vol. v.-n". 55. new york, 23 de abril de 1875.

Transcrição

vol. v.-n". 55. new york, 23 de abril de 1875.
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Entered according to Act of Congress, in the Ycar 1872, by J. C. Rodrigues, in the Office of the Librarian of Congress, at Washington.
[Com Süpplemento.
NEW YORK, 23 DE ABRIL DE 1875.
VOL. V.-N". 55.
s—=
O
\
O Sr. PAULINO J. SOARES DE SOUSA,
CHEFE
DA
OPPOSIÇÃO
NA
CÂMARA
DOS
DEPUTADOS
DO
BRAZIL.
O NOVO MUNDO.
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New York, Abril 23, 1875.
EGREJA E ESTADO.
MISSÃO do Sr. Barão de Araguaya juneto ao
A Papa em Roma teve o resultado que toda a gente de bom-senso previa. A desfeita que soffreu agora o nosso Governo não foi menor do que a de que
foi victima anteriormente na pessoa do Sr. Barão de
Penedo.
Quando o segundo embaixador seguiu
para Roma mostrámos que era impertinencia de parte do nosso Ministério crer que, para agradar o Imperio do Brazil, o Papa mudaria uma politica, premeditadamente assentada com a maior solemnidade.
Pio 9o tem recusado constantemente reconciliar-se
com poderosos Governos europeus, de população
mais illustrada do que a nossa, e ás vezes em grande
parte protestante: como seria possivel que ouvisse
agora as reclamações do Império em cuja Constituição ainda se diz que o ultramontanismo romano é a
religião do Estado ? O Papa naturalmente respondeu ao poeta, Sr. Magalhães, o mesmo que o nosso
Monge-bispo replicou ao Sr. Ministro do Império,
quando foi convidado para conformar-se com as leis
do Estado: si o catholicismo romano é a religião official do paiz, o paiz que siga o catholicismo romano
e não o brazileiro, ou até o universal. E quem negará que o Sr. Magalhães, com toda a sua philosophia, de que é reconhecido mestre, não podia nem
pôde responder a esse simples argumento ?
Qual, porém, é a verdadeira situação deste importahte questão no Brazil ?—Ella está justamente onde
começou, ha dous annos. O nosso Governo tem
protelado nisto, como protela em quasi tudo. Em
vez de arcar com as difficuldades da situação como
lhe deviam ter indicado não só o mais simples expediente político como também o exemplo de outros
paizes em que ou soffre-se o mesmo mal ou goza-se
das vantagens da sua ausência,—em vez de proclamar uma politica que cortasse as difficuldades pela
raiz, o Governo do Brazil contentou-se em deixar
que se executassem as leis do Estado em relação
aos dous Bispos, ora presos, vangloriando-se de sua
moderação, porque não oppôz muitos empecilhos a
essa execução.
Não aceusemos, 'As'
porém, o nosso Governo pelo que
difficuldades momentosas do
fazer.
de
deixou
a
todos os que se interessam
unir
presente devem
pelo próspero futuro da pátria. Precisamos agora
encaral-as de frente e, até, sympathisar com os proGabinete, no desejo de ter moderação.
' prios erros do a
Consideremos
questão do mesmo aspecto em que
elle a encara e procuremos mostrar que a sua posição é errada, si é que os próprios Ministros já não
chegaram á mesma conclusão.
O Syllabo e depois delle a declaração do dogma
da infallibilidade modificaram profundamente a religião catholica romana. E' agora tarde para negarse que o que,ha cincoenta annos,chamava-se religião
catholica, tem hoje accepção mui diversa. O catholicismo, definido pelo Papa actual, não é só inimigo da civilisação moderna, em geral; mas é o adversario decidido e franco de cada uma das condições que hoje consideramos como bazes essenciaes
de toda a sociedade, livre. A alliança sincera do
Estado com a Egreja catholica é simplesmente o
suicidio do primeiro, como sfer moral, livre e responsavel. A politica actual de Roma não é apenas um
spasmo de usurpação dos Jesuitas, uma tentativa
passageira: é um plano, concebido ha séculos, tentado muitas vezes, amadurecido pelas próprias derrotas e precipitado nestes últimos annos: é o desfécho de uma grande conspiração contra a liberdade.
¦ A politica actual de Roma vai durar. Não faltarão
no mundo, pelo menos por muitos annos por vir,'
quem continue a crer piamente que o Apóstolo Pedro foi o suecessor de Jesus Christo, e que os Papas são suecessores de Pedro, por conseguinte de
Christo, por conseguinte da Divindade e, como
tal, é Deus mesmo, infallivel, mestre das nações. A
historia e a critica modernas já teem demonstrado
claramente que Pedro nunca foi Papa, nem esteve
em Roma, e si esteve em Roma, ninguém pôde mostrar com provas decentes quem foram seus suecessores immediatos; e entretanto homens da intelligencia do Sr. Visconde do Rio Branco, do Sr. Zacarias e do Sr. Nabuco ainda hoje crêem que o
Papa é o "suecessor de Mosso Senhor." A politica
dos Jesuitas, pois, vai durar. Ella já tem corrompido o espirito das populações catholicas. Fazendo
justiça á lealdade dos actuaes crentes catholicos da
Gran-Bretanha, Mr. Gladstone, no seu celebre
tractado sobre o Vaticanismo, publicado ha dous me-
zes, mostra que, em vez de diminuir, essa politica
ha de propagar-se : " Vaticanists will grow up," diz
elle, e demonstra-o por que.
Nem se diga que a doctrina do Syllabo ainda é
duvidosa na egreja, como pretendem, alguns bons
catholicos, entre elles, o Bispo Fessler e o mais illustrado theologo inglez, o Dr. Newman. Elle foi
promulgado pelo Cardeal Antonelli com todas as
formalidades necessárias em um documento ex-cathedra, foi remettido a todos os Bispos por ordem
expressa do Papa, e todos os fieis catholicos romãnos estão obrigados a obedecerem-lhe. Sobre este
poneto, pois, o nosso Governo não pôde bazear esperanças de conciliação com Roma, ou esperanças
de vencer as difficuldades actuaes.
Ha, porém, outro motivo, apparentemente mais
plausível, que poderia aconselhar ao Governo uma
politica de protelação, como a que tem seguido e é
a esperança que, estando o Papa muito velho e sendo tamanha a opposição que ao Syllabo fazem os
Estados catholicos, o suecessor de Pio 90 naturalmente recuará da posição temerária por elle tomada, e assim como um concilio já declarou a infallibilidade, outro concilio pôde declarar a fallibilidade e revogar todas as innovações do Vaticanismo.
A historia, na verdade, está cheia destes concilios
contradictorios. Para não dar mais de um exemplo
lembraremos que só no quarto século houve, nada
menos de quarenta e cinco concilios sobre o Árianismo, dezesete tendo-se declarado em favor dos
e treze
Semi-Arianos, quinze em favor dos Arianos,
"
contra elles. Eis ahi o que vai um concilio ecumenico#"!
Mas no que diz respeito á infallibilidade, é, sem
duvida possivel, mas não é nada provável que se
reuna, dentro de um século pelo menos, outro concilio que a denegue. Quando isto se dér, a religião
catholica ficará solapada pela base, em que a pôz
uma politica de longos séculos, si bem que só manifestada francamente ha poucos annos.
Quanto ao futuro Papa poder encetar uma reacção salutar contra o ensino do Syllabo,—similhante
esperança se desvanece á luz do que se está passando em Roma com respeito á eleição papal. Bastanos, até, considerar a naturesa do collegio eleitoral
do Papa, ou conclave, para se ficar convencido que
o Governo Brazileiro não pôde entreter esperança
alguma razoável de prudência e sabedoria nessa corporação.
A, origem da instituição dós " cardeáes," como a
dos próprios papas, está encoberta em a noite das
dúbias tradicções. Parece que a principio eram
elles uns padres empossados de certa jürisdicção em
negócios civis: tal foi a semente de que vieram deRichelieu, Mazarino e Alberoni.
pois Ximenes,"naturalmente
A classe foi
ganhando influencia até
20, no principio do sePapa
Nicholau
que afinal o
"
culo ii.° creou o collegio sagrado " dando-lhe o
direito exclusivo de eleger os Papas,—direito usurpado do clero e do povo de Roma. O numero dos
cardeáes, que era a principio cincoenta e dous, passou a ser de sessenta e cinco e afinal de septenta,
que é o actual.
Cem annos depois da creação do collegio, outro
Papa, Alexandre 30, querendo corrigir muitos abusos nas eleições anteriores, estabeleceu que para as
eleições futuras seria necessária a maioria de dous
terços dos votos presentes no collegio. Cerca de um
século depois disto, continuando ainda ós abusos,
Gregorio io.° promulgou uma série de formalidades necessárias para a eleição, por exemplo, ó intervallo de dez dias antes da reunião do collegio, 1 reclusão do conclave, etc. Mas já o suecessor desse
Papa revogou a bulla dessas formalidades e Gregorio'ii.° revogou também a de Alexandre 3.° e declarou que bastava a maioria absoluta, em vez da dos
dous terços. Ao passo, porém, que seus suecessores
viram-se obrigados a restabelecer a regra, para evitar schismas,como o de quarenta annos que seguiu-se
á morte de Gregorio ii.°, elles teem posto de lado,
quando bem lhes teem parecido, as salutares formalidades creadas por Gregorio 10.° Eis aqui dous
exemplos recentes. Pio 6.°, quando preso n'um
convento, perto de Florença (tal qual Pio 9.0 está
"preso" no Vaticano)
publicou a celebre bulla Cum
nos superiori anno em que ordenou que na eleição de
seu suecessor ficariam dispensadas todas as formalidades, excepto a maioria de dous terços; e é de notar-se que essa bulla suspendeu as formalidades não
só no próximo conclave, depois de Pio 6.°, mas tambem no de todos os futuros conclaves, em caso de ser
a demora de grave perigo para os interesses da egreja,—
caso em que agora se acha a egreja, sugundo vê-se
de todas as allocuções de Pio 9.0 sobre a situação.
E como si isto não fosse bastante, quando Gregorio
16.0 morreu, achou-se em sua gaveta uma ordem auctorisando o conclave a dispensar todas as formalidades, e eleger immediatamente ó seu suecessor si a
demora fosse fatal á liberdade da escolha pelo conclave.
Morto Pio 9..°» pois, enganam-se os que crêem que
possa haver uma eleição regular do seu suecessor.
Ainda que não sejam dispensadas as formalidades é
tal a própria constituição do conclave que o nomeado é creatura de Pio 9.0. Dos 55 cardeáes ostensivos que ha, elle tem nomeado todos, excepto oito.
Dos 55, nada menos de 31 são Italianos, e 29 delles,
cremos, moram na Itália. Quando Pio 9.0 morrer
um destes dias (que desejamos não seja breve), e
forem dispensadas as formalidades da eleição, vinte
e um cardeáes Italianos poderão eleger o seguinte
"suecessor de Nosso Senhor," suppondo que todos
os cardeáes Italianos compareçam ao conclave,^e
dando de barato que os cinco cardeáes inpetto não
sejam italianos (o que não é nada provável) ou não
'possam
votar.
o
Que acfual Papa está resolvido a nomear virtualmente o seu suecessor demonstra-o a sua recente nomeação de cinco cardeáes inpetto, (isto é, secretamente, sem promulgação), com a cláusula expressa que, si
por acaso elle fallecer antes de serem elles nomeados
abertamente, tenham voto, activo e passivo, no conclave de cardeáes que tem de eleger o seguinte Papa. Essa nomeação secreta está muito de harmonia
com a politica arbitraria, insidiosa e machinadora
dos Jesuitas. O acto é um abuso clamoroso das já
muito abusadas perogativas do Papado. Ha mais
de quatro séculos, quando eram muito intimas as relações da Egreja catholica e dos Estados europeus
e quando, por conseguinte, eram maiores as complicações entre elles, reconheceram os Papas que em
certos casos convinha nomear cardeáes in petto-, mas
esses cardeáes nunca tiveram o direito de votar no
conclave. Martinho 5.0 e Paulo 3.0 fizeram trez
cardeáes aos quaes dous conclaves, com mais de
cem annos de espaço entre si, negaram redondamente esse direito. Não nos consta que houvesse
outro Papa que fizesse nomeações inpetto com a condição agora lembrada pelo actual pontífice dos Jesuitas. Todas as nomeações desse gênero desde
Paulo 30,—isto é,desde o principio do século 16o, são
executadas pelo suecessor do pontífice que as faz,
e o suecessor só as executa quando o quer. O papa declara em consistorio que fez tantas nomeações
mentaes, e os que são assim nomeados são contados
entre os septenta cardeáes; mas só o seu suecessor
os nomêa, si o quer fazer, pois tem havido casos, e
não raros, em que cardeáes nomeados in petto nunca
foram confirmados. Tal é o costume. Estava agora reservado ao Papa que promulgou o marianismo
e o infallibilismo estabelecer também este outro abu"
so de nomear cardeáes in petto com vóz activa e
"
passiva no conclave, isto é, não só podendo eleger
o suecessor de Pio 9.0 como podendo ser o seu proprio suecessor. Está sabido que o actual conclave
pode, como muitos outros, protestar contra a usurpação da prerogativa e recusar admittir os votos
activos dos cardeáes inpetto, ainda não promulgados
solemnemente. Mas estejamos certos que os Jesuitas
não fariam, nomeações que teem de ser virtualmente
annulladas: elles conhecem o seu rebanho, elles teem
formado a maioria do conclave actual e sabem da
qualidade'da massa de que se. compõe.
Assim, pois, concluindo, parece-nos ter demonstrado que o Governo nada pôde esperar de Roma
nem agora nem por muitos annos por vir.
Sendo isto assim resta-nos agora tomar um dos
dous alvitíes : ou entregarmos a fortuna da nossa
cara pátria ao eleito de vinte e um Italianos, quasi
todos de intelligencia muito vulgar; ou então governarmos o paiz que a Providencia em sua bondade
nos deu como pátria. Si o Governo entende que
elle mesmo não deve existir, mas que basta " Sua
Sanetidade " para dirigir a educação e a politica do
paiz,—só tem de deixar a questão como está, protelando sempre. Si, porém, cumprir o seu dever constitucional de velar na segurança e independência do
paiz, então precisa, antes de tudo, ter uma politica, e
propor á Assemblea geral aquellas medidas necessarias para garantir aos cidadãos Brazileiros a declaração do artigo primeiro de sua Constituição.
E' este um dos casos em que o Governo bem pudera imitar, ao menos em parte, o que está fazendo
a Allemanha, e attender ao que os Catholicos dali
pensam sobre o conflicto. O Enviado Brazileiro em
Berlim devia ter avisado ao seu Governo, por exempio, que na sessão do Reichstag de 9 do mez p. p.
Herr Lindthorst, chefe dos ttltramohtanos, declarou
que a única solução possivel era a completa separação da Egreja e do Estado.
Alguns dos nossos " fieis " fazem coro com a ciasse de "patriotas " Francezes que assentam que vilipendiar o " feroz Bismarck " é o primeiro signal
do seu liberalismo e aceusam o chancellér deperse'"
guir a religião e a tsua saneta madre." E entretanto é preciso que os preconceitos hajam obcecado
muito o espirito para não se entender o que se passa na Allemanha. Ao passo que se diz geralmente
em Pariz e no Rio de Janeiro que Bismarck persegue a religião catholica, a massa dos Catholicos na
Allemanha não pensa assim. Ao contrario, a politica do Governo tem sido tomar o partido dos
padres e dos leigos catholicos contra os bispos e o
Papa que os querem escravisar.
O Governo allemão não quereria arruinar-se declarando guerra de consciência a uma parte tão consideravel da sua população.
MARTIN GARCIA.
ii de Fevereiro
"para p. p. o correspondente de MonA tevidéo
o Jornal do Commercio, do Rio,
escreveu aquella folha uma carta que foi, para todos
os que conhecem a origem do escripto, um verdadeiro grito de guerra contra a Republica Argentina.
O Jornal publicou a correspondência no dia 18, e já
no dia 19 appareceram entre as Publicações d pedido,
artigos bellicosos, devidos, não ao patriotismo de
Brazileiros cujo orgulho se achasse offendido, mas ao
interesse sórdido de algum fornecedor, ou aspirante
a gordo contracto que assim defende a causa da patria a oito ou dez vinténs por linha.
Causaram-nos, porém, verdadeira admiração dous
artigos que a 23 e 25 também do mesmo mez publicou o Globo,—artigos cheirando á pólvora. Quando, ha dôus mezes, lemos o interessante retrospecto
annual desse periódico sobre a America latina, foide ter em o novo quotidiano um verdadeiro
"gamos
orgam dos interesses do commercio, lavoura e industria." E'-nos impossível agora reconciliar a politica até aqui seguida pelo Globo com a do predominio afortiori no Rio da Prata. Realmente, não
podemos conceber como é que uma folha que por
tantas vezes tem demonstrado com rara habilidade
a necessidade da restauração do systema financeiro
do Império,'de diminuir os exaggerados impostos de
exportação, de abrir caminhos de ferro, de attrahir
a immigração e alargar as facilidades bancarias;
"uma
folha que tem até hoje combattido nobremente
pelos verdadeiros interesses do commercio, agricultura e artes industriaes,—venha-nos agora reechoar
o estulto grito de guerra das guardas avançadas dos
contractadores.
Observamos que, ielizmente, a Reforma e o Diario do Rio se teem conservado calmos, e não se deixaram levar do furor bellicoso dos emprezarios da
navegação de Montevidéo a Matto-Grosso e de seus
dependentes.
Observamos, também com prazer,
a
Nação
tomou,
nesta emergência, tom mais
que
moderado e nos fallou de modo que nos deixou a
esperança de não accompanhar o Governo Imperial
a opinião do correspondente de Montevidéo, de ser
a fortificação da ilha de Martin Garcia um casus belli, sem cuja declaração ficaríamos uma " nação sem
dignidade, sem brios e sem aspirações." Os Brazileiros não agradecem ao correspondente de Montevidéo por esta licção do que constitue,' ou não, caso
de ferimento do pundonor nacional: é de esperar
que elles tenham o bom-senso de julgar por si sobre
estas questões delicadas.
,
O correspondente de Montevidéo chama de sonhadores aos que pedem a paz e a fraternidade entre
os habitantes da America do Sul. Acceitamos o
epitheto ; mas vamos demonstrar, com os algarismos,
que os sonhadores são os que querem, contra as leis
de Deus e contra òs instinctos pacíficos da nação
brazileira, reduzir o paiz a alguma cousa ainda peior
do que a Hespanha.
O correspondente de Montevidéo exige um exercito de 50,000 homens e uma armada correspondente. O exercito actual é oficialmente de 16,000 homens. Para satisfazer, pois, ás bellicosas aspirações
do escriptor, será necessário triplicar, pelo menos,
nossas despezas de guerra. Ora, nós temos na Proposta de Lei de Orçamento para o exercito para o
exercicio de 1875 :
Ministério da Marinha, 11,599,806^512.
Ministério da Guerra, . i5,734,595$o5o.
Somma, 27,334,401^572.
Triplicando ter-se-ha, 82,003,204^789.
E como a receita orçada é somente de 106,000,000$,
só ficariam 23,996,785:15314 para todas as despezas
do Império. E notemos que tirando-ye mais 34,000
homens á agricultura e á industria, diminuir-se-hia
infallivelmente a receita, orçada agora em 106 mil
contos de réis.
Em frente destes algarismos, somos sonhadores
nós, que queremos olhar, pelo menos, para o orçamento, antes de gritar por guerra ?
Notemos também que não podemos augmentar
mais os impostos: elle já chegaram ao máximo absoluto. Si,em logar de residirem Montevidéo,o escriptor percorresse os sertões do Maranhão, do Piauhy,
da Parahyba, de Pernambuco; si visse as misérias,
as penúrias, as privações por que passam nossos irmãos do Norte; por mais guerreiro que fosse, elle, si
é Brazileiro, pediria comnosco a diminuição das despezas de guerra, para ser possivel a diminuição dos
impostos.
O finado Visconde de Itaborahv reduziu o exercito no dia seguinte ao da terminação da guerra do
Paraguay; pena foi que não lhe fosse dado retirar
dahi o ultimo soldado brazileiro ! Somos sonhadores; mas sonhamos com algarismos na mão, com os
olhos fitos nas misérias, que affligem os nossos compatriotas.
" Dignidade," "brios," " aspirações,"—tudo isto
se dizia em 1870, na França, para arrastal-a até
Sédan!
Tractando desta questão de Martin Garcia, a
Reforma prestou mais um serviço real, patenteando
a negligencia e a desidia com que a nossa diplomacia tem-se occupado da importantíssima neutralisação daquella ilha. Desde 1827, e, por conseguinte,
ha quarenta e oito annos, está pendente esse litígio,
e apoz muito labutar, não se decidiu ainda uma
questão que interessa realmente ao porvir de toda a
vastíssima região, banhada do Rio da Prata e seus
extensos affluentes.
Não é só a situação da ilha de Martin Garcia, que
é importante no Prata e nos seus affluentes ; rara é
a secção do Uruguay, do Paraná, e do Paraguay, em
que não haja um poneto estratégico, no qual não se
possa estabelecer um Obligado, um Tonelero, um Itapirú ou um Humaitd.
Portanto, não é só a neutralização da ilha de Martin Garcia, que a nossa diplomacia deve exigir; mas
também a neutralização de todos os affluentes do
Rio da Prata e desse grande rio, firmada em tractados solemnes com todas as nações da Europa e da
America, que manteem relações commerciaes com
os habitantes desta região, que rivalisa com a do
Amazonas em riquezas naturaes.
O Brazil, que abriu o Amazonas e os seus grandes
confluentes a todas as bandeiras, pôde francamente
pedir o concurso dos Estados Unidos e das principães potências da Europa para uma obra, que afinal
é mais delles do que do mesmo Brazil, porque, effectivamente, a Inglaterra, a Hespanha, a Itália, a
França e os Estados Unidos teem mais navios mercantes no Rio da Prata, e nos seus affluentes, do que
nós.
Seria ridículo que o Império se fosse constituir
o campeão de interesses mais alheios do que seus, e
confirmar, por um procedimento leviano e insensato,
a opinião corrente nos paizes estrangeiros de que o
Brazil só espera oceasião opportuna para se apoderar das Republicas do Prata. Não ha, quasi, meio
efficaz de convencer a Europa que o nosso paiz não
tem para as Republicas do Prata as mesmas intenções da Rússia para com a Turquia.
Cumpre, pois, corrigir os erros do primeiro Imperio e da falsa politica do Marquez de Paraná, e
adoptar francamente, á despeito da grita dos bellicosos fornecedores do Rio da Prata, um proceder
leal, franco e patente em todas as nossas relações
com as Republicas vizinhas. E' tempo de terminar
com todas essas intrigas e intervenções, e com essas
oecupações indefinidas.
Já o Novo Mundo teve oceasião de lembrar o arbitramento como o único meio de corregir brilhantemente todos os erros do passado e de inaugurar
uma nova politica de paz, de amizade leal e de verdadeira e sincera fraternidade na America do Sul.
As fortificações da ilha de Martin Garcia nos vieram confirmar nestas idéas, e continuaremos, pois,
a pedir, e a reclamar com a maior instância que o
Governo imperial recorra a esse meio pacifico e
honroso para arredar de nós os miseráveis resultados da velha politica do Rio da Prata.
Pedimos instantemente aos nossos collegas do
Diário do Rio, e da Reforma que tomem a vanguarda na defesa desta causa da civilização. A opportunidade é excellente. A questão Martin Garcia é
essencialmente internacional; não pôde ser bem resolvida sinão pelo arbitramento.
Toda a Europa e toda a America estão intimamente interessadas na mais completa liberdade da
navegação dos dous maiores systemas hydrographicos do mundo,— o Amazonas e o Prata.
Pecamos, pois,o arbitramento, para solver de uma
só vez, si fôr possivel, todas as questões do nosso
paiz com as Republicas do Sul, e aproveitemos, assim, a bôa opportunidade que se nos offerece para
desoecupar, gloriosa e brilhantemente, o Paraguay, o
Uruguay e o Rio da Prata.
O FUTURO DOS INGÊNUOS.
perto de quatro annos foi promulgada a lei da
"
HA emancipação do ventre," e desde logo apresentou-se ao paiz um dos mais graves problemas que
tem tido de resolver. Fazer homens livres é, comparativamente, o menos. Habilital-os, porém, a gozar da sua liberdade e a servir á pátria nesse gozo,
é a lueta constante a que todas as nações cultas se
entregam. Na verdade, si vai á pena cultivar o cafeseiro ou o algodoeiro ou outra planta, que nos deixa ricos, a cultura da mais preciosa planta da creação,—o homem—é o mais profícuo trabalho a que se
pôde entregar uma sociedade. Disto está convencido o povo dos Estados Unidos que gasta annualmente cem mil contos só com suas escholas populares,
alem do que gastam os Estados e os particulares
com a instrucção secundaria e superior. Disto parece também estar convencido o Brazil, como o attestam os seus nascentes esforços em prol da instrucção publica.
Entretanto, alguma cousa mais do que esses esforços geraes faz-se urgentemente necessária pela Lei
de 28 de Septembro de 1871. Libertando os nascituros de escravas, depois dessa dacta, a lei creou uma
classe especial no seio da sociedade, para a qual fezse mister legislação também especial que reja suas
relações até que os indivíduos dessa classe cheguem
á maioridade e sejam então considerados no mesmo
nivel dos demais cidadãos. Ora a educação desses
milhares de ingênuos que vamos tendo não deve de
modo algum ser menos-prezada.
Já temos ingenuos de perto de quatro annos, e, pois, já é tempo
de cuidarmos de preparal-os para os futuros deveres
da vida.
Infelizmente, o Governo actual, contentando-se
em fazer passar a lei de 1871, nada tem feito por
ora para regular as suas conseqüências naturaes.
E' verdade que outros assumptos de magna importancia teem prendido a attenção dos Ministros;
cumpre, porém, não esquecer este, de que tractamos. Previnamos que se aggregue mais material á
nossa massa, já enorme, que fornece hospedes para
as nossas cadeias e para Fernando de Noronha: não
olvidemos que os ingênuos são futuros votantes que
vêem dispor da fortuna publica. A sua educação é
nossa defesa-propria. A sua ignorância e depravação são perigos vitaes.
Nós, porém, não devemos esperar tudo do Governo, que, afinal de contas, nada fará sem o nosso concurso. E' de nós mesmos que deve partir a iniciativa e o trabalho pesado da educação dos ingênuos.
E' dessas questões practicas, desses appellos ao povo, que se deviam oecupar aquelles d'entre nós que
sobem á tribuna das "conferências populares," e
não da lua e das estrellas ou de ponetos difficeis da
historia ou da esthetica. O assumpto deve ser ampiamente ventilado na tribuna e na imprensa e a
opinião publica deve ser esclarecida sobre algum
plano geral de educação progressiva.
E por fallar em iniciativa, é-nos grato recordar
aqui o excellente alvitre seguido ultimamente pelo
Dr. Augusto Ribeiro de Loyola, Juiz Municipal e
Orphams do Termo de Casa-Branca, Provincia de
S. Paulo. Este illustre magistrado tomou a responsabilidade de fundar quatro colônias ruraes orphanologicas para educação dos ingênuos da lei de 1871
e dos orphams pobres, sem tutores abastados. Apezar de que o Governo só friamente louvou o Dr.
Loyola, deu este um bello exemplo, digno de ser imitado pelos seus collegas da magistratura.
Outra idéa practica foi-nos também suggerida em
um recente artigo (o XLII) da luminosa série de escriptos que sob o titulo Agricultura Nacional tem
apparecido ultimamente no Jornal do Commercio, do
Rio de Janeiro. Esboçando um projecto para creação de engenhos centraes, o bem orientado escriptor lembra, no § 17 do Art. i°, um meio fácil de
promover-se a educação dos ingênuos. Elle propõe
que entre as diversas emprezas das Provincias, tenham preferencia para os favores, que projecta conceder-lhes, aquellas " que se obrigarem a emancipar
maior numero de escravos.. .. e a manter o melhor
systema de educação technica.nos seus estabelecimentos." Os propostos engenhos centraes, os juros de cujos capitães o escriptor propõe que sejam
garantidos pelo Governo, serão bellos agentes de
emancipação, pois tractarão de emancipar os escravos mais dignos da alforria e que em vez de ficarem
abandonados a todos os vicios contrahidos na escravidão, serão logo empregados nos trabalhos ruraes.
D'outro lado, esses estabelecimentos, sendo obrigados a manter escholas para seus operários serão outrás tantas escholas agrícolas, ricamente dotadas de
terras e dos melhores apparelhos ruraes e machinismo para seus trabalhos especiaes.
Collocados sob os auspícios destes estabelecimentos, os ingênuos receberiam, parece-nos, excellente
instrucção theorica e practica.
Ainda que'só se fundem quinhentos engenhos centraes, não parece difficil que cada um delles se encarregasse de vinte ingênuos, e teríamos assim dez mil
pessoas recebendo excellente educação rural.
Seja qual fôr o meio, o que é certo é que, na crise
que atravessamos, faz-se urgente cuidar-se desde já
em assentar um plano de educação dos ingênuos da
lei de 23 de Septembro de 1871.
__»
168
O jYOVO MUNDO.
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O CONFLICTO ECCLESIÁSTICO NO BRAZIL:-[por floiuan, segundo t. nast.]
Voz da O. P.: "Escolhei: Qual dos dous Governos
preferi?—V. R. B.: Que posbão embaraçada !
8
O NOVO MUNDO.
EMIGRANTES SAHLNDÒ DE LIYERPOOL PARA A AMERICA.
169
>
170
O NOVO MUNDO.
SOBRE LOTERIAS.
muito que pousávamos na
conveniência de demonstrar a immoDESDE
ralidade do jogo das loterias no Brazil.
Os escândalos ultimamente occorridos
no Rio de Janeiro na extraccão das loterias ; o Decreto, que o Ministro da
Agricultura teve a fraqueza de assignar, auctorizando o seguro nos bilhetes
de loteria, origem de novos abusos e elas
mais flagrantes immoralidades; e a recente condemnação das rifas do Globo e
das Companhias de Carris Urbanos ou
bonds, do Rio de Janeiro, nos vieram
convencer que já tardava que a imprensa começasse a demonstrar incessante e energicamente a necessidade de
se findar no Brazil essa practica tão
corrupora dos costumes públicos.
Nós principiamos hoje a cumprir esse dever, e pedimos aos nossos collegas
da imprensa e a todos, que se interessam
pela prosperidade da nação brazileira, que nos accompanhem; e que nos
levem vantagem nesta propaganda de
moralidade e de bons costumes, indispensa veis e essenciaes a qualquer paiz,
e muito mais á um paiz novo, ainda
em via de formação, como o Brazil.
I.
Dizem os antiquarios que a loteria
nasceu em Roma. Si assim é, deve a.
nossa pátria mais esta miséria á Roma,
mãe do militarismo, do papado e de um
sem numero de flagellos da humanidade.
O que está bem averiguado é que, na
corruptissima épocha dos Imperadores,
a loteria tinha grande voga em Roma.
Convinha aos Imperadores embrutecer
a plebe pelo jogo e pelos espectaculos
sanguinolentos no circo. Quando não
podiam repartir os despojos dos povos
conquistados, davam-lhes loterias para
que se roubassem mutuamente; quando
não tinham guerras para saciar-lhes os
maus instinetos, davam á esta plebe,
que tanto adulavam e simultaneamente
tanto desprezavam, o espectaculo hediondo dos gladiadores e das feras, para
conservar-lhes a paixão pelo combate' e
pelo sangue.
A desgraçada Itália da edade média
guardou, como preciosa reliquia da mãe
Roma, a loteria, com o mesmo cuidado
que os atrozes segredos da envenenadora Locusta; só fez um acerescimo: — o
punhal dos bravi de Veneza.
Foi em 1520 que a loteria passou da
Nos primeiros
Itália para Trança.
tempos eram rigorosamente rifas de objectos â venda: os bufarinheiros, os
mascates, os charlatães, o.s mercadores
de má fé, em summa, recorriam ás loterias de objectos, ou ás rifas, para dar
sahida, mais ou menos fraudulentamente, ás mercadorias sem comprador.
Reinava então, na' França, o cynico
Francisco I.
Em 1539 o Thezouro
estava tão esgotado pelas guerras infelizes e pelas.torpes aventuras amorosas
do prisioneiro de Pavia,que lembraramse de recorrer ás loterias como súbito
meio de arrancar mais algum dinheiro
ao infeliz povo.
Nasceu assim immoralmente a loteriaimposto, que o Império do Brazil expiora, ainda no anno de 1815,. com o
maior desar para si .1
Apezar dó abatimento moral e da
corrupção de costumes, que reinavam
na França de 1539, não faltou quem
condemnasse o triste espectaculo que dava Rei,que era então o Estado, reduzido
á banqueiro de casa de jogo; o Rei,
(para fallar na giria destas misérias sociaes) recebendo o barato de uma immensa meza de jogo, em torno da qual
se assentavam promiscuamente o clero,
a.nobreza eo povo.
Nesses tristes tempos, como se sabe, a
pouca independência e moralidade, que
havia na.França, se abrigava no parlamento e Ua magistratura. Foram essas
duas corporaçõesas primeiras a reclamar
contra a loterid-imposto e a fulminar as
loterias e as rifas com decretos de prohibição, dando como principal razão que
a loteria causava a mina do povo.
Conseguiu assim o Parlamento pro-
hibir as loterias na França nos últimos
annos do século XVI.
Infelizmente o nivel moral da França
não era ainda assaz elevado para numter por muito tempo esta prohibição. O
instineto do jogo, primo irmão do instineto do sangue, predomininte na uristocracia de então, obteve a restauração
das le.terias; intrigando e corrompendo,
conseguiu, ali de Maio de 1100, auctorizaçáo para a grande loteria do
"Hotel de Ville," com dez milhões de
libras de capital e prêmios em rendas
de 300 a 20,000 libras !
Todas as pessoas, versadas em assumptos econômicos, sabem que é quasi
impossível dar o equivalente das moédas dos séculos passados:—no emtanto
só para fixar as idéas diremos que a libra franceza de 1100 (livre tournoise)
correspondia materialmente, sem attender ás condições economico-sociaes, ao
franco francez actual; não se pode avaliar em menos de 1$000 rs. brazileiros
actuoes a livre tournoise de 1100, e, assim, a monstruosa loteria do " Hotel de
Ville" sangrava o povo francez em
10,000 contos de réis, pelo menos,!
Não parava ahi o damno causaelo ao
Em torno da " loteria legal, "
povo.
da Loteria do Bei, surgiram logo, como
ainda hoje acontesce desgraçadamente
em nossa pátria, um sem numero de
rifas, e de loterias particulares mais ou
menos disfarçadas.
E' realmente impossivel que o Estado jogue em loteria, e, ao mesmo tempo, prohiba, em nome da moralidade e
da lei, que os particulares joguem tambem. Ou a loteria é má e deve ser
radicalmente abolida,; ou a loteria é
bóa e deve ser geralmente permittida.
À loteria-imposto, a loteria monopólio, é
irrecusavelmente uma dessas misérias,
que as.oligarchias exploram para conservarem os povos indefinidamente ná
immoralidade e na ignorância.
E é de notar, de passagem, que
quando ó povo principia á entregar-se
ao jogo, como quando principia a derramar sangue, ninguém sabe quando
chegará á saciar, o seü mau instineto.
Para prova, ahi temos a Hespanha,
essa terra das loterias e revoluções
constantes, e eternas.
Foram as loterias particulares toleradas na França até 1116, isto é, até dous
annos depois da subida ao throno do
pobre Luiz XVI, victima predestinada,
á expiar todo o mal, que a França fizeram os seus antepassados.
Effectivamente, a 30 de Junho de
1116, uma nova/ordem do Conselho de
França suprimiu todas as loterias particulares, deixando tão somente a Loteria Real da França, explorada exclusivamente pelo Thesouro do Estado.
E' neste estado de torpe monopólio
governamental que a gente que domina
no Império do Brazil, conserva, a loteria. Estamos ainda, em moralidade,
ao nivel da França de 1116. Depois
de Luiz XVI veiu 1193 louco, desatinado, atroz, querendo terminar na gui- i
lhotina a interminável monomania aristocratica da nacionalidade franceza.
Nestes tristíssimos tempos jogava-se
desabridamente. A revolução e a guerra excitam a monomania do jogo. Os
cruzados jogavam freneticamente em
viagem para a Terra Saneta: houve
cavalheiro que jogou até a espada e o
cavallo. Na volta da expedição da
China, os officiaes francezes, carreo-ados dos despojos do saque do palácio de
verão do celeste Imperador, jogaram a
enlouquecer.
Não era, pois, 1191 o mais próprio
para abolir a loteria na França ; bem
pelo contrario, n'estes desgraçados tempos, jogara-se desenfreiadamente e guilhotinava-se atrozmente na medonha
expansão de todos os maus instinetos
em horrenda e hedionda saturnal. Foi.
por isso, que uma lei da Convenção
aboliu a loteria e uma outra, dias depois, restabeleceu-a. Nós havemos de
vêr, na desgraçada historia da loteria
no Império do Brazil, o mesmo facto
A lei, qne aboliu a loteria, em 1193,
foi a de 28 Vindimario do anno I (19
do Octubro do 1193); a quo restaurou
tom a dacta do 25 Brumario do anno I,
isto é, 15 de Novembro ele 1193.
Durou, pois, monos de um mez a
prohibição da loteria nu França rovolucionaria.
Evidentemente ó preciso satisfazer
simultaneamente toelos os máos instiuctos:—jogo o sangue, loteria e guilhotina ! A 1193 suecederam o Consulado
e o Império, e a estes a Restauração
bourbonica:—o militarismo do Imperioe
a hypocrisia da Restauração deixaram
subsistir a immoral loteria.
Veiu depois o famoso período de
1830, talvez a melhor pagina da hiatoria ela França, para a liberdade, para
a litteratura, para as artes e para a industria. O governo constitucional, tanto quanto é possivel em um paiz militar,
aristocrático e governamental como a
França, de Luiz Piiilippe aboliu definitivamente a loteria. A lei tem a dacta
de 21 de Abril de 1832; a abolição
completa devia começar no 1" de Janeiro ele 1836.
Ainda os jogadores fizeram um ultimo esforço; mas a lei de 11 de Maio de
1836 completou a lei de 21 de Abril de
1831, prohibindo clara e terminantemente as rifas e as loterias particulares
com as quaes se queria sopliismar a
prohibição fulminada pela primeira lei.
Assim acabou na França, graças ao Rei
mais moralisado, que jamais reinou nessa infeliz terra, a funestissima loteria 1
Agora ó que é muito de estranhar-se
é que os nossos estadistas, que tèem copiado tanta lei ruim franceza, não còpiassem a da abolição da loteria.
Porque os nossos puritanos de paroIas, que governam o Império que sé
diz o mais moralisado do mundo; que
teem sempre' o insulto de mefcantilismo, de adoração do dollar, pára a Republica Anglo-Americana,:—porque usufruem hypocritamente o monopólio da
loteria ? Será que ainda não compre•henderam que a loteria é simplesmente
•um jogo nacional, e immoralissimõ, e
que é desgraçadamente aviltante que
seja o Governo o emprezario, o monopolisador, o banqueiro e o usufruetuario único desse jogo ?.
Querem conservar o paiz no mesmo
nivel de abatimento mofai desses' prinripados do Rheno, qué, antes da unificação da Allemanhà, tinham como principal fonte de renda & roleta de BadenBaden, de Hamburgo e das outras eidades de prazer e de escândalo, com a
mascara de .cidades de águas virtuosas ?
Agora só o ridiculo pfincipado àe
Mônaco permitte casas publicas de jôE'
go e só a Hespanha tem loterias.
Com tão ruins mestres que os nossos governantes aprenderam a governar uma
nação jòven, que não pôde crescer e
prosperar sem ser meiralisada e instruida, e ter a Convicção profunda de não
haver outro meio licito de adquirir além
do trabalho?
IL
A loteria foi importada no Brazil da
Hespanha e de Portugal.
Em 1830, logo nos primeiros tempos
da fundação do Império, o Deputado liberaljla Bahia, Lino Coutinho, propôz
a abolição da loteria.
Em 1831 teve a fortuna de vêr a sua
bella idéa acceita pela Assemblea geral, e convertida na lei de 6 de Junho
de 1831 que dizia simplesmente no seu
único artigo:
"Artigo Único.
Fica prohibida a
•
concessão de loterias." .
Lembremos que eram então Regentes
do Império:—O Io Marquez de Caravellás, José Joaquim Carneiro de Campos, tio do actual Ministro dos Estrangeiros, Visconde de Caravellas;Nicqlao
Pereira de Campos Vergueiro, ao qual
tanto devehvo partido liberal brazileiro e á agricultura da Provincia de S.
Paulo; e Francisco de Lima e Silva, pai
do actual Duque de Caxias.
Referendou esta lei, que honra a moralidade dos auetores do 1 de Abril,—
o Ministro da Justiça, o advogado Manoel José de Souza França.
Foi bom curto o reinado da democracia;—não durou também mais a prohibicão das loterias.
Em 1831 já regia o Imporio Araújo
Lima, Marquez de Olinda, o ora Ministro Bernardo P. de Vasoonoellos firadador do partido saquàrema e da eschola da corrupção como o melhor dos meios
de governo, que teve depois como o
mais ousado elos seus mestres o Marquez de Paraná.
Para tal gente a loteria é uma excellente cousa. As leis ele 29 e 30 de
Novembro de 1831 annullaram a ele
Lino Coutinho de 6 de Junho de 1831.
A primeira concedeu duas loterias annuaes de cem contos de réis cada uma
para um theatrinho, que já desappareceu da praia de D. Manoel, no Rio
de Janeiro; a segunda concedeu duas
loterias de duzentos contos ele réis cada
uma para o "Theatro Constitucional
Fluminense."
Aberta assim a porta as loterias, começou uma época de immoralidades e
de escândalos, que infelizmente ainda
perdura !
De par com a loteria do Governo os
agiotas faziam correr uma alluvião de
vigésimos.
Houve tempo em que, na praça dá
Carioca e nas ruas adjacentes, só se
viam casas de vender vigésimos, assignaladas por enormes cartazes, em que
estavam impressos ém letras mui graiídas, os números dos bilhetes premiados.
Nesse tempo havia, com certeza, no
Rio de Janeiro mais cysas de vigésimos
do que escholas .1
Era assim que educavam o povo para . capangas de eleições e soldados do
Rio da Prata !
Os escândalos dos vigésimos continuaram até sua prohibição pela Lei
N° 1,099 de 18 ele Septembro de 1860
que, apezar de tudo, foi um grande
beneficio.
Eram e* escravos, erain os caixeiros
os principaes freguezes dos vigésimos on
dos bilhetes de loteria de 1$000 réis.
Quanto furto, quanto estellionato não
produziu n'essa miserrimá época a loteria?
Ficou ainda depois de 1860 o monopolio governamental campeando com a
sua loteria privilegiada.
Os Brazileiros de coração envergonham-se, todos os annos assistindo a
triste scena da legislatura brazileira a
votar loterias para theatros, para hospitaes, para óasás de correcção, e até
para restaurar os templos..
No entanto tudo isso se fazia, se faz,
e vai-se fazendo e cada um dos nossos
Ministros continua a ter a intima convicção de governar o paiz mais moralizado deste mundo.
Todos sabem como
é diflicil desarraigar um vicio velho, um
mau habito, contrahido durante longos
annos.
Corriam, assim, as immoralissimas loterias governameritaes quando surgiu o
Decreto N° 5,380 de 20 de Agosto de
1813, assignado pelo actual Sr. Ministro d'Agricultura.
Este fatal Decreto
concedeu a dous Valdez autorisação para incorporar uma Companhia destinada
a segurar billhetes de loteria!
O seguro sobre o' jogo, sobre a loteria
officialí
Pouco depois o Decreto N° 5,628 de
9 de Maio de 1814 concedia á Companhia Loterica de Seguros autorisação pc*rafunecionar e appr ovava seus estatuto*.
.Jacta est álea! Reviveram os tempos
dos. vigésimos.
Em cada rua ha uma loja de vender
bilhetes garantidos. Parece que a Camara Municipal do Rio de Janeiro auetorisou a collocação nas-praças e nas ruas
dessa capital de uns Mosques, em que,
consta-nos, se vende caie, cigarros e,
principalmente, bilhetes da loteria garantidos. São freqüentes no Jornal do Commercio; no Globo, ou no Diário do Bio
reclamações contra os escândalos commettidos na extração das loterias e na
venda dos bilhetes garantidos.
E o Governo tem feito a tudo isto ouvidos de mercador.
Que força-moral merece ter elle,
O NOVO MUNDO.
Por outro lado o reformador deveria
que monopolisa o jogo da loteria, o recebe-~o barato—de uma mesa do jogo, abolir radicalmente o
jogo, a loteria, a
para qual elle convida a nação inteira? aposta, tudo, emfim, que permittisso
ganhar som trabalho e despender sem
III.
conta nem medida.
Consideremos agora o tristíssimo asO que, porém, n'este particular, mais
sumpto das loterias sob outro poneto de nos degrada
perante o mundo civilizado
vista.
é a loteria-imposto; é a loteria-monoO que ganha o Governo com este impolio-governamental.
moral imposto? Responda-nos o ultimo
Todos os economistas são concordes em
Relatório do Sr. Visconde do Rio Biun- classificar a loteria
entre os impostos inco.
dignos de uma nação moralisada e livre 1
Nós encontramos na proposta de Lei
Na sciencia econômica a loteria é
de orçamento para o exercicio de 18*75 definida —uma espécie
de jogo de azar,
-76:
no qual ao pagar o jogador a sua enCAPITULO II.
trada recebe um ou mais bilhetes numeBEOEITA GEBAL ORDINÁRIA.
rados; em -épocas, previamente deterArtigo IX.
minadas, procede-se a um sorteio, e
ganham os jogadores, que apresentam os
43
Impostos
de 20%* sobre
§
loterias
800,000$000 números, que satisfazem a certas condi§ 44 Imposto do 15% dos premios mesmos
300,000$000 ções.
A loteria é, pois, pura e simplesmenExtraordinária.
te um jogo. A Moral c a Sciencia Eco§ 53 Produeto de loterias para
nomica estão n'esse poneto, como em tofazer face ás despezas da Cados os outros, perfeitamente de accôrsa de Correção (o jogo susdo;—nenhuma dellas admitte outro meio
tentando a casaãe Correcção!)
e do mellioramento sanitário
licito, justo e honesto de adquirir senão
do Império
f)6,000$000 o trabalho.
54
Produeto de 1% das lote§
A loteria, como o jogo, é úm meio
ria na formo do Decreto N9
immoral, illicito, e injusto de obter bens
2,936 de 1G de Junho de
46,000$000 alheios sem trabalho.
. 1862
Em nome, pois, do futuro do Brazil,
Renãa com applicação especial.
trabalhemos
incessantemente para a
4
Beneficio
de 6 loterias e r«n§
das de impostos.....:
abolição
257,000$000
completa da loteria» em nossa
pátria.
Somma
1,469,400$000
Para contraprovar destes algarismos
recorramos ao Balanço da Receita e
Despeza do Império no exercicio de
1811-72, ultimo liquidado pelo Thezouro Nacional e ahi achamos:
Imposto de 20% das loterias
1,061,877$600
Imposto de 15% dos prêmios
d_ mesmas
381,225$000
Proãucto âas loterias para fazer
face ás ãespeias âa Casa ãe
Correcção e âo melhoramento
sanitário âo Império
55,500$000
Proãucto âe 1% das loterias na
fôrma do decreto N9 :<*,936 de
16 de Junho de 1862
46,000$000
Beneficio das loterias e rendas ãe
impostos
129,600$000
Somma 1,676,202$000
Notamos, em primeiro logar, que um
Império, que oecupa o Paraguay e o Rio
da Prata, com seus exércitos e suas esquadras, que compra monstruosos encouraçados de 5,000 contos de reis, e,
ao mesmo tempo, entrega-se ao jogo da
loteria para obter a miséria de 55,500$
para as despezas da Casa da Correcção e do melhoramento sanitário do
Império, lembra certos petits creves,
que
vão, nos bailes, ás salas de jogo a pretexto de ganhar para pagar as luvas de
pellica.
Os algartimos acima citados, não deixam a menor duvida que o lucro annual do Governo com o monopólio das
loterias orça de 1,400 a 1,700 contos
annuaimente. Ora, pois, é para ganhar
esta ridícula somma, que não chega
para pagar a terça parto do famoso Independência, que nosso Governo se conserva ao nivèl do governo da Hespanha!
E só a Hespanha e o Império americano manteem ainda a nefanda escravidão I Que coincidência !
Na desgraçada Hespanha a loteria
sustenta o luxo e nutre a paixão do
jogo sem limites; a praça de touros e as
revoluções alimentam o instineto sanguinario.
Estudemos a raça hespanhola não só
em Montevidéo, em Buenos Ayres, em
Valparaiso, em Santiago, em Lima, no
México, e na Havana; mas também em
Madrid, em Sevilha, em Bareelona, em
Granada, em Valencia, e em Leon, e
reconheceremos em toda a
parte que
esse ramo da familia humana, tão viçoso, tão bello, tão enérgico, tão talentoso,
tão eloqüente, e tão activo está apodrecendo presentemente, graças á acção
dissolvente do luxo desenfreado e do
instineto sanguinário.
Quem tentasse reformar a Hespanha
e a raça hespanhola deveria
principiar
por abolir a pena de morte, o exercito
permanente, a armada, todo o militarismo em uma só palavra !
A PENA DE AÇ0UTKS.
A
COUTAM homens livres em Pernando de Noronha; açoutam escravos em Mamanguape, na Parahyba
do Norte; em Caethé na Provincia de
Minas Geraes, e por toda a parte, inclusive na capital do paiz !
Cremos que todos os que trabalham
pelo progresso e pela prosperidade do
Brazil, devem, exigir que se risque,
quanto antes, do nosso Código esta barbara pena.
'
Em primeiro logar notemos que é fiagrantemente inconstitucional. A Constituição disse bem claramente:
Artigo 179.—§ XIX—Desde já ficam "abolidos os açoutes," a tortura a marco de ferro
quente, e todos os móis penas cruéis.
Atterida-se bem:-A Constituição aboliu desde já, desde a sua promulgação,
todas as penas cruéis: fez ainda mais:
especificou, entre as penas cruéis, e ém
primeiro logar, a pena de açoutes.
Assim, pois, é bem claro que nem a
pena de açoutes, e tão .pouco nenhuma dessas penas barbaras, tristes legados dos miserrimos tempos do absolutismo, pôde ser inscripta em Lei ou em
Código do Império do Brazil.
Não ha sophismar: esta é a interpretação real, litteral, immediata do § XIX
do Artigo 179 da Constituição Brazileira, defendida e sustentada, na discussão do Código por todos os Deputados liberaes.
E' estulta è sophistica a objecçao,
que a Constituição só se, refere a cidadãos, no goso perfeito do seus direitos,
e não a escravos e aos' condemnados de
Fernando de Noronha.
Evidentemente a Constituição ordena
a abolição da pena de açoutes em absoluto e "desde já. "
A Constituição não disse nem poderia
dizer a intuitiva necedade:—"Os Cidadãos Brazileiros, no goso perfeito
dos seus direitos, não serão açoutados.' ¦
O que a Constituição ordenou, bem elara e terminantemente, foi a abolição da
barbara pena de açoutes; sua manifesta
intenção foi impedir que jamais fosse
executado na bellissima terra, que o
Omnipotente nos concedeu, a cruel pena
de açoutes.
A Constituição quiz evidentemente
prevenir qúe, ainda no anno de 1874, o
Ministro da Justiça * do Império Americano, que tanto alarde faz dos seus
sentimentos de charidade, assignasse
trez ou quatro avisos, mandando applicar a cruel pena de açoxdes a infelizes
* Vide os Avisos do Ministério da Justiça
de 20 de
Agosto de 1874 e de 10 de Dezembro de 1874.
171
escravos; que ainda no anno de 1875, um
Em Metz introduziam lâminas de ferbárbaro Comandunte de hediondo pre- ro entre as unhas e a carne 1
sidio de Fernando de Noronha ousasse
Em Bcsançon deslocavam os ossos do
mandar açoutar presos !
paciente içando-o por uma corda, que
Entretanto, a cada escândalo que se passava em uma roldana.
Este atroz
dá em Fernando de Noronha o Gover- supplicio foi também usado em Portuno envia uma commissão de inquérito. gal,
que, no emtanto, era a menos
Passam-se mezes e a opinião publica cruel das nações da Europa. A estradistrahe-se com outro qualquer novo es- pade de Besançon se chamava em Porcandalo ; quando o commissão chega tugal apoleação ou tractos de
polé. Era
com o seu volumoso relatório, já o es- applicada
principalmente a bordo dos
candalo de Fernando de Noronha está navios.
fora da moda; o Ministro nem o lê; soNão esqueçamos que devemos á propésa-o na palma da mão e, fazendo um testante Inglaterra não ter o âdelissimo
gesto muito significativo, toma um dos catholico romano Portugal introduzido
taes lápis fatidicos e decide:—" Archi- a hedionda Inquisição no Brazil.
ve-se."
Em Lyão acceudiam médias de enxoNo nosso desgraçado systema de en- fre entre os dedos das mãos e dos
pés
ganos, de illusões, e de sophismas ad- dos pacintes.
ministrativos e governamentaes, uma
Em Autun a atrocidade dos juizes
commissão é a ultima ratio de nossos excediu os limites da ferocidade humaMinistros de Estado.
na:—calçavam botas furadas no pacienMas, voltemos á pena de açoutes.
te c derramavam n'ellas azeite fervendo!
E' de boa licção, de moral e de phiEm Avignon os papas de duplicata
lanthropia, abrir a historia e procurar tinham importado de Roma o cynico
nella os tristes vestígios, que deixou a supplicio—Ia veglia, uo
qual os supplicruel pena de açoutes.
ciados soffriam a dupla tortura de vêr
Como todas as barbarias a pena de em um espelho os martyrios, que estaaçoutes é antiquissima.
Não cremos vam padecendo!
Dabwin
tenha
Ah ! os taes papas pediam meças aos
razão dizendo que
que
proviemos de macacos; pois é talvez reis em eynismo e em barbaridade.
mais fácil demonstrar com a historia na Ainda, nos nossos dias, antes da revomão que o homem principiou como hye- lução de 1848, os papas faziam inauna do que como qualquer outro animal. gurar o carnaval de Roma por suppliA historia do rei da Creação começa cios mazzuolo, decapitazione, impiecatura
com o fratricidio de Caim. Egypcios, ou qualquer outro, que lhes aceudisse
Persas,. Assyrios e todos os povos da á hedionda imaginação !
incivilisavel Ásia empregavam a barNos tempos da atroz Catharina de
bara pena dos açoutes.
Medicis
o supplicio de um comdemnado
Os Romanos
reservavam aos infelizes escravos, que era uma festa real; armavam-se palaneram muitas vezes Italianos, e sempre quês para o rei, o clero e a nobresa asFrancezes, Inglezes, Hespanhóes, Gre- sistirem o hediondo espectaculo!
E, Reis e Papas, aceusam a demogos, Asiáticos e Africanos, oflagrum,
üagellum e o scorpio, que era o açoute cracia de cruel. E' verdade que o povo
acerescentado com pedaços de osso, com educado por elles nos espectaculos da
pontas de prego, com pedrinhas, etc, roda, do pelourinha e da força, excedeu
para tornar o supplicio ainda mais do- se muitas vezes; mas o que é innegavel
loroso.
é que a humanidade deve ás revoluções
No tempo de Nero, Diocleciano e a abolição de todas as atrocidades, que
dos Imperadores mais ferozes contra os commettiam a sangue frio, durante seChristãos, a pena de açoutes era de culos, hypocritamente embnçados com
preferencia empregada contra os mar- o manto da Lei os Reis, os Papas, e os
tyres da religião sublime da Charidade. senhores feudáes!
Foi a revolução de 1789 que termiA nefanda edade média conservou a
nou na França com os pelourinhos, com
pena de açoutes; acerescentou-lhe o pelourinho, a roda, a tortura e tudo quan- as rodas, com as torturas e com a pena
to puderam iuventar o brutal feudalis- de açoutes!
Foi 1789 quem arrasou a Bastilha e
mo e a hypocrita theócracia.
escreveu
sobre suas ruina s—lei on danse.
Na França os magistrados distinFoi a revolução de 1848 quem aboliu
guiam a pena de açoutes infamante, que a escravidão nas colônias franceza s.
era publica e sempre seguida da marca
Si Luiz XVI tivesse abolido a pena
de ferro quente, e a pena de açoutes simde morte na França, a instâncias de
pies, que era applicada no interior da Beccaria, os homens de 1793 não teprisão.
,
riam substituído a forca pela guilhotina
No século XVI o torpe Francisco I
e feito desse desventarado rei a sua viintroduziu a pena de açoutes no exercictima mais notável.
to francez. Não impediu o chicote ser
Vede até na sanguinária Hespaesse miserável derrotado em um sem
nha: a democracia estabeleceu ojury
numero de batalhas e aprisionado em
mas o novo Rei-menino enthronisado
Pavia.
e pelas duquezas; que
Nestes desgraçados tempos a Lei era pelos generaes
renegado
do pai e renegando
mai? barbara do que os costumes; a principia mãe; elle
própria
já teve tempo de aboJustiça era mais cruel do que os pro- lir o
jury.
prios criminosos.
Vede no Brazil: foram os democratas
A tortura, a inquisição, Ia question de 1822
que aboliram todas as penas
eram os meios predilectos dos homens cruéis; foram os oligarchas esclavagisda Lei.
sas, que estabeleceram a pena de açouCausa horror repetir os requintes de tes para os escravos, e que a permittem
barbaria, que então practicavam os jui- nos infelizes deportados de Fernando de
zes os miseráveis hypocritas, que se di- Noronha.
ziam os sacerdotes da Moral, da JustiOs patriarchas da nossa Indepeiidença e da Humanidade; mas é necessário cia tinham escripto no projecto de 30 de
repetir estas atrocidades para que o po- Agosto de 1823:
vo saiba amar conscienciosamente a LiArtigo 201.—A Constituição prohibe
berdade, e odiar e desprezar, com todas a tortura, a marca de ferro
quente, o baas forças de sua alma, o nefando abso- raço e pregão, a infâmia, a confiscação
lutismo.
dos.bens e emfim todas"ãs penas cruéis e
Em Paris havia dous processos de irfamantes.
tortura:
Foi esse mesmo artigo que os conse1? Estender o corpo do paciente a lheiros do Sr. D. Pedro I redigiram.
Artigo 178 § XIX.— Desde já ficam
poneto de deslocar lhe todas as articulações e injectar-lhe simultaneamen- abolidos os açoutes, a tortura, a marca de
te água; denomina vam. esta atrocidade ferro quente e todas as maispenas cruéis.
Ora, pois, em nome da Humanidade,
question par Veau;
2? Esmagar lentamente as pernas do em nome da Religião
que pretendemos
paciente entre taboas question par les professar, si não ja no da clara e simbrodequins.
pies da Constituição politica que dizeEm Ruão e em Dieppe suspendiam mos ser a nossa lei das leis, acabemos
os pacientes com tenalhas pelas unhas de uma vez com a infamante e cruel
ou então esmagavam-lhes os d dos.
pena de açoutes.
172
O NOVO MUNDO.
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174
O NOVO MUNDO.
| Do nosso Corrospondonto.]
MOVIMENTO LITTERARIO NO BRAZIL.
SUMMARIO : — Estorllidndo littorwiu, suus cnusas.
—Avorsilo dos Bnw.ilolros lottrados pola vldu campostro.—Nocossiduilo du ostudur-so os usos e oostumos
do nosso povo rústico.—Tentativas para u forimioíío
do um cnnoionolro.—O Globo.—O Apóstolo.—Marabá,
do Sr. Dr. SALVADOR DB MENDONÇA.—Livros porlKOSob.—Ai.i.AN-lvAitiiiu:, apóstolo do espiritismo, sua
lunosta lufluonola.—Podido no Sr. GrABNIBB.—Traducç&o, pelo Sr. Dr. Cksak Marques, da Historia da
Missão ios Padres Capuchinhos no Maranhão, do 1 vo
I)'Bvbeux.—O Fim da Creação, ou a Natureza interpretada polo sonso commum.
Assiguala-se o primeiro bimestre do anno
de 1875 por uma notável esterilidade litteraria:
nem delia deve maravilhar-se quem conhece o
torpor que se apossa de quantos habitam as regiões tropicaes durante os mezes de estio, Admittida, como geralmente se acha, a estreita
connexão entre o esfnrito e a matéria, é fora
de duvida que, estando esta debilitada e como
que adormecida pelos excessivos calores caniculares, ressente-se aquelle desse estado, resvalando para um quasi marasmo intellectual.
E* esta a quadra do anno em que se retiram
para as fazendas e sitios do interior os que teem
possibilidade de fazel-o; e a vida campesina
que os poetas soem pintar tão cheia d'encantos,
ó entre nós de singular prosaismo, e nada propicia ás elocubrações litterarias. A experiencia me tem demonstrado que, após uma prolongada residência no campo, que aqui denominamos roça, os homens de talento que costumam entreter-se nas polemicas do jornalismo,
ou nas doutas e espirituosas palestras, cahem
n'uma certa apathia, mostram-se indifferentes
a marcha do espirito humano, e si collaboram
para algum periódico da localidade fazem-no
de modo mesquinho e eivado de injurias e ailusões pessoaes, a que, em ultima analyse, se
reduz a politica de campanário.
E' realmen*e para lamentar que os nossos
sábios e litteratos não tenham o mesmo amor
pela vida agricola que se observa na Europa e
na America do Norte, que nenhum delles deixe
o ambiente mephitico das cidades para respirar o ar livre e puro das nossas montanhas e
ridentes planícies, e ninguém revelle dispòsições para seguir as pegadas do venerando Guizot que no retiro de Val-Bicher dictou essas
memoráveis paginas da Historia de França para
instrucção de seus netos.
Obsérva-se na classe litteraria instinetivo
horror pela moradia no campo ; e esse horror
parece consagrado pelo dictado popular—a roça roça a gente :—o que eqüivale á dizer-se que
embrutece,e torna ásperos os que ahi habitam.
E no entanto que de poesia existe espalhada
ahi por essas roças, quantos brilhantes de primeira água passam desapercebidos aos olhos
doa viandantes prevenidos, ou indifferentes ?
Os usos e costumes do campo formam a base
do nativismo ; porquanto sabido é que os habitadores das cidades e villas se assemelham por
toda a parte, e que o homem civilisado é excessivainente parecido com outro homem civilisado. O cunho característico imprime-o a natureza no roceiro, que se differença d'outro da
mesma espécie segundo á localidade a que pertence. O caipira distingue-se mais da guasca
do que o vizinho das magestosas margens do
Guájará do das pictorescas ribas do Guahyba.
Tempo é de formar-se o nosso cancioneiro
proseguindo na tarefa começada pelos Srs. Juvenal Galleno e Alencar, que ultimamente
negaceou-nos nas columnas do Globo com
amostras de riquíssimo thesouro que tambem
nessa especialidade possue.
A propósito de Globo convem-se saiba que,
á despeito dos sérios embraços inherentes'á fundação d'um novo argos de grande publicidade, e da incomparavel guerra que se lhe
tem feito, prosegue elle na senda tão brilhantemente estreada, havendo confiado as suas secções a habilissimas pennas, que com louvável
assiduidade estão a esclarecer o povo e á advogar os seus mais vitaés interesses. Um dos
mais denodados paladinos que se tem apresentado nas trincheiras do novo baluarte da liberdade do pensamento é por sem duvida o redact ir] da Secção Religiosa, que em termos comedidos, mas com lógica de ferro, vai pulverisando o acervo de'sophismas com que os
ultramontanos buscam desvairar a opinião
publica.
0,qrgám official d'essa seita que pretende
constituir-se em partido politico, sob a denominação de—partido catholico—é o conhecido
Apóstolo, que só por antiphrase se pode dizer
defensor dos interesses da religião e da sociedade!
Harpoado por toda a imprensa fluminense,
sem destineção de côr politica, esse cetáceo do
obscurantismo, que tornou-se diário desde o começo do anno, escobuja frenético e estrebuxa
a fazer dó aos que, por descargo de peccados,
fazem a penitencia de lêl-o.
São impagáveis os dislates do.tal Apóstolo;
pelo oarnaval agfadèoia á sooiedade dos Tenentes do Diabo as cartas quo lhe mandara para
o seu baile de phantasia, e, tomando ao serio
o ferino sarcasmo, tece a essa sociedade de
hereges os mais oncomiasticos elogios. Ultimamente e por oceasião da morte do delegado
pontifício, monsenhor Febbini, viotiinadaepidemia da febre amarella babujou com a sua
atra-bilis nos nomes do Imperador e do Ministro dos negócios estrangeiros, aceusando-os de
terem por suas sobrancerias causado tão grande paixão ao representante da Sancta Sé que
provocaram-lhe a fatal moléstia ea conseqüente
morte. Em sua ingenuidade dizia o Apóstolo
que monsenhor Febbini fora novo martyr da
maçonaria imperial!
Deixemos porém esse pretendido órgão religioso e volvamos as vistas para assumptos profanos.
No folhetim do Globo e mais tarde em volume separado publicou o Sr. Salvador de Mendonça um romancete nacional intitulado Marába que tem sido diversamente avaliado.
Emittirei o meu juizo, escoimado da minima
prevenção, tanto mais porque sou um dos admiradores do fulgido talento d'esse nosso compatriota.
Cumpre distinguir em Marabá a parte descriptiva, a do enredo e finalmente a da moralidade, ou saneção que o auctor deve tirar do
desfecho.
Na parte descriptiva ostentou o Sr. Dr. Salvadob de Mendonça as galas de sua imaginação e o perfeito conhecimento que possue das
localidades onde fez passar a acção do romance; si d'entre tantas bellezas naturaes, ahi profusamente derramadas, tivesse de fazer selecção racahiria ella na esplendida pintura que
fez da cataracta do Tietê, nas cercanias do Itú.
Pouco movimento dramático existe no enredo,
que arrasta-se languido e vacillante, apenas
aviventado pelas chispas d'um ou outro dialogo espirituoso, e bem sustentado. O desfecho, adrede prolongado, e deixando entrever
melhor e mais consoladora solução, é brusco,
violento e... cruel. Confesso que não esperava da beíla alma do auctor, e dos raros dotes
que lhe adornam o espirito maculasse as arminhos de sua musa consagrando-a a horrivel e
sanguinária doctrina de A. Dumas Filho.
Não é de balde que protesto constantemente
contra os effeitos dos maus livros, tanto mais perigosos quanto mais deslumbrante é apenna do
escriptor. O digno herdeiro d'um dos nomes
mais prestigiosos da litteratura franceza contemporanea de não devera assignar peças como
a Dama das Camelias nem tão pouco como a
da "Mulher de Cláudio": Noblesse óblige.
Por fallar em maus livros, obriga-me o dever de critico a dirigir algumas palavras d'estranhesa ao primeiro editor que conta o Brazil,
e a cujos louváveis esforços se tem devido a
publicação das melhores obras de que se honra a litteratura nacional no periodo de mais
de dez annos. Intuitivo é que quero fallar do
amabilissimo livreiro, o Sr. B. L. Garnieb,
que, cedendo á instigações de interessados, ou
não pesando assaz no mal que com a sua condescendência poderia fazer, tem dado á estampa os devanêos de Allan Kabdeo, famigerado
apóstolo dO'—espiritismo—e responsável por
tantos e tão lamentáveis desarranjos me^taes.
Sabido é que na natureza humana, sempre
houve, e infelizmente ainda ha, extraordinária
propensão para o maravilhoso, que tem o attractivo do frueto prohibido, promettendo-pQs
descortinar novos horizontes, e revelar mysterios insondaveis. Até agora os livros d'esses
funestos videntes erão escriptos em idiomas estranhos, e por isso inaccessiveis á grande maioria da população, mas agora que se estão vertendo na linguagem vernácula, ninguém haverá que não deseje travar conhecimento com
elles, e instruir se nas novas e fascinadoras
theorias que ahi se propagam, visto como dando diversa interpretação ao dogma da immortalidade d'alma buscam restaurar a velha doetrina dos philosophos indianos, conhecida por
—metempsycose.
Si tivesse a fortuna de entreter relações d'amizade com o referido Sr. Garnieb lhe pediria instantemente que só favoneasse a impressão de bons livros, que são como o sustento inintellectual do povo ; assim como evitasse os
laços que á sua generosidade armam traduetores de franquearia, cuja dicção mascavada,
produeto da mais supina ignorância dos idiomas Portuguez e Francez, estragam muitas
vezes primores de elegância e d'atticismo.
Neste caso não se acha por sem duvida a excellente versão que da Historia da Missão dos
Padres Capuchinhos da Ilha do Maranhão pelo
Padre Ivo d'Evbeux acaba de fazer o Sr. Dr.
César Augusto Marques, illnstrando-a com
preciosíssimas notas. E' um trabalho de longo
fôlego que só podem emprehender e levar ao
cabo naturezas privilegiadas, como a do illus-
trado maranhense oujos curtos lazeres são exolusivamente consagrados ós lettras pátrias,
das quaes ó um dos mais diligentes e esmerados cultores.
Sob o titulo, 0 Fim da Oimção, ou a Natureza inleiprclada pelo senso commum, sahiu ha
dias dos prelos da typographia "Perseverança''
uma suceulenta obra scientifica devida á penna (Vuma das nossas notabilidades, que porfia
em conservar-se oceulto no vóo da modéstia.
Fallecem-me conhecimentos professionaes para
apreciar, ainda que perfunetoriamente, tão
substancial trabalho, cujo propósito parece-me
ser divulgar os segredos da seiencia, ú guiza
do que está practicando EdgarQuinet nos
seus monumentaes livros—-A Oreação e o Espirito Novo. Becommenda-.se a obra a que me estou referindo pelas freqüentes e conscienciosas
applicuções das theorias dos sábios europeus
e americanos á natureza brazilica, e ás observações e pesquizas feitas em diversos pontos do
nosso paiz.
Com esta bôa noticia fecho o exíguo inventario que me propuz apresentar dentro do prazo
convencionado.
Abauoabiüs.
MIRAMAR-QUÉRETARO.
(EXTBACTO DE UM BOTEIBO DE VIAGEM.)
Foi um dia triste, esse 13 de Abril de 1873,
que passei em Trieste.
Chegava de Veneza, já propenso á melancolia e a reminiscencias penosas. Passara a semana sancta na marmórea cidade dos doges,
outr'ora tão. rica e tão orgulhosa, hoje....
ruínas em restauração pelo Governo livre de
Itália Unida. Foi uma semana escura e chuvosa. Toda a cidade é triste quando chove;
Veneza é lugubre.
A viagem em caminho de ferro de Veneza a
Trieste não poude arrancar-me da nostalgia,
em que me achava. Para fugir aos pântanos
que oecupam todo o litoral do Adriático, desde Veneza até Trieste, a linha férrea penetra
até Udina e Gorizia, e chega a Trieste, percorrendo esse Karst, tão feio de aspecto, como
duro de nome. Montanhas de pedra calcarea,
cinzenta, sêcca e estéril; sem um filete d'agua,
sem uma arvore, sem relva siquer; nos valles
enormes sumidouros, lembrando pela fôrma
de cone invertido o vasio, que deixa na terra
uma mina militar depois de explosão.
E no emtanto.... Vede como é caprichosa
a natureza, ou melhor, quão sabia é a Providencia Divina, distribuindo os seus mais bellos dons por todas as terras do mundo, e escrevendo assim, em caracteres immortaes, a sublime lei das compensações naturaes !
Este solo tão feio, que cada povo lhe deu
um nome mais duro—os Allemães Karst, os
Sclavonios Gabrek, e os Italianos Corso; este
acervo de rochas, nuas e escuras, que nos parecém massa pastosa em ebulição em gigantesca fornalha, que, por vezes, temeis pisar receiando queimar o pé; este Karst, árido e triste, varrido desapiedadamente pelo vento Boreas, Lesnordeste, ou Greco-levante dos marinheiros do Adriático; este solo hediondo, que
podia ser bem collocado em uma ZavOrra do
Inferno de Dante; este solo (quem o diria?)
contém no seu seio maravilhas, que poeta aigum poude ainda descrever.
Si penetrardes em uma gruta do Karst vereis
que a Natureza ahi encerrou bellezas fabulosas.
Nessas grutas vós achareis os regatos, os lagos,
as fontes e as cascatas, que debalde procuraveis
na superfície do medonho Karst; vereis todos
esses regatos e lagos, fontes e cascatas, movendo suas límpidas águas sobre brilhantes crystaes; vereis estalactites e estalagmites dás formas mais caprichosas, simulando tudo que a
Natureza e a Arte tem produzido na superfície
da terra; comtemplareis todas essas maravilhas,
illuminadas á fúnebre luz de archotes, ou á caprichosa luz de fogos de Bengala e guardareis
eternamente a impressão de um ineffavel sonho
em uma região celestial de diamantes !
Mergulhava-me n'estas reflexões com os estovellos apoiados sobre a mesa e os olhos fitos
sobre o mappa do território de Trieste.
Procurava n'esse mappa—Miramar. —Achei-o
na ponta Grignano, na primeira saliência do
littoral ao Norte do porto de Trieste.
Medi a distancia na escala do mappa; dava
cerca de seis kilometros, menos de uma légua
braziléira.
" Posso ir. de carro: é melhor
do que ficar subjeito ao horário do caminho de ferro," pensei.
Tomei o meu chapéo e a minha capa; fechei
a porta do quarto; pendurei a chave no
quadro da porta dó hotel, como pedia o regulamento, e dirigi-me á Piazza Grande, a mais
próxima do Hotel Delorme et France Réúnis, on. de estava hospedado. ¦
"Os seus cavallos
podem ir até Miramar?"
Perguntei eu ao oooheiro de melhor apparen ¦
cia, que ahi encontrei.
"Em menos de uma hora," respondeu-me
elle, abrindo a portinhola de um soffrivel
coupé.
Não havia, então, na praça carro algum descoberto. Tambem não estava disposto a comtemplar paisagens. Atiroi-me no fundo do
coupé, que partiu a trote largo. E cerrei os
olhos para meditar sem distracções. Então
principiaram a surgir na minha imaginação
todos os personagens desse terrível drama, que
principiou em Miramar e terminou em Queretaro.
Paimeiramente os dous irmãos José e Maximtliano. O fusilado de Queretaro tinha na testa a ferida da bala fatal; os louros cabellos collados por uma pasta de sangue sobre a ferida,
exactamente como appareceyo espectro de Banquo no Macbeth;—apontava..para o irmão José
com um olhar que parecia dizer rivalidade de
irmão.
Depois a cynica figura de Luiz Napoleão,
carcado deMoBNY, de Bouheb, de Bbzaine e de
todos os miseráveis coripheus do imperialismo.
Aos pés do cobarde prisioneiro de Sédan a
infeliz Cablota, com os cabellos soltos, os
olhos vidrados, desvairada, louca, de joelhos,
com os braços hirtos, a cabeça atirada para as
costas, gritando:
"Miseráveis! Estão arcabusando
o meu
Maxtmiliano !" No fundo desse negro quadro
á esquerda, o cemitério de Vera-Cruz com a ironica inscripção " Jardin d/Acclknatacion;" á
direita o bombardeamento de Puebla.
Acima
a figura de um Mexicano, severo e triste, como
si fosse o aujo dajvingança—Juarez !
"Estamos em Miramar," disse-me
o cocheiro, abrindo a porta do '.coupé.
"Ah!" exclamei como acordando
de um
pesadello.
Hesitei em apear-me.
Americano, democrata de sangue e de coração, não iria profanar o j triste lar do desgraciado Maximiliano ? Nãqjiria, ainda mais uma
vez, applaudir a victoria,'de democracia americana sobre as velleidades dej conquistas monarchicas da caduca Europa?
A grande porta envidraçada do castello de
Miramar foi-me aberta. Um criado
perfilouse esperando. Entrei. O criado era um antigo
fâmulo de Maximiliano; agora é cicerone desse Museu de curiosidades, artísticas, trazidas
de todos os ângulos do mundo, e melancólico
repetidor dessa g trágica lição da instabilidade
dás cousas humanas!
O criado introdúziurme na bibiotheca, numerosa e rica de encadernações do mais apurado gosto; adornada com um grande numero
de bustos dos gênios mais illustres na litteratura, como si fossem outros tantos
pharóes para
dirigir o estudo n'é8tevòceano de
pensamentos
de tantos séculos e gdè tantas
gerações! O
busto de Goethe estava ./ao lado do bnsto de
Shakspeare. Pareceujmevlêr na larga fronte
do pai do drama, umf traço de desgosto desta
¦
approximação.
,
Tens razão, ; Shakspeare,. lhe disse eu, só
um allemão ousa collpcar o materialista Goethe ao lado de ti. fe Americano, inteiramente estranho ás rivalidades de litteratos inglezes e allemães, só poria, em parallelo comtigO, SHAKSPEAKE.r-HpMEBO, EsCHYLO 6 DaNte ! E..... passei adiante.
Ao lado da bibliotheca fica o
gabinete de estudo. Maximiliano oi mandara fazer caprichosamente com a fórmaexacta da câmara dafra'fizera
gata Novara, em que
a celebre viagem á
roda do mundo.
Quando a America produzir um Homebo será para cantar a Odysséa e a Illiada do ephemero Imperador dó México.
Então essa viagem; primeira manifestação
da rivalidade dous irinãos, predestinados ambos á purpura imperial, servirá de
episódio a um póema/cuja acção não primeiro
se limitara a um angulo.do Mediterrâneo, mas
pecorrerá o mundo inteiro!
Para que á illusão fosse completa Maximiliano fez baixar o tecto;1 do gabinete de estudo
a
altura da primeira coberta da fragata Novara
as janellas teem a forrna das vigias de bordo; ;
a
mobilia é a mesma. ;,
Innumeras photqgraphias da America,
da
China e do Japão recordavam a Maximiliano
os panoramas, que ínais apreciara em tão
longa viagem.
Até a denominação dessa fragata tem
um
não sei que de fatal.
Novara é a situação, onde Carlos Alberto
pai de Victor Manuel, perdeu, a 23 de Março
de 1849, a batalha, em que o despotismo
austriaco conseguiu vencer o primeiro esforço
da
democracia italiana.
E a fragata Novara percorreu o mundo
regando o descendente dos Hapsburgos.' car
que
O NOVO MUNDO.
devia terminar nas mãos da sanguinária domocraoia mexioana!
O criado—ciceroue—-levou-mo aos gabinetes
chinez e japonez decorados, tapeçados e mobiliados oom os mais ricos produetos da China e
do Japão, trazidos desses paizes pelo próprio
Maximiliano
Nunca dei importância ti arte
chineza e japoneza. Para mim estes povos
teem um falso sentimento do bello; produzem
o grotesco e o ridículo quando o querem produzir.
O verdadeiro typo do bello está nas obras immorredouras, que nos legou a Grécia que fi* simultaneamente a mãe da democracia e do bello.
Nesse dia, então, na triteza em que me achava, estes produetos chinezes e japonezes causaram-me asco.
Do primeiro pavimento, ladrilhado de bellos
mármores italianos, sóbe-se ao primeiro andar
por uma nobre escada, depois de ter percorrido
largos coredorres, adornados com tropheos de
armas de aborígenes da America, entre as
quaes primavam as de varias tribus do Brazil.
Em frente á escada, ha uma singular amostra
de ornamentação. Um grande vaso de cristal,
embutido no saulho, serve de claraboia; o vaso
estava cheio d'agua e nella nadavam brincando
em seus singelos amores, grande numero de
lindos peixinhos. São esses os únicos seres
felizes no' castello de Miramar! Foi para elles
que Maximiliano e Carlota, rivalisando de
talento e de engenho, imaginaram, delinearam
e projectaram esse primor de architectura, esse
mimo de ornamentação, que poeticamente denominaram:—O castello de Miramar.
O logar de honra do primeiro andar é oceupado pela salla de throno. E' um salão sump
tuoso,com um riquíssimo tecto do mais custoso
trabalho detalha.»
Accompanhando a linha da cornija estão os
retratos de toda a familia Hapsburgo.
Olhei, com o maior arrojo democrático, para
todos esses Hapsburgos; mas quando cheguei
a Maria Thereza, á heróica mãe da desventurada Mabia Antontetta, vieram lagrimas aos
olhos.
—Tu vês bem, Maria Thereza, que não vim
aqui "fouler les morts d'un pied indifferent!"
A grande parede da salla do throno é oceupada por uma bellissima allegoria a óleo, represeutando os domínios na Europa e na Ame'
rica de Carlos V, o mais notável dos Hapsburgos.
.
Na altura dos olhos circulam a salla do throno dez escudos com dez máximas em Latim.
Quem as escreveu ? Foi Maximiliano, ou foi
um litterato qualquer?. Antes, ou depois de
Queretaro ?
Coincidência ou fatalidade eu fui lendo e
interpretando cada uma destas máximas, tendo
em mente a trágica anthithese:—Miramar—
Queretaro!
" At locum virtus habet inter astra!"
Deus te perdoe Maximtltano; não foi, por
certo, a virtude, que te levou de Miramar á
México.
" Ssepe sub dulce melle venena latent."
Sim é verdade: embaixo do throno imperial
do México estavam escondidos os fusis de
Qneretaro !
"Labitur oceulte fallitqüe volubilis setas."
Bem ! A sorte é volúvel e os dias tristes approximam-se sorrateiramente.
4' Cai de repugnanti cedendo victor abobit."
E' uma insinuação a Juarez ? Elle fez muito
mal fuzilando-te; mas confessa que fuzilarias
sem pestanejar trez mil Juarez.
Elle devia ter-te remettido para a Europa
com esta simples nota—Na America livre não
ha logar para Imperadores Austríacos.
" Nunquatn
potest non esse virtuti locus."
Ha logar na America para a Virtude; e que o
"Washington
digam William Penn,
e Fbanklin! o que não ha nem deve haver é logar para as ambições monarchicas da velha Europa.
"Si fortuna
juvat cavelo tolli"
"Si fortuna tonat caveto mergi."
Não ha duvida, Maximiliano; foste um joguete nas mãos da insidiosa Fortuna.
"Leve fit quod bene fertus ônus."
Concordo; o throno do México não foi assento: foi carga e cerga superior á tuas forças.
"Non ad astra mollis e terris via."
Oh! Foi por certo tristíssimo o caminho de
Miramar ao throno do México e do throno do
México a Queretaro,,e é de duvidar que d'alli
fosses para os astros!
" Vivitur ingenio ccetera mortis erunt."
E' verdade mas eu prefiro:
'' Sapiens uno minor est Jove." '
Da salla do thono passei para o quarto de
honra.
Nem o leito riquíssimo, nem os embutidos
do soalho me detiveram um momento.
Nas paredes desse quarto pendiam retratos
dos principaes monarchas do mundo. Havia
cortas aproximações curiosas do Luiz Napoleão e Guilherme, da Prússia; certamente entre as molduras dos dous quadros não havia
logar para escrever—Sódan.
Isabel de|Hespanha estava ao lado de Pio IX.
"Non raggionar di lor';ma
guarda e passa."
Nesse quarto tinham-ma precedido dous viajantes.
Um era gordo, quasi obeso, typo de negociante abastado; falia va Francez com um pronunciado accento belga; o outro era evidentemente Inglez, desse typo que não admitte eugano nem confusões; fallava britannicamente o
francez:
"E" como lhe digo, meu caro Sr.; a
pobre
Princeza Carlota, a sympathica filha do bom
Leopoldo, continua douda varrida."
"Oh! é
pena, disse o Inglez, sempre teve
muitas sympathias pelo rei Leopoldo; era um
bom rei constitucional. Mas, diga-me, qual
foi a verdideira causa de todas essas desgraças?"
"Que sei eu?" disse com um suspiro o Bel"a fatalidade; dizem
ga;
que os dous irmãos
José e Maximiliano nunca puderam viver de
accordo; que os validos de Luiz Napoleao jogavam em fundos do México e queriam cobrarse largamente; que os marechaes desse corrupto Império suspiravam pela fortuna do Cousin de Montauban, do tal Conde de Palikáo,
e pretendiam repetir no México o saque do palacio de verão do Imperador da China; ha quem
diga tambem que Maximiliano e Cablota,
moços, bellos, ardentes de imaginação, excederam suas despezas "
Não pude ouvir o resto; o criado-cicerone
chamou-me para ir vêr a capella do castello
que imita a do Santo Sepulchro em Jerusalém.
Ao sahir mostrou-me uma tela, que tinham
tirado do seu logar para ser photographada.
Bepreseutava a recepção em Miramar da
commissão mexicana, que viera offerecer o
throno a Maximiliano.
Era o prólogo do terrível drama.
Entre os membros da commissão havia um
côr dé caboclo, com todos os traços caracteristicos do aborígene da America. A vista do retrato desse miserável irritou-me todas as fibras
do meu americanismo.
Becuei trez passos para não rasgar essa tela
em uma explosão de raiva:
"Esse miserável e um filho bastardo e espurio da livre terra da America.... Este aulico infame não tinha nas veias uma gota si quer
do sangue do sublime Guatemozin deitado
sobre uma grelha, na extrema dôr da combustão em vida.... sentido o nauseabundo odor
da sua •própria carne queimada ... não diria
ao seu ministro que lhe pedia que cedesse, estorcendo-se nas agonias do atroz suplício—vôs
vedes bem que eu não estou em leito de rosas!
"O Sr. não quer ver o jardim e o
parque do
castello? |São bellissimos "
"Não;" disse-lhe eu seccamente.
Dei-lhe algumas liras e atirei-me no coupé.
"ParaTrieste!"
O coupé rolou pela estrada de Miramar á
Trieste; eu merguilhei-me de novo nos meus
pensamentos.
Veiu-me então á mente uma scena, que se
passara em Pariz, nos primeiros dias da invasão do México. Estávamos uns quinze a vinte
estudantes Americanos, - Mexicanos, Peruanos,
Venezuelanos, Columbianos, Cubanos e Brazileiros, em menor numero, em torno de uma
meza. A sala de jantar da pensão da Mére
Charles passara á serclub;nâo se jantava mais:
discutia-se. Os bellos mancebos de raça hespanhola trovejavam maldicções contra Áustriacos, contra Francezes, contra Napoleao, contra Maximiliano e contra todas as miserrimas
personagens da expedição do México.
Dir-se-hia um Club de Carbonarios italianos
nos dias mais febris de 1848.
Um bello Cubano, de um brando moreno,
grandes olhos e bastos cabellos negros, ergueuse e impôz silencio com um gesto jle Mibabeau.
" Terminemos por um brinde," gritou elle.
"Morra Maximiliano, morra Napoleao,
morram todos estes miseráveis, que intentam
levantar um throno austríaco no livre solo da
America!"
Todos se ergueram; e loucos de raiva, com
os lábios pallidos e trêmulos, os olhos injectados de sangue, fizeram o terrível brinde.
Eu ergui-me tambem,mas não disse—morra,
mas,—"Viva o México Bepublicano,"—"Viva
Juarez"—"Viva a America Livre e Independiente!"
Elles olharam para mim espantados; depois,
Alberto um Mexicano, que era mais meu intimo—disse-lhes:
"Elle tem horror ao sangue; é contra a pena
de morte;—não importa: façamos tambem o
seu brinde.
175
E todos então, no auge do entliusiasmo, gritaram commigo:
—Viva o México Bepublicano!
—Viva Juarez!
—Viva a America livre e independente!
* *
PAÜLINO J. S, DE SOUZA,
galeria dos cidadãos couspicuos do Brazil
NA actual, compete sem duvida eminente lugar ao Conselheiro Paulino José Soares de
Souza, deputado á Assemblea Geral Legislativa
pela Província do Bio de Jaueiro onde nasceu
a 21 de Abril de 1834.
E* sempre raro, e rarissimo entre nós, que os
filhos dos homens superiores, herdem com o
nome as qualidades que asseguraram aos progenitores o respeito dos contemporâneos e a
gratidão da posteridade, mas o Conselheiro
Paulino José Soares de Souza escapa a esta
triste regra, e a Beu pai o fallecido Conselheiro
d'Estado Visconde de Üruguay foi concedida
a ainda mais rara fortuna de poder contemplar ainda em seus dias o próprio nome adornado de nova e brilhante illustração pelo merecimento de seu filho.
E a tal recompensa tinha direito aquelle
eminente homem d'Estado. Ainda que acabrunhado sempre pelas mais pesadas tarefas,
o Visconde do Üruguay achava sempre tempo para accompanhar passo a passo com paternal desvelo a educação moral e litteraria
de seu filho, em quem se sentia renascer—chegando a poneto de revep-lhe diariamente as
lições— imprimindo-lhe assim no espirito o
cunho particular desse intimo contacto, como
que um reflexo de alma e de pensamento paterno no terno espirito do menino, alentado tanto
:
pelo preceito, como pelos exemplos.
Dotado de felicíssima intelligencia assim
cultivada com esmero, Paulino José Soares
de Souza correspondeu completamente a taes
cuidados, fazendo brilhantes estudos no Imperial Collegio de Pedro 2', cujo systema de ensino era então admiravelmente adequado ao desenvolvimento e aproveitamento dos estúdiosôs, e concluindo-os, recebeu em 1850 o grau
de bacharel em letras.
Matriculando-se em 1851 no l9 anno da Faculdade de Direito de S. Paulo, não só manteve a reputação até alli adquirida, como tambem
começou a oecupar-se activamente com os negocios públicos, para os quaes lhe apontavam
os seus hábitos de espirito, e natural inclinação, como para o theatro das suas legitimas aspirações, e já na imprensa dirigindo ou collaborando para diversos jornaes, já nos círculos
políticos onde o nome que trazia lhe dava franca entrada, e sua circunspecção, intelligencia
e estudos, lhe asseguravam auetoridade muito
superior a sua edade.
Já desde então revelava Paulino José Soares de Souza o seu fino tacto politico, desvencilhando-se da rotina dos partidos e fazendo
distineção entre os dogmas fundamentaes da
eschola conservadora para a qual o impelliam
tanto as convicções adquiridas como a indole e
os hábitos do seu espirito, e certas doctrinas
de occasião que a influencia dos acontecimentos impõe aos partidos. Assim evitava desçonhecer a invariável lei do progresso que rege
todo o destino humano—essa lei que se não
contenta mais como outr'ora com a elaboração
lenta de séculos, mas partilha da febril actividada de nossos dias; e não se recusava a reconhecer a utilidade, sinão imperiosa necessidade de reformas.
Espirito practico, procurava familiarisar-se
com as necessidades creadas pelas successivas
transformações porque vão passando a vida e o
pensamento modernos—e reconhecer sob o apparato constitucional anullidade correspondente a cada uma das instituições escriptas, as causas da inanidade de algumas—a necessidade e
os meios de inspirar-lhes o sopro da vida.
Nem estava só n'estes estudos—e n'estas aspirações.—A' roda d'elle congregava-se sob o
império das mesmas preoecupações um circulo
de amigos com a maior parte dos quaes vel-ohemos mais tarde fiel ás suas convicções primeiras, methodisando os resultados obtidos
pela experiência e o raciocinio, tentando satisfazer ao programma assim d'antemâo traçado.
Completo o curso de direito no qual se graduou em 1855, partiu Paulino José SoaRes de
Souza para a Europa com o caracter .diplomatico de addido em Vienna dAustria. De passagem em Londres teve occasião de ser oceupado na negociação de que se oecupava a Legação Imperial do Brazil de um tractado de
amizade e commercio com a Sublime Porta.
Em seguida passou a ter exercicio na missão
extraordinária que fora incumbida ao Visconde
de Üruguay com o fim de deslindar a secular
questão sobre a linha divisória de limites entre
a Guayana franceza e o Império.
Dando-so entretanto a eleição geral de 1856
foi Paulino José Soabes a Souza eleito pelo 7?
districto da Provincia do Bio de Janeiro para
representai-o na Assemblea Geral Legislativa,
em conseqüência do que regressando á pátria
tomou assento na Câmara dos Deputados em
6 de Maio de 1857.
Acabava de organisar-se o Gabinete Olinda
no qual oecupava a posto da Fazenda Sr. Visconde de Souza Franco.
As questões econômicas eram então as de
palpitante interesse. Começavam a manifestar-se os embaraços resultantes da febre de emprezas em que se tinham arriscado os capitães
que affluiram ao mercado pela extineção do
trafico—e pela abundância dos colheitas, e
outras causas. A esses embaraços o Governo
dirigido polo Ministro da Fazenda julgou
opportuno remédio a dilatação do credito pela multiplicidade de bancos armados do direito de emissão—sem garantias reaes para os interefses do publico. Nos importantes debates
suscitados pela politica financeira do Governo
tomou distineta parte o nosso deputado íluminense, principalmente na sessão de 1858.
Substituído o Gabinete Olinda pelo Minisnísterio de 12 de Dezembro de 1858—0 novo
ministro de Fazenda, o Sr. Visconde de Inhomerim, julgou chegada a occasião de intervir
para regularisar o meio circulante cerceando a
emissão de papel inconvertivel que innundava as praças commerciaes do Império.
Todos os interesses que se haviam creado na
exploração d'esta anormal situação economir-a
bradaram contra o projecto de lei apresentado
pelo Governo e ao qual não só se contestava a
doctrina econômica como se imputava a violação dos direitos adquiridos em virtude das
anetorisações dadas pelo Ministério anterior
a numerosos Bancos para funecionariam com
o direito de emittir.
Na discussão que teve logar na Câmara dos
Deputados na sessão de 1859—teve Pauleno
José Soares de Souza occasião de proferir um
discurso tão protundo quanto á questão economica como quanto á questão de direito, e
certamente uma das mais completas e estudadas apreciações a que deu logar o projecto Ministerial.
Nas sessões seguintes continuou o digno representante da Provincia do Bio de Janeiro a
consolidar o prestigio que adquirira, tomando
parte em todas as discussões importantes—sendo
escolhido para as commissões mais delicadas
da Câmara.
A situação conservadora inaugurada em 1849
tocava porém a seu termo.
A eleição geral de
1860 com quanto reunisse á Câmara a maior
parte dos deputados da Legislatura anterior
indicava claramente próxima inversão na politica do paiz. Beleito Paulino José Soarez
de Souza foi convidado para fazer parte do
Ministério de 2 de Março de 1861; ou mas, porque nas difficuldades de situação reconhecesse a
impossibilidade de prestar serviço ao paiz ou
porque quizesse abrir espaço para que outra
combinação afastasse o rompimento entre as
differentes frácções do partido—rompimento
aliás que desde a sessão de 1850 era questão
de tempo, escusou-se, não deixando todavia de
prestar ao Gabinete a sua leal e sincera coadjuvaçâo.
Deu-se todavia o rompimento—e organisada
a liga entre os Conservadores dissidentes e os
Liberaes retirou-se o Gabinete Caxias—e o Ministerio Olinda que lhe suecedeu propôz e obteve da Coroa em principio da sessão de 1863
a dissolução da Câmara dos Deputados, atirando-se francamente aos braços dos Liberaes.
Deliberou então Paulino José Soares de
Souza recolher-se por algum tempo á vida privada e não foi candidato na eleição geral de
1864.
Quando, porém, em 1869 nova Legislatura
teve de ser eleita pela nação—em face das complicações de todo o gênero que cercavam a administraçâo do Estado, apresentou-se de novo
ás urnas, e foi com brilhante votação eleito
deputado pelo 3° districto da Provincia do
Bio de Janeiro. Desde logo devolveu se-lhe
naturalmente a direcção da opposição conservadora que a todo transe cembateu o Gabinete
presidido pelo Sr. Senador Zacarias de Góes
e Vasconcellos, e a anômala situação politica
que representava entre os partidos legítimos do
paiz, que ambos repelliam. Foi durante uma
gloriosa campanha que tomando a iniciativa,
o deputado fluminense apresentou um projecto
de reforma eleitoral, tendente a introduzir a
eleição directa, «tentativa em que teve o apoio
de Liberaes e Conservadores insuspeifitos.
Finalmente achando-se perdido irremissivelmente ante a opinião publica teve logar a retirada do Ministério, e a nomeação do de 16 de
Julho organisado pelo Visconde de Itaborahy,
e em seguida a dissolução da Câmara dos Deputados. D'essa administração não podia deixar de fazer parte o illustre fluminense que
parte tão conspicua tomara na lueta que conduziu aquelle resultado, e era sem duvida já
um dos membros mais influentes do partido.
Ministro do Império o Conselheiro Paulino
José Soares de Souza não esqueceu o seu passado, nem as convicções que sustentaram com
tanto brilho.
A restauração do systema constitucional por
um regimen parlamentar que fosse o reflexo
exacto do estado do opinião do paiz, e traduzi se fielmente suas aspirações—foi o seu constante anhelo.
Começando por dar á instrucção publica um
impulso enérgico—que ainda hoje se não amorteceu, procurau fomentar por todos os meios o
renascimento da vida publica no paiz.
Para esse fim iniciou reformas importantes.
Assim, propôz ao Parlamento em um projecto
apresentado na sessão de 1869, a reorganisação
da instituição municipal—entregando directamente aos habitantes dos municípios o governo local, a estabelecimento e repartição do imposto municipal com as cautelas e restricções
que requer o estado do atrazo do nosso interior, idéa fecunda que tendia a 'familiarizar
com a vida publica populações inertes, materia prima sobre que se exercita á vontade a
habilidade aos cabos eleitoraes,—e a crear uma
eschola practica de liberdade politica.
Este importante projecto foi seguido de outro sobre a instrucção publica comprehendendo como idéas principaes a fundação de
uma universidade* na capital do Império, e de
176
O NOVO MUNDO.
instituições de instrucção secundário nas provinoias, a instrucção primaria obrigatório, e o
liberdade âo ensino superior.
Já no sessão de 22 de Julho do mesmo anno
havia reproduziâo o projecto ãe reformo eleitoral por elle apresentaão em 1867—com o fim
âe orear um corpo eleitoral permanente âe 29
grau—destinado o chamar ao exercicio do direito de voto, alem de varias cathegorias de eidaããos notoriamente habilitados, todos ob que,
,
tenão as qualiãaâes exigiâas
para se poãer ser
eleitor, pogorem imposto ãe casa ãe habitação
correspondente a um valor locativo indiviâual
não inferior a somma ãe 120$000.
Um projecto ãe interpretação ão Acto Aããicionol no porte relativa ás attribuições das Assembléas Provinciaes, concebião em termos
muito liberaes—completo esto enumeração ãa
qual bem se conhece um plano politico assentaão em largas bases, ãe assegurar ao
paiz o
gozo ãa liberãaãe politica i_elhorando o estado
intellectual do população, pondo ao abrigo
das imposições do poder o manifestação da
vontade nacional, promovendo pela Bystema
municipal o vigilanoio do poiz sobre seuB interesses, empreza esto digna do excitar a emulação de um homem de estado, e bem differente das campanhas eleitoraes aliás fáceis—e do
fundação de clientella—aliás sempre ephemera
—a que se reduz ordinariamente todo o esforço
dos nossos homens politicos.
no dispendio dos dinheiros públicos, deixonão
sobras consideráveis em todas os verbas âo
respectivo orçamento.
Em Septembro âe 1870-quauâo a Cornara ãos
Deputaâos acabava ãe âar ao Gabinete em,
uma esplenãida votação de confiança novo testemunho do seu apoio, soube-se um bom dia
que os Ministros hoviam resignado o poder.
Quoesquer que fossem as causas do singular
acontecimento, veio elle abrir uma nova e bri\
nacional—declarou na sessão anterior de 1870
quo cumpria ao parlamento tomar a inioiativa,
reservanâo-se o direito ãe intervir no progresso
ulterior âo negocio, caso reoonheoesse a neeessiãaâe ãe fazel-o; e âeaooorão com o Gabinete
elegera a Câmara uma commissão especial cujo
parecer impresso e ãistribuião em tempo em
que já não poãiaser âiscutiâo, ficara reservaão
para entrar em 1871 na orãem ãos trabalhos.
O Gabinete Rio Branco, porém, pretenãenâo
FLORES DA PRIMAVERA.
A decretação das medidas necessárias para o lhante phase na carreira que vamos esboçando
recenseamento geral da população do Império a lorgos traços.
—a creação do registro dos áctos do estaão
De facto pondo de parte a curta historia do
civil a ãe uma repartição ãestinaãa á organisa- Gabinete S. Vicente, vamos encontrar nòpoção ãe uma estatística completa do Império, der o Ministério de 7 de Março de 1871 orgabases inãispensaveis para a solução dos pro- nizado
pelo Visconâe do Eio Branco.
blemas que mais interessam o paiz—como seCom este Ministério surgiu a questão ãa
jam os ãa colonisação, ãa emancipação âa po- emancipação dos escravos. O Gabinete ãe 16
pulação servil, foram egualmente serviços âe Julho provocado a explicar-se sobre a quêsprestaâos pelo Conselheiro Paulino José Soa- tão—persuadido ãe que não se tractava ãe uma
bes de Souza, á par da mais severa economia
questão de partido mas de um grande esforço
a iniciativa parlamentar, apresenta a Câmara
um projecto textualmente copiaão ão ãa Commissão especial. A este attaque nos pretenâiãos
ãireitos ão parlamento—aquelle que tomou por
banâeira a restauração âo systema "constitucional" não poãia conservar-se inãifferente, e ãeclaranâo-se em opposiçao combateu a proposta
não bó pelos seus inconvenientes como pelo
que entenâia ser usurpação ãas prerogativas âa
Câmara practicaãa pelo Poãer executivo.
Esta attitude ão Conselheiro Paü_tno accom-
O NOVO MUNDO.
panhada de uma numerosa pbalange de amigos
em que se contavam os principaes talentos e os
homens mais conspicuos das Provincias do
Sul, que o reoonheoiam e proclamavam como
seu chefe,, desafiou, por parte do Gabinete, profundo ressentimento, e provocou hostilidades
que ainda duram, mas que longe de diminuir
o prestigio e a influencia do Conselheiro Pauuno, tem confirmado em suas mãos o bastão
de commando do partido conservador a cuja
merosa e rica do illustração e. talentos,—que
com elle combate o Gabinete de 7 de Março,
um Gove rno que não representa nenhum dos
partidos legítimos do paiz, e tem affrontado
constantemente o systema constitucional em
suas doctriuns mais elementares.
O conselheiro Paulino de Souza é sem duvida alguma um dos oradores mais eloqüentes,
e dos estadistas mais cultos da nova geração;
mais ainda:—é um dos raros parlamentares
177
consiste de folhos estreitos, apenas embainha- do crespo, um ou dous fofos, de
cada lado de
dos o cada um recobrindo o immeeliato, na um enfeite de vidro. Os fofos
e os crespos são
costura. Esses folhos são, atraz de saia, in- separados
por umaflta de seda côr de rosa com
torcortodos por tiras revezadas de veludo preto ponctas á Ootogan.
orlado de renda branca â renascença.
O avental ou lablier, como bem se percebo
na gravura, é usado um pouco ao lado. Seu
Piores da primavera,
material é veludo preto e os enfeites consistem
de cinco ordens de folhos, sendo duas de seda
Depois de um longo inverno como
côr de rosa, alternadas por trez de renda á re- bamos de ter nos Estados Unidos, o que acaa approxi-
I
i!
-._....
—
é'-
-
'"¦
",—i
¦ —¦
'
¦'
—¦¦¦
_
VESTUÁRIO PARA VISITAS DE CEREMONIA.
frente inflingiu ao Ministério de 7 de Março entre nós,
que tem uma idéa elevada do fim do
a8signalada derrota na Câmara dos Deputados Governo e que por ella tem sempre eombatido
na sessão de 21 de Maio de 1872 em que pro- fielmente, ainda
que por vezes erradamente.
pôz um voto de desconfiança ao Gabinete que foi
approvado, além de diversas victorias eleitoraes ganhas nas eleições da provincia do Bio Vestuário para Visitas de Ceremonia.
de Janeiro.
>
Elle próprio foi reeleito apôz a dissolução
O lindo e rico vestuário que desenhamos
pelo districto que tem representado (o 3P da nesta pagina é composto principalmente de sêProvincia de Eio de Janeiro) e voltou á Cama- da grossa côr de rosa e de veludo
A saia
ra, onde dirige actualniente a opposição nu- é, como se vê, muito simples. preto.
O seu enfeite
nascença, fazendo assim um bello contraste.
O corpinho basque, também de veludo preto,
é aberto na frente, mostrando uma camizinha
de renda, enfofada, rematada no pescoço por
mau gólla a Margot de veludo preto ornado de
seda côr de rosa. As mangas são de veludo e
renda, enfeitados de tiras transversaes de veludo, debruadas de renda. Os punhos são muito claros na estampa.
O penteado que mais condiz com este vestuario é um encrespado na frente, e por cima
mação da primavera é a maior aspiração de
todos, e foi antecipando esse grande prazer que
o nosso artista representou no quadro da pagina anterior as Flores daquella linda estação.
Ellas parecem dizer: "Somos filhas do sol de
Maio: enchemos o ar de prazer com o nosso
aroma; todos os que nos vêem, nos amam: aos
tristes damos sorrisos, aos alegres, mais alegria."
178
O NOVO MUNDO.
Uma jangada Americana.
A' pagina 173 descrevemos o modo por que
nos Estados Unidos se transporta geralmente
a madeira. Cortados das florestas, bíIo os troucoh levados ao rio mais próximo, na estação das
agaas, e atirados á corrente que os leva para
algum poneto em que o rio se expande e por
tanto menor se torna a força das águas. Ahi
os homens atam-cerca de uma dnzia de troncos
em jangada como o explica uma das gravuras e
nessa jangada descem ao poneto desejado.
Marjorie
Üaw
0 Dr. Dillon á Eduardo Delaney, em P'me-Grove,
New Hampshire. —8 de Agosto de 187—.
Meu cabo Eduardo:—Peço-vcs que não vos
inquieteis sobre o estado do vosso amigo Fiemming. Em trez ou quatro semanas, espero,
elle haverá ja recobrado suas forças; durante
esse tempo, porém, é mister que elle se conserve
de cama, afim de curar-se radicalmente da
fractura da perna. Os cuidado., do seu primeiro
cirurgião, logo que foi levado á botica, valeram-lhe muito. 0 osso já voltou ao seu logar
e, portanto, nada ha que temer-se do acciden*te. Elle,
physicamente, está bom ; o que, porêm, me desagrada consideravelmente, é o estado mórbido em que o seu espirito sepultouse depois da queda. Flemming é realmente
uma dessas pessoas que nunca deveram ter quebrado a perna. Sabeis bem quão soffrego e irrequieto é : como qualquer contrariedade o faz
dar por paus e por pedras, —qual o touro a
quem se mostra uma bandeira vermelha, —no
fundo, porém, é muito amável. Mas, logo depois dessa catástrophe, foi-se lhe toda a amabilidade: A's vezes torna-se terrivel e iracundo.
Miss Flemming, sua irman, ao saber do seu
estado, veio á toda pressa de Newport, onde
estava, passando o verão, em companhia de
sua familia, unicamente porá tractar delle ;
p orem, teve de, no dia seguinte, voltar á Newport desgostosa.
Flemming tem ao lado do sofá, onde se acha
. deitado, uma grande pilha de livros, entre elles
as obras de BaIíZAC Em momentos d'agonia,
toma-os para varejal-os á cabeça de Watkins,
seu fiel criado,—quando vai levar-lhe a comida. Ainda hontem, Watkins levava-lhe alguns
limões quando, de repente, teve de fugir do
quarto pois, parece que Flemming, para vingar-se da casca de limão que o fez cahir, quando sahia do "Hotel Delmonico," atirava-os
furiosamente por todos os lados. Depois disto,
com os olhos cravados na perna, parecia cahir
em profunda meditação. Nada o pôde distrahir. Abstém se até de comer e lêr os jornaes
do dia. Dos livros só faz uso para arremessai"Watkins.
os contra o pobre
Este estado seu
é o que causa-me verdadeira lastima.
Si Flemming fosse pobre e com uma familia
que dependesse do seu trabalho para viver, eu
comprehendeiia esse abatimento de espirito,
porém joven ainda, sem cousa alguma que lhe
preoecupe a mente, e com muito dinheiro para
gastar, isso me parece abominável. E é fácil
que, contíuuando nesse estado de exacerbação,
lhe sobrevenha á perna uma inflammação peior.
Já não sei o que receitar-lhe : poderia dar-lhe
alguns calmantes que o fizessem dormir e minorassem as dores; meus remédios, porem, são
improficuos para a sua moléstia. Só resta um
meio a recorrer, e esse tende-o em vossas
mãos.
Como amigo intimo de Flemming,
como seu fiãus Achates, escrevei-lhe, e procurai distrahil-o por todos os meios. E' só assim
que evitaremos que a moléstia assuma o character de melancholia aguda.
Certo de que acceitareis este conselho em
bem de vosso amigo, fico
Vosso criado
TT
*
*
*
Eduardo Delaney á João Flemming, em New
York.— Agosto 9.
Queeido amigo João:—Recebi esta manhan
um bilhete do Dr. Dillon em que me communica o teu estado.
Diz primeiramente que,
não corres perigo algum, e que, espera, em trez
ou quatro semanas, ver-te completamente restabelecido, —com a condição de teres paciência
como tens bom senso.—Recebeste a minha ultima de Quarta-feira ?
Faço idéa da tua tranquillidade forçada, com
a perna toda cheia de trapos. Era cousa que
de certo hão esperavas, pois, por este tempo,
como me prometteste, djvias estar-me accom.
panhando nas escursões do verão, como tinhamos convencionado.
Porém . . . paciência,
meu querido João. Está certo, que ainda da-
qui, farei todo o possivel com minhas carti
uhas, para distrahir-te dessa melancholia e
isolamento om que me consta estás sepultado,
Prometto esorever-te, mas sobre quê, não sei
ainda, querido João. A precária suide de meu
velho pai priva me de ir ver-te, como tanto desejava; não fazes idéa como sinto não poder
estar ao teu lado. Meu pai tem melhorado muito desde que aqui chegou: o ar destas praias
Si ustivessemos
parece dar-lhe vida nova.
nVuna dessas lindas choupanus á beira mar,
fácil me seria fazer estudos characteristicos e
encher-te a imaginação de fadas e nymphas do
mar. Verias, talvez, a uma Aphrodite vestida
em trajo de banho. Nada disto, porém, se me
proporciona. Eu e meu pai aqui moramos
n'uma casinha á beira d'unia encruzilhada, a
duas milhas da praia á que acabo de alludir.
Vivemos tranquillamente, mas, como sabeis, a
tranquillidade é como qualquer outra cousa,
quando é demasiada, também torna monótono
o viver. Eu quizera ser romancista, amigo,
para desenhar-te estes lindos arredores com
suas cores próprias; descrever-te esta casa com
seu solo arenoso, com suas janellas estreitas,
com suas carreiras de gigantes pinheiros, por
entre cuja folhagem a briza murmura sons tão
doces, quaes os de harpas eólias. Esse romance seria puramente campestre e, sem duvida,
iria repassado dos aromas do bosque, e do ar
delicioso do mar. Seria uma novella como as
do
RUSSO
TOUEGENOF,
OU
JOUHGENEFF,
OU
Tourgenieff. [Desafio quem possa escrever
correctamente esse nome. ] Mas, quem será a
heroina? — Não te afflijas: já vou dar-te uma.
Figura-te uma casa, pinetada de branco,
atravez do caminho,— construida nos tempos
coloniaes,—com vastos corredores, e protegida
por um pequeno bosque, onde sobresahem varios cyprestes e chorões.
A's vezes, pela manhan, e mais a miúdo ao
meio dia, quando o sol se ha transposto para o
outro lado da casa, uma joven de dócil apparencia se dirige para o corredor, com alguma
tela ou livro na mão. Ahi vê-se pendurada
n'uma rede,—de fibras de pinheiro, provávelmente,—onde ella costuma ir reclinar-se. Basta já de illusões. Divagações como estas, não
assentam bem á um advogado como eu. João,
si puderes escrever-me, não te esqueças de me
dizer como vai tua perna: diga-me tudo sobre
o teu estado, do contrario invocarei as leis
contra ti.
III.
João Flemming á Eduardo Delaney. -—Agosto 11.
Tua carta, querido Eduardo, foi uma missiva do céo. Não fazes idéa como estou. Minha
perna ainda está muito inchada: pesa pelo menos trez toneladas, parece uma verdadeira mumia. Parece-me que ha cinco mil annos não
me mudo da minha presente posição. Desde
manhan até de noite, com a vista fixa para o
lado da rua, vejo diante de mim uma interminavel ala de casas, qual procissão de sarcophagos. Tudo é silencio;—só eu em tribulações !
A dôr atormenta-me tanto, que não me resta
outra disposição que agarrar nos livros e atiraios a torto e a direito contra WatkinSí Não resA' propósito
peito nem os meus Sairit-BéUve.
de tíaint-üeuve, o que farei da minha égoa
Margot, que acabava de comprar alguns instantes antes de quebrar a perna? Será bom
mandal-a para " Pine-Grove " ?
Fico desesperado. O medico quando me
apanha neste estado, julga que estou ficando demente, e não faz outra cousa que, receitar-me limões. Limões, para um espirito agitado! Estúpido ! A minha moléstia é mais
uma indisposição do que demência, como elle
julga. Ora, tomem um homem como eu e
encadarcem-lhe a perna, encerrem-o n'um
quarto todo envolto em pannos e essências
odoriferas, por semanas inteiras, e queiram
que esse homem, todo saturado de calor e indisposição, esteja contente da sua vida. Nem
tranquillo.
Tua carta foi o primeiro consolo que tenho
tido desde que cahi, Recebi-a uma semana
depois desse fatal accidente: veio arrebatar me
dessa terrível melancholia por meia hora. Escreve-me sempre ; não importa sobre o que,
comtanto que não te esqueças ãa.bella da rede.
Tuas imagens, Eduardo, são lindas todas,
porém, tu as confundes um pouco; sê mais
extenso em tuas descripções, mormente quando fallares do anjo da casa branca. Promettote portar-me bem, comtanto que me escrevas
logo. Emquanto espero noticias tuas ficarei
aqui como um perfeito eremita.
Conta-me
tudo, não te esqueças de nada. Ia me esquequecendo: Como se chama a tua vizinha?
Quem é seu pai ? Oade está sua mãe ? Tem
amantes. . . irmãos . . . primos ?
Não fazes idéa de como me interessa saber.
Já estou ficando tão pueril, que acho encantos
em tuas epístolas como nunca achei em obra
alguma. Talvez sejam effeitos da reclusão. O
cérebro vai-se-me enfraquecendo a poneto de
pensar que estou atravessando minha seguuda
infância. Adeus; escreve-me logo.
IV.
Eduardo Delaney a João Flemming.—Agosto 12.
Quehido João:—Decididamente nada tenho
á dizer te sinão algnmas palavras sobre a flor
Acabo de vêl-a embalandestes nrrebnldes.
é para mim
na
rede.
Coutemplal-a,
çando-se
de
os
instantes
compensação
uma bella
para
tédio que passo aqui, e, posto que seja uma
frivolidade, gozo muito quando vejo a pontitiuha dos seus pós.—Quem ella é, e qual o seu
nome, ó para mim cousa fácil de dizer-te: Ella
é filha única do coronel Daw, e chama-se Mar
jorie; perdeu sua mãi quaudo ainda pequena.
Spu pai, durante a ultima guerra, commandava um regimento em que seu irmão também
eri> tenente. ^Valente soldado, dizem ter sido o
moço, —victima na batalha de Fair Oak.
Marjorie tem ainda um irmão estudando na
Universidade de Harvard. A familia é uma
das mais ricas e estimadas deste ''Estado de
Granito," o New Hampshire. Ella e seu pai
Mr. Riohard W. Daw costumam passar quatro
mezes em Washington ou Richmond e o resto
do anno aqui. O inverno da Nova Inglaterra
lhe é severo de mais e por isso é que costuma
mudar a residência para o sul.
O nome de Miss Daw estou certo, a principio te soará mal, porém, logo que o hajas repetido uma dúzia de vezes, te agradará: ha nelle
um certo quê de raro e de exquisito que enleva-me.
Hontem á noite, tive uma conversa com o
meu caseiro, de quem pude obter algumas informações a respeito de Marjorie. Me disse que
dá-se muito com a familia Daw, e que a conhece ha trinta annos; que Marjorie, a bella da
rede, costuma dar seus passeios á praia por um
certo caminho, predilecto e um tanto isolado.
Custoso pois me será que, sabendo disto, não
tenha oceasião de encontral-a uma destas tardes quando ella sahir. Ao ver-me, naturalmente, me fará um cortezia aristocrática, e eu,
então, aproveitando a opportunidade ousarei
opproximar-me da princeza para dar-lhe o prei*
to de minha homenagem. Conto desde já com
sua amizade. Cousa singular: acabo de ser
chamado para a sala de ,visitas onde provávelmente encontrarei Mr. Daw conversando com
meu pai. O cazeiro já fez-me a seguinte descripção: "é um homem aito, orçando pelos
cincoenta, barbado, e de physionomia agradavel e até sympathica." Sua filha Marjorie vai
hoje ter umas comp nheiras comsigo para jogarem uma partida de croquet. Meu pai á pretesto de seus achaques nãoacceitará com certeza o
convite para a reunião que vão ter; eu porém
não falharei. Muito terei que contar-te meu
caro João, na minha próxima missiva, á respeito da familia Daw. Terei conversado e visto Marjorie Daw iête à-tête. Como quer que
seja, diz-me o coração que essa moça é uma
rara avis. Adeus: manda-me dizer como vai
tua perna.
V.
Do mesmo.—Agosto 13.
Querido João: Fui assistir á reunião em casa
de Mr. Daw. Os convidados presentes foram:
um tenente de marinha; o reitor da Egreja
episcopal de Stillwater e um tacanho de Nahant, de cujo nome não me recordo. O primeiro, parecia ter engollido os botões da farda
o segundo,um joven reitor,todo pensativo e entregue á meditação,parecia absorto e transportado ao outro mundo; e o terceiro, o subjeito
de- Nahant, era um perfeito pateta, péssimo
specimen do Massachusetts. As moças, essas
como sempre, estiveram mui divertidas,—eram
umas verdadeiras estrellas vespertinas.
A's sóte horas foi servido o chá, e logo depois retiraram-se todos os convidados excepto
o filho de meu pai, que foi coayidado para fumar um charuto em companhia do coronel e
Marjorie. Pude então contemplar bem seu
rosto ingênuo e apreciar a terna affeição que
tem pelo pai. Este ora pedia-lhe que fosse
accender o seu havana, e ora que fosse buscar,
mais charutos,—ella a tudo accedia com graça
e bôa vontade.
As horas, quaes minutos, passaram-se-me rapidamente, e eu, contemplando o lindo crepusculo, que tanto enleva a imaginação, admirava também a Marjorie. Seus cabellos louros,
suas vestes alvas e os olhos côr de azeviche davam-lhe graça e candura ineffaveis. D'ali vimos a lua como surgindo do.mar. O oceano,
negro, plácido e solemne, estendendo-se vastamente no horizonte. Que sublime espectaculo!
Deslizando de um tópico ao outro, insensivelmente relatei aos meus novos amigos o teu
accidente. Pareceram tomar grande interesse
no que dizia. Contei também o nosso olano,
que tua queda frustrou. Emflra, fiz a traços
largos unia desoripção de ti, ou' antes, de tua
amabilidade, do tua gratidão para com o medico, de tua resignação durante a enfermidade,
da tua ternura para com Fanny, tu» irman,
com quem heroicamente instastes que volta-se
a Newport, e de tua devoção para com Watkins.
Foram muitas as perguntas que tive de responder. A principio não me oceorreu a razão
de tanta curiosidade, porém logo comprehendi
que Miss Daw tomara por ti muito interesse, o
durante a noite não pude esquecer com quanta
ansiedade estendia ella o seu níveo collo aos
raios da lua, para melhor poder escutar o que
eu referia a teu respeito. Positivamente logrei
piutar-lhe em ti o ente querido de sua imaginação! Qne belleza que naturalidade e que
sinceridade! E o pai, que excellente homem !
Ambos são já meus amigos. Contrahi essa amizade hontem, e hoje já me parecem meus velhos amigos.
"Pine Grove" é um logar isolado, e os meus
recursos são poucos. A não ser por esse feliz
acaso, a vida aqui tornar-se-me-hia intolerável
pela monotonia.
VI
João Flemming a Eãuarão Ddaney.—Agosto 17.
Apezar de não ter muito gosto para artilharia, quero crer que estás mantendo um fogo
bem sustentado sobre minhas trincheiras de
defeza. Mas, avante. O cynismo é como uma
pequena peça de campanha que ás vezes se arrebenta e mata o artilheiro que a dispara.
Attaca-me quanto bem te aprouver, mas não
deixa de me escrever. Tuas cartas me são um
consolo inestimável. Estão me curando. Já
perdi o costume de atirar livros á cabeça de
Watkins. Ultimamente maltratei-o tanto que
elle teve de levar todos meus livros para as estantes do meu gabinete, a ver si assim podia-se
livrar dos seus effeitos. O braço direito já ha
dias que não o movo.-Eduardo, essa Miss Daw
deve ser bonita e encantadora. Sem duvida
que me agradaria muito. Já me agrada. Quando nas tuas primeiras cartas me fallaste delia e
me disseste que a vias da janella da tua casa,
deitada na rede, comecei a sentir-me attrahido
para ella. Ao ler tua descripçáo recordei-me
d'uma mulher a quem amei na primeira quadra da minha mocidade. Palavra què, já sonho com esse anjo. Vê si me podes conseguir
o seu retracto. Seu ar altivo, sua actitude pen •
sativa, seus bellos cabellos dourados e seus ne"creio estar vendo taes
grOs olhos,
quaes o?
pirictaste. Fez um mundo de perguntas a meu
respeito, não é verdade ? Deseja saber do meu
estado ?
Rir-te-hias á morrer do meu fraco, si soubesses como passo as noites. Estou continuamen"Pine Grove " e na casa de tua
pensando no
vizinha." Parece-me estar vendo ò coronel comtigo e Miss Daw sentada na varanda, cada um
dos homens com o seu charuto na bocea. Quão
bello não deve ser um passeio á praia ! Vejo-a
ás vezes atravessando esse bosque de braço
dado com seu pai, ao luar.. .Mas. ..faz frio lá?
Eu aqui me entristeço, ao lembrar-me dos
teus prazeres por lá, Eduardo. Faço esforços
para esquecer-me dessas puerilidades, mas
qual o resultado? E' enraivecer-me á poneto de
querer quebrar e fazer migalhas de tudo quanto acho diante de mim. Tens visto ahi algum
que se pareça á um amante delia, frequentando esse lar histórico ? O tenente de marinha
costuma visitar os Daws freqüentemente ? Não
porque tenha curiosidade... mas, uma ou
duas palavras á respeito das pessoas que frequentam essa mansão não seriam inúteis
me entendes, não ?
Me causa sorpresa que tu, Eduardo, não te
hajas enamorado de Miss Daw: si fosses eu, já
estarias no rol dos amantes. Vê si de alguma
forma te é possivel obter o seu retracto, ainda
que seja preciso furtal-o do seu próprio álbum.
Prometto devolvel-o antes que ella dê pela falta.
Como chegou minha Margot ? Formoso animal, não é verdade? Logo que melhore da
perna irei ao "Central Park" passear nella.
Adeus. Ja vou indo melhor.
VH.
Eãuarão Delaney á J. Flemming.—Agosto 20.
Tiveste razão em suspeitar que já estou
em termos de muita intimidade com os Daws.
Meu pai está sempre juneto com o Coronel, fumando seu havana na varanda. Quanto a mim,
prefiro então conversar com Marjorie. Cada dia me interessa mais sua conversação.
Perguntas porque nãó "me tenho enamorado
delia.
Eu te direi: Já pensei nisso, porém
ella, apezar de joven, intelligente e bonita, não
possue um dos attractivos indispensáveis para
me prender. Uma mulher que a
possuísse, ainda que não fosse tão intelligente, bonita e bem
educada como ella, far-me-hia louco, e me le-
O NOVO MUNDO.
varia aos maiores excessos do amor. Mas não
Miss Daw. Si junetos naufragássemos em alto
mar,— o si acontecesse, por exemplo, nas regifíes dos trópicos (não me custa ser romantico,)—eu a conduziria para um desses jardins
encantados, levantaria para ella uma ohóça de
bambus e, para alimental-a, iria caçar a mais
arisoa tartaruga, afim de dar-lhe uma sopa
bem nutritiva, proourar-lhe-hia para sobremeza alguns deliciosos cocos; ser, porem, seu
amante, isso nunca: contentar-me-hia em tratal-a como irman emquanto durasse esse nosso
estado. Além deste ha um outro motivo que
mo impediria de apaixonar-me por ella, e esse
te sorprehenderá, meu Flemming, si não me
engano. Tu me dirás depois.
Uma noite, apóz uma visita á casa de Marjorie, levei horas inteiras pensando nos incidentes do meu primeiro encontro com ella, em
casa de seu pai. Recordei-me perfeitamente,
de sua altivez e ingenuidade, e do interesse com
que ella escutava a minha revelação sobre ti.
Na manhan seguinte fui ao correio. Ao dar
uma volta para pôr na mala a carta que levava
deparou-se ella commigo. Me disse que estava vendo si tinha cartas. Feito o que tinhamos á fazer, sahimos junetos. A nossa conversa foi mormente sobre ti. O seu cuidado
por ti, notei, não havia diminuído. Emquanto
não fallei de ti parecia absorta em profunda
meditação; assim, porém, que proferi teu nome
cravou em mim seus lindos olhos para não
mais tiral-os até que conclui. Depois desse
. passeio, a tenho visto em varias oceasiões, porém sempre a mesma. A's vezes omitto, de
propósito, fallar-lhe de ti, para observar-lhe as
intenções. Si encontra em redor de si algum
livro põe-se a lêr e folheal-o indifferentemente,
ou para distrahir-se extende a vista sobre a ínfinda campina que temos diante de nossa habitação. Tudo isto até que toco na corda sensivel. Ja vistes cousa mais singular ? Tudo
obra de um acaso E' realmente admirável vêrse duas pessoas como tu e ella, tão distantes, e
que nunca se viram, oecupando-se uma da
outra e exercerem tamanha força magnética !
Tenho visto muitos phenomenos psycologicos,
porém de caso como este nunca tive noticia em
minha vida. Quero que tu mesmo me sôlvas
este problema. Me perguntas si Marjorie tem
algum pretendente. Si o tem, não mostra.
Quanto ao retracto, não pude conseguil-o, pois
delia só existe um, em porcelana, sobre a lareira
de mármore da sala de visitas: tiral-o d'ali seria
impossível, porque a sua falta seria immediatamente notada, e além disso não me arrisco a
travar forçosamente relações com o juiz de
paz
só para dar-te mais esse prazer. Não te zangues por isso.
P. S.—Incluso te remetto um raminho de
cravos. Guarda-o carinhosamente. Esta noite
voltarei a ver a bella da rede.
VHI.
Eduardo Delaney á João Flemming.—Agosto 22.
Tua carta em resposta á minha ultima temme preoecupado a mente toda a manhan. Não
sei que pensar. Estarás por acaso seriamente
enamorado de uma moça que nunca viste?
Ná verdade não te posso comprehender.! Sois
um par de seres ethéreos que se movem n'uma
atmosphera demasiado pura para que meus pulmões ordinários possam respiral-á. Essa delicadeza de sentimento, é uma das cousas
que,
sem comprehender, admiro. Estou mettido
em boas. Ser da terra, terrestre, e ter de tractar com espintos puros, é cousa realmente desproporcionada a meu bestundo! Estou em
risco de desbaratar-vos com minha rudeza.
Reflectindo bem, não sei si será prudente levar esta correspondência adiante. Mas, não,
João: faço mal em duvidar do teu bom senso,
base fundamental do teu character. Vejo
que
estás muito interessado na sorte de Miss Daw,
te figuras que ella é uma pessoa a quem
possas, logo que a conheças, admirar, mas poderá
acontecer que depois que a vejas não te agrades
delia, ou talvez não a encontres na altura do
teu ideal. Pensa primairo bem sobre isso, antes de te apaixonares por ella. Eu cá não te
oceultarei nada.
Hontem á tarde fomos de carro, em companhia da familia, á Rivermouth. De manhan
choveu um pouco, porém, foi uma chuva muito conveniente porque fez assentar um pouco o
pó da estrada por onde tínhamos de passar.
Atravessamos uma grande parte do caminho
por entre pictorescos bancos de relva e folhagem verde-negra. O contraste era perfeito: as
encarnadas cerejas que dos ramos pendiam embellezavam exquisitamente essa estrada.
Rivermouth fica distante donde moramos
apenas oito milhas. O velho coronel e meu
pai tomaram o assento da frente e Marjorie e
eu o detraz. Fiz tenção quando entrei no carro, de não fallar de ti á Marjorie, emquanto
não tivéssemos andado pelo menos cinco mi-
lhas do caminho, afim de observar o effeito
que
produzia nella o meu silencio a teu respoito, o
vi com prazer como ella se valia dos meios os
mais engenhosos para surprehender-me n'uma
reticenoia ou pausa que fazia. Esta omissão,
sem duvida, a incommodava muito.
As vezes guardava profundo silencio, outras
vezes ficava summamente alegre. Fui firme em
meu propósito durante todo o passeio, mas, de
volta pam a casa não pude conter-me e fallei
de ti.
Miss Daw vai experimentar Margot
uma destas tardes. O animal é um pouco leve
demais para o meu peso. Já ia esquecendo
de dizer-te que Miss Daw tirou hontem o retrato em casa de um photographo de Rivermouth.
Si a negativa sahir bôa, prometteu-me um cart?o, e desse modo obteremos o que queríamos
sem incorrermos era falta. Oh! quem me dera
poder-te mandar o retrato em porcellana que
adorna a sala de visitas. Está tão brilhantemente colorido que darte-hia idéa exacta dos
seus cabellos e da expressão dos seus olhos,
que não poderás vêr bem na photographia.
Não, João: o raminho de cravo não fui eu
quem t'o mandou: um homem de 28 annos
não manda flores dentro de cartas a outro homem. Mas não te faça isso muita mossa
por
emquanto. Ella também dá raminhos ao ministro e ao tenente. Um dia deu-me uma rosa
que trazia pendurada do peito. Miss Daw, como a primavera^ vai andando e espalhando
flores.
Não estranhes a raridade das minhas cartas:
só escrevo-as quando me vem isso á idéa, e naturalmente, agora ando muito preoecupado.
IX.
179
mo. Tenho medo do effeito quo poderia ter Si
precisas sahir de oasa deves procurar algum
aqui o teu brusco appareoimento, no caso de ...
poneto do interior, melhor do que o Pine-GroMiss Daw mostrou-se muito contente de ver- ve. Ouve os conselhos d'um amigo
que tanto te
nos de volta e apertou-me ambas as mãos com aprecia, e não menospreze
tanto as admoestaa maior franqueza, cordial e sinceramente Esções do bondadoso Dillon.
ta tarde parou o seu oarrinho á nossa
e
porta
xrv.
disse-me que havia estado tirando o retrato em
Teleobammas.
Rivermouth.
Desgraçadamente o photograSeptembro 1'.—A Eduardo Delaney.
pho deixou cahir algum ácido na primeira prova; e ella teve de ir retratar-se outra vez. A'
Recebi lua caria. Maldicto seja Dillon. Creio
minlia presença lá torna-se urgente.— J. F.
mim me parece que Marjorie anda
preoecupa- que
da por alguma causa, séria. Hoje estava muito
U.—A João Flemming.
distrahida, cousa que nunca lhe notei antes.
Não
verúias por mudo algum. Só augmenta<
Talvez seja effeito de imaginação da minha rias
#s complicações. Não saias sem meu aviso.
—ED.
parte.
Concluo, dizendo que, ficam archivadas muim.—A Eduardo Delaney.
tas cousas que devia agora dizer-te, mas
Posso estar lá, incógnito. Em iodo o caso preque
não farei porque tenho de accompanhar a meu ciso vel-a.-rJ. F.
pai n'um dessos grandes passeios que são agoIV.—A João Flemming. .
ra o seu único remédio—e também o meu.
Não penses nisso. Seria inútil. 0 coronel fechou-an'um quarto! Entrevista impossível.—E'.D.
XI.
V.—A Eduardo Delaney.
Eduardo Delaney a João Flemming.--Agosto 29.
Fechada
Escrevo-te á pressa para contar-te o
n'um
quarto! Céus! Só me faltava
que ha
tido logar aqui desde que escrevi-te a minha esta! Parto amanlum pelo expresso de uma e
ultima. Não sei o que fazer. Uma cousa é cia. meia.—J. F.
ra: tu não deves sonhar em vir á Pine-Grove.
A 2 de Septembro de 187—, quando o exMarjorie confessou tudo a seu pai; ha um mopresso que devia chegar ás quatro e cincoenta
mento a vi no jardim e, tanto quanto
pude co- parou na estação de Hampton, um moço
lher da sua confusa conversa, os factos sãe esapoiado aos hombros do seu criado apeou-se
tes: o tenente Bradley, isto é o official de mado carro e tomou um coche de aluguel
rinha da guarniçâo de Rivermouth, ha muito
para
Pine Grove.
tempo que faz a corte a Miss Daw, não
porque
Assim que chegou á porta d'uma modesta
ella goste delle, mas para agradar ao coronel,
casa de campo, a poucas milhas da estação,
que parece ser amigo velho do pai do moço. mandou
parar o coche e apeou-se, olhando anHontem, (eu bem sabia que havia qualquer
ciosamente ao travez da estrada,
parecendo
cousa que a preoecupava) o coronel fallou a
obedecer á um súbito pensamento. ReelinanMarjorie de Bradley e insistiu instantemente
do-se outra vez aos hombros do fiel Watkins,
que ella correspondesse á affeição delle. Mar- bateu á
porta da rústica morada e perguntou si
jorie parece que exprimiu o desgosto com que estava em casa o Sr. Eduardo
Delaney. Abriu
acceitava as attenções do oflicial, e com frana porta um ancião que affavelmente lhe disse
queza caracteristica confessou á seu pai
o Sr. Delaney partira para Boston no dia
bem, eu nâo posso dizerfo nem sei o que con- que
anterior, mas que o Sr. Jonas Delaney estava
fessou; basta que saibas que foi uma das mais
em casa. A resposta não pareceu satisfactoria
vagas confissões que se pode fazer e que sorao recém-chegado que então perguntou si o Sr.
prehendeu o coronel o qual está agora desespe- Eduardo deixara alguma carta
para o Sr. João'
radissimo. Supponho que ando implicado no
Flemming... .Havia uma missiva
para o Sr.
negocio e que o coronel está muito amofinado
João Flemming, si aquella era a sua
pessoa.
commigo;
O velho retirou-se por um momento e reappaNão sei porque, não levei cartas tuas a Miss receu
com uma carta.
Daw e tenho-me portado sempre com a maior
XV.
descrição. Meu comportamento tem sido sem
modesto
e exemplar, e o coronel mesmo deve Eduardo Delaney a J. Flemming.— Setembro 1".
pre
sabel-o.
Estou horrorizado pelo que fiz! Quando ,
Sem embargo, é provável que as relações comecei a minha correspondência
comtigo,não
d'amizade entre as duas casas se rompam ago- rae
á
outra
cousa,
sinão
arrancar-te do
propuz
ra. Heide participar-te do que venha-oecorrer. tédio de
que era presa o teu espirito n'um quarTencionamos ficar aqui até a segunda semana to d'enfermo. Dillon me
pediu que te animasse.
de Septembro. De modo algum sonhes em Tractei de fazel-o. Pensei
que poderias adivir cá
vinhar minhas intenções. Não pude
prever
P. S.—O coronel Daw que neste momento até ha poucos dias que tomasses a cousa tanto
está assentado no corredor, lança-me umas ao sério. Que te direi eu? Estou em
penitenolhadas foribundas. Não vi ainda a Marjorie cia, em cilicio. Sou um paria, um descastado.
desde que lhe disse adeus no jardim.
Veiu-me á mente fazer um pequeno romance,
alguma cousa grata como um idilio: tenho fé
XH.
que
fui mui bem suecedido! Meu pai não sabe
paEduardo Delaney ao Dr. Thomas Dillon, em Ma- lavra de tudo isto;
e assim não molestes o podison Square, New York.—Agosto 30.
bre velho em! contar-lhe o que se
passou.
De.—Si
tendes*
alguma influencia Quanto á mim fujo da tua cholera. .quanQuerido
sobre Flemming supplico-vos mui encarecida- do chegares por que saberás agora, meu
quemente que o subjugueis a fim de evitar que elle ridissimo João, que não existe aquella casa
nos appareça aqui de súbito.
colonial, nem encruzilhada, e nem rede,
porHa circumstancias, que vos explicarei breve- que... nunca existiu Marjorie Daw.
mente, que fazem da maior importância que
T. B. Aldbioh.
aquelle meu amigo nãovenha cá. A sua presença ser-lhe-hia'muito prejudicial. Prestar-me
LISZT K ITIBBRE.
heis grande favor, instando com elle para que
fique em New York, ou vá para outro poneto.
Lê-se no Jornal do Commercio, do
de 19 do p p •
Peço-vos também que por modo algum men- —j'Roma, 15 de Fevereiro —Ha diasRio,
assisti á uma reumao musical dada pela Princeza Piumoli
cioneis meu nome neste negocio.
(Bonaparte)
em honra da Princeza Bkancovano,
como V sabe
Conheceis-me bem, caro Dr., pára que fiqueis toca piano perfeitamente, e se achava que
aqui de passàeem'
certo que, pedindo-vos esta secreta cooperação Ali _vi Liszt eio Sr. Itibeké da Cunha, addido á ledo
Brazil. Este, depois de tocar uma das suas
assistem-me fortes razões que, sem duvida, ac- gaçao
composições musicaes, foi cordialmente applaudido
pelo
grande e legendário pianista húngaro, em presença de
ceitareis logo que vol-as expuzer.
numeroso e distincto auditório, e vio-o apertar a mão
do
Tenho prazer de communicar-vos que meu joven brazileiro, dirigindo-lhe expressões as
mais lisongeiras
vai
tão melhor, que já não o conhecerieis.
pai
Dias depois Liszt foi visitar Itibeké, entretendo-se
Fico sempre, com affecto, etc.
com elle mais de duas horas, durante as
ouquaes
Eduardo Delaney á João Flemming.—Agosto 23.
Acabo de ter com Miss Daw a entrevista
mais estranha que podes imaginar. Sem mais
nem menos, confessou-me que se interessa mujto por ti. Mas, com que modéstia e dignidade
fallou-me! Quero confiar ao papel as suas palavras, mas em vão: ellas me escapam da penna, pois, não é tanto o que disse, como o modo
porque o disse que me é impossível reproduzir.
O que não posso explicar ainda, e o que mais
realçou a originalidade da oceasião foi que
ella se visse obrigada á confessar á.um terceiro
o amor que sentia por um homem á quem jámais vira. Eu, porém, acceito as cousas como
em geral recebemos os sonhos. Agora de volta ao meu quarto parece-me tudo uma illusão!
E' mais de meia noute, estou com muito somno
para poder escrever-te á larga.
Terça-feira de manhan.—Metteu-se em cabeça
de meu pai que iria passar alguns dias nos Becifes. Não receberás, pois, cartas minhas por
algum tempo. Estou vendo Marjorie, passeando no jardim com o coronel; quizéra espreitara
oceasião de fallar-lhe á sós antes de partir, mas
não terei tempo.
X.
Bo mesmo ã Flemming.—Agosto 28.
De modo que estás na tua segunda infância,
não é assim ? Tua intelligencia está tão reduzida
que meu favores epistolares te parecem immensos. Pois bem, faço-me superior ao sarcasmo
de tua cartinha de 21 do corrente, tendo em
consideração que, cinco dias de silencio de minha parte bastam para atufar-te novamente em
tua prostração. Esta manhan voltámos de Appledor, essa ilha encantada em que a gente paga quatro dollars por dia; e, de volta, encontrei
aqui trez cartas tuas ! Evidentemente causa-me
grande prazer a tua correspondência. Tuas
cartas não teem dacta; a que, porém, me parece ser a ultima, comtém dous incidentes qúe
merecem-me a mais séria consideração. Perdôa a minha franqueza, caro Flemming; mas
estou intimamente convencido de que á medi.
da que sara a tua perna se enfraquece o teu
cérebro. Minha opinião sobre o assumpto de
que me fallas ó muito simples. Para mim não
poderás commetter indiscrição maior como escrever uma carta a Miss Daw, agradecendo-lhe
a flor! Com toda a certeza offenderias a sua
XIII.
delicadeza, e terias de te arrepender. Ella só
te conhece por meu intermédio; para ella és Eduardo Delaney a João llemming.—AgostoSl.
uma abstracção, a expressão, a fôrma d'um
Acaba de chegar a carta em que me particisonho: sonho do qual despertal-a hias ao mais lepas a tua descabellada determinação de vires
ve toque. Comtudo, si lhe escreveres e lh'a man- ver-me.
Rogo-te, supplicq-te, que reflictas por
dares a carta por mim, entregal-a-hei, si nisso
um momento. Similhante passo seria fatal aos
faço a tua vontade; mas já sabes qual é a minha
teus interesses e aos delia. Darias motivo para
opinião: dizes-me que já podes " com o auxiencholerizar o coronel, e, ainda que ame extrelio de uma muleta passear dentro do teu quarmamente a Marjorie, o velho é capaz de deixarto" e que pretendes vir visitar-me assim que
se levar por um extremo infeliz. Eu não poso Dr. Dillon te considere bastante forte para
so convencer-me facilmente que de caso pensaresistir ás fatigas da viagem. E eu te peço que
do queiras ser a causa de que eUa seja tractada
tal não faças. Pois não vês, querido João, que
com severidade e isso é justamente o que farias
quanto mais se dilata a tua ausência mais es- si te apresentasses agora em Pine-Grove.
Escandece a paixão de Marjorie e se augmenta a
Flemming, deixa-me ver o que resulta de
pera,
influencia que sobre ella exerces? Qualquer
tudo isto.
precipitação de tua parte deitará tudo á perder.
De mais a mais, escreve-me Dillon
que ainEspera até que te sintas inteiramente restabeda não estás em estado de viajar, sobre tudo
lecido, e de nenhum modo venhas sem avisarquando a distancia que nos separa é tamanha.
vir as ultimas composições do joven brazileiro, quiz
ia publi
cadas e algumas que se achavam no
(a Barcarolle
o Noctwno e o romance das SUrèes prelo
de Venise) e o seú
grande concerto em dó, com acompanhamento de orchestra dedicado ao Imperador do Brazil. Os dous
pianistas
achavam-se sós, e sei por varias
a quem Liszt o
repetiu, que elle admira muito a pessoas
elegância e oriirinalidada destas peças musicaes.
Mas, talvez o maior triumpho de Itibeké deu-se
In
dias, em casa de Mme. d'ARA(?uN, esculptora allemá
oceasião
da vinda de Liszt, dera um soirée em
que por
que o addido tocou, sendo Liszt o primeiro a applaudilo, e a apontar ao seu distineto discípulo o Americano
PINNEit e ao ministro da Allemanha Kendell
oue é
tombem excellente pianista, todas as bellas
das composições do addido pian.sta. Notou-se pas'*airens
muito um
facto, que se deu naquella oceasião, e
que eu presenciei.
a?lstas>
q"e ali se achavam, tocaram,
^lguns
?ÍSÜ^
Liszr deixou-se
ficar em uma ante-sala, onde se entretinha com diversas pessoas, emquanto
que aos primeiros
prelúdios de Itiberé, levantou se e veio sentar-se
ao
lado do piano; o que naturalmente attrahiu ainda
mais a
attenção sobre Itibeké
Liszt partiu
Pesth; o relevo que os seus elogios
—de que elle é para deu ao Itiberé,
fez com
parco
eu
amador de musica como sou,—procurasse travar que
cimento com este moço, cujo admirável talento éconheuma
nonra para o Brazil Jâ vai
gransreando nome, e no dia
<iU deve ser executado n'um concerto
da Philarmonica o
romance do concerto de que acima fallei."
180
0 NOVO MUNDO.
Chapéo Rubens.
mmWÈmWmmWMWIIl
Este chapéo proto de palha ó enfeitado com
dous laços grandes de cropo chinez, tambem
preto. Na copa desate uma penna de abestruz.
Chapéo de veludo preto.
^^^mÉmWÊÍmmwW
JlIlSHISHS^Sà
Este chapéo de[veludo preto ó orlado de seda
preta e bordado com vidrilhos. Um comprido
véo de escomilha de soda, com as ponctas soltas, enrola a copa do chapéo, a cujo lado esquerdo prende-se uma asa de pássaro. Na parte posterior estão presas algumas rosas esmagadas.
Vestuário de passeio de carro.
Este vestuário ó de veludo azul e seda. A
saia é muito comprida, e o avental é de seda
azul mais clara e enfeitado de folhos e fofos.
O avental ó de seda orlado de franja e debruni
de veludo. A couraça é de peito dobrado com
mangas de voludo e trez ordens de babadinhos,
e dous laços em cada punho. O chapéo mais
apropriado será de veludo, enfeitado de rosas
cor de rosa escuro com uma pluma comprida
á Mercutio.
Vestuário Princeza.
CHAPÉO RUBENS.
:
:
Este é de soda sicüienne, preta. O corpinho
e o avental são unidos, e de cada lado do corte
do avental em triângulos pende-se um grande laço. Do pescoço até o chão estendem-se
quatro linhas de fôfós enfeitados de botões,
e ordens de renda de guipure completam o
adorno do avental. A goUa é á Medicis, de
veludo. O cabello deve ser penteiado em fofos
e ornado de um p.ente tranversal de tartaruga
com roseta ao lado.
r
CHAPÉO DE VELUDO PRETO.
¦
.
VESTUÁRIO DE PASSEIO DE CARRO.
VESTUÁRIO PRINCEZA.
IP—¦•*——*—'
"——**——•¦^•¦^
•'
O NOVO MUNDO
.¦.¦¦¦'
181
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^—__——i^Hiarf
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182
O
i
á,AUSERIE
_f AR1SIENNE
*"'_**#
PAR
ARSÈNE HOUSSAYE. *
Le móis á ótó chargó d'óvónenients : tem
potes à Versailles, bourrasques à Paris, procòs du General de Wimpferi, reception d'Alexandre Dumas II á PAcadémie, ehfin Penterrement du Oarriavahqui d'aüleüi'8 ne 8'est jamais
inieiix porte, car on peut dire que le Mercredi
des Ceudres est le jour de sa rósurrection.
Si je parlais politique, je vous conterais comment les liommes les mieux avises so trompent
siir le lendeniain. Je dinais chez M. Thiers le
Mardi Gras. Três brillante fète oil tout le
monde a eu de Pepi-it, mais sortout le maítre de
Ia maison. Rafisurez-vous, il n'y avait pas lá
aeulement des liommes du centre gaúche. La
duchesse Colonna disait qu'elle n'aimait pas
les centres parce qne selou elle les liommes sans
défauts sou des liommes sans qualités. "II n'y
a que dons les extremes que l'on trouve de
griuds liommes."
La <luche8se Troubètzkpí s'est écriée: "M.
Thiers est bien Ia preuve du contraire."
On parla des princes. On réproeha à Emile
de Girardiú de les avoir abandones.
II repondit, sans vouloir s'excuser, que Ia faveur des
princes était comme Ia fortune au jeu : " On
gagne d'abord,niais on finit par tout perdre dans
leur compagnie."
Mme.Thiers qui ne parle jamais que pour dire
quelque chose,à 1'inverse de tant de femmes qui
parlent toujours pour ne rien dire, a dit entr'autrês mots celui-ci qui mérite d'être récueilli:
" Ce
qui rend les liommes si malheureux c'est
ils
sont afíámés de bonheur."
qui
*
*
Vous avez déjâ lu le discours d'Alexandre
Dumas et le discours du comte d'Haii8sonville.
Ce qui les distingue, c'est que le premiei- est
écrit pour tout le monde taudis que le second
n'est écrit que pour les raflinés. M. d'Hausson
ville est un délicat qui 8'inquiète fort peu de ce
qu'on pense de lui dans les classes inférieures.
II croit avec quelque raison que le vrai mérite
littéraire est de n'être pas à Ia portée de tout le
monde; il dit que dans les lettres comme dans
les arts il n'y a de bon que les initiés. Au fond,
comme dans Ia forme, son discours a eu plus de
succès que celui dAlexandre Dumas. Ce qu'on
aime à PAcadémie ce n'est pas 1'esprit à brule
pourpoint, c'e8t 1'esprit discret qui joue de Péventail sans être précieux pour cela. En un
mot c'est 1'esprit français et non 1'esprit gaulois.
Pour quiconque ne sait pas lire, bien des malices contre Pautem- de Ia Dame aux Camélias ne
sont pas comprises, mais pour tous ceux qu'on
appris Ia rhétorique de PInstitut, c'est un vrai
régal. Alexandre Dumas ne s'en portera pas
plus mal, mais il lui a faliu entendre, lui qui
comprem! tout, plus d'une vérité cruelle. Cest
sa faute, pourquoi fait-il son éloge,sous pretexte
de faire Péloge du poete de Marie Stuart? Pourquoi compare-t-il cette reine tragique à cette demoiselle tragi-comique qui s'appelle Ia Dame
aux Camélias?
*
*
Mais il est bien question de ces tournois d'éloquence, à cette heure oú Paris continue à tourbillonner dans Ia valse et dans Ia politique.
Vendredi prochain, j'aurai Phonneurde recevoir
chez moi Ia plupartdes belles parisiennes et des
belles américaines. Je ne vous parlerai pas de
Ia íête après Ia fête; mais je veux vous en parler un peu Pavant veille.
Je voulais n'avoir que cinq cents personnes,
le dessus du panier, Ia fleur des pois, le nec plus
ultra. Mais-je suia littéralement assiègé. Le
bal de l'opéran'a pas réussi parcequ'il y avait ãe
tous les mondes: on prédit que ma fête Veni
tienne réussira parceque tout le monde se connaítra; monde politique, monde diplomatique et
monde du high-life. Les femmes font de telles
folies pour leur costumes que Worth et les trois
ou quatre grandes couturières de Paris ne savent plus oú douner de Paiguille. II y a des
femmesquichangerontplusieursfoisde costume,
aussi m'a-t-on demande un salon pour ces metamorphoses. Ce salon mystérieux será come Ia
loge des actrices. En efiet cette nuit là toutes
les femmes seront actrices puis que toutes jouéront un role, sousleloup. Aussi les hommes
sont-ils avertis qu'il y aura des pièges à loup.
II parait qu'on n'a pas peur de ces pièges là
puisque les plus graves personnages veulent s'y
hasarder.
Depuis trois jours je suis invisible, comme si
j'avais Phéliotrope du Dante, pour n'avoir plus
à refuser d'invitations. Mais on n'imagine pas
toutes les comódies que jouent ceux qui veulent
* Entered, accordlng to Act of Congress, by the Nkw-York
Tridunk, to which joumal these letters are orlginally addressed.
'
'¦
NOVO MUNDO.
—r-
une onrte rose. L'un d'eux in'n envoyé liier soa
tómnina houh pretexte que je lui íuíhuíh une grave injui-o en lui rófusant ma porte. Mes tómoins
ont rópondu que nous ii-ions voir levei- Paurore,
8'il le voulait,(lans le bois de Viiicenues, mais Io
lendeniain de Ia foto.
J'ai aussi des duela avec les femmes.
On dit autour de moi que j'enterre ma vie
de garçon. II est bien temps on vérité. Ce qui
fait, dire ce mot c'est que je marie mon premieifile, M. ílenry Houssaye, 1'historieii (PApelles et
d'Alcibíade.
Cest un mariage iPamour comme en Amérique et non comme en Franco. Nous dinions
sou vent au voisinage, chez le comte Potoeki, qui,
depuis Páge de vingt ans, a toujours voulu
compter son âge pour ses millions: il a aujourd'hui 72 ans, cW-à-dire 72 millions.
Rassurezvous: mon filBiPépouse pas les millions du comte
Potoeki. II en serait fort embarassé avec son
goút sóvère pour Phistoire de Pantiquitó. II
épouse une jeune et belle princesse italienne, une
Pignatelli, princesse Cerchiara, dont le père íut
ambassadeur du Roi de Naples en Russie.
Tout en dinant et en voisinant, Pliistorien et
Ia princesse se sont aperçus qu'ils s'aimaient.
L'amour: n'est ce pas le veritable marriage de
convenance? La princesse, qui est Painée et,
qui n'a pas de frère, apporte en dot à son mari
le titre de Prince de Chercliiara. Mais ce qui
vaut bien mieux, elle apporte sa beauté et son
coeur, sans parlei- d'un palais à Naples oú ils
iront flirter pendant leur lune de miei.
Mais je m'aperçois que je suis bien indiseret,
je vous donne là une nouvelle que je n'ai voulu
donner à aucun journal de Paris.
On fait de livres nouveaux, pour changer de
conversation. On réimprime beaucoup les anciens. Par example, voici Sainte-Beuve qui
aort de son tombeau avac des articles de sa première jeunesse. Ce sont des nouvelles Causeries
du Lundi.
Sainte Beuve fut un assez joli causeur, mais
par malhem-, dans ses causeries on sent l'école
avec- sa fleur barbue, on sent Podeur de Ia Iampe, on sent le paríum moisi du pédantisme: son
défaut fut de voir ni de haut ni de loin. II a
eu le tort de promener sa lanterne sourde, queique foia fort lumineuse, sur le petit côté des
choses. Aussi sur toute cette rêverie de raffiné
oú il y a tant de pages charmantes, vouz verrez
bientôt se proíiler Pantre de Poubli, on 11'imprime pas impunément 50 volumes oú le grandes
figures litteraires sont obscurcies par les infiniment petits.
Onpublie un nouveau journal soüs ce titre:
Les Beaux-Arts. Cst un recueil in 49 qui prendra sa place à cote de VArtiste. Cest surtout
un livre à gravures. Vous y trouverez tous les
chefs d'o3uvre contemporaina. La première livraison renferme le Bepentir de Prudlion, des
desBins inédits d'Eugène Delacroix, La Guerre de Punis de Charames et un plafond de Paul
Baudry, quatre admirables choses qui seront un
jour hors de prix et qui ne coútent aujourd'hui
que 3 franca.' Tous les collectioneurs en France se sont fort enrichis depuis quelques années.
Par example, ceux qui se sont abonnés à _'_?•tiste ont retrouvé quatre fois le. prix de leur
abonnement. II en será de même pour les
Beaux-Arts. On vend aujourd'hui 2,000
pour
Ia Baisers de Dorat à cause des gravures.
*
¦
*
.*
Je ne sais pas pourquoi on appelle les académiciens "les quarante " puis qu'ila ne sont jamais quarante. Par example à cette heure, ils
ne sont que trente-huit, Guizot et Janin étant
allés voir dans Pautre monde ce que vaut Pimmortalité dans celui-ci. Je crois qu'ils sont bien
désenchantós dans le royaume des cieux, oú on
ne leur tient pas compte de leur immortalité
avant Ia mor-t.
S'il est inutile d'être de PAcadémie pour traversei- le Styx. c'est bien plus inutile quand on
est vivant. Carie public n'en sait rien, ou plu
tôt lè public se dit: " Pourquoi celui-ci plutôt
que celui là ? Pourquoi Pabbé Trublet, et pourquoi pas Molière? Pourquoi M. Ancelot, et
" Les
lauriers de PAcapourquoi pas Balzac ?
démie sont des cyprès. II ne faut jamais se hâter de les cueillir si on veut garder sur sa figure
et dans ses ceuvres un air de jeunesse.
Quoiqu'il en aoit Ia course au clocher recommence pour les fauteuÜB de Guizot et de
Janin. Les hommea politiquea et les hommes
de lettres sont en campagne avec bien plus de
passion que bí cette Académie, preaque trois fois
séculaire, était une jeune filie de seize ana. On
ne s'imagine pas en Amérique avec quelle ardeur ceux qui sont piques de Ia mouche académique, se mettent en route le matin pour faire
lenrs viaites. A part quelque» grand aeigneurs,
MM. lea Académiciens sont logéa au troisième,
quatrième ou cinquième étages. Comptez quelle
ascencion pour le malheureux candidat? II
i—
ttiTÍvn tout esBoutlló, mais »n lui dit: " L"unmorte] est en confórence avec un camlidat qui
«'est levo plus matin quo vouh. " Notre liomme
redoscüiid Pesoalier pour no pas Be oroiser avec
son enneihi, car les candidata ne peuvónt pus
se voir en face. IIh dovraient ne pouvoir pas
se regardor sans rir<>. Enfin. apròs bien des
hauts et dea ba?, notre liomme finit pnr trouver
un immortel qui le toise du liaut de son imuiortalité et qui a Ia cruautó de lui demandei' pourquoi il lui fait Plionneui- d'une visite si matinale.
—Mouhíoui-, c'(!8t quo je voudrais m'a88eoir à
cote de vous.
LMmiuortel presente un fauteuil.
—Non, Monsieiu', ce n'est pas celui là, c'est
celui de PAcadémie.
LMininortel joue une surprise iusultante.
—Quoi Monsieur, dójà !
—Dójà vous ne voyez donc pas ma barbe
blanche V
Et puis, mon cher, Monsieur pour les amis bien
nós?
Le talent n'attend pas le nombre des années.
—Cest vrai que vous avez Ia barbe blanche:
cela me fait platsir pour vous car cela vous donne un titre sérieux.
Généralement Ia barbe n'est pas bí blanche
qu'elle en a Pair, mais PEau des Fées teint Ia
barbe en blanc comme en noir pour leB besoins
de Ia cause.
—Monsieiu-, puis-je espereiqu'un homme de
comme
vous,
daignera
me donner savoix?
génie,
Généralement, Pimmortel s'enveloppe de nuages comme Júpiter. II emploie un langage
tout académique pour prouver qu'il n'est pas
maitre de donner sa voix. Elle est promise depuis troia générations à Parrière petit fils d'un
académicien, car dans ce pays là on ne connait
que les gens de Ia maison.
Non, Monsieur, vous n'aurez pas ma voix.
Voilà ce que veut dire Ia langue académique
par excellence. Devant ce verdict, le candidat
prend son chapeau et s'en va. II fait 8e8 trenteneuf visites ne désespérant jamaia parce que là
est Ia vertu du candidat.
Quand c'est un homme de quelque dignité
littéraiie, il s'ofíend et bat en retraite, on appelle cela Ia retraite des quarante. J'ai vu à 1'oeuvre Balzac, Théophile Gautier, Gozlan. Balzac
entrait chez Pimmortel en protecteur de PAcadémie; il lui disait qu'il voulait bien faire Ia
grâce d'être de sa compagnie. Balzac n'a jamais
eu que troia ou quatre voix. On a entr'ouvert
Ia porte à Théophile Gautier, mais en se réservant de Ia lui fermer •< u nez. Gozlan n'a même
paa eu une voix.
Quand il fit sa viaite à M. Villemain, ce pédant dont il ne reatera paB quatre lignes, lui
dit brutalement:
- Que me voulez-vous? — II a un fauteuil
y
vacant à PAcadémie.—Qui êtes-vous?—Léon
Gozlan.—Je ne connaia paa. Que faites-vous 1
—Des souliers.—Pour faire vos visites.—Comme vous dites avec tánt d'eaprit!
Et Gozlan leva le pied comme pour saluer
celui qui lui tournait le dos.
Mais c,et immortel était si près de Ia tombe
que Gozlan remit respectueusement son piedparterre.
Avec sa bonne grâce de vieux maítre d'école
le père Villemain indiqüa Ia porte à Léon Gozlan.
—Monsieur, je suis trop vieux
pour avoir du
temps à perdre : une fois pour toutes, sachez-le
bien. vous n'aurez pas ma voix.
—Votrevoix! s'ecria Léon Gozlan, mais ce
n'est paa votre voix que je yieus vous demandei*
c'est votre fauteuil!
M. Villemain pâlit et se trouva mal. Gozlan
fut obligó de lui jeter un verre d'eau à Ia figure.
II y a Pacadémicien silencieux; celui-là se
leve quand vous arrivez. Voub lui débitez votre compliment, il a Pair de penaer à tout autre
chose. Quoi que vous fassiez vous ne pouvez
lui arracher une seule parole. Vous vous tournez le dos pour Peternité si non pour Pimmortalité.
II V a Pacadémicien sympathique qui vous
donne dea eapérances parce qu'il est homme du
monde et homme d'esprit, comme Emile Augier,
Julea Sandeau, Camille Doucet, Octave Feuillet, Xavier Marmier, Alfred Mézières.
Ceux
là jouent avec le candidat, comme le chat avec
Ia souria, aáns Ia craquer. Ils ont du moin8
toutes les politesaea exquises; ils n'ont paa écrit
sur leur porte le vers du Dante sur Ia porte de
PEnfer;
Cest chez un de ceux là que ces jours-ci
un candidat eBt arrivé à Pheure du diner. On
lui a offért de ae metre à table, il ã jugé
que c'était une promesse, il a mangé comme quatre
pour faire honneur au diner, après le diner il y
avait une petite reception.
Se croyant obligé,
le candidat est reste toute Ia soirée. A minuit,
tout le monde était parti, il était encore là tout
rayaunant, convaincu qu'il avait enfin une voix
*—
"'
-—
ncqtliso. Voyez vous d'ici Pinquiótude de Pacadómicieii et do bo famille. On regardaitaveo
ctlroi a Ia pêndulo. La femuie parlait des ruea
désertüB, Io mari parlait des voleurs: le candidal tenait bon.
A Ia fin, Pacadémicien s'éoria: " qu'on couvre
un lit et que MouBieur aille bo coucher.*' .
Ceoi hYhi peut étre paBBÓ chez M. Camille
Doucet qui será, je n'eu doute pas, à Ia mort de
M. Patin, Sóoretaire perpetuei de PAcadémie.
On voit que par avance, il fait bien leB choses.
Cest une tròs Bympathique figure que celle
de Camille Doucet; il a lainsé de charman.8
Bouvenira de son gouvernement des Théâtres :
il faiaait bon visage à tout le monde. II avait le
grand art de dire oui môrne quand il disait non,
ou 8'en allait du moina avec un sourire; il ne
préchait pas mais il moralisait. Combien de
femmes et de filies du monde qui voulaient
chanter à Popóra ou déclamer à Ia comédie
françaÍ8e 8'en sont révenues chez elleB désabusoes par les bonnes paroles légèrement railleuses de Camille Doucet! II leur faisait si spirituellement le lamentable tableau de leur vie
dans leB coulisses, qu'elles «'en allaient afiarées.
Camille Doucet pouvait croire à des ennemis irréconciliables, mais dòs le lendemain il recevait
une petite lettre charmante laquelle il répondit par une loge (Popéra ou de comédie française pour bien prouver que Ia place dea femmes
et de filies du monde était dans Ia salíe et non
sur Ia scène.
M. Camille Doucet a Part académique de
dire des vérités en souriant. Quand on va à
PAssemblée de Versailles, en quittant PApsem
blée de PInstitut, on ne se douterait jamais que
c'est le même peuple qui parle. La bas toute
les violences, et ici toutes les douceurs. Mais
lea fleui-a de rhétorique ont auasi leura épines et
parce qu'on parle à PInstitut, on n'y dit paa
1„ vérité: "Voua qui aavez si bien le latiu et
quine voub en cachez pas." On ne pouvait
railler plus agréablement Jules. Janin, en ce
paya des compliments. Mais c'est là le caractère de cet esprit três fin qui n'est saisi que par
les délicats.
Vauvenargues a dit: "Malheur aux delicats." Dans les lettres lea délicats ne sont guère
appréciés; on veut des hommes tout d'une pièce, des figures accuaéea, dea tons vigoureux;
Pharmonie n'eat pas de Baiaon; Ia grâce et Ia
douceur sont des vertus abrogées ; le temple du
goút est une ruine aans grandeur; les Girondins
de Peaprit sont sacrifiés aux Montagnard8; le
café est toujours en faveur mais líacine a un
peu passe .... O Racine! o divin Racine! à
Pacadémie on apprécie les délicats.
Ils sont forces comme le héros antique de cacher leur force soua leur douceur. Celui là était
un vrai académicien qui disait: " Si j'avais les
mains pleinee de vérités je me garderais bien de
leB ouvrir." Qui oserait esperei- Ia vérité d'un
pays, oú, comme disait Chamfort "un homme
est louve en sa présence par un autre homme
qu'il vient de louer lui même en présence du
Mlle.
public qui s'amuse de tous les dmx?"
de Leapinaase avait coutume de dire aux>éances
de reception, quand les deux diacoura étaient
debites: "Je u'en .crois pas un mot.'' En effet,
qui prendrait pour de Pargent comptant les éloges qu'on donne à Pimmortel qui vient de .mourir et à Pimmortel qui lui 8uccède. Non seulement ce sont de grands hommes mais encore ce
sont de grands saint8. Ce n'est point à Rome
qu'on canoniae, c'eat à PAcadémie française.
Les quarante de tous les âgea sont aortis de là
avec dea oraisons fúnebres qui doivent leur ouvrir à deux battanta les portes du paradis. Or
qui va remplacer Guizot et Janin ? Deux hommes qui n'on rien fait. Cest un mérite aujourd'huiqu'on fait tant de sottises et qu'on en écrit
tant.
*
* *
Richelieu, fondafeur de PAcadémie française,
était hier en joie et liesse, couché dans son.tombeau à PEglise de Ia Sorbonne. On ne lui avait
paa apporte le laurier académique, mais Ia couronne de roses blanchee. On célebrait á midi
dans cette petite église le marriage d'un homme
de sa famille, M. le Marquis de Jumilhac, Duc
de Richelieu.
On n'avait jamais décoré le
choeur et Ia nef avec plus d'ebplendeur: des
draperies de velours rouge frangé d'or toutes
constellées de fleure, un parterre qui était un
jardin, d'admirables tapeceries sur tous les
murs. M. Maret, évèque de Jura, présidait. La
meaae a été dite par M. le cure de St. Philippe
du Roule,mais c'eat M. Maret qui s'était reserve
Péloquence et Ia bénédiction nuptiále. J'oubliaÍ8
de dire que Ia marriée était Mlle.Heine, Ia filie du
banquier du faubourg St.Germain. Ala haute
banque,il n'y a qu'un paa.quand il 8'ágit de marriage. II y a un abíme, quand on ne 8e marie
pas. Après tout, les pièces de cent aous ont
aussi leur blaaon.
Hier, Baaileuaki qui aurait pu être Grand
(PEspagne, mais qui croit que son vrai blason
O NOVO MUNDO.
est sa galeria des ohefswVoauvres du moyun-ãge,
elonnuit à diner ã Nigia, son nouvel ami. On
elucida la question (lus fenunes pour Pemhrouiller un peu plus. II y avait lá de vrais dooteurs
òs-scionces.
Voici quelques miottes tombées ele la tablo:
," *
*
Pour les liommes, ljamour n'est qu'un conte;
tandis que pour les femmes, c'est toute une histoire.
*
Si vous voulez être aiiné, il laut avouer le
premiei*,parce que la femme n'aímeque son premiei- amant. Dans les autres passiòns, c'est l'amour et 1'amant qu'elle.aime.
*
*
L'amour ele certaines lenimes elonne la mort.
Quelques liommes s'y,liabituent—comme Mithridate au poisou.
*
*
On rappela le mot de Mirabeau:
La piideur a son crime et le baiser son innocence.
On rapella aussi le mot de Napoléon:
Les róis et les maris trompéssont toujours les
derniers à le savoir.
.,
.
*
*
La parisiemie est une esclave sur un trone.
*
Les femmes les plus fortes sont, cedles qui s'arment de leur faiblesse.
Le masque de 1'amouv a pris plus de femmes
que 1'amour lui-même.
Et cent autres mots elont je ne me souviens
plus aujoud'hui.
Ma mère est une femme d'esprit, du vieil
esprit français, car elle a quatre-vingts ans.
Dans la conversation elle a beaucoup plus ele
ve. v que les plus jeunes.
Un jour que Alberic Second voulait nôter see
jolis mots sur un çarnet, elle lui dit gaíment:
—Ce n'est pas la
peine: les mots qui tombent
des lèvres sont comme des volées d'oiseaux
chanteurs qui s'envolent pour ne plus revénir.
Dans les causeries parisiennes on dit mille
chuses charmantes/' volées d'oiseaux chanteurs
qui s'envolent pour ne plus vévehir." Si tout.
était écrit et imprime cu ne serait plus la peine
de parler.
*
* *
Je veux finir aujourd'hui par un mot de caractère:
Vendredi, à une des premières loges de l'op6ra, une grade dame, n'autant plus décottelee qu'
elle était illuminée de diamants, s'impatientait
d'être lorgnée par un curieux ele 1'orchestre.
—Ce n'est pas la
peine de rougir, dis-je à la
dame, c'est sans doute un marchand de diamants.
—Et bien, c'est
pour cela que je rougis, parce
ne
veux
que je
pas être estimée ce que je vaux.
Arsène Hotjssaye.
0 GUARDA-CHUVA.
palavras sobre este traste importante.
ALGUMAS
Seu uso geral dacta dos meiados do século
XVIII. Na antigüidade uzaram-o somente os
reis, symbolo de authoridade tão importante
como o sceptro. Figura entre as insígnias reaes
nos mármores de Persépolis e nos baixos relêvos da Assyria.
Acaso seu uzo limitadíssimo na Ásia e Africa o fez passar como distineção e luxo á Grécia
e d'ali á Eoma. Os sacerdotes da primeiras
egrejas Christans, diziam missa debaixo d'elle
e os cardeaes ao receber seus títulos das egrejas
basílicas, recebiam juneto com o capello um
guarda-chuva. D'aqui até nossos dias tem sido supplemento indispensável das insígnias dos
altos dignitarios da egreja um guarda-chuva de
oiro, e em muitos logares a hóstia vai sempre
debaixo d'elle.
Somente, neste caso, recebe o nome de pallio.
Montaigne nos disse que o uzo do guardachuva, como abrigo contra o calor abrazador
do sol, estava no seu tempo em voga na Itália,
porém que elle o julgava mais embaraçoso do
que commodo, considerando-o um pezo insuportavel para o braço. Os guarda-chuvas que
haviam então na Itália eram feitos de couro
em forma de pequenos dóceis, com varetas de
madeira e um cabo muito comprido. Eram
bastante pezados e muito particularmente os
levavam homens á cavallo que podiam sustental-os com o braço. Parece que existiram com
a mesma forma e durante a mesma época na
Hespanha e Portugal, d'onde foram trazidos
ao Novo Mundo.
llocordar-se-ha que Defoe faz á ltobinson
Cruzoo descrever os guarda-chuvas
quo tinha
visto no Brazil, o imitaudo-os fabricou o seu:
•« O cobri com
pelles, disso elle, cora o pello para fora, para quo mo protegesse contra a chuva
e ohoI."
Naquelles tempos, depois que se fechava o
guarda-chuva não o levavam como costumamos fazer agora, si não voltado com o cabo
para baixo, passando o dedo por dentro de uma
argola que era preza na ponteira, e que se vêem ainda hoje em alguns parasoes de senhoras.
No começo do século XVII, o parasol se uzou
na Inglaterra, feito de pennas na parte exterior
o de encerado por dentro.
Durante o reinado da rainha Anna appareceu
em moda o grarda chuva, porem scímente
para
o bello sexo; e decorreu mais de metade do seculo XVIII antes que o uzassem os homens na
Inglaterra.
Em 1762, o que devia ser mais tarde general
Wolfe, escrevia ele Pariz: " Aqui a gente uza
guarda-chuvas durante o rigor do verão para
defender-se do sol e um traste muito parecido,
senão o mesmo, para evitar a neve e a chuva.
"Me sorprende como este costume
não se tenha ainda aclimado na nossa Inglaterra."
Como se houvesse advinhado o desejo do héroe de Quebec, certo cavalheiro, ptelo mesmo
tempo, se aventurou a passear nas ruas de Londres debaixo de um guarda-chuva. Chamavase elle Yonas Hanway, cujo valor e arrojo ceiebra a historia, o qual acabava de voltar da Persia muita enfermo; e apezar de que o estado da
sua saúde podia de certa maneira desculpal-o,
o povo apupou-o, chamando-o " francez afeminado."
Em 1770, John Macdonal chegou á Inglaterra com um guarda-chuva de seda, que havia
comprado na Hespanha, e todo o mundo o se"Francez,
guia gritando
porque não tornai
um coche?" Disse-se que o nervo da opposição era representado pelos cocheiros, para os
quaes um guarda-chuva era um phantasma que
ameaçava destruir a sua industria.
Na estatística de Glasgow de 1781, apparece
que um tal John Jameson, Cirurgião, trouxe
de Paris um guarda-chuva que sendo o primeiro
que se vio n'aquel'a cidade attrahio a attençao
geral.
Aqui nos Estados Unidos, em New Haven,
como viram o Cura sahir de baixo de um guarda-chuva, um dia chuvoso, o estigmatizaram
porque ia de encontro a vontade visível da
Providencia, que segundo disiam, enviava
a chuva para que o homem se molhasse.
" Sabe d'aqui com isto " dizia o celebre Lord
CoBNWALLis á um criado que abriu um guardachuva sobre sua cabeça n'um dia chuvoso;
"eu não sou de assucar
para derreter-me por
esta chuvinha." E o Imperador José H, da
Áustria, respondia á seu ajudante que lhe offerecera um guarda-chuva " que! acaso a chuva
faz outra cousa que molhar a roupa ?"
Concluímos protestando contra esta intransigencia, filha das tradicções que temos referido, pois não pôde negar-se ao possuidor de um
guarda-chuva o verdadeiro titulo de propriedade sobre o seu objecto. Declarado artigo de
primeira necessidade entre nós, pôde qualquer
despojar-nos d'elle sem temor de incorrer
n'uma falta. "Meus irmãos, dizia, ha dias á
sens ouvintes um pregador methodista ; conheço que a moralidade do povo tem melhorado
muito, de pouco tempo á esta parte. Sei de
trez guarda-chuvas emprestados que tem sido
restituidos á seus donos."
NOTAS.
—Paul Batjdry, o pintor daNovaOpera de Pari/, foi condecorado com a commenda da Legião de Honra.
—New York tem immenso commercio em
fruetas estrangeiras. Nos trez mezes de
Janeiro a Março p. p. foram importados de
Havana, Mayaguez, Kingston (Jamaica),
etc, 18,194 barricas com 10,101,787 laranjas. De bananas chegaram 18 carregamentos, principalmente de Baracoa, e consistindo de 358,238 cachos. Ao passo que a
perda por deterioração foi de 47 por cento
nas laranjas, não excedeu de 15 por cento
nas bananas. Também chegaram vinte e
septe carregamentos e partes de carregamentos de cocos, em numero de-1,780,801,
dos quaes 10 por cento chegaram deteriorados. Os cocos vêem principalmente de Baracoa, Honduras, San Blas e Kingston. Da
Havana e Nassau também chegaram nesses
trez mezes 2,785 ananazes.—Só dessas fructas a Alfândega de New York percebeu
no trimestre 320,200$000 de direitos, o seu
valor total sendo de 1,600 contos.
—Estão agora edificando em S. Francisco da Califórnia o maior hotel do inundo.
183
Occupa 96,500 pés quadrados de superfície, 1873, não
so pôde negar que o commorcio
tom quatro frentes e septe andares acima do estrangeiro
do paiz não mostra apparentenivel do chão o dos subterrâneos. Com- mente
essa melhora, pois nos trez primeiros
prehende todos os melhoramentos dos prin- mezes deste anno o valor da osportação não
cipaos hospedadas dos Estados Unieleis e da
excedeu de 126,000 contos quando no mesEuropa. Tem 755 commodos de dous em mo
de 1874 foi de 146,000 contos e
dous commodos ha um quarto de banho, no doperíodo
1873 foi de 138,000 contos. Ao pasprivada, etc. Ha quatro ascensores para so
que no primeiro trimestre do anno p. p.
os hospedes e um especial para a bagagem. a importação
foi do valor de 243,000 contos,
O tamanho dos quartos simples é do 30 pai- a do deste
anno não passou de 213,000 coumos sobre 30. Porá dar uma idea da
gran- tos, e a de 1872 excedeu de 254,000 contos.
do escala em que são levadas as operações
—Os cidadãos de Glasgow, Esceissia, esdeste hotel seria necessário dar aqui uma
relação da quantidade de guardanapoa, toa- tão promovendo uma subscripção do somlhas de mesa e mão, cortinas de janella, etc. mas não excedentes de 50$ para levantaque foram comprados em New York para rem um monumento a Livingstone, o ceieseu uso. O custo total da construcçao ex- bre explorador da África, que nasceu nacedera do quatro milconíos de réis e os seus quella cidade.
—Mr. J. G. Bennett,
dous proprietários estão resolvidos a apreproprietário do
sentar ao inundo o mais completo hotel da New York Herald comprou o vapor inglez
edade moderna. Um desses proprietários é Panãora e vai despachai-o ein viagem
Mr. Sharon, ultimamente eleito Senador scientifica ao Polo Arctico. O vapor acelos Estados Unidos pela Nevada.
companhará e> Alert e o Discovery qne o
—O Tenente-Coronel Grant, filho do Governo inglez vai também despachar com
Presidente da União, vai dernittir-se do ser- o mesmo fim.
—Casou-se ha dias em New York e> ceviço do exercito e dedicar-se a vida bancaria em Washington. Eoi a espada e se") a lebre prestidigitador Hermann com uma
espada que elevou seu pai á presidência; senhora chamada Seksey.
mas nem por isso vel o filho bom e prospero
—O Sr. D. Pedro II obteve 43 votos na
futuro na vida militar,—o que prova muito
sua recente eleição de membro corrosponbem em favor do paiz.
dente do Academia elas Sciencias, do Iusti—O Bien Public teve a idéa de annun- tu to' ele França. Seu antecessor foi o Aliniciar n'um dos dias deste mez, que o Impe- rante russo Wrangel.
Sens rivaes na
raelor do Brazil, fatigado de dissolver a Ca- eleição foram M. M. Saly e Shàbles
que
marados Deputados, de oppôr-se á reforma obtiveram 7 e 2 votos.
eleitoral pelo systema directoede todos esses
—Outro dia viam-se n'um funeral todos
encargos do Governo, resolvera abdicar da
os membros do Supremo Tribunal de Jusda coroa em favor de sua filha, D. Isabel,
tiça
dos Estados Unidos em Washington, e
e vir depois residir nos Estados Unidos. De
com
elles outras pessoas em altas posições.
Washington julgou-se próprio negar-se com
O
defuneto
era um negro de 72 annos, que
toda a solemnidade official, uma noticia
que servia de porteiro da sala das becas, do elicposto que dada pelo orgãm predilecto de to Tribunal.
M. Thiers, trazia em si o cunho da sua
—A Rússia
mesma ínèxactidão.
Mas entretanto a noquasi que rouba á palma, aos
ticia não deixou de produzir bom effeito Estados Unidos como o paiz dos incêndios.
pois chamou a attençao publica para o sem- Eis que nos dizem que se') em Julho e Agospre esquecido Brazil. E? escusado dizer to do anno passado houve ali 1433 incenque alguns desses periódicos asseguraram dios, destruindo .14,040 edificie>s e matando
ao Sr. D. Pedro II (sem duvida certos ã 267;pessôas. Só uo curto verão passado
que elle os lera) que a Republica teria mui- o prejuízo elos fogos foi ele cerca de lí mito prazer em recebei-o e, depois de cinco lhoes de rublos.
annos de residencia,dar-lhe-hia carta de na—A Eschola Polytechnica de Pariz
que
turalização de cidadão. 0 Neto YorJc Times, até aqui tem sido civil e militar, vai
soffrèaté, previu que Sua Magestade seria ai- uma
grande reforma. Os estudantes milü
guin dia Senador em Washington. Como tares vão passar-se para St. Cyr, vão-se
quer que seja acerca da residência e da na- crear outras escholas militares ásiinilhauça
turalização, o facto é que o Imperador do desta ultima, e a Eschola Polytechnica,
Brazil, si com effeito visitar este paiz proxi- tornando-se
puramente civil, vai passar-se
mamente, com se diz, terá magnífica receppara o ministério das Obras Publicas.
ção de seus cidadãos,—magnífica não por—Conta-se uma historia muito curiosa
que haverei foguetes de ar nem repiques de
sinos, mas, simplesmente pela cordialidade e que suecedeu em Madras, na índia. Um
affectuoso e sincero júbilo que causará a vi- negociante indico tinha um macaco, e sahiu
sita de tão illustre Brazileiro, chefe do mais com elle a um viagem. No caminho foi
assaltado por ladrões que lhe robaram as
poderoso paiz do continente austral.
jóias e o dinheiro e depois o atiraram a um
—O Rei Alfonso declara
que não quer poço secco. O macaco que trepara
por
receber visitas de sua mãe. Elle gosta dei- uma arvore arriba, assistiu
a tudo isto, e
la, mas longe.
logo que os ladrões se foram, desceu e foi a
—O Papa excommungou outra vez os uma casa vizinha e por meio de signaes e
Velhos Catholicos.
Que pena que estes já gestos mil, obrigou a gente que ohi morava
á vir com elle, para verem o cadáver do seu
estejam tão accostumados a isso!
defuneto
anno. Aquella gente ajudada pelo
—Afinal o poeta Edgar Poe vai ter um
mono,
sahiram
logo no encalço dos crimimonumento no seu túmulo em Baltimore:
nosos
e
o
acoutarain.
é um obelisco de mármore branco eio valor
—O capitão Boynton
de 3 contos.
que atravessou
—Publicou-se ha pouco tempo em Lon- quasi todo o canal da Mancha no melhor
salva-vida que existe, e que elle
dres um volume contendo as " Memórias vestuário
inventou, é Americano.
de.GrEEViLLE,"—um diário em qüe este no—A população da cidade de Londres tem
bre par inglez notava o que se ia passando
estado
sob o dominio de grande reanimação
na elevada sociedada em que gyrava, as noreligiosa,
causada pela prigação de Moody,
tas sendo escriptas com toda a liberdade e
o
celebre
orador sagrado Americano. As
sendo verdadeiras photographias de tudo o
reuniões
teem
attendido ás vezes 18,000
que o escriptor via e ouvia acerca daquelles.
de
todas
as classes, desde a Princereis estúpidos, sensuaçs e de espirito vul- pessoas
za
de
Galles
até
o proletário. Em Bergar. A mãe da actual Rainha Victoria, lim
ha
também
um
a Duquesa de Kent, é pinetada nas suas
pregador Americano,
Smith,
tem
attrahido
muita attençao, e
que
cores naturaes, isto é, como uma velha muiá
cujas
tem
asistido
predicas
to vaidosa e desagradável, que, por exemgrande concurso de povo, incluindo pessoas da famipio, insistia sempre que os fortes saúdassem o seu escalér quando ella ia pescar. O lia real.
—A,"Saturday Beview, de Londres, de
editor dessas memórias Mr. H. Reeve, cor3
do
corrente, traz um artigo extenso contra
tou- muitas das notas das memórias; mas
as mesmas que publicou produziram muita a colonização ingleza no Brazil. O escripimpressão na Inglaterra contra a realesa. tor allude especialmente ao mau êxito
que
Mr. Reeve não tem mais entrada no paço teve a immigração ingleza na colônia do
e a Rainha declarou que nunca mais rece- Assunguy, Provincia do Paraná, tal
qual
bel-o-ha, apezar de que elle é membro do foi descripto pelo Sr.Cônsul Hunt, do Rio
conselho privado. Alguém lhe intimou que de Janeiro.
a Rainha acceitaria a sua demissão, ao que
—Publicou-se na Allemanhà uma
gvamMr. Reeve respondeu que estimaria dal-a, matica da lingua
geral do Brazil, segundo
ficar
livre para publicar a celebre do
pois que queria
padre Anciiietta.
outros volumes de memórias. A?vista dis—O Macmülaris Magazine trouxe ultito consta que tornaram a pedir-lhe que não
mamente um artigo em que discute o caso de
se dimittisse mas que deixasse as memórias
de lado. Diz-se que este livro tem tido George Gordon, um Inglez que tendo-se
casado em 1843, no Rio de Janeiro, com
mais effeito contra a realesa do que os disuma Protestante, casou-se em 1871 com a
cursos dos republicanos.
Baroneza de Beulwith, Catholica,—a
—Apezar de
que se percebe já uma gran- egreja desta ultima dissolvendo e primeiro
de melhora no commercio dos Estados Uni- matrimônio
"clandestino,"
como
por ser
'dos
tão
commovido
foi
que
pelo pânico de protestante.
¦——-——-——-
184
O
**
NOVO MUNDO.
_^
AGRICULTURA.
em seguida publicamos,
escripto
Sr.
Dr. José de Babbos
OPARECER^que
pelo
ex
Deputado
Pimentel,
pelo Sergipe, foi apresentado ao "Comício Agrícola Sergipense," e
retracta fielmento a situação da lavoura em o
norte do Brazil. Agradecemos ao Sr. S. de
Babbos Pimentel, do Aracaju, o favor que
nos fez enviando-nos este excellente escripto.
Como membro da commissao que o conspicuo Presidente do Comício agrícola, auctorisado pelo respectivo conselho administrativo,
nomeou para estudar o estado da lavoura da
provincia, e indicar os meios mais apropriados
e mais promptos de fasel-a sahir do estado de
abatimento em que se acha, venho offerecervos, como um fraco tributo, o resultado de fugitivas locubrações.
Não se espere um trabalho aprofundado; a
natureza da incombencia, e a falta absoluta de
dados estatísticos, tão necessários á apreciação
dos factos, levantam-se para amparar a insumciência d'este parecer.
As linhas que vou traçar, pondo a descoberto o nivel da nossa impericia, não podem deix ir de ser singelas. Assim arredarei do caminho
ais flores da erudição, e farei um appello aos
factos, que únicos poderam ter a magia de
condemnar uma situação econômica tão angustiosa como desesperada.
Ainda que espaçoso o quadro do nosso programma, penetrando no intimo do vosso penMimento, me parece de indiclinavel convenien<ia amplial-o.
Composto este conselho exclusivamente de
proprietários de engenhos, e sendo o engenho
entre nós uma aggregação de industrias distinetas, a industria agrícola e a industria fabril,
fatalmente ligadas e subjeitas a leis e a conhecimentos diversos, não é acreditável, que se
pretendesse circumscrever-nos ao exame de
uma com esquecimento da outra.
Teríamos negado o vosso intuito si, pondo
em scena a agricultura, deixássemos na penumbra o fabrico do assucar, por onde se escoam
as mais presiosas gotas do suor do lavrador.
Será pois o engenho o nosso ponto objectivo.
* *
Desde que, não se contentando o homem
fruetos esem sua condição primitiva com os "delia
terra,
obter
da
uma
procurou
pontaneos
maior somma de produetos, despontou em seu
espirito o pensamento de estimulal-a. A experiencia não tardou em mostrar, que quanto
mais bem aberta era ella para receber a sêmente, mais frueto sahia do seu seio. D'ahi a idéa
de perfural-a com um páo: depois a de um
gancho tirado por um boi; passados tempos
juntou-se ao gancho uma ponta de ferro; e para
facilitar-se-lhe o emprego deu-se-lhe a forma
da rabiça.
Era esse o arado dos Phenicios, que, regando
imperfeitamente a terra recebeu, séculos depois, aos primeiros clarões da civilisação da
Grécia, um valioso complemento, uma taboa
ao lado, que ao passo que levava diante de si a
terra deslocada, a separava e revolvia.
Eis como nasceu a aiveca.
A resistência de certos terrenos lembrou o
segão, que cortando-os na frente facilitava a
marcha do providencial instrumento.
No irresistível fadario do andar por caminhos, muitas vezes invios e tenebrosos, de ensaids, chegou o homem a crear a formosa sciencia da agricultura, á que hoje quasi que levantam um culto as nações civüisadas.
No meio do movimento universal uma mão
de ferro como que nos prendia a um rochedo.
Era o anathema da escravidão que nos entorpecia.
Dormindo á sombra do funesto presente que
nos fizeram nossos maiores, e contando com a
excepcional uberdade de nossas terras persuadiram-se os primeiros lavradores que nem a rasão havia um dia de triumphar, nem essa immensa fertilidade diminuiria.
E durante mais de trez séculos fecharam os
olhos, e taparam os ouvidos, para não verem
o progresso de outros povos, e não ouvirem os
reclamos da humanidade.
Na sua louca vaidade, como os povos conquistadores, receberam sem o sentir a lei dos
vencidos. Os senhores, afinal em lueta com os
escravos, tomaram d'elles os hábitos da inércia
e submeteram-se ao jugo da rotina.
Quando estremeceram d'esse somno enganador acharam estanque o viveiro de onde arrantavam as miserandas victimas da cubiça, e
desfalcada a opulencia de um solo abençoado.
E não foi tudo, encontraram no mercado generos similares de novas procedências disputando aos nossos a primasia. Não cogitaram que
o trabalho livre guiado pela sciencia havia de
por força supplantar o trabalho servil amesquinhado pela ignorância.
Desmorteados com tão desusado espectaculo,
que nada menos é que a imagem de suas ruínas,
soltam hoje o grito de angustia, e estendem as
mãos a agentes desconhecidos.
Como o naufrago, que arrebatado pela corrente, põe-se a escolher o ramo a que debe
agarrar-se, e acaba por segurar-se ao mais
frondoso, que é muitas veses o mais frágil, assim,o lavrador, que digo ? os senhores de engenho, entre os vanos alvitres que lhe indicam
como verdadeiros salvaterios, inclinam-se a
abraçar o mais seduetor talvez, mas o que os
pode preciptar a novos abysmos.
<mm
Na eminência da catastroplio que o ameaçam,
chegam a persuadir-se que panacea havenl qno
lhes possa trazer a cornucopia de sonhadas riquesas. Para uns é a colonissação quo fomecendo-lhes braços lhes facilitará a cultura da
terra; pura a maior parte a creação de bancos
agrícolas, que ministrando-lhes capitães baratos os livrará do peso da usura, e lhes proporcionará meios de adquirir novos instrumentos,
com que angmentem a producção; para alguns
finalmente, e esses poucos, a instrucção profissional, porque não sendo seus effeitos immediatos não confiam em sua applicação.
Seguindo uma ordem inversa no exame d'esses teutamens não hesito em affirmar, com todos os escriptores que se teem oecupado desse
grave assumpto, que a causa primordial do
nosso atraso e a nossa ignorância, e que o unico meio de debellal-a é a instrucção. Para demonstrar tão pungente acerto ponhamos em
relevo a cultura de nossos campos, e o meio
de fabricarmos o assucar.
Nos países onde não ha nma cultura preponderante, e em que a agricultura gyra d'entro da esphera que lhe tem traçado a sciencia,
concebe-se que o publicista se satisfaça em
proclamar os princípios que a regem; em Sergipe, porém, onde a canna de assucar tem usurpado uma soberania, que dando carta de nobresa a quem a cultiva, condemna á deplorável
menospreço a quem lhe nega preferencia, as
vistas devem para ella convergir com detida
attenção.
Em torno d'ella pois gruparei as observações
que se prendem a esse tópico interessante.
*
Tomando o cultivo da canna por ponto de
partida cedemos ao reconhecimento de um
facto, que sobre ser o objecto da grande cultura, é ella a única planta por amor da qual tem
até hoje recebido a terra, ainda que com parcimonia e imperfeição, as honras do arado.
Exhausta a terra por uma cultura irracional, e pelo perniciosíssimo costume das queimadas, recorreram alguns mais atirados lavradores ao emprego do arado, que, já por não
ser sempre o mais apropriado, já pelo imperfeito uzo, que d'elle fasiam, não apresentara os
grandes resultados que esperavam. D'ahi o
abando ao a que alguns o condemnaram.
A poucos de vós será*estranho o facto de um
lavrador, que passa ailás por ter idéas claras,
mandar lançar o seu arado á bagaceira, por que
lhe cansava as terras !
Si esse senhor de engenho soubesse quaes
as condições em que se. deve collocar a terra
para produzir muito, e qual a verdadeira funcçáo do seu instrumento, não o teria despresado.
E' que elle ignorava que a canna, como todo
vegetal, tem duas fontes de vida, uma na terra,
outra na atmosphera; que a terra fornece-lhe
certos alimentos, e o ar outros; que a terra tirando sempre de si parte de seu corpo acaba
por empobrecer, e não poder sustentar o seu
hospede; e que o emprego do arado sem bem
conhecér-se os meios e os fins é as veses
pernicioso.
A terra por via dos estrumes e ás veses somente pela mudança de cultura, paga-se do que
tirou do seu seio para crear a canna: ao arado
não se deve pedir mais do que aquillo que elle
pode dar, abrir o rego. E aberto o rego ter-seha conseguido predispor a terra para sua maior
producção ? Engano. O ..arado não faz mais
do que rasgal-a; rasgando á comprime o fundo
do rego, que com difliculdade- dará passagem
ás raises da planta, e atira para os lados torrões, que, collocados nella para cobrila, estórvam o seu desabrochamento. O arado pois, segundo a natureza do terreno, pode profundar
de mais ou de menos o sulco, e nesta hypothese é sua atilidade posta em duvida. Si o lavrador, porem, tivesse noções de chimica, e verificando a perda que soffrera o seo terreno, lha
fisesse resarcir com applicação de estrume
apropriado; si analysando a sua composição,
não menos que a sua formação, visse até onde
devia penetrar o arado, attenuados seriam esses
inconvenientes, os quaes desappareceriam de
todo si o preparo da terra fosse levado ao ponto a que tenm chegado os verdadeiros agrohomos; si á rega suecedesse o emprego da grade
e si á grade se seguispara quebrar os torrões;
se o uso de rolo para 'nivellar o terreno e levemente comprimi-lo; si finalmente com outro
arado menor a disposesse a receber a semente.
Se tivesse practicado estas operações, ou si
por circumstancias quaesquer parando na priiheira, plantasse o toro da canna muito na superíicie, expunhe-se a vel-o inutilisado
acção dos raios solares, que não tardariam pela
em
crestar-lhe os rebentos. Assim, afofada a terra, um pouco de reflexão o devia a conselar a
cobril-a com mais espessa camada.
Foi naturalmente a falta d'ella que deu motivo a condemnação do instrumento, que todos
os povos, ainda os menos adiantados, porfiam
em empregar.
Eis, seuhores, um facto que põe em sua desnudez o atraso de nossa lavoura, facto deploravel, que praticado por uma pessoa qnalificada não pôde deixar de derramar o maior desanimo, como soe acontecer com todas as tentativas mallogradas, nos espíritos tímidos e
acanhados, e que prove que a enchada, acompanhada de seos indefectíveis satélites, o machado e a fouce, ainda campêa ovante em
nossos campos.
E' verdade que contra practica tão obsoleta
hoje se levanta uma salutar reacção, de
que
sois, me permittireis que o diga, os orgam
mais esforçados.
Não basta porém que sintamos o mal, nem
que lhe verifiquemos a causa: o que nos cum-
-miiii
,,.„.....,„„.
pro é applicar lhe o romedio por todos os modos e moios, efficaz e promptamente.
Mostre-se ao lavrador que sem conhecer os
elementos de quo so compõe o seu terreno não
pôde, dopois do cansado, restituir-lhe por meio
do estrumes o que perdera na constância da
producção; prove-se lhe quo com a applicação
de um trabalho illustrado não ha terreno mau;
ensine-se-lhe finalmente a chimica, que com a
botânica e a physica, o guiará n'este intrincado
labyrinto. Ainda não é tudo; demonstre-se-lhe
a immensa vantagem, que sobre a enchada leva
o arado; que o arado (o cultivador) além de revolver a terra serve para limpar, e que movido
por bois ou por cavallos dispensa grande numero de braços. Mostre-se-lhe ainda, que, si
quer maior quantidade, maior rapidez no trabalh o, empregue outro motor mais forte, mais
constante e invariável, o vapor, que mediante
pouco dispendio, moverá quantos instrumentos
agrários possam couvir.
Já que toquei em força motriz vem a pello,
sem prejuiso do que resta diser sobre a agricultura, externar minha opinião sobre colonização.
*
Olhada meramente como suppriménto de
braços, sempre considerei a colonisação como
um expediente impolitico e bárbaro; não assim
a immigração espontânea que vindo augmen
tar pelo trabalho livre a riquesa do paiz tem
'direito á nossa solicitude.
Pondo de parte esta opinião, singular talvez,
e admittindo que convenha introduzir algumas centenas de trabalhadores europeus, quem
nos diz a nós, que quando elles não se accomodam facilmente ao Sul do Império, em S.
Paulo, por exemplo, hoje á testa do progresso
industrial, em um clima temperado, com contracto u de parceria na producção do cafeseiro,
planta vivaz, se satisfaçam com o nosso clima
abrasador e com o áspero cultivo da canna,
que é preciso todos os annos repetir.
Se o nosso senhor de engenho não se arranja
com o filho do paiz, si entre um e outro se nota tal ou qual antagonismo, si raro é ver um
morador na propriedade, como esperar que o
estrangeiro com hábitos differentes, com outras
ideas e outras aspirações, se preste a partilhar
connosseo nossas fadigase os nossos proveitos?
O europeu ou vem em busca da propriedade,
cu esbarra nos povoados. Pretender que elle
venha trabalhar em nossos campos a salário, é
acreditar n'um sonho; e quando o sonho fosse
meu, só a iniciativa particular o poderia attrahir. A acção do Governo tão potente para
outros anhelos, se despedaça e se some ante tão
palpitante commettimento.
E' no priz que podemos achar auxiliares. A
esses trabalhadores, que por ahi se alugam a
dias, ou á conta, cumpre interessar ao engenho,
já tornando o trabalho mais suave, já mais lucrativo. O indígena será por muito tempo o
substituto do africano.
Só quando mudarem as nossas condições sociaes, e a onda dá immigração transbordar até
nós é que teremos conquistado a posição, a que
nos chamam nossos destinos.
Braços, de momento, só nos podem fornecer
os instrumentos agrários tirados por animaes
ou por vapor.
Augmentar o trabalho dosquè temos, émuítiplicar-lhes o numero.
Si um cavallo de tiro eqüivale em força diz
o "Auxiliador da Industria Nacional" de 1865
á p. 25, a septe homens.um cavallo vapor a 21,
teremos augmentado nesta proporção a nossa
força. ,
Ainda mais, á paginas 210, se acrescenta que
uma charrua tirada por uma juneta de bois, e
guiada por um homem, pode fazer n'um dia o
serviço de 40 trabalhadores., E si empregardes
uma locomovei de força de 8 cavallos—vapor
(de preço de 2,500$000) ella prestará o serviço
de 24 cavallos, ou de 33 bois, ou de 160 homens.
A não ser isto um facto, seria um prodígio!
Será pois permittido desesperar antes destes
valiosissimos recursos do estado da nossa lavoura?
Passemos ao fabrico do assucar.
*
* *
na distilação, patenteie-se-lho esses bollos aparelhos de concentração pelo vapor ou pelo vaouo, com que se alcança a maior quantidade de
assucar crystalisavel; ou se recosinhe o que se
escapou com o melaço, o verá que o seu espirito será irresistivelmente arrastado para esses
melhoramentos.
Mas como, redargue elle, si nos faltam oapitaes?
Esta exclamação conduz-nos naturalmente a
tractar dos bancos agrícolas.
* *
D'entre os meios indicados como capases de
escorar os engenhos no seu esboroamento nem
um sorri mais ás esperanças do proprietário do
que a creação de bancos, que firmando so no
credito territorial emprestem á lavoura dinheiro barato e a prasos longos.
Sem contestar a influencia que exercem na
producção esses poderosos instrumentos de progresso, vejamos se no presente estado da nossa
sociedade são elles exeqüíveis.
Indispensáveis são duas condições para esta
ordem de instituições de credito, capitães e
effectividade da garantia territorial. Ora si o
elevadíssimo juro á que attinge entre nós o dinheiro, de 24, 36, e até 60%, prova a sua raridade; si a incertesa do valor da propriedade se
deduz da difliculdade de sua sabida no mercado e da condescendência dos tribunaes, como
esperar que elles venham a levantar-se emteireno tão fofo e movediço?
Admittindo, porém, que mediante á concessão
da emissão a sociedades anonymas, ou commanditarias, a garantia de juros, a subvenção
ou outros extraordinários favores; ou por encantamento surja um estabelecimento que empreste dinheiro a prêmio baixo com a garantia
apenas da propriedade, o que faria d'elle o senhor de engenho?
Quereis que externe a minha opinião? Elle
faria tudo, menos melhorar a sua industria.
Compraria mais escravos, cavallos, mais terras, nunca um instrumento para tornar mais
fecundo o seu trabalho.
A desobrigação da usura é no entender de alguns a grande providencia dos bancos, como
se deviam ser creados antes para aproveitar ao
credor do que para activar a riqueza publica.
O que ganharia com effeito o estado com
ficar aliviado o devedor indolente, se, continuado a consumir-se na rotina, não fosse augmentada a producção nacional ?
Aventurarei mais um conceito. Não é só,
não é tanto a falta de capitães que manieta os
nossos agricultores; é a falta de conhecimentos
profissionaés que os péa e os enerva. E sinão,
olhai para o animoso Tenente Coronel José
Fbancirco de Meneses Sobbal, que procurando melhorar a sua industria montou no Engenho Espirito Santo os aparelhos de Debosne e
Cail, e um pequeno Wetzel, e por não saber
fazel-os funecionar tem tido consideráveis prejuizos; e para o Sr. Barão da Estância que
preferiu entregar os que trouxe em 1867 da Europa á acção corrosiva da ferrugem a expôr-se
a mais duras contingências.
Passemos pois aos meios de diffundil-os.
*
+ *
DA CULTURA DA CANNA DA FABBICAÇÃO DO ASSUCAR.
Dous factos poderosamente concorrem para
o mau estado de nossos engenhos, a accumuladas duas industrias de que são objecto, e a facil transformação do lavrador em senhor dó
engenho; primeiro, a accumulação porque exige maior copia de conhecimentos profissionaés,
demanda mais braços e mais capitães; o segundo, porque sendo a negação do espirito de associação, tende a enfraquecer e a matar a producção. Um se explica pelo desconhecimento
das vantagens da divisão do trabalho; outro
pela asperesa e falta de equidade com que tracta o senhor de engenho o seu lavrador.
Em Cuba, v. g., o que cultiva a canna vendea ao fabricante, assim como o plantador do fumo ao fabricante de charutos.
Cumpre pois antes der tudo aconselhar a separação das duas: industrias. . Com o baixo
preço do assucar, e com a elevação dos salários
está demonstrado que só. os. bons engenhos e
bem, montados podem a custo augmentar se no
meio do vendaval que os açoita'.
Sejam uns
exclusivamente lavradores, e outros fabricantes. Para lavrar a terra e n'ella empregar os
agentes estimuladores da producção, não
grandes são os capitães indispensáveis, nem indispensaveis são sempre esses vastos conhecimentos que constituem o bom agricultor.
Para ser-se fabricante não só requer-se muita capacidade, como muito capital.
Seja qualquer, seja p senhor de engenho o
lavrador, e seja o capitalista o fabricante,
Só assim a diminuição de braços, e a falta
de capitães podem ser attenuadas.
Antes de entrarmos n'essa via de melhoramentos, sejamos mais avisados e mais
justos;
tractemos com mais brandura e mais importancia o lavrador; moamos a tempo as suas cannas, proporcionemos-lhe a mais ampla fiscalisação, e em vez de metade demos-lhe 2/3 do
assucar e metade do mel. Com estas vantagens, não ha duvidar, elle deixará a veleidade
de ser, muita vez sem o poder, senhor de engenho e continuará a ser nosso associado.
SEPARAÇÃO
A fabrica, ou a casa do engenho é o digno
complemento da cultura dos nossos campos.
Como uma, acha-se a outra montada como nos
tempos primitivos: moendas verticaes movidas
por cavallos ou por bois, raras horisontaes, por
agoa, e algumas finalmente por vapor; ao lado,
taxas de ferro assentadas em fornalhas de alvenaria aquecidas á fogo nu! O que importa
diser que na moagem por animaes perde-se de
20 á 25,% de caldo, que se esconde no bagaço;
que perde-se pela imperfecção do tempero do
caldo; que perde-se nas cachaças que de envolta levam, 10% de caldo; que perde-se na concentração do xarope onde lá se vão 15% transformados em melaço ou de mistura com elle
que se escoam de purgar.
Ponha-se sob as vistas do senhor de engenho
robustos cylindros movidos por uma machina
a vapor de.grande força, que ao
que
extraia da canna a máxima porção depasso
caldo redusa o bagaço ao estado de poder logo servir
de combustível; aponte-se-lhe a vantagem de
limpar o caldo em clarificadores a vapor, de
que já temos alguns exemplos, cuja temperatura pode-se regular á vontade, ensine-st-lhe a
rasão porque se emprega a cal, ou outro alcali,
e o modo de determmar-lhe a quantidade, opeSUBSTITUIÇÃO OU MUDANÇA DE CULTURA.
ração delicadíssima que só a chimica com o seu
Não quer o lavrador de cannas subjitar-se
papel de "tourneçol" pode guiar; mostre-se-lhe as condições
do engenho ?
o prejuízo que soffre com o abandono das caMude
de
cultura.
Ahi está o fumo que sochaças, que ou podem, depois de
por bre ter hoje um immenso consumo, e gozar de
filtros, ser de novo cosidas, ou ser passarem
aproveitadas altíssimo preço é de fácil cultivo, e
está ao al-
O NOVO MUNDO.
canoe de qualquer trabalhador. Ainda ha
pouco, um indivíduo no engenho Jóppe, b sabemo8.de fonte segara -colheu de uma conta, isto
ó. de uma superfície de 4 varas de largura sobre 25 de comprimento, fumo om rama que
vendeu por 50$000! Uma tarefa, ou ainda monos do soxtuplo, produziriam 300$000.
E ahi nfto está ainda toda a verdade. Ao
passo que uma tarefa de canna leva, termo medio, 16 mezes para amadurecer, e dá com
pesadas despesas de 60 á 60 arrobas de assucar
cada arroba, pelos preços actuaes, a 1$800'
ó
fumo que se colhe em 3 mezes
em bom
pôde
terreno produzir de 40 á 50 arrobas, e cada arroba de 8$000 á 16$000.
cn?m?0U,SÇailftV1?8' <luando a amnaderde
nhoa, vorois a seu lado o alambique
como um
indispensável accessorio.
Nelle aproveitam-se as cachaças o o residuo
das lavagens, e, o
que é mais extraordinário, o
melaço quequnsi perdeis, ou
porque nfto achais
quem o compro, ou porque o vendeis
pela quarta parte do seu valor,
pois dais cercado quatro
pipoapor uma! Parece incrível que se desprose uma fonte de renda, que serviria por si
sóparasatisfaser asmais urgentes necessidades da propriedade, sinão o seu custeio
!
*
mofíra40 *4' com os mesmo8
meios
rf™d£
do
que hoje dispõe, pode o senhor de engenho
bdb
oonfiçao, resta a indicar a ma* ^^ ° fUIU0 ãaiÁ de 500$ á ÍSrntt. ablhtl-r
SSLnnn1,00*
a
bUUlpUUU!
destresa
Tí?re8al-oscom
e vinhal
18so
é
imprescindível
parft
Concordemos que não ha
o conpreconceito que «„^gem!
curso do Governo.
deva resistir a tao eloqüente demonstração.
Não ha muito ainda, dous destinctos lavraESCHOLA PRATICA.
dores de CampoB attestaram que uma área dada
E' a eschola practica,
que pondo em acção os
de terreno occupado com mandioca, redusida
a gomma, produz mais que si fora
plantado de consagrado, poderá soster o nosso cadáver
canna ou café.
de™nd° esf>áral ° da associação
espon? nÍ7°
°^an>sadft. °em tão
ALAMBIQUE.
pouco
mEST*
bitual desaso da administração, cumpre dohaEm toda parte, fora daqui, em
que ha enge. ciarointeresse particular com o interesse consorpublico
ANNÜNCI0S.
MU1T0Z & ESPRIELLA.
DE
Inicie o Presidente da Província,
como
o Governo Geral, tudo pôde dentro que,
de sua obphera, uma sociedade de senhores de engenho
que monte, com braços livres, um estabelecimento central, em que a agricultura e a fabricação do assucar digam a sua ultima
palavra, e
forneça-lhe os capitães preoieos,
isto
(e
está auctorisado a despender até a para de
quantia
200,000$000) a titulo de empréstimo sem
juros,
por vinte annos, com a amortisação apenas dé
5 por cento.
Em compensação exija que seja regido
por
pessoa ou pessoas habilitadas que expliquem as
funcções desses variados instrumentos agricoIas desde a estrumeira até a locomovei, e desses engenhosos aparelhos que quasi
que chegam
a transformar no mais bello
crystal o ultimo
átomo do caldo da canna, e se encarregue de
sustentar e de faser instruir successivamente,
em quanto durar o contracto, na
de todos estes agentes, a doze rapases. practica
Será um viyeire de onde podem sahir optimos administradores.
Para que o ônus não seja
demais pesado
a L rovincia, consolide-se a por
divida que houver
de contxahir-se, e o seu juro será a dotação
que tenha de faser-se á eschola.
Occupado exclusivamente com os trabalhos
O Semeador de HOLBROOK
(M
NEGOCIANTES
obteve a primeira medalha
tia Exposição da Sociedade
de Agricultura do Estado
de New York em Sept. de
1870.
E' excellente para semear
Milho, Sórgo, Feijão, Ervilhas, Beterrava, Cebolas,
Salsa, . Espinafre, Nabos,
Cenouras, Salva, etc. etc.
Nesta
52, Pine Street, New York,
Estabelecidos ba 15 annos.
casa
Encarregam^ da venda de toda a casta
de Mercadorias, e adiantam sobre
e mais produetos da
AMERICA MERIDIONAL,
fa-
bricam-se Inatrmen
tos agrários de
toda a casta.
E.E.LUMMUS&C0.
N? 32, South Market Street,
Boston, Mass., E.U. A.
auetorisando saques contra conhecimentos sobre
New York, Londres a Pariz.
do campo poderá cada assooiado
plantar muito
mais, e muito melhor do
agora planta, e
quo
tirar de suas cannas 50 por cento,
pelo menos
além do que agora obtém pelos
comprooassos
muns.
E* assim que o espirito de associação conseguirá impor-se.
A província pondo, com pequeno sacrifícios,
um modelo á vista
dos que se negam a beber
sciencia nos livros, vai abrir-lhes novos hori-a
flontes e promover o augmento de sua riqueza.
CONFERÊNCIAS.
Sao hoje as conferências um dos meios empregados para derramar, sem o sentirem, no espinto doB povos, ondas de luz.
Praticadas nos centros
productores podem
ellas com o attrativo da palavra
bem manejada
produzir effeitos maravilhosos: serão uma ciava capaz de esmagar a hydra de cem cabeças
que se chama rotina.
Cumpre pois promovel-as.
Isto quanto ao presente;
as futuras eerações os institutos agrícolas,para
emque a practica
será realçada pela sciencia.
José de Bakbos Pimentel.
THE NATIONAL
DENOMINADO
COMMISSÕES,
Café, Borracha, Couros
185
BANK NOTE COMPANY.
COMPANHIA NACIONAL
de
BILHETES IXE BANCO
(Organisada em 1859)
Escriptorio, N. 1, Wall Street,
NEW YORK.
S™ e oprime toda a
P»SSTiC?MPAN3!IA
de documentos que
requerem, além de
h»nn
contra faí
^nça
smeaçoes
fficõeSS^CUÇ^
e alterações, como:
Letras de Cambio,
SAMUEL S. WHITE,
Bilhetes de Banco,
Notas, Cheques,
Apólices e Coapons;
Títulos de Divida Publica,
Sellos e Eslampilhas de
Correio,
ACÇ°e"* *» C"»P»»»i*".
Diplomas, etc.
Encarregam-se também da compra
e embarque de toda a casta de MerFABRICANTE! DE
cadorias Americanas.
Incumbem-se DENTES
especialmente de contractar, comprar
A COMPANHIA GRAVA E IMPEIME
Utensílios para Dentistas, Cadeiras
e despachar Locomotoras, Carros e
AS
para as operações, Massa de Ouro
material para Estradas de ferro; de Onncadoreselectricos, Chumbadores electricos, Caixas de Instrumentos de todas as Apólices da Divida Publica, as
Notas do Theclasses e os demais artigos
mandar construir pontes, e vapores
zouro, e as Notas dos Bancos
para o desempenho da arte dentaria.
Nacionaes
para navegação fluvial, sob a inspecdos Estados Unidos.
ção immediata de seus próprios enflez annos passados tem fornecido
nnD™teos
genheiros, e fornecendo promptamen°Ptam;se mais os Goverte desenhos, riscos e orçamentos, aos
nos ue
no?
d?PeT
vesa, Omle,
&%aSr
Bohvia e Reoublica Arve-n-t,
Também compram
que os pedirem.
muro, üeitos, Mc. Alem disso
instrumentos agrários e mineraes, etc.
eravado n<? M
tas das principaes instituiçõestemde?Sf
mesmos paizes, taes como os Bancos ffièí
do S
Lima, Providencia, Hypothecario
de
Lma
Se'IMITAÇÕES PES4MAS
quipa, Mendonza, Entreriano, Guavaouff Êmm
ãor,
Hespanhol
Quito,
da Havana%t<£ et?
da " Flor da Juventude" de
?- m POETEM, Presidente.
Geo. W. Laird, sao vendidas em
J.,ffl7nri„
H. VANANTWERP, Vice-Presidente.
«^ algumas lojas. A grande popularidade
esta innoceute
Lm
que
preparaçiío tem ganho nos Estados
Unidos tem induzido a alguns
desavergonhados a imitaremna'. A verdadeira traz o seílo
das rendas internas dos Estados
Unidos, e o nome de Geo. W. Laird gravado no vidro
atraz da garrafa Nenhuma outra é flenuina. A'venda
em todas as drogarias e lojas de ojeetos de fantasia.
1|||x
a t, oJ!,ÍME8MAOJ}o^OU0ff,8eoreiario.
A.D.SHEPARn,Thezoureiro.
Communicaçõesem qualquer idioma.
Wm. M. Welling & Co.
CASSELS, CAUSER & CO.> Agentes,
Rio de Janeiro.
NOS. 207 E 209, CENTEE ST,,
new yore:.
EIOS
Fabricantes,
ha vinte
annos, dé
MARFIM COMPRIMIDO,
P °Va da suPerioridade d°s éticos desta casa, além do mero êxito
deKSE™SKS
dlüam0Sque TEMOS RECEBIDO 50 PRÊMIOS BE PRIMEIRA
!M„™'
It
grandes
exposições do mundo, inclusive um GRANDE DIPLOMA DECLASSE EM UMA DAS privilegiado com oito Patentes do Governo
HONRA na ultima
aos Estados Unidos.
EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE VIENNA.
Este artigo é superior ao marfin e
t(?üoa os outros ^positbres dos mesmos
P°deria™ d-ar
aueiactos,
arâac^SíMrS^i
^fabricantes do mundo.—Enviamos
contando-se entre elles os principaes
cataln
só custa a metade.
g0^ofpeAaAM°™em P°r CaTt?'-em"W^- ^ancez, Inglez, Hespanhol ou Illemão."
PREÇOS DE ALGUNS OBJECTOS.
FABRICA
Arreios de animaes para corridas do prado,
para os trabalhos agrícolas para transportes
pesados como omnibus, carretas, etc. Também
vendemos arreios especiaes para animaes de
üonds, Cocheiras d'Alugar, e outrosim arreios
e arnezes de toda casta e todos os
preços. Manaemouscaro catálogo.
C. M. MOSEMAN & BRO., fabricantes,
lleposito geral, 114 Chambers Street, New York.
Sr- H.C.Fernando Rohe, 85 Wall Street,
xrJN. ^°
Y. informará a respeito de nossa casa.
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de toda a casta, tanto para bitolas largas como para as estreitas. Os carros desta casa
8ãos-vistos nas principaes estradas de ferro nos Estados Unidos, Canadá e na ilha de Cuba.
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Ramapo Wheel & Foundry Co.
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CABKOS, EDIFÍCIOS E PONTES,
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Trabalhar no leito da Estrada, Pranchas de ferro, etc. etc.
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MATERIAL
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ESTRADAS
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EERRO.
Alem disso fabricam
Tubos para Gaz, Água, Vapor e Caldeiras, etc.
Tubos para poço3 artesianos, de sal e petróleo; toda a qualidade de instrumentos
para preparação, refinação do Assucar, e para distillação. Tambem machinas de mineração
Mandarão catálogos e informações ji quem lhes escrever nedindo-os.
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SENECA
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Grande Fabrica de Eodas
"Tendera," Carros para Passageiros e Frete,
para Locomotivas,
Coches-palacio e Coches com beliches;
TAMBEM
Eodas para bitola estreita e para estradas de tracção animal.
Tudo feito exclusivamente do celebre ferro de Richmond e Salisbury.
.^-Fornecem eixos batidos e laminados, e rodas furadas e ajustadas ás bitolas communs."'*^.
W. W. SNOW, Superintendente.
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Cayuta Wheel Sc Foundry Co.
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DE
DE BODAS E DE FUNDIÇÃO DE CAYUTA^
Estabelecida em Waverly, Estado de New York.
Grande
Grande
COMPANHIA
Fabrica
Fabrica
de
de
Bodas.
EODAS resfriadas para Locomotivas, tenders, Carros de Passageiros, Carros-palacio, Carros de
bitola estreita e de estradas de rodagem, á
força de animal,—tudo feito dos ceiebres ferros de Salisbury e
Richmond.— Eixos de ferro batido, e Eodas ajustadas aos
mesmos, para todas as bitolas.—Ferros fundidos para Carros, de toda a casta.—Tudo posto a
bordo do navio em New York sem despesa de transporte.
W. W. SNOW, Vice-Presidente. REGISTAIiD CANJVIIVG, Director.
Bodas.
JOHN STEPHENSON & CO.
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Esta gravura representa en movimento a nossa nova Bomba de Patento para
fundos (Fig. 240 do catalogo). E bonita no desenho, forte, duradoura e efficaz. Tem tido muita sahida epoços
é a predilenta de todos os que
usam bombas para aquelle fim. O cano que une o cylindro, dentro do poço, ao tope da bomba é feito do ferro batido simples ou galvanisado. em uso geral no commercio. Preço do cylindro e da parte superior Csem o cano)
$15.00 (dollars) ou cerca de 27$. .f""f"""CASA. FILIAL, 12 MURRAY STREET, NEW YORK CITY
47 EAST 27 PH. STREET, NEW YORK,
Este estabelecimento com uma longa experienca dp quarenta annos, e um commercio extensp dispõe de todos os meios para construir Street-curs, ou carros para carris de ferro, é
omnibus ou diligencias, combinando elegância com nurabilidade.
Todas as ordens serão
desppchadas com promptidão.
O NOVO MUNDO.
187
PORTER, BELL & CO.
Dunkirk, New York, E. U. A.
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todas ob substancias farinadas. Pôde-se usal-o para os fins em que emprefra-se a Araruta,
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pelos
3 e 4 da exposição internacional de
de 1862, sendo estes os únicos prêmios conferidos a substancias
jurys ordem. Além disto, o Relatório daLondres
desta
exposição «logiou a preparação dizendo
que era
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que esta MAIZENA era uma
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