anais impresso ok - Centrinho
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anais impresso ok - Centrinho
curso de anomalias congênitas labiopalatais 38º módulo • 8 a 12/3/2004 ã A N A I S Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais PROMOÇÃO Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (Centrinho) Universidade de São Paulo José Alberto de Souza Freitas (Gastão) Superintendente do HRAC/USP COORDENAÇÃO COMISSÃO CIENTÍFICA NORMALIZAÇÃO TÉCNICA PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ORGANIZAÇÃO Leopoldino Capelozza Filho - Coordenador de Equipe William Saad Hossne - Coordenador Científico Inge Elly Kiemle Trindade - Comissão de Pós-Graduação Ana Márcia Crisci Bertone - Enfermagem Angela Patrícia Menezes Cardoso Martinelli - Pediatria Eloisa Aparecida Nelli - Fisioterapia Inge Elly Kiemle Trindade - Pós-Graduação Maria Cecília Muniz Pimentel - Psicologia Maria Cristina Zimermann - Fonoaudiologia Maria Inês Gândara Graciano - Serviço Social Omar Gabriel da Silva Filho - Odontologia Telma Vidotto de Sousa - Cirurgia Plástica Unidade de Ensino e Pesquisa • HRAC/USP Marisa Romangnolli Comunicação • HRAC/USP Eventos • HRAC/USP Rua Silvio Marchione, 3-20 • 17012-900 • Bauru - SP Telefone / Fax: (14) 3235-8437 / 3223-2100 e-mail: [email protected] FUNCRAF - Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Em prol da reabilitação integral Anualmente, temos a satisfação de receber colegas de diversas regiões do Brasil para dividir conhecimentos e trocar experiências. Assim ocorre agora, quando atingimos a 38ª edição do Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais. Ao longo de 37 anos de experiência nesta área, não poderia ser diferente: é preciso formar, cada vez mais, recursos humanos especializados no tratamento das anomalias craniofaciais para disseminar Brasil afora o processo ideal de reabilitação. Essa é, aliás, uma das missões de da equipe interdisciplinar do Centrinho/USP. Nesta oportunidade, agradecemos o empenho e a dedicação de cada participante na busca de conhecimentos especializados em prol de milhares de pessoas acometidas pelas malformações aqui discutidas. Para consolidar nossos objetivos, selecionamos nestes anais resumos científicos dos trabalhos apresentados, além da descrição da bibliografia recomendada. Boa leitura! Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Sumário No página CURSO Ciência e humanismo a favor do próximo BÁSICO Souza-Freitas........................................................................................................................... 5 O HRAC/USP e os programas de Serviço Social na equipe de reabilitação Graciano, Garcia, Custódio, Blattner, Souza-Freitas..................................................................... 12 Malformações congênitas labiopalatais etiologia e classificação das fissuras lábio-palatais Silva Filho................................................................................................................................. 24 Primeira experiência da descentralização - Subsede FUNCRAF Santo André-SP Freitas..................................................................................................................................... 25 Cirurgia craniofacial Palhares Neto........................................................................................................................... 27 Recursos odontológicos para reabilitação e correção dos problemas dentários, alveolares e esqueletais Gomide.................................................................................................................................... 27 Crescimento craniofacial do fissurado Capelozza Filho......................................................................................................................... 28 Distúrbios da comunicação do fissurado: atuação fonoaudiológica Zimmermann, Netto................................................................................................................. 31 Caracterização psicológica do fissurado labiopalatal Pimentel................................................................................................................................... 32 Aspectos clínicos do fissurado labiopalatal: pediatria, enfermagem, fisioterapia e nutrição Martinelli, Thomé, Nelli, Peres................................................................................................... 34 CURSOS Fonoaudiologia ESPECÍFICOS Fonoterapia para indivíduos com disfunção velofaríngea Gonçalves, Brandão.................................................................................................................. Intervenção fonoaudiológica a tempo com portadores de fissura de lábio e palato Leirião, Oliveira......................................................................................................................... Avaliação fonoarticulatória e audiológica do indivíduo com fissura labiopalatina Piazentin-Penna, Brega............................................................................................................. Avaliação velofaríngea Yamashita, Paes........................................................................................................................ Odontologia Periodontia e Prótese Devides, Lopes......................................................................................................................... A clínica geral no processo de reabilitação bucal dos pacientes portadores de fissura labiopalatal Nishiyama, Dekon, Godoy........................................................................................................ Atuação da odontopediatria dentro da reabilitação do paciente portador de fissura labiopalatal Gomide, Costa.......................................................................................................................... Atuação da ortodontia na reabilitação do paciente portador de fissura labiopalatal Cavassan.................................................................................................................................. 42 43 46 47 49 50 51 52 Prótese de Palato Pegoraro-Krook, Aferri ............................................................................................................. 54 Sindromologia (O Serviço de Genética Clínica no HRAC/USP) Guion-Almeida, Kokitsu-Nakata, Zechi-Ceide, Vendramini........................................................ 55 Fisiologia (Avaliação instrumental da fala, respiração e mastigação) Trindade, Trindade Junior, Sampaio, Fukushiro, Genaro, Yamashita........................................... 58 Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 curso básico Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Ciência e humanismo a favor da reabilitação e do próximo José Alberto de Souza Freitas (Gastão) (Superintendente HRAC/USP) Conviver com pacientes fissurados é um motivo de alegria e comoção, mas também significa conviver com a sombra do preconceito ao nosso redor. É contra isso - e em prol da igualdade de condições para o exercício da cidadania plena - que o Centrinho/USP (maior e mais prestigiado hospital público de reabilitação de anomalias cranio-faciais do Brasil) existe desde o final dos anos 60. Nossos indicadores demonstram que estamos no caminho certo, mas ainda há muito o que se avançar. Esse desafio (que é de todos nós!) nos faz lembrar o ano de 1978, quando da elaboração, defesa e aprovação da tese de doutorado do nosso ilustre professor Heli Benedito Brosco. Em seu brilhante trabalho - intitulado “Avaliação Estética Psicológica, Fonoaudiológica, Pedagógica e Social, de Portadores de Fenda Transforame Incisivo Unilateral” -, doutor Heli descreve: “Há séculos na civilização inca, era festejada a criança que nascesse com fenda no lábio superior. Tal anormalidade era tida como um ornamento dos mais valiosos e seus portadores exibiam com orgulho o `lábio de lebre´. Mas, ao que tudo indica, os incas constituem uma exceção, porquanto a grande maioria dos povos no decurso da história via as malformações físicas realmente como aleijões”. Com precisão, doutor Heli observa: “A pessoa portadora de um defeito físico sente-se `diferente´ das outras e isso cria um desejo de se isolar para não ser olhada, investigada. (...) Entre os adultos, o comportamento muda e pode transformar-se em falsa bondade, em um certo paternalismo que, da mesma forma, mostra a cada instante ao indivíduo marcado que ele é diferente dos outros”. Doutor Heli prossegue: “Ainda hoje, no conceito popular, persiste a injusta idéia de que `quando Deus marca alguém, alguma razão tem. Querem supor com tal sentença que os indivíduos portadores de deformidades físicas também são deformados moralmente. A crença sintetiza uma forma er- 5• Souza-Freitas Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 rônea de ver um fato real”. Para o Centrinho, só existe um fato real: o de que todos os portadores de necessidades especiais merecem respeito e amparo numa mesma proporção. É essa a luz que acaba com o preconceito em nosso hospital e ilumina nossos corações para avaliar e compreender com precisão o drama de cada paciente. Essa é a nossa sina e a nossa redenção. Localizado a 327 Km do coração de São Paulo, o HRAC/USP faz de Bauru uma cidade de mil faces. São mais de 60 mil pacientes vindos de todos os lugares do Brasil... É gente de Alagoas, Pará, Fortaleza, Acre, Sergipe, Roraima, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e muitas outras localidades do Brasil e, também, de outros países vizinhos. E não pense que essas pessoas vêm visitar voluntariamente a “Cidade Sem Limites" do oeste-paulista, elas vêm em busca do melhor tratamento aplicado na área de anomalias craniofaciais e deficiência auditiva. Elas vêm em busca da esperança de ver no rosto de seus filhos um sorriso perfeito e, no coração, a alegria de ouvir o cantar dos pássaros. A denominação genérica "fissura labiopalatal" engloba os defeitos anatômicos congênitos resultantes da falta de fusão entre os processos faciais embrionários e entre os processos palatinos. A cada 650 crianças nascidas, uma é fissurada. A fissura é conhecida clinicamente pela sua diversidade, que acarreta diversos problemas e de gravidades diferentes e, de certa forma, em protocolos distintos de tratamento. De um modo geral, o seu tratamento altamente especializado inicia-se Os pilares do tratamento cial • Fisioterapia • Nut Serviço So rição • Pe em • g a dag m r e og Enf ia Pediatria • salva Cirurgia • corrige Outras áreas • auxiliam o tratamento Corrige hábitos Reeduca fala Reabilita Medicina Fonoaudiologia Odontologia Atua na fase de crescimento e desenvolvimento Previne deficiências estéticas e fonéticas blica Psicologi a • Terapia Ocupac ional • Fisiologia • Saúde Pú Souza-Freitas • 6 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais precocemente e envolve inúmeras especialidades médicas, odontológicas e afins. Desde o primeiro contato com o HRAC/USP até a sua primeira cirurgia, o paciente fissurado percorre o seguinte caminho: • serviço de informações aos casos novos; • agendamento; • rotina de casos novos; • rotina de internação; • orientação e avaliação pré-operatória; e • cirurgia. Na primeira consulta é elaborado um plano de tratamento e marcada a data da primeira cirurgia. Nessa fase, o paciente entra em contato, pela primeira vez, com a equipe multidisciplinar do HRAC/USP. São feitas, então, a documentação fotográfica do paciente, a avaliação pela enfermeira, pelo clínico geral ou pediatra, pelo psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, nutricionista, geneticista, dentista e pelo cirurgião plástico. Além de oferecer atendimento especializado totalmente gratuito, o HRAC/USP dá ao paciente, que muitas vezes não tem dinheiro nem mesmo para pagar um simples exame, a oportunidade de se reabilitar completamente, pro meio de uma equipe altamente qualificada. O tratamento multidisciplinar das fissuras do lábio e/ou palato baseia-se na odontologia, tendo como ponto de equilíbrio a atuação da medicina e fonoaudiologia, funcionando ainda como fiel da balança a atuação conjunta das demais especialidades. A estética facial é baseada na trilogia osso + dente + cirurgia, obtendo-se a reabilitação estético-funcional ideal com a atuação integrada da equipe. Medicina: O paciente do HRAC/USP tem problemas complexos e por isso necessita de um atendimento também complexo, que exige uma equipe ampla formada por diversos especialistas. Na verdade, o HRAC/USP é um Hospital especializado em anomalias craniofaciais que presta atendimento em todas as áreas necessárias para uma reabilitação total. Assim, clínico geral, pediatra, otorrinolaringologista, cirurgião plástico, geneticista e anestesista trabalham integrados com o objetivo de dar ao paciente o melhor tratamento da área. A equipe médica conta com outros profissionais da área da saúde, impres7• Souza-Freitas Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 cindíveis para a completa reabilitação do paciente, tais como: enfermeiros, nutricionistas, fisiologistas, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, recreacionistas, pedagogos etc. Todos com uma participação fundamental no tratamento. Odontologia: O Serviço de Odontologia do HRAC/USP tem como finalidade primordial prestar atendimento odontológico em todas as especialidades necessárias para o tratamento completo do paciente com anomalias craniofaciais. A maioria dos pacientes chega ao Hospital com poucos meses de vida e passa por um tratamento longo, que dura, muitas vezes, mais de 18 anos. Assim, o paciente passa por um profundo e delicado processo de reabilitação. Inicialmente, são verificadas as condições bucais para que o paciente possa sofrer cirurgias e numa segunda etapa, chamada reabilitadora, os pais são orientados sobre todo o processo de crescimento, uso de aparelho e recebem, também, orientação prévia sobre a ausência de dentes no local da fenda e todos os outros problemas que podem ser acarretados na criança em virtude da fissura. Fonoaudiologia: O tratamento fonoaudiológico é essencial tanto para pacientes portadores de fissura labiopalatal como para pacientes com deficiência auditiva. Por esta razão, esta é uma área que faz parte do pilar do tratamento no HRAC/USP. Seja para tratar da voz nasalizada dos fissurados, avaliar a audição ou os distúrbios orais e da escrita de uma criança, há sempre uma fonoaudióloga por trás dos bons resultados apresentados por pacientes do HRAC/USP. São várias equipes que atuam no Hospital. Há uma equipe dentro do HRAC/USP, no ambulatório, que dá atendimento aos pacientes da área de fissura labiopalatal; uma equipe que atua no CEDAU; uma que atua no CPA e outra que atua no CEDALVI. Além disso, há os atendimentos descentralizados que contam com os serviços de fonoaudiólogas estagiárias. Pedagogia: A pedagogia é fundamental para o tratamento do paciente do HRAC/USP por estar preocupada com o seu desenvolvimento global, atuando nos aspectos sociais, cognitivos, afetivos, físicos e acadêmicos. Numa perspectiva oralista, o trabalho pedagógico ganha importância particular para a reabilitação e habilitação da criança deficiente auditiva, pois, além de favorecer o desenvolvimento global, tem como objetivo integrar a audição na vida do paciSouza-Freitas • 8 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais ente, o que facilita a comunicação oral e supera as dificuldades impostas pela surdez. Uma (e)terna luta contra o silêncio O HRAC/USP tem se especializado, a cada ano, nos problemas da audição por saber que o universo de deficientes auditivos no Brasil não é pequeno, segundo estimativas, a cada 1.000 nascimentos 3 são de crianças com problemas auditivos. E o pior é que na maioria dos casos a família do deficiente não tem condições financeiras de arcar com um tratamento especializado. É uma dura realidade, como quase tudo o que se refere à saúde brasileira, mas com iniciativa e um corpo profissional qualificado é possível reverter este quadro. Desde 1987, a legião de deficientes auditivos conta com um novo endereço para atendimento: o HRAC/USP de Bauru, que com o apoio da Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais - FUNCRAF e do Fundo Nacional de Saúde, passou a concentrar sua atenção aos portadores de deficiência auditiva. Os programas desenvolvidos visam prevenir, educar, reabilitar e habilitar por meio de adaptações, cirurgias, acompanhamento foniátrico, psicológico, fonoaudiológico e outras atividades terapêuticas. Para amparar o complexo tratamento desenvolvido nesta área, o HRAC/USP conta com quatro unidades específicas: CPA, CEDAU, CEDALVI e NIRH. Os pilares do tratamento • Serviço Social • Nutrição • Pedag agem ogia m r e Enf Otorrino • diagnostica, trata e encaminha para outras especialidades Corrige hábitos, reeduca a fala e reabilita Fonoaudiologia Medicina Pedagogia Atua no aprendizado e alfabetização (alfabetizar para ler, compreender e falar) 9• blica Psicologia • Ter apia O cupacional • Saúde Pú Souza-Freitas Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 O tratamento multidisciplinar da deficiência auditiva baseia-se na pedagogia, tendo como ponto de equilíbrio a atuação da medicina e fonoaudiologia, funcionando ainda como fiel da balança a atuação conjunta das demais especialidades. O objetivo é reabilitar e reintegrar o paciente à sociedade. CPA – Centro de Pesquisas Audiológicas: Uma série de programas define os trabalhos do CPA, segundo o objetivo de oferecer tratamento especializado aos portadores de deficiência auditiva, entre os quais, sobressaem os programas de implantes ou de apoio aos implantes, com destaque para o implante coclear multicanal que, em junho de 2001, conquistou uma importante marca: o 200º implante coclear. Segundo Dr. Orozimbo Alves Costa Filho, otologista do HRAC/USP e professor livre-docente do Curso de Fonoaudiologia da FOB/USP, esse é o maior número de implantes cocleares em uma única Instituição da América Latina. O CPA, também, colabora com a pesquisa e a formação de recursos humanos do HRAC/USP. Como um laboratório de pesquisas do Hospital e da FUNCRAF, desenvolve estudos essenciais para a aplicação de novos tratamentos, como CD-Rom, artigos e Cadernos de Audiologia. CEDALVI - Centro de Atendimento aos Distúrbios da Audição, Linguagem e Visão: É um programa que visa identificar o diagnóstico da deficiência auditiva, a partir da realização de triagens, avaliações e exames específicos; seleção e adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Além disso, o CEDALVI reabilita a criança deficiente auditiva por meio de terapias fonoaudiológicas. O CEDALVI também faz avaliação global e orientação aos pacientes e seus familiares quanto a sua saúde física e mental e seus estados emocionais, sociais e educacionais. Hoje, o CEDALVI conta com mais de 19 mil pacientes matriculados. CEDAU - Centro Educacional do Deficiente Auditivo: Programa educacional voltado às crianças de 2 a 12 anos, portadoras de deficiência auditiva, de Bauru e região. Nele atuam pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais afins, que desenvolvem um trabalho em equipe com a finalidade de facilitar o relacionamento da criança na escola. Para tanto, o CEDAU oferece acompanhamento educacional complementar a escola regular e tem a preocupação de desenvolver as habilidades da criança, a partir da estimulação de sua linguagem oral e de sua função auditiva. Souza-Freitas • 10 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais NIRH - Núcleo Integrado de Reabilitação e Habilitação: Programa educacional voltado aos deficientes auditivos que encontram dificuldade na aquisição de linguagem oral, utilizando como recurso o ensino de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, alternativa preconizada pelo Ministério da Educação. O programa estende sua atuação para pais, familiares e professores da rede pública e privada, interessados em desenvolver essa alternativa de comunicação com deficientes auditivos. Além do ensino de LIBRAS, o NIRH capacita e treina profissionalmente os pacientes do HRAC/USP e, em parceria com empresas de Bauru, promove a inserção dos educandos no mercado de trabalho. Casa Caracol reproduz ambiente doméstico: Programa originado a partir da filosofia de atendimentos do CPA, a idéia da Casa Caracol surgiu da necessidade de haver uma situação que reproduzisse o ambiente familiar, em que as famílias possam experimentar as situações cotidianas. Nela, os pais e pacientes vivenciam as experiências em todas as dependências (sala, quarto, cozinha e banheiro). Os pais experimentam as sensações junto com o filho, e auxiliam em seu desenvolvimento emocional e cognitivo. O programa atende crianças de até 3 anos de idade, portadoras de deficiência auditiva de todo o Brasil e crianças do programa de implante coclear, de zero a doze anos, com o objetivo maior de minimizar o impacto desta deficiência junto à família. 11 • Souza-Freitas Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 O HRAC/USP e os programas de Serviço Social na equipe de reabilitação Maria Inês Gândara Graciano (Diretora Técnica do Serviço Social HRAC/USP) Regina Célia Meira Garcia (Assistente Social) Silvana Aparecida Maziero Custódio (Assistente Social) Soraia Helena Bomfim Blattner (Assistente Social) José Alberto de Souza Freitas (Superintendente HRAC/USP) PARTE I - Quem somos, quantos somos e o que fazemos Em seus 37 anos de existência, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), conhecido carinhosamente como Centrinho, construiu uma história de lutas e conquistas, com destaque a alguns acontecimentos marcantes nesta breve retrospectiva histórica: • Desenvolvimento, em 1966, da pesquisa “Contribuições para o Estudo e Tratamento de Malformações Congênitas Lábio-Palatais na População Escolar de Bauru” (NAGEM FILHO, MORAES, ROCHA, 1968), obtendo como resultado a incidência de um portador de fissura para 650 nascimentos. • Fundação do Centro de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais (CPRLLP) por 07 docentes da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP), em 1967, como um centro interdepartamental desta Faculdade. • Inauguração da sede própria do CPRLLP (1973). • Transformação do CPRLLP em unidade hospitalar autônoma com o nome de Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais (HPRLLP), destacado como “Centro de Excelência” pelo Ministério da Saúde (1976). • Primeiro convênio entre USP/HPRLLP e Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais - FUNCRAF (1985). • Ampliação do atendimento a outras patologias e criação do Centro de Atendimento aos Distúrbios da Audição, Linguagem e Visão - CEDALVI (1987). • Transformação do HPRLLP em Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) em virtude da ampliação de seu campo de atividade (1998). · No início da década 90 foram criados o Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA), o Centro Educacional do Deficiente Auditivo (CEDAU) e o Núcleo Integrado de Reabilitação e Habilitação (NIRH). • Em 1996, o HRAC implanta os Cursos de Pós Graduação “lato sensu” (especialização). E, em 1999, o HRAC/USP passa a oferecer os cursos “stricto Graciano et al • 12 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais sensu” (mestrado e doutorado), apoiado pelo Conselho de Pós-Graduação da USP, com apoio financeiro da Fundação e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os órgãos da administração superior do HRAC/USP são: o Conselho Deliberativo e a Superintendência e a estes temos os seguintes órgãos subordinados: Divisão de Assistência Hospitalar, Divisão de Assistência Odontológica, Divisão de Atividades Técnico-Auxiliares e Divisão de Serviços Administrativos. As atividades desenvolvidas pelo HRAC/USP têm por finalidades o ensino, a pesquisa e a extensão dos serviços à população portadora de anomalias craniofaciais e distúrbios correlacionados à audição, visão e linguagem. Para tanto, compete ao HRAC/USP: desenvolver atividades assistenciais de prevenção, tratamento, proteção e recuperação da saúde; promover e estimular o ensino e a pesquisa; colaborar no desenvolvimento de tecnologias assistenciais, educativas e operacionais; manter intercâmbio cultural, nacional e internacional e prestar informações a diferentes órgãos, dentre outras. O tratamento é longo e complexo, exigindo um acompanhamento contínuo da equipe nas diferentes fases do desenvolvimento, de acordo com as etapas terapêuticas necessárias à reabilitação. A equipe é formada por diversas áreas, num total de 03 docentes e 269 profissionais de nível superior (medicina, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia, enfermagem, serviço social, nutrição, fisioterapia, fisiologia e outras). A equipe de apoio é composta por 215 técnicos e 284 básicos, totalizando 771 funcionários, sendo: 429 HRAC/USP e 342 FUNCRAF (até 12/2003). A saúde entendida como um direito universal e dever do Estado foi um dos principais pontos aprovados na nova Constituição de 1988, cabendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) integrar todos os serviços públicos em uma rede hierarquizada, regionalizada, descentralizada e de atendimento integral com a participação da comunidade. O atendimento prestado pelo HRAC/USP é público e integral, suportado financeiramente com recursos da USP e do SUS. Os recursos são administrados pela FUNCRAF, entidade parceira do HRAC/USP desde 1985. Esta parceria possibilita suporte financeiro, técnico e operacional às atividades do Hospital. Considerando os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2000) com relação à distribuição percentual dos casos de deficiência, temos: 8,3% deficiência mental permanente, 4,1% deficiência física, 16,7% deficiência auditiva, 22,9% deficiência motora e 48,1% deficiência visual. A população bra13 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 sileira, segundo o censo de 2000, é de 169.799.170 de brasileiros dos quais 24,5 milhões (14,5%) apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência. (IBGE/2000 e IBGE/2002) Desde sua fundação até os dias de hoje (12/2003), o HRAC/USP conta com 58.647 casos matriculados, sendo 38.751 com anomalias craniofaciais e 19.896 com distúrbios da audição, visão, linguagem e outras deficiências. Com base na população brasileira, a estimativa de portadores de fissuras labiopalatais no Brasil é de 261.229 casos, se considerarmos a incidência de 1/650 nascimentos (14,8% matriculados no HRAC/USP) e 2.886.585 casos de deficiência auditiva, se considerarmos o índice aproximado de 1,7% (0,6% matriculados no HRAC/USP). Com relação ao perfil geográfico, os pacientes procedem de várias localidades do Brasil e de países vizinhos. São das diferentes regiões: Sudeste (62,0%), Sul (16,1%), Centro-Oeste (11,4%), Norte (5,2%), Nordeste (5,0%) e Exterior (0,3%). De um total de 5.507 municípios existentes no Brasil, 3.145 (57,1%) estão cadastrados no HRAC/USP, além de alguns países do exterior. O perfil socioeconômico dos pacientes atendidos pelo Hospital abrange: Baixa inferior (24,9%), Baixa superior (47,5%), Média Inferior (20,2%), Média (6,4%), Média superior (0,9%) e Alta (0,1%), dentre os 25.633 casos em tratamento (dez/2003), refletindo a realidade brasileira. Isto, pois, com base no CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL (2003), demonstra que a maior parte da população brasileira pertence às camadas menos favorecidas, ou seja: classes Baixas (E, D, C) 71,0%, classes Médias (B2 e B1) 23,0% e classes Altas (A2 e A1) 6,0%. Com relação à freqüência dos pacientes, observou-se dentre os 52.001 previstos (100%), que obtivemos 44.027 presenças (84,7%) e 8.046 faltas (15,5%), além de 3.110 não previstos, totalizando 47.137 presenças. Analisando o fluxo de atendimento, verificamos que, em 2003, foram atendidos 2.114 casos novos, e 16.954 pacientes externos (ambulatório 12.027 e rotina de internação 4.927). O total geral foi de 47.137 atendimentos, sendo: 35.637 externos, 6.673 pré-internações, e 5.532 internações efetivadas. Para os casos de internação, o Hospital conta com o total de 89 leitos distribuídos em: 16 berçários (0-4 anos), 10 femininos infantil (4-12 anos), 10 femininos adulto (acima de 12 anos), 13 masculinos infantil (4-12 anos), 13 masculinos adulto (acima de 12 anos), 06 de apoio, 12 especiais, 06 UTI e 03 isolados. Apesar da complexidade do tratamento e das dificuldades enfrentadas peGraciano et al • 14 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais los usuários (financeiras, geográficas, familiares e etc), a maior parte dos pacientes se encontra comprometida com a realização do tratamento no Hospital (69,0%) ou em alta (9,8%) para uma minoria em condição de interrupção (16,0%), ignorado (2,3%) e óbito (2,9%). Verifica-se, então, que 78,8% dos casos estão em situação regular de tratamento. Com o apoio da FUNCRAF, o HRAC/USP criou diferentes programas de atendimento aos portadores de anomalias craniofaciais e deficiências auditivas, visando atingir suas metas com eficiência e garantir um tratamento integrado, completo e com alto padrão de qualidade. O programa de atendimento às fissuras labiopalatais busca prevenir e tratar os distúrbios estético-funcionais e as dificuldades emocionais, por meio de um acompanhamento contínuo em todas as fases de desenvolvimento do paciente, visando sempre sua reabilitação global. O programa de atendimento aos distúrbios da audição visa ao diagnóstico da deficiência auditiva, a partir da realização de triagens, avaliações e exames específicos; à seleção e adaptação de AASI (Aparelho de Ampliação Sonora Individual); e, à reabilitação do paciente por meio de terapias fonoaudiológicas ou de encaminhamento para recursos da comunidade. Desenvolve também trabalhos educativos e preventivos. Conta, ainda, com o Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA), responsável pelo programa de Implante Coclear*. O programa de profissionalização, por meio do Núcleo Integrado de Reabilitação e Habilitação (NIRH), tem como finalidade a educação e a capacitação profissional de usuários do HRAC/USP que residem em Bauru e região. Propõe a educação bilíngüe (aprendizado da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e Língua Portuguesa Escrita), bem como a preparação para inserção no mercado de trabalho, objetivando o desenvolvimento social, educacional e profissional da pessoa surda e sua inclusão na sociedade. Além desses programas de reabilitação, o HRAC/USP tem buscado a descentralização de seus serviços. O programa de descentralização prevê a parceria com núcleos de atendimento em diversas regiões do país e a criação de subsedes da FUNCRAF, buscando prestar atendimento ao paciente na sua região de origem, minimizar as dificuldades geográficas e financeiras e aliviar a demanda ao Hospital de Bauru. Já foram criadas 3 subsedes da FUNCRAF: Santo André/SP, Itararé/SP e Campo Grande/MS, além da parceria com 12 núcleos regionais no Brasil. Cumprindo sua função científica, o HRAC/USP criou programas de ensino e pesquisa visando divulgar e dissiminar a ciência: 15 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 · Pós-Graduação: o Hospital oferece cursos em diferentes modalidades (Aprimoramento, Aperfeiçoamento, Especialização, Mestrado e Doutorado), com a finalidade de preparar profissionais para atuar na reabilitação de portadores de anomalias craniofaciais e distúrbios da audição e comunicação. · Projetos de pesquisa desenvolvidos em parceria com universidades estrangeiras (USA, Japão, Suécia, Inglaterra e Canadá). O Hospital possui, também, convênios nacionais e internacionais com: prefeituras municipais, universidades nacionais, universidades estrangeiras, promotorias públicas, instituições de saúde (Hospitais, Secretarias, Fundações, etc.), associações e sociedades. Conta, ainda, com inúmeras produções científicas, como: artigos, periódicos, revistas nacionais, revistas estrangeiras, capítulos de livros, livros, manuais, monografias, relatórios finais, trabalhos apresentados em eventos científicos nacionais e trabalhos apresentados em eventos científicos internacionais. O HRAC/USP representa a esperança de ver o sorriso no rosto dos deficientes. São 37 anos de trabalho, pesquisa e produção científica visando um atendimento mais digno na área de assistência aos portadores de deficiências. Uma história de luta e determinação em busca de uma sociedade mais justa e um país mais humano. É a transformação de sonhos e expectativas em realidade. É o centro de fazer sentir, viver, falar, sorrir, ouvir, crescer, ver e integrar. Nossa trajetória evidencia portanto a importância da atuação de uma equipe interdisciplinar especialmente do Serviço Social e seus diferentes programas de reabilitação, os quais apresentamos a seguir. PARTE II - Os programas do Serviço Social no HRAC/USP O Serviço Social atua como mediador entre usuários, familiares e comunidade nas relações com o Hospital. O objetivo principal desse serviço é viabilizar o acesso ao tratamento e sua continuidade, visando à inclusão dos portadores de anomalias craniofaciais numa política de saúde. Tem como eixo fundamental a prevenção de casos de abandono de tratamento e/ou a intervenção nesses casos, por meio de seus diferentes programas sociais de apoio à equipe interdisciplinar no processo de reabilitação. O Serviço Social do HRAC/USP é um serviço da Divisão de Atividades Técnico-Auxiliares (DATA), compreendendo 3 seções: Ambulatório, Internação e ProjeGraciano et al • 16 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais tos Comunitários. Conta com diferentes programas: prestação de serviços, ensino e pesquisa em atendimento às necessidades dos usuários. Nos PROGRAMAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS com anomalias craniofaciais destacamos: 1. Acolhimento e atendimento de casos novos: tem como objetivo contribuir no processo de humanização, preparando os usuários para o início e a continuidade do tratamento. Para tanto, realiza abordagem grupal com a equipe para apoio e orientação sobre o processo de reabilitação das anomalias craniofaciais, interpretando a instituição e seus recursos sociocomunitários. Posteriormente, realiza a abordagem individual com os casos novos para conhecer a realidade socioeconômica e cultural e as dificuldades e/ou facilidades pessoais e sociais, em atendimento às necessidades, expectativas e possibilidades dos usuários. O Serviço Social desenvolveu e atualizou uma metodologia própria de avaliação socioeconômica composta pelos seguintes indicadores do núcleo familiar: situação econômica, número de membros, escolaridade, ocupação e habitação. Esses indicadores são sistematizados em uma tabela cuja aplicação resulta em 6 categorias: Baixa Inferior, Baixa Superior, Média Inferior, Média, Média Superior e Alta (GRACIANO, LEHFELD, NEVES FILHO, 1999). Além da classificação socioeconômica, o estudo social engloba as questões sociais e os recursos próprios e/ou comunitários para a reabilitação, visando à intervenção social. 2. Assistência contínua ao paciente e familiares: desenvolvido tanto no ambulatório como na internação, tem como objetivo atender às demandas sociais dos usuários no plantão in loco e a distância, prestando assistência e serviços sociais enquanto direito de cidadania. O plantão social in loco ocorre a pedido do paciente/família ou da equipe de rotina hospitalar e diagnóstico do Serviço Social. O plantão social a distância, ocorre por meio de chamadas telefônicas às chefias e/ou à diretoria do Serviço Social principalmente pelo serviço de enfermagem do Hospital, para atender às situações sociais emergenciais. As principais demandas do plantão social são: apoio psicossocial; mobilização, encaminhamento e orientação sobre recursos institucionais e comunitários; prestação de benefícios sociais; intercorrências na operacionalização do plano e 17 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 continuidade de tratamento; encaminhamento à equipe interdisciplinar; interpretação de regulamento e rotinas hospitalares; caracterização/acompanhamento social em pesquisas e projetos sociais; articulações com associações afins; definição de conduta social e outras situações sociais. 3. Acolhimento e humanização na sala de espera: objetiva qualificar o tempo de espera dos usuários do HRAC/USP, especialmente daqueles em atendimento no ambulatório, por meio de atividades educativas, recreativas e culturais. Nesse espaço são desenvolvidas palestras, comemorações de datas especiais, trabalhos manuais, jogos educativos e apresentações na área de música e teatro. 4. Integração e dinamização hospitalar: tem como objetivo contribuir no processo de humanização, preparando o paciente para uma efetiva participação nos programas hospitalares. Esse projeto inclui as seguintes fases: efetivação da internação, acompanhamento, alta e óbito. Engloba as atividades de interpretação do regulamento hospitalar, atendimento às questões sociais, agilização do leito hospitalar, acompanhamento social nas enfermarias e recreação, contatos com a equipe, apoio e providências no caso de óbito. 5. Mobilização de recursos comunitários: envolve parcerias com recursos locais e da cidade e/ou região de origem dos pacientes. Em Bauru, contamos com a parceria da PROFIS (Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal), fundada em 1975, sendo a primeira associação congênere do Brasil. É uma entidade com fins filantrópicos, destinada a prestar assistência aos portadores de anomalias craniofaciais e/ou outras deficiências em tratamento no HRAC/USP com o qual é conveniada, mantendo constante intercâmbio de idéias e programas. A PROFIS presta os seguintes serviços: serviço social e nutrição; acolhimento aos usuários: recepção, sala de descanso, berçário, alojamento para pacientes/familiares e motoristas, café da manhã, higienização pessoal, guarda-volumes e prestação de benefícios (alimentação, transporte, estada, medicamentos), serviços de informações e convênios com hotéis e pensões, restaurantes e farmácias além de atividades de extensão cultural. Graciano et al • 18 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais É mantida por contribuições de seus associados (voluntários), além de auxílios, donativos, arrecadações e rendas do patrimônio. A parceria com outros recursos comunitários engloba o Tratamento Fora do Domicílio (TFD) do Sistema Único de Saúde (SUS), abrangendo 25 Estados atendidos, 509 cidades e 2.289 pacientes. Engloba, ainda, escolas, empresas, prefeituras municipais, conselhos municipais, promotorias públicas, gratuidade do transporte coletivo às pessoas portadoras de deficiência (Municipal, Intermunicipal e Interestadual) e benefício de prestação continuada - BPC / Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. 6. Projeto Bauru: objetiva atender às demandas sociais dos pacientes residentes em Bauru por meio de visitas a pais de recém-nascidos nas maternidades, orientação e colocação profissional, visitas domiciliares, adoção nacional e internacional, apoio e acompanhamento de drogaditos, habitação popular e outros. Até dezembro de 2003, o número de pacientes matriculados residentes em Bauru era de 1.115, destes 607 estavam em tratamento. 7. Agentes Multiplicadores: compreende a ação dos pais-coordenadores (representantes dos usuários) e profissionais e/ou leigos (representantes comunitários), sendo que o Serviço Social tem como objetivo capacitá-los para o processo participativo e organizativo em apoio à reabilitação. Os pais-coordenadores, considerados agentes multiplicadores, têm como papéis principais: divulgação do Hospital na comunidade, apoio aos familiares e portadores de anomalias, mobilização de recursos, organização dos portadores em grupos de suporte e associações. O universo atual dos coordenadores do HRAC/USP (até 12/2003) totaliza 495 agentes com potencial de cobertura a 21.700 pacientes (56,0% do universo de casos em tratamento). O papel do Serviço Social junto aos agentes multiplicadores compreende: motivar, cadastrar, capacitar, supervisionar e avaliar, dando apoio e suporte ao trabalho comunitário realizado. 8. Parceria com Prefeituras Municipais: objetiva manter intercâmbio com as prefeituras municipais, bem como capacitar assistentes sociais por meio de assessorias: cursos, estágios, eventos científicos. 19 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 9. Carona Amiga: consiste no agendamento dos pacientes agrupados por municípios, a partir de um cadastro das prefeituras que cedem as conduções municipais para fins de tratamento no HRAC/USP. Tem como objetivo propiciar a união das pessoas e a racionalização do transporte municipal, de forma a facilitar o processo de reabilitação e a estimular a organização popular, a partir de uma viagem solidária. O universo de municípios com Carona Amiga organizada é de 500 (12/2003), com potencial de cobertura a 16.583 casos (43,0% do universo do HRAC/USP), tendo atualmente 11.935 usuários (30,0% do universo). 10. Assessoria às associações e aos núcleos regionais e subsedes: compreende 43 associações e 12 núcleos no Brasil (12 centros de atendimento e 3 subsedes), sendo que o Serviço Social tem como objetivo colaborar no processo de capacitação de recursos humanos. Envolve as dimensões: política, educativa, ideológica e administrativa. 11. Prevenção e controle de abandono de tratamento: objetiva viabilizar aos usuários do HRAC/USP o acesso ao tratamento e sua continuidade, a partir de diferentes esferas: famílias, coordenadores, prefeituras municipais, associações, promotorias públicas. Todos os casos matriculados no HRAC/USP são acompanhados pelo Serviço Social. Os PROGRAMAS DE ENSINO E PESQUISA objetivam a formação e o aperfeiçoamento de recursos humanos, bem como a construção de conhecimentos. Compreende a capacitação e supervisão de estagiários e pós-graduandos do Serviço Social e a participação em eventos científicos nacionais e internacionais. Com todos esses programas/projetos, o Serviço Social tem como desafio a construção de diferentes espaços rumo à conquista de direitos de cidadania, por meio de uma prática profissional competente e comprometida com os usuários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL. In: ANEP - Associação Nacional de Empresas de Pesquisa. Disponível em: <www.anep.org.br>. Acesso em 2003. 2. GRACIANO, Maria Inês Gandara, LEHFELD, Neide Aparecida Souza, NEVES FILHO, Albério. Critérios de avaliação para classificação sócio-econômica: elementos de atuaGraciano et al • 20 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais lização. Serv. Social Realid., v.8, n.1, p. 109-128,1999. 3. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2000: Características da população e dos domicílios. Resultados do universo. Parte 1 e 2. Rio de Janeiro, p.1-520, 2000. 4. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Tabulação avançada do censo demográfico 2000 - resultados preliminares de amostra - comentário dos resultados. Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/dpdh/corde/censo_2002.htm Consultado em 12 jun. 2002. 5. NAGEM FILHO, H., MORAES, N., ROCHA, R.G. F. da. Contribuição para o estudo da prevalência das más formações congênitas lábio-palatais na população escolar de Bauru. Rev. Fac. Odont. USP, v.6, n.2, p. 111-128, abr./jun. 1968. 6. BLATTNER, Soraia Helena Bomfim. Portadores de lesões lábio-palatais e suas relações no trabalho: estigma e realidade. Franca, 2000. 152 p. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Faculdade de Direito, História e Serviço Social. Universidade Estadual Paulista, 2000. 7. CAMARGO, Raquel Bastazini de, GRACIANO, Maria Inês Gandara, CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Mazieiro. Rede de solidariedade com agentes multiplicadores e associações: a prática do serviço social na saúde. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 141-175, out. 2001. 8. CARRIJO, Angela Tereza Gigo Pavan, GRACIANO, Maria Inês Gandara, CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Mazieiro, VALENTIM, Regina Célia Arruda de Almeida Prado. Relato da prática do serviço social na assistência contínua aos pacientes portadores de anomalias craniofaciais de Bauru: questões sociais do cotidiano. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 239-272, out. 2001. 9. CORDEIRO, Ana Paula Silveira, MARTINS, Lilia Christina de Oliveira, BLATTNER, Soraia Helena Bonfim. As dimensões das práticas no plantão social do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC-USP. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 74-94, out. 2001. 10. COVOLAN, Alexandra Diguê de Carvalho, GRACIANO, Maria Inês Gandara, VALENTIM, Regina Célia Arruda de Almeida Prado, CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Mazieiro. A mediação do serviço social na busca de cidadania: relato da prática de acolhimento a casos novos e adoção dos portadores de anomalias craniofaciais. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 273-295, out. 2001. 11. CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Maziero. A prática profissional das assistentes sociais vinculados às associações de pais e portadores de lesões lábio-palatais. Franca, 2000. 207 p. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Faculdade de Direi21 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 to, História e Serviço Social. Universidade Estadual Paulista, 2000. 12. GONÇALVES, Rosa Maria Bicarato, FARIA, Maria Ester Braga, CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Mazieiro. Descentralizando os serviços do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo ( HRAC-USP): assessoria no núcleo de Salvador-BA. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 297-317, out. 2001. 13. GRACIANO, Maria Inês Gândara. De cliente a agente: pais coordenadores e sua ação multiplicadora num programa de portadores de lesões lábio-palatais. São Paulo, 1988. 156 p. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1988. 14. GRACIANO, Maria Inês Gândara. Construindo espaços: a história das associações de pais e portadores de lesões lábio-palatais e a contribuição do serviço social. São Paulo, 1996, 328 p. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1996. 15. GRACIANO, Maria Inês Gandara et al. Programação do serviço social: dismorfias craniofaciais 1999 - 2000. Bauru: Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, 1999. 62 p. 16. GRACIANO, Maria Inês Gândara. Desafios do Serviço Social no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo: assistência, ensino e pesquisa. Serv.Soc. Hosp. (São Paulo) n. 6/7, p. 17-24, 2000. 17. GRACIANO, Maria Inês Gandara, FIGUEIRA, Emílio. A deficiência: aspectos sociais da reabilitação e trabalho interdisciplinar. Temas Desenvolv., v. 9, n. 49, p. 40-51, mar./abr., 2000. 18. LIMA, Dulcimara Zorzetto, MARTINS, Lilia Christina de Oliveira, BLATTNER, Soraia Helena Bonfim. A experiência do serviço social na internação: o desafio da prática. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 107-140, out. 2001. 19. OLIVEIRA, Elisabeth. Construção de conhecimentos em serviço social: reabilitação de pessoas portadoras de malformações lábio-palatais. Franca, 1998. 194 p. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Faculdade de Direito, História e Serviço Social. Universidade Estadual Paulista, 1998. 20. RODRIGUES, Amábile Franceli Pagani, GRACIANO, Maria Inês Gandara, CUSTÓDIO, Silvana Aparecida Mazieiro. A experiência do serviço social na prevenção e no controle de abandono de tratamento em diferentes esferas: da família às promotorias públicas. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 205-237, out. 2001. 21. ROQUE, Fabiana Soraia, GRACIANO, Maria Inês Gandara, CUSTÓDIO, Silvana ApareGraciano et al • 22 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais cida Mazieiro. Parceria cidadã: uma prática do serviço social na saúde. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 177-204, out. 2001. 22. SILVA, Márcia Vilma Isabel Morales Santos, FARIA, Maria Ester Braga, CATARINO, Lucimara Silva Mangas. A intervenção do serviço social na CABESF. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 319-340, 2001. 23. SILVA, Sueli Mariano de Almeida da, MARTINS, Lilia Christina de Oliveira, BLATTNER, Soraia Helena Bonfim. A extensão da prática do serviço social de plantão nas unidades de pré internação e pós cirúrgico: relato de experiência. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 95-106, out. 2001. 24. VIEIRA, Ana Célia Corbin, FARIA, Maria Ester Braga, TRUITE, Mariza Brunini, GRACIANO, Maria Inês Gandara. Programa de atendimento e acolhimento a pacientes de casos novos do serviço social do Centro de Distúrbios da Audição, Linguagem e Visão HRAC-USP - Bauru - SP: avaliação da prática. Construindo o Serviço Social, Bauru, n. 8, p. 51-73, out. 2001. 1. O Implante Coclear é um recurso altamente benéfico e efetivo para a reabilitação de pacientes portadores de deficiência auditiva neurosensorial bilateral profunda. Constituem-se de próteses computadorizadas que substituem parcialmente as funções da cóclea, transformam a energia sonora em sinais eletroquímicos e codificam estes sinais de uma maneira significativa ao córtex auditivo. É constituído por dois componentes: um interno e um externo. A indicação cirúrgica se concretiza após processo minucioso e criterioso dos candidatos ao programa. 23 • Graciano et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Malformações congênitas labiopalatais: Etiologia e classificação das fissuras labiopalatais Omar Gabriel da Silva Filho, Ortodontista As fissuras de lábio e palato constituem malformações congênitas que ocorrem no período embrionário e início do período fetal e acarretam uma série de sequelas que acompanham o portador ao longo de sua vida. É sabido que as malformações lábio-palatais exigem para a sua plena recuperação, tratamento extensivos e longos. No entanto, a diversidade clínica com que essa alteração se manifesta exige antes de tudo o conhecimento da extensão anatômica do defeito para se planejar e prognosticar cada paciente. O primeiro passo para a análise da morfologia alterada é classificá-la. Saber diagnosticar e classificar com “precisão” o tipo de fissura é essencial para conduzir a um planejamento e tratamento adequado. Várias classificações já foram introduzidas na literatura, todas com a mesma intenção de melhor diagnosticar cada caso em sí. No Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - USP adotamos a classificação de SPINA et al. (1972) modificada, por ser simples, objetiva e prática o suficiente para facilitar a comunicação entre profissionais de uma equipe multidisciplinar. Essa classificação compreende quatro diferentes grupos e tem como ponto de referência anatômico o forame incisivo que separa o palato primário do palato secundário. I - Fissuras pré-forame incisivo: • Unilateral (incompleta ou completa) • Bilateral (incompleta ou completa) • Mediana (incompleta ou completa) II - Fissuras transforame incisivo: • Unilateral • Bilateral • Mediana III - Fissuras pós-forame incisivo: • Incompleta • Completa IV - Fissuras raras da face Silva Filho • 24 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.SPINA, V. et al. Classificação das fissuras lábio-palatinas: sugestão de modificação. Rev.Hosp.Fac.Med.S.Paulo, v. 27, n. 1, p. 5-6, 1972. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1.CAPELOZZA FILHO, L., SILVA FILHO, O.G. Fissuras lábio-palatais. In: PETRELLI. (coord.) Ortodontia para fonoaudiologia. Curitiba: Lovise, 1992. p. 195-239. 2.SILVA FILHO, O.G. et al. Classificação das fissuras lábio-palatais: breve histórico, considerações clínicas e sugestão de modificação. Rev.bras.Cirurg., v. 82, n. 2, p. 59-65, 1992. Primeira experiência da descentralização - Subsede FUNCRAF Santo André - SP Patrícia Zambonato Freitas (Ortodontista) A partir da parceria Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o HRAC-USP conhecido carinhosamente como “Centrinho” - USP e a Fundação para Estudo e Tratamento das Deformidades Craniofaciais, a FUNCRAF teve início a criação de centros e núcleos de atendimento visando à implementação de programas preventivos e reabilitadores aos portadores de fissura labiopalatal e deficiência auditiva. Juntas, as duas instituições têm como objetivo descentralizar o atendimento e possibilitar a reabilitação dos pacientes na sua região de origem pois mais de 80% dos pacientes atendidos pelo HRAC-USP pertencem às classes menos favorecidas e não têm recursos para custear as despesas, principalmente com transporte. Graças a esta iniciativa, já foram criados alguns centros de referência que se destinam ao atendimento do paciente na sua região de origem. Até o mo25 • Silva Filho, Freitas Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 mento, há três centros de referência criados: Santo André - SP, Itararé - SP e Campo Grande - MS e todos são conveniados com o Sistema Único de Saúde, o SUS. O primeiro centro a ser criado foi Santo André - SP, na região do Grande ABC Paulista e é hoje responsável pelo atendimento de mais de 90 municípios do estado de São Paulo. Desde 1997, o Centro de Referência em Santo AndréSP oferece atendimento, mas oficialmente a Unidade iniciou suas atividades em maio de 1999, período em que foi assinado o contrato com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para reembolso dos procedimentos ambulatoriais e hospitalares, segundo a tabela do SUS. Além do atendimento rotineiro aos pacientes portadores de fissuras labiopalatais e deficiência auditiva, a equipe de Santo André procura cadastrar precocemente o recém-nascido fissurado, fornecendo assistência e orientação a equipes de maternidades de abrangência desta sub-sede. Até o fim de 2001, foram adaptados mais de 1300 aparelhos auditivos e havia 3115 pacientes portadores de fissura labiopalatal e 4029 pacientes portadores de deficiência auditiva matriculados. Todos os centros têm como objetivo oferecer assistência integrada ambulatorial a seus pacientes, e a criação e manutenção desses “Centros de Referência” se deve a um árduo trabalho da FUNCRAF, que iniciou o projeto que estende o atendimento oferecido pelo “Centrinho” - USP a outras regiões brasileiras. A idéia é multiplicar a equipe do “Centrinho” - USP para facilitar o tratamento dos que vêm de longe, mas deixando para o “Centrinho” - USP as etapas cirúrgicas e os casos mais complexos de reabilitação, pois os procedimentos de alta complexidade continuarão a ser realizados somente em Bauru-SP. Freitas • 26 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Cirurgia craniofacial Aristides Palhares Neto (Cirurgião Craniofacial) A palestra “Áreas de Abrangência da Cirurgia Craniofacial” procurara fazer um retrato da especialidade enfocando sua origem, áreas de atuação, história e evolução do grupo de cirurgia craniofacial do centrinho. Serão apresentadas as principais malformações tratadas no centrinho, bem como nosso protocolo de atendimento. Espera-se que ao final os participantes tenham um noção clara do trabalho desenvolvido pelo grupo e que tenha a oportunidade de discutir patologias raras, complexas e de difícil tratamento. Recursos odontológicos para reabilitação e correção dos problemas dentários, alveolares e esqueletais Márcia Ribeiro Gomide (Odontopediatra) Os recursos odontológicos utilizados para correção e reabilitação dos problemas dentários alveolares e esqueletais iniciam-se com a prevenção de cáries em ambas as dentições e o controle das más oclusões através do uso de aparelhos ortodônticos e ortopédicos geralmente no período de dentadura mista e permanente. A reabilitação protética e periodontal, bem como o enxerto ósseo secundário na região alveolar visam favorecer a recuperação estética e funcional do portador de fissura e as cirurgias ortognáticas atuam sobre as discrepâncias ósseas decorrentes de um padrão facial alterado ou de sequelas do tratamento. A odontologia para o paciente portador de fissura de lábio e/ou palato, portanto, é de suma importância pois o resultado da reabilitação total depende grandemente da saúde e bom posicionamento dentário e das bases ósseas. 27 • Palhares Neto, Gomide Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. JACOBSON, B.N., ROSENSTEIN, S.W. The cleft palate patient: dental help needed. J.dent.Child., v. 37, n. 2, p. 105-115, Mar. 1970. 2. FISHMAN, L.S. Factors related to tooth number, eruption time, and tooth position in cleft palate individuals. J.dent.Child., v. 37, n.4, p. 303-306, July 1970. 3. JORDAN, R.E. et al. Dental abnormalities associated with cleft lip and/or palate. Cleft Palate J., v. 3, p. 22-55, Jan. 1966. Crescimento craniofacial do fissurado Leopoldino Capelozza Filho (Ortodontista) Uma explanação a respeito da morfologia da face do fissurado ao nascer e as alterações posteriores, sob diferentes circunstâncias, considerando o tipo de fissura e o tratamento recebido é apresentada com o objetivo de caracterizar o processo de crescimento nos portadores deste tipo de lesão. Resultados obtidos em estudos realizados no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo - HRAC-USP, são abordados e comentados em relação aos conceitos correntes na literatura. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. ARAÚJO, A. et al. Cirurgia ortognática em fissurados: caso clínico. Ortodontia, v. 15, n. 1, p. 52-67, jan./abr. 1982. 2. CAPELOZZA FILHO, L., TANIGUCHI, S.M., SILVA FILHO, O.G. da. Craniofacial morphology of adult unoperated complete unilateral cleft lip and palate patients. Cleft Palate Craniofac J, v. 30, n.4, p. 376-381, July 1993. 3. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Avaliação do crescimento craniofacial em portadores de fissura transforame incisivo unilateral: estudo transversal. Rev. bras.Cirurg., v.77, n. 4, p. 97-106, mar./abr. 1987. Gomide, Capelozza • 28 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 4. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Avaliação do crescimento mandibular em fissurados transforame incisivo unilateral. Ortodontia, v. 14, n. 3, p. 119 - 21, set./dez. 1981. 5. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Expansão rápida da maxila em fissurados adultos. Ars Curandi Odont., v. 7 , n. 5, p. 209-224, ago. 1980. 6. CAVASSAN, A. de O. et al. Avaliação cefalométrica do crescimento vertical da face em portadores de fissura transforame incisivo unilateral (4 - 12 anos): estudo transversal I. Ortodontia, v. 15, n. 1, p. 8-17, jan./abr. 1982. 7. CAVASSAN, A. de O. et al. Avaliação cefalométrica do crescimento vertical da face em portadores de fissura transforame incisivo unilateral (4 - 12 anos): estudo transversal II. Ortodontia, v. 15, n. 2, p. 121-135, maio/ago. 1982. 8. GNOINSKI, W.M. Early maxillary orthopaedics as a supplement to convencional primary surgery in complete cleft lip and palate cases: long term results. J.Maxillofac.Surg. v. 10, n. 3, p.129-192, Aug. 1982. 9. HOTZ, M.M. Orofacial development under adverse conditions. Europ.J.Orthodont. v. 5, n. 2, p. 91-103, May 1983. 10. HUDDART, A.G. An analysis of the maxillary changes following presurgical dental orthopaedic treatment in unilateral cleft lip and palate cases. Rep. Congr. Europ. Orthodont. Soc, p. 299-314, 1967. 11.MASI, M. Avaliação cefalométrica do crescimento craniofacial em portadores de fissura transforame incisivo bilateral com remoção precoce da pré-maxila. Bauru, 1986. 79p. Dissertação (Mestrado em Ortodontia) - Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1986. 12. MIYAHARA, M., CAPELOZZA FILHO, L. Características cefalométricas da face no fissurado unilateral adulto. Ortodontia, v. 18, n. 2, p. 5-16, jul./dez. 1985. 13. MOSS, M.L. The functional matrix. In: KRAUS, B., RIEDEL, R.A. (ed.). Vistas in ortodontics. Philadelphia: Lea, Febiger, 1962. p. 85-98. 14. NORMANDO, A. D., SILVA FILHO, O. G., CAPELOZZA FILHO, L. Influence of surgery on maxillary growth in cleft lip and or palate patients. J. Craniomaxillofac. Surg. v. 20, n. 3, p. 111 - 118, Apr. 1992. 15. ROCHA, R. Definição do padrão facial do paciente portador de fissura préforame incisivo unilateral completa e avaliação crítica dos procedimentos terapêuticos. Bauru, 1987. 42 p. Monografia (Residência em Ortodontia) - Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1987. 29 • Capelozza Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 16. SILVA FILHO, O.G. da, CAVASSAN, A.O., NORMANDO, A.D.C. Influência da palatoplastia no padrão facial de pacientes portadores de fissura pós-forame incisivo. Rev.bras.Cirurg., v. 79, n. 6, p. 315-322, Nov./Dez. 1989. 17. SILVA FILHO, O.G. da, NORMANDO, A.D.C., CAPELOZZA FILHO, L. Mandibular growth in patients with cleft lip and/or cleft palate - the influence of cleft type. Amer.J.Orthodont.Dentofac.Orthop., v. 104, n. 3, p. 269-275, Sept. 1993. 18. SILVA FILHO, O.G. da et al. Avaliação do padrão cefalométrico em pacientes portadores de fissura pós-forame incisivo - não operados. Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1987. 19. SILVA FILHO, O.G. da et al. Craniofacial ,morphology in adult patients with unoperated complete bilateral cleft lip and palate. Cleft Palate Craniofac.J, v. 35, n. 2, p. 111-119, March 1998. 20. SILVA FILHO, O.G. da et al. Pacientes fissurados de lábio e palato: efeitos suscitados pela queiloplastia. Ortodontia, v. 23, n. 3, p. 25-34, set./dez. 1990. 21. VALE, D.M.V. do et al. Avaliação cefalométrica do crescimento maxilar e seu comportamento sob variáveis cirúrgicas, de jovens portadores de fissura transforame incisivo bilateral. Ortodontia, v. 26, n. 3, p. 15-25, set./dez. 1993. 22. VALE, D.M.V. do et al. Comportamento da mandíbula frente ao crescimento e ao tratamento cirúrgico nas fissuras transforame incisivo bilateral. Ortodontia, v. 27, n. 1, p. 4 - 12, jan/abr. 1994. Capelozza • 30 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Distúrbios da comunicação do fissurado: atuação fonoaudiológica Maria Cristina Zimmermann (Fonoaudióloga) Cristianne Chiquito Netto (Fonoaudióloga) A complexidade dos distúrbios da comunicação dos indivíduos portadores de fissuras lábio-palatinas, gera a necessidade da atuação do fonoaudiólogo, com o objetivo de orientar, diagnosticar e planejar os procedimentos terapêuticos, através de um programa de atendimento integrado ao trabalho de uma equipe interdisciplinar. Basicamente, são encontradas as alterações: • atrasos na aquisição da fala e da linguagem • distúrbios articulatórios • distúrbios vocais • distúrbios auditivos Com base nas Questões Clínicas Fundamentais, propostas por BZOCH (1979a), torna-se possível ao fonoaudiólogo nortear o diagnóstico e, a partir do conhecimento dos fatores etiológicos dessas alterações, sugerir condutas preventivas e/ou reabilitadoras coerentes com as peculiaridades de cada paciente. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. BZOCH, K.R. Etiological factors related to cleft palate speech. In: BZOCH, K.R. (ed.) Comunicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little Brown, 1979a. p. 67-76. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. BZOCH, K.R. Rationale, method and techniques of cleft palate speech therapy. In: BZOCH, K.R. (ed.) Comunicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little Brown, 1979b. p. 293-303. 2. COSTA, O.A., PIAZENTIN, S.H.A. Aspectos otológicos. In: ALTMANN, E.B.C. Fissuras lábiopalatinas. Barueri: Pró-Fono, 1992. p. 463-476. 3. DALSTON, R.M. Diferencial diagnosis and clinical management of velofaringeal disorders. Chapell Hill: University of Carolina, 1980. 4. KEMKER, J.F. ZARAJCZYK, D.R. Audiological management in patients with cleft palate. In: BZOCH, K.R. (ed.) Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little, Brown, 1989. p. 174-184. 31 • Zimmermann, Netto Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 5. NELLI, E.A. et al. Ações integradas na reabilitação de crianças portadores de lesões lábio-palatais. In: KUDO, A.M. et al (coord.) Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional em pediatria. São Paulo: Sarvier, 1990. p. 309-327. 6. LARABY-JONES, L. Teaching your child to talk (pré print) 7. PHILIPS, B.V.W. Stimulating syntact and phonological development in infants with cleft palate. In: BZOCH, K.R. (ed.) Comunicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little, Brown, 1979. p. 304-310. 8. SHPRINTZEN, R.J. et al. A new terapeutic technique for the treatment of velopharingeal incompetence. J.Speech.Dis., v. 40, n. 1, p. 69-83, Feb. 1975. 9. VALENTE, V.H. Ajude seu filho a falar melhor. Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1986. 10.VICENTE, M.C.Z., BUCHALA, R.G. Atualização da terminologia de distúrbios articulatórios encontrados em falantes portadores de fissura de lábio e palato. Dist. Comum., v. 4, n. 2, p. 147-152,out.1991. Caracterização psicológica do fissurado labiopalatal Maria Cecília Muniz Pimentel (Psicóloga) O Setor de Psicologia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - Universidade de São Paulo (HRAC-USP) estrutura-se de forma a prestar assistência ao paciente nas diversas instâncias do seu tratamento. Inicia-se o atendimento na recepção aos casos novos, quando a família se encontra sob o impacto do nascimento do filho malformado e alimenta expectativas e ansiedades pelo tratamento reabilitador. O paciente é acompanhado ao longo do seu desenvolvimento, observado e preparado para exames, tratamento e cirurgias, procedimentos esses geradores de angústia e de temor. O objetivo do serviço de psicologia é atuar de forma a oferecer uma Zimmermman, Netto, Pimentel • 32 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais experiência hospitalar mais amena, através da humanização da relação paciente-hospital. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. BERNSTEIN, N.R., KAPP, K. Adolescents with cleft palate: body-Image and psychological problems. Psychosomatics, v. 22, n. 8, p.697-703, Aug. 1981. 2. BLEIBERG, A.H., LEUBLING. H.E. Parent responsability in cleft palate rehabilitation. Cleft Palate J., v. 7, p. 630-638, Apr. 1970. 3. BRODER, H.L. et al. Habilitation of patients with clefts: parent and child ratings of satisfaction with appearance and speech. Cleft Palate Craniofac.J., v. 29, n. 3, p. 262-267, May 1992. 4. CAMPIS, L.B. et al. The role of maternal factors in the adaptation of children with craniofacial desfigurement. Cleft Palate Craniofac.J., v. 32, p. 55-61, 1995. 5. CLIFFORD, E. Psychosocial aspects of orofacial anomalies: speculation in search of date. Asha Rep., n. 8, p. 2-29, 1973. 6. DAR, H. et al. Families of children with cleft lips and palates: concerns and couselling. Develop.Med.Child.Neurol., v. 16, n. 4, p. 513-517, Aug. 1974. 7. JONES, J.E. Self-concept and parental evaluation of peer relationships in cleft lip and palate children. Pediat.Dent., v. 6, n. 3, p. 132-138, Sept. 1984. 8. LANSDOWN, R. Psychological problems of patients with cleft lip and palate: discussion paper. J.roy.Soc.Med., v. 83, n. 7, p. 448-450, July 1990. 9. SLUTSKY, H. Maternal reaction and adjustment to birth and care of cleft palate child. Cleft Palate J., v. 6, p. 235-243, 1996. 10. SPELTZ, M. L. et al. Developemental approach to the psychology of craniofacial anomalies. Cleft Palate Craniofac.J., v. 31, p. 61-67, 1994. 11. TOBIASEN, J.M., HIEBERT, J.M. Combined effects of severity of cleft impairment and facial attractiveness on social perception: an experimental study. Cleft Palate Craniofac.J., v. 30, p. 82-86, 1993. 12. TURNER, S.R. Psychological outcomes amongst cleft patients and their families. Brit.J.plast.Surg., v. 50, n. 1, p. 1-9, 1997. 33 • Pimentel Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Aspectos clínicos do fissurado labiopalatal: pediatria, enfermagem, fisioterapia e nutrição Angela Patricia M. Cardoso Martinelli (Pediatra) Sandra Thomé (Enfermeira) Eloisa Aparecida Nelli (Fisioterapeuta) Suely Prieto de Barros Almeida Peres (Nutricionista) Pediatria São atribuições do setor de Pediatria, o atendimento de pacientes portadores de fissura labiopalatal ou outra malformação crânio-facial de interesse do serviço, com idade entre 0 e 12 anos, em ambulatório ou em caráter de internação. Cumpre ao pediatra detectar através de entrevista com os pais ou responsáveis, além do diagnóstico da malformação, desvios nutricionais, outras doenças associadas, o desenvolvimento neuro-motor e intelectual. Perceber e orientar os desajustes entre pais e pacientes, promovendo uma maior aceitação da malformação pelos familiares (quando não existir), possibilitando uma forma mais adequada de tratamento, mostrando as possibilidades de reabilitação dentro de um contexto realista, mais humano e solidário. Tratar, quando a conduta clínica for possível, em regime de ambulatório ou internado (quando as condições do pacientes exigirem) e praticar a prevenção e profilaxia das moléstias. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Conceitos vigentes na epidemiologia das fissuras lábio-palatais. Rev.bras.Cirurg., v. 77, n. 4, p. 223-230, jul./ago. 1987. 2. DRILLIEN, C.M. et al. The causes and natural history of cleft lip and palate. Baltimore: Williams, Wilkins, 1966. 3. MARCONDES, E. et al. Crescimento normal e deficiente. 2.ed. São Paulo: Sarvier, 1978. 4. NELSON, W.E. Tratado de pediatria. Barcelona: Salvat, 1971. 5. NÓBREGA, F.J. et al. Antropometria, patologias e malformações congênitas do recémnascido brasileiro e estudos de associação com algumas variáveis maternas. J.Pediat., v. 59, n. 2, p. 6-144, 1985. [Suplement]. 6. PERNETTA, C. et al. Alimentação do lactente sadio. São Paulo: Sarvier, 1981. Martinelli et al • 34 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 7. RANALLI, D.N., MAZAHERI, M. Weight growth of cleft children birth to six years. Cleft Palate J., v. 12, p. 400-404, 1975. 8. RIBEIRO, L.F. et al. Fendas lábio-palatais: atuação do pediatra junto ao paciente: dados úteis para abordagem inicial, orientação geral e conduta. J.Pediat., v. 58, n. 5, p. 308310, 1985. 9. ROSS, R.B., JOHNSTON, M.C. Cleft lip and palate. Baltimore: Williams, Wilkins, 1972. 10. SPRIESTERSBACH, D.C. et al. Clinical research in cleft lip and palate: the state of the art. Cleft Palate J., v. 10, p. 113-165, 1973. 11. SUBTELNY, J.D. A review of cleft palate growth studies, reported in the past ten years. Plast.reconst.Surg., v. 30, n. 1, p. 56-67, July 1961. Enfermagem O serviço de enfermagem tem como objetivo prestar assistência ao portador de fissura lábio-palatal no que diz respeito à prevenção, orientação, recuperação e reabilitação dos indivíduos afetados em suas necessidades. portanto, a assistência integral do indivíduo é a meta. Para isso, a assistência de enfermagem está dividida esquematicamente em: Saúde Pública, Unidade de Internação e Centro Cirúrgico. Embora a assistência primária à saúde seja enfatizada, grande importância é dada à técnica de alimentação para a criança portadora de fissura. Em relação ao crescimento, desenvolvimento e estado nutricional, torna-se imprescindível a orientação precoce quanto a alimentação da criança com FLP, proporcionando apoio e segurança a seus pais. Sabendo-se dos vários distúrbios a que estas crianças estão sujeitas e considerando-se as vantagens do aleitamento materno, desde o aspecto nutritivo, até as vantagens imunogênicas e de integrar mais fortemente o binômio mãe-filho, temos dado ênfase ao aleitamento materno, como uma prática possível de ser realizada. Por outro lado, a amamentação materna promove um melhor desenvolvimento da estrutura facial, criando condições para que a mandíbula cresça favoravelmente, eliminando seu prognatismo em relação a maxila, natural do recém-nato. Embora nas crianças com FLP ocorram prejuízos nos mecanismos de sucção e deglutição, dados de literatura e nossa experiência na assistência de tais crianças 35 • Martinelli et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 mostram a viabilidade do aleitamento materno, de acordo com o tipo de fissura. Salientamos que as experiências maternas, mais do que a literatura, tem oferecido subsídios para a prática do aleitamento natural em crianças com FLP. Sem dúvida, o desejo da mãe em amamentar, a avaliação criteriosa da capacidade de sucção e deglutição da criança, bem como o apoio e segurança necessários para estabelecer uma sucção adequada, são fatores de extrema relevância para o sucesso do aleitamento natural das crianças com FLP. Além disso, o serviço de enfermagem preocupa-se com a prestação de cuidados globais aos pacientes, conforme suas necessidades, assistindo-lhes nos períodos pré, trans e pós operatórios, assim como, de acordo com cada patologia. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. BACHEGA, M.I. et al. Manual de instrução alimentar para criança portadora de fissura lábio-palatal. Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões LábioPalatais, Universidade de São Paulo, 1983. 2. BUENO, A.G. et al. Reabilitação de lesões lábio-palatais: uma experiência de enfermagem. Rev.bras.Enf., v. 33, n. 2, p. 242-252, abr./jun. 1980. 3. ELSTER, B. Caring for the cleft palate child: nursing solutions for a family problem. J.pract.Nurs., v. 31, n.7, p. 22-24, July/ Aug. 1981. 4. HEMINGWAY, L. Breast feeding: a cleft palate baby. Med.J.Aust., v. 2, p. 626, 1972. 5. KELLY, E.E. Feeding cleft palate babies today’s babies, today’s methods. Cleft Palate J., v. 8, p. 61-64, 1971. 6. LIFITON, J.C. Methods of feeding infants with palates. J.Amer.dent.Ass., v. 53, p. 2231, 1956. 7. PARADISE, J.L., McWILLIAMS, B.J. Simplified feed for infants with cleft palate. Pediatrics, v. 53, n. 4, p. 566-568, Apr. 1974. 8. PARADISE, J.L. et al. Pediatric and otologic aspects of clinical research in cleft palate. Clin.Pediat., v. 13, n. 7, p. 587-593, July 1974. 9. PASHAYAN, H.M., McNAB, N. Simplified method of feeding infants born with cleft palate with or without cleft lip. Amer.J.Dis.Child., v. 133, n. 2, p. 147-147, Feb. 1979. Martinelli et al • 36 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 10. SHIPLEY, S. et al. Enfermagem na sala de recuperação. Interamericana, 1981. Rio de Janeiro: 11. SOUZA FREITAS, J.A.de Centro de pesquisa e a reabilitação de lesões lábio-palatais. Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1974. 12. THOMÉ, S. Estudo da prática do aleitamento materno em crianças portadoras de malformações congênitas de lábio e/ou de palato. Bauru, 1990. 240 p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 1990. 13. ZICKEFOOSE, M. Feeding problems of children with cleft palate. Children, v. 4, n. 6, p. 225-228, Nov./Dec. 1957. Fisioterapia Começamos a observar a necessidade do fisioterapeuta na equipe de reabilitação do Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais da USP, ao notarmos que muitos pacientes apresentavam quadros de patologia neurológica como paralisia cerebral e traziam seqüelas de atraso do desenvolvimento motor. Muito importante é a fisioterapia em pneumologia, existe a necessidade de reeducar a respiração do paciente preparando-o para o ato cirúrgico. Com o decorrer do tempo foi aumentando as áreas de atuação de fisioterapia. Hoje, estamos atuando em neurologia, pneumologia, ortopedia, otorrinolaringologia e principalmente mais diretamente a fissura, através dos tratamentos pós-operatórios de lábio (queiloplastia) e faringoplastia. Os atendimentos são feitos durante a permanência do paciente no Hospital e depois, quando necessário, fazemos encaminhamentos para os fisioterapeutas em outras cidades. Neste ponto vemos a importância da colaboração de pais, coordenadores na utilização máxima dos recursos disponíveis na comunidade, tanto na área de fisioterapia como em outras áreas de acordo com os encaminhamentos do Hospital. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. CASH, J.E. Manual de fisioterapia. Barcelona: Jims, 1979. 2. LAPIERRE, A. La revocacion fisica. Barcelona: Científico Médica, 1977. 37 • Martinelli et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 3. LEITÃO, A. Elementos de fisioterapia. 4.ed. Rio de Janeiro: Arte Nova, 1987. 4. MEDEIROS, V.S.T.L’A. de Contribuição da fisioterapia para a reconstrução estética e funcional do lábio fendido. Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1985. 5. NELLI, E.A. A fisioterapia no Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais. J.bras.Reab.Vocal, v. 2, n. 5, p. 12, Out./Dez. 1980. 6. SARRIA, E.A.N.C., MEDEIROS, V.S.T.L’A. de Aplicação de métodos fisioterápicos para queiloplastia. Rev.bras.Cirurg., v. 78, n. 4, p. 227-232, 1988. 7. TRATATO de reabilitacion: estudio preventivo, médico, laboral y social. Barcelona: Labor, 1975. Nutrição A nutrição não é uma função isolada do organismo mas, o resultado de funções harmônicas e solidárias entre si, que objetivam manter a integridade da matéria, assegurando a vida e a saúde (1). Quando a nutrição oferecida aos indivíduos deixa a desejar, seu desenvolvimento cognitivo pode alterar-se ou completar-se inadequadamente, podendo levá-lo à desnutrição, problema econômico-social que atinge grande parte da população brasileira (5). Torna-se a desnutrição também o grande fantasma da criança portadora de fissura lábio-palatal pelas dificuldades próprias da lesão como sucção insuficiente, deglutição excessiva de ar com reflexos nasais e engasgos, fadiga para alimentar-se com consequente ingesta inadequada, etc. (2,3,6,7,9). Na reversão destes processos, é de grande importância o papel do nutricionista, traduzindo a ciência da nutrição com o objetivo de evitar as defasagens no crescimento e desenvolvimento destas crianças em relação à criança normal, além da manutenção e recuperação da saúde (2,4). Desta forma, a aula específica de Nutrição tem por principais finalidades: • dar noções sobre a importância orgânica dos nutrientes para o desenvolvimento cognitivo infantil; • caracterizar o aparelho gastro intestinal de um recém nascido e a introdução alimentar adequada no primeira ano de vida; • enfatizar os objetivos orgânicos do aleitamento materno; Martinelli et al • 38 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais • apresentar alimentação adequada no pré, trans e pós operatório; • apresentar manuais publicados pelo Setor de Nutrição, com o apoio às orientações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ESCUDEIRO, P. apud ORNELLAS, A., ORNELLAS, L.H. Nutrição: histórico. In:_ _ _ _ _ _ _. Alimentação da criança: nutrição aplicada. 2.ed. São Paulo: Atheneu 1983. p. 7-9. 2. KALLEN, D.J. Effects of nutrition on matermal-infant interaction. Fed.Proc., v. 34, n. 7, p. 1571-1573, June 1975. 3. LIFTON, J.C. Methods of feeding infants with clefts palates. J.Amer.dent.Ass., v. 53, p. 22-31, 1956. 4. MITCHELL, H.S. et al. Nutrição durante a primeira e segunda infâncias: do nascimento aos três anos. In:_ _ _ _ _ _ _. Nutrição. 16.ed. Rio de Janeiro: Interamericana. 1978. p. 244-258. 5. NÓBREGA, F.J. de. Desnutrição intra-uterina e pós-natal. São Paulo: Panamed, 1981. 6. PARADISE, J.L., McWILLIAMS, B.J. Simplified feeder for infants with cleft palate. Pediatrics, v. 53, n. 4, p. 566-568, Apr. 1974. 7. PASHAYAN, H.M., McNAB, M. Simplified method of feeding infants born with cleft palate with or without cleft lip. Amer.J.Dis.Child., v. 133, p. 145-147, Feb. 1979. 8. STYER, G.W., FREE, H.K. Feeding infants with cleft lip and/or palate. Jogn.Nurs., v. 10, n. 5, p. 329-332, Sept./Oct. 1981. 9. ZICKEFOOSE, M. Feeding problems of children with cleft palate. Children, v. 4, n. 6, p. 225-228, Nov./Dec. 1957. 10. SPRIESTERBACH, D.C. et al. Clinical research in cleft lip and palate: the state of the art. Cleft Palate J., v. 10, p. 113-165, 1973. 39 • Martinelli et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 cursos específicos Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 41 • Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 FONOAUDIOLOGIA Fonoterapia para indivíduos com disfunção velofaríngea Cristina Guedes de Azevedo Bento-Gonçalves (Fonoaudióloga) Giovana Rinalde Brandão (Fonoaudióloga) Após a realização do diagnóstico fonoaudiológico, o planejamento terapêutico na disfunção velofaríngea deverá abranger as seguintes alterações: distúrbio articulatório compensatório, movimento nasal associado, fraca pressão aérea intra-oral e hipernasalidade. A terapia miofuncional será realizada somente na presença de alterações na postura de lábios e língua e nas funções de mastigação, deglutição e respiração. Alguns critérios importantes devem ser considerados antes do início da fonoterapia, como a idade do paciente, nível de expectativa e condições anatômicas (fístulas, má-oclusão, aparelho ortodôntico e insuficiência velofaríngea). A técnica proposta por BZOCH (1979) para eliminar os distúrbios articulatórios compensatórios foi denominada de “Treino de articulação múltiplo som”, e consiste em ensinar e reforçar a produção normal de séries de 4 ou mais elementos sonoros por sessão, utilizando pistas diretas. O principal objetivo da técnica é assegurar que o fluxo aéreo esteja liberado na glote e faringe e constrito no local correto de articulação. Para o trabalho com hipernasalidade, SHPRINTZEN et al. (1975) idealizaram a técnica do “Teste-Escape”, que será aplicada nos casos onde há fechamento velofaríngeo durante o sopro e/ou assobio. A partir destas emissões, o fechamento velofaríngeo será generalizado para a fala. A eficácia do tratamento fonoaudiológico dependerá diretamente de um correto diagnóstico e elaboração das prioridades em cada caso. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. ALTMANN, E.B.C. Fissuras labiopalatinas. São Paulo: Pró-Fono, 1994 p.363-99. 2. BZOCH, K.R. Rationale, method and technique of cleft palate speech therapy. In: BZOCH, K. R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: little, Brown, 1979.p. 239-303. 3. GOLDING-KUSHNER, K.J. Treatment of articulation and resonance disorders associated with cleft palate and VPI. In: SHPRINTZEN, R.J., BARDACH, J. Cleft palate speech management: a multidisciplinary approach. St. Louis. Mosby, 1995. p. 327-349. 4. PICCOLI, E.M.H., MONTENEGRO, W.,TSUJI, D.H. Função velofaríngea: considerações na avaliação e no tratamento fonoaudiológico. Pró-Fono, v.7, n.2, p. 60-63, 1995. Bento-Gonçlaves, Brandão • 42 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 5. SHPRINTZEN, R.J. et al. A new terapeutic technique for the treatment of velopharyngeal incompetence. J. Speech Dis., v.40, p. 69-83, 1975. 6. TOMES,L.A., KUEHN, D.P., PETERSON-FALZONE, S.J. Behavioral treatments of velopharyngeal impairment. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 4.ed. Austin: Pro-ed,1997.p. 529-562. 7. VAN DEMARK, D.R. Speech and voice therapy techniques for school-age and adult patients with remaining cleft palate speech disorders. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 4.ed. Austin: Pro-ed, 1997.p. 493-508. Intervenção fonoaudiológica a tempo com portadores de fissura de lábio e palato Vera Helena Valente Leirião (Fonoaudióloga) Rosana Prado de Oliveira (Fonoaudióloga) Estudos relativos aos fatores que podem afetar o processo de construção da linguagem da criança com fissura de palato mostram um significativo atraso da linguagem expressiva. Como fatores causais, podem estar presentes os orgânicos, devido a distúrbios auditivos ou anormalidades congênitas múltiplas associadas à fissura e os funcionais, de origem ambiental. São observados alguns efeitos ambientais como a falta de estimulação adequada de linguagem, a tentativa de antecipação dos desejos da criança e a não aceitação das tentativas verbais. Estes efeitos podem conduzir dentre outros fatores, à restrição de experiências verbais quando a criança está se constituindo como sujeito da comunicação, interferindo no seu desenvolvimento. E é fundamental lembrarmos que sentimentos de contradição e perturbação tomam conta daqueles que são pais de crianças malformadas. A partir desta análise a atuação do terapeuta desenvolvimentalista é relevante para obtenção de melhores resultados. 43 • Bento-Gonçalves, Brandão, Leirião, Oliveira Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 No HRAC esta intervenção fonoaudiológica a tempo se inicia desde a primeira consulta e tem como objetivo global minimizar e/ou eliminar possíveis alterações além daquelas que podem acometer os portadores de fissura de lábio e palato, visando: • oferecer informações aos pais para que realizem uma adequada estimulação de fala e linguagem a seu filho, salientando a relação das atividades com os pais e as atividades de vida diária; • informar sobre o potencial do paciente enquanto falante; • fornecer explicações básicas sobre o processo de aquisição e desenvolvimento de fala e linguagem; • enfocar os possíveis distúrbios de comunicação relacionados à fissura, contribuindo com o desenvolvimento do processo de conscientização da necessidade da fonoterapia; • orientar a respeito dos procedimentos adequados relativos à alimentação; • salientar a importância e os benefícios do tratamento fonoaudiológico na reabilitação do seu filho como um todo; • desenvolver fonoterapia, em casos específicos com bebês portadores de fissura de lábio e palato com disfagia; • realizar encaminhamento fonoaudiológico preventivo antes do fechamento total do palato , objetivando trabalho com: - o processo de aquisição e/ou desenvolvimento de fala e linguagem - disfagia, nos casos específicos • realizar encaminhamento fonoaudiológico após o fechamento total do palato, objetivando trabalho com: - o processo de aquisição e/ou desenvolvimento de fala e linguagem e - adequação do quadro fonêmico através do trabalho com articulação. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. BLEIBERG, A.H., LEUBLING, H.E. Parent responsability in cleft palate habilitation. Cleft Palate J., v. 7, p. 630-638, Apr. 1970. 2. BZOCH, K.R. Etiological factors related to cleft palate speech. In:_ _ _ _ _ _ _. (ed.) Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little, Brown, 1979, p. 67-76. 3. DE LEMOS, C.T. A sintaxe no espelho. Cad.Est.Linguist., v. 10, p. ,1986. Leirião, Oliveira • 44 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 4. DE LEMOS, C.T. Uma abordagem sócio-construtivista da aquisição da linguagem: um percurso e muitas questões. In: ENCONTRO SOBRE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM, 1. Porto Alegre, 1989. Anais... Porto Alegre, 1989. 5. DROTAR, D. et al. The adaptation of parents to the birth of an infant with a congenital malformation: a hypothetical model. Pediatrics, v. 56, n. 5, p. 710-717, Nov.1975. 6. LEIRIÃO, V.H.V., KROOK, M.I.P. Caracterização do perfil dos pais de pacientes fissurados correlacionando ao processo de comunicação. In: JORNADA DE FONOAUDIOLOGIA SOCIAL E PREVENTIVA, 1, 1989, Sinopse das Palestras... Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1989. p. 50-51. 7. PANNBACKER, M. et al. Information and experience with cleft palate students, parents, professionals. Cleft Palate J., v. 16, n. 2, p. 198-205, Apr. 1979. 8. PHILIPS, B.V.W. Stimulating syntact and phonological development in infants whith cleft palate. In: BZOCH, K.R. (ed.). Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: Little, Brown, 1979. p. 304-310. 9. TISZA, V.B., GUMPERTZ, E. The parents reaction to the birth and early care of children with cleft palate. Pediatrics, v. 20, n. 1, p. 86-90, July 1962. 45 • Leirião, Oliveira Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Avaliação fonoarticulatória e audiológica do indivíduo com fissura labiopalatina Silvia Helena Alvarez Piazentin-Penna (Fonoaudióloga) Jacilene Fernandes da Silva Brega (Fonoaudióloga) A avaliação fonoarticulatória perceptiva é fundamental no tratamento da fissura labiopalatina. É a partir dela que é possível detectar as alterações da comunicação oral e traçar o plano terapêutico para cada caso. Os aspectos anatomofisiológicos dos órgãos fonoarticulatórios que devem ser avaliados são: estruturas do esfíncter velofaríngeo (palato mole, paredes laterais e posterior da faringe), palato duro, amígdalas e adenóide , lábios, língua, bochechas, mandíbula, arcadas dentárias, funções neurovegetativas. Especial atenção deve ser dada à avaliação da voz (ressonância e aspectos vocais em geral) e da articulação, uma vez que esta população apresenta distúrbios articulatórios característicos da patologia. Esses dados podem e devem ser complementados, sempre que necessário, por exames objetivos como: radiografias, nasofaringoscopia, videofluoroscopia, avaliação aerodinâmica, eletromiografia e analisados conjuntamente, a fim de que adequadas condutas terapêuticas e/ou cirúrgicas sejam estabelecidas. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. ALTMANN, EBC. Fissuras labiopalatinas. Carapicuiba: Pró-Fono, 1997. 2. BZOCH, KR. Communicative disorders related to cleft lip and palate. Austin: Pro-Ed; 1997. 3. VICENTE MCZ. Atualização da terminologia de distúrbios articulatóris encontrados em falantes portadores de fissura de lábio e palato. Dist. Comum., v. 4, p. 147-152, 1991. Indivíduos com fissura labiopalatina apresentam consideráveis alterações do sistema de condução do som com conseqüente perda auditiva. A efusão da orelha média tem sido apontada como um fator desencadeante desta perda auditiva, em virtude da malformação anatômica e da deficiência funcional da musculatura da tuba auditiva com aquela do palato mole. Tais alterações têm como conseqüência uma tendência a processos inflamatórios crônicos, otite Piazentin-Penna, Brega • 46 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais média crônica e comprometimento auditivo. Sendo assim, é imprescindível que o indivíduo com fissura labiopalatina seja avaliado e acompanhado audiológicamente o mais cedo possível, para que seja realizado o diagnóstico e tratamentos adequados evitando-se, muitas vezes, que uma deficiência auditiva se instale levando à privação sensorial da criança, com prejuízo para o desenvolvimento de fala, de linguagem e das habilidades cognitivas. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. COSTA FILHO OA, PIAZENTIN, SHA. Aspectos otológicos. In: ALTMANN, E.B.C. (ed.). Fissuras labiopalatinas. Carapicuiba: Pró-Fono;1997.p. 485-98. 2. KEMKER,F.J. Audiolgical management of patients with cleft palate and related disorders. In: BZOCH KR, (ed.). Communicative disorders related to cleft lip and palate. Austin: Pró-Ed;1997.p. 245-60. 3. PIAZENTIN SHA. A influência da palatoplastia primária nas alterações do ouvido médio. São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação) - Pontifícia Universidade Católica; 1989. 4. RIBEIRO, M. Achados otoscópicos e audiométricos nos portadores de fissura pós-forame incisivo. São Paulo, 1987. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação HUmana) - Escola Paulista de Medicina; 1987. Avaliação velofaríngea Renata Paciello Yamashita (Fonoaudióloga) Janaína Trovarelli Paes ( Fonoaudióloga) As estruturas que compõem o mecanismo velofaríngeo - palato mole, paredes laterais e parede posterior da faringe - desempenham papel fundamental na produção da fala. O movimento superior e posterior do palato mole, o movimento medial das paredes laterais da faringe e o movimento anterior da parede posterior da faringe, permitem a distribuição do fluxo aéreo expiratório para a cavidade oral na produção dos sons orais e para a cavidade nasal, na produção dos sons nasais da fala. Alterações no mecanismo velofaríngeo recebem o nome genérico de inadequação 47 • Piazentin-Penna, Brega, Yamashita, Paes Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 velofaríngea ou disfunção velofaríngea. A fala pode ser afetada de diversas maneiras quando o mecanismo velofaríngeo está alterado. Os sintomas mais comuns são: hipernasalidade, emissão de ar nasal e distúrbios articulatórios compensatórios. O principal indicador da significância clínica dos sinais da inadequação velofaríngea é a avaliação fonoarticulatória perceptiva. Entretanto, esta não é suficiente para determinar a causa e a extensão do problema. A avaliação velofaríngea deve ser complementada pelos métodos instrumentais tais como: a nasoendoscopia, a videofluoroscopia, as radiografias cefalométricas, os métodos aerodinâmicos e acústicos. Tais procedimentos fornecem informações objetivas e, algumas vezes, quantitativas sobre a função velofaríngea e permitem, além de um diagnóstico preciso, a definição da conduta clínica adequada para cada caso e ainda, o acompanhamento dos resultados do tratamento. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 1. ALTMANN E.B.., (ed.). Fissuras labiopalatinas. 2 ed. Carapicuiba: Pró-Fono, 1997. 2. BZOCH K.R., (ed.). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 3. ed. Boston: Little-Brown, 1989. 3. CROFT, C.B., SHPRINTZEN R.J., RAKOFF S.J. Patterns of velopharyngeal valving in normal and cleft palate subjects: a multi-view videofluoroscopic and nasoendoscopic study. Layngoscope v. 91, p.265-271, 1981. 4. D’ANTONIO, L.L. Evaluation and management of velopharyngeal dysfunction: a speech pathologist’s viewpoint. Probl Plast Recontr Surg., v.2, p. 86-111, 1992. 5. HIRSCHBERG J. Velopharyngeal insufficiency. Folia Phoniatr. v.38, p. 221-276, 1986 6. TRINDADE, I.E.K., TRINDADE JUNIOR, A.S. Avaliação funcional da inadequação velofaríngea. In: CARREIRÃO S., LESSA S., ZANINI, AS, (ed) Tratamento da fissuras labiopalatinas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. p. 223-235. 7. YAMASHITA, R.P. Estudo da pressão aérea intra-oral na fala de indivíduos com fissura palatina congênita. São Paulo, 1990. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 1990. Yamashita, Paes • 48 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Periodontia e Prótese Sueli Lobo Devides (Periodontista) José Fernando Scarelli Lopes (Protesista) A aula específica de periodontia e prótese procura mostrar a atuação do setor na reabilitação do paciente portador de fissura lábio-palatal. É mostrado o tratamento periodontal atuando junto às áreas de dentística, endodontia, ortodontia e prótese, tanto preventivamente ou seja, controle de placa bacteriana, raspagens, profilaxias, orientações de higiene oral, quanto na fase cirúrgica. Através de casos clínicos são mostrados diferentes tipos de cirurgias periodontais feitas aqui no Hospital. Quanto à reabilitação protética são feitas considerações sobre determinadas situações que o protetista deverá levar em conta quando de seu planejamento tipo de fenda e quanto houve de alterações nos arcos dentários, tamanho do espaço protético, necessidades de contenções permanentes, condições geo-econômicas que influenciam nas expectativas do paciente e possibilidade de atender aos retornos solicitados. São mostrados casos clínicos de diversos tipos de próteses desde as mais simples até as mais complexas, inclusive casos de implantes osseo-integrados. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. CARRANZA JUNIOR, F.A. Sannders, 1979. Glickman’s clinical periodontology. Philadelphia: 2. GOLDMAN, H.M., COHEN, D.W. Periodontal therapy. Toronto: Mosby, 1980. 3. GOLDMAN, H.M. et al. An atlas of the surgical management of periodontal disease. Chicago: Quintessence, 1982. 4. JANSON, W.A. et al. Manual de preparo de dentes: finalidade protética. Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1978. 5. LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica. São Paulo: Interamericana, 1985. 6. SCHLUGER, S. et al. Periodontal disease. Philadelphia: Febiger, 1978. 7. SHILLINGBUNG, H.T. et al. Fundamentos de prostodoncia fija. Chicago: Quintessence, 1981. 8. TAMAKI,T. Prótese parcial fixa e removível. São Paulo: Sarvier, 1975. 49 • Devides, Pinto, Lopes ODONTOLOGIA PERIODONTIA PRÓTESE Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 DENTÍSTICA ENDODONTIA A clínica geral no processo de reabilitação bucal dos pacientes portadores de fissura labiopalatal Celso Kenji Nishiyama (Endodontista) Aparício Fiuza de Carvalho Dekon (Dentística Restauradora) Laerte Fiori de Godoy (Dentística Restauradora) O enfoque central da apresentação estará direcionado na abordagem do paciente fissurado lábio palatal quanto às suas necessidades odontológicas, vinculadas diretamente as condições geo-econômicas. O curso contará com a apresentação de casos clínicos da área de Dentística e Endodontia discorrendo sobre as maiores dificuldades encontradas no transcorrer do tratamento e a importância destas áreas na reabilitação bucal dos pacientes fissurados. Serão abordados aspectos múltiplos inerentes aos trabalhos realizados na clínica odontológica geral como prevenção, diagnóstico, prognóstico e plano de tratamento mais adequado para cada paciente em especial. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. LEONARDO, M.R., LEAL, J.M. Endodontia: tratamento de canais radiculares. São Paulo: Panamericana, 1991. 2. NISHIYAMA, C.K. et al. Análise crítica das principais causas de exodontia de dentes tratados endodonticamente em pacientes portadores de fissura lábio-palatais. Rev.Fac.Odont.Lins, v. 6, n. 1, p. 15-19, jan/jul. 1993. 3. MONDELLI, J. et al. Dentística operatória. São Paulo: Sarvier, 1993. 4. MONDELLI, J. et al. Restauração estética. São Paulo: Sarvier, 1994. 5. MONDELLI, J. et al. Dentística restauradora: tratamentos clínicos integrados. São Paulo: Sarvier, 1984. 6. STURDEVANT, C.M. et al. The art and science of operative dentistry. St.Louis: Mosby , 1985. 7. BARATIERI, L.N. et al. Dentística. São Paulo: Santos, 1984. Nishiyama, Dekon, Godoy • 50 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Atuação da odontopediatria dentro da reabilitação dos pacientes portadores de fissura labiopalatal Marcia Ribeiro Gomide (Odontopediatra) Beatriz Costa (Odontopediatra) O paciente portador de fissura labiopalatal apresenta algumas alterações dentárias e esqueletais importantes. Dentro das alterações dentárias podemos citar as alterações de número (dentes supranumerários, agenesias) forma (dentes conóides, hipoplasias, hipocaleificações), posição (denvido à ocorrência da fissura) e de irrupção (dentes neo natais). Estas alterações ocorrem geralmente na região da fissura e dependem do tipo e extensão do defeito (fissuras completas ou incompletas). Existem algumas particularidades quanto ao tratamento odontopediátrico dos pacientes portadores de lesões labiopalatais, como isolamento absoluto do campo operatório e técnica anestésica. A odontopediatria deve ainda estar constantemente acompanhando o crescimento e desenvolvimento dos arcos maxilares, a fim de intervir nas possíveis alterações ortodônticas e ortopédicas com o intuito de restabelecer as funções e facilidades em alguns casos a intervenção ortodôntica posterior. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. DURNING, P. et al. A Natal tooth in a cleft palate baby: a complicating feature in neonatal orthopaedics: a case report. J.Paediat., v. 4, n. 1, p. 27-31, 1988. 2. BÖHN, A. Anomalies of the lateral incisor in cases of harelip and cleft palate. Acta odont.Scand, v. 9, p. 41-59, 1950. 3. DAMANTE, J.H. Anomalias dentárias de número na área da fenda em portadores de malformações lábio-palatais. Estomat.Cult., v. 7, n. 1, p. 88-97, jan./jun. 1973. 4. VINCENT, C.J. The pedodontics and cleft palate reabilitation. J.dent.Child., v. 29, p. 172-175, 1962. 51 • Gomide, Costa ODONTOPEDIATRIA Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Atuação da ortodontia na reabilitação do paciente portador de fissura labiopalatal Arlete de Oliveira Cavassan (Ortodontista) No contexto da reabilitação, a terapia ortodôntica é imprescindível, principalmente, para o portador de fissura completa, com envolvimento de lábio e palato. Considerando-se o aspecto inter-disciplinar e os fatores limitantes do tratamento, tais como: envolvimentos anatômico e funcional impostos pela fissura; cirurgias mal conduzidas, associadas a fatores geo-econômico-sociais; o tempo de tratamento é um fator relevante a ser ponderado na exequibilidade do tratamento ortodôntico. A experiência tem mostrado que a terapia ortodôntica preventiva e/ou interceptiva, na maioria dos casos, é incapaz de minimizar ou eliminar estes fatores, fazendo com que o tratamento seja postergado para a fase corretiva, cujos resultados são mais previsíveis e estáveis, evitando desta forma, longos períodos de contenção. O tratamento ortodôntico corretivo, salvo algumas peculiaridades na área adjacente à fissura, com atuação mais extensiva na maxila, obedece aos princípios básicos e atuais vigentes na Ortodontia, favorecendo sobremaneira as etapas subsequentes da reabilitação. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Avaliação do crescimento craniofacial em portadores de fissura transforame incisivo unilateral: estudo transversal. Rev.bras.Cirurg., v. 77, n. 4, p. 97-106, mar./abr. 1987. 2. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Avaliação do crescimento mandibular em fissurados transforame incisivo unilateral. Ortodontia, v. 14, n. 3, p. 119-121, set./dez. 1981. 3. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Expansão rápida da maxila em fissurados adultos. Ars Curandi Odont., v. 7, n. 5, p. 209-224, ago. 1980. 4. CAVASSAN, A. de O. et al. Avaliação cefalométrica do crescimento vertical da face em portadores de fissura transforame incisivo unilateral (4 - 12 anos): estudo transversal. I. Ortodontia, v. 15, n. 1, p. 8-17, Jan./Abr. 1982. 5. CAVASSAN, A. de O. et al. Avaliação cefalométrica do crescimento vertical da face Cavassan • 52 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais em portadores de fissura transforame incisivo unilateral (4 - 12 anos): estudo transversal. II. Ortodontia, v. 15, n. 2, p. 121-135, Maio/Ago. 1982. 6. MIYAHARA, M., CAPELOZZA FILHO, L. Características cefalométricas da face no fissurado unilateral adulto. Ortodontia, v. 18, n. 2, p. 5-16, jul./dez. 1985. 7. ROCHA, R. Definição do padrão facial do paciente portador de fissura préforame incisivo unilateral completa e avaliação crítica dos procedimentos terapêuticos. Bauru, 1987. 42 p. Monografia (Residência em Ortodontia) Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1987. 8. SILVA FILHO, O.G. da, NORMANDO, A.D.C. Influência da palatoplastia no padrão facial de pacientes portadores de fissura pós-forame incisivo. Bauru: Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1988. 9. SILVA FILHO, O.G. da et al. Avaliação do padrão cefalométrico em pacientes portadores de fissura pós-forame incisivo - não operados. Bauru: Hospital de Pesquisa de Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo, 1987. 10.SILVA FILHO, O.G. da et al. Pacientes fissurados de lábio e palato: efeitos suscitados pela queiloplastia. Ortodontia, v. 23, n. 3, p. 25-34, set./dez. 1990. 11.TANIGUCHI, S.M. Padrão craniofacial de adultos portadores de fissura transforame incisivo unilateral, não operados. Bauru, 1990. 26 p. Monografia (Residência em Ortodontia) -Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões LábioPalatais, Universidade de São Paulo, 1990. 12.VALE, D.M.V. et al. Avaliação cefalométrica do crescimento maxilar e seu comportamento sob variáveis cirúrgicas, de jovens portadores de fissura transforame incisivo bilateral. Ortodontia, v. 26, n. 3, p. 15-23, set./dez.1994. 13.VALE, D.M.V. et al. O comportamento da mandíbula frente ao crescimento e ao tratamento cirúrgico nas fissuras transforame incisivo bilateral. Ortodontia, v. 27, n. 1, p. 4-12, jan./abr. 1994. 53 • Cavassan Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Prótese de palato PRÓTESE DE PALATO Maria Inês Pegoraro-Krook (Fonoaudióloga) Homero Carneiro Aferri (Protesista) Para que um indivíduo produza os sons da fala de forma normal, além da boa articulação, um dos aspectos mais importantes que devem ser levados em consideração, é o perfeito equilíbrio da ressonância oro-nasal, resultante do funcionamento adequado da válvula velofaríngea. Quando ocorre uma falha no fechamento velofaríngeo, há um acoplamento entre as cavidades oral e nasal, fazendo com que haja uma perda indesejada de fluxo de ar pela cavidade nasal, durante a produção da fala. Assim, o equilíbrio da ressonância oro-nasal estará comprometido e a ressonância nasal excessiva passará a ser predominante. Várias são as causas que levam à uma inadequação velofaríngea. A principal delas é a fissura palatina. Esta deformidade compromete várias estruturas oro-faciais que são essenciais para a fala. De todas as alterações da fala, nenhuma é tão característica e tão severa como àquela do portador de fissura palatina. A hipernasalidade, a emissão de ar nasal, a ausência de pressão intra-oral e os distúrbios articulatórios resultam numa fala típica, que se torna um estigma na vida destes indivíduos. A inadequação velofaríngea também pode estar associada a um grande número de desordens neurológicas congênitas e adquiridas e naqueles que foram submetidos à ressecção total ou parcial do palato, devido predominantemente ao câncer oral. Devido a amplitude dos problemas destes pacientes, varias são as formas de tratamento que podem ser utilizadas pela equipe de reabilitação. Umas destas formas de tratamento, a qual é o objetivo desta palestra, nasceu da necessidade de corrigir a fala daqueles pacientes que, por alguma razão, não podem ser tratados cirurgicamente e, portanto, apresentam indicação para uma prótese de palato. A prótese de palato resulta da cooperação entre o fonoaudiólogo e o cirurgião dentista e consiste num aparelho removível, que possui uma extensão fixa em direção à faringe, o bulbo, cuja função é atuar dinâmica e funcionalmente em interação com a musculatura da faringe no controle do fluxo de ar oro-nasal. Pegoraro-Krook, Aferri • 54 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Com a evolução dos conceitos e da técnica de confecção, o tratamento através da prótese de palato passou a fazer parte da filosofia de reabilitação do paciente portador de inadequação velofaríngea, fissurado de palato ou não, tendo o objetivo de possibilitar a estas pessoas, uma fala socialmente aceitável, para que, com isso, superem sua deficiência e venham a ter lugar na sociedade. O Serviço de Genética Clínica no HRAC/USP Maria Leine Guion-Almeida (Médica) Nancy Mizue Kokitsu-Nakata (Bióloga) Roseli Maria Zechi-Ceide (Bióloga) Siulan Vendramini (Bióloga) O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP), Bauru, centro de excelência e referência nacional e internacional, tem sua estrutura voltada à abordagem interdisciplinar de pacientes portadores de anomalias craniofaciais, as quais incluem fissuras labiopalatinas, fissuras atípicas, craniossinostoses, seqüência holoprosencefalia, displasia frontonasal e anomalias de primeiro e segundo arcos branquiais. Estas anomalias, por si só são raras e complexas e, podem, ainda, fazer parte de vários quadros sindrômicos, os quais se distribuem dentro de um universo clínico e etiológico variável (ambientais, gênicas e cromossômicas), podendo representar quadros isolados na família ou com padrão de recorrência. Esta heterogeneidade dá uma idéia geral da complexidade do estudo sindromológico destas condições e da identificação precisa de cada síndrome malformativa. Uma vez que portadores destes quadros requerem atendimento diferenciado e conduta terapêutica peculiar, o esclarecimento diagnóstico é de grande impor55 • Pegoraro-Krook, Aferri, Guion-Almeida et al SINDROMOLOGIA Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 tância neste processo. Cerca de 20% dos pacientes matriculados neste hospital apresentam múltiplas anomalias associadas. O Serviço de Genética Clínica do HRAC/USP vem, há anos, trabalhando neste sentido, com objetivo de, não somente, propiciar um adequado aconselhamento genético aos pacientes e familiares, mas ainda, fornecer subsídios para os demais profissionais envolvidos no tratamento do paciente. Para a definição diagnóstica, a atuação do profissional da área de Genética Clínica compreende desde avaliação clínica junto ao paciente, onde se incluem exames complementares, até busca em programas computadorizados específicos da área e levantamento de literatura pertinente. Como parte dos exames complementares, o estudo citogenético é imprescindível. Com a evolução do conhecimento genético, crescente nos últimos anos, novas técnicas de citogenética e de genética molecular foram estabelecidas e tornaram-se fundamentais no diagnóstico de determinadas síndromes. Um exemplo é a síndrome velocardiofacial, causada por microdeleção ou mutação no cromossomo 22q21, cujo cariótipo convencional e por bandamento, dificilmente detectam as alterações. Em adição, a disponibilidade de dados do genoma humano, bem como o avanço das técnicas de biologia molecular têm possibilitado o estudo de genes relacionados às anomalias craniofaciais e, em algumas síndromes, o diagnóstico e o aconselhamento genético adequado. O Serviço de Genética Clínica realiza, ainda, atendimento aos pacientes portadores de deficiência auditiva, que pode se apresentar de forma isolada ou fazer parte de quadros sindrômicos. O Serviço de Genética Clínica do HRAC/USP tem contribuído com os diferentes programas e pesquisas desenvolvidas em diversas áreas do Hospital que necessitem de informações genéticas-clínicas. Diante deste fato, criou-se, junto ao Setor de Informática do HRAC/USP, um programa específico para a informatização de dados genéticos-clínicos (Banco de Dados específico da área). Tanto a inclusão de dados, quanto as alterações no cadastro, são de responsabilidade exclusiva dos profissionais do Serviço de Genética Clínica do HRAC/USP. Este cadastro disponibiliza informações para os profissionais do HRAC/USP, através da rede de computadores (intranet), dando suporte para projetos de pesquisa em andamento. Este sistema está integrado à Base de Dados do HRAC/USP, atualmente administrado pelo Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (PROGRESS). Guion-Almeida et al • 56 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais Bibliografia Recomendada COHEN JUNIOR, MM. The Child with Multiple Birth Defects. 2 ed. New York. Oxford. Oxford University Press. 1997. 267p. GORLIN, RJ; COHEN JUNIOR, MM; LEVIN, LS. Syndromes of the Head and Neck. 3 ed. New York. Oxford. Oxford University Press. 1990. 977p. GORLIN, RJ; TORIELLO, HV; COHEN JUNIOR, MM; editors. Hereditary Hearing Loss and its Syndromes. New York. Oxford. Oxford University Press. 1995. 457p. OPITZ, JM. Tópicos Recentes de Genética Clínica. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética. 1984. 231p. STEVENSON, RE; HALL JG; GOODMAN, RM; editors. Human Malformations and Related Anomalies. v I. New York. Oxford. Oxford University Press. 1993. 271p. STEVENSON, RE; HALL JG; GOODMAN, RM; editors. Human Malformations and Related Anomalies. v II. New York. Oxford. Oxford University Press. 1993. 1162p. THOMPSON, MW; MacINNES, RR; WILLARD, HF. Genética Médica. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A. 1993. 339p. 57 • Guion-Almeida et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 FISIOLOGIA Avaliação instrumental da fala, respiração e mastigação Inge Elly Kiemle Trindade (Fisiologista) Alceu Sérgio Trindade Junior (Fisiologista) Ana Claudia Martins Sampaio (Fisiologista) Ana Paula Fukushiro (Fonoaudióloga) Katia Flores Genaro (Fonoaudióloga) Renata Paciello Yamashita (Fonoaudióloga) O Laboratório de Fisiologia se dedica ao estudo dos distúrbios respiratórios, musculares e fonatórios de indivíduos portadores de fissuras lábiopalatais e de outras patologias e oferece um serviço de apoio ao diagnóstico das áreas médica, odontológica e fonoaudiológica, por meio do uso de métodos instrumentais que permitem uma análise quantitativa de vários parâmetros de interesse. A função respiratória é avaliada por técnicas espirométricas, rinomanométricas e rinométricas que permitem a determinação de volumes pulmonares estáticos e dinâmicos, fluxos e pressões respiratórias, bem como a análise do modo respiratório e da função nasal. A avaliação da função muscular de estruturas oro-faciais envolvidas nos processos de fala e mastigação é reabilitada por meio da eletromiografia. Os distúrbios da fala são analisados usando técnicas aerodinâmicas que permitem determinar pressões e fluxos aéreos no trato vocal, para avaliar a função laríngea e quantificar o grau de adequação do mecanismo velofaríngeo e, através de técnicas acústicas que fornecem informações sobre nasalidade, tom e intensidade vocal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA, G.A. Avaliação da atividade eletromiográfica dos músculos masséteres e temporais de indivíduos com atresia lateral de maxila. Bauru, 1993. 132p. Tese (Doutorado em Ortodontia). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1993. 2. BERRETIN, G. Avaliação clínica e eletromiográfica da função mastigatória em indivíduos com disfunção craniomandibular. Piracicaba, 1999, 192p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Oral). Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade de Campinas, 1999. Trindade et al • 58 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 3. BERRETIN, G., GENARO, K.F., TEIXEIRA, M.L. Influência da desordem craniomandibular sobre a fala. Rev. CEFAC, v. 2, n. 1, p.23-31, 2000. 4. BERRETIN, G., GENARO, K.F., TRINDADE JUNIOR, A.S. Características clínicas do sistema mastigatório de indivíduos com disfunção craniomandibular. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, v.5, p.46-55, 2000. 5. BONASSI, P. R. M., TRINDADE, I. E. K., FENIMAN, M. R., TRINDADE JUNIOR, A. S. Avaliação Nasométrica da Ressonância da Fala de Deficientes Auditivos Adultos. Acta Awho, v.17, n.2, p.77-85, 1998. 6. CALDEIRA, K.F.G. Estudo da atividade eletromiográfica do músculo orbicular do lábio superior de indivíduos com fissura labial operada. São Paulo, 1990. 62p. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana) Escola Paulista de Medicina, 1990. 7. DIAS, A.A. Determinação do período de silêncio eletromiográfico nos músculos masséteres e temporais induzido pela percussão direta dos dentes em indivíduos com disfunção da ATM. Bauru, 1994. 131p. Tese (Doutorado em Reabilitação Oral - Prótese). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1994. 8. FUKUSHIRO, A.P. Dimensões das vias aéreas nasais de indivíduos com fissura labiopalatina. Bauru, 2002. 80p. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana). Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, 2002. 9. GENARO, K.F. Fissura lábio-palatina: atividade eletromiográfica do lábio superior. São Paulo, 1995. 109p. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade Federal de São Paulo, 1995. 10. GENARO, K.F., TRINDADE JUNIOR, A.S., TRINDADE, I.E.K. Electromyographic analysis of lip muscle function in operated cleft subjects. Palate Craniofac.J., v.31, n.1, p.56-60, Jan. 1994. 11. GOUVÊA JUNIOR, F. Duração do ato e do ciclo mastigatório em indivíduos com disfunção crâniomandibular. Piracicaba, 1995. 115p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia e Biofísica do Sistema Estomatognático). Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade de Campinas 1995. 12. MIGUEL, H.C. Avaliação perceptiva e instrumental da função velofaríngea de indivíduos com fissura de palato submucosa assintomática. Bauru, 2002. 85p. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana). Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, 2002. 13. OLIVEIRA, C.M.C. Aspectos temporais da fala fluente de gagos: avaliação 59 • Tindade et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 aerodinâmica acústica. São Paulo, 1996. 88p. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1996. 14. OLIVEIRA, C.M.C., TRINDADE, I.E.K., YAMASHITA, R.P., TRINDADE JUNIOR, A.S. Aspectos temporais da fala fluente de gagos: avaliação aerodinâmico - acústica. Acta Awho, v. 19, n. 1, p.42-48, jan./mar. 2000. 15. PANTALEÓN, M.D.J.S. Estudo eletromiográfico em indivíduos desdentados reabilitados com prótese suportada por implantes osseointegrados. Bauru, 1997. 112p. Tese (Doutorado em Reabilitação Oral - Prótese). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1997. 16. SAMPAIO A.C.M., TRINDADE I.E.K., GENARO K.F., TRINDADE JUNIOR A.S. Avaliação aerodinâmica da função laríngea em indivíduos com fissura de palato operada. Acta Awho, 1994; 13:99-104. 17. SAMPAIO, A.C.M. Período de silêncio eletromiográfico, duração do ato e do ciclo mastigatório em indivíduos com fissura lábio-palatina. Piracicaba, 1997. 125p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia e Biofísica do Sistema Estomatognático). Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade de Campinas, 1997. 18. SAMPAIO, A.C.M. Atividade dos músculos masseteres e temporais: eletromiografia integrada e força de mordida pré e pós cirurgia ortognática. Bauru, 2000. 142p. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana). Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, 2000. 19. TEIXEIRA, M.L. Avaliação do movimento mandibular em pacientes com fissura transforame incisivo. Bauru, 2000. 142p. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana). Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, 2000. 20. TRINDADE, I.E.K. Estudo da função pulmonar de indivíduos com fissura palatina congênita. Ribeirão Preto, 1990. 131p. Tese (Doutorado em Fisiologia). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 1990. 21. TRINDADE, I.E.K. Efeitos da cirurgia ortognática sobre a fala e a respiração de indivíduos com fissura lábio-palatina: análise acústica e aerodinâmica. Bauru, 1999. 81p. Tese (Livre-Docência). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1999. 22. TRINDADE I.E.K., TRINDADE JUNIOR A.S. Avaliação funcional da inadequação velofaríngea. In: Carreirão S, Lessa S, Zanini SA, editor. Tratamento das Fissuras Labiopalatinas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 1996. p. 223-35. Trindade et al • 60 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 23. TRINDADE I.E.K., TRINDADE JUNIOR A.S. Rinomanometria nas estenoses craniofaciais. In: Zanini SA, editor. Cirurgia Craniofacial: Malformações. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. p. 119-126. 24. TRINDADE, I.E.K., PACIELLO, R.Z., TRINDADE JR, A.S. Consonantal intraoral air pressure characteristics in brazilian postoperative cleft palate speakers with velopharyngeal disorders. Braz J Med Biol Res , v.22, p.667-674, 1989. 25. TRINDADE I.E.K., MANÇO J.C., TRINDADE JUNIOR A.S. Pulmonary function of individuals with congenital cleft palate. Cleft Palate Craniofac J, v.29, n.5, p.429434, 1992. 26. TRINDADE I.E.K., GENARO K.F., DALSTON R.M. Nasalance scores of normal brazilian portuguese speakers. Braz J Dysmorphol Speech-Hear Dis, 1997, 1:23-34. 27. TRINDADE, I.E.K., YAMASHITA, R.P., SUGUIMOTO, R.M., MAZZOTTINI, R., TRINDADE JUNIOR, A.S. Effects of orthognathic surgery on speech and breathing of cleft lip and palate subjects: acoustic and aerodynamic assessment. Cleft Palate Craniofac J, v. 40, n.1, p. 54-64, 2003. 28. TRINDADE JUNIOR, A.S. Estudo do período de silêncio eletromiográfico nos distúrbios funcionais do sistema estomatognático. Bauru, 1992. 107p. Tese (Livre-Docência). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1992. 29. TRINDADE JUNIOR, A.S., WESTPHALEN, F.H., TRINDADE, I.E.K., MARINGONI, R.L., ATTA, A.G. Masseteric electromyographic silent period duration in patients with temporomandibular joint dysfunction. Braz J Med Biol Res, v.24, p.261-266, 1991. 30. WESTPHALEN, F.H. Avaliação do período de silêncio (PS) eletromiográfico dos músculos masséteres em indivíduos portadores de disfunção da articulação temporomandibular (ATM). Bauru, 1989. 81p. Dissertação (Mestrado em Diagnóstico Bucal). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1989. 31. WESTPHALEN, F.H. Determinação do período de silêncio eletromiográfico nos músculos masséteres em indivíduos com disfunção da ATM - Influência do front-plateau e do ajuste oclusal. Bauru, 1993. 87p. Dissertação (Mestrado em Diagnóstico Bucal). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1993. 32. YAMASHITA, R.P. Estudo da pressão aérea intraoral na fala de indivíduos com fissura palatina congênita. São Paulo, 1990, 65p. Dissertação (Mestrado em 61 • Tindade et al Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 Distúrbios da Comunicação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1990. 33. YAMASHITA, R.P., TRINDADE I.E.K., LOUZADO M.R., MIGUEL, H.C., TRINDADE JUNIOR, A.S. Resistência laríngea em indivíduos normais e em portadores de insuficiência velofaríngea. Acta Awho, v.19, n.1, p.10-17, 2000. 34. YAMASHITA, R.P., CALAIS L.L., MIGUEL, H.C., TRINDADE I.E.K. Avaliação da resistência laríngea em indivíduos portadores de insuficiência velofaríngea com distúrbio articulatório. Acta Awho, v.21, n.1, 2002. Disponível em: http://www.actaawho.com.br. Acesso em 29 nov. 2002. 35. ZUIANI, T.B.B., TRINDADE, I.E.K., YAMASHITA, R.P., TRINDADE JR, A.S. The pharyngeal flap surgery in patients with velopharyngeal insufficiency: perceptual and nasometric speech assessment. Braz J Dysmorphol Speech-Hear Dis, v.2, p.3142, 1998. Trindade et al • 62 Universidade de São Paulo • Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais ÍNDICE DE AUTORES 63 • Índice de autores 54 Aferri, Homero Carneiro 12 Blattner, Soraia Helena Bomfim 42 Brandão, Giovana Rinalde 46 Brega, Jacilene Fernandes da Silva 28 Capelozza Filho, Leopoldino 52 Cavassan, Arlete de Oliveira 51 Costa, Beatriz 12 Custódio, Silvana Aparecida Mazieiro 50 Dekon, Aparício Fiuza Carvalho 49 Devides, Sueli Lobo 25 Freitas, Patrícia Zambonato 58 Fukushiro, Ana Paula 12 Garcia, Regina Célia Meira 58 Genaro, Kátia Flores 50 Godoy, Laerte Fiori de 51 Gomide, Márcia Ribeiro 42 Gonçalves, Cristina Guedes de Azevedo Bento 12 Graciano, Maria Inês Gândara 55 Guion-Almeida, Maria Leine 55 Kokitsu-Nakata, Nancy Mizue 43 Leirião, Vera Helena Valente 49 Lopes, José Fernando Scarelli 34 Martinelli, Angela Patrícia Menezes Cardoso 34 Nelli, Eloisa Aparecida 31 Netto, Cristianne Chiquito 50 Nishiyama, Celso Kenji 42 Oliveira, Rosana Prado de 47 Paes, Janaína Trovarelli 27 Palhares Neto, Aristides 54 Pegoraro-Krook, Maria Inês 34 Peres, Suely Prieto de Barros Almeida 46 Piazentin-Penna, Silvia Helena Alvarez 32 Pimentel, Maria Cecília Muniz 58 Sampaio, Ana Cláudia Martins Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais • Anais, 38º Módulo 2004 24 5, 12 Silva Filho, Omar Gabriel da Souza-Freitas, José Alberto de 34 Thomé, Sandra 58 Trindade, Inge Elly Kiemle 58 Trindade Júnior, Alceu Sérgio 55 Vendramini, Siulan 47, 58 Yamashita, Renata Paciello 55 Zechi-Ceide, Roseli Maria 31 Zimmermann, Maria Cristina Índice de autores • 64
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