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Agradecimentos Em primeiro lugar gostaria de agradecer à empresa acolhedora Ascendi na pessoa da Diretora do Departamento de Marketing, Dra. Susete Pires, e colaboradores do mesmo, Dr. Filipe Melão e Dra. Sofia Kendall. Pelos ensinamentos, amizade, boa disposição e principalmente pela forma simplesmente maravilhosa com a qual me receberam no seio da organização. A minha introdução no mundo do trabalho não poderia ter estado em melhores mãos. À orientadora, Professora Doutora Ana Côrte-Real, pela orientação, partilha de conhecimentos e simpatia. Aos meus pais, irmã e avós pelo exemplo e força dada ao longo deste caminho e por me mostrarem que desistir não é opção. Aos amigos, pelos momentos de amizade e descontração que me proporcionaram ao longo deste período. Àqueles que passaram pela minha vida ao longo deste ano e que, por vezes mesmo sem saberem, me deram forças para fazer mais e melhor independentemente das dificuldades e perdas. A todos o meu muito obrigado. Resumo O presente relatório tem como objetivo analisar o funcionamento da gestão de reclamações na Ascendi e o impacto do mesmo nos clientes e consequentemente na imagem da empresa. Assim, a pesquisa é centrada numa comparação entre as teorias defendidas pelos diferentes autores e a prática desenvolvida pela empresa em estudo, incluindo assim um estudo dos investigadores nesta área. Foi também analisado, apesar de forma mais superficial, a questão da satisfação dos clientes. As investigações revelaram que, quando a gestão de reclamações é realizada da forma mais correta é possível restituir o cliente da falha e consequentemente a insatisfação dos mesmos será inferior, o que poderá levar a um word of mouth positivo e à retenção do cliente apesar da situação de falha. Desta forma, concluiu-se que é essencial que as empresas façam um investimento concreto nos seus serviços ao cliente onde se insere a gestão de reclamações. Abstract This report aims to analyze the operation of complaint management in Ascendi, its impact on customers and therefore on the company's image. Thus, the research is focused on a comparison between the theories proposed by different authors and practices internally developed by the company under study, including a review of scientific research in this area. It was also analyzed the issue of customer satisfaction. Our research reveals that when the complaint management is performed accurately, it is possible to restore the customer's fault and therefore the dissatisfaction levels will be lower, which in spite of the occurrence of the fault may lead to positive word of mouth and customer retention. Thus, it was concluded that it is essential that companies make an investment in their customer service which includes the complaint management. Índice I. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 8 II. ASCENDI: EMPRESA ACOLHEDORA DE ESTÁGIO ................................................... 9 2.1. Breve caracterização da Ascendi...................................................................................... 9 2.2. A Marca Ascendi ................................................................................................................ 12 2.2.1. Sinal da marca.............................................................................................................. 12 2.2.2. Objeto da marca: Marketing Mix ............................................................................ 14 III. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL ....................................................................... 28 3.1. Conceito de Marketing de Serviços .............................................................................. 28 3.2. Modelo de serviço ............................................................................................................. 29 3.3. Características dos serviços ............................................................................................ 30 3.4. Criação e co-criação de valor e marketing no contexto da lógica dos serviços. 32 3.5. A qualidade dos serviços .................................................................................................. 33 3.6. Satisfação dos clientes....................................................................................................... 37 3.7. Recuperação de falhas nos serviços - Gestão de reclamações ............................... 41 3.7.1. Recuperação de serviço versus tratamento de reclamações ........................... 43 3.8. Service Recovery Strategies ............................................................................................ 49 IV. O ESTÁGIO: DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES DESEMPENHADAS ....................... 55 4.1. Gestão de reclamações .................................................................................................... 55 4.1.1. Análise de reclamações ............................................................................................. 57 4.1.2. Resposta ....................................................................................................................... 58 4.1.3. Controlo....................................................................................................................... 59 4.2. Estudo de satisfação de clientes ..................................................................................... 60 4.2.1. Avaliação da pesquisa efetuada pela Ascendi ....................................................... 61 4.3. Outras atividades ............................................................................................................... 77 V. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 81 ANEXOS ......................................................................................................................................... 86 Anexo I ........................................................................................................................................ 87 Anexo II ....................................................................................................................................... 88 Anexo III ...................................................................................................................................... 89 Anexo IV ...................................................................................................................................... 90 Anexo V ....................................................................................................................................... 90 Anexo VI ...................................................................................................................................... 91 Anexo VII..................................................................................................................................... 92 Anexo VIII ................................................................................................................................. 104 Anexo IV .................................................................................................................................... 105 Índice de Ilustrações Tabela 1- Classes dos Veículos ................................................................................................ 17 Ilustração 1 - Esquema do processo de Gestão de Reclamações no GME ................. 24 Ilustração 2 - Teoria do Iceberg ............................................................................................. 42 Ilustração 3 - Reclamações ..................................................................................................... 46 Ilustração 4 - Avaliação na Concessionária Ecorodovias. ................................................. 72 I. INTRODUÇÃO Atualmente, as empresas lidam com uma exigência cada vez maior no que diz respeito ao serviço ao cliente, sendo que esta pode ser agravada de acordo com o serviço prestado. Neste sentido, foi lançado o desafio no sentido de realizar um estágio tendo como objeto fundamental, a gestão de reclamações dos clientes e, o impacto desta gestão na empresa Ascendi. As empresas tentam lidar da melhor forma possível com situações de insatisfação dos clientes, relacionadas com o facto de as expectativas dos mesmos não estarem alinhadas com o serviço prestado. Em muitas das vezes, esta insatisfação é acompanhada de uma reclamação que é, cada vez mais, vista como uma oportunidade de melhoria por parte da empresa. Nos últimos anos, as questões relacionadas com gestão de reclamações têm adquirido cada vez mais importância nas pesquisas realizadas por diferentes autores da área de marketing de serviços. Este facto está relacionado com a possibilidade de uma boa gestão de reclamações poder levar a uma word of mouth positiva e retenção de clientes (Stauss, 2002). Ainda neste sentido, torna-se cada vez mais importante para as organizações estabelecerem uma relação de qualidade com os seus clientes (Conlon & Murray, 1996), para que exista um maior conhecimento das suas necessidades e expectativas, alinhando o serviço nesse sentido. No caso em específico, a empresa Ascendi, devido à introdução das scuts no ano de 2010, enfrenta pressões adicionais em relação a outras empresas. Assim, a organização tem de saber lidar não só com clientes insatisfeitos com o serviço em si como também com todo o sistema associado ao modelo de serviço prestado. Ao longo do trabalho realizado, procuramos caracterizar a empresa acolhedora, enquadrar conceptualmente o tema, descrever as funções desempenhadas no decorrer do estágio e apresentar as conclusões finais relativas a esta experiência. 8 II. ASCENDI: EMPRESA ACOLHEDORA DE ESTÁGIO 2.1. Breve caracterização da Ascendi A organização onde o estágio foi realizado é a Ascendi S.A., que iniciou a sua existência no ano de 1999, com a atribuição à Aenor – Auto – Estradas do Norte, S.A. da concessão Norte através de um concurso público nacional. A área de negócio da empresa consiste na conceção, projeto, financiamento, construção, manutenção e exploração de Autoestradas. Ao longo dos anos, para além da primeira concessão obtida em 1999 existem outras que foram obtidas por todo o país, tais como: Costa da Prata, Norte, Beiras Litoral e Alta, Grande Porto e Grande Lisboa, Douro Interior (Subconcessão), Pinhal Interior (Subconcessão). (ver anexo 1) É ainda importante não deixar de referir que, até Setembro do ano de 2009, a empresa Ascendi detinha o nome de Aenor sofrendo assim uma mudança da sua marca e consequentemente da sua identidade gráfica. Nos últimos anos, a Ascendi permitiu o desenvolvimento de 1370 km de Infraestruturas rodoviárias, melhorando a qualidade de vida e diminuindo distâncias de muitas pessoas. A empresa envolvida tem recebido diversos prémios na sua área de atuação sendo, também, integrante do Grupo de Fundadores de Serralves (www.ascendi.pt);(Brochuras Ascendi, 2010). Não podemos ainda deixar de referir que o principal parceiro de negócio da Ascendi é o Estado Português sendo que os contratos de concessão, que permitem a atividade da Ascendi, são celebrados com esta entidade e têm como principal objetivo atender as necessidades de todos os que frequentam as vias concessionadas. Os clientes da Ascendi podem dividir-se em 2 grupos: clientes diretos e clientes indiretos. Os clientes diretos são as Estradas de Portugal (EP) e o Instituto Nacional de Infraestruturas Rodoviárias (INIR), este funciona como uma entidade de fiscalização do sector podendo intervir em qualquer momento do processo evolutivo de uma obra, desde a conceção até à exploração da via (www.inir.pt/portal/). Estas entidades são clientes da organização já que lhes são prestados serviços que permitem a promoção da segurança rodoviária e a eficiência na cobrança eletrónica. Os clientes indiretos são os automobilistas que circulam nas vias Ascendi e que usufruem da mobilidade que as 9 mesmas proporcionam, do atendimento, da segurança rodoviária e do serviço de cobrança. Para além das vias rodoviárias em si, a Ascendi possui também uma equipa de atendimento disponível 24 horas, equipas de assistência presentes nas vias concessionadas, áreas de serviço e repouso, controlo e gestão de tráfego e telemática entre outros serviços para o conforto e segurança dos utilizadores. A linha de assistência e informação 24 horas, disponível todos os dias do ano, permite ao cliente Ascendi possuir um acompanhamento personalizado e ajuda no caso de algum problema ou dúvida surgir. Assim, no caso de existência de acidente ou qualquer avaria no carro é possível o cliente contactar a linha e imediatamente será enviada uma viatura. Por outro lado, através da utilização desta linha é também possível esclarecer algumas dúvidas que possam eventualmente surgir em relação a taxas de portagens, estado do trânsito ou ocorrência de acidentes, entre outros assuntos. A assistência e vigilância 24 horas permite uma verificação constante das condições da via, deteção de acidentes, zelo pelo património pertencente à Concessão bem como, o auxilio dos utilizadores, quando necessário. As áreas de serviço e repouso permitem aos clientes uma paragem mais frequente e consequentemente uma viagem mais segura e tranquila. Assim, ao longo dos cerca de 1370 km pertencentes à concessionária Ascendi existem 25 áreas de serviço. 1 É ainda importante referir o facto de estar a ser realizado um esforço no sentido de proporcionar aos utilizadores das vias uma área de serviço a cada 30 km. O controlo e gestão de tráfego e telemática permitem à Ascendi controlar, em tempo real, tudo aquilo que acontece nas suas vias. Para que isto seja possível existe um conjunto de equipamentos tais como câmaras fixas e câmaras móveis que permitem a obtenção de informação em relação ao estado da via; painéis de mensagens variáveis que permitem comunicar aos utilizadores questões relacionadas com condicionamento das vias e acidentes; postos de SOS, que permitem a comunicação com a linha de assistência em caso de necessidade; sensores meteorológicos, colocados em locais estratégicos, que registam as condições meteorológicas que podem afetar a normal utilização da via; equipamentos que permitem a contagem e classificação veículos (www.ascendi.pt). 1 Dados relativos ao mês de Setembro de 2011. 10 A Ascendi é constituída por uma estrutura acionista diversificada sendo maioritariamente detida pela Ascendi Group em conjunto com outras empresas que possuem pequenas participações. A Ascendi Group é detida pelo grupo Mota Engil em 60% e em 40% pelo ES Concessões, pertencente ao Grupo Espírito Santo. A principal atividade da Ascendi Group está relacionada com a gestão de concessões de Infraestruturas de transportes nos segmentos rodoviário, ferroviário e aeroportuário. Desta forma, possui concessões não só em Portugal como também participações em concessões em Espanha, Eslováquia, México, Brasil e Moçambique. Para além da vertente nacional e internacional, a Ascendi Group é ainda constituída pela Ascendi O&M relacionada com a vertente da cobrança das vias. (Brochura Ascendi Group, 2010) Falar da Ascendi sem falar da sua capacidade de inovação e de desenvolvimento de I&D (Investigação e Desenvolvimento) não é de todo possível. A Ascendi tem vindo a desenvolver, ao longo dos anos, um conjunto de soluções tecnológicas sendo que, em 2009, foi concebido um sistema de cobrança exclusivamente eletrónica colocado nas Concessões do Grande Porto, da Costa da Prata e 7 kms da Subconcessão Pinhal Interior através da tecnologia Multi –Lane Free Flow(MLLF) 2.É ainda importante referir que se prevê que até final do ano entrem ainda em funcionamento pórticos existentes na Concessão Beiras Litoral e Alta bem como na Concessão Interior Norte, que não pertence à Ascendi mas que vai ser cobrada pela Ascendi O&M. No sentido de melhorar a eficácia operacional, que podia ficar condicionada com a introdução do MLLF já que não existem barreiras físicas à passagem do cliente o que poderia levar a dificuldades de cobrança, foi implementado um novo sistema que permite o registo fotográfico, por radiação de infra-vermelhos, da matrícula dianteira e traseira do automóvel. Existem, também, antenas de transmissão que possibilitam a identificação do veículo através das informações do dispositivo eletrónico de matrícula (DEM). Estas ferramentas permitem significativas melhorias no processo de cobrança eletrónica. Ainda no que diz respeito a uma cobrança eficaz foram colocados, nas concessões da Ascendi, agentes de fiscalização que asseguram o cumprimento do pagamento. 2 Dados relativos ao mês de Novembro de 2011. 11 No âmbito deste relatório de estágio sentimos a necessidade de não fazer apenas uma descrição da empresa Ascendi. Desta forma, consideramos interessante desenvolver o conceito da marca Ascendi bem como, desenvolver o Marketing Mix do serviço oferecido. 2.2. A Marca Ascendi Segundo Lencastre (2005), no que diz respeito ao objeto da marca é essencial definir “a que é que a marca, enquanto sinal, se refere.” (Lencastre,2005,p. 45) Adaptando o modelo clássico de Jakobson às marcas podemos afirmar que a marca Ascendi consiste numa marca centrada na mensagem já que através da sua marca pretende transmitir uma mensagem ao público no sentido de comunicar aquele que é o seu benefício. Estas marcas são apelidadas de marcas “poéticas”. De acordo com o conceito referido no glossário da American Marketing Association, a “marca pode ser um nome, um termo, um sinal, um desenho, ou uma combinação desses elementos” (Alexander, 1960 sit in Paulo Lencastre, 2005, p. 53). É ainda importante referir que adicionalmente à definição de marca existem, ainda, outras definições associadas à mesma que não podem deixar de ser referidas. Assim, temos o nome da marca (brand name) que é definida como “a parte da marca que pode ser vocalizada, o vocábulo” (Lencastre, 2005,p. 53); o grafismo da marca (brand mark) que está relacionado com “a parte da marca que pode ser reconhecida mas não vocalizada, podendo ser um símbolo, um desenho, um coloring ou um “lettering distintivos” (Lencastre, 2005,p. 53). Existe um modelo que propõe a existência de três pilares da marca: sinal da marca (relacionado com o nome, slogan, logótipo, mascote entre outros), objeto (no qual se estabelece o marketing mix) e a imagem (públicos e segmentos alvo). Na caracterização da empresa o foco é apenas no sinal da marca e objeto (marketing mix). 2.2.1. Sinal da marca De acordo com Lencastre (2005), existem três níveis de sinais da identidade da marca: a identidade central, identidade tangível e identidade alargada. A identidade central integra o nome que por sua vez é composto pelo nome strictus sensus (s.s.) podendo ainda ser 12 adicionado algo relacionado com o serviço que presta ou produto. No caso da empresa em estudo o nome s.s. é Ascendi sem que nenhum elemento identificador da atividade da marca seja adicionado. A identidade tangível é constituída pelo logótipo. O logótipo compreende elementos como o desenho associado à marca sendo que o atual logótipo da Ascendi pretende exprimir a vontade de ascender/progredir da empresa representada com uma seta no sentido crescente, bem como transmitir ideia de otimismo ao simbolizar um movimento positivo, dinâmico e futuro. Adicionalmente, o logótipo tem também uma alusão à primeira letra do nome da marca bem como um rasgo que pretende simbolizar o movimento de uma Autoestrada (relacionando-se com a atividade principal da empresa). Assim, a identidade da marca vem acompanhada de um logótipo que assenta em 3 grandes valores. O primeiro valor está relacionado com o crescimento, visível no logótipo através da seta representada no sentido ascendente. O segundo valor está ligado à responsabilidade, relacionado com a responsabilidade ambiental e a garantia de um desenvolvimento sustentável por parte da Ascendi. É importante ainda referir que o logótipo integra a letra A não estando relacionada apenas com o facto de ser a inicial da marca mas também por ser a inicial de ambiente. Por fim, o terceiro valor é a dinâmica que é demostrada no logótipo através do rasgo diagonal existente que permite uma associação ao movimento de uma Autoestrada (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). Ainda como elemento integrante do logótipo podemos referir o lettering que está relacionado com a letra utilizada sendo que no caso da Ascendi foi criado um tipo de letra próprio que deve ser utilizado em casos específicos de comunicação da marca associados a publicidade e brochuras (New June) (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). Por fim, o coloring do logótipo associado às cores utilizadas no mesmo que, no caso da Ascendi, são o azul e o preto e que devem ser sempre utilizadas já que o papel da cor na marca é essencial. A identidade alargada compreende o slogan, o design específico associado à marca entre outros elementos. Assim, neste âmbito, podemos referir a frase que deve acompanhar, sempre que possível, o logótipo da marca que consiste na assinatura: “é o caminho”. Esta frase pretende relacionar a marca com a ideia do caminho para o desenvolvimento, responsabilidade, progresso e ambição (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). 13 2.2.2. Objeto da marca: Marketing Mix 2.2.2.1. Serviço A Ascendi, no que diz respeito à oferta, pode ser caracterizada como uma empresa em que existe uma maior componente de serviço. Desta forma, encontramonos perante a descrição de um serviço e não de um produto. Isto significa que deveremos optar pela descrição dos 7 P’s que caracterizam o serviço e não apenas os 4 P’s relativos à análise de um produto. Este estudo vai ser realizado tendo em consideração os clientes indiretos da Ascendi. De acordo com a tendência atual, a Ascendi tem como objetivo estabelecer relações cada vez mais coesas com os seus clientes seguindo as premissas do marketing relacional. É neste sentido que tem vindo a desenvolver diferentes projetos, nomeadamente o de gestão de reclamações, em que o meu relatório de estágio é baseado, para que a recuperação perante uma situação de falha seja a melhor possível. De acordo com o conceito de serviço podemos classificar os serviços oferecidos pela Ascendi de 3 formas: serviço nuclear, facilitador e diferenciador (Kotler, 1999). O serviço nuclear da empresa consiste na construção, exploração (onde se inclui a cobrança de portagens) e conservação de Concessões Rodoviárias, sendo que o benefício associado está relacionado com a segurança, conforto e satisfação dos seus clientes. O serviço facilitador oferecido consiste na cobrança de portagens, limpeza de estradas, segurança rodoviária, sistema de telemática rodoviária, CAM, brigadas de fiscalização e áreas de serviço e descanso. Por fim, podemos referir como serviço diferenciador o sistema eletrónico de cobrança de MLFF, a linha de apoio ao cliente (call center) e a loja Ascendi (Anexo II). Como serviço que é a Ascendi, esta é confrontada com o facto de ter determinadas características associadas que aumentam o desafio da sua marca. Concretamente a sua dimensão intangível, heterogeneidade, simultaneidade na produção e no consumo e perecibilidade. Todas estas características levam a que exista uma maior perceção de risco por parte de quem usufrui de um serviço quando comparado com a fruição de um produto. Assim, existe um esforço por parte destas empresas, que prestam serviços, em encontrar estratégias que permitam contornar estas características e o risco percebido pelos clientes associado aos serviços. 14 A heterogeneidade consiste no facto de a prestação de um serviço não ser totalmente homogénea por envolver diferentes pessoas, na mesma empresa, a prestar o serviço a clientes diferentes. No caso Ascendi, a estratégia utilizada para combater esta realidade está relacionada com uma tentativa de criar uma série de processos para que a standartização do serviço seja a mais efetiva possível. Para que o atendimento e tratamento dos clientes seja o mais uniforme possível existe um manual de procedimentos a ser cumprido pelas várias funções em que existe interação com os utilizadores: operador de portagem, operador principal de portagem, oficial de assistência e vigilância, serviço de tráfego e gestão de portagem e centro de controlo e gestão de tráfego. Com a existência deste manual, os clientes são atendidos de acordo com os mesmos procedimentos o que permite operações mais regulares e uniformes. A intangibilidade do serviço é contornada através da existência dos Centros de Assistência e Manutenção (CAM) e a Loja Ascendi. Estes locais possuem atendimento sendo que os clientes se podem deslocar a estes em caso de dúvidas ou reclamações que queiram efetuar. É ainda importante referir que estes não são os meios que a empresa tem como preferenciais de atendimento ao cliente, sendo considerado o mais adequado por via telefone ou através do site. As praças de portagem, onde são efetuados os pagamentos, são também instalações que permitem tangibilizar o serviço podendo ser adicionalmente um meio de esclarecimento de dúvidas e de elaboração de reclamações. O ticket respetivo é também uma forma de evidência física. Por outro lado, as notificações enviadas aos clientes por incumprimento no pagamento, a sinalização na estrada com a marca Ascendi e as próprias Autoestradas podem também ser um meio de tornar palpável o serviço prestado. No que diz respeito à produção e consumo em simultâneo podemos afirmar que o facto de os serviços serem criados e usufruídos pelo cliente em simultâneo pode trazer algum sentimento de risco. No caso da Ascendi a única garantia que pode ser dada pela Concessionaria é de uma eficaz manutenção de todas as vias. Esta ação preventiva e reativa por parte da organização permite a garantia de bom pavimento aos utilizadores bem como, a de que terão assistência 24 horas em caso de alguma ocorrência. Por último, podemos referir a questão de um serviço ser perecível, ou seja, que se esgota no momento e não pode ser devolvido. Relacionado com este assunto está a gestão da capacidade das instalações. No caso Ascendi, com o facto de vias que até 15 aqui nunca tinha sido portajadas passarem a ser, conduziu a um enorme aumento do número de exposições por parte dos clientes e consequentemente um aumento do número de pessoas que se deslocam à loja Ascendi em Parafita. De forma a conseguir responder a estes picos de procura foi identificada a necessidade de o espaço de loja ser aumentado e adequado ao número de visitantes atuais 3. Assim, a Ascendi está a ponderar mudar de instalações da sua loja para um local onde o espaço disponível permita um atendimento mais confortável e rápido dos seus clientes. A introdução do MLFF em algumas das vias permitiu, também, que os clientes não tenham de abrandar na passagem por uma praça de portagem ou mesmo parar nas mesmas, nos casos de clientes que não possuem identificador. Assim, é possível uma cobrança mais rápida e sem a necessidade de intervenção humana no momento de pagamento podendo estes recursos humanos ser alocados a funções mais relacionadas com o negócio nuclear. 2.2.2.2. Preço As Concessões são fruto de uma parceria publico-privada, sendo resultado da atribuição à Concessionária de determinados lanços de Autoestrada e conjuntos viários associados, por via de concursos públicos internacionais lançados pelo Governo Português, o que faz com que os preços a praticar sejam definidos pelo Estado Português que atribui um preço por km de acordo com a área de influência. Desta forma, e relacionado com o tipo de negócio é difícil comparar os preços praticados pela Ascendi com os das suas concorrentes. Este facto está relacionado com a questão de muitas vezes não existir uma comparação direta, ou seja, vias que percorram exatamente o mesmo caminho. As taxas são calculadas através da multiplicação de uma tarifa unitária/quilómetro pelo n.º de quilómetros percorridos. Ao valor resultante desta multiplicação é acrescido o valor do IVA à taxa em vigor. As taxas serão, depois, arredondadas para cima ou para baixo para o múltiplo de 0,05€ mais próximo. A forma como as taxas são calculadas está definida no Contrato de Concessão de cada uma das Concessionárias. A taxa de portagem varia, também, em função do tipo de veículo e subdivide-se em 4 classes, sendo que existem 2 critérios para a classificação das viaturas relacionados com a altura do veiculo medida à vertical do primeiro eixo e número 3 Relativo ao mês de Novembro de 2011. 16 total de eixos do veículo. A classificação dos veículos é realizada de acordo com os seguintes critérios: Classes Critérios Classe 1 Veículos com uma altura, medida à vertical do primeiro eixo, inferior a 1,10m, com ou sem reboque Classe 2 *Os motociclos são considerados classe 1 para efeitos de cobrança manual, no entanto, ao aderirem à cobrança electrónica - Via Verde - passam a ser considerados classe 5. Veículos com dois eixos e uma altura, medida à vertical do primeiro eixo, igual ou superior a 1,10 m. Classe 3 Veículos com três eixos e uma altura, medida à vertical do primeiro eixo, igual ou superior a 1,10 m. Classe 4 Veículos com mais de três eixos e uma altura, medida à vertical do primeiro eixo, igual ou superior a 1,10 m Tabela 1- Classes dos Veículos, Fonte: Elaboração própria Neste tipo de serviço, a variável preço assume alguma importância para os utilizadores mas como as variações de preços entre concessões não é muito significativo não se coloca essa questão. No entanto, a título de exemplo podemos referir o caso de uma viagem em que o cliente viva no centro de Vila Nova de Gaia e se queira descolar até Aveiro. Se o fizer através da Ascendi, o preço será de aproximadamente de 3,70€ por outro lado, se o fizer pela Brisa o valor a pagar será de cerca de 4,20€ (www.brisa.pt); (www.ascendi.pt). É ainda importante referir que o preço de um serviço é indicador substituto de qualidade. Assim, quando o preço é muito mais baixo do que aquele que é praticado pela concorrência e não existe conhecimento técnico por quem o presta, a qualidade do serviço pode ser considerada mais baixa e por isso não ser uma opção a considerar. Mais uma vez, o preço praticado pela Ascendi é muito semelhante ao da concorrência e quanto à especialização a empresa possui um vasto conhecimento na área, exercendo esta atividade desde 1999, o que pode levar a uma maior confiança por parte dos clientes. A comunicação realizada através de Word of Mouth, num sentido positivo, é essencial para que as pessoas que já passaram pela experiência transmitam a mesma e exista uma diminuição do risco percebido, que sofreu um aumento com a instalação do MLFF. Outra motivação que poderá levar à escolha da Ascendi é a localização das suas vias bem como as condições de circulação das mesmas. 17 O valor da Ascendi para o utilizador está relacionado com o valor atribuído ao serviço por este ser diferenciador ou proporcionar ao cliente uma viagem rápida e segura. Este valor pode ser a nível pessoal ou da imagem do mesmo. O primeiro está relacionado precisamente com a segurança que oferece ao utilizador ou com a assistência proporcionada em caso de acidente. O valor da imagem está interligado com a reputação da marca Ascendi junto à população em geral. Ainda como valor podemos acrescentar o facto de os clientes que circulem nas vias Ascendi, ex-scuts, poderem beneficiar do regime de discriminação positiva na cobrança de taxas de portagem, o qual inclui isenções de pagamento e descontos. Este regime é aplicável apenas a utilizadores do dispositivo da via verde ou dispositivo CTT pré-pago com identificação do titular “que residam ou tenham sede nos concelhos em que uma qualquer parte do seu território fique a menos de 10km das despectivas vias” (http://www.viaverde.pt/Website/Section.jsf?SelectedSubFolderId=30&TopFolderPath= %5CRoot%5CContents%5CWebsite%5CProdutosServicos). Este regime pode ser visto como uma mais valia no momento de utilização já que permite um número de viagens grátis ao cliente (as dez primeiras viagens do mês) e um desconto de 15% nas restantes viagens (http://www.min-financas.pt/legislacao/2010/portaria-n.o-1-033-a- 2010). No que diz respeito ao custo total para os clientes podemos referir que o custo monetário é muito semelhante ao da concorrência. Por fim, o valor percebido pelo cliente é o resultado do custo e valor total. É essencial que a Ascendi trabalhe no sentido em que este resultado seja positivo e em que o valor seja superior ao custo. 2.2.2.3. Distribuição A distribuição da Ascendi é realizada apenas através das Autoestradas concessionadas pela organização. Assim, em relação ao desenho de serviço podemos afirmar que as vias Ascendi são constituídas por 5 Concessões (Norte, Costa de Prata, Beiras Litoral e Alta, Grande Porto e Grande Lisboa) e 2 Subconcessões (Douro Interior e Pinhal Interior). Ao longo das mesmas existe um conjunto de áreas de serviço e repouso, sendo que ao longo dos cerca de 1370 km pertencentes à concessionária Ascendi existem 25 áreas 18 de serviço. É ainda importante referir a existência de sinalética em todas as vias bem como Infraestruturas, tais como: as lamelas anti-encadeamento que têm como objetivo prevenirem situações de encadeamento dos condutores dos veículos que circulam em sentido oposto; guarda-corpos que consistem em proteções existentes em determinados locais das vias em que existe perigo de queda de pessoas ou veículos; barreiras acústicas que são colocadas quando existem populações próximas que devem ser protegidas do ruído provocado pela passagem de veículos; edifícios de portagem; cabines de portagem. 2.2.2.4. Comunicação 2.2.2.4.1. Comunicação Externa A Comunicação Externa de uma organização consiste na comunicação mais visível. Este tipo de comunicação tem um papel importante no que diz respeito às expectativas que são criadas nos clientes. A Ascendi possui brochuras em português e inglês mas que não são distribuídas, nem estão disponíveis ao público em geral. Estas brochuras foram criadas para um congresso em que a Ascendi tinha um stand sendo que atualmente são apenas distribuídas a visitantes da empresa. Para além das brochuras, outra forma de comunicação externa é o website que possui informações sobre a empresa, os serviços oferecidos e constrangimentos no trânsito. O Word Of Mouth consiste num tipo publicidade não planeada. Nos serviços não é possível ter uma experiência anterior uma vez que a produção e o consumo são simultâneos. Isto faz com que o risco percebido pelos consumidores de serviços seja superior ao dos produtos, daí a grande importância de ouvir o testemunho de quem já experimentou aquele serviço. Assim, o cliente valoriza a comunicação de experiências por parte de outros consumidores, em detrimento do que é comunicado pela marca. Esta forma de comunicação leva‐nos ao ciclo da comunicação, em que as experiências dos utilizadores vão levar à passagem de referências para outros potenciais utilizadores (Word Of Mouth), originando expectativas nestes. A interação entre clientes é uma forma de comunicação da marca, uma vez que na prestação do serviço os clientes influenciam‐se entre si o que pode originar um efeito dominó. Esta interação está 19 relacionada com o facto de, por exemplo, um conjunto de clientes que se dirigem à loja puder alterar a experiência de todos os outros que se encontram no mesmo local, ao mesmo tempo. (Zeithaml, 2009). Este caso em específico, o início da cobrança das scuts, que até esse momento eram gratuitas, levou a que os clientes ficassem apreensivos em relação à marca. Este facto, juntamente com a introdução do sistema MLFF, que consiste numa forma de cobrança inovadora sobre a qual os clientes não possuíam qualquer conhecimento, levou a um enorme volume de reclamações por parte dos mesmos. Estas reclamações foram, em grande parte, motivadas pelo seu desconhecimento e pelos custos administrativos cobrados em caso de falta ou atraso de pagamento nos locais indicados. Este facto pode ter levado a algum word of mouth negativo por parte dos utentes que não ficaram satisfeitos com o serviço prestado e se sentem injustiçados em relação ao mesmo. 2.2.2.4.2. Comunicação Interna A comunicação interna divide-se na comunicação horizontal, que está relacionada com a comunicação entre os pares, e na comunicação vertical, que se refere à comunicação entre as diferentes hierarquias. No que diz respeito à comunicação horizontal podemos afirmar a existência de procedimentos informais tais como: trocas de emails, entre os colaboradores quando é necessária a difusão de alguma informação que afete o desempenho da equipa, e reuniões entre colaboradores da mesma divisão. Existem ainda funções exercidas na organização tais como a função de portageiro em que os diferentes turnos implicam uma rotatividade das equipas o que obriga, também, a uma maior comunicação entre os pares. A comunicação horizontal é essencial para que não exista discrepância na informação que é transmitida ao utente entre os diferentes prestadores de serviço. A comunicação interativa refere‐se à comunicação entre o cliente e o prestador de serviço. No caso dos serviços existe sempre este tipo de comunicação, sendo que, no caso em estudo, tanto os portageiros como os funcionários do CAM, os prestadores de assistência em viagem, os fiscalizadores e os funcionários da loja Ascendi estabelecem este tipo de comunicação no contacto com o cliente. 20 A comunicação vertical é também uma realidade na Ascendi e pode ser observada através da boa comunicação entre chefias e restantes colaboradores, o que permite uma gestão de sucesso. Cada área possui a sua metodologia sendo que normalmente são efetuadas reuniões com alguma frequência bem como trocas de emails. 2.2.2.5. Processos A empresa Ascendi possui um manual de procedimentos dividido em 14 macroprocessos: construção, exploração, função financeira, sistemas de informação, aprovisionamento, recursos humanos, planeamento e controlo, administrativo, contabilidade e fiscalidade, jurídica, marketing, gestão de exposições, auditoria e risco e exploração de portagens (ver anexo III). É importante ainda referir que cada um destes macro-processos integra diferentes processos que por sua vez possuem diferentes procedimentos. De acordo com estes dados concluímos que existe um elevado número de processos e como tal, consideramos que será mais indicado descrever apenas alguns, nomeadamente os mais importantes relacionados com o tema do presente relatório. Assim, o macro-processo de exploração de portagens vai ser abordado de acordo com o processo de operação de portagens eletrónicas de acordo com o procedimento que diz respeito à recolha de transações MLFF. Ainda inserido neste macro-processo vamos descrever o processo de faturação e cobrança com o procedimento utilizado para a cobrança eletrónica. Por fim, vamos realizar uma breve abordagem do macro-processo de gestão de exposições, mais propriamente do processo de análise e resposta das mesmas com o procedimento utilizado relativo à análise de outras situações pelo Gabinete de Marketing Estratégico. No que diz respeito ao primeiro processo a descrever, sobre a operação das portagens eletrónicas, de recolha de transações este consiste no seguinte: o veículo passa pelos pórticos onde estão instalados os equipamentos de cobrança eletrónica de portagens MLFF; o equipamento do sistema MLFF deteta a passagem do veículo através de tecnologia laser, ativando os restantes sistemas para a identificação completa da viatura; em paralelo com a deteção do veículo, se o veículo possuir um equipamento eletrónico de identificação válido, este é lido pelas antenas que fazem parte do 21 equipamento instalado nos pórticos de portagem MLFF para cobrança eletrónica; através do sistema de lasers instalado nos pórticos, é feita uma leitura volumétrica da viatura, para identificação da classe do veículo. No caso da viatura possuir o referido identificador, a classe também é lida através do mesmo, pelo que poderão existir 2 classes diferentes atribuídas à transação o que levará posteriormente à execução de validação (automática e/ou manual) para determinação da classe correta e tarifação; dependendo da (s) cortina (s) de laser que o veículo atravessa, o computador identifica qual a faixa, ou faixas (caso o veículo passe entre faixas), onde o veículo se encontra no momento da passagem pelo ponto de cobrança; conforme a localização do veículo, o computador de via seleciona quais as câmaras que devem registar a sua passagem. Caso o veículo se encontre dentro de uma faixa, serão acionadas as câmaras frontais e traseiras dessa faixa. Caso o veículo se encontre entre faixas, serão acionadas as frontais e traseiras das duas faixas ocupadas pelo veículo. É ainda acionada a câmara de contexto mais próxima da faixa do veículo; o equipamento instalado nos pórticos tira fotografias da frente e traseira do veículo, com reconhecimento automático de matrícula e uma fotografia de contexto. Nos casos de veículos com identificador, e após leitura automática da matrícula, se não ocorrerem discrepâncias, o equipamento para o efeito descarta as fotografias; o sistema associa toda a informação, criando uma transação com a informação recolhida pelos diversos equipamentos/ funcionalidades, de forma a que a cobrança possa ser realizada e, caso exista alguma discrepância, possa ver resolvida (Manual de procedimentos Ascendi - Versão 3, 2011). O segundo processo a descrever, em relação à recolha de transações MLFF no processo de faturação e cobrança no procedimento utilizado para a cobrança eletrónica, faz mais sentido fazê-lo não numa perspetiva interna de registo e transações com entidades como os CTT – Correios de Portugal - mas sim do que se traduz para os utentes. Assim, os meios de pagamento disponíveis, relativos à circulação nas vias com portagem exclusivamente eletrónica, são: a aquisição de um dispositivo Via Verde, sendo que o valor relativo às passagens é debitado na conta bancária associada ao dispositivo. Se for este o meio de pagamento adotado é possível usufruir de um conjunto de isenções e descontos, que podem ser solicitados e, atribuídos nas situações em que o concelho de registo da viatura faça parte daqueles que podem usufruir destes benefícios; dispositivo pré-pago, com identificação do titular, dos CTT em que existe um pré-carregamento sendo que o saldo é gasto à medida que as 22 viagens são realizadas e deve ser carregado antes do saldo terminar (permite o acesso a isenções e descontos); dispositivo pré-pago, anónimo, dos CTT que funciona de forma similar à descrita anteriormente no entanto, “o pré-carregamento apenas é válido por 90 dias, com renovação automática por igual período que se reinicia com cada novo carregamento mínimo”. É importante ainda referir que pelo facto de este meio de pagamento ser anónimo não é possível solicitar isenções e descontos; por último existe a possibilidade de pagar após a passagem na portagem eletrónica através de um posto dos CTT ou Agente Payshop, existindo um prazo de 5 dias úteis a partir do 2º dia após a passagem com o acréscimo de custo administrativo no valor de 0,25cent. +IVA à taxa de portagem e não são atribuídas isenções e descontos (Manual de procedimentos Ascendi - Versão 3, 2011). O terceiro macro-processo de gestão de exposições com análise e resposta por parte do GME (Gabinete de Marketing Estratégico) integra: atribuição da exposição pelo sistema CRM (Customer Relationship Management) ao GME; verificação dos casos com natureza de reincidência (pedidos de informação dos clientes sobre uma exposição que ainda não foi respondida pela Ascendi) com validação da referida natureza sendo que se esta não estiver correta é realizado um pedido de correção; nas restantes naturezas é realizada uma análise da exposição e definida a Direcção responsável pela mesma, no caso de ser necessário um pedido de parecer, mediante a classificação da exposição (árvore de tipificação, que define os casos a tratar por cada área); elaboração do pedido de parecer no CRM, sobre a situação exposta; envio de pedido de parecer ao grupo responsável mediante a classificação da exposição; caso se tratem de pedidos de informação internos o pedido é feito por email; deverá também proceder ao anexo no CRM de qualquer anexo relevante; enviar, com registo no SIGA (sistema que integra informação das exposições), o pedido de informação; receção do pedido de informação por parte do grupo responsável; concluir o pedido de parecer criado em CRM; introdução do documento recebido em SIGA; elaboração da resposta final com a compilação dos documentos necessários e as Guidelines de resposta à exposição; inserir no SIGA, caso não se encontrem no sistema; criação minuta de resposta e disponibilizar; envio de resposta à exposição, a clientes ou entidades, através do CRM (o que permite que as respostas fiquem integradas no sistema) em caso de resposta por email ou carta, sendo neste caso necessária a impressão da mesma e respetivo envio; nos casos em que não é necessário pedido de parecer a 23 resposta é elaborada diretamente pelo GME e enviada ao cliente através de CRM (Manual de procedimentos Ascendi - Versão 3, 2011). Ilustração 1 - Esquema do processo de Gestão de Reclamações no GME - Fonte: Elaboração Própria 2.2.2.6. Evidência física A Ascendi presta o seu serviço nas Autoestradas onde os utentes circulam e pelas quais pagam um determinado montante. Assim, para além das vias em si existe um conjunto de estruturas de apoio ao longo da mesma, tais como, as praças de portagem, áreas de serviço e Centros de Assistência e Manutenção (CAM). No que diz respeito aos equipamentos, as tecnologias utilizadas ao longo das vias estão relacionadas com o controlo e gestão de tráfego e telemática, que permite à 24 Ascendi controlar, em tempo real, tudo aquilo que acontece nas suas vias. Para que isto seja possível existe um conjunto de equipamentos, já anteriormente referidos: 248 câmaras fixas e 235 câmaras móveis; 116 painéis de mensagens variáveis; cerca de 650 postos de SOS; sensores meteorológicos; 244 equipamentos para a contagem e classificação veículos; cerca de 90 4 pórticos de cobrança eletrónica relacionada com o Multi Lane Free Flow (MLFF). Quanto ao dress code, todos os funcionários, que têm interação direta com o cliente, têm um fardamento estipulado. O fardamento para apoio ao cliente em loja e operador principal de portagem consiste num casaco de malha, calça, camisa de manga comprida/curta, quer para o sexo feminino ou masculino, sendo que difere apenas saia e lenço no caso do feminino e gravata no caso do masculino. A opção da saia não existe no caso de operador principal de portagem. Quanto aos operadores de portagem, o fardamento é um pouco mais informal sendo constituído por pullover de malha, camisa de manga cumprida e pólo de manga curta. As calças relativas a este fardamento, como não estão visíveis ao público, é jeans. Os oficiais de assistência e vigilância utilizam pólo cardado, calças de alta visibilidade, camisa manga cumprida e pólo de manga curta. Os auxiliares de conservação têm como farda um boné de Inverno/Verão, pólo cardado, calças de alta visibilidade, long sleeve e pólo de manga curta. Por fim, existe o fardamento dos agentes de fiscalização que é constituído por boné, camisa manga curta/cumprida, calças refletoras, t-shirt, pullover e blusão refletor. Adicionalmente existem coletes azuis-escuros para os trabalhadores temporários com o logótipo Ascendi (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). O badge, utilizado pelos colaboradores, é também uma evidência física e contém o logótipo da empresa bem como o nome do funcionário (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). Outros elementos que podem ser considerados como uma evidência física estão relacionados com as viaturas de assistência em viagem 24 horas, que possuem o logótipo Ascendi, o número da linha de assistência e o website; os veículos de manutenção civil das vias com os mesmos elementos descritos anteriormente sendo normalmente carrinhas de caixa aberta ou camiões; institucionais de circulação de colaboradores; as viaturas de fiscalização utilizada pelos agentes de fiscalização com o 4 O valor relativo ao número de pórticos é meramente indicativo, e relativo ao mês de Novembro. Ao longo dos próximos meses o número tende a aumentar. 25 logótipo, website e autocolante identificativo de fiscalização (Manual de Identidade Gráfica Ascendi, 2011). A Ascendi, devido ao serviço de cobranças, envia em caso de incumprimento, aos seus utentes notificações com o estacionário de operação da Ascendi. O ticket de portagem retirado nas praças de portagem é também uma forma de evidência física bem como as faturas/recibos emitidos nas mesmas. Por fim, a loja Ascendi onde os clientes se podem deslocar para esclarecimento de dúvidas ou apresentação de reclamações é também uma forma de evidência física do serviço prestado. 2.2.2.7. Pessoas O “P” de pessoas inclui todos os colaboradores que podem ou não interagir diretamente com os clientes. No entanto, no caso dos serviços as pessoas mais relevantes na empresa prestadora de serviços são as que interagem com os clientes (comunicação interativa) e por isso, a intenção é que o foco seja sobre grupo. É, ainda, importante referir que este é o componente menos controlável na gestão do marketing mix da marca (Lencastre, 2005) e por isso deve ser cuidadosamente acompanhado. A Ascendi possui, atualmente, 570 trabalhadores distribuídos por diferentes departamentos. De acordo com o organigrama, presente no anexo IV, podemos afirmar a existência de diferentes níveis hierárquicos: Conselho de Administração, Comissão Executiva (onde se inclui o staff da Comissão Executiva e Centro Corporativo) e as Direções base da organização (Direção Administrativa e Financeira, Direção de Engenharia, Direção de Operação e Manutenção, Direção de Portagens e Direção de Sistemas de Informação). Estas direções incluem, também, diferentes níveis hierárquicos. As posições que interagem diretamente com os clientes são os operadores de portagem, operador principal de portagem (integrados da direção de portagens), oficial de assistência e vigilância, centro de controlo e gestão de tráfego (colaboradores que verificam através de câmaras o estado das vias, assistência em viagem 24 horas) (integrados na direção de Operação e Manutenção), colaboradores do atendimento da loja Ascendi, call center e agentes de fiscalização (integrados da direção de portagens). 26 De acordo com o anexo V podemos referir que a Ascendi possui 422 colaboradores que estabelecem contacto direto com os clientes o que significa cerca de 70% da força total de trabalho. Neste âmbito é ainda importante salientar que os agentes de fiscalização e funcionários de atendimento em loja são colaboradores de uma empresa externa, em regime de trabalho temporário. As equipas Ascendi, que estão em contacto com o público, integraram o Projeto Sorrir que tem como objetivo padronizar o contacto com os clientes, melhorar o nível do serviço, aumentar a eficiência, reconhecimento do desempenho e melhorias contínuas. Os principais intervenientes no projeto são os operadores de portagem, operador principal de portagem, oficial de assistência e vigilância, serviço de tráfego e gestão de portagens (relacionado com linha de apoio a clientes-707 20 25 25) e centro de controlo e gestão de tráfego (linha de assistência em viagem 24 horas-707 221 221). Para que a implementação do projeto fosse possível foi implementado um programa de formação disponível a mais de 80% dos colaboradores, num total de 6 mil horas. Deste projeto resultaram manuais de atendimento que devem ser seguidos pelas funções previamente mencionadas. De forma a verificar se o Projeto Sorrir está a ser implementado da forma esperada têm vindo a ser realizadas auditorias ao Projeto Sorrir com várias funções analisadas através de atendimento telefónico e presencial, com a utilização da figura de cliente mistério. Assim, a metodologia utilizada consiste na observação da performance dos trabalhadores em diferentes situações para cada posto. Numa visão mais global podemos afirmar que todos os colaboradores da Ascendi são orientados para uma gestão por objetivos em que é estritamente necessário atingir os objetivos a que se propuseram. Assim, é possível manter os trabalhadores motivados algo que se pode observar através do sistema de avaliação de desempenho utilizado. É fomentada uma relação próxima com as chefias sendo estas que trabalham no sentido de garantir a gestão diária de equipas. Existe, ainda, a utilização de um Sistema Integrado de Recursos Humanos que permite a articulação de um conjunto de práticas, alinhadas com a estratégia da empresa, nos diferentes departamentos. Os colaboradores Ascendi possuem um forte espírito de equipa motivado pelo facto de existir um sentido de pertença à organização com a qual partilham valores e 27 objetivos. É também uma equipa jovem, unida e dinâmica. Neste contexto é também importante referir o conjunto de atividades que são realizadas pela Ascendi tais como o futsal, karting ou jantar de Natal que permitem uma interação informal entre os colaboradores. Existe ainda a revista bianual, Encontros, que tem como objetivo aprofundar a cultura empresarial e acontecimentos importantes na empresa. Por fim, todos os trabalhadores têm acesso a formação de acordo com as necessidades analisadas pelos recursos humanos. Os colaboradores são ainda incentivados para a execução de MBA, mestrados, pós graduações bem como, a frequência escolar quando a função permite uma conciliação. Com a introdução, na Ascendi, de novas ferramentas tecnológicas é também proporcionado aos colaboradores formações relativas às mesmas (www.ascendi.pt). A Ascendi tem a preocupação de proporcionar aos seus colaboradores boas condições de trabalho, nomeadamente aos colaboradores em contacto direto com os clientes como é o caso dos operadores de portagem. Assim, as novas cabines de portagem oferecem um sistema de iluminação, refrigeração e renovação de ar de acordo com esses padrões de conforto e qualidade no trabalho. Em relação aos restantes colaboradores existe também essa mesma preocupação com Auditorias de Higiene e Segurança no Trabalho regulares. Por fim, todos os colaboradores possuem um conjunto de benefícios resultantes de parcerias estabelecidas entre a Ascendi e outras entidades no sentido de proporcionar condições especiais aos colaboradores. É ainda oferecido um conjunto adicional de seguro que vai além daquele que é obrigatório por lei. III. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL 3.1. Conceito de Marketing de Serviços Verificando-se um aumento exponencial da importância dos serviços na economia, as empresas prestadoras de serviços têm uma maior possibilidade de lucro e vantagem competitiva. Com o declínio geral da satisfação dos clientes com os serviços, as empresas que ofereçam serviços de marketing, gestão e entrega com 28 qualidade têm potencial e oportunidade de se destacarem no mercado (Zeithaml, 2009). Os conceitos e estratégias de marketing de serviços surgiram em resposta ao referido aumento das indústrias de serviços que adquiriram, com o seu crescimento, uma importância significativa nas economias mundiais (Zeithaml, 2009). Segundo Zeithaml (2009), os serviços são ações, processos e performances prestados ou co-produzidos por uma entidade ou pessoa para o usufruto de uma outra entidade ou pessoa. Ainda segundo o mesmo autor, de acordo com uma definição simples e abrangente, podemos afirmar que os serviços incluem todas as atividades económicas cujos outputs não é um produto físico ou construção, é normalmente consumido no momento da sua produção, e possibilita um acréscimo de valor em formas (tais como: conforto, saúde, ou encanto) que são, essencialmente, preocupações não tangíveis do primeiro comprador. No entanto, de acordo com Lovelock e Wirtz (2007), os serviços são atividades económicas oferecidas por uma parte a uma outra parte, ou seja, entre duas partes, implicando uma troca de valor entre o comprador e vendedor. Os serviços são também descritos como performances baseadas em tempo e que são adquiridos para que atinjam os resultados desejados em linha com as necessidades dos clientes. Por fim, a definição dada inclui também que os clientes esperam obter valor com o serviço adquirido, em troca do dinheiro, tempo o esforço que dispensaram. O valor está relacionado com o poder aceder a elementos criadores de valor e não à transferência de propriedade de alguma componente física envolvida. No entanto, de acordo com as conclusões de um estudo realizado por Edvardsson, Gustafsson and Ross (2005), os serviços foram considerados mais uma perspetiva do que uma atividade: “ O serviço é uma perspetiva de criação de valor em vez de uma categoria de ofertas de mercado” (Gronroos C. e Ravald A., 2011, pp. 5). 3.2. Modelo de serviço Ainda no que diz respeito aos serviços não podemos deixar de descrever o modelo de serviço que classifica os serviços prestados pelas diferentes entidades de três formas: serviço nuclear, diferenciador e facilitador (Zeithaml, 2009). O serviço nuclear está relacionado com o conceito do serviço, ou seja, aquele que é o principal serviço prestado pela organização e a razão pela qual existe a aquisição, sendo que 29 normalmente está associado a um benefício (Levitt, 1983 sit in Hess, Ganesan & Klein, 2003, p. 129); o serviço facilitador é aquele que permite que o serviço nuclear se realize e que enriquece a oferta, ou seja, o conjunto de acessibilidades disponibilizadas tais como, o site, na facilidade que é dada ao cliente de utilização dos recursos físicos, contribuição dos colaboradores para o serviço e facilidade na participação do cliente no serviço; o serviço diferenciador consiste na componente do serviço que diferencia o serviço dos outros prestadores semelhantes através de interações entre cliente e colaboradores, entre clientes e clientes e sistemas sendo que sem esta componente é possível ter oferta de serviço mas com um valor menor (Zeithaml, 2009); (Gronroos,1988). 3.3. Características dos serviços No que diz respeito à distinção entre serviços e produtos podemos identificar quatro características dos serviços. Assim, estes são intangíveis, heterogéneos, simultâneos na produção e no consumo e perecíveis (Zeithaml, 2009). A intangibilidade é uma das características mais distintivas dos serviços. Está relacionada com o facto de os serviços se traduzirem em desempenhos e ações e não em objetos, que não podem ser vistos, tocados, saboreados, sentidos da mesma maneira do que um bem tangível (Zeithaml, 2009). Esta característica dos serviços tem implicações a nível do marketing. Como os serviços não podem ser inventariados, as flutuações na procura são difíceis de gerir. Existe também a questão de os serviços não poderem ser facilmente patenteados, o que leva a que novos modelos de serviços possam ser copiados pela concorrência de forma bastante acessível. Os serviços não podem ser exibidos ou comunicados facilmente aos consumidores, por isso a qualidade do serviço pode ser difícil de transmitir ao consumidor (Zeithaml, 2009).Outra questão que se levanta, é a dificuldade dos consumidores em avaliar o serviço. Assim, o marketing deve introduzir metáforas e imagens vivas na publicidade e branding (Lovelock e Wirtz, 2007). É ainda importante referir que, devido a esta característica, o custo de uma unidade de serviço é difícil de definir e a relação preço-qualidade é complexa (Zeithaml, 2009). A heterogeneidade relaciona-se com o facto de os serviços serem performances que são fornecidas por pessoas e como tal, a probabilidade de dois 30 serviços serem iguais é nula. A heterogeneidade dos serviços está muitas vezes relacionada com a questão dos clientes serem sempre diferentes, o que pode levar a que a prestação do serviço seja conduzida de forma diferente. Assim, efetivamente, o resultado da interação humana entre os clientes e colaboradores condiciona a prestação do serviço tornando-o heterogéneo. A consequência principal desta característica está relacionada com o facto de ser bastante difícil garantir um serviço consistente, de qualidade e cuja prestação esteja de acordo com o que foi planeado e promovido. Efetivamente, existe uma série de fatores que não podem ser totalmente controlados pelo prestador o que implica um certo grau de imprevisibilidade no serviço (Zeithaml, 2009). De acordo com Lovelock e Wirtz (2007), a forma de compensar esta característica dos serviços consiste em estabelecer standards de qualidade baseados nas expetativas dos clientes, instituir bons processos de recuperação de falha e automatizar as interações entre clientes e prestadores. Num serviço a sua produção e consumo são simultâneos ao contrário do que acontece com a maioria dos bens que são primeiro produzidos, depois vendidos e por fim consumidos. Isto significa que os clientes estão presentes no momento da criação do serviço. Outra questão que surge com esta característica está relacionada com os prestadores de serviço desempenharem um papel como parte integrante do produto e como um componente essencial na experiência do serviço para o consumidor. Devido a esta característica de produção e consumo em simultâneo, a produção em massa é difícil de ser executada. Apesar da qualidade do serviço e da satisfação do consumidor estarem muito dependentes daquilo que acontece em “tempo real” (nas interações entre clientes e consumidores e ações de ambos) existe também a vantagem de ser possível uma adaptação momentânea das ofertas de acordo com as necessidades individuais dos clientes (Zeithaml, 2009). A melhor forma de contornar esta limitação dos serviços é recrutar e formar os colaboradores de acordo com o conceito de serviço, dar apoio ao cliente e escolher os clientes certos (Lovelock e Wirtz, 2007). A perecibilidade dos serviços está intimamente relacionada com o facto de os mesmos não poderem ser guardados, armazenados, re-vendidos ou devolvidos. O facto de os serviços envolverem ações ou performances e serem efémeros impacta diretamente nesta característica (Lovelock e Wirtz, 2007). Os serviços não podem, 31 normalmente, ser devolvidos ou revendidos o que exige uma forte estratégia de recuperação do serviço quando as coisas correm mal (Zeithaml, 2009). 3.4. Criação e co-criação de valor e marketing no contexto da lógica dos serviços De acordo com um estudo realizado por Gronroos (2011), sobre a criação, cocriação de valor e marketing no contexto da lógica dos serviços, podemos afirmar que existem 5 lógicas de serviço (Anexo VI) que proporcionam um entendimento daquilo que é o processo de criação de valor e as suas implicações para o marketing (Gronroos & Ravald, 2011). Segundo o autor a literatura contemporânea dá bastante importância ao papel de criar valor para o cliente e, por isso, considera este ponto como fulcral no marketing. Também é dada bastante importância ao value-in-use para os clientes, sendo que esse valor é criado pelos clientes para si. Na perspetiva do marketing isto significa que a criação de valor para o cliente é o fundamental (Gronroos,2011). Consequentemente, a primeira tese defende que o objetivo do marketing é apoiar os clientes na criação de valor. Ajudar os clientes na criação de valor não é suficiente, é também necessário que os prestadores de serviço o façam de forma que esta seja benéfica para eles próprios. No entanto, o valor só é criado para o prestador se este apoiar o cliente na criação de valor. Por isso, a segunda tese defende que uma criação reciproca de valor é a base do negócio. A lógica do serviço é que o prestador tenha uma função de suporte na criação de valor para o cliente proporcionando um conjunto de recursos e processos interativos (Gronroos,2011). Para que seja possível perceber e gerir a criação de valor é essencial distinguir de forma clara dois conceitos: criação de valor e co-criação de valor. Na literatura, a co-criação de valor é uma expressão que inclui todas as ações dos consumidores e prestadores de serviço que geram valor aos consumidores. Sendo que, atualmente, o valor para os consumidores é visto como value-in-use e este tipo de valor é criado na esfera do cliente, é considerado lógico por Gronroos restringir a utilização de criação de valor ao processo em que o valor do cliente na verdade é criado. Isto significa, e de acordo com a terceira tese, que o consumidor é o criador de valor. Assim, esta 32 conclusão permite analisar o papel da empresa, enquanto prestadora de serviços num contexto distinto de apoiar os clientes na criação de valor (Gronroos,2011). De acordo com a análise de Gronroos (2011), os clientes utilizam diferentes recursos para criarem valores para si próprios sem qualquer tipo de contato direto com a empresa prestadora do serviço, como fornecedora dos recursos. O fornecedor pode apenas facilitar aos consumidores os recursos, para que eles criem valor. Existe também o momento de interação entre os prestadores e consumidores. Se os prestadores conseguirem operar dentro do processo de criação de valor do cliente, têm a oportunidade de co-criar valor com o cliente. Por isso, e segundo a quarta tese, o fornecedor é fundamentalmente um facilitador de criação de valor, mas durante a interação com os clientes, o fornecedor pode tornar-se, também, co-criador de valor com os clientes (Gronroos,2011). Segundo o referido acima, os prestadores podem operar no interior do processo de criação de valor do cliente e coordenar as suas ações com as dos clientes, e isto está diretamente relacionado com a forma como as promessas são cumpridas. Ao co-criar valor com os clientes, o prestador tem um impacto direto na satisfação dos mesmos bem como, na evolução das suas preferências e comportamentos de compra. Assim, como é afirmado pela quinta tese, os prestadores de serviços não se limitam apenas a criar proposições de valor, mas também contribuem para a satisfação do cliente durante a interação (Gronroos, 2011). 3.5. A qualidade dos serviços A prestação de um serviço é um fenómeno complexo. A palavra serviço é utilizada em diferentes contextos que vão desde a prestação de um serviço personalizado até à venda de um serviço como um produto. Assim, o termo tem um âmbito bastante alargado (Gronroos, 1988). Existe uma enorme variedade de questões administrativas utilizadas nos serviços tais como o registo e gestão de reclamações, que na realidade constituem um serviço que é prestado ao cliente. Normalmente são tratadas de forma a que não sejam percecionadas como um serviço mas sim como uma vertente do mesmo (Gronroos,1988). 33 O serviço é normalmente percebido de uma forma subjetiva e, devido ao seu elevado grau de intangibilidade, é frequentemente difícil para o cliente avaliar o mesmo. É ainda importante referir que as empresas devem tangibilizar o serviço com a utilização de evidência física, como cartões de visita ou outro tipo de documentos (Gronroos,1988). Sendo o serviço não uma coisa mas sim um conjunto de atividades ou processos, que são produzidos e consumidos simultaneamente, é difícil controlar a qualidade e fazer marketing da forma tradicional. O controlo de qualidade e marketing devem acontecer durante a produção e consumo do serviço, uma vez que se estas duas componentes forem tratadas da forma tradicional pode resultar que o cliente tenha uma má experiência (Gronroos,1988). Com vista a desenvolver estratégias de marketing e de controlo de qualidade é importante perceber aquilo que os consumidores procuram e aquilo a que dão mais importância no momento de avaliação. Assim, é necessário desenvolver um modelo de qualidade de serviço que permita perceber quais os aspetos que são tidos em conta pelos clientes, no momento de avaliar a mesma. Desta forma, seria possível gerir o serviço de modo a que a opinião dos clientes fosse influenciada no sentido desejado (Gronroos,1988). A qualidade de serviço consiste numa avaliação dos serviços oferecidos por empresa específica, comparando a performance com as expectativas do cliente (Bitner, Booms & Tetreault, 1990). Nos serviços, as interações entre o cliente e o prestador do serviço acontecem frequentemente. A forma como decorre esta interação é essencial para a perceção do serviço por parte do cliente. A qualidade na prestação de serviço é percebida pelo cliente em duas vertentes: técnica ou outcome dimension e funcional ou process-related dimension (Gronroos,1988). Outros autores como Colon e Murray (1996) consideram que também a existência e importância destas duas dimensões, para os clientes, na resolução de conflitos e reclamações. A vertente técnica está relacionada com aquilo que o cliente recebe na prestação do serviço, ou seja, aquilo que é o resultado do serviço prestado, fruto da interação acima referida. Esta dimensão é, normalmente, fácil de mensurar devido ao seu carácter técnico. No entanto, a perceção da qualidade do serviço é também afetada pela forma como o mesmo foi prestado, assim fatores como: a forma como os 34 colaboradores exercem as suas funções, a aparência dos mesmos, a acessibilidade ao serviço, o tipo de consumidores que estão a usufruir simultaneamente do mesmo serviço ou similar entre outros, vão influenciar a opinião do cliente. Ainda em relação à interação que é estabelecida com os outros consumidores podemos afirmar que o impacto pode ser negativo e causar distúrbios mas pode também ser positivo na interação com o prestador. Designamos esta vertente de interação como qualidade funcional do processo. Esta dimensão não pode ser avaliada de forma tão objetiva como a técnica já que a qualidade do momento da interação é avaliada de forma muito diferente de pessoa para pessoa (Gronroos,1988). De acordo com o estudo efetuado por Smith, Bolton e Wagner (1999), os clientes ficam mais insatisfeitos com uma falha de processo do que com uma falha no resultado final. Assim, as empresas devem atribuir especial importância ao processo quando avaliam a performance do seu serviço. Na prestação de um serviço, o prestador não se pode esconder atrás da sua marca ou dos seus distribuidores. Os clientes vão poder observar a evidência física da empresa, os recursos existentes à sua disposição e a forma de operar. A imagem corporativa é muito importante nos serviços e possui uma importância significativa na perceção da qualidade. A imagem que o cliente tem da empresa vai determinar o grau de tolerância em relação a erros que esta possa cometer. Assim, quanto melhor for a imagem da empresa na mente do consumidor, maior vai ser a probabilidade de o erro ser perdoado, sendo que o contrário também é aplicável, ou seja, se a imagem for negativa qualquer erro vai ser considerado muito mais grave (Gronroos,1988). Efetivamente, existem outros autores que consideram que basta uma interação negativa, entre cliente e prestador de serviço, para que todas as boas interações sejam esquecidas e para que a avaliação da qualidade de serviço desça significativamente, indo ao encontro daquilo que é afirmado por Gronroos (Kelley & Davis, 1994). No que diz respeito à obtenção de boa qualidade percebida, esta só é possível quando a qualidade experienciada vai de encontro às expectativas do consumidor. Se as expectativas criadas pelo consumidor (influenciadas pela comunicação da empresa, pelo Word-of-Mouth, pela imagem corporativa e pelas necessidades do cliente) forem irrealistas o total de qualidade percebida vai ser baixo mesmo que a qualidade experienciada seja boa. É essencial que os programas de qualidade incluam não só as pessoas relacionadas com a parte operacional mas também as que lidam com a 35 comunicação da empresa. Esta necessidade existe para que as campanhas publicitárias vão de encontro aquilo que é efetivamente oferecido aos clientes, de forma a não criar expectativas demasiado elevadas em relação ao serviço que possam não corresponder à realidade. Assim, a qualidade total percebida não é determinada apenas pelas questões técnicas e funcionais mas sim pelo gap existente entre a qualidade esperada e experienciada (Gronroos,1988). O momento da verdade assume especial importância na prestação de um serviço (Gronroos,1988; Bitner, Booms & Tetreault, 1990). Este conceito está relacionado com o tempo e local onde e aonde o prestador de serviço tem à sua disposição a oportunidade de dar a conhecer ao cliente a qualidade do seu serviço. Depois deste momento, o cliente vai embora, e não há outra forma fácil de acrescentar valor à qualidade percebida, sendo que se ocorrer algum problema é demasiado tarde para proceder a ações corretivas. A referida correção só é possível se for criado um novo momento de verdade, por exemplo através de uma procura ativa do cliente, por parte da empresa, para corrigir o erro ou explicar o porquê do mesmo ter ocorrido. A prestação de serviço e a entrega do mesmo deve ser sempre planeada e executada da melhor forma possível para que não ocorram problemas no momento da verdade (Gronroos,1988). Efetivamente, a perceção da qualidade do serviço pode ficar comprometida no momento da verdade já que esta interação é o serviço no ponto de vista do cliente. Assim, o facto de o cliente interagir com colaboradores mal pagos, com pouca formação e desmotivados pode levar a insatisfação do cliente (Bitner, Booms & Tetreault, 1990). De acordo com Gronroos (1988), existem 6 critérios para que exista uma boa qualidade de serviço percebida, sendo que estes critérios têm por base o conhecimento existente de como é que a qualidade de serviço é percebida pelos consumidores. 1- Profissionalismo e competências – Quando o cliente percebe que o prestador de serviço, os colaboradores, os sistemas operacionais e os recursos físicos possuem os conhecimentos e competências necessárias para resolver as suas questões de forma profissional; 2- Atitudes e comportamentos – Este critério está relacionado com o facto de o cliente querer sentir que as pessoas em contacto com o público estão 36 preocupadas com os clientes e interessadas em resolver as questões que lhes são colocadas de uma forma simpática e acessível; 3- Acessibilidade e Flexibilidade – O consumidor pretende sentir que o prestador do serviço, a sua localização, as horas de funcionamento e os sistemas operacionais trabalham no sentido de promover uma fácil acessibilidade ao serviço, encontrando-se preparados para lidar com variações na procura bem como com eventuais adaptações decorrentes de diferentes clientes com diferentes necessidades; 4- Confiança – Componente associada à questão de que independentemente do que possa acontecer, os clientes podem confiar que o prestador, colaboradores e sistemas vão trabalhar no sentido de manter as suas promessas e prestar o serviço defendendo os seus interesses; 5- Recuperação – A recuperação é algo que é esperado pelos clientes, ou seja, estes esperam que se algo não correr de acordo com o planeado vai existir uma ação corretiva do erro por parte do prestador; 6- Reputação e credibilidade – Os clientes acreditam que a prestação do serviço é realizada de forma credível e que é regida por um conjunto de valores comuns ao cliente. Por outro lado, estes fatores estão relacionados com o facto de as empresas terem percebido a necessidade de uma gestão efetiva do momento da verdade, que envolve compreender comportamentos dos colaboradores e trabalhar no sentido de os motivar e recompensar (Bitner, Booms & Tetreault, 1990). 3.6. Satisfação dos clientes Todas as empresas têm o objetivo de ir ao encontro as expectativas dos clientes. No entanto, algumas consideram já saber quais são as referidas expectativas sem tentar perceber junto dos mesmos. Esta questão torna-se ainda mais importante no caso de empresas prestadoras de serviço. Assim, é necessário realizar pesquisas aos consumidores para perceber as suas expectativas e perceções do serviço. Desta forma, é possível preencher as mesmas, proporcionando um serviço de qualidade (Zeithaml, 2009), criando valor para o cliente e obtendo lucros no futuro (Holloway, Wang & Beatty, 2009). 37 Os pontos fundamentais numa pesquisa deste tipo são: quais as características mais importantes para os clientes, que nível de serviço é que os clientes esperam obter destas características, e aquilo que os clientes acham que a empresa deve fazer quando surgem problemas na entrega do serviço (Zeithaml, 2009). O primeiro passo é definir a pesquisa a realizar aos consumidores sendo que as questões mais críticas são definir o problema e os objetivos da pesquisa (Zeithaml, 2009). Os objetivos de pesquisa nos serviços mais comuns são: descobrir os requisitos e expectativas para o serviço, monitorizar a performance do serviço, perceber a performance global da empresa comparativamente com os seus concorrentes, identificar as diferenças entre as expectativas do cliente e perceções do serviço, identificar os consumidores insatisfeitos para que a recuperação do serviço possa ser eficaz, medir a efetividade das mudanças na prestação do serviço para determinar as expectativas dos clientes em relação a um novo serviço, monitorizar as mudanças das expectativas dos clientes no sector e prever as expectativas futuras (Zeithaml, 2009). Os critérios para um programa de pesquisa de serviços efetivo devem estar de acordo com alguns pontos: incluir pesquisa qualitativa e quantitativa, incluir expectativas e perceção dos clientes, pensar sobre o custo da pesquisa e o valor da informação recolhida, incluir validação estatística quando necessário, medir as prioridades e importância dos atributos, escolher a periodicidade mais adequada, incluir medição de lealdade, intenção de comportamento e comportamento efetivo (Zeithaml, 2009). As empresas prestadoras de serviços que possuem programas de pesquisa eficazes no estudo da satisfação de clientes utilizam diferentes tipos (Zeithaml, 2009). Assim, as pesquisas realizadas junto dos consumidores podem ser de diversos tipos, sendo os mais relevantes: (Zeithaml, 2009) 1- Solicitação de reclamação - este tipo de pesquisa consiste não só em ouvir as reclamações dos clientes, mas também solicitar que os mesmos façam as suas reclamações como uma forma de comunicar sobre o que pode ser feito para melhorar o serviço e o comportamento dos colaboradores. As empresas que utilizam este tipo de pesquisa tem de recolher e documentar as reclamações e posteriormente utilizar a informação para identificar os clientes insatisfeitos, corrigir problemas quando for possível e identificar possíveis pontos comuns de falha entre as diversas reclamações. Desta forma, para potenciar ao máximo este tipo de pesquisa é necessário que a 38 empresa registe as várias reclamações existentes que chegam à empresa através de diferentes canais, nomeadamente através de colaboradores de atendimento ao público, intermediários (por exemplo retalhistas) que prestam o serviço, gestores e entidades externas; 2- Estudos de incidentes críticos - este é um procedimento qualitativo que se baseia em entrevistas nas quais os clientes contam, verbalmente, histórias sobre situações satisfatórias e insatisfatórias experienciadas na prestação do serviço. Os tópicos abordados neste tipo de estudo são: a avaliação do cliente em relação ao serviço, falhas no serviço e recuperação, colaboradores, participação do cliente na entrega do serviço e experiência do serviço (Zeithaml, 2009). Segundo Michel et al (2009), este método combina as vantagens de um estudo qualitativo com as de um estudo quantitativo, já que os clientes podem categorizar os incidentes de forma sistemática; 3- Requisitos de pesquisa - envolve a identificação de benefícios e atributos que os clientes esperam do serviço. Esta pesquisa é básica e essencial pois determina o tipo de questões que devem ser abordadas em questionários. Um exemplo deste tipo de pesquisa é brainstorming, ou seja, reunir um grupo de consumidores e potenciais consumidores em que um facilitador lidera o grupo perguntando o que os clientes querem e o porquê de o quererem e como é que eles sabem que estão a receber o serviço da forma que desejam. Outra forma de fazer este tipo de pesquisa é analisar as pesquisas existentes sobre os requisitos dos consumidores em sector com serviços similares; 4- Questionários Relationship e SERVQUAL - em relação aos questionários relationship podemos afirmar que estes tipicamente monitorizam anualmente a performance do serviço, tendo como base uma pesquisa inicial. Este tipo de pesquisa é também efetivo ao comparar a performance da empresa, focalizando-se nas melhores performances da concorrência como benchmark. O questionário SERVQUAL é vocacionado para medir a qualidade do serviço. Assim, este questionário envolve 21 atributos do serviço, agrupados em 5 dimensões de qualidade de serviço (confiança, capacidade de resposta, garantia, empatia, tangíveis). A pesquisa, por vezes, pede aos clientes para fornecerem duas classificações para cada atributo sendo que uma deve refletir o nível de serviço esperado de boas empresas do setor e outra a perceção do serviço realizado por uma empresa específica do sector. A 39 diferença entre a classificação dada à expectativa e à perceção de serviço estabelece uma medida quantificada da qualidade de serviço; 5- Trailer calls ou Pesquisas Posttransaction - este método consiste em apresentar aos clientes uma lista de perguntas, depois de uma transação em específico, sobre a satisfação com a prestação de serviço e com a pessoa com a qual decorreu a interação no serviço. O benefício principal deste tipo de pesquisa é o facto de o cliente ficar bem impressionado com o contato por parte da empresa, conferindo importância à satisfação do mesmo; 6- Process Checkpoint Evaluations - no caso deste tipo de pesquisa o âmbito são os serviços profissionais como consultoria, construção e arquitetura em que os serviços são fornecidos durante um longo período de tempo e não existe um momento óbvio mais indicado para efetuar a pesquisa. Assim, os prestadores de serviços mais eficazes definem um processo de prestação de serviço e depois definem um conjunto de pontos essenciais durante esse processo, e é requerido feedback sobre se as expetativas dos clientes estão a ser cumpridas; 7- Cliente mistério - este tipo de pesquisa consiste em as empresas contratarem organizações especializadas em pesquisas de mercado que enviam pessoas, aos estabelecimentos da empresa prestadora do serviço, que usufruem do serviço como se fossem realmente clientes. Ao introduzir este tipo de pesquisa numa empresa existe a possibilidade de os colaboradores se sentirem motivados a prestar o serviço de acordo com os standards definidos, por saberem que a qualquer momento podem estar a ser avaliados, e que disso depende o seu sistema de remunerações e recompensas (Zeithaml, 2009). Adicionalmente, desafiar o prestador de serviço com problemas e reclamações pode ser uma forma de identificar processos propensos a erros (Michel, Bowen & Johnston, 2009). 8- Painéis de clientes - painéis de clientes são grupos de consumidores constituídos de forma a fornecer à empresa atitudes e perceções sobre o serviço ao longo do tempo; 9- Pesquisa de cliente perdido - o objetivo deste tipo de pesquisa é procurar os clientes que tenham abandonado os serviços da empresa e apurar as razões da sua saída. O principal beneficio desta pesquisa é identificar os pontos de falha e problemas comuns a diferentes clientes do serviço e pode ajudar a prevenir situações futuras. Pode ainda ser calculado o custo dos clientes perdidos; 40 10- Pesquisa de expectativas futuras - pesquisa realizada no sentido de prever as expectativas futuras dos clientes bem como, desenvolver e testar novas ideias de serviço. De acordo com Bennett et al (2004), a satisfação e lealdade dos clientes estão intimamente relacionadas. No entanto, apesar de os níveis de satisfação poderem antecipar os níveis de lealdade do cliente, não podem prevê-lo de forma precisa. Assim, as empresas devem não só medir os níveis de satisfação dos clientes, de acordo com os métodos acima descritos, mas também devem recolher informação sobre a lealdade e identificar as relações existentes entre as duas variáveis. 3.7. Recuperação de falhas nos serviços - Gestão de reclamações A reclamação consiste numa tendência dos clientes insatisfeitos em obter compensação junto da empresa (Richins, 1982). A gestão de reclamações realizada por qualquer empresa deve ser no sentido de recuperar a falha de serviço, de modo a que o cliente permaneça na marca. Uma falha de serviço consiste num serviço que não corresponde às expectativas que foram criadas no cliente e por isso este sente-se insatisfeito em relação ao mesmo (Zeithaml, 2009). As falhas nos serviços acontecem muitas vezes devido às características dos mesmos. A grande heterogeneidade dos serviços, que leva a uma grande variabilidade no momento da prestação do mesmo, bem como a simultaneidade da produção e consumo, faz com que estes sejam mais sujeitos a falhas do que no caso da venda de um produto tangível (Hess, Ganesan e Klein, 2003). A recuperação de serviço existe para responder a falhas que podem verificar-se por diferentes razões, tais como: o serviço pode estar indisponível, pode ser prestado de forma lenta ou demorada, o resultado pode não ser o desejado ou o serviço ser mal executado e por fim, os colaboradores podem ser inconvenientes com os clientes. Este tipo de situações deixam os clientes necessariamente insatisfeitos o que pode levar a que: estes abandonem o serviço, comentem com os outros consumidores a má experiencia que viveram na empresa, falem com uma entidade de defesa do consumidor ou até, no extremo, processem a empresa prestadora do serviço (Zeithaml, 2009). Adicionalmente, a insatisfação referida pode levar a uma mudança de 41 prestador de serviço (Hirschman, 1970, Dubé & Maute, 1996, Keaveney, 1995, Fornell and Wernerfelt, 1987 sit in Morrisson & Huppertz, 2010, p.244). De acordo com Zeithaml, existem estudos relativos ao tema que concluíram que menos de metade dos clientes (45%), que ficam insatisfeitos com o serviço, efetuam uma reclamação junto aos colaboradores que prestaram o serviço. E apenas 1-5% por cento dos clientes reclamam junto de órgãos de gestão ou na sede da empresa. Este fenómeno, conhecido como “teoria do Iceberg” (na figura abaixo), leva a que cerca de 50% dos clientes que sofrem de uma falha de serviço não reclamem junto da entidade prestadora (Zeithaml, 2009). Ilustração 2 - Teoria do Iceberg - Fonte: Zeithmal, 2009 É ainda importante referir que a falha no serviço nem sempre é resultado de uma má atuação por parte da empresa prestadora, existem casos em a causa da falha são os clientes. No entanto, independentemente de quem cria o problema, este tipo de situações são vistas como o momento em que o prestador tem de mostrar a sua eficácia na resolução do mesmo (Gronroos, 2000). Os efeitos da recuperação de falha estão relacionados com lealdade, comunicação por word-of-mouth positiva, entre outros (Zeithaml, 2009). Acrescente-se ainda que quando um cliente se encontra numa situação de falha de serviço e a falha é recuperada de forma efetiva pela empresa, o cliente vai ser mais leal do que aquele cujo problema não foi solucionado. Esta lealdade é transformada em rentabilidade para a empresa (Zeithaml, 2009). 42 Por outro lado, de acordo com o estudo realizado por Hess, Ganesam e Klein (2003), as relações entre os clientes e a organização podem ajudar a que os efeitos negativos na satisfação do cliente de uma falha no serviço não sejam tão acentuados. Esta questão está de acordo com aquilo que é considerado por Berry (2005). Uma estratégia de recuperação de falha, bem implementada, pode fornecer à empresa informação relevante sobre os seus clientes. Esta informação vai permitir melhorar continuamente o serviço prestado realizando ajustamentos que aumentam a probabilidade de prestar o serviço corretamente à primeira oportunidade, o que se traduz num aumento da satisfação dos clientes, e na diminuição dos custos provenientes de falhas (Zeithaml, 2009). Infelizmente, muitas empresas não adotam estratégias de recuperação de falhas eficientes. Os efeitos decorrentes de uma ineficiente recuperação de falhas são vários, sendo que existe uma tendência de os indivíduos insatisfeitos aproveitarem todas as oportunidades para criticar abertamente a empresa (Zeithaml, 2009). 3.7.1. Recuperação de serviço versus tratamento de reclamações O conceito de recuperação de serviço foi introduzido com o objetivo de ajudar as empresas a lidar com as reclamações dos seus clientes, de uma forma orientada para o serviço. O conceito tradicional de tratamento de reclamações consistia em pedir ao cliente que apresentasse a sua reclamação de forma formal. Depois deste procedimento a queixa era analisada de uma forma administrativa e, posteriormente, encontrada uma maneira de não ter de restituir o cliente, independentemente da culpa pela falha (Gronroos, 2000). Por outro lado, a recuperação de serviço tem como principal objetivo a satisfação do cliente após a falha do serviço e manter a sua lealdade com a marca. Assim, esta vertente é orientada para o cliente (Michel, Bowen & Johnston, 2009). 3.7.1.1. Tratamento de reclamações Este conceito de tratamento de reclamações não é orientado para o serviço e tem por base um conjunto de processos administrativos que não constituem uma mais 43 valia para o cliente, que perceciona a forma como a sua reclamação está a ser tratada. A máxima de quem utiliza este método é manter os custos baixos e as compensações aos clientes no mínimo, o que conduz à insatisfação e perda de clientes. Este ponto vai de encontro ao conceito de gestão de operações desenvolvido por Michel et al (2009) que consiste numa intervenção pouco focada e personalizada de acordo com o cliente e mais focalizada em valores de performance e otimização dos processos. A introdução do conceito de recuperação de serviço permite que o objetivo principal seja a satisfação do cliente, manter e fortalecer relações de longo prazo e evitar que o cliente abandone a marca (Gronroos, 2000). A recuperação de serviço pode ter alguns riscos inerentes e por isso deve ser gerida pela empresa da melhor forma possível. 3.7.1.2. Recuperação de serviço Uma falha de serviço consiste numa prestação do serviço que não corresponde às expectativas que foram criadas no cliente e por isso este sente-se insatisfeito em relação ao mesmo (Zeithaml, 2009; Hoffman et al, 1997 sit in Hess, Ganesan & Klein, 2003, p.127). A recuperação dos serviços consiste num conjunto de atividades e ações executadas pela empresa e colaboradores no sentido de restaurar a falha na performance de serviço (Bell et al, 1987 sit in Hess, Ganesan & Klein, 2003, p. 129) Tal como já referido anteriormente, uma recuperação de serviço efetiva pode levar a múltiplos efeitos nos clientes sendo estes efeitos os seguintes: Word of mouth positiva, lealdade e melhoria da satisfação do cliente (Zeithaml, 2009). Se as expectativas do cliente são excedidas, a satisfação ocorre. Por outro lado, se a perceção de resposta for abaixo das expectativas criadas, pode ocorrer insatisfação (Stauss, 2002). Em determinadas situações, em que ocorre falha no serviço e é necessário recuperar essa falha, existem clientes que se sentem mais satisfeitos com o serviço após uma recuperação excelente da mesma do que se esta não tivesse existido de todo. Assim, é possível obter um cliente ainda mais leal e impressionado positivamente com o serviço, do que se o serviço ocorresse sem falhas. Apesar de estas situações extremas serem raras, exigindo uma recuperação de falha positiva e surpreendente, (Michel & Meuter, 2008) e específicas de determinadas áreas de negócio, podemos designar este tipo de situação de paradoxo de recuperação (Zeithaml, 2009). De 44 acordo com Michel & Meuter (2008), o paradoxo da recuperação existe se: a falha for recuperável (McCollough, 2000 sit in Michel & Meuter, 2008, p. 453), o cliente assumir a culpa na falha do serviço (Hocutt et al., 1997 sit in Michel & Meuter, 2008, p. 453), a falha ocorrer apenas uma vez (Maxham & Netemeyer, 2002 sit in Michel & Meuter, 2008, p. 453) e existir a comparação entre um grupo relativamente pequeno de clientes que receberam uma recuperação de falha excelente com um grupo grande de clientes satisfeitos (Bolton & Drew, 1992, Boshoff, 1997 e Hocutt et al.,2006 sit in Michel & Meuter, 2008, p. 453). A questão que o autor coloca é que, se a satisfação do cliente pode ser maior após uma boa recuperação da falha mais do que se ela não tivesse existido, então as empresas não deveriam falhar deliberadamente? No entanto, podem apresentar-se algumas questões no sentido de que esta abordagem não é melhor a adotar. Em primeiro lugar, grande parte dos clientes não procedem à reclamação quando sofrem de uma falha do serviço, o que faz com que a empresa não consiga recuperar da mesma e como tal o resultado mais provável será a insatisfação. Em segundo lugar, recuperar de falhas existentes no serviço é um processo, normalmente, dispendioso para a empresa. Em terceiro lugar, a qualidade dos serviços, na óptica dos clientes, está intimamente relacionada com a confiança que lhes é transmitida no momento da prestação – ideia da empresa “fazer bem à primeira”. Em quarto lugar apesar de, eventualmente, a satisfação dos clientes aumentar como resultado da ótima recuperação de falha efetuada, a intenção de recorrer de novo ao serviço ou a imagem que têm da marca pode não ser melhorada a longo prazo. Por fim, o facto de o paradoxo da recuperação ter por base o cliente poder ficar mais satisfeito após uma recuperação excelente da falha, isto não significa que todos fiquem realmente mais satisfeitos já que a sua satisfação vai depender de um conjunto de fatores (Zeithaml, 2009). Assim, as empresas não se devem apenas focar em ser especialistas na recuperação de falhas mas também, e principalmente, em fazer “bem à primeira” (Maxham III & Netemeyer, 2002). De acordo com a pesquisa elaborada por McCollough (2009) gestores devem avaliar se a recuperação total é realmente possível considerando o dano causado pela falha. No que respeita à forma como os clientes respondem às falhas de serviço vão existir diferentes reações da parte destes sendo que verificado o problema existe 45 sempre insatisfação ou sentimentos negativos em relação à empresa. Após este momento, existe ou não uma ação do cliente no sentido de efetuar uma reclamação. Por fim, o cliente decide se permanece na empresa ou se abandona a mesma, optando por outro prestador de serviço. É importante ainda referir que a passividade por parte dos clientes quando ocorre uma falha constitui um impedimento para o sucesso futuro da empresa (representado na figura abaixo) (Zeithaml, 2009). Ilustração 3 - Reclamações Fonte: Zeithmal, 2009 Efetivamente, a recuperação de serviço envolve muito mais atividades do que apenas a gestão e reclamações, já que existem situações de falha em que os clientes não efetuam uma reclamação (Smith et al, 1999 sit in Holloway, Wang e Beatty, 2009, p. 386). É essencial que a empresa perceba as emoções do cliente ao avaliar a falha de serviço e respetivos comportamentos após a mesma (Bonifield & Cole, 2006). Por fim, quanto melhor for a recuperação de serviço, melhor será a satisfação do cliente após a mesma. Por outro lado, a mesma falha pode afetar os clientes de forma diferente (McCollough, 2009). Em termos de motivos que levam as pessoas a reclamar podemos verificar que o comportamento dos consumidores em relação à queixa é variado. Alguns consideram que a reclamação pode ter benefícios no sentido de os restabelecer da 46 falha de que sofreram, já que os prestadores de serviço têm o dever de prestar o serviço da melhor forma possível. Outro fator que pode levar à reclamação é o sentido da obrigação social de o fazer para evitar que outros indivíduos passem pela mesma situação ou para castigar o prestador. Existe ainda uma pequena percentagem de clientes que por natureza gostam de reclamar ou causar problemas (Zeithaml, 2009). Por outro lado, existem clientes que consideram a reclamação como uma perda de tempo e esforço sendo que não acreditam que algo de positivo aconteça no decorrer da mesma. Pode ainda acontecer que os clientes não saibam como efetuar a reclamação, não percebam a importância da mesma para a empresa ou ainda, considerem que a falha ocorreu, também, por sua causa e por isso não merecem ser restituídos (Zeithaml, 2009). No entanto, é importante referir que os problemas, apresentados pelos clientes à empresa, constituem uma oportunidade para a mesma provar o seu compromisso com o serviço (Hart, Heskett e Sasser, 1990) e a capacidade de corrigir erros (Ramsey, 2005). Boas recuperações de serviço começam com uma reclamação por parte do cliente. Assim, os gestores devem não só criar todos os mecanismos necessários para que a reclamação seja possível como também serem ativos no encontro de problemas junto aos clientes (Hart, Heskett e Sasser, 1990). Outra questão que pode influenciar o facto de haver ou não reclamação está relacionada com a importância que a prestação daquele serviço tem para o cliente. Assim, os consumidores têm mais tendência para reclamar sobre o serviço se este for caro, se envolver um risco significativo ou se estiver relacionado de alguma forma com o ego do cliente (viagens, serviços médicos, entre outros), do que se este não apresentar estas características e for utilizado de forma mais frequente (serviço de fast food, uma ida de táxi, chamada para linha de apoio ao cliente). Apesar de este último tipo de serviço poder ser considerado como não sendo suficientemente importante para fazer uma reclamação, pode levar a que o cliente no futuro opte por um outro prestador de serviço (Zeithaml, 2009). 47 • Tipos de ações de reclamação dos clientes O cliente insatisfeito pode efetuar a sua reclamação de diversas formas. Uma das formas de o fazer poderá ser no local onde o serviço é prestado ou, se não o fizer de uma forma imediata, pode escolher faze-lo mais tarde via telefone, carta ou internet. Nas duas situações a empresa tem a possibilidade de recuperar da falha que realizou e evitar word of mouth negativo (Zeithaml, 2009). Alguns consumidores preferem não efetuar a sua reclamação diretamente ao prestador de serviço, mas sim faze-lo através de word of mouth negativo sobre o mesmo a amigos, familiares e colegas de trabalho. Esta forma de reclamação é a mais prejudicial à empresa já que é transmitida uma má impressão, sem que a mesma possa reparar o problema que causou. Com a internet a ser cada vez mais utilizada pelos clientes no momento de reclamação, nomeadamente através de plataformas criadas para o efeito, o alcance dos comentários negativos é cada vez maior e mais prejudicial à empresa (Zeithaml, 2009). Os clientes podem ainda optar por efetuar a reclamação a entidades relacionadas com associações profissionais, entidades reguladoras ou de defesa dos consumidores (Zeithaml, 2009). • Mudar de marca versus permanecer após a recuperação do serviço A reação do consumidor à recuperação da falha e a forma como esta recuperação é realizada vai condicionar o facto de o consumidor mudar ou não de fornecedor de serviço. Quanto mais grave for a falha mais provável é o consumidor mudar, independentemente do esforço de recuperação (Zeithaml, 2009). Assim, a gravidade da falha (Craighead, Karwan & Miller, 2004) (Seawright, DeTienne, Bernhisel & Larson, 2008) e a lealdade do cliente são cada vez mais variáveis que determinam a forma como a falha deve ser resolvida a atenção a dispensar com a mesma (Craighead, Karwan & Miller, 2004). É importante ainda referir que a relação que o consumidor mantém com a empresa é determinante para mudança ou não de prestador. Se a relação for repetida ao longo do tempo com o mesmo prestador (“true relationship”) haverá mais tolerância 48 no momento de falha do que se for uma situação em que apenas existiu um único contacto (“first-time encounter”) ou em que existiram diferentes contactos com a empresa mas, sempre, com prestadores diferentes (“pseudo-relationship”) (Zeithaml, 2009). Existem ainda algumas pesquisas que concluíram que há indivíduos que possuem uma maior tendência para mudar de prestador de serviço, independente de como a falha foi recuperada (Zeithaml, 2009). Por fim, existe ainda a possibilidade de a troca não acontecer imediatamente após a falha ou fraca recuperação da mesma, mas sim após um conjunto de situações que levaram à insatisfação do cliente. Assim, a troca resulta de um conjunto de processos ao longo do tempo e não de uma situação isolada que leva a essa decisão. (Zeithaml, 2009). Efetivamente, segundo Andreassen (2001) a imagem corporativa está relacionada com a forma como os clientes percecionam a organização com base em experiências e como é q estas perceções criam um conjunto de associações que constroem a imagem da organização. Segundo estudo realizado existe mais abandono da marca quando existe falha no core service 5 (Zeithaml, 2009). 3.8. Service Recovery Strategies Cada vez mais as empresas adotam estratégias de recuperação de falhas e percebem a sua importância no que diz respeito a agradar a clientes insatisfeitos. De forma a proporcionar uma recuperação sistemática após uma falha de serviço, é necessário que os prestadores de serviço identifiquem as características da mesma e posteriormente, associem respostas e estratégias adequadas (Craighead, Karwan e Miller, 2004). É importante ainda perceber quais são os elementos da resposta à falha que os clientes valorizam. Ao conhecer as dimensões e atributos valorizados é possível tomas decisões no sentido de melhorar as estratégias de recuperação e procedimentos (Stauss, 2002). 5 Na parte IV vai ser referido que no caso do negócio da Ascendi não se aplica a situação de mudança de marca. 49 Assim, existe um conjunto de procedimentos que devem ser utilizados conjuntamente, de forma a que a recuperação do serviço seja um sucesso. Estes fatores estão relacionados com: fazer bem à primeira vez, encorajar e identificar reclamações, agir rapidamente perante a reclamação, dar ao cliente as explicações adequadas, tratar os clientes de forma justa, estabelecer relações com os clientes, aprender com experiências anteriores de recuperação de falhas e aprender com clientes perdidos. (Zeithaml, 2009) 1- Fazer bem à primeira vez - Para que um serviço seja prestado com a qualidade devida é essencial que seja realizado sem qualquer falha na primeira vez. Esta questão de fazer bem à primeira é a dimensão da qualidade de serviço mais importante nas diferentes indústrias. Assim, não é necessário executar recuperação da falha, os clientes obtêm aquilo que querem e os custos de compensar a falha são inexistentes (Zeithaml, 2009). Desta forma, as empresas optam por estratégias de “zero defeitos”, no entanto é necessário fazer uma adaptação entre as ferramentas que são utilizadas na produção de produtos e nos serviços. Criar esta cultura permite que os colaboradores percebam a importância da questão de fazer bem à primeira, existindo um esforço em satisfazer os clientes e melhorar, cada vez mais, o serviço prestado (Zeithaml, 2009). 2- Encorajar e identificar reclamações - As empresas que possuem estratégias de “zero defeitos” têm também a possibilidade de falhar. Uma das componentes mais importantes da recuperação de falhas está relacionada com o encorajar e identificar as reclamações dos clientes (Zeithaml, 2009). Segundo Ramsey (2005), cada reclamação é uma oportunidade de resolver um problema da organização. Existem diferentes formas de o fazer, nomeadamente, através de pesquisas sobre os clientes que preenchem questionários sobre a satisfação em relação ao serviço, estudos de incidentes críticos, procurar aqueles que foram os clientes perdidos, call centers gratuitos, email e páginas online para o efeito (Zeithaml, 2009); (Hart, Heskett e Sasser,1990). Assim, a organização deve proporcionar diferentes pontos de entrada de reclamações acessíveis aos seus clientes (McCole, 2004). É ainda importante referir que algumas empresas possuem softwares específicos que analisam, respondem e identificam as reclamações existentes. Estas tecnologias 50 permitem também antecipar problemas antes de eles aparecerem, o que permite uma recuperação sem que os clientes se apercebam que as falhas existem (Zeithaml, 2009). É essencial que os gestores alinhem os sistemas, processos, pontos de medição e tecnologias (McCole, 2004) para garantir uma análise das reclamações, considerandoas como uma pesquisa de mercado, e percebam os pontos a melhorar (McCole, 2004). 3- Agir rapidamente perante a reclamação - Os clientes que reclamam querem ter respostas rápidas e personalizadas (Ramsey, 2005). De acordo com estudos realizados, quanto mais rápida é a resposta maior é a probabilidade de o cliente ficar totalmente satisfeito com a ação da empresa (Zeithaml, 2009); (Conlon & Murray,1996). Assim, de acordo com Ramsey (2005), nenhuma reclamação deveria ficar sem resposta por mais de 24 horas sendo que mesmo que não exista uma solução imediata, o cliente deve ser informado que a sua reclamação está a ser observada. Para além deste facto, acontecem, em muitas empresas, situações em que os clientes têm que contactar diferentes colaboradores, repetindo várias vezes a situação (ping – ponging), de forma a verem o seu problema solucionado. As pesquisas realizadas sobre este assunto concluem que a satisfação do cliente é mais elevada se o número de contactos necessários para resolver o seu problema for o mais reduzido possível (Zeithaml, 2009). Para que isto seja possível é necessário um conjunto de procedimentos que o permita bem como, colaboradores com formação e a quem seja atribuído o empowerment para a resolução de determinadas situações, sem ter de recorrer a hierarquias superiores. O empowerment dos trabalhadores permite respostas mais rápidas e, consequentemente, maior satisfação dos clientes (Zeithaml, 2009) (Hart, Heskett e Sasser,1990). Adicionalmente, outra forma de resolver o problema está relacionada com a construção de sistemas que permitam que os consumidores resolvam os seus próprios problemas e necessidades de serviço. Normalmente, isto acontece através de tecnologia, sendo que existe uma interação com a mesma para usufruir do serviço o que permite obter respostas imediatas (Zeithaml, 2009). De acordo com Hart, Heskett e Sasser (1990), a rápida resolução do problema juntamente com um pedido de desculpa são normalmente suficientes para solucionar a 51 falha, mas nem sempres isto acontece. Nos casos em que o referido não é suficiente é necessário tomar medidas extraordinárias para compensar o cliente, sendo que a estrutura da empresa deve estar preparada. 4- Dar ao cliente as explicações adequadas - No que diz respeito a fornecer explicações adequadas aos clientes quando existem falhas, é essencial que tal ocorra para que os mesmos percebam o porquê das mesmas terem ocorrido e as reações negativas não sejam tão profundas (Zeithaml, 2009). Conlon e Murray (1996) afirmam que a forma mais frequente de reagir a uma reclamação consiste na combinação entre um pedido de desculpas e uma justificação. Os autores referem também que uma empresa cuja estratégia combine os dois elementos referidos anteriormente com a aceitação da responsabilidade, pode levar a resultados favoráveis e satisfação do cliente. Desta forma, existem duas características essenciais para que as explicações sejam consideradas adequadas pelos consumidores: o conteúdo da informação e explicações disponibilizadas são essenciais para que seja percecionado o que aconteceu; a forma como a explicação é dada pelos colaboradores é também determinante, estando relacionada com as características pessoais dos mesmos, e deve ser percecionada pelo cliente como honesta e sincera para que seja mais efetiva (Zeithaml, 2009). 5- Tratar os clientes de forma justa - Os clientes esperam ser tratados de forma justa durante a prestação do serviço, no processo de recuperação da falha bem como, no tratamento que é dado pelos prestadores de serviço durante a mesma. Assim, os clientes consideram que estão a ser tratados de uma forma justa quando existe um admitir da existência da falha, acompanhado de um pedido de desculpas e esforço para resolver a mesma (Zeithaml, 2009). Assim, é essencial que a empresa admita a existência da falha e não responda ao cliente como se esta não tivesse existido. É também importante que as cartas tipo, utilizadas na resposta ao cliente, tenham o cuidado de ser de acordo com a reclamação do cliente e não demasiado gerais e abrangentes (Conlon & Murray, 1996). 52 6- Estabelecer relações com os clientes - O estabelecimento de relações de longo prazo com os clientes permite que, em caso de falha, estes sejam mais compreensivos (Zeithaml, 2009). A importância em estabelecer uma relação com o cliente tem levado a que cada vez mais empresas implementem estratégias de Customer Relationship Management (CRM) (Morrisson & Huppertz, 2010); (Holloway, Wang & Beatty, 2009). A utilização deste tipo de tecnologia pode levar a que a empresa, ao resolver os problemas e reclamações dos clientes, faça um maior esforço de recuperação em relação aos seus clientes mais frequentes, isto significa um maior investimento de recursos num determinado grupo de clientes em detrimento de outros (Morrisson & Huppertz, 2010); (Holloway, Wang e Beatty, 2009). Este comportamento pode levar a diferenças na recuperação de falhas que podem ser intencionais ou não e que podem ter resultados prejudicais e insatisfação para o grupo de clientes menos beneficiado. (Morrisson & Huppertz, 2010). O objetivo do sistema CRM envolve quantificar e monitorizar as relações da empresa com os seus consumidores, melhorar estas relações ao longo do tempo e considerar as informações recolhidas nas estratégias de recuperação de falhas (Holloway, Wang e Beatty, 2009); (Stefanou, Sarmaniotis & Stafyla, 2003). Assim, a utilização do sistema CRM traz vantagens para a empresa, tais como: redução nos custos de comunicação de marketing, diminuição da insatisfação, melhoria na qualidade de informação disponível sobre os clientes (Julien, 2001, Lefébure, 2000, Venturi, 2000 sit in Morrisson & Huppertz, 2010, p. 246). No entanto, a implementação de tecnologia de processamento cada vez mais avançada não leva necessariamente a iniciativas centradas no cliente. Para que tal seja possível é necessário uma atitude positiva e desejo de extrair valor da organização ao gerir as relações com os clientes ao longo do tempo. Assim, a empresa deve desenvolver uma cultura e motivar os colaboradores, a todos os níveis, ensinando a selecionar, utilizar e partilhar conhecimentos ao disponibilizar a tecnologia para esse efeito (Stefanou, Sarmaniotis & Stafyla, 2003). 7- Aprender com experiências anteriores de recuperação de falhas As situações relacionadas com o resolver de falhas no serviço servem não só para esse efeito como também como fonte de diagnóstico e como informação para poder 53 oferecer um melhor serviço numa segunda oportunidade (Zeithaml, 2009); (Maxham III & Netemeyer, 2002). Ao acompanhar as situações de falha passadas, as empresas conseguem identificar os processos que apresentam mais problemas e a partir dai solucionar a questão, eliminando a hipótese de surgirem mais situações do género (Zeithaml, 2009). Efetivamente, os clientes podem tolerar uma falha mas dificilmente aceitarão duas situações (Michel, Bowen & Johnston, 2009). Quando a empresa falha duas vezes com o mesmo cliente existe a tendência de considerar que o problema é algo interno à organização e à sua estrutura. Neste caso, o esforço de recuperação tem de ser muito superior (Maxham III & Netemeyer, 2002) 8- Aprender com clientes perdidos - É, também, essencial aprender com os clientes perdidos, ou seja, analisar os motivos de esses clientes terem abandonado a marca através de pesquisas de mercado. Apesar de não ser fácil para as empresas elaborar este tipo de pesquisas, é essencial para que as falhas que ocorreram com os clientes que decidiram abandonar a marca não voltem a repetir-se. Esta pesquisa não deve ser realizada a todos os clientes mas só aqueles que são mais importantes ou mais rentáveis (Zeithaml, 2009). 54 IV. O ESTÁGIO: DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES DESEMPENHADAS O estágio foi desenvolvido na área de Marketing da empresa Ascendi. O objetivo fundamental do mesmo foi a Gestão de Reclamações, tendo de avaliar o impacto do serviço ao cliente, na imagem da Ascendi. A área de conhecimento principal, onde o tema a desenvolver se insere, é a de Marketing de Serviços. Ao longo do estágio foram-me atribuídas diferentes funções, no departamento de Marketing. Inicialmente, as principais funções desempenhadas estavam relacionadas com a gestão de reclamações, cujo desempenho implicava a utilização do sistema CRM (Customer Relationship Management) inserido em SAP. Numa fase posterior, foi-me atribuída também a função de análise da forma como estavam a ser realizados os inquéritos de satisfação ao cliente bem como, definir uma nova metodologia dos mesmos. 4.1. Gestão de reclamações No que diz respeito à gestão de reclamações trata-se de uma área que envolve vários departamentos da organização, sendo que o Departamento de Marketing tem um papel especialmente relevante. O processo de gestão de reclamações envolve a receção, o registo, análise e resposta às mesmas. A receção das reclamações traduz-se no acolhimento de contactos de clientes, o que pode ser feito através de: site (no formulário online), CAM (no livro de reclamações), sede (com cartas), entre outros. O registo das reclamações é realizado internamente, pelo Centro de Gestão Documental, que recebe as reclamações através de email, formulário online, carta, livro de reclamações, entre outros meios e que dá entrada em sistema CRM ou SIGA 6. O serviço responsável ao dar entrada das reclamações tem de preencher uma série de campos relativos à proveniência da mesma (tipo de cliente), dados sobre o cliente, 6 O sistema SIGA consiste num sistema informático que permite o armazenamento de todos os documentos que estão em posse da Ascendi. Assim, todas as reclamações, cartas e afins, quando chegam em formato papel são digitalizadas e introduzidas neste sistema. O SIGA tem interação direta com CRM, fornecendo ao mesmo todos os documentos necessários para a análise da reclamação. 55 canal de entrada e classifica-la de acordo com o assunto exposto. É essencial que a classificação das reclamações seja bem realizada, uma vez que vai determinar o departamento para o qual o sistema CRM reencaminha a mesma. Segue-se a análise da reclamação pelo departamento competente de acordo com o assunto exposto e é reunida toda a informação necessária para a resposta. Em cada departamento existe um conjunto de pessoas responsáveis pela verificação, em CRM, das reclamações existentes sob a sua responsabilidade, que procedem à análise das mesmas na tentativa de perceber a falha que ocorreu no serviço. A resposta é dada pelo departamento responsável pela reclamação e enviada ao cliente. O departamento de Marketing é responsável pela análise e resposta de um conjunto de reclamações cuja temática está relacionada com o departamento, isto é, todas as reclamações que estão tipificadas como: - Serviço – Atendimento ou Tempo de Espera – relacionado com reclamações sobre atendimento e tempo de espera; - Tipificação Múltipla – reclamações que abrangem mais do que um assunto a ser tratado, de diferentes áreas responsáveis; - Sinalização – reclamações sobre sinalização que não se enquadram nos parâmetros normais de sinalização vertical, horizontal ou de portagem; - Ambiente – relacionado com questões ambientais que não são dirigidas ao departamento competente; - Congestionamento – assuntos de congestionamento que não sejam os comuns; - Outras Concessões – relacionado com reclamações dirigidas à Ascendi erradamente, já que se referem a Concessões não exploradas pela empresa em questão. 7 - Sem fundamento – reclamações onde a questão do cliente não é exposta ou onde não são fornecidos os dados necessários para que o mesmo obtenha uma resposta; - Pedidos meios de prova. 7 Entretanto retirada da responsabilidade do Gabinete de Marketing. 56 Para além destes assuntos, o Departamento é também responsável por todas as reclamações cujo cliente são as Estradas de Portugal, a entidade reguladora INIR e Associações de Defesa do Consumidor (como a DECO). As atividades desenvolvidas durante o estágio envolveram a utilização diária de SAP-CRM. Assim, diariamente, eram executadas as seguintes tarefas, inseridas em dois grandes grupos: análise e resposta a reclamações. 4.1.1. Análise de reclamações Em todos os processos de reclamação atribuídos, pelo sistema CRM, ao gabinete de Marketing, eram verificados os status: “novo”, “a aguardar dados adicionais”, “dados não recebidos”, “dados recebidos” e “em análise”. Desta forma, era possível identificar as novas reclamações, aquelas que se encontravam “a aguardar dados adicionais” por parte do cliente (percebendo-se também se existiu alguma evolução nestes processos), bem como as que passaram a “dados recebidos” com a chegada da informação por parte do cliente. Os processos com o status “novo” deveriam ser impressos e verificar-se se o assunto em causa dizia respeito ao departamento de Marketing ou a um outro departamento tal como: Direção de Portagens, Direção de Operação e Manutenção ou Direção de Engenharia. No primeiro caso, o passo seguinte era refletir sobre a resposta a dar ao cliente para que a falha no serviço fosse resolvida da melhor forma possível. No segundo caso, em que as reclamações eram relativas a outros departamentos cabia também ao Gabinete de Marketing geri-las quando as entidades reclamantes eram a EP, o INIR ou a DECO. Assim, nestes casos era necessário efetuar um PPI (Pedido de Parecer Interno) em CRM, que consistia na solicitação de um parecer sobre a reclamação ao departamento a que ela se dirigia. 8 Neste caso, era também necessário enviar um email para a pessoa encarregada pela gestão de reclamações no departamento em 8 Este passo permite que o departamento a quem a reclamação é transmitida possa verificar em sistema os pareceres em falta, bem como extrair relatórios que permitam avaliar os pareceres pendentes. 57 causa, alertando para existência de uma reclamação, em sistema, e apelando à rápida e pronta resolução da mesma. Os processos com status de “dados recebidos” deviam ser encaminhados para a área correspondente para que a resposta dada por esta tivesse já em atenção os novos elementos. Por outro lado, nas reclamações com categoria de “reincidências” (que se verificam quando o cliente reincide porque ainda não obteve uma resposta da empresa) atribuídas ao Gabinete de Marketing era necessário avaliar se existia realmente uma “reincidência”. No caso de não ser uma “reincidência”, estando mal classificada, era necessário pedir à gestão documental para a introduzir de novo bem como colocar nota do pedido de entrada de processo em CRM. Se estivesse bem classificada era então processada a análise do conteúdo e, quando necessário enviado email para a área reforçando a necessidade de resposta a PPI urgente. 4.1.2. Resposta Após o parecer interno ser dado, quando o mesmo era relativo a assuntos da Direção de Portagens e Direção de Engenharia era necessário: juntar a proposta de resposta ao processo, concluir PPI e fornecer toda esta informação ao colega do gabinete Marketing, responsável por este tipo de resposta. As respostas por parte da Direção de Operação e Manutenção eram da minha responsabilidade e como tal, logo que a proposta de resposta era enviada, pelo departamento, era concluído o PPI em sistema e lido todo o processo no sentido de perceber se a proposta de resposta ia de encontro à questão do cliente e se o restituía ou não do incómodo causado. Assim, posteriormente, expunha a situação a um dos supervisores a este nível, de forma a obter aprovação da minha conclusão sobre o processo e resposta a fornecer ao cliente. No momento em que a aprovação era obtida, o email enviado pela área com a sua proposta de resposta era colocado no sistema SIGA, de forma a ficar com um registo. Finalmente, era enviada a resposta ao cliente por email, ou carta. A resposta era dada pelo sistema CRM, o que permitia ficar com o registo em sistema da mesma. Caso existissem respostas da Direção de Operação e Manutenção, sob a minha responsabilidade, para o INIR era necessário preparar o processo e enviar à Dra. 58 Susete Pires. Para tal, com recurso ao sistema CRM, preparava um email interno com indicação de um link que fornecia toda a informação sobre a reclamação, e adicionalmente colocava a proposta de resposta enviada pela área. Este procedimento acontecia pelo facto de, à data do estágio, por decisão superior as respostas a esta entidade serem dadas pela Diretora do Gabinete de Marketing. As respostas relativas a processos de reclamação das Concessões de Pinhal Interior e Douro Interior eram necessariamente introduzidas numa plataforma online para o efeito. Assim, era elaborado um email com uma proposta de resposta, de acordo com as indicações dadas no parecer interno, para que o colaborador do gabinete responsável pela introdução das respostas na referida plataforma pudesse fazê-lo. É ainda importante referir que existiram situações em que o Gabinete de Marketing, após análise da resposta dada pela área competente, concluiu que a mesma não era a mais indicada e não ia de encontro às questões do cliente. Neste casos, era realizado um email de contestação de resposta com todos os pontos de desacordo. Estes emails de contestação eram, em grande parte, realizados pelo colaborador do Gabinete de Marketing com quem trabalhava diretamente, estando eu também envolvida em todo o processo. 4.1.3. Controlo Durante a minha permanência na Ascendi surgiu a necessidade de implementar um procedimento que permitisse ao departamento ter uma noção clara dos PPI’s em atraso por parte de outros gabinetes. Esta necessidade resultou do facto de existirem bastantes reincidências dos clientes, por falta de resposta por parte da Ascendi e de existir uma necessidade de responsabilizar os departamentos pelos seus atrasos. Desta forma, semanalmente, eram retirados do sistema CRM todos os PPI’s, por área, que ainda aguardavam resposta pela área competente. Esta ação era possível pelo facto de o sistema permitir, através de uma busca, exportar para excel uma lista de todos os PPI’s em processamento, ou seja a espera de resposta, por área (Direção de Portagens, Direção de Operação e Manutenção e Direção de Engenharia) 59 Depois de obter o ficheiro em excel era necessário ordenar o tipo de cliente por cor, definindo assim a ordem de importância de resposta, sendo que o INIR era colocado a vermelho, a EP colocado a laranja e, por fim, as Associações de Defesa do Consumidor eram colocadas a laranja mais claro. Este sistema de cores tinha como objetivo que as respostas mais importantes fossem priorizadas, uma vez que se as reclamações já tinham sido efetuadas a estas entidades isso significava que a recuperação de falha tinha de ser realizada da forma mais rápida possível, pois o cliente sentia-se deveras lesado. Como forma adicional de controlo, era confirmado se a lista retirada em CRM correspondia às listas retiradas na semana anterior menos aquilo que tinha sido respondido durante a semana. Desta forma, era evitada a perda do follow up de algum PPI por erro de sistema ou humano. Por exemplo, o erro podia surgir se algum PPI fosse dado como concluído em sistema sem realmente estar, o que faria com que o mesmo não aparecesse na lista em CRM. Por fim, a tabela extraída de CRM era enviada por email para a área correspondente, de forma a relembrar todos os processos que aguardavam ainda uma resposta. 4.2. Estudo de satisfação de clientes Ao longo do estágio foi também objeto do mesmo a análise de inquéritos realizados aos clientes, no sentido de auscultar a sua satisfação com o serviço Ascendi. Os inquéritos realizados continham perguntas de escolha múltipla, bem como questões em que o cliente tinha de numerar determinadas opções, de acordo com a sua preferência. No início do inquérito era realizado um conjunto de perguntas que tinham como objetivo perceber se a pessoa inquirida era utilizadora das vias Ascendi ou não, sendo que isso determinava a continuação ou conclusão do inquérito. Todo este processo de inquéritos e análise do resultado dos mesmos é acompanhado por uma empresa contratada pela Ascendi, especialista neste tipo de estudos. Durante o meu estágio realizado na Ascendi estava a ser realizada uma nova vaga de inquéritos de satisfação de clientes. 60 Neste contexto, foi-me concedida a oportunidade de me descolar até à empresa encarregada de realizar os inquéritos telefónicos, juntamente com uma colaboradora do gabinete, no sentido de apurarmos se os mesmos estavam a ser realizados da forma correta, ou seja, sem que o cliente fosse direcionado para uma determinada resposta e com a paciência necessária para casos em que as pessoas não percebessem as perguntas colocadas. Após esta deslocação foi-me dada a indicação de que a Ascendi estaria a ponderar a alteração da forma como os inquéritos eram realizados e por isso gostariam que eu redigisse um relatório em que: - Efetuasse um enquadramento daquilo que era realizado atualmente na Ascendi; - Desse a conhecer e compreender as variáveis de maior impacto na satisfação e na perceção da imagem da Ascendi, através dos resultados dos inquéritos, cujos resultados entretanto chegaram; - Realizasse um Benchmark, obtendo informação sobre medição de nível de satisfação por parte de outras concessionárias de autoestradas; - Identificasse, teoricamente, as diferentes metodologias existentes, para a medição deste indicador, aplicáveis no negócio da Ascendi; - Elaborasse um resumo sobre o diagnóstico atual. O quadro resumo das Concessionárias estudadas pode ser observado através do Anexo VII. Em relação à aplicação das propostas apresentadas no relatório, efetivamente, o estágio terminou antes da decisão final das mudanças a implementar apesar de as mesmas terem sido discutidas. 4.2.1. Avaliação da pesquisa efetuada pela Ascendi 4.2.1.1. Enquadramento De acordo com o observado no relatório de Satisfação de Clientes, relativo a inquéritos realizados durante o mês de Outubro de 2011, podemos concluir que os fatores considerados mais importantes pelos utilizadores Ascendi são, por ordem decrescente: a qualidade do pavimento, o conforto ou a comodidade, a acessibilidade e 61 a segurança. O nível de satisfação dos clientes, em relação a estes fatores, é sempre acima dos 7,0 sendo o mínimo de 7,1 (qualidade do pavimento) e o máximo de 7,6 (o conforto ou comodidade). É importante ainda referir a questão da eficácia na resolução de reclamações em que, segundo os resultados, a importância atribuída é muito diminuta para os clientes Ascendi e a sua satisfação em relação a este ponto é média. Este facto, levanos a crer que os clientes entrevistados nunca tiveram uma situação de reclamação ou que, no caso de ter existido, esta foi bem recuperada pela Ascendi. O fator preço não pode também deixar de ser referenciado. A importância atribuída a este ponto é mais uma vez abaixo daquilo que é considerado a média mas, significativamente, acima da questão descrita anteriormente das reclamações. Seria de esperar que esta importância fosse um pouco maior mas no entanto, a satisfação com o preço é bastante baixa, o que está de acordo com a conjuntura atual. Ao efetuar o acompanhamento diário das exposições atribuídas ao GM (Gabinete de Marketing) bem como, a elaboração das respetivas respostas foram detetadas algumas situações importantes de serem assinaladas: − Por vezes, as respostas a exposições possuem um vocabulário demasiado técnico o que pode dificultar perceção do cliente no que diz respeito à informação enviada pela Ascendi; − A existência de respostas elaboradas por parte da Ascendi que não respondem diretamente aquilo que é pedido pelo cliente. Já existiram situações em que o cliente se queixa, numa reabertura, de que a resposta enviada é uma resposta tipo template e que não responde a todas as suas questões; − Após leitura de algumas exposições podemos verificar a existência de casos em que a resposta aos clientes não é de acordo com aquilo que é transmitido pelos mesmos. 4.2.1.2. Benchmark No seguimento da elaboração do relatório de satisfação de clientes, descrito acima, foi-me pedido que realizasse um Benchmark. Desta forma, seria possível obter informação sobre as formas utilizadas na medição de nível de satisfação dos clientes e 62 as empresas de estudos de satisfação com quem as outras concessionárias de autoestradas trabalham. Assim, recolhi informação sobre as principais concessionárias Nacionais e Internacionais, de acordo com a orientação da Dra. Susete Pires. Neste contexto, julgo ser apenas pertinente apontar os estudos realizados por cada uma das concessionárias analisadas, sem grandes desenvolvimentos no que diz respeito às empresas com quem as mesmas colaboram. • Nacionais Brisa De acordo com o relatório de sustentabilidade da empresa, do ano de 2010, é realizado um estudo de avaliação da satisfação dos clientes (MI-Care) (Brisa, 2010). A Brisa em conjunto com a empresa Mercuri Internacional desenvolveu um processo de monitorização da satisfação dos clientes. A base deste programa são inquéritos, sendo que o questionário foi desenvolvido para ser realizado pelo call-center da Brisa, constituídos por nove partes:” caracterização da amostra; rapidez de deslocação; conforto, segurança, qualidade do atendimento; qualidade dos serviços disponíveis na autoestrada; qualidade da informação disponibilizada, custo de utilização e posicionamento da Brisa”. (Brisa, 2010, p.87). É ainda importante referir que, segundo o relatório de sustentabilidade da empresa, a Mercuri Internacional deixou de operar em Portugal e, por isso, a Brisa iniciou no ano de 2010 a colaboração com a empresa 3A Consultores, que incorporou as competências até aqui detidas pela Mercuri. Em 2010, devido as mudanças sofridas na organização, o estudo de satisfação de clientes não foi realizado mas no entanto, estão a ser estudadas novas abordagens ao mesmo com concretização em 2011. É também referida, no decorrer do relatório, a existência de inquéritos de satisfação realizados com uma periocidade mensal sendo o principal objetivo a implementação de melhorias nos canais de atendimento: linha azul de assistência e informação, assistência rodoviária e lojas (Janeiro a Agosto, neste caso) (Brisa, 2010). Estes estudos mensais são realizados numa parceria entre a Brisa O&M e a Via Verde. “A metodologia utilizada é a realização de inquéritos mensais de satisfação a mais de 250 utilizadores do n.º azul, a cerca de 200 utilizadores da linha de apoio da via 63 verde, a mais de 100 clientes assistidos pela assistência rodoviária da Brisa e mais de 400 clientes Via Verde” (Brisa,2010, p.88). Em 2010 os resultados relativos as três variáveis acima definidas 9 são, numa escala de 1 a 4, acima dos 3,0 sendo que as lojas são as que apresentam uma média de satisfação mais baixa (3,25) e a assistência rodoviária uma média mais alta (3,63) (Brisa, 2010). Por fim, é ainda explicitado a presença de uma monitorização semestral de realizada pela Brisa O&M, desde de 2010. Assim, a empresa referida realiza o estudo às Concessionárias às quais presta serviços: Brisa, Brisal, AEDL (Autoestradas do Douro Litoral), AEBT (Autoestradas do Baixo Tejo), AELO (Autoestradas Litoral Oeste) e TDM (Túnel do Marão). Os resultados relativos ao 1.º semestre de 2010, numa escala de 1 a 4, foram de 3,6 a nível global da empresa. No que diz respeito ao desempenho de cada serviço a média foi de 3,57. Scutvias De acordo com o relatório de contas, de 2008, disponibilizado no site da Concessionária Scutvias, podemos afirmar que existe uma tentativa constante de melhorar a qualidade de serviço prestado junto dos utentes. É ainda referido que para que tal seja possível existe um esforço no sentido de “garantir um maior apoio e proximidade face aos utentes” “através da rede de comunicações existente”: equipas móveis (funcionamento 24 horas/dia, durante 365 dias/ano), postos S.O.S. e painéis de mensagem variável. (Scutvias, 2008) Assim, não é feita qualquer referência à realização de estudos à satisfação de clientes. Euroscut; Norscut;Lusoponte;Autoestradas XXI Estas Concessionárias não contêm qualquer informação sobre a existência de estudos na área da satisfação dos clientes. É ainda importante referir que não possuem, disponibilizado no seu site, o relatório de contas para consulta. 9 Linha azul de assistência e informação, assistência rodoviária e lojas 64 INIR – Instituto de Infraestruturas Rodoviárias O relatório de reclamações de 2010 não faz referência a qualquer avaliação de satisfação do utente que tenha sido realizada, sendo que ao longo de todo o documento o foco são as reclamações efetuadas a cada Concessionária e as respetivas tipificações, entre outros. Logo, podemos concluir que não foi realizado nenhum estudo na área no ano de 2010 ou então que o mesmo não foi divulgado. No entanto, no relatório de reclamações de 2009 podemos observar o estudo “Avaliação da Satisfação do Utente de Infraestruturas Rodoviárias em Portugal, promovido pelo INIR e concluído em 2009, teve como objetivo principal a avaliação do uso e da perceção da qualidade dos serviços de Infraestruturas Rodoviárias em Portugal por parte dos utentes, obtendo informações sobre os serviços prestados em Autoestradas, com e sem portagem. Esta iniciativa teve como objetivo principal auscultar as opiniões e recomendações dos utentes” (INIR, 2009, p.76). Desta forma, a amostra do estudo foi construída “de modo a assegurar a representatividade para cada Autoestrada, concessionária, tipo de via (com e sem portagem), tipo de utilizador (veículos ligeiros e pesados), por dia da semana e ainda por período do dia” (INIR, 2009, p.76). Assim, foram realizadas “3007 entrevistas entre os dias 27 de Novembro de 2008 e 3 de Janeiro de 2009” (INIR, 2009, p.76). As entrevistas foram concretizadas em 100 locais de inquérito localizados em “60 áreas de serviço a condutores de veículos ligeiros e pesados utentes das auto estradas com e sem portagem” (INIR, 2009, p.84), em Autoestradas de Portugal Continental, e postos de abastecimento localizados nas saídas das mesmas. “Estas foram assistidas por computador e suportadas pelo sistema CAPI (Computer Administered Personal Interviewing)” (INIR, 2009, p.76). O modelo utilizado é constituído “por catorze dimensões determinantes do Índice de Satisfação e por uma dimensão consequente deste índice, a Lealdade” (INIR, 2009, p.76). As catorze dimensões são: lealdade, área de abastecimento, área de serviço, serviço de desempanagem, satisfação, sinalização, informação, imagem da concessionária, fiabilidade do percurso, estado do pavimento, equipamentos de segurança, gestão de obras, preço apercebido e tratamento de reclamações. “Analisando os impactos diretos entre as dimensões do modelo estrutural pode verificar-se que as dimensões Estado do Pavimento, Fiabilidade do Percurso e Imagem 65 da Concessionária são as que apresentam um maior impacto na Satisfação, enquanto a Satisfação e a Área de Serviço são as que maior impacto têm na Lealdade” (INIR, 2009, p.77). • Internacionais • Concessionárias Francesas APPR e AREA De acordo com o site da APPR, Concessionária Francesa, foi possível concluir que existe um elevado nível de satisfação dos clientes. A Concessionária realizou um estudo, por telefone, a 1000 clientes da Liber-t que circulam nas suas vias rodoviárias, independentemente do seu perfil. O nível de satisfação dos clientes foi avaliado em três dimensões diferentes: no serviço da via de pagamento, no serviço de subscrição e no serviço ao cliente. Os resultados do estudo permitiram concluir que a classificação geral foi de 8,3 em 10 (APPR, 2012). Estas vias têm também a possibilidade de os utilizadores passarem sem parar na portagem, sendo que os mesmos atribuíram a classificação de 9 em 10 a este serviço e referiram que esperam ver este serviço desenvolvido. O serviço de subscrição ao identificador é também considerado como sendo de alto nível pelos clientes, com entregas em 72 horas. Por fim, a qualidade no serviço ao cliente obteve, também, bons resultados mas foi considerado que a informação disponível no site na área de apoio ao cliente é incompleta (APPR, 2012). Por fim, é dada a indicação de que este estudo será repetido anualmente e será realizado um plano de ação de melhorias através dos seus resultados. O objetivo é o aumento da satisfação do cliente (APPR, 2012). Cofiroute, ASF e ESCOTA De acordo com o relatório de atividades de 2010, a Concessionária refere que o conceito Vinci estrada surgiu da necessidade de alinhar e desenvolver os serviços oferecidos aos clientes das redes ASF, Cofiroute e Escota (Autoroutes Vinci, 2010). A política praticada pela empresa tem como base Charte VINCI Autoroutes, que permite aos clientes usufruírem da mesma qualidade de serviço ao longo dos 4310 km de Autoestrada. Esta carta é acompanhada de 66 indicadores que permitem aferir se os compromissos assumidos pela mesma estão de acordo com o serviço que está a ser efetivamente prestado ao cliente, e qual o nível de satisfação dos clientes em relação a este. A carta, que surgiu em 2009 e cuja implementação continuou ao longo de 2010, enumera os serviços oferecidos, acolhe os clientes, informa e auxilia os mesmos oferecendo as melhores condições de segurança e conforto (Autoroutes Vinci, 2010). Na carta acima referida consta: - “que deve ser dada informação relativa às vias, em tempo real, em locais como o site, a rádio própria e nos painéis sobre: o trafego nas vias; previsões de tráfego; distúrbios ocasionais; tempo de viagem para os principais destinos; - a existência de uma limitação de trabalhos nos períodos de elevado tráfego bem como uma tentativa continua de implementar soluções inovadoras que respeitem o meio ambiente e permitam uma maior fluidez do tráfego; - o compromisso de, para poupar tempo do utilizador, a existência de vias de pagamento sem paragem e reservar aos seus assinantes pelo menos uma faixa, nas principais barreiras; - a questão de assistência 24 horas e de ser prestada ajuda em 30 minutos após a chamada do cliente através de um terminal laranja SOS; - as equipas de operadores da linha de apoio ao cliente disponíveis 24 horas; - uma boa manutenção das Autoestradas para que as deslocações sejam realizadas numa superfície segura e confortável” (Autoroutes Vinci, 2010, p.44). - entre outros. De acordo com o relatório disponibilizado no site, o índice de satisfação dos clientes é de 7,7 em 10 (Autoroutes Vinci, 2010). ATMB No site da Concessionária é referido que, desde de 2008, todos os anos é realizado um estudo sobre a qualidade do serviço. Em 2010, o índice de satisfação global dos clientes era de 89%. Este valor foi inferido de um estudo de satisfação realizado a 500 clientes. As características consideradas mais importantes pelos inquiridos foram: segurança, economia de tempo, manutenção das vias e qualidade de atendimento. No caso desta concessionária, foi também definida uma carta de 67 compromissos onde se inserem os temas considerados importantes para os clientes (ATBM, 2012) SANEF/SAPN Têm questionários no site, de escolha múltipla, sobre a opinião dos clientes. Neste caso, a pergunta realizada é sobre aquilo que os utilizadores preferem usufruir quando param numa área de repouso sem área de serviço: boas casas de banho, espaços verdes, calma ou nunca param quando não há estação de serviço (SANEF/SAPN, 2012). • Concessionárias Espanholas Abertis Ao consultar o relatório de atividades de 2010 da Abertis podemos afirmar que, de acordo com os estudos realizados pela Concessionária, o nível de satisfação dos clientes situa-se nos 7,15 em 10 pontos (Abertis, 2010). O estudo é realizado anualmente e tem como objetivo aferir o nível de conhecimento dos clientes sobre os diferentes serviços oferecidos, grau de satisfação e a qualidade percebida em cada um deles (Abertis, 2010). As áreas questionadas estão relacionadas com: o contacto com a empresa, o trajeto da Autoestrada, a passagem pelas portagens, a experiencia nas áreas de serviço e outros serviços como a e-factura, a Via-T ou o e-recibo. O intuito é perceber os pontos a melhorar ao longo do ano (Abertis, 2010). Os serviços mais valorizados pelos clientes foram: a Via-T, o serviço de informação de trânsito presente no site autopistas.com, as medidas de segurança da Autoestrada e a e-fatura (Abertis, 2010). ACEGA No site da Concessionária mal se abre a página principal parece uma caixa que pergunta se queremos participar num estudo de satisfação. Neste estudo é questionado a opinião sobre diversos aspetos da Concessionária. Mais uma vez o objetivo é perceber quais as características mais valorizadas pelos clientes de forma a melhorar cada vez mais os serviços prestados. As questões são as seguintes: é um utilizador habitual ou não; se há sinalização para acessos, saídas e para serviços da 68 Autoestrada; avaliar o grau de satisfação da segurança rodoviária nas Autoestradas das Concessionária (alto, médio, baixo, nc); o estado de conservação da via (bom, regular, mau, nc); avaliar a clareza da sinalização das vias da cobrança de portagem; serviço prestado no momento de cobrança de portagem (bom, podia melhorar, mau);avaliar conhecimento da Via-T ou tele-pagamento; já recorreu ao site para esclarecer dúvidas (Acega, 2012). Não foi encontrado nenhum relatório de atividades ou outras formas de aferir a satisfação de clientes. Autema No site da Concessionária existe um questionário no espaço reservado a atendimento a clientes. É referido que o objetivo do questionário é perceber até que ponto os serviços prestados foram de encontro às expectativas dos clientes (Autema, 2012). Inicialmente é questionado se o cliente é regular, se sabe que a portagem tem uma redução de 45% em dias úteis e por fim, se sabe que em determinados horários pode ter uma redução na tarifa até 50%. Depois é pedido ao cliente que ordene de acordo com a importância os seguintes pontos: segurança, velocidade, qualidade do serviço em relação ao preço, sinalização, condições das estradas, assistência mecânica, tratamento nas portagens e mais acessos com portagem (Autema, 2012). Autopista del Sol A Concessionária Autopista del Sol tem, também, disponível um questionário online na área de clientes. O questionário consistem em: perguntar se é utilizador da Autoestrada em questão (ocasional ou não usa); perguntar se o utilizador acha que a via em questão é uma boa alternativa a uma outra (sim ou não); perceber se o cliente tem conhecimentos das opções de pagamento existentes? (dinheiro (sim ou não), cartão de crédito (sim ou não) ou dispositivo); questionar quais os meios de pagamento utilizados na Autoestrada? (dinheiro, cartão ou dispositivo); avaliar os seguintes aspetos (muito mal, mal, regular, bem e muito bem): segurança, rapidez, qualidade de serviço, sinalização, estradas, assistência mecânica, tratamento na portagem e acessos à portagem. De seguida é pedido que se numere de um a oito (em 69 que 1 é o mais importante e 8 o menos) os aspetos anteriormente mencionados (Autopista del Sol, 2012). AP1 – Europistas A Concessionária AP-1 EUROPE oferece aos seus utilizadores a possibilidade de, através do site, responderem a um questionário de forma a que seja possível uma melhoria continua dos serviços. As questões abordadas estão relacionadas com: frequência na utilização das estradas (mais de 5 viagens por mês, de 1 a 5 viagens por mês, menos de uma viagem por mês), que meio de pagamento considera melhor (dinheiro, cartão e tele-pagamento), qual o máximo tempo de espera que considera razoável nas portagens, em condições normais (5 minutos, 2 minutos e menos de 2 minutos), média de alguns aspetos na AP-1 (segurança, rapidez, qualidade de serviço, sinalização, condições das estradas, assistência rodoviária, áreas de serviço e tratamento dos colaboradores da Concessionária) em mau, regular, bom, ou muito bom; como foi atendido quando pediu informações (mal, regular, bem, muito bem); em caso de existir algum incidente nas vias como considera a informação colocada nos painéis fixos e de mensagem variável (mal, regular, bem, muito bem); opinião das áreas de serviços (mal, regular, bem, muito bem). Por fim, no final do inquérito existe uma pergunta de resposta aberta em que se pede para o cliente indicar qualquer reclamação ou sugestão (AP1- Europistas, 2012). • Concessionária Brasileiras CCR AutoBan A satisfação dos utilizadores “com os serviços prestados pela CCR é constantemente monitorizada e avaliada, e os resultados influenciam a estratégia de atendimento e as melhorias a implementar em cada concessionária”. A última avaliação, realizada em 2010 pelo Instituto DataFolha, revelou bons resultados na satisfação geral dos utilizadores nas concessionárias CCR NovaDutra e CCR ViaLagos, cujos valores são de 74% e 60%, respetivamente, mas indicou queda em outras concessões, com médias entre 53% (CCR Ponte) e 65% (CCR RodoAnel e CCR AutoBAn) (CCR AutoBan, 2010, Satisfação). 70 CONCEPA De acordo com o relatório anual de 2010, existe o “Conselho de Clientes” que é um grupo, de utilizadores da via, que participa no sentido de sugerir melhorias aos serviços da Concessionária. A dinâmica consiste num trabalho de três meses para cada grupo, que integra as seguintes actividades: uma visita à via, uma reunião com os directores de área e um encontro final com o Director da empresa. As sugestões são avaliadas e, se consideradas pertinentes, encaminhadas para o departamento responsável para posterior execução. Para participar nestes grupos basta entrar em contato com o atendimento, através do telefone, ou pelo e-mail e fazer a inscrição (Concepa, 2010). CONCER A Concer mede anualmente o índice de satisfação dos utilizadores da BR-040 “através de pesquisa de campo”, realizada em diferentes pontos da via. No levantamento mais recente, 900 condutores, de diferentes perfis, foram entrevistados sobre as condições da via e os serviços prestados pela Concessionária” (Anexo VIII) (Concer,2010, p.60). A empresa que realiza este projeto é a SINERGIA. ECORODOVIAS O estudo de satisfação aos utilizadores, realizado desde 2002, é realizado com o objetivo de avaliar a performance das empresas da EcoRodovias. Em 2010, os públicos questionados foram os condutores “de veículos comerciais e de passeio, homens e mulheres de diferentes faixas etárias e nível escolar”, que circularam pelas concessões geridas pelo Grupo (Ecorodovias, 2010, p. 84). Os utilizadores deram a sua opinião em relação “à sinalização e segurança nas vias, controlo de operação e tráfego, limpeza, visibilidade, estado do pavimento das estradas, serviço de comunicação e informação, facilidade e rapidez no pagamento das portagens, fiscalização, entre outros aspetos” (Ecorodovias, 2010, p. 84). Os resultados dos estudos refletem a constante monitorização de “indicadores baseados nos itens citados anteriormente” e afirmam “a qualidade dos serviços prestados pela EcoRodovias” (Ecorodovias, 2010, p. 84). 71 “A concessionária Ecocataratas passou a utilizar o mesmo método de pesquisa do Grupo, apresentando um resultado inferior ao do ano anterior e da meta prevista” (Ecorodovias, 2010, p. 84). Ilustração 4 - Avaliação na Concessionária Ecorodovias. Fonte: http://ri.ecorodovias.com.br/ecorodovias/web/arquivos/Ecorodovias_RA_2010.pdf RENOVIAS O estudo realizado pela empresa Somar, nas cinco vias que compõem a concessão da Renovias, “aponta que 90% dos entrevistados, entre condutores de automóveis e camiões, avaliaram a concessionária como ótima e boa na prestação de serviços. Entre os dias 24 e 30 de Outubro foram entrevistados 460 condutores que utilizam as vias e formadores de opinião” (Renovias, 2012, 1/12/2011). Questões sobre pavimento e sinalização foram as melhoras classificadas, entre outros aspetos que foram avaliados (Renovias, 2012). “Entre os itens avaliados está segurança da via, que foi aprovada por 90% dos entrevistados. Dos clientes que utilizaram os serviços oferecidos pela concessionária: o 72 guincho tem 86% de aprovação e 90% dos condutores mostram-se satisfeitos com o atendimento médico” (Renovias, 2012, 1/12/2011). Outro dado relevante do estudo é a aprovação dos condutores, tanto de carros, como de camiões, sobre a cobrança de portagem. “Quando questionados se vale a pena pagar a portagem, 80% dos condutores de automóveis dizem que sim e 92% dos camionistas aprovam o pagamento. Isto mostra que o utilizador está satisfeito, já que sabe que o dinheiro arrecadado está a ser investido em melhorias” (Renovias, 2012, 1/12/2011). ROTA 116 A concessionária possui um tab com o nome “pesquisa de satisfação” em que existe um formulário web para os clientes responderem (Anexo IV) (Rota 116, 2012). VIAPAR O estudo, realizado pela JGV Pesquisas de Mercado e Opinião, de Maringá, entrevistou 1.720 pessoas que circulavam pelas diversas vias da empresa no final de 2010 (Viapar, 2012). Das pessoas questionadas, “77,4% conduziam veículos leves, 18% camiões e 4,6% motociclos. A pesquisa permitiu obter um maior conhecimento sobre os utilizadores das vias, como por exemplo “o grande predomínio do sexo masculino, com apenas 10,3% dos condutores, escolhidos de forma aleatória ao passar por postos de fiscalização da Polícia Rodoviária, eram mulheres. Entre os entrevistados, 57,6% tinham idade entre 26 e 45 anos e 29% entre 46 e 60 anos. Mais de 60% afirmaram percorrer as vias praticamente todos os dias” (Viapar, 2012, Pesquisa de Satisfação). A pesquisa concluiu que 90% dos inquiridos classificaram a sinalização como “boa” e “excelente”, bem como a limpeza das vias. Foram também avaliados os serviços oferecidos, tais como: apoio a clientes, assistência mecânica com guincho e atendimento médico pré-hospitalar) (Viapar, 2012). Um dos pontos questionados permitiu aferir que 74,4% das pessoas consideram que a portagem “trouxe benefícios, relacionado com o bom estado de conservação e manutenção das vias (35,3%), segurança na condução (19%), o atendimento prestado aos condutores na via (13%), entre outros” (Viapar, 2012, Pesquisa de Satisfação). 73 • Concessionária Italiana Autostrade De acordo com o site da empresa, as pesquisas são realizadas através de “entrevistas telefónicas com uma amostra de 3.600 clientes”. Os clientes questionados são utilizadores frequentes, ocasionais ou por motivos profissionais e camionistas (Autostrade, 2012, Clienti). 4.2.1.3 Síntese dos resultados De acordo com o quadro resumo (Anexo VII) podemos concluir que existe uma enorme variedade de metodologias utilizadas, pelas Concessionárias analisadas, de acordo com a informação disponível: 1- Inquéritos telefónicos – Utilizados por uma Concessionária Portuguesa, uma Concessionária Francesa e uma Concessionária Italiana; 2- Inquéritos realizados na via (áreas de serviço, postos de abastecimento nas saídas das Autoestradas) – Utilizados por uma Concessionaria Portuguesa e cinco Brasileiras; 3- Inquéritos realizados no site - Utilizados por uma Concessionaria Francesa, quatro Concessionárias Espanholas e uma Concessionária Brasileira; 4- Estudo através de grupo de utilizadores (Painel) - Utilizados por uma Concessionaria Brasileira. • Caso Ascendi • Métodos Inquéritos por telefone Este tipo de inquérito é o realizado atualmente. Foi detetado em anos anteriores que este sistema podia não ser o mais eficiente, devido: à pouca verificação 74 dos supervisores dos inquéritos realizados, a alguma dificuldade dos interlocutores em perceberem a mensagem, entre outros aspetos. No entanto, este ano, com a mudança da empresa que realiza os inquéritos, verificou-se uma melhoria significativa e uma maior fiabilidade na amostra recolhida durante a visita efetuada à mesma. Inquéritos face a face Os inquéritos face a face poderiam ser aplicados da mesma forma que foram implementados pelo INIR e outras Concessionarias: em áreas de serviço, postos de abastecimento nas saídas das Autoestradas ou através de desvio de trânsito por entidades de fiscalização. O custo deste tipo de questionário caracteriza-se por ser bastante elevado. Por outro lado, é necessário garantir o máximo profissionalismo de quem realiza as entrevistas já que exige experiência por parte do entrevistador que deve ser: honesto, objetivo, neutro e de fácil comunicação. O entrevistador não deve conduzir as respostas do cliente ou deixar que a sua boa ou má disposição influencie a sua ação. Inquéritos realizados no site A Ascendi possui no site um questionário com pouca percentagem de respostas. Este questionário está inserido no tab “Viaje connosco”. Uma forma de contornar a questão poderia passar por criar um tab exclusivo para esse efeito (como “estudo de satisfação”). Por outro lado pode ser criada uma situação, similar a outras concessionárias em estudo, em que o cliente ao abrir o site aparece imediatamente um “balão” a perguntar se o mesmo quer responder ao questionário com a hipótese de recusar. Painel A criação de um painel de utilizadores das vias Ascendi para perceber que melhorias implementar é uma opção a ser estudada. A utilização de uma dinâmica do género da aplicada pela concessionária Concepa (que consiste: “num trabalho de três meses para cada grupo, que integra as seguintes atividades: uma visita à via, uma reunião com os Diretores de área e um encontro final com o Diretor da empresa. As sugestões são avaliadas e, se consideradas pertinentes, encaminhadas para o departamento responsável para posterior execução”) pode não ser eficaz no contexto 75 atual. Esta situação talvez fosse mais interessante num momento em que a situação das ex-scuts esteja mais estabilizada. No caso de ser implementado, a escolha das pessoas a integrar o painel teria de ser realizada de forma muito criteriosa sendo que as informações obtidas com este estudo nunca podem ser generalizadas. Inquéritos postais Na situação da Ascendi seria fácil fazer chegar aos clientes o inquérito, por carta, sem qualquer necessidade de custo adicional, através das notificações. No entanto, considero que não seria benéfico enviar um inquérito numa situação em que o cliente fica incomodado e que pode enviesar totalmente as suas respostas. • Aspetos avaliados Ao longo da realização do relatório, foram avaliados alguns aspetos que poderiam permitir uma avaliação da satisfação dos clientes ainda mais completa e credível: 1- Abranger a loja em futuros estudos com a avaliação dos seguintes aspetos: apresentação do colaborador, disponibilidade para informações, cordialidade, eficácia na resolução do problema, tempo de atendimento e tempo de espera. Os aspetos a avaliar são um “mix” entre o que é avaliado para os portageiros e assistência em viagem; 2- Incluir opinião sobre o serviço prestado nas áreas de serviço mais aprofundado; 3- Acrescentar, no momento em que se fala das portagens ou criar um item próprio, uma questão para avaliar a clareza da sinalização das vias de cobrança. Considero que esta questão tem alguma importância já que alguns clientes se queixam deste item. Assim, seria possível perceber se este ponto é comum a muitos utilizadores ou não. • Escalas utilizadas Na Ascendi, maioritariamente, é utilizada uma escala de 1 a 10, que me parece adequada de acordo com as escalas utilizadas por outras concessionárias que também são numéricas. No entanto no questionário online a escala é de 1 a 7. Apesar de existirem diferentes opiniões sobre o facto de a escala ser par ou impar considero que neste tipo de questionário, de satisfação, o mais indicado seria escalas pares para que 76 os inquiridos não tenham a tendência de optar pela resposta intermédia que não compromete. No caso de optar por este tipo de escala deve ser criado uma opção de “sem opinião”. Na questão do tempo de atendimento poderia ser colocada uma questão de escolha múltipla do género: até 10 min, entre 10 min e 30 min, entre 30 e 45 min, mais de 45 min porque o que é considerado muito pouco tempo é bastante relativo e depende de pessoa para pessoa. Por isso julgo que com uma resposta deste género seria mais fácil avaliar a eficácia do serviço. 4.3. Outras atividades Durante o estágio foram ainda realizadas outras atividades de menor relevância para o tema e que ocuparam pouco tempo face às acima referidas. No entanto, gostaria de referir a oportunidade que me foi dada de participação na campanha de higiene e segurança no trabalho, realizada pela Ascendi, junto dos trabalhadores da construção civil, no sentido de evitar acidentes e consciencializar para os perigos existentes. Esta participação permitiu a deslocação à Concessão do Douro Interior, ainda em obras de construção. Desta forma, foi possível obter uma melhor perceção do negócio na área mais operacional o que, do meu ponto de vista, permitiu também uma melhor realização das minhas tarefas ao percecionar algumas das limitações e potencialidades do negócio. Por outro lado, dei também algum apoio nos relatórios entregues à EP e entidade reguladora, mas de forma muito residual. 77 V. CONCLUSÕES De acordo com Gronroos (1988) a prestação de um serviço é um fenómeno complexo e como tal, é essencial que a mesma o melhor impacto possível no cliente e consequentemente na marca. No estágio realizado na Ascendi foi percecionada a constante tentativa de prestar um serviço ao cliente sempre de melhor qualidade. A empresa, com a introdução do pagamento das scuts no final do ano de 2010, assistiu a grandes mudanças no comportamento do cliente, traduzidas num aumento exponencial do número de reclamações. Desta forma, foi necessária toda uma adaptação à nova realidade. De acordo com Smith, Bolton e Wagner (1999), os clientes ficam mais insatisfeitos com uma falha no processo do que com uma falha no resultado final. Assim, o esforço da Ascendi, no sentido de melhorar os seus processos e recursos no que toca ao serviço ao cliente foi absolutamente fundamental. A introdução e reforço de recursos existentes tais como: a possibilidade de reclamação online, call-center e loja Ascendi foram algumas das medidas tomadas neste sentido. Assim, a Ascendi reforçou a gestão de reclamações de forma a recuperar das falhas da melhor forma possível. As principais reclamações feitas à Ascendi estão relacionadas principalmente com acidentes na via, má sinalização, questões de cobrança, entre outras. No que diz respeito às estratégias de recuperação de serviço, a Ascendi adota algumas das medidas defendidas pelos diferentes autores estudados. Existe a intenção de encorajar e identificar reclamações através de inquéritos de satisfação em relação ao serviço, página online onde as reclamações podem ser efetuadas, bem como o callcenter disponível das 9 às 21, em dias úteis e das 9:30 às 18:30 aos Sábados. Por outro lado, tem sido realizado um esforço no sentido de agir rapidamente perante a reclamação, sendo que todos os clientes recebem uma resposta automática sempre que a sua reclamação é colocada em sistema. Nesta resposta consta o número atribuído ao processo, bem como a indicação de que o mesmo está a ser analisado. No entanto, é importante referir que, apesar de todas estas medidas para tornar o processo cada vez mais eficiente e da formação dos colaboradores nesse sentido, o tempo de resposta aos clientes ainda não se encontra no nível desejado. Ao longo do 78 trabalho realizado pelo departamento de Marketing, na resposta a reclamações, existiu sempre um esforço no sentido de dar explicações adequadas e personalizadas ao cliente, de acordo com aquela que era a sua questão. Por fim, a vontade de estabelecer relações com os clientes levou à introdução do sistema CRM na Ascendi o que foi absolutamente fundamental para o tratamento mais célere do enorme volume de reclamações existentes. Apesar de este processo precisar de claras melhorias, ao longo do estágio realizado notei o esforço realizado no sentido de melhorar a prestação de serviço e uma resposta rápida e profissional a todos os clientes. Por outro lado, estavam a ser desenvolvidas todas as potencialidades do sistema tais como: a extração de relatórios com informações dos clientes, uteis não só para o marketing como também para outras áreas da organização bem como, relatórios com tempos de resposta a cliente por área (de forma a avaliar a performance por área), entre outros. No que diz respeito à satisfação dos clientes a empresa utiliza, essencialmente, os métodos de: cliente mistério e inquéritos de satisfação. O primeiro método consiste numa avaliação às equipas Ascendi sendo que várias funções são analisadas, no atendimento telefónico e presencial, através de metodologias de observação da performance dos colaboradores. O segundo método inclui perguntas de escolha múltipla realizadas telefonicamente, sendo que no início do inquérito são colocadas questões no sentido de perceber se o indivíduo é cliente Ascendi, sendo este ponto essencial para a continuação do inquérito. São avaliadas questões relacionadas com: conhecimento da marca, qualidade das vias, assistência em viagem e praças de portagem. No caso da Ascendi, seria interessante efetuar estudos de incidentes críticos de forma a aprender e perceber cada vez mais os erros cometidos. Em conclusão, apesar de a minha observação e experiência se terem vocacionado mais para as reclamações que eram encaminhadas para o departamento de Marketing, percecionei que algumas respostas dadas aos clientes eram demasiado técnicas ou que não respondiam de forma direta à questão colocada. Assim, considero que apesar de todo o esforço que está a ser realizado, é necessário dar mais formação aos colaboradores responsáveis pelas respostas e atendimento ao cliente, no sentido de se adaptarem melhor a situações fora do “standard”. É também necessária uma maior celeridade nas respostas e restabelecimento de falha ao cliente, nomeadamente quando se trata de casos de restituição monetária, que por vezes pode ser demorada devido aos processos administrativos inerentes. 79 A Ascendi demonstrou uma enorme capacidade de se adaptar às novas características de negócio com uma, cada vez maior, flexibilização e otimização dos processos, algo que pude observar no departamento de Marketing onde exerci funções. Por fim, como qualquer estudo, a presente pesquisa apresenta algumas limitações que podem ser ultrapassadas no futuro. Assim, no que respeita às limitações e pesquisas futuras é essencial não deixar de referir que a curta duração do estágio não permitiu a observação dos resultados de algumas das mudanças implementadas na gestão de reclamações. Por outro lado, o facto de apenas ter contacto com as reclamações tratadas pelo departamento de Marketing fez com que a amostra de reclamações observada fosse limitada. No futuro é essencial que a Ascendi se concentre cada vez mais na satisfação do cliente e na implementação de mecanismos de controlo de respostas as reclamações fazendo uma verificação aleatória das respostas dadas por diferentes áreas e diferentes pessoas. 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abertis. 2010. Relatório de atividades e solidariedade a 31 de Dezembro de 2010. Disponível em www.sanefgroupe.com/swf/rapport_2010-internet/index.htm#/. Acega. 2012. Disponível em www.acega.es/ (2012/02/01). Andreassen, W. 2001. From Disgust to Delight: Do Customers Hold a Grudge?. Journal of Services Research, 4, n.º 1: 39-49. AP1- Europistas. 2012. Encuesta para el usuario. Disponível em www.ap1europistas.es/ (2012/02/01). APPR. 2012. Actualités. Disponível em www.aprr.fr/fr/actualites/exclusivitesclients-satisfaits-par-liber-t?page=3 (2012/02/01). Ascendi. 2011. História. Disponível em www.ascendi.pt (2011/07/12) ATMB. 2012. L’ entreprise ATMB. 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New York: McGraw-Hil 85 ANEXOS 86 Anexo I Ilustração 5 - Rede Ascendi em Novembro de 2011 - Fonte: Ascendi 87 Anexo II Ilustração 6 - Serviços Ascendi – Fonte: Elaboração Própria 88 Anexo III Ilustração 7- Esquema de macro-processos da Ascendi - Fonte: Elaboração Própria 89 Anexo IV Ilustração 8 - Organigrama Ascendi - Fonte: Ascendi Anexo V Descrição Dados N.º total de colaboradores 570 N.º de colaboradores (sede -Perafita) 102 Operador Principal de Portagem 80 Operador de Portagem 186 Oficial de Assistência e Vigilância (OAV) 73 Operador de Centro de Controlo de Tráfego 33 Oficial de Conservação 14 Auxiliar de Conservação 36 Tabela 2 - Número de colaboradores Ascendi em Novembro de 2011, Fonte: Elaboração Própria 90 Anexo VI Ilustração 9 - 5 lógicas de serviço Fonte: Gronroos, Service as business logic:implications for value creation and marketing 91 Anexo VII Concessionárias/Entidades Método utilizado Reguladoras Empresa Periocidade Aspectos avaliados Fornecedora Fonte a)Nacionais 1. Inquéritos (questionário foi desenvolvido para Estudo anual ser realizado pelo call-center da Brisa- não foi realizado no ano de 2010) 2. Parceria Via Verde e Brisa O&M com o Inquéritos mensais Até 2010-Mercuri Características da amostra; ter atividade em Portugal conforto; segurança; qualidade de Actualmente:3A atendimento; qualidade dos serviços objetivo de implementar melhorias nos canais de Consultores atendimento - linha azul de assistência e informação online – sem informação, assistência rodoviária e lojas - 1)Brisa Inquéritos: Internacional – deixou de rapidez na deslocação; Autoestrada; qualidade de informação disponibilizada; custo utilização; posicionamento realizados a mais de 250 utilizadores do n.º azul, Relatório de Sustentabilidade Brisa, 2010 a cerca de 200 utilizadores da linha de apoio da via verde, a mais de 100 clientes assistidos pela assistência rodoviária da Brisa e mais de 400 clientes Via Verde 3. (Brisa O&M desde 2010) para estudo de Monitorização avaliação de satisfação às concessionárias a quem semestral presta serviços: Brisa, Brisal, AEDL, AEBT, AELO,TDM. Existe uma tentativa constante de melhorar a 2)Scutvias http://www.scutvias.pt/ qualidade de serviço prestado junto dos utenteRelatório de contas de 2008 – não refere s/ informação disponível s/ informação disponível s/ informação disponível s/ informação disponível nenhum estudo que tenha sido realizado 3)Euroscut+Norscut+Lusopo n.a. nte+ Autoestradas XXI 92 dados/rc/RC2008/rc20 08_PORT.pdf Em 2010-nenhuma referência à realização de O modelo utilizado é constituído estudo de satisfação “por Em 2009-“Avaliação da Satisfação do Utente de determinantes do Índice de Satisfação Infraestruturas Rodoviárias em Portugal” – e por uma dimensão consequente Objetivo: avaliação do uso e da perceção da deste índice, a Lealdade” qualidade 14 Dimensões: Lealdade, área de dos serviços de Infraestruturas dimensões Rodoviárias por parte dos utentes. Amostra: abastecimento, construída a serviço de desempanagem, satisfação, Autoestrada, sinalização, informação, imagem da “de representatividade modo a para cada assegurar concessionária, tipo de via (com e sem 4)INIR catorze portagem), tipo de utilizador (veículos ligeiros e área concessionária, Estudo anual s/ informação disponível percurso, estado de serviço, fiabilidade do do pavimento, pesados), por dia da semana e ainda por período equipamentos de segurança, gestão do de dia”. 3007 entrevistas (27/11/2008 a 3/01/2009) Concretização: em 100 locais de obras, preço apercebido e http://www.inir.pt/port al/LinkClick.aspx?filetic ket=M6J7HlN0TOY% 3d&tabid=142&mid=5 46&language=pt-PT tratamento de reclamações. inquérito localizados em “60 áreas de serviço a condutores de veículos ligeiros e pesados utentes das Autoestradas com e sem portagem”, em Autoestradas de Portugal Continental, e postos de abastecimento localizados nas saídas das mesmas. “Estas foram assistidas por computador e suportadas pelo sistema CAPI” b)Francesas 1)APPR+AREA Em 2010 foi realizado um estudo, por telefone, a 3 Dimensões: serviço da via de 1000 clientes da Liber-t que circulam nas vias pagamento, serviço de subscrição e rodoviárias, independentemente do seu perfil. serviço ao cliente Este estudo é realizado anualmente e será Estudo anual s/ informação disponível http://www.aprr.fr/fr/a ctualites/exclusivitesclients-satisfaits-parliber-t?page=3 realizado um plano de ação de melhorias através dos seus resultados. 93 Na carta consta que deve: -ser dada informação relativa às vias, em tempo real, em locais como o site, a rádio própria e nos painéis sobre: o trafego nas vias; previsões de tráfego; distúrbios ocasionais; tempo de viagem para os principais destinos; Em 2010, a Concessionária diz que o conceito -existir uma limitação de trabalhos Charte VINCI Autoroutes surgiu para alinhar os nos períodos de elevado tráfego bem serviços oferecidos aos clientes das redes ASF, como uma tentativa continua de Cofiroute e Escota. implementar soluções inovadoras que Este conceito permite aos clientes usufruírem da respeitem mesma qualidade de serviço ao longo dos 4310 2)Arcour – km de Autoestrada. Esta carta possui Cofiroute+ASF+Escota indicadores que permitem aferir se os Estudo anual s/ informação disponível o meio ambiente e permitam uma maior fluidez do http://publi.vinci.com/v tráfego; inci_autoroutes/vinci- -existir vias de pagamento sem autoroutes-rapport- seus activite-2010.pdf compromissos assumidos pela Concessionária paragem estão de acordo com o serviço que está a ser assinantes pelo menos uma faixa, nas efetivamente prestado ao cliente, e qual o nível vias principais; de satisfação dos clientes em relação a este. A -existir assistência 24 horas e ser carta: enumera os serviços oferecidos, acolhe os prestada ajuda 30 minutos após a clientes, informa e auxilia os mesmos. chamada do cliente através de um e reservar aos terminal laranja SOS; -existir equipas de operadores da linha de apoio ao cliente disponíveis 24 horas; -haver uma boa manutenção das Autoestradas; -entre outros. 94 No site é referido que, desde de 2008, todos os 3)ATMB anos é realizado um estudo sobre a qualidade do serviço. Em 2010, o estudo de satisfação foi Estudo anual s/ informação disponível realizado a 500 clientes. Algumas das segurança, economia características: tempo, http://www.atmb.com/ manutenção das vias e qualidade de atmb/fr/entreprise/45/l atendimento. Foi também definida -entreprise- uma carta de compromissos onde se atmb/service-clients inserem os temas de considerados importantes para os clientes. Atualmente, a pergunta realizada é sobre aquilo que os utilizadores Têm questionários no site, de escolha múltipla, 4)Sanef+Sapn preferem sobre a opinião dos clientes cujo tema deve ser s/ informação disponível rotativo. usufruir quando param numa área de repouso sem área de http://www.sanef.com/ serviço: boas casas de banho, espaços verdes, calma ou nunca param quando não há estação de serviço. c)Espanholas As áreas questionadas estão relacionadas com: o contacto com a empresa, o trajeto da Autoestrada, a No relatório de atividades de 2010 da Abertis é 1)Abertis referida a elaboração de estudos pela Estudo anual Concessionária. s/informação disponível passagem pelas portagens, a experiencia nas áreas de serviço e outros serviços como a e-factura, a Via-T ou o e-recibo. 95 http://www.sanefgroup e.com/swf/rapport_20 10internet/index.htm#/ As questões são as seguintes: é um utilizador habitual ou não; se há sinalização para acessos, saídas e para serviços da Autoestrada; avaliar o grau No site, no momento em que se abre a página satisfação da nas segurança Autoestradas das Concessionária (alto, médio, baixo); o principal, parece uma caixa que pergunta se 2)Acega de rodoviária queremos participar num estudo de satisfação. s/informação disponível Nesse estudo é questionado a opinião sobre estado de conservação da via (bom, regular, mau); avaliar a clareza da http://www.acega.es/ sinalização das vias da cobrança de diversos aspetos da Concessionária. portagem; serviço prestado no momento de cobrança de portagem (bom, podia melhorar, mau);avaliar conhecimento da Via-T ou telepagamento; já recorreu ao site para esclarecer dúvidas. Inicialmente é questionado se o cliente é regular, se sabe que a portagem tem uma redução de 45% em dias úteis e por fim, se sabe que em determinados horários pode ter No site da Concessionária existe um 3)Autema uma redução na tarifa até 50%. questionário no espaço reservado a atendimento s/informação disponível a clientes. Depois é pedido ao cliente que m/atencio-a- ordene de acordo com a importância lusuari/questionari- os seguintes pontos: segurança, rapidez, qualidade do serviço em relação ao preço, sinalização, condições das estradas, assistência mecânica, tratamento nas portagens e acessos à portagem. 96 http://www.autema.co dopinio/ O questionário perguntar se consistem é utilizador em: da Autoestrada em questão (ocasional ou não usa); perguntar se o utilizador acha que a via em questão é uma boa alternativa a uma outra (sim ou não); perceber se o conhecimentos cliente das tem opções de pagamento existentes (dinheiro (sim ou não), cartão de crédito (sim ou não) ou dispositivo); questionar quais 4)Autopista del Sol Disponível um questionário online na área de s/informação disponível clientes. os meios de pagamento utilizados na Autoestrada? (dinheiro, cartão ou dispositivo); avaliar os seguintes aspectos (muito mal, mal, regular, bem e muito rapidez, bem): qualidade sinalização, estradas, de segurança, serviço, assistência mecânica, tratamento na portagem e acessos à portagem. De seguida é pedido que se numere de um a oito (em que 1 é o mais importante e 8 o menos) os aspectos anteriormente mencionados. 97 http://www.autopistad elsol.com/ausol1esp/questionnaire.php A frequência na utilização das estradas (mais de 5 viagens por mês, de 1 a 5 viagens por mês, menos de uma viagem por mês), que meio de pagamento considera melhor (dinheiro, cartão e tele-pagamento), qual o máximo tempo de espera que considera razoável nas portagens, em condições normais (5 minutos, 2 minutos e menos de 2 minutos), média de alguns aspectos na AP-1 (segurança, rapidez, qualidade de serviço, sinalização, condições das A Concessionária AP-1 EUROPE oferece aos 5)AP1- Europistas estradas, assistência rodoviária, áreas seus utilizadores a possibilidade de, através do s/informação disponível site, responderem a um questionário. de serviço e tratamento dos colaboradores da Concessionária) em mau, regular, bom, ou muito bom; como foi atendido quando pediu informações (mal, regular, bem, muito bem); em caso de existir algum incidente nas vias como considera a informação colocada nos painéis fixos e de mensagem variável (mal, regular, bem, muito bem); opinião sobre as áreas de serviço (mal, regular, bem, muito bem). No final existe uma pergunta de resposta aberta em que se pede para o cliente indicar qualquer reclamação ou sugestão. 98 http://www.ap1europis tas.es/ d)Brasileiras Nas Concessionárias: Instituto DataFolha (pelo Avaliação, realizada em 2010, sobre a satisfação site a conclusão é que só geral dos utilizadores das concessionárias do fazem trabalhos no Brasil) sustentabilidade CCR No metro: grupo. 1)CCR Autoban Relatório de Nota: É referido que, com o início das Estudo anual Ibope (Instituto Brasileiro operações do metro, foi realizada uma pesquisa de entre os dias 31 de agosto e 1 de Setembro nas Estatística - o IBOPE é estações Paulista e Faria Lima. uma das maiores empresas Opinião Pública s/informação disponível e 2010 – http://www.grupoccr.c om.br/ri2010/satisfaca o.html de pesquisa de mercado da América Latina) Existe o “Conselho” que é um grupo, de utilizadores da via, que participa no sentido de sugerir melhorias aos serviços da Concessionária. A dinâmica consiste num trabalho de três meses 2)Concepa para cada grupo, que integra as seguintes Trabalho de três actividades: uma visita à via, uma reunião com os meses para cada Directores de área e um encontro final com o grupo – Director da empresa. As sugestões são avaliadas provavelmente mais e, se consideradas pertinentes, encaminhadas do que 1 vez por ano para o departamento responsável para posterior execução. Para participar nestes grupos basta entrar em contato como atendimento, através do telefone, ou pelo e-mail, e fazer a inscrição para os próximos grupos. 99 http://www.concepa.c s/informação disponível n.a. om.br/relatorioanual.asp SINERGIA -Research & Intelligence (Rio & São Paulo) O objetivo é oferecer um posicionamento inovador na área de Research & Inteligence, importante para o processo de decisão dos clientes, antes, durante e depois da realização dos projetos. -preparados para atuar com recursos próprios em trabalho de campo bem A Concer mede anualmente o índice de como, satisfação dos utilizadores da BR-040 através de pontos da via. No levantamento mais recente, para realizar o processamento e pesquisa de campo, realizada em diferentes 3)Concer preparados análise, Estudo anual tanto qualitativa na área como na 900 condutores, de diferentes perfis, foram quantitativa. entrevistados sobre as condições da via e os -Realizam estudos junto a serviços prestados. consumidores finais ou na área B2B. -experiência internacional em coordenar e executar projectos, tanto para clientes finais como em parceria com agências de estudo de mercado. Possibilidade de realizar estudos através seguintes métodos: -Focus groups; 100 -Entrevistas pessoais; -Entrevistas telefónicas; -Estudos via internet. dos Questões presentes no relatório de actividades: escolaridade, estado Relatório anual 2010 civil, idade, satisfação com a central http://www.concer.co de atendimento e nível de satisfação m.br/portals/0/Relatori geral. Não existe informação sobre oAnual/2010/Relatorio que questões especificas que foram _Anual_Concer_2010. colocadas ou quais os aspectos pdf avaliados. O estudo de satisfação aos utilizadores, feito Sinalização e segurança nas vias, desde 2002, é concretizado com o objetivo de controlo de operação e tráfego, avaliar limpeza, a performance das empresas da estado do pavimento das estradas, serviço de foram os condutores de veículos comerciais e de comunicação e informação, facilidade passeio, homens e mulheres de diferentes faixas e etárias e escolaridade, que circularam pelas 4)Ecorodovias visibilidade, EcoRodovias. Em 2010, os públicos questionados concessões geridas pelo Grupo. Estudo anual s/informação disponível rapidez no pagamento das Relatório anual 2010 portagens, fiscalização, entre outros http://ri.ecorodovias.c aspetos. om.br/ecorodovias/we Os resultados dos estudos refletem a constante b/arquivos/Ecorodovia monitorização de indicadores baseados nos itens s_RA_2010.pdf citados anteriormente e afirmam a qualidade dos serviços prestados pela EcoRodovias. As diferentes concessionárias do grupo tiveram uma amostra entre as 600 (Ecopistas) e 940 (Ecovia) condutores. 5)Renovias Foram realizadas entrevistas, a condutores de Questões automóveis e camiões, nas cinco vias que sinalização, segurança da via, cobrança http://www.renovias.c compõem a concessão da Renovias. Entre os de portagem e serviço prestado: om.br/renovias/Portug dias 24 e 30 de Outubro foram entrevistados 460 condutores, que utilizam as vias, Estudo anual e formadores de opinião. Somar - s/informação sobre: como a utilização de guincho e ues/detNoticia.php?co atendimento médico. Existem outros dnoticia=452&nomAre aspetos que foram avaliados mas que a=&slink=5 não são referidos. 101 pavimento, Nome, morada, email, local de via, data de tempo de atendimento na atendimento, veiculo, espera (até 10 min, entre 10 min e 30 min, entre 30 e 45 min, mais de 45 min), como solicitou o atendimento A concessionária possui um tab com o nome 6)Rota 116 “pesquisa de satisfação” em que existe um s/informação disponível formulário web para os clientes responderem. (várias formas entre n.º de apoio, SOS, terceiros, outros recursos), http://www.rota116.co m.br/2009/index.php opinião sobre o colaborador (ótimo, bom, regular, mau + resposta aberta), ficou satisfeito com a prestação do serviço (sim ou não) e sugestão para melhoria dos serviços. Tipo de veículo (veículos leves, camiões e motociclos), perfil do utilizador (sexo, idade, frequência de utilização das vias), sinalização, limpeza das vias, recolha de reações sobre a implementação de portagem O estudo tem por base entrevistas efetuadas a 1.720 pessoas que circulavam pelas diversas vias 7)Viapar da empresa no final de 2010. Os entrevistados Estudo anual foram escolhidos de forma aleatória ao passarem por postos de fiscalização da Polícia Rodoviária. JGV Pesquisas de Mercado (foi referido pelos condutores que e Opinião – actua trouxe benefícios tais como: o bom localmente estado de conservação e manutenção das vias, segurança na condução e o atendimento condutores oferecidos: prestado na via) apoio e a aos serviços clientes, assistência mecânica com guincho e atendimento médico pré-hospitalar. e) Italianas 102 http://www.viapar.com .br/sobre-satisfacao As pesquisas são realizadas através de 1) Autostrade entrevistas telefónicas com uma amostra de http://www.autostrade Estudo anual 3.600 clientes: utilizadores frequentes, .it/sostenibilita/stk_eng .html?initPos=4#clienti ocasionais, por motivos profissionais e camionistas. Ilustração 10 - Resumo informação sobre medição de nível de satisfação por parte de outras concessionárias de Autoestradas. Fonte: Elaboração Própria 103 Anexo VIII Ilustração 11 - Relacionamento com clientes na Concer. http://www.concer.com.br/portals/0/RelatorioAnual/2010/Relatorio_Anual_Concer_2010.pdf 104 Fonte: Anexo IV Nome: Morada: Telefone: E-mail: Local do atendimento na via: Data de atendimento: Veiculo: Tempo de Espera: Como foi o atendimento: Como solicitou o atendimento: Opinião sobre o colaborador: Ficou satisfeito com a prestação do serviço: Dê a sua sugestão para a melhoria dos nossos serviços: Ilustração 12- Formulário web da Concessionária Rota 116. Fonte: http://www.rota116.com.br/2009/index.php 105