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Faculdade Castelo Branco
científica
ISSN 2316-4255
ANÁLISES METAFÓRICAS
E TRADUÇÕES DE MÚSICAS
Karina Antonia Fadini1
RESUMO
Este artigo se propõe a analisar e validar a importância da produção dos
sentidos metafóricos durante o processo de tradução de músicas apresentadas em sala de aula. Para tanto, traduções da música “Firework”, de
Katy Perry, feitas por usuários de internet, serão utilizadas como exemplificação. Dessa forma, busca-se entender de que forma (e se) os tradutores
podem controlar expressões metafóricas e que efeito isso tem para o próprio texto traduzido. Nessa perspectiva, a metáfora é compreendida dentro
dos processos histórico-sociais e culturais que lhe são dados como suporte
para a produção de seus significados.
Palavras-chave: metáfora, tradução de músicas.
ABSTRACT
This article intends to analyze and to validate the importance of the production of the metaphorical senses during the process of translation of
music presented in classroom. For so much, it will be necessary to exemplify with translations of the song “Firework”, by Katy Perry, previously
done by internet users. This way, it is intended to understand how (and if)
the translators may control metaphorical expressions, and what effect they
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Docente do Núcleo de Educação da Faculdade Castelo Branco
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have over the translated text. In that perspective, the metaphor is understood inside the historical-social and cultural processes which are given as
support for the production of their meanings.
Key-words: metaphors, translation of songs.
1. Introdução
Segundo Arrojo (1986:22), a tradução “não pode ser meramente o transporte, ou a transferência, de significados estáveis de uma língua para outra
[...]” e “a tradução é uma atividade essencialmente inferior, porque falha
em capturar a “alma” ou o “espírito” do texto literário ou poético”.
Assim, a tradução não é vista como uma atividade exata, um terreno onde
tudo é claro, definido e inequívoco, pois, se assim o fosse, como exclama
Travaglia (2003:190), “não haveria espaço para a reflexão.”
De acordo com Venuti (1995) apud Arrojo, também, “a tradução é a substituição forçada das diferenças culturais e linguísticas do texto estrangeiro
para um texto que será inteligível ao leitor da língua alvo”.
Fica evidente aí que a tradução é permeada por especificidades culturais que, ao
serem traduzidas, podem constituir uma transposição forçada em razão das diferenças entre as duas línguas. No entanto, o tradutor não pode simplesmente se ater
à sintaxe e aos itens lexicais, pois língua e cultura estão intrinsecamente ligadas.
Partindo-se, então, dessa teoria de tradução como um processo de (re)cria2
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ção, em que traduzir é interpretar, o presente trabalho pretende destacar
e analisar numa música (já traduzida por usuários de internet) a presença
de diversos níveis de metáforas, um dos grandes desafios enfrentados pelos tradutores, devido à indissociabilidade entre os elementos lingüístico e
cultural mencionada acima e, assim, contribuir para a ampliação das discussões das diversas teorias sobre o processo da atividade tradutória e, posteriormente, servir de base também para aplicação prática em sala de aula.
Para tanto, são observadas implicações de ordem psicológica e cognitiva
presentes na teoria e na prática de tradução de metáforas, com a identificação dos contextos histórico e social em que ela foi empregada e, assim, a
necessidade de reconhecimento deles é justificada.
2. Metáforas e tradução
“Metáfora é principalmente um modo de conceber uma coisa em termos
de outra, e sua função primordial é a compreensão.” (Lakoff e Johnson)
A metáfora, que consiste na comparação de dois termos sem o uso de um
conectivo, tão conhecida como “figura de linguagem” ou, mais especificamente, “figura de palavra” dentro da tradição aristotélica de estudos da
linguagem, hoje tem sido encarada como processo cognitivo ou processo
de produção de sentido, com efeitos de sentidos social e histórico bem
demarcados.
Tal concepção mais abrangente de metáfora surgiu a partir do final dos
anos 70 no âmbito da ciência cognitiva. Segundo George Lakoff, um de
seus principais teóricos, a metáfora não é só uma figura de linguagem ou de
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retórica. Ela, que era considerada um desvio da linguagem usual e própria
de linguagens especiais (como a poética), e tão indesejável no discurso
científico, tornou-se agora uma operação cognitiva fundamental, que está
subjacente à linguagem.
O conhecimento da realidade, tenha sua origem na percepção, na
linguagem ou na memória, precisa ir além da informação dada. Ele
emerge da interação dessa informação com o contexto no qual ela
se apresenta e com o conhecimento preexistente do sujeito conhecedor. (Lakoff e Johnson, 2002:13)
Sendo assim, os processos de produção de sentido em linguagem se estruturam a partir de sujeitos historicamente determinados em função de um
momento específico, mas dentro das possibilidades que o sistema linguístico oferece. Os indivíduos também são, porém, responsáveis por provocar
determinados efeitos de sentido pouco previstos ou inusitados, ainda que
possíveis. Desse modo, eles se constituem como suporte para os processos
de significação das metáforas. Um olhar metafórico sobre a realidade é,
portanto, um olhar que transcende a realidade imediata invadindo mesmo
outras realidades experimentadas pelos sentidos.
Essa perspectiva da linguagem como constituidora dos sujeitos sociais é
encontrada já em Wundt, nos seus escritos de Psicologia datados de 1863,
para quem a linguagem de um povo, sua gramática e seu vocabulário particular é o que determina a “constituição psíquica” desse povo, constitui
seu “gênio”, seu “espírito” próprio, é o “corpo” de sua “alma coletiva”.
(Wundt, apud Abrahão)
Para Lakoff & Johnson, as metáforas “não são ocorrências casuais ou alea4
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tórias para serem tratadas como exemplos isolados.” (2002: 94). Para eles,
trata-se de processos sistemáticos que organizam nossos pensamentos e
ações e que se baseiam nas nossas experiências.
Ao mesmo tempo, Reddy (1979) desenvolveu quatro categorias para constituírem o que ele chama de metáfora do canal:
(1) a linguagem funciona como um canal, transferindo pensamentos
corporeamente de uma pessoa para a outra; (2) na fala e na escrita,
as pessoas inserem seus pensamentos e sentimentos nas palavras;
(3) as palavras realizam a transferência ao conter pensamentos e
sentimentos e conduzi-los às outras pessoas; (4) ao ouvir e ler, as
pessoas extraem das palavras os pensamentos e sentimentos novamente. (Reddy 1979:290, apud Lakoff & Johnson, 2002:16)
Assim, com essa forma idealizada de se pensar a comunicação, ela teria
sucesso garantido, no qual o ouvinte (ou leitor) teria o simples trabalho de
pegar o significado que está nas palavras e colocá-lo na sua cabeça. Dentro
desse ponto de vista, a metáfora é percebida como uma construção de realidade que nem sempre passa pelo consciente.
Seguindo o caminho aberto por Reddy, Lakoff e Johnson deram um tratamento mais explícito à metáfora do canal, considerando-a como uma metáfora complexa, constituída por uma rede do que eles chamam de metáforas
conceptuais. Isso ocorreu na década de 80, quando, através de análises de
expressões linguísticas, inferiram um sistema conceptual2 metafórico subjacente à linguagem, o qual influencia nossos pensamentos e nossas ações.
Na linguística cognitiva, os conhecimentos prévios são chamados de modelos
cognitivos ou esquemas conceptuais.
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Além disso, os dois pesquisadores colocam a existência de três tipos de
metáforas: as orientacionais, as ontológicas e as estruturais, as quais serão
explicadas posteriormente, com a análise musical contida neste artigo.
Desde então, em sua obra Metaphors we live by (e em sua versão traduzida
Metáforas da Vida Cotidiana), eles dizem acreditar que as pessoas não
possuem as mesmas metáforas conceptuais no mesmo grau de elaboração, e que não se assuma que os resultados de observações sistemáticas
da língua necessariamente impliquem que todo indivíduo possua todas as
complexas metáforas conceptuais por eles descobertas.
Além disso, defendem que “as representações de metáforas conceptuais
podem não necessariamente estar pré-armazenadas em sua totalidade no
léxico mental das pessoas; partes delas podem ter que ser (re)construídas
de diferentes maneiras em diferentes ocasiões. Ao mesmo tempo, metáforas conceptuais pré-armazenadas podem não necessariamente ser imediatamente ativadas quando as pessoas compreendem linguagem metafórica.”
(Lakoff & Johnson, 2004:31)
Enquanto isso, Gibbs (1999) se apoia numa abordagem sociocultural da
cognição e não vê necessidade de “tirar a metáfora da mente e colocá-la no mundo”; para ele “as teorias da cognição não deveriam insistir que
as estruturas cognitivas estão ‘na cabeça’, mas deveriam reconhecer quão
‘abrangente’ ou ‘distribuída’ no mundo a cognição pode ser.” (Lakoff &
Johnson, 2004:32)
Talvez por essas razões, conforme afirma Schäffner (2004), “o fenômeno
da metáfora frequentemente tem sido motivo de preocupação entre os estudiosos da tradução, que discutem sobre os problemas de transferência das
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metáforas de uma língua e cultura para outra”.
O trabalho mais importante do tradutor consiste em escolher, dentro
do polissistema da língua de chegada, a forma que melhor representa o original, uma vez que a variação (...) é um espelho que reflete
o contexto sócio-cultural em que foi produzido o original.” (Travaglia, 2003:41)
Com relação à tradução de metáforas também, portanto, nem sempre o
procedimento stricto sensu conseguirá solucionar os problemas, visto que,
ao “transferir” sentidos de um idioma para outro, a pessoa pode se sentir
impedida por diferenças linguísticas e culturais.
“O sentido, entretanto, não é esse algo fixo, pré-determinado e único. Pode estar sujeito a muitos fatores que são variáveis, condicionados pelo tempo, pelo espaço, pelas experiências e conhecimento
de cada leitor e pelas condições de produção de cada texto tanto na
língua de partida quanto na língua de chegada.” (Travaglia 2003:40)
Na linguística cognitiva, os conhecimentos prévios são chamados de modelos cognitivos ou esquemas conceptuais.
São sugeridos, então, pelas teorias de tradução, vários procedimentos para
lidar com esse problema, por exemplo: substituição (de uma metáfora por
metáfora diferente), parafraseamento (explicação da metáfora), ou apagamento (tirando a metáfora, por não existir correspondência na outra língua).
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Via online, porém, aos próprios usuários de certos websites é permitida a
exposição de letras musicais que são, muitas vezes, traduzidas “ao pé da
letra”, enquanto suas metáforas, que nem sempre têm valor correspondente
na língua materna, não são explicadas, fazendo com que a produção do
sentido feita pelos que pesquisam a tradução da música seja afetada e/ou
insuficiente, já que muitas vezes a correlação entre as duas línguas nem
sempre ocorre em nível de palavras, mas sim em nível de frases, e/ou num
contexto histórico-sócio-cultural.
Nas salas de aula, especialmente nas aulas de Língua Inglesa, onde muitas dessas traduções vão parar, então, a questão pode ser ainda pior, pois
existem alunos que têm limitações quanto à interpretação de metáforas,
principalmente por causa de distúrbios neuropsíquicos e de cognição, tais
como autismo, afasias, síndrome de Asperger, etc.
Por essa razão, o intuito aqui é a exemplificação de implicações de ordem
cognitiva presentes na teoria e na prática de tradução de metáforas. Para
tanto, são analisadas ilustrações de fonte autêntica a fim de entender de que
forma os tradutores controlaram expressões metafóricas e que efeito isso
tem para o próprio texto traduzido, para a recepção do texto pelos destinatários e para desenvolvimentos discursivos subsequentes.
Assim, o presente artigo pretende investigar os procedimentos utilizados
nas traduções para Português das metáforas encontradas na música “Firework”, de Katy Perry, e ilustrar alguns dos desafios linguísticos e culturais que elas apresentam.
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3. Na prática
Professores de línguas em todos os lugares se esforçam para fazer o ensino
pertinente ao interesse de seus alunos, buscando em situações do dia a dia
algo que lhes chame atenção e os faça refletir sobre algum tópico quanto ao
estudo da linguagem.
A música, muito difundida em qualquer região, é um dos principais recursos
utilizados pelos professores de Língua Inglesa e, através dela, muitas vezes
se tem a possibilidade de demonstrar aspectos culturais de um país. Ela está
presente em todos, ou quase todos, os momentos da vida do ser humano e
representa um grande fator de integração entre grupos de pessoas, variando
conforme o estilo. Através da música vagam muitos pensamentos e sentimentos, sejam de épocas passadas ou presentes, mesmo aquelas compostas
em outros idiomas, os quais, muitas vezes, nem se compreendem.
A tradução de textos musicais se torna, portanto, um fator muito importante dentro do contexto social, sendo esse um trabalho que deve ser realizado com muita responsabilidade e conhecimentos específicos em tradução,
para haver uma maior sensibilidade no que diz respeito ao discurso poético.
Observa-se que as características individuais de cada idioma são aspectos
que devem ser vistos e estudados com cautela, pois cada língua tem a sua
própria identidade, e essas características podem gerar vários conflitos na
tradução de um texto.
Dentro dessa perspectiva é que se propõe aqui a interpretação das metáforas sob a ordem dos conceitos básicos da linguística cognitiva sobre a
construção do significado.
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É importante deixar claro, então, que, nesse ponto de vista, o significado
metafórico não está nas palavras, ele é uma construção mental produzida
pelo sujeito, em que significar é ter referência.
Assim, o estabelecimento e a interpretação de uma relação metafórica estão vinculados a conhecimentos prévios3 possuídos pelo emissor da metáfora (que é quem estabelece a relação metafórica) e pelo receptor da metáfora (que é quem interpreta a relação metafórica), conhecimentos esses que
precisam ser compartilhados no momento da interação. O papel da linguagem é, assim, puramente o de fornecer pistas para suscitar e enquadrar os
nossos conhecimentos prévios, levando-nos à construção do significado.
4. Uma Exemplificação
Analisemos, então, duas traduções da canção “Firework” (“Fogos de artifício”), da cantora Katy Perry, cuja letra original se encontra em anexo:
TRADUÇÃO 1: (Vagalume.com.br)
Fogos de artifício
Você já se sentiu como um saco de plástico
Voando com o vento querendo começar de novo
A área dos nossos conhecimentos prévios que é enquadrada e considerada como
sendo mais importante para a construção do significado é chamada de frame (moldura).
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Você alguma vez já se sentiu
Se sentiu tão frágil
Como um castelo de cartas
A um simples sopro de desmoronar
Você alguma vez já se sentiu
Como se estivesse enterrado
A sete palmos
Você grita, mas parece que ninguém ouve nada
Você sabe que há
Uma chance para você
Pois você tem um brilho
Você só tem que...
Acender a luz
E deixá-la brilhar
Seja o dono da noite
Como o dia da independência
Pois, baby, você é como fogos de artifício
Venha e mostre do que você é capaz
Deixe todos boquiabertos falando “oh, oh, ooooh”
Enquanto você cruza o céu
Baby, você é como fogos de artifício
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Venha e deixe as suas cores explodirem
Deixe todos boquiabertos falando “oh, oh, ooooh”
Você vai deixá-los todos supresos, surpresos, surpresos
Você não precisa se sentir
Como um desperdício de espaço
Você é original
Não pode ser substituído
Se você ao menos soubesse
O que o futuro lhe aguarda
Depois do furacão vem o arco-íris
Talvez a razão, por quê
Todas as portas se fecharam
Seja pra você poder abrir uma
Que te leverá ao rumo perfeito
Como um relâmpago o seu coração reluz
E você saberá quando chegar a hora
Você só tem que
Acender a luz
E deixá-la brilhar
Seja o dono da noite
Como o dia da independência
REFRÃO e REPETIÇÃO
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TRADUÇÃO 2: (Letras.mus.com.br)
Fogo de Artifício
Você já se sentiu Como um saco plástico
Flutuando pelo vento querendo começar de novo?
Você já se sentiu,
Com um papel bem fino
Como um castelo de cartas
A um sopro de desmoronar?
Você já se sentiu
Como se estivesse enterrado ao fundo
Gritando sob seis palmos
Mas ninguém parece ouvir nada?
Você sabe que ainda
Há uma chance para você?
Porque há uma faísca em você
Você só tem
Que acendê-la
E deixá-la brilhar
Apenas domine a noite
Como no dia da independência
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Porque, baby, você é um fogo de artifício
Vá em frente, mostre o que você vale
Faça-os fazer “Ah, ah, ah!”
Enquanto você é atirado pelo céu “Ah, ah!”
Baby, você é um fogo de artifício
Vamos, deixe suas cores explodirem
Faça-os fazer “Ah, ah, ah!”
Você vai deixá-los dizendo “awe, awe, awe”
Você não tem que se sentir
Como um desperdício de espaço
Você é original,
Não pode ser substituído
Se você soubesse
O que o futuro guarda
Depois de um furacão vem um arco-íris
Talvez a razão pela qual
Todas as portas estejam fechadas
É que você possa abrir uma que te leve
Para a estrada perfeita
Como um relâmpago, seu coração vai brilhar
E quando chegar a hora, você saberá
Você só tem que
Acender a luz
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E deixá-la brilhar
Apenas domine a noite
Como o dia da independência
REFRÃO e REPETIÇÃO
Metáforas estruturam parcialmente nossos conceitos da vida diária e essa
estrutura se reflete em nossa linguagem literal. A metáfora principal apresentada por essa música é a idéia filosófica de que POTENCIAL É LUZ.
Ou seja, toda pessoa tem um grande potencial, que é cheio de “brilho” e esplendor, e deve ser demonstrado a todos, como fogos de artifício. Tal idéia
se repete em várias partes da música, seja de forma literal, ou idiomática,
como nos dois últimos exemplos:
There’s a spark on you (tem uma faísca em você)
Ignite the light (acenda a luz)
Let it shine (deixe brilhar)
Lightning bolt (relâmpago)
Your heart will glow (seu coração reluzirá)
Brighter than the moon (mais brilhante que a lua)
Fourth of July (4 de Julho, dia da Independência Americana, quando muitos fogos de artifício reluzem nos céus)
Do you ever feel...buried deep? (já se sentiu enterrado bem profundamente? = ausência de luz)
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Segundo a linguística cognitiva, para chegarmos a essa interpretação, nós
acessamos o nosso esquema conceptual, dentro do qual temos o nosso frame de que “fogos de artifício são bonitos, coloridos, são usados para comemorações, etc” é recortado, e considerado como o conhecimento mais
importante para efeito de interpretação da metáfora. A partir desse ponto,
nós nos servimos de um conector que, após enquadrado o nosso conhecimento sobre o elemento fogos de artifício, possa fornecer referência para
os ouvintes da música. E o conector utilizado é exatamente a descrição de
como você (ouvinte da música) deve se sentir, ou seja, uma pessoa cheia de
luz e cores, e por isso deve comemorar. Daí, por meio de um mapeamento
entre os domínios do real e da metáfora, o que nos permite estabelecer uma
comparação entre as características dos elementos pertencentes a cada um
deles, nós construímos o significado dessa metáfora, que é o de que você
deve soltar essa sua beleza interior.
Esse caso sutil de como um conceito metafórico pode esconder um aspecto
de nossa experiência foi chamado, por Michael Reddy, de “metáfora do
canal” (conduit metaphor), já citada anteriormente. Reddy observa que “o
falante coloca ideias (objetos) dentro de palavras (recipientes) e as envia
(através de um canal) para o ouvinte que retira as ideias-objetos das palavras-recipientes” (Lakoff & Johnson, 2004:54). Assim, a grosso modo, a
nossa linguagem sobre a linguagem é assim estruturada:
Ideias (ou significados) são OBJETOS
Expressões Linguísticas são RECIPIENTES
Comunicação é ENVIAR
Essas metáforas do canal são adequadas em muitas situações, mas isso
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implicaria, porém, dizer que palavras e sentenças tenham significado em
si mesmas, independente do contexto ou do falante. Portanto, elas não se
aplicariam a casos nos quais o contexto é necessário para determinar se a
frase tem ou não significado e, se tiver, que significado tem. Por essa razão,
Lakoff & Johnson (2004:57) concluem que:
Conceitos metafóricos podem ser estendidos para além do domínio
das formas literais ordinárias de se pensar e de se falar, passando-se
para o domínio do que se chama de pensamento e linguagem figurados, poéticos, coloridos ou fantasiosos. […] Dessa forma, quando
dizemos que um conceito é estruturado por uma metáfora, queremos dizer que ele é parcialmente estruturado e que ele pode ser
expandido de algumas maneiras e não de outras.
Obviamente, os autores da música abraçam e entendem o poder das metáforas e símiles4, e ainda mais impressionante, é o fato de levarem isto
para o nível visual através do vídeoclip (disponível em “http://www.vagalume.com.br/katy-perry/firework.html”) produzido pela cantora e o diretor
Dave Meyers, o qual demonstra, através de exemplos reais de questões
atuais e conhecidas, tais como problemas familiares, obesidade, doenças,
homossexualismo e bullying, quando uma pessoa precisa sentir essa “luz”
e se deixar “brilhar” no meio da escuridão da noite, ou seja, em meio aos
problemas.
Símiles são comparações feitas entre dois elementos que não pertencem à mesma
categoria, feita por meio de um conectivo:
Like a plastic bag (como um saco plástico)
Like a house of cards (como um castelo de cartas)
Like the fourth of July (como quatro de julho)
Like a wasted space (como um desperdício de espaço)
Like a lightning bolt (como um relâmpago)
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Os fogos de artifício aparecem aí possivelmente como representações
das filosofias orientais, lembrando a luz interior, revelada pela inspiração
ou conexão com o divino, aquilo que está num plano superior, espiritual,
quando o ser humano alcança uma visão de si mesmo integrada com a
visão do mundo. Então, essa luz seria a expressão dessa condição interior
que é exposta, colocada para fora no momento em que a pessoa resolve dar
valor a essa própria luz interior que possui, e que isso faz diferença na vida
das pessoas a sua volta e também no seu próprio equilíbrio interno, alcançando o “nirvana”, palavra indiana que quer dizer “paraíso”, ou estado de
graça, de suprema realização espiritual. Toda essa informação, portanto,
pode ser passada (ou ‘canalizada’, seguindo o conceito de ‘metáfora do
canal’), em mais ou menos detalhes, simplesmente através da frase “you’re
a firework” (você é fogos de artifício).
Contudo, no momento da criação da música, os valores referidos são geralmente característicos da cultura referente à língua em que ela foi escrita.
Assim, no momento da tradução, podem ocorrer conflitos entre as metáforas associadas a eles, se tais valores forem culturalmente divergentes. Por
exemplo, na tradução 1 foi falado sobre se estar enterrado “a sete palmos”,
enquanto a tradução 2 falou “a seis palmos”. A tradução 2 foi feita literalmente como é dito na letra original. Já na tradução 1, em contrapartida,
escolheu-se seguir a ideia de que na cultura brasileira as pessoas são enterradas a “sete palmos”.
Outros exemplos disso é a falta de explicação, na tradução 2, do que seriam as
interjeições contidas nas frases “Faça-os fazer ‘Ah, ah, ah!’’ e “Você vai deixá-los dizendo ‘awe, awe, awe’’, enquanto na tradução 1 recebemos a ‘referência’ do sentido que elas devem indicar: “Deixe todos boquiabertos falando ‘oh,
oh, ooooh’” e “Você vai deixá-los todos ‘supresos, surpresos, surpresos’”.
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Isso ocorre provavelmente porque os autores de cada tradução não possuem as mesmas metáforas conceptuais no mesmo grau de elaboração. Então, para continuar analisando os tipos de metáforas presentes nessa música e mostrar o que pode ter passado despercebidamente por eles, faz-se
necessária uma breve definição sobre cada um, segundo Lakoff & Johnson,
em seu livro já mencionado:
As metáforas estruturais ocorrem quando um conceito é estruturado metaforicamente em termos de outro, como A VIDA É UMA VIAGEM. Nessa
metáfora, entendemos que estruturar é corresponder os elementos similares de um domínio e de outro. Exemplo:
Maybe a reason why
All the doors were closed
So you could open one
That leads you to the perfect road
Talvez a razão por quê
Todas as portas se fecharam
Seja pra você possa abrir uma que te leve
Para a estrada perfeita
Já as metáforas orientacionais organizam um sistema de conceitos em relação a um outro (e não ‘em termos de outro’, como as estruturais), e estão relacionadas à nossa orientação espacial como para cima – para baixo,
dentro – fora, frente – trás. Nesse tipo de projeção metafórica a base física
são as experiências corporais do aparelho sensório-motor como FELIZ É
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PARA CIMA e TRISTE É PARA BAIXO, o que leva a expressões como:
One blow from caving in (a um sopro de desmoronar)
Buried deep (enterrado profundamente)
Six feet under (a seis/sete palmos abaixo da terra) = para baixo
Drifting through the wind (flutuando pelo vento) = sem rumo certo
Shoot across the sky (atirado/cruzando o céu) = para cima
Por fim, as metáforas ontológicas são utilizadas de forma ampla e são a
base para “conceber eventos, atividades, emoções, ideias, etc. como entidades e substâncias.” (LAKOFF, 2002:76) Nossas experiências com os
objetos e as substâncias físicas auxiliam na compreensão de conceitos. Ao
identificarmos nossas experiências, podemos categorizá-las, agrupá-las e
quantificá-las e, por conseguinte, raciocinar sobre elas. De acordo com os
autores, as metáforas ontológicas são necessárias para tentar lidar racionalmente com nossas experiências, como no exemplo abaixo, em que há a
tentativa de se fazer entender ou definir determinada emoção:
Your heart will glow (seu coração reluzirá)
A maioria das expressões ontológicas não são sequer percebidas como sendo
metafóricas em nosso dia a dia, provavelmente por servir meramente para
objetivos limitados, como referir-se, quantificar, identificar aspectos, etc.
Porém, temos ainda a personificação de entidades, talvez a metáfora ontológica mais óbvia, aquela em que objetos físicos são concebidos como
pessoas, com a qual nos permitimos compreender uma grande variedade
de experiências concernentes a entidades não humanas em termos de moti20
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Faculdade Castelo Branco
científica
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vações, características e atividades humanas (Lakoff & Johnson, 2002:87).
Aqui estão alguns exemplos:
If you only knew what the future holds. (Se você soubesse o que o futuro
guarda)
After a hurricane comes a rainbow. (depois do furacão vem o arco-íris)
So you could open one (door) that leads you to the perfect road. (então
você poderia abrir uma (porta) que te leva à estrada perfeita)
Existem, portanto, valores que são profundamente enraizados em nossa
cultura e que são compatíveis com nosso sistema metafórico. Na tradução,
porém, pode haver conflitos entre os valores das metáforas associadas à
língua fonte e à língua alvo. Para explicá-los, precisamos encontrar as diferentes prioridades atribuídas a esses valores e suas metáforas pela cultura
que os utiliza.
E, com essa análise, pode-se perceber que, assim como na vida cotidiana
há um uso abundante de metáforas, também há tal uso de forma expansiva
em canções, sendo fundamental estruturá-las com expressões metafóricas,
principalmente para a compreensão e definição de conceitos relacionados
a sentimentos e experiências.
Explicar a maneira como as pessoas compreendem suas experiências, porém, exige uma concepção de definição muito diferente da tradicional. Nessa
proposta de Lakoff e Johnson, os conceitos individuais não são definidos de
uma forma isolada, mas, ao contrário, eles são definidos em termos de seus
papéis nos tipos naturais de experiências e em termos de interação.
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Assim, em lugar de serem rigidamente definidos, os conceitos que brotam
de nossa experiência são “abertos”. Dependo do ouvinte/leitor/receptor,
portanto, é preciso ter suas metáforas conceptuais elaboradas o suficiente
para compreendê-las de forma ampla. E cabe ao tradutor ter a sensibilidade
e responsabilidade de pensar, no momento da tradução, naquele leitor que
possivelmente não as tenha.
Ou seja, é como se “a habilidade de compreender a experiência por meio
da metáfora fosse um dos cinco sentidos: como ver, ou tocar, ou ouvir”
(2002:358) e, já que nós só percebemos e experienciamos boa parte do
mundo por meio das metáforas, seria de fundamental importância desenvolvê-la.
Referências
ABRAHÃO, Virgínia B. B. A metonímia em London London, conto de
caio fernando abreu. Disponível em http://www.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/sell/article/view/11. Acesso em 9 abril 2011.
ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução: A teoria na prática. São Paulo:
Ática, 1986.
FAWCETT, Peter. Translation and language: linguistic theories explained. UK: St. Jerome, 2003.
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GRAÇA, A. Cultura e tradução: o contexto cultural como categoria translatória. Nova, 2003. Disponível em http://www.fcsh.unl.pt/deps/estudosalemaes/Pubs/P_Aires_Graca_14_Jan_2003.asp. Acesso em 24 maio 2011.
PERRY, Katy; ERIKSEN, Mikkel; HERMANSEN, Tor; DEAN, Ester;
WILLELM, Sandy J. Firework. 2010. Disponível em <http://www.vagalume.com.br/katy-perry/firework.html> e <http://letras.terra.com.br/katy-perry/1731882/>. Acessos em 24 jun 2011.
LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. SP: Mercado
das Letras, 2002.
LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Metaphors we live by. University Of Chicago Press. 2nd edition, 2004.
PEREIRA, Marcio da Silva. Música e Metáfora – um estudo do discurso
sobre a música. Caderno do colóquio, 2007. Disponível em www.seer.
unirio.br/index.php/coloquio/article/view/84/49 Acesso em 17 junho 2011.
SCHÄFFNER, C. Metaphor and translation: some implications of a cognitive approach. Journal of pragmatics, v. 36, p. 1253-1269, 2004. Disponível em www.elsevier.com/locate/pragma . Acesso em: 18 maio 2011.
SOLER, Caroline Alves. Música e tradução refletidas no contexto sócio-cultural. Disponível em: http://74.125.155.132/scholar?q=cache:o9l4H
J4ItEQJ:scholar.google.com/&hl=pt-BR&as_sdt=0. Acesso em 23 junho
2011.
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TRAVAGLIA, Neuza Gonçalves. Tradução e Retextualização: a tradução
numa perspectiva textual. São Paulo: Editora da Universidade Federal de
Uberlândia, 2003.
ANEXO:
Firework Katy Perry
Do you ever feel
Like a plastic bag
Drifting through the wind
Wanting to start again
Do you ever feel
Feel so paper-thin
Like a house of cards
One blow from caving in
Do you ever feel
Already buried deep
Six feet under
Screams but no one seems to hear a thing
Do you know that there’s
Still a chance for you
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‘Cause there’s a spark in you
You just gotta
Ignite the light
And let it shine
Just own the night
Like the Fourth of July
‘Cause baby, you’re a firework
Come on show ‘em what you’re worth
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
As you shoot across the sky
Baby, you’re a firework
Come on let your colors burst
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
You’re gonna leave them all in awe, awe, awe
You don’t have to feel
Like a wasted space
You’re original
Cannot be replaced
If you only knew
What the future holds
After a hurricane
Comes a rainbow
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Maybe a reason why
All the doors were closed
So you could open one
That leads you to the perfect road
Like a lightning bolt
Your heart will glow
And when it’s time you’ll know
You just gotta
Ignite the light
And let it shine
Just own the night
Like the Fourth of July
‘Cause baby, you’re a firework
Come on show ‘em what you’re worth
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
As you shoot across the sky
Baby, you’re a firework
Come on let your colors burst
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
You’re gonna leave them all in awe, awe, awe
Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon
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It’s always been inside of you, you, you
And now it’s time to let it through
‘Cause baby, you’re a firework
Come on show ‘em what you’re worth
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
As you shoot across the sky
Baby, you’re a firework
Come on let your colors burst
Make ‘em go, “Aah, aah, aah”
You’re gonna leave them all in awe, awe, awe
Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon
Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon
Fonte: www.vagalume.com.br
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