avaliação e intervenção psicopedagógica a partir do desenho infantil

Transcrição

avaliação e intervenção psicopedagógica a partir do desenho infantil
“AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA A PARTIR DO
DESENHO INFANTIL”
Otília Damaris
Psicopedagoga
“AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA A PARTIR DO
DESENHO INFANTIL”
O desenho é uma das formas de expressão
usadas pelo ser humano, desde as
civilizações primitivas, e continua sendo a
primeira manifestação gráfica da criança.
A criança, desde os
seus primeiros anos
de vida, aprende a se
comunicar com seu
corpo, seus gestos, os
sons, a fala e desta
forma explora o
mundo que a cerca.
O estudo do desenho infantil,
começou no final do século XIX e de
acordo com Silva
(2002), as descrições dos aspectos
mais gerais e as descrições das
mudanças ocorridas no processo deste
estudo parecem coincidir em autores
como:
Kellogg, 1969;
Lowenfeld, 1977;
Luquet, 1981;
Lurçat, 1988;
Goodnow; 1979 e
Merèdieu, 1979.
Na opinião desses autores, há a necessidade de
um amadurecimento da criança, principalmente
nas áreas neuromotora, sócio afetiva e cognitiva.
“... Alguns aspectos
dos desenhos como linha de base... o plano
deitado.... e a transparência... são mencionados
de forma a constituir características
universais do desenho infantil”. (Silva)
O desenho é interpretado
por Vygotsky (1989)
como um estágio
preliminar
do desenvolvimento da
escrita, tendo ambas as
mesmas origens de
construção: a linguagem
falada.
Enquanto a escrita
não oferece
segurança
para refletir o
pensamento
desejado, a criança
emprega o desenho
como meio
mais eficiente para
exprimir seu
pensamento.
• Então em cada período do desenvolvimento
infantil, a imaginação atuará de uma
maneira tal que respeite a escala de seu
desenvolvimento (Vygotsky, 1997).
• Conforme a criança vai chegando à adolescência
e conseqüentemente dominando melhor a
escrita, sua vontade ou mesmo necessidade de
desenhar para expressar suas idéias, imaginação
e conhecimento a respeito de algo, começa a
decrescer.
Para esse autor as crianças não desenham
aquilo que veem, mas sim o que sabem a
respeito dos objetos.
• “a teoria de Vygotsky apresenta um avanço
no modo de interpretação do
desenho...porque... (1º) a figuração reflete o
conhecimento da criança; (2º) seu
conhecimento, refletido no desenho, é o da
sua realidade conceituada, constituída pelo
significado da palavra.”
• Mais uma vez reforçamos que os desenhos não
devem ser tratados como instrumentos de
classificação dos alunos: não importa a
qualidade gráfica, não importa se A desenha
melhor ou pior que B e, também não importa se
C deixou de lado um componente importante,
que deveria ter sido representado.
• O que importa é o que o aluno apresentou,
para a partir daí oferecer-lhe meios de
melhor entendimento e construção para o
conceito que se pretende ensinar.
“Os olhos, os ouvidos e a língua vêm antes da
mão. Ler vem antes de escrever e desenhar
antes de traçar as letras do alfabeto”.
(MAHATMA GANDHI)
Muito mais que o
“brinquedo, o desenho
da criança fascina. A
criança desmancha o
seu brinquedo quando
o adulto chega, mas o
desenho permanece
como coisas escritas.
Ele é um traço, é um
testemunho”
(ARFOUILLOUX, 1988,
p.128).
Entre outras coisas, a criança
desenha para se satisfazer, se
realizar, sentir prazer e se
divertir. Desse modo, o ato de
desenhar é:
(...) um jogo que não exige
companheiros, onde a criança é
dona de suas próprias regras.
Nesse jogo solitário, ela vai
aprender a estar só, “aprender
a só ser”.
O desenho é o palco de suas
encenações, a construção de
seu universo particular
(DERDYK, 1993, p.10)
Portanto, sabemos que a necessidade de se
expressar é inerente ao ser humano, por isso é
necessário pensar no desenho infantil não só como
uma forma de expressão, mas como uma linguagem
que servirá como alicerce para o seu
desenvolvimento gráfico e também como primeira
escrita produzida por ela, a qual encontra a
necessidade de emitir as suas marcas pessoais.
Não consigo
imaginar uma
criança que não
desenhe, que não
demonstre
desejos de
expressar ao
outro, seus
pensamentos e
as proezas do seu
coração.
O desenho faz parte da
essência do
desenvolvimento
infantil.
Através do
desenho, a criança
registra as suas
marcas, as suas
alegrias, tristezas,
suas descobertas,
suas fantasias e
também o mundo
que a cerca.
Ao desenhar, a
criança revela
“parte de si
própria:
como pensa,
como sente e
como vê.”
Devemos pensar no desenho infantil não
só como uma maneira de expressão, mas
como uma necessidade de emitir as suas
marcas pessoais.
Partindo dessas premissas, o desenho infantil,
enquanto ferramenta de avaliação e
intervenção, adquirem uma importância
enorme na atuação Psicopedagógica.
Destacamos as contribuições de Jorge Visca
com o livro: “Técnicas Projetivas
Psicopedagógicas” , onde tentamos explicar as
variáveis emocionais que condicionam positiva
ou negativamente a Aprendizagem
De acordo com o autor, as técnicas projetivas
tem como finalidade investigar os vínculos que
o Aprendente pode estabelecer em três
grandes ambientes:
escolar, familiar
e consigo mesmo.
Para Sara Paín,
“ o que podemos avaliar por meio do desenho
ou do relato é a capacidade do pensamento
para construir uma organização coerente e
harmoniosa e elaborar a emoção”.
(Sampaio, Simaia; 2012).
Jorge Visca observa que:
• A interpretação de cada
técnica projetiva deve ser
realizada em função do
sujeito em particular;
• Não é necessário aplicar
todas as provas, somente
aquelas que se considerem
necessárias em função do
que se observou;
• Observar que os critérios
para interpretação devem
somar-se aos critérios gerais
do diagnóstico para
interpretação das provas.
TÉCNICAS PROJETIVAS
PSICOPEDAGÓGICAS
JORGE VISCA
O
objetivo
primordial
do
Diagnóstico
Psicopedagógico é identificar os desvios e os obstáculos
básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o
impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado
pelo meio social.
Alícia Fernández (1990)
afirma que o diagnóstico, para o
terapeuta, deve ter a mesma função
que a rede para um equilibrista. Ele
é, portanto, a base que dará suporte
ao psicopedagogo para que este faça
a intervenção ou o encaminhamento
necessários. É um processo que
permite ao profissional investigar,
levantar hipóteses provisórias que
serão ou não confirmadas ao longo
do processo e, para isso, terá que
recorrer a conhecimentos práticos e
teóricos.
A avaliação da área
emocional é um dos eixos
desta investigação, que
visa perceber as implicações
emocionais que o processo
de aprendizagem ocasiona
no aprendente e quais as
relações subjetivas que seus
vínculos afetivos
evidenciam na
aprendizagem.
Jorge Visca
- Jorge Pedro Luis Visca (Buenos Aires, 14 de
maio de 1935 – 23 de julho de 2000) foi um
psicólogo social argentino. Graduou-se, também,
em Ciências da Educação.
- Foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil,
Argentina e Portugal e o criador da
Epistemologia Convergente, que propunha uma
atividade clínica voltada para a integração de
três frentes de estudo da psicologia: Escola de
Genebra (Psicogenética, de Piagett), Escola
Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social
(Enrique Pichon Rivière).
- Fundou centros psicopedagógicos em Buenos
Aires, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e
Salvador.
DOMÍNIO
ESCOLAR
PROVA
PAR EDUCATIVO
O vínculo de
aprendizagem
EU COM MEUS
COMPANHEIROS
O vínculo com os
companheiros de
classe
O PLANO DE SALA
DE AULA
FAMILIAR
CONSIGO
MESMO
INVESTIGA
A PLANTA DA
MINHA CASA
O DIA DE
ANIVERSÁRIO
A representação do
campo geográfico da
sala e a localização
real e desejada na
mesma
A representação do
campo geográfico do
lugar em que habita e a
localização real dentro
da mesma.
A representação que
se tem de si, do
contexto físico e sóciodinâmico
num
momento de transição
de uma idade a outra.
IDADE
A partir de
6 anos
Par Educativo
A – PAR EDUCATIVO
A – PAR EDUCATIVO
A – PAR EDUCATIVO
A – PAR EDUCATIVO
A – PAR EDUCATIVO
A – PAR EDUCATIVO
Eu com meus companheiros
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
B – EU COM MEUS COMPANHEIROS
A Planta Baixa da Sala de Aula.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
C – A PLANTA BAIXA DA SALA DE AULA.
A Planta Baixa da Minha Casa.
C – A PLANTA BAIXA DA MINHA CASA.
A – A PLANTA BAIXA DA MINHA CASA
A – A PLANTA BAIXA DA MINHA CASA
O Dia de Aniversário
A – O DIA DE ANIVERSÁRIO
A – O DIA DE ANIVERSÁRIO
CASO
CLÍNICO
IDENTIFICAÇÃO
Nome: M . A. S. M.
Idade: 10 anos
Série: 4ª do ensino fundamental
Colégio: tradicional
Pai: L. H. M. (50 anos)- Comerciante
Mãe: M. I. C. S.(45anos) – Funcionária Pública
Irmão: R. S. M. (14 anos) – 7ª série (repetente)
Obs: Pela impossibilidade da mãe de engravidar, o
casal resolveu optar pela adoção.
O pai trabalha em outra cidade, estando nos
finais de semana com a família.
MOTIVOS DA CONSULTA :
Dificuldades nos estudos; na metodologia da escola atual;
em gramática; interpretação de textos; tabuada e cálculos.
“Adoro a escola, amo os colegas e gosto dos professores
e do ensino.
Ciências, história e geografia são as matérias que mais
gosto.
Português e principalmente matemática são as
matérias que não gosto. Tiro as dúvidas com os professores
e me relaciono bem com os colegas.”
Par Educativo
VÍNCULOS ESCOLARES
•Par Educativo - relação aprendente –
ensinante: Demonstra vínculos negativos na
relação do ensinante e aprendente. Salienta
oralmente, o cansaço que a “aluna” tem em
escrever muito, pois a professora só copia.
Eu com meus companheiros
VÍNCULOS ESCOLARES
•Eu com meus companheiros - vinculo
com os companheiros de classe: Demonstra
uma rede vincular de integração no
contexto de amizade na escola. As
características do grupo que já está
inserida, se ressalta mais, no que se refere
aos estudos e a liderança.
Planta baixa da sala de aula
VÍNCULO ESCOLAR :
A planta baixa da sala de aula – relação
da sala e localização real e desejada: O
lugar em que se senta, indica pouca
participação nas aulas. Deseja sentar
mais no centro para melhor observar e
aprender.
VÍNCULO FAMILIAR :
•A planta da minha casa – representação
do campo geográfico do lugar em que
habita e a localização real dentro da
mesma: No contexto familiar, revelou falta
de limites, especialmente no que se refere as
atividades sistemáticas, como a realização
de tarefas escolares, horários reservados
para estudos, obrigações domésticas e etc.
Dia de aniversário
VÍNCULO CONSIGO MESMO :
Dia de aniversário: A representação que se
tem de si e do contexto físico e sócio
dinâmico num momento de transição de
uma idade a outra: Revelou capacidade de
aprender com as frustrações e as conquistas
vivenciadas por ela.
Para Além da Avaliação...
“Porque falas em curar quando,
muitas vezes, basta acompanhar
um ser no seu desamparo? “
Mannoni
“Aprender é
arriscar-se a fazer
dos sonhos textos possíveis.”
Alicia Fernández
Otília Damaris
Psicopedagoga
Rua Pinho Pessoa, 1415
Fone: 3246.7000
E-mail: [email protected]