Chega de desperdício! - La Giornata del Camminare
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Chega de desperdício! - La Giornata del Camminare
A pé Roteiros inusitados revelam uma Itália ainda mais bela Primeira vez A emocionante visita do embaixador ao RS Mostra em Roma O lendário tesouro de San Gennaro sai pela primeira vez de Nápoles www.comunitaitaliana.com Rio de Janeiro, novembro de 2013 Ano XIX – Nº 184 Chega de desperdício! ISSN 1676-3220 R 9,00 R$ 14,90 O péssimo hábito de desperdiçar alimentos gera prejuízos de milhões de dólares em todo o mundo, seja nos países pobres, seja nos ricos. Saiba como combater o problema a partir da sua casa Vinhos: veja quais serão as melhores garrafas da safra 2013 www.telespazio.net.br N o v e mbro de 2013 A no X IX N º184 Nossos colunistas 09 | Cose Nostre Cesare Battisti cancela participação em seminário no sul a pedido do governo federal 12 | Fabio Porta La risposta migliore a questa crisi sarebbe la nuova legge elettorale e le riforme istituzionali 42 13 | Ezio Maranesi Alitalia: i contribuenti non possono più finanziare le perdite della società De norte a sul da península, italianos voltam a celebrar itinerários a pé em mais de cem cidades. Quem se aventura descobre agradáveis surpresas, como as ruínas da Appia Antica, em Roma Capa Politica Arquitetura 32 | Um problema mundial Ouvimos 20 | L’esercito dei vitalizi La lista di ex 45 | Sustentável e humano Mario Andrea Segrè, professor da Universidade de Bolonha que luta para acabar com o desperdício de toneladas de alimentos, problema que afeta todos os países do globo, dos desenvolvidos aos mais pobres. Ele lidera um grupo de trabalho no Ministério italiano do Ambiente e dá dicas para não jogar comida fora, começando pelos cuidados com a geladeira em casa parlamentari mantenuti dallo Stato italiano costa 215 milioni di euro all’anno e include politici come Giulio Di Donato, condannato nel processo sulla gestione dei rifiuti a Napoli Cucinella defende na Bienal de Arquitetura de SP projetos que priorizem a utilidade para o povo e a cultura locais Vinho 16 | O sul do Brasil 53 | Colheita O que Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul, embaixador Trombetta se surpreende com a forte herança cultural italiana do estado e reforça relações institucionais e comerciais com os gaúchos reserva aos amantes do vinho a promissora safra de 2013, favorecida pelo bom clima do ano, de norte a sul, em cada região da península italiana 18 | Emergenza La Negócios 24 | Gigante do aço Empresa de Trieste é tragica morte di centinaia di immigrati preoccupa tutta Italia e conferma il fallimento della legge Bossi-Fini responsável pelos cabos do bondinho do Pão de Açúcar e por estruturas de estádios de Brasília, Salvador e Porto Alegre 6 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Montenapoleone, artéria principal do shopping de luxo, 45% das lojas já pertencem a grupos não italianos Exposição 47 | Opulência As magníficas joias do tesouro de San Gennaro saem pela primeira vez de Nápoles para uma mostra em Roma Consumo 49 | Italian Sytle Atualidade 37 | Guilherme Aquino Na via Confira a nossa seleção de dicas de presentes para o Natal. Da linha de acessórios para doces da Bialetti às porcelanas estampadas da Versace Lettore 56 | Giorgio Mortara Conheça a história do estatístico e jurista italiano de origem judaica que escapou da Itália de Mussolini e contribuiu para profissionalizar a estatística brasileira por meio de seu trabalho no IBGE 58 | Claudia Monteiro De Castro Em Roma, há um museu feito para os pequenos, que podem explorar, de modo divertido, campos da ciência, comunicação, economia e tecnologia Editorial Expediente A metade italiana da maçã A grande metrópole americana tem um novo prefeito. Bill De Blasio, o novo chefe de Nova York, ganhou as eleições em meio a uma campanha que ressaltou suas origens italianas. O sucessor de Michael Bloomberg, que teve mais de 70% dos votos, reivindicou em vários momentos o orgulho de suas origens na pequena cidade de Sant’Agata dei Goti, província de Benevento, na Campânia, de onde sua família saiu ainda antes de 1900. Em seus discursos, fiel ao partido Democrático, as conquistas das minorias negras, hispânicas e hebraicas juntaram-se às frases que evocavam as conquistas da imigração italiana para atrair um eleitorado que soma mais de três milhões de cidadãos de origem italiana, de uma população total de 8,2 milhões na região central e outros 12 milhões no entorno urbano. Pietro Petraglia Editor Por lá, a comunidade itálica se destaca com nomes importantes em setores como a moda, as finanças, a magistratura e a alta gastronomia, no lugar de outros que no passado foram importantes construtores, importadores, juízes e comerciantes. Não assusta mais a palavra máfia, que por décadas foi usada como rótulo e responsável por calúnias e difamações em pleitos passados. Ainda na última noite antes do voto do último dia 5 de novembro, o próprio Bloomberg dedicou-se às excelências italianas da Big Apple. Numa recepção organizada pelo importante Instituto Italiano de Cultura da cidade, que juntou representantes de grande fatia do PIB nova-iorquino para celebrar a memória de Giovanni Agnelli, na presença do neto John Elkann, que preside o Grupo Fiat nos EUA, a arte da Itália que influenciou diretamente a sociedade americana foi aplaudida de pé. Aliás, poderia servir de inspiração à unidade do Rio de Janeiro que, lamentavelmente, naquela mesma noite, deixou os convidados Vips presentes à inauguração da 9ª Mostra Venezia Cinema no Brasil a ver navios, e mais de 200 pessoas abandonaram a sala do Espaço Itaú de Cinema em Botafogo desiludidas por não terem visto o campeão da mostra veneziana deste ano, “Sacro Gra”. Entre os participantes estava o ativo embaixador Raffaele Trombetta, que nada pôde fazer diante de um problema técnico. Simplesmente faltou conferir o código e testar a exibição da película europeia. Mais da metade dos 52 milhões de turistas que chegam à Nova York a cada ano, segundo pesquisas, vão em busca de cultura. Isso é um alerta para o Brasil, que deve garantir que os turistas voltem nos anos sucessivos aos grandes eventos. Boa leitura! Fundada em março no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 08/10/2013 às 16h10 Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: [email protected] Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cintia Salomão Castro; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi Subedição: Cintia Salomão Castro REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho [email protected] Capa: Editoria de arte Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola; Lisomar Silva CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 [email protected] RepresentanteS: Central de Comunicação contato: Cláudia Carpes tel. 61.3323-4701 / Cel. 61.8218-5361 [email protected] SCS QD 02, Bloco D, Salas 1002/1003 Edifício Oscar Niemeyer - Brasília ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220 8 de cosenostre JulioVanni Persona non grata ex-ativista italiano Cesare Battisti cancelou sua partici- O pação em um seminário patrocinado com verba pública na Universidade Federal de Santa Catarina, após recomendação do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurelio García. O seminário aconteceu entre 6 e 8 de novembro, e abordou o tema “Quem tem direito ao dizer”. Grupos de estudantes já haviam convocado nas redes sociais um protesto diante da reitoria. Em nota enviada aos organizadores, Battisti lamentou “ter de comunicar, de última hora”, que não participaria. “O evento começou a adquirir uma conotação política e poderia prejudicar Battisti, já que nossa legislação impede que asilados façam pronunciamentos políticos”, disse o senador Eduardo Suplicy. MafiaLeaks utores anônimos criaram uma página na internet para re- A velar segredos da máfia italiana chamada de MafiaLeaks, em referência ao site WikiLeaks, criado por Julian Assange, que revela segredos de Estado. No endereço www.mafialeaks. org, criado no final de agosto, é possível fazer denúncias anônimas por meio de mensagens, vídeos, fotografias a respeito da atuação de criminosos. “Se você faz parte de uma organização e gostaria de denunciar a máfia, a existência, ilegal, tráfico ou qualquer tipo de atividade, nossa plataforma garante o anonimato absoluto. Ninguém nunca vai saber sua identidade”, esclarecem. Sobre a identidade dos criadores, eles explicam: “somos um grupo pequeno de técnicos que paga do nosso bolso a gestão da página. Não é nosso trabalho fixo”. Zanuto na rede Mais médicos O programa Mais Médicos levou 13 profissionais da saúde aos hospitais de Campinas (SP), entre os quais o ítalo-brasileiro José De Toffoli. O médico é filho de brasileiros, mas estudou medicina na Itália, onde nasceu. Com 30 anos de experiência e junto com 12 colegas cubanos, começou a atuar no dia 11 de novembro. Antes, passou por uma semana de treinamento sobre o sistema de saúde de Campinas e as unidades de bairros periféricos onde irá trabalhar. A função dos médicos é realizar atendimento domiciliar, combate à dengue e saúde preventiva. Inventário D e acordo um levantamento inédito, a Amazônia é formada por 390 bilhões de árvores, que pertencem a 16 mil espécies diferentes, entre as quais apenas 227 (1,4%) dominam metade da biodiversidade da floresta. O estudo foi publicado na revista Science. A espécie individualmente mais abundante é um tipo de açaí (Euterpe precatoria). Outro tipo de árvore de açaí aparece em sexto (E. oleracea), usado na alimentação. São 9 bilhões de plantas, ou seja, mais de um açaí para cada habitante da Terra. B P arecem as cenas dos protestos no Rio de Janeiro, mas estamos falando de Roma. Na capital italiana, os manifestantes também entraram em choque com a polícia no dia 31 de outubro, quando grupos que reivindicam o direito à habitação e pedem o fim dos despejos reagiram às forças policiais nas proximidades da Fontana di Trevi, piazza Montecitorio e na via del Tritone, onde um carro blindado da polícia foi atacado. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas e oito manifestantes foram detidos. Guru para casais O ator pornô italiano Rocco Siffredi será o protagonista do novo programa televisivo Ci pensa Rocco. Segundo ele, o objetivo é recompor casais em crise. As redes sociais contribuíram para os problemas dos casais, observa: “A internet está nos levando cada vez mais para a solidão. Precisamos focalizar a atenção na nossa parceira, e as mulheres devem ser menos agressivas e duras, e mais femininas”. Siffredi vai liderar provas como o karaocco, um karaoquê onde o canto é acompanhado de uma mímica das posições do kamasutra. Retrato do país O dia 26 de outubro foi a data escolhida para gravar as imagens de Italy in a Day, o primeiro filme coletivo gravado pelos italianos que contribuíram com o vídeo de um fragmento do dia. O diretor italiano Gabriele Salvatores é o responsável pela seleção e montagem das histórias, e vai transformar os pedaços em um filme de 90 minutos. O projeto da Rai pretende fazer uma fotografia atual do Belpaese. runo Zanuto, tricampeão da superliga masculina de vôlei e atual ponteiro do Molfetta, se naturalizou para ter uma chance na azzurra. Depois do caso do futebolista brasileiro Diego Costa, que decidiu atuar pela Espanha na próxima Copa do Mundo, ele espera conseguir uma oportunidade na seleção da Itália de vôlei em 2014. “Ter sido eleito o melhor jogador na última partida me deixou muito feliz. É o reconhecimento do meu trabalho. Particularmente é uma temporada especial porque acabo de me naturalizar Italiano, o que faz esse prêmio ganhar um significado ainda mais importante”, afirmou o esportista, que teve como último clube no Brasil o Campinas, na temporada 2011/12. Em um dia A Itália irá votar como o Brasil só em um dia. Essa foi uma das consequências da legge di stabilità, que acaba com a “anomalia italiana” de votar em dois dias. Nas ultimas eleições, as urnas ficaram abertas de domingo, das 8h às 22h, e na segunda-feira, das 7h às 15h. Segundo o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, a medida vai possibilitar a economia de 100 milhões de euros. comunit àit aliana | novem br o 2013 9 Opinião enquetes frases “Francesca é lésbica, e eu fui muito mais que sua amiga. Silvio só decidiu anunciar publicamente o noivado para continuar a se divertir-se com as suas ‘amigas’ e não ser julgado pela sociedade”, Você concorda com o movimento de artistas brasileiros que querem proibir a publicação de biografias não autorizadas? Sim - 25% Não - 75% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 15/10/13 e 21/10/13. Você achou certa a privatização da bacia de pré-sal de Libra? Sim - 25% Não - 75% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 25/10/13 e 31/10/13. O que você acha dos testes de cosméticos e remédios aplicados em animais? Contra 63,6% A favor 36,4% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 01/11/13 e 05/11/13. no celular Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima Michelle Bonev, atriz búlgara, ao escrever em seu blog sobre a namorada de Silvio Berlusconi, que anunciou que irá processar a ex-amiga por difamação “Avete brindato? Dovete riporre i calici, perché Silvio non è morto. Se lui va ai servizi sociali, io andrò tutte le mattine con lui. Qualcuno ha detto, e perché non vai a pulire i cessi? Certo, lo farò, io pulisco i cessi, e lui mi porta la carta igienica”, “Quando um país acha que há espiões de potências estrangeiras atuando em seu território, faz-se contraespionagem para verificar se está ou não havendo espionagem. O que não podem é violar os direitos e a soberania das pessoas”, Iva Zanicchi, vicepresidente della Commissione Sviluppo dell’Europarlamento, parlando sull’ex premier Silvio Berlusconi José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, ao defender a atuação da Abin no monitoramento de funcionários de embaixadas estrangeiras no país “A coragem é algo semelhante à diversão dos jogos infantis imprudentes. Esses jogos que acabam te machucando e, de fato, o meu filme toca pontos doloridos. Acho que, onde uma pessoa está muito confortável, não consegue encontrar coisas interessantes”, “Não é que eu não quis, era uma fase da minha vida que eu estava muito zen. Se ela tivesse aparecido um pouco depois, talvez eu tivesse desenvolvido”, Reynaldo Gianecchini, ao confirmar que deu um fora na modelo e cantora Carla Bruni, em entrevista à revista Trip de outubro Valeria Bruni Tedeschi, atriz e diretora do filme Um castelo na Itália, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros “Foi Fellini que me empurrou para o meu cinema. Há poucos diretores que ampliaram a nossa forma de ver e mudaram completamente o modo em que experimentamos essa forma de arte. Fellini é um deles. Não basta chamá-lo de diretor, ele era um mestre”, “Os meus filhos dizem se sentir como as famílias de judeus na Alemanha durante o regime de Hitler. Todos estão olhando para nós”, Silvio Berlusconi, pai de Marina (1966), Pier Silvio (1968), Barbara (1984), Eleonora (1986) e Luigi (1988), em entrevista ao jornalista Bruno Vespa Martin Scorsese, filho de imigrantes italianos em Nova York, ao lembrar de Fellini, 20 anos após sua morte cartas “E stou maravilhado pela reportagem, muita bem feita e interessante, que retrata a história de nossa fundadora que deixou o nome à vila de Ana Rech. Nossos cumprimentos pela beleza da revista, de alta qualidade, com farto material de interesse para todos os leitores.” VALTER SUSIN, (Ana Rech – RS), por e-mail 10 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a “M uito útil a matéria sobre o ranking das universidades em todo o mundo. Ajuda o estudante na hora de escolher onde estudar no exterior.” LUÍS COSTA, (São Paulo – SP), por e-mail Serviço agenda 9ª Semana Venezia Cinema no Brasil Embaixada, Consulados, Bienal de Veneza, TIM e os Institutos Italianos de Cultura de São Paulo e Rio de Janeiro renovam a colaboração para levar às cidades brasileiras uma seleção dos filmes apresentados na Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica di Venezia. Em Curitiba, será exibida de 18 a 23 de novembro, no Espaço Itaú de Cinema, no Shopping Crystal. Já em Brasília, as exibições vão de 2 a 8 de dezembro, no Espaço Itaú de Cinema, no Shopping Casa Park SGCV sul. Expo Estádio A quinta edição do maior evento de equipamentos e tecnologia para áreas esportivas da América Latina acontece público poderá interagir com os equipamentos e tecnologias para locais esportivos. www.expo-estadio.com.br Mestres do Renascimento – Obras-Primas Italianas Após passar por São Paulo, a exposição está em Brasília, no CCBB, até o dia 5 de janeiro de 2014. Com 57 obras provenientes de importantes coleções da Itália, a mostra apresenta ao público brasileiro a extraordinária riqueza da arte italiana no Renascimento. De terça a domingo, de 9h às 21h. FIT 016 Com cerca de 150 expositores, a 42ª Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil, Teen e Bebê vai de reunir confecções e expositores de produtos, como acessórios de moda, calçados, cama e banho, de 3 a 5 de dezembro, em São Paulo, no Expo Center Norte, no Pavilhão Azul. A exposição contará com espaços demonstrativos, onde o decoração, móveis, brinquedos, enxoval, equipamentos para loja e serviços. De 24 a 27 de novembro de 2013, aberta a empresários de 10h às 19h, e das 10h às 17h no dia 27, no Expo Center Norte em São Paulo . Powergrid Brasil 2013 A Feira e Congresso de Energia, Tecnologia, Infra-Estrutura e Eficiência Energética reúne cerca de 120 expositores e irá mostrar novos equipamentos para geração, transmissão e distribuição de energia materiais para instalação, automação e instrumentação, meio ambiente, concessionárias de geração, transmissão e serviços em geral. De 27 a 29 de novembro, no Expocentro Edmundo Doubrawa, em Joinville - SC. www.messebrasil.com.br Florence Creativity Fato a mano in Italia O evento é dedicado a todos os amantes das artes manuais. De 21 a 24 de novembro, na Fortezza da Basso Firenze, cerca de 100 expositores irão exibir materiais para hobbies, tecidos, fios, componentes e ideias para casa ou naestante para o Natal. Também haverá a realização de workshops e atividades criativas. A feira abre de 9.30h às 19h. www.florencecreativity.it Fiera Internazionale d’Autunno A Feira de Outono apresenta o que há de melhor na produção do mercado regional e da economia do sul do Tirol, região italiana que faz fronteira com Áustria e Suíça. O espaço está dividido em três áreas temáticas: residencial, vivendo Alto Ádige e Tasty. Também haverá um bazar de produtos. De 20 a 24 de novembro, na Fiera Bolzano Spa, Piazza Fiera 1, de 9:30h às 18:30h. [email protected] www.autunno.fierabolzano.it clickdoleitor O bibliotecário do imperador Marco Lucchesi volta ao século XIX de O dom do crime, romance em que dialoga com a obra de Machado de Assis. Agora, seu personagem é Ignácio Augusto Cesar Raposo, bibliotecário de dom Pedro II. Testemunha dos bastidores da Corte, é o fio-condutor para apresentar as mudanças no tabuleiro de poder e no cotidiano do Rio a partir da Proclamação da República. Ao misturar personagens reais e figuras fictícias, Lucchesi convida a percorrer um fluxo de muitas vozes, mostrando o quanto é difícil e fascinante discernir o a realidade da ficção. Editora Biblioteca Azul, 112 páginas, R$ 29,90 Arquivo pessoal A literatura italiana no Brasil e a literatura brasileira na Itália – sob o olhar da tradução Organizado pela professora Patrícia Peterle, reúne artigos que abordam as dificuldades relacionadas a vocabulários diferenciados de autores brasileiros. O livro também indaga a respeito não apenas das traduções de títulos entre os sistemas literários Itália/Brasil, como também de um processo maior que envolve literatura e tradução. Aborda ainda o “saboroso e condimentado” problema de traduzir o vocabulário alimentar de Jorge Amado para o sistema literário italiano. Editora Copiart, 248 páginas. Disponível para download no site: http://www.pget.ufsc.br/BibliotecaDigital “E sta foi a minha primeira vez em Veneza, a primeira de muitas. Sem dúvidas, foi especial, pois me encantei e me apaixonei pelo lugar. Pela sua beleza, arquitetura e singularidade, Veneza é única! De todos os lugares onde já estive, é seguramente uma das minhas cidades preferidas.” Manuela Pereira Salvador, BA — por e-mail comunit àit aliana | novem br o 2013 11 opinione FabioPor ta Mal comune mezzo gaudio? Una crisi sottile ma ormai evidente colpisce tutti i partiti politici italiani, nessuno escluso A meno di un anno dalle ultime elezioni politiche italiane i principali partiti politici sono alle prese con una vera e propria “rivoluzione copernicana”, che nel giro di poche settimane potrebbe dare all’Italia un quadro politico nuovo e per certi versi imprevedibile. Il maggiore partito politico, il Partito Democratico (PD), affronterà tra pochi giorni il suo Congresso Nazionale e quindi – l’8 dicembre – le elezioni ”primarie” per la scelta del nuovo leader. Il trauma della mancata-vittoria alle ultime elezioni non è ancora stato elaborato e superato dal partito, che nel giro di soli cinque anni ha già cambiato ben quattro segretari (Veltroni, Franceschini, Bersani ed Epifani); i due principali candidati alla segreteria del partito, Gianni Cuperlo e Matteo Renzi, rappresentano due visioni distinte della politica e del partito e non è scontato che la vittoria dell’uno o dell’altro riesca a tenere unita l’eterogenea base elettorale e un gruppo dirigente formato ancora dalla classe politica dei due partiti che diedero vita al PD: i “Democratici di Sinistra” e la “Margherita”. Non meno stabile e tranquilla la vita dell’altro grande partito italiano, il “Popolo della Libertà”: per la prima volta il partito di Silvio Berlusconi appare spaccato in due; un’ala ‘moderata’, che si riconosce nel Vice Presidente del Consiglio Alfano e nei quattro ministri del governo guidato da Enrico Letta e la cosiddetta ala dei ‘lealisti’, fedeli ad oltranza al loro capo e pronti a fare cadere il governo e a nuove elezioni per evitare la decadenza dalla carica di senatore di Berlusconi. La terza forza che sostiene l’attuale governo di larghe intese è “Scelta Civica”, il partito nato dall’incontro tra l’ex Primo Ministro e Senatore a vita Mario Monti e il leader della Unione Democratica Cristiana, Pierferdinando Casini; anche questo gruppo è spaccato in due (o 12 forse in tre), con un settore che guarda ad una possibile unificazione con il nuovo centrodestra (prossimo erede del postberlusconismo) ed un’altra che vede con attenzione alla probabile vittoria di Renzi e quindi alla nascita di un centrosinistra post-ideologico condizionato da una forte componente di stampo cattolico. Nessuno sembra trarre beneficio da questo mini-terremoto che colpisce i tre partiti che sostengono l’attuale coalizione di governo. Il “Movimento 5 Stelle”, vera sorpresa delle ultime elezioni, viene dato in tutti i sondaggi molto al di sotto dal recente risultato elettorale e in qualche modo è anch’esso alle prese con una crisi di identità nel conflitto latente (anche se non ancora evidente) tra i suoi parlamentari da un lato e i veri leader del movimento, Grillo e Casaleggio. E non possiamo certo dire che le formazioni politiche minori presenti in Parlamento e anch’esse all’opposizione, no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a La risposta migliore a questa crisi sarebbero la nuova legge elettorale e le riforme istituzionali la Lega Nord e SEL-Sinistra Ecologia e Libertà, vadano meglio. Anzi. Cosa succede, allora? Quali letture e quali considerazioni far derivare da una situazione così poco chiara e logica? Difficile arrivare a delle conclusioni definitive e coerenti, perlomeno ora. Probabilmente le ultime settimane del 2013 contribuiranno a chiarire il tutto, anche grazie al risultato del Congresso del PD da un lato e al voto definitivo del Senato sulla decadenza di Berlusconi dall’altro. Una cosa, però, è certa: questo sistema politico e questo assetto istituzionale non sono più in grado di rispondere alle domande che emergono drammaticamente dalla gravissima crisi economica e dalla perdita di credibilità dei partiti politici in Italia. E’ per questo motivo che la risposta migliore a tutto ciò, comunque la si pensi e a qualsiasi ‘fazione’ si appartenga, sarebbe quella di fare subito le due riforme che tutti gli italiani aspettano ormai da tempo: una legge elettorale semplice e chiara, che dia agli elettori la scelta di chi si manda in Parlamento e definisca in maniera inoppugnabile chi vince le elezioni e quindi va al governo, una modifica del bicameralismo ‘perfetto’ con l’eliminazione del Senato (e la creazione del “Senato delle regioni”) e una riduzione drastica e radicale del numero dei parlamentari. Non saranno sufficienti, queste riforme, a cambiare l’acqua in vino, a spezzare cioè in un colpo solo questa sorta di ‘circolo vizioso’ che avvelena da troppo tempo la politica italiana; serviranno però sicuramente a frenare la deriva demagogico-populista alla quale attingono certi movimenti interessati più allo sfascio e al ‘tanto peggio tanto meglio’ che non al futuro del Paese e – di conseguenza – a ridare fiducia nelle istituzioni democratiche e nel loro ruolo indispensabile di motore della ripresa socio-economica, che da anni l’Italia sta aspettando. opinione EzioMaranesi Alitalia: un problema eterno L I contribuenti non possono più finanziare le perdite della società a colpa è del governo. È sempre del governo. Lo conferma il detto popolare: “ Piove, governo ladro”. Ciò che dice il popolo, in democrazia, è legge. Qualche volta. La vicenda Alitalia, da anni sull’orlo del fallimento, prova che la colpa è del governo ma dimostra che anche i privati, quando sono incompetenti, sono colpevoli. Fino al 2008 l’impresa era statale, amministrata con logica politica, e i concetti di efficienza e utile di esercizio erano optional trascurabili. Perdeva soldi? Lo stato ripianava le perdite, anno dopo anno, col danaro dei cittadini. Parliamo di cifre enormi: si stima 4 miliardi di euro nel solo periodo 2001/2008.Soffrí gestioni assurde, tanto che Mengozzi e Cimoli, amministratori in quegli anni, sono stati rinviati a giudizio. Incredibile è che lo stato pagasse i danni senza esigere che Alitalia varasse un piano per migliorare l’efficienza e i risultati gestionali. I timidi tentativi di risanamento erano seppelliti dai sindacati, che difendevano la routine demenziale della gestione per proteggere le viziate abitudini delle maestranze. Ricordate i frequenti scioperi di quel periodo? La supponenza con cui hostess e steward trattavano noi passeggeri? I sindacati ebbero un ruolo negativo nello stato di crisi permanente della nostra compagnia di bandiera. Lufthansa rifiutò di associarsi ad Alitalia visto l’incontenibile potere dei sindacati. Lo stato azionista, la dirigenza inetta, i contribuenti che pagavano i danni, non ebbero mai la forza di dire basta a una situazione insostenibile. Fino al 2008, quando finalmente la situazione di insolvenza portò ad avviare le procedure di fallimento della società. Alitalia però, pur decotta, aveva degli asset e un mercato interessanti: Air France la voleva comprare. Berlusconi, abilissimo quando amministra i suoi affari e molto meno abile quando usa i soldi degli altri, fece appello all’amor di patria degli italiani: rifiutò di vendere e mise insieme un gruppo di imprenditori, “patrioti” ma non fessi, che rilevò soltanto gli attivi della società. I debiti se li accollò lo stato e li pagammo, ancora una volta, noi contribuenti. Si stima che il danno che ci ha causato l’improvvida decisione di Berlusconi di non vendere sia di 4 miliardi di euro. Grazie Silvio. Finalmente Ancora una volta le cattive gestioni, associate da una “cultura” aziendale poco attenta all’efficienza e ai risultati, furono però i responsabili del nuovo “buco” però Alitalia era impresa privata, da gestire con logica di efficenza da imprenditori di affermata onestà, capacità e esperienza. Forse non tutti: tra i patrioti c’erano Ligresti e Bellavista Caltagirone, entrambi sotto processo per reati commessi nella gestione delle loro imprese, e c’era Riva, accusato dell’inquinamento di vaste aree di Taranto. Infine però il contribuente italiano non sarebbe stato più chiamato a coprire i buchi gestionali e il tricolore sulla coda degli aerei avrebbe continuato a testimoniare nel mondo che l’Italia era viva e pulsante. Ma una macumba malefica e una maledizione cosmica devono aver cospirato contro la nostra impresa che, dal 2008 al 2012, accumulò perdite per 843 milioni di euro. Più che il fato avverso, ancora una volta le cattive gestioni, associate da una “cultura” aziendale poco attenta all’efficienza e ai risultati, furono però i responsabili del nuovo “buco”. Oggi Alitalia perde un milione e mezzo di euro al giorno; è praticamente fallita. Il governo tenta di salvarla, salvare i posti di lavoro e il tricolore dipinto sugli aerei; per farlo ci mette pure danaro suo, cioè nostro, facendo sottoscrivere a una impresa statale, le Poste, un intervento di 75 milioni di euro. E spera che una impresa straniera rilevi, anche gratis, la nostra storica impresa. I ridicoli e ciechi responsabili dei nostri tre maggiori sindacati applaudono: i posti di lavoro sono salvi, per un paio di mesi. Noi contribuenti siamo un po’ meno felici: come sempre siamo chiamati a pagare errori altrui. Questa volta però, se piovve, la colpa non fu dello stato; neppure i privati riuscirono a raddrizzare la barca. Furono incompetenti? Oppure Alitalia, per la sua cultura aziendale, è senza speranza? Duole pensare che un nostro simbolo soccomba, e duole pensare ai dipendenti che fatalmente perderebbero il lavoro, ma se neppure l’iniziativa privata è stata capace di salvarla, lasciamola fallire. comunit àit aliana | novem br o 2013 13 Politica vogliono uccidere il padre, con l’obiettivo di prenderne il posto. Il variegato universo di starlette e ruffiani, che ha prosperato nel corso del lungo ventennio berlusconiano, è più eccitato che mai, e svariati personaggi in cerca di autore fanno a gara per conquistare le ultime briciole di notorietà o per ricostruirsi un’improbabile verginità. Il leone non è più leone, non azzanna e non reagisce. Ciò che si dice e accade, gli scivola addosso. Berlusconi non si è scomposto neanche dinanzi ad un nuovo rinvio a giudizio, frutto delle rivelazioni del reo confesso Sergio De Gregorio, ex senatore, che ai tempi del governo Prodi, dalla maggioranza, passò armi e bagagli all’opposizione: secondo l’accusa il cambio di casacca, favorito da alcuni intermediari, sarebbe stato pagato 3 milioni di euro da Silvio Berlusconi. In cerca di ossigeno Angosciato, l’ex premier continua a ruggire come un leone ferito dalla sentenza di condanna del Tribunale del Milano, ma c’è chi scommetta che abbia in serbo un colpo a sorpresa Stefano Buda S De Roma olitario, incerto, disilluso. Una maschera malinconica, a tratti tragica. Tira aria di fine impero dalle parti di Arcore e l’imperatore è più solo che mai. Non c’è più traccia dell’uomo che il mondo, nel bene o nel male, ha conosciuto, criticato, ammirato, irriso o invidiato: istrionico, guascone, sorridente e spavaldo. Sicuro di sé e della propria grandezza, a tal punto da mostrare le corna, mentre posa per una foto di famiglia dell’Unione Europea o da abbandonare la Merkel, durante un cerimoniale, per farsi una chiacchierata al telefono. Di quell’uomo esplosivo, sorprendente e inesauribilmente vitale, non resta che una pallida controfigura. Fino a poche settimane addietro, il leone Silvio Berlusconi continuava a ruggire. Un leone ferito, dalla sentenza di condanna del Tribunale del Milano, che lo ha condannato a quattro anni e mezzo di reclusione, da un clima politico mutato ed ostile, dall’impossibilità di fidarsi degli avversarsi, degli interlocutori e ancor meno della sua schiera di cortigiani. Contro tutto 14 questo e molto altro, il leone ha lottato. Accecato dall’ira e dal dolore, ha reagito in maniera scomposta: prima il profilo basso, la via politica, la trattativa nell’ombra con il presidente Napolitano e con gli alleati-nemici del centrosinistra. Quando ha annusato l’odore della trappola, si è affidato alla pancia e all’istinto: l’indice puntato contro i giudici “comunisti”, le manifestazioni di piazza, la minaccia di far saltare il banco. Fino alla prova di forza finale, segnata dal tradimento e terminata in una disfatta. Un duro colpo il voltafaccia dei fedelissimi di un tempo, da Angelino Alfano a Fabrizio Cicchitto, passando per Gaetano Quagliariello, Beatrice Lorenzin e Nunzia De Girolamo. Berlusconi già pregustava una nuova battaglia elettorale, nel corso della quale giocarsi il tutto per tutto. E invece il Governo ha ottenuto la fiducia ed è rimasto in piedi. Uno smacco. Berlusconi disarcionato dai berlusconiani. Da quel giorno il leone si è trasformato in un agnellino, che incerto e spaurito si è ritirato nell’ombra. Il mondo, intorno a lui, ha preso invece a ribollire. Molti peones, che un tempo gli erano devoti, adesso lavorano alla sua successione: no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Il voto sulla decadenza da senatore dell’ex premier Silvio Berlusconi si terrà nell’aula del Senato mercoledì 27 novembre Un agnellino o forse un gatto dalle sette vite? Gli incubi dell’ex imperatore sembrano essere dunque sul punto di materializzarsi: se Berlusconi, come appare ormai scontato, decadrà dalla carica di senatore, rischia di mettersi in moto una slavina giudiziaria capace di travolgerlo irreparabilmente. Berlusconi lo sa e non sa come uscirne. E’ talmente angosciato, dall’assenza di prospettive e dalla mancanza di orizzonti, che ha perso perfino la capacità di indignarsi. Ascolta impassibile, davanti al televisore, le dichiarazioni dei nuovi capobastone del suo partito, che pubblicamente si stracciano le vesti per le sorti del capo, ma in realtà non vedono l’ora di liberarsene. Lo considerano un fardello ormai troppo ingombrante. Il leone di un tempo, proprio in questi giorni, si appresta a giocare la sua ultima partita, nell’estremo tentativo di scongiurare la decadenza da parlamentare: chiede il voto segreto in aula, invoca un intervento del premier, ma sa bene che il tempo è scaduto. Non combatte, ma cerca ossigeno. Non rilancia, ma attende. Un ex leone, però, non può morire agnellino, e c’è chi scommette che ha in serbo un colpo a sorpresa. La candidatura della figlia Marina? Nonostante le smentite della diretta interessata, corre voce che un entourage sia già al lavoro per preparare la sua discesa in campo. Sarebbe l’ennesima resurrezione di Silvio Berlusconi. Non un leone, non un agnellino, forse un gatto dalle sette vite. Política Cooperação BR-IT Representantes dos governos e das indústrias dos dois países debatem em Roma temas como previdência social, cooperação jurídica e intercâmbio tecnológico Gina Marques B De Roma rasil e Itália estão unidos por laços culturais e de parentela, mas na prática o reconhecimento desta união depende de acordos bilaterais ainda em fase de negociações. A 5ª Reunião do Conselho Brasil-Itália de Cooperação Econômica, Industrial, Financeira e para o Desenvolvimento, que ocorreu em Roma, no dia 25 de outubro, teve como objetivo relançar as relações políticas bilaterais. Os dois países haviam passado um período morno, marcado por momentos delicados entre as políticas, se considerarmos que a última reunião de cooperação aconteceu em 2009 e só agora foi retomada. Paralelamente, de 21 a 23 de outubro, também na capital italiana, foram organizadas reuniões da comissão mista de ciência e tecnologia, uma mesa redonda sobre o programa Ciência sem Fronteiras, encontros empresariais que contaram com a participação de delegações de brasileiros e italianos e a discussão de temas sociais. Para tratar destes últimos, o governo brasileiro enviou o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, e o chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, Eduardo Basso. Eles conversaram com representantes italianos, como o diretor-geral das políticas previdenciárias e de seguridade social, Edoardo Gambacciani. Entre os temas discutidos, estavam a seguridade social e a cooperação jurídica, além do negociado acordo para a validade recíproca das carteiras de habilitação. Foram abordados ainda assuntos como aposentadoria, cooperação em saúde e a proteção dos direitos trabalhistas. Governo brasileiro comemora números do Ciência sem Fronteiras As autoridades brasileiras ressaltaram o sucesso do programa de cooperação Ciência sem Fronteiras — que promove colaboração cultural e intercâmbio científico e tecnológico através de viagens e estadias no exterior de estudantes e pesquisadores. Desde a implantação do programa em 2011, mais de 600 bolsistas brasileiros vieram à Itália pra aprimorar seus estudos. O objetivo é alcançar a marca de seis mil bolsas de estudo até 2015. Atualmente, a Itália é o quarto país com maior fluxo de bolsistas brasileiros, depois de Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. — Estamos contentes com os progressos registrados no setor científico através do Ciência sem Fronteiras, e expressamos um particular reconhecimento ao governo italiano, às universidades e aos vários institutos científicos pelo apoio dado — declarou o secretário-geral das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Eduardo dos Santos. O ministro da Previdência Social Eduardo Gabas foi uma das autoridades brasileiras presentes na reunião realizada na sede da Farnesina, em Roma Industriais também se reúnem A sessão plenária foi aberta pelo embaixador Eduardo dos Santos e pelo secretário-geral do ministério italiano das Relações Exteriores, o embaixador Michelle Valensise, com a participação do embaixador do Brasil em Roma, Ricardo Neiva Tavares, e do embaixador da Itália em Brasília, Raffaele Trombetta. A Itália é o oitavo principal parceiro comercial do país e, de 2007 a 2012, o intercâmbio comercial cresceu em 40%. Durante reuniões paralelas, membros da Confederação Nacional da Indústria (CNI) encontraram os representantes da Confindustria italiana para a realização da Missão Empresarial Italiana ao Brasil no primeiro semestre de 2014. A CNI foi representada pelo seu vice-presidente Paulo Tigre, pelo presidente da FIESC, Glauco José Corte, e pelo presidente da FIEP, Edson Luiz Campagnolo, acompanhados de empresários. Na mesa temática de Assuntos Econômicos, a Itália registrou o desejo de fortalecer parcerias nos campos de empreendedorismo e de investimento, em especial nos segmentos de alta tecnologia e de meio ambiente. O Brasil na Expo 2015 A reunião foi uma ocasião para o Brasil confirmar sua presença como país participante na Exposição Universal (Expo 2015), em Milão, de 1º de maio a 31 de outubro de 2015. O tema da Expo é Nutrir o planeta, Energia para a vida. O pavilhão brasileiro deverá contar com quatro mil metros quadrados, onde o país pretende apresentar a eficiência tecnológica da agricultura nacional e sua capacidade de misturar produtos estrangeiros e ingredientes locais na culinária. Dentro da exposição, o tema brasileiro será Brasil: Nutrir o mundo com soluções. comunit àit aliana | novem br o 2013 15 Atualidade A bota gaúcha Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul, embaixador se emociona ao ouvir o dialeto talian, alavanca parcerias com o setor industrial e diz que a Serra Gaúcha é um pedaço da Itália no Brasil Aline Buaes De Porto Alegre E m sua primeira visita oficial ao estado gaúcho, o embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta, se reuniu com autoridades e empresários locais para alavancar parcerias comerciais e industriais, além de ter visitado duas cidades da Serra Gaúcha, onde se emocionou com o que definiu “um pedaço da Itália no Brasil”. Entre os dias 12 e 14 de outubro, Trombetta esteve em Porto Alegre, Caxias do Sul e Antônio Prado. Na capital, a agenda oficial incluiu encontros com empresários locais e autoridades, como o governador Tarso Genro e o prefeito porto-alegrense José Fortunati. — Fiquei impressionado e emocionado nesta minha primeira visita ao Rio Grande do Sul. Além de ser um estado grande e 16 importante, possui uma presença italiana extraordinária — afirmou à Comunità. Ele destacou a viagem pela Serra Gaúcha, que definiu “não apenas como uma comunidade italiana, mas como uma parte da Itália aqui no Brasil”. O diplomata nascido em Nápoles e com quase 30 anos de carreira diplomática ficou surpreso ao ouvir, em Antônio Prado, o talian, nome oficial do dialeto falado no Rio Grande do Sul. no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a O embaixador italiano, Raffaele Trombetta, com a esposa Victoria Mabbs; o cônsul da Itália em Porto Alegre, Augusto Vaccaro; o vice-cônsul, Stefano Di Vittorio; e a deputada ítalobrasileira, Renata Bueno. Ele esteve em Galópolis, em Caxias do Sul, fundada em 1892 por italianos — O mais interessante e emocionante foi ouvir o dialeto que eles falam aqui nesta parte do Brasil: uma mistura do dialeto vêneto, do italiano e do português, uma experiência realmente única — salientou. Trombetta assistiu a uma missa em talian em Antônio Prado, a 184 km de Porto Alegre, onde também visitou a tradicional feira de especialidades gastronômicas Fenamassa e acompanhou a cerimônia de assinatura do acordo de Gemellagio do município gaúcho com as cidades italianas de Rotzo (na província de Vicenza) e Cavaion Veronese (na província de Verona). O acordo foi assinado pelo prefeito de Antônio Prado, Nilson Camatti, e por Lorenzo Sartori, prefeito de Cavaion Veronese, e Constantino Slaviero, representante da prefeitura de Rotzo. O embaixador acompanhou a inauguração do Monumento Leão de San Marco, que faz parte do Projeto Leoni Nelle Piazze, cujo objetivo é instalar em cidades de colonização italiana a escultura do leão alado — símbolo do Vêneto, marcando a origem da colonização na cidade. O leão foi encomendado ao escultor italiano Enrico Pasquale, que apresentou a obra pessoalmente. Acompanhado do cônsul da Itália em Porto Alegre, Augusto Vaccaro, do vice-cônsul, Stefano Di Vittorio, e da deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, Trombetta também conheceu de perto os bastidores da tradicional Festa da Uva de Caxias do Sul, que, em 2014, chegará a sua 30ª edição. Recepcionado pelo prefeito da cidade, Alceu Barbosa Velho, ele também visitou os pontos turísticos identificados com a imigração italiana, como o Instituto Hércules Galló, em Galópolis, a Estrada do Imigrante, a Igreja San Pelegrino e o Monumento Nacional ao Imigrante. Caroline Bicocchi Caroline Bicocchi Relações comerciais entre Mercosul e UE na pauta Ao voltar a Porto Alegre, o embaixador reuniu-se com representantes da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), quando discutiu sobre oportunidades de crescimento na relação bilateral com o Brasil e a viabilidade de União Europeia e Mercosul aumentarem o comércio entre os blocos. Para o embaixador, apesar da afinidade cultural, a relação política e econômica entre as duas nações ainda é tímida e pode ser reforçada. Trombetta também citou a possibilidade de os dois países formarem um Conselho Empresarial para se reunir regularmente, definir prioridades e colaborar para superar dificuldades mútuas. — Discutimos sobre as oportunidades para as empresas italianas aqui no Brasil, mas também sobre as possibilidades de investimentos brasileiros na Itália — afirmou à Comunità, lembrando que o governo italiano lançou recentemente um pacote de medidas para facilitar justamente os investimentos estrangeiros na Itália. Segundo dados divulgados pela Fiergs, o país europeu foi apenas o 33º destino das exportações do Rio Grande do Sul e o 10º das importações, com US$ 149,5 milhões e US$ 339 milhões, respectivamente. Houve uma queda de 40% nas exportações gaúchas em relação a 2011. A comitiva italiana esteve ainda no Palácio Piratini, sede do governo estadual, onde Trombetta foi recepcionado com honras militares pelo governador Tarso Genro. Ao final do encontro, ele anunciou a realização de um seminário nos próximos meses para alavancar as relações comerciais entre a Itália e estado. — O Rio Grande do Sul é um estado importante, onde a presença italiana é muito forte. Concordamos em organizar, nos próximos meses, um seminário com a presença de representantes de instituições comerciais e industriais italianas e gaúchas, para incentivar ainda mais as relações comerciais com a Itália — revelou na saída do encontro. Para o cônsul em Porto Alegre, esta viagem marcou uma primeira aproximação do embaixador com o estado. — Foi importante porque ele conheceu um mundo que ainda não conhecia, tanto dos italianos que vivem aqui quanto dos gaúchos de origem italiana — afirmou Vaccari à Comunità, salientando que esta visita trará “muitos benefícios tanto para o governo italiano quanto para o governo do estado”. Eventos especiais devem ser realizados nas cidades-sede da Copa Para encerrar sua viagem, o embaixador se reuniu com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti. Na pauta da reunião, entre outros temas, como mobilidade urbana e o projeto do metrô da capital gaúcha, o destaque ficou com a Copa do Mundo de 2014. Trombetta destacou que os italianos estão organizando uma série de eventos especiais para a ocasião e buscam a colaboração dos prefeitos das cidades-sede para desenvolver projetos culturais. Fortunatti, por sua vez, contou de uma viagem recente a Roma, onde participou do lançamento da campanha Não Desvie o Olhar, que tem como objetivo criar uma cultura comum de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em grandes eventos como as Olimpíadas. A Copa do Mundo também esteve na pauta do encontro com o prefeito de Caxias do Sul, que pediu apoio para trazer a azzurra para treinar na sua cidade, que está trabalhando para se tornar um centro de treinamento para as seleções durante a Copa do Mundo. — Seria muito bom se a seleção ficasse aqui em Caxias do Sul, onde há uma presença italiana histórica, mas isso é assunto para ser debatido com a Federação de Futebol — afirmou Trombetta, desejando que os italianos sejam sorteados para jogar em Porto Alegre nos jogos da Copa. — Esta foi a primeira (viagem) de muitas vezes, pois ainda pretendo vir ao Rio Grande do Sul — despediu-se o embaixador, prometendo uma nova visita à Serra Gaúcha para celebrar os 30 anos da Festa da Uva, em fevereiro de 2014, e também durante o Mundial, se a seleção italiana passar por Porto Alegre. O embaixador em vários momentos da visita: na missa em Antônio Prado, celebrada em taliam, variante do dialeto vêneto; recebendo uma tela do artista plástico Fábio Balen; com as rainhas da Festa da Uva; com o prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho; e com o governador Tarso Genro, que o recepcionou com honras militares comunit àit aliana | novem br o 2013 17 Attualità Emergenza in mare La tragica morte di centinaia di immigrati preoccupa tutta Italia, il cui litorale è la principale porta dell’Europa Stefano Buda U De Roma n cimitero in mezzo al mare, che di giorno in giorno si ingrossa a dismisura. L’Italia, cerniera tra il Mediterraneo e l’Europa, continua ad assistere impotente alla tragica morte di centinaia di immigrati. Uomini, donne e bambini, provenienti principalmente dalla Somalia, dalla Tunisia, dalla Siria, dall’Afghanistan, dall’Eritrea e dal Mali, che lasciano il proprio Paese alla ricerca di un futuro migliore. Utilizzano i risparmi di una vita, ovvero cifre che oscillano tra i 3 mila e i 6 mila euro a persona, per pagare il proprio viaggio della speranza. Si ritrovano stipati, a bordo di vecchi barconi, senza alcuna garanzia per la propria sicurezza. Destinazione Sicilia: Lampedusa, ma anche Ragusa, Trapani e Siracusa. I 18 loro traghettatori sono scafisti senza scrupoli, che molto spesso, per evitare di essere identificati dalle autorità italiane, li abbandonano al proprio destino in prossimità della costa. Non importa se il mare è in burrasca, se la gran parte di quei disperati sarà inghiottita dalle onde e se in pochi riusciranno a sopravvivere. E’ quanto accaduto il 3 ottobre scorso al largo dell’isola di Lampedusa, dove il naufragio di un barcone, abbandonato alla deriva, ha provocato la morte di quasi 400 persone. Una tragedia che ha scosso nel profondo la coscienza degli italiani, pur trattandosi soltanto dell’ultimo atto di una lunga catena. Naufragi e annegamenti, infatti, si verificano quotidianamente da diversi anni e, prima della strage di Lampedusa, quasi non facevano più notizia. Da quel giorno qualcosa è cambiato, sul piano della determinazione politica nell’affrontare no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a La Guardia Costiera e le forze dell’ordine hanno aiutato i sommozzatori a recuperare i corpi di quasi 400 migranti morti nel naufragio davanti all’Isola dei Conigli a Lampedusa i problemi, ma gli sbarchi non accennano a diminuire e decine di persone, ogni giorno, trovano la morte al largo della costa italiana. La Guardia Costiera non conosce pace e fa quel che può per soccorrere le migliaia di disperati che tentano la via del mare. Secondo le stime, dall’inizio dell’anno, sono già sbarcati in Italia oltre 35 mila immigrati. Molti fuggono dalla fame e da guerre sanguinarie, la gran parte non ha alcuna intenzione di restare nello Stivale: sanno che l’Italia offre poche opportunità, sono solo di passaggio e il loro sogno si chiama Germania, Francia o Inghilterra. Il litorale italiano è la principale porta dell’Europa e l’Europa, di fronte alle stragi quotidiane, avrebbe il dovere di farsi carico del problema. La Guardia Costiera e le forze dell’ordine, da sole, non sono in grado di garantire la sicurezza. Gli esponenti del Governo italiano hanno chiesto all’Europa un cambio di passo. Giusi Nicolini, sindaco di Lampedusa che da mesi cerca invano di richiamare l’attenzione su quanto accade nell’isola, ha avuto la possibilità di intervenire al parlamento europeo, che l’ha ascoltata con grande attenzione. — Ora che tutti avete visto quelle bare — ha detto rivolgendosi agli europarlamentari — speriamo che qualcosa cambi davvero. Non deludeteci. E qualcosa, lentamente, sembra essere in procinto di cambiare. L’ultimo vertice Ue ha accolto le richieste dell’Italia, inserendo nel testo conclusivo un riferimento alla necessità “di fornire una risposta europea, guidata dal principio della solidarietà, al problema dell’immigrazione e di ripartire equamente le responsabilità”. L’Europarlamento, inoltre, ha approvato una risoluzione bipartisan, sui flussi dei migranti nel Mediterraneo, in cui si chiede di “modificare o rivedere eventuali normative che infliggono sanzioni a chi presta assistenza in mare”. Evidente il riferimento alla legge Bossi-Fini, che fissa la normativa in materia di immigrazione, punendo chi soccorre gli immigrati clandestini. Il sindaco di Lampedusa, nei giorni scorsi, ha raccontato che il giorno della strage di inizio ottobre tre pescherecci locali si sarebbero allontanati dal luogo del naufragio: avrebbero rinunciato a prestare soccorso proprio perché in passato altri pescatori, dopo aver salvato la vita ad alcuni immigrati, sono finiti sotto processo con l’accusa di favoreggiamento dell’immigrazione clandestina. Anche il premier Letta si è dichiarato deciso a superare la legge Bossi-Fini Un altro aspetto controverso è quello dei respingimenti, che in base alla legge Bossi-Fini sono ammessi anche nelle acque extraterritoriali: con l’obiettivo di evitare che i barconi attracchino sul suolo italiano, viene consentito che l’identificazione degli eventuali aventi diritto all’asilo politico o a prestazioni di cure mediche e assistenza avvenga direttamente in mare. E’ questa una delle principali ragioni che spingono i migranti clandestini a gettarsi in acqua: provano a dribblare i controlli e a raggiungere la riva a nuoto. Tra i migranti che viaggiano sui barconi possono esserci profughi in cerca di protezione internazionale e il respingimento senza una verifica approfondita, che spesso non avviene, viola la Carta dei Diritti Fondamentali dell’Unione europea, che recepisce a sua volta il principio stabilito dalla Convenzione di Ginevra, secondo cui gli Stati non possono rinviare i rifugiati nei Paesi dove questi sono perseguitati e rischiano la vita. La Bossi-Fini ha fallito su tutti i fronti: sul piano della deterrenza, dal momento che gli sbarchi sono addirittura aumentati; sul piano della sicurezza, visto che la legge punisce chi aiuta i migranti e incoraggia il compimento di gesti disperati e talvolta letali; e infine sul piano delle condizioni umanitarie, dal momento che i cosiddetti centri di accoglienza, nei quali vengono rinchiusi gli immigrati clandestini prima di essere espulsi, sono iperaffollati e in alcuni casi assomigliano a veri e propri lager. Anche i superstiti della strage di Lampedusa, subito dopo essere stati soccorsi, sono stati raggiunti dal provvedimento di espulsione e rinchiusi nel centro di accoglienza locale, dove attualmente si trovano 750 persone, a fronte di una capienza massima di 380 posti. Ragioni più che sufficienti per mandare in soffitta una normativa inadeguata e inefficace. Lo stesso presidente del Consiglio, Enrico Letta, che ha reso omaggio alle vittime della strage di Lampedusa, si è dichiarato deciso a superare la legge Bossi-Fini. Il tema, però, è delicato. Nella gran parte dell’Europa, come spesso avviene nei tempi di crisi acuta, soffia un vento contrario agli immigrati, che rappresentano l’obiettivo più facile: l’estrema destra e i movimenti populistici continuano a guadagnare consensi puntando il dito contro gli stranieri, accusandoli di rubare il lavoro, di occupare indebitamente le case e di ridurre in miseria le popolazioni autoctone. Naturalmente le cose non stanno così, ma anche la politica italiana è prigioniera di logiche simili: senza contare la Lega e l’estrema destra, che fanno una bandiera della battaglia contro gli immigrati, il centrodestra italiano è arroccato a difesa della Bossi-Fini, il centrosinistra è diviso ed incerto, mentre Beppe Grillo ha già sconfessato i senatori del Movimento 5 Stelle che si erano pronunciati per la cancellazione della legge. Il sindaco di Lampedusa Giusi Nicolini si è incontrata il 5 novembre con il premier Letta a cui ha chiesto di trasferire al più presto da Lampedusa gli oltre cento eritrei superstiti perché è “da più di un mese che continuano a essere sequestrati nel Centro di accoglienza dove vivono in condizioni quasi disumane” La cronaca di ogni giorno continua ad incalzare, allungando il triste elenco dei morti in mezzo al mare. Occorre interrompere la spirale: l’Europa deve passare dalla politica degli annunci a quella dei fatti. Alcune conclusioni operative approderanno al Consiglio europeo già a dicembre e riguarderanno soprattutto il rafforzamento di Frontex, l’Agenzia che ha lo scopo di coordinare il pattugliamento delle frontiere esterne aeree, marittime e terrestri degli Stati membri della Ue e l’implementazione di accordi con i Paesi confinanti, per la riammissione dei migranti extracomunitari respinti lungo le frontiere. Anche l’Italia ha il dovere di attivarsi sul fronte interno, impegnandosi per correggere il tiro. Papa Francesco, che pochi mesi prima aveva fatto visita agli immigrati rinchiusi nel Centro di accoglienza di Lampedusa, ha utilizzato la parola “vergogna” per definire quanto accaduto e ha invitato tutti ad “unire gli sforzi per fermare le stragi in mare”. Da Milano a Napoli, da Roma fino alle isole, non andrebbe mai dimenticato che anche l’Italia è un Paese di migranti. comunit àit aliana | novem br o 2013 19 Attualità L’esercito dei vitalizi La grossa lista di ex parlamentari mantenuti dallo Stato italiano costa 215 milioni di euro all’anno e include una pornostar come Cicciolina, artisti come il cantautore genovese Gino Paoli , e politici corrotti come Giulio Di Donato, condannato nel processo sulla gestione dei rifiuti a Napoli Stefano Buda T Di Roma re milioni di disoccupati e quasi un giovane su due senza lavoro. Gli italiani, flagellati dalla crisi, fanno fatica ad arrivare alla fine del mese, ma devono sborsare ogni anno 215 milioni di euro per pagare le pensioni a vita di circa duemila ex parlamentari. Un dato al quale occorre aggiungere le oltre 500 reversibilità versate a coniugi e figli dei politici deceduti. Gli importi dei vitalizi oscillano tra i 1.500 e i 6.500 euro netti al mese (ma considerando tasse e 20 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a contributi costano ai cittadini molto di più) e variano a seconda del numero di legislature. Per molti politici, una sola pensione d’oro non è sufficiente: oltre 200 ex parlamentari ne incassano anche un’altra, in virtù dei loro trascorsi da consiglieri regionali. Se si è stati ministri o presidenti di Camera e Senato, si cumulano ulteriori benefici. La casta, insomma, non conosce crisi e continua a drenare risorse pubbliche dalle casse di un Paese che soffre. Peraltro sono davvero pochi gli ex deputati ed ex senatori realmente a riposo: nella gran parte dei casi si riciclano all’interno degli enti pubblici e delle fondazioni o tornano ad esercitare le rispettive professioni. Qualcosa, però, negli ultimi tempi è cambiato. Fino a pochi anni addietro bastava un solo giorno in parlamento per avere in tasca la pensione. Dal primo gennaio del 2012, invece, i nuovi deputati e senatori sono stati costretti a dire addio al sistema dei vitalizi, passando al sistema contributivo, che aggancia l’importo della pensione ai contributi effettivamente versati. Bisognerà attendere ancora molti anni, però, prima di assistere all’estinzione dell’esercito dei mantenuti di Stato, che negli anni si è ingrossato a dismisura e conta tra le sue fila politici di professione, magistrati, giornalisti, imprenditori, sindacalisti e personaggi dello spettacolo. Un carrozzone affollato e variegato, sul quale trova posto anche una pornostar come Ilona Staller (in arte Cicciolina) che Marco Pannella, nel 1987, candidò con il Partito Radicale: con una sola legislatura alle spalle, Cicciolina ha diritto a riscuotere 2.120 euro netti al mese. Sempre Pannella, nel 1983, candidò alla Camera Toni Negri, ex leader di Potere Operaio, una delle formazioni più intransigenti della sinistra extraparlamentare. A quel tempo Negri era detenuto per associazione sovversiva e insurrezione armata contro i poteri dello Stato. Pannella, per protestare contro l’applicazione di leggi che riteneva repressive, gli restituì la libertà facendolo eleggere in parlamento, ma il neodeputato, temendo di finire nuovamente in carcere, dopo poche settimane scappò in Francia, dando inizio ad una latitanza che durò fino al 1997. Nonostante la fuga e le rare e fugaci apparizioni alla Camera, Negri riscuote un vitalizio da 2.006 euro al mese. È ampia la schiera dei pensionati d’oro condannati nel corso della prima tangentopoli, che negli anni 1990 portò alla luce un diffuso sistema di corruzione, concussione e finanziamento illecito ai partiti, nel quale risultarono coinvolti alcuni dei principali esponenti della politica italiana: personaggi come l’ex ministro della Giustizia Claudio Martelli, condannato per aver intascato 500 milioni di lire nel caso della maxitangente Enimont (20 anni in parlamento e un vitalizio da 4.684 euro al mese), come l’ex segretario del Partito Liberale Italiano, Renato Altissimo, condannato nell’ambito dello stesso processo (22 anni in parlamento e un vitalizio da 4.856 euro al mese), come il socialista Giulio Di Donato, ex braccio destro di Bettino Craxi, condannato nel processo sulla gestione dei rifiuti a Napoli (20 anni in parlamento e un vitalizio da 3.796 euro netti al mese), come Gianpaolo Pillitteri, cognato di Craxi ed ex sindaco di Milano, condannato a 4 anni e 6 mesi per ricettazione (10 anni in parlamento e un vitalizio da 2.906 euro al mese) e come Giovanni Prandini, quattro volte ministro, condannato per abuso di potere (30 anni in parlamento e un vitalizio da 5.403 euro al mese). L’ex presidente della Fifa e Uefa Antonio Matarrese riceve 4.346 euro mensili Oltre a nani, ballerine e politici corrotti, i contribuenti italiani sono costretti a mantenere numerosi imprenditori che non avrebbero certo bisogno del sussidio di Stato. Tra questi Luciano Benetton, numero uno dell’omonimo gruppo attivo nel settore della moda, al Senato per soli tre anni, nelle file del Partito Repubblicano Italiano e titolare di una pensione a vita da 2.191 euro netti al mese. Antonio Matarrese, imprenditore pugliese salito alla ribalta negli anni 80 e 90 per essere stato presidente della squadra di calcio del Bari e della Federcalcio italiana, e in seguito vicepresidente della Fifa e dell’Uefa, è stato 18 anni in parlamento e ha diritto a un vitalizio da 4.346 euro al mese. Se per gente come Benetton e Matarrese le pensioni pubbliche sono poco più di una mancia, per Vittorio Cecchi Gori, che intasca 3.068 euro netti al mese, in virtù del suo passato da senatore, il vitalizio rappresenta una bella boccata d’ossigeno. Infatti, nonostante sia stato produttore cinematografico di successo, imprenditore televisivo e presidente della Fiorentina, la sua storia più recente è segnata da paurosi crack finanziari: più volte arrestato per bancarotta fraudolenta, è stato condannato per i fallimenti della Fiorentina, della Safin e della Finmavi, collezionando pene che, nell’insieme, ammontano ad oltre 10 anni di reclusione. Anche una parte del mondo dello spettacolo ha voluto provare l’ebbrezza della politica, maturando contestualmente il diritto al vitalizio: il cantautore genovese Gino Paoli, che ha messo in musica brani celebri come Sapore di sale e C’era una volta una gatta, è stato deputato del Partito Comunista Italiano dal 1987 al 1992 e percepisce ogni mese 2.019 euro netti. I registi Franco Zeffirelli, senatore democristiano per un decennio, e Pasquale Squitieri, a Palazzo Madama per una sola legislatura, ricevono rispettivamente 3.030 e 2.021 euro netti al mese. Tra i beneficiati di Stato anche alcuni mostri sacri del giornalismo, Dal primo gennaio del 2012, i nuovi deputati e senatori sono stati costretti a dire addio al sistema dei vitalizi, passando al sistema contributivo, che aggancia l’importo della pensione ai contributi effettivamente versati Il politico Giulio Di Donato, il cantante genovese Gino Paolo e Cicciolina: vitalizi dai 2.000 euro netti al mese come Eugenio Scalfari, storico direttore del quotidiano La Repubblica, alla Camera dal 1968 al 1972, nelle file del Psi (2.162 euro netti al mese), come l’ex direttore del Tg2 Rai, Alberto La Volpe, deputato socialista nella dodicesima legislatura (vitalizio da 2.129 euro al mese) e come Lucio Manisco, corrispondente Rai dagli Stati Uniti, per otto anni a Montecitorio tra i banchi di Rifondazione Comunista (2.016 euro al mese). Completano il quadro leader sindacali come Pierre Carniti e Vittorio Foa, magistrati saliti agli onori delle cronache come Ferdinando Imposimato e Tiziana Parenti, avvocati di grido come Carlo Taormina, Giuliano Pisapia e Raffaele Della Valle, intellettuali del calibro di Alberto Asor Rosa, Stefano Rodotà e Vittorio Sgarbi. Gli ex parlamentari che godono dei vitalizi più sostanziosi sono coloro che hanno calcato più a lungo la scena politica. La pensione più ricca in assoluto è quella di Roland Riz, docente universitario e storico leader del Südtiroler Volkspartei (Svp), un piccolo partito regionale localizzato in Trentino Aldo Adige e impegnato a tutelare gli interessi delle minoranze tedesca e ladina. In virtù di una presenza parlamentare lunga nove legislature, Riz riceve 6.331 euro al mese. Nel gruppone di testa anche alcuni dei leader politici più noti dell’ultimo ventennio: dall’ex presidente del Senato, Nicola Mancino (6.191 euro) all’ex presidente della Camera, Gianfranco Fini (5.614 euro), passando per uomini di punta del centrosinistra, come Massimo D’Alema (5.283 euro), e per alcuni capobastone del centrodestra, come Marcello Dell’Ultri — quest’ultimo, ex braccio destro di Silvio Berlusconi all’interno di Fininvest e Publitalia, è stato condannato a sette anni di reclusione per concorso esterno in associazione mafiosa dalla Corte di Appello di Palermo e riceve 4.424 al mese. comunit àit aliana | novem br o 2013 21 Fotos: Claudio Junior Barragan Negócios O rei das válvulas Presidente da empresa líder no segmento de válvulas assina o primeiro acordo de cooperação entre Brasil e Itália com o Senai e aponta o Rio como sede da sua próxima filial Stefania Pelusi O presidente da Zavero, Gianluigi Zanin, não tem filhos, mas as válvulas se tornaram a sua família, como ele mesmo gosta de dizer. — A minha família era pobre. Aos 13 anos, eu já trabalhava. Foi assim que me especializei nas válvulas. A princípio, trabalhei para uma empresa. Depois, com sacrifícios e obstinação, consegui montar a minha própria firma — conta à Comunità o presidente da empresa italiana, que vai oferecer a sua longa experiência à formação de técnicos brasileiros no Senai. A Zanin representa a força das pequenas e médias empresas italianas. Especialista no setor das válvulas industriais, há 40 anos o empresário cuida dos “seus filhos” com paixão e dedicação. Situada na província de Novara, no norte da península, a empresa assinou o primeiro acordo de cooperação voltado para a formação de mão de obra especializada com o Centro de Tecnologia Senai Solda (CTS Solda) em 23 de outubro, durante o XV Seminário Exposol Rio 2013, na sede do centro tecnológico, na capital fluminense. 22 O presidente da Zavero assina o primeiro acordo com o gerente do Centro de Tecnologia Senai Solda, Mauricio Ogawa. Abaixo, a equipe da empresa italiana, da esquerda para a direita: o especialista em gestão de empresas e finanças públicas Odilon Silva; o presidente Gianlugi Zanin; a responsável pelo departamento comercial Alessia Cogo; e a manager da empresa no Brasil, Joana Lucia Maciel À cerimônia compareceram o gerente executivo do Centro de Tecnologia Senai Solda, Mauricio Ogawa, e os representantes da Firjan e da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira do Rio de Janeiro. — Quando os diretores do Senai conheceram a nossa companhia, souberam de uma pesquisa que fizemos sobre os círculos de válvulas e viram que seriam interessante para o desenvolvimento do mercado petróleo, óleo e gás aqui no Brasil — explica à Comunità Joana no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Lucia Maciel, responsável pela área Brasil da empresa italiana. Nascia, assim, a cooperação, e a indústria italiana ofereceu um curso de formação em tratamento de válvulas para conferir maior longevidade ao produto, destinado a um dos multiplicadores de informações do CTS que pode vir a ser no futuro um gerente ou um professor. Além disso, a Zanin vai doar à instituição brasileira uma válvula para ser montada, que poderá ser usada para explicar como se faz a longevidade dos ativos, a nova linguagem que a Petrobrás está usando no mercado de petróleo, óleo e gás. — Os ativos são produtos que são inseridos dentro do contexto de organização, produção e desenvolvimento do mercado petróleo, óleo e gás. E a Zavero foi a primeira indústria italiana convidada para ministrar um curso para nível técnico e superior — explica a executiva brasileira, que divide a sua vida entre Turim e o Rio. Apesar do momento de crise no qual está mergulhada a Itália, a empresa de válvulas investiu no ano passado sete milhões e meio de euros com capital próprio para ampliar a indústria e adquirir novas tecnologias. A qualidade do produto e a grande gama de válvulas são o segredo da companhia. — É como fazer um vestido. Se for de ótima qualidade, sempre vai ter clientes, mesmo em época de vacas magras. O nosso diferencial é a qualidade do produto e os diferentes tipos de válvulas que temos. Temos uma estrutura para fazer qualquer tipo de válvula e trabalho não falta — ressalta o dono da empresa, que recebe encomendas da Rússia, do Japão e de países do norte da Europa. Internacionalizar: o sonho das pequenas e médias O Brasil, para o empresário Zanin, é um sonho que ele sempre quis realizar. O país será a próxima meta de internacionalização de sua indústria: ele anuncia que, dentro de 18 meses, vai abrir uma filial no Rio de Janeiro. O objetivo da companhia italiana é atender à nova e aquecida demanda das refinarias, termoelétricas, onShore, offShore e petroleiras, como a Petrobrás, que requerem equipamentos para o grande mercado do setor. — Para internacionalizar uma indústria, não se trata apenas de levar a empresa para outro país. É preciso conhecer a cultura local. Por isso, os alunos do curso serão nossos futuros técnicos de manutenção na sede, aqui no Brasil. Com a colaboração da CTS Solda, estamos gerando mão de obra específica e qualificada para o mercado brasileiro — finaliza Joana Lucia Maciel, responsável pela área Brasil da Zavero. Fotos: Marcos Fioravante Meio Ambiente Tecnologia solar Pirelli e governo italiano vão implantar equipamento solar de grande porte para reduzir emissões de gás carbônico em fábrica na Bahia Janaína Pereira A De São Paulo empresa Pirelli e o Ministério italiano do Ambiente, em colaboração com o Fórum das Américas, vão implantar o primeiro equipamento solar de grande dimensão no mundo para a produção direta de vapor, a uma temperatura média para utilização em uma fábrica. O projeto piloto será realizado na fábrica da Pirelli, em Feira de Santana, na Bahia. O anúncio oficial foi feito no dia 31 de outubro, em São Paulo, por autoridades italianas e executivos da empresa, como o diretor geral para o Desenvolvimento Sustentável, Clima e Energia do Ministério italiano, Corrado Clini; o presidente da Pirelli na América do Sul, Paolo Dal Pino; o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Mauro Marsili; o diretor da Agência italiana de Comércio Exterior (ICE), Federico Balmas; e o presidente do Fórum das Américas, Mario Garnero. Fruto do acordo de colaboração assinado pelo Ministério italiano e a Pirelli em janeiro do ano passado, o projeto tem como objetivo reduzir as emissões de dióxido de carbono, e faz parte da cooperação ambiental entre a Itália e o Brasil, consolidada em junho de 2012 — mês em que foi realizada a conferência Rio+20 — com o compromisso assinado pelo ministro brasileiro de Minas e Energia brasileiro e o ministro italiano do Ambiente. — Devido às características geográficas e meteorológicas da Bahia, a fábrica de Feira de Santana foi escolhida para receber o projeto piloto. No futuro, poderemos aplicar a outros setores do mercado brasileiro e mundial. O Brasil é um país com sensibilidade para energias renováveis e a preocupação com o meio ambiente está no DNA da Pirelli — explicou Paolo Dal Pino, lembrando que a empresa integra o Índice Dow Jones de Sustentabilidade. O sistema recebeu um investimento do governo italiano de 1,3 milhão de euros e estará ligado diretamente às linhas de vapor utilizadas para a produção de pneus. Faz parte da empreitada o Politécnico de Milão, universidade responsável pelos estudos preliminares; e o O presidente da Pirelli, Paolo Dal Pino, assina o acordo para a instalação do equipamento solar Grupo Angelantoni, que fornecerá a tecnologia exclusiva do solar termodinâmico de concentração, desenvolvido na Itália. — O mais fascinante é a transferência de tecnologia avançada para um país de economia emergente. É algo inédito e já estamos estudando a possibilidade de aplicá-lo em outros setores, adequando sua escala — disse Corrado Clini. Ele revela que está em andamento uma negociação com o governo de São Paulo para que a produção de vapor por meio de energia solar possa ser testada no setor civil e na refrigeração de hospitais. O ICE e a organização não-governamental brasileira Fórum das Américas garantirão o monitoramento do projeto. — É importante que uma marca tome a responsabilidade das questões ambientais. E a Pirelli faz exatamente isso — ressaltou Federico Balmas, do ICE. Segundo o executivo do setor de energias da Pirelli, Mario Apollonio, o equipamento solar será conectado diretamente às linhas de vapor utilizadas para a produção de pneus e o campo dos coletores solares terá uma superfície espelhada de aproximadamente 2.400 m² dentro da área da fábrica. A potência de pico do equipamento poderá chegar a 1,4 MW térmicos, o que garante uma cota de armazenagem térmica do ciclo de produção regular da fábrica. Estima-se uma redução de duas mil toneladas de CO2 em emissões em cinco anos. O monitoramento e a análise pontual das condições climáticas locais, a gestão da fase de funcionamento inicial diário e a distribuição não uniforme da radiação no campo dos coletores são os principais aspectos que serão observados e aprofundados durante o experimento. A experiência acumulada lançará as bases para a utilização mais ampla do equipamento solar de concentração no setor industrial. Para o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Mauro Marsili, o projeto marca um momento especial da relação entre o Belpaese e o Brasil. — É um projeto complexo, mas sem dúvida temos nele a criatividade necessária para se realizar um importante trabalho de sustentabilidade. comunit àit aliana | novem br o 2013 23 Negócios Ao lado fica outra indústria logística, como a Artoni-Samer, especializada em carregamento marítimo, que transporta também os grandes motores navais da Wartsila, além das bobinas colossais da Redaelli. O gigante Redaelli Cabos de aço do bondinho do Pão de Açúcar e estruturas de estádios de Brasília, Salvador e Porto Alegre são assinados por empresa de Trieste Gina Marques D De Trieste izem que Deus é brasileiro e que, entre as maravilhas do mundo, criou o Pão de Açúcar. O bondinho, porém, tem as mãos de um gigante italiano: a Redaelli. Foi a empresa italiana de engenharia que fabricou os cabos de aço do teleférico que diariamente conduz milhares de pessoas para ver a Cidade Maravilhosa do alto. Como um gigante, a Redaelli “toca o céu” com cabos de aço de teleféricos e grandes gruas, a terra com minas e tensoestruturas para pontes e estádios (como os de Brasília, Salvador e Porto Alegre), e as profundezas do mar com as frotas para a extração de petróleo e gás. Líder mundial do setor, a companhia acaba de bater pela terceira vez consecutiva o recorde do maior cabo de aço do mundo, chamado Flexpack, com um diâmetro de 158 mm, mais de 4 km de comprimento e um peso superior a 430 toneladas: uma tarefa digna de Titãs. Para celebrar o feito, foi organizado um evento em 10 de outubro em Trieste, cidade no nordeste da Itália, onde a Redaelli fabrica o Flexpack. O evento contou com as “feras” do setor, como Giuseppe Coronella, vice-presidente executivo offshore de negócios Unit da Fincantieri; Maurizio Fermeglia, reitor da Universidade 24 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a de Trieste; Luca Farina, presidente e CEO da Orion; Paolo Portonero, membro da RemaCut; Sergio Razeto, vice-presidente de produto centre 4-Stroke e presidente e CEO da Wartsila Italia; Mauro Piasere, presidente e CEO da Saipem America; Alexandr Shevelev, CEO da Severstal-Metiz; e Maurizio Prete, chefe executivo da Redaelli, que fez as honras de casa. O cabo de aço Flexpack apresenta um design modular formado de uma base simples, mas extremamente robusta (são cordões entrançados de apenas sete fios). Estas tranças de fio de aço super resistentes representam a solução mais completa para aplicações de levantamento offshore em águas profundas. Para trabalhar em mais de quatro quilômetros de profundidade, são necessários produtos de alta tecnologia por causa das cargas axiais elevadas, além de alta resistência às pressões transversais devido ao seu uso. Transportar uma estrutura enorme que pesa 430 toneladas requer condições específicas. — Esforçamo-nos para ser o número um do mundo e por isso escolhemos realizar esta maquina única em Trieste, onde encontramos condições ideais — explica à Comunità o chefe executivo da Redaelli, Maurizio Prete. A fábrica está localizada em uma posição estratégica em Trieste, sobre um canal navegável com profundidade compatível, na frente de um cais. Segurança e redução do impacto ambiental Além de ser o maior cabo de aço do mundo, o Flexpack é o primeiro a possuir uma “Imagine-ID card”. Trata-se de um sistema de monitoramento que filma milímetro por milímetro cada fase do ciclo de vida da estrutura com um controle constante da durabilidade do produto. — Para nós, a segurança e a prevenção dos acidentes são fundamentais, principalmente porque, no nosso setor, um acidente pode ser fatal. Por isso é importante fazer constantemente uma previsão de duração dos nossos produtos — explica Maurizio Prete. Ele ressalta a preocupação com o meio ambiente: — Para reduzir o impacto ambiental, por exemplo, tivemos que mudar o tipo de graxa que usávamos nos teleféricos. A graxa antiga pingava causando danos ambientais, portanto passamos a usar um produto ecocompatível. A Redaelli no Brasil A empresa italiana trabalha diretamente com o Brasil, com uma das duas bases operativas no Rio de Janeiro. A outra fica em Shanghai, na China. — Considere que um quarto das frotas offshore do mundo com o sistema Flexpack estão no Brasil, país que se tornou fundamental em nosso setor — ressalta Prete. Além das frotas offshore, eles forneceram as tensoestruturas para os estádios Mané Garrincha em Brasília, Fonte Nova em Salvador e Beira Rio em Porto Alegre. Sem contar a ponte pênsil de São Vicente, feita com material da Redaelli. Notícias Quartel-general da azzurra A Itália já sabe onde vai fazer a preparação para as Olimpíadas de 2016: São Paulo. Pesou na escolha a proximidade com o Rio, a menos de uma hora de avião. O quartel-general será a USP. Quanto à Copa do Mundo, Mangaratiba (RJ) é a preferida do técnico Cesare Prandelli. Há outras opções, como Búzios, Rio, BH e Itu, mas Prandelli parece querer fugir da agitação de grandes centros ou balneários badalados. O Hotel Portobello é o favorito para a Santa enquete O Vaticano chama os fiéis a expressarem suas opiniões sobre questões como contracepção, matrimônio gay, controle de natalidade, e comunhão de divorciados e dos casados pela segunda vez. A Santa Sé está realizando pela primeira vez uma pesquisa global sobre como as paróquias abordam questões sensíveis em preparação para a Conferência dos Bispos sobre a família, prevista para outubro de 2014. As respostas da sondagem deverão ser enviadas até janeiro de 2014. “A intenção é fotografar a realidade na qual a Igreja é chamada hoje a anunciar o Evangelho e também coletar propostas para que a pastoral se torne mais adequada”, explica o secretário da Congregação para os Bispos, Lorenzo Baldisseri, único apostólico da Santa Sé no Brasil de 2002 a 2012. Europa reduz juros E concentração. Porém, falta a permissão para a utilização de um aeroporto militar nas vizinhanças. A Federação Italiana de Futebol informou à Comunità que o local será anunciado somente após o sorteio dos grupos da primeira fase, em 6 de dezembro. “O critério estará vinculado à tabela das sedes e ao fato de estar entre as oito cabeças-de-chave dos grupos, pois a Itália poderá enfrentar uma situação logística mais complexa”, explica o assessor Diego Antenozio. Afinal, serão 12 cidades-sede, de norte a sul, de Manaus a Porto Alegre. nquanto o Brasil sobe os juros, a Europa os reduz. O Banco Central Europeu (BCE) baixou, no dia 7 de novembro, a taxa básica de juros de 0,50% para 0,25%, em uma decisão que surpreendeu o mercado, já que a maioria dos analistas dizia esperar uma ação como esta somente em dezembro. Após o anúncio, o presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, afirmou que os juros permanecerão baixos por um período prolongado. A taxa não era modificada desde maio. Ele destacou, porém, que a instituição está pronta “a considerar todos os instrumentos disponíveis para sustentar a zona do euro” e que é “essencial reforçar a solidez” dos bancos locais. Copa do Mundo Preparativos mobilizam país Com obras nas 12 cidades-sedes, Brasil se prepara para reunir um público de três milhões de brasileiros e 600 mil estrangeiros. Governo promete reforçar serviços policiais, médicos e de atendimento ao turista Caroline Pellegrino A maior Copa da história”. Assim os organizadores apresentam o principal evento do futebol mundial, que acontecerá no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho do próximo ano. Serão 32 seleções reunidas em 12 cidades-sede: e a hospedagem mais vultosa que o país já recebeu. Para os visitantes que vierem assistir a esse megaevento, nada melhor do que torcer com segurança e saber onde buscar informações, antes e durante a estadia. De acordo com o Ministério do Turismo, quatro mil municípios 26 recebem investimento em infraestrutura turística para a Copa do Mundo de 2014. As principais obras são de sinalização, acessibilidade e centros de atendimento, além da capacitação de mão de obra. — Estamos investindo em qualificação profissional para melhorar o atendimento. Haverá o sistema de classificação hoteleira por estrelas, que é voluntário, mas ajuda a identificar estabelecimentos de qualidade — explica o ministro Gastão Vieira. A Copa das Confederações da FIFA, que ocorreu no Brasil em junho deste ano, serviu como experiência para o evento de 2014 e recebeu cerca de 800 mil pessoas. no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a O ministro Gastão Vieira: investimentos na qualificação profissional do setor de Turismo — Houve uma avaliação positiva dos turistas com relação à infraestrutura das cidades, à qualidade dos serviços, e à organização do evento. Os preços e as telecomunicações tiveram a pior avaliação, mas mesmo assim, foram considerados bons por mais de 50% dos viajantes. Os aeroportos funcionaram melhor do que em períodos de pico de demanda, como as férias — completa Vieira. Novos hotéis devem ser inaugurados, nos próximos meses e a projeção do governo é que, até a Copa, cerca de 25 mil novos quartos sejam construídos. Haverá ainda apoio antes da chegada do visitante para obter o visto para os países que não têm acordo de isenção com o Brasil. Os membros da União Europeia, como os italianos, não precisam de visto. O país está isentando das taxas de visto no período do evento e todos os consulados brasileiros são instruídos a priorizar os pedidos de visto para a Copa. — Como é de costume, o Ministério das Relações Exteriores cria uma interlocução muito próxima com os consulados para apoiar os turistas. Detalhes disso podem ser obtidos junto ao Itamaraty — informa o representante do Ministério. Governos prometem reforçar polícia, bombeiros e emergência médica Uma série de ações vem sendo planejada nas três esferas — federal, estadual e municipal. Nos Centros de Atendimento aos Turistas (CATs), localizados nas estações de embarque e desembarque intermunicipal, nas entradas das cidades, nas arenas e nos pontos de fanfest (espaços de entretenimento), estarão equipes das Secretarias estaduais e municipais de Turismo. Esses grupos serão reforçados com voluntários, especialmente, nos trajetos de acesso às arenas, para oferecer pronta orientação. Entre esses profissionais há bilíngues e poliglotas. Todos os serviços de atendimento ao cidadão, como polícia, bombeiros e emergência médica vão receber reforço de equipes durante os jogos, como ocorreu na Copa das Confederações.Os órgãos de segurança e defesa implantaram o Centro Nacional e os Centros Regionais de Comando e Controle, inicialmente, para atendimentos de demandas de Defesa e Segurança, com funcionamento integral, do dia anterior até o seguinte aos eventos. O Sistema Único de Saúde (SUS) terá esquema especial com hospitais de referência para a Copa e um reforço de mil profissionais. — Em algumas cidades-sede, haverá disponibilização de sinais eletrônicos e de orientação via internet, com sinais wi-fi. Também existirão telefones úteis, nos casos de emergências, um guia de restaurantes, hotéis, uma campanha sobre turismo acessível e cartilhas contra a exploração sexual — adianta o ministro. Estrangeiros reclamam do trânsito caótico e da insegurança nas cidades brasileiras Quando o assunto é segurança, a atenção deve sempre ser redobrada. O engenheiro civil Christian Ceccato, 40 anos, natural de Treviso, trabalha no Brasil há cinco anos. Ele já assistiu a partidas de futebol em estádio e dá dicas para os italianos que vierem ao Brasil. — Eu fui num jogo do Campeonato Paulista e, em geral, gostei, foi calmo. As pessoas são muito simpáticas, mas acho que o turista deveria ter cuidado, especialmente, com horários, porque as cidades brasileiras não são como as da Europa. Não se pode ir onde quer, em qualquer hora — recomenda. Ceccato, que atualmente trabalha como projetista das estruturas das fachadas do estádio do Corinthians, conhece São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Belém e Foz de Iguaçu, e ainda cita que nas grandes cidades também há o problema do deslocamento. — São Paulo, por exemplo, tem um trânsito e um barulho insuportáveis. O turista deve estar preparado, pois a vida nas cidades italianas é infinitamente mais tranqüila — avalia. O trevigiano Christian Ceccato mora no Brasil há 5 anos e recomenda aos turistas cuidado com os horários ao andar na rua Números da Copa Impactos diretos: 33bilhões de reais em investimentos em infraestrutura Estádios Mobilidade urbana Portos e aeroportos Total Infra Civil Telecom e energia Segurança e Saúde Hotelaria Total Infra 5,7 bi 11,6 bi 5,5 bi 22,8 bi 3,8 bi 4,6 bi 1,9 bi 33,1 bi Nota: estudo realizado em 2010, com estimativas preliminares não associadas diretamente aos projetos. Valores não devem ser comparados diretamente com os investimentos finais. Sinalização temporária para melhorar o transporte Para melhorar a situação do transporte, serão destinados R$ 45 milhões para sinalização temporária. Ainda estão sendo implantados e requalificados corredores de transporte urbano, estações de embarque, portos e pistas de aeroportos nas 12 cidades-sede e seus arredores. Proprietário de escola de idioma FastTalk, o inglês Ian Douglas Bowes mora em São Paulo há cinco anos e pretende assistir aos jogos do Mundial em 2014. — Eu já fui à Copa da Alemanha com meus irmãos e pretendo conferir as partidas no Brasil, junto com alguns amigos da Inglaterra que virão, somente para os jogos — conta. Apesar de nunca ter tido problemas em estádios brasileiros, o inglês faz um alerta. — Vou recomendar aos meus amigos não sair de carro, por causa do trânsito, e também para não usarem roupas e acessórios caros que chamem atenção. Acho também que os turistas serão surpreendidos com os preços que devem subir muito, durante os jogos, eles precisam vir preparados. Mas, em geral, acho que o estrangeiro tem que se relacionar com a população local, sempre muito amigável e receptiva — finaliza Bowes. O plano de investimentos para a Copa do Mundo de 2014 é da ordem de R$ 25,9 bilhões e a estimativa sobre o retorno, após a competição, pode atingir a ordem de US$ 147 bilhões para o país. O governo brasileiro criou um site específico Copa do Mundo, no qual disponibiliza sobre a informações a torcedores brasileiros e estrangeiros, como as atrações naturais e culturais das 12 cidades-sede e notícias sobre as obras: www.copa2014.gov.br Fonte: Governo federal comunit àit aliana | novem br o 2013 27 Esporte Umemano alto-mar A única regata do mundo composta de amadores chegou em outubro ao Rio de Janeiro na primeira etapa e seus tripulantes explicaram à Comunità a emoção de atravessar o oceano por meses a fio Stefania Pelusi Divulgação 28 o ut ubr o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Rodolfo Teichner Q uem não pensou pelo menos uma vez na vida em deixar tudo e dar uma volta ao mundo, ou em fazer uma viagem de barco a vela como os antigos? E, por que não, unir tudo isso à emoção de uma competição? A Clipper de Volta ao Mundo oferece a todos — mesmo a quem não sabe que a água do mar é salgada — a oportunidade de viver as emoções de uma regata oceânica. A ideia partiu do inglês Robin Knox-Johnston, que, em por volta de 1968, tornou-se o primeiro homem a circunavegar o globo sem escalas, sozinho. Hoje, aos 74 anos, é o O italiano de apenas 20 anos Jonathan Morris realizou o seu sonho de atravessar o Atlântico graças a uma herança deixada pelo avô presidente-executivo e fundador da Clipper. Ele continua a velejar: em 2010, participou da corrida Sydney-Hobart. Embora a vela seja vista como um esporte de elite, o fundador da regata queria que fosse acessível a todas as pessoas, independentemente da idade ou do nível de experiência. Até hoje, mais de três mil pessoas já competiram nas oito edições da Clipper, a regata oceânica mais longa do mundo, que reúne 40.000 milhas e oito etapas. — Uma pessoa pode começar a competição como principiante, mas depois de um ano se torna um especialista. Há pessoas que velejam uma vida inteira e nunca alcançaram 40 mil milhas — revela à Comunità Jonathan Morris, italiano que participou da primeira etapa da regata até o Rio de Janeiro. A regata começou no dia 1º de setembro em Londres e em outubro chegou à sede oficial dos eventos de vela para os Jogos Olímpicos de 2016, a Marina da Glória, na capital fluminense. — A vela é uma doença de família. Aprendi a velejar com o meu avô que tinha um barco. Descobri Clipper numa propaganda no metrô de Londres, onde moro atualmente. Liguei para saber como participar e me disseram que era muito novo. Tinha 17 anos e a idade mínima é 18 — conta Jonathan, que agora tem 20 anos e conseguiu realizar o seu sonho graças a um dinheiro que lhe deixou o seu avô antes de falecer, mais umas libras que obteve vendendo pedaços de parmesão na capital britânica. — Custa muito participar. Para fazer apenas a primeira etapa, são necessárias 3000 libras (cerca de R$10 mil reais) e para dar a volta ao mundo 45 mil (150 mil reais). Além disso, tem que pagar o treinamento e o vestuário que não é barato — ressalta o estudante, filho de mãe italiana e pai inglês. Enfim, é uma aventura para todos, mas não para todos os bolsos, embora todos os entrevistados tenham concordado com o fato de que valeu a pena por terem realizado um sonho. Com desconhecidos no mesmo barco, de onde não se pode descer Os participantes podem escolher entre a inscrição para a volta ao mundo ou apenas uma ou mais etapas. Em média, 10 membros de cada tripulação optam por conhecer os seis continentes. Os tripulantes que participam não se conhecem e por isso é preciso muita adaptabilidade e abertura mental. Este ano, são 670 pessoas provenientes de 40 países, com estilos de vida completamente diferentes. Para se ter uma ideia, em cada barco convivem de 20 a 24 pessoas amadoras, guiadas por um skipper profissional. As idades e as profissões são as mais variadas: há enfermeiros, veterinários, banqueiros, estudantes, motoristas de caminhão, diretores de cinema, empreendedores e engenheiros. Desta edição, participa o capitão da seleção inglesa de rugby, Sevens Ollie Phillips, que deve disputar as Olimpíadas de 2016. Tem até um ex-agente da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos. — Precisava de uma mudança. Quero desacelerar um pouco a minha vida e dedicar mais tempo a mim mesmo e menos ao trabalho — explica à Comunità Kevin Harney, um maltês de 54 anos casado três vezes e sem filhos. Presidente de uma empresa alemã, ele decidiu passar um ano competindo no barco Henry Lloyd. Os motivos que levam alguém a empreender uma viagem como essa são vários: há aqueles que, como Kevin, pararam de trabalhar e querem fazer um ano “sabático”, e há quem se separou recentemente e quer dar um novo rumo à vida. Existem também aqueles que querem testar os próprios limites ou realizar o sonho de cruzar o oceano em uma embarcação como profissionais. Nas edições passadas, pessoas que estavam na mesma embarcação se apaixonaram. Terminada a regata, se casaram. — Muitas pessoas, depois de terem dado a volta ao mundo, mudam. Alguns trocam de trabalho, outros se divorciam. Entendem-se muitas mais coisas, como, por exemplo, que as coisas pequenas fazem uma diferença enorme dentro de um barco. Tudo aquilo a que normalmente não se dá tanta importância vale muito, como um banho quente, ou um vaso sanitário que fica parado e não se mexe — conta, rindo, Jonathan, que aproveitou a viagem para conhecer a família da avó emigrada para o Rio de Janeiro no segundo pós-guerra. O participante mais jovem desta edição tem 18 anos e o mais velho 73. Cerca de 40% da tripulação nunca velejou antes de iniciar o treinamento obrigatório, que dura de três a quatro semanas. — O treinamento começou em junho do ano passado no Canal da Mancha, onde existem condições climáticas incertas, embora não possam ser comparadas àquelas de uma travessia no Atlântico. Durante a regata, passamos por todas as condições meteorológicas que se As etapas da regata A regata leva 11 meses para completar o percurso de 40 mil milhas, seis continentes e 16 portos, com uma frota de 12 barcos de 70 pés. A Clipper Race 13-14 é composta de oito pernas, que inclui 16 corridas individuais. A primeira equipe a cruzar a linha de chegada ganha 12 pontos automaticamente. O número de pontos diminui a partir da ordem de chegada, ou seja, a equipe que chega por último ganha apenas um ponto. A equipe com o maior número de pontos ao final da competição é a campeã da Clipper Race. Início e Chegada Londres Reino Unido Derry-Londonderry Reino Unido Nova Iorque Estados Unidos São Francisco Estados Unidos Port Antonio Jamaica Den Helder Holanda Brest França Qingdao China Cingapura Cingapura Rio de Janeiro Brasil Cidade do Panamá Panamá Cidade do Cabo África do Sul Albany Austrália Sidney Austrália Brisbane Austrália Participação: 650 pessoas 40países aproximadamente Hobart Austrália Fonte: Revista Nautica comunit àit aliana | novem br o 2013 29 Racionamento de água no Equador Jonathan revela que atravessar o Equador foi a parte mais difícil. — É um desafio mental mais do que físico, pois as pessoas ficam nervosas, bravas. É uma situação difícil; a temperatura chega a 50 graus — afirma o tripulante do Henry Lloyd, o barco que ficou parado por 10 dias com o dessalinizador quebrado. — Tivemos que racionar a água: nas últimas semanas, cada um tinha à sua disposição só dois litros de água por dia, no máximo, incluída a água para se limpar. Depois do Equador, havia muitas tempestades e chovia muito: aproveitamos para coletar, beber água da chuva e tomar banho — conta o jovem italiano. A convivência forçada com desconhecidos num barco de 70 pés em alto-mar coloca a dura prova os participantes, que testam os próprios limites e a confiança nos outros. Por isso, é necessário colaborar sempre em qualquer condição. Se, por exemplo, uma pessoa deixa a corda de forma errada sem ver que do outro lado do barco há uma pessoa, pode machucá-la e até fazê-la perder um membro. Uma escola flutuante para se aprender a viver na terra A vela é uma escola de vida, por isso empresas fazem cursos de integração em alto-mar entre os colegas que trabalham na mesma equipe: todos devem saber o que está fazendo a outra pessoa. Quando alguém faz algo errado pode prejudicar o trabalho do outro. — Se você fica bravo com alguém ou não gosta de outra pessoa, não pode ir embora e depois voltar, tem que ficar dentro do barco, não é possível descer. Não tem um espaço para você, nem um lugar para dormir. Dependendo da inclinação (45° ou 90°), dorme-se no lado direito ou no lado esquerdo, sobre um colchonete fino — explica o bolognese de 20 anos que bateu o recorde de velocidade na primeira etapa: 30,7 nós no Henry Lloyd. A mesma opinião tem Antonio, que comparou a cama do barco a um caixão de mortos. — Os espaços eram muito reduzidos porque a embarcação é 30 Lorenzo Allisio possa imaginar, da tempestade à calmaria sem vento — conta à Comunità Antonio Naddeo, oriundo de Pompeia. Depois de 10 anos em Londres, mudou-se para Dubai, onde trabalha no mundo das finanças. criada exclusivamente para competições oceânicas. Tudo é calculado, a comida por um mês e até os espaços. O abastecimento dos alimentos é feito sob o chão, para tomar banho usam-se lenços umedecidos e o cardápio é decidido antes de começar a regata. — Acho que existe uma componente em comum entre os participantes. Além da paixão pelo mar, existe o desejo de desafiar a si mesmo e querer entender o próprio limite de resistência, como quem escala o Himalaia — declara Antonio, que participou da Clipper no barco suíço. Junto a ele, havia outros dois italianos e um ítalo-suíço na embarcação. Terminada a primeira etapa da travessia, eles já estão se organizando para fazer uma viagem, juntos, no barco de um deles, nas águas mais tranquilas do Mediterrâneo. — Depois de 40 dias em alto-mar, estou feliz de chegar, pois sei que realizei a minha aventura, mas não daria a volta ao mundo... Um ano comendo comida inglesa, não aguentaria! — brinca Mario Bitonti, recém-chegado ao Rio de Janeiro e já pronto para voltar a abraçar os seus dois filhos de cinco e oito anos em Cosenza, na Calábria, e trabalhar na sua empresa de madeira. De acordo com o calabrês de 42 anos, é uma experiência que deixa muitas lembranças e também “muita saudade do céu estrelado que não existe em outro lugar, das cores do pôr do sol, do amanhecer no meio do oceano e da beleza do planeta”. Outro italiano que participa do Clipper este ano é Andrea Sangiorgi, que comemorou 42 anos em meio ao oceano na primeira etapa. O tripulante italiano mora em Hong Kong há 14 anos e por isso ele escolheu velejar no barco chinês Qingdao. — Queria navegar por todos os oceanos ou pelo menos pelos mais no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Os três italianos que competiram juntos no barco suíço, Mario Bitonti, Antonio Naddeo e Paolo Radaelli, prometeram organizar outra viagem pelo Mediterrâneo juntos importantes: Atlântico, Índico e Pacifico. Faço três quartos da volta ao mundo — comentou o italiano, praticamente de vela nos fins de semana. De acordo com ele, o clima no barco é relaxado, embora não faltem os momentos tensos e difíceis. — Não pode haver brigas no meio do oceano. Às vezes dá vontade de descer e ir embora devido ao cansaço ou porque bate a vontade de desistir, mas estamos psicologicamente preparados. No fim das contas, são apenas semanas, dias, tudo passa. As condições de vida a bordo também testam a paciência e o espírito de aventura dos participantes. Cada barco tem as suas normas. Normalmente a jornada se divide em turnos de quatro horas no convés e quatro horas no porão. Tripulantes verde-amarelos S eis brasileiros experimentaram as emoções e os desafios da regata Clipper. A maior parte está tripulando o mesmo barco, o Old Pulteney. Um deles, João Gustavo Togneri, comentou em seu blog, antes de chegar ao Rio de Janeiro: “Não vejo a hora de chegar e correr para uma churrascaria rodízio e comer um boi inteiro!”. Já a brasileira Elaina Lourenço teve que ficar em um barco diferente do marido, João Guilherme Sauer, pois a regra não permite casais na mesma equipe. De acordo com o casal, que mora em Londres desde 2008, “foi uma maneira emocionante de visitar as famílias no Brasil”. A regata pode ser seguida em tempo real através do site www.clipperroundtheworld.com. Náutica Tenacidade de armador Estaleiros italianos desafiam os ventos da crise e apresentam obras-primas no Salão Náutico de Gênova Guilherme Aquino O De Gênova Salão Náutico de Gênova reduziu este ano seu tempo de duração de nove para cinco dias. O vento da recessão, que sopra com a constância de um alísio, provoca e testa a criatividade, a competitividade e a resistência de estaleiros pequenos, médios e grandes. Mesmo que as “ondas” na superfície tenham diminuído um pouco, a corrente de fundo é forte, condiciona e arrasta o mercado para um marasmo a perder de vista. Ainda assim, os armadores não se abatem e desembarcaram em Gênova com uma força-tarefa capaz de levantar o moral da tropa. A nave-mãe que roubou a cena é o mega-iate Chopi Chopi, com 80 metros de comprimento, ancorada na marina mais externa. Recorta a linha do horizonte com os seus cinco andares — sendo um apenas para o uso exclusivo do proprietário, que não é italiano. O colosso hospeda até 30 tripulantes e 12 convidados. O portal da popa, uma vez rebaixado até a linha d’água, cria uma praia de cem metros quadrados. Cada metro quadrado deste mega-iate, obra-prima do estaleiro italiano CNR, está avaliado em cerca de um milhão de euros. A frota naval do salão, realizado no início de outubro, trouxe cerca de mil embarcações. As novidades chegam a uma centena, apesar da queda de 4% nas vendas do setor, em comparação com 2012. O total acumulado chega a quase 60% desde 2008. Por isso, todos seguem a rota das antigas caravelas de Vasco da Gama e Cristóvão Colombo, para não falar de Marco Polo. Para o Velho Mundo, o Novo Mundo e as Índias continuam sendo o Eldorado da redenção. A exportação está, a duras penas, mantendo o “ barraco em pé”, como diz o ditado italiano, pois o prestígio do Made in Italy é o selo de qualidade de um produto que os concorrentes tentam imitar. Litoral catarinense se afirma como o Eldorado dos produtores italianos A última terra prometida é a foz do rio Tijucas, em Santa Catarina, onde os estaleiros estrangeiros poderão contar com um grande desconto para vender seus produtos sem as tarifas alfandegárias que dobram ou triplicam o preço final de um iate estrangeiro comprado no Brasil. O projeto Cidade do Mar prevê a construção de marinas privadas e trapiches públicos. Sessa Marine, Ferretti (sob o guarda-chuva de um fundo de investimentos da China) e Azimut, três dos principais estaleiros italianos, já estão presentes, mas outros também devem desembarcar, atraídos pelos incentivos. Isto explica a participação da secretária de Indústria, Comércio e Turismo de Santa Catarina no Salão de Gênova. A realização dos molhes e o desassoreamento do rio são condições fundamentais para dar largada ao projeto, que traz na planta uma universidade náutica e estaleiros. Ainda é uma miragem, mas se os investidores forem convencidos, a força política se encarrega de abrir os caminhos para a obra. Enquanto o projeto não sai do papel, os italianos seguem produzindo iates como o novo Pershing 62 — uma das lanchas mais visitadas do salão. O interior vem dividido em três cabines. Como a personalização ao extremo é a última fronteira do luxo, o cliente pode substituir uma das cabines por um living room. As grandes vidraças permitem iluminação natural e integração total da paisagem. Da concorrência, chega o Magellano 53, de Azimut-Benetti, um iate tipo “explorer” que faz o armador sentir-se um Jacques Costeau. Também não passa sem ser notada a Honert Tender 1.300, do estaleiro francês Couach. Com capacidade para transportar até 12 pessoas, é uma da principais opções para rápidos passeios entre ilhas. O casco em Kevlar e fibra de carbono garante a leveza e a resistência. Em águas territoriais “inimigas”, é preciso admitir que, no campo das regatas, os franceses são imbatíveis. Todos os iates estão equipados com acessórios com tecnologia de ponta. Um relógio de pulso a bordo não indica apenas as horas: age também como um salva-vidas, desliga o motor e emite um sinal de alerta na sala de comando caso o portador caia no mar. Já as novas sondas de rastreamento do fundo do mar trazem imagens muito próximas da terceira dimensão. Se estivesse vivo, Julio Verne reescreveria a história do Nautilus. Afinal, a realidade tem superado a ficção científica sem nenhuma cerimônia. comunit àit aliana | novem br o 2013 31 Capa Atualidade A batalha contra o desperdício La battaglia contro gli sprechi Há quinze anos, o professor da Universidade de Bolonha, Andrea Segrè, luta para transformar o desperdício em recurso e lidera um grupo de trabalho no Ministério italiano do Ambiente Da quindici anni il professore dell’Università di Bologna Andrea Segrè lotta per trasformare gli sprechi in risorse e dirige un gruppo di lavoro al Ministero italiano dell’Ambiente Stefania Pelusi P ara mostrar as dimensões globais do problema chamado desperdício, o agroeconomista italiano Andrea Segré usa os números. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que, em 2050, seremos nove bilhões de pessoas no mundo. — Todos precisamos comer e beber. Por isso, a produção agrícola de alimentos terá que aumentar em 60%, mas a FAO estima também que, atualmente, um terço de toda a produção mundial é jogada fora. O dado mais alarmante é este último: cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, ou seja, mais de US$ 750 bilhões são desperdiçados a cada ano. — É evidente que a primeira coisa que temos que fazer antes de aumentar a produção é reduzir e prevenir o desperdício. Se aumentarmos em 60% a produção e ao mesmo tempo continuamos a perder um terço, não faz sentido. Isso é um absurdo! — declara à Comunità o diretor do departamento de ciências e tecnologias dos agroalimentos da Universidade de Bolonha. No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, as Nações Unidas apontaram o desperdício alimentar como uma das principais causas para que 842 milhões 32 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a P er dimostrare le dimensioni globali del problema chiamato spreco, l’agroeconomista italiano Andrea Segré usa i numeri. L’Organizzazione delle Nazioni Unite per l’Alimentazione e Agricultura (FAO) stima che nel 2050 ci saranno nel mondo nove miliardi di persone. — Tutti abbiamo bisogno di mangiare e bere. Perciò la produzione agricola di alimenti dovrà aumentare del 60%, ma la FAO stima anche che attualmente un terzo di tutta la produzione mondiale viene gettata via. Il dato più allarmante è proprio questo: circa 1,3 miliardi di tonnellate di alimenti, ovvero più di US$ 750 miliardi, vengono sprecati ogni anno. — È evidente che la prima cosa che dobbiamo fare prima di aumentare la produzione è ridurre e prevenire lo spreco. Se aumentiamo la produzione del 60% e allo stesso tempo continuiamo a perderne un terzo, non ha senso. È un’assurdità! — dichiara a Comunità il Direttore del Dipartimento di Scienze e Tecnologie Agroambientali dell’Università di Bologna. Il 16 ottobre, Giornata Mondiale dell’Alimentazione, le Nazioni Unite hanno segnalato lo spreco alimentare come una delle cause principali del motivo per cui 842 milioni di persone continuano ad essere prive del necessario per alimentarsi. Il dibattito quest’anno ha avuto come tema “le perdite e gli sprechi alimentari globali” e ha avuto come moderatore il professor Segré che lotta contro questo problema da più di 15 anni. Lo stesso giorno sono stati celebrati i 68 anni dell’organizzazione. Per festeggiare la data è stato offerto nella sede della FAO a Roma un pranzo preparato completamente con prodotti destinati alla spazzatura. — Non sprecare deve essere il primo comandamento laico in questi tempi di crisi. Gettare il cibo che è ancora buono e che possiamo mangiare non è solo un peccato in tutti i sensi, ma è anche un costo economico, ambientale e sociale. Ridurre lo spreco alimentare deve essere una priorità politica — avvisa l’italiano che il 16 ottobre è stato nominato coordinatore del nuovo gruppo di lavoro contro gli sprechi alimentari istituito dal Ministero italiano dell’Ambiente. Riguardo alle priorità il professore, originario di Trieste, ha già le idee chiare: parlando dell’Italia vuole convocare fra breve una riunione a cui parteciperanno tutte le persone che hanno a che vedere con lo spreco, con l’obiettivo di ridurlo e impedirlo. Nel frattempo il Ministro italiano degli Affari Esteri, Emma Bonino, tenendo presente la Expo 2015 il cui tema è “Nutrire il pianeta Energia per la vita”, ha riproposto di proclamare il 2015 come l’anno dell’Europa contro lo spreco alimentare, come era stato sollecitato nel gennaio 2012 dal Parlamento Europeo. Secondo ricerche recenti dell’osservatorio italiano Waste Watcher, ogni anno Ingimage.com de pessoas continuem privadas de quantidades suficientes de alimentos. O debate deste ano teve como tema “as perdas e o desperdício alimentar global” e foi moderado pelo professor Segré, que há mais de 15 anos luta contra essa questão. No mesmo dia, foram comemorados os 68 anos da organização. Para festejar a data, um almoço totalmente feito com produtos destinados ao lixo foi oferecido na sede da FAO, em Roma. — Não desperdiçar deve ser o primeiro mandamento laico do nosso tempo de crise. Jogar fora a comida que ainda é boa e que podemos comer não é apenas um pecado em todos os sentidos, mas é também um custo econômico, ambiental e social. Reduzir o desperdício alimentar deve ser uma prioridade política — alerta o italiano, que no dia 16 de outubro foi nomeado coordenador do novo grupo de trabalho contra o desperdício alimentar instituído pelo Ministério italiano do Ambiente. Entre as prioridades, o professor originário de Trieste já tem as ideias claras: em nível italiano e em curto prazo ele quer convocar uma reunião na qual reunirá todos os atores que giram em torno do desperdício, com o objetivo de reduzi-lo e impedi-lo. Enquanto isso, a ministra italiana das Relações Exteriores, Emma Bonino, tendo em vista a Expo 2015 cujo tema é “Nutrir o planeta, Energia para a vida”, lançou novamente a proposta de proclamar 2015 como o ano europeu contra o desperdício alimentar, conforme solicitado em janeiro de 2012 pela resolução do Parlamento Europeu. Segundo pesquisa recente do observatório italiano Waste Watcher, a cada ano o desperdício alimentar doméstico custa ao país 8,7 bilhões de euros, ou seja, cerca de 0,5% do PIB italiano, em um desperdício semanal calculado em 213 gramas de comida. comunit àit aliana | novem br o 2013 33 Capa Atualidade Dez conselhos para reduzir o desperdício dos alimentos* Dez conselhos para reduzir o desperdício dos alimentos* O assustador desperdício praticado nos bastidores dos supermercados A questão não surgiu agora. Há vários anos, o docente italiano se mobiliza para dar novamente valor aos alimentos sem desperdiçá-los. — No final dos anos 90, levei ao supermercado os meus alunos para entender a logística e a disposição dos produtos nas prateleiras. Naquele momento, cruzei com os bastidores da loja, onde todos os produtos chegam e onde também são jogados fora. A partir dali, tudo começou — conta o agroeconomista, chocado com a quantidade de produtos desperdiçados: iogurtes que ainda não haviam expirado, retinas de laranjas jogadas fora só porque uma estragou, latas de atum e cereais um pouco machucadas que já faziam parte do lixo. Foi assim que nasceu o Last Minute Market, um spin-off universitário no qual Segré e seus alunos conjugaram solidariedade e sustentabilidade. — Tentamos ser uma ponte para facilitar esse intercâmbio entre as associações que precisam de alimentos para doá-los aos necessitados e os supermercados que abundam de produtos e os desperdiçam — revela o pioneiro. O Last Minute Market começou como projeto de pesquisa e agora é um spin-off da Universidade de Bolonha. O docente italiano é o presidente e os estudantes que participaram da iniciativa, já formados ou doutorandos, tornaram-se sócios do projeto. De acordo com o docente de 52 anos, o desperdício alimentar é algo que as pessoas não veem. Nesse momento em que os italianos estão em condição de pobreza alimentar, é necessário mudar. — Precisamos retomar a educação alimentar porque a estamos esquecendo completamente. Se deve começar pelas crianças, nas creches — alerta. O seu lema é “se pode fazer mais com menos”. — Perdemos a noção de limite. Os recursos naturais são limitados e a nossa sociedade é construída sobre o consumo de bens materiais. Temos que ir além disso, 34 1. Compra inteligente: antes de comprar, verifique exatamente do que você precisa e o que já tem. Faça uma lista de compras, de acordo com as necessidades reais. Assim, é possível evitar compras inúteis que podem se transformar em desperdício. La spesa smart: prima di fare la spesa, controlla bene cosa ti serve e cosa hai già. Fai una lista, in base alle reali esigenze. Cosí si possono evitare acquisti inutili che potrebbero trasformarsi in rifiuti. 2. Cozinha inteligente: ao cozinhar, fique atento à quantidade. La cucina smart: quando cucini, fai sempre attenzione alle quantità. 3. Geladeira inteligente: muitas vezes, os produtos deixados atrás tendem a apodrecer ou a expirar na geladeira, e logo viram resíduos. Il frigorifero smart: spesso i prodotti lasciati dietro tendono a marcire o a scadere in frigo andando e diventano subito rifiuti. No Brasil, uma família de classe média joga fora 180 quilos de comida todos os anos, o suficiente para alimentar uma criança por seis meses. Na Itália, o problema custa ao país 8,7 bilhões de euros, ou seja, 0,5% do PIB italiano no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a In Brasile una famiglia di ceto medio butta 180 chili di cibo tutti gli anni, sufficienti a nutrire un bambino per sei mesi. In Italia il problema costa al paese 8,7 miliardi di euro, ossia lo 0,5% del PIL italiano lo spreco alimentare in casa propria costa al paese 8,7 miliardi di euro, ossia lo 0,5% circa del PIL italiano, con uno spreco settimanale calcolato in 213 grammi di cibo. Lo spaventoso spreco praticato dietro le quinte dei supermercati Il problema non è di adesso. Da parecchi anni il docente italiano si impegna per dare di nuovo valore agli alimenti senza sprecarli. — Alla fine degli anni ’90 ho accompagnato al supermercato i miei alunni per poter capire la logica della disposizione dei prodotti sugli scaffali. In quell’occasione sono capitato nel magazzino del negozio dove arrivano tutti i prodotti e dove accade anche che sono gettati via. A partire da quel momento è cominciato tutto— racconta l’agroeconomista, scioccato con la quantità di prodotti sprecati: yogurt ancora con data valida, reticelle piene di aranci buttate solo perché un arancio era andato a male, scatole di tonno e di cereali in stato non perfetto perché ammaccate che già erano finite nella spazzatura. E così è nato il Last Minute Market, uno spin-off universitario nel quale Segré e i suoi alunni uniscono la solidarietà alla sostenibilità. — Tentiamo di fare da ponte per facilitare questo scambio fra le associazioni che hanno bisogno degli alimenti per donarli a chi ne ha bisogno e i supermercati che sono pieni di prodotti che gettano via— rivela il professore che è stato un pioniere. ter uma inteligência ecológica para colocar limites no uso dos bens naturais e nos consumos — ressalta Segré, que enxerga a crise atual como uma oportunidade para mudar o estilo de vida dos cidadãos com o objetivo de consumir menos e estar melhor. Segundo ele, não é verdade que, com a crise atual, o desperdício diminuiu, já que os italianos compram menos produtos. — O desperdício é diferente dos resíduos. Vou usar um exemplo para explicá-lo. Uma pessoa vai ao supermercado e compra um iogurte. Depois, em casa, come o produto e joga fora o copinho de plástico: isso 4. Pacotes inteligentes: evite os “bichinhos” que se formam nos pacotes de massa, farinha, legumes e cereais, mantendo limpa a despensa e guardando os produtos em potes rígidos de vidro ou de plástico. O professor de Política Agrária Internacional e Comparada da Universidade de Bolonha, Andrea Segrè, foi nomeado no mês passado coordenador do novo grupo contra o desperdício alimentar, instituído pelo Ministério italiano do Ambiente Il professore di Politica Agraria Internazionale e Comparata dell’Università di Bologna, Andrea Segré, il mese scorso è stato nominato coordinatore del nuovo pool contro lo spreco alimentare, istituito dal ministero italiano dell’Ambiente Le confezioni smart: evita gli “animaletti” che si formano nei pacchi di pasta, farina, legumi e cereali mantenendo pulita la dispensa e conservando questi prodotti in contenitori rigidi di vetro o di plastica. 5. Freezer inteligente: congele os produtos frescos (como pão e restos de comida), se não houver a possibilidade de comê-los antes que estraguem. Assim, você poderá consumi-los com calma nos dias seguintes. Freezer inteligente: congele os produtos frescos (como pão e restos de comida), se não houver a possibilidade de comê-los antes que estraguem. Assim, você poderá consumi-los com calma nos dias seguintes. 10. Receitas inteligentes: use sobras de comida. Cascas de batata, restos de arroz, pão seco, talos de espinafre e leite azedo podem se transformar em ingredientes de infinitas receitas. Ricette smart: utilizza avanzi alimentari. Bucce di patata, riso avanzato, pane secco, gambi di spinaci e latte cagliato possono essere trasformati in ingredienti di innumerevoli ricette. *Extraído do livro de Andrea Segré, Vivere a spreco zero: Una rivoluzione alla portata di tutti 6. Il Last Minute Market era cominciato come progetto di ricerca e adesso è uno spin-off della Università di Bologna. Il docente italiano ne è il presidente e gli studenti che avevano partecipato all’iniziativa, ora laureati o laureandi, sono diventati soci del progetto. Secondo il docente, 52enne, lo spreco alimentare è una cosa che le persone non vedono. In questo momento in cui gli italiani si trovano in una fase di povertà alimentare bisogna cambiare. — Dobbiamo riprendere in mano l’educazione alimentare perché la stiamo dimenticando completamente. Si deve cominciare dai bambini all’asilo— avvisa. La sua norma è “si può fare di più con meno”. — Abbiamo perso la nozione dei limiti. Le risorse naturali sono limitate e la nostra società è costruita sul consumo di beni materiali. Dobbiamo superare questo concetto, avere un’intelligenza ecologica per mettere dei limiti all’uso dei beni naturali e ai consumi — mette in risalto Segré, che vede nell’attuale crisi un’opportunità per cambiare lo stile di vita dei cittadini per consumare meno e stare meglio. Secondo lui non è vero che con questa crisi lo spreco è diminuito perché gli italiani comprano di meno. — Lo spreco è diverso dai residui. Faccio un esempio per spiegarlo. Una persona va al supermercato e compra uno yogurt. 7. Compartilhe: se você perceber que tem produtos em excesso em casa e que não vai conseguir comê-los antes da data do vencimento, dê de presente ao vizinho. Etiquetas inteligentes: preste atenção ao significado das etiquetas relativas ao prazo de vencimento. Condivisione smart: se ti accorgi di avere prodotti in eccesso che sai già non riuscirai a consumare in tempo utile, fanne dono al tuo vicino/a di casa. Etichette smart: fai attenzione al significato delle etichette riguardanti le scadenze. 9. 8. Estação inteligente: se puder, compre as frutas e as verduras da estação e diretamente do produtor. Stagione smart: Se puoi, acquista frutta e verdura di stagione direttamente dal produttore. Manutenção inteligente: verifique a temperatura da sua geladeira. Os alimentos devem ser armazenados a uma temperatura entre 1 e 5 graus para mantê-los frescos por mais tempo possível. Manutenzione smart: controlla la temperatura del tuo frigorifero. Gli alimenti devono essere conservati a una temperatura tra 1 e 5 gradi per mantenerli freschi il più a lungo possibile. comunit àit aliana | novem br o 2013 35 Capa Atualidade é um resíduo que pode ser reciclado. Quando o iogurte está perto do vencimento e a pessoa tem medo de consumi-lo, joga fora o copinho de plástico com o seu conteúdo dentro: isso é desperdício porque dentro daquele iogurte tem fermento lácteo, alguns hectares de solo, litros de água, quilowatts de energia, recursos naturais — explica o docente. O presidente de Last Minute Market lembra que o problema não se limita à Europa. Segundo o relatório da FAO, nos países em desenvolvimento, as reduzidas capacidades de armazenamento e de acesso ao mercado são as principais causas do desperdício, enquanto nas sociedades industrializadas, a responsabilidade é do excesso de normas e regras devido a preocupações sanitárias ou estéticas. Mesmo em países desenvolvidos, com técnicas agrícolas e transportes eficientes, o desperdício ainda ocorre, principalmente pelas mãos dos vendedores e do consumidor. O Velho Mundo joga fora a cada ano 90 milhões de toneladas de alimentos. No Novo Mundo, a situação não é muito diferente. Segundo os dados do Centro de Agroindústria de Alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil, um dos cincos maiores produtores de alimentos no mundo, desperdiça mais de 11 milhões de toneladas anualmente. Estimativas da Embrapa apontam que uma família de classe média joga fora pouco mais de 180 quilos de comida todos os anos. Esse desperdício é suficiente para alimentar uma criança por seis meses. No relatório sobre os custos ambientais do desperdício da ONU, emerge que, se avaliarmos o desperdício alimentar como um país, este seria “o terceiro emissor de gás de efeito estufa, depois da China e dos Estados Unidos”, com um consumo de água equivalente a três vezes o Lago Léman (entre Suíça e França). — Há, portanto, tarefas para todos. É um problema global que não pode ser apenas abordado pelos pequenos países, e sim em todo o mundo — finaliza Segré, considerando a FAO, atualmente presidida pelo brasileiro José Graziano, como o organismo mais adequado para dar voz a essa luta global. No Brasil, lei do bom samaritano espera aprovação há 15 anos A Itália foi o primeiro país europeu a aprovar, em 2003, a Lei do Bom Samaritano, que disciplina a recuperação e a redistribuição de alimentos frescos e cozidos por ONGs e associações, cuja atividade consiste na ajuda alimentar para fins de solidariedade social (L. 155/2003 do dia 16 de julho de 2003). Muitas indústrias, empresas, restaurantes e até pessoas comuns não consideravam a opção de doar os alimentos porque temiam a responsabilidade legal sobre o que pudesse ocorrer com quem recebeu a doação. A pessoa poderia passar mal, e até morrer, e haveria espaço para um processo judicial. A partir da lei, as empresas passaram a se sentir confortáveis para doar comida própria para consumo, e sabem que estão fazendo a coisa certa. Poucos países no mundo têm essa lei. No caso do Brasil, a legislação dificulta a generosidade. O país não possui uma lei que proíbe a doação de alimentos, mas também não conta com uma lei que regule essa doação. Um projeto de lei chamado Lei do Bom Samaritano tramita no Congresso Nacional desde 1998: o texto foi aprovado no Senado, mas ainda tramita na Câmara dos Deputados e não tem previsão para ser votado. 36 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Poi a casa mangia il prodotto e butta il vasetto di plastica: questo è un residuo che può essere riciclato. Quando lo yogurt è vicino alla scadenza e la persona ha paura di consumarlo butta il vasetto di plastica con tutto il contenuto: questo significa spreco, perché in quello yogurt ci sono fermenti lattici, alcuni ettari di terreno, litri d’acqua, kilowatt di energia, risorse naturali— spiega il docente. Il presidente di Last Minute Market ricorda che il problema non si limita all’Europa. Secondo il rapporto della FAO, nei paesi in via di sviluppo le capacità ridotte di immagazzinamento e di accesso al mercato sono le cause principali degli sprechi, mentre nelle società industrializzate la responsabilità è dell’eccesso di norme e regole, dovuto a preoccupazioni di tipo sanitario o estetico. Anche nei paesi sviluppati, con tecniche agricole e trasporti efficaci, lo spreco può avvenire principalmente attraverso venditori e consumatori. Il Vecchio Mondo butta via ogni anno 90 milioni di tonnellate di alimenti. Nel Nuovo Mondo la situazione non è molto diversa. Secondo i dati del Centro de Agroindústria de Alimentos dell’Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), il Brasile, uno dei cinque maggiori produttori di alimenti nel mondo, getta via annualmente più di 11 milioni di tonnellate. Le stime dell’Embrapa segnalano che una famiglia di ceto medio butta poco più di 180 chili di cibo tutti gli anni. Questo spreco sarebbe sufficiente per alimentare un bambino per sei mesi. Nel rapporto dell’ONU sui costi ambientali dello spreco emerge che, se valutassimo lo spreco alimentare come fosse un Paese, sarebbe “il terzo emissore di gas effetto stufa dopo la Cina e gli Stati Uniti”, con un consumo di acqua equivalente a tre volte il Lago Lemano (fra Svizzera e Francia). — Perciò c’è da fare per tutti. È un problema globale che non può essere affrontato dai paesi piccoli ma da tutto il mondo— finisce col dire Segré, che considera la FAO, che ha attualmente come presidente il brasiliano José Graziano, l’organismo più adatto a dare voce a questa lotta globale. In Brasile la legge del buon samaritano è in attesa di approvazione da 15 anni L’ Italia è stato il primo paese europeo a approvare nel 2003 la Legge del Buon Samaritano, che disciplina il recupero e la ridistribuzione degli alimenti freschi e cotti da parte di ONGs e associazioni la cui attività consiste nell’aiuto alimentare a scopi di solidarietà sociale (L. 155/2003 del 16 luglio 2003). Molte industrie, aziende, ristoranti e persino persone comuni non prendevano in considerazione la possibilità di donare gli alimenti, perché temevano la responsabilità legale su quello che sarebbe potuto succedere a chi avesse ricevuto il donativo. La persona si sarebbe potuta sentire male, persino morire, e avrebbe potuto aprire un processo. Con la nuova legge le aziende si sono sentite libere di donare il cibo adatto al consumo e sanno che stanno facendo la cosa giusta. Pochi paesi al mondo hanno questo tipo di legge. Nel caso del Brasile la legislazione rende difficile la generosità. Il paese non ha una legge che proibisce i donativi di alimenti, ma non ha nessuna legge che regola questo donativo. Un progetto di legge, detta Lei do Bom Samaritano, tramita nel Congresso Nacional dal 1998: il testo è stato approvato in Senato ma deve passare alla Camera dei Deputati e non è prevista la data della votazione. milão GuilhermeAquino Terapia cinematográfica hospital Humanitas abriu uma nova O ala. Aquela cinematográfica, na realidade, é uma sala, com 65 poltronas de veludo vermelho. Cada uma delas tem o dobro da dimensão para oferecer conforto aos pacientes que irão assistir aos filmes. O objetivo é dar um pouco de “normalidade” e de alívio à pessoa internada e aos familiares em visita. O projeto é da instituição MediCinema Italia e tem o apoio das distribuidoras e produtoras Universal Pictures, Fox, Warner, Medusa e Nexo. Luxo internacional A via Montenapoleone, artéria principal do shopping de luxo italiano, e as suas ramificações ao longo do quadrilátero da moda, como as ruas Sant’Andrea e Pietro Verri, estão sendo disputadas pelo capital estrangeiro. A área é uma ilha de prosperidade em um mercado cada vez mais atingido pela crise. Depois da francesa Hermès, chega a vez da chinesa Giada. Das quase cem lojas abertas, cerca de 45% pertencem a grupos e grifes não italianos. E liás, sem dentes a crise que assola as famílias A Sem comida Salvem o Lírico número de pessoas desamparadas e, m 1779, um concerto de Salieri inau- E guraria o teatro Cannobio, hoje teatro Lírico, em pleno centro de Milão, na via Larga, perto da sede da arquidiocese. Agora, depois das chuvas que inundaram o histórico prédio, a prefeitura, proprietária do imóvel desde 1926, deve lançar uma campanha para coletar os 16 milhões de euros que servem para reformar o teatro. “Um tijolo para salvar o Lírico”, afirma a promoção pública, que espera contar com a generosidade dos milaneses. O principalmente, sem ter o que comer no jantar, aumentou em 30%, desde 2008. Em Milão, a distribuição da cesta básica — composta de leite pasteurizado, conservado e massa — chegou a 63 mil famílias, italianas, com fome. Os operadores sociais, principalmente aqueles relacionados com as paróquias, chamam a atenção das autoridades para a gravidade da situação. E isso na cidade que vai hospedar a Expo 2015, inteiramente dedicada à alimentação. em Milão pode ser traduzida pela queda do número de consultas aos dentistas. Na capital da Lombardia eles somam quatro mil e nunca reclamaram do falta de trabalho e, muito menos do excesso. No último ano, porém, a categoria registrou uma diminuição de 30%. O serviço não é coberto pela saúde pública. A queda foi apontada, principalmente, na implantação de próteses, que custam, em média, mil euros. Sendo a sociedade italiana, a segunda mais velha do planeta, atrás somente do Japão, a estatística deve começar a registrar a falta de sorrisos numa cidade que já se lamentava mesmo quando não tinha motivo algum. comunit àit aliana | novem br o 2013 37 Mercado Ventos contrários Brasil perde cruzeiros de turismo para países vizinhos como o Chile e mais distantes como a Austrália, onde os custos de cabotagem são menores e a infraestrutura portuária é maior Rodrigo Silva C om a chegada de novembro, se inicia a temporada brasileira de cruzeiros que vai até abril de 2014. Para este ano estão previstos 12 navios, três a menos em relação ao ano passado. A queda no número de embarcações vem ocorrendo desde a temporada 2010/2011. Naquele período, foram 20 navios e quase 800 mil passageiros transportados. Entre os fatores apontados pelas companhias, está a falta de estrutura dos portos e o alto custo de praticagem (operação de manobra para a entrada e saída de navios nos portos), que no Brasil é um dos mais altos do mundo. O diretor geral do Grupo Costa Crociere para a América do Sul, Renê Hermann, explicou 38 à Comunità as razões pelas quais a empresa reduziu para dois o número de navios em 2013, dois a menos que no ano passado. — Nos últimos anos, as taxas e os impostos praticados para o setor de cruzeiros no Brasil só aumentam. Esse cenário, infelizmente, se reflete na operação. Os altos custos pagos para a cabotagem de navios na América do Sul geram um custo extra de milhões para a Costa Cruzeiros e acabam contribuindo para que outros mercados recebam os navios. Por isso, decidimos reequilibrar nossa capacidade global e desenvolvemos novos cruzeiros pela Europa, Caribe, Emirados Árabes e Ásia — contou. A taxa cobrada pela manobra de navios deverá ser monitorada pela Comissão Nacional de Praticagem. A medida faz parte das mudanças que o governo pretende fazer no setor portuário e visa acabar com no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a o monopólio e redefinir o preço do serviço prestado de acordo com uma metodologia clara em relação ao tamanho do navio, ao tipo de carga e a questões meteorológicas. Porto de Santos cobra a taxa de manobra mais cara do globo Um levantamento da CLIA Abremar Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) mostra a diferença de valores cobrados nos principais portos do mundo. Entre os mais caros, aparecem Santos, Ilhabela e Rio de Janeiro. Com tudo isso, o país perde em competitividade para regiões da América do Sul que operam taxas mais atrativas, como Valparaíso (Chile) e Montevidéu (Uruguai). Além disso, perde navios e turistas para mercados emergentes, como Pequim (China) e Sidney (Austrália). Este último, além de apresentar taxas extremamente mais atrativas que as brasileiras, possui clima similar ao nosso e um extenso litoral. Os roteiros para Buenos Aires, por exemplo, cresceram 27% na temporada 2012/2013. Já a movimentação na Australásia (região que comporta Austrália, Nova Zelândia e Indonésia) crescerá 155% até o final do ano. Segundo a CLIA Abremar, na última temporada, que durou de novembro de 2012 a abril de 2013, os navios que percorreram a costa brasileira transportaram 732.163 passageiros, ou seja, 9% a menos em comparação à temporada de 2011/2012, quando foram Quarenta mil pessoas na fila para trabalhar nos navios Outro setor que pode ser afetado é o da contratação de tripulantes. Segundo a Resolução Normativa 71 do Ministério do Trabalho, todas as embarcações estrangeiras de turismo que operam no Brasil devem apresentar, no mínimo, 25% da tripulação composta por brasileiros. O trabalho a bordo é dirigido, em sua maioria, a jovens entre 18 e 35 anos com inglês fluente. O salário geralmente está na faixa de US$ 550 a US$ 1200, mais comissões. Além do salário, os tripulantes têm a possibilidade de conhecer diversos lugares, aprender uma nova língua e obter uma experiência internacional. Os candidatos podem se inscrever para vagas nas áreas de restaurante, bar, limpeza, recreação, fotógrafo, massagista, manicure e cabeleireiro. Apesar da diminuição da quantidade de embarcações o número de contratações se mantém constante. O número de inscritos para o processo seletivo desse ano foi de 40 mil candidatos, informa Felipe Freitas, da Infinity Brasil, uma das maiores agência de recrutamento de tripulantes. Desses, 2500 foram aprovados. Como a agência contrata durante todo ano, esse número poderá chegar a três mil, igualando o número de tripulantes contratados no ano passado. A italiana Costa traz dois navios para a temporada 2013/2014 A Costa Cruzeiros contará apenas com dois navios para a temporada 2013/2014: o Costa Fascinosa e o Costa Favolo, ambos entre os mais modernos navios da frota. Cada embarcação tem capacidade para aproximadamente 3.800 Quantidade de navios e passageiros em redução desde 2010 Temporada Navios Passageiros 2010/2011 20 792.752 2011/2012 17 805.189 2012/2013 15 732.163 2013/2014* 12* 668.000* Fonte:CLIA Abremar registrados mais de 805 mil passageiros. A entidade também estima para esse ano uma queda, pois são esperados 668 mil passageiros, número inferior ao do ano passado. A redução também deve gerar perda de receita por parte de cidades que recebem as embarcações, como Rio e Búzios. Os navios trazem benefícios econômicos para as cidades, pois impulsionam as economias locais, influenciam diretamente a expansão dos negócios ligados ao turismo, abrem oportunidades de emprego e propiciam a melhoria da infraestrutura de serviços. Até abril de 2014, a capital fluminense deverá registrar a movimentação de mais de 500 mil turistas, que irão injetar US$ 150 milhões na economia do município, o equivalente a R$ 330 milhões. De acordo com a BITO (Associação Brasileira de Operadores de Turismo Receptivo Internacional), cada turista gasta, em média, US$ 300 por dia. Muitos dos insumos adquiridos para a operação do navio são nacionais, como bebidas, frutas, e alimentos básicos. Porém, as constantes quedas fizeram com que o Brasil perdesse duas posições no ranking mundial de cruzeiros marítimos: o país caiu da quinta para a sétima colocação, segundo os dados da CLIA (Cruise Lines International Association). *Previsão passageiros e refletem o conceito de navios-destino, com inúmeras atrações e atividades a bordo como Cinema 4D, simulador de Grand Prix e de golfe, e uma área de Samsara Spa. Mesmo com apenas dois navios(menos do que no ano passado), a empresa se mostra otimista,: — As perspectivas são as melhores. Cada vez mais os brasileiros compreendem os cruzeiros como uma excelente opção para as férias. Em uma única viagem, o turista tem contato com diversas atrações a bordo e visita diferentes localidades na América do Sul. O cruzeiro marítimo é, definitivamente, um passeio para diferentes perfis de público e faixas etárias — avalia o diretor para América do Sul, Renê Hermann. A empresa também aposta nos cruzeiros de longa duração devido a uma mudança de perfil do turista brasileiro. comunit àit aliana | novem br o 2013 39 Mercado Empresários do setor defendem reestruturação Não se pode dizer que o setor passa por uma crise. Porém, uma reestruturação é necessária para que o setor volte a crescer, pois o que impede o crescimento da atividade no Brasil não é a ausência de demanda, e sim um a infraestrutura portuária inadequada e insuficiente para atender o enorme potencial turístico e econômico que o país possui. Renê Hermann, do Grupo Costa Crociere, destaca a necessidade de reestruturação dos portos brasileiros, principalmente de um planejamento direcionado aos navios de cruzeiro. — A infraestrutura portuária precisa melhorar muito ainda. Há 40 O custo da praticagem no Brasil é o maior do mundo Porto Custo por escala (2 manobras) Vs. Pequim Vs. Barcelona Santos $ 44.799,00 152% 1080% Ilha Bela $ 37.675,00 112% 892% Rio de Janeiro $ 23.602,00 33% 521% Pequim, China $ 17.785,16 Nova Iorque, Eua $ 14.438,02 Miami, Eua $ 11.063,19 Fort Lauderdale, Eua $ 10.450,00 Sydney, Austrália $ 9.822,34 Rotterdam, Holanda $ 9.149,45 Montevidéu, Uruguai $ 8.801,00 Lisboa, Portugal $ 7.669,55 Nápoles, Itália $ 7.588,52 Valparaíso, Chile $ 7.518,11 Atenas, Grécia $ 5.736,72 Veneza, Itália $ 4.688,76 Copenhagen, Dinamarca $ 4.497,99 Roma, Itália $ 4.377,53 Southampton, Inglaterra $ 4.207,07 Barcelona,Espanha $ 3.797,67 Média no Mundo $ 8.224,44 problemas de custo de operação, entraves burocráticos e taxações. O reajuste de tarifas no último minuto para a retirada de cargueiros em locais de atracação, previamente agendados para os navios de cruzeiros, é comum. As principais cidades emissoras, como Buenos Aires, Rio e Salvador, ainda adaptam o atendimento aos navios de cruzeiro em estrutura de movimentação de cargas. Ainda não surgiram portos com finalidade exclusivamente turística. É fundamental um esforço conjunto entre as companhias marítimas e os governos. Somente uma política integrada de fomento aos cruzeiros e uma legislação específica podem trazer resultados concretos em curto prazo — avalia. Para atender o grande número de turistas que deve visitar o Rio até as Olimpíadas de 2016, a cidade criou o projeto urbano Porto Maravilha, com apoio dos governos estadual e federal. O objetivo é recuperar a região portuária, que há anos não recebia incentivos de melhorias. A estratégia do Pier Mauá e de todas as entidades envolvidas nas obras será solicitar às autoridades municipais apoio especial nas operações de embarque no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Fonte:CLIA Abremar — O passageiro brasileiro está mais exigente. Observamos um novo perfil de consumidor a bordo dos navios da Costa. Ele busca uma experiência de qualidade totalmente diferenciada a bordo. Por isso, apostamos em serviços, inovações e modernidade, sem esquecer a tradição italiana de navegar. Esse novo hóspede também está disposto a ficar mais tempo a bordo, então optamos por ampliar o número de roteiros mais longos na temporada 2013/2014. A Costa Cruzeiros terá uma oferta maior de cruzeiros de longa duração e que variam de seis e nove noites, visitando, além do Brasil, destinos como Argentina e Uruguai. O Costa Fascinosa realizará, alternadamente, cruzeiros de seis e oito noites pela Bahia, por Buenos Aires e Punta Del Este, saindo do porto de Santos. Por sua vez, o Costa Favolosa fará viagens de oito a nove noites pela região do Prata, partindo exclusivamente do Rio de Janeiro. A também italiana MSC contará com o mesmo número de navios do ano passado, quatro: MSC Orchestra, MSC Magnifica, MSC Poesia e MSC Preziosa. O destaque fica por conta da MSC Preziosa, o mais novo da frota, batizado em março deste ano em Gênova. É a primeira vez que a companhia traz um navio recém-batizado ao país. Com capacidade para 4.345 hóspedes e 1.751 cabines, o MSC Preziosa partirá sempre de Santos rumo ao nordeste, e com mini cruzeiros pelo sudeste. Já a Royal Caribbean trará mais uma vez o seu Splendour of the Seas. A espanhola Ibero Cruzeiros irá trazer dois navios, Grand Mistral e Grand Celebration, e a Pullmantur vai trazer os tradicionais Zenith, Sovereign e Empress. O projeto do Porto Maravilha visa modernizar a região portuária carioca e recuperar as áreas ao redor e desembarque de passageiros, para facilitar o fluxo dos turistas. Em Búzios (RJ), além da redução do número de navios, haverá apenas dois pontos de fundeio, ao invés de quatro. A solicitação de alterar de quatro para dois pontos de fundeio foi efetuada pela gestão anterior do município e a Marinha somente acatou o pedido. A assessoria da Porto Veleiro Búzios afirmou que um estudo foi realizado por uma empresa credenciada e autorizada pela Marinha, onde se confirma que não existe fundo de corais. Em novembro de 2012, Santos (SP) começou oficialmente a se preparar para a Copa do Mundo. A ampliação do cais de Outerinhos, que é público, permitirá a atracação de até cinco navios, simultaneamente, nas proximidades do Terminal Marítimo Giusfredo Sansini - Concais. As mudanças ocorrerão entre o cais 23 e 29 do porto de Santos. A obra é financiada pelo Programa de Aceleração do Crescimento voltado à Copa do Mundo (PAC Copa), do governo federal. O cais passará de 630 metros de extensão para 1320 metros. A obra também vai aumentar a área disponível para desembarque e embarque de passageiros, na chamada retroárea. Os benefícios da obra poderão ser sentidos fora da temporada de cruzeiros marítimos, quando navios de carga poderão atracar no local, aumentando a produtividade. Turismo A estação da arte Com a chegada do outono europeu, principal meta são as cidades com rico patrimônio artístico, como Florença, Roma e Veneza, que continua sendo um dos destinos mais caros do mundo Stefano Buda P assado o verão e arquivadas as férias à beira-mar, começa a estação das viagens às capitais europeias da arte. Se o turista escolhe adentrar na descoberta de cidades menores e menos conhecidas, mas nem por isso menos fascinantes, visitar o Belpaese se torna realmente conveniente. É o que surge dos resultados mensais do Trivago, um dos principais motores de busca de hotéis. A ferramenta monitora, em escala mundial, os preços médios dos hotéis, servindo-se de um índice específico denominado tHPI (Trivago Hotel Price Index). Neste primeiro vislumbre do outono, Veneza se confirma como uma das metas mais desejadas e mais caras do globo: para passar uma noite na laguna, se gasta em média 252 euros. E os preços estão em queda, considerando que em setembro o tHPI de Veneza se atestava em torno dos 280 euros por noite. Por outro lado, uma caminhada entre as maravilhas da Praça San Marco, ou um passeio de gôndola entre os milhares canais da cidade, representam o sonho romântico de casais em qualquer latitude do planeta. Os números mostram claramente que nenhuma outra cidade europeia tem um custo parecido: passar uma noite num hotel é custoso também em Genebra, Londres e Paris, onde, contudo, não supera 231, 208 e 198 euros por noite. Em uma escala europeia, o país menos abordado é a Suíça, onde uma noite em um hotel custa em média 185 euros. Carteiras recheadas também são necessárias para permanecer na Noruega (160 euros por noite), na Suécia (150 euros por noite) e na França (144 euros por noite). A Itália, em um todo, não está entre as metas mais caras e o preço médio de um hotel gira em torno dos 131 euros, como na Holanda e em Luxemburgo, menos que na Dinamarca (137 euros) e na Grã Bretanha (134 euros), porém mais que na Áustria (123 euros), na Irlanda (101 euros) e na Espanha (96 euros). Os alojamentos menos custosos se encontram na em Portugal (85 euros), Bulgária (58 euros), Romênia (64 euros), Polônia (67 euros), Hungria (80 euros), Croácia (86 euros) e Grécia (88 euros). Abruzzo e Molise, com rico patrimônio natural e cultural, estão entre as localidades menos custosas e menos exploradas Em nível nacional, a cidade italiana mais cara, logo depois de Veneza, é Florença, com um tHPI de 164 euros por noite, mas em queda de 6% em relação a setembro passado. A seguir, aparece Roma, onde uma noite custa, em média, 162 euros por noite. Os preços são mais contidos em Milão (152 euros) e em Turim (106 euros). Paisagens de Veneza, Molise e Abruzzo (abaixo): ideais para serem apreciadas sob as temperaturas do outono Uma viagem nos meses de outono pode ser a ocasião certa para descobrir os grandes centros do sul da península italiana, ricos em arte, história e cultura, e caracterizados por uma grande tradição enogastronômica. Uma noite em Bari, cidade de San Nicola e porta da costa para o oriente, custa 99 euros, enquanto uma estadia em Nápoles, entre os tesouros de San GregorioArmeno, do MaschioAngioino e do Capodimonte, custa 95 euros. Preços razoáveis também nas ilhas: dormir em Palermo, na Sicília, ou em Cagliari, na Sardenha, requer uma despesa de 91 euros. Existem áreas do país menos notadas, mas capazes de satisfazer as exigências dos turistas, graças à ampla variedade paisagística, histórica e cultural que caracterizam a bota. Em Abruzzo e em Molise, por exemplo, o custo médio de uma noite é o mais baixo da Itália: 81 euros. Nestas duas regiões é possível escolher entre localidades costeiras, antigas vilas, parques nacionais e zonas montanhosas que não devem nada às zonas mais renomadas. A Úmbria, com um tHPI de 90 euros por noite, e Marche, com um índice de preços de 96 euros por noite, também são territórios ricos em arte e cenários naturais. Para não falar da Basilicata, onde o custo médio de uma noite é de 98 euros. Ali, o turista pode conhecer Matera, a extraordinária cidade das “pedras”, patrimônio da humanidade pela Unesco. comunit àit aliana | novem br o 2013 41 Turismo O Belpaese a pé Dia Nacional da Caminhada celebra os melhores itinerários em mais de cem cidades italianas e revela fabulosas surpresas a turistas e moradores, entre vilas pouco conhecidas, reservas naturais e ruínas arqueológicas Aline Buaes T Especial para Comunità ênis confortáveis, muita disposição e curiosidade. Conhecer as cidades italianas a pé sempre foi a melhor maneira de se fazer turismo na bota. Com o crescimento urbano desordenado, este hábito quotidiano acabou sendo deixado de lado por muitos italianos. Com o objetivo de promover o ato de caminhar como “uma profunda e positiva transformação social”, foi criado o Dia Nacional da Caminhada na Itália, que este ano chegou à segunda edição e envolveu mais de cem cidades italianas em mais de 200 itinerários de caminhadas, realizadas simultaneamente de norte a sul do país no dia 13 de outubro. — Nas nossas metrópoles, cada vez mais pessoas querem se locomover com os meios públicos e a pé, mas frequentemente não encontram cidades organizadas para favorecer aquela que é a única e verdadeira mobilidade sustentável — afirmou à Comunità Paolo Piacentini, presidente da Federação Italiana de Trekking (Federtrek) e um dos idealizadores do evento, ao defender que “os percursos urbanos para pedestres representam eixos fundamentais de um novo, mais racional e sustentável conceito de mobilidade urbana”. 42 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Milhares de pessoas participaram em toda a Itália de excursões guiadas por caminhos urbanos e rurais. Só em Roma, onde dez diferentes itinerários foram realizados, o evento reuniu mais de três mil pessoas. — Os itinerários que atraíram mais pessoas foram aqueles com valor cultural e ambiental — explica Piacentini. Ele destaca o público heterogêneo que participou das caminhadas, de crianças a idosos, inclusive pessoas com deficiências, que tiveram uma participação especial na pequena Gioia Tauro, cidade no litoral da Calábria onde a organização SudTrek realiza um ativo trabalho de inclusão social através de excursões de trekking. Da Sicília ao Vale d’Aosta, os percursos revelam uma rica história As centenas de itinerários realizados no dia do evento em toda a península incluíram iniciativas nas grandes cidades, como Roma, Milão, Nápoles, Florença e Palermo, e também nas pequenas localidades rurais. Os caminhos eram percorridos em meio a centros urbanos, arquiteturas históricas, parques naturais, parreiras, oliveiras e montanhas. Trajetos inusitados, como o que ocorreu em Florença, organizado pela associação Firenze Migranda, que propôs uma caminhada orientada por imigrantes estrangeiros, mostraram “a sua visão” da cidade. Em Palermo, o trajeto Palermo Go! atravessou a cidade histórica, do Palazzo Reale ao Porto, passando pela antiga estrada sarracena Simat al Balat, com explicações históricas sobre as igrejas, praças, fontes e ruas que narram a história dos povos e reinos que por ali passaram ao longo dos séculos. Em Milão, as áreas arqueológicas da Milano Romana foram priorizadas em quatro percursos que mostraram atrações como as antigas residências de imperadores e bispos, desconhecidas até mesmo de boa parte dos milaneses. O objetivo era uma espécie de gemmelaggio com os percursos de Roma. Em Nápoles, um dos itinerários propostos, o Collina Gentile levou os caminhantes ao topo da Colina de Capodimonte através de pequenas ruelas e escadarias. Entre os caminhos rurais, um deles ocorreu na província de Palermo, onde uma associação ambiental organizou um percurso para marcar a inauguração de uma nova trilha ecológica dentro da Reserva Natural de Capo Rama, na cidade de Terrasini, localizada à beira do mar Tirreno. O itinerário de quatro quilômetros atraiu dezenas de pessoas. Já na luxuosa ilha de Capri, a organização ambientalista Legambiente aproveitou o evento para mostrar um lado desconhecido do paraíso natural tão procurado por turistas do mundo inteiro. No percurso intitulado Terra de Anacapri, os guias ambientalistas levaram os caminhantes por ruas históricas e produções agrícolas, atravessando vinhedos e plantações. Já nas montanhas do extremo norte italiano, onde o francês também é língua oficial, o evento levou os excursionistas pelas trilhas do Valle d’Aosta entre vinhedos, castelos e burgos medievais. O percurso de quatro horas iniciou no centro da cidade de Chambave e passou pelas cidades vizinhas de Saint-Denis, onde se encontra o famoso Castello de Cly, Marseiller, Verrayes e Champagne. Até chegar ao Fórum Imperial, reservas naturais, margens de rios e vilas pouco conhecidas Na Cidade Eterna, os diversos itinerários realizados simultaneamente por diferentes associações e entidades mostraram uma Roma pouco conhecida de turistas e até mesmo dos moradores. Das periferias ao centro histórico, o Roma Caminha passou por vilas, rios, bairros e até pelo litoral romano em dez percursos oficiais, com todos os caminhos levando ao Fórum Imperial, no centro histórico, onde uma grande festa no fim do dia marcou o encerramento do evento. O itinerário “Percursos Garibaldinos” também merece destaque: mostrou vilas históricas romanas, como a Villa Doria Pamphili, através de um itinerário histórico-naturalístico que teve como ponto alto um dos “terraços” mais impressionantes de Roma: o Parque do Gianicolo. A descida ao centro histórico foi feita através da Scalinata (escadaria) di Porta San Pancrazio, que levou os caminhantes ao bairro de Trastevere e de lá ao Fórum Imperial. Já a caminhada “Roma através das sete colinas históricas” durou quatro horas e mostrou aos participantes a história romana através de ruínas, igrejas, praças e prédios históricos que hoje caracterizam as antigas colinas sobre as quais a cidade de Rômulo e Remo teria sido fundada. “Sete villas, sete belas e pouco conhecidas visões de Roma” foi o título de outro itinerário de destaque, que levou os participantes às vilas históricas da cidade com suas impressionantes vistas panorâmicas. Do terraço Il Pincio, com vista panorâmica do centro histórico, e da Piazza del Popolo, o grupo passou pela Villa Borghese e Villa Giulia, com seus museus de Belas Artes e Arte Moderna, pela pouco conhecida Villa Balestra, Villa Glori e Villa Ada, incluindo uma subida ao Monte Antenne e uma travessia do Parque Acqua Acetosa, totalizando 17 quilômetros de percurso. Dois itinerários ainda tiveram como foco as margens dos rios romanos. Um dos percursos passou pelas margens do Tevere, começando na Basílica de São Paulo, adentrando as ruelas do bairro de Trastevere, o Jardim Botânico e, por fim, atravessando a famosa Ponte Sisto para seguir rumo ao Fórum Imperial. O outro percurso atravessou as margens do menos famoso Rio Aniene, através do bairro Monte Sacro e das trilhas dos parques Delle Valli, Villa Ada e Villa Borghese, para depois descer pela Via Veneto até a região da festa de encerramento. Nem mesmo o litoral romano ficou de fora do grande evento. O percurso de 15 quilômetros que percorreu a reserva natural de Ostia, a mais famosa praia romana, chegou de trem à estação Roma Ostiense, para, de lá, chegar à grande festa no Fórum Imperial. O mais badalado dos itinerários romanos contou com a presença da presidente da Câmara italiana dos Deputados, Laura Boldrini: trata-se da Appia Antica, que, dividido em três grupos, percorreu o caminho repleto de história, arqueologia e natureza formado pela ampla área arqueológica Parque Appia Antica, ao sul de Roma. O trajeto mais longo, de 17 quilômetros, começou nos Castelos Romanos, na cidade Entre as atrações ao longo dos itinerários a pé: a trilha da Reserva Natural de Capo Rama, na Sicília; a pequena cidade de Gioia Tauro, na Calábria, onde a SudTrek realiza um trabalho de inclusão social; a caminhada em Florença orientada por imigrantes; e o histórico caminho romano da Appia Antica, que contou com a presença da presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini de Frattocchie, e percorreu a Via Appia desde o início, passando pelo Parque dos Acquedutos, Villa dei Quintili, Valle della Caffarella, Porta San Sebastiano e Termas de Caracalla, até chegar ao Fórum Imperial. Em 2014, o evento ocorrerá em âmbito europeu e vai reunir entidades e associações de todo o continente. As associações ítalo-brasileiras poderiam participar da próxima edição do evento, diz o presidente da Federtrek. — Gostamos de sonhar, sem parar nunca, passo por passo — concluiu Piacentini. comunit àit aliana | novem br o 2013 43 Arquitetura Milão arranha o céu Projeto revitaliza o complexo de Porta Nuova, que recebe o novo quartel-general da UniCredit, principal investidor do empreendimento, que estará pronto antes da Expo 2015 Guilherme Aquino O De Milão crescimento urbano de Milão acontece em plena crise imobiliária. O fenômeno não chega a ser um milagre mas, sim, fruto de uma estratégia com as fundações bem presas no aporte financeiro e na qualidade do complexo. A começar pela localização: o cruzamento de uma estação ferroviária, a Porta Garibaldi, com linhas internacionais. Paris está somente a cinco horas de distância com o TGV que chega na porta de casa de um sistema intermodal urbano — como quatro linhas de metrô e tantas outras de bonde e ônibus — além de estar plantada numa passarela obrigatória para quem vive e respira a moda e o design, em corso Como e na via Moscova. O complexo residencial e comercial de Porta Nuova, distante apenas um quilômetro do Duomo, revitalizou uma zona milanesa abandonada a si própria, que começava iluminada mas terminava na maior escuridão, como trilhos que acabavam em um terreno baldio. Em meio a mil e uma polêmicas, a prefeitura autorizou a realização de arranha-céus, e tudo deverá estar pronto até a primavera de 2014. O skyline de Milão foi redesenhado com o condomínio Bosco Vertical do arquiteto Stefano Boeri, e com a torre UniCredit, eleita uma das dez mais belas do planeta pelo Emporis Skycraper award 2012, segundo a rede de televisão CNN. Ambos são apenas a ponta do iceberg de um 44 conjunto de três quarteirões — Garibaldi, Varesione e Isola, numa área total com cerca de 300 mil metros quadrados, dos quais 90 mil dedicados à criação de um parque verde denominado “os jardins de Porta Nuova”. A visão dos sócios do fundo Hines, principais empreiteiros da obra, se confirma: o projeto, nascido em 2005, antes da crise, é hoje o maior da Europa, e responde por 10% do total de obras na Lombardia. Hoje, a média por metro quadrado das residências de luxo colocadas à venda gira em torno dos 9 mil euros — 50% acima dos apartamentos normais das áreas vizinhas. Dos 380 apartamentos divididos ao longo de 15 edifícios, 60% já foram vendidos. Quase todos os compradores são residentes milaneses do centro, além de dois brasileiros que fazem parte dos 30% da clientela internacional. Desde fevereiro, a torre do banco UniCredit, uma das duas maiores instituições financeiras do país, vem sendo ocupada pelos quatro no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a mil funcionários do grupo, de mudança para o novo quartel-general do colosso, o principal financiador do projeto, orçado em cerca de 2 bilhões de euros. Essa massa de gente já encontra a praça Gae Aulenti servindo de cenário para fotografias de moda e “takes” de produções estrangeiras, entre indianas e chinesas, e trilhas urbanas novas que conectam os quarteirões históricos de Brera, Isola e Reppublica, além da inauguração da filial de supermercados Esselunga no subsolo da torre e lojas de grifes. Tudo nasce dentro de uma zona urbana condenada ao abandono nos últimos 30 anos, fruto da suspensão de estações e galpões ferroviários. Durante a escavação do terreno, os operários não se depararam com ruínas romanas, e sim com trilhos de ramais soterrados pelo tempo. Desde 2005, a área estava imersa em uma nuvem de poeira. A Casa da Memória e a Biblioteca das Árvores, o Centro Cultural de Unicredit e um pequeno centro comercial irão surgir antes da Expo 2015. O fundo soberano do Quatar comprou 40% do projeto este ano, operação que foi o maior “ shopping” imobiliário dos árabes por estas bandas. O crescimento vertical de Milão ocupa um terreno já explorado anteriormente e não acrescenta cimento à superfície. É verdade que os novos prédios projetam uma grande sombra sobre aqueles mais baixos. Por isso, urbanistas internacionais que defendem a verticalização das cidades estão propondo que os prédios mais baixos tenham um desconto nos impostos. Em tempos de vacas magras, porém, é difícil imaginar uma compensação que interfira no já escasso orçamento público. Com certeza, o tema vai ser alvo de uma discussão futura. Surge no horizonte a pergunta: “em termos de qualidade de vida, quanto custam as minhas horas de sol a menos”? Arquitetura Para as cidades e seu povo Mario Cucinella participa da Bienal de Arquitetura de São Paulo e defende projetos sustentáveis que priorizem a funcionalidade para o povo e a cultura locais, e não apenas o custo Janaína Pereira C processo de degradação. A área foi transformada em nível estrutural e também cultural, repensando a relação dos moradores com o município. — O caráter sustentável está muito mais ligado à forma de usar materiais simples do que a processos tecnológicos. É preciso ter atenção ao meio ambiente, à cultura de cada povo — defende Cucinella em entrevista à Comunità. Ele trabalhou como responsável de projeto com Renzo Piano em Gênova, cidade onde se formou, e em Paris. Desde 2004, é professor honorário da britânica Nottingham University. Em 2012, fundou a Building Green Futures, instituição sem fins lucrativos que tem por objetivo consolidar tecnologia e cultura ambiental. Este ano, passou a lecionar na Technische Universitat de Mônaco como professor especial de tecnologia emergente. Atualmente, é diretor da comissão científica internacional da Plea (passive and low energy architecture), organização empenhada em promover arquitetura sustentável e projeto urbano no mundo. Ensinar aos jovens arquitetos de hoje a importância de projetos sustentáveis, para ele, é fundamental. — A arquitetura sustentável é feita em todo o mundo. Existe muito este tipo de arquitetura na Europa. Na Itália, um pouco menos, por causa da crise. Os Estados Unidos pensam muito na questão da energia. Temos que dar mais atenção às áreas públicas, e assim conseguiremos melhorar a vida nos edifícios, na vida privada. O modelo atual de arquitetura valoriza o contrário. Italiano vai abrir escritório em São Paulo, onde “o caos é evidente” Sediado em Bolonha, o escritório do arquiteto siciliano, Mario Cucinella Architects (MCA), desenvolve projetos na China, África e Oriente Médio, e terá uma sede em São Paulo, que deve começar a funcionar em 2014. Sobre a arquitetura no Brasil, Cucinella ressalta o caos, evidente no tráfego das grandes cidades. — Conheço um pouco da arquitetura brasileira, como a construção de Brasília, o trabalho de Oscar Niemeyer. Em São Paulo, gostei do Mube, do prédio da faculdade de arquitetura na USP, mas faltam espaços públicos e áreas verdes. E isso é fundamental para o bem-estar da população. A cidade não teve um crescimento planejado, isso fica evidente em seu trânsito, em sua forma, que é um caos — avalia. Sobre o fato da arquitetura sustentável ainda ser considerada cara, ele acredita que o mais importante é pensar no custo-benefício. — Não é que seja caro, vai compensar depois de pronto. Um projeto para uma cidade grande, por exemplo, é difícil, mas é preciso pensar em obras sustentáveis para essas cidades. Porque, sem elas, surgem as favelas. Então acho errado pensar só pelo custo, tem que pensar também o quanto vai trazer de benefício — pondera. Cucinella aponta também que a ideia do projeto pode ser global, mas tem que pensar localmente, e que “é preciso ter empatia com o projeto, pensar em uma modernidade que funciona”: — O projeto tem que funcionar para aquele lugar, aquela cidade, aquele povo especificamente. Porque a arquitetura é para o homem, não para o arquiteto — conclui. Mario Cucinella já recebeu vários prêmios, como o Arquitetura Ance (Catania, 2012) e o Mipim Green Building Award (Cannes, 2011). Entre os seus projetos, estão o Centre for Sustainable Energy Technoligies em Nigbo, na China; a sede da prefeitura de Bolonha; e a estação Villejuif - Leo Lagrange do metrô de Paris. De São Paulo om 20 anos de carreira, o arquiteto italiano Mario Cucinella é reconhecido pela sua arquitetura contemporânea voltada à sustentabilidade e urbanização. Convidado a participar como representante da Itália da 10ª edição da Bienal de Arquitetura de São Paulo — evento mais importante do setor na América do Sul, que acontece até 30 de novembro — Cucinella expõe ao público brasileiro o projeto de reurbanização do bairro San Berillo, em Catânia, na Sicília. A Bienal tem como tema este ano Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar — através do qual discute o espaço público contemporâneo e a mobilidade urbana. Exposto na seção Espaço Público, o projeto do arquiteto nascido em Palermo aborda a revitalização de uma grande área urbana que esteve por mais de 50 anos em Projetos de Cucinella realizados em Milão e Recanati comunit àit aliana | novem br o 2013 45 Música e percussão (Festival Internacional de Música Contemporânea de 1979); Und: Das ist Fest em vollem Gang para violoncelo e orquestra (Festival Internacional de Música Contemporânea de 1995); e Fachwerk para Bayan, com corda orquestra e percussão, apresentado no último Festival, em 2012. — É uma honra e um privilégio viver este momento em Veneza. Só tenho que dizer uma palavra: obrigada — disse Sofia ao receber o Leão de Ouro. Leão para ela Pela primeira vez, uma mulher ganha a premiação máxima na Bienal de Música de Veneza Janaína Pereira V De Veneza eteranos e nomes das novas gerações mostraram a vitalidade musical da atualidade durante a 57ª edição do Festival Internacional de Música Contemporânea, também conhecido como Bienal de Música de Veneza. O tema deste ano foi Altra voce, altro spazio (Outra voz, outro espaço), sob a direção do compositor Ivan Fedele. A compositora russa Sofia Gubaidulina recebeu o Leão de Ouro pela sua carreira: ela tornou-se a primeira mulher a ganhar a honra máxima do evento. O prêmio para a artista foi recomendado pelo diretor Fedele e aprovado pelo Conselho de Administração da Bienal, presidido por Paolo Baratta. Os últimos vencedores foram Goffredo Petrassi (1994), Luciano Berio (1995), Friedrich Cerha (2006), Giacomo Manzoni (2007), Helmut Lachenmann (2008), György Kurtág (2009), Wolfgang Rihm (2010), Peter Eötvös (2011) e Pierre Boulez (2012). Segundo Fedele, o Leão de Ouro atribuído a Sofia Gubaidulina reconhece o valor artístico e humano 46 excepcional de uma artista que, por causa de suas escolhas estéticas não-conformistas, sempre teve que lutar contra o poder político da extinta União Soviética, que não hesitou em definir a sua música como “irresponsável”. — Em 1979, Sofia estava na lista negra pelo VI Congresso dos Compositores da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas por causa de sua participação em um grupo de músicos dissidentes e em festivais condenados pelo regime. Apesar das enormes dificuldades, ela continuou se expressando com extrema coerência e liberdade, e ofereceu ao mundo da música sua inspiração, permeada por uma espiritualidade que é, ao mesmo tempo, delicada e incandescente, que lhe trouxe fama e admiração em todo o mundo — disse o diretor da Bienal, realizado entre 4 e 13 de outubro. Sofia Gubajdulina, de 81 anos, tem participado do Festival desde os anos 1970, quando sua carreira internacional começou. A primeira peça a ser executada foi Rumore e silenzio para cravo e percussão (1977, da Bienal de dissidência); seguido pela estreia italiana de cinco estudos de harpa, contrabaixo no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Leão de Prata fica em casa A premiação concedida àqueles que incentivam a música, o Leão de Prata, ficou com a Fondazione Spinola Banna per l’Arte. Fundada em 2004, em Turim, por Marchesi Orsola e Gianluca Spinola, tem como objetivo promover as áreas de arte e de música contemporânea por meio de seminários, workshops e outras atividades. Segundo o presidente da Bienal de Veneza, Paolo Baratta, um dos trabalhos da Fondazione Spinola Banna é particularmente inovador. — O Progetto Musica, no qual a Fondazione atua, incentiva a criação de novas obras musicais, destaca os talentos de jovens compositores e dá visibilidade para as melhores experiências no campo da música contemporânea. É um trabalho admirável que merece ser reconhecido — elogia. Cada concerto do Progetto Musica foi gravado e produzido em uma coleção de CDs, relançado ano após ano. A Fondazione Spinola Banna per l’Arte também está aberta a músicos para residências curtas, o que torna o Concert Hall disponível para gravação de CDs e contribui para a publicação de livros de interesse dos admiradores da música. — Apoiamos a disseminação da nova música e colaboramos com os novos artistas, e é para eles que dedicamos este prêmio — disse Gianluca Spinola. O Festival foi criado em 1930 e foi o primeiro a funcionar ao lado da Exposição de Arte Internacional, que caracterizou o nascimento da Bienal em 1895. Desde então, revela novas composições e promove estreias europeias e mundiais, e grandes orquestras e solistas, confirmando a vocação para ser um descobridor de novas tendências. A cada edição, tem evidenciado que seu objetivo é mostrar o panorama da música atual. Exposição Tesouros da fé napolitana As ricas peças e joias reunidas em homenagem ao padroeiro de Nápoles ao longo de 17 séculos chegam à capital italiana para uma exposição inédita Gina Marques T De Roma rata-se de uma riqueza de valor inestimável: entre objetos em ouro, prata e pedras preciosas, acrescenta-se uma cultura de séculos de amor e devoção dos napolitanos pelo seu santo padroeiro: o lendário tesouro de San Gennaro. Pela primeira vez, parte das relíquias sai de Nápoles para ser exposta na capital italiana, graças à Fundação Roma Museu. A mostra está aberta ao público no Palazzo Sciarra até 16 de fevereiro e conta sete séculos de história. Trata-se de uma viagem através das doações de papas, imperadores, reis e pessoas comuns, para reconstruir uma das heranças mais importantes da arte de joalheiros do mundo. — Segundo os especialistas, o tesouro de San Gennaro vale mais que o da rainha da Inglaterra e do Czar da Rússia. Mas estou cansado de ouvir este comparação. O valor do tesouro é Nápoles e os napolitanos, embora eu seja siciliano — disse na abertura da mostra o professor Emmanuele Francesco Maria Emanuele, presidente da Fundação Roma. Em Nápoles, o conjunto reúne 21.610 peças, mas as 70 que chegaram a Roma foram transportadas em carros fortes, escoltados pela polícia. Não é para menos: entre elas, está a Mitra, com suas 3.964 pedras preciosas, feita pelo mestre Matteo Treglia em 1713. O majestoso São Miguel Arcanjo desembainha a sua espada em uma escultura barroca em prata e bronze dourado. Mostra-se o ato do documento de 13 de janeiro de 1527, pelo qual toda a cidade se compromete a construir uma nova capela para o padroeiro, que a salvou da peste, da guerra e do Vesúvio. San Gennaro e a história de Nápoles, entre carestias, milagres, paixão e esperança A história da devoção do povo napolitano a San Gennaro e do seu tesouro é antiga, e está intrinsecamente ligada à cidade, entre fé e descrença, paixão e ceticismo, nas aventuras e desventuras, alegrias e carestias, na solidez e nos tremores do Vesúvio, ao longo de 17 séculos. Ele nasceu no fim do III século d.c. em Benevento, distante de Nápoles 80 km a nordeste, da qual foi bispo. Os cristãos sofriam cruéis perseguições do imperador Diocleciano e Gennaro, junto com discípulos, foi condenado a morrer na arena de Pozzuoli, trucidado pelos leões. As feras, porém, teriam recuado e se inclinado junto aos sete condenados por milagre. Mesmo assim, ele foi condenado à decapitação. O seu sangue e outras relíquias foram recolhidos e guardados em duas ampolas. Mil anos depois, o rei Carlos II d’Angiò mandou fazer um busto relicário em prata dourada, dando início ao “Tesouro de San Gennaro”. Seu sucessor, Roberto d’Angiò, mandou fazer a caixa de vidro com moldura de prata que guarda as ampolas. Em 17 de agosto de 1389, durante uma procissão para pedir o fim de uma grave carestia, ocorreu a primeira liquefação. Até hoje, três vezes por ano, em uma cerimônia celebrada pelo arcebispo de Nápoles, os fiéis esperam ver o milagre. A liquefação significa que Nápoles terá sorte; caso contrário pode ser um sinal de eventos negativos para a população. Após uma terrível epidemia entre 1526 e 1529, os napolitanos fizeram um voto a San Gennaro para construir uma nova capela dentro do Duomo. Em 1646, a Real Capela do Tesouro, realizada em magnífico estilo barroco, foi consagrada e até hoje guarda as preciosidades do santo. Entre os tesouros: coppia di infule della Mitra (1713), em prata, ouro, diamantes, esmeraldas e rubis; Tobiolo e o anjo (São Rafael), de 1797, em prata; e Santa Maria Egiziaca (1699), em prata e cobre dourado comunit àit aliana | novem br o 2013 47 firenze GiordanoIapalucci Il Rinascimento da Firenze a Parigi. Andata e Ritorno ino al 31 dicembre saranno esposte F presso la splendida cornice di Villa Bardini 30 opere provenienti dal Museo Jacquemart-André di Parigi. La villa fiorentina è in effetti un luogo perfetto in cui ospitare opere rinascimentali di Botticelli, Mantegna, Paolo Uccello, Donatello e Giambologna. All’interno della mostra sono stati creati dei percorsi paralleli in cui vengono analizzati aspetti relativi all’epopea dei grandi antiquari fiorentini, la nascita del mito della Firenze rinascimentale e quella che fu definita a cavallo del XIX e XX secolo la febbre del collezionismo. Orario 8.1518.30 con ingresso a 8 euro. Lunedì chiuso. Impressionisti a Palazzo Pitti F irenze sta vivendo un momento di intensi rapporti culturali con Parigi e da questa collaborazione viene presentata al Salone da Ballo del Quartiere d’Inverno di Palazzo Pitti l’esposizione nata dal prestito di 12 capolavori del periodo impressionista da parte del Museo d’Orsay. Tra le opere la famosa tela Répétition d’un ballet sur la scène del 1874 di Edgar Degas, Les Tuileries del 1875 di Claude Monet e Sentiero in mezzo al bosco d’estate di Camille Pissarro. Il percorso artistico intrapreso con questa stretta collaborazione vuole approfondire nuove strade di ricerca e mettere in luce punti di contatto tra la cultura francese e quella toscana al fine di ricostruire alcuni degli elementi delle esperienze artistiche di tutto il novecento. Izis, il poeta della fotografia zis Bidermanas, nato nel 1911 a I Marijampole in Lituania, nella Russia zarista, è oggi considerato tra i fotografi umanisti più illustri del mondo e definito il “poeta dell’immagine”. Il Museo Nazionale Alinari della Fotografia gli dedica una mostra aperta fino al 6 gennaio prossimo, in cui l’elemento cardine è il sogno. Emigrato a Parigi nel 1930, Izis, inizia a lavorare in un laboratorio fotografico e la sua notorietà incomincia a farsi breccia solo dopo l’occupazione tedesca nel 1941. Si unisce alla Resistenza e comincia a realizzare bellissimi ritratti di partigiani, fondendo realismo e poesia, facendo sí che ogni dettaglio completasse quel mosaico del racconto della realtà umana di quel periodo. Orario: tutti i giorni dalle 10.00 alle 18.30, mercoledì chiuso. Biglietto: € 9,00. 48 L’avanguardia Il ricordo russa di25Annigoni e sale di Palazzo Strozzi vi guideranno anni dalla scomparsa dell’artista L alla scoperta dei capolavori russi del primo ‘900, in una ricchissima esposizione inedita. Le opere di Kandinsky, Malevič, Filonov e Gončarova, intrecciando spiritualità e sciamanesimo, filosofia e antropologia, sapranno condurre il visitatore in una nuova linea di confine artistica tra deserti sterminati e ghiacci polari. E’ l’arte russa che attinge dalle innumerevoli sembianze e fattezze della sua natura sconfinata. Saranno più di 130 opere, tra cui pitture, acquerelli, disegni e 15 sculture. Aperto tutti i giorni dalle 9.00 alle 20.00 fino al 19 gennaio. Ingresso 10 euro. no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a A Pietro Annigoni, l’Ente Cassa di Risparmio di Firenze ha voluto rendergli omaggio con una mostra di grande spessore, con oltre 6000 pezzi tra dipinti, disegni, incisioni, litografie, e sculture. L’Ente, dopo aver acquistato l’importante raccolta di opere ha istituito nel 2008 il “Museo Pietro Annigoni” all’interno di Villa Bardini a Firenze. L’esposizione raccoglie una serie di opere inedite tra cui i disegni preparatori per i ritratti della Regina Elisabetta, del Principe Filippo di Edinburgo e della Regina Margarethe di Danimarca. Ingresso gratuito. Presentes para o Natal ItalianStyle Confira a nossa seleção de dicas de presentes made in Italy para alegrar a família ou os amigos neste Natal. São ideias para decoração, gastronomia e moda, assinadas pelos grandes ícones do design italiano. Scudetto Ferrari Uma nova série de acessórios celebra a paixão pelo “cavallino rampante”. Anunciada pela loja online da Ferrari neste final de ano, seus artigos evocam a magia do mito “vermelho” da fábrica automobilística de Maranello, como a jaqueta de nylon Scudetto Ferrari, que traz o típico padrão acolchoado usado pelos pilotos da Fórmula 1, um escudo de prata com o símbolo da marca na manga esquerda e o logo Scuderia Ferrari nas costas. Preço: € 250 store.ferrari.com Roberto Cavalli Sparkling Christmas Entre as sugestões de presentes, o destaque vai para a coleção de anéis 2013/2014. Na foto, modelo com detalhes em strass. Preço: € 200 store.robertocavalli.com Fotos: Divulgação A Versace renovou a parceria de sucesso com a fábrica de porcelanas alemã Rosenthal e lançou mais uma coleção especial para enfeitar com muito luxo as festas natalinas. A coleção Sparkling Christmas une símbolos tradicionais do Natal com estampas da joalheria Versace. As peças em porcelana apresentam uma estampa barroca de fundo com pequenas árvores de natal que se alternam em meio a enfeites em fio de ouro. Preço: € 225 (fruteira) e € 245 (prato com 30 cm de diâmetro). www.versace.com Dolce Chef Bialetti Lançada há poucos meses na Itália, a linha de acessórios para doces da Bialetti, famosa pelas suas cafeteiras, transforma qualquer cozinha de casa em uma moderna pasticceria. As formas em pintura dourada para bolos, tortas, pudins, pães e pizzas são feitas em aço de carbono, resistem a temperaturas de até 250ºC e ainda podem ser lavadas na máquina. As peças contam com o sistema antiaderente XP3Stars, exclusivo da Bialetti. Além dos formatos inusitados, possuem tampas e alças de plástico que facilitam o manuseio. Os novos produtos estão à venda exclusivamente nas lojas Bialetti Store. Preço: € Sob consulta www.bialetti.it Illy Art Collection Desde 1992, as xícaras de café da Illy se transformam anualmente em “pequenas telas brancas de porcelana”, sobre as quais mais de 70 artistas contemporâneos deixaram sua marca. Este ano, a empresa de Trieste chamou pela terceira vez o artista plástico chinês Liu Wei. As obras fazem parte da série The Purple Air e representam a contínua evolução do processo de urbanização e as mudanças estruturais nas áreas rurais contemporâneas. Preço: € 99 (conjunto com seis peças) shop.illy.com comunit àit aliana | novem br o 2013 49 Vinhos Para estourar a rolha Após os últimos anos marcados por intenso calor e fortes temporais, os vinicultores do Trentino à Sardenha comemoram a safra de 2013 com expectativa de aumento da produção e alta qualidade em quase todas as regiões Stefano Buda De Roma M ais garrafas de um vinho de melhor qualidade. Graças a condições atmosféricas particularmente favoráveis, que fazem os banhistas torcerem o nariz, mas que deixam felizes os produtores de vinho, o ano de 2013 pode ser uma safra para ficar na memória da vinicultura italiana. Na maior parte dos vinhedos da bota, a estação da última colheita acaba de ser concluída. Segundo as previsões da Assoenologi, a mais antiga associação dos técnicos vinicultores italianos, a produção nacional se firmará em torno dos 45 milhões de hectolitros de vinho e mostos, o que evidencia um aumento de 8% em relação ao ano passado, quando não foi possível superar os 41 milhões de hectolitros. Após as últimas duas safras, marcadas pelo calor intenso e por violentos temporais, não será difícil fazer melhor em relação à qualidade. Os operadores do setor, por enquanto, preferem não se exceder, mas muitos dos vinhos que vão levar o selo 2013 parecem destinados a apresentar perfis de relevo particular. Mérito de um singular comportamento climático, favorável às videiras. As frequentes precipitações invernais, a primavera fresca e chuvosa e, o verão com diferenças significativas nas 52 temperaturas entre o dia e a noite, têm permitido uma maturação das uvas através do tempo e muito promissora, que restituiu ácidos maiores e mais ricos. O período da colheita, que nos últimos anos havia sido inevitavelmente antecipado, retornou quase aos seus tempos canônicos. O único fator adverso é representado pelas chuvas de granizo, que nos últimos meses ocorreram em diversas zonas do país. Em geral, este ano reservará ótimos vinhos aos apaixonados. Em relação a 2012, a concentração de açúcar será menor, enquanto a acidez ficará mais acentuada. A maturação, feita por etapas, favoreceu o acúmulo de substâncias positivas, como aquelas aromáticas, nas uvas brancas, e os polifenólicos nas uvas vermelhas. Agora, passa-se a bola aos produtores, técnicos e enólogos, que, com a própria visão e as próprias competências, têm o dever de completar a obra. Os interessados diretos são sempre muito cautelosos e prudentes, um pouco por superstição, um pouco porque sempre dá tempo de serem negados. Pelos sinais, porém, a Itália do vinho parece se encaminhar para uma comemoração. São previstas ótimas safras, sobretudo para as vermelhas da Toscana e as brancas do Alto Ádige, mas também para o Aglianico, na Basilicata; para o ConeglianoValdobbiadene, no Vêneto; e para o Montepulciano, em Abruzzo. no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Piemonte A qualidade promete ser ótima tanto para as uvas brancas quanto para as vermelhas. À exceção da Nebbiolo, todas as outras, a partir da Moscatel, Brachetto e Barbera, devem registrar um incremento da produção de 5%. Muito bem também a qualidade de Chardonnay e PinotNoir, a base do espumante. Lombardia O aumento da produção regional é estimado em 5%, mas a safra é caracterizada pela heterogeneidade de maturação, às vezes alta devido às diversas exposições dos vinhedos. Em Franciacorta e Oltrepò, a qualidade das uvas usadas como base para espumantes é boa, com alguns ótimos pontos. Outras brancas e vermelhas também são boas. As numerosas chuvas de granizo criaram problemas mais ligados à quantidade. No Valtellina a maturação das Nebbiolo teve atrasos, mas está estimada entre o bom e o ótimo. Trentino Alto-Adige A produção deve crescer 15% e a pré-colheita revela para Chardonnay e PinotGrigio, nas zonas de vale, teores de açúcares médios em 12º Brix, com acidez acentuada e pH muito interessante. A boa produção das variedades brancas ocorre devido a um maior peso dos cachos, com 30% a mais de ácidos em relação a 2012. Para as variedades de fruto branco, em particular Chardonnay e PinotGrigio, se preveem ótimos níveis. O mesmo vale para as variedades aromáticas Müller-Thurgau e Gewürztraminer. Veneto A produção deve aumentar em geral em 5%. Para Doc Valpolicella e Bardolino, se estima uma redução quantitativa de 10%, e para Doc Soave, Lugana, Custoza, Vicenza e Durello, é esperado um aumento entre 5 e 15%. A época da maturação voltou a ocorrer no período tradicional, com 10 dias de atraso em relação a 2012. O teor de açúcar é ligeiramente inferior às safras precedentes, mas com um melhor quadro de acidez. Preveemse vinhos de boa qualidade, com bom perfil aromático e um quadro ácido interessante. Friuli Venezia Giulia É a única região que vai contra a tendência. A produção se apresenta boa em qualidade, mas em quantidade se espera uma queda de 5%, em particular para PinotGrigio, Tocai Friulano, Chardonnay, Cabernet Frace e Merlot, enquanto o Prosecco (Glera) deve crescer em 10%. O clima desfavorável determinou uma escassa fecundação das flores, com fenômenos de brotamento. A alta umidade trouxe míldio e oídio até nos cachos, reduzindo a produção. Vinhos A safra 2013 em cada regiao Emilia-Romanha Registrou um aumento produtivo de 5%, com índices de 10% na Romanha. A concentração de açúcar teve resultados inferiores comparada com a de 2012, enquanto a acidez total está mais alta. Para todas as variedades, de Albana a Sangiovese, passando por Trebbiano e Pignoletto, se estimam consideráveis níveis qualitativos. O crescimento quantitativo deve girar em torno dos 5% e a qualidade se anuncia particularmente interessante, seja para os brancos, seja para os tintos, com bons padrões e algumas pontas de excelência em algumas zonas. A safra poderia se revelar muito entusiasmante para alguns dos principais embaixadores do vinho italiano no mundo: Brunello di Montalcino, Chianti, Carmignano, Nobile di Montepulciano e Morellino di Scansano. Bons também os de San Gimignano por causa das uvas de baga branca de Vernaccia. Lacio e Umbria A quantidades deve aumentar em 5%, apesar da chuva de granizo, que este ano atingiu duramente as zonas do Orvietano, do Montefalco e dos Castelli Romani. A mudança térmica elevada enriqueceu os fenóis e os aromas e conservou um discreto frescor e a acidez. Especialmente boas são as brancas precoces, como Chardonnay e Pinot. Abruzzo Marche A região foi muito beneficiada pelas condições climáticas tanto em quantidade quanto em qualidade. A produção deve experimentar uma autêntica explosão: mais 20% em relação a 2012. Espera-se uma safra muito interessante, com vários ótimos aspectos, em particular para os vinhos tintos, mas também para os brancos, a exemplo de Trebbiano e Pecrino, que estão em um evidente crescimento. Puglia Em 2013, a produção aumentará em 15%, graças ao clima favorável, sem os picos de calor de 2012. Uma boa mudança térmica entre o dia e a noite, além do hábito de colher as uvas à noite ou nas primeiras horas do dia, permitiu obter uvas de um ótimo conjunto aromático e boa acidez. A colheita, iniciada com o corte das uvas de base para os espumantes, e continuada com Chardonnay, Pinot e Sauvignon, evidenciou ótimos resultados. Existe uma grande espera por Primitivo, Negroamaro, Bombino e Nero di Troia. Sardenha Toscana Sinaliza um incremento de 5% de produção. Esperamse vinhos de ótima qualidade para os brancos, come Verdicchio, Passerina, Pecorino e Trebbiano; e para os tintos, a partir de Montepulciano e Sangiovese. Nos brancos, se assinala uma interessante dotação de ácidos orgânicos. Já os tintos serão ricos em cor, com taninos maduros e bem equilibrados. Campania A produção registra um incremento considerável: perto dos 15%. A colheita teve início com as uvas de Asprinio e de Fiano del Cilento, e prosseguiu com Beneventano e Falanghina; no Avellinese, com o Fiano di Avellino e o Greco di Tufo. A última variedade a ser colhida foi a Aglianico, pela produção da Docg Taurasi. É previsto um padrão de qualidade entre bom e ótimo, com elevados níveis de acidez. Deve apresentar um incremento produtivo geral de 10%, ainda que o clima tenha dividido a região em duas. Do outono de 2012 até a primavera, chuvas superiores à média atingiram a faixa ocidental. No oeste, foram registradas temperaturas muito acima da média, criando problemas sobretudo para algumas variedades de Moscatel. Por outro lado, a abundância das reservas hídricas deu lugar a uma ótima colheita na maior parte da ilha, com cachos maiores. O ano deve proporcionar uma ótima safra, principalmente para Cannonau, Vermentino, Carignano, Monica, Nuragus, Nasco e Malvasia. Sicilia Na maior parte da ilha se registra um aumento de 10% graças ao bom clima, com chuvas abundantes no inverno e temperaturas adequadas na primavera e no verão. A colheita foi iniciada com as brancas PinotGrigio, Sauvignon blanc, Chardonnay. Espera-se qualidade de Merlot, Syrah, Nero d’Avola, Frappato e Cabernet Sauvignon, mas também de variedades autóctones de baga branca, como Catarratto, Insolia e Grillo. comunit àit aliana | novem br o 2013 53 Gastronomia Sabores da Lombardia à Sicília Semana da Cozinha Regional Italiana levou a São Paulo a diversidade gastronômica do país, com pratos típicos de cada uma das 20 regiões da península Vanessa Pilz Ingimage.com ssim como no Brasil a gastronomia se estende do churrasco gaúcho ao pato no tucupi paraense, na Itália há uma grande variedade de pratos de acordo com as regiões do país. Do risoto milanês com seu colorido do açafrão, aos suculentos arancini sicilianos, o Belpaese apresenta uma diversidade de pratos inversamente proporcional ao tamanho de seu território. De 13 a 20 de outubro os paulistanos tiveram a oportunidade de conhecer essa diversificada culinária durante a 2ª Semana da Cozinha Regional Italiana. Alguns dos mais tradicionais restaurantes italianos da cidade participaram do evento gastronômico, tendo desenvolvido menus especiais. Foram selecionados 20 estabelecimentos, um para cada região. Entre os participantes havia o Friccò, que representou a cozinha da Úmbria; a Osteria del Petirrosso, com pratos típicos do Lácio; e o Piselli, que apresentou criações inspiradas no Piemonte. Todos ofereceram cardápios completos com entrada, primo e secondo piatto, e sobremesa, a preços fechados. Este ano, o evento contou com a presença de chefs italianos que desenvolveram cardápios para algumas casas. Foi o caso do Zena A chef do Vinheria Percussi, Silvia Percussi, e Gerardo Landulfo, membro da Accademia Italiana della Cucina Tadeu Brunelli A servidos no restaurante, já que o cardápio do Pasquale é baseado em comidas de minha infância — explica o chef e proprietário da cantina Pasquale Nigro. De São Paulo Caffè, que recebeu a chef Rosanna Sartorelli para elaborar pratos típicos da Ligúria, e da cantina Pasquale, que teve pratos da culinária da Puglia desenvolvidos por Sebastiano Lombardi, chef do Cielo, que fica na cidade de Ostuni e possui uma estrela no guia Michelin. — Lombardi trouxe criações da cozinha pugliese contemporânea e ingredientes típicos da região, como a cicerchia, uma espécie de grão parecido com o grão-de-bico. São pratos diferentes daqueles Inhoque de açafrão homenageia culinária abruzzese Para homenagear Abruzzo, a chef Silvia Percussi, do Vinheria Percussi, ofereceu em seu menu pratos como inhoque de açafrão e arrosticini, os espetinhos de carne de cordeiro acompanhados de legumes. — Já havia feito uma pesquisa intensa sobre a culinária italiana para uma coleção de livros sobre o tema, então usei esse conhecimento para escolher os pratos que fariam parte do cardápio. A Vinheria tem mais pratos da Ligúria e da Toscana, mas outras regiões também estão representadas, especialmente na extensa carta de vinhos — disse Silvia. No ano passado, a casa teve a Sicília como tema de seu cardápio. A chef acredita que a gastronomia italiana está cada vez mais difundida no Brasil: — Hoje todo mundo faz questão de comer uma massa autêntica. Todo mundo entende qual é o ponto de um risoto. O brasileiro tem se interessado mais pela culinária da Itália. A Itália dos saberes O festival gastronômico fez parte da Semana da Língua Italiana no Mundo, evento que acontece em diversos países todos os anos, cujo objetivo é promover a língua italiana e a cultura do país. Este ano, em sua 13ª edição, a semana teve como tema Pesquisa, descoberta, inovação: a Itália dos saberes — abordando a diversidade das identidades regionais italianas. A Semana da Língua Italiana é promovida pela Accademia della Crusca (a academia da língua italiana), em cooperação com o Ministério italiano das Relações Exteriores e seus órgãos no exterior (institutos italianos de cultura, embaixadas e consulados). Em São Paulo, também conta com a colaboração do Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF), além do apoio do Consulado da Itália, do Instituto Italiano de Cultura, do Instituto do Comércio Exterior Italiano e da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura. 54 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a Gastronomia A mestra caótica Com suas receitas e dicas, Marcella Hazan transformou o modo de cozinhar e de comer pratos italianos nos Estados Unidos Vanessa Pilz M arcella Polini nasceu em 25 de abril de 1924 em Cesenatico, uma cidade banhada pelo mar Adriático que fica na Emília-Romanha. Filha de uma libanesa com um italiano, se mudou para o Egito ainda criança, vivendo com a família em Alexandria. Aos sete anos de idade, por conta de uma queda na praia na qual quebrou o braço direito de maneira grave, Marcella teve que ser levada de volta à Itália, onde passou por cirurgias para curar a lesão. Ela nunca mais recuperou completamente os movimentos do braço, mas o problema não conseguiu afastá-la da cozinha ou impedir que se transformasse em um dos nomes mais famosos da gastronomia da Itália. No último dia 29 de setembro, a especialista morreu aos 89 anos, devido a complicações causadas por um enfisema e por problemas circulatórios. Ela vivia na Flórida, nos Estados Unidos, país para o qual se mudou em 1955 e no qual se tornou uma das principais divulgadoras da verdadeira comida italiana. Após a Segunda Guerra, Marcella completou um doutorado em ciências naturais e biologia na Universidade de Ferrara e se tornou professora. No início da década de 1950, conheceu o ítalo-americano Victor Hazan, com quem se casou e se mudou para a América do Norte. Foi lá que a italiana, que passou a se chamar Marcella Hazan, começou a cozinhar, tentando recriar pratos de sua juventude e seguindo receitas de um livro de Ada Boni, autora italiana de livros de gastronomia. Descontente com os pratos e a qualidade dos ingredientes encontrados nos Estados Unidos, Marcella não conseguia reproduzir fielmente as receitas italianas que conhecia desde criança. Por conta de um trabalho de Victor na área de publicidade, o casal, já com um filho, Giuliano, voltou a morar na Itália, em 1962. Eles só retornariam ao país americano em 1969. Ela aproveitou a temporada na Itália para aprofundar seus conhecimentos gastronômicos: aprendeu receitas de outras regiões além da Emília-Romanha. Com a ajuda de Craig Claiborne, crítico de gastronomia do jornal The New York Times, a italiana Marcella Hazan se tornou a principal divulgadora da culinária italiana nos Estados Unidos crítico de gastronomia do jornal The New York Times. Foi então que a italiana da pequena cidade de Cesenatico se tornou famosa e começou sua carreira como a principal divulgadora da culinária do Belpaese no país. Ela defendida o uso de produtos frescos e legumes da estação e dizia que a verdadeira cozinha italiana fazia mais uso de sal do que de alho, ao contrário do que a maioria dos americanos acreditava. Marcella passou a receber ofertas para escrever um livro e, como ainda não dominava a língua inglesa, Victor, que se tornou especialista em vinhos, se dispôs a traduzir seus escritos em italiano — o que fez em todas as publicações da esposa. Além das traduções, o marido era responsável por medir os ingredientes e dar alguma ordem ao modo caótico como a esposa cozinhava. Em 1973, saiu a primeira edição de The Classic Italian Cookbook, que ensinava aos americanos não só o jeito italiano de se cozinhar, mas também o jeito italiano de se comer. Marcella continuou ensinando técnicas e receitas da gastronomia em Nova York . Alguns anos depois, passou a dividir o tempo entre a cidade americana, Veneza e Bolonha, onde também manteve cursos de culinária até sua aposentadoria, quando se mudou para a Flórida. Ao longo de sua carreira, escreveu mais cinco livros: More Classic Italian Cooking (1978); Marcella’s Italian Kitchen (1986); Marcella Cucina (1997); Marcella Says (2004); e suas memórias, Amarcord (2008). Em português, seus ensinamentos podem ser lidos no livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, lançado em 1997 e que este ano teve uma nova edição publicada pela Martins Fontes. Sua influência agora se mantém viva por meio de seu filho, Giuliano Hazan, que também se especializou em gastronomia italiana. Ela queria aprender culinária chinesa e acabou dando aula de gastronomia italiana De volta à América, ela decidiu fazer um curso de culinária chinesa. Quando seu professor teve que voltar à China por conta de uma emergência familiar, seus colegas sugeriram que ela lhes ensinasse pratos italianos. Comentários sobre essas aulas informais chegaram aos ouvidos de Craig Claiborne, comunit àit aliana | novem br o 2013 55 IlLettoreRacconta E m 1938, com o advento das leis raciais do governo de Mussolini, Giorgio Mortara, descendente de família judaica, perdeu o emprego de professor universitário de estatística e os filhos sequer podiam frequentar escolas. Nascido em Mântova em 1885 e filho do ministro italiano da Justiça Ludovico Mortara (1919-1920), ele começou a planejar a mudança de país. “Com aquela situação, meu pai passou a procurar por uma emigração possível, pois não queria ser um cidadão de segunda ou terceira classe. Felizmente, recebeu um convite do Brasil através do embaixador Barbosa Carneiro, que tinha contato com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que estava recrutando pessoal para o censo de 1940, na época do governo de Getúlio Vargas”. O engenheiro Valerio tinha apenas sete anos, mas lembra da viagem de navio, que tinha até uma piscina. Desembarcaram no Rio em janeiro de 1938, e logo Giorgio começou a trabalhar na comissão censitária nacional, na Urca, tendo sido muito bem acolhido, conforme ele mesmo descreveu. A necessidade de um trabalho cuidadoso era grande: o recenseamento, que devia ser realizado a cada 10 anos, tinha uma lacuna, pois em 1930 não havia sido feito. Rio de Janeiro 56 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a No IBGE, Giorgio dirigiu o Gabinete Técnico e conduziu o Laboratório de Estatística, interligado ao Conselho Nacional de Estatística, que ele mesmo teve a ideia de criar, contribuindo para formar gerações de profissionais brasileiros por meio de cursos especializados e estudos sobre problemas demográficos, sociais e econômicos. Em 1945, o governo italiano chamou de volta os funcionários que tinham sido afastados por causa das leis fascistas. Giorgio agradeceu, mas explicou que tinha uma dívida de gratidão com o Brasil, e que não poderia deixar inacabado o seu trabalho. Porém, quando se aposentou, foi lecionar por quatro anos na Universidade de Roma, passando as férias no Rio, onde morreu em 1967. Os Mortara voltaram à Itália a passeio várias vezes, mas todos permaneceram no Brasil. “Nosso ponto de vista mental já era muito diferente, e seria difícil nos readaptarmos. Sentimos que a nossa pátria era aqui, sem querer cortar as ligações. Mas falávamos em italiano em casa. Meu pai lia comigo trechos de autores italianos para não esquecermos o idioma e a cultura”, lembra o filho. A esposa Laura Ottolenghi também era de origem judaica, mas a família não praticava a religião há duas gerações. “Meu pai acreditava em Deus, mas não seguia religião. Alguns de nossos amigos na Itália praticavam, outros não. Dois primos morreram em campos de concentração. Os demais parentes sobreviveram. Alguns fugiram para outros países”, conta Valerio. O Brasil agradeceu a Mortara pelo seu empenho em diversas ocasiões. Em 1953, a Universidade do Brasil lhe concedeu o título de professor Honoris causa pelos serviços prestados à cultura nacional. O livro Giorgio Mortara – Ampliando os horizontes da demografia foi publicado pelo IBGE em 2007. Na autobiografia, ele descreve várias passagens de sua vida, como o início do magistério na Faculdade de Direito em uma Messina reduzida a escombros após Giorgio Mortara com o filho Valerio, e o terremoto de 1908, o familiares em passeios pela Itália: família afastamento da direção do voltou ao país de origem diversas vezes, mas adotou o Brasil como pátria definitiva Giornale degli Economisti devido às leis racistas e o primeiro encontro com os estatísticos brasileiros que “pareceram como velhos e queridos amigos reencontrados, tão afetuosa e familiar foi a gentileza com que nos orientaram no novo ambiente”. As pesquisas sobre os países americanos (1962) estão entre seus últimos trabalhos, durante os quais ficou “impressionado com a elevadíssima frequência das uniões conjugais livres, e da consequente alta frequência de nascimentos ilegítimos, na maior parte dos países latino-americanos”. No centenário de seu nascimento (1985), o IBGE batizou com seu nome um auditório. Em 2007, o Seminário Giorgio Mortara homenageou mais uma vez o jurista e estatístico italiano. Mântova Mande sua história com material fotográfico para: [email protected] saporid’italia JanaínaPereira Infalíveis clássicos Tadeu Brunelli Munida do torchio, a mais nova entre as casas italianas da capital paulista enfatiza os pratos mais clássicos da gastronomia do país S ão Paulo – Uma varanda de pé direito alto, quadros do fotógrafo Luiz Tripolli nas paredes, decoração simples. Logo na entrada, é possível perceber o toque intimista do novo restaurante italiano da capital paulista, o Benedictine. Localizado no badalado eixo Itaim-Jardim Paulistano, a casa é a mais nova empreitada do chef e agora também empresário Marcilio Araújo. Depois de 12 anos à frente do Grupo Le Vin, de especialidade francesa, Marcílio abriu seu próprio restaurante, em sociedade com a empresária Cecília Ribeiro. — Nossa intenção é homenagear a Ordem Beneditina, fundada na Idade Média por São Bento, em Núrsia, na Itália — conta Cecília. O interesse do mineiro Marcilio Araújo pelo país veio mais forte quando o chef abriu o Figurati, nos Jardins. — Viajei diversas vezes para o país para fazer pesquisas e me encantei pela gastronomia italiana. Fiquei maravilhado ao ver como as pessoas conseguem fazer pratos incríveis e ricos de produtos e ingredientes, mas ao mesmo tempo com uma simplicidade visível no preparo — revela. Com o fim das atividades do Figurati no início deste ano, ele agora volta a se dedicar exclusivamente à gastronomia italiana. Com ambiente amplo, o Benedictine é dividido em diferentes espaços da entrada ao salão maior ao fundo. No cardápio figuram receitas clássicas de diversas regiões da Itália, preparadas por Marcilio Araújo e por seu braço direito Arthur Lins. Ambos trabalham juntos há seis anos. O chef aponta como destaque da casa as massas artesanais feitas com prensas importadas. — Temos o torchio, que permite fazer receitas como o picci, massa fresca com linguiça e cogumelos porcini. Outros equipamentos auxiliam na preparação de raviólis e outras massas frescas produzidas diariamente no pastifício do restaurante. Um bar de ostras frescas vindas de Florianópolis está disponível todos os dias na entrada. Durante este mês de novembro, a casa oferece pratos feitos com trufas brancas. Para isso, o chef passou os últimos dias de outubro na Itália, caçando a valiosa iguaria para fazer receitas especiais. Outro ponto forte do Benedictine é a salumeria. — Damos ênfase a embutidos e queijos de alta qualidade importados da Itália para compor o cardápio — informa Marcílio. Com 230 rótulos, a carta de vinhos, na qual predominam os italianos, foi elaborada por Carlos Gustavo Lima, sócio do restaurante e com mais de 10 anos de experiência O restaurante Benedictine é, decorado com na área. Lima conta como imagens do fotógrafo Luiz Tripolli, conta com um bar de ostras frescas vindas de Florianópolis foi feita a seleção: Gnudi di spinaci e ricotta alla Fiorentina (Inhoque de espinafre e ricota à fiorentina) Ingredientes: 200g de espinafre cozido; 200g de ricota fresca; 80g de farinha de trigo; 10 g de cebola finamente cortada; 8g de queijo parmesão ralado na hora; 1 gema de ovo; 100g de manteiga sem sal; ceboulette finamente cortada a gosto; pinoli torrados a gosto; noz moscada a gosto; pimenta branca moída na hora a gosto; 36 folhas de sálvia fresca; sal refinado a gosto; flor de sal a gosto. Modo de preparo: Em uma tigela de inox, junte o espinafre, a ricota ralada, a cebola, a noz moscada, a pimenta branca moída na hora, o parmesão, o ceboulette e as gemas. Confira o tempero com sal refinado, misture tudo e adicione a farinha de trigo. Faça pequenas bolas e cozinhe em água fervente salgada até que os inhoques venham à superfície. Derreta a manteiga até obter uma coloração dourada e forme espumas, adicione as folhas de sálvia e retire do fogo. Sirva o inhoque com manteiga, sálvia, parmesão ralado na hora e os pinoli. Salpique a flor de sal. Para a sobremesa, Marcílio Araújo aposta em sugestões clássicas. — Temos tiramisú montado na hora, panna cotta e raffica di vento, uma espécie de rabanada italiana molhada com bebida à base de laranja e acompanhada por sorvete de baunilha. Durante a semana, no horário do almoço, o restaurante oferece um menu executivo com entrada, prato principal e sobremesa, sempre focando nos grandes clássicos da gastronomia italiana. Serviço: Benedictine Rua Dr. Mario Ferraz, 37 – Itaim – São Paulo | Tel.: (11) 3034-3125 De segunda a quinta das 12h às 15h30, das19h à meia-noite. Sexta de 12h às 15h30 e das 19h à 1h. Sábados das 12h à 1h. Domingo de 12h às 18h. www.restaurantebenedictine.com.br comunit àit aliana | novem br o 2013 57 la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro Um museu para os pequenos E m Roma há um museu feito especialmente para os pequenos, que mostra o dia-a-dia de modo divertido. Vários campos são explorados: ciência, meio ambiente, comunicação, sociedade, economia e novas tecnologias. Em um supermercado, com produtos de mentira, as crianças podem fazer as compras com um cestinho e passar no caixa. Tem o caminhão de bombeiros, uma fonte hidráulica, uma horta e um banco de faz-de-conta, para pegar dinheiro para as compras. Para visitar o local, é preciso fazer reserva. Os pequenos têm uma hora e 45 minutos para ficar no museu. Depois, devem deixar espaço para outros pequenos exploradores. Via Pomponazzi Q uando eu era pequena, uma das grandes diversões era brincar no playground de minha avó. No fundo do prédio, havia uma área onde as crianças faziam a festa. É comum nas grandes cidades do Brasil que os prédios tenham uma área reservada às crianças. E, às vezes, também um salão de festas, para crianças e adultos. Na Europa, e em Roma, em particular, é preciso improvisar. Quanto às festinhas de criança, quando o tempo é bom, tem quem opte por organizar a festa em um dos parques da cidade. Os pais levam pipoca, batatinhas e bebidas. Contratam teatrinho ou palhaço. Assim, resolve-se a falta de espaço dos prédios de uma forma bem gostosa. Quando à área para brincar, é estranho, mas, apesar de alguns prédios de Roma terem um pátio interno, na maioria é proibido jogar bola, andar de bicicleta, fazer barulho, e obviamente, criança silenciosa não existe. O negócio é apelar para os playgrounds que existem em cada bairro. Não são muitos, mas quebram o galho. No meu bairro, Prati, existe um playground bem simpático na Via Pomponazzi. É um parque numa rua de pedestres, entre duas ruas principais. Tem um escorregador, quatro cavalinhos, duas gangorras e duas balanças. A criançada faz a festa à tarde, quando saem da escola, e nos finais de semana: sopram bolinhas de sabão, empurram carrinhos com bonecas, andam de bicicleta e patinete, jogam bola, trocam brinquedos com outras crianças, fazem novas amizades. Mas, dizendo assim, parece tudo muito idílico e poético. O que sai de quebra-pau não está escrito no gibi (me perdoe, caro leitor, a expressão em desuso; meu irmão Denis me alerta sempre que devo atualizar minhas gírias, mas sou meio démodé mesmo)... Algumas crianças sobem pelo próprio escorregador ao invés de subir as escadas. Outras pegam o brinquedo do amigo e dizem: “É meu!”. Tem até quem jogue o brinquedo do outro no bueiro. Muitas mães acabam fazendo o papel de juiz de paz, ajudando as crianças a resolverem a questão. Outras não estão nem aí, e ficam mandando torpedo pelo celular. É uma amostra colorida do mundo de crianças e pais — uma preparação para a vida. Mas do que eu mais gosto nesse parque, além do fato de ser uma preparação para a vida, é de um casal de idosos, a sra. Siena e o sr. Angelo, na casa dos 80 anos. Eles batem cartão todo dia, sentando-se num dos banquinhos do parque. São tão queridos pelas crianças que elas os adotam como avós; sentam-se ao lado deles, puxam conversa, dão um beijo. Na Via Pomponazzi não falta nada: diversão, amizades, inimizades, beijos, brigas, vista para a Catedral de São Pedro, e até um casal de avós emprestado! 58 no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a