O CRISTÃO HOJE: DISCÍPULO E MISSIONÁRIO DE JESUS
Transcrição
O CRISTÃO HOJE: DISCÍPULO E MISSIONÁRIO DE JESUS
Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 O CRISTÃO HOJE: DISCÍPULO E MISSIONÁRIO DE JESUS CRISTO GIOVANI MARINOT VEDOATO1 RESUMO O presente artigo “O cristão hoje: discípulo e missionário de Jesus Cristo” visa apresentar a importância do ser cristão, como uma consequência do assumir e prosseguir a condição de discípulo e missionário de Jesus Cristo nos dias atuais. Palavras-chaves: Cristão, Discípulo, Jesus, Missionário e Vida. ABSTRACT The present article “The Christian today: disciple and missionary of Jesus Christ” aims at presenting the importance of being Christian, as a consequence of the acceptance and continuation of the condition of disciple and missionary of Jesus Christ nowadays. Keywords: Christian, Disciple, Jesus, Missionary and Life O Professor Pe. Dr. Giovani Marinot Vedoato é professor de filosofia na Faculdade Castelo Branco, em Colatina – ES. 1 Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 INTRODUÇÃO Foi em Antioquia, no primeiro século da era cristã, que os discípulos de Jesus Cristo receberam o nome de cristãos (At 11, 26). Portanto, cristão designa o seguidor de Jesus Cristo, aquele que opta por seguir o Filho de Deus. Eis o intento do corrente artigo: apresentar o tema do discipulado e da missão como uma maneira de o cristão hoje, dar prosseguimento à causa começada pela comunidade primitiva num mundo marcado por profundas e rápidas mudanças, que reclama a continuidade do projeto de Jesus em sua utopia de construir um Reino não em outro mundo, mas um Reino a partir dessa história. DISCÍPULOS Em termos mais gerais, discípulo é aquele que aprende de um mestre e o segue. Nos evangelhos, o discípulo é uma pessoa chamada por Jesus (Lc 6, 13), para segui-lo (Lc 9, 52-67), fazendo a vontade de Deus a ponto de aceitar até mesmo a possibilidade de uma condenação (Lc 14, 25ss). Como consequência desse discipulado, os seguidores de Jesus são chamados a uma vida amorosa entre eles (Jo 13, 15) e uma postura de humildade e confiança em Deus. Na conferência geral do episcopado latino-americano e do Caribe, realizada em Aparecida, em maio de 2007, o tema do discipulado aparece, a grosso modo, de três maneiras: a) Proximidade a Jesus Cristo – Os discípulos são convidados a entrar numa íntima união com ele. 2 Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 “Jesus faz dos discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que procede do Pai e lhes pede, como discípulos, uma união íntima com ele, obediência à palavra do Pai, para produzirem frutos de amor e abundância”. 2 b) Animados pelo Espírito Santo – O mesmo Espírito que conduziu Jesus deve conduzir a vida dos discípulos hoje. “Os seguidores de Jesus devem deixar-se guiar constantemente pelo Espírito (Gl 5,12)”. 3 c) Vivência na comunhão – Deve perpassar toda a vida do discípulo. “Jesus, no início de seu ministério, escolhe os doze para viver em comunhão com ele (Mc 3,14)”. 4 Na teologia do magistério hierárquico mais recente, o tema do discipulado encontra grande relevo, quando o papa Bento XVI postula: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. 5 APARECIDA. n. 133. Ibidem. n. 152. 4 Ibidem. n. 154. 5 BENTO XVI. Deus Caritas est. n. 1. 2 3 Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 3 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 Essa reflexão cristológica é fundamental para pensar o chamamento ao discipulado hoje. Isso porque, além de colocar o discipulado vinculado a Jesus, apresenta-o como adesão e opção fundamental ao Filho de Deus. São duas realidades fundantes para pensar o ser cristão na atualidade. MISSIONÁRIOS Discipulado e missão são na verdade “as duas faces de uma mesma moeda”. Isso porque, se o discípulo é chamado para a missão, por outro lado, a missão pressupõe o discípulo como testemunho constante, ou seja, missão e discipulado se complementam. Em termos gerais, missionário vem do latim missio que significa envio. O que, em perspectiva cristã, significa o encargo que Deus confere a alguém em ordem do bem dos outros. Nos evangelhos, missionário é aquele que se vincula a Jesus como amigo e irmão (Jo 15, 1-8), que participa da vida do ressuscitado (Jo 15, 12), que entra na dinâmica do bom samaritano (Lc 10, 29-37) e que acolhe e socorre os pequenos e os leprosos ((Mc 10, 13-16; 1, 40-45). Na conferência de Aparecida, o tema missionário aparece com destaque em três momentos. 4 Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 a) Igreja missionária – Sua missionariedade está fundada na própria realidade trinitária. “É missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai.” 6 b) A missão a serviço do Reino – O Reino foi o horizonte último da missão de Jesus entre nós. “O projeto de Jesus é instaurar o Reino do Pai. Por isso, pede a seus discípulos: “Proclamem que está chegando o Reino dos céus!” (Mt 10, 7)”. 7 c) Missão a serviço da vida – No serviço à vida se fortalece a própria vida do missionário. “De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se aproximam pela missão de comunicar a vida aos demais”. 8 Ibidem. n. 347. Ibidem. n. 361. 8 Ibidem. n. 360. 6 7 Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 5 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 Na teologia da libertação, a temática da missão não pode ser vista à mercê do tema da justiça e da opção pelos pobres. Isso porque, missão, além de anúncio da Boa Nova de Jesus, indica para a fidelidade do conteúdo presente nas palavras e práticas do nazareno, o que, portanto, orienta para a proximidade libertadora de Jesus em relação aos oprimidos. “Optar por Jesus é necessariamente optar pela justiça é optar pelos pobres – esses injustiçados. Cristo-justiça-pobres formam uma trilogia indissociável e ao mesmo tempo articulada”. 9 Na verdade, a existência dos pobres entre nós hoje revela que está faltando vida em abundância para todos, ou seja, que a vontade de Deus não está sendo cumprida plenamente (Jo 10, 10). CONSIDERAÇÕES FINAIS De maneira objetiva podemos chegar a duas conclusões: 1ª conclusão – Não existe possibilidade de pensar o discípulo sem a proximidade com o Filho de Deus, do ponto de vista teológico. E mais: o discipulado é um aprendizado constante, ele amadure à medida que o seguidor de Jesus coloca-se a caminho, vive sua alteridade religiosa no encontro com o outro e com Deus. É um processo contínuo de aprendência, de conversão e de permanentes discernimentos. 9 6 Boff, L. & Pixley, J. opção pelo pobres, p. 147. Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 2ª conclusão – A missão não visa a ela mesma, mas ao conteúdo fundamental da Boa Nova de Jesus. Seu horizonte portanto, não é o colonialismo religioso, a conquista de novas territorialidades, a demarcação da visibilidade social da igreja, seu desejo fontal é a obediência à ordem de seu fundador: Jesus Cristo, que passou fazendo o bem. Enfim, o discipulado acontece na missão e a missão realiza plenamente o discipulado. REFERÊNCIAS BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulinas, 1985. BENTO XVI. Deus Caristas est. São Paulo: Paulinas, 2006. BOFF, L. & PIXLEY, J. Opção pelos pobres. Petrópolis: Vozes, 1986. CELAM. Conclusões de Aparecida. São Paulo: Paulinas, 2007. VEDOATO, G. M. Jesus Cristo na América Latina. Santuário: Aparecida, 2010. Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 7