a importância das línguas indígenas no brasil

Transcrição

a importância das línguas indígenas no brasil
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
A IMPORTÂNCIA DAS LÍNGUAS INDÍGENAS NO BRASIL
Patricia Damasceno Fernandes1
[email protected]
Natalina Sierra Assêncio Costa2
[email protected]
RESUMO: a preservação da cultura de um povo depende do mantimento de suas ideologias, tradições,
costumes e principalmente sua língua materna. Na língua está presente a história de um povo, como os
antepassados se comunicavam, como nomeavam os seres e as coisas a sua volta, as lendas e crenças que
motivaram suas vidas, e que como forma de identidade nacional deve ser passada de geração a geração.
Os índios são um dos povos que assim como nós querem a preservação de sua língua, no entanto o que
acontece na atualidade é a morte das línguas indígenas e não apenas delas, mas da tradição, pois são
diversas vezes pressionados a negar sua cultura para poder ter melhores oportunidades e serem mais
aceitos em sociedade não índia. Por falta de terras são obrigados a irem para as cidades e lá é que
pressionados acabam deixando de praticar suas tradições, pelo preconceito da própria sociedade. Ao
estudar sobre algumas tribos no Brasil é observável que a língua indígena raramente é falada por
indivíduos jovens, sendo a maioria dos falantes de mais idade. Por isso neste trabalho discorreremos sobre
a importância das línguas indígenas em nosso país para tentar preservar o que ainda restou dessa tradição
e fazer a pessoas a conhecerem e apreciá-la.
PALAVRAS-CHAVE: Línguas indígenas. Importância. Preservação.
RESUMEN: la preservación de la cultura de un pueblo depende de mantener sus ideologías, tradiciones,
costumbres y sobre todo su lengua materna. En el idioma es presente: la historia de un pueblo, como los
antepasados se comunicavan, como se nombrava los seres y las cosas que los rodeava, leyendas y
creencias que motivan a sus vidas, y que como una forma de identidad nacional se debe pasar de
generación en generación. Los indios son uno de los pueblos que así como nosotros quieren preservar su
lengua, sin embargo lo que sucede hoy en día es la muerte de las lenguas indígenas y no sólo de ellas,
pero de la tradición, porque varias veces fueran presionados a negar su cultura para teneren mejores
oportunidades y seren más aceptados en la sociedad no indígena. Por falta de tierra están obligados a ir a
las ciudades y por la presión absoluta terminan dejando de practicar sus tradiciones motivados por los
prejuicios de la sociedad. Al estudiar acerca de algunas tribus en Brasil se observa que la lengua indígena
es raramente hablada por personas jóvenes, la mayoría de los hablantes son más viejos. Así que en este
artículo vamos a analiza la importancia de las lenguas indígenas en nuestro país para tratar de preservar lo
que aún queda de esta tradición y hacer que la gente sepa y la aprecian.
PALABRAS CLAVE: Las lenguas indígenas; Importancia; Preservación.
1
2
Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
Professora Doutora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
34
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
1.
Introdução
Na época do descobrimento do Brasil de acordo com McCleary (2007) estima-se
que existia cerca de 1.175 línguas indígenas diferentes espalhadas por todo o país,
atualmente permanecem apenas 15% (175) deste valor que sobreviveu a exterminação
dos povos
e que ainda sofre com o descaso da sociedade, gerada pela falta de
conhecimento e preconceito.
O Brasil é um país de grande diversidade linguística e é tarefa da
sociolinguística estudar essa diversidade, registrar línguas que ainda não foram
estudadas, mostrar para a sociedade o valor e importância delas e com isso minimizar o
preconceito social em relação às diferentes línguas.
Se pensarmos apenas em quantas línguas indígenas foram extintas sem antes
terem sido estudadas e registradas, talvez não conseguiremos agir a tempo de impedir a
extinção do que restou da tradição de um povo que faz parte de nossas raízes étnicas.
De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), apenas 37,4% dos 896.917 brasileiros que se declararam como
índios falam a língua de sua etnia e somente 17,5% desconhecem o português.
O censo também mostrou que 42,3% dos índios brasileiros já não vivem em suas
reservas e que 36% se estabeleceram em cidades. Dos indígenas que não estão nas
reservas, apenas 12,7% falam sua língua.
A morte das línguas indígenas acarreta outros fatores que também trazem
impacto na tradição desse povo como a extinção de conhecimentos culturais, as
histórias e lendas de antepassados, ensinamentos a respeito de ervas medicinais, crenças
e cerimônias tradicionais.
A ideologia que é o conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou de visões de
mundo de um indivíduo ou de um grupo aos poucos se perde quando a língua deixa de
estar em plena atividade.
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
35
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
A Língua Portuguesa possui grande variabilidade, essa diferença entre as
realizações de falas é visível se compararmos pessoas de diferentes regiões, falantes
inseridos em diferentes situações podendo usar registros informais e formais, falantes de
gêneros, idades, escolaridade e classes diferentes possuem realizações também
diferentes. Nossas tradições variam de região para região do país.
Os índios possuem também essas características tanto na língua quanto nas
tradições. As línguas indígenas são adequadas à expressão comunicativa de acordo com
cada realidade vivenciada por seus falantes.
Para a sociolinguística não existe língua melhor ou pior, o que existe é a
diversidade linguística, pesquisar e descrever esta diversidade trás resultados mais ricos
e importantes para a sociedade, porque por meio dos estudos sociolinguísticos os
indivíduos ampliarão seus conhecimentos a respeitos de línguas e culturas diferentes,
minimizando assim as concepções sociais preconceituosas.
2.
As Línguas Indígenas
Os historiadores contam que o continente americano antes da chegada dos
colonizadores tinha por volta de 10.000 milhões de índios. No Brasil os índios
brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual
pertenciam:
 Tupi-guaranis (região do litoral);
 Macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central);
 Aruaques (Amazônia);
 Caraíbas (Amazônia).
A explicação para a diversidade de línguas indígenas é a mesma das demais
línguas do mundo. O Linguística brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues em seu livro
Línguas brasileiras explana que as línguas possuem tendência a uma constante
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
36
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
alteração, que é balanceada pela necessidade de ajuste entre os falantes de uma mesma
comunidade para manter a comunicação explícita.
Quando uma comunidade humana de divide em duas ou mais comunidades, o
contato entre as pessoas passa a ser mais reduzido, aumentando a diferenciação
linguística e diminuindo a necessidade de ajustes entre as comunidades.
A partir do momento em que as comunidades passam a não ter contato nenhum
entre os indivíduos, se distanciando no espaço geográfico desaparece a necessidade de
ajuste comunicativo entre elas, as alterações linguísticas não são reajustadas em comum
e sim separadamente se transformando em línguas cada vez mais diferentes.
Mesmo sendo diferentes as línguas indígenas possuem a mesma capacidade das
demais seis mil línguas existentes no mundo: a capacidade de comunicar-se pela
linguagem.
Apesar das diferenças é possível encontrar semelhanças entre algumas línguas
indígenas, no entanto a semelhança vai desaparecendo ao longo dos anos, o que torna
tão complexo o estudo que busca descrever a qual língua mãe pertence as línguas
atuais.
O que motivou a morte de muitas línguas indígenas na época do descobrimento
foram as campanhas de extermínio a escravização de índios, o colonizador além de
roubar a liberdade dos nativos os impedia de falar sua língua materna e continuar
seguindo suas tradições.
Atualmente as línguas indígenas continuam morrendo, e o que motiva isso é a
desvalorização da cultura indígena, os mais jovens não aprendem com os mais idosos a
manter a língua viva. Em busca de melhores condições de vida muitos índios vão para
os grandes centros urbanos e simplesmente escondem sua origem para não serem
descriminados pela sociedade não índia.
É de grande importância a conscientização tanto da sociedade indígena quanto
não indígena a respeito da emergência de preservar a cultura de se manter as línguas
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
37
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
indígenas em atividade e renovação, o ideal seria que as crianças indígenas aprendessem
na escola as duas línguas: a de sua etnia e Língua Portuguesa.
Existem tribos que mantém de maneira firme sua cultura e língua, e criam
escolas que ensinam os pequenos indígenas as duas línguas e não apenas isso, eles
continuam com as cerimônias tradicionais e explicam as novas gerações o valor de
passar isso para as gerações futuras.
Além disso, há também tribos que são extremamente fechadas e que não
dominam a Língua Portuguesa, não tendo contato nenhum com a sociedade não índia,
para preservação tanto da integridade dos membros das tribos quando a defesa das
tradições.
No entanto não é grande a quantidade de etnias que conseguem proteger e
sustentar suas tradições e isso é preocupante porque causa problemas sociais que se
refletem nos estudos linguísticos.
2.1 A classificação das línguas indígenas no Brasil
Desde o século XVI começaram as tentativas de classificar as línguas indígenas
existentes no Brasil, Renato Nicolai (1997 apud Aryon 1996) classifica as línguas
indígenas brasileiras em três grupos: Tronco Tupí, Troco Macro-Jê e Famílias
linguísticas não filiadas ao tronco tupi ou ao tronco macro-jê como podemos ver nas
tabelas abaixo:
TRONCO TUPÍ
FAMÍLIAS
FAMÍLIA TUPÍ-GUARANÍ
LÍNGUAS
DIALETOS
Akwáwa
Parakanã
Suruí do Tocantins
Amanayé
Anambé
Apiaká
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
38
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Araweté
Asuriní do Xingu
Asurini do Tocantins
Avá-Canoeiro
Guajá
Guarani
Kaiowá
Mbyá
Nhandéva
Kaapór (Urubu-Kaapór)
Kamayurá
Kayabí
Kawahíb
Parintintin
Diahói
Juma
Karipúna
Tenharin
Uru-Eu-Wau-Wau
Kokáma
Kokáma
Omágua (Kambeba)
Língua Geral Amazônica (Nheengatú). É
Amazônica para distinguir da outra Língua
Geral, a Paulista, agora já extinta; Nheengatú é
um nome um tanto artificial, que lhe deu o
Gen. Couto de Magalhães em seu livro O
selvagem, de 1876.
Tapirapé
Tenetehára
Guajajara
Tembé
Wayampí (Waiãpi, Oiampi)
Xetá
Zo’é (Puturú)
FAMÍLIA ARIKÉM
Karitiána
FAMÍLIA AWETÍ
Awetí
Juruna (Yuruna)
FAMÍLIA JURUNA
Xipaia
FAMÍLIA MAWÉ
Mawé (Sateré-Mawé)
Aruá
FAMÍLIA MONDÉ
Cinta-Larga
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
39
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Gavião (Ikôro)
Mondé
Suruí (Paitér)
Zoró
FAMÍLIA PUROBORÁ
Puroborá. É um povo de cuja língua há
documentos dos anos 20 (Koch-Grünberg) e
dos anos 50 (W. Hanke) e de que há ainda
alguns remanescentes dispersos de Porto Velho
até o Guaporé (RO/MT). A equipe do Setor
Lingüístico do Museu Goeldi tem feito contato
com alguns e gravado dados lingüísticos)
Kuruáya
FAMÍLIA MUNDURUKÚ
Mundurukú
FAMÍLIA RAMARAMA
Káro (Arara)
Ajurú (Wayoró)
Makuráp
FAMÍLIA TUPARÍ
Mekém
Sakirabiár
Tuparí
TROCO MACRO-JÊ
FAMÍLIAS
LÍNGUAS
DIALETOS
Boróro
FAMÍLIA BORÓRO
Umutina
FAMÍLIA KRENÁK
Krenák
FAMÍLIA GUATÓ
Guató
Akwén
Xakriabá
Xavánte
Xerénte
Apinayé
Kaingáng
Kaingáng do Paraná
Kaingáng Central
Kaingáng do Sudoeste
Kaingáng do Sudeste
Kayapó
Gorotíre
Kararaô
Kokraimoro
FAMÍLIA JÊ
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
40
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Kubenkrankegn
Menkrangnoti
Mentuktíre (Txukahamãe)
Xikrín
Panará (Kren-akore, Kren-akarore)
Suyá
Tapayúna
Timbira
Canela Apaniekra
Canela Ramkokamekra
Gavião do Pará (Parkateyé)
Gavião do Maranhão (Pukobiyé)
Krahô
Krenjê (Kren-yé)
Krikatí (Krinkati)
Xokléng (Aweikóma)
Javaé
FAMÍLIA KARAJÁ
Karajá
Xambioá
Maxakalí
FAMÍLIA MAXAKALÍ
Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe (já não falam
mais suas línguas)
FAMÍLIA OFAYÉ
Ofayé (Opayé, Ofayé-Xavante)
FAMÍLIA RIKBAKTSÁ
Rikibaktsá (Erikpksá)
FAMÍLIA YATÊ
Yatê (Iatê, Fulniô, Carnijó)
FAMÍLIAS LINGUÍSTICAS
NÃO FILIADAS AO TRONCO TUPI OU AO TRONCO MACRO-JÊ
FAMÍLIAS
LÍNGUAS
FAMÍLIA AIKANÁ
Aikaná (Masaká, Kasupá)
DIALETOS
Banawá-Yafi
Dení
Jarawára
FAMÍLIA ARAWÁ
Kanamantí
Kulína
Paumarí
Yamamadí
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
41
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Suruahá (Zuruahá)
Apurinã (Ipurinã)
Baníwa do Içana (cf.Sasha)
Baré
Kampa (Axininka)
Mandawáka
Mehináku
Palikúr
Paresí (Arití, Haliti)
FAMÍLIA ARÚAK (Arawak,
Maipure)
Piro
Manitenéri
Maxinéri
Salumã (Enawenê-Nawê)
Tariana
Yurupari-Tapúya (Iyemi)
Terena (Tereno)
Wapixana
Warekena (cf Sasha)
Waurá
Yawalapití
FAMÍLIA GUAIKURU
Kadiwéu
FAMÍLIA IRANXE
Iránxe (Mynky)
Arikapú
FAMÍLIA JABUTÍ
Jabutí (Jeoromitxí)
FAMÍLIA KANOÊ
Kanoê (Kapixaná)
Aparaí (Apalaí)
Arara do Pará
Bakairí
Galibí do Oiapoque
FAMÍLIA KARIB
Hixkaryána
Ingarikó (Kapóng)
Kalapálo
Kaxuyána
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
42
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Kuikúru
Makuxí
Matipú
Mayongong (Makiritáre, Yekuána)
Nahukwá (Nafukwá)
Taulipáng (Pemóng)
Tiriyó (Tirió, Trio)
Txikão (Ikpeng)
Waimirí (Waimirí-Atroarí)
Warikyána
Wayána
Wai-Wai
Kanamarí
Katawixí
FAMÍLIA KATUKíNA
Katukina do rio Biá (Pedá Djapá)
Txunhuã-Djapá (Tsohom-Djapá)
FAMÍLIA KOAZÁ (KWAZÁ)
Koazá (Koaiá)
FAMÍLIA MÁKU
Máku
Bará (Makú-Bará)
Dow (Kamã)
Guariba (Wariía-tapúya)
FAMÍLIA MAKÚ
Húpda
Nadab
Yuhúp
Mura
FAMÍLIA MURA
Pirahã
Nambikwara do Norte
Tawandê
Lacondê
Latundê
Mamaindê
Negarotê
Nambikwara do Sul
Galera
Kabixí
Mundúka
Nambikwára do Campo
FAMÍLIA NAMBIKWÁRA
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
43
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Sabanê
Amawáka (estes índios vivem no Peru,
não é certeza se alguns vivem no Brasil)
Katukina do Acre (Xanenawá) (cf.Aguiar)
Kaxararí
Kaxinawá
Korúbo
FAMÍLIA PANO
Marúbo
Matís
Matsé (Mayoruna)
Nukini
Poyanáwa
Yamináwa
Yawanáwa
FAMÍLIA TRUMÁI
Trumái
FAMÍLIA TIKÚNA
Tikúna
Arapaço
Bará
Desána
Karapanã
Kubewa (Kubeo)
FAMÍLIA TUKANO
Makúna
Pirá-Tapuya (Waíkana)
Siriáno
Tukano
Tuyúka
Wanano
Orowari
Torá
FAMÍLIA TXAPAKÚRA
Urupá
Warí (Pakaanova)
FAMÍLIA YANOMAMI
Ninam
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
44
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
Sanumá
Yanomám
Yanomami
3.
Extinção das Línguas Indígenas
Os inúmeros eventos organizados com a temática de levar ao conhecimento
tanto de especialistas quanto de pessoas leigas sobre a língua e cultura indígena do
Brasil é prova de que estamos correndo contra o tempo, pois as línguas indígenas estão
sendo extintas e cabe a comunidade linguísta incentivar estudos nessa área.
A Língua Portuguesa e as Línguas Indígenas por meio de estudos descritivos e
comparativos mostraram a mescla de vocábulos, palavras de origem indígena na Língua
Portuguesa e vice-versa, este fato comprova que também fazemos parte da cultura
indígena e eles na nossa e é justamente por isso que a luta por preservar as línguas
indígenas também é nossa.
A pesquisa nesta área é ação de extrema necessidade conforme nos afirma
Aryon:
Há apenas uma língua com pouco mais de 30.000 falantes, duas entre 20.000
e 30.000, outras duas entre 10.000 e 20.000, três entre 5.000 e 10.000, 16
entre 1.000 e 5.000, 19 entre 500 e 1.000, 89 de 100 a 500 e 50 com menos
de 100 falantes. A metade destas últimas, entretanto, tem menos de 20
falantes. Em resumo: das 180 línguas apenas 24, ou 13%, têm mais de 1000
falantes; 108 línguas, ou 60%, têm entre 100 e 1000 falantes; enquanto que
50 línguas, ou 27%, têm menos de 100 falantes e metade destas, ou 13%, têm
menos de 50 falantes [...]. Em qualquer parte do mundo línguas com menos
de 1000 falantes, que é a situação de 87% das línguas indígenas brasileiras,
são consideradas línguas fortemente ameaçadas de extinção e necessitadas,
portanto, de pesquisa científica urgentíssima, assim como de fortes ações
sociais de apoio a seus falantes, que como, comunidades humanas, estão
igualmente ameaçados de extinção cultural e, em não poucos casos, de
extinção física (RODRIGUES, 1999, p.14).
Aryon nos dá algumas sugestões de como preservar as línguas indígenas: por
meio de demarcações de áreas indígenas; mudanças na educação dos pequenos índios
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
45
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
que devem ter na escola um ensino bilíngue: Língua Portuguesa e a língua da etnia
correspondente e por ultimo o incentivo a pesquisas cientificas com fortes ações sociais
de apoio aos falantes.
4.
Considerações Finais
O legado indígena faz parte de nossa história, por mais estudos que tenham sido
feitos na área, sempre haverá descobertas a respeito da língua e cultura desse povo. Os
estudos linguísticos que pesquisam as línguas indígenas possuem grande contribuição
para a valorização da cultura brasileira e a valorização da diversidade linguística.
A influência dos índios em nossa cultura está presente na língua, costumes,
culinária etc. Estamos cercados de traços de origem indígenas no cotidiano e se
pararmos para pensar muitas pessoas nem sabem disso.
A relevância de ampliar a divulgação da tradição dos povos que são parte nossa
origem deve começar na escola regular, assim as crianças chegarão à universidade
cientes da diversidade étnica existente em nosso país e também do papel de cidadão
brasileiro que tem o dever se conhecer sobre seu próprio país.
Impedir a extinção das línguas indígenas no Brasil é valioso para manutenção e
preservação da identidade Nacional.
Referências Bibliográficas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
http://censo2010.ibge.gov.br/resultados Acesso em: 02 de maio de 2014.
MCCLEARY. Leland. Sociolinguística.Curso de Licenciatura em Letras Libras. UFSC.
2007, p.9
NICOLAI. Renato. Línguas indígenas brasileiras. Disponível em: <
http://www.geocities.ws/indiosbr_nicolai/outras.html>acesso em:01 de maio de 2014.
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
46
Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br
Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho 2014
RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas brasileiras. Para o conhecimento das línguas
indígenas. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
_______. A originalidade das línguas indígenas brasileiras. Conferência feita na
inauguração do Laboratório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da
Universidade de Brasília, em 8 de julho de 1999.
Recebido Para Publicação em 14 de junho de 2014.
Aprovado Para Publicação em 20 de julho de 2014.
Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014
47

Documentos relacionados

a origem da língua portuguesa: contexto geral e brasileiro

a origem da língua portuguesa: contexto geral e brasileiro Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 14 • novemb...

Leia mais

a pesquisa sociolinguística nas línguas indígenas brasileiras

a pesquisa sociolinguística nas línguas indígenas brasileiras Fernando Tarallo no Brasil, além disso, pretende-se falar sobre a aplicabilidade dessa teoria nas pesquisas de línguas indígenas brasileiras. Já que são muitas etnias com diferentes línguas, formas...

Leia mais

possibilidades fonéticas do “o” ortográfico em goiás

possibilidades fonéticas do “o” ortográfico em goiás linguístico, na maioria das vezes estigmatizando pessoas sem escolaridade ou de classe social pouco favorecida. Porém, a partir de análises linguísticas mais reflexivas, ao invés de ver estigmatiza...

Leia mais

multiletramento do professor de línguas

multiletramento do professor de línguas Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 5 • Número 13 • julho ...

Leia mais

abordagem conversacional do rotacismo

abordagem conversacional do rotacismo indústrias agrícolas e detentor de grande influência política em sua região vai poder falar à vontade sua língua de „caipira‟ [...]

Leia mais

estudo da gramaticalização do termo/expressão tipo assim em

estudo da gramaticalização do termo/expressão tipo assim em funcional da língua, mas também à sua dinamicidade. De acordo com Martellota, Votre e Cezario (1996, p. 26) “A gramaticalização é uma manifestação do aspecto não-estático da

Leia mais

um olhar lexical para o processo de alteamento: especialização

um olhar lexical para o processo de alteamento: especialização palavras à mudança sonora: frequência e domínio semântico, sendo este uma área de experiência coberta pelo conjunto de termos de determinado campo semântico (CRYSTAL, 2000, p. 88). Nesses termos, i...

Leia mais