Leite com cenoura

Transcrição

Leite com cenoura
Revista Produtor Itambé w ano 4 w número 45 w setembro de 2013
Foto: Gilson de souza
Leite com cenoura
Grupo de produtores colhe bons resultados com a integração
lavoura-pecuária
PÁGINAS
PÁGINAS 4,
4, 55 ee 66
LEIA MAIS:
CAPAL promove feira de
agronegócios com estandes e
palestras técnicas
Página 11
DESTAQUE:
COOPERBOM realiza ciclo de
palestras técnicas para comunidades
cooperativistas
Páginas 8 e 9
E AINDA:
Saiba quais devem ser os cuidados
com a nutrição animal para assegurar
a qualidade do leite
Páginas 12 e 13
Setembro
Foi em setembro de 1945, mais
precisamente no dia 2, que finalmente terminou a Segunda Guerra Mundial. Naquele dia o mundo
tinha menos de dois bilhões de
pessoas, enquanto hoje tem mais
de sete bilhões. Neste conflito
morreram oficialmente cerca de
60 milhões de pessoas, ou quase
4% de toda a população mundial.
Alguns países, como a Polônia,
chegaram a perder 16% de toda a
sua população. Na União Soviética
a perda foi de 14% e na Alemanha
foi de 11%. Imagine a explosão de
alegria que foi quando o mundo
ficou sabendo que a Guerra oficialmente tinha terminado. Setembro entrou para a história.
Para o Brasil setembro é muito
marcante. Em 1822, Dom Pedro
I declarou independente o Brasil
de Portugal, às margens do Rio
Ipiranga. Cem anos depois, neste
mesmo mês, oficializamos o nosso
Hino Nacional, que nos emociona
cada vez que o cantamos. Também foi neste mês que tivemos,
em 1922, a primeira transmissão
radiofônica no Brasil. Não é exagero afirmar que foi um fato mais
que marcante. Afinal, num país
continental como o Brasil, sem
estradas, multirracial, multiclimático e multicultural, foi pelas
ondas do rádio que iniciamos a
nossa verdadeira integração nacional. Sem o rádio, não teríamos
a terceira música mais tocada no
mundo, para muitos o nosso segundo Hino Nacional, a “Aquarela
do Brasil” do mineiro e radialista
Ary Barroso.
Para quem produz leite, este é
também um mês especial, pelas
datas comemorativas. No dia três
comemoramos o dia do Biólogo,
que é o profissional que está na
base de grandes conquistas tec-
nológicas que revolucionaram a
maneira de produzir leite. No dia
nove a comemoração é do Dia do
Médico Veterinário, um profissional em constante dinamismo. De
curador das doenças do rebanho,
o veterinário logo mostrou a importância de se prevenir doenças,
bem como a importância econômica da parte reprodutiva. Afinal, a vaca é a única máquina que
se reproduz! Mas, nos dias atuais,
o médico veterinário, em sintonia
com o seu tempo, está cada vez
mais envolvido com boas práticas
e qualidade do leite.
No dia treze a data comemorativa é o Dia do Engenheiro Agrônomo, esse profissional que ajudou
a mudar para melhor a vida de
todos nós. Sem o agrônomo não
teríamos essa abundância de alimentos, que é a marca do Brasil
e que permitiu acumular riquezas
usadas para viabilizar a industrialização brasileira. Sem o engenheiro agrônomo não teríamos
sucesso na interiorização do Brasil. Deixamos de ser um país litorâneo a partir dos anos setenta e
incorporamos, de fato, o território brasileiro que era nosso apenas no papel. A agronomia ajudou
a confirmar o mapa do Brasil.
Produção Sustentável
Com a palavra, o Técnico
7
Cooperativa em Destaque
8e9
Nossa Gente
Eventos
10
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
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Informativo da Qualidade
Por Dentro do Tempo
Revista Produtor Itambé
Publicação mensal da Cooperativa
Central dos Produtores Rurais de
Minas Gerais (CCPR/Itambé)
Diretoria
O mês fecha com o Dia do Fazendeiro e o Dia do Vaqueiro, respectivamente comemorados nos dias
21 e 28. É dessa parceria entre o
fazendeiro e o vaqueiro que, todo
dia, são produzidos 90 milhões de
litros de leite no Brasil. Somente
isso já seria suficiente para eleger setembro um mês especial.
Ah, ainda é tempo de lembrar que
em setembro se inicia a primavera, que dispensa apresentação.
Cor, luz, alegria. É setembro chegando e deixando floridos os nossos caminhos.
4, 5 e 6
Presidente:
Jacques Gontijo Álvares
Vice-presidente
Administrativo:
Marcos Elias
Vice-presidente Comercial:
Carlos Antonio Figueiredo Amorim
Vice-presidente de
Abastecimento:
Colifeu Andrade Silva
Equipe Responsável
Mônica Salomão
Priscila Martins
Júlia Fernandes
12 e 13
14
Textos e edição
Mônica Salomão – MG 10543/JP
Júlia Fernandes – MG 15115/JP
Diagramação
Gilson de Souza – MG 12251/JP
Tiragem/Impressão
8.250 exemplares / Log Print
Publicidade
Priscila Martins
Tel: (31) 2126-3417
Site:
www.produtoritambe.com.br
E-mail:
[email protected]
www.twitter.com/produtoritambe
Colaboraram nesta edição
Fernando Ferreira Pinheiro
José Eustáquio de Paiva Júnior
Rodrigo Aparecido Lopes Ferreira
Tatiane Stela Pizzol
Produtor Itambé
Telefones:
(31) 2126-3418 / (31)2126-3448
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Marca consolidada na produção de
Fotos: gilson de Souza
Leonardo e Makoto comemoram
os resultados do investimento em
melhoramento genético. Apenas com a
utilização da técnica de transferência
de embrião, de 2011 até agora
nasceram 750 bezerras
Atraídos pelo Plano de Assentamento
Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP),
promovido pelo Governo de Minas Gerais e implantado pela extinta Cooperativa Agrícola de Cotia, os primeiros
membros da família Sekita deixaram o
Norte do Paraná no início da década de
70 para buscar na região de São Gotardo maiores extensões de terra para o
plantio de café e cereais. Em 1990, visando o aumento da rentabilidade por
hectare, a família começou a cultivar
hortaliças. A forma de gestão baseada
nos ideiais cooperativistas e as boas
perspectivas despertaram o interesse
de amigos, que aos poucos foram se
associando ao grupo.
A atividade leiteira começou em 2008,
como alternativa frente à alta dos preços de adubos praticados no ano anterior e a consequente necessidade de
reduzir os custos de produção. A adoção da integração lavoura-pecuária,
4
explica o engenheiro agrônomo Makoto Edison Sekita, diretor-executivo do
grupo associado à Cooperativa Agropecuária de Araxá (CAPAL), teve como
foco inicial o aproveitamento do esterco dos animais na adubação do solo
visando à diminuição dos gastos com
os fertilizantes químicos aplicados nas
lavouras de cenoura, alho, milho e beterraba, culturas comercializadas pela
Sekita Agronegócios.
De acordo com ele, computando apenas as partes de nitrogênio, fósforo,
potássio e enxofre presentes nos dejetos líquidos e sólidos, atualmente a
economia gerada em adubação é de
aproximadamente R$ 4 por animal/dia.
“Como hoje aproveitamos os dejetos
de 1.200 cabeças do rebanho, economizamos em adubo químico R$ 4,8 mil
por dia e em um ano cerca de R$ 1,750
milhão”, aponta. Para 2015, quando
o empresário estima contar com duas
mil vacas tabuladas, sendo 1.500 em
lactação e o restante em lotes de préparto e vacas secas, a previsão é que
a economia anual com adubos atinja a
cifra de R$ 2,9 milhões.
Toda a raspagem de dejetos da sala
de ordenha e dos galpões de free-stall
cai em uma canaleta que, por sua vez,
leva os excrementos a um separador
de líquidos e sólidos. O sólido é misturado com fosfato de rocha produzindo
o composto. Já a parte líquida passa
pelo biodigestor, onde produz o gás,
e depois é despejada em uma lagoa
para posterior aplicação nas lavouras
via pivô de irrigação. “O gás produzido passa por uma canalização de três
quilômetros até chegar a um motor
de biogás que gera a energia utilizada
na câmara fria, onde são depositadas
as hortaliças até que ocorra o carregamento dos caminhões frigoríficos”,
detalha Makoto Sekita. Segundo ele,
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hortaliças é sucesso também no leite
Hoje, cada vez mais,
percebemos que tanto o leite
quanto a parte de genética
foram bons negócios para
o grupo. No geral, eu diria
que os dejetos têm uma
importância muito grande no
projeto e que o leite foi uma
boa surpresa.
Makoto Sekita
hoje os gastos com energia elétrica
para esta câmara fria, que funciona de
forma ininterrupta, seriam da ordem
de R$ 7 mil/mês. “Tirando a depreciação do equipamento, manutenção e
futuros gastos com retífica do motor, a
economia gira em torno de 50% deste
valor. Fora isso, também ganhamos em
preservação do meio ambiente ao utilizar energia limpa”, considera. O investimento na estação de tratamento de
dejetos e separação de sólidos foi de
aproximadamente R$ 1 milhão, considerando equipamentos e alvenaria.
Ainda em relação aos ganhos conquistados com o aproveitamento de dejetos,
de acordo com Leonardo Lopes Garcia,
médico veterinário e diretor de Pecuária do grupo Sekita Agronegócios, nas
áreas de plantio de milho próximas à
leiteria toda a cobertura química anteriormente utilizada foi substituída pela
aplicação de biofertilizantes. “Hoje
utilizamos adubo químico apenas no
plantio do milho. Antes de iniciarmos
a produção de leite, gastávamos cerca
de R$ 1 mil em adubação por hectare
de milho. Com a utilização de biofertilizantes, esse custo diminuiu para R$
400 e neste momento estamos testando a eficácia do adubo nas outras culturas”, diz.
Constam também entre as ações de sustentabilidade e preservação ambiental
do grupo a coleta seletiva de lixo, captação de água de chuva para lavagem da
sala de ordenha e aspersão das vacas, e
a utilização de cobertura de palha nas
camas de borracha. “Optamos pela palha porque ela pode ser reciclada junto
com os dejetos, o que não ocorre com a
areia”, explica Garcia.
Entre terras próprias e arrendadas, o
grupo possui 3.400 hectares, dos quais
2.000 são irrigados com pivô central.
Desse total, 200 hectares foram destinados ao plantio de Tifton 85, forrageira que, de acordo com Leonardo
Garcia, tem como finalidades evitar
a erosão do solo, “filtrar” a água das
chuvas antes de sua chegada às áreas
de preservação permanente e alimentar o gado.
Já a Brachiaria ruziziensis desempenha
um importante papel na rotação de
culturas. “Nas áreas em que serão cultivadas as hortaliças começamos com
o cultivo desta forrageira, cujas raízes
são profundas, a fim de estruturar bem
o solo. Ao longo de um ano realizamos
dois cortes, que têm como destinação
a alimentação do gado, e depois promovemos o descanso da área por um
período de mais um ano. Essa medida
nos traz como retorno um aumento de
15% das produções de cenoura e beterraba”, exemplifica Makoto Sekita.
Negócio leite
As primeiras novilhas do plantel do
grupo Sekita Agronegócios foram adquiridas em abril de 2008 e em junho
do mesmo ano foi produzido o primeiro
litro de leite da propriedade. Já no ano
seguinte, o balanço apresentou 429
animais em lactação e produção de
6.117 litros/dia, média de 14,26 litros
por vaca.
Atualmente, são utilizados 600 hectares para a atividade e o sistema de produção é 100% confinado. Por dia, são
ordenhadas 800 vacas que produzem
27 mil litros de leite, média de 33,5 litros por animal. A ordenha é realizada
em três turnos e a sala é equipada com
48 conjuntos de ordenhadeiras.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
Camas de borracha com cobertura de
palha, ventiladores e aspersores por
toda a extensão dos galpões de freestall são alguns dos itens destinados
ao conforto animal. “Procuramos dar
o máximo de conforto para os animais
para que eles tenham mais saúde e
mais tranquilidade, o que permitirá
que produzam mais e por mais tempo”, assinala o diretor de Pecuária do
grupo, Leonardo Garcia.
Todas as vacas possuem pulseiras de
identificação. Quando o animal entra
na sala de ordenha as informações são
sincronizadas e enviadas aos computadores, o que possibilita a pesagem
individual do leite, lançada em tempo
real no sistema de dados da empresa.
Além disso, o equipamento mede a
atividade do animal e por meio deste
recurso é possível saber, por exemplo,
quando a vaca está no cio, período
em que seus picos de movimentação
são maiores. Nessa mesma linha, a
porteira de seleção é outra tecnologia
utilizada na propriedade para fazer a
separação dos animais, selecionados
previamente no computador, que precisam ser inseminados ou submetidos
a algum tratamento.
O plantel tem hoje 2.350 animais,
predominantemente da raça Holandês, sendo que 1.430 cabeças fazem parte do rebanho jovem. “Para
formar o plantel compramos tanto Girolando quanto Holandês. Mas
devido à dificuldade em encontrar
animais de boa qualidade e com sanidade garantida, investimos em um
rebanho paralelo de gado de corte
Procuramos dar o máximo de
conforto para os animais para
que eles tenham mais saúde
e mais tranquilidade, o que
permitirá que produzam mais
e por mais tempo
Leonardo Garcia
5
A equipe de gestores da Pecuária de Leite trabalha afinada
para atingir a meta de 50 mil litros/dia até 2015
para utilizar as vacas como receptoras. Tirávamos os embriões de nossas melhores vacas e comprávamos
outros de empresas parceiras para
implantá-los nas barrigas de aluguel.
Iniciamos esse trabalho em 2011 e
de lá para cá chegamos à marca de
750 bezerras nascidas por meio de
transferência de embrião”, comemora Garcia. Da mesma forma que o
investimento empregado em TE e FIV
em receptoras de corte, atualmente
40% das vacas em lactação também
são utilizadas como receptoras e as
demais são inseminadas com sémen
dos melhores touros das principais
centrais de genética do mundo. “Se
com a inseminação artificial gastaríamos de 20 a 30 anos para ter esse
plantel, utilizando a FIV e a TE em
cinco anos conseguiremos montar
um rebanho geneticamente superior”, compara Makoto Sekita.
E os investimentos em melhoramento
genético não param por aí. Setecentas bezerras nascidas de FIV tiveram
material coletado e enviado para os
EUA, onde estão sendo realizadas as
avaliações genômicas que vão traçar
o DNA desses animais. “Já recebemos
uma primeira remessa de resultados
que identificaram as nossas melhores
fêmeas. Desses animais é que vamos
selecionar nossas futuras doadoras,
de quem vamos tirar os embriões para
reprodução”, compartilha Leonardo
Garcia.
6
A agrônoma Ana Paula Coelho Sekita
Garcia, filha de Makoto e esposa de Leonardo, é a responsável pela nutrição
do rebanho. Toda a alimentação volumosa e parte dos concentrados, como
milho, triticale e aveia, fornecida aos
bovinos é produzida na propriedade.
São utilizados para a composição das
dietas, que variam em proporção de
acordo com os lotes de produção, silagem de milho, silagens de pré-secados
de Brachiaria, Tifton 85 e azevém, milho grão, farelo de soja, polpa cítrica,
caroço de algodão, feno de Tifton, palha de aveia, triticale e minerais, ingredientes que são misturados e fornecidos em vagão de mistura total. Além
da parte de nutrição, Ana Paula divide
com o marido a gestão da Diretoria de
Pecuária.
A atividade leiteira da Sekita Agronegócios conta com 50 funcionários distribuídos em três turnos de trabalho.
Ao ingressar no grupo, o colaborador
passa por treinamentos e sempre que
possível participa de cursos de capacitação e reciclagem.
A equipe trabalha de forma afinada e
os resultados podem ser comprovados
pela qualidade do leite produzido.
Muito abaixo dos limites de 600 mil/
mL estabelecidos pela IN 62, publicada
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, para as contagens de
células somáticas e bacteriana total,
neste ano a CCS do leite produzido pelo
grupo não ultrapassou 150.000 cél./mL
e a CBT tem apresentado resultados
abaixo de 10.000 UFC/mL. “Coletamos leite de todo animal recém-parido
para fazer a cultura e por meio dela
identificamos se há presença de bactéria. Em caso positivo, temos como
saber qual é a bactéria e assim realizar a ação mais indicada para aquele
caso. Além disso, trabalhamos junto
aos ordenhadores para que eles sigam
todas as etapas de procedimentos préestabelecidos. Quando identificamos
vacas com CCS acima de 200.000 cél/
mL realizamos a mesma ação adotada
com as recém-paridas. Um dos procedimentos que adotamos é a separação
dos animais para evitar a contaminação do restante do rebanho”, detalha
o diretor de Pecuária.
A propriedade foi uma das primeiras
no Brasil a adquirir um resfriador de
placas, que contribui de forma expressiva em relação aos índices de
CBT. O equipamento funciona da seguinte forma: todo o leite que sai da
ordenha cai em uma cuba, que posteriormente segue para o resfriador de
placas e ele já cai no tanque a uma
temperatura de 3ºC. Ou seja, como o
leite já sai resfriado ele pode ser despejado no tanque ou diretamente na
carreta. “Como a refrigeração ocorre
de forma muito rápida conseguimos
reduzir a proliferação bacteriana. Enquanto o tanque demoraria de três a
quatro horas para resfriar o leite, aqui
em um minuto já obtemos essa temperatura”, explica Garcia.
Para 2015, o projeto do grupo é chegar à produção de 50 mil litros de leite
por dia. “É claro que sempre pensamos
no lucro que o leite nos traria, mas no
início priorizamos os dejetos. Com o
decorrer do tempo, vimos que existia
uma possibilidade muito grande de aumentar a produção e não hesitamos em
empenhar esforços para que isso acontecesse. Hoje, cada vez mais, percebemos que tanto o leite quanto a parte
de genética foram bons negócios para
o grupo. No geral, eu diria que os dejetos têm uma importância muito grande
no projeto e que o leite foi uma boa
surpresa”, avalia Makoto Sekita.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
Foto: gilson de souza
Bezerros: o futuro da sua propriedade
Rodrigo Aparecido Lopes Ferreira
Médico Veterinário formado pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG)
Técnico de Captação de Leite da CCPR/Itambé
na região da Grande BH
A produção de leite tem como etapa fundamental o manejo adequado de bezerros, em especial o das futuras matrizes
leiteiras. Mas alguns produtores de leite
ainda desconhecem ou não dão o devido
valor às boas práticas de manejo na criação de bezerros. Dentre os cuidados com
o bezerro após o nascimento posso citar
dois como sendo os principais:
Colostragem:
O colostro, primeira secreção após o
parto, possui composição diferente do
leite, com baixos teores de lactose, porém com altos teores de gordura, sólidos
totais, minerais e vitaminas, e principalmente proteína, devido às imunoglobulinas ou anticorpos.
É importante fornecer o colostro o mais
rápido possível, pois esta é a forma de
garantir a sobrevivência do bezerro com
a ingestão de anticorpos já que nesse
início de vida os animais estão mais susceptíveis a doenças. Por ainda não serem
capazes de produzir grande parte de sua
defesa imunológica, são dependentes da
imunidade passiva que é adquirida da
mãe no primeiro dia de vida.
Além de ser o alimento ideal para os
neonatos, devido às suas características nutricionais, também é fonte de
células de defesa maternas, fatores de
crescimento, hormônios e fatores antimicrobianos que atuam no desenvolvi-
mento do sistema digestivo do bezerro
e o protegem contra doenças. Outro
ponto importante está no fato de que
é o colostro que auxilia na manutenção da temperatura corporal e evita
a ocorrência de doenças, quando fornecido ao bezerro a uma temperatura
adequada.
As bezerras devem ingerir em torno de
10% do seu peso vivo de colostro nas
primeiras 24 horas, de preferência nas
primeiras 6 horas, quando a absorção
de anticorpos é mais alta. Por exemplo: um animal de 30 Kg deve ingerir
em torno de 3 litros.
Caso o animal não consiga fazer a ingestão, deve-se optar pela mamadeira ou
passagem de sonda esofágica para administrar o colostro, sempre com cuidado e
sob orientação veterinária.
Cura de Umbigo:
O umbigo é a via de comunicação entre
o feto e a mãe. Através do cordão umbilical chegam ao sangue do feto o oxigênio e todos os nutrientes que ele precisa
para se desenvolver, vindos do sangue
da mãe, e sai tudo aquilo que não serve
mais para o bezerro dentro do útero.
Depois do nascimento, o umbigo perde
sua função, involui e, rapidamente, as
estruturas utilizadas na comunicação
materno-fetal (veia, artérias e o úraco, que é um canal que chega até a
bexiga) fecham-se. Os músculos dessa
região também se unem, constituindo
uma massa muscular. Até que todo o
processo se complete, o umbigo é uma
porta aberta para agentes causadores
de diversas doenças.
Daí a necessidade da cura de umbigo,
que desidrata o coto umbilical, fechando gradualmente esta porta de entrada
e protegendo contra os patógenos. Este
procedimento deve ser realizado nas
primeiras horas após o nascimento com
tintura de iodo (5% a 7%) e deve ser repetido no mínimo uma vez por dia, du-
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
rante três a cinco dias consecutivos, ou
até que o cordão umbilical caia. O iodo
deve ser aplicado sob a forma de imersão para permitir a entrada da solução
no coto umbilical.
Esta solução é importante, pois o iodo e
o álcool possuem capacidade de matar
os patógenos por dentro e por fora, e o
álcool desidrata e mumifica (“seca”) as
estruturas do cordão umbilical.
Outras soluções não são recomendadas
para cura do umbigo, por não conseguir efetivamente desidratar o coto
umbilical fechando esta passagem.
Nunca se deve cortar o umbigo, este
procedimento é recomendado apenas
em cordões umbilicais muito compridos
(acima de 10 cm), reduzindo-o de 2 a 5
centímetros, porém o cuidado é maior,
aumentando o uso da tintura de iodo.
Importante: não traga o bezerro para o
curral para fazer a cura (lembre-se, é o
local mais contaminado da propriedade.
Faça a cura no piquete maternidade ou
em um local mais limpo).
Se a cura da região umbilical for tardia
e mal feita, as estruturas permanecerão abertas e as bactérias irão causar
infecções em diferentes regiões do organismo do bezerro. Estas infecções
podem ser locais ou infecções graves
em diversos órgãos do bezerro, ou ainda levarem até mesmo à morte por
septicemia (distribuição de patógenos
na corrente sanguínea).
Cuidado com o recém-nascido é fator primordial para o sucesso em sua
propriedade. Tanto a cura de umbigo
mal feita quanto a colostragem inadequada causam grandes prejuízos
econômicos como altas taxas de morbidade e mortalidade, gastos com medicamentos e mão de obra, além de
atrasos em todas as etapas do processo de produção, pois os animais que se
recuperam das doenças apresentam
um desempenho produtivo inferior.
7
COOPERBOM realiza ciclo de palestras mensal
Com o propósito de aproximar os produtores associados e incentivá-los a
adotar as melhores técnicas de produção em suas propriedades, a Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho
(COOPERBOM) promove mensalmente
um ciclo de palestras que contempla
todas as comunidades de cooperados
localizadas na região. Ao todo são sete
áreas de abrangência (Araújos, Bom
Despacho, Bom Retiro, Engenho do Ribeiro, Estrela do Indaiá, Mato Seco e
Moema) que recebem os palestrantes
em seus salões comunitários.
“Nossa proposta é fazer com que o
produtor desenvolva o conhecimento
para gerar maior rentabilidade para
o negócio dele. Muitas vezes, nosso
associado não tem condição de vir a
Bom Despacho ou mesmo a um evento
maior para adquirir essas informações
técnicas. Então, promovendo a palestra ao lado da casa dele fazemos com
que tudo fique mais acessível. É interessante notar que quando os produtores não podem ir à palestra por um
determinado motivo, eles ligam para
avisar, mostrando o interesse pelo
evento”, explica o presidente da COOPERBOM, Moacir Eustáquio Teixeira.
A cooperativa promove cerca de quatro palestras por mês e os temas a
serem debatidos seguem o calendário dos produtores, obedecendo aos
períodos de seca, plantio de grãos e
vacinação, por exemplo. Os assuntos
Fotos: gilson de souza
O presidente da COOPERBOM, Moacir Teixeira, conversa com os
produtores Carlos Couto e José Silvestre sobre o ciclo de palestras
nunca se repetem na mesma região
para que todos possam estar atualizados com os conteúdos oferecidos. Os
ciclos também contemplam palestras
motivacionais sugeridas pelos próprios
cooperados que já puderam usufruir
de um encontro de mulheres e uma
edição especial para o dia dos pais.
A forma de divulgação das palestras
garante a presença dos participantes.
A COOPERBOM publica a sua programação por meio do portal, jornal e redes
Cooperativa Agropecuária de
Bom Despacho (COOPERBOM)
A Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho foi fundada há
57 anos, no dia 27 de maio de 1956. Atualmente, a organização
tem 3245 associados. A estrutura da Cooperativa contempla
cinco postos de gasolina, cinco lojas de supermercado, farmácia,
fábrica de ração e sal mineral, e a Fazenda COOPERBOM.
Os produtores associados da Cooperativa localizam-se nos
municípios de Abaeté, Araújos, Arcos, Bom Despacho, Córrego
Danta, Estrela do Indaiá, Lagoa da Prata, Leandro Ferreira, Luz,
Martinho Campos, Moema, Nova Serrana, Perdigão, Pitangui,
Pompéu e Serra da Saudade.
8
sociais da organização. “Nós também
entregamos o convite impresso e ligamos para cada produtor daquela região
a ser contemplada com a palestra. Para
aqueles cooperados que têm telefone
celular, enviamos ainda uma mensagem para lembrar a data e o horário do
evento”, conta a gerente de marketing
da Cooperativa, Aline Gontijo.
Além dessas formas de divulgação, os cooperados ainda são avisados da programação de palestras nas missas locais. Em
algumas comunidades, o padre cede espaço entre os avisos da celebração para
informar a todos sobre o evento que vai
ser realizado nos próximos dias.
“Realizamos o ciclo de palestras com o
maior prazer porque o evento é totalmente voltado para os nossos cooperados e eles sabem disso. As palestras são
cronometradas para não serem extensas demais e informarem o conteúdo
de forma objetiva e prazerosa. Depois
da apresentação, há um momento de
confraternização em que os produtores comem um gostoso feijão tropeiro
ou feijoada acompanhada de um arroz
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
para intensificar a produção de leite na região
“O ciclo de palestras é um evento que
reúne informações técnicas, parcerias
comerciais e o contato direto da diretoria da Cooperativa com os produtores. Em cada evento, pelo menos um
diretor está presente para prestigiar a
iniciativa”, analisa o diretor administrativo da COOPERBOM, Vicente Roberto da Silva.
Organizadores do evento na sede da COOPERBOM: Aline Gontijo (gerente de
marketing), Célio Silva (diretor comercial), Moacir Teixeira (presidente) e Vicente
da Silva (diretor administrativo).
fresquinho”, compartilha o diretor comercial Célio Jesus da Silva.
A organização do evento também se
preocupa com as características de
cada comunidade cooperativista. Algumas pedem para que seja esperado
o término da reza coletiva do terço,
em outras não se pode agendar as
palestras às quartas-feiras por causa
da exibição dos jogos do campeonato
brasileiro de futebol na televisão. “É
muito interessante observar que eles
fazem com que as palestras também
se adaptem à rotina deles. Há uma
comunidade em que os produtores fazem questão de levar a família inteira, mas também já vimos lugares em
que somente os associados aparecem
e as esposas ficam em casa. Quando
informo que vai haver uma confraternização ao final, eles perguntam se
queremos uma couve picadinha para
facilitar o nosso trabalho para servir o
jantar”, lembra a gerente de marketing Aline Gontijo.
Após a explanação, os palestrantes
redigem um resumo do conteúdo
apresentado para publicação no jornal “Correio COOPERBOM” e também
são entrevistados para o programa de
rádio “COOPERBOM em Campo”, que
vai ao ar em uma radiodifusora local
às quartas-feiras às 6h30, com retransmissão em rádios da região onde
a Cooperativa tem unidades.
A escolha dos palestrantes para os
temas é feita a partir das parcerias
comerciais entre a Cooperativa e as
empresas fornecedoras de insumos da
organização. A empresa responsável
pelo ciclo do mês programa uma palestra técnica e também arca com os
custos do evento.
Entre os produtores que participam
do ciclo de palestras com frequência
está Carlos Roberto Couto, representante da comunidade de Bom Retiro.
“As palestras nos ajudam a tomar decisões melhores na fazenda. Já vi palestras sobre gestão, mastite e muitos
outros temas importantes. Considero
que é um momento de congraçamento
e companheirismo porque lá trocamos
ideias e conversamos com os nossos
vizinhos de cerca que às vezes nem
temos a oportunidade de visitar”, pondera o produtor.
O cooperado José Roberto Silvestre
também prestigia as palestras na região
de Bom Despacho. Ele elogia a programação e a organização do evento. “As
palestras são muito boas e programadas com antecedência. Isso contribui
bastante para que mais produtores estejam presentes”, atesta.
A novidade do ciclo do mês de setembro
é a inclusão de uma palestra motivacional voltada para os funcionários da Cooperativa, que será realizada no dia 9, às
19h, no salão da COOPERBOM.
Confira a programação completa:
Ciclo de palestras COOPERBOM – Setembro 2013
9 de setembro
Palestra motivacional para funcionários
Bom Despacho
Salão COOPERBOM
19h
12 de setembro
16 de setembro
Controle de Endo
e Ecto Parasitas
Araújos – Unidade da
Cooperativa na região
19h Coccdiose em bovinos
Moema – Clube dos Idosos
19h
Engenho do Ribeiro – Salão Comunitário
19h30
26 de setembro Silagem de qualidade
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
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80 anos de uma vida feliz
Foto: gilson de souza
Maria José e Vicente Silva, 61 anos de união e muitas lembranças
Há 80 anos na comunidade do Engenho do Ribeiro, distrito de Bom Despacho (MG), nascia Vicente de Paula
Silva, o quarto de 18 irmãos. Filho
de produtores rurais, ele é associado
à Cooperativa Agropecuária de Bom
Despacho (COOPERBOM) há mais de
quarenta anos. O cooperado acompanhou a evolução da produção de leite,
do latão à granelização, e guarda as
lembranças de cada fase em uma memória inesgotável.
Casado com Maria José da Silva, com
quem formou uma grande família,
ele se considera um homem muito
feliz. São 11 filhos, 29 netos e 10
bisnetos, que aos domingos enchem
a Fazenda Vargem do Vale de “causos”, carinhos e hóspedes. O filho
Pedro Salviano auxilia nas atividades da fazenda.
10
“Além da produção de leite, fazemos
rapadura da melhor qualidade. É uma
herança dos tempos do meu pai e que
hoje compartilho com o Pedro”, conta o produtor, que é o responsável por
dar o toque final ao doce, fazendo da
experiência o recurso essencial para
saber se a rapadura está ou não “no
ponto”.
A boa relação entre o produtor e seus
três funcionários é muito valorizada
na propriedade. “Todos os dias fornecemos o almoço e o café, ninguém
precisa trazer marmita para o trabalho”, conta a esposa Maria José da
Silva.
Vicente Silva é filho de um dos primeiros conselheiros fiscais da COOPERBOM, Jacinto Salviano da Silva,
que também presenciou a fundação
da organização. Do pai, o produtor
também herdou o espírito cooperativista e participou de algumas gestões
na função de conselheiro. Na terceira geração, o filho Vicente Roberto
da Silva é o atual diretor administrativo da Cooperativa, carregando
consigo uma herança histórica.
No dia 27 de agosto, o produtor
completou 80 anos. Quando questionado sobre qual a maior lição que
ele tira desta vida, ele responde
com um sorriso. “A vida de produtor de leite é trabalhosa e tem uma
rotina que não nos deixa descansar
de domingo a domingo. Nunca pude
estudar na escola regular, mas estudei na vida. São 61 anos de casado,
muitos filhos, muitos netos e muita
felicidade”, pondera com muita sabedoria.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
Inovação, gestão e competitividade marcam
1ª Feira de Agronegócios da CAPAL
Por Saulo Aguiar
Correspondente da CAPAL
Um evento que já nasce promissor,
uma feira que faz jus às tradições,
à história e à importância das regiões do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro no cenário do agronegócio de
Minas Gerais. Um marco para o desenvolvimento de produtores rurais
e para a sustentabilidade do setor
nos municípios que compõem a Microrregião do Planalto de Araxá. A 1ª
Feira de Agronegócios Cooperativa
Agropecuária de Araxá (CAPAL) realizada entre os dias 21 e 23 de agosto,
foi marcada pela organização na estrutura do evento, tecnologia e inovação, proporcionadas em palestras
técnicas disponibilizadas por importantes empresas e cooperativas do
segmento, além de oportunidades
oferecidas ao produtor para planejar e tornar sua atividade agropecuária mais competitiva e rentável. O
bom desempenho no primeiro ano,
a satisfação dos cooperados, fornecedores e parceiros, com o grande
volume de negócios realizados, já
tornaram a Feira de Agronegócios
obrigatória no calendário de eventos
da CAPAL e da região.
Cerca de 3 mil visitantes, entre produtores rurais, técnicos, universitários e estudantes, autoridades, presidentes de sindicatos e cooperativas
do ramo agropecuário e mais de 50
fornecedores, entre eles, empresas,
parceiros, entidades representativas
da classe rural e cooperativas participaram do evento realizado no Expominas Araxá.
A feira proporcionou uma movimentação de aproximadamente R$ 21
milhões em negócios e se tornou
um espaço destinado a demonstrar
alternativas de melhor rentabilidade nas pequenas propriedades, que
contou com apoio da CCPR - Cooperativa Central dos produtores Rurais,
Itambé, Sistema Faemg - Federação
da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Cooperativa de
Crédito da Região de Araxá (Sicoob
Crediara), Sistema Ocemg, dentre
outras empresas privadas.
O presidente da Itambé Alimentos
S/A, Alexandre Almeida, salienta que a 1ª Feira de Agronegócios
da CAPAL é um marco para toda a
região. “Esse é o primeiro evento,
organizado por uma de nossas cooperativas, do qual tenho oportunidade de participar, desde que assumi
a presidência da Itambé, há apenas
45 dias. Eu não poderia deixar de
prestigiar um evento tão importante
de uma das maiores filiadas do Sistema CCPR, que é a CAPAL. A nossa
filosofia é de sempre estar junto da
Cooperativa Central e das cooperativas singulares, para que possamos crescer juntos. A feira permite
grandes oportunidades de negócios,
onde você reúne toda a cadeia do
agronegócio em um mesmo local,
oferecendo produtos de qualidade,
com preço acessível e facilidade de
pagamento. Tivemos também excelentes palestras, onde o produtor
cresce e consegue enxergar além do
que ele está fazendo hoje”, analisa
o presidente.
Experiência, boas
práticas e gestão
A Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR) e a Itambé patrocinaram três importantes palestras
proferidas durante a 1ª Feira de
Agronegócios da Capal. O médico veterinário, Fernando Ferreira Pinheiro, ministrou a palestra “Aplicação
das Boas Práticas Agropecuárias”. O
doutor em economia, Paulo do Carmo Martins, pesquisador da Embrapa
Gado de Leite, ministrou a palestra
com o tema “Boa Gestão na Atividade Leiteira”. E o gerente de Su-
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
Fotos: joão lima
O gerente de Suprimento de Leite
da CCPR/Itambé, Armindo Neto
apresentou palestra durante a feira
primento de Leite da CCPR/Itambé,
Armindo José Soares Neto, contou
“A Experiência da Nova Zelândia na
Produção de Leite”. De acordo com o
presidente da CAPAL, Alberto Adhemar do Valle Junior, a qualidade das
palestras ministradas engrandeceu
o evento. “A nossa proposta não era
realizar somente um evento de negócios. A CAPAL tem como missão ser
o instrumento de desenvolvimento
econômico, social e tecnológico do
associado. Todos os nossos parceiros,
fornecedores e produtores rurais de
toda a região contribuíram muito
para alcançarmos esse grande sucesso logo no primeiro evento. A CCPR
e a Itambé proporcionaram palestras
de alta qualidade, com especialistas
do setor e que certamente vêm contribuir para o desenvolvimento da
atividade da nossa região”, ressalta
o dirigente.
Estandes da CAPAL e CCPR/Itambé
11
Cuidados com a nutrição animal
Prezado produtor,
As boas práticas agropecuárias aplicadas à pecuária de leite tratam da
implementação de procedimentos
adequados em todas as etapas da produção nas propriedades rurais. Essas
práticas devem garantir que o leite e
seus derivados sejam seguros e também que a propriedade permaneça
viável sob as perspectivas econômica,
social e ambiental.
Fernando Ferreira Pinheiro
Dentro das áreas de aplicação das
boas práticas está a nutrição, pois os
Médico Veterinário e Coordenador de
Qualidade do Leite da CCPR/Itambé
animais precisam de água e alimentos
suficientes, de qualidade e seguros
para sua saúde. A quantidade e a qualidade dos alimentos e da água fornecida determinam, em grande parte, a
saúde e a produtividade dos animais
leiteiros, e a qualidade e segurança
do leite por eles produzido.
Neste Informativo da Qualidade serão
demonstrados alguns pontos que merecem atenção para garantir o aproveitamento dos alimentos, bem como
a produção de leite com qualidade e
segurança.
Objetivos orientadores
das práticas na pecuária de leite
Saúde
Animal
Características
definidoras
Higiene na
Ordenha
Nutrição
(Alimentos e
água)
Bem-estar
Animal
Meio
Ambiente
Gestão
SócioEconômica
Animais precisam da água e alimentos suficientes, de
qualidade e seguros para a sua saúde
Água e alimentos: quantidade e qualidade
Para que a produção de leite seja realizada com máxima produtividade,
qualidade e segurança é preciso estar
atento a alguns aspectos:
• Os animais devem receber alimento e água suficientes diariamente, de
acordo com suas necessidades fisiológicas (idade, peso corporal, estágio de
lactação, nível de produção, gestação
e clima);
• Planejar antecipadamente o fornecimento de água e alimento para o
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rebanho reduz os riscos e pode ajudar o produtor a identificar fontes de
alimentos com melhores condições de
preço;
• Utilizar métodos adequados de fornecimento de alimento, de água e infraestrutura que assegure acesso adequado a todos os animais. O manejo
adequado na alimentação reduzirá a
pressão de competição e diminuirá o
comportamento agressivo entre animais.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
Alimento de qualidade e seguro
O uso de alimentos de qualidade e seguros é muito importante para garantir a saúde do rebanho, além de ser
fundamental para prevenir o risco de
contaminação do leite. Portanto, fique atento às seguintes orientações:
• Garantir o fornecimento de água de
qualidade e que a fonte seja controlada e avaliada regularmente. Cerque
as fontes de água para protegê-las de
contaminações, principalmente a contaminação fecal;
• Utilizar equipamentos diferentes
para manusear produtos químicos e
alimentos para os animais. Nunca misturar produtos químicos agrícolas e/ou
veterinários em equipamentos ou instalações usadas para manusear alimentos e água para o rebanho leiteiro;
• Garantir que produtos químicos sejam usados de forma adequada em
pastagens e culturas forrageiras e observar o período de carência. Seguir
sempre as orientações do rótulo em
relação às doses de aplicação e ao
tempo de carência antes que os animais tenham acesso ao alimento. Observar sempre os procedimentos regu-
lamentados para pulverização;
• Utilizar somente produtos químicos
aprovados para tratamento de alimentos para animais ou dos componentes
dos alimentos, e observar os períodos
de carência. Os produtos químicos
devem ser manipulados de forma a
evitar a sua introdução acidental no
alimento e na água e, como consequência, no leite;
• Garantir condições apropriadas de
armazenamento para evitar a deterioração ou contaminação dos alimentos.
Feno e alimentos secos devem ser protegidos de umidade. A silagem e outros alimentos fermentados devem ser
mantidos sob vedação adequada;
• Rejeitar alimentos mofados e fora
do padrão. Evitar fornecer qualquer
alimento mofado para os animais leiteiros. Uma grande variedade de alimentos pode conter toxinas fúngicas
que podem ser transferidas para o
leite. Monitorar nos alimentos se há
presença de outros contaminantes visíveis, tais como material orgânico,
metais, plásticos e outros itens indesejáveis.
Uso de cama de aviário (cama de frango)
Para a produção de leite com qualidade
e segurança, e a manutenção da saúde no rebanho é de fundamental importância o fornecimento de alimentos
que não ofereçam riscos aos animais e
ao leite produzido. Neste ponto é importante reforçar a proibição do uso da
cama de aviário, também conhecida
como cama de frango.
Os principais riscos sanitários da utilização da cama de aviário na alimentação
de ruminantes é a transmissão do botulismo, que é uma enfermidade causada
por uma bactéria (Clostridium butolinum) que provoca uma alta mortalidade no rebanho bovino e a transmissão
da Encefalopatia Espongiforme Bovina,
popularmente conhecida como “Doença
da Vaca Louca”, uma enfermidade que
coloca em risco a saúde da população
humana por ser uma zoonose.
Dessa forma, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa N°8 de 25 de Março de
2004, proibiu em todo o território nacional
a produção, comercialização e utilização
de produtos destinados à alimentação de
ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem
animal. Inclui-se nesta proibição a cama
de aviário, os resíduos de suínos, como
também qualquer produto que contenha
proteínas e gorduras de origem animal.
As punições, quando confirmado o uso
de cama de aviário são:
• Eliminação dos ruminantes, mediante o
abate em estabelecimento inspecionado
e devidamente registrado sob inspeção
oficial, com aproveitamento de carcaça,
remoção e destruição de material de risco
para encefalopatia espongiforme bovina
(EEB) conforme estabelecido pelo MAPA; ou
• Eliminação dos ruminantes, mediante
destruição na propriedade sob acompanhamento da autoridade de defesa sanitária animal;
• Além disso, encaminha-se o caso para
a Promotoria Pública, já que a legislação que fala da proibição do uso de
cama de aviário na alimentação de ruminantes é de âmbito federal;
É importante que o produtor entenda que
ele faz parte da cadeia de produção de alimentos para consumo humano e, portanto,
deve estar ciente da segurança e qualidade
do leite que produz. Sendo assim, a produção de leite seguro para a saúde do consumidor pressupõe o controle ou eliminação
de todos os perigos que potencialmente
possam estar presentes no leite. A maioria
dos perigos é controlada com a adoção de
boas práticas como as mencionadas acima,
relacionadas à nutrição animal.
Fonte: Federação Internacional de Laticínios, FAO/ONU – Guia de Boas Práticas na Pecuária de Leite, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Como Evitar a Doença da Vaca Louca no Brasil, Instrução Normativa N°8, de 25 de Março de 2004. Revista InterRural, Os perigos
do uso da cama de frango na alimentação de bovinos. Fotos: Arquivo CCPR/Itambé.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
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Primavera traz a esperança do retorno das chuvas
Rafaela Fávaro
Somar Meteorologia
Fotos: Somar Meteorologia
Média de chuva em Minas Gerais em setembro
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Média de chuva no Brasil em setembro
O inverno chega ao fim em setembro e
então começa a primavera. A estação
inicia no dia 22, exatamente às 17 horas e 44 minutos, horário de Brasília.
O período é marcado pelo retorno das
chuvas, mas o atraso ou adiantamento e a frequência das precipitações
são definidos por fatores associados
à variação de temperatura dos oceanos. Neste ano, a atmosfera passa por
uma fase de neutralidade, mas as simulações meteorológicas indicam que
o Oceano Pacífico deve esquentar nos
próximos meses. Não haverá a formação do fenômeno El Niño, mas será uma
variação suficiente para influenciar no
regime chuvoso do Brasil.
De acordo com o meteorologista da
Somar Celso Oliveira, as chuvas mais
fortes começam até antes da hora em
Minas Gerais, antecedendo o início da
Primavera, mas isso não implica na regularização precoce das precipitações.
Os produtores que pretendem fazer a
renovação das pastagens devem ficar
atentos, pois os períodos entre uma
chuva e outra serão prolongados, o
que caracteriza os “veranicos”.
Com as temperaturas do Oceano Pacífico um pouco mais elevadas que o
normal no segundo semestre de 2013, a
tendência é que as chuvas fiquem mais
concentradas na região Sul do país. As
frentes frias que se formarão nos próximos meses ficarão bloqueadas entre o
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O grande destaque para a região
Sudeste, principalmente para Minas Gerais, será a irregularidade das chuvas.
Porém, se as chuvas serão a grande
preocupação dos produtores mineiros, eles não poderão reclamar das
temperaturas. A previsão aponta um
frio tardio para a região Sul do Brasil,
inclusive com geadas em setembro,
mas não é comum que essas massas
de ar polar fora do inverno consigam
chegar até a região Sudeste. Por isso,
os termômetros não caem a ponto de
provocar danos às lavouras mineiras.
O “veranico” é um termo meteorológico usado para definir os períodos de
estiagem, calor intenso e baixa umidade do ar, que acontecem em plena
estação chuvosa.
Já que setembro será mais seco que
o normal o mês promete também ser
mais quente.
Entre outubro e novembro as previsões mostram que a precipitação
ficará acima da média no Triângulo Mineiro. Nas outras áreas de Minas Gerais, também há previsão de
chuva, porém irregular. E por conta
deste bloqueio atmosférico, os dois
meses também serão quentes em boa
parte do Sudeste.
O inverno deve terminar com as pastagens em condições muito aquém
do ideal para suprir adequadamente
toda a demanda dos animais. Assim,
a primavera começa com a produção
de leite mais baixa em Minas Gerais.
O agrometeorologista da Somar Marco Antonio dos Santos, explica que
o frio que fez no inverno deixou as
plantas mais fibrosas e menos proteicas. Os pastos só conseguirão voltar a
produzir mais proteína a partir de outubro e a na segunda quinzena deste
mês se tornarão ideais para o pleno
pastoreio.
Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013

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