vol. v.-n". 55. new york, 23 de abril de 1875.
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vol. v.-n". 55. new york, 23 de abril de 1875.
EL »*•*-¦¦" *l * Entered according to Act of Congress, in the Ycar 1872, by J. C. Rodrigues, in the Office of the Librarian of Congress, at Washington. [Com Süpplemento. NEW YORK, 23 DE ABRIL DE 1875. VOL. V.-N". 55. s—= O \ O Sr. PAULINO J. SOARES DE SOUSA, CHEFE DA OPPOSIÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS DO BRAZIL. O NOVO MUNDO. 166 Jw> BK^i ^S>wÍVM9^VhBl^\ VaI BmBTJ B^Bf 7 VMi^rBli9BBBiBv^9BBliBll'lillBfl^Bl:Bl^BRBu ihi. ¦ ¦ M v^H? H]-^B-BnBTí fti vft«BI5B^í-^BmI BuH>* 'IBI BV^TfBKgV^^FvÁ'' MvMV New York, Abril 23, 1875. EGREJA E ESTADO. MISSÃO do Sr. Barão de Araguaya juneto ao A Papa em Roma teve o resultado que toda a gente de bom-senso previa. A desfeita que soffreu agora o nosso Governo não foi menor do que a de que foi victima anteriormente na pessoa do Sr. Barão de Penedo. Quando o segundo embaixador seguiu para Roma mostrámos que era impertinencia de parte do nosso Ministério crer que, para agradar o Imperio do Brazil, o Papa mudaria uma politica, premeditadamente assentada com a maior solemnidade. Pio 9o tem recusado constantemente reconciliar-se com poderosos Governos europeus, de população mais illustrada do que a nossa, e ás vezes em grande parte protestante: como seria possivel que ouvisse agora as reclamações do Império em cuja Constituição ainda se diz que o ultramontanismo romano é a religião do Estado ? O Papa naturalmente respondeu ao poeta, Sr. Magalhães, o mesmo que o nosso Monge-bispo replicou ao Sr. Ministro do Império, quando foi convidado para conformar-se com as leis do Estado: si o catholicismo romano é a religião official do paiz, o paiz que siga o catholicismo romano e não o brazileiro, ou até o universal. E quem negará que o Sr. Magalhães, com toda a sua philosophia, de que é reconhecido mestre, não podia nem pôde responder a esse simples argumento ? Qual, porém, é a verdadeira situação deste importahte questão no Brazil ?—Ella está justamente onde começou, ha dous annos. O nosso Governo tem protelado nisto, como protela em quasi tudo. Em vez de arcar com as difficuldades da situação como lhe deviam ter indicado não só o mais simples expediente político como também o exemplo de outros paizes em que ou soffre-se o mesmo mal ou goza-se das vantagens da sua ausência,—em vez de proclamar uma politica que cortasse as difficuldades pela raiz, o Governo do Brazil contentou-se em deixar que se executassem as leis do Estado em relação aos dous Bispos, ora presos, vangloriando-se de sua moderação, porque não oppôz muitos empecilhos a essa execução. Não aceusemos, 'As' porém, o nosso Governo pelo que difficuldades momentosas do fazer. de deixou a todos os que se interessam unir presente devem pelo próspero futuro da pátria. Precisamos agora encaral-as de frente e, até, sympathisar com os proGabinete, no desejo de ter moderação. ' prios erros do a Consideremos questão do mesmo aspecto em que elle a encara e procuremos mostrar que a sua posição é errada, si é que os próprios Ministros já não chegaram á mesma conclusão. O Syllabo e depois delle a declaração do dogma da infallibilidade modificaram profundamente a religião catholica romana. E' agora tarde para negarse que o que,ha cincoenta annos,chamava-se religião catholica, tem hoje accepção mui diversa. O catholicismo, definido pelo Papa actual, não é só inimigo da civilisação moderna, em geral; mas é o adversario decidido e franco de cada uma das condições que hoje consideramos como bazes essenciaes de toda a sociedade, livre. A alliança sincera do Estado com a Egreja catholica é simplesmente o suicidio do primeiro, como sfer moral, livre e responsavel. A politica actual de Roma não é apenas um spasmo de usurpação dos Jesuitas, uma tentativa passageira: é um plano, concebido ha séculos, tentado muitas vezes, amadurecido pelas próprias derrotas e precipitado nestes últimos annos: é o desfécho de uma grande conspiração contra a liberdade. ¦ A politica actual de Roma vai durar. Não faltarão no mundo, pelo menos por muitos annos por vir,' quem continue a crer piamente que o Apóstolo Pedro foi o suecessor de Jesus Christo, e que os Papas são suecessores de Pedro, por conseguinte de Christo, por conseguinte da Divindade e, como tal, é Deus mesmo, infallivel, mestre das nações. A historia e a critica modernas já teem demonstrado claramente que Pedro nunca foi Papa, nem esteve em Roma, e si esteve em Roma, ninguém pôde mostrar com provas decentes quem foram seus suecessores immediatos; e entretanto homens da intelligencia do Sr. Visconde do Rio Branco, do Sr. Zacarias e do Sr. Nabuco ainda hoje crêem que o Papa é o "suecessor de Mosso Senhor." A politica dos Jesuitas, pois, vai durar. Ella já tem corrompido o espirito das populações catholicas. Fazendo justiça á lealdade dos actuaes crentes catholicos da Gran-Bretanha, Mr. Gladstone, no seu celebre tractado sobre o Vaticanismo, publicado ha dous me- zes, mostra que, em vez de diminuir, essa politica ha de propagar-se : " Vaticanists will grow up," diz elle, e demonstra-o por que. Nem se diga que a doctrina do Syllabo ainda é duvidosa na egreja, como pretendem, alguns bons catholicos, entre elles, o Bispo Fessler e o mais illustrado theologo inglez, o Dr. Newman. Elle foi promulgado pelo Cardeal Antonelli com todas as formalidades necessárias em um documento ex-cathedra, foi remettido a todos os Bispos por ordem expressa do Papa, e todos os fieis catholicos romãnos estão obrigados a obedecerem-lhe. Sobre este poneto, pois, o nosso Governo não pôde bazear esperanças de conciliação com Roma, ou esperanças de vencer as difficuldades actuaes. Ha, porém, outro motivo, apparentemente mais plausível, que poderia aconselhar ao Governo uma politica de protelação, como a que tem seguido e é a esperança que, estando o Papa muito velho e sendo tamanha a opposição que ao Syllabo fazem os Estados catholicos, o suecessor de Pio 90 naturalmente recuará da posição temerária por elle tomada, e assim como um concilio já declarou a infallibilidade, outro concilio pôde declarar a fallibilidade e revogar todas as innovações do Vaticanismo. A historia, na verdade, está cheia destes concilios contradictorios. Para não dar mais de um exemplo lembraremos que só no quarto século houve, nada menos de quarenta e cinco concilios sobre o Árianismo, dezesete tendo-se declarado em favor dos e treze Semi-Arianos, quinze em favor dos Arianos, " contra elles. Eis ahi o que vai um concilio ecumenico#"! Mas no que diz respeito á infallibilidade, é, sem duvida possivel, mas não é nada provável que se reuna, dentro de um século pelo menos, outro concilio que a denegue. Quando isto se dér, a religião catholica ficará solapada pela base, em que a pôz uma politica de longos séculos, si bem que só manifestada francamente ha poucos annos. Quanto ao futuro Papa poder encetar uma reacção salutar contra o ensino do Syllabo,—similhante esperança se desvanece á luz do que se está passando em Roma com respeito á eleição papal. Bastanos, até, considerar a naturesa do collegio eleitoral do Papa, ou conclave, para se ficar convencido que o Governo Brazileiro não pôde entreter esperança alguma razoável de prudência e sabedoria nessa corporação. A, origem da instituição dós " cardeáes," como a dos próprios papas, está encoberta em a noite das dúbias tradicções. Parece que a principio eram elles uns padres empossados de certa jürisdicção em negócios civis: tal foi a semente de que vieram deRichelieu, Mazarino e Alberoni. pois Ximenes,"naturalmente A classe foi ganhando influencia até 20, no principio do sePapa Nicholau que afinal o " culo ii.° creou o collegio sagrado " dando-lhe o direito exclusivo de eleger os Papas,—direito usurpado do clero e do povo de Roma. O numero dos cardeáes, que era a principio cincoenta e dous, passou a ser de sessenta e cinco e afinal de septenta, que é o actual. Cem annos depois da creação do collegio, outro Papa, Alexandre 30, querendo corrigir muitos abusos nas eleições anteriores, estabeleceu que para as eleições futuras seria necessária a maioria de dous terços dos votos presentes no collegio. Cerca de um século depois disto, continuando ainda ós abusos, Gregorio io.° promulgou uma série de formalidades necessárias para a eleição, por exemplo, ó intervallo de dez dias antes da reunião do collegio, 1 reclusão do conclave, etc. Mas já o suecessor desse Papa revogou a bulla dessas formalidades e Gregorio'ii.° revogou também a de Alexandre 3.° e declarou que bastava a maioria absoluta, em vez da dos dous terços. Ao passo, porém, que seus suecessores viram-se obrigados a restabelecer a regra, para evitar schismas,como o de quarenta annos que seguiu-se á morte de Gregorio ii.°, elles teem posto de lado, quando bem lhes teem parecido, as salutares formalidades creadas por Gregorio 10.° Eis aqui dous exemplos recentes. Pio 6.°, quando preso n'um convento, perto de Florença (tal qual Pio 9.0 está "preso" no Vaticano) publicou a celebre bulla Cum nos superiori anno em que ordenou que na eleição de seu suecessor ficariam dispensadas todas as formalidades, excepto a maioria de dous terços; e é de notar-se que essa bulla suspendeu as formalidades não só no próximo conclave, depois de Pio 6.°, mas tambem no de todos os futuros conclaves, em caso de ser a demora de grave perigo para os interesses da egreja,— caso em que agora se acha a egreja, sugundo vê-se de todas as allocuções de Pio 9.0 sobre a situação. E como si isto não fosse bastante, quando Gregorio 16.0 morreu, achou-se em sua gaveta uma ordem auctorisando o conclave a dispensar todas as formalidades, e eleger immediatamente ó seu suecessor si a demora fosse fatal á liberdade da escolha pelo conclave. Morto Pio 9..°» pois, enganam-se os que crêem que possa haver uma eleição regular do seu suecessor. Ainda que não sejam dispensadas as formalidades é tal a própria constituição do conclave que o nomeado é creatura de Pio 9.0. Dos 55 cardeáes ostensivos que ha, elle tem nomeado todos, excepto oito. Dos 55, nada menos de 31 são Italianos, e 29 delles, cremos, moram na Itália. Quando Pio 9.0 morrer um destes dias (que desejamos não seja breve), e forem dispensadas as formalidades da eleição, vinte e um cardeáes Italianos poderão eleger o seguinte "suecessor de Nosso Senhor," suppondo que todos os cardeáes Italianos compareçam ao conclave,^e dando de barato que os cinco cardeáes inpetto não sejam italianos (o que não é nada provável) ou não 'possam votar. o Que acfual Papa está resolvido a nomear virtualmente o seu suecessor demonstra-o a sua recente nomeação de cinco cardeáes inpetto, (isto é, secretamente, sem promulgação), com a cláusula expressa que, si por acaso elle fallecer antes de serem elles nomeados abertamente, tenham voto, activo e passivo, no conclave de cardeáes que tem de eleger o seguinte Papa. Essa nomeação secreta está muito de harmonia com a politica arbitraria, insidiosa e machinadora dos Jesuitas. O acto é um abuso clamoroso das já muito abusadas perogativas do Papado. Ha mais de quatro séculos, quando eram muito intimas as relações da Egreja catholica e dos Estados europeus e quando, por conseguinte, eram maiores as complicações entre elles, reconheceram os Papas que em certos casos convinha nomear cardeáes in petto-, mas esses cardeáes nunca tiveram o direito de votar no conclave. Martinho 5.0 e Paulo 3.0 fizeram trez cardeáes aos quaes dous conclaves, com mais de cem annos de espaço entre si, negaram redondamente esse direito. Não nos consta que houvesse outro Papa que fizesse nomeações inpetto com a condição agora lembrada pelo actual pontífice dos Jesuitas. Todas as nomeações desse gênero desde Paulo 30,—isto é,desde o principio do século 16o, são executadas pelo suecessor do pontífice que as faz, e o suecessor só as executa quando o quer. O papa declara em consistorio que fez tantas nomeações mentaes, e os que são assim nomeados são contados entre os septenta cardeáes; mas só o seu suecessor os nomêa, si o quer fazer, pois tem havido casos, e não raros, em que cardeáes nomeados in petto nunca foram confirmados. Tal é o costume. Estava agora reservado ao Papa que promulgou o marianismo e o infallibilismo estabelecer também este outro abu" so de nomear cardeáes in petto com vóz activa e " passiva no conclave, isto é, não só podendo eleger o suecessor de Pio 9.0 como podendo ser o seu proprio suecessor. Está sabido que o actual conclave pode, como muitos outros, protestar contra a usurpação da prerogativa e recusar admittir os votos activos dos cardeáes inpetto, ainda não promulgados solemnemente. Mas estejamos certos que os Jesuitas não fariam, nomeações que teem de ser virtualmente annulladas: elles conhecem o seu rebanho, elles teem formado a maioria do conclave actual e sabem da qualidade'da massa de que se. compõe. Assim, pois, concluindo, parece-nos ter demonstrado que o Governo nada pôde esperar de Roma nem agora nem por muitos annos por vir. Sendo isto assim resta-nos agora tomar um dos dous alvitíes : ou entregarmos a fortuna da nossa cara pátria ao eleito de vinte e um Italianos, quasi todos de intelligencia muito vulgar; ou então governarmos o paiz que a Providencia em sua bondade nos deu como pátria. Si o Governo entende que elle mesmo não deve existir, mas que basta " Sua Sanetidade " para dirigir a educação e a politica do paiz,—só tem de deixar a questão como está, protelando sempre. Si, porém, cumprir o seu dever constitucional de velar na segurança e independência do paiz, então precisa, antes de tudo, ter uma politica, e propor á Assemblea geral aquellas medidas necessarias para garantir aos cidadãos Brazileiros a declaração do artigo primeiro de sua Constituição. E' este um dos casos em que o Governo bem pudera imitar, ao menos em parte, o que está fazendo a Allemanha, e attender ao que os Catholicos dali pensam sobre o conflicto. O Enviado Brazileiro em Berlim devia ter avisado ao seu Governo, por exempio, que na sessão do Reichstag de 9 do mez p. p. Herr Lindthorst, chefe dos ttltramohtanos, declarou que a única solução possivel era a completa separação da Egreja e do Estado. Alguns dos nossos " fieis " fazem coro com a ciasse de "patriotas " Francezes que assentam que vilipendiar o " feroz Bismarck " é o primeiro signal do seu liberalismo e aceusam o chancellér deperse'" guir a religião e a tsua saneta madre." E entretanto é preciso que os preconceitos hajam obcecado muito o espirito para não se entender o que se passa na Allemanha. Ao passo que se diz geralmente em Pariz e no Rio de Janeiro que Bismarck persegue a religião catholica, a massa dos Catholicos na Allemanha não pensa assim. Ao contrario, a politica do Governo tem sido tomar o partido dos padres e dos leigos catholicos contra os bispos e o Papa que os querem escravisar. O Governo allemão não quereria arruinar-se declarando guerra de consciência a uma parte tão consideravel da sua população. MARTIN GARCIA. ii de Fevereiro "para p. p. o correspondente de MonA tevidéo o Jornal do Commercio, do Rio, escreveu aquella folha uma carta que foi, para todos os que conhecem a origem do escripto, um verdadeiro grito de guerra contra a Republica Argentina. O Jornal publicou a correspondência no dia 18, e já no dia 19 appareceram entre as Publicações d pedido, artigos bellicosos, devidos, não ao patriotismo de Brazileiros cujo orgulho se achasse offendido, mas ao interesse sórdido de algum fornecedor, ou aspirante a gordo contracto que assim defende a causa da patria a oito ou dez vinténs por linha. Causaram-nos, porém, verdadeira admiração dous artigos que a 23 e 25 também do mesmo mez publicou o Globo,—artigos cheirando á pólvora. Quando, ha dôus mezes, lemos o interessante retrospecto annual desse periódico sobre a America latina, foide ter em o novo quotidiano um verdadeiro "gamos orgam dos interesses do commercio, lavoura e industria." E'-nos impossível agora reconciliar a politica até aqui seguida pelo Globo com a do predominio afortiori no Rio da Prata. Realmente, não podemos conceber como é que uma folha que por tantas vezes tem demonstrado com rara habilidade a necessidade da restauração do systema financeiro do Império,'de diminuir os exaggerados impostos de exportação, de abrir caminhos de ferro, de attrahir a immigração e alargar as facilidades bancarias; "uma folha que tem até hoje combattido nobremente pelos verdadeiros interesses do commercio, agricultura e artes industriaes,—venha-nos agora reechoar o estulto grito de guerra das guardas avançadas dos contractadores. Observamos que, ielizmente, a Reforma e o Diario do Rio se teem conservado calmos, e não se deixaram levar do furor bellicoso dos emprezarios da navegação de Montevidéo a Matto-Grosso e de seus dependentes. Observamos, também com prazer, a Nação tomou, nesta emergência, tom mais que moderado e nos fallou de modo que nos deixou a esperança de não accompanhar o Governo Imperial a opinião do correspondente de Montevidéo, de ser a fortificação da ilha de Martin Garcia um casus belli, sem cuja declaração ficaríamos uma " nação sem dignidade, sem brios e sem aspirações." Os Brazileiros não agradecem ao correspondente de Montevidéo por esta licção do que constitue,' ou não, caso de ferimento do pundonor nacional: é de esperar que elles tenham o bom-senso de julgar por si sobre estas questões delicadas. , O correspondente de Montevidéo chama de sonhadores aos que pedem a paz e a fraternidade entre os habitantes da America do Sul. Acceitamos o epitheto ; mas vamos demonstrar, com os algarismos, que os sonhadores são os que querem, contra as leis de Deus e contra òs instinctos pacíficos da nação brazileira, reduzir o paiz a alguma cousa ainda peior do que a Hespanha. O correspondente de Montevidéo exige um exercito de 50,000 homens e uma armada correspondente. O exercito actual é oficialmente de 16,000 homens. Para satisfazer, pois, ás bellicosas aspirações do escriptor, será necessário triplicar, pelo menos, nossas despezas de guerra. Ora, nós temos na Proposta de Lei de Orçamento para o exercito para o exercicio de 1875 : Ministério da Marinha, 11,599,806^512. Ministério da Guerra, . i5,734,595$o5o. Somma, 27,334,401^572. Triplicando ter-se-ha, 82,003,204^789. E como a receita orçada é somente de 106,000,000$, só ficariam 23,996,785:15314 para todas as despezas do Império. E notemos que tirando-ye mais 34,000 homens á agricultura e á industria, diminuir-se-hia infallivelmente a receita, orçada agora em 106 mil contos de réis. Em frente destes algarismos, somos sonhadores nós, que queremos olhar, pelo menos, para o orçamento, antes de gritar por guerra ? Notemos também que não podemos augmentar mais os impostos: elle já chegaram ao máximo absoluto. Si,em logar de residirem Montevidéo,o escriptor percorresse os sertões do Maranhão, do Piauhy, da Parahyba, de Pernambuco; si visse as misérias, as penúrias, as privações por que passam nossos irmãos do Norte; por mais guerreiro que fosse, elle, si é Brazileiro, pediria comnosco a diminuição das despezas de guerra, para ser possivel a diminuição dos impostos. O finado Visconde de Itaborahv reduziu o exercito no dia seguinte ao da terminação da guerra do Paraguay; pena foi que não lhe fosse dado retirar dahi o ultimo soldado brazileiro ! Somos sonhadores; mas sonhamos com algarismos na mão, com os olhos fitos nas misérias, que affligem os nossos compatriotas. " Dignidade," "brios," " aspirações,"—tudo isto se dizia em 1870, na França, para arrastal-a até Sédan! Tractando desta questão de Martin Garcia, a Reforma prestou mais um serviço real, patenteando a negligencia e a desidia com que a nossa diplomacia tem-se occupado da importantíssima neutralisação daquella ilha. Desde 1827, e, por conseguinte, ha quarenta e oito annos, está pendente esse litígio, e apoz muito labutar, não se decidiu ainda uma questão que interessa realmente ao porvir de toda a vastíssima região, banhada do Rio da Prata e seus extensos affluentes. Não é só a situação da ilha de Martin Garcia, que é importante no Prata e nos seus affluentes ; rara é a secção do Uruguay, do Paraná, e do Paraguay, em que não haja um poneto estratégico, no qual não se possa estabelecer um Obligado, um Tonelero, um Itapirú ou um Humaitd. Portanto, não é só a neutralização da ilha de Martin Garcia, que a nossa diplomacia deve exigir; mas também a neutralização de todos os affluentes do Rio da Prata e desse grande rio, firmada em tractados solemnes com todas as nações da Europa e da America, que manteem relações commerciaes com os habitantes desta região, que rivalisa com a do Amazonas em riquezas naturaes. O Brazil, que abriu o Amazonas e os seus grandes confluentes a todas as bandeiras, pôde francamente pedir o concurso dos Estados Unidos e das principães potências da Europa para uma obra, que afinal é mais delles do que do mesmo Brazil, porque, effectivamente, a Inglaterra, a Hespanha, a Itália, a França e os Estados Unidos teem mais navios mercantes no Rio da Prata, e nos seus affluentes, do que nós. Seria ridículo que o Império se fosse constituir o campeão de interesses mais alheios do que seus, e confirmar, por um procedimento leviano e insensato, a opinião corrente nos paizes estrangeiros de que o Brazil só espera oceasião opportuna para se apoderar das Republicas do Prata. Não ha, quasi, meio efficaz de convencer a Europa que o nosso paiz não tem para as Republicas do Prata as mesmas intenções da Rússia para com a Turquia. Cumpre, pois, corrigir os erros do primeiro Imperio e da falsa politica do Marquez de Paraná, e adoptar francamente, á despeito da grita dos bellicosos fornecedores do Rio da Prata, um proceder leal, franco e patente em todas as nossas relações com as Republicas vizinhas. E' tempo de terminar com todas essas intrigas e intervenções, e com essas oecupações indefinidas. Já o Novo Mundo teve oceasião de lembrar o arbitramento como o único meio de corregir brilhantemente todos os erros do passado e de inaugurar uma nova politica de paz, de amizade leal e de verdadeira e sincera fraternidade na America do Sul. As fortificações da ilha de Martin Garcia nos vieram confirmar nestas idéas, e continuaremos, pois, a pedir, e a reclamar com a maior instância que o Governo imperial recorra a esse meio pacifico e honroso para arredar de nós os miseráveis resultados da velha politica do Rio da Prata. Pedimos instantemente aos nossos collegas do Diário do Rio, e da Reforma que tomem a vanguarda na defesa desta causa da civilização. A opportunidade é excellente. A questão Martin Garcia é essencialmente internacional; não pôde ser bem resolvida sinão pelo arbitramento. Toda a Europa e toda a America estão intimamente interessadas na mais completa liberdade da navegação dos dous maiores systemas hydrographicos do mundo,— o Amazonas e o Prata. Pecamos, pois,o arbitramento, para solver de uma só vez, si fôr possivel, todas as questões do nosso paiz com as Republicas do Sul, e aproveitemos, assim, a bôa opportunidade que se nos offerece para desoecupar, gloriosa e brilhantemente, o Paraguay, o Uruguay e o Rio da Prata. O FUTURO DOS INGÊNUOS. perto de quatro annos foi promulgada a lei da " HA emancipação do ventre," e desde logo apresentou-se ao paiz um dos mais graves problemas que tem tido de resolver. Fazer homens livres é, comparativamente, o menos. Habilital-os, porém, a gozar da sua liberdade e a servir á pátria nesse gozo, é a lueta constante a que todas as nações cultas se entregam. Na verdade, si vai á pena cultivar o cafeseiro ou o algodoeiro ou outra planta, que nos deixa ricos, a cultura da mais preciosa planta da creação,—o homem—é o mais profícuo trabalho a que se pôde entregar uma sociedade. Disto está convencido o povo dos Estados Unidos que gasta annualmente cem mil contos só com suas escholas populares, alem do que gastam os Estados e os particulares com a instrucção secundaria e superior. Disto parece também estar convencido o Brazil, como o attestam os seus nascentes esforços em prol da instrucção publica. Entretanto, alguma cousa mais do que esses esforços geraes faz-se urgentemente necessária pela Lei de 28 de Septembro de 1871. Libertando os nascituros de escravas, depois dessa dacta, a lei creou uma classe especial no seio da sociedade, para a qual fezse mister legislação também especial que reja suas relações até que os indivíduos dessa classe cheguem á maioridade e sejam então considerados no mesmo nivel dos demais cidadãos. Ora a educação desses milhares de ingênuos que vamos tendo não deve de modo algum ser menos-prezada. Já temos ingenuos de perto de quatro annos, e, pois, já é tempo de cuidarmos de preparal-os para os futuros deveres da vida. Infelizmente, o Governo actual, contentando-se em fazer passar a lei de 1871, nada tem feito por ora para regular as suas conseqüências naturaes. E' verdade que outros assumptos de magna importancia teem prendido a attenção dos Ministros; cumpre, porém, não esquecer este, de que tractamos. Previnamos que se aggregue mais material á nossa massa, já enorme, que fornece hospedes para as nossas cadeias e para Fernando de Noronha: não olvidemos que os ingênuos são futuros votantes que vêem dispor da fortuna publica. A sua educação é nossa defesa-propria. A sua ignorância e depravação são perigos vitaes. Nós, porém, não devemos esperar tudo do Governo, que, afinal de contas, nada fará sem o nosso concurso. E' de nós mesmos que deve partir a iniciativa e o trabalho pesado da educação dos ingênuos. E' dessas questões practicas, desses appellos ao povo, que se deviam oecupar aquelles d'entre nós que sobem á tribuna das "conferências populares," e não da lua e das estrellas ou de ponetos difficeis da historia ou da esthetica. O assumpto deve ser ampiamente ventilado na tribuna e na imprensa e a opinião publica deve ser esclarecida sobre algum plano geral de educação progressiva. E por fallar em iniciativa, é-nos grato recordar aqui o excellente alvitre seguido ultimamente pelo Dr. Augusto Ribeiro de Loyola, Juiz Municipal e Orphams do Termo de Casa-Branca, Provincia de S. Paulo. Este illustre magistrado tomou a responsabilidade de fundar quatro colônias ruraes orphanologicas para educação dos ingênuos da lei de 1871 e dos orphams pobres, sem tutores abastados. Apezar de que o Governo só friamente louvou o Dr. Loyola, deu este um bello exemplo, digno de ser imitado pelos seus collegas da magistratura. Outra idéa practica foi-nos também suggerida em um recente artigo (o XLII) da luminosa série de escriptos que sob o titulo Agricultura Nacional tem apparecido ultimamente no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro. Esboçando um projecto para creação de engenhos centraes, o bem orientado escriptor lembra, no § 17 do Art. i°, um meio fácil de promover-se a educação dos ingênuos. Elle propõe que entre as diversas emprezas das Provincias, tenham preferencia para os favores, que projecta conceder-lhes, aquellas " que se obrigarem a emancipar maior numero de escravos.. .. e a manter o melhor systema de educação technica.nos seus estabelecimentos." Os propostos engenhos centraes, os juros de cujos capitães o escriptor propõe que sejam garantidos pelo Governo, serão bellos agentes de emancipação, pois tractarão de emancipar os escravos mais dignos da alforria e que em vez de ficarem abandonados a todos os vicios contrahidos na escravidão, serão logo empregados nos trabalhos ruraes. D'outro lado, esses estabelecimentos, sendo obrigados a manter escholas para seus operários serão outrás tantas escholas agrícolas, ricamente dotadas de terras e dos melhores apparelhos ruraes e machinismo para seus trabalhos especiaes. Collocados sob os auspícios destes estabelecimentos, os ingênuos receberiam, parece-nos, excellente instrucção theorica e practica. Ainda que'só se fundem quinhentos engenhos centraes, não parece difficil que cada um delles se encarregasse de vinte ingênuos, e teríamos assim dez mil pessoas recebendo excellente educação rural. Seja qual fôr o meio, o que é certo é que, na crise que atravessamos, faz-se urgente cuidar-se desde já em assentar um plano de educação dos ingênuos da lei de 23 de Septembro de 1871. __» 168 O jYOVO MUNDO. —fc.Wl IÉIM, ,., i eaaa—Bi jj >> O CONFLICTO ECCLESIÁSTICO NO BRAZIL:-[por floiuan, segundo t. nast.] Voz da O. P.: "Escolhei: Qual dos dous Governos preferi?—V. R. B.: Que posbão embaraçada ! 8 O NOVO MUNDO. EMIGRANTES SAHLNDÒ DE LIYERPOOL PARA A AMERICA. 169 > 170 O NOVO MUNDO. SOBRE LOTERIAS. muito que pousávamos na conveniência de demonstrar a immoDESDE ralidade do jogo das loterias no Brazil. Os escândalos ultimamente occorridos no Rio de Janeiro na extraccão das loterias ; o Decreto, que o Ministro da Agricultura teve a fraqueza de assignar, auctorizando o seguro nos bilhetes de loteria, origem de novos abusos e elas mais flagrantes immoralidades; e a recente condemnação das rifas do Globo e das Companhias de Carris Urbanos ou bonds, do Rio de Janeiro, nos vieram convencer que já tardava que a imprensa começasse a demonstrar incessante e energicamente a necessidade de se findar no Brazil essa practica tão corrupora dos costumes públicos. Nós principiamos hoje a cumprir esse dever, e pedimos aos nossos collegas da imprensa e a todos, que se interessam pela prosperidade da nação brazileira, que nos accompanhem; e que nos levem vantagem nesta propaganda de moralidade e de bons costumes, indispensa veis e essenciaes a qualquer paiz, e muito mais á um paiz novo, ainda em via de formação, como o Brazil. I. Dizem os antiquarios que a loteria nasceu em Roma. Si assim é, deve a. nossa pátria mais esta miséria á Roma, mãe do militarismo, do papado e de um sem numero de flagellos da humanidade. O que está bem averiguado é que, na corruptissima épocha dos Imperadores, a loteria tinha grande voga em Roma. Convinha aos Imperadores embrutecer a plebe pelo jogo e pelos espectaculos sanguinolentos no circo. Quando não podiam repartir os despojos dos povos conquistados, davam-lhes loterias para que se roubassem mutuamente; quando não tinham guerras para saciar-lhes os maus instinetos, davam á esta plebe, que tanto adulavam e simultaneamente tanto desprezavam, o espectaculo hediondo dos gladiadores e das feras, para conservar-lhes a paixão pelo combate' e pelo sangue. A desgraçada Itália da edade média guardou, como preciosa reliquia da mãe Roma, a loteria, com o mesmo cuidado que os atrozes segredos da envenenadora Locusta; só fez um acerescimo: — o punhal dos bravi de Veneza. Foi em 1520 que a loteria passou da Nos primeiros Itália para Trança. tempos eram rigorosamente rifas de objectos â venda: os bufarinheiros, os mascates, os charlatães, o.s mercadores de má fé, em summa, recorriam ás loterias de objectos, ou ás rifas, para dar sahida, mais ou menos fraudulentamente, ás mercadorias sem comprador. Reinava então, na' França, o cynico Francisco I. Em 1539 o Thezouro estava tão esgotado pelas guerras infelizes e pelas.torpes aventuras amorosas do prisioneiro de Pavia,que lembraramse de recorrer ás loterias como súbito meio de arrancar mais algum dinheiro ao infeliz povo. Nasceu assim immoralmente a loteriaimposto, que o Império do Brazil expiora, ainda no anno de 1815,. com o maior desar para si .1 Apezar dó abatimento moral e da corrupção de costumes, que reinavam na França de 1539, não faltou quem condemnasse o triste espectaculo que dava Rei,que era então o Estado, reduzido á banqueiro de casa de jogo; o Rei, (para fallar na giria destas misérias sociaes) recebendo o barato de uma immensa meza de jogo, em torno da qual se assentavam promiscuamente o clero, a.nobreza eo povo. Nesses tristes tempos, como se sabe, a pouca independência e moralidade, que havia na.França, se abrigava no parlamento e Ua magistratura. Foram essas duas corporaçõesas primeiras a reclamar contra a loterid-imposto e a fulminar as loterias e as rifas com decretos de prohibição, dando como principal razão que a loteria causava a mina do povo. Conseguiu assim o Parlamento pro- hibir as loterias na França nos últimos annos do século XVI. Infelizmente o nivel moral da França não era ainda assaz elevado para numter por muito tempo esta prohibição. O instineto do jogo, primo irmão do instineto do sangue, predomininte na uristocracia de então, obteve a restauração das le.terias; intrigando e corrompendo, conseguiu, ali de Maio de 1100, auctorizaçáo para a grande loteria do "Hotel de Ville," com dez milhões de libras de capital e prêmios em rendas de 300 a 20,000 libras ! Todas as pessoas, versadas em assumptos econômicos, sabem que é quasi impossível dar o equivalente das moédas dos séculos passados:—no emtanto só para fixar as idéas diremos que a libra franceza de 1100 (livre tournoise) correspondia materialmente, sem attender ás condições economico-sociaes, ao franco francez actual; não se pode avaliar em menos de 1$000 rs. brazileiros actuoes a livre tournoise de 1100, e, assim, a monstruosa loteria do " Hotel de Ville" sangrava o povo francez em 10,000 contos de réis, pelo menos,! Não parava ahi o damno causaelo ao Em torno da " loteria legal, " povo. da Loteria do Bei, surgiram logo, como ainda hoje acontesce desgraçadamente em nossa pátria, um sem numero de rifas, e de loterias particulares mais ou menos disfarçadas. E' realmente impossivel que o Estado jogue em loteria, e, ao mesmo tempo, prohiba, em nome da moralidade e da lei, que os particulares joguem tambem. Ou a loteria é má e deve ser radicalmente abolida,; ou a loteria é bóa e deve ser geralmente permittida. À loteria-imposto, a loteria monopólio, é irrecusavelmente uma dessas misérias, que as.oligarchias exploram para conservarem os povos indefinidamente ná immoralidade e na ignorância. E é de notar, de passagem, que quando ó povo principia á entregar-se ao jogo, como quando principia a derramar sangue, ninguém sabe quando chegará á saciar, o seü mau instineto. Para prova, ahi temos a Hespanha, essa terra das loterias e revoluções constantes, e eternas. Foram as loterias particulares toleradas na França até 1116, isto é, até dous annos depois da subida ao throno do pobre Luiz XVI, victima predestinada, á expiar todo o mal, que a França fizeram os seus antepassados. Effectivamente, a 30 de Junho de 1116, uma nova/ordem do Conselho de França suprimiu todas as loterias particulares, deixando tão somente a Loteria Real da França, explorada exclusivamente pelo Thesouro do Estado. E' neste estado de torpe monopólio governamental que a gente que domina no Império do Brazil, conserva, a loteria. Estamos ainda, em moralidade, ao nivel da França de 1116. Depois de Luiz XVI veiu 1193 louco, desatinado, atroz, querendo terminar na gui- i lhotina a interminável monomania aristocratica da nacionalidade franceza. Nestes tristíssimos tempos jogava-se desabridamente. A revolução e a guerra excitam a monomania do jogo. Os cruzados jogavam freneticamente em viagem para a Terra Saneta: houve cavalheiro que jogou até a espada e o cavallo. Na volta da expedição da China, os officiaes francezes, carreo-ados dos despojos do saque do palácio de verão do celeste Imperador, jogaram a enlouquecer. Não era, pois, 1191 o mais próprio para abolir a loteria na França ; bem pelo contrario, n'estes desgraçados tempos, jogara-se desenfreiadamente e guilhotinava-se atrozmente na medonha expansão de todos os maus instinetos em horrenda e hedionda saturnal. Foi. por isso, que uma lei da Convenção aboliu a loteria e uma outra, dias depois, restabeleceu-a. Nós havemos de vêr, na desgraçada historia da loteria no Império do Brazil, o mesmo facto A lei, qne aboliu a loteria, em 1193, foi a de 28 Vindimario do anno I (19 do Octubro do 1193); a quo restaurou tom a dacta do 25 Brumario do anno I, isto é, 15 de Novembro ele 1193. Durou, pois, monos de um mez a prohibição da loteria nu França rovolucionaria. Evidentemente ó preciso satisfazer simultaneamente toelos os máos instiuctos:—jogo o sangue, loteria e guilhotina ! A 1193 suecederam o Consulado e o Império, e a estes a Restauração bourbonica:—o militarismo do Imperioe a hypocrisia da Restauração deixaram subsistir a immoral loteria. Veiu depois o famoso período de 1830, talvez a melhor pagina da hiatoria ela França, para a liberdade, para a litteratura, para as artes e para a industria. O governo constitucional, tanto quanto é possivel em um paiz militar, aristocrático e governamental como a França, de Luiz Piiilippe aboliu definitivamente a loteria. A lei tem a dacta de 21 de Abril de 1832; a abolição completa devia começar no 1" de Janeiro ele 1836. Ainda os jogadores fizeram um ultimo esforço; mas a lei de 11 de Maio de 1836 completou a lei de 21 de Abril de 1831, prohibindo clara e terminantemente as rifas e as loterias particulares com as quaes se queria sopliismar a prohibição fulminada pela primeira lei. Assim acabou na França, graças ao Rei mais moralisado, que jamais reinou nessa infeliz terra, a funestissima loteria 1 Agora ó que é muito de estranhar-se é que os nossos estadistas, que tèem copiado tanta lei ruim franceza, não còpiassem a da abolição da loteria. Porque os nossos puritanos de paroIas, que governam o Império que sé diz o mais moralisado do mundo; que teem sempre' o insulto de mefcantilismo, de adoração do dollar, pára a Republica Anglo-Americana,:—porque usufruem hypocritamente o monopólio da loteria ? Será que ainda não compre•henderam que a loteria é simplesmente •um jogo nacional, e immoralissimõ, e que é desgraçadamente aviltante que seja o Governo o emprezario, o monopolisador, o banqueiro e o usufruetuario único desse jogo ?. Querem conservar o paiz no mesmo nivel de abatimento mofai desses' prinripados do Rheno, qué, antes da unificação da Allemanhà, tinham como principal fonte de renda & roleta de BadenBaden, de Hamburgo e das outras eidades de prazer e de escândalo, com a mascara de .cidades de águas virtuosas ? Agora só o ridiculo pfincipado àe Mônaco permitte casas publicas de jôE' go e só a Hespanha tem loterias. Com tão ruins mestres que os nossos governantes aprenderam a governar uma nação jòven, que não pôde crescer e prosperar sem ser meiralisada e instruida, e ter a Convicção profunda de não haver outro meio licito de adquirir além do trabalho? IL A loteria foi importada no Brazil da Hespanha e de Portugal. Em 1830, logo nos primeiros tempos da fundação do Império, o Deputado liberaljla Bahia, Lino Coutinho, propôz a abolição da loteria. Em 1831 teve a fortuna de vêr a sua bella idéa acceita pela Assemblea geral, e convertida na lei de 6 de Junho de 1831 que dizia simplesmente no seu único artigo: "Artigo Único. Fica prohibida a • concessão de loterias." . Lembremos que eram então Regentes do Império:—O Io Marquez de Caravellás, José Joaquim Carneiro de Campos, tio do actual Ministro dos Estrangeiros, Visconde de Caravellas;Nicqlao Pereira de Campos Vergueiro, ao qual tanto devehvo partido liberal brazileiro e á agricultura da Provincia de S. Paulo; e Francisco de Lima e Silva, pai do actual Duque de Caxias. Referendou esta lei, que honra a moralidade dos auetores do 1 de Abril,— o Ministro da Justiça, o advogado Manoel José de Souza França. Foi bom curto o reinado da democracia;—não durou também mais a prohibicão das loterias. Em 1831 já regia o Imporio Araújo Lima, Marquez de Olinda, o ora Ministro Bernardo P. de Vasoonoellos firadador do partido saquàrema e da eschola da corrupção como o melhor dos meios de governo, que teve depois como o mais ousado elos seus mestres o Marquez de Paraná. Para tal gente a loteria é uma excellente cousa. As leis ele 29 e 30 de Novembro de 1831 annullaram a ele Lino Coutinho de 6 de Junho de 1831. A primeira concedeu duas loterias annuaes de cem contos de réis cada uma para um theatrinho, que já desappareceu da praia de D. Manoel, no Rio de Janeiro; a segunda concedeu duas loterias de duzentos contos ele réis cada uma para o "Theatro Constitucional Fluminense." Aberta assim a porta as loterias, começou uma época de immoralidades e de escândalos, que infelizmente ainda perdura ! De par com a loteria do Governo os agiotas faziam correr uma alluvião de vigésimos. Houve tempo em que, na praça dá Carioca e nas ruas adjacentes, só se viam casas de vender vigésimos, assignaladas por enormes cartazes, em que estavam impressos ém letras mui graiídas, os números dos bilhetes premiados. Nesse tempo havia, com certeza, no Rio de Janeiro mais cysas de vigésimos do que escholas .1 Era assim que educavam o povo para . capangas de eleições e soldados do Rio da Prata ! Os escândalos dos vigésimos continuaram até sua prohibição pela Lei N° 1,099 de 18 ele Septembro de 1860 que, apezar de tudo, foi um grande beneficio. Eram e* escravos, erain os caixeiros os principaes freguezes dos vigésimos on dos bilhetes de loteria de 1$000 réis. Quanto furto, quanto estellionato não produziu n'essa miserrimá época a loteria? Ficou ainda depois de 1860 o monopolio governamental campeando com a sua loteria privilegiada. Os Brazileiros de coração envergonham-se, todos os annos assistindo a triste scena da legislatura brazileira a votar loterias para theatros, para hospitaes, para óasás de correcção, e até para restaurar os templos.. No entanto tudo isso se fazia, se faz, e vai-se fazendo e cada um dos nossos Ministros continua a ter a intima convicção de governar o paiz mais moralizado deste mundo. Todos sabem como é diflicil desarraigar um vicio velho, um mau habito, contrahido durante longos annos. Corriam, assim, as immoralissimas loterias governameritaes quando surgiu o Decreto N° 5,380 de 20 de Agosto de 1813, assignado pelo actual Sr. Ministro d'Agricultura. Este fatal Decreto concedeu a dous Valdez autorisação para incorporar uma Companhia destinada a segurar billhetes de loteria! O seguro sobre o' jogo, sobre a loteria officialí Pouco depois o Decreto N° 5,628 de 9 de Maio de 1814 concedia á Companhia Loterica de Seguros autorisação pc*rafunecionar e appr ovava seus estatuto*. .Jacta est álea! Reviveram os tempos dos. vigésimos. Em cada rua ha uma loja de vender bilhetes garantidos. Parece que a Camara Municipal do Rio de Janeiro auetorisou a collocação nas-praças e nas ruas dessa capital de uns Mosques, em que, consta-nos, se vende caie, cigarros e, principalmente, bilhetes da loteria garantidos. São freqüentes no Jornal do Commercio; no Globo, ou no Diário do Bio reclamações contra os escândalos commettidos na extração das loterias e na venda dos bilhetes garantidos. E o Governo tem feito a tudo isto ouvidos de mercador. Que força-moral merece ter elle, O NOVO MUNDO. Por outro lado o reformador deveria que monopolisa o jogo da loteria, o recebe-~o barato—de uma mesa do jogo, abolir radicalmente o jogo, a loteria, a para qual elle convida a nação inteira? aposta, tudo, emfim, que permittisso ganhar som trabalho e despender sem III. conta nem medida. Consideremos agora o tristíssimo asO que, porém, n'este particular, mais sumpto das loterias sob outro poneto de nos degrada perante o mundo civilizado vista. é a loteria-imposto; é a loteria-monoO que ganha o Governo com este impolio-governamental. moral imposto? Responda-nos o ultimo Todos os economistas são concordes em Relatório do Sr. Visconde do Rio Biun- classificar a loteria entre os impostos inco. dignos de uma nação moralisada e livre 1 Nós encontramos na proposta de Lei Na sciencia econômica a loteria é de orçamento para o exercicio de 18*75 definida —uma espécie de jogo de azar, -76: no qual ao pagar o jogador a sua enCAPITULO II. trada recebe um ou mais bilhetes numeBEOEITA GEBAL ORDINÁRIA. rados; em -épocas, previamente deterArtigo IX. minadas, procede-se a um sorteio, e ganham os jogadores, que apresentam os 43 Impostos de 20%* sobre § loterias 800,000$000 números, que satisfazem a certas condi§ 44 Imposto do 15% dos premios mesmos 300,000$000 ções. A loteria é, pois, pura e simplesmenExtraordinária. te um jogo. A Moral c a Sciencia Eco§ 53 Produeto de loterias para nomica estão n'esse poneto, como em tofazer face ás despezas da Cados os outros, perfeitamente de accôrsa de Correção (o jogo susdo;—nenhuma dellas admitte outro meio tentando a casaãe Correcção!) e do mellioramento sanitário licito, justo e honesto de adquirir senão do Império f)6,000$000 o trabalho. 54 Produeto de 1% das lote§ A loteria, como o jogo, é úm meio ria na formo do Decreto N9 immoral, illicito, e injusto de obter bens 2,936 de 1G de Junho de 46,000$000 alheios sem trabalho. . 1862 Em nome, pois, do futuro do Brazil, Renãa com applicação especial. trabalhemos incessantemente para a 4 Beneficio de 6 loterias e r«n§ das de impostos.....: abolição 257,000$000 completa da loteria» em nossa pátria. Somma 1,469,400$000 Para contraprovar destes algarismos recorramos ao Balanço da Receita e Despeza do Império no exercicio de 1811-72, ultimo liquidado pelo Thezouro Nacional e ahi achamos: Imposto de 20% das loterias 1,061,877$600 Imposto de 15% dos prêmios d_ mesmas 381,225$000 Proãucto âas loterias para fazer face ás ãespeias âa Casa ãe Correcção e âo melhoramento sanitário âo Império 55,500$000 Proãucto âe 1% das loterias na fôrma do decreto N9 :<*,936 de 16 de Junho de 1862 46,000$000 Beneficio das loterias e rendas ãe impostos 129,600$000 Somma 1,676,202$000 Notamos, em primeiro logar, que um Império, que oecupa o Paraguay e o Rio da Prata, com seus exércitos e suas esquadras, que compra monstruosos encouraçados de 5,000 contos de reis, e, ao mesmo tempo, entrega-se ao jogo da loteria para obter a miséria de 55,500$ para as despezas da Casa da Correcção e do melhoramento sanitário do Império, lembra certos petits creves, que vão, nos bailes, ás salas de jogo a pretexto de ganhar para pagar as luvas de pellica. Os algartimos acima citados, não deixam a menor duvida que o lucro annual do Governo com o monopólio das loterias orça de 1,400 a 1,700 contos annuaimente. Ora, pois, é para ganhar esta ridícula somma, que não chega para pagar a terça parto do famoso Independência, que nosso Governo se conserva ao nivèl do governo da Hespanha! E só a Hespanha e o Império americano manteem ainda a nefanda escravidão I Que coincidência ! Na desgraçada Hespanha a loteria sustenta o luxo e nutre a paixão do jogo sem limites; a praça de touros e as revoluções alimentam o instineto sanguinario. Estudemos a raça hespanhola não só em Montevidéo, em Buenos Ayres, em Valparaiso, em Santiago, em Lima, no México, e na Havana; mas também em Madrid, em Sevilha, em Bareelona, em Granada, em Valencia, e em Leon, e reconheceremos em toda a parte que esse ramo da familia humana, tão viçoso, tão bello, tão enérgico, tão talentoso, tão eloqüente, e tão activo está apodrecendo presentemente, graças á acção dissolvente do luxo desenfreado e do instineto sanguinário. Quem tentasse reformar a Hespanha e a raça hespanhola deveria principiar por abolir a pena de morte, o exercito permanente, a armada, todo o militarismo em uma só palavra ! A PENA DE AÇ0UTKS. A COUTAM homens livres em Pernando de Noronha; açoutam escravos em Mamanguape, na Parahyba do Norte; em Caethé na Provincia de Minas Geraes, e por toda a parte, inclusive na capital do paiz ! Cremos que todos os que trabalham pelo progresso e pela prosperidade do Brazil, devem, exigir que se risque, quanto antes, do nosso Código esta barbara pena. ' Em primeiro logar notemos que é fiagrantemente inconstitucional. A Constituição disse bem claramente: Artigo 179.—§ XIX—Desde já ficam "abolidos os açoutes," a tortura a marco de ferro quente, e todos os móis penas cruéis. Atterida-se bem:-A Constituição aboliu desde já, desde a sua promulgação, todas as penas cruéis: fez ainda mais: especificou, entre as penas cruéis, e ém primeiro logar, a pena de açoutes. Assim, pois, é bem claro que nem a pena de açoutes, e tão .pouco nenhuma dessas penas barbaras, tristes legados dos miserrimos tempos do absolutismo, pôde ser inscripta em Lei ou em Código do Império do Brazil. Não ha sophismar: esta é a interpretação real, litteral, immediata do § XIX do Artigo 179 da Constituição Brazileira, defendida e sustentada, na discussão do Código por todos os Deputados liberaes. E' estulta è sophistica a objecçao, que a Constituição só se, refere a cidadãos, no goso perfeito do seus direitos, e não a escravos e aos' condemnados de Fernando de Noronha. Evidentemente a Constituição ordena a abolição da pena de açoutes em absoluto e "desde já. " A Constituição não disse nem poderia dizer a intuitiva necedade:—"Os Cidadãos Brazileiros, no goso perfeito dos seus direitos, não serão açoutados.' ¦ O que a Constituição ordenou, bem elara e terminantemente, foi a abolição da barbara pena de açoutes; sua manifesta intenção foi impedir que jamais fosse executado na bellissima terra, que o Omnipotente nos concedeu, a cruel pena de açoutes. A Constituição quiz evidentemente prevenir qúe, ainda no anno de 1874, o Ministro da Justiça * do Império Americano, que tanto alarde faz dos seus sentimentos de charidade, assignasse trez ou quatro avisos, mandando applicar a cruel pena de açoxdes a infelizes * Vide os Avisos do Ministério da Justiça de 20 de Agosto de 1874 e de 10 de Dezembro de 1874. 171 escravos; que ainda no anno de 1875, um Em Metz introduziam lâminas de ferbárbaro Comandunte de hediondo pre- ro entre as unhas e a carne 1 sidio de Fernando de Noronha ousasse Em Bcsançon deslocavam os ossos do mandar açoutar presos ! paciente içando-o por uma corda, que Entretanto, a cada escândalo que se passava em uma roldana. Este atroz dá em Fernando de Noronha o Gover- supplicio foi também usado em Portuno envia uma commissão de inquérito. gal, que, no emtanto, era a menos Passam-se mezes e a opinião publica cruel das nações da Europa. A estradistrahe-se com outro qualquer novo es- pade de Besançon se chamava em Porcandalo ; quando o commissão chega tugal apoleação ou tractos de polé. Era com o seu volumoso relatório, já o es- applicada principalmente a bordo dos candalo de Fernando de Noronha está navios. fora da moda; o Ministro nem o lê; soNão esqueçamos que devemos á propésa-o na palma da mão e, fazendo um testante Inglaterra não ter o âdelissimo gesto muito significativo, toma um dos catholico romano Portugal introduzido taes lápis fatidicos e decide:—" Archi- a hedionda Inquisição no Brazil. ve-se." Em Lyão acceudiam médias de enxoNo nosso desgraçado systema de en- fre entre os dedos das mãos e dos pés ganos, de illusões, e de sophismas ad- dos pacintes. ministrativos e governamentaes, uma Em Autun a atrocidade dos juizes commissão é a ultima ratio de nossos excediu os limites da ferocidade humaMinistros de Estado. na:—calçavam botas furadas no pacienMas, voltemos á pena de açoutes. te c derramavam n'ellas azeite fervendo! E' de boa licção, de moral e de phiEm Avignon os papas de duplicata lanthropia, abrir a historia e procurar tinham importado de Roma o cynico nella os tristes vestígios, que deixou a supplicio—Ia veglia, uo qual os supplicruel pena de açoutes. ciados soffriam a dupla tortura de vêr Como todas as barbarias a pena de em um espelho os martyrios, que estaaçoutes é antiquissima. Não cremos vam padecendo! Dabwin tenha Ah ! os taes papas pediam meças aos razão dizendo que que proviemos de macacos; pois é talvez reis em eynismo e em barbaridade. mais fácil demonstrar com a historia na Ainda, nos nossos dias, antes da revomão que o homem principiou como hye- lução de 1848, os papas faziam inauna do que como qualquer outro animal. gurar o carnaval de Roma por suppliA historia do rei da Creação começa cios mazzuolo, decapitazione, impiecatura com o fratricidio de Caim. Egypcios, ou qualquer outro, que lhes aceudisse Persas,. Assyrios e todos os povos da á hedionda imaginação ! incivilisavel Ásia empregavam a barNos tempos da atroz Catharina de bara pena dos açoutes. Medicis o supplicio de um comdemnado Os Romanos reservavam aos infelizes escravos, que era uma festa real; armavam-se palaneram muitas vezes Italianos, e sempre quês para o rei, o clero e a nobresa asFrancezes, Inglezes, Hespanhóes, Gre- sistirem o hediondo espectaculo! E, Reis e Papas, aceusam a demogos, Asiáticos e Africanos, oflagrum, üagellum e o scorpio, que era o açoute cracia de cruel. E' verdade que o povo acerescentado com pedaços de osso, com educado por elles nos espectaculos da pontas de prego, com pedrinhas, etc, roda, do pelourinha e da força, excedeu para tornar o supplicio ainda mais do- se muitas vezes; mas o que é innegavel loroso. é que a humanidade deve ás revoluções No tempo de Nero, Diocleciano e a abolição de todas as atrocidades, que dos Imperadores mais ferozes contra os commettiam a sangue frio, durante seChristãos, a pena de açoutes era de culos, hypocritamente embnçados com preferencia empregada contra os mar- o manto da Lei os Reis, os Papas, e os tyres da religião sublime da Charidade. senhores feudáes! Foi a revolução de 1789 que termiA nefanda edade média conservou a nou na França com os pelourinhos, com pena de açoutes; acerescentou-lhe o pelourinho, a roda, a tortura e tudo quan- as rodas, com as torturas e com a pena to puderam iuventar o brutal feudalis- de açoutes! Foi 1789 quem arrasou a Bastilha e mo e a hypocrita theócracia. escreveu sobre suas ruina s—lei on danse. Na França os magistrados distinFoi a revolução de 1848 quem aboliu guiam a pena de açoutes infamante, que a escravidão nas colônias franceza s. era publica e sempre seguida da marca Si Luiz XVI tivesse abolido a pena de ferro quente, e a pena de açoutes simde morte na França, a instâncias de pies, que era applicada no interior da Beccaria, os homens de 1793 não teprisão. , riam substituído a forca pela guilhotina No século XVI o torpe Francisco I e feito desse desventarado rei a sua viintroduziu a pena de açoutes no exercictima mais notável. to francez. Não impediu o chicote ser Vede até na sanguinária Hespaesse miserável derrotado em um sem nha: a democracia estabeleceu ojury numero de batalhas e aprisionado em mas o novo Rei-menino enthronisado Pavia. e pelas duquezas; que Nestes desgraçados tempos a Lei era pelos generaes renegado do pai e renegando mai? barbara do que os costumes; a principia mãe; elle própria já teve tempo de aboJustiça era mais cruel do que os pro- lir o jury. prios criminosos. Vede no Brazil: foram os democratas A tortura, a inquisição, Ia question de 1822 que aboliram todas as penas eram os meios predilectos dos homens cruéis; foram os oligarchas esclavagisda Lei. sas, que estabeleceram a pena de açouCausa horror repetir os requintes de tes para os escravos, e que a permittem barbaria, que então practicavam os jui- nos infelizes deportados de Fernando de zes os miseráveis hypocritas, que se di- Noronha. ziam os sacerdotes da Moral, da JustiOs patriarchas da nossa Indepeiidença e da Humanidade; mas é necessário cia tinham escripto no projecto de 30 de repetir estas atrocidades para que o po- Agosto de 1823: vo saiba amar conscienciosamente a LiArtigo 201.—A Constituição prohibe berdade, e odiar e desprezar, com todas a tortura, a marca de ferro quente, o baas forças de sua alma, o nefando abso- raço e pregão, a infâmia, a confiscação lutismo. dos.bens e emfim todas"ãs penas cruéis e Em Paris havia dous processos de irfamantes. tortura: Foi esse mesmo artigo que os conse1? Estender o corpo do paciente a lheiros do Sr. D. Pedro I redigiram. Artigo 178 § XIX.— Desde já ficam poneto de deslocar lhe todas as articulações e injectar-lhe simultaneamen- abolidos os açoutes, a tortura, a marca de te água; denomina vam. esta atrocidade ferro quente e todas as maispenas cruéis. Ora, pois, em nome da Humanidade, question par Veau; 2? Esmagar lentamente as pernas do em nome da Religião que pretendemos paciente entre taboas question par les professar, si não ja no da clara e simbrodequins. pies da Constituição politica que dizeEm Ruão e em Dieppe suspendiam mos ser a nossa lei das leis, acabemos os pacientes com tenalhas pelas unhas de uma vez com a infamante e cruel ou então esmagavam-lhes os d dos. pena de açoutes. 172 O NOVO MUNDO. SB HpP wÈwBb mWSm Wm ¦Él jf^fl fl^=fBP&;.'il He) ffl B^Br^r!'vmiiÉ O' w o Efl HsS Kl Sm ^üfl <1 I •flí B l-H p. K$1^B ¦iWV*\jffi®s5s^B « Kl Q M fi <i H tf O 3 fi O I^MflBiWír'! BuK !8B B^ffl ^^^BjB^-j|^B^^B^^^B^^^BJ|M||j§^ ' .. í ;> : , ¦'.- ¦:...• -/^''•'Í^íV^;'"-'' '¦¦¦¦*.'¦' .¦'¦ ' ¦¦'"¦-¦ ;':" ¦* ¦ '/'¦ '¦; O NOVO MUNDO. 173 Q fi 3 fi H 03 O 0< 12; <1 174 O NOVO MUNDO. | Do nosso Corrospondonto.] MOVIMENTO LITTERARIO NO BRAZIL. SUMMARIO : — Estorllidndo littorwiu, suus cnusas. —Avorsilo dos Bnw.ilolros lottrados pola vldu campostro.—Nocossiduilo du ostudur-so os usos e oostumos do nosso povo rústico.—Tentativas para u forimioíío do um cnnoionolro.—O Globo.—O Apóstolo.—Marabá, do Sr. Dr. SALVADOR DB MENDONÇA.—Livros porlKOSob.—Ai.i.AN-lvAitiiiu:, apóstolo do espiritismo, sua lunosta lufluonola.—Podido no Sr. GrABNIBB.—Traducç&o, pelo Sr. Dr. Cksak Marques, da Historia da Missão ios Padres Capuchinhos no Maranhão, do 1 vo I)'Bvbeux.—O Fim da Creação, ou a Natureza interpretada polo sonso commum. Assiguala-se o primeiro bimestre do anno de 1875 por uma notável esterilidade litteraria: nem delia deve maravilhar-se quem conhece o torpor que se apossa de quantos habitam as regiões tropicaes durante os mezes de estio, Admittida, como geralmente se acha, a estreita connexão entre o esfnrito e a matéria, é fora de duvida que, estando esta debilitada e como que adormecida pelos excessivos calores caniculares, ressente-se aquelle desse estado, resvalando para um quasi marasmo intellectual. E* esta a quadra do anno em que se retiram para as fazendas e sitios do interior os que teem possibilidade de fazel-o; e a vida campesina que os poetas soem pintar tão cheia d'encantos, ó entre nós de singular prosaismo, e nada propicia ás elocubrações litterarias. A experiencia me tem demonstrado que, após uma prolongada residência no campo, que aqui denominamos roça, os homens de talento que costumam entreter-se nas polemicas do jornalismo, ou nas doutas e espirituosas palestras, cahem n'uma certa apathia, mostram-se indifferentes a marcha do espirito humano, e si collaboram para algum periódico da localidade fazem-no de modo mesquinho e eivado de injurias e ailusões pessoaes, a que, em ultima analyse, se reduz a politica de campanário. E' realmen*e para lamentar que os nossos sábios e litteratos não tenham o mesmo amor pela vida agricola que se observa na Europa e na America do Norte, que nenhum delles deixe o ambiente mephitico das cidades para respirar o ar livre e puro das nossas montanhas e ridentes planícies, e ninguém revelle dispòsições para seguir as pegadas do venerando Guizot que no retiro de Val-Bicher dictou essas memoráveis paginas da Historia de França para instrucção de seus netos. Obsérva-se na classe litteraria instinetivo horror pela moradia no campo ; e esse horror parece consagrado pelo dictado popular—a roça roça a gente :—o que eqüivale á dizer-se que embrutece,e torna ásperos os que ahi habitam. E no entanto que de poesia existe espalhada ahi por essas roças, quantos brilhantes de primeira água passam desapercebidos aos olhos doa viandantes prevenidos, ou indifferentes ? Os usos e costumes do campo formam a base do nativismo ; porquanto sabido é que os habitadores das cidades e villas se assemelham por toda a parte, e que o homem civilisado é excessivainente parecido com outro homem civilisado. O cunho característico imprime-o a natureza no roceiro, que se differença d'outro da mesma espécie segundo á localidade a que pertence. O caipira distingue-se mais da guasca do que o vizinho das magestosas margens do Guájará do das pictorescas ribas do Guahyba. Tempo é de formar-se o nosso cancioneiro proseguindo na tarefa começada pelos Srs. Juvenal Galleno e Alencar, que ultimamente negaceou-nos nas columnas do Globo com amostras de riquíssimo thesouro que tambem nessa especialidade possue. A propósito de Globo convem-se saiba que, á despeito dos sérios embraços inherentes'á fundação d'um novo argos de grande publicidade, e da incomparavel guerra que se lhe tem feito, prosegue elle na senda tão brilhantemente estreada, havendo confiado as suas secções a habilissimas pennas, que com louvável assiduidade estão a esclarecer o povo e á advogar os seus mais vitaés interesses. Um dos mais denodados paladinos que se tem apresentado nas trincheiras do novo baluarte da liberdade do pensamento é por sem duvida o redact ir] da Secção Religiosa, que em termos comedidos, mas com lógica de ferro, vai pulverisando o acervo de'sophismas com que os ultramontanos buscam desvairar a opinião publica. 0,qrgám official d'essa seita que pretende constituir-se em partido politico, sob a denominação de—partido catholico—é o conhecido Apóstolo, que só por antiphrase se pode dizer defensor dos interesses da religião e da sociedade! Harpoado por toda a imprensa fluminense, sem destineção de côr politica, esse cetáceo do obscurantismo, que tornou-se diário desde o começo do anno, escobuja frenético e estrebuxa a fazer dó aos que, por descargo de peccados, fazem a penitencia de lêl-o. São impagáveis os dislates do.tal Apóstolo; pelo oarnaval agfadèoia á sooiedade dos Tenentes do Diabo as cartas quo lhe mandara para o seu baile de phantasia, e, tomando ao serio o ferino sarcasmo, tece a essa sociedade de hereges os mais oncomiasticos elogios. Ultimamente e por oceasião da morte do delegado pontifício, monsenhor Febbini, viotiinadaepidemia da febre amarella babujou com a sua atra-bilis nos nomes do Imperador e do Ministro dos negócios estrangeiros, aceusando-os de terem por suas sobrancerias causado tão grande paixão ao representante da Sancta Sé que provocaram-lhe a fatal moléstia ea conseqüente morte. Em sua ingenuidade dizia o Apóstolo que monsenhor Febbini fora novo martyr da maçonaria imperial! Deixemos porém esse pretendido órgão religioso e volvamos as vistas para assumptos profanos. No folhetim do Globo e mais tarde em volume separado publicou o Sr. Salvador de Mendonça um romancete nacional intitulado Marába que tem sido diversamente avaliado. Emittirei o meu juizo, escoimado da minima prevenção, tanto mais porque sou um dos admiradores do fulgido talento d'esse nosso compatriota. Cumpre distinguir em Marabá a parte descriptiva, a do enredo e finalmente a da moralidade, ou saneção que o auctor deve tirar do desfecho. Na parte descriptiva ostentou o Sr. Dr. Salvadob de Mendonça as galas de sua imaginação e o perfeito conhecimento que possue das localidades onde fez passar a acção do romance; si d'entre tantas bellezas naturaes, ahi profusamente derramadas, tivesse de fazer selecção racahiria ella na esplendida pintura que fez da cataracta do Tietê, nas cercanias do Itú. Pouco movimento dramático existe no enredo, que arrasta-se languido e vacillante, apenas aviventado pelas chispas d'um ou outro dialogo espirituoso, e bem sustentado. O desfecho, adrede prolongado, e deixando entrever melhor e mais consoladora solução, é brusco, violento e... cruel. Confesso que não esperava da beíla alma do auctor, e dos raros dotes que lhe adornam o espirito maculasse as arminhos de sua musa consagrando-a a horrivel e sanguinária doctrina de A. Dumas Filho. Não é de balde que protesto constantemente contra os effeitos dos maus livros, tanto mais perigosos quanto mais deslumbrante é apenna do escriptor. O digno herdeiro d'um dos nomes mais prestigiosos da litteratura franceza contemporanea de não devera assignar peças como a Dama das Camelias nem tão pouco como a da "Mulher de Cláudio": Noblesse óblige. Por fallar em maus livros, obriga-me o dever de critico a dirigir algumas palavras d'estranhesa ao primeiro editor que conta o Brazil, e a cujos louváveis esforços se tem devido a publicação das melhores obras de que se honra a litteratura nacional no periodo de mais de dez annos. Intuitivo é que quero fallar do amabilissimo livreiro, o Sr. B. L. Garnieb, que, cedendo á instigações de interessados, ou não pesando assaz no mal que com a sua condescendência poderia fazer, tem dado á estampa os devanêos de Allan Kabdeo, famigerado apóstolo dO'—espiritismo—e responsável por tantos e tão lamentáveis desarranjos me^taes. Sabido é que na natureza humana, sempre houve, e infelizmente ainda ha, extraordinária propensão para o maravilhoso, que tem o attractivo do frueto prohibido, promettendo-pQs descortinar novos horizontes, e revelar mysterios insondaveis. Até agora os livros d'esses funestos videntes erão escriptos em idiomas estranhos, e por isso inaccessiveis á grande maioria da população, mas agora que se estão vertendo na linguagem vernácula, ninguém haverá que não deseje travar conhecimento com elles, e instruir se nas novas e fascinadoras theorias que ahi se propagam, visto como dando diversa interpretação ao dogma da immortalidade d'alma buscam restaurar a velha doetrina dos philosophos indianos, conhecida por —metempsycose. Si tivesse a fortuna de entreter relações d'amizade com o referido Sr. Garnieb lhe pediria instantemente que só favoneasse a impressão de bons livros, que são como o sustento inintellectual do povo ; assim como evitasse os laços que á sua generosidade armam traduetores de franquearia, cuja dicção mascavada, produeto da mais supina ignorância dos idiomas Portuguez e Francez, estragam muitas vezes primores de elegância e d'atticismo. Neste caso não se acha por sem duvida a excellente versão que da Historia da Missão dos Padres Capuchinhos da Ilha do Maranhão pelo Padre Ivo d'Evbeux acaba de fazer o Sr. Dr. César Augusto Marques, illnstrando-a com preciosíssimas notas. E' um trabalho de longo fôlego que só podem emprehender e levar ao cabo naturezas privilegiadas, como a do illus- trado maranhense oujos curtos lazeres são exolusivamente consagrados ós lettras pátrias, das quaes ó um dos mais diligentes e esmerados cultores. Sob o titulo, 0 Fim da Oimção, ou a Natureza inleiprclada pelo senso commum, sahiu ha dias dos prelos da typographia "Perseverança'' uma suceulenta obra scientifica devida á penna (Vuma das nossas notabilidades, que porfia em conservar-se oceulto no vóo da modéstia. Fallecem-me conhecimentos professionaes para apreciar, ainda que perfunetoriamente, tão substancial trabalho, cujo propósito parece-me ser divulgar os segredos da seiencia, ú guiza do que está practicando EdgarQuinet nos seus monumentaes livros—-A Oreação e o Espirito Novo. Becommenda-.se a obra a que me estou referindo pelas freqüentes e conscienciosas applicuções das theorias dos sábios europeus e americanos á natureza brazilica, e ás observações e pesquizas feitas em diversos pontos do nosso paiz. Com esta bôa noticia fecho o exíguo inventario que me propuz apresentar dentro do prazo convencionado. Abauoabiüs. MIRAMAR-QUÉRETARO. (EXTBACTO DE UM BOTEIBO DE VIAGEM.) Foi um dia triste, esse 13 de Abril de 1873, que passei em Trieste. Chegava de Veneza, já propenso á melancolia e a reminiscencias penosas. Passara a semana sancta na marmórea cidade dos doges, outr'ora tão. rica e tão orgulhosa, hoje.... ruínas em restauração pelo Governo livre de Itália Unida. Foi uma semana escura e chuvosa. Toda a cidade é triste quando chove; Veneza é lugubre. A viagem em caminho de ferro de Veneza a Trieste não poude arrancar-me da nostalgia, em que me achava. Para fugir aos pântanos que oecupam todo o litoral do Adriático, desde Veneza até Trieste, a linha férrea penetra até Udina e Gorizia, e chega a Trieste, percorrendo esse Karst, tão feio de aspecto, como duro de nome. Montanhas de pedra calcarea, cinzenta, sêcca e estéril; sem um filete d'agua, sem uma arvore, sem relva siquer; nos valles enormes sumidouros, lembrando pela fôrma de cone invertido o vasio, que deixa na terra uma mina militar depois de explosão. E no emtanto.... Vede como é caprichosa a natureza, ou melhor, quão sabia é a Providencia Divina, distribuindo os seus mais bellos dons por todas as terras do mundo, e escrevendo assim, em caracteres immortaes, a sublime lei das compensações naturaes ! Este solo tão feio, que cada povo lhe deu um nome mais duro—os Allemães Karst, os Sclavonios Gabrek, e os Italianos Corso; este acervo de rochas, nuas e escuras, que nos parecém massa pastosa em ebulição em gigantesca fornalha, que, por vezes, temeis pisar receiando queimar o pé; este Karst, árido e triste, varrido desapiedadamente pelo vento Boreas, Lesnordeste, ou Greco-levante dos marinheiros do Adriático; este solo hediondo, que podia ser bem collocado em uma ZavOrra do Inferno de Dante; este solo (quem o diria?) contém no seu seio maravilhas, que poeta aigum poude ainda descrever. Si penetrardes em uma gruta do Karst vereis que a Natureza ahi encerrou bellezas fabulosas. Nessas grutas vós achareis os regatos, os lagos, as fontes e as cascatas, que debalde procuraveis na superfície do medonho Karst; vereis todos esses regatos e lagos, fontes e cascatas, movendo suas límpidas águas sobre brilhantes crystaes; vereis estalactites e estalagmites dás formas mais caprichosas, simulando tudo que a Natureza e a Arte tem produzido na superfície da terra; comtemplareis todas essas maravilhas, illuminadas á fúnebre luz de archotes, ou á caprichosa luz de fogos de Bengala e guardareis eternamente a impressão de um ineffavel sonho em uma região celestial de diamantes ! Mergulhava-me n'estas reflexões com os estovellos apoiados sobre a mesa e os olhos fitos sobre o mappa do território de Trieste. Procurava n'esse mappa—Miramar. —Achei-o na ponta Grignano, na primeira saliência do littoral ao Norte do porto de Trieste. Medi a distancia na escala do mappa; dava cerca de seis kilometros, menos de uma légua braziléira. " Posso ir. de carro: é melhor do que ficar subjeito ao horário do caminho de ferro," pensei. Tomei o meu chapéo e a minha capa; fechei a porta do quarto; pendurei a chave no quadro da porta dó hotel, como pedia o regulamento, e dirigi-me á Piazza Grande, a mais próxima do Hotel Delorme et France Réúnis, on. de estava hospedado. ¦ "Os seus cavallos podem ir até Miramar?" Perguntei eu ao oooheiro de melhor apparen ¦ cia, que ahi encontrei. "Em menos de uma hora," respondeu-me elle, abrindo a portinhola de um soffrivel coupé. Não havia, então, na praça carro algum descoberto. Tambem não estava disposto a comtemplar paisagens. Atiroi-me no fundo do coupé, que partiu a trote largo. E cerrei os olhos para meditar sem distracções. Então principiaram a surgir na minha imaginação todos os personagens desse terrível drama, que principiou em Miramar e terminou em Queretaro. Paimeiramente os dous irmãos José e Maximtliano. O fusilado de Queretaro tinha na testa a ferida da bala fatal; os louros cabellos collados por uma pasta de sangue sobre a ferida, exactamente como appareceyo espectro de Banquo no Macbeth;—apontava..para o irmão José com um olhar que parecia dizer rivalidade de irmão. Depois a cynica figura de Luiz Napoleão, carcado deMoBNY, de Bouheb, de Bbzaine e de todos os miseráveis coripheus do imperialismo. Aos pés do cobarde prisioneiro de Sédan a infeliz Cablota, com os cabellos soltos, os olhos vidrados, desvairada, louca, de joelhos, com os braços hirtos, a cabeça atirada para as costas, gritando: "Miseráveis! Estão arcabusando o meu Maxtmiliano !" No fundo desse negro quadro á esquerda, o cemitério de Vera-Cruz com a ironica inscripção " Jardin d/Acclknatacion;" á direita o bombardeamento de Puebla. Acima a figura de um Mexicano, severo e triste, como si fosse o aujo dajvingança—Juarez ! "Estamos em Miramar," disse-me o cocheiro, abrindo a porta do '.coupé. "Ah!" exclamei como acordando de um pesadello. Hesitei em apear-me. Americano, democrata de sangue e de coração, não iria profanar o j triste lar do desgraciado Maximiliano ? Nãqjiria, ainda mais uma vez, applaudir a victoria,'de democracia americana sobre as velleidades dej conquistas monarchicas da caduca Europa? A grande porta envidraçada do castello de Miramar foi-me aberta. Um criado perfilouse esperando. Entrei. O criado era um antigo fâmulo de Maximiliano; agora é cicerone desse Museu de curiosidades, artísticas, trazidas de todos os ângulos do mundo, e melancólico repetidor dessa g trágica lição da instabilidade dás cousas humanas! O criado introdúziurme na bibiotheca, numerosa e rica de encadernações do mais apurado gosto; adornada com um grande numero de bustos dos gênios mais illustres na litteratura, como si fossem outros tantos pharóes para dirigir o estudo n'é8tevòceano de pensamentos de tantos séculos e gdè tantas gerações! O busto de Goethe estava ./ao lado do bnsto de Shakspeare. Pareceujmevlêr na larga fronte do pai do drama, umf traço de desgosto desta ¦ approximação. , Tens razão, ; Shakspeare,. lhe disse eu, só um allemão ousa collpcar o materialista Goethe ao lado de ti. fe Americano, inteiramente estranho ás rivalidades de litteratos inglezes e allemães, só poria, em parallelo comtigO, SHAKSPEAKE.r-HpMEBO, EsCHYLO 6 DaNte ! E..... passei adiante. Ao lado da bibliotheca fica o gabinete de estudo. Maximiliano oi mandara fazer caprichosamente com a fórmaexacta da câmara dafra'fizera gata Novara, em que a celebre viagem á roda do mundo. Quando a America produzir um Homebo será para cantar a Odysséa e a Illiada do ephemero Imperador dó México. Então essa viagem; primeira manifestação da rivalidade dous irinãos, predestinados ambos á purpura imperial, servirá de episódio a um póema/cuja acção não primeiro se limitara a um angulo.do Mediterrâneo, mas pecorrerá o mundo inteiro! Para que á illusão fosse completa Maximiliano fez baixar o tecto;1 do gabinete de estudo a altura da primeira coberta da fragata Novara as janellas teem a forrna das vigias de bordo; ; a mobilia é a mesma. ;, Innumeras photqgraphias da America, da China e do Japão recordavam a Maximiliano os panoramas, que ínais apreciara em tão longa viagem. Até a denominação dessa fragata tem um não sei que de fatal. Novara é a situação, onde Carlos Alberto pai de Victor Manuel, perdeu, a 23 de Março de 1849, a batalha, em que o despotismo austriaco conseguiu vencer o primeiro esforço da democracia italiana. E a fragata Novara percorreu o mundo regando o descendente dos Hapsburgos.' car que O NOVO MUNDO. devia terminar nas mãos da sanguinária domocraoia mexioana! O criado—ciceroue—-levou-mo aos gabinetes chinez e japonez decorados, tapeçados e mobiliados oom os mais ricos produetos da China e do Japão, trazidos desses paizes pelo próprio Maximiliano Nunca dei importância ti arte chineza e japoneza. Para mim estes povos teem um falso sentimento do bello; produzem o grotesco e o ridículo quando o querem produzir. O verdadeiro typo do bello está nas obras immorredouras, que nos legou a Grécia que fi* simultaneamente a mãe da democracia e do bello. Nesse dia, então, na triteza em que me achava, estes produetos chinezes e japonezes causaram-me asco. Do primeiro pavimento, ladrilhado de bellos mármores italianos, sóbe-se ao primeiro andar por uma nobre escada, depois de ter percorrido largos coredorres, adornados com tropheos de armas de aborígenes da America, entre as quaes primavam as de varias tribus do Brazil. Em frente á escada, ha uma singular amostra de ornamentação. Um grande vaso de cristal, embutido no saulho, serve de claraboia; o vaso estava cheio d'agua e nella nadavam brincando em seus singelos amores, grande numero de lindos peixinhos. São esses os únicos seres felizes no' castello de Miramar! Foi para elles que Maximiliano e Carlota, rivalisando de talento e de engenho, imaginaram, delinearam e projectaram esse primor de architectura, esse mimo de ornamentação, que poeticamente denominaram:—O castello de Miramar. O logar de honra do primeiro andar é oceupado pela salla de throno. E' um salão sump tuoso,com um riquíssimo tecto do mais custoso trabalho detalha.» Accompanhando a linha da cornija estão os retratos de toda a familia Hapsburgo. Olhei, com o maior arrojo democrático, para todos esses Hapsburgos; mas quando cheguei a Maria Thereza, á heróica mãe da desventurada Mabia Antontetta, vieram lagrimas aos olhos. —Tu vês bem, Maria Thereza, que não vim aqui "fouler les morts d'un pied indifferent!" A grande parede da salla do throno é oceupada por uma bellissima allegoria a óleo, represeutando os domínios na Europa e na Ame' rica de Carlos V, o mais notável dos Hapsburgos. . Na altura dos olhos circulam a salla do throno dez escudos com dez máximas em Latim. Quem as escreveu ? Foi Maximiliano, ou foi um litterato qualquer?. Antes, ou depois de Queretaro ? Coincidência ou fatalidade eu fui lendo e interpretando cada uma destas máximas, tendo em mente a trágica anthithese:—Miramar— Queretaro! " At locum virtus habet inter astra!" Deus te perdoe Maximtltano; não foi, por certo, a virtude, que te levou de Miramar á México. " Ssepe sub dulce melle venena latent." Sim é verdade: embaixo do throno imperial do México estavam escondidos os fusis de Qneretaro ! "Labitur oceulte fallitqüe volubilis setas." Bem ! A sorte é volúvel e os dias tristes approximam-se sorrateiramente. 4' Cai de repugnanti cedendo victor abobit." E' uma insinuação a Juarez ? Elle fez muito mal fuzilando-te; mas confessa que fuzilarias sem pestanejar trez mil Juarez. Elle devia ter-te remettido para a Europa com esta simples nota—Na America livre não ha logar para Imperadores Austríacos. " Nunquatn potest non esse virtuti locus." Ha logar na America para a Virtude; e que o "Washington digam William Penn, e Fbanklin! o que não ha nem deve haver é logar para as ambições monarchicas da velha Europa. "Si fortuna juvat cavelo tolli" "Si fortuna tonat caveto mergi." Não ha duvida, Maximiliano; foste um joguete nas mãos da insidiosa Fortuna. "Leve fit quod bene fertus ônus." Concordo; o throno do México não foi assento: foi carga e cerga superior á tuas forças. "Non ad astra mollis e terris via." Oh! Foi por certo tristíssimo o caminho de Miramar ao throno do México e do throno do México a Queretaro,,e é de duvidar que d'alli fosses para os astros! " Vivitur ingenio ccetera mortis erunt." E' verdade mas eu prefiro: '' Sapiens uno minor est Jove." ' Da salla do thono passei para o quarto de honra. Nem o leito riquíssimo, nem os embutidos do soalho me detiveram um momento. Nas paredes desse quarto pendiam retratos dos principaes monarchas do mundo. Havia cortas aproximações curiosas do Luiz Napoleão e Guilherme, da Prússia; certamente entre as molduras dos dous quadros não havia logar para escrever—Sódan. Isabel de|Hespanha estava ao lado de Pio IX. "Non raggionar di lor';ma guarda e passa." Nesse quarto tinham-ma precedido dous viajantes. Um era gordo, quasi obeso, typo de negociante abastado; falia va Francez com um pronunciado accento belga; o outro era evidentemente Inglez, desse typo que não admitte eugano nem confusões; fallava britannicamente o francez: "E" como lhe digo, meu caro Sr.; a pobre Princeza Carlota, a sympathica filha do bom Leopoldo, continua douda varrida." "Oh! é pena, disse o Inglez, sempre teve muitas sympathias pelo rei Leopoldo; era um bom rei constitucional. Mas, diga-me, qual foi a verdideira causa de todas essas desgraças?" "Que sei eu?" disse com um suspiro o Bel"a fatalidade; dizem ga; que os dous irmãos José e Maximiliano nunca puderam viver de accordo; que os validos de Luiz Napoleao jogavam em fundos do México e queriam cobrarse largamente; que os marechaes desse corrupto Império suspiravam pela fortuna do Cousin de Montauban, do tal Conde de Palikáo, e pretendiam repetir no México o saque do palacio de verão do Imperador da China; ha quem diga tambem que Maximiliano e Cablota, moços, bellos, ardentes de imaginação, excederam suas despezas " Não pude ouvir o resto; o criado-cicerone chamou-me para ir vêr a capella do castello que imita a do Santo Sepulchro em Jerusalém. Ao sahir mostrou-me uma tela, que tinham tirado do seu logar para ser photographada. Bepreseutava a recepção em Miramar da commissão mexicana, que viera offerecer o throno a Maximiliano. Era o prólogo do terrível drama. Entre os membros da commissão havia um côr dé caboclo, com todos os traços caracteristicos do aborígene da America. A vista do retrato desse miserável irritou-me todas as fibras do meu americanismo. Becuei trez passos para não rasgar essa tela em uma explosão de raiva: "Esse miserável e um filho bastardo e espurio da livre terra da America.... Este aulico infame não tinha nas veias uma gota si quer do sangue do sublime Guatemozin deitado sobre uma grelha, na extrema dôr da combustão em vida.... sentido o nauseabundo odor da sua •própria carne queimada ... não diria ao seu ministro que lhe pedia que cedesse, estorcendo-se nas agonias do atroz suplício—vôs vedes bem que eu não estou em leito de rosas! "O Sr. não quer ver o jardim e o parque do castello? |São bellissimos " "Não;" disse-lhe eu seccamente. Dei-lhe algumas liras e atirei-me no coupé. "ParaTrieste!" O coupé rolou pela estrada de Miramar á Trieste; eu merguilhei-me de novo nos meus pensamentos. Veiu-me então á mente uma scena, que se passara em Pariz, nos primeiros dias da invasão do México. Estávamos uns quinze a vinte estudantes Americanos, - Mexicanos, Peruanos, Venezuelanos, Columbianos, Cubanos e Brazileiros, em menor numero, em torno de uma meza. A sala de jantar da pensão da Mére Charles passara á serclub;nâo se jantava mais: discutia-se. Os bellos mancebos de raça hespanhola trovejavam maldicções contra Áustriacos, contra Francezes, contra Napoleao, contra Maximiliano e contra todas as miserrimas personagens da expedição do México. Dir-se-hia um Club de Carbonarios italianos nos dias mais febris de 1848. Um bello Cubano, de um brando moreno, grandes olhos e bastos cabellos negros, ergueuse e impôz silencio com um gesto jle Mibabeau. " Terminemos por um brinde," gritou elle. "Morra Maximiliano, morra Napoleao, morram todos estes miseráveis, que intentam levantar um throno austríaco no livre solo da America!" Todos se ergueram; e loucos de raiva, com os lábios pallidos e trêmulos, os olhos injectados de sangue, fizeram o terrível brinde. Eu ergui-me tambem,mas não disse—morra, mas,—"Viva o México Bepublicano,"—"Viva Juarez"—"Viva a America Livre e Independiente!" Elles olharam para mim espantados; depois, Alberto um Mexicano, que era mais meu intimo—disse-lhes: "Elle tem horror ao sangue; é contra a pena de morte;—não importa: façamos tambem o seu brinde. 175 E todos então, no auge do entliusiasmo, gritaram commigo: —Viva o México Bepublicano! —Viva Juarez! —Viva a America livre e independente! * * PAÜLINO J. S, DE SOUZA, galeria dos cidadãos couspicuos do Brazil NA actual, compete sem duvida eminente lugar ao Conselheiro Paulino José Soares de Souza, deputado á Assemblea Geral Legislativa pela Província do Bio de Jaueiro onde nasceu a 21 de Abril de 1834. E* sempre raro, e rarissimo entre nós, que os filhos dos homens superiores, herdem com o nome as qualidades que asseguraram aos progenitores o respeito dos contemporâneos e a gratidão da posteridade, mas o Conselheiro Paulino José Soares de Souza escapa a esta triste regra, e a Beu pai o fallecido Conselheiro d'Estado Visconde de Üruguay foi concedida a ainda mais rara fortuna de poder contemplar ainda em seus dias o próprio nome adornado de nova e brilhante illustração pelo merecimento de seu filho. E a tal recompensa tinha direito aquelle eminente homem d'Estado. Ainda que acabrunhado sempre pelas mais pesadas tarefas, o Visconde do Üruguay achava sempre tempo para accompanhar passo a passo com paternal desvelo a educação moral e litteraria de seu filho, em quem se sentia renascer—chegando a poneto de revep-lhe diariamente as lições— imprimindo-lhe assim no espirito o cunho particular desse intimo contacto, como que um reflexo de alma e de pensamento paterno no terno espirito do menino, alentado tanto : pelo preceito, como pelos exemplos. Dotado de felicíssima intelligencia assim cultivada com esmero, Paulino José Soares de Souza correspondeu completamente a taes cuidados, fazendo brilhantes estudos no Imperial Collegio de Pedro 2', cujo systema de ensino era então admiravelmente adequado ao desenvolvimento e aproveitamento dos estúdiosôs, e concluindo-os, recebeu em 1850 o grau de bacharel em letras. Matriculando-se em 1851 no l9 anno da Faculdade de Direito de S. Paulo, não só manteve a reputação até alli adquirida, como tambem começou a oecupar-se activamente com os negocios públicos, para os quaes lhe apontavam os seus hábitos de espirito, e natural inclinação, como para o theatro das suas legitimas aspirações, e já na imprensa dirigindo ou collaborando para diversos jornaes, já nos círculos políticos onde o nome que trazia lhe dava franca entrada, e sua circunspecção, intelligencia e estudos, lhe asseguravam auetoridade muito superior a sua edade. Já desde então revelava Paulino José Soares de Souza o seu fino tacto politico, desvencilhando-se da rotina dos partidos e fazendo distineção entre os dogmas fundamentaes da eschola conservadora para a qual o impelliam tanto as convicções adquiridas como a indole e os hábitos do seu espirito, e certas doctrinas de occasião que a influencia dos acontecimentos impõe aos partidos. Assim evitava desçonhecer a invariável lei do progresso que rege todo o destino humano—essa lei que se não contenta mais como outr'ora com a elaboração lenta de séculos, mas partilha da febril actividada de nossos dias; e não se recusava a reconhecer a utilidade, sinão imperiosa necessidade de reformas. Espirito practico, procurava familiarisar-se com as necessidades creadas pelas successivas transformações porque vão passando a vida e o pensamento modernos—e reconhecer sob o apparato constitucional anullidade correspondente a cada uma das instituições escriptas, as causas da inanidade de algumas—a necessidade e os meios de inspirar-lhes o sopro da vida. Nem estava só n'estes estudos—e n'estas aspirações.—A' roda d'elle congregava-se sob o império das mesmas preoecupações um circulo de amigos com a maior parte dos quaes vel-ohemos mais tarde fiel ás suas convicções primeiras, methodisando os resultados obtidos pela experiência e o raciocinio, tentando satisfazer ao programma assim d'antemâo traçado. Completo o curso de direito no qual se graduou em 1855, partiu Paulino José SoaRes de Souza para a Europa com o caracter .diplomatico de addido em Vienna dAustria. De passagem em Londres teve occasião de ser oceupado na negociação de que se oecupava a Legação Imperial do Brazil de um tractado de amizade e commercio com a Sublime Porta. Em seguida passou a ter exercicio na missão extraordinária que fora incumbida ao Visconde de Üruguay com o fim de deslindar a secular questão sobre a linha divisória de limites entre a Guayana franceza e o Império. Dando-so entretanto a eleição geral de 1856 foi Paulino José Soabes a Souza eleito pelo 7? districto da Provincia do Bio de Janeiro para representai-o na Assemblea Geral Legislativa, em conseqüência do que regressando á pátria tomou assento na Câmara dos Deputados em 6 de Maio de 1857. Acabava de organisar-se o Gabinete Olinda no qual oecupava a posto da Fazenda Sr. Visconde de Souza Franco. As questões econômicas eram então as de palpitante interesse. Começavam a manifestar-se os embaraços resultantes da febre de emprezas em que se tinham arriscado os capitães que affluiram ao mercado pela extineção do trafico—e pela abundância dos colheitas, e outras causas. A esses embaraços o Governo dirigido polo Ministro da Fazenda julgou opportuno remédio a dilatação do credito pela multiplicidade de bancos armados do direito de emissão—sem garantias reaes para os interefses do publico. Nos importantes debates suscitados pela politica financeira do Governo tomou distineta parte o nosso deputado íluminense, principalmente na sessão de 1858. Substituído o Gabinete Olinda pelo Minisnísterio de 12 de Dezembro de 1858—0 novo ministro de Fazenda, o Sr. Visconde de Inhomerim, julgou chegada a occasião de intervir para regularisar o meio circulante cerceando a emissão de papel inconvertivel que innundava as praças commerciaes do Império. Todos os interesses que se haviam creado na exploração d'esta anormal situação economir-a bradaram contra o projecto de lei apresentado pelo Governo e ao qual não só se contestava a doctrina econômica como se imputava a violação dos direitos adquiridos em virtude das anetorisações dadas pelo Ministério anterior a numerosos Bancos para funecionariam com o direito de emittir. Na discussão que teve logar na Câmara dos Deputados na sessão de 1859—teve Pauleno José Soares de Souza occasião de proferir um discurso tão protundo quanto á questão economica como quanto á questão de direito, e certamente uma das mais completas e estudadas apreciações a que deu logar o projecto Ministerial. Nas sessões seguintes continuou o digno representante da Provincia do Bio de Janeiro a consolidar o prestigio que adquirira, tomando parte em todas as discussões importantes—sendo escolhido para as commissões mais delicadas da Câmara. A situação conservadora inaugurada em 1849 tocava porém a seu termo. A eleição geral de 1860 com quanto reunisse á Câmara a maior parte dos deputados da Legislatura anterior indicava claramente próxima inversão na politica do paiz. Beleito Paulino José Soarez de Souza foi convidado para fazer parte do Ministério de 2 de Março de 1861; ou mas, porque nas difficuldades de situação reconhecesse a impossibilidade de prestar serviço ao paiz ou porque quizesse abrir espaço para que outra combinação afastasse o rompimento entre as differentes frácções do partido—rompimento aliás que desde a sessão de 1850 era questão de tempo, escusou-se, não deixando todavia de prestar ao Gabinete a sua leal e sincera coadjuvaçâo. Deu-se todavia o rompimento—e organisada a liga entre os Conservadores dissidentes e os Liberaes retirou-se o Gabinete Caxias—e o Ministerio Olinda que lhe suecedeu propôz e obteve da Coroa em principio da sessão de 1863 a dissolução da Câmara dos Deputados, atirando-se francamente aos braços dos Liberaes. Deliberou então Paulino José Soares de Souza recolher-se por algum tempo á vida privada e não foi candidato na eleição geral de 1864. Quando, porém, em 1869 nova Legislatura teve de ser eleita pela nação—em face das complicações de todo o gênero que cercavam a administraçâo do Estado, apresentou-se de novo ás urnas, e foi com brilhante votação eleito deputado pelo 3° districto da Provincia do Bio de Janeiro. Desde logo devolveu se-lhe naturalmente a direcção da opposição conservadora que a todo transe cembateu o Gabinete presidido pelo Sr. Senador Zacarias de Góes e Vasconcellos, e a anômala situação politica que representava entre os partidos legítimos do paiz, que ambos repelliam. Foi durante uma gloriosa campanha que tomando a iniciativa, o deputado fluminense apresentou um projecto de reforma eleitoral, tendente a introduzir a eleição directa, «tentativa em que teve o apoio de Liberaes e Conservadores insuspeifitos. Finalmente achando-se perdido irremissivelmente ante a opinião publica teve logar a retirada do Ministério, e a nomeação do de 16 de Julho organisado pelo Visconde de Itaborahy, e em seguida a dissolução da Câmara dos Deputados. D'essa administração não podia deixar de fazer parte o illustre fluminense que parte tão conspicua tomara na lueta que conduziu aquelle resultado, e era sem duvida já um dos membros mais influentes do partido. Ministro do Império o Conselheiro Paulino José Soares de Souza não esqueceu o seu passado, nem as convicções que sustentaram com tanto brilho. A restauração do systema constitucional por um regimen parlamentar que fosse o reflexo exacto do estado do opinião do paiz, e traduzi se fielmente suas aspirações—foi o seu constante anhelo. Começando por dar á instrucção publica um impulso enérgico—que ainda hoje se não amorteceu, procurau fomentar por todos os meios o renascimento da vida publica no paiz. Para esse fim iniciou reformas importantes. Assim, propôz ao Parlamento em um projecto apresentado na sessão de 1869, a reorganisação da instituição municipal—entregando directamente aos habitantes dos municípios o governo local, a estabelecimento e repartição do imposto municipal com as cautelas e restricções que requer o estado do atrazo do nosso interior, idéa fecunda que tendia a 'familiarizar com a vida publica populações inertes, materia prima sobre que se exercita á vontade a habilidade aos cabos eleitoraes,—e a crear uma eschola practica de liberdade politica. Este importante projecto foi seguido de outro sobre a instrucção publica comprehendendo como idéas principaes a fundação de uma universidade* na capital do Império, e de 176 O NOVO MUNDO. instituições de instrucção secundário nas provinoias, a instrucção primaria obrigatório, e o liberdade âo ensino superior. Já no sessão de 22 de Julho do mesmo anno havia reproduziâo o projecto ãe reformo eleitoral por elle apresentaão em 1867—com o fim âe orear um corpo eleitoral permanente âe 29 grau—destinado o chamar ao exercicio do direito de voto, alem de varias cathegorias de eidaããos notoriamente habilitados, todos ob que, , tenão as qualiãaâes exigiâas para se poãer ser eleitor, pogorem imposto ãe casa ãe habitação correspondente a um valor locativo indiviâual não inferior a somma ãe 120$000. Um projecto ãe interpretação ão Acto Aããicionol no porte relativa ás attribuições das Assembléas Provinciaes, concebião em termos muito liberaes—completo esto enumeração ãa qual bem se conhece um plano politico assentaão em largas bases, ãe assegurar ao paiz o gozo ãa liberãaãe politica i_elhorando o estado intellectual do população, pondo ao abrigo das imposições do poder o manifestação da vontade nacional, promovendo pela Bystema municipal o vigilanoio do poiz sobre seuB interesses, empreza esto digna do excitar a emulação de um homem de estado, e bem differente das campanhas eleitoraes aliás fáceis—e do fundação de clientella—aliás sempre ephemera —a que se reduz ordinariamente todo o esforço dos nossos homens politicos. no dispendio dos dinheiros públicos, deixonão sobras consideráveis em todas os verbas âo respectivo orçamento. Em Septembro âe 1870-quauâo a Cornara ãos Deputaâos acabava ãe âar ao Gabinete em, uma esplenãida votação de confiança novo testemunho do seu apoio, soube-se um bom dia que os Ministros hoviam resignado o poder. Quoesquer que fossem as causas do singular acontecimento, veio elle abrir uma nova e bri\ nacional—declarou na sessão anterior de 1870 quo cumpria ao parlamento tomar a inioiativa, reservanâo-se o direito ãe intervir no progresso ulterior âo negocio, caso reoonheoesse a neeessiãaâe ãe fazel-o; e âeaooorão com o Gabinete elegera a Câmara uma commissão especial cujo parecer impresso e ãistribuião em tempo em que já não poãiaser âiscutiâo, ficara reservaão para entrar em 1871 na orãem ãos trabalhos. O Gabinete Rio Branco, porém, pretenãenâo FLORES DA PRIMAVERA. A decretação das medidas necessárias para o lhante phase na carreira que vamos esboçando recenseamento geral da população do Império a lorgos traços. —a creação do registro dos áctos do estaão De facto pondo de parte a curta historia do civil a ãe uma repartição ãestinaãa á organisa- Gabinete S. Vicente, vamos encontrar nòpoção ãe uma estatística completa do Império, der o Ministério de 7 de Março de 1871 orgabases inãispensaveis para a solução dos pro- nizado pelo Visconâe do Eio Branco. blemas que mais interessam o paiz—como seCom este Ministério surgiu a questão ãa jam os ãa colonisação, ãa emancipação âa po- emancipação dos escravos. O Gabinete ãe 16 pulação servil, foram egualmente serviços âe Julho provocado a explicar-se sobre a quêsprestaâos pelo Conselheiro Paulino José Soa- tão—persuadido ãe que não se tractava ãe uma bes de Souza, á par da mais severa economia questão de partido mas de um grande esforço a iniciativa parlamentar, apresenta a Câmara um projecto textualmente copiaão ão ãa Commissão especial. A este attaque nos pretenâiãos ãireitos ão parlamento—aquelle que tomou por banâeira a restauração âo systema "constitucional" não poãia conservar-se inãifferente, e ãeclaranâo-se em opposiçao combateu a proposta não bó pelos seus inconvenientes como pelo que entenâia ser usurpação ãas prerogativas âa Câmara practicaãa pelo Poãer executivo. Esta attitude ão Conselheiro Paü_tno accom- O NOVO MUNDO. panhada de uma numerosa pbalange de amigos em que se contavam os principaes talentos e os homens mais conspicuos das Provincias do Sul, que o reoonheoiam e proclamavam como seu chefe,, desafiou, por parte do Gabinete, profundo ressentimento, e provocou hostilidades que ainda duram, mas que longe de diminuir o prestigio e a influencia do Conselheiro Pauuno, tem confirmado em suas mãos o bastão de commando do partido conservador a cuja merosa e rica do illustração e. talentos,—que com elle combate o Gabinete de 7 de Março, um Gove rno que não representa nenhum dos partidos legítimos do paiz, e tem affrontado constantemente o systema constitucional em suas doctriuns mais elementares. O conselheiro Paulino de Souza é sem duvida alguma um dos oradores mais eloqüentes, e dos estadistas mais cultos da nova geração; mais ainda:—é um dos raros parlamentares 177 consiste de folhos estreitos, apenas embainha- do crespo, um ou dous fofos, de cada lado de dos o cada um recobrindo o immeeliato, na um enfeite de vidro. Os fofos e os crespos são costura. Esses folhos são, atraz de saia, in- separados por umaflta de seda côr de rosa com torcortodos por tiras revezadas de veludo preto ponctas á Ootogan. orlado de renda branca â renascença. O avental ou lablier, como bem se percebo na gravura, é usado um pouco ao lado. Seu Piores da primavera, material é veludo preto e os enfeites consistem de cinco ordens de folhos, sendo duas de seda Depois de um longo inverno como côr de rosa, alternadas por trez de renda á re- bamos de ter nos Estados Unidos, o que acaa approxi- I i! -._.... — é'- - '"¦ ",—i ¦ —¦ ' ¦' —¦¦¦ _ VESTUÁRIO PARA VISITAS DE CEREMONIA. frente inflingiu ao Ministério de 7 de Março entre nós, que tem uma idéa elevada do fim do a8signalada derrota na Câmara dos Deputados Governo e que por ella tem sempre eombatido na sessão de 21 de Maio de 1872 em que pro- fielmente, ainda que por vezes erradamente. pôz um voto de desconfiança ao Gabinete que foi approvado, além de diversas victorias eleitoraes ganhas nas eleições da provincia do Bio Vestuário para Visitas de Ceremonia. de Janeiro. > Elle próprio foi reeleito apôz a dissolução O lindo e rico vestuário que desenhamos pelo districto que tem representado (o 3P da nesta pagina é composto principalmente de sêProvincia de Eio de Janeiro) e voltou á Cama- da grossa côr de rosa e de veludo A saia ra, onde dirige actualniente a opposição nu- é, como se vê, muito simples. preto. O seu enfeite nascença, fazendo assim um bello contraste. O corpinho basque, também de veludo preto, é aberto na frente, mostrando uma camizinha de renda, enfofada, rematada no pescoço por mau gólla a Margot de veludo preto ornado de seda côr de rosa. As mangas são de veludo e renda, enfeitados de tiras transversaes de veludo, debruadas de renda. Os punhos são muito claros na estampa. O penteado que mais condiz com este vestuario é um encrespado na frente, e por cima mação da primavera é a maior aspiração de todos, e foi antecipando esse grande prazer que o nosso artista representou no quadro da pagina anterior as Flores daquella linda estação. Ellas parecem dizer: "Somos filhas do sol de Maio: enchemos o ar de prazer com o nosso aroma; todos os que nos vêem, nos amam: aos tristes damos sorrisos, aos alegres, mais alegria." 178 O NOVO MUNDO. Uma jangada Americana. A' pagina 173 descrevemos o modo por que nos Estados Unidos se transporta geralmente a madeira. Cortados das florestas, bíIo os troucoh levados ao rio mais próximo, na estação das agaas, e atirados á corrente que os leva para algum poneto em que o rio se expande e por tanto menor se torna a força das águas. Ahi os homens atam-cerca de uma dnzia de troncos em jangada como o explica uma das gravuras e nessa jangada descem ao poneto desejado. Marjorie Üaw 0 Dr. Dillon á Eduardo Delaney, em P'me-Grove, New Hampshire. —8 de Agosto de 187—. Meu cabo Eduardo:—Peço-vcs que não vos inquieteis sobre o estado do vosso amigo Fiemming. Em trez ou quatro semanas, espero, elle haverá ja recobrado suas forças; durante esse tempo, porém, é mister que elle se conserve de cama, afim de curar-se radicalmente da fractura da perna. Os cuidado., do seu primeiro cirurgião, logo que foi levado á botica, valeram-lhe muito. 0 osso já voltou ao seu logar e, portanto, nada ha que temer-se do acciden*te. Elle, physicamente, está bom ; o que, porêm, me desagrada consideravelmente, é o estado mórbido em que o seu espirito sepultouse depois da queda. Flemming é realmente uma dessas pessoas que nunca deveram ter quebrado a perna. Sabeis bem quão soffrego e irrequieto é : como qualquer contrariedade o faz dar por paus e por pedras, —qual o touro a quem se mostra uma bandeira vermelha, —no fundo, porém, é muito amável. Mas, logo depois dessa catástrophe, foi-se lhe toda a amabilidade: A's vezes torna-se terrivel e iracundo. Miss Flemming, sua irman, ao saber do seu estado, veio á toda pressa de Newport, onde estava, passando o verão, em companhia de sua familia, unicamente porá tractar delle ; p orem, teve de, no dia seguinte, voltar á Newport desgostosa. Flemming tem ao lado do sofá, onde se acha . deitado, uma grande pilha de livros, entre elles as obras de BaIíZAC Em momentos d'agonia, toma-os para varejal-os á cabeça de Watkins, seu fiel criado,—quando vai levar-lhe a comida. Ainda hontem, Watkins levava-lhe alguns limões quando, de repente, teve de fugir do quarto pois, parece que Flemming, para vingar-se da casca de limão que o fez cahir, quando sahia do "Hotel Delmonico," atirava-os furiosamente por todos os lados. Depois disto, com os olhos cravados na perna, parecia cahir em profunda meditação. Nada o pôde distrahir. Abstém se até de comer e lêr os jornaes do dia. Dos livros só faz uso para arremessai"Watkins. os contra o pobre Este estado seu é o que causa-me verdadeira lastima. Si Flemming fosse pobre e com uma familia que dependesse do seu trabalho para viver, eu comprehendeiia esse abatimento de espirito, porém joven ainda, sem cousa alguma que lhe preoecupe a mente, e com muito dinheiro para gastar, isso me parece abominável. E é fácil que, contíuuando nesse estado de exacerbação, lhe sobrevenha á perna uma inflammação peior. Já não sei o que receitar-lhe : poderia dar-lhe alguns calmantes que o fizessem dormir e minorassem as dores; meus remédios, porem, são improficuos para a sua moléstia. Só resta um meio a recorrer, e esse tende-o em vossas mãos. Como amigo intimo de Flemming, como seu fiãus Achates, escrevei-lhe, e procurai distrahil-o por todos os meios. E' só assim que evitaremos que a moléstia assuma o character de melancholia aguda. Certo de que acceitareis este conselho em bem de vosso amigo, fico Vosso criado TT * * * Eduardo Delaney á João Flemming, em New York.— Agosto 9. Queeido amigo João:—Recebi esta manhan um bilhete do Dr. Dillon em que me communica o teu estado. Diz primeiramente que, não corres perigo algum, e que, espera, em trez ou quatro semanas, ver-te completamente restabelecido, —com a condição de teres paciência como tens bom senso.—Recebeste a minha ultima de Quarta-feira ? Faço idéa da tua tranquillidade forçada, com a perna toda cheia de trapos. Era cousa que de certo hão esperavas, pois, por este tempo, como me prometteste, djvias estar-me accom. panhando nas escursões do verão, como tinhamos convencionado. Porém . . . paciência, meu querido João. Está certo, que ainda da- qui, farei todo o possivel com minhas carti uhas, para distrahir-te dessa melancholia e isolamento om que me consta estás sepultado, Prometto esorever-te, mas sobre quê, não sei ainda, querido João. A precária suide de meu velho pai priva me de ir ver-te, como tanto desejava; não fazes idéa como sinto não poder estar ao teu lado. Meu pai tem melhorado muito desde que aqui chegou: o ar destas praias Si ustivessemos parece dar-lhe vida nova. nVuna dessas lindas choupanus á beira mar, fácil me seria fazer estudos characteristicos e encher-te a imaginação de fadas e nymphas do mar. Verias, talvez, a uma Aphrodite vestida em trajo de banho. Nada disto, porém, se me proporciona. Eu e meu pai aqui moramos n'uma casinha á beira d'unia encruzilhada, a duas milhas da praia á que acabo de alludir. Vivemos tranquillamente, mas, como sabeis, a tranquillidade é como qualquer outra cousa, quando é demasiada, também torna monótono o viver. Eu quizera ser romancista, amigo, para desenhar-te estes lindos arredores com suas cores próprias; descrever-te esta casa com seu solo arenoso, com suas janellas estreitas, com suas carreiras de gigantes pinheiros, por entre cuja folhagem a briza murmura sons tão doces, quaes os de harpas eólias. Esse romance seria puramente campestre e, sem duvida, iria repassado dos aromas do bosque, e do ar delicioso do mar. Seria uma novella como as do RUSSO TOUEGENOF, OU JOUHGENEFF, OU Tourgenieff. [Desafio quem possa escrever correctamente esse nome. ] Mas, quem será a heroina? — Não te afflijas: já vou dar-te uma. Figura-te uma casa, pinetada de branco, atravez do caminho,— construida nos tempos coloniaes,—com vastos corredores, e protegida por um pequeno bosque, onde sobresahem varios cyprestes e chorões. A's vezes, pela manhan, e mais a miúdo ao meio dia, quando o sol se ha transposto para o outro lado da casa, uma joven de dócil apparencia se dirige para o corredor, com alguma tela ou livro na mão. Ahi vê-se pendurada n'uma rede,—de fibras de pinheiro, provávelmente,—onde ella costuma ir reclinar-se. Basta já de illusões. Divagações como estas, não assentam bem á um advogado como eu. João, si puderes escrever-me, não te esqueças de me dizer como vai tua perna: diga-me tudo sobre o teu estado, do contrario invocarei as leis contra ti. III. João Flemming á Eduardo Delaney. -—Agosto 11. Tua carta, querido Eduardo, foi uma missiva do céo. Não fazes idéa como estou. Minha perna ainda está muito inchada: pesa pelo menos trez toneladas, parece uma verdadeira mumia. Parece-me que ha cinco mil annos não me mudo da minha presente posição. Desde manhan até de noite, com a vista fixa para o lado da rua, vejo diante de mim uma interminavel ala de casas, qual procissão de sarcophagos. Tudo é silencio;—só eu em tribulações ! A dôr atormenta-me tanto, que não me resta outra disposição que agarrar nos livros e atiraios a torto e a direito contra WatkinSí Não resA' propósito peito nem os meus Sairit-BéUve. de tíaint-üeuve, o que farei da minha égoa Margot, que acabava de comprar alguns instantes antes de quebrar a perna? Será bom mandal-a para " Pine-Grove " ? Fico desesperado. O medico quando me apanha neste estado, julga que estou ficando demente, e não faz outra cousa que, receitar-me limões. Limões, para um espirito agitado! Estúpido ! A minha moléstia é mais uma indisposição do que demência, como elle julga. Ora, tomem um homem como eu e encadarcem-lhe a perna, encerrem-o n'um quarto todo envolto em pannos e essências odoriferas, por semanas inteiras, e queiram que esse homem, todo saturado de calor e indisposição, esteja contente da sua vida. Nem tranquillo. Tua carta foi o primeiro consolo que tenho tido desde que cahi, Recebi-a uma semana depois desse fatal accidente: veio arrebatar me dessa terrível melancholia por meia hora. Escreve-me sempre ; não importa sobre o que, comtanto que não te esqueças ãa.bella da rede. Tuas imagens, Eduardo, são lindas todas, porém, tu as confundes um pouco; sê mais extenso em tuas descripções, mormente quando fallares do anjo da casa branca. Promettote portar-me bem, comtanto que me escrevas logo. Emquanto espero noticias tuas ficarei aqui como um perfeito eremita. Conta-me tudo, não te esqueças de nada. Ia me esquequecendo: Como se chama a tua vizinha? Quem é seu pai ? Oade está sua mãe ? Tem amantes. . . irmãos . . . primos ? Não fazes idéa de como me interessa saber. Já estou ficando tão pueril, que acho encantos em tuas epístolas como nunca achei em obra alguma. Talvez sejam effeitos da reclusão. O cérebro vai-se-me enfraquecendo a poneto de pensar que estou atravessando minha seguuda infância. Adeus; escreve-me logo. IV. Eduardo Delaney a João Flemming.—Agosto 12. Quehido João:—Decididamente nada tenho á dizer te sinão algnmas palavras sobre a flor Acabo de vêl-a embalandestes nrrebnldes. é para mim na rede. Coutemplal-a, çando-se de os instantes compensação uma bella para tédio que passo aqui, e, posto que seja uma frivolidade, gozo muito quando vejo a pontitiuha dos seus pós.—Quem ella é, e qual o seu nome, ó para mim cousa fácil de dizer-te: Ella é filha única do coronel Daw, e chama-se Mar jorie; perdeu sua mãi quaudo ainda pequena. Spu pai, durante a ultima guerra, commandava um regimento em que seu irmão também eri> tenente. ^Valente soldado, dizem ter sido o moço, —victima na batalha de Fair Oak. Marjorie tem ainda um irmão estudando na Universidade de Harvard. A familia é uma das mais ricas e estimadas deste ''Estado de Granito," o New Hampshire. Ella e seu pai Mr. Riohard W. Daw costumam passar quatro mezes em Washington ou Richmond e o resto do anno aqui. O inverno da Nova Inglaterra lhe é severo de mais e por isso é que costuma mudar a residência para o sul. O nome de Miss Daw estou certo, a principio te soará mal, porém, logo que o hajas repetido uma dúzia de vezes, te agradará: ha nelle um certo quê de raro e de exquisito que enleva-me. Hontem á noite, tive uma conversa com o meu caseiro, de quem pude obter algumas informações a respeito de Marjorie. Me disse que dá-se muito com a familia Daw, e que a conhece ha trinta annos; que Marjorie, a bella da rede, costuma dar seus passeios á praia por um certo caminho, predilecto e um tanto isolado. Custoso pois me será que, sabendo disto, não tenha oceasião de encontral-a uma destas tardes quando ella sahir. Ao ver-me, naturalmente, me fará um cortezia aristocrática, e eu, então, aproveitando a opportunidade ousarei opproximar-me da princeza para dar-lhe o prei* to de minha homenagem. Conto desde já com sua amizade. Cousa singular: acabo de ser chamado para a sala de ,visitas onde provávelmente encontrarei Mr. Daw conversando com meu pai. O cazeiro já fez-me a seguinte descripção: "é um homem aito, orçando pelos cincoenta, barbado, e de physionomia agradavel e até sympathica." Sua filha Marjorie vai hoje ter umas comp nheiras comsigo para jogarem uma partida de croquet. Meu pai á pretesto de seus achaques nãoacceitará com certeza o convite para a reunião que vão ter; eu porém não falharei. Muito terei que contar-te meu caro João, na minha próxima missiva, á respeito da familia Daw. Terei conversado e visto Marjorie Daw iête à-tête. Como quer que seja, diz-me o coração que essa moça é uma rara avis. Adeus: manda-me dizer como vai tua perna. V. Do mesmo.—Agosto 13. Querido João: Fui assistir á reunião em casa de Mr. Daw. Os convidados presentes foram: um tenente de marinha; o reitor da Egreja episcopal de Stillwater e um tacanho de Nahant, de cujo nome não me recordo. O primeiro, parecia ter engollido os botões da farda o segundo,um joven reitor,todo pensativo e entregue á meditação,parecia absorto e transportado ao outro mundo; e o terceiro, o subjeito de- Nahant, era um perfeito pateta, péssimo specimen do Massachusetts. As moças, essas como sempre, estiveram mui divertidas,—eram umas verdadeiras estrellas vespertinas. A's sóte horas foi servido o chá, e logo depois retiraram-se todos os convidados excepto o filho de meu pai, que foi coayidado para fumar um charuto em companhia do coronel e Marjorie. Pude então contemplar bem seu rosto ingênuo e apreciar a terna affeição que tem pelo pai. Este ora pedia-lhe que fosse accender o seu havana, e ora que fosse buscar, mais charutos,—ella a tudo accedia com graça e bôa vontade. As horas, quaes minutos, passaram-se-me rapidamente, e eu, contemplando o lindo crepusculo, que tanto enleva a imaginação, admirava também a Marjorie. Seus cabellos louros, suas vestes alvas e os olhos côr de azeviche davam-lhe graça e candura ineffaveis. D'ali vimos a lua como surgindo do.mar. O oceano, negro, plácido e solemne, estendendo-se vastamente no horizonte. Que sublime espectaculo! Deslizando de um tópico ao outro, insensivelmente relatei aos meus novos amigos o teu accidente. Pareceram tomar grande interesse no que dizia. Contei também o nosso olano, que tua queda frustrou. Emflra, fiz a traços largos unia desoripção de ti, ou' antes, de tua amabilidade, do tua gratidão para com o medico, de tua resignação durante a enfermidade, da tua ternura para com Fanny, tu» irman, com quem heroicamente instastes que volta-se a Newport, e de tua devoção para com Watkins. Foram muitas as perguntas que tive de responder. A principio não me oceorreu a razão de tanta curiosidade, porém logo comprehendi que Miss Daw tomara por ti muito interesse, o durante a noite não pude esquecer com quanta ansiedade estendia ella o seu níveo collo aos raios da lua, para melhor poder escutar o que eu referia a teu respeito. Positivamente logrei piutar-lhe em ti o ente querido de sua imaginação! Qne belleza que naturalidade e que sinceridade! E o pai, que excellente homem ! Ambos são já meus amigos. Contrahi essa amizade hontem, e hoje já me parecem meus velhos amigos. "Pine Grove" é um logar isolado, e os meus recursos são poucos. A não ser por esse feliz acaso, a vida aqui tornar-se-me-hia intolerável pela monotonia. VI João Flemming a Eãuarão Ddaney.—Agosto 17. Apezar de não ter muito gosto para artilharia, quero crer que estás mantendo um fogo bem sustentado sobre minhas trincheiras de defeza. Mas, avante. O cynismo é como uma pequena peça de campanha que ás vezes se arrebenta e mata o artilheiro que a dispara. Attaca-me quanto bem te aprouver, mas não deixa de me escrever. Tuas cartas me são um consolo inestimável. Estão me curando. Já perdi o costume de atirar livros á cabeça de Watkins. Ultimamente maltratei-o tanto que elle teve de levar todos meus livros para as estantes do meu gabinete, a ver si assim podia-se livrar dos seus effeitos. O braço direito já ha dias que não o movo.-Eduardo, essa Miss Daw deve ser bonita e encantadora. Sem duvida que me agradaria muito. Já me agrada. Quando nas tuas primeiras cartas me fallaste delia e me disseste que a vias da janella da tua casa, deitada na rede, comecei a sentir-me attrahido para ella. Ao ler tua descripçáo recordei-me d'uma mulher a quem amei na primeira quadra da minha mocidade. Palavra què, já sonho com esse anjo. Vê si me podes conseguir o seu retracto. Seu ar altivo, sua actitude pen • sativa, seus bellos cabellos dourados e seus ne"creio estar vendo taes grOs olhos, quaes o? pirictaste. Fez um mundo de perguntas a meu respeito, não é verdade ? Deseja saber do meu estado ? Rir-te-hias á morrer do meu fraco, si soubesses como passo as noites. Estou continuamen"Pine Grove " e na casa de tua pensando no vizinha." Parece-me estar vendo ò coronel comtigo e Miss Daw sentada na varanda, cada um dos homens com o seu charuto na bocea. Quão bello não deve ser um passeio á praia ! Vejo-a ás vezes atravessando esse bosque de braço dado com seu pai, ao luar.. .Mas. ..faz frio lá? Eu aqui me entristeço, ao lembrar-me dos teus prazeres por lá, Eduardo. Faço esforços para esquecer-me dessas puerilidades, mas qual o resultado? E' enraivecer-me á poneto de querer quebrar e fazer migalhas de tudo quanto acho diante de mim. Tens visto ahi algum que se pareça á um amante delia, frequentando esse lar histórico ? O tenente de marinha costuma visitar os Daws freqüentemente ? Não porque tenha curiosidade... mas, uma ou duas palavras á respeito das pessoas que frequentam essa mansão não seriam inúteis me entendes, não ? Me causa sorpresa que tu, Eduardo, não te hajas enamorado de Miss Daw: si fosses eu, já estarias no rol dos amantes. Vê si de alguma forma te é possivel obter o seu retracto, ainda que seja preciso furtal-o do seu próprio álbum. Prometto devolvel-o antes que ella dê pela falta. Como chegou minha Margot ? Formoso animal, não é verdade? Logo que melhore da perna irei ao "Central Park" passear nella. Adeus. Ja vou indo melhor. VH. Eãuarão Delaney á J. Flemming.—Agosto 20. Tiveste razão em suspeitar que já estou em termos de muita intimidade com os Daws. Meu pai está sempre juneto com o Coronel, fumando seu havana na varanda. Quanto a mim, prefiro então conversar com Marjorie. Cada dia me interessa mais sua conversação. Perguntas porque nãó "me tenho enamorado delia. Eu te direi: Já pensei nisso, porém ella, apezar de joven, intelligente e bonita, não possue um dos attractivos indispensáveis para me prender. Uma mulher que a possuísse, ainda que não fosse tão intelligente, bonita e bem educada como ella, far-me-hia louco, e me le- O NOVO MUNDO. varia aos maiores excessos do amor. Mas não Miss Daw. Si junetos naufragássemos em alto mar,— o si acontecesse, por exemplo, nas regifíes dos trópicos (não me custa ser romantico,)—eu a conduziria para um desses jardins encantados, levantaria para ella uma ohóça de bambus e, para alimental-a, iria caçar a mais arisoa tartaruga, afim de dar-lhe uma sopa bem nutritiva, proourar-lhe-hia para sobremeza alguns deliciosos cocos; ser, porem, seu amante, isso nunca: contentar-me-hia em tratal-a como irman emquanto durasse esse nosso estado. Além deste ha um outro motivo que mo impediria de apaixonar-me por ella, e esse te sorprehenderá, meu Flemming, si não me engano. Tu me dirás depois. Uma noite, apóz uma visita á casa de Marjorie, levei horas inteiras pensando nos incidentes do meu primeiro encontro com ella, em casa de seu pai. Recordei-me perfeitamente, de sua altivez e ingenuidade, e do interesse com que ella escutava a minha revelação sobre ti. Na manhan seguinte fui ao correio. Ao dar uma volta para pôr na mala a carta que levava deparou-se ella commigo. Me disse que estava vendo si tinha cartas. Feito o que tinhamos á fazer, sahimos junetos. A nossa conversa foi mormente sobre ti. O seu cuidado por ti, notei, não havia diminuído. Emquanto não fallei de ti parecia absorta em profunda meditação; assim, porém, que proferi teu nome cravou em mim seus lindos olhos para não mais tiral-os até que conclui. Depois desse . passeio, a tenho visto em varias oceasiões, porém sempre a mesma. A's vezes omitto, de propósito, fallar-lhe de ti, para observar-lhe as intenções. Si encontra em redor de si algum livro põe-se a lêr e folheal-o indifferentemente, ou para distrahir-se extende a vista sobre a ínfinda campina que temos diante de nossa habitação. Tudo isto até que toco na corda sensivel. Ja vistes cousa mais singular ? Tudo obra de um acaso E' realmente admirável vêrse duas pessoas como tu e ella, tão distantes, e que nunca se viram, oecupando-se uma da outra e exercerem tamanha força magnética ! Tenho visto muitos phenomenos psycologicos, porém de caso como este nunca tive noticia em minha vida. Quero que tu mesmo me sôlvas este problema. Me perguntas si Marjorie tem algum pretendente. Si o tem, não mostra. Quanto ao retracto, não pude conseguil-o, pois delia só existe um, em porcelana, sobre a lareira de mármore da sala de visitas: tiral-o d'ali seria impossível, porque a sua falta seria immediatamente notada, e além disso não me arrisco a travar forçosamente relações com o juiz de paz só para dar-te mais esse prazer. Não te zangues por isso. P. S.—Incluso te remetto um raminho de cravos. Guarda-o carinhosamente. Esta noite voltarei a ver a bella da rede. VHI. Eduardo Delaney á João Flemming.—Agosto 22. Tua carta em resposta á minha ultima temme preoecupado a mente toda a manhan. Não sei que pensar. Estarás por acaso seriamente enamorado de uma moça que nunca viste? Ná verdade não te posso comprehender.! Sois um par de seres ethéreos que se movem n'uma atmosphera demasiado pura para que meus pulmões ordinários possam respiral-á. Essa delicadeza de sentimento, é uma das cousas que, sem comprehender, admiro. Estou mettido em boas. Ser da terra, terrestre, e ter de tractar com espintos puros, é cousa realmente desproporcionada a meu bestundo! Estou em risco de desbaratar-vos com minha rudeza. Reflectindo bem, não sei si será prudente levar esta correspondência adiante. Mas, não, João: faço mal em duvidar do teu bom senso, base fundamental do teu character. Vejo que estás muito interessado na sorte de Miss Daw, te figuras que ella é uma pessoa a quem possas, logo que a conheças, admirar, mas poderá acontecer que depois que a vejas não te agrades delia, ou talvez não a encontres na altura do teu ideal. Pensa primairo bem sobre isso, antes de te apaixonares por ella. Eu cá não te oceultarei nada. Hontem á tarde fomos de carro, em companhia da familia, á Rivermouth. De manhan choveu um pouco, porém, foi uma chuva muito conveniente porque fez assentar um pouco o pó da estrada por onde tínhamos de passar. Atravessamos uma grande parte do caminho por entre pictorescos bancos de relva e folhagem verde-negra. O contraste era perfeito: as encarnadas cerejas que dos ramos pendiam embellezavam exquisitamente essa estrada. Rivermouth fica distante donde moramos apenas oito milhas. O velho coronel e meu pai tomaram o assento da frente e Marjorie e eu o detraz. Fiz tenção quando entrei no carro, de não fallar de ti á Marjorie, emquanto não tivéssemos andado pelo menos cinco mi- lhas do caminho, afim de observar o effeito que produzia nella o meu silencio a teu respoito, o vi com prazer como ella se valia dos meios os mais engenhosos para surprehender-me n'uma reticenoia ou pausa que fazia. Esta omissão, sem duvida, a incommodava muito. As vezes guardava profundo silencio, outras vezes ficava summamente alegre. Fui firme em meu propósito durante todo o passeio, mas, de volta pam a casa não pude conter-me e fallei de ti. Miss Daw vai experimentar Margot uma destas tardes. O animal é um pouco leve demais para o meu peso. Já ia esquecendo de dizer-te que Miss Daw tirou hontem o retrato em casa de um photographo de Rivermouth. Si a negativa sahir bôa, prometteu-me um cart?o, e desse modo obteremos o que queríamos sem incorrermos era falta. Oh! quem me dera poder-te mandar o retrato em porcellana que adorna a sala de visitas. Está tão brilhantemente colorido que darte-hia idéa exacta dos seus cabellos e da expressão dos seus olhos, que não poderás vêr bem na photographia. Não, João: o raminho de cravo não fui eu quem t'o mandou: um homem de 28 annos não manda flores dentro de cartas a outro homem. Mas não te faça isso muita mossa por emquanto. Ella também dá raminhos ao ministro e ao tenente. Um dia deu-me uma rosa que trazia pendurada do peito. Miss Daw, como a primavera^ vai andando e espalhando flores. Não estranhes a raridade das minhas cartas: só escrevo-as quando me vem isso á idéa, e naturalmente, agora ando muito preoecupado. IX. 179 mo. Tenho medo do effeito quo poderia ter Si precisas sahir de oasa deves procurar algum aqui o teu brusco appareoimento, no caso de ... poneto do interior, melhor do que o Pine-GroMiss Daw mostrou-se muito contente de ver- ve. Ouve os conselhos d'um amigo que tanto te nos de volta e apertou-me ambas as mãos com aprecia, e não menospreze tanto as admoestaa maior franqueza, cordial e sinceramente Esções do bondadoso Dillon. ta tarde parou o seu oarrinho á nossa e porta xrv. disse-me que havia estado tirando o retrato em Teleobammas. Rivermouth. Desgraçadamente o photograSeptembro 1'.—A Eduardo Delaney. pho deixou cahir algum ácido na primeira prova; e ella teve de ir retratar-se outra vez. A' Recebi lua caria. Maldicto seja Dillon. Creio minlia presença lá torna-se urgente.— J. F. mim me parece que Marjorie anda preoecupa- que da por alguma causa, séria. Hoje estava muito U.—A João Flemming. distrahida, cousa que nunca lhe notei antes. Não verúias por mudo algum. Só augmenta< Talvez seja effeito de imaginação da minha rias #s complicações. Não saias sem meu aviso. —ED. parte. Concluo, dizendo que, ficam archivadas muim.—A Eduardo Delaney. tas cousas que devia agora dizer-te, mas Posso estar lá, incógnito. Em iodo o caso preque não farei porque tenho de accompanhar a meu ciso vel-a.-rJ. F. pai n'um dessos grandes passeios que são agoIV.—A João Flemming. . ra o seu único remédio—e também o meu. Não penses nisso. Seria inútil. 0 coronel fechou-an'um quarto! Entrevista impossível.—E'.D. XI. V.—A Eduardo Delaney. Eduardo Delaney a João Flemming.--Agosto 29. Fechada Escrevo-te á pressa para contar-te o n'um quarto! Céus! Só me faltava que ha tido logar aqui desde que escrevi-te a minha esta! Parto amanlum pelo expresso de uma e ultima. Não sei o que fazer. Uma cousa é cia. meia.—J. F. ra: tu não deves sonhar em vir á Pine-Grove. A 2 de Septembro de 187—, quando o exMarjorie confessou tudo a seu pai; ha um mopresso que devia chegar ás quatro e cincoenta mento a vi no jardim e, tanto quanto pude co- parou na estação de Hampton, um moço lher da sua confusa conversa, os factos sãe esapoiado aos hombros do seu criado apeou-se tes: o tenente Bradley, isto é o official de mado carro e tomou um coche de aluguel rinha da guarniçâo de Rivermouth, ha muito para Pine Grove. tempo que faz a corte a Miss Daw, não porque Assim que chegou á porta d'uma modesta ella goste delle, mas para agradar ao coronel, casa de campo, a poucas milhas da estação, que parece ser amigo velho do pai do moço. mandou parar o coche e apeou-se, olhando anHontem, (eu bem sabia que havia qualquer ciosamente ao travez da estrada, parecendo cousa que a preoecupava) o coronel fallou a obedecer á um súbito pensamento. ReelinanMarjorie de Bradley e insistiu instantemente do-se outra vez aos hombros do fiel Watkins, que ella correspondesse á affeição delle. Mar- bateu á porta da rústica morada e perguntou si jorie parece que exprimiu o desgosto com que estava em casa o Sr. Eduardo Delaney. Abriu acceitava as attenções do oflicial, e com frana porta um ancião que affavelmente lhe disse queza caracteristica confessou á seu pai o Sr. Delaney partira para Boston no dia bem, eu nâo posso dizerfo nem sei o que con- que anterior, mas que o Sr. Jonas Delaney estava fessou; basta que saibas que foi uma das mais em casa. A resposta não pareceu satisfactoria vagas confissões que se pode fazer e que sorao recém-chegado que então perguntou si o Sr. prehendeu o coronel o qual está agora desespe- Eduardo deixara alguma carta para o Sr. João' radissimo. Supponho que ando implicado no Flemming... .Havia uma missiva para o Sr. negocio e que o coronel está muito amofinado João Flemming, si aquella era a sua pessoa. commigo; O velho retirou-se por um momento e reappaNão sei porque, não levei cartas tuas a Miss receu com uma carta. Daw e tenho-me portado sempre com a maior XV. descrição. Meu comportamento tem sido sem modesto e exemplar, e o coronel mesmo deve Eduardo Delaney a J. Flemming.— Setembro 1". pre sabel-o. Estou horrorizado pelo que fiz! Quando , Sem embargo, é provável que as relações comecei a minha correspondência comtigo,não d'amizade entre as duas casas se rompam ago- rae á outra cousa, sinão arrancar-te do propuz ra. Heide participar-te do que venha-oecorrer. tédio de que era presa o teu espirito n'um quarTencionamos ficar aqui até a segunda semana to d'enfermo. Dillon me pediu que te animasse. de Septembro. De modo algum sonhes em Tractei de fazel-o. Pensei que poderias adivir cá vinhar minhas intenções. Não pude prever P. S.—O coronel Daw que neste momento até ha poucos dias que tomasses a cousa tanto está assentado no corredor, lança-me umas ao sério. Que te direi eu? Estou em penitenolhadas foribundas. Não vi ainda a Marjorie cia, em cilicio. Sou um paria, um descastado. desde que lhe disse adeus no jardim. Veiu-me á mente fazer um pequeno romance, alguma cousa grata como um idilio: tenho fé XH. que fui mui bem suecedido! Meu pai não sabe paEduardo Delaney ao Dr. Thomas Dillon, em Ma- lavra de tudo isto; e assim não molestes o podison Square, New York.—Agosto 30. bre velho em! contar-lhe o que se passou. De.—Si tendes* alguma influencia Quanto á mim fujo da tua cholera. .quanQuerido sobre Flemming supplico-vos mui encarecida- do chegares por que saberás agora, meu quemente que o subjugueis a fim de evitar que elle ridissimo João, que não existe aquella casa nos appareça aqui de súbito. colonial, nem encruzilhada, e nem rede, porHa circumstancias, que vos explicarei breve- que... nunca existiu Marjorie Daw. mente, que fazem da maior importância que T. B. Aldbioh. aquelle meu amigo nãovenha cá. A sua presença ser-lhe-hia'muito prejudicial. Prestar-me LISZT K ITIBBRE. heis grande favor, instando com elle para que fique em New York, ou vá para outro poneto. Lê-se no Jornal do Commercio, do de 19 do p p • Peço-vos também que por modo algum men- —j'Roma, 15 de Fevereiro —Ha diasRio, assisti á uma reumao musical dada pela Princeza Piumoli cioneis meu nome neste negocio. (Bonaparte) em honra da Princeza Bkancovano, como V sabe Conheceis-me bem, caro Dr., pára que fiqueis toca piano perfeitamente, e se achava que aqui de passàeem' certo que, pedindo-vos esta secreta cooperação Ali _vi Liszt eio Sr. Itibeké da Cunha, addido á ledo Brazil. Este, depois de tocar uma das suas assistem-me fortes razões que, sem duvida, ac- gaçao composições musicaes, foi cordialmente applaudido pelo grande e legendário pianista húngaro, em presença de ceitareis logo que vol-as expuzer. numeroso e distincto auditório, e vio-o apertar a mão do Tenho prazer de communicar-vos que meu joven brazileiro, dirigindo-lhe expressões as mais lisongeiras vai tão melhor, que já não o conhecerieis. pai Dias depois Liszt foi visitar Itibeké, entretendo-se Fico sempre, com affecto, etc. com elle mais de duas horas, durante as ouquaes Eduardo Delaney á João Flemming.—Agosto 23. Acabo de ter com Miss Daw a entrevista mais estranha que podes imaginar. Sem mais nem menos, confessou-me que se interessa mujto por ti. Mas, com que modéstia e dignidade fallou-me! Quero confiar ao papel as suas palavras, mas em vão: ellas me escapam da penna, pois, não é tanto o que disse, como o modo porque o disse que me é impossível reproduzir. O que não posso explicar ainda, e o que mais realçou a originalidade da oceasião foi que ella se visse obrigada á confessar á.um terceiro o amor que sentia por um homem á quem jámais vira. Eu, porém, acceito as cousas como em geral recebemos os sonhos. Agora de volta ao meu quarto parece-me tudo uma illusão! E' mais de meia noute, estou com muito somno para poder escrever-te á larga. Terça-feira de manhan.—Metteu-se em cabeça de meu pai que iria passar alguns dias nos Becifes. Não receberás, pois, cartas minhas por algum tempo. Estou vendo Marjorie, passeando no jardim com o coronel; quizéra espreitara oceasião de fallar-lhe á sós antes de partir, mas não terei tempo. X. Bo mesmo ã Flemming.—Agosto 28. De modo que estás na tua segunda infância, não é assim ? Tua intelligencia está tão reduzida que meu favores epistolares te parecem immensos. Pois bem, faço-me superior ao sarcasmo de tua cartinha de 21 do corrente, tendo em consideração que, cinco dias de silencio de minha parte bastam para atufar-te novamente em tua prostração. Esta manhan voltámos de Appledor, essa ilha encantada em que a gente paga quatro dollars por dia; e, de volta, encontrei aqui trez cartas tuas ! Evidentemente causa-me grande prazer a tua correspondência. Tuas cartas não teem dacta; a que, porém, me parece ser a ultima, comtém dous incidentes qúe merecem-me a mais séria consideração. Perdôa a minha franqueza, caro Flemming; mas estou intimamente convencido de que á medi. da que sara a tua perna se enfraquece o teu cérebro. Minha opinião sobre o assumpto de que me fallas ó muito simples. Para mim não poderás commetter indiscrição maior como escrever uma carta a Miss Daw, agradecendo-lhe a flor! Com toda a certeza offenderias a sua XIII. delicadeza, e terias de te arrepender. Ella só te conhece por meu intermédio; para ella és Eduardo Delaney a João llemming.—AgostoSl. uma abstracção, a expressão, a fôrma d'um Acaba de chegar a carta em que me particisonho: sonho do qual despertal-a hias ao mais lepas a tua descabellada determinação de vires ve toque. Comtudo, si lhe escreveres e lh'a man- ver-me. Rogo-te, supplicq-te, que reflictas por dares a carta por mim, entregal-a-hei, si nisso um momento. Similhante passo seria fatal aos faço a tua vontade; mas já sabes qual é a minha teus interesses e aos delia. Darias motivo para opinião: dizes-me que já podes " com o auxiencholerizar o coronel, e, ainda que ame extrelio de uma muleta passear dentro do teu quarmamente a Marjorie, o velho é capaz de deixarto" e que pretendes vir visitar-me assim que se levar por um extremo infeliz. Eu não poso Dr. Dillon te considere bastante forte para so convencer-me facilmente que de caso pensaresistir ás fatigas da viagem. E eu te peço que do queiras ser a causa de que eUa seja tractada tal não faças. Pois não vês, querido João, que com severidade e isso é justamente o que farias quanto mais se dilata a tua ausência mais es- si te apresentasses agora em Pine-Grove. Escandece a paixão de Marjorie e se augmenta a Flemming, deixa-me ver o que resulta de pera, influencia que sobre ella exerces? Qualquer tudo isto. precipitação de tua parte deitará tudo á perder. De mais a mais, escreve-me Dillon que ainEspera até que te sintas inteiramente restabeda não estás em estado de viajar, sobre tudo lecido, e de nenhum modo venhas sem avisarquando a distancia que nos separa é tamanha. vir as ultimas composições do joven brazileiro, quiz ia publi cadas e algumas que se achavam no (a Barcarolle o Noctwno e o romance das SUrèes prelo de Venise) e o seú grande concerto em dó, com acompanhamento de orchestra dedicado ao Imperador do Brazil. Os dous pianistas achavam-se sós, e sei por varias a quem Liszt o repetiu, que elle admira muito a pessoas elegância e oriirinalidada destas peças musicaes. Mas, talvez o maior triumpho de Itibeké deu-se In dias, em casa de Mme. d'ARA(?uN, esculptora allemá oceasião da vinda de Liszt, dera um soirée em que por que o addido tocou, sendo Liszt o primeiro a applaudilo, e a apontar ao seu distineto discípulo o Americano PINNEit e ao ministro da Allemanha Kendell oue é tombem excellente pianista, todas as bellas das composições do addido pian.sta. Notou-se pas'*airens muito um facto, que se deu naquella oceasião, e que eu presenciei. a?lstas> q"e ali se achavam, tocaram, ^lguns ?ÍSÜ^ Liszr deixou-se ficar em uma ante-sala, onde se entretinha com diversas pessoas, emquanto que aos primeiros prelúdios de Itiberé, levantou se e veio sentar-se ao lado do piano; o que naturalmente attrahiu ainda mais a attenção sobre Itibeké Liszt partiu Pesth; o relevo que os seus elogios —de que elle é para deu ao Itiberé, fez com parco eu amador de musica como sou,—procurasse travar que cimento com este moço, cujo admirável talento éconheuma nonra para o Brazil Jâ vai gransreando nome, e no dia <iU deve ser executado n'um concerto da Philarmonica o romance do concerto de que acima fallei." 180 0 NOVO MUNDO. Chapéo Rubens. mmWÈmWmmWMWIIl Este chapéo proto de palha ó enfeitado com dous laços grandes de cropo chinez, tambem preto. Na copa desate uma penna de abestruz. Chapéo de veludo preto. ^^^mÉmWÊÍmmwW JlIlSHISHS^Sà Este chapéo de[veludo preto ó orlado de seda preta e bordado com vidrilhos. Um comprido véo de escomilha de soda, com as ponctas soltas, enrola a copa do chapéo, a cujo lado esquerdo prende-se uma asa de pássaro. Na parte posterior estão presas algumas rosas esmagadas. Vestuário de passeio de carro. Este vestuário ó de veludo azul e seda. A saia é muito comprida, e o avental é de seda azul mais clara e enfeitado de folhos e fofos. O avental ó de seda orlado de franja e debruni de veludo. A couraça é de peito dobrado com mangas de voludo e trez ordens de babadinhos, e dous laços em cada punho. O chapéo mais apropriado será de veludo, enfeitado de rosas cor de rosa escuro com uma pluma comprida á Mercutio. Vestuário Princeza. CHAPÉO RUBENS. : : Este é de soda sicüienne, preta. O corpinho e o avental são unidos, e de cada lado do corte do avental em triângulos pende-se um grande laço. Do pescoço até o chão estendem-se quatro linhas de fôfós enfeitados de botões, e ordens de renda de guipure completam o adorno do avental. A goUa é á Medicis, de veludo. O cabello deve ser penteiado em fofos e ornado de um p.ente tranversal de tartaruga com roseta ao lado. r CHAPÉO DE VELUDO PRETO. ¦ . VESTUÁRIO DE PASSEIO DE CARRO. VESTUÁRIO PRINCEZA. IP—¦•*——*—' "——**——•¦^•¦^ •' O NOVO MUNDO .¦.¦¦¦' 181 » ^—__——i^Hiarf i —— —' ¦— __ ________________________^___^_^_^ ¦ 182 O i á,AUSERIE _f AR1SIENNE *"'_**# PAR ARSÈNE HOUSSAYE. * Le móis á ótó chargó d'óvónenients : tem potes à Versailles, bourrasques à Paris, procòs du General de Wimpferi, reception d'Alexandre Dumas II á PAcadémie, ehfin Penterrement du Oarriavahqui d'aüleüi'8 ne 8'est jamais inieiix porte, car on peut dire que le Mercredi des Ceudres est le jour de sa rósurrection. Si je parlais politique, je vous conterais comment les liommes les mieux avises so trompent siir le lendeniain. Je dinais chez M. Thiers le Mardi Gras. Três brillante fète oil tout le monde a eu de Pepi-it, mais sortout le maítre de Ia maison. Rafisurez-vous, il n'y avait pas lá aeulement des liommes du centre gaúche. La duchesse Colonna disait qu'elle n'aimait pas les centres parce qne selou elle les liommes sans défauts sou des liommes sans qualités. "II n'y a que dons les extremes que l'on trouve de griuds liommes." La <luche8se Troubètzkpí s'est écriée: "M. Thiers est bien Ia preuve du contraire." On parla des princes. On réproeha à Emile de Girardiú de les avoir abandones. II repondit, sans vouloir s'excuser, que Ia faveur des princes était comme Ia fortune au jeu : " On gagne d'abord,niais on finit par tout perdre dans leur compagnie." Mme.Thiers qui ne parle jamais que pour dire quelque chose,à 1'inverse de tant de femmes qui parlent toujours pour ne rien dire, a dit entr'autrês mots celui-ci qui mérite d'être récueilli: " Ce qui rend les liommes si malheureux c'est ils sont afíámés de bonheur." qui * * Vous avez déjâ lu le discours d'Alexandre Dumas et le discours du comte d'Haii8sonville. Ce qui les distingue, c'est que le premiei- est écrit pour tout le monde taudis que le second n'est écrit que pour les raflinés. M. d'Hausson ville est un délicat qui 8'inquiète fort peu de ce qu'on pense de lui dans les classes inférieures. II croit avec quelque raison que le vrai mérite littéraire est de n'être pas à Ia portée de tout le monde; il dit que dans les lettres comme dans les arts il n'y a de bon que les initiés. Au fond, comme dans Ia forme, son discours a eu plus de succès que celui dAlexandre Dumas. Ce qu'on aime à PAcadémie ce n'est pas 1'esprit à brule pourpoint, c'e8t 1'esprit discret qui joue de Péventail sans être précieux pour cela. En un mot c'est 1'esprit français et non 1'esprit gaulois. Pour quiconque ne sait pas lire, bien des malices contre Pautem- de Ia Dame aux Camélias ne sont pas comprises, mais pour tous ceux qu'on appris Ia rhétorique de PInstitut, c'est un vrai régal. Alexandre Dumas ne s'en portera pas plus mal, mais il lui a faliu entendre, lui qui comprem! tout, plus d'une vérité cruelle. Cest sa faute, pourquoi fait-il son éloge,sous pretexte de faire Péloge du poete de Marie Stuart? Pourquoi compare-t-il cette reine tragique à cette demoiselle tragi-comique qui s'appelle Ia Dame aux Camélias? * * Mais il est bien question de ces tournois d'éloquence, à cette heure oú Paris continue à tourbillonner dans Ia valse et dans Ia politique. Vendredi prochain, j'aurai Phonneurde recevoir chez moi Ia plupartdes belles parisiennes et des belles américaines. Je ne vous parlerai pas de Ia íête après Ia fête; mais je veux vous en parler un peu Pavant veille. Je voulais n'avoir que cinq cents personnes, le dessus du panier, Ia fleur des pois, le nec plus ultra. Mais-je suia littéralement assiègé. Le bal de l'opéran'a pas réussi parcequ'il y avait ãe tous les mondes: on prédit que ma fête Veni tienne réussira parceque tout le monde se connaítra; monde politique, monde diplomatique et monde du high-life. Les femmes font de telles folies pour leur costumes que Worth et les trois ou quatre grandes couturières de Paris ne savent plus oú douner de Paiguille. II y a des femmesquichangerontplusieursfoisde costume, aussi m'a-t-on demande un salon pour ces metamorphoses. Ce salon mystérieux será come Ia loge des actrices. En efiet cette nuit là toutes les femmes seront actrices puis que toutes jouéront un role, sousleloup. Aussi les hommes sont-ils avertis qu'il y aura des pièges à loup. II parait qu'on n'a pas peur de ces pièges là puisque les plus graves personnages veulent s'y hasarder. Depuis trois jours je suis invisible, comme si j'avais Phéliotrope du Dante, pour n'avoir plus à refuser d'invitations. Mais on n'imagine pas toutes les comódies que jouent ceux qui veulent * Entered, accordlng to Act of Congress, by the Nkw-York Tridunk, to which joumal these letters are orlginally addressed. ' '¦ NOVO MUNDO. —r- une onrte rose. L'un d'eux in'n envoyé liier soa tómnina houh pretexte que je lui íuíhuíh une grave injui-o en lui rófusant ma porte. Mes tómoins ont rópondu que nous ii-ions voir levei- Paurore, 8'il le voulait,(lans le bois de Viiicenues, mais Io lendeniain de Ia foto. J'ai aussi des duela avec les femmes. On dit autour de moi que j'enterre ma vie de garçon. II est bien temps on vérité. Ce qui fait, dire ce mot c'est que je marie mon premieifile, M. ílenry Houssaye, 1'historieii (PApelles et d'Alcibíade. Cest un mariage iPamour comme en Amérique et non comme en Franco. Nous dinions sou vent au voisinage, chez le comte Potoeki, qui, depuis Páge de vingt ans, a toujours voulu compter son âge pour ses millions: il a aujourd'hui 72 ans, cW-à-dire 72 millions. Rassurezvous: mon filBiPépouse pas les millions du comte Potoeki. II en serait fort embarassé avec son goút sóvère pour Phistoire de Pantiquitó. II épouse une jeune et belle princesse italienne, une Pignatelli, princesse Cerchiara, dont le père íut ambassadeur du Roi de Naples en Russie. Tout en dinant et en voisinant, Pliistorien et Ia princesse se sont aperçus qu'ils s'aimaient. L'amour: n'est ce pas le veritable marriage de convenance? La princesse, qui est Painée et, qui n'a pas de frère, apporte en dot à son mari le titre de Prince de Chercliiara. Mais ce qui vaut bien mieux, elle apporte sa beauté et son coeur, sans parlei- d'un palais à Naples oú ils iront flirter pendant leur lune de miei. Mais je m'aperçois que je suis bien indiseret, je vous donne là une nouvelle que je n'ai voulu donner à aucun journal de Paris. On fait de livres nouveaux, pour changer de conversation. On réimprime beaucoup les anciens. Par example, voici Sainte-Beuve qui aort de son tombeau avac des articles de sa première jeunesse. Ce sont des nouvelles Causeries du Lundi. Sainte Beuve fut un assez joli causeur, mais par malhem-, dans ses causeries on sent l'école avec- sa fleur barbue, on sent Podeur de Ia Iampe, on sent le paríum moisi du pédantisme: son défaut fut de voir ni de haut ni de loin. II a eu le tort de promener sa lanterne sourde, queique foia fort lumineuse, sur le petit côté des choses. Aussi sur toute cette rêverie de raffiné oú il y a tant de pages charmantes, vouz verrez bientôt se proíiler Pantre de Poubli, on 11'imprime pas impunément 50 volumes oú le grandes figures litteraires sont obscurcies par les infiniment petits. Onpublie un nouveau journal soüs ce titre: Les Beaux-Arts. Cst un recueil in 49 qui prendra sa place à cote de VArtiste. Cest surtout un livre à gravures. Vous y trouverez tous les chefs d'o3uvre contemporaina. La première livraison renferme le Bepentir de Prudlion, des desBins inédits d'Eugène Delacroix, La Guerre de Punis de Charames et un plafond de Paul Baudry, quatre admirables choses qui seront un jour hors de prix et qui ne coútent aujourd'hui que 3 franca.' Tous les collectioneurs en France se sont fort enrichis depuis quelques années. Par example, ceux qui se sont abonnés à _'_?•tiste ont retrouvé quatre fois le. prix de leur abonnement. II en será de même pour les Beaux-Arts. On vend aujourd'hui 2,000 pour Ia Baisers de Dorat à cause des gravures. * ¦ * .* Je ne sais pas pourquoi on appelle les académiciens "les quarante " puis qu'ila ne sont jamais quarante. Par example à cette heure, ils ne sont que trente-huit, Guizot et Janin étant allés voir dans Pautre monde ce que vaut Pimmortalité dans celui-ci. Je crois qu'ils sont bien désenchantós dans le royaume des cieux, oú on ne leur tient pas compte de leur immortalité avant Ia mor-t. S'il est inutile d'être de PAcadémie pour traversei- le Styx. c'est bien plus inutile quand on est vivant. Carie public n'en sait rien, ou plu tôt lè public se dit: " Pourquoi celui-ci plutôt que celui là ? Pourquoi Pabbé Trublet, et pourquoi pas Molière? Pourquoi M. Ancelot, et " Les lauriers de PAcapourquoi pas Balzac ? démie sont des cyprès. II ne faut jamais se hâter de les cueillir si on veut garder sur sa figure et dans ses ceuvres un air de jeunesse. Quoiqu'il en aoit Ia course au clocher recommence pour les fauteuÜB de Guizot et de Janin. Les hommea politiquea et les hommes de lettres sont en campagne avec bien plus de passion que bí cette Académie, preaque trois fois séculaire, était une jeune filie de seize ana. On ne s'imagine pas en Amérique avec quelle ardeur ceux qui sont piques de Ia mouche académique, se mettent en route le matin pour faire lenrs viaites. A part quelque» grand aeigneurs, MM. lea Académiciens sont logéa au troisième, quatrième ou cinquième étages. Comptez quelle ascencion pour le malheureux candidat? II i— ttiTÍvn tout esBoutlló, mais »n lui dit: " L"unmorte] est en confórence avec un camlidat qui «'est levo plus matin quo vouh. " Notre liomme redoscüiid Pesoalier pour no pas Be oroiser avec son enneihi, car les candidata ne peuvónt pus se voir en face. IIh dovraient ne pouvoir pas se regardor sans rir<>. Enfin. apròs bien des hauts et dea ba?, notre liomme finit pnr trouver un immortel qui le toise du liaut de son imuiortalité et qui a Ia cruautó de lui demandei' pourquoi il lui fait Plionneui- d'une visite si matinale. —Mouhíoui-, c'(!8t quo je voudrais m'a88eoir à cote de vous. LMmiuortel presente un fauteuil. —Non, Monsieiu', ce n'est pas celui là, c'est celui de PAcadémie. LMininortel joue une surprise iusultante. —Quoi Monsieur, dójà ! —Dójà vous ne voyez donc pas ma barbe blanche V Et puis, mon cher, Monsieur pour les amis bien nós? Le talent n'attend pas le nombre des années. —Cest vrai que vous avez Ia barbe blanche: cela me fait platsir pour vous car cela vous donne un titre sérieux. Généralement Ia barbe n'est pas bí blanche qu'elle en a Pair, mais PEau des Fées teint Ia barbe en blanc comme en noir pour leB besoins de Ia cause. —Monsieiu-, puis-je espereiqu'un homme de comme vous, daignera me donner savoix? génie, Généralement, Pimmortel s'enveloppe de nuages comme Júpiter. II emploie un langage tout académique pour prouver qu'il n'est pas maitre de donner sa voix. Elle est promise depuis troia générations à Parrière petit fils d'un académicien, car dans ce pays là on ne connait que les gens de Ia maison. Non, Monsieur, vous n'aurez pas ma voix. Voilà ce que veut dire Ia langue académique par excellence. Devant ce verdict, le candidat prend son chapeau et s'en va. II fait 8e8 trenteneuf visites ne désespérant jamaia parce que là est Ia vertu du candidat. Quand c'est un homme de quelque dignité littéraiie, il s'ofíend et bat en retraite, on appelle cela Ia retraite des quarante. J'ai vu à 1'oeuvre Balzac, Théophile Gautier, Gozlan. Balzac entrait chez Pimmortel en protecteur de PAcadémie; il lui disait qu'il voulait bien faire Ia grâce d'être de sa compagnie. Balzac n'a jamais eu que troia ou quatre voix. On a entr'ouvert Ia porte à Théophile Gautier, mais en se réservant de Ia lui fermer •< u nez. Gozlan n'a même paa eu une voix. Quand il fit sa viaite à M. Villemain, ce pédant dont il ne reatera paB quatre lignes, lui dit brutalement: - Que me voulez-vous? — II a un fauteuil y vacant à PAcadémie.—Qui êtes-vous?—Léon Gozlan.—Je ne connaia paa. Que faites-vous 1 —Des souliers.—Pour faire vos visites.—Comme vous dites avec tánt d'eaprit! Et Gozlan leva le pied comme pour saluer celui qui lui tournait le dos. Mais c,et immortel était si près de Ia tombe que Gozlan remit respectueusement son piedparterre. Avec sa bonne grâce de vieux maítre d'école le père Villemain indiqüa Ia porte à Léon Gozlan. —Monsieur, je suis trop vieux pour avoir du temps à perdre : une fois pour toutes, sachez-le bien. vous n'aurez pas ma voix. —Votrevoix! s'ecria Léon Gozlan, mais ce n'est paa votre voix que je yieus vous demandei* c'est votre fauteuil! M. Villemain pâlit et se trouva mal. Gozlan fut obligó de lui jeter un verre d'eau à Ia figure. II y a Pacadémicien silencieux; celui-là se leve quand vous arrivez. Voub lui débitez votre compliment, il a Pair de penaer à tout autre chose. Quoi que vous fassiez vous ne pouvez lui arracher une seule parole. Vous vous tournez le dos pour Peternité si non pour Pimmortalité. II V a Pacadémicien sympathique qui vous donne dea eapérances parce qu'il est homme du monde et homme d'esprit, comme Emile Augier, Julea Sandeau, Camille Doucet, Octave Feuillet, Xavier Marmier, Alfred Mézières. Ceux là jouent avec le candidat, comme le chat avec Ia souria, aáns Ia craquer. Ils ont du moin8 toutes les politesaea exquises; ils n'ont paa écrit sur leur porte le vers du Dante sur Ia porte de PEnfer; Cest chez un de ceux là que ces jours-ci un candidat eBt arrivé à Pheure du diner. On lui a offért de ae metre à table, il ã jugé que c'était une promesse, il a mangé comme quatre pour faire honneur au diner, après le diner il y avait une petite reception. Se croyant obligé, le candidat est reste toute Ia soirée. A minuit, tout le monde était parti, il était encore là tout rayaunant, convaincu qu'il avait enfin une voix *— "' -— ncqtliso. Voyez vous d'ici Pinquiótude de Pacadómicieii et do bo famille. On regardaitaveo ctlroi a Ia pêndulo. La femuie parlait des ruea désertüB, Io mari parlait des voleurs: le candidal tenait bon. A Ia fin, Pacadémicien s'éoria: " qu'on couvre un lit et que MouBieur aille bo coucher.*' . Ceoi hYhi peut étre paBBÓ chez M. Camille Doucet qui será, je n'eu doute pas, à Ia mort de M. Patin, Sóoretaire perpetuei de PAcadémie. On voit que par avance, il fait bien leB choses. Cest une tròs Bympathique figure que celle de Camille Doucet; il a lainsé de charman.8 Bouvenira de son gouvernement des Théâtres : il faiaait bon visage à tout le monde. II avait le grand art de dire oui môrne quand il disait non, ou 8'en allait du moina avec un sourire; il ne préchait pas mais il moralisait. Combien de femmes et de filies du monde qui voulaient chanter à Popóra ou déclamer à Ia comédie françaÍ8e 8'en sont révenues chez elleB désabusoes par les bonnes paroles légèrement railleuses de Camille Doucet! II leur faisait si spirituellement le lamentable tableau de leur vie dans leB coulisses, qu'elles «'en allaient afiarées. Camille Doucet pouvait croire à des ennemis irréconciliables, mais dòs le lendemain il recevait une petite lettre charmante laquelle il répondit par une loge (Popéra ou de comédie française pour bien prouver que Ia place dea femmes et de filies du monde était dans Ia salíe et non sur Ia scène. M. Camille Doucet a Part académique de dire des vérités en souriant. Quand on va à PAssemblée de Versailles, en quittant PApsem blée de PInstitut, on ne se douterait jamais que c'est le même peuple qui parle. La bas toute les violences, et ici toutes les douceurs. Mais lea fleui-a de rhétorique ont auasi leura épines et parce qu'on parle à PInstitut, on n'y dit paa 1„ vérité: "Voua qui aavez si bien le latiu et quine voub en cachez pas." On ne pouvait railler plus agréablement Jules. Janin, en ce paya des compliments. Mais c'est là le caractère de cet esprit três fin qui n'est saisi que par les délicats. Vauvenargues a dit: "Malheur aux delicats." Dans les lettres lea délicats ne sont guère appréciés; on veut des hommes tout d'une pièce, des figures accuaéea, dea tons vigoureux; Pharmonie n'eat pas de Baiaon; Ia grâce et Ia douceur sont des vertus abrogées ; le temple du goút est une ruine aans grandeur; les Girondins de Peaprit sont sacrifiés aux Montagnard8; le café est toujours en faveur mais líacine a un peu passe .... O Racine! o divin Racine! à Pacadémie on apprécie les délicats. Ils sont forces comme le héros antique de cacher leur force soua leur douceur. Celui là était un vrai académicien qui disait: " Si j'avais les mains pleinee de vérités je me garderais bien de leB ouvrir." Qui oserait esperei- Ia vérité d'un pays, oú, comme disait Chamfort "un homme est louve en sa présence par un autre homme qu'il vient de louer lui même en présence du Mlle. public qui s'amuse de tous les dmx?" de Leapinaase avait coutume de dire aux>éances de reception, quand les deux diacoura étaient debites: "Je u'en .crois pas un mot.'' En effet, qui prendrait pour de Pargent comptant les éloges qu'on donne à Pimmortel qui vient de .mourir et à Pimmortel qui lui 8uccède. Non seulement ce sont de grands hommes mais encore ce sont de grands saint8. Ce n'est point à Rome qu'on canoniae, c'eat à PAcadémie française. Les quarante de tous les âgea sont aortis de là avec dea oraisons fúnebres qui doivent leur ouvrir à deux battanta les portes du paradis. Or qui va remplacer Guizot et Janin ? Deux hommes qui n'on rien fait. Cest un mérite aujourd'huiqu'on fait tant de sottises et qu'on en écrit tant. * * * Richelieu, fondafeur de PAcadémie française, était hier en joie et liesse, couché dans son.tombeau à PEglise de Ia Sorbonne. On ne lui avait paa apporte le laurier académique, mais Ia couronne de roses blanchee. On célebrait á midi dans cette petite église le marriage d'un homme de sa famille, M. le Marquis de Jumilhac, Duc de Richelieu. On n'avait jamais décoré le choeur et Ia nef avec plus d'ebplendeur: des draperies de velours rouge frangé d'or toutes constellées de fleure, un parterre qui était un jardin, d'admirables tapeceries sur tous les murs. M. Maret, évèque de Jura, présidait. La meaae a été dite par M. le cure de St. Philippe du Roule,mais c'eat M. Maret qui s'était reserve Péloquence et Ia bénédiction nuptiále. J'oubliaÍ8 de dire que Ia marriée était Mlle.Heine, Ia filie du banquier du faubourg St.Germain. Ala haute banque,il n'y a qu'un paa.quand il 8'ágit de marriage. II y a un abíme, quand on ne 8e marie pas. Après tout, les pièces de cent aous ont aussi leur blaaon. Hier, Baaileuaki qui aurait pu être Grand (PEspagne, mais qui croit que son vrai blason O NOVO MUNDO. est sa galeria des ohefswVoauvres du moyun-ãge, elonnuit à diner ã Nigia, son nouvel ami. On elucida la question (lus fenunes pour Pemhrouiller un peu plus. II y avait lá de vrais dooteurs òs-scionces. Voici quelques miottes tombées ele la tablo: ," * * Pour les liommes, ljamour n'est qu'un conte; tandis que pour les femmes, c'est toute une histoire. * Si vous voulez être aiiné, il laut avouer le premiei*,parce que la femme n'aímeque son premiei- amant. Dans les autres passiòns, c'est l'amour et 1'amant qu'elle.aime. * * L'amour ele certaines lenimes elonne la mort. Quelques liommes s'y,liabituent—comme Mithridate au poisou. * * On rappela le mot de Mirabeau: La piideur a son crime et le baiser son innocence. On rapella aussi le mot de Napoléon: Les róis et les maris trompéssont toujours les derniers à le savoir. ., . * * La parisiemie est une esclave sur un trone. * Les femmes les plus fortes sont, cedles qui s'arment de leur faiblesse. Le masque de 1'amouv a pris plus de femmes que 1'amour lui-même. Et cent autres mots elont je ne me souviens plus aujoud'hui. Ma mère est une femme d'esprit, du vieil esprit français, car elle a quatre-vingts ans. Dans la conversation elle a beaucoup plus ele ve. v que les plus jeunes. Un jour que Alberic Second voulait nôter see jolis mots sur un çarnet, elle lui dit gaíment: —Ce n'est pas la peine: les mots qui tombent des lèvres sont comme des volées d'oiseaux chanteurs qui s'envolent pour ne plus revénir. Dans les causeries parisiennes on dit mille chuses charmantes/' volées d'oiseaux chanteurs qui s'envolent pour ne plus vévehir." Si tout. était écrit et imprime cu ne serait plus la peine de parler. * * * Je veux finir aujourd'hui par un mot de caractère: Vendredi, à une des premières loges de l'op6ra, une grade dame, n'autant plus décottelee qu' elle était illuminée de diamants, s'impatientait d'être lorgnée par un curieux ele 1'orchestre. —Ce n'est pas la peine de rougir, dis-je à la dame, c'est sans doute un marchand de diamants. —Et bien, c'est pour cela que je rougis, parce ne veux que je pas être estimée ce que je vaux. Arsène Hotjssaye. 0 GUARDA-CHUVA. palavras sobre este traste importante. ALGUMAS Seu uso geral dacta dos meiados do século XVIII. Na antigüidade uzaram-o somente os reis, symbolo de authoridade tão importante como o sceptro. Figura entre as insígnias reaes nos mármores de Persépolis e nos baixos relêvos da Assyria. Acaso seu uzo limitadíssimo na Ásia e Africa o fez passar como distineção e luxo á Grécia e d'ali á Eoma. Os sacerdotes da primeiras egrejas Christans, diziam missa debaixo d'elle e os cardeaes ao receber seus títulos das egrejas basílicas, recebiam juneto com o capello um guarda-chuva. D'aqui até nossos dias tem sido supplemento indispensável das insígnias dos altos dignitarios da egreja um guarda-chuva de oiro, e em muitos logares a hóstia vai sempre debaixo d'elle. Somente, neste caso, recebe o nome de pallio. Montaigne nos disse que o uzo do guardachuva, como abrigo contra o calor abrazador do sol, estava no seu tempo em voga na Itália, porém que elle o julgava mais embaraçoso do que commodo, considerando-o um pezo insuportavel para o braço. Os guarda-chuvas que haviam então na Itália eram feitos de couro em forma de pequenos dóceis, com varetas de madeira e um cabo muito comprido. Eram bastante pezados e muito particularmente os levavam homens á cavallo que podiam sustental-os com o braço. Parece que existiram com a mesma forma e durante a mesma época na Hespanha e Portugal, d'onde foram trazidos ao Novo Mundo. llocordar-se-ha que Defoe faz á ltobinson Cruzoo descrever os guarda-chuvas quo tinha visto no Brazil, o imitaudo-os fabricou o seu: •« O cobri com pelles, disso elle, cora o pello para fora, para quo mo protegesse contra a chuva e ohoI." Naquelles tempos, depois que se fechava o guarda-chuva não o levavam como costumamos fazer agora, si não voltado com o cabo para baixo, passando o dedo por dentro de uma argola que era preza na ponteira, e que se vêem ainda hoje em alguns parasoes de senhoras. No começo do século XVII, o parasol se uzou na Inglaterra, feito de pennas na parte exterior o de encerado por dentro. Durante o reinado da rainha Anna appareceu em moda o grarda chuva, porem scímente para o bello sexo; e decorreu mais de metade do seculo XVIII antes que o uzassem os homens na Inglaterra. Em 1762, o que devia ser mais tarde general Wolfe, escrevia ele Pariz: " Aqui a gente uza guarda-chuvas durante o rigor do verão para defender-se do sol e um traste muito parecido, senão o mesmo, para evitar a neve e a chuva. "Me sorprende como este costume não se tenha ainda aclimado na nossa Inglaterra." Como se houvesse advinhado o desejo do héroe de Quebec, certo cavalheiro, ptelo mesmo tempo, se aventurou a passear nas ruas de Londres debaixo de um guarda-chuva. Chamavase elle Yonas Hanway, cujo valor e arrojo ceiebra a historia, o qual acabava de voltar da Persia muita enfermo; e apezar de que o estado da sua saúde podia de certa maneira desculpal-o, o povo apupou-o, chamando-o " francez afeminado." Em 1770, John Macdonal chegou á Inglaterra com um guarda-chuva de seda, que havia comprado na Hespanha, e todo o mundo o se"Francez, guia gritando porque não tornai um coche?" Disse-se que o nervo da opposição era representado pelos cocheiros, para os quaes um guarda-chuva era um phantasma que ameaçava destruir a sua industria. Na estatística de Glasgow de 1781, apparece que um tal John Jameson, Cirurgião, trouxe de Paris um guarda-chuva que sendo o primeiro que se vio n'aquel'a cidade attrahio a attençao geral. Aqui nos Estados Unidos, em New Haven, como viram o Cura sahir de baixo de um guarda-chuva, um dia chuvoso, o estigmatizaram porque ia de encontro a vontade visível da Providencia, que segundo disiam, enviava a chuva para que o homem se molhasse. " Sabe d'aqui com isto " dizia o celebre Lord CoBNWALLis á um criado que abriu um guardachuva sobre sua cabeça n'um dia chuvoso; "eu não sou de assucar para derreter-me por esta chuvinha." E o Imperador José H, da Áustria, respondia á seu ajudante que lhe offerecera um guarda-chuva " que! acaso a chuva faz outra cousa que molhar a roupa ?" Concluímos protestando contra esta intransigencia, filha das tradicções que temos referido, pois não pôde negar-se ao possuidor de um guarda-chuva o verdadeiro titulo de propriedade sobre o seu objecto. Declarado artigo de primeira necessidade entre nós, pôde qualquer despojar-nos d'elle sem temor de incorrer n'uma falta. "Meus irmãos, dizia, ha dias á sens ouvintes um pregador methodista ; conheço que a moralidade do povo tem melhorado muito, de pouco tempo á esta parte. Sei de trez guarda-chuvas emprestados que tem sido restituidos á seus donos." NOTAS. —Paul Batjdry, o pintor daNovaOpera de Pari/, foi condecorado com a commenda da Legião de Honra. —New York tem immenso commercio em fruetas estrangeiras. Nos trez mezes de Janeiro a Março p. p. foram importados de Havana, Mayaguez, Kingston (Jamaica), etc, 18,194 barricas com 10,101,787 laranjas. De bananas chegaram 18 carregamentos, principalmente de Baracoa, e consistindo de 358,238 cachos. Ao passo que a perda por deterioração foi de 47 por cento nas laranjas, não excedeu de 15 por cento nas bananas. Também chegaram vinte e septe carregamentos e partes de carregamentos de cocos, em numero de-1,780,801, dos quaes 10 por cento chegaram deteriorados. Os cocos vêem principalmente de Baracoa, Honduras, San Blas e Kingston. Da Havana e Nassau também chegaram nesses trez mezes 2,785 ananazes.—Só dessas fructas a Alfândega de New York percebeu no trimestre 320,200$000 de direitos, o seu valor total sendo de 1,600 contos. —Estão agora edificando em S. Francisco da Califórnia o maior hotel do inundo. 183 Occupa 96,500 pés quadrados de superfície, 1873, não so pôde negar que o commorcio tom quatro frentes e septe andares acima do estrangeiro do paiz não mostra apparentenivel do chão o dos subterrâneos. Com- mente essa melhora, pois nos trez primeiros prehende todos os melhoramentos dos prin- mezes deste anno o valor da osportação não cipaos hospedadas dos Estados Unieleis e da excedeu de 126,000 contos quando no mesEuropa. Tem 755 commodos de dous em mo de 1874 foi de 146,000 contos e dous commodos ha um quarto de banho, no doperíodo 1873 foi de 138,000 contos. Ao pasprivada, etc. Ha quatro ascensores para so que no primeiro trimestre do anno p. p. os hospedes e um especial para a bagagem. a importação foi do valor de 243,000 contos, O tamanho dos quartos simples é do 30 pai- a do deste anno não passou de 213,000 coumos sobre 30. Porá dar uma idea da gran- tos, e a de 1872 excedeu de 254,000 contos. do escala em que são levadas as operações —Os cidadãos de Glasgow, Esceissia, esdeste hotel seria necessário dar aqui uma relação da quantidade de guardanapoa, toa- tão promovendo uma subscripção do somlhas de mesa e mão, cortinas de janella, etc. mas não excedentes de 50$ para levantaque foram comprados em New York para rem um monumento a Livingstone, o ceieseu uso. O custo total da construcçao ex- bre explorador da África, que nasceu nacedera do quatro milconíos de réis e os seus quella cidade. —Mr. J. G. Bennett, dous proprietários estão resolvidos a apreproprietário do sentar ao inundo o mais completo hotel da New York Herald comprou o vapor inglez edade moderna. Um desses proprietários é Panãora e vai despachai-o ein viagem Mr. Sharon, ultimamente eleito Senador scientifica ao Polo Arctico. O vapor acelos Estados Unidos pela Nevada. companhará e> Alert e o Discovery qne o —O Tenente-Coronel Grant, filho do Governo inglez vai também despachar com Presidente da União, vai dernittir-se do ser- o mesmo fim. —Casou-se ha dias em New York e> ceviço do exercito e dedicar-se a vida bancaria em Washington. Eoi a espada e se") a lebre prestidigitador Hermann com uma espada que elevou seu pai á presidência; senhora chamada Seksey. mas nem por isso vel o filho bom e prospero —O Sr. D. Pedro II obteve 43 votos na futuro na vida militar,—o que prova muito sua recente eleição de membro corrosponbem em favor do paiz. dente do Academia elas Sciencias, do Iusti—O Bien Public teve a idéa de annun- tu to' ele França. Seu antecessor foi o Aliniciar n'um dos dias deste mez, que o Impe- rante russo Wrangel. Sens rivaes na raelor do Brazil, fatigado de dissolver a Ca- eleição foram M. M. Saly e Shàbles que marados Deputados, de oppôr-se á reforma obtiveram 7 e 2 votos. eleitoral pelo systema directoede todos esses —Outro dia viam-se n'um funeral todos encargos do Governo, resolvera abdicar da os membros do Supremo Tribunal de Jusda coroa em favor de sua filha, D. Isabel, tiça dos Estados Unidos em Washington, e e vir depois residir nos Estados Unidos. De com elles outras pessoas em altas posições. Washington julgou-se próprio negar-se com O defuneto era um negro de 72 annos, que toda a solemnidade official, uma noticia que servia de porteiro da sala das becas, do elicposto que dada pelo orgãm predilecto de to Tribunal. M. Thiers, trazia em si o cunho da sua —A Rússia mesma ínèxactidão. Mas entretanto a noquasi que rouba á palma, aos ticia não deixou de produzir bom effeito Estados Unidos como o paiz dos incêndios. pois chamou a attençao publica para o sem- Eis que nos dizem que se') em Julho e Agospre esquecido Brazil. E? escusado dizer to do anno passado houve ali 1433 incenque alguns desses periódicos asseguraram dios, destruindo .14,040 edificie>s e matando ao Sr. D. Pedro II (sem duvida certos ã 267;pessôas. Só uo curto verão passado que elle os lera) que a Republica teria mui- o prejuízo elos fogos foi ele cerca de lí mito prazer em recebei-o e, depois de cinco lhoes de rublos. annos de residencia,dar-lhe-hia carta de na—A Eschola Polytechnica de Pariz que turalização de cidadão. 0 Neto YorJc Times, até aqui tem sido civil e militar, vai soffrèaté, previu que Sua Magestade seria ai- uma grande reforma. Os estudantes milü guin dia Senador em Washington. Como tares vão passar-se para St. Cyr, vão-se quer que seja acerca da residência e da na- crear outras escholas militares ásiinilhauça turalização, o facto é que o Imperador do desta ultima, e a Eschola Polytechnica, Brazil, si com effeito visitar este paiz proxi- tornando-se puramente civil, vai passar-se mamente, com se diz, terá magnífica receppara o ministério das Obras Publicas. ção de seus cidadãos,—magnífica não por—Conta-se uma historia muito curiosa que haverei foguetes de ar nem repiques de sinos, mas, simplesmente pela cordialidade e que suecedeu em Madras, na índia. Um affectuoso e sincero júbilo que causará a vi- negociante indico tinha um macaco, e sahiu sita de tão illustre Brazileiro, chefe do mais com elle a um viagem. No caminho foi assaltado por ladrões que lhe robaram as poderoso paiz do continente austral. jóias e o dinheiro e depois o atiraram a um —O Rei Alfonso declara que não quer poço secco. O macaco que trepara por receber visitas de sua mãe. Elle gosta dei- uma arvore arriba, assistiu a tudo isto, e la, mas longe. logo que os ladrões se foram, desceu e foi a —O Papa excommungou outra vez os uma casa vizinha e por meio de signaes e Velhos Catholicos. Que pena que estes já gestos mil, obrigou a gente que ohi morava á vir com elle, para verem o cadáver do seu estejam tão accostumados a isso! defuneto anno. Aquella gente ajudada pelo —Afinal o poeta Edgar Poe vai ter um mono, sahiram logo no encalço dos crimimonumento no seu túmulo em Baltimore: nosos e o acoutarain. é um obelisco de mármore branco eio valor —O capitão Boynton de 3 contos. que atravessou —Publicou-se ha pouco tempo em Lon- quasi todo o canal da Mancha no melhor salva-vida que existe, e que elle dres um volume contendo as " Memórias vestuário inventou, é Americano. de.GrEEViLLE,"—um diário em qüe este no—A população da cidade de Londres tem bre par inglez notava o que se ia passando estado sob o dominio de grande reanimação na elevada sociedada em que gyrava, as noreligiosa, causada pela prigação de Moody, tas sendo escriptas com toda a liberdade e o celebre orador sagrado Americano. As sendo verdadeiras photographias de tudo o reuniões teem attendido ás vezes 18,000 que o escriptor via e ouvia acerca daquelles. de todas as classes, desde a Princereis estúpidos, sensuaçs e de espirito vul- pessoas za de Galles até o proletário. Em Bergar. A mãe da actual Rainha Victoria, lim ha também um a Duquesa de Kent, é pinetada nas suas pregador Americano, Smith, tem attrahido muita attençao, e que cores naturaes, isto é, como uma velha muiá cujas tem asistido predicas to vaidosa e desagradável, que, por exemgrande concurso de povo, incluindo pessoas da famipio, insistia sempre que os fortes saúdassem o seu escalér quando ella ia pescar. O lia real. —A,"Saturday Beview, de Londres, de editor dessas memórias Mr. H. Reeve, cor3 do corrente, traz um artigo extenso contra tou- muitas das notas das memórias; mas as mesmas que publicou produziram muita a colonização ingleza no Brazil. O escripimpressão na Inglaterra contra a realesa. tor allude especialmente ao mau êxito que Mr. Reeve não tem mais entrada no paço teve a immigração ingleza na colônia do e a Rainha declarou que nunca mais rece- Assunguy, Provincia do Paraná, tal qual bel-o-ha, apezar de que elle é membro do foi descripto pelo Sr.Cônsul Hunt, do Rio conselho privado. Alguém lhe intimou que de Janeiro. a Rainha acceitaria a sua demissão, ao que —Publicou-se na Allemanhà uma gvamMr. Reeve respondeu que estimaria dal-a, matica da lingua geral do Brazil, segundo ficar livre para publicar a celebre do pois que queria padre Anciiietta. outros volumes de memórias. A?vista dis—O Macmülaris Magazine trouxe ultito consta que tornaram a pedir-lhe que não mamente um artigo em que discute o caso de se dimittisse mas que deixasse as memórias de lado. Diz-se que este livro tem tido George Gordon, um Inglez que tendo-se casado em 1843, no Rio de Janeiro, com mais effeito contra a realesa do que os disuma Protestante, casou-se em 1871 com a cursos dos republicanos. Baroneza de Beulwith, Catholica,—a —Apezar de que se percebe já uma gran- egreja desta ultima dissolvendo e primeiro de melhora no commercio dos Estados Uni- matrimônio "clandestino," como por ser 'dos tão commovido foi que pelo pânico de protestante. ¦——-——-——- 184 O ** NOVO MUNDO. _^ AGRICULTURA. em seguida publicamos, escripto Sr. Dr. José de Babbos OPARECER^que pelo ex Deputado Pimentel, pelo Sergipe, foi apresentado ao "Comício Agrícola Sergipense," e retracta fielmento a situação da lavoura em o norte do Brazil. Agradecemos ao Sr. S. de Babbos Pimentel, do Aracaju, o favor que nos fez enviando-nos este excellente escripto. Como membro da commissao que o conspicuo Presidente do Comício agrícola, auctorisado pelo respectivo conselho administrativo, nomeou para estudar o estado da lavoura da provincia, e indicar os meios mais apropriados e mais promptos de fasel-a sahir do estado de abatimento em que se acha, venho offerecervos, como um fraco tributo, o resultado de fugitivas locubrações. Não se espere um trabalho aprofundado; a natureza da incombencia, e a falta absoluta de dados estatísticos, tão necessários á apreciação dos factos, levantam-se para amparar a insumciência d'este parecer. As linhas que vou traçar, pondo a descoberto o nivel da nossa impericia, não podem deix ir de ser singelas. Assim arredarei do caminho ais flores da erudição, e farei um appello aos factos, que únicos poderam ter a magia de condemnar uma situação econômica tão angustiosa como desesperada. Ainda que espaçoso o quadro do nosso programma, penetrando no intimo do vosso penMimento, me parece de indiclinavel convenien<ia amplial-o. Composto este conselho exclusivamente de proprietários de engenhos, e sendo o engenho entre nós uma aggregação de industrias distinetas, a industria agrícola e a industria fabril, fatalmente ligadas e subjeitas a leis e a conhecimentos diversos, não é acreditável, que se pretendesse circumscrever-nos ao exame de uma com esquecimento da outra. Teríamos negado o vosso intuito si, pondo em scena a agricultura, deixássemos na penumbra o fabrico do assucar, por onde se escoam as mais presiosas gotas do suor do lavrador. Será pois o engenho o nosso ponto objectivo. * * Desde que, não se contentando o homem fruetos esem sua condição primitiva com os "delia terra, obter da uma procurou pontaneos maior somma de produetos, despontou em seu espirito o pensamento de estimulal-a. A experiencia não tardou em mostrar, que quanto mais bem aberta era ella para receber a sêmente, mais frueto sahia do seu seio. D'ahi a idéa de perfural-a com um páo: depois a de um gancho tirado por um boi; passados tempos juntou-se ao gancho uma ponta de ferro; e para facilitar-se-lhe o emprego deu-se-lhe a forma da rabiça. Era esse o arado dos Phenicios, que, regando imperfeitamente a terra recebeu, séculos depois, aos primeiros clarões da civilisação da Grécia, um valioso complemento, uma taboa ao lado, que ao passo que levava diante de si a terra deslocada, a separava e revolvia. Eis como nasceu a aiveca. A resistência de certos terrenos lembrou o segão, que cortando-os na frente facilitava a marcha do providencial instrumento. No irresistível fadario do andar por caminhos, muitas vezes invios e tenebrosos, de ensaids, chegou o homem a crear a formosa sciencia da agricultura, á que hoje quasi que levantam um culto as nações civüisadas. No meio do movimento universal uma mão de ferro como que nos prendia a um rochedo. Era o anathema da escravidão que nos entorpecia. Dormindo á sombra do funesto presente que nos fizeram nossos maiores, e contando com a excepcional uberdade de nossas terras persuadiram-se os primeiros lavradores que nem a rasão havia um dia de triumphar, nem essa immensa fertilidade diminuiria. E durante mais de trez séculos fecharam os olhos, e taparam os ouvidos, para não verem o progresso de outros povos, e não ouvirem os reclamos da humanidade. Na sua louca vaidade, como os povos conquistadores, receberam sem o sentir a lei dos vencidos. Os senhores, afinal em lueta com os escravos, tomaram d'elles os hábitos da inércia e submeteram-se ao jugo da rotina. Quando estremeceram d'esse somno enganador acharam estanque o viveiro de onde arrantavam as miserandas victimas da cubiça, e desfalcada a opulencia de um solo abençoado. E não foi tudo, encontraram no mercado generos similares de novas procedências disputando aos nossos a primasia. Não cogitaram que o trabalho livre guiado pela sciencia havia de por força supplantar o trabalho servil amesquinhado pela ignorância. Desmorteados com tão desusado espectaculo, que nada menos é que a imagem de suas ruínas, soltam hoje o grito de angustia, e estendem as mãos a agentes desconhecidos. Como o naufrago, que arrebatado pela corrente, põe-se a escolher o ramo a que debe agarrar-se, e acaba por segurar-se ao mais frondoso, que é muitas veses o mais frágil, assim,o lavrador, que digo ? os senhores de engenho, entre os vanos alvitres que lhe indicam como verdadeiros salvaterios, inclinam-se a abraçar o mais seduetor talvez, mas o que os pode preciptar a novos abysmos. <mm Na eminência da catastroplio que o ameaçam, chegam a persuadir-se que panacea havenl qno lhes possa trazer a cornucopia de sonhadas riquesas. Para uns é a colonissação quo fomecendo-lhes braços lhes facilitará a cultura da terra; pura a maior parte a creação de bancos agrícolas, que ministrando-lhes capitães baratos os livrará do peso da usura, e lhes proporcionará meios de adquirir novos instrumentos, com que angmentem a producção; para alguns finalmente, e esses poucos, a instrucção profissional, porque não sendo seus effeitos immediatos não confiam em sua applicação. Seguindo uma ordem inversa no exame d'esses teutamens não hesito em affirmar, com todos os escriptores que se teem oecupado desse grave assumpto, que a causa primordial do nosso atraso e a nossa ignorância, e que o unico meio de debellal-a é a instrucção. Para demonstrar tão pungente acerto ponhamos em relevo a cultura de nossos campos, e o meio de fabricarmos o assucar. Nos países onde não ha nma cultura preponderante, e em que a agricultura gyra d'entro da esphera que lhe tem traçado a sciencia, concebe-se que o publicista se satisfaça em proclamar os princípios que a regem; em Sergipe, porém, onde a canna de assucar tem usurpado uma soberania, que dando carta de nobresa a quem a cultiva, condemna á deplorável menospreço a quem lhe nega preferencia, as vistas devem para ella convergir com detida attenção. Em torno d'ella pois gruparei as observações que se prendem a esse tópico interessante. * Tomando o cultivo da canna por ponto de partida cedemos ao reconhecimento de um facto, que sobre ser o objecto da grande cultura, é ella a única planta por amor da qual tem até hoje recebido a terra, ainda que com parcimonia e imperfeição, as honras do arado. Exhausta a terra por uma cultura irracional, e pelo perniciosíssimo costume das queimadas, recorreram alguns mais atirados lavradores ao emprego do arado, que, já por não ser sempre o mais apropriado, já pelo imperfeito uzo, que d'elle fasiam, não apresentara os grandes resultados que esperavam. D'ahi o abando ao a que alguns o condemnaram. A poucos de vós será*estranho o facto de um lavrador, que passa ailás por ter idéas claras, mandar lançar o seu arado á bagaceira, por que lhe cansava as terras ! Si esse senhor de engenho soubesse quaes as condições em que se. deve collocar a terra para produzir muito, e qual a verdadeira funcçáo do seu instrumento, não o teria despresado. E' que elle ignorava que a canna, como todo vegetal, tem duas fontes de vida, uma na terra, outra na atmosphera; que a terra fornece-lhe certos alimentos, e o ar outros; que a terra tirando sempre de si parte de seu corpo acaba por empobrecer, e não poder sustentar o seu hospede; e que o emprego do arado sem bem conhecér-se os meios e os fins é as veses pernicioso. A terra por via dos estrumes e ás veses somente pela mudança de cultura, paga-se do que tirou do seu seio para crear a canna: ao arado não se deve pedir mais do que aquillo que elle pode dar, abrir o rego. E aberto o rego ter-seha conseguido predispor a terra para sua maior producção ? Engano. O ..arado não faz mais do que rasgal-a; rasgando á comprime o fundo do rego, que com difliculdade- dará passagem ás raises da planta, e atira para os lados torrões, que, collocados nella para cobrila, estórvam o seu desabrochamento. O arado pois, segundo a natureza do terreno, pode profundar de mais ou de menos o sulco, e nesta hypothese é sua atilidade posta em duvida. Si o lavrador, porem, tivesse noções de chimica, e verificando a perda que soffrera o seo terreno, lha fisesse resarcir com applicação de estrume apropriado; si analysando a sua composição, não menos que a sua formação, visse até onde devia penetrar o arado, attenuados seriam esses inconvenientes, os quaes desappareceriam de todo si o preparo da terra fosse levado ao ponto a que tenm chegado os verdadeiros agrohomos; si á rega suecedesse o emprego da grade e si á grade se seguispara quebrar os torrões; se o uso de rolo para 'nivellar o terreno e levemente comprimi-lo; si finalmente com outro arado menor a disposesse a receber a semente. Se tivesse practicado estas operações, ou si por circumstancias quaesquer parando na priiheira, plantasse o toro da canna muito na superíicie, expunhe-se a vel-o inutilisado acção dos raios solares, que não tardariam pela em crestar-lhe os rebentos. Assim, afofada a terra, um pouco de reflexão o devia a conselar a cobril-a com mais espessa camada. Foi naturalmente a falta d'ella que deu motivo a condemnação do instrumento, que todos os povos, ainda os menos adiantados, porfiam em empregar. Eis, seuhores, um facto que põe em sua desnudez o atraso de nossa lavoura, facto deploravel, que praticado por uma pessoa qnalificada não pôde deixar de derramar o maior desanimo, como soe acontecer com todas as tentativas mallogradas, nos espíritos tímidos e acanhados, e que prove que a enchada, acompanhada de seos indefectíveis satélites, o machado e a fouce, ainda campêa ovante em nossos campos. E' verdade que contra practica tão obsoleta hoje se levanta uma salutar reacção, de que sois, me permittireis que o diga, os orgam mais esforçados. Não basta porém que sintamos o mal, nem que lhe verifiquemos a causa: o que nos cum- -miiii ,,.„.....,„„. pro é applicar lhe o romedio por todos os modos e moios, efficaz e promptamente. Mostre-se ao lavrador que sem conhecer os elementos de quo so compõe o seu terreno não pôde, dopois do cansado, restituir-lhe por meio do estrumes o que perdera na constância da producção; prove-se lhe quo com a applicação de um trabalho illustrado não ha terreno mau; ensine-se-lhe finalmente a chimica, que com a botânica e a physica, o guiará n'este intrincado labyrinto. Ainda não é tudo; demonstre-se-lhe a immensa vantagem, que sobre a enchada leva o arado; que o arado (o cultivador) além de revolver a terra serve para limpar, e que movido por bois ou por cavallos dispensa grande numero de braços. Mostre-se-lhe ainda, que, si quer maior quantidade, maior rapidez no trabalh o, empregue outro motor mais forte, mais constante e invariável, o vapor, que mediante pouco dispendio, moverá quantos instrumentos agrários possam couvir. Já que toquei em força motriz vem a pello, sem prejuiso do que resta diser sobre a agricultura, externar minha opinião sobre colonização. * Olhada meramente como suppriménto de braços, sempre considerei a colonisação como um expediente impolitico e bárbaro; não assim a immigração espontânea que vindo augmen tar pelo trabalho livre a riquesa do paiz tem 'direito á nossa solicitude. Pondo de parte esta opinião, singular talvez, e admittindo que convenha introduzir algumas centenas de trabalhadores europeus, quem nos diz a nós, que quando elles não se accomodam facilmente ao Sul do Império, em S. Paulo, por exemplo, hoje á testa do progresso industrial, em um clima temperado, com contracto u de parceria na producção do cafeseiro, planta vivaz, se satisfaçam com o nosso clima abrasador e com o áspero cultivo da canna, que é preciso todos os annos repetir. Se o nosso senhor de engenho não se arranja com o filho do paiz, si entre um e outro se nota tal ou qual antagonismo, si raro é ver um morador na propriedade, como esperar que o estrangeiro com hábitos differentes, com outras ideas e outras aspirações, se preste a partilhar connosseo nossas fadigase os nossos proveitos? O europeu ou vem em busca da propriedade, cu esbarra nos povoados. Pretender que elle venha trabalhar em nossos campos a salário, é acreditar n'um sonho; e quando o sonho fosse meu, só a iniciativa particular o poderia attrahir. A acção do Governo tão potente para outros anhelos, se despedaça e se some ante tão palpitante commettimento. E' no priz que podemos achar auxiliares. A esses trabalhadores, que por ahi se alugam a dias, ou á conta, cumpre interessar ao engenho, já tornando o trabalho mais suave, já mais lucrativo. O indígena será por muito tempo o substituto do africano. Só quando mudarem as nossas condições sociaes, e a onda dá immigração transbordar até nós é que teremos conquistado a posição, a que nos chamam nossos destinos. Braços, de momento, só nos podem fornecer os instrumentos agrários tirados por animaes ou por vapor. Augmentar o trabalho dosquè temos, émuítiplicar-lhes o numero. Si um cavallo de tiro eqüivale em força diz o "Auxiliador da Industria Nacional" de 1865 á p. 25, a septe homens.um cavallo vapor a 21, teremos augmentado nesta proporção a nossa força. , Ainda mais, á paginas 210, se acrescenta que uma charrua tirada por uma juneta de bois, e guiada por um homem, pode fazer n'um dia o serviço de 40 trabalhadores., E si empregardes uma locomovei de força de 8 cavallos—vapor (de preço de 2,500$000) ella prestará o serviço de 24 cavallos, ou de 33 bois, ou de 160 homens. A não ser isto um facto, seria um prodígio! Será pois permittido desesperar antes destes valiosissimos recursos do estado da nossa lavoura? Passemos ao fabrico do assucar. * * * na distilação, patenteie-se-lho esses bollos aparelhos de concentração pelo vapor ou pelo vaouo, com que se alcança a maior quantidade de assucar crystalisavel; ou se recosinhe o que se escapou com o melaço, o verá que o seu espirito será irresistivelmente arrastado para esses melhoramentos. Mas como, redargue elle, si nos faltam oapitaes? Esta exclamação conduz-nos naturalmente a tractar dos bancos agrícolas. * * D'entre os meios indicados como capases de escorar os engenhos no seu esboroamento nem um sorri mais ás esperanças do proprietário do que a creação de bancos, que firmando so no credito territorial emprestem á lavoura dinheiro barato e a prasos longos. Sem contestar a influencia que exercem na producção esses poderosos instrumentos de progresso, vejamos se no presente estado da nossa sociedade são elles exeqüíveis. Indispensáveis são duas condições para esta ordem de instituições de credito, capitães e effectividade da garantia territorial. Ora si o elevadíssimo juro á que attinge entre nós o dinheiro, de 24, 36, e até 60%, prova a sua raridade; si a incertesa do valor da propriedade se deduz da difliculdade de sua sabida no mercado e da condescendência dos tribunaes, como esperar que elles venham a levantar-se emteireno tão fofo e movediço? Admittindo, porém, que mediante á concessão da emissão a sociedades anonymas, ou commanditarias, a garantia de juros, a subvenção ou outros extraordinários favores; ou por encantamento surja um estabelecimento que empreste dinheiro a prêmio baixo com a garantia apenas da propriedade, o que faria d'elle o senhor de engenho? Quereis que externe a minha opinião? Elle faria tudo, menos melhorar a sua industria. Compraria mais escravos, cavallos, mais terras, nunca um instrumento para tornar mais fecundo o seu trabalho. A desobrigação da usura é no entender de alguns a grande providencia dos bancos, como se deviam ser creados antes para aproveitar ao credor do que para activar a riqueza publica. O que ganharia com effeito o estado com ficar aliviado o devedor indolente, se, continuado a consumir-se na rotina, não fosse augmentada a producção nacional ? Aventurarei mais um conceito. Não é só, não é tanto a falta de capitães que manieta os nossos agricultores; é a falta de conhecimentos profissionaés que os péa e os enerva. E sinão, olhai para o animoso Tenente Coronel José Fbancirco de Meneses Sobbal, que procurando melhorar a sua industria montou no Engenho Espirito Santo os aparelhos de Debosne e Cail, e um pequeno Wetzel, e por não saber fazel-os funecionar tem tido consideráveis prejuizos; e para o Sr. Barão da Estância que preferiu entregar os que trouxe em 1867 da Europa á acção corrosiva da ferrugem a expôr-se a mais duras contingências. Passemos pois aos meios de diffundil-os. * + * DA CULTURA DA CANNA DA FABBICAÇÃO DO ASSUCAR. Dous factos poderosamente concorrem para o mau estado de nossos engenhos, a accumuladas duas industrias de que são objecto, e a facil transformação do lavrador em senhor dó engenho; primeiro, a accumulação porque exige maior copia de conhecimentos profissionaés, demanda mais braços e mais capitães; o segundo, porque sendo a negação do espirito de associação, tende a enfraquecer e a matar a producção. Um se explica pelo desconhecimento das vantagens da divisão do trabalho; outro pela asperesa e falta de equidade com que tracta o senhor de engenho o seu lavrador. Em Cuba, v. g., o que cultiva a canna vendea ao fabricante, assim como o plantador do fumo ao fabricante de charutos. Cumpre pois antes der tudo aconselhar a separação das duas: industrias. . Com o baixo preço do assucar, e com a elevação dos salários está demonstrado que só. os. bons engenhos e bem, montados podem a custo augmentar se no meio do vendaval que os açoita'. Sejam uns exclusivamente lavradores, e outros fabricantes. Para lavrar a terra e n'ella empregar os agentes estimuladores da producção, não grandes são os capitães indispensáveis, nem indispensaveis são sempre esses vastos conhecimentos que constituem o bom agricultor. Para ser-se fabricante não só requer-se muita capacidade, como muito capital. Seja qualquer, seja p senhor de engenho o lavrador, e seja o capitalista o fabricante, Só assim a diminuição de braços, e a falta de capitães podem ser attenuadas. Antes de entrarmos n'essa via de melhoramentos, sejamos mais avisados e mais justos; tractemos com mais brandura e mais importancia o lavrador; moamos a tempo as suas cannas, proporcionemos-lhe a mais ampla fiscalisação, e em vez de metade demos-lhe 2/3 do assucar e metade do mel. Com estas vantagens, não ha duvidar, elle deixará a veleidade de ser, muita vez sem o poder, senhor de engenho e continuará a ser nosso associado. SEPARAÇÃO A fabrica, ou a casa do engenho é o digno complemento da cultura dos nossos campos. Como uma, acha-se a outra montada como nos tempos primitivos: moendas verticaes movidas por cavallos ou por bois, raras horisontaes, por agoa, e algumas finalmente por vapor; ao lado, taxas de ferro assentadas em fornalhas de alvenaria aquecidas á fogo nu! O que importa diser que na moagem por animaes perde-se de 20 á 25,% de caldo, que se esconde no bagaço; que perde-se pela imperfecção do tempero do caldo; que perde-se nas cachaças que de envolta levam, 10% de caldo; que perde-se na concentração do xarope onde lá se vão 15% transformados em melaço ou de mistura com elle que se escoam de purgar. Ponha-se sob as vistas do senhor de engenho robustos cylindros movidos por uma machina a vapor de.grande força, que ao que extraia da canna a máxima porção depasso caldo redusa o bagaço ao estado de poder logo servir de combustível; aponte-se-lhe a vantagem de limpar o caldo em clarificadores a vapor, de que já temos alguns exemplos, cuja temperatura pode-se regular á vontade, ensine-st-lhe a rasão porque se emprega a cal, ou outro alcali, e o modo de determmar-lhe a quantidade, opeSUBSTITUIÇÃO OU MUDANÇA DE CULTURA. ração delicadíssima que só a chimica com o seu Não quer o lavrador de cannas subjitar-se papel de "tourneçol" pode guiar; mostre-se-lhe as condições do engenho ? o prejuízo que soffre com o abandono das caMude de cultura. Ahi está o fumo que sochaças, que ou podem, depois de por bre ter hoje um immenso consumo, e gozar de filtros, ser de novo cosidas, ou ser passarem aproveitadas altíssimo preço é de fácil cultivo, e está ao al- O NOVO MUNDO. canoe de qualquer trabalhador. Ainda ha pouco, um indivíduo no engenho Jóppe, b sabemo8.de fonte segara -colheu de uma conta, isto ó. de uma superfície de 4 varas de largura sobre 25 de comprimento, fumo om rama que vendeu por 50$000! Uma tarefa, ou ainda monos do soxtuplo, produziriam 300$000. E ahi nfto está ainda toda a verdade. Ao passo que uma tarefa de canna leva, termo medio, 16 mezes para amadurecer, e dá com pesadas despesas de 60 á 60 arrobas de assucar cada arroba, pelos preços actuaes, a 1$800' ó fumo que se colhe em 3 mezes em bom pôde terreno produzir de 40 á 50 arrobas, e cada arroba de 8$000 á 16$000. cn?m?0U,SÇailftV1?8' <luando a amnaderde nhoa, vorois a seu lado o alambique como um indispensável accessorio. Nelle aproveitam-se as cachaças o o residuo das lavagens, e, o que é mais extraordinário, o melaço quequnsi perdeis, ou porque nfto achais quem o compro, ou porque o vendeis pela quarta parte do seu valor, pois dais cercado quatro pipoapor uma! Parece incrível que se desprose uma fonte de renda, que serviria por si sóparasatisfaser asmais urgentes necessidades da propriedade, sinão o seu custeio ! * mofíra40 *4' com os mesmo8 meios rf™d£ do que hoje dispõe, pode o senhor de engenho bdb oonfiçao, resta a indicar a ma* ^^ ° fUIU0 ãaiÁ de 500$ á ÍSrntt. ablhtl-r SSLnnn1,00* a bUUlpUUU! destresa Tí?re8al-oscom e vinhal 18so é imprescindível parft Concordemos que não ha o conpreconceito que «„^gem! curso do Governo. deva resistir a tao eloqüente demonstração. Não ha muito ainda, dous destinctos lavraESCHOLA PRATICA. dores de CampoB attestaram que uma área dada E' a eschola practica, que pondo em acção os de terreno occupado com mandioca, redusida a gomma, produz mais que si fora plantado de consagrado, poderá soster o nosso cadáver canna ou café. de™nd° esf>áral ° da associação espon? nÍ7° °^an>sadft. °em tão ALAMBIQUE. pouco mEST* bitual desaso da administração, cumpre dohaEm toda parte, fora daqui, em que ha enge. ciarointeresse particular com o interesse consorpublico ANNÜNCI0S. MU1T0Z & ESPRIELLA. DE Inicie o Presidente da Província, como o Governo Geral, tudo pôde dentro que, de sua obphera, uma sociedade de senhores de engenho que monte, com braços livres, um estabelecimento central, em que a agricultura e a fabricação do assucar digam a sua ultima palavra, e forneça-lhe os capitães preoieos, isto (e está auctorisado a despender até a para de quantia 200,000$000) a titulo de empréstimo sem juros, por vinte annos, com a amortisação apenas dé 5 por cento. Em compensação exija que seja regido por pessoa ou pessoas habilitadas que expliquem as funcções desses variados instrumentos agricoIas desde a estrumeira até a locomovei, e desses engenhosos aparelhos que quasi que chegam a transformar no mais bello crystal o ultimo átomo do caldo da canna, e se encarregue de sustentar e de faser instruir successivamente, em quanto durar o contracto, na de todos estes agentes, a doze rapases. practica Será um viyeire de onde podem sahir optimos administradores. Para que o ônus não seja demais pesado a L rovincia, consolide-se a por divida que houver de contxahir-se, e o seu juro será a dotação que tenha de faser-se á eschola. Occupado exclusivamente com os trabalhos O Semeador de HOLBROOK (M NEGOCIANTES obteve a primeira medalha tia Exposição da Sociedade de Agricultura do Estado de New York em Sept. de 1870. E' excellente para semear Milho, Sórgo, Feijão, Ervilhas, Beterrava, Cebolas, Salsa, . Espinafre, Nabos, Cenouras, Salva, etc. etc. Nesta 52, Pine Street, New York, Estabelecidos ba 15 annos. casa Encarregam^ da venda de toda a casta de Mercadorias, e adiantam sobre e mais produetos da AMERICA MERIDIONAL, fa- bricam-se Inatrmen tos agrários de toda a casta. E.E.LUMMUS&C0. N? 32, South Market Street, Boston, Mass., E.U. A. auetorisando saques contra conhecimentos sobre New York, Londres a Pariz. do campo poderá cada assooiado plantar muito mais, e muito melhor do agora planta, e quo tirar de suas cannas 50 por cento, pelo menos além do que agora obtém pelos comprooassos muns. E* assim que o espirito de associação conseguirá impor-se. A província pondo, com pequeno sacrifícios, um modelo á vista dos que se negam a beber sciencia nos livros, vai abrir-lhes novos hori-a flontes e promover o augmento de sua riqueza. CONFERÊNCIAS. Sao hoje as conferências um dos meios empregados para derramar, sem o sentirem, no espinto doB povos, ondas de luz. Praticadas nos centros productores podem ellas com o attrativo da palavra bem manejada produzir effeitos maravilhosos: serão uma ciava capaz de esmagar a hydra de cem cabeças que se chama rotina. Cumpre pois promovel-as. Isto quanto ao presente; as futuras eerações os institutos agrícolas,para emque a practica será realçada pela sciencia. José de Bakbos Pimentel. THE NATIONAL DENOMINADO COMMISSÕES, Café, Borracha, Couros 185 BANK NOTE COMPANY. COMPANHIA NACIONAL de BILHETES IXE BANCO (Organisada em 1859) Escriptorio, N. 1, Wall Street, NEW YORK. S™ e oprime toda a P»SSTiC?MPAN3!IA de documentos que requerem, além de h»nn contra faí ^nça smeaçoes fficõeSS^CUÇ^ e alterações, como: Letras de Cambio, SAMUEL S. WHITE, Bilhetes de Banco, Notas, Cheques, Apólices e Coapons; Títulos de Divida Publica, Sellos e Eslampilhas de Correio, ACÇ°e"* *» C"»P»»»i*". Diplomas, etc. Encarregam-se também da compra e embarque de toda a casta de MerFABRICANTE! DE cadorias Americanas. Incumbem-se DENTES especialmente de contractar, comprar A COMPANHIA GRAVA E IMPEIME Utensílios para Dentistas, Cadeiras e despachar Locomotoras, Carros e AS para as operações, Massa de Ouro material para Estradas de ferro; de Onncadoreselectricos, Chumbadores electricos, Caixas de Instrumentos de todas as Apólices da Divida Publica, as Notas do Theclasses e os demais artigos mandar construir pontes, e vapores zouro, e as Notas dos Bancos para o desempenho da arte dentaria. Nacionaes para navegação fluvial, sob a inspecdos Estados Unidos. ção immediata de seus próprios enflez annos passados tem fornecido nnD™teos genheiros, e fornecendo promptamen°Ptam;se mais os Goverte desenhos, riscos e orçamentos, aos nos ue no? d?PeT vesa, Omle, &%aSr Bohvia e Reoublica Arve-n-t, Também compram que os pedirem. muro, üeitos, Mc. Alem disso instrumentos agrários e mineraes, etc. eravado n<? M tas das principaes instituiçõestemde?Sf mesmos paizes, taes como os Bancos ffièí do S Lima, Providencia, Hypothecario de Lma Se'IMITAÇÕES PES4MAS quipa, Mendonza, Entreriano, Guavaouff Êmm ãor, Hespanhol Quito, da Havana%t<£ et? da " Flor da Juventude" de ?- m POETEM, Presidente. Geo. W. Laird, sao vendidas em J.,ffl7nri„ H. VANANTWERP, Vice-Presidente. «^ algumas lojas. A grande popularidade esta innoceute Lm que preparaçiío tem ganho nos Estados Unidos tem induzido a alguns desavergonhados a imitaremna'. A verdadeira traz o seílo das rendas internas dos Estados Unidos, e o nome de Geo. W. Laird gravado no vidro atraz da garrafa Nenhuma outra é flenuina. A'venda em todas as drogarias e lojas de ojeetos de fantasia. 1|||x a t, oJ!,ÍME8MAOJ}o^OU0ff,8eoreiario. A.D.SHEPARn,Thezoureiro. Communicaçõesem qualquer idioma. Wm. M. Welling & Co. CASSELS, CAUSER & CO.> Agentes, Rio de Janeiro. NOS. 207 E 209, CENTEE ST,, new yore:. EIOS Fabricantes, ha vinte annos, dé MARFIM COMPRIMIDO, P °Va da suPerioridade d°s éticos desta casa, além do mero êxito deKSE™SKS dlüam0Sque TEMOS RECEBIDO 50 PRÊMIOS BE PRIMEIRA !M„™' It grandes exposições do mundo, inclusive um GRANDE DIPLOMA DECLASSE EM UMA DAS privilegiado com oito Patentes do Governo HONRA na ultima aos Estados Unidos. EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE VIENNA. Este artigo é superior ao marfin e t(?üoa os outros ^positbres dos mesmos P°deria™ d-ar aueiactos, arâac^SíMrS^i ^fabricantes do mundo.—Enviamos contando-se entre elles os principaes cataln só custa a metade. g0^ofpeAaAM°™em P°r CaTt?'-em"W^- ^ancez, Inglez, Hespanhol ou Illemão." PREÇOS DE ALGUNS OBJECTOS. FABRICA Arreios de animaes para corridas do prado, para os trabalhos agrícolas para transportes pesados como omnibus, carretas, etc. Também vendemos arreios especiaes para animaes de üonds, Cocheiras d'Alugar, e outrosim arreios e arnezes de toda casta e todos os preços. Manaemouscaro catálogo. C. M. MOSEMAN & BRO., fabricantes, lleposito geral, 114 Chambers Street, New York. Sr- H.C.Fernando Rohe, 85 Wall Street, xrJN. ^° Y. informará a respeito de nossa casa. BRIDÕES DE PERRO MALEAVEL para Carros de Vias Férreas. Mc C0NWAT, TüRLET & CO., 861-869 Liberty Avenue, Pittsburgh, Penn. Estes freios ou bridões de rodas de carros foram legiados nos Estados Unidos a 2 de Junho de 1872:privieustem 33 por cento mais barato. Alem disso só pesam a metade dos de ferro fundido, de modo que se elfectuagranae reducção no improduotivo dos trens. Pedimos nos interessados peso em estradas de ferro que se eorrespondam comnosco. Mandaremos as informações que forem sohoitadas.—Também preparamos ferro maleavel para todo» os misteres. E DEPOSITO PRINCIPAL: , Chestnüt Street, comer of 12th., Philadelphia. casas filiaes: „nm . „„„ „„„._ 767 & 769, BROADWAY, NEW YORK. 13-16, TREM0NT R0W, BOSTON 14 & 17, EAST MADIS0N, STREET, CHICAGO. GEORGE MATHERi SONS, TlXfTAS MM IMPRIMIR FABRICANTES DE Preta TINTAS LYTHOGRAPHICAS, PRETA Remettem a quem Esereva-se e de Cores. E DE CORES. os pedir, o seu Livro de Amostras e Listas de Preços 60, John Street, New York. B.— O Novo Mundo ê impresso com tinta fornecida por esta casa. de 2iPOl.dedtam., ^°/aS?nraBÍlhareS' $6.00 (seis dollars); de Sfpol., $7.00 por cada jogo de qT7: $8 00 oBolasParaBagateUa,2pol., e de 11 $6.00 por jogo.- Tentos para jogos de faro, 1* pol., $5.00 ao cento; tentos de papel, lj po]., $4.00 ao ceto.— ^.rgolas brancas, de $20 a $36 & grosa.-Espelhos ovaes de mão, braners, pretos e encarnados, com vidro francez, $21 á dúzia.-Botões para punhos, de cores e padrões diversos (representando o cao, o cavallo. o veado, etc.) de $24 a $48 á grosa de pares. EF* Também somos agentes exclusivos do Bontmet Welling, bello perfume para to oucador a $24.00 por grosa. ' TM. M. WELLING & CO. Nos. 207 à 209, Centre Street, NEW YORK. wmrnà©mf m mnm EM FRENTE A' CASA DA CÂMARA MUNICIPAL, E PARK ROW. 186 ¦ ¦¦ ¦ ¦¦-.. ....- i..i_.i«......»iii i. --., —-i. ,,. .,. O iiiiini li- 1.1 ..¦_.¦ .— ¦¦ ¦iii-i.ii.i. j II .«Ji-w... NOVO MUNDO. ii li .-—i.i.ii-.i mi—um .¦i.ii.ii "The Harlan & Hollingsworth Company" W. C. ALLISON * SONS WILMINGTON, DELAWARE, ESTADOS UNIDOS. 32nd. and Walimt Sfcreets, Philadelphia, Estados Unidos. fabricantes de toda a casta de PARA CARROS E ESPECIALMENTE VIAS .lt.lTEiti.it. ¦¦¦ .1 I..—I—-.1.-.—i — ¦i.ii._._-i..i..i..ii...i_i.ii. 40 ANNOS DE EXPERIÊNCIA. FÉRREAS Mlitli.ilVTE f.itt.i UtTOE.I ESTtlElT.I. ^—~^ 11 iTTTTni i ^'^— )• l_lH--_V] IMW>:I M____V^lli^--P^^ tf fWlHÈr"- •' ^ÍIiPílHHI^''t;^ I '^^-^Ef1"^^^ : Ti ___l^v' ¦ ¦*.-h Jlllllllll^ • í \ OjjigB_-----FTIH VJ *" iM _W'^_v^l^__W_\'Wkp l_l___P*^__íf(il--^B_a--í:"' fl_alíB--5-S8.. íílílHE_5il ___B5__BvlllM tbIt _\i^»V^_5^__Sr^g?i*r:' I fôllr ¦ irillirllilIFUBlir IISIP' iwlrillíll' IfeUlr' IlhJHÍ ¦ IhIf^ 1IBIF HhHp HIIt llnlR^' iüllr. Hlíll rtllBrnSHls^ll^^lIjillBHllM ~ ^^r^"^—-- -i_» -¦--"- ¦_»- =_^— —_" — *-— —- Hi _. Fabricantes de Carros-Salas, Carros de Dormir, Carros Communs para Passageiros de toda a casta, tanto para bitolas largas como para as estreitas. Os carros desta casa 8ãos-vistos nas principaes estradas de ferro nos Estados Unidos, Canadá e na ilha de Cuba. V Garante-se o maior escrúpulo na execução de encommendas.—Endereço: THE HARLAN & HOLLINGSWORTH CO. WILMINGTON, Del, Estados unidos. Ramapo Wheel & Foundry Co. " COMPANHIA DE FUNDIÇÃO E DE RODAS." Eamapo, New York, E. Ui A. TAMBEM FABRICAM Obras de Ferro, batido e fundido, Ferrolhos, Parafusos, etc. para CABKOS, EDIFÍCIOS E PONTES, Rodas de Carros, Eixos, Molas, Quebra-freios, Registros de Trilhos, Instrumentos para Trabalhar no leito da Estrada, Pranchas de ferro, etc. etc. em summa toda a casta de MATERIAL PARA ESTRADAS I>E EERRO. Alem disso fabricam Tubos para Gaz, Água, Vapor e Caldeiras, etc. Tubos para poço3 artesianos, de sal e petróleo; toda a qualidade de instrumentos para preparação, refinação do Assucar, e para distillação. Tambem machinas de mineração Mandarão catálogos e informações ji quem lhes escrever nedindo-os. o o w i _sr ca-"W <*?"_" o o. SENECA _=" -A. _Li __, S , _ST ZÉ — . O _=t ___ , TJ- -A.. FABIUCANTES DE u h< H _T < u H « ¦>* O P CQ 10 < ia R- i» w « •X B tf ¦X o P CO CQ < a R CO A W N •í h Grande Fabrica de Eodas "Tendera," Carros para Passageiros e Frete, para Locomotivas, Coches-palacio e Coches com beliches; TAMBEM Eodas para bitola estreita e para estradas de tracção animal. Tudo feito exclusivamente do celebre ferro de Richmond e Salisbury. .^-Fornecem eixos batidos e laminados, e rodas furadas e ajustadas ás bitolas communs."'*^. W. W. SNOW, Superintendente. R A B N Cayuta Wheel Sc Foundry Co. <! oi B tu 55 B O >5 CO O « 03 «I A O W A K es .55 B m O R o R P B GO O ca O o o Ph o c -«i eu P< ¦< « Ph Ph P < x( CS -i! § o ps o _. » «-I) •< Pá o M O B B Ph ¦<" > B _ DE DE BODAS E DE FUNDIÇÃO DE CAYUTA^ Estabelecida em Waverly, Estado de New York. Grande Grande COMPANHIA Fabrica Fabrica de de Bodas. EODAS resfriadas para Locomotivas, tenders, Carros de Passageiros, Carros-palacio, Carros de bitola estreita e de estradas de rodagem, á força de animal,—tudo feito dos ceiebres ferros de Salisbury e Richmond.— Eixos de ferro batido, e Eodas ajustadas aos mesmos, para todas as bitolas.—Ferros fundidos para Carros, de toda a casta.—Tudo posto a bordo do navio em New York sem despesa de transporte. W. W. SNOW, Vice-Presidente. REGISTAIiD CANJVIIVG, Director. Bodas. JOHN STEPHENSON & CO. w Ph -1 «! P5 Ph Ph B «I W~ O w n o K « Eh w R CO ¦« pa 3 o pa W R N -A O Ph « O Pi ca B B a P co «1 ca % o Ph B R «1 a co •X O CO o ¦X R O R O ti Esta gravura representa en movimento a nossa nova Bomba de Patento para fundos (Fig. 240 do catalogo). E bonita no desenho, forte, duradoura e efficaz. Tem tido muita sahida epoços é a predilenta de todos os que usam bombas para aquelle fim. O cano que une o cylindro, dentro do poço, ao tope da bomba é feito do ferro batido simples ou galvanisado. em uso geral no commercio. Preço do cylindro e da parte superior Csem o cano) $15.00 (dollars) ou cerca de 27$. .f""f"""CASA. FILIAL, 12 MURRAY STREET, NEW YORK CITY 47 EAST 27 PH. STREET, NEW YORK, Este estabelecimento com uma longa experienca dp quarenta annos, e um commercio extensp dispõe de todos os meios para construir Street-curs, ou carros para carris de ferro, é omnibus ou diligencias, combinando elegância com nurabilidade. Todas as ordens serão desppchadas com promptidão. O NOVO MUNDO. 187 PORTER, BELL & CO. Dunkirk, New York, E. U. A. fe4 ^5 ^—-**—'••^tJ3*~\m |AT'*'\T"^^fafl3(T y>'*^Y^~y^^ 2StWL ti •te I «5 Locomotiva pnrn Estradas do Bitola Estreita, ESPECIALIDADE EXCLUB1VA DE LOCOMOTIVAS ~*-r ""*• *m i»*»^« w*i LEVES para Frtte tTaudf.exrot, para viagens compridas ou curtas; Locomotivas do Aguar, e do finder poro uso do conP'lm lnfbalh» "? Mineração, CulturSem'grande escola, Pedreiras, e ò. ^K^ií^^S^fertí.T^ 0C?"01IVAH »ao adaptadas a qualquer bitola, a trilhos leves: curvas fortes o gradientes Íngremes. pu„™. «.' muito combustível o teem muito capacidade Elias poupam paro o vapor. 6õo construídas do intlhw matt.ial polo melhor tysttma do prçns trocaveis.-Mundaremos um catalogo photographico a quem o pedir -<j-_i^fr-.»/ •,',-¦- Tf—ii^irJMi^tM -,--" ^^g^^CJ.*^^^^J-f-^^3q^B^y^r^<i>^p^.jt*~ I^AZEMOS Locomotivas adaptáveis a todas as classes e a todo o serviço de Estradas de Ferro. r Pedimos ás pessoas competentes que quizerem saber de preços e ter photographias e especificações, que nos escrevam com o endereço supra. Todas as nossas Locomotivas são garantidas de J.» classe. Mm a. ms n o o us. M. L. Htnman, Secretario e Thezoureiro. j Presidente e Superintendent PITTSBURGH LOCOMOTIVE Pittsburgh, Penn., & CA.TR, WORKS. E. U. A. 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SmwJAl (Estabelecidos em 1825.—Capitei empregado, 1,500,000$.) 3MCa-ix-u.faot-u.nixs J. A. Durgin, Superintendente. Wilson Mil ler. Secretario e Thezoureiro. Feitos de zinco enrugado, o qual tem a vantagem de poder ser vendido, quando o carro ficar velho. S^Mandem busct r nossa circular. DE M GERENTE ! 1IIÍIB ' nn mS ff S íMRIliffl III pppjijjs DE 433,Broadway,New York, ESTRADAS DE FERRO. Fabrica é incontestavelmente a maior e mais completa no mundo. Produz cinco Coches para Passageiros e 25 Carros de Frete por semana. Faz toda a qualidade de carros, ESTA dos vários padrões e t ara bitolas largas e estreitas. Presta attenção especial ás encommendas do Exterior. Embarque feito de qualquer porto da Unio. Pede-se aos Srs. Directores e Enganheiros de Estradas de Ferro que se correspondam cnmnosco e então mnstrar-lhes-hemcs as melhores recommendações das principaes estradas de ferro dos Estados Unidos. Q-. Q. FISK, Presidente HENRY S. HYDE, Thewmreiro. tiÜOHPAIT. OI W M fcd oa ?3 fcd :> 3M&,izs©ixsk, <Xg Duryea FABRICANTES PB ARADOS DE TODOS OS TAMANHOS DE AÇO, FErilíO E PERRO FUNDIDO. MACHINAS DE SEGAR E DE TRILHAR, Cultivadores, Grades, Rástrilhos, manuaes e puxados por cavallos, Moinhos, E toda a casta Rodas e Revolvedores de bagaço, funccionando perfeitamente, fazendo o serv' ço de dèz a vinte homesns no tempo da safra quando mais necessária é a gente do campo. Vendem-se a pre- cie forças motri&es, Instrumentos d' agiricnltura; ços muitos moderados. Temos prazer em remetter o nosso catalogo e Lista de Preçus a quem os pedir, por carta ou pessoalmente em alguns de nossos escriptoriosem Boston ou NewYork Fabricada, por novo processo aperfeiçoado, da Melhor Farinha de milho, de puresa garantida. ARTIGO DE ALIMENTAÇÃO MAIS DELICADO E HYG1ENIC0 RSTPéo que se pôde achar entre U todas ob substancias farinadas. Pôde-se usal-o para os fins em que emprefra-se a Araruta, a Maizena, porím sendo preferível por ser mais leve. A Maizena de Duryea recebeu em prêmio duas Medalhas, pelos 3 e 4 da exposição internacional de de 1862, sendo estes os únicos prêmios conferidos a substancias jurys ordem. Além disto, o Relatório daLondres desta exposição «logiou a preparação dizendo que era • "Mui excellente como alimento." Na grande Exposição Universal de Pariz de 1867, os Jurados declararam que esta MAIZENA era uma "PREPARAÇÃO PERFEITA NO SEU GÊNERO." POLVILHO-SETIM DE DURYEA Em de uma libra e em caixinhas de seis Libras. ^^ hmíiC0' assetinado e delicado. Conserva a roupa; é preparado fácil"US" menS'e°custabaratoIlerCtd0:d&Um EXPERIMENTEI-O UMA VEZ E N/AÓ QUEEO SABEE D'OUTEO." Deposito geral, 29, 31 c 33, Park IMace, IVEW YORK, E. U. A. imeotes 188 o NOVO MUNDO. mus iooi wo; (EBtiibuluüidos em 1848.) William Sellers & C o. 1*1111.AI»ICI,1»IIIA, 15. U. A. 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IíINVIIíIíE, PRESIDENTE. 218, South Fourth Street, PHILADELPHIA. E. U. «Illfllll BBIDCt: Clarke, Reeves & Co„ Engenheiros-Constnictores 'de Pontes de ferro, Viaductos, Tectos de Patente, Plataformas de ir e voltar, etc. ii i sa g ; gfi Pa/ra de Carros Molas Flipticàs de tradas Esde de Ferro, Aço Fundido, e Locomotivas ; Feitas e temperado com especial jj| esmero ^^^ do mais fino melhor Aço Fundido. Escriptorio e Fabrica, Pittsburgh, Penn., ESTADOS acurado, emprego de ferro, duplamente refinado, nada de PSPECIALIDADES.-Trabalho JJsoldas; emprego da melhor fôrma de escórasjtudo feito em nossa fabrica sob estricta vigilância, desde a refinação do ferro até o fim. CATÁLOGOS COM GEAVTJRAS serão enviados a quem os pedir, escrevendo-nos á 410, Walnut Street, Philadelphia, Pa. THE PITTSBURGH CAR WORKS FABRICANTES UNIDOS. MOLA ELLYPTICA DE CARRO, DE PATENTE, MARCA "CLIFF PARA SERVIÇO DE PASSAGEIROS E FRETE. 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