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Vozeiro de Primeira Linha (MLN) Ano VI • Nº 19 • Segunda jeira Janeiro, Fevereiro e Março de 2001 Democrácia e liberdade para a Galiza Editorial A involuçom política derivada da maioria absoluta do PP no Parlamento espanhol está caracterizando-se por um paulatino incremento da ofensiva espanholista em todos os campos e polo recorte sistemático das raquíticas liberdades cívicas e laborais pactuadas polas forças políticas reformistas e as autoridades franquistas na Transiçom. O segundo governo Aznar, desprovisto dos seus incómodos aliados cataláns, recupera assi a pior fasquia autoritária da oligarquia espanhola que tivo que negociar a maquilhage do regime emanado do levantamento fascista de 18 de Julho para manter incólumes os seus privilégios. Superada a fase do ajuste económico neoliberal e da destruiçom da sociedade civil realizada polo PSOE entre 1982-1996, a grande burguesia espanhola recupera sem intermediários, nem gestores, a direcçom política dum Estado que desde 1936 nom deixou de estar ao exclusivo serviço dos seus interesses de classe. Esta conjuntura permite que o actual governo do PP, fortalecido pola alienaçom social e o desvertebramento do movimento operário e popular, se sinta envalentonado para aplicar o programa maximalista emanado da armaçom constitucional que @s galeg@s nom referendamos em 1979. O virtual estado de direito juancarlista está sendo dia a dia desmontado, a pseudodemocracia espanhola esta começando a mostrar a sua verdadeira natureza, fechando jornais, cessando e detendo a jornalistas, censurando programas de televisom, condecorando a polícias fascistas e torturadores como Melitón Manzanas, impondo o estudo da religiom católica nos centros públicos, proibindo actos cívicos, fomentando diariamente o clima social de fascistizaçom exitosamente ensaiado no verao de 1997 sob a formulaçom do Espírito de Ermua. Os projectos políticos dos diferentes movimentos de libertaçom nacional som abertamente criminalizados, apresentados como perigosos inimigos sociais, numha conjuntura na que o pensamento único e o absoluto controlo e manipulaçom goebbeliana da imensa maioria dos meios de comunicaçom é umha crua realidade que aproxima cada vez mais o actual clima sociopolítico espanhol à época franquista pura e dura. Perante a morna oposiçom dum nacionalismo obsessionado por pisar alcatifa e instalar-se comodamente nos espaços de gestom que lhes permite o colonizador, a esquerda independentista galega resposta com serenidade e inteligência, sentando as bases estratégicas para cumprir o papel Sumário libertador e transformador que lhe corresponde. A aposta política de unidade independentista iniciada polo Processo Espiral nom só supera qualquer das tentativas precedentes, supom o maior repto histórico, a culminaçom da mais importante tarefa do movimento patriótico na última década. O seu éxito depende do grau de madurez e altura de miras de todos 2 O independentismo, Castelao, Fraga e a UPG. Carlos Morais 3 Novas medidas de excepçom do Estado espanhol contra o aqueles segmentos sociais que nom renunciamos a dotar a Galiza dum estado próprio numha sociedade democrática e socialista. Queremos e devemos acertar politicamente para que a ilusom e a esperança afastem o cepticismo e o conformismo, devemos e queremos ocupar esse espaço político objectivo de esquerda e independentista que hoje existe na Galiza ante a trágica ausência dumha nova força política que o vertebre. A Unidade Popular deve ser esse instrumento de luita e combate que a Galiza necessita para conquistar a democracia e a liberdade. 7 independentismo. Marcos Lôpez Martíns 4 Resistência e rebeliom mundial anticapitalista. De Seattle a Barcelona 6 O fim do SMO, valoraçom dumha vitória. André Seoane Antelo O independentismo catalám. Àlex Tisminetzky Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 Nom se trata de umha simples coincidência a manipulada e oportunista utilizaçom argumental que o actual presidente da Junta da Galiza, Manuel Fraga Iribarne, e o máximo dirigente da UPG, Francisco Rodríguez Sánchez, realizárom nos últimos meses do século que findou, sobre o pensamento político de Castelao, para desqualificar as teses independentistas. Que um declarado fascista e um fogueado dirigente nacionalista coincidam dialecticamente, -utilizando os mesmos referentes históricos-, no combate à mais elaborada expressom político-social da resistência nacional, desde tribunas tam díspares como um ciclo de conferências do PP realizado em Ourense e o X Congresso da UPG celebrado em Ponte-Vedra, nom só sementa maior confusionismo no panorama político, também contribui a clarificar a actual deriva autonomista do BNG impulsionada polo seu principal grupo interno de pressom. Para compreender as chaves do conclave upegalho realizado em Outubro é necessário abordar a situaçom interna e externa do BNG e do conjunto do movimento nacionalista. O êxito eleitoral das municipais, o acesso ao parlamento de Bruxelas e o posterior sabor agri-doce de Março, provocado pola errónea euforia desmedida dos seus estrategas eleitorais ao definir objectivos inalcançáveis, determinam parcialmente o diagnóstico de um Bloco definitivamente instalado no quadro jurídicopolítico espanhol e completamente obsessionado por gerir as instituiçons autonómicas a qualquer preço. Mas se esta profunda adulteraçom ideológica que modifica os objectivos políticos desenhados em Riazor implica imediatos avanços eleitorais, também colabora ao tímido abrolhar das contradiçons internas, que no essencial tam só respondem aos diferentes ritmos e tácticas dum idêntico discurso possibilista. A UPG, responsável pola actual orientaçom política do nacionalismo institucional, é plenamente consciente dos limites desta estratégia e também dos perigos inerentes à sua unilateral aposta autonomista. A gestom de espaços de poder relativamente importantes (os governos munici- Carlos Morais ACTUALIDADE O independentismo, Castelao, Fraga e a UPG pais de grandes cidades) tem provocado a consolidaçom de interesses de seu entre certos quadros intermédios unicamente preocupados por perpetuarem-se, afastando-se das linhas gerais marcadas a nível nacional, sendo um dos últimos exemplos mais relevantes desta tendência a atitude d@s concelheir@s da Corunha a respeito da sua adesom ao acordo antiterrorista do PPPSOE. A actual acçom política modulada polo exclusivismo institucional está contribuindo para desactivar a militáncia mais comprometida, burocratizar e emprobrecer a já de por si anémica vida interna, atraindo ao seu seio sectores sociais e pessoas com práticas incoerentes cos postulados medulares dumha organizaçom patriótica (monolingüismo), e a redefinir o modelo orgánico do BNG como umha força política catch-all que cada vez se assemelha mais aos grandes partidos tradicionais e nom a essa original frente nacionalista da década de oitenta. A UPG logrou nestes últimos três anos satelizar e fagozitar umha parte das testemunhais organizaçons políticas que lhe dérom sentido à estratégia do Projecto Comum, debilitar e mesmo derrotar a alternativa beirista, neutralizar a emergente corrente independentista e comunista que representava o nosso Partido, recuperando assi a plena hegemonia e controlo políticoorgánico do BNG e das suas organizaçons ocupante, desarmou e perverteu ideologicamente umha parte destacada da base social nitidamente nacionalista, anestesiou, domesticou e neutralizou a capacidade de luita das organizaçons de massas, mediante umha evoluçom política claudicante que segue legitimando-se mediante a mitificaçom utilitarista das achegas ideológicas e o discurso do nacionalismo maioritário na Galiza dos anos trinta. Nom é motivo de surpresa que o conteúdo das teses e debates do X Congresso da UPG mantenham mais semelhanças cos documentos de umha junta geral de accionistas de umha grande empresa -impregnada isso si de um marxismo epidérmico-, que as do partido político revolucionário da década de setenta. Este Congresso foi Perez Castrilho, alcalde de Vigo, conversando amigavelmente coa Guardia Civil determinante para de massas mediante a criaçom de umha preparar a sua militáncia num cenário pocolosal rede clientelar que baseia a sua lelítico caracterizado pola provável possibialdade em dezenas de salários e contraparlidade de gerir o actual governo autonómitidas laborais e nom em compartilhar umco, e um claro aviso a aqueles sectores da ha mesma escala de valores no horizonte organizaçom que dalgumhas plataformas da transformaçom social e a emancipaçom de massas mantenhem discursos refractánacional. rios com estes objectivos, ou pretendem Mas sobretodo, e isto é o realmente prealcançar por livre maiores quotas de poder. A UPG deixou bem claro que nom permitirá que as entidades nacionalistas questionem ou dificultem legitimar umha provável acçom de governo com Conselheiros do BNG em Sam Caetano, para o que adoptarám as medidas necessárias tendentes a enfraquecer a sua pluralidade interna, afortalando ainda mais o seu abafante controlo, mas que eufemisticamente definem como funcionamento coordenado e clarificaçom ideológica seguindo a críptica terminologia característica da sua matriz estalinista. Definitivamente, a actual UPG consolida-se, -sob umha virtual unidade ideológica-, como umha acomplexada força nacionalista, dotada de um programa e um projecto social-democrata, no que as inércias cenográficas e a nostalgia discursiva da sua trajectória de ex-partido comunista patriótico, tam só emergem para os actos puramente rituais. Assi, da reafirmaçom da sua tradicional e anti-dialéctica definiçom conceptual do termo nacionalismo como um simples fetiche, emana o falaz constructo que permite justificar a política de alianças a nível de Estado e a sua minimalista aposta estratégica por umha tímida reformulaçom do actual projecto espanhol que nom questione os elementos medulares do constitucionalismo juancarlista, renunciando definitivamente a dotar à Galiza de um Estado próprio. Deste discurso construído sobre a tese da derrota e claudicaçom frente a Espanha deriva a patológica obsessom que os seus líderes mantivérom e mantenhem co projecto da esquerda independentista. Ou seja, o “combate ao ideologismo ou verbalismo independentista que só contribui a frear o processo de avanço do nacionalismo galego” segundo as teses aprovadas no Congresso, ou a caracterizaçom do independentismo como “vacuidade política”, tal como recolhêrom os meios de comunicaçom as declaraçons de Paco Rodríguez no X Congresso para satisfaçom de dom Manuel e surpresa de Castelao. Rua do Vilar 59 B Tel. 981 575 884 • SANTIAGO ARTESANÍA Algália de Abaixo, 21 Telefone 981 585 222 Compostela GALIZA Raiña, 19. COMPOSTELA. Tlf.: 981 560 137 Libros Galegos e sobre Galicia Libro Portugués Santiago - A Coruña LUGO Rua Noreas, 5 LUGO Rua Lepanto VIGO Cervantes, 5 baixo Novas medidas de excepçom do Estado espanhol contra o independentismo Há quase dous meses, a 24 de Dezembro, entrava em vigor a Lei Orgánica 7/2000, que modifica a Lei Orgánica 10/1995, do Código Penal e a Lei Orgánica 5/2000 reguladora da Responsabilidade Penal dos Menores, em relaçom cos delitos de terrorismo. Esta nova norma legal, impulsionada desde o governo espanhol, coa desculpa de combater os actos de violência que habitualmente gera o conflito políticomilitar basco, tem como única finalidade a de criminalizar a tod@s @s que, em maior ou menor medida, participamos nos movimentos contra o actual quadro jurídico-político. Alvisca-se, pois, um futuro bastante problemático para o movimento de libertaçom nacional e social da nossa naçom. Se o nível de repressom existente contra os movimentos de libertaçon nacional que há no Estado espanhol antes da entrada en vigor da Lei Orgánica 7/2000 já era muito grande, desde a sua vigência, vai-se ver incrementado de jeito espectacular, o que, por outra parte, vem de confirmar o nervosismo existente no PP, no PSOE e nas demais forças políticas espanholas, incapazes de frear o avanço da esquerda independentista, pois supom, de facto, umha ameaça real à “indissolúvel unidade de Espanha”. Umha das questons que há que ter em conta coa modificaçom do Código Penal é que muitas das condutas que até o de agora nom estavam tipificadas como delitos, agora vam está-lo, e nom só isso, senóm que pola amplitude do conceito de terrorismo que se recolhe coas modificaçons introduzidas no texto punitivo todos estes comportamentos podem levar consigo a deslocaçom a Madrid, à Audiência Nacional, de tod@s @s que por acçom ou omissom se lhe impute um destes novos delitos. Esta medida, desde o dia 13 de Janeiro -data na que entrou en vigor a Lei 5/2000 de Responsabilidade Penal dos Menores-, vai-se aplicar a todas aquelas pessoas maiores de 14 anos e menores de 18, que poderám ser conduzidas ao Julgado Central de Menores da Audiência Nacional, encarregado de impor as correspondentes medidas cautelares e as que se acordem na sentença. Nom nos estamos a referir aqui a delitos típicos como som a pertença ou colaboraçom com bando armado, a tenéncia ilícita de armas ou explosivos,... , que já estavam a ser penadas; referimo-nos a condutas que antes nom eram perseguidas e que agora passam a estar punidas. O artigo 578 do Código Penal introduzido pola Lei Orgánica 7/2000 estabelece como um destes novos tipos penais o de exaltaçom do terrorismo, que está dirigido segundo se fai constar na alínea PUBLICIDADE VIGO Zona dos Viños. A ESTRADA 3 OPINIÓN Conselho de Ministros do actual Governo espanhol Carlos Morais é o Secretário Geral de Primeira Linha (MLN) PUBLICIDADE CAFÉ BAR Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 Marcos Lôpez Martins 2 A ESTRADA Rua Dolores, 34 • Tel. 981 357 505 15402 FERROL • GALIZA IIIª da exposiçom de motivos da Lei a: “sancionar a quem enaltecer ou justificar, por qualquer meio de expressom pública ou difusom os delitos de terrorismo, ou a quem participar na sua execuçom, ou na realizaçom de actos que entranharem descrédito, menosprezo ou humilhaçom das vítimas dos delitos de terrorismo ou dos seu familiares”. Como se pode comprovar o subjectivismo é a nota mais característica deste novo delito, o que siginifica umha auténtica ameaça para tod@s @s que nom partilhamos o actual modelo de Estado e nom permanecemos neutrais perante a actual situaçom de conflito que se está a produzir, tanto na nossa naçom, como noutros pontos do Estado. Outro dos novos tipos penais introduzidos pola Lei Orgánica 7/2000, é o que se encontra no artigo 505 e que vem a sancionar as perturbaçons graves que se provoquem nas sessons plenárias das Cámaras Municipais, punindo com penas de seis meses a um ano de prisom a quem sem ser membro da Cámara, perturbe de forma grave a orde dos seus plenos impedindo o desenvolvimento da orde do dia previsto, a adopçom de acordos, ou causem desordes que tenham por objecto manifestar o apoio a bandos armados, organizaçons ou grupos terroristas, o que significará que qualquer acto de protesta levado a cabo por umha pessoa distinta aos membros da Corporaçom local, ainda que seja para solicitar o cumprimento das leis, em questons tais como os direitos d@s pres@s ou mesmo a exigência do respeito dos direitos humanos de detid@s ou encadead@s, será perseguida ao ser considerado como un acto delitivo. Por outra parte, agora os membros das Corporaçons locais passam a ser sujeitos de especial protecçom, sendo equiparados com qualquer membro do Governo ou com deputado ou senador; polo que qualquer atentado cometido contra algum membro dumha Cámara Municipal, a partir da entrada en vigor da Lei será sancionado coa pena de prisom de quatro a seis anos, além dumha multa. Umha das novidades desta reforma do Código Penal é a instauraçom da pena de inabilitaçom absoluta que, a partir da entrada en vigor da Lei Orgánica 7/2000, passa a ser considerada como pena principal, o que quer dizer que a umha pessoa condenada por um dos delitos dos relacionados co terrorismo, ademais da pena que se lhe poda impor, poderá ser castigada com outra de inabilitaçom absoluta por tempo de seis a vinte anos, a diferença do que sucedia antes, onde a pena de inabilitaçom era acessória daprincipal, e que, portanto, durava tanto como durava a principal. Coa entrada en vigor desta Lei umha pessoa condenada a umha pena de prisom de cinco anos pode ser inabilitada por un período de vinte. Coa introduçom da inabilitaçom absoluta como pena principal o que se pretende é impedir que @s condenadas por algum dos delitos relacionados co terrorismo nom podam exercer na “cousa pública”, e portanto, nom podam chegar a ser eleit@s como representantes institucionais, impedindo que podam defender as suas ideias políticas no Parlamento, Senado ou numha Cámara municipal. Estamos, pois, ante umha lei tremendamente repressora, feita à medida do governo do PP, para potenciar a actual estratégia de luita contra os movimentos de libertaçom nacional que existem no Estado, e que poderá afectar, en certa medida, a outros movimentos alternativos ao sistema capitalista. Quanto às modificaçoms introduzidas pola Lei 7/2000 na Lei Orgánica 5/2000, de Responsabilidade Penal dos Menores, relativas a delitos de te- rrorismo que entrárom em vigor a 13 de Janeiro, o mais salientável é o facto de se criar um Julgado Central de Menores na Audiência Nacional, aonde serám conduzidos pola polícia, tod@s @s maiores de 14 e menores de 18 anos que estiverem involucrados em actuaçons das denominadas terroristas ou relacionadas com estas. Ademais, incrementam-se os tempos de duraçom das medidas que se acordem para a re-educaçom destes menores, sendo possível que este Julgado Central de Menores, acorde o internamento dum menor de idade num centro por um período de dez anos para despois ser submetido a vigiláncia por um tempo de cinco anos, o que supom, além dumha severa medida de castigo, umha discriminaçom com relaçom ao tratamento que se lhe poda dar a outros menores que, nom cometendo um delito dos denominados terroristas, si tenham cometido actos delitivos de maior gravidade. @s independentistas galeg@s temos que ser conscientes do significado destas novas medidas de repressom. Sabemos que as forças de ocupaçom, assim como os julgados e tribunais de justiça, os meios de comunicaçom espanhóis, jogam contra nós, e por conseqüência, os nossos direitos e liberdades verám-se limitados em grande medida polo que devemos ser nós mesmos mediante o fortalecimento do actual processo de re-organizaçom da esquerda independentista no Processo Espiral quem teremos de denunciar e desmontar a criminalizaçom, os abusos que se podam produzir coa aplicaçom destas novas medidas de repressom e censura, para deste jeito, deixar em envidência o actual sistema de democracia formal xurdido da mao da ditadura. Marcos Lôpez Martins é advogado e militante de Primeira Linha (MLN) 4 A globalizaçom representa o desenvolvimento capitalista dumha época selvagem na que como auténticos cavalos do Apocalipse, o capital financeiro, as empresas multinacionais, as instituiçons de Brettom Woods e o imperialismo cultural, cavalgam polo planeta arrasando os ecosistemas, aniquilando as identidades nacionais, destruindo os direitos sociais e fazendo-nos mais iguais na exclusom social, a miséria ética e a desolaçom. É a expressom mais agudizada do processo de internacionalizaçom, traduzido no tránsito dum sistema de acumulaçom baseado no Estado-Naçom para outro baseado no mercado mundial, convertendo o planeta numha cidade global, aumentando a interdependência das diferentes economias. Corresponde também ao tránsito de um sistema de acumulaçom agrárioindustrial baseado no fordismo para um outro industrial-serviços baseado na tecnologia da revoluçom microelectrónica. O fracasso do modo de produçom capitalista é umha realidade, embora nom esteja derrotado actualmente padece a mais longa, complexa e pior crise da sua história. Nom se trata só dumha clássica crise económica, de sobreproduçom no meio da pobreza crescente que gera à sua vez o subconsumo. A civilizaçom capitalista poderá ter concluído no prazo de 25/50 anos, mas na actualidade vivemos um período de transiçom para um novo sistema cujo perfil é incerto. Ao igual que em todos os anteriores pontos de inflexom da história da humanidade, o papel dos povos e dos oprimidos, a sua capacidade de luita e combate, será determinante para que o modelo socio-económico que substitua ao capitalismo seja um sistema ao serviço das pessoas e dos povos, no que a igualdade, a justiça e a liberdade deixem de ser umha utopia e se convertam em realidade, no modelo polo que a humanidade leva luitando desde os inícios da luita de classes: o Comunismo. O movimento antiglobalizaçom Levamos cerca de umha década sofrendo a virulenta campanha contrarrevolucionária que afirma que devemos escolher entre a gestom socialdemocrata do capitalismo e a liberalconservadora. Ao igual que antes da queda da URSS rejeitávamos essa visom do mundo que tratava de obrigarnos a escolher entre a economia de mercado e a planificaçom soviética, hoje negamo-nos a ter que escolher entre essas duas letais alternativas. Embora a globalizaçom seja umha crua realidade, está emergendo com força um complexo e heterogéneo movimento internacional que questiona e se enfrenta à actual fase de expansom capitalista, ao actual fenómeno da globalizaçom capitalista mais conhecido como neoliberalismo. Cumpre umha nova esquerda que impulsione um novo internacionalismo e promocione um antiimperialismo que questione até a raíz este modelo histórico de conquista, exploraçom e dominaçom. Umha nova esquerda afastada dos conceitos e paradigmas do eurocentrismo, essa corrente de pensamento que trata de fazer compatível os sonhos humanos de emancipaçom, co mantimento dos conceitos do progresso, liberdade, democracia e igualdade próprios do capitalismo imperialista. O actual movimento internacional que emerge com força em Dezembro de 1999 em Seatlle e se desenvolve posteriormente ao longo do planeta é um fenómeno novo que se foi tecendo Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 ACTUALIDADE Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 Resistência e rebeliom mundial anticapitalista Principais acçons do movimento antiglobalizaçom De Seattle a Barcelona silenciosamente na última década, mediante anos de resistência, de pequenas luitas locais, nacionais, entre multidom de novos grupos e velhas organizaçons que nunca aceitárom os ditames do capitalismo e as falácias do fim da história, e cujo inicio simbólico começou o 1º de Janeiro de 1994 co alçamento zapatista no México contra o acordo de livre comércio cos Estados Unidos e o Canadá. A actual rede caracteriza-se pola sua complexa heterogeneidade e horizontalidade, pola indefiniçom política-ideológica, que facilita a confluência de organizaçons cidadás, movimentos sociais, sindicatos, partidos comunistas, movimentos de libertaçom nacional, organizaçons anarquistas, camponesas, indígenas, ONGs, todo o tipo de grupos alternativos, num amplo movimento internacional de resistência e oposiçom ao capitalismo. Podemos estar assistindo ao nascimento de um movimento de massas mundial, semelhante em muitas cousas (grande participaçom juvenil) ao Maio de 68, que questiona radicalmente -utilizando a mobilizaçom social e a luita na rua- a actual orde internacional, a actual fase imperialista do capitalismo. Movimento coordenado, conectado, interrelacionado, mediante a utlizaçom da Internet e das Novas Tecnologias da Informaçom e a Comunicaçom (NTIC), actualizando a consigna leninista pola qual os capitalistas nos venderám a corda coa que os vamos enforcar. Este movimento constata que ao Capital nom lhe vai ser tam fácil como pensava implantar um modelo socio-económico mundial gerido polo mercado ao serviço exclusivo dos ricos e os poderosos. Um dos últimos editoriais da revista The Economist, um dos vozeiros do neoliberalismo afirmava que “a globalizaçom é reversível, e isto provoca que quem se oponhem a ela sejam tam perigosos”. O actual movimento antiglobalizaçom supom a incorporaçom de umha nova geraçom militante à luita contra o capital, numha sintomática e evidente expressom da lenta superaçom da grave crise de identidade da esquerda provocada a finais da década de oitenta coa implosom do modelo soviético e o rearmamento ideológico da ideologia liberal. A esperança de poder modificar o actual estado das cousas volta a ser umha realidade em milhons de pessoas em todas as partes do mundo. Sem pretender cairmos no triunfalismo estamos assistindo ao nascimento de um movimento antisistémico a nível mundial que pode regenerar a esquerda construindo um novo cenário político internacional que contribua a frear o avanço do pensamento único e sente as bases para a sua superaçom. De 25 a 30 de Janeiro deste ano mais de 3.000 activistas de todo o planeta reunirám-se em Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil) para debater sobre os rumos do movimento, no que será a primeira ediçom do Foro Social Mundial, congresso alternativo ao Foro Económico Mundial que se reunirá como é habitual esses mesmos dias em Davos. Ao longo de 2001 continuarám as luitas e as acçons, e daqui devemos A crise ecológica O funcionamentio dum sistema produtivo competitivo que nom conhece mais critérios de limitaçom do que a capacidade de consumo e esbanjamento duns quantos origina um ilimitado desenvolvimento das forças produtivas que envenena o ar, a água, e a terra, assassinando a vida, arrasando a terra e destruindo o ecossistema. O desenvolvimento do capitalismo provoca que o planeta perda 15 milhons de hectares de florestas por ano (dos que 6 milhons se tornam em desertos), enquanto a chuva ácida destrui os bosques e os lagos do norte, os resíduos tóxicos envenenam os rios e os mares, o clima se altera polo aquecimento da atmosfera, a erosom destrui cada ano um equivalente à superfície cultivável da Península Ibérica, e a quarta parte da humanidade deve conformar-se com beber água poluída por nitratos, pesticidas e resíduos industriais. A mai terra, unidade de todo o vivente, está doente de gravidade. As multinacionais Mobilizaçom anticapitalista em Niza lograr que o nosso país se integre activamente neste movimento. A conferência anual do Banco Mundial que este ano se vai realizar de 25 a 27 de Junho em Barcelona vai ser umha magnífica oportunidade para que a voz da Galiza rebelde e anticapitalista tenha presença, seja escoitada, tecendo laços de solidariedade e amizade com os movimentos de libertaçom nacional e a esquerda revolucionária doutras latitudes. A causa desta situaçom A causa desta situaçom é o resultado dos quinhentos anos do processo de expansom da inicial economiamundo europeia capitalista do século XV até o actual triunfo planetário do capitalismo mundial, a globalizaçom. O prognóstico marxista formulado na Lei geral, absoluta, da acumulaçom capitalista que produz “umha acumulaçom de miséria, proporcionada à acumulaçom do capital. A acumulaçom de riqueza num pólo é ao próprio tempo, pois, acumulaçom de miséria, tormentos de trabalho, escravatura, ignoráncia, embrutecimento e degradaçom moral no pólo oposto”, que Karl Marx recolheu no Livro Primeiro d´O Capital significa que “coa diminuiçom constante no número dos magnatas capitalistas que usurpam e monopolizam todas as vantages deste processo de transtorno, aumenta a massa da miséria, da opressom, da servidume, da degeneraçom, da exploraçom”. A tese marxista da depauperaçom absoluta do proletariado é umha terrível realidade tal como demonstram as cifras e constatam os dados da situaçom actual do planeta elaborados polos informes e análises dos governos capitalistas. Um estudo da ONU publicado em 1988 titulado O nosso futuro comum, elaborado pola Comissom Brundtland, concluia coa seguinte afirmaçom: “Há mais gente hoje que passa fame no mundo que a que houvo em toda a história da humanidade, e a progressom tende a aumentar”. Tal como afirma Immanuel Wallerstein “A esmagadora maioria dos trabalhadores mundiais, que moram em zonas rurais ou oscilam entre estas e os subúrbios da cidade, estám em piores condiçons do que os seus antepassados há quinhentos anos. Comem menos bem e certamente tenhem umha dieta menos equilibrada. (...) Hoje trabalham mais horas por dia, por ano, por vida, por umha remuneraçom total inferior”. Embora para 10/15% da populaçom mundial seja absurdo falar do fracasso do capitalismo, estando a Galiza situada no seio periférico deste selecto clube, é evidente que o modo de produçom gestado na Europa há quinhentos anos ó e que hoje é hegemónico a escala planetária ó nom só significa miséria, dor, exploraçom, injustiça, humilhaçom, para a maioria dos habitantes da Terra (o que Marx definiu magistralmente como a depauperaçom absoluta do proletariado), senom que pom em perigo a vida mesma do planeta. Som a expressom mais genuina do processo de concentraçom, centralizaçom e internacionalizaçom do capital. Som gigantescas empresas distribuídas espacialmente mediante “filiais” no conjunto do planeta com dezenas e centenas de milhares de trabalhadores/as (General Motors: 775.000; IBM: 383.000; Ford: 370.000) caracterizadas polo seu enorme volume de produtividade e de facturaçom por pessoas que provoca que hoje 500 empresas transnacionais podam produzir 25% do PIB mundial com apenas 1,25% d@s trabalhadores/as do planeta (25 milhons). Hoje as multinacionais concentram mais da metade da produçom mundial, controlam as reservas energéticas e as fontes de matérias primas, controlam quase em monopólio a tecnologia e a investigaçom e concentram a sua produçom em sectores estratégicos, controlando a economia dumha parte substancial dos países. 5 ACTUALIDADE Os principais instrumentos opressores do capitalismo Após a II Grande Guerra a hegemonia norteamericana impulsionou a criaçom dumha série de organismos e instituiçons que regulam e impulsionam o processo de globalizaçom a nível económico (GATT/OMC, FMI, BM, G7), e a nível jurídico político (ONU, NATO). • GATT/OMC. Representa um grande projecto de liberalizaçom global e multilateral do comércio mundial que trata de facilitar a introduçom das grandes multinacionais do Norte nos mercados locais. Desde 1995 o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio muda de nome transformando-se em Organizaçom Mundial do Comércio. A OMC pretende liberalizar totalmente os investimentos eliminando os direitos dos estados a controlar os investimentos estrangeiros realizados sobre o seu território. • FMI. O Fundo Monetário Internacional é um organismo integrado por 151 países, dirigido polos USA, a Gram Bretanha, a Alemanha, a França e o Japom, tendo os USA direito a veto. A sua funçom é actuar de autoridade monetária mundial financiando défices das balanças de pagamento, mantendo estáveis os tipos de cámbio, co objectivo de facilitar o comércio internacional e a acumulaçom de capital. Estabelece e dirige os “programas de ajuste”, ou seja, as privatizaçons, a eliminaçom ou reduçom dos estados na economia, a supressom dos impostos de importaçom, a desvalorizaçom das moedas nacionais, a aboliçom das restriçons aos investimentos estrangeiros, fomentando políticas de exportaçons e integraçom no mercado mundial, que provocam um agravamento das condiçons de vida e dependência dos países e um maior empobrecimento dos sectores sociais mais desfavorecidos. • Banco Mundial. Está configurado por umha série de organismos como a Agência Internacional para o Desenvolvimento (AID) que concede empréstimos baratos a países pobres; a Corporaçom Financeira Internacional (CFI) que fomenta a introduçom do sector privado; e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI) que assegura os grandes investidores privados contra os riscos nom comerciais. A lógica do BM considera que o dinheiro emprestado o converte em verdadeiro governo do país receptor, exigindo destes a aplicaçom de políticas sob os interesses dos estados ocidentais e das multinacionais. • Grupo dos 7 (G7). Configurado polas principais potências imperialistas (USA, Canadá, Japom, Alemanha, França, Gram Bretanha, Itália e recentemente com Rússia como convidada de pedra), conforma um directório que decide sobre as grandes questons estratégicas no plano económico, social e político, regulando a “estabilidade” planetária. Os dous objectivos fundamentais que persegue som impulsionar o processo de mundializaçom-globalizaçom do capital e aplicar medidas coercitivas e militares contra aqueles estados e/ou povos que se neguem a submeter-se aos seus ditados (Guerra do Golfo, dos Balcás). • ONU. A Organizaçom das Naçons Unidas representa umha espécie de governo mundial com capacidade para intervir política e militarmente mediante o Conselho de Segurança, sob a hegemonia das potências mundiais que possuem capacidade de veto. • NATO. A Organizaçom do Tratado do Atlántico Norte é umha estrutura militar nascida para defender os interesses estratégicos do imperialismo norte-americano e com capacidade para intervir militarmente quando estes se achem ameaçados. 4 de Dezembro de 1999. Mais de 50 mil manifestantes logram suspender em Seattle (USA) a reuniom dos 135 ministros de Economia e Comércio da OMC. Impedindo assi que a denominada Ronda do Milénio alcançasse um acordo que pretendia acelerar a “liberalizaçom” do comércio mundial, eliminando barreiras no sector agrícola e de serviços, fazendo mais ricos aos ricos e mais intocáveis às multinacionais. 30 de Janeiro de 2000. Milhares de manifestantes protestárom na localidade suiça de Davos contra o Foro Económico Mundial, reuniom que anualmente congrega aos responsáveis das multinacionais e chefes de Estado para falar do futuro do mundo. 13 de Fevereiro de 2000. Centenas de manifestantes acossárom aos delegados de 190 países membros da Conferência das Naçons Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) reunidos na capital da Tailándia, Bangkok. 8 de Março de 2000. Em dezenas de países, também na Galiza, tem lugar umha greve de mulheres e diversos actos enquadrados no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora organizada pola Marcha Mundial das Mulheres. En Nova Iorque, diante da sede da ONU, reunírom-se delegaçonsde mulheres de todo o mundo. 10 ao 14 de Abril de 2000. En diversos países tenhem lugar diferentes acçons de carácter ecologista inseridas na Semana Internacional contra a Engenharia Genética. 16 e 17 de Abril de 2000. Milhares de manifestantes desafiam o estado de sítio imposto pola polícia em Washington, protestando contra as políticas do FMI que nesses dias reunia na capital norteamericana o seu máximo órgao de decisom, o Comité Internacional Monetário e Financeiro. 1º de Maio de 2000. En diferentes países do mundo tem lugar uma acçon coordenada contra o capitalismo. 14 de Junho de 2000. A cimeira da Organizaçom para a Cooperaçom e o Desenvolvimento Económico (OCDE) iniciou-se em Bolonha (Itália) com cargas policiais contra os manifestantes anti-capitalistas ali concentrados. 30 de Junho de 2000. Na cidade suiça de Davos tenhem lugar mobilizaçons em solidariedade co sindicalista camponés e activista ecologista francês, José Bové, julgado por destruir um McDonalds. 1 a 4 de Agosto. Mais de 20 mil manifestantes concentrárom-se na cidade norteamericana de Filadélfia para protestar contra a Convençom Nacional Republicana que ia proclamar candidato presidencial a George Bush, co resultado de centos de detidos. 16 e 17 de Agosto de 2000. Dezenas de milhares de activistas norteamericanos protestam em Los Angeles contra a Convençom Nacional Demócrata. 11 ao 13 de Setembro de 2000. Em Melbourne (Austrália) tem lugar umha batalha campal de quase 72 horas entre milhares de manifestantes e polícias durante a celebraçom do Foro Económico Mundial. Também na sede dos Jogos Olímpicos houvo protestos. 26 ao 29 de Setembro de 2000. Em Praga, capital da República Checa, mais de 15 mil activistas de todo o mundo concentrárom-se para protestar contra a 55 cimeira do FMI-BM. Impressionantes acçons com fortes enfrentamentos coas forças policiais e que acabárom com centenas de detidos, mais que provocárom a paralisaçom e precipitado encerramento da assembleia. 7 ao 10 de Dezembro de 2000. Na Cimeira Europeia celebrada na cidade francesa de Niça mais de noventa mil sindicalistas e activistas anticapitalistas europeus manifestárom-se contra o actual modelo de UE. 21 de Janeiro de 2001. Centenas de manifestantes anti-globalizaçom protestam nas ruas de Washington durante o percurso de George W. Bush até a Casa Branca para ser nomeado presidente dos USA. 25 a 30 de Janeiro de 2001. Em Porto Alegre (Brasil) milhares de delegad@s de organizaçons sociais e políticas da esquerda de todo o mundo reunem-se no Foro Social Mundial, alternativo ao de Davos, para condenar o neoliberalismo. Simultaneamente na estaçom alpina suiça centenas de militantes anti-capitalistas logram manifestar-se contra o Foro Económico Mundial pese à militarizaçom de toda a zona. O mundo hoje. Um terrível diagnóstico Morte. A fame mata diariamente a mais de 40.000 pessoas. Dezenas de milhons de crianças morrem anualmente por desnutriçom e doenças. Dez milhons de seres humanos morrem ao ano por epidemias provocadas pola poluiçom de águas e carência de redes de saneamento e esgotos. Pobreza. 1.500 milhons de pessoas vivem na pobreza mais absoluta, sendo esta basicamente feminina sete em cada dez pobres som mulheres- e rural. Fame e desnutriçom. Mais de 2.000 milhons de pessoas padecem insuficiência de vitaminas e minerais na sua alimentaçom. Carência de água potável. 2.000 milhons de pessoas nom tenhem acesso à água potável. Carência de habitaçom. Mais de 1.000 milhons de pessoas ocupam vivendas sem as mínimas con- diçons. 100 milhons de crianças sobrevivem sem teito pedindo esmola nas ruas das grandes urbes. Carência de instruçom. Há no mundo 885 milhons de analfabetos, e 130 milhons de crianças sem escolarizar, das que duas em cada três som meninhas. Desemprego. Cerca de 900 milhons de pessoas nom tenhem trabalho. Esta-se produzindo um incremento da hiper-exploraçom, da precariedade laboral, dos empregos eventuais, das diferenças salariais entre o home e a mulher, do desenvolvimento da economia submersa, da crise do estado da providência. Incremento da opressom da mulher. Só recebem 10% dos ingressos mundiais embora sejam a metade da populaçom e realizam 2/3 do total de horas trabalhadas no planeta. Umha em cada três é analfabeta e 20% sofre algum tipo de violência física ou sexual. Escravatura. Mais de 75 milhons de nen@s sofrem a escravatura mais absoluta nas suas “condiçons” de trabalho. Prostituiçom. Dezenas de adolescentes e crianças dos países mais pobres som obrigadas a prostituir-se para sobreviver. Guerras. Milhons de pessoas morrem anualmente a causa dos conflitos bélicos fomentados polo capitalismo para alimentar a sua indústria armamentística (actualmente mais de 50). 25% dos cientistas e investigadores do planeta estám empregues na indústria bélica, sendo investidos mais de 1.000 milhons de dólares cada 12 horas. Agudizaçom das diferenças entre o Norte e o Sul. Mais de 3500 milhons de pessoas disponhem de um ingresso global inferior ao da França. 23% da populaçom mundial pertencente aos países industrializados dispom de 86% do produto bruto mundial, enquanto os mais de 4.000 milhons de habitantes dos países pobres devem conformar-se com 14% restante. Desenvolvimento das grandes megacidades. Fenómeno basicamente concentrado no Sul do planeta como conseqüência da imposiçom de um modelo de desenvolvimento que tam só provoca desestruturaçom social e miséria, e portanto enormes fluxos migratórios. Grave crise ecológica. A alteraçom do clima, o desflorestamento, o envelenamento dos rios e mares, a erosom, a contaminaçom geral do planeta, é a testemunha muda das atrozes conseqüências do desenvolvimento capitalista. Homogeneizaçom cultural. Imposiçom do modelo ianque (American way of live) que pretende acabar coas diferenças culturais criando umha sociedade de indivíduos-consumidores-produtores que vivam procurando a fortuna individual ali onde se “viva melhor”, desenraizados e desprovistos de qualquer sentido da solidariedade, comunidade ou ser social, com base à aceitaçom de cánones de prestígio, categorias e elementos lingüístico-culturais do imperialismo mais forte. Em definitiva a globalizaçom está destruindo a biodiversidade cultural e lingüística do planeta, acelerando a assimilaçom cultural, agravada naqueles povos oprimidos como a Galiza que devemos defrontar a dupla acçom do processo de internacionalizaçom e a agressom do estado opressor. Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 Em 8 de Novembro de 2000 tinha lugar o sorteio do último reemprazo de moços que deverám incorporar-se obrigatoriamente às fileiras do exército espanhol. Celebrado o derradeiro sorteio já podemos situar, com umha marge de erro mui escassa, a “data de defunçom” definitiva da tropa (“mili”) em Dezembro de 2001. Até que enfim, após treze anos de luita organizada desde coordenadas nacionais, e mais de dous séculos de oposiçom popular, o Estado espanhol tivo que ceder ante os requerimentos do povo galego que sempre rejeitou, de modo mais ou menos explícito, o seqüestro legal de moços para “servir a Elrei”. Ficou claro que @s galeg@s consideram ao exército espanhol como umha estrutura alheia, ao serviço duns interesses que nom som os seus, e que nom estavam dispost@s a aturar durante mais tempo o tributo humano que o imperialismo lhes exigia. Foi a acçom consciente e organizada de amplos sectores do povo galego, especialmente no último quartel do século XX, o que provocou que o Estado espanhol decidisse abandonar um método de recrutamento que fora fundamental para manter fornecida a sua maquinaria militar e para a sua própria conformaçom como Estado, derivado do carácter uniformizador que cumpriu o exército à hora de expandir o concepto de “naçom espanhola”. Já nom era possível opor-se com éxito ao avanço dum movimento social em auge como era o antimilitarismo, polo que o imperialismo optou por pregar-se, ainda que maquilhou a sua cessom caracterizando-a como modernizaçom do exército numha tentativa de confundir à cidadania. O fim do SMO é umha conquista dum movimento social, algo que nom estamos habituad@s a experimentar, o que pode explicar a relativa frialdade, fruto dum justificável cepticismo, com que foi recebida a nova por parte do próprio antimilitarismo. Se bem é certo que o objectivo estratégico, a consecuçom dumha Galiza livre e desmilitarizada, ainda fica num horizonte muito longínquo, nom podemos obviar que rematar com a “mili” foi o objectivo táctico fundamental durante a maioria dos treze anos da existência do Movimento Antimilitarista Galego (MAG) como tal. Nom é este o lugar para analisar em profundidade de que maneira se desenvolveu a oposiçom ao recrutamento na Galiza durante os seus dous séculos “longos” de existência, mas consideramos preciso fazer um recordatório do que fôrom as fases mais recentes da luita anti-mili; nucleada em torno ao reconhecimento ao direito à objecçom de consciência (O.C.), num primeiro momento, e à insubmissom na sua André Seoane Antelo OPINIÓN O fim do SMO, valoraçom dumha vitória última fase; para compreender perfeitamente de que modo o movimento antimilitarista penetrou na sociedade convertendo-se num movimento de massas que conseguiu dobregar ao Estado espanhol. A O.C. é um direito que se começou a reclamar no Estado espanhol, de maneira organizada, na década de 70. A luita das pessoas que apelavam ao rejeitamento ético da violência ou da existência de exércitos regulares logrou fraguar um movimento que acadou a estabilidade organizativa a nível estatal com a constituiçom do Movimento de Objecçom de Consciência (MOC) no ano 1977. Este movimento consegue a sua primeira conquista quando na Constituiçom espanhola de 1978 reconhece-se o direito à O.C. ficando regulamentado o seu exercício por umha lei do ano 1984, durante a primeira legislatura do governo do PSOE. A LOC de 1984 estabeleceu que os objectores deveriam cumprir um serviço substitutório de carácter civil, conhecido como Prestaçom Social Substitutória (PSS), ante o qual a maioria do movimento anti-mili manifestará-se em contra, ao entender que o rejeitamento do SMO ia além dum simples possicionamento individual pois significava umha aposta colectiva para conseguir umha sociedade mais justa, e que a PSS nom era mais que umha medida punitiva, um castigopara quem se negar a cumprir o SMO. Deste modo o primeiro intento do Estado por calar as reivindicaçons populares ficou invalidado passando-se a umha nova fase na que entra em jogo a insubmissom. Neste contexto, entre o ano 87 e 88 na Galiza produzem-se as conversas que darám lugar a criaçom da Assembleia Nacional de Objecçom de Consciência (ANOC), que em princípio será umha coordenadora de colectivos locais e comarcais, aos que se lhe soma a organizaçom do MOC na Galiza; a qual terá como funçom coordenar o lançamento na nossa pátria dumha nova estratégia de desobediência civil (a insubmissom), consistente na negativa dos moços chamados a filas a incorporar-se ao exército ou a cumprir a PSS, percebendo que qualquer das duas opçons supunha umha imposiçom do militarismo espanhol. A insubmissom cumpriu sobradamente o seu labor, quantificando-se na Galiza nom menos de 400 insubmissos; convertendo-se na ponta de lança dum movimento popular que bem pronto adoptou umhas características peculiares correspondentes ao seu desenvolvimento numha naçom diferenciada. Assim, a meados da década passada a ANOC já aparece como umha organizaçom nitidamente nacionalista, em cujas análises se ressalta o papel do exército espanhol como negador dos direitos nacionais do povo galego, o que provocou o distanciamento dalguns sectores do antimilitarismo ligados às dinámicas estatais. Aos insubmissos haveria que somar os mais de 60.000 objectores legais acumulados na Galiza desde 1985, o que nos permite fazer um melhor quadro da situaçom. O MAG, vertebrado através da ANOC, conseguiu socializar o rejeitamento ao militarismo espanhol traduzido no incremento espectacular de objectores -legais e ilegais- logrando que desde o ano 1997 na Galiza foram maioria os moços que rejeitavam participar do exército. Mas nom podemos obviar que pese o éxito acadado na consecuçom da aboliçom da tropa, o antimilitarismo galego passa por um momento de febleza provocado pola convergência de diferentes factores: 1. A propaganda do Estado espanhol tem conseguido socializar na maioria da populaçom que o fim do SMO nom se deveu à dinámica combativa do antimilitarismo senom ao estabelecimento dumha nova conjuntura internacional na que, após a derrota da URSS e os seus aliados na chamada “Guerra fria”, já nom som necessárias estruturas militares gigantescas senom pequenos exércitos, facilmente deslocáveis e com um alto poder de fogo, ideais para labores de“pacificaçom” nas áreas periféricas do sistema-mundo. Espanha di-nos que nom conseguimos o fim da tropa, senom que no-lo concedérom porque o SMO já nom lhe era útil. Esta análise obvia que quando se anuncia a paulatina profissionalizaçom das FAS o exército espanhol passava por umha crise no recrutamento, da qual ainda nom saiu, provocada polo espectacular aumento do número de objectores; de facto, o Estado tivo que acelerar a profissionalizaçom completa das FAS adiantando a data final do processo para o ano 2001 sendo a previsom inicial para o ano 2003. É certo que o novo cenário mundial ajudou a rematar com a tropa, mas o detonante fundamental foi que nom houvera suficientes moços dispostos a incorporar-se ao exército obrigatório, isto é o que “esquecem” mencionar os meios de propaganda oficial. 2. Os esforços do MAG por diversificar o seu trabalho na linha de abranger a globalidade do antimilitarismo nom tivérom o sucesso desejado. Nom se conseguiu socializar no conjunto da militáncia e entre @s simpatizantes que o antimilitarismo ia além do problema do recrutamento abarcando aspectos tam diversos como o gasto militar, a opressom das mulheres, o intervencionismo militar, a militarizaçom social, etc. Houvo pois, um fracasso no labor de ideologizaçom, posto que nom se logrou superar o imediatismo dumha reivindicaçom concreta como era o fim da tropa. 3. O achegamento do MAG às coordenadas patrióticas nom supujo um aumento substancial do apoio recebido por parte de amplos sectores do MLNG, assim a perda da militáncia ligada as dinámicas estatais nom se viu compensada por umha aproximaçom da militáncia independentista em quantidade apreciável. Nom se quer dizer com isto que nom houvera independentistas no MAG, mas bem todo o contrário já que @s comunistas de praxe independentista constituem umha das correntes mais importantes no seu seio, senom que boa parte dos outros sectores da esquerda independentista ficárom, e ficam, à marge do antimilitarismo organizado polo que a capacidade de chegar ao pleno inserimento do MAG no seio do MLNG -o que permitiria umha maior efectividade-, ficou momentaneamente truncada Contodo nom podemos cair num pessimismo infructuoso. Se bem é certo que o antimilitarismo galego passa por umha etapa de debilidade, nom há motivo para desestimá-lo na construçom do projecto libertador da esquerda independentista; resultaria injustificável que nom soubéssemos tirar um aproveitamento positivo da experiência acumulada polo MAG. Em primeiro lugar, o MAG demonstrou que é possível o triunfo dum movimento social, e que tal só se pode dar quando há umha conexom fluida com as expectativas do povo. Lembremos que no fim da tropa intervírom dous actores fundamentais: o MAG, que através da insubmissom demonstrou a viabilidade da desobediência civil como instrumento político, servindo como referente público; e o conjunto do povo galego, que a diferentes níveis se implicou no rejeitamento ao militarismo espanhol fazendo do antimilitarismo galego um auténtico movimento de massas. E em segundo lugar, nom podemos desprezar a importáncia da elaboraçom teórica do MAG durante todos estes anos, magnífica mostra do que deve ser a anáise de problemáticas sociais concretas desde parámetros nacionais. É precisamente neste corpus teórico no que se deve alicerçar umha necessária reactivaçom do antimilitarismo galego. O contexto no que se deverá mover o antimilitarismo num futuro imediato está condicionado pola nova face do militarismo espanhol caracterizada pola sua cada vez maior implicaçom nos mecanismos militares internacionais do capitalismo; polo reforço do controlo social através dos instrumentos repressivos -os diferentes corpos policiais- actuantes no interior do Estado espanhol; e polo aproveitamento que fai dos sectores mais pauperizados da sociedade para conseguir recrutas profissionais, assim a Galiza é umha das principais áreas “produtoras” de soldados profissionais apesar do éxito do antimilitarismo como movimento social na etapa precedente. @s revolucionari@s galeg@s celebramos o definitivo remate do SMO e, mais do que nunca, seguimos considerando necessária a luita do antimilitarismo galego contra o militarismo espanhol, seja qual for a dimensom que esta luita adoptar, reafirmando-nos na necessidade estratégica de acadar umha Galiza livre e desmilitarizada. André Seoane Antelo, é membro do CC de Primeira Linha (MLN) LIVROS Maurício Castro. Galiza e a diversidade lingüística no mundo. Subsídios para um diagnóstico actualizado da situaçom sociolingüística galega. Abrente Editora. Compostela 2000. 46 páginas. Este texto pretende desentranhar algumhas das chaves que historicamente determinárom a situaçom presente do galego-português na Galiza, chegando à conclusom de que cumpre actualizar o diagnóstico sociolingüístico em funçom dos estudos mais recentes e das evidências que deitam sobre o estado actual da comunidade lingüística galega. Para além da documentada análise da evoluçom sociolingüística na Galiza do último século, o autor propom algumhas das chaves que julga devem guiar umha resposta colectiva que ponha os meios para um verdadeiro processo de recuperaçom lingüística, partindo de umha tese fundamental: é à própria sociedade galega que corresponde impulsionar umha normalizaçom lingüística que seja digna de tal nome. Nem as instituiçons actuais, nem outras nascidas de umha dita releitura constitucional poderiam, mesmo que quigessem, substituir o protagonismo de umha comunidade consciente e articulada que aposta pola sua construçom. Eis a transcendência do repto que todos e todas afrontamos no presente, e cujo sucesso ou fracasso marcará nas próximas décadas de jeito determinante que a Galiza seja engolida pola uniformizaçom capitalista ou poda compor, com o resto de povos do mundo, o grande e diverso mosaico das naçons e as pessoas livres. Com este caderno, Maurício Castro e a Abrente Editora pretende seguir contribuindo a superar a falta de corpus teórico independentista, neste caso num dos ámbitos principais na configuraçom identitária da naçom galega: a expressom da sua diferença, como alguém definiu o valor da língua no sentimento e a consciência nacionais de um povo. Xoaquín Fernández Leiceaga, Edelmiro López Iglesias Estrutura económica de Galiza. Edicións Laiovento, Santiago de Compostela, 2000. 596 páginas. Um excelente trabalho, de perto das seiscentas páginas sem floreios e com rigor, dividido em três partes. Umha primeira genérica, que leva o título global de “A modernización inacabada da economia galega”, em que estudam a Galiza como umha economia regional atrasada, explicam o processo de modernizaçom entre os anos 1955 e 1995 de umha análise pormenorizada dos agregados macroeconómicos e fam dous retratos contrastados do funcionamento actual, considerando a informaçom achegada polo BBV e pola contabilidade regional do IGE. Umha segunda parte em que se ocupam de quatro questons transversais: demografia, emprego e mercado de trabalho, o sector público e a inserçom comercial externa. Umha terceira parte de análises sectoriais em que abordam o agro, a pesca, a indústria e os serviços. Postos a ser críticos, talvez se achem em falta explicaçons complementares (sem dúvida se darám nas aulas correspondentes, mas nom se deveria esquecer que o livro nom é somente um manual universitário) sobre “como se mente com as estatísticas”, bem como um maior diálogo com visons alterntaivas da economia como a de Georgescu-Roegen ou, mais perto de nós, a de José Manuel Naredo; tampouco viria mal algum capítulo específico sobre a pobreza e a economia submersa. Quiçá surpreenda um bocado que se faga referência a muitos economistas galegos, mas nom a R. Lôpez-Suevos, um pioneiro nestas lides. E por seguir: estudar mais polo miúdo a relaçom entre o sistema financeiro e as empresas transnacionais. Já para rematar esta breve nota: estamos a aguardar dos economistas focagens ecointegradoras que relacionem o desenvolvimento económico com a deterioraçom ecológica e que fujam da ideologia desenvolvimentista igualando pan-europeísmo com civilizaçom e progresso... Serám certas as linhas finais do capítulo a respeito da torre de Babel do pensamento económico contemporáneo, no livro de Beaud-Dostaler O pensamento económico de Keynes aos nosso dias (1993), em que se di que “face aos grandes problemas do nosso tempo, o voo frustrado do pensamento económico deixa, hoje em dia, o economista desarmado, com os seus conhecimentos fragmentados, as suas observaçons parceladas e este fascinante abismo entre um edifício teórico à procura de coerência e um mundo à procura de soluçns e respostas?”. Mas nom convertamos os economistas em bodes expiatórios. Os culpáveis somos todos. Sempre é possível continuar com as louvanças e com as críticas... Um livro para ler com vagar e criticar com conhecimento. Um grande esforço intelectual num país da periferia. (Domingos Antom Garcia Fernandez). Ana Barradas. Dicionário incompleto de mulheres rebeldes. Antígona, Lisboa, 1998. 232 páginas. Em 1998, a editora Antígona punha a disposiçom da sociedade um valioso contributo. Polas suas 232 páginas desfilam mulheres de cada um dos cantos do Planeta e das mais várias cronologias. Daremos com Anne Quatsault, revolucionária francesa, que se fijo passar por homem para combater no exército; a Boadiceia, que nos primeiros anos da era cristá levantou umha rebeliom na Ânglia Oriental contra os romanos, o que lhes custou derrotas humilhantes; Eka Seu-Willians, nigeriana, que foi preterida numha promoçom na carreira, sob pretexto de que, como mulher casada, mai de filhos e com boas habilitaçons, nom tinha necessidade disso, bastando-lhe o que já tinha (é claro que nom aceitou); Emilie du Châtelet, s. XVIII, de quem seu pai dizia com amargor “Farto-me de discutir com ela. Nom compreende que nenhum grande senhor quererá casar com uma mulher que se entrega diariamente à leitura”; Enriqueta Otero Blanco, galega, guerrilheira anti-franquista que nom delatou os seus companheiros e isto que “a tortura foi de tal ordem que, levada para outro hospital, teve de ser engessada até ao pescoço”; Federica Montseny, que como ministra do governo de Largo Caballero (“um grande erro de Federica Montseny” como ela própria afirmou) promulgou o direito ao aborto, cousa que em todo o mundo só se tinha visto em 1917, após a Revoluçom de Outubro... e, enfim, muitas outras mulheres rebeldes que nom se amoldárom nos caixotes do seu tempo e lugar. A sua autora é Ana Barradas, editora de Dinossauro, nascida em 1944, em Moçambique. Autora de Ministros da Noite, Livro Negro da Expansão Portuguesa (3ª edição na Antígona), está a preparar dous novos livros: um sobre as mulheres clandestinas do PCP nos anos 40 e outro sobre histórias ocorridas nos derradeiros anos do colonialismo português em Moçambique. Traduziu mais de cinqüenta títulos e, nos últimos anos, para a Antígona, Incidentes na vida de uma escrava, de Harriet Jacobs, A Lenda Negra da Índia Portuguesa, de Georges Davison Winius e algumas obras de Jack London. É também jornalista, com trabalhos dispersos em várias publicaçons, mantendo colaboraçom permanente na revista Política Operária, onde assina umha página sobre a condiçom feminista e a coluna “Histórias de Mulheres” a partir da qual surgiu a ideia do presente livro. Na orelha do livro aparece redigida a seguinte reflexom que fazemos nossa: “O grau de liberdade visível numa dada formação social pode avaliarse pelo estatuto que nela tem a mulher. Este axioma não engana: quanto mais intelectualmente subdesenvolvida for a sociedade, mais subjugada há-de ser a mulher – e mais pobres hão-de mostrar-se todas as relações sociais”. (Valentim R. Fagim). Patricia Sverio. Un Rey golpe a golpe. Biografía no autorizada de Juan Carlos de Borbón. Ardi Beltza. Euskal Herria, 2000. 400 páginas. Esta obra representa a primeira tentativa séria e rigorosa de desmontar o maior tabu e fraude política da Transiçom espanhola, a figura do actual inquilino do palácio de La Zarzuela, Juan Carlos de Borbón, rei da Espanha. Coa impunidade que lhe confere umha Constuituiçom feita a sua medida, co silêncio cúmplice dos meios de comunicaçom, e a adulaçom dos políticos do regime, o herdeiro político de Franco logrou nestes vinte e cinco anos de reinado construir-se entre a populaçom umha image virtual que nom se correponde co seu verdadeiro perfil humano e coa sua falsa e edulcorada figura de estadista. Ardi Beltza nesta biografia nom autorizada apresenta-nos a Juan Carlos como um ser fascinado polo poder e o dinheiro, amigo da troula e a dolce vita, ligado aos grandes escándalos económicos (de estafa e corrupçom) da era felipista (petróleo, tráfico de armas, especulaçom financeira, negócios imobiliários), achegando dados do seu verdadeiro papel no golpe de Estado do 23 F, nas actividades terroristas dos GAL, da sua estreita relaçom co Caudilho, das suas grandes amizades com Alfonso Armada, Antonio García Trevijano, Manuel Prado y Colón de Carvajal, Mário Conde, Francisco Sitges, Javier de la Rosa, etc, quase todas passadas polos julgados e a prisom. Un Rey golpe a golpe é um magnífico trabalho de investigaçom jornalística que contribui a manter vivo o pleno significado da liberdade de expressom, o direito a expressar e realizar crítica radical, implacável, de todo o que existe, numha conjuntura política semelhante à que Marx denunciava em 1843 naquela carta a Arnold Ruge onde afirmava que o “ar que respiramos na Alemanha nos escraviza e resulta-me completamente impossível desenvolver umha actividade livre”. Hoje, aqui, neste Estado monárquico-policial, o ar que respiramos nom só escraviza a nossa naçom e às suas camadas populares, senom que detem a jornalistas valentes como Pepe Rei -que mantem alto e com dignidade o significado desta profissom frente a tanto mercenário da pluma- polo delito de defender a liberdade e a democracia. A sua detençom, promovida por Mayor Oreja e executada por Garzón, é a vingança da Espanha contra o heroismo de quem nom se arruga nem claudica numha época de involuçom política e miséria intelectual. (Carlos Morais). Nº 19. Janeiro, Fevereiro e Março 2001 Toda pessoa que se achegar ao actual independentismo catalám com os esquemas de há tam só umha década surpreenderá-se da realidade de um movimento que parece estar numha contínua procura da sua própria estruturaçom. Umha jovem plataforma de colectivos locais que se converte numha nova organizaçom política, umha sectorial de jovens que parece funcionar sem referente global, a proliferaçom de casals locais ou o resnascimento de históricas siglas que pareciam definitivamente enterradas som o ramificado fruto de umha época de desorientaçom e profunda crise no espaço político independentista, mas que certas tendências indicam que se está começando a superar. Para poder entender a conjuntura concreta, e o processo em que está mergulhado o movimento, há que remontar à profunda e traumática cisom a finais da década de 80 no seio do Movimento de Defensa de la Terra (MDT) e as mudanças estruturais que se estám a desenvolver na sociedade catalá nos últimos anos. 7 INTERNACIONAL Àlex Tisminetzky 6 O independentismo catalám A crise O MDT, organizaçom de massas unitária criada pola confluência estratégica dos partidos independentistas históricos, PSAN e IPC, tivo o seu auge político e social a meados dos 80. O projecto rupturista catalám soubo mobilizar durante uns anos o descontentamento popular perante umha transiçom percebida por sectores importantes da sociedade como umha claudicaçom social e nacional às reivindicaçons históricas catalás. A cisom do referente unitário em dous sectores com estratégias opostas –a Unitat Popular e o Front Patriòtic– vinculados aos dous partidos históricos, foi o início do declínio do projecto. A paulatina fragmentaçom e as luitas intestinas marcárom uns anos de perda do capital político do independentismo revolucionário em benefício de projectos social-democratas moderados e/ou sucursalistas, principalmente ERC, organizaçom que se declarará pola primeira vez independentista a finais dos 80 e vai engordando pouco a pouco com os restos do naufrágio de um projecto em declínio. Este processo tem o seu ponto culminante na data de 1992, quando a feroz repressom olímpica e o projecto possibilista de ERC (ambos em estreita colaboraçom), estám a ponto de fazer desaparecer o independentismo revolucionário. As duas ramas cindidas da organizaçom armada Terra Lliure fôrom-se autodissolvendo e desaparecêrom do panorama político catalám, à vez que os seus referentes políticos. Com este cenário dam-se uns anos de extrema fragmentaçom, desconfianças mútuas e umha paulatina satelizaçom dos restos das organizaçons políticas a respeito do projecto de ERC. Esta realidade, conjuntamente com a fraqueza do movimento, cria umha crise de presença social do independentismo: nas luitas populares, na rua ou nos centros de estudo parecia que se perdia a referencialidade de luita e combatividade que se ganhara durante os 80. Enquanto isso, durante estes anos, a sociedade catalá estivo sufrendo umhas mudanças estruturais a nível social e económico que marcarám o posterior renascimento do independentismo, e da nova geraçom de militantes que se estám a somar à luita na década de 90. Os Països Catalans conhecêrom durante a última década nos seus centros industriais umha lenta mas continuada desindustrializaçom e tercerizaçom económica, juntamente cumha precarizaçom enorme das condiçons laborais. Dentro da pagesia (campesinato), a entrada nas dinámicas do mercado económico europeu degradárom as condiçons de vida e fam perigar a sua mesma existência em todo o país. Todas estas agressons sociais dificilmente pudérom ser combatidas e analisadas por um movimento endogámico e debilitado polos obsessivos confrontamentos internos. Mas a preocupante situaçom pola que passava o independentismo revolucionário organizado nom podia fazer desaparecer o espaço sociológico existente na Catalunha que nom se reconhece nos projectos políticos espanholistas e neoliberais, ou nas suas possiçons mais moderadas e colaboracionistas. E esta esquerda rupturista e catalá pareceu renascer pouco a pouco a meados dos 90: muitas das pessoas militantes fôrom refugiando-se em projectos locais (como os casals independentistes no Principat, ou os casals Jaume I no País Valen- Barcelona, 11 de setembro de 2000 cià), com umha força crescente actualmente. Noutros ámbitos, que nunca deixárom de existir, o crescimento da luita independentista foi maior. Destaca entre eles o das universidades, onde umha nova geraçom gerou umha dinámica de luita que actualmente fai ver os centros de estudo como a verdadeira canteira do independentismo combativo. Também a meados dos 90, nasceu a Plataforma per la Unitat d’Acció (PUA). O novo projecto nasceu filho da conjuntura que atravessava o movimento e foi a tentativa de superar a crise a partir dumha ruptura total com as históricas formas organizativas e as dinámicas claudicantes; os novos militantes (muitos deles jovens) ofereciam criar umha plataforma unitária transitória de colectivos locais coa vontade de chegar à construçom colectiva da ansiada unidade. À vez, fazia-se ênfase numha estrategia de recuperaçom real de espaços de luita (contra a precariedade laboral, os ataques à língua, a especulaçom imobiliária,...) e dum discurso marcadamente de classe, que parecia quase esquecido polo independentismo histórico. Balanço de quatro anos de PUA No passado verao, a militáncia da PUA na sua IV Assembleia Nacional realizada em Vilafranca del Penedès, discutimos e analisamos sobre os reptos e a realidade actual do independentismo revolucionário. Desta reflexom interna é que surge a constataçom de que nos encontramos imersos dentro de umha nova etapa, tanto a nível interno do Movimento como na sociedade catalá, e que as estruturas organizativas de que se dotara a PUA tinham que adequarse para servirem de ferramenta útil na nova conjuntura para a construçom do futuro Moviment Català d’Alliberament Nacional i de Classe. Assi nasce a dissoluçom da PUA para criar Endavant, Organitzaciò Socialista d’Alliberament Nacional. A PUA constatou que o projecto inicial de aglutinar o conjunto do movimento dentro dumha plataforma unitária nom se realizou, mas que grande parte dos objectivos políticos marcados ao criar-se a plataforma estám-se alcançando, ou se está trabalhando em direcçom de cumpri-los: • Houvo umha ruptura co processo de satelizaçom a respeito de ERC, e parece que o independentism é capaz de gerar dinámicas próprias e combativas. Existe hoje em dia a clarificaçom ideológica suficiente para que o espaço político independentista e anticapitalista tente estruturar um projecto rupturista que plante cara nas vilas e bairros aos Estados opressores. • Umha nova geraçom de militantes está a estruturar e regenerar o novo movimento, ultrapassando a histórica dicotomia entre o PSAN e o IPC. Aos poucos, os protagonistas das luitas internas –e intestinas– e os responsáveis de actuaçons liquidacionistas a respeito do projecto revolucionário deixárom passagem a pessoas incorporadas à luita através das organizaçons estudantis, juvenis, e da própria PUA. • A recuperaçom do discurso social de classe e a defesa dos interesses das classes populares catalanas, é um elemento largamente socializado dentro do independentismo actual e das suas estruturas organizativas. Esta realidade, juntamente cumha gradual extensom de espaços de luita real, tenhem marcado a recuperaçom da percepçom por parte de sectores da populaçom do independentismo como umha ferramenta válida de luita contra o Estado capitalista espanhol. Os últimos indícios desta nova e esperançadora etapa para o movimento tenhem sido a fusom orgánica entre as organizaçons Maulets e JIR (as sectoriais juvenis históricas dos blocos IPC-PSAN), que tenhem marcado definitivamente o seu afastamento dos partidos históricos, assi como a consolidaçom de espaços unitários de luita e de referente independentista, tanto a nível estudantil como antirrepressivo. À vez que se dava esta cambiante realidade organizativa, as transformaçons da sociedade catalá estám a demandar a estruturaçom do espaço independentista e socialista. A nível político, a conjuntura formulada e as especulaçons ante um futuro post-pujolista tenhem feito decantar ERC para posiçons gradualmente mais autonomistas e centristas, abandonando de facto o espaço político independentista e rupturista, e deixando apenas na retaguarda as suas mocidades, as JERC, a luitar por nom sucumbir ante a falta total de coerência política. No ámbito da esquerda sucursalista, navega-se sem rumo e sem futuro claro polas águas do quase definitivamente fracasado projecto de EUiA no Principat, e as diferentes versons da IU sucursalista. O abandono do nosso espaço político pola espanholizaçom e direitizaçom das forças políticas de “esquerdas” e “catalás” debuxa o quadro onde existe a necessidade e potencialidade social de criar um projecto revolucionário nos Països Catalans. Só o independentismo tem demonstrado até o dia de hoje vontade e capacidade de ocupá-lo, e de plantar cara às políticas do projecto neoliberal e espanholista no nosso país. No plano económico-social, as agressons que estám a sofrer as classes trabalhadoras catalás está a mermar a legitimi- dade do Estado espanhol na nossa terra, e força as autoridades espanholas a cair repetidamente na simples repressom como resposta às demandas populares. Apesar de nom ter na actualidade umha expressom política e organizada que estruture umha alternativa social, a sociedade catalá está a dar nos últimos anos claros sinais de desobediência e resistência: os protestos contra o desfile militar de Barcelona, as massivas manifestaçons pola língua em València, as convocatórias contra Aznar nas universidades ou as extensas campanhas contra as ETT som mostras de um povo vivo que luita por espreguiçar-se. E nos próximos anos é previsível que seremos testemunhas de novos cenários de conflituosidade social e política a causa da crescente precariedade laboral nas áreas industriais, a terciarizaçom e desindustrializaçom da economia, a desprotecçom da pagesia ou as agressons constantes à língua catalá por parte do PP (que governa no País Valencià). A política repressiva dos populares contras as demandas de amplos sectores da sociedade catalá só parecem predizer umha espiral conflituosa em que o independentismo, se for capaz de estruturar-se, terá muito a dizer. Endavant coa Unidade Popular Perante este novo cenário, Endavant analisa que o independentismo tem a obrigaçom histórica de criar as estruturas necessárias para dar ao povo catalám a possibilidade de plantar cara à opressom social e nacional que padece. O cenário político do movimento e a realidade social abrem umha nova etapa de construçom em positivo do espaço político independentista, coa potencialidade de um povo que hisoricamente nunca tem abandonado o facho da emancipaçom. A estratégia que propom Endavant define-a como Unitat Popular, unificaçom estratégica do conjunto de organizaçons políticas, sectoriais, colectivos e casals num referente único e reconhecido como tal pola totalidade do independentismo organizado. A Unitat Popular, de base assemblear e comarcal, teria a funçom de referente social do conjunto do Moviment Catalá d’Alliberament Nacional i de Classe, adoptando no seu seio as múltiplas sensibilidades e sectores revolucionários e independentistas, mas sem fazer desaparecer as diferentes realidades organizativas que existem actualmente. A estratégia de Unitat Popular marca o princípio do debate para a vertebraçom dum movimento com estruturas unitárias a todos os níveis de actuaçom. A criaçom de referentes comuns e de trabalho conjunto no ámbito antirrepressivo, juvenil, municipal, internacionalista, antipatriarcal ou estudantil som os objectivos a meio prazo e consolidarám a base real sobre a que construir a estrategia de libertaçom nacional. Esta linha de actuaçom estratégica está a ser socializada entre o conjunto do independentismo revolucionário para a sua discussom. E provavelmente nom esteja longe a sua plasmaçom. ao seguir a linha marcada polos debates e reflexons que se tenhem desenvolvido nos encontros que casals, organizaçons, sectoriais e pessoas individuais chegadas de todos os currunchos dos Països Catalans realizárom nos últimos meses. A única organizaçom política ausente nas mesmas tem sido o PSAN, que se tem autoexcluído do processo ao entender que a sua estratégia política actual tem de ser o potenciamento das suas próprias estruturas. Nestes espaços colectivos de reflexom e debate, apesar das dificuldades de estruturaçom dos mesmos, tem-se constatado a necessidade de gerar umha nova etapa dentro do independentismo que supere as divisons internas e que seja capaz de falar com umha só voz à sociedade catalana. Perante esta nova conjuntura, Endavant define-se como organizaçom socialista de libertaçom nacional, coa funçom de achegar ao debate e projecto unitário umha análise marxista da realidade, o seu capital humano e de luita e propostas constructivas para todo o movimento, na direcçom de oferecer ao povo catalám um projecto capaz de ser assumido por amplas camadas da sociedade. Endavant apostará nos próximos anos de forma clara, sincera e estratégica pola Unitat Popular, mas mantendo a sua identidade política comunista dentro do amplo movimento independentista, e as suas estruturas organizativas, que trabalharám na linha da unificaçom e a vertebraçom. Abrem-se novas expectativas, pois, para o independentismo catalám. O paulatino encontro entre as diferentes expressons organizativas e a recuperaçom dumha prática combativa, real e de classe, possuem toda a potencialidade de um povo heredeiro de geraçons de luitadores pola liberdade nacional e a justiça social. E perante os reptos que teremos de afrontar nos próximos anos, umha nova seiva de jovens militantes tenhem entrado no combate decidido por um país independente, reunificado e socialista. Visca Catalunya i Galiza lliures i socialistes! Àlex Tisminetzky é Responsável de Imprensa da Executiva Nacional de Endavant (OSAN) Edita: Primeira Linha (MLN). Redacçom: Rua do Home Santo 29, 4º A. 15703 Compostela. Galiza. Telefone: 616 868 589 Conselho de Redacçom: Comité Central de Primeira Linha (MLN) Fotografia: Antom Garcia, Andrés Panaro. Ilustraçons: Sarai Fernandes Marquês, Pepe Carreiro, Leandro, Xaquin Marin, Suso Sanmartin. Correcçom lingüística: Galizaemgalego. Maqueta: Carmen Aurora Seijas. Imprime: Litonor S.A.L. Correspondência: Apartado dos Correios 760. Compostela. Galiza. Correios electrónicos: [email protected] / [email protected] Tirage: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta. Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos sempre que se citar a fonte. Abrente nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados. Impreso em papel reciclado. Depósito Legal: C-901-1997 um caminho de liberdade para a galiza construindo o novo independentismo No alvorecer do século XXI, a Galiza encontra-se na encruzilhada: engavetada num quadro jurídico-político que nem a reconhece nem a respeita, a naçom vem sofrendo nos últimos tempos contínuas e profundas agressons que a conduzírom até o ponto de nos colocar perto da desapariçom como povo. A desfeita dos sectores produtivos, ainda hoje a consumar-se, decelerada polas luitas populares, mas nunca travada, cai sobre nós como umha catástrofe de impensáveis conseqüências; a agonia da língua, o seu esmorecer na »morte doce» do biligüismo harmónico, leva-nos a um ponto sem retorno em que umha cultura nacional assediada, enfraquecida e em permanente subordinaçom frente à poderosa espanhola vê perder o seu pequeno espaço sem nem sequer enxergar a possibilidade de fortalecer-se resistindo; o aumento da exclusom social, o retrocesso objectivo das condiçons de vida das e dos trabalhadores (especialmente jovens e mulheres), o aumento e feminizaçom da pobreza, produto da ofensiva neoliberal, acaba por desenhar um panorama em que a desestruturaçom económica, social e cultural consegue desintegrar umha milenária naçom, condenada a viver abafada pola falta de soberania e abocada a nom produzir como conseqüência do papel que nos impujo a perversa e interessada divisom internacional do trabalho. Mas se dizemos que nos achamos na encruzilhada é porque a Galiza tem vários caminhos para eleger: o da permanente subordinaçom, o da resignaçom ante um quadro imposto que se tem provado sobradamente incapaz de solucionar os nossos problemas e satisfazer as nossas aspiraçons; ou o da responsabilidade histórica de atreverse a conduzir o seu destino com as próprias maos; e o nosso povo, desde que encetou o já longo vieiro da autorganizaçom, demonstrou em diferentes fases e em diferentes contextos a sua capacidade para gerar mulheres e homes audazes e dispost@s a pegar com firmeza no leme e reconduzir a nau na direcçom da Pátria soberana. Que o nosso povo é capaz, que tem sectores dispostos à entrega e à construçom, quere-o demonstrar hoje a esquerda independentista. A expressom mais elaborada do nacionalismo galego, a que propiciou o discurso e a prática mais claros em defesa da construçom dumha Galiza dona de si, enfrenta hoje o repto de elaborar umha proposta política estável e unitária no organizativo que permita avanços qualitativos e a vertebraçom dum movimento plural e de massas com que responder às necessidades que já está a evidenciar a nossa naçom. Entrando no século XXI, as diferentes forças, sectores e pessoas que conformamos o independentismo galego comprometemo-nos em dotar esta Galiza do novo século dumha nova ferramenta que seja quem de protagonizar umha defesa conseqüente frente às agressons que sofremos e, ao mesmo tempo, que nos conduza aos nossos objectivos finais. A independência e o socialismo nom som nengumha utopia; som, ao contrário, umha necessidade imediata. Nos tempos em que a globalizaçom imperialista aumenta as diferenças entre o centro e a periferia até criar abismos, impede de facto qualquer controlo dos povos sobre a tomada de decisons que lhes afectam, ditando a sobrevivência de uns e a morte de outros, e imprime umha ofensiva uniANTES MORT@S QUE ESCRAV@S! formadora no cultural sem precedentes, o nosso povo deve estar auto-organizado. E urge-lhe, aliás, conseguir um Estado de seu que permita à Galiza estar representada em pé de igualdade com o resto de naçons da Europa e do mundo. Urge-lhe, urge-nos sobreviver como galegos e galegas, urge-nos edificar um sistema de justiça social alternativo ao que nos venhem impondo como »único possível». Sobrevivermos à maré globalizadora e à sua expressom no Estado, um espanholismo crescentemente agressivo, exige organizarmo-nos, exige unir, somar, e mesmo multiplicar para levarmos a nau a bom porto. Construir a nossa soberania é construir a Galiza desde a esquerda e, para torná-lo possível, diferentes pessoas, com diferentes trajectórias políticas e posiçons ideológicas, damos o passo de consumar a unidade da esquerda independentista com o início do Processo Espiral da UNIDADE POPULAR. O processo que hoje abrimos, com o apoio das organizaçons políticas e sociais que assumem na prática a necessidade da reconstruçom imediata do independentismo, quer alimentar-se da participaçom protagonista de todas aquelas galegas e galegos enquadrados ideologicamente nos parámetros da esquerda independentista, e conscientes da urgência de converter já vontades e atitudes numha realidade tangível. O processo de construçom deste novo independentismo necessita da tua implicaçom, e é por isso que resolveu adoptar umha metodologia aberta e participativa, que che permitirá participar, desde o início do processo pré-assemblear até a celebraçom da Assembleia Constituinte da UNIDADE POPULAR, em igualdade de condiçons com o resto de companheiras e companheiros. Estejas organizad@ ou nom, possuas anos ou meses de militáncia ou consciência independentistas, sejas da comarca que fores, o processo constituinte que hoje iniciamos abre-se para permitir, facilitar e potenciar a tua participaçom na elaboraçom teórica e prática, no debate e na construçom orgánica do instrumento político que a Galiza necessita. Bebendo do melhor da nossa dilatada experiência de resistência nacional, combinando a pluralidade com a unidade, e apostando sempre por activar um tecido social que há de ser a nossa melhor garantia contra a imposiçom espanhola, a UNIDADE POPULAR quer atrair para si as vontades mais combativas e inconformistas da Galiza; quer recuperar a política e a linguagem da esquerda, hoje prostituída polos gestores profissionais do sistema, para abrir o século devolvendo a esperança a tantos sectores do nosso povo que vivem no conformismo e na resignaçom. Porque a independência é possível, porque a independência é necessária. Galiza, Novembro de 2000 VIVA GALIZA CEIVE E SOCIALISTA! UNIDADE POPULAR! Como participar no Processo Espiral? O processo de construçom do novo independentismo necessita da tua implicaçom, e é por isso que resolveu adoptar umha metodologia aberta, que che permitirá participar, desde o início do processo pré-assemblear em Novembro de 2000, até a celebraçom no mês de Junho de 2001 da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) da UNIDADE POPULAR, em igualdade de condiçons com o resto de companheir@s. Um processo assemblear de grandes dimensons e centos de participantes requer dum órgao colegiado que gira e canalize os debates. Por este motivo constituiu-se a 3 de Dezembro de 2000 umha Gestora Nacional formada por 25 pessoas representativas de todas as correntes, forças e sectores independen- tistas que apostam pola imediata unidade orgánica, cujo objectivo é coordenar e dirigir o processo de unidade da esquerda independentista e sentar as bases para a reorganizaçom do MLNG. A Gestora Nacional redige e consensua os documentos-base (Teses) para serem debatidos por todas as pessoas que após preencher a ficha de inscriçom, ingressar 2000 pts na conta 2091 0300 49 3001591085 da Caixa Galiza e enviar o resguardo do banco mais a ficha ao apartado dos correios 477 de Compostela passam a ser Participantes, figura coa que se designa tod@s @s membros natos do Processo Espiral. Por volta dum mês antes da celebraçom da ANC deverá-se fazer um novo ingresso de 1.000 pts. Duas semanas antes da ANC concluirá o prazo de inscriçom, aproximadamente em 20 de Maio de 2001. Desde o momento em que as Teses enviadas pola Gestora Nacional (GN) chegarem aos/às Participantes, começa o debate político no seio do independentismo. A GN organizará apresentaçons das Teses nas principais comarcas do país e ali onde for requerida, para expor os documentos, aclarar dúvidas e promover a inscriçom no Processo Espiral. Paralelamente, constituirám-se Foros Comarcais estáveis, configurados por tod@s @s Participantes dumha zona do país, para o debate dos documentos. O debate resolverá-se da maneira mais habitual nas organizaçons assembleares: em primeiro lugar as emendas serám apresentadas pola pessoa emendante ante o Foro Comarcal a que estiver adscrita, tendo que ultrapassar 30% dos votos favoráveis para ser aceite. A GN debaterá internamente cada umha das emendas que superarem 30% nos Foros Comarcais tratando de chegar a pontos de encontro. Achados estes corrigirám-se os documentos originais e enviarám-se novamente os textos-base definitivos da ANC, acompanhados polas emendas nom incorporadas, a tod@s @s Participantes, juntamente com a convocatória da ANC, a ordem do dia, a acreditaçom para a assistência, etc. A GN elegerá umha proposta de Mesa da ANC a ratificar por esta, e dissolverá-se na conclusom da ANC, depois de ter escolhido o organismo de Direcçom Nacional da Unidade Popular. ficha de inscriçom nome e apelidos endereço localidade correio-electrónico telefone Apartado dos correios 477 Compostela Endereço electrónico: [email protected] idade profissom www.galizalivre.org/espiral Telefone: 658 094 877
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