4a. Etapa do Brasileiro 2005

Transcrição

4a. Etapa do Brasileiro 2005
4a. Etapa do
PARNASO faz 66 anos
Brasileiro 2005
contando história do Montanhismo
NEUSA VEDOVATO | SP
A 4a. e última etapa do Campeonato Brasileiro
de Escalada Esportiva acontecerá no próximo
dia 19 de novembro no Ginásio Casa de Pedra Perdizes, Rua Venâncio Ayres, 31 - São Paulo SP.
As inscrições deverão ser feitas no site da
APEE: www.apee.com.br até o dia 17 de novembro.
Atenção para os horários: Eliminatória (para os
atletas que não estão pré-classificados): isolamento: das 8:30 às 9:45 hs. Início às 10:00 hs.
Semifinal: isolamento das 13:00 às 13:45 hs e
início às 14:00 hs.
De acordo com o regulamento:
“1.3. Os 5 atletas da categoria Masculino e as 3
primeiras atletas da categoria Feminino
ranqueados(as) em cada federação-membro da
CBME no ano de 2004, estarão pré-classificados para o ano de 2005. Os 10 primeiros homens e as 6 primeiras mulheres do Ranking Brasileiro de 2004 também estarão pré classificados” (Veja o ranking 2004 no site da APEE)”.
Haverá ainda durante o evento exposição de
fotos dos melhores momentos do Ranking
Paulista de 2005, da Copa do Mundo de Escalada Esportiva na Europa em 2005 que teve participação de brasileiros e fotos dos trabalhos
realizados pela FEMESP nesse ano, apresentação circence feita em tecido do grupo Galpão
do Circo e transmissão on line do evento através do site Escalada das Minas.
se preocuparem com o patrão. Tocavam com o
coração, improvisando cada nota.
O “Bouldering Jam” tenta resgatar este estado
de espírito onde nada mais importa. O que interessa é estar entre amigos, fazendo o que se
gosta e mostrando para todos que escalar também pode ser visto como uma arte, a arte do
improviso das sessões jamming de jazz, enquanto você é o route-setter, e a arte da dança, enquanto você tenta encadenar o boulder.
Cronograma
Local: Praça Garibaldi, centro Histórico de Antônio Prado/RS;
Para o pessoal de fora, disponibilizamos um sótão maravilhoso em uma casa tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), no centro da cidade, para pernoitar;
Taxa de inscrição: R$20,00.
Os 66 anos de aniversário do Parque Nacional da Serra dos Órgãos serão
comemorados através da história do Montanhismo no Parque, com o aniversário de 40 anos da abertura do Caminho das Orquídeas, uma das mais belas
trilhas do parque, que dá acesso à Agulha do Diabo, Morro São João e Chaminé
Cassin; 30 anos da conquista da face Leste do Garrafão, primeiro big wall brasileiro; e 20 anos da conquista das vias Terra de Gigantes e Franco-brasileira na
Pedra do Sino, uma das mais difíceis do país.
Para tanta comemoração, será realizado um evento no dia 03 de dezembro, na
sede do PARNASO em Teresópolis, com a seguinte programação:
19:00 - Inauguração da exposição histórica sobre montanhismo no Parnaso.
19:30 - Homenagens e apresentações dos montanhistas que fizeram história
no Parque.
20:30 - Coquetel de confraternização.
21:00 - Mostra de filmes de montanha.
Na manhã seguinte, dia 04 de dezembro, a festa continua com atividades para
o público geral de recreação infantil à partir das 10:00hs e show musical à beira
da piscina natural ao
meio dia.
Contamos com a participação da comunidade
de
montanhistas; será
novamente um prazer
recebê-los!
Para maiores informações visite o site
w w w. i b a m a . g o v. b r /
parnaso
As vagas são limitadas, portanto é preciso se inscrever para
participar do evento no
telefone: (21) 26444517.
Sábado às 08:30h, abertura das inscrições que
serão encerradas às 9:30.
10:00h, abertura oficial do evento.
Não há horário pré-determinado para o encerramento do evento;
Jantar de confraternização.
14
Atividades pós-evento
Após o término do “Bouldering Jam”, no dia 19/
11, e devidamente alimentados, será hora de
relaxar e aproveitar para conhecer a vida noturna Pradense e sua população. Haverá show
com bandas animando a noite no mesmo local
do evento (sem esquecer que no dia seguinte
haverá muito trabalho!).
Betas: Cláudio Guedes Bochese (Cau) (54) 8119
8520 - [email protected] e Joel D.
Marcon
(54)
9138
6028
[email protected]. www.tosimatti.com.br
www.mountainvoices.com.br
www.mountainvoices.com.br
ODILEI MEDEIRO | RS
O evento “Bouldering Jam” parte do pressuposto de que qualquer escalador pode montar um
boulder tão bem quanto escalá-lo.
Assim como é necessário imaginação e
criatividade para encadenar um boulder, também são necessários os mesmos pré-requisitos para ser um route-setter. E é isto que este
evento único proporciona, ser o escalador e o
route-setter.
O conceito “Jam” como sendo improvisação
nasce no Delta do Mississipi quando os músicos de jazz acabavam as suas obrigações com
as atividades que lhes rendiam o dinheiro para
sobreviver e se juntavam em algum bar para
fazer o que mais gostavam, tocar jazz pelo simples prazer de estar tocando jazz, sem compromissos, sem partituras a serem seguidas, sem
Domingo às 09:00h, saída para o “Festival de
Conquistas” no Perau Vermelho e Perau Branco, situados nas Cascatas da Usina no vale do
rio Inferno em Antônio Prado/RS. A locomoção
até o local fica sob responsabilidade dos participantes.
Como se trata de um mutirão com o intuito de
conquistar vias no local determinado, os interessados deverão trazer os equipamentos necessários para tal atividade. Fotos do
local:www.tosimatti.com.br
Recomenda-se que os interessados estejam
preparados para passar o dia nas atividades de
conquista, munidos de água, comida, repelente,
etc.
03
Internacional
BloX 2005
Caldwel manda duas vias no El Cap em 1 dia, Davis libera
a primeira feminina na Freerider, Action direct é
encadenada 3 vezes em uma semana, Copa do Mundo...
A quinta edição do Festival de Escalada teve diversas novidades, sendo a principal, a mudança da base para a cidade mineira de Paraisópolis, reafirmando o potencial das falésias do sul de Minas Gerais. Feira e mostra de equipamentos,
Exposições de imagens, dezoito novas rotas esportivas e tradicionais, boulders e
uma festa eletrônica no final fizeram a alegria dos quase 300 participantes do
RJ, MG, ES, GO, PR, SC e SP.
ELISEU FRECHOU | SP
Escalada na China
Rikar Ortegi
Os montanhistas americanos Chad Kellogg, Joe
Puryear e Stoney Richards estabeleceram duas
novas rotas nas montanhas Siguniang na China
em meio de outubro. O time tentou diversas paredes, mas teve sucesso em um pico ainda sem
nome de 5.020m na qual estabeleceram uma rota
de 10 enfiadas para o topo e que a chamaram
de The angry wife. Depois o trio atacou a face
sul do Monte Daugou, o mais alto desta região e
estabeleceram uma rota de 17 enfiadas, com
um crux de chaminé estreita bem abaixo do topo.
Eles atingiram no final da tarde o cume do monte
aparentemente não escalado até então, e
rapelaram a noite.
Após apenas cinco ascensões em 13 anos, a
rota Action direct de Wolfgang Gullick em
Frankenjura, Alemanha recebeu nada menos que
3 repetições em uma única semana. Action direct
foi a primeira rota de 9a francês estabelecida
no mundo e durante muito tempo virou lenda.
No início de novembro, Rich Simpson da Inglaterra e Dai Koyamada do Japão repetiram a via
em apenas dois dias de trabalho. Em seguida foi
a vez do alemão Markus Bock repetir a via. Me-
nos de uma semana após, Simpson fez a primeira repetição da nova rota de Bock,
Unplugged cotada também em 9a.
Achado Gunther Messner
Testes de DNA feitos da Áustria confirmaram
ser de Gunther Messner os restos encontrados no início deste verão no Nanga Parbat. Os
irmãos foram os pioneiros na face Rupal da
montanha em 1970. Durante a descida os dois
Copa do Mundo
O holandês Jorg Verhoevem de 20 anos é a
mais nova estrela da Copa do Mundo de Escalada. Ele venceu a etapa de Valence na França,
e está ranqueado em quarto na posição geral.
Angela Eiter na Áustria ganhou no feminino. A
classificação de etapa ficou:
Masculino:Jorg Verhoeven (Hol), Mickaël
Fuselier (Fra), Cédric Lachat (Sui) e Ramón
Julián Puigblanque (Esp).
Feminino: Angela Eiter (Aus), Caroline
Ciavaldini (Fra), Sandrine Levet (Fra) e Maja
Vidmar (Esl).
Caldwell e Davis no El Cap
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Apenas duas semanas após ter escalado em
livre o The Nose no El Capitan, Tommy Caldwell
mandou em 23:23hs as vias The Nose e
Freerider. Ele iniciou a escalada do Nose a
01:00h da manhã com a segurança de sua esposa Beth Rodden, após ter duas quedas na
enfiada Changing corners (14a), ele desceu
pelo East Ledges e chegou novamente a base
as 13:00hs onde Chris McNamara o esperava
para dar segurança no Freerider.
As duas rotas somam 65 enfiadas, sendo uma
de 5.14, uma de 5.13, nove de 5.12 e muitas de
5.11 e 5.10.
Dia 23 de outubro foi a vez de Steph Davis
passear pelo El Capitan mandando em livre a
Salathé Wall via Freerider (5.13a). Steph trabalhou a via, fazendo muitas das enfiadas em
top rope e após 11 dias de esforços, ela e a
amiga Cybele Blood desceram da montanha com
a primeira ascensão feminina em livre da rota.
Greenspit
O escalador suiço Didier Berthod encadenou
Greenspit, uma fenda de dedos, mão e punho
de grau 5.14a na Itália, colocando toda a proteção usada na escalada. Greenspit é uma fenda de 45 graus e mais de 15 de extensão e
nunca havia sido escalada colocando as prote-
04
Josune mandando Fuente de energia.
Monte Dangou
Grandes Jorasses
ções. Berthod é o responsável por uma das mais
difíceis fendas do tradicional point americano
Indian Creek, chamada From Switzerland with
love (5.13+).
Bereziartu manda 5.13d à vista
A escaladora basca Josune Bereziartu mandou
a vista Fuente de Energia, uma via de 8b/5.13d
na falésia espanhola de Vadiello. Ela já havia
mandado este grau a vista no início do ano no
Japão, mas é sua primeira via à vista deste grau
na Europa, confirmando sua impressionante forma física. Apenas duas outras mulheres haviam
feito este grau na primeira tentativa: Katie Brown
com Omaha beach (99) e a adolescente francesa Charlotte Durif, que mandou uma via deste
grau no último mês de agosto na França.
Nose alpino
Os italianos Mauro “Bubu” Bole e Mario Cortese
completaram uma nova via em livre nos Grandes Jorasses, impressionante montanha nos
Alpes franceses. A nova via, Nez foi trabalhada
por quase um mês em agosto último e culminou
em 38 enfiadas livres com grau atingindo o oitavo brasileiro, e algumas também transcorreram
por terreno misto de rocha podre e gelo. A maior
parte das enfiadas recebeu algum tipo de proteção fixa mas a maioria é móvel.
BETH FRECHOU | SP
Como já está se tornando tradição na Serra da Mantiqueira,
aconteceu em setembro na cidade de Paraisópolis (MG) a
5ª edição do Festival de Escalada BloX, evento que nasceu
com a proposta de confraternizar e movimentar o meio
excursionista através da inauguração de novos points de
escalada, proporcionando durante sua realização, o encontro de escaladores e montanhistas de diversas partes
do país em busca de informação e novas amizades. A
cidade mineira possui excelentes áreas de boulder e
falésias próximas à cidade, e foi na falésia do Machadão
que a equipe preparou 18 vias e limpou cerca de 6 boulders
para que os quase 300 escaladores participantes pudessem gastar seus dedos...
Neste ano, a novidade da feira de equipamentos foi aprovada e agradou, oferecendo oportunidade de negócios à
todos, sendo que no próximo ano esta parte do evento
promete crescer. Assim como as exposições de fotos de
Marcela Chaves e Márcio Bortolusso, que junto com André
Ilha, Chiquinho Hartmann e outros fizeram uma festa para
os olhos dos participantes e comunidade local, pois estavam instaladas na praça central da cidade e lá permaneceram durante todo o dia.
Nos 3 meses anteriores ao evento contamos com o imprescindível apoio da Prefeitura Municipal de Paraisópolis,
na pessoa do Sr. Wagner - Prefeito Municipal e do Sr. Valdir
- Secretário de Turismo, que com muito empenho estiveram
presentes desde a preparação do local, organização das
exposições fotográficas e feira até a festa eletrônica à
noite.
Para encerrar, aconteceu no Clube Recreativo uma festa
eletrônica com os djs Dio, Sonic, Beavis e Pitonhead.
Agradecimentos a todos que ajudaram e tornaram possivel
este dia de festa. Abriram as rotas: Rogério Santos,Paulo
Menezes, Daniel Casas e Paula Costa Manso. Na organização: Camila Granito, Viviane Gagaus, Tati, Lequinho, Diogo,
Felipe Guimarães, Dimi, Zezinho da Rosa e Daniel Stassi.
Agradecemos aos patrocinadores: Snake, Curtlo, Equinox,
Solo, Trilhas e Rumos, Gringa e Pé na Trilha.
A área preparada para as escaladas poderá ser frequentada por escaladores, mas antes procure algum escalador
local para obter mais informações e croquis.
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Action direct
estavam bastante cansados e decidiram descer por outra face, a do Diamir. Os dois acabaram se separando e Gunther morreu durante a
descida, supostamente por causa de uma
avalanche. Messner teve diversos congelamentos e perdeu a maior parte de seus dedos e
falanges. Messner foi acusado de ter deixado
seu irmão descer sozinho para tentar fazer a
primeira travessia do pico. O corpo foi encontrado por pessoas do vilarejo próximo e Messner
viajou imediatamente para o local, confirmando
que pelas roupas e demais evidências, o corpo
é realmente de seu irmão.
05
internacional + ecos
Maria
Nem sempre um engano é uma coisa ruim. Às vezes os enganos nos proporcionam o
inesperado, e nos abrem portas que nem sabíamos existir.
ANDRÉ ILHA | RJ
Pois foi exatamente assim, por engano, que eu e
o Alexandrinho (Alexandre Portela) descobrimos
em 2003 as duas Torres de Santa Maria, um
belíssimo par de agulhas encravadas no nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha.
Havíamos acabado de conquistar o espetacular Pontão da Pedra Parda ali perto,
em Rubim, pela via Eminência Parda (6º VI
A2+), e o tempo que nos sobrava era curto
demais para tentarmos qualquer coisa mais
séria. Antecipamos então o nosso retorno ao
Rio, mas reservamos um par de dias para finalmente explorar as famosas montanhas de Jacinto e, de quebra, visitar as vizinhas Santa
Maria do Salto e Santo Antônio do Jacinto,
onde desconfiávamos que também poderiam
existir montanhas interessantes. Embora tenhamos chegado muito próximos ao impressionante conjunto de pontões graníticos de Jacinto,
no primeiro dia não conseguimos achar a estrada certa para o vale da Pedra Misteriosa,
onde se encontra o filet mignon local. Por isso,
seguimos para Santa Maria do Salto com a
intenção de chegar a Santo Antônio e voltar
pelo mesmo caminho ou, então, fazer um longo contorno passando novamente por Rubim.
Santa Maria do Salto é uma cidade pequena,
pobre e barulhenta, mas totalmente cercada
por belíssimas paredes rochosas, algumas bem
grandes, e após fotografá-las de todos os ângulos, perguntamos onde ficava a saída para
Santo Antônio do Jacinto e nos disseram que era
por uma estrada à direita de onde nós havíamos
chegado. Não era. Era à esquerda. Embora a estrada que nos foi indicada até levasse também a
Santo Antônio, ela era mais longa e estava arruinada, ao passo que a outra era razoavelmente
boa. Mas 14 quilômetros depois de deixarmos a
cidade, na localidade conhecida como Piauí,
demos de cara com duas imponentes agulhas que
não são visíveis de quase nenhum outro lugar,
que nos deixaram boquiabertos e gratos pela informação errada! Como já estivesse tarde e a estrada se tornasse cada vez pior, seguimos nela por
mais alguns quilômetros, fizemos um desvio para
a direita, por Jaguarão, e retornamos a Jacinto já
à noite, sem ter atingido Santo Antônio.
Fotos: André Ilha
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No ano seguinte estabeleci como prioridade uma
ida a Santa Maria para tentar subir aquelas agulhas, e como o Alexandrinho não pôde ir, pois
estava construindo a sua casa nova em Teresópolis,
fui em companhia do Miguel Freitas, do CEC.
Chegando à cidade, após a longa viagem desde
o Rio de Janeiro, paramos na sua única opção de
hospedagem, o Dormitório do Tinhô, que também era um bar e ponto de venda de produtos
veterinários!
Torres de Santa Maria.
Miguel na fissura de pés e mãos da Conexão Piauí.
Santa Maria do Salto.
06
on the rocks
Tinhô é um sujeito super-simpático, que tudo fez
para agradar os exóticos hóspedes que vieram de
tão longe apenas para subir aquelas duas pedras
lá na roça. Infelizmente, porém, ele não tinha
poderes para decretar um armistício na guerra sonora que era travada diariamente nas ruas cidade: diversos carros de som com propaganda política (era época de eleições...) no mais alto volume
circulando ininterruptamente; queimas de fogos a
qualquer hora do dia ou da noite; motos com o
cano de descarga furado de propósito; bares com
sua própria e respeitável aparelhagem de som,
cada qual tocando uma música diferente e todos
ao mesmo tempo; cachorros latindo compulsivamente dia e noite... Mas o pior mesmo eram os
“agro-boys”, garotões fazendeiros circulando com
suas caminhonetes com a traseira tomada por potentes caixas de som, sempre usadas no limite
máximo, provavelmente para impressionar as menininhas da cidade, que àquela altura já deviam
apresentar problemas auditivos...
Solidário ao nosso desespero, Tinhô nos arrumou
As Torres de Santa Maria (nós as chamamos assim, pois no local não se deram ao trabalho de
lhes dar um nome) ficam na Fazenda Santa Lúcia, onde fomos recebidos com a costumeira cordialidade do povo daquela região, logo recebendo permissão para tentar as escaladas. Enquanto tomávamos o café protocolar com o Maurício, o morador da fazenda que nos recepcionou,
ficávamos de olho nas pedras. Na frente da Torre
Maior há um belíssimo sistema de fendas, que
obviamente proporcionará uma boa via, mas a
Torre Menor parecia inexpugnável, exceto por
um entediante artificial de cliffs ou parafusos.
Ele nos disse então que se subíssemos o vale
entre as duas ganharíamos muita altura e que,
por trás, as torres eram menos inclinadas.
Seguimos a sua sugestão e subimos até o colo
entre as duas torres, onde fomos premiados com
um curto e bonito sistema de fendas da base ao
cume da Torre Menor, que obviamente sairia em
livre. E a Torre Maior, além de ser realmente
mais deitada daquele lado, também oferecia boas
opções para vias mistas, com um claro predomínio de lances de parede, mas com óbvias fendas
aqui e ali. Ou seja, ali seria a nossa base de
operações.
A conquista da Torre Menor
Voltamos ao carro e em seguida fizemos um penoso carreto de equipamentos até o colo novamente. Como ainda estivesse cedo, bati os dois
primeiros grampos da via num trecho de agarras
que seria o seu crux (Vsup) e demos por encerrado o dia.
Na manhã seguinte, guiando, o Miguel encadeou a seqüência e, após dar uma passada em
um tufo de mato instável (onde eu bati mais um
grampo na descida), subiu uma bonita fissura de
entalamento de mãos e pés (IVsup/V) com ótima
proteção em friends médios e grandes. Dentro
dela havia uma raiz que ora ajudava, ora atrapalhava, mas ele chegou, assim, a um ótimo platô
com uma árvore, onde parou. Eu segui este platô
para a esquerda até subir um
pequeno degrau em agarras
(com bromélias espinhentas) e
fazer outra parada em uma
sólida árvore. Dali ele venceu,
sem costuras, a fácil fenda final, chegando rapidamente ao
lindo cume rochoso da Torre
Menor de Santa Maria, para
onde me levou. Que cume!
Que vista! E que vontade de
chegar também ao topo da
Torre Maior, ali ao lado e ali
em cima...
Chamamos nossa via de Conexão Piauí (4º Vsup, 55 m).
Deixamos no cume, como de
hábito, uma marmita de alumínio com um livro, uma caneta, um lápis e um apontador para registro de
futuros visitantes, mas quando fomos soltar os dois
morteiros que havíamos levado conosco, cadê o
isqueiro? Estava na base... Eu então desci na frente e o mandei pela retinida para que o Miguel
honrasse a tradição, sendo que os estampidos foram depois motivo de muita conversa entre os
escassos habitantes daqueles cafundós.
Quando ele desceu, nós ainda abrimos a trilha
até à base da Torre Maior, e depois retornamos a
Santa Maria para celebrar a via com uma
cervejinha gelada no Tinhô e para sermos submetidos a mais uma rodada de tormentos sonoros.
A conquista da Torre Maior
Descansamos um dia e no outro seguimos cedo
para a Torre Maior. Começamos a nova via por um
bonito e longo diedro voltado para a esquerda,
quase todo em fácil oposição (III/IIIsup em média,
com uma passada um pouco mais técnica). A proteção, em friends de tamanhos diversos, era ótima, e no final do diedro batemos um grampo de
1/2". Ali começou uma seqüência de agarras e
aderência, protegida por mais dois grampos, que
veio a ser o crux da via (VIsup), depois de limpos
os liquens que recobriam algumas agarras minúsculas.
nome, e o vulto sombrio da Pedra Redonda mais
ao longe.
Deixamos o livro de cume e soltamos os rojões,
que desta vez foram respondidos por mais gente.
Batizamos a via de Homens de Pouca Fé (6º VIsup
A2, 160 m) e descemos desencordando a parede,
felizes com a qualidade das escaladas que havíamos aberto.
Santa Maria do Salto, assim, passou a integrar um
seleto circuito de municípios no Vale do
Jequitinhonha (Jequitinhonha, Medina, Pedra
Azul, Rubim e Jacinto) com ótimas vias
estabelecidas, muitas delas, como no caso da
Torres de Santa Maria, chegando a cumes até
então virgens. Mas o potencial para novas escaladas nas montanhas já conquistadas, ou nas
incontáveis paredes que brotam por todos os lados naquela região, parece inesgotável. A coisa
está só começando...
Do grampo batido no final do crux o Miguel conquistou uma enfiada quase toda em móvel e bastante variada, com direito a um lance difícil (VI)
na saída de uma chaminezinha, chegando assim
a um bom platô onde fez a parada. Dali nós descemos, deixando a parede encordada.
No dia seguinte, guiando, eu encadeei a seqüência do crux antes de seguir até o final da corda
fixa. Depois fiz dois lances de agarras com grampos e cheguei a uma passarela quase horizontal,
de onde, para nós, era impossível continuar em
livre. Eu então bati dois parafusos e mais um grampo, de onde o Miguel saiu em livre, fazendo dois
lances bem verticais com boas agarras e parando
na base de outro trecho íngreme e quase liso.
Subi um novo trecho em artificial, maior do que o
primeiro, alternando passadas em cliff-hangers de
agarras com outras em parafusos, e fiz uma parada dupla no ponto onde a inclinação da parede
diminuía. A partir dali voltaríamos a escalar em
livre, numa diagonal para a esquerda que era
bem mais longa e difícil do que havíamos previsto. O Miguel ainda fez o primeiro lance dela - um
dos mais difíceis (V) - e nós descemos em seguida,
deixando encordada também esta enfiada.
Depois de descansar mais um dia, até porque nele
caiu um pouco da chuva prometida, voltamos para
a investida final, que consistiu numa sucessão de
lances de agarras e aderência para a esquerda e
para cima, sempre com grampos, mas nem sempre com boas paradas. Para nossa tristeza, a vegetação do cume havia sido torrada em um incêndio
recente, mas a vista, obviamente ainda mais deslumbrante do que a da Torre Menor, permanecia
a mesma! Os destaques eram a grande parede do
outro lado da estrada, num morro grande e sem
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As Torres de Santa
um quarto amplo nos fundos do estabelecimento, o
qual, por estar num nível
mais baixo, nos deixava
parcialmente a salvo de
uma boa parte dos problemas. Isso não nos livrou, no
entanto, dos carros com
propaganda política, que
passavam na ruazinha dos
fundos, nem dos cânticos
da igreja evangélica e de
suas movimentadas sessões
de exorcismo - mas estas,
pelo menos, eram só de
vez em quando... Pior, ali,
eram os gemidos de uma
velha doente que há anos
jazia na cama de uma casa
vizinha: além de gemidos
de todos os tipos e alturas,
de vez em quando ela começava a gritar por água
cada vez mais alto e, de
repente, dava um grito e
parava, como se tivesse
morrido. Na primeira vez
em que isso aconteceu, nós
fomos falar com o Tinhô,
mas ele disse que nós não
precisávamos ficar preocupados porque era assim
mesmo... Isso, e os ratos
transitando pelas traves de
escoramento do telhado,
que cruzavam rapidamente o nosso quarto atrás de
algo muito mais interessante para eles mais adiante, davam um ar meio surrealista àquilo tudo.
Mas, mesmo assim, devo confessar que sinto saudades dos dias que lá passamos, por causa da
excelência das escaladas!
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BRUNO MELLO DA MATA | SP
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A minha história e a do Rafael com esta via
iniciou-se há uns dois anos e meio atrás, quando muito motivados, porém inexperientes entramos com a cara e a coragem nesta linda linha.
Após algumas roubadas e muita adrena achamos
melhor abandonar a via deixando para trás alguns equipamentos que, estranhamente, nenhuma
outra repetição encontrou.
Bruno, Rafael e Beto.
Rafael iniciando a
quarta enfiada.
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enfiada, uma seqüência de 3 fendas sólidas e trabalhosas que chegaram a consumir um certo tempo e após quase 50 m, fixo a corda para o Rafael
limpar a enfiada. Aproveitando o restante do dia,
ele começou a guiar a 4° enfiada, até uma chapeleta
no meio da enfiada.
No sábado, para a nossa surpresa o Beto sabendo que estávamos na parede e na fissura de escalar aparece no bivaque disposto a ajudar a gente. Nossa intenção era dormir nessa noite no platô
da base da 7° enfiada e no domingo fazer um ataque ao cume.
Após muitos parafusos e cliffs o Rafael terminou a
4°enfiada, subo rapidamente limpando a enfiada e
já saio guiando a 5°enfiada, tranqüila e curta, fenda com boas colocações e que leva a um bom
platô. Logo que a galera subiu, já saio guiando a
6°enfiada, um pseudo-esportivo, intercalados com
cliffs de buracos e agarras, com um domínio sujo
de platô o qual nos abrigaria nesta noite.
Domingo cedo, o Rafael ficou encarregado da 7°
enfiada, a mais exposta e na nossa opinião o crux
da via. Entre muitos cliffs de agarras, parafusos,
heads e pitons, ele bate na parada, esgotado, após
quase 7hs de escalada. Subo limpando a enfiada e
vejo que o bicho é feio mesmo, entendendo o porquê da demora, um A3 forte e moderno.
Percebemos que não conseguiríamos bater no
cume neste dia, mas a fissura para mandar a via
era tanta que o Rafael resolveu dar o cano no
trampo em no máximo um dia, ou seja, mandando
ou não a via, tínhamos que descer para a cidade
até segunda à noite. O Beto havia chegado com a
notícia de que o tempo mudaria da noite do domingo para a segunda, dito e feito, a nossa 2° noite no
platô ventou bastante, trazendo muitas nuvens para
o nosso redor.
Com o tempo nublado ameaçando chover, água e
comida extremamente racionadas; o Beto guiou a
8° enfiada que apesar de curta é muito estranha e
perigosa, já que no final da enfiada para dominar o
platô, deve-se apoiar em uma árvore muito podre
que segura um bloco enorme e que está bem na
linha do segurança. Chegamos todos neste grande platô a uma enfiada do cume, agilizamos rápidos as coisas e mesmo com a garoa indo e vindo,
guio a enfiada repleta de parafusos, com uma travessia exposta e esquisita em livre no meio da
enfiada, terminando em uma fenda de pitons.
Bato no grampo final da leste, a alguns metros da
escadinha e fixo a corda para o Rafael e o Beto
subirem rapidamente. A alegria era imensa, após
uma curta estada e comemoração no cume, começamos a rapelar a via, havíamos deixado a 3° e 7°
enfiadas com corda fixa, sob uma constante garoa e quando chegamos na base da via, a chuva
chegou de vez, junto com a escuridão.
Agora só faltava descer aquele rio na chuva e no
breu da noite, optamos por deixar parte do peso na
base para não descermos muito carregados sob
estas condições e chegamos na rodoviária de
Teresópolis 8:00hs depois de estarmos no cume
do Dedo. O Rafael pegou o ônibus para SP e eu e
o Beto subimos, novamente, na terça até o bivaque, embaixo de muita chuva para pegar o que
ficou faltando. Só após termos descido com todo
equipo é que enfim pudemos relaxar e curtir tudo o
que esta escalada nos proporcionou.
Agradecemos a todos os nossos incentivadores,
aos amigos e a família pela força e o suporte que
recebemos quando precisávamos. Recomendo
para futuras repetições, levar uma chave para
apertar as porcas de algumas chapeletas que estão bem soltas.
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Os Impermeáveis
Agora em julho de 2005, mais confiantes e experientes, sentimos que era o nosso momento de encarar aquela parede novamente. Logo que conseguimos juntar todo o equipamento necessário para
esta escalada, contando com ajuda de alguns
brothers, saímos de SP com um único pensamento: chegar no cume do Dedo de Deus, pelo caminho mais difícil.
Chegamos em Teresópolis numa sexta à noite,
após um descanso na cidade, começamos a caminhada no sábado cedo. Eu e o Rafael estávamos,
realmente, muito pesados com pelo menos uns 40
kg nas costas, ou seja, qualquer caminhada é muito desgastante e qualquer caminhada inútil é muito
mais estressante.
A caminhada começa na confluência de três rios,
perto da santa e o caminho correto é subir pelo rio
mais à esquerda, por vacilo nosso cometemos o
mesmo erro de dois anos atrás. Erramos o caminho logo no começo e após termos subido umas 5
hrs pelo vale e rio errados, percebemos que estávamos muito errados e que o nosso dia tinha sido
inútil. Domingo cedo, com a intenção de errar o
mínimo possível e já desgastados pelo dia anterior,
diminuímos o passo e achamos finalmente o local
do bivaque, arrumamos todo o equipo para começar a escalada na manhã seguinte, à noite fomos
presenteados por uma noite estrelada.
No entanto, segunda cedo, acordamos com chuva
nos sacos de dormir, como o tempo muda rápido
naquele lugar! Improvisamos um abrigo com uma
lona velha e furada e decidimos esperar. Um dia e
meio depois de chuva e muito molhados, achamos
melhor abandonar os equipos no bivaque e esperar a chuva melhorar em algum local seco. Após
inúmeras consultas a sites de previsão do tempo,
intercaladas por partidas de xadrez, resolvemos
subir para o bivaque na quinta cedo, acreditando
nos metereologistas.
Para o nosso alívio, os caras acertaram em cheio
na previsão, foi um lindo dia de sol. Como o tempo
para mandar a via estava curto, o Rafael tinha que
estar em SP para trampar na segunda cedo, utilizamos uma corda fixa que estava na 1° e 2° enfiadas, já escaladas por nós na nossa 1° tentativa,
para agilizar e ganhar tempo. Com isso guio a 3°
09
on the rocks
Cho Oyo
O primeiro cume feminino brasileiro
de 8.000 metros
A descida é um misto de euforia, orgulho, sofrimento, saudades... Muitas sensações se misturam! Olhar as pessoas subindo com um semblante sofrido, mostrando um esforço sobrenatural, me emocionou muito, pois eu também havia
passado por aquilo!!
Descemos e dormimos novamente a 7.000 para,
no dia seguinte, seguirmos para o ABC, a 5.600.
A descida foi me deixando com saudades dos
momentos em que me pareceram eternos enquanto brigava com o ar rarefeito!
ANA ELISA BOSCARIOLI | SP
Mudanças Climáticas
Proteja-se das intempéries e curta sua aventura com mais conforto estando acompanhado dos equipamentos e vestuário correto.
MÔNICA FILIPINI E DIOGO MARASI | SP
Roupas confortáveis nem sempre são
a melhor escolha para quem quer se
aventurar pelas montanhas e tem uma
série de variáveis de micro-clima a atividades para se adaptar no mesmo dia,
mesmo quando a temperatura permanece estável.
Nem sempre aquele dia de sol vai ser
realmente quente. Uma brisa por mais
fraca que seja, pegando você na sombra, pode fazê-lo rapidamente estar batendo os dentes de tanto frio.
Vestimentas...
No verão, roupas leves e um anorak
para os contratempos. Durante o inverno os cuidados são maiores quando
falamos em vestimentas apropriadas
para o montanhismo. Primeiro de tudo
é importante ficar claro que mesmo no
inverno, a maioria das montanhas brasileiras (salvo algumas exceções que
você deve sempre consultar ao planejar
a sua viagem) é de clima úmido, ou seja,
o frio versus a umidade natural de algumas regiões podem ser letais.
Primeiramente as roupas de algodão,
como camisetas, moleton, etc, não são
apropriadas para atividades onde a
transpiração e também a umidade local
irão manter suas roupas sempre molhadas ou úmidas. O algodão é difícil de
secar.
Dê preferência aos tecidos inteligentes,
hoje, em abundância no mercado.
Como primeira camada use uma primeira
pele ou camisetas manga longa de tecido sintético. Esta camada é responsável por deixar a pele “ respirar”, jogando a transpiração para longe do seu corpo. Estas roupas também secam com
muito mais eficiência que o algodão.
A segunda camada é a camada de aquecimento. É indicado também o uso de
tecidos inteligentes como os fleeces e/
Olhei várias vezes ao redor nos útimos dois dias
no BC, tentando adivinhar se estarei ali novamente... Quem sabe um dia para tentar sem o
uso de oxigênio?
A partir destas conquistas pensei muito (durante dois anos) no Cho Oyu. Todo investimento
em treinamento, participando de maratonas,
corridas de aventura, e com o apoio da Try On
consegui realizar meu sonho e, no dia 25 de
setembro, cheguei ao cume da Deusa Turquesa, a 8.201 metros!
Escolha
Optei por fazer parte de uma expedição internacional organizada pela Adventure
Consultants, da Nova Zelândia, pois além de
ser a minha primeira vez numa montanha de
8.000 metros, Francesca, minha filha de cinco
anos estaria aqui no Brasil, à minha espera...
Éramos seis integrantes: um inglês, um sueco,
dois americanos, um australiano e eu. Tínhamos dois guias neozelandeses e sete sherpas.
10
avalanche + iniciante
Antes dos 7.000 m o australiano e o inglês sentiram-se mal e desistiram.
Nosso ponto de encontro foi Katmandu, dali seguimos para Lhasa, a 3.700 metros para iniciar
a aclimatação. Seguimos para o Base Camp de
carro pelo Norte de Lhasa, viajando pela famosa rodovia “Friendship Highway”.
Ficamos ali por dois dias e prosseguimos a pé
para o Advanced Base Camp a 5.600 metros
onde estabelecemos nossa base. O ABC é como
se fosse uma pequena cidade, com vida própria, pessoas cozinhando, descansando, lavando roupas, montando e desmontando barracas,
além de pessoas indo e vindo dos acampamentos superiores. Este ano o número de expedições foi um recorde. Dali tínhamos uma visão
maravilhosa do Cho Oyu!
Fizemos três ciclos de aclimatação subindo,
descendo e chegando a 7.000 metros antes do
ataque final ao cume. O Acampamento 1, a 6.400
metros, fica numa aresta com várias gretas ao
lado das barracas e de onde se podia avistar a
trilha que nos levaria à base do “Ice Cliff” (parede de gelo vertical que se interpõe entre os
Acampamentos 1 e 2). É a passagem mais técnica da via.
No campo 1 tomávamos muito cuidado para circular em volta das barracas pela proximidade
das gretas. A ascensão entre o Acampamento
1 e o 2 é também o trecho mais longo e cansativo.
O Acampamento 2 fica sobre um platô de gelo, a
7.000 metros de onde se tem uma linda vista da
cordilheira com a maioria das montanhas abaixo desta altitude.
Neste lugar presenciei um por de sol que talvez
tenha sido o mais bonito que já vi. Porém, assim
que ele se põe é preciso ir bem rápido para
dentro do saco de dormir, pois a temperatura
cai abruptamente. De lá podemos ver o Acampamento 3, a 7.400 metros seguindo numa linha
reta, na rampa de gelo que se encontra à frente. Parece perto, mas temos a barreira do ar
rarefeito...
Antes do ataque final ao cume, dormi uma noite
no Acampamento 2 e foi uma das piores noites
da minha vida, com muita dor de cabeça e náuseas. Tive medo de ter que descer e abandonar meu sonho. Já tinha feito o cume do
Aconcágua mas era a primeira vez dormindo
nesta altitude.Como por um milagre amanheci
bem, meu organismo tinha se aclimatado,e consegui chegar ao Acampamento 3 sem oxigênio,
como programado.
No Acampamento 3 as barracas ficam instaladas em um terreno bem vertical onde improvisamos pequenos platôs. Chegamos a este
Acampamento por volta das três horas da tarde (horário local). A partir das quatro o frio torna-se insuportável quando estamos parados.
Optei por colocar logo o macacão de pena e já
ficar preparada para a saída. Mesmo assim foi
necessário ficar dentro do sleeping!
Às 11h30 da noite iniciamos a preparação: fazer água, alimentar-se, preparar mochila, oxigênio. A saída estava programada para as duas
da manhã. Na hora em que comecei a caminhar,
senti a diferença em se utilizar oxigênio! A passada melhora muito, não deixa de ser bem lenta
e com o detalhe dos cinco quilos a mais da
garrafa!
O trajeto do Acampamento 3 ao cume é uma
rampa de gelo bem inclinada, cuja maior dificuldade é a passagem pela “Yellow Band”, uma
faixa mais vertical que circunda o cume, semelhante à que dizem existir no Everest.
Quando desmontávamos acampamento, tive uma
bela surpresa! Antes do cume, ao chegar na
montanha, um tibetano, condutor de iaques, procurava por um médico. Ele estava com o polegar
direito enrolado num silver tape, dizendo que este
havia sido esmagado por uma rocha há 13 dias.
Ao ver a ferida, tive quase certeza que iria terminar em amputação pois o ferimento estava sujo
sem sinais de cicatrização e, provavelmente,
infectado.
Fiz um curativo oclusivo, dei antibiótico e pedi
que procurasse algum vilarejo qualquer, (ele é
nômade) para fazer a limpeza ao menos de cinco em cinco dias. Pensei que nunca mais iria vêlo, quando este apareceu todo sorridente mostrando o dedo que já não corria o risco de ser
amputado e mostrava grandes sinais de melhora. Fiquei muito feliz!
A volta foi de veículo 4x4 pela “Friendship
Highway”, que chega a uma passagem de 5.000
metros, passa pela fronteira com o Nepal, pelos
maoístas que, a princípio seriam amigáveis com
os turistas e segue descendo até o vale de Katmandu a 700 metros, quando sai da montanha.
Eu achava que não corria mais perigo, que estava voltando a salvo para casa. Mas a estrada
estreita, desce ao lado de abismos intermináveis
e o motorista bocejava! Mas a paisagem compensou o stress, pois vinha dos 5.000 áridos,
passava por regiões rochosas, depois a vegetação se torna densa com cachoeiras muito longas (passamos por dentro de uma delas) e, enfim, o vale de Katmandu, retornando à civilização.
Para quem gosta de montanhas o Himalaia é o
paraíso..E difícil resistir ao sonho de voltar e tentar algo ainda mais alto..quem sabe...pensando
bem alto...o Everest!
Bivaques na chuva...
Se você realmente decidiu bivacar na
parede, assuma que isso significa caso
de vida-ou-morte. Olhe a chuva. Ficar
seco fica sempre em primeiro lugar dentre todas as outras considerações, uma
vez molhado você esfriará rapidamente,
seu corpo perderá calor facilmente. Busque as maiores inclinações negativas,
headwalls que te protegerão da chuva,
até mesmo que isso signifique passar a
noite pendurado em seu baudrier.
É importante lembrar que aqueles riscos
mais escuros na parede logo se tornarão imensos rios verticais. Igualmente,
evite regiões na pedra que estejam extraordinariamente polidas isso pode indicar uma zona de impacto de cachoeira.
Fendas também encanam água, isso
sem mencionar a chuva de pedras solEliseu Frechou
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Desde que estive no Nepal, em 1999, para fazer o trekking de 180 quilômetros ao Campo
Base do Everest e consegui chegar a quase
6.000 metros nos picos do Kalapatar e Gokio,
interessei-me por alta montanha e escalada em
gelo.
Como sou médica, comecei a estudar a fisiologia da aclimatação para tentar entender o que
acontece em nosso corpo no ar rarefeito e assim passei a sonhar em voltar e fazer um 8.000
ou, quem sabe, algo ainda mais distante: o
Everest.
Nos últimos seis anos fiz cursos de escalada
em gelo, em cascata de gelo, escalei montanhas na Bolívia, Chile e Argentina. Participei da
primeira expedição brasileira ao Aconcágua
invernal (Try On Expedition I junto com Vitor
Negrete, Rodrigo Raineri, Roman Romancini e
AC Soares). Fui a primeira brasileira a alcançar
o cume do Aconcágua pela Rota Direta do
Glaciar dos Polacos com Vitor Negrete.
ou as fibras polares que variam de
gramatura 100 a 300, sendo que você
terá de avaliar qual a intensidade do frio
que você vai passar.
E por último a camada de proteção ao
tempo, seja um anorak mais reforçado,
uma parka ou uma jaqueta. Ela deve ser
transpirável o suficiente para não
encharcar as roupas de baixo com a
transpiração, porém devem proteger da
chuva e da umidade do ar as outras camadas.
Vale a pena lembrar que ao sair da barraca em locais com muita névoa ou umidade , saia sempre com um anorak ou
similar, pois mesmo a umidade pode
molhar a sua roupa. As roupas úmidas
de tecido inteligente secam rapidamente, mas também “usam” o calor do corpo para ajudar na secagem do tecido,
assim o melhor é sempre evitar se molhar. Se você estiver molhado, evite ao
máximo ficar exposto ao vento, pois este,
aliado a umidade, roubam descaradamente seu calor.
Existe hoje no mercado um tipo de tecido que tem se mostrado muito eficiente
em ambientes de montanha, as lycras,
que secam muito rápido, mantem-se
quente no frio quando estamos em movimento e no calor não são quentes demais. São versáteis e muitos
montanhistas tem lançado mão desta
peça em suas viagens juntamente às
calças de suplex. Somente uma observação, para a escalada em rocha este
tipo de vestimenta as vezes é pouco resistente a abrasão da rocha.
Wagner Pahl limpando a fissura
Carnaval em meio a neblina . Pico
das Prateleiras, Itatiaia, RJ.
tas que sempre acompanham os temporais em parede, assim como eventuais
descargas elétricas causadas por raios
e conduzidas pela água.
Essenciais
Se você estiver no mato, procure fazer
uma “cama” com sua mochila, folhas e
galhos secos para proteger-se da umidade vinda do solo.
Nunca esqueça de carregar na mochila
lanterna, agasalho, anorak e em lugares
remotos, uma manta isolante de resgate
também é necessária. O ideal é que você
tenha este kit sempre colocado no fundo
da mochila, evitando o esquecimento de
algum ítem.
Boas viagens a todos..... E estejam sempre preparados para alterações climáticas bruscas, segundo o código de ética
que rege nosso esporte: o planejamento
evita improviso que muitas vezes causam
danos a nós e ao ambiente que freqüentamos.
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Neste trecho o uso de luvas espessas,
crampons, máscara de oxigênio e os pesos da
mochila e da garrafa dificultam muito. A rocha se
encontra parcialmente coberta de gelo vítreo, isso
a torna mais escorregadia! Ao finalizarmos a grande rampa a inclinação diminui e estamos próximos ao cume, mas ainda leva-se algum tempo
até lá.
O cume do Cho Oyu é bem amplo com mais ou
menos 150 metros de diâmetro. O que mais chama a atenção ao chegarmos é a visão do Everest
bem próximo, imponente, reinvindicando ainda
mais espaço no céu.
Abaixo, toda a cordilheira, parcialmente coberta
pelas nuvens. Foi um dia de cume perfeito, com
pouco vento e céu azul. Permanecemos cerca
de 15 a 20 minutos no cume...dois anos de preparo, um mês na montanha para tão pouco tempo no objetivo!
É uma sensação de dever cumprido! Estes minutos são o prêmio por toda paciência, perseverança e determinação. Estes poucos minutos é
que permanecem para sempre em nossas memórias!
11
Caminhadas nos Andes peruanos
Caminhando pela mais imponente cordilheira americana.
ALBERTO ORTENBLAD | SP
Cordilheira
A Cordilheira Branca é o centro do montanhismo
de neve do Peru e uma das mais belas formações
montanhosas dos Andes.
Você encontrará uma longa sucessão de montanhas nevadas, com diferentes aspectos e dificuldades, acessíveis a partir de vales estreitos de rica
vegetação. Embora já seja hoje bem conhecida
dos brasileiros, achei que seria interessante resumir neste artigo as principais informações sobre
esta região tão especial.
Acesso
A Cordilheira pertence ao Departamento de
Ancash, que fica no centro-oeste do Peru, a 400
km de Lima por asfalto. As empresas aéreas são a
Varig e a Taca, esta sendo mais barata. O transporte por ônibus a partir da capital é freqüente,
com algumas saídas diárias, e razoavelmente
confortável, em especial se você escolher o ônibus leito.
A capital é Huaraz, uma cidade relativamente
simpática, mas pouco pitoresca e nada histórica.
Com cerca de 100 mil habitantes e voltada para
o turismo, ela funcionará como base para suas
incursões. Lá você poderá alojar-se com algum
conforto e a preços medianos. Se chegar durante
o dia, poderá descortinar de qualquer lugar elevado os esplêndidos picos nevados da Cordilheira, com desenhos tão emocionantes. Tome cuidado com sua primeira aclimatação, pois em
Huaraz você estará a 3.100 m.
As razões desta surpreendente visão são a proximidade das montanhas em relação ao vale e a
inexistência de serras intermediárias – situação
por exemplo inversa à do Aconcágua em relação
a Mendoza. A maior das montanhas, o Huascarán,
é também a mais próxima do vale, parecendo
ameaçadoramente desproporcional a todas as
demais.
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Huaraz foi devastada pelo terremoto de 1970,
um dos quase vinte ocorridos ao longo do século
XX. Esta catástrofe, junto com a reforma agrária
daquela época, causou o repovoamento da cidade com gente de mais baixo nível social, dado
que a população de classe média relocou-se, principalmente para Lima. Infelizmente, a cidade foi
reconstruída com um discutível estilo
arquitetônico, que você poderá verificar na feiosa Plaza Mayor.
A proximidade do Huscarán em relação ao vale
teve o trágico efeito de sepultar Yungay, a cidadezinha que lhe era mais próxima, durante o terremoto de 1970. Existe hoje neste pueblo um
monumento aos mortos daquela catástrofe, você
poderá vê-lo quando estiver indo para as montanhas. As fotos sobre aquele deslizamento são
impressionantes e me fizeram sentir pequeno diante desse poder que irrompe do interior da natureza.
A população tem forte influência indígena, sendo morena, pobre e retraída. A influência étnica
Moraina do Alpamayo
se faz sentir na língua quéchua falada por todos,
nas vestimentas espessas e coloridas, na alimentação á base de tubérculos e milhos, na medicina popular e nas festas cívicas. Apesar de pitoresca, às vezes me pergunto se a herança inca sobrevive de forma vantajosa, pois parece ter forjado um povo alienado e triste.
Parque
Ao longo dos seus 160 km, a Cordilheira Branca
(Yurak Janca na língua quéchua) está contida no
Parque Nacional Huascarán, criado em 1975. É
um Parque longo e estreito, correndo no sentido
noroeste, naturalmente no curso da Cordilheira.
É bem grande, com 340 mil hectares, sendo seu
ponto culminante o Huascarán, maior montanha
peruana. O Peru dispõe de vários Parques, não
sendo este o maior deles.Existem quatro outras
cordilheiras nas vizinhanças – a maior delas é
Cordilheira Negra, pois corre sempre frontal à
Branca, separada desta pelo vale do Rio Santa.
As outras três estão do mesmo lado, a sul: Raura,
Huallanca e Huayhash. Exceto esta última, essas
formações abrigam montanhas mais baixas, que
chegam entretanto a ultrapassar os 5.000 m.
As duas primeiras são pequenas, mas Huayhash
tem talvez 30 km em linha reta. Esta Cordilheira
tem um formato em tê, com uma crista central
muito elevada. Seu ponto culminante é o
Yerupajá, com 6.634 m, depois dos dois
Huascaráns (Norte e Sul) o ponto mais elevado
do Peru. É certamente uma escalada difícil, devido à sua localização interna na Cordilheira.
Huayhash é um antigo projeto meu, que penso
em conhecer a muito tempo. Cinco anos atrás,
optei ao invés por percorrer a Cordilheira de
Apolobamba na Bolívia e até hoje espero pela
possibilidade de visitar Huayhash.
A característica do PNH é a topografia acidentada, com vertentes abruptas, vales estreitos e picos nevados. Os vales dos lados oeste e leste da
Cordilheira estão a 2.400 e 3.400 m e os principais cumes variam de 5.000 a 6.700 m. A
hidrografia compreende rios, lagoas e glaciares.
Os principais rios são o Santa e o Marañon, formador do Amazonas, cada qual de um lado da
Cordilheira. Há cerca de 300 lagoas, das quais
as mais interessantes são as mais antigas, nos
fundos dos vales, com suas incríveis colorações
azuladas, como as de Llanganuco.
Existem mais de 600 glaciares, que estão infelizmente retrocedendo. Você poderá notar faixas
acinzentadas no dorso alto das montanhas da
região, logo abaixo das linhas da neve. São um
triste testemunho das encostas anteriormente
nevadas. Há evidências de que os glaciares diminuíram 15% no último quarto de século e
muitos dizem que não haverá mais cumes nevados após mais outro quarto. Assim, a Cordilheira
talvez se transforme de Branca em Cinza, perdendo aquela beleza etérea que a brancura lhe
confere.
Você encontrará formações ígneas com dioritos,
bem como sedimentares, com arenitos e
quartzitos. Ao longo dos vales estreitos, poderá
inclusive distinguir visualmente estas duas rochas, devido ao corpo homogêneo das primeiras
e às camadas inclinadas das segundas.
O clima é temperado, com a estação seca estendendo-se de maio a setembro. Evite o período
especialmente chuvoso de janeiro a março. A
vegetação é surpreendentemente rica e variada
nos vales, com bosques, arbustos, urzes e
gramíneas. A principal árvore é a quenua, mas
não deixe de reparar na diversidade de flores,
como as retamas amarelas, as margaridas brancas e os chochos azuis. A fauna é também interessante, incluindo desde ursos, pumas e vicunhas a
condores, patos e gaivotas.
Montanhas
Se você observar algum mapa da Cordilheira Branca, irá notar que ela compõe-se de cerca de dez
grandes maciços nevados, separados por passos,
como se fossem uma sucessão de dentes. Alguns
dos passos são locais de passagem de estradas
que a atravessam. São quatro as estradas, sendo
as principais as de Llanganuco, com notáveis vistas das lagoas e montanhas, e de Chavín, acesso
a um importante sítio arqueológico da região.
A Cordilheira tem cerca de 85 montanhas
escaláveis, que começaram a ser conquistadas
pelas expedições austríacas da década de 30.
Por exemplo, o Chopicalqui, o Artesonraju e o
Copa tiveram suas primeiras ascensões em 1932.
O Huascarán foi conquistado em 1908, e por uma
mulher! Curiosamente, só a partir das décadas de
70-80 novas rotas passaram a ser praticadas, já
então por escaladores americanos e europeus.
As principais montanhas são o Huscarán, com seus
cumes Sul e Norte (este com 6.768, o ponto culminante do País), os quatro picos Huandoy de
magnífico desenho agitado, os perigosos Santa
Cruz, Chacraraju, Huantsán e Artesonraju, o Copa
com sua extensa crista horizontal e os belos
Assim, você pode escolher as ascensões conforme sua perícia e seu preparo. O clima é razoavelmente estável, apesar do ditado que diz: “cielo
serrano, cogera de perro, lagrimas de cocodrilo y
llanto de mujer, no es de confiar” (céu serrano,
cão manco, lágrimas de crocodilo e choro de
mulher não se pode confiar).
A neve é firme, embora em alguns picos existam
gretas e avalanchas. As ascensões normalmente
Maciço dos
não tomam mais de três dias, para os bem
Huandoys
aclimatados. Mas lembre-se de que a ação do
Huascarán norte.
degelo, ao expor as encostas altas das montanhas, tornou as escaladas algo mistas e mais
difíceis. E que algumas morainas são especialmente trabalhosas, com seu solo movediço e ir- das simpáticas vilas espalhadas pelas encostas agrí- gar um guia, e muito menos de comprar um pacoregular.
te, se tiver uma experiência razoável em montacolas.
nhas nevadas. Mas, se não tiver, procure evitar as
O montanhismo peruano teve um forte desen- Mais do que as montanhas, as quebradas concen- ofertas da Plaza Mayor, pois alguns personagens
volvimento a partir do Programa Alpes-Andes, tram o maior número de ecoturistas. A mais conhe- do local são francamente sinistros. Em todo o caso,
implantado por vinte anos com apoio de instru- cida é a Quebrada Santa Cruz, que sai de visite a Escola de Guias.
tores suíços. Até 1999, estes visitaram o Peru a Cashapampa, sobe ao passo Punta Unión e chega
cada dois anos, formando quase uma centena na outra vertente na Quebrada Huaripampa, numa
Época
de guias locais. Existe hoje em Huaraz a Casa de extensão de talvez 35 km. As Quebradas Cedros, Procure escolher o período seco e, se puder, escaGuias, onde são ministrados cursos de três anos. Ulta, Uquián e Raria são razoavelmente longas e par da alta estação de agosto. Programe duas
De fato, encontrei uma sensível melhora no ní- atingem passos que atravessam a cordilheira. Há semanas e talvez mais, se tiver a ambição de
vel dos guias em relação à minha visita anterior, outras que apenas chegam às paredes rochosas ou escalar montanhas maiores e desconhecer seu
cerca de 15 anos antes.
às lagoas glaciais, sem transpô-las, como Parón, padrão de aclimatação à altitude. Faça alguma
caminhada ou trekking de aclimatação antes de
Cojup e Quillcahuanca.
Entretanto, o alpinismo na Cordilheira pareceuencarar uma escalada. Viaje com um amigo de
me relativamente conservador, com um número São trilhas fáceis, bem marcadas e sinalizadas. desempenho semelhante e gênio compatível. E
ainda limitado de vias nas principais montanhas. Partem de altitudes medianas, da ordem de 3.000 boa sorte!
Isto significa que existem ainda importantes pa- m e sobem a passos, normalmente acima de 4.500
redes virgens na Cordilheira. O Peru não dispõe m. As distâncias entre paradas são medianas, talde escaladores com grande experiência interna- vez inferiores a 10 km. Assim, você poderá optar por
cional. Os mais conhecidos são Maximo travessias mais ou menos rápidas, conforme seu
Henostroza e Augusto Ortega. A pobreza do País preparo físico.
torna difíceis as viagens distantes e os equipamentos sofisticados.
Os acampamentos são excelentes, dos melhores
que já encontrei: amplos, planos, com terreno fofo,
água abundante e insolação fácil. Os turistas das
Vales
quebradas me pareceram mais jovens e grupais,
Os peruanos usam três nomes para indicar um alguns sendo latinos. Os das montanhas costumam
vale: valle, quando é plano e amplo; callejón, ser europeus e americanos de meia idade.
quando encaixado entre serras elevadas; quebrada, quando estreito. O vale do Rio Santa é Estive em seis quebradas, cada qual com uma disconhecido como Callejón de Huaylas, pois é uma tinta beleza natural. Algumas vezes serão as pastadepressão entre as Cordilheiras Branca e Negra. gens planas habitadas por cavalos e ovelhas. Outras serão os vales agrícolas de variados verdes e os
É uma bela região fértil, com lavouras surpreen- bosques de encosta coloridos pelas árvores. Outras
dentemente pequenas (algumas com apenas mil ainda, as paredes nevadas, com cristas distantes
m2), ao pé de imponentes maciços nevados. As que ligam picos de aspecto arrogante. Ou então os
culturas são muito diversificadas, com grande va- rios turbulentos e pedregosos e as lagoas azuis varriedade de milhos e tubérculos, legumes, horta- ridas pelo vento.
liças e frutas. As propriedades são individuais,
mas o trabalho pode ser comunitário, ao longo
Despesas
Indico a seguir alguns preços, todos eles em dólares. Você deve usar soles para as despesas miúdas,
mas leve dólares, aceitos para os gastos maiores. E
negocie, em especial se não tiver que competir
com os gringos na alta estação.
Passagem aérea: US$ 620
Hotel em Huaraz: US$ 25/dia
Acompanhante hotel: US$ 5-10/dia
Refeição: US$ 5
Passagem ônibus leito: US$ 15
Ingresso Parque: US$ 20
Guia excursão: US$ 50-100/dia
Arrieiro com mula: US$ 15/dia
Se vocês forem dois e passarem quinze dias, provavelmente gastarão ao menos US$ 250 cada um
com as despesas terrestres. Esta estimativa não leva
em conta o aluguel de equipamentos de neve e a
estadia em Lima, que vale a pena, mas é bem
mais cara.
Os preços para os serviços pessoais são muito variáveis, de forma que os valores acima são apenas
indicativos. Naturalmente, você não precisará pa-
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Cordilheira Blanca
Alpamayo e Garcilaso de formatos piramidais –
estes sendo os únicos abaixo de 6.000 m. A maior parte destes são classificados como extremamente ou muito difíceis (ED e TD, na classificação francesa), outros porém são considerados
fáceis, como o Ishinca e o Pisco.
13
12
trekking
Mountain Voices é um informativo bimestral
de circulação dirigida ao excursionismo brasileiro e patrocinado pelos anunciantes. Seu
objetivo é fomentar a pratica deste esporte no
Brasil, em suas várias modalidades:
montanhismo, escalada e espeleologia. Reprodução somente com autorização dos autores, e desde que citada a fonte. Não temos
matérias pagas. Frizamos que o excursionismo
expõe o praticante a riscos, inclusive de morte, que este assume deliberadamente. O uso
de equipamento de segurança, bem como o
acompanhamento de guia especializado, se
faz necessário, porém não elimina totalmente
o risco de acidentes.
Editores: Eliseu Frechou, Elizabeth B.
Frechou, Vítor B. Frechou e Artur B. Frechou.
Contatos pela Cx.Postal 28, São Bento do
Sapucaí, SP, cep 12490-000. E-mail:
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Manual de Escaladas da
Pedra do Baú e Sul de Minas
A quinta edição do Manual de Escaladas da Pedra do
Baú e Região foi totalmente reformulada, com
novos gráficos, 96 páginas e mais de 200 rotas de
escalada . Vias selecionadas e os melhores points de
boulder da região da Pedra do Baú e Sul de Minas.
Impresso em papel couchê para maior durabilidade
no manuseio, tem o formato de bolso (10,5x14cm),
para você tê-lo sempre à mão e não se perder pelas
pedras.
Capa: Rafael Specian na Os Impermeáveis VI 7°
A3, dedo de Deus. Foto: Bruno M. da Mata.
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Índice dos Números Anteriores
1. Será que o alpinismo já atingiu o seu cume?, O guia de montanha
e a experiência européia, Cuidado com a hipotermia, O que é mesmo
espeleologia?
2. Conjunto Pedra do Baú, Expedição Brasil-Everest 91, Pitons,
Alimentação natural, Meditação na escalada, Cordas e camelos,
Apuane.
3. Urca, Quedas e ejaculação precoce, Solo e sonho, Montanhismo
apolítico, Caparaó, II Sul-americano de escalada, Asas de nylon.
4. Anhangava, Montanhismo e neurolinguística, Escaladores x
meio-ambiente, Lesões nos dedos, Cerro Tolosa, Publicações da
SBE, Caraça.
5. Prateleiras, Porque o montanhismo ainda não se organizou?,
Expresso Paraná, E o vento levou, Ética, Travessia GarrafãoPapagaio.
6. Conjunto Marumbi, Quanto vale o Pão de Açúcar?, Excursionismo
consciente, Bóia-cross, Troglobionts?!, Half Dome clean, Ecologia
e política, Cho-Oyo, Canastra.
7. Serra do Lenheiro, Atalhos, Táticas esportivas, Crianças na trilha,
Peruaçu, Dicas para dias frios, Canoagem, Sua própria aventura.
8. Pico do Jaraguá, O caminho não percorrido, Ecoturismo,
Caminhos da mantiqueira, Agudo do Cotia, Pão de Açúcar face
norte, Mergulho na Santana, Kilimanjaro.
9. Brasília, Guia Ecológico, Ancoragens, Gruta do Janelão,
Congelamento, Caatinga.
10. Rio Grande do Sul, Segurança americana, Vale do Peruaçú,
Branco total, Petrópolis-Teresópolis.
11. Chapada Diamantina, Manual do Montanhista, El Capitan, A
escalada do Lanin, Topografia em cavernas I, Minas Gerais.
12. Dedo de Deus, Associação Carioca de Escaladores, Topografia
II, Duas antenas e uma parede, Europa, Conquista do Annapurna,
Itaimbezinho, Raio na Montanha.
13. Serra da Capivara, Acima da neve, Face norte da Pedra do Baú,
Toca da Boa Vista, Serra Fina.
14. Pico das Agulhas Negras, Carrapato, Alpes, Grampear ou não
grampear, Monte Roraima.
15. Morro de Pedreira, Ibitirati em solo, Pelo mundo afora, Fotografia,
Canoagem, Espectro de Brocken.
16. Bragança Paulista, Cachoeira da Fumaça, Canoagem,
Orientação.
17. Florianópolis, Itararé, Paraglider, Aventura nas veias, Nepal,
Curso UIAA.
18. Pico Paraná, Curso UIAA, I Congresso Brasileiro de
Montanhismo, Nepal.
19. Pão de Açúcar, Alain Renaud, Trango Tower, Treinamento
esportivo I, Serra do Cipó.
20. Visual das Águas, Nas encostas não tão solitárias do Everest,
Treinamento esportivo II, GPS, Proibir ou pagar?
21. Lapinha, Bernd Arnold e Kurt Albert no Brasil, Retrospectiva 93,
Marins-Itaguaré, Dinossauros no Anhangava, Bolívia.
22. Buraco do Padre, Canyoning no Cipó, Bito solitário no Baú, Para
que morrer?, Aventuras no Garrafão, Crazy Muzungus, Pedra Branca
de Pocinhos.
23. Sertão de Pernambuco, Os Descaminhos da escalada no Brasil,
Cipó x 5.13, Salathé free, Pedra Selada de Mauá.
24. Ana Chata, K2, Quedas de guia, Ibitirati, Serra da Bocaina.
25. Bahia, Bolívia, Half Dome, Gullich, Morro da Meia-Lua.
26. Pedralva, El Capitan, Los Gigantes, Criar e reciclar, Itajubá.
27. Pedra do Segredo, Guarujá, Serra da Guarita, Canyoning, Bolts
from the blue, A maior rota de Minas.
28. Itacoatiara, Patagônia, Cerro Torre, Meteorologia, Medo de cair,
Morro do Tira-Chapéu.
29. Pico do Papagaio, Everest pirata, Mal de altitude, Acidentes em
campeonatos, Serra do Caraça.
30. Espirito Santo, Graduação artificial, Normas para equipamentos,
Santa Rita do Jacutinga, Trilha Inca.
31. Guaraiúva, Na linha de fogo, Pequenas notáveis I, Illimani, 6000
metros na Bolívia, Itambé.
32. Arenito gaúcho, Montanhismo e Internet, Estilo alpino no Himalaia,
Pequenas notáveis II.
33. Nova rota no Marumbi, Solução Suicída, Huayna Potosi, Morro da
Formiga, Trekking na Canastra, Monte Verde.
34. Morro do Cuscuzeiro, Torres del Paine, Face sul do Corcovado,
As maiores montanhas do Brasil, Perú.
35. Salinas, Escalando nas cavernas, Solitárias na Pedra do Baú,
Sites de montanhismo na WEB, Tour na Europa, Serra da Cangalha.
36. Santa Catarina, Reformas no Anhangava, Monte Vinson,
Campeonato Panamericano, Guaraú, Carta aos Montanhistas.
37. As agulhas do Espírito Santo, Conquista dos Cinco Pontões, Fator
de Queda, Aventuras no Equador, Agarras e Ética, Rapel - um grande
equívoco.
38. Jardim botânico do Rio, Projeto Sete Cumes, Serra Fina, Bragança
Paulista, Jordânia, Corpo de Socorro em Montanha
39. Pedreira do Dib, Eiger, Ilha Bela, Pedra do Moitão, Guaraiúva,
Campo-escola 2000.
40. Pedra da Divisa, Monte Elbrus, Fator humano, Escaladas em rocha
no Chile, Trekking do Everest, Convite à Aventura.
41. São Luís do Purunã, Bolívia, Sintonizando a cordada, Nosso futuro
comum, Federações?
42. Vista Aérea, Travessia Marins/Itaguaré, Dedo de Deus, Face Sul
do Aconcágua.
43. Pedra do Índio, Trekking no Kilimanjaro, Apagando uma luz falsa,
Realidade Vertical, Espanha, Acidente no Aconcágua.
44. Big Wall na Serra dos Órgãos, Torres del Paine, Rocha e gelo nos
Andes, Pico do Baiano -nova rota de 1000m, Trekking ao Focinho
D’Anta.
45. Calcário em Minas Gerais, Projetos de escalada, Perigos do
Gelo, Terra de Gigantes, Patagônia, Pedralva, Pedra do André,
Corcovado de Ubatuba.
46. Torres de Bonsucesso, Elbsandstein, Illimani, repetição da Ecoxiitas, novos clubes de montanhismo.
47. Falésias do Quilombo, El Capitan, Pico do Cuscuzeiro, Terra
Brasileira (Pedra do Sino), Resgate na Ouro Grosso, Como são as
competições esportivas.
48. Conquista no Corcovado, Cerro Plata, Dedo de Deus, Treinamento
Esportivo, Montanha e mau tempo, As Pedras esquecidas do Rio de
Janeiro, Castleton Tower, Morro do Carmo.
49. Camboriú, Conquistas Brasileiras em Cochamo,Garrafão,
Aconcágua, Pico do Trabijú.
50. Morro do Camelo, Tipos de Mosquetão, Imprudência Rapeleira,
Pico do Baiano, Patagônia, Superagüi.
51. Falésias do Serrano, Avaliação Física, Europa, Íbis em Solitário,
Mont Blanc, Rapel, Chapadão da Babilônia.
52. Anhangava, The Diamond, Blocantes, Guia de Montanha, Caraça,
Marins-Itaguaré.
53. Guaratiba, Mulheres no Marumbí, Nordeste do Itabira, Costa
Rica, Caderno Indoor
54. Rotas Piratas, Pedra da Boca, Baudrier e Loop, Patagônia, Bagé,
Caderno Indoor.
55. Salinas, Big Wall no Garrafão, Monte Roraima, Shipton, Pico
União, Entalando-se Fácil, Caderno Indoor.
56. Serra do Cipó, Conquista do Castelão-PNSO, Trekking no Vale
do Paraíba, Gruta dos Três Lagos, Caderno Indoor.
57. Pão de Açúcar, Trekking na Serra da Bocaina, Pedra do Sino,
Caderno Indoor.
58. Florianópolis, Big Wall no Ibitirati, Trekking na Bolívia, Caderno
Indoor.
59. Morro do Cuscuzeiro, Creatina e potência, novos points no Rio
Grande do Sul, Anti-inflamatórios, Travessia da Serra Fina,
Internacional, Indoor.
60. São Luis do Purunã, Serra da Capivara - PI, Maria Comprida, Dor
na Escalada, Trekking ao Pico da Neblina - I, Internacional, Indoor.
61. Escalada Tradicional, Os Segundos Sete Cumes, Slack Line, El
Chorro - Espanha, Eclipse Oculto - Pedra do Sino, Trekking ao Pico
da Neblina - II, Internacional, Indoor.
62. Salto Ventoso, Novas rotas na Paraíba, Copa do Mundo de
Escalada, Campos Gerais - PR, Crazy Muzungus, Trekking à Pedra
do Sino, Internacional, Indoor.
63. Falésia dos Olhos, Festivais de Escalada, Espírito Santo,
Conquistas na Bahia, Travessia da Serra Fina, Internacional, Indoor.
64. Cachoeira do Tabuleiro, Quixadá - CE, Boulders em Sorocaba,
Grand Teton, Internacional, Indoor.
65. Blocos dos Serranos, Diogo Ratacheski x Mr. Bill, vias do Dedo
de Deus, Calcário do PR, Corda Dupla I, Internacional, Indoor.
66. Pedra do Segredo, Seminário de Impacto, Patagônia - Saint
Exupéry, Graduação Brasileira, Corda Dupla II, Internacional, Indoor.
67. Campo-Escola 2000, Serra do Lenheiro, Workshop de resgate no
Baú, Projeto Paredes de Minas, Técnica e Ética de Mínimo Impacto
I, Internacional, Indoor.
68. Pedra do Sino, Bouldering no Sul do Brasil, André Ilha e
Antônio C. Magalhães, Novas rotas: Nefelibatas e Taxi Lunar Pedra do Sino, Técnica e Ética de Mínimo Impacto II,
Internacional, Indoor.
69. Morro dos Cabritos - RJ, Maria Comprida, Points Secretos,
O Caminho do Sol, Forum Pró Serra Fina, Internacional.
70. Edgar Kittelmann, Sulamericano de Boulder, Do kichute à
sapatilha, Pedra do Itamaraem, Como ajudar os seguranças,
Info Femerj, Internacional
71. Paraíba, Pedra Riscada-MG, Resmont, Paradas, Minas
do Camaquã, To bolt or not to be, Info Femerj, Internacional.
72. As super vias de Escalada, Tadeusz Hollup, Tempestades,
Montanha de valores, Paulista 2003, Adote uma montanha,
Info Femerj, Internacional.
73. Araçatuba-PR, Cerro Branco-RS, Bivaque forçado,
Amazônia, Leaning Tower-EUA, Cordilheira Huayhuash, Info
Femerj, Internacional.
74. Prateleiras, Los Encardidos, Erwin Gröger, Trekking no
Caraça, Padrão brasileiro de classificação de escaladas, Info
Femerj, Internacional.
75. Perigo na Escalada, Southern Comfort, Pico dos Marins,
Terra de Gigantes, Caminhadas em Campos do Jordão, via
Abuso - Escalavrado, Ética, Internacional.
76. Novas vias na Pedra do Baú, Roberta Nunes na
Groenlândia, Atibaia, Pedra Baiana-ES, Escalada Solo,
Controle mental, Pico da Bandeira-ES, Internacional.
77. Falésia do Lagarto, Ancoragens, Conquistar ou equipar?,
Ceará, Cachoeira do Tabuleiro-MG, Pico das Almas,
Internacional.
78. Chapada Diamantina-BA, Preservando nossa memória,
Dicas sobre a Escalada Tradicional, Pedra do Elefante-MG,
Exercícios Pliométricos para melhorar a potência, Trekking
ao Pico do Barbado, Itacolomi protegido, Internacional.
79. Itajubá-MG, Paulista 2004, Equipar ou pré-equipar?,
Segurança em Top Rope, Tipos de agarras de plástico, Serra
Fina ganha ONG, Info FEMERJ, Internacional.
80. Etzel Stockert, Pedra Baiana-ES, Plastic Man,
Classificação Brasileira, Internacional
81. Tradicional em Jacinto-MG, Baturité-CE, Chapada
Diamantina-BA, Aconcágua Invernal, Cantagalo-RJ
Comunicação Silenciosa, Internacional.
82. Quixadá-CE, Nick em Yosemite, Brasileiro 2004, Potrero
Chico-México, Escale rápido, Federações, Internacional.
83. Pico do Itapeva, Cerro Torre, Dicas de aquecimento,
Controlando as quedas de guia, A casa do pânico.
84. São Chico, Controle seu medo de cair, Manutenção de
Equipamentos, Falésia do Zé Vermelho, Pedra do Picu.

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