Brasil recebe o híbrido da Volvo

Transcrição

Brasil recebe o híbrido da Volvo
Transporte Urbano
Montadora
O Seminário 2010 da NTU
Scania cria divisão de BRT
Ano 1 - Número 2 - Outubro 2010
www.revistaautobus.com.br
Internacional
IAA 2010
Chassi
Man LA mostra seu piso baixo
Combustível
B100 curitibano comemora
um ano
Brasil recebe
o híbrido da Volvo
ANUNCIE
www.revistaautobus.com.br/revista
O transporte de passageiros analisado de maneira inteligente
Departamento comercial - (11) 9832 3766 ou 4412 7788
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Expediente
Opinião
O uso da palavra BRT
Revista AutoBus
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Número 2 – Ano 1
Redação
Editor - Antonio Ferro
Jornalista responsável:
Luiz Neto
MTB - 30420/134/59-SP
Contato
Rua José Ignácio, 126 centro
Atibaia – SP CEP — 12940 630
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Editoriação eletrônica
Antonio Feliciano Junior
[email protected]
C
onstantemente lembrado neste momento que antecede à importantes eventos esportivos no Brasil, o
BRT chega como um ―salvador da pátria‖ quando o
assunto é a renovação da imagem do transporte
público brasileiro. Todos sabem que o Brasil tem no ônibus a
essência de seu sistema de deslocamento coletivo urbano e
que necessita alterar uma imagem negativa que o acompanha há um bom tempo.
Calma lá com o andor, que o santo é de barro. Não é bem
assim como muitos governantes, órgãos gestores e até setores da imprensa dizem sobre a facilidade de implantação do
sistema BRT, pintando-se apenas a via com faixas exclusivas
e orientando o trânsito dos ônibus para elas. BRT é muito
mais que isso. Esse entendimento singelo é típico de administradores públicos tupiniquins.
Com corredores estruturais, onde as vias são segregadas,
é de grande importância que se atendam aos requisitos básicos em sua implantação, como a adoção de estações de
transferência e terminais funcionais e modernos; a operação
de veículos com larga capacidade de transporte, como os
modelos articulados, biarticulados e até os triarticulados,
estes que poderão ser a grande surpresa para os próximos
anos; amplo uso da tecnologia incorporada aos meios de
tração dos veículos (não poluidoras) e em toda infraestrutura agregada ao sistema, como por exemplo, mecanismos de comunicação entre os passageiros e os operadores e
elementos que proporcionem rápido fluxo, como sistemas de
liberação e prioridade em semáforos aos ônibus em trechos
onde as vias transversais estejam em nível com estes corredores rápidos.
WWW.wbd.com.br
Esta análise superficial vai de encontro com o princípio para se pensar na implantação de um BRT adequado e com
todas as condições de proporcionar sucesso operacional.
Competência nós temos.
Circulação – outubro 2010
Boa leitura.
Administração web
Foto capa - Cesar Brustolin / SMCS Prefeitura de
Curitiba/PR
Antonio Ferro
Índice
03 Opinião
19 Rodoviário Futura
04 Rápidas
20 IAA 2010
06 Híbrido Volvo
22 Biodiesel curitibano
08 Seminário NTU 2010
24 Mercado externo
11 O conceito BRT
26 Chassi Volksbus
12 O lado das montadoras
28 Transporte Urbano
14 Mercedes-Benz na NTU
30 Nostalgia
16 Divisão de BRT da Scania
32 Ponto de vista
18 Abrati
OUT 2010
3
Rápidas
Divulgação
Expresso Nordeste adquire carroçarias
Mascarello
A empresa paranaense Expresso Nordeste recebeu
recentemente 13 novos ônibus com carroçarias
rodoviárias produzidas pela Mascarello, modelo
Roma 350. Cada veículo possui 42 poltronas Soft,
sistema de ar condicionado, 2 monitores retráteis,
WC e iluminação com lâmpadas LED. O chassi escolhido é o VolksBus 18.320 EOT. Com mais este
lote, a Mascarello já forneceu um total de 43 carroçarias para a operadora de Campo Mourão.
Atenção para o treinamento
A Allison criou uma unidade móvel de
treinamento com o objetivo de levar ao
mercado conhecimentos básicos sobre utilização e manutenção de transmissões automáticas, cada vez mais populares em diversos segmentos comerciais. A unidade
terá como objetivo principal treinar e dirimir toda e qualquer dúvida técnica e de
condução que eventualmente seus clientes
possam vir a ter e percorrerá todo o Brasil.
O veículo dispõe de ferramental específico, uma transmissão para treinamento, e
todos os demais itens necessários para
proporcionar treinamentos, entregas técnicas e diagnóstico das unidades que estejam em uso pelos frotistas.
Divulgação
A Carris Porto-Alegrense, a mais antiga empresa de transporte coletivo do Brasil, com 138 anos, recebeu em 2010 81 novos ônibus. As unidades vêm reforçar a qualidade do transporte coletivo portoalegrense com mais conforto, acessibilidade e maior capacidade de transporte. Os veículos, nas versões
convencional e articulada, possuem suspensão pneumática e motor traseiro, além de piso baixo e ar
condicionado, itens esse somente nos modelos com 13,20m de comprimento.
Sua mais recente aquisição foi em agosto
passado, 37 unidades (Marcopolo/MercedesBenz), um investimento de R$ 17 milhões. No
total adquirido no ano, a nova frota possui
chassis das marcas Mercedes-Benz e Volvo e
carroçarias Marcopolo e Neobus. Segundo o
diretor-presidente da Carris, João Pancinha, a
empresa possui uma das frotas mais novas das
capitais brasileiras. “Com essa renovação a
idade média dos nossos ônibus passa para 3
anos e 8 meses, que é uma das mais jovens
do país e a menor média de idade dos últimos
anos da Carris, que atende mais de 190 mil
passageiros por dia”, disse o executivo.
OUT 2010
4
Luciano Lanes / PMPA
Carris porto-alegrense recebeu 81 novos ônibus em 2010
Rápidas
Mercedes-Benz aumenta 100% suas
vendas de microônibus
Entre janeiro e julho deste ano, a montadora Mercedes
-Benz comercializou 1.600 unidades de seus chassis
para mini e microônibus, um aumento de 100% em relação ao mesmo período de 2009.
“Este desempenho é fruto da maior aproximação da
nossa marca com os clientes do setor, como os pequenos transportadores permissionários das grandes cidades e os de fretamento”, disse Gilson Mansur, diretor de
Vendas de Veículos Comerciais da Mercedes-Benz do
Brasil.
Divulgação
Pesquisa sobre as rodovias
Agência CNT de notícias
De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2010,
14,7% das rodovias avaliadas são classificadas como ótimas, 26,5% como boas, 33,4% são regulares, 17,4% estão ruins e 8%, péssimas. Em 2009, a Pesquisa CNT de
Rodovias analisou 89.552 km. O percentual de rodovias
ótimas foi de 13,5% e de boas, de 17,5%. As regulares
somaram 45%. E os índices de ruins ou péssimas foram
de 16,9% e 7,1%, respectivamente.
Durante 37 dias (de 3 de maio a 8 de junho), 15 equipes
de pesquisadores avaliaram as condições de conservação
do pavimento, da sinalização e da geometria viária de
90.945 km, que incluem toda a rede federal pavimentada
e a malha constituída pelas principais rodovias estaduais.
Nesse último ano, houve uma melhoria significativa na
condição das rodovias brasileiras, resultado do aumento
dos investimentos em infraestrutura.
Fonte - CNT
Entre as melhores do Brasil
“É preciso mostrar e
conscientizar toda a comunidade para a importância do transporte urbano na melhoria da
qualidade de vida, preservação ambiental e
redução dos congestionamentos. E isso, a cada
dia, passa a ser fundamental para o futuro, não
somente em grandes metrópoles, mas em cidades
médias e pequenas” , disse José Rubens de la Rosa,
diretor geral da Marcopolo, sobre o uso do ônibus
urbano com conforto, rapidez e segurança, na campanha promovida pela encarroçadora gaúcha.
OUT 2010
A montadora Man Latin America, detentora da
marca Volkswagen de caminhões e ônibus, foi
destaque pelo segundo ano consecutivo no ranking das 500 melhores empresas do Brasil eleitas pela revista IstoÉ Dinheiro.
De acordo com informações, ela foi a única do
setor de veículos comerciais citada no ranking
automotivo. Posicionada entre as maiores fabricantes de veículos do País, a empresa foi a 3ª
colocada em Recursos Humanos, 4ª em Inovação e Qualidade, 4ª em Responsabilidade Social
e 4ª em Governança Corporativa.
5
Tecnologia urbana
Brasil conhece o
ônibus híbrido
da Volvo
Em mais uma iniciativa da montadora de Curitiba para promover inovação ao transporte de
passageiros por ônibus, chega ao País o seu veículo híbrido desenvolvido por sua matriz na
Suécia.
D
urante três semanas,
um ônibus com aparência comum, mas
com aspectos tecnológicos que promovem a redução das emissões poluentes pelo
cano do escapamento, estará
em testes pelas ruas de Curitiba, PR, na linha Interbairros II.
Desenvolvido e fabricado pela
planta da Volvo Bus na Suécia, o
modelo integral 7700 (Hibribus)
traz ao Brasil o conceito híbrido
(biodiesel/eletricidade) combinando um motor de combustão
interna e a tração elétrica, o que
na concepção da montadora reOUT 2010
presenta uma economia de 35%
no consumo de diesel (em nosso
caso o biodiesel B5), iguais volumes na redução dos gases tóxicos emitidos e que também é
um veículo silencioso, capaz de
se harmonizar muito bem ao
ambiente urbano.
“A cidade é mais uma vez é
pioneira ao testar um veículo
ecologicamente correto, que
dispõe da mais moderna tecnologia e capaz de atender a demanda crescente de passageiros, graças à Volvo, que mais
uma vez inova, trazendo ao Brasil o ônibus híbrido já produzido
6
em escala comercial na Europa”,
diz o presidente da Urbs, Marcos
Isfer. Em conjunto a Fundação
Clinton com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
Volvo e Urbs (Urbanização de
Curitiba) focaram seus ideais
para que se concretizasse a apresentação da tecnologia, primeiramente para a capital paranaense, e seguidamente em outras impo rtantes capitais
brasileiras.
"Curitiba foi a primeira cidade
a fazer o teste porque tem exemplo de cuidados ambientais
e pela referência no transporte.
Tecnologia urbana
OUT 2010
escape pode chegar a 50%. “O
sistema híbrido da Volvo não
reduz apenas as emissões de
CO2 – dióxido de carbono, um
dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, mas também do óxido de nitrogênio,
grande causador de males para
a saúde pública”.
Karas também revelou que o
protótipo será monitorado por
técnicos da Urbs e da Volvo para
avaliação de desempenho. “Um
ônibus Volvo B-7R movido a diesel, com características mecânicas similares ao Hibribus, da
Transporte Coletivo Glória, será
operado para futura avaliação
dos dados técnicos em comparação ao híbrido nos resultados
operacionais”, informou o
executivo.
Por se tratar de um produto
conceito ao mercado brasileiro,
ainda não há uma estimativa de
quando ele poderá ter uma maior presença em solo nacional,
em razão de valores de aquisição (ainda não revelados), dos
aspectos operacionais nas cidades, como a falta de uma infraestrutura viária adequada para
recebê-lo e pelo próprio fato de
revenda do veículo, já que o
operador no momento de aquisição de um ônibus já pensa em
seu futuro. Com tudo isso, será
imprescindível a participação
governamental como forma de
fomentar o uso em larga escala
de tecnologias como a do
ônibus híbrido.
Segundo o presidente da Volvo
Bus LA, a montadora cogita iniciar sua produção na fábrica de
Curitiba, todavia isso dependerá
de análises do mercado quanto
a recepção do sistema híbrido,
bem como uma ação conjunta
entre governos, operadores e
fabricante para que o veículo
seja uma realidade. “Se confirmada a produção, poderemos
oferecer ao mercado tanto chassis normais para os futuros ônibus híbridos - como os usados
nos ônibus convencionais, expressos e “ligeirinhos”, permitindo embarques em nível nos terminais e estações-tubo -, como
chassis baixos (low entry), nivelados com as calçadas e ainda
versões articuladas e biarticuladas”, adiantou Luis Carlos
Pimenta.
Raio-X do Híbrido 7700
da Volvo
Comprimento - 12 metros
Capacidade - 80 passageiros, sendo 32 sentados
Motor - diesel de 4 cilindros e 210 cv
Euro 5
Motor elétrico - potência de 160 cv
A tecnologia do Hibribus favorece a redução
dos poluentes em índices que
alcançam os 30%
7
Fotos - Cesar Brustolin / SMCS Prefeitura de Curitiba
A cidade tem muito a ganhar,
porque com este veiculo reduziremos a poluição", afirmou o
presidente da Volvo Bus América
Latina, Luís Carlos Pimenta. O
Hibribus que está sendo testado
possui 12 metros de comprimento, salão com piso baixo e
um motor a diesel, com quatro
cilindros e 210cv, já obedecendo
à normativa Euro V (através do
conceito SCR, com a injeção de
uréia no catalisador) em vigor
na Europa, o que por aqui só
será admitida em 2012.
A tecnologia híbrida é paralela,
ou seja, a tração do veículo se
dá tanto pelo motor elétrico,
como pelo bloco diesel ou os
dois juntos. Nas partidas, o ônibus utiliza apenas o motor elétrico, o que representa total ausência de fumaça e gases tóxicos.
Além do gerador elétrico que
fornece energia ao motor e ao
banco de baterias de lítio, há o
sistema de frenagem regenerativa, onde a energia que seria
dissipada com o acionamento
dos freios é destinada para
as baterias.
Outra particularidade do modelo é que em sua operação urbana, cerca de 40% do tempo
de viagem será com o motor
girando em rotação constante,
significando economia de combustível.
Élcio Karas, gestor
de Inspeção e Cadastro do Transporte Coletivo da Urbs,
detalhou ainda que
a economia no consumo é ainda maior
com o desligamento
automático do motor tão logo é desacelerado. “Esse é o
resultado do uso da
mais nova tecnologia, com uso de um
motor estacionário
de pequeno porte
que permite o deslocamento do ônibus com peso de
onze
toneladas”,
informou Karas. Ele
também falou que a
diminuição das emissões de poluentes que saem do
Seminário NTU
A SIGLA
DO MOMENTO
BRT – termo para Bus Rapid Transit ou seria Trânsito Rápido de Ônibus, vem sendo debatido
como real opção para a melhora na qualidade dos serviços urbanos de ônibus e do transporte
público como um todo.
C
antado a verso e prosa
nos últimos tempos como alternativa ao alcance para uma profunda modificação no conceito de
transporte coletivo urbano em
vistas à dois grandes eventos
esportivos mundiais que aqui
logo acontecerão – Copa do
Mundo de futebol e Jogos Olímpicos – o sistema BRT, onde corredores exclusivos para ônibus
ganham uma conotação avançada em termos de rapidez, segurança e conforto, foi durante o
23º Seminário Nacional da NTU
(Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos),
OUT 2010
evento ocorrido em agosto passado, o tema principal dentre os
debatedores que defendem a
melhoria da mobilidade como
forma de desenvolvimento sustentável nas médias e grandes
cidades brasileiras.
Na abertura do Seminário, que
teve como lema o “Transporte
de qualidade para uma vida melhor”, o presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho, destacou em seu discurso a importância do momento para os debates
sobre as soluções para desenvolvimento urbano, devendo
haver uma união entre poderes,
como o governo federal, os se8
cretários de transportes, prefeitos e os empresários do setor
para que as cidades brasileiras
sofram uma transformação inédita em termos de mobilidade e
pensamento futuro.
“Esta é uma oportunidade única para iniciarmos as resoluções
para a mobilidade urbana pensando nos eventos esportivos
que acontecerão nos próximos
anos. Hoje, há 47 cidades com
mais de 500 mil habitantes que
comportam projetos para melhoria do transporte. Nesse contexto, o BRT é uma alternativa
com custo viável que permite-se
obter um salto na qualidade do
Seminário NTU
transporte público urbano por vos que explanaram suas defePara ele, o poder público tem
ônibus”, disse.
sas ao sistema, o engenheiro da que pensar grande e no longo
Para o diretor superintendente Logit Soluções Inovadoras em prazo quando o assunto é transda NTU, Marcos Bicalho dos Transportes Wagner Colombini, porte. “Tem que haver ambição
Santos, os sistemas de BRT ten- declarou que o BRT, bem plane- no transporte. E o BRT pode
dem a atrair novas demandas jado, pode mudar a qualidade muito bem se adequar às necespara o transporte público em de vida dos municípios, se ex- sidades urgentes encontradas
função da melhoria da qualidade pandindo mesmo depois do fim nas cidades brasileiras em terdos serviços, contribuindo ainda da Copa do Mundo. Colombini mos de mobilidade”, focou.
para a redução dos congestiona- traz na bagagem projetos a exO engenheiro destacou tammentos de trânsito e da poluição periência em consultoria e coor- bém que uma idéia passada era
urbana. “Temos atualmente 20 denação/gestão de projetos de que os ônibus só podiam transprojetos voltados para
portar de 10 mil a 15
a implantação do BRT
mil passageiros por
em 12 cidades que
hora. Porém, hoje, esserão sedes da Copa
sa imagem está modido Mundo de futebol.
ficada. “Hoje, esse voTemos a certeza que
lume pode chegar a 45
a implantação desses
mil por hora, em cada
serviços diferenciados
sentido. Muitos não
de ônibus urbanos irá
acreditam, mas o fato
representar um salto
de
proporcionarmos
de qualidade nos siscorredores segregados,
temas de transporte
permitir as ultrapassapúblico feitos por ônigens nas estações, a
bus, que há muito
cobrança externa ao
tempo estão precisanveículo, entre outros,
do de investimentos
são aspectos que propara sua modernizamovem
desempenho
ção e rendimento ooperacional
eficiente
peracional”, explicou
capaz de transportar
Bicalho.
um maior número de
Segundo ele, um
passageiros”, explicou.
transporte
urbano
Outro detalhe lembraeficaz não considera
do pelo executivo relaapenas a existência
ciona-se a imagem do
de BRT, mas sim a
ônibus, muitas vezes
amplitude de uma
estigmatizada negatirede formada por ouvamente, que necessitros modais, como o
ta ser modificada para
Wagner Colombini - É fundamental modificar a atual imametrô, o VLT ou o
que ele possa ganhar
gem do ônibus urbano.
trem suburbano, demais status perante os
pendendo de critérios técnicos transportes e logística. “A Amé- habitantes das cidades. “Temos
para sua operação. “O que im- rica do Sul reinventou o trans- que mudar essa imagem do ôniporta é que todas essas modali- porte público para o mundo. bus. Não podemos mais aceitar
dades se integrem numa rede Porém, no Brasil, o BRT é um uma frase dita pela Margareth
de transporte que atenda as ne- vento que não pegou no país, Thatcher (ex primeira ministra
cessidades das populações das ficando restrito à pouquíssimos da Inglaterra) que uma pessoa
cidades que escolherem melho- projetos”, lembrou. O engenhei- com mais de 30 anos e que utilirar seus sistemas”, revelou.
ro, que participou recentemente za o veículo está com algum
Para a NTU, os projetos de de projetos dos sistemas em problema. Isso fica marcado”,
BRT possuem características
Joanesburgo e Cidade do Cabo, finalizou.
singulares, pois são considera- África do Sul, também enfatizou
dos de baixo custo e podem ser que estamos atrasados para o Sucesso em outras plagas
implantados em reduzido tempo, início das obras de construção
entre dois e três anos. “Para o da infraestrutura dos BRT´s nas
A sigla BRT foi adotada em
Brasil, que está as vésperas de cidades escolhidas para a Copa língua inglesa, porém sua gênerealizar a Copa do Mundo, o BRT de 2014. “O correto seria iniciar se é curitibana, criação que rese adapta muito bem em função todo o processo de implantação volucionou o setor do transporte
da limitação de recursos finan- 6 anos antes para atender de urbano realizado por ônibus. Foi
ceiros a serem aplicados e no modo satisfaz e com eficácia o lá em 1974 que o primeiro
tempo para sua construção”, que será exigido no transporte “corredor expresso”, esta era a
lembrou Bicalho.
durante a Copa do Mundo”, dis- definição para a segregação dos
Dentre especialistas e executi- se.
serviços, deu os primeiros pasOUT 2010
9
Seminário NTU
O Transmilenio proporcionou à cidade
de Bogotá um novo aspecto em se
tratando da relação da urbe com o
meio ambiente .
“Fizemos uma revolução no transporte coletivo da Colômbia. A importância de nosso trabalho alcançou o
mundo”.
sos para o sucesso do modal,
permitindo assim que ganhasse
o mundo. Cria brasileira, com
destaque para a capital paranaense onde sua operação foi bem
sucedida, o tema não se expandiu de forma adequada por outras capitais brasileiras. Porém,
em outras cidades pelo mundo a
situação foi diferente. Na capital
colombiana Bogotá, por exemplo, o já mundialmente consagrado sistema Transmilenio rende frutos de sucesso operacional
com diversos benefícios relacionados à qualidade de vida para
o usuário do transporte público,
e que contribuiu para o desenvolvimento econômico, financeiro, social e ambiental da cidade.
OUT 2010
rão ser construídos em 4 a 5
anos. “Terminaremos em 2010 a
Fase 3 do sistema. Com isso
serão 116 km de troncais que
terão suas operações iniciadas
em 2011. Serão 600 mil passageiros a mais, totalizando 2.300
mil usuários dia”, explicou Rojas. Além do sistema de Bogotá,
o executivo destacou ainda a
operação do BRT da cidade de
Cali, também na Colômbia. “Em
Cali há uma integração de todos
os sistemas de transporte, além
de apresentar um modelo urbanístico muito bonito e interessante”, disse.
A frota do BRT de Bogotá é
composta por 1.200 ônibus articulados e outros 600 alimentadores. Hoje são transportados 1
milhão e 600 mil passageiros ao
dia. São 45 mil passageiros/hora
em cada sentido e cerca de 40%
dos usuários possuem automóveis. Um aspecto interessante é
que o sistema sobrevive em função exclusivamente da tarifa.
“Precisamos racionalizar os custos e, ao mesmo tempo, manter
a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários. Conseguimos
viabilizar essa equação por meio
de diálogo constante entre o
governo e as empresas para
atender aos interesses de todos.
O resultado desse trabalho é o
índice de satisfação de cerca de
80% da população de Bogotá”,
resumiu Victor Raul Martinez, do
Sistema Integrado de Transporte SI 99 S.A., um dos operadores.
No Brasil, quem escolheu pelo BRT
Dentre as principais realizações para que o evento da Copa do
Mundo de futebol em 2014 possa ter o sucesso desejado, a mobilidade urbana nas cidades sedes necessita ser repensada quanto
a eficácia para que a bola não bata na trave e o transporte seja o
grande vilão dessa história. Para isso pensou-se na implantação
dos sistemas de BRT como solução de curto prazo e com investimentos reduzidos frente aos outros modais. Confira abaixo onde
os corredores exclusivos de ônibus entrarão em campo:
Belo Horizonte - Brasília - Cuiabá - Curitiba Fortaleza Manaus Natal - Recife - Salvador - Rio de Janeiro Porto Alegre.
10
Fotos - Divulgação / NTU
Arturo Fernandes Rojas -
De acordo com Arturo Fernandes Rojas, subgerente geral do
Transmilenio, há que se analisar
três aspectos que foram essenciais para a eficácia do sistema –
segurança, os benefícios para a
cidade e a transformação proporcionada ao transporte coletivo urbano colombiano e em especial à Bogotá. “Em dez anos
de operação, conseguimos realizar uma revolução no transporte
bogotano, permitindo dentro do
esquema empresarial formalizar
ou legalizar os operadores que
antes operavam em total ilegalidade, além de melhorar em
muito a mobilidade dos cidadãos
e a qualidade do ar da cidade”,
destacou Rojas.
São 84 km de corredores exclusivos atualmente no sistema,
cortando as regiões mais importantes da capital. Nas vias segregadas os ônibus conseguem
uma velocidade média de 28
km/h, mas que nas palavras de
Rojas, esse número pode ser
elevado para 40 km/h a
45 km/h, o que representa um
grande ganho para toda operação. “Para se chegar à velocidades maiores, o sistema deve
estar livre de interseções ou então contar com elementos que
promovam a passagem, como
semáforos inteligentes que permitam a preferência dos ônibus
nos cruzamentos”.
A infraestrutura do Transmilenio ganhará mais 32 km de corredores até o ano que vem. Posteriormente, outros 30 km deve-
BRT
O conceito
BRT
O que é
O
BRT (Bus Rapid Transit) é um
sistema de transporte coletivo de
alto desempenho e qualidade
que utiliza veículos sobre pneus
e opera na superfície viária em faixa dedicada. O principal atributo de um bom BRT reside da letra R (de Rápido) que pressupõe
baixos tempos de espera e rapidez no deslo-
Elementos
camento dos usuários. Logo, a rapidez de
um sistema BRT requer uma combinação de
velocidades operacionais elevadas com serviços freqüentes e constantes. O BRT oferece uma forte identidade à comunidade ao
integrar uma série de elementos físicos e
operacionais que antes eram exclusivos de
sistemas urbanos sobre trilhos.
Observações
Espaço viário dedicado - é um dos principais atributos de um sistema BRT de alto desempenho. Deve
permitir uma rápida movimentação dos veículos,
com faixas adicionais para ultrapassagens nas estações.
Do ponto de vista do planejamento estratégico,
a implantação de redes de transporte coletivo
de alto desempenho tem papel fundamental,
pois além de estruturar regiões para o crescimento econômico, promove maior organização
dos
fluxos
na
cidade
e
fomenta
a
eficiência urbana.
Sistema de cobrança tarifária realizada em terminais e nas estações, contribuindo assim para a redução do tempo de permanência dos ônibus.
O operador ou o órgão gestor deve investir em
marketing para maior sucesso de um sistema
BRT. A marca não é apenas um nome que diferencia empresas e serviços, ela possui significados , atributos e diferenciais que definem o que
uma empresa representa e o espaço que ela
ocupa na mente das pessoas.
Veículos - ônibus articulados e biarticulados dotados
de várias portas largas e com piso ao nível das estações e terminais.
Estações e Terminais - devem ser bem dimensionadas para permitir que se evitem a formação de filas
de ônibus. Precisam ser confortáveis, seguras e de
fácil acesso.
Integração - com outros meios de transporte coletivo, como os sistemas metroferroviários, estimulando o uso do transporte coletivo.
Capacidade - de 3.000 a 45.000 passageiros/hora
por sentido.
Imagens - Volvo do Brasil
Controle - monitoramento da frota por GPS e controle da regularidade e pontualidade na operação.
Custo de implantação - de 5% a 10% do valore necessário para construir uma rede de metrô.
Fonte - Logit Engenharia Consultiva
OUT 2010
11
Seminário da NTU - montadoras
O lado das
Montadoras
Como o assunto BRT dominou praticamente todo o 23º. Seminário Nacional NTU, a revista
AutoBus fez um compêndio do que as montadoras que participaram do evento em Brasília
propuseram em termos de veículos, serviços e tecnologia recomendadas aos sistemas de
transporte com maior capacidade de passageiros.
C
nos em virtude da realização dos
eventos esportivos – Copa do
Mundo de futebol e Jogos Olímpicos.
Palestrantes representando as
principais marcas fabricantes de
chassis levaram seus conceitos e
exemplos de produtos que podem ser operados dentro dos
parâmetros exigidos por encargos definidos para a transformação do transporte urbano.
Na visão da Man Latin America, é imperativo que os ônibus
possam ganhar status dentro da
cadeia transportadora, como
forma de minimizar os impactos
negativos causados pela ineficiência da mobilidade urbana. Se-
gundo Roberto Pavan, Supervisor de Marketing do Produto
Ônibus da montadora, mais de
35% das pessoas que se locomovem pelas vias urbanas andam a pé, um número que surpreende, pois é maior até mesmo que o apresentado pelo
transporte público, absorvendo
29,4% do total. “Se conseguirmos trazer esse montante para
usufruir do transporte, os operadores e nós fabricantes de ônibus temos muito a ganhar com
isso”, adiantou. Contudo, ele
chamou a atenção para o fato
do transporte particular receber
investimentos em detrimento ao
modal coletivo, com projetos e
Fotos - Divulgação / NTU
onsiderado, na visão de
quem apóia o transporte de passageiros sobre
pneus, como uma solução imediata para os problemas
da mobilidade urbana nas médias e grandes concentrações
urbanas do Brasil, o sistema que
envolve o emprego de vias segregadas, ônibus maiores, cobrança das tarifas externamente
aos veículos, rapidez, conforto e
outros aspectos que formam o
conceito do BRT, recebeu a devida atenção por parte das montadoras brasileiras de chassis de
ônibus urbanos, antevendo consideráveis volumes de comercialização dentro dos próximos a-
OUT 2010
12
Seminário da NTU - montadoras
obras beneficiando apenas a
circulação de automóveis. “Se
fizermos uma comparação nas
mudanças da distribuição da
população brasileira por classe
social, poderemos ver que houve uma migração das classes D
e E para a classe C, em 2008, e
isso representa um aumento de
renda, com conseqüências no
aumento do transporte individual e não pela procura do transporte público”, explicou Pavan.
E o tempo médio dos deslocamentos tende a crescer de forma significativa, o que representa que perdemos uma média de
uma hora ao dia em nossas vidas apenas para irmos e voltarmos ao trabalho (nas capitais).
“Deve ser levar em questão que
um ônibus substitui 40 automóveis e emite 18 vezes menos
poluição. Se pensarmos então
em BRT, podemos alcançar desempenhos superiores se comparado com os sistemas comuns, com vantagens no tempo
de espera, no tempo de embarque, no percurso e na velocidade dos veículos. Outro detalhe é
que em uma operação, um ônibus passa 2/3 em marcha lenta.
Com a implantação dos sistemas
rápidos,
isso
muda
radicalmente”.
Para Gustavo Rossi Nogueira,
coordenador de BRT da Mercedes-Benz, há que se incrementar a qualidade do transporte
realizado pelo ônibus nas cidades brasileiras. Além dos veículos e serviços disponibilizados
pela montadora, ele também
enfatizou o uso de combustíveis
OUT 2010
renováveis como forma de completar o conceito BRT, buscando
atender todo o quesito sustentável que o sistema possa proporcionar. “Pelo mundo oferecemos
opções de veículos propulsionados pelo gás natural, com tração
híbrida e até com o hidrogênio,
em sua segunda geração, comercial. Por aqui estamos muito
entusiasmados no momento
com o óleo diesel verde, aquele
feito da cana-de-açúcar”, disse
Rossi.
O executivo da Mercedes-Benz
explicou que o diesel ecológico é
produzido por uma enzima (que
anteriormente tinha propósito
medicinal) no processo de fermentação do suco da cana, tendo como resultado um combustível com caracterização semelhante ao diesel comum. “Em
sua configuração não há a presença de água, algo muito importante ao bloco diesel e na
questão lubricidade. A grande
vantagem é poder utilizar o novo diesel em qualquer motor,
atual ou não, com redução dos
níveis das emissões poluentes”,
mostrou Rossi.
Euclides Castro – gerente comercial da Volvo do Brasil, garantiu que BRT precisa ter em
sua essência uma velocidade
comercial alta, pois as pessoas
que utilizam um sistema de ônibus querem chegar o mais rápido aos seus destinos finais. “O
passageiro deseja rapidez para
chegar ao trabalho ou em sua
casa. Para os operadores, os
veículos que desenvolvem maior
velocidade, o custo operacional
13
acaba reduzido. Como exemplo,
posso citar que um ônibus articulado em operação comum apresenta uma velocidade de 16
km/h, fazendo 1,37 km por litro.
Já no BRT, com velocidade de
21 km/h, o veículo desenvolve
1,62 km por litro, representando
uma economia de 15% no consumo de combustível”, destacou
Castro.
Ele também citou que ao implantar os sistemas rápidos de
ônibus deve-se levar em conta
cinco elementos básicos – vias
exclusivas, cobrança de tarifa
nas estações, veículos maiores,
rapidez e acessibilidade. Neste
último item, o executivo da Volvo enfatizou os ônibus com piso
baixo para melhorar ainda mais
a eficiência de um sistema que
não possui as características
principais de um BRT, mas que
permite o aumento da velocidade comercial.
Fechando o ciclo de expositores no painel de BRT, Wilson
Pereira, gerente de vendas de
Ônibus da Scania do Brasil, destacou as inúmeras oportunidades de projetos de BRT que se
apresentarão ao setor nos próximos anos. Com um leque de
produtos que cobrem todas as
faixas na concepção dos sistemas rápidos de ônibus, ele revelou que a percepção pública da
qualidade das soluções a serem
implantadas influenciará por
muitos anos a viabilidade do
modal rodoviário no país. Pereira ainda destacou a experiência
da montadora com os combustíveis renováveis, no caso o biodiesel B100 que é utilizado em
Curitiba e do etanol, com larga
operação na Suécia e com duas
unidades rodando aqui no Brasil
e que podem se enquadrar ao
termo do BRT.
“O etanol diminui 80% dos
gases de efeito estufa. A opção
pelo combustível representa uma crença de valores da Scania
para reduzir as emissões poluentes dos veículos urbanos. Acima de tudo, temos que respeitar
o preceito que defenda a saúde
pública, atendendo as normas e
regras ambientais, não só na
Europa, mas no Brasil e na
América Latina”, disse.
Fotos - Divulgação
Montadoras
Mercedes-Benz marca presença
em Seminário da NTU
Montadora levou à Brasília produtos e assessoria especializada em sistemas
BRT (Bus Rapid Transit)
C
om a participação no seminário da NTU
2010, a Mercedes-Benz demonstrou aos
operadores
e
gestores
o
seu
conhecimento e experiência mundial e
local para a implantação dos sistemas BRT. A
marca está presente hoje em todos os principais
BRTs no mundo, como os de São Paulo e Curitiba
no Brasil, Bogotá na Colômbia, Santiago do Chile,
México, Turquia e África do Sul. Os sistemas
desses países figuram entre os que mais
transportam passageiros por ônibus urbanos no
mundo.
Segundo a marca, sua gama de chassis atende a
todas as demandas dos sistemas de transporte de
passageiros, como o BRT. A marca oferece desde
veículos articulados dos corredores exclusivos até
ônibus convencionais e microônibus das linhas
alimentadoras e distribuidoras, que interligam os
bairros, compondo o sistema integrado. “A grande
maioria das 12 cidades que receberão os jogos da
OUT 2010
Copa já optou pelo sistema BRT. Elas se apoiam
em vantagens como custos de implantação até
dez vezes menores e um prazo até 2/3 menor em
comparação com outros modais, como trem e metrô, para transportar a mesma quantidade de passageiros”, disse Gustavo Nogueira, especialista em
Sistemas BRT da área de Marketing de Produto –
Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
A Mercedes-Benz também expôs o seu avançado
chassi O 500 U Low Entry, veículo para transporte
de grande volume de passageiros nas operações
em corredores de ônibus e em linhas troncais, que
fazem a ligação entre terminais de integração e
principais vias de trânsito.
O modelo O 500 U possui piso baixo, o que permite agilidade, facilidade e segurança em embarque e desembarque dos passageiros. Ele também
vem equipado com o motor OM 906 LA com 260
cv e transmissão automática de 4 ou 6 velocidades com retarder integrado.
14
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O transporte de passageiros analisado de maneira inteligente
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Montadoras 2
Scania
cria divisão de BRT
Chassi K310 8x2 para encarroçamento com 20,30 metros
de comprimento. Produto Scania indicado ao BRT.
Nova divisão chega para fortalecer a marca no mercado urbano, prevendo aquecimento nos projetos de BRT a serem implantados em cidades que serão sedes
na Copa do Mundo de futebol em 2014 e no conseqüente aumento e melhorias
dos sistemas urbanos em outros municípios de médio e grande porte no Brasil.
O
termo BRT está despertando muito interesse nas montadoras
brasileiras de chassis
para ônibus urbanos, provocando profundas alterações em como proporcionar melhores e adequados veículos para o transporte de massa das médias e
grandes cidades do Brasil e até
da América Latina, por que não?
A Scania do Brasil é mais um
exemplo desse despertar. Criou
recentemente sua divisão para
tratar exclusivamente do assunto transporte urbano com ênfase
aos sistemas BRT (Bus Rapid
Transit). O intuito é aumentar
sua participação no mercado de
chassis pesados, acima de 16
toneladas, não só do Brasil, mas
OUT 2010
com vistas também para toda a
América Latina. E como o país
sediará, dentro de alguns anos,
dois eventos esportivos com importância mundial, necessitando
para isso uma transformação do
transporte coletivo nas cidades
que receberão os jogos e as
competições, nada melhor que
antecipar suas ações já prevendo maior demanda por chassis
com alta capacidade no transporte de passageiros.
“Resolvemos criar essa área
para dar foco ao ônibus pesado
Scania, que engloba todos os
modelos com motorização traseira, desde o Padron até a versão articulada 8x2. Criamos condições para que o mercado possa entender melhor aquilo que
16
estamos fazendo em termo de
aproche de negócio, tanto para
mercado de Brasil, como para o
mercado latino americano”, explicou Wilson Pereira, gerente
executivo de Vendas de Ônibus
da Scania do Brasil.
Para dar apoio a recente divisão, a montadora chamou Cláudio de Senna Frederico, exSecretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São
Paulo entre 1995 e 2001 e Secretário de Serviços e Obras do
Município de São Paulo, além de
ter sido o primeiro gerente de
operações do Metrô de São Paulo. Ele será o consultor externo
que ampliará a discussão sobre
o termo BRT e seus benefícios,
inserindo o nome Scania nos
Montadoras 2
principais debates sobre a quali- importantes em ônibus do Brasil no Brasil temos duas unidades
dade e o futuro do transporte de reverem seus conceitos sobre operando com desempenho muiurbano no Brasil. “Queremos o veículo. Com o BRT o que im- to bom”, lembrou Pereira.
aproveitar a experiência do porta é o legado que fica e que
Porém, a tecnologia ainda enCláudio, pois ele tem uma refe- será exemplo que pode ser es- contra uma barreira para que
rência de mercado muito grande tendido para outras grandes ci- sua produção em escala ganhe
no segmento de transportes. Ele dades que têm potencial para maiores contornos. Segundo o
nos ajudará a mostrar aos ór- implantar os sistemas”, obser- executivo da Scania, tudo o que
gãos gestores o que é mobilida- vou. Mas em se tratando de vo- é novidade acaba assustando os
de urbana, quais os benefícios lumes, ele foi muito enfático ao empresários, como foi com oude um sistema BRT e do trans- afirmar que ainda não há uma tros elementos que surgiram na
porte público e o que a Scania previsão de quanto o mercado cadeia transportadora no passapode oferecer em produtos e irá consumir, face aos aspectos do, como o próprio álcool como
serviços, através de explanações presentes na implantação dos combustível, a motorização eleiniciais em eventos voltados pa- corredores. “Qual será o volu- trônica e outros.
ra o tema”, disse Pereira.
me? Difícil saber, se até as cida“Como toda tecnologia em seu
A Scania também iniciou sua des envolvidas com a construção princípio, ela tem um custo maicampanha itinerante
or, seja de aquisição
para mostrar nas
ou de consumo. Mas
cidades onde serão
o resultado é muito
sedes da Copa de
pratico quanto a não
2014 os seus produagressão ao meio
tos e a idéia da diviambiente e à saúde
são de BRT. O ponto
pública. E o poder
de partida foi o Rio
público
necessita
de Janeiro, que podar um suporte para
de conhecer um
que o ônibus a etapouco mais os chasnol possa estar presis voltados para o
sente em volume
segmento de transcada vez maior no
porte com maior
transporte urbano”,
capacidade, no caso
enfatizou. Hoje, a
os modelos K270
Scania utiliza o blo6x2 e o articulado
co a etanol em seu
K310 8x2, um dos
chassi K270, para
grandes diferenciais
encarroçamento de
dos produtos que
15 metros de comsão oferecidos no Wilson Pereira - Foco ao ônibus pesados e aos sistemas que mo- primento,
todavia
portfólio de ônibus
ele
também
poderá
dernizarão a operação do veículo.
urbano no Brasil.
equipar outras ver“Esse modelo é uma opção de BRT não sabem de suas de- sões, como o articulado. Esse
extremamente válida e que já é mandas. Mas posso adiantar propulsor, com 270 cv de potênuma realidade em Curitiba. Sua dois fatos. Primeiro é que nossa cia, se adapta sem problema ao
capacidade de transporte de capacidade produtiva pode aten- chassi maior, pois possui torque
passageiros é um pouco menor der de maneira plenamente as com folga para a aplicação exigie com um custo bem menor se encomendas que surgirem e se- da.
comparado a uma versão biarti- gundo, teremos sim bons voluOutro detalhe lembrado quanto
culada. Nossa expectativa é am- mes de vendas”.
a operação com combustível não
pliar sua operação para outros
E como BRT também traz em fóssil, o biodiesel B100 também
mercados”, explica Wilson Perei- seu contexto a palavra sustenta- faz parte dos planos da Scania.
ra.
bilidade, nada melhor que pro- Operado atualmente em CuritiSeguindo na lógica que os e- mover os combustíveis renová- ba, a alternativa é tratada como
ventos futuros possam trazer veis em sua operação. Nas pala- segunda opção da montadora
bons negócios, o executivo enfa- vras de Wilson Pereira, o etanol em termos de sustentabilidade.
tizou que o Brasil vive um mo- é um caminho coerente em se “Além do etanol, o biodiesel tem
mento muito oportuno para que tratando de buscar alternativas se mostrado fundamental no
algumas das grandes cidades quanto a substituição da matriz quesito para reduzir emissões.
possam reformular os seus sis- energética dos ônibus urbanos. Na capital paranaense, os testes
temas de transporte coletivo. “É “Acreditamos que a opção válida realizados com nossos ônibus
interessante lembrar que a Copa e adequada para suceder o com- revelam resultados e desempedo Mundo e as Olimpíadas se bustível fóssil é o etanol. Há dez nhos aceitáveis e muito impormostram como grandes vetores anos nossa tecnologia foi testa- tantes. Configura-se como um
ao estímulo do transporte. Che- da e comprovada, apresentando dos caminhos a seguir”, finalizou
gou a vez dos mercados mais total sucesso operacional. Aqui Pereira.
OUT 2010
17
Operadoras
SAC - Serviço de atendimento ao
cliente entrou em funcionamento
Artigo reproduzido do Informativo ABRATI - Agosto 2010
O sistema tem a ABRATI como tutora e as contratações são feitas diretamente pelas associadas à prestadora dos serviços. Um dos fundamentos da decisão de montar o SAC coletivo foi a possibilidade de uniformizar procedimentos e ratear os custos de toda a estrutura, favorecendo especialmente as
associadas de menor porte.
OUT 2010
ção, dos números do SAC geral e do SAC para
deficientes auditivos e de fala. Esses números
também precisam constar no site da empresa, se
houver, e no bilhete de passagem, aposto por carimbo, impresso ou mesmo por um papel anexado.
As empresas integrantes do SAC deverão obter o
login e a senha para estarem, em tempo real, conectadas com sua conta no SAC e aí poderem acompanhar e solucionar todos os temas que lhes
forem afetos, observando os prazos fixados.
Qualquer dificuldade de maior relevo junto ao
SAC poderá ser resolvida com os supervisores do
SAC ABRATI, que são o Marcelo Apolinário e
a
L u i z a ,
n o s
e - m a i l s
marcelo.apoliná[email protected]
e
[email protected] ou nos telefones 0xx
21 35232323 e 3523-2326.
Foto - Divulgação / Itapemirim
O
sistema coletivo de atendimento ao
cliente — SAC — do setor de transporte
rodoviário de passageiros, que entrou
em funcionamento no dia 20 de agosto,
tem a ABRATI como tutora. As contratações são
feitas diretamente pelas associadas junto à prestadora dos serviços. Um dos fundamentos para a
montagem coletiva do serviço foi a possibilidade
de uniformizar procedimentos e ratear os custos
de toda a estrutura, o que favorece especialmente
as associadas de menor porte.
O SAC é identificado como sendo das empresas
de transporte interestadual de passageiros e abrigará todas as associadas que o desejarem. A empresa terceirizada indicada para a prestação de
tais serviços fica no Rio de Janeiro e tem experiência na atividade de transporte.
É importante observar que, a partir de agora,
não só a ANTT, mas os Procons e Decons poderão
fiscalizar as empresas operadoras para verificar a
existência e o correto funcionamento do SAC. Elas
têm autonomia para fazer autuações nos casos em
que sejam constatadas falhas.
A respeito deste assunto, a ABRATI está transmitindo às empresas associadas alguns alertas
relevantes, reproduzidos a seguir:
Pelo curto espaço de tempo entre o cancelamento
do bilhete, que será feito diretamente e na primeira chamada do usuário ao SAC, a empresa deverá
ter o seu funcionário responsável pelo contato
com o SAC sempre atento a esse procedimento,
isso em razão de que, em apenas três horas
(tempo-limite para o pedido), a empresa deverá
desbloquear o bilhete cancelado para que o assento possa ser vendido em
tempo hábil
a outro usuário.
É imprescindível que os veículos tenham o adesivo com a indicação, conforme determina a Resolu-
18
Internacional
Futura
o rodoviário de vanguarda
A holandesa VDL Bus & Coach revela ao mercado europeu o seu mais novo produto
desenvolvido para o transporte rodoviário de passageiros.
seira, o desenho das lanternas
também segue o padrão de novidade encontrado na frente,
além das linhas singulares do
pára-choque. O acabamento
aerodinâmico é outro fator evidenciado na construção do Futura, o que reforça na economia
de combustível. As laterais estão
divididas pela uma generosa
linha horizontal que diferencia a
área do salão de passageiros
dos bagageiros externos.
Internamente, o novo modelo
conta com uma nova geração de
poltronas, com três tipos - Class
100/300/500, cada um adequado para cada tipo de operação,
seja em rotas de curtas distâncias, como naquelas que necessitam de maior conforto. A climatização foi pensada para proporcionar melhor comodidade
aos passageiros, com funcionamento silencioso e sem produzir
correntes de ar. Destaque também para todo o material de acabamento das
A gama total do Futura terá diferentes versões, entre 12,20
metros (4x2) e 14,80 metros (6x2) de comprimento.
OUT 2010
19
peças, onde as cores e as padronagens possuem tons com sofisticação e harmonia.
Para o motorista, foi determinado que seu espaço teria que
oferecer conforto, satisfação e
segurança durante o trajeto.
São muitas as vantagens disponibilizadas, a começar pelo projeto baseado nos mais modernos
conceitos de ergonomia concedendo facilidade no alcance a
todos os recursos do painel de
instrumentos.
A propulsão do novo Futura
leva a marca DAF. São motores
Euro 5, seis cilindros, das séries
PR e MX com potência variando
entre 361 cv e 410 cv. A transmissão é da ZF, AsTronic automatizada. Outro detalhe é que o
modelo vem com sistema eletrônico de estabilidade, com controle do veículo nas manobras
inesperadas e também com os
freios eletrônicos EBS.
Fotos - Divulgação VDL Bus & Coach
U
m conceito onde as
linhas determinam arrojo e rapidez, mesclados aos detalhes inovadores que enfatizam na carroçaria o visual de última geração.
É o que a holandesa VDL Bus &
Coach imprimiu em seu mais
novo ônibus estradeiro, o Futura, para o segmento europeu,
seja em linhas regulares ou nos
serviços de turismo. De acordo
com a montadora, serão duas
versões iniciais oferecidas – com
dois eixos e 12,9 metros de
comprimento ou três eixos, com
comprimento de 13,9 metros.
A área de criação da VDL dedicou especial atenção aos elementos construtivos que harmonizam a operação, tanto na forma comercial, como nos aspectos de conforto e segurança. Por
fora, o design atraente, a começar por seu inovador conjunto
óptico frontal, com aparência
moderna, agregado ao párachoque em estilo único. Na tra-
IAA 2010
Scania destaca na IAA 2010
sua tecnologia urbana
Durante a IAA, maior feira mundial voltada para o mercado de veículos comerciais realizada
em setembro passado na cidade alemã de Hannover, a Scania expôs sua nova linha de motores a gás natural e o modelo de ônibus urbano OmniLink com estrutura total em alumínio.
OUT 2010
bustão. Outro detalhe é que os
motores, com duas opções de
potências (270 cv e 305 cv),
contam com ferramentas de diagnóstico de falhas, facilitando a
localização de problemas técnicos caso venham ocorrer.
O armazenamento do gás se
dá através de 4 depósitos de
alumínio com capacidade para
1.280 litros, montados no teto,
na linha do eixo dianteiro para
otimizar a distribuição do peso
do veículo, dão autonomia ao
veículo de 500 km. Em caso de
colisão, um sensor promove o
fechamento de todos os depósitos e da alimentação do gás ao
motor.
Redução de peso
São duas as linhas de ônibus
Scania desenvolvidos especialmente para o mercado da Euro-
pa. As gamas OmniCity e OmniLink são compostas por versões
que trazem muita segurança e
conforto nas operações urbanas.
Estão disponibilizadas em comprimentos que variam de 12 metros até 18 metros, no caso, a
versão articulada. Possuem piso
baixo, ampla área envidraçada e
disponibilidade de configurações
internas de acordo com as necessidades dos operadores. A
propulsão se dá por motores a
diesel, biodiesel, gás natural e
pelo etanol.
Um aspecto inovador é a utilização do alumínio na construção
das carroçarias, promovendo
uma grande redução do peso
total, com conseqüências positivas no custo operacional dos
veículos, e na possibilidade de
reciclagem dos componentes, o
que
re fo rç a
o
c o n c e it o
ambiental.
Fotos - Divulgação / Scania
D
ois destaques da Scania voltados para o
segmento de transporte urbano de passageiros estiveram presentes na IAA
2010. Pode-se considerar que os
produtos expostos representam
de forma significativa a proposta
da montadora em promover a
sustentabilidade em veículos
comerciais para o mercado europeu. No primeiro caso, a marca revelou a sua nova geração
de motores (Euro 5 e EEV) a gás
natural, que também pode funcionar com o biogás.
Os novos blocos, para equipar
os seus modelos integrais de
ônibus - de 12 a 18 metros de
comprimento e também os
chassis, oferecem características
similares aos de propulsão a
diesel e possuem desenho modular, com suporte de peças,
serviços, economia operacional
e larga vida útil. Segundo a
montadora sueca, a nova
plataforma de motores a gás
chegam adaptados às necessidades dos ônibus urbanos,
com um completo sistema de
alimentação e armazenamento de combustível desenvolvido por sua engenharia.
Dentro da arquitetura dos
novos propulsores com o
combustível alternativo, foi
utilizada a base do motor
com 5 cilindros e 9 litros a
diesel, porém com algumas
modificações que incluem um
sistema de injeção de gás no
coletor de admissão especialmente adaptado, pistões de
baixa compressão adequados
para o ciclo Otto, a utilização
de um pequeno turbocompressor que auxiliará nas variações de velocidades e uma sonda Lambda que regula a com-
Duas opções de potência oferecidas - 270 cv (torque de 1.100 Nm)
ou 305 cv (torque de 1.250 Nm)
20
IAA 2010
Marcopolo na IAA 2010
Encarroçadora gaúcha participou pela primeira vez de um edição da IAA, Salão Internacional
de Veículos Comerciais 2010.
E
m conjunto com a Man
Latin America, a Marcopolo participou neste
ano do Salão Internacional de Veículos Comerciais na
cidade alemã de Hannover, expondo sobre um chassi Volksbus
18.320 EOT o seu modelo de
carroçaria rodoviária Paradiso
1200 G7.
Ruben Bisi, diretor de Estratégia e Marketing da encarroçadora, destacou a oportunidade da
importante exposição, com alcance mundial, para mostrar um
dos principais produtos do portfólio
da
Marcopolo.
"Aproveitamos a participação na
maior feira internacional do segmento para apresentar o nosso
último lançamento. Os modelos
de ônibus rodoviários da Geração 7 possuem os mais altos
padrões de qualidade e inovações tecnológicas. A parceria
com a MAN Latin America é mui-
to importante e permitiu que
apresentássemos um produto
desenvolvido 100% no Brasil”,
disse.
O Paradiso 1200 mostrado na
IAA destacou-se pelo conjunto
óptico, com lanternas e sinalizadores de direção com LEDs, e
pelos dois acessos para o salão
de passageiros, um frontal e
outro no meio
do veículo. O
modelo estava
equipado com
36
poltronas
executivas,
mais
largas
(1.060mm), e
maior
altura
i n t e r n a
(1.930mm), o
que, segundo a
Marcopolo, proporciona melhor
acomodação do
ocupante.
Quanto ao mercado, a Marcopolo estima crescimento em
2010 de 37% em relação a 2009
e receita líquida de R$ 2,8 bilhões, contra R$ 2,057 bilhões,
no ano passado. De acordo com
ela, sua produção prevê bater
na casa das 26.500 unidades
produzidas.
Fotos - Divulgação
O urbano da Mercedes-Benz
A
montadora alemã Mercedes-Benz mostrou na
IAA o seu modelo urbano Citaro, com mais de
30.000 unidades produzidas.
Disponibilizado em variadas verOUT 2010
sões e comprimentos, o veículo
se destacou no salão de Hannover por estar configurado com a
tração híbrida (células a combustível / eletricidade)
FuelCELL Hybrid. O modelo exposto
21
representa a terceira geração
dos ônibus Mercedes-Benz dotados com tecnologia. De acordo
com a montadora, é no teto do
veículo que estão localizados os
equipamentos tecnológicos do
sistema a hidrogênio. Lá estão
instalados os cilindros para armazenar 35kg de hidrogênio, as
baterias de lítio e os dois sistema de célula a combustível.
Ainda pelo lado da redução dos
índices de poluição, a marca
alemã demonstrou com o seu
modelo Citaro medidas na motorização a diesel (BlueTec) sem
filtros de partícula, para atender
aos requisitos da norma EEV.
Segundo informações da fabricante, são muitas as vantagens,
como o menor consumo de combustível, o reduzido nível de emissões de CO2 e menores
custos de manutenção.
Combustíveis
Um ano
de B100
Curitiba comemora um ano de pioneirismo no programa de uso do biodiesel
B100 em parte de sua frota na Linha Verde.
P
ioneirismo é uma palavra que está mesmo associada à Curitiba quando o assunto é transporte coletivo. Além de lançar a
ideia e as bases para o primeiro
sistema brasileiro de BRT (Bus
Rapid Transit) e que alçou vôo
pelo mundo, sendo considerado
atualmente em muitas cidades
como um ponto atrativo e com
custos reduzidos de implantação
e operação no transporte público, a cidade também se destaca
por manter um inovador programa que consiste na utilização de
biocombustível em seus ônibus.
Em agosto do ano passado, a
capital paranaense deu a largada oficial para a operação de
ônibus como o biodiesel sem
mistura nenhuma do diesel convencional. E até então a recente
Linha Verde, o mais novo sistema BRT da cidade, entrava para
a história como o primeiro corredor estruturado do país a testar
o uso de 100% de biodiesel em
OUT 2010
seus veículos. É lá que operam
seis unidades de articulados
(três da Scania e outros três da
Volvo) com motores movidos
pelo B100 proveniente da soja.
Eles começaram rodando cerca
de 2.500 quilômetros por mês.
Em julho de 2010, a quilometragem passou para 10 mil quilômetros. Em agosto passado,
essa quilometragem atingiu a
marca de 60 mil por mês, um
aumento de 233% desde o início
das operações.
“O aumento da quilometragem
foi necessário para se verificar,
em efeito comparativo normal
aos outros ônibus, a performance do veículo em período integral, como dizemos aqui, em
tabela cheia, na qual podemos
avaliar toda a operação em um
maior tempo de utilização”, adiantou Elcio Karas, gerente da
Área de Inspeção e Cadastro do
Transporte Coletivo da URBS
(Urbanização de Curitiba).
A Agência Nacional do Petróleo
22
(ANP) também autorizou a gerenciadora do transporte curitibano a aumentar a quantidade
de biocombustível para os testes. Agora, cada empresa parceira do programa – Auto Viação
Redentor e Viação Cidade Sorriso - tem direito a 50 mil litros
de B100 por mês para usar nos
ônibus. Antes a essa medida, a
disponibilidade era de 10 mil
litros por empresa.
No quesito custo operacional
do B100, Karas revelou que os
veículos que utilizam o combustível alternativo apresentam um
aumento no consumo por quilômetro de 2% em relação ao diesel convencional. Já o valor de
aquisição da matéria prima é R$
0,45 mais alto que o diesel comum, porém mais barato que o
comercializado pelos leilões da
ANP. “Tudo o que vem para
substituir o diesel por combustíveis renováveis, apresenta uma
tendência de ter um preço maior. No exemplo de Curitiba com
Combustíveis
los resultados que até agora foram apresentados, quanto a qualidade do biodiesel e dos índices
de emissões. Entendemos que
numa escala maior, seja em produção e no fornecimento do biodiesel, a nível nacional, como
também em isenção tributária
que o próprio Governo Federal
poderia aplicar para o fomento ao
combustível, o B100 pode se tornar muito competitivo ao diesel
comum”, disse Karas. Segundo o
executivo, a URBS recebe mensalmente muitas visitas de órgãos ligados ao transporte interessados no projeto do B100,
sejam aqui do Brasil e até de outros países.
O programa do B100 curitibano
tem até agosto de 2011 para terminar a fase de testes, apresentando todas as validações dos
resultados obtidos pelos parceiros
do projeto. Após isso, na própria
Linha Verde, serão operados 11
ônibus com o B100. Porém em
2012, 140 veículos da frota curitibana deverão estar rodando
com o combustível renovável.
“Os testes da Linha Verde serão
subsídios técnicos para que outros ônibus da frota municipal
possam estar com o biodiesel em
seus tanques”, contou Karas.
Testes de Opacidade
Além da busca por combustíveis
alternativos que sejam utilizados de
forma comercial nos ônibus curitibanos, toda a frota do Sistema de
Transporte Coletivo cidade e também da Região Metropolitana têm a
emissão dos poluentes de seus motores constantemente monitorada
por duas equipes técnicas da Área
de Inspeção e Cadastro do Transporte Coletivo da URBS. Conhecido
por teste de opacidade, que mede
os índices de emissões expelidas
pelos ônibus, o procedimento é realizado a partir de uma sonda instalada no escapamento do ônibus.
De acordo com informações da
gerenciadora, com o veículo parado,
são realizadas dez acelerações seguidas, das quais as três primeiras
são desprezadas para a limpeza da
câmara. Recentemente foram feitos
testes com os ônibus que utilizam o
B100. Para Élcio Karas, os valores
registrados durante as medições,
mostram que a frota está calibrada,
registrando números muito abaixo
dos estabelecidos, considerados
excelentes. “Em Curitiba esse trabalho é contínuo, diário, e abrange
toda a frota de ônibus que atende a
capital e cidades vizinhas, que tem
como objetivo garantir a boa qualidade de vida da população e também do sistema”, finalizou Karas.
Com o uso do biodiesel B100,
conseguiu-se uma redução de 25%
da opacidade (fumaça preta) e outros 30% do monóxido de carbono.
OUT 2010
23
Fotos - Prefeitura de Curitiba
o biodiesel, temos que levar em
conta o seu transporte e sua distribuição/abastecimento, mas
também há o envolvimento da
empresa que produz o combustível com o projeto da URBS. Então
conseguimos o valor de R$ 2,20
por litro”, explica do executivo.
Quanto a desempenho dos veículos, Karas esclareceu que há
uma perda de 5% na potência,
algo que não é percebido pelos
próprios motoristas dos ônibus.
Outro detalhe na operação é que
os modelos que rodam com o
combustível vieram preparados
de fábrica para a integralidade
dos testes, sendo aptos para os
100% de biodiesel.
Algumas fabricantes brasileiras
de motores já realizaram testes
com até 50% de biodiesel, porém
100% é algo inédito nessa alternativa, representando um significativo salto tecnológico que abre
reais possibilidades para a substituição do petróleo em médio prazo. Segundo a URBS, todos os
veículos são monitorados sob os
mesmos aspectos para análise
comparativa direta de resultados
da manutenção entre o uso do
combustível alternativo e o óleo
diesel.
“Acreditamos nesse projeto pe-
Mercado externo
Cidade do Panamá
compra 1.000
chassis Volvo
O operador do transporte coletivo da Cidade do
Panamá, consórcio Transmassivo, adquiriu 1.000
chassis Volvo para sua operação em toda a capital
do Panamá, que possui mais de um milhão de habitantes. O modelo escolhido foi o B7R LE (piso
baixo), que receberá caixa automática, ABS e
EBS, ar condicionado, freios a disco e suspensão
eletrônica – um avançado sistema que rebaixa a
lateral do ônibus para facilitar o embarque e o desembarque de passageiros.
De acordo com Euclides Castro, gerente de ônibus urbanos da Volvo Bus Latin America, o estreito relacionamento com o cliente e o fato da montadora participar do projeto como um todo desde
o início foram muito importantes para mais essa
conquista. Na visão do executivo, a escolha pelo
chassi B7R LE promove maior velocidade comercial no sistema de transporte. “Cerca de 1/3 do
tempo de operação de um ônibus urbano é dedicado ao embarque e desembarque de passageiros.
Se a opção recai por veículos com piso baixo e
portas amplas há um ganho considerável na velocidade comercial. Fizemos um estudo em Guadalajara (México) com ônibus de piso baixo (Low Entry) em uma operação percorrendo 27 km pela
cidade. Conseguimos retirar um veículo em função
da maior velocidade conseguida com o uso dessa
configuração”. Ainda, segundo Castro, um chassi
com piso baixo tem um valor um pouco mais alto
que um modelo convencional, contudo, representa
benefícios
ao
operador
e
ao
sistema
muito interessantes.
Allison na Colômbia
OUT 2010
e, gradativamente, os objetivos
pretendidos foram sendo alcançados.
“Além dos ajustes nos „pacotes‟
de mudanças de marchas das
transmissões, a entrada do sistema de acionamento do retarder foi outro ponto em que os
técnicos brasileiros se concentraram para obter um melhor rendimento do conjunto. Toda a aplicação foi minuciosamente analisada e as calibragens foram sendo ajustadas até se obter um
ponto ótimo na equação desempenho/consumo de combustível”, destacou João Renda, gerente da Allison Transmission
para os Países Andinos, América Central
e Caribe.
É a primeira venda
de transmissões automáticas da marca
Allison para sistemas
BRT na Colômbia.
A operadora Unimetro projeta ter até
2011 cerca de 100
ônibus.
Segundo a marca,
também
existem
planos das autoridades colombianas que
24
apontam para a modernização e
a racionalização dos transportes
em todo o País. Isso inclui aproximadamente mais duas mil unidades de ônibus na versão Padron e o mesmo número de
transmissões automáticas.
“É importante salientar que por
uma diretriz governamental os
modelos Padron que circulam
pelos corredores também têm,
necessariamente, que se utilizar
de transmissões automáticas.
Esse é o prenúncio de que as
atuais atividades da Allison na
Colômbia são, apenas, o início
de uma longa e profícua
parceria”, disse João Renda.
Fotos - Divulgação
A cidade de Cali possui um dos
mais recentes sistemas de BRT
implantados na Colômbia, país
que adotou o modelo de transporte como plataforma para resolver seus problemas de mobilidade e também na questão ambiental.
E é por lá que estão operando
51 ônibus na versão Padron com
mecânica International e transmissão automática Allison
Transmission da Série B300R.
De acordo com a fabricante,
quando esse primeiro lote de 51
unidades começou a operar no
corredor rápido da cidade, ainda
não existia um parâmetro definitivo de operacionalidade e eficiência. Uma equipe de técnicos
brasileiros se deslocou para a
Cali para acompanhar, juntamente com o distribuidor local
Allison, o funcionamento dos
conjuntos. As transmissões, por
exemplo, estavam programadas
para proporcionar maior desempenho, o que de certa forma não
privilegiava o consumo de combustível. No decorrer da implantação dessa primeira fase foram
experimentadas quatro diferentes programações eletrônicas de
funcionamento das transmissões
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O transporte de passageiros analisado de maneira inteligente
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Lançamento
Man LA
reforça o conceito da acessibilidade
Durante o Seminário da NTU 2010, ocorrido em Brasília, a Man LA aproveitou o momento e
mostrou a nova versão do seu chassi urbano com piso baixo.
E
da concorrência.
Antonio Cammarosano, Diretor
de Vendas da Man LA, revelou
que o chassi apresenta diversos
benefícios com uma série de
inovações, tanto pelo lado comercial (ao operador), como
pela facilidade ao passageiro.
“Dentre suas características,
podemos destacar diversos aspectos, como o atendimento a
acessibilidade universal; sua
flexibilidade, pois opera em aplicações mistas (linhas alimentadoras e corredores); a maior
produtividade através de portas
largas e obstáculos internos minimizados que permitem maior
fluxo de passageiros; investimento inicial mais acessível
quando comparado a outras op-
ções, como por exemplo a versão Low Floor (ou piso baixo
integral) e o atendimento a todos os requisitos das normas de
acessibilidade (NBR 14022) e de
fabricação de ônibus urbano
(NBR 15570)”, destacou.
Tecnicamente, o chassi traz
um novo módulo dianteiro otimizado; eixo dianteiro com novo
design que permite piso interno
plano, sem rampas ou obstáculos e suspensão com maior capacidade de carga, o que garante maior capacidade de passageiros e aumento na vida útil de
seus componentes; e sistema
eletrônico de elevação e ajoelhamento da suspensão pneumática, promovendo acesso facilitado ao veículo e transposição
Fotos - Divulgação
le não se trata de nenhuma novidade, já que
estava no portfólio da
montadora Man Latin
America, fabricante dos ônibus
Volksbus, já há algum tempo.
Contudo, sofreu algumas atualizações em sua estrutura para se
adaptar ao conceito do transporte acessível, trazendo ainda a
experiência da montadora na
produção de ônibus. A nova versão do Volksbus 17.260 EOT LE
(configurado com o piso baixo
até o módulo central do chassi)
é, segundo a marca, o mais adequado para atender as novas
exigências de acessibilidade para passageiros urbanos, oferecendo vantagens competitivas
em relação aos outros modelos
OUT 2010
26
Lançamento
O chassi 17.260 EOT LE configura-se como um exemplo de modernidade ao
ônibus urbano. Além de possuir motor traseiro e suspensão pneumática, traz
também o conceito de piso baixo, o que deveria ser regra em toda a operação
urbana, promovendo assim acessibilidade universal.
de
obstáculos
durante
a operação.
Ainda, em sua configuração, o
17.260 EOT Low Entry é equipado com motor traseiro de 260 cv
de potência e pode receber carroçarias com comprimento entre
12 e 13,2 metros, além de ser
oferecido na versão V-Tronic,
que é o câmbio de acionamento
mecânico, mas sem alavanca de
mudança de marchas e sem o
pedal de embreagem, garantindo menor estresse e cansaço ao
condutor e maior conforto à passageiros.
Contudo, apesar de estar equipado com diversos elementos
que propiciam à operação urbana comodidade e disposição de
acesso sem barreiras, o modelo
ainda irá encontrar no cenário
brasileiro duas questões que
limitam sua utilização em larga
escala, que é a ausência de vias
adequadas nas cidades e a competição com outra versão de
chassi, convencional com piso
alto e motor dianteiro. Para
Cammarosano, esses desafios
poderão ser atendidos pelos
grandes eventos programados
para o Brasil nos próximos anos,
diga-se Copa do Mundo 2014 e
Olímpiadas 2016, que trarão
mudanças significativas ao
transporte público de passageiOUT 2010
ro, bem como o latinoamericano. Para ele o objetivo
da marca é, em médio prazo,
participar do segmento ônibus
com produtos para todos os
tipos de aplicação. “O portifólio
de produtos que dispomos na
Europa é muito grande, porém
a produção de modelos aqui no
Brasil ainda depende de alguns
estudos de viabilidade técnica e
financeira. O BRT é uma tendência e estamos nos preparando para participar desse
nicho. Estamos desenvolvendo
duas opções, uma nacional e
outra importada, analisando
dados de desempenho para
enfim decidir por alguma das
opções. O que podemos garantir é que nos próximos anos
agraciaremos o segmento de
ônibus com grandes novidades”, adiantou.
Perguntado sobre a utilização
de combustíveis alternativos em
ônibus urbanos, como o gás natural, por exemplo, o executivo
mostrou que a Man LA tem uma
política que consiste em planejar
novos desenvolvimentos dentro
da cadeia de um transporte que
não utilize apenas o diesel como
matriz energética, mas sim pensando nas demais possibilidades, como é o caso do gás. “O
gás natural é uma das fontes
que serão utilizadas como alternativa para os próximos anos,
principalmente impulsionada
pela oferta crescente do produto. Porém as informações estão
muito embrionárias para podermos divulgá-las”, finalizou.
ros. “O veículo com Piso Baixo é
uma das opções de tecnologia
que deve ser bastante utilizada
e acreditamos que seja a melhor
opção tanto durante os eventos
como também na fase pósevento, onde sabemos que a
demanda de passageiros cairá.
Além disso, os efeitos desses
grandes eventos devem ser benéficos também para as cidades
do interior do país. Essas cidades deverão estar preparadas,
pois os públicos desses grandes
eventos ficarão, em muitos casos, hospedados nas cidades ao
redor das cidades-sedes”, explicou o executivo.
“Nossa expec- Características técnicas 17.260 EOT LE (mm)
tativa é vender
uma média de
40% do volume Entre eixos - 6.720
total desse veícu- Comprimento - 12.787
Suspensão dianteira- Pneumática com 2 bolsões de
lo”.
Quanto ao futu- ar, válvula niveladora de altura, amortecedores hidráuro, em se tratan- licos, 2 molas parabólicas e barra estabilizadora.
Suspensão traseira- Pneumática com 2 bolsões de ar,
do de novos proválvula niveladora de altura, amortecedores hidráulicos,
dutos, Cammaro- 2 molas tensoras e barra Panhard.
sano revelou que Motor - MWM 6.12 TCAE
o leque de chas- Potência- 260cv (191 KW) @ 2.500 rpm
sis pesados da Torque- 900Nm (92 mkgf) @ 1.300 – 1.900 rpm
Man LA tende a Transmissão - ZF 6AS 1010 BO
aumentar com a Tipo- Automatizada com seis velocidades sincronizadas
chegada de ouFonte - Man Latin America
tros
produtos
destinados
ao
mercado brasilei27
Fotos - Jorge dos Santos / Fetranspor
Transporte urbano
Rio de Janeiro
reformula seu
sistema de ônibus
H
á muito tempo a qualidade dos serviços
de ônibus urbanos do
Rio de Janeiro vem
sofrendo críticas por não promover qualidade, nem sequer realizar alterações para que sua imagem possa se transformar perante ao usuário. Porém isso
tende a ser coisa do passado.
Um primeiro passo para modificar esse conceito negativo foi
dado pela autoridade municipal
do transporte, a Secretaria Municipal de Transportes, que realizou a licitação dos serviços para
definir os novos rumos do setor.
Na prática, a cidade será dividida em cinco regiões, onde operarão quatro consórcios (ver
box) compostos de 40 empresas
OUT 2010
O objetivo principal é melhorar e
modernizar todo o transporte
realizado por ônibus urbanos na
capital fluminense, oferecendo ao
passageiro a qualidade
tão ensejada.
que terão 20 anos de contrato
para explorar o transporte, a
começar em 30 de outubro. Outra novidade refere-se a um
layout específico para as regiões, com cores que diferenciarão a atuação dos consórcios.
A licitação pretende, segundo
informações da municipalidade,
determinar uma transformação
significativa no transporte feito
por ônibus, com ênfase ao usuário e ao ambiente da cidade,
traçando um novo conceito em
mobilidade e colocar em vigor
um novo formato na cobrança
de passagens, com a instituição
do bilhete único.
No processo de concorrência
pública, a briga parecia ganhar
uma configuração especial, pois
28
além das operadoras cariocas,
algumas empresas de fora do
Rio de Janeiro e até da Argentina e da França se interessaram
pelo certame, porém quem abocanhou toda a rede foi a maioria
das empresas que já atuavam
na cidade.
Para o Secretário Municipal de
Transportes, Alexandre Sansão,
as empresas de ônibus terão
status de concessionárias, com
obrigações legais e passíveis de
penas por parte do poder concedente em caso de descumprimento de regras. “Maus serviços
prestados, por exemplo, poderão levar até a anulação da concessão. Para aumentarmos nosso poder de fiscalização, a Secretaria de Transportes está cri-
Transporte urbano
ando o novo Código Disciplinar
do Serviço Público de Transporte
de Passageiros por Ônibus, que
prevê penas mais rígidas aos
operadores”, destacou.
De acordo com o órgão gerenciador, as primeiras mudanças
que logo serão vistas pelos usuários são a nova identidade visual da frota, padronizada de
acordo com a área em operação; o uso de GPS para monitoramento da frota e a utilização
de dispositivos de segurança,
como câmeras de vídeo e tacógrafos eletrônicos.
Na área de infraestrutura está
prevista a remodelação dos terminais urbanos, com a instalação de sanitários nos pontos
finais e equipamentos de segurança. Além disso, toda a frota
de ônibus será renovada até
2016.
Em se tratando de arrecadação
do sistema, a partir de 30 de
outubro haverá a modalidade de
integração tarifária através do
Bilhete Único Carioca, com valor
de R$ 2,40, onde o passageiro
poderá utilizar, num prazo de
até 2 horas, mais de um condução pagando apenas uma passagem, o que nas palavras do sec re t á ri o
de
t ra n s p o rt e s ,
“significa uma promoção social
aos que moram mais longe do
trabalham, que ganham menos
e que necessitam tomar mais de
um ônibus”.
Porém, o benefício atende apenas aos ônibus sem ar condicionado, que de certa forma chega
a ser uma incongruência em
uma cidade que tem altas temperaturas quase o ano inteiro e
que poderia propiciar um pouco
mais de conforto aos usuários
do sistema.
ção e informação vinculadas em
Outra questão que se pretende pontos de paradas e terminais,
alcançar com o novo sistema é a mostrando todo o detalhamento
redução do número de ônibus de linhas e da operação.
em determinadas vias e o aumento, na proporção exigida, BRT
em outras localidades, que atualmente sentem a carência de
Pelo lado dos empresários,
mais veículos operando.
Cláudio Callak, representante do
O presidente da Rio Ônibus consórcio Intersul, revelou que a
(entidade que congrega as ope- partir de agora haverá uma meradoras), Lélis Marcos Teixeira, lhoria na qualidade do transporestá otimista quanto ao início te municipal, significando, com
das novas operações. “O novo as assinaturas do contrato, um
sistema é um ganho muito gran- momento histórico para toda a
de à toda população carioca. cidade. “Acredito que a partir
Estamos conscientes que vamos desse momento teremos mais
mudar para melhor, proporcio- segurança para investirmos na
nando ainda uma economia ao modernidade do transporte.
usuário pelos benefícios do Bi- Com isso os serviços que prestalhete Único”, comentou.
mos tenderão a melhorar em
E nos embalos das modifica- muito para atender nosso anseições do sistema, ainda há espa- os e o da população que utiliza
ço para proporcionar um novo os ônibus do Rio”, disse Callak.
jeito de se relacionar com o cliOutra novidade que caminha
ente, que nesse caso são os para ser o grande auxílio ao
passageiros. Segundo as pre- transporte carioca, será a immissas que regem os deveres plantação de três sistemas de
dos consórcios, a capacitação BRT (Bus Rapid Transit) até
dos profissionais envolvidos com 2016, quando a cidade sediará
o transporte figura-se como fun- os Jogos Olímpicos. Os sistemas
damental para que a imagem do Transcarioca, Transolímpico e
setor seja a mais positiva. Moto- Transoeste serão operados pelos
ristas e cobradores receberão concessionários das regiões por
ensinamento de línguas estran- onde as vias correrem. A idéia é
geiras - inglês e espanhol, além que sejam colocados em operade orientações em relações hu- ção 600 ônibus articulados para
manas, direção defensiva e pri- atender a demanda dos
meiros socorros.
sistemas segregados.
O marketing
A cidade dividida
também
será
um tema difundido com a re- O Rio de Janeiro foi dividido em 5 regiões (chamadas
modelação dos de RTRs - Rede de Transportes Regionais) pelas noserviços.
Os vas diretrizes que ordenam o transporte por ônibus,
p a s s a g e i r o s onde elas serão operadas por consórcios.
poderão contar A Região 1 engloba o centro da cidade e suas adjacêncom comunica- cias. Não foi licitada.
A Região 2 cobre a Zona Sul, grande Tijuca e Santa
Tereza. Será operada pelo consórcio Intersul Transportes.
Na Região 3, a Zona Norte, com exceção de Madureira
e entorno, estará sob responsabilidade do consórcio
Internorte.
A Região 4 atinge a Zona Oeste - Barra da Tijuca e
Jacarepaguá - além de Madureira e bairros próximos.
O consórcio Transcarioca de Transportes tem o compromisso do transporte.
A última, a Região 5, engloba os demais bairros da
Zona Oeste, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz e Realengo, sendo o consórcio Santa Cruz o mandatário.
Fonte - Secretaria Municipal de Transportes (RJ)
OUT 2010
29
Nostalgia
Surge o
Monobloco
A
década
é
O chassi era produzido na unida-
mo antecessor do O 321 H, o
marcada por gran-
de de Gaggenau e a carroçaria
primeiro monobloco produzido
des transformações
em Sindelfingen. Em 1951, sur-
no Brasil. Seu motor era o OM
nos ônibus da marca
ge o que podemos chamar de
315, com seis cilindros e 145
ônibus completo.
hp, montado transversalmente
europeu. Logo no primeiro ano
O modelo O 6600 H trazia consi-
na traseira e suficiente, de acor-
do período, as bases de cami-
go o conceito técnico de veículo
do
nhões deixam de emprestar su-
exclusivo para transportar pas-
transportar até 50 passageiros.
as clássicas formas para o trans-
sageiros, equipado com motor
Suas versões atendiam aos mer-
porte coletivo. O modelo O 6600
diesel localizado na traseira e
cados
foi a última versão com motor
suspensão específica para o ser-
caracterizadas por melhor con-
instalado fora da carroçaria. Pro-
viço. A idéia dos engenheiros da
forto interno, com poltronas re-
veniente do caminhão L 6600
empresa era aproveitar melhor o
clináveis e novo sistema de ven-
(dotado com bloco de 145 hp e
espaço do salão de passageiros
tilação, bem como a caixa de
seis cilindros), ele era configura-
e eliminar ruídos internos.
transmissão elétrica.
do tanto para operações urba-
Com 11 metros de comprimen-
A carroçaria em estilo aerodinâ-
nas, como para intermunicipais.
to, o modelo se identificaria co-
mico
Mercedes-Benz
no
de
50
continente
A primeira versão do monobloco,
o O 6600 H.
OUT 2010
30
com
a
montadora,
urbanos
e
proporcionou
para
rodoviários,
um
visual
Fotos g entil mente
DaimlerBuses.
cedi d as
p ela
Nostalgia
O clássico O 321 H marcou uma época
de profunda modificação nos ônibus.
arrojado para a época. Em sua
dade nas viagens, peso reduzido
não existir modelo segmentado
área frontal, agora com cabina
e maior espaço nos bagageiros
a época, o modelo 321 seria a-
avançada, estavam três faróis,
inferiores, devido a ausência de
dequado para o uso rodoviário e
entradas horizontais de ar para
um chassi. Também foi introdu-
para operações em tráfegos ur-
a ventilação interior e a estrela
zido um novo tipo de suspensão
banos, dotado de portas largas e
não mais localizada acima do
no eixo dianteiro, composto por
maior capacidade de transporte.
radiador. O sucesso do modelo
molas parabólicas, o que causou
O sucesso do veículo foi tão
não se limitou apenas na Alema-
impacto positivo no conforto dos
grande que em 1962 a Mercedes
nha. Para a Argentina, a marca
passageiros.
-Benz passou a produzi-lo com
Daimler enviou 350 unidades do
A carroçaria foi concebida em
um motor maior, o OM 322, de
O 6600 H na configuração tróle-
formas arredondadas, caracteri-
5,7 litros e 126 hp de potência.
bus.
zada por um corpo harmonioso
A sua transmissão era composta
adquirida
com duas versões de compri-
pela caixa sincronizada de cinco
com o recém lançado O 6600 H,
mento: 9,20 (36 passageiros) e
marchas. Paralelamente ao mo-
no ano de 1954, a unidade fabril
10,60 metros (O 321 HL – 44
delo integral foram produzidos
de Mannheim, eleita a principal
passageiros), incorporando ain-
também chassis do O 321, ex-
fábrica de ônibus da Mercedes
da janelas panorâmicas que se
portados para diversos países.
na época, desenvolveu o consa-
estendiam até a curvatura de
Ao todo saíram das linhas de
grado monobloco O 321 H equi-
junção do teto com a lateral
produção da marca alemã cerca
pado com o motor OM 321 (5,1
(presentes em algumas versões
de 30.000 unidades do O 321 H/
litros) de 110 hp. Esse novo veí-
do veículo) e a grade frontal,
HL, sendo mais de 11.000 veícu-
culo, com estrutura autoportan-
que integrava os faróis ao co-
los embarcados para outros paí-
te, apresentou melhor estabili-
nhecido símbolo da estrela. Por
ses.
Com
a
OUT 2010
experiência
31
Ponto de vista
*
MOBILIDADE
é moda, mas deveria ser lema
F
alar em mobilidade está
na moda. Falar em BRT,
termo parido de forma
tão pouco científica,
também está na moda. Mas fala
-se muito em estrutura e pouco
na questão social.
Como falar em mobilidade se o
governo da maior municipalidade do país restringe a circulação
de ônibus que fazem serviço de
fretamento de trabalhadores
dentro da cidade?
Como falar em mobilidade se a
tarifa de ônibus nas cidades brasileiras tem, cada vez mais, representado um obstáculo à incorporação e manutenção das
classes desfavorecidas como
usuárias dos sistemas?
Como falar em mobilidade se o
incentivo ao transporte individual é cada vez maior nas cidades
e a aquisição de automóveis é
muito mais facilitada que a renovação das frotas de ônibus?
Como falar em mobilidade se a
cidade tida como exemplo de
sistema de ônibus no Brasil e no
mundo diminui o tamanho dos
veículos em algumas linhas (e
que andam lotado nos horários
de pico), emperra as viagens
com cobrança de tarifa pelo condutor, ao invés de se incentivar
o uso do ônibus através de campanhas massivas e restrições ao
transporte individual.
Como falar em mobilidade se o
ônibus de motor dianteiro continua sendo o mais vendido no
Brasil para o segmento urbano,
e até mesmo fabricantes que há
alguns anos haviam desistido de
oferecer em sua linha de produtos este tipo de ônibus voltam a
OUT 2010
oferecê-lo como alternativa mais
barata? Sendo que nenhuma
tecnologia incorporada resolve o
principal problema em relação a
este tipo de ônibus. Desconforto
para passageiro, desconforto
para operadores.
Antes de se falar em BRT, temos que falar em mobilidade
através de uso de múltiplos meios de deslocamento e não somente o ônibus.
Cabe o coletivo fretado? Sim,
além de diminuir o número de
veículos individuais em circulação, gerando menos poluição e
mais espaço, retira do transporte público ineficiente boa parte
da demanda, além de trazer
mais conforto ao trabalhador.
Tem-se, no entanto, que se estabelecer e fiscalizar regras com
relação ao tipo de veículo e à
operação minimizando possíveis
problemas que este tipo de veículo, ao estacionar de forma
irregular, possa causar.
Cabe o coletivo? Sim, desde o
micro até o articulado, cidades
de pequeno, médio e grande
porte devem conviver com o
veículo do tipo ônibus por muitos anos. Mas as exigências aos
técnicos que projetam os sistemas de transporte devem ser
cada vez maiores. Os sistemas
devem ser inteligentes e integrados, incentivando muito mais
do que a rapidez.
Apesar de haver muita evolução no transporte público em
algumas cidades, em outras ainda reina um tipo de mobilidade
débil com sobreposição de linhas, disputa de passageiros,
sobreposição de sistemas alter32
nativos nem sempre autorizados
– o transporte clandestino – e
planejamentos de prazo curto e
que mudam a cada nova posse
de prefeito ou governador. Não
se pensa de forma global e investimentos passados são enterrados nas obras que criam os
modelos com a cara do novo
administrador público que assumiu.
BRTs já estão errados desde a
sua gênese se ligados apenas
seguindo a ideia desta sopa de
letrinhas que virou moda. Além
de rápidos, os sistemas devem
ser inteligentes, porque transportar as pessoas de um canto a
outro de modo rápido não é tão
difícil assim. Mas transportá-las
com qualidade através de veículos confortáveis, pessoal operacional bem treinado, mobilidade
múltipla, harmonização dos sistemas com a cidade, sistemas
de cobrança com integração com
outros modais, e com valor justo
às camadas mais pobres da população, é o dilema que as faculdades de engenharia não
bastam para resolver. Pensar o
social e não apenas a rapidez
deveria ser o lema da mobilidade.
Posso estar sendo apenas mais
um a apontar um monte de falhas no modo como os projetos,
idéias e discussões estão sendo
desenvolvidos no tocante a BRTs
e sistemas de maior porte. Mas,
pelo menos, eu também estou
seguindo a moda!
* Osvaldo Teodoro Born - mantenedor do site www.omnibus.com.br.
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O transporte de passageiros analisado de maneira inteligente
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