Leite com cenoura
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Leite com cenoura
Revista Produtor Itambé w ano 4 w número 45 w setembro de 2013 Foto: Gilson de souza Leite com cenoura Grupo de produtores colhe bons resultados com a integração lavoura-pecuária PÁGINAS PÁGINAS 4, 4, 55 ee 66 LEIA MAIS: CAPAL promove feira de agronegócios com estandes e palestras técnicas Página 11 DESTAQUE: COOPERBOM realiza ciclo de palestras técnicas para comunidades cooperativistas Páginas 8 e 9 E AINDA: Saiba quais devem ser os cuidados com a nutrição animal para assegurar a qualidade do leite Páginas 12 e 13 Setembro Foi em setembro de 1945, mais precisamente no dia 2, que finalmente terminou a Segunda Guerra Mundial. Naquele dia o mundo tinha menos de dois bilhões de pessoas, enquanto hoje tem mais de sete bilhões. Neste conflito morreram oficialmente cerca de 60 milhões de pessoas, ou quase 4% de toda a população mundial. Alguns países, como a Polônia, chegaram a perder 16% de toda a sua população. Na União Soviética a perda foi de 14% e na Alemanha foi de 11%. Imagine a explosão de alegria que foi quando o mundo ficou sabendo que a Guerra oficialmente tinha terminado. Setembro entrou para a história. Para o Brasil setembro é muito marcante. Em 1822, Dom Pedro I declarou independente o Brasil de Portugal, às margens do Rio Ipiranga. Cem anos depois, neste mesmo mês, oficializamos o nosso Hino Nacional, que nos emociona cada vez que o cantamos. Também foi neste mês que tivemos, em 1922, a primeira transmissão radiofônica no Brasil. Não é exagero afirmar que foi um fato mais que marcante. Afinal, num país continental como o Brasil, sem estradas, multirracial, multiclimático e multicultural, foi pelas ondas do rádio que iniciamos a nossa verdadeira integração nacional. Sem o rádio, não teríamos a terceira música mais tocada no mundo, para muitos o nosso segundo Hino Nacional, a “Aquarela do Brasil” do mineiro e radialista Ary Barroso. Para quem produz leite, este é também um mês especial, pelas datas comemorativas. No dia três comemoramos o dia do Biólogo, que é o profissional que está na base de grandes conquistas tec- nológicas que revolucionaram a maneira de produzir leite. No dia nove a comemoração é do Dia do Médico Veterinário, um profissional em constante dinamismo. De curador das doenças do rebanho, o veterinário logo mostrou a importância de se prevenir doenças, bem como a importância econômica da parte reprodutiva. Afinal, a vaca é a única máquina que se reproduz! Mas, nos dias atuais, o médico veterinário, em sintonia com o seu tempo, está cada vez mais envolvido com boas práticas e qualidade do leite. No dia treze a data comemorativa é o Dia do Engenheiro Agrônomo, esse profissional que ajudou a mudar para melhor a vida de todos nós. Sem o agrônomo não teríamos essa abundância de alimentos, que é a marca do Brasil e que permitiu acumular riquezas usadas para viabilizar a industrialização brasileira. Sem o engenheiro agrônomo não teríamos sucesso na interiorização do Brasil. Deixamos de ser um país litorâneo a partir dos anos setenta e incorporamos, de fato, o território brasileiro que era nosso apenas no papel. A agronomia ajudou a confirmar o mapa do Brasil. Produção Sustentável Com a palavra, o Técnico 7 Cooperativa em Destaque 8e9 Nossa Gente Eventos 10 Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 11 Informativo da Qualidade Por Dentro do Tempo Revista Produtor Itambé Publicação mensal da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé) Diretoria O mês fecha com o Dia do Fazendeiro e o Dia do Vaqueiro, respectivamente comemorados nos dias 21 e 28. É dessa parceria entre o fazendeiro e o vaqueiro que, todo dia, são produzidos 90 milhões de litros de leite no Brasil. Somente isso já seria suficiente para eleger setembro um mês especial. Ah, ainda é tempo de lembrar que em setembro se inicia a primavera, que dispensa apresentação. Cor, luz, alegria. É setembro chegando e deixando floridos os nossos caminhos. 4, 5 e 6 Presidente: Jacques Gontijo Álvares Vice-presidente Administrativo: Marcos Elias Vice-presidente Comercial: Carlos Antonio Figueiredo Amorim Vice-presidente de Abastecimento: Colifeu Andrade Silva Equipe Responsável Mônica Salomão Priscila Martins Júlia Fernandes 12 e 13 14 Textos e edição Mônica Salomão – MG 10543/JP Júlia Fernandes – MG 15115/JP Diagramação Gilson de Souza – MG 12251/JP Tiragem/Impressão 8.250 exemplares / Log Print Publicidade Priscila Martins Tel: (31) 2126-3417 Site: www.produtoritambe.com.br E-mail: [email protected] www.twitter.com/produtoritambe Colaboraram nesta edição Fernando Ferreira Pinheiro José Eustáquio de Paiva Júnior Rodrigo Aparecido Lopes Ferreira Tatiane Stela Pizzol Produtor Itambé Telefones: (31) 2126-3418 / (31)2126-3448 3 Marca consolidada na produção de Fotos: gilson de Souza Leonardo e Makoto comemoram os resultados do investimento em melhoramento genético. Apenas com a utilização da técnica de transferência de embrião, de 2011 até agora nasceram 750 bezerras Atraídos pelo Plano de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP), promovido pelo Governo de Minas Gerais e implantado pela extinta Cooperativa Agrícola de Cotia, os primeiros membros da família Sekita deixaram o Norte do Paraná no início da década de 70 para buscar na região de São Gotardo maiores extensões de terra para o plantio de café e cereais. Em 1990, visando o aumento da rentabilidade por hectare, a família começou a cultivar hortaliças. A forma de gestão baseada nos ideiais cooperativistas e as boas perspectivas despertaram o interesse de amigos, que aos poucos foram se associando ao grupo. A atividade leiteira começou em 2008, como alternativa frente à alta dos preços de adubos praticados no ano anterior e a consequente necessidade de reduzir os custos de produção. A adoção da integração lavoura-pecuária, 4 explica o engenheiro agrônomo Makoto Edison Sekita, diretor-executivo do grupo associado à Cooperativa Agropecuária de Araxá (CAPAL), teve como foco inicial o aproveitamento do esterco dos animais na adubação do solo visando à diminuição dos gastos com os fertilizantes químicos aplicados nas lavouras de cenoura, alho, milho e beterraba, culturas comercializadas pela Sekita Agronegócios. De acordo com ele, computando apenas as partes de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre presentes nos dejetos líquidos e sólidos, atualmente a economia gerada em adubação é de aproximadamente R$ 4 por animal/dia. “Como hoje aproveitamos os dejetos de 1.200 cabeças do rebanho, economizamos em adubo químico R$ 4,8 mil por dia e em um ano cerca de R$ 1,750 milhão”, aponta. Para 2015, quando o empresário estima contar com duas mil vacas tabuladas, sendo 1.500 em lactação e o restante em lotes de préparto e vacas secas, a previsão é que a economia anual com adubos atinja a cifra de R$ 2,9 milhões. Toda a raspagem de dejetos da sala de ordenha e dos galpões de free-stall cai em uma canaleta que, por sua vez, leva os excrementos a um separador de líquidos e sólidos. O sólido é misturado com fosfato de rocha produzindo o composto. Já a parte líquida passa pelo biodigestor, onde produz o gás, e depois é despejada em uma lagoa para posterior aplicação nas lavouras via pivô de irrigação. “O gás produzido passa por uma canalização de três quilômetros até chegar a um motor de biogás que gera a energia utilizada na câmara fria, onde são depositadas as hortaliças até que ocorra o carregamento dos caminhões frigoríficos”, detalha Makoto Sekita. Segundo ele, Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 hortaliças é sucesso também no leite Hoje, cada vez mais, percebemos que tanto o leite quanto a parte de genética foram bons negócios para o grupo. No geral, eu diria que os dejetos têm uma importância muito grande no projeto e que o leite foi uma boa surpresa. Makoto Sekita hoje os gastos com energia elétrica para esta câmara fria, que funciona de forma ininterrupta, seriam da ordem de R$ 7 mil/mês. “Tirando a depreciação do equipamento, manutenção e futuros gastos com retífica do motor, a economia gira em torno de 50% deste valor. Fora isso, também ganhamos em preservação do meio ambiente ao utilizar energia limpa”, considera. O investimento na estação de tratamento de dejetos e separação de sólidos foi de aproximadamente R$ 1 milhão, considerando equipamentos e alvenaria. Ainda em relação aos ganhos conquistados com o aproveitamento de dejetos, de acordo com Leonardo Lopes Garcia, médico veterinário e diretor de Pecuária do grupo Sekita Agronegócios, nas áreas de plantio de milho próximas à leiteria toda a cobertura química anteriormente utilizada foi substituída pela aplicação de biofertilizantes. “Hoje utilizamos adubo químico apenas no plantio do milho. Antes de iniciarmos a produção de leite, gastávamos cerca de R$ 1 mil em adubação por hectare de milho. Com a utilização de biofertilizantes, esse custo diminuiu para R$ 400 e neste momento estamos testando a eficácia do adubo nas outras culturas”, diz. Constam também entre as ações de sustentabilidade e preservação ambiental do grupo a coleta seletiva de lixo, captação de água de chuva para lavagem da sala de ordenha e aspersão das vacas, e a utilização de cobertura de palha nas camas de borracha. “Optamos pela palha porque ela pode ser reciclada junto com os dejetos, o que não ocorre com a areia”, explica Garcia. Entre terras próprias e arrendadas, o grupo possui 3.400 hectares, dos quais 2.000 são irrigados com pivô central. Desse total, 200 hectares foram destinados ao plantio de Tifton 85, forrageira que, de acordo com Leonardo Garcia, tem como finalidades evitar a erosão do solo, “filtrar” a água das chuvas antes de sua chegada às áreas de preservação permanente e alimentar o gado. Já a Brachiaria ruziziensis desempenha um importante papel na rotação de culturas. “Nas áreas em que serão cultivadas as hortaliças começamos com o cultivo desta forrageira, cujas raízes são profundas, a fim de estruturar bem o solo. Ao longo de um ano realizamos dois cortes, que têm como destinação a alimentação do gado, e depois promovemos o descanso da área por um período de mais um ano. Essa medida nos traz como retorno um aumento de 15% das produções de cenoura e beterraba”, exemplifica Makoto Sekita. Negócio leite As primeiras novilhas do plantel do grupo Sekita Agronegócios foram adquiridas em abril de 2008 e em junho do mesmo ano foi produzido o primeiro litro de leite da propriedade. Já no ano seguinte, o balanço apresentou 429 animais em lactação e produção de 6.117 litros/dia, média de 14,26 litros por vaca. Atualmente, são utilizados 600 hectares para a atividade e o sistema de produção é 100% confinado. Por dia, são ordenhadas 800 vacas que produzem 27 mil litros de leite, média de 33,5 litros por animal. A ordenha é realizada em três turnos e a sala é equipada com 48 conjuntos de ordenhadeiras. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 Camas de borracha com cobertura de palha, ventiladores e aspersores por toda a extensão dos galpões de freestall são alguns dos itens destinados ao conforto animal. “Procuramos dar o máximo de conforto para os animais para que eles tenham mais saúde e mais tranquilidade, o que permitirá que produzam mais e por mais tempo”, assinala o diretor de Pecuária do grupo, Leonardo Garcia. Todas as vacas possuem pulseiras de identificação. Quando o animal entra na sala de ordenha as informações são sincronizadas e enviadas aos computadores, o que possibilita a pesagem individual do leite, lançada em tempo real no sistema de dados da empresa. Além disso, o equipamento mede a atividade do animal e por meio deste recurso é possível saber, por exemplo, quando a vaca está no cio, período em que seus picos de movimentação são maiores. Nessa mesma linha, a porteira de seleção é outra tecnologia utilizada na propriedade para fazer a separação dos animais, selecionados previamente no computador, que precisam ser inseminados ou submetidos a algum tratamento. O plantel tem hoje 2.350 animais, predominantemente da raça Holandês, sendo que 1.430 cabeças fazem parte do rebanho jovem. “Para formar o plantel compramos tanto Girolando quanto Holandês. Mas devido à dificuldade em encontrar animais de boa qualidade e com sanidade garantida, investimos em um rebanho paralelo de gado de corte Procuramos dar o máximo de conforto para os animais para que eles tenham mais saúde e mais tranquilidade, o que permitirá que produzam mais e por mais tempo Leonardo Garcia 5 A equipe de gestores da Pecuária de Leite trabalha afinada para atingir a meta de 50 mil litros/dia até 2015 para utilizar as vacas como receptoras. Tirávamos os embriões de nossas melhores vacas e comprávamos outros de empresas parceiras para implantá-los nas barrigas de aluguel. Iniciamos esse trabalho em 2011 e de lá para cá chegamos à marca de 750 bezerras nascidas por meio de transferência de embrião”, comemora Garcia. Da mesma forma que o investimento empregado em TE e FIV em receptoras de corte, atualmente 40% das vacas em lactação também são utilizadas como receptoras e as demais são inseminadas com sémen dos melhores touros das principais centrais de genética do mundo. “Se com a inseminação artificial gastaríamos de 20 a 30 anos para ter esse plantel, utilizando a FIV e a TE em cinco anos conseguiremos montar um rebanho geneticamente superior”, compara Makoto Sekita. E os investimentos em melhoramento genético não param por aí. Setecentas bezerras nascidas de FIV tiveram material coletado e enviado para os EUA, onde estão sendo realizadas as avaliações genômicas que vão traçar o DNA desses animais. “Já recebemos uma primeira remessa de resultados que identificaram as nossas melhores fêmeas. Desses animais é que vamos selecionar nossas futuras doadoras, de quem vamos tirar os embriões para reprodução”, compartilha Leonardo Garcia. 6 A agrônoma Ana Paula Coelho Sekita Garcia, filha de Makoto e esposa de Leonardo, é a responsável pela nutrição do rebanho. Toda a alimentação volumosa e parte dos concentrados, como milho, triticale e aveia, fornecida aos bovinos é produzida na propriedade. São utilizados para a composição das dietas, que variam em proporção de acordo com os lotes de produção, silagem de milho, silagens de pré-secados de Brachiaria, Tifton 85 e azevém, milho grão, farelo de soja, polpa cítrica, caroço de algodão, feno de Tifton, palha de aveia, triticale e minerais, ingredientes que são misturados e fornecidos em vagão de mistura total. Além da parte de nutrição, Ana Paula divide com o marido a gestão da Diretoria de Pecuária. A atividade leiteira da Sekita Agronegócios conta com 50 funcionários distribuídos em três turnos de trabalho. Ao ingressar no grupo, o colaborador passa por treinamentos e sempre que possível participa de cursos de capacitação e reciclagem. A equipe trabalha de forma afinada e os resultados podem ser comprovados pela qualidade do leite produzido. Muito abaixo dos limites de 600 mil/ mL estabelecidos pela IN 62, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para as contagens de células somáticas e bacteriana total, neste ano a CCS do leite produzido pelo grupo não ultrapassou 150.000 cél./mL e a CBT tem apresentado resultados abaixo de 10.000 UFC/mL. “Coletamos leite de todo animal recém-parido para fazer a cultura e por meio dela identificamos se há presença de bactéria. Em caso positivo, temos como saber qual é a bactéria e assim realizar a ação mais indicada para aquele caso. Além disso, trabalhamos junto aos ordenhadores para que eles sigam todas as etapas de procedimentos préestabelecidos. Quando identificamos vacas com CCS acima de 200.000 cél/ mL realizamos a mesma ação adotada com as recém-paridas. Um dos procedimentos que adotamos é a separação dos animais para evitar a contaminação do restante do rebanho”, detalha o diretor de Pecuária. A propriedade foi uma das primeiras no Brasil a adquirir um resfriador de placas, que contribui de forma expressiva em relação aos índices de CBT. O equipamento funciona da seguinte forma: todo o leite que sai da ordenha cai em uma cuba, que posteriormente segue para o resfriador de placas e ele já cai no tanque a uma temperatura de 3ºC. Ou seja, como o leite já sai resfriado ele pode ser despejado no tanque ou diretamente na carreta. “Como a refrigeração ocorre de forma muito rápida conseguimos reduzir a proliferação bacteriana. Enquanto o tanque demoraria de três a quatro horas para resfriar o leite, aqui em um minuto já obtemos essa temperatura”, explica Garcia. Para 2015, o projeto do grupo é chegar à produção de 50 mil litros de leite por dia. “É claro que sempre pensamos no lucro que o leite nos traria, mas no início priorizamos os dejetos. Com o decorrer do tempo, vimos que existia uma possibilidade muito grande de aumentar a produção e não hesitamos em empenhar esforços para que isso acontecesse. Hoje, cada vez mais, percebemos que tanto o leite quanto a parte de genética foram bons negócios para o grupo. No geral, eu diria que os dejetos têm uma importância muito grande no projeto e que o leite foi uma boa surpresa”, avalia Makoto Sekita. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 Foto: gilson de souza Bezerros: o futuro da sua propriedade Rodrigo Aparecido Lopes Ferreira Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Técnico de Captação de Leite da CCPR/Itambé na região da Grande BH A produção de leite tem como etapa fundamental o manejo adequado de bezerros, em especial o das futuras matrizes leiteiras. Mas alguns produtores de leite ainda desconhecem ou não dão o devido valor às boas práticas de manejo na criação de bezerros. Dentre os cuidados com o bezerro após o nascimento posso citar dois como sendo os principais: Colostragem: O colostro, primeira secreção após o parto, possui composição diferente do leite, com baixos teores de lactose, porém com altos teores de gordura, sólidos totais, minerais e vitaminas, e principalmente proteína, devido às imunoglobulinas ou anticorpos. É importante fornecer o colostro o mais rápido possível, pois esta é a forma de garantir a sobrevivência do bezerro com a ingestão de anticorpos já que nesse início de vida os animais estão mais susceptíveis a doenças. Por ainda não serem capazes de produzir grande parte de sua defesa imunológica, são dependentes da imunidade passiva que é adquirida da mãe no primeiro dia de vida. Além de ser o alimento ideal para os neonatos, devido às suas características nutricionais, também é fonte de células de defesa maternas, fatores de crescimento, hormônios e fatores antimicrobianos que atuam no desenvolvi- mento do sistema digestivo do bezerro e o protegem contra doenças. Outro ponto importante está no fato de que é o colostro que auxilia na manutenção da temperatura corporal e evita a ocorrência de doenças, quando fornecido ao bezerro a uma temperatura adequada. As bezerras devem ingerir em torno de 10% do seu peso vivo de colostro nas primeiras 24 horas, de preferência nas primeiras 6 horas, quando a absorção de anticorpos é mais alta. Por exemplo: um animal de 30 Kg deve ingerir em torno de 3 litros. Caso o animal não consiga fazer a ingestão, deve-se optar pela mamadeira ou passagem de sonda esofágica para administrar o colostro, sempre com cuidado e sob orientação veterinária. Cura de Umbigo: O umbigo é a via de comunicação entre o feto e a mãe. Através do cordão umbilical chegam ao sangue do feto o oxigênio e todos os nutrientes que ele precisa para se desenvolver, vindos do sangue da mãe, e sai tudo aquilo que não serve mais para o bezerro dentro do útero. Depois do nascimento, o umbigo perde sua função, involui e, rapidamente, as estruturas utilizadas na comunicação materno-fetal (veia, artérias e o úraco, que é um canal que chega até a bexiga) fecham-se. Os músculos dessa região também se unem, constituindo uma massa muscular. Até que todo o processo se complete, o umbigo é uma porta aberta para agentes causadores de diversas doenças. Daí a necessidade da cura de umbigo, que desidrata o coto umbilical, fechando gradualmente esta porta de entrada e protegendo contra os patógenos. Este procedimento deve ser realizado nas primeiras horas após o nascimento com tintura de iodo (5% a 7%) e deve ser repetido no mínimo uma vez por dia, du- Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 rante três a cinco dias consecutivos, ou até que o cordão umbilical caia. O iodo deve ser aplicado sob a forma de imersão para permitir a entrada da solução no coto umbilical. Esta solução é importante, pois o iodo e o álcool possuem capacidade de matar os patógenos por dentro e por fora, e o álcool desidrata e mumifica (“seca”) as estruturas do cordão umbilical. Outras soluções não são recomendadas para cura do umbigo, por não conseguir efetivamente desidratar o coto umbilical fechando esta passagem. Nunca se deve cortar o umbigo, este procedimento é recomendado apenas em cordões umbilicais muito compridos (acima de 10 cm), reduzindo-o de 2 a 5 centímetros, porém o cuidado é maior, aumentando o uso da tintura de iodo. Importante: não traga o bezerro para o curral para fazer a cura (lembre-se, é o local mais contaminado da propriedade. Faça a cura no piquete maternidade ou em um local mais limpo). Se a cura da região umbilical for tardia e mal feita, as estruturas permanecerão abertas e as bactérias irão causar infecções em diferentes regiões do organismo do bezerro. Estas infecções podem ser locais ou infecções graves em diversos órgãos do bezerro, ou ainda levarem até mesmo à morte por septicemia (distribuição de patógenos na corrente sanguínea). Cuidado com o recém-nascido é fator primordial para o sucesso em sua propriedade. Tanto a cura de umbigo mal feita quanto a colostragem inadequada causam grandes prejuízos econômicos como altas taxas de morbidade e mortalidade, gastos com medicamentos e mão de obra, além de atrasos em todas as etapas do processo de produção, pois os animais que se recuperam das doenças apresentam um desempenho produtivo inferior. 7 COOPERBOM realiza ciclo de palestras mensal Com o propósito de aproximar os produtores associados e incentivá-los a adotar as melhores técnicas de produção em suas propriedades, a Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho (COOPERBOM) promove mensalmente um ciclo de palestras que contempla todas as comunidades de cooperados localizadas na região. Ao todo são sete áreas de abrangência (Araújos, Bom Despacho, Bom Retiro, Engenho do Ribeiro, Estrela do Indaiá, Mato Seco e Moema) que recebem os palestrantes em seus salões comunitários. “Nossa proposta é fazer com que o produtor desenvolva o conhecimento para gerar maior rentabilidade para o negócio dele. Muitas vezes, nosso associado não tem condição de vir a Bom Despacho ou mesmo a um evento maior para adquirir essas informações técnicas. Então, promovendo a palestra ao lado da casa dele fazemos com que tudo fique mais acessível. É interessante notar que quando os produtores não podem ir à palestra por um determinado motivo, eles ligam para avisar, mostrando o interesse pelo evento”, explica o presidente da COOPERBOM, Moacir Eustáquio Teixeira. A cooperativa promove cerca de quatro palestras por mês e os temas a serem debatidos seguem o calendário dos produtores, obedecendo aos períodos de seca, plantio de grãos e vacinação, por exemplo. Os assuntos Fotos: gilson de souza O presidente da COOPERBOM, Moacir Teixeira, conversa com os produtores Carlos Couto e José Silvestre sobre o ciclo de palestras nunca se repetem na mesma região para que todos possam estar atualizados com os conteúdos oferecidos. Os ciclos também contemplam palestras motivacionais sugeridas pelos próprios cooperados que já puderam usufruir de um encontro de mulheres e uma edição especial para o dia dos pais. A forma de divulgação das palestras garante a presença dos participantes. A COOPERBOM publica a sua programação por meio do portal, jornal e redes Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho (COOPERBOM) A Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho foi fundada há 57 anos, no dia 27 de maio de 1956. Atualmente, a organização tem 3245 associados. A estrutura da Cooperativa contempla cinco postos de gasolina, cinco lojas de supermercado, farmácia, fábrica de ração e sal mineral, e a Fazenda COOPERBOM. Os produtores associados da Cooperativa localizam-se nos municípios de Abaeté, Araújos, Arcos, Bom Despacho, Córrego Danta, Estrela do Indaiá, Lagoa da Prata, Leandro Ferreira, Luz, Martinho Campos, Moema, Nova Serrana, Perdigão, Pitangui, Pompéu e Serra da Saudade. 8 sociais da organização. “Nós também entregamos o convite impresso e ligamos para cada produtor daquela região a ser contemplada com a palestra. Para aqueles cooperados que têm telefone celular, enviamos ainda uma mensagem para lembrar a data e o horário do evento”, conta a gerente de marketing da Cooperativa, Aline Gontijo. Além dessas formas de divulgação, os cooperados ainda são avisados da programação de palestras nas missas locais. Em algumas comunidades, o padre cede espaço entre os avisos da celebração para informar a todos sobre o evento que vai ser realizado nos próximos dias. “Realizamos o ciclo de palestras com o maior prazer porque o evento é totalmente voltado para os nossos cooperados e eles sabem disso. As palestras são cronometradas para não serem extensas demais e informarem o conteúdo de forma objetiva e prazerosa. Depois da apresentação, há um momento de confraternização em que os produtores comem um gostoso feijão tropeiro ou feijoada acompanhada de um arroz Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 para intensificar a produção de leite na região “O ciclo de palestras é um evento que reúne informações técnicas, parcerias comerciais e o contato direto da diretoria da Cooperativa com os produtores. Em cada evento, pelo menos um diretor está presente para prestigiar a iniciativa”, analisa o diretor administrativo da COOPERBOM, Vicente Roberto da Silva. Organizadores do evento na sede da COOPERBOM: Aline Gontijo (gerente de marketing), Célio Silva (diretor comercial), Moacir Teixeira (presidente) e Vicente da Silva (diretor administrativo). fresquinho”, compartilha o diretor comercial Célio Jesus da Silva. A organização do evento também se preocupa com as características de cada comunidade cooperativista. Algumas pedem para que seja esperado o término da reza coletiva do terço, em outras não se pode agendar as palestras às quartas-feiras por causa da exibição dos jogos do campeonato brasileiro de futebol na televisão. “É muito interessante observar que eles fazem com que as palestras também se adaptem à rotina deles. Há uma comunidade em que os produtores fazem questão de levar a família inteira, mas também já vimos lugares em que somente os associados aparecem e as esposas ficam em casa. Quando informo que vai haver uma confraternização ao final, eles perguntam se queremos uma couve picadinha para facilitar o nosso trabalho para servir o jantar”, lembra a gerente de marketing Aline Gontijo. Após a explanação, os palestrantes redigem um resumo do conteúdo apresentado para publicação no jornal “Correio COOPERBOM” e também são entrevistados para o programa de rádio “COOPERBOM em Campo”, que vai ao ar em uma radiodifusora local às quartas-feiras às 6h30, com retransmissão em rádios da região onde a Cooperativa tem unidades. A escolha dos palestrantes para os temas é feita a partir das parcerias comerciais entre a Cooperativa e as empresas fornecedoras de insumos da organização. A empresa responsável pelo ciclo do mês programa uma palestra técnica e também arca com os custos do evento. Entre os produtores que participam do ciclo de palestras com frequência está Carlos Roberto Couto, representante da comunidade de Bom Retiro. “As palestras nos ajudam a tomar decisões melhores na fazenda. Já vi palestras sobre gestão, mastite e muitos outros temas importantes. Considero que é um momento de congraçamento e companheirismo porque lá trocamos ideias e conversamos com os nossos vizinhos de cerca que às vezes nem temos a oportunidade de visitar”, pondera o produtor. O cooperado José Roberto Silvestre também prestigia as palestras na região de Bom Despacho. Ele elogia a programação e a organização do evento. “As palestras são muito boas e programadas com antecedência. Isso contribui bastante para que mais produtores estejam presentes”, atesta. A novidade do ciclo do mês de setembro é a inclusão de uma palestra motivacional voltada para os funcionários da Cooperativa, que será realizada no dia 9, às 19h, no salão da COOPERBOM. Confira a programação completa: Ciclo de palestras COOPERBOM – Setembro 2013 9 de setembro Palestra motivacional para funcionários Bom Despacho Salão COOPERBOM 19h 12 de setembro 16 de setembro Controle de Endo e Ecto Parasitas Araújos – Unidade da Cooperativa na região 19h Coccdiose em bovinos Moema – Clube dos Idosos 19h Engenho do Ribeiro – Salão Comunitário 19h30 26 de setembro Silagem de qualidade Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 9 80 anos de uma vida feliz Foto: gilson de souza Maria José e Vicente Silva, 61 anos de união e muitas lembranças Há 80 anos na comunidade do Engenho do Ribeiro, distrito de Bom Despacho (MG), nascia Vicente de Paula Silva, o quarto de 18 irmãos. Filho de produtores rurais, ele é associado à Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho (COOPERBOM) há mais de quarenta anos. O cooperado acompanhou a evolução da produção de leite, do latão à granelização, e guarda as lembranças de cada fase em uma memória inesgotável. Casado com Maria José da Silva, com quem formou uma grande família, ele se considera um homem muito feliz. São 11 filhos, 29 netos e 10 bisnetos, que aos domingos enchem a Fazenda Vargem do Vale de “causos”, carinhos e hóspedes. O filho Pedro Salviano auxilia nas atividades da fazenda. 10 “Além da produção de leite, fazemos rapadura da melhor qualidade. É uma herança dos tempos do meu pai e que hoje compartilho com o Pedro”, conta o produtor, que é o responsável por dar o toque final ao doce, fazendo da experiência o recurso essencial para saber se a rapadura está ou não “no ponto”. A boa relação entre o produtor e seus três funcionários é muito valorizada na propriedade. “Todos os dias fornecemos o almoço e o café, ninguém precisa trazer marmita para o trabalho”, conta a esposa Maria José da Silva. Vicente Silva é filho de um dos primeiros conselheiros fiscais da COOPERBOM, Jacinto Salviano da Silva, que também presenciou a fundação da organização. Do pai, o produtor também herdou o espírito cooperativista e participou de algumas gestões na função de conselheiro. Na terceira geração, o filho Vicente Roberto da Silva é o atual diretor administrativo da Cooperativa, carregando consigo uma herança histórica. No dia 27 de agosto, o produtor completou 80 anos. Quando questionado sobre qual a maior lição que ele tira desta vida, ele responde com um sorriso. “A vida de produtor de leite é trabalhosa e tem uma rotina que não nos deixa descansar de domingo a domingo. Nunca pude estudar na escola regular, mas estudei na vida. São 61 anos de casado, muitos filhos, muitos netos e muita felicidade”, pondera com muita sabedoria. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 Inovação, gestão e competitividade marcam 1ª Feira de Agronegócios da CAPAL Por Saulo Aguiar Correspondente da CAPAL Um evento que já nasce promissor, uma feira que faz jus às tradições, à história e à importância das regiões do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro no cenário do agronegócio de Minas Gerais. Um marco para o desenvolvimento de produtores rurais e para a sustentabilidade do setor nos municípios que compõem a Microrregião do Planalto de Araxá. A 1ª Feira de Agronegócios Cooperativa Agropecuária de Araxá (CAPAL) realizada entre os dias 21 e 23 de agosto, foi marcada pela organização na estrutura do evento, tecnologia e inovação, proporcionadas em palestras técnicas disponibilizadas por importantes empresas e cooperativas do segmento, além de oportunidades oferecidas ao produtor para planejar e tornar sua atividade agropecuária mais competitiva e rentável. O bom desempenho no primeiro ano, a satisfação dos cooperados, fornecedores e parceiros, com o grande volume de negócios realizados, já tornaram a Feira de Agronegócios obrigatória no calendário de eventos da CAPAL e da região. Cerca de 3 mil visitantes, entre produtores rurais, técnicos, universitários e estudantes, autoridades, presidentes de sindicatos e cooperativas do ramo agropecuário e mais de 50 fornecedores, entre eles, empresas, parceiros, entidades representativas da classe rural e cooperativas participaram do evento realizado no Expominas Araxá. A feira proporcionou uma movimentação de aproximadamente R$ 21 milhões em negócios e se tornou um espaço destinado a demonstrar alternativas de melhor rentabilidade nas pequenas propriedades, que contou com apoio da CCPR - Cooperativa Central dos produtores Rurais, Itambé, Sistema Faemg - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Cooperativa de Crédito da Região de Araxá (Sicoob Crediara), Sistema Ocemg, dentre outras empresas privadas. O presidente da Itambé Alimentos S/A, Alexandre Almeida, salienta que a 1ª Feira de Agronegócios da CAPAL é um marco para toda a região. “Esse é o primeiro evento, organizado por uma de nossas cooperativas, do qual tenho oportunidade de participar, desde que assumi a presidência da Itambé, há apenas 45 dias. Eu não poderia deixar de prestigiar um evento tão importante de uma das maiores filiadas do Sistema CCPR, que é a CAPAL. A nossa filosofia é de sempre estar junto da Cooperativa Central e das cooperativas singulares, para que possamos crescer juntos. A feira permite grandes oportunidades de negócios, onde você reúne toda a cadeia do agronegócio em um mesmo local, oferecendo produtos de qualidade, com preço acessível e facilidade de pagamento. Tivemos também excelentes palestras, onde o produtor cresce e consegue enxergar além do que ele está fazendo hoje”, analisa o presidente. Experiência, boas práticas e gestão A Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR) e a Itambé patrocinaram três importantes palestras proferidas durante a 1ª Feira de Agronegócios da Capal. O médico veterinário, Fernando Ferreira Pinheiro, ministrou a palestra “Aplicação das Boas Práticas Agropecuárias”. O doutor em economia, Paulo do Carmo Martins, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, ministrou a palestra com o tema “Boa Gestão na Atividade Leiteira”. E o gerente de Su- Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 Fotos: joão lima O gerente de Suprimento de Leite da CCPR/Itambé, Armindo Neto apresentou palestra durante a feira primento de Leite da CCPR/Itambé, Armindo José Soares Neto, contou “A Experiência da Nova Zelândia na Produção de Leite”. De acordo com o presidente da CAPAL, Alberto Adhemar do Valle Junior, a qualidade das palestras ministradas engrandeceu o evento. “A nossa proposta não era realizar somente um evento de negócios. A CAPAL tem como missão ser o instrumento de desenvolvimento econômico, social e tecnológico do associado. Todos os nossos parceiros, fornecedores e produtores rurais de toda a região contribuíram muito para alcançarmos esse grande sucesso logo no primeiro evento. A CCPR e a Itambé proporcionaram palestras de alta qualidade, com especialistas do setor e que certamente vêm contribuir para o desenvolvimento da atividade da nossa região”, ressalta o dirigente. Estandes da CAPAL e CCPR/Itambé 11 Cuidados com a nutrição animal Prezado produtor, As boas práticas agropecuárias aplicadas à pecuária de leite tratam da implementação de procedimentos adequados em todas as etapas da produção nas propriedades rurais. Essas práticas devem garantir que o leite e seus derivados sejam seguros e também que a propriedade permaneça viável sob as perspectivas econômica, social e ambiental. Fernando Ferreira Pinheiro Dentro das áreas de aplicação das boas práticas está a nutrição, pois os Médico Veterinário e Coordenador de Qualidade do Leite da CCPR/Itambé animais precisam de água e alimentos suficientes, de qualidade e seguros para sua saúde. A quantidade e a qualidade dos alimentos e da água fornecida determinam, em grande parte, a saúde e a produtividade dos animais leiteiros, e a qualidade e segurança do leite por eles produzido. Neste Informativo da Qualidade serão demonstrados alguns pontos que merecem atenção para garantir o aproveitamento dos alimentos, bem como a produção de leite com qualidade e segurança. Objetivos orientadores das práticas na pecuária de leite Saúde Animal Características definidoras Higiene na Ordenha Nutrição (Alimentos e água) Bem-estar Animal Meio Ambiente Gestão SócioEconômica Animais precisam da água e alimentos suficientes, de qualidade e seguros para a sua saúde Água e alimentos: quantidade e qualidade Para que a produção de leite seja realizada com máxima produtividade, qualidade e segurança é preciso estar atento a alguns aspectos: • Os animais devem receber alimento e água suficientes diariamente, de acordo com suas necessidades fisiológicas (idade, peso corporal, estágio de lactação, nível de produção, gestação e clima); • Planejar antecipadamente o fornecimento de água e alimento para o 12 rebanho reduz os riscos e pode ajudar o produtor a identificar fontes de alimentos com melhores condições de preço; • Utilizar métodos adequados de fornecimento de alimento, de água e infraestrutura que assegure acesso adequado a todos os animais. O manejo adequado na alimentação reduzirá a pressão de competição e diminuirá o comportamento agressivo entre animais. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 Alimento de qualidade e seguro O uso de alimentos de qualidade e seguros é muito importante para garantir a saúde do rebanho, além de ser fundamental para prevenir o risco de contaminação do leite. Portanto, fique atento às seguintes orientações: • Garantir o fornecimento de água de qualidade e que a fonte seja controlada e avaliada regularmente. Cerque as fontes de água para protegê-las de contaminações, principalmente a contaminação fecal; • Utilizar equipamentos diferentes para manusear produtos químicos e alimentos para os animais. Nunca misturar produtos químicos agrícolas e/ou veterinários em equipamentos ou instalações usadas para manusear alimentos e água para o rebanho leiteiro; • Garantir que produtos químicos sejam usados de forma adequada em pastagens e culturas forrageiras e observar o período de carência. Seguir sempre as orientações do rótulo em relação às doses de aplicação e ao tempo de carência antes que os animais tenham acesso ao alimento. Observar sempre os procedimentos regu- lamentados para pulverização; • Utilizar somente produtos químicos aprovados para tratamento de alimentos para animais ou dos componentes dos alimentos, e observar os períodos de carência. Os produtos químicos devem ser manipulados de forma a evitar a sua introdução acidental no alimento e na água e, como consequência, no leite; • Garantir condições apropriadas de armazenamento para evitar a deterioração ou contaminação dos alimentos. Feno e alimentos secos devem ser protegidos de umidade. A silagem e outros alimentos fermentados devem ser mantidos sob vedação adequada; • Rejeitar alimentos mofados e fora do padrão. Evitar fornecer qualquer alimento mofado para os animais leiteiros. Uma grande variedade de alimentos pode conter toxinas fúngicas que podem ser transferidas para o leite. Monitorar nos alimentos se há presença de outros contaminantes visíveis, tais como material orgânico, metais, plásticos e outros itens indesejáveis. Uso de cama de aviário (cama de frango) Para a produção de leite com qualidade e segurança, e a manutenção da saúde no rebanho é de fundamental importância o fornecimento de alimentos que não ofereçam riscos aos animais e ao leite produzido. Neste ponto é importante reforçar a proibição do uso da cama de aviário, também conhecida como cama de frango. Os principais riscos sanitários da utilização da cama de aviário na alimentação de ruminantes é a transmissão do botulismo, que é uma enfermidade causada por uma bactéria (Clostridium butolinum) que provoca uma alta mortalidade no rebanho bovino e a transmissão da Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como “Doença da Vaca Louca”, uma enfermidade que coloca em risco a saúde da população humana por ser uma zoonose. Dessa forma, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa N°8 de 25 de Março de 2004, proibiu em todo o território nacional a produção, comercialização e utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem animal. Inclui-se nesta proibição a cama de aviário, os resíduos de suínos, como também qualquer produto que contenha proteínas e gorduras de origem animal. As punições, quando confirmado o uso de cama de aviário são: • Eliminação dos ruminantes, mediante o abate em estabelecimento inspecionado e devidamente registrado sob inspeção oficial, com aproveitamento de carcaça, remoção e destruição de material de risco para encefalopatia espongiforme bovina (EEB) conforme estabelecido pelo MAPA; ou • Eliminação dos ruminantes, mediante destruição na propriedade sob acompanhamento da autoridade de defesa sanitária animal; • Além disso, encaminha-se o caso para a Promotoria Pública, já que a legislação que fala da proibição do uso de cama de aviário na alimentação de ruminantes é de âmbito federal; É importante que o produtor entenda que ele faz parte da cadeia de produção de alimentos para consumo humano e, portanto, deve estar ciente da segurança e qualidade do leite que produz. Sendo assim, a produção de leite seguro para a saúde do consumidor pressupõe o controle ou eliminação de todos os perigos que potencialmente possam estar presentes no leite. A maioria dos perigos é controlada com a adoção de boas práticas como as mencionadas acima, relacionadas à nutrição animal. Fonte: Federação Internacional de Laticínios, FAO/ONU – Guia de Boas Práticas na Pecuária de Leite, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Como Evitar a Doença da Vaca Louca no Brasil, Instrução Normativa N°8, de 25 de Março de 2004. Revista InterRural, Os perigos do uso da cama de frango na alimentação de bovinos. Fotos: Arquivo CCPR/Itambé. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013 13 Primavera traz a esperança do retorno das chuvas Rafaela Fávaro Somar Meteorologia Fotos: Somar Meteorologia Média de chuva em Minas Gerais em setembro 14 Média de chuva no Brasil em setembro O inverno chega ao fim em setembro e então começa a primavera. A estação inicia no dia 22, exatamente às 17 horas e 44 minutos, horário de Brasília. O período é marcado pelo retorno das chuvas, mas o atraso ou adiantamento e a frequência das precipitações são definidos por fatores associados à variação de temperatura dos oceanos. Neste ano, a atmosfera passa por uma fase de neutralidade, mas as simulações meteorológicas indicam que o Oceano Pacífico deve esquentar nos próximos meses. Não haverá a formação do fenômeno El Niño, mas será uma variação suficiente para influenciar no regime chuvoso do Brasil. De acordo com o meteorologista da Somar Celso Oliveira, as chuvas mais fortes começam até antes da hora em Minas Gerais, antecedendo o início da Primavera, mas isso não implica na regularização precoce das precipitações. Os produtores que pretendem fazer a renovação das pastagens devem ficar atentos, pois os períodos entre uma chuva e outra serão prolongados, o que caracteriza os “veranicos”. Com as temperaturas do Oceano Pacífico um pouco mais elevadas que o normal no segundo semestre de 2013, a tendência é que as chuvas fiquem mais concentradas na região Sul do país. As frentes frias que se formarão nos próximos meses ficarão bloqueadas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O grande destaque para a região Sudeste, principalmente para Minas Gerais, será a irregularidade das chuvas. Porém, se as chuvas serão a grande preocupação dos produtores mineiros, eles não poderão reclamar das temperaturas. A previsão aponta um frio tardio para a região Sul do Brasil, inclusive com geadas em setembro, mas não é comum que essas massas de ar polar fora do inverno consigam chegar até a região Sudeste. Por isso, os termômetros não caem a ponto de provocar danos às lavouras mineiras. O “veranico” é um termo meteorológico usado para definir os períodos de estiagem, calor intenso e baixa umidade do ar, que acontecem em plena estação chuvosa. Já que setembro será mais seco que o normal o mês promete também ser mais quente. Entre outubro e novembro as previsões mostram que a precipitação ficará acima da média no Triângulo Mineiro. Nas outras áreas de Minas Gerais, também há previsão de chuva, porém irregular. E por conta deste bloqueio atmosférico, os dois meses também serão quentes em boa parte do Sudeste. O inverno deve terminar com as pastagens em condições muito aquém do ideal para suprir adequadamente toda a demanda dos animais. Assim, a primavera começa com a produção de leite mais baixa em Minas Gerais. O agrometeorologista da Somar Marco Antonio dos Santos, explica que o frio que fez no inverno deixou as plantas mais fibrosas e menos proteicas. Os pastos só conseguirão voltar a produzir mais proteína a partir de outubro e a na segunda quinzena deste mês se tornarão ideais para o pleno pastoreio. Revista Produtor Itambé, ano 4, número 45, setembro de 2013
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