O Aparelho de Herbst e suas Variações
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O Aparelho de Herbst e suas Variações
Artigo Inédito O Aparelho de Herbst e suas Variações The Herbst appliance and its variations Resumo Alexandre Moro Acácio Fuziy Marcos Roberto de Freitas José F. Castanha Henriques Guilherme R. P. Janson O tratamento da má-oclusão de Classe II depende, tradicionalmente, da cooperação do paciente na utilização de aparelhos funcionais removíveis, de elásticos de Classe II, e/ou de aparelho de ancoragem extrabucal. O aparelho de Herbst, ao contrário, utiliza um sistema telescópico cimentado sobre os dentes do paciente, que permanentemente posiciona a mandíbula para frente, eliminando, dessa forma, a necessidade de cooperação do paciente. Esse aparelho foi introduzido por Emil HERBST em 1905, e, após vários anos de esquecimento, foi reintroduzido por PANCHERZ em 1979. Desde então, várias formas de utilização desse aparelho têm sido preconizadas por diferentes autores. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo descrever alguns tipos de inserção do mecanismo de Herbst nos arcos dentários. Introdução O tratamento da má-oclusão de Classe II de Angle é de grande interesse para o ortodontista clínico, pois ela constitui uma porcentagem significativa dos casos Unitermos: Má-oclusão de Classe II; Crescimento mandibular; Aparelho de Herbst. Alexandre Moro A Acácio Fuziy B Marcos Roberto de Freitas C José Fernando Castanha Henriques Guilherme R. P. Janson C A B C D tratados na clínica diária. Há várias maneiras de corrigir a máoclusão de Classe II, como, por exemplo, pela distalização dos molares superiores, mesialização dos molares inferiores, inibição do crescimento maxilar, incremento do crescimento mandibular ou por uma combinação desses vários fatores. Após os estudos de MOYERS et al.31, em 1980, e de McNAMARA Jr.26, em 1981, que demonstraram que uma das maiores alterações esqueléticas nos pacientes com má-oclusão de Classe II é a retrusão mandibular, houve um grande interesse por parte dos ortodontistas no estudo de aparelhos que pudessem estimular ou incrementar o crescimento mandibular30. Muitos aparelhos ortopédicos funcionais destinados a estimular o crescimento mandibular, como o Bionator, o aparelho de Fränkel, o Ativador, são removíveis e, por isso, dependem da colaboração do paciente na sua utilização. No início deste século, Emil HERBST12,13 idealizou um aparelho fixo para fazer avançar a mandíbula e corrigir a Classe II, sem a necessidade da colaboração direta do paciente na sua utili- D Mestre pela UNESP, Doutorando em Ortodontia pela FOB-USP, Prof. do Departamento de Anatomia da UFPR, Prof. dos Cursos de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da UFPR e ABO Curitiba - PR. Mestre pela UNESP-Araraquara. Doutorando em Ortodontia pela FOB-USP. Professor Associado do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da FOB-USP. Professor Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da FOB-USP e Coordenador do Curso de Pósgraduação em nível de Doutorado. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.35-41 - mar./abr. - 2000 35 zação. Esse aparelho foi projetado para ser utilizado 24 horas por dia, e o efeito do tratamento pode ser alcançado em um curto período de tempo (6 a 12 meses). O aparelho de Herbst utiliza um sistema telescópico bilateral com pistão e tubo, soldado nas bandas, que são cimentadas nos dentes para permanentemente posicionar a mandíbula numa posição anterior; com isso, os músculos que fazem a retrusão da mandíbula geram uma força de distalização nos dentes superiores, enquanto simultaneamente é desenvolvida uma força mesial contra o arco inferior. Após ter sido esquecido pela comunidade ortodôntica por um longo período, o aparelho de Herbst foi reintroduzido por PANCHERZ33 em 1979. A redescoberta do aparelho despertou grande interesse clínico, sendo que vários sistemas de inserção do mecanismo do aparelho de Herbst nos arcos dentários já foram descritos na literatura23. Além disso, durante os últimos 20 anos, um grande número de pesquisas10,11,19,21,28,33-38,41,44 avaliou os efeitos dentários e esqueléticos do tratamento com esse aparelho. O aparelho de Herbst não é uma panacéia terapêutica; mas, quando o diagnóstico e a seleção do paciente são realizados apropriadamente, ele pode rotineiramente tratar com sucesso casos difíceis de má-oclusão de Classe II, em pacientes que não são bons colaboradores durante o tratamento43. Este artigo destina-se a discutir algumas das várias formas para a aplicação do sistema telescópico de Herbst. Evolução do aparelho de Herbst Emil HERBST introduziu seu aparelho durante um congresso odontológico internacional, em 1905, em Berlim13. O aparelho consistia de 4 pivôs, 4 parafusos e 2 sistemas telescópicos. Cada sistema telescópico consistia de um pistão e de um tubo. Em uma das extremidades de cada pistão e de cada tubo havia um pequeno anel por onde passava o parafuso para fixar o sistema telescópico aos pivôs; A B FIGURA 1 - Aparelho utilizado por HERBST vista frontal. 12 no início do século. A) vista lateral, B) A B C D FIGURA 2 - Aparelho de Herbst com “splint” de acrílico. A) vista lateral direita, B) vista frontal, C) vista lateral esquerda, D) detalhe oclusal inferior. estes estavam soldados nas bandas, normalmente situadas nos primeiros molares superiores e nos primeiros pré-molares inferiores, ou a armações que cobriam os segmentos posteriores superiores e inferiores. Até a década de 30, HERBST13 só havia utilizado prata, passando a recomendar a utilização do ouro para confeccionar o aparelho (FIG. 1), pois ele deveria ser usado por, no mínimo, nove meses. Também afirmava que finas coroas/ capas poderiam ser utilizadas em vez das bandas. Utilizava um fio de 0,9 mm passando pela face palatina dos dentes superiores e inferiores, ligando as bandas ou coroas. Assim sendo, Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.35-41 - mar./abr. - 2000 descreveu inúmeras formas de aplicação do sistema telescópico, inclusive para casos de dentadura mista. Em 1979, PANCHERZ33 publicou uma pesquisa onde utilizou uma amostra de 20 pacientes com má-oclusão de Classe II, que foram tratados com o aparelho de Herbst. Chamou a atenção para a possibilidade de se estimular o crescimento mandibular utilizando esse aparelho; ele afirmou que estaria mais indicado nos casos que apresentassem mandíbula retrognática e incisivos inferiores com inclinação lingual. Quando descreve o aparelho de Herbst, PANCHERZ35 considera importante a forma de aplicação da ancora36 A B C D FIGURA 3 - Aparelho de Herbst com coroas de aço nos primeiros molares superiores e “splint” de acrílico no arco inferior. A) vista lateral direita, B) vista oclusal superior, C) vista oclusal inferior, D) vista frontal. gem para a sua utilização. No sistema com ancoragem parcial, os primeiros molares e os primeiros pré-molares superiores são bandados e conectados por arcos linguais seccionais soldados. No arco inferior, os primeiros pré-molares inferiores são bandados e conectados por um arco lingual contínuo. No sistema com ancoragem total, mais unidades dentárias são adicionadas. No arco superior, um arco vestibular é inserido nos bráquetes dos primeiros pré-molares, caninos e incisivos. No arco inferior, o arco lingual é estendido até os primeiros molares, que também são bandados. Na versão atual, que começou a ser utilizada na década de 90, as bandas são substituídas por “splints” metálicos confeccionados a partir de uma liga de cromocobalto e que são cimentados nos dentes com ionômero de vidro. Esse novo sistema, segundo o autor, assegura um encaixe preciso nos dentes, é resistente e higiênico, poupa tempo no atendimento e causa poucos problemas clínicos. Em 1982, LANGFORD22, após ter tratado 30 pacientes com o aparelho de Herbst contendo bandas nos primeiros molares superiores e inferiores e nos primeiros pré-molares inferiores, resolveu alterar a forma de confecção do aparelho devido às sucessivas que- bras na região da solda na banda dos pré-molares inferiores. Passou a substituir as bandas por coroas de aço nos primeiros molares superiores e nos primeiros pré-molares inferiores. HOWE14, em 1982, descreveu alguns dos problemas encontrados com a utilização do aparelho de Herbst com bandas nos primeiros molares superiores e inferiores, e nos primeiros prémolares inferiores, como: aplicação apenas nos casos onde os pré-molares já haviam irrompido, evitando o seu uso na dentadura mista; quebras sucessivas na solda dos pré-molares inferiores; intrusão dos primeiros prémolares inferiores com conseqüente redução do comprimento efetivo do sistema telescópico, diminuindo, assim, a ativação do aparelho. Essa intrusão também pode levar ao abaixamento do arco lingual, com possível lesão na gengiva. Além disso, existe a possibilidade de fratura nos incisivos, pois, quando esse sistema faz a mandíbula avançar, os dentes posteriores desarticulam-se, deixando apenas os incisivos em oclusão. Para solucionar esses problemas, HOWE14 propôs a utilização de bandas nos primeiros molares e pré-molares superiores juntamente com um “splint” de acrílico colado Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.35-41 - mar./abr. - 2000 nos dentes inferiores. No ano seguinte, HOWE15, e HOWE; McNAMARA Jr.17 propuseram a utilização do sistema de Herbst com “splints” colados tanto na maxila quanto na mandíbula (FIG. 2). Além disso, HOWE15 também citou a utilização em conjunto de aparelhos auxiliares, como, tubos auxiliares para arco Base superior, disjuntor palatino, almofadas labiais inferiores do tipo Fränkel, placa lábio-ativa e mentoneira com tração vertical. Em 1984, HOWE16 comentou que a utilização do aparelho de Herbst com “splints” colados nos arcos superior e inferior envolve certo grau de risco para o paciente, devido à possibilidade eventual de haver descalcificação dos dentes, cáries e fraturas do esmalte na remoção do aparelho. Citou que possíveis soluções para esses problemas estariam na utilização de um aparelho híbrido com coroas superiores de aço e um “splint” inferior removível, ou então na utilização de um “splint” removível no arco inferior ou em ambos os arcos. Em 1988, McNAMARA Jr. e HOWE27 propuseram que, na maioria dos casos, os “splints” não deveriam ser colados. Eventualmente, como nos casos com disjuntor, a porção superior poderia ser colada inicialmente, passando a ser removível posteriormente. Também contra-indicaram a utilização do aparelho de Herbst com “splint” de acrílico nos casos com uma pequena dimensão vertical, pois esse aparelho evita o desenvolvimento facial vertical. Em 1998, LAI e McNAMARA Jr. 21 realizaram um estudo cefalométrico do tratamento em duas fases com o aparelho de Herbst e a terapia com Arco de Canto pré-ajustado. Em 90% dos casos, foi utilizado o aparelho de Herbst com “splint” de acrílico removível nos arcos superior e inferior. VALANT e SINCLAIR41, em 1989, realizaram um estudo com um aparelho de Herbst constituído por coroa de aço nos primeiros molares superiores e um “splint” de acrílico recobrindo a superfície oclusal dos dentes do arco inferior (FIG. 3). Esse sistema permitia a remoção temporária do compo37 A B FIGURA 4 - Aparelho de Herbst com “cantilever” (CBJ). A) vista lateral direita, B) vista oclusal superior e inferior. nente mandibular facilitando a higiene bucal e os ajustes para os dentes que estavam irrompendo. Nesse estudo, observaram uma vestibularização dos incisivos inferiores menor que quando da utilização do sistema com bandas. Em 1994, ZREIK45, após experimentar várias formas de sistemas para o aparelho de Herbst, concluiu que a utilização de coroas de aço nos primeiros molares superiores e de uma placa de acrílico removível no arco inferior tem as seguintes vantagens: aumenta a ancoragem, promovendo, assim, maior correção esquelética e menor vestibularização dos incisivos; reduz a possibilidade de descalcificações; torna o aparelho mais apto a promover um efeito semelhante ao do aparelho de ancoragem extrabucal. Além disso, tubos duplos poderiam ser soldados às coroas de aço para a utilização simultânea de arcos Base, seccionais ou contínuos. Em 1994, MAYES24 introduziu o aparelho de Herbst com “cantilever” (“Cantilever Bite-Jumper” – CBJ). Esse sistema utiliza quatro coroas de aço nos primeiros molares superiores e inferiores, e um “cantilever” soldado nas coroas dos primeiros molares inferiores, o qual se estende em direção anterior até a área dos pré-molares e caninos para o posicionamento do pivô do arco inferior (FIG. 4). Entre algumas vantagens proporcionadas por esse aparelho, cita que não há partes removíveis e, portanto, a cooperação não é um problema, fazendo com que o tempo de tratamento e os resultados A B C D FIGURA 5 - Aparelho de Herbst tipo II com sistema “Flip Lock” (“TP Orthodontics”). A) vista lateral direita, B) vista oclusal superior, C) vista frontal, D) vista oclusal inferior. 29,40 sejam mais previsíveis. Comparadas às bandas, as coroas são adaptadas mais facilmente e apresentam uma melhor retenção. Além disso, o aparelho é de fácil adaptação e limpeza para o paciente. A partir de 1996, esse aparelho começou a ser comercializado (“Ormco Corporation”) em kits contendo todas as peças necessárias para sua instalação, sendo que os pivôs passaram a vir pré-soldados nas coroas superiores e nos “cantilevers” inferiores25. Isso gerou uma grande facilidade para sua aplicação clínica, pois reduziu o serviço laboratorial, necessitando apenas da confecção de um arco lingual e de um arco transpalatino (nos casos com expansão superior) para a sua instalação. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.35-41 - mar./abr. - 2000 Em 1996, MILLER29 introduziu o sistema “Flip Lock” (“TP Orthodontics”), que reduz o número de partes integrantes do sistema, as quais podem levar a quebras e falhas. Além disso, não possui parafusos para a fixação, mas tem um conector em forma esférica, que participa da articulação, tornando mais simples a retenção (FIG. 5). O sistema fornece uma ampla variação de movimentação da mandíbula. A adaptação na maxila também dispensa a utilização de parafusos, possuindo um simples sistema de encaixe, o qual foi desenhado para prevenir a remoção acidental ou intencional pelo paciente. Na atualidade, há uma grande tendência em se utilizar os sistemas com 38 Qual seria o aparelho ideal? A B C D FIGURA 6 - Utilização do sistema telescópico de Herbst com aparelho fixo. A) vista lateral direita. B) vista oclusal superior. C) vista oclusal inferior. D) vista frontal. coroas de aço6-8,40, auxiliados ou não por bandas na sustentação, principalmente porque podem ser utilizados em conjunto com a expansão superior e/ou inferior, com aparelhagem fixa, mecânicas de intrusão, mesialização dos molares inferiores (fechamento de espaços de agenesias dos segundos pré-molares inferiores), distalização molar superior (em conjunto com o Pendulum, por exemplo); podem também ser usados unilateralmente, bilateralmente e em casos assimétricos. Os desenhos dos aparelhos têm-se tornado cada vez mais sofisticados para fornecer aplicações multifuncionais baseadas no planejamento do tratamento (NOBLE32, 1999). Sistema para aparelhos fixos A utilização irregular de elásticos intermaxilares pelos pacientes e os benefícios potenciais de se posicionar a mandíbula anteriormente por meio dos aparelhos funcionais levou CLEMENTS Jr. e JACOBSON3 a desenvolverem o “splint” de reposicionamento mandibular anterior (MARS) em 1982. Esse aparelho era constituído por um par de sistemas telescópicos, que possuíam as extremidades inseridas nos arcos superior e in- ferior do aparelho fixo por meio de um sistema de travas. As vantagens do aparelho seriam que ele não necessitaria de solda nem de procedimentos laboratoriais extensivos para a sua instalação, teria mínima incidência de quebra, não intruiria os caninos, seria facilmente colocado no arco ou removido dele e poderia ser colocado numa época apropriada durante o tratamento. Outros autores, como JONES20, em 1985; SCHIAVONI, BONAPACE e GRENGA39, em 1996 e HAEGGLUND e SEGGERDAL9, em 1997, também descreveram a utilização do aparelho de Herbst em conjunto com a aparelhagem fixa para o tratamento da má-oclusão de Classe II (FIG. 6). Além desses sistemas para a utilização com aparelho fixo, muitos outros tipos foram desenvolvidos nos últimos anos, empregando-se principalmente molas ou fios em conjunto com molas para substituir o sistema telescópico do aparelho de Herbst; como exemplos, temos: o “Jasper Jumper” 1 , em 1991; o “MPA” 4 , em 1995; o “Bite Corrector” 42, em 1995; o “Eureka Spring” 5 , em 1997; o “Universal Bite Jumper” 2 , em 1998; e o “Superspring II” 18, em 1999. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.35-41 - mar./abr. - 2000 Ao se avaliar a literatura, observase que, devido à falta de cooperação dos pacientes no uso de aparelhos funcionais removíveis e elásticos de Classe II, os ortodontistas têm procurado um aparelho intrabucal, para fazer a mandíbula avançar e promover a correção da Classe II, que possua as seguintes características: a - seja simples para instalar, não precisando de arcos especiais nem de procedimentos laboratoriais extensivos; b - requeira pouco tempo para a instalação e para o seu ajuste; c - seja pouco intrusivo, não lesando os tecidos bucais, permitindo ao paciente comer com conforto e realizar normalmente os procedimentos de higiene; d - produza uma correção rápida e previsível, aplicando forças contínuas sem a participação ativa do paciente; e - seja suficientemente resistente para evitar as quebras; f - seja, estética e funcionalmente, aceitável por parte do paciente; g - tenha um custo razoável e não requeira um investimento alto no estoque; h - possua uma ótima direção para a força aplicada. Classificação e indicações para o aparelho de Herbst. Os aparelhos de Herbst com coroas de aço são classificados em três tipos. Todos possuem coroas de aço nos primeiros molares superiores e a sua diferenciação está no arco inferior. É importante ressaltar que nenhum tipo que se considera único será efetivo no tratamento de todas as más-oclusões de Classe II (MILLER29, 1996; SMITH40, 1998). Tipo I: Utiliza um “cantilever” apoiado na coroa de aço dos molares inferiores, o qual se estende até a região do primeiro molar decíduo ou primeiro pré-molar. Um arco lingual com espessura de .045” conecta as coroas 39 dos primeiros molares inferiores, possuindo também um apoio oclusal nos segundos molares decíduos. É um dos desenhos mais populares e versáteis do aparelho de Herbst, tendo como desvantagem, o fato de que o mecanismo espesso pode causar irritação na bochecha do paciente, principalmente nos pacientes mais novos (7 a 9 anos). Indicações: - pacientes com dentadura mista não colaboradores e com retrognatismo mandibular; - pacientes com dentadura mista, nos quais a má-oclusão de Classe II causa problemas emocionais, sendo que a correção deve ser realizada precocemente para aumentar a sua autoestima; - Classe II com mordida aberta e ângulo do plano mandibular acentuado; - Classe II com deficiência significativa no comprimento do arco e des- vio das linhas médias dentárias; - casos que serão tratados com extrações. Tipo II: As coroas de aço são colocadas nos primeiros pré-molares inferiores e conectadas por meio de um arco lingual (.045”) às bandas situadas nos primeiros molares. É considerado o mais estético e confortável. Indicações: - pacientes com dentadura permanente; - casos com Classe II e mordida profunda com baixo valor para o ângulo do plano mandibular. Tipo III: O desenho é o mesmo do tipo II, entretanto, não há uma conexão rígida entre as bandas e as coroas inferiores. Indicações: - como ancoragem para o segmento ântero-inferior durante o fe- chamento de espaços nos casos com agenesia de segundos pré-molares inferiores; - durante o fechamento do espaço do primeiro molar inferior. Conclusões Existem diversas formas de sistemas do aparelho de Herbst para a correção da Classe II. Aparentemente, ainda não há um sistema ideal, sendo que cada um apresenta as suas vantagens, suas desvantagens e também sua melhor indicação. Um sistema único não vai ser capaz de resolver todas as más-oclusões de Classe II. Portanto, cabe ao clínico conhecer as diversas formas para que possa indicar a melhor para cada paciente individualmente. Agradecimento Os autores agradecem ao técnico Luiz Sergio Vieira, responsável pela confecção dos aparelhos. Abstract Usually, Class II treatment depends upon patient compliance with removable functional appliances, Class II elastics, and/or extraoral appliance. The Herbst appliance, by contrast, uses a cemented telescopic assembly to permanently position the mandible for ward, eliminating the need for patient cooperation. This appliance was introduced by EMIL HERBST in 1905 and after being forgotten for many years it was reintroduced by PANCHERZ in 1979. Many variations of the design of this appliance have been developed over the years by different authors. Therefore, the objective of this article is to describe some types of attachment of the Herbst mechanism to the dental arches. Class II malocclusion; Mandibular growth; Herbst appliance. Uniterms: Referências Bibliográficas 01 - BLACKWOOD III, H. O. Clinical management of the Jasper Jumper. J Clin Orthod, v.25, n.12, p.755-760, Dec. 1991. 02 - CALVEZ, X. The universal bite jumper. J Clin Orthod, v.32, n.8, p.493-500, Aug. 1998. 03 - CLEMENTS JR., R.M.; JACOBSON, A. The Mars appliance. Am J Orthod, v.82, n.6, p.445-455, Dec. 1982. 04 - COELHO FILHO, C. M. 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