cavaloepoesiafinal
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CENTRO UNIVERSITÁRIO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA OS CAVALOS CLYSDESDALES EM COMERCIAIS DE TV: ENTRE O HUMOR E A POESIA *CAMILLE VENTURELLI PIC o ORIENTADOR: PROF Msc FERNANDO GUTIERREZ RESUMO Este artigo se dedica a fazer uma analise de conteúdo de comerciais de TV com animais, principalmente da espécie cavalo, equus caballus1, em suas produções. Identificando seu caráter de significação, emocional e estético a partir de revisão de literatura, evidenciando a presença do cavalo com o homem em vários aspectos artísticos, sociais e culturais. Assim, serão analisadas técnicas, conceitos e referências na publicidade, dos comerciais da Budweiser com os cavalos Clysdesdales. Palavras-chave: Comerciais. Cavalos. Conteúdo. Publicidade. Clysdesdales. 1 Equus Caballus: Para designar os cavalos, jumentos e muares empregamos o termo genérico ”equinos” * Camille Venturelli Pic é estudande de Publicidade e Propaganda do último semestre de 2013 do Centro Universitário IESB de Brasília e atua principalmente na área do audio-visual, peças impressas e web, com trabalhos voltados para a educação e para a publicidade. Além disso, treina cavalos a mais de dez anos. Unindo o amor pela natureza com o amor pela publicidade. 1 1.INTRODUÇÃO O ser humano possui diversos tipos de relações com os animais, desde a cadeia alimentar até a utilização como parceiros de trabalho de campo. A imagem do cavalo possui diversos significados em diferentes culturas. Por exemplo, a Budweiser agregou estes tipos de significados para suas campanhas publicitárias que utilizam os cavalos da raça Clysdesdales. Esta pesquisa irá fazer uma análise de conteúdo desde os princípios da publicidade e propaganda até a análise de produções audiovisuais. Para Tavares (2005, p. 15, 24) a publicidade tem caráter comercial, pois é uma mensagem que é paga para ser veiculada na mídia. Ela produz e agrega valores, incentivando os desejos de consumo e necessidades básicas. Criando associações de que para ser algo, precisa-se ter. Segundo Vestergaard e Schroder ( 2000, p.132 apud TAVARES 2005, p.25), a publicidade conota a idéia de um mundo melhor. “Portanto, a propaganda se fundamenta no desejo subconsciente de um mundo melhor”. Desta forma, o autor sugere que a publicidade e propaganda dominam os imaginários das pessoas, criando processos sociais de aceitação através da sedução pela mensagem, que é formada por sistemas semióticos, como a imagem e a linguagem verbal que possuem três funções básicas que são citadas como mostração, interação e sedução. Baseando-se em Pinto ( 2002, p. 65, 67, 68, 69 apud TAVARES 2005, p. 37 - 39), que descreve a mostração como uma forma que consiste em indicar e explicar coisas ou pessoas do que se fala, disse que as relações destas com o tempo e o espaço, cria universos de discurso no processo da comunicação: Quer no caso de textos verbais, quer no caso de imagens, estas escolhas formais recebem o nome de operações de enunciação e correspondem a determinadas operações lógico-semânticas e/ou 2 pragmáticas que o emissor propõe que o receptor refaça para recriar o universo de discurso em jogo no processo comunicativo. (PINTO, 2002, p.66) Na segunda função, PINTO (2002, p.67 apud TAVARES 2005, p. 38) diz que a interação é uma estratégia persuasiva que cria um questionamento a ser resolvido pelo emissor, para alcançar o receptor, “reproduzir as hierarquias sociais reconhecidas no interior da instituição em que o processo de comunicação se dá, reforçando-as, ou de tentar modifica-las segundo determinada estratégia persuasiva.“ A terceira função, é descrita por PINTO (2002, p.68 apud TAVARES 2005, p.38) como a sedução, que consiste em marcar as pessoas, coisas e acontecimentos com valores positivos ou negativos, deixando memórias eternas sobre o que foi explícito, querendo obter reações favoráveis ou não aos que emitiram determinada mensagem. A sedução, esta correlacionada a emoção, sentimento que é muito usado na magia da publicidade utilizadora de técnicas de manipulação para o encantamento do receptor: A contribuição do receptor na interpretação dos valores expressivos é também importante no caso das imagens, cujas conotações são sugeridas por meio de técnicas de manipulação dos retratados e do cenário, enquadramento, iluminação, profundidade de foco, utilização de recursos de edição, como a diagramação. (PINTO, 2002, p.69) Tavares (2005) conclui que a publicidade com essas funções citadas acima, tem no final, o objetivo maior que é o de venda. Seduzindo eternamente o receptor para uma memória positiva em relação a marca. Santos (2005) cita, que as palavras publicidade e propaganda são usadas algumas vezes como sinônimos e algumas outras com significados diferentes em nossa língua. Essas confusões de tentar separar as palavras e seus significados 3 não deu resultado no Brasil, pois em teoria é possível separar, mas na prática, não. Como por exemplo agências que são denominadas agências de propaganda e/ou agências de publicidade. Existem situações teóricas que publicidade significa tornar algo em público, informativo, persuasivo e comercial. E a propaganda significa que a veiculação de mensagem é de caráter ideológico, religioso, informativo e persuasivo, como por exemplo, campanhas politicas na época de eleições. Portanto, o autor escolhe usar um método para se evitar confusões conceituais e de duplo sentido, definindo: Publicidade: é todo o processo de planejamento, criação, produção, veiculação e avaliação de anúncios pagos e assinados por organizações especificas (publicas, privadas, ou de terceiro setor) Nessa acepção, as mensagens tem a finalidade de predispor o receptor a praticar uma ação especifica (por exemplo, comprar um produto, abrir conta em determinado banco, reciclar embalagens etc.). Essa ação tem localização no tempo e no espaço, podendo ser quantificada. Propaganda: visa mudar a atitude das pessoas em relação a uma crença, a uma doutrina ou a uma ideologia. Embora muitas vezes utilize as mesmas ferramentas da publicidade, a propaganda não tem a finalidade de levar as pessoas a praticarem uma ação especifica ou imediata. Ela visa a uma mudança das atitudes do público em relação a uma idéia. Tem lugar na mente dos indivíduos ou no imaginário social e é de difícil quantificação. ( SANTOS, 2005, pg. 17) Estes aspectos e diferenças se relacionam nos caminhos que esta pesquisa envolve ao buscar dos valores que os cavalos como animais provocam no público, ou seja, um tipo de aproximação e principalmente emoção. Considera assim as funções básicas citadas por PINTO ( 2002, Apud Tavares, 2005), mostração, interação e sedução. Os caminhos escolhidos são traçados pela publicidade e propaganda, assim como pelo cinema e artes para compreender o porquê da escolha da raça Clysdesdale 4 nas campanhas da Budweiser, através da sua representação artística do homem com o cavalo desde a pintura até o audiovisual, procurando entender como e porque são feitos. 2. COMERCIAIS: DO CINEMA À INTERNET A pesquisa do fotógrafo Eadweard Muybridge, sobre a análise do movimento, em fotografia sequencial, inicia-se, junto com outros, uma grande era para o cinema. Com o avanço da tecnologia para transmitir imagens, logo, o cinema mudo ganhou vida. Os primeiros a fazerem apresentação de filmes foram os irmãos alemães Max e Emil Skladanowsky, através de um bioscópio. Mas foram os irmão Lumière que ficaram mais famosos como pioneiros do cinema, principalmente por serem grandes inventores de aparelhos cinematográficos. As primeiras formas de propaganda no cinema, foram através de filmes de guerras. Flavia Costa Cesarino (2005) cita que em 1916 os militares alemães, autoridades de Hitler junto com algumas empresas, promoverem filmes propagandistas com o formato de documentário de guerra, que envolviam o público psicologicamente e sentimentalmente. Nos momentos em que houve guerras, o cinema teve o conceito propaganda bem intrínseco, e foi um dos motivos de manter com vida algumas produtoras e locais como salas de cinema. Segundo Aumont et al ( 2012), “os anos 30 e o recente conflito mundial acabam de revelar, pela prática, o poder de impacto emocional das imagens cinematográficas, em particular na prática do cinema e da propaganda”. Muitas décadas passaram, guerras acabaram e a propaganda cinematográfica ganhou espaço como publicidade. Ainda ajudando a patrocinar filmes e salas de cinema, a publicidade em forma de comerciais inicia junto com trailers de outros filmes, como antes da proibição, os cigarros da marca Marlboro envolviam o 5 público com cowboys e cavalos estilosos. E ainda hoje, no ano de 2013 sempre antes de começar um filme, diversos comerciais são exibidos. Televisão, um dos meios de comunicação de maior massa atual, evoluindo a partir do cinema, a televisão, leva a mensagem do emissor ao receptor em grande escala, trazendo ao público sua própria forma de cinema em casa. Segundo CARNEIRO (2012), os comerciais exibidos na TV digital, possuem alguns atributos a mais do que a TV tradicional, como tempo de duração, podendo ser mais extenso e veiculado a preços mais acessíveis. Já na TV tradicional, a veiculação de comercial que normalmente tem no mínimo 30 segundos possui um preço muito alto: A publicidade encontrou na televisão analógica uma maneira lucrativa de divulgar mensagens, conceitos e ideias para uma grande quantidade de pessoas. [...] Grandes empresas fizeram e fazem uso dessas ferramentas para criar marcas conhecidas mundialmente. O benefício que esse modelo apresenta ao público é permitir o acesso gratuito aos programas e filmes de cada emissora. Em troca, os telespectadores assistem a mensagens de patrocinadores incrustadas no meio do conteúdo principal. [...] A digitalização da televisão, assim como ocorre com o telefone, traz novas funções, serviços, aparelhos, modelos de negócio e fontes de renda sem necessariamente eliminar seu uso tradicional. (CARNEIRO, 2010, pg. 125) Mesmo como analógica ou digital, a essência da TV não muda, apenas suas ferramentas e muitas características que se alteram no contexto da publicidade. Se um anunciante opta pela TV digital através da internet, existirão muitas outras alternativas para o conteúdo, podendo até torná-lo interativo. Adicionando imagens, links, textos, aumentando o tamanho da visualização do comercial etc. 6 Assim, a publicidade, é dividida em duas partes como automática, quando o usuário não requer aquele tipo de publicidade (Televisão convencional), como ativada (Televisão Digital – Internet), que é quando o usuário quer ver, procurando a exibição da publicidade. Segundo Cannito (2010), a TV paga brasileira é diferente da TV paga dos E.U.A, que surgiram de rede independentes como a HBO e Discovery Chanel, onde negociavam seu canal com programadoras e operadoras. No Brasil, a TV paga, já surgiu centralizada, controlada por poucas operadoras, como a corporação da rede Globo. Cannito (2010) afirma também que o mundo não chegou a um convergência total para a tecnologia digital, por diversos motivos, como a produção tecnológica dos instrumentos, ordens político-econômicas, hábitos dos usuários e problemas com pirataria e direitos autorais. Mas, os problemas não impedem que haja evolução. Em 2006, a empresa Google comprou a empresa Youtube por US$ 1,65 bilhão. O sucesso do Youtube se destaca sobre outros exemplos de televisão pela web, sendo também uma rede social, seu conceito de web 2.02 permite que os usuários interajam com uploads de seus próprios vídeos, e de outros. podendo compartilhar, comentar, gostar ou não gostar dos vídeos etc. Empresas e marcas também utilizam o Youtube como uma forma de divulgar seus produtos e serviços. Existem muitos outros sites que tem o conceito de televisão digital pela web, como a allTV, (inicio em 2002) que optou por exibir mais programações próprias e tradicionais, com um toque de interatividade. Os três meios de comunicação de massa, possuem muitas diferenças, mas, algo bem em comum: formas de promover publicidade que provocam no público a necessidade de ser ter determinado produto ou serviço. Uma projeção de sonhos através de textos, sons e produções fantásticas. 2 É a web da participação, onde as pessoas usam a web como plataforma para todo tido de interação: blogs, vídeos, fotos, redes sociais. A Web 2.0 é o que chamamos de computação nas nuvens [...] ( GABRIEL, Martha, 2010, Marketing na era digital, pg. 79). 7 Segundo Arens et al. (2012), o storyboard possui a finalidade de ajudar os profissionais da criação: O storyboard é bem parecido com a história em quadrinhos. [...] O storyboard ajuda os profissionais de criação a visualizar o tom do comercial e a sequencia de ações, a descobrir qualquer ponto fraco conceitual e a montar a apresentação para aprovação final da administração. Além disso, serve para orientar a filmagem. (ARENS et al. 2012, pg. 250) O storyboard é uma representação visual do roteiro, mostrando não só a locução e desenhos, mas também delimita as prováveis cenas em quadros, ângulos de câmera, enquadramento, planos de filmagem, efeitos sonoros e imagéticos. Porém, com tudo isso o storyboard não é o comercial pronto, engessado, pois ele pode ser alterado na hora de ser produzido devido a iluminação, movimentos de câmera mais bem pensados, locação de filmagem mais propícia e muitas outras características que tem que ficar em um nível muito bom para se chegar ao objetivo de atingir o target. Target significa em inglês, alvo, e na publicidade ele é fundamental para servir como inspiração para produzir um bom roteiro. O Target, ou público-alvo, deve ser bem estudado, determinando quais sãos seus gostos e o que ele espera de determinado produto. Nos dias de hoje, qualquer meio de comunicação que passe um comercial publicitário, é considerado massivo. Seja na televisão analógica, digital ou na internet, os comerciais estão presentes na vida de todos, deixando lembranças positivas e negativas, mas que não deixam de ter um papel social inegável. Segundo Barreto (2010), o filme publicitário, ou seja um comercial publicitário, possui etapas a serem seguidas, e que para alcançar a excelência, todas devem ser executadas. As etapas citadas pelo autor, são exatamente nesta ordem: Elaboração do briefing pelo cliente; Apresentação e discussão do briefing com a agencia; Elaboração do roteiro; aprovação pelo diretor de criação; reunião de préapresentação com atendimento; apresentação ao cliente; escolha da produtora e do diretor; briefing para produtoras; apresentação pelas produtoras do orçamento 8 à agencia; apresentação do orçamento ao cliente e aprovação do orçamento; reunião de pré-produção; casting; produção; filmagem; montagem bruta; colocação da trilha sonora; montagem final; apresentação ao cliente e à agência; acabamento; primeira cópia; envio ao veiculo; veiculação e convencimento. Sobre o Storyboard, Barreto (2010) afirma que a função dele além de apresentar o roteiro, é deixar a imaginação do cliente fluir, podendo haver modificações, mas com controle, pois quem o criou, esta com a entrada e saída do labirinto decorada. Os storyboards, desde muito tempo até hoje, ainda são feitos através de ilustrações, conforme observa Barreto: [...] Primeiro, contrata-se um ilustrador da preferencia ou aquele que tenha o traço mais adequado ao tipo de idéia. O redator e o diretor de arte, então, se reúnem com ele e contam o roteiro, apresentam referencias, explicam o clima do filme, dizem como imaginam algumas cenas, os personagens e o packshot. Aí é hora de o ilustrador criar e conceber o storyboard. Depois de aprovado pela agencia, o redator coloca, ao lado de cada cena, descrições importantes como a ação, os diálogos e letterings. Só então o storyboard é apresentado ao cliente. ( BARRETO, 2010, pg. 125) Com a evolução da tecnologia, os storyboards tem sido feitos também em softwares, com desenhos, ilustrações vetorizadas, fotos e até com banco de dados, o que auxilia muito os ilustradores. A evolução pede que os que produzem comercias tenham cada vez mais profissionais que possuam habilidade de criar elementos com computação gráfica. O mundo digital lida muito com o 3D, e os comerciais atuais estão cada vez mais se utilizando destes elementos. Concluindo este item e fazendo a transição para os próximos que irão abordar publicidade com animais, cita-se um storyboard feito para a Budweiser por Roger O'Reilly, com os famosos cavalos Clysdesdale, tem um blog em que o autor cita que o storyboard não foi muito bem aceito pela agência, nem transformado em comercial. Porém, esta pesquisa encontrou um comercial chamado “Footbal” de 1996 da Budweiser, parecido com o storyboard de Roger O’Reilly, criado entre 9 2002 e 2003, que demonstra as diferenças citadas sobre o storyboard, desde sua origem até quando se transforma em comercial. Não foi possível achar o roteiro e o storyboard oficial do comercial, mas nos valemos de outros exemplos de storyboards transformados em comerciais, como pode ser observado nas imagens a seguir. Figura 1 – Storyboard para a Budweiser de Roger O’Reilly 10 Figura 2 – Football Clysdesdale – Budweiser – Captura de tela. 3. PUBLICIDADE ANIMAL A interação do homem com os animais existe há muito tempo, que ocorre através da caça e do trabalho de campo. As mitologias gregas, romanas, egípcias e nórdicas possuem muitas criaturas que são misturas de animais com homens, e estes eram considerados muitas vezes como deuses. O Centauro, por exemplo, mistura de homem com cavalo, possuía capacidade de racionalizar mentalmente e possuía mais força e impulsos sexuais fisicamente. Todos os animais com exceção do homem evoluíram muito pouco fisicamente e mentalmente em bilhões de anos. Sendo que praticamente todos caíram no domínio de uma única espécie: [...]Há 14.000 anos, e apenas oito mil anos depois de bolar o arco e flecha, o Homo pelado inventou mais uma novidade: começou a domesticar animais como cachorros, cabras, porcos e gado bovino. Com essa nova moda ele não precisava mais caçar para comer carne - bastava ir até o cercado e pegar o almoço. A sua criatividade parecia não ter fim. (Rink, Bjarke, 2013) Segundo Barros (1985), o homem passou a colecionar animais de estimação, que simbolizam conceitos ainda não conscientes. Cada vez mais, o homem é levado para longe do seu instinto, se aproximando do animal na forma de comunicação. Canais de televisão, filmes, comerciais, desenhos animados e noticiários possuem a presença de animais, causando impacto e emoção. Sobre esta questão, Barros (1985, pg. 146) diz que “Há, portanto, dois grandes veios significantes: 1) o animal enquanto simbólico de virtualidades psíquicas e; 2) enquanto representação da necessidade de relacionamento entre homem e vida instintiva, natural.” 11 No último ano da década de 80 e no início da década de 90, foi criado pela W/Brasil, a campanha de amortecedores da COFAP, onde utilizava um cachorro da raça Dachshund. A Campanha fez tanto sucesso que as pessoas começaram a achar que o tal do “salsichinha”, cachorro da raça Dachshund, na verdade se chamava Cofap. Com o slogan “O melhor amigo do carro e do dono do carro” os comerciais causaram sensação de segurança (amortecedor e carro) e amizade (cachorro, carro e homem), necessidades básicas para a cultura dos seres humanos. Atualmente, existe uma empresa em São Paulo conhecida como Alternativa’s Dog Show que adestra cães para companhia, shows e comerciais de TV. Seu canal do Youtube ( acessado 11/11/2013) apresenta trabalhos feitos para campanhas que foram veiculadas na TV para grandes marcas como Vivo, Ig, Mastercard, Skol etc. A publicidade no mundo inteiro, utiliza animais para representar produtos de marcas que muitas vezes, não possuem relação direta com animais. Normalmente atacando com humor e emoção. Como as antigas campanhas de cowboys e cavalos da Marlboro, Tony Tiger, o tigre da Sucrilhos, o elefante, do extrato de tomate e muitos outros. A presença do animal doméstico de grande porte, cavalos, em comerciais brasileiros tem sido pouco usada ao longo dos anos. Essa carência pode ser respondida pela falta de profissionais de adestramento de cavalos no Brasil com o interesse para tal finalidade, ou pela falta de interesse das agencias de publicidade para agregar a marcas que não possuem uma ligação direta com cavalos. Perguntas que precisam de muita pesquisa para se obter respostas, ainda mais que, segundo o site do ministério da agricultura, o Brasil possui a terceira posição em tamanho de criação de cavalos no mundo. Desta forma, esta pesquisa, atinge o ponto imprescindível de tentar responder com publicidade e arte, a importância da emoção e sensibilidade, que os cavalos trazem para o campo. 12 4. O CAVALO NA ARTE Começamos com a arte rupestre. Animais desenhados e pintados nas cavernas para simbolizar e representar a época, entre bois, veados, cavalos e muitas outras formas de vida, que segundo Barnes (2008), eram feitos em uma parte da caverna que simbolizava um “centro de magia” voltado para a caça. O Cavalo também não podia ficar fora da genialidade de Leonardo da Vinci apaixonado pelo gênero e pela natureza, estudou a anatomia do cavalo muito tempo de sua vida e há pedido do duque de Milão, iniciou a construção de uma estatua de cavalo que levou 17 anos, chamada II Cavallo, que infelizmente nunca foi concluída por Leonardo da Vinci. Durante os 17 anos em que o artista trabalhou sobre o cavalo, havia inúmeros pequenos esboços para ajudar a ilustrar suas anotações (aproximadamente no ano 1504) sobre os procedimentos complexos para moldagem do cavalo, mas nada que fosse muito sistemático. Em 1762, George Stubbs, pintou um cavalo de corrida chamado Whistlejacket. Barnes (2008), cita que o background verde da pintura, foi finalizada por outros pintores, mas que não existe um motivo real comprovado. Esta pintura exerce uma função estética que pode ser analisada no realismo da expressão do cavalo que mostra uma conformação da anatomia do animal. Na época muitos criadores de cavalos ficariam impressionados ao ponto querer levá-lo para casa. Grande mestre da iluminação em pintura, Caravaggio pintou um polêmico quadro de sucesso, A Conversão de São Paulo (1601), no qual mostra São Paulo caído de um cavalo após ter visto um intensa luz branca sobre ele, era o chamado de Deus. Em 1800, Jacques-Louis David, pintou um quadro chamado: Napoleão cruzando os Alpes. Criando uma imagem muito impactante de Napoleão Bonaparte montado em seu cavalo tordilho, que empina com o cavaleiro. O conjunto passa a sensação de que estão se esforçando para subir a montanha, é impressionante a textura e a quase verdade que envolve a pintura, pois Napoleão parece não ser um homem tão pequeno como ele realmente era. 13 Barnes explicita sobre uma pintura muito especial, que mostra uma reação negativa de um cavalo para com um homem. Todo seus corpo resiste sobre os comandos do chicote. Dias sombrios que Pablo Picasso retratou em muitas obras relembrando o fascismo que ocorria na época. A obra O Cavalo de Circo (1937), mostra como a relação agressiva do homem com cavalos nunca terá sucesso, os detalhes e cores desta obra realmente mostram agressividade, e é impressionante como possui uma expressão forte e bela. É observado não só nestas obras de arte, mas em muitas outras de consagrados artistas como os já citados no texto e também como Gentile da Fabriano (Adoration Of The Magi), Thomas Lawrence (The Duke Of Wellington), Rosa Bonheur (The Horse Fair), Charles S. Humphreys (The Trotter) etc. Que o cavalo sempre esteve presente na vida do homem como companheiro de trabalho, objeto de estudo, amigo e fonte de inspiração. 5. OS CAVALOS CLYSDESDALE EM COMERCIAIS DA BUDWEISER Budweiser, umas das cervejas mais conhecidas no mundo foi disputada pelo seu nome por grandes companhias. A Anheuser-Busch e Budejovicky Budvar, cerveja americana e cerveja da república-checa respectivamente. Mas não é sobre cerveja aborda esta pesquisa, mas sim sobre comerciais de TV que utilizam os símbolos da Budweiser americana, os cavalos Clysdesdales. Cavalos tem sido usados pelo homem por diversos motivos: guerras, trabalhos em campo, esporte e até terapia3. Espécies que falam línguas diferentes, mas que com o tempo aprenderam a conversar. A representação do cavalo para o homem utiliza conceitos de força, ganho de tempo, espaço e amor. 3 “A Equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.” ( Site da associação nacional de equoterapia. http://www.equoterapia.org.br - Acessado em 10/08/2013) 14 Cavalos quando são selvagens mostram muitas características além de serem só presas. Mas, o cavalo doméstico, acabou predominando o seu mais forte instinto, ter medo. Quando estão soltos juntos, como manadas eles são muito mais confiantes, mas quando sozinhos, podem se tornar muitos frágeis, causando muitos problemas para si. Os cavalos, possuem personalidades variadas assim como os humanos, são muito fortemente munidos de afeição e lealdade. Segundo Fontes (2000), o cavalo por volta de 50 milhões de anos antes da evolução do homem, era um pequeno mamífero de muitos dedos chamado de Hyracotherium, que evoluiu no início da era do homo sapiens para Equus, que passou a ter, um osso interno, dentro do casco. Apartir da localização, tempo, clima e manejo do homem, raças de cavalo foram surgindo e se adaptando, como os cavalos do deserto, cavalos Puro Sangue Árabes, muito resistentes. A importância dos cavalos ocorreu também na guerra da Criméia, um cavalo da Raça Puro Sangue Árabe, galopando em alta velocidade por 149 km montado por um mensageiro de Silistra, foi a Varna, para levar noticias da derrota russa. “O mensageiro entregou sua mensagem e caiu morto de exaustão, mas seu cavalo Árabe parecia estar em perfeita forma.” (FONTES, 2000, pg. 17) A raça de cavalo Clysdesdale, é um cavalo pesado, possui ritmo acelerado de andadura, ótimo para puxar tração pesada, foi originado no século XVIII, pode pesar mais de 1200 kg e ultrapassar a altura de 1,80m. Segundo EDWARS (1993), a raça foi desenvolvida para melhorar a genética de porte de outros cavalos de tração. Em 1933, seis cavalos da raça Clysdesdale, fizeram sua primeira aparição em pró da Budweiser. Estes cavalos foram dados de presentes pelos filhos ao dono da Anheuser-Busch, para comemorar o fim da lei-seca nos Estados Unidos. Depois deste episódio uma jornada comercial e publicitária começou. Segundo a Budweiser 2013, os cavalos Clysdesdales, são mais do que um símbolo da cerveja, eles são a representação viva da grande indústria da américa. 15 Figura 3 – Primeira aparição dos cavalos Clysdesdale Segundo a Budweiser 2013, em 1962, foi feito o primeiro comercial de tv com os cavalos Clysdesdales, com o Jingle “Here Comes The King” e em 1986 foi apresentado o primeiro comercial de TV para o Super Bowl. Figura 4 – Here Comes The King (Lá vem o rei) Cerveja, é feita para humanos. E a utilização de cavalos para associar a cerveja provocou uma evolução e não parou mais, havendo praticamente comerciais direcionados pra o Super Bowl, a Budweiser acabou obtendo muitos prêmios, 16 ações promocionais inovadoras e muita comoção com o público com seus comerciais4: O adestramento de cavalos requer muita paciência, sensibilidade e habilidade. Um cavalo não erra se o treinador não errar, todas suas reações são motivadas se entrar em contato, pelo homem. Não é necessário utilizar força nem dor para lidar com cavalos. Sua comunicação é corporal, por exemplo, quando o cavalo inclina as orelhas para trás de forma “nervosa”, significa que ele não esta a vontade com alguma coisa. Quando ele esta trabalhando com algum humano e começa a lamber os lábios e mastigar, segundo Roberts, 2009, significa que: “Sou um animal voador. Estou comendo; logo, você não precisa ter medo de mim.” Ou seja, ele quer aprender, esta aberto ao treinamento, ao treinador. Muitas técnicas e anos são necessários para chegar ao ponto do animal entender todos os comandos certos que o ser humano propõe, até ultrapassar as barreiras linguísticas, unindo a comunicação corporal com sons e com a comunicação verbal. A questão não são as palavras, é comunicação corporal somando com a tonalidade de voz, como pode ser mais explícito no making off dos comerciais da 4 Em ordem cronológica: Here comes The King – 1976 http://www.youtube.com/watch?v=S5pp7xsFj_w; Tradition – 1986 http://www.youtube.com/watch?v=773AftoFylo; Comercial para natal – 1987 http://www.youtube.com/watch?v=wz0diX7dsi8; Bud - 1992 http://youtu.be/GsQfi5E29nU; Football – 1996 http://www.youtube.com/watch?v=ZNqtNBMfa0E; Dream –1998 http://www.youtube.com/watch?v=EFUhaH34yU0; Tributo ao ataque das torres gêmeas Respect – 2002 http://www.youtube.com/watch?v=5ZIxFd5I280; Born a Donkey – 2003 http://youtu.be/pmmsr7PAhWU; Replay – 2003 http://youtu.be/cgSKwpw2buI; Snowball Fight – 2005 http://youtu.be/eT6RdtSRP3c; Streaker – 2005 http://youtu.be/Yax3Lnd1hlc; American Dream – 2006 http://youtu.be/veQAJ4qlltU; Rocky – 2008 http://youtu.be/qhhxvyXjSlU; Stick – 2009 http://youtu.be/VYc_PaJTk1w; Circus – 2009 http://www.youtube.com/watch?v=SUhTR_3QwaE; Generations – 2009 http://youtu.be/I4VcDhLHlBM; Bull – 2010 http://youtu.be/3Yz9RwRg5Ow; Wild West – 2011 http://youtu.be/bWdKse5nKqE; Prohibition – 2012 http://www.youtube.com/watch?v=2j-9sM1MxyE&list=PLB4715EF7098AE113; Remake do tributo ao ataque das torres gêmeas, Will never forget – 2013 http://www.youtube.com/watch?v=Y1cUkCVCun4 e The Clysdesdales Brotherhood – 2013 http://www.youtube.com/watch?v=DNWURTYwn3k. Toss - (sem informação de ano) http://www.youtube.com/watch?v=lviGDoEVPZY; Kiss – ( sem informação de ano) http://www.youtube.com/watch?v=koMMZfOHhjs 17 Budweiser. Os cavalos Clysdesdales normalmente são treinados por Robin Wiltshire, especialista em treinamento de cavalos para comercias e filmes. 6. ANÁLISE DE CONTEÚDO DO COMERCIAL “BROTHERHOOD” COM OS CAVALOS CLYSDESDALES: ENTRE O HUMOR E A POESIA Para iniciar este item, é importante abordar os aspectos que serão usados para fazer a analise teórica. Utilizando instrumentos teóricos cinematográficos e publicitários, a estética aqui destacada diz sobre a significação dos comerciais no aspecto de beleza, sem usar sistematicamente aspectos da semiótica. Aumont et.al (2012), simboliza sobre à estética do cinema: “Ela subentende uma concepção do “belo” e, portanto, do gosto e do prazer do espectador, assim como do teórico. Ela depende da estética geral, disciplina filosófica que diz respeito ao conjunto de artes”. Um filme, é feito por um conjunto de imagens estáticas ou em movimento. Existem diversas formas de produzir imagens e diversas formas de analisar: Sem duvida, o gosto pela analise de qualquer objeto corresponde a um temperamento. De fato, é possível fazer perguntas sobre o “imaginário” do analista. Um desejo de compreender melhor, que requer uma desconstrução artificial (“quebrar o brinquedo”) para observar os diversos mecanismos (“ver como funciona”) com a esperança, talvez ilusória, de uma reconstrução interpretativa mais bem fundamentada.” ( Joly, 2012, pg. 47) Desta forma o comercial escolhido será analisado com os seguintes instrumentos: 18 • Descrição do comercial • Formato do anuncio (citado no texto na pg. 26) • Qual é a sensação emitida ao receptor • Cores (Frias ou quentes) • Personagens • Tipo de filme • Tipo de corte • Número de cenas • Ângulo • Planos • Movimento de câmera • computação gráfica (se houver) • Trilha sonora O comercial da Anheuser-Busch; Budweiser Super Bowl AD The Clydesdales, Brotherhood, campeão do ranking do prêmio AD Meter do jornal USA Today, votado pelo público, usou como um dos protagonistas, um potrinho da raça Clysdesdale. A Anheuser-Busch promoveu uma ação, em que o público escolhesse o nome do potro, foram milhões entre votos, visualizações e comentários no Twitter e no Facebook, transformando o comercial em um vídeo viral. Foi um dos comerciais mais visualizados no ano de 2013. O público ficou enlouquecido, e um nome não foi suficiente, portanto eles decidiram dar dois nomes a dois potros: Hope que tinha apenas 7 dias de vida (protagonista quando potro) e Stan. Foi a 12ª vez que a Anheuser-Busch levou o premio do AD Meter de melhor comercial do Super Bowl. O filme de 60 segundos, que adiciona 13 segundo de assinatura, possui 47 cenas sequenciais que contam uma história entre um treinador de cavalos e um cavalo Clysdesdale, em duas fases, enquanto é potro e quando é um cavalo adulto. O comercial mostra que não existe distancia 19 e tempo que apague a memoria de um sentimento verdadeiro como a amizade, provocando significação emocional no público. Figura 5 – Campanha da Budweiser nas redes sociais para decidir o nome do potro protagonista do novo comercial do Super Bowl. A Trilha sonora é da cantora Stevie Nicks com a música "Landslide” que acompanha as cenas envolvendo perfeitamente o sentimento de amizade. O treinador dos cavalos neste comercial foi Tommie Turvey que educou os cavalos protagonistas desde a potra Hope ate o cavalo adulto que se chama Bill. O ator que interpreta o treinador se chama Don Jeanes, e seu personagem, utiliza um figurino de cowboy moderno, utilizando calças jeans, boné, roupas quadriculada, um típico americano que vive em área rural. O diretor do comercial foi Jake Scott, que respondeu a uma entrevista em fevereiro de 2013, para um site de publicidade americana a AdAge, dizendo que teve influências para dirigir o comercial com filmes das décadas de 40 e 50, como Crin Blanc: Le cheval sauvage ( Crina branca: O cavalo selvagem). A locação para ser gravado foi em Los Angeles, onde a pós-produção fez o máximo para que ficasse igual ao centro 20 de Chicago. À agência escolhida para criar o trabalho foi a Anomaly, de Nova York (2013). O comercial Brotherhood utiliza a técnica estilo de vida, que segundo, Arens (et. al 2012), apresenta um tipo de usuário associado com o produto, em vez do produto em si. Essa técnica é muito eficaz e acompanha a narrativa visual da proposta do comercial: Este tipo de anuncio faz um apelo para um tipo de usuário associado com um produto. Enfatiza o tipo de pessoa que utiliza o produto, e não o produto em sim. Como fãs de esporte, pessoas que gostam de estar com a família, pessoas que preservam a cultura. Ou seja, mostra o estilo de vida do público que utiliza o produto. Exemplo: Campanha Dropped da W+K Amsterdam, lança filme “The Voyage” para inspiração dos consumidores viajantes e aventureiros que consomem Heineken. (ARENS et al, 2012, pg. 248). Usando cores frias em suas cenas, o comercial combina com alguns detalhes de cores quentes nos objetos de cena e figurino, como a fitinha vermelha na cabeçada (arreio utilizado para segurar a embocadura do animal que liga as rédeas) do cavalo, detalhe no boné do treinador, cor do caminhão e cor dos tambores na passeata dos Clysdesdales, remetendo a logomarca da Budweiser que predomina o vermelho, dourado, branco e em alguns casos, variações do azul. O fechamento do comercial é clássico com computação gráfica para a assinatura que também apresenta a ação promocional de escolha do nome do potro. O comercial Brotherhood é um filme publicitário poético, lúdico, que apela para os sentimentos de bondade, carinho, companheirismo entre as espécies, dependência emocional e física, relação fraterna, amor e trabalho. A partir dos conceitos de Santos (2005) sobre expressões e termos na produção cinematográfica e televisiva, foi visto que o comercial Brotherhood, possui 21 principalmente cortes secos com um fade-out representando tempo que passa no momento que o treinador vê em um jornal que seu amigo cavalo vai se apresentar em Chicago USA. Também é utilizado referencias de ângulos com câmera alta (objeto visto de cima, plongée), baixa (objeto visto de baixo, contra plongée) , normal (objeto na mesma altura) e tomada vertical, que faz movimento de cima para baixo ou como, no caso deste comercial que, mostra de baixo para cima. O comercial utiliza os planos Geral Absoluto (PGA), geral (PG), médio (PM), próximo (PP), próximo pequeno (PPP), americano (PA) e detalhe (PD). A primeira cena, inicia com um Plano geral absoluto do rancho de treinamento de cavalos; seguindo de um plano próximo ou Primeiro plano em que o treinador olha através de barras de ferro de uma baia; plano médio em que o potro esta deitado em sua baia; Plano americano com o treinador de costas para a câmera e de frente pro potro; Plano americano do treinador dando mamadeira para o potro; Plano médio onde mostra o treinador e cavalo andando dentro do estábulo; plano americano em que o potrinho se solta; plano americano em que o potro crescido empurra o treinador; Plano médio em que mostra o treinado e o cavalo trotando; plano médio em que mostra o cavalo deitado e o treinado sentado na baia; Plano próximo mostrando o focinho do cavalo tentando acordar o treinador; Plano próximo do treinador dirigindo olhando para fora, Plano geral do cavalo sendo vista de dentro do carro; Plano geral do cavalo galopando de fora do carro; Plano próximo do treinador em cima de uma carroça olhando a diante – Contra plongée; Plano geral que mostra um caminhão da Budweiser; plano americano mostrando o treinador cumprimentando o motorista do caminhão; plano médio do cavalo entrando no caminhão, plano médio mostrando em desfoque detalhes do caminhão pegando o treinador de fora; plano médio pegando o treinador de costas dando tchau para o cavalo no caminhão; plano geral que mostra uma paisagem com o treinador e uma casa no fundo; plano próximo do treinador segurando a guia do cavalo com gestos e expressão triste; plano próximo do treinador segurando um jornal; Plano próximo pequeno mostrando jornal com noticias dos Clysdesdales com detalhe de uma cerveja Budweiser; Plano geral com o treinador dirigindo vendo a cidade de Chicago; Plano geral que mostra parte da passeata com os cavalos Clysdesdale; 22 Plano próximo do treinador tentando visualizar os cavalos; Plano americano do cavalo no fronte do grupo dos cavalos que puxam a carroça; Plano americano das pessoas assistindo a passeada com ênfase do treinador, entra cabeças dos cavalos em cena; Plano próximo do cavalo, plano próximo do treinador; plano detalhe dos olhos e orelhas do cavalo; plano americano do pescoço e da cabeça do cavalo; plano aberto do treinador e figurantes caminhando atrás de uma grade de proteção; plano próximo do treinador entrando dentro do carro, plano próximo do reflexo do treinador no retrovisor do carro, plano aberto da rua o cavalo vem correndo de frente; plano aberto do cavalo correndo movimento de câmera costaslateral; plano médio do treinador saindo do carro; Plano aberto do cavalos correndo em direção do treinador, movimento de câmera; Plano americano do treinador indo ao encontro do cavalo tentando para-lo; contra plano – plano américa do cavalo chegando ao treinador; Plano geral o cavalo e o treinador se encontram; plano próximo do treinado abraçando o pescoço do cavalo; Plano geral do treinado abraçando o pescoço do cavalo; assinatura e ação promocional. Sobre os movimentos de câmera no comercial Brotherhood, é utilizado movimentos com travelling, laterais e verticais, podendo ter sido usados carrinhos, gruas ou com um stead no ombro do cinegrafista. A computação gráfica, não é perceptível, mas como já foi dito no texto, ela ocorre quando foi transformada a cidade de Los Angeles em Chicago. Este comercial é lúdico e transdisciplinar no envolvimento da publicidade, cinema e treinamento de cavalos. Ele conquista o público alvo que o assiste. Um público jovem, ou pelo menos sensível. Por se tratar de um comercial com um roteiro muito bom e uma produção perfeita dentro dos parâmetros, possui um envolvimento dos cavalos Clysdesdale que trouxeram à Budweiser o sucesso positivo ao marketing. É de se considerar que marcas que promovem campanhas no Brasil poderiam aderir mais o uso dos animais de grande porte em seus comerciais. Esta pesquisa pretende contribuir com a publicidade, cinema e envolvimento com os animais daqui a diante. 23 7. Conclusão O homem sempre teve necessidade de conquistar as coisas, assim como o entendimento do comportamento dos animais. Tentando de alguma forma, se assemelhar e se comunicar, um caminho ao hibridismo da relação do homem com animal. Cavalos possuem um forte conceito na vida do homem e os comerciais da Budweiser, com os cavalos, Clysdesdales, comprovam isso. Portanto é de extrema importância que a publicidade esteja sempre aberta para que filmes e comerciais possam utilizar cavalos, estendendo ainda mais o campo da equinocultura no Brasil. Conclui-se através da mensagem de Sant’Anna (1982, apud Santos, 2005, pg. 197) sobre o processo de comunicação da publicidade: (...) a publicidade é comunicação de massa, paga, com a finalidade de difundir informações, desenvolver atitudes e conduzir à ação com benefícios para a empresa que anuncia. Geralmente esta ação consiste na aquisição de um produto ou serviço. (Sant’Anna, 1982: 170) O presente comercial analisado se implica no processo de comunicação publicidade citado a cima. Destacando como o símbolo dos cavalos Clysdesdales contribuem para o mercado. Referências Bibliográficas COSTA, Flávia C. O primeiro cinema: Espetáculo, narração, domesticação. Papirus Editora, 2005. SANTOS, Gilmar. Princípios da Publicidade. 1.ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 231 p. 24 ARENS, William F. Et al. Propaganda. Traducao: Beth Honorato. 1.ed.Porto Alegre: AMGH, 2013. 506p. ROBERTS, Monty. O homem que ouve cavalos. Traducao de Fausto Wolf. 12.ed.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2009. 350 p. CARNEIRO, Rafael Gonçalez. Publicidade na TV digital: um mercado em transformação. São Paulo: Aleph, 2012. CANNITO, Newton G. A televisão na era digital: interatividade, convergência e novos modelos de negocio. São Paulo: Summus, 2010. GABRIEL, Martha. Marketing na era digital. São Paulo: Novatec Editora, 2010. BARROS, Paulo A. Monteiro. 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Figura 16 - Primeiro comercial para o Super Bowl em 1986 – Captura de tela em http://www.youtube.com/watch?v=773AftoFylo - Acessado em 12/08/2013 Figura 15 – Here Comes The King (La vem o rei) – Primeiro comercial de TV com jingle da Budweiser – 1962 - Captura de tela em http://www.youtube.com/watch?list=PLB4715EF7098AE113&v=6aWzuQ1ufGs#at =31 - Acessado em 10/08/2013. 28