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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Centro Acadêmico de Línguas Estrangeiras Modernas Curso de Especialização Em Línguas Estrangeiras Modernas CLÁUDIA APARECIDA WENDRECHOSKI CIVILIZAÇÃO FRANCESA NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM OLHAR SOBRE MANUAIS DO ALUNO Curitiba 2008 2 CLÁUDIA APARECIDA WENDRECHOSKI CIVILIZAÇÃO FRANCESA NO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM OLHAR SOBRE MANUAIS DO ALUNO Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Especialização em Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientadora: Prof. Maclovia Corrêa da Silva Curitiba 2008 3 TERMO DE APROVAÇÃO CLÁUDIA APARECIDA WENDRECHOSKI Civilização francesa no processo ensino/aprendizagem de francês língua estrangeira: um olhar sobre manuais do aluno Monografia aprovada com nota...........como requisito parcial para obtenção de título de Especialista, pelo Curso de Especialização em Ensino de Línguas Estrangeiras Modernas, pelo Centro Acadêmico de Línguas Estrangeiras Modernas - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora: Banca: Profa. Maclovia Corrêa da Silva - Orientadora: Universidade Tecnológica Federal do Paraná Profa. Maristela Werner Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Almir Correia Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenadora: Miriam Sester Retorta Universidade Tecnológica Federal do Paraná CURITIBA 2008 4 RESUMO Essa monografia trata de aspectos de civilização francesa no processo ensino/aprendizagem de Francês Língua Estrangeira tendo como suporte de análise os manuais ou métodos propostos por didáticos franceses. A compreensão do ensino da Língua Estrangeira passando por conceitos e pelas diferentes esferas do relacionamento humano, a histórica, a artística e a lingüística, os hábitos, a cultura em geral, aproxima mais o aluno do país que pretende visitar ou trabalhar. O objetivo é mostrar o papel do cotidiano francês nas práticas de comunicação lingüística propostas para o ensino de língua estrangeira. Conhecer a língua francesa também significa ter noções de comportamento e a visão de mundo do povo que adotou essa língua. Fez-se uma abordagem inicial do que os franceses denominam civilização, percorrendo livros e sites eletrônicos da área. Em seguida, foram selecionados métodos de francês ofertados no mercado para aqueles que desejam ensinar e aprender a língua. Os manuais ou métodos de francês propõem um percurso obrigatório sobre a língua padrão, e para que o processo ensino-aprendizagem ocorra é necessário realizar atividades gramaticais, funcionais e culturais. Foram escolhidos para análise quatro métodos mais concorridos como modelos adotados em cursos livres de línguas e universidades, elaborados em épocas diferentes. Neles foram observados aspectos de civilização que são enfatizados e o papel socio-cultural deles no contexto lingüístico. 5 ABSTRACT This work is about the French civilization aspects in the teaching and learning process of foreign French language having as analysis support the manuals proposed for French didactic experts. The comprehension of the foreign language teaching passing by concepts and by the different regards of human relationship, the historic, the artistic and the linguistic, the habits, and the culture in general, approaches more the pupil to the country that he intends to visit or to work. The goal is to show the role of the French day-to-day in the linguistic communication practices proposed to foreign language teaching. To know the French language also means to have behavior notions and world vision of the people that adopted that language. An initial view of what the French people denominates civilization, going through the books and electronic sites. Then, we selected four French manuals presented in the market for the ones who wish to teach and to learn the language. The manuals propose an obligatory way by the standard language and it is necessary that the teaching and learning process follows the grammatical, functional and cultural activities to be successful. The manuals chosen for analysis, elaborated in different times, are the ones adopted in the free language courses, universities. The focus was to study the civilization aspects and the socio cultural role in the linguistic context. 6 SUMÁRIO TERMO DE APROVAÇÃO ................................................................................................. 3 RESUMO .............................................................................................................................. 4 ABSTRACT........................................................................................................................... 5 SUMÁRIO............................................................................................................................. 6 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 7 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 9 1. 2 PROBLEMA DE PESQUISA.............................................................................................. 9 1. 2. 1 Objetivo Geral............................................................................................................................. 10 1. 2. 2 Objetivos Específicos.................................................................................................................. 10 1. 2. 3 Metodologia ................................................................................................................................ 10 1. 3 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS .................................................................................... 10 SEGUNDO CAPÍTULO - CIVILIZAÇÃO FRANCESA.................................................. 12 2.1 CIVILIZAÇÃO: CONCEITOS.......................................................................................... 12 2. 2 A LÍNGUA FRANCESA.................................................................................................... 13 2.3 ASPECTOS CULTURAIS FRANCESES ......................................................................... 14 2. 3. 1 TURISMO ....................................................................................................................... 17 TERCEIRO CAPÍTULO - ANÁLISE DOS MANUAIS ................................................... 20 3.1 OS MANUAIS DE ENSINO DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA...................... 20 3.1.2 Registros lingüísticos abordados pelos manuais ........................................................................... 21 3.2 OS MÉTODOS DE FRANCÊS .......................................................................................... 21 3.3 MÉTHODE DE FRANÇAIS FORUM 1 ........................................................................... 22 3. 4 MÉTHODE DE FRANÇAIS LIBRE-ÉCHANGE 1........................................................ 26 3.5 MÉTHODE DE FRANÇAIS - TEMPO 1 ........................................................................ 30 3.6 MÉTHODE DE FRANÇAIS - REFLETS 1 ...................................................................... 33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 39 ANEXOS ............................................................................................................................. 42 Anexo 1 – Forum - Méthode de Français 1............................................................................. 42 Anexo 2 Libre Echange - Méthode de Français 1 .................................................................. 43 Anexo 3 – Reflets - Méthode de Français 1.............................................................................. 44 Anexo 4 Tempo - Méthode de Français 1 ................................................................................ 45 7 1 INTRODUÇÃO O ser humano, como parte de sua herança biológica, nasce com sensibilidade, uma porta de entrada das sensações internas, involuntárias, e a percepção, elaboração mental das sensações. Com a qualificação dinâmica, a sensibilidade pode se transformar em criatividade, dependendo da atividade social. Caso ela não seja significativa, não há estimulação da sensibilidade, e da percepção, e não haverá criatividade. Ostrower (1978) explica que com o desenvolvimento da socialização, através dos séculos, nas formas de convívio entre as pessoas e a cultura, aconteceu a construção do pensamento humano. Não há, para o ser humano, um desenvolvimento biológico que possa ocorrer independente do cultural. O comportamento de cada ser humano se molda pelos padrões culturais históricos , do grupo em que o individuo, nasce, cresce. Ainda vinculado aos mesmos padrões coletivos, ele se desenvolverá enquanto individualidade com seu modo pessoal de agir, seus sonhos, suas aspirações e suas eventuais realizações (OSTROWER, 1978, p12). O autor diz que a criatividade é uma força crescente, uma tensão psíquica, que quando canalizada para fins construtivos, transforma-se em potencial criador. O estado de tensão de criar, ordena, interpreta, propõe e impele o fazer (Ostrower, 1978, p. 28). Exemplos deste estado emocional podem ser exemplificados pelos registros da história: artistas como Prost, Kafka, Van Gogh, Gauguin, Munch tiveram graves conflitos emocionais com agravamento da tensão psíquica, ao produzirem suas obras. Vigotsky relaciona a importância do convívio social para o progresso pessoal do indivíduo no seu meio cultural: Quando mais veja, ouça, experimente, quanto mais aprenda e assimile, quanto mais elementos da realidade disponha em sua experiência, tanto mais considerável e produtiva será, como as outras circunstâncias, a atividade de sua imaginação (VIGOTSKY, 1984, p.18). Segundo Ostrower (1978), o ser humano aparece na história como um ser cultural, com práticas realizadas em conjunto, e repassadas para as gerações sucessivas. São “formas materiais e espirituais com que os indivíduos de um grupo convivem, nas quais atuam e se comunicam, cuja experiência coletiva pode ser transmitida através de vias simbólicas para geração seguinte” (OSTROWER, 1978, p.13) 8 A cultura dos povos se faz no convívio social, se modifica se enriquece e se acumula através dos tempos. Com o potencial sensível e consciente, o ser humano encontra referenciais para suas atitudes e comportamentos. Nessa evolução conjunta de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade nascem os conceitos de civilização. Estes adquirem uma oposição ao conceito de selvageria, rusticidade e incivilidade. Como não houve simetria de idéias, de condições ambientais, materiais, intelectuais e espirituais, os povos se desnivelaram na compreensão de mundo. Os registros de pinturas em cavernas informam às gerações sobre as civilizações pré-históricas. Segundo Andreas Lommel (1995), especialista do museu do etnologia de Munique, na Alemanha, “a arte pré-histórica da civilização e sua expressão na arte propriamente dita atingiu o apogeu nas pinturas das cavernas do sudoeste da França e do norte da Espanha cerca de 12.000 a.C” (p.11 ). A literatura, as artes plásticas, o teatro, a música retratam sempre um período, uma época, uma localidade, ou uma sociedade. Um povo existe junto com sua cultura, a qual veicula sua identidade, e “através da cultura é que nós conhecemos e por isso progredimos” (DIVARDIN, 2000, p. 3). A cultura da época glacial foi encontrada há 500 anos, com obras de arte da época Franco-Cantárbrica. São as famosas grutas de Altamira, Combarell, Font de Gaume, Niaux, Pair non Pair, com fósseis humanos e animais, pintura, gravações, desenhos, esculturas, cerâmica. O abade francês Henri Breuil (1877-1961) codificou as esculturas do Paleolítico superior, que compreende um período entre o ano 30.000 e 9.000 a.C. (ALVARES et. al. p.20, 1995). A cultura francesa é uma somatória de contribuições de vários povos conquistadores, celtas, romanos, alemães, e outros que deixaram influências marcadas na história. Faz parte da literatura, da economia, da pintura, da música, da história das idéias, que são aspectos das expressões dessa civilização, e para se ter acesso a esse conhecimento, é necessário estudar as obras de pensadores, de artistas, e de sábios, de se ter uma idéia do quadro geográfico, mas segundo Couchoud & Blancpain (1980), a civilização francesa “não é somente uma coleção de “grandes figuras”” (p.3). Como os alunos de francês “língua estrangeira” podem ter acesso a essa cultura civilizatória sem dominar a língua? Uma das maneiras é consultar os manuais dedicados a esse público, os quais se situam entre “um guia e um tratado”, com as delimitações 9 propostas pelos autores. Esse gênero textual1 está voltado para narrar fatos que elaboram na mente humana imagens de uma realidade não vivenciada pelo leitor, abrangendo os mais diversos aspectos que fazem parte do cotidiano do povo. Nos manuais, as situações de comunicação introduzem formas gramaticais e estilísticas, vocabulário, e as práticas do dia-a-dia de diferentes modos: no texto da lição, na rubrica das palavras escolhidas para a conversação, nos exercícios orais e nos escritos. O ensino de língua estrangeira está inseparável da realidade social na qual a língua se aplica (PAOLETTI & STEELE, 1983). 1.1 JUSTIFICATIVA Da importância da comunicação entre os povos falantes de línguas diversas, e das mudanças introduzidas pela mídia eletrônica provieram novas estruturas institucionais e sociais, ainda que atitudes e comportamentos tradicionais remanesçam. O educador Paulo Freire diz que a interpretação do mundo precede a leitura de um texto. A tendência da criação de cursos de idiomas e de manuais apropriados acompanha a globalização, e as escolas de língua estrangeira dedicam-se ao domínio de idiomas. A Aliança Francesa está no Brasil há 120 anos, e em Curitiba já ultrapassou a casa dos 60 anos. Seu trabalho é o ensino da língua e da cultura francesa (ALIANÇA FRANCESA, 2008). O presente trabalho destinou-se à pesquisa da cultura francesa, devido a sua profunda ligação com a cultura brasileira. Diferente de outras nações, o Brasil e a França trocaram experiências francamente. A pesquisa dessa monografia deve-se à importância do conhecimento da cultura francesa, sua interligação com a cultura brasileira e a sua importância no ensino da língua francesa. Os benefícios decorrentes do estudo das duas culturas vêm valorizar o intercâmbio cultural, a facilidade de expressão nos dois idiomas, facultar o aprendizado da língua francesa e as suas nuances, seus costumes e propiciar um maior entendimento. 1. 2 PROBLEMA DE PESQUISA 1 Nessa monografia entende-se o gênero textual a partir das concepções de Mikhail Bakhtin: os acontecimentos socio-discursivos são enunciados “relativamente estáveis” com semelhanças (1997). 10 Até que ponto questões de civilização, contidas em manuais, concorrem como elemento instigador de práticas comunicativas no processo ensino/aprendizagem de Francês Língua Estrangeira? 1. 2. 1 Objetivo Geral Verificar nos manuais como o tema da civilização francesa insere-se na estrutura gramatical da língua, e funciona como mecanismo de socialização no processo de ensinoaprendizagem. 1. 2. 2 Objetivos Específicos 1- Contextualizar as questões de civilização que identificam a sociedade francesa; 2- Mostrar como as questões de civilização francesa aproximam as técnicas didáticas e as formas de realização lingüísticas no desenrolar do processo ensino-aprendizagem de língua estrangeira; 3- Analisar manuais de ensino (méthodes de français) usados em sala de aula para o processo de ensino-aprendizagem destacando o papel socio-cultural do tema da civilização em situações e contextos de escrita e de fala. 1. 2. 3 Metodologia Para a organização do texto foi escolhido o método de natureza qualitativa, com a escolha e análise de bibliografia selecionada. 1. 3 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS Essa monografia está dividida em três capítulos. Na primeira parte, fez-se uma introdução ao tema, com a parte metodológica composta pela justificativa do tema, problema de pesquisa, e objetivos. No segundo capitulo foi feito um sobrevôo sobre os conceitos de civilização francesa a partir de autores que escreveram especificamente para o público desejoso de conhecer a França e seu cotidiano. Deu-se ênfase aos temas desenvolvidos como aqueles que representam mais significativamente o povo francês, como a questão das artes, da alimentação, da educação e da economia. No terceiro capítulo 11 foram feitas as análises nos próprios manuais de “Francês Língua Estrangeira” - FLE, observando os temas desenvolvidos com e sem o uso do termo “civilização”, e como eles são apresentados aos alunos. A monografia finalizou com as considerações finais. 12 SEGUNDO CAPÍTULO - CIVILIZAÇÃO FRANCESA 2.1 CIVILIZAÇÃO: CONCEITOS A noção do termo civilizado está associada ao seu oposto: a selvageria. Sempre o homem civilizado conquista o selvagem, e “um tem o que o outro não tem e, portanto, sabe o que este outro precisa para deixar de ser aquilo que é e, assim, passar a ser outra coisa” (LAJONQUÈRE, 2001, p. 51). A possibilidade dE ser civilizado distanciar-se da selvageria implica em um desenvolvimento da parte psicológica do ser humano, que é capaz de refletir sobre suas práticas, e a educação é “uma empresa de aperfeiçoamento natural ou de encarnação de um ideal de natureza necessária” (LAJONQUÈRE, 2001, p. 52). A sobrevivência do ser humano dependeu da formação de uma organização social. Segundo Durant: etnicamente a civilização é um equilíbrio e tensão entre os instintos primitivos dos homens e as inibições de um código moral. Sem as inibições os instintos destruiriam as civilizações, sem os instintos as inibições destruiriam a vida. O problema da moral é ajustar as inibições a fim de proteger a civilização sem enfraquecer a vida (DURANT, 1957, p. 1). Schultz (1980) afirma que os autores de manuais de civilização sempre correm o risco da subjetividade, mas, mesmo tentando fugir dessa situação não se pode falar da organização de um território e de uma sociedade, e do seu cotidiano pois estes não acontecem sem abordar atos coletivos e mentalidades. O “Guide de France”, um manual da civilização francesa dirigido às pessoas desejosas de compreender, conhecer e obter uma idéia geral do país, explica que civilização é “um conjunto vivo em que todos os elementos estão estreitamente solidários” (MICHAUD, 1966, p.4)”. História, geografia, língua, literatura, arte, costumes e instituições dão ao termo “civilização” força e unidade entre os elementos. “Quem diz civilização diz síntese” (Blancpain &, Couchoud, 1980, apud MICHAUD, 1966), e esta é essencial, dizem os autores, para se conhecer e estudar obras de pensadores, de artistas e sábios, da existência e sensibilidades coletivas, e ter uma idéia da geografia, da vida econômica, social e política. A escola está organizada para criar as condições adequadas de conduzir as aprendizagens dos alunos para os domínios almejados, e segue programas, métodos, e 13 meios de ensino adequados desenvolvidos pelos professores. Escolher os temas, fazer julgamentos sobre os aspectos, e os enfoques faz parte da organização do ensino. Na área da civilização, em especial da civilização francesa, os manuais e os guias educativos têm por objetivo ilustrar, com textos e imagens, dentre outras, questões de economia, relações internacionais, a sociedade, a vida política, a vida social e a cotidiana. A seguir, são repassadas idéias de temas de estudo da cultura francesa que estão abordados nos manuais de ensino de língua, e que ilustram a realidade social, e estimulam alunos, professores e interessados a buscarem um conhecimento mais aprofundado de civilização. Esses manuais são dedicados aos estudantes que não têm a língua francesa como língua materna, e por isso são empregados com sucesso para aqueles que desejam aprender o francês fundamental (ALVERNHE & BRUNSVICK, 1965). 2. 2 A LÍNGUA FRANCESA No início do século XVII, François de Malherbe definiu uma norma de uso das palavras francesas em suas obras poéticas e críticas e sob o patrocínio do cardeal Richelieu foi criado o Dicionário. Com a fundação da Academia Francesa em 1635, durante o reinado de Luis XIV, a língua francesa converteu-se em língua internacional da Europa (HISTOIRE DE FRANCE, 2007). Hoje, existe na França, uma língua oficial, devidamente codificada e supervisionada, há mais de três séculos, pela Academia Francesa. O Francês provém de um dialeto do norte do país, l´ILe-de–France, cujo centro já era Paris (antiga Lutécia) .Era um dos que, ao norte do rio Loire, compreendia Langue d”oil. Outros povos em geral, instalados ao sul do mesmo rio, relacionavam-se com La langue d’oc” (CORREIA, et al. p 9). 0s primeiros habitantes da França foram os gauleses um povo celta (HISTOIRE DE FRANCE, 2007). Em 121 a.C, os romanos ocuparam a cidade de Marselha, no sul do país, e fundaram outros assentamentos no interior que constituíram a base território da província romana da Gália Narbonense. Com a conquista de Julio Cesar, as tribos gaulesas abandonaram a língua celta, e adotaram o idioma das legiões romanas o “latim popular”. No século Vll, o latim havia sofrido numerosas modificações, devido à invasão dos povos bárbaros de origem germânica, e à colônia grega que se estabeleceu em Marselha. A partir do século IX, o francês antigo era a língua falada e permaneceu até o século XIV. A partir 14 dessa data, até o século XVI, falou-se o francês nomeado médio, e em fins do século XVI começou o francês moderno (CORREIA et al. p. 9). O vocabulário francês sofreu, através dos séculos, a influência de várias outras línguas, como por exemplo, aquelas faladas pelos gauleses, germânicos, árabes, turcos, italianos, espanhóis, hebreus, ingleses, escandinavos, eslavos, e africanos, além das palavras que provém do grego (CORREIA et al. p. 10). A língua permite exprimir pensamentos que permitem ajuntar uns para produzir outros, sem se enganar na escolha e os dispor adequadamente. O domínio e conhecimento da língua, da civilização por meio de métodos franceses ajudam a apreender os signos, e as formas de estruturação particular da gramática. O francês é a segunda língua estrangeira ensinada em escolas, depois do inglês. Ela é falada em 37 países e cinco continentes: África, América do Norte, Suíça e Bélgica na Europa, Guiana, e no Oceano Índico. Na França além mar, constituída por antigas colônias, que não possuíam o francês como primeira língua,- Guadalupe, Martinica, Reunião -, na ilha de Córsega, nas regiões La Savoie, Le Comté de Nice, e no Pacífico - Nova Caledonia, Wallis-et Futna e a Polinésia francesa, hoje desenvolvem características essenciais dessa língua (BÉRARD, et al., 1996, p, 68). 2.3 ASPECTOS CULTURAIS FRANCESES A cultura pode impregnar as práticas quotidianas. Ela envolve o processo de criação e se manifesta nas práticas, nas obras, nos produtos, na produtividade, na propaganda. É antes de tudo conexão e criação. Aparece como uma totalidade complexa, um sistema simbólico de significação e de entendimento, uma abstração presente no interior de um horizonte, percebida pelas práticas e pelas obras que ela informa, conectando estes horizontes a outros, mais ou menos distantes, se transmitindo de um momento a outro, se transformando sem cessar (MARTIN, 2007). As manifestações coletivas geradoras de música de danças, de costumes, de objetos de arte, das festas, como o carnaval, por exemplo, são ocasiões de divertimentos, com expressão simbólica, cheias de representações sociais. A criação característica da cultura é fonte de orgulho e produtora de ligação social. Ela é ao mesmo tempo, meio de conhecimento do mundo e recreação permanente deste mundo (MARTIN, 2007). 15 Desde o século XII, teve início um lento processo de transformação cultural a partir das cidades italianas, que se espalhou por toda a Europa. As cidades medievais tornavam-se centros de intensa produção intelectual, oferecendo cursos que abrangiam desde o ensino elementar até os altos estudos universitários. As atividades urbanas requeriam novas habilidades e conhecimentos como ler, escrever e calcular que eram indispensáveis à prática do comércio. Uma alteração da sensibilidade artística começava a se manifestar desde o século XIII, com a valorização da cultura greco-romana, do racionalismo e do naturalismo ameaçando o controle da igreja. A relação com a antiguidade não representava o desejo nostálgico de retorno ao passado. Os homens medievais queriam o poder, a ciência a arte e a filosofia dos antigos adaptada ao seu mundo. O desenvolvimento da nova cultura correspondia às necessidades da burguesia de se afirmar numa sociedade dominada pela nobreza e pelo clero. Desde cedo, ricos comerciantes denominados mecenas patrocinaram os artistas. Além do prestígio político que adquiriam esses comerciantes, eles contribuíram para a formação de um movimento cultural conhecido por Renascimento, que atingiu seu apogeu nos séculos XV e XVI e que de ser estudado em vários aspectos. (REVISTA CONCURSOS & VESTIBULAR HISTÓRIA, 2008). As mudanças mais comuns ao norte e sul dos Alpes foram a unificação da linguagem e estilo da arte antiga uma espécie de revive-la , tentando a recuperação das obras clássicas.A cultura clássica Greco- romana foi redescoberta nos mosteiros e catedrais Góticas. Os mosteiros foram verdadeiras escolas de arte. Na França as duas ordens principais foram, Cister e Cluny. A arquitetura desenvolveu–se na basílica de S. Martin de Tours, por exemplo, no batistério de São João de Poitiers, com uma nova arte para interpretar a sociedade. A imprensa ajudou na difusão da cultura (MARTINDALE, 1966, p.10). A literatura contribuiu para a construção da história da civilização francesa. Honoré de Balzac (1799) escreveu inúmeros romances, novelas de ficção realista e um conjunto de novelas analisando estudando e pintando a sociedade francesa e particularmente a burguesia da primeira metade do século XIX. Outros autores como Anatole France, Guy de Maupassant, La Bruyère, Fenélon, Massillon, Fleichier Pascal, e Bossuet deram continuidade a esses aspectos da vida francesa (HISTOIRE DE FRANCE, 2008). 16 A poesia e o teatro também foram espaços onde as pessoas puderam retratar fatos ou eventos do cotidiano na França. Jean Baptiste Racine (1639-1669), poeta e dramaturgo, foi um dos maiores representantes do teatro francês ao lado de Molière. Racine inicia sua trajetória em 1667, com a peça Andromaque. Usa os sentimentos de seus personagens e dá destaque aos papéis femininos. Apesar das tentativas de Voltaire, a tragédia decai na França. Molière é o mais conhecido do público brasileiro. Suas comédias contêm o espírito gaulês natural, um pouco rude e agressivo. Seus personagens são tipos característicos de todas as classes, de todos os tempos e de todos os papéis. Segundo Sérgio Milliet, O século XVII assimila o apogeu da cultura francesa, irradiando para o mundo ocidental as leis do gosto literário e artístico [...]. O teatro de Corneille, Racine e Molière constitui a Expressâo clássica da época [...].o que os renascentistas vinham procurando desde 1400 na literatura só desabrocha com esses autores franceses, figuras centrais de um movimento histórico, que tem como estrelas quase de igual grandeza, Descartes, Pascal, La Rochefoucault, La Bruyère (CHATEAUBRIAND,1950). Alphonse de Lamartine (1790-1869) umas das grandes figuras do romantismo, Victor Hugo (1802 1885) romancista e poeta, Alfred de Musset (1817-1857) poeta teatrólogo também são nomes que figuram nos estudos literários. O rei Francisco I foi o primeiro rei francês a proteger os artistas italianos que se estabeleceram na França. As atividades artísticas e as obras de artes realizadas no seu pavilhão de caça em Fontainebleau fazem parte de um acervo guardado na “Escola de Fontainebleau”. Os arquitetos Serlio e Pierre Cescot desenharam a fachada do Museu do Louvre. Escultores como Jean Goujon, Germain Pilon, Rodin eram artistas franceses empenhados no processo de desenvolver um estilo escultório próprio do idioma clássico. (MARTINDALE, 1966, p. 132). No século XII, em 1163 começou a construção da Notre Dame, consagrada em 1182. Paris tornou-se um importantíssimo centro musical, em virtude da construção da mesma catedral e do grupo de compositores pertencentes à chamada “Ecole de Notre Dame”. Leonin, que foi o primeiro mestre do coro da catedral e o seu sucessor Pérotin, trabalharam até 1225. Leonin escreveu muitas organas, duas linhas melódicas com intervalo inferior de quarta ou quinta. Pérotin revisou as organas anteriores, modernizou-as acrescentando uma terceira ou quarta voz. 17 No século XIII mudou-se a forma musical que passou a ser conhecida como motetus- do francês mots-palavras. Segundo Roy Bennet, Durante os séculos XII e XIII houve intensa produção de obras na forma de canção compostas pelos Troubadours os poetas-músicos do Sul da França e pelos Trouvers, a contrapartida destes no Norte. São duas palavras que estão associadas ao moderno verbo francês trouver que significa descobrir, de modo que Troubadours e trouvers eram aqueles que descobriam, ou inventavam poemas e melodias (1986, p. 17-18). Nas primeiras décadas do século XX, jovens compositores abandonaram o espírito medieval e adotaram o espírito surrealista. Charles Trenet cantou o amor por seu país, e Edith Piaf, Jacques Higelin, Toto Bissainthe, Colette Magny, Jean Guidon, Bernard Lavilliers, Catherine Sauvage, Yves Duteil, Francis Cabrel, Charles Aznavour aproximaram canções à cultura e língua francesa. (DOMINIQUE, et al. 1984, p, 183). Hoje, a música está espalhada pelas cidades. As estações mais musicais do metrô de Paris são Bastille, Chatellet, Odéon e Concorde. Nesses lugares sempre há alguém tocando, seja uma senhora tocando harpa, um senhor com acordeão, estudantes tocando flauta, clarinete ou um conjunto de cordas, ou alguém com o violão. Além de encantar os ouvintes, eles conseguem recolher trocados. O festival de verão - festival de Marais, Festival de Paris, apresentam concertos todas as tardes em locais prestigiados da capital francesa. Há também Festival de musica de câmara em igrejas. 2. 3. 1 TURISMO Antes de 1936 as férias eram por conta dos trabalhadores e eles necessitavam ter os meios para isso. Em 1936 foi anunciado que as férias seriam pagas. Após a guerra 19391945, e a ocupação alemã, os franceses conseguiram liberdade para sair em férias. Hoje em dia, o turista tornou-se um conhecedor, um consumidor, que sai nos meses de julho e agosto, mesmo sabendo que são os meses mais movimentados. Os destinos são próximos e também originais. Alguns preferem descobrir a natureza durante suas férias, na praia repousando e na companhia das crianças, no campo e outros destinos possíveis. Ele está atento ao seu bem estar, livre na natureza, em família, privilegiando a qualidade de vida (CAPELLE & GIDON, 1999, p,16). Um estudo realizado em 1996 mostrou que a concentração de visitantes em Paris e a região parisiense, mais as sete zonas que oferecem muitos sítios turísticos, recebem mais de 100.000 visitantes anuais (GRUNFELD, 1999). Na análise d´Alain Monferrand que foi secretário geral do conselho Nacional do Turismo na França, o momento é importante para 18 a tomada de consciência sobre a importância do turismo cultural e sua especificidade. Outro fator preponderante é a aglutinação entre cultura (p.14) e lazer, entre arte e divertimento (GRUNFELD, 1999, p.19). Ele constatou que a freqüência aos lugares culturais cedeu a outros, como por exemplo, sítios naturais, parques temáticos, aquários e zoológicos; que os viajantes não querem mais se limitar às opções culturais, mas descobrir por si mesmos, compreender, se expatriar, ver e sentir. A diferença entre alta cultura tradicional, como as belas artes, o teatro, a musica e a literatura, a visita aos monumentos e aos museus, as exposições, os concertos, as óperas motivou o turismo cultural. Com o advento da indústria cultural, como a moda, a gastronomia, as festas, a música, os lugares simbólicos, a chamada cultura popular se misturou à alta cultura, e passou a ser chamada unicamente cultura. Tudo é devido ao pós-modernismo (GRUNFELD, 1999, p, 18). O novo campo cultural se abre à descoberta individual com o aparecimento de novas formas de turismo cultural e com eles, um novo turista, que aparece como consumidor que persegue a cultura como forma de desenvolvimento pessoal, que se permite aprender por si mesmo, através das artes, das línguas, das práticas artesanais, dos costumes, da gastronomia. [...] Para facilitar este desenvolvimento é necessário encontrar os mediadores de boa formação que advertem das relações entre cultura global e local, capazes de apresentar o sítio, o monumento ou a paisagem sob diversos ângulos respondendo às solicitações de turistas curiosos e cultos (GRUNFELD, 1999, p., 20). Os sítios religiosos estão em primeiro lugar em visitação. Os castelos e as arquiteturas marcantes como Chambord e o Centro Georges Pompidou, os museus de belas artes, os museus históricos, os museus temáticos, científicos e técnicos, sítios e museus arqueológicos, eco museus e museus da sociedade, cidadelas fortificadas e arquiteturas militares, museus de ciências naturais, são nessa ordem os mais visitados. Tratando-se de freqüência total, os sítios culturais e não culturais misturados a região de Ile-de-France encabeça com 119,7 milhões de visitantes, 36%, número quatro vezes superior ao da região PACA. Três regiões totalizam mais de 52% do total de visitantes: Ile-de-France, Paca e Rhône-Alpes. Com Midi-Pyrénées, Poitou-Charentes e Languedoc-Roussilon, eles obtém dois terços dos visitantes (GRUNFELD, 1999, p. 16). 19 La Maison de France tem a função essencial na promoção do turismo para estrangeiros coordenando as coletividades territoriais, os profissionais, os ministérios concernentes. Em 1998 a França acolheu 70 milhões de turistas estrangeiros e nas estatísticas ficou em terceiro lugar, atrás dos Estados Unidos e da Itália. A secretaria de Estado do Turismo avaliando os resultados quer saber por que os estrangeiros gastam relativamente pouco na França. Os órgãos destinados ao turismo da secretaria de estado buscam soluções para resolver esta situação, embora os números de informações sejam insuficientes. A Agence Française D´Ingénierie Touristique – AFIT - age sobre a oferta de turismo e se coloca em situação de responder às exigências do mercado. Em colaboração estreita com a direção dos museus da França, com as coletividades territoriais e os proprietários particulares dos castelos, a agência. juntamente com os escritórios de estudos especializados, conduz numerosas ações em vista de profissionalizar a oferta turística cultural. O manual de vendas, é um documento essencial aos profissionais do turismo, que organizam as viagens, e as visitas de seus clientes. Contém dados sobre o patrimônio nacional: a história do monumento, sua localização sobre o mapa, as horas de abertura e as tarifas, os serviços ofertados, sobretudo as especialidades, o detalhamento das visitas com os horários e temas desenvolvidos, os endereços úteis da região, turísticos e alimentícios. Há também onze modos de visitas adaptáveis, aos da terceira idade, aos empregados e às crianças. 20 TERCEIRO CAPÍTULO - ANÁLISE DOS MANUAIS 3.1 OS MANUAIS DE ENSINO DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA Os livros do aluno brasileiro adotados em escolas para o ensino de língua francesa para falantes de português são denominados Méthodes de Français - Métodos de francês. A palavra “método”, no campo da didática significa técnica, e nos livros de língua estrangeira são apresentadas técnicas gerais de ensino-aprendizagem: articuladoras, comparativas, repetitivas, e corretivas. Por outro lado, a palavra “manual” contém os conceitos e as técnicas, e refere-se ao modo de emprego destes. Na verdade, é a realização física da metodologia enquanto filosofia pedagógica do processo ensino-aprendizagem, com seus conceitos e definições (CUQ, 1992). O francês enquanto língua estrangeira é um campo disciplinar com domínio próprio, e difere do francês “segunda língua”. Enquanto este ensino intensivo funciona ao mesmo tempo como língua de escolarização e língua de comunicação para estrangeiros, o “Francês Língua Estrangeira” é a língua ensinada para os brasileiros que falam o português tido como padrão. Pode ser que nesse estágio, a língua materna seja a única capaz de operacionalizar sua visão de mundo, e eles estejam buscando conhecer novas formas de interação em língua estrangeira. Gérard Vigner (2001) explica que o “francês segunda língua” (FLS) não pode ser ensinado com as práticas didáticas (progressão, organização das tarefas, exercícios de aperfeiçoamento) desenvolvidas para o ensino de “francês língua materna” (FLM), e aquelas para o “Francês Língua Estrangeira” (FLE). Os grandes domínios de expressão escrita e oral e o conhecimento da língua situam-se nas três fronteiras, e dependem das condições de transmissão e apropriação, da escolha e seleção de saberes, da dimensão política e social. Os manuais elaborados para o ensino de “Francês Língua Estrangeira” (doravante FLE) contêm técnicas gerais de aprendizagem e diferem quanto ao uso de recursos normativos, audiovisuais, e exercícios estruturais de automatismo. Existem aqueles que privilegiam a aprendizagem em contextos, e usualmente, eles apresentam peculiaridades da vida urbana e de civilização. Nessa monografia, foram escolhidos quatro manuais para 21 análise, todos referentes ao livro do aluno iniciante. O objetivo é destacar as relações entre ensino de língua e aspectos de civilização. 3.1.2 Registros lingüísticos abordados pelos manuais Os manuais com textos, lições de gramática e exercícios de responsabilidade dos autores deixam para os professores pouca liberdade sobre o que ensinar. As práticas de leitura e escrita, os conteúdos, as metodologias e as concepções teóricas apresentam variações de livro para livro. Até 1970, os livros embasavam-se na teoria da informação, e a língua era vista como um código, e o ensino focalizava a comunicação e expressão. Após os anos 80, outras teorias lingüísticas colaboraram para introduzir textos de cunho sociocultural em manuais. Os anos 90, marcados pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, ampliaram as questões das linguagens, e a imprensa, o cinema, o teatro, a televisão, o computador, a informática, a internet entraram na sala de aula e as regularidades gramaticais, e as estilísticas acompanharam os manuais de língua estrangeira. Conteúdos específicos foram introduzidos para mobilizarem professores a organizar situaçõesproblema de aprendizagem. As situações de aprendizagem são produzidas por um conjunto de ações planejadas que situa o aluno frente às tarefas, problemas ou projetos a fazer (PERRENOUD, 2000). 3.2 OS MÉTODOS DE FRANCÊS Para os professores de francês que trabalham com o ensino de língua estrangeira para brasileiros são ofertados métodos com sugestões de práticas de classes que orientam o que é necessário fazer em sala de aula, com propostas de exercícios. Os professores têm um guia passo a passo que evita improvisações, sem fechar as possibilidades de o mestre incluir seus próprios exercícios, atividades e dramatizações (BÉRARD, et al., 1996). Métodos são os livros que compilam metodologias (conceitos filosóficos, pedagogia2) para que se possam fazer as correções de língua padrão. Eles contêm as técnicas de ensino-aprendizagem e são apresentados de forma didática. Também são chamados de manuais, os quais trazem o modo físico de realização das metodologias. 2 A pedagogia trata das relações entre professor, aluno e conteúdos. 22 Nessa monografia são analisados quatro métodos para iniciantes que circulam pelas escolas livres de língua francesa, e pelos clubes de línguas vinculados às escolas e universidades públicas. Consideram-se métodos, as técnicas de ensino-aprendizagem desenvolvidas por profissionais habilitados, e o livro em si, o objeto físico que contêm essas técnicas e os conceitos (CUQ, 1992). As abordagens metodológicas podem ser pragmáticas, de auto-aprendizagem ou comunicativas. As tendências de cada método estão marcadas pela quantidade de práticas áudio-visuais, gramaticais, lingüísticas, e contatos de fala, escrita e dramatização. Divididos em unidades e lições, eles apresentam dificuldades que se articulam de modo progressivo, começando com pouco conteúdo, a fim de que os alunos possam formar a base lingüística necessária para avançar. Sem dúvida, os métodos preparam para situações de comunicação variadas. E são esses momentos em que a civilização francesa se faz presente, e os alunos necessitam dessas informações para vivenciarem situações reais de comunicação. 3.3 MÉTHODE DE FRANÇAIS FORUM 1 É um manual pedagógico de Francês Língua Estrangeira para adultos e adolescentes, concebido de maneira a poder se adaptar a diferentes situações de ensino. O método analisado é o caderno do aluno, porém o conjunto contém dois CDs áudio e um caderno de exercícios, com um guia pedagógico para a correção do caderno de exercícios e o endereço de um site na internet para complementar os conhecimentos: www.clubFórum.com - descobrir Découvrir (conhecer o método), partilhar partager (fórum de discussões) e praticar s’entraîner (exercícios de reforço). O material para o ensino/aprendizagem elaborado para estrangeiros visa assegurar a formação lingüística e cultural necessária à comunicação em língua francesa. Os iniciantes, com uma primeira experiência de aprendizagem de língua estrangeira, vão adquirir competências como leitura, compreensão oral ou escrita juntamente com os itens que marcam a temática da civilização. A situação e a relação entre os personagens apresentados no manual falam e expressam os comportamentos e os conhecimentos culturais dos franceses. Além da fala, os gestos acompanham a compreensão dos discursos. Comunicar não é somente dar 23 informações, é ser um indivíduo completo, ora como receptor, ora como emissor, participando na interlocução e interagindo em situações de fala. Os diferentes modos de aprendizagem propostos pelo método permitem conhecer a língua, e criar situações para agir e reagir -d´agir et reagir -em situações de comunicação. Na medida em que essa habilidade se desenvolve no processo cognitivo do aluno e do professor torna-se possível conhecer e reconhecer - connaître et reconnaître - as regras de pronunciação, de gramática, o vocabulário, as associações das palavras possíveis que ampliam as possibilidades de expressão - s´exprimer - (BAYLON et al., 2000). A estrutura do método Fórum 1 divide-se em três módulos de três unidades, que correspondem a três universos de comunicação, utilizando as cores para distinção temática. ‘A vida ao dia a dia’ Au jour Le jour com a cor laranja é o modulo 1; as ocupações quando se tem tempo livre Temps livre é o modulo 2, com a cor azul; e as relações estabelecidas quando amigos se encontram Tous ensemble é o título do modulo 3, na cor verde. Cada unidade tem um título - Pour aller plus loin – “para ir mais longe” é composto de um pausa-jogo, e de um dossiê de interculturalidade e de exercícios preparatório para o DELF – Diploma de Língua Francesa – que é um exame de nivelamento de língua. O método está dividido em de objetivos comunicativos (Objectifs communicatifs), composto por estruturas gramaticais (Structures grammaticales), léxicos (Lexique), fonética (Phonetique), escrita (écrit), intercultural (Interculturel). A página de abertura contém o contrato de aprendizagem organizado com os conteúdos: comunicativo, lingüístico e intercultural. A organização da aprendizagem é composta por janelas: (agir e reagir) que abrem o método com uma foto situacional que serve de retomada das aquisições precedentes colocadas para suscitar os conteúdos lingüísticos e culturais da unidade. Em seguida o aluno é convidado agir e reagir (agir-reagir) com base em documentos como diálogos, textos, documentos autênticos que se encontram nas situações em contexto, elementos de vocabulário e gramática. As atividades propostas pelo Fórum 1 são destinadas principalmente para compreensão global e leva o aluno a refletir sobre a língua, e a cultura. (Connaître et reconnaître), conhecer e reconhecer, é uma seqüência que continua do capítulo anterior e é um sistema funcional da língua francesa o qual se apóia sobre fórmulas no Agir-reagir, agir e reagir, apresentando novos exemplos de questões culturais. Através de quadros explicativos, o aluno completa o caderno de verbos e vai criar seu próprio fichário gramatical. 24 S´exprimer, se expresssar, como o próprio nome diz, conduz o aluno a falar ele mesmo e dele mesmo - lui-même e de lui-même. Expressar-se em língua francesa envolve ferramentas lingüísticas e culturais para realizar o ato da fala, bem como vocabulário, noções de fonética que estão sob forma de exercícios de produção oral e de escrita. Para completar cada unidade, o método propõe um dossiê de interculturalidade e uma avaliação em dois tempos. Mostra um quadro de vida dos franceses que apresenta aspectos do patrimônio cultural francês e uma proximidade comportamental entre eles, com rubricas que descrevem os hábitos sob a forma de um pequeno guia ilustrado do saber viver na França, Savoir-vivre em France. Segundo os autores, o conhecimento da língua francesa, dos comportamentos e do quadro de vida francês, contidos no manual, devem ser suficientes para permitir a comunicação corrente em francês, e para unir os clássicos saber ser e saber aprender, savoir-être e savoir apprendre. O manual Fórum 1 também trabalha com o lúdico, com fotos, desenhos, mapas, e está voltado para comunicação em uma sociedade civilizada. A metodologia de ensino do FLE, e as aproximações didáticas baseiam-se na pedagogia construtivista, com ênfase na gramática, fonética e na cultura de base. A aula zero “Bom dia” (Bonjour) introduz um hábito de civilização que é o cumprimentar-se, e o módulo “dia a dia (Au jour le jour) introduz a importância das apresentações (Présentations) pessoais para que haja um intercâmbio comunicativo para saudar, cumprimentar, se apresentar. É um encontro entre pessoas (Rencontres) que introduz a tecnologia dos transportes e da comunicação em momentos de compra de bilhetes de trem, situação no espaço físico e o uso de aparelhos de telefonia. A unidade três “Agenda” (Agenda) apresenta os costumes franceses de obedecerem a rotina de trabalho, lazer e descanso. Tudo está marcado pelo relógio, que informa as horas (heures) para marcar um encontro, e estabelecer uma rotina diária. O módulo dos tempos livres, de folga (Temps libre) apresenta a importância cultural de se convidar, aceitar, recusar um convite. Além das horas, as datas e as estações têm significados culturais. Aos franceses, é importante falar do tempo e compreender o boletim metereológico. Para que se possa hospedar em um estabelecimento, existem fórmulas e regras. O mesmo para fazer compras, escolher e pagar, experimentar uma roupa. 25 O modulo três “Todos juntos” (Tous ensemble) com a unidade sete Itinerários (Itinéraires) insere as formas de localização, características das cidades urbanas. Saber onde ficam as ruas, informar, e deslocar-se são ações que exigem competências lingüísticas semelhantes às de dar ordem, proibir, e desaconselhar. As posições geográficas em mapas da França e dos países francofônicos também ajudam o aluno a se localizar. Na unidade oito “Saídas” (Sorties), as questões culturais aparecem nos atos de se alimentar, de freqüentar restaurantes e seguir os rituais, e de se comportar em espetáculos. A interculturalidade com o objetivo de fazer emergir as representações da França de forma a descobrir o quadro de vida dos franceses, como vivem, o seu ambiente cultural está representada com fotos de monumentos como a pirâmide do Louvre Pyramide Du Louvre, uma da barragem na cadeira central de montanhas Massif Central, e a vitória da França em 1998, da Copa do Mundo. Por vezes, pequenos diálogos, com apresentações, desenhos e gestos em exercícios de escuta e imagens, permitem ao aluno acompanhar práticas cotidianas como o uso do computador para escrever e enviar cartas profissionais, as formas virtuais de compra e venda de passagens, a consulta de horários por internet, e o uso do banco eletrônico para efetuar transações. As imagens fazem parte da cultura francesa e o uso de pictogramas pictogrammes se estende para os meios de transporte. Um bilhete de trem, encontrado na página quarenta e quatro, contém informações importantes para uma pessoa saber se deslocar. Pequenas histórias de desenhos em quadrinhos, cartões postais, propagandas de agências de viagem, catálogos, e imagens de festas, convidam o aluno a recriar as situações com exercícios orais e escritos. O manual mostra com é o modo de vida com pequenos diálogos representando as situações reais que acontecem na França em hotéis, escritórios, e restaurantes. O tempo livre Temps libre e as festas, convites são formas sociais e culturais presentes no cotidiano do francês. A geografia é algo fundamental para esse povo, bem como o tempo, marcado pelo calendário com os dias da semana, estações e os meses do ano. Um mapa da França e os produtos agrícolas e industriais de cada região com a região da Normandia e exemplos de alguns alimentos Finais de semanas com uma foto de casa de campo, ir ao mercado compras. Regiões da Normandia como Honfleur posta como uma página de guia de 26 turismo tourisme com os famosos os queijos o camembert o livarot são características dos hábitos alimentares franceses. A França é conhecida pela alta costura e pelo luxo no vestir. Boutique et achats” lojas e compras foto da Galeria Lafayette em Paris o famoso “magasin Français”marcam os hábitos dos mais abastados. Todavia, do outro lado está o trabalhador, que respeita os horários de abertura e fechamento dos estabelecimentos, ou seja não admite estender seu horário de trabalho. Na parte específica do manual, dedicada a interculturalidade, destacam-se os hábitos franceses, com exemplos sobre o quadro de vida da França “cadre de vie français”, as realizações artísticas, técnicas que representam o patrimônio cultural. As boas maneiras e as relações sociais, a pontualidade “Être à l´heure”, oferecer um presente, e comemorar os dias de festa, feriados definem modos de agir do povo francês. Ser educado para os franceses não implica em ser polido ou não “poli ou impoli”, e gestos e atitudes, a maneira de falar e encontrar a palavra certa para falar, o uso do imperativo podem parecer atos agressivos. E esse tempo verbal se emprega em muitas situações. A história francesa está destacada na arquitetura, no transporte, e nos museus. itinerários com uma foto de Paris e alguns monumentos, um desenho do Astérix, um quadro de Vincent Van gogh. O museu do Louvre, o monumento do Arco do Triunfo, a ponte Alexandre III revelam fatos. 3. 4 MÉTHODE DE FRANÇAIS LIBRE-ÉCHANGE 1 Esse método propõe um caminho para o ensino-aprendizagem do francês padrão a partir de situações comunicativas. Dirige-se a dois públicos distintos: alunos de formação continuada, ou alunos da escola regular, onde se tem apenas noções da língua. Contém doze lições, com atividades gramaticais, funcionais e culturais. Três diálogos por lição introduzem diferentes formas de se comunicar: formal, familiar, e esmerada, e assim possibilitam ao aluno aumentar sua competência com os diferentes modos de falar o francês. As atividades são sempre decorrentes do diálogo em língua padrão: exercícios para descobrir as regras gramaticais [Observer et découvrez lê fonctionement de langue]; representação de papéis [À vous de parler]; atividades de nivelamento de língua [Manières 27 de dire]; quadro gramatical [Votre grammaire]; avaliação da aquisição gramatical [Vérifier vos connaissances]; e treinamento da fonética [Découvrez les sons]. A rubrica “o cinema da vida” [Le cinéma de la vie] reproduz dois textos tirados de roteiros de filmes contemporâneos que falam do cotidiano dos franceses. A parte da lição que se refere às contribuições de civilização é intitulada “A França no cotidiano” [La France au quotidien]. São propostas de leituras e atividades para estudar aspectos culturais ligados à temática da lição. Cultura e civilização com ilustrações das produções francesas (arte, cinema, técnicas), com informações práticas, e com a apresentação do comportamento dos franceses, e atividades com informações adicionais enriquecem o ponto de vista lingüístico do método. Antes de iniciar a unidade um, é apresentado um mapa do país, com suas fronteiras, com suas atividades produtivas distribuídas por regiões, e com sua arquitetura histórica. Outro mapa, com todos os continentes, em seguida, situa a França e os países falantes da língua francesa. A primeira situação do cotidiano francês é a prática do telefone, com as informações completas para se fazer ligações, o manuseio dos aparelhos público e particular, e os locais onde adquirir o cartão magnético para fazer os telefonemas. Um texto, bastante simples, apresenta os meses, os feriados e as comemorações da cultura. Na unidade dois aparecem desenhos de pessoas que representam o francês médio, descrevendo o tipo físico e os bens. Um pequeno texto extraído de um período mostra dois tipos de famílias: a aberta (aquela mais comunicativa) e a realista (aquela que não guarda lembranças do romantismo). As profissões e o acesso ao trabalho ocupam mais duas páginas ilustradas (um guarda de jardim público, o padeiro, o degustador de vinhos, a toalete de animais de estimação, e a cobradora de multas por estacionamento irregular), e uma quarta fala, em forma de texto, da representação das cores na França. Três páginas da unidade três são dedicadas ao cotidiano francês. Pensar a França sem a Europa é difícil, por isso a bandeira francesa está hasteada junto com a da União Européia. O mapa dos países que a compõe, e a situação política da França aparecem ao lado, com imagens do Senado, da Câmara dos Deputados, de presidentes e de primeiros/as ministros. O traçado de um mapa da França introduz dados da população ativa e a crescente presença de estrangeiros no mercado de trabalho. O cotidiano de um francês de 24 anos mostra como é a agenda de um trabalhador, e a de um aluno da escola, como estão distribuídas suas aulas durante a semana. 28 Na unidade quatro, os aspectos de civilização aparecem com muitas imagens de localidades. A cada imagem corresponde um pequeno texto literário, e a proposta para os alunos é escolher uma imagem e falar dela. Um texto retirado de um periódico expressa a visão de leitores e repórteres de 13 cidades francesas e remete aos aspectos econômicos, cultural, lazer e qualidade de vida. Um texto em forma de poesia fala dos gestos e como eles expressam a comunicação em francês3. Crescem os espaços para a civilização na unidade cinco. Os temas do consumo dominam, tanto dos jovens quanto dos adultos. Os jovens ganham pouco e gastam muito. A eles interessam itens como objetos de vestir, música, aparelhos eletrônicos, e comidas ricas em carboidratos. Os adultos preferem produtos de beleza, jóias, bolsas, livros e flores. Mas, os franceses obedecem rigorosamente os horários de abertura e de fechamento dos estabelecimentos comerciais. A sugestão para exercícios de prática oral envolve diálogos sobre consumo de pratos preferidos, bebidas, roupas e presentes. Os preços do transporte, das refeições, e o orçamento familiar apontam como os franceses dividem suas despesas com o lazer e a cultura. Apesar de serem considerados econômicos, eles compram muito material impresso e midiático. Os franceses gostam do café como bebida social, e lhes agrada tomá-lo nos terraços existentes ao longo das ruas das cidades. Cada um paga o que consome, e isto funciona como regra da boa convivência. A importância do preparo das refeições aparece na unidade seis, com a apresentação de restaurantes e pratos típicos. Os preços do cardápio sempre são afixados na porta dos estabelecimentos para que o consumidor saiba quanto vai gastar para satisfazer sua fome. O vinho acompanha a cozinha francesa, que tem sua “personalidade” e peculiaridades. A vida social está regida pelos princípios da ordem, da seleção e da harmonia. No restaurante, quando o garçom se aproxima, ele escolhe a mesa e apresenta o cardápio. O comando tem que ser preciso, mas é possível selecionar os pratos. A harmonia dos pratos está no equilíbrio entre as carnes, as saladas, o queijo e a bebida. O pagamento pode ser feito com dinheiro, cheque, cartões de crédito, e a gorjeta faz parte do ritual. Os museus e os centros culturais caracterizam a paisagem de muitas cidades. Todavia, na unidade 7, são valorizados aqueles que se situam na cidade de Paris. O museu 3 Um depoimento de turista mostra a linguagem dos gestos. Sempre que ele pedia um café em Paris fazia o número um com o polegar direito. Vinham dois cafés. Mais tarde, ele veio entender que os franceses começam a contar o número um com o dedo mínimo, e o quando se faz o gesto com o polegar, ele representa o número dois. 29 do Louvre abriga muitas obras de arte de pintura e escultura de artistas de diversos países, e as quais marcam correntes de pensamento e modos de viver. As lojas que estão localizadas dentro do museu vendem também reproduções de arte e jóias. O museu d’Orsay, antiga estação de trem, inaugurado em 1986, expõe pinturas e esculturas da metade do século XIX. O Centro Cultural Georges-Pompidou, com uma arquitetura moderna, é uma biblioteca, um depositário de arte contemporânea e um espaço cultural. No norte da cidade, em La Villette, há um grande espaço para exposições temáticas, dando destaque às personagens e aos feitos científicos, técnicos e tecnológicos. O transporte francês, em especial o de Paris, é muito usado por moradores e turistas. Como acontece nas grandes cidades, os ônibus e o metro estão sempre cheios, e por isso as pessoas precisam escolher os melhores horários e os trajetos que permitam chegar ao destino desejado o mais rápido possível e de maneira agradável. As atividades propostas para os alunos é pensar os itinerários. Nesses ambientes é fundamental o uso das palavras como ”por favor”, “agradecida/o”, sobretudo nas horas de pico, quando as pessoas se empurram para caber nos veículos. A expressão “lata de sardinhas” é empregada para essas situações. Outro lado bastante conhecido da civilização francesa, além da comida, em nível mundial é o cinema. Na unidade oito há ilustrações que remetem aos artistas famosos e cenas de películas de sucesso de bilheteria. Filmes de aventura, cômicos, de ficção científica, policial, de horror, de amor, políticos, eróticos e desenhos animados representam a civilização francesa em curta e longa metragem. Os franceses gastam por ano, conforme dados coletados em entrevistas realizadas pelo Ministério da Cultura, mais tempo no cinema do que no teatro e espetáculos musicais. Porém, existem muitas atividades de lazer ofertadas nas grandes cidades. As idades e o nível escolar podem definir as escolhas: os graduados preferem teatro, música e esportes. O lazer das massas são os jogos de azar, a televisão e o rádio. Os jovens representam mais da metade do público freqüentador das salas de cinema. Elas são uma festa, e os jovens não trocam esse meio de comunicação social pela individualidade da televisão. A humanidade, a sua arte e a sua técnica contam suas histórias por meio dos objetos. Na unidade dez, “De ontem a amanhã” está o que se encontrava na França em 1995 em termos de divulgação de informações. A lista telefônica e o aparelho telefônico foram substituídos pelos computadores. Essas máquinas colocaram os estilos de vida, as atividades produtivas e comerciais existentes no planeta em casas, estabelecimentos 30 escolares, e escritórios. Não é mais preciso esperar que as notícias cheguem, pois elas estão sempre no ar. A humanidade atravessou a invenção da escrita, do alfabeto, dos trovadores, do pombo-correio, da fotografia, do rádio, e dos circuitos eletrônicos, e juntamente as relações sociais transformaram as formas de comunicação. Fatos históricos como a revolução cultural de 1968, a crise do petróleo declarada em 1973, a construção de aviões supersônicos, de trens de grande velocidade e de espaçonaves trouxeram reformas econômicas e sociais para o país e para o mundo. Os eventos festivos relacionados aos esportes são mencionados na unidade onze. Na França, as competições animam os jovens e os amantes de aventuras. O ciclismo, barco à vela, os jogos de futebol, as corridas de cavalo, a corrida automobilística, carregam a imagem de campeões. Há públicos diferenciados que escolhem assistir e praticar esportes: os jovens preferem primeiramente o futebol e a natação ao passo que os adultos gostam mais das caminhadas e da cultura da educação física. A hierarquia social também é um parâmetro de seleção das opções: os mais abastados se divertem com o golfe, o tênis e a equitação, e os com menos recursos praticam a ginástica, a caminhada e o futebol. Grande espaço é dedicado à parte da civilização na última unidade. Muitas imagens expressam as emoções das festas populares, e a grande participação do público nos eventos de rua. Os franceses festejam eventos políticos, casamentos, aniversários, batismos, comunhões, festas religiosas, datas comemorativas, cívicas, o início do ano, e os solstícios de verão. Os ritos são respeitados e a comida está presente nas celebrações. Existe um calendário religioso que traz os santos de cada dia do ano. A escrita de cartões restringe-se cada vez mais. Essas formas de anunciar as celebrações limitam-se às ocasiões mais solenes, em que as pessoas gostam de exprimir a alegria, a felicidade, o prazer e a tristeza. Sempre se pede uma resposta, pois assim a família pode organizar melhor o evento, evitando desperdícios e fazendo um planejamento mais ajustado. 3.5 MÉTHODE DE FRANÇAIS - TEMPO 1 A organização do método Tempo 1, cujas idéias foram concebidas no “Centro Lingüístico Aplicado de Besançon”, na França, é feita em torno de objetivos de comunicação: gramática, comunicação e léxico. São doze unidades, que contêm textos de civilização francesa necessária para a aquisição da língua. A produção de enunciados 31 remete aos fenômenos econômicos, políticos e culturais do cotidiano francês. As interações que fazem uso da língua correspondem ao saber-fazer lingüístico, e o desenvolvimento das atividades que levam a isso percorre as doze unidades. Os autores do método introduzem a civilização dentro dos princípios metodológicos que associam uma aquisição nova a um exercício preciso efetuado pelo aluno aprendiz, nomeando esse procedimento de “civilização ativa”. Eles apresentam um fato de civilização sempre ligado à uma atividade oral ou escrita. Além disso, o livro também usa a imagem para apresentar as obras de arte, a literatura, os pensamentos, a geografia da França. Observando as unidades 0, 1, 2 e 3 que introduzem a conversação mínima para se fazer os primeiros contatos com as pessoas falantes da língua francesa, há uma grande quantidade de imagens que mostram aspectos da civilização. Dentre aqueles que o aluno pode perceber, está a escrita de duas ou mais línguas nos anúncios de pontos comerciais, mostrando a presença de estrangeiros no país. As cores da bandeira francesa se repetem em toldos, letreiros, painéis e cartazes. O hábito dos franceses exporem mesas de refeições pelas calçadas das cidades aparece em diálogos e em imagens. É bastante forte a questão da geografia, com a apresentação de mapas do país (BÉRARD et al, 1996, p. 10, 36 e 38), com a divisão administrativa das cidades, das regiões, e o que se produz em cada região representado por desenhos. Destacam-se os produtos derivados do leite, as bebidas, os monumentos, a arquitetura, as devoções religiosas, e as ligações comerciais com os países vizinhos. Nos exercícios de escuta, reproduzidos no final do livro, destacam-se os hábitos franceses de usar pronomes de tratamento em todas as situações formais e informais como “bom dia, desculpa, por favor, agradecido/a, encantado”. Quando os personagens se apresentam logo dizem seu nome completo, estado civil, a situação familiar, anunciam suas profissões, a cidade onde moram mostrando a diversidade econômica, e locacional das atividades produtivas. A questão temporal sempre se destaca, e aprender horas, dias do mês, da semana, e marcar encontros, cumprir os horários são hábitos bastante respeitados pelo povo francês. Há horário certo para iniciar e encerrar as atividades comerciais, e os lugares mencionados são aqueles que o turista ou o estudante freqüentam: os correios, o teatro, cinema, os meios de transporte, e quiosques. 32 Falar do tempo também é relevante, na medida em que ele muda de região para região. O aluno aprende quais regiões do país enfrentam a escuridão e a claridade de cada estação. Na página 92 do método, apresenta-se um quadro com uma lista de cidades e o número de horas de sol por ano em cada uma delas. A partir da unidade 2, há sempre atividades de civilização. Na página 38, há o mapa da França e imagens de diferentes regiões que remetem à alimentação, à agricultura e aos agricultores, à pesca, à criação de animais, à navegação, à natureza, ao território e ao turismo. Um pequeno texto mostra a variedade cultura e lingüística do país, mas a presença da língua padrão e do regime político único. A República não impede que os franceses estudem na academia as variantes das línguas existentes. Na unidade três, o conteúdo do item “civilização ativa” está apresentado em forma de teste, e o aluno vai mostrar quais personagens ou produtos já conhece. As imagens de presidentes, artistas, perfumes, bebidas, monumentos, jornais, automóveis ajudam na execução do exercício. As questões políticas são mostradas de forma que se possa entender que existe um diálogo entre candidatos eleitos e eleitores. A “França é assim” é o título da unidade quatro, que apresenta um exercício de múltipla escolha, com informações sobre escolas, colégios, horários, festas típicas, datas nacionais, refeições, e telefones úteis. Há serviços de trem, de bombeiro, de polícia, de informações, e outros. Porém todos eles obedecem à horários de atendimento, segundo anúncios feitos na porta de cada estabelecimento. A reprodução de entrevistas (unidade cinco) feitas por um periódico sobre cidades populosas da França apresenta a opinião dos habitantes sobre alimentação, clima, segurança, cultura, qualidade de vida e capacidade de suporte. Os exercícios propostas ajudam os alunos a idealizarem onde gostariam de viver, e de sugerir aspectos importantes que tornam uma cidade agradável de viver. Textos mais densos aparecem na unidade seis, com a apresentação dos “departamentos” e “territórios” que a França possui em outros mares. São terras longínquas, ligadas pela história colonial, onde se fala a língua francesa e se desenvolvem atividades econômicas locais. As cidades estão localizadas nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, com distâncias maiores que 7.000 quilômetros. A unidade sete apresenta as festas típicas comemoradas pelos franceses. Há um texto que percorre as atividades culturais de diversas cidades, e destaca a importância das datas cívicas. Algumas festas existem no Brasil, como as feitas para os pais, os mortos, os 33 namorados, e os feitos heróicos. Outro aspecto da civilização mostrado em textos densos e imagens são as profissões e sua função social na organização da sociedade. Comida francesa, pratos requintados e produtos alimentares variados de alta qualidade são dimensões dos hábitos franceses de comer. O consumo de alimentos e de bens aparece em estatísticas na unidade nove, e mostra que o pão, a batata e o vinho estão liderando o consumo diário dos habitantes. A unidade dez, com textos longos, faz sobressair a importância da imprensa no país, com uma grande variedade de oferta de periódicos e jornais para todos os tipos de leitores. Na unidade onze, a mídia eletrônica, com a televisão a cabo atingindo todos os continentes, amplia as possibilidades de comunicação entre os povos. A unidade doze, que encerra o livro, procura fazer uma cronologia histórica dos eventos políticos que marcaram a França. Passando por todos os itens de “civilização ativa”, observa-se que o aluno pode obter uma visão geral da cultura francesa, sem deixar de conhecer outros aspectos inseridos nos conteúdos lingüísticos, como a poesia, a música, os planos de orientação dentro de cidades, e as dramatizações. 3.6 MÉTHODE DE FRANÇAIS - REFLETS 1 As festas francesas, as especialidades, o modo de vida, festas, atividades esportivas, televisão, teatro cinema música, artes, monumentos, parques, cidades, vilas, regiões, turismos, trânsito, meios de transporte, horários, alimentação, serviços, são alguns dos aspectos de cultura e civilização presentes no método Reflets 1. Eles estão inseridos em exercícios, atividades, leituras, imagens que permitem aos docentes e discentes tomar conhecimento do modo de viver na França. Indicado para adultos e adolescentes, o método propõe documentos de vídeo contribuindo com uma vivência cultural motivante, dizendo-se assim que compreende o sentido das situações para analisar e ensinar, aprender as formas lingüísticas, e estimular a atenção e a criatividade dos alunos, e também mantém desperto o interesse com a proposta de problemas para resolver. Fornece ferramentas de reflexão e de procedimentos enriquecidos para favorecer a observação e a formulação de hipóteses. O método é composto de situações de comunicação, as quais fazem parte das exigências para o ensino-aprendizagem do francês, segundo os autores. Uma comunicação autêntica dominantemente oral, em que a escrita aparece como um meio de reforço, de 34 acesso para o conhecimento, e de aquisição de técnicas e estratégias no manejo da linguagem. O manual apresenta situações que articulam o verbal e o não-verbal em forma de ação como estratégia comunicativa do método, a qual resulta na constatação de que a língua e a cultura são duas faces indispensáveis de uma mesma realidade, e que a língua deve ser aprendida em situações vividas. (CAPELLE & GIDON, 1999). Dentre os diferentes suportes utilizados pelo Reflets 1, destaca-se o vídeo, com sua autenticidade de concepção e realização dos temas e personagens. É uma representação próxima dos hábitos franceses, com a utilização de recursos televisuais para os alunos que os motive e os ajude a construir referências e adquirir meios de assimilar o francês como expressão de uma cultura. O livro do aluno é composto de início com um mapa da região da França, e dos países que fazem fronteira com ela, evidenciando números de habitantes e cidades. Um dossiê de partida, chamado aula zero, com exercícios gramaticais com o tema [Vous êtes français?] você é francês? composto de desenhos de adolescentes e atores que ilustram o manual, apresenta o uso habitual dos verbos [être et s´appeler], ser e estar, e se chamar, para ensinar e aprender a comunicação inicial de um relacionamento social. Juntamente, passa-se a conhecer os hábitos dos franceses, as profissões que institucionalizam o mercado de trabalho, e a presença de estrangeiros no país, nas fronteiras, e em outros continentes. As diferentes nacionalidades precisam conhecer o alfabeto [l´alphabet] e a pronúncia padrão das letras, bem como os números [les chiffres et nombres]. Todavia, os exercícios também trabalham as duas formas de se comunicar, ou seja, a formal e a informal, presentes na apresentação dos personagens que gravaram o vídeo. Depois dessa unidade, seguem vinte e quatro episódios reagrupados em doze dossiês, mais dois episódios audiovisuais de encerramento, os quais complementam o método. Cada episódio possui seis páginas, separadas por títulos que permitem melhor identificação dos conteúdos. As atividades de antecipação e a transcrição da série televisiva compõem-se de duas páginas de descoberta de situações [découvrez les situations]. As atividades de compreensão e de exploração dos comportamentos verbais e não-verbais da série estão organizadas em uma página que dispõe o raciocínio lógico de compreensão da construção verbal [organisé votre compréhension]. Os quadros de exercícios de formas e de empregos gramaticais estão distribuídos de forma didática e diversificados em uma página e meia, e se intitula descoberta da 35 gramática [découvrez la grammaire]. A fonética e ortografia têm seu espaço em cada episódio do livro são colocados em meia página os sons e letras para trabalhar a pronuncia [sons et lettres]. E com uma página de exercícios comunicativos [communiquez] faz-se a apresentação de situações do cotidiano com a exploração das cenas apresentada no vídeo e no manual trabalhando a compreensão de situações urbanas, e a produção oral de vocábulos criados para explicar as vivências. As páginas que aparecem entre dois episódios são de abertura com contrato de aprendizagem, com as atividades de compreensão e de produção escritas, apresentando um vocabulário temático de complementação, civilização com atividades apresentada sobre a forma de curtas reportagens. O “episódio Um novo locatário [Le nouveau locataire] e o Visite o apartamento [on visite l´appartement], compostos de duas páginas com atividades de antecipação e exercícios gramaticais, empregam os hábitos franceses de usar formas de polidez para identificação, apresentação, e diálogo. Esses modos de viver socialmente consagraram expressões de perguntas e respostas apresentadas nos exercícios gramaticais [découvrez la grammaire], com fotos ilustrativas dos personagens para melhor visualização e com transcrição das séries, exercícios de comunicação [communiquez]. Modos de viver franceses, com ilustrações reais de personagens, retratam atitudes aceitáveis no convívio social como entrar em uma boutique perguntar [demander] comprar [acheter], agradecer [remercier] ir à uma agência de viagem, comprar passagens, conhecer as formas de pagamento - dinheiro francês [l´euro] cartão de crédito, cheque. No final do episódio dois, um momento intitulado civilização [La francophonie], com características como o Francês no mundo os francófonos e os amantes da língua francesa mostram o alcance da língua enquanto força de nação, e a unidade lingüística da língua materna padrão no território francês e países onde a o Francês é língua oficial ou língua ensinada. Os episódios do quatro até o vinte e seis seguem com, exercícios de compreensão, réplicas dos personagens, gramática, tempos verbais, com objetivos comunicativos. Apresenta no final de cada episódio, a seção documentos diversos [documents divers] que representam hábitos cotidianos, cultura e comportamento dos franceses. Outro aspecto da civilização é o uso de documentos para identificação, como carteira de identidade e carteira de motorista. As noções de tempo são muito marcantes na civilização. Há seriedade e precisão quanto aos horários, ao calendário - dias da semana, do mês, o ano, 36 bem como agrada ao povo acompanhar o ritmo das estações do ano, e o clima nos diferentes meses. Nos meios de comunicação, os horários dos trens, do trem de grande velocidade [TGV], dos ônibus, e dos programas em canais de televisão obedecem às leis do rigor e da pontualidade. Os outros episódios seguem o modelo do vídeo, como por exemplo, o três, uma cliente difícil [une cliente difficile], e o quatro, feliz aniversário [joyeux anniversaire!], situações em que se introduz os pronomes de tratamento tu e vós [tu et vous]. 37 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os olhares sobre a civilização francesa em métodos de ensino de Francês Língua Estrangeira não somente complementam o processo ensino-aprendizagem, como fazem parte de todas as partes lingüísticas, na medida em que as práticas propostas refletem comportamentos e atitudes de uma sociedade “civilizada”. Língua, geografia, história política, social, econômica, educação, artes e letras fazem um conjunto que abrange a concepção genérica de civilização. A língua francesa é considerada por muitos povos a língua de cultura por excelência (MICHAUD, 1966), e no mundo todo é possível encontrar livros e periódicos importados da França. Segundo o Jornal Francês do Brasil de 1958 (FALCÃO, 1958), a língua inglesa estava se destacando na linguagem comercial, todavia, as pessoas tomavam contato com a língua francesa nas leituras, sem deixar de apreciar o país e seus falantes e escritores. Ainda hoje, o ensino de Francês Língua Estrangeira, com os métodos ou manuais elaborados por didáticos para o processo ensino-aprendizagem, instigam os estudantes a se interessar pelas práticas comunicativas de uma cultura que lança moda, idéias, que se uniformizam. Os manuais ou métodos de Francês Língua Estrangeira integram aspectos lingüísticos e culturais que evoluem conjuntamente e precisam ser administrados, canalizados dentro da complexidade de organização de uma sociedade. Cultura e civilização são tópicos que ajudam o aluno a compreender como funcionam os mecanismos de socialização, tanto em sala de aula com as representações [Jouez les scènes], quanto nas prováveis vivências com o povo e a língua francesa. Aprender uma língua estrangeira significa mais que adquirir um conjunto de habilidades lingüísticas presentes no livro didático, modelo de gênero textual que contribui com o trabalho do professor. Esse instrumental didático, organizador de atividades em sala de aula, compõe-se também de um conjunto de valores e ideologias de um povo, o qual se estende para outras culturas. Nos manuais selecionados, material de apoio para os alunos e para os professores, os pontos de lingüística permitem que a apropriação da linguagem aconteça em diferentes situações, aumentando a interação entre as questões de civilização e as técnicas didáticas em contextos de escrita e de fala. 38 É importante ressaltar que as noções de civilização contidas nos livros didáticos são superficiais, considerando que as vivências podem apresentar outras realidades e outro vocabulário. Na experiência da pesquisadora, enquanto intérprete para franceses que vêm prestar serviços no Brasil, as dificuldades de comunicação surgem quando os estrangeiros fazem uso de variantes da língua, gírias e expressões familiares. Os pronomes de tratamento, as fórmulas de apresentação, de agradecimento enfatizados nos manuais para determinadas situações, não são usados com freqüência no cotidiano daqueles com quem a pesquisadora mantém relações de trabalho. Os manuais estão centrados em histórias de personagens que desenvolvem uma atividade, que têm momentos de lazer, que se relacionam com amigos e familiares, e por vezes, essa continuidade pode se tornar desinteressante e monótona. Então, seria interessante que o professor de “francês língua estrangeira” utilizasse outros recursos para mostrar aspectos diferenciados de civilização que avançam para outras situações. O aluno pode entender que quando uma história termina, ele já adquiriu habilidades suficientes para se comunicar com fluência. 39 REFERÊNCIAS ALVERNHE, A. & BRUNSVICK, Y. À Paris. Paris, Didier, 1965. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins Fontes, 1997. BENNET, R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro, Zahar, 1986 CHATEAUBRIAND. Clássico Jackson. Teatro Francês. São Paulo. Gráfica, Editora.Brasileira LTDA., 1950. v. XXVIII. CORREIA, R. et al. Gramática da Língua Francesa. Rio de Janeiro, MEC/FENAME. 1968. COUCHOUD & BLANCPAIN. 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