Frecuencia Latinoamérica
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Frecuencia COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA Edição Brasil - Ano 8 - Nº 55 Março 2004 Latinoamérica www.frecuenciaonline.com Venezuela aposta em novos investimentos Tendências em debate na Telexpo 2004 Rumo NORTE Inovação conduz o futuro das redes sem fio EDITORIAL FRECUENCIA Nº 55 Março 2004 www.frecuenciaonline.com DIRETORA & EDITORA-CHEFE Ana María Yumiseva [email protected] DIRETORA EDITORIAL Graça Sermoud [email protected] EDITORA EXECUTIVA Ana Paula Lobo [email protected] EDITORA ASSISTENTE Clara Persand [email protected] CORRESPONDENTES Argentina - Elías Tarradellas Ecuador - Jaime Yumiseva Perú - Marco Villacorta Miami - Andres Velazquez CIRCULAÇÃO Carmen Burgos [email protected] WEBMASTER Danilo Bilbao [email protected] TRADUTORA Ana Cristina Gonçalves ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS Carmen Luz Yumiseva ESCRITÓRIOS REGIONAIS ITP EDITORIAL – BRASIL Avenida Cidade Jardim, 400 – 20 Andar São Paulo, SP – CEP: 01454-000 Tel: 55-11-3818-0848 Fax: 55-11-3818-0899 ITP EDITORIAL – REGIÃO ANDINA Av. Eloy Alfaro 3822 y Gaspar de Villaroel Quito – Ecuador Tel: 593-22-422-568 Fax: 593-22-424-871 REDAÇÃO FRECUENCIA/ BRASIL Av. Ibirapuera, 2907 / conj: 121 Moema - São Paulo – CEP: 04029-200 Telefones: 55-11-5053-9828 / 9829 FAX: 55-11-5053-9838 Impressão Henel Indústrias Gráficas Ltda. www.henel.com.br Edição de Arte e Diagramação Pedro R Costa [email protected] FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula dez vezes no ano e é distribuída às empresas e executivos do mercado de telecomunicações sem fio. Assinatura anual: Latinoamérica, EUA e Canadá: US$ 75. Europa e Ásia: US$ 95. Direitos Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta publicação sem prévia autorização da direção. As opiniões contidas na revista Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos autores e não necessariamente a da ITP Editorial. Tempo de renovação Desde que o primeiro telefone surgiu, em 1876, a indústria de telecomunicações revolucionou a economia. Nos últimos 100 anos, os avanços foram excepcionais, apesar das turbulências políticas, sociais e econômicas no mundo. Motivo? A aposta constante na inovação. A maior prova dessa afirmativa está na ascensão da comunicação sem fio. Até pouco tempo, ela era desfrutada somente pelos que tinham recursos financeiros para pagar pelo produto. Hoje, a telefonia móvel celular está disseminada por todas as camadas sociais. Na América Latina, por exemplo, os terminais móveis já superam os fixos em vários países, entre eles, o Brasil e a Argentina. A tecnologia wireless renova o ânimo de uma indústria que, nos últimos três anos, passou da euforia da bonança à drástica queda da demanda de serviços e produtos. Projetar o futuro em meio a uma crise é um desafio que exige muita disciplina, mas foi uma determinação cumprida à risca pelo setor. Hoje, os frutos começam a ser colhidos. O cenário da "comunicação em qualquer lugar, a qualquer hora" não parece difícil de ser atingido, pelo menos do ponto de vista tecnológico. A tão sonhada convergência começa a ser pavimentada com o desenvolvimento de novas soluções e tecnologias, que prometem muito mais do que incrementar a velocidade da transmissão de dados. A reportagem especial desta edição trata exatamente do tema. Mas tecnologia só não basta. Ela tem que estar a serviço do combate à exclusão social e digital, especialmente na América Latina. E, mais uma vez, a comunicação sem fio parece ser a melhor receita para levar às regiões mais carentes a infraestrutura de acesso aos serviços de voz, dados e imagens. Graça Sermoud Como podemos perceber, as novidades não param. Este é o nosso compromisso: acompanhar de perto, com olhar atento e crítico, a evolução da comunicação na região. Neste sentido, FrecuenciaLatinoamérica prepara, para a próxima edição, o TOP 10 OPERATORS. Com a participação de um conselho de especialistas de mercado, será elaborado um ranking que apontará as operadoras móveis que mais se destacam na região. Critérios como inovação e qualidade de serviço serão essenciais. Até lá! Ana Paula Lobo Equipe editorial COMERCIAL Latinoamérica, USA y Europa GERENTE de VENDAS & MARKETING Sara Astoul 475 Biltmore Way, Suite 308 Coral Gables, Fl 33134-5756 tel: 305-567-2492 [email protected] Argentina Edgardo Muchnik Defensa 649 - 4º “D” C1065 - Capital Federal Buenos Aires tel: 15-4182-2565 [email protected] Ásia Ben Sanosi interAct Group 10 Anson Road No. 11-17 International Plaza Singapore 079903 Tel/Fax: +65 68770418 [email protected] Brasil Avenida Cidade Jardim, 400 20 Andar - CEP: 01454-000 São Paulo, SP Tel: 55-11-3818-0848 Fax: 55-11-3818-0899 FRECUENCIA – MARÇO 2004 MATRIZ ITP Editorial 475 Biltmore Way, Suite 308 Coral Gables, FL 33134-5756 3 Í N D I C E 06 NOTÍCIAS DOS PAÍSES 10 ENTREVISTA 12 TECNOLOGIA Rosa dos O diretor da Intel para a América Latina, David Hite, enfatiza que reduzir as exclusões social e digital é tarefa prioritária na região. A educação fomenta idéias, que geram novos negócios e ampliam a receita. Software e comunicação sem fio são estratégicos para a gigante de processadores. VENTOS Comunicação a qualquer hora, em qualquer lugar. Este foi o desafio que a indústria de telecomunicações se impôs para sobreviver às turbulências de uma economia globalizada e à drástica queda da demanda por serviços. Nessa estratégia, a tecnologia sem fio brilha. FRECUENCIA – MARÇO 2004 REGIONAL VENEZUELA 4 22 Ainda sob o impacto de uma das maiores crises política, econômica e social de sua trajetória, o País decide apostar num ano de retomada de investimentos. Em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, o presidente da Telcel Bell South, Enrique García Viamonte, revela seus planos de expansão e diz que vai apelar da decisão judicial que impôs uma sanção milionária à operadora. 26 MERCADO 30 APLICAÇÃO A Telexpo 2004 será palco de debates e decisões técnicas e políticas relevantes para o cenário brasileiro e latinoamericano. A exposição, que reúne os principais players do setor, promete discutir temas importantes, entre eles, a regulamentação dos serviços Wi-Fi. Cidadania digital. A maior parte da população da região não tem acesso à Internet e está fora do processo de globalização. Quais são as saídas para reduzir esse índice de exclusão? ENVIE SUAS OPINIÕES E COMENTÁRIOS PARA [email protected] NOTÍCIAS CHILE Subtel reage à ação judicial da Chilesat... Segundo informações apuradas com operadoras chilenas, a Subsecretaria de Telecomunicações, Subtel, apresentará, em breve, um regulamento para definir as tarifas de cobrança extra por serviços de valor agregado na telefonia móvel (linhas 800 e 700, entre outras). A nova norma é necessária porque a Chilesat contesta, judicialmente, o decreto tarifário que impôs uma redução de até 26,5% no custo da tarifa de interconexão. A partir da regulamentação, a Controladoria Geral da República poderá fiscalizar as ações das operadoras. Segundo fontes do mercado local, a Chilesat contesta a decisão da Subtel sob a alegação de que o novo decreto tarifário dá margem a cobranças abusivas por parte das operadoras de telefonia móvel, que ficam com o direito de definir um preço para as cobranças extras para a oferta dos serviços de valor agregado. FRECUENCIA – MARÇO 2004 ... e operadoras deflagram campanha publicitária 6 A ação judicial movida pela Chilesat na Controladoria Geral da República não impedirá que a Subtel, órgão regulador chileno, fiscalize a adoção da nova legislação no mercado, asseguram fontes das operadoras. Segundo as empresas de comunicações móveis, a Chilesat questiona apenas os aspectos relativos às tarifas de serviços de valor agregado, entre eles, o da chamada a cobrar e dos produtos 600, 700 e 800. Os custos de interconexão representam cerca de 95% do valor de uma ligação. Devido à nova legislação, as empresas celulares deflagraram uma intensa campanha publicitária para incentivar o aumento do tráfego entre redes fixas e móveis. ARGENTINA Celulares móveis superam os fixos Dois anos depois de países como Brasil e Chile, a Argentina registrou um número maior de telefones móveis em relação aos terminais fixos. Em dezembro do ano passado, o País contabilizou 7.842 milhões de assinantes no serviço celular. Já as linhas fixas totalizaram 7.745 milhões. De acordo com analistas, o principal motivo para o atraso da Argentina em comparação aos demais países da região foi a grave crise econômica de 2001, quando o mercado de celulares perdeu cerca de 600 mil assinantes. Com os sinais de recuperação, o mercado retomou o ritmo de crescimento no ano passado. Em 2003, informam os analistas, cerca de 1,4 milhão de usuários incrementaram a base da telefonia móvel na Argentina. URUGUAI Antel investirá US$ 58 milhões Ainda este mês, a operadora móvel celular do Uruguai, Antel (Administración Nacional de Telecomunicaciones) planeja ativar o serviço de acesso à internet para atender à demanda das áreas rurais do País. "Queremos expandir a oferta da telefonia móvel nessas regiões, onde não há o acesso aos serviços de voz e dados", informa o diretor da Antel, Oscar Alvarez. A operadora anunciou ainda que irá investir US% 58 milhões na implantação de uma rede GSM/GPRS. A expectativa da carrier é expandir a nova infraestrutura para todo o País e iniciar a oferta de novos serviços a partir de julho. Com a decisão de incorporar novos serviços ao seu portfólio, a Antel estima faturar mais de US$ 500 milhões em 2004. No ano passado, a receita da operadora ficou em US$ 470 milhões. HONDURAS Megatel implanta 20 mil novas linhas Com o respaldo do programa "Telefonia para Todos", lançado pelo governo de Honduras, a Megatel anunciou que irá instalar 20 mil novas linhas telefônicas em mais de 500 comunidades, distribuídas em 16 cidades do País. O gerente de operações da Megatel, Iván Pastor, informou que a operadora planeja adotar diversas tecnologias no projeto, entre elas GSM. As novas linhas vão atender às demandas dos usuários residenciais e das pequenas e médias empresas, que hoje não têm acesso aos serviços de telefonia e de acesso à Internet. NOTÍCIAS COLÔMBIA Licitação para expansão de rede Ainda este ano, a Colômbia Móvil abrirá uma licitação para expandir sua rede no País. Nortel, Nokia, Alcatel e Ericsson disputam a concorrência, que prevê a instalação de 250 novas ERBs. O investimento previsto é de US$ 60 milhões. Até o final de março, a operadora também pretende eliminar, com a adoção de novos equipamentos, as falhas de transmissão registradas pelos assinantes nos últimos dois meses. A intenção da carrier é incrementar a capacidade da sua rede em 10%. Com pouco mais de três meses de operação, a Colômbia Móvil tem planos audaciosos. A operadora estima ter em abril 1,2 mihão de assinantes. No final de fevereiro, a carrier somava 750 mil clientes. BRASIL Brasil Telecom escolhe fornecedores Em um prazo de 13 meses, a Brasil Telecom quer conquistar um milhão de assinantes para as operações de telefonia móvel celular. Os novos serviços deverão estar disponíveis comercialmente entre maio e junho deste ano. Segundo a presidente da carrier, Carla Cicco, os investimentos na área de telefonia móvel serão de US$ 300 milhões até 2005. A tecnologia escolhida pela BrT foi a GSM - até o fechamento desta edição, a operadora não havia anunciado os seus fornecedores. Disputam a concorrência, os fornecedores Alcatel, Siemens, Nokia e Ericsson. No total, deverão ser instaladas cerca de 1.500 ERBs na região de atuação da carrier, Centro Sul do Brasil. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Telemar e Oi instalam rede Wi-Fi no Maracanã 8 O maior estádio do mundo, o Maracanã, localizado no Rio de Janeiro e palco dos principais jogos de futebol do Brasil, é o mais novo hot spot da tecnologia Wi-Fi. No final de fevereiro, a Telemar e a sua empresa de telefonia móvel celular, a Oi, instalaram uma rede de acesso sem fio no estádio. A partir de uma rede que combina os serviços Velox, de banda larga via ADSL e o WiFi, visitantes, torcedores e profissionais da imprensa já podem ter acesso à internet sem fio em alta velocidade durante os jogos. A velocidade de conexão pode chegar a 11 Megabits por segundo (Mbps). A cobertura do estádio é obtida por meio de um único access point da fornecedora israelense Alvarion. A implantação da rede sem fio e a integração dos hotspots foram feitas pela empresa FTD Comunicação de Dados. A rede levou aproximadamente três meses para ser desenvolvida e, há um mês e meio, está em projeto piloto. Os freqüentadores do Maracanã que tiverem equipamentos com placas Wi-Fi poderão desfrutar do serviço, gratuitamente, até o mês de abril. A operadora ainda não definiu como será feita a cobrança, nem revelou o valor investido na infra-estrutura. MÉXICO Três milhões de novos usuários Dentre os 10 principais mercados de telefonia móvel da América Latina, o México ocupa a segunda posição, com pouco mais de 29 milhões de assinantes. O Brasil é o líder da região, com cerca de 43 milhões de usuários, informa a associação 3G Américas. De acordo com a entidade, o México deverá contabilizar cerca de três milhões de novos assinantes ao longo deste ano. Atualmente, existem quatro operadoras de telefonia móvel no País: Telcel, que detém quase 80% do mercado, Telefônica, com 10% de participação, Unefon, com 6% e Iusacell, com 5%. Segundo a EMC World Cellular, existem, hoje, no México, três vezes mais telefones móveis do que computadores. Telefónica Móviles quer mercado corporativo A operadora deflagrou uma série de ações para acirrar a competição no mercado mexicano. No segmento corporativo, a aposta concentra-se na Rede Avançada Movistar, lançada durante a Expo Comm México 2004, evento que reuniu os principais players do setor de telecomunicações no País. A nova plataforma é uma rede privada (VPN), que atenderá clientes empresariais, com a oferta de tarifas preferenciais. A intenção é prover o serviço, em nível nacional, para toda e qualquer corporação com 10 ou mais linhas telefônicas. Simultaneamente, a operadora iniciou uma agressiva campanha de preços. Uma chamada de longa distância, sem qualquer adicional de roaming, custará meio peso por minuto (onze pesos equivalem a US$ 1, aproximadamente). A expectativa da Telefónica Móviles é ampliar sua base de clientes em 25% este ano. No ano passado, a operadora possuía 3,5 milhões de assinantes. NOTÍCIAS Impsat fecha primeiro contrato Global Solutions Venezuela e Equador selam acordo de cooperação O primeiro cliente da plataforma Global Solutions, da Impsat, é uma multinacional com filiais em vários países da região. Lançada no final de janeiro, a plataforma permite a oferta de serviços de comunicação de voz, comunicação entre computadores de missão crítica, videoconferência, e-mails e acesso à Internet. "O contrato já está assinado e o cliente adotou a solução para incrementar seus negócios. As empresas precisam de alta qualidade em serviços de comunicação e agora reunimos, num único produto, a oferta de serviços de dados, internet, data center e telefonia", revela Pablo Yanes, diretor da divisão de dados da Impsat na América Latina. A Impsat Global Solutions possui pontos de presença na Argentina, Chile, Brasil, Venezuela, Equador, Peru, Colômbia e Estados Unidos. Com isso, a provedora amplia sua cobertura de infra-estrutura para países da América Central, Caribe, Europa e Ásia. "Queremos fechar o ano com pelo menos 40 usuários nesta nova plataforma", finaliza Yanes. Estabelecer uma política comum de regulamentação e investimentos. Este é o principal objetivo do acordo de cooperação assinado em fevereiro pelos órgãos reguladores do setor de telecomunicações dos dois países. "Precisamos fortalecer os laços entre os países para ampliarmos a oferta de serviços de última geração aos consumidores", afirmou o presidente da Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela, Alvin Lezama. O presidente do Conatel equatoriano, Freddy Rodríguez, destacou a importância do estabelecimento de uma política única para a regulamentação de novos serviços nos dois países. "Atrair investimentos é questão essencial para o nosso setor e uma política padrão pode nos ajudar a trazer aportes externos", finalizou o executivo. FRECUENCIA – MARÇO 2004 AMÉRICA LATINA 9 EMPRESÁRIOS INCLUSÃO é o mote para novos negócios Ana Paula Lobo FRECUENCIA – MARÇO 2004 Há pouco mais de um ano à frente do comando da Intel na região latino-americana, o norte-americano David Hite elegeu a educação como prioridade para combater os altos índices de exclusão social e digital. Na visão do executivo, só com a inclusão a América Latina deixará de ser uma eterna promessa para os investidores do mundo da tecnologia.Hite sabe do que fala. O executivo escolheu a América Latina como desafio profissional e pessoal. Funcionário da gigante de processadores há 20 anos, optou por viver na região nos últimos sete anos. Recusou propostas de transferências. Seus três filhos são latino-americanos. "Aposto no potencial da região", declarou em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica. 10 Os índices de exclusão social e digital na América Latina são elevados. A maior parte da população não tem acesso à informática. A Intel é uma empresa que tem como negócio vender tecnologia. Como o senhor planeja sua atuação na região diante desse quadro social e econômico? Estou na região há sete anos e a elegi para consolidar minha atuação profissional dentro da Intel, empresa em que trabalho há 20 anos. Aqui os problemas so- ciais, econômicos e políticos são crônicos, mas também há uma sede de conhecimento e de novidades não vistas em outras regiões do mundo. Os jovens latino-americanos são curiosos, querem aprender mas muitos, para não dizer a maioria, ficam sem oportunidades. Os problemas econômicos também são relevantes, mas a estabilidade parece ganhar corpo na região e, mesmo na crise, os negócios da Intel, por exemplo, ficaram acima do planejado. O crescimento de receita é contínuo. Só que, infelizmente, existem problemas graves para serem resolvidos, entre eles, a existência de um mercado cinza permanente e crescente na venda de PCs. O combate à pirataria e à exclusão passa pela educação. É assim que a Intel enxerga e é assim que ela atua. Sem dúvida, nessa linha, a aposta concentra-se no programa IntelEducação para o Futuro, que já formou mais de um milhão de professores do ensino fundamental a partir do uso da tecnologia como ferramenta de socialização. Estamos apostando muito nesse projeto e ampliando a sua presença na América Latina. Temos iniciativas fortes programadas para este ano. Queremos alcançar os resultados já obtidos no México, em países como Brasil, Chile e Argentina. Na prática, queremos estimular e ampliar o acesso à tecnologia nas salas de aula, além de encorajar os alunos a ingressar em carreiras técnicas. Reduzir EMPRESÁRIOS "Reduzir a exclusão significa ampliar a inclusão. Idéias desenvolvidas geram negócios, que se transformam em receita. Este é um ciclo vitorioso" O senhor elege o software como elemento de novos negócios na região, mas o Brasil, por exemplo, não desiste de tentar convencer a Intel a construir uma fábrica no País... a exclusão significa ampliar a inclusão. Idéias desenvolvidas geram negócios que se transformam em receita. Este é um ciclo vitorioso. A Intel Capital, braço financeiro da Intel, tem feito fortes investimentos na região. Mas há analistas que afirmam que a América Latina perde espaço e interesse das corporações diante do fenômeno asiático e da abertura comercial da China. Como o senhor enxerga esse movimento mundial? A Índia e a China são países que atraem cada vez mais investidores. Mas descarto um desinteresse pela América Latina. O mundo enfrenta um momento histórico conturbado. E nesse cenário, a região apresenta vantagens. Países como Brasil, Argentina, México e Chile vivem um momento de estabilidade política e econômica, apesar de todas as dificuldades. Então, o que é preciso fazer é apostar nas áreas mais rentáveis e vantajosas. Fábricas não devem mais ser prioridade máxima de uma política industrial de um País. É claro que um parque fabril traz benefícios e gera empregos e dividendos como aconteceu na Costa Rica, mas cada vez mais fábricas são investimentos bilionários e não há mais dinheiro fácil no mundo. Países como o Brasil devem reformular sua estratégia. Fábricas são importantes, mas centros de competência também o são. O brasileiro tem uma conhecida criatividade no desenvolvimento de software. Há condições de o País disputar em condições de igualdade com a Índia, que fez uma revolução social, política e educacional por meio do software. Basta acreditar e apostar no potencial. Reafirmo: a América Latina tem de apostar em software. Faço dessa linha uma área de atuação à frente do comando da Intel na região. E esse recado não é apenas para o Brasil. Todos os demais países têm competência para conquistar um lugar nessa área. Gerar empregos, gerar recursos e saldo positivo para a balança comercial. A Intel aposta cada vez mais em Wireless. É uma das maiores incentivadoras do Wi-Fi (Wireless Fidelity). Como o senhor organiza a sua atuação na América Latina para consolidar o uso das redes sem fio? Wi-Fi é uma solução que nos permite a integração de mundos tecnológicos. Temos de lembrar que Intel significa Integrated Technologies, ou seja, já no seu nome, a companhia tem a integração como lema. A convergência é inevitável e quem a viabilizar terá um espaço especial nesse novo cenário que se desenha para o mundo da Tecnologia da Informação e das Telecomunicações. Há ainda um longo caminho a ser percorrido até se alcançar essa convergência tão falada, mas iniciativas como o Wi-Fi, e agora o WiMAX, que promete banda larga para as redes sem fio, serão cada vez mais incentivadas pela Intel. E aqui, repito o que venho afirmando ao longo dessa entrevista, a América Latina é um campo mais do que promissor para a adoção dessas novas tecnologias. Falta infra-estrutura na região. Novas redes que não exijam tanto investimento financeiro podem ser o instrumento de combate à exclusão. Nos últimos três anos, a Intel demonstra um forte interesse em marcar presença no mundo das Telecomunicações, em tornar-se um player no negócio de telefonia celular. Só que até agora, os planos ainda não se concretizaram... Para sermos um dos players é preciso criar uma base, um ecossistema. A Intel faz isso. Estamos nos organizamos internamente para ampliar nossa atuação. Hoje, as divisões de Wireless, Comunicação e Telecom foram unificadas. Convergência é a nossa marca e sempre o será. Estamos construindo uma estrada no mundo das telecomunicações e essa base demanda tempo para ser consolidada. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Não tenho dúvida em afirmar: software é a grande saída para a América Latina. Com relação à Intel Capital, é verdade. A América Latina é uma das prioridades da companhia. Já são 21 empresas incentivadas e há recursos para novos negócios. Esta é a prova de que a região possui competência para desenvolver idéias e novos negócios. E ressalte-se, a maior parte dos aportes acontece nas empresas ligadas à comunicação sem fio, à convergência e à mobilidade. 11 TECNOLOGIA PROJETAR O QUE SERÁ O MUNDO NOS PRÓXIMOS CINCO, 10 OU 20 ANOS SEMPRE FOI UMA MISSÃO PARA A INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÕES. AGORA, ISTO REQUER UMA DIREÇÃO MAIS APURADA E VOLTADA PARA A REALIDADE. O DESAFIO DE SOBREVIVER ÀS CRISES DE UMA ECONOMIA GLOBALIZADA E À DRÁSTICA QUEDA DA DEMANDA POR SERVIÇOS INCORPOROU-SE AO DIA-A-DIA DAS OPERAÇÕES DO SETOR, MAS NÃO REDUZIU O ÂNIMO PARA PROJETOS LIGADOS À INOVAÇÃO. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Rosa 12 VEN TECNOLOGIA dos C omunicação em qualquer lugar, a qualquer hora. Aumento da velocidade e da capacidade de transmissão de dados e imagens. Estas são as grandes promessas da indústria de telecomunicações, principalmente em se tratando das comunicações sem fio. Em paralelo, muitos fornecedores e especialistas do setor passaram a adotar como tema em seus discursos o combate à exclusão digital. "Nos últimos 50 anos, a indústria de telecomunicações preocupou-se em trabalhar no aprimoramento dos sistemas de comunicação para voz. Só que, agora, temos voz, comunicação de dados e multimídia num único plano. Não será uma tarefa fácil suplantar o paradigma atual", observa Mário Baumgarten, consultor Geral para Tecnologias e Estratégias da Siemens e chairman do UMTS Forum na América Latina. Nessa busca por novos rumos, a indústria aposta em uma série de tecnologias para pavimentar o caminho. Ganham destaque as direcionadas para o mundo sem fio, como o WiMAX (Worldwide interoperability for Microwave Access), que promete levar as benesses da banda larga às redes Wi-Fi (Wireless Fidelity), a 3G e a evolução do CDMA. Mas é um ledo engano pensar que a infra-estrutura atual, baseada em rede de cabos, será totalmente substituída pela evolução das comunicações sem fio. Não haverá vencedores e vencidos. Ao contrário, a rede atual também será palco de grandes transformações. E a tão sonhada convergência entre operações fixa e móvel pode vir, de fato, a tornar-se uma realidade para o principal beneficiário dessa transformação: o consumidor. TOS FRECUENCIA – MARÇO 2004 Ana Paula Lobo e Graça Sermoud 13 TECNOLOGIA Velocidade para QUE TE QUERO! O MUNDO MODERNO EXIGE QUE TUDO ACONTEÇA PARA ONTEM. NÃO HÁ TEMPO A PERDER. NA TECNOLOGIA, NÃO É DIFERENTE. O ACESSO À INTERNET ATRAVÉS DE LINHAS DISCADAS, UMA REVOLUÇÃO HÁ POUCO MAIS DE 10 ANOS, HOJE, É UM PROCESSO QUASE JURÁSSICO. AFINAL, QUEM QUER UMA CONEXÃO DE 56 KBPS? FRECUENCIA – MARÇO 2004 Nas redes sem fio, o tempo também não pára. Nem bem começou a ganhar presença e escopo, o Wi-Fi (Wireless Fidelity) já tem um sucessor: o WiMAX. Qual o segredo desse novo rei do pedaço? A oferta de conexão a velocidades inimagináveis até bem pouco tempo. No Wi-Fi, a taxa de transmissão de dados vai até 11 Mbps, com no máximo 100 metros de raio de cobertura. No WiMAX, promete-se, essa taxa pode chegar a 70 Mbps e com cobertura de até 50 km. Será possível? 14 salto na comercialização de soluções Wireless com a chegada dos padrões emergentes. Segundo o instituto, as vendas de produtos sem fio vão saltar dos atuais US$ 558,7 milhões para US$ 1,2 bilhão, ao final de 2007. UM PÉ NA REALIDADE Sem querer desmerecer os esforços da indústria quanto ao WiMAX, Marílson Duarte, consultor de Estratégias Tecnológicas da Siemens, diz que é preciso cuidado redobrado ao se prever funcionalidades de novas tecnologias. No caso do WiMAX, O QUE É WIMAX o sonho é chegar a um alCriado em 2001, o WiMAX é o nome comercial do cance de 50 km , mas uma padrão 802.16 para as faixas de freqüência entre distância de 10 km já se10 e 66 GHz. Com a evolução, surgiram os padrões ria motivo suficiente para 802.16a e 802.16e, voltados para utilização em comemorações de usuáfaixas de freqüência inferiores a 11GHz. Na rios e fornecedores. prática, o WiMAX utiliza freqüências licenciadas "Temos uma questão ou não-licenciadas. prática de engenharia. Não existe espectro sufiSó o tempo e as aplicações práticas ciente para interconectar todos os disda tecnologia poderão dar a resposta. positivos globais. Então, é preciso traHoje, a idéia é que o WiMAX amplie o balhar dentro do que é possível. Os proraio de ação das MANs (Redes de Áreas jetistas podem sonhar, mas a realidade Metropolitanas), sem a exigência de alnão será essa", observa o especialista. tos investimentos em infra-estrutura. ReMas o WiMAX conseguirá um lugar cente pesquisa divulgada pelo instituto de destaque. Segundo Duarte, da Siede pesquisa In-Stat/MDR apontou um mens, ele terá um papel importante como complementação às redes Wi-Fi, especialmente nos locais onde não há infra-estrutura de rede. "O grande ganho do WiMAX está na possibilidade de utilizar freqüências licenciadas. Isso reduz problemas com interferências e há um incremento na qualidade do serviço", destaca. Na visão de Duarte, o WiMAX encontrará fortes competidores no seu caminho, entre eles a tecnologia DSL e as soluções de rádio nas freqüências em 3,5 GHz e 10,5 GHz. "WiMAX será uma opção importante, mas lutará pelo seu espaço", complementa. CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA Na Intel, o WiMAX é considerado estratégico para a convergência da informática e das telecomunicações. Tanto que a gigante do ramo de processadores não poupa recursos para desenvolver produtos e aplicativos para as redes sem fio. Já para o segundo semestre deste ano, ela promete lançar comercialmente o primeiro chip baseado no padrão 802.16. Para o vice-presidente executivo e gerente geral do Grupo de Comunicações da companhia, Sean Maloney, o WiMAX terá uma função essencial no combate à exclusão digital. "Ele permitirá fornecer conectividade de última milha a regiões onde as infra-estruturas cabeadas não vão chegar. Se levarmos isto em consideração, milhares de usuários de países emergentes como China e os da América Latina serão beneficiados", destaca o executivo. TECNOLOGIA A evolução de padrões é incrivelmente rápida. Quando o WMAN 802.16 foi aprovado, em dezembro de 2001, pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers), proporcionaria um esquema de modulação de portadora única operando em uma faixa de radiofreqüência de 10 a 66 MHz, sendo necessário, para a conexão funcionar, a visada direta das torres. A extensão 802.16a , ratificada em janeiro deste ano e endossada por gigantes da indústria como a Intel, utiliza uma faixa de freqüência menor, de 2 a 11GHz, além de dispensar a visada direta para a conexão. Mas esse ainda não é último degrau. Hoje, o IEEE trabalha com o padrão 802.16e, que estenderá o padrão WiMAX para cobrir de forma "combinada" as operações fixa e móvel nas bandas licenciadas da faixa de freqüência entre 2,0 e 6,0 GHz. É um padrão ainda em discussão, e uma votação preliminar acontecerá em julho deste ano. Paralelamente ao que se desenvolve no IEEE, há um outro grupo de fornecedores, liderados pela Motorola, trabalhando no padrão 802.20, batizado de Mobile-Fi. O objetivo técnico é otimizar o transporte de dados IP, concentrando-se em taxas de transmissão de dados acima de 1 Mbits, a uma velocidade de 250 km/hora. Pioneirismo à mineira ASSOCIAÇÃO DE OPERADORAS DE MMDS FAZ TESTE COM TECNOLOGIA MUITO PRÓXIMA AO WIMAX. No ano passado, um seleto time de Na visão de Fraunendorf, ainda há moradores de Belo Horizonte, capital de pontos a serem estudados com relação à Minas Gerais, teve a oportunidade de nova tecnologia. O principal é o uso de testar os serviços de uma rede sem fio de soluções proprietárias. Ele lembra que o alta velocidade. O teste, realizado com WiMAX Fórum promete, para este ano, uma tecnologia proprietária desenvolvicriar um padrão para a comunidade. da pela brasileira NextNet, foi conduziTambém será preciso adequar a faixa do pela Neotec, associação que reúne as de transmissão das redes sem fio. "O espeoperadoras de MMDS (Multichannel Disctro é um bem precioso demais. Não é tribution Service) do País. possível permitir que aplicações criem inA escolha de Belo Horizonte foi baterferências e prejudiquem outros serviços seada em questões técnicas, informa o já em andamento", alerta o executivo. Hoje, diretor-presidente da Neotec, José Luiz a tecnologia da NextNet está em teste tamFraunendorf. Segundo ele, a cidade aprebém em Brasília, capital federal, e em São senta a topologia necessária para testar Paulo, para demonstração a interessados uma tecnologia wireless: as montanhas em conhecer detalhes da solução. que cercam a capital mineira são obstáculos naturais à transmissão de dados num sistema sem fio. Foram montadas três células na capital mineiJosé Luiz Fraunendorf, diretor-presidente da Neotec ra, duas delas no centro da cidade. A capacidade do download com a tecnologia, muito O pioneirismo da associação já rende semelhante ao padrão WiMAX proposto frutos. A Neotec fechou um acordo de pelo WiMAX Fórum, permitiu downloads colaboração com a Intel, uma das princia velocidades de 1,8 Mbits e um upload pais incentivadoras das redes sem fio no (envio de mensagem) a 300 Kbps. mundo. Única iniciativa no Brasil sele"Foi surpreendente o resultado. Os cionada pela Intel, a associação fará tesusuários ficaram impressionados com a tes piloto com o chip 802.16, que a giqualidade da transmissão, principalgante de processadores planeja lançar no mente, os que tinham de trafegar vídeo", segundo semestre deste ano. comemora Fraunendorf. Ao mesmo temNa opinião do presidente da associapo, um microônibus foi adaptado para ção, o WiMAX poderá vir a ser um concorcircular pelas ruas da capital mineira. rente da tecnologia ADSL( Assymetric Digi"Nele, os moradores de Belo Horizonte tal Subscriber Line), não apenas por causa puderam baixar e enviar e-mails e realidas limitações técnicas da tecnologia bazar videoconferências móveis com quaseada em DSL(Digital Subscriber Line) lidade de serviço assegurada", destaca como saturação e limite de velocidade, o presidente da Neotec. mas especialmente no quesito preço. “Acredito que o ADSL sofrerá uma concorrência do WiMAX em um prazo máximo de três anos.” FRECUENCIA – MARÇO 2004 SOPA DE NÚMEROS 15 TECNOLOGIA Muito além da PURA TECNOLOGIA NÃO FOI APENAS O CRASH DA ECONOMIA MUNDIAL QUE ABALOU O REINADO DA 3ª GERAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES MÓVEIS. EM UMA INDÚSTRIA DOMINADA PELA VOZ, APOSTAR NUM NOVO PARADIGMA REQUER TEMPO E CULTURA. Terceira geração não é apenas uma discussão de tecnologia ou de plataformas tecnológicas divergentes, afirma o chairman do UMTS Fórum para a América Latina, Mário Baumgarten. Segundo ele, o fracasso da adoção da 3G na Europa tem de ser levado em conta para os projetos futuros no mundo. “Foi um erro tratar 3G como uma mera evolução de tecnologia. Não é as- “Terceira geração não é apenas uma questão de tecnologia. Ela é uma revolução nos padrões culturais e econômicos de uma sociedade.” FRECUENCIA – MARÇO 2004 Mário Baumgartem, Chairman do UMTS Fórum na América Latina 16 sim. É uma mudança de paradigma. Ela permite uma série de aplicações, hoje, impensáveis. É claro que a ganância dos governos de vários países em incentivar altas cifras com os leilões de privatização – mais de US$ 100 bilhões foram investidos na compra de concessões – aliada à uma crise econômica mundial foram fatores decisivos para o adiamento, e até cancelamento, de vários projetos em direção à 3G. Ainda assim, a tecnologia caminha e, hoje, já possui mais de dois milhões de assinantes na Europa e na Ásia. "Nos últimos 50 anos, a indústria de telecom direcionou seus esforços para melhorar e incrementar a rede de voz. 3G exige o casamento de voz, dados e imagens. É um conceito revolucionário. Está além de um simples desenvolvimento de tecnologia. Por isso, também houve enganos em relação a sua implementação", discorre Baumgarten. No contexto da terceira geração, as aplicações ganham força. São elas, informa o chairman do UMTS Fórum para a América Latina, que vão determinar o ritmo da migração. Atualmente, apenas uma única aplicação é desenhada para atender a esse casamento de voz, dados e imagem em alta velocidade: o MMS (Multimídia Message Service). "É um aplicativo mais amplo, mas ainda não é a base da 3G". Uma pergunta se impõe: por que no Japão e na Coréia, a evolução da telefonia é mais rápida? Essa região concentra 75% de todos os terminais móveis de alta velocidade disponíveis no mundo e também os principais aportes nas redes 3G. "Entendo da seguinte forma: os orientais são menos resistentes às mudanças. Eles aceitam as novidades e gostam de adotálas. O europeu e o norte-americano são mais conservadores. Mudam apenas com a certeza de estarem na direção correta", avalia Baumgarten. A 3G NA AMÉRICA LATINA Quando a 3G chegará à América Latina? No seu devido tempo, diz Mário Baumgarten, chairman do UMTS Fórum para região. O mais importante nesse momento, segundo ele, é consolidar e disseminar as operações da segunda geração de telefonia móvel celular, até porque ainda há muitos consumidores sem acesso a serviço de voz. "Queremos a evolução, e ela é necessária para que o gap entre o chamado primeiro mundo e o nosso não fique ainda maior. Mas esses investimentos não podem prejudicar a oferta de comunicação para toda a camada da população. Seria inviável pensar em 3G em uma sociedade ainda com tantos índices de exclusão social, econômica e digital", completa. Para o chairman do UMTS Fórum, pensar numa 4G, então, é extrapolar todas as barreiras da realidade. "Será que o mais importante é ampliar desesperadamente a velocidade de transmissão? Será esse o cerne de toda a discussão da evolução? Velocidade para quê? Transmitir o quê?", indaga Baumgarten. TECNOLOGIA Inteligência ACIMA DE TUDO EM UM MUNDO QUE EXIGE CADA VEZ MAIS BANDA E VELOCIDADE, A INTEROPERABILIDADE É QUESTÃO DE ORDEM NA CONVERGÊNCIA DAS OPERAÇÕES MOVEIS E FIXAS, AFIRMA O VICE-PRESIDENTE DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS DA LUCENT DO BRASIL, LUIZ CLÁUDIO ROSA. será otimizar cada vez mais o uso do espectro. "É um bem escasso e finito. Precisamos desenvolver tecnologias que nos permitam ter mais serviços dentro do que é disponível hoje", observa Rosa. Neste caminho, segue a evolução do CDMA. No caso da Lucent, por exemplo, a aposta para otimizar o uso da freqüência advém de duas tecnologias: o chip Blast e o software de otimização Ocelot, criados pelo Bell Labs, braço de pesquisa e desenvolvimento da Lucent Technologies. A idéia do Blast, que pode ser chamado de uma porta para a 4G, é alcançar uma taxa de transmissão de dados sem fio até oito vezes maior do que a velocidade máxima permitida pelas redes 3G, algo em torno de 2,5 Mbps. O sistema do chip é simples. Ele utiliza múltiplas antenas no terminal táveis. Temos de otimizar o uso da freqüência o máximo possível. O Blast chega com essa missão", reforça o vicepresidente de desenvolvimento de negócios da Lucent do Brasil. PARA ONDE TUDO CAMINHA? Outra aposta é a tecnologia Ocelot, utilizada para otimizar e aumentar a capacidade de tráfego nas redes móveis. Operadoras como a China Unicom e a Verizon Wireless são, desde o ano passado, usuárias da ferramenta. Segundo o vice-presidente da Lucent do Brasil, para tornar real o sonho de trafegar voz, dados e vídeo numa rede wireless mundial de alta veNa visão do executivo, as redes tenlocidade, será preciso que a indústria dem a se tornar cada vez mais inde telecomunicações entenda, de fato, teligentes com a migração das infrao conceito de "rede das redes". estruturas comutadas para as de pa"Não é mais o momento de chamar a cote. "As NGNs, ou redes de próxima Internet como meio. Estamos falando de geração, são o futuro das operadoras uma nova infra-estrutura, de fixas. No caso das móveis, um novo conceito, que está a evolução terá de ser feita além da rivalidade entre forde modo a obter total intenecedores. Essa "rede das reroperabilidade com esse des" será multivendor. Todos novo mundo." os equipamentos vão se falar Assim como os terminais entre si. É de fato, o caminho celulares de cinco anos para a construção de uma alatrás são considerados monsdeia global." trengos, os modelos mais Luiz Cláudio Rosa, vice-presidente de desenvolvimento Precisar quando essa modernos de hoje serão de Novos Negócios da Lucent do Brasil "rede das redes estará aticonsiderados jurássicos va? É uma missão impossímais à frente. "Cada vez vel nos dias de hoje, decreta Rosa, e na estação radiobase (ERB) para mais os terminais, se assim os chamamas, certamente, todos os laboratórios enviar e receber sinais móveis a vermos num futuro próximo, vão ser de pesquisa já trabalham em cima locidades altas. A proposta é ampliar inteligentes. E um mundo novo se dedesse conceito. "Pode não ser hoje, o potencial, a cobertura e a capacidade senha nesse cenário", destaca o vicepode não ser amanhã, nem daqui a das redes 3G. "As redes de terceira presidente da Lucent Technologies. cinco anos. Mas ela virá", finaliza o geração sofreram o impacto da grave executivo da Lucent do Brasil. crise econômica, mas elas são ineviO grande desafio dos próximos anos FRECUENCIA – MARÇO 2004 “A ‘rede das redes’ será multivendor. Ela não terá lugar para disputa de fornecedores. É de fato, o caminho para a construção de uma aldeia global.” 18 TECNOLOGIA Um alô ao EM ENTREVISTA EXCLUSIVA À FRECUENCIA LATINOAMÉRICA, O VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DE MARKETING DA QUALCOMM, JEFF BELK, DIZ QUE O TELEFONE ENFRENTA UMA SEGUNDA REVOLUÇÃO. MUNDO DOS JETSONS Quais serão os principais paradigmas na área para os próximos anos? No mundo wireless, as mudanças são velozes e surpreendentes. Num curto espaço de tempo, passamos dos terminais grandes, feios e monocromáticos para os coloridos, com telas cada vez menores e com uma eficiência de resolução de última geração, próprias para texto e imagens. Não quero dizer que a voz deixou de ser importante na comunicação sem fio. Ao contrário, ela ainda é a funcionalidade principal, mas, quando estou com a minha família, utilizo um terminal com câmera. Uso o browser do aparelho para buscar novas fontes de informações. Incorporei diversos aplicativos corporativos que atualizam minha agenda de reuniões. Um telefone não é mais um simples telefone. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Até bem pouco tempo, o mundo dos Jetsons era um futuro distante da realidade. Hoje, muitos elementos utilizados no desenho animado já estão acessíveis. Nessa linha, o que está nos laboratórios que será realidade em pouco tempo? 20 Não gosto muito de ir além do horizonte, mas, se verificarmos o que ocorre na Ásia, podemos imaginar o que virá pela frente. Países como Coréia e Japão usam serviços de alta velocidade com 1xEVDO. Já há a oferta de videoclips e trailers de filmes inteiros em arquivos de som e vídeo com multimegabytes. Mas quer saber de uma coisa? Ainda há muito do mundo dos Jetsons para desembarcar no nosso dia-adia. Sugiro uma visita ao site 3Gtoday.com (www.3gtoday.com), no qual podemos capturar imagens, informações e diferentes produtos de 3G. Ao clicar em 1xEVDO e Samsung, vemos um fone que realmente possui áudio "surround" embutido. Esse terminal até parece um telefone normal, mas tem dois alto-falantes maiores nas suas extremidades. Quando segura- mos nisso? Porque tenho seis funcionários diretos na minha diretoria e 100% deles usam Wi-Fi em suas casas. Eu tenho Wi-Fi na minha. Mas, quando viajamos pelo país, essa conexão Wi-Fi torna-se um problema. Falta abrangência e cobertura para termos um serviço eficiente. Quanto ao WiMAX, é preciso um pouco de cautela. Há várias propostas de padrões e de propostas para a tecnologia dentro do WiMAX Fórum (www.wimaxforum.com). Algumas dessas sugestões são reais, outras estão em fase de discussão e, outras ainda, estão num futuro muito distante. “Estamos vivendo uma quebra importante de paradigma. O telefone deixou de ser apenas um instrumento de voz.” mos o fone e escutamos um arquivo de música ou um toque de campainha, é impossível não exclamar: "Uau! como um som dessa qualidade pode sair de um aparelho tão pequenininho". Fala-se muito em WiMAX. Há quem diga que essa tecnologia pode ser a saída para as operadoras que não dispõem mais de recursos bilionários para investir em infra-estruturas. O senhor também acata esta tese? O ponto de vista da Qualcomm é que tecnologias como Wi-Fi e o WiMAX são complementares à 3G. Por que acredita- De onde virão as maiores surpresas no mundo da tecnologia em 2004? Veremos um crescimento significativo da tecnologia CDMA2000 1xEVDO. Na Coréia, ela é realidade. A japonesa KDDI lançou, em novembro passado, seu sistema que, hoje, já cobre aproximadamente 70% da população. A Verizon já adotou a tecnologia em duas cidades (San Diego e Washington D.C.) e anunciou que irá expandir o uso da tecnologia para todo o País. Ainda no Japão, em função da NTT DoCoMo, temos a 3G com tecnologia UMTS/WCDMA . Resumindo: o ano de 2004 será excelente para, enfim, vermos consolidadas as aplicações direcionadas para a 3G. REGIONAL VENEZUELA Sobrevivência em tempos de CRISE Ainda sob os impactos de uma das maiores crises política, econômica e social de suas trajetórias, países como Venezuela e Colômbia buscam forças para superar a estagnação. Investimentos em telecom são a arma para estimular a retomada da produtividade. Víctor Suárez, de Caracas, especialmente para Frecuencia Latinoamérica O ano de 2003 é para ser riscado da memória de países como Venezuela e Colômbia, que viveram uma das piores crises política, econômica e social de suas histórias. No caso da Venezuela, por exemplo, os setores produtivos praticamente paralisaram diante da crescente insatisfação com a gestão do presidente Hugo Chávez. Greves e conflitos sociais mobilizaram a sociedade civil. Cenário tão devastador serviu para afugentar os investimentos internos e externos. Nunca se investiu tão pouco no País como no ano passado – US$ 270 milhões em infraestrutura. Nos últimos anos, a média anual ficava em torno de US$ 1 bilhão. Embora a crise ainda persista, e apesar da recente desvalorização de 16% na moeda nacional e de uma projeção de inflação MERCADO MÓVEL NA VENEZUELA 2003 OPERADORA ASSINANTES 3.307.000 Telcel 2.454.000 FRECUENCIA – MARÇO 2004 Movilnet 22 1.100.000 Digitel Digicel-Infonet 100.000 6.961.000 TOTAL Fonte: Dados fornecidos pelas empresas REGIONAL VENEZUELA em torno de 35%, o setor produtivo decidiu apostar em um 2004 melhor. "O País tende a uma normalização", anuncia Vicente Llatas, vice-presidente executivo da Cantv, operadora privatizada em 1991, e detentora da maior infra-estrutura da Venezuela. Na visão do executivo, é chegada a hora de investir para superar a estagnação. "Todos os setores que vão expandir sua atuação precisam de telecomunicações. Isso significa que temos de melhorar as nossas redes, aumentar a oferta de serviços para atrair esses novos clientes. Até 2008, vislumbro uma reação positiva para todos", completa. O presidente da primeira empresa móvel do País, a Telcel BellSouth, Enrique García Viamonte, segue na linha otimista. "Teremos um bom ano para dados e voz", enfatiza. E os números comprovam essa afirmação. Pela primeira vez em 12 anos de operação, a Telcel superou em investimentos à CanTV. Em 2003, tirou do bolso US$ 125 milhões FISCO PUNE TELCEL BELLSOUTH A agência reguladora da Venezuela, Conatel, concluiu, em fevereiro, um procedimento administrativo que impôs à Telcel BellSouth a devolução do equivalente a US$ 36,2 milhões ao fisco nacional por conta de tributos não pagos, multas e juros de mora correspondentes. Em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, o presidente da companhia, Enrique García Viamonte, revela que irá apelar da decisão. A obrigação fiscal da operadora venezuelana equivale a mais de 15% do custo anual do serviço de todas as subsidiárias da BellSouth na América Latina. Quais são as razões para o procedimento administrativo da Conatel contra a Telcel BellSouth? temos a opção de ir à Justiça, ao Supremo Tribunal para contestar a decisão. Este é um assunto que vem sendo discutido há mais de dois anos e meio com a entidade reguladora. É um problema de critérios. Relaciona-se à interpretação que fazemos do tráfego entre redes de telecomunicações, ou seja, da interconexão. A nossa visão é uma e a da Conatel é outra. Fizeram correções em nossos exercícios fiscais de 2001 e 2002. Agora, a entidade notificou-nos que a posição foi reafirmada e há a cobrança dos encargos por juros de mora e multas, relativas a esse período. Qual será a opção da operadora? A Telcel planeja recorrer da decisão? Vamos apelar da decisão de acordo com os procedimentos ditados pela Lei. Teremos uma apelação administrativa junto ao organismo responsável, o Ministério da Infra-estrutura. Mas também Ainda não tomamos uma decisão. Nossos assessores legais e tributários estudam as duas possibilidades. Existem correções fiscais ao exercício de 2003? Nenhuma. Se a Conatel adotou um critério para os anos de 2001 e 2002, por que não usou o mesmo procedimento para 2003? Eles mudaram de critério. No ano passado, aprovaram um regulamento que reforça a visão da entidade sobre a tributação do tráfego entre redes. De 2003 em diante o que existe são interpretações da lei, coisa que ainda não está 100% clara. “Vamos apelar da decisão da Conatel em todas as instâncias necessárias. Temos uma visão diferente da agência reguladora e vamos defender nossos interesses” Planejamos uma série de aportes na nossa infra-estrutura, mas posso ressaltar que a partir deste mês, novas estações radiobase serão instaladas em todo o País visando a nossa migração para serviços de terceira geração; duplicaremos a capacidade de transmissão da plataforma de serviços prépagos; teremos o lançamento de novos modelos de terminais com câmaras fotográficas; apostamos na implementação do serviço Push to Talk, da Motorola. E para novembro, teremos a nossa grande aposta: o lançamento nas principais cidades do País da rede CDMA EV-DO. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Quais são as prioridades da Telcel BellSouth para este ano? 23 REGIONAL VENEZUELA para a expansão de infra-estrutura e serviços. A sua concorrente, por sua vez, arriscou o menor montante anual de toda a sua história como empresa privada – US$ 100 milhões. FRECUENCIA – MARÇO 2004 DISPUTA ACIRRADA 24 Se a crise bate à porta, sobreviver é estratégia principal de qualquer empresa. Assim reagem as três principais operadoras de comunicações móveis da Venezuela – Telcel e Movilnet, com cobertura nacional, e Digitel TIM, com atuação na região central. A ordem é apostar no lançamento de novos serviços para incrementar a base de clientes. Hoje, a telefonia móvel possui cerca de sete milhões de usuários, o que representa aproximadamente 29% da população venezuelana. Roberto Quattrini, vicepresidente de planejamento de negócios da Digitel TIM, antecipa que a operadora coloca suas fichas no lançamento da sua plataforma de serviços móveis multimídia (MMS), ainda neste trimestre. A intenção da operadora é oferecer troca automática internacional de MMS com todas as subsidiárias da Telecom Italia na América do Sul, Itália, Grécia e Turquia. "Nosso faturamento com serviços de valor agregado está acima da média de todas as operadoras móveis da América Latina, mesmo com a crise econômica. E com novos serviços tende a crescer ainda mais", garante Quattrini. No ano passado, a operadora aumentou em 20% a sua base de assinantes. A Cantv, por sua vez, explora o recurso de telefonia wireless fixa através das redes da sua associada Movilnet. Em novembro do ano passado, já havia conseguido instalar mais de 20 mil linhas em zonas de difícil acesso e sem conexão física. E os planos de crescimento não param. Em janeiro, a carrier solicitou 55 mil novos terminais ao fabricante Telular, além de uma quantidade não revelada à LG Electronics. Os números da Movilnet, que difunde o uso de sua nova rede CDMA 1X sobreposta a sua antiga rede TDMA, não demonstraram crescimento significativo nos últimos dois anos. Para aumentar sua receita, a operadora investe em serviços como o correio eletrônico móvel e o envio de mensagens de texto, nicho no qual é líder com uma média de oito milhões de mensagens diárias. A Telcel BellSouth ri e chora ao mesmo tempo. Na convenção que reuniu suas subsidiárias durante a primeira semana de fevereiro, em Miami, foi reconhecida pela corporação com o prêmio "El Regreso del Año", como a operadora que melhor enfrentou a crise e apostou na inovação para sobreviver. Só que o prêmio não foi suficiente para evitar situações constrangedoras. A Conatel notificou a operadora por falta de pagamento de obrigações fiscais. (Leia entrevista exclusiva com o presidente da Telcel BellSouth, Enrique García Viamonte, na página anterior) COLÔMBIA DEVAGAR COM O ANDOR Se nos ambientes político, econômico e social, a Colômbia enfrenta um duro período de adversidade, na área de telecomunicações, a competição traz vantagens para o consumidor. A presença de um novo player incrementa a disputa. Mas a qualidade dos serviços prestados ainda é aquém da esperada. Resultado de uma aliança estratégica entre as empresas públicas de telecomunicações de Medellín e Bogotá, a Colômbia Móvel, comercialmente batizada como OLA, em apenas três meses de operação, conquistou 27% da preferência dos novos assinantes no País. Para este semestre, a expectativa é conquistar o seu primeiro milhão de usuários. Para atacar tão fortemente o mercado, a OLA lançou uma agressiva campanha para atrair os consumidores. Desde setembro, a operadora vem oferecendo preços inferiores aos do mercado para os primeiros assinantes. Uma das promoções foi congelar a tarifa de conversação por um período de três anos. Diante dessa oferta, num País em crise financeira, a procura foi intensa e, claro, os problemas pelo excesso de demanda também. Vários pontos de vendas foram fechados e faltou terminal para vender. A rede apresentou congestionamento e falha de sinais. Diante das inúmeras reclamações, o Congresso Nacional da Colômbia decidiu, tão logo retorne as suas atividades, em março, convocar o presidente da operadora, Mauricio Mesa Londoño, para uma audiência pública. Nela, o executivo terá de explicar o porquê das falhas no atendimento e na infra-estrutura do sistema de telefonia. MERCADO MÓVEL DA COLÔMBIA 2003 OPERADORA 2003 2002 Comcel 3.674.414 3.070.636 BellSouth 2.082.158 1.525.958 429.634 No existía 6.186.206 4.596.594 Colombia Móvil-OLA TOTAL Fonte: Ministério das Comunicações da Colômbia MERCADO Razão e Fórmulas em prol de uma melhor rentabilidade e a discussão em torno da regulamentação de novos serviços são as atrações da Telexpo, evento que acontece de 02 a 05 de março, em São Paulo. SENSIBILIDADE Ana Paula Lobo S e não houver nenhuma turbulência no cenário macroeconômico, a indústria de telecomunicações acredita que irá, enfim, enfrentar um ano de bons negócios na América Latina. Uma estrela brilha em especial: a comunicação sem fio. Operadoras, provedores de serviços, fabricantes e desenvolvedores apos- tam na tecnologia wireless como opção à retomada dos bons negócios. Não à toa, o clima de otimismo impera. De acordo com Lígia Amorim, diretorageral da Advanstar, empresa organizadora da feira, o evento deverá gerar aproximadamente R$ 700 milhões em novos negócios. "Isto representa um crescimento de FRECUENCIA – MARÇO 2004 ATUALIZAÇÃO 26 A universalização do acesso à informação, as políticas e tecnologias que possam aumentar a competitividade, convergência e modelos de negócios para a comunicação sem fio são temas que prometem agitar os debates do Congresso da Telexpo 2004. A expectativa dos organizadores é de que mais de mil profissionais discutam os assuntos mais importantes ligados à inovação. O Congresso terá oito fóruns, com temas como redes convergentes e banda larga em destaque. Sessões sobre Wi-Fi, voz sobre IP e portais interativos também prometem atrair a atenção do público mais técnico. "Há uma grande participação de executivos e gerentes nessas palestras. É a oportunidade para trocar conhecimento", destaca o diretor de Congressos da Telexpo 2004, Luiz Carlos Moraes Rego. 40% em relação ao ano passado. A participação das empresas ligadas à tecnologia wireless cresceu 17%. É a prova que os negócios foram retomados, pelo menos, nessa linha de atuação", informa a executiva. Palco de debates políticos significativos na história do setor, a Telexpo 2004 servirá de prova de fogo para o recém-nomeado ministro das Comunicações, Eunício de Oliveira. Apesar de proprietário de uma emissora de rádio, o político – deputado federal pelo PMDB/Ceará – não tem participação expressiva junto à indústria. A expectativa é que Oliveira aproveite o evento para anunciar suas prioridades e estratégias à frente do Ministério. Questões polêmicas prometem acirrar o debate. Entre elas, as definições das MERCADO 17 putam com o Brasil um lugar de destaque na área de tecnologia", reforça a executiva. O evento terá a participação de 380 expositores, entre eles, gigantes como Motorola, LG Electronics, Lucent Technologies, Motorola, Nextel, Nokia, Panasonic, Qualcomm, Samsung e Siemens. A grande baixa é a ausência das empresas de telefonia fixa, que enfrentam um momento de reestruturação e consolidação. Em compensação, as operadoras ligadas à telefonia celular prometem continuar a festa no mercado. Responsáveis pelos melhores resultados de negócios e financeiros, as carriers aproveitam o evento para atualizar os seus portfólios de serviços aos usuários corporativos e ao consumidor final. linhas da nova política industrial que o Governo Lula desenha para a sua gestão. Os terminais celulares são o principal item de exportação nacional e a indústria reivindica uma atenção mais dedicada do Poder Executivo. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil ATRAÇÃO Um dado importante em relação ao evento deste ano é o desembarque de empresas interessadas em estreitar parcerias com os mercados brasileiro e latino-americano. Este é o caso da 4RF, da Nova Zelândia, especializada na oferta de soluções sem fio e de alta performance para Internet. Durante a Telexpo, a companhia anunciará seu primeiro distribuidor no mercado brasileiro, a WNI do Brasil, especialista em soluções e serviços de rede wireless para empresas de telecomunicações e concessionárias de serviços públicos. "A chegada de novos players significa uma renovação do evento. No total, teremos 40 estreantes. É importante frisar que são empresas de países como Rússia, Índia e China, que dis- % GRITO DE ALERTA No evento, quem estará sob os holofotes do mercado é a Agência Nacional de Telecomunicações. Num momento de reestruturação - o quadro de conselheiros está em processo de renovação -, o órgão regulador prepara-se para tomar decisões importantes sobre novos serviços, entre eles, os ligados às redes Wi-Fi e voz sobre IP. Também será a oportunidade para que Pedro Ziller, novo presidente da Agência, demonstre a sua habilidade para negociar com a indústria e entidades ligadas ao setor. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) aproveitará a Telexpo 2004 para solicitar o emprego racional da verba do Fust ( Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), retida pelo Poder Executivo. De acordo com o vice-diretor da área de Telecom da Abinee, Roberto Lamoglia, o governo deverá ter um cuidado especial para evitar que os recursos não se percam em iniciativas sem futuro. Além disso, é imperativo que haja uma deliberação de incentivo ao desenvolvimento do setor como um todo. "Não podemos pensar no Fust apenas como um meio para fomentar o acesso à informação dos órgãos públicos", observa o dirigente da Abinee. Para a entidade, o setor ainda precisa entender quais são os reais objetivos da Anatel com relação ao Serviço de Comunicações Digitais, eleito uma das prioridades da gestão de Ziller à frente do órgão regulador. "Num mercado que é dominado pelas carriers no quesito infraestrutura, fica díficil acreditar que algum provedor se interesse pelo negócio. Há ainda muitas dúvidas em relação ao serviço que precisam ser esclarecidas", complementa Lamoglia. O Serviço de Comunicação Digital foi criado pelo governo para expandir o uso da banda larga no País. O projeto tem o objetivo de, até 2014, levar o acesso rápido à Internet para todas as cidades com mais de 1000 habitantes. Também é prioridade do SCD, a oferta dos serviços de acesso à Internet para as Pedro Ziller, escolas, bibliotecas, órgãos presidente da Anatel públicos, hospitais e outros. FRECUENCIA – MARÇO 2004 A participação das empresas ligadas à tecnologia wireless cresceu 27 MERCADO O reinado dos terminais móveis Os handsets são os astros da Telexpo. Os fabricantes prometem uma série de novidades. Fornecedores de soluções também aproveitam o evento para apresentar suas novas plataformas. SIEMENS Companhia investe em soluções direcionadas ao mercado corporativo. Um exemplo é o aparelho telefônico Gigaset SL1 Professional, o menor telefone sem fio do mercado (11,4 cm, do tamanho de um celular) e design diferenciado. O equipamento é compatível com os sistemas HiPath Cordless para as plataformas de comunicação (PABX) HiPath 3000 e HiPath 4000 da Siemens. Na área de terminais móveis, a coleção Xelibri, criada para acompanhar as coleções de moda, terá um destaque especial. Já na seção reservada ao futuro das comunicações, a Siemens mobile demonstrará o U15, celular de 3G, capaz de fazer videoconferências. FRECUENCIA – MARÇO 2004 ZTE 28 Fabricante chinesa aproveitará o evento para anunciar a instalação de uma fábrica no Brasil. Entre os sistemas e produtos em demonstração se destacam as soluções para redes em banda larga; equipamentos DSLAM (Digital Subscriber Line Acess Multiplexer) e os sistemas IN – Intelligent Network, direcionado para as redes NGNs (Next Generation). Para a área de handsets, a gigante chinesa fará o lançamento dos seus terminais que embutem as funcionalidades PTT (Push-to-Talk ), MMS (Multimedia Services) e GSM1x. MOTOROLA Para o consumidor final, a fabricante demonstrará um portfólio de 30 aparelhos celulares, sendo que 18 são lançamentos previstos para este ano. São modelos nas três tecnologias – GSM, CDMA e TDMA – e para todos os perfis de usuário. A empresa lançará ainda uma linha completa de acessórios bluetooth, incluindo fone de ouvido, viva-voz portátil, kit veicular, adaptador e o Mobile Phone Tools, uma ferramenta para sincronizar dados entre celular e computador – tudo isso sem usar fios. 3COM Anuncia o lançamento do Switch 7700R. O produto embute funções de gerenciamento, largura de banda e redundância para aplicações convergentes de voz, vídeo e dados, além de identificar e priorizar o tráfego de informações críticas. Esta linha é voltada a organizações de grande porte interessadas em otimizar o uso da infraestrutura da rede local (LAN) e de sistemas wireless em Wide Area Network (WAN), obter convergência, confiabilidade e segurança de ponta a ponta. AVAYA Apresentará duas novidades direcionadas para o mercado de pequenas e médias empresas. O primeiro produto é o Small Office Edition, nova versão do IP Office, que atende até 28 usuários. Entre as funcionalidades da solução destacam-se o firewall para segurança de rede, acesso à Internet, conectividade wireless e capacidades avançadas de monitoramento de mensagens. Também será apresentada ao público, a versão 2.0 do Avaya Communication Manager, que embute uma nova camada de segurança para os dados transmitidos através das redes IP. cidadania A P L I C A ÇÃO FRECUENCIA – MARÇO 2004 DIGITAL 30 * Luiz Cláudio Rosa é vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Lucent Brasil. UMA RODOVIA EM CONSTRUÇÃO É essencial que haja uma atuação conjunta da indústria, das operadoras, do governo, das universidades e da sociedade civil para que a América Latina encontre o melhor caminho para construir a estrada da inclusão social e digital. Luiz Cláudio Rosa * A inclusão digital está relacionada a todas as necessidades humanas: cidadania, abrangendo questões relativas à segurança, saúde e educação. Na questão da cidadania, por exemplo, os processos digitais podem contribuir para aumentar a participação do cidadão na sociedade, ao possibilitar o acesso à informação aos habitantes das mais longínquas cidades. Por isso, quando se discute a universalização do acesso à Internet é importante levar em conta as questões tecnológicas e regionais. As tecnologias 3G UMTS (W-CDMA), CDMA 2000 1X (transmissão de dados até 153 Kbps) e 1XEVDO (transmissão de dados a 2,4 Mbps) possuem arquiteturas que permitem transmissão de pacotes IP/ATM para acesso compartilhado fima-fim, capazes de prover serviços em alta velocidade através da banda larga, de forma econômica, se comparada às tecnologias TDMA e GSM. Como se sabe, essas últimas são baseadas na comutação de circuito de rede, que não permitem acesso compartilhado, tornando o custo mais elevado na hora de prover serviços. No caso da América Latina, os países em sua maioria possuem grandes extensões territoriais, onde as redes de fibra ótica se tornam inadequadas, pelo custo elevado para cobrir uma grande área com população dispersa. Neste caso, as soluções UMTS (WCDMA) e CDMA na freqüência 450 MHz são a melhor alternativa, pois conseguem cobrir uma área em um raio de até 60 quilômetros, onde não há infra-estrutura adequada à última milha. O CDMA2000 implantado em redes 450MHz, que até bem pouco tempo eram alocadas apenas para serviços de telefonia móvel analógica, é a solução ideal para se atingir a democratização da informação. Isto porque, pela abrangência de cobertura, leva-se a Internet para todos cantos do País a baixo custo de investimento. A redução de custos para a operadora é de mais de 50%, comparandose a outras tecnologias para inclusão digital. Por permitir uma cobertura geográfica de 10 a 20 vezes maior que as ERBs nas freqüências em uso, a operadora utiliza menos torres e ERBs para transmissão de dados em alta velocidade do que usaria para executar o mesmo processo no tradicional sistema de freqüência. Desta forma, a tecnologia 3G na freqüência 450MHz assegura a extensão dos serviços de dados e de voz multimídia para uma camada mais ampla da população. E isso já é realidade em diversos países com características semelhantes aos países da América Latina, como: Rússia (Delta Telecom e a Moscow Cellular Communications), Romênia (Telemobil) e China (TeleMobile). A implementação no país da tecnologia CDMA operando em baixa freqüência ainda depende de definições dos órgãos reguladores do setor. Mas estamos trabalhando junto à Anatel e outros reguladores na América Latina, apresentando estudos e fazendo demonstrativos práticos que comprovam as vantagens da regulamentação desta freqüência. A P L I C A ÇÃO No ranking global Networked Readness Index 2003/2004, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o resultado da América Latina é sofrível: a maior parte da população não tem acesso à Internet e está fora do processo de globalização. FRECUENCIA LATINOAMÉRICA convidou dois executivos do setor para discorrerem sobre o papel da tecnologia no combate à exclusão. COMPETIÇÃO SÓ NÃO BASTA Mario Baumgarten * Uma análise desapaixonada do assunto demonstra que a evolução da 3G ainda depende da elevação da produtividade dos cidadãos que a usam. Em última análise, é deste aumento de produtividade que serão extraídos os recursos para incrementar todo o projeto. Em todo o caso, é necessário reconhecer que os países desenvolvidos vieram se preparando para absorver as novas tecnologias digitais como a 3G. Realizaram maciços investimentos em Tecnologia da Informação que, combinados com o elevado padrão médio de ensino, acabaram por criar toda uma "cultura digital". Nos países latino-americanos encontramos um cenário bastante diverso e menos preparado para a implantação da 3G. Os investimentos governamentais em Tecnologia da Informação foram relativamente baixos e, no campo da educação, verifica-se um alarmante índice de analfabetismo funcional. A este baixo nível de "aculturação digital" soma-se o fato de que a renda da maioria das pessoas não assegura o acesso a equipamentos como computadores e celulares avançados. Assim sendo, tudo indica que os celulares 2G básicos continuarão, por um longo período, a oferecer as melhores oportunidades de investimento no mercado latino-americano. A maior barreira para a massificação do serviço móvel de voz, no entanto, continuará sendo o custo do aparelho celular e do respectivo serviço. Atenção especial deve ser dada pelas autoridades regulatórias ao balanceamento do cenário competitivo, para que a comercialização de produtos e serviços mais baratos seja compensada com aumento de volume, ao longo de toda a cadeia produtiva. Como fica, então, a 3G na América Latina? Para a parcela mais rica e aculturada da população, a implantação da 3G global (UMTS) não só é desejável, como também contribui para que o fosso digital com os países altamente industrializados não se amplie. Sem aqui pretender discutir as regras para a definição da implantação da 3G na América Latina, um bom começo certamente seria a observação atenta, pelas autoridades, da instalação dos sistemas 2,5G (GPRS, EDGE, 1xRTT), que já suportam muitas das soluções multimídia da 3G global (UMTS). Em síntese, o mercado latino-americano não é um mero reflexo daquilo que ocorreu e do que acontece nos países desenvolvidos. Suas características especiais sugerem que, com o empenho governamental, a sensibilidade regulatória e o apoio da indústria, poderemos criar um mercado 2G que de outra forma não existiria. É necessário manter-se um equilíbrio saudável e realista entre os investimentos na massificação da 2G e a sua evolução à 3G global (UMTS). O maior inimigo neste avanço é certamente a inércia e a aplicação de um receituário pré-concebido e pouco adequado à realidade da região. Mãos à obra! * Mario Baumgarten é Consultor Geral para Tecnologias e Estratégias na Siemens Ltda e chairman do UMTS Forum na América Latina. FRECUENCIA – MARÇO 2004 Há muitos anos, a 3G vem prometendo a revolução das comunicações móveis através do transporte da informação digital, em grande velocidade, pelas ondas de rádio. Mas a quantas anda esta promessa? Por quê ela demora tanto para se concretizar? 31 EVENTOS MARÇO ABRIL SETEMBRO NOVEMBRO Telexpo Março 2-5 Expo Center Norte São Paulo, Brasil www.telexpo.com.br Conosur Telecom Summit Abril 29- 30 Santiago, Chile www.ibctelecoms.com.br Expo Comm Argentina 2004 Setembro Buenos Aires, Argentina www.expocomm.com.ar GSM Americas www.ibctelecoms.com.br CTIA Março 22-24 Atlanta, Georgia www.ctiashow.com JUNHO OUTUBRO Mobile Messaging Americas 2004 Junho 2-4 Miami, Florida www.ibctelecoms.com.br Futurecom 2004 Outubro 25 -28 Florianópolis, Brasil www.futurecom.com.br Alacel Conference Março 23 Atlanta, Georgia www.alacel.com CDMA Americas www.iir-ny.com GSM Brazil 2004 Junho 23 - 25 Río de Janeiro, Brazil ÍNDICE DE ANUNCIANTES COMPANHIA PÁGINA PRÓXIMA EDIÇÃO WEB 10 Top Ten FRECUENCIA –– ENERO MARÇO2004 2004 FRECUENCIA BRIGHTSTAR 34 Capa 2 WWW.BRIGHTSTARCORP.COM SIEMENS Página 5 WWW.SIEMENS.COM CSG Página 7 WWW.CSGSYSTEMS.COM RECELLULAR Página 9 WWW.RECELLULAR.COM ACTERNA Página 17 WWW.ACTERNA.COM TIMES MICROWAVE Página 19 WWW.TIMESMICROWAVE.COM SAMSUNG Página 21 WWW.SAMSUNG.COM FRECUENCIAONLINE Página 25 WWW.FRECUENCIAONLINE.COM CONOSUR Página 29 WWW.IBCTELECOM.COM/CONOSUR INTELSAT Capa 3 WWW.INTELSAT.COM ZTE Capa 4 WWW.ZTE.COM.CN Frecuencia Latinoamérica destaca as 10 melhores operadoras móveis da América Latina. Eleição contará com a participação de um conselho editorial e de especialistas ligados à operação móvel celular. Entre os critérios para a definição das TOP TEN estão os investimentos realizados em infra-estrutura, inovação de serviços e estabilidade econômica. Wi-Fi Quais são os passos mais recentes rumo a uma possível regulamentação única para os serviços baseados na tecnologia na América Latina. Terceira geração wireless Como e quais são os principais passos das operadoras rumo à evolução da tecnologia. Será a hora de investir em uma nova infra-estrutura?
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