HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA

Transcrição

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA
João Pessoa, 03 a 05 de julho de 2003
Hotel Tambaú
Marcelo Germoglio
DEFINIÇÃO / EPIDEMIOLOGIA
HDA: qualquer sangramento proximal à flexura
duodeno-jejunal (ângulo de Treitz)
FLEXURA
DUODENOJEJUNAL
DEFINIÇÃO / EPIDEMIOLOGIA
ƒ
ƒ
Causa freqüente de hospitalização
EUA: 350.000/ano
ƒ 1995, Longstreth: 102 / 100.000 hab/ano
2x
UP > causa
3ª e 4ª décadas
ƒ Mortalidade: 10%
30-40%: varizes esofágicas
ƒ 70-80% dos sangramentos cedem espontaneamente
ƒ 10% sangram continuamente
ƒ 20% ressangram em 24-48h
JBM,
JBM, maio-2003
maio-2003
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
1. Hematêmese: vômito de sangue
2. Melena: eliminação anal de sangue
digerido
3. Hematoquezia: sangue vermelho vivo
nas fezes
PRINCIPAIS CAUSAS DE HDA
•
•
NÃO
VARICOSA
VARICOSA
•
•
•
•
Úlcera duodenal
Lesão aguda da Mucosa
Gastroduodenal (LAMGD) – AINE
Úlcera gástrica
Fissura de Mallory-Weiss
Esofagite
Lesões vasculares
- hemangiomas
- lesão de Dieulafoy
1. Varizes esofagogástricas
Esôfago de Barrett
Varizes de Esôfago
Úlcera Duodenal
Corpo Estranho
Úlcera Pré-Pilórica
Gastrite
CAUSAS RARAS DE HDA
ƒ Septicemia
ƒ Uremia
ƒ Leucemia
ƒ Púrpura
ƒ Hemofilia
ƒ Terapêutica anticoagulante
ƒ CA de pâncreas
ƒ Corpo estranho
ƒ Queimaduras extensas
ƒ Lesões neurológicas
8% causa desconhecida
JBM, maio-2003
CONDUTA DIAGNÓSTICA NA HDA
• História clínica
• Exame físico
• Avaliação laboratorial
• Aspiração nasogástrica
• Papel da endoscopia
• Angiografia
CONDUTA DIAGNÓSTICA NA HDA
Em resumo:
ƒ Confirmar sua presença
ƒ Estimar a intensidade da perda sanguínea
Pequena
(20% volemia)
Moderada
(20-40%
volemia)
Maciça
(> 40%
volemia)
PRESSÃO
ARTERIAL
PULSO
PERDA
deitado: normal
de pé: 20 mmHg
deitado: normal
de pé 20 bpm
< 1.000 ml
90 – 100 mmHg
100 bpm
1.500 ml
< 90 mmHg
120 bpm
> 2.000 ml
ƒ Localizar sua origem
I – ANAMNESE
ƒ Feita com o próprio paciente
ƒ Procedência
ƒ Antecedente de dor epigástrica
ƒ Uso de medicamentos
ƒ Vômitos prévios
ƒ Álcool
ƒ Co-morbidades
II – EXAME FÍSICO
ƒ Permeabilidade das vias aéreas
ƒ Estado hemodinâmico
ƒ Sinais de doença hepática crônica
ƒ Telangectasias
ƒ Dor epigástrica
ƒ Toque retal
III – AVALIAÇÃO LABORATORIAL
ƒ Hemoglobina
ƒ Hematócrito
ƒ Relação uréia / creatinina
ƒ Testes de função hepática
ƒ Coagulograma
ƒ Plaquetas
ƒ Leucócitos (6h: 10.000 – 20.000)
ƒ Tipagem sanguínea
ƒ Gasometria
ƒ ECG
IV – ASPIRAÇÃO NASOGÁSTRICA
ƒ SNG
ƒ Aspiração / lavagem
• Melhor contração gástrica
• Avaliação dinâmica da atividade do
sangramento
• Facilidade ao exame endocóspico
• Desnecessária: EDA nas 1ªs 12h
• Soro fisiológico gelado
V – PAPEL DA ENDOSCOPIA NA HDA
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
É o melhor método para o diagnóstico
Diagnóstico etiológico preciso
Prevê o ressangramento
Orienta o manejo
1ª opção de terapia hemostática
V – PAPEL DA ENDOSCOPIA NA HDA
Qual
Qual o
o melhor
melhor momento
momento para
para realizá-la?
realizá-la?
ƒƒ Controverso
Controverso
ƒƒ 1981,
1981, AAGE
AAGE
EDA
<< 12h:
EDA
12h: sangramento
sangramento ativo
ativo em
em 42%
42%
>> 24h:
24h: sangramento
sangramento ativo
ativo em
em 22%
22%
ƒƒ precoce
precoce (12h):
(12h): HDA
HDA pequena
pequena ou
ou moderada
moderada
ƒƒ imediata:
imediata: situações
situações de
de alto
alto risco
risco para
para HDA
HDA
SITUAÇÕES DE ALTO RISCO EM HDA
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Idade acima de 70 anos
Doenças graves associadas
Sangramento em hospitalizados
Hematêmese de vulto
Melena persistente
Enterorragia de vulto
Hipotensão postural
Pressão arterial sistólica < 100 mmHg e pulso > 100 bpm
Ressangramento
VI – ANGIOGRAFIA
ƒ Sangramentos maciços não identificados
pela EDA
ƒ Desvantagens: débito > 0,5 ml/min
disponibilidade
alto custo do método
TRATAMENTO
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
A) MEDIDAS GERAIS
Internamento hospitalar
Dieta zero
SNG
02 nasal
Acesso venoso
Sonda vesical
Amostras sanguíneas
Cirurgião geral
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
B) REPOSIÇÃO DE FLUIDOS
SF 0,9%
Ringer lactato
Expansores plasmáticos coloidal
Atenção: ICC, IRC e CH
TRATAMENTO
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
C) HEMOTRANSFUSÃO
Condição hemodinâmica
Volume do sangramento e sua intensidade
Presença de sintomas
Níveis de Hb iniciais e subseqüentes
Presença de co-morbidades
D) MEDICAMENTOS
Bloq. dos receptores H2 (cimetidina, ranitidina e
famotidina)
IBP (omeprazol, pantoprazol e lanzoprazol)
Vasopressores (vasopressina, somatostatina e
octreotide)
Vitamina K
TRATAMENTO
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
E) BALÃO ESOFÁGICO
Sengstaken - Blakemore
Indicações: - HDA maciças
- Recidiva hemorrágica incontrolável EDA
Paciente em DLE
Balão gástrico: 100-300 ml de ar
Balão esofágico: 30-40 mmHg
12-24h
Complicações: - migração do balão gástrico
- aspiração
- hiperenchimento
- necrose nasal, oral ou labial
- ressangramento
- lesões superficiais da mucosa
gástrica
TRATAMENTO
F) ENDOSCOPIA
HDA NÃO-VARICOSA
1. Fatores endoscópicos
a) Características da lesão ulcerada
ƒ tamanho: >2cm
ƒ profundidade: >1cm
ƒ base: sangramento em jato
vaso visível
coágulo aderido
sangramento babando
base limpa
TRATAMENTO
Estigma
Incidência (%)
Ressangramento (%)
Sangramento em jato
8 a 15%
> 90%
Vaso visível vermelho
26 a 55%
30 a 51%
Coágulo aderido
10 a 18%
25 a 41%
Sangramento babando
10 a 20%
20 a 30%
Coágulo plano
12%
0 a 5%
Base limpa
36%
0 a 2%
TRATAMENTO
Classificação de FORREST
Tipo de sangramento ou aspecto
da base da úlcera
Classificação
Sangramento em jato
Ia
Sangramento “babando”
Ib
Coágulo sentinela
II
Vaso visível vermelho
II a
Vaso visível escuro ou branco –
coágulo plano
II b
Base clara
III
TRATAMENTO
2. Métodos endoscópicos de
hemostasia
I – Por injeção
ƒ Adrenalina
ƒ Álcool absoluto
ƒ Esclerosantes
ƒ Trombina
LESÃO DE
MALLORY-WEISS
TELANGIECTASIA
TELANGIECTASIA DE
DE OSLER-WEBER-RENDU
OSLER-WEBER-RENDU
TRATAMENTO
2. Métodos endoscópicos de hemostasia
II – Térmicos
ƒ Eletrocoagulção mono/bi/multipolar
ƒ Eletrocoagulação com gás de argônio
ƒ Laser
TRATAMENTO
2. Métodos endoscópicos de hemostasia
III – Mecânicos
ƒ Hemoclipes
ƒ Ligadura elástica
TRATAMENTO
HDA VARICOSA
1) Fatores de risco para ruptura de
varizes esofágicas
a - Função hepática (Child-Pugh)
b - Ingestão continuada de álcool
c - Parâmetros endoscópicos das varizes
ƒ calibre
ƒ cor
ƒ manchas vermelhas
TRATAMENTO
HDA VARICOSA
2) Métodos Endoscópicos
a - Escleroterapia
TRATAMENTO
HDA VARICOSA
2) Métodos Endoscópicos
b - Ligadura elástica
TRATAMENTO
HDA VARICOSA
2) Métodos Endoscópicos
c - Cianoacrilato
TRATAMENTO
G – CIRURGIA
Indicações:
ƒ sangramento ativo refratário ao
tratamento endoscópico
ƒ Situações especiais
A abordagem da HDA é multidisciplinar, e o
envolvimento do clínico, do endoscopista e do
cirurgião em todas as fases do processo de
avaliação do paciente, levarão a uma definição
melhor da conduta a ser tomada e,
conseqüentemente, o sucesso terapêutico.

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