Renda Fixa 09/09/2014

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Renda Fixa 09/09/2014
Renda Fixa
09/09/2014
DESTAQUES DO RELATÓRIO:
Ø Carteira Recomendada
Nossa Carteira Recomendada do Tesouro Direto para os próximos 30 dias assume um cenário de inflação ainda
pressionada neste ano e levemente mais alta no próximo ano, apesar do recente arrefecimento dos preços de alimentos
e bebidas e da desaceleração da economia brasileira.
Considerando o cenário atual da economia doméstica com expectativa de desaceleração concomitante a uma inflação
ainda pressionada, continuamos preferindo o investimento em um juro real (NTN-Bs) próximo de 5,5% e em títulos pósfixados (LFTs), considerando a recente valorização dos prefixados (LTN e NTN-F).
Acreditamos que a carteira de títulos públicos para os próximos trinta dias deve compor títulos pós-fixados (LFTs 50%)
diante do cenário que continua incerto em termos de juros, principalmente com relação aos preços represados no
mercado interno e a politica monetária nos Estados Unidos, e a aplicação de 50% dos novos recursos em NTN-Bs
(vencimento em 2019).
Ø Cenário Macroeconômico
O quadro externo nas últimas semanas reiterou as perspectivas de manutenção da liquidez global no médio prazo. Na
Europa, o destaque foi o anúncio inesperado pelo Banco Central de medidas adicionais de afrouxamento monetário na
zona do Euro.
Nos Estados Unidos os indicadores econômicos, em geral, continuam apontando para a recuperação da atividade
econômica. A despeito de tal melhora, no entanto, as taxas de juros longas continuam em patamar muito baixo. O
mercado parece duvidar da disposição do Fed em aumentar consistentemente os juros ao longo dos próximos anos.
No Brasil os dados do PIB do 2º trimestre confirmaram o quadro de desaceleração econômica na primeira metade do
ano. A inflação do IPCA, por sua vez continua dando sinais de melhora, porém com algumas ressalvas. Uma delas é a de
que boa parte da desaceleração de preços está associada a persistente deflação nos gêneros alimentícios.
Em um ambiente de manutenção da liquidez global e desaceleração econômica no curto prazo, não vemos espaço para
mudanças na taxa de juros até o fim de 2014. No médio prazo, no entanto, alguns reajustes esperados nos preços
administrados pressionarão a inflação. Em tal cenário, um aumento adicional e moderado da taxa Selic poderá ser
importante para reancorar às expectativas de inflação. Esperamos a taxa Selic encerrar 2015 em 12,0%.
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CARTEIRA RECOMENDADA
Nossa Carteira Recomendada do Tesouro Direto para os próximos 30 dias assume um cenário de inflação ainda
pressionada neste ano e levemente mais alta no próximo ano, apesar do recente arrefecimento nos preços de alimentos
e bebidas e da desaceleração da economia brasileira. Os preços represados (gasolina e energia elétrica, principalmente)
deverão influenciar negativamente na inflação nos próximos trimestres, sendo esse o principal ponto com relação a
nossa expectativa de alta da inflação e consequente alta do juro para o próximo ano (12%).
A escolha da carteira para os próximos 30 dias leva em consideração a continuidade da tendência de valorização dos
títulos prefixados (aproximadamente 3% nos últimos trinta dias) e uma continuidade do cenário de maior volatilidade
principalmente dos juros internacionais, pelo menos até o final do ano. Considerando o cenário atual da economia
doméstica com expectativa de desaceleração concomitante a uma inflação ainda pressionada, continuamos preferindo o
investimento em um juro real (NTN-Bs) próximo de 5,5% e em títulos pós-fixados (LFTs), considerando a recente
valorização dos prefixados (LTN e NTN-F).
Para os próximos 30 dias mantivemos uma porcentagem elevada da carteira em NTN-Bs e excluímos da carteira os
títulos prefixados. Acreditamos que a carteira de títulos públicos para os próximos trinta dias deve compor títulos pósfixados (LFTs 50%) diante do cenário que continua incerto em termos de juros, principalmente com relação aos preços
represados no mercado interno e a politica monetária nos Estados Unidos, e a aplicação de 50% dos novos recursos em
NTN-Bs (vencimento em 2019).
MACRO-OVERVIEW
O quadro externo nas últimas semanas reiterou as perspectivas de manutenção da liquidez global no médio prazo. Na
Europa, o destaque foi o anúncio inesperado pelo Banco Central de medidas adicionais de afrouxamento monetário na
zona do Euro. Além de promover cortes extras nas taxas básicas de juros e de empréstimos, o BCE também anunciou
um programa de compra de ativos privados lastreados (asset backed securities, ABS). A adoção de tais medidas reflete a
crescente preocupação da autoridade monetária europeia com a inflação excessivamente baixa e as taxas de
crescimento do PIB tímidas naquele continente.
Nos Estados Unidos os indicadores econômicos, em geral, continuam apontando para a recuperação da atividade
econômica. A despeito de tal melhora, no entanto, as taxas de juros longas continuam em patamar muito baixo. Embora
as tensões políticas na Ucrânia e Oriente Médio tenham contribuído para tal fenômeno (via maior demanda por ativos
menos arriscados), o mercado parece duvidar da disposição do Fed em aumentar consistentemente os juros ao longo dos
próximos anos.
No Brasil os dados do PIB do 2º trimestre confirmaram o quadro de desaceleração econômica na primeira metade do
ano. A inflação do IPCA, por sua vez continua dando sinais de melhora, porém com algumas ressalvas. Uma delas é a de
que boa parte da desaceleração de preços está associada a persistente deflação nos gêneros alimentícios. Nas próximas
leituras do índice, tal pressão baixista deve ser dissipada, levando novamente a subida da inflação, tanto mensal quanto
acumulada em doze meses.
Em um ambiente de manutenção da liquidez global e desaceleração econômica no curto prazo, não vemos espaço para
mudanças na taxa de juros até o fim de 2014. No médio prazo, no entanto, alguns reajustes esperados nos preços
administrados pressionarão a inflação. Em tal cenário, um aumento adicional e moderado da taxa Selic poderá ser
importante para reancorar às expectativas de inflação. Esperamos a taxa Selic encerrar 2015 em 12,0%.
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Renda Fixa Títulos Públicos
No mês de Julho (último mês com relatório publicado pelo Tesouro Nacional), o montante financeiro vendido no Tesouro
Direto foi de R$ 403,4 milhões, valor 30,9% superior ao mês anterior e 49,1% maior que o valor de julho de 2013. Os
resgates totalizaram R$ 196,9 milhões, sendo R$ 151,8 milhões relativos às recompras e R$ 45,1 milhões referentes a
vencimentos. Os títulos mais demandados pelos investidores foram os indexados ao IPCA (NTN-B e NTN-B Principal),
cuja participação nas vendas atingiu 52,8%. Os títulos prefixados (LTN e NTN-F) corresponderam a 23,0% do total e os
indexados à taxa Selic (LFT), 24,2%.
Título
Vencimento
Taxa(a.a.)
Compra
Indexados ao IPCA
NTNB Principal 150519
15/05/2019
5,49%
NTNB 150820
15/08/2020
5,45%
NTNB Principal 150824
15/08/2024
5,53%
NTNB 150535
15/05/2035
5,51%
NTNB Principal 150535
15/05/2035
5,53%
NTNB 150850
15/08/2050
5,55%
LTN 010117
01/01/2017
11,55%
LTN 010118
01/01/2018
11,51%
NTNF 010125
01/01/2025
11,32%
07/03/2017
-0,01%
Prefixados
Indexados à Taxa Selic
LFT 070317
Atualizado em: 09-09-2014 9:07:10
Fonte: Tesouro Nacional
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Evolução dos Principais Indicadores dos Últimos 30 Dias
A curva de juros no mês de setembro recuou em relação
ao mês passado, principalmente na parte longa da
curva, refletindo principalmente o cenário doméstico. A
decisão do Copom em manter a Selic em 11% já estava
incorporada aos preços pelo mercado considerando a
menor pressão da inflação diante da reduzida atividade
econômica, embora sem flexibilidade para redução da
taxa, dados os preços represados. Os resultados das
pesquisas eleitorais pesaram também na curva de juros,
e a possibilidade de alteração da politica monetária com
uma nova política econômica manteve a queda dos juros
longos em relação aos curtos.
Curva DI Futuro (em %) – BM&F
12,00
11,75
11,50
11,25
11,00
10,75
out-14
abr-15
out-15
08/07/2014
abr-16
out-16
abr-17
08/08/2014
out-17
05/09/2014
Fonte: Bloomberg
O destaque no quadro de ativos no mês de agosto foi o
volume mais elevado de títulos públicos leiloados frente
ao mês anterior (+29%), sendo que o maior volume foi
de títulos prefixados (LTN e NTN-F) totalizando R$ 25,1
bilhões. Entre os ativos cetipados o destaque foi o
aumento do estoque de cotas de fundos em R$ 28,3
bilhões, enquanto o CDI teve diminuição de R$ 29,9
bilhões no estoque. Entre os ativos negociados na BM&F,
o destaque foi o maior volume de DI Futuro negociado,
dado principalmente a maior especulação eleitoral.
Ativos Financeiros
R$ Milhões
Títulos Públicos * Leilão Tradicional
LTN
LFT
NTN-F
NTN-B
Ativos CETIP
CDB
CDI
Cotas de Fundos
Debêntures
Letra Financeira
Estoque
Poupança SBPE
Captação Líquida
BM&F
DI Futuro
FRA
Câmbio Futuro
Ibovespa Futuro
Vol. Negociado #
Jul.
Ago.
Var.
28.076
14.984
6.296
2.704
4.092
36.278
19.193
6.322
6.080
4.683
29%
28%
0%
125%
14%
3.230.753
516.711
605.379
1.216.351
642.918
249.393
3.237.063
511.818
575.425
1.244.715
648.364
256.741
6.310
-4.893
-29.954
28.364
5.446
7.348
947
946
Jul.
Ago.
3.116.336
1.816.987
568.061
652.313
78.976
3.595.019
2.188.745
491.388
814.776
100.110
478.684
371.759
-76.673
162.463
21.135
# Principais Ativos * Dados dos Leilões Diários (Relatório Final não Divulgado)
Fonte: STN, Bloomberg, BACEN, BM&F, Cetip
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A inflação permanece pressionada, de acordo com
último indicador divulgado, apesar do arrefecimento dos
alimentos. O IPCA subiu 0,25% em agosto após a alta
de 0,01% em julho. Em agosto do ano passado, o índice
havia avançado 0,24%. Com o resultado desse indicador
do mês de agosto, o IPCA acumulou alta de 4,02% em
2014 frente aos +3,43% em igual período do ano
anterior. Nos últimos 12 meses o IPCA acumulou alta de
6,51% frente a 6,50% em julho. O item alimentos e
bebidas registrou o quinto mês consecutivo de queda,
com 0,15% em agosto. Nossa equipe econômica estima
um IPCA de +6,6% para este ano e de +7,0% para o
próximo ano.
Taxas
Proj. 2014 (1)
Nacional
SELIC
Ago.
Ano
0,89%
7,08%
11,00%
Ano
Inflação
IGP-M
-0,27%
1,54%
5,60%
Inflação
IPCA
0,25%
4,02%
6,60%
-1,22%
-5,34%
BRL/USD (BACEN)
Custo Captação %
CDB - Pequenos
CDB - Médios
CDB - Grandes c/ liquidez
CDB - Grandes s/ liquidez
Letras Financeiras
R$ Milhões
10
50
50
50
-
180 dias
106,0 a 112,0
-
Outros
180 dias
107,0 a 108,0
-
R$ 2,45
360 dias
95,0 a 101,00
99,0 a 101,00
103,4 a 106,2³
31/07/2014
29/08/2014
Var.
Bovespa (pontos)
55.829
61.288
9,78%
Poupança (Retorno Acumulado)
3,96%
4,59%
0,63%
SWAP PRE x DI
10,96%
11,11%
0,15%
¹ Projeção Bradesco Corretora Research - Final do Ano
³ 2 anos
Mercado Secundário – Taxas Indicativas
O grande destaque da curva das LTNs nos últimos 30
dias foi à queda da parte longa da curva, como pode ser
visto ao lado. Os vencimentos julho/17, janeiro/18 e
julho/18 apresentaram queda de 51, 56 e 64 bps
respectivamente, enquanto a parte mais curta da curva
não apresentou grande variação, com os vencimentos
outubro/2014 e janeiro/ 2015 praticamente estáveis na
média.
LTN (em %)
12,00
11,75
11,50
11,25
11,00
10,75
out-14
fev-15
08/08/2014
jun-15
out-15
22/08/2014
fev-16
jun-16
out-16
05/09/2014
Fonte: Andima
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NTN-B (em %)
6,0
O comportamento da curva das NTN-Bs foi diferente das
LTNs, já que a queda da curva ocorreu em todos os
vencimentos com intensidade semelhante nos últimos
trinta dias. A queda média de todos os vencimentos da
curva foi de 57 bps, sendo que as principais quedas
ocorreram nos vencimentos maio/2045 e agosto/2050,
que caíram 64 bps, enquanto a menor queda ocorreu no
vencimento agosto/2018, com 38 bps.
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
mai-15
mai-16
mai-17
mai-18
mai-19
08/08/2014
mai-20
22/08/2014
mai-21
mai-22
mai-23
05/09/2014
Fonte: Andima
A tendência da curva das NTN-Fs foi similar à curva das
LTNs, com queda maior da parte mais longa da curva
nos últimos trinta dias. A queda dos vencimentos
janeiro/2021, janeiro/2023 e janeiro/2025 foi de 77, 79
e 87 bps, respectivamente, enquanto a menor queda foi
do vencimento janeiro/2017, que atingiu 35 bps, como
pode ser visto ao lado.
NTN-F (em %)
12,0
11,5
11,0
10,5
jan-15
jan-16
jan-17
08/08/2014
jan-18
jan-19
22/08/2014
jan-20
jan-21
jan-22
jan-23
05/09/2014
Fonte: Andima
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Rentabilidade dos Títulos Públicos
Rentabilidade Bruta
Títulos
Vencimento
Últ. 30 dias
Mês
Anterior
No Ano
12
Meses
P re fixa dos
LTN
01/01/2015
0,87%
0,85%
7,08%
10,49%
LTN
01/01/2016
1,04%
0,71%
8,37%
11,66%
LTN
01/01/2017
1,91%
1,15%
10,57%
12,95%
LTN
01/01/2018
2,85%
1,74%
-
-
NTN-F
01/01/2017
1,75%
1,06%
10,03%
12,37%
NTN-F
01/01/2021
4,45%
2,87%
17,02%
15,47%
NTN-F
01/01/2023
5,22%
3,74%
19,40%
16,98%
NTN-F
01/01/2025
6,23%
4,48%
-
-
LFT
07/03/2015
0,86%
0,85%
7,17%
10,24%
LFT
07/03/2017
0,79%
0,79%
7,08%
10,13%
NTN-C
01/07/2017
1,99%
0,96%
8,04%
11,78%
NTN-C
01/04/2021
3,01%
1,44%
10,75%
11,98%
NTN-C
01/01/2031
5,38%
3,71%
15,04%
12,80%
NTN-B
15/05/2015
1,26%
1,04%
8,16%
11,75%
NTN-B
15/05/2017
2,34%
1,34%
10,94%
13,61%
NTN-B
15/08/2020
3,01%
1,49%
13,26%
13,62%
NTN-B
15/08/2024
4,79%
3,14%
15,85%
14,36%
NTN-B
15/05/2035
7,46%
5,39%
21,34%
15,33%
NTN-B
15/05/2045
8,83%
6,78%
24,00%
17,21%
NTN-B
15/08/2050
9,33%
6,88%
24,62%
18,25%
NTN-B Principal
15/05/2015
1,28%
1,05%
8,20%
11,84%
NTN-B Principal
15/05/2019
2,74%
1,35%
12,81%
13,59%
NTN-B Principal
15/08/2024
6,31%
4,41%
19,08%
15,17%
NTN-B Principal
15/05/2035
13,18%
10,01%
33,47%
18,03%
Inde xa dos à Ta xa S e lic
Inde xa dos a o IG P - M
Inde xa dos a o IP CA
Fonte: Tesouro Nacional
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DISCLAIMER
Este relatório foi preparado pelas equipes de análise de investimentos da Ágora Corretora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (“Ágora”)
bem como da Bradesco S.A. Corretora de Títulos e Valores Mobiliários (“Bradesco Corretora”), sociedades controladas pelo Banco
Bradesco BBI S.A. (“BBI”). O presente relatório se destina ao uso exclusivo do destinatário, não podendo ser, no todo ou em parte,
copiado, reproduzido ou distribuído a qualquer pessoa sem a expressa autorização da Ágora e da Bradesco Corretora.
Este relatório é distribuído somente com o objetivo de prover informações e não representa uma oferta de compra e venda ou
solicitação de compra e venda de qualquer instrumento financeiro. As informações contidas neste relatório são consideradas confiáveis
na data em que este relatório foi publicado. Entretanto, as informações aqui contidas não representam por parte da Ágora ou da
Bradesco Corretora garantia de exatidão dos dados factuais utilizados. As opiniões, estimativas, projeções e premissas relevantes
contidas neste relatório são baseadas em julgamento do(s) analista(s) de investimento, envolvido(s) na elaboração deste relatório
(“analistas de investimento”) e são, portanto, sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de
mercado.
Declarações nos termos do art. 17 da Instrução CVM 483:
O(s) analista(s) de investimento declara(m) que as opiniões contidas neste relatório refletem exclusivamente suas opiniões pessoais
sobre os títulos públicos e seus emissores e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Ágora, à
Bradesco Corretora, ao BBI e demais empresas do Grupo Bradesco.
A remuneração do(s) analista(s) de investimento está, direta ou indiretamente, influenciada pelo resultado proveniente dos negócios e
operações financeiras realizadas pela Ágora, Bradesco Corretora e BBI.
Analistas Renda Fixa
Altair Maurílio Pereira
Caio Lombardi
Economista Chefe
Dalton Gardimam
Economista Sênior
Denis Blum
Economista
Tarik Migliorini
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