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expediente | editorial 3 Editorial Editora AnimalWorld | Uma referência no Agronegócio Com a proposta de informação atualizada e de alto nível, a AnimalWorld hoje é referência de know-how em suinocultura, avicultura e bovinocultura, aproximando empresas, médicos veterinários, produtores, universidades, executivos e gestores do agrobusiness mundial. O planeta Terra alcançou 7 bilhões de pessoas e a suinocultura brasileira terá papel importante na alimentação da humanidade. Alguns passos para que o setor corresponda a essa responsabilidade histórica estão sendo dados. Outros ainda precisam ser concretizados. Esta edição da PorkWorld traz a primeira entrevista exclusiva para revistas do agronegócio com o próximo diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), José Graziano Silva. Ele é o primeiro latino-americano a assumir o principal cargo da ONU (Organização das Nações Unidas) destinado a combater a fome no mundo. Revista PorkWorld, liderança construída com credibilidade e eficiência. Presidente Flavia Roppa Cunha [email protected] jornalismo Daniel Azevedo Duarte [Gerente de Jornalismo] [email protected] Felipe Guerra [Web Repórter] [email protected] Heloisa Toreti (Web Repórter) [email protected] Comercial Guilherme Reis [Gerente Comercial] [email protected] Valcir Callogeras [Executivo de contas] [email protected] Karla Bordin [Executiva de contas] [email protected] Administrativo/financeiro Nanci Junqueira [Analista Financeira] [email protected] logística Patrícia Mendonça [email protected] Marketing Cristina Amorim [Marketing] [email protected] Os desafios e oportunidades para a suinocultura brasileira colaborar com este objetivo são analisados por especialistas do setor em uma reportagem especial nesta edição. Trazemos também a defesa do executivo da Elanco, o estadunidense Jeff Simons, sobre o uso da tecnologia para aumentar a produtividade de alimentos e permitir o acesso a toda população mundial. Além dele, a doutora Maria Stella Saab detalha o perfil da suinocultura brasileira e do consumo interno do produto de carne suína. Esta edição apresenta, ainda, a cobertura sobre o Fórum de Líderes em Suinocultura que, com um novo conceito de evento, focado em gestão, trouxe informação valiosa para o setor. Além disso, temos uma matéria sobre o Consórcio Suino Paulista e os artigos técnicos “Como interpretar corretamente exames de diagnóstico e monitorias de doenças de suínos”, do professor Roberto Guedes, e “Fábrica de ração: gestão de processos e controle de qualidade”, do consultor Roniê Pinheiro. Mas não nos esquecemos das tradicionais seções da PorkWorld (Estatísticas, Pregão, Boletim Cepea, Nacionais, Internacionais, etc) que nos torna, enfim, a revista com a melhor e mais completa informação do segmento. Boa Leitura! Diagramação e arte Quadratta Comunicação & Design www.quadratta.com.br Eventos Guilherme Fray [Gerente de Eventos] [email protected] Atendimento ao cliente [email protected] Publicações Revista PorkWorld & Revista AveWorld Portais de Notícias • www.AveWorld.com.br • www.BeefWorld.com.br • www.MeatWorld.com.br • www.MilkWorld.com.br • www.PorkWorld.com.br Eventos • Fórum de líderes em Suinocultura • Fórum de líderes em Avicultura • PorkExpo CONTATO | ADMINISTRAÇãO | PUBLICIDADE PABX: 55 19 3709-1100 AV. José Rocha Bonfim, 214 | Salas Paris 220 e 221 13080-650 Center Santa Genebra – Campinas/SP www.editora-animalworld.com.br ASSINATURAS 1 ano R$ 140,00 | 2 anos R$ 250,00 | Anteriores R$ 29,90 Quer Assinar? www.editora-animalworld.com.br/store Flavia Roppa Cunha Presidente #editoraanimalworld @ed_animalworld www.facebook.com/editoraanimalworld Anunciantes desta edição: • ABCS • Agriness • Agroceres Multimix • Agroceres Pic • Agrostock • Alltech • Bayer • Big Dutchman • Boehringer • DB Danbred • Desfar/Desvet • Edege • Elanco • Fatec • Grasp • Ilender • Integrall • Lubing • M.CASSAB • Majop • Microsal • Novartis • Ouro Fino • Patense • Pfizer • Phibro • Pisani • PolySell • Stemac • Suin • TOPGEN • Topigs • Uniquímica • Vencofarma • Weda • XP Agro [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 4 expediente | editorial Editorial Editora AnimalWorld | Uma referência no Agronegócio Com a proposta de informação atualizada e de alto nível, a AnimalWorld hoje é referência de know-how em suinocultura, avicultura e bovinocultura, aproximando empresas, médicos veterinários, produtores, universidades, executivos e gestores do agrobusiness mundial. 78 O planeta Terra alcançou 7 bilhões de pessoas e a suinocultura brasileira terá papel importante na alimentação da humanidade. Alguns passos para que o setor corresponda a essa responsabilidade histórica estão sendo dados. Outros ainda precisam ser concretizados. Sucesso Fórum de Líderes lança novo conceito no Brasil Esta edição da PorkWorld traz a primeira entrevista exclusiva para revistas do agronegócio com o próximo diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), José Graziano Silva. Ele é o primeiro latino-americano a assumir o principal cargo da ONU (Organização das Nações Unidas) destinado a combater a fome no mundo. Revista PorkWorld, liderança construída com credibilidade e eficiência. Presidente Flavia Roppa [email protected] jornalismo Daniel Azevedo Duarte [Gerente de Jornalismo] [email protected] Felipe Guerra [Web Repórter] [email protected] Heloisa Toreti (Web Repórter) [email protected] Comercial Guilherme Reis [Gerente Comercial] [email protected] Valcir Callogeras [Executivo de contas] [email protected] Karla Bordin [Executiva de contas] [email protected] Administrativo/financeiro Nanci Junqueira [Analista Financeira] [email protected] logística Patrícia Mendonça [email protected] Marketing [email protected] Diagramação e arte Quadratta Comunicação & Design www.quadratta.com.br Eventos Thaís Scacinatti [Gerente de Eventos] [email protected] Atendimento ao cliente [email protected] Os desafios e oportunidades para a suinocultura brasileira colaborar com este objetivo são analisados por especialistas do setor em uma reportagem especial nesta edição. Trazemos também a defesa do executivo da Elanco, o estadunidense Jeff Simons, sobre o uso da tecnologia para aumentar a produtividade de alimentos e permitir o acesso a toda população mundial. Além dele, a doutora Maria Stella Saab detalha o consumo interno brasileiro de carne suína e o especialista inglês, Mike Varley, descreve as iniciativas que salvaram a suinocultura britânica da falência por meio da agregação de valor. Esta edição apresenta, ainda, a cobertura sobre o Fórum de Líderes em Suinocultura que, com um novo conceito de evento, focado em gestão, trouxe informação valiosa para o setor. Além disso, temos uma matéria sobre o Consórcio Paulista de Suinocultores e os artigos técnicos “Alternativas nutricionais para minimizar os gargalos da eficiência reprodutiva”, do especialista Theo van Kempen, “Como interpretar corretamente exames de diagnóstico e monitorias de doenças de suínos”, do professor Roberto Guedes, e “Fábrica de ração: gestão de processos e controle de qualidade”, do consultor da Integrall, Roniê Pinheiro. Eventos • Fórum de líderes em Suinocultura • Fórum de líderes em Avicultura • PorkExpo CONTATO | ADMINISTRAÇãO | PUBLICIDADE PABX: 55 19 3709-1100 AV. José Rocha Bonfim, 214 | Salas Paris 220 e 221 13080-650 Center Santa Genebra – Campinas/SP www.editora-animalworld.com.br ASSINATURAS 1 ano R$ 140,00 | 2 anos R$ 250,00 | Anteriores R$ 29,90 Quer Assinar? www.editora-animalworld.com.br/store porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Estatísticas Brasil depende menos da Rússia 62 Suinocultura paulista Como interpretar um diagnóstico em suínos 52 Brasil Embaixador da China fala em parceria Seções 10 Notícias Nacionais Boa Leitura! 24 Personalidade da Suinocultura 14 Notícias Internacionais 18 Frases do Agronegócio 22 Radar Corporativo 26 Imagem da Edição Flavia Roppa Presidente 36 Mercado II 58 Brasilzão #editoraanimalworld 66 Manejo 92 Especial Comercial @ed_animalworld Sanidade Consórcio, selo e PNDS Mas não nos esquecemos das tradicionais seções da PorkWorld (Estatísticas, Pregão, Nacionais, Internacionais, etc) que nos torna, enfim, a revista com a melhor e mais completa informação do segmento. Publicações Revista PorkWorld & Revista AveWorld Portais de Notícias • www.AveWorld.com.br • www.BeefWorld.com.br • www.MeatWorld.com.br • www.MilkWorld.com.br • www.PorkWorld.com.br 28 72 www.facebook.com/editoraanimalworld 94 Colunistas 30 MERCADO i Mercado da Carne Suína no Brasil 98 Gestão e Empreendedorismo 100Pessoas e Empresas Anunciantes desta edição: • ABCS • Agriness • Agroceres Multimix • Agroceres Pic • Agrostock • Alltech • Bayer • Big Dutchman • Boehringer • DB Danbred • Desfar/Desvet • Edege • Elanco • Fatec • Grasp • Ilender • Integrall • Lubing • M.CASSAB • Majop • Microsal • Novartis • Ouro Fino • Patense • Pfizer • Phibro • Pisani • PolySell • Stemac • Suin • TOPGEN • Topigs • Uniquímica • Vencofarma • Weda • XP Agro 102 Pregão 104 AnimalWorld News 106Agenda 108Site 110 Receita 06 Entrevista As ideias de José Graziano, próximo diretor-geral da FAO 6 entrevista entrevista Missão: 7 Erradicar a fome do mundo José Graziano é o primeiro latino-americano a comandar a FAO texto Daniel Azevedo A Divulgação responsabilidade de combater a fome no mundo é de todos, como humanos. Mas ao assumir a direção-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) em janeiro de 2012, José Graziano Silva comandará o órgão máximo mundial para este fim. Ele é o primeiro latino-americano a ocupar o cargo e tem, pelo menos até julho de 2015, para avançar expressivamente rumo ao objetivo de erradicar a fome do planeta até 2025. Tudo isso, preservando o meio ambiente, a sanidade dos alimentos, entre outros pontos. Graziano venceu as eleições para o cargo com votos de 92 países (de 180 votantes) e sua vitória teve boa aceitação na comunidade internacional. “Ele tem experiência e compromisso para transformar o nosso sistema alimentar falido e conduzir à mudança para um novo futuro agrícola”, disse o grupo Oxfam, ONG de ativistas sociais que tem como bandeira o combate a fome. De fato, Graziano foi responsável pela implantação do porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Programa Fome Zero no Brasil (que contribuiu com a saída de 28 milhões de pessoas da linha de pobreza) durante o governo Lula e pesquisa sobre a distribuição de renda desde a década de 1970, sendo mestre pela USP, doutor pela Unicamp e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia e na University College London. A PorkWorld, uma vez mais, saiu na frente e entrevistou Graziano no início de novembro, cerca de dois meses antes dele assumir o cargo. O próximo diretor-geral da FAO apresentou as prioridades do órgão para sua gestão e, também, sua posição pessoal sobre temas de interesse global (como subsídios, papel da iniciativa privada, sustentabilidade, segurança alimentar, acesso a alimentos, etc) e, especificamente, para o agronegócio. Confira a íntegra: O senhor é o primeiro sulamericano eleito diretor-geral da FAO. Trata-se de um sinal da percepção mundial de que nosso continente tem um papel fundamental na produção de alimentos nas próximas décadas? José Graziano | Minha eleição reflete a esperança de que é possível crescer com inclusão social. Vários pa- íses que compartilham essa esperança somaram-se à minha candidatura. Também quero destacar o apoio decidido que recebi de blocos de países da América do Sul (Unasul), do Mercosul, do Caribe (Caricom) e dos países de língua portuguesa (CPLP). Foram apoios fundamentais para a eleição. O fato de o continente sul-americano ser um dos celeiros do mundo mostra que a agricultura pode ser um motor de desenvolvimento e que a agricultura familiar e o agronegócio não são modelos excludentes. Quais são suas prioridades na direção-geral da FAO? José Graziano | Eu apresentei um programa para a FAO baseado em cinco pilares: erradicar a fome; avançar rumo à produção e ao consumo sustentável de alimentos; criar um sistema de governança da segurança alimentar mundial mais justo e efetivo; concluir a reforma da FAO; e ampliar as parcerias e Cooperação Sul-Sul. O eixo central está posto na erradicação da fome. Os outros pilares são importantes na medida em que contribuem a alcançar esse objetivo. Quais são os planos da FAO para alimentar quase 1 bilhão de pes- soas que passam fome no mundo? Basta apenas produzir mais? José Graziano | O mundo já produz hoje alimentos suficientes para satisfazer as necessidades de todas as pessoas. Com poucas exceções, a fome é um problema de acesso. Uma maneira de melhorar o acesso é aumentando a produção nas áreas onde se concentra a fome no mundo. Por incrível que pareça, a fome e a pobreza extrema se concentram nas áreas rurais dos países em desenvolvimento. Por isso a importância de se investir na agricultura familiar. Podemos seguir produzindo utilizando o modelo predominante hoje em dia? José Graziano | O atual padrão de produção é ambientalmente insustentável. A Revolução Verde foi responsável por um grande salto de pro- “O eixo central da FAO está posto na erradicação da fome” [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 8 entrevista dutividade agrícola a partir dos anos 60, baseando-se no uso intensivo de recursos naturais e insumos agrícolas. No entanto, o modelo adotado tem um impacto significativo no meio ambiente. Precisamos investir em uma revolução duplamente verde, que aumente a produtividade agropecuária de maneira sustentável. A FAO chama esse novo paradigma de save to grow - preservar para crescer. Pode haver um “Fome Zero” mundial? José Graziano | Cada país tem suas próprias características e não podemos simplesmente exportar um modelo fechado ou soluções prontas - seja do Brasil ou de qualquer outro país. No entanto, diversas políticas adotadas pelo Brasil podem ser adaptadas. Em diversos países da América Latina e Caribe, por exemplo, a FAO já está trabalhando em conjunto com o governo brasileiro a implementação de programas que vinculam a produção da agricultura familiar à alimentação escolar, garantindo uma alimentação saudável entrevista para as crianças em idade escolar, garantindo renda para a agricultura familiar e injetando recursos nos mercados locais. PorkWorld | Quais são os pontos-chave para preparar a produção mundial de alimentos para atender 9 bilhões de pessoas em 2050? José Graziano | A FAO calcula que, se mantivermos o atual padrão de consumo, precisaremos aumentar a produção de alimentos em 70% para satisfazer as necessidades de uma população que chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050. Precisamos investir em quatro linhas de ação para promover a segurança alimentar: garantir que as tecnologias agrícolas sejam acessíveis a todos produtores; recuperar a produção de alimentos tradicionais para o consumo local; fortalecer as redes de proteção social; e adotar padrões de produção e consumo mais sustentáveis. Hoje, se desperdiça muita comida na produção, transporte e no consumo. A mudança no padrão de consumo é “Hoje, se desperdiça muita comida na produção, transporte e no consumo” fundamental. Não podemos generalizar o padrão que temos hoje nos países ocidentais e nas nossas classes média e alta. Uma mudança no padrão aliviaria a pressão sobre os recursos naturais e melhoraria a qualidade da nossa alimentação. Hoje cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo sofrem de sobrepeso e obesidade, que também é resultado de uma má alimentação. Muito se fala da necessidade de aumentar os investimento nos países em desenvolvimento para obter maior produção em diversos produtos alimentícios. O senhor defende investimento internacional “barato” (sem juros de mercado) nestas regiões e para estes fins? José Graziano | O investimento na agricultura é essencial e muitos países pobres e em desenvolvimento dependem da solidariedade internacional para colocar os recursos que precisam no campo. Por isso, é importante reverter a tendência de queda da parcela destinada à agricultura pela cooperação internacional. Entre a década de 80 e hoje, essa parte caiu de 17% a 5%. Também precisamos estimular o investimento do setor privado. Juros baixos é uma forma de fazê-lo, mas não é o suficiente. É importante desonerar os investimentos de médio-longo prazo e aqueles que geram emprego. E da produção de aves e suínos que tem o melhor custo-benefício entre as proteínas animais? José Graziano | A America do Sul é responsável por boa parte da exportação de carne de aves, suína e bovina a nível mundial. Milhões de pessoas se alimentam com os produtos da região. Na América Latina e Caribe, a FAO tem um programa de campo ativo relacionado à produção pecuária e à prevenção e controle de doenças transfronteiriças. Entre elas destaca-se o apoio ao plano continental de erradicação da peste suína clássica até 2020, ao controle e erradicação da febre aftosa nos países andinos e Venezuela e o contínuo trabalho de fortalecer os serviços veterinários nacionais. Esse é um trabalho que não podemos descuidar e que beneficia e envolve tanto grandes quanto pequenos produtores. “Os subsídios à exportação agrícola dos países desenvolvidos distorcem os preços internacionais” que por diversas razões não estão ao alcance de todos. Se nós conseguirmos compartilhar essas técnicas e experiências, teríamos um importante ganho de produtividade por parte dos pequenos produtores. Qual é o papel do Brasil neste contexto? José Graziano | O Brasil e outros países que têm experiências e conhecimentos valiosos na agricultura devem compartilhá-los com outros países em desenvolvimento. Por exemplo, como já vem fazendo a Embrapa, transferindo tecnologia de agricultura tropical para países da África. Outro exemplo: a Argentina pode compartilhar seus conhecimentos no plantio direto, que ajuda a preservar solo e água, e pode ser adaptado aos países africanos. A FAO pode ser um catalisador dessa Cooperação Sul-Sul. O que o senhor pensa sobre os subsídios dos países industrializados ao setor agropecuário? José Graziano | Os subsídios à exportação agrícola dos países desenvolvidos distorcem os preços internacionais. Se chegarmos a um acor- 9 do nas negociações comerciais para eliminar esses subsídios, acho que já seria um avanço importante. Considerando que os produtos agropecuários estão em um nível recorde, esse poderia ser um bom momento para fazê-lo. Que contribuição o setor privado pode dar à luta contra a fome? José Graziano | A luta contra a fome é um desafio grande demais para apenas uma organização ou país. Precisamos de um esforço articulado entre distintos setores: governos, agências internacionais, mundo acadêmico, setor privado e sociedade civil. O setor privado pode contribuir de diversas maneiras: adotando técnicas de produção mais sustentáveis ambientalmente, incluindo pequenos produtores nas cadeias produtivas, e investindo em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias acessíveis também pelos pequenos produtores. O setor tem ainda um papel importante na criação de mercados mais eficientes e transparentes para que os preços sejam mais estáveis. A volatilidade que vemos hoje traz incertezas para produtores e consumidores. E lembrar que a segurança alimentar começa em casa: também é importante garantir aos empregados, famílias e entorno uma alimentação adequada e condições de vida dignas. O senhor apoia a ideia da criação de uma rede mundial de colaboração científica (sem copy right) com foco na produção de alimentos? Isso poderia ser estendido para o setor de medicamentos, vacinas, etc.? José Graziano | Eu acho que é importante separar investimentos em inovação por parte do setor privado daquelas tecnologias que já são de domínio público. Nós precisamos dos investimentos do setor privado na produção de alimentos. Não vejo problemas em que eles lucrem com esses investimentos. Do outro lado, temos várias tecnologias cuja difusão está autorizada mas porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld notícias nacionais notícias nacionais Shutterstock Shutterstock Rússia enviará missão ao Brasil para avaliar inspeção de carnes SXC A exportação brasileira de carne suína chegou a 518,5 mil ton nos últimos 12 meses, segundo a Abipecs. O número está 9,2% abaixo do exportado nos 12 meses anteriores (570,9 mil ton). As receitas, por outro lado, subiram de US$ 1,3 bilhão para US$ 1,4 bilhão (3,6%). Setembro, último mês citado pela Abipecs, registrou queda de 9,6 mil ton na exportação comparando 2010 a 2011, ficando em 41,4 mil toneladas. As receitas caíram de US$ 123,7 milhões para US$ 113,9 milhões. Frigorífico Languiru de suínos terá investimento de R$ 40 milhões O Brasil decidiu questionar na OMC o embargo à carne suína brasileira pela África do Sul. O mecanismo utilizado é chamado de Specific Trade Concern e tem como objetivo forçar o governo sul-africano a explicar a continuidade das barreiras. Se não funcionar, o Brasil pode pedir para a organização a abertura de um painel para julgar o assunto. A África do Sul mantém desde 2005 o embargo a carne suína brasileira, por conta de focos de febre aftosa no MT e PR. No ano seguinte, o país recebeu status de livre da doença, mas as exportações não foram retomadas. Brasil exporta menos carne suína em 12 meses O novo frigorífico da Languiru, que será construído em Poço das Antas, Rio Grande do Sul, terá investimentos de R$ 40 milhões e iniciará suas atividades até abril de 2012. A unidade industrial contará com 300 colaboradores e terá capacidade para abater duas mil cabeças por dia. Até 50% da carne será exportada, volume igual ao de produtos avícolas embarcados hoje. O ingresso no mercado de suínos irá gerar receita adicional de R$ 80 milhões por ano. Exportações brasileiras de carne crescem em outubro As exportações brasileiras de carnes suína, bovina e de frango in natura aumentaram em outubro na comparação com setembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Quando comparadas a outubro de 2010, apenas as vendas externas de carne de frango aumentaram. No caso da carne suína, os embarques cresceram 9,4% para 38,4 mil toneladas em outubro, ante 35,1 mil ton exportadas em setembro. Na comparação com as 42,3 mil ton vendidas em outubro do ano passado, houve queda de 9,22%. A receita das exportações em outubro foi de US$ 120,2 milhões, ante US$ 101,5 milhões em setembro e US$ 113,5 milhões em outubro de 2010. Shutterstock Brasil questiona barreiras da África do Sul à carne suína Em outubro, os preços do suíno vivo apresentaram movimentos distintos nas regiões acompanhadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em várias, os preços não conseguiram se sustentar, destoando do comportamento altista que costuma caracterizar outubro. Considerando-se a série histórica de preços nominais do suíno vivo negociado em São Paulo, Minas Gerais e nos Estados do Sul do país a partir de 2006, as cotações subiram em outubro de todos os anos, com exceção de 2008, quando a crise financeira mundial afetou a economia como um todo. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] O Brasil já começa a viver a expectativa de exportar carne suína para a China, pois o acordo firmado entre os países começa a vigorar no final deste mês. A Aurora, uma das três empresas brasileiras autorizadas a embarcar a proteína aos chineses, prevê fechar o primeiro contrato em janeiro de 2012. Em abril, foi firmado um acordo que autoriza, inicialmente, três frigoríficos brasileiros a exportar à China: uma planta da Aurora, de Santa Catarina, um frigorífico da BrasilFoods de Goiás, e uma planta da Marfrig do Rio Grande do Sul. A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural rejeitou no dia 19 de outubro o projeto de lei que obriga a inclusão da mensagem de alerta “contém ingrediente suíno” nos rótulos de alimentos que contenham esses ingredientes. O autor do projeto, deputado Lincoln Portela (PR-MG), argumenta que a necessidade de distinção está relacionada a dois fatores: saúde e religião. Preços do suíno vivo não mantêm alta típica de outubro em 2011 Uma missão técnica do Serviço Federal de Supervisão Veterinária e Fitossanitária da Rússia deve vir ao Brasil entre o fim de novembro e o início de dezembro. A viagem tem o objetivo de avaliar o sistema de inspeção nacional e visitar as empresas brasileiras habilitadas para exportar para o mercado russo. Exportações de suínos à China começam em janeiro Shutterstock As exportações brasileiras de carne suína para a Argentina cresceram de janeiro a agosto de 2011 em comparação ao período em 2010. No primeiro ano, o País enviou 25,5 mil toneladas do produto, número que cresceu para 29,2 mil toneladas em 2011 (14,6%). As receitas tiveram crescimento percentual maior, subindo de US$ 70,7 milhões para US$ 86,3 milhões (22%). Agricultura rejeita alerta em rótulos de alimentos de origem suína Shutterstock Argentina compra mais carne suína do Brasil em 2011 11 SXC 10 [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 14 notícias internacionais notícias internacionais Rabobank prevê queda drástica em produção de proteína nos EUA O Rabobank anunciou uma previsão pessimista para a produção de proteínas dos Estados Unidos. A produção de carne vermelha e de frango deve cair aproximadamente 5% em meados de 2012 devido aos cortes causados pela falta de oferta em alimentação dos animais. O declínio da produção pode levar a uma forte queda na disponibilidade do produto em 2012. Os preços da carne suína em 2012 devem subir até 10% em comparação a 2011 devido à forte demanda por exportação e os sólidos preços internos. EUA podem bater recorde em exportação de carne suína Os EUA devem bater recorde nas exportações de carne suína em 2011, alcançando a marca de US$ 5 bilhões. Em agosto, os embarques alcançaram US$ 531,2 milhões, o maior valor mensal do ano. O recorde atual foi aferido em 2008, época em que o país exportou US$ 4,9 bilhões em carne suína. As vendas para outros países se tornaram um fator importante para o setor devido à valorização do produto. Em 2011, o país embarcou 25% de sua produção total da carne. O Japão é o principal destino da carne suína estadunidense, seguido do México. Rússia aumenta Exportação de carnes produção de carne em setembro surpreende nos EUA A produção de carne na Rússia cresceu 4,4% nos nove primeiros meses de 2011 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Serviço Federal de Estatísticas da Rússia (Rosstat), e chegou a 7,1 milhões de ton. Se o país cossaco mantiver a média trimestral de produção (2,4 milhões de ton), pode fechar 2011 com quase 10 milhões de ton (33,3% a mais que o previsto pela FAO). Canadá registra aumento na produção de suínos O inventário de suínos criados no Canadá apontou um plantel de 12 milhões de cabeças em outubro. Segundo dados trimestrais do Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), o número está 1% acima do registrado em outubro de 2010 e pouco acima de 1% do aferido em outubro de 2009. O número de animais reprodutores totalizou 1,3 milhão de cabeças, pouco acima do registrado em 2010 e 1% acima do trimestre passado. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] As exportações de carne bovina e suína dos EUA apresentam ritmo recorde neste ano mesmo com preços elevados. Assim, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que a produção de suínos do país aumentará 2% no ano que vem. Já os embarques de suínos devem superar o recorde de 2008, de 2,13 milhões de toneladas. Até agosto, os EUA enviaram mais carne suína para o Exterior do que em todo o ano de 2007 e duas vezes mais do que em 2002, totalizando 1,49 milhão de toneladas. China deve estimular produção de suínos para atender demanda O primeiro-ministro da China Wen Jiabao mostrou preocupação com a suinocultura chinesa. Ele apontou diversos fatores que complicam a área e o país, como a inflação, custos de criação, demanda de economias ri- cas caindo e a pressão por garantir o emprego de milhões de universitários e migrantes rurais. Segundo ele, maior produção e estabilidade no preço dos insumos são necessários para tranquilizar o setor. União Europeia prevê aumento na produção de carne suína Dados da UE indicam que a produção de carne suína deve crescer 1,7% em 2011. Os índices devem ficar estáveis em 2012. As exportações em 2011 podem exceder os níveis de 2010 em 13,4%. Em particular, as vendas para a Coreia do Sul, China e Hong Kong tiveram bom desempenho. No entanto, prevê-se queda de 4,3% nas exportações em 2012. As importações do produto devem cair 30,5% em 2011 e 24% em 2012 comparando os números aos dados de 2010. O consumo da carne deve crescer 0,6% em 2011 e 0,5% em 2012. Livre-comércio trará US$ 772 milhões com carne suína, diz conselho nos EUA Suinocultores dos EUA cumprimentaram a aprovação dos acordos de livre comércio com a Colômbia, Panamá e Coreia do Sul. Segundo eles, os mercados devem gerar aproximadamente US$ 772 milhões em novas vendas a partir da execução integral do acordo. Segundo o economista Dermot Hayes, mais de 10 mil empregos devem ser criados no setor. 15 16 notícias internacionais Suinocultores da UE lutam para cumprir novas regras para reprodutoras Os suinocultores da União Europeia passam por decisões difíceis para adaptar ou não suas instalações às novas regras do bloco econômico que vigorarão em 2013. Dentre as novas exigências, os produtores deverão reduzir o uso de baias para a criação de suínas reprodutoras e priorizar alojamentos em grupo. Outras regulações para bem-estar e restrições ambientais devem ser executadas em vários países europeus nos próximos anos. Hong Kong deve ser principal importador de carne suína do Brasil em 2011 Rebanhos suínos diminuem em vários países da Europa Pesquisas realizadas na Europa pela British Pig Executive indicam que vários países da região estão diminuindo seus rebanhos suínos. Os principais responsáveis pelas quedas são o forte aumento no custo de alimentação dos animais e a desvalorização da carne em algumas regiões. As maiores quedas registradas ocorreram na Polônia (12,8%), Suécia (9,5%), Itália (7,5%), Espanha (7,3%), Hungria (6%), Dinamarca (4,5%), Romênia (2,7%), Alemanha (2,6%) e França (1,2%). De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou 120,73 mil toneladas de carne suína para a Rússia, enquanto vendeu para Hong Kong, no mesmo período, 107,50 mil t. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, prevê que ainda neste ano Hong Kong passará a ser o primeiro destino para a carne suína brasileira. “Está quase superando a Rússia”, comenta. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, em 2012, a Rússia deixará de ser o segundo maior importador mundial. Nessa posição, entrará a soma de Hong Kong e China. O primeiro comprador é o Japão, com 1,2 milhão de toneladas/ano. Robobank vê queda de participação da carne suína na China O aumento no consumo de carne bovina, ovina e frutos do mar pelos chineses levou a uma queda na participação da carne suína no mercado do país. “A participação do produto no mercado de consumo de carne caiu de 80% em 1985 para 65% em 2010. Apesar da queda na participação e do aumento nos preços, o consumo médio per capita cresceu de 25,8 kg em 1996 para 37,4 kg em 2010”, segundo estudo do Rabobank. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] frases do agronegócio Abipecs “O setor consolida sua independência em relação ao mercado russo” do presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, sobre desempenho das exportações porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] César Machado/Agrostock do diretor geral da empresa espanhola El Pozo Alimentación, Rafael Fuertes “Precisamos saber onde vai chover mais e onde vai chover menos” do coordenador do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Reynaldo Victoria “Precisamos de adequações para avançar e isso tem que acontecer no Congresso Nacional, pois estamos falando de lei” “Os criadores de suínos devem prestar atenção em todos os detalhes, otimizando a produção dos animais” “Estamos muito satisfeitos pois melhoramos vários procedimentos de nossa granja, comprovamos nossa qualidade e, certamente, teremos mais portas abertas” “O Selo garante qualidade e sanidade aos consumidores e sustentabilidade à cadeia. Vamos fomentar isso cada vez mais no Estado” do sócio-proprietário da J.A. Agropecuária, Alberto Van den Broeck, sobre obtenção do Selo Suíno Paulista da secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi do presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Júnior do especialista em agronegócio, Marco Fava Neves “Temos que intensificar os trabalhos na área de consumo interno que ainda é baixo, mas, com certeza, irá aumentar” do consultor Osler Desouzart do presidente da Acrismat, José João Bernardes do consultor estadunidense Dennis DiPietre “O consórcio está nascendo com 38 mil matrizes. O objetivo é aumentar nosso poder de negociação para comprar insumos e, também, para vender carne suína” César Machado/Agrostock César Machado/Agrostock César Machado/Agrostock Wanderson Araújo da senadora Katia Abreu sobre a votação no Senado “O agro é o nosso negócio” “As empresas brasileiras precisarão adotar uma estratégia para se posicionar nos principais mercados” de Guilherme Melo, Rabobank “Os investimentos em logística são muito importantes para a continuidade do desenvolvimento do Brasil. Não há razão para que os investimentos não alcancem uma expansão expressiva nos próximos anos” Ricardo Luso do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia “Vemos como oportunidade investir no Brasil, não para exportar, mas para vender aqui mesmo já que o brasileiro pode consumir muito mais carne suína” “O Novo Código Florestal deve ser aprovado até o fim de novembro” do consultor veterinário estadunidense Hans Rotto César Machado/Agrostock “Vamos colocar o projeto de lei dos genéricos veterinários para votação pois está pronto e tenho certeza que vai promover uma redução significativa dos preços ao consumidor” do presidente da ABCS, Marcelo Lopes “O desenho de gestão em uma granja deve ser em forma de círculo, para que não haja pontas e, assim, todo o processo seja realizado de forma igualitária” César Machado/Agrostock do relator do Novo Código Florestal, Aldo Rebelo “O PNDS, enfim, chegou ao principal mercado consumidor do País. Vamos investir R$ 2 milhões em dois anos para trabalhar informação ao produtor, indústria e varejo para, com certeza, ter êxito em São Paulo também” Editora AnimalWorld “Muitas ONGs estrangeiras são financiadas para atrasar o desenvolvimento do Brasil com pretextos ambientalistas mas temos grande nível de preservação e grande rigor de legislação” Divulgação do diretor-geral da Seara Alimentos, Mayr Bonassi Agência Câmara “Sobre a logística no País, existe até uma brincadeira: o Brasil poderia morrer parado, mas nunca de barriga vazia” 19 frases do agronegócio Roberto Stuckert Filho e SCS 18 do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, sobre determinação da presidente Dilma Roussef para “atacar” tais gargalos [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 22 radar corporativo radar corporativo Entre as melhores do Brasil A Boehringer Ingelheim foi premiada com o 14º lugar na classificação geral entre as “Melhores Empresas para Trabalhar – Brasil” pelo ranking da Great Place to Work de 2011, que avaliou 923 companhias brasileiras pela opinião dos funcionários. A empresa também teve a melhor avaliação entre as indústrias farmacêuticas e sexta melhor en- tre as melhores da indústria. Para a Boehringer Ingelheim, que figura no ranking há 10 anos, o mérito está diretamente relacionado a uma gestão e um ambiente de trabalho que favorecem a ação empreendedora, a expansão contínua de conhecimento, o treinamento e o aprendizado pela prática e pela discussão aberta. “Para estimular e inspirar nossos funcionários, subsidiamos nossas equipes com flexibilidade, mobilidade e autoconfiança, preparando-as para assumir responsabilidades e serem capazes de pensar e agir globalmente”, afirma o presidente da companhia, Martin Nelzow. lança matriz Camborough no Brasil A Agroceres PIC lançou no Brasil, durante evento realizado em Contagem, Minas Gerais, a nova versão de sua matriz global: a Camborough. Líder nos principais mercados da suinocultura mundial, a nova fêmea será disponibilizada inicialmente para granjas de Multiplicação de Rebanho Fechado (MRF). Desenvolvida para atender as exigências dos mais modernos sistemas de produção, a Camborough reúne caracporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] terísticas fundamentais para a competitividade e lucratividade, como alta prolificidade, ótima habilidade materna e longevidade. Fêmea de alto potencial genético, a Camborough produz leitões de excelente eficiência de crescimento, conversão alimentar e qualidade de carcaça. “A matriz Camborough se encaixa perfeitamente no conceito de balanço econômico, no qual se priorizam índices zootécnicos cujo foco está em obter mais quilos de carne por desmamados/ porca/ano”, explica José Henrique Piva, diretor de serviços técnicos da PIC. DB-DanBred reunirá líderes da suinocultura em cruzeiro pelo Atlântico O 4º Seminário Nacional DB-DanBred , que será realizado em março de 2012, vai debater os rumos e tendências da suinocultura a bordo do navio Vision of the Seas; uma atração à parte graças à estrutura oferecida aos viajantes. Com capacidade para mais de 2,4 mil passageiros, o navio vai sediar três dias de programação diferenciada em pleno oceano Atlântico no roteiro Santos-Búzios - Santos. Na programação palestrantes renomados e temas que abordam os principais desafios do setor. Os destaques são Heloísa Schürmann, o economista e empresário Wilfredo Schürmann, que navegaram ao redor do mundo por dez anos, e a jornalista da Globo News Cristiana Lobo, que cobre a política brasileira há mais de 30 anos. “É com orgulho que apresentamos o 4º Seminário Nacional DB-DanBred De Vento em Popa. É uma grande oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências em um ambiente diferenciado”, afirma Breno Teixeira, assessor de comunicação e coodenador do Seminário DB-DanBred. Rabycort corta AGCO fecha compra da GSI Holdings anunciou, no início de outuJá a GSI, com seus equipamentos e cauda e orelha Abro,AGCO a compra da GSI Holdings por serviços de alta qualidade, proporciona com segurança US$ 940 milhões. A GSI é uma fabri- uma posição sólida nos segmentos de O Rabycort é um equipamento mecânico-eletrônico em formato de alicate que tem por finalidade realizar através de um equipamento seguro, especializado e altamente tecnológico, a caudectomia (corte da cauda) e a conchectomia (corte da orelha) com cauterização instantânea de forma otimizada e segura em animais. Prático, leve, de fácil manuseio e bivolt o alicate é feito de plástico injetado e possibilita maior rapidez no procedimento, segurança ao operador e ao animal, redução de custos e a possibilidade de se limitar à distância exata do corte. cante mundial líder no segmento de armazenagem de grãos e sistemas de produção de proteína com um faturamento de US$700 milhões de dólares/ano. As principais marcas da AGCO no Brasil - Massey Ferguson e Valtra possuem forte participação de mercado no segmento de tratores agrícolas. “Os tratores e colheitadeiras com a tecnologia avançada da AGCO obtiveram posicionamento sólido nas vendas na América do Sul”, relata Martin Richenhagen, Chairman, Presidente e CEO da AGCO. armazenagem de grãos secos e produção de proteínas para aves e suínos. Além da compra da GSI, a AGCO anunciou novos investimentos para as suas plantas no Brasil e em outros países da América do Sul. A programação até meados de 2012 atinge R$ 100 milhões. 23 24 personalidade da suinocultura Luciano Roppa Ser o primeiro pressupõe vários predicados como liderança, visão, iniciativa, legado, coragem, entre outros. Na carteirinha de filiação da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves), Luciano Roppa tem o número “01” e foi seu primeiro presidente. Médico veterinário pela Faculdade de Medicina Veterinária de Botucatu em 1972, Roppa construiu uma carreira repleta de legados para o setor em quase 40 anos de profissão. Certamente, foi um dos participantes ativos para a notável evolução técnica, produtiva e mercadológica que a suinocultura brasileira atravessou desde a década de 1970. Editora AnimalWorld Contribuição “Acredito que uma contribuição importante, em conjunto com outros profissionais, foi a fundação da Abraves, em 1983, a organização no Brasil do 1º Congresso Latino Americano de Suinocultura em 1986, do congresso mundial da International Pig Veterinary Society (IPVS) em 1988, e as inúmeras palestras sobre os “Mitos e verdades da carne suína”. Hoje a Abraves é uma das associações mais importantes do setor e a carne suína melhorou muito o seu conceito em relação aos mitos do passado. Contribuímos para isso mostrando, com base científica, os benefícios e a qualidade da carne suína. As campanhas para aumento do consumo de carne suína usam estes argumentos até hoje, mas com grande evolução em relação aos tipos de cortes”, comenta. “O Brasil é o quarto maior exportador e contribuímos para isso mostrando, com base científica, os benefícios e a qualidade da carne suína.” porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] De fato, o congresso da IPVS abriu as portas para a suinocultura brasileira alcançar outro nível de reconhecimento internacional. Foram 2,5 mil congressistas que conheceram a qualidade da produção e a força dos técnicos brasileiros em uma época em que o Brasil, praticamente, não tinha exportações. “Naquela época o Brasil era apenas o 8º maior produtor e hoje é o 4º. Não exportávamos e, atualmente, somos também o quarto maior exportador”, diz. Iniciativa privada Mas Roppa também desempenhou papel destacado no setor privado. Depois do primeiro emprego na Fazenda Paineira (na época uma granja de Reprodutores Suínos na região de Sorocaba), desenvolveu carreira ascendente na Guabí, entre 1975 e 1994, até se dedicar exclusivamente a Nutron Alimentos, onde foi sócio-fundador. Atuou como diretor-comercial de 1995 a 2002, período em que ela foi comprada pela multinacional Provimi (1997). Foi diretor-presidente entre 2002 e 2009 e Vice-Presidente Sênior de junho de 2010 a setembro de 2011 na diretoria mundial da Provimi. A capacidade administrativa que o levou a tantos cargos de destaque coroava uma expertise técnica reconhecida e premiada várias vezes no Brasil e no exterior. Consultor Desde 1º de outubro deste ano, Roppa tem sua empresa de consultoria – a LRoppa Consulting - e se dedica, também, a proferir palestras sobre os mercados do Brasil, América Latina e Mundial, sendo um dos especialistas agenciados pela AgroAssessoria ([email protected]). “Estou atuando como consultor independente e palestrante. Começo mais um ciclo e espero que ele dure pelo menos mais uns 20 anos”, brinca. imagem da edição Occupy Wall Street 26 Por um mundo mais justo A desigualdade e a instabilidade econômica mundial motivaram o movimento “Ocupe Wall Street” (do inglês, “Occupy Wall Street”) que começou em 17 de setembro em Nova Iorque, chegou a mais de 950 cidades em 82 países e chamou a atenção do mundo. Jovens, idosos, mulheres, homens, negros, brancos – ou representantes de “99% da população”, com diz um dos slogans do protesto - acamporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] param em locais públicos por todo o planeta e, com suas críticas à ganância do sistema financeiro, conseguiram até o reconhecimento do presidente americano, Barack Obama, e a simpatia do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Por outro lado, como em toda grande mobilização, houve confrontos com policiais, centenas de prisões e depredações. A questão é: eles serão ouvidos? 28 estatísticas Exportação cai, mas dependência da Rússia diminui até setembro Ucrânia, Hong Kong e Argentina importaram mais em 2011 porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Exportações brasileiras de carne suína por destino Exportação de carne suína brasileira Fonte: Abipecs Fonte: Abipecs Valor (US$ Mil) 160.000 20102011 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 agosto setembro julho maio junho abril março fevereiro 0 janeiro 20.000 60.000 20102011 50.000 40.000 30.000 20.000 setembro julho agosto junho maio abril março janeiro 10.000 0 Países VOLUME Toneladas Participação Russia, Fed.da 117.818 30,19 Hong Kong Ucrania Argentina Angola Cingapura Uruguai Albania Emir. Arabes Un. Haiti Outros TOTAL 94.232 45.830 29.177 25.598 18.523 11.631 6.246 4.676 4.488 32.029 390.249 24,15 11,74 7,48 6,56 4,75 2,98 1,60 1,20 1,15 8,21 100,00 Países VALOR US$ Mil Participação Russia, Fed. da 366.877 34,45 Hong Kong 226.725 Ucrania 133.859 Argentina 86.287 Cingapura 57.156 Angola 51.450 Uruguai 33.541 Albania 15.437 Emir. Arabes Un. 11.780 Armenia 9.700 Outros 72.254 TOTAL 1.065.066 Volume (toneladas) fevereiro A s exportações brasileiras de carne suína tiveram queda de 5,32% em volume (390,25 mil ton) e alta de 5,53% em valores (US$ 1,06 bilhão) na comparação entre os períodos de janeiro a setembro de 2010 e 2011. Apesar disso, o desempenho foi comemorado já que demonstra menor dependência do mercado russo, fechado aos produtos brasileiros desde junho. “Após cem dias de restrições impostas pela Rússia à carne suína brasileira, os prejuízos continuam, mas o setor consolida sua independência em relação àquele mercado, tradicionalmente o principal comprador”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Camargo Neto explica que, apesar do embargo, o desempenho, em setembro, não foi ruim e chegou a 41,4 mil ton e receita de US$ 113,85 milhões. O resultado significa queda de 18,86% no volume geral e de 8,05% no faturamento para o mês. O preço médio, entretanto, aumentou 13,31%, comparado com setembro de 2010. Apesar da queda nas vendas para a Rússia, houve crescimento nos embarques para Ucrânia, Hong Kong e Argentina. Nos três países, a elevação ocorreu tanto em setembro como no acumulado do ano. 21,29 12,57 8,10 5,37 4,83 3,15 1,45 1,11 0,91 6,78 100,00 Ucrânia: +93% Situação inversa aconteceu com a Ucrânia: a variação positiva nas vendas de carne suína para aquele mercado foi de 93% em volume, em setembro (10,19 mil ton), e de 114,9% em valor (US$ 30 milhões). Hong Kong: +73% Em setembro, as importações de Hong Kong cresceram 73,66% em toneladas (14,73 mil ton) e de 132,5% em receita (US$ 38,49 milhões), na comparação com o mesmo mês de 2010. Argentina: +8% O Brasil exportou 3,96 mil ton, com faturamento de US$ 12 milhões, uma variação de 8% em volume e de 18,62% em receita, em relação a setembro de 2010. De janeiro a setembro, o Brasil embarcou 29,18 mil ton para o vizinho, um crescimento de 14,62% em relação aos nove primeiros meses de 2010. Rússia: -90% A Rússia permanece como o primeiro comprador em 2011, seguido de Hong Kong, Ucrânia, Argentina e Angola. Porém, os números de setembro mostram as perdas: redução de 90,13% em volume (apenas 2,25 mil ton), na comparação com igual mês do ano passado, e de 88,61% em valor. De janeiro a setembro, o Brasil vendeu ao país 117,8 mil ton e teve faturamento de US$366,9 milhões. Houve queda de 37,55% em volume e de 28,52% em receita, na comparação com o mesmo período de 2010. 30 mercado I mercado I O mercado da carne suína no Brasil Pesquisadora traz detalhado estudo sobre o produto no mercado interno texto Maria Stella B. L. de Melo Saab1 e Marcos Fava Neves2 “Uma das principais razões para o baixo consumo de carne suína no Brasil é a questão cultural” porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] A pesar de ser a carne mais consumida no mundo (15,2 kg/hab/ ano em 2009), o consumo de carne suína ainda ocupa apenas o terceiro lugar no Brasil. O consumo anual em 2010 foi de apenas 13,8 kg/hab/ano, bastante baixo se comparado ao consumo no país de carne de frango e bovina (37 e 36 kg/ hab/ano respectivamente). À medida que cresce a renda da população, no entanto, a tendência é que a qualidade da alimentação das pessoas melhore de uma maneira geral e, nesse contexto, a carne tem grande vantagem, já que normalmente é um item caro na cesta de consumo do consumidor de alimentos. Esse fenômeno vem ocorrendo também no Brasil. Porém, não se percebeu ainda um grande incremento no consumo de carnes em geral. Além do fator preço, uma das principais razões para o baixo consumo de carne suína no Brasil é a imagem do produto como pouco saudável, gorduroso e proveniente de um animal “sujo”, alimentado com sobras de alimentos, mais conhecida como “lavagem”, que vive em cercados chamados de “chiqueiros”. Trata-se de uma questão cultural. Além disso, há o problema da maneira como o produto é comercializado no ponto final de venda: porções grandes e pouco convenientes, que apenas podem ser consumidas por uma família grande (o que é pouco comum hoje em dia), e que demandam um longo tempo de preparo; baixa variedade de cortes, o que proporciona pequenas margens ao varejo, que por outro lado não tem incentivo para mudar esse cenário. Interessante notar que cerca de 65% do consumo brasileiro é baseado em embutidos, como salsichas, salame e presunto. Revolução Até a metade do século XX, o uso da gordura animal na nutrição humana era comum no Brasil. Naquele tempo, a gordura do suíno (banha) era tão importante quanto o lombo ou o pernil. Os suínos tinham apenas de 40 a 45% de carne magra na carcaça e de 5 a 6 centímetros de gordura externa. Com o desenvolvimento da gordura vegetal, como as margarinas, a gordura do suíno deixou de ser usada. Novas raças foram selecionadas para produzir um tipo de animal com carne magra. O resultado foi uma mudança revolucionária na cadeia produtiva do suíno no Brasil, levando ao tipo moderno de suíno encontrado nos dias de hoje: um animal com 58 a 62% de carne magra na carcaça e apenas de 1,2 a 0,8 centímetros de gordura externa. Além disso, cortes de lombo, pernil e paleta de suínos, comparados com os cortes 31 Figura 1 Cadeia dos suínos no Brasil (Fontes: SAAB; NEVES, 2009, p. 248.) Indústria de Rações 14.195 milhões de toneladas métricas* em 2007 Produção Industrial (63%) Matrizes Alojadas Produção de Subsistência (27%) 1.476 matrizes alojadas (milhares de cabeças) (21,6 terminados/matriz/ano) 887 matrizes alojadas (milhares de cabeças) (5,6 terminados/matriz/ano) 2.362 milhares de cabeças (15,8 animais terminados/ matriz/ano) Produção Industrial (90% da produção total) Produção de Subsistência (10% da produção total) Produção Total de Suínos 31.806 milhares de cabeças (83,1 peso médio de carcaça) 5.036 milhares de cabeças (70,3 peso médio de carcaça) 36.842 milhares de cabeças (81,4 peso médio de carcaça) Abate com SIF (Inspeção Federal) Abate com outros tipos de inspeção** 24.3 milhares de cabeças 10.09 milhares de cabeças Autoconsumo 2.462 milhares de cabeças Abate Total 34.380 milhares de cabeças 2.998 milhares de toneladas Exportações Mercado Interno 606 mil toneladas 2.392 milhares de toneladas Supermercados (60%) Açougues (40%) 1.435 mil toneladas 957 mil toneladas consumidor final *toneladas métricas: A tonelada métrica, cujo símbolo é t, consiste numa unidade de massa que não pertence ao sistema internacional (SI) e é equivalente a 103 kg. Por razões de extensão, o sistema internacional permite utilizá-la juntamente com suas unidades de massa. **existem no Brasil estabelecimentos inspecionados por órgãos municipais (SIM – Sistema de Inspeção Municipal) e estaduais (SIE – Sistema de Inspeção Sanitária do Estado). A carne oriunda desses estabelecimentos somente pode ser comercializada no âmbito da inspeção a que foi submetida. Assim, os estabelecimentos inspecionados pelo sistema municipal são autorizados, apenas, a comercializar seus produtos dentro do próprio município. Já a carne oriunda de estabelecimento inspecionado pelo estado pode ser comercializada apenas no âmbito estadual. Somente a carne inspecionada pelo SIF (Sistema de Inspeção Federal) pode ser comercializada em nível nacional e para exportação. tradicionais, apresentaram redução de 20 a 24% no teor de gordura e ficaram 40% mais magros quando a gordura externa foi retirada, apresentando de 3 a 5% de gordura por 100 g. A despeito de todas essas melhorias tecnológicas e desenvolvimentos genéticos pelos quais a cadeia vem passan- do (especialmente com relação à segurança do alimento e à produção de carne magra), os produtores e a indústria ainda não foram capazes de informar, inovar e cativar os consumidores. Um breve desenho da cadeia de suínos no Brasil procura mostrar sua real dimensão no país. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 32 mercado I Produção O Brasil é também um ator importante em termos de produção mundial de suínos, sendo o quarto maior produtor e o quarto maior exportador. Ao contrário da maioria dos países europeus, onde a produção de suínos vem caindo, no Brasil ela vem aumentando, sendo estimado um crescimento de 24% entre 2010 e 2019. A produção de suínos de alta qualidade, chamada produção industrial (ao contrário da produção de subsistência, principalmente destinada ao consumo dentro da propriedade rural onde acontece), cresceu 9% em 2009, tendo atingido 2,87 milhões de toneladas e já é responsável por 90% de toda a produção brasileira de suínos. Esses resultados foram principalmente atingidos pelo significante aumento das exportações, já que os mercados externos exigem maiores níveis de qualidade. A produção doméstica, ou de subsistência, presente principalmente nas regiões norte e nordeste, de fato vem caindo a uma taxa de 8% ao ano aproximadamente e, ainda que represente 26% do rebanho, teve uma participação de apenas 10% da produção de suínos em 2009, enquanto correspondia a 29% da produção em 2002. Evolução genética Especialistas brasileiros também investiram na evolução genética da espécie por 20 anos, o que reduziu em 31% a gordura da carne, 10% do colesterol e 14% de calorias, tornando a carne suína brasileira mais magra e nutritiva, além de saborosa. Consequência de investimento, a produção vem crescendo em torno de 4% ao ano, sendo os estados do Sul (PR, SC e RS) os principais produtores de suínos do país. Atualmente, o Brasil representa 10% do volume exportado de carne suína no mundo, chegando a lucrar mais de US$ 1 bilhão por ano. Esses fatores apontam para um crescimento ainda mais satisfatório: estima-se que a produção de carne suíporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] mercado I na atinja média anual de crescimento de 2,84%, no período de 2008/2009 a 2018/2019, e seu consumo, 1,79%. Em relação às exportações, a representatividade do mercado brasileiro de carne suína saltará de 10,1%, em 2008, para 21% em 2018/2019. Em 2008, o valor da produção brasileira de suínos chegou a cerca de US$3,3 bilhões. A produção alcançou 2,71 milhões de toneladas de carne (o que corresponde a 32,8 milhões de cabeças abatidas). De 2000 a 2008, a produção total de suínos no Brasil cresceu 6,4%. Desde 2004 a produção de suínos tem apresentado grande crescimento, recobrando a queda de 2002, quando foi reduzida em cerca de 2,11% devido aos altos custos do milho e da soja, principalmente. De 2005 a 2010 esse aumento foi de 21,8%, acompanhando o crescimento da demanda interna e das exportações. ponsável pela renda de cerca de 2,7 milhões de pessoas. Além disso, o alojamento de matrizes de subsistência vem decrescendo. De qualquer maneira, o maior impulso na produção acontece por causa do crescimento da produtividade das matrizes industriais (entre 20,5 e 23 animais terminados/matriz/ano, dependendo da região). Novas fazendas foram criadas no lugar de outras mais antigas e menos produtivas e foram intensificados os esforços no sentido de repor os rebanhos com animais de melhor potencial genético. A organização da cadeia de suínos difere entre as várias regiões no Brasil. A região sul é bastante tradicional na produção e nela estão concentrados os maiores produtores. Santa Catarina, localizada nessa região, é o maior estado produtor do Brasil, com aproximadamente 26% do total produzido no País. Concentração Novas fronteiras Segundo a Abipecs (2010), “o aumento da renda interna, o crescimento da população e das exportações são os três principais fatores que têm garantido uma sólida base de expansão da cadeia produtiva”. Um processo de concentração está acontecendo, reduzindo o número de produtores de suínos dedicados à atividade, mas mantendo altos níveis de produtividade. Ainda assim, segundo estimativas da Faesp/Senar, mais de 730 mil pessoas dependem diretamente da suinocultura no Brasil, res- No entanto, nos últimos anos, a produção vem crescendo mais no centro-oeste do que nas regiões sul e sudeste. Entre 2004 e 2007, a produção no centro-oeste aumentou 42%, enquanto o crescimento no sul foi de 8,2%. As propriedades maiores e mais profissionalizadas e a proximidade da área agrícola (especialmente grãos, como milho e soja) mais os benefícios oferecidos pelo Estado e a tecnologia avançada impulsionaram o avanço da suinocultura na região. Esses fatores têm atraído produtores e grandes empresas a se instalarem na região. Diferentemente do centro-oeste, o sul tem uma tradição de pequenas pro- priedades rurais, a maioria das quais são administradas pelas próprias famílias proprietárias. De acordo com a Scot Consultoria, 81,7% do rebanho suíno está localizado em propriedades com menos de 100 hectares e cerca de 40% dos produtores são integrados. Os outros 60% representam produtores independentes. Produtores integrados têm acordos contratuais com a indústria, o que pode ser caracterizado por diferentes modelos de relacionamento. Os produtores independentes não têm nenhum acordo com a indústria, enquanto os chamados semi-integrados adquirem animais de terceiros para engorda ou venda. Em Santa Catarina, 82% do total dos abates são originados de sistemas de integração. Os outros 18% são representados por produtores independentes. São fatores de competitividade do Brasil a constante atualização do parque industrial nacional, principalmente pela indústria exportadora. No Brasil, todas as partes do suíno são utilizadas, o que torna o país altamente competitivo até a saída das granjas industriais de suínos. No entanto, a partir daí perde-se competitividade (estradas ruins, portos ineficientes, carga fiscal excessivamente elevada, os caminhões brasileiros duram menos que os de outros países, também devido às más condições de conservação das estradas). Muito do que se ganha no campo e indústria, perde-se com problemas no ambiente institucional, que é marcado por disputas entre o governo e a iniciativa privada, no sentido de que ambos julgam ser falha alheia os problemas estruturais encontrados principalmente quanto à estrutura logística nacional. Competitividade Diretamente relacionada a melhoramentos genéticos, a inseminação artificial vem sendo largamente utilizada em sistemas de produção tecnicamente avançados. A inseminação artificial permite a rápida difusão das características desejadas no rebanho, a padronização da produção, melhor uso de capados superiores, entre muitas outras vantagens. Além disso, esse aumento confirma o crescimento no Brasil da suinocultura industrial, que se utiliza basicamente desta técnica, com o fim de obter maior Os custos de produção em Goiás são normalmente mais altos que em Santa Catarina. Apesar dos custos mais baixos de alimentação em Goiás (o custo da ração de suínos era 5,4% mais alto em Santa Catarina), os investimentos realizados na moderna estrutura de produção (instalações e equipamentos) em Goiás aumentam os custos fixos. O custo total de produção em Goiás em 2008 era 5% mais alto que em Santa Catarina. Mas a estrutura de custo é bastante similar em ambos os estados: entre 70 e 78% dos custos totais referem-se a alimentação; de 6 a 7% refere-se a mão de obra; de 3 a 6% a transporte; e de 2 a 3% a produtos de saúde animal. 33 Inseminação Artificial “Apesar de ser a carne mais consumida no mundo, o consumo de carne suína ainda ocupa apenas o terceiro lugar no Brasil” [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 34 mercado I padronização de seu rebanho. Por sua vez, na suinocultura de subsistência a inseminação artificial não é utilizada, e as consequências são inúmeras, inclusive a falta de padronização do rebanho e posteriormente da qualidade da carne. A nutrição também tem apresentado grande progresso, com várias técnicas de análise de alimentos, sendo hoje uma ferramenta fundamental para a produção de suínos. A base de sua alimentação hoje no Brasil são o milho e a soja, suplementados por minerais e vitaminas. A incerteza dos preços desses cereais, porém, é uma grande vulnerabilidade, já que a alimentação representa cerca de 70% do total dos custos de produção, conforme exposto acima. União Europeia, o Canadá, o Brasil e a China são responsáveis por 96% das exportações mundiais. O Brasil tem aumentado sua participação no mercado mundial, passando de 4% em 2000 para 11% em 2009. Assim, o país participa atualmente com “Os EUA, a UE, o Canadá, o Brasil e a China são responsáveis por 96% das exportações mundiais” Mercado Externo A carne suína tem uma produção mundial de 115 milhões de toneladas. No entanto, é tradicionalmente um produto de comercialização interna, já que existe produção de suínos em quase todos os países do mundo. Comparado ao de outros tipos de carnes, o comércio internacional é baixo, sendo que apenas 5,5% da produção mundial de carne suína são comercializados internacionalmente, segundo o FAO Outlook, bastante abaixo dos 10% das carnes bovina e de frango. Assim mesmo, o comércio internacional de carne suína movimenta 5,4 milhões de toneladas e gera uma receita anual de aproximadamente US$ 11,9 bilhões, bastante concentrado em cinco países importadores (Japão, Federação Russa, México, Coreia do Sul e Hong Kong). Os Estados Unidos, a porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] 3% da produção e 11% das exportações mundiais. As exportações têm crescido, apesar do grande número de barreiras comerciais e sanitárias impostas pelos países importadores, do aumento dos subsídios dos países europeus e do crescimento da concorrência internacional. Esse aumento deve-se basicamente às estratégias das empresas e aos avanços tecnológicos e organizacionais incorporados por elas e por toda a cadeia nos últimos anos, adequando-se aos países importadores e conquistando novos mercados. Comparando com 1997, quando o país havia exportado 64 mil ton., o crescimento é de 900%, em um período de 10 anos. O fato de o preço médio ter aumentado 33,2% de 2005 a 2007 também merece atenção e pode ser explicado, entre outros fatores, pela mudança na carne exportada, que costumava ser basicamente meias carcaças e atualmente compõe-se principalmente de cortes nobres e processados. Tal fato explica-se pelos altos preços do mercado internacional e também pelas estratégias particulares das empresas, que priorizaram preço em vez de volume. 1. Mestre e Doutora em Administração de Empresas pela FEA/USP. Associada da Markestrat. 2. Professor de Marketing e Estratégia da FEARP/USP. Sócio da Markestrat. 36 mercado II mercado II O papel da tecnologia no século XXI Objetivo é produzir alimentos mais seguros, acessíveis e em abundância texto Jeff Simmons Uma produção de alimentos altamente eficiente pode ajudar a acabar com a fome mundial, reduzir os custos dos alimentos, proteger os direitos do consumidor e salvaguardar nossas fontes de recursos naturais. Alcançar esse objetivo demanda protegermos os direitos de toda a cadeia alimentar de usar tecnologias novas e já existentes, enquanto asseguramos as escolhas dos consumidores. U ma onda crescente de insegurança alimentar ameaça mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Os custos globais dos alimentos estão crescendo a níveis perigosos, alcançando alta recorde em janeiro de 2011. E espera-se que esses preços persistam, de acordo com o a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Nós estamos em uma encruzilhada. Nos últimos dois anos, a recessão econômica global diminuiu o poder de compra do consumidor e aumentou a insegurança alimentar. Nos próximos dois anos, o abastecimento apertado e aumento do preço dos alimentos poderão levar um sistema já estendido ao limite. E a quantidade de pessoas que passam fome não está mais diminuindo. Na verdade, o número de desnutridos poderá crescer gradativamente à medida que a população chega a 9 bilhões de pessoas até o meio deste século. Existem muitas razões – abrangendo desde a pobreza e a política até problemas de desperdício, apodrecimento de alimentos e problemas de infraestrutura. Porém, isto é moralmente inaceitável e não precisa continuar. Diferentemente de outros problemas globais como HIV/AIDS, um componente significativo para a solução da fome 37 mundial já existe: a tecnologia para a produção eficiente e abundante de alimentos seguros e a custos acessíveis. A necessidade de ação é urgente. Existe, porém, um mito no meio do caminho: o de que as pessoas não querem tecnologias seguras, modernas e eficientes sendo utilizadas na produção de alimentos. Na verdade, uma pesquisa conduzida para este artigo – incluindo 28 pesquisas independentes representando mais de 97 mil pessoas de 26 nações – expõe esse mito (ver o Apêndice na última página). Tomados em conjunto, esses dados mostram que cerca de 95% das pessoas são neutras ou apoiam totalmente o uso de tecnologia para produzir sua comida. É chegada, então, a hora de encerrarmos este debate. Agir de acordo com o mito cria incontáveis dificuldades: altos custos dos alimentos, uma população injustamente privada de alimento suficiente, ameaça aos direitos básicos do consumidor e um insustentável esgotamento de fontes de recursos naturais. Cada minuto que adiamos é mais um minuto em que 12 crianças morrerão de fome. Isso é moralmente errado, já que soluções existem. Fatos asseguram um futuro com mais esperança, onde o direito de escolha do consumidor e o direito de uso de tecnologias seguras e eficientes pelos fazendeiros são protegidos, e o imperativo moral de alimentar o mundo é finalmente atingido. Shutterstock Hora de Agir Acesso a tecnologias seguras e comprovadas de aumento da eficiência garantem: OS TRÊS DIREITOS 1 ALIMENTO um direito humano básico porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] 2 ESCOLHA um direito do consumidor 3 SUSTENTABILIDADE um direito do meio ambiente [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld Sumário Executivo Em 2050, precisaremos de 100% mais comida e, de acordo com o FAO (ONU), 70% dela deverá vir de tecnologias que aumentam a eficiência. Direito 1: ALIMENTO Um direito humano básico Alimentação segura e de preço acessível deve ser um direito de todos Em 2050, a população mundial irá receber 100% mais alimento, e 70% destes alimentos deverão vir de tecnologias que aumentam a eficiência Tecnologia definida: 1. Práticas fazer melhor 2. Produtos usar ferramentas e tecnologias novas, inovadoras 3. Genética melhorar os atributos desejados em plantas e animais Devemos pedir uma trégua no debate sobre o papel da tecnologia na produção sustentável de alimentos seguros, acessíveis e abundantes se quisermos proteger os Três Direitos: 1. Garantir o direito humano das pessoas em todo o mundo de ter acesso a alimentos de preço acessível. 2. Proteger o direito de todos os consumidores de gastar sua verba alimentar na maior variedade de escolhas de alimentos. 3. Criar um sistema global sustentável de produção de alimentos, o que é um direito do meio ambiente. Ponto chave O desafio da fome mundial é complexo e multifacetado. Permitir a toda a cadeia alimentar o acesso a tecnologias seguras de aumento da eficiência é componente essencial de uma solução abrangente ao desafio – local e globalmente. Além disso, proteger o direito de escolher estas tecnologias pode tornar o sonho de comida segura, acessível e abundante uma realidade em todo o mundo. Meus olhos se abriram para a realidade da fome há alguns anos, quando conheci um homem chamado Joaquim, enquanto eu estava vivendo e trabalhando no Brasil. Como muitos americanos trabalhando em outro país, eu vivia dentro de uma bolha em um condomínio fechado, contando com os serviços de um motorista e um guarda-costas. Mas minha bolha estourou quando comecei uma amizade com o porteiro do meu condomínio, Joaquim. Um dia, tarde da noite, uma batida na minha porta quebrou o silêncio. Eu abri; e lá estava o Joaquim com duas jovens meninas ao seu lado. Com uma expressão de dor, ele explicou que suas filhas não comiam havia dois dias. Ele perguntou se eu poderia ajudar. Ver pela primeira vez uma expressão de fome tão de perto transformou isso em questão pessoal, e imediatamente percebi a necessidade de ajudar não só um ser humano, mas toda a humanidade. Olhando para as filhas de Joaquim, eu vi expressões de fome pela primeira vez. Emocionalmente, eu achei aquilo inaceitável. Percebi que, em meu papel como líder em produção de alimentos, eu não poderia me esconder dessa verdade; eu tinha a responsabilidade pessoal de agir. Resolver o problema da fome se transformou mais em uma causa pessoal do que um abstrato “problema global”. A história de Joaquim não é incomum. Sua batalha não é diferente daquela de 91 mil famílias “em insegurança alimentar” que moram em Indiana central, EUA, perto de onde hoje eu vivo com minha família. Esta é uma região assolada por bolsões de pobreza e fome sobre a qual Barry Rodriguez, diretor do World Next Door, posta frequentemente em seu blog. Barry costuma me contar sobre as pessoas que ele conhece, que batalham contra a fome e contam com programas de almoço escolar e organizações de caridade para amealhar refeições. Enquanto a maioria dos residentes do mundo industrializado não é confrontada pela ameaça da fome, muitos lidam com crises aleatórias de insegurança alimentar e se esforçam significativamente procurando pela próxima refeição. Encontrar nutrição é o desafio diário para um número crescente de crianças em países desenvolvidos. O problema da pobreza e da fome infantil se estende pelo mundo todo em: • Duas em cada cinco crianças vivendo no interior de Londres. • Uma em cada oito crianças na França. • Uma em cada sete crianças no Japão. • Uma em cada cinco crianças nos Estados Unidos. No mundo em desenvolvimento, a fome é provavelmente o maior problema de saúde. A falta de alimento mata mais pessoas no mundo inteiro todo ano do que guerras, AIDS, malária e tuberculose juntos. De acordo com o World Food Programme, a cada hora, 720 crianças ao redor do mundo morrem devido à falta de comida. Entre 2008 e 2010, estima-se que 18,25 milhões de pessoas ao redor do mundo morreram de desnutrição. Isso é mais do que a população total de Singapura, Chengdu (China), São Petersburgo (Rússia) e Caracas (Venezuela) juntos. E todas essas mortes aconteceram desde que eu escrevi meu primeiro artigo sobre a fome. É o equivalente a 60 aviões jumbo caindo do céu todo santo dia. Se isto acontecesse, nós não permitiríamos que continuasse. Permitiremos que essa grave injustiça social continue, e potencialmente piore nos meses e anos que estão por vir? Continuaremos a negar o acesso à tecnologia a muitas das pessoas que podem ajudar a combater essa injustiça, os produtores de alimento do mundo? entra neste mundo com dois direitos fundamentais – o direito a um futuro esperançoso e o direito à alimentação suficiente. Ainda assim, em muitos países, esse último direito, se existe, vem com um alto custo. • Aproximadamente 3 bilhões de pessoas – 43% da população do mundo – atualmente vive com menos de 2 dólares por dia. • Mais de um terço dos mais pobres do mundo vivem com menos de 1 dólar por dia, ou o que muitos de nós lendo esse artigo deve gastar em uma garrafa de água. • N os países mais pobres do mundo, cidadãos podem gastar desde a metade até 80% de sua renda em alimentação. Manter acessíveis os preços dos alimentos é essencial para criar um maior acesso para aqueles que vivem com baixa renda. Devido à contínua inova- 39 Shutterstock mercado II mercado II Shutterstock / SXC 38 A subida do preço dos alimentos de alto custo Eu acredito que cada criança nascida nesse planeta Segurança alimentar e Regulamentação com embasamento científico Somente as autoridades regulatórias e governamentais formais deveriam supervisionar a segurança alimentar e a disponibilidade das tecnologias de produção de alimentos. Para deixar claro, este artigo de forma alguma defende o uso de qualquer tecnologia moderna de produção de alimentos que possa ter um impacto negativo na segurança dos alimentos. Manter a segurança do suprimento global de alimentos é um imperativo indiscutível. Esta é uma premissa fundamental deste artigo. Produtores de alimentos do mundo todos têm um papel crítico neste esforço. Entretanto, somente as autoridades regulatórias e governamentais mundiais autorizadas – por exemplo, o USDA e o FDA, dos EUA, EMA, CODEX, OMS, o Ministério da Agricultura da China, a Comissão de Segurança Alimentar do Ja- porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] pão e agências similares – deveriam manter autoridade definitiva para estabelecer, supervisionar e aplicar padrões estritos de segurança dos alimentos em todas as nações. E dados mostram que seus esforços estão gerando melhorias. Um relatório recente do European Food Information Council [Conselho Europeu de Informação sobre a Alimentação] mostra que a segurança alimentar melhorou significantemente comparado a 40 anos atrás, o que o EUFIC credita a “avanços tecnológicos modernos” abrangendo desde a pasteurização a ferramentas analíticas que podem medir substâncias indesejadas até em em quantidades ínfimas. Nos EUA, o Foodborne Diseases Active Surveillance Network [Rede de Vigilância Ativa de Doenças Transmitidas por Alimentos] do FDA registrou um declínio de 1/3 no número de doenças transmitidas por alimentos entre 1996 e 2009 – a 34,8 incidentes por 100.000 residentes. Para contextualizar, 3.311 dentre 100.000 residentes se envolveram em um acidente de automóvel em 2008. Incidências de Doenças Transmitidas por Alimentos nos EUA (por 100.000 pessoas) 60 40 É de grande importância que estes órgãos reguladores mantenham o controle sobre a disponibilidade das tecnologias no mercado. Sua autoridade não pode ser substituída por grupos não-regulados que fazem reclamações injustificadas e não baseadas em fatos. Dar atenção a estas reclamações pode resultar na confusão do mercado, perda de confiança do consumidor e o estabelecimento de padrões inválidos que podem pôr em risco o bem-estar dos consumidores, dos animais de produção e do meio-ambiente. Tecnologia Mantém o Custo da Comida Baixo Comparação de custos ajustados à inflação para as principais mercadorias adquiridas pelos consumidores (1960 a 2009) 350% 300% 337% Petróleo *Ajustado a 2009 250% 51,2 34,8 20 1 em cada 6 pessoas no mundo passa fome em 2010 0 1996 2009 Enquanto tecnologias e práticas de segurança de alimentos continuam a evoluir, a taxa de doenças transmitidas por alimentos nos EUA diminuiu aproximadamente 1/3. 1/6 da população mundial não tem o suficiente para comer a cada dia. 200% 150% 100% 1,02 bilhões 50% 54% 63% 47% 15% Nos últimos 50 anos, os preços 0% ajustados à inflação para os Petróleo Milho Trigo Arroz Leite principais alimentos diminuíram. Compare ao preço do petróleo, 1960* $21.35 $7.58 $12.96$1,135.12 $22.89 que cresceu mais que o triplo. 2009 $71.88 $4.12 $6.15$168.19 $14.40 [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 40 mercado II ção na produção de alimentos, temos sido capazes de manter os preços dos alimentos incrivelmente baixos. Os custos de produção do milho, trigo, arroz e leite chegam a ser de 40 a 85% menores do que em 1960, com base em preços ajustados pela inflação. Enquanto isso, os preços do petróleo, um insumo fundamental na produção de alimentos, subiram disparados, custando 337% mais do que em 1960 (valores ajustados pela inflação). Por exemplo, o preço médio do leite hoje é US$ 14,40 por hundredweight (45kg), mas o preço médio de 1960 ajustado à inflação faria com que esta quantidade de leite custasse US$ 22,89 hoje. A Fundação Gates identificou a agricultura como motor essencial para promover as melhorias em saúde e na redução da pobreza para os cidadãos do mundo em desenvolvimento. Bill Gates em sua carta anual de janeiro de 2011 observou: “Quando fazendeiros aumentam sua produtividade, a nutrição também melhora e a fome e a pobreza são reduzidas. Em países como Ruanda, Etiópia e Tanzânia, investimentos em sementes, treinamento, acesso a mercados e políticas agrícolas inovadoras estão fazendo uma diferença real”. A pobreza é uma questão complexa, e as soluções para os desafios relacionados entre pobreza e política, provavelmente, ocorrerão ao longo de algumas décadas. Mas uma coisa pode ser feita agora, em nível global, e se resume a escolha e tecnologia. Os produtores de alimentos em todo o mundo devem ser livres para escolher dentre uma variedade de ferramentas e métodos seguros e comprovados para o cultivo de uma abundância de alimentos com máxima eficiência. E as pessoas em todos os lugares devem ser livres para escolher dentre uma variedade de alimentos seguros, saudáveis e acessíveis para si e suas famílias. O mundo ainda busca uma cura para a AIDS, o câncer e a doença de Alzheimer. A fome é um problema para o qual já temos uma arma poderosa: a tecnologia. Mas apesar do imperativo de permitir que os alimentos tenham custos acessíveis para os mais necessitados, persiste o mito de que a maioria das pessoas é inflexivelmente contra o uso de tecnologias de redução de custos da produção de alimentos. Os dados, entretanto, mostram o contrário. SXC Direito 2: ESCOLHA Um direito do consumidor Mito esclarecido: O que os dados sobre as atitudes e comportamentos dos consumidores mostram? Na preparação deste artigo, um projeto de pesquisa foi realizado para determinar como e porque pessoas em todo o mundo fazem as escolhas alimentares que fazem – e, mais especificamente, como consideram as tecnologias de produção de alimentos. O International Consumer Attitudes Study – ICAS (Estudo Internacional sobre Atitudes dos Consumidores) foi conduzido por dois economistas agrícolas que revisaram mais de 70 relatórios e estudos sobre atitudes e comportamentos dos consumidores de todo o mundo. Destes, 27 corresponderam ao nosso critério de uso de perguntas abertas ou dados reais sobre gastos dos consumidores, que foporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] ram então analisados. Este estudo foi seguido por uma validação feita pela Companhia Nielsen. Isto posto, estes estudos representam as opiniões de mais de 97 mil pessoas em 26 países. O quê o projeto ICAS revelou? • 95% dos consumidores são Compradores de comida. Eles escolhem alimentos produzidos pela agricultura moderna e são neutros ou apoiam o uso de tecnologias que melhorem a eficiência para cultivar alimentos. Em geral, estes compradores fazem compras baseadas em sabor, custo e nutrição (nesta ordem). Alguns podem indagar por que a segurança do alimento não está no topo da lista. Como eu observei em meu trabalho anterior, a pesquisa mostra que o “padrão” para a maioria dos consumidores é uma convicção de que as comidas que eles compram são seguras para comer. Em geral, apenas nas raras ocasiões em que “recalls” de comida apare- Estudo de Validação: Fatores que Influenciam as Decisões nas Compras de Alimentos Companhia Nielsen, Out. 2010 Sabor 43,48% Outros 1,99% Nutrição 23,02% Custo 31,51% De acordo com uma pesquisa de 2010 com 26.653 lares americanos, os fatores mais importantes na compra de comida são sabor, custo e nutrição. mercado II cem nas manchetes é que os consumidores consideram mudar seus comportamentos de compras - ao menos temporariamente. A maioria dos consumidores de comida não toma decisões de compras cotidianas baseada em preocupações com a segurança da comida ou em como eles se sentem sobre a política alimentar ou assuntos políticos como direitos dos animais. • 4% são Compradores de estilo de vida que compram comida baseados em grande parte em fatores de estilo de vida: etnicidade e vegetarianismo, ou apoio a fornecedores de alimentos orgânicos, de produção local e de feiras, entre outros. Para este grupo, o dinheiro não é um fator para a decisão de compra. A pesquisa mostra que os dois grupos tendem a coincidir em muitas áreas, dependendo de gostos e preferências pessoais. Em outras palavras, não são segmentos distintos de mercado. Em 2010, 75% dos compradores tradicionais de comida nos Estados Unidos também compraram habitualmente alimentos orgânicos, mesmo que custassem mais. Dados de scanner de código de barras comprovam isto, da mesma maneira que mostram que nenhum consumidor norte-americano compra apenas produtos orgânicos. Similarmente, muitos dos que tem preferência por alimentos produzidos localmente regularmente compram produtos que não podem ser cultivados em seu clima local, como bananas e grãos de café consumidos por cidadãos da União Europeia. Uma característica que ambos grupos compartilham: eles querem exercitar seu direito de escolha. Para validar isto ainda mais, nós encomendamos em outubro de 2010 à Companhia Nielsen uma pesquisa de 26.653 casas norte-americanas, para determinar o fator mais importante nas decisões de compra dos alimentos. Usando uma técnica de concessão [tradeoff], os resultados demonstraram que o sabor era o fator mais imporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Estudo Internacional de Atitudes do Consumidor The International Consumer Attitudes Study (ICAS) Enquetes de Opinião • 28 estudos • 26 países • Mais de 97.000 consumidores • 2001 - 2010 Dados de gastos 99% Comprador de alimento: 95% • Sabor • Custo • Nutrição Comprador de estilo de vida: 4% • Produtos • Orgânicos/produção local • Feiras Margem • Proibições a alimentos • Restrições • Proposições A análise de 28 estudos que observaram as atitudes e comportamentos dos consumidores em relação à compra de alimentos mostra que 99% das pessoas escolhem comer alimentos cultivados tradicionalmente, alimentos escolhidos de acordo com seu estilo de vida ou ambos. Apenas uma mínima porcentagem quer eliminar as escolhas de alimentos banindo tecnologias e/ou métodos agrícolas específicos. Shutterstock 42 portante (43,48%), seguido por custo (31.51%), e nutrição (23,02%). O 1,99% restante selecionou uma variedade de outras escolhas. Finalmente, os dados mostram que as vendas globais de alimentos produzidos sem a maioria das ferramentas de tecnologia representam menos de 2% de todas as vendas globalmente — uma porcentagem que não está projetada para mudar significativamente até 2014. Vista da margem Imagine, por exemplo, se um pequeno grupo marginal começasse a defender uma legislação para proibir todas as comidas kosher. Consumidores que têm esta preferência ficariam enfurecidos por terem seu direito de escolha tirado deles. Ainda assim, um grupo marginal (1,66% de consumidores norte-americanos, de acordo com pesquisa comissionada pela Companhia Nielsen) parece acreditar que a maioria dos consumidores é ingênua. Este grupo participa de protestos, piquetes e comícios para “proteger” os consumidores das “ameaças” da produção moderna de alimentos. Embora estes grupos às vezes sejam pouco 44 mercado II mercado II zer suas próprias escolhas na compra de alimentos, e não que elas sejam feitas por outros para eles. Este grupo marginal também deveria ter uma escolha. Se eles têm dados científicos críveis que provem suas reivindicações, deveriam escolher compartilhar esta informação não com a mídia ou on-line, mas com os órgãos regulatórios apropriados, autorizados a examinar e agir sobre estes dados. Nós apreciamos que os consumidores façam perguntas duras, mas quando a escolha é retirada sem uma revisão regulatória e baseada na ciência, todos nós perdemos cada vez mais. Uma proposta sem vencedores: O que Acontece quando retiramos a opção de escolha do consumidor? Quando ativistas de grupos marginais conseguem influenciar os legisladores para decretar novas leis ou mudar leis que dão diretrizes para a produção de alimentos, a segurança dos alimentos, a escolha, a acessibilidade financeira e o acesso podem ser todos comprometidos. Exemplos disto são abundantes. Considere a Califórnia, EUA. A Proposição 2, passada na Califórnia em 2008, Shutterstock mais que algumas pessoas com os mesmos pensamentos e talento para ganhar acesso à mídia, eles podem ser eficazes em influenciar a mídia local, regional e até mesmo nacional - e também a legislação. Os resultados de seus esforços, que incluem proibições a tecnologias seguras e eficientes de produção de alimentos, tendem a ter consequências frequentemente negativas e de longo alcance, não importa o quão não-intencionadas sejam. Suas razões para estes limites e proibições são tipicamente guiadas por emoção e medo no lugar de fatos, e suas ações ignoram o direito da pessoa com fome de ser alimentada. Então, ao invés de ajudar os outros, a “margem” está condenando mais dos pobres e famintos do mundo à morte. Assim, onde faz sentido, líderes da cadeia alimentícia global e organizações devem se unir para se manifestarem a favor de padrões altos de segurança alimentar, mas contra proibições insensatas em tecnologias que aumentam a eficiência e podem salvar vidas - proibições que elevam o custo da comida, diminuem sua produção e aumentam a depleção de recursos naturais. Como o ICAS e outras pesquisas mostram, 99% dos consumidores querem escolher baseados no sabor, custo, nutrição e algum estilo de vida. Os consumidores querem o direito de fa- 2009 (real) Global Euro- 2014 (projetado) Global Euro- 3 Bilhões Comida a preços acessíveis pode ser uma questão de vida ou morte para as 3 bilhões de pessoas no mundo que vivem com menos de US$2 por dia. pretendia criar “padrões humanitários para animais de fazenda” impondo, em parte, como os produtores de ovos deveriam abrigar suas galinhas. A análise feita por pesquisadores agrícolas no University of California Agricultural Issues Center (Centro de Questões Agrícolas da Universidade da Califórnia) os levou a concluir que: • A Proposição 2 aumentaria os custos da produção de ovos na Califórnia em 20%. Percentual de Vendas de Comida Orgânica Como porcentagem de todas as vendas de alimentos, alimentos orgânicos cultivados sem determinadas tecnologias representam menos de 2% das vendas mundiais. Mesmo em regiões industrializadas como Europa e EUA, mais de 97% da renda dispendida com alimentação para alimentação são gastos em produtos cultivados utilizando tecnologia – uma porcentagem projetada para mudar bem pouco até o ano 2014. • Esta perda de competitividade entre os produtores de ovo da Califórnia poderia resultar na eliminação completa da indústria de produção de ovo daquele estado até 2015, quando a lei entra em vigor. • Se leis como a Proposição 2 se tornassem padrões nacionais, os consumidores americanos deveriam esperar que os preços do ovo subissem pelo menos 25%, sem mencionar o impacto do preço em muitas comidas que incluem o ovo como ingrediente. “Arroz Dourado”: esperança para milhões descartada Criado por pesquisadores suíços em 1999, o que veio a ser chamado de “Arroz Dourado” é um tipo modificado de arroz que contém beta-caroteno, que o organismo humano converte em vitamina A. A deficiência de vitamina A é um problema sério de saúde pública em todo o mundo, e contribui com até 3 milhões de mortes evitáveis de crianças a cada ano. Os inventores do “Arroz Dourado” não se preocuparam com lucro, ao invés, consideraram seu empreendimento puramente humanitário. Eles estavam preparados para ceder uma licença grátis para fazendeiros em nações em desenvolvimento para plantar, cultivar, vender e replantar o grão à vontade. Seu único obstáculo? “Arroz dourado” é um organismo geneticamente modifi cado (GMO). Foi proibido na UE e, como resultado, na África, onde poderia salvar um número incontável de vidas - apesar do fato de que 57 países já aprovaram a plantação ou importação de safras “biotech” ou produtos derivados delas. Na verdade, os desenvolvedores desta tecnologia capaz de salvar vidas estimam que, desde 2002, mais de 250 mil mortes devido à fome poderiam ter sido evitadas se o “Arroz Dourado” tivesse sido aprovado para uso. Uma mudança de pensamento da União Europeia? A maré na Europa, depois de muitos anos, parece estar virando para o lado oposto do ponto de vista extremo, rumo a uma aproximação mais baseada em fatos à proteção dos direitos do consumidor e à capitalização sobre a capacidade da tecnologia de ajudar a acabar com a desnutrição e a fome. Paolo De Castro, presidente do Comitê de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, concorda. “Nós devemos muito a nossos fazendeiros, e eles merecem o direito de escolher usar as tecnologias que os ajudarão a maximizar sua produtividade - reconhecendo que estas tecnologias devem ser comprovadamente seguras e eficazes”, ele escreve. “É reconhecido globalmente que a pergunta fundamental hoje é como prover segurança alimentar de modo sustentável a preços de mercado razoáveis. E nós precisamos acrescentar: dentro de uma estrutura política amplamente aceita por nossos cidadãos. Os fazendeiros da UE devem ter permissão para escolher as ferramentas “Os fazendeiros da União europeia devem ter permissão para escolher as ferramentas de que eles precisam para prosperar, e nossos cidadãos devem ser livres para selecionar dentre a mais ampla variedade de escolhas de alimentos, tornada possível por nossos modernos empreendimentos de produção de alimentos.” Paolo De Castro Presidente do Comitê do Parlamento Europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural de que eles precisam para prosperar, e nossos cidadãos devem ser livres para selecionar da mais ampla variedade de escolhas de comida, tornada possível por nossos modernos empreendimentos de produção de alimentos.” Com a liderança de pessoas como Paolo De Castro e amplo apoio do consumidor, está na hora de superar o mito e virar o diálogo em direção a uma pergunta muito mais importante: como podemos alimentar sustentavelmente nosso mundo em crescimento? SXC 4% 43% da população mundial vive com menos de US$2 por dia 45 porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] mercado II mercado II Direito 3: SUSTENTABILIDADE Um direito do meio ambiente Tecnologia rende sustentabilidade: a solução certa e ambientalmente correta Finalmente, a responsabilidade de prover um suprimento de comida abundante e disponível, com uma ampla variedade de escolha para o consumidor, deve ser viabilizada ao mesmo tempo em que protegemos os recursos naturais - a terra, água e ar - que nos sustentam. Os fatos são convincentes e deixam pouco espaço para argumento. Tecnologias de produção ajudam aos fazendeiros cultivar mais comida com maior eficiência, permitindo-lhes alimentar mais pessoas enquanto consomem menos recursos naturais e geram menos dejetos. Uma produção moderna e eficiente de alimentos é ambientalmente sustentável. Os dados falam por si. Por exemplo, desde 1944, a produção anual de leite por vaca quadruplicou nos Estados Unidos, o que significa que necessitamos de bem menos vacas para suprir a demanda de leite. Consequentemente: • 76% menos esterco está sendo produzido para cada galão (4,5 litro) de leite vendido. • A produção moderna de todo galão • A “pegada ecológica de carbono” para cada libra de carne bovina que compramos hoje é 18% menor do que era há apenas uma geração. Nós vimos ganhos similares na produção de grãos. Em 1961, um acre de trigo tinha a capacidade de alimentar globalmente em torno de duas pessoas. Hoje podemos alimentar quase seis pessoas com aquele mesmo acre de terra. De forma similar, dados globais mostram que um acre de arroz alimentava quatro pessoas em 1961 e em 2009 dobrou para mais de oito pessoas. Ainda assim, nós temos de continuar melhorando. Para assegurar que nossa crescente população global tenha comida suficiente, precisaremos produzir alimento com máxima eficiência e com o menor impacto possível no ambiente. Como observa o Dr. Jason Clay, do WWF (World Wildlife Foundation), “para alimentar 9 bilhões de pessoas e manter o planeta, temos que congelar a pegada ecológica de carbono. Se excedermos a capacidade produtiva do planeta, estaremos retirando a base de recursos de que nossos filhos e nossos netos necessitarão. Nós temos de usar menos para produzir mais a partir de menos.” Shutterstock 46 de leite requer 65% menos água e 90% menos terra do que em 1944. • A “pegada ecológica de carbono” para um galão de leite em 2007 foi 63% menor que em 1944. A história se repete para cada quilo de carne bovina, no caso da carne. • Precisamos de quase 1/3 menos bovinos hoje para suprir a demanda de carne do que em 1977. • Cada libra (cerca de meio quilo) de carne bovina produzida hoje nos EUA requer 14% menos água e 34% menos terra, e a produção de carne bovina, produzida hoje nos EUA gera 20% menos esterco do que em 1977. impactar os desafios morais, econômicos e ambientais que enfrentamos. 1. “Não precisamos de tecnologia para alimentar o mundo – precisamos de soluções para questões políticas e pobreza.” Na realidade, nós precisamos de todos os três. Mas a tecnologia é uma solução que existe hoje e pode gerar resultados imediatos. Como declarou Bill Gates, “quando os fazendeiros aumentam sua produtividade, a nutrição melhora e a fome e a pobreza são reduzidas”. E isso se destacou também na Revolução Verde, de acordo com experts que destacam o trabalho de Norman Borlaug na criação de grãos de alto-rendimento, ao qual é creditada a salvação de milhões de famintos no Século 20. A tecnologia não é a única solução, mas é uma solução que pode ser implantada hoje para 2. “Se os consumidores de alimentos soubessem dos fatos, eles não escolheriam alimentos produzidos usando certas tecnologias.” Quem tem dados críveis que ponham em questão a segurança de qualquer tecnologia de produção de alimentos, nova ou atual, deveria, de qualquer jeito, compartilhá-los com os órgãos reguladores apropriados. Porém, se eles tiverem apenas opiniões, eles devem aos consumidores o reconhecimento de que é este o caso. Os grupos marginais precisam entender que a segurança dos alimentos pode não ser uma questão para eles, mas suas ações podem excluir o direito de escolha de pessoas com fome – até mesmo de pessoas famintas – ao redor do mundo. Isso é moralmente errado. Além disto, o estudo do ICAS para este artigo mostrou que 99% dos consumidores globais tomam suas decisões de compras baseados em sabor, custo, nutrição ou algum fator de estilo de vida. 3. “Tecnologias de produção de alimentos prejudicam nosso meio ambiente.” Métodos modernos de produção de alimentos, na verdade, reduzem o uso de recursos naturais preciosos como terra e água – ao mesmo tempo em que geram ainda menos desperdício. Eficiência é o único modo de otimizar nossos recursos escassos e satisfazer a necessidade futura de dobrar a produção de comida. Shutterstock / SXC Esta é uma questão complexa, e frequentemente gera três desafios comuns. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Tecnologias que aumentam a eficiência podem reduzir drasticamente o uso de recursos na fazenda Uso de Água 1977 2007 Um modo revelador para avaliar o impacto da tecnologia é considerar a agricultura no Brasil e no Reino Unido. Historicamente, o Reino Unido foi um importante produtor e fornecedor de comida para a Europa. Porém, nas últimas décadas, as políticas da UE limitaram o acesso dos fazendeiros do Reino Unido às tecnologias - e a legislação em conjunto com uma minoria “barulhenta”, impactaram as práticas e políticas. Enquanto havia múltiplos fatores em jogo durante este tempo, o Reino Unido perdeu 60.000 fazendeiros e trabalhadores rurais (entre 1998 - 2001) e em 2007, as importações de carne no Reino Unido foram 389% mais altas do que as exportações. Ademais, o faturamento das fazendas caiu 71% entre 1995 e 2001 e foi negativo em sete de 11 anos entre 1998 e 2009. Estas decisões políticas mais amplas contribuíram para arruinar a competitividade do setor agropecuário da UE. No fim das contas, um país que um dia foi responsável por alimentar outros países viu uma dramática virada na balança comercial e agora depende fortemente das importações de outros produtores de menor custo, como o Brasil. Em menos de uma geração, o Brasil se transformou de importador de alimento a um dos mais eficientes produtores - e exportadores - de alimentos do mundo. Entre 1996 e 2006, o valor da produção total de safra do Brasil aumentou 365%. As exportações de carne bovina aumentaram dez vezes em uma década, e o Brasil é agora o maior exportador do mundo de carne bovina, avícola e cana de açúcar. E muito disto foi realizado sem subsídios governamentais significativos. 1944 14% menos 65% menos por galão de leite do que em 1944 por libra de carne boniva do que em 1977 2007 Uso de Terra 1977 1944 34% menos 90% menos por galão de leite do que em 1944 2007 por libra de carne boniva do que em 1977 O impacto da tecnologia Desafios aos Três Direitos 47 2007 Produção de esterco 1977 1944 20% menos 2007 por libra de carne boniva do que em 1977 76% menos por galão de leite do que em 1944 2007 Pegada ecológica de carbono 1977 1944 18% menos 2007 por libra de carne boniva do que em 1977 63% menos por galão de leite do que em 1944 2007 Dados coletados e analisados ao longo de décadas provam que avanços na eficiência agropecuária têm efeitos positivos e de longo alcance no meio-ambiente. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld mercado II mercado II O segredo para a marcante reviravolta do Brasil? Em grande parte, foi um clima político que encorajou a proteção do meio-ambiente do Brasil ao mesmo tempo em que ampliou as escolhas de tecnologia agrícola - disponibilizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Desenvolvendo tecnologias que variam da genética de novas sementes a novas raças de gado, a Embrapa obteve avanços em pesquisa e tecnologia para encarar alguns dos desafios de produção de alimentos mais intimidadores do mundo. E fizeram isto de uma forma que não apenas amplia as escolhas de tecnologias disponíveis para os produtores, mas também ajuda a proteger e preservar o meio-ambiente do Brasil. Marcus Vinicius Pratini de Moraes, antigo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), antigo presidente da ABIEC - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, membro do conselho da JBS S.A. e da COSAN, atribui a transformação agrícola do Brasil a cinco fatores-chave: 1. Sol 2. Solo 3. Liderança empreendedora 4. Tecnologia 5. Políticas de pró-agricultura “Entendemos que a biotecnologia tem muito a contribuir para a agricultura e a humanidade”, diz Pratini. O Brasil pode servir como modelo para outros países que lutam atualmente contra a insegurança alimentar. Abarcando os avanços da ciência, o país obteve importante renda com as exportações, e também forneceu alimentos a custos mais acessíveis e saudáveis à sua população, transformando as lutas de uma nação em um triunfo econômico e humanitário. “É por isso que eu apoio totalmente o desenvolvimento científico”, diz Pratini. “Porque pode melhorar a qualidade de vida para toda a humanidade ao prover uma solução segura para alcançar a segurança alimentar”. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] O ponto de vista do consumidor: Pesquisa aberta, concessões (tradeoffs) e gastos: chaves para a compreensão do consumidor por Dennis DiPietre, economista e escritor por John Strak, economista e pesquisador do mercado consumidor Pode ser perigoso supor que nós sabemos o que os consumidores pensam. Mesmo assim, muitas das pesquisas de mercado que eu vejo sobre suas visões no uso de tecnologia na produção de alimentos faz exatamente isso. Fazem suposições falhas que, em troca, rendem resultados questionáveis. Então como podemos saber o que os consumidores realmente pensam? Minha resposta - realizando pesquisas que: 1) têm perguntas abertas, 2) usam cenários de concessão (tradeoff s) e 3) são baseadas em comportamentos. (Este é o tipo de pesquisa que foi resumida neste artigo). Deixe-me explicar. Perguntas abertas não dão nenhuma dica de como responder. Exemplo: “Que preocupações você tem sobre a comida que você e sua família come?” Contraste esta com uma pergunta enviesada: “Quanta preocupação você tem sobre X em sua comida?” Qual delas revela melhor a verdadeira convicção dos consumidores? Aposto na pergunta aberta. Além disso, os dados de 2010 da Companhia Nielsen citados neste artigo efetivamente analisam concessões (tradeoff s). Eles perguntam: “Qual é o fator mais importante em suas decisões de compra de comida: custo, sabor, nutrição ou algum outro fator?” Selecionando apenas uma opção, o consumidor abre mão ou compensa as outras três – uma simulação justa das decisões que os consumidores fazem diariamente na vida real. Mas será que “fazem” de fato o que “dizem”? Não devemos supor que sim. Um modo útil para solucionar este conflito “dizer X fazer” é examinar comportamentos. Por exemplo, poderíamos perguntar a alguém quanto de seus Dr. Strak é Professor Especial de Economia Alimentar, Universidade de Nottingham, Inglaterra. 49 Ponto de vista de um economista: Por que a perda de escolha significa perda para todos Shutterstock / SXC 48 gastos com comida vai para produtos orgânicos - ou poderíamos somar recibos de caixas registradoras. Uma abordagem nos dará opiniões, a outra, fatos. Este artigo fez um trabalho valioso de tentar apresentar uma visão imparcial dos consumidores - um exercício útil. Mas talvez falhe no ponto mais importante. Alimentar o mundo responsável e sustentavelmente requererá tecnologia. Infelizmente, ciência, negócios e a mídia não fizeram um bom trabalho para explicar os benefícios das tecnologias ao comprador na loja. Os consumidores precisam de informação robusta sobre o que a ciência oferece à sociedade. E a cadeia alimentícia precisa de visões imparciais dos consumidores. Este artigo é um bom ponto de partida para mais discussão. Que venham as concessões! Como economista e educador, eu sei que exemplos simples às vezes podem ajudar a explicar teorias econômicas complexas. Quando se trata da escolha do consumidor, segue um exemplo do que acontece quando deixamos os outros fazerem escolhas para nós. Recentemente, depois de abrir os presentes de aniversário dados por mim e minha esposa, minha filha nos agradeceu e então perguntou a sua mãe se ela poderia trocar vários itens. Adivinhar as preferências de alguém, apesar do quão bem intencionado ou quão bem você ache que conhece a pessoa, pode ser difícil e caro. Após as trocas, todos nós ficamos mais contentes, pois minha filha satisfez suas preferências mais precisamente, e nós ficamos satisfeitos por saber que nosso presente foi apreciado. Situações em que mudanças ou até mesmo políticas de governo que tragam satisfação a todos são às vezes difíceis de alcançar, mas quando acontecem, geralmente consegue-se encontrar liberdade de escolha em suas raízes. A principal razão é que ninguém sabe suas preferências melhor do que você. Em nenhum lugar é mais crítico preservar a escolha do que em produção e consumo de alimentos. Apesar da legítima responsabilidade dos governos de assegurar um suprimento seguro de comida, é crescentemente popular para grupos de interesse usarem o governo para fazer coisas como aumentar o custo da comida importada, requerer que governos locais comprem comida produzida localmente, ou restringir tecnologias seguras e comprovadas, que podem ser usadas para aumentar a produtividade agropecuária ou reduzir o custo da comida. Governos de grandes cidades estão até mesmo proibindo os moradores de comprar certos tipos de comidas e começando a ditar, por exemplo, quanto sal um chefe de cozinha pode usar para preparar um prato de restaurante. Quando um grupo relativamente pequeno consegue influenciar políticas públicas para impor suas preferências privadas a todos, ele impõe custos altos à sociedade. Economistas chamam estes custos de perdas de peso morto, pois todos no mercado, comprador e vendedor, levam a pior. Os compradores não conseguem encontrar os atributos que querem, os vendedores pagam custos mais altos na cadeia de suprimentos e sofrem redução nas vendas. É como escolher deliberadamente um presente para alguém sobre quem você não sabe nada e depois restringir ou prevenir sua capacidade de trocá-lo. Não é uma coisa agradável para se fazer - e eleva os custos para todos. Dr. DiPietre recebeu seu Ph.D. da Universidade de Iowa (EUA). Por meio de sua firma, KnowledgeVentures, LLC, ele é consultor de companhias líderes de produção de alimentos em todo o mundo. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld mercado II A necessidade de avançar de forma robusta para combater a fome mundial nunca foi mais urgente. Os estoques de grãos estão a níveis alarmantemente baixos. Os preços dos alimentos estão em altas recordes, com expectativa de alta. A população está rapidamente rumando aos 9 bilhões. Nós temos uma janela de oportunidade excepcional: Uma luz foi jogada no assunto. A necessidade é premente! O mito foi descortinado. Para tornar comida segura, acessível e abundante uma realidade, nós temos que focar nos três direitos fundamentais que vêm do acesso à tecnologia: 1. Comida – um direito humano básico | Negar inovações seguras e comprovadas, que tornem a produção de comida mais eficiente é desumano e deveria ser considerado moralmente inaceitável. 2. Escolha – um direito do consumidor | Todos os consumidores deveriam ter o direito de gastar seu orçamento alimentar da forma que acharem mais adequado. Os que precisam de escolhas de comida acessíveis deveriam encontrá-las prontamente disponíveis. Consumidores mais abastados também devem ter opções de alimentos de acordo com seu estilo de vida 3. Sustentabilidade – ambientalmente correto | Continuar a salvaguardar nossos recursos naturais enquanto nos empenhamos para alimentar mais de 9 bilhões de pessoas até 2050 requererá níveis de eficiência na produção de alimentos nunca antes atingidos. A tecnologia nos ajudou a aumentar a expectativa de vida humana, virtualmente eliminar a varíola do planeta e enviar o homem à lua. Igualmente, tecnologias agropecuporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] árias seguras e comprovadas para agricultura e alimentos podem ajudar os fazendeiros do mundo a produzir mais com menos. Hora de agir – O que você pode fazer? • Torne pessoal | Junte-se a mim no objetivo de fazer do fim da fome global uma missão pessoal. Saia de sua “bolha”. Veja a fome de perto e você se tornará um ativista para a comida segura, abundante e de preço acessível. Pode haver um assunto moral mais importante para encarar? Está na hora de todos nós fazermos da comida um direito para todos, em todos os lugares. Faça disto uma questão sua. • Engage-se | Muito importante para os leitores deste artigo: comprometa-se com os influenciadores da cadeia alimentícia mais influentes que você conheça. O “discurso de guardanapo” é bem simples: Comida segura, acessível e abundante = Tecnologia + Escolha. Soluções para os desafios de eliminar a fome mundial e maximizar a escolha do consumidor existem. Só trabalhando juntos podemos implementar com sucesso estas soluções. Para engajar-se ainda hoje, comece visitando www.plentytothinkabout.org. • Apoie | Finalmente, esteja pronto para apoiar os 99% dos cidadãos do mundo que querem livre escolha e um suprimento de comida saudável, acessível e segura - bem como apoiar os órgãos reguladores que tornam possível produzir esta comida. Quando você souber de grupos de ativistas marginais que buscam eliminar escolhas, banir práticas ou até mesmo eliminar proteína animal de nossas dietas, peça respeitosamente que provem suas afirmações usando dados científicos, SXC CONCLUSÕES e pensamentos finais econômicos e ambientais, e compartilhe com os órgãos reguladores. Moralmente, cientificamente, economicamente, ambientalmente e socialmente, os dados apoiam o uso de tecnologia. Todos estes fatos se alinham para apoiar uma posição com que todos nós concordamos: comprometer-nos a assegurar que um suprimento global de alimentos seguros, abundantes e de preços acessíveis pode se tornar uma realidade em nossas vidas. Jeff Simmons e sua esposa, Annette, vivem em Carmel, Indiana com seus seis filhos. Jeff é defensor ativo da tecnologia alimentar e seu papel de prover produção mais acessível, eficiente e sustentável de carne, laticínios e ovos. Em 2009, ele publicou um artigo sobre tecnologia de comida no século 21, “O custo dos alimentos e as escolhas dos consumidores - Porque o agronegócio precisa de tecnologia para atender à demanda crescente por alimentos saudáveis, nutritivos e com custos razoáveis.” Ele é Presidente da Elanco, a divisão de saúde animal de Eli Lilly e Companhia (NYSE: LLY), onde a visão da companhia é “comida e companheirismo enriquecendo vidas.” A Elanco desenvolve tecnologias inovadoras e seguras para fazer animais de produção mais saudáveis e efi cientes. A companhia está trabalhando em um esforço humanitário para ajudar a acabar com a fome na infância em sua cidade natal, Indianapolis, e retirar 100.000 famílias de países em desenvolvimento da fome, por meio de de parcerias. Jeff tem bacharelado em Economia e Marketing Agrícola pela Universidade de Cornell (1989). Ele se mantém conectado a aspectos fundamentais da cadeia alimentícia por meio da fazenda de sua família em Nova Iorque, relacionamentos na cadeia alimentícia global, palestras e o debate contínuo de políticas e abordagens para possibilitar a produção de alimentos seguros, abundantes e de preço acessível. Assessoria de imprensa 50 52 brasil brasil Consumo interno Lívia Machado, coordenadora do PNDS Quais são os desafios (e oportunidades) na produção de suínos no Brasil? “O primeiro é entender que o consumidor é sempre o agente que faz girar qualquer atividade econômica. E o segundo é que ele sabe cada vez mais o que quer quanto a qualidade, sanidade e preço. Em uma pesquisa da ABCS, concluímos que o primeiro fator limitante para o consumo de carne suína é o preconceito contra o produto pela associação à obesidade, falta de praticidade, etc. Por isso, trabalhamos no PNDS as questões de sanidade, praticidade, qualidade e outros pontos para conquistar os consumidores. Sabemos que 35% dos consumidores escolhem alimentos por prazer e sabor e outros 34% por temas ligados a saúde. A carne suína já tem tudo isso. Os desafios, assim, são dois. O da informação para diminuir o preconceito e, depois, que o produto em porções práticas chegue aos pontos de venda” Logística Dilvo Grolli, diretor-presidente da Coopavel Setor detém o maior potencial de crescimento entre as carnes no País texto Daniel Azevedo D esde 1970, a produção brasileira de suínos aumentou mais de 371% (saltando de pouco mais de 700 mil toneladas para, segundo previsões, 3,3 milhões de ton em 2011). Os produtores, a indústria, o governo e os pesquisadores se deram conta de que, além de aumentar o consumo no mercado interno, teríamos grande destaque no comércio mundial do produto. Assim, assumimos o posto de quarto maior produtor no mundo e quarto maior exportador com previsão de exportar até 636 mil ton de carne de suína em 2011, ter receita cambial na casa dos bilhões de dólares e manter 750 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] A carne suína é o produto de origem animal mais produzido no mundo, com previsão de 110 milhões de ton para 2011. O produto também é o mais consumido no planeta apesar de grandes diferenças nas médias per capita em diferentes países e regiões. Internamente, o consumo per capita de carne suína no Brasil gira em torno de 14 quilos ao ano enquanto chega a mais 50 quilos em países como Áustria e Dinamarca. No exterior, o produtor brasileiro tem grandes oportunidades por produzir com alta qualidade e preços competitivos e dispor de recursos naturais abundantes. Os números mostram a força e a eficiência do setor produtivo mas revelam que desenvolvemos apenas fração do nosso potencial. Por isso, a PorkWorld decidiu colher depoimentos de especialistas nos diferentes elos da cadeia sobre quais seriam os desafios (e oportunidades) para o setor que talvez tenha o maior possibilidade de crescimento no setor de carnes do Brasil. Os desafios são grandes, profundos e de toda ordem. O alerta dos especialistas, em alguns casos, são novidades. O sucesso recompensa quem chega primeiro. Em outros casos, já foram repetidos à exaustão mas não houve mudança. É obrigação não se conformar e insistir. Afinal, falamos da responsabilidade com a nossa gente e, mesmo, em alimentar o mundo. A seguir, a íntegra dos comentários de autoridades e especialistas: “O Brasil é a 7ª economia do mundo mas só aplica 1,5% da arrecadação em logística ou infraestrutura. Temos uma boa capacidade de produção, no entanto, com custo muito alto até chegar ao consumidor ou o porto. Perdemos muito por isso. Para 2011, estavam previstos R$ 17,95 bilhões de investimento pelo governo. Isso é muito pouco para um país que quer ser protagonista na produção de carne pois tem terra, tecnologia e mão de obra qualificada. Somos um país superavitário na balança comercial do agronegócio em US$ 63 bilhões e poderíamos exportar muito mais se a logística não atrapalhasse. Hoje, não adianta sermos eficientes no campo se não formos da porteira” 53 Estratégia Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura “O momento é para o intercâmbio de informações e ideias entre os produtores de suínos para corrigir falhas estratégicas que freiam o crescimento da suinocultura nacional. Um dos erros que nos deixou vulneráveis foi a concentração de nossas exportações no mercado russo e o baixo investimento no mercado consumidor brasileiro. O grande trunfo do Brasil é o seu mercado interno e, na suinocultura, há um longo e promissor caminho a percorrer. Enquanto isso, é preciso incentivar ações do governo para estabelecer, com o principal mercado no exterior, normas comerciais que reduzam a vulnerabilidade imposta à suinocultura brasileira. O abuso de normas sanitárias é outro ponto que requer ação enérgica do governo na OIE, OMC e FAO, cujas ações se concentram em proteger os interesses dos importadores” Independentes Wolmir de Souza, presidente do INCS “O maior desafio para o setor também pode ser a grande oportunidade. Quero lembrar dos pequenos e médios que hoje, somente em Santa Catarina, abatem 12 mil suínos por dia, fora das grandes cooperativas e indústrias. Os pequenos e médios independentes sofrem com as oscilações do mercado muito mais. Assim, o principal é entender o setor como uma cadeia. Não só as grandes indústrias. O governo precisa valorizar os pequenos e médios pois tem políticas muito voltadas apenas para a exportação. Os independentes têm qualidade para ocupar os mesmo lugares nos supermercados e atender o mercado interno e até externo. Do governo, esperamos programas de valorização, qualificação e certificação” Produtividade e logística Fabiano Coser, diretor-executivo da ABCS “A oportunidade é manter e melhorar a nossa elevada produtividade na relação grão/carne. Nossa conversão alimentar é um grande trunfo e oportunidade para sermos um dos países com maior produção e exportação do planeta. Já o grande desafio é a logística desde transporte dos grãos até as granjas, os animais terminados até os frigoríficos e o pro- duto até o consumidor ou os portos. Muito acaba sendo perdido no transporte. Temos, por exemplo, grande potencial produtivo no Centro-oeste do País, mas como levar isso aos principais centros consumidores ou aos portos? Se a logística estivesse equacionada teríamos um crescimento mais rápido e mais ganho para a cadeia produtiva” [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 54 brasil Exportações Pedro Camargo Neto, presidente da Abipecs “Dependemos muito da sanidade para garantir portas abertas no exterior. Precisamos de estabilidade para ter avanços nas exportações. Nosso sistema de sanidade deve ser eficiente para depois convencer outros países. Assim, precisamos de mais atenção nos gargalos internos que começam pela falta de prioridade política. Antes de investir é preciso o governo ter isso como prioridade. Somente assim haverá mais investimentos. Quanto às oportunidades, estamos bem encaminhados para acessar os mercados de Japão e Coreia do Sul, respectivamente, o primeiro e terceiro maiores importadores de carne suína. Mas é difícil fazer uma previsão sobre quando exportaremos para tais mercados” Política Marcelo Lopes, presidente da ABCS “A primeira coisa é estimular a suinocultura de forma mais consistente com políticas de longo prazo e não só apagar incêndios. Para isso, fortalecemos a ABCS junto ao executivo e legislativo para aprovar o preço mínimo para os suínos e, também, o preço máximo para insumos como os grãos. Isso asseguraria um sistema operante que permite melhor planejamento para os produtores. Sabemos que o Mapa cogita adotar o preço máximo para grãos e isso já seria um grande passo. Temos rodado o País e sentimos boa resposta dos associados quanto a coesão do setor. Nosso trabalho é de informação para fortalecer o sistema ABCS. Depois, temos assessores que nos representam no congresso e no executivo federal, coisa que a associação nunca teve. O resultado disso é a promessa do Mapa sobre as políticas que o setor demanda em curto prazo” Gestão Guilherme Melo, consultor do Rabobank “A forte demanda, combinada com a limitação de recursos, deve continuar impactando na suinocultura. Isto deve ser sentido nos ainda altos e voláteis preços dos insumos, que aparentemente não mudarão no curto-médio prazo. As margens do setor devem continuar sob pressão, o que diminuirá ainda mais o espaço para erros operacionais e exigirá mais habilidades do produtor quanto à gestão comercial da produção com o objetivo de minimizar riscos de compra de insumos e maximizar a receita com a venda de suínos. A excelência na gestão econômica-financeira passa a ser fator chave de sucesso para a atividade” Custos Rovério Freitas, gerente de suínos da M. Cassab “Este ano está difícil, pois os custos subiram bastante. Desde outubro de 2010, o preço do milho cresceu cerca de 23%. Isso impacta de forma negativa no setor. Por outro lado, a busca de alternativas como o arroz e outros é usada para reduzir custos em certas regiões. Assim, as alternativas para redução do uso do milho têm uma importância muito grande para o último trimestre. Apesar de sinais de aumento da área de milho para 2011/2012, o crescimento da exportação e da demanda interna leva o mercado a ficar atento a 2012, que pode ter preços menores, mas não como os produtores precisam. Em relação à qualidade, o setor busca cada vez mais uma produção de ração com o máximo de segurança para os animais e o consumidor final, com controles eficientes e fornecedores que mantenham qualidade e padronização em todos os ingredientes” Volatilidade Ricardo Esquerra, gerente de Produtos da Novus do Brasil “Os produtores suportaram este ano uma das realidades mais intrínsecas do setor, a volatilidade. Ciclos curtos de preços favoráveis com bons ganhos e quedas precipitadas com perdas, e uma dificuldade para prever o preço do suíno no curto prazo. Nossa recomendação é ter foco no manejo do risco fixando o preço de insumos a pagar e o preço de venda de produtos suinícolas a meio prazo em seus porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] mercados quando possível, e aumentar competitividade como prioridade. Por exemplo, há amplas oportunidades de reduzir custos melhorando a conversão lucrativamente; ou incorporando o conceito de longevidade da matriz na avaliação de produtividade no dia ao dia, ou focando na matriz como ferramenta para reduzir custo de produção da sua progênie” 58 BRAZILZÃO BRAZILZÃO Chácara Vó Ita campeã em prolificidade Proprietário Mateus Simão apresenta “segredos” para o melhor desempenho texto: Daniel Azevedo fotos: Chácara Vó Ita O objetivo de todo trabalhador, seja suinocultor ou de outra atividade, é alcançar o melhor desempenho possível. No quesito prolificidade de matrizes suínas, pai e filho Mateus e Marcello Simão, da Chácara Vó Ita, foram os melhores do Brasil em 2011 com admiráveis 32,2 leitões desmamados por fêmea em um ano. A propriedade, localizada em Castro, Paraná, venceu o prêmio “Melhores da Suinocultura – Agriness” e coroou o trabalho iniciado há exatos 20 anos quando o pai, Mateus, começou na atividade. “O prêmio nos trouxe muita satisfação e orgulho, pois é a recompensa de todos os esforços e dedicação de anos de trabalho”, comemora. 59 Chácara Vó Ita A Chácara Vó Ita possui 47 hectares e desenvolve a pecuária leiteira e de suínos. São, em média, 235 matrizes em produção de ciclo completo em uma estrutura que conta com seis barracões para a produção de animais desde a gestação até a terminação de 650 animais por mês. “Desenvolvemos a atividade durante muitos anos e com poucos recursos mas com instalações simples e extremamente funcionais. Temos colaboradores na produção dos suínos em uma equipe entrosada para que sejam obtidas as metas desejadas”, diz Mateus que tem o apoio do filho Marcello, que é técnico agrícola. O desempenho invejável não foi alcançado à toa ou por sorte. Todas as atividades na chácara seguem três pilares principais, entre outros, para isso. O primeiro é o apoio da Cooperativa Agropecuária Castrolanda; o segundo, a boa genética; e o terceiro, uma equipe motivada e dedicada. “O prêmio nos trouxe muita satisfação e orgulho, pois é a recompensa dos esforços e dedicação de anos de trabalho” INSTALAÇÕES COMPLETAS E BEM EQUIPADAS: GARANTIA DE ALTA PRODUTIVIDADE Gestação confinada Matrizes em ambiente adequado para desenvolver potencial genético. Maternidade Unidade obtém melhor prolificidade do País. Creche Leitões vivem uma das fases mais importantes na creche. Barracão de engorda Visão das instalações com os cilos de ração e equipe formada por Marcello Simão, José Candido Botelho, Valdeci Oliveira Santos e Mateus Simão (da esquerda para direita). porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] “A Cooperativa nos dá suporte financeiro, técnico, nutricional, treinamentos e capacitação aos colaboradores. A genética DanBred traz excelentes resultados. Já a equipe é um item de muita importância pois deve estar sempre motivada, capacitada e dedicada inteiramente à atividade”, revela. Simão: as instalações são simples mas extremamente funcionais. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 60 BRAZILZÃO “Segredos” Mas existem outros “segredos”. O primeiro é a adoção do Procedimento Operacional Padrão (POP), que foi elaborado junto à Cooperativa Castrolanda. Com o modelo, ficam definidas as funções individuais e em equipe de cada colaborador. “Levamos os POP’s como uma receita de bolo e, assim, temos em mãos todo o necessário. Cabe a nós realizar as atividades descritas de maneira eficiente atingindo sempre um bom desempenho”, conta. Além do POP, a Chácara Vó Ita utiliza, também, o sistema de gerenciamento de informações zootécnicas e financeiras S2 Agriness, que permite acompanhamento instantâneo do real “A Chácara Vó Ita foi a melhor do Brasil em 2011 com admiráveis 32,2 leitões desmamados por fêmea em um ano” desempenho das granjas. “Além desse acompanhamento, o S2 Agriness nos mostra onde temos deficiências e qualidades de produção por vários indicadores. Contribui muito como ferramenta de motivação de nossa equipe”, detalha. Desafios Apesar das técnicas, procedimentos e dedicação, sempre existem grandes desafios. Para quem alcançou o primeiro lugar, talvez, o maior deles seja manter-se a frente. “O maior desafio é manter os bons resultados. Fazer isso por longo período é um grande desafio. Mas, além disso, a suinocultura é muito instável no preço de venda e, muitas vezes, trabalhamos abaixo do custo de produção. Como não ditamos o preço, buscamos redução de custos e maneiras mais rentáveis de produzir”, aponta. Além disso, a produção exige outros cuidados rigorosos como as boas práticas de manejo, sanidade, biossegurança, padrões de vacinação, limpeza e acompanhamento de um veterinário. Por fim, Simão aponta, talvez, a mais importante necessidade do setor. “Notamos a falta de incentivo ao consumo de carne suína. Existe tanto marketing em alimentação saudável. Por que não investir no consumo de carne suína? É um produto rico em nutrientes e saudável mas ainda sofre preconceitos”, finaliza. Tanque de água é parte da estrutura Visão das instalações e entorno: respeito ao meio ambiente. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] 62 consórcio consórcio Consórcio Paulista: o modelo associativo de São Paulo Produtores se unem para fortalecer setor no Estado A texto Daniel Azevedo suinocultura do Estado de São Paulo pode haver iniciado uma nova era, no último dia 21 de outubro, com a fundação do Consórcio Suíno Paulista. Reunidos pela Associação Paulista de Suinocultores (APCS), o Consórcio já nasceu grande pois congrega 15 produtores que somam 38 mil matrizes ou, praticamente, metade do total do Estado (cerca de 80 mil). O modelo associativo de São Paulo difere do formato de cooperativa pois mantém a autonomia de cada produtor mas traz a força das ações em grupo. A formalização da associação ocorreu em evento na cidade de Holambra, durante a entrega do Selo de Qualidade Suíno Paulista à J.A. Agropecuária e anúncio da implantação do PNDS (Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura) no Estado de São Paulo. “O consórcio está nascendo com a maior transparência possível. O objetivo é aumentar nosso poder de negociação para comprar insumos e, também, para vender carne suína. Isso vai tornar o setor mais forte no Estado e trazer mais competitividade para todos os integrantes”, comentou o presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Júnior. Tradicionalmente formada por produtores independentes, a suinocultura paulista inova ao permitir que pequenos, médios e grandes produtores do Estado possam se beneficiar de compras e vendas em conjunto sem a perda de autonomia administrativa. Apesar disso, haverá exigências para os integrantes do Consórcio como qualidade, seguridade e sanidade. Em 2010, o Estado de São Paulo consumiu mais de 750 mil toneladas e produziu cerca de 220 mil toneladas e, mesmo sendo o maior mercado consumidor do País, dependeu da produção de outros estados. “Estamos melhorando muito com esse novo modelo para sermos mais competitivos tanto no mercado interno brasileiro como também no mercado externo. Temos mais potencial para crescer se estivermos unidos”, disse Ferreira. Entre os fundadores do Consórcio Paulista estão a Fazenda Água Branca, Fazenda Brasil, Granja Vermelhi- nha, Fazenda Ponte Alta, Fazenda Santo Inácio, J.A. Agropecuária, Ianni Agropecuária, Agropecuária Bressiani, Agropecuária Nápoles, Agropecuária Arruda, Cowpig, Agropecuária Junqueira, Agropecuária Cornélio, Fazenda Santa Rosa e Agropecuária Toselo. “O Consórcio já nasceu grande pois congrega 15 produtores que somam 38 mil matrizes” 63 A expectativa é de que as compras conjuntas de insumos (milho, soja, medicamentos e outros) comecem já no primeiro trimestre de 2012 e as vendas conjuntas até o segundo. “Estamos formando o Consórcio da maneira mais transparente possível, de acordo com as legislações de associativismo e em parceria com o Mapa. A tendência é haver mais participantes e iniciarmos as operações já no início de 2012”, previu Ferreira. O Consórcio já contratou, por meio de licitação pública, uma consultoria em advocacia para elaboração do contrato social e, também, contará com os serviços de uma empresa de análise de mercado para orientar ainda melhor os integrantes, antes do início das operações conjuntas. Produtores “Nós estamos buscando, por meio do Consórcio, uma maneira de minimizar nossos custos de produção pois importamos a maior parte dos insumos de outros estados. Estou otimista e acredito que é uma maneira de nos unirmos mais para melhorar o custo de produção e fortalecer a nossa comercialização” Antonio Ianni, da Ianni Agropecuária “Isso fortalece a suinocultura paulista por meio da nossa união. O Consórcio também caminha para garantir a qualidade da produção suinícola do Estado além, é claro, de melhorar nosso poder de negociação” Demétrius Napoles, da Granja Napoles “O sistema que estamos implementando é moderno. O slogan de que a união faz a força é verdadeiro. Não é cooperativismo porque no consórcio todos têm a mesma filosofia e produzem sob a mesma bandeira mas cada um responde pelos seus atos. A vantagem é o poder de barganha maior pois comprando em volume se consegue melhores preços além de permitir mais planejamento” Olinto de Arruda, da Fazenda Água Branca “A suinocultura paulista é caracterizada por produtores independentes, não associados a nenhuma agroindústria. Precisamos de uma representação comercial mais forte tanto nas compras como nas vendas. Acreditamos que é uma semente que pode resultar na consolidação da sobrevivência da suinocultura paulista” Cornélio van Ham, da Agropecuária Cornélio “Estamos otimistas porque nos fortalece e elimina um pouco os intermediários. Isso vai melhorar o preço e aumentar nossa condição no mercado” Alberto van der Broek, da J.A. Agropecuária porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 64 consórcio consórcio “O Consórcio vai permitir que façamos as negociações em conjunto para conseguirmos melhores condições de negociação frente ao mercado. Vamos manter nossa identidade como produtor independente e poder fazer compras e vendas com as vantagens do associativismo” Pedro Roberto Gabone, da Fazenda Santa Rosa “Eu estou otimista porque a reunião de suinocultores só pode trazer bons resultados. Nosso objetivo é ser mais competitivo. O Estado de São Paulo tem uma suinocultura tecnificada e com animais de qualidade o que precisamos é ser mais competitivos em preço. O Consórcio é o caminho para isso” Pedro Toselo, Agropecuária Toselo (Granja Maiali) “A vantagem é a melhor condição de compra e venda mas, com a exigência de qualidade, também garantiremos qualidade aos consumidores” Geraldo Salarolli, da Granja Vermelhinha “É uma alternativa para se unir e comprar mais barato, diminuir o custo e depois conseguir um benefício maior porque o mercado atualmente está muito difícil. Estaremos mais preparados para este mercado e conseguir mais rentabildiade” Marian Wolters, da Granja Ponte Alta J.A. Agropecuária recebe Selo Suíno Paulista O evento teve a presença da secretária estadual de Agricultura e Abastecimento, Mônika Bergamaschi; do diretor regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ricardo Ribeiro; do presidente da Associação Brasileira dos Criadores Os irmãos e sócios, Alberto e João Gilberto van den Broek de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, da prefeita de Holambra, Margareth Groth; do preA J.A. Agropecuária foi a quinta granja do sidente da APCS, Valdomiro Ferreira Júnior, e Estado de São Paulo a conseguir o selo cerca de 300 presentes entre produtores, colade origem “Suíno Paulista”, do Programa boradores e funcionários da J.A. Agropecuária. de Qualidade Produto de São Paulo. A Para o proprietário da empresa, Alberto Van entrega oficial do selo ocorreu na cidade den Broek, a obtenção do Selo Suíno Paulisde Holambra, interior do Estado, e atesta ta é uma vitória que foi conquistada por toda a qualidade, sustentabilidade e eficiência sua equipe e vai garantir a qualidade de sua de todo o processo produtivo e adminisprodução aos clientes dos dois açougues da trativo da empresa. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] J.A. e frigoríficos. “Estamos muito satisfeitos pois pudemos melhorar vários procedimentos de nossa granja. Agora comprovamos nossa qualidade e, certamente, teremos mais portas abertas”, disse. Para a secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi, o Selo tem importância extrema. “O Selo garante a qualidade e a sanidade aos consumidores e sustentabilidade à cadeia pois é resultado de um trabalho bastante profundo dos técnicos da secretaria. Vamos fomentar isso cada vez mais no Estado”, comentou. As outras granjas que já possuem o Selo Suíno Paulista são a Água Branca de Itu, Fazenda Brasil em Jambeiro, Fazenda Santo Inácio em Brotas e Fazenda Ponte Alta em Itararé. No mesmo dia foram assinados contratos entre a certificadora WQS e as granjas Ianni Agropecuária de Itu, Agropecuária Bressiani de Capivari e Agropecuária Nápoles em Monte Alegre Azul, para inicio da pré-auditoria para obtenção do selo. PNDS chega a São Paulo O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, anunciou um investimento de R$ 2 milhões para lançamento e desenvolvimento das ações do PNDS no Estado de São Paulo nos próximos dois anos. “O PNDS já está agindo e com expressivos resultados em Minas Gerais e no Nordeste. Enfim, chegamos ao principal mercado consumidor do País. Vamos trabalhar informação ao produtor, indústria e varejo para, com certeza, ter êxito aqui também”, pontuou. O objetivo do PNDS, que tem parceria do Sebrae, é aumentar em 2 kg o consumo per capita nacional de carne suína até final de 2012 e chegar a 15 kg por pessoa por ano. Segundo Lopes, um ano antes do prazo, “já estamos perto de alcançar o objetivo”. Para isso, o programa trabalha em três níveis: produtores, processadores e consumidores. “O trabalho consiste em trazer informações aos produtores, indústria e consumidores com objetivo de aumentar o consumo de carne suína. Quem comercializa ou processa pode apresentar novos cortes mais práticos e consumidores terem mais informação sobre a qualidade e os benefícios do consumo de carne suína”, explicou. 65 manejo manejo Fábrica de ração: Gestão de Processos e Controle de Qualidade Rastreabilidade é uma exigência altamente demandada no setor de alimentos Shutterstock A Processos envolvidos na produção de ração com qualidade Recepção Moagem Dosagem e mistura Contaminações cruzadas (pontos críticos e principais contaminantes) Identificação e armazenagem do produto acabado. Limpeza e manutenção do sistema (procedimentos e frequência) Biosegurança (controle de insetos, pássaros e roedores) Recepção e Armazenagem das Matérias Primas porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Autor Roniê Pinheiro, da Integrall Soluções em Produção Animal rastreabilidade na produção animal é uma exigência amplamente demandada pelo setor de alimentos. Vinculada ao conceito de qualidade, conjuga os interesses da empresa e o atendimento das necessidades dos clientes. Dentro dessa perspectiva, a qualidade dos procedimentos na fabricação de rações vem sendo encarada como uma vantagem competitiva e, no caso específico de alimentos, a questão da segurança torna-se ainda mais importante, uma vez que influencia, diretamente, a saúde do consumidor, diferenciando também os produtores no que diz respeito ao desempenho zootécnico e de produtividade. Nessa lógica, a sistematização de procedimentos de gerenciamento da qualidade na fábrica de ração ganha especial importância por conferir às empresas um direcionamento nas condutas no âmbito da produção e aos consumidores, que possuirão maior clareza das características dos produtos alimentares, sendo utilizado como um diferencial na qualidade da carne produzida. A adoção do programa análise de riscos, assim como o BPF (boas práticas de fabricação), na manipulação de ingredientes processados bem como na produção de rações, tem como objetivo gerar procedimentos para a redução de riscos associados ao consumo de alimentos, bem como permitir resultados satisfatórios na produção de suínos. Enfim, os ingredientes que compõem as dietas dos animais devem estar em conformidade com os sistemas de qualidade oficiais vigentes para produtos e subprodutos. Para os microingredientes, o uso responsável e prudente passa pela aplicação da legislação vigente, nos prazos de retirada das rações, identificação laboratorial de resíduos nos produtos animais e na determinação da concentração do resíduo encontrado, devendo ser usados somente produtos aprovados para espécies e ou fases especificas, nos níveis recomendados e com o período de retirada do produto. A produção de Ração Para que se tenha uma nutrição ajustada, garantindo a ingestão dos nutrientes dentro da exigência de cada fase, deve-se trabalhar a partir de um conhecimento das matérias primas, através de análises a cada partida, garantindo a qualidade desde a chegada à granja e uma estocagem eficiente, prevenindo a formação de micotoxinas, com consequente perda no valor nutricional. Portanto, devem-se adotar critérios rígidos no recebimento das matérias primas, além de um processo de limpeza e controle de pontos críticos na fábrica e granja. Estes incluem limpeza efetiva de equipamentos, silos e cochos, possibilitando a ingestão de uma ração balanceada e que não ofereça riscos à saúde dos animais. A partir do conhecimento das matérias primas pode-se desenvolver fornecedores, que mediante aos contratos, disponibilizarão dentro de um padrão previamente acordado, garantindo uma estabilidade nos resultados ao longo do ano. Recepção e Armazenagem das Matérias Primas Para que se tenha uma ingestão dentro do desejável, fatores como palatabilidade, digestibilidade, níveis nutricionais, estando ajustados a cada fase, e a uniformidade da mistura, devem ser respeitados. Assim, o uso de matérias primas com qualidade deve ser uma busca constante, nas unidades de produção de suínos de alto desempenho. Neste contexto, a compra tendo como principal fator o preço, sem o devido cuidado no momento do recebimento, pode acarretar em grandes perdas econômicas devido aos ajustes de formulação e/ou perda no desempenho. Antes da descarga os produtos devem ser rigorosamente conferidos, analisando principalmente o aspecto físico. Nesta etapa, são coletadas amostras de toda matéria prima que serão analisadas no laboratório. As Shutterstock 66 67 Como amostrar produtos ensacados Lotes com 1 a 4 embalagens, coletar em 5 ou mais pontos, Lotes com 5 a 10 embalagens, coletar amostras de todas unidades, Lotes com 11 a 100 embalagens, amostrar 20% ou mais unidades, Lotes com mais de 100 embalagens, amostrar pelo menos 10% das unidades. análises realizadas variam de acordo com o produto recebido. No caso de farinhas de origem animal são realizadas análises de peróxido, acidez, umidade e atividade de água. Para óleos de origem animal são realizadas análises de peróxido e acidez. No caso de matéria prima de origem vegetal analisa-se umidade e ausência de contaminantes físicos, químicos e biológicos. Ainda são enviadas amostras para laboratórios externos que realizam análises complementares, como análises bromatológicas. Além da importância qualitativa, a classificação proporciona ao nutricionista utilizar a melhor matriz nutricional que “A sistematização de procedimentos de gerenciamento da qualidade na fábrica de ração ganha especial importância” representará o padrão do ingrediente realmente formulado, garantindo o consumo efetivo dos nutrientes, pelos animais, pois estes defeitos interferem no perfil nutricional deste ingrediente. Pesquisas demonstram que o uso de grãos avariados pode resultar numa desvaloração energética da ordem de 6% no teor de gordura e 4% no teor de proteína bruta. Em uma avaliação conduzida pela Embraba, com várias amostras de milho advindas de todas as regiões do Brasil, observou-se que os teores de gordura (EE) variaram de 1,41 a 6,09%, com média de 3,67%, nos teores de proteína bruta (PB) houve uma variação de 7,32 a 10,55% com média de 8,19%. Esta flutuação no perfil nutricional determina grande variabilidade no teor de nutrientes das dietas impossibilitando uma formulação com maior precisão na qual se obtenha os melhores resultados a um menor custo. Estas distorções podem ser corrigidas com uma interação entre o classificador e o nutricionista por ocasião da formulação. Isso deve ser feito além das análises bromato-químicas que devem ser realizadas em rotina criando-se um banco de dados com matrizes nutricionais melhores ajustadas. Amostragem Uma correta amostragem dos produtos ensacados passa por uma inspeção geral, identificação de possíveis alterações como a presença de contaminantes e alteração de odor e cor. Assim, com o uso de caladores, faz-se coleta e identificação das amostras. Para estes produtos, a quantidade de amostras varia em função da quantidade de embalagens. Para produtos à granel deve-se realizar uma inspeção prévia verificando o estado de limpeza e conservação da carroceria, se foi transportado devidamente coberto e com lona em boas condições, se a carga está seca e sem pontos ou partes molhadas e se há ou não algum tipo de contaminação por material estranho (impurezas) ou insetos. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld manejo O operador deve inserir o calador fechado, com uma inclinação de 10 graus, abrir e movimentá-lo de cima para baixo, até preenchê-lo, retirando-o em seguida. Deve-se realizar coleta em pelo menos 10 amostras, sendo estas retiradas, em zig –zag, em diferentes pontos. Amostragem em função da quantidade • Cargas inferiores a 100 ton. deve-se amostrar 20 kg • Cargas superioes a 100 ton. deve-se amostrar 15 kg para cada série de 100 ton. Para uma correta amostragem, é fundamental homogeneizar e dividir três partes, sendo destinadas à classificação, contra-prova e uma ficando à disposição do fornecedor. Armazenagem Para um adequado armazenamento dos ingredientes utilizados na fábrica de ração, estes devem ser identificados e classificados de acordo com o Fatores que favorecem a contaminação por fungos e consequente aumento na contaminação por micotoxinas Presença de grãos quebrados, injuriados ou avariados, Estocagem de grãos com alto teor de unidade, Grandes flutuações de temperatura, César Machado Uso de fungicidas e anti-fúngicos em sub-dosagens. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] manejo destino (uso e não uso), havendo uma sequência que obedeça o prazo de validade dos mesmos. Enfim, deve-se sempre iniciar o uso pelos produtos com menor prazo de validade (first in, first out). Um correto processo de armazenamento de produtos ensacados passa pelo controle de insetos, roedores e aves, pela utilização de estrados (10 a 15 cm de altura) e um programa efetivo de limpeza de fábrica e silos. Conhecendo-se as principais características das matérias primas utilizadas, pode-se estudar os fatores físicos (temperatura, umidade, migração de grão, produzido pelo calor que se desprende da respiração do próprio grão e de microorganismos associados. O teor de umidade é considerado o fator mais importante no controle do processo de deterioração de grãos armazenados. Se a umidade for mantida a níveis baixos, os demais fatores terão seus efeitos grandemente diminuídos. A temperatura é outro fator que afeta a armazenagem de grãos. Juntamente com a umidade, ela é considerada um fator crucial à interação de fatores bióticos e abióticos que promovem a deterioração de grãos. Existe ainda uma relação direta entre a temperatu- “Para que se tenha uma nutrição ajustada deve-se trabalhar a partir de um conhecimento das matérias primas” umidade, danos mecânicos) e biológicos (microorganismos, insetos, ácaros) que afetam a conservação destas. O conhecimento da ação desses fatores proporciona uma série de dados que orienta de forma racional a conservação desses produtos. O armazenamento, quando tecnicamente conduzido, mantém a composição química dos produtos (carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, minerais e vitaminas) no seu estado natural. A armazenagem de grãos é um conjunto de ciência, tecnologia e arte, ou seja, um know-how baseado em extensiva observação experimental e experiência operacional. Em grãos armazenados, o organismo mais importante é o próprio grão. Embora esteja em estágio de dormência, tem todas as propriedades de um organismo vivo. A deterioração do grão é resultado da ação de microorganismos, insetos, ácaros, etc., que utilizam nutrientes presentes no grão para crescimento e reprodução. O desgaste pode ocorrer, também, devido ao aquecimento do ra de grãos armazenados e o número de insetos que os infestam, bem como entre a temperatura e a intensidade de infecção fúngica nos grãos úmidos. Os fungos mais comuns na armazenagem se desenvolvem mais rapidamente a temperaturas entre 28 e 32°C; abaixo destes valores, sua presença cai sensivelmente, e, a 4,5°C, pode-se ter um controle bastante efetivo sobre os mesmos. A maioria dos insetos se mantém dormentes a temperaturas inferiores a 10°C e morrem quando elas são superiores a 37,5°C. A temperatura ótima para seu desenvolvimento e reprodução é de aproximadamente 20°C, tendo sido demonstrado que, resfriando-se este grão a menos de 20°C, reduz-se grandemente os riscos de ataque de insetos; a 17°C, o grão já está protegido contra a maioria das espécies. Enfim, a temperatura dos grãos armazenados é um bom índice do seu estado de conservação. Toda variação brusca de temperatura deve ser Efeito do coeficiente de variação das dietas sobre a qualidade da mistura. Fonte: Feed Manufacturing – Testing mixer performance. Bulletin MF-1172 Revised, Kansas State University Cooperative Extension Service, Manhattan, KS MF-1172 Coeficiente de Variação Conceito < 10 % Excelente Nenhuma 10 a 15 % Bom Inspecionar o misturador Regular Aumentar o tempo de mistura, verificar o desgaste e limpeza do misturador, sobrecarga, ou sequência de adição de ingredientes Ruim Fazer uma combinação das checagens citadas acima e consultar o fabricante do equipamento 15 a 20% César Machado 68 > 20% encarada com bastante cautela, pesquisando-se, o mais rápido possível, sua causa e procurando-se saná-la através da aeração, para homogeneizar a temperatura dos grãos e impedir a migração da umidade e a formação de bolsas de calor. Assim, os silos e outros depósitos que recebem o produto a granel devem ser equipados com dispositivos sensores à base de pares termoelétricos, Dicas para uma mistura adequada A sequência da mistura, granulometria e fatores como a capacidade ou volume dos misturadores devem ser considerados quando se deseja obter maior homogeinidade das dietas. Para misturadores horizontais não se deve ultrapassar a altura dos helicóides em volume de ingrediente e para os verticais não completar o volume suportado. Deve-se fazer aterramento do misturador há formação de cargas eletrostáticas, pelo atrito entre os componentes da ração, os helicóides e a rosca sem fim. Ação Corretiva através dos quais será possível obter a temperatura em diferentes alturas e regiões do interior da massa com bastante exatidão e rapidez. Assim, antes do armazenamento os grãos devem passar por um sistema de pré-limpeza promovendo a remoção de materiais contaminantes e partículas menores ou maiores que os mesmos. A qualidade dos grãos armazenados encontra-se sempre em perigo, e o produto deve ser periodicamente examinado. O método mais seguro é examinar com frequência amostras obtidas em diversos pontos da massa armazenada. Felizmente, todos os fatores que ameaçam a perda de qualidade dos grãos causam aumento de temperatura. Assim, o registro constante da temperatura (termometria) dos grãos pode impedir um processo de deterioração. Mistura Para uma correta dosagem é fundamental o uso de balanças que apresentem uma boa precisão e sensibilidade. A mistura deve ser ajustada em função do equipamento que se vai utilizar, do tipo e qualidade do misturador, sendo assim determinado o tempo adequado para se obter misturas mais homogêneas. 69 Há diversos modelos de misturadores, sendo os mais utilizados o vertical (rosca), horizontal (pás) e horizontal (helicóides). O tempo de mistura vai variar em função do tipo de misturador, sendo de 15, 6 e 3 minutos, para o vertical, horizontal (pás) e horizontal (helicoides) respectivamente. Para a avaliação da qualidade das misturas (homogeneidade), coleta-se, em diferentes tempos de mistura, amostras de uma mesma batida. Desta forma, a partir de um marcador realiza-se a análise do coeficiente, sendo esta determinante da qualidade final da mistura. Faz-se, portanto, uso de um indicador apropriado (micro-tracer, manganês ou sal comum) e procede-se as coletas, em um mínimo de 10 amostras em três repetições, sendo remetidas para análise. Dietas com coeficiente de variação inferior a 10% estão se dentro de um padrão considerado excelente para homogeinidade das dietas (tabela ). Os demais ingredientes devem seguir a sequência abaixo: 1) Metade do farelo de soja 2) Calcário, fosfato, produtos de origem animal como farinha de carne 3) Farelo de trigo ou outras fontes de fibra (dietas de gestação e prélactação) 4) Segunda metade do fubá 5) Segunda metade do farelo de trigo A adição do óleo deve ser iniciada em pequenas porções após a adição da primeira metade dos macros e finalizada antes da adição final destes ingredientes. A granulometria é fundamental para a obtenção de dietas homogêneas e que possam ser melhores digeridas e aproveitadas pelos animais e tem como principais objetivos reduzir o tamanho das partículas dos ingredientes facilitando a homogeneização das misturas e melhorando a digestibilidade das dietas. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 70 manejo Alguns aspectos que dizem respeito ao equipamento e/ou conservação dos mesmos, como o número de rotação/ minuto, desgaste de peças como helicóide externa ou pá podem comprometer a qualidade da mistura e, portanto, devem ser periodicamente vistoriados. Para se obter uma mistura adequada dos ingredientes é fundamental obedecer uma sequência na adição do mesmo ao misturador. Inicia-se este processo pela adição de macroingredientes, como o fubá, na proporção da metade definida para a dieta. Faz-se em seguida da adição da pré-mistura (vitaminas, minerais e medicamentos), que foram previamente pesados e diluídos em fubá ou farelo de soja, o que possibilita maior homogeneidade dos ingredientes de baixa inclusão, na mistura final. Recomenda-se para as rações pré-iniciais, iniciais e lactação dietas com diâmetro geométrico médio (DGM) de 400 a 600 µm, sendo na recria e terminação de 500 a 600 µm e para gestação e pré-lactação, variando de 600 a O programa de qualidade na fabricação deve basear-se em sete pontos 1. Análise dos perigos 2. Identificação dos pontos críticos 3. Estabelecimento de medidas preventivas com limites para os pontos críticos Principais pontos críticos de uma fábrica 1) Recepção, presença de impurezas, umidade, roedores, insetos e pássaros, microorganismos, termometria e aeração, diminuição de pó, goteiras e inflitrações. 2) Ensilagem, erro de rota, vazamento em caixas e caixotes, equipamentos auto-limpantes. 3) A parte mais crítica do silo é, sempre, a superior e este devem ser varridos pelo menos 2 x por semana até a altura do produto e uma vez/mês se forem esvaziados, sendo limpos e desinfetados. 4) Moagem, capacidade, limpeza, granulometria. 5) Mistura, avaliar a qualidade, 6) E xpedição, cuidado com a mistura e troca de produtos, rações mal identificadas. 7) Transporte, caminhões limpos e verificar a presença de furos. 800 µm. O tamanho das partículas dos ingredientes destinados à fabricação de rações pode influenciar na digestibilidade dos nutrientes afetando o desempenho dos animais. Há uma correlação direta entre o diâmetro dos furos nas peneiras e o DGM das dietas. Assim para que se obtenha os DGM citados acima deve-se trabalhar com as peneiras conforme descrito abaixo: • Peneiras de 1,5 a 2,0 mm pré-iniciais, iniciais e lactação. • Peneiras de 2,5 a 3,0 mm recria marrã, reposição, recria, e terminação. • Peneiras 3,0 a 3,5 mm gestação e pré-lactação. Controle de Qualidade dos Processos de Fabricação 4. Estabelecimento de procedimentos para monitorar os pontos críticos 5. Estabelecimento de ações corretivas quando os pontos críticos forem observados 6. Estabelecimento de procedimentos para detectar se o sistema está funcionando corretamente Shutterstock 7. Manter relatórios de controle porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] O programa de análise de risco para fábrica de ração é uma importante ferramenta e inicia-se a partir da Análise de Perigo de diferentes locais da fábrica de ração. A condução da análise de risco consiste em descrever o processamento dos ingredientes que compõem as dietas, estabelecendo um fluxograma para estes produtos. Este processo consiste do acompanhamento da matéria prima por todo trajeto, da recepção até que seja ingerido pelos animais. Através desta metodologia se estabelece os pontos críticos e gargalos para a fabricação de dietas com qualidade. Em uma próxima etapa, determinam-se ferramentas de controle que indiquem o nível de controle de risco no processo de produção, para que não interfiram na produtividade. Estas permitem mensurar, desde a lavoura, os limites críticos para a produção de dietas seguras. Com os critérios estabelecidos, deve-se seguir uma rotina de monitoramento dos processos de produção, utilizando parâmetros zootécnicos, sanitários e ou patológicos. A partir de uma análise geral do processo de fabricação de ração, estabelecer ações corretivas que permitam a obtenção de resultados estáveis diante de alvos previamente conhecidos. Como etapa final, a reavaliação periódica dos procedimentos de monitoria e corretivos, tendo como base parâmetros científicos. Faz-se necessário ainda, um programa eficiente de limpeza da fábrica de ração destinando um tempo semanal a limpeza e manutenção, tendo como principais objetivos a melhora do ambiente de trabalho, minimizar a perda de ingredientes e rações, reduzir as atividades microbianas e infestação por insetos. Portanto, é fundamental definir áreas e sistemas de limpeza, promover treinamentos. Enfim, é preciso gerenciar a fábrica como setor efetivo da granja e entender que uma gestão eficiente impacta sobre toda granja. 72 sanidade sanidade Como interpretar exames e monitorias de doenças de suínos Professor orienta sobre procedimentos para obter diagnósticos corretos texto Roberto Maurício Carvalho Guedes * Q ual a pergunta específica se quer responder enviando amostras para o laboratório? Este é, sem dúvida alguma, o passo mais importante para se obter resultados que auxiliem na tomada de decisões. Para que o veterinário responsável pela submissão das amostras tenha esta pergunta bem formulada, este já deve ter uma lista de possíveis diferenciais, saber quais testes laboratoriais estão disponíveis para se confirmar uma suspeita ou outra, ter uma idéia da sensibilidade e especificidade destes testes, do tempo para recebimento dos resultados e dos custos para realização dos mesmos. Pode até parecer muito quando consideramos todo o conhecimento necessário para auxiliar o produtor a obter lucro no final de um período, mas são condições preponderantes para que os exames complementares executados nos laboratórios confirmem ou refutem o diagnóstico clínico firmado pelo veterinário no mo- porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] mento de sua visita a granja. Tentaremos neste manuscrito discutir aspectos relevantes relacionados aos pontos acima citados com relação, principalmente, aos diferentes testes disponíveis em laboratórios brasileiros. Tipos de testes Nos laboratórios existem testes diretos e indiretos. Os testes diretos detectam a presença do agente através de identificação por observação direta (ovos de parasitas, oocistos e sarna), isolamento (bactérias e vírus), detecção de seus antígenos (imunofluorescência e imuno-histoquímica) ou de seu ácido nucléico (PCR, hibridização in situ fluorescente-FISH, sequenciamento). Estes métodos diretos indicam infecção ativa no animal, que pode estar relacionada à doença ou não, dependendo do agente pesquisado. Por exemplo, a PCR para Salmonella sp. em amostras de fezes indica que este animal está eliminando o agente, mas não necessariamente que esteja doente, já que pode tratar-se de um carreador saudável. Os exames indiretos são caracterizados basicamente por diferentes tipos de testes sorológicos e alérgicos que detectam resposta imune do hospedeiro, decorrente de exposição prévia ao agente ou ao antígeno do agente infeccioso. Esta resposta imune pode ser humoral, representada por anticorpos, ou celular, representada, por exemplo, pelo teste de reação cutânea. O exame indireto indica exposição do hospedeiro ao agente infeccioso em sua vida pregressa e não necessariamente representa infecção ativa no momento da coleta. A resposta imune decorrente da utilização de vacinas ou enfermidades, que induzem anticorpos duradouros, são exemplos claros desta condição. Existem dois objetivos principais na execução de testes laboratoriais. A primeira, e mais frequente para suínos, é a identificação precisa da causa de surtos agudos de enfermidades que permitam a implementação de medidas rápidas de controle e prevenção em lotes sub- 73 sequentes. A segunda, mais comum na avicultura, é a monitoria preventiva para detecção de patógenos supostamente ausentes no rebanho. Uma variação desta segunda seria os protocolos de teste e remoção de animais de rebanhos em programas de erradicação de enfermidades. Exames diretos são mais frequentemente utilizados nos surtos de doença, enquanto os indiretos se aplicam mormente nos programas de monitoria, teste e remoção. Agentes patógenos “Elabore adequadamente a pergunta inicial que pretende responder com os exames” Para a detecção de agentes patogênicos, a seleção de animais em fase aguda, ou mesmo de animais em diferentes fases do processo infeccioso, aumenta em muito a chance de detecção do agente e associação com a lesão. Assim sendo, são utilizadas amostras viciadas, ou seja, animais enfermos, para coleta de material. Além disto, a primeira impressão, mediante a observação das lesões macroscópicas, é normalmente formada pelo veterinário em campo, sendo importante na orientação e direciona- Detecção da causa de surtos de doenças O padrão ouro para o processo diagnóstico de doença clínica é relativamente padronizado. O primeiro passo é a identificação de lesões que justifiquem a ocorrência de sinais clínicos. O passo seguinte é a identificação do patógeno ou fator que pode produzir as lesões observadas no primeiro passo. A identificação conjunta de lesão (macro e∕ou microscópica) e patógeno (ou fator) é crítica e fundamental para a formação do diagnóstico definitivo. Para investigações de doenças infecciosas, a observação de lesões sem suporte microbiológico limita consideravelmente as possibilidades diagnós- ticas, mas permite no mínimo um direcionamento para o possível agente envolvido. Por exemplo, meningite purulenta em um leitão de duas semanas de vida indica meningite bacteriana. Entretanto, para o diagnóstico definitivo, culturas seriam necessárias para determinar se a causa seria Streptococcus suis, Haemophilus parasuis, Escherichia coli ou outros. Por outro lado, identificação de microrganismos sem lesões é meramente a detecção de patógenos potenciais já que vários dos agentes causadores de doenças são ubíquos na população de suínos e no ambiente. No caso acima, este suíno com bactérias isoladas do cérebro poderia ter lesões histológicas indicativas de infec- ção do vírus da Doença de Aujeszky, que é muito mais relevante para o rebanho. A associação de lesões e patógenos evita o diagnóstico incorreto de microrganismos detectados acidentalmente durante o curso de um surto de outra doença. Por exemplo, Actinobacillus pleuropneumoniae ou Haemophilus parasuis podem ser isolados de tonsila de animais com pneumonias graves causadas por Mycoplasma hyopneumoniae, Pasteurella multocida e influenza. Outro exemplo clássico é a detecção PCV2 pela PCR em tecidos linfóides, sem a visualização de lesões histológicas compatíveis. Neste caso, a detecção de PCV2 não tem significado algum. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 74 sanidade mento dos testes. Importante salientar que a capacidade de detecção e interpretação de lesões macroscópicas é diretamente relacionada ao treinamento e experiência do veterinário ou patologista. Investimento em educação continuada, interesse no assunto e até mesmo a coragem de executar o procedimento levam a um aprendizado gradativo e contínuo. Técnicas Na histopatologia, a semelhança da avaliação de lesões macroscópicas, a experiência do patologista em interpretar lesões em suínos aumenta em muito a chance dos comentários incluídos no laudo serem úteis ao veterinário. De uma maneira geral, o exame histopatológico permite no mínimo um direcionamento do processo patológico, como caracterizado anteriormente. A imunofluorescência direta ou indireta, a imuno-histoquímica e a hibridação in situ, colorimétrica ou fluorescente são métodos de detecção direta do agente em preparações de fragmentos de órgãos. A imunofluorescência é pouco usada no Brasil, possivelmente pela necessidade de submissão de amostras frescas que são congeladas rapidamente e cortadas em micrótomos de congelação (criostato). São poucos os laboratórios que possuem este equipamento, além do processo de leitura permitir reduzida visualização dos tecidos e lesões, a preparação ser tem- porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] sanidade porária e necessitar de microscópio de fluorescência para leitura. O treinamento do técnico é fundamental para uma correta interpretação e está diretamente relacionado a sensibilidade e especifidade do teste. Já a imuno-histoquímica permite uma visualização do órgão ou tecido, bem como de lesões histológicas. No Brasil, existe hoje uma maior disponibilidade de anticorpos para agentes infecciosos vários. A imuno-histoquímica é mais especifica que a histologia e imunofluorescência e bem mais sensível. A hibridização in situ pelo método colorimétrico é a técnica utilizada pelo grupo do Dr. Joaquim Segalés para a marcação de acido nucléico de PCV2 na Universidad Autônoma de Barcelona, Espanha, não sendo utilizada no Brasil. Já a hibridização in situ fluorescente é uma opção diagnóstica que está recentemente sendo pesquisada na UFMG para detecção de diferentes espécies de Brachyspira. Assim, quando não existe disponibilidade de anticorpos para alguns agentes específicos, a hibridização in situ fluorescente (FISH) torna-se “Os exames indiretos são caracterizados basicamente por diferentes tipos de testes sorológicos e alérgicos” uma alternativa viável, com sensibilidade semelhante à imuno-histoquímica. Testes de Monitoria Antes da discussão sobre testes específicos utilizados para remoção de animais em programas de erradicação ou monitorias, é importante relembrar brevemente o significado de sensibilidade e especificidade. De forma simples, sensibilidade é a habilidade de um teste detectar todos os verdadeiramente positivos, enquanto especificidade a habilidade de detectar somente os verdadeiramente po- sitivos. Se um teste é 100% sensível, não existirão falsos negativos (nenhuma amostra verdadeiramente positiva deixará de ser detectada). E se um teste é 100% específico, não haverá nenhum falso positivo. Discussões sobre sensibilidade e especificidade devem ser feitas de forma conjunta, pois, frequentemente, uma afeta a outra inversamente. O fato importante é que não existe teste 100% sensível e 100% específico, e consequentemente, o papel do veterinário é fundamental na correta interpretação dos resultados. Neste sentindo, os níveis aceitáveis serão também dependentes da pergunta inicial. Por exemplo, em programas de erradicação de doenças específicas, agências oficiais frequentemente utilizam testes altamente sensíveis para identificação de indivíduos infectados. Ao contrário, testes altamente específicos são frequentemente utilizados em animais de elevado valor agregado, provenientes de rebanhos supostamente negativos, como, por exemplo, sorologia em animais de quarentena. Nos programas de monitoria, a estratégia epidemioló- gica utilizada é o teste de detecção por amostragem. Assim, tenta-se determinar se o agente de uma doença está ou esteve presente em uma população de animais em uma data determinada, indicando se o rebanho é positivo ou negativo. A definição do tamanho amostral é dependente da sensibilidade∕especificidade do teste a ser usado, do tamanho do rebanho ou lote a ser avaliado, da prevalência estimada de positividade para o agente e do coeficiente de confiança. Baseado em tabelas específicas de livros de epidemiologia, a amostragem necessária para detecção de pelo menos um animal positivo em uma população de mais de 1000 animais, com uma prevalência estimada de 10% e um nível de confiança de 95%, é de 30 animais. Caso a prevalência estimada seja de 5%, a amostragem ser i a de 58 animais, nas mesmas con- Isolamento bacteriano O isolamento bacteriano é uma técnica padrão ouro para boa parte dos agentes infecciosos, principalmente pelo fato de permitir uma tipificação subsequente, avaliação de sensibilidade antimicrobiana e até mesmo a preparação de vacinas autógenas. Este isolamento é rotineiramente utilizado para bactérias aeróbicas ou aeróbicas facultativas. Apesar do isolamento também poder ser executado para bactérias anaeróbias, como Clostridium perfringens, C. difficile, Brachyspiras hyodysenteriae e B. pilosicoli, ou de crescimento fastidioso, como Lawsonia intracellularis, Mycoplasma hyopneumoniae e Mycobacterium sp., normalmente são ne- cessários meios de cultivo complexos, condições específicas de pressões de gases, um tempo maior para crescimento, além, é claro, de conhecimento técnico específico. Desta forma, a PCR e∕ou imuno-histoquímica vem sendo utilizadas em substituição ao isolamento para detecção destes agentes. O isolamento é também uma técnica padrão ouro no caso de vírus. Entretanto, são pouquíssimos os laboratórios brasileiros que realizam este procedimento em amostras clínicas, estando praticamente restrito a laboratórios ligados a instituições de pesquisa. Isto se justifica pelo elevado custo de manutenção das condições para cultivo celular, necessárias para este procedimento. Assim sendo, a semelhança de bactérias anaeróbia ou de crescimento fastidioso, o isolamento viral vem sendo substituído pelas técnicas de imuno-histoquímica e PCR. A PCR é uma técnica extremamente específica, mas sua sensibilidade está relacionada principalmente ao tipo de amostra clínica utilizada. Por exemplo, a Nested PCR em amostras de swabs bronquiais para M. hyopneumoniae é extremamente sensível, enquanto swabs nasais tem sensibilidade menor. Amostras de fezes contêm uma série de inibidores da reação da PCR, e consequentemente, a sensibilidade desta técnica é reduzida. Como a PCR em amostras fecais para pesquisa de ácido nucléico de Brachyspiras e L. intracellularis tem uma sensibilidade menor, amostragem maior deve ser utilizada. Vale lembrar o comentário sobre a PCR para detecção de Salmonella sp, que não diferencia cepas patogênicas de não patogênicas, e não diferencia animais carreadores ou com infecção relacionada ao quadro clínico de diarréia. Nesta mesma linha, a PCR em tecido linfóide para PCV2, citado anteriormente, leva a um erro de interpretação. Hoje, no Brasil, é muito difícil detectar animal negativo para PCV2 pela PCR. Já a PCR quantitativa (qPCR) tem valor diagnóstico para este agente uma vez que possibilita a correlação da carga viral com a enfermidade. 75 dições. Somente para realizarmos um exercício mental, utilizando-se o primeiro exemplo de prevalência estimada de 10%, caso todos os 30 animais amostrados forem negativos, teríamos uma confiança relativa (95%) de que menos de 100 animais seriam positivos na população de 1000 (<10% de prevalência). Por outro lado, caso um ou mais animais forem positivos, teríamos uma confiança relativa (95%) de que pelo menos 100 animais da população de 1000, seriam positivos (>10% de prevalência). Com isto, fica clara a importância de saber o significado dos resultados, dependendo dos índices escolhidos. Para não se perder tempo e dinheiro executando testes em amostragens insuficientes, é importante muitas vezes consultar previamente um estatístico ou um colega mais experiente. Os testes oficialmente estabelecidos em suínos no Brasil são executados nas granjas GRSC, onde, periodicamente, são feitos na granja (reação alergênica tardia para Mycobacterium, reação comparada) ou amostras são coletadas (Sarna, Brucella, Peste Suína Clássica e Doença de Aujeszky) para teste laboratorial, com a finalidade de renovação da certificação destes rebanhos. Outro tipo de teste de monitoria realizado rotineiramente em granjas comerciais são as avaliações para determinação dos índices de pneumonia (IPP) e de Rinite Atrófica (IRA). Estes índices avaliados periodicamente e de forma consistente pelo mesmo técnico dão uma noção razoavelmente boa sobre os programas de controle utilizados no rebanho. Ponto que vale discussão é a periodicidade de execução dos mesmos. Caso sejam realizados somente semestralmente ou anualmente, não ajudam em nada, pois, muito tempo já terá passado e as ações surtirão efeito muito tardio. Estas avaliações devem ser feitas o mais frequentemente possível, e associadas com os quadros clínicos no rebanho para que realmente tenham utilidade. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 76 sanidade Outras questões importantes A importância da velocidade na obtenção dos resultados é relativa. No caso de surtos, não há dúvidas sobre a relevância da velocidade para confirmação do diagnóstico clínico a fim de que medidas sejam tomadas e os prejuízos minimizados. Entretanto, nos programas de monitoria a avaliação rotineira, frequência e especificidade são mais valiosos do que a rapidez. Custo também é relativo. É óbvio que novos testes terão custo mais elevado até que, com o tempo, a demanda por eles aumente significativamente e com isto os custos de execução ou importação de kits e/ou insumos sejam diluídos. Não se devem descartar testes mais caros baseado no custo. Deve-se considerar os benefícios reais que eles podem permitir. Exemplo típico é a tipificação de cepas de Escherichia coli para detecção de fatores de virulência. O simples isolamento de cultura pura de E. coli beta-hemolítica não é suficiente para diagnóstico e, se for o único parâmetro diagnóstico, pode levar ao uso de antimicrobiacruzada. Consequentemente, para nos indevidos e até mesmo elaboração avaliação destas marrãs o teste indide vacinas autógenas contra cepas cado seria o DAKO, em duas etapas, não patogêni cas. Desta forma, a delogo nos primeiros dias após a chegaterminação de que a cepa isolada é reda e outro uma semana antes da saíalmente patogênica pode gerar ecoda do lote para a granja livre. Exames nomia no final pelo uso de antibióticos outros como Nested PCR para M. efetivos ou biológicos específicos. hyopneumonia poderiam ser execuConsiderações finais tados em swabes nasais ou lavados bronquiais em animais soropositivos. Elabore adequadamente a pergunta São várias as técnicas sorológicas inicial que pretende responder com os disponíveis para detecção de antiexames. Trabalhe bem na lista de dicorpos para diferentes agentes, tenferenciais, pois um resultado negativo do, cada um, características especípara um agente suspeito pode ser um ficas. Somente para citar podem ser resultado tão valioso como positividautilizados testes de inibição de hede para algum outro. Quanto mais afumaglutinação, Elisa, Elisa de comnilar suas suspeitas, mais os resultapetição ou bloqueio, imunofluoresdos laboratoriais serão úteis. cência indireta, soroneutralização, Compreenda bem a diferença entre os soroaglutinação, fixação do complemétodos diagnósticos diretos e indiremento, dentre outros. tos e tente conhecer a sensibilidade e Testes outros como swabes tonsilares especificidade dos testes disponíveis em fêmeas de reposição para isolanos laboratórios. mento bacteriano de Pasteurella mulUma boa conversa com os profissiotocida toxigênica ou Actinobacillus nais dos laboratórios antes da colepleuropneumoniae, ou parasitológita de amostras normalmente é mais co de fezes em matrizes e isolamenvaliosa do que a conversa depois do to amostral de Salmonella em fezes e exame pronto, principalmente, quande ambiente para controle de redudo solicita explicações para a interpreção de infecção são todos exemplos tação dos resultados. de programas usados com maior frequência em rebanhos nacionais. *Professor da Escola de Veterinária da Universidade Testes sorológicos Todas as vezes que se pensa em uma avaliação de monitoria, o teste sorológico está no topo da lista de técnicas a serem utilizadas. Entretanto, particularmente para suínos, onde os kits são praticamente todos importados e os parâmetros de sensibilidade e especificidade diferem entre si, mesmo que específicos para um mesmo agente, fica cada vez mais evidente que os resultados obtidos são raramente úteis para o veterinário ou produtor. Desta forma, é imperativo definir com exatidão a pergunta inicial quando se solicita um perfil sorológico de um lote ou rebanho. Para isto as definições vão desde a sensibilidade e especificidade dos testes disponíveis, tamanho amostral para os estudos transversais (os mais frequentemente usados) e qual a aplicação prática dependendo dos resultados. Um exemplo prático seria a sorologia de marrãs de reposição, supostamente negativas para M. hyopneumoniae, durante a quarentena. Considerando dois testes sorológicos, Elisa da IDEXX ou DAKO, o primeiro é mais sensível, mas menos específico, pois dá reação cruzada com M. floculare. O segundo é menos sensível, entretanto é mais específico por não dar reação Federal de Minas Gerais (UFMG). porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] 78 sucesso sucesso Fórum de Líderes lança Fórum de Líderes em Avicultura e Suinocultura Palestrantes Debatedores 16 11 Palestras 16 horas Networking 22 horas Participantes 400 Patrocinadores 16 Eventos paralelos 5 Diferenciado novo conceito de evento no Brasil texto Daniel Azevedo fotos César machado/Agrostock Evento é sucesso de público, nível de palestras e área para relacionamento Ex-Bope mobiliza plateia com palestra vibrante porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] I Inovador, diferenciado, necessário e sucesso. Essas foram algumas das palavras usadas pelos mais de 400 participantes para classificar os Fóruns de Líderes em Suinocultura e Avicultura, que ocorreram nos dias 14 e 15 de setembro no Hotel Mabu Thermas & Resort, em Foz do Iguaçu, Paraná. O evento, organizado pela Editora AnimalWorld, trouxe ao Brasil vários conceitos inovadores e inéditos no País. O primeiro deles foi a série de palestras com foco em gestão, o que o diferenciou dos muitos eventos do setor direcionados apenas para técnicas de produção. Além da informação qualificada e diferenciada, o público presente também foi especial pois concentrou apenas líderes dos segmentos de aves e suínos dos quatro cantos do Brasil e até do exterior. Era esse o objetivo: trazer informação sobre gestão, marketing e mercado para as pessoas em posição de decisão. Os Fóruns também foram diferenciados. Os palestrantes com mais tempo de apresentação puderam trabalhar melhor seus temas e o público, igualmente, interagir mais com grandes nomes como Ricardo Amorim, Carlos Alberto Sardenberg, José Luiz Tejon, Marcos Fava Neves, Reinhold Stephanes, Guilherme Melo, Dennis Di Pietre, entre outros. “Os participantes e apoiadores receberam muito bem esse novo modelo de evento e elogiaram muito o formato inovador. O grande objetivo do evento era reunir líderes em um ambiente que favorecia relacionamento, com alto nível de palestrantes. O resultado superou nossas expectativas e dos participantes também”, avaliou a presidente da AnimalWorld, Flavia Roppa. Palestras Os Fóruns de Líderes em Suinocultura e Avicultura ocorreram paralelamente somando mais de 16 horas de palestras. No evento de suínos, o primeiro dia de palestras contou com as apresentações do economista Ricardo Amorim, do analista Guilherme Melo, e do especialista Marcos Fava Neves além de um debate com líderes. O segundo dia de palestras às lideranças do setor de suínos teve as participações do especialista inglês Mike Varley, do consultor americano Hans Rotto, do palestrante Osler de Souzart e do pesquisador americano Dennis DiPietre. 79 Surpreendente Ao final, um presente a todos os participantes que se reuniram em um mesmo auditório. Uma palestra motivacional com o ex-capitão do Bope, Paulo Storani, que mostrou como formar uma Tropa de Elite dentro de uma empresa e, também, como encontrar o “motivo certo pelo qual vale a pena lutar”. Quem foi se surpreendeu. Quem não foi terá nova chance em 2012. Networking Outras 16 horas de intervalo entre as palestras foram usados para networking na área dos lounges das empresas patrocinadoras. Os lounges trouxeram mais inovação. Sem as divisórias, o espaço para as empresas receberem seus clientes se tornou muito mais aconchegante e interativo, estimulando o networking e os negócios. Além disso, eventos paralelos, como da Agriness, DB Dambred e Weda, enriqueceram a participação de todos. Área dos lounges priveliaram relacionamento Auditório repleto confirmou sucesso Empresas e líderes fechando negócios [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 80 sucesso sucesso Ricardo Amorim apresenta novo panorama da economia O economista Ricardo Amorim apresentou um quadro sobre os desafios e as oportunidades para o Brasil no cenário mundial na abertura do ciclo de palestras do Fórum de Líderes em Suinocultura. Muitos países considerados superpotências e imbatíveis são, hoje, o retrato do caos, de uma economia instável e palco de uma crise sem igual. Ao contrário de Estados Unidos e Europa, Amorim afirmou que o Brasil tende a crescer cada vez mais. “O País está fadado ao crescimento nos próximos anos, e é praticamente impossível que não façamos a diferença em relação aos outros países, sejam eles emergentes ou não”, explica. Amorim também apresentou a nova realidade do Brasil, terceiro na lista de crescimento e o quinto mais populoso do mundo, e apontou o agronegócio como o motor da economia brasileira. “Nosso desafio agora é diminuir a deficiência competitiva de mercado, gerando uma Fava Neves debate tendências e demandas mundiais em suinocultura gestão de qualidade e com visão diversificada. Desta maneira, podemos crescer a passos largos, pois estaremos no rumo certo”, conclui o palestrante. Guilherme Melo traz estratégia para crescimento da suinocultura em mercados internacionais O analista econômico do Rabobank, Guilherme Melo, apresentou em sua palestra algumas es- porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] tratégias para o crescimento da suinocultura em mercados internacionais. Segundo o analista, a carne mais consumida em todo mundo é a suína e isso deixa espaço para o crescimento da suinocultura no País. Apesar de o Brasil ser o quarto maior exportador, seu volume negociado é duas vezes menor que o do terceiro colocado, o 81 Canadá. Isso acontece por conta das barreiras sanitárias, um dos maiores entraves que o País enfrenta. “As empresas brasileiras precisarão adotar uma estratégia para se posicionar nos principais mercados. Os acordos com outros países devem ser firmados, comprovando que a carne produzida aqui tem qualidade e está livre de doenças”, revela. “Além disso, precisamos fazer bem nossa lição de casa, acessando novos mercados, diluindo riscos e aumentando investimentos para melhorar, cada vez mais, a qualidade do nosso produto”, conclui Melo. “O agro é o nosso negócio”. Com esta frase, o engenheiro agrônomo Marcos Fava Neves abriu sua palestra, explicando sobre a importância do agronegócio brasileiro para o cenário mundial. Para ele, o mundo deveria aprender com o Brasil a produzir alimentos, que auxiliarão no abastecimento de diferentes países, principalmente os emergentes, como China e Índia, onde a população cresce e não há espaço físico para novas áreas de plantio. “Para se ter uma ideia, a população da Índia cresce um Brasil a cada dez anos. Será o país com a maior concentração de pessoas, porém, com a menor área para produção de alimentos”, revela Fa- va Neves. O Brasil ainda tem muito a se desenvolver no cenário mundial. Os produtos possuem valor agregado, e há possibilidade de um crescimento muito grande nos próximos dez anos. De acordo com Neves, “a agricultura proporcionou uma revolução no país, gerando mais desenvolvimento e tendo como retorno um reconhecimento causado pelas exportações, com produtos de qualidade. Ainda temos muito que melhorar e somente assim conseguiremos chegar ao topo da indústria do agronegócio”, conclui. Debate: Cenários da suinocultura e oportunidades para o Brasil Um debate de alto nível finalizou o primeiro dia de palestras no Fórum de Líderes em Suinocultura. As lideranças apresentaram suas opiniões e leituras sobre diferentes aspectos do segmento. Décio Bruxel, presidente da DB Dan Bred, defendeu a organização e a diminuição custos por meio de uma melhor conversão alimentar. “Com mão de obra de qualidadse e preços competitivos, teremos possibilidade de uma melhoria no mercado interno”, relatou. Joster Macedo, diretor da Topigs, alertou sobre uma nova tendência de mercado, onde os produtores têm muita lição de casa a fazer: “Temos que reduzir custo para produzir já que, com a nossa moeda valorizada e salários altos, os gastos tornaram-se maiores”, frisou. O espanhol Antonio Muñoz Luna, da Universidade de Murcia na Espanha, apoiou a aplicação de regras para garantir o sucesso no futuro: “A chave é focar em uma diferenciação de padrões para países que compram nossos produtos”, sugeriu. O presidente do Grupo Master Agropecuária, Mario Faccin, defendeu a ideia que o país não pode viver apenas com o mercado interno. “Foi por conta do mercado externo que aumentamos a quali- dade dos nossos produtos. Estamos no limiar da liderança”, destacou. Por fim, o diretor de mercado interno da Abipecs, Jurandi Machado, acredita que “ainda temos que continuar realizando mudanças, para conquistar cada vez mais espaço no mercado internacional e gerando uma demanda maior de consumo do mercado interno”. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 82 sucesso sucesso Mike Varley apresenta caso de sucesso da suinocultura britânica O especialista em nutrição Mike Varley abriu o segundo dia de palestras do Fórum de Lideres em Suinocultura com sua palestra sobre as características e a exigência dos consumidores de carne suína no Reino Unido. Varley defendeu que o país tem um modelo de criação diferenciado em relação a outros países, focado na criação ao ar livre, há mais de dez anos. Além disso, a regulamentação estabelece um número máximo de animais no espaço, tempo mínimo de 28 dias para desmame e liberação de grande quantidade de palha para os animais. “Com todas essas alterações nos últimos dez anos, tivemos um aumento da demanda deste tipo de carne no Reino Unido. Temos um valor bom de venda e ainda temos ao nosso lado os culinaristas que apresentam em seus programas diferentes maneiras de produção de pratos com carne suína, o que gera um aumento no consumo”, completa. Hans Rotto debate sobre gerência da suinocultura A forma correta de gerenciar uma granja para garantir lucro foi o tema da palestra do consultor veterinário norte americano Hans Rotto. Para ele, uma suinocultura de sucesso deve ter objetivos claros, estabele- porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] cidos por protocolos escritos. Assim, os funcionários compreendem de forma clara os objetivos e, assim, têm mais eficiência na granja. “O desenho dessa gestão deve ser em forma de círculo, para que não haja pontas e, assim, todo o processo seja realizado de forma igualitária. É necessário mostrar a cada uma das pessoas envolvidas no projeto que o trabalho realizado por elas é essencial”, diz. Rotto ainda defendeu que as expectativas devem ser definidas, visualizando oportunidades de melhoria e de investimento, com o envolvimento de todos os níveis de atuação. “O sucesso vem quando todos os funcionários falam a mesma língua, todo o tempo. Se todas as pessoas envolvidas na cadeia buscam o mesmo norte, geraremos força para buscar melhorias e teremos uma evolução contínua, aumentando o nível de eficiência”, conclui. 83 Osler Desouzart mostra panorama do mercado de suínos O consultor, membro da Diretoria Consultiva do World Agricultural Forum e da equipe do The Sustainable Food Laboratory, Osler Desouzart apresentou o panorama da carne suína mundial e o futuro desta indústria. Com a expectativa de aumento da demanda de carnes, o Brasil caminha para se destacar entre os líderes na produção de carne suína. O País é o quinto maior produtor mundial de carne e sua exportação e produção têm destaque. É necessário apenas um trabalho intensivo no aumento do consumo interno per capita. “Estamos bem localizados no cenário mundial, atrás apenas de grandes potências como Estados Unidos, União Européia e Canadá. Pertencemos a um grupo de líderes que é reconhecido e ainda teremos muito mais destaque nos próximos dez anos. Temos apenas que intensificar os trabalhos na área de consumo interno, que ainda é baixo, mas com certeza, irá aumentar”, sustenta. Dennis DiPietre valoriza estratégia na produção de suínos O consultor Dennis DiPietre finalizou o ciclo de palestras do Fórum de Líderes em Suinocultura e relacionou itens essenciais e estratégicos para a qualidade de uma granja, como espaço, água pura, espaço, alimentação de qualidade, limpeza e segurança. Tais itens geram uma produtividade maior e criam animais mais preparados para o abate. Para ele, é necessário prestar atenção em cada detalhe para que haja um padrão de eficiência. Os suínos devem ter o mesmo peso, devem ingerir a mesma quantidade de ração e estar na mesma condição de limpeza. “Os criadores de suínos devem prestar atenção em todos os de- talhes, otimizando a produção dos animais e, desta maneira, gerando uma economia de tempo e dinheiro. Se todos os elos da cadeia estiverem funcionando juntos e de forma correta, geramos uma gestão precisa e conseguimos mais sucesso”, garante. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 84 sucesso EVENTOS PARALELOS motivação para os produtores e, também, de reconhecimento para os vencedores”, pontuou. Weda traz inovação em alimentação de suínos “Melhores da Suinocultura – Agriness” Equipe da Agriness e campeões 2011 apresenta campeões no Fórum Os vencedores da 4ª edição do prêmio “Melhores da Suinocultura - Agriness” foram apresentados a uma plateia de produtores e empresários, no dia 14 de setembro, durante o Fórum de Líderes em Suinocultura, em Foz do Iguaçu, Paraná. O concurso, que teve 517 participantes de 12 estados do Brasil, com plantel somado de 332 mil matrizes, comprovou o valor das ferramentas de gestão da informação para melhorar a eficiência produtiva nas granjas. Cada produtor foi avaliado por índices de produtividade em reprodução e maternidade. Os três primeiros colocados – Granja Vó Ita (PR), Granja Passo da Lontra (PR) e Granja Rhaetia 101 (PR) - receberam troféus e laptops, além de uma viagem à Buenos Aires para o primeiro lugar. Everton Gubert, sócio-diretor da Agriness, destacou a importância da premiação. “É um trabalho que serve de referência aos produtores do Brasil. Por meio dele, os produtores podem comparar seus desempenhos produtivos e, de quebra, ajudam com a construção de um banco de dados útil à cadeia produtiva”, disse. As melhorias de produtividade constatadas na 4ª edição do prêmio atestam o sucesso e o valor da iniciativa. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Segundo a Agriness, que completou 10 anos e atingiu a marca de 1 milhão de matrizes gerenciadas em 2011, foi identificado aumento médio de um leitão desmamado por fêmea/ano nas granjas avaliadas desde a primeira edição do prêmio há quatro anos. O responsável pela área de negócios da Agriness, Eduardo Hoff, frisou ainda que o concurso alcançou seu objetivo. “A contribuição do prêmio é mostrar ao produtor onde ele pode chegar com a gestão adequada. Isso serve de A Weda do Brasil apresentou, em sua palestra no Fórum de Líderes em Suinocultura, toda a sua gama de produtos, com destaque para seu carro-chefe: os sistemas automatizados de alimentação líquida para suínos. Fundada em 1934, a empresa alemã possui um portfólio completo, que engloba sistemas de alimentação líquida e seca, passando por sistemas de gestação coletiva e instalações internas. Atualmente, 78% dos animais alimentados com dieta líquida no Brasil são atendidos por sistemas Weda. Além disso, a empresa possui representações em mais de 40 países e possui atendimento em mais de cinquenta mercados diferentes. “Apresentamos o maior grau possível de qualidade e eficiência em sistemas de produção suína”, revela Wienfried M. Leh, diretor da Weda no Brasil. A empresa cria soluções inovadoras e com alto grau de confiabilidade, projetando e produzindo tecnologias para sistemas de alimentação líquida e Fabrício Ruschel fatura três noites em cruzeiro da DB Dan Bred Klaus Pettinger apresenta soluções da Weda gestação coletiva, com manejo centralizado, dieta individualizada e pré-programada. A Weda também produz equipamentos para instalações internas de barracões e sistemas de climatização. AnimalWorld e DB Dan bred premiam com cruzeiro no Vision of the Seas O gerente de fomento da Alibem, Fabrício Ruschel, foi o ganhador de três noites com acompanhante em um cruzeiro no navio Vision Of the Seas no sorteio realizado em parceria entre a Editora AnimalWorld e a DB Dan Bred durante o Fórum de Líderes em Suinocultura. O Vision of the Seas, com capacidade para 2.435 passageiros, possui instalações requintadas a bordo. Há o agradável SPA, duas piscinas, seis hidromassagens e o teatro Masquerade, que apresenta entretenimento noturno, como produções musicais contemporâneas. O roteiro é de encantar qualquer um: Santos – Búzios - Santos. E isso é só o começo, pois é nesse cenário que acontece o 4º Seminário Nacional DB Danbred “De Vento em Popa”, que acontece entre os dias 16 e 19 de março de 2012, em uma grande oportunidade de negócios e para estreitar relacionamento com os grandes nomes do segmento. 86 sucesso sucesso Valdecir Folador Veja o que disseram sobre o Fórum: presidente da ACSURS “É um evento bastante seleto no qual as pessoas que participam, tanto de aves como de suínos, exercem liderança. Isso faz que o nível dos debates seja bastante alto. Para as lideranças do setor, é de fundamental importância pois podemos passar essa mensagem ao produtor no campo para que ele possa se programar e escolher o rumo apropriado. O Fórum atende, sem dúvida, essas expectativas e demandas” Luiz Sinelli diretor comercial da Ourofino Agronegócio “Queria dar os parabéns pois os palestrantes são extremamente competentes e nos deixam realmente muito motivados de estar investindo em avicultura e suinocultura. O Brasil é a bola da vez. Temos que investir em tecnologia e genética que assim vamos realmente conseguir uma produção maior e o melhoramento da qualidade de vida para todos os brasileiros” porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] Roberto Kaefer sócio-diretor da Globoaves “Primeiro, eu quero agradecer o convite. Minha impressão é de um evento espetacular, moderno em visual, aconchegante. As palestras, como do meu amigo Osler, acrescentaram muito. Aqui se apresentam os conceitos atuais sobre como administrar uma companhia. Quero dar meus parabéns a vocês e digo que a AnimalWorld deve seguir com isso” “Acho que esse evento é importante em especial pois estamos em um momento conjuntural desfavorável e ele aponta perspectivas e alternativas para os produtores. Estamos em um momento desfavorável mas, a longo prazo, nosso potencial é muito grande. O Fórum atestou isso. Temos que pensar com planejamento. Esse é o momento em que a suinocultura despertou para a gestão” Wienfried Mathias Leh diretor da Weda do Brasil “É a primeira edição do Fórum de Líderes e, como crítica, acho que faltou público. Tivemos vários empresários aqui mas percebemos que poderiam ter vindo mais. Não sei o porquê. Entramos aos 45 do segundo tempo e gostamos. Entendemos que o mais importante é a qualidade do público e não só a quantidade” Mario Faccin presidente da Master Agropecuária “No evento Fórum de Lideres, foi possível olhar mais a fundo um cenário de oportunidades, debatendo mudanças para uma maior conquista dos mercados internos e externos e apresentando uma gestão de negócio favorável a todos os produtores” Marcelo Lopes Jurandi Machado diretor de mercados da Abipecs Losivanio de Lorenzi presidente da ACCS “É um evento muito bem pensado pois gestão é um conteúdo que falta para a liderança e o corporativismo. Então parabéns para toda a equipe AnimalWorld. Não é um evento para grande plateias mas é um público que toma decisão e tem que enxergar diferente onde todo mundo vê igual. O Fórum propõe mudanças e vai se consolidar porque o mercado precisa disso” presidente da ABCS “O evento atende plenamente nossas expectativas. Além da gestão, acho importante a informação chegar aos líderes. É claro que a gestão passa pela informação. O evento traz uma visão global que é muito útil para o gestor decidir. Temos aqui formadores de opinião. São pessoas que vão levar as informações necessárias para que o setor tome o melhor rumo” Lilian Pulz gerente de contas chave para suínos da Phibro 87 “Eu gostei realmente porque foi um evento diferenciado. A gente sabe que no Brasil, hoje, há muitos eventos que são focados mais na parte técnica e aqui tivemos mais informação sobre mercado e gestão. Para mim, é outro foco importante para todo o setor. Os lounges são realmente bem confortáveis e pudemos recepcionar as pessoas muito bem” Lívia Machado coordenadora do PNDS “O foco em gestão e consumo somou bastante. O que ficou é a necessidade de os produtores focarem no mercado interno. As perspectivas do Brasil são muito boas e o evento prepara a gestão para aproveitar isso. O evento trabalhou a gestão, conceito americano, que nós não temos muito desenvolvido. Ficou claro que a gestão ligada à medição de desempenho é algo que temos que utilizar cada vez mais” Amilton Silva de Souza diretor de Aves e Suinos da Ourofino Agronegócio “Este Fórum de Líderes em Suinocultura está pautado na inovação de abrir um debate em cima de gestão de pessoas, processos e custo de produção, onde, busca-se aumentar o consumo de carne suína tanto no mercado interno quanto no externo. Por isso, este é um modelo especial de evento, que colocou grandes personalidades de suinocultura em um mesmo espaço” Fabiano Coser diretor-executivo da ABCS “Esse tipo de evento promovido pela AnimalWorld realmente é uma inovação. Isso porque o setor sempre tem feiras, palestras técnicas e, hoje, os palestrantes bateram na tecla da gestão e inovação, abrindo um novo campo de temas para o segmento. Tenho certeza de que ele vai se firmar como importante evento do setor” Dilvo Grolli presidente da Coopavel “Esse Fórum de Líderes é o evento mais importante que estamos participando. O problema mais grave do agronegócio brasileiro está fora da porteira. Com o Fórum, aumentamos a informação do produtor. O Fórum é um encontro de lideranças para discutir o papel do nosso país na aldeia mundial. O Fórum é a oportunidade e o momento dos líderes decidirem e formarem uma consciência coletiva do nosso setor” [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 88 sucesso Adelmo Maia Pereira coordenador da Regional Sul da Vaccinar sucesso “Esse evento está muito bom e acrescenta bastante coisa. Ele traz informações confiáveis do mercado e é isso que a gente precisa. Temos palestrantes brasileiros e do exterior que trazem informações lá de fora que também enriquecem. Para mim é um sucesso e muito bem vindo porque acrescenta muito à suinocultura. O pessoal de gerência que lida como mercado fica mais preparado com eventos com o esse” Ivo Oltramari Junior diretor de Vendas e Marketing de Proteína Animal da GSI “A qualidade dos palestrantes fez a diferença no primeiro encontro de lideranças. Os palestrantes trouxeram informações atualizadas sobre o mercado. Outro ponto forte do evento foi a troca de experiências. O intervalo entre as palestras, de uma hora, permitiu interação, inclusive, com o grupo do Fórum de Líderes em Suinocultura, que acontecia simultaneamente. O evento foi muito bem sucedido” Flauri Migliavacca diretor técnico da Mig-Plus “Vi, até agora, duas palestras e já poderia ir embora porque foi um show de profissionalismo em um cenário completamente novo que o Ricardo Amorim e o Osler Desouzart apresentaram. O evento é muito profissional e com nível excelente. Com certeza o nome está correto: Fórum de Líderes. Parabéns!” Vitor Hugo Brandalise diretor geral da Tyson do Brasil “Evento inteligente pela carência em gestão que o setor possui. Foi uma grande iniciativa. Tivemos palestrantes de qualidade que debateram temas interessantes e relevantes. A palestra do Paulo Storani foi simplesmente fantástica. Gostaria de parabenizá-los pelo nível de vosso evento! Vocês estão de parabéns!” porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] “Tivemos palestrantes de alto nível e, na suinocultura, sempre chegamos à conclusão que o futuro é o Brasil. Naturalmente, temos que ser mais competitivos com genética, na mão de obra, na ração... Mas a avaliação sobre o Fórum é muito positiva. É um ambiente aberto, realmente inovador, moderno e atual. Ficamos realmente satisfeitos e esperamos que esse Fórum continue” 89 lounges Décio Bruxel presidente da DB Dan BRed Eu gostei porque foi um evento diferenciado, Lilian Pulz, gerente de contas chave da Phibro Lounge Phibro Carlos Geesdorf Equipe comercial da AnimalWorld e representantes da Weda no estande da empresa Lounge da Weda Equipe da Agriness demonstra soluções para produtores em seu estande Lounge Agriness Estande da ABCS foi um dos mais movimentados Lounge da ABCS presidente da APS “É um evento interessante e inovador na suinocultura. Acho bom porque são realmente os lideres das várias áreas como sanidade, insumos e dos próprios suinocultores e, assim, existe boa troca de experiências. Os palestrantes trazem visões diferenciadas sobre os cenários econômicos e mercadológicos para que os presentes possam disseminar essas informações para outros” “Acredito que o Fórum, pela sua importância, deveria ter tido mais presença. Acho que as pessoas que não vieram, se soubessem, teriam vindo. Eu mesmo vou falar Valdemir com meus colegas para virem no próximo evento. Precisamos fazer Paulino dos Santos um movimento forte para que no diretor próximo tenha uma presença maior. comercial da A qualidade do público é muito boa” Copacol O evento une público selecionado, debatendo temas relevantes. Para a MSD, é importante apoiar Leonardo Burcius, gerente de produtos da MSD Saúde O Fórum abre um debate sobre gestão de processos, pessoas e custo de produção Amilton Silva, diretor de aves e suínos da Ourofino Agronegócio Lounge xxxxxxx Lounge Ourofino [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 90 sucesso sucesso 91 álbum de fotos porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 92 especial comercial especial comercial Equipamento certo para o resultado esperado U Produtos garantem melhor desempenho e seguridade aos plantéis texto Daniel Azevedo (com informações do Embrapa) m dos principais fatores que contribuiu com o aumento da produtividade do plantel de suínos brasileiro é a utilização de equipamentos mais modernos e eficientes ofertados por empresas que atuam no mercado nacional. Instalações bem planejadas e equipamentos adequados reduzem os custos de produção, trazem maior eficiência à mão de obra, melhoram a conversão alimentar, economizam recursos como água e ração e, também, diminuem o risco de contaminação dos animais com doenças, entre outros fatores. A lista de recursos a disposição dos suinocultores é ampla (vai desde nipples até pisos, sistemas eletrônicos de distribuição de ração, etc) e atende a diversas necessidades para diferentes fases do ciclo de produção. A seguir, apresentamos algumas das melhores soluções em equipamentos criadas por conceituadas empresas nacionais e internacionais com atuação no Brasil e que podem ajudar a melhorar o desempenho de sua granja. Piso Maternidade M5060 garantem segurança e bem-estar Segurança e bem-estar se tornaram critérios básicos na criação de animais e, em especial, para a criação de suínos na fase de maternidade. Diante das necessidades dos suinocultores, a Pisani desenvolveu o Piso Maternidade M5060. O piso M5060 caracteriza-se por ser um produto leve (1,54 kg), em material PE-AD (Polietileno de alta densidade), com capacidade admitida para suínos de até 7 kg, com medidas de 600x500x40mm e excelente encaixe para baias de 1,60m de largura. Os benefícios do Piso M5060 são eviporkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] dentes nos quesitos mais importantes para os leitões em fase de maternidade: segurança e bem-estar. Além disso, piso M5060 proporciona aos suinocultores um expressivo ganho de tempo na montagem e desmontagem por utilizar o sistema de machos e fêmeas. O produto é adaptável a qualquer estrutura de suspensão como pedra, concreto, madeira, etc, enquanto os pisos atuais da concorrência se adaptam somente à estrutura de ferro. Por fim, o design do produto também facilita a higienização. 93 apresenta lançamentos para produção de suínos A Lubing, empresa alemã referência em equipamentos para suínos e aves, apresenta as últimas novidades em nipples, pisos plásticos e divisórias em PVC para baias, todos produzidos na Alemanha. Entre os nipples, a empresa disponibiliza uma linha completa de 12 modelos, entre os de chupeta chanfrada, umedecedores de ração, válvulas mexicanas e bebedouros especiais para cachaços e matrizes. Suas características e vantagens são o aço inox de alta qualidade, a durabilidade, resistência química, fim do gotejamento, vazão ideal, instalação ajustável e encaixe totalmente compatível com o padrão brasileiro. Quanto aos pisos plásticos, os produtos da Lubing têm qualidade superior. São seis tipos de pisos: para leitões, matrizes e o inovador piso aquecido para leitões, com circulação de água quente. Todos eles são peças robustas, produzidas com matérias primas virgens e de grande resistência, flexibilidade, montagem fácil e prática, estabilidade e facilidade para limpeza. Já as divisórias plásticas em PVC são uma novidade no mercado brasileiro. Se trata de um sistema de divisórias leves, práticas e resistentes. São produzidos com matéria-prima de a l t a qualidade e resistência, tratamento anti UV, praticidade para montagem e limpeza além de evitar o acúmulo de sujeira e melhorar o aproveitamento do espaço. traz linha completa de equipamentos A Edege Equipamentos Agropecuários Ltda. possui uma linha completa de equipamentos para suinocultura, como silos, comedouros para creche e terminação, bebedouros, automação para matrizes, dosadores de ração, ventiladores, climatizadores e exaustores; sendo a qualidade de seus produtos referência no mercado. A Edege atua em todo o Brasil direta- mente ou por meio de seus representantes e possui uma equipe técnica com larga experiência para orientar e conduzir projetos de instalações para suinocultura. A empresa presta com ajuda de seus profissionais toda a assistência técnica necessária e peças de reposição para garantir o máximo desempenho de seus equipamentos. A empresa, que tem sede em Chapecó, Santa Catarina, atua no mercado brasileiro faz mais de 30 anos e é reconhecida pela alta qualidade de seus produtos e eficiente assistência técnica de pós-venda. destaca soluções em equipamentos para suínos suinocultura brasileira. Seus produtos integram o “bem estar-animal” e a eficiência produtiva. A linha conta com bebedouros, comedouros e sistemas de distribuição de ração que têm alta qualidade, design, praticidade e higiene. Tais virtudes dos produtos da Suin diminuem o desperdício de insumos e geram maior ganho de peso e melhor conver- são alimentar nas diferentes fases da vida dos suínos. Entre os produtos, se destacam o bebedouro taça Sn 084 para leitões (que permite acesso à água já no primeiro dia de vida); Drops para Gestação coletiva; e o escamoteador para os leitões na maternidade (com menos consumo de energia). A Suin é uma Indústria genuinamente brasileira, criada em 1979, com capital totalmente brasileiro e tecnologia européia. O sócio principal da empresa, de origem suíça, trouxe para o Brasil o que, na época, existia de mais moderno na Europa. traz sistema de alimentação eletrônico O Call Matic 2 é um sistema eletrônico de alimentação individual para matrizes alojadas em grupos. Combina as vantagens do alojamento em grupos e a alimentação adaptada individualmente a cada animal. O alojamento em grupos traz mais liberdade de movimentos e melhores condições físicas para cada matriz. A alimentação individual, controlada de forma precisa por sistema eletrônico, satisfaz as necessidades nutricionais, o que resulta em animais mais saudáveis e mais leitões por matriz. O Call Matic é o único sistema de alimentação que permite selecionar as matrizes de forma automática. O sistema tem alto grau de segurança na identificação dos animais por meio de um transponder na orelha do animal, que informa todos os dados específicos daquela matriz. Assim, o sistema pode atender a grandes grupos (até 60 por estação) com alimentação individualizada e com alto nível de bem-estar. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 94 colunista A Agricultura de Alto Desempenho C Marcos Fava Neves é professor titular de Planejamento na FEA-USP em Ribeirão Preto. Especialista em Agronegócios, é autor de 22 livros publicados em 6 países e articulista da Folha de São Paulo e do China Daily. om o grande crescimento no consumo mundial de produtos do agronegócio e a escassez de recursos básicos, ganha consenso mundial a necessidade de melhorar o desempenho das cadeias agroindustriais. O modelo que passa a vigorar é o de se “fazer mais usando menos”. Como fazer isto? No uso e na gestão da terra, é preciso mais produtividade, encurtar ciclos de produção, maior eficiência de operação e gerenciamento da terra e buscar tecnologias com menor impacto ambiental. Produtores de alta performance. A produção vegetal necessita extrair mais do potencial dos grãos para gerar energia ou proteína, variedades de plantas mais eficientes na transformação dos escassos recursos naturais e resistentes a condições adversas, como doenças, secas e outras restrições. Na produção animal, demanda-se melhor compreensão de necessidades nutricionais de todas as espécies, no controle de doenças, na geração de proteínas alternativas (como algas), microencapsulação controlando a oferta de nutrien- “O modelo que passa a vigorar é o de se ‘fazer mais usando menos’” porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] tes e desenvolvimento genético para sexagem animal. Tudo dentro da exigência mundial de bem estar animal. A agricultura necessita ampliar ferramentas para análise e redução das perdas de alimentos em todos os elos e fortalecer processos para reciclar subprodutos, particularmente da crescente produção de biocombustíveis. Demanda novas soluções para mensurar e gerir os riscos de segurança alimentar, rastreando desde o fornecedor ao consumidor final. A nova agricultura exige revolucionar a difusão e transferência de conhecimento, usando redes integradas e digitais na comunicação da inovação e na fundamental atividade de extensão, com transferência de tecnologia, acessibilidade e adaptação para soluções localizadas. A agricultura de alto desempenho não pode conviver com a logística atual. É preciso investir para aperfeiçoar transporte, capacidades de armazenamento e uso de fontes de combustível renováveis, reduzindo emissões de carbono. Na pesquisa e inovação é necessário construir alianças com bancos, universidades, institutos de pesquisa e até com os concorrentes para melhor utilização dos ativos e desenvolver trabalho conjunto com os agentes de regulação, pela harmonização dos sistemas reguladores em todo o mundo, para melhorar a eficiência e reduzir custos de transação advindos de diferentes sistemas regulatórios. Finalmente, a agricultura de alto desempenho vai exigir governos que busquem inovação e eficiência na gestão pública, promovam a formalização de cadeias ilegais e informais, que em alguns mercados ainda representam 50% do consumo, e facilitem os fluxos financeiros e investimentos. Esta lista não é exaustiva, mas alto desempenho é o que a sociedade mundial demanda da agricultura, e o Brasil, por possuir estes recursos em abundância, é visto como uma solução ao problema e passará por radicais transformações nos próximos dez anos. Será divertido acompanhar. 96 colunista Brasil versus Brasil S omos tratados como predadores perigosos, carentes de tutela internacional, discurso que espantosamente sensibiliza (e mobiliza) setores internos formadores de opinião. A velha máxima do “dividir para reinar” (divide et regna), observada desde a Antiguidade e chancelada por Maquiavel, em O Príncipe, tem sido aplicada sistematicamente ao Brasil. A segmentação da sociedade pelos assim chamados movimentos sociais gerou em seu entorno uma legião de ONGs – estrangeiras em grande parte –, que, em vez de gerar avanços, indispõem os diversos grupos, levando o país à divisão e à paralisia. O resultado é um país que luta contra si mesmo. Isso é particularmente nítido – e grave – em setores em que o país é pujante e projeta sua inevitável expansão na economia internacional: minérios, energia, alimentos, meio ambiente. Qualquer iniciativa para que esse extraordinário potencial seja explorado – é o caso presente das hidrelétricas de Jirau e Belo Monte – provoca a ação imediata dessas ONGs, colocando em cena exércitos de lobistas, que, em nome do politicamente correto, empenham-se em sabotar o empreendimento. Pior: quase sempre conseguem. Grandes empresários brasileiros confessam-se reféns dessas ONGs, às quais apoiam, inclusive financeiramente, para, segundo um deles me confidenciou, “preservar sua reputação”. É um quadro análogo ao das milícias nos morros cariocas ou da Máfia italiana que cobra para dar proteção. No caso em pauta, trata-se de pedágio moral: ou paga ou é difamado. Temos o maior potencial hídrico do mundo, a maior biodiversidade, um subsolo riquíssimo, a maior extensão territorial contínua de terras agricultáveis do planeta, mas estamos impedidos de tocar nesse patrimônio que a natureza nos oferece. Somos tratados como predadores perigosos, carentes de tutela internacional, discurso que espantosamente sensibiliza (e mobiliza) setores internos formadores de opinião. A ninguém ocorre averiguar que os países que sediam essas ONGs não praticam o discurso que difundem e nem sequer dispõem de meio ambiente para cuidar, de vez que já o liquidaram por inteiro. A estratégia é engenhosa. Inoculam o vírus ideológico, produzindo crises onde não há. É o caso do meio rural, em que há anos proliferam invasões criminosas de terras produtivas, coordenadas pelo MST, que nem personalidade jurídica possui. “Uma legião de ONGs – estrangeiras em grande parte –, em vez de gerar avanços, Kátia Abreu é senadora da República (PSD-TO), é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] levam o país à divisão e à paralisia” Gestão & Empreendedorismo Gestão & Empreendedorismo Crescimento Suinco: cooperativismo de resultados Grupo investe R$ 25 milhões para inaugurar ampliação em 2012 texto daniel azevedo A gestão profissional é o principal motivo para o sucesso alcançado pela Cooperativa de Suinocultores Ltda (Suinco) desde o início de suas atividades em 2003. Por gestão profissional, se entende a não ingerência dos cooperados, eficiência, não contratação de parentes e outros preceitos que resultam em credibilidade, crescimento e resultados. “Antes de fundar a Suinco, coloquei vários produtores da região de Patos de Minas em um avião para que eles conhecessem os exemplos de sucesso e insucesso em diferentes lugares do Brasil. Todos chegaram a conclusão que os resultados dependiam diretamente da gestão”, conta o presidente da cooperativa, Cláudio Nasser de Carvalho. SUINCO Fundação Assim, o empresário, que já atuava no ramo de sementes, reuniu 36 produtores e fundou a Suinco que, hoje, já conta com 68 cooperados, 35 mil matrizes e 2,4 mil trabalhadores diretos e indiretos. Além da suinocultura, a Suinco também trabalha outras atividades rurais, cultiva mais de 32 mil ha de lavouras e desenvolvem ainda bovinocultura de corte e leite (10 mil litros/dia), em uma área de 47 mil ha. “A cooperativa é o melhor modelo para a suinocultura desde que seja adminis- trada de maneira profissional. Se você pensa em exportar, ainda mais. Se trata da ferramenta mais democrática para grandes e pequenos terem as mesmas oportunidades. A cooperativa é o melhor sistema de reforma agrária do mundo”, avalia. Oportunidades iguais Na prática, as “mesmas oportunidades” para grandes e pequenos produtores estão concretizadas em uma série de serviços prestados aos cooperados como a central de compras, assistência técnica, loja veterinária, frigorífico, nutrição especializada e sistema de gestão de qualidade. “Assim, os cooperados podem contar, em todos os elos da produção, com os melhores recursos seja em insumos, assistência, orientação e qualidade”, pontua. A preocupação com a qualidade merece detalhamento. O Sistema de Gestão da Qualidade da Suinco é certificado com base na norma NBR ISO-9001:2008 que respalda processos administrativos, organizacionais e produtivos e traz competitividade e reconhecimento por parte dos clientes e do mercado. “Nossa política de qualidade visa atender as expectativas dos nossos clientes, cooperados e colaboradores pela constante busca por melhorias e transparência nos relacionamentos”, sublinha. Por isso, Nasser acredita que há muito espaço para crescer na suinocultura. De fato, serão investidos R$ 25 milhões na ampliação da capacidade produtiva da fábrica de rações, frigorífico para processamento e outras instalações que devem estar concluídas até fevereiro ou março de 2012. “Temos um espírito de cooperativa mas com contínuo investimento. Sem dúvida alguma existe espaço”, acredita. O administrador, inclusive, indica quais seriam tais espaços. “Acreditamos muito no mercado interno e no pequeno varejo. Podemos criar novos mercados. Trabalhamos no grande e nas exportações mas, também, com o pequeno varejo”, revela. Para isso, continua, é preciso garantir a qualidade e a rastreabilidade de todo o ciclo, desde os insumos até as gôndolas, para os consumidores. 99 O presente visando o futuro SUINCO 98 Cooperativa planeja ampliar suas instalações em 2012 “A cooperativa é o SUINCO melhor sistema de reforma agrária do mundo” O presidente da cooperativa, Cláudio Nasser de Carvalho, e a atual sede da Suinco em Patos de Minas, MG. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld pessoas e empresas 101 Sidney Del Gaudio: GSI mira consolidar liderança na América do Sul Executivo brasileiro está à frente da multinacional no continente A multinacional GSI, líder mundial em armazenagem de grãos e sistemas de produção de proteína, confiou ao brasileiro Sidney Del Gaudio o desafio de confirmar a liderança da empresa na América do Sul. Recentemente adquirida pela AGCO, a GSI espera manter a dianteira com seus tradicionais pilares da qualidade, agilidade e bom relacionamento. “Acredito que nesse período em que estou à frente da empresa no Brasil, conseguimos aproveitar o bom momento do agronegócio brasileiro. O grupo aposta em produtos novos e na abertura de novos mercados. Isso faz que todos estejam sempre estimulados para o desenvolvimento de novos projetos”, diz Gaudio. Mas são muitos os fatores que deixam os funcionários motivados e, por con- sequencia, os clientes satisfeitos. A qualidade dos equipamentos GSI, produzidos com materiais duradouros e mão de obra qualificada, é amparado por uma equipe de técnicos com um forte relacionamento com os clientes em toda a América do Sul. “Mas a lista de fatores não para por aí. O desejo em oferecer um atendimento com cada vez mais qualidade faz com que a GSI supere seus prazos de entrega, levando sua produção a qualquer região de cobertura em tempo recorde”, detalha. Assim, a empresa tem claro quais são os próximos passos para crescer e reforçar sua posição no mercado do continente. “Aos poucos, vamos ampliar a produção na unidade fabril localizada no Rio Grande do Sul, na cidade de Marau. A previsão é de que, em dois anos, já seja necessário ampliar O presidente da empresa, Sidney Del Gaudio, analisa os benefíos que a fusão trará para a empresa “O desejo em oferecer um atendimento com cada vez mais qualidade faz com que a GSI supere seus prazos” Empresa foi comprada esse ano pela AGCO e espera manter a dianteira Divulgação Fusão e Crescimento a fábrica devido ao mercado aquecido e às projeções das próximas safras de grãos no país”, revela. Aliás, a GSI opera justamente em um dos principais gargalos do sistema do agronegócio brasileiro: a armazenagem. “Essa realidade só pode ser mudada por um conjunto de ações, que envolve a iniciativa do governo, a partir da melhoria da própria infraestrutura e logística do campo e suas condições de financiamento”, opina. Por parte da GSI, o retorno à fabricação de sistemas de armazenagem na fábrica brasileira vem atender exatamente esse déficit do mercado local. “Acreditamos no setor nacional, com safras recordes e a capacidade estática de armazenagem inferior à produção, para oferecer nosso produto não apenas para os produtores brasileiros, mas também latino-americanos”, comenta. A compra da GSI pela AGCO aumenta a competitividade da empresa para alcançar tais objetivos. “Teremos maior competitividade, reforço de nossa imagem e, sem dúvida, uma melhor distribuição de nossos produtos, assim podemos resumir o grande benefício desta fusão com a AGCO”, analisa. Gaudio explica também que as companhias operam marcas fortes, tradicionais no segmento do agronegócio e tal sinergia de brand vai possibilitar uma posição de mercado ainda melhor, fortalecida também pela complementaridade dos negócios: do plantio e colheita à armazenagem. “Vamos trabalhar fortemente na identificação de sinergias que venham reduzir custos de produção e logísticas. Porém, o nosso maior desafio será transformar as inúmeras oportunidades que existem com esta fusão em melhorias para os nossos públicos, em um curto espaço de tempo, se possível ainda em 2012”, prevê. Divulgação 100 pessoas e empresas porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 102 pregão pregão 103 Carne suína ganha competividade em relação a boi e frango A valorização da carne bovina (2,11%) e de frango (3,7%) no mês de outubro, apesar de não muito expressiva, favoreceu a competitiividade da carne suína no mercado interno. Apesar disso, a demanda pelo produto em outubro contrariou a tendência histórica de alta no período e registrou queda de 1,7%. Os dados do ìndice Esalq/BM & F Bovespa mostraram que os patamares de preço da arroba bovina retomaram os registrados em agosto deste ano (acima de R$ 101,34) enquanto a carne de frango resfriada fechou a R$ 3,01 por quilo em 31 de outubro. No mercado de suínos no atacado de São Paulo capital, o preço da carcaça regular desceu para R$ 3,97 por quilo. Bovino A oferta relativamente baixa de animais resultou em menor número de negócios no mercado pecuário no correr de setembro. Nesse contexto, os preços se mantiveram próximos da estabilidade na maioria das praças pesquisadas pelo Cepea. Em meados do mês, no entanto, os valores registraram pequenas quedas. No acumulado de setembro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa teve ligeira queda de 0,18%, fechando a R$ 99,87 no dia 30. As pequenas baixas observadas em meados do mês estiveram atreladas à oferta de animais de confinamento. Quanto às exportações, em setembro, o Brasil embarcou 74,2 mil toneladas de carne bovina in natura, volume 12,6% superior ao de agosto, mas 3,5% menor que o de setembro de 2010, conforme dados da Secex. Suíno Frango Os preços da carne de frango subiram em outubro, de acordo com levantamentos do Cepea. A sustentação veio tanto da oferta quanto da demanda. Do lado da oferta, colaboradores do Cepea comentam ter reduzido, ainda que de forma ligeira, o volume produzido, como tentativa de controlar a disponibilidade diante das oscilações do mercado. Quanto à demanda, o mer- No correr de outubro, os preços do suíno vivo apresentaram movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea. Em várias, os preços não conseguiram se sustentar, destoando do comportamento altista que costuma caracterizar outubro. Considerando-se a série histórica de preços em São Paulo, Minas Gerais e nos estados do Sul do País a partir de 2006, as cotações subiram em outubro de todos os anos, com exceção de 2008, quando ocorreu a crise financeira mun- dial. Em outubro deste ano, no entanto, as quatro praças acompanhadas pelo Cepea em Minas Gerais acumularam quedas. Algumas localidades de Santa Catarina, Paraná e São Paulo conseguiram reajustes, mas em outras, prevaleceu a desvalorização do animal. Somente no Rio Grande do Sul, produtores das quatro regiões pesquisadas tiveram aumento de preço no acumulado do mês, mantendo-se alinhado com o visto em anos anteriores. No início de setembro, as cotações do milho nos mercados interno e externo voltaram a ter altas expressivas, retomando os patamares observados na primeira quinzena de junho e se aproximando dos maiores patamares do ano. No Brasil, apesar da proximidade da finalização da colheita de segunda safra, a menor produção em relação ao esperado e o ritmo acelerado de vendas deram o tom altista aos preços. No mercado externo, as cotações chegaram próximas aos níveis recordes históricos, mas cederam na segunda metade do mês, devido à realização de lucros e preocupações com a crise econômica mundial. O Indicador Esalq/ BM&F Bovespa subiu 2,4% entre 31 de agosto e 30 de setembro, fechando a R$ 31,75/saca de 60 kg. Se considerada a taxa de desconto NPR, na região de Campinas o preço médio à vista foi de R$ 31,19/ sc de 60 kg no dia 30, também subindo 2,4% no mês. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, houve pequena reação de 1,7% no mercado ao produtor e de 1,9% nas negociações entre empresas. cado brasileiro segue aquecido e, segundo informações da Secex, as exportações também aumentaram em outubro. De acordo com o órgão, o frango inteiro resfriado no atacado chegou a valorizar 8,6%, com a média passando para R$ 3,04/kg até dia 13 de outubro. Quanto ao frango inteiro congelado, o aumento foi de 5,5% até a mesma data, sendo negociado a R$ 3,07/kg. Soja Milho Indicador de preços da soja CEPEA/ESALQ - média mensal: R$ 49,05/sc ou US$ 28,83/sc SOJA Região/Praça Diferenciais R$ US$ Passo Fundo – RS 0,334 0,190 Ijuí – RS 2,371 1,351 Sudoeste Paraná 0,888 0,506 Oeste Paraná 1,048 0,597 Norte Paraná 1,205 0,687 Sorriso – MT 7,685 4,380 Ponta Grossa – PR -0,261 -0,149 -2,883 -1,643 Paranaguá Fonte: Cepea/Esalq Nota: Diferencial = Indicador – Região; saca de 60 kg porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] nal. Diante disso, as cotações em dólares nas bolsas e nos Indicadores Cepea chegaram ao menor nível do ano. Já quanto aos preços em Reais, nas praças brasileiras, a média mensal de setembro chegou a ser uma das maiores do ano – especialmente nos portos e nas regiões de Mato Grosso. Em setembro, também houve o início dos trabalhos de campo para a nova temporada no Brasil. O Indicador Esalq/ BM&FBovespa em dólar registrou forte queda de 20,1%, fechando a US$ 25,87/sc de 60 kg. Em moeda nacional, o Indicador caiu 5,8% e finalizou o mês a R$ 48,64/sc. Quanto à média ponderada das regiões paranaenses, refletida no Indicador Cepea/Esalq, observou-se retração de 3%, fechando o mês a R$ 47,02/sc. Indicador do Milho ESALQ/BM&FBovespa - média R$ 31,92/sc ou US$ 18,19/sc de 60kg Região/Praça Milho Em setembro, as cotações da soja em grão e derivados passaram a refletir a instabilidade econômica mundial com maior intensidade. Os resultados foram maiores oscilações dos contratos futuros, no Brasil e em Chicago, que chegaram aos preços no físico nacio- Passo Fundo – RS Ijuí – RS Rio Verde – GO Chapecó – SC Ponta Grossa – PR Norte Paraná Cascavel – PR Diferenciais R$ US$ 3,35 2,64 7,29 2,84 5,28 6,20 6,14 1,91 1,50 4,15 1,62 3,01 3,53 3,50 Fonte: Cepea/Esalq Nota: Diferencial = Indicador – Região (mercado de lotes) As cotações e informações do mercado foram produzidas pela XP Investimentos. [ano 11 | nov/dez 2011 | edição 65] porkworld 104 ANIMALWORLD NEWS AgroAssessoria organiza seu evento com know how e alto nível A Editora AnimalWorld tem lançamentos inéditos no Brasil previstos para o início do próximo ano. O principal deles é a AgroAssessoria que, unindo criatividade e profundo conhecimento do agronegócio, vai oferecer soluções de comunicação e organização completa de eventos para terceiros. A AgroAssessoria dispõe de todo o know how da Editora AnimalWorld para realização completa de eventos com qualidade internacional bem como agenciamento de palestrantes nacionais e internacionais de primeiro nível. Entre os serviços prestados pela AgroAssessoria estão a organização do evento; a elaboração de programas científicos; indicação, negociação e contratação de palestrantes; assessoria de imprensa; divulgação e marketing de eventos e cobertura jornalística em nossos portais e revistas. Caso queira mais informações, a AgroAssessoria já pode ser contatada pelo e-mail [email protected]. Mais uma vez, é a AnimalWorld na frente para contribuir com o agronegócio brasileiro. Conheça a integrante do departamento financeiro Nanci Junqueira é a responsável pelo departamento financeiro da Editora AnimalWorld. Cursando atualmente administração de empresas da Faculdade Comunitária de Campinas (FAC), teve outras passagens pela empresa antes de retornar neste ano. Também atuou nos departamentos administrativos e financeiros de outras empresas como a Guabí e a Nutriform. AgroAssessoria [email protected] Editora marca presença no XV Congresso da Abraves A Editora AnimalWorld participou do XV Congresso da Abraves que aconteceu entre os dias 4 e 7 de outubro em Fortaleza, Ceará, e foi a primeira distribuir revistas aos participantes do tradicional evento. A executiva de contas, Karla Bordin, reencontrou parceiros de vários anos da Editora AnimalWorld. “Fomos a primeira revista a ser distribuída no evento e, também, encontrei parceiros da AnimalWorld”, conta. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] AnimalWorld mostra soluções para o setor no Marketing Trends O gerente comercial da AnimalWorld, Guilherme Reis, apresentou em forma de palestra as soluções de marketing que o grupo oferece às empresas do setor durante o Marketing Trends, realizado no dia 18 de outubro, em São Paulo. A presidente da AnimalWorld, Flávia Roppa, participou do evento assim como os executivos de contas, Karla Bordin e Valcir Callogeras, que distribuíram as revistas PorkWorld e AveWorld, divulgaram a PorkExpo e fizeram networking. 106 agenda Agenda Novembro XXXVIII Congresso brasileiro de Medicina Veterinária (Conbravet) Data: de 1 a 4 de novembro Local: Costão do Santinho Resort - Florianópolis/SC Info: www.conbravet2011.com.br XIX Congresso Nacional de Porcicultura Data: 3 e 4 de novembro Local: Guatemala Info: ???? I Suiminas Data: 10 de novembro Local: Sede da Asemg - Belo Horizonte/MG Info: www.suiminas.com.br I WorkShop DFSuin Data: 18/11 Local: Auditório Sebrae - Brasília/DF Info: [email protected] XI Curso teórico-prático de processamento de sêmen e IA em suínos Data: de 21 a 25 de novembro Local: Pelotas/RS Info: [email protected] PECforum Data: 23 e 24 de novembro Local: Center Convention - Uberlândia/MG Info: [email protected] porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] XV Rodada Goiana de Tecnologia em Manejo de Suínos Data: 24 e 25 de novembro Local: Parque Agropecuário Pedro Ludovico Teixeira Goiânia/GO Info: www.ags.com.br I Congresso sobre aditivos na alimentação animal - Enzimas Data: 30 de novembro e 1º de dezembro Local: Auditório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) - Campinas/SP Info: www.cbna.com.br janeiro Seminário de Suínos de Banff Data: de 17 a 21 Local: Alberta, Canadá Info: www.banffpork.ca Congresso de Suínos de Minnesota Data: 18 e 19 Local: Minneapolis Convention Center - Minnesota, Estados Unidos Info: www.mnpork.com/porkcongress/index.php XXXI Atualização Anual de Pesquisa em Suínos Data: 25 Local: Ontário, Canadá Info: www.centraliaswineresearch.ca International Poultry Expo Data: 23 a 27 Local: Atlanta, Estados Unidos Info: : www.ipe11.org 108 site www.porkworld.com.br PorkNews tem novidades Portal PorkWorld é o melhor e mais completo da suinocultura O portal PorkWorld (www.porkworld. com.br) publicou 573 notícias no mês de agosto ou 18,1% (88 notícias) mais que o segundo colocado entre os sites brasileiros especializados em suinocultura. Em relação ao terceiro colocado, a vantagem sobe para mais de 55,2% (ou 204 notícias). Mas como quantidade não é qualidade, nossas ferramentas de avaliação indicam que, entre conteúdo exclusivo e traduções, também estamos na frente. Do total de 573 notícias, 172 foram traduções ou notícias exclusivas ou 437,5% mais que o segundo colocado neste quesito (com 107). O terceiro co- locado não teve nenhuma tradução ou notícia exclusiva. Nossa constante busca por melhorar exige que tenhamos ferramentas para medir a qualidade e a quantidade do que produzimos. Como demonstrado, somos o site especializado em suinocultura com maior produção de notícias e melhor qualidade informativa. Seguiremos melhorando e contamos com sua ajuda para isso. Esperamos suas críticas, elogios e sugestões que podem ser enviados por meio de comentários no próprio portal ou, ainda, pelo e-mail [email protected]. Mega Portal PORKWORLD Notícias Publicadas 1ª semana de agosto 2ª semana de agosto 3ª semana de agosto 4ª semana de agosto 5ª semana de agosto Total PorkWorld 96 180 106 82 109 573 2º lugar 113 98 108 84 82 485 3º lugar 89 82 55 67 76 369 PorkWorld - 18,1% (ou 88 notícias) mais que o segundo colocado entre os sites brasileiros especializados em suinocultura. Em relação ao terceiro colocado, a vantagem sobe para mais de 55,2% (ou 204 notícias). #editoraanimalworld www.facebook.com/editoraanimalworld @ed_animalworld porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11] O esperado newsletter semanal da PorkNews evoluiu. A nova versão do produto, que tem um mailing com mais de 7 mil nomes, ganhou novo layout, novas seções e link para a revista PorkWorld digital. Tudo gratuitamente. O novo layout privilegia a facilidade de visualização e, ao mesmo tempo, ficou mais bonito com maior destaque para fotos e infográficos. No aspecto editorial, mantemos o número de notícias e enriquecemos o produto com um colunista, um artigo de opinião e uma receita a cada semana. Os 7 mil endereços que recebem o material poderão, também, acessar gratuitamente a versão digital da revista PorkWorld que, reconhecidamente, traz o melhor conteúdo informativo, técnico e opinativo sobre a suinocultura no Brasil e no mundo. Se você quer receber, basta se cadastrar no site ou nos enviar um e-mail para [email protected]. 110 RECEITA Escalope de alcatra suíno Imagem meramente ilustrativa. ao molho madeira Outra solução de sucesso que abriga perfeitamente a carne suína, este prato tem várias opções de custo e de apresentação. A ele pode ser incorporado o vinho Izidro, tradicional substituto brasileiro ao vinho madeira. As grandes indústrias de alimentos já oferecem o demi-glace pronto, faltando apenas acrescentar a água. A carne suína apresenta-se suculenta e saborosa. Sem dominar totalmente a cena, aceita o molho madeira com muitas vantagens. Rendimento: per capita e para 10 porções 1 Para o molho, processar cebola, cenoura, alho poró, alho e salsão e reservar. Modo de preparo 2 Aquecer o azeite, dourar bem as carnes, acrescentar os legumes processados, e dourar mais. 3 Acrescentar o vinho tinto e deixar reduzir, acrescentar o louro, a pimenta do reino em grão. 4 5 6 Aguar e cozinhar em temperatura baixa por 6 horas. Acrescentar o vinho madeira e o sal. Fazer um caramelo com o açúcar e acrescentar ao caldo. 7 Preparar um roux escuro com a manteiga e a farinha e espessar o molho. 8 Temperar os escalopes com sal grosso e selar em chapa, servir ao ponto, regado com o molho madeira. porkworld [edição 65 | nov/dez 2011 | ano 11]