ISSN 1984-0780
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ISSN 1984-0780 Tendências em HIV•AIDS Volume 4 - Número 2 - 2009 Editor chefe Ricardo Sobhie Diaz – Universidade Federal de São Paulo Corpo editorial Adauto Castelo Filho – Universidade Federal de São Paulo André Lomar – Hospital Israelita Albert Einstein Artur Kalichman – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP Artur Timerman – Hospital Heliópolis Breno Riegel – Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rio Grande do Sul Celso Spada – Universidade Federal de Santa Catarina Celso Ramos – Universidade Federal do Rio de Janeiro Celso Francisco Hernandes Granato – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo David Salomão Lewi – Universidade Federal de São Paulo – Hospital Israelita Albert Einstein Eduardo Sprinz – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Érico A. Gomes de Arruda – Hospital São José de Doenças Infecciosas do Ceará Esper Georges Kallas – Universidade de São Paulo - USP Estevão Portella – Universidade Federal do Rio de Janeiro Giovana Lótici Baggio-Zappia – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Guido Levi – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo João da Silva Mendonça – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo José Luiz de Andrade Neto – Universidade Federal do Paraná Jeová Keny Baima Colares - Universidade de Fortaleza, Ceará. Jorge Simão do Rosário Casseb – Universidade de São Paulo, USP. Márcia Rachid – Assessoria de DST/Aids da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro Marcos Montani Caseiro – Fundação Lusíadas, Santos, SP Marcos Vitória – Organização Mundial de Saúde Marinella Della Negra – Instituto de Infectologia Emílio Ribas Paulo Feijó Barroso – Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Roberto Abrão – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Reinaldo Salomão – Universidade Federal de São Paulo – Casa de Saúde Santa Marcelina Ricardo Pio Marins – Organização Panamericana de Saúde Rosana Del Bianco – Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Shirley Cavalcante Vasconcelos Komninakis – Fundação Lusíadas, Santos – SP Simone Barros Tenore – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Unaí Tupinambás – Universidade Federal de Minas Gerais Valdez Madruga – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP ÍNDICE INFECÇÕES POR MICOPLASMAS EM INDIVÍDUOS COM HIV: COFATOR NO DESENVOLVIMENTO DA AIDS? ........................................ 5 Caio Mauricio Mendes de Cordova RESISTÊNCIA A DROGAS ANTI-CITOMEGALOVÍRUS EM PACIENTES COM AIDS .................................................................................... 10 Nogueira E, Camara NOS, Pacheco-Silva A ASPECTOS IMUNOLÓGICOS DA CO-INFECÇÃO HAV-HIV ........................................................................................................................... 19 Giovana L. Baggio-Zappia, Andréia Pelegrini DESTAQUES ..................................................................................................................................................................................................... 27 RESUMO DE TESES ......................................................................................................................................................................................... 28 Atha Comunicação & Editora Planejamento Editorial, Diagramação e Produção Gráfica Rua Machado Bittencourt, 190 - Cep: 04044-000 - São Paulo - SP - Tel: 55-11-5087-9502 - Fax: 55-11-5579-5308 E-mail: [email protected] 3 EDITORIAL O periódico Tendências em HIV e aids sistematicamente abre um espaço no final de seus fascículos para divulgação de resumos de manuscritos de teses de pós-graduação. Faz isto no entendimento de que os estudos científicos que duram normalmente vários anos e que coroam o final de um período de pós-graduação são normalmente pouco divulgados. Alguns destes estudos não chegam a ser publicados e quando o são, muitas vezes os destaques recebidos são insuficientes. Sem dúvida, vale sempre à pena prestigiar os esforços nacionais, normalmente mal remunerados e movidos pela vontade de alunos e orientadores em produzir conhecimento científico. É claro que muitas vezes o ingresso na pós-graduação pode ser motivado pela absoluta incapacidade do aluno recém formado em entrar no mercado de trabalho, mas esta é outra história. Nos resumos de tese deste fascículo existe uma eclética demonstração da ciência nacional, descrevendo aspectos psicossociais de crianças infectadas pelo HIV, parâmetros fisiológicos em relação à reserva imunológica, estudos de biologia molecular para determinação de vírus recombinantes e descrição de parâmetros clínicos relacionados a micobacteriose disseminada. É importante notar que nem sempre a pesquisa básica ou transicional (translational science) oferece um conhecimento que necessariamente se aplica diretamente à saúde e bem estar dos seres humanos. Este tipo de ciência normalmente é motivada pela simples curiosidade do pesquisador em descobrir um mecanismo ou algo desconhecido. O estudo de mestrado de Daniela Teixeira, por exemplo, descreve o desenvolvimento de um instrumento laboratorial, o PCR em tempo real (real time PCR ou qPCR) para detecção de alguns vírus recombinantes brasileiros. Os vírus de subtipos diferentes do HIV que causam infecção dupla em uma pessoa e recombinam, podem ganhar um espaço na epidemia, ou seja, podem se expandir. Estes vírus “especiais”, também chamados de formas recombinantes circulantes (CRF) podem se fixar e ganhar um destaque notável em determinada região geográfica. Foi o que ocorreu com o CRF_1, um vírus recombinante entre os subtipos A e E, que dominou o sudeste da Ásia. Outro exemplo é o CRF_2, um recombinante entre os subtipos A e G que também se destaca na África sub-saariana. No Brasil os primeiros recombinantes descritos foram os CRF_28 e CRF_29 (isto mesmo, já existem algumas dezenas destes vírus recombinantes, veja http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/HIV/ CRFs/CRFs.html) que foram identificados na baixada santista.1 De fato, aparentemente metade das pessoas com infecção recente na cidade de Santos se infectam com este vírus que é um recombinante entre os subtipos B e F.2 É interessante notar que enquanto os vírus puros do subtipo F ficam cada vez mais raros, vírus aparentemente mais adaptados como os recombinantes podem aumentar a sua prevalência. Qual a importância real disto? Não se sabe muito além das especulações habituais. A diversidade genética do HIV poderia ter impacto em testes diagnósticos, especialmente os que utilizam análises de ácidos nucléicos como carga viral e genotipagem. Poderiam também ter impacto em resposta aos antirretrovirais, perfis de resistência, patogenidade patogenicidade, transmissibilidade e até na eficácia de componentes que poderiam ser usados para vacinação contra o HIV. De qualquer forma, parece interessante que obtenhamos uma visão crítica do caminhar da assim chamada epidemiologia molecular e entender se um subtipo do vírus prevalece sobre outro ou se a expansão destes vírus com diferenças biológicas mínimas pode ser distinta. Outros CRF além do CRF 28 e 29 foram descritos posteriormente no Brasil, como o CRF_31,3 um vírus recombinante entre os subtipos C e B, que apresenta uma minúscula porção de subtipo B, mas que se expande consideravelmente no Sul do país, ou os CRF_39 e 40 que circulam na região do Rio de Janeiro.4 Aparentemente a emergência de HIV distintos parece estar longe do final nesta epidemia emergente. REFERÊNCIAS 1. Sa-Filho DJ, Sucupira MC, Diaz RS, Janini LM. 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Caio Mauricio Mendes de Cordova Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Regional de Blumenau Endereço para correspondência: Caio Mauricio Mendes de Cordova – Universidade Regional de Blumenau – Departamento de Ciências Farmacêuticas – Rua São Paulo 2171, Campus III – Bairro Itoupava Seca – CEP 89030-000 – Blumenau – SC – Tel.: 47-3321-7318 – e-mail: [email protected] RESUMO Os micoplasmas são conhecidos por causarem diversas infecções no homem, principalmente no trato respiratório e no trato urogenital. As diferentes espécies são normalmente hospedeiro-específicas, e causam doença em sítios determinados. Novas espécies foram isoladas, principalmente de indivíduos infectados pelo HIV. Suas propriedades in vitro, aliadas a achados clínicos, levantaram a hipótese de que estes microrganismos possam agir como cofatores do HIV no desenvolvimento da AIDS. Este ponto de vista tem causado muita polêmica até hoje entre os infectologistas, e muitos aspectos ainda não foram esclarecidos. Neste artigo, apresentamos uma análise das evidências que corroboram esta afirmação, à luz dos conhecimentos atuais na área da micoplasmologia. Descritores: mycoplasma, HIV, AIDS ABSTRACT Mycoplasmas are known to cause various infections in humans, mainly at the respiratory and the urogenital tracts. The different species are usually host-specific, and cause diseases in well defined sites. New species have been isolated, mainly from HIV-infected persons. Its in vitro properties, combined to clinical findings, have lead to the hypothesis that these microorganisms may play a role as cofactors of HIV in AIDS development. Even today this point of view is quite polemic among the infectologists, and many aspects remain to be clarified. In this paper, we discuss the evidences that may support this statement, in the light of the current knowledge in the field of mycoplasmology. Keywords: mycoplasma, HIV, AIDS OS MICOPLASMAS COMO AGENTES DE DSTS Os micoplasmas são os menores microrganismos capazes de auto-replicação. Fazem parte da classe Mollicutes, um grande grupo de microrganismos peculiares, cujas principais características são a ausência de parede celular e o genoma reduzido. Responsáveis por uma série de doenças nos animais, nas plantas e no homem, nestes causam principalmente doenças sexualmente transmissíTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 05-09) veis (DSTs) e infecções respiratórias(1). Entretanto, infecções atípicas têm sido descritas com freqüência cada vez maior, tanto em indivíduos imunocompetentes quanto em imunodeprimidos. A incidência de DSTs teve um declínio na década de 1980 e no início da década de 1990, refletindo as mudanças no comportamento sexual em resposta a epidemia da infecção pelo HIV. As modificações comportamentais observadas naquela década não 5 foram mantidas, e a partir de meados da década de 1990 observou-se um novo aumento na incidência das patologias de transmissão sexual(2). Três espécies de molicutes merecem destaque nas infecções do trato urogenital: Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, e M. genitalium, adquiridas principalmente por contato sexual. Ambas têm sido encontradas tanto no homem quanto na mulher em infecções do trato urogenital inferior e superior. U. urealyticum é responsável por casos de uretrite não gonocócica e vaginose bacteriana. Está associado à febre pós-parto, corioamnionite, baixo peso ao nascimento e parto prematuro, além de complicações nos recém-nascidos. U. urealyticum era classicamente dividido em 14 sorotipos, e estes agrupados em dois sorogrupos. Atualmente, encontra-se definida uma nova espécie, U. parvum, que engloba os sorotipos que pertenciam ao sorogrupo 1(3). Mycoplasma hominis é uma das causas de uretrite não gonocócica e vaginose bacteriana, associado à febre pós-aborto e pós-parto, epididimite e infertilidade. Também é uma causa incomum de bacteremia, endocardite, artrite, e outras infecções menos usuais(4). Vários estudos demonstraram que as taxas de colonização por M.hominis e U. urealyticum em homens variam de zero a 13% e de 3% a 56% respectivamente. Dados similares em mulheres demonstram que as taxas de colonização vaginal por M. hominis e U. urealyticum variam de zero a 31% e de 8,5% a 77,5%, respectivamente, segundo a idade, raça, experiência sexual e nível sócio econômico. Resultados obtidos por nosso grupo demonstram uma alta incidência de infecção em nossa população(5,6). Por muitos anos, as espécies de micoplasmas reconhecidas como patógenos humanos do trato geniturinário (TGU) estavam restritas a M. hominis e U.urealyticum, e M. pneumoniae no trato respiratório. A partir da década de 1980, esta situação começou a mudar, com o isolamento de uma nova espécie de micoplasma, M. genitalium, do trato urogenital de homens com uretrite não gonocócica. M. genitalium foi detectado pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) mais freqüentemente de amostras uretrais de homens com uretrite não gonocócica, em comparação com homens sem estes sintomas, sendo os anticorpos anti-M. genitalium mais freqüentemente detectados nos soros de ho6 mens com PCR positiva para este micoplasma do que nos soros de homens com PCR negativa. Estes dados sugeriram que M. genitalium estaria fortemente associado à uretrite não gonocócica aguda, hipótese confirmada por vários estudos posteriores e com sua detecção também por PCR em amostras uretrais de homens com doença persistente ou recorrente, seguida por um ataque agudo da doença, o que hoje já é bastante reconhecido(7). MYCOPLASMA FERMENTAS No final da década de 1980, M. fermentans, uma espécie isolada do trato urogenital no início dos anos 50, mas considerada infreqüente neste sítio, foi isolado de lesões de Sarcoma de Kaposi de um paciente com AIDS(8), e finalmente classificado como a cepa incognitus de M. fermentans(9). Outros isolados de pacientes infectados pelo HIV se sucederam, a partir de células mononucleares do sangue periférico(10) e de amostras de urina(11), o que demonstrou M. fermentans como o primeiro micoplasma invasivo no homem. Estes dados, juntamente com as observações de que M. fermentans e outros micoplasmas podem induzir in vitro a replicação do HIV, levaram pela primeira vez Luc Montagnier, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta do HIV, e Alain Blanchard, renomado micoplasmologista, à hipótese de que estes microrganismos poderiam ter um papel no desenvolvimento da AIDS(12). M. fermentans foi detectado também em pacientes com doenças respiratórias severas, algumas vezes fatais, especialmente em indivíduos imunodeprimidos, nos quais pode ainda ser responsável por doenças mais invasivas, como nefropatias e doenças respiratórias(13). Com o uso da PCR, M. fermentans foi detectado na urina de homossexuais masculinos infectados pelo HIV, em células mononucleares do sangue periférico e traquéia em taxas de 5, 10 e 20%, respectivamente. Entretanto, as mesmas taxas foram encontradas em indivíduos HIV-negativos, sendo a maioria deles homossexuais(14). Assim, a importância de M. fermentans como eventual cofator do HIV permaneceu desacreditada, aliada ao fato de não haver diferenças quanto à sua detecção em indivíduos com AIDS em diferentes estágios da doença(15). M. fermentans foi também isolado da traquéia de cerca de 16% de crianças com pneumonia, senTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 05-09) do em dois terços destas o único microrganismo presente(16). Foi detectado em alguns adultos com uma doença semelhante à influenza, que em alguns casos progrediu rapidamente, evoluindo para uma síndrome respiratória, freqüentemente fatal(17). Observações de tratamentos empíricos, inclusive noticiadas por nosso grupo, tendem a indicar que infecções respiratórias em crianças por micoplasmas, provavelmente M. fermentans, são mais freqüentes do que se imagina, e não diagnosticadas em razão da falta de suspeita clínica e recursos laboratoriais capazes de identificar o microrganismo. Por outro lado, M. fermentans foi detectado por PCR na traquéia e urina de cerca de 20% de estudantes de medicina saudáveis, levantando a questão de qual seria seu sítio preferencial de colonização e sua importância na etiologia de doenças(18). Além disso, até o momento, não existem evidências de que M. fermentans seja uma das causas de uretrite não-gonocócica em homens, ou de doença do trato urogenital de mulheres(19). Nossa experiência também tem demonstrado a ausência de isolamento de M. fermentans em indivíduos com uretrite, sendo detectada sua presença apenas por PCR em somente 0,9% dos pacientes com sintoma, contra 5,7% em indivíduos infectados pelo HIV, sem sintoma de uretrite(5). Há, portanto, suspeitas de que em condições de imunossupressão, M. fermentans venha a agir como um patógeno oportunista, pois também foi detectado por PCR em amostras de lavado broncoalveolar de 25% dos indivíduos com AIDS apresentando pneumonia, o que não ocorreu em indivíduos HIV-negativos(20). A falta de consenso sobre o papel de M. fermentans na etiologia de doenças demonstra a complexidade do comportamento deste agente, e requer ainda muitos estudos para a elucidação definitiva de sua real patogenicidade, que até hoje continua sendo um paradoxo. MYCOPLASMA PENETRANS M. penetrans é uma espécie de micoplasma identificada recentemente infectando o homem, tendo sido também isolada da urina de pacientes com AIDS. Seu isolamento de indivíduos infectados pelo HIV, sua alta soroprevalência nestes pacientes em comparação a indivíduos HIV-negativos(21), juntamente com suas propriedades in vitro de potente ativador do sistema imune e de estimulador da expressão de Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 05-09) genes do HIV, colocam M. penetrans como o melhor candidato a eventual cofator do HIV no desenvolvimento da AIDS(22). M. penetrans tem a propriedade de induzir in vitro uma resposta proliferativa de células T CD4 e CD8, com expressão de alguns marcadores de ativação, como CD69, HLA-DR e CD25, tanto em células de indivíduos HIV-positivos em vários estágios da doença, quanto de HIV-negativos(23). Este achado é significativo, considerando o fato de que o HIV só se replica completamente em células ativadas(12). Ainda no contexto da modulação da resposta imune, observou-se que componentes de membrana de M. penetrans e M. fermentans podem ativar in vitro a expressão gênica do HIV dependente da região LTR (long terminal repeats)(24). Suspeitou-se que esta ativação seria devida ao acúmulo de radicais livres de oxigênio após a infecção pelos micoplasmas, uma vez que já foi demonstrado que tal fato resulta na elevação de NFκB, conhecido ativador do HIV pela região LTR(25). Recentemente, foi demonstrado que a ativação dos LTR do HIV é mediada pela interação de lipoproteínas de membrana de M. penetrans com receptores Toll-like, dependente de NF-κB(26). Além disso, M. penetrans tem a capacidade de induzir a produção de TNFα e a replicação do HIV em linhagens celulares(27). Através de estudos clínicos, alguns autores puderam sugerir uma associação entre infecção por M. penetrans e a progressão da AIDS. Um dos primeiros estudos sorológicos nos EUA demonstrou a presença anticorpos anti-M. penetrans em 20% de indivíduos HIV-positivos assintomáticos e em 40% de indivíduos com AIDS, em comparação com 0,3% de indivíduos HIV-negativos(28). Na França, a prevalência de anticorpos anti- M. penetrans foi mais baixa em relação aos relatos anteriores, sendo 18% em indivíduos HIV-positivos, em comparação a 1,3% em indivíduos HIV-negativos(29). Em um estudo realizado na África, foi encontrado um perfil diferente, sendo 13,5% a soroprevalência para M. penetrans em indivíduos HIV-positivos e 15,5% em doadores de sangue HIV-negativos(30). Neste estudo, 25% dos indivíduos HIV-positivos com menos de 5% de células CD4 tiveram anticorpos anti-M. penetrans, contra 8,5% de indivíduos com mais de 5% de células CD4. Em um estudo longitudinal, no qual adultos homossexuais HIV-positivos foram acompanhados por cerca de 38 meses, foi observa7 da a associação da prevalência de anticorpos antiM penetrans com o estadiamento da AIDS, sendo a soroprevalência duas vezes maior em pacientes no estágio C da doença, de acordo com a classificação do CDC à época, do que no estágio A e B, e duas vezes maior nos indivíduos com a relação CD4: CD8 menor que 0,30(31). Dentre os indivíduos estudados, 62% permaneceram soronegativos para M. penetrans, 24% demonstravam títulos de anticorpos permanentemente baixos, ou resultado negativo em algum teste, provavelmente associado com infecção latente ou crônica e 13,8% tiveram títulos de anticorpos de moderado a altos por longos períodos, indicando uma infecção ativa e persistente por M. penetrans. Quatro destes pacientes (50%) tiveram reativação sorológica, provavelmente desenvolvendo uma infecção aguda durante o estudo. O número de células CD4+ diminuiu significativamente mais rápido no último grupo do que nos indivíduos sem anticorpos anti-M. penetrans, o mesmo comportamento observado no grupo de indivíduos com baixos títulos de anticorpos. Nos indivíduos que tiveram reativação sorológica, a carga viral foi maior nos soros dos indivíduos com maiores títulos de anticorpos anti- M. penetrans. Estes dados sugerem uma associação de infecção ativa por M. penetrans com a progressão da AIDS. Resultados obtidos por nosso grupo puderam demonstrar uma prevalência maior de anticorpos da classe IgA e IgM anti-M. penetrans em indivíduos infectados pelo HIV em relação ao grupo controle, detectados por ELISA e confirmados por Imunoblot(21). Considerando apenas a classe IgA, a freqüência destes anticorpos anti-M. penetrans foi quatro vezes maior nos indivíduos com relação menor que 0,3 (20% contra 5%). A presença de IgM e IgA anti-M. penetrans pode ser um indicador de uma infecção recente ou ativa pelo microrganismo, notadamente nos indivíduos HIV-positivos com uma relação CD4: CD8 mais baixa. Deste modo, temos evidências de que possa realmente haver a participação de uma infecção ativa por M. penetrans no processo de depleção das células CD4 dos indivíduos infectados pelo HIV. OS MICOPLASMAS E A AIDS O conhecimento crescente a respeito da biologia das espécies de micoplasmas e das que vêm emer8 gindo, provavelmente como agentes oportunistas, tem aberto novos horizontes na micoplasmologia humana. Recentemente, foi observado um caso de infecção por uma espécie de micoplasma, semelhante ao Mycoplasma haemofelis que infecta felinos, juntamente com Bartonella henselae em um indivíduo com HIV(32). M. pneumoniae, conhecido patógeno do trato respiratório, também pode apresentar uma infecção complicada em pacientes com AIDS(33). Entretanto, a relação parasita-hospedeiro nas infecções por micoplasmas em indivíduos com HIV ainda apresenta lacunas significativas. A melhor compreensão desta relação pode ter grandes implicações na qualidade de vida dos indivíduos infectados, prevenindo, por exemplo, o desenvolvimento de infecções sistêmicas, eventualmente letais, como já se observou ao menos com M. fermentans. Mesmo espécies conhecidas de micoplasmas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum / parvum podem ser isoladas de indivíduos infectados pelo HIV em taxas mais altas do que de indivíduos soronegativos para o HIV(34). Na verdade, uma série de microrganismos foram propostos como eventuais cofatores do HIV no desenvolvimento da AIDS, como leishmania, micobactérias, e outros vírus(22). Entretanto, pela cronicidade de sua infecção, pela associação de sua maior soroprevalência em indivíduos com AIDS, e pelos estudos de suas propriedades in vitro, os micoplasmas, especialmente M. penetrans, parecem ser os microrganismos que tem um maior potencial para representar o papel de eventual cofator do HIV no desenvolvimento da AIDS(35). À época, esta hipótese foi desprezada pela maioria dos virologistas, convictos de que a simples infecção pelo HIV seria suficiente para causar a imunodepressão. Por outro lado, foi melhor recebida por certo número dos imunologistas, atentos à complexidade da resposta imune na infecção por este vírus, que tem como alvo especificamente os linfócitos T, e cuja entrada na célula se dá mais facilmente após a ativação do sistema imune, quando há uma maior expressão de moléculas de CD4, reconhecidamente um dos principais receptores utilizados pelo vírus para adesão e invasão celular(36). Dentre os poucos grupos de pesquisa no mundo dedicados ao estudo das infecções por micoplasmas no homem, constituímos um dos raros em atividade no Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 05-09) Brasil. No momento, estamos dando continuidade aos estudos investigando a infecção por diferentes espécies de micoplasmas e sua eventual relação com a progressão da imunodeficiência em indivíduos infectados pelo HIV. Acreditamos que, além de confirmar uma correlação positiva da infecção por micoplasmas, especialmente M. penetrans, com uma velocidade maior em direção à imunodepressão em indivíduos com HIV, a antibióticoterapia, tratando a infecção por micoplasma, possa retardar esta progressão em comparação com indivíduos não tratados. Outros estudos seriam muito bem vindos no caminho para tentar elucidar esta questão. Os resultados podem vir a trazer novas luzes na compreensão desta relação parasita-hospedeiro, seguindo as pegadas de Koch desde os primeiros passos da infectologia. Agradecimentos: fomento à pesquisa FAPESC/ MS/CNPq. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Razin S, Yogev D, Naot Y. Molecular biology and pathogenicity of mycoplasmas. Microbiol Mol Biol Rev 1998;62(4):1094-156. 2. Da Ros CT, Schmitt C da S. Global epidemiology of sexually transmitted diseases. Asian J Androl 2008;10(1):110-4. 3. Glass JI, Lefkowitz EJ, Glass JS, Heiner CR, Chen EY, Cassell GH. 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Mol Cell Biol Hum Dis Ser 1993;2:229-56. 9 Artigo de Atualização RESISTÊNCIA A DROGAS ANTI-CITOMEGALOVÍRUS EM PACIENTES COM AIDS DRUG RESISTANCE TO CYTOMEGALOVIRUS IN AIDS PATIENTS Nogueira E, Camara NOS, Pacheco-Silva A Laboratório de Imunologia Clinica e Experimental (L.I.C.E.), Disciplina de Nefrologia, Departamento de Medicina, UNIFESP Endereço para correspondência: [email protected] RESUMO O citomegalovirus humano (HCMV) é usualmente associado com infecção assintomática em indivíduos imunocompetentes, ma representa maior causa de morbidade e mortalidade em pacientesimunodeprimidos, especialmentes naqueles com infecção avançada por HIV. A incidência aumenta quando a contagem de células T CD4+ é menor que 100x106 células/L Pacientes gravemente imunocompromprometidos com doença por HCMV pode requerer terapia anti-HCMV prolongada resultando num risco potencial para o surgimento de cepas resistentes ao anti-viral. utilizadas são: ganciclovir (GCV), cidofovir and foscarnet. Estas cepas podem apresentar deleção e/ou substituição em região conservada (UL97) do HCMV e mutações pontuais na DNA polimerase (UL54), ou ainda em ambos. Entretanto,, tem sido recentemente demonstrado que mutação em UL97 estão presente após curtos períodos de tratamento com GCV e pode apresentam graus variados de resistência. Mutações no gene da DNA polimerase (UL54) viral também podem aumentar a resistência ao GCV e resistência cruzado a outras drogas. Cepas, resistente a ambos GCV e Foscarnet, tem sido relatadas em pacientes com AIDS. As mutações mais comuns em amostras clínicas estão localizadas nos codons 460(M460V), 594 (A595V/I) e 595 (L595S). Descritores: HIV, CMV, resistência ao ganciclovir ABSTRACT Human Cytomegalovirus (HCMV) is usually associated with asymptomatic infections in immunocompetent hosts, but represents a major cause of morbidity and mortality in immunossupression patients, especially those with advanced HIV infection. The incidence increases markedly when the CD4 cell count falls below 100x106 cells/L .Severely immunocompromised patients with HCMV disease may require prolonged antiviral therapy. A potential risk associated with its long term use is the emergence of resistant strains. These strains may present amino acid deletions or substitutions in conserved regions of the UL97 protein, point mutations in the DNA polymerase (UL54), or both. However, it has been recently demonstrated that UL97 mutations are actually present after short periods of GCV treatment and present a low-level of resistance. Strain resistant to both GCV and Foscarnet, have been recovered from AIDS patients. The most common mutations in clinical samples are located at codons 460(M460V), 594 (A595V/I) and 595 (L595S). Keywords: HIV, CMV, ganciclovir resistance 10 Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 10-14) A INFECÇÃO PELO CITOMEGALOVÍRUS HUMANO (HCMV) O Citomegalovírus (HCMV) é usualmente associado com infecção assintomática em indivíduos sadios, e representa a maior causa de morbidade e mortalidade entre indivíduos imunodeprimidos como pacientes transplantados, submetido à quimioterapia e em indivíduos imunocomprometidos pelo HIV-1(1). Aproximadamente 95% dos indivíduos infectados pelo HIV também são infectados pelo HCMV, portanto a doença devida ao HCMV em pessoas infectadas com HIV é, geralmente, resultado da reativação de uma infecção citomegálica latente(2). A incidência de doença por HCMV na era pré-HAART era de 7.34 casos por 100 pacientes ano e diminuiu para 0.75 casos por 100 pacientes por ano na era HAART(3). O maior fator de risco para o desenvolvimento de doença relacionada ao HCMV é a contagem de células T CD4 < 100 CD4/mL. Nos pacientes imunocomprometidos, a freqüência e a gravidade da infecção, bem como suas manifestações clínicas, são bastante variáveis. Embora alguns pacientes desenvolvam infecção assintomática, outros desenvolvem sintomas, com níveis variados de gravidade, incluindo febre, hepatite, retinite, doença gastrointestinal e pneumonia. O envolvimento do trato gastrointestinal pelo HCMV é a segunda manifestação mais freqüente nestes pacientes somente sendo menor que as doenças de retina(4,5). Nesses pacientes, a infecção pelo HCMV tem sido considerada a infecção oportunista viral mais comum de ameaça à visão e à vida entre os pacientes que estão em terapia antirretroviral, particularmente na era pré-HAART(6,7).Embora na era HAART a incidência da doença por HCMV tenha diminuído ainda é uma importante complicação em pacientes com AIDS, causando encefalite, uveíte imune recorrente(8 9,10). Grandes avanços ocorridos a partir de 1995 vêm contribuindo para modificar essas taxas de morbidade e mortalidade na AIDS. Dentre estes, destaca-se maior controle da replicação do HIV, com melhora efetiva da imunidade e redução da incidência das infecções oportunistas. Três fatores foram responsáveis por estas transformações: i) maior compreensão da patogenia da doença, com o esTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 10-14) tabelecimento da dinâmica de replicação do HIV a partir da introdução da quantificação da carga viral no estadiamento da infecção e no monitoramento da terapia anti-HIV; ii) desenvolvimento de drogas inibidoras da protease e novos inibidores da transcriptase reversa, análogos e não análogos de nucleosídeo; iii) estabelecimento dos esquemas combinados como a melhor forma de manter supressão sustentada da replicação do HIV(11). Pacientes HIV recebendo HAART que são incapazes de controlar a replicação do HCMV tem um aumento do risco da progressão da AIDS e morte(12), embora nem todo indivíduo HIV infectado com reativação por HCMV progride para doença terminal. Embora a incidência de retinite por HCMV tenha diminuído, ainda continua a ocorrer principalmente em pacientes HIV recém-diagnosticados. Esta doença requer terapia por longos períodos aumentando o risco de desenvolvimento de resistência ao ganciclovir(13). Além disso, a presença de infecção pelo HCMV é utilizada como um marcador para a progressão clínica para a AIDS(14). Tentativas têm sido feitas para definir o papel da profilaxia primária contra o HCMV(15,16), pois se observa que o tratamento profilático com ganciclovir (droga principal de escolha no tratamento de doença por HCMV) diminui a taxa de adoecimento dos pacientes (CD4+ < 100). No entanto, devido à elevada taxa de toxicidade da droga, ao desconforto da sua posologia e ao alto custo financeiro, o uso de profilaxia primária com gancilcovir, se adotada universalmente, pode conduzir a um quadro onde pesam mais as desvantagens do que os benefícios desta conduta(15). Em função do aumento da freqüência das infecções e da gravidade das mesmas nos pacientes imunocomprometidos, há intensa investigação para a introdução de novas drogas antivirais. Todos antivirais agem inibindo a DNA polimerase viral. Os agentes que são mais utilizados para o tratamento de infecções por HCMV, são ganciclovir, foscarnet e cidofovir(17). Múltiplos estudos clínicos têm demonstrado a eficácia do ganciclovir e, também, sugerem que o foscarnet tem eficácia similar ao ganciclovir, principalmente em pacientes com AIDS e retinite por HCMV(18,19,20). Embora a experiência com cidofovir seja mais limitada, há relato demonstrando a eficácia nestes pacientes(21). 11 GANCICLOVIR O ganciclovir é um nucleosídeo análogo da guanosina e um homólogo do aciclovir; é a base da terapia da infecção pelo HCMV, sendo usado para tratar e prevenir infecção por citomegalovírus(22). O ganciclovir foi a primeira droga antiviral utilizada que demonstrou ser eficiente no tratamento da doença por HCMV. Para a atividade antiviral é necessária a fosforilação por uma enzima viral específica. A fosfotransferase, produto do gene UL97, converte ganciclovir em ganciclovir monofosfato. Enzimas celulares fosforilam a droga da forma monofosfato para a forma trifosfato. O ganciclovir trifosfato é um inibidor competitivo da incorporação de deoxiguanosina trifosfato na elongação da cadeia do DNA viral. Após a clivagem do pirofosfato, o ganciclovir monofosfato é incorporado no final da cadeia de DNA, mas não é um terminador de cadeia, portanto pequenos fragmentos de DNA viral continuam a ser sintetizado, mas de forma bem lenta, conseguindo inibir a síntese e replicação do DNA viral(22). A bio-disponibilidade do ganciclovir oral é pobre, ficando em torno de 3%, sendo portanto administrado na maioria dos casos na forma intravenosa (IV). Geralmente as manifestações clínicas causadas pelo HCMV respondem bem á terapia com ganciclovir, porém quando o tratamento é suspenso por algum motivo o vírus pode recomeçar a replicar. OUTRAS DROGAS ANTIVIRAIS O foscarnet é um análogo de pirofosfato que se liga diretamente à DNA polimerase do HCMV. Esta droga deve estar em altas concentrações dentro da célula para entrar em contato com a DNA polimerase viral e inibi-la. Quando a concentração da droga diminui, ela não se liga à DNA polimerase e a síntese do DNA viral recomeça(23). O cidofovir é um nucleotídeo análogo da citidina e tem boa atividade antiviral in vitro. Contém um grupo fosfato e não necessita ser fosforilado por uma enzima viral. É convertido por enzimas celulares para cidofovir trifosfato que inibe a atividade da DNA polimerase. Tem meia-vida intracelular longa e a dose intravenosa de 5 mg/kg é recomendada apenas uma vez por semana(24). Essas drogas, entretanto, têm eficácia limitada, causam toxicidade, além de haver dificuldades na sua liberação e distribuição(18). A título de exemplo, 12 o ganciclovir está associado com toxicidade hematológica, causando mais freqüentemente granulocitopenia (neutropenia) e trombocitopenia, sendo que o foscarnet está associado ao desequilíbrio eletrolítico, particularmente hipocalcemia e disfunção renal. Ambos têm custo excessivo e elevada toxicidade. Quando se tem evidência de toxicidade, a redução da dose é necessária. Embora outras drogas são variações da mesma droga, como valganciclovir e o ganciclovir oral, estas drogas tem sido utilizadas principalmente na profilaxia da doença(25,26). Outras drogas também têm sido testadas como, por exemplo, o Maribavir. Ao contrário do ganciclovir, que precisa ser fosforilado pela UL97 quinase de se tornar um ativo inibidor de DNA polimerase, o maribavir inibe diretamente UL97 quinase. Também foi eficaz contra cepas HCMV ganciclovir-resistentes. Esta droga não está associada com nefrotoxicidade ou toxicidades hematológicas, mas tem sido associada a distúrbios no paladar. A sua bio-disponibilidade é maior do que a do ganciclovir por via oral, mas menor do que a de valganciclovir(27) Formiversen e valganciclovir são outros agentes antivirais que surgiram durante a era HAART. Formiversen é uma droga que inibe a expressão gênica através do emparelhamento com a fita complementar simples do mRNA codificando para a região imediatamente precoce (IE2) do HCMV. Injeção intravítrea de 165g é eficaz para tratamento da retinite por HCMV e eficiente para retardar a progressão da doença(28). Uveíte e degeneração epitelial pigmentar da retina, foram relatados como efeitos colaterais. Valganciclovir, a L-VALYL pró-droga éster de ganciclovir, é convertido por esterases intestinais em ganciclovir e uma dose única 900 mg atinge níveis sanguíneos similares aos obtidos com uma única dose de 5 mg / kg IV. Valganciclovir mostrou-se equivalente ao ganciclovir intravenoso inicial para tratamento de retinite por HCMV e as taxas de progressão de novas retinite por HCMV em pacientes sob IV, ganciclovir oral e valganciclovir foram similares(29). Devido à sua excelente bio-disponibilidade pela administração oral, valganciclovir tem largamente substituído ganciclovir intravenoso como a primeira escolha para indução e manutenção do tratamento da doença por HCMV(30). Embora a terapia de manutenção com valciclovir oral Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 10-14) na presença de HCMV-DNA positivo pode ser um fator de risco para resistência e estudos relatam a segurança no uso do Valganciclovir, a resistência a essa droga já foi relatada(31). Em pacientes intensamente imunocomprometidos, a terapia prolongada é necessária e o risco associado ao uso prolongado de antiviral pode acarretar a emergência de vírus resistentes, dificultando a terapêutica. Correntemente, o tratamento de doença por HCMV é iniciado quando a doença torna-se clinicamente aparente, embora existam inúmeras propostas para uso profilático, esta prática pode levar a resistência(32). MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Cepas de HCMV resistentes aos agentes antivirais têm sido isoladas em laboratório e também em pacientes imunodeprimidos tratados com agentes antivirais por longos períodos(24). Estudos têm contribuído para o entendimento do mecanismo de resistência do HCMV às drogas antivirais. A resistência a drogas pode ser resultado de deleção ou inserção de nucleotídeos num gene viral (UL97), na quinase que fosforila a droga ou uma mutação pontual no gene UL54 que codifica para a DNA polimerase viral(32). Mutações na DNA polimerase viral podem coexistir com mutações na UL97, resultando em dupla resistência a drogas. Geralmente, essas mutações na UL54, considerando o mecanismo de ação do foscarnet, resultam em HCMV resistente à esta droga. Mutações na UL97 resultam em HCMV resistente ao ganciclovir. A progressiva disseminação da infecção por HCMV causada por cepas resistentes ao ganciclovir tem sido relatada desde 1989(33). A resistência do HCMV ao ganciclovir em isolados clínicos acontece quando a fosforilação da droga é prejudicada. Mutações específicas no domínio catalítico do gene UL97 do HCMV foram descritas em isolados clínicos, resultando em resistência ao ganciclovir(33). O agrupamento (“cluster”) de mutações UL97 para 3 códons específicos (460, 594, 595)(32,33) em muitos dos isolados de HCMV resistentes ao ganciclovir analisados diretamente do sangue do paciente através de extração do DNA, realização da reação em cadeia da polimerase (PCR) seguida de digestão com enzimas de restrição (RFLP) ou seqüenciamento direto da PCR da região a ser analisada. Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 10-14) As mutações são definidas tendo como base as mudanças que resultarão na alteração do código de aminoácidos, comparadas com cepas de laboratório AD169 e Towne. Para realizar estudos de epidemiologia molecular, é necessário que se disponha de técnicas para comparação genética dos isolados clínicos. Além da relevância clínica, mutações que conferem resistência a drogas podem ser importantes para o mapeamento de genes virais e determinar a função dos produtos gênicos(34). Mutações em UL97 e UL54 podem coexistir, e podem conferir alto nível de resistência do que se ocorrer mutações independentes(35). FOSFOTRANSFERASE - UL 97 A fosfotransferase codificada pela UL97 é conservada nos herpesvirus humanos, e distantemente relacionada à família da proteína quinase. Curiosamente, alguns dos aminoácidos mais conservados na proteína quinase são variantes das seqüências de herpesvírus. Entretanto, a função específica de preservação deste gene em todos os herpesvírus implica numa importância que pode ser indispensável para o ciclo biológico viral(36). Várias mutações que ocorrem na região da UL97 foram identificadas em isolados clínicos de HCMV resistentes ao ganciglovir: M460V, M460I, N510S, H520Q, A590T, A591V, C592G, A594V, A594T, Del591-594, L595S, L595F, L595T, DEL595, L595W, E596G, E596D, N597I, G598V, K599M, DEL600, C603W, C607Y, C603Y, A606D and V665I(24). DNA POLIMERASE – UL54 A DNA polimerase do HCMV foi a primeira a ser identificada com base na atividade enzimática, e tem sido estudada como alvo para agentes antivirais. A seqüência de aminoácidos desta enzima tem demonstrado vários aspectos que são conservados entre todos os herpesvírus, implicando na importância funcional. A DNA polimerase é inibida por análogos de pirofosfato. Resistência ao foscarnet também já tem sido relatada(18,19,37). Mutações em isolados clínicos de HCMV resistentes ao ganciglovir ocorrem em todas regiões da UL54 (Região IV, Região δ-região C, Região II, Região VI e Região III): Sendo que as trocas de aminoácidos que causam resistência ao antiviral e já foram descritas são: 13 N408D, F412C, D413E, D413A, N495K/N, L501F, L501I, T503I, K513R, K513E, P522A, T700A, V515M, I722V, V781I, L802M, A809V, T813S, G841A, S676G, G678S, Y751H(24,35,37,38). CONSIDERAÇÕES FINAIS Até o presente momento ganciclovir é a principal droga de escolha para o tratamento da doença por HCMV em pacientes imunodeprimidos. No entan- to, a terapia prolongada ou o uso profilático por longos períodos pode resultar em emergência de vírus resistentes ao antiviral(32), embora já tenha sido descrita em transplantados a emergência de vírus resistentes em curto período de tempo pós-tratamento(39,40). Mais estudos são necessários para que sejam descobertas novas formas de inibição da replicação viral, sem aumentar a resistência ao ganciclovir e a resistência cruzada com outros antivirais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Ho M. Cytomegalovirus. In: Mandell GL, Douglas Jr RG, Bennett JE. Principles and Practice of Infectious Diseases. 3nd ed. New York: Churchill Livingstone; 1990.1159-72. 22. Noble S, Faulds D. Ganciclovir. An Update of Its Use in The Prevention of Cytomegalovirus Infection and Disease in Transplant Recipients. Drugs 1998;56:115-46. 2. Jacobson MA, Mills J. Cytomegalovirus Infection. Clin. Ches. Med. 1988;9(3)443-448. 24. Erice A. Resistance of Human Cytomegalovirus To Antiviral Drugs. Clin Microbiol Rev 1999;12:286-97. 3. Salzberger B, Hartmann P, Hanses F, Uyanik B, Cornely OA, Wöhrmann A, Fätkenheuer G. Incidence and prognosis of CMV disease in HIV-infected patients before and after introduction of combination antiretroviral therapy. Infection 2005;33(5-6):345-9. 4. 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Rua Pedro de Toledo 781, 15° andar frente, Vila Clementino, São Paulo – SP, CEP: 04039-032, Fone/Fax: 55 11 5081-5394 – E-mail: [email protected] e [email protected] RESUMO A infecção pelo vírus da hepatite A, comum em indivíduos infectados pelo HIV, apresenta-se muito variável, manifestando-se desde infecção assintomática até doença fulminante. Geralmente essa infecção cursa como uma doença branda e auto-limitada, cujas manifestações incluem anorexia, mal-estar, náuseas, vômito, febre baixa, mialgia, artralgia e sintomas inespecíficos que afetam o trato respiratório superior. No indivíduo HIV soropositivo, no entanto, além desses sintomas, a viremia e a excreção viral podem ser prolongadas, favorecendo o aparecimento de surtos na comunidade. Além disso, a morbidade associada ao HAV pode levar ao abandono da terapia antirretroviral e conseqüentemente, rebote da viremia pelo HIV. Nesses indivíduos, a imunização contra o HAV é recomendada, embora os resultados sejam muito variáveis. Descritores: co-infecção, vírus da hepatite A, resposta imune, vacinas. ABSTRACT The hepatitis A infection, common in HIV infected individuals, can be quite variable; manifestations can vary from an asymptomatic infection or progress to a fulminant disease. Generally, this infection causes a mild and self-limited disease, accompanied by moderate symptoms such as anorexia, malaise, nausea, vomiting, mild fever, myalgia, arthralgia and unspecific symptoms that affects upper respiratory tract. In the HIV seropositive patients, however, besides these symptoms, the HAV viremia and viral excretion could be prolonged, leading to community outbreaks. In addition, the HAV associated morbidity could lead to antiviral therapy discontinuation and consequently, to HIV viral replication rebound. In these patients, HAV immunization is strongly recommended, is spite of the variable results documented. Keywords: co-infection, HAV, immune response, vaccines. INTRODUÇÃO Conhecida desde as antigas civilizações grega e romana(1), a hepatite A é a forma mais comum de hepatite viral aguda em várias partes do mundo(2). Especialmente na última década, tem se observado um aumento no número de publicações dedicadas ao tema, o que pode ser justificado pela alteração dos padrões epidemiológicos em vários países e pela comercialização de vacinas efetivas contra a infecção(3). A identificação do papel etiológico do HAV só foi Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) possível com a publicação, em 1973, de um estudo conduzido por Feinstone e colaboradores (4), no qual o vírus foi detectado por imunomicroscopia eletrônica em fezes de prisioneiros infectados. Pertencente à família Picornaviridae, o HAV é o único membro do gênero Hepatovirus, apresentandose como uma partícula esférica não-envelopada com 27-30nm, envolta por um capsídeo icosaédrico, cujo genoma é constituído por uma fita simples de RNA de polaridade positiva com aproximadamente 7500 nucleotídeos. 19 A transmissão viral está relacionada à pobreza e saneamento inadequado, já que ocorre predominantemente por via fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados, ou disseminação de pessoa a pessoa como doença sexualmente transmissível em homens que fazem sexo com homens (MSM)(5,6). A grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados e a sua estabilidade no meio ambiente são fatores que contribuem para essa transmissão(7). Assim, melhorias nas condições sócio-econômicas da população, bem como o acesso a saneamento básico contribuem para o declínio na proporção de indivíduos com evidência sorológica de infecção(8). No Brasil, tais melhorias apontam para uma alteração no padrão de endemicidade alta para intermediária, isto é, menor prevalência de infecção nas duas primeiras décadas de vida, com pico de prevalência na fase final da infância e início da adolescência, representando risco para os indivíduos susceptíveis não vacinados. Embora a prevalência esteja diminuída, o vírus continua circulante e, associado à ausência de anticorpos protetores, favorece a ocorrência de surtos devido à contaminação de alimentos e água(9). Com distribuição mundial, o HAV é o agente etiológico de hepatite viral mais freqüente na América Latina(10). Com uma população total estimada em 500 milhões de pessoas, a taxa anual de incidência da infecção é de cerca de 40–50 casos/100.000 habitantes e de 350.000–400.000 novos casos/ano, e taxa de mortalidade em pacientes abaixo de 15 anos de 3.000/ano. Porém, é difícil estimar a exata incidência devido à grande proporção de infecção subclínica e doença anictérica, associada à adoção de distintos programas de vigilância. Assim, estimase que a real incidência seja dez vezes maior que a relatada(11). No Brasil, embora todas as formas de hepatites virais sejam consideradas doenças de notificação compulsória, os dados de incidência também são incompletos uma vez que as informações são insuficientes e em muitos casos a etiologia da infecção não é investigada(12). Estimativas apontam que, entre 2000 e 2005, o número de casos notificados em âmbito nacional variou entre 14.000 e 21.000, o que representa 7,5–11 casos/100.000 20 habitantes. Comparativamente, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, a taxa foi de aproximadamente 20 casos/100.000 habitantes, enquanto que na região Sudeste foi de 3,5 casos/100.000 habitantes(12). Clemens e colaboradores(13), em um estudo que avaliou a soroprevalência de anticorpos anti-HAV em quatro regiões brasileiras, encontraram uma taxa geral de 64,7%. Contudo, o padrão de soroprevalência foi muito heterogêneo, com altas taxas nas regiões Norte (Manaus: 92,8%) e Nordeste (Fortaleza: 76,5%), e taxas menores (55,7%) nas regiões Sul e Sudeste. Baixa soroprevalência foi encontrada em crianças, atingindo níveis superiores a 90% somente em coortes mais velhas, indicando um desvio para um padrão de endemicidade intermediária. Tais dados sugerem que as condições do nosso país quanto à heterogeneidade socioeconômica, distribuição irregular dos serviços de saúde e incorporação desigual de tecnologia avançada para diagnóstico e tratamento de enfermidades, são elementos importantes que devem ser considerados na avaliação do processo endemoepidêmico(14). Clinicamente, a infecção pelo HAV apresenta-se muito variável, manifestando-se desde infecção assintomática até doença fulminante. Na maioria dos casos sintomáticos, a hepatite A cursa como uma doença branda e auto-limitada, cujas manifestações incluem anorexia, mal-estar, náuseas, vômito, febre baixa (38-39°C), mialgia, artralgia e sintomas inespecíficos que afetam o trato respiratório superior. Os sintomas prodrômicos podem persistir por até duas semanas, e geralmente desaparecem quando a icterícia torna-se clinicamente aparente, sendo que colúria e hipocolia fecal podem ser observadas cerca de 1 a 5 dias antes do aparecimento da icterícia. Dor abdominal no quadrante superior direito é um achado comum, manifestações extra-hepáticas são raras e geralmente a cura espontânea ocorre dentro de seis meses(15). A gravidade do quadro clínico está diretamente ligada à idade do paciente. Icterícia costuma estar presente em menos de 10% das crianças com idade inferior a seis anos, em 40-50% daquelas com mais idade e em 70-80% dos adultos(14). Assim, apesar da maioria dos adultos imuTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) nocompetentes expostos ao HAV desenvolverem uma doença aguda auto-limitada, a probabilidade de desenvolvimento de hepatite sintomática com presença de icterícia se torna maior em comparação às crianças e as taxas de hospitalização e complicações se mostram mais elevadas(16). Dentre essas complicações, destaca-se a insuficiência hepática aguda (IHA), ou hepatite fulminante, que se caracteriza por uma rápida deterioração do fígado, resultando em coagulopatia e encefalopatia, principalmente entre crianças mais jovens e adultos acima de 50 anos(15,17). Nos EUA, a hepatite A constitui importante causa de IHA, sendo responsável por cerca de 7,3% dos casos(18), bem como na África e Ásia, onde os casos de hepatite A são bastante comuns(19). Dentre os tratamentos atualmente disponíveis, o transplante hepático é o mais aceito, sendo que, no Brasil, assim como em outros países, 10-20% dos transplantes hepáticos pediátricos ocorrem em pacientes com IHA causada pelo HAV(20). Ferreira e colaboradores(17), em um estudo retrospectivo, constataram que o HAV foi a etiologia mais freqüente em uma coorte de 33 crianças atendidas no Hospital de Clínicas de Porto Alegre em um período de 10 anos (1998-2007), estando associada a 39% dos casos elegíveis para transplante hepático. Portanto, apesar dos avanços alcançados, a IHA permanece como um desafio na prática clínica devido à sua alta mortalidade e ao ônus que representa aos sistemas de saúde. Nesse sentido, a vacina contra a hepatite A não apenas reduziria o número de casos e, conseqüentemente, o ônus econômico da doença, mas também permitiria que transplantes hepáticos fossem disponibilizados para os casos de IHA de etiologia não-HAV(17). A imunização é recomendada para crianças a partir de 12 meses de idade, em duas doses, com intervalo de 6 meses entre elas, e está disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) para grupos específicos, sendo indicada nas seguintes situações: hepatopatias crônicas, portadores crônicos do HBV e HCV, coagulopatias, crianças menores de 13 anos com HIV/Aids, adultos com HIV/Aids que sejam portadores do HBV ou HCV, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, imunodepressão teraTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) pêutica ou por doença imunodepressora, candidatos a transplante de órgão sólido, transplantados e doadores de órgão sólido ou medula óssea e hemoglobinopatias(14). Atualmente, quatro vacinas estão disponíveis comercialmente: Havrix® (GlaxoSmithKline), Vaqta® (Merck), Avaxim® (Sanofi Pasteur) e Epaxal® (Berna); bem como a vacina Twinrix® (GlaxoSmithKline) que combina a proteção contra VHA e VHB, em esquema de três doses (0, 1 e 6 meses), indicada particularmente para adolescentes e adultos não-imunes (21). Quatro instituições públicas também estão envolvidas em sua produção (Bio-Manguinhos-Fiocruz, Instituto Butantan, Tecpar e Fundação Ataulfo de Paiva), o que poderia facilitar a implementação de um programa nacional de imunização(22), já que a vacina hoje comercializada ainda é de custo elevado e não foi incorporada ao calendário de vacinação do Ministério da Saúde(14). A introdução da vacina no programa nacional de imunização têm se mostrado efetiva em vários países, incluindo Argentina, Austrália, Israel, Itália (Puglia), Espanha (Catalônia) e EUA, confirmado pela redução substancial nas taxas de incidência, surtos, mortalidade e hospitalizações(23). A CO-INFECÇÃO HAV-HIV A infecção pelo vírus da hepatite A é comum entre indivíduos infectados pelo HIV e em indivíduos com risco de infecção pelo HIV, incluindo MSM e usuários de drogas injetáveis (UDI)(24-26). Estudos demonstram que a prevalência de anticorpos anti-HAV é de cerca de 20% entre esses pacientes(27,28). Embora o curso da infecção pelo HAV seja similar em pacientes HIV soropositivos e indivíduos imunocompetentes, estudos demonstram que a viremia e a excreção viral podem ser prolongadas nesses pacientes(29-31), favorecendo o aparecimento de surtos na comunidade. Dados demonstraram que não existe correlação entre a elevação dos níveis de ALT e AST e a contagem de linfócitos T CD4 e a carga viral (CV) do HIV, sendo que a freqüência dos sintomas clínicos associados à hepatite A, como febre, náuseas e mal-estar geral são similares entre pacientes HIV soropositivos e aqueles infectados apenas pelo HAV. No entanto, a CV do HAV e os níveis séricos de fosfatase alcalina estão aumentados no paciente HIV(31). 21 A infecção pelo HAV torna-se uma morbidade importante no contexto da co-infecção pelo HIV, pois a morbidade associada à infecção aguda pelo HAV pode levar ao abandono da terapia antirretroviral e conseqüentemente, rebote da viremia pelo HIV(27,28). Além disso, o uso de esquemas antirretrovirais altamente complexos – freqüentemente associados ao desenvolvimento de hepatotoxicidade – e a co-infecção pelos vírus das hepatites B e C – também muito comum em pacientes HIV soropositivos – podem ser fatores contribuintes para o desenvolvimento de hepatite fulminante(32-35) e por esses motivos, a imunização contra o HAV tornase uma ferramenta importante no cuidado desses pacientes. VACINAS ANTI-HAV EM CRIANÇAS E ADULTOS HIV SOROPOSITIVOS A vacina para hepatite A está disponível desde 1995 e é recomendada para pacientes HIV soropositivos, especialmente para os MSM e UDI e para indivíduos com doença hepática crônica(36). No entanto, apenas uma pequena minoria de pacientes elegíveis recebe a vacina(37). Enquanto o aumento transitório da replicação do HIV após a imunização contra influenza, tétano e pneumonia pneumocócica já foi demonstrado(38), a vacinação contra o HAV parece ser segura e se limitar a poucos efeitos colaterais como febre e dores de cabeça(39). Estudos conduzidos na era pré-HAART demonstraram que os pacientes HIV soropositivos não desenvolvem respostas imunológicas satisfatórias à vacinação pelo HAV(40-43). Em um estudo publicado em 1997, Bodsworth e colaboradores(41), avaliando a segurança da vacina contra a hepatite A (HAVRIX®) por meio de um estudo caso-controle, relataram o desenvolvimento de resposta imune específica em 88% de 90 homens HIV soropositivos contra 100% dos pacientes HIV soronegativos, após duas doses de vacina. O estudo não avaliou o efeito dos parâmetros virológicos e/ou imunológicos no momento da vacinação e relata que não houve diferença no tempo de progressão para AIDS, morte e falha imunológica entre os casos – que receberam vacina anti-HAV – e os controles, após um ano de seguimento, demonstrando a segurança da vacina nesses pacientes. 22 Estudos mais recentes avaliaram a resposta imunológica à vacinação em pacientes HIV soropositivos que estavam em uso de terapia antirretroviral altamente potente. Em 2005, Rimland e Guest(44) avaliaram 1319 pacientes que faziam parte do HIV Atlanta VA Cohort Study (HAVACS); destes, 583 pacientes apresentaram anticorpos anti-HAV de classe IgG, demonstrando a elevada prevalência de hepatite A entre esses pacientes. O estudo vacinou 659 dos pacientes que foram anti-HAV negativos, utilizando duas doses de vacina de vírus inativado (também utilizando a vacina HAVRIX®) e destes, 214 pacientes foram testados para anti-HAV IgG para avaliar a resposta à vacinação, sendo que 60.7% deles (130) desenvolveram anticorpos do tipo IgG contra o vírus da hepatite A. Os autores demonstraram que através da análise univariada, fatores como baixas contagens de células T CD4 no momento da vacinação, Nadir de CD4 muito baixo e elevada CV do HIV estavam associados à falhas no desenvolvimento de repostas à vacinação. Fatores como idade, raça, uso de terapia antirretroviral altamente potente e a presença de co-infecção pelo HCV não influenciaram a resposta. Já na análise multivariada, apenas a contagem de células T CD4 no momento da vacinação foi diretamente relacionada ao desenvolvimento de resposta imune adequada, sendo os maiores níveis de anticorpos anti-HAV encontrados nos pacientes com as maiores contagens de células T CD4. Ainda nesse estudo, os autores demonstraram que pacientes com contagens de células T CD4 abaixo de 200 cels/mm3 apresentavam 16 vezes mais chances de não desenvolver respostas contra o HAV após a vacinação, sendo que aqueles com contagens entre 200-500 cels/mm3 apresentavam 2,5 vezes mais chances de não desenvolver resposta. Neste estudo, os autores avaliaram o efeito de parâmetros imunológicos e virológicos tentando correlacioná-los ao desenvolvimento ou à ausência de resposta e demonstraram que não existe associação entre o Nadir de CD4 e a resposta à vacina anti-HAV, sugerindo que os pacientes podem responder à vacinação após restauração da resposta imune, em resposta à terapia antirretroviral. De acordo, esTendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) tudos sugerem que a vacinação contra a hepatite A seja feita após a reconstituição imune mediada pela terapia antirretroviral(36,45). A equipe de Valdez(45) avaliou a resposta à vacina anti-HAV em 31 pacientes HIV soropositivos, dos quais 73% desenvolveram anticorpos anti-HAV. Os resultados obtidos nesse estudo foram associados à recuperação da resposta imune devido ao controle da replicação viral com conseqüente diminuição da ativação imune e recuperação qualitativa e quantitativa da população de linfócitos T circulantes, decorrente do uso de terapia antirretroviral altamente potente. Em 2006, o estudo de Weissman e colaboradores(46) detectou resposta protetora em 48% dos pacientes HIV soropositivos, que foram vacinados para hepatite A, sendo os respondedores na sua maioria mulheres com contagens elevadas de células T CD4. Kemper e colaboradores(47) também correlacionaram o desenvolvimento de resposta imune à vacinação contra o HAV à contagem de células T CD4; 68% dos pacientes com contagens acima de 200 cels/ mm3 responderam à vacinação, contra apenas 9% dos pacientes com contagens abaixo de 200 cels/mm3. Em um estudo publicado em 2007, Overton e colaboradores(27) avaliaram a resposta imune de pacientes que receberam pelo menos uma dose de vacina anti-HAV (HAVRIX®). Os dados sorológicos de 238 pacientes foram avaliados, dos quais, 133 (49,6%) desenvolveram respostas anti-HAV após a vacinação. Nesse estudo, apenas a CV do HIV abaixo dos níveis de detecção e o sexo masculino foram fatores associados ao desenvolvimento de resposta imune protetora contra o HAV, pelo modelo de regressão logística. Além disso, nem o Nadir, nem a contagem de células T CD4 no momento da vacinação foram fatores preditivos de desenvolvimento de resposta após a vacinação. A coorte desse estudo(27), no entanto, era formada em sua maioria por homens e apresentava contagens de células T CD4 mais elevadas (447±278 cels/mm3). Dados adicionais, provenientes de uma metanálise que avaliou a resposta à vacinação contra o HAV em 458 pacientes HIV soropositivos e incluiu 8 estudos(40,42,43,45,47-50), demonstram que 1 em cada 2, ou seja, apenas 50% desenvolvem anticorpos Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) protetores(51). Alguns destes estudos, no entanto, foram conduzidos antes do advento da terapia antirretroviral altamente potente e, quando considerados homogêneos e incluídos na mesma análise, podem ter influenciado o resultado. Considerando que a resposta imune adequada depende da capacidade de reconhecimento de antígenos pelas células T e conseqüente expansão clonal com posterior desenvolvimento de resposta imune humoral, tanto o número de células T CD4 quanto o controle da viremia parecem ter importância no desenvolvimento de resposta após a vacinação. A resposta imune humoral é dependente de moléculas co-estimulatórias como o CD154 ou CD40L, presentes nas células T CD4. Essa molécula se liga ao CD40 nas células B ativando-as e desencadeando a mudança de classes das imunoglobulinas com formação de linfócitos B de memória (CD27), necessários para que ocorra resposta imune específica(52). Estudos demonstraram que pacientes HIV soropositivos apresentam níveis diminuídos de células B CD27+, independente da contagem de linfócitos T CD4(53). Associada à diminuição das células B de memória, observa-se que a maior parte das células B de pacientes HIV soropositivos é composta por células B naive(54), que respondem de maneira ineficiente aos antígenos e contribuem(55), em grande parte, para a hipergamaglobulinemia e produção de anticorpos inespecíficos. Por esses e outros fatores, o paciente HIV soropositivo tem dificuldade não somente em combater antígenos provenientes de agentes infecciosos, mas também em responder aos antígenos introduzidos por meio da vacinação(56,57). A viremia está associada à intensa ativação imune e diminuição do número de células T CD4. Dessa forma, a introdução da HAART e o conseqüente controle da viremia podem contribuir para a recuperação do número de células T CD4 e permitir que essas células executem suas funções no desenvolvimento da resposta imune humoral. Estudos conduzidos com crianças e adolescentes saudáveis demonstram que 100% desenvolvem elevados títulos de anticorpos específicos, após 2 doses de vacina contra hepatite A(58,59). Em crianças infectadas pelo HIV, no entanto, as taxas de soroconversão com persistência de anticorpos 23 protetores após a vacinação anti-HAV estão diminuídas. Siberry e colaboradores(60) avaliaram uma coorte de 97 crianças que receberam duas doses de vacina anti-HAV; destas, 84 (87%) responderam à vacina. Fatores como os elevados níveis de células T CD4 e a supressão da replicação do HIV foram associados a essa resposta, através da análise multivariada. Em um estudo muito elaborado e bem conduzido, a equipe de Rigaud e o Pediatrics AIDS Clinical Trials Group P1006 Team(61) avaliaram a resposta à vacinação com o antígeno TT (toxóide tetânico) e anti-HAV em uma coorte de crianças HIV soropositivas, gravemente imunocomprometidas, que estavam iniciando a HAART ou que estavam mudando o esquema terapêutico. A equipe teve como objetivo verificar se a supressão da viremia, ou o aumento da contagem de células T CD4, ou ambos, seriam capazes de restaurar as funções do sistema imune contra esses antígenos em um primeiro e em um segundo desafio. Os autores concluíram que as respostas aos neo-antígenos foram fracas durante o primeiro ano de HAART, sendo que uma ou três vacinações foram necessárias para o desenvolvimento das respostas ao segundo desafio, indicando que a supressão da viremia foi insuficiente para restaurar a resposta imune celular. Em outro estudo conduzido com crianças, Weinberg e colaboradores e o Pediatrics AIDS Clinical Trials Group P1008 Team(62), avaliaram uma coorte de 235 crianças (2-21 anos) HIV soropositivas em estágio avançado de imunodeficiência; 97% das 151 negativas para anticorpos anti-HAV no início do seguimento soroconverteram após a administração de duas doses de vacina (HAVRIX®). Destas, 47% apresentaram baixos níveis de anticorpos anti-HAV, sendo que após 104 semanas de seguimento 90% das crianças que responderam apresentavam níveis de anticorpos abaixo de 20mIU/mL e as que obtiveram respostas insatisfatórias haviam perdido a imunidade protetora. Uma terceira dose foi necessária e induziu a produção de níveis satisfatórios de anticorpos em 97% dos pacientes. Neste estudo, a reconstituição imune, traduzida pelo aumento da contagem das células T CD4, e a diminuição dos níveis de CV do HIV até o limite inferior de detecção, decorrentes da introdução da HAART foram associados ao desenvolvimento de resposta imune eficiente após a 2° ou 3° dose de vacina anti-HAV. Dessa forma, percebe-se que a reconstituição imune, decorrente da introdução da terapia antirretroviral, assim como um esquema de vacinação diferenciado, com pelo menos 3 doses pode ser eficaz na prevenção da hepatite pelo HAV em pacientes soropositivos. Intervalos de 1 ou 6 meses entre as vacinações não parecem interferir na resposta à imunização nesses pacientes(63). Tabela 1. Resumo de alguns estudos conduzidos com vacinas anti HAV em pacientes HIV soropositivos: População Terapia Antirretroviral N (Total) Respondedores Vacina testada Hemofílicos Pré-HAART 47 76,6% Vacina de vírus inativado MSM Pré-HAART 83 88% - MSM Pré-HAART 90 88% Havrix Coorte Mista HAART 90 87% (CD4 < 300 céls/mm3 100% (CD4 > 300 céls/mm3) Vaqta Estudo HAVACS Coorte Mista HAART 214 60,7% Havrix Weinberg et al.(62) (2006) Crianças HAART 151 97% Havrix Weissman et al. (46) (2006) Coorte Mista HAART 503 48% - Loutan et al. (64) (2007) Coorte Mista HAART 14 63,6% (mês 1) 91,7% (mês 13) Epaxal Launay et al. (65) (2008) Estudo HEPAVAC Coorte Mista HAART 95 82,6% e 88,4% (3 doses) 69,4% e 72,3% (2 doses) Havrix Estudo (ano) Santagostino et al. (43) (1994) Neilsen et al.(40) (1997) Bodsworth et al. (41) (1997) Wallace et al.(39) (2004) Rimland e Guest et.(44) al (2005) 24 Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 19-26) De acordo com o exposto, percebe-se que as respostas obtidas nos estudos conduzidos com pacientes HIV soropositivos são variáveis e dependentes das condições dos pacientes incluídos no estudo. Embora existam controvérsias, a maioria dos estudos associou a contagem de células T CD4 mais elevada e/ou os baixos níveis CV do HIV no momento da vacinação ao desenvolvimento de resposta imune satisfatória. Nesse sentido, é importante perceber a importância da terapia antirretroviral, auxiliar na recuperação do sistema imune, no desenvolvimento de repostas adequadas aos antígenos introduzidos por meio da vacinação, assim como a necessidade de esquemas diferenciados de imunização, incluindo, quando necessário, uma terceira dose da vacina. O monitoramento da resposta também se torna imprescindível no acompanhamento dos esquemas de vacinação, não somente, mas especialmente no paciente imunocomprometido. Além disso, fatores como o uso de álcool, drogas injetáveis e desnutrição, que afetam as respostas à vacinação(38), são prevalentes em populações soropositivas e devem ser controlados, pois podem produzir resultados insatisfatórios. CONSIDERAÇÕES FINAIS A infecção pelo HAV é comum em crianças de regiões endêmicas, as quais geralmente desenvolvem infecção assintomática. Em adultos, no entanto, a infecção pelo HAV pode ser acompanhada por sintomas clínicos graves e até mesmo hepatite fulminante. Em pacientes imunocomprometidos, como o paciente HIV, a infecção pelo HAV não parece diferir da infecção que ocorre em indivíduos imunocompetentes, com relação aos sintomas clínicos; no entanto, a viremia e a excreção de vírus infectante nas fezes ocorrem por um período prolongado, o que pode favorecer a ocorrência de surtos de hepatite A na comunidade. Embora os estudos avaliando a eficiência da vacina contra o HAV em pacientes HIV soropositivos apresentem resultados bem variados com relação à eficiência da vacina, especialistas recomendam que a vacinação seja feita em indivíduos em situações de risco como os MSM, especialmente se soropositivos para o HIV e que apresentem baixas taxas ou mesmo ausência de anticorpos protetores contra o vírus da hepatite A. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Cockayne E. Catarrhal jaundice, sporadic and epidemic, and its relation to acute yellow atrophy of the liver. Q J Med 1912;6:1-29. 2. Roque Afonso A, Mackiewicz V, Dussaix E. 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Segundo o conferencista, drogas imunomoduladoras poderiam ser utilizadas com sucesso nesses pacientes, já que a ativação imune constante, uma característica da infecção pelo HIV, é importante não só na replicação do HIV e em seus efeitos deletérios sobre o sistema imune, mas também contribui significativamente para os danos e a inflamação hepática nos pacientes HCV ou HBV co-infectados. Ainda nessa linha, abordando a resposta imune na coinfecção, Rallón e equipe apresentaram um estudo sobre a influência das células T regulatórias e a produção de TGF-β no desenvolvimento de fibrose em pacientes HIVHCV co-infectados1. Os autores avaliaram 88 indivíduos, dos quais, 20 eram HCV monoinfectados, 42 HIV-HCV co-infectados e 26 controles. Os autores avaliaram a produção de TGF-β pelas células T regulatórias por meio de ELISA. As células T regulatórias foram identificadas nesse estudo pelos marcadores CD4 e Foxp3. Os pacientes HIV-HCV apresentaram níveis mais elevados de RNA do HCV e menores contagens de linfócitos T CD4 quando comparados aos indivíduos HCV monoinfectados. Os pacientes HIV-HCV co-infectados apresentaram porcentagem de células CD4+Foxp3+ mais elevada quando comparados aos indivíduos HCV monoinfectados, enquanto os níveis plasmáticos de TGF-β não diferiram entre os grupos. Avaliando os pacientes de acordo com o grau de fibrose, os autores verificaram níveis mais elevados de TGF-β naqueles com menor grau de fibrose. Os autores sugerem o efeito protetor do TGF-β nesses pacientes. Voguel e equipe2 avaliaram a progressão da fibrose após infecção aguda em pacientes HIV soropositivos. Os autores seguiram 13 pacientes HIV soropositivos com infecção aguda pelo HCV por aproximadamente 1,2 anos. Apenas Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 27) 1 desenvolveu cirrose durante o seguimento, sendo que a taxa de progressão para fibrose (FPR) foi de 0,7 unidades por ano. Este estudo contrasta com os anteriores que demonstram elevadas taxas de desenvolvimento de fibrose entre pacientes HIV com infecção aguda pelo HCV (FPR de 4,3 U/ano), no entanto, apresenta uma coorte muito pequena e não permite conclusões definitivas. O estudo de Page e equipe3 discutiu o papel das células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) como reservatórios da infecção pelo HCV. Embora o HCV replique primariamente em hepatócitos, existem evidências de que o vírus pode replicar em PBMCs, especialmente em indivíduos HIV soropositivos. O estudo avaliou 26 pacientes HIV soropositivos co-infectados pelo HCV foram incluídos no estudo, dos quais, 6 espontaneamente eliminaram a infecção pelo HCV, 10 obtiveram supressão da replicação do HCV (SVR – sustained virological response). Os autores não verificaram a presença de RNA do HCV nas PBMCs dos pacientes incluídos no estudo e sugerem que a presença de RNA do HCV em indivíduos que apresentaram SVR nos últimos 6 meses se deve a uma nova infecção e não a reativação a partir de reservatórios como as PBMCs. O estudo de Blackard e equipe4 avaliou a presença do HIV em hepatócitos. Os autores avaliaram biópsias hepáticas de16 indivíduos HIV soropositivos. Desses, 9 apresentaram positividade para RNA do HCV. A média da contagem de células T CD4 nesses indivíduos foi de 346 céls/mm3, enquanto a média da CV do HIV foi de 65,42 cópias/mL. Sete desses indivíduos eram co-infectados pelo HCV. Os autores sugerem que determinadas variantes do HIV podem replicar em células hepáticas. Estes e outros trabalhos apresentados no Workshop podem ser consultados na página da Virology Education. 1. Abstract O_01 – Immunology of HCV – Influence of regulatory T cells and transforming growth factor-beta 1 on liver fibrosis in HIV-infected patients with chronic hepatitis C. N Rallon, P Barreiro, V Soriano, M Lopez, J Garcia-Samaniego, P Labarga, M Romero, J González-Lahoz, J Benito. Reviews in Antiviral Therapy 4, 2009. 2. Abstract O-11 – Liver fibrosis progression after acute HCV infection in HIV-positive individuals. M Voguel, C Schwarze-Zander, E Anadol, P Ingiliz, J-C Wasmuth, JK Rockstroh. Reviews in Antiviral Therapy 4, 2009. 3. Abstract P_02 – Do peripheral blood mononuclear cells act as reservoirs for HCV? E Page, A Cox, A Atkins, M Nelson. Reviews in Antiviral Therapy 4, 2009. 4. Abstract P_20 – HIV is frequently detected in liver biopsy tissue. J Blackard, G Ma, S Rouster, A Barret, T Shata, K Sherman. Reviews in Antiviral Therapy 4, 2009. 27 Resumo de Teses Aluno (a): Ana Cristina Magazoni Bragheto Orientador: Ana Maria Pimenta Carvalho Dissertação de Mestrado Instituição: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) Título: Crianças portadoras de HIV/AIDS: desenvolvimento emocional e competência social Trata-se de um estudo descritivo e transversal realizado em uma Unidade especializada de tratamento de doenças infecciosas de um hospital escola do interior do estado de São Paulo e em uma creche de interior do estado de São Paulo. Tem como objetivo geral identificar quais as características pessoais que podem constituirse em fatores de resiliência em crianças portadoras do HIV/AIDS. Os objetivos específicos são: avaliar, por meio de crianças, pais e ou cuidadores de crianças portadoras do HIV/AIDS, quais são as competências sociais, o desempenho escolar e o desenvolvimento cognitivo e emocional destas crianças. A amostra foi constituída por crianças de 7 a 12 anos, sendo 15 crianças portadoras do HIV/AIDS e seus respectivos cuidadores e 15 crianças sem doença crônica e seus respectivos cuidadores. Para a coleta de dados foi utilizado o Teste de Desempenho Escolar (TDE), que avalia o desempenho escolar, o Questionário de Capacidades e Dificuldades da Criança (SDQ) que avalia as competências sociais e o Desenho da Figura Humana (DFH), que avalia desenvolvimento emocional e cognitivo. A análise dos dados foi feita mediante o cômputo dos escores de cada criança nos domínios avaliados e segundo as instruções de uso de cada instrumento. Os escores dos dois grupos, grupo pesquisa (crianças portadoras HIV/ AIDS) e grupo controle (crianças sem doença crônica) foram comparados utilizando-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney e o teste Exato de Fisher. Os resultados mostraram que não houve diferença no desempenho escolar entre os grupos avaliados; há diferenças significativas quanto ao desenvolvimento emocional e cognitivo entre as crianças dos dois grupos, sendo que aquelas portadoras de HIV/AIDS apresentaram mais comprometidas nesses dois aspectos. Quanto à avaliação comportamental, os dois grupos não diferiram entre si, com exceção do domínio relacionamento com colegas. As crianças portadoras de HIV/AIDS mostraram menos problemas com colegas no grupo que as crianças sem doença crônica. Conclui-se que existe comprometimento cognitivo e emocional nas crianças portadoras do HIV/AIDS. Quanto ao desempenho escolar verificou-se nos dois grupos desempenhos aquém do esperado. Parece que, a despeito da condição da criança, as condições das escolas não estão favorecendo esse desempenho. Com relação à avaliação comportamental o resultado relativo à diferença entre os dois grupos quanto ao relacionamento com colegas sugere que as crianças portadoras de HIV/AIDS 28 possam ter menos problemas nesse domínio em função terem menos oportunidades de interação. É possível que esse resultado se deva a dificuldades vividas em suas rotinas em decorrência de processos de estigmatização. Os achados desta pesquisa fornecem subsídios para traçar estratégias de cuidados e assistência a criança portadora de HIV/AIDS e, sobretudo, levantam aspectos a ser investigados em outros estudos. Aluno (a): Daniela Teixeira Orientador: Ricardo Sobhie Diaz Dissertação de Mestrado Instituição: Universidade Federal de São Paulo A identificação de 42 formas recombinantes circulantes (CRF) de HIV-1, juntamente com suas inúmeras formas recombinantes únicas, evidencia ainda mais o papel da recombinação gênica para esta epidemia. No Brasil, os subtipos B, F e C co-circulam, sendo que cinco CRF entre eles foram recém descobertas. A PCR em tempo real é uma ferramenta rápida, confiável e capaz de detectar diferentes subtipos de HIV-1 e suas formas recombinantes. O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas de PCR em tempo real capazes de detectar vírus dos subtipos B e F, bem como recombinantes B/F gerados por ensaios de competição in vitro, e, assim, obter uma ferramenta para triagem das CRF brasileiras, 28 e 29, também recombinantes B/F. No futuro, estes sistemas serão testados para discriminação de subtipos de amostras clínicas. Células MT-4 foram infectadas separadamente pelos isolados virais BZ167 (subtipo B) e BR020 (subtipo F), e o sobrenadante foi coletado para otimização dos sistemas de PCR em tempo real (TaqMan) desenvolvidos para detectar o subtipo de diferentes regiões genômicas, incluindo o gene pol (protease, transcriptase reversa, integrase) e o gene env (gp120 e gp41). Os primers desenhados deveriam amplificar igualmente o subtipo B e F; por outro lado, foram necessárias sondas subtipo-específicas capazes de detectar o subtipo presente no sobrenadante da cultura. As células MT-4 também foram co-infectadas por ambos os isolados, B e F, em iguais condições, para averiguação da possível geração de recombinantes. Para futura validação do uso destes sistemas em amostras clínicas, 160 amostras provenientes do Município de Santos, submetidas à genotipagem, foram seqüenciadas e subtipadas para as cinco regiões genômicas estudadas, utilizando o pacote Philip 3.5, sendo Neighbor-Joining o algoritmo de escolha. Os sistemas desenvolvidos apresentaram-se capazes de detectar especificamente os isolados virais. A eficiência estimada para cada sistema, sendo um cálculo para a sonda do subtipo B e outro para F foram de, respectivamente: 80,97 e 107,83% para a região da protease; 89,80 e 75,09% para a região da transcriptase reversa; 80,90 e Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 28-29) 83,83% para a região da integrase; 93,49 e 98,93% para a região da gp120; e 88,45 e 80,19% para a região da gp41. Nos ensaios de co-cultivo, a detecção de cada subtipo na primeira e na quinta passagem aconteceu de forma diferente, com variações na média dos valores de Ct de intensidade diferentes. De uma forma geral, a concentração inicial do subtipo B pareceu diminuir enquanto do subtipo F pareceu aumentar ao longo das passagens para todas as regiões amplificadas (protease, transcriptase reversa, gp120 e gp41), chegando a ficar indetectável em algumas regiões. A exceção foi a região da integrase, para qual foi detectado sinal somente para o subtipo B, sendo este sinal crescente ao longo do tempo. Do seqüenciamento e subtipagem das 160 amostras provenientes da cidade de Santos, foram obtidas seqüências de todas as regiões estudadas para 65 amostras. Destas, 36 foram subtipadas como B em todas as regiões, e somente duas como F. De acordo com o padrão de distribuição de subtipos para as regiões, foram encontradas 13 seqüências com o padrão da CRF_28 e 9 no padrão da CRF_29. Nenhum subtipo C foi encontrado em nenhuma das regiões em estudo. O uso da técnica de PCR em tempo real para identificação de subtipos de fragmentos em cultura celular e para avaliação da dinâmica replicativa da recombinação em culturas coinfectadas reforça seu potencial uso em futuros testes in vivo para identificação de estruturas recombinantes. Esta metodologia mostrou ser eficiente, de mais fácil manipulação e mais econômica que o seqüenciamento de DNA. Os ensaios de co-cultivo amplificados pelos sistemas desenvolvidos sugeriram uma distribuição divergente nos subtipos resultantes para as diferentes regiões, sendo um grande indicativo de recombinação. O seqüenciamento das amostras clínicas evidenciou a importância das CRF em estudo, devido sua notável presença na amostragem utilizada, sendo um reflexo da epidemia de um local de grande circulação de mais de um subtipo. Aluno (a): Rodrigo Pires dos Santos Orientador (a): Luciano Zubaran Goldani Tese de Doutorado Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: Micobacteriose disseminada em pacientes infectados pelo HIV: características clínicas de apresentação e análise de mortalidade A prevalência da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 2007 foi de 32 milhões de pacientes infectados. Das infecções oportunistas as micobactérias estão entre as principais causas de febre em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), apesar de que o uso da terapia anti-retroviral de alta potência (HAART) tenha diminuído a incidência de infecções oportunistas em pacientes com HIV. Em 2007, cerca de 700.000 pacientes apresentavam a co-infecção HIV e tuberculose (TB). Em países desenvolvidos as infecções pelo Mycobacterium avium complex (MAC) são a principal causa de infecção bacteriana em pacientes com SIDA. A apresentação clínica, laboratorial e radiológica Tendências em HIV • AIDS (Volume 4 - Número 2 - 28-29) das infecções por micobactéria é inespecífica. Alguns estudos têm identificado as características que podem sugerir a infecção por TB ou MOTT (Mycobacteria Other Than Tuberculosis). Ainda, o diagnóstico definitivo é demorado, pois depende do crescimento em cultura de um microorganismo de crescimento lento. O prognóstico destas infecções mesmo que tratadas adequadamente, é ruim. O tratamento é difícil e a mortalidade alta. Apesar da diminuição das infecções oportunistas em pacientes com SIDA, estas continuam a ocorrer, principalmente em países em que os pacientes não têm acesso ao HAART. Estudos comparando a apresentação clínica de infecções por TB e MAC incluíram um número pequeno de pacientes e as conclusões foram diversas. A mortalidade das infecções por TB e MOTT em pacientes com SIDA é elevada. Para pacientes com TB disseminada fatores preditores de mortalidade não foram determinados. Objetivos: Determinar e comparar os aspectos clínicos, laboratoriais e radiológicos em pacientes com infecção disseminada por TB e pelo MOTT, e a mortalidade hospitalar relacionada a essas infecções, identificando preditores clínicos de mortalidade. Através de um estudo retrospectivo de coorte revisaram-se os prontuários de todos pacientes com SIDA e micobacteriose disseminada (TB e MOTT) que internaram no HCPA entre 1996 e 2008. Na linha de base desta coorte foram incluídos 96 pacientes para a comparação entre a apresentação clínica dos pacientes com TB (N=65) e MOTT (N=31). Pacientes com MOTT apresentavam contagem de CD4 inferiores (mediana de 12 células/mm3 vs 42 células/mm3 para TB; P=0,002). Os pacientes com TB apresentavam mais baciloscopia positiva (48,0% vs 13,6%, P=0,01). Não houve diferença estatisticamente significativa na apresentação clínica entre as duas doenças. Os pacientes com TB apresentaram níveis medianos de lactato desidrogenase - LDH - (725,0 UI/l vs 569,0 UI/l, P=0,03) e aspartato aminotransferase - AST- (69,0 UI/l vs 45,0 UI/l, P=0,02) mais elevados que os pacientes com MOTT. Com relação à apresentação radiológica, infiltrado miliar ao Raio-X de tórax foi visto somente em pacientes com TB (28,1% vs 0,0%. P=0,01); derrame pleural foi mais comum em pacientes com TB (45,6% vs 13,0%; P=0,003). Adenopatia abdominal (73,1% vs 33,3%; P=0,003) e hipodensidades esplênicas (38,5% vs 0,0%; P=0,002) ocorreram com mais freqüência em pacientes com TB. A mortalidade foi estudada em 118 pacientes, 82 com TB e 35 com MOTT. A mortalidade hospitalar foi de 37,4%. Na análise multivariada os fatores associados à mortalidade hospitalar e TB foram: baixos níveis de albumina (P=0,01) e internação em unidade de terapia intensiva (P=0,04). Para os pacientes com MOTT, a não utilização de terapia específica foi associada com maior mortalidade hospitalar (P=0,03). Conclusão: Níveis mais elevados de AST e LDH, infiltrado miliar e derrame pleural ao Raio-X de tórax, adenomegalias abdominais e hipodensidades esplênicas associaram-se com o diagnóstico de TB. A infecção disseminada por micobactérias está associada com uma alta mortalidade hospitalar. A não utilização de terapia especifica para pacientes com MOTT e a hipoalbuminemia em pacientes com TB foram fatores preditores de maior mortalidade. 29 TENDÊNCIAS EM HIV/AIDS INSTRUÇÕES AOS AUTORES A revista Tendências em HIV/AIDS é uma publicação trimestral da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. O intuito dessa publicação é apresentar artigos de revisão preparados por especialistas da área que expressem o conhecimento e a experiência desses pesquisadores. Os artigos são todos escritos por líderes de opinião nesse campo do conhecimento com o intuito de conhecer como caminha a ciência na área, principalmente no que possa refletir a prática do dia-a-dia do clínico. Muitas das estratégias e opiniões aqui apresentadas são inovadoras e modernas. Portanto, os conceitos apresentados podem estar à frente de consensos e da prática corriqueira atual. Dessa forma, pretende-se manter a missão deste periódico, que é a de disseminar a informação de alta qualidade e com potencial inovador. O seleto corpo editorial da revista é também responsável pela escolha dos temas de interesse e pela indicação de especialistas que se dedicam ao desenvolvimento desses temas. A aprovação dos artigos está sujeita à avaliação por uma comissão de revisores que recebem o texto de forma anônima e decidem por sua publicação, sugerem modificações, requisitam esclarecimentos aos autores e efetuam recomendações ao Editor Chefe que por fim as encaminha aos autores. Categorias: O próprio autor deve indicar se o seu texto pertence à categoria: a) artigo de revisão b) artigo de atualização c) relato de caso A Tendências em HIV/AIDS também publica resumos de teses sobre HIV/AIDS defendidas no trimestre anterior e resumos de congressos. Artigos de revisão e atualização: Devem ser apresentados de forma didática e conter: resumo, palavraschave, abstract, Keywords, texto, referências bibliográficas. Tabelas e figuras também podem ser apresentadas, se necessário. Relatos de Caso: Deverão conter: resumo, palavras-chave, abstract, Keywords, introdução, descrição do caso, discussão. Normas para preparação dos artigos Os artigos devem ser redigidos em língua portuguesa. É obrigatória a apresentação de um resumo em português e um em inglês. Os artigos devem ser digitados no MS Word, formato txt e encaminhados por e-mail, no endereço eletrônico: [email protected] Em caso de aceite, o autor será comunicado e o artigo será publicado mediante apresentação de carta de autorização de publicação assinada pelos autores. Os autores devem certificar-se de que o manuscrito está de acordo com as “instruções aos autores”. O protocolo estabelece que: a) Os conceitos emitidos nos artigos são de total responsabilidade dos autores; b) Os artigos devem ser inéditos, ou seja, não devem ter sido publicados anteriormente, nem devem ter sido disponibilizados na Internet, com exceção das teses, dissertações e dos trabalhos apresentados em congressos; c) Caso sugestões ou mudanças sejam sugeridas aos autores como condição para publicação na Tendências em HIV/AIDS, os autores devem responder se aceitam ou não essas sugestões dentro de um prazo de 48 horas. Os casos omissos serão resolvidos pela Diretoria da Tendências em HIV/AIDS. Os artigos enviados passarão a ser propriedade da Tendências em HIV/AIDS. d) Uma vez aceito para publicação, o artigo torna-se propriedade Tendências em HIV/AIDS e somente a revista poderá autorizar a reprodução dos artigos nela contidos. e) A publicação do artigo, quando aceita, obedecerá à programação editorial. Página de rosto A página de rosto deve conter: a) o título do artigo, na língua portuguesa e em inglês; b) Categoria a que pertence o trabalho; c) nome completo dos autores e afiliação institucional; d) nome endereço, telefone e e-mail do autor responsável para correspondência. Segunda página a) Resumo, sem exceder 200 palavras; b) Abstract: versão fidedigna do resumo; c) 3 a 6 palavras-chave extraídas do vocabulário DeCS - Descritores de Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br); d) 3 a 6 keywords, baseadas no MeSH - Medical Subject Headings sss(http://www.nlm.nih.gov/cgi/mesh/2006/MB_cgi). Caso não sejam encontrados descritores apropriados para cobrirem o assunto do trabalho, poderão ser indicados termos ou expressões de uso conhecido. Referências Bibliográficas As referências devem ser numerar de forma consecutiva, de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, utilizando-se números arábicos sobrescritos e entre parênteses. As referências devem seguir o estilo Vancouver, como exemplificado: Revistas Científicas Linnen J, Wages J, Jr., Zhang-Keck ZY, Fry KE, Krawczynski KZ, Alter H, et al. Molecular cloning and disease association of hepatitis G virus: a transfusion-transmissible agent. Science 1996;271(5248):505-8. Livros Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leadership skills. 2nd ed. Albany(NY): Delmar Publisher; 1996. Capítulos de Livro Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. P. 465-78. Anais de Congressos Kimura J, Shibasaki H. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996. Dissertações e Teses Kaplan SJ. Post-hospital home health care: the elderly’s access and utilization [dissertation]. St. Louis(MO): Washington Univ.; 1995. Tabelas e Ilustrações a) todas as partes do artigo devem ser incluídas em um único arquivo, sendo que as tabelas e as ilustrações devem ser apresentadas ao final do corpo do texto, após as referências bibliográficas; b) as tabelas deverão ser numeradas seqüencialmente através de algarismos arábicos e identificadas na parte superior pelo termo “Tabela” seguido do número, dois pontos, espaço e seu título; c) as ilustrações deverão ser numeradas seqüencialmente através de algarismos arábicos e identificadas na parte inferior pelo termo “Figura” seguido do número, dois pontos, espaço e seu título; d) os títulos das tabelas devem ser suficientemente explicativos. Conflito de Interesses Conforme exigências do Comitê Internacional de Editores de Diários Médicos (ICMJE), grupo Vancouver e resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000 os autores têm a responsabilidade de reconhecer e declarar conflitos de interesse financeiros e outros (comercial, pessoal, político, etc.) envolvidos no desenvolvimento do trabalho apresentado para publicação. Reprodução Somente a Tendências em HIV/AIDS poderá autorizar a reprodução dos artigos nelas contidos. Estamos acessíveis a críticas e sugestões e poderemos ser contatados pelos endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected] Dúvidas e sugestões também podem ser resolvidas através da editora: Atha Comunicação e Editora A/C: Fernanda Colmatti/ Arthur T. Assis Rua: Machado Bittencourt,190, cj.410 - Vila Mariana - São Paulo - Capital - CEP 04044-000 - [email protected] w w w.pf iz e r.co m .b r MVD0906 Revista Tendências em HIV-Aids vol.4 nº 2 a vida tem de melhor é preciso ter saúde. A Pfizer investe em pesquisas, na geração d e b e m - e s t a r e n a q u a l i d a d e d e v i d a . Po r t r á s d i s s o , e s t á o n o s s o e m p e n h o e m proporcionar um mundo melhor para as pessoas, em todos os momentos de suas vidas. 491043 Faça como a gente: pesquise maneiras de ser feliz. Para aproveitar o que