SNOWDEN - Retrato do Brasil

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SNOWDEN - Retrato do Brasil
ciência
A pesquisa sobre células-tronco de Haruko Obokata, detonada por seus erros
retrato
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www.retratodobrasil.com.br | r$ 11,00 | nO 81 | ABRIL de 2014
POLÍTICA
O agitado cenário
do Rio pode levar
a um rearranjo de
forças na disputa
presidencial
GOOGLE
Uma história do
negócio da gigante
de tecnologia,
que fatura com
cliques de mouse
UM PRÊMIO PARA
SNOWDEN
Ele merece: por expor a hipocrisia dos EUA na
espionagem e em sua aliança com as grandes
corporações de internet e por provocar um debate sobre
os problemas que o Brasil tem para lidar com isso
perfil
OctAvio Paz, o maior poeta mexicano, cujo centenário se comemora este ano
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retrato
dobrasil
www.retratodobrasil.com.br | n o 81 | ABRIL de 2014
fale conosco:
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Reprodução
5 Ponto de Vista
um prêmio para SNOWDEN
Ele merece por, entre outros motivos,
expor a hipocrisia dos EUA
quando o assunto é espionagem
aTENDIMENTO AO ASSINANTE
[email protected]
tel. 11 | 3814 9030
de 2a a 6a, das 9h às 17h
8 O AGITADO CENÁRIO DO RIO
O PT rompeu com o PMDB no estado,
o que pode levar a um rearranjo de forças
para a disputa presidencial
[Tânia Caliari]
14 CLICk, click! é a google
faturando
Graças ao apertar de botões de mouses
por usuários ao redor do planeta, a gigante
americana se torna cada vez maior
[Téia Magalhães]
31 entre tapas e beijos
Com a Lei de Meios, Cristina Kirchner
conseguiu abalar o Clarín, o maior
conglomerado de mídia da Argentina
[Thiago Domenici]
Entre em contato com a redação
de Retrato do Brasil.
Dê sua sugestão, critique, opine.
Reservamo-nos o direito de editar
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ou para facilitar a compreensão.
38 ascensão e queda de
haruko obokata
Erros cometidos pela cientista japonesa
levaram seu trabalho sobre células-tronco
a ser demolido pelos colegas
[Ruth Helena Bellinghini]
Retrato do BRASIL é uma publicação
mensal da Editora Manifesto S.A.
42 a arte ambígua de
octAvio paz
EDITORA MANIFESTO S.A.
PRESIDENTE
Roberto Davis
DIRETOR VICE-PRESIDENTE
Armando Sartori
DIRETOR EDITORIAL
Raimundo Rodrigues Pereira
Um perfil do maior poeta e crítico
mexicano, cujo centenário de nascimento
foi comemorado no mês passado
[Carlos Conte]
34 a trajetória do informante
44 o diabo da liberdade
Livro mostra como o “homem livre” das
Américas nos séculos XVIII e XIX se forjou
apoiado na escravidão de africanos
[Rogério Pacheco Jordão]
Reprodução
Uma pequena história de Snowden que,
ao revelar os segredos da espionagem
americana, colocou Obama numa saia justa
[Armando Sartori]
cartas à REDAÇÃO
[email protected]
praça da república, 270 - sala 108 - centro
cep 01045-000 são paulo - sp
EXPEDIENTE
SUPERVISÃO EDITORIAL
Raimundo Rodrigues Pereira
EDIÇÃO
Armando Sartori
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
Thiago Domenici
REDAÇÃO
Lia Imanishi • Sônia Mesquita • Tânia
Caliari • Téia Magalhães
EDIÇÃO DE ARTE
Pedro Ivo Sartori
REVISÃO
Silvio Lourenço [OK Linguística]
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Carlos Conte • Rogério Pacheco Jordão •
Ruth Helena Bellinghini
CAPA
Ilustração de Laerte Silvino
REPRESENTANTE EM BRASÍLIA
Joaquim Barroncas
ADMINISTRAÇÃO
Mari Pereira • Mariluce Prado
DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS
Global Press
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Reprodução
Ponto de Vista
Um prêmio para Snowden
Neste mês, realiza-se no Brasil um encontro internacional para discutir os princípios
da governança da internet. É um momento apropriado para premiar o jovem
americano que denunciou os abusos cometidos pelo governo dos EUA nesse sistema
Edward Snowden fez duas coisas:
revelou a hipocrisia dos EUA ao acusarem
seus inimigos de espionagem indiscriminada enquanto fazem exatamente isso e
mostrou um conluio entre os governos
americano e britânico e o oligopólio de
empresas que atuam na internet. E pode
fazer mais uma: ajudar o Brasil, que se
pretende na vanguarda da luta contra
esses abusos, a ver a extensão de sua
dependência tecnológica.
Ele não é um gênio político. A julgar
pelo que afirma Luke Harding em Os arquivos Snowden (Leya, 2014), Snowden, 31
anos a serem completados dias antes que
seu período de asilo temporário na Rússia
se encerre, no início de agosto, é um republicano especial. Na eleição presidencial
de 2008, vencida pelo democrata Barack
Obama, por exemplo, apoiou o ultraliberal
republicano Ron Paul, que defende causas
como o fim do imposto de renda, do banco
central americano e do sistema público
de saúde de seu país (ver “A trajetória do
informante”, nesta edição).
Snowden pode ser visto como uma
espécie de inimigo público número um
dos EUA, cujo governo o acusa de ameaçar a segurança de seu próprio país.
Mas pode ser visto, por outro ângulo,
como o contrário disso, como ele mesmo
se considera: um “patriota” e defensor
da Constituição dos EUA. Afirma ter
vazado documentos secretos da Agencia Nacional de Segurança de seu país
(NSA, na sigla em inglês) com o intuito
de provocar um debate sobre o poder do
Estado americano de coletar informações
massivamente e sobre o sentido de sua
utilização. Para ele, desde o 11 de Setembro, os poderes dados aos órgãos de
inteligência dos EUA têm sido exercidos
de maneira cada vez mais abusiva.
As motivações de Snowden, no entanto, são secundárias em relação ao significado de suas revelações. A primeira
grande contribuição de Snowden para o
debate da gestão da internet foi mostrar
a hipocrisia do Estado americano, que
aponta países considerados inimigos
como autores de atos de espionagem
indiscriminada, mas, por seu turno, espia
indiscriminadamente. E, dado seu poderio, vigia seus cidadãos e os cidadãos de
outros países, bem como autoridades,
instituições e empresas estrangeiros de
forma mais ampla e mais competente que
seus inimigos.
A espionagem massiva não é novidade na história americana (ver “Que
coisa feia”, Retrato do Brasil edição 74,
setembro de 2013). Ela começou há quase
cem anos, com a vigilância sistemática
do serviço telegráfico, estendida, no
decênio seguinte, à telefonia. Os anos
1950, durante o período conhecido como
macarthismo – de perseguição a comunistas e simpatizantes –, foram marcados
pelas práticas ilegais de vigilância. Duas
décadas mais tarde, a NSA já estava no
centro da discussão, quando surgiram
denúncias de que havia gravado milhões
de conversas telefônicas nos EUA e em
outros países. Em consequência desse
debate foram criadas regras para limitar
sua atuação. A partir do 11 de Setembro, no
entanto, tais normas foram afrouxadas.
Isso não ocorreu por acaso. Nas últimas duas décadas, a internet passou a ter
um papel fundamental nas comunicações
globais, mas é um meio de comunicação
que precisa ser entendido na forma contraditória pela qual se desenvolveu. Por
um lado, criou imensas possibilidades de
utilização, ao incorporar ao universo das
telecomunicações centenas de milhões
de pessoas – hoje, segundo especia81 retratodoBRASIL
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listas, o total de seus usuários equivale a
cerca da metade da população da Terra
–, fornecendo a elas acesso a um amplo
conjunto de informações e serviços, em
boa parte gratuitos. Por outro lado, o
que aparenta ser gratuito, na verdade,
tem um preço: as informações acerca
dos usuários dos serviços passaram a ser
coletadas de forma sistemática e ampla
por empresas hoje gigantescas, como
Microsoft, Apple, Google e Facebook,
alimentando bancos de dados imensos,
organizados na forma de perfis que dizem
respeito ao consumo e a outros hábitos de
seus utilizadores. Como disse o linguista
americano Noam Chomsky, as grandes
corporações que atuam na internet “rastreiam seus hábitos, suas compras, seu
comportamento, o que você faz, e estão
tentando controlá-lo direcionando-o para
determinado caminho”.
O que as denúncias de Snowden
trouxeram de novidade é que algo semelhante – com fins muito mais amplos, no
entanto – era realizado pelos órgãos de
inteligência dos EUA, com a NSA à frente.
Muita gente já desconfiava disso, mas não
tinha provas. Snowden as apresentou amplamente. Mostrou que a NSA espionava
não só milhões e milhões de americanos
como também cidadãos e empresas de
outros países e mesmo líderes de países
aliados dos EUA, como Angela Merkel,
primeira-ministra da Alemanha, e Dilma
Rousseff, presidente do Brasil.
A segunda grande contribuição de
Snowden foi mostrar concretamente
que entre as grandes empresas de tecnologia e os serviços de inteligência de
americanos e britânicos estabeleceu-se
uma aliança objetiva. Um exemplo é o
programa de vigilância conhecido como
Prism, com o qual a NSA teve acesso a
alvos a partir dos servidores de Google,
Apple, Microsoft, Facebook, AOL, Paltalk
e Yahoo!. Os documentos divulgados
por Snowden sugerem que a agência
coletou os dados diretamente dos servidores dessas companhias – isto é, os
dados não teriam sido solicitados por
ela e entregues pelas empresas, mas
acessados diretamente, sem permissão,
o que elas negam. A GCHQ – órgão que
exerce papel equivalente ao da NSA no
Reino Unido e atua de forma coordenada
com a agência americana – também tem
acesso a esses dados.
Para entender as ligações desses dois
Estados centrais do sistema capitalista
atual – EUA e Reino Unido – com as gran6
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des corporações é preciso ver a internet
não da forma simplória como muitos a
enxergam – como um meio de conectar
o computador de uma pessoa com o de
qualquer outra em todo o globo terrestre
–, mas como ela existe concretamente,
com sua história real, baseada em corporações de alta tecnologia dentro de
nações altamente desenvolvidas, como
as duas citadas.
O resultado desse processo foi a
criação de enormes infraestruturas de
transmissão de dados, com grandes
centros de troca de tráfego, operados,
em boa parte, nos EUA e na Europa, por
gigantescas empresas privadas globais.
Foi essa infraestrutura que facilitou a
coleta de dados pela NSA e pela GCHQ.
Essa coleta se deu, por exemplo,
pela interceptação de cabos de fibra
óptica, tanto os que cruzam o território
Os liames entre os
Estados capitalistas
centrais e as grandes
corporações são
explicados por a
internet se basear em
empresas de alta
tecnologia sediadas
nesses países
americano quanto os que chegam ao país
pelo mar. Isso permitiu à NSA acessar um
enorme volume de metadados – nomes
dos envolvidos na comunicação, horário
e local , entre outros detalhes, mas não
o conteúdo – de internet e de telefonia.
É evidente que as possibilidades de
espionagem por parte da agência americana refletem o peso da infraestrutura
de telecomunicações ofertada pelos EUA.
Dado o poder econômico e político desse
país, essa infraestrutura é utilizada por
pessoas e empresas de todo o mundo, o
que faz com que para lá se dirija e de lá
saia um enorme volume de dados. Um
bom exemplo são os cabos submarinos,
que transportam dados de telefonia e de
internet. A maior parte deles sai da costa
leste americana e chega à costa oeste da
Inglaterra, o trajeto mais curto entre os
dois continentes. Com a introdução da fi-
bra óptica nas últimas décadas, os cabos
submarinos tiveram impulso brutal, dada
a sua enorme capacidade de transmissão
de dados.
A condição especial que os EUA
detêm nesse cenário faz, por exemplo,
com que a maior parte dos cabos que se
conectam aos países da América Latina
aportem ali. Mas a maior parte do tráfego
de dados produzidos nas conexões entre
sul-americanos e europeus também
passa por território americano, ponto privilegiado nessa rota. O Brasil, que opera
cinco cabos submarinos, tem somente
um que o liga diretamente ao continente
europeu – os outros quatro vão aos EUA.
O problema é que os pontos de
“baldeação” nos EUA e no Reino Unido
permitem que os serviços de inteligência
americano e britânico tenham acesso aos
dados que trafegam pelos cabos. Isso se
faz, entre outras formas, por meio da
quebra dos códigos de proteção da privacidade das mensagens que trafegam na
internet. Para ser seguro, um serviço de
e-mail, por exemplo, precisa contar com
uma forte encriptação – isto é, as mensagens enviadas entre as partes envolvidas
têm que ser cifradas de uma maneira que
torne a decifração por terceiros muito
difícil e trabalhosa. Mas quebrar códigos
de encriptação é uma das especialidades
das agências de espionagem. Além disso,
a NSA tem um programa de 250 milhões
de dólares anuais pelo qual atua junto às
empresas para enfraquecer softwares de
segurança, equipamentos de hardware e
os padrões globais de segurança.
A fragilização da encriptação produz
as chamadas back doors, isto é, “portas
dos fundos” implantadas em softwares
e hardwares. Por meio das back doors
é possível penetrar nos computadores e
em outros equipamentos conectados à
internet. Há, inclusive, uma lei, aprovada
nos EUA em 1994, com esse propósito.
A lei exige que operadoras e produtores
de equipamentos de telecomunicação
projetem suas instalações e produtos
de forma a assegurar às autoridades a
vigilância de todo o tráfego de telefonia
e de internet em tempo real.
Se, por lei, os fabricantes americanos
são obrigados a deixar uma “porta dos
fundos” disponível nos seus equipamentos, que tipo de segurança tem quem
compra tais dispositivos? É uma questão
que se aplica tanto a usuários domésticos
como a empresas de diferentes portes e
organizações estatais.
Trevor Paglen
Sede da NSA, estado de Maryland: a agência coleta dados de telefonia e de internet, além de estimular o enfraquecimento da criptografia
Diante da perspectiva de Snowden
perder o asilo na Rússia, surgiu no Brasil
a iniciativa de formular uma petição para
ser entregue à presidente Dilma. “Como
líder de um movimento global pela liberdade na internet e pela privacidade, o
Brasil é o lar perfeito para um homem que
sacrificou sua vida para divulgar a invasiva
e ilegal espionagem dos EUA”, diz o texto,
referindo-se ao projeto de resolução apresentado por Brasil e Alemanha e aprovado
unanimemente pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em defesa da privacidade
no uso da internet. A petição pró-Snowden
já havia alcançado no final do mês passado
mais de 1,1 milhão de adesões.
Se o governo brasileiro vai aceitar
tal sugestão, não se sabe. O certo é que
o sacrifício e a coragem do informante
americano, além de ajudarem a desmascarar a maior potência mundial e
mostrarem as estreitas ligações do oligopólio que atua nas telecomunicações
e os grandes Estados que as hospedam,
de quebra nos levam a refletir mais sobre
nossa precária autonomia.
Paulo Bernardo, ministro das Comunicações do Brasil, após as denúncias
de Snowden, alertou para a necessidade
de estender um novo cabo submarino
diretamente ao território europeu – onde
emergiria em Portugal, não na Inglaterra –,
medida levada adiante no início deste ano.
O governo brasileiro também anunciou
outra medida: a criação de um sistema
de e-mail a ser desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados
(Serpro), para ser utilizado pelos funcionários da administração pública federal.
Com isso, espera combater, ao menos
em parte, ações de espionagem como as
realizadas pela NSA contra a presidente
Dilma e assessores. Além dela, a rede de
computadores da Petrobras foi alvo da
agência americana.
O problema é como construir sistemas de informação nacionais seguros.
Não temos produtores nacionais expressivos dos principais componentes
eletrônicos utilizados para fabricar
computadores e roteadores, dispositivos
fundamentais nas redes de informática.
Tome-se o caso desses últimos: o País já
teve um fabricante nacional, a Cyclades,
fundada em 1988. Apoiado, inclusive,
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por seu
caráter inovador, o empreendimento
iniciado por dois engenheiros brasileiros
transformou-se em multinacional, com
presença em 16 países, e duas fábricas,
uma no Brasil e outra nos EUA. Em 2006,
no entanto, foi vendido por 90 milhões
de dólares a uma empresa americana
do ramo. Hoje, o mercado brasileiro é
amplamente dominado por fabricantes
como a americana Cisco, que obedece,
claro, à legislação de seu país de origem.
Nos anos 1980, estava em vigor no
Brasil uma política nacional de informática que tinha como objetivo central a
produção de computadores por empresas brasileiras com desenvolvimento de
tecnologia. É importante entender o significado mais profundo disso. É comum
a confusão entre produto e tecnologia
– toda hora se veem na TV comercias
afirmando que um determinado computador é “tecnologia” de última geração, o
que leva a entender que quem o comprou
passou a estar de posse de tal tecnologia.
Isso é falso: um computador é resultado
da aplicação de determinada tecnologia,
mas não pode ser confundido com ela. A
tecnologia está sempre em evolução, mas
o produto adquirido, não. Isso significa
que quem detém a tecnologia está sempre à frente de quem adquire o produto.
A partir dos anos 1990, a política de
informática inverteu-se em sua essência:
passou a ser mais importante o produto
– de forma geral, importado – do que a
tecnologia. Hoje, em linhas gerais, não
há grande diferença em relação a isso.
O dado novo é o incentivo à produção
local, geralmente por parte de empresas
estrangeiras que se instalam aqui, o que
não quer dizer que exista desenvolvimento tecnológico no País.
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