros no Brasil
Público Alvo:
Disciplinas: Língua portuguesa
Ens. Fund. - 8º ano
História; Artes; Literatura
Objetivos:
Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitudes de respeito e
205
206
Planos de aula
reconhecimento a variedade cultural.Valorizar as diversas culturas presentes no país, para
reconhecer a contribuição desta cultura no processo de constituição da identidade
brasileiraReconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-a criticamente e
enriquecendo, dessa forma, a vivência de cidadania frente as diferenças sociais. Repudiar a toda
e qualquer forma de discriminação baseada em diferenças de raça,etnia, classe social, crença
religiosa, sexo e outras características individuais ou sociais.
Conceitos:
Religiosidade negra: resistência político-cultural; a umbanda e o candomblé; Congado; A origem
da capoeira; Estilos musicais : rap e funk.
Habilidades:
- Desenvolver atitudes de solidariedade frente as discriminações raciais;
- Valorizar o convívio pacífico e criativo dos diferentes na diversidade cultural;
- Compreender a desigualdade social como realidade em transformação;
- Respeitar o outro como direito de cidadania.
Valores:
Entender que diferentes etnias desenvolvem diversas formas de organização de festas e
celebrações também permite essa compreensão pela aproximação que o adolescente pode fazer
de sua própria vivência. O vestuário, que traz diversos dados sobre o usuário, tais como marcas
de diferenciação de gênero, idade, posição social, profissão. Para ele será fácil compreender tal
diferenciação por dados de sua vida cotidiana: modelos e tecidos que os jovens usam são exemplos
dessas marcas diferenciadoras; A religiosidade negra que é rica e variada. No Brasil, nossos ancestrais
africanos enriqueceram a nossa cultura com diferentes expressões e formas de se realcionar com o
mundo mágico e sobrenatural.
Recursos Didáticos:
Livros de literatura, livros didáticos e dicionários. Sites na Internet, computadores, CD room, etc. Revistas,
jornais e textos argumentativos. Máquina fotográfica, aparelho de som, TV e retroprojetor. Lousa e giz.
Sulfite, lápis, caneta, caneta hidrocolor, tesoura, etc.
Procedimentos:
1º Momento: Inicialmente mostrar, aos alunos, figuras de pessoas negras, destacando os traço
distintivos da raça e comentando o por quê desses traços. 2º momento: Problematizar a aula
perguntando aos alunos, se eles são afro descendentes e fazer um relatório deste momento. E destacar
junto aos alunos sobre sua importância nesta influência afro e a colaboração desta descendência em
nossa cultural e em nossa sociedade. 3º momento: Conhecimento da obra literária o "Pai João" de Jorge
de Lima e para contrastar com a obra de Tarcila do Amaral "A Negra". os traços presentes na poesia. Usar
o material para criar um mural afro cultural na escola. Este momento será de responsabilize do professor
que apresentará a obra com as devidas explicações, para os alunos. 4º momento: Vamos construir um
cronograma para o estudo interdisciplinar aconteçer sem atrapalhar o trabalho das outras disciplinas. O
estudo continuará com a pesquisar sobre a religiosidade africana, especificamente o Candomblé e a
Umbanda, pois elas são as religiões afro-descendentes. Para contribuir na pesquisa serão
disponibilizados: documentários, livros sobre o assuntos que da religiosidade cultural destes povos.
5º momento: A partir da pesquisa com o professor de matemática os alunos, destacaram as principais
regiões onde houveram manifestações religiosas e suas denominações. Ex: candomblé- Bahia ; xangôPernambuco e Alagoas; tambor de mina- Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba
no Rio de Janeiro. E vão comprovar com gráficos a amostragem destas manifestações em cada região.
6º momento: Com o professor de artes verificar na pesquisa as amostragens de gravura destas
divindades religiosa: Iemanjá, Ogum, Oxalá e explicar a origem do nome. Elaborando uma exposição
para a apresentação destas divindades. 7º momento: Elaborar um documentário sobre as festividades
desta religiosidade para ilustrar o estudo e os conhecimentos construídos e ser apresentado para a
escola. 8º momento: com o professor de Educação Física vamos estudar a importância dos movimentos
presentes na capoeira e como ela surge no contexto afro-brasileira.Pode-se trazer vários grupos de
capoeira para enriquecer o estudo. 9º momento: Recreio dirigido onde as turmas apresentarão suas
danças e músicas com os ritmos afros. 10º momento: Pesquisar os penteados, as roupas e elaborar um
desfile com a amostragem por década que influenciaram a moda brasileira.
Observações:
O plano de aula pode ser mais extenso dependo do objetivo de cada professor. Não detalhei como
trabalhar os objetivos, pois cada professor tem a sua maneira de atingir o seu aluno.O plano é flexivel,
podendo o professor começar por qualquer um dos tópicos. o resultado final não precisa ser
necessáriamente um mural, pode ser um jornal, ou relato sobre memorias, tudo depende da facilidade
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
que o professor tiver. O importante é contribuir para a formação social, respeito e cidadania do aluno.
Referências Bibliográficas:
- AREIAS,Almir. Oque é capoeira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
- DAYRELL, Juarez. Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG,
2001.__ . A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude em Belo Horizonte. Tese
( doutorado em Educação) . Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2001).
- PRANDI, Reginaldo. As religiões negras no Brasil: para uma sociologia dos cultos afro-brasileiros. Revista
USP, São Paulo, n.28, dez./fev.,1996.
- SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Ática,
1994.
- SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada institução: os capoeiras na corte imperial 1850-1890.
Rio de janeiro: Access, 1999.
- TAVARES, Júlio. Educação, através do corpo: a representação do corpo nas populações afroameríndias. In: Negro de corpo e alma. Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bienal, 2000.
- BRASIL- Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: 5a.a 8a. séries do Ensino Fundamental, temas transversais. Brasilia: MEC/SEF,
1998.
Plano 42
Autor(a):
Magali Terezinha Sia Malagó
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 6 - As religiões africanas no Brasil
Título:
Religiões de Matriz Africana
Público Alvo:
Disciplinas: Língua portuguesa
Ens. Fund. - 8º Ano
Objetivos:
Conhecer a diversidade africana e suas prática religiosas trazidos para o Brasil durante a
escravidão e compreende-las diante à realidade brasileira.
Conceitos:
Compreender a diversidade cultural significa aceitar o outro, estabelecendo a igualdade em
oposição à inferioridade
Habilidades:
- De trabalhar linguagens que interprete (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si
mesmo) diante da diversidade;
- De conviver com as transformações sociais para entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade;
- De interpretar multidisciplinarmente as várias linguagens da diversidade.
Valores:
Respeito pelo outro, a partir da compreensão da diversidade. Respeito às diferentes culturas,
bem como a valorização dos indivíduos, seus conhecimentos, seus saberes e sua maneira de agir
e pensar.
Recursos Didáticos:
Textos, músicas e imagens.
Procedimentos:
1º momento: Apresentar a proposta de trabalho aos alunos sobre a prática religiosa africana do
Brasil. 2º momento: Trabalho em grupos de 5 alunos e levantamento bibliográfico sobre o assunto.
3º momento: Realização da pesquisa na aula com cronograma para este fim; 4º momento:
Produção de texto: os grupos deverão construir um texto enfatizando as repressões exercidas pela
elite dominante brasileira às expressões africanas, compreendendo os motivos que os levavam a tais
repressões e ainda as formas que os negros encontraram de reconstruir cada prática, tendo a
finalidade de continuar realizando-a. 5º momento: Apresentação dos textos: Cada grupo
apresentará o texto à classe, abrindo espaço para questionamentos e opiniões da turma para
enriquecimento do trabalho.Estes textos farão parte da pesquisa. 6º momento: Apresentação do
trabalho de pesquisa dos grupos para o professor; 7º momento: Organização da construção de um
painel, onde será exposta A prática religiosa africana do Brasil.
Materiais de Apoio:
Artigo publicado na Revista Veja, edição 1638 de 1° mar/2000- "Abaixo os santos- expoentes do
207
208
Planos de aula
candomblé baiano não querem mais saber de sincretismo com os católicos." Cartolina cola,
tesouras, lápis de cor, que serão utilizados para construção do painel.
Observações:
Durante o desenvolvimento das atividades novas estratégias poderão ser acrescentadas, de acordo
com o desempenho de cada grupo, tendo como objetivo um resultado final satisfatório.
Referências Bibliográficas:
- MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo, Fundação Bienal de SP, 2000.
- _______. História do negro no Brasil. Vol. 1, Fundação Cultural Palmares/Min/C, 2004.
- _______ e Lino, Nilma. Religiosidade negra: resistência político-cultural. In: O negro no Brasil
de hoje. São Paulo: Global, 2006
Plano 43
Autor(a):
Wellington Cardoso de Oliveira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 2 - Recontando a História da África
Título:
Áfricas
Público Alvo:
Disciplinas: Geografia
Ens. Fund. - 9º Ano
Objetivos:
Estudar a importância da África e a contribuição do negro na construção e organização do Brasil
em suaa diversas formas de manifestações culturais para perceber a pluralidade diante destes
povos. Conhecer a África a partir de outras perspectivas, para valorizar este continente e sua
influência diante do povo brasileiro.
Conceitos:
Raça; afro-descendência; cultura; identidade
Habilidades:
- Reconhecer os afro-descendentes diante dos colegas da escola;
- Identificar conhecimentos multidisciplinarmente da África e do Brasil
Valores:
Igualdade, amizade, auto-reconhecimento, cultural.
Recursos Didáticos:
Vídeo, mapa da África antigo e atualizado, jornais, revistas, fotografias,
Procedimentos:
Tempo de duração: Serão usadas seis aulas com duração de 50 minutos cada. 1º momento:
Apresentação aos alunos do estudo sobre a África, com conversa informal para levantar o grau de
conhecimento sobre o assunto. 2º momento: Os alunos pesquisaram levantaram fontes em jornais,
livros que abordem sobre o continente africano. 3º momento: alunos em duplas, de posse da fonte
bibliográfico irão elaborar um relatório sobre os assuntos colhido procurando organizá-los com as
diferentes visões sobre a África. 4º momento: início da pesquisa com sobre a história da África,
agora com a visão da própria dupla. 5º momento: filme "Lagrima ao Sol" Atividades: Fazer uma
análise do filme "O que os vídeos trazem sobre a África?". com relatório de como o filme mostra o
continente africano, procurando destacar o que é verdade e o que é do senso comum. Acrescentar
na pesquisa. 6º momento: Aula expositiva do professor nesta aula falaremos sobre a importância
da África e sua diversidade cultural. Após discussão sobre os vários conhecimentos que já
construímos sobre a África. 7º momento: pesquisa no âmbito familiar, como os membros da sua
família sobre os que se autodenominam negros, diante do questionário usado pelo IBGE. 8º
momento: Vídeos sobre as diversas formas pela qual fomos influenciados pela cultura africana,
religião, música, comidas, etc. 9º momento: Apresentação da pesquisa dos grupo do trabalho
sobre a cultura africana esta presente no Brasil. 10º momento: os alunos apresentaram de diferentes
formas tais como: teatro, comidas de origem africanas, capoeira, vídeos e pesquisas. 11º momento:
A avaliação: deverá constar todo o estudo até aqui desenvolvido: a organização, a participação, as
apresentações, o comprometimento nas atividades propostas.
Link:
www.capoeiramestrebimba.com
Observações:
O presente plano de aula foi elaborado para alunos de oito anos mais, o mesmo pode ser
trabalho também com alunos de outras séries, basta que o professor que irá utiliza-lo faça
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
algumas adaptações levando em consideração a ano que vai trabalhar. Para o plano de aula
proposto não existe uma data especifica para sua aplicação mais se pede que seja em períodos
posteriores a avaliação periódica.
Referências Bibliográficas:
- CEAB. Caderno do Centro Afro-Brasileiro de Estudos e Extensão. Goiânia: Universidade Católica
de Goiás, 2001.
- MEC- Textos retirados do curso Afro-descendetes: 2005.
- MOURA, Glória. Os quilombos contemporâneos e a educação. Humanidade Consciência
Negra. Brasília: UNB, n 47, 1999.MEC/ SEED/ TV escola Salto para o Futuro - Repertório Afrodescendestes-2004.
Plano 44
Autor(a):
Idê Néia Acorsi
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Origem do Folclore - Contribuição da cultura Africana
Público Alvo:
Disciplinas: Artes
Ens. Fund. - 9º ano
Objetivos:
Conhecer a contribuição da cultura africana na formação do povo brasileiro que constitua espírito
crítico e possibilite uma visão ampla da cultura afro-descendente na contribuirção da pluralidade;
Objetivos específicos: Estudar geograficamente a cultura e o povo da África relacionando e
interagindo de forma dinâmica; Relaçionar a cultura africana na época da colonização a
atualidade;Pesquisar os elementos folclóricos de origem africana em sua multiplicidade;
Conceitos:
Habilidades:
- De estudo e enriquecimento da diversidade;
- De entendimento do outro, e do mundo em suas diversidades;
- De organização e articulação
- De conviver com a diversidade
- De trabalhar linguagens diversas no contexto as diversidades;
Valores:
Reconhecimento, respeito, valorização cultural, consciência negra
Recursos Didáticos:
Livros de história do Brasil para pesquisa; revistas e jornais para pesquisa; figuras e imagens de
objetos folclóricos; vídeos sobre musicas e danças folclóricas de origem africana; elaboração de
projetos e confecção de objetos.
Procedimentos:
1º momento: os alunos que farão uma pesquisa sobre as manifestações culturais e folclóricas da
cidade na biblioteca. 2º momento: Após a pesquisa será com os familiares incluindo os idosos. 3º
momento: com os dados das duas pesquisas, uma mesa redonda, onde todos contaram as histórias
ouvidas, e identificarão as manifestações herdadas da cultura africana. 3º momento: escolher a
partir destas manifestações, uma dramatização com a turma. Deve estar presente no trabalho: a
diversidade cultural brasileira com os aspectos da oralidade dessas histórias. E a possibilidade delas
serem recontadas de diferentes maneiras. 4º momento: Na comunidade local, pesquisar as
manifestações folclóricas desta região e os lugares onde os grupos folclóricos se encontram. Faça
uma visita acompanhada pelo professor. E registre as experiências de campo com entrevistas,
desenhos ou recriações da atividade assistida. 5º momento: Com os conhecimentos adquiridos
construa um museu folclórico em algum lugar da escola; (aproveite as feiras culturais ou de Ciências
promovidas pela sua escola). Catalogue com os alunos os diferentes elementos do folclore regional.
Estimule os alunos a trazerem objetos do folclore de origem africana que tenham em casa e expôlo temporariamente no museu, ou até, confeccionarem algum objetos como: instrumentos
musicais, vestuário, comidas típicas, brinquedos, entre outras.
Links:
www.terrabrasileira.net
www.brasilfolclore.com.br
Observações:
O presente plano de aula é flexível, pode ser adaptado e desenvolvido em todas as anoss do
209
210
Planos de aula
Ensino Fundamental e Médio. Os conteúdos podem ser aprofundados dependendo do tempo
disponível e características das turmas.
Referências Bibliográficas:
- Nova Escola: a revista do professores; Fundação Victor Civita, edição novembro de 2004
- HADDAD, D.A., Morbin, D.G., A ARTE DE FAZER ARTE, Saraiva 2002
- Uma história do povo Kalunga, MEC, 2001
- VIEIRA, I.L., Moura, J.A., Deckers, J. EDUCAÇÃO ARTISTICA: área de comunicação e expressão,
Ed. Lê, Belo Horizonte, 19
- Centro de Estudos Supletivos de Londrina - apostila, Educação artística 1º Grau, 1997.
Plano 45
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Antônia Maria Lima De Sousa
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras
A importância da estética e da corporeidade africana para a
cultura brasileira
Disciplinas: História
Ens. Fund. - 9º Ano
Público Alvo:
Objetivos:
OBJETIVO GERAL: Desenvolver o conhecimento e a valorização da cultura afro-brasileira para
compreensão desta realidade no contexto socio cultural brasileiro. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: o
Proporcionar o espírito de solidariedade despertando uma conscientização de valorização da cultura
africana. o Analisar costumes, valores, expressão corporal e a estetica dos africanos ao longo da
historia o Estabelecer relações entre o aspecto da africana e dos afor-descendetes brasileiros.
Conceitos:
Estética,Corporeidade, Cultura afro-descendente, costumes
Habilidades:
- De refazer novos pressupostos para conviver nas diferenças;
- De conviver com a diversidade
- De valorizar o outro em sua diversidade ser diferente e importante no social;
- De verificar multidisciplinarmente os vários conhecimentos abordados;
Valores:
Solidadriedade: Quem é solidário com o outro sempre encontra o bem em seu caminho. Respeito:
É preciso respeitar o modo de vida de cada um para que o seu seja respeitado. Justiça: Seja prudente
evitando conflitos desnecessários, mas não seja covarde escravo dos poderosos. Auto estima: Não
se deixe abater por criticas negativas ou comparações pois cada um tem sua própria beleza.
Recursos Didáticos:
Os recursos didáticos necessários para a aplicação do plano proposto está assim exposto: Cartaz
com fotos mostrando vestuário, gorros, turbantes, pulseiras, pano da costas, xales, abadás. Um
cartaz representando a cultura africana ooutro a cultura afro-descendente brasileira. Computador,
vídeo, fita ou cd de um bloco de micaretas, fotos de indumentárias africanas em power point.
Material para divisão do grupos. (Dinâmica) aparelho de som, cd com a música pavimentação dos
Titãs, cópias da música.
Procedimentos:
A(o) professora(o) anteriormente deve: 1. Pedir aos alunos que façam uma pesquisa sobre a
importância do corpo para os africanos, enfatizando a estética, o vestuário, pintura.2. Pedir para
que eles tragam: Recortes de jornais, revistas (atuais e antigas), cd's de musicas, vídeos de
danças que tenham relação com a estética e corpo do negro. Cola, tesoura, pincel coloridos,
cartolina. (Todo material conseguido poderá servir para os trabalhos que irão apresentar).
Execução: O tema é bastante rico e envolve muitos conhecimentos. Possivelmente antes da
pesquisa feita os alunos não tinham a dimensão de sua importância. No entanto, mesmo não
tendo o conhecimento ainda sistematizado, todos eles já viram algo a respeito através da mídia
(televisão, jornais e revistas). Com isso, e a pesquisa feita é bem provável que eles tragam de
casa algumas informações com as quais tenham construído representações desse tema. 1º
momento: Diagnostico: verificar o que eles sabem. Um bom ponto de partida pode ser os
carnavais fora de época, é um dos recursos que deveremos utilizar já que em toda cidade do
nordeste tem sempre. Em Teresina tem em todos os bairros, e nestes carnavais os Abadás são
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
conhecidos por qualquer jovem. Passar um vídeo com no Máximo 3 minutos de duração onde
mostre os blocos procurando enfocar uma turma vestida com o abadá. Abre-se uma discursão
sobre a vestimenta, estética, a origem, as diferenças e semelhanças do abadá vestido na África
e do abada do carnaval. No desenrolar da discursão são apresentados cartazes com diversos
abadás. 2º momento. Faz o seguinte questionamento: são somente os abadás que são utilizados
no nosso dia-a-dia? Na nossa moda? Não. São utilizados lenços nas cabeças, xales, pulseiras,
brincos, penteados, gorros e colares. (utiliza-se o computador mostrando fotos com os
respectivos acessórios). Com essa discursão podemos dar início a construção de um novo
conceito de cultura brasileira e da importância que a cultura africana tem para nós. Descobrindo
isso os alunos são levados a verificar que a estética é mais abrangente e que nela está incluídos
a corporeidade e a indumentária. Já que o corpo é a principal referencia para a grande variedade
de práticas culturais africanas, o aluno passa a ter uma noção de quanto é importante o corpo
para o africano. Constrói-se o conceito de estética. Onde a estética aqui estudada é uma
recriação de elementos africanos e afro-brasileiros e que compreende não só a beleza mais um
vasto repertório de práticas. As estéticas: africana e africanizada servem como parâmetro para a
estética contemporânea ampliar seus modelos de beleza para alem da pele, cor de olhos,
cabelos. 3º momento: Com essas informações e mais as evidências históricas discutidas antes,
será possível determinar como é importante a marca africana para a cultura brasileira e que por
isso devemos conhecer e valorizá-la. Para facilitar a compreensão desse processo, é proposta à
turma a seguinte tarefa: Ouvir e cantar a música Pavimentação dos Titãs. Em seguida pedir a
todos individualmente que faça mais uma estrofe da música respondendo o seguinte
questionamento: Como é feita a cultura afro-brasileira? Dá 10 minutos (individual). Faz grupos
e dá mais 10 minutos para o grupo refazer a música; Cada grupo apresenta a sua música e
colocar em votação. PAVIMENTAÇÃO, Titãs. Composição: Paulo Miklos & Arnaldo Antunes.
“Ninguém sabe como o plástico é feito. Ninguém sabe. Como o leite é feito ninguém sabe, Não
se sabe. A formula da Coca-Cola é segredo. A da Pepsi também. Foi feita por alguém. Plástico
foi feito por ninguém. Sabe como o chão é feito. Do que é feito o chão. Pé esquerdo, pé direito,
Pavimentação. Mas do que é feito o chão? É feito de pedra, É feito de pixe. É feito de pedra e
pixe. Pá pá pá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas ninguém sabe como a
gente é feita, Se a gente é feita ou não. Mão esquerda, mão direita, Bate palma então! Pá pá
pá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas do que é feita a gente? É feita de pé,
É feita de mão. É feita de pé e mão. Ou não?” 4º momento: Reflexão dos alunos e da professora
em relação a nossa diversidade cultural. Colocar em discussão os valores e sentimentos que
temos em relação a nossa herança africana. Próxima aula: Um grupo apresentar um desfile
apresentando os vestuários africanos. Outro apresenta uma dança típica afro-brasileira. O grupo
que apresentar a música pavimentação com coreografia. Dinâmica de apresentação: Para que
seja rápido o trabalho deverá já está digitado com todas as normas e logo após a divisão ser
entregue ao grupo o qual deverá imediatamente partir para a concretização do mesmo. Um só
tema para todos os grupos, porém cada grupo vai apresentar de uma maneira diferente (5
minutos). Faça em casa três espécies de vestuário típicas da cultura afro. Exemplo: turbantes,
abadás, e colares. Reproduza em quantidades iguais ao numero de alunos que compõem cada
grupo. Misture e distribua na sala aleatoriamente. Então reúna os grupos pelo tipo de vestuário
recebido pelo aluno.Grupo A = abadasGrupo B= turbantesGrupo C= colares.
Materiais de Apoio:
Será utilizado o conteúdo do curso, como também textos e fotos dos sites: 1-LARA ,Silvia
Hunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas . no site http://www.desafio.ufba.br/gt3006.html acesso em 15.06.2005. Neste texto encontra-se fotos que mostram o vestuários dos
escravos. Muito rico em dados para fundamentação teórica do professor. 2- Exposição: Em torno
de Zumbi. Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br /exposicao/em_torno_de_zumbi/
navio_negreiro.htm acesso em 15.06.2005. OUTROS TEXTOS: 01. NEGRAS BAIANAS
http://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm. 02. INDUMENTARIAS http://www.
lendorelendo-gabi.com/folclore/cultura_popular_e_folclore_pag1c.htm
Observações:
Todas as orientações dadas a concretização desse plano já estão nos procedimentos. Como
tambem o professor deverá nos recursos adaptar o que for mais acessivel para ele. Como por
exemplo ao invés do bloco pode apresentar um grupo de Hip hop ou hap introduzindo a aula
através da músicas, movimentos. No mais é óbvio que a organização e a criatividade do
professor fará com que este plano na prática seja um sucesso.
211
212
Planos de aula
Referências Bibliográficas:
- Conteúdo do curso, UNIDADE 5 - AULA 5.72
- LARA, Silvia Hunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas. no site http://www.desafio.
ufba.br/gt3-006.html acesso em 15.06.2005.
- Exposição: Em torno de Zumbi.
- Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br/exposicao/em_torno_de_zumbi/
navio_negreiro.htm acesso em 15.06.20054
- NEGRAS BAIANAS.http://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm5- INDUMENTARIAS
Plano 46
Autor(a):
Andrea Amorim Pereira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
Grafite - A Arte Proibida
Público Alvo:
Ens. Fund. - 9º Ano
Disciplinas: Artes
Objetivos:
Estudar as artes visuais negras presentes na cultura brasileira e sua diversidade de valorização a
identidade negra nas manifestações artísticas; Conhecer na diversidade artística a cultural brasileira
nas obras do Grafite e de outros artistas afro-descendentes para reconhecimento e identificação da
linguagem plástica presentes no meio ambiente, em produções criativas; Objetivos Específicos:
Elevar a auto-estima do educando através da produção artística visual dos mesmos por meio do
desenho, colagem e pintura; Reconhecer o Grafite como expressão espontânea da presença do
negro na nossa cultura; Refletir a importância do Grafite como uma modalidade artística de grande
valor para a luta contra o preconceito e a discriminação racial; Conhecer para minimizar as pichações
nas paredes, mobiliário da escola, muros e na comunidade;.Reconhecer a diferença entre Grafite e
Pichação.
Conceitos:
Alfabetizar para a arte partindo do conhecimento da própria cultura. Fortalecer a cidadania
compreendendo o contexto em que se vive, formar senso crítico e acumular bagagem cultural.
Diferenciar o Grafite da Pichação, identificando seus elementos básicos e reconhecendo a sua
contribuição para a contrução de forma harmoniosa do nosso espaço urbano. Valorizar o Grafite e
reconhecê-lo como uma forma de manifestação artística, sendo utilizada como construtora da
cidadania e um meio de criticar a sociedade em que está inserida; Conhecer o Grafite como uma
forma de expressão artística com plena autenticidade.
Habilidades:
- De criar e comprender as várias lingugens artisticas;
- De refletir multidisciplinarmente as várias linguagens artisticas
- De refletir sobre o contexto literário diante do meio ambiente.
- De entender o outro em sua diversidade,
Valores:
Respeitar todos os seres humanos. Valorizar a auto-estima. Desenvolver o senso crítico. Respeitar e
valorizar os direitos humanos. Respeitar o patrimônio público;
Recursos Didáticos:
Livros; Revistas; Papel ofício; Lápis de cor; Tintas; Pincéis; Lápis Grafite; Cartolina Preta; Corretivo;
Carbono branco ou amarelo; Internet; Vídeo;. Televisão; Textos e fotos; Filme DVD ("Basquiat - Traços
de uma vida") e Música (hip hop); Revistas ilustrativas sobre o tema.
Procedimentos:
Introdução: As várias pichações encontradas no ambiente escolar e na comunidade, o "modismo"
que se tornou o grafite na vida dos alunos e da nossa sociedade, o interesse dos alunos em aprender
sobre o Grafite e a sua riqueza em trabalhar com uma forma de expressão que faz parte do cotidiano
dos nossos alunos. Foi o gancho para a realização do planejamento dessas atividades. O Grafite é
uma expressão artística que conquistou fãs e inimigos, gerando polêmicas, (o preconceito) mas que
conseguiu o seu reconhecimento. Sabemos que a arte tem uma função tão importante quanto à
dos outros conhecimentos no processo ensino aprendizagem, onde se pode mostrar que a arte é
uma via para expor o que eles pensam sobre o mundo de forma crítica. Ao mesmo tempo o grafite
trata-se de uma atividade que pode ser exercida profissionalmente, e que tem características
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Etapas: 1º
culturais e ideológicas que devem ser descobertas e exploradas.
momento: No início da aula lancei o tema "Grafite - A Arte Proibida", onde os alunos foram
estimulados a falarem sobre o assunto de forma espontânea e sobre o que sabem acerca do tema
proposto. Onde foi apresentado textos sobre a origem e o histórico do Grafite e do Hip Hop. 2º
momento: Apresentei as turmas o filme "Basquiat - Traços de uma vida", que envolve a temática da
aula, e após a exibição os alunos foram convidados a debaterem o assunto do filme, fazendo relação
com o tema proposto. 3º momento: Convidamos um grupo de grafiteiros da Comunidade para dar
palestra sobre o assunto e realizar oficinas sobre a Arte do Grafite. 4 ° momento: Para levantar a
auto-estima e valorizar uma arte tão discriminada foi proposto a criação de grafites a partir do nome
dos alunos (assinaturas - tags), a criação de grafites utilizando o corretivo, material que é mais
utilizado dentro da escola para a realização das pichações, entre outras propostas (pintura em
pedras em grupo sobre problemas sociais de forma crítica). 5º momento: Solicitei um trabalho
com descendentes de estrangeiros (italianos, africanos, japoneses, árabes, alemãe) onde pedi
que fosse feito um levantamento de artistas nascidos nos países dos antepassados dos alunos.
Depois, uma pesquisa sobre os descendentes desses povos que vieram para o Brasil. Aos poucos,
todos percebem como a arte se transforma, mesclando as tradições originais com novas (locais),
no nosso caso o GRAFITE. 6º momento: Foi solicitado que eles se dividissem em grupos de 5 e
escolhessem um grafite ao redor da escola ou na comunidade , fotografassem e depois
escrevesse um texto fazendo uma leitura se utilizando dos conceitos e elementos adquiridos nas
aulas de Arte. Os alunos desenvolveram vários trabalhos práticos utilizando todos esses
conceitos. 7º momento: Finalizamos a atividade com uma exposição dos trabalhos. História:
Quando se fala sobre o grafite, conversa-se também sobre a época (contexto histórico) em que
foi feita, o tipo de sociedade que esse tipo de Arte retrata; Geografia: Localizar-se
geograficamente e espacialmente onde se originou o Grafite e onde podemos encontrar; Arte:
Os artistas (Keith Haring e Jean Michel Basquiat), cores, figuras em positivo e negativo, figura e
fundo; Língua Portuguesa: Leitura, e interpretação de textos sobre o grafite e escrita analisando
imagens do Grafite; Matemática: Proporção, simetria e perspectiva. Avaliação: A avaliação será
pautada no processo do aluno, com critérios para observar o seu aproveitamento dentro do
conteúdo oferecido: Levar em consideração o percurso do aluno dentro do projeto, sua própria
trajetória; O posicionamento do aluno em relação à produção: A capacidade de analisar as
produções realizadas; A busca de adquirir o conhecimento dentro do projeto por conta própria.
Link:
www.metro.sp.gov.br/cultura/tearte.asp
Observações:
O
professor tem que estimular os alunos a conhecer as manifestações de arte popular (Grafite) que
gravitam ao redor da escola, dessa forma estará abrindo uma janela para a cultura universal.
Mais do que desenvolver a sensibilidade, alfabetizando o para compreender a produção do
mundo inteiro. Devemos também levar em consideração o percurso do aluno dentro da
realização das atividades, sua própria trajetória, o posicionamento do aluno em relação à
produção, a sua capacidade de analisar as produções realizadas. Levando o aluno a adquirir o
conhecimento com autonomia e a importância do negro na formação da nossa cultura.
Referências Bibliográficas:
- RAMOS, C. M. Grafite, pichação cia. São Paulo: Anna Blume, 1994. Descreve toda a trajetória
do grafite, desde sua origem, e traz reflexões sobre a piichação.
- CHAGAS, C. C. das. Negro: uma identidade em construção. São Paulo, Vozes, 1996.
- Grafitti nas Escolas, Denis Sena, 27 págs., Ed. Uneb.
- Imagem no Ensino da Arte, Ana Mae Barbosa, 152 págs., Ed. Perspectiva.
- HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 2000. Link(s):- www.acordacultura.org.br
213
214
Planos de aula
Ensino Médio
Plano 47
Autor(a):
maria joseane gomes vieira
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 6 - As religiões africanas no Brasil
Título:
Ethos e inclusão social
Público Alvo:
Ens. Médio - 1 o Ano
Disciplinas: História
Objetivos:
Refletir, em sala de aula, sobre as diferentes concepções de religiosidade, permitindo ao aluno
sua identificação como sujeito social na nossa história, compreendendo o sincretismo religioso
observado no Brasil; Refletir sobre o espaço ocupado pelas religiões africanas no contexto de
insurgência da identidade afro-descendente no Brasil;Analisar, sucintamente, a presença dos
ethos afro-descendentes e suas características culturais no contexto brasileiro.
Conceitos:
Ethos, afrodescentes, religiões Afrodescentes, inclusão
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De criar novos pressupostos
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De conviver com transformações
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De perceber a interioridade humana
Valores:
Identidade - ética - cultura
Recursos Didáticos:
1. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.2. Livros pertinentes ao tema abordado.3.
Pesquisa de campo e pesquisa oral, inclusive em comunidade de afrodescentes; "Comunidade Caiana",
Alagoa Grande, PB.4. Pesquisa em Internet.5. Leitura e audição de músicas e filme para ilustrar a
temática.6. Uso do material didático deste curso;7. Consulta a materiais iconográficos.
Procedimentos:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: 1º momento: Leitura e audição da música "Lavagem Cerebral", de
1.1. Debate sobre preconceito, racismo e exclusão.1
1.2 Elaboração de painel ilustrativo
Gabriel Pensador.1
sobre os conceitos apresentados na discussão. 2º momento: Apresentação do filme "Xica da Silva", de
Cacá Diegues, enfatizando aspectos da exclusão social e religiosidade dos afrodescendentes no Brasil. 2.1
Discussão sobre a visão da sociedade sobre o afrodescente e sua cultura na história do brasileira; 2.2
Análise das diferentes formas de cultos africanos e sua influência sobre o catolicismo 3º momento: Leitura
de fragmentos do livro "Candomblé e Umbanda; Caminhos da Devoção Brasileira", de Vagner Gonçalves
da Silva. 3.1 Compreensão e interpretação de temas relevantes à temática abordada; 3.2 Elaboração de
painel apontando diferenças e semelhanças entre elementos pertencentes as diferentes formas de culto
africanos e as religiões cristãs do Brasil. 3.3 Seminário sobre "Ethos, religião e inclusão no Brasil. 4º
momento: Aula passeio na comunidade "Caiana". 4.1 Conversa informal sobre hábitos, costume e
práticas religiosas da comunidade. 4.2 Participação e interatividade em ritos culturais promovidos pela
comunidade. 4.3 Relatório sobre as atividades desenvolvidas. 5º momento: Pesquisa sobre materiais
iconográficos que abordem a cultura e rituais religiosos afro-brasileiros. 5.1 Exposição oral sobre o material
coletado. 5.2 Produção de textos, músicas, danças e pintura sobre o tema discutido. 5.3 Exposição, na
escola, dos matérias produzidos. Observações: O plano deve iniciar-se com a audição da música e seguido
de uma leitura cuidadosa e reflexiva da letra.Não se deve impor ao aluno nenhuma forma de resposta tida
como correta ou errada. Ao professor cabe mediar o debate, deixando que todos exponham suas idéias
e compreensão do que foi lido e ouvido.O painel deve ser feito pelos alunos e deve ficar exposto até o
final do projeto, assim poderemos avaliar como ocorreram mudanças de entendimento, compreensão e,
até mesmo, de atitudes, frente à temática abordada.Deve-se deixar bem claro que não se está discutindo
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
preferências de práticas religiosas, e sim, a identididade e raiz dos cultos religiosos plurais no nosso país.O
professor ou professora não deve esquecer que o tema gera discussões e que ele(a) deve estar preparado
para eventuais manifestações ou choques de idéias que possam vir a ocorrer em sala.
Referências Bibliográficas:
- LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Rio de Janeiro: Forense, 1988.
MONTES, Maria Lucia. As figuras do Sagrado - entre o público e o privado. In.: SCHWAREZ, Lilia Moritz
(Org. do volume) História da Vida privada no Brasil. Contrastes da Intimidade Conteporânea. Vol. 4. São
Paulo: Companhia das letras. 1998.
- SILVA, Maria Beatriz Nizza da. (Org.) Brasil - colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.
- SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda. São Paulo: Selo Negro, 2005.
Internet: www.mulheresnegras.org/alvaro2.html
www.candombledeangola.hpg.ig.com.br
www.ritosdeangola.com.br
www.ensinoafrobrasil.org.br
Plano 48
Autor(a):
Denilson Gameleira Rego
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
Título:
Da Cor Brasileira
Público Alvo:
Disciplinas: História; Sociologia
Ens. Médio - 1o Ano
Objetivos:
Analisar a contribuição da cultura africana, na formação da
cultura brasileira, reconhecendo a presença constante do negro em todos os momentos
históricos do Brasil; Compreender os motivos que levam ao racismo, presentes desde a
formação da nacionalidade brasileira.
Conceitos:
Formação Cultural; Racismo; Cultura Africana
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De analisar e sintetizar
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De conviver com transformações
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Convívio Social; Respeito
Recursos Didáticos:
Conversa informal; Quadro de Giz; Recortes de jornais e Revistas; Publicações, livros didáticos,
revistas, jornais, etc.
Procedimentos:
1º momento: Apresentar o contorno do Mapa do Brasil e solicitar aos alunos pesquisar as imagens
de rostos de pessoas que pertençam aos grupos étnicos-raciais presente no povo brasileiro e
preencher o mapa; 2º momento: A partir da exposição do cartaz, introduzir o tema da formação
cultural brasileira, lançando questionamentos à sala, sobre estas imagens e como estas etnias
chegaram ao Brasil. Registrar no quadro; 3º momento: Após a delimitação do assunto, reconhecer
o povo africano como a força de trabalho escravo no Brasil; 4º momento: Em grupos de 5 alunos
pesquisar os seguintes assuntos: África e seu povo; A cor brasileira; Cultura, Racismo e
desigualdades sociais; 5º momento: Exposição do estudo dos grupos;
Link:
http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/forms/default.aspx
Observações:
De acordo com as características da comunidade, pode-se incluir mais formas de diversificar a
215
216
Planos de aula
aplicação da aula, como uma visita à algum local, nos moldes de aula de campo. Também pode ser
usada fita de video, com algum tema que trate do tema especifico, para introdução do debate e
troca de idéias.
Referências Bibliográficas:
- Livro sobre Racismo no Brasil: http://www.efpa.com.br/Telas/produto.asp?Id_Produto =200
- Dialogos contra o Racismo: http://www.unidadenadiversidade.org.br
Plano 49
Autor(a):
carolina de oliveira miranda
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Título:
O Barroco de Aleijadinho em Ouro Preto - Igreja São Francisco
de Assis
Disciplinas: História; Artes
Público Alvo:
Ens. Médio - 1o Ano
Objetivos:
Reconhecer Aleijadinho como importante contribuinte da formação da cultura afro-descendente
brasileira, contextualizar o tempo e a obra de Aleijadinho- propiciar aos estudantes a pesquisa
de campo sobre a obra de Aleijadinho, de maneira multidisciplinar
Conceitos:
Identidade nacional expressiva em Aleijadinho arte e tradições religiosas afro-brasileiras, obra
aberta, luz e sobra, estilo de Aleijadinho, sensibilização para mensagem fruído
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De refletir multidisciplinarmente
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De trabalhar linguagens
- De agir multidisciplinarmente
- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)
- De realizar tarefas
Valores:
Reflexão e crítica, reconhecimento e auto-afirmação, sensibilização para linguagens artísticas
frente a obra
Recursos Didáticos:
Livros didáticos de história, filmes fotográficos, fita VHS para filmadora, ônibus de excursão de
Jamapará-Anta-Congonhas do Campo-Ouro Preto, 1 pacote de papel ofício, 45 lápis HB/2B, 10 caixas
de lápis de cor, 10 bastões de pastel seco dourado, 10 bastões de pastel seco preto, 10 bastões de
pastel seco amarelo, 10 bastões de pastel seco ocre, bastões de cola quente, TNT colorido
Procedimentos:
1º Momento: Roda de Leitura sobre o autor, despertar interesse em conhecer um pouco da História
Artística deste representante do povo afro-brasileiro; 2º Momento: Discussão coletiva identificando a
obra do autor, através de imagens projetadas pelo professor; 3º Momento: Elaboração de textos
individuais e coletivos; 4º Momento: Pesquisa em jornais, revistas atuais que aborde notícias referentes
ao autor; 5º Momento: Organizar a excursão; 6º Momento: Excursionar
Observações:
O
plano pensado atende a projetos de excursões com contextualização prévia aos alunos de
escolas de municípios das regiões rurais/interiores, onde as possibilidades de biblioteca e
instituições culturais inexistem ou não oferecem exposições de obra de arte. Muitos alunos de
nossa região aprendem história e artes visuais apenas em livros ou pranchas de imagens.- para
que a excursão possa atingir os objetivos propostos é necessário que o planejamento da mesma
seja feito com antecedência.- o Teleposto tem sido um excelente aliado do professor há visitas
e excursões em formas de projetos e financiamentos.
Referências Bibliográficas:
- MANGUEL, Alberto. Lendo imagens:uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001, p. 221-245.
- MINISTÉRIO DA CULTURA, et al. Pele escura, Estrada dura, Beleza pura. Desconstruindo o
racismo na escola e na comunidade. Rio de Janeiro: CECIP/Fundação FORD/Fundação Cultural
Palmares/MINC, sem data.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- SANTOS, Elzelina Dóris dos. Contando a história do Samba. Belo Horizonte: Mazza, 2003.
- ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afrobrasileiro: uma proposta de
intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar.Belo Horizonte: Nzinga
coletivo de mulheres Negras, sem data.
- BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte: Anos Oitenta e Novos Tempos. 4. São
Paulo: Perspectiva , 1991.
- ______. As mutações do Conceito e da Prática. In: BARBOSA, Ana Mae (org). Inquietações e
Mudanças no Ensino da Arte. 2. São Paulo: Cortez, 2003.
- HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. São Paulo:
ARTMED, 2000.
- BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte. Vol. 6. Brasília: MEC/SEF, 1997.
Plano 50
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Silvana Goretti Dias da Costa
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 1 - O preconceito racial no Brasil
A africanidade brasileira e a desconstrução do preconceito
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Médio - 1ª Ano
Geografia;História; Artes;
Literatura
Objetivos:
Propiciar ao educando o conhecimento da nossa realidade histórica retratando de maneira justa
e fiel a importância do povo africano em nossa formação social,cultural e econômica como
forma de desconstrução do preconceito, resgate e valorização das nossas raízes.
Conceitos:
Sociedade;
cultura; escravidão; preconceito; construção e descontrução; diversidade; sociedade; cultura;
escravidão; preconceito; construção; desconstrução; diversidade.
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De refletir multidisciplinarmente
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De agir multidisciplinarmente
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Respeito; reconhecimento; justiça; valorização.
Recursos Didáticos:
Vídeo/tv (fitas); retro-projetor (lâminas); lousa; textos suplementares:
Procedimentos:
1º Momento: Introdução ao conteúdo com os conhecimentos e conceitos prévios dos educandos.
2º Momento: Aula expositiva sobre a importância da representação dos negros na História do Brasil,
dando especial enfoque à participação da África e de parte do seu povo na nossa formação social,
cultural e econômica; 3º Momento: Fazer interpretação de textos sobre a temática e das
informações recebidas, para desenvolver atitudes críticas frente à nova realidade apresentada; 4º
Momento: Com estas leituras organizar trabalhos em grupos, oportunizando o desenvolvimento de
uma postura pró-ativa; 5º Momento: Elaborar uma crítica construída de forma coletiva, partindo da
cientificidade e do conhecimento prévio, buscando neles a visão da realidade local a partir da
realidade global, procurando formas de colocá-los em nossa prática cotidiana. 6º Momento:
Socialização do estudo realizado.
Observações:
O tempo da aula será otimizado a partir do trabalho em grupo com espaço para observação e
verbalização, permitindo a exposição de pontos de vista individuais e coletivos.será permitido ao
educador e aos educandos observar o nível de preconceito arraigado e buscar formas de
desconstrução, através do resgate às raízes e de aplicação de estratégias e ações que resultem
em elevação da auto-estima e do respeito.
Referências Bibliográficas:
- FREIRY, GILBERTO. "Casa Grande e Senzala".São Paulo, SP, Global, 2003, 47ª Ed.
217
218
Planos de aula
- HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE, "Raízes do Brasil", São Paulo, SP, Cia das Letras, 1995, 26ª
Ed.
- MORIN, EDGAR "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". Brasília, DF, UNESCO,
2003.
- http//www.comciencia.br http//www.ensinoafrobrasil.org.br
Plano 51
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Maria Auxiliadora dos Santos
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Palavras do Português do Brasil de Origem Africana
Disciplinas: Língua portuguesa;
Ens. Médio - 1 o Ano
Geografia; História; Literatura
Objetivos:
Resgatar a imagem do negro como participante dos principais movimentos culturais e sociais
do país, a partir do estudo da vida e obra dos principais autores negros brasileiros; Buscar a
elevação da auto-estima dos alunos afro-descendentes, pelo confronto com exemplos literários
e sociais.
Conceitos:
Igualdade; Respeito; Auto-estima positiva; Raça; Etnia; Língua; Linguagens oral e escrita;
Variação lingüística; Identidade cultural
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De trabalhar linguagens
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Ética; Cidadania; Respeito às diferenças culturais, religiosa etc.; Solidariedade; Amor;
Compromisso; Coragem
Recursos Didáticos:
Pincéis; tesoura; cola; cartolina; papel ofício; papel sulfite; lápis de cor; giz; régua; dicionário: livros
didáticos de autores diversos; textos de romances de Jorge Amado e outros; equipamento de som
e DVD; CD João Bosco e outros; DVD filmes de romances de Jorge Amado; Video; fitas VHS registros
da cultura afro-brasileira; Jornais e revistas:
Procedimentos:
1º Momento: Conhecer a obra de alguns dos principais autores(as) negros(as) do Brasil, pela leitura
de textos de nossa literatura. 2º Momento: Identificar o vocabulário de palavras de origem afrobrasileira, que resultará num dicionário; 3º Momento: Produzir textos empregando tais palavras
(poemas ou prosas); 4º Momento: Elaborar cartazes com poemas, prosas, desenhos, fotos,
gravuras, legendas e etc; 5º Momento: Criação de peças teatrais empregando as palavras e
contextos pesquisados; 6º Momento: Construção do um jornal temático;
Link:
http://www.usinadeletras.com.br
http://www.acordacultura.org.br/
http://bibivirt.futuro.usp.br
http://www.liceuliterario.org.br/
http://www.quilombodospalmares.org.br/
Observações:
Este plano de aula pode ser adaptado para o ensino fundamental do segundo seguimento.
Referências Bibliográficas:
- AMADO, Jorge. Capitães de areia. 76º ed. Rio de Janeiro, Record, 1993.
- ______ Mar morto. 85º. Rio de Janeiro: Record, 2004
- ______ Tereza Batista cansada de guerra. 26º ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.
- ALENCAR, José de. O tronco de ipê. 6º ed. São Paulo, Ática, 1983.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- ALMEIDA, José Américo de. A bagaceira. 37º ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004.
- Boletim PPCOR, Reflexões iniciais sobre cotas nas Universidades. 2004.- Câmara
- Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. Itatiaia, 1984.- Declaração de Durban e
Plano de Ação. Fundação Cultural Palmares.- Fatumbi Verger, Pierre. Orixás, Corrupio, 1997.
- FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala. Rio de Janeiro, Record, 1999.
- HASEMBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro,
edições, 1979
- JACCOUB, Luciana e Beghin, Nathalie. Desigualdades raciais no Brasil, um balanço da
intervenção governamental, Brasília: Ipea, 2002.
Plano 52
Autor(a):
Fabio Ribeiro
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil
TÍtulo:
"Sou negro, sou forte. Não aceito, luto."
PÚblico Alvo:
Disciplinas: História
Ens. Médio - 2º Ano
Objetivos:
Proporcionar ao aluno a reflexão e a percepção de que os negros no Brasil não aceitaram
passivamente a escravidão, com o conhecimento de suas lutas, resistências e reivindicações,
visualizando o protagonismo negro no Brasil.
Conceitos:
Escravidão, passividade/protagonismo, violência/tolerância, representações
Habilidades:
De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
De se organizar e organizar
De identificação de problemas
De
entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Respeito às diferenças, tolerância, sociabilidade, protagonismo intelectual
Recursos Didáticos:
Textos fotocopiados; Retroprojetor; Transparências; Cartolina; Jornais, revistas (para recortar);
Lápis de cor e outros instrumentos de desenho.
Procedimentos:
1º momento: apresentar aos alunos as gravuras 1 e 2, por meio do retroprojetor, e logo a seguir
problematizar a questão da escravidão no Brasil e de suas representações, pedindo-se aos alunos
que levantem hipóteses explicativas para estas representações. 2 º momento: Serão formados
grupos com 5 alunos e distribuir-se-á os textos 1, 2, 3 e 4. Cada grupo deverá ler e sintetizar as
idéias centrais de cada texto. 3º momento: O professor sorteará 4 grupos, para que cada um faça
a apresentação de um dos textos ( painel aberto). 4º momento: Debate a partir das questões: As
idéias transmitidas pelos textos coincidem com as das imagens? Por quê?" Podemos falar em
passividade ou em protagonismo da população escrava brasileira? "Havia 'brechas' de negociação
entre escravos e senhores (tolerância) ou tudo era resolvido apenas por meio da violência?" 5º
momento: Conclusão: Os grupos produzirão um material visual retratando a visão que possuíam
das lutas da população negra e a que passaram a ter após a atividade. Tal material será produzido
numa cartolina através de desenhos, colagens, etc. 6º momento: Apresentação dos grupos que
apresentarão suas produções.
Materiais de Apoio:
Arquivo:
TEXTOS: Texto 1 - "Relação da francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia no
anno de 1798" transcrição de manuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L
399. Texto 2 - "Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo
em que se conservaram levantados", citado em REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociação
e conflito; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1999,
pp.123-124. Texto 3 - Crônica de Machado de Assis citada em CHALHOUB, Sidney. Visões da
liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo, Companhia das
219
220
Planos de aula
Letras, 1990, p.95-97. Texto 4 - Processo judicial da africana de nação Rebola Cristina, citado
em CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na
corte. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, p.110. IMAGENS: Gravura 1 - Henry
Chamberlain, "Mercado", 1822, citada em in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada na
América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São Paulo, Companhia das Letras,
1997. Gravura 2 - Henry Chamberlain, "Negros de Ganho", 1822, citada em in Souza, L. de M.
- Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I São
Paulo, Companhia das Letras, 1997.
Observações:
O professor deverá aplicar o trabalho conforme as características de seu público e os recursos
disponíveis na escola.
Referências Bibliográficas:
- Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São
Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- FILHO, Walter Fraga. Mendigos ,moleques e vadios na Bahia do séc. XIX. São
Paulo/Salvador,Hucitec/EDUFBA,1996.
- MATTOSO, Kátia M. de Queiroz.Bahia: a cidade de Salvador e seu mercado no século XIX . São
Paulo/Salvador: Hucitec/Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1978.
- FRANCO , Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo, 1997,
UNESP.
- PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1981. "Relação
da francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia no anno de 1798" transcrição de
manuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L 399.REIS, João José e SILVA,
Eduardo. Negociação e conflito ; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia
das Letras, 1999.
- CÂNDIDO, Antônio. O discurso e a cidade. São Paulo, 1998, Duas Cidades.
- JANCSÓ, István. Na Bahia, contra o império; história do ensaio de sedição de 1798. São Paulo,
Hucitec,1996.
- _____________. "A sedução da liberdade - cotidiano e contestação política no final do século
XVIII" in Souza, L. de M.
- Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São
Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- NOVAIS, Fernando. "Condições de privacidade na colônia" in Souza, L. de M.
- MACHADO, Maria Helena. O plano e o pânico. São Paulo, EDUSP, 1994.
- CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na
corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
- GEBARA, Ademir. O mercado de trabalho livre no Brasil (1871-1888). São Paulo: Brasiliense,
1986.
- AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco; o negro no imaginário da elite
do século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
- HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Plano 53
Autor(a):
Vanda da Silva
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil
Título:
Um olhar sobre o negro no seculo XIX: Rugendas e suas obras.
Público Alvo:
Disciplinas: História; Artes
Ens. Médio - 2º Ano
Objetivos:
- problematizar a leitura das imagens dentro so seu contexto
histórico, possibilitando aos alunos reconhecer as imagens como documentos históricos;perceber de que forma a imagem dos negros foram construidas no seculo XIX.
Conceitos:
Construção da memória social sobre o negro; imagem- fonte histórica;
Habilidades:
- De refletir multidisciplinarmente
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Perceber e respeitar o outro; valorizar o debate e o saber a respeito de diferentes opiniões;
Recursos Didáticos:
Transparências com imagens de obras de Rugendas; Ou uso de datashow. Reproduções de
obras de Rugendas; cartolinas; lápis de cor, giz de cera ou tinta guache;
Procedimentos:
1º momento: Apresentar ao alunos a imagem" A preparação da mandioca" de Rugendas. (Pode
- se utilizar o retro- projetor ou data show). 2º momento: problematizar com as seguintes
perguntas: O que eles observam nesta imagem? O que a obra retrata? Quando ela foi
produzida? -Quem é o autor da obra? 3º momento: Com o professor que fará a explanação
sobre o contexto histórico que a obra foi produzida e apontar questões como: a) cena retratada
por Rugendas apresenta o trabalho escravo como uma atividade agradável, podemos observar
as expressões do rosto, as próprias vestimentas que procuram embelezar as mulheres,a figura
cordial do branco (papel de fiscalizar o trabalho). b) apontar estas questões para demonstrar de
que forma as imagens dos negros e da escravidão foram construídas através do olhar europeu.
c) destacar a importância de ler as imagens como um documento. 4º momento: alunos em
grupo (04 integrantes), distribuir aleatoriamente reproduções de obras de Rugendas. As obras
escolhidas são as seguintes: Lavadeiras no Rio de Janeiro, Colheita de café, Dança do Lundu,
Jogo de Capoeira ou Dança de Guerra, Enterramento de um negro na Bahia, Mercado de
Negros, Negros jovens, Castigo público no campo de Santana. No grupos a tarefa é de
apreciação da obra (ler a obra e perceber a sua linguagem), produzir (fazer uma releitura da
obra com o material oferecido - cartolinas , lápis de cor tintas etc..) O professor deverá oferecer
aos alunos, uma cartolina dividida em 04 partes e pedir para que cada membro do grupo,
produza na parte que lhe coube a leitura que faz da obra, após o termino fazer a junção das
partes. Demonstrar como cada uma estabelece um olhar diferente sobre uma mesma obra, a
importância de situar a obra dentro o olhar do seu autor, pois a mesma é fruto de seu momento
histórico.
Link:
www.moderna.com.br/moderna/arte/icones/proposta
www.itaucultural.org.br/aplicExternas/Enciclopedia/artes2003/index
ww.pitoresca.com.br/brasil/rugendas/rugendas.htm
Observações:
Esta atividade pode ser explorada em conjunto com a disciplina de Artes, onde o professor pode
apresentar os conhecimentos da forma como eram preparadas as pranchas de desenhos
(esboços) dos viajantes que por aqui passavam e representavam o nosso cotidiano, o uso de
tintas, as diferenças entre as litogravuras, as aquarelas, etc.Aplicar o método triangular
discutidos pelos arte- educadores e utilizada nos procedimentos como um suporte para
trabalhar imagens ao ensinar historia.
Referências Bibliográficas:
- BARBOSA, Ana Mae e SALES, Heloísa M. O ensino da arte e sua história. São Paulo: MAC,
1990.
- BITTENCOURT, Circe (org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.
- BOSI, Alfredo. O Olhar (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
- DIENER, Pablo COSTA, Maria de Fatima.Rugendas e o Brasil. São Paulo: Capivara,2002
- LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed.Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
- NIKITIUK, Sônia L. (org.) Repensando o ensino de história. São Paulo: Cortez, 1996.
- PAIVA,Eduardo França. História e Imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
Plano 54
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Antonia Joselia dos Reis Silva
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 2 - Recontando a História da África
A Situação do Negro na Àfrica pré-período escravocrata europeu.
Disciplinas: História
Ens. Médio - 2º Ano
221
222
Planos de aula
Objetivos:
Analisar o contexto pré-período escravocrata europeu, enfatizando as muitas habilidades dos
negros que chegaram a desenvolver várias técnicas: técnicas de criação de gado, de trabalhos
de mineração, de artesanato, de trabalhos de ferro. Perceber a existência de vários grupos
étnicos bem como diversos costumes e valores.- Entender que o povo negro, dentro das suas
possibilidades, possuiam todo um potêncial de desenvolvimento que com a chegada dos
europeus foi podado.
Conceitos:
Liberdade, escravidão, exploração
Habilidades:
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Vaalores:
Respeito ao próximo, solidariedade, senso de justiça, respeito à diversidade
Recursos Didáticos:
Retroprojetor, transparência, televisão, filme AMISTARD, livros
Procedimentos:
1º momento: fazer um texto dissertativo a partir das figuras que retratam o negro em dois
momentos históricos: na África (livre) e no Brasil (escravizado). 2º momento: leitura conjunta
dos textos seguida de discussões acerca dos mesmos. 3º momento: assistir o filme AMISTAD,
que enfoca a situação desumana a que os negros eram submetidos, a começar pela viagem nos
navios negreiros. 4º momento: leitura dos textos de Kátia de Queirós Mattoso, extraídos do seu
livro SER ESCRAVO NO BRASIL, para abordagem sobre a situação penosa e exploratória em que
os escravos eram submetidos ao chegarem aqui no Brasil. 5º momento: fazer um texto sobre a
importância da liberdade a partir de algumas gravuras mostradas no retroprojeto.
Observações:
Na conclusão do meu curso (história )fiz a monografia enfocando a questão quilombola no
brasil, mais especificamente no maranhão. para essa empreitada passei quase um mês em
campo (quilombo de São Sebastião dos Pretos, localizado em Bacabal-MA). Fiz filmagens,
gravações, colhi objetos , fotografei. Enfim, reuni um arsenal de coisas relevantes para se
trabalhar com essa temática, que para mim é apaixonante, haja vista que sou negra e busco
entender minha história para poder melhorar a história do meu povo a partir da minha prática
como professora e formadora de opinião que sou). Portanto utilizarei esse material para tornar
mais prática minhas aulas.
Referências Bibliográficas:
- ALMEIDA, Alfredo W. B. de. A IDEOLOGIA DA DECADÊNCIA. São Luís: IPESIMA, 1983.
- BASTIDE, R. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973.
- GOVERNO DO ESTADO ENTREGA ESCRITURA COLETIVA DE TERRA EM ÁREA QUILOMBOLA.
Jornal o Debate. São Luis: 25 de novembro de 2003.
- MATTOSO, Kátia de Queiros. SER ESCRAVO NO BRASIL. 2° ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.
- SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmentros curriculares nacionais: pluralidade
cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997.
- PROJETO VIDA DE NEGRO. Quilombo Jamary dos Pretos - Terra de mocambeiros. Coleção
Negro Cosme - Vol. II. São Luís: SDDH/CCN - PVN 1988.
- SILVA, Antônia Joselia dos Reis. As relações Sociais e a pluralidade cultural dos remanescentes
quilombolas de São Sebastião dos Pretos. Imperatriz, 2004.
- Monografia(Licenciatura Plena em História)- Curso de História,Universidade Estadual do
Maranhão.
Plano 55
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Maria Iraci Cardoso Tuzzin
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Título:
Público Alvo:
Os negros em Panambi -RS
Ens. Médio - 2º Ano
Plano 56
Autor(a):
Princípio:
Daianna Basílio de Araújo Pompeu Neves
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Disciplinas: Língua portuguesa
Literatura
Objetivos:
Identificar a presença de personagens negras nos contos de
Machado de Assis.Verificar a presença de personagens negros na novela "A lua me
disse"Comparar a presença negra na escrita de narrativas machadianas (contos)do sec.XIX com
a escrita de narrativas no sec.XXI para a TV. Analisar a realidade de pessoas negras na
comunidade panambiense.
Conceitos:
Estilos, diversidade artística e cultural, preconceito
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De estar atento
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Tolerância, respeito, reconhecimento
Recursos Didáticos:
Laboratório de informática, Word, Internet- Power point. Biblioteca escolar. Os contos de
Machado de Assis. A biografia de Machado de Assis. Jornais e revistas. Televisão e
videcassete/DVD. Novela da rede globo "A lua me disse". Fitas de vídeo. Empresa jornalística
Local, Espaço para publicação de redações
Procedimentos:
1º momento: Levantar informações biográficas na biblioteca ou na internet sobre as obras
Machado de Assis. Atividade realizada em duplas. 2º momento: Socializar as obras pesquisadas,
utilizando "power-point"/telão. Cada dupla deverá justificar a escolha e comentar a obra com
suas características consideradas interessantes. 3º momento: Em sala de aula, as duplas irão ler
"contos" escolhidos de Machado de Assis. E localizar neste contexto a presença do negro e como
ela, está inserida diante da realidade brasileira. 4° momento: Este estudo será para ser
desenvolvido em casa: gravar alguns capítulos da novela da rede Globo de televisão "a Lua me
disse". Selecionar cenas em que aparecem personagens negros atuando. 5º momento: Levar
estas cenas selecionadas para a sala de aula, e com elas, elaborar uma análise da presença de
personagens negros, destas cenas e compará-las: aos personagens negros em narrativas escritas
no século XIX presentes nos poemas; com os personagens negros presentes nos escritos no
século XXI. 6º momento: Elaborar as conclusões, trazendo-as para a realidade vivida com a
população negra da cidade de Panambi-RS. E verificar houve mudanças? quais foram esta
mudanças? se não houve, quais as causas? 7º momento: Dissertação sobre as mudanças que "
Os negros em Panambi" estão vivenciando. 8º momento: Escolher os melhores textos
dissertativos, e no dia da Consciência Negra, fazer uma manifestação na mídia a partir destas
mudanças. Se elas aconteceram ou não.
Link:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br
Observações:
Conforme a realização das aulas for ocorrendo, ajustes, cortes, adaptações... serão realizadas.
Referências Bibliográficas:
- FARACO, Carlos Alberto. Português: Língua e Cultura. Curitiba: Editora do Brasil, 2003.
- CAPEDELLI, Samira Yousseff. SOUZA, Jésus Barbosa. LITERATURA PRODUÇÃO DE TEXTOS
GRAMÁTICA. São Paulo: Saraiva, 1998.
http://www.antroposmoderno.com.brhttp://www.ladonegro.nethttp://www.isi.usp.br/~curto/ismalia
html
- http://www.veja.com.brJornal Folha das Máquinas
223
224
Planos de aula
Tema:
Título:
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
A Presença Negra na Literatura Brasileira, Lima Barreto e
Machado de Assis
Disciplinas:
Ens. Médio - 2ª Série
Língua
História; Artes; Literatura
Público Alvo:
portuguesa;
Objetivos:
Reconhecer a presença do negro nas artes brasileiras, primordialmente na Literatura Brasileira,
que é o alvo deste plano; pesquisar situações de preconceito vivenciadas pelos 2 autores
propostos - Lima Barreto e Machado de Assis - bem como observar em que essas situações
podem ter influenciado direta ou indiretamente no enredo de algumas de suas obras;
Conceitos:
Cultura (Literatura), preconceito racial, História do séc. XVIII e XIX
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De identificação de problemas
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Históricos, morais e éticos
Recursos Didáticos:
Visita a bibliotecas; exibição de documentários sobre o Pré-Modernismo e sobre o Realismo,
pesquisa em compêndios de literatura brasileira e obras dos autores propostos como base para
as pesquisas, aula expositiva dialogada. Produção de texto argumentativo ao final da aula
Procedimentos:
1º momento: Literatura na biblioteca com livros de História referentes à cultura negra - Abolição da
Escravatura, O Tráfego Negreiro, O Continente Africano, dentre outros. 2º momento: A
problematização do assunto a ser abordado - O que vocês percebem nestas na história? Como o
negro é apresentado? Quantas páginas são reservadas para a história do Continente Africano? E a
história da civilização egípcia? A menção às diversas tribos e dinastias africanas da época? É
mostrada a riqueza da cultura africana antes de escravidão? E as ilustrações de como o negro é
mostrado? - A partir destes questionamentos e outros que forem surgindo durante a execução do
plano, o professor 'aquecerá' as atividades subseqüentes. 3º momento: Explanação do professor
sobre a importância dos estudos sobre a raça negra e os aspectos básicos do período escravocrata
que vêm sendo passados de maneira errônea ao longo das décadas : A partir da explanação do
professor, os alunos elaborarão seus questionamentos sobre o assunto. Após o professor fará
alguns questionamentos como: os negros já eram escravos antes de virem para o Brasil? Havia só
uma nação negra na África? Como era a organização social dos negros na África? Aqui no Brasil,
eles se uniram ou permaneceram separados? É interessante notar que, esses dados, serão a
problemática para os alunos para pesquisarem e construir conhecimentos para as respostas, que
serão, em outra ocasião, apresentadas a turma. 4º momento: O próximo passo será a Literatura
propriamente dita com documentários curtos do período Realista da Lit. Brasileira, e , em seguida,
no período Pré-Modernista dessas duas tendências estéticas da Lit. Brasileira. Este estudo levará os
alunos a pesquisarem a biografia de Lima Barreto e Machado de Assis. 1. E levantarão dados da
importância do negro na literatura, 2. O preconceito racial vivenciado pelos autores, como fator
determinante nas idéias e situações apresentadas em seus texto 3. pesquisarem obras de cada um
dos autores (contos, resumo de livros, fragmentes de narrativas), procurando os traços desse
preconceito. Essa pesquisa terá como culminância o seminário por grupos de alunos. 5º momento:
O seminário ocorrerá primeiramente com a exposição com a técnica de colagem, apresentando o
enfoque: na história do negro. 1º com amostragem do que o negro sofreu; 2º a influência da
cultura negra engendrada no Brasil. 3º o seminário com a apresentação em grupo do trabalho
desenvolvido na pesquisa. 4º durante o seminário que será apresentado ás outras turmas, os alunos
que forem assistir terá uma ficha para serem colhidas e registradas, o que foi significativo e as
principais idéias das apresentações. Os alunos a partir desta, sistematizarão textos argumentativos,
individualmente, com a abordagem dos grupos. 5º com os melhores textos será organizados um
livro com a sistematização do estudo, e será enviado para a turma que apresentou e estes com a
professora avaliarão o estudo e se conseguiram abordar o assunto.
Link:
www.academiabrasileiradeletras.org.br
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
Observações:
Esse plano de aula foi criado visando o trabalho em uma escola estadual de uma pequena
cidade no interior de Minas Gerais, o que prevê poucos recursos audio-visuais, além da TV e
Vídeo, que a escola já possui, e Internet apenas para aqueles alunos que a possuem em casa,
pois a escola ainda não tem. A prioridade é utilizar materiais que a escola já tem, e que nem
por isso se constituem em material pobre, uma vez que neles é possível encontrar traços
marcantes da História do Negro no Brasil do séc. XX.
Referências Bibliográficas:
- Livros de história do ens. fundamental que o governo de minas gerais distribui nas escolas
estaduais
- Revistas usadas mantidas nas bibliotecas das escolas para recortes e pesquisas
- Curso de lit. de lingua portuguesa - Ulisses Infante, Editora Escipione
- Português - Faraco E Moura, Ens. Médio Editora Ática
- Contos de machado de assis baixados pelo professor na internet
- Obra Completa de Lima Barreto
- Machado De Assis p/ Principiantes Org. Marcos Bagno Ed. Àtica.
- Lit. Ocidental. Salvator D'onofrio, Ed. Àtica
Plano 57
Autor(a):
Paulo Sergio Moreira da Silva
Princípio:
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema:
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
Título:
A Caretagem como prática cultural: fé, folia e negritude na Bahia
Público Alvo:
Disciplinas: História
Ens. Médio - 3o Ano
Objetivos:
Dar visibilidade a cultura afro-brasileira, bem como compreender as transformações e sua
circularidade no cotidiano da sociedade.
Conceitos:
Cultura popular, religiosidade, negritude
Habilidades:
- De trabalhar linguagens
- De identificação de problemas
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Convivência, respeito, aprendizagem
Recursos Didáticos:
Fotografias, Charges, Mapas, Vídeo
Procedimentos:
1º momento: análise das imagens, identificando as características peculiares em cada uma; 2º
momento: Refletir sobre os múltiplos elementos culturais existentes em cada fotografia; 3º momento:
Localizar nestas imagens elementos afro-descendente; 4º momento: Relacionar os elementos culturais
existentes nesta prática com outras existentes no Brasil, na atualidade.
Materiais de Apoio:
Arquivo:
anexos/id1000025/fig.283.jpg
anexos/id1000025/fig.282.jpg
anexos/id1000025/01.jpg
Observações:
O presente plano, tem por objetivo de compreender as várias reelaborações culturais existentes
nas manifestações populares, bem como analisar a sua importância na formação da identidade
do povo brasileiro. Também tem o caráter comparativo com outras manifestações populares
existentes no Brasil
Referências Bibliográficas:
- FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Histórias e Paisagens - Rio de Janeiro - Livraria Francisco
Alves, 1921
- GONZAGA, Olímpio. Memória Histórica de Paracatu-Uberaba-Typ. Jardim Cia 1910
225
226
Planos de aula
- MELLO, Antônio de Oliveira. Afonso Arinos e o Sertão-Rio de Janeiro - 1961
- ----------------Paracatu Perante a História - Patos de Minas -1964
- ----------------Minha terra: suas lendas e seu folclore - Belo Horizonte - 1966
- ----------------De Volta ao sertão: Afonso Arinos e o Regionalismo Brasileiro -Paracatu - 1975
- -----------------Paracatu do Príncipe: minha terra - Paracatu - 1979
- -----------------A Igreja de Paracatu nos caminhos da História-Paracatu - 1987
- -----------------As Minas Reveladas: Paracatu no tempo - Paracatu - 1994
- -------- -----------------Memórias de um tempo - Paracatu - 1999
- -----------------Paracatu do tempo e em tempo -Paracatu -2001
Dissertações e Teses.
GABARRA,
Larissa Oliveira. A dança da tradição: congado em Uberlândia/ MG (século XX) Uberlândia: UFU,
2003 (Dissertação de Mestrado)
- KATRIB, Cairo Mohamad Ibrahim. Nós mistérios do rosário: as múltiplas vivências da festa em
louvor a Nossa Senhora do Rosário, Catalão-GO (1936-2003) Uberlândia: UFU, 2004
(Dissertação de MestradoFontes Visuais
- DVD - Honrados Amados Benditos. Instituto Fala Negra e afro-descendência -Paracatu. 2005.
- VHS - Caretas e Zambiapunga. Bahia singular e plural. TVE Bahia. Março. 2000
- VHS - São João na roça. Opará vídeos. 1999
Plano 58
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
portuguesa;
Luiza Luzanira de Negreiros Torres
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil
Brasil, uma parceria entre índios, brancos e negros
Ens. Médio - 3º Ano
Disciplinas:
Língua
Matemática; Ciências Naturais;
Geografia; História; Artes;
Educação Física; Língua
Estrangeira; Ensino Religioso;
Filosofia; Sociologia; Química;
B i o l o g i a ;
Literatura
Objetivos:
GERAIS: Desenvolver o senso crítico, a partir do conhecimento e do aprendizado cognitivo e
ético, moral, vivenciado através de experiências compartilhadas que valorizem os princípios
norteadores da igualdade, diversidade e inclusão social, em atividades educativas
interdisciplinares; ESPECÍFICOS: Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes
linguagens e suas manifestações específicas. Confrontar opiniões, analisando e interpretando
textos referentes aos temas propostos relacionando-os com diferentes contextos e referências.
Desenvolver habilidades de leitura em diversos gêneros textuais, favorecendo o acesso ao
patrimônio histórico-cultural da sociedade brasileira. Analisar criticamente os acontecimentos
políticos, econômicos e étnico-sócio-culturais, na perspectiva de participar efetivamente da
construção/reconstrução da sociedade em sua gênese como protagonista que é necessário ser.
Conceitos:
Habilidades:
- De trabalhar linguagens
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com transformações
- De identificação de problemas
- De refletir multidisciplinarmente
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
"A sociedade está passando por uma profunda crise ética e moral porque a prática dos VALORES
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
HUMANOS foi esquecida. Não é somente a forma humana que distingue o homem do animal,
mas, o que ele oferece, e como usa os valores que lhe são inerentes. O AMOR é uma energia
psíquica que nasce no coração humano como uma "centelha", que, não desenvolvida para além
do sentimento instintivo, não sairá do estágio primário da animalidade. A INTELIGÊNCIA mal
usada é uma inconseqüência. O homem deve utilizá-la filtrando ações e manifestações através
dos critérios do coração para encontrar a VERDADE sobre si mesmo, distinguindo o bem do mal,
atento à sua condição de LIVRE ARBÍTRIO. A EDUCAÇÃO deve proporcionar o crescimento das
crianças, adolescentes e jovens como luzes para si mesmo, mas, que iluminem os demais como
mensageiros para um mundo melhor. Deve ainda moldar- lhes o CARÁTER à partir do
desenvolvimento de infinitas potencialidades de uma mente nutrida pelos reais valores da vida
humana, cujo pilar seja a instituição chamada FAMÍLIA com base na HONESTIDADE, DISCIPLINA
e RESPEITO. A preocupação de TER e não em SER desencadeia os valores humanos, condena a
SOLIDARIEDADE, a GENEROSIDADE e o BOM SENSO. As atitudes tranqüilas, corajosas, e
imparciais são decisivas para reduzir a violência, o preconceito, incentivar à ORDEM, DISCIPLINA,
COOPERAÇÃO, RESPONSABILIDADE, AMIZADE, COMPAIXÃO, COMPREENÇÃO, TOLERÂNCIA...
permitindo a qualquer pessoa a possibilidade de viver bem com todos. A toda hora a vida nos
dar OPORTUNIDADE de exercitarmos estes valores; ótimo, porque para SER É NECESSÁRIO
TREINAR.
Recursos Didáticos:
Plano de aula - interdisciplinar. Estrutura física: sala de aula, e sala de multimeios equipada, pátio
coberto, e cozinha completa da escola. Recursos humanos: Orientadores, grupo gestor,
funcionários, alunos e comunidade. Material de consumo: Giz, papéis: (ofício e 40 kg ), madeira,
pautado e duplex. Fitas para impressora (matricial e a jato), Cartolinas. Transparências comuns e
para computador. Massa para bolos. OBS: estes recursos contemplam o desenvolvimento de um
projeto mensal, além do plano de aula.
Procedimentos:
1° momento: Leitura paragrafada de um texto didático - expositiva; 2º momento: Consultar o
dicionário para as palavras desconhecidas do texto: como por ex.: colonização - escravo - África
- Brasil - quilombo - favela - primórdios - mocambo - banzo - pujança - remanescente - exclusão;
3º momento: Trabalho em grupo: (de 4) - destacar as informações mais importantes do texto,
selecioná-las e organizá-las em folhas de papel ofício em forma de esquema e expor em painel,
na sala; 4ª momento: Leitura de aprofundamento - Texto informativo; 5º momento: Pesquisar e
atualizar a situação étnica do Brasil; 6º momento: Recolher todo material exibido neste projeto
(em todas as disciplinas) para, no final organizar uma exposição pública na escola, num
encontro de pais ( título- Meu Brasil afro-brasileiro verde amarelo). 7º momento: Apresentação:
Exposição com Experiências.
Link:
www.ensinoafrobrasil.org.br
Observações:
Este plano deve ser adaptado para todos os espaços disciplinares existentes no currículo da
escola, adequando com textos e conteúdos próprios de cada espaço curricular, utilizando, de
preferência, os próprios textos didáticos e para-didáticos utilizados pelas escolas. Sugestões
foram apresentadas no original deste plano, que não estão sendo reproduzidos aqui, pela
extensão dos mesmos e pela multiplicidade de textos didáticos e para-didáticos utilizados nas
escolas, nem sempre compatíveis com os textos adotados na escola em que a professora autora
deste plano atua. Este plano está sujeito a adaptações e mudanças de acordo com a situação,
criatividade e o interesse de quem interessar possa. Estão colocados na perspectiva da
pedagogia de projetos e metodologia de pesquisa. O material didático é um excelente pano de
fundo para a execução e aprofundamento na temática desse plano e, é através das pesquisas
que surgirão textos e outros materiais que formarão os conteúdos. As avaliações deverão ser
feitas individuais e coletivas, em casos de projeto.
Referências Bibliográficas:
- MONTELLATO, Andréia, CABRINE, Conceição. His- tória Temática - Diversidade Cultural e
Conflitos - 6ª ano. Terra e Propriedade- 7ª ano. Editora Scipione -2001
- DOTTORI, Cláudio (UFRJ) Geografia vol. 2 Tele-curso 2000 Fundação Roberto Marinho
- CARVALHO, Geraldo C. de Sousa. Química: de olhono mundo do trabalho. vol. único para o
Ensino Médio Ed. Scipione, 2004.
227
228
Planos de aula
Plano 59
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Público Alvo:
Paulo Francisco Pereira
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras
Retrato em branco e preto da televisão brasileira.
Disciplinas: História; Artes;
Ens. Médio - 3ª Série
Literatura
Objetivos:
Reconhecer a participação de atores e atrizes negros/as nas
telenovelas brasileiras, respeitado sua contribuição na construção sua contribuição na
construção dessa manifestação cultural, identificando os/as atores e atrizes negros/as e seus
papéis na telenovela brasileira. Relacionar a atuação de artistas negros/as nas telenovelas
brasileira com a inserção da população negra na sociedade brasileira, especialmente em
determinados setores, visando a formação de juízos críticos sobre a representação de negros na
cultura brasileira.
Conceitos:
Representação, Identidade, Preconceito Racial, Cultura e Arte
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De entender o outro, o mundo e a si mesmo
- De conviver com a diversidade
- De agir multidisciplinarmente
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
- De agir multidisciplinarmente
Valores:
Reconhecimento, Respeito, Crítica
Recursos
Didáticos:
Textos, fichas de trabalho, TV, Vídeo Cassete, DVD, computador, internet.
Procedimentos:
1º momento: Distribuição de fichas para preenchimento de nomes de ator e atriz de telenovelas
brasileiras de preferência dos/as estudantes da turma. Elaborando um levantamento dos nomes,
identificação da etnia dos/as atores e atrizes, elaboração de quadro estatístico e discussão dos
resultados. 2º momento: Distribuição de novas fichas para preenchimento de nomes de ator e
atriz negros/as de telenovelas brasileiras de preferência dos/as estudantes da turma e das razões
da preferência.Com levantamento dos nomes e das razões da preferência e discussão dos
resultados. 3º momento: Formação de grupos de trabalho com número de estudantes
correspondente ao das telenovelas brasileira em análise. Acompanhamento dos/as desta
atividade pelo professor sobre as telenovelas, durante uma semana com assistência e anotações
em fichas. 4º momento: Pesquisa em sites referentes ao tema em grupos, para discussão de
suas observações e elaboração de um dossiê crítico. 5º momento: Leitura de resenhas,
comentários e análises do professor oportunizando a elaboração científica dos dossiês. 6º
momento: Exposição dos dossiês com exibição de trechos em telenovelas. 7º momento:
Elaboração de roteiro da novela com personagens negras considerando a análise procedida.
Links:
www.portalafro.com.br
www.afirma.inf.br
www.aomestre.com.br/ente/e_zeze.htm
www.cinemando.com.br/200301/iniciativas/manifestorecife.htm
www.cidan.org.br
www.uol.com.br/revistaraca
Observações:
A atividade pode se restringir a uma única novela ou eleger como foco os telejornais diários. O
último procedimento pode ser dispensado se a atividade for realizada em turmas do ensino
fundamental.
Referências Bibliográficas:
- ALENCAR, Mauro. Hollywood brasileira: panorama da telenovela no Brasil. São Paulo: Senac,
2002.
- BENJAMIN, Roberto. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. João Pessoa:
Grafset. 2003.
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico/raciais e para o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004.
- ______.Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília,
1999.
- BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de tv. São Paulo: Boitempo, 1996.
- ______. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- ______. A tv aos 50, São Paulo: Perseu Abramo, 2000.
- ______.Videologias: Ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2005.
- FONSECA, Maria Nazareth Soares. (Org). Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica,
2000.
- MARCONDES, Beatriz; MENEZES, Gilda; TOSHIMITSU, Thais. Como usar outras linguagens na
sla de aula. São Paulo: Contexto, 2000.
- MONTELLATO, Andréa; CABRINI, Conceição; CATELLI JR., Roberto. História temática:
diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000.
- NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999.
- ______. A televisão como documento, In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sla
de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2001.
- RATTS, Alex; DAMASCENA, Adriane A. A incisiva marca africana na cultura brasileira.
Disponível na Internet, acessado em 18 de junho de 2005. (Unidade Vdo Curso de Formação
em História e Cultura Afro-brasileira e África).
- ROCHA, Maria José; PANTOJA, Selma (Org.). Rompendo silêncios: história da África nos
currículos da educação brasileira. Brasília: DP Comunicações, 2004.
- SALIBA, Elias Thomé. Experiências e representações sociais: reflexões sobre o uso e o consumo
das imagens. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula.4. ed. São Paulo:
Contexto, 2001.Currículo Autores
Plano 60
Autor(a):
Princípio:
Tema:
Título:
Carmem Aparecida Cardoso
"Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"
Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras
A presença da música negra na afirmação da identidade cultural
brasileira - o Rio de Janeiro no início do século XX
Disciplinas: História
Ens. Médio - 3o Ano
Público Alvo:
Objetivos:
Compreender como a cultura negra e seus representantes foram importantes para a afirmação
da identidade cultural brasileira; Reconhecer a cultura negra como expressão da nacionalidade,
conhecendo as formas de resistência à marginalização e à discriminação nas manifestações
culturais, como a música e a dança negra.
Conceitos:
Identidade; Cultura; Nacionalidade; Resistência; Alteridade
Habilidades:
- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)
- De conviver com a diversidade
- De enxergar o outro sob um ângulo diferente
Valores:
Respeito; Reconhecimento; Alteridade; Solidariedade
Recursos Didáticos:
Texto sobre o contexto do Rio de Janeiro no início do séc. XX. Fotos/charge/pintura
(reproduções) de imagens do Rio de Janeiro do início do séc. XX e de músicos negros da época.
Aparelho de som, CDs.
Procedimentos:
1º momento: com os alunos em grupos pesquisar, como atividade extra-classe sobre os
seguintes temas: a "origem" do samba no Rio de Janeiro, no início do século XX, junto à
comunidade negra que vivia na chamada "Pequena África". Vida e obra dos músicos: Sinhô;
Pixinguinha; Donga; João da Baiana; Heitor dos Prazeres; O maxixe. O carnaval no início do
229
230
Planos de aula
século XX - cordões carnavalescos e escolas de samba. Livro "Que cara tem o Brasil? - as
maneiras de pensar e sentir o nosso país", de Mônica Velloso, cap.3: "Iluminai os terreiros que
nós queremos sambar!" Obs.: a idéia é para os alunos estudarem os temas acima e venham para
a aula com informações para participarem da discussão em sala. 2º momento: em sala a leitura
do texto sobre o contexto vivido pela cidade do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século
XX, destacando: as condições de vida de sua população, as reformas realizadas para
"modernizar"/"civilizar" a cidade e suas conseqüências para a população mais pobre, os "gostos"
culturais da elite sob influência européia. O texto pode ser selecionado a partir de um livro
didático, para-didático ou outro. 3º momento: discussão conjunta do texto e dos temas
estudados pelos alunos previamente procurando: compreender como a população negra do Rio
de Janeiro vivia na época e como pôde "impor" a sua cultura (no caso estudado, a música);
perceber a "infiltração" da cultura negra, afro-brasileira, nos espaços ditos dos brancos (da elite);
identificar os espaços de vivência, troca e criação da cultura afro-brasileira: as ruas, os
quiosques, o beco, o morro, a festa da igreja, o carnaval, a capoeira, os terreiros de candomblé;
perceber os laços de solidariedade firmados entre os negros na luta pela sobrevivência;
identificar o olhar da elite sobre a cultura negra (usando trechos de escritos de jornais ou outro
documento da época). 4º momento: organizar as apresentações do estudo de maneira
sistematizada, com os resultados da pesquisa. 5º momento: com as músicas (em CD, em fita ou
interpretação), fotos ou outro material obtido no trabalho de pesquisa.
Link:
www.brasilfolclore.hpg.ig.co.br/capoeira.htm
www.ginganago.com/capoeira/histoire/sources/tia_ciata.asp
www.nzinga.org.br/
www.papodesamba.com.br/
Observações:
É importante a pesquisa prévia dos diversos temas para que os alunos participem da discussão
na aula e somem conteúdos, já que o texto a respeito do contexto do Rio de Janeiro no início
do século XX - se selecionado de um livro didático -, provavelmente só abordará as condições
físicas e sociais da cidade e as reformas realizadas, sem detalhes sobre a formação étnica da
população, seu modo de vida e cultura. É possível acrescentar outros temas à pesquisa prévia,
como a capoeira e as religiões afro-brasileiras, estendendo o estudo do tema para mais aulas; o
estudo desse conteúdo - e a compreensão do contexto vivido no Rio de Janeiro, a capital
brasileira, no início do século XX - será importante também para o estudo das revoltas da Vacina
e da Chibata. O estudo do tema pode também ser feito juntamente com a disciplina de Artes.
Referências Bibliográficas:
- VELLOSO, Mônica. "Que cara tem o Brasil? As maneiras de pensar e sentir o nosso país". Rio
de Janeiro, Ediouro, 2000 (cap. 3 - "Iluminai os terreiros que nós queremos sambar!")
- MOURA, Roberto. "Tia Ciata e a Pequena África". Rio de
Janeiro, Funarte, 1983.
- Hilária Batista
de Almeida, Tia Ciata.
Link:www.ginganago.com/capoeira/histoire/surces/tia_ciata.asp- Samba, Carnaval.
Link:www.papodesamba.com.br/
Capoeira: www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htmwww.nzinga.org.br
Currículo Autores
Anderson Ribeiro Oliva
Doutor em História Social pela Universidade de Brasília - UnB Professor de
História da África da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB.
Alex Ratts
Mestre em Geografia e doutor em Antropologia pela USP, professor dos
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola
cursos de graduação e mestrado em Geografia do Instituto de Estudos SócioAmbientais da Universidade Federal de Goiás, Coordenador Geral do Núcleo
de Estudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG).
Glória Moura
Professora da Faculdade de Educação/Universidade de Brasília. Graduou-se
em Pedagogia na Universidade Federal Fluminense. Mestrou-se em
Planejamento Educacional na Universidade de Brasília. Doutorou-se em
Educação na Universidade de São Paulo. Consultora do MEC/Pnud produziu
"Uma História do Povo Kalunga", livro didático para remanescentes de
quilombos.
Ana Lucia Lopes
Pedagoga e Antropóloga. Trabalha com implantação e gestão de projetos
pedagógicos e culturais. Pesquisa relações étnico-raciais e educação.
Participação no o Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil.
Luiz Carlos dos Santos
Professor do Ensino Médio e Universitário, Jornalista e Mestre em
Sociologia. Consultor de História Oral do Museu AfroBrasil/ SP. Foi
coordenador executivo do Núcleo de Consciência Negra na USP (1992/1996)
e secretário da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (SINBA)/RJ.(1975/76).
Vera Lúcia Santana Araújo
Graduada em Direito pela Faculdade de Direito do Centro Unificado de
Brasília-DF. Exerceu cargos públicos, como de Consultora-Jurídica Adjunta do
Governador Cristovam Buarque/Distrito Federal; Diretora da Fundação Cultaral
Palmares/MinC; Coordenadora Jurídica do Departamento Nacional de Trânsito;
Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, dentre outros. Militante de movimentos sociais e de direitos
Humanos, foi Conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e é
Conselheira do Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Advoga em
diversas áreas do Direito, tanto no âmbito consultivo quanto litigioso.
Adriane A. Damascena
Historiadora, especialista em História cultural e mestra em Educação pela
Universidade Federal de Goiás, Coordenadora Administrativa do Núcleo de
Estudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG).
Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro
Graduado em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino de
Filosofia, pela UnB e Ecumenismo, pela Universidade de Genebra/Conselho
Mundial de Igrejas. Professor de Multiculturalismo, Filosofia da Educação e
231
232
Planos de aula
Estágio Supervisionado, na Faculdade de Educação da UnB. Coordena projetos
de extensão nas áreas de Filosofia na Escola, Educação Étnico-Racial,
Multiculturalismo e Religiosidade e Educação e Saúde.
Bárbara Oliveira Souza
Antropóloga, Cientista Social e mestre em Antropologia Social, pela
Universidade de Brasília. Atua com formação de professores para a Educação
das Relações Étnico-Raciais. Pesquisadora das relações étnico-raciais. Atuou na
coordenação da pesquisa nacional "Chamada Nutricional Quilombola", bem
como em outros trabalhos de pesquisa voltados para as comunidades
quilombolas.
Edileuza Penha de Souza
Historiadora, professora da disciplina Pensamento Negro Contemporâneo,
da Universidade de Brasília, militante do Movimento de Mulheres Negras e da
luta contra o racismo. Publicou, entre outros, o livro Negritude, Cinema e
Educação - caminhos para implementação da Lei 10.639/2003, da Mazza
Edições. Integrou a equipe da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade - SECAD, do Ministério da Educação para
implementação da Lei 10.639/2003.
Iglê Moura Paz Ribeiro
Graduada em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino Religioso,
pela UCB e Psicopedagogia pelo Instituto Superior de Educação Franciscano
Nossa Senhora de Fátima. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade
de Internacional de Lisboa e reconhecida pela Universidade Católica de Brasília.
Professora no Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora de
Fátima.

Documentos relacionados